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SISTEMA DE ENSINO PRESENCIAL CONECTADO

SERVIÇO SOCIAL

LUANA PRISCILA DOS SANTOS DE ALMEIDA

O SERVIÇO SOCIAL E AS DIVERSIDADES

A QUESTÃO DA HOMOFOBIA E DIVERSIDADE SEXUAL

Barreiras
2015
LUANA PRISCILA DOS SANTOS DE ALMEIDA

O SERVIÇO SOCIAL E AS DIVERSIDADES

A QUESTÃO DA HOMOFOBIA E DIVERSIDADE SEXUAL

Trabalho Individual apresentado à Universidade Norte do


Paraná - UNOPAR, como requisito parcial para a
obtenção de média nas disciplinas de Sociologia,
Filosofia, Ciência Política, FHTM do Serviço Social I.

Orientador: Prof. José Adir, Mariana de Oliveira, Sergio


Goes e Rosane Ap. Belieiro Malvezz

Barreiras
2015
SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO......................................................................................................... 3

2 DESENVOLVIMENTO ............................................................................................5

3 CONCLUSÃO...........................................................................................................8

REFERENCIAS............................................................................................................9
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1 INTRODUÇÃO

O objetivo desse trabalho é refletir sobre a profissão do Serviço


Social e sua trajetória a partir do referencial da Sociologia, da Filosofia, da Ciência
Política, e dos Fundamentos Históricos Teóricos e Metodológicos do Serviço Social,
visando analisar criticamente numa perspectiva interdisciplinar as questões das
diversidades na sociedade brasileira atual, em específico a questão da homofobia e
diversidade sexual.
Segundo Sueli Carneiro, líder e ativista de movimentos de direitos
dos negros e pertencente ao Conselho Deliberativo da Care Brasil, "o primeiro receio
que o debate sobre a diversidade provoca é que se preste à despolitização dos
processos de exclusão e discriminação que os "diferentes" sofrem em nossa
sociedade, ou seja, a forma pela qual historicamente esse "diferente" vem sendo
construído, em oposição a uma universalidade cultural branca e ocidental
supostamente legítima para se instituir como paradigma, segundo o qual a
identidade ou a diferença dos diversos povos da terra sejam medidas.
Estas questões vêm à tona quando falamos de diversidade como
sinônimo de diferença. As diferenças físicas, étnicas, culturais, de gênero, etárias
são um fato, mas não são o foco da discussão. O ponto crucial do debate sobre
diversidade é a percepção, a reflexão e a atuação sobre os mecanismos sociais que
transformam as diferenças em desigualdade, a ponto de apagar a realidade da
igualdade na diferença. O fenômeno de atribuir os preconceitos aos outros sem
reconhecer o próprio é comum e esperado, posto que a atitude preconceituosa,
considerada politicamente incorreta, tende a ser socialmente condenável.
Atualmente, o número de homossexuais, afrodescendentes e de
pessoas que adotam um estilo de vida "diferente do comum", são vítimas de
preconceito, que têm aumentado consideravelmente. Um dado alarmante, que
necessita de atenção redobrada da população, para que ao menos possamos
sonhar com uma sociedade igualitária.
Homofobia é “a discriminação contra as pessoas que mostram, ou a
quem se atribui, algumas qualidades (ou defeitos) atribuídos ao outro gênero”
(WELZER-LANG, 2001: 465. Também pode ser compreendida como a intolerância
ou o medo irracional relativos à homossexualidade, que se expressa por violência
física e/ou psíquica. A vivência recorrente dessas violências por pessoas LGBT pode
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levar à homofobia internalizada, que é a incorporação de hostilidades quanto a sua


própria orientação afetivo-sexual (MOITA, 2003).
A homofobia pode ser expressa em piadas vulgares que
ridicularizam o indivíduo chamado de efeminado; no entanto, ela pode revestir-se
também de formas mais brutais, chegando inclusive à exterminação. Como toda
forma de exclusão, a homofobia não se limita a constatar uma diferença: ela a
interpreta e se manifesta em ações.
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2 DESENVOLVIMENTO

Descrevemos a homofobia como uma manifestação cultural e


social comparável ao racismo e antissemitismo. No entanto, parece-nos que os
aspectos psicológicos merecem ser abordados a fim de melhor compreender os
efeitos da interação entre uma socialização heterossexista e uma assimilação
acentuada das normas culturais hostis a gays e lésbicas.
Conforme Borrillo (2001), a homofobia é a atitude de hostilidade para
com os homossexuais. O termo parece ter sido utilizado pela primeira vez nos
Estados Unidos, em 1971, mas foi somente no final dos anos 1990 que ele começou
a figurar nos dicionários europeus. Embora seu primeiro elemento seja a rejeição
irracional ou mesmo o ódio em relação a gays e lésbicas, a homofobia não pode ser
reduzida a isso. Assim como a xenofobia, o racismo ou o antissemitismo, ela é uma
manifestação arbitrária que consiste em qualificar o outro como contrário, inferior ou
anormal. É visível que nossa sociedade não é apenas heterossexual, mas
marcadamente heteronormativa, tornando agressiva a fronteira entre
heteronormatividade e homofobia.
Segundo Nascimento (2010, p. 74), há na atualidade uma “disputa
por território por parte dos homofóbicos devido ao alargamento dos guetos”, a partir
da qual se relacionaria o aumento da violência contra a população de lésbicas, gays,
bissexuais, travestis e transexuais (LGBT) com o ganho de espaços e de
visibilidade. Com relação a esse segmento populacional, vê-se que o Brasil é um
país paradoxal na medida em que possui a maior Parada Gay do mundo (na cidade
de São Paulo) e, ao mesmo tempo, apresenta índices altos de crimes homofóbicos.
As expressões de violência como o preconceito e a discriminação
não são matéria da atualidade pois, historicamente, diferentes segmentos
populacionais são discriminados ante suas formas de expressão de vida ou
simplesmente por serem o que são: mulheres, índios, negros, LGBTs, idosos muitos
são os que fogem do modelo normalizado e mais ou menos aceito como padrão
ideal de existir no mundo. Tal processo de violência acaba por violar os direitos que
se fazem necessários para a afirmação da dignidade da pessoa.
É importante salientar que a cultura, da forma como ela é
compreendida e reproduzida, produz as relações de poder e de dominação que se
estabelecem entre os sujeitos, empoderando homens em detrimento de mulheres,
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escravizando negros e oprimindo sexualidades.


A homofobia (e suas derivações conceituais) é um fenômeno
cotidiano na vida desses sujeitos e não raramente se expressa por meio da violência
física e dos crimes de ódio. O GGB, fundado em 1980, é a mais antiga organização
brasileira de defesa dos direitos humanos de homossexuais ainda em
funcionamento, sendo responsável pela produção dos relatórios anuais de dados
estatísticos relativos aos crimes de ódio praticados contra a população LGBT há
exatos trinta anos. De acordo com essas estatísticas, a cada trinta e seis horas um
homossexual brasileiro é assassinado vítima de homofobia no Brasil e já nos três
primeiros meses de 2011 foram documentados 65 homicídios contra homossexuais
(MOTT et al, 2011).
O homófobo pode reagir perante os homossexuais com calúnias,
insultos verbais, gestos, ou com um convívio social baseado na antipatia e nas
ironias, modos mais disfarçados de se atingir o alvo, sem correr o risco de ser
processado, pois fica difícil nestes casos provar que houve um ato de homofobia.
Alguns movimentos são realizados em código, compartilhados no mundo inteiro
pelos adversários dos homossexuais, tais como assobios, alguns cantos e bater
palmas. A discriminação e a violência contra pessoas por causa de sua orientação
sexual as levam, freqüentemente, a uma vida semiclandestina, regida pelo medo
constante de ser descobertas e incompreendidas. Para não serem discriminadas,
essas pessoas caem em outro tipo de sofrimento, tão ou mais cruel: a dor de não
poder ser o que se é.
A sociedade discrimina o diferente porque é assim que ela busca
manter o controle sobre seus indivíduos. Talvez seja um forma de estratégia natural
de organização e sobrevivência dos corpos sociais, sim, pois é mais fácil controlar o
que se comporta igual. Mas o custo disso é a anulação do próprio indivíduo, que é
estimulado desde o início a seguir os mesmos passos de todos, como numa
manada.
Historicamente, a sexualidade humana teve como parâmetro a
heterossexualidade como norma. Isso resultou na materialização de diferentes
modalidades de preconceito e, conseqüentemente, na imposição e naturalização da
invisibilidade das práticas afetivo-sexuais entre pessoas do mesmo sexo. Gays,
lésbicas e bissexuais foram e são alvo de discriminação que se expressa na posição
de rejeição assumida, na maioria das vezes, pela família; nos ambientes de trabalho
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e de participação política; nos espaços de lazer; de amizade e em praticamente


todas as dimensões da existência humana. As pessoas que vivenciam relações
afetivo-sexuais com indivíduos do mesmo sexo são coagidas a assumir nos espaços
públicos e nos espaços privados “uma identidade discreta”, como afirma Mário
Pecheny (2003) e dessa forma são obrigadas a levar uma “vida dupla”: para alguns
revelam “seu segredo”, para outros escondem. E em alguns casos, não se aceitam,
negando para si a sua orientação sexual.
Vivemos em uma sociedade marcada pela diversidade, expressa
através de suas raças, etnias, culturas, modos de vida, valores, organizações,
crenças, representações, enfim, de necessidades humanas historicamente
constituídas. Assim, torna-se possível demarcar a diversidade como um fenômeno
concreto, objetivado e subjetivado no cotidiano das relações e da vida social, cuja
(re) produção aponta para o processo de interação entre os indivíduos. É possível
entende-la como o conjunto de peculiaridades e diferenças entre os indivíduos,
impossíveis de serem padronizadas devido às características singulares de cada
ser.
Deste modo, as diversidades sempre estiveram presentes na
construção das identidades de cada sociedade, que, ao longo do tempo, apresentam
rupturas e, conseqüentemente, dão ênfase a diferenças não aceitas pelo coletivo, as
quais acabam por resultar em relações de preconceito, discriminação, desigualdade,
dentre tantas outras.
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3 CONCLUSÃO

Podemos concluir que a formação cultural e, sobretudo, religiosa da


maioria das famílias brasileiras, contribui significativamente para a sobrevivência do
preconceito em relação à homoafetividade, o machismo com o qual os pais se
relacionam com seus filhos e filhas, sempre pontuado as divisões de gênero em
gestos e comportamentos previamente aceitos no meio social e que podem
determinar quem manda e o que pode fazer, assim como, as implicações
econômicas que podem, por exemplo, influenciar as atitudes do universo capitalista
em relação a aceitação de casais homossexuais em ambientes antes lícitos apenas
para heterossexuais.
Entender as alterações pelas quais passa a sociedade em seus
modelos sociais de relacionamento e principalmente no que se refere às relações
homo-afetivas e a composição familiar homoparental adquiri papel central, pois será
a partir de uma compreensão madura e em consonância com as reais necessidades
individuais e coletivas que se verificarão avanços substanciais na sociedade em
termos gerais e específicos e sob aspectos primordiais como econômicos, políticos,
culturais e evidenciadas em questões pontuais como a sexualidade.
O desafio está posto e convivemos diariamente em uma sociedade
marcada por projetos em disputa; uma sociedade com grupos sociais distintos;
pautada em uma lógica que tende a valorizar o individualismo, em detrimento dos
pensamentos e ações coletivas. Superar esse desafio e reconhecer as diversidades
em suas múltiplas formas é o compromisso de todo profissional, engajado na
proposta de transformação da sociedade.
A diversidade ainda se coloca como um objeto com diversos
elementos a desvendar. Se permitir participar do debate sobre os elementos que
interagem é permitir se colocar atento às mudanças significativas e necessárias na
teia das relações sociais, na busca imperativa pela igualdade e condições
equinames de acesso e efetivação da garantia de direitos.
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REFERÊNCIAS

Violência e Desigualdade social: http://cienciaecultura.bvs.br/scielo.php?pid=S0009-


67252002000100018&script=sci_arttext

Homofobia, o que é? De onde Vem? O que ocasiona?:


https://homofobiabasta.wordpress.com/homofobia-o-que-e-de-onde-vem-o-que-
ocasiona/

CARRARA, Sérgio e RAMOS, Silvia. A Constituição da problemática da violência


contra homossexuais: a articulação entre ativismo e academia na elaboração de
políticas públicas. In:Physis: revista de saúde coletiva. Volume 16. Número 02. Rio
de Janeiro: UERJ/IMS, 2006.

BRITZMAN, Deborah P. O que é esta coisa chamada amor? Identidade


homossexual, educação e currículo. Educação & Realidade, Porto Alegre, v. 21, n.1,
p. 71-96, jan./jun. 1996.

COUTO, Berenice Rojas. O direito social e a assistência social na sociedade


brasileira: uma equação possível? São Paulo: Cortez, 2004. 198 p

DIAS, Maria Berenice. União homossexual: o preconceito & a justiça. 3. ed. Porto
Alegre: Livraria do Advogado, 2005. 304 p.
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