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CARTA do ouvidor do Ceará, José da Costa Dias e Barros, à Rainha [D. Maria I],
apontando as causas da desordem na capitania e pedindo aprovação para as fintas que
estabeleceu.
dos padrões, das ordenações dos cofres dos livros e todos os mais acessórios, que não podem
deixar de ter as Câmaras para a boa governança dos povos, e para a conservação do seu decoro.
Resulta não se pagarem os ordenados e outros emolumentos aos oficiais de justiça, de cujas
ocupações e ainda mesmo de servir nas Câmaras fogem por isso os homens de consideração e
de merecimento.
O único patrimônio que aqui tem as câmaras consiste nos talhos das carnes, que se arrematam
sempre por preço certo a quem maior donativo oferece a favor das mesmas o qual nunca é
suficiente para as sobreditas despesas ainda quando achei estes mesmo tênues patrimônios mal
administrados; os réditos1 desencaminhados; os livros das despesas e receitas confusos, e toda
a arrecadação em desordem por falta de perícia, e dos outros requisitos, que devem concorrer
nos escrivães e mais oficiais. Obrigado destas tão instantes necessidades da república, e dos
deveres que me são encarregados pelas ordenações, e regimento dos corregedores; me propus
empregar todas as possíveis forças para fazer cessar os sobreditos inconvenientes, e remover
de uma vez a sua perniciosa origem, forcejando por vencer os muitos obstáculos, que se me
antepunham, e haviam parecido insuperáveis aos meus predecessores.
Para reformar, e extirpar inteiramente a confusão dos livros das Câmaras, formar balanço geral
(P - 411) geral para o conhecimento dos débitos, e método conveniente para arrecadação das
suas rendas dei uma conta individual à junta da administração e arrecadação da Real Fazenda
de Pernambuco, a qual me facultou toda a providência que lhe pedi, como consta da sua carta.
Para poder entrar no desenho das cadeias, e ter faculdade para edificar, dei outra conta à mesma
junta em razão da administração que lhe compete sobre a Fazenda das Câmaras, e me facultou
este intento pela outra sua carta. Cópia N. 2) Para ocorrer à sobredita dissolução dos infinitos
facinorosos, que grassavam no distrito dos Caratheús, e serra dos Cocos (que por serem extrema
desta comarca, e da do Piauí sempre lhe servia de asilo por causa da grande distância, e total
falta das providências da justiça) me resolvi intentar a nunca intentada empresa de ir, como fui,
com uma tropa militar, e outra de índios àquele remoto distrito, e depois de pôr em deserção, e
em terror os mesmos facinorosos, dei providência de lhe por lá justiça permanente em virtude
de uma conta que dirigi ao governador e capitão general de Pernambuco, e da sua resolução a
qual providência se tem experimentado muito frutuosa.
Pelo que respeita a indigência dos patrimônios das Câmaras, não achei outro expediente mais
racionável, e mais acomodado à Régia mente de Vossa Majestade que consignar-lhes terras, e
fazer reconhecer foreiros os seus possuidores às mesmas Câmaras. A este fim deixei na vila do
Crato sumamente necessitada de polícia e provimento para o regulamento (cópia N. 5) (P - 412)
regulamento e arrendamento das casas; e nas vilas do Icó1 e Sobral2 os outros provimentos para
aforamento das terras. (cópias N. 6 e N. 7) Nos preâmbulos dos mesmos provimentos se vê
compreendidas as razões, e as públicas necessidades representadas pelas mesmas Câmaras, e
repúblicos, que me moveram a deixar nelas as mencionadas providências, persuadido de que
elas mereciam a régia aprovação de Vossa Majestade.
Depois destas providências escritas, eu as tenho feito executar, de tal sorte, que tenho a
complacência de haver acertado em fazer dentro de dois anos que aqui resido, um muito
considerável serviço a esta comarca. Por todas as partes se trabalha nas referidas obras, a que
eu mesmo tenho dado os riscos, e plantas, e todas as disposições para se promoverem ao estado,
que a todos parecia impossível; por carecer está comarca de todos os meios e subsídios que a
minha diligência dificultosamente fez aprontar. Já se vê grandes levas de presos criminosos
para o presídio da Fortaleza; Já os viajantes e comboieiros cruzam comodamente toda a
comarca; e acham as estradas abertas, e pontes bem fabricadas nas mãos importantes passagens
dos rios, que eram invadiáveis com as cheias. Eu não vou alegar, e aceitar serviços a Vossa
Majestade para solicitar remunerações se eu compilasse os outros muitos provimentos com que
tenho corrigido e restaurado esta comarca faria um grande volume; a precisa modestia não me
permite dizer tudo: nas cópias juntas só apresento o que diz respeito a locupletar os patrimônios
(P - 413) das Câmaras, cuja pobreza era toda a origem das sobreditas desordens. O que só
pretendo é que Vossa Majestade seja servida atender benignamente ao meu zelo, e boas
intenções para a felicidade, e tranquilidade desta comarca, dignando-se socorrer-me, e a meus
sucessores com as mais providências de que ela necessita e que são as seguintes:
1º Que sendo do Real agrado de Vossa Majestade os sobreditos provimentos com que estabeleci
os foros das vilas do Crato, do Icó e Sobral, seja Vossa Majestade servida aprová-los, e resolver
1
“Em carta de 6 de janeiro de 1735, o governador de Pernambuco, Duarte Sodré Pereira Tibal, dava conta aio rei
da sugestão do ouvidor-geral da capitania do Siará Grande de se criar uma vila na localidade do Icó. Em resposta
à carta, o Conselho Ultramarino comunicava, a 17 de outubro de 1736, a ordem de D. João V em favor da criação
da nova vila. A ordem veio a ser efetivada em 1738, quando a localidade do Icó- em audiência realizada a 4 de
maio, pelo ouvidor do Siará Grande, Victorino Pinto da Costa Menezes-foi elevada efetivamente á categoria de
vila”. Cf. NOGUEIRA, Gabriel Parente. Viver à lei da nobreza: elites locais e o processo de nobilitação na
capitania do Siará Grande (1748-1804). Curitiba: Aprisco, 2017. P. 53-54.
2
A vila “Distinta e Real de Sobral”, foi a primeira criada na ribeira do Acaraú, região que, juntamente com a
ribeira do Jaguaribe, constituía-se como a principal área de criatório da Capitania. Segundo o edital, afiado na
povoação da Caiçara (antiga denominação da localidade onde foi criada a vila de Sobral), a 22 de junho do ano de
1773, João Carneiro e Sá, ouvidor da Comarca do Siará Grande, dava conta da elevação da localidade à categoria
de vila, expressando a consonância da medida com a ordem régia de 1776, que visava implementar, por meio da
criação de vilas, um maior controle sobre os pobres-livres da capitania-geral de Pernambuco”. Cf. NOGUEIRA,
Gabriel Parente. Viver à lei da nobreza: elites locais e o processo de nobilitação na capitania do Siará Grande
(1748-1804). Curitiba: Appris, 2017. p. 63-64.
se poderei continuar semelhantes aforamentos nas outras vilas pelo modo que parecer mais
suave, e aplicável, até se formem todos os suficientes, e necessários patrimônios das câmaras,
e que estes aforamentos se possam fazer, como fiz na dita vila do Sobral ainda daquelas terras
possuídas por datas de sesmarias, não estando elas confirmadas na forma das ordens de Vossa
Majestade; e não havendo outras capazes de rendimento.
(cópia N. 9)
2º Que como os ditos aforamentos só ficam sendo suficientes para a subsistência futura das
câmaras, e para suprir as suas anuais despesas, sem que haja por hora outro fundo para se
continuarem as obras das cadeias e casas do Conselho; cujas despesas sempre se deduz dos
moradores, seja Vossa Majestade servida (P - 414) aprovar a finta1 que estabelecer na mesma
vila do Sobral, (cópia N. 10) e facultar que eu, ou meus sucessores possam praticar as mesmas
fintas nas outras vilas a favor das ditas obras, e repeti-las com a suavidade possível, no caso
que as primeiras não bastem para se consumarem.
3º Que sendo certo e constante que todos os Conselhos e vilas desta comarca estão sumamente
necessitadas de todas as obras públicas, como sejam pontes, calçadas, fontes, poços de água, e
abertura e limpeza de estradas, e sendo igualmente certo e constante que estes povos vivem
sumamente aliviados de impostos, porque não pagam outro algum tributo direto, e ciático, que
o dízimo a Deus (cuja isenção não deixa de constituir um dos notórios princípios da sua
preguiça e inação) seja Vossa Majestade servida facultar aos corregedores, que a favor das ditas
obras tão necessárias possam estabelecer nos respectivos Conselhos as fintas que para serem
convenientes, pois que de outro modo não será fácil fazerem-se neste país as comodidades
públicas.
4º Que para fazer cessar as ponderadas desordens procedidas da ignorância, e inaptidão dos
oficiais de justiça e escrivão das câmaras, que todos são providos pelo governador geral de
Pernambuco, seria muito conveniente que Vossa Majestade fosse servida ordenar, que se não
passem provimentos alguns sem que procedam as informações necessárias dos respectivos ou
(P - 415) ouvidores e corregedores a respeito da aptidão, e merecimento dos pretendentes, e
que omitindo-se estas prévias informações, os mesmos corregedores possam não cumprir os
provimentos, achando que são inábeis os providos.
É por hora o que se me oferece representar a Vossa Majestade que será servida resolver o que
for mais justo. Vila de São José do Ribamar do Aquiraz 25 de junho de 1779.
No 1 Carta da junta da Fazenda que estabelece as perdidas providências para a reforma dos
livros, e método para arrecadação da Fazenda das câmaras.
No 3 Carta do ouvidor ao governador e capitão general sobre os facinorosos da serra dos Cocos,
para se por lá justiça.
N. 4 Resposta da mesma
N.8 Provimento sobre a contribuição para as obras da cadeia, e casa da câmara da vila do Sobral.
(P - 417)
Cópia N. 1
Cópia N. 2
Cópia N. 3
Ilustríssimo e excelentíssimo senhor. Logo que entrei na julgatura desta comarca fui
informado com bem sensível desprazer meu das repetidas e cotidianas insolências que
perpetram por estes sertões uma multidão de homens facinorosos grassando a maior parte deles
no distrito da serra dos Cocos, e do rio Caratiús. Este distrito que hoje é pertencente ao termo
da vila da Granja, mas muito remoto dela, e confinante com a capitania do Piauí, serve de asilo
a estes facinorosos adventícios de ambas as capitanias, e isto pela razão notória de não poderem
chegar aquele afastado distrito as providências das justiças. Razão poque fui eu o primeiro
corregedor que este ano me deliberei passar com algumas tropas aquelas terras com o fim de
conhecer de oito mortes novamente acontecidas e postas que fossem impraticáveis as prisões
dos delinquentes, que tem no mato seu seguro asilo, não deixou de ser providente a minha
diligência porque deixei as precisas disposições para se prenderem de que vai resultando bom
efeito. Eu para mais coibir tão escandalosos assassinos, e para fazer raiar alguma luz da justiça
naquele país, aonde também alguns moradores afazendados, e homens de bem, excogitei o meio
de fazer residir lá um dos juízes ordinários da dita vila de Granja; e a este fim na eleição de
pelouros a que este ano procedi nesta vila fiz logo que se votasse para juízes ordinários também
nos melhores daqueles moradores, a maneira que se pratica na cabeça da comarca, aonde
sempre um dos juízes ordinários é residente na povoação de Quixeramobim por ser muito
distante, e se administrar melhor a justiça com menos custas, e incômodos dos moradores. Mas
essa providência não pode pôr-se em prática naquele distrito da serra dos Cocos sem que Vossa
Excelência seja servido convir em que se crie de novo outro escrivão, que fique sendo privativo,
e residente juntamente com o dito juiz; porque atualmente não há mais do que (P - 421) do que
um na vila da Granja, o qual o novo escrivão devia ter ordenado pela câmara. Quando Vossa
Excelência seja servido convir nesta tão importante providência, e me der faculdade, eu
nomearei interinamente o dito escrivão para depois tirar este seu provimento pela secretaria
deste governo na forma costumada. Porém Vossa Excelência mandará o que for servido. Vila
de Sobral 27 de outubro de 1777 = O ouvidor geral da comarca do Ceará José da Costa Dias e
Barros = (P - 422)
Cópia N. 4
Pela carta que Vossa Mercê me dirigiu em data de 27 de outubro do corrente ano vejo
o zelo com que se interessa no Real serviço e exação com que cumpre o seu dever por ser um
dos principais objetos para conservar e Lesa a autoridade da justiça punir os delitos e castigar
os facinorosos os quais ofendendo as leis se fazem perniciosos a sociedade civil. E porque isto
muito mais facilmente acontece nos remotos desses sertões onde a mesma distância da mesma
justiça os faz animar para os maiores insultos, louvo a Vossa Mercê muito não se poupar as
fadigas do trabalho na correição que foi fazer no distrito da Serra dos Cocos que talvez por que
esta se não praticou até o presente se achava povoada e servia de asilo aos indivíduos desta
natureza.
A providência que Vossa Mercê tem projetado em mandar residir um dos juízes ordinários da
vila da Granja no dito lugar me parece bem ponderada para evitar os malefícios ali perpetrados,
e conformando-me com ela permito a Vossa Mercê nomear interinamente escrivão que com o
dito juiz assista; pois ainda que para a criação de novos ofícios seja necessária ordem de Sua
Majestade a deste segundo escrivão que fica sendo da sobredita vila da Granja em cujo território
há dele tão precisa necessidade não parece alheia do verdadeiro espírito da de 22 de julho de
1766 na conformidade da qual se acha ereta na mesma vila, como porém o ordenado é
impraticável em semelhantes ofícios deve perceber somente os emolumentos que pelo referido
ofício lhe pertencerem; principalmente não havendo leis que o determinem; em falta da qual
deve requerer a Sua Majestade. Deus guarde a Vossa Mercê. Recife 12 de dezembro de 1777
=José César de Menezes = Senhor doutor José da Costa Dias e Barros ouvidor geral da comarca
do Ceará. (P - 422)
Cópia N. 5 Provimento
Sobre o estabelecimento dos foros das casas da
Real Vila do Crato, e regulamento delas dado
na audiência geral da correição da mesma vila.
Sendo notória e sumamente estranhada a deformidade em que se acha esta vila, e ainda culpável
negligência de seus moradores, que pela maior parte vivem em casas barbaras cobertas de palha
e outras de telha; mas todas indignas de habitação de homens, e desviadas do devido
alinhamento ao mesmo tempo que na criação da mesma vila foram estabelecidas todas as boas
providências de medições, alinhamento e a abertura de ruas; razão porque e pela abundância de
matérias pouco despesa: confirmando-me com as Reais ordens de Sua Majestade tendentes ao
aumento das povoações e civilidade deste continente, determino o seguinte.
§ 1° - Todos os juízes ordinários, e dos órfãos, vereadores, e procuradores que servirem nesta
câmara desde este ano inclusive por diante serão obrigados, logo que nomearem posse de seus
cargos, a eleger (dentro do alinhamento que deixo feito para os homens brancos) sítio para
edificarem ao menos um plano de casas de quatro braças de frente, que são quarenta palmos; e
cada um dos sobreditos oficiais no ano em que servirem deixará feita a sua morada de casas
perfeita e acabada ao menos pela frente, a qual constará de duas casas, e no interior e fundo da
área farão as que lhe parecer, pena e pagar cada um executivamente 6$000 reis anuais no fim
de cada ano, enquanto não satisfazer ao disposto neste parágrafo; mas satisfazendo uma só vez
não será mais obrigado a fazer outras casas posto que torne a servir na câmara em outros anos.
§.2 - Todas as pessoas que tem casas de palha, ou ainda de telha desformes e indignas, as
formarão e reedificarão de novo, ou as largarão da sua mas a quem as quiser reedificar com as
condições abaixo estabelecidas no preciso termo de todo este presente ano, pena de ficarem os
chãos devolutos a câmara para os dar de foro a quem os pretender mas isto se entenderá
daquelas casas que se achem citas no alinhamento que deixo formado das ruas e da praça.
Semelhante os moradores (P - 423) os moradores que tiverem casas ou mais adiantadas, ou
mais recolhidas do determinado alinhamento serão obrigados a cortá-las ou a ir encher o
terreno, e formar o prospecto das mesmas casas no alinhamento que lhe é competente e
confrontante, e isto no referido termo e com a sobredita pena.
§ 3° - Todas as casas que se edificarem, ou reedificarem na forma sobredita serão construídas
de tijolo, ou mesmo de adobe cru ligado com barro formadas primeiros as paredes com bons
paus mestres a pique, rebocadas de cal e caídas. A parede da frente terá precisamente de altura
doze palmos do alicerce para fora nem mais nem menos: as portas dez palmos de altura e cinco
de largo, isso é, de vão ou de luz: as janelas cinco palmos de vão ou alto, e quatro e meio ao
largo; mas sempre as alturas das janelas guardarão o mesmo olival das alturas das portas. A
repartição e as distâncias das janelas e das portas ficará na eleição do ajudante diretor e inspetor
das obras da vila e tudo o mais pertencente a boa construção interior conforme as particulares
instruções que lhe deixo. Todas as ditas casas serão cobertas de telha com a cumieira sacada
fora três palmos; de sorte que escutem os copiadores aquelas casas que ficam no lado das ruas
que correm norte sul olhando para nascente, donde geralmente vem os chuveiros.
§ 4° - Todas as casas que se acham feitas nesta vila e seus arrabaldes, ou sejam cobertas de
telha ou de palha, quer estejam no alinhamento, quer fora dele, como também aquelas que daqui
em diante se edificarem (exceto somente os dos índios) pagarão foro de 80 reis por braça de
dez palmos que compreender a frente da rua, de sorte que umas casas ou uma data de chão para
casas de quatro braças a frente, pagará de foro uma pataca em cada ano e principiará a vencer-
se pelo natal do presente ano. A este fim se medirão pelas frentes todas as casas existentes cada
uma de per si, e se lançarão individualmente em um caderno que fará o escrivão da câmara,
declarando-se os nomes dos donos dela, enquanto na futura primeira correição não dou a
providência necessária do tombo que deve haver e outras a este respeito. (P - 424)
§ 5º - A câmara irá fazer as datas dos palmos que pedirem os oficiais da câmara para edificarem
pela obrigação imposta no § 1º e todas as mais pessoas, com assistência do ajudante, diretor e
inspetor das obras da vila.
§ 6º No lado oriental da praça que fica demarcado fronteira a igreja, não edificará homem
branco algum por ser bairro que está destinado para a morada dos moradores índios, os quais
não poderão edificar em outra alguma parte, e somente ficarão conservados nas cabanas em
que estão sem foro algum enquanto não tem feito suas novas acomodações no dito bairro, de
cuja construção fica encarregado o dito seu ajudante diretor.
§ 7º Para não alegarem ignorância mandarei fazer público por edital o disposto neste
provimento aos moradores desta vila e poque os sobreditos oficiais da câmara moram fora da
mesma e costumam dilatar as vereações, o escrivão sem perda de tempo lhes faça aviso, para
que todos, nenhum exceto, se juntem em vereação no dia que lhe parecer mais conveniente,
ficando desta sorte ciente destes e dos mais provimentos os quais lhe serão lidos pelo mesmo
escrivão que passará disso certidão neste lugar para se ver na primeira correição. Crato 7 de
janeiro de 1778 = José da Costa Dias e Barros.
Cópia N. 6
Provimento dado na audiência geral da correição da
vila do Icó sobre o requerimento do procurador do
Conselho e república para se estabelecer patrimônio
a câmara nas terras que lhe foram doadas por Sua
Majestade na sua criação.
E logo foi mais representado a ele doutor corregedor pelo procurado do Conselho e
alguns repúblicos que presentes estavam, que na conformidade de uma ordem Regia expedida
em 20 de outubro de 1736 (P - 425) de 1736, que era fundamental da criação desta vila mandará
Sua Majestade que para patrimônio desta câmara elegesse a mesma a extensão, ou porção de
quatro léguas de terra em quadro que faz a extensão de 16, afim de estas mesmas terras se
aforarem para rendimento da mesma câmara, e que estas poderia ela eleger juntas, ou divididas.
Porém que esta ordem Regia até o presente não tinha tido a mínima execução, e por isso não
tinha o Conselho outro rendimento mais que o tênue contrato das carnes, que não supere as
despesas certas que tem a mesma câmara, com os pagamentos de ordenados ao escrivão dela
ao secretário do Conselho de Ultramar, ao alcaide e seu escrivão, ao porteiro e carcereiro; como
também as despesas das correições e outras muitas que continuamente se precisam fazer, de
que resultam os notórios inconvenientes de se estarem muitos ordenados aos ditos oficiais e
também a justiça das meias custas das devassas quando não há culpados nelas, como também
de não haver uma casa da câmara decente, nem uma cadeia pública nesta vila a qual contém
um termo vastíssimo em que sucedem muitos crimes, e há muitos facinorosos que ficam
impunidos por não haver cadeia em que se prendam; ao mesmo tempo que podia ter esta câmara
um considerável patrimônio nas terras das serras do Camará, do Bastião, e outras que foram
descobertas muito depois da criação desta vila e se acham habitadas e situadas de muitos
moradores por serem terras férteis, os quais se deviam reconhecer foreiros a esta câmara a
propor-se da quantidade e qualidade da terra que cada um ocupa, de sorte que assim se perfaçam
as ditas dezesseis léguas de terra com que Sua Majestade foi servido dotar esta câmara na
conformidade da dita sua carta Régia. Razão porque e pelas contínuas e ocorrentes necessidades
que tenha o Conselho de se fazerem as sobreditas despesas, suplicavam a ele doutor corregedor
desse sobre esta matéria a mais eficaz providência.
E logo mandou o mesmo doutor corregedor transcrever a mencionada ordem de Sua Majestade
cujo teor é o seguinte: Dom João por graça de Deus rei de Portugal e dos Algarves daquém e
dalém mar em África senhor de Guiné, etc. Faço saber a vós ouvidor geral da capitania do
Ceará que havendo visto o que me escreveu (P - 426) me escreveu o governador de Pernambuco
em carta de 16 de janeiro do ano passado a respeito de ser conveniente criasse uma vila no lugar
do Icó, não só para a boa administração da justiça, mas para a quietação daqueles povos pela
distância de 80 léguas que ficava da vila do Aquiraz de que era termo: Fui servido determinar
por resolução de 17 de outubro do ano passado em consulta do meu conselho ultramarino, que
se erija uma nova vila no Icó junto donde se acha a igreja matriz, elegendo-se para ela o sítio
que parece mais saudável e com provimento de água; demarcando-se-lhe logo lugar de praça,
no meio da qual se levante pelourinho; e em primeiro lugar se delineiam e demarquem as ruas
em linha reta com bastante largura deixando sítio para se edificarem as casas na mesmas
direituras e igualdade com seus quintais competentes de sorte que a todo o tempo se conservem
a mesma largura das ruas, sem que em nenhum caso, e com nenhum respeito se possa dar
licença para se ocupar nenhuma parte delas; e depois das ruas demarcadas se assine e demarque
o sítio em o qual se hajam de formar a casa da câmara, e das audiências, e a cadeia, para que
na mais área se possam edificar as casas dos moradores com seus quintais na forma que parecer
a cada um como fiquem as faces das ruas; e também se deixe sítio bastante logradouro público,
do qual em nenhum tempo se poderá aliar parte alguma sem expressar ordem minha, e demais
deste logradouro público se dará ao Conselho uma sesmaria de quatro léguas em quadro que
fazem dezesseis léguas quadradas juntas ou divididas, a qual sesmaria renda para despesas
públicas, e seja administrada pelos ofícios da câmara que poderão aforá-los por partes dos
moradores pondo-lhes o competente foro com aprovação dos ouvidores e confirmação dos
governadores da capitania, a quem se encarrega o exame para que se façam estes aforamentos
atendendo a que esta povoação se possa aumentar, e o resto das terras que ficarem, e se não
acharem dadas em sesmarias poderão os governadores reparti-las com as cláusulas que mandam
as mesmas ordens, com diferença porém que todas as que ficarem em circunferência da vila em
distância de cinco léguas se não possa repartir mais que até uma légua quadrada a cada morador,
e mais não (P - 427) não para que possam todos os moradores ter terras, e cultivar junto da vila
e não fiquem um com tanta extensão delas que deixem para cultivar os mais moradores que no
tempo futuro se estabelecerem na dita vila. Poderão porém cultivar as terras que a câmara
assinar em cada ano aos moradores que as pedirem, enquanto não estiverem dadas de sesmarias,
e demarcadas na forma das ordens que há sobre esta matéria, e nunca se dará a mesma terra
segunda vez ao mesmo morador para que se não possa originar alguma desordem na pretensão
de se conservar na cultura da terra que não for própria com que não fique tão livre a qualquer
outro morador o poder pedir-la de sesmaria a todo o tempo. De que vos aviso para que executeis
esta ordem pelo que vos toca, ordenando-vos façais logo o leilão de justiças na forma da lei, e
com ela procedais a demarcação que se vos ordena. El rei nosso senhor o mandou pelos
desembargadores Manoel Fernandes Vargas, Alexandre Metello de Souza e Menezes,
conselheiros do seu conselho ultramarino, e se passou por duas vias. João Tavares a fez em
Lisboa Ocidental aos 20 de outubro de 1736. O secretário Manoel Caetano Lopes de Lavre o
fez escrever = Manoel Fernandes Vargas, Alexandre Metello de Souza e Menezes.
Provimento
Título
Termo de avaliação e aforamento da terra (P - 429)
Aos tantos de tal mês e ano etc., neste sítio = N = serra de = N termo da vila do Icó,
aonde veio o juiz ordinário presidente da câmara comigo escrivão, e com os louvados = N = N
= para efeito de se avaliar a terra do sítio que ocupa = N = e se lhe impor o foro competente na
conformidade da ordem de Sua Majestade que Deus guarde, e do provimento dado pelo doutor
ouvidor geral e corregedor desta comarca; e depois de haverem os ditos louvados visto e
examinado a extensão e merecimento da mesma terra, declararam que ela segundo o seu parecer
compreendia a extensão de — e largura de — pouco mais ou menos; e que confrontava pela
parte do nascente com — do poente com — do norte com — e do sul com — e que segundo a
qualidade e quantidade da mesma terra, sem atenderem as benfeitorias, acharam que
racionalmente valia a quantia de — e que a razão de dois e meio por 100 se devia aforar por —
E logo pelo mesmo juiz ordinário na presença de mim escrivão e ditos louvados foi dito ao dito
possuidor — N — que se ele se queria conservar na posse e domínio útil da mesma terra e
reconhecer-se foreiro a câmara, a quem segundo as ordens de Sua Majestade pertencia o
domínio direto dela, se lhe faria, como com efeito por este termo lhe fazia já em nome da
câmara seu aforamento perpétuo para ele e seus sucessores; com as condições de pagar ele
foreiro em cada ano a quantia de — de foro enfiteuse vencido pelo natal do presente ano: que
a mesma terra foreira não poderia ser dividida ou de qualquer modo alienada sem licença da
câmara a qual não repugnaria dela, não havendo conhecido prejuízo, pagando-se-lhe o
laudêmio que vinha a ser a quarentena ou dois e meio por cento do preço porque se vendesse,
pena de nulidade do contrato, e de ficar a terra devoluta a mesma câmara, e que assim se
obrigava esta a conserva-lo e a fazer lhe bom e capaz este aforamento para ele e seus sucessores.
O que ouvido pela dito possuidor — N — que reconheço o ser próprio, disse que ele era
contente, e sem constrangimento de pessoa alguma ser reconhecido foreiro a câmara, e aceitava
este aforamento com as referidas condições, e que se obrigava por se e seus sucessores a fazer
bons os pagamentos do foro, a cuja falência e posse em a mesma terra acima confrontada. E de
como (P - 430)
E de como assim o disse ao dito juiz presidente na presença de mim escrivão e ditos
louvados mandou fazer este termo em que todos assinaram. E eu — N — escrivão da câmara
que o escrevi e assinei = Em fé de verdade. Assina o escrivão = rubrica do Juiz = os dois
louvados como o nome inteiro = assina o foreiro por si ou a rogo = Depois em câmara assinaram
os vereadores.
§ 3º Quando algum possuidor se não queira reconhecer foreiro por qualquer pretexto que seja,
sempre os louvados procederam na vistoria exame, e avaliação da terra lavrando-se o termo do
teor seguinte.
Pertencia o domínio direto dela se lhe faria seu aforamento e pelo dito possuidor = N =
foi respondido que não se queria sujeitar ao dito aforamento por tal — e tal razão — E logo eu
escrivão por ordem do dito juiz presidente o notifiquei para despejar a terra, e não impedir a
posse a outra qualquer que a tomasse de foro; pena de se fazer despejar a sua custa e dos mais
procedimentos competentes. E por assim passar tudo na verdade de que dou fé mandou o dito
juiz fazer este termo que assinou com os ditos louvados, = e eu = N = escrivão da câmara que
o escrevi = rubrica do juiz = assinam os documentos como o nome inteiro =
§ 4º Logo que o juiz ordinário depois de haver corrido todos os sítios, e terras descobertas e
ocupadas nas referidas serras, se recolher a esta vila, convocará a câmara onde se apresentará
o livro em que estarão escritos os ditos termos de aforamento para os vereadores os assinarem,
e a vista dos outros termos (P - 431) termos daquela que se não quiserem reconhecer foreiros
mandará a câmara passar editais para quem quiser aforar as terras nos mesmos termos
declaradas assinando dia certo em que se hão de aforar, os quais editais se afixaram nos lugares
mais convenientes. Havendo em dê o foro competente de dois e meio por cento a respeito das
avaliações se lavrará o termo em que é feito que será na câmara, e mudando-se também a mais
palavras que não forem aplicáveis.
§ 5º Esta mesma diligência determinada para a serra do Camará e outras circunvizinhas
determino se faça também nas mais serras compreendidas no termo desta vila = A saber = as
serras do Caranguejo = do Teodósio= do Vitoriano = do Castro = da Capivara = E todas as mais
que houver notícia estão descobertas e habitadas. Mas porque estas são mais distantes, se irão
avaliar, e aforar na forma sobredita logo que finde o presente inverno e o tempo der lugar.
§ 6º Vendo a câmara que pelos aforamentos que se forem fazendo e pelas porções de terra que
em cada um declararem os louvados, combinando e calculando as mesmas porções e achando
que estão completas as dezesseis léguas quadradas concedidas na ordem régia, suspenderam os
aforamentos
§ 7º E porque é justo que os ditos juízes e avaliadores seja remunerados do trabalho e incômodos
que hão de sentir na sobredita diligência poderão fazer para isto seu requerimento na primeira
futura correição, juntando a ele certidão do mesmo escrivão da câmara por onde conste as
léguas que andaram e os ditos que gastaram na mesma diligência para se lhes mandar dar ajuda
de custo que se lhe julgar justa.
§ 8º Este provimento se cumprirá inteiramente pena de culpa, para o que será lido na próxima
veração, de que o escrivão da câmara passará certidão neste lugar. Vila do Icó 26 de janeiro de
1778. José da Costa Dias e Barros. (cópia) (P - 432)
Cópia N. 7 - Provimento dado na audiência geral da correição da vila do Sobral para
estabelecimento do patrimônio da câmara da mesma vila nas terras da serra da Beruoca, e
Uruburetama.
§ 1º Ficando evidente que as terras das sobreditas duas serras se acham, se não de fato, de
direito devolutas pela nulidade das suas datas não confirmadas, e que as mesmas (P - 433) as
mesmas terras devem ser aforadas para patrimônio da câmara, ordeno que o juiz ordinário mais
velho
Continua este provimento pela forma do antecedente dado para a
vila do Icó.
Copia N 8 Provimento sobre a contribuição para a obra da cadeia e
casa da câmara da mesma vila do Sobral dado na mesma correição.
§ 2º Nesta terceira classe entrarão também em acréscimo separados todos os criadores que tem
alguns gados ou lotes de éguas de seu ferro ainda que não tenham terras próprias, contanto que
vivam remediados. Entrarão também os sítios de plantar de conhecida possibilidade, e havendo
alguns maiores e tão lucrativos que possam entrar na segunda classe assim se fará
§ 3º O dito alistamento com a repartição das classes na forma sobredita, e com individuação
de seus donos fará o juiz presidente e mais corpos da câmara com a devida proporção e
igualdade sem paixão alguma debaixo do juramento de seus cargos; e para melhor acerto e
averiguação poderão servir-se dos república de melhor inteligência, e consciência que
convocarem assinadas para isso dia certo.
§ 4º As fazendas da primeira classe pagará cada uma quatro mil reis, as de segunda dois mil
reis, as de terceira mil reis, e isto por uma vez somente.
§ 5º O escrivão da câmara fará um caderno suficiente para se lançar nele o dito alistamento com
o sobredito formalidade e com a margem larga para por ele se cobrar, e por em cada adição a
verba de paga; o qual caderno será primeiro rubricado pelo juiz.
Cópia 9
Dom José por graça de Deus rei de Portugal e dos Algarves, etc. Faço saber a vós
provedor da Fazenda Real do Ceará que os oficiais da câmara da vila da Fortaleza de Nossa
Senhora da Assunção em carta de 30 de março de 1757 me representaram o incomodo que
padecem os moradores dessa capitania com a excecução da ordem que há para se não
concederem datas, e sesmarias, pela suposição de não haverem terras devolutas sem que deixem
de haver ainda com abundância, e estarem se descobrindo, resultado porém destes
descobrimentos, discórdias ao povo; porque sucedendo ser alguns dos que descobrem as ditas
terras homens menos poderosos são expulsos delas por pessoas de maior poder, por lhes faltar
o recurso de tirarem cartas de data, para seu título vindo por este modo a utilizarem-se uns, do
trabalho de outros; e vendo-se as informações que nesta matéria se tomaram, e a que sobretudo
responderam os procuradores de minha Fazenda e Coroa, me pareceu ordenar-vos, passei
ordem as câmaras do vosso distrito, para que mandem por editais nos lugares públicos para
constar a todos, os que possuem terras de datas apresentem os títulos com que as possuem aos
oficiais das câmaras as quais mandaram fazer pelos escrivães das mesmas câmaras relações das
pessoas que apresentaram seus títulos, e demarcações das terras que lhe foram dadas e
notificarão aos que não tiverem confirmação, e demarcação, para que no tempo de dois anos as
tirem e façam demarcar com a comissão de ficarem devolutas para novamente se repartirem a
quem as pedir, e que feitas as ditas relações, vo-las remetam, e me dareis conta, remetendo a
cópia das mesmas relações, e informando com o vosso parecer. El Rei nosso senhor o mandou
pelos conselheiros do seu Conselho (P - 436)
Conselho Ultramarino abaixo assinados, e se passou por duas vias; Manoel Antonio da
Penha a fez em Lisboa a 29 de janeiro de 1760, o conselheiro Antonio Lopes da Costa a fez
escrever // Diogo Rangel de Almeida Castel Branco // Antonio Lopes da Costa // Por despacho
do Conselho Ultramarino de 13 de setembro de 1759, etc.
Ceará em Documentos: Guia de Fontes para a História Colonial do Ceará. (1766-1782) Volume
9 / Organização por Francisco Jose Pinheiro - Fortaleza: Expressão Gráfica e Editora, 2021. p.
410-437.