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POLÍCIA CIVIL

DO BRASIL, SENTINELA DO NORTE


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PROTOCOLO DE DEPOIMENTO ESPECIAL


POLÍCIA CIVIL
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CURSO DE HABILITAÇÃO DO
PROTOCOLO DE DEPOIMENTO
ESPECIAL DA POLÍCIA CIVIL DO
ESTADO DO PARÁ.

CH: 20 h/a

Prof. Esp. Adriana Norat


Prof. M.a. Alethea Bernardo
Prof. M.a. Ariane Melo
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CONTEÚDO:

1. Legislação aplicada da Lei 13.431/17 e do


Decreto 9.603/2018
2. Conceitos fundamentais;
3. Protocolo e Normativa Interna;
4. Fases do Depoimento;
5. Estrutura;
6. Depoimento de criança;
7. Depoimento de adolescente;
8. Simulação de casos;
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Lei 13.431/17 e do Decreto 9.603/2018


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Decreto 9.603/2018
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a) Constitui crime - previsto no Art. 24 da Lei 13.431/2017 - permitir que o depoimento especial de
criança ou adolescente seja assistido por pessoa estranha ao processo, sem autorização judicial e
sem o consentimento do depoente ou de seu representante legal. Caso sejam contemplados os
requisitos para essa presença, algumas orientações serão observadas: - Em consonância com as
condições do ambiente, terceiros devem se sentar fora do alcance visual da criança/adolescente e
não ter qualquer contato físico com ela; - Devem ser alertados que não participarão da oitiva e
permanecerão calados. b) É vedada a tomada de novo depoimento especial sobre os mesmos
fatos, salvo quando justificada a sua imprescindibilidade pela autoridade policial e houver a
concordância da vítima ou da testemunha, ou de seu representante legal. Em sendo assim, como
regra, o depoimento especial sobre determinada situação deverá ser único, iniciado e finalizado
em uma mesma ocasião; c) As informações colhidas no bojo do depoimento especial devem ser
tratadas confidencialmente, sendo vedada a utilização ou o repasse a terceiro das declarações
feitas pela criança/adolescente, visto que tramitará em segredo de justiça; d) Intérpretes, quando
necessários, devem ser orientados a não mudar o significado das questões e das respostas, além
disso, precisam ser informados da confidencialidade e do papel exato que vão desempenhar
(HOME OFFICE, 2002); e) A criança e o adolescente têm direito de serem consultados acerca de
sua preferência em serem atendido por profissional do mesmo gênero (Art. 2º, inciso IX do
Decreto 9.603/2018)
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Conceitos fundamentais;
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Protocolo
Explicar pq ele foi criado
e Normativa Interna explicar a mudança;
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Estrutura;
uma estrutura, é esperado que o policial tenha flexibilidade em atender as
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que surgirão ao longo da oitiva e ser sensível a isso, tais como
necessidade
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SENTINELA DO ir ao banheiro, cansaço, indisposição física, ansiedade, estresse,
- PA etc; d) O policial responsável jamais poderá mentir ou realizar promessas que não
poderá cumprir à criança/ao adolescente; e) Caso a criança/o adolescente
pergunte se haverá divulgação da oitiva a outras pessoas, o policial deve afirmar
que sim e explicar que apenas às pessoas que a ajudarão dentro das competência
POSTURA EXIGIDA AO POLICIAL RESPONSÁVEL PELA
do Estado; f) O policial responsável deve zelar pela ética, além de respeitar o
OITIVA sofrimento e as emoções que poderão surgir ao longo da oitiva; g) Caso a criança
queira encerrar definitivamente a oitiva, o policial responsável deverá atendê-la.
Ou seja, não deve forçar a continuidade da mesma; h) O policial responsável deve
garantir a empatia por meio da postura corporal aberta, de manter contato visua
além de comportamentos amigáveis e receptivos. Entrevistadores que não dão
suporte ou são intimidadores inibem o testemunho da criança e aumentam a
suscetibilidade de confusões; i) O policial deve estudar previamente o expediente
levantando o máximo de informações acerca do convívio familiar e se a criança/o
adolescente está sob alguma medida de proteção.
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. CARACTERÍSTICAS A SEREM OBSERVADAS NA


CRIANÇA/ADOLESCENTE PARA ADAPTAÇÃO DA
OITIVA
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AVALIAÇÃO DA MEMÓRIA
treino de memória episódica e relato de rotina:
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Depoimento de criança

Prof. M.a. DPC Ariane Melo


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Depoimento de adolescente

Prof. M.a. EPC Alethea Bernardo


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01 Apresentação e Ambientação

02 Avaliação

03 Transição

04 Orientação e Instrução

05 Relato livre

06 Questões pertinentes

07 Fechamento

08 Tópico neutro
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Apresentação e Ambientação

Ambiente
Apresentação Acolhimento Gravação
confortável
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Apresentação e Ambientação

Conduta policial:

 O policial deve recepcionar a (o) adolescente;


 Se apresentar e perguntar como este prefere ser chamado;
- nome composto ou identidade social;
 Acompanhar o depoente da recepção até a sala onde ocorrerá
o depoimento;
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Apresentação e Ambientação

Conduta policial:

 Sentar próximo ao adolescente;


 Deixar o adolescente a vontade e confortável;
 Verificar o funcionamento e questões técnicas;
 Explicar que será realizada gravação de áudio e vídeo;
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Avaliação

Convivência Estado
Rotina
Familiar Emocional

Condições Treino de
Físicas Memória
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Avaliação
 Conversar sobre a rotina, sobre a situação familiar, sobre a
convivência com a família, de forma a avaliar o desenvolvimento
do depoente;

 Realizar treino de memória episódica. Solicitar que o depoente


relate um acontecimento passado, como o último aniversário ou
evento de família, avaliando, dessa forma, a capacidade de
relatar eventos passados.
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Avaliação

 Observar variação de humor e a disponibilidade de interação


durante a conversa com o entrevistador;

 De forma geral, a observação se dá para verificação de lesões


aparentes, observando marcas aparentes e condições de
higiene.
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Transição

Sabe o • Avançar para a


motivo pelo
qual
próxima fase
compareceu • Relato livre

Desconhece • Questões de
o motivo
pelo qual
Transição
compareceu
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Transição

 É a fase de explicação sobre a Delegacia\ Centro de


Depoimento ;
 Informar qual a função da Polícia Civil na proteção de
crianças e adolescentes;
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Transição

 Esclarecer qual a importância do adolescente ter sido


convidado para relatar fatos ocorridos em sua vida.
 Como estratégia para o adolescente pode-se solicitar que o/a
mesmo(a) traga exemplos de violações contra crianças e
adolescentes e como a atuação policial se concretiza para a
proteção dessas pessoas.
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Transição
Em caso da criança/adolescente não apresentar condições
para realizar o relato livre

Investigar o contexto em que supostamente ocorreu a violência


por meio dos seguintes questionamentos:

(a) “Já aconteceu alguma coisa em sua vida que você não gostou ou
que tenha te deixado triste?”,
(b) “Já aconteceu alguma coisa em sua vida que te deixou com medo
de falar para alguém de confiança?”,
(c) “Alguém já te pediu segredo sobre algo?”
(d) “Eu fiquei sabendo que você contou para ______ sobre algo que
te deixou triste ou que te incomodou. É verdade?”;
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Transição
Em caso da criança/adolescente não apresentar condições
para realizar o relato livre

O conhecimento das circunstâncias em que a violação ocorria


pode auxiliar na formulação de perguntas que favoreçam a
abordagem espontânea do fato pela vítima.
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Transição
O policial condutor da oitiva poderá também fazer outras perguntas
abertas a respeito das circunstâncias do fato denunciado sem
abordá-lo diretamente.

Caso a criança/adolescente inicie uma narrativa espontânea a


partir de uma das perguntas acima, passe para a fase de
Orientação e Instrução.

Tendo respondido negativamente a todos os questionamentos


anteriores sem realizar uma narrativa livre sobre algum contexto de
violência em que esteve inserida, passe para a fase de
Fechamento.
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Transição
Se o adolescente demonstrar resistência, tendo dado
indícios de que a conduta criminosa possa ter acontecido

Explicar novamente o papel da Delegacia de Polícia;


Fortalecer o vínculo por meio da ênfase à importância do relato do
adolescente como forma de garantia dos seus direitos

Em caso de permanecer resistente, passe para a Fase de


Fechamento
No relatório explore as incoerências de discurso e indícios dados
pela criança/adolescente de que o fato possa ter ocorrido.
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Orientação e Instrução
• Informe que caso o policial responsável diga algo que não
condiz com o que ela falou;

• Explique que ele pode corrigir o policial;

• Ex: “Se eu te perguntar o que eu comi ontem ?

• Qual vai ser sua resposta?” -:“Eu não sei.”


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Orientação e Instrução

Não

Ouvi Lembro

Sei Entendi
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Orientação e Instrução
Quando o adolescente afirmar não saber o
motivo do depoimento

Questione se já lhe aconteceu alguma coisa que não deveria


ter ocorrido, que o(a) incomodou de alguma forma?

Se ainda assim o adolescente negar.


Faça perguntas que auxiliem a suposta vítima a falar sobre os
fatos circundantes da notícia-crime (lugares, testemunhas ou
situações), sem, no entanto, mencioná-los diretamente;
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Orientação e Instrução

Se ainda assim o adolescente não falar, mas ter noticiado o fato


em outro momento anterior à oitiva, diga:

“Eu soube que você falou em algum lugar que algo tinha
acontecido com você... O que você tem a me dizer sobre
isso?”.
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Relato livre

É a narrativa livre sobre os fatos em apuração.


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Relato livre

Durante esta fase, o policial responsável pela oitiva

NÃO
poderá interromper a fala do adolescente.
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Questões pertinentes

 Objetiva esclarecer pontos do relato, buscando clarificar o


fato noticiado e suas circunstâncias.

 Fechar lacunas que ficaram abertas ou sem explicação


durante o relato livre
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Questões pertinentes
 As questões devem ser avaliadas pelo policial, quanto a
necessidade e relevância do caso, bem como sobre o nível de
compreensão do depoente;

 Só poderá ser evocada pelo responsável pela oitiva se, e


somente se, a suposta vítima revelar algum aspecto que traga
indícios de violações.
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Questões pertinentes
 Policial responsável que conduzirá a oitiva precisa estar
munido do máximo de informações possível sobre o caso;

 Questionar sobre a forma de abordagem/modus operandi


do/a agressor/a:
(1) Como ele(a) abordava o adolescente,
(2) explore se havia algum padrão nesta abordagem,
(3) verifique como era a relação entre a criança/adolescente e
o/a agressor/a antes das violações terem início.
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Fechamento

 Momento de Agradecer ao depoente e esclarecer algum


ponto de dúvida do adolescente.
 Questionar se o depoente tem algo a esclarecer ou
acrescentar. Ou se possui dúvidas quanto o procedimento;
 Agradecer a confiança do depoente;
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Fechamento

 Informar ao depoente que a Polícia Civil, encontra-se a


disposição;
 Avaliar se a necessidade de encaminhamentos para
PARAPAZ, ou à rede de proteção;

• Direcionar para o fim do depoimento.


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Tópico neutro

 Mudar o foco, conversar com o depoente assunto diverso da


apuração policial;
 Realizar uma atividade que seja do interesse do depoente;
 Perguntar sobre o que o depoente gosta de fazer aos finais
de semana, por exemplo.
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IMPORTANTE
Caso o depoente exponha novas informações de outras violências,
volte para a fase do relato livre e passe por todas as etapas
seguintes;

ENTRETANTO

Caso a criança/adolescente já tenha prestado Depoimento sobre


evento diverso e já devidamente apurado em momento anterior,
deve ser orientada que por já ter sido ouvida, não é necessário
relatá-lo novamente;
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IMPORTANTE
Que o adolescente esclareça o nome de todos os citados no
seu relato. Se possível, informar como localizá-los e identificá-
los.

Nome; idade; telefone; endereço; como chegar no local; de


onde a se conhecem; turno em que a pessoa estuda ou
trabalha; redes sociais; quem mais possui ligação com essa
pessoa; descrição de características físicas quando
desconhecidas;
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MODELO DE RELATÓRIO
Depoimento Especial N°XX/2020
Referente BOP N°/ IPL N°

Belém, 01 de novembro de 2020


 
1- IDENTIFICAÇÃO DO ADOLESCENTE:
NOME: JULIETA SILVA SANTOS
FILIAÇÃO: Maria Silva Santos
DATA DE NASCIMENTO: 00/00/2005
IDENTIDADE: 12121212
ENDEREÇO: R. Silva Santos
APRESENTANTE: Mãe
ESCOLARIDADE: 9 ano do Ensino Fundamental
ESCOLA: Escola D. Pedro I
TELEFONE: 9999 9999
 
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MODELO DE RELATÓRIO

2- MOTIVO DE DEPOIMENTO ESPECIAL


Apurar possível violência sexual perpetrada contra adolescente JULIETA em
que seu tio JOAO CARLOS SILVA figura como suspeito.
Coleta do depoimento especial da vítima, cuja mídia segue em anexo.
 
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3- TÉCNICA DO DEPOIMENTO ESPECIAL
O Depoimento Especial com crianças e adolescentes vítimas ou
testemunhas de violência realizado pela Polícia Civil do Estado do Pará, por
meio do manual institucional, tem como objetivo viabilizar um relato
espontâneo, confiável e fidedigno possível da situação em apuração.
Como método visa colher na esfera da Polícia Judiciária, o depoimento
especial de crianças e adolescentes apontados como vítimas ou testemunhas
de violência- priorizando a condição de ser em desenvolvimento, a diminuição
dos danos da revitimização e garantindo a oportunidade do direito de fala, com
a finalidade de produzir elementos probatórios, com base na legislação
vigente.
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O manual de Depoimento Especial da Polícia Civil do Estado do Pará, foi
desenvolvido aos moldes do que determina o Protocolo de Depoimento
Especial da Polícia Civil do Distrito Federal, desenvolvido em parceria com a
Universidade de Brasília, e determinado pelo Conselho Nacional de Chefes de
Polícia como protocolo padrão.
O citado Protocolo foi desenvolvido a partir da prática e observação diária,
com esteio em literatura e protocolos de entrevista forense reconhecidos
nacional e internacionalmente pela comunidade acadêmica. Sendo destinado à
instituições que atuam diretamente na apuração das infrações penais e de sua
autoria, oferecendo orientações e linhas de atuação com vistas a proporcionar
elementos, técnicas e instrumentos práticos para a elucidação dos fatos
noticiados.
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As diretrizes fundamentais observadas na realização do


Depoimento Especial na Polícia Judiciária são:
1. Previsão Legal- Artigo 8° da Lei. N°13.431/2017 e Art. 25 do
Decreto N° 9.603/2018;
2. “Crucial importância de comunicar-se no nível real de
desenvolvimento cognitivo, intelectual, psicossocial e
psicossexual da criança e do adolescente”, proposto por
Furniss (Furniss, Tilman. 1993);
3. Observação geral do comportamento da criança no momento
da oitiva;
4. Garantia dos direitos fundamentais do investigado.
 
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4- CARACTERISTICAS GERAIS DO (A) ADOLESCENTE

JULIETA manifestou vocabulário e demais recursos verbais próprios da


faixa etária. Demonstrou capacidade de apresentar informações oralmente
com correção, clareza e eficiência, observando objetividade na comunicação.
Demonstrou ter domínio de conceitos abstratos, como temporalidade e
frequência. Durante o depoimento estabeleceu contato interpessoal com esta
signatária, e apresentou abalo emocional pela recordação dos fatos.
 
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5- DO RELATO
 
Acerca dos fatos em apuração, seguem as seguintes considerações,
A adolescente JULIETA (15 anos) disse que reside com sua genitora Maria,
irmãs Carolina (13 anos) e Patricia (08 anos), sua avó Joelma, tia materna
Sandra e tio (por afinidade) João. Em uma casa de dois cômodos.
Explicou que João na verdade é marido de Sandra.
A adolescente chorando relatou que sofreu abuso, entre os 13 e os 15
anos, praticada pelo marido de sua tia Sandra, de nome JOÃO CARLOS.
Disse que não se recorda bem, sobre o início dos abusos, mas que consistiam
em toques nas pernas, nas nádegas. Que com o passar do tempo os abusos
ficaram mais constantes e que em algumas vezes JOÃO manteve relações
sexuais com a vítima.
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Que todos residem na mesma casa. A violência ocorria normalmente no
quarto onde a adolescente dorme com as irmãs e a mãe, no período da
manhã. A adolescente estuda no período da tarde e que as irmãs estudam
pela manhã, enquanto que a tia e a mãe a tia da declarante trabalham durante
o dia todo. Que JOÃO trabalha como taxista e que nos dias em que a avó de
Julieta saia para consultas médicas ou para ir a feira, JOÃO se aproveitava do
momento para praticar os abusos.
A adolescente não soube informar o nome completo ou a idade de JOÃO,
mas o descreveu como sendo um homem, moreno, estatura média, gordo, de
cabelos curtos e escuros, olhos escuros e de bigode.
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  JULIETA declarou que, embora se incomodasse com a conduta de JOÃO,
não tinha consciência a época de que havia sido vítima de uma violência
sexual. Também disse ter ficado com medo de contar para alguém e ser
castigada. No entanto, com o passar dos anos a vítima foi se dando conta e
passou a sentir uma tristeza profunda, entretanto a não contar sobre o assunto
para ninguém.
A adolescente resolveu revelar para a mãe e para avó sobre o ocorrido
pois percebeu uma aproximação de JOÃO e sua irmã Carolina, e temeu que
JOÃO tivesse alguma conduta violenta com ela. Que mesmo após contar os
fatos JOÃO permanece residindo no mesmo local.
A adolescente informou que não mantém contato com o autor, que não tem
raiva dele, mas não quer mais por perto e também deseja que ele não se
aproxime de suas irmãs.
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6- CONSIDERAÇÕES
A adolescente presentou-se desenvolta e alegre nas fases iniciais da
aplicação do protocolo, no entanto na fase do relato do fato, mudou o
comportamento e apresentou postura chorosa e entristecida.
JULIETA apresentou narrativa sequencial com sentenças completas,
entretanto em alguns momentos questionou suas próprias lembranças dos
fatos, alegando que não podia se recordar integralmente do ocorrido, e que
não tinha certeza se todos os fatos ocorreram realmente. Em contrapartida,
apresentou informações contextuais, percepções, sentimentos,
comportamentos observáveis que trazem fidedignidade ao relato.
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Sabe-se que explicações espontâneas são fragmentos dispersos dos fatos
ocorridos, haja vista que a memória de eventos traumáticos caracteriza-se
pela fragmentação sensorial, podendo apresentar-se sem estrutura
narrativa desenvolvida e com expressão emocional intensa. Isso ocorre
porque as experiências traumáticas são processadas pela memória,
apresentando problemas na síntese, categorização e integração da
informação (Peres e Nasello, 2005) .

PERES, Julio Fernando Prieto; NASELLO, Antonia Gladys. Achados da neuroimagem


 
em transtorno de estresse pós-traumático e suas implicações clínicas. Rev. psiquiatr. clín., 

São Paulo ,  v. 32, n. 4, p. 189-201,  July  2005.


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JULIETA apresentou em seu relato indicadores de fidedignidade como:
conteúdos relacionados a motivação, como os critérios de correção
espontânea, falta de memória sobre alguma parte da experiência abusiva,
apresentação de dívidas sobre o seu agressor.
Também fora apresentado pela adolescente elementos específicos da
agressão, detalhes antecedentes e sequelas do abuso, composta por
afirmações que contradizem as crenças que as pessoas costumam ter
sobre o abuso sexual infantil, como quando a adolescente diz que era a
mais moça das meninas da casa e ficou com medo a medida que sua irmã
crescia, a presença do critério fortalece a credibilidade, mas sua ausência
não significa que a criança esteja mentindo (DUARTE, ARBOLEDA, 2004).
 
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Esclareço ainda que para maiores esclarecimentos cabe a consulta


ao arquivo de mídia.

 
É o relatório.
 
Alethea Bernardo Adriana Barros Norat
Escrivã de Polícia Civil Delegada de Polícia Civil  
 
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TESTEMUNHAS
• O policial deverá previamente colher as informações
sobre o caso;

• Relacionando previamente os pontos que precisarão ser


abordados, como por exemplo: o que a testemunha viu, o
que sabe sobre a vítima, sobre o autor, as circunstâncias
anteriores e posteriores ao crime;

• Durante o depoimento, o policial condutor da oitiva deverá


procurar trazer à discussão as informações que lhe faltam
para melhor compreender o evento criminoso.
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HABILITAÇÃO DO PROTOCOLO DE
DEPOIMENTO ESPECIAL DA POLÍCIA CIVIL
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