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Regimento de Antônio Telles da Silva

Regimento do g.or do Brazil

1. Eu el rey mando a vos Antonio Telles da Silva do meu Cons. de governo q hora envio
por g.or e capitão geral do estado do Brazil q no governo delle guardeis regimento
seguinte:

2. Partireis em direitura desta cidade p.a a Bahia de Todos os Santos donde hey por meu
serv.ço q seia vossa assistencia pellas rezões q se declarão em huã minha provizão q
mandey passar de q se vos dará a copia e emq. tp durar o seo governo não sahireis dahy
p.a nenhuã parte salvo se tiverdes expressa ordem minha p.a o fazerdes.

3. tanto que chegardes à Bahia prezentareis aos g.res q agora servem a patente q vos
mandey passar do cargo de capitão geral de mar e terra daquelle estado e os mais
despachos q levais para logo vos haverem de entregar o governo, oq se fará na forma
costumada sendo prezentes as pessoas q neste acto se achão ordinariam.te e da entrega
se farão nestas (?) q se me hão de enviar para --- campo consultar q se procedeo
conforme a ordem q sempre se uzou em acto semelhantes.

4. Logo que vos for entregue o governo ireis pessoalm.te ver as fortalezas da cidade e os
meus almazens e taracenas e ordenareis q se faça inventario pello escrivão de minha
faz.a de todas as couzas q nelle estiverem e dos navios e art.a (artilharia) q ouver de q
me enviareis copia.

5. A principal couza porq os s.res reys meus predecessores mandarão povoar aquellas
partes do Brazil foy como devereis sabido para q a gente dellas viesse em conhecim.to
da nossa Santa fé catholica, q he oq sobretudo dezejo e assy vos encomendo m.to e
ponho em primr.a obrigação q tenhais tão particular cuidado como convem e he
necessário em matéria de tanta importancia fazendo guardar aos novam.te convertidos
os privilégios q lhe são concedidos e repartindoselhes terras conforme as leys que tenho
feito sobre sua liberdade e fazendolhe todo o mais favor q for visto de manr.a q
entendão q em se fazer christãos não som.te ganhão o espiritual, mas também o
temporal e seja exemplo p.a os outros se converterem e não consintareis q a huns se
facão aggravos nem vexações e fazendolhe provereis conforme a minhas leys e
provizões e me avizareis do que se fizer.

6. Da mesma manr.a vos encomendo m.to q se ocupão na conversão e doutrina dos


gentios para q seião de vos favorecidos q ajudados em tudo oq p.a este effeito for
necess.rio tendo com elles a conta q he rezão fazendolhe fazer bom pagam.to das
ordinárias q tem de minha faz.a p.a sua sustentação porq de todo o bom effeito q nesta
matéria ouver me haverey por bem servido de vós.

7. Das cazas da Mizericórdia e hospitais q ha naquelle estado vos encomendo tambem


m.to tenhaes cuidados particular pello serv.ço q se faz a nosso s.or nas obras de
charidade q nellas se exercitão e favoreçães a seus officiães fazendolhes pagar as
ordinárias q tiverem de minha faz.a cãs dividas e legados q lhe pertencerem p.a q por
falta do necess.rio não deixem de cumprir com suas obrigações.

8. Informarvosheis dos officiaes da justiça e minha fazenda ha na Bahia e porq


provizões servem seus cargos e havendo alguns officios vagos q as pessoas q os
servirem não tenhão provizões ou posto que as tenhão não sejão passadas na forma e
matr.a em q o devem ser encarregareis das serventias dos ditos officios ---- meus se os -
--- q tenhão partes p.a os servirem e em falta desses as outras pessoas q tenhão as
mesmas p.tes e isto até se prozentarem pessoas q tenhão provizões minhas para haverem
de servir os tais officios e nestas vagantes tereis também lembrança das pessoas que vos
prezentarem provizões ou cartas minhas para serem providos de semelhantes serventias
e aos q assy encarregardes dellas dareis puram.te na forma custumada e esta mesma
ordem vos encarrego m.to q guardeisnas mais capitanias daquelle estado se eu me ouver
por servido q --- vizitar.

9. Sabereis se nas capitanias estão assentados os preços das mercadorias q há na terra e


assy das q a ellas vão destes Rn.os e outras p.tes, e não sendo tomado assento ou
entende q se deve alterar praticareis com os capitães ou officiaes de cada huã se fordes a
ella por ordem minha sobre os preços q devem ser e com elles os taxareis e assentareis,
os quais serão conforma as calidades das faz.das ou mercadorias e necessidade q dellas
ouver de q se fará assento no l.vro da Câmara q assinareis e cõvosco os off.es papa
pellos tais preços se denderem dahy em diante, trocarem e embarcarem, e aos off.es
encomendareis q cumprão e facão cumprir as tais taxas , assy as q forem já feitas e
approvadas como as q de novo fizerdes dandolhe para isso a ordem e manr.a q vos bem
parecer e havendo alguãs couzas q de antes fossem taxadas q tenhão tais preços q com a
mudança do tempo e necessidade ou abastança da terra deve haver nella alguã mudança,
praticareis com os off.es da Câmara e com seu parecer lhe poreis os preços como virdes
q convem p.a bem aproveitar da terra e beneficio da gente della de q pella mesma
manr.a se fará assento na l.o da Câmara tendo tambem respeito a ---- das tais couzas
nestes Rn.os e parte donde se levão as despezas q com ellas se fazem alem do risco e
trabalho q há em se salvarem.

10. Tambem sabereis se há alguns dias ordenados em q nas povoações das capitanias se
faça feira e q os gentios possão ir vender oq trouxerem e comprir oq ouverem mister e
não se fazendo as tais feiras ordenareis q se facão hum dias ou mais da semana segundo
---- q cumpre comparecer dos off.es de cada huã das capitanias por se evitarem os
inconvenientes q se seguem de os christãos irem as aldeãs dos gentios tratar e negocear
com elles e o assento q tomardes fareis noteficar nas povoações da capitanias e aldeã
dos gentios seus ----- para huns e outros acudirem a comprar e vender oq quizerem e
porq com as haver se poderá escuzar irem os christãos às aldeas dos gentios tratarem
com elles se apregoará nas povoações q a não facão e q quem o contrario fizer encorrerá
em certa pena q log declarareis salvo indo com licença dos capitães a qual ------, quem
em alguns dos outros quizer ir comprar algua couza aos gentios e aos capitães cada hum
em sua capitania poderá dar a ditta licença q.do e como lhe parecer, e com a
consideração q devem ter q lhes encomendareis, oq tudo se entende q havereis de
ordenar nas capitanias q vizitardes e em q vos achardes ordenandovos eu q na des aellas
como fica ditto e emquanto q não hajais de fazer a vizita encaminhar na melhor forma
que convier a bom effeito deste negocio avizandome do em q o ouvirdes dado para o ter
entendido.

11. Informarvosheis das rendas q tenho e por terem a minha faz.a em cada huã das
Capitancias e da manr.a q se arrecadão e despendem deq o provedor mor ha de tomar
conta e razão as pessoas q as tiverem a cargo seg.do forma de seu Regim.to e com
parecer do mesmo provedor-mor ordenareis e fareis oq for mais meu serviço do q me ---
---.

12. Entendereis com m.to cuidado e vigilância na guarda e deffensão dos postos de todo
aquelle estado, prevenindo as couzas da fortificação das frontr.as ------------- e tudo o
mais q puder ser necess.rio de man.ra q em nanhuã p.te vos achem desapercebido e para
assy ser haveis logo tanto q chegardes mandar avizo a todos os capitães das capitanias
encomendado-lhes a mesma prevenção e vigilância e q nos avizem do estado de cada
huã dellas e da guerra e monições e nellas há e se tem necessidade de nossa ajuda e
tendoa os socorrereis segundo a importancia della e me avizareis de tudo.

13. Eu tenho mandado por minhas cartas e provizões se fortefique a cidade da Bahia e o
porto do Recife de Pernambuco na forma das plantas e ---- q se enviarão dando as
ordens neçessarias p.a se tirar dr.o q se há de despender nestas ------- e pella m.ta
importância dellas vos encomendo q as façais continuar e não sendo ainda acabadas oq
não espero, fareis a execução as provizões e ordens referidas e do q se for fazendo me
ireis dando sempre conta.

14. Vereis os fortes q de novo se fizerão na capitania da Bahia e achando q alguns delles
são desnecessarios se poderá escuzar terem gente a ------ hey por bem a possais
extinguir as praças q nelles ouver porq.to sou informado q nas ocaziões se podem
prover com a gente da terra a qual acudirá a deffensão delles sendolhe assinados e para
melhor se disporem lhe fareis novos favores e dareis os privilegios q nos parecerem por
isto senão entenderá nos fortes de S. Antônio e tapagipe, porq nestes não hey por bem q
se altere couza algua, antes vos encomendo q ordeneis estejão com boa guarda e vigia
por ter informação q são mais importantes.

15. A artelharia, armas e monições q ouver naquelle estado e q se enviarem em com


essa companhia ------------ forem fareis entregar aos off.es a q pertencer, e q se
carreguem seobre elles em receitas e se envie diso conhecim.to em forma por vias
duplicadas e assy certidões todos os annos das ---- q se mandar e se despender q sirva de
avizo de se prover de novo, para oq dareis nos almazéns das capitanias e aos officiaes as
tocar a ordem q convier.

16. tereis particular cuidado de ver e saber a Art.a e armas e estiverem nos Almazens e
de novo forem estão limpas e bem tratadas e na ordem que convem, ae assy a pólvora e
munições e não o estando as fareis preparar e limpar e por em p.tes convenientes e q se
tenha de tudo particular cuidado para vos poderdes ajudar dellas q.do cumprir e não
havendo lá officiaes me acuzareis para se enviarem e desta manr.a ordenareis q se
proceda em todas as capitanias daquelle estado e porq.to na Bahia há m.ta quantidade de
Artelharia q se pode lá escuzar como he a q ficou do galeão Borgonha da coroa de
Castella e da vaca (?) fretada por ella na qual se passarão a índias os Castelhanos e a de
outra --- tambem fretada q a partida do marques de Montalvão ficava ----- em terra e
assy há mais alguas peças arrebentadas fareis q huas e outras se tragão logo a este Rn.o
a donde são m.to necessárias embarcandoas nos primeiros navios q vierem e
avizandome das q ctras cada hum oq vos hey por m.to encarregado.

17. muito vos encomendo ordeneis q os moradores da Cidade da Bahia e das mais
capitanias daquellas p.tes estem em ordenança repartidas por suas companhias com os
capitães e mais officiaes necessarios, e q tenhão arcabuzes e mosquetes e as mais armas
segundo a possibilidade de cada hum, para o q mando se enviem as necessarias q se
repartirão e cada pessoa pagará as q se lhe derem restituindose os preços a minha faz.a
como adiante irá declarado e todos fareis q se exercitem na milícia aos domigos e dias
santos conforme ao Regim.to geral das ordenações e q fareis cumprir assy na gente de
pé como na de cavallo naquellas couzas em q se puder applicar e para q se faça com
mais facilidade, vos encomendo m.to que asistais à execução as mais vezes q puderdes,
e favoreçaes este negócio todo o possível por ser o meyo mais prompto e principal
comq se deve acudir à deffensão daquelle estado, advertindo q nem os moradores q assy
se exercitarem nem os off.es destas companhias hão de vencer soldo nem ordenado
algum à custa de minha faz.a

18. Hey por bem q as pessoas q servirem nos navios q armardes ou em terra ou algum
acto militar de man.ra que vos parecer devem ser feitos cavaleiros vos os possais fazer,
e vós encomendo q os fizerdes sejão tais q o merecerão assy pelas calidades de suas
peçoas como pella -----, porq além de assy dever ser,q.to mais exame disto fizerdes
tanto mais o estimarão os q offerecem e os outros procurarão mereçello e assy q fizerdes
--------- passareis disso provisão em q se declarará a cauza porq o merecerão e de como
fozestes por bem deste capitulo.

19. Hey por bem q a gente de guerra q andar no serviço, seja paga com m.ta
pontualidade e q ao tempo das pagas se fação --- em q todos darão mostra das armas q
são obrigados ter e sem serem vistas e constar q são da pessoa q as prezentear se lhe não
pagam.to nas quais armas não poderão ser penhoradas nem as poderão dar em pagam.to
de qualquer divida, e fazendo o contrario assy os q as derem como os q as receberem,a s
perderão ou o preço dellas e haverão a mais pena q vos parecer de q se tirará devassa
cada anno.

20. Para q naquelle estado haja bombardeirs q sirvão q.do cumprir hey por bem e vos
mando q na cidade do Salvador ordeneis q haja barreiro (?) de bombarda onde todos os
domingos e dias santos de guardar fareis ir o condesta--- com os mais bombardeiros q
ouver na cidade para ensinarem os q quiserem aprender para oq mandareis levar a hum
lugar q deputardes huã faltão ou meya espera e a pólvora e pelouros necessários para q
possão os q assy quizerem aprender tirar cada hum seu tiro, e despois q forem desbos
(?) em aparelhar e tirar com huã peca tiverem continuando a barreiro e o mais q convier
q saibão e vos parecer q devem ser examinados os fareis examinar pello condestable (?)
e mais bombardeiros q na capitania ouver e estando alguns navios no porto da mesma
cidade em q haja bombardeiros ordenareis q sejão prezentes aos exames, e aos q por
elles se acharem aptos e sufficientes fareis escrever e assenar em hum l.o q para isso
terá escrivão q será com o provedor da capitania com declaração dos seus nomes e
alcunhas e se são cazados ou solteiros e dos lugares donde são naturais e moradores e o
tempo em q forão examinados e despois de assentados no l.o lhes passareis suas cartas
de exames e dos privilégios concedidos aos bombardeiros q se fazem na Cidade de
Lisboa pello provedor dos meus almazéns os quaes privilégios lhe serão guardados nas
p.tes do Brazil som.te com declaração e obrigação de servirem em meus navios armadas
q . cumprir e para isso forem mandados por vos ou pellos provedores de minha faz.a e
haverey por meu serv.ço serdes prezente nas barreiras (?0 as mais vezes q ouderedes,
porq os q já fazem bombardeiros folguem de ir aella e os q aprenderem trabalhem pello
fazer bem, e qdo tiverdes algum impedim.to ou ocupação ordenareis q vão em vosso
lugar o provedor mor de minha fazenda, o sargento mor, em sua auzencia o prevedor da
capitancia porem q.do se ouverem de examinar alguns bombardeiros sereis vos
prezente, para verdes se os exames se fazem como devem e q senão examine pessoa
algua sem o merecer.

21. Hey por bem q pella manr.a referida se possão fazer e examinar para gozarem do
privilegio até n.o de 100 bombardr.os os quais se irão fazendo poucos a poucos segundo
ouver lugar, e q.do algum vagar por qualquer via que seja, entrará outro em seu lugar q
for mais apto, de modo q haja sempre n.o de cem bombardeiros, e os q assy quizerem ir
a barreira aprender para serem bombardeiros, serão prim.ro vistos por vos para verdes
se tem idade, disposição e os mais requizitos necess.rios e tendoos lhe dareis licença
para aprenderem e com ella os assentará o escrivão q servir com o Provedor em hum
caderno para se ver os q são, e os q vos não parecerem a propósito, a não dareis nem
consentireis q tirem na barreira e ordenareis q os bombardeiros q servirem actualm.te no
q tenho mandado se exercitem com seus officios e seus soldos e ordenados se lhe
paguem com effeito em dr.o, e não de outra manr.a como por carta de 22 de novembro
de 611 o mandey ao governador Dom Diogo de Menezes e ais que se lhe sucederão.

22. A pólvora e pelouro q se despenderem na barreira dará para isso o official q em seu
poder as --- p.lo treslado deste capitulo e escritos e cassos ou do provedor q aella foy
prezente em q se declare oq das dittas couzas se despendeo serão levados em conta ao
official q as der e nos assentos se declarará -----, e anno em q a tal despeza se fes em q
ordenareis proçeda com --- pella necessidade q há destas couzas.

23. procurareis com particular cuidado guardar e conservar paz com o gentio vizinho
daquelle estado e principalm.te com os Aymores, encaminhando q tenhão com os
portuguesas m.ta comonicação e castigando com m.to rigor a qualquer mao tratam.to q
se lhes fizer porq ser hum dos meyos mais convenientes q se podem usar para a
conservação da paz com este gentio, e o domesticam com os portuguezes he o
entenderse a sua lingoa, e dareis ordem para q se faça della vocabulário, e se exprima
para com mayor facilidade se poder aprender se já não estiver feito em comprim.to do
que se ordenou aos g.res vossos antecessores.

24. E porq eu mandey novam.te fazer ley sobre a liberdade e governo dos gentios q se
tem ----- àquellas p.tes tereis particular cuidado de a fazer executar como nella he
contheudo, e de me avizar de como se tem cumprido.

25. Eu tenho mandado q os capitães das capitanias e os S.res de engenhos de asucar


tenhão artelharia, armas e monições seguintes para deffensão e segurança das fortalezas
e povoações a saber os capitães pello menos dous falcões e tres meyos falleões, tres
berços, vinte arcabuzes e des bestas, e os pelouros e polvora necessaria, e vinte lanças
ou chuços (?), quarenta espadas e quarenta corpos de armas de algodão das q se
customão naquellas p.tes e q cada hum dos S.res dos engenhos ou fa.as q hão de ter
torre ou cazas fortes sejão obrigados ter ao menos quatro barcos e dez espingardas com
pelouros e pólvora necess.ria e des lanças ou hussos (?) e des bestas vinte espadas, sinco
corpos de algodão, q cada morador q nella tiver terras --- ou navios, tenha pello menos
besta e espingarda, lança e espada ou ----. E porq he muy mais importante e necess.rio a
deffensa e segurança das capitanias e povoações dellas vos encomendo m.to tenhais
cuidado de saber se há as armas refferidas e se se cumpre com esta obrigação e
ordenarei com o Provedorde minha faz.a fação nesta matéria diligencia em cada hum
anno como tenho mandado pellos Regim.tos de seus cargos, e nas outras capitanias
fareis a mesma diligencia e procurareis de entender sempre se o provedor mor e
provedores cumprem com a obrigação della e para melhor vos constar das obrigações q
os donativos tem nesta matéria lhe pedireis suas doações e lhe fareis cumpriras q
tiverem e as pessoas atrás declaradas em lugar de bestas terão a mesma cantid.e de
mosquetes.

26. Querendo alguas pesoas proverse das dittas armas onde alguas dellas das q ouver no
meu Almazem da Capitancia da Bahia lhe serão dadas, havendoas nelle e não sendo
necessária para defensão da cidade pellos preços a lá custão postos pellis meus off.es e o
preço porq se lhe pedem se lançará em Receita ao Thesoureiro da Capitania da Bahia ou
Almox.e q as der q fará dellas conhecim.to em forma ao Almox.e p.a sua conta, com
declaração das armas q forem e dr.o q por ellas se ouve, o qual dr.o se entregará a
qualquer dos d.tos off.es q vos bem parecer, e se as armas q são enviadas á dita
capitania da Bahia forem despendidas já, e vos parece q será necessario enviaremse
mais alguas me avizareis disso por vossas cartas em q será declarado as armas q hão de
ser quantas e de q --- para se dar ordem de seuos enviados.

27. Porq.to por direito, ley e ordenações de meus R.nos he de se daremse por qualquer
via q seja armas a infiéis ordenarão e mandarão os S.res Reys meus prodecessores q
pessoa alguã de qualquer calidade ou condição q --- não desse aos gentios daquellas
p.tes do Brazil artelharia, arcabuzes, espingardas, polvora e monições para ellas, bestas,
lanças, espadas, punhaes, facas de cabo de pão ou outras alguãs de qualquer calidade ou
condissão q fossem assy offensivas como deffensivas, e qualquer pessoa q o contratario
fizesse e as ditas armas desse ao gentio, morresse morte natural, e perdim.to de seus
bens, a metade p.a cativos, a outra metade p.a quem o avizar e p.a se assy cumprir
mandou o Rey Dom João q ---- Thomé de Souza q foy primeiro g.or geral das dittas
p.tes q fizesse apregoar esta deffesa em todas as capitanias dellas e registar nas câmaras
hum (?) capitulo deste seu regim.to q disso tratava com declaração de como se
apregoava assy, pelo qual cap.o foy mandado aos juizes dos lugares das capitanias q
q.do tirassem devassa geral q cada anno são obrigados a tirar sobre os officiaes
perguntassem tambem por este cazo, e achando alguns culpados proçedessem contra
esses segundo formado cap.o em minhas ordenações declarando q a deffeza senão
etendesse em machados, machadinhas, foice (?) de cabo redondo, podões de mão,
cunhas, facas pequenas, nem em thesouras pequeñas de dúzias (?) porq estas couzas se
poderão dar aos gentios e tratar com elles e correr tempo por moeda pellos preços e
taxas q lhe serão postas como até o tal tempo correrão, pello q vos encomendo q saibais
nas capitanias e lugares de nosso governo se na devassa a cada anno se tirar nellas se
pergunta por este cazo como mando q se faça, cumprireis e fareis cumprir inteiram.te
tudo o conhecedor deta casa (?)

28. e porq aquelle estado he de terras novas, ca mayor p.te m.to fertiles e convem para
se augmentar e povoar tratarse da povoação della com particular cuidado, vos
encomendo q assy o façais e procuraraeis por todos os meyos q vos parecerem
necess.rios q as terras se vão cultivando, povoando e edificando novos engenhos de
assucar fazendo guardar aos q d novo os reedificarem ou renovarem os desbaratados
seus privilégios e izenções, e obrigando aos q tiverem terras se vão cultivando terras de
sesmarias e as pousem e os q as não cumprirem se tirarão e darão a quem as cultive e
povoe e na repartição das sesmarias fareis guardar o Regim.to para q se não dê a hua
pessoa tanta quantidade de terra q não podendo cultivalla redubde em dano do bem
publico e augmento do estado.

29. Por ser informado que as metas q servirão ao beneficio dos engenhos de asucar vão
em m.ta diminuição e sem embargo de alguas serem de pessoas particulares por convir
ao bem publico conservarem-se tudo oq puderes encarregueis ao ou.or dom Diogo de
Menezes tomasse desta materia a informação necessaria e sobe o remédio q se deve dar
e q se conservasse emq.to pudesse ser assy p.a o beneficio dos assucares como das
madeiras para navios e outras fabricas e pellos Regim.tos q mandey dar a Rellação no --
---- ordeney tambem dispuzesse esta materia e despois disso fuy informado q naquelle
estado são perdidos alguns engenhos, e outros estão ocazionados a se perder por falta de
lenha para seu meneosobre q mandey tomar informação em Portugal de alguas pessoas
praticas nas couzas daquellas p.tes de q se entende naçer a cauza deste dano de se
fazerem os engenhos m.to perto huns dos outros sem consideração da grande copia (?)
de lenha q cada hum ha mister p.a a moenda de cada anno em se fazer a rossa e
cortarem sempre os donos dos engenhos e demais perto (?) sem lhe darem lugar a a
tornar a crescer e assy assentaremse perto delles aldeãs de índios q por haverem de
rossar para sua sustentação forão gastando minha lenha e para isto se remedear a pontão
q será conveniente ordenarse q em nenhuã manr.a se assentara aldeãs de índios menos
distancia dos engenhos q hua legoa e q.do se faça rossa para mantimentos por uso tanto
paço (?) e os danos das terras dos matos nam dão a lenha aos engenhos por preço
conveniente q se taxará pella câmara e provedor da capitania em q estiverem os
engenhos e não vindo os homens de lenha nisto de boa ---- e querendo vender com ella
as mesmas terras senão obrigados os senhores dos engenhos a comprallas fazendosse da
mesma manr.a avaliação dellas q e elles não possam cortar senão afolhando os matos
em tres folhas q se farão de manr.a q em cada hua dellas haja perto e longe para q assy
os vão cortando e tenhão lugar de creçerem huas emq.to as outras se cortarem, e q senão
fação engenhos de novo tão perto de outros q não fique de huas a ----- lugar bastante de
q tirar lenha, fazendose p.a isso prim.o diligencia pello provedor da capitania em q se
ouverem de fazer porq. M.to mais importante menos engenhos com lenhas bastantes q
haver mais com falta de lenha e consumirse de manr.a q venha a faltar a todos e
perderse tudo, e por esta materia ser de tanta consideração e a q convem acudirse com
remédio prompto em cuja execução não possa haver deficuldade e duvidas me pareceo
não me rezolver nella sem mais informação e mandey escrever ao D.o Dom Diogo de
Menezes encarregandolhe tomasse a neçassaria e comunicasse a rellação tomando della
a sua, e me avizasse de tudo oq se achasse com seu parecer e o mesmo se encarregou
aos gov.res q lhe sucederão, e porq até gora senão tem satisfação vos encomendo e
mando saibais o estado em q estão, e feitas as diligencias q tiverdes por convenientes
me avizareis do q achardes e se vos offerecer com toda a clareza e distinção e com tal
brevidade q se ganhe tempo no q convier ordenar.

30. E porq o pao Brazil he hua das rendas de mayor importância q minha faz.a tem
naquelle estado e fuy informado q das desordens q se cometerão no corte delle se
seguião m.tos inconvenientes e q em breve tempo se extinguiria de todo se senão
atalhasse mandey ordenar sobre o corte delle hum regim.to q se entegrou ao gov.or Dom
Diogo de Menezes por my assinado agora e pedireis aos gov.res q acabão em cujo poder
hora deve de estar e por este mando no lo entreguem e vos encomendo o façais cumprir
e guardar com todo cuidado e vigilançia q pede matéria desta importância fazendoo
registar em todas as p.tes adonde não estiver registado e publicar para q venha a noticia
de todos avizandome d q nesta matéria se faz e vos pareçer.

31. O Governador D. Diogo de Menezes por ordem minha enviou a descubrir as minas
de salitre q ha naquelle estado, cuja fabrica mandey se puzesse em execução e se
enviassem deste R.no dous polvoristas e os officiaes e mais couzasnecess.rias, e se
fizesse a pólvora necess.ria, assy para o mesmo estado como para os mais lugares
ultramarinos e para o Rn.o, e porq he da importançia q sabeis vos mando deis ordem
para q se continue e q com todo cuidado se trabalhe e se procure por bom modo q os
gentios vão voluntariam.te viver na Aldeã q o ditt gov.or avizar q mandara fazer para
Manoel de Menezes q enviou aquelles descobrim.tos e avizarmeheis do q se for fazendo
e assy da ordem q se puder dar para haver bastante guarda nos portos onde (?) se pode ir
às minas para atalhar os inimigos entendendo o beneficio de q são, não pretendão
incubrir e impedir ou aproveitarse dellas e entretanto conforme a este intento ordenareis
o q convier.
32. A pescaria das baleias daquelle estado vos hey por my encomendado para q
procureis q se faça pello grande perigo do azeite dellas por ser informado q ha muitas
naquelles mares e q haja portuguezes ----- na pescaria de cuja importancia me avizardes
e porq tambem se dis q se poderá dos cocos das palmeiras tirar m.to azeite se se
plantarem em mayor numero por todas aquellas costas aonde melhor se derem, sendo
assy q alem do azeite se entende q não será de menos utilidade como outros fruto q se
colhem das palmeiras vos hey do mesmo modo por my encomendado este particular
para o procurardes por em effeito avizandome do q fizestes e alcançardes das
comodidades delles.

33. E as despezas da gente da guerra, ministros outros officiaes da jusiça e quaesquer


outras extraordinarias q se offerecerem para o governo e deffensão daquelle estado
fareis do rendim.to dos dízimos e não tomareis dr.o dos defuntos ou do cofre dos órfãos
e quando as necessidades forem urgentes q não derem lugar para me poder avizar dellas
em tal cazo vos valereis de empréstimos de pessoas q o possão fazer sem pressão
dandolhe suas consignações em q possão ser pagos co a pontualidade devida.

34. E para saberdes o como vos haveis de aver na matéria das despezas mandareis cada
anno fazer folha da receita e despeza ordinária daquelle estado e por Ella se forão os
pagam.tos sendo primeiro por vós assinada com vosso Alvará e com vista do provedor
da fazenda, e nas ocaziões de guerra em outras extraordinárias se farão as depeas por
vossos alvarás passados pello escrivão da fazenda com vista do provedor mor della.

35. O bispo e mais pessoas eclesiásticos me tem feito por muitas vezes queixa que não
são pagos de seus ordenados nem das ordenanças que tenho assentado por minhas
provisões para as fábricas das igrejas e que na cobrança do sobredito recebem muitas
vexações de meus ministros tendo-lhe eu mandado passar diversas provisões porque
ordeno se lhe pague com muita pontualidade e tendo a isso obrigação por razão dos
dízimos que dos indultos -------- da Sé app.ca estão aplicados a coros de Portugal, e
sendo minha vontade que assim se faça e se lhe cumpra as ditas provisões pelo que eu
ultimamente lhe mandei passar outra em 10 de novembro de 1611 porque ordeno que
nos dízimos que daqui em diante se fizerem nos dízimos daquele Estado se separe logo
e fique em separado os ordenados e ordinárias e que de tudo se lhe faça pagamento com
dinheiro por folha feito por meus oficiais, o qual se entregará ao prioste (?) da sé para
por ele cobrar dos rendeiros e fazer pagamento aos eclesiásticos e igrejas a seus tempos
ordenados com toda a satisfação e que a quantia assim limitada para pagamento dos
ditos ordenados e ordinárias se não possam de nenhum modo despender pelos
governadores e provedores mores de minha fazenda em coisa alguma por ------- e
necessária que seja e fazendo o contrário o possam os eclesiásticos haver por suas
fazendas a quantia que cada um despender ou mandar despender além de lhes ser dado
em culpa em suas residências, nas quais se perguntará por este particular, pelo que vos
mando que assim o cumprais e façais cumprir e guardar inteira matéria (?) porque
fazendo o contrário não receberei escusa nenhuma e vo-lo estranharei muito e além
disso ordenareis como se lhe pague tudo o que se lhe estiver devendo e atrasado, e
cumprindo-vos com vossa obrigação de vossa parte, procurareis saber se o fazem os
eclesiásticos fora de seu ofício, e se as igrejas são ornadas ------ divino tratado com a
decência devida porque posto que esta obrigação seja particular do Bispo vos a deveis
ter em geral para o saberdes e lhe fazerdes as lembranças necessárias fazendo honra e
bom tratamento aos que se aventejarem (?) e me avisareis de como eles procedem.

36. Sendo caso que neste reino se não arrendem os dízimos daquele estado ou se não
mande ordem do modo que se deve correr com a administração deles pelos ministros de
minha fazenda a que toca em todo caso para que se não peça ou venha a dificultar-se a
arrecadação vos os mandareis arrecadar pelos oficiais da fazenda do mesmo estado a
que assistireis e fareis que se a ramos de cada capitania por ter entendido que
arrendados nesta forma cresceram mais e se poderão melhor arrecadar e no
arrendamento se guardará o regimento de minha fazenda, e porque eu tenho resoluto
que tudo o que sobejar das rendas daquele estado depois de satisfeitas as despesas
ordinárias desse se remeta a esta cidade para se empregar nas coisas necessárias ao
provimento do governo e conquista do maranhão, guardareis matéria com toda a
pontualidade e ordem que por outra instrução particular vos mandareis dar.

37. A justiça é de tão grande e particular obrigação minha e tão necessária para a
conservação e a acrescenta muito do estado que tudo o que na administração dela vos
encomendar e encarregar será muito menos o que desejo, porém, o confio de vos que
com tal cuidado procurareis se faça inteiramente que não só me haja de vos por bem
servido, mas por satisfeito em tudo o que toca a esta obrigação e seja meio com que
aquele estado vá cada vez em aumento.

38. Sucedendo que algum capitão de qualquer das capitanias daquele estado cometer
alguma farsa, violência, ou extorsão pública e notória, e apelando-se ou agravando-se
dele não quiser receber apelação nem agravo nem receber carta testemunhável
impedindo a embarcação, ou por qualquer outro modo denegando o recurso ao superior
hei por bem que vós com parecer do auditor geral o mandeis vir ante vós emprazado e
se faça cumprimento de justiça na forma de direito e minhas ordenações e vos
encaminhareis logo da governação e guarda das capitanias, e me avisareis de tudo o que
tudo se fizer.

39. Assim como convém ao meu serviço não deixardes tomar aos donatários mais
jurisdição da que lhe pertence por suas doações e terdes nela muita vigilância e
advertência assim mesmo hei por bem que vos lhe não tomeis a sua nem consintais que
os meus oficiais de justiça lha tomem ou quebrem seus privilégios e doações antes em --
-- o que lhes pertencer lhes fareis cumprir e guardar.

40. Hei por bem que com parecer do ouvidor geral possais em meu nome passar alvarás
para os culpados em alguns crimes se poderem livrar por procurador em caso que aliás
se livrem --------, e que assim possais passar alvarás de busca e carcereiros, e para se
fazerem fintas para obras públicas do cons.os até quantia de cem mil réis, e para se
poderem seguir apelações e agravos sem embargo de se não apelar nem agravar em
tempo e de serem ----- por desertos e não seguidos, para se entregar fazenda de ausentes
até quantidade de duzentos mil réis para se poderem provar pela prova de direito
comum e contratos até quantia de cem mil réis, as quais provisões despachareis com o
ouvidor geral na forma em que vos concedo poder passar alvarás de fiança e se
passará em meu nome com todas as cláusulas que se costumam passar pelos meus
desembargadores do Paço como é declarado em um meu alvará feito em 15 de
setembro de 610, e outrossim hei por bem que juntamente com o ouvidor geral
passais na forma que se costuma em Portugal provisão ao meu procurador daquele
estado para demandar as pessoas desse por as coisas que pertencem a minha coroa
e fazenda porque as quiser demandar na forma de outra minha provisão passada
em 20 de março de 611 e no que toca a passar perdões, alvarás de fiança ao que lhe
disposto pelo regimento da Relação.

41. Hei por bem que possais prover as serventias dos ofícios maiores vagarem assim por
morte como por qualquer outra via que seja, e da mesma maneira todos os outros de
justiça, guerra e fazenda de todo estado enquanto eu não mandar outra coisa em
contrário, as quais serventias provereis em pessoas aptas, referindo os que forem meus
criados , entre eles os demais serviços e merecimentos que tiverem alvarás de
lembranças para as tais serventias de que me avisareis logo particularmente dizendo o
cargo que vagou e por quem se deixou , e em que o provestes.

42. E assim hei por bem que não crieis ofício algum de novo, nem aos que já estiverem
criados acrescenteis ordenado nem acrescentareis soldo e pessoa alguma, nem deis
praças mortas nem entretenimentos, nem crieis de novo ofício de milícia se não for em -
-- de guerra os que forem necessários, e acabada a ocasião os despedireis, e reformareis
de modo que não vençam nem haja paga sem minha espiritual licença, e fazendo o
contrário o que não espero de vós, se vós dará em culpa e sereis obrigado a pagar por
vossa fazenda os ordenados que derdes conta a forma desta provisão, e quando vos
parecer que há necessidade de em algum ofício ou acrescentar salário me avisareis para
ordenar o que houver por meu serviço.

43. E porq me haverey por bem servido de terdes sempre conformidade e toda a boa
correspondencia com o Bispo daquelle estado vos encomendo e mando vos não
entrometais na jurisdição eclesiastica procurando sempre conservar a minha pello modo
q deveis ter q praticareis com o ouvidor geral com, com a rellação e em cazo q o Bispo
se queira entrometer nella, o que não creyo delle avidiveis por bom modo com nossa
prudencia não lho consentindo e me avizareis de tudo.

44. E acontecendo que os letrados julgadores e pessoas que tem obrigação de


administrar justiça ou alguns deles tenham algum descuido porque mereçam
suspensão de seus cargos para alguns dias, e que neles não vençam seus ordenados
os admoestareis, e não se emendando os suspendereis e tirareis os ordenados e se
não emendando os suspendereis e tirareis os ordenados e sendo compreendidos em
alguns delitos graves, procedereis contra eles até por os seus autos em final, e assim
conclusos sem se dar neles sentença, mos enviareis para eu vos mandar sentenciar
neste reino, e em tudo o mais que tocas aos letrados e julgadores guardareis e
fareis cumprir o que pelo regimento de seus cargos são obrigados, e vo-los hei por
mui encomendados para os favorecerdes como é devido a ministros de justiça e
sendo necessário aconselhardevos ou saberdes alguma coisa dos ministros da
Relação ou de minha fazenda de qualquer qualidade que sejam os podereis
mandar chamar a vossa casa em todo tempo e horas sem lhes admitir escusa para
tratar com eles o que convier.

45. Sendo vos informado que alguns oficiais fazem o que não devem a seus regimentos
ou são negligentes no que cumpre a meu serviço ou despacho das partes os
admoestareis e repreendereis segundo merecem e se depois de serem admoestados por
vós, se não emendarem, hei por bem que os possais suspender e tirar dos ofícios pelo
tempo que vos parecer dando-lhe o mais castigo que merecerem, enquanto assim forem
suspensos provereis as serventias dos ofícios em quem os sirva pela maneira atrás
declarada e os oficiais que mando que admoestarei s e repreendais será em caso que vos
pareça que não merecem castigo, porque merecendo, os castigareis segundo a qualidade
de suas culpas vendo o caso com o ouvidor geral com que sempre vos resolvereis em
todas as coisas que propriamente forem de justiça para nelas procederdes judicialmente.

46. Hei por bem que as pessoas que deste reino forem degradados para aquelas partes
cumpram seus degredos nas capitanias e lugares que por vós lhe forem limitados, o que
fareis conforme a necessidade que houver em qualquer deles para que dareis ordem
necessária aos capitães e justiças das outras capitanias em que vos não estiverdes
presente para os degredados que a eles forem ter.

47. E acontecendo que alguns dos degredados me façam tais serviços na terra ou no mar
que vos pareça que não somente devem ser perdoados, mas habilitados para poderem
servir os ofícios que neles coubera assim de justiça como de minha fazenda hei por bem
que as possais prover nas serventias deles quando vagarem, porém isto se não entenderá
nos que forem degredados,os pelos furtos ou falsidades, ou outros delitos deste
exemplo.

48. Levais copia de huã consulta q o Dezembargo do Paço me fes sobre os


procedimentos de Salvador Correia de Sá capitão mor do Rio de Janeiro e porq a
materia he de importância, e he necess.rio averiguar a verdade do q nella tem passado,
vos encomendo q o procureis aleansar mandando tirar de tudo devassa em segredo p.lo
ouvidor geral e ma enviareis com vosso parecer mais brevemente q for possivel.

49. Por ser informado que há naquelas partes muitos mamelucos ausentes e fugidos por
ferimentos ou outros insultos, hei por bem que indo os ditos mamelucos que andarem
ausentes e que não tiverem culpas graves, nem parte ofendida convosco a alguma
guerra, mandando-lhe ou permitindo-lhe vos lhes possais perdoar em meu nome as
culpas que tiverem com parecer do ouvidor geral.

50. E porque convém saber como se procede no levar dos degredados que para aquelas
partes se degredam em que sou informado há muitas desordens tereis outrossim
particular cuidado saber dos navios que forem se levam degredados e avisar-me por
vossa casa particular dos que levarem declarando o nome dos navios, mestres e ------
deles, e os nomes dos degredados, e os seus sinais e indo alguns navios que os não
levem me avisareis e da mesma maneira para o reino mandar fazer diligência necessária
e dos navios que forem da cidade do Porto avisareis ao governador da Relação dela
escrevendo-lhe como o fazeis em virtude deste capítulo e para que mande fazer a
mesma diligência e proceder contra os que se achar que cometeram culpa de esta ordem,
dareis também aos mais capitães, das outras capitanias do estado, para que façam a
mesma diligência

51. Por ser de grande inconveniente a meu serviço e fazenda o comércio dos
estrangeiros naquellas partes ouve por bem de lho proibir conforme as leys e
prohibusoes q sobre elle mandey fazer e porq convem muito q os q sem liçença minha e
contra forma das pazes e tregoas feitas com frança, inglaterra, suecia e olanda foram
tratar e comerçear a elles sejão castigados segundo as leys e prohibições q lhe
deffendem o mesmo trato, hey por bem e vos mando q o cumprais castigandoos
conforme aellas.

52. Por a costa da Bahia e Pernambuco ser trabalhosa de navegação contra monções e
por o mesmo respeito padecerem os moradores ------------ em seus negócios e pelo
conseguinte nos que se oferecerem de meu serviço não se podendo enviar e aos outros
com a brevidade que convém mandei que de uma parte a outra se fizessem por terra até
dez casas de índios com uma pessoa a cinco e seis léguas uns dos outros nas jornadas a
passagens que bem parecerem, porque assim, segundo dou informado, não só se poderá
caminhar com facilidade e ter os avisos necessários e se evitarem grandes delitos, não
deixando passar quem não levar licença do governador ou capitão, mas se impedirá aos
inimigos desembarcarem em terra e fazendo aguardar como costume e não carregarem
os flamengos pão em algumas partes, e com minha carta de 21 de novembro de 611
mandei remeter e Dom Diogo de Meneses uma Relação que me foi dada dos lugares em
que se devem por as ditas ----- encarregando-lhe que conforme a ela e as mais relações
que lá houvesse como lhe parecesse mais acertado a ele e a Alexandre de Moura capitão
de Pernambuco, a quem se escreveu na mesma conformidade as aldeias nos portos e nos
que a ambos parecesse necessários no modo que ------ uma pessoa de muita experiência
e confiança da Bahia até o rio São Franciscom, e que Alexandre de Moura fosse em
pessoa de Pernambuco até o mesmo rio onde se acaba o distrito da mesma capitania
ordenando cada um e pondo em efeito as aldeias e em cada uma delas uma pessoa para
governar os índios com obrigação de ter a tal pessoa comodidade para agasalhar os
passageiros, rede de pescar e currais de vacas e éguas para podre haver cavalgadura e
para caminhar e fazer roçarias para mantimentos vendo-se não para isso a propósito as
pessoas apontadas na dita relação pelo que vos encomendo que tanto que embora
chegardes saibais se está assim feito, e não o estando, o ordeneis da maneira referida
com toda a brevidade e as pessoas que se puserem nas aldeias para governar os índios o
sejam por vossa provisão e lhes dareis regimento das coisas que hão de guardar e
cumprir, e de tudo o que se fizer me avisareis particularmente.

53. E mandei ao governador Dom Diogo de Meneses que para o bom governo do
estado, e para das coisas dele ter mais inteira notícia fizesse ordenar um --- no qual se
assentassem todas as capitanias dele declarando as que são da coroa e as que são de
donatários e as fortalezas e fortes que cada um tem e assim artilharia que nelas há com a
declaração necessária e número das pessoas por os nomes de cada uma, as armas e
munições que cada uma delas ou nos armazéns houvesse, gente que tenham de
ordenança, ofícios e ministros com declaração dos ordenados, soldos e despesas
ordinárias que se faziam em cada uma das capitanias e assim do que cada uma delas
rende para minha fazenda, pondo-se no livro do Estado o qual tivesse em seu poder e
fosse reformado nele cada ano o que se mudasse ou acrescentasse e diminuísse nas
capitanias assim tocante a sua fortificação como a artilharia, armas e munições, capitães
e gente de guerra, e a mesma ordem se deva aos capitães que lhe sucederam, e porque
até agora se me não fez relação de como se executou o sabereis da pessoa que governa
esse estado, e sendo o l.o feito vo-lo entregará para me enviardes a cópia e irdes
continuando com o reformar da maneira que fica dito e enviando-me também uma folha
cada ano por vós, assinada do que se acrescentar para eu o saber, e não tendo ainda
ordenado o livro, o fareis na mesma forma.

54. Hei por bem que no tempo que me servirdes nesse estado possais repartir em mercês
de pessoas que me servirem nele até quantia de mil cruzados cada ano como o conceder
aos governadores passados, posto que os que eram até o tempo de Diogo Botelho não
podiam despender nas tais mercês mais que até duzentos cruzados e das que fizerdes me
enviareis cada ano uma folha assinada por vos com declaração das pessoas e respeitos
porque as fizerdes e tereis consideração a que sejam beneméritos, e procedam sempre de
sua parte serviços, e das pessoas que os tiverem para eu lhe fazer outras me enviareis
vossa informação e parecer para ter deles lembrança.

55. Eu tendo mandado que os meus mestres dos navios de Lisboa por terem para as
partes ultramarinas fossem ao conselho da Índia buscar os despachos que para elas
houvessem de enviar, e porque aquele conselho está extinto ---- por bem de mandar dar
ordem nos meus armazéns que não deixassem sair nenhum navio sem primeiro constar
que o fizeram na secretaria de Estado e dos meus tribunais onde tenho mandado que se
tratem matérias das ditas partes para lhes darem os mesmos despachos que neles
houvessem, e porque muitas vezes acontece ----------- cumprisse com esta obrigação
retardando-se o enviarem-se os despachos em muito dano de meu serviço, vos
encomendo muito que tenhais particular cuidado de saber de todos os navios que de
Lisboa forem se levam despachados meus que vo-los entreguem a certidão dos
armazéns de como os pediram e lhos não deram, e não vos entregando uma coisa ou
outra, faça ir alguns dos mestres dos navios a demonstração que vos parecer para
exemplo de se não descuidarem asdiantes em matérias de tanta importância e em que
eles não recebem dano ou dilação.

56. Das matérias do estado de que me ouverdes de dar conta tocantes a vossa obrigação
me avisareis por via da secretaria das fazendas por via do meu conselho dela da justiça
pelo desembargo do Paço e das eclesiásticas pela mesa de Consciência e ordens e assim
o cumprireis inteiramente tendo particular cuidado de dividir os negócios de maneira
que não venham de lá encaminhados diferentemente o que neste capítulo se vos ordena.
57. E se emquanto vos servirdes naquelle governo sucederem alguas couzas q por este
Regimento não vão providas e cumprir fazerse nellas alguas obras a praticareis com o
ouvidor geral e provedor mor de minha fazenda e mais officiais e pessoas q vos parecer
q vos sabereis bem aconselhar e com seu conselho e parecer provareis nellas como
entendes mais por meu serviço e sendo as tais couzas de qualidade q convenha ter se
nellas segredo, as praticareis com quaisquer das ditas pessoas q for prezente q vos
melhor parecer e se nas couzas q assy praticardes a tal pessoa ou pessoa fordes
differentes nos pareceres se fara cumprir em q vós vos rezolverdes e as couzas q assy
comunicardes fareis por escrito com declaração dos pareceres das pessoas com quem os
praticardes e o assento q sobre ellas tomardes escreverá o escrivão da fazenda e
assinareis vós e as pessoas q forem na junta e de tudo me escrevereis [..] pellos
primeiros navios q vierem.

58. Eu houve por bem de mandar largar a meus vassalos o benefício e ---- das minas de
ouro do Brasil, com declaração que eles pagassem os quintos a minha fazenda, assim
por ela não estar em estado de poder acudir a todas as despesas desta matéria, como por
lhes fazer a eles mercê, e sobre o modo em que nelas se há de proceder, se enviou já
àquele estado o regimento assinado por mim, pelo que vos encomendo que o façais
cumprir inteiramente ajudando e favorecendo este negócio de maneira que haja sempre
pessoas que se animem a continuar o benefício das minas.

59. E porque, sobretudo o que por este Regimento vos ordeno confio tereis em todas as
matérias assim da cristandade, como de minha fazenda, e as mais tocantes ao bom
governo daquele Estado tal procedimento como é a confiança que de vos faço para vos
encarregar dele, hei por bem escusado dizer-vos nem encomendar-vos que sejais mui
continuo em me escrever-des e avisar de todas as coisas que sucedendo, e do que
entender-des que convém ser eu avisado assim no que a experiência vos mostrar ser
necessário para o bom governo dele, como do procedimento das pessoas que nele me
servisse o que fareis em todos os navios que partirem das partes e lugares donde vos
achardes, sem vir nenhum sem carta vossa e ainda que seja repetindo o já escrito,
porque assim convém pela incerteza do mar e não impedireis escrever-me as camaras,
nem os mais ministros e mais oficiais, e ainda que sejam queixas, porque a meu serviço
convém, haver nisto a liberdade necessária e as informações que se vos pedirem virão
em a clareza que puder ser.

60. Entregar-se vos hão com este regimento uma cópia das tréguas feitas com os
Estados gerais das províncias unidas de Holanda e Zelândia e uma carta sua para os seus
capitães e maiores que assistem em Pernambuco e noutras partes desse Estado, a qual
lhes enviareis em chegando, e lhes fareis notório como estais prestes para guardar
cumprir as tréguas e ter com eles toda a boa correspondência de que tiveram
instrumentos e certidões autênticas que me remetereis por vias, e assim o cumprireis de
vossa parte procedendo todavia com a cautela e recato que tanto importa, para que se
houver alguma cautela ou intenção de falar ao capitulado não seja de efeito, e porque fio
de vossa prudência que prevenireis tudo como mais convenha a meu serviço, deixo de
volo apontar em particular -------------- o fez a 16 de junho de 1642.

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