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CNU

Bloco 4 - Trabalho e Saúde do Servidor

Diversidade e Inclusão na Sociedade


Diversidade e Inclusão na Sociedade

Diversidade de sexo, gênero e sexualidade; diversidade étnico-racial; diversidade cul-


tural................................................................................................................................ 1
Desafios sociopolíticos da inclusão de grupos vulnerabilizados: crianças e adolescen-
tes; idosos; LGBTQIA+; pessoas com deficiências; pessoas em situação de rua, po-
vos indígenas, comunidades quilombolas e demais minorias sociais........................... 5
Exercícios....................................................................................................................... 11
Gabarito.......................................................................................................................... 12

Apostila gerada especialmente para: Maria Antonia de Sousa Silva 022.708.962-62


Diversidade de sexo, gênero e sexualidade; diversidade étnico-racial; diversidade cul-
tural

A diversidade de sexo, gênero e sexualidade é um tema de crescente reconhecimento e importância na


sociedade contemporânea. Este tema abrange uma vasta gama de identidades e expressões que transcendem
as tradicionais concepções binárias de masculino e feminino, desafiando as normas e expectativas sociais es-
tabelecidas. A compreensão e aceitação dessa diversidade é fundamental para a promoção de uma sociedade
mais inclusiva e respeitosa.
Sexo, geralmente atribuído ao nascimento, refere-se a características biológicas e fisiológicas que definem
humanos como masculinos, femininos ou intersexuais. Pessoas intersexuais nascem com características se-
xuais (como cromossomos, genitália e padrões hormonais) que não se encaixam nas noções típicas de corpos
masculinos ou femininos. A diversidade no espectro do sexo biológico é mais complexa do que a simples dico-
tomia.
Gênero, por outro lado, é um constructo social e cultural relativo às características, comportamentos, ativi-
dades e papéis que uma sociedade considera apropriados para homens e mulheres. A identidade de gênero
é o senso pessoal de alguém sobre a própria identidade de gênero, que pode ou não corresponder ao sexo
atribuído ao nascimento. Além dos gêneros masculino e feminino, existem identidades de gênero não binárias,
como agênero, bigênero, gênero-fluido, entre outras, que refletem a complexidade e variabilidade da experiên-
cia humana em relação ao gênero.
A sexualidade, que engloba a orientação sexual e as práticas sexuais, também faz parte dessa diversidade.
A orientação sexual refere-se à atração afetiva, emocional ou sexual por indivíduos do mesmo sexo, de sexo
oposto, de ambos os sexos, ou mais, incluindo atrações que não se baseiam no gênero. Portanto, abrange
identidades como heterossexual, homossexual, bissexual, pansexual, assexual, entre outras.
Reconhecer e respeitar a diversidade de sexo, gênero e sexualidade é crucial para o bem-estar e a digni-
dade de todos os indivíduos. A falta de reconhecimento e aceitação pode levar a discriminação, estigmatização
e violência. É essencial que as sociedades promovam a inclusão e a igualdade, proporcionando ambientes se-
guros e acolhedores onde todas as pessoas possam expressar livremente suas identidades e viver suas vidas
sem medo de preconceito ou marginalização.
A educação desempenha um papel crucial neste processo. Ensinar sobre a diversidade de sexo, gênero
e sexualidade nas escolas pode ajudar a desmantelar estereótipos e preconceitos desde cedo. A inclusão de
tópicos sobre identidade de gênero e orientação sexual em currículos educacionais promove a compreensão e
o respeito pelas diferenças, além de fornecer apoio essencial a jovens que estão explorando ou questionando
suas próprias identidades.
Além disso, políticas públicas inclusivas são fundamentais para garantir os direitos e a proteção de todas as
pessoas, independentemente de sua identidade de gênero ou orientação sexual. Isso inclui legislações contra
discriminação, acesso a cuidados de saúde adequados e representação igualitária em todos os aspectos da
vida social, econômica e política.
A representação na mídia e na cultura popular também tem um papel importante na normalização e celebra-
ção da diversidade. Quando filmes, programas de TV, livros e outras formas de mídia retratam uma variedade
de identidades de gênero e orientações sexuais de maneira positiva e autêntica, eles ajudam a criar uma cultura
mais inclusiva e compreensiva.
Por fim, é vital criar espaços seguros e de suporte para pessoas de todas as identidades de gênero e orien-
tações sexuais. Isso pode incluir grupos de apoio, serviços de aconselhamento e eventos comunitários que
celebram a diversidade. A promoção do diálogo aberto e respeitoso, a educação continuada e a defesa dos di-
reitos são essenciais para avançar na compreensão e aceitação da diversidade de sexo, gênero e sexualidade.
A diversidade de sexo, gênero e sexualidade é um aspecto intrínseco da condição humana. Reconhecer,
respeitar e celebrar essa diversidade é essencial para a construção de uma sociedade mais justa, igualitária e
empática, onde cada pessoa é valorizada e respeitada por sua singularidade.

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Diversidade étnico-racial
A Constituição Federal determina:
Art. 3º Constituem objetivos fundamentais da República Federativa do Brasil:
I - construir uma sociedade livre, justa e solidária;
II - garantir o desenvolvimento nacional;
III - erradicar a pobreza e a marginalização e reduzir as desigualdades sociais e regionais;
IV - promover o bem de todos, sem preconceitos de origem, raça, sexo, cor, idade e quaisquer outras formas
de discriminação.
O racismo pode ser dividido em diversas espécies, entre elas:

RACISMO ESTRU- RACISMO RELIGIO- RACISMO AMBIEN-


RACISMO INSTITUCIONAL
TURAL SO TAL
Ocorre no funcionamento Práticas corriquei- Ofensa à religiões Exclusão dos luga-
das instituições e organiza- ras nos costumes, e e crenças. Inclui perse- res de tomada de deci-
ções. Provoca desigualdade que provoca preconcei- guição e intolerância. são. Aniquilação do seu
na distribuição de serviços, to. É comum em piadas espaço, deslegitimação
benefícios e oportunidades. ofensivas. da fala e desqualifica-
ção dos membros.

O Racismo Sexual é definido como preconceito em relações sexuais. Surgiu em razão de um aplicativo de
relacionamento amoroso, no qual havia a opção de selecionar a etnia desejada.

A lei 7.716/89 define os crimes resultantes de preconceito de raça e cor:


Art. 1º Serão punidos, na forma desta Lei, os crimes resultantes de discriminação ou preconceito de raça,
cor, etnia, religião ou procedência nacional.

O STF incluiu a homofobia nesta lei:

1. Até que sobrevenha lei emanada do Congresso Nacional destinada a implementar os mandados de crimi-
nalização definidos nos incisos XLI e XLII do art. 5º da Constituição da República, as condutas homofóbicas e
transfóbicas, reais ou supostas, que envolvem aversão odiosa à orientação sexual ou à identidade de gênero
de alguém, por traduzirem expressões de racismo, compreendido este em sua dimensão social, ajustam-se,
por identidade de razão e mediante adequação típica, aos preceitos primários de incriminação definidos na Lei
nº 7.716, de 08.01.1989, constituindo, também, na hipótese de homicídio doloso, circunstância que o qualifica,
por configurar motivo torpe (Código Penal, art. 121, § 2º, I, “in fine”);

2. A repressão penal à prática da homotransfobia não alcança nem restringe ou limita o exercício da liberda-
de religiosa, qualquer que seja a denominação confessional professada, a cujos fiéis e ministros (sacerdotes,
pastores, rabinos, mulás ou clérigos muçulmanos e líderes ou celebrantes das religiões afro-brasileiras, entre
outros) é assegurado o direito de pregar e de divulgar, livremente, pela palavra, pela imagem ou por qualquer
outro meio, o seu pensamento e de externar suas convicções de acordo com o que se contiver em seus livros e
códigos sagrados, bem assim o de ensinar segundo sua orientação doutrinária e/ou teológica, podendo buscar
e conquistar prosélitos e praticar os atos de culto e respectiva liturgia, independentemente do espaço, público
ou privado, de sua atuação individual ou coletiva, desde que tais manifestações não configurem discurso de
ódio, assim entendidas aquelas exteriorizações que incitem a discriminação, a hostilidade ou a violência contra
pessoas em razão de sua orientação sexual ou de sua identidade de gênero;

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3. O conceito de racismo, compreendido em sua dimensão social, projeta-se para além de aspectos estrita-
mente biológicos ou fenotípicos, pois resulta, enquanto manifestação de poder, de uma construção de índole
histórico-cultural motivada pelo objetivo de justificar a desigualdade e destinada ao controle ideológico, à domi-
nação política, à subjugação social e à negação da alteridade, da dignidade e da humanidade daqueles que, por
integrarem grupo vulnerável (LGBTI+) e por não pertencerem ao estamento que detém posição de hegemonia
em uma dada estrutura social, são considerados estranhos e diferentes, degradados à condição de marginais
do ordenamento jurídico, expostos, em consequência de odiosa inferiorização e de perversa estigmatização, a
uma injusta e lesiva situação de exclusão do sistema geral de proteção do direito.

STF. Plenário. ADO 26/DF, Rel. Min. Celso de Mello; MI 4733/DF, Rel. Min. Edson Fachin, julgados em
13/6/2019 (Info 944).

Apesar da ampla diversidade étnico-racial, o Brasil é um dos países mais preconceituosos do mundo. É raro
ver um negro no poder, em razão da discriminação feita desde pequeno até o momento que vai para o mercado
de trabalho.

As causas do racismo estão relacionadas à escravidão de povos de origem africana, e, também à tardia
abolição da escravidão.

Além disso, a abolição da escravidão causou enorme marginalização, pois não assegurou um futuro aos
libertados. Ou seja, houve grande irresponsabilidade na organização da abolição, que não se preocupou com
a inclusão dos ex-escravos na sociedade.

Para tentar corrigir a desigualdade histórica, o STF julgou constitucional o sistema de cotas, inclusive em
concursos públicos:
Ementa: Direito Constitucional. Ação Direta de Constitucionalidade. Reserva de vagas para negros em con-
cursos públicos. Constitucionalidade da Lei n° 12.990/2014. Procedência do pedido.
1. É constitucional a Lei n° 12.990/2014, que reserva a pessoas negras 20% das vagas oferecidas nos con-
cursos públicos para provimento de cargos efetivos e empregos públicos no âmbito da administração pública
federal direta e indireta, por três fundamentos.

1.1. Em primeiro lugar, a desequiparação promovida pela política de ação afirmativa em questão está em
consonância com o princípio da isonomia. Ela se funda na necessidade de superar o racismo estrutural e insti-
tucional ainda existente na sociedade brasileira, e garantir a igualdade material entre os cidadãos, por meio da
distribuição mais equitativa de bens sociais e da promoção do reconhecimento da população afrodescendente.

1.2. Em segundo lugar, não há violação aos princípios do concurso público e da eficiência. A reserva de
vagas para negros não os isenta da aprovação no concurso público. Como qualquer outro candidato, o benefi-
ciário da política deve alcançar a nota necessária para que seja considerado apto a exercer, de forma adequada
e eficiente, o cargo em questão. Além disso, a incorporação do fator “raça” como critério de seleção, ao invés
de afetar o princípio da eficiência, contribui para sua realização em maior extensão, criando uma “burocracia
representativa”, capaz de garantir que os pontos de vista e interesses de toda a população sejam considerados
na tomada de decisões estatais.

1.3. Em terceiro lugar, a medida observa o princípio da proporcionalidade em sua tríplice dimensão. A exis-
tência de uma política de cotas para o acesso de negros à educação superior não torna a reserva de vagas nos
quadros da administração pública desnecessária ou desproporcional em sentido estrito. Isso porque:

(I) nem todos os cargos e empregos públicos exigem curso superior;

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(II) ainda quando haja essa exigência, os beneficiários da ação afirmativa no serviço público podem não ter
sido beneficiários das cotas nas universidades públicas; e

(III) mesmo que o concorrente tenha ingressado em curso de ensino superior por meio de cotas, há outros
fatores que impedem os negros de competir em pé de igualdade nos concursos públicos, justificando a política
de ação afirmativa instituída pela Lei n° 12.990/2014.

2. Ademais, a fim de garantir a efetividade da política em questão, também é constitucional a instituição de


mecanismos para evitar fraudes pelos candidatos. É legítima a utilização, além da autodeclaração, de critérios
subsidiários de heteroidentificação (e.g., a exigência de autodeclaração presencial perante a comissão do con-
curso), desde que respeitada a dignidade da pessoa humana e garantidos o contraditório e a ampla defesa.

3. Por fim, a administração pública deve atentar para os seguintes parâmetros:

(I) os percentuais de reserva de vaga devem valer para todas as fases dos concursos;

(II) a reserva deve ser aplicada em todas as vagas oferecidas no concurso público (não apenas no edital de
abertura);

(III) os concursos não podem fracionar as vagas de acordo com a especialização exigida para burlar a polí-
tica de ação afirmativa, que só se aplica em concursos com mais de duas vagas; e

(IV) a ordem classificatória obtida a partir da aplicação dos critérios de alternância e proporcionalidade na
nomeação dos candidatos aprovados deve produzir efeitos durante toda a carreira funcional do beneficiário da
reserva de vagas.

4. Procedência do pedido, para fins de declarar a integral constitucionalidade da Lei n° 12.990/2014. Tese de
julgamento: “É constitucional a reserva de 20% das vagas oferecidas nos concursos públicos para provimento
de cargos efetivos e empregos públicos no âmbito da administração pública direta e indireta. É legítima a utiliza-
ção, além da autodeclaração, de critérios subsidiários de heteroidentificação, desde que respeitada a dignidade
da pessoa humana e garantidos o contraditório e a ampla defesa”.
(ADC 41, Relator(a): Min. ROBERTO BARROSO, Tribunal Pleno, julgado em 08/06/2017, PROCESSO ELE-
TRÔNICO DJe-180 DIVULG 16-08-2017 PUBLIC 17-08-2017)
Diversidade cultural
A diversidade cultural refere-se à variedade de culturas existentes no mundo e à forma como essas cul-
turas se manifestam nas práticas, expressões, conhecimentos e habilidades das comunidades, grupos e
indivíduos. Esta diversidade é um patrimônio valioso da humanidade, enriquecendo nossas vidas de várias
maneiras e contribuindo para um maior entendimento global. Em um mundo cada vez mais globalizado, onde
as interações entre diferentes culturas se tornam mais frequentes, entender e respeitar a diversidade cultural
é essencial para a convivência harmoniosa e o desenvolvimento sustentável das sociedades.
A diversidade cultural abrange uma ampla gama de aspectos, incluindo, mas não se limitando a, línguas,
tradições, crenças, artes, histórias, formas de organização social, sistemas de valores e estilos de vida. Ela é
influenciada por uma variedade de fatores, como história, geografia, religião, e interações sociais e políticas.
Cada cultura oferece uma perspectiva única sobre o mundo, influenciando a maneira como seus membros
veem a si mesmos, aos outros e ao ambiente ao seu redor.
A promoção da diversidade cultural implica no reconhecimento e na valorização das diferenças culturais,
bem como no incentivo ao diálogo e ao intercâmbio entre culturas. Este respeito mútuo é fundamental para
prevenir conflitos e para fortalecer a coesão social. Além disso, a diversidade cultural é um motor essencial
para a inovação e a criatividade, contribuindo para o desenvolvimento social e econômico.

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A educação desempenha um papel crucial na promoção da diversidade cultural. Educar as pessoas,
especialmente os jovens, sobre a riqueza e a importância das diferentes culturas ajuda a construir uma base
de respeito e apreciação pela diversidade. A educação multicultural pode ajudar a desmantelar preconceitos e
estereótipos, promovendo a empatia e o entendimento entre pessoas de diferentes origens culturais.
Além da educação, a proteção e promoção das expressões culturais, através de políticas públicas e le-
gislação, são fundamentais. Isso inclui o apoio a linguagens minoritárias, a preservação de sítios históricos, a
promoção de festivais culturais e a proteção dos direitos de autores e criadores de diferentes contextos cultu-
rais. Tais medidas não apenas ajudam a manter a diversidade cultural, mas também incentivam a contribuição
de todos para o patrimônio cultural comum da humanidade.
A diversidade cultural também é reforçada pela mídia e tecnologias digitais, que têm um papel importante
na disseminação e no intercâmbio de expressões culturais. A internet, em particular, oferece oportunidades
sem precedentes para o acesso e a partilha de informação cultural, embora também apresente desafios rela-
cionados à homogeneização cultural e à preservação das identidades culturais locais.
No âmbito internacional, organizações como a UNESCO trabalham para promover a diversidade cultural
e o diálogo intercultural através de convenções e programas. Estes esforços reconhecem que a diversidade
cultural é uma parte essencial do desenvolvimento humano e uma necessidade para alcançar a paz e a sus-
tentabilidade global.
A diversidade cultural é uma riqueza imensurável que contribui para a expansão do conhecimento, da
compreensão e da tolerância no mundo. É através do reconhecimento, da valorização e do respeito às dife-
rentes culturas que podemos construir sociedades mais inclusivas e justas, onde a diversidade é vista não
como uma barreira, mas como uma fonte de força e beleza.

Desafios sociopolíticos da inclusão de grupos vulnerabilizados: crianças e adolescen-


tes; idosos; LGBTQIA+; pessoas com deficiências; pessoas em situação de rua, povos
indígenas, comunidades quilombolas e demais minorias sociais

Apenas após a redemocratização do Brasil é que a participação em organismos de proteção a direitos hu-
manos se tornou efetiva. A CF/88 aflorou o processo de inclusão brasileiro na defesa e promoção dos direitos
humanos.

Conhecida como Constituição Cidadã se preocupou com diversos grupos:

Art. 227. É dever da família, da sociedade e do Estado assegurar à criança,


ao adolescente e ao jovem, com absoluta prioridade, o direito à vida, à saúde, à
CRIANÇA E alimentação, à educação, ao lazer, à profissionalização, à cultura, à dignidade, ao
ADOLESCENTE respeito, à liberdade e à convivência familiar e comunitária, além de colocá-los a
salvo de toda forma de negligência, discriminação, exploração, violência, crueldade
e opressão.
Art. 5º Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, ga-
rantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade
do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade, nos termos
MULHERES
seguintes:
I - homens e mulheres são iguais em direitos e obrigações, nos termos desta
Constituição;
PESSOA COM Art. 7º (...)
XXXI - proibição de qualquer discriminação no tocante a salário e critérios de
DEFICIÊNCIA admissão do trabalhador portador de deficiência;

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Art. 4º A República Federativa do Brasil rege-se nas suas relações internacio-
nais pelos seguintes princípios:
RACISMO VIII - repúdio ao terrorismo e ao racismo;
Art. 5º (...)XLII - a prática do racismo constitui crime inafiançável e imprescritível,
sujeito à pena de reclusão, nos termos da lei;

Podem constituir grupos vulneráveis ou minorias as mulheres, os negros e afrodescendentes, as crianças


e adolescentes, os idosos, as pessoas com deficiência, as pessoas em situação de rua, os povos indígenas,
os LGBTQIA+, os quilombolas, os sem-teto, os sem-terra, os imigrantes e os refugiados, dentre outros grupos
aos quais chamamos de minorias e que são vítimas de injustiças e violações históricas de Direitos Humanos.
Direitos da mulher
A garantia desta igualdade sem uma proteção específica é insuficiente, pois muitas mulheres ainda se
encontram numa posição subjugada da sociedade e, em casos extremos, vítimas do domínio masculino. Assim,
as mulheres formam uma categoria vulnerável que merece proteção especial para que seja possível garantir a
igualdade material entre os sexos. A razão desta vulnerabilidade reside no fato de que as conquistas femininas
de independência pessoal e financeira são relativamente recentes na história da humanidade.
Internacionalmente, esta fragilidade feminina é reconhecida, notadamente, na Declaração da ONU sobre a
Eliminação da Discriminação contra as Mulheres, de 7 de novembro de 1967; na Convenção da ONU sobre a
Eliminação de Todas as Formas de Discriminação contra a Mulher, de 18 de dezembro de 1979; e na Convenção
Interamericana para Prevenir, Punir e Erradicar a Violência contra a Mulher, de 9 de junho de 1994. Estes
documentos foram estudados anteriormente neste material.
Regionalmente, uma grande vitória das mulheres na busca de proteção foi a decisão da Comissão
Interamericana de Direitos Humanos que reconheceu a violação do direito feminino de proteção contra a
violência doméstica e familiar, diante dos fatos que cercaram o caso de Maria da Penha (a decisão é estudada
no tópico 5.4.6.1.7.10). A decisão no âmbito regional gerou a aprovação, no plano nacional, da Lei nº 11.340,
de 07 de agosto de 2006, que cria mecanismos para coibir a violência doméstica e familiar contra a mulher.
Direitos da criança e do adolescente
As crianças podem ser consideradas outro grupo vulnerável protegido no âmbito dos direitos humanos,
tendo em vista a promoção da igualdade material.
Embora não exista um instrumento que aborde especificamente os direitos das crianças no Sistema
Interamericano, normas genéricas do sistema permitem a proteção neste âmbito. Aliás, o artigo 16 do PCADH
reforça as posturas ativas necessárias por parte do Estado, dos pais e da sociedade com os fins de garantir os
direitos da criança.
Contudo, há instrumentos internacionais específicos voltados à proteção dos direitos da criança no âmbito
das Nações Unidas, quais sejam a Declaração dos Direitos da Criança de 20 de novembro de 1959, e a
Convenção sobre os Direitos da Criança 20 de novembro de 1989, confirmada no Brasil pelo Decreto Legislativo
nº 28, de 14 de setembro de 1990.
No Brasil, o Estatuto da Criança e do Adolescente trouxe importantes preceitos quanto à proteção da infância,
devendo garantir à criança a proteção de uma infância feliz e saudável, e o seu crescimento num seio familiar
amparado pelo afeto e um ambiente seguro, garantindo também o Direito à educação, gratuita e obrigatória e
a prioridade de atendimento e socorro em caso de necessidade.
Direitos dos idosos
O envelhecimento é um direito personalíssimo diretamente relacionado ao direito à vida e a sua proteção é
um direito social, nos termos da Lei. É obrigação do Estado, da sociedade e da família garantir à pessoa idosa
a proteção à vida e à saúde, mediante a garantia de condições mínimas e a efetivação de políticas sociais pú-
blicas que permitam um envelhecimento saudável em atenção à sua dignidade, bem como liberdade, respeito,
como pessoa humana e sujeito de direitos civis, políticos, individuais e sociais.
No âmbito da ONU, ainda não há Convenção específica de proteção, mas apenas normativas principiológi-
cas não diretamente coativas, que podem ser combinadas com normas genéricas como as dos Pactos Inter-
nacionais de 1966. Neste sentido, de forma mais relevante, em 1991 sobrevieram os Princípios Das Nações

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Unidas para as Pessoas Idosas; e em 2002, na II Conferência Internacional de Madri sobre o Envelhecimento,
surgiram a Declaração Política e o Plano de Ação Internacional de Madri sobre Envelhecimento (MIPAA), estes
de ordem um pouco mais pragmática.
Em janeiro de 2010, o Comitê Consultivo do Conselho de Direitos Humanos das Nações Unidas publicou
estudo apontando a necessidade de uma convenção internacional específica, o que indica que futuramente é
possível que tal documento seja elaborado e ratificado pelos países-membros da ONU.
Em relação à normativa brasileira, destaca-se o Estatuto do Idoso (Lei nº 10.741/2003), que entrou em
vigor no dia 1º de janeiro de 2004, em consonância com a já manifestada preocupação brasileira em conferir
proteção específica aos direitos dos idosos.
Não se pode perder de vista, ainda, o texto constitucional, que no título VII (Ordem Social) traz no capítulo
VII a proteção da Família, da Criança, do Adolescente, do Jovem e do Idoso, sem prejuízo da menção ao direito
à assistência social feita anteriormente no artigo 203, V.
Direitos da pessoa com deficiência
A proteção à pessoa com deficiência é uma discussão de grande relevância na atualidade, à luz dos Direitos
Humanos. A preocupação com a proteção das pessoas com deficiência e a eficácia desse caráter protetivo
no plano nacional e internacional tornou-se constante. No Brasil e no mundo, a eficácia e a aplicabilidade da
proteção às pessoas com deficiência dependem, principalmente, da efetividade da inclusão social, dever não
só do Estado, mas também de toda a sociedade. É na integração entre Estados, que vemos surgir medidas
mais eficazes de combate às desigualdades.
Há quatro fases históricas no desenvolvimento dos direitos humanos da pessoa com deficiência:
a) Fase da intolerância: a deficiência simbolizava impureza, pecado ou castigo divino;
b) Fase da invisibilidade: ignorava-se a existência das pessoas com deficiência e de seus direitos;
c) Fase assistencialista: pautada na perspectiva médica e biológica de que era preciso encontrar uma cura
para a deficiência, que era exclusivamente vista como enfermidade;
d) Fase humanista: orientada pelo paradigma dos direitos humanos, na qual emergiram os direitos à inclusão
social, com ênfase na relação da pessoa com deficiência e do meio em que ela se insere, além da necessidade
de eliminar obstáculos e barreiras (culturais, físicos ou sociais) que possam ser superados.
Destaca-se a inovação promovida pela Convenção da ONU, que reconhece a deficiência como resultado da
interação entre indivíduos e seu meio ambiente, não residindo apenas intrinsecamente no indivíduo.
Internacionalmente, três documentos merecem destaque, quais sejam: Declaração das Nações Unidas
sobre os Direitos das Pessoas com Deficiência, de 9 de dezembro de 1975, complementada pela Convenção
Internacional sobre os Direitos das Pessoas com Deficiência e seu Protocolo Facultativo, assinados em Nova
York, em 30 de março de 2007, e promulgados pelo Decreto nº 6.949 de 25 de agosto de 2009; e a Convenção
Interamericana para a Eliminação de Todas as Formas de Discriminação contra as Pessoas Portadoras de
Deficiência, assinada na Guatemala, em 28 de maio de 1999, promulgada no Brasil pelo Decreto nº 3.956 de
8 de outubro de 2001.
No âmbito das Nações Unidas, a Convenção Internacional sobre os Direitos das Pessoas com Deficiência e
seu Protocolo Facultativo desponta como o mais relevante tratado internacional na matéria em estudo que foi
ratificado pelo Brasil com status de Emenda Constitucional. como é o caso da Convenção sobre os Direitos da
Pessoa com Deficiência. Essa convenção aproxima-se da realidade que se almeja alcançar.
Proteção da diversidade sexual (LGBTQIA+)
A Organização das Nações Unidas, no âmbito de seu Conselho de Direitos Humanos, tem elaborado
resoluções voltadas a este grupo vulnerável, a exemplo dos Princípios de Yogyakarta, que são princípios
voltados à aplicação da legislação de direitos humanos em todo o planeta em relação à diversidade sexual e
à identidade de gênero, delimitando a igualitária aplicação dos direitos humanos consagrados a pessoas que
se encaixem em grupos com sexualidade diferenciada. Outro documento a respeito que assume relevância é
a Declaração condenando violações dos direitos humanos com base na orientação sexual e na identidade de
gênero, de 18 de dezembro de 2008. O Brasil estava presente quando tal Declaração foi aceita pela Assembleia
Geral da ONU e votou a favor, tratando-se assim de documento corroborado pelo país no âmbito internacional.

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Pode-se dizer que a maior conquista no âmbito interamericano é a recente Convenção Interamericana contra
Toda Forma de Discriminação e Intolerância, de 5 de junho de 2013 (ainda não incorporada ao ordenamento
interno brasileiro, mas já assinada pelo Brasil), que pode ser considerado o primeiro documento internacional
juridicamente vinculante a expressamente condenar a discriminação baseada em orientação sexual, identidade
e expressão de gênero.
Proteção da população em situação de rua e sem teto
Situação extremamente delicada é a da chamada população em situação de rua. Trata-se de grupo
populacional que possui em comum a pobreza extrema, assim como os vínculos familiares interrompidos ou
fragilizados. Seja por conta da constante – e grave – crise econômica dos tempos atuais, e/ou do déficit de
moradia, e/ou tendo em vista conflitos pessoais (como questões familiares ou vícios em drogas), não se pode
fechar os olhos para um problema cada vez maior, notadamente nos grandes e médios centros urbanos.
Em termos normativos internacionais, é fraca a proteção da população em situação de rua, destacando-se
relatório sobre uma habitação adequada como elemento integrante do direito a um nível de vida adequado e
sobre o direito de não discriminação a este respeito, preparado em cumprimento à Res. nº 25/17 do aludido
Relatório propõe, inclusive, um enfoque tridimensional:
A 1ª dimensão se refere à ausência de moradia – a ausência tanto do aspecto material de uma habitação
minimamente adequada quanto do aspecto social de um lugar seguro, para estabelecer uma família ou relações
sociais, e participar da vida em comunidade.
A 2ª dimensão considera a situação de rua como uma forma de discriminação sistêmica e de exclusão social,
e reconhece que a privação de um lar dá lugar a uma identidade social através da qual as pessoas em situação
de rua formam um grupo social sujeito à discriminação e estigmatização.
A 3ª dimensão reconhece as pessoas em situação de rua como titulares de direitos que são resilientes na
luta pela sobrevivência e dignidade. Com uma compreensão única dos sistemas que negam seus direitos,
deve-se reconhecer as pessoas em situação de rua como agentes centrais da transformação social necessária
para a realização do direito a uma moradia adequada.
Internamente, o Decreto nº 7.053 de 23 de dezembro de 2009, institui a Política Nacional para a População em
Situação de Rua e seu Comitê Intersetorial de Acompanhamento e Monitoramento, dentre outras providências.
Proteção da população sem-terra
O Brasil é um dos países com maior concentração de terras do mundo, onde se encontram os maiores
latifúndios. A concentração de terras deriva da exploração portuguesa no Brasil, com a escravidão e a monocultura
voltada à exportação. Esse perfil de ocupação de nossas terras gerou profundas raízes de desigualdade social
sentidas até hoje.
A proteção à população sem terra tem suas bases nos valores da solidariedade e do humanismo ante ao
legado histórico da classe trabalhadora.
Nacionalmente o Brasil dispõe do Estatuto da Terra, que regula os direitos e obrigações concernentes aos
bens imóveis rurais, para os fins de execução da Reforma Agrária e promoção da Política Agrícola. O uso da
terra decorre do direito de propriedade e da necessidade de esta atender à sua função social. Busca-se pela
reforma agrária para que as terras do Estado não permaneçam improdutivas em grandes latifúndios, enquanto
pequenos produtores se vêm privados de sua subsistência.
Proteção da população indígena
O direito de autodeterminação ou livre determinação dos povos indígenas está embasado nos postulados
da igualdade, da liberdade e da fraternidade, e encontra embasamento no Direito Internacional, em especial no
sistema internacional de proteção aos direitos humanos a garantir o desenvolvimento humano global.
A Declaração das Nações Unidas sobre os Direitos dos Povos Indígenas foi aprovada pela Assembleia da
ONU em 07 de setembro de 2007.

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No artigo 1º é trazida a fórmula genérica que garante aos indígenas, como povos ou pessoas, o desfrute
pleno dos direitos humanos e liberdades fundamentais. O ideário da igualdade de direitos e liberdades é
reforçado pelo artigo 2º e pelos artigos 3º e 4º (estes focados no direito à autodeterminação). Em seguimento,
garantem-se os direitos políticos no artigo 5º e o direito à nacionalidade no artigo 6º. Outros direitos humanos
são reforçados no artigo 7º.
O artigo 8º tem o seguinte teor:
1. Os povos e as pessoas indígenas têm direito a não sofrer a assimilação forçada ou a destruição de sua
cultura.
2. Os Estados estabeleceram mecanismos eficazes para a prevenção e o ressarcimento de:
a) Todo ato que tenha por objeto ou consequência privar aos povos e as pessoas indígenas de sua integri-
dade como povos distintos ou de seus valores culturais ou sua identidade étnica;
b) Todo ato que tenha por objeto ou consequência alhear-lhes suas terras, territórios ou recursos;
c) Toda forma de mudança forçada de local de povoado que tenha por objeto ou consequência a violação ou
o menosprezo de qualquer de seus direitos;
d) Toda forma de assimilação ou integração forçadas;
e) Toda forma de propaganda que tenha como fim promover ou incitar à discriminação racial ou étnica diri-
gida contra eles.
O sentido do artigo 8º é aprofundado nos artigos 10, 11, 12, 13, 14, 15, 16, 24, 25, 26, 31, 32, 33, 34, 35,
que conferem direitos específicos culturais, religiosos, medicinais, territoriais, de ensino, de autoadministração
e outros aos indígenas. No mais, enquanto no artigo 8º garante-se a cultura, no artigo 9º garante-se o direito
de pertencer a uma comunidade. Nos termos dos artigos 18, 19, 23 e 27, assegura-se a representação política,
notadamente participando de decisões que envolvam a comunidade indígena.
Portanto, o desenvolvimento social também é um direito, que deve ser garantido sem discriminações,
permitindo o melhoramento das condições econômicas e sociais, em áreas como educação, emprego,
capacitação e adaptações profissionais, moradia, saneamento, saúde e seguridade social (artigo 21, DDPI).
Necessidades especiais de seus grupos vulneráveis, como idosos, mulheres e crianças também devem ser
respeitadas (artigo 22, DDPI).
A respeito da retirada de povos indígenas de suas terras originais, embora seja colocada como exceção,
pode ocorrer, caso em que o povo local deve ser ouvido e em que é preciso garantir a justa indenização (justa,
imparcial e equitativa), que poderá ser paga em terras, territórios e recursos de igual qualidade aos tomados
(artigo 28, DDPI).
As comunidades indígenas não devem ficar isoladas e alheias aos acontecimentos fora de seu âmbito,
mesmo os que envolvam decisões estatais. Neste sentido, o artigo 36 volta-se ao direito de manter e desenvolver
contatos, relações e cooperação e suas atividades; o artigo 37 reforça questões sobre a possibilidade de
celebrar tratados, acordos e pactos; o artigo 39 traz o direito à assistência financeira e técnica; o artigo 40
trata dos procedimentos para solucionar controvérsias que surjam etc. Reforça-se nos demais dispositivos a
necessidade de adotar medidas para garantir todos estes direitos.
Nacionalmente, Constituição de 1988 pode ser considerada um marco na conquista e garantia de direitos
pelos indígenas no Brasil, por garantir o respeito e a proteção à cultura das populações originárias, direitos
esses expressos em capítulo específico do Título Da Ordem Social, com preceitos que asseguram o respeito
à organização social, aos costumes, às línguas, crenças e tradições, além de estabelecer como obrigação da
União, a proteção e a demarcação das terras indígenas.
Proteção dos negros e quilombolas
Muito embora a sociedade brasileira seja pluralista e altamente miscigenada, ainda são comuns os casos
de preconceito racial e étnico, o que coloca pessoas como negros, índios, quilombolas e membros de grupos
étnicos minoritários em geral na situação de vulnerabilidade que assegura uma especial proteção sob o viés da
igualdade material.

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Há diversos documentos internacionais específicos voltados à proteção deste grupo vulnerável, destacando-
se: Declaração das Nações Unidas sobre a Eliminação de Todas as Formas de Discriminação Racial, de 20 de
novembro de 1963; Convenção Internacional sobre a Eliminação de Todas as Formas de Discriminação Racial,
de 21 de dezembro de 1965 (Decreto nº 65.810 de 8 de dezembro de 1969); e, recentemente, a Convenção
Interamericana contra o Racismo, a Discriminação Racial e Formas Correlatas de Intolerância, de 5 de junho de
2013 (ainda não incorporada ao ordenamento interno brasileiro, mas já assinadas pelo Brasil).
O racismo é a manifestação de um preconceito racial em determinadas situações e constitui crime inafiançável
e imprescritível, previsto na Lei 7.716/1989. Diferencia-se do crime de injúria racial, previsto no art. 140, § 3º do
Código Penal brasileiro.
Os povos quilombolas
Os quilombolas são pessoas das comunidades formadas por descendentes de africanos que fugiram da
escravidão durante o período colonial – os quilombos, onde ao longo dos anos conseguiram preservar algumas
de suas tradições e costumes.
A população quilombola no Brasil é de 1,32 milhão de pessoas, ou 0,65% do total de habitantes do país e
assim como os indígenas, tem o seu direito à terra reconhecido na Constituição Federal, que também prevê a
obrigação do Estado de demarcar e titular as terras ocupadas por essas comunidades. A Lei nº 12.288/2010,
conhecida como Estatuto da Igualdade Racial trata especificamente dos quilombolas e estabelece estabelece
diretrizes e políticas públicas para a promoção da igualdade racial. A legislação que trata especificamente
dos quilombolas é a Lei nº 12.288/2010, conhecida como Estatuto da Igualdade Racial. Essa lei estabelece
diretrizes e políticas públicas para a promoção da igualdade racial no Brasil, incluindo medidas de proteção
e promoção dos direitos dos povos quilombolas, com o objetivo promover o desenvolvimento sustentável
dessas comunidades, garantindo-lhes acesso a serviços básicos, como saúde, educação, saneamento básico
e infraestrutura, além da criação de políticas de reparação para os povos quilombolas, como ações afirmativas
e programas de inclusão social e econômica. Essas medidas visam compensar os séculos de discriminação e
exclusão enfrentados por essas comunidades.
Proteção dos imigrantes e refugiados
Refugiado é todo aquele que sofre algum tipo de perseguição em seu país de origem numa situação de
guerra e busca asilo em outro país.
Imigrante é todo aquele que sai de seu país de origem e vai para outro em busca de melhores condições de
vida.
Em ambos casos, são pessoas em locais que não são comuns a elas, convivendo com a população local
já habituada. Episódios envolvendo xenofobia e desigualdade no acesso a direitos são, infelizmente, comuns.
Cabe ao Estado propiciar que imigrantes e refugiados gozem de igual proteção jurídica aos seus direitos
fundamentais. Segundo a ONU, a questão dos refugiados nos remete à pior crise humanitária do século.
O refúgio e a migração não trazem em si o terrorismo e necessariamente o agravamento dos problemas
sociais. Tal perspectiva seria totalmente contrária aos preceitos de cidadania e acolhimento para com outros
povos.
Em 1948, a Declaração dos Direitos Humanos da ONU reconheceu como direito humano a possibilidade de
as pessoas fugirem de situações de guerra e fome e migrarem para outros países. Internacionalmente, o Alto
Comissariado das Nações Unidas para os Refugiados – ACNUR é um órgão das Nações Unidas criado pela
Resolução nº 428 da Assembleia da ONU em 14 de dezembro de 1950 para dar apoio e proteção a refugiados
de todo o mundo. Ainda internacionalmente a Convenção das Nações Unidas sobre o Estatuto dos Refugiados
ou Convenção de Genebra de 1951 e seu Protocolo relativo ao Estatuto dos Refugiados de 1967 constituem
os principais instrumentos internacionais estabelecidos para a proteção dos refugiados e asseguram, que
qualquer pessoa, em caso de necessidade, possa exercer o direito de procurar e de gozar de refúgio em outro
país, sendo altamente reconhecidos internacionalmente.
O Brasil é reconhecido internacionalmente como um país tolerante e aberto aos imigrantes e refugiados. O
Brasil assinou a Convenção de Genebra em 1952, relativa ao Estatuto dos Refugiados, aprovada pelo Decreto
Legislativo nº 11, de 1960 e promulgada pelo Decreto nº 50.215/1961 e o Protocolo de Nova York de 1967,

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recepcionado pelo Decreto nº 70.946/1972 e retificado pelos Decretos 98602/1989 e 99757/1990. Internamente,
a nova Lei de Migração – Lei 13.455/2017 revogou o antigo Estatuto do Estrangeiro, Lei 6815/1980. O referido
dispositivo é pautado pelo princípio da não-discriminação.
É importante mencionar que nem todo imigrante possui o status de refugiado e asilo político (individual) é
diferente de Refúgio (coletivo).
No Brasil, o mecanismo do Refúgio é regido pela Lei 9.474/1997, que estabelece todo o procedimento para
a determinação, cessação e perda da condição de refugiado, os direitos e deveres dos solicitantes de refúgio e
refugiados, bem como soluções duradouras para essa população.
Portanto, não se deve confundir o asilo político, direito individual, requerido e outorgado caso a caso, com
o moderno ramo do direito dos refugiados, que trata de fluxos maciços de populações deslocadas. Ambos
institutos podem ocasionalmente coincidir, já que cada refugiado pode requerer o asilo político individualmente
(BRASIL, 2020).

Exercícios

1. Qual lei brasileira define os crimes resultantes de preconceito de raça e cor?


(A) Lei nº 10.741/2003 - Estatuto do Idoso.
(B) Lei nº 11.340/2006 - Lei Maria da Penha.
(C) Lei nº 7.716/1989.
(D) Lei nº 12.288/2010 - Estatuto da Igualdade Racial.

2. O que define o Racismo Institucional?


(A) Práticas de discriminação em ambientes educacionais.
(B) Desigualdade na distribuição de serviços, benefícios e oportunidades pelas instituições e organizações.
(C) Discriminação contra indivíduos em espaços públicos.
(D) Ofensa à liberdade de expressão religiosa.

3. Como o STF classificou as condutas homofóbicas e transfóbicas no contexto dos crimes de preconceito?
(A) Como crimes inafiançáveis e imprescritíveis.
(B) Como expressões de racismo, ajustando-se aos preceitos da Lei nº 7.716/1989.
(C) Como infrações menores, sujeitas a penas administrativas.
(D) Como delitos que não se enquadram na legislação sobre racismo.

4. Quais são as principais causas do racismo no Brasil, segundo o texto?


(A) Diferenças culturais e falta de educação cívica.
(B) Escravidão de povos de origem africana e a tardia abolição da escravidão.
(C) Falta de políticas públicas eficientes e problemas econômicos.
(D) Diferenças linguísticas e barreiras geográficas.

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5. Qual a decisão do STF em relação ao sistema de cotas em concursos públicos?
(A) Declarou a inconstitucionalidade da reserva de vagas para negros.
(B) Julgou constitucional a Lei n° 12.990/2014, que reserva 20% das vagas para negros.
(C) Limitou o sistema de cotas apenas a instituições educacionais.
(D) Ampliou o sistema de cotas para incluir outras minorias.

6. Qual grupo é reconhecido internacionalmente como vulnerável e merece proteção especial na busca pela
igualdade material entre os sexos?
(A) Pessoas com deficiência.
(B) Mulheres.
(C) Povos indígenas.
(D) Imigrantes e refugiados.

7. Como são consideradas as crianças no âmbito dos direitos humanos?


(A) Como indivíduos plenamente capazes de decisões legais.
(B) Como responsáveis por suas ações na sociedade.
(C) Como outro grupo vulnerável protegido, promovendo a igualdade material.
(D) Como participantes ativos nas decisões políticas.

8. Qual documento internacional é considerado o mais relevante na proteção dos direitos das pessoas com
deficiência?
(A) Declaração Universal dos Direitos Humanos.
(B) Convenção Internacional sobre os Direitos das Pessoas com Deficiência e seu Protocolo Facultativo.
(C) Pacto Internacional sobre Direitos Civis e Políticos.
(D) Declaração das Nações Unidas sobre os Direitos dos Povos Indígenas.

Gabarito

1 D
2 B
3 B
4 B
5 B
6 C
7 C
8 B

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