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BIBLIOTHECA NACIONAL

DOCUMENTOS
HISTÓRICOS
1663-1677

CORRESPONDÊNCIA DOS GOVERNADORES GERAES


Conde de Óbidos
Alexandre de Souza Freire
ftifonso Furtado de Castro do fyo de Mlendonça

Regimento dado ao Governador Roque Barreto |

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VOL. VI DA SÉRIE E IV DOS
DOCS. DA BIB. NAC

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AUGUSTO PORTO SC \
PRAÇA DOS GOVERNADORES N. 6
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RIO DE JANEIRO
1928

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CÓDICE h 4, 1, 41 /

N.° 5825 DO CAT. DA EXP. DE HIST. E GEOG. DO BRASIL

N.° 36 DO CAT. DE MANUSC. DA BIBLIOTHECA NACIONAL

E' o livro do registo. Não traz titulo. 1M ií. num. 26.x Vi.

1663
Carta para Diogo Carneiro Fon-
toya.
Nenhuma occasião das que houve de escrever
a V. M. tenho perdido: não me deve V. M. esta
fineza, porque vem a ser obrigação do cuidado com
sejam as
que espero novas suas. Muito estimarei
aV.M.
que desejo, e que saiba essa terra agradecer
o mimo de a ir habitar.
Ao Capitão Manuel da Costa Munis, creaclo de
ser-
que faço- estimação mandei uma provisão para
vir o Officio de Provedor da Alfândega dessa Capi-
tania suppondo andar vagoi e parado e não ter com-
missão alguma com o de Provedor da Fazenda Real.
A esta hora tive noticia que andava unido ao da Fa-
zenda: e pode V. M. segurar-se que não> podia ser
cujo effeito fora augmen-
peccaminosa uma vontade,
tar a V. M. grandes jurisdições. A provisão recolha
V. M. logo ainda que o provido tenha tomado posse
banda
e me avise tenha cousa em que o sirva desta
porque não ... . para este ,meio offerecimento
an-
em serem . . . Guarde Deus a V. M. muitos
nos. Bahia e Novembro 23 de 1663.
O Conde de Óbidos.

m.:-
— 4

1663

Carta para os Officiaes da Cama-


ra da Vil ia de São Vicente.
Nunes Fi-
Pela satisfação que tenho de Manuel
a
o-ueira que esta carta ha de dar a V. Ms. o envio,
da Fazen-
essa Capitania eom o cargo de Provedor
da Real delia. Espero cpie seja seu procedimento
a honra-
mui igual á confiança que me faz ter delle,
em ou-
da informação que achei do que havia tido
Sr. que p
trás occupacões do serviço Del-Rei meu
em tudo
fizeram benemérito desta. V. Ms. o ajudem
de seu
o que se offerecer para melhor disposição
bôa cor-
exercicio, e tenham entendido, que toda a
será
respondencia, que com elle tiver esse Senado,
certo.
motivo de favor que em mim acharão mui
11 de
Guarde Deus a V. Ms. Bahia c Dezembro
1663.
O Conde de Óbidos.

1663

Carta para os Officiaes da Cama-


ra da Villa de São Paulo.

Pela satisfação que tenho de Manuel Nunes Fi-


a V. Ms. o envio a
gueira, que esta carta ha de dar
essa Capitania com o cargo de Provedor da Fazen-
da Real delia. Espero que seja seu procedimento
muito igual á confiança que me faz ter delle, a hon-
rada informação que achei do que havia tido em ou-
trás occupacões do serviço Del-Rei meu Sr. que o
fizeram benemérito desta. V. Ms. o ajudem em tudo

r\
o que se offerecer para melhor disposição de iseu
exercicio, e tenham entendido que toda a boa cor-
respondencia que com elle tiver esse Senado será
motivo do favor que cm mim acharão mui certo.
Guarde Deus a V. Ms. Bahia e Dezembro 1 1 de
1663.
O Conde de Óbidos.

1663

Carta para os Officiaes da Cama-


ra da Villa de São Paulo.

Ao Capitão-mor dessa Capitania ordeno pela


carta que elle mostrará a V. Ms. faça remetter com
toda a brevidade á Praça do Rio de Janeiro tudo o
que na forma das ordens do Governador e Capitão
Geral meu antecessor, deve essa Capitania enviar
cada anno aos Ministros da Fazenda Real para ,na-
quelle porto se achar prompta a contribuição de
ambas; e não acontecer virem os navios, que é pro-
vavel cheguem de Inglaterra e Hollandn, a buscar o
que a cada nação destas pertence do ajustamento da
paz, e dote da Sereníssima Rainha da Gram Breta-
nha (e annualmente se lhe ha de ir satisfazendo) e
se achem os que forem ao Rio sem a carga prevê-
nida, como sua importância está pedindo. Muito
lembrado estou da liberalidadc com que esses po-
vos acudiram a soecorrer a esta praça em outro tem-
a
po, sendo então os motivos a necessidade que
Fazendp Real padecia e a defensa que havia mister
o Estado; e como agora são maiores as circumstun-
cias destes.dous empenhos, creio eu da obrigação de
todos os vassallos dessa Capitania actidirem á sa-
-6-

tisfação do que lhes toca com maior vontade, gran-


meu Sr.
geando nesse serviço merecerem a El-Rei
sempre
grandes mercês; e a mim o animo com que
me terão disposto para tudo o que for melhoramen-
to seu, e desse Senado, a quem mais particularmen-
te se ficará devendo a maior parte do bom successo
deste negocio que hei por mui recommendado a
V. Ms. a quem Deus guarde. Bahia e Dezembro 11
de 1663.
O Conde de Óbidos.

1663

Carta para o Capitão-mor da Ca-


pitania de São Vicente.
Pela honrada opinião que tenho de Manuel Nu-
nes Figueira, e desejar muito favorecel-o, o envio
por Provedor da Fazenda Real dessa Capitania.
V. M. lhe dê logo a posse, e o ajude em tudo de
maneira que conheça eu nos effeitos que demais de
V. M. attender nisso ás obrigações do serviço Del-
Rei meu Sr. em tudo o que tocar ao exercício da
sua oecupação, obra o que deve á recommendação
desta carta. E folgarei me dê elle conta do que
lhe resultou de leval-a; pois por se ter entendido a
escrevi a V. M. achara a mesma correspondência em
todos. Guarde Deus a V. M. Bahia e Dezembro 11
de 1663.
O Conde de Óbidos.
1663

Carta para o Capitão-mor da Ca-


pitania de São Vicente.

Na Armada que se espera, é certo se começarão


a remetter a Portugal os cento e quarenta mil cru-
zados, que este Estado, ha de contribuir cada anno
para o dote da Sereníssima Rainha da Grau Breta-
nha, e paz de Hollanda: e muito provável que ve-
nham naus daquellas duas nações a conduzir o que
se ha de ir satisfazendo a cada uma. Por um e ou-
tro respeito convém que esteja tudo prevenido nos
e
portos do Rio de Janeiro Bahia e Pernambuco:
que muito antes se tenha recolhido a cada praça
destas o que na forma das ordens dadas se deve
remetter das Capitanias, que pareceu conveniente
enviar a ellas, o que lhes toca.
Pelo que tanto que V. M. receber esta (se já o
não achar feito) faça remetter logo á ordem dos
Ministros da Fazenda da Capitania do Rio de Ja-
neiro os quatro mil cruzados, que a essa couberam,
dos cento e quarenta mil da contribuição animal do
Estado, na forma que o Governador e Capitão Ge-
ral meu antecessor ciispoz: esperando obre V. M. e
as Câmaras dessa Capitania nesta matéria o que de-
vem á obrigação de sua importância, e á confiança
costu-
que faço do zelo com que esses moradores
mam servir sempre a El-Rei meu Sr. E do (pie V. M.
fizer neste particular, e estado cm que se acha, me
dará muito particular conta com a brevidade possi-
vel para o ter entendido, e agradecer a todos o
desvelo que puzerem no effeito e antecipação deste
negocio, em que tão prejudicial será qualquer fallen-
8

haver em
cia que de nenhum modo creio possa
acreditaram em
vassallos que com tanta liberalidade
amam o ser-
outros tempos, que eu vi o muito que
Mee. Bahia e
viço de seu Rei. Guarde Deus a V.
Outubro 24 de 1663.
O Conde de Óbidos.

1663

Carta para os Officiaes da Cama-


ra da Capitania do Espirito Santo,
acerca do Capitão-mor Brás do Couto.

Pela particular confiança que faço da pessoa


Capitão-,
de Brás do Couto de Aguiar o envio por
da Com-
mor dessa Capitania e Capitão juntamente
sua guarnição, como V.Ms.
panhia de infanteria de Espero
verão das patentes, que lhe mandei passar.
continue o zelo,
que em umas, e outras obrigações serviço
c satisfação com que sempre procedeu no
manei-
Del-Rei meu Sr., e no governo desse povo de
fiz,
ra que estimem todos muito a eleição que delle
a esse
e V. Ms. o ajudem em tudo para que também
dos
Senado deva o beneficio publico muita parte
e bom
acertos que nelle tiver; pois de sua prudência,
a
modo me persuado serem grandes. Guarde Deus
V. Ms. Bahia e Dezembro 15 de 1663.

O Conde de Óbidos.
1663
Carta para o Capitão-mor Joseph
Lopes entregar a Capitania do Espiri-
to Santo ao Capitão-mor Brás do Cou-
to.

Logo que Brás do Couto de Aguiar, que ora


envio a succeder a V. M. lhe der esta carta, lhe en-
tregue V. M. essa Capitania, que em virtude desta,
lhe hei por levantada a menagem, e desobrigado do
Nosso Senhor e
juramento que por ella tiver dado.
etc. Bahia e Dezembro 15 de 1663.
O Conde de Óbidos.

1664

Carta que se escreveu aos Capi-


tães-mores da Capitania de São Vicen-
te e de Nossa Senhora da Conceição
de Tinhaem acerca do tributo.

Vi a carta que V. M. escreveu ao Governo pas-


Capi-
sado sobre as repugnancias das villas dessas
uma tocava
tanias, na contribuição do que a cada
da Oram Breta-
para o dote da Sereníssima Rainha informado,
nha e paz de Hollanda: e já eu estava
dos tributos
da queixa que seus moradores tinham
haviam impostos a seus
que no Rio de Janeiro se
de correr ao mesmo
gêneros; e do risco que haviam Rio con-
donativo, pondo-o por sua conta naquelle
alhviar em
forme as ordens dadas. E desejando eu
suavidade,
tudo essas Capitanias para que com mais
distribuição
e menos sentimento da desigualdade da
10 —

devem a uma obn-


açudam com a pontualidade que
do Rio
.ação tão publica. Ordenei ao Governador
os tributos, e que os
de laneiro lhes levantasse logo conta e
p-eneros se remetiam a aquelle porto por
a distribuição ser
risco da Fazenda Real. E para
com todas as
feita sem escrúpulo, mandei consultar
se acham, e nessas partes
pessoas que nesta praça
a repartição que
estiveram religiosas, e intelligentes
mão; a qual se
será com esta, firmada de minha
conforme as
entende ser, a mais ajustada, e mais
no que mandei ter par-
possibilidades de cada villa,
V. M. receber
ticular attenção. Pelo que tanto que
as villas
esta carta, e as mais que escrevo a todas
forma da
dessa Capitania lh'as icmetta logo; e na
cada uma
repartição cobre effectivamente o que a
chegada
toca, com a brevidade que está pedindo a
tudo
da frota, e eu significo ás Câmaras: pondo-se
aos,Mi-
no porto de Santos donde se ha de remetter
todos
nistros Reaes do Rio. Do zelo de V. M. e de
hão
os moradores dessa Capitania, me prometto que
de obrar nesta oceasião o que devem á obrigação ide
bons vassallos, e ao conceito que tenho do bem que
em outras souberam mostrar a fineza com que sa-
biam servir a seu Rei. As respostas de todas as Ca-
maras, me enviará V. M. e conta muito por menor
do que se remetter ao Rio, que lhe hei por mui en-
carregado seja tudo infallivelmente. Nosso Senhor
e etc. Bahia e Fevereiro 28 de 1664.

O Conde de Óbidos.
-11

1664

Carta para Manuel Nunes Figuei-


ra Provedo; da Fazenda Real da Ca-
pitania de São Vicente.
Estimarei haja V. M. chegado a salvamento
com toda sua casa, e que lhe vá tão bem nessa
Capitania que não tenha saudades desta, para que
se haja por bem empregada a jornada, e occupação
de que V. M. me dará conta, porque espero que seja
de tudo o que levou a cargo muito conforme a con-
fiança que fiz de seu procedimento, e como esta
vae no fim das monções brevemente espero respos-
ta delia. Nosso Senhor e etc. Bahia e Março 1 de
1664.
O Conde de Óbidos.

1664

Carta que se escreveu aos Offi-


ciaes da Câmara da Villa de São Vi-
cente São Paulo, e Nossa Senhora da
Conceição de Tinhaem acerca do tri-
buto da Sereníssima Rainha da Gram
Bretanha e paz de Hollanda.
deram
Entendo eu pelas noticias que se me
se en-
quando aqui cheguei estariam promptos para
no Rio de
fregar aos Ministros Del-Rei meu Sr.
os 4.000 cruzados que tocam cada mino a
Janeiro Rainha
essas Capitanias para o dote da Sereníssima
chegaram
da Gram Bretanha, e paz de Hollanda, me
esses
agora varias informações da repugnância que
-12-

contn-
moradores tinham a arriscar os fructos que
dos novos
binam navegando-os ao Rio de Janeiro
tributos que naquella Capitania se accrescentaram
e gêneros
aos vinhos que delia saiam para essas,
e da desigualdade com
que dellas se lhe enviavam:
sentiam sobrecarregadas
que todas essas villas se resultado
na distribuição do donativo: de que havia
estar tudo muito em seus prejuízos. A pontualidade
costuma-
com que me lembra que todos esses povos
Estado
vam, em outros tempos que me achei neste
ago-
fazer grandes serviços a El-Rei meu Sr. me faz
ra estranhar muito esta omissão que em semelhante
negocio experimento, sendo tanta a brevidade com
ha de levar o do-
que pode chegar a Armada que
nativo, e tão importante não haver falibilidade nella.
Mas porque entendo que não topa esta falta do
zelo de tão bons vassallos, senão nos inconvenien-
tes referidos: me pareceu evitar todos, assim pelo
muito que desejo fazer favor a essas Capitanias no
allivio que lhe possa dar, como porque se logre sem
embaraços este serviço que hão de fazer a El-Rei
meu Senhor. Ao Governador do Rio de Janeiro man-
dei já ordem levantasse logo os tributos que de
novo se puzeram nos vinhos que saiam para essas
Capitanias, e drogas que dellas entravam ao mesmo
Rio. E a esse povo hei por levantado o risco que
havia de correr na contribuição dos 4.000 cruzados
acceito pos-
pondo-os no Rio de Janeiro: porque os
tos no porto da villa de Santos em fructos da terra
se navega-
pelo preço que nella correrem; para delle
rem para o Rio de Janeiro por conta, e risco da Fa-
zenda Real a entregar alli a seus Ministros. E para
o meio
que na difficuldade da repartição se tomasse
mais conveniente a se evitarem as queixas, mandei
— 13 —

e limo-
consultar aqui as pessoas mais intelligentes,
conferido bem o
ratas que nessas villas estiveram; e
a igualdade,
negocio se fez a distribuição com toda
ao Capitão-
na forma que se vê do papel que envio
mão. Pelo
mor dessa Capitania rubricado de minha
entendido se não ha de alterar
que tenham V. Ms. e que aos
mais o nelle disposto em cousa alguma:
ordeno que
Capitães-mores de ambas as Capitanias
de cada villa o que se
por suas addições cobrem a essa
lhes assigna. Pela tal distribuição tocam
seus mora-
Villa (*) os quaes V. Ms. repartam por
e
dores com tal proporção a suas possibilidades,
muito que
com tal effeito, e pressa, que se tenha
essa villa a
lhes agradecer não haver queixas, e ser
ás mais na brevidade de
primeira que dê exemplo
lhe pertence, e do que
por na de Santos o que me ser presen-
obrarem me darão V. Ms. conta para
2 de
te. Guarde Deus a V. Ms. Bahia e Fevereiro

O Conde de Óbidos.

1664
Carta que se escreveu a todas as
Villas das Capitanias de São Vicente
e de Nossa Senhora de Tinhaem, para
uma toca para
'donativoo que a cada
pagarem
o que continha um Rol que
deltas.
se enviou aos Capitães-mores
' difficultavam
Para evitar os inconvenientes que
contribuição dos
aos moradores dessas Capitanias a

•) Ha um espaço em branco.
— 14:

da Serenissi-
4 000 cruzados cada anno para o dote
de Hollanda:
ma Rainha da Gram Bretanha, e paz
levan-
Ordenei ao Governador do Rio de Janeiro
aos vinhos
tasse o tributo que alli se havia posto
e drogas que dellas se
que saiam para essas partes, moradores
vendiam no mesmo Rio; e livrei a esses
navegam
do risco que corriam ao mesmo donativo
seja
do-o a áquelle porto; porque tenho resoluto
E para a distribuição se
pelo da Fazenda Real. Vicente e
fazer aqui entre as Capitanias de São
em
Nossa Senhora de Tinhaem com tal acerto, que
a
nenhuma dessas Villas possa haver sentimento,
mandei consultar com as pessoas mais intelligentes
Del-Rei
de suas possibilidades, e zelosos do serviço
mau-
meu Senhor. Ao Capitão-mor dessa Capitania,
de
do a memória do que a cada uma toca firmada
minha mão, e ordem que faça ajuntar tudo no porto
de Santos donde o acc-eiio.
A essa de tal parte toca dar. (*) A pressa é qual
se deixa inferir de se estar esperando pela Armada
V.
cada instante. Pelo que no mesmo ponto que
a
Ms. receberem esta façam remetter ao dito porto,
tal quantia, nos fructos que tiverem; e fio de seu
zelo que serão tão pontuaes no effeito que igualem
o
a importância delle, e me mereçam nesta acção
favor que lhes desejo fazer: pois creio que o descuir
do que tem havido procedeu das causas que reme-
diei, e não de falta alguma daquelle amor que de-
vem a bons vassallos, e eu quando neste Estado me
achei em outros tempos conheci no bem que serviam
k El-Rei meu Senhor. Guarde Deus a V. Ms. Bahia
e Fevereiro 23 de 1664.
O Conde de Óbidos.
(*) Ha um espaço em branco.
— 15 —

1664

Carta para o Governador da Ca-


Pedro de
pitania do Rio de Janeiro
Mello para se levantarem, os impôs-
tos, dos gêneros.

São Vicente e
Os moradores das Capitanias de
depois
Conceição me enviaram a representar, que
dos 140.000 cruzados que
que se lançou o tributo
dote da Sereníssima
este Estado ha de dar, para o
e paz de Hollanda se
Rainha da Gram Bretanha,
cada pipa de vinho
impuzeram nesse Rio 80 reis em
delle saíssem para as mesmas Capitanias: duas
que
arroba de fumo que dellas entras-
patacas, em cada os-
Lem; e a este respeito se sobrecarregaramdesse K o,
navegar-se
gêneros, que dalli costumavam concurso de os ,nan-
o
de que resultará suspender-se
a elle: pedindo-me os alhviasse de pa
darem vender
vezes para o mesmo tributo: urna^c, q
gTuIs se lhe. subiu de preço
Ls tocava, e outra, no que
e tra=«n a
em tudo o que ahi compravam, ^enfc
Não ha duvida, que se #'
ao ottuacs
justificados na queixa, co no P^
dessa cidade menos poht
tributos no ibi.
porque acerescentarem « «n
o seu povo em um cerco volun a uo, pos
pôr melhoramento ,
«ar com este meio o mesmo essa notea ug
solicitam: pois sendo publica
desse porto todas as embarcações, q
sua conservação. Bem ^^ditt cn
cia pende a
desta cidade a qual hav nd
entendeu a Câmara
lançado a 2 por 100 nas fazendas^« a g
nos negros
na Alfândega, e um cruzado
-16-

me tem pedido os levante, para que fique mais livre


o negocio, c accrescentando-se nos augmentos deste,
a conveniência do valor de seus fructos, se tirasse
mais suavemente delles, toda a contribuição, sendo
ella de 80.000 cruzados. Isto supposto, e entender
eu. que de nenhuma maneira convém gravar-se os
moradores daquellas Capitanias no que levam, e
trazem a essa: Ordene V. S. logo aos Officiaes da
Câmara delia, que commutem sem contradição algu-
ma as imposições com que sobrecarregam os vinhos,
tabacos, e mais drogas que vão, e vêm de todas as
do Sul, a outros meios mais effectivos e de menos
será menos útil
prejuizo a sua Republica, e não lhe
seguir o exemplo desta. A aquellas Câmaras escre- '
vo, avisando-as desta minha resolução para manda-
rem a esse Rio suas embarcações sem os escrúpulos
nos li-
que delle o divertem, e delia se faça assento
vros desse Senado, em que V. Sa. mandará registar
esta carta, pelo que pode tocar ao futuro, se a V. Sa.
lhe parecer é necessário. Guarde Deus a V. Sa. mui-
tos annos. Bahia e Fevereiro 2 . . de 1664.
O Conde de Óbidos.

1664

Carta para o Governador Pedro


de Mello.

Com esta envio a V. Sa. esse maço de cartas


do Sr. Marfim Arfonso de Mello, cujas novas não
dou a V. Sa., porque me remetto ás que estimarei
tenha V. Sa. mui a seu gosto. Pela mesma causa,
não repito também as do mundo, que supponho rnüi
largamente escriptas a V. Sa. por sua mão.
17

Só darei a V. Sa. noticia de vir por Governador


de Pernambuco Hieronymo da Mendoça Furtado, e
que a 8 do corrente chegou ao Recife em um Pa-
tacho Inglez Luis da Mendoça Furtado, havendo
saído de Moçambique donde arribou em uma nau
caravella em que partiu da índia, e por incapaz de
navegar, fretou o mesmo Inglez, que por aquella
costa andava resgatando negros para as Barbadas.
E sendo seu intento tocar a esta praça, o levou o
Inglez a aquelle cabo para melhorar a navegação a
respeito dos negros. Tive carta sua: fica mui bem
disposto: e eu com o sentimento de lhe mandar aqui
um abraço, e perder a oceasião de o agasalhar, ç
servir. Mas eu o tenho por feliz na consideração
da fortuna com que se vem a encontrar dous irmãos
em um logar tão remoto, e tanto sem ambos a espe-
rarem; parece augmentar mais o gosto de se verem.
V. Sa. não quer fiar do meu lembrança alguma de
seu serviço: Não me dê V. Sa. logar a esta queixa,
livre delia,. Guar-
porque desejo mui deveras ver-me
de Deus a V. Sa. muitos annos. Bahia e Fevereiro
20 de 1664.
O Conde de Óbidos.

1664

Carta para o Governador Pedro


de Mello, acerca da perda de Cochim,
e soecorro de Angola.

Na índia se perdeu agora Cochim rendida pelos


descon-
Hollandezes. Com os Inglezes ha também
meu Sr.
fianças naquelle Estado. Neste tive Del-Rer
inten-
o aviso cuja copia envio a V. Sa. de Castella
-18-

o Reino de Angola: e se a noticia é ccr-


tar invadir o Biasil. de
t, não node estar sem seus escrúpulos
con, aquellas nas
ld quequando temos pazes
estão victonosas desta
25e's e as nossas armas
sua esta cm soce-
Portugal, nenhuma conquista
daqui o soecorro
o A toda a pressa despacho
Reino. E ainda que a ella.ameaça, o
ra aquelle o leparo
oolpe sempre será conveniente prevenir-se
'parte, ocea-
fmPtoda a donde a incerta dele pode:
esta noticia, a toda a
sienar cuidado. Dou a V. Sa.
o tenha entend.dee
contingência, para que V. Sa.
de seu serviço, a et
de toda a que V. Sa. me der
Deus a V. Sa. mui-
eu particular estimação. Guarde
20 d; 1664.
tos annos. Bahia e Fevereiro
O Conde de Óbidos.

1664

Carta para o Syndicante Miguel


Achioli de Affonseca.
vez o
Com esta dou também a V. Sa. segunda
a salvamento a esse Rio
parabém de haver chegado
se V. M. m'o repete nesta que tive sua de 5
que se nao en-
de Novembro do anno passado é certo
delles
oanam os seus affectos com a estimação que
V. M. m os
Faço: assim pela demonstração com que
tenho
significa, como pela particular inclinação que
meu Sr. tia
aos Ministros de que o serviço Del-Rei
com
seus acertos, com tão bem fundadas seguranças
feliz
as do zelo, e prudência de V. M. Não é pouco
cuja opi-
emprego seu a averiguação dt umas vidas,
nião as tem tão canonisadas: pois nas difficuldades
melhor o conceito que
que V. M. vencer, acreditará
— 19 —

o fez eleger para os descommodos de passar ao


Brasil. Mas como são disposições de V. M. exceder
o mesmo exemplar que nelle teve, e V. M. é tão am-
bi cioso da gloria com que o imita, vem a ser mui
suave todo o trabalho com que sobe ao merecimen-
to delle. As noticias do de V. M. me têm ha muito
em tudo, o que
prevenido o desejo de lhe dar gosto
ou nessas partes, emquanto V. M. neílas se detiver,
ou nestas depois que chegar, se me offerecer de seu
serviço. E para quando a frota vier fico já com
os alvoroços de ver a V. M. A quem Deus guarde.
Bahia e Fevereiro 10 de 1664.
O Conde de Óbidos.

1664

Carta para o Governador da Ca-


Pedro dc
pitania do Rio de Janeiro
Mello, com as copias das de Sua Ma-
rrestade sobre o dinheiro do cunho, e
tributo.

Das três copias que serão com esta firmadas


V. Sa. entendido,
pelo Secretario de Estado, terá Sereníssima
acerca do dinheiro do cunho, dote da
de Hollanda, e
Rainha da Grani Bretanha, e paz
a Portugal.
forma em que tudo se ha de remetter
a V. ba.
E ainda que supponho se devem ter enviado
a V. ba, que
os mesmos avisos: me pareceu dizer
dispõem (nao
na conformidade que as ditas cartas
lhe procure
tendo V. Sa. outra ordem em contrario)
E com a
V. Sa. dar ahi inviolável cumprimento
se ficara esse
ordem sobre o dinheiro do cunho,
-20-

desenganado, que não vem para esta praça;


povo fo. nunca iral-o
ne„, a intenção Real, ou minha
Guarde Deus a V. Sa. muitos annos. Ba-
Sessa.
hia e Abril 7 de 1664. ^
^ ^.^

1664
Pedro
faz-to /w« o Governador
outra de
de Mello, com a copia de
uma nau
Sua Magestade acerca de
Franceza.
copia de uma car-
Com esta remetto a V. Sa. a
-andar escrever-
ta, que El-Rei meu Sr. se serviu
da Arochella,
mi acerca de uma nau Franceza que
a estes mares, para
se entende passar com negocio
o que nel a
nue V Sa. o tenha entendido e observe
esse R,o Guarde
e dispõe, no easo que vá ter a
Bahia e Abril 7 de
Deus a V. Sa. muitos annos.
1664. , _t.,
O Conde de Óbidos.

1664

Carta para o Governador Pedro


de Mello acerca do Ouvidor daquella
Capitania.
acerca do
Recebi as que V. Sa. me escreveu
se ficam ven-
Ouvidor dessa Capitania. Na Relação
ira a resolu-
do os seus requerimentos: brevemente
credito, que des-
ção que se houver de regular pelo de que
ta carta de V. Sa. lhe resulta, é benemérito
21

Sa.
eu lhe deseje maior jurisdição. Guarde Deus aV.
muitos annos. Bahia e Maio 7 de 1664.
O Conde de Óbidos.

1664

Carta para o Governador Pedro


de Mello, acerca da nau Hollandeza
que alli aportou.
Vi a carta de V. Sa. sobre a nau Hollandeza
não havendo sido admitti-
que nesse Rio aportou, fez: a noticia
da no Rio da Prata: o auto que se
e a fac-
dos navios que dalli partiam para Castella,
ção que V. Sa. me apontava. foi muito
A franquia que se concedeu á nau
se fundou, seria o ne-
justa; porque, no caso que
natural, e ao respeito
gar-lh'a faltar á obrigação
com quem temos pazes. Que
político de uma nação, Tellcs da
se El-Rei meu Sr. estranhou a Antônio
Geral deste Es-
Silva, sendo Governador, e Capitão
Occi-
tado, não dar aos Deputados da Companhia
os vinhos que
dental que governavam Pernambuco
a este porto mandavam comprar com grande quan-
todas as leis
tidade de dobrões, sendo tanto contra
dos estrangeiros, por
que prahibem o commercio capitulação das
lhes não fazer nisso o favor, que a
como mi-
tréguas dispunha, ao mesmo tempo, que
mais se
migos nos tinham tomado Angola; quanto M ms-
de seus
daria El-Rei meu Sr. por mal servido
fazendo muita e
tros chegando essa nau, sem água,
do umco remédio
carregada de peças, e valerem-se
nação amiga, lhe
de se salvarem no porto de uma
e os Estados u
ocasionassem o ultimo naufrágio;
-22-

das pazes ce-


,-aes a queixa de se faltar á amisade
meu Se-
lebradas, na mesma occasião em que El-Rei
E mais quan-
nhor as manda publicar neste Estado.
usar-
do a carga era de qualidade, que não permittia
estran-
se todo o rigor das prohibições aos navios
Estado, para donde esse
geiros nos portos deste se ajustou
não carregou: e o assento que se tomou
ao repa-
em tudo tanto a cilas, acudindo-se somente
Pelo
ro do que necessitava para seguir sua viagem.
nesta matéria muito con-
que entendo obrou V. Sa. meu Sr.
forme ao maior acerto do serviço Del-Rei
de que V. Sa. é tão zeloso.
Não era má a presa se permittira a nação cujos
os in-
os navios são, que os da Coroa de Portugal
vestisse; mas ainda que a carga seja Castelhana, as
bandeiras Hollandezas a defendem. Guarde Deus a
V. Sa. muitos annos. Bahia e Abril 7 de 1664.
O Conde de Óbidos.

1664

Carta para o Governador Pedro


de Mello, acerca do papel sellado com
a copia da de Sua Magestade.

Da carta cuja copia será com esta terá V. Sai.


entendido o que El-Rei meu Sr. se serve mandar
dispor, para se evitarem os inconvenientes de não
o
haver papel sellado, de um anno para outro; e
detrimento que padecem os logares mais incapazes
dc serem com elle tributados. V. Sa. se sirva man-
dal-a registar nos livros a que tocar, e remetter com
toda a brevidade o maço que será com esta ao Ca-
Vicente, porque leva
pitão-mor da Capitania de São
donati-
o mesmo aviso, e outro sobre a cobrança do
Deus a
vo que toca a aqiMas Capitanias. Guarde
1664,
V. Sa. muitos annos. Bahia e Abril 7 de
O Conde de Óbidos.

1664

Carta para o Governador Pedro


de Mello acerca de Navios do Rio da
Prata, e Regimento.
vin-
Consulta-me V. Sa. que ordem ha de seguir
não ha Re-
do navio do Rio da Prata, e diz-me que
nem ainda, a ordem
gimento algum nesse governo,
meu Sr. para ahi se admit-
que se diz havia Del-Rei
tirem navios de Buenos Aires apparecia.
se des-
Se ahi algum aportar (por mais que
na noticia que
matem as esperanças dessa felicidade
V. Sa. lhe
deu a nau não admittida naquelle Rio)
é justo, ex-
dê entrada, e faça todos os favores que
a risco da transgres-
perimentem uns homens que
opulentas as pra-
são das leis de seu Rei, vêm fazer
V. Sa. e eu estamos vendo a
ças do nosso, quando
de moeda que em iodo o Brasil se pade-
penúria se nao procedera
ce. Se com os que ahi tem vindo, nos
tão tyrannamente, porventura lográramos daquelle
os vizinhos
mui boa correspondência com do
mas como a elle tem chegado a nota?
porto; ter a sua puta,
xcessivo avanço que aqui pode
sempre costuma
ainda creio os traga o interesse, que
violar os mais rigorosos preceitos. Pprn_mbu_
e de P inambu
Os Regimentos desse Governo
do das mais Capita
co hão de ler suas differenças
a V. ba, que
nias; como for tempo o remettere.

t ...
-24-

oi a logar a fa/.er-se. Guarde


pressa me não dá por e Abril 7 de
Deus a V. Sa. muitos annos Bahia
1°64- , AtM
O Conde de Óbidos

1664

Carta para o Governador Pedro


de Mello, em resposta do favor que
e mais en-
fez ao Capitão João Vieira
commendados.
se serviu
Muito agradeço a V. Sa. o favor que
dos
fazer ao Capitão João Vieira. O desembargo
esta no
embargos, com que lhe veiu Dom Gabriel,
seu mesmo impedimento.
A mercê que V. Sa. fez aos mais encommenda-
V. Sa.
dos meus é mui parecida ao animo com que
o que aqui
me tem para lh'a saber merecer em tudo
eu muito não me dar
poder ser gosto seu, e sentirei
V. Sa. este, quantas vezes o desejo. Guarde Deus a
"Bahia
V. Sa. muitos annos. e Abril 7 de 1664.
O Conde de Óbidos.

1664
,o
II Carta para o Governador Pedro
de Mello acerca do donativo, que se
ha de remetter a Portugal, e a for-
ma de se cobrar.
Sa.,
Com particular attenção vi esta carta de V.
Ca-
acerca dos 26.000 cruzados que tocaram a essa
— 25

com ella me remetteu, e todas


pitania, o papel que lançar-se antes esta
as razões em que se fundou, o
nos fru-
contribuição, nas drogas ultramarinas, que
de
ctos naturaes. Todas são muito do grande juízo
têm contra si, os
V Sa. e suas experiências: mas
na incer-
inconvenientes, que se deixam considerar,
na certeza de se
teza de tudo o que se navega, e
ainda,que
tributar tudo o que entrar nesse Rio; pois
e colhido
a V Sa pareça que fica sendo voluntário,
do que cn-
em poucas mãos o que se ha de pedir,
é mui diverso de
trar o estrondo dessa noticia
essa razão, disse
sua'especulação, e realidade, e por
Fevereiro próximo,
a V Sa., em uma carta de 20 de
meio, fugiriam desse
que sendo publico aquelle
de cuja freqüência pen-
porto todas as embarcações, e nao se na
dia a conservação de seu commercio,
os Officiaes
menos útil a essa Republica seguirem
desta. Mas se esse
da Câmara delia o exemplo dos
se conforma com o que está assentado, e a V
povo responderão ao seu
Sa. parece, que as experiências
com elle, como o
ditame, também eu me conformo
e mais conven.ent ao
que considero mais acertado, consideração,jk
allivio desse povo. Pois já na
dos hab, adores
sidade dos negócios^ e inclinações
a pnncipio livre a
de cada Capitania, se deixou
devia cobrar o que lhe
cada uma a forma em que se
a ser monsruosa
tocava. E vem verdadeiramente
nenhuma s a,us
em todas as do Estado; porque,
de todas se ao
Ia com outra, e nesta variedade
a todo o Es a
atina com a que pode ser commum
ha de er quem
do. O fim é pagar-se. O tempo e»«J>
acertado
approve o meio que for mais
se ^emou .
seguirá. O que nesta praça
execução que pode
mente está ainda sem aquella
26

e totalmente
acreditar ser o melhor, e ainda, que ultraman-
contrario a esse a liberdade dos gêneros nel-
nos 'não como ahi se considera que os interessados
senão
les são os que vêm a pagar o tributo,
os navios acha-
os moradores que o gastam, sempre
nesta, e nos ne-
rão igual a venda nessa praça, e o
aros se pode acerescentar a quem os comprar
fazer, sobretudo,
cruzado. O que por ora se deve
modo,
em todas as Capitanias é cobrar cie qualquer
a Portugal nes-
o que de cada uma se deve remetter
anno; e
ta frota; pelo que toca a este primeiro,
da co-
aquella forma que de todas parecer (depois
mais igual,
branca feita) mais effectiva, mais fácil,
nas praças do
e de menos queixas, essa se seguirá
tenho dito
Estado que a qui/erem imitar; com o que
me offere-
a V Sa o que sobre este particular se
da ordem
ce- recommendando a V. Sa. a execução
frota todo o
de Sua Magestade para que vá nesta
E quando não pos-
que tocar aos 26.000 cruzados. se acha,
sa ser tudo, pelo estado em que essa praça
El-Rei
se remetta quanto poder ser mais, para que
faltou na
meu Senhor fique entendendo, que se não
diligencia
' de seu Real serviço.
Aos Ecclesiasticos peça V. Sa. o que devem con-
meu
tribuir, que assim o fiz nesta praça, e El-Rei
Senhor me encommenda os persuada a esta obriga-
cuja copia envio com
ção tanto de todos, pela carta
esta a V. Sa. Guarde Deus a V. Sa. muitos annos.
íi Bahia e Abril 7 de 1664.

O Conde de Óbidos.
27-

1664

Cada para o Governador Pedro


de Mello acerca da Capitania de Cabo
Frio, e do Capitão-mor delia Joseph
Mar ella.

Vi o que V. Sa. me escreve acerca do provi-


Cabo Frio na
mento que fiz de Capitão-mor do
e as razões em que V. Sa.
pessoa de Joseph Varella,
se fundou para lhe não dar a posse.
segurar,
Do Conde de Óbidos se pode V. Sa.
a nenhum sujeito que
que é tão amante seu, que
Brasil, ha de preterir nos
possa ser Viso-Rei do
affectos de agradar a V. Sa. e desejar-lhe grande
E sobre esta supposiçao,
jurisdição nesse governo. com que as
deve V Sa. assentar toda a confiança
observância
minhas ordens se dirigem á uma para
foi mandar-me
das Del-Rei meu Sr., cuja intenção
a jurisdição que
a restituir este governo, de toda
Britto lhe tinham
Salvador Corrêa, e Francisco de
diminuído. . ¦
ordem que enviei
Por esta razão passei a geral
todas as Cap>tan»s.
a V. Sa. para a separação de
esta dividido, e uma
Entre as mais, cm que o Brasil
começa no Ro da
a Capitania de Cabo Frio, a qual
Santo, e uca-
Parahiba, donde acaba a do Espirito
de Janeiro. E esta,
ba donde principia essa do Rio
de um De,nat«nce
havendo sido em seus princípios
hoje e; . hhouve
vinculou depois á Coroa de que
mais que.„:**
uma cidade, de que não existem
ruma a qu chegou
cas casas que V. Sa. diz tem,
invasão dos Francc.es, e vizinhança dos to
pela esta causa, como
Los Quaitacazes; e cessando
-28-

do Rio foram po-


tinha Donatário, e os moradores
houve omissão em
voando aquelles campos; não só
das mais antigas da
reedificar a cidade, sendo uma
nos mora-
Costa do Sul: mas cuidado particular
conservar por
dores do mesmo Rio, de a fazerem
maiores. E tan-
seus motivos naquellas ruínas, ou
havia acabaram com
to que até a artilharia que alli
retirar.
um Governador dessa praça a mandasse
têm seus
Todas as mais Capitanias do Estado,
milícia, e
Capitães-mores, e os Officiaes de justiça,
são hoje mime-
fazenda, que lhes são necessárias, e
muitos mais
diatas a este governo, e aquella tendo
das ou-
moradores, e rendendo mais que algumas
Officiaes
tl-as é a única que está sem forma, nem
distincta, e
de justiça, sendo da Coroa. E como tal,
de Janeiro,.
separada, desde sua origem da do Rio
Em vários Capítulos do Regimento deste governo,
do Estado, a
encarrega El-Rei meu Sr. o augmento
delle, e com encare-
'a de todos os portos
fortificarão
cimento conservação da jurisdição deste governo.
E pelas ordens que eu trouxe com mais particulan-
dade.
Por tudo o referido, e não ser justo que sendo
a seu
aquella Capitania da Coroa, se não attenda
favor,
augmento, quando se lhe deve fazer maior
dos Donatários, mandei
para não ser menos que as
de Capitão-mor, que
passar a Joseph Varella patente
os exemplos que achei
presentou a V. Sa. seguindo
das patentes que lhe passaram de Capitão-mor da mes-
ma Capitania o Conde de Castelmelhor, o de Attou-
e depois de Salvador
guia,e Francisco Barretto antes,
Corrêa de Sá, que foi quem mais procurou isentar
as Capitanias do Sul deste governo, com o que se
verifica, que sempre os Governadores Geraes, e
— 29 —

Capitães-
não os do Rio foram os que alli proveram
üeraes
mores. E sendo tanto dos Governadores
cuidadoso,
esta jurisdição, e El-Rei meu Senhor tão
delia, que por
de que se não perca cousa alguma
a Francisco
carta sua se serviu mandar estranhar
se introduziu
Barretto, quando Francisco de Britto
elle, que ou-
na jurisdição da Parahiba, consentir
entrar na deste
trem, sendo subdito seu pretendesse
fosse com subordinação sua,
governo, ainda que deve V. Sa.
como V. Sa. verá da copia inclusa, não
de respeitar muito aqueile
querer que deixe eu a favor da
exemplo: principalmente quando é tanto
a que é certo vira V Sa.
jurisdição de um governo solicitar-lhe a
muito cedo, e só para então estimarei
maior grandeza, e autoridade.
livre
Nem é inconveniente para ser Capitania
de Janeiro;
rematarem-se os dizimos delia no Rio
Del-Rei, Ilhéus, e Porto
porque também, Seregippe se rematam
Seguro são Capitanias livres, e de todas
hoje poucas ca-
os dizimos nesta praça. E menos ter
nasceram grau-
sas; porque de humildes princípios
Dcl-Rc. so Ca-
des cidades, nem o de ser a patente
facilmente podia
pitão, e não Capitão-mor: porque mesma posse
ser descuido da Secretaria: mas na
assento que delia se W
que por ella se deu, e no V. Sa. enviou,
em Lisboa se vê do mesmo papel que
razões me pa-
de ser Capitão-mor. Com todas estas apita-
daquella
rece estar justificada a separação
delia mane i
nia, e a patente de Capitão-mor que
V. Sa. ser servido
a joseph Varella. Pelo que deve
exerça o seu pos-
deixal-o tomar posse delia, e qne
sobretaiosa-
to na forma que o provi. Mas o que
entendrdo de mim
commendo a V. Sa. é qne tenha
desejo muito que venha V. Sa. prover oeste io-
qne
— 30-

ainda que
car tudo o que tocar a aquella Capitania:
ae, Brasil Guarde
vença a mortificação de voltar
Bahia e Abril 7 de
Deus a V. Sa. muitos annos.
1664. , ....
O Conde de Óbidos.

.1664
da Ca-
Carta para o Governador
pitania do Rio de Janeiro Pedro de
Mello; em resposta de outra sua; e
novas de Portugal.
de 16
Mui particular estimação fiz desta carta,
serviu dar-me
de laneiro passado, em que V. Sa. se
encare-
conta de haver recebido as minhas. Nenhum
seus affectos
cimento dos com que me significa
nem eu fico
iguala a segurança que delles tenho;
no Brasil
devedor a V. Sa. no allivio de me ter
V. Sa. nelle tão enganado;
para o servir, achando-se
o não conheci quando
porque com eu o conhecer nesta vida
cheguei, e ter a V. Sa. por companheiro
Muito,
de desterrados, faz ser menor o desterro.
nas espe-
sinto passal-o V. Sa. tão descontente. Só
das invejas
ranças de o deixar consiste o remédio
das oceasiões que a for-
que V Sa. justamente tem, se acharam
tuna negou a seu valor, e deu aos que
vem es-
nas victorias do anno passado. Neste que
nova de outras.
pero dar a V. Sa. a boa
As que dão os navios que agora chegaram,
são ficarem
além das que os da frota trouxeram,
Senhor, e
concluídos os casamentos Del-Rei meu
chegado
Sereníssimo Infante em França: haverem
Co-
no Galeão Luís quatrocentos fidalgos daquella

m\
-31-

a de Portugal contra
rôa a servir publicamente
aqui andava da
Castella: ser falsa a noticia que
de peste; e certa a
Ilha da Madeira estar tocada
Soure, e Duqueza do Cada-
da morte do Conde de
serão sempre para mim
vai As da saúde de V. Sa.
se V. Sa. as acompa-
de grande gosto: mas maior,
de seu serviço Guarde
nhar de muitas oceasiões
Bahia e Abril 1 do
òeus a V. Sa. muitos annos.
1661 O
Conde de Óbidos.

1664
Pedro
Carta para o Governador
de Mello acerca dos provimentos que
vêm de Portugal.
na sua carta
Tudo o que V. Sa. me escreve
acerca dos provimentos que vem
de 16 de Janeiro
ao aviso do V Sa
de Portugal, é muito conforme
neste logar ma an
e obrigação de quem se acha
do Conselho Ultra
da V Sa. se admirara mais,
outras.«** po-
marino, se lhe foram presentes
como poi^obn; ao quei
qne em todas as matérias, do BrásA,V»*
diminuir a autoridade do Governo
mercê da mo, q«
do El-Rai meu Sr. lhe tom feito
seus Ministros, ao
é o ,que parece, não toleram bom
tenho bastantemente desenganado do que
quaes logar que eu ocoupo
convém á reputação de um
Deus a V. Sa. muitos annos. Bahia e Ab.n
Guarde
7 dC 1664'
O Conde de Óbidos.
-32-

1664

Carta que se escreveu aos Capi-


tães-mores, de São Vicente, Espirito
da de
Santo e Tinhaem, com a copia
sei-
Sua Magestade acerca do papel
lado.
inclusai da
Com esta remetto a V. M. a copia
mandar escre-
carta que El-Rei meu Sr. se serviu
de faltar pa-
ver-me, para se evitar o inconveniente
outro, e haver de cor-
pel setlado de um anno para se declaram.
rer só nas partes que na mesma carta
os logares
V M. a mande logo registar, em todos
e
dessa Capitania que convier, para ficar manifesta,
Sr. e ser-
se ter entendido a mercê que El-Rei meu
com o
vido fazer aos vassallos que menos podem
Senhor etc. Bahia e
peso daquelle tributo. Nosso
Abril 8 de 1664.
O Conde de Óbidos.

1664

Carta que se escreveu ao Capi-


tão-mor da Capitania do Espirito San-
to, acerca do donativo, que ha de ir
na Armada.

E' chegada a Armada da Companhia Geral e


ordens apertadissimas Del-Rei meu Sr;, para nella
se remetter o procedido do donativo. Pelo que tor-
no a recommendar a V. M. o effeito das cartas que
lhe escrevi sobre este particular, para que se envie;
a
a este porto com summa brevidade o que toca
-33-

embarque na
essa Capitania, e infallivehnente se
E do zelo de
forma que este Regimento manda.
hei por mui
V M. espero lhe faça este serviço que
conta do que
encarregado a V. M, que me dará
etc. Ba-
obrar para o ter entendido. Nosso Senhor
hia e Abril 8 de 1664.
O Conde de Óbidos.

1664

Carta para os Officiaes da Ca-


mara da cidade do Rio de Janeiro
acerca do dinheiro do cunho.
acerca do
Vi a carta que V. Ms. me escreveram
á fazenda Real
dinheiro que do cunho resultou
v.r de Ia pela
nessa praça, pedindo-me o não fizesse Pedro
falta que padecia de moeda. Ao Governado. Sr. se
El-Rei meu
de Mello remetto a ordem que se en-
serviu mandar-me sobre este particular para Geral,
Companhia
tregar aos Administradores da
esse povo ü-
com o que fica cessando o receio que
nem essa to,
nha de padecer aquelle detrimento
so dispor-lhe todo
nunca minha tencão: antes será
a V. Ms. Bahia
o beneficio, e favor. Guarde Deus
e Abril 8 de 1664.
G Conde de Óbidos.

íí*W
-34-

1664
Capi-
Carta que se escreveu aos
São Vi-
tães-mores da Capitania de
do donativo
cente e Tinhacm acerca
ao Rio de Jane,-
que hão de remetter
ro para se embarcar na frota.
Geral e
E< chegada a Armada da Companhia
meu Sr. para nella
ordens apertadissimas Del-Rei
donativo. Pelo que tor-
se remetter o procedido do
o effcito ás cartas que
no a recommendar a V. M. se envie
lhe escrevi sobre este particular, para queo
brevidade que toca
ao Rio de Janeiro com summa
se embarque na
a «sa Capitania, e infallivelmente
E do zelo d
forma quê El-Rei meu Sr. manda.
hei por mui
V M espero lhe faça este serviço que
me dará conta do que
encarregado a V. M, que
Senhor etc. Bahia
obrar para o ter entendido. Nosso
e Abril 8 de 1664.
O Conde de Óbidos.

1664

Carta para Miguel Achioly de Af-


Hollandeza, e
fonseca acerca da nau
Capitão do Galeão novo.

Recebi a carta de V. M. de 15 de Janeiro pro-


De
ximo, e os papeis de que se acompanhava.
maior do
tudo fiz particular estimação, e muito
no ser-
zflo que todas as acções de V. M. mostram
viço Del-Rei meu Senhor.
franquia
O parecer de V. M. sobre se negar a
-35-

vindo do Rio da
\ nau Hollandeza que ahi aportou
foi muito ajustado
Prata/donde não fora admittida,
a forma do assento, as
ás prohibições Reaes: mas
circuinstancias deste caso (em
pazes celebradas, e as
razões políticas, e naturaes sao mais
que sempre as o fa-
forçosas) fizeram necessariamente permissivel
veiu buscar a
vor de se lhe conceder o remédio que
em um naufrágio
um porto amigo, para não perigar
evidente. tez no
Também approvo a V. M. o reparo que
novo Galeão Prova-
Capitão de mar, e guerra do
Pedro de Mello
velmente irá nelle o Governador
o não julgo sair desse Rio unos cedo) com o
(que
os inconvenientes que V. M.
qUe se ficarão evitando
aPOnpor e cuidado,
V M. espero com grande gosto,
enxergará V. M. em
e os effeitos de um, e outro
me der de seu seroço.
todas as occasiões que aqui
annos. Bahia c Abril
Guarde Deus a V. M. muitos
8 de 1664.
O Conde de Óbidos.

1664

Carta para o Padre Provincial,


' uma colcha
Frei Diogo Rangel, sobre
de peiinas.
a salva-
Muito estimarei haver V. P. chegado
u*
na saúde que der a V. i . que
um filho que tanto soube autorizai-o. Sao Paulo ha
de
Tive noticia que no Moste.ro
de pennas. E que
um religioso que faz gentis peças
-36-

Hei misto,- uma col-


ninguém o iguala na perfeição.
á Corte, que exceda na
cha de leito para mandar t.verem
fineza a quantas obras se
ga.antaria, e me fazer favor,
feito daqnelle gênero. V. P. por
com todo o en-
se sirva mandar-lh'o encommendar
a preciosidade da
carecimento, e que competindo
me venha quanto an-
obra, com a diligencia, e arte,
Padre do custo que
tes ser poder, e aviso do mesmo
pon-
fizer ou por letra que pode logo passar, que nunca
mas
tualissimamente o mandarei satisfazer:
deixara todo o
a V P a obrigação em que me
hei por mui
desvelo que puzer neste particular que
a V P. A quem
encarecidamente recommendado
Abril 7 de 1664.
Deus guarde muitos annos. Bahia e
O Conde de Óbidos.

1664

Carta para . o Governador Pedro


de Mello.
h
escrevi
Por via da Capitania do Espirito Santo
com que o
a V. Sa. desculpando-mc a brevidade
ainda fico
fi/ a oecupação deste despacho em que
em
vencendo difficuldades para remetter o donativo
commum
toda parte trabalhoso pela impossibilidade
de me di-
do Estado. A do tempo me priva agora
embar-
latar nesta. Só a faço por não ver V. Sa.
devo
cação da Bahia sem a lembrança que sempre
novas
fazer a V. Sa. do desejo com que estou de
tão
suas e de oceasiões de servir a V. Sa. em que
mui-
esquecido me considero. Guarde Deus a V. Sa.
maço
tos annos. Bahia e-Julho 18 de 1664. Esse
-37-

meu primo não tive outra


me remetteu para V. Sa. Maior servi-
occasião de o poder encaminhar.
dor de V. Sa.
O Conde de Óbidos.

1664

Carta para o Governador Pedro


de Mello.
o requerimen-
Guando não fora tão justificado
bastava a resolução
to de Manuel Cardoso Leitão
a seguir pelo
Sa. havia tomado para eu
nue V 'acerto. ao
maior Eu o despachei muito conforme
E fico com o cmda-
que V. Sa. havia disposto.
oecupar com seu se,-
do de V. Sa. me não querer
muitos annos como
viço. Guarde Deus a V. Sa.
desejo. Bahia e Julho 8 de 1664.
O Conde de Óbidos.

1664
Fon-
Carta para Diogo Carneiro
toya.
Santo escrevi
Por via da Capitania do Espirito tive suas.
a V M em resposta das ultimas que
destedespa*
mas'tanto á pressa pela occupaçâo e agora
quas
da Armada que parece não respondi ¦ sem a
embala
fineza não querer.que vá esta
V. M. que en
minha lembrança segura a hc
impedimentos me não esqueço d ped
maiores
em que lhe cert.ti
novas de sua saúde e oceasiões
-38-

a V. M. a quem só me per-
que o desejo de servir
instante para mais.
mitte dizer isto, não haver
Rangel tem a
Este barco de que é mestre
a V. M. Toda a breu-
seu favor recommendal-o eu
muito. Guarde Deus
dade com que volte estimarei
e Julho 19 de 1664.
a V. M. muitos annos. Bahia
Compadre e Amigo.
O Conde de Óbidos.

1664

Carta para o Governador Pedro


de Mello.
10 de junho deste
Recebi a carta de V. Sa. de
da que V. Sa. escreveu.
an„o: e com ella a copia
da %reoiaauua
. El-Rei meu Sr. acerca do donativo
e paz de Hollanda. Em
Rainha da Oram Bretanha
acertos do juízo, e
uma e outra não vejo mais que extraor-
zelo dc V Sa. Também esta cidade padece elles a
dinarios apertos: mas foi mais poderosa que de acu-
deixando
fine/a com que seus moradores,
com 60.000 cruza-
dir a seus empenhes, assistiram
lhe tocaram: e
dos que vão na frota dos 80.000 que
o meu desvelo foi
affiímo a V. Sa. que ainda que
tão em seus pnnci-
grandíssimo; achei este negocio
se tinha disposto tao im-
pios, e a forma em que
não poderia mtrodu-
praticavel que me persuadia a segun-
rir-se nem ser tão promptamente effectiva e
da em que se vencerem notáveis inconvenientes
se excede-
foi maior o do tempo: mas nesse breve
serviço a
ram as forcas. Não fará V. Sa. pequeno
forem os do-
El-Rei meu Sr., se na frota que vem
beneficio
nativos dos dous annos: nem será pouco
-39-

mas
desse povo abater-se-lhe a parte que pretende: man-
reparo de se não
acho-lhe muitas duvidas no se uao
dar alguma cousa na frota passada: porque
da impossibilidade
ouvem tão facilmente as razões
representando a
faltando, como as de contribuição
se padecem donde
impossibilidade: quando as que
senão reme-
se pretende, não admittem desculpas, expen-
dios Se para a variedade que V. Sa. tem
valer a que
mentado na forma de se contribuir
a envio a V. Sa. mas
aqui se assentou; com esta
como ordem
não para V. Sa. a fazer estabelecer
de V. Sa. a mandar
minha: senão para arbítrio
intervenção da Ca-
observar, se lhe parecer (com
nessa Capitania m-
mara, e povo) que não haverá
que
convenientes que a façam menos praticavel
mais conforme,
nesta, donde se tem assentado pela
o maior acer-
e mais igual. V. Sa. rV.seguirá sempre
I
to Guarde Deus a Sa. muitos annos Bahia e
de V. Sa.
Setembro 3 de 1664. Maior servidor
O Conde de Óbidos.

1664
Pedro
Carta para o Governador
de Mello.
acerca das
Veio o que V. Sa. me representa havia nessa
livrai, que se lhe pedem estylo que a
do Sargento-mor «a, -o
praça,' , petição
Bem eu que V. Sa. ti esse ta
Vasques. quizera
que tivesse
ta Fazenda Real que poder despender
Sa. o fazei . masn
eu muito que dispensar em V.
se acha, occasn
impossibilidade em que essa praça
— 40-

continuem os estylos de
na a de se permittir que se
V. Sa. nem eu nos
Salvador Corrêa, com qne nem
Sa. se sirva haver por
devemos accommodar. V.
ao gosto que
bem de que prefiram estes motivos
cm tudo tenho de o dar a V. Sa.
foi para An-
O Mestre do Patacho que daqui
de que V. Sa. me faz aviso em carta de 18
gola, V. Sa.
de Julho, fica muito á minha conta para que mais
V. Sa,
seja servido, c conheça elle que pode
a V. Sa. mudos
na Bahia qne no Rio. Guarde Deus
Maior servidor
annos. Bahia e Setembro 3 de 1664.
de V. Sa.
O Conde de Óbidos.

1664

Carta para o Governador Pedro


de Mello, acerca do papel sei lado.
de
Vejo o que V. Sa. me escreve em carta
e di-
11 de Junho próximo acerca do papel sellado,
O mesmo
nheiro que delle resulta nessa Capitania.
aqui.
inconveniente que V. Sa. aponta se padece
é necessa-
Impossível é rubricar o Chanceller o que
manda
rio para todo o Estado. E por esta causa, se
.se
aqui vender sem rubrica, por um assento que
v - a todas
fez de que resultou um Alvará que mandei
se
as Capitanias do Estado. Depois se dispoz que
vendesse, preferindo sempre (por evitar suspender-
da era
se o curso dos negócios na falta de papel
corrente) o da mais antiga, para que successiva-
meu
mente se vá gastando sem embaraços. A El-Rei
Sr. tenho dado conta desta matéria: e representa-
o di-
do também o que é servido resolver sobre
-41 —

na falta das le-


ribeiro que ha, e se for fazendo,
a Portugal. Sem
trás em que é servido se remetta
a V. Sa. o de
expressa ordem sua, não aconselho
o approvo. V. Sa. em
arrisco no Galeão: nem eu
Deus a V. Sa. muitos
tudo acerta sempre. Guarde
1664. Maior servidor
annos. Bahia e Setembro 3 de
de V. Sa.
O Conde de Óbidos.

1664

Carta que se escreveu aos Offi-


Se-
ciaes das Câmaras da Villa de São
bastião, e aos da Ilha Grande acerca
do donativo.
e ain-
Vi a carta que V. Ms. me escreveram,
a seu parecer jus-
da que todos têm fundamentos
no lançamen-
tificados para procurarem diminuição
e certo que
to que se fez á Villa em que habitam,
com a das ou ras,
comparando-se a sua necessidade
sua Vdla c maior
não de achar os outros que a da mandei
O donativo é indispensável. A memória que
Capitanias ul-
do que tocava a cada villa das duas
a «formai*»
timas do Sul, se fez aqui precedendo
des.,
de todas as pessoas mais intelligentes, ;
e de mais livres no ,cas de todo
sadas, religiosas ^
alterando o que
e não se pode cada anno andar
disposto. Pelo que
uma resolução tão consultada ha
lhe toca po
V. Ms. tratem de a executar pelo que ,u cpre-
se pode deferir ao
que de nenhum modo Bahia c Setembio
tendem. Guarde Deus a V. Ms.
3 de 16M' 0 '
Conde de Óbidos.
— 42-

1664

Carta que se escreveu a Diogo


Carneiro da Fontoya.

leio sempre as
Com particular contentamento
acho sempre muito
Cartas de V M. E nessa fé as
nas que me es-
breves, ainda que V. M. se dilate
remetterei
neve A que vem para minha comadre
e recommen-
na primeira occasião com o cuidado
dação que V. M. me faz.
Manuel Nunes
Com esta envio essa carta para
das minas
Figueira se abster de todo o exercicio
lhe havia concedido.
que pelas minhas provisões cargo deV.M.
Não se entendeu que prejudicava esse
con-
Infira V M. se occupandoo o meu compadre
lh'a
sentira eu diminuir-se-lhe a jurisdição quando
o amo.
desejo ampliar, e mostrar em tudo quanto
me deu
O Capitão Manuel da Costa Muniz
do seu sol-
couta se lhe não havia pago um resto
limitado, so-
do de reformado que é bastantemente
Eu lhe es-
brc que já lhe enviei ordem de cobralo.
está alcan-
crevo c recommendo a V. M. Sei que
mais apertada recom-
çado e que não é beneficio Guar-
mendação que sabe V. M. estimarei lhe acudir.
de Deus a V. M. muitos annos. Bahia e Setembro
8 de 1664.
ii L|
O Conde de Óbidos.
43 —

1664

Carta para o Administrador da


Capitania do Rio de Janeiro.
deu no-
O Padre Provincial de São Bento me
dando-me o pa-
tida de V. M. me haver escripto
e sentir não
rabem de minha vinda a este Estado,
as acções
ter resposta minha. E agradecido a ambas
deu a carta nem
seguro a V. M. que se me não o
estou lembrado do Mestre da embarcação que
não sei faltar
Provincial me diz a trouxera: porque
ou menor
á correspondência dc qualquer affecto,
e sendo a do
demonstração que commigo se usa;
estimação, pode sei
de V M. tão digna de toda a V.M.
offensa minha duvidar-se não experimental-a.
dê muitas occasioes
o tenha assim entendido; e me
acreditar muito a
de o servir: porque todas hão de
as desejo (Juar-
confiança que V. M. fizer, do que
Bahia e Setembro
de Deus a V. M. muitos annos.
3 de 1664.
O Conde de Óbidos.

1664

Carta que escreveu o Governador


Janeiro Pe-
da Capitania do Rio de
de Óbidos
aro ie Mello ao Sr. Conde
Vis\o-Rei deste Estado.

todas as cartas de V. Exa. de 20 de Fe-


Recebi
Atai, ord ns que
vereiro, 17 de Março e 7 de
Sua Magestade as
V. Exa. «ne fez mercê mandar de
me fez mercê
mais das quaes Sua Magestade
-44-

sellado
metter faltando-me somente a do papel
Sobretudo defiro a V. Exa. com cartas particulares,
Capitão-
sobre o que agora se me offerece. As do
meu Ir-
mor de São Vicente remetto logo. As de
foram
mão cpie V. Exa. me faz mercê remetter-me
Frio
entregues. Sobre a Capi.tania-.mor de Cabo
de
fico de accordo e não fiz repugnar a ordem
havia
V. Exa. senão dizer-lhe o que até agora se
observado que aquella jurisdição não dá autoridade
a esta Capitania, gosto, ou lucro, nem eu destas
três cousas quero outra cousa mais que ser subdito
em
de V. Exa. e obedecer suas ordens, e dar-lhe
tudo gosto como sempre desejei fazer, e procurarei
executar, porque ser mandado por V. Exa. é a
maior honra de que eu me preso e a que mais sem-
mim entendeu
pre desejei como-V. Exa. sempre de
e experimentou e eu em V. Exa. a mercê e honra
a mim e a meus Irmãos pelo que não ignoro que a
esse logar não podia vir quem mais me autorizasse,
nem a este quem mais desejasse servir a V. Exa.
e o amasse; com que tenho dito a V. Exa. o que se
me offerece neste negocio e que em toclos os que
forem servir a V. Exa. o farei sempre como devo
a quem Deus me guarde. Rio de Janeiro e Junho 10
de 664. Maior Caiptivo de V. Exa. — Pedro de
Mello.

1664

Carta para Manuel Nunes Figuei-


ra.

Todas as provisões que V. M. levou minhas to-


cantes ás minas dessas Capitanias (que passei por
45

não entender prejudicaram ao cargo de Provedor


,1a Fazenda Real do Rio de Janeiro) ficam por esta
causa sem vigor algum. V. M. não use mais dellas:
nem exerça acto algum de jurisdição que de algum
modo toque ás mesmas provisões. E esta ordem se
for necessário se registará donde tocar. Guarde
Deus a V. M. Bahia e Setembro 3 de 1664.
O Conde dc Óbidos.

1664

Carta para o Capitão-mor da Ca-


Brás do
pita n ia do Espirito Santo
Couto de Aguiar.

El-Rei meu Sr. se serviu prover a Diogo de


V. M.
Seixas Barraca que esta carta ha de dar a
do posto de Capitão-mor dessa Capitania pela pa-
feito
tente que me presentou, da qual consta haver
suas Reaes mãos. Pelo
pleito, e menagem delia em
a fez nas minhas,
que hei por levantada a V. M. que
V. M. receber
pela mesma Capitania: e tanto que
esta lh'a entregue com todas as ordens, e Regimen-
e es-
tos que lhe enviei e levou para seu governo:
como é obrigado.
pero procederá em sua execução 19 de
Guarde Deus a V. M. Bahia e Fevereiro
1664.
O Conde de Óbidos.
46

1665

Carta para o Capitão-mor da Ca-


pitania de São Vicente acerca dos
100$ da Câmara da Villa de Nossa Se-
nhora da Conceição, ou o Provedor
da Fazenda Real delta, em ausência
do Capitão-mor.

Os Officiaes da Câmara da Villa de Nossa Se-


nhora da Conceição da Condessa do Vimieiro se
me queixam que haveudo-lhe o Governador Francis-
co Barretto meu antecessor mandado restituir pelos
Officiaes Reaes dessa Capitania cem mil reis, que
se lhe estavam a dever, de uma contribuição que os
moradores da mesma Villa haviam offerecido para
o serviço Real em certa oceasião que não tivera ef-
feito; o não conseguiram pedindo-me que confir-
mando a provisão do mesmo Governador, cuja co-
pia me remetteram, lh'os mandasse pagar logo, ou
descontar cada anno nos 8$ que se lhe acerescenta-
ram para o dote da Sereníssima Rainha da Grani
Bretanha, e paz dc Hollanda, emquanto ficassem sa-
tisfeitos os ditos ÍOOS. E vista a dita provisão, e
ser tão justificado o requerimento que fazem: tan-
to que V. M. receber esta faça dar inteiro cum-
primento ao que nella ordenou Francisco Barretto
para que com toda a pontualidade fique a Câmara
da Villa da Conceição restituida daquella quantia ti-
rando-se o dinheiro da mesma parte a que se tiver
applicado, ou seja da Fazenda Real ou da dos mo-
radores em cujo beneficio se tiver despendido. E
esta resolução guardará V. M., e fará guardar in-
violavelmente, e sendo necessário constar delia, a
— 47-

mandará V. M. registar esta aonde tocar para des-


carga da pessoa que entregar o dito dinheiro. Nosso
Senhor etc. Bahia e Abril S de 1665.
O Conde de Óbidos.

1665

Carta para os Officiaes da Ca-


mara da Villa de Nossa Senhora da
Conceição.
-requeri-
Vi a carta de V. Ms. e deferindo ao
mento dos 100$ que estão devendo aos moradores
dessa Villa os Officiaes Reaes de São Vicente: Or-
deno pela carta que será com esta ao Capitão-mor
faça
daquella Capitania que logo com effeito lh'os
tão
restituir, no que não haverá duvida, por ser
o que pela
insto o que V. Ms. pretendem, como
se dispunha.
provisão que V. Ms. me enviaram a
No abatimento dos 8$ que se accrescentaram
do
essa Villa não ha que deferir, porque a cobrança
e
dote da Sereníssima Rainha da Grani Bretanha
paz de Hollanda, o não peimitte.
E menos é admissível o que V. Ms. propõem,
acerca de servir o Juiz mais velho de Ouvidor, por-
em cada Villa
que se seguiria a esse exemplo que ha
haveria um. Na Capitania de São Vicente o
é daquella ju-
provido por mim, e se essa Villa outra
risdicão é escusado o requerimento: se de
do
Capitania e essa está sem Ouvidor, com aviso
etc.
Capitão-mor delia o mandarei. Nosso Senhor
Bahia e Abril 8 de 1665.
O Conde de Óbidos.
48-

1665

Carta para o Governador do Rio


de Janeiro Pedro de Mello a favor de
Agostinho Borbulha Bezerra.

Agostinho Barba lho Bezerra, a quem El-Rei


meu Sr. se serviu fazer mercê de vários despachos,
e encarregar differentes negócios, e oecupações nes-
sas Capitanias do Sul, me presentou aqui as provi-
soes. A duas só puz o cumpra-se, por serem as
únicas qüe falavam commigo. E porque as mais hão
de ter o effeito, na forma que El-Rei meu Sr. dis-
põe; e a dependência delle toca immediatamente
a V. Sa. nessa Capitania, e aos Capitães-mores fias
outras: me pareceu dizer a V. Sa. que faço tanta
estimação deste sujeito que todo o bom successo
que vir em suas cousas, será mui parecido ao animo
com que lh'as desejo. E como a esta vontade se
une tão principalmente a obrigação do serviço Del-
Rei meu Sr. e nelle constuma V. Sa. dispor sempre
os maiores acertos, tenho por sem duvida que com.
o favor que V. Sa. der a tudo o que Agostinho
Barbalho houver mister para conseguir a empresa
das minas, e lograr o despacho das mercês que
leva, ficará El-Rei meu Sr. servido muito como con-
vem, em um negocio tantas vezes tomado entre
mãos, c tantas sem se ver dellas mais que os de-
senganos de suas mesmas esperanças. A que eu te-
nho nesta oceasião, é ser este sujeito tanto para os
segurar com a sua actividade como V. Sa. com o
cuidado de o mandar assistir na forma das ordens
de Sua Magestade com tudo o que ellas dispõem
e o zelo de V. Sa. na execução das mais árduas,
-49-

costuma facilitar. E ainda que as provisões não


levam cumpra-se meu V. Sa. as execute pelo que
lhe toca; advertência que faço a respeito da or-
dem que V. Sa. tem para me serem todas as Del-
Rei meu Sr. primeiro presentes. V. Sa. me não te-
uha ocioso em seu serviço porque saberei mostrar-
lhe em qualquer oceasião que perde as que não fia
do meu desejo. Guarde Deus a V. Sa. muitos an-
nos. Bahia e Abril 1 de 1665.
O Conde de Óbidos.

1665

Carta para o Capitão-mor da Ca-


de
pitania do Espirito Santo a favor
Agostinho Barbalho Bezerra.

Agostinho Barbalho Bezerra, a quem El-Rei


meu Sr. se serviu encarregar varias provisões to-
cantes ao descobrimento das Minas das Capitanias
do Sul, ha de executar nessa o (pie convier a este
fim. E porque nella está uma ordem minha para
meu
se não dar cumprimento a nenhuma Del-Rei
Sr. ou de Donatário sem eu lhe por o cumpra-se;
sem
me pareceu dizer a V. M., e ordenar-lhe, que
de
embargo de não levarem as provisões e patente
mercê cumpra-se de
que El-Rei meu Sr. lhe fez
minha mão, V. M. as deixe executar livremente.
E para o effeito se conseguir como Sua Magestade
Oi-
dispõe, lhe dê V. M. na forma de suas Reaes
nellas se
dens, todo o favor, ajuda, e o mais que
declarar, com o cuidado, e diligencia que pede
tao empe-
matéria de tanta importância, e em que
-50 —

nhada vae a conveniência do serviço Del-Rei meu


Sr. e beneficio de seus moradores, o que hei por
muito encarregado, e recommendado a V. M., pela
Agostinho Bar-
parte que lhe toca, no que o mesmo
balho ahi ha de obrar. E do que V. M. fizer neste
Nos-
particular me dará conta para o ter entendido.
so Senhor etc. Bahia e Abril 4 de 1665.
O Conde de Óbidos.
E nesta forma se escreveu também aos Capi-
tães das Capitanias de Cabo Frio, São Vicente e
Parnahiba.

1665
Carta para o Capitão-mor da Ca-
piiania do Espirito Santo, sobre o do-
nativo.
Da carta que será com esta para os Officiaes
da Câmara c elles mostrarão a V. M. se fica en-
tendendo bem o defeito que teve o donativo do
anno passado, e a importância de se cobrar neste
tudo o que delle pertence ao mesmo donativo, e o
resto que importa o pau Brasil que aqui se não ac-
ceifou: paira uma e outra cousa ir infallivelmente
nesta frota que ora chegou. E como não traz mais
que quarenta dias de demora, V. M. applique, e aju-
de aos Officiaes da Câmara de maneira, que se co-
bre, e remetta tudo a este porto, tanto a tempo que
por nenhum acontecimento fique nessa Capitania,
nem nesta praça, por chegar tarde cousa alguma
desta cobrança, que ihei mui encarregada a V. M.
a quem Deus guarde. Bahia e Maio 15 de 1665.
O Conde de Óbidos.
-51

1665

Carta para o Provedor da Fa-


zenda Real da Capitania do Espirito
Santo.

Vi a carta que V. M. me escreveu acompa-


uhando o dinheiro do cunho que tocou a essa Ca-
nella me dá, de não ter a
pitania, e a conta que
Fazenda Real com que assistir ao Ajudante, Alfc-
res, e Capitão de Artilharia; pedindo-me, mau-
dasse dispor o que conviesse para serem soccorri-
o
dos. O Ajudante que foi a buscar o dinheiro
entregou: e quanto á falta da Fazenda Real parti
a
o soccorro dessas três praças: não deve esta ser
esse aperto; siga
primeira vez que se experimentou
V. M. e os Officiaes da Câmara neste caso, o que
em outros semelhantes se tiver ahi praticado, por-
estejam serviu-
que não é justo que esses homens or-
do sem ter de que se sustentem, e é estylo bem
a
dinario em toda a parte supprir o Povo o que
os
Fazenda Real não pode para conservar a quem
15 de
defende. Nosso Senhor etc. Bahia e Maio
1665.
O Conde de Óbidos.

1665
Fon-
Carta para Diogo Carneiro
da
toura Provedor da Fazenda Real
Capitania do Rio de Janeiro.
não foi pouca
Chegou o correio dos dízimos, e
lançasse.
dita da Fazenda Real haver quem nelles
V. M, a ti ata.
Muito se deve ao cuidado com que
-52-

As propinas não são más em assucar: mas mui-


to melhor as estimarei em ouro. Particular gosto
á
me dará V. M. se nesta espécie as remetter
a
Condessa, levando as ausências, em outra parte
meus procuradores para lh'o enviarem; porque fi-
cará assim luzindo melhor o affecto com que V. M.
me solicita toda a conveniência que desejo, e eu
nisto folgarei experimentar. Bem ridícula é a noti-
cia que V. M. me dá do Capitão-mor do Cabo Frio.:
brevemente mando dar remédio a seus disparates.
Nos navios da frota, que devem ter chegado,
supponho haver V. M. tido mui boas novas de sua
casa, e nessa fé lhe dou o parabém, e peço me dê
muitas occasiões em que eu não tenha ociosa esta
boa vontade que V. M. me deve. Guarde Deus \\ v
V. M. Bahia e Maio 15 de 1665.
O Conde de Óbidos.

1665

Carta para o Governador da Ca-


pitania do Rio de Janeiro Pedro de
Mello, com novas da índia, e Galeão
Populo.

A este porto chegou uma Esmaca de Pernam-


buco, por cuja via tive carta de meu primo Dom Pe-
dro de Lencastre que ficava em Angola com o Ga-
leão Nossa Senhora do Populo, em que arribou sem
leme, e sem gente a Moçambique vindo da índia:
e por eu ter esta noticia p mandei soccorrer com um
Patacho que aqui tinha vindo de Gôa: avisa-me que
era tão miserável o estado em que o Galeão se
53

em
achava, que a não ser o meu soccorro parecera
Bahia
Moçambique. Cada instante o espero nesta
O
donde vem a reformar-se de mastros, e querena.
Patacho passa á índia: bem nova cousa naquelles
mau-
mares, indo do Brasil. Dom Francisco de Lima
elle vae
dou uma naveta, que fica em Pernambuco, e
donde é certo que chegará
por terra para Lisboa,
a mulher na índia. São as
primeiro. Falleceu-lhe dei-
novas que posso dar a V. Sa., e mão é pequenas
mas
xar-se vir embarcação do Recife para a Bahia:
de
devia de ser privilegio das cartas de um navio
direi-
Angola, e caravella de Lisboa: que vindo em
aquelle.
tura para este porto, qui/.eram arribar a
e. Maio
Guarde Deus a V. Sa. muitos annos. Bahia
15 de 1665.
O Conde de Óbidos.

1665

Carta para o Governador do Rio


de
de Janeiro Pedro de Mello, acerca
varias matérias.
nesta
Com varias cartas de V. Sa. me acho
as que
occasião; e quanto mais repetidas forem
estimação
eu tiver de saber de V. Sa. será maior a
de as grangear.
que de todas faça; e o cuidado
despedaçada
A Armada chegou a Portugal,
tonnen-
com uma grande tormenta; esta frota sem
recolhidos
ta nos vem chegando a pedaços. Estão
a Capi-
neste porto cinco navios, os mais vêm com
Sa. porque
taina. Do Reino não dou novas a V.
ter do que
u Ar \t Qo ió de, xci, esta ene-
primeiro as ha de V. sa. ia cie i
não vir o Galeão por
gue. Dizem vae ordem para
54

esta escala: passará sem o gosto que eu teria de


ver uma obra, que só o zelo, e actividade de V. SaA
pôde consummar.
Cuido ter V. Sa. por successor, meu Irmão
Dom Pedro como V. Va. me avisa fora consultado.
O maior gosto que o Brasil me pode dar é ver
nelle a V. Sa. e estar donde mais perto experimen-
te V. Sa. .quanto o desejo servir.
O milagre de haver quem lançasse nos dízimos
V. Sa. o fez sem duvida: porque entendo que se-
riam mais efficazes as diligencias de V. Sa. para os
fazer crescer que as impossibilidades da praça para
desanimar aos contractadores. Sempre donde V. Sa.
assiste costuma El-Rei meu Sr. ser bem servido.
Guarde Deus a V. Sa. muitos annos. Bahia e
I Maio 15 de 1665.
O Conde de Óbidos.

1655

Carta para o Administrador do


Rio de Janeiro Manuel de Sousa de
Almada.

Com particular gosto recebi esta primeira oc-


casião de o dar a V. M. no despacho da petição
que me enviou a offerecer acerca dos coadjutores
da Villa de Santos e mais Capitanias do Sul. Mas
como os que tocam á Fazenda Real se não podem
dar sem preceder a informação de seus Ministros,
se impossibilitou o meu desejo com o que dirão na
mesma petição que com esta remetto a V. M. O es-
tylo a que o uso perpetuo, e as Ordens Reaes, em
que se fundam, fazem immutaveis se não podem ai-
55

terar com razão alguma por mais justificada que


seja sem expressa resolução Del-Rei meu Sr. Mas
a quei-
para que de algum modo se possa attender
xa dos coadjutores patrocinada com o favor de
V. M.: se sirva V. M. mandar certidão da distan-
cia que ha de Igreja a Igreja em que elles são pro-
vidos, e a nomeação de cada um delles para que
conste aos Officiaes Reaes que se proveram confor-
me a provisão allegada: e depois de cada coadju-
tor destes ficar lançado na folha para por ella lhe
satisfazerem os ordenados os Officiaes da Fazenda
daquella Capitania (que de outra maneira o nem
devem nem podem fazer) ainda que depois vaguem
as taes coadjutorias, não necessitam de vir cá as
nomeações que V. M. fizer nos sujeitos em que as
na folha; porque a
prover para haverem de ir
folha não satisfaz a pessoa provida senão ao offi-
cio que ha. E constando o referido não fica pa-
de
decendo duvida o intento de V. M. E a todos os
certo
seu serviço em que eu possa ser officioso é
deve.
não hei de faltar ao animo que V. M. me
e Maio
Guarde Deus a V. M. muitos annos. Bahia
20 de 1665.
O Conde de Óbidos.

1665
do
Carta para o Administrador
Sousa de
Rio de Janeiro Manuel de
Almada.
do que
Vi o que V. M. me escreve acerca
con-
obrara para que o Ecclesiastico dessa Prelazia
e dote. e a
tribuisse algum donativo para as pazes
-56-

forma em que se resolveram o fizesse que era com-


prar os usuaes com o excesso que se lhe impoz. O
zelo de V. M. e do mesmo clero é mui digno £le
toda a estimação: mas o modo de contribuir é tão
indistincto que assim parece mais especulativo que
Real pois o clero não costuma comer e vestir nas
republicas por menos preço que o mais povo; e
para se separar o donativo que fazem do dos se-
culares seria justo seguir o exemplo do que o ca-
bido desta cidade pratica para o mesmo effeito que
é dar cada anno mil cruzados que todo o clero da
Bahia satisfaz dividido entre si proporcionalmente
a seus benefícios ou possibilidades. Assim creio que
será mais conveniente o ordene V. M. para que fi-
que mais luzido na sua disposição o effeito da li-
beralidade com que espero concorra o clero 'M. por
essa Prelazia á execução da carta que V. teve
Del-Rei meu Sr. a quem darei conta do que V. M.
lhe merecer neste serviço. Para o de V. M. estarei
sempre mui prompto. Guarde Deus a V. JV\. muitos
annos. Bahia c Maio 20 de 1665.

O Conde de Óbidos.

1665

Carta do Governador da Capita-


nia do Rio de Janeiro Pedro de Mello.

Havendo respondido a V. Sa. por via do Es-


pirito Santo as ultimas cartas suas, que pela mes-
ma via me chegaram, recebi a que me deu O' Capi-
tão João Vieira de Moraes, de cuja privação, e pro-
vimento do aggravo, ele que V. Sa. me dá conta, me
- 57 —

não espanto; porque todas as acções deste governo


são hoje mui odiosas ao Conselho Ultramarino. Obe-
decer aos acertos de seus Ministros é o que hoje só
convém para El-Rei meu Sr. ser bem servido.
Com admiração ouço a nova que V. Sa. me dá
de affirmarem os Inglezes arribados, deixarem em
Moçambique a Antônio de Mello de Castro, por não
haver dado noticia alguma de que se suppunha a
naveta que fica em Pernambuco. Por horas espero
aqui meu primo Dom Pedro de Lencastre, que (como
Angola; por beneficio
já escrevi a V. Sa.) ficava em
do soccorro que alli lhe enviei, sem o qual, me se-
gura se perdera o Galeão.
O que ahi se fez considero na volta de Portu-
aqui me dizem levava
gal, segundo as ordens que
a nau Patatiba. Quanto podem os brios de Salvador
Corrêa; e mais quando nesta frota, não vciu mais
navio de guerra que a tapitaina, e ò Galeão mão
deve levar artilharia, nem gente capaz a defendel-o
as
de quem lhe perder o respeito, e chegar a medo-
forças, sempre menores, donde é maior a grandeza.
fazer
Por todo o favor que V. Sa. se serviu
a
ao encommendado da Condessa, beijo mil vezes
annos.
mão a V. Sa. a quem Deus guarde muitos
Bahia e Maio 20 de 1665.
O Conde de Óbidos.

1665
Carta para o Governador da Ca-
Janeiro Pedro de
pitania do Rio de
Mello.
lhe não
Chegou finalmente o Galeão em que
tez lu-
considerei maior grandeza, que a que nelle
-58

zir o zelo e empenho de V. Sa. a cuja actividade


é certo se deve estar hoje na Bahia. Leve-o Nosso
Senhor a salvamento a Portugal, que não será pe-
Del-Rei, meu Sr. ven-
queno o effeito da felicidade seu
cedora sempre dos maiores inconvenientes de
a
Real serviço, e das disposições mais contrarias
seu acerto. João Corrêa de Sá me diz se quer
ir fora da Armada; por uma ordem que aqui achou
de Sua Magestade para o fazer, a que eu puz o
cumpra-se mas não a um despacho simples que me
offereceu do mesmo Sr., para se lhe darem aqui
do dote, e paz, se
quatro mil cruzados do donativo
nesse Rio os não tivesse recebido. Não sei em que
se resolve; porque os juízos muito agudos, nunca
são muito constantes.
Chegou também o Galeão Populo com meu Pri-
mo Dom Pedro de Lencastre, e o Conde de Villa
Pouca: e se foi grande o milagre de sair de Mo-
lhe e,n-
çambique por meio do soccorro que daqui
viei, e depois de haver arribado a Angola reco-
lher-se a salvamento nesta Bahia foi muito maior o
fun-
que dentro nella experimentou; porque dando
do com a única ancora que trazia a tempo que eu
chegava a elle para dar um abraço a meu Primo, a
perdeu, e se fez á vela; sobreveiu uma grande tem-
pestade, que se fez maior com a noite; e chegou a
desesperação dos Pilotos vendo-se quasi sobre uns
baixos que ficam da parte de Taparica, a fazer elei-
ção da parte donde iriam naufragar; e posso affir-
mar a V. Sa. que não aproveitou pouco a meu Pri-
mo correr eu dentro na nau com elle a mesma tor-
menta, e com evidencia mostrou Deus que seu fa-
vor, e nossa industria dos homens o livrou da-
quelle perigo.

L
-59-

Está lançado bando para partir a frota a S


de Jiulho: mas a perplexidade do preço dos assu-
cares que não acabam de assentar entre a esperança
dos donos que por haverem feito pouquíssimos, os
querem reputar com excesso, occasiona alguma de-
mora: mas como a carga não é muita facilmente se
recebe.
Tenho dado a V. Sa. as novas que posso da
Bahia. V. Sa. se sirva dar-m'as de sua saúde e seu
serviço porque o gosto com que receber umas, e ou-
trás se iguale ao cuidado com que a desejo. Guarde
Deus a V. Sa. muitos annos. Bahia e Junho 22 de
1661. Ouvi que tinha V. Sa. casado uma filha de
duvidar
que lhe dou os parabéns e não pode V. Sa.
e
que desejo ver em sua casa grandes augmentos
felicidades. Maior servidor de V. Sa.
O Conde de Óbidos.

1665

Carta para o Provedor da Fazen-


da Real da Capitania do Rio de Ja-
neiro Diogo Carneiro da Fontoura.

Vi o que V. M. me escreve acerca dos assuca-


e paz
res que vêm por conta do donativo do dote,
e
de Hollanda tocantes á Capitania de São Vicente
Ingle-
autos que se fizeram das entradas dos navios
zes, que foram resgatar á Ilha de São Lourenço,
o ta-
e se fizeram (sic) refazer a esse porto. Todo 'me-
nos
voir que se lhe fez foi muito justo pelo que
rece aquella nação, O Provedor-mor deve remetter
os papeis em forma para descarga de V. M.
todas
V. M. se quer empobrecer com passar
-60-

minha casa.
as marmelladas do Rio de Janeiro para
eu. Se
Estes rapazes desejam muito os desempenhar
vontade á
houver cousa que possa passar da minha
lhe
experiência de V. M. a terão elles do muito que
desejo dar esse gosto.
O Galeão é mui galhardo. Livre-o Deus de to-
dos os perigos que em cada consideração lhe acho,
e guarde Deus a V. M. muitos annos. Bahia e Ju-
nho 22 de 1665.
V. M. na primeira occasião que se offereça para
Portugal remetta a minha propina no gênero que
lhe parecer dará mais utilidade, á Comdessa: e em
caso que haja duas embarcações divida o risco em
ambas.
As laranjas são bellissimas de que dou a V. M.
as graças conhecendo que ainda é melhor o bom
animo, e vontade (pie lhe devo. Compadre etc.
O Conde de Óbidos.

1665

Caria para os Officiaes da Ca-


mata do Rio de Janeiro com a copia
da provisão sobre os Engenhos.

Vi a carta que V. Ms. me escreveram em 15


de Abril pcdindo-me a copia aiuthentica da provisão
que El-Rei meu Sr. se serviu conceder a esta ei-
dade, para os donos dos Engenhos, e lavradores
não serem penhorados em suas fabricas: e ainda
que ahi se não deve praticar por ser expressamente
concedida á Câmara desta cidade, pode a dessa im-
petral-a a seu exemplo e terem ahi os acredores ai-
gum respeito a este favor com que El-Rei meu Sr.
-61-

c fazendas deste
pretende conservar os Engenhos
Estado: pois nesses militam as mesmas razões que
foram o fundamento aquella concessão e eu estima-
rei ver todas as felicidades a esse povo. Quarde
Dous a V. Ms. Bahia e Junho 19 de 1665.
O Conde de Óbidos.

1665

Carta para os Officiaes da Cama-


ra da Ilha de São Sebastião acerca da
Villa que fundou Manuel de Faria Do-
ria.

Vi a carta de V. Ms. escripta em 4 de Junho


deste anno acerca da Villa que fundou, Manuel de
Faria Doria. E por não vir mais que a queixa sim-
V. Ms. fazer um
pies se lhe não deferiu mandem
auto por que conste o que representam. E de minha
Doria, Capi-
parte se notifique, a Manuel de Faria
tão-mor e Ouvidor presentem os documentos e po-
deres que têm para fundar Villas. E tudo remettam
V. Ms. ao Procurador da Coroa digo ao Secre-
tario do Estado para que com inteira noticia da
matéria se tome a resolução que parecer justa. Guar-
de Deus a V. Ms. Bahia e Outubro 13 de 1665.

O Conde de Óbidos.
62 —

1665

Carta para Diogo Carneiro da


Fontoura Provedor da Fazenda do Rio
de Janeiro.

Recebi a carta de V. M. de 24 de Setembro,


e vejo quanto me diz acerca dos procedimentos de
feitos autos, e m'os
Joseph Varella do qual havia
remetteria na primeira occasião. Na snpposição de
igo-
que donde V. M. é ministro, e governa quem
vertia essa praça tudo é acerto do serviço Del-Rei
meu Senhor entendo que os autos o hão de justi/i-
car assim. Não sei se os suecessos, que o Va-
rella teve dará a V. M. os mesmos enfados por-
o
que elie me pareceu sujeito quasi o mesmo que
outro. Tão advertido anda o Ultramarino em pro-
Ver tudo o que ha no Brasil que só repara em
o cuida-
prover e não nos providos. Também vejo
do com que V. M. ficava sobre me remetter as pro-
sei
pinas em nada que toque a minha conveniência
eu que V. M. perderá instante de obrigar^me. As ca-
lamidades do tempo digo as calamidades que esta
praça fica padecendo são maiores que seu encareci-
mento, Até as Baleias deixaram de entrar como
era estylo da natureza, ou tempos que atrazaram a
esta Bahia com a sua falta não ha azeite de pe^ce
e por elie se suspendera o concerto da nau Populo
cuja querena se não poderá dar sem muitas pipas.
V. M. tanto que receber esta despache logo uma
I embarcação com vinte pipas por conta da Fazenda
Real desta praça cujo risco hão de correr. E.o Pro-
vedor-mor delia dirá a V. M. os effeitos de que ha
de mandar se dar a satisfação. A brevidade é de
63

tanta importância como o mesmo gênero. Ao zelo de


V. M. não tenho que lembrar uma cousa nem outra
a diligen-
porque o considero mais activo que toda
cia que eu nisso poderá pôr. Mande-me V. M. mui-
ias novas suas e em que o sirva porque o desejo
como V. M. me merece. Guarde Deus a V. M. mui-
tos annos. Bahia e Dezembro 18 de 665. Tendo
V. M. cobrado o ouro da propina e offerecendo-se
oceasião para este porto que é certo a haverá com
os azeites im'o envie V. M. porque terei melhor em-
barcação para o remetter na nau Popubo em que ha
de ir meu primo ou na capitanea da junta. Nos
não digo a
particulares de Agostinho Barbalho
V. M. mais que ter eu por impraticável tudo o que
as suas provisões dispõem. E espanto-me eu muito
como elle tratou das minas havendo-lhe eu dito que
emquanto V. M. tenha essa oecupação não podia
elle usar daquella Superintendência. Elle me escreve
seus
que de longe se haviam descoberto já pelos
exploradores as serras das esmeraldas mas eu creio
mais os desenganos que V. M. me dá de não ha-
ver no Brasil mais minas que o acenar que as espe-
ranças com que eu fico de as descobrir // Compa-
dre e amigo ,'/ O Conde de Óbidos.

1665

Carta para o Provedor da Fazen-


da do Rio de Janeiro digo para o Ou-
vidor delia.

Recebi a carta de V. M. de 15 de Setembro,


e vejo o que V. M. me diz acerca do Regimento
dar com
que El-Rei meu Sr. se serviu mandar-lhe
64

o cargo de Ouvidor Geral dessa repartição. Bem


creio quão benemérito V. M. seja de outros maiores
mas não se regulam as jurisdições pelas qualidades
dos sujeitos, senão pelas ordens dos Príncipes. A
carta de V. M. chegou a tempo que pelas incle-
mencias delle experimentadas ha mezes nesta praça
com bastantes calamidades se fecharam os Tribu-
naes e quasi cessaram até os negócios. Em se abrin-
do a Relação se verá o Regimento, e não prejudi-
cando elle a sua jurisdição sou mui pontual ob-
servante dos preceitos Del-Rei meu Sr. em cujo ser-
viço espero obre V. M. de maneira que seja a ex-
a outros
periencia de sua justiça melhor disposição
despachos que os muitos annos que V. M. se cançou
na Universidade para esse. Guarde Deus a V. M. Ba-
hia e Dezembro 18 de 1665. (*)

1665

Carta para Agostinho Barbalho


Bezerra.

Muito estimei a carta de V. M. por saber gosa


boa saúde que nestes tempos em que no Brasil ha
tão pouca não é pequena felicidade. Vejo o que
V. M. me diz acerca das minas e do< sal. Nas
minas cuidei eu se não occupasse V. M. (como aqui
lhe disse) emquanto Diogo Carneiro Fontoura era
Provedor da Fazenda no Rio de Janeiro por lhe to-
car a jurisdição dellas: Se todavia a jurisdição, digo
se todavia de V. M. for a dita de achar as esmerai-
das folgarei muito que para a diligencia de V. M.

(•) Não tem assignatura.


-65-

ouardasse a fortuna ver desmentida a incredulidade


to

dos que sempre as duvidaram. No sal do Cabo Frio


não ha que deferir porque supponho que a resolu-
cão que no Rio se tornou deve ser a mais acerta-
da. Guarde Deus a V. M. Bahia e Dezembro 18
de 1665.

1666

Carta para o Governador da Ca-


pitania do Rio de Janeiro Pedro de
Mello acerca do que pede Agostinho
Barbalho para as Minas de São Paulo.

Vejo o que V. Sa. me escreve acerca do que


Agostinho Barbalho pede, e V. Sa. lhe vae dando
para a jornada das Minas: e bem assim a copia da
carta, que El-Rei meu Sr. mandou escrever a
V. Sa. sobre o mesmo particular. E ainda que co-
nheço quanto as provisões e ordens Reaes se elevem
obedecer; todavia não me persuado a obrar contra
o mesmo que entendo: porque tudo isto de Agos-
tin-ho Barbalho é um embeleco: e vãs quantas pro-
messas ha feito das Minas: por cuja causa é certo,
não deve ser a tenção cie Sua Magestade que se
lhe pague soldos. Elle entra com pés de lã a pe-
dir o que consta do Rol que V. S. me enviou:
pouco a pouco se ha de querer ir introduzindo
nos soldos, que de nenhuma maneira convém se
lhe paguem. O que V. Sa. lhe tem mandado dar
té o presente se deve levar em conta ao Almoxa-
rife, debaixo da cláusula com que V. Sa. o mandou
despender de El-Rei meu Sr. o haver assim por
bem, ou se cobrar (em falta) da fazenda do mesmo
-66-

me disse a mim
Agostinho Barbalho: que se elle
razão e que se
fazia o descobrimento a sua custa,
se despenda a ra-
lhe não tire o merecimento, nem
ha de parar nos des-
zenda Real em um intento que
despachar-se por
enganos de não ter outro, que
assombrado o que
aquelle caminho, e não é mal
Sa. tem satisfeito
tem por fim Minas de Ouro. V.
até aqui tem
a carta de Sua Magestade no que
dê mais cousa
obrado: sou de parecer se lhe não
se nao
alguma, que já com o que tem recebido
V. Sa. deixar de ser o instru-
pode desculpar; nem se for
mento de todo o bom successo que tiver,
o hão sido
acaso mais feliz a-sua confiança, do que
as diligencias de Salvador Corrêa: impossível que
de Sua
só poderá vencer sem esperança a fortuna
concurso
Magestade: pelo que V. Sa. suspenda o
a
de tudo o mais, que lhe pedir. Guarde Deus
1666.
V. Sa. muitos annos. Bahia e Fevereiro 23 de
O Conde de Óbidos.

1666

Carta para o Governador do Rio


de Janeiro Pedro de Mello acerca de
mandar vir farinhas.

A todas as cartas que tive de V. Sa. fiz respos-


ta em quantas embarcações foram partindo. E ain-
da que todas são bastante demonstração do animo
I§. com que V. Sa. nos açode, não basta o reconheci-
mento do meu para o agradecer a V. Sa. muitas ve-
zes: porque a falta que esta praça padecia, e pa-
dece de mantimentos é excessiva: pelo que tudo o
será
que V. Sa. nos poder mandar de soccorro,
— 67 —

particular beneficio para este povo, e o não terão


pequeno, os que se interessarem em mandar vir
farinha e todo o gênero de legumes, porque com a
chegada da frota ha de ser maior a carestia. Não
ha noticia de novo de Portugal; as da saude de
V. Sa. e de muitas occasiões em que possa dar-lhe
Deus
gosto, são sempre as que mais desejo. Guarde
a V. Sa. muitos annos. Bahia, e Março 22 de 1666.
O Conde de Óbidos.

1666

Carta para o Capitão-mor Cipria-


no Tavares acerca de se lhe levantar
a homenagem.
Logo que V. M. receber esta carta, e o Ca-
a
pitão-mor Agostinho de Figueiredo lhe mostrar
patente por que El-Rei meu Sr. se serviu fazer-lhe
mercê dessa Capitania de São Vicente e São Paulo;
e ho-
por tempo de três annos, de que fez preito,
menagem em suas Reaes mãos, hYa entregue V. M.;
fez, em
que por esta lhe hei por levantada a que
virtude da minha patente, ou de outra qualquer;
manda-
por que antes estivesse servindo; por haver
do presentar a este Governo uma das vias do dito
a que puz o
provimento, na forma da ordem dada,
cumpra-se. Guarde Deus a V. M. Bahia e Março
23 de 1666.
O Conde de Óbidos.
68-

1666

Carta para o Prelado Administra-


dor do Rio de Janeiro.
forma
Recebi a carta de V. M. sobre a nova
digo acerca da nova forma que nessa Capitania se
V. M.
deu ao donativo do dote, e paz, e o que
sacer-
obrou para ficar assentado, o que tocava aos
du-
dotes do habito clerical dessa Diocese, e não
vido eu que ao zelo de V. M. e á sua prudência
deva em todas as occasiões grandes acertos o servi-
seculares terão
ço Del-Rei meu Sr. Os ministros
cuidado de o cobrar, e eu sobre o agradecer a
V. M. de não faltar a servil-o havendo cousa que
V. M. queira fiar desta vontade. Guarde Deus a V.
M. muitos annos. Bahia e Março ultimo de 1666.
O Conde de Óbidos.

1666

Carta para o Capitão-mor da Ca-


de
pitania de São Vicente Agostinho
Figueiredo.

Bem empregado ficou no merecimento de V. M.


o posto de que El-Rei meu Sr. se serviu, fazer-lhe
mercê. E espero eu que o procedimento seja tal
occupar
que mostre foi pequeno o logar para se
nelle.
Esta praça se acha com uma perpetua fome. O
é em
que encommendo a V. M. mais principalmente
e
primeiro logar a cobrança do donativo do dote
deste
paz, na forma das ordens que V. M. achar
69

ooverno: e em segundo mandar V. M. vir a esta


nraça todo o gênero de mantimentos que dessa Ca-
vir, com a brevidade possível, e
pitania costumam
com a maior abundância, que ser possa: porque so-
bre a falta que se padece delles ser tão geral, ahi-
da ha de ser mais excessiva com a chegada da frota
que por horas se espera.
Esta é a primeira diligencia que encarrego a
V. Al. e cuido, eu que .ha de ser ainda maior o
/cio com que V. M. lhe disponha o effeito, do
certifico a esses mora-
que é a mesma causa que eu
dores de ajudar a V. M., pois junto ao serviço
meu Sr. e ao be-
que V. M. e elles farão a El-Rci
neficio que este povo ficará recebendo de (pie não
terão pequena gloria, se lhes segue a utilidade pro-
os gêneros que
pria do bem que vendçrão todos
trouxerem.
E se houver cousa em que eu possa prestar a
V. M. não faltarei. Guarde Deus a V. M. Bahia e
Março 29 de 1666.
Com a morte-de Manuel Nunes Figueira a
todos
quem tinha encarregado ahi meus particulares,
ficam agora a cargo de João Soares Consciência.
Eu os hei por muito particularmente recommenda-
dos a V. M. para que tenham effeito as cobranças,
e possa conseguir facilmente a execução das minhas
ordens.

O Conde de Óbidos.
70-

1666

Carta para o Provedor da Ca pi-


tania de São Vicente André de Gois
de Sequeira.

Com o aviso que tive de ser fallecido Manuel


Nunes Figueira Provedor da Fazenda dessa Capita-
nia fiz eleição de V. M. para o mesmo cargo pelas
boas informações que tive de seu procedimento. Es-
de maneira
pero obre V. M. em suas obrigações
meu acerto, e o
que se enxerguem os effeitos do
merecimento de V. M. para outros maiores.
Nessas villas está bastante cabedal meu: era
nellas meu procurador Manuel Nunes. A pessoa que
agora nomeio encommendo muito particularmente a
V. M. para que em tudo o que depender de seu fa-
vor, e diligencia a cobrança, e seguimento de mi-
nhas ordens, V. M. o assista com todo o cuidado.
Guarde Deus a V. M. Bahia e Março 29 de 1666.
A pessoa nomeada é João. Soares Consciência
recom-
que nesse Patacho foi. E o hei por mui
mendado, e encarregado a V. M. para que lhe deva
todo o bom effeito e diligencia com que lhe der ex-
pediente em todos os meus particulares.
O Conde de Óbidos.

1666

Carta para o Governador do Rio


m de Janeiro Pedro de Mello.
A bellissimo tempo vêm chegando estes soccor-
ros que V. Sa. faz a esta cidade, porque af firmo
71

a V. Sa. que cada vez se sente mais a falta de


mantimentos. Em todas as que tenho escripto a
V. Sa. lhe hei significado assim. E a este respei-
to não tenho que repetir-lhe encarecimentos no fa-
vor que receberei em todas as diligencias que V. Sa.
fizer por nos mandar acudir com as farinhas, e mais
mantimentos de que essa Capitania me dizem está
tão abundante, e em que seus moradores não te-
rão pequeno avanço.
O Mestre deste Patacho entregou as dez pipas
de azeite por conta das 20. De novo não ha noti-
cia que possa dar a V. Sa. de Portugal. Das novas
da paz com Castella, e conjecturas de se effectua-
rem teremos brevissimamentc a certeza na frota que
daqui por diante esperamos por horas. E eu sem-
V. Sa. A quem Deus
pre por occasiões de servir a
Bahia e Março 29
guarde muitos annos como desejo.
de 1666. Maior servidor de V. Sa.
O Conde de Óbidos.

1666

Carta para Diogo Carneiro de


Fontoura.

Chegou o Patacho com as outras 10 pipas de


azeite. Já em resposta da carta com que V. M.
acompanhou as primeiras dez, lhe respondi que as
acceitava por conta da propina, por ser ouro (ja
que ahi o não ha) o que aqui o vale.
A fome se vae continuando: ao Governador
ordeno, e encommendo muito soccorra esta com to-
dos os mantimentos de que essa abunda. O mesmo
tenho dito a V. M. em todas, e o mesmo lhe re-
-72-

V. M. de sua parte trabalhe


pito agora para que
nesta matéria, com aquelle cuidado que costuma nas
de tanta importância, como a da vida de um povo,
depois dos perigos da morte em que tão geralmente
esteve.
Vejo quanto V. M. zela, e ama os acertos de
Dom Pedro de Mascarenhas. Nem merecem os me-
nos affecto que esse a V. M. por todos os respeitos
confiança de me advertir
que V. M. me allega para a
é aqui bem conhecido: e
para advertil-o, O sujeito elle
ha culpas delle. Se por aqui passar meu irmão
da
ficará fora desse cuidado; e não o culpo eu tanto
fazer
eleição porque ó não conheceria, senão de a
M.
antes de chegar a essa praça donde tinha a V.
de-
cujo amor era maior desengano da escolha que
via fazer. A tudo fico muito agradecido: e nesta
fé não tenho que offerecer-me a V. M. A quem Deus
e Março 29 de 1666.
guarde muitos annos. Bahia
Compadre e Amigo.
O Conde de Óbidos.

1666

Carta para o Prelado Administra-


dor do Rio de Janeiro.

Um sacerdote do habito de São Pedro, chama-


do Damaso da Silva, andava nesta praça tão inho-
nestamente desencaminhado com uma mulher pu-
a
blica que comsigo havia trazido, indo ordenar-se
Portugal; que por evitar a murmuração daquelle
escândalo; a mandei embarcar para esse Rio em
uma Esmaea que daqui partiu o mez passado. Mas
Ero
andou elle tão fino que não quiz merece mais
-73-

(tiero) a Leandro. Foi em seu seguimento. E porque


ainda esta acção qualifica muito mais o excesso das
cie que fiz algumas advertências aos sujeitos a que
elle era inferior, e as não remediaram; me pare-
ceu dar a V. M. esta noticia, e recommendar-lhe
muito particularmente por serviço de Deus, e cre-
dito do sacerdócio que tenha na jurisdição de V. M.
o castigo que nesta se lhe dissimulou: mandando-o
V. M. vir logo preso para a Bahia sem a causa que
o arrastou a semelhante desalumbramento. E se aqui
ha cousa cfo serviço de V. M. em que eu tenha o
o-osto de V. M. a fiar de mim o não poderei ter
maior. Guarde Deus a V. M. muitos annos. Bahia
e Março 29 de 1666.-
O Conde de Óbidos.

1666

Carta para Dom Pedro Mascare-


nhas Governador do Rio de Janeiro.
em
Irmão, e senhor meu. Com grande raiva fiquei
de passardes tanto de largo, que não podestes dar-
me um abraço como promettestes á Condessa. Este
queixume vos fiz já em um barco, que daqui partiu
ha poucos dias: e creio de vós, que vos não nave-
reis descuidado em mandar-me noticias de vossa
chegada, que estimarei haja sido muito como vos
devo desejar.
Na outra vos adverti das muitas razões por que
convinha não admittires a vosso lado, e serviço a
vos
pessoa de Raphael do Rego Barbosa. Agora
recomrnendo o mesmo: e para que juridicamente vos
constem seus procedimentos vos envio com esta co-
-74-

lhe deu na Relação deste


pia da sentença, que se de qual-
Estado, a qual o inhabilita bastantemente
os olhos.
quer Governador lhe pôr tive da
A frota chegou hontem, e as cartas que
vos deu
Condessa me fazem maior sede das que
laia mim.
Não ha novidade de que vos dê conta: porque
falleceu
supponho estardes ainda na Corte quando
a Rainha Nossa Senhora, cujas exéquias ficam pre-
fa-
venindo nesta praça, e nessa as deveis mandar
zer, seguindo o mesmo que se obrou nas Del-Rei
Nosso Senhor, que está em Gloria. Deus vos guar-
1666.
de Sr. meu como desejo. Bahia e Maio 7 de
O Conde de Óbidos.

1666

Carta para Dom Pedro Mascare-


nhas Provedor-Mor e Governador do
Rio de Janeiro.

Irmão e Senhor meu Foi EL-REI Meu Se-


nhor servido de mandar vir preso ao Reino, a
Frei Aleixo da Madre de Deus por se haver vindo
delle fugido a exercer o cargo de Ministro Provin-
ciai de São Francisco neste Estado, estando reclu-
so, e desnaturalizado: e havendo-o eu mandado pren-
der, e embarcado para Portugal; por intelligencias,
e ardis, que para isso teve, se tornou a vir segun-
da vez continuar em Pernambuco aquelle cargo,
occasionando tantas inquietações entre os Religio-
sos dos conventos daquella Capitania, e de toda esta
Província, que inda hoje duram. Pelo que me pare-
-75-
"todo
ceu dizer-vos e encommendar-vos que deis o
adjutorio ao Padre Frei Joseph Carneiro que leva
as copias authenticas das cartas DEL-REI meu Se-
nhor para que se dê cumprimento a suas Reaes or-
dens; pois não é justo, que por um Religioso como
é Frei Aleixo, andem todos os de uma Província
desinquietos. Espero de Vosso zelo, e devoção obreis
neste negocio como de vós fio. Bahia e Novembro
12 de 1666.
O Conde de Óbidos.

1666

Carta para os Officiaes da Ca- ***!


mara da cidade de São Sebastião do
Rio de Janeiro sobre as ordens dos
Religiosos de São Francisco.

Das Ordens, que El-Rei meu Senhor se serviu


mandar passar ao Padre Commissario Geral Frei
Sebastião do Espirito Santo, contra Frei Aleixo da
Madre de Deus, que estava exercendo o cargo de
Ministro Provincial de São Francisco neste Estado,
estando recluso e desnaturalizado em Portugal, ve-
rão V. Ms. quando se lhe presentarem as copias au-
thenticas da carta Del-Rei meu. Senhor, o que so-
bre este particular manda; pelas desinquietações,
todos os Mims-
que este Religioso tem causado em me
tros digo Mosteiros desta Província: pelo que
o que as ditas
pareceu dizer a V. Ms. que em tudo
Ordens contêm dêm V. Ms. a ajuda, que for neces-
saria para que ellas se executem assim e da manei-
do
ra que El-Rei meu Senhor manda. E porque fio
dei-
zelo de V. Ms. todo o cuidado, na execução
-76-

importância deste
Ias lhes não rccommendo mais a
Bahia e Novembro
negocio. Guarde Deus a V. Ms.
12 de 1666.
O Conde de Óbidos.

1667

Carta que se escreveu ao Capilão-


mor da Capitania de (sic).

Por um aviso que tive de Sua Magestade Deus


o guarde se deve temer ser este Estado invadido
brevissimamente de uma Armada Hollandeza por
delle
cuja causa se deve estar em todas as praças
com a prevenção que é justo; V. M. no mesmo pon-
to que receber esta faça todas as que deve á con-
fiança que Sua Magestade fez de sua pessoa para
lhe encarregar essa Capitania e eu faço de todos
seus moradores e para ajudarem a V. M. a defen-
del-a, valendo-se V. M. de todos os meios que para
isso forem convenientes. Alistando toda a gente...
e usando do que for melhor como soldados que sem-
vencer os
pre ahi souberam ser, e tão costumados a
Hollandez.es -fortificando desde logo os postos mais
importantes á defensa e recolhendo os mantimentos
Não lembro
que forem bastantes a um largo sitio:
a V. M. o cuidado que deve ter no concerto das
armas, e reparos da artilharia porque essa é a pri-
meira obrigação sua: Toda a pessoa que tiver ai-
nas
guma hora tido praça obrigue V. M. a assistir
Companhias de Infantaria que o mesmo ordenei
aqui emquanto durar a occasião da guerra que es-
peramos. Nas munições e pólvora haja grande cui-
dado, e eu com a que poder soccorrerei o mais
77

brevemente que me for possível a V. M. em me che-


o-ando as que espero de Portugal. Do estado em
tiver de in-
que V. M. puzer essa praça gente que
fantaria e da ordenança artilharia e pólvora, e o
mais tocante a sua fortificação e maniimentos, me
dê V. M. logo conta para o ter entendido e ver o
modo com que V. M. e esses moradores se dis-
Sua Magestade o bom
põem a dar ás armadas de
successo que espero quando o inimigo intente o
Deus se sirva livrar de
golpe nessa praça a que "Bahia
iodo o perigo e elle guarde a V. M. e De-
zembro 28 de 1667.

Alexandre de Sousa Freire.

1667

Carta que se escreveu ao Capi-


tão-mor da Capitania de (sic).

armada
Todas as horas espero nesta praça uma
Kollandeza. Convém se façam grandes prevenções
Esta-
de mantimentos e se esteja em todas as do
de todos
do com grande vigilância. V. M. procure
a Capita-
esses povos de sua jurisdição que ajudem
com . . -
nia de São Vicente a soccorrer esta
todo o gênero de mantimentos, e que
o cui-
ha nesse seu districto. Haja V. M. com todo
e man-
dado para que não possa o inimigo suppor
Guarde
dar alguns navios fazer . . - alguma.
de 1667.
Deus a V. M. Bahia e Dezembro 29
cia co-
Encommendo muito a V. M. o cuidado
Hollanda
branca da contribuição do Dote e paz de
-78 —

e que me remetta tudo com grande brevidade por


ser mui necessário ás despesas presentes.
Alexandre de Sousa Freire.

1667
Carta que se escreveu ás Cama-
ras de São Vicente, Santos, e São
Paulo.

Da carta que escrevo' ao Capitão-mor dessa Ca-


pitania terão V. Ms., entendido o aviso que tive de
Sua Magestade e a brevidade com que espero a
Armada Hollandeza e quantas prevenções devo fa-
zer para um largo sitio. Ao Capitão-mor ordeno que
soccorra esta praça com todos os mantimentos que
for possível, em todas e quaesquer embarcações que
nesses portos se acharem. V. Ms. o ajudem com o
cuidado que sempre as Câmaras dessa Capitania
costumaram ter em mostrar seu grande zelo no
serviço de Sua Magestade. Eu o espero assim da
lealdade desse povo de cujo procedimento e fineza
em semelhantes occasiões tenho particulares noti-
cias: os mantimentos sejam de toda a espécie que
dahi costumam vir a vender, que todos farei pagar.
E se o povo quizer fazer algum donativo, V. Ms.
lh'o peçam de minha parte que eu confio delle seja
hoje o maior que nunca a demonstração de sua fi-
delidade e amor ao serviço de seu Rei, pois tão em-
penhada está na segurança desta praça a conserva-
ção de todo o Estado. E a Sua Magestade represem
tarei o merecimento que V. Ms., e seus moradores
tiverem no que obrarem para lhe ser feita a honra
que sua grandeza costuma.
-79-

a
Da contribuição do dote e paz não lembro
entendo ser escusa-
V. Ms. a pontualidade porque
importa não se
do quando V. Ms. conhecem quanto
desta quebra
faltar a esta obrigação pois o pretexto
. descer ha sido não se lhes pagar o que
com elles se ca-
se lhes prometteu para a paz que
Deus a V. Ms. Bahia e Dezembro
pitulou. Guarde
ultimo de 1667.
Alexandre de Sousa Freire.

1668

Carta que se escreveu ao Gover-


nador do Rio de Janeiro D. Pedro
Mascarenhas.
de Sua
Por via de Pernambuco recebi a caria
a toda a
Magestade que remetto com esta a V. Sa.
Armada Hollandeza que
pressa . . . sobre uma em qual-
vem ao Brasil e cada instante pode estar
Sa, . . . - - obriga-
quer p . . . delle. V.
valor
ções, e é tão grande o seu
.... parece o offendera se lhe
se
e segurança, de uma praça que V. Sa. governa
- foi nesta:
V. Sa. tiver noticia que o golpe . .
V. Sa. o
eu me fico prevenindo para um largo sitio.
- mente com
soecorra com tudo o que poder . .
cie
muitos mantimentos encarregando-os a pessoa
se elle fora
satisfação pelo perigo do inimigo que
alguma cie
essa me não será necessário lembrança
Deus a
V. Sa. para o soocorrer como devo. Guarde
V. Sa. muitos annos. Bahia e Janeiro primeiro
de 1668. r .
Alexandre de Sousa Freire.
80

1668

Carta para Dom Pedro Mascare-


nlias.

Sr. meu aqui chegou um barco dessa Capitania


sem me trazer carta de V. Sa. Desejando eu mui-
to que V. Sa. me dê sempre muito boas novas
suas; e porque partiu o navio dos Padres sem o
eu saber, mandei uma esmaca que o fosse alcançar,
ou no morro, ou em outro qfualquer porto que elle
havia de tomar, por que não fosse sem carta minha.
Isto está no mesmo estado que escrevi a V. Sa. por-
que não tem chegado outro aviso de Lisboa que es-
pero por horas conforme Sua Magestade me escre-
veu.
O trabalho vae luzindo, e espero muito breve-
mente dar-lhe fim; V. Sa. também andará com
este cuidado a quem não faço mais lembrança por-
que sei que . . . fará V. Sa. muitos ensejos, com
adiantar tudo de sorte que tenha Sua Magestade
muito que lhe agradecer, dando-me eu também por
seguro, de que tenho a V. Sa. nessa praça, para
poder dar muito boa conta delia.
Dona Scrafina Corrêa de Sá me escreveu que
por morte de seu marido, Capitão da fortaleza de
São João lhe ficaram quatro filhos e uma filha para
i*
i:-« quem me pede o provimento,
que me parece que
tem muita razão no que pede, assim pelos serviços
de seu marido, como pela pobreza que representa.
Não lhe quiz deferir sem V. Sa. ter entendido . .
. . . . porque em todos quizera que V. Sa. co-
-81-

nhecera quanto desejo servil-o. Deus guarde a V.Sa.


muitos annos
Alexandre de Sousa Freire.

1668

Carta que se escreveu ao Capitão-


mor do Espirito Santo Antônio Meu-
des de Figueiredo.

Com varias cartas me acho de V. M. escriptas


em 17 de Março 25 de Abril 10 de Junho. A' subs-
*a V. M. nesta em
tancia de todas responderei pri-
íneiro logar tenha V. M. entendido que é tão bom o
conceito que me merecem as noticias que dahi me
chegam de seu procedimento como
antes de ir para essa Capitania; de tudo espero. .
. . . seres oecupações sem receber queixa dos que
. . . castigos não os que . . . injustiças que com
a prudência e respeito se emenda, e conserv. . .
. . mal acostumado. E não fará V. M. pequeno
serviço a Sua Magestade em deixar esse como deve
ser, e jsem as insolencias que nclle se tem experimen-
lado.
Sobre o que devia aos religiosos de São Fran-
cisco de suas ordinárias tem • ¦
ordem cuja copia será com esta firmada pelo Secre-
tario do Estado a qual supponho será já chegada
ás mãos de V. M. Se se tiver perdido V. M. a exe-
foi
cute pela copia que na mesma conformidade
lambem provisão ao Rio de Janeiro.
as tor-
Vi tudo o que V. M. me escreveu sobre
obra-
tificações e munições dessa praça e o que tem
do- diligencia e concurso das madeiras que
-82

como a elles agra-


deram . • e assim a V. M.
a essa obrigação,
deçò o zelo com que acudiram
ainda que M. no posto que occupa.
V.
Real estar
e ndla. a fazenda
despesas que
ahi tão impossibilitada para acudir ás
o mesmo
com esta occasião accresceram: porque
Estado, em que
succcde a todas as mais praças do
mas a libe-
a ruína das fortificações era a mesma
falta e
ralidadc de seus moradores igualou aquella
com o que
em todas se acudiu ao reparo de tudo
....
contribuíram. E se os dessa Capitania
. successos que
dos mais do
costumam a se não deixarem exceder
defensa de
Brasil no serviço de Sua Magestade e
sua pátria como não •
e acabe
V. M. os persuada com estas minhas razões
de ma-
de fortificar a praça sem violência do povo
o effei-
neira que sem se sentir o trabalho se logre
sem-
to ainda que se desvaneceu a vinda do inimigo
pre se deve stippor para a prevenção.
A desgraça de se perder a Capitaina da Arma-
nella
da da Companhia Geral a tudo chegou porque
vinham as munições e armas que Sua Magestade
mandava. Das primeiras que vierem partirei com
V. M. de maneira que não tenham esses moradores
temor de lhe . . . rem.
Sobre o que V. M. me propõe tocante aos en-
cousa
genhos de Gurupary se não pode praticar
alguma sem ordem expressa de Sua Magestade que
revogue as que eu nesta . . . e assim deve V. M.
mandar remetter seus rendimentos na forma das
ordens dadas. E no que toca ao donativo do dote
e paz . . . ordem á Câmara dessa Capitania no que
-83 —

lhe respeita sobre este particular. Guarde Deus a


V. M. Bahia e Agosto 11 de 166S.
Alexandre de Sousa Freire.

1668

Carta que se escreveu ao Capitão-


mor do Espirito Santo Antônio Meu-
des de Figueiredo.

Vi o que V. M. me escreve sobre a demous-


tração que fez com a nova das pazes. Na Capitania
I se perderam as vias, que ambas recolheu o General
de sua publica-
por essa causa dilatei a celebridade
certeza infallivel da
ção nesta praça: té que com a
Ordem que vem a Pernambuco de Sua Magestáde
se em 30 de Junho. A forma
da publicação Ordenei á Câmara seguisse foi que
e
todos . . . os officiaes delia, Ouvidor Geral
Ôs dos officiaes de milícia, com todo o acompanha-
mento que mais os quizesse autorizar e chegassem
a nobre-
aos logar.es públicos, e ajuntando-se nelles
za e povo se lesse em presença de quatro tabelhaes,
cuja
a principal substancia do tratado das pazes
fizessem
copia envio com esta a V. M. e feito isto
certi-
os tabelliães um termo de que me passassem
e salva
does authentieas. Ouve três dias luminares,
solemnissuna e
geral. E no ultimo uma procissão a
sermão. Este estylo pode V. M. proporcionar
as praças
capacidade dessa villa: pois em todas
daquella paz
deste Estado é tão igual o interesse
Os ong -
cuja alegria deve ser universal em todos.
as copias au-
naes dos termos ficarão na Câmara ;e
de se ha-
thenticas me remetterá V. M. para constar
84

verem publicado nessa Capitania. Guarde Deus a


V. M. Bahia e Agosto 11 de 1068.
Alexandre dc Sousa Freire.

1668

Carta que se escreveu aos offi-


ciaes da Camara da Villa da Vietoria
da Capitania do Espirito Santo.

\"\ o (pie V. Ms. me escreveram em carta de


22 de Abril e 8 de Junho. E respondo nesta a
ambas. Quanto á primeira em que V. Ms. me dão
noticia do honrado procedimento do Capitão-mor
não esperava eu outras do conceito que tenho de
suas obrigações. A de V. Ms. zelarem o allivio desse
povo e a justiça: e dêsejando-lh'a tudo communi-
quei á Camara desta cidade (como a aquella sobre
quem cae o principal peso da contribuição do dote
e paz) o que V. Ms. me propunham: ella me res-
pondeu o que V. Ms. verão da copia de sua carta
que eom esta envio: mas foi commigo mais a affei-
ção que todas as razões, ou mimos que esses mora-
dores me devem. E vencendo as difficuldades que
o impossibilitavam, relevo a contribuição dos qua-
troeeutos mil reis epie lhes tocavam pagar cada anno
de cem mil reis: que... de nenhum modo se podia
pôr em pratica; assim por me que
nunca tão exactas que . . . .
infallivclmente e haja com que susten-
tar a Infanteria desta praça sem em uma e.outra ne-
eessidade se valerem de nus e outros effeitos /para
se acudir a ambas. Mas os trezentos mil reis re-
metterão V. Ms. com toda a pontualidade que es-
85-

pero de sua diligencia e deve esse povo a este alli-


vio.
Quanto á segunda carta ao Capitão-mor dessa
Capitania mando a ordem que se ha de seguir na
publicação das pazes que com tão justas demonstra-
ções se devem celebrar em todo o Brasil como tão
principalmente interessado nellas. Mas não ha de
ser a consideração destas bastante a se uão acaba-
rem as fortifica ções que estiverem imperfeitas: por-
(pie o mesmo ordenei aqui: e ordeno ao Capitão-
Mor a quem V. Ms. ajudem (como espero) de ma-
neira que sem o povo se molestar seja o mesmo
povo quem mais se empenhe a fazer esse serviço a
Sua Magestade e esse beneficio á sua mesma defen-
sa. Guarde Deus a V. Ms. Bahia e Agosto 11 de
1668.
Alexandre de Sousa Freire.

1668

Carta que se escreveu ao Prove-


dor da Fazenda Real da Capitania do
Espirito Santo Manuel de Moraes.

Recebi a carta de V. M. èscripta em 18 de


Março' e vejo tudo que me representa sobre não ter
com que acudir a Fazenda Real ás despesas que
aceresceram com as prevenções dessa praça; nem
ainda com que se paguem filhos da folha. O meio
que V. M. aponta (e me nomeou também na sua
carta o Capitão-mor) do rendimento dos Engenhos
de Gurupary é impraticável. A Sua Magestade o re-
presente o Capitão-mor, e V. M.: que só com sua
ordem se pode applicar a outra alguma despesa fora
-86-

da Ordem que ha sobre este particular. No das for-


tificaçòes não fará a Fazenda de Sua Magestade fal-
ta em uma Capitania donde esses moradores são
. . . . para assistir, como leaes para a defender
como sempre . . . que o mesmo usaram os desta
praça, donde a necessidade da Fazenda Real e o es-
trago das fortificações e reparo da Artilharia era o
mesmo, que nas mais do Brasil: e nessas impossibi-
lidades confio eu das boas informações que se me
deram de V. M. que no exercício desse cargo faça
maiores serviços a Sua Magestade e tenham suas
Reaes Rendas grandes augmentos. Guarde Deus a
V. M. Bahia e Agosto 11 de 1668.

Alexandre de Sousa Freire.

1668

Carta (pie se escreveu a Diogo


de .... Barras . .

Vejo a queixa que V- M. me faz de ... .


conceito menos devido a sua opinião, pelo . . .
. . . . cobrança de Balthazar Roiz
tão justificado como V. M. suppõe: porque . . .
ver satisfação não era verificar em V. M. acção que
desdissesse da sua pontualidade. E quanto é maior
a que V. M. ha ,
(As três linhas que se seguem são il legíveis, por se
terem convertido em borrões).
Bahia e Agosto . . .de 1668.

Alexandre de Sousa Freire.


r 87-

166S

Carta que se escreveu a Manuel


Barretto da Silva.

A trinta do mez próximo de Abril se publicaram


nesta cidade as pazes que Sua Magestade fez com
Castella. E porque é justo que em todas as Capi-
tanias deste Estado como tão interessado nellas, seja
igual a demonstração de alegria e acção de graças
que devemos dar a Deus como principal fim de
nosso reconhecimento V. M. tanto que receber esta
carta ordene que a Câmara com a nobreza e povo
dessa Capitania publiquem as pazes se
faça procissão com toda a solennidade possível, em
outro em que haja sermão a que V. Ms. todos assis-
tam: e do< acto da publicação (a que se acharão
presentes os Tabelliães que houver na terra) me en-
viará V. M. certidão ficando os próprios na Ca-
mara para a todo o tempo constar. Guarde Deus a
V. M. Bahia e Agosto 8 de 1668.

Alexandre de Sousa Freire.

1668
Carta que se escreveu ao Gover-
nador do Rio de Janeiro Dom Pedro
Mascare nhas.

Sr. meu. Com varias cartas me acho de V. Sa.


e de todas faço aquella estimação que devo não só
ao cuidado com que V. Sa. m'as repete mas ao gos-
1o com que recebi todas que é mui conforme a quan-
tos me ... a desejal-as sempre com mui boas no-
vas da saúde de V. Sa. m

w
88-

Três são os negócios de maior importância que


V. Sa. nellas me communica que vêm a ser a pre-
venção da praça em que V. Sa. ficava occupado;
provisão de Diogo Carneiro da Fontoura ....
.... Pedro de Sousa Pereira, e Diogo Carneiro
da Fontoura.
Quanto ao primeiro bem sei eu que donde V. Sa.
assiste tem Sua Magestade seguras suas armas, e eu
o cuidado que me podia dar essa parte do Brasil. A
paz que nelle havia fez em todas as mais o mesmo
effeito de (pie V. Sa. se queixa: mas ainda ficamos
devendo aos Hollandezes o beneficio que deste sus-
to resultou á fortificação de todas as praças. Eu
continuo ainda bem que lentamente as desta. V. Sa.
o deve fazer assim (mas sem oppressão do povo)
para que fiquem na perfeição possível. A falta de
Engenheiro e munições é aqui igual á que ahi se
padece. Na Capitaina se perdeu a pólvora que vi-
nha; por isso não remetto uma e outra cousa. Sua
Magestade (a quem tenho dado conta desta matéria)
deve soecorrer com as munições e armas o Brasil de
maneira que se houver outra noticia se não experi-
mente outra necessidade.
. . . . do Ouvidor Geral ão,
se não . . . sufficiente razão
cargo e remett . . preso; nem era bastante funda-
mento a queixa do prelado, e por vir este desempe-
nliado de outras culpas que haviam de ser ao menos
vehementes causas para a resolução que V. Sa. to-
mou e se oppor tanto a ella o Regimento dos Ouvi-
dores Geraes dessa repartição que expressamente os
isenta de serem presos saiu restituido ao seu cargo
e . . . . que se embarcava para o Rio neste bar-
co; aqui se diz agora com incerteza que fora para o
-89-

Reino. Parece-me sujeito muito capa/ de se


ce-
rem delle todos os encarecimentos de sua
e acções. Sobre o provimento
que V. Sa. fez em
João Corrêa de Faria escrevo a V. Sa.
por carta
particular.
No negocio das posses: antes de se ver com os
Ministros me pareceu logo que sem expressa Ordem
de Sua Magestade se não pode restituir
Pereira a seu officio, e que foi justificado o requeri-
mento de Diogo Carneiro da Fontoura assim se de-
terminou na Relação que ainda
que creio que breve-
mente virá de Portugal recurso a aquelles effeitos:
tomou V. Sa. a melhor resolução em dar
posse a
Diogo Carneiro da Fontoura visto a falta
queV.Sa.
diz houve na supposição com que V. Sa. a tinha da-
do a Pedro de Sousa tenho res-
pondido a V. Sa. sobre estes particulares . . . re-
servo para mas em nenhuma deixa-
rei de repetir a queixa que em todas faço de V. Sa.
me ter tão ocioso em seu serviço; porque para todas
as oceasiões de me empregar nelle .... em
mim uma vontade e estimação de serem grandes. Ba-
hia e Setembro 18 de 1668.

Alexandre de Sousa Freire.

1668

Carta que se escreveu ao Gover-


nador do Rio de Janeiro Dom Pedro
Mascar enhas.

Sr. Meu. Nesta carta responderei a V. Sa.. .


. . itnento dessa Capitania. Em primeiro lo-
-90-

gar . (Seguem-se algumas linhas enne-


grecidas).
esse Rio; mas para compensar esse . .
com que . . . creado ficou, vae a Compa-
nhia de Miguel Fernandes provida em outro, que
V. Sa. me nomeou . . . vae também provido como
V. Sa. aponta sem embargo das lastimas que me
enviou a representar D.a Serafina Corrêa de Sá,
cuja . foi menor que a das informações que
V. Sa. me deu da incapacidade do filho. Mas como
V. Sa. é tão justo creio eu que achará V. Sa. . .
o sentimento
do provimento . . V. Sa. e de
minha resolução; como ella não distingue tão . .
como amparo á sua necessidade.
Todos os mais na forma da
memória que V. Sa. mandou
de dar e muito gosto a V. Sa
acerca do escrivão da Câmara e tabellião de que é
proprietário Jorge de Sousa Coutinho: pois queren-
do este homem dividir em dous officios para dar o
de escrivão da Câmara a seu filho e o de Tabellião
a seu netto Sua Magestade lhe não deferiu. Pela car-
ta que envio com esta do Secretario Manuel Barreto
de Sampaio verá V. Sa. como Sua Magestade tem
já feito mercê a seu filho Francisco de Sousa Cou-
tinho dos officios de seu pae. E falando com V. Sa.
como amigo
do Escrivão da Câmara e Manuel
(sobre quem V. Sa. me escreveu) sendo estranho
com o de Tabellião; e o filho, proprietário sem ne-
nhum. Mas para que
a provisão a Manuel
a de Escrivão da Câmara Cou-
-91-

thiho, tendo por certo que considerando V.


Sa a
justiça de Francisco de Sousa, seja de V. Sa. .
dar os officios; ou ao menos
tlLlant0 ,he nã0 que em-
carta de
propriedade
sirva elle como filho do proprietário o de Escrivão
da Câmara, e como o de Tabellião
de não prejudicar a seu . . .
provendo
a ambos; e avisando-me para lhe mandar as
provi-
soes, pois é o que me parece que neste caso se ajus-
ta mais ao licito, e ao que V. Sa. costuma usar. E a
este fim lhe deferi a uma petição com o despacho
que V. Sa. verá, remettendo-a a V. Sa. para lhe fa-
zer a justiça que usa e elle deve esperar.
O cargo de Ouvidor Geral que V. Sa.
proveu
em João Corrêa de Faria, tem alguns incoiivenien-
tes, que difficultam confirmal-o com provisão minha.
Mas para que nem eu falte em dar gosto a V. Sa.,
nem V. Sa. á segurança que deste meu animo
pode
ter deixo ao arbítrio de V. Sa. a dissimulação de
continuar no provimento emquanto se não averigua,
se o Ouvidor se vae para Portugal ou torna para
esse Rio: porque eu escrevo a João Corrêa de Fa-
ria vá exercer o seu cargo, á Capitania de São Vi-
cente, e no caso que o Ouvidor Geral não vá ter
a esse Rio me avisará V. Sa. então para o provim en-
to que devo fazer do dito cargo. E então poderá ir
o mesmo João Corrêa oceupar o seu posto de Capi-
tão-mor: que nesta contingência disponho o que sé
deve seguir naquella Capitania.
As Companhias de Cavallo é certo deve V. Sa.
ter provido nos sujeitos em que melhor caísse um
posto tão autorizado. V. Sa. me avise se tem soldo
porque ahi se não pode nomear . . . .me dizem

'1
- 92 -

. . • (Seguem-se quatro
que o Capitão da que ha
linhas dilaceradas pelas traças).
Guarde Deus a V. Sa. muitos annos. Bahia e
Setembro 18 de 1668.

Alexandre de Sousa Freire.

166S

Carta que se escreveu uo Gover-


nadar da Rio de Janeiro Dom Pedro.
Mascarenlias.

Aqui chegou o Almirante Antônio de Sousa


Montencgro com 40 dias de viagem; e nove navios:
os mais foram chegando depois. Achou menos o Ge-
neral Francisco Corrêa da Silva, e a Capitaina; que
com a muita lastimosa desgraça que nunca aconte-
ceu nestes mares, se perdeu no baixo do Rio Ver-
melho ás onze da noite por chegar a elle ás seis da
tarde já com tormenta do Sul; c se não querer fa-
zer na volta do mar, entendendo montaria o cabo de
Santo Antônio. Afogou-se miseravelmente o Gene-
ral que saiu a terra; e mais de 400 pessoas: salva-
ram-se 70 soldados e marinheiros: e nada da Capi-
faina que nada saiu. A perda foi por todas
as eircumstancias grande e maior a daquelle fi-
dalgo, por quantas partes o faziam amado; de que
ficamos com o sentimento que era justo. O Almiran-
te partiu daqui ha sete dias com 43 navios, havendo
saido ha dous mezes com onze e duas naus da In-
dia, Antônio de Mello de Castro e o Senhor Conde
de Óbidos, melhorado de embarcação: haja-os Deus
-93-

levado a salvamento. E guarde a V. Sa. muitos an-


nos como desejo. Bahia e Setembro 18 de 1668.

Alexandre de Souza Freire.

1668

Carta que se escreveu ao Gover-


nador do Rio de Janeiro D. Pedro
Mascarenhas.

Sr. Meu. Esta escrevo a V. Sa. para em parti-


enlar lhe beijar a mão.

(A' margem): Esta carta não teve effeito.

1668

Carta que se escreveu ao Gover-


nador do Rio de Janeiro D. Pedro
Mascarenhas.

Sr. meu. Os moradores do Cabo Frio têm re-


presentado a este Governo o detrimento que pade-
cem em se lhes mandar tomar todo o sal e os obri-
garem a leval-o a essa Capitania, sendo aquella li-
vre, e isenta de seus Ministros; e chegando aqui um
barco da Parahiba soube que o Capitão daquelle lo-
gar, o era por patente de V. Sa. V. Sa. sabe quão
amante sou seu, e que não ha cousa em que não
deseje dar-lhe gosto: folgara eu muito que a júris-
diçâo desse Governo tivesse tão grande esphcra, que
não experimentasse V. Sa. as estreitezas delle. Mas
como cada Capitania, tem a sua, e a de Cabo Frio
e de Sua Magestade, se não pode extender a ella a
jurisdição do Rio de Janeiro e só a este Governo
•m
_94-

toca immediatamente a obediência, e provimento


delia. Bem sei quão pouca cousa é o Cabo Frio;
e que ahi se rematam os dízimos das suas povoa-
enes, e Campos: mas não faz exemplo esta remata-
seu Capitão-mor
ção dos dízimos, nem pagar-se ao
no Rio de Janeiro, para não ser isento do Rio por-
Del-Rei;
que na Bahia se rematam os dc Serigippe
e Pernambuco sustenta o presidio do Rio Grande;
e nem por isso Pernambuco tem jurisdição alguma
no Rio Grande, nem a Bahia ein Serigippe Del-Rei.
V. Sa. se sirva ter entendido isto assim: e ordenar
o
que se não faça mais violência aquelle povo sobre
sal; e que livremente o vendam pagando o que se
dever de tributo a Sua Magestade, e se ha ordem
alguma sua nesse Rio sobre o sal daquella Capita-
nia ma envie V. Sa. para me ser presente. E no (que
toca ao mais a este Governo hão de recorrer ,sem-
pie seus moradores, e não ao Rio que quando V. Sa.
leve gosto que sirva ahi algum creado seu, com o
menor aviso que tenha de V. Sa. mandarei a provi-
são: e farei sempre com particular vontade, tudo
o em que entender a tem V. Sa. a quem Deus guar-
de muitos annos. Bahia e Setembro 19 de 1668,

Alexandre de Sousa Freire.

1668

Carta que se escreveu aos Offi-


ciaes da Câmara do Rio de Janeiro.

Ainda que V. Sa. . . . . .o cuidado . .


. . . vencer para acudir ás
obrigações de sua lealdade zelo na oceasião passa-
da de nova do Inimigo: o suppozera mui infallivel,
-95 —

no conceito que tenho de vassallos tão amantes do


seu Rei, e tão empenhados na defensa de sua mes-
ma pátria como são V. Ms. e o devem ser os mora-
dores dessa praça. Todas as do Estado podem agra-
decer ao Inimigo o desperta 1-as do descuido em que
as tinha a paz em que se viam. Mas para que se
não percam as prevenções-; e se achem essas em
qualquer accidente menos imaginado devem V. Ms.
continual-as, e ajudar o Governador a pôr as forti-
ficações em sua ultima perfeição; mas de maneira,
que se logre o intento, e se não ouça queixa do
povo: que o mesmo vou obrando aqui, e a este
exemplo ficará mais suave esse trabalho, que tão
leve faz a utilidade própria de sua segurança. E
V. Ms. a tenham de que para tudo o que poder
ser conveniência dessa Cidade, me acharão sempre
com disposição muito igual ao desejo de a conser-
var nas maiores felicidades. Guarde Deus a V. Ms.
Bahia e Setembro 18 de 1668.

Alexandre de Sousa Freire.

1668

Carta que se escreveu ao Prove-


dor do Rio de Janeiro Diogo Carneiro
da Fontoura.

Acho-me com quatro cartas de V. M. a que faço


resposta com esta. Mas em primeiro logar digo
a V. M. é grande o gosto que todas me deram
pelas estimar sempre por suas e inferir dellas que
passa V. M. com saúde.
Das minas faço'O mesmo conceito que V. M.:
mas por não parecer que se falta ás diligencias,
96-

(juando se offereeem as noticias, é justo se dêm as


ordens; quererá Deus que alguma hora se acerte: e
como estes são os annos (*) das maiores felicidades
dei Ias.
porventura que seja esta também uma
As prevenções uão duvido se fizessem vencem
do difficuldades. No mesmo estado que essa praça es-
tava se acham todas as do Brasil
a que mais provida
tanto trabalho me ha custado: que tudo o mais que
'terra lhe falta. Na Capitaina se
não ha na perderam
as munições promettidas. Sua Magestade a quem
tenho presentado a necessidade de acudir a este Es-
tado com pólvora e armas, o deve fazer de maneira
que todos fiquemos sem cuidado.
Do Ouvidor Geral é a informação que V. M.
me dá, muito conforme com a que enxerguei na
.... e acções. Elle saiu restituido pela Rela-
cão: mas quando cuidei se voltava neste barco, se
diz aqui que é ido para Portugal.
No negocio de Pedro de Sousa Pereira achei
simplesmente razão a V. M.: porque sem expressa
carta de Sua Magestade não podia V. M. demittir de
si o cargo. Assim se julgou na Relação. E sei eu
muito bem que é V. M. tão desinteressado que te-
ria mortificação em se não passar a sua casa. Di-
iatou-se-me o gosto que cuidei tivesse de ver a V. M.
de caminho na frota do Almirante ... de Sousa
Montenegro.
Elle chegou aqui em 40 dias, e assim que par-
ta sem o seu General nem Capitaina, que lastimosa-
mente se perderam no baixo do Rio Vermelho eui-
dando (pie podiam montar ao Cabo de Santo Anto-

(•) lia um espaço em branco correspondente, talvez, a uma palavra


que não pôde ser l.da no orig;nal ao ser trasladado para o livro,
-97

nio desta barra vindo já com tormenta de Sul; sue-


cesso o mais infeliz que nunca viu o -Brasil. A
fra-
gata de V. M. chegou depois da frota; com cila vae.
Leve Deus a todos a salvamento.
V. M. me . . .regatos de Portuga chega-
ram as marmelladas, e. . .pareceram, . gios
se os mestres tiveram o cuidado de os . que
V. M. de . . mandar 'tivera eu
gosto de . .: mas
- ... a pressa de V. M. é igual a cila .
agradecimento, desejo de servir aV.M.
a quem Deus guarde muitos annos. Bahia e Setcm-
bro 18 de 1668.
Alexandre de Sousa Freire.

1668

Carta que se escreveu a Pedro de


Sousa Pereira.

Recebi as duas cartas de V. M. de 13 de Junho


e 24 de Maio; e de ambas fizera a maior estimação,
se a não diminuirá a matéria dellas;
porque desejo
a V. M. grandes descanços, sendo o
primeiro de se
ver em sua casa donde todos os inconvenientes do
tempo são mais soffriveis.
Na Relação se viu o negocio de V. M.: e antes
de se sentenciar a favor de Diogo Carneiro da Fon-
loura me pareceu que tinha mais justiça
que V. M.:
porque sem expressa carta de Sua Magestade nem
clle podia largar a posse nem V. M. pretendel-a.
Assim o disse ao Padre Frei João de Sousa. Breve-
mente chegará Ordem e V. M. ficará restituido ao
seu cargo, em que estimarei logre tantas felicidades
e • • . que façam esquecer todos os descontos pas-
9S

sados. E se aqui se offerecer oceasião de servir a


V. M. se segure que . . . acceitar com particular
vontade. Guarde Deus a V. M. muitos annos. Ba-
lua e Setembro 19 de 1668.
Alexandre de Sousa Freire.

1668

Carta que se escreveu a João Cor-


ria d ei Faria.

Ainda que creio de V. M. que fizera nessa oceu-


pação grandes serviços a Sua Magestade, são
maiores os que deve . . .na Capitania de São
Vicente de (pie Sua Magestade lhe ha feito mercê.
V. M. o execute assim mostrando esta Ordem . .
1). Pedro Mascarenhas a quem es-
crevo sobre este particular para que o tenha enten-
dido e wbre tudo o que conhece que mais convém ao
serviço de Sua Magestade. Guarde Deus a V. M.
Bahia e Setembro 16 de 1668.

Alexandre de Sousa Freire.

1668

Carta que se escreveu ao Preta-


do do Rio de Janeiro.

E' certo que todas as cartas de V. Sa,. acham


em mim quando as recebo o mesmo animo com que
V. Sa. m'as escreve; e nesta fé pode V. Sa. segurar-
se que fiz tanta estimação de todas as com que me
acho, como senti a matéria em que algumas se fun-
dam: porque desejara muito ter antes grandes oc-
r 99-

easiões de dar gosto a V. Sa. que4fe V. Sa. se valer


de mim para remediar as que lhe dão a menor
penna.
Vi tudo o mie V. Sa. me diz sobre o Ouvidor
Geral que aqui veiu preso. E na Relação se viu
o
caso achando-me eu presente: mas uniformemente
sentenciaram todos os Ministros delia,
que não era
sufficiente fundamento-, o que V. Sa. representou ao
Governador dessa Capitania para se
prender o Ou-
vidor Geral quando o seu Regimento o isenta tão
expressamente de ser preso e
privado do cargo
Saiu restituido a elle. E elle me disse se .ia
neste
barco a exercel-o, mas ouço dizer
que é ido na fio-
ta. Tenha V. Sa. entendido
que se poderá obrar de
algum modo outra cousa se antecedera aos respei-
tos que se devem a V. Sa. porem os da
justiça não
deram mais logar que á sua mesma observância
nos
termos em que este negocio veiu.
Não mando desembargador a devassar do caso
porque sendo muitos os negócios da justiça
convém vá um visitador a essas Ca-
pitadas Sul ... . nos não tem ido, e ainda
^do
agora são menos com um
que embarcou na frota:
mas esta diligencia
que toca
esta de
Prover (Ha 7 linhas dilaceradas).
• • . . a conservação da posse que illegitima-
mente se ia introduzindo. E como aquellas matérias
tocam mais á Relação que ao Governo como a V. Sa. !"H
e presente não tive nellas o poder que a vontade es-
limara para que V. Sa. conhecesse
quão grande é a
que tenho de servir a V. Sa. pois o testifica bem a
provisão que passei sobre os ordenados dos viga-
fios e coadjutores das Igrejas Digo na pretenção

>-\
-100-

V. Sa. neste Governo. Este


que ha poucos dias teve .
meu desejo quero eu que V. Sa. experimente
ha
mais que não tiver alheia dependência: porque
agora se nao
V Sa de desenganar-se que o que
o meu teve
obrou, a seu gosto foi violência que
o tivesse. Guar-
como tão empenhado em que V. Sa.
Bahia c
de Nosso Senhor a V. Sa. muitos annos.
Setembro 18 de 1668.
Alexandre de Sousa Freire.

166S

Carta, que se escreveu ao Capi-


tão Matheus Vieira Botado.

Recebi a carta de V. M. e estimo esteja de


serão maiores as con-
posse da Companhia. Hoje
veniencias da Corte que do Brasil em toda a parte
folgarei muito de prestar a V. M. em tudo o vque
Deus guarde.
poder ser conveniência sua a quem
Bahia e Setembro 18 de 1668.
Alexandre de Sousa. Freire.

1668

Carta que se escreveu ao Prove-


dor da Fazenda Real da Capitania de
São Vicente André de Gois de Araújo.

(Estão dilaceradas as primeiras 8 linhas desta


carta).
pagar com effeito, ordenando
. . . constar se devia daquella tença ao . • . • ¦
Simão Alves de Ia Penha té o tempo que se perdeu.
— 101 —

ao seu Procurador, para que hVo remctta nesta


monção que vem. Espero eu ver na execução desta
Ordem o cuidado com que V. M. o toma a sua con-
ta; e m'a dê do que obrou neste particular que lhe
hei por mui encarregado. Guarde Deus a V. Ms.
Bahia e Novembro 10 de 1668.
Alexandre de Sousa Freire.

1668

Carta que se escreveu ao Gover-


nador do Rio de Janeiro Dom Pedro
Mascare nhas.

Em todas as embarcações que daqui têm par-


tido escrevi a V. Sa. e respondi a todas as cartas
que recebi suas. Agora faço esta, porque não che-
leva.
gue sem ella a esse porto a caravella que a
De presente <•
(Seguem-se algumas linhas il/egiveis, por ennegreci-
das e roidas das traças) e que se fi-
cava prevenindo grandes festas a seu nascimento.
Aqui faremos o que nos permitiu o estr ....
do Brasil só igual á Corte no alvoroço deste dese-
jo. V. Sa. me diga como passa e se ha desta ban-
da em que o sirva: porque será confirmado a seu
gosto Guarde Deus a V. Sa. mui-
tos annos. Bahia e Janeiro 29 de 1669.

Alexandre de Sousa Freire.

¦¦¦MM
-102-

1669

Carta que se escreveu a Diogo


Carneiro da Fontoura.

Passa por aqui esta Caravella; e não quero que


V. M. a veja sem carta minha, para que siga V. M.
o mesmo exemplo, em todas as embarcações que
dahi vierem por que faltem novas de
V. M. V. M. nuas dê de como passa; e ^estimarei
seja com muitas occasiõcs de o servir pois para to-
das me achará sempre com boníssima vontade como
V. M. conhece. Guarde Deus a V. M. Bahia e Ja-
neiro 30 de 1669.
Alexandre de Sousa Freire.

1669

Carta que se escreveu aos offi-


ciacs da Câmara da Villa da Victoria
sobre a meia pataca que se mandou
impor.

Vi a carta que V. Ms. me escreveram acerca da


meia pataca que se mandou impor por ordem deste
Governo, applicado á fabrica das fragatas do Rio
de Janeiro, e não deixo de achar muita razão no
requerimento. E' certo que não foram aqui pre-
sentes as que V. Ms. allegam, de estar tão sobrecar-
regado o sal. Mas como Sua Alteza se serviu
mandar se puzesse naquclla fabrica consecutivamen-
te fica cessando o imposto, que só terá effeito em-
quanto ella durar, pois não será justo que neste
breve tempo se falte ao cumprimento das ordens que
103

se mandaram, quando o maior allivio consiste, em


ter esse tributo fim, e este tanto mais depressa quan-
to mais se disse estar a fragata começada. Guarde
Deus a V. Ms. Bahia e Fevereiro 16 de 1669.

Alexandre de Sousa Freire.

1669

Carta que se escreveu ao Ca pilão-


mor da Capitania do Espirito Santo
Antônio Mendes de Figueiredo.

O Capitão-mor de Porto Seguro me escreveu


que desceram a aquella Capitania uns Alarves, niiu-
ca vistos, de que os moradores estavam algum tan-
to atemorizados, porque apparecendo treze, tinham
chegado oitenta, com mostras de amisade, e elle
os havia contentado com ferramentas. Pediu-me que
para soeego dos moradores, e confirmação da ami-
sade dos Alarves, seria conveniente, que se passas-
sem das Aldeias do Espirito Santo alguns casa es
dos Garamitnins para a mesma Capitania, assim
por ser noticia que lhe sabiam a língua, como por
serem valorosos. E porque é negocio da importância
qué se deixa ver tanto que V. M. receber esta lhe
envie que lhe parecer para aquelle ef-
feito, entregando que os vá entregar;
e escrevendo ao Capitão-mor .... manda em
cumprimento desta ordem. Guarde Deus a V. M. Ba-
hia e Fevereiro 16 de 1669.

Alexandre de Sousa Freire.

a.-
104

1669

Carta que se escreveu ao Capitão-


mor da Capitania do Espirito Santo
Antônio Mendes de Figueiredo.

Vi a carta de V. M. de 17 de Novembro, e
fortificações dessa pra-
por ella o estado em que as
e não esperava
ça ficavam que estimei muito saber,
menos do zelo, e obrigações de V. M. O que con-
vem é conservarem-se no mesmo ser, e ainda que
os moradores padecem o que nesta praça me re-
suave, pre-
presentarani sempre lhes ha de ser mais
venir que reedifical-as depois de apo-
drecerem. Não tem chegado a pólvora que Sua Al-
teza escreveu, em vindo partirei com V. M.
O donativo do dote e paz, e os rendimentos
dos Engenhos de Gurupari a Câmara;
e ao Provedor da Fazenda os remetta, com toda a
brevidade.
Sobre a satisfação que se deve aos Capitães. .
. . . nas fortificações, de que V. M. me dá conta
não pode ir agora a resolução, pela brevidade deste
barco: mas .... que se lhes ha de pagar na
primeira oceasião Deus guarde a V. M.
Bahia e Fevereiro 16 de 1669.

Alexandre de Sousa Freire.


— 105 —

1668
Carta que se escreveu ao Prove-
dor da Fazenda da Capitania de
São
Vicente.

Recebi a carta . . . e certidão


• • procedimento: e V. M. ha tanta'razão
' • • • ílue ser para
padece: e a maior
foi que o continue, de maneira
que
grandes accrescentamentos no serviço de Sua Ma-
gestade, segurando-se que lh'os desejarei ver e
muito como os 0uarde Deu; a
V. M. Bahia e Setembro 20 1668.

Alexandre de Sousa Freire.

1668

Carta que se escreveu ao Capitão-


mor da Capitania de São Vicente Agos-
Unho de Figueiredo.
Com esta remetto a V. M. um Alvará
para ir
continuando o cargo de Capitão-mor dessa Capita-
nia emquanto lhe não chega successor: e
quando
não vá então tomarei a resolução que me
parecer
nesse provimento. Espero eu que proceda V. M. de
maneira que se evite todo o gênero de queixa aos
que entendo são emulos seus, e se confirmem todas
as boas informações que se me fizeram do bem
que
V. M. ha obrado, que são muitas. E a este conceito
deve V. M. corresponder. em tudo.
A V. M. e ao Ouvidor dessa Capitania vae re-
mettida essa Ordem com que lhes escrevo a ambos
-106-

com natural se-


a carta inclusa, que V. M. guardará . . .
.... se entende que
gredo, porque nella se mandam pren-
para trazer as pessoas que é de gran-
der e vir a bom recado. A diligencia
ao Ouvidor que
de importância. V. M. communicará
o mesmo zelo, e
a tem e juntos a . . - • com
e as despesas
de ambos fio todo o bom effeito:
mas com
que entender são necessárias;
lhes tire o recato, se
não arri-
entreguem ao Mestre do navio tacs que
a esta
bem ou os deixem e venham infallivelmente
execução da
cidade. E para isso se não faça a
e não em
Ordem . . . quando houver monção,
as
tempo de Nordestes, que facilmente desculpam
de um
arribadas. V. M. . . . . obrar ....
e outro espero.
Apenas se per-
(O resto da carta está illegivel.
cebe tratar do provimento de officios).
Bahia e . . . .de 1668.
Alexandre de Sousa Freire.

1668

Carta que se escreveu ao Capitão-


mor de São Vicente Agostinho de Fi-
gueiredo, e ao Ouvidor.
Com esta remetto a V. M. a ordem inclusa so-
bre a diligencia que ambos hão de fazer. V. M. a
. ... . guardem > >
.... para o effeito e segurança da prisão . .
. . . . homens em que V. Ms. .• . . todo o cui-
dado; e
-107-

elles fugir-lhe. O mais


da memória que acompanha ....
(Estão dilaceradas as ultimas Unhas).
Bahia e Novembro 29 de 1668.

Alexandre de Sousa Freire.

166S
Carta que se escreveu aos offi-
ciaes da Câmara da Villa da Concei-
ção.
Recebi a carta de V. Ms. e por me
parecer jus-
tíficado o seu requerimento lhes mandei
passar pro-
visão que segue com esta: e encarreguei nella
ao
Capitão encja 0 effeito
que
folgarei tenha, para que essa Villa fique restituida,
• • • obras a que V. Ms. têm applicado os 100$
com o beneficio de os cobrarem.
V. Ms. porque é
01'di .... que nisto tes, e
hoje menos desoulpavel, com a
prorogação que faz
mais suave esta contribuição. Guarde Deus a V. Ms.
Bahia e Setembro 20 de 1668.

Alexandre de Sousa Freire.

1668

Carta que se escreveu a Ignacio


de Mendonça.
Bem quizera eu conservar a V. M. no cargo de
Ouvidor dessa Capitania r;
de Sua Magestade como aos
que . lhe
-108 —

me lembre
. Outras occupaçõcs haverá em que
o bem que V. M. as merece •¦•'••••
Bahia e Setembro
aquella. Guarde Deus a V. M.
20 de 166S.
Alexandre de Sousa Freire.

1668

Carta que se escreveu aos offi-


ciaes da Câmara da Villa de São Pau-
Io.

Vi o que V. Ms. me representaram sobre a


duvida que têm com as Villas de Mogi e Parnahiba.
E por entender que é sempre menos a razão dos
mandei passar a
que repugnam ajustar-se a ella,
encarrego ao Ca-
provisão que será com esta: e
cada uma, o
pitão-mor o effeito, para que pague
que licitamente lhe tocar.
Pelas boas informações que se me fizeram de
seu procedimento lhe mando ordem, para que em-
no Rio de
quanto não chegar, o suecessor que está
Janeiro, continue o exercício de seu cargo. V. Ms.
'tudo o
o ajudem em que convier ao serviço de Sua
Magestade de maneira que obre sempre o que deve,
e eu espero de suas obrigações.
Da pontualidade com que esse povo contribue,
o donativo do Dote e paz, e cuidado com que se
prevenirem para a oceasião do Inimigo fico muito
agradecido, porque ainda que uma, e outra acção, é
muito digna de bons vass-allos, sempre se estima, o
zelo, e valor que nelles se experimenta, e o concei-
to que tenho de seus moradores é tão honrado, que
me persuado são elles, os que devem dar, aos das
109

mais Villas, o primeiro exemplo ern tudo o que pode


ser acerto do serviço de Sua Magestade. Guarde
Deus a V. Ms. Bahia e outubro 20 de 1668.

Alexandre de Sousa Freire.

166S

Carta que se escreveu aos offi-


ciaes da Cantara da Villa de Santos.

Vi o que V. Ms. me escreveram, acerca do


Capitão-Mor dessa Capitania Agostinho de Figueire-
do; e creio que hão sido nisso muito singulares:
porque geralmente ..... de todas essas . .
por cuja causa lhe . . . para ir
continuando emquanto lhe não chegar successor. Es-
pero delle, e de V. Ms. que não
si sombra alguma de ódios, senão grandes uniões,
no serviço de Sua Magestade que é o que só im-
porta, e eu desejo, para quíetação .... esses
povos, a quem sempre folgarei ver as maiores fe-
li cidades.
O mek> que V. Ms. elegeram de arrendar a
contribuição, foi muito indigno de poder conservar-
se: e ha sido grande o escândalo, e queixas que
delle me chegaram. V. Ms. cobrem o que toca a
essa Capitania, na forma que era estylo; e ainda
agora será mais suave na diminuição, a que se re-
duziu, com a prorogação do tempo. E em tudo si-
gam o Regimento de Sua Magestade, em cujo cum-
primento deve haver Thesoureiro; e por evitar in-
convenientes na eleição do dessa Villa, mando pro-
'isão
para que seja, o que delia se vê; e /quando não
queira, o elejam V. Ms., de quem confio que obrem
-110-

no serviço de Sua Magestade muito como é justo:


e não consintam que com pretexto delle achem ai-
guns particulares, conveniência no prejuízo publico
de que o povo costuma ter sempre o sentimento
. . . para beneficio deste, como primeira obriga-
ção de V. Ms. Guarde Deus a V. Ms. Bahia c Se-
tembro 20 de 166S.
Alexandre dc Sousa Freire.

1668

Carta que se escreveu aos offi-


ciaes da Camara da Villa de São Vi-
cente.

Com particular attenção vi tudo o que V. Ms.


me escreveram nesta sua carta de 7 de Junho: e Mies
agradeço muito o gosto que me deram. Espero con-
tiniieni e procurem sempre a essa Capitania, todos
os melhoramentos que lhe desejo,- e V. Ms. devem,
couro quem tem a seu cargo as obrigações de ser
cabeça delia. Tudo que V. Ms. me apontam, se de-
feriu como V. Ms. verão dos papeis que envio.
Ao Capitão-mor Agostinho de Figueiredo man-
do Abará para que emquanto lhe não chega sue-
cessor, vá continuando. V. Ms. o ajudem em tudo, o
que convier ao serviço de Sua Magestade e exe-
cução das ordens deste Governo; em cuja obeclien-
cia consiste, a quietação dessa Capitania e a con-
servaçap de seus moradores, os quaes não chegaram
a experimentar tantas calamidades se ellas se não
relaxaram tanto como tenho entendido em outros
tempos. No meu se hão de guardar inviolavelmen-
te; porque sou tão inclinado aos que procedem
— 111 -

como devem para o favor; como aos que faltam ás


obrigações de bons vassallos para o castigo.
Ao Ouvidor que ora provi, encommendo muito
a V. Ms. ajudem em tudo: que por evitar alguns
inconvenientes, me pareceu não continuasse na-
quellc cargo Ignacio de Mendonça, sem embargo de
desejar favorecel-o muito. V. Ms. me dêm sempre
conta muito metida, do que poder ser conveniência
dessa Capitania e de V. Ms. para que no que houver
logar conheçam quanto os estimo. Guarde Deus a
V. Ms. Bahia e Setembro 20 de 1008.

Alexandre de Sousa Freire.

1669

Carta que se escreveu ao Gover-


nador do Rio de Janeiro Dom Pedro
Mascarenhas sobre o nascimento da
Sereníssima Infante.

O Príncipe Nosso Senhor se serviu mandar es-


crever-me por carta de 6 de Janeiro que no mes-
mo dia havia nascido corn bom suecesso a Serenissi-
ma Infante que Deus nos guarde; ordenando-me fi-
zesse celebrar esta nova em todo o Estado, com as
demonstrações de alegria que fossem possíveis. No
mesmo ponto que a recebo, a envio a V. Sa., para
que a tenha entendido; e mande fazer nessa pra-
ça, as que devemos a esta felicidade. Bem suppo-
nho serão as maiores do Brasil, dispostas porV. Sa.
Fico para dar brevemente principio ás que mando
prevenir: e sempre para servir a V. Sa. com gran-
-112-

de vontade. Guarde Deus a V. Sa. muitos annos.


Bahia e Abril 3 de 1669.
Alexandre de Sousa Freire.

1669

Carta que se escreveu ao Gover-


nador do Rio de Janeiro Dom Pe-
dro Masca renhas.

Gaspar Marinho de Lobera me presentou os


seus serviços; pedindo-me uma bengala de Ajudan-
te, que ahi estava vaga: e porque são bastantes;
e é soldado pobre, filho de outro que serviu muitos
annos nesta praça; e teve o trabalho de ven-
cel-a: lhe mandei passar a patente que ha de otffe-
recer a V. Sa. V. Sa. lhe releve a culpa de vir
sem carta sua: que também eu lhe perdoei o des-
gosto de m'a não trazer, desejando ter sempre mui-
tas occasiões de servir a V. Sa. a quem Deus guar-
de muitos annos. Bahia e Maio 13 de 1669.

Alexandre de Sousa Freire.

1669

Carta que se escreveu aos Capi-


tães-mores das Capitanias do Espirito
Santo e São Vicente Antônio Mendes
de Figueiredo, e (sic)

O Príncipe Nosso Senhor se serviu mandar-me


escrever por carta de 6 de Janeiro, que no mesmo
dia havia .nascido com bom successo a Sereníssima
Infante que Deus nos guarde ordenando-me fizesse
113

celebrar esta nova em todo o Estado, com as de-


monstrações de alegria que fossem possíveis. V. M.
o faça assim nessa Capitania, com todo o applauso
que merece tão grande felicidade. Guarde Deus a
V. M. Bahia e Abril 8 de 1669.
'Sousa
Alexandre de Freire.

1669

Carta que se escreveu para o Ca-


pitão-mor da Capitania do Espirito
Santo Antônio Mendes.

Recebi a carta de V. M. em que me dá conta


dos três desgostos que em um dia tivera. São pen-
soes que ordinariamente padecem os que governam,
e que vence com facilidade quem tem o animo de.
V. M. e prudência. Com muita, e com muito como
devia se houve V. M. no suecesso dos Religiosos
de São Francisco. Eu dei aqui noticia delle ao
seu commissario, e lhe disse mandasse remediar o
escândalo que causaram, com a demonstração que
pedia semelhante matéria, e não ficasse exemplo a
outros suecessos. Respondeu-me o faria logo, e nes-
ie barco vão as ordens. Mas que entendia que já 1
nesse mosteiro acharia o commissario dessa reparti-
ção-, e que já teria remediado tudo como convinha,
" eu estimarei
para que V. M. fique sem esse cui-
dado. I
¦

A Câmara me escreveu remettera parte do do-


nativo-, do Dote e paz. Eu lhe agradeço a dili-
gencia, e lhe encommendo o zelo: V. M. a ponha
para que officiaes que acabam,
-114 —

e fiquem os que entrarem só com o encargo de co-


brar o do anno que vem.
E quanto ao que V. M. me escreve, e o Prove-
dor da Fazenda me dá conta, sobre o soccorro cia
Infantaria e soldo do Capitão Manuel de Almeida
do Canto; não é a minha tenção que se pague ao
Ajudante mais que dos sobejos que houver, o que
se lhe deve. atrazado, nem que se abata do Capitão
o que se lhe houver de dar a-elle, senão que assim
ao Capitão como a elle, e aos soldados se pague
havendo com que, o que sempre foi estylo pagar-
se-lhe; porque eu não innovo cousa alguma; e V. M.
e a Camara seguindo isto se conformam com as
possibilidades das Rendas Reaes e o dispositivo
do Povo. Guarde Deus a V. M. Bahia e Outubro
5 de 1669.
Alexandre de Sousa Freire.

1669

Carta que se escreveu aos offi-


ia es da Camara do Espirito Santo.

Recebi a carta de V. Ms., e agradeço muito o


/elo com que mandaram a parte que veiu do dona-
tivo. Espero que a esta hora tenham cobrado
V. Ms. a outra, para que deixem menos esse cuida-
do, aos officiaes que devem entrar; e se não r-e-
tarde, nem confunda a cobrança de um anno, com
a de outro. E ainda que V. Ms. me representam
a impossibilidade desse povo de que me eu dôo
muito, não ha duvida que é com excesso maior o
desta cidade, e comtudo se cobra e paga com toda
a exacção, e a esse exemplo se devem animar esses

y
115

moradores a contribuir o que lhe toca, e V. Ms. a


nao faltar ao que devem. Guarde Deus a V. Ms.
Bahia e Outubro . . de 1669.
Alexandre de Sousa Freire.

1669

Carla que se escreveu pura o Pro-


vedor da Fazenda Real da Capitania
do Espirito Santo Manuel de Moraes.

Recebi a carta de V. M. com a relação (pie


me fez por menor, dos effeitos que ha na Fazenda
Real e donativos; e a forma em que se soecorre a
Infantaria, e seus officiaes, e duvidas do Capitão
Manuel de Almeida do Canto. Ao Capitão-mor
dessa Capitania mando a resolução deste particular;
a ella me remetto. E creio eu que não faltará
V. M. a obrigação alguma de seu cargo e zelo.
Guarde Deus a V. M. Bahia e Outubro 5 de 1669.

Alexandre de Sousa Freire.

1669

Carta que se escreveu ao Capitão


Mamei de Almeida do Canto.

Por parte do Provedor da Fazenda Real dessa


Capitania que havia seu Genro dado a V. M. um
mimo de oitenta arrobas de assucar por lhe dar a
sua bandeira no tempo que V. M. a deu á pessoa
que teve recommendação minha. E porque não e
insto que aquelle sujeito deixando de lograr a
bandeira, perca as suas oitenta arrobas de assu-
'M
-116-

car; e muito menos que dos postos militares se


faça ganância: Tanto que V. M. receber esta (se
as não tiver restituido como creio) as restitua logo
com effeito, e me dê conta de o haver obrado assim.
Guarde Deus a V. M. Bahia e Outubro 5 de 1669.

Alexandre de Sousa Freire.

1669

Carta que se escreveu ao Gover-


uador do Rio de Janeiro Dom Pedro
Mascar enhas.

Antônio Coelho de Bast


posto de Cap. . . São Salvador da Parahiba . .
. . . districto do Cabo Frio se me veiu queixar,
de um João Soares de Bouças se introduzir, no mes-
mo posto, e no cargo de Ouvidor daquella Povoa-
ção pela provisão que para isso disse tinha de V.
Sa., e voltando a essa praça tornara outra vez a
^^^
Parahiba, donde o mesmo Antônio Coelho estava
já governando pacificamente e com alguns solda-
dos que levara, e outra gente armada que alli con-
vocou, violentamente o depuzera do cargo, sem ter
respeito algum a estar servindo pela minha paten-
te. Eu me não posso persuadir que aquelle homem
levasse ordem alguma de V. Sa. e mais
(em respos-
ta da que lhe escrevi sobre a separação, e indepen-
dencia que a Capitania de Cabo Frio tinha desse
Governo) quanto V. Sa. reconhecia ser ella imme-
diata ao Geral. E vendo . . . aquella novidade,
entendo que sem duvida foi velhacaria de
João
Soares de Bouças; e que com
papeis falsos, devia
ir obrar aquelle excesso tão digno de castigo:
pois
— 117 —

offende a V. Sa. na simulação das suas ordens, e


este Governo na desobediência das minhas; que
con respeitadas. Eu mando restituir o
Capitão ao seu posto. V. Sa. sabe quão particular
servidor e amante sou seu; e que em tudo lhe de-
sejo dar gosto com uma vontade mui igual ao de
V. Sa.: mas como esta matéria da jurisdição, é do
iocar, e não minha; não ha V. Sa. de querer (pie
consinta eu perder-se nas minhas mãos quando tan-
to as desejo occupar no serviço de V. Sa;. a quem
Deus guarde muitos annos. Bahia e Outubro 5 de
1669.
Alexandre de Sousa Freire.

1669

Carta que se escreveu a Dom Pe-


dro Mascarenhas Governador do Rio
de Janeiro.

Entre as cartas que tive de S. A. (que Deus


guarde) veiu para V. Sa. a que com esta envio pela
Capitania do Espirito Santo, por ser a primeira em-
barcação que se offerece; Lisboa
não .... Sua Magestade . . . na Terceira)
no . . alguma .... noticia a V. Sa. Mas um
. .
que daquellas ilhas tinha vindo, disse que .
.... graus antes da linha, de
castelhanos com trezentos infantes, um sargento-
maior, e um fiscal, com quem falara, que iam em
soccorro do Rio da Prata por se temer seria inva-
dido dos Inglezes. Dou a V. Sa. esta noticia para
me der
que lhe seja presente. Todas as que V. Sa.
de seu serviço serão menores, que as que desejo . .
118

. . . emprego da vontade que V. Sa. me deve.


Guarde Deus a V. Sa. muitos annos. Bahia e Ou-
tubro 6 de 1660.
Alexandre de Sonsa Freire.

1669

Carta que se escreveu a João Bap-


lista Roiz Capitão-mor da Capitania
do Cabo Frio.

Aqui me veiu fazer queixa Antônio Coelho de


Basto . . . ordem, . . . que levara do Rio de
Janeiro João Soares de Bouças, .... do cargo
(lc Capitão que estava servindo
por
patente minha. E como aquelle Governo não tem
jurisdição alguma sobre essa Capitania, e tenho
por sem duvida obrou com papeis falsos, porque me
não persuado que o Sr. D. Pedro Mascarenhas
mandasse ordem alguma, havendo me escripto
que
estavam ás minhas, e não estavam ás suas . . .
a patente. Tanto que V. M.
vá logo com o dito Antônio Coelho
de Basto á Parahiba, e o metta de
posse do seu
cargo; o prenda em todo o caso ao dito
João
Soares de Bouças; e aos mais culpados neste atre-
vimento e leve V. M. comsigo ao Ouvidor dessa
Capitania para tirar devassa do caso; e com ella, e
os culpados me remetta V. M. o dito
João Soares,
tudo a bom recado a esta
praça, donde convém se
lhe dê o castigo que merece semelhante desobedien-
cia. E esta diligencia hei
por mui recommendada
a V. M. E V. M. obre nella muito como
pede a
importância de se evitar
por este meio
-119 —

exemplo; e se não atreverem outros, ou a se in-


troduzir nos cargos sem ordem minha, ou se é cer-
to que a tinha do Rio de Janeiro (o que uão creio)
ou irem-nas buscar a Governo de quem não são
subditos. Guarde Deus a V. M. Bahia e Outubro
7 de 1669.
Alexandre de Sousa Freire.

1669

Carta que se escreveu a João Ba])-


tista Roiz Capitão-mor da Capitania
do Cabo Frio.

Tenho entendido pelas queixas que esse povo


me tem enviado a fazer que o Sr. D. Pedro Masca-
renhas mandou um Regimento a seu antecessor de
V. M. e que não respeitando elle, o que a.hi ha-
via deste Governo mandado pelo Sr. Conde de Obi-
dos, o guard obedecera as ordens que
daqui se lhe enviaram: de que resultava oppressão
a esses moradores. Bem seguro estou que . . .
ao Sr. Dom Pedro
. (Seguem-se 10 linhas completa-
mente esburacadas pelas traças).
regimento do Sr. Conde de Obi-
dos, e não outro algum, nem mais ordens que as
deste Governou
E nas matérias da justiça o que o Regimento
dos Ouvidores Geraes da Repartição do Sul dispu-
zer, se expressamente declarar S. A. nelle que lhe
dá também a jurisdição até a Capitania do Cabo
Frio, inclusivamente.
E no que toca ao sal, o Provedor da Fazenda -
1
I

F
-120 —

Real do Rio guardará o que S. A. tiver disposto


nesse particular; porque não creio de suas obri-
gações o exceda: para que assim fique o povo (paga
a pensão) com elle livre para o navegar, para dou-
de tiver conveniência. Todas as dessa cidade esti-
marei muito, para que se augmente com as felicida-
des que lhe desejo. Guarde Deus a V. M. Bahia
e Outubro 7 de 1669.

Alexandre de Sousa Freire.

1669

Carta que se escreveu aos offi-


ciaes da Câmara da cidade de Assump-
ção do Cabo Frio.
Vi o que V. Ms. me escrevem acerca das or-
deus que sobre a Capitania vão do Governador do
Rio de Janeiro. Mas como eu escrevi ao Sr. D. Pe-
dro Mascarenhas, e elle me responde tão conforme
ao conhecimento que tinha de ser essa Capitania
isenta de sua jurisdição; entendo não haverá mais
(O resto da. carta foi destruído pelas traças).
Bahia Outubro 7 de 1669.

Alexandre de Sousa Freire.

1669

Carta que se escreveu a D. Pedro


Mascarenhas Governador do Rio de
Janeiro.
S. A. é servido fazer mercê ao Secretario des-
te Estado Bernardo Vieira Ravasco de lhe aceres-
-121-

eentar o ordenado a mil cruzados, c


que tivesse as
propinas que da Fazenda Real ,
. na forma ..
governadores
geraes • • • como V. Sa. verá da copia
da Pro-
visão e Capitulo do Regimento
que com esta envio
V. Sa. o tenha assim entendido, e se sirva
ordenar
ao Provedor da Fazenda dessa Capitania,
o faça
guardar assim em todos os contraetos que se re-
matarem; e tiverem rematado, desde
que a mercê
está .... porque na mesma conformidade
o or-
denei, e se fica praticando aqui. Sei eu
que é V. Sa
tão amigo do Padre Antônio Vieira
que estimara
muito esta oceasião de lhe fazer a lisonja,
de toda
a mercê que faço a seu Irmão. Guarde Deus a V.Sa.
muitos annos. Bahia e Outubro 7 de 1669.

Alexandre de Sousa Fr eirc.

1669

Carta, que se escreveu a Diogo


Carneiro da Fontoura.

Recebi a carta de V.
faço . . . estimação que devo,
• • ¦ Aqui se me veiu queixar um Capitão
que pro-
vi na Parahiba, de o deporem do cargo com solda-
dos que dessa praça foram, e ordem que diz levava
quem ficou em seu logar do Sr. D. Pedro Mascare-
nhas, O' que eu de nenhuma maneira posso crer,
nem persuadir-me que contra as minhas se obrasse
nesse Governo comsa alguma, em uma Capitania em
que não tem jurisdição, e é immediata, como qual-
quer outra a este Governo Geral; principalmente
quando o Sr. D. Pedro o tem entendido, e m'o
— 122 —

escreveu assim: e tenho por sem duvida que o capi-


tão intruso o fez com papeis falsos, excesso digno
de todo o castigo.
Com muito pesar digo a V. M. que B . . . .
de Miranda Henriques me escreveu que ... .
. se perdeu na barra do Recife uma nau de
V. M. e que ficava trabalhando pela tirar pelo
prejuízo que fazia á mesma barra; quererá Deus
que não tenha V. M. essa perda; e para prevenção
tle qualquer reparo dou a V. M. esta noticia. Toda
a que V. M. me der de haver em que o sirva,, terei
por grande gosto meu. Guarde Deus a V. M. Bahia
e ( kitubro 7 de 1669.
Alexandre de Sousa Freire.

1669

Carta para o Sargento-mor de São


Vicente Francisco Garces Barretto.

Recebi a carta de V. M. em que me represem


ta as causas que o impossibilitaram poder exercer o
posto de Sargento-mor dessas Capitanias . . . .
se não per todavia são
tão justificados os motivos e a boa informação que
tenho do Capitão Sebastião Velho de Lima, que me
pareceu conceder a V. M. que sirva elle de Sargen-
to-maior, para o que remetto ... a patente. V. M,
se poder . . . pelo patacho .... cousa . . •
Guarde Deus a V. M. Bahia 12 de (sic)
de 1669.
Alexandre de Sousa Freire.
123-

Para o Almoxarife da Capitania


de São Vicente Bartholomeu Monteiro.

(Esta carta foi totalmente destruída pelas tra-


ças).

Para Paulo Gonçalves de Lara


Provedor dos defuntos e ausentes de
São Vicente.

(Está nas mesmas condições da carta anta ior).

1669

(No logar das primeiras 10 ou 12 linhas, ha um


buraco das traças no papel).

se deviam a met . . . para fazer a


. . . concelho e cadeia, e a metade para . .
• . triz que assim m'o pedem.
V. M. me diz que fora ahi o Ouvidor Geral
e que V. M. lhe encommendara a cobrança do
donativo do dote e paz, e não me diz V. M.
que
Ouvidor Geral é o que lá foi. Pela copia de uma
carta que me remetteu a Cantara da Villa de São Vi-
eente que fora o mesmo João Corrêa Faria nomea-
do Ouvidor Geral dessas Capitanias por provisão
do Governador do Rio de Janeiro. E muito para es-
franhar é que sendo essas Capitanias isentas da-
Qitella jurisdição, e immediatas só ao Governo Ge-
™ ¦ • . Câmaras lhe dessem
posse e consentissem
-124-

exercer aqueile cargo, que só podia haver quem pre


sentasse . . . ordem de S. A. ou deste Governo.
Elle e V. eu muito se . . . poi'
aqueile caminho . . -Rio de Janeiro que . . .
dessa Capitania. A Câmara de São Vicente
registar , , .
do donativo por carta sua;

o donativo para se reinetterem a esta praça as con-


tribuições dessas Capitanias, e não sendo o Prove-
dor da Fazenda dellas sujeito ás do Rio, nem .
dar cumprimento algum a ordens cs-
criptas . . . . e guardem ainda as vocaes. V. M.
o mio consinta mais: e os donativos se remetiam a
esta cidade

Bahia e Novembro 12 de 1669.

1669

Carta que se escreveu ao Capitão


Francisco João Leme.

Recebi a carta de V. M. e vejo o que me diz


sobre as noticias que tem das minas das esmeraldas,
c . . . das safiras: pedindo-me índios e sacerdote
para ir a ellas a sua custa, e promettendo-me estar
nesta cidade por todo o mez de Agosto próximo pas-
sado deste anno. E como estamos em novembro t
V. M. não é chegado supponho intentara a Jornada,
e por essa razão envio a V. M'. provisão pela qual
ordeno ao Capitão-mor dê a V. M. os índios das
Aldeias de S. A. que forem necessários para elle,
-125-

algum sacerdote que lhe administre o sacramento.


E feito o descobrimento em que queira Nosso Se-
nhor dar a V. M. muito bom successo sempre será
o mais conveniente vir V. M. em pessoa a dar-me
noticia de tudo para eu a fazer presente a S. A. em
cujo Real amor seguro a V. M. tudo que pede: pois
é certo que ha S. A. de fazer grande estimação de
um tão particular serviço, como o que V. M. promet-
te de lhe descobrir minas de prata e esmeraldas. .
. e unida a diligencia de V. M. a boa fortuna . .
. . a nãO' terá V. M. pequena nas mercês que
pode esperar de S. A. . . . Guarde Deus a V. M.
Bahia e Novembro . . de 1669.
Alexandre de Sousa Freire.

1669

Para a Câmara da Villa e Capi-


tarda de Conceição.

Recebi a carta de V. M. de vinte e nove de


Março deste anno corrente sobre a posse que repugn
.... a João Corrêa de Faria .... essas
capitanias: que são necessários. .
.... Iguape . . . e nessa. Quanto ao primei-
ro ponto louvo muito a V. Ms. no bem que pro-
cederam assim como estranho á Câmara da Capita-
nia de São Vicente a pouca consideração com que
deixaram exercer o menor acto a um Ouvidor Geral
S. A.
que lhe não presentou provisão expressa de
ou deste Governo, trazendo-a do Governador de
uma Capitania que'não tem jurisdição alguma sobre
essas que com todas as mais do Brasil são immedia-
tas ao Governo Geral delle. V. Ms. obraram muito
-126 —

como deviam, e eu mandei passar uma provisão qui


nessa Câmara e em todas as mais dessas Capitania
se ha de registar. Com ella se fica . . . sem o
lhante introducção e as inquietações que dahi po-
diam resultar como V. Ms a experimenta-
ram. Quanto ao segundo fico advertido da infor-
mação que V. Ms para quando . . .
. . dessa maneira, porque fio de V. Ms. a haverão
dado muito conforme convenha. Guarde Deus a
V. Ms. Bahia e Novembro 13 de 1669.

Alexandre de Sousa Freire.

1669

Para a Câmara da Villa de San-


tos.

Recebi a carta de V. Ms. de nove deste Junho


deste anno pedindo-me mandasse applicar o effeito
. . . mil reis que accrescem do- subsidio ....

. .que
se remette, e ordenar se dividam os cento e cin .
a metade para se dar principio . . .
que tanto corre por conta da Cama-
ra,

o castigo que se dá aos delinqüentes. Guarde Deus


a V. Ms. Bahia e Novembro 13 de 1669.

Alexandre de Sousa Freire.


-127

1669

Para a Cumaru da Villa c Capita-


nia de Suo Vicente.

Recebi a carta de V. Ms. deste Junho deste an-


no, e quanto ao primeiro ponto delia me pareceu
responder-lhes que ainda acho muita razão a V. Ms.
em quererem conservar a posse que dizem têm mui
antiga de se registarem nessa Câmara todos os pro-
vimentos que vão ás mais villas dessa Capitania. E
creio que assim será. Não posso eu deferir a este re-
....
querimento sem me constar da posse por
V. Ms. representam Lluc
em tudo que eu poder .... a suas preeminen-
cias hão de V. Ms. conhecer que . . a ei Ias com
muita vontade.
determi-
Quanto ao segundo ponto ....
nando que se informe muito .... o regimento
. -
.... enviou o Senhor Conde Viso-Rei .
. . mui conforme . . - governo deste Estado
nelle
nem pode alterar cousa alguma
excepto no Juizo dos Órfãos que quando vaga dispõe
a Ordenação que o seja o Juiz mais velho emquanto
não ha legitimo provimento: e V. Ms. o devem pra-
eu prover;
ticar assim dando-se-me logo conta para
o que
ou não suecessores. Com que não ha logar
V. Ms. pedem.
da informação
Quanto ao mais fico advertido
necessidade
que V. Ms. me dão sobre a

.' .",.-' . do kio de


. . . jurisdição ,
cujo se não extende mais que aos ter-
Janeiro poder
-1.-rf—*'.v:i3iJfM

— 128 —

mos da sua Capitania no Ínterim de qualquer va


gantc emquanto não dá conta delle ao Governo Ge-
ral. E é muito para reparar que não tocando tan-
to como a V. Ms. (e ser essa villa Capitania mais
antiga) á Câmara da Conceição soube ella acudir
melhor a suas obrigações do que essa: por me cons-
tar que duvidaram muito como deviam
introducção c a não consentiram. A V. Ms. remetto
uma provisão que sobre esta matéria mandei pas-
sar a qual se ha de registar em todas essas Capita-
nias. V. Ms. a guardem inviolavelmente. E espero
muito ser ella nessa Câmara tão in-
l'alli\ cimente .... obrada ainda que o Capitão-
mor (a quem também o reprovo)
de que tanto precisa res-
peitar a jurisdição e autoridade deste Governo, e a
jurisdição dessas capitanias que desejo conservar
em todo o socego. Guarde Deus a V. Ms. Bahia e
^^^^^ Novembro 13 de 1669.

Alexandre de Sousa Freire.

1669

Para o Provedor da Fazenda de


São Vicente André de Góes de Cer-
queira.
Vi a carta de V. M. de 25 de Agosto deste
anno sobre os descaminhos que V. M. entende ha-
ver nas minas pedindo-me ordem para poder ir a
ellas. não dá logar a se tomar
resolução naquelle negocio. E sobre os que de
presente se offerecem nessa Capitania, me pareceu
dizer a V. M. que é muito para reparar, em . •

La 1
— 129 —

. . . desse posse a um Ouvidor Geral feito


por
provisão Rio de Janeiro, es....
ordem do Provedor e Governador
do dote e paz seudo ccr_
to . . . ahi ordens deste Governo

um auto que se remetteu. Sobre esta matéria mando


uma provisão que V. M. guardará inviolavelmente
pela parte que lhe toca.
Também envio outra acerca de um vigário que
pretende de fazer-se senhor da terra e fortaleza da
Bertioga. V. M. a cumpra com todo o cuidado. E
com o mesmo, ou todos os requerimen-
tos que . . . . da . . . Fazenda dessa Capitania
fizer sobre as matérias que se lhe encarregam e to-
carem as diligencias deste caso. E porque sou infor-
mado que ha dinheiro das fabricas
das Igrejas, . . . V. M, o procurador da fazenda
e me informe muito meudamente
de tudo que convier fazel-o em negocio de tanta
importância declarando donde ... o tal desça-
minho para eu lhe mandar prover nisto pela maneira
mais conveniente fui informado que
se crearam novas ordinárias . . . novos ....
"em partes donde ha
poucos moradores. Ao Adminis-
trador do Rio de Janeiro passei uma provisão con-
formando-me com as Reaes, e parecer do Conde
Viso-Rei meu antecessor que me enviou a represen-
tar sobre esta matéria. E porque convém ter-se in-
teira noticia da gente que ha nas Villas e lqgares
em que criou os que tem provido distancias que ha
de logares a logares e os que estavam providos
-130 —

antes de minha provisão e que vigários

linhas da carta).
(Estão destruídas as ultimas
Alexandre de Sousa Freire.

1669

Para Diogo Árias de Araújo.

Vi a carta de V. M. deste Junho deste anno


um que me dá conta dessa Villa so-
bre a terra de Bertioga pertencente á Coroa; sobre
este particular mando a provisão que V. M. verá.
Sobre os da Villa de São Paulo . . . rerem guar-
dar a do Conde Viso-Rei acerca das Aldeias dos In-
dios se deferirá quando for tempo. E o procurador
da Coroa fará abi sobre as aldeias o que tocar a
sua obrigação porque me consta que não falta ás do
serviço de S. A. e cargo que oecupa. No de Ouvi-
dor dessa Capitania em que o Capitão-mor proveu
a V. M. vae V. M. confirmado. Espero que proce-
da V. M. muito corno deve á confiança que de
V. M. faço. Guarde Deus a V. M. Bahia e Novem-
bro 14 de 1669.
Alexandre de Sousa Freire.

1669

Para Sebastião Velho de Lima.

Vi a carta de V. M. e o papel que com ella


acompanhou e louvo muito a V. M. o zelo que mos-
tra no serviço de S. A. em tudo o que me diz e
aponta. Continue V. M. do mesmo modo para que
-131-

mereça fazer-lhe S. A. mercê que eu


responder tanto V. M. no que obra á confiança que
fiz nas informações que se me deram de seu presti-
mo para esse cargo.
Das provisões que se remettem a V. M. .
(Estão destruídas 10 ou 12 linhas).
e com isto poderá V. M. acu-
dir a sua obrigação, e eu mui satisfeito de maneira
(pie tenha muito que lhe agradecer. Guarde Deus a
V. M. Bahia e Novembro 14 de 1669.

Alexandre de Sousa Freire.

1669

Para o Capitão-mor da Capitania


de São Vicente sobre o gentio, digo
para a Câmara da dita Capitania.
São demasiadas as privações que este Reconca-
vo da Bahia e villas delia, Cairy, e Camamú pade-
cem: com o gentio bárbaro que depois de varias
entradas que se lhe tem feito (em que também en-
traram os moradores dessa Capitania) todas com
mau suecessO', mandei ultimamente fazer uma que
/evc o- mesmo: mas na mesma desgraça se logrou
a felicidade de topar com as aldeias dos Topins que
são os que descem, nunca até hoje descobertos, le
estando tão perto que havendo-se gastado vinte e
um dias na Jornada os Capitães-mores que foram
se . . . nos de que partiram. Agora
se dispõe outra a que com a certeza espero melhor
effeito. Mas porque estes . . . são mui . . . e
o gentio tao numeroso que
(Seguem-se 15 tinhas destruídas).
132-

.... a ambas as Capitanias: . . .


. mortes e roubos que seus moradores
em lhe levar muitos milhares
padecem; e . . -
de , > > >
para suas '
gentio descem
viuiencia que ... lhe
do descobrimento que
se . . .
fazcl- do Espirito Santo das
es-
que justamente .... dem
. . cartas suas . .
perar de S. A. por ser gênero
com todo o aperto; ......
proveu as matérias de que os . .
de São Paulo
todos devem espe-
rar de sua grandeza.
. . . .de serem V. Ms. . . . disponh ....
este negocio de maneira que fiquem V. Ms. com o
convencimento de s . . . e eu com o grande gos-
to de em meu tempo se lograr, e fique esta Capita-
nia devendo a essa o successo sobre que tanto se
tem > ' '
o infortúnio .... no que
circumstancias todas que . . .
de todos os que vierem. A Jornada passada que
estes moradores fizeram a esse sertão
. . . o successo que se pr . . . .os inconve-
mentes que se ... . escapar . . . Nesta ago-
ra (supposta a certeza donde estão)
outro mais que a duvida de se fazer por mar ou por
terra; Por mar ha mais . . . navegar . . ¦ •
terra m, mas creio que
queiram os Cabos
vierem. O que principalmente se pretende é o effei-
-133 —

to, de V. Ms. e do Cabo a que a Jornada se eu-


carregar seja a eleição porque essa entendo será a
mais acertada. Se for por mar se tomará para
isso houver nessa Capitania que as-
sim o ordeno ao Capitão-mor e Provedor da Fazen-
da ...

desta Capitania offendidas do


Gentio. E elle
Capitães e soldados
esta a V. Ms i >

. . . deste Estado )
a essa e que
pessoas que melhor [or-
nada e possibilidade ....
ficará .... pessoas que vie-
rem , de eu
lhes . . prir (*)
Bahia e Novembro 15 de 1669.

Alexandre de Sousa Freire.

(A' margem): Esta carta não teve effeito; por-


que se lhe emendaram umas . . .na forma que
vae adiante, porque não quiz o Sr. Governador se
lhe falasse na loya (sic) que a Câmara pretendia se
lhe offerecesse, visto fazerem a Jornada a custa do
povo; e que se recommendasse a vinda por mar.
E vae lançada a fls.

(¦) Esta carta é um verdadeiro borrão illegivel. Poucas palavras


se podem ler nas suas ultimas 20 linhas. Em pouco melhor estado se en-
contra a maioria dos documentos deste Códice. Muitos, atacados pela accão
corrosiva da tinta e petas traças, desfizeram-se completamente, 1'cando so-
mente intactas as margens brancas das folhas.
-134

1669

Para o Capitão-mor da Capitania


de São Vicente.

E para ser as
vae . \
todas as
o faça executar
(Ha doze linhas illegiveis).
. . por mui encarregado sem falta algumas
delles . . . obrar em todas de maneira que aV.M.
se deva a maior parte do effeito que espero ver. .
de que tanto depende o socego des-
ta praça. E se do que se resolver de vir a gente
por mar ou por terra for possível fazer-se-me aviso
logo logo V. M. m'o mande . . . que se . . .
. . . difficuldades de vir por terra

nesta Jornada: V. a Câmara . . .


. . . . em que melhor
em carregar decurso delle. E por-
que de V. M. e da Câmara todas as
disposições necessárias para ella lhe não recom-
mendo mais apertadamente tudo o que nesta lhe
digo. Guarde Deus a V. M. Bahia e Novembro
14 de 1669.
Alexandre de Sousa Freire.
-135

1669

Para o Provedor da Capitania de


São Vicente.

Da carta que escrevo á Câmara dessa Villa terá


V. M. entendido o que lhe ordeno sobre a gente
que mando esta Capitania . .
remédio f
trabalhe por com o maior .
mais importante
Bahia .... Jornada as . . . . resolvendo-se
que ella se faça por mar: tomará V.
todas as embarcações que nessa Capitania se acha-
rem se ha de fazer . .
. . . . nesta cidade: porque os moradores . . .
a todos os gastos

. . . pela parte que lhe toca


. . . . fará nisto particular a S. A. Guarde Deus
a V. M. Bahia e Novembro 15 de 1669.

Alexandre de Sousa Freire.

1669

Carta para o Capitão Pedro Vás


de Barros.

As boas informações que o Doutor Sebastião


Cardoso de Sampaio me deu da pessoa, experiência,
e valor de V. M. e do grande cabedal que tinha de
índios . . .ados para a Jornada do Sertão me
obriga a escrever esta a V.
Capitão-mor e Câmara dessa Villa se . . com os
— 136 —

moradores dessa Capitania ao sertão . . . desta,


donde descem hoje os bárbaros a fazer tantas hos-
tilidades e insultos em todo este Recôncavo, . . .
se mallograrem as muitas entradas que se têm fei-
to (como já succedeu a uma que
também fizeram esses moradores) se entende que
o ultimo recurso será virem os mesmos moradores
dessa Capitania segunda vez a destruil-os, e casti-
mau sticcesso
gal-os. Que se na primeira houve
noticia don-
por pouca intelligencia deste sertão e
de as Aldeias estavam hoje que a ha fica vencido
esse inconveniente. E sei eu que vencerá o zelo
de V. M. as maiores difficuldades por não faltar a
occasião alguma do serviço de S. A. e bem de seus
vassallos: principalmente Capita-
nia dade de lhes haver V. M.
grande numero de escravos para o beneficio de suas
lavouras a que já hoje vão faltando: pois se para
¦tej^^^^^ o mesmo effeito os vão conquistar ao Rio de São
Francisco donde elles não fazem mal algum: mas
justamente os devem esses moradores vir buscar
mais perto, donde tantos estão fazendo nas vidas e
fazendas do Povo. Elle offerece toda a despesa
para a jornada. Os bárbaros estão dados por cap-
tivos e as terras que habitam se hão de dar aos
que as conquistarem além das honras e mercês que
o Príncipe Nosso Senhor ha de fazer aos que se
empregarem em uma guerra que tão apertadamente
me encommenda. Tomando V. M. esta empresa
como supponho virá V. M. governando a gente que
pela contingência de poder esta achar, ou não achar
a V. M. nessa Capitania lhe não mando a Patente, e
vae esta com ausência á pessoa que em falta de
V. M. nomear o Capitão-mor e Câmara de São Pau-

1
L.
— 137 —

Io a quem escrevo sobre esta matéria a carta que


V. M. verá. O que summamente importa é a bre-
vidade com que V. M. ha de partir por mar (para o
que ordeno se tomem todas as embarcações ncces-
sarias) e vir aqui na primeira monção para ir logo
em breves dias ás Aldeias. E quando haja taes in-
convenientes ou difficuldades que totalmente impôs-
sibilitem fazer a Jornada por mar nesse caso a
faça V. M. por terra, a toda a pressa possível, vin-
do em direitura a dar no sertão desta Bahia donde
V. M. degollará e captivará todos os bárbaros que
achar, de tal maneira que fiquem totalmente ex-
tinctas quantas Aldeias o habitam. Espero que obre
V. M. tudo muito como deve á confiança que faço
de seu procedimento e valor. Guarde Deus a V. M.
Bahia e Novembro 15 de 1669. (*)

Alexandre de Sousa Freire.

1669
Caria que se escreveu ao Prove-
dor da Fazenda da Capitania de São
Vicente André de Góes de Araújo.
Porquanto o Reverendo Padre Provincial do
Carmo* desta Provincia me representou que ha-
via annos que se não pagava ao Convento da Villa
de Santos a sua ordinária que vae na folha e sen-
do esta a primeira obrigação . . . officiaes Reaes,
é muito para reparar que se me faça esta queixa, e
seja necessário remedial-a eu com esta carta. Tan-
to que V. M. a receber, faça logo pagar com ef-

(¦) Sobre esta segunda campanha guerreira dos paulistas eontra


o gentio da Bahia, veja-se, a pags. 207 do vol. V, a Proposta feita á Re-
laçSo pelo Governador Geral Alexandre de Sousa Freire.
-138 —

feito, tudo o que constar que se está devendo: pois


a or-
não é justo que sendo o Convento tão pobre;
hoje os
dinaria mais limitada que a dos outros; e
dízimos tão melhorados, como V. M. me escreveu;
a necessidade que lhe
padeçam aquelles Religiosos,
occasiona esta falta, que V. M. evite de maneira que
se me não repita segunda lembrança; e assim o es-
Bahia e De-
pero de V. M. a quem Deus guarde.
zembro 9 de 1669.
Alexandre de Sousa Freire.

1669

Carta que se escreveu ao Capitão-


mor da Capitania de São Vicente.

A Cantara da Villa de São Paulo me remetteu


uns papeis que se processaram, entre os officiaes
da Câmara da mesma Villa e os da Parnahiba, sobre
o donativo que deviam pagar, as pessoas que de
umas, a outras se passavam; e vendo eu a sen-
tença que V. M. deu neste caso, me pareceu ap-
proval-a. E será obrigada qualquer das ditas Villas,
ou sejam as da contenda ou as mais da Capitania, a
pagar aquella porção, em que foram tintadas as
pessoas, ou pessoa que a ellas se mudarem de ou-
trás: e nas outras se arbitrará a mesma porção,
que dellas haviam de pagar, se se não* mudassem.
Com que ficam cessando duvidas, e não se dimi-
nuindo nada do donativo, cuja cobrança, e remessa
a esta praça tenho encommendado a V. M. Bahia e
Dezembro 9 de 1669.
Alexandre de Sousa Freire.
-139-

1669

Carta que se escreveu a Manuel


de Sousa de Almada.

Recebi a carta de V. Sa. que acompanhou . .


... de Buenos Aires, e bem conheço quanto as
acções de V. Sa. são sempre justificadas. O Ministro
que não foi naquella occasião devassar no excesso
que na Relação não pôde ter o provimento que
V. Sa. queria; terá V. Sa. lá na frota, que consi-
dero chegar ao mesmo tempo que este barco; en-
tão se averiguará quem escusou; e ficará V. Sa.
tendo o recurso mais seguro na justiça de S. A. e
na solicitação dos amigos, que V. Sa. tem na Corte:
e nenhum quero eu que me faça vantagem, em tudo
o que se offerecer de servir, e dar gosto a V. Sa. a
quem Deus guarde muitos annos. Bahia e Dezem-
bro 9 de 1669.
Alexandre de Sousa Freire.

1669

Caria que se escreveu a Dom Pe-


dro Mascarenhas Governador do Rio
de Janeiro.

Estando esta esmaca de que é dono ....


Santos e Mestre Domingos . . . Rangel . . .
(Seguem-se varias linhas ille-
giveis).
• . . . levar esse gênero; e se faça visto-
ria pelos Ministros da Alfândega e . . . . sum-
maria de testemunhas, e gente da mesma esmaca;
-140 —

-que
e com ella, e os mais papeis authenticos do
constar, me envie V. Sa. seguramente a esta praça,
em outra embarcação *lcan-
do a sua entregue ao Mestre para seguir viagem
do Brasil. Guarde
que lhe parecer para os portos
Deus a V. Sa. muitos annos. Bahia e Dezembro
9 de 1669.
Alexandre de Sousa Freire.

1669

Carta que se escreveu ao Capitão-


mor da Capitania do Espirito Santo
Antônio Mendes de Figueiredo.

Estando esta Esmaca de que é dono Raphael


dos Santos e Mestre Domingos Caldeira Rangel
para partir; me disseram em segredo que o motivo
da viagem que fazia para as Capitanias do Sul era
só pretexto para a do Rio da Prata, e que chegan-
do a essa do Espirito Santo, havia de carregar de
assucar que comprasse, e seguir sua derrota a Bue-
nos Aires. Eu não creio: mas porque a toda a
. . . se deve evitar semelhante velhacaria: V. M.
todo o cuidado: com dissimulação
e cautela que pede a importância de sua averigua-
ção. tem embarcado os ge-
neros elles se dirigem ao Rio
de Janeiro .... prenda V. M., pois pode . .
... a Capitania de São Vicente para donde Ra-
phael dos Santos aqui despachou, se
pelos Ministros da Alfândega e fará
um summario de testemunhas da gente da mesma
Esmaca; e os mais papeis authenticos
_141_

do que constar me envie seguramente a esta praça


em outra embarcação .... Raphael dos San-
tos, ficando a sua entregue ao mestre para seguir
viagem que lhe parecer para os portos do Brasil.
Guarde Deus a V. M. Bahia e Dezembro 9 de 1669.
Alexandre de Sousa Freire.

1669

Caria para a Câmara da Villa


de São Paulo.

São tão grandes as privações, que este Recon-


cavo da Bahia e das mais Villas de Boypeba, Cayrú,
e Camamú padece com o Gentio Bárbaro, que de-
pois de varias entradas que se lhe fizeram (a que
também foram os moradores dessa Capitania) todas
com mau successo; mandei ultimamente fazer uma,
que teve o mesmo: mas na mesma desgraça, se
logrou a felicidade, de topar com as Aldeias dos To-
pins que são os que descem, nunca a'té hoje desço-
bertos, estando tão perto, que havendo se gastado
vinte e um dias na Jornada, os Capitães-mores que
foram, se acharam em sete -nos Campos do Aporá
des que partiram. Agora fico dispondo outra, a
que com a certeza . . . espero melhor effeito. Mas
nu-
porque estes sertões são mui vastos e o gentio tão
meroso, e convindo que se desbaratem as primeiras
Aldeias, nunca.... deixaram de repetir as . .
. . . hostilidades em perigo a vida
dos vassallos de S. A. e de
(Seguem-se 18 linhas illegiveis).
.... guerra, que por suas ordens me encarrega
com tanto aperto (de que .... o primeiro . .
iwaHI

— 142

. mandar-lhe as noticias do que os conquista-


dores de São Paulo obrarem para regular por ellas
o que V. Ms. devem esperar de sua grandeza)
creio eu de seus espíritos, e do zelo de V. Ms. que se
empenharão neste negocio de maneira, que fiquem
V. Ms. e elles com o merecimento de se conseguir;
e eu com o grande gosto de em meu tempo se lo-
o soce-
grar, e ficar esta Capitania devendo a essa
Governo, a
go de tudo que tanto se tem cansado o
Infantaria, e o Povo, no que para eila tem contri-
buido: circumstancias todas que fazem maior o
credito de V. Ms., e conceito de todos os que vie-
rem. A Jornada passada, que esses moradores fi-
zeram, a este sertão, teve para se não lograr o
successo que se promettia, os inconvenientes que lá
diriam os que escaparam. Nesta agora (supposto a
certeza donde as Aldeias estão) me parece que não
ha outro mais, que a duvida de se fazer por mar ou
por terra. Por mar é mais breve, e a maior brevi-
dadc é o que mais convém. E para isso se toma-
rão as embarcações que houver nessa Capitania, que
assim ordeno ao Capitão-mor; e Provedor da Fa-
zenda; para poderem partir com a primeira mon-
ção, e . . . que não possa ser por mar convém
se ponham logo a caminho, para que se gaste nelle
aquelle tempo, que podiam esperar para virem em-
barcados; e marchem em direitura a esta Bahia
com a maior antecipação que ser possa. A despesa
toda ha de ser por conta dos moradores desta Capi-
tariia, e das Villas vizinhas . . . idas do< Gentio.
E do assento sobre
a resolução que . . .na Relação deste Estado, de
serem captivos todos os índios que se prisionassem,
e que as terras conquistadas e possuídas do Inimi-
-113-

go, se repartissem pelas pessoas que .... na


jornada, conforme a possibilidade, e qualidade de
cada . . . . a V. Ms. em que
eu lhes
resolução e assento; em tpie V. Ms. verão mais . .
. . . Ordens Reaes e todos os mais motivos e
documentos em que ella se funda. Com que me
asseguro que assim V. Ms. como . . . morado-
res hão . . . oceasião, os para quem a fortuna
por isso fio de todos, que. seja
igual em V. Ms. a brevidade de os . . .o cuida-
do, com que, nelles considero, se antecipem á exc-
cução destas ordens. Ao Capitão Pedro Vás de Bar-
ros escrevo encarregando-lhe a Jornada pelas hon-
radas informações que delle me deu o Desembarga-
dor Sebastião Cardoso de Sampaio, que aqui fica
arribado indo por Syndicante para Angola. V. Ms.
lhe dêm a carta que será com esta; e do effeito de
tudo me dêm V. Ms. particular conta; principalmen-
te se marcharem por terra; que se vierem por mar
na sua chegada espero ver o que V. Ms. obraram.
Guarde Deus a V. Ms. Bahia e Novembro 15 de
1669.
Alexandre de Sousa Freire.

1670

Carta que se escreveu ao Gover-


nador João da Silva de Souza.

Recebi as cartas que V. Sa. me escreveu a pri-


meiro, de Abril e doze de Maio: de todas faço a
estimação que devo e as obrigações de nossa antiga
amisade estão pedindo.
144

A Matheus Vieira Botado desejo favorecer em


tudo, e por recommendado de V. Sa. farei ainda
maior este desejo.
O Engenheiro se acha em Pernambuco no ser-
viço a que se o mandou, e em que está bem de-
vagar. Também nesta praça se necessita muito da
sua assistência; e nella se ha de vir . . . . .
quando em Pernambuco acabar que será tarde: e
por isso é impossível ir a essa Capitania donde as
experiências de V. Sa. hão as que suppram a falta
do engenheiro.
V: Sa. me envie memória de todas as pessoas,
em que é servido que eu mande providos todos os
postos e officios que nessa Capitania estiverem sem
patentes, ou provisões de S. A. e aquelles a que as
provisões deste Governo se tiver acabado o tempo
porque a todas mandarei os provimentos na forma
que V. Sa. me avisar. E não haverá cousa em
que eu sinta que posso dar gosto a V. Sa. que a
não faça com muito grande affecto. E emquanto de
cá não chegam as provisões, e patentes servirão .no
ínterim as taes pessoas pelas que V. Sa. lhes pas-
sar dando-me conta das que são para irem providos
os mesmos sujeitos. Guarde Deus a V. Sa. muitos
annos. Bahia e Julho 6 de 1670.

Alexandre de Sousa Freire.

1670

Carta que se escreveu a Sebas-


Uão Lamber to.

Recebi a carta com que V. M. acompanhou a


fragata Almiranta, cuja perfeição e manhas ga"bo a
145

V. M. pelas noticias que delia se me deram. Quando


chegou trazia os mantimentos gastados. Eu lhe mau-
dei metter todos os que eram necessários, doze
pe-
ças da nau Santa Thereza, e tudo o mais (pie era
mister para seguir viagem sem perigo da falta .
. . .que aqui havia na Fazenda Real, senão nem
eram pequenas as difficuldades para se lhe acudir e
se fazer a S. A. este serviço. Leve-o Nosso Senhor
a salvamento para que se veja nella o queV.M.lhe
ha feito. Se aqui se offerecer cousa com que o de
V. M. necessite de eu lhe prestar me dará V. M.
muito gosto em m'o dizer, e querer conhecer a vou-
tade que em mim ha de achar. Guarde Deus a V. M.
Bahia e Julho 6 de 1670.

Alexandre de Sousa Freire.

1670

Carta que se escreveu ao Exm.0


Doutor Antônio Nabo Peçanha.

Recebi as cartas que V. M. me escreveu na


occasião da froita, e estimo tanto passar V. M. com
boa saúde, como estar tão adiantado nas diligen-
cias que o detêm nessa Capitania. Aqui tive Dom
Pedro em minha casa, e bem mostra o estado em
que se acha, que nem venialmente peccou em cou-
sa alguma das que se lhe pode formar culpa por in-
desculpavel que fosse.
Da recommendação que V. M. me faz dos seus
ordenados e propinas terei eu particular lembrança,
e mais do que a que V. M. aqui me encommendar
-146-

de seu serviço, emquanto não vem descansar a seu


logar cm que eu já o desejo ver. Guarde Deus a
V. M. Bahia e Julho 6 de 1670.
Alexandre de Sousa Freire.

1670

Carta que se escreveu ao Adminis-


trador do Rio de Janeiro.

Parte esta embarcação e tanto á pressa que de-


sejando eu gastar muitas horas a escrever a V. Sa.
unicamente me dá este instante para dizer a V. Sa.
saber
que recebi as suas cartas e que estimo tanto
dei-
que passa V. Sa. com boa saúde como sinto
xar-me V. Sa. estar tão ocioso em seu serviço. Em
outra occasião responderei ás de V. Sa. e nesta que-
ro só que V. Sa. conheça que a não perco de mos-
trar a V. Sa. os affectos que me deve. Guarde
Deus a V. Sa. muitos annos. Bahia e Julho 6
de 1670.
Alexandre de Sousa Fieire.

1670

Carta que se escreveu ao Capitão-


mor da Capitania do Cabo Frio Gaspar
de Maris de Almeida.

Recebi a carta de V. M. e folgo de ver o zelo


que tem do serviço de S. A. e conservação dessa
Capitania. Vae a Provisão sobre as terras. V. M. a
execute muito particularmente e faça o mesmo a
-147-

outras deste Governo que na Câmara dessa cidade


estão registadas sobre a jurisdição dessa Capitania,
e independência que tem da do Rio de Janeiro como
immediata que é ao governo geral do Estado. E no
desses moradores espero eu que obre V. M. de ma-
neira que corresponda á confiança que S. A. fez de
sua pessoa para lh'o encarregar. Guarde Deus a
V. M. Bahia e Julho 8 de 1670.

Alexandre de Sousa Freire.

1670

Carta que se escreveu a João da


Silva e Sousa Governador do Rio de
Janeiro.

O Capitão Antônio Teixeira de Vasconcellos


que daqui mandei ao Rio da Prata, teve lá com o
mercador que foi uma differença sobre os fretes por
ser o navio do mesmo Capitão de que resultou fa-
zer-lhe o mercador uma notável velhacaria, forman-
do papeis com que o quiz descompor; mandando
precatórias a essa praça para o prenderem. Chegou
a esta, e nella pretendeu continuar o que havia
feito. Manda o Capitão uns papeis ao Capitão
Manuel Caldeira Soares para dahi virem outros
em sua defesa. V. Sa. se sirva mandar applicar o
por terra
dito seu Procurador, para que por mar ou "favor
venha com summa brevidade; e todo o que
V. Sa. fizer nesta matéria a este sujeito o estima-
rei muito particularmente. Guarde Deus a V. Sa.
muitos annos. Bahia e Julho 9 de 1670.

Alexandre de Sousa Freire.


-148-

1670

Carta que se escreveu ao Capi-


tão-mor de São Vicente Agostinho de
Figueiredo sobre a jornada do Gentio.

Recebi a carta de V. M. do primeiro de Junho


deste anno, e vejo o que com a Câmara dessa
Capitania obrou sobre a jornada do sertão. Tam-
bem vi a proposta que fez o Capitão-mor da entra-
da Estevão Ribeiro Bayão e o termo de não haver
de faltar em vir a fazer este serviço a S. A. Tudo o
que propoz se lhe concedeu, na forma do assento,
.que se fez, cuja copia será com esta: o Religioso
do Carmo não chegou ainda e não foi necessário
da
para ajustar este negocio; elle irá por Capellão
entrada. Vão estas duas embarcações que mando
com a obrigação que V. M. verá pelos termos que
na Câmara formaram e serão com esta. E sendo
caso que recrute a mais gente para acompanhar o
Capitão-mor por causa do bando que também envio
a V. M., V. M. e a Câmara tomarão qaaesquer
embarcações que no porto de Santos se acharem
para a trazer ajustando o faça na conformidade das
duas que aqui fretaram. Levam as duas quarenta
pipas para aguada e fico despachando uma Sumaca
com dez para ir pelo Rio das Caravellas a carre-
gar alli 500 alqueires de farinha para levar para a
gente que vem, e esta vae de já de cá fretada
condicionalmente para a ajudar a trazer se for ne-
cessario.
Do dinheiro do Donativo do dote e paz se des-
penderão os 400SOOO que na proposta se pede e
assim o ordeno á Câmara e com conhecimento da
— 149 —

pessoa a que se entragarem por ordem da dita Ca-


mara irá de cá papel em forma dos Ministros da
Fazenda para se levarem em conta ao Almoxarife.
E da mesma quantia ha de dar o Senado da Câmara
desta cidade satisfação aqui ao Thesoureiro Geral
que o ha de remetter.
O que agora convém é confirmar V. M. o zelo
que ha mostrado na disposição do que tem por
obrar té se conseguir com effeito a vinda desta gen-
te a quem espera toda esta cidade com grande ai-
voroço, e eu com particular desejo dc ver o Capi-
tão-mor e todos os que o acompanharem, porque de
todos tenho muito honrada opinião.
E a V. M. agradeço muito tudo o que tem
feito, e lhe encommendo faça neste particular, para
que tudo quanto antes ser possa se despache dahi
e chegue a este porto essa gente: assim porque ha
de achar em mim todos os favores, como porque
ainda agora a faz mais desejada um successo infe-
üz que com os Tapuyas teve um Capitão que mata-
ram com cinco soldados mais, e alguns moradores
por lhes faltar a experiência dos mattos e uso da-
quelle gênero de peleja. Na Sumaca que digo, es-
crevi sobre os outros particulares a V. M. a quem
Deus guarde. Bahia e Setembro 19 de 1670. Ao
Capitão-mor dê V. M. cincoenta índios ao menos
das Aldeias de Sua Alteza por m'os pedir, e elle ve-
ilha governando essa gente toda, que aqui lhe man-
darei passar a sua patente, e aos Capitães que
elle mesmo nomear.

Alexandre de Sousa Freire.


-150-

1670

Carta que se escreveu aos offi-


ciaes da Câmara da Villa de São
Paulo sobre a mesma jornada.

Recebi a carta de 27 de Maio deste anno em


que V. Ms. me dão conta do que obraram para
haver de vir a gente que ordenei passasse dessa
Capitania a conquistar nesta o gentio, e fico muito
agradecido ao zelo que V. Ms. mostraram neste
tão grande serviço de S. A. e beneficio desta Re-
publica. O Senado da Câmara desta cidade o agra-
dece também a V. Ms. e lhe deve dar noticia do
desejo com que este povo fica de lhe chegar o re-
médio que só considera ao Recôncavo na vinda
desses homens. Para isso vão essas duas embar-
cações fretadas com as pipas necessárias, e fica ou-
tra Sumaca para levar outras, e quinhentos alqueires
de farinha do Rio das Caravellas. O Capitão-mor
Agostinho de Figueiredo mostrará a V. Ms. a co-
pia do assento que se tomou sobre a proposta do
Capitão-mor da Entrada. Tudo se lhe concedeu;
e os quatrocentos mil reis que pede para a despesa
mandem V. Ms. dar logo, e vindo conhecimento
'
de estarem entregues os levará aqui em conta o
Thesoureiro Geral ao Almoxarife ou Thesoureiro
que ahi tiver a cargo o donativo do Dote e paz,
e por ordem de V. Ms. os entregar, e se lhe re-
metterá papel corrente para a sua conta, e o Sena-
do da Câmara satisfará aqui a mesma quantia ao
Thesoureiro Geral para a remetter ao Reino. Ao
Capitão-mor ordeno que das Aldeias de S. A. dê
ao Capitão-mor aos menos cincoenta índios: e que
— 151-

se rccrescer a gente tome para a conduzir, além das


embarcações fretadas, as mais que lhe forem neces-
sarias que aqui se pagará a todos pontualissima-
mente. Agora deram os Tapuyas um assalto em
que mataram um Capitão, cinco soldados, e alguns
moradores.. Encommendo muito a V. Ms. o des-
pacho desta gente para que com toda a brevidade
chegue a este porto: e possa em sua jornada dar
o socego que espero a este povo. O Religioso do
Carmo não é chegado, mas elle irá por capellão
seu. A toda a pressa despacho estas duas embar-
cações para se ganhar tempo neste negocio. Na que
fica para ir as farinhas responderei ao mais em que
V. Ms. me falam. Guarde Deus a V. Ms. Bahia
e Setembro 18 de 1670.

Alexandre de Sousa Freire.

1670

Carta que se escreveu a Estevão


Ribeiro Bayão Parente Capitão ¦ mor
da Entrada.

Com muito gosto li a carta de V. M. por ver


o grande zelo, com que V. M. se dispõe a este ser-
viço que quer fazer a S. A. cujas circumstancias ^p
fazem cada vez maior. O Capitão-mor mostrará a
V. M. o assento que fiz sobre as suas propostas.
Tudo concedi a V. M. Vão as embarcações, pipas
para as aguadas, quinhentos alqueires de farinha,
bando para os homisiados que não tiverem parte,
ordem para os quatrocentos mil reis, e para cin-
ooerita índios das Aldeias de S. A. ao menos
acompanharem a V. M. Ao Capitão-mor e á Ca-
-152-

mara encarrego muito particularmente a brevidade


com que despachem a V. M., porque é cá mais
necessária a sua pessoa, e a do Capitão Brás Roiz
de Arção, para que no Cairú, e neste Recôncavo
haja o socego, que todos consideram, em os Ta-
puyas sentindo a V. M. e a seus Companheiros
nas suas Aldeias. Um dia destes deram um assai-
to, em que mataram um Capitão de Infantaria,
cinco soldados, e alguns moradores. E isto faz
ainda mais desejada de todo o povo a vinda de
V. M. V. M. venha em virtude desta carta Gover-
nando essa gente, como seu Capitão-mor, e como
tal lhe dê as ordens necessárias. E tanto que
V. M. aqui chegar lhe mandarei passar a sua paten-
te, c aos Capitães que V. M. me nomear. Traga
Nosso Senhor a V. M. e a todos a salvamento
como desejo. Guarde Deus a V. M. Bahia e Se-
tembro 19 de 1670.
Alexa\nd\re de Sousa Freire.
Para o Capitão-mor Estevão Ribeiro Bayão
Parente.

1670
CaMa que se escreveu ao Capi-
tão-mor da Capitania do Espirito San-
\to Antônio Mendes de Figueiredo.
Francisco Mendes Administrador da Companhia
Geral me representou que Bernardo Árias da Sa-
mora morador nesta Câmara (sic) lhe era devedor
de quinhentos e vinte mil reis em que rematara
umas casas e que não podia cobrar delle havendo
procurado por todos os meios possíveis, por ser ahi
-153-

poderoso: pedindo-me por ultimo remédio o favor


desta carta. E porque não é justo, que por estar
tão distante, se lhe difficulte a satisfação, encom-
mendo, e encarrego particularmente a V. M. que
lauto que receber esta .... com o dito Ber-
nardo Árias, o pagamento de Francisco Mendes de
maneira que fique tendo effeito a cobrança e sem
ser necessário chegar V. M. aos termos de o obri-
gar por execução de justiça, de que V. M. usará no
ultimo desengano de os não fazer escusar, a inter-
posição desta carta; mas creio eu que bastará ella.
f: do que V. M. obrar me dará conta para o ter en-
tendido. Guarde Deus a V. M. Bahia e Outubro
9 de 1670.
Alexandre de Sousa Freire.

Para o Capitão-mor do Espirito Santo Anto-


riio Mendes de Figueiredo.

1670

Carta que se escreveu ao Pro-


vedar da Fazenda da Capitania do Es-
pirito Santo sobre a propina do Serre-
tario.

O Secretario de Estado Bernardo Vieira Ra-


v;asco se me queixa que havendo mandado registar
o seu Regimento a essa Capitania, e sendo tão cia-
ra â forma da propina que S. A. lhe manda pagar,
se duvida pelos contractadores. V. M. lhe faça pa-
gar pontualmente a sua, propina que é a mesma
'i'ie se
paga aos Provedores-mores do Estado, e
guardar sem duvida alguma o seu Regimento para
-154-

e a cobrem ahi seus


que com effeito seja pago,
a V. M. Bahia e Outu-
procuradores. Guarde Deus
bro 13 de 1670.
Alexandre de Sousa Freire.

1670

Carta que se escreveu aos offi-


ciaes da Câmara da Capitania de Por-
(to Seguro sobre o que se deve ao do-
¦nativo do dote e paz SOS para fari-
jihas.

Da carta que com esta envio a V. Ms. lhe será pre-


sente que está essa Capitania devendo os donativos
do dote da Sereníssima Rainha da Gram Bretanha, e
convém
paz de Hollanda 829.8750 de que agora
que V. Ms. dêm logo que esta se lhe presentar
80S000 ao Ajudante Manuel Ferreira da Fonseca,
ha forma da ordem que ha de mostrar a V. Ms.
te
para comprar de farinhas no Rio das Caravellas,
dalli levar infallivelmente quinhentos alqueires ao
porto de Santos para a gente que dalli mando vir
á Guerra do Gentio. V. Ms. lh'o dêm logo com
effeito este dinheiro e todo o mais favor que hou-
ver mister, para a compra da dita farinha. E com
recibo seu se levará em conta ao Senado da Câmara
desta cidade: a quem V. Ms. remetiam o resto
que essa Capitania fica devendo dos 800S000 para
se remetter a Portugal, e com pontualidade que
espero de V. Ms.; pois ha sido tão grande o des-
cuido que até agora tem havido nesta obrigação. E
porque a importância de irem os quinhentos alquei-
res com summa brevidade para São Vicente é tão
— 155 —

grande como o de se remetterem para Portugal os


donativos que S. A. manda, é da qualidade
que se
deixa ver: igualmente encarrego a V. Ms. um e
outro .... o Ajudante se não dilate nesse
porto, e passe a toda a pressa a carregar as di-
tas farinhas; no que espero ver o zelo com que
l\ Ms. se empregam no serviço de S. A. Guarde
Deus a V. Ms. Bahia e Outubro 14 de 1670.

Alexandre de Sousa Freire.

1670
Carta que se escreveu ao Capi-
tão-mOr da Capitania do Porto Sc-
gi{ro sobre as farinhas que se hão de
comprar no Rio das Cara vellas.
Da Ordem que Manuel Ferreira da Fonseca
portador desta ha de mostrar a V. M. verá o a que
o mando a essa Capitania; e porque a importância
de passar logo ao Rio das Caravellas a executal-a,
e comprar os quinhentos alqueires de farinha para
levar a São Vicente é tão grande: no mesmo ponto
que áhi chegar, lhe faça V. M. entregar logo o di-
uheiro, e despachal-o na forma da dita Ordem. A'
Câmara dessa Capitania escrevo lhe dê logo o di-
uheiro, e V. M. faça toda a diligencia que con-
vem para que esta embarcação se não dilate, e se
antecipe a sua chegada ao porto de Santos, de ma-
neira que veja eu o zelo com que V. M. serve a
S. A. E todo o favor que ahi houver mister lh'o
dê V. M. A quem Deus guarde. Bahia e Outu-
bro 14 de 1670.
Alexandre de Sousa Freire.
-156

1670

Cfiria qne se escreveu ao Prove


dor da Fazenda Real da Capitania
de São Vicente Pedro Taques de A!-
mcida sobre.

Recebi as cartas de V. M. e a todos os pon-


tos que nellas vi tocantes ao serviço de S. A. tenho
deferido por varias provisões, que nesta occasião se
remettem; as que pela .... ria de Esta . .
. como pela Provedoria-mor da Fazenda. Com
o que tenho respondido a V. M. E no que toca ao
sal, ao Capitão-mor dessa Capitania escrevo, o que
de S. A. e utili-
parece mais conveniente á Fazenda
dade desse povo, e lhe . . .a mostre a V. M.
a quem encarrego a muito pontual execução que
V. M. deve dar a todas as ordens deste Governo.
O Sargento-niaior Francisco Garces Barretto
se me queixa de que se lhe não paga, nem o
Sargento-mor actual Sebastião Velho de Lima, pôde
cobrar os seus ordenados. V. M. l.h'os faça pa-
gar de maneira, que não seja necessário tornarem-
se-me a queixar, sendo o proprietário tão pobre, e
tão antigo no serviço de S. A., e Sebastião Velho
tão zeloso delle, e tão benemérito de se lhe fazer
todo o favor.
No particular da gente que mando vir dessa
Capitania para a guerra do Gentio, não lembro,
nem encommendo cousa alguma a V. M., porque fio
muito do seu zelo e obrigações, que não faltara
V. M. a nenhuma que lhe toque, para que tenha esta
praça o remédio, de que tanto necessita com a vinda
-157-

desses homens, tudo quanto antes poder ser.Guar


de Deus a V. M. Bahia e Setembro 24 de 1070.

Alexandre de Sousa Freire.


Para o Provedor etc.

1670

Carta que se escreveu á Capitania


da Conceição ao Capitão-mor Sebas-
tião de Macedo.

Recebi a carTa rjje V. M. e folgo muito que


viesse a servir a S. A. donde eu lhe possa ser de
prestimo porque sei

das ordens do Governo. E já eu


o exemplo de todos os mais; pois sendo obrigação
de V. M. não tomar posse dessa Capitania sem
mandar presentar a este Governo a sua patente
para nella se lhe pôr o cumpra-se dissimulou icom
V. M. essa omissão: mas não deve V. M. . . .
remediar como deve.
Tenho entendido que ha differenças entre V. M.
e os officiaes da Câmara dessa Capitania, que não
e eom se querer conservar nella.
Procure quanto for possível evitar toda a occasião
de me virem queixas suas porque só desejarei ter
motivos de lhe louvar seu bom procedimento.
Aqui se . . . o cargo de Ouvidor dessa Ca-
pitania. E por parte da Câmara se me representou
também que V. M. o queria exercer, junto com o
— 158 —

de Capitão-mor: são postos muito incompatíveis, e


cm nenhuma Capitania deste Estado, se pratica tal;
houve algum exemplo
porque ainda que a principio
disso foram as experiências mostrando que de ne-
nhum modo convinha ao serviço de S. A. e direito
aos povos molestados com a união de ambos em
um só sujeito. Provi a vara em Athanasio . . .

Governo.
primeiro vir registar a este
Também sobre os provimentos de Capitães da
Ordenança dessa Capitania sei que ha V. Sa. . .
antigamente o Regimento que lá foi
deste Governo; e as pessoas sejam as mais . .
e mando se haja V. M. com
prudência.
Mando fazer diligencias sobre os donativos
dessa Capitania por ser grande o descuido que os
officiaes da Câmara hão tido em remettel-os a São
Vicente. V. M. trabalhe sobre-
tudo. E rernetta a essa Capitania para vir a esta
praça. Guarde Deus a V. M. Bahia e Outubro 12
de 1670.
Alexandre de Sousa Freire.

1670

Carta que se escreveu ao Capi-


tão-mor de São Vicente Agostinho de
Figueiredo.

Nos barcos que daqui despachei com as ordens


e pipas para a aguada, escrevi a V. M. tudo o que
convinha: agora serve esta somente de acompanhar
o barco que vae com os 500 alqueires de farinha
— 159-

.pie vae comprar á Capitania de Porto Seguro:


por
lambem aqui não haver a respeito do Gentio e va-
ler o sirio a sete tostões. Não tenho que encarre-
gar, nem encarecer a V. M. a importância da vinda
desses homens, porque é o único remédio de ter
esta Capitania e as Villas vizinhas algum socego.
V. M. lhe advirta que venham quantos mais
poder
ser como tão necessários ao intento.
Remetto nesta oceasião algumas ordens
que o
Procurador da Coroa mostrará a V. M. V. Al as
faça executar todas muito pontualmente.
Aqui se me propoz quão grandes eram os des-
caminhos que a Fazenda Real padecia no sal
que
entrava nessa Capitania e se me pediu por parte da
Câmara que quizesse eu levantar o dito tributo que
não é possível sem expressa ordem de S. A. Mas se
o povo achar algum meio de por sua conta se mau-
darem buscar do Rio de Janeiro ou nesta praça, ou
a qualquer dellas, e á do Cabo Frio os 4.000 ai-
queires de sal que dizem se gastam cada anno nes-
sas Capitanias pondo-se nelle ahi tal preço que con-
forme sua qualidade se possa tirar o cabedal, e os
centos, e o tributo Real para que o povo não pa-
deça os excessos desse valor de que se me tem da-
do conta, que a Fazenda Real por esse respeito
tem grande diminuição: a Câmara, povo, Provedor
da Fazenda, Procurador delia, e V. M. o ajus-
tem e assentem a forma do negocio, e m'o propo-
nham para, eu ver então, o que mais parecer conve-
mente ao serviço de S. A. e bem dessas Capitanias:
e mandarei a resolução que se ha de seguir. Assim o
escrevo á Câmara e Provedor remettendo-me a esta
carta de V. M. que V. M. lhes mostrará, porque
necessariamente tenha de buscar neste negocio . .
-160-

fique bem servido, e o povo sem


o prejuízo de ou lhe poder faltar o sal ou o com-
prar sempre por excessivo preço. E' o que se offe-
rece dizer a V. M. a quem Deus guarde. Bahia e
Outubro 14 de 1670. Muito encarrego a V. M. a
cobrança dos donativos do dote e paz sobre que
mando uma provisão em particular a qual V. M.
fará cumprir inviolavelmente para que venha o que
se deve por essas Capitanias a tempo de se remetier
a S. A. na forma que se espera.

Alexandre de Sousa Freire.

1670

Carta que se escreveu ao Pro-


curador da Coroa e Fazenda Real da
Capitania de São Vicente Sebastião
Velho de Lima.

Recebi a carta de V. M. e vi o papel que com


ella me enviou, o qual é mui parecido ao zelo com
que V. M. serve a S. A. Sobre as matérias de
seu Real serviço verão V. M. as resoluções que se
lhe remeftem nesta occasiao, por algumas provisões;
cujo effeito hei por mui encommendado a V. M.; e
porque sei quanto V. M. é cuidadoso, nas matérias
de maior importância, lhe encommendo também mui-
to que obre de sua parte quanto poder ser
para que
a gente que mando vir á conquista do Gentio desta
Capitania o faça quanto antes possa ser. E
que os
donativos do dote, e paz se cobrem de todas essas
Capitanias
Ao Provedor da Fazenda dessa Capitania es-
crevi e ordenei para que a V. tenha
-161-

queixas suas de elle o não fazer; porque V. M. o


merece tanto, e se deve tão justamente a V. M.
o cargo delle que não
será necessário se lhe faça outra lembrança. Guarde
Deus a V. M. Bahia e Outubro 12 de'1670.

Alexandre de Sousa Freire.

1670

Carta que se escreveu ao Capi-


tão-mor do Rio das Caravellas.

Vae o Ajudante Manuel Ferreira da Fonseca a


comprar nesse logar 500 alqueires de farinha,
que
são necessários para a gente que mando vir de São
Paulo a fazer guerra ao Gentio Bárbaro desta Ca-
pitania na forma da ordem que lhe dei, e V. M. verá.
V. M. lhe faça logo dar essa farinha, pelo preço
mais accoimmodado que poder ser, pois é para S. A.
Elle passe certidão do preço por que a comprou a
dinheiro de contado para sua descarga. E porque é
grande a importância de aquella gente vir com sum-
rna brevidade, e convém que de nenhum modo se
detenha esta embarcação nesse porto a despache
V. M. a toda a pressa e me avise do dia em que
partiu para me ser presente
que se ven-
da ao Ajudante que houver por
ser para S. A. Guarde Deus a V. M. Bahia e Ou-
t ubro 14 de 1670.
Alexandre de Sousa Freire. ,
162-

1670

Carta que se escreveu aos ojji-


ciaes da Cantara da Villa de São Pau-
lo.
embarca-
Já tenho respondido a V. Ms. pelas
faço esta para
ções que daqui têm partido: agora
de novo agradecer a V. Ms. o zelo que têm mos-
trado neste serviço de que hei de dar conta a S. A.
Vão nesta Sumaca 500 alqueires de farinha que
mandei comprar á Capitania de Porto Seguro por
ficar também caríssima a das Villas de Boypeba, e
Cairú, donde perpetuamente fazem os Bárbaros
maior dam no. Por esta causa torno a encommen-
dar a V. Ms. a brevidade com que importa que
essa gente venha. E este povo a fica esperando
com grande alvoroço.Guarde Deus a V. Ms. Bahia
e Outubro 14 de 1670. ¦

Alexandre de Sousa Freire.

1670

Carta que se escreveu ao Gover-


jiador do Rio de Janeiro João da Silva
de Sousa.
Amigo e Senhor meu. Com o gosto que sem-
pre tenho quando vejo carta de V. Sa. recebi agora
esta sua de pela segurança de ficarV. Sa.
com saúde ....
# Muito agradeço a V. Sa. o cuidado que teve
sobre o ferro. Eu o pedi a V. Sa. com a cláusula
de que fosse o preço accommodado; suppondo que
-163-

me poderia vir na mesma embarcação da costa para


me chegar a tempo que acudisse á falta que delle
padecia . . . . V. Sa. me diz que remette cm-
coenta quintaes 'em uma fragata que partiria bre-
vemente (a que se entendeu aqui que ainda esta
carta a deve achar nesse Rio) a preço de 5$500.
Depois do aviso que fiz a V. Sa. tem chegado aqui
muito, e nem no tempo, porque veiu tarde, nem no
preço, porque não é accommodado me tem conta
alguma. Pelo que peço a V. Sa. se sirva não re-
metter-m/o.
Na de 6 de Julho que escrevi a V. Sa, com
lancha que não era ainda chegada dei a V. Sa. as
razões que havia para não poder esperar pelo En-
genheiro. E vem a ser que S. A. o mandou prin-
cipalmente a fazer a Fortaleza do Brum no Recife
trabalho para muitos annos: e eu estou com a
obra aberta da fortaleza do mar, a que também era
preciso acudir, e não é possível mandal-o vir. Foi-
go eu muito que se entretenha V. Sa. com a boa
oecupação que sempre teve no Alentejo: mas sinto
muito não poder ir o Engenheiro a ajudar a V. Sa.
Vejo o que V. Sa. me diz sobre o Medico, qua^-
tro ha nesta cidade, e são poucos para tão grande
Povo. Em Pernambuco havia um, e por lhe não
pagarem se veiu também para a Bahia donde mor-
reu. Esta experiência fez agora menos gostoso o
appetite do offereeimento, que ahi se fez ao Medico
que lá quizesse ir: mas muito mais a limitação delle.
Cuido eu que se ahi, se fizer partido tão autorizado
que lhes façam esquecer o muito que aqui ganham,
porventura que o acceite algum a que lhe repugnar
de algum modo menos a ida, e a mudança de sua
casa. E como eu os não posso obrigar por precei-
164

to (por mais que o desejei fazer com razões) e só


o interesse é o mais efficaz império para esta geu-
te; a Camara dessa cidade lhe deve fazer conve-
niencia que o abale, porque entendo que só por este
meio ficará V. Sa. conseguindo o intento de dar
medico a esse Povo a que nenhum bem pode faltar,
estarei sempre
governando V. Sa. a cujo serviço
com a vontade que devo. Guarde Deus a V. Sa.
muitos annos. Bahia e Janeiro 24 de 1671.
Alexandre de Sousa Freire.

1671

Caria que se escreveu ao Doutor


Antônio Nabo Façanha.

Por esta carta que recebo de V. M. de 17 de


Novembro creio quão adiantado .... diligen-
cia . . . aram .... Rio e quão perto de . .
. . praça. Muito estimarei seja emquanto nella
estiver para poder dar 'um abraço a V. M„ . . .
. . . me dizer em que o posso servir na Corte,
porque em toda a parte o farei com muito gosto.
Guarde Deus a V. M. Bahia e Janeiro 24 de 1671.

Alexandre de Sousa Freire A

1671

Carta que se escreveu ao Ouvidor


Geral da Repartição do Sul João de
Abreu e Silva.
Domingos de Almeida o Patusca alcançou aqui
perdão na Relação do degredo em que foi condem-
-165-

nado para Pernambuco pelas culpas de que foi sen-


tenciado em Junta nesse Rio, pelo Desembargador
Sebastião Cardoso de Sampaio. E porque depois
accresceram as que gravemente coinmetteu na Ca-
pitania de São Vicente pelas quaes está preso na ca-
deia dessa cidade, e eu o tenho mandado vir para
esta: de nenhuma maneira o solte V. M. em virtu-
de do Alvará que agora lhe vae de perdão das so-
breditas culpas de que ahi foi sentenciado, antes o
remetia V. M. preso a bom recado na primeira
embarcação que vier para este porto. E assim o en-
carrego a V. M. A quem Deus guarde. Bahia e
Janeiro 24 de 1671.
Alexandre de Sousa Freire.

1671

Carta que se escreveu ao Prove-


dor da Fazenda Real do Rio de .lanei-
ro Pedro de Sousa Pereira.

Muita estimação faço da carta que recebi de


V. M., e do cuidado com que V. M. costuma, pro-
curar augmentos á Fazenda de S. A. Os dízimos
vão rematados, e a duvida dos Ecclesiasticos re-
solufa na forma que V. M. verá. Folgarei eu. muito
que se offereça aqui cousa que toque a seu serviço,
para que possa V. M. condiecer quanta é a boa von-
tade que me deve. Guarde Deus a V. M. Bahia e
Janeiro 24 de 1671.

Alexandre de Sousa Freire.


166 —

1671
Carta que se escreveu ao Gover-
natlor do Rio de Janeiro João da Silva
de Sousa.
Recebi a carta de V. M. e delia faço a esti-
inação que costumo a todas as em que V. Sa. me
dá novas de sua saúde, que como V. Sa. vive em
terra donde não ha medico é mais para dar cuidado
a certeza delia. E por esta causa venho a agrade-
cer a um francez de boa opinião na sciencia, ainda
que com poucas experiências do Brasil o passar-se
nesta occasião para essa cidade donde lhe seguro
grande fortuna; mas a maior que eu lhe desejo
é que o não haja V. Sa. mister.
V. M. me diz que os officios que ha nessa Ca-
pitania são poucos, e a maior partes delles tem
provisões de S. A. Assim é nesta mas é raro o
proprietário que serve, e o provimento das serven-
tias de todo o Estado toca só ao Governo Geral
¦Mi-
¦p delle. E os Governadores Particulares das Capita-
nias podem prover no Ínterim, por não cessarem os
exercícios, nem as causas pararem por sua falta. As-
sim o fizeram todos os antecessores de V. Sa. ex-
cepto Salvador Corrêa de Sá, e Benavides no tem-
po que teve separado deste Governo o do Rio, ie
mais Capitanias do Sul. Os Governadores de Per-
nambuco affectaram varias vezes independência dos
provimentos políticos; e querendo S. A. tomar a
resolução necessária em tantas duvidas, se serviu
mandar-me que lhe desse com particularidade a in-
formação que convinha para se lhes dar Regimento:
eu o fiz, e com mais amplas faculdades do
que
S. A. lhes quiz conceder, no Regimento
que de
-167-

próximo lhe mandei dar, e trouxe comsigo Fernão


de Sousa Coutinho. Nelles lhes permitte somente
ires mezes para poderem procurar as serventias,
dando logo conta a este Governo do officio, e
pes-
soa provida para o Governador Geral poder prover
absolutamente em quem lhe parecer. Fernão de Sou-
sa Coutinho o executou pontualmente, e eu mandei
passar as provisões a todos os sujeitos, que nellas
vieram nomeados, porque não é a minha tenção to-
car no gosto dos que quizerem prover, senão conser-
var a jurisdição deste logar, que occupo, por me
não expor ao perigo de S. A. me estranhar o per-
del-a, como fez a Francisco Barretto, pela que dei-
xou tomar a Francisco de Britto Freire. O que sup-
posto convém, que V. Sa. me remetta em todo o
caso uma memória de todos os officios, ou tenham
provisões Del-Rei ou não, com clareza das pessoas
em que V. Sa.. tem provido as serventias (que or-
dinariamente se valem dellas os proprietários) para
que a todos ma-nde passar as provisões, pois deste
modo fica V. Sa. conservando as que prove, e com
provimentos que devem fazer os Governadores Ge-
raes: que não qulizera eu deixar esta queixa ao
Sr. Affonso Furtado de Mendonça quando em tudo
lhe desejo dar tanto gosto como a V. Sa. e V. Sa.
m'o dera grande em me não ter tão ocioso em seu
serviço. Guarde Deus a V. Sa. muitos annos. Ba-
hia e Abril 6 de 1671.

Alexandre de Sousa Freire.


(A' margem): A fls. 1 v.° estão registadas três
cartas que o Sr. Alexandre de Souza Freire escreveu
que por esquecimento ficaram sem se registar. Bahia
e Setembro 16 de 1671. Ravasco.
-168-

CARTAS QUE SE ESCREVERAM NO GO-


VERNO DO SR. AFFONSO FURTADO
DE CASTRO DO RIO DE MEN-
DOCA.

1671

Carta que se escreveu ao Capitão-


mor da Capitania do Espirito Santo
Antônio Mendes de Figueiredo.

Neste Governo me achou a carta que V. M. es-


crevia ao Sr. Alexandre de Sousa Freire. A noticia
de ser fallecido o Capitão Manuel de Almeida do
Canto, e ficar essa Capitania sem pólvora, nem as
munições necessárias para sua defensa. De Portugal
(donde pela pressa com que parti não foi possível
trazel-as commigo) as espero. Em vindo partirei com
essa Capitania. Logo proverei Capitão ainda que
a Câmara pretendia o contrario, porque não pode
P!'l
estar a infanteria sem ter quem a governe.
Com esta remetto a V. M. uma provisão que
neste Governo se tinha passado para a cobrança do
que se estava devendo nessa Capitania dos annos
passados ao donativo do dote e paz como constou
da memória do Senado da Câmara desta cidade
que acompanha a mesma provisão. V. M. a faça dar
a execução com o effeito que espero do seu zelo,
para que venha nas primeiras embarcações a tempo
de se remetter na frota, que ha de partir muito< bre-
vemente.
Na primeira occasião me remetta V. M. a me-
morte de todos os officios que nessa Capitania ,hou-
ver de Fazenda, justiça, e tocantes á Câmara com
-169-

clareza muito especial dos ordenados que têm,


por
que provisões se exercem, e que pessoas; e infor-
mação das de qualidade que ha nessa Capitania e
sufficientes para os servirem.
E bem assim uma lista de todas as Companhias
que ha da ordenança em toda a sua jurisdição, com
lista particular de cada uma das ditas Companhias,
com os soldados que têm e que sujeitos são, e in-
formação dos mais que houver na mesma Capitania
de qualidade beneméritos de occuparem aquelle pos-
to para tudo me ser presente. Guarde Deus a V. M.
Bahia e Maio 22 de 1671.

Affonso Furtado de Castro do Rio de Mendoça.

1671
Carta que se escreveu ao Capitão-
mor da Capitania do Espirito Santo
Antônio Mendes de Figueiredo.
Esta serve somente de acompanhar a provisão,
e copia do Capitulo que remetto a V. M., para que
tanto que chegar a suas mãos, a entregue ao Prove-
dor da Fazenda, e o Capitulo da copia (sic) á
Câmara dessa Capitania. E na forma da provi-
são faça V. M. remetter á Secretaria deste Esta-
do, todos os papeis que mando vir: procurando
que neste mesmo barco, ou ao menos na primeira
oceasião que se offereça me venha a primeira via,
e as mais quanto antes ser possa, para irem na frota
(que partirá com a brevidade que a provisão (diz)
a S. A., a que V. M. fará nisso grande serviço,
Guarde Deus a V. M. Bahia e Maio 23 de 1671.
Affonso Furtado de Castro do Rio de Mendoça.
-170-

1671

Carta que se escreveu aos offi-


ciaes da Câmara da Villa da Victoria.

A carta que V. Ms. escreveram ao Sr. Alexan-


dre de Sousa Freire, me achou neste Governo. Vi
o que V. Ms. representaram acerca do tributo do
sal. E os negócios presentes são de qualidade, que
não dão logar, a se tomar resolução nesta matéria,
brevemente a mandarei, e folgarei, eu muito que
possa ser, com o favor que desejo fazer aos mo-
radores dessa Capitania, e aos de todo o Brasil.
Guarde Deus a V. Ms. Bahia e Maio 23 de 1671.

A/f ouso Furtado de Castro do Rio de Mendoça.

1671

Carta que se escreveu ao Capitão


Sebastião Duarte que está na Villa
dos Ilhéus.

Recebi a carta de V. M. E para a brevidade


com (pie me affirmaram que V. M. chegaria a esta
praça, e nella é necessária sua assistência pela que
toca aos pagamentos de seu contracto: tem tardado
muito. Assim no mesmo ponto que V. M. receber
esta, se parta logo, a vir dar esta satisfação. E se
depois for necessário voltar a essa Capitania se lhe
concederá licença; porque o serviço de S. A. não
permitte demoras na conveniência particular. Com
esta envio ordem para o Provedor da Fazenda re-
metter a seu Irmão preso com as culpas
por que o
prendo, a esta praça; e obrigue ao fabricador, a
— 171-

que nella venha, ajustar as contas com V. M. a


quem Deus guarde. Bahia e Maio 26 de 1671.
Agradeço a V. M. o gosto com que me signi-
fica estar da minha chegada.
Affonso Furtado de Castro do Rio da Mendoça.

1671
Carta que se escreveu aos offi-
ciaes da Câmara da Villa. de Porto Se-
guro.
Neste Governo de que S. A. se serviu encarre-
gar-me chegou a carta que V. Ms. escreveram ao
Sr. Alexandre de Sousa Freire sobre o tributo que
pretendem pôr na aguardente e limitação do dona-
tivo do dote, e paz que toca a essa Capitania; re-
mettendo-me uma copia de carta ao Sr. Francisco
Barretto, pela qual lhe dizia enchia cem mil reis ca-
da anno por espaço de 16, e que somente pagasse
otio por cento. As occupações presentes deste Go-
verno são de qualidade que me não dão logar a
deferir logo a V. Ms. sobre estas matérias. Breve-
mente se verão e mandarei a V. Ms. a resolução de
ambas. E segure-se esse Povo, que em tudo o
que o poder favorecer, o hdi de fazer com boníssima
vontade, não encontrando o serviço de S. A. que
é a primeira obrigação a que todos devem attender.
Neste Governo achai passada a Patente que
sae nesta mesma embarcação, remettida ao Capitão-
mor dessa Capitania sobre o que ella está devendo
ào mesmo donativo do dote e paz, e leva inclusa a
conta que o Senado da Câmara presentou, para que
V. Ms. na forma delia satisfaçam logo tudo, e o
— 172 —

Capitão-mor a faça executar. Pelo que encommendo


muito a V. Ms. que supposta a omissão com que
se tem havido esse Povo, em pagar o que lhe toca,
e a brevidade com que ha de partir esta frota, co-
brem, e remertam logo a esta praça o que se está
devendo: e ficarei conhecendo o zelo com que
V. Ms. servem a S. A., e açodem a esta obrigação.
Guarde Deus a V. Ms. Bahia e Maio 28 de 1671.

Affonso Fartado de Castro do Rio de Mendoça.

1671

Carta que se escreveu ao Gover-


nador do Rio de Janeiro João da Sil-
va de Sousa.

S. A. se serviu dar-me a ordem, cuja copia


será com esta, para consultar os postos que vaga-
rem. Muito encommendo a V. Sa. me mande logo
uma relação particular dos que houver vagos: E de
todos os que ha de guerra, e fortalezas nessa Capi-
tania. E dos sujeitos que ha beneméritos de os oc-
cuparem vagando, com as fés de officios e informa-
ções de sua qualidade para provisão. E
sei eu quando algum vagar, que as pessoas que V.
Sa. me apontar, para elles, hão de ser sempre as
que eu consulte como maior acerto, e que ....
com maior gosto.
Do mesmo modo encommendo também a V. Sa.
me remetta memória de todos os officios que ha em
toda a sua jurisdição de qualquer qualidade que se-
jam: com declaração muito particular dos sujeitos
que os exercem, e por que Provisões; quaes são
proprietários, quaes delles têm impedimentos; que
— 173-

officios ha sem proprietários; ou sejam de justiça,


ou fazenda, ou Câmara: e que pessoas ha nessa ei-
dade de sufficiencia para servirem os que vagarem.
E V. Sa. os provera nos que vir que mais convém,
emquanto eu lhe não mando os provimentos: porque
não serão em outrem.
Também dos postos da Ordenança me mandará
V. Sa. informação com listas de todas as Compa-
ninas em particular que gente ha em cada uma, que
armas tem; as casas em que ha filhos; quantos Ir-
mãos são: que sujeitos são os Capitães, Sargentos-
mores, e Coronéis, e porque patentes servem; e que
pessoas ha beneméritas, para semelhantes postos;
em que é certo terá V. Sa. provido as mais sufficien-
tes para tudo me ser presente, com a evidencia que
convém, e de tudo poder informar a S. A. e dar
cumprimento a suas Reaes Ordens. Deus guarde a
V. Sa. muitos annos, como desejo. Bahia e Maio
23 de 1671.

Affonso Furtado de Castro do Rio de Mendoça.

1671

Carta que se escreveu ao Gover-


<rwdor do Rio de Janeiro João da Silva
de Sousa.

Entre outros Capítulos da Instrucçao que S. A.


se serviu dar-me verá V. Sa. os que contém a provi-
são que com esta lhe remetto para que V. Sa. a en-
tregue ao Provedor da Fazenda a quem escrevo, e
a que toca ás Câmaras que também será com esta,
para V. Sa. encarregar a dessa cidade que a exce-
cute pelo que lhe toca. E quando ou o Provedor, ou
-174 —

a Câmara faltem, ao cumprimento, . . . que . .


. . . (o que de nenhum espero) fará V. Sa. exe-
cutar a . . . miação que S. A. declara nos mes-
mos Capítulos. Na applicação de V. Sa. se socega
meu cuidado, porque é grande o com que fico de en-
viar a S. A. estes papeis e as informações que so-
bre elles lhe hei de fazer de todo o Brasil. Guarde
Deus a V. Sa. muitos annos. Bahia e Maio 23
de 1671.

Affonso Furtado de Castro do Rio de Mendoça.

1671

Carta que se escreveu ao Capitão-


mor da Capitania de São Vicente.

Foi S. A. servido encarregar-me o Governo


deste Estado. E porque convém ser-me presente o
em que se acham as Capitanias delle, e executar-se
cm todas, o que por uma instrucção me ordena: en-
vio com esta a V. M. a provisão que passei com
alguns Capítulos da mesma Instrucção nella inser-
tos, para entregar ao Provedor da Fazenda dessa
Capitania, e a fazer guardar inviolavelmente. E
na primeira occasião que se offerecer me façaV. M.
remetter todos os papeis que o Provedor ha de fa-
zer; e nas que se seguirem a 2.a e 3.* via, pro-
curando V. M. que se não perca instante pela brevi-
dade com que S. A. me manda o informe de todas
as matérias do Brasil.
Também V. M. me envie na primeira occasião,
memória de todos os officios que nessa Capitania
houver de Fazenda Justiça, e tocantes á Câmara;
com clareza muito especial, dos ordenados
que têm,
-175 —

por que provisões se exercem, e que pessoas; e in-


formação das pessoas de qualidade, que ha nessa
Capitania, e suf fiei entes para os servirem. E bem as-
sim uma lista de todas as Companhias que ha da
Ordenança em toda a sua jurisdição, com lista parti-
cular de cada uma das ditas Companhias, os solda-
dos que têm, e que armas; e por que patentes ser-
vera os Capitães, e que sujeitos são e informação
dos mais que houver na dita Capitania de qualidade
e beneméritos de occuparem aquelle posto: e as ca-
sas era que houver filhos, quantos Irmãos são, para
tudo me ser presente.
Além da Provisão, para o Provedor da Fazen-
da, mando mais com esta a V. M. a copia de ou-
tra . . . que mandei pelo Secretario de Estado so-
bre os cargos que pertencem á Câmara, que V. M.
fará também vir na mesma, com a brevidade, e pelas
mesmas vias.
E porque a brevidade com que parte a embar-
cação, em que remetto esta á Capitania do Espiri-
to Santo, para dalli se enviar por terra ao Provedor
delia e a V. M.; não dá logar a se mandarem . .
. . . mais Capitanias do Sul. V. M. mande a cada
Capitania . . . dellas, o traslado authentico da
mesma Provisão, acompanhando as cartas que lhe
envio, havendo nellas Provedor da Fazenda; e quan-
do não o dessa Capitania dará informação de todas
as mais. E o Procurador da Fazenda e Coroa
dessa Capitania (a quem V. M. o ordene de minha
parte) me fará também as informações, que so-
bre a mesma Provisão entender que convém ao ser-
viço de S. A. e no caso que não haja Provedor da
Fazenda sempre V. M. mandará o Capitulo tocante
á Câmara; com as minhas cartas que serão com
176

esta, aos Capitães-mores: e terá V. M. cuidado de


remetter as respostas, e tudo o mais á Secretaria
deste Estado, na forma que na provisão se declara.
Fico esperando pela gente que o Sr. Alexandre
de Sousa Freire me disse havia mandado vir, para
ir á conquista do Gentio. E não hão de exper.'-
mentar menos favores, na vontade com que desejo
que cheguem.
O Donativo do Dote e paz encarrego muito
particularmente a V. M., para que em todo o caso
venha, e se cobre na forma que se tem ordenado
deste Governo: e executando-se os devedores de
maneira, que me não cheguem noticias de haver
quem retém em si o que o Povo tem pago.
Do zelo de V. M. fio a execução de todas es-
tas ordens, que a toda a pressa envio; e por essa
causa não é possível escrever á Câmara dessa Capi-
tania, e Villa de São Paulo; e V M. lh'o diga
¦tf-
¦P
assim de minha paite. Guarde Deus a V. M. Ba-
hia e Maio 23 de 1671.

Affoiifio Furtado de Castro do Rio de Mendoça.

1671

Carta que se escreveu ao Capi-


tão-mor da Capitania da Parahiba.

(A' margem): Esta carta se enviou aos Capi-


tãesmiores do Estado, assim das Capitanias do Sul
como das do Norte. — Ravasco.

Foi S. A. servido encarregar-me o Governo


deste Estado. E porque convém ser-me
presente
o em que acho todas as Capitanias delle: tanto
que
— 177 —

V. M. receber esta, na primeira oceasião me remet-


ta memória de todos os officios que nessa Capitania
houver de Fazenda, Justiça, e tocantes á Câmara
com clareza muito especial do ordenado
que têm,'
por que provisões se exercem, e que pessoas: e in-
formação das de qualidade que ha nessa Capitania,
e sufficientes para os servirem. E bem assim, uma
lista de todas as Companhias que ha da Ordenança
em toda a sua jurisdição com lista
particular de
cada uma das ditas Companhias, os soldados
que
tem, e que armas; e por que patentes servem os
Capitães, e que sujeitos são, e informação dos mais
que houver na mesma Capitania de qualidade, e be-
nemeritos de oecuparem aquelle posto, e nas casas
donde houver filhos, quantos Irmãos são
para tudo
me ser presente. E mande-me V. M. também uma
relação separada, das armas, pólvora balas inorrão,
e tudo mais que houver nos Armazéns dessa Capita-
nia. Guarde Deus a V. M. Bahia e Maio 22 de
1671.

Afloro Furtado de Castro do Rio de Mendoça.

Carta que se escreveu ao Prove-


dor do Rio de Janeiro Pedro de Sousa
Pereira (e aos Provedores das Capita-
nfas do Espirito Santo, e São Vicen-
te que se segue).
Foi S. A. servido encarregar-me o Governo
deste Estado, e com
particularidade o effeito, e
a brevidade, de uma insfrucção, cujos capítulos vão
insertos na Provisão
que passei a todos os Provedo-
res da Fazenda Real do Estado a
que tocam. Ao Sr.
-178 —

dessa Capita-
João da Silva de Sousa Governador
nia a remetto para que a veja, e V. M. a execute.
Tenho eu tão boas informações do zelo com que
V. M. serve a S. A. que fico muito descançado
nesta matéria: sendo de tanta importância a pres-
sa, como a clareza com que S. A. quer que se lhe
dê conta especialissima de tudo, o que contêm os
ditos Capítulos, e eu desejo me chegue tudo se
possível for, ainda a tempo de ir nesta frota. Guar-
de Deus a V. M. Bahia e Maio 23 de 1671.
E mande-me V. M. também uma relação sepa-
rada, das armas, Pólvora, Balas, Morrão, e tudo o
mais que houver nos Armazéns dessa praça.

Affonso Furtado de Castro do Rio de Mendonça.


Sr. Pedro de Sousa Pereira.

1671

Carta que se escreveu aos Prove-


dores das Capitanias do Espirito San-
to, e São Vicente.

Foi S. A. servido encarregar-me o Governo


deste Estado. E com particularidade, o effeito, e
a brevidade de uma instrucção, cujos Capítulos vão
insertos na provisão que passei a todos os Provedo-
res da Fazenda Real do Estado, a que tocam. Ao
Capitão-mor dessa Capitania a remetto, para que a
veja, e V. M. a execute. Tenho eu tão boas in-
formações do zelo com que V. M. serve S. A., que
fico muito descançado nesta matéria: sendo de tanta
importância a pressa; como a clareza, com queS.A.
quer que se lhe dê conta especialissima de tudo o
-179-

que contêm os ditos Capitulos, e eu desejo me che-


gue tudo, se possível for ainda a tempo de ir nesta
frota. Guarde Deus a V. M. Bahia e Maio 23 ,de
1671.
Mande-me V. M. também uma relação separada,
das armas, pólvora, balas, morrão, e tudo o mais
que houver nos armazéns dessa Capitania.
Affonso Furtado de Castro do Rio de Mendoça.

1671

Carta que se escreveu ao Gover-


nudor do Rio de Janeiro João da Silva
de Sousa.

Com esta remetto a V. Sa. (copia firmada pelo


Secretario de Estado) a carta de 4 de Março deste
anno que o Príncipe Nosso Senhor se serviu mandar
escrever-me para lhe propor três sujeitos nos postos
que vagarem, de guerra, e de Capitães c Cabos dos
fortes deste Estado; para que V. Sa. tenha entendi-
do a resolução e forma delia: pelo que estando va-
gos ou vagarem alguns destes postos, que só este
Governo Geral pode provel-os (como a V. Sa. é bem
presente, pois o não podiam fazer os Governadores
das armas das fronteiras) me avise V. Sa. logo, e
me aponte para cada um três sujeitos, os que lhe pa-
recerem mais beneméritos com certidão dos officios
dos annos que têm de serviços; e informação do me-
recimento, e partes que nelles concorrem, para se-
rem os mesmos que eu proponha a Sua Alíteza e
remetter a V. Sa, a patente daquelle que V. Sa.
me avisar, porque esse será o que em primeiro lo-
gar propo (sic). E deste modo fica V. Sa. dando o
180

posto a quem for servido, e eu não faltando á exe-


cução desta carta, e no Ínterim fica continuando
se for Capitão de Infanteria o Alferes, e se de for-
te qualquer Cabo, que V. Sa. lhe metter, e sendo
Sargento-maior o Capitão mais antigo desse presi-
dio. Guarde Deus a V. Sa. muitos annos como de-
sejo. Bahia e Julho 23 de 1671.

Afforno Furtado de Castro do Rio de Mendoça.

1671

Carta que se escreveu ao Gover-


nador do Rio de Janeiro João da Sil-
va de Sousa.

S. A. que Deus guarde se serviu mandar me


escrever, a carta e remetter os treslados dos Ca-
pitulos que serão com esta por copia firmada do
Secretario de Estado, para se ter entendido neste
Estado o modo, com que este Governo, e o das Ca-
pitanias delle se hão de haver chegando a seus por-
tos alguns navios das nações com que a Coroa de
Portugal tem celebrado pazes. V. Sa. a mandará re-
gisfar com os ditos treslados e a observe na forma
que S. A. ordena para que a todo o tempo seja
presente assim aos Governadores como aos Minis-
tros da Fazenda Real e alfândega dessa jurisdição
saberem o procedimento que hão de ter, quando
aconteça aportar nesse Rio alguma embarcação es-
trangeira. Guarde Deus a V. Sa. muitos annos
como desejo. Bahia e Julho 23 de 1671.
Affonso Furtado de Castro do Rio de Mendoça.
— 181 —

Capitulo de uma carta que se es-


creveu ao Governador do Rio de Ja-
neiro João da Silva dc Sousa.

Vejo também o que me dizeis acerca dos pro-


prietarios que não servem os seus officios, pedindo-
me ordem, para proverdes as serventias em quem
vos parecer. Por varias ordens, que ha neste Go-
verno sobre os proprietários servirem os seus offi-
cios, se vê claramente, que não podem elles con-
tractãr pensão alguma com as pessoas que por
elles servirem, salvo por missiva, e que em elles
tendo impedimento, ou não querendo servir são li-
vres ao Governo Geral as serventias: pois ainda
que nas ditas Ordens, se não expressa mais que o
preceito de os fazer servir, em elles não servindo
logo pelo seu Regimento devem os Governadores
Geraes prover as serventias. Este estylo é o que
aqui se pratica e ordinariamente lhes concede o
Governo os provimentos ás pessoas com que os pro-
prietarios se ajustam: mas se não quer provêm em
quem lhes parece: vós o fareis na mesma conformi-
dade por tempo de seis mezes que é o que S. A,
se serviu ordenar (que eu repugnei fazer) terminam
do este tempo aos Governadores dessa Capitania a
respeito da distancia, e monções: assim como três
aos de Pernambuco por não cessarem as causas:
mas com denegação aos ditos Governadores de po-
derem fazer outro provimento no tal officio de que
logo devem dar conta ao Governador Geral para vi-
rem delle as provisões sem as quaes não poderão
proseguir os providos pelas provisões dos Governa-
dores das Capitanias: e nesta forma se passou o
Regimento a Fernão de Sousa Coutinho. Na mes-
— 182 —

ma o deveis vós fazer, e não irá pessoa alguma pro-


vida em meu tempo em qualquer officio, que não
for aquella que por provisão vossa mosfrar que o
tendes provido. Deus vos guarde muitos annos como
desejo. Bahia e Julho 23 de 1671.

Affonso Furtado de Castro do Rio de Mendoça.


Sr. João da Silva de Sousa.

1671

Carta que se escreveu ao Ouvidor


ao Rio de Jai\eiro.

Com esta remetto a V. M. a carta executiva


inclusa sobre as condemnações que nessa Capitania
se estão devendo ás despesas da Relação deste Es-
tado, e porque sou informado, que é grande a
omissão com que se pagam; V. M. o execute mui-
to pontualmente, e remetta tudo em dinheiro, ou
letras a esta cidade, na forma que nella se decla-
ra, e com aquelle effeito, e brevidade, que eu
devo esperar de V. M.; a quem encarrego muito
particularmente esta diligencia. Guarde Deus a
V. M. Bahia e Julho 23 de 1671.

Affonso Furtado de Castro do Rio de Mendoça,

1671

Carta, que, se escreveu ao Capitão


Antônio Luis Espinha no Espirito San-
io.
O Capitão Matheus Sirgado me deu noticia de
haver V. M. descoberto algumas minas: e
que para
— 183-

tratar de seu beneficio não esperava V. M. mais que


ordens deste Governo: e porque ellas se não po-
. dem passar sem preceder verdadeira informação das
ditas minas a parte donde estão, a qualidade dei-
Ias, a despesa que poderão fazer até se entabolá-
rem, e tudo o mais de que convier ter-se inteira
noticia deste negocio, e da infallibilidade delle, e
clareza das ordens que são necessárias para tudo
me ser presente: V. M. me dê logo muito particu-
lar conta de tudo, e se segure de que se nas jni-
nas tiver o successo que promettem as esperanças,
as pode V. M. ter grandes de saber S. A. que é
V. M. /íquem lhe fez tão importante serviço, e eu
me empenhe a ser quem solicite para V. M. as hon-
ras, e' mercês que deve confiar de sua grandeza,
além da renda que ha de resultar a V. M., que será
conforme a utilidade que a Fazenda Real tiver das
ditas minas. E ganhe V. M. tempo em me dar esta
conta a toda a pressa,, porque se não perca instante.
na disposição e emprego destas minas, de cuja cer-
teza faço muito caso pela ter da pessoa queV.M.é.
Guarde Deus a V. M. Bahia e Setembro ... de
1671.

Affonso Furtado de Castro do Rio de Mendoça.


Para o Capitão Antônio Luis de Espinha.

1671

Carta que se escreveu ao Capitão-


mor da Capitania do Espirito Santo.

Recebi todas as cartas de V. M. de 17 e 18


de Junho e 23 e 29 de Julho e com ellas as vias
dos papeis que ordenei a V. M. me remettesse os
-184-

quaes vieram com toda a clareza, e boa forma que


eu poderá esperar de V. M., e do acerto com que
supponho haver procedido em tudo o mais que to-
casse as obrigações desse posto.
Bem folgara eu conservar a V. M. nelle para
ser a sua permanência satisfação do bem que a me-
tece; mas V. M. tem servido já quatro annos, não
sendo o provimento de sua patente mais que por
ires, que é o estylo ordinário, e de alguma manei-
ra encontra o Regimento de S. A. ser por mais tem-
po, me pareceu, mandar-lhe suecessor, e tal pessoa
que não sintam esses moradores a falta da de V. M.
O Capitão-mor Ignacio de Lescaro, leva outra par-
ticular, pela qual levantando a V. M. o pleito e me-
nagem que fez por essa Capitania, vae provido por
patente minha. V. que enten-
der que convém para poder que
V. M. teve. Guarde Deus a V. M. Bahia e Setem-
bro 12 de 1671.

Affonso Furtado de Castro do Rio de Mendoça.

Para o Capitão-mor Antônio Mendes de Figuei-


redo.

1671

Carta que se escreveu ao Capitão-


mor da Capitania do Espirito Santo.
O Capitão-mor Ignacio de Lescaro, que esta
carta ha de dar a V. M. vae com patente minha a
sueceder-lhe dessa Capitania. V.M.
Ih'a entregue logo que por esta hei
por levantado a.
-1S5-

V. M. o pleito menagem, e juramento que delia


fez. Guarde Deus a V. M. Bahia e Setembro 12
de 1671.

Af forno Furtado de Castro do Rio ile Meu doca.

1671

Carta que se escreveu aos offí-


ciaes da (Atinara da Capitania do Es-
pirito Santo.
Ainda que tive muito honradas informações do
bom procedimento que nessa Capitania teve o Ca-
pitão-mor Antônio Mendes de Figueiredo: por ha-
ver vagado a junta . '. com a minha suecessão .
e elle haver servido mais tempo que
o que lhe . . . a patente de S. A. me pareceu
comtudo mandar-lhe suecessor: e eleger para isso o
^J
Capitão Ignacio Lescaro, de cuja prudência, e me-
recimento, espero de S. A. mas
que V. Ms. e esse Povo conheçam o que eu tive
em lhe encarregar essa Capitania. V. Ms. o ajudem
em tudo para que conformados na obrigação que a
V. Ms. e a elle toca do bem publico, V. Ms. me
agradeçam o bem que elle obrar cm seu exercicio:
guarde Deus a V. Ms. Bahia e Setembro 12 de 1671.
Affonso Furtado de Castro do Rio de Mendoça.

Para os officiaes da Câmara da Capitania do


Espirito Santo.
-186 —

1671

Carta que se escreveu ao Gover-


nador do Rio de Janeiro João da Sil-
va de Sousa.

Serve esta somente de recommendar a V. Sa. o


effeito de uma Provisão que nesta oceasião remetto
ao Provedor da Fazenda Real e Juiz da Alfândega
dessa Capitania, sobre os mestres, e pessoas que fo-
ram em algumas embarcações sem licença minha,
nem despachar na Alfândega, deste porto, ao de
Buenos Aires; donde oceasionaram a um navio que
mandei (e o mesmo suecedeu também ao deV.M.)
voltar sem fazer negocio, assim pelo concurso dos
muitos que naquelle Rio se acharam; como princi-
se
palmente por algumas cartas, que desta praça
escreveram só, a esse fim; e será importantissimo
colhermol-as á mão, para se castigarem asperameu-
te, os que se atreveram a semelhante acção. Pelo
o
que não tenho que encommendar a V. Sa, tudo
que se obrar neste negocio, para a averiguação
delle; e para a execução das penas das Leis, e
Regimento da Alfândega, nos transgressores delia.
Guarde Deus a V. M. muitos annos. Bahia e Abril
9 de 1671.
Alexandre de Sousa Freire.

1671
Carta que se escreveu aos Capi-
tães-mores das Capitanias do Espirito
Santo, e São Vicente.

Serve esta de recommendar a V. M. somente o


— 187

effeito de uma Provisão que nesta occasiao remetto


ao Provedor da Fazenda Real e Juiz da Alfândega
dessa Capitania; sobre os Mestres, e pessoas que fo-
ram em algumas embarcações sem licença minha,
nem despachar na Alfândega, deste porto, ao de
Buenos Aires; donde occasionaram a um navio
que mandei voltar sem fazer negocio: assim pelo
concurso dos muitos que naquelle Rio se acharam;
como principalmente por algumas cartas, que desta
praça se escreveram só a esse fim; e será importam
tissimo colhel-as eu á mão; para se castigarem aspe-
ramente, os que se atreveram a semelhante acção.
Pelo que não tenho que encommendar a V. M. sobre
o que se obrar neste negocio, para averiguação delle,
e para a execução das penas das Leis, e Regimento
da Alfândega, nos trangressores delia. Guarde Deus
a V. M. Bahia e Abril 9 de 1671.

Alexandre de Sousa Freire.

1671

Carta que se escreveu aos offi-


ciaes da Câmara da Villa de São Pau-
Io.

Serve esta somente de acompanhar as patentes


que V. Ms. me pediram por carta sua de 25 de
Maio deste anno, para as pessoas que me apontaram
que era justo fossem Capitães, e administradores
das quatro Aldeias que nessa Villa estão á Ordem
de V. Ms. Creio que por este meio se conservarão
os índios e se restituirão a ellas, todos os que esti-
verem espalhados pelas fazendas dos moradores,
para S. A. os ter assim promptos a seu Real ser-
-188 —

Mas
viço, que é o fim de ellas se perpetuarem.
será o
advirtam V. Ms. aos mesmos Capitães que
suas obrigações tiverem de
procedimento que em lhes conce-
maneira, que fique a administração que
A., e do bem
do sendo utilidade do serviço de S.
falta delle, e não commodi-
publico dessa Villa, em de
dade, c conveniência só dos Administradores,
devem; porque fazen,
quem fio obrarão tudo como
de seu
do o contrario, se lhes removerão as Aldeias
o que de nenhum modo
poder, e se darão a outros:
creio será nunca necessário. Guarde Deus a V. Ms.
Bahia e Outubro 7 de 1671.

Affonso Furtado de Castro do Rio de Mendoça.

1671

Carta que se escreveu aos offi-


ciaes da Câmara da Villa de São Pau-
Io.

Recebi a carta de V. Ms. de 25 de Maio des-


te anno, acerca do que obraram, o Capitão-mor da
leva, o Capitão Braz Roiz de Arzão e por outra
Nu-
particular de 28 do dito, o Licenciado Matheus
nes, na leva da gente que veiu para a jornada do
Sertão. E ainda que V. Ms. se desculpam do pouco
o
que fizeram neste particular, nisso mesmo vejo
zelo, com que desejam servir a S. A., pois tudo
lhes parece pouco. Assim agradeço muito a V. Ms.
o que trabalharam na reconducção dos índios (sobre
cujas Aldeias escrevo outra particular a V. Ms.,
acompanhando as patentes para as pessoas que
V. Ms. me apontaram era justo as tivessem de Ad-
— 189-

niinistraçãü) e o mesmo faço também ao Licencia-


do Matheus Nunes.
Estevão Ribeiro Bayão Parente que vinha por
Capitão-mor tardou com a sua gente de maneira,
que fiz em seu logar Capitão-mor, ao Sargento-
Maior Braz Roiz de Arzão, a quem mandei mar-
char, mui bem prevenido de mais gente, e de tudo
o que lhe era necessário para a jornada, mas che-
gando o Capitão-mor a tempo, que ainda se detinha
nos Campos do Aporá, lhe mandei passar patente de
Governador, e com a gente que trazia se foi logo en-
corporar com Braz Roiz de Arzão, e unidos partiram
logo, com mais de quatrocentas pessoas. Já tive avi-
so seu, de haverem dado com as Aldeias dos Bar-
baros, que elle entendia se haviam retirado, ás suas
Aldeias: mas não creio que são, senão dos que des-
cem ao Cairú, donde agora deram, e supponho sem
duvida terem já os nossos entrado as Aldeias; je
pelas esperanças que me deram, faço aqui cada hora
aviso do seu bom successo. Permitta Nosso Senhor
dar-lh'o, e guarde a V. Ms. Bahia e Outubro 7
de 1671.

Affonso Furtado de Castro do Rio de Mendoça.

1671

Carta que se escreveu a Fernão


Dias Paes morador na Villa de São
Paulo.

Recebi a carta de V. M., de que fiz muita es-


timação. E não era necessário que V. M. me desse
nella conta do bem que havia servido a S. A, na
occasião da leva da gente, que dessa Capitania man-
-190-

dos Bárbaros;
dou vir este Governo para a conquista
vieram, me significaram p
porque todos os que nella
M. mostrava, para que ti-
particular zelo que V.
em cuja expedição,
vesse effeito a vinda da gente,
espero lhe
V. M. ha tido tão grande parte. A mesma
S. A. que
caiba, nas honras com que é certo, que
aos
Deus guarde se ha de servir mandar remunerar,
empregar, naquelle serviço
que melhor se souberam
lhe hei de dar conta, e fa-
que lhe fizeram, dc que a quem
lar com particularidade na pessoa de V. M.,
E esteja
agradeço muito tão honrado procedimento.
deste
V^ M. certo, que em tudo o que depender
Governo, ha de conhecer o favor com que defiro
Ou-
seus augmentos. Guarde Deus a V. M. Bahia e
tubro 7 de 1671.

Affonso Furtado do Castro do Rio de Mendoça.

Para Fernão Dias Paes.

1671

Carta que se escreveu ao Licencia-


do Matheus Nunes de Siqueira mora-
dor na (sic).

Recebi a carta de V. M. de trinta de Maio, em


serviço
que V. M. me dá conta do que obrou no
de S. A., assim em vir com a gente que dessa Ca-
ir com
pitania se mandou buscar a primeira vez, e
ella ao Sertão, cujas noticias me dá, como em fa-
zer reconduzir parte da que veiu nesta segunda leva:
e por uma, e outra acção, infiro o grande zelo
de V. M., e o muito que lhe devo agradecer am-
bas, como faço. Toda a gente que dahi partiu, che-
191

crou a salvamento, e mui bem prevenida de tudo


o necessário para a conquista dos Bárbaros tem par-
tido ha dias, e entre a que veiu, e a que lhe
accrescentei, assim brancos como índios, vão qua-
trocentos homens, de que já tive aviso marcha-
vam, com boas esperanças do successo, por haverem
dado nas suas trilhas, e ranchagens. E como V.
M. teve tanta parte no calor que da sua deu, á exe-
cução das ordens deste Governo, sobre a vinda da
gente, a terá V. M. também no merecimento desse
serviço, e remuneração que é certo que todos os
que o fizeram hão de ter de Sua Alteza, a quem p
representarei assim. Guarde Deus a V. M. Bahia e
Outubro 7 de 1671.

Affonso Furtado de Castro do Rio de Meu d oca.

Sr. Licenciado Matheus Nunes de Siqueira.

1671

Carta que se escreveu ao Capitão-


Mor da Capitania de São Vicente

Agostinho de Figueiredo.
Recebi a carta de V. M. de quatro de Junho
deste anno, sobre a gente da leva que veiu para a
jornada do Sertão: o muito que obraram Estevão
Ribeiro Bayão Parente, Braz Roiz de Arzão, João
Viegas Fortes, e Fernão Dias Paes: e os mil cru-
zados mais que V. M. mandou dar, com parecer
do Provedor, e Procurador da Fazenda, para a
leva se conseguir. Muito agradeço a V. M. o acer-
to com que obrou tudo, e o zelo que neste serviço
-192-

mostrou que tinha do de S. A. E por esta razão, e


urgente necessidade que havia de se darem os mil
cruzados: approvo a V. M. o havel-os mandado
entregar, para se despenderem com a gente que
vinha, pois sem elles se impossibilitava tanto o po-
der vir: e por carta particular agradeço tanto ao
Capitão Fernão Dias Paes o que obrou, como aos
em tão importante
que vieram, o que trabalharam,
negocio, e dilatada jornada que tiveram.
Aqui chegou primeiro o Sargento-Maior Braz
Roiz de Arzão; e porque tardou consideravelmente
Estevão Ribeiro Bayão Parente, o fiz em seu lo-
a esperança de
gar Capitão-mor da conquista; pois
a passar-se
poder vir faltava já de todo, e começava
o tempo que neste Sertão é mais opportuno a se en-
trar nelle. Mas tendo partido, e detendo-se alguns
dias nos Campos do Aporá a acabar de fazer as
carnes, e reconduzir os índios, e gente Branca, que
aqui lhe mandei dar, se serviu Nosso Senhor de
trazer a salvamento a Estevão Ribeiro Bayão Paren-
te, a quem mandei passar patente (por não dimi-
niiir o posto a Braz Roiz de Arzão) de Governador
da Conquista, e o mandei encorporar com a mais
gente, a que fiz aviso o esperasse. Fiz Sargento-
Maior a Antônio Soares Ferreira, e varias patentes
de Capitães, aos sujeitos que elle e Braz Roiz de
Arzão, me apontaram ser mais beneméritos para
aquelles postos. Partiram finalmente unidos, com
mais de quatrocentas pessoas, mui bem prevenidos
de tudo o que lhes era necessário: a todos mandei
dar suas pagas, e ajudas de custo, que importaram
fazenda considerável. Em tudo se lhes fez a von-
tade; e até os quintos que me tocavam da presa
demitti por lhes fazer esse favor; e em tudo o
193

que foi possível, os experimentaram todos na mi-


nha benevolência, e agasalho. Vão com grande ani-
mo: e já tive aviso seu, de haverem dado na trilha,
e ranchadas dos Bárbaros: mas suspeito delles, que
se haviam retirado das suas Aldeias pelos haverem
visto. Tive agora cartas do Cayrú, de haverem da-
elo alli em algumas fazendas; e conjecturo que foi
felicidade da nossa gente, desencontrar-se com elles,
para que sem ser sentida, desse mais de súbito, nas
Aldeias, donde já hoje pelas noticias que os cabos
me deram de haverem seguido o Rio de Paraguassú
os supponho victoriosos, e com o gosto do bom sue-
cesso, que confio em Nosso Senhor devem haver lo-
espero
grado a esta hora, de que por momentos
me chegue aviso.
Ao Provedor-Mor da Fazenda tenho ordenado
se façam os papeis correntes, para se levarem em
conta ao Thesoureiro dessa Capitania, os mil cruza-
dos que V. M. mandou se entregasse ao Capitão-
Mor, para a dita leva. Guarde Deus a V. M. Ba-
hia e Outubro 7 de 1671.

Affonso Furtado de Castro do Rio de Mendoça.

Para o Capitão-Mor da Capitania de São Vicen-


te Agostinho de Figueiredo.

1671

Carta que se escreveu ao Gover-


nador do Rio de Janeiro João da Sil-
va de Sousa.

Por parte de Gonçalo Ribeiro Barbosa proprie-


194 —

tario do officio de escrivão da Correição, e Ouvido-


ria Geral dessa Capitania se me representaram va-
rias causas que o impossibilitavam continuar seu
exercício; e que por não ter filho de idade suffi-
ciente, impetrará um Alvará do Sr. Conde de
Athouguia para que esse Governo provesse . . .
lhe concedes-
pessoa que elle nomeasse; pedindo-me
se outro na mesma conformidade. E porque por este
meio . . • me pareceu ajustado
sem elle ter provisão de S. A. nem deste Governo
se a pessoa com quem se
convir, sendo ella sufficiente, lhe não quiz defe-
rir no modo, que .... o effeito, e visto . .
dizer por esta carta que .... que elle de mim
Provisão da serventia
mandar buscar a este* Governo na for-
ma que os mais providos o hão de faz^er, e eu vos
tenho escripto. E na primeira embarcação que par-
tir, venha este provimento
de proprietário nisto
particular, que me obriga a encommen-
dar-vol-o tanto. Deus vos guarde muitos annos
como desejo. Bahia e Outubro 19 de 1671.

Affonso Furtado de Castro do Rio de Mendoça.

1671

Carta qae se escreveu ao Gover-


nador do Rio de Janeiro João da Sil-
va de Sousa.

Amigo e Senhor meu. Vejo o que me escreveis


acerca de prover o cargo de Procurador da Coroa
— 195 —

da Capitania de São Vicente, em Cipriano Tavares,


e remover delle Sebastião Velho de Lima. Mui fácil
cousa fora dar-vos esse gosto, se o não impossibili-
tara por ora, o estado em que aquella Capitania
se acha, na opp . . . ão dos sujeitos que alli ha
occupados nos principaes postos, e officios de que
tive largas informações, pelas pessoas que dalli vie-
ram, para a jornada do Sertão e confirmaram to-
das as cartas, que uns escreveram contra os outros
a este Governo. A gente Pro-
vedor da Fazenda demasiadamente resoluto, de que
resultam grandes prejuízos á Fazenda de S. A. E
como Cipriano Tavares é da sua faç . . e os . . .
de Sebastião Velho de Lima, universalmente grandes
do cargo e prover a Cipria-
no Tavares sem abrir a peores
de S. A.,
procedimentos o serviço
cujos inconvenientes evitar sempre. E
'.
como esta . . . deve ser presente é certo que o
vosso mesmo zelo me culpara, se sendo

uns, e outros cargos, nem haverá queixa ....


. . nem eu deixarei . . .de fazer, o que .
... no que toca a Sebastião Velho, que Cipria-
no Tavares, como parcial, bem vedes que de nenhu-
ma maneira convém introduzil-o no mesmo que pre-
tende para um fora tão suspeitoso o
serviço de S. A., de que vós não tendes a noticia
tanto o Provedor.
que se deixa inferir de o desejar
Falei-vos com esta singeleza, pois conheço que
vos.
amaes tanto o serviço de S. A., como eu a
Para o vosso me tendes aqui com a vontade que
— 196

desejo.
devo. Deus vos guarde muitos annos como
Bahia e Outubro 20 de 1671.

Affonso Furtado de Castro do Rio de Mendoça.

1671

Carta que se escreveu ao Capi-


tão-mor da Capitania de São Vicente
Agostinho de Figueiredo.

Recebi a carta que V. M. me escreveu em ,5 de


os
pilho deste anno, em que me dá conta de todos
o primeiro bom
particulares dessa Capitania. E'
effeito que teve a Provisão que este Governo enviou
a V. M. para se cobrar de todas essas Capitanias
o donativo do dote, e paz. De novo encarrego
muito particularmente a V. M. e lhe encommendo se
cobre infallivelmente tudo, o que se estiver devendo
atra/ado, e for caindo, e se remetia a esta praça,
V. M.
para ir na frota do anno que vem; enviando-me
relação particular do que esses Povos têm contri-
buido cada anno para o mesmo dote e paz; e o que
de tudo se tem remettido ao Rio de Janeiro, e a
esta praça, com a distineção que pede matéria de
tanta importância. Advertindo que se não ha ne-
nlnuna ordem expressa de S. A. para que o donativo
dessas Capitanias se remetta aos Ministros do Rio,
se envie daqui por diante sempre aos desta cidade,
na forma e disposições das ordens dadas por este
Governo.
Quanto ao sal se não pode alterar
sem .... ordem de S. A., porque como a . •
. . . de que o imposto para as fragatas se conti-
nue, sem embargo de ter falta dei-
— 197 —

les, e se . . remette a Portugal ...... possa


eu mandar outra em contrario.
Mas para se evitarem os desanimos, de que V.
M. faz aviso, envio com esta a V. M. unia Provisão
que V. M. fará logo registar, nos livros da fazen-
da, e guardar inviolavelmente; pois nem é justo
que se prohiba levar a essa Capitania o sal, quem
quizer, nem pode ser que entrando nelia deixe de
pagar, o tributo imposto; pois quem, o manda por
negocio, já o compra a El-Rei em qualquer praça
do Estado, sobre haver pago delle o mesmo . . .
e da ganância que vae buscar; em o remetter a essa
Capitania ha dc pagar necessariamente nella outra
vez o tributo: pois os tributos que aqui se pagam
á Fazenda Real dos assucares que se carregam ma
Bahia, . . . pagarem-se do mesmo assucar, ou-
tros tributos em Lisboa, nem depois desses pagarem-
se nos Reinos Estrangeiros os que lá ha é estylo
navegar
pagarem-se. E quem assim o não quizer
a essa Capitania, não o faça: pois é preciso (pie
se sujeite a pagal-o, tanto que nella entrar; e se a
Câmara c a V. M. parecer, que para o sal ficar
.
alliviado se tirem delle os dous vinténs, que . .
meia pataca das fragatas se lhe impoz
tanto que a impor-
para isso concedo faculdade, com
tancia dos ditos dous vinténs, se consignar em outro
effeito equivalente, para que de nenhum modo venha
a faltar no donativo do te e paz, cuja pontualidade
convém que seja sempre infallivei.
V. M.
E no que toca á despesa das carretas que
.
ha feito, para a fortaleza de Vera Cruz. da Barra,
fra-
fazer .... desta imposição das
o-atas: V. M. as mande fazer logo; para que a Ar-
'filharia fique .... com todos os reparos neces-
198

fiarjos. que se mande fazer


. . .
tom toda a moderação de custo; e vir um .
mui especificado de todo elle assignado por V. M. e
Real
pelos officiaes da Fazenda
mandarem os papeis correntes para. .
..... ou recebedor que for do imposto da
meia pataca das fragatas, donde esta despesa se ha
de* tirar, e todo o resto do dito imposto que estiver
caido, e for rendendo daqui por diante, se não ha
de remetter mais ao Rio de Janeiro senão a esta pra-
na mesma for-
ça a entregar aos Ministros Reaes,
ma e espécie, que se remettia ao commissario das
fragatas, para daqui se remetter a S. A.; e assim
o execute V. M., vindo as quantias com toda a
clareza necessária para se mandarem conhecimentos
em forma, para a despesa do dito Almoxarife, ou
recebedor, de cuja mão vier.
Vejo tudo que V. M. me diz duvi-
das que teve . . . Provedor da Fazenda dessa Ca-
pitania: em consideração do que, e das razões que
elle me representou, sobre as licenças das embarca-
ções, e provimentos dos officios tocantes á Fa-
zenda me pareceu resolver, e dizer a V. M. que o
Regimento que ahi está registado do Sr. Conde de
Óbidos, sendo Viso-Rei e Capitão Geral do Estado
se '• «
antecedentes: porque de se faltar ao cumprimento
delle, é que resultam os embaraços, € pretenções
das jurisdições do Capitão-mor, e Provedor da Fa-
zenda. E na forma que no dito Regimento se dis-
põe, entendendo, o que a cada um to-
ca, para ambos a cindirem como devem ao serviço de
S. A., e exercício de suas obrigações. E sempre ao
Capitão-mor incumbe não permittir, . . . . • os
— 199 —

excessos de que os Povos se queixem, nem a Fazen-


da Real receba prejuízos.
E porque as principaes duvidas do Provedor .
. sobre embarcações ....
. que o Provedor quer ter de officios da Fazenda;
•. . razão alguma, e assim lhe escrevo: por-
que o Capitão-mor Provedores
o Provedor-mor; e se aqui, nem o Provedor-tnor, no-
meia os officiaes da Fazenda
as licenças ás embarcações, como quer ahi o Prove-
dor . . • • • dê as licenças, e nomeie os sujeitos
ser quem proveja no
para os officios? A V. M. toca
ínterim que me dá conta, sem intervenção do Prove-
dor da Fazenda, e sem elle dar também as licenças
aos
ás embarcações, e o Provedor dar cumprimento
.
tacs provimentos, e aos que forem deste Governo,
.puzer cumpra-se,. . . as provisões primei-
ro com elle. E no que toca ás visitas, e mais
gações do Provedor da
obri-
Alfândega, elle fará o que
"H
e
o Regimento dispõe, para bem dos direitos Reaes,
in-
despacho das partes, em que V. M. não tem que
trometter-se, salvo houver excesso dc que convenha
modo
ao serviço de S. A. dar-se-nte conta. E deste
não haverá mais duvidas, nem queixas.
Vejo o que V. M. me diz acerca do Edital que
o provimento com que
pôz para cada um mostrar vae ou-
servia nessa Capitania: sobre este particular
t
tra Provisão que V. M. fará guardar exactamente.
se ser-
estranho muito haver V. M. consentido que
de
visse o officio de Juiz dos Órfãos por nomeação
. . - -
seu dono, e confirmação da Cantara: e
nao dar
commetter semelhante erro, e
concedia
cumprimento á Provisão deste Governo
faça remet-
ao Alteres Manuel de Lima. V. M. me
— 200 —

ha em to-
ter, na forma da Provisão todas as que
S. A. como
das as villas dessa Capitania, assim de
a cada
das serventias com destinação das que tocam
uma por traslados por se não . . . as provisões
E espero que
Reaes; para tudo me ser presente.
lhe
haja V. M. dado cumprimento a tudo o que
tenho ordenado; assim sobre os officios politicos
como sobre os postos da Ordenança.
Mandei passar patentes aos Capitães em que te-
nho provido entenda V. M. que
mas
ninguém . . . ser Capitão senão por patente des-
te Governo; e que a todas as hei de mandar pas-
sar servir, e forem os mais autorizados.
jsjjjQ ; do anno passado
e deste: e como não podem ser .... a rema-
tação sem confirmados encarrego
muito particularmente a V. M. que applique o Pro-
vedor da Fazenda, e mais officiaes Reaes, os man-
dem confirmar; e os obrigue V. M. a isso, quando
elles faltem (o que não espero). Guarde Deus a
V. M. Bahia e Outubro 2 de 1671.

Affonso Furtado de Castro do Rio de Mendoça.

Para o Capitão-mor da Capitania de São Vicen-


te Agostinho de Figueiredo.

1671

Carta que se escreveu ao Capi-


tão-mor da Capitania de São Vicente
Agostinho de Figueiredo.

As boas informações que tive de V. M. no pro-


cedimento desse cargo que está exercendo de Capi-
-201 —

tão-mor dessa Capitania de São Vicente, me pareceu


mandar lhe passar a patente que será com esta. E
para que . . . V. M. o governo desses Povos com
a mesma satisfação, . . . sempre grande o acerto
que tenha no serviço de S. A. para que assim corres-
ponda melhor a esperança, que o zelo e prudência
de V. M. me assegura. Guarde Deus a V. M. Bahia
Outubro 19 de 1671.

Affonso Furtado de Castro do Rio de Mendoça.

1671

Carta que se escreveu ao Capitão


Femão Dias Paes morador na Villa de
São Paulo.

Por outra carta ° muito


da vinda da
que obrou nas disposições, e effeito
do Sertão desta
gente dessa Capitania á conquista
Cidade. Agora escrevo esta em particular para di-
zer a V. M. a grande estimação que fiz de ver o
sobre o des-
que V. M. escreveu a este Governo
cobrimento que .... sua custa das minas de
Sabarabuçú, e Esmeraldas que estão da altura da
Capitania do Espirito Santo, que serão ambas vizi-
nhas. Os Cabos que vieram me deram particular
informação da pessoa, cabedal, industria e zelo de
V. M. para este intento; e que nos barcos que
ficavam para partir, havia V. M. de mandar a pe-
tição para as provisões que se lhe haviam de passar.
Mas como estamos no fim de Outubro; em que já
de
não ha esperanças de chegarem e o negocio, é
M.
tanta consideração; me pareceuilouvar muito a V.
a empresa, e segurar-lhe em nome de S. A. grandes
-202 —

espero) e de
e mercês se a conseguir (como
honras, 'parte de Sua
illhí, não só ser quem lh'a solicite
logo conta deste singular
Real grandeza, dando-lhe
mas todos os favo-
serviço que V. M. lhe vae fazer; Pele
deste Governo
res e ajuda do que depender
esta carta, trate logo
aue tanto que V. M. receber de se por
com todo o calor, e brevidade possível con-
•a caminho, e antecipar o tempo a felicidade que
N. Sr; e ago-
siderei estar guardada para o Príncipe
de V M., e
ra a poder lograr por meio da diligencia
Sendo ahi ne-
d(, am0, com que vejo o sabe servir.
ou ajuda do Ca-
c'ssario a V. M. qualquer favor,
da Fazenda, ou outra
pitão-mor Câmara, Provedor
carta ordeno.a cada um
qualquer pessoa, por esta donde
delles em particular (e por isso se registara,
se
tocar se necessário for) que pontualissimamente
Indicrç
dê tudo a V. M., e estejam a sua ordem os
de S. A, e das que
que houver mister das Aldeias
estão á ordem da Câmara da Villa de São Paulo, de
Quan-
que agora provi Capitães, e Administradores,
do V. M. partir com o favor divino me deixe es-
cripto, dando-me conta muito especial da gente que
leva tempo em que parte, quando poderá voltar, e a
Capitania,
que parte ha de descer, se a essa mesma
se á (do Espirito Santo ou a de Porto Seguro, que eu
ser a
julgo por não menos convenientes; assim por
vizi-
jornada mais suave, como por ficarem mais
nhas (a esta) praça, não só para com mais
facilidade me poder V. M. dar Relação do suecesso,
e eu prover sem demora o que convier ao beneficio
das minas, e serviço de S. A., mas para ficarem
logo abertos, e sabidos os caminhos; pois que são
as mesmas muito mais chegadas a este porto que a
essa Villa, e mais facilitado por este meio o entabo-
203

lamento dellas. Chegando V. M. a descobril-as não


faça V. M. mais que tirar as amostras da prata, e
das esmeraldas, que bastem a segurar com certeza
infallivel que as ha; porque não incorra V. M, em
alguma culpa de que lhe resulte prejuízo, com o
mesmo, de que tão grandes augmentos e utilidades
se estão promettendo a sua casa; e marcando V. M.
as casas digo as Serras, rumos, caminhos, Rios, e
tudo o mais que convier para deixar sem duvida des-
cobertas as minas, e sabida a estrada para ellas,fará
V. M. um Roteiro, pelo qual se possam ir guiando,
os que a ellas voltarem, sem se confundir nas jorna-
das. A qualquer parte das referidas Capitanias, a
que V. M. achar que é conveniente fazer a descida,
a faça V. M. e em chegando a porto de mar, me fa-
ça no mesmo ponto aviso, e remetta as amostras,
por mar ou por terra; e o Capitão-mor da dita
Capitania, seja qual for mostram/o-lhe V. M. esta
carta, que valerá como Ordem expressa, lhe dará
embarcação, e tudo o mais que for necessário, para
por qualquer das vias, se me remetterem logo as di-
tas amostras, e os avisos de V. M.: e V. M. me dará
nelles conta muito pelo míudo, da jornada, desço-
brimento das minas, e descida, e tudo o mais que
entender que convém ser-me presente para este ne-
goeio. Com a certeza delle mandarei então eu logo
passar a V. M. todas as Ordens que forem necessa-
rias, pois por ora basta esta carta, para supprir
todas: e em virtude delia ordeno a todos os Capi-
tães-mores, Ministros, e quaesquer outras pessoas,
das Capitanias por donde V. M. passar, chegar esti-
ver ou partir, lhe dêm para este effeito tudo o que
necessário lhe for por conta da Fazenda Real sem
embargo de V. M. offerecer o fazer a jornada a
- 204 -

falta deixe de
sua custa: para que por nenhuma
a S. A. por cuja
se conseguir e se fazer este serviço
de que mandarei aqui
conta virão lambem os avisos
em conta aos Ministros das
pagar a despesa, e levar
¦ rem para este
Capitanias as que com V. M. . .
o successo que
descobrimento. Dê-lhe Nosso Senhor
Outubro 20de
desejo, e guarde a V. M. Bahia e
1671.
Affonso furtado de Castro do Rio de Mendoça.

1671

Carta que se escreveu ao Prove-


dor da Coroa e Fazenda Real da Ca-
Ve-
pitania de São Vicente Sebastião
Iho de Uma.

Vi as cartas que V. M. escreveu a este Governo


dando conta do que obrara nas obrigações do cargo
fi-
de Procurador da Coroa e Fazenda. E de todas
M. serve a S, !A.
quei conhecendo o zelo com que V.
e quão bem corresponde o seu procedimento ás hon-
radas informações que delles se me deram. V. M. o
continue emquanto lhe não remetto provisão, que
e com
pela pressa desta embarcação não vae agora;
o mesmo cuidado me dê conta de tudo o que enten-
der, que convém ser-me presente em qualquer ma-
teria das que nessa Capitania tocarem ao serviço de
S. A. e utilidade ou prejuízo de sua Real Fazen-
da; porque faço muita estimação das pessoas que
tão bem como V. M. servem a S. A.
Ao Capitão-mor dessa Capitania escrevo larga-
mente sobre vários particulares, e lhe remetto algu-
mas provisões: V. M. o ajude em tudo e tenha en-
— 205-

tendido que no que o poder favorecer o hei de lazer


com muito boa vontade. Guarde Deus a V. M. Ba-
hia e Outubro 20 de 1671.
O Provedor da Fazenda dessa Capitania repre-
sentou a este Governo algumas difficuldades: para
lhe
não virem a confirmar aqui os dízimos delia. E
ordeno, que ou sejam por arrendamento feito a um
os
só contractador, ou dividido em ramos a vários
a
mande em todo o caso todos os annos sempre
a
confirmar: pois de outra maneira não é valiosa
rematação, que delles se fizer. V. M. lhe requei-
ra assim: e quando o não faça (o que não espero)
neees-
lhe faça em virtude desta ordem os protestos
sarios e me remetta os treslados autheutieos para
S. A. e
resolver o que mais convenha ao serviço de
tão ze-
bem de sua Real Fazenda de que V. M. e
loso.

Affonso Furtado de Castro do Rio de Mendoça.

1671

Carta que se escreveu aos oi/i-


ciaes da Câmara da Villa de Santos.
este Go-
Vi as cartas que V. Ms. escreveram a
acerca dos
verno em 18 de Maio do anuo passado
no
120$ que estavam em deposito, pedindo-me que
fez a
caso que se julgue que tocam á pessoa que
offereci-
Matriz os pague o Povo; a isso se tem
como
do .... nas obras da cadeia,
a satisfa-
cousa tão necessária. Se o Povo se obriga
a cadeia,
zel-os, me parece muito justo que se taça
me di-
a que V. Ms. os appli.carão, pela ordem que
zem tiveram deste Governo.
206

Sobre a liberdade do sal em que V. Ms. ine fa-


Iam se não pode alterar cousa alguma sem expressa
ordem de S. A.: pois que ainda que cessou a fa-
brica das fragatas, se serviu ordenar que se reme-
tesse a Portugal. V. Ms. lh'o representem, que eu
folgarei muito ver esses Povos com todo o allivio
se ha de remetter o que
que lhe desejo. Entretanto
delle resultar a esta praça na forma que aviso ao
Capitão-mor; a quem remetto uma provisão sobre os
descaminhos, e sobre haver de se pagar delle a meia
em qualquer outra
pataca, ainda que se tenha pago
os que a essa
parte do Estado donde o comprarem
Capitania o remetterem: pois sobre esse custo vão
buscar a cila nova ganância; e pagar uns direitos
em uma parte, não tira pagarem-se em outra: quan-
do os interessados em qualquer droga acham conta
em navegal-a. Guarde Deus a V. Ms. Bahia e Outu-
bro 20 de 1671.
Afjonso Furtado de Castro do Rio de Mendoça.

1671

Carta que se escreveu ao Prove-


dor da Fazenda Real da Capitania de
São Vicente Pedro Taques de Almeida.

Vi uma carta que V. M. me escreveu, e outra


que antecedentemente havia escripto a este Gover-
no, e depois de agradecer a V. M. o parabém que
me dá de minha chegada a elle me pareceu dizer a
V. M. que de ambas entendi tudo o de que em am-
bas me deu conta sobre os principaes particulares
dessa Capitania. Mas ouvindo o que acerca delles
se escreveu também em varias cartas dellas é muito
207

Provedor da Fa-
para reparar, que o Capitão-mor,
zenda, Procurador delia, e mais pessoas que têm por
obrigação conservar esses povos em quietação, e
unir-se todos para os acertos do serviço de S-A. ha-
c oceasionar facilmente
jam de andar tão desunidos,
as parcialidades, que do seu exemplo podem resul-
tar entre gente tão costumada a ellas. Muito aperta-
damente encarrego a V. M. que se acabem semeihan-
tes inimisades, e que não haja nessa Capitania mais
tudo o que po-
que conformar-se uns e outros para Fa-
dér ser serviço de S. A. beneficio de sua Real
zenda e socego publico desses moradores, a quem
bas-
desejo grandes felicidades: porque quando não
zelo
te esta advertência (como creio bastara para o
de V. M.) será preciso dar-lhe outro remédio, que
eu não quizera, estando certo que hei de proporcio-
nar os favores a quem os souber merecer.
V. M. me remetteu em urna das cartas
do Regimento que ahi mandou o Sr. Conde
copia
de Obt-
Estado,
H
dos, sendo Viso-Rei, e Capitão Geral deste
e de outras provisões deste Governo passadas por
e muito
via da Casa dos Contos de outro Governo,
das
mais antecedente, pretendendo nos despachos
officios
embarcações e na nomeação dos sujeitos dos
é do Ca-
da Fazenda a jurisdição que propriamente
substituem os Go-
pitão-mor. Os Capitães-mores e Altande-
vereadores, e os Provedores da Fazenda,
Estado. E se aqui, nem
ga das Capitanias os do
elles são, os que concedem licenças, nem despacham
as embarcações, mais que pelo que simplesmente
fiança que seja
pertence á Alfândega, ou alguma nomeiam
estylo dar-se na Casa dos Contos, nem
da Fazenda, como
pessoa alguma para os.drfi,cios
São Vicente, queira ter
pode ser que o Provedor de
-208 —

mais jurisdição, que elles, e tirar ao Capitão-mor ,a


uma e outra cousa.
que legitimamente lhe toca em
Pelo que V. M. se abstenha dessa pretenção, exer-
cendo o cargo que occupa, no que só lhe pertence,
sem se intrometter nas obrigações do de Capitão-
mor, a quem deve conhecer, como superior seu, e
não metter de posse em officio que toque á Fazenda,
e não tiver o cumpra-se seu, sendo as provisões,des-
te Governo, e guardando as que elle passar emquan-
to me dá conta. E por todos estes respeitos, se
deve guardar muito inteiramente o Regimento do
Sr. Conde de Óbidos. E porque V. M. me diz, que
tem algumas razões para não servir esse cargo, V.M.
tome seu parecer e m'o avise: porque mandarei -pro-
visão a pessoa que o exerça: e para que V. M. o
não continue entretanto sem ella lh'a remetto nesta
occasião.
Vejo o que V. M. diz sobre o sal, e sobre os
dizimos. Nos dizimos é bem pouco equivalente a
razão, que V. M. allega para deixarem de se man-
darem buscar a sua confirmação a esta praça, e Pro-
vedoria-mor do Estado; pois sem aqui se confirma-
rem não é valida a rematação. V. M. os mande vir
em todo o caso. E quanto ao sal, ao Capitão-mor
remetto a provisão que V. M. verá. Guarde Deus a
V. M. Bahia e Outubro 22 de 1671: a carta que
V. M. me escreveu ficou na minha mão e só eu a
li.
Affonso Furtado de Castro do Rio de Mendoça.
2U9

1671

Carta que se escreveu ao Ouvidor


da Capijania de São Vicente Diogo
Árias de Araújo.
da
Pelas boas informações que se me fizeram
de V. M. nas obrigações
pessoa e bom procedimento me pareceu
do cargo de Ouvidor dessa Capitania,
o conti-
remetter-lhe nesta occasião provisão para
M. em todas as
nuar. Espero eu -que mereça V.
o va
suas acções, e administração da justiça, que
noticias que te-
conservando nella. São varias as
nho da desunião que os desviara
exem
Capitão-mor, desejo
nesse Povo: e porque eu de-
é
sejo muito que elle se perpetue na quietação que
e encarrego mui-
justo logre sempre, encommendo,
sua parte se una
to particularmente a V. M. que da
Fazenda, Câmara,
com o Capitão-mor, Provedor da
de todos participe
e mais Ministros de maneira que
acertos, c o
o serviço de S. A. igualmente grandes
nessa Capita-
beneficio publico, a permanência que
V. M advertido,
nia costuma durar pouco: ficando
se assim não succeder será preciso dar-lhe o re-
que o que de -
a todos dos cargos,
médio com privar
cheguem a merecer
nhuma maneira me persuado
de seu F»-—
antes creio, que a differença de maiores
nesta conformidade os fará beneméritos
M. Bahia e Outu
occupações. Guarde Deus a V.
bro 22 de 1671.
r i i i„ r„efrn ao Riode Mendoça.
do t\iy
Affonso Furtado de Lastro
210

1671

Carta que se escreveu ao Capitão-


mor da Capitania de São Vicente Agos-
Unho de Figueiredo.

Com esta carta remetto a V. M. as provisões


dos cargos de Provedor da Fazenda, Procurador
delia, e Ouvidor dessa Capitania, e as patentes
de Sargento-maior, Capitães das duas fortalezas, e
a de um Capitão da Ordenança, confirmando os pro-
vimentos, que V. M. delles fez. As ditas provisões,
e outras quaesquer, que ahi forem, não entregará
V. M. sem constar, que dellas se pagou primeiro a
meia annata a qual V. M. fará remetter ao Thesou-
rei ro delia nesta praça, por ser grande o descuido
que ha neste particular, sobre que dei ordem, que
nenhuma se pagasse, sem primeiro constar na Se-
cretaria de Estado haver-se pago o direito que a ellas
toca: e por evitar este inconveniente, sendo tão
remota essa Capitania ordenei se passassem as que
agora mando (na necessidade precisa de não pode-
rem continuar os postos princip.aes, e cargos dessa
Capitania sem novo provimento meu) com a clausu-
Ia que V. M. dellas verá.
Mas porque assim pelas cartas, que se escreve-
raim a este Governo, como pelas varias informações
que tive, conheço a desunião em que andam ordina-
riamente os Capitães-mores, com os Provedores, e
Câmaras, e estes e os mais Ministros entre si: en-
commendo a todos em cartas particulares, que a
V. M. remetto para lh'as entregar, a união com que
se devem conformar todos para o serviço de S. A. e
conservação desses Povos; a cujas inconstancias é
-211 —

fácil exemplo, qualquer opposição entre aquelles que


e não
principalmente lhe devem dar para os acertos,
tão prm-
para as ruinas. E como a V. M. incumbe
cipalmente esta obrigação; a V. M. a encarrego, e
encommendo com maior aperto. De todos confio
me não che-
procedam nesta matéria de maneira que
nem
gue a menor noticia de haver parcialidades,
perturbações; porque privar a
todos dos postos, e dar-lhe o remédio
desejo con-
quando é tanta a benevolência, com que
servar a V. M., e os mais Ministros, e perpetuar
nessa Capitania a sua maior felicidade que é o so-
cego coim que se deve augmentar. Guarde Deus a
V. M. Bahia e Outubro 22 de 1671.
Mendoça.
Affonso Furtado de Castro do Rio de

1671
a

Carta que se escreveu ao Capi-


tão-mor da Capitania do Espirito San-
to Ignaclo de Lescaro.
essa Capita-
Ha de passar esta embarcação por
a V. M. para lhe
nia e não quiz deixar de escrever
a viagem fosse
dizer que terei muito gosto de que
supponho
breve e V M. tão bem recebido como
em cujo Governo
se fará amado desses moradores,
a S A. E.porque
espero faça V. M. grandes serviços
se se des-
o mais considerável será o das esmeraldas
a V. M. a diligencia
cobrirem; encommendo muito
sobre ellas deve fazer, dando-me conta do que
que mais que V. M. Ie-
obrar- que nisso, e em tudo o
de dar V. M. sempre
vou a seu cargo é certo a ha
212 —

mui conforme a seu zelo, e obrigações. Guarde


Deus a V. M. Bahia e Outubro 22 de 1671.

Affonso Furtado de Castro do Rio de Mendoça.

1671

Carta que se escreveu ao Prove-


dor da Fazenda Real da Capitania de
São Vicente Pedro Taques de Almeida
c ao Capitão-mor da dita Capitania
Agostinho de Figueiredo.

O Secretario deste Estado Bernardo Vieira Ra-


vasco se me queixa de que fazendo-lhe S. A. mercê
pelo seu Regimento de ter nos dízimos suas propi-
nas ou sejam da Fazenda dos contractadores, ou da
Real; e havendo logo mandado registar o mesmo
Regimento nessa Capitania, nem o contractador da-
quelle anno, nem o do que se lhe seguiu, nem deste
presente quizeram pagar ahi cousa alguma, a seus
Procuradores e havendo-lhe pago nesta praça todos
os ditos annos. E duvidando o contractador de Per-
nambuco pagar-lhe do primeiro, por chegar o Regi-
mento depois de se haver rematado o contracto ,al-
cançara sentença contra elle. E se lhe pagara com
effeito. E porque o Regimento de S. A. e ordens
deste Governo, se hão de guardar inviolavelmente e
as suas propinas se lhe devem pagar sempre, ou os
dízimos se rematem a um só contractador, ou em ra-
mos a diversos, V. M. tome muito a sua conta fa-
zer 1 ogo, pagar com effeito a seus Procuradores tu-
do o que ahi se estiver devendo ao dito Secretario
das mesmas propinas. E hei por muito encarregada
a V. M. a pontual execução desta carta, de quCjV. M.
213

elle
me dará conta; pois não é justo que merecendo
Secretaria a mercê queS.A.
que tanto trabalha nesta os con-
se serviu fazer-lhe, lh'a queiram ahi impedir
Ministros, e
tractadores, não UYa pagando, ou os
como de-
Officiaes Reaes, não lh'a fazendo pagar
Deus a
vem, guardando o dito Regimento. Guarde
V. M. Bahia e Outubro 22 de 1671.
Mendoça.
Aff onso Furtado de Castro do Rio de

167

Carta que se escreveu aos offi-


ciaes da Câmara da Villa de São Paulo.
dos Órfãos
Fui informado que servindo de Juiz
Castanho por
nessa Villa de São Paulo Lourenço
é proprietária
nomeação de uma mulher, que dizem
Câmara o mau-
daquelle offirio, e confirmação dessa
elle sem embargo
dará suspender o Capitão-mor:
V. Ms. o confirmaram
disso continuou no exercício e
E do mesmo modo nomeara depor, a
nelle que
adua mente o
dita mulher um Diogo Ferrei,,,, que
mandara este
serve. Também fui. informado que
dos ortaos ao Alte-
Governo .... de escrivão
uovernu ,he
na0 qUi-
• • •
res Manuel de Lima, e . . oftv
zera dar a posse, só por se conservar^naquele a a
delle
cio oufro sujeito sendo tão benemérito
a S. A o mesmo, Alfe-
vendo servido tantos annos
deixar de estranhai muito a
res E não posso
e pouca c, e en-
a Câmara semelhante absurdo o, sao
ainda que essa mulher telha
cia: pois
nomear, nao pode te, effeito a
Del-Rei, para poder so
sem se presentar neste Governo donde
provisão c no mter.m o Capitão
se pode prover a serventia,
— 214-

mor dessa Capitania. Nem é para crer que a Cama-


ra ignorasse, que não podia confirmar a tal nomea-
ção, para o que não tem jurisdição alguma; não
podendo a Câmara, nem a mulher prover, vem a
ter servido de Juiz dos Órfãos duas pessoas, sem
provimentos, e ficar nullo, tudo o que naquelle Jui-
zo se tem obrado, eousa digna de toda a reprehen-
são, e sem desculpa alguma. Também a não tem,
deixarem V. Ms. servir ao primeiro mandando-o sus-
pender, tão justamente o Capitão-mor, e reincidirem
no erro de confirmar o segundo: E muito menos,
não darem cumprimento á Provisão deste Governo,
que lhe presentou o dito Alferes pois ainda que hou-
vesse grandes inconvenientes, a primeira obrigação
de V. Ms. é obedecerem ao seu Governador e Ca-
pifão Geral. E tendo que replicar depois da posse
dada, o podiam fazer a este Governo, donde seriam
ouvidos com justiça. V. Ms. fiquem advertidos, de
que me não cheguem noticias de outra alguma ac-
ção, que não seja mui conforme ao serviço de S. A.
e obediência deste Governo, que esse é o meio mais
proporcionado de V. Ms. . . . para serem . . .
ridos. E como na . . . .V. Ms. com o Capitão-
mor, . . . Ministros dessa Capitania . . . socego
e quietação delia, o encarrego, e encommendo muito
a V. Ms. a quem desejo fazer em tudo favor, e . .
. . . merecer melhor. Guarde Deus a V. Ms. Bahia
e Outubro 22 de 1671.

Affonso Furtado de Castro do Rio de Mendoça.


1i

215

1671

Carta que se escreveu aos offi-


ciaes da Câmara da Villa de São Vicen-
te.

Ainda que d:i ^'Illc


e
dos Bárbaros, que achou
que veiu para a conquista
V. Ms
neste Governo, quero eu mostrar a
com
. de lhe escrever lhes asseguro a vontade
quê .' . . . • • • Pa™ tudo ° clue Podér ser
de S. A. E
melhoramento seu e neste maior serviço
e desejo que todos . . .
quando eu o amo tanto, a
nessa obrigação particularmente
conservação
V. Ms. (como d* • ¦ '
dessa Capitania) que •

H
ser informado
de todo o gênero de inquietação; por
e eu que
das muitas que ahi se têm padecido, quizera
de me nao
em meu tempo lograsse o contentamento
assim como
chegar a menor sombra de haver, pois
e socego
hei de saber estimar essa singularidade,
com demonstra-
desses moradores, hei, de estranhar
que nelles haja, o que de
ção, qualquer perturbação hao
¦ nenhuma maneira espero: antes supponho que
oceano* ao —
de corresponder em todas as
Ms. em tudo a bene-
com que os vim governar: e V.
e me acharaopromp
volencia com que lhes escrevo,
toda essa Cap*»«-
to para o seu beneficio, e de
Outubro 23 de 1671.
Guarde Deus a V. Ms. Bahia e
Rio de Mendoça.
AHonso Furtado de Castro do
-216-

1671

Carta que se escreveu ao Gover-


nador do Rio de Janeiro João da SU-
va de Sousa.

Com esta carta vão as duas provisões para os


sujeitos que me apontaes: mas estando feita se não
achou quem pagasse a meia annata, nem fiança a
ella: e por isso sem embargo de se dizer que cons-
tou haver pago a meia annata, por ser este o estylo
sem o qual se não se pa-
gue logo este direito
ao Thesoureiro destas meias annatas deste Estado; e
sem constar primeiro que está pago se lhe não dê a
JJUooL a ^

f
Mas .... outra pessoa alguma mandou buscar
provimento a este Governo; e preciso dizer-vos
com aquelle coração que sempre conhecestes sincero
em meu amor, .... que viam os providos que
ahi ha nas serventias, de esquecer-te de guardar as
vossas ordens, pois é certo que lh'as deveis de dar
a buscar a este Governo
as que delle lhe devem necessariamente ir, para con-
tinuarem seus exercícios; pois assim o dizem os es-
tylos, Regimento deste Governo, e ordens de S. A.
• ... o novo Regimento, que para se evitarem
duvidas e o de Pernambuco, se
serviu mandar passar, concedendo três mezes ás de
Pernambuco, para seus Governadores
proverem no
Ínterim que se mandam buscar os provimentos a este
Governo. Assim o fez Fernão de Sousa Coutinho
remettendo antes, e depois de eu chegar a este Es-
217 —

tado, uma memória geral de todas as serventias . .


. por tempo de três mezes; e eu lhe enviei as
elle nomeou: e o
provisões em todas as pessoas que
Secretario Manuel Barretto me disse que tinha em
seu poder cartas firmadas de S. A. para vos remetter
em que se concedia na mesma forma que provessem
os Governadores dessa Capitania por seis mezes
uma vez somente. Na mesma deveis fazer porque
não fique a falta de eu prover resultando de omis-
aca-
são dos que vós tiveres provido, pois como vós,
bados os seis mezes não podeis fazer segundo pro-
fica-
vimento, será nuüo tudo quanto se processar, e
as
rá necessariamente cessando o curso de todas
nellas
causas com prejuizo grande dos interessados
se
que só têm o remédio em
e
mandarem buscar as Provisões deste Governo;
as
assim nem eu deixarei de prover nem padecerão
ficará dando cumprimento
partes detrimento, e se amisade e
ás ordens de S. A. pois quanto a nossa
mais é justo que não pareça que por
isso deixo perder a jurisdição deste logar, quando
'quem mais me ajude a nao faltar
vós deveis de ser
a obrigação alguma delle.
de Infante-
E no que toca aos postos de Capitão
são os esty-
ria, e Sargento-maior bem presentes vos
não podem
Ios dos Governadores das Armas, que
o declara S. A. no Ke-
prover cousa alguma: e assim
Sousa Coutinho, ficando as
gimento de Fernão de i
companhias
desejo. Bahia e
Deus vos guarde muitos annos como
de guerra e
Outubro 11 de 1671. Para os postos
e occasiões t.r-
necessário vir relação dos serviços
papeis
mada por vós, declarando que constam pelos
-218 —

que vos apresentaram, e vir e folha


corrida: porque bem sabeis de sor-
te que os serviços constarão por fés de officios, e
aquelles su-
pelas folhas corridas não terem culpas
jeitos.
Afjonso Furtado de Castro do Rio de Mendoça.

1671

Carta que se escreveu ao Gover-


nador do Rio de Janeiro João da SU-
va de Sousa.

sairam finalmente despacha-


dos os embargos com que veiu. . . .Francisco
Telles Barretto, á sentença que havia tido na Rela-
ção de perdimento do officio, e outras penas: . . .
. . ultimamente provido, em se lhe conservar o offi-
do, mas condemnado com . . despesas para a Re-
lação, e degredo, como vereis • •
ficou com o officio pelo que
vos empenhastes em reeommendar-m'o; porque os
Desembargadores declararam na Relação diante de
mim, e disseram que se lhe desse o officio porque
sabiam que eu levava gosto nisso. E eu o tenho par-
ticular de se haver logrado a vossa intercessão, ain-
da que não foi totalmente como eu quizera. Não. .
. . . maiis favor ...... dos Autos nem as
provas da defesa; e por i/sso foi o maior que podia
ser, o seu officio. Luis Paes
pode dar desta que aqui fez bem sua obrigação . ¦
. . . lhe encarregastes vos dará com a sentença
que leva mais particular conta deste negocio.
Em todos os que tocam ao Estado vos tenho
— 219 —

por varias vezes escripto largamente: por isso o não


repito nesta; mas vejo que mais cartas havia de ter
vossas se estivera em Portugal, do que estando ha
tantos mezes no Brasil. Peço-vos que não sejaes
avaro de novas vossas: porque bem sabeis quanto as
estimo, nem tão preguiçoso em responder ao mais
que toca aos nossos Governos; certificando-vos que
nenhuma cousa hei de obrar neste, que não seja vou-
tade vossa: mas é preciso que debaixo deste pretex-
to se não^ f .,' . .o curso, e disposições do que con-
vem á autoridade deste logar, que é só a considera-
ção que me obriga a lembrar-vos, que desejo eu mui-
to que sejaes vós quem a conserve, estando eu nelle;
para que quando vos tocar occupal-o, o não acheis
diminuido.
Eu estou já com boa saúde depois da doença
que vos escrevi padecia, e João convalescenk' de
uma gravíssima . . .que me deu grande cuidado.
Ambos para vos servir: vós o ten-
des de nos dar as occasiões em que o façamos. Deus
vos guarde muitos annos como desejo. Bahia e De-
zembro 15 de 1671. Vosso Amigo e muito servidor.

Affonso Furtado de Castro do Rio de Mendoça.

1671

Carta que se escreveu a João de


Abreu e Silva.

O Ouvidor Geral do crime deste Estado remette


a V. M. na carta que será com esta uma diligencia
e ainda que o
que nessa Capitania se ha de fazer:
zelo e obrigações de V. M., escusavam a recommen-
a
dação de seu effeito, a sua importância me obriga
220

.V.M.a pontual execução delia, de queV.M.me


dará conta para me ser presente. Guarde Deus a
V. M. Bahia e Dezembro 16 de 1671.

Affonso Furtado de Castro do Rio de Mendoça.

1671

Carta que se escreveu ao Capitão-


mor Gaspar . . .is Lourenço.

Vi a carta de V. M. e tudo o que nella me diz


conveniente á conservação dessa Capitania: e no que
toca a diligencia das terras envio com esta provisão
a V. M. para se fazer logo: e V. M. a execute
com toda a brevidade. Não mando provimento para
novo labellião por se não poder crear: mas ciarei
conta a S. A. da necessidade que V. M. me repre-
senta de o haver nessa Capitania a cujos moradores
desejo fazer todo o favor que houver logar. Guarde
Deus a V. M. Bahia e Dezembro 7 de 1671.

Affonso Furtado de Castro do Rio de Mendoça.

1672

Carla para o Capitão-mor da Ca-


pitania de São Vicente sobre a gente
que se manda para São Paulo, e Mi-
nas.

Neste barco pareceu enviar a essa Capitania as


pessoas que tinham algumas razões . . . . ella e
se deviam escusar na conquista para a qual é ncces-
saria' menos gente da que parecia a respeito dos
mantimentos e esterilidade daquelles sertões. A que
221

ha para ... a elles (que é toda a mais) fica es-


con-
perando opportunidade do tempo; e espero que
siga nesta jornada, a empresa que uão pôde na pri-
meíra: por levarem a certeza que então não levavam,
dos caminhos das Aldeias elos Bárbaros, e do que
hão de obrar para os vencer. Em tudo o mais to-
cante ao serviço de S. A. me remetto ao que te-
nho escripto a V. M. nas embarcações passadas, e
de novo encommendo a V. M., e com particularida-
de o negocio das minas a cujo descobrimento consi-
dero ha muitos dias o Capitão Fernão
"Dias já partido
Paes, a quem V. M. remetterá logo a carta
se vier todo o
que será com esta e dará ((liando
favor que lhe tenho encarregado dê para remetter as
amostras; assim de embarcação que se poderá fre-
tar por conta da Fazenda Real para m'as trazer,
das minas seja
quando a importância, e qualidade
de tal consideração que o peça, como de tudo o
mais que convier para me chegarem quanto antes
ser possa, a tempo de as enviar a S. A. nas pn-
meiras embarcações. Guarde Deus a V. M. Bahia
e Fevereiro 19 de 1672.
'
Affonso Furtado de Castro do Rio de Mendoça,

1672

Carta que se escreveu a Fernão


Dias Paes sobre as minas.
V. M. ou
Bem supponho que achará esta carta a
dizem
nas minas de Sabarabussú (como aqui me
de ir) ou ja de volta
que são ás que V. M. havia e bom
dellas com a felicidade que eu lhe desejo,
V fVl.
suecesso que me eu prometto do zelo com que
-222 —

serve a S. A. eda intelligencia e cabedal com que sei


que V.M. prefere aos dessa parte para semelhante
empenho. E já me persuado a que poderei daraV.M..
os parabéns, não só de o haver conseguido, mas das
honras que é certo ha V.M. de ter de S. A. Para lhe
poder dar conta deste negocio com as amostras (que
espero que V. M. me envie, de prata, ouro, ou
Pedraria que achar em tão bastante quantidade que
as possa remetter por duas vias a S. A.) Ordeno ao
Capitão-mor dessa Capitania faça dar embarcação
com toda a brevidade, e o mais favor necessário
para que me possam chegar tudo quanto antes ser
possa. E com as amostras me remetterá V. M. tam-
bem informação muito particular como lhe tenho avi-
sado, do logar em que estão, em que altura, em que
distancia, que qualidades de caminhos, que porto de
mar lhe ficará mais perto, e mais fácil de conduzir
tudo o que for necessário para as mesmas minas. E
porque aqui se me disse que do pé das Serras do
Sarabussú, ha um Rio navegável que se vae metter
no de São Francisco e que por elle abaixo se pode-
rá conduzir mais brevemente a prata até junto a es-
tas Serras que ficam no districto da Bahia, chamadas
Jacuabinas, e dellas descer a esta Praça me dê V.
M. particular informação desta matéria, com toda
a clareza que convém a sua importância, e noticias
que V. M. julgar são necessárias á boa disposição
deste negocio, para tudo me ser presente, e eu
poder dar melhor informação a S. A. Guarde Deus
a V. M. Bahia e Fevereiro 19 de 1672.

Affonso Furtado de Castro do Rio de Mendoça.


— 223

1672

Carta que se escreveu ao Governa-


dor do Rio de Janeiro João da Silva.
de Sousa sobre as jurisdições.

Não houve occasião de embarcação para esse


io em que eu não escrevesse a V. Sa. sempre
com o desejo de ter repetidas novas suas: e de-
as
pois que cheguei a este Estado, são muito raras
vezes que V. Sa. me deixou ter esse gosto; de que
me resultam duas queixas, em que necessariamente
é V. Sa. muito culpado. A primeira pelo que toca
á nossa amisade, em que eu não quero que me prefi-
ra ninguém: A segunda pelo que se deve a este
Governo, em que não é justo que outros se vissem
mais bem correspondidos das obrigações desse.
Fundo a minha razão (e V. Sa. me ha de achar
muita) em que não haverá cousa, não digo eu
nesse Rio, mas em todo o Estado, que possa ser
motivo de agrado de V. Sa. que não seja muito do
meu: pois sabe V. Sa. que em toda a parte es-
Sa. entender, que
preitei sempre as occasiões de V.
em nada se distinguia a minha vontade da sua; e
com isto ser assim e a differença dos climas nos
não poder,mudar as naturezas, vejo que desse logar
de mudar as
que V. Sa. oecupa não tem deixado
obrigações: porque sendo preciso reconhecer ne-
cessariamente a subordinação que tem a este, me
não tem chegado depois que vim noticia de patente
de
alguma de posto militar que vagasse: nem
mais serventias de officios que das rarissimas que.
V. Sa. me avisou, e eu remetti, sendo-me presen-
de
tes os que ha, e a V. Sa., que ninguém os ha
224 —

e eu deixei de
servir senão quem V. Sa. quizer;
aqui se me pediam, por se me
prover alguns, que o que ma.s
não presentar provimento de V. Sa. E
embarcação,
é, que chegaram aqui novas por uma
de farinhas ao Camamú,
que desse Rio veiu carregar
de V. Sa. tendo-as outras
(em que não tive carta
a esse porto uma do Rio da
pessoas) que chegara
Prata com três homens enviados pelo Viso-Rei do
Peru, com aviso de os Francezes haverem tomado
Panamá, para dahi passarem a Portugal e a Madrid;
e que V. Sa. ficava despachando um navio para os
'levar
a Lisboa. V. Sa. sabe muito bem, que de
nas fronteiras ne-
qualquer cousa que se offerecia
nhum posto inferior dava immediatamente conta a
S. A. senão ao seu Governador das armas: e elle
é que a dava a S. A. E assim o pede a boa razão
mesmo é justo se
por todas as considerações. Isto
a importan-
pratique também desta banda: e quando
cia fosse de tal qualidade, que em qualquer mínima
dilação perigasse o serviço de S. A. se lhe não desse
conta: sempre convinha que V. Sa. m'a desse a
mim: assim pela obrigação desse posto ao Governo
Geral como para se ter nelle entendido aquella no-
va, e o cuidado que podia dar para toda a preven-
ma-
ção a freqüência das naus de França por estes
res. Eu desejo muito, que se não perca em meu
tempo cousa alguma da jurisdição que toca a este
logar: porque quando V. Sa. vier occupal-o não
ache exemplos contra si próprio. E por isso con-
vem que V. Sa. seja quem os deixe nesse Governo
do muito que soube respeitar este: como eu imagi-
nei que fosse quando para elle vim: por quantos
fundamentos eu tinha para o não duvidar de V. Sa.
com Âffonso Furtado. Assim o espero, pois assim
-- 225 —

o estão ditando as nossas obrigações, a que eu nun-


ca hei de faltar; e ninguém melhor que V. Sa. co-
nhece quão forçosas são as dos postos que nos en-
carregam: e que sempre os superiores devem ser
reconhecidos como taes: principalmente quando o
Príncipe Nosso Senhor tem determinado a forma
dos provimentos militares, e civis nos Governos in-
fedores deste Estado, emquanto uo Geral delle se
não provêm, e passam as patentes e provisões se-
Nas primei-
guindo a disposição de seu Regimento.
ras embarcações supponho remetter-me V. Sa. uns,
e outros, e as relações que tenho pedido a V. Sa.
A. que lhe eu-
pelos capítulos da instrucção de S.
viei, para lh'os mandar na frota, e antes se poder
ser. E torno a dizer a V. Sa. que nenhuma cousa
V. Sa. me avisar, e
proverei senão nos sujeitos que
dal-o a V. Sa.
que não poderei ter maior gosto que
em todas as occasiões que me der de seu serviço.
Guarde Deus a V. Sa. muitos annos. Bahia e Fe-
vereiro 20 de 1672.

Af fonso Furtado de Castro do Rio de Mendoça.

1672

Carta para o Provedor da Fazen-


da do Rio de Janeiro Pedro de Sousa
Pereira em resposta da sua carta.
em 11 de Fe-
Recebi a carta de V. M. escripta em
vereiro deste anno acompanhando os papeis que
da ins-
cumprimento da minha provisão, e capítulos
todos v.e-
trucção de S. A. V. M. mandou fazer:
ram em muito boa forma.
dessa cidade
Sobre a resolução que a Câmara
- 226 -

M. lhe fez acerca da


tomou no precatório que V.
do Conselho mandarei
cobrança da terça da renda
se fica tomando no
a V. M. a determinação que
farinhas.
Patacho que fica para partir das
reis que
E quanto aos quatrocentos e seis mil
entrou do Rio
resultaram do dinheiro do cunho que
Fazenda Real des-
da Prata: ao Provedor-mor da
a V. M. e
te Estado ordenei o que ha de escrever
Em tudo
nessa forma seguirá V. M. o seu aviso.
serviço
vejo o bem que V. M. costuma obrar no
Abril 29
de S. A. Guarde Deus a V. M. Bahia e
de 1672.
Affonso Furtado de Castro do Rio de Mendoça.

1672
Carta para o Ouvidor do Rio de
Janeiro acompanhando uma carta, avo-
catoria.
Recebi a carta de V. M. e por ella vejo o bem
Ago-
que satisfez as diligencias que lhe encarreguei.
ra se offereee remctter-lhe a carta avocatoria que
será com esta. V. M. a execute com todo o cuida-
do, e brevidade possível, remettendo a bom reca-
do os presos nella conteúdos, e as culpas e autos
não re-
que delles houver, com advertência que se
metterão no Patacho dos Padres da Companhia: e
em
por esta razão importa que V. M. os entregue
ferros ao Mestre de outra que se offereça em direi-
tura para este porto: dando-me conta do que obrou
sobre este particular que supponho ser muito como
deve ás suas obrigações. Guarde Deus a V. M. Ba-
hia e Abril 29 de 1672.
Affonso Furtado de Castro do Rio de Mendoça.

A
— 227 —

1672

Carta para João da Silva de Sousa


Governador do Rio de Janeiro.

Sr. meu. Recebi a vossa carta com aquelle


contentamento que costumo ter quando vejo que me
escreveis: nem as fazem mais desejadas o serem tão
muitas sempre me
poucas porque ainda que foram
haviam de achar com o desejo de as ver como se
foram menos.
Chegaram as marmelladas, e sabei que depois
enfastiado o doce de
que cheguei ao Brasil me tem
maneira que não são ellas as com que memaveis de
tapar a bocca, mas é força que vol-as agradeça
muito em que me pes.
Vão todos os provimentos na forma da memo-
ria que remettestes e na mesma irão todos os mais
vem a ser esta cere-
que me avisardes: porque não a
monia mais que a obrigação precisa de não faltar
ella. Deus vos guarde muitos annos como desejo.
Bahia e Abril 29 de 1672.

Affonso Furtado de Castro do Rio de Mendoça.


infan-
Pareceu-me lembrar-vos que os postos de
nomeeis
teria e fortalezas que estiverem vagos me
cada pos-
como vos tenho avisado três sujeitos em
vossa de
to, com suas fés de officios e informação
avisando-
seus merecimentos e serviços particulares
a
me qual quereis que vá provido para vos remetter
a S. A. poisj, pela
patente e ser o que vá consultado em
faculdade que me deu não podem ser providos
sem pa-
Portugal, sem os propor, nem elles servir
observa
tente deste Governo: E este mesmo estylo
-228 —

bem podeis crer de


Fernão de Sousa Continuo: E
dar-vos gosto.
mim que nada desejo mais que

1672

Carta que se escreveu ao Desem-


bargador João de Abreu e Silva Ou-
vidor Geral da Repartição do Sul so-
bre (sic).

lhe
Supposto passar V. M. com a ordem que
me pare-
vae de S. A, á Capitania de São Vicente
Por sua
ceu remetter-lhe a provisão que será com esta.
fará
muita importância, e particular serviço que V.M.
da
a S . A. a fio de sua actividade e zelo. O Procurador
Velho
Coroa e Fazenda daquella Capitania Sebastião
de Lima, é pessoa muito intelligente, e que por
M. de
obrigação de seu officio deve informar a V.
com
toda^s as noticias, que não são fáceis de achar
certeza aos Ministros que entram de novo, e princi-
donde os ódios,
palmente nas Capitanias do Brasil,
e parcialidades, costumam confundir as averiguações
vá V. M.
que se pretendem. E nesta consideração
com toda a cautela por ser a gente daquella banda
mui dextra em procurar encobrir o mesmo em que
mais se sente culpada. Muito encommendo a V.M.
o effeito da Provisão, e que de tudo o que for
obrando, me dê conta muito particular, para me ser
livre para
presente. E porque ficará V. M. mais
dar a execução a ordem de S. A. envio com esta
a V. M. patente para novo Capitão-mor, e carta
V. M.
para levantar a homenagem ao actual. Em tudo
-229-

obrará o que devo esperar de suas obrigações, e do


Deus
grande conceito que tenho do seu zelo. Guarde
a V. M. Bahia e Abril 30 de 1672.
Affonso Furtado de Castro do Rio de Mendoça.

1672 J

Carta que se escreveu ao Gover-


nador do Rio de Janeiro João da Sil-
va e Sousa sobre mandar vir a esta
praça o mineiro que alli ha.
Dizem-me que ha nessa praça um mineiro e fim-
didor muito experimentado. Necessito grandemente
delle para algumas experiências de importância. Mui-
to particularmente vos encommendo que mandando-
lhe dar ahi uma ajuda de custo, m'o remettaes Ua
de minha par-
primeira embarcação, segurando-lhe E do
te a boa passagem que a?ui lhe dei de fazer.
é, me mandae
prestimo que tiver, e de que pessoa ser
com elle a informação que achardes, para me
além do serviço
presente. E tende entendido que
fazer a S. A. terei par-
que com sua vinda se poderá
ser. Deus
ticular gosto que venha quanto antes poder
e Maio
vos guarde muitos annos como desejo. Bahia
o primeiro de 1672.
Mendoça.
Affonso Furtado de Castro do Rio tle

ir""
-230-
i
i

1672

Carta que se escreveu a Agosti-


nho de Figueiredo por que se lhe le-
vanta o pleito menagem que deu pela
Capitania de São Vicente.

Por justas considerações do serviço de S. A. a


na oceasião presente em
que loi necessário attender
do Sul vae por
que o Ouvidor Geral da Repartição o
ordem sua a essa tapitania: me pareceu prover
cargo que V. M. exercia de Capitão-mor delia na
Moraes, a quem V. M.
pessoa de Antônio Ribeiro de
a entregará; e por esta lhe hei por levantado o ju-
ramento, preito, e menagem que delia fez. E suppo-
nho eu do honrado conceito que tenho de V. M., que
será para V. M. o acabar de confirmar melhor na
opinião de todos. Guarde Deus a V. M. Bahia, e
Abril . . de 1672.

Affonso Furtado de Castro do Rio de Mendoça.

1672

Carta que se escreveu a Antônio


Ribeiro de Moraes que acompanha a
patente para ser Capitão-mor da Ca-
pitania de São Vicente.
Pelas boas informações que tive da pessoa de
V. M. lhe envio a patente que será com esta de
Capítão-mor dessa Capitania, em cujo exercício es-
pero proceda V. M. de maneira que deva essa Cá-
pitania ao meu acerto toda a quietação, e felicidade
com. que a desejo ver.
-231

O Ouvidor Geral da Repartição do Sul passa


com ordem de S. A. a essa Capitania. Nella lhe
encarrego algumas de seu Real Serviço muito im-
executar
portantes. V. M. o ajude para que possa
umas, e outras muito como convém ao effeito de
todas! Guarde Deus a V. M. fíahia e Abril digo
e Maio o primeiro de 1672.
Affonso Furtado de Castro do Rio de Mendoça.

1672

Carta que se escreveu ao Capitão


Femão Dias Paes.
sobre
Recebi a carta de V. M. com a relação
e a faço
as minas de que fiz grande estimação,
se tem
muito particular do zelo com que V. M.
maiores
disposto ao seu descobrimento: que quanto
será em
forem as difficuldades que V. M. vencer,
o motivo
V M. maior o merecimento, e em num
dado cou-
de representar a S. A. a quem já tenho
M. nesta
ta de sua pessoa. E espero eu obre V.
empresa de maneira, que lhe resultem delia grandes
família; e a
honras, e augmentos a sua casa, e
com maior
mim o gosto de ser quem lh'as solicite
neste
efficacia, assim por cartas, emquanto estiver
donde repre-
Governo, como pessoalmente na Corte,
o que.se
sentarei a S. A. mais em particular tudo
cuja telici-
deve a V. M. neste descobrimento, em
V. M. se pode
dade se hão de fundar todas as que
nu-
segurar de Sua Real Grandeza, applicadas pela
no empe-
nha diligencia que ha cie ser muito igual
V. M. puzer
nho de V. M. ser despachado, ao que
serviço de
neste negocio de tantas conseqüências ao
— 232-

S. A., a este Estado, e ao credito de V. M. E como


V. M. o tem em tão boa altura pelas disposições
antecedentes das plantas que tem mandado prevenir,
tempo em que parte, e me diz que ha de chegar á
Serra de Sabarabuçú: confio da actividade com que
V. M. ha de proceder, me cheguem a mim brevis-
shnamente, as alegres novas do bom successo dessa
tanto ao serviço de
jornada. Mas porque convém
S. A. como ás pretenções de V. M. haver nesta ma-
/eria por sua muita importância grande segredo: pelo
encarregar o Príncipe Nosso Senhor summamente
em semelhantes descobrimentos, procure V. M. con-
seguir este, e fazer o exame e averiguação da prata
e qualidade delia (e o mesmo fará quando for ás
esmeraldas) com toda a cautela e silencio possível
e com
para que só V. M. e eu tenhamos a certeza,
o mesmo silencio despache eu o aviso delle a S. A.
E nesta consideração desmentirá V. M. com a (s)
cartas publicas que escrever a São Vicente haver
descoberto a prata, dando-me a mim conta muito
miúda da jornada, dos caminhos, das distancias, da
Serra, da altura em que fica, que qualidade de minas
acha, que rendimento tem a pedra, e todas as mais
circumstancias que lhe parecer é necessário adver-
tir-me, para tudo me ser presente, com toda a par-
ticularidade; e dar eu com a mesma a devida con-
ta a S. A. Ordenando V. M. que o aviso que me
fizer, se me remetta logo por mar, ou por terra a
toda a pressa, havendo sido o successo bom; porque
eu mandarei aqui pagar a despesa que o tal aviso
fizer. E para que V. M. vá a esta empresa icom
mais autoridade, lhe remetto patente de Governa-
dor delia. Também lhe envio ordem para os, mil
cruzados que V. M. me pede. E não repare V. M.
-233-

na cláusula que leva de V. M. se obrigar á satis-


íação delles, não tendo a jornada effeito; porque
como ahi não ha fazenda Real, e eu os mando . .
do donativo do dote e paz, que é cousa sagrada
foi assim necessário a respeito dos Ministros: e
creio eu que o não será restituil-os V. M.; antes me
seguro que ha de ser o successo tão venturoso cpte
lhe fique a Fazenda dc S. A. devedora de se usar
com sua pessoa grandes demonstrações das rendas
mi-
que é certo se lhe hão de consignar nas mesmas
nas, tanto que V. M. as descobrir. Também vae
a Provisão sobre os homisiados que não tiverem
M.: e outra
parte, e quizerem acompanhar a V.
sobre Mathias Lopes, e seu (s) genros e filhos, na
forma que pôde ser mais favorável; porque com
parte, nem o Príncipe pode passar absolutamente
e Braz
perdão. Estevão Ribeiro Bayão Parente,
Roiz de Arzão se acham na Conquista de que por
noras espero novas de se haver concluso pelos an-
tecedentes dos bons suecessos que ha tido: mas sem
embargo disso vae também ordem para do donativo
do dote e paz, se darem logo a V. M. os cento ie
setenta mil reis, de que eram devedores a V. M.,
e aqui os mandei entregar ao Thesoureiro do mesmo
donativo. Esteja V. M. certo que em tudo o que
estou em tudo o
poder conhecer o animo com que
conhecer que m'o
que poder tocar a V. M. ha de
deve grande. E que fico (mui des) ejoso de me em-
e felicidade de
pregar nos augmentos de sua pessoa,
sua casa. Guarde Deus a V. M. Bahia e Outubro
ultimo de 1672.
as
Como V. M. me fizer o aviso, me envie
amostras da prata, e esmeraldas, mas em quanti-
"dade a
que não faça ruído, e que parte
- 234 —

e tam-
S A "m e para me ficar para a experiência:
bem .... V. ¦ que achar de
de outras
pedras preciosas, e é certo
cobre, ou outro qualquer mineral: porque
se . . ordinariamente mais
que donde ha a prata,
metaes.
Affonso Furtado de Castro do Rio de Mendoça.

1672

Carta que se escreveu ao Capi-


tão-mor da Capitania de São Vicente
Agostinho de Figueiredo.

Recebi a carta de V. M. de 6 de Fevereiro


deste anno, em que V. M. diz ter recebido as mi-
nhas cartas, e ordens que lhe enviei para essas Ca-
pitanias, e o que V. M. trabalhava na applicação
da execução dellas, e cobranças do donativo do
dote, e paz, c em particular o provimento que
havia feito da serventia de Provedor da Fazenda
dessa Capitania por Pedro Taques provido nella por
este Governo não poder continuar nella, e sua^ mu-
iher haver nomeado pelo Alvará que tem de S. A. a
pessoa de Raphael Carvalho. Tudo creio que V. M.
haverá obrado muito como convém ao serviço de
S. A. Mas no que toca ao provimento, nem Pedro
Taques devia largar a serventia, nem sua mulher fa-
zer nomeação para V. M. prover: porque um, e ou-
tro requerimento, havia de ser feito a este Governo,
donde é que se manda admittir a qualquer delles,
e approvar a nomeação do sujeito em que a mulher
de Pedro Taques a fizesse. Mando que se dê este
cargo a Lourenço de Mello, de cuja obrigação con-
-235-

fio, procederá muito como convém ao serviço de


S. A. e á boa administração da Fazenda e V. M.
o ajude para isso em tudo.
Aqui se me presentou a patente, de que S. A.
fez mercê a V. M. para esse que
ex-
puz o cumpra-se. Espero eu que com a grande
seu
periencia que V. M. tem dessa Capitania e de
A. se
povo, junta ao zelo com que serve a S.
haja com prudência cm tudo que convém para sua
conservação, e acerto de tudo o que V. M. obrar.
Sobre os papeis que o contractador dessa Capi-
tania aos Ministros a que tocam.
Vae a provisão . . . . e a que dará inteiro cum-
primento; pois não é isto
pontualidade as
mais Villas costumam não faltar a essa obrigação.
Ao Capitão Fernão Dias Paes a quem tenho
encarregado o descobrimento das minas das Esme-
raldas ajude V. M. com todo o cuidado, em tudo o
daquella
que de. V. M. poder depender a brevidade
expedição por sua grande importância, e particular
serviço que V. M. fará nisso '. a S. A.
.. do donativo do
V. M.
dote e paz, e for caindo fará
. . . pontualmente conforme . . . Ordem dada,
a esta praça, que por uma ordem
mando se entreguem a Fernão Dias Paes de um em-
vie-
prestimo que fez aos Cabos que a esta cidade
ram para a conquista dos Bárbaros (de que hoje re-
cebi felizes novas) delles para se entre-
e . . .
garem ao Thesoureiro do mesmo Donativo:
. . que delle lhe mando dar por empréstimo para a
mesma jornada. Guarde Deus a V. M. Bahia e Ou-
tubro 31 de 1672.
- 236 —

1672

Carta que se escreveu ao Sargen-


to-Maior Sebastião Velho de Lima.

Recebi a carta de V. M. com o papel que me


enviou sobre conveniências da Fazenda de S. A. des-
sa Capitania. E agradeço muito a V. M. o zelo
toda a satisfação.
que nella mostra de que fico com
E porque a brevidade com que este barco se despa-
cha se fica attendendo com mais vagar a aquellas
em que se deve tomar resolução a qual irá no,Pa-
tacho dos Padres da Companhia. Agora mando por
Provedor a Lourenço de Mello da Cunha, e para
o
que elle obre como eu espero de suas obrigações
ajude V. M. em tudo o que tocar no serviço de
S. A. Guarde Deus a V. M. Bahia e Outubro 31 de
1672.

1672

Carta que se escreveu aos offi-


cia cs da Câmara da Ilha Grande.

Recebi a carta que V. Ms.

Capitania de São Vicente . . se lhe acceitasse . .


, . . e os remettessem ao Rio de Janeiro. Com
esta envio a V. Ms. a provisão que mandei passar
sobre esta matéria; e delia verão V. Ms. que é
maior o favor da resolução que tomei que o mesmo
que V. Ms. pretendiam: pois havendo V. Ms. feito
a conta dos 720 cruzados a oitenta por anno, or-
deno se . . . senão á razão de sessenta que é a
237 —

metade dos 120 que tocavam pelo primeiro lança-


mento a essa Capitania em dezeseis annos; e como
S. A. se serviu aecrescentar . . . e nisto se di-
minua a contribuição li
(Seguem-se varias linhas illegiveis)
E tenham V. Ms. entendido que
tudo o que poder alliviar a esse Povo, e favorecer
a V. Ms. o hei de fazer com grandíssima vontade;
Guarde Delis a V. Ms. Bahia e Outubro 31 de
1672.
Affonso Furtado de Castro do Rio de Mendoça.

1672

Carta que se escreveu ao Gover-


nador do Rio de Janeiro João da Sit-
va de Sousa sobre as novas do Sertão,
e partida do Galeão para a índia.

Amigo e Sr. meu. Est


csta aviso dos Cabos da Con-
quista, de ficarem os Bárbaros de diffe-
rentes nações, . . . fazer neste Recôncavo as hos-
tilielades que nunca se poderam reprimir, nem vingar
.repetidas foram as entradas que
expe-
se fizeram ,ao Sertão. O meu cuidado, e a .'
riencia tão a . . . dos Paulistas em semelhantes
a felicidade des-
guerras pôde facilmente conseguir des-
ta. Ficam somente quatorze Aldeias de . . .
das
ciam, cuja conquista é fácil assim pelo temor
E
nossas armas como por estarem mais . . . .
fica-
em poucos,dias me asseguram os Cabos, que
ram . . . desbaratadas, e seus habitadores pri-
sioneiros, para com todos se recolherem a esta pra-
-238 —

na opinião dos que


ça. E como o succcsso ha sido
consideravam os .passados, quasi não imaginado:
donde estavam as
porque nunca se chegou a atinar
Aldeias, de que tremia todo o Recôncavo, e agora
fica a Bahia livre desta oppressão, vos quiz dar esta
noticia delle;porque sei quanto o fiáveis de estimar.
A Nau da índia São Pedro de
e partirá infallivelmente Deve-me
bastante .... Deus a leve .... áquelle
Estado, e vos . . . muitos annos como desejo. Ba-
lua e Novembro 23 de 1672.

Affonso Furtado de Castro do Rio de Mendoça.

1672

Carta para -p Governador do Rio


de Janeiro João da Silva de' Sousa
com as novas da Nau da índia, e Ta-
puyas.
Amigo e Sr. meu. Em outra embarcação que
daqui ha quinze dias partiu para São Vicente, com
escala por esse Rio, vos escrevi em resposta das
que havia tido vossas. Esta faço em primeiro lo-
gar, para não verdes embarcação em que eu não
repita o desejo de saber novas vossas. E em segun-
do para vos dizer que a seis do corrente botei pela
barra fora o Galeão São Pedro de
chegando derrotado •
mister em Galeão daquelle porte .
• e gente de mar. Entre
uma e outra fugiram não poucos; mas em logar dos
marinheiros do que trazia
de sua lotação: e do
— 239

Se-
prevenido da Bahia e a Lisboa leve-o Nosso
nhor a salvamento.
Também me pareceu dizer-vos que têm os Pau-
listas desbaratado e prisionado o gentio que descia
a fazer hostilidades no Recôncavo, e já . . . e os
de Boypeba e Cayrti, daquelles ser-
toes. Ficam umas 14 Aldeias . . .
que todas desciam, e que . .
Tenho mandado descer os prisioneiros
com .... dades . . . empresa, que até aqui
tinha sido . . . E assim espero se recolham logo
com ella acabada; quando em mais de trinta annos
se sentia a crueldade daquelle gentio ... se não
atinava com a noticia das suas Aldeias. Sei que ha-
vei,s de estimar muito este successo, e eu muito mais
as occasiões que me derdes de vosso serviço, ainda
tão ocioso nelle,
que tenha a queixa de me teres ncl-
igual ao cuidado com que sabeis me empregarei
Ba-
le. Deus vos guarde muitos annos como desejo.
hia e Dezembro 10 de 1672.

Affonso Furtado de Castro do Rio de Mendoça.

1673

Carta que se escreveu aos offi-


ciaes da Câmara da Villa de São Pau-
os
lo sobre mandarem legumes para
Paulistas.
sue-
Chegaram os Cabos da conquista com feliz
os
cesso, ainda que com menos prisioneiros que
lhes deu uma
que renderam, porque no caminho
-240-

mais de
quasi peste com que se entende morreram
700, com que não vieram a trazer mais que 750
de que ainda nesta praça perderam alguns, e se va-
leram de outros para suas despesas particulares. O
resto lhes mandei levar neste navio, cujo frete im-
portou três mil cruzados. Ficaram desbaratadas to-
das as Aldeias e extinetas as nações que mais fre-
quentavam as violências, que o Recôncavo, e Villas
vizinhas padeciam. Brevemente partirão os Cabos,
e a mais gente de guerra a conquistar as outras
que os ajudaram, e foram as que derrotaram a
primeira gente de São Paulo que veiu. Dou a V. Ms.
estas noticias, porque sei quanto as hão de estimar,
por serem de sua pátria os que vieram ter o mere-
cimento de conseguir aquella empresa tantas vezes
principiada: e só agora concluída tão felizmente.
Mas porque a grande quantidade de farinhas que se
despendeu na mesma Conquista, e com o sustento
e matalotagem de uma nau, que aqui arribou indo
para a índia, e aprestei té seguir sua viagem, e a
notável secca que aqui tem abrazado as plantas e
esterilizado os fruetos, têm posto a Bahia em univer-
sal fome é necessário que para se poder lograr esta
nova Conquista dos Maracás, lhe venha o soccorro
dessa Capitania. Pelo que tanto que V. Ms. rece-
berem esta, façam logo comprar e remetter com
effeito a este porto, em qualquer embarcação que
nesse se ache 300$ em feijão, e milho procurando
que se não perca instante nesta diligencia, e que
venha aqui este soccorro com a brevidade que a ne-
cessidade delle está pedindo, e com o effeito que é
justo se veja em um negocio, em que V. Msi e essa
Capitania, vae tão empenhada, assim na gloria do
suecesso como no interesse das peças, que delia po-
-241 —

dem resultar para o beneficio de suas lavouras. Para


os 300$ vae a ordem que envio ao Provedor-mor da
Fazenda: e será este um dos particulares serviços
A. Ao Capitão-mor dessa
que V. Ms. farão a S.
Capitania encarrego também que ajude a V. Ms. em
tudo o que toca a este soccorro, e principalmente
forem
no tomar a embarcação, ou embarcações que
a
necessárias, as quaes se despachem logo a toda
em que os índios vão
pressa no caso que este navio
faça qualquer demora que possa prejudicar a brevi-
ve-
dade com que importa que estes mantimentos
Fevereiro
nham. Guarde Deus a V. Ms. Bahia e
11 de 1673.
Affonso Furtado de Castro do Rio de Mendoça.

1673

Carta que se escreveu ao Capitão-


mor da Capitania de São Vicente acer-
ca dos mantimentos para os Paulistas.
muita fe-
A Conquista do Sertão se logrou com
algumas
Iicidade. Mas ficam ainda por conquistar
rendidas,
nações que ajudavam a estas que vieram
op-
e prisioneiras; a nos fazer as hostilidades que
cuja empresa fazem
primiam o Recôncavo, para sairão daqui
terceira entrada os Paulistas os quaes
da Villa de Sao
com toda a brevidade. A' Cantara
de milho e
Paulo ordeno os soecorra com 300S da
feijão, para o que vae ordem do Provedor-mor tez
se
Fazenda, e como foi grande a despesa que o sus-
e com
de farinhas com os mesmos Paulistas,
aqui. arribou
tento, e matalotagem de uma nau que
tem havi-
indo para a Índia, e maior a secea que
- 242 -

do, e de que resultou uma geral fome em toda esta


Capitania, não será possível conseguir-se a conquis-
ta sem dahi vir este soccorro a toda a pressa. Pelo
que V. M. ajude os officiaes da Câmara assim na
compra dos gêneros que se lhe encarrega, e em sua
conducção até o porto de Santos, o que V. M. man-
dará fazer pelos índios das Aldeias de S. A. que
houver nessa Capitania (de que V. M. dará noticia
aos mesmos officiaes da Câmara para o terem en-
tendido) como no mandar tomar as embarcações
necessárias para o trazerem logo a esta Bahia, no
caso que esta que leva os índios haja de ter qual-
(píer demora que retarde a brevidade com que con-
vem que venham. E espero eu do zelo com que
V. M. serve a S. A. que junto á dos officiaes da
Câmara se dê tal cumprimento a esta ordem que me
cheguem aqui muito antes ainda do que eu posso
esperar; partindo daqui este navio, que a leva já
tanto em vésperas das monções que são a favor dos
que costumam vir dessa banda. E nisto fará V. M.
um particular serviço a S. A. e me dará a mim uma
pelo muito que esta matéria. .

conquistadores, como . . . beneficio


. . . . peça que lhe prisionarem. Guarde Deus a
V. M. Bahia e Fevereiro 11 de 1673.

Affonso Furtado de Castro do Rio de Mendoça.


-243 —

1673

Carta para o Capitão-mor da Ca-


pitania do Espirito Santo sobre o do-
nativo.

Está se devendo nessa Capitania


ao Thesoureiro do donativo do dote e paz. do anno
passado .

(Está iltegivel toda a carta).

1673

Carta para o Ouvidor Geral do


Sul acompanhando as cartas dc dili-
despesas.
gencia que vão para as
Com esta remetto a V. M. uma carta de diligen-
dessas
cia sobre a cobrança das despesas de justiça
dei-
Capitanias, cujos Ouvidores Geraes passados
obriga-
xaram permittir com grande ... de suas
inviola-
ções V M. na forma delia faça executar
deven-
velmente todas as pessoas, que as estiverem
do Es-
do e se V. M. se acha ainda na Capitania
o Ouvidor delia a
pirito Santo dê ordem para que
na mesma contor-
quem se remette outra, a execute
midade, e na mesma se remette também
a que se lt
de Sao
ha de entregar a V. M. para o Ouvidor
vir o dinheiro
Vicente. E de umas e outras ha de
letra segura a esta cidade a entregar ao The-
por Muito encarrego
oureiro das despesas da Relação.
de todas estas
a V. M. a pontualidade, e effeito
M. Bah.a e julho
cobranças. Guarde Deus a V.
9 de 1673.
-244

1673

Para o Capitão-mor do Espirito


Santo sobre o mesmo.

Ao Ouvidor dessa Capitania se remette uma


carta de diligencia, para se cobrar o dinheiro que
nella se está devendo ás despesas da Justiça. V.-M.
lhe dê todo o favor, e ponha toda a applicação em
seu effeito, para que inviolavelmente se executem os
devedores, e venha o dinheiro por letra segura ia
esta cidade a entregar ao Thesoureiro das despesas
da Relação: dando-me V. M. conta do que obrar
neste particular que lhe hei: por mui encarregado^
Guarde Deus a V. M. Bahia e Julho 9 de 1673.

Afjonso Furtado de Castro do Rio de Mendoça.

1673

Para o Capitão-mor da Capitania


de São V\icente Agostinho de Figuei-
redo.
Três cartas tenho recebido de V. M. uma de
onze de Fevereiro por via do Rio de
Janeirot e duas
de dous de Junho, no patacho
que levou o Gentio.
Vejo o que V. M. me representa acerca das minas
de que V. M. me segura a certeza, e a
pouca
despesa com que se podem descobrir: E
que para
este effeito me pede V. M. o no cargo de
proveja
Provedor das minas da repartição do Sul
que vagou
por Pedro de Sousa Pereira. Grande é o serviço
que V. M. promette fazer a S. A. e muito, o que
fio de seu zelo: e como eu dou conta a S. A. des*
245-

de ha-
te aviso que V. M. me fez tão seguramente,
M. obre de ma-
ver prata fina, é necessário que V.
no exame e
neira, que se empenhe com tal effícacia
fique frustrado o
averiguação dessa mina, que não
V. M. mais
intento, e a esperança: antes, a tenha
me
segura de lhe vir confirmado o provimento, que
das
pediu e eu lhe envio da serventia de Provedor
é certo, que so
minas das Capitanias do Sul, pois
so com as
Pedro de Sousa Pereira teve esse cargo
o ha V. M. de ter melhor com as. cvi-
promessas, S. A.
delicias E eu serei quem mais signifique a
as mercês
o merecimento de V. M., e lhe solicite
muito iguaes a
que deve esperar da sua grandeza havia mui-
importância deste serviço. Considerações
de Provedor
to forçosas para eu não prover o cargo
na occasião deste
das minas; e menos em V. M.
V. M. enten-
descobrimento, pois o mesmo meio que
ria-
de lh'o ha de facilitar, que é ter o provimento se
inconveniente maior para
quelle cargo, era o todos os pa-
lhe impossibilitar o effeito por serem
e pretencossores
rentes do dito Pedro de Sousa,
da mesma occupaçâo, e muito poderosos nes-
(sic) habilitar a pro-
» partes; e só por V. M. se não
de descobrir as mi-
priedade com o bom successo,
diligencias porque
nas, haviam de fazer todas as
escondessem, as mir
V. M. o não lograsse e se lhe
este inconveniente
nas, e as ndtóas dellas. Mas
segredo a provisão
fiea cessando, com V. M. ter em
V. M. não mostrania pes,
que lhe mando: a qual se,a a sua_amnade
soa alguma, por particular que
V. M. pode obrar
até eu avisar a V. M. E para
neste negocio com todo o poder, e jn
publicamente que tam
isdição necessária, lhe mando a provisão
V. M. me pediu nu-
bem será com esta. E porque
- 246 -

neiro, e depois em outra carta o Religioso que me


nomeou, vae com esta carta do seu Commissario
Geral e Patente inclusa para logo se passar a essa
Capitania, e mosteiro de Santos. V. M. lh'a re-
metta com todo o segredo, e lhe advirta que ainda
que o Guardião do Rio de Janeiro ponha qualquer
duvida á Patente, sem embargo disso., e sem mais
licença, se vá para o dito mosteiro que o mesmo
CommissariiO Geral m'o disse assim. E quando ahi
chegar lhe dê V. M. a carta que será com esta.
Para levar a do Commissario Geral busque V. M.
pessoa fiel e intelligente, e na que V. M. escrever
ao Provedor lhe encareça muito o sigillo deste ne-
gocio, porque lhe não impidam duvida os preten-
cores do cargo de Provedor. E para a despesa que
a tal pessoa fizer de ida e volta ser
por conta da
Fazenda Real vae essa portaria.
O que agora convém é que V. M. não
perca
instante e que tanto que descobrir as
pedras, e fi-
zer os ensaios me faça logo logo aviso as amostras
do que resultar e quantidade das mesmas
pedras,
para aqui se fazer o mesmo exame, e dar logo con-
ta a S. A. por embarcação,
que despacharei só
a isso. E na forma da Provisão
para o descobri-
mento, me dê V. M. relação muito
por menor de
tudo o que tocar á dita mina, e das mais de
V. M. tiver noticia. Espero eu que
que ha ella de ser
causa de V. M. ter grandes accrescentamentos em
sua pessoa e casa. Para trazer as amostras, e as
pedras,que confio sejam de prata tão fina como
V. M. me diz: tome V. M.
qualquer embarcação
que nesse porto se ache e a frete conta da Fa-
zenda Real e lhe metta a toda apor
pressa a 'carga
que houver: e quando a não haja venha em lastro,

'"¦Wjy°"-">": ¦*'¦•
247

e o despache em direitura a esta praça: mas traga


as amostras e as pedras alguma pessoa de confiai,-
scme-
ca; porque não ha que fiar em mestres de
íhantes embarcações, que eu mandarei aqui pagar
toda a despesa que se fizer, e
pontualissimamente Índios
V. M. me avisar. Para V. M. se valer dos
na pro-
das Aldeias de S. A. vae a ordem inseria
visão, que mando para o descobrimento, em que
Guarde
V. M. logre a felicidade que eu desejo.
Deus a V. M. Bahia e Julho 10 de 1673.
Affonso Furtado de Castro do Rio de Mcndoca.

1673

. Carta para o mesmo Capitão-mor


mJ
de São Vjcente.
de
Vejo o que V. M. me diz na sua carta
de
dous de Julho acerca do Provedor Lourenço
Loii-
Mello, e outros particulares a que respondo.
renço de Mello se ha de conservar sempre pela
S. A. se
minha provisão; porque a nomeação que
houvesse de
serviu conceder que tivesse para quem
cuja e a
servir aquelle cargo á mãe do menor
deste Governo appro-
propriedade é com a cláusula
var a tal pessoa, a que ha de mandar passarão
E quando as que ella nomeia nao
provimento.
no serviço de S. A.
procedem como são obrigados o
e bem de sua Real Fazenda, não é preciso, que
em seme-
Governo proveja essas nem as perpetue a
lhante cargo. Os papeis se ficam vendo que
brevidade com que esta embarcação parte Para_o
ir esta resolução
Espirito Santo, não dá logar a
houver
de outro modo. Na primeira occasião que
248 —

em direitura irá com as mais. Fernão Dias Paes


se me queixou de não cobrar o que lhe mandei dar:
mas como V. M. me diz, que elle ficava ainda ahi
para o cobrar, o supponho satisfeito; e já partido
ao seu descobrimento. Se remetter delle algumas
amostras ou pedras V. M. tome para mdas enviar
embarcações, que eu lhe pagarei, aqui o frete. E se
V. M. tiver descoberto já o effeito do que lhe es-
crevo na outra carta que será com esta, pode tudo
vir na mesma embarcação cuja brevidade em seu
despacho hei por mui encarregada a V. M. O mesmo
Fernão Dias Paes se me queixou também de que
mandando umas pedras, as furtaram, as pessoas,
que as que as (sic) traziam. Com esta remetto uma
ordem, para o Ouvidor tirar uma Informação juridi-
ca e saindo culpadas as taes pessoas, se não entre-
garem as pedras m'as remetta V. M. presas.
l«^^^>>^
O Donativo da Ilha Grande se não ha de co-
brar mais nessa Capitania, porque eu tenho concedi-
W^^^ do por petição, que me fez a Câmara da mesma
Ilha, em que me representou os grandes inconve-
nientes que havia de se pagar em São Vicente, p
pagasse no Rio de Janeiro!' V. M. o tenha assim
entendido para se não procurar mais o tal donativo.
Muito pouco foi o soccorro do milho e feijão
que com ser comprado por conta deste Povo man-
dou essa Capitania. Cuidei eu
que sendo os em-
penhados na conquista filhos delia, fossem mais
bem ajudados do que não mandavam de
graça, ç
mais quando tinham acreditado tanto a sua
pátria
com os bons suecessos que tiveram nestes sertões.
Agora tive aviso de Estevão Ribeiro Bayão,
que ha-
via conquistado três aldeias,
que só achou dos Ma-
racás, com mais de mil e duzentas almas, e
que se

j_ir.
-249-

tardara mais as não achara por se encontrar com


uma írota dos Paulistas, que por terra haviam vin-
do, e tinham já captivado os cochos de uma aldeia
vizinha. De Braz Roiz de Arzão tive também avi-
so que havia descoberto os fumos das aldeias dos
Bárbaros que destruíram os primeiros Paulistas que
cá vieram. Com o que fica isto limpo de Gentio.
Os campos e terras que se acham são excellentes, e
estou com grande anseio de fundar duas Povoações,
o que também desejam os dous Cabos, e hei de fa-
zer boas conveniências a todos os que quizerem ir
para ellas.
A Gaspar Teixeira de Azevedo vae provisão de
Thesoureiro do Donativo por tempo de três annos
Mi,
a respeito das contas vista a abonação que V.
me faz de sua pessoa. V. M. o applique que cobre
e
tudo o que se estiver devendo nessa Capitania
em todas as mais do Sul assim dos annos que forem
es-
caindo como dos passados que para isso lhe dou
pecial poder na mesma provisão. me
E porque sou informado que as pessoas que
mandaram pedir Patentes de Capitães e administra-
Capitães
dores das Aldeias de S. A. e outros de
de se
da Ordenança e provisões de officios, depois
se lhe
verem providos usam tão mal do favor que
Provisões,
fez, que remettendo-se-lhe as patentes e
as meias
as não querem aceeitar, por não pagarem
A. manda
annatas, e direitos da Secretaria, que S.
exercendo os postos,
por seu Regimento, e se ficam ao respeito
administrações, e officios, faltando nisto
naquelles
do Governo, e obrando como não devem
os pio-
exercidos, que todos são inválidos sem
esta,
vimentos do Governo: tanto que V. M. receber
occupar, ad-
os obrigue a nenhum delles servir, nem
w

-250 —

ministração, posto, ou officio sem as patentes e pro-


visões que se lhe têm mandado deste Governo, pa-
gando primeiro o que deverem á meia aninata, e aos
direitos do Secretario: e se algum houver, que não
acceite o provimento o que não creio, o hei desde
logo por privado do exercício, de que se fará assen-
to donde tocar com o teor deste capitulo para que
conste da razão que houve, para se lhe tirar, a tal
administração, posto ou officio. E V. M. provera
logo outras pessoas beneméritas dando-me conta
para se lhe remetterem os provimentos. Guarde
Deus a V. M. Bahia e Julho 10 de 1673.

Affonso Furtado de Castro do Rio de Mendoça.

1673

Para Sebastião Velho de Lima.

Muito folguei de ver a carta de V. M. e o


grande zelo que nella mostra do serviço de S. A.
Quando os dous Cabos Estevão Ribeiro Bayão
Parente, e Braz Roiz de Arzão, vieram da conquis-
ta dos Tupins e outras nações o anno passado lhes
communiquei com as mesmas razões que V. M. me
aponta as grandes conveniências que havia para se
fundarem duas povoações naquellas partes, e sain-
do este annno, a conquistar a nação dos Maracás que
fica da banda do Sul, e outro as que derrotaram os
primeiros Paulistas que vieram a esta Capitania que
estão para a do norte foram ambos com grandes de-
sejos deste intento. Por Estevão Ribeiro espero até
fim deste mez com os marcas, (sic) que me avisou
ter já rendido, e também virá cedo com os outros
Braz Roiz de Arzão por lhe haver já visto os fu-

1
-251-

mos. Ambos me escrevem, que acharam excellen-


tissimas terras. Eu estimarei muito que dessa ban-
da queiram vir colonos para ellas, que a todos mau-
ciarei dar embarcação e aqui terras para gados e
plantas de tabaco, e mais fructos que desta banda
se produzem. V. M. communique este negocio com
todos os que quizefem vir e me avise porque tendo
effeito, será um grande serviço que V. M. fará a
S. A. a quem darei conta muito particular do seu
merecimento.
Ao Capitão-mor dessa Capitania Agostinho de
Figueiredo encarrego o negocio de que elle me fez
aviso, e como é de tanta importância do serviço de
S. A. e V. M. zela tanto os que são de maior qua-
lidade, não tenho que encarregar-lhe o muito que o
deve ajudar nelle para que também V. M. tenha par-
te nas mercês que é certo ha S. A. de fazer em pre-
mio a serviço tão considerável. V. M. o applique,
o effeito,
para que sem perder instante se consiga
será con-
que para tudo lhe vão ordens. E porque
veniente, que tenha doze soldados e um cabo para
as diligencias que forem necessárias lhe envio or-
dem, para se assentar praça, a doze soldados, e ao
cabo de que se ha de formar matricula e pagar da
Fazenda Real. No mais me remetto ao que lhe es-
crevo, e mais ordens, que lhe mando. Guarde Deus
a V. M. Bahia e Julho 10 de 1673.

Affonso Furtado de Castro do Rio de Mendoça.


— 252 —

1673

Para a Câmara de São Vicente.

Vi as razões que V. Ms. me dão na sua


carta, para prover o officio de Thesoureiro Ge
ral do donativo, e tendo em consideração as in-
formações que se me fizeram do Capitão Gaspar
Teixeira de Azevedo, lhe mando Provisão por tem-
po de três annos respeitando ser assim conveniente
pelas cobranças que na mesma provisão lhe encarre-
go faça de tudo o que se estiver devendo atrazado e
presente: em todas essas Capitanias do Sul excep-
to a Ilha Grande, que por particulares razões que
aquella Câmara me representou, lhe concedi, o pa-
gassem no Rio de Janeiro donde se ha de remetter
a esta praça. Guarde Deus a V. M. Bahia e Julho
10 de 1673.

Affonso Furtado de Castro do Rio de Mendoça.

1673

Para os officiaes da Câmara de


São Paulo.

Com muito gosto acceito o parabém que V. Ms.


me dão do bom successo que os paulistas hão tido
nesta Conquista; porque chegou o tempo de ter avi-
so de Estevão Ribeiro Bayão Parente haver prisiona-
do mil e duzentas almas, que havia nas três Aldeias
dos Maracas com que chegará aqui até o fim do
mez, e que deixara de fazer o mesmo a uma dos-
cochos.
1

— 253-

1673

Para o Provedor da Fazenda da


Capitania de São Vicente Lourenço de
Mello.

Recebi a carta de V. M. de 28 de Maio deste


anno e vejo o procedimento que houve, para se
lhe impedir o exercício do cargo, e papeis que so-
bre isso se enviaram. V'. M. continue o exercício
delle, que a pressa com que se despacha esta em-
barcação para o Espirito Santo, e os negócios da
frota não deram logar a se mandar agora resolu-
oc-
cão alguma neste particular, irá na primeira
11
casião. Guarde Deus a V. M. Bahia e Julho
de 1673.

Af fonso Furtado de Castro do Rio de Mendoça.

1673

Para o Ouvidor da mesma Capita-


a
nia de São Vicente acompanhando
as
Provisão que se lhe envia sobre
pedras.
cujo
Com esta remetto a V. M. uma provisão
a
effeito fio da diligencia com que encommendo
tem
V. M. a execute, procurando averiguar, quem
o que
em seu poder essas pedras, e obrar tudo
ou as
contém a mesma Provisão de maneira, que
não entregarem
pedras, ou os culpados, que as
venham infallivelmente a esta praça. E porque
um dos
Fernão Dias Paes se me queixa de que
nao
culpados a que passei provisão para as justiças
-254 —

entenderem com elle emquanto ia e o acompanha


no descobrimento das minas a que o mandei, (lhe
divertira outras, daquelle serviço que ia fazer a S. A.
e este exemplo é mui prejudicial a aquelle fim tão
importante, e a tal pessoa não pode já usar do
privilegio que lhe concedi, pois faltou ás condições
delle: V. M. I1V0 não guarde, e proceda contra
elle pelas culpas que tinha antes de lh'o conceder
na forma que for justiça, e tire um summario de
testemunhas do procedimento que teve sobre não
acompanhar o dito Fernão Dias Paes e induzir as
pessoas de que elle se queixa lhe tirara do serviço
que ia fazer a S. A. E achando-o culpado o pren-
da V. M. e me remetta os papeis, para eu ordenar
o que for mais conveniente. Guarde Deus a V'. M.
Bahia e Julho 11 de 1673.

Affonso Furtado de Castro do Rio de Mendoça.

1673

Para o Governador do Rio de Ja-


neiro sobre os Religiosos de São Ben-
to.

Da copia da carta de S. A. que será com esta


firmada pelo Secretario do Estado, será presente a
V. Sa. o que se serviu ordenar-me sobre a conser-
vação das ordens do D. Abbade Geral da Con-
gregação de São Bento e posse do Provincial e
abbades dos mosteiros desta Provincia do Brasil que
Tio Capitulo próximo se elegeram emquanto o Sum-
mo Pontífice não deferisse a separação. De Pernam-
buco veiu a esta cidade um Religioso chamado Frei
João por sobrenome introduzido Poeyra, o qual se
255 —

recolhe no Collegio da Companhia, e dizendo-me,


um breve de
que era Provincial de São Bento por
Sua Santidade lhe respondi que vendo-se o breve, e
sendo legitimo, o mesmo favor, que os Provinciaes
de São Bento haviam achado em mim, para os fazer
obedecer de seus subditos experimentaria elie tani-
bem para fazer guardar o dito breve. E como o Pa-
dre Provincial Frei Pedro do Espirito Santo estava
legitimamente de posse, e o Breve se não prcsentou
em juizo para se ver como é estylo e Frei João
Poeyra o não quiz presentar; procedeu o Provincial
a censuras contra elie, e contra todos os mais Reli-
nos mosteiros desta
giosos, que estando reclusos e
cidade e no mesmo Collegio, se foram para elie,
outros que do Engenho, c de diversas partes
foi lU-m
se uniram ao seu séquito, entre os quaes
do
o Companheiro do mesmo provincial frei Pedro
a
Espirito Santo (o qual se diz aqui que é passado
á de-
essa Capitania a reduzir os Conventos delia
obe-
voção do mesmo frei João Poeyra) e por não
o Or-
decerem os declarou, e ultimamente publicou
Com o
dinario a pastoral que contra elie fulminou.
a se ausentar secreta-
que se resolveu o dito Poeyra
mente do Collegio com todos os da sua parciahda-
de E o provincial frei Pedro está pacificamente
obedecido de todos os
gosando a sua posse, e es-
conventuaes deste mosteiro da Bahia e dos que
Antes
tão no Engenho e fazendas circumvizinhas.
frei João
de me chegar a carta de S. A. e de vir
Provincial
Poeyra de Pernambuco, me pediu o dito
os m-
frei Pedro do Espirito Santo, que por evitar
com
convenientes que podiam resultar da dissolução
do Provincial seu
que alguns religiosos do séquito o tra-
antecessor, e da separação que se pretendia,
— 256 —

tavam e todas as mais conseqüências da sua deso-


bediencia lhe mandasse pôr guarda no mosteiro. E
com que aquelles
porque era grande o escândalo
seus subditos procediam, tendo publicamente armas
nas suas eellas, lhe mandei pôr de guarda uma
Companhia, e elles andaram tão pouco prudentes,
todo o re-
que com as armas na mão acreditaram
ceio que o Provincial podia ter da sua pouca consi-
deração, e foi necessário que eu pessoalmente fosse
ao mosteiro a evitar deseomposturas que faziam e
aplacar a perturbação do arrojamento a que ultima-
mente chegaram se não fora a minha presença, c
mandal-os o Provincial para os mosteiros de que se
foram unir depois com o Poeyra. Nos navios ante-
eedentes chegaram aqui os dons Religiosos que es-
tavam em Roma, e se diz traziam os breves que
também não quizeram mostrar, e se agasalharam
na Companhia donde dizem são já idos em busca
de frei João Poeyra. Estes são os termos em que
se acha a Província de São Bento. E como S.VA. me
encarrega tão pontualmente a execução das ordens
do seu Geral me pareceu jpemetter a V. Sa. a copia
da dita carta e dar-lhe toda esta noticia, para a ,ter
entendido, e fazer guardar inviolavelmente nesse
mosteiro do Rio, assim a ordem de S. A. como as
do D. Abbade Geral emquanto o Provincial Frei
Pedro do Espirito Santo e os que lhe succederrem
pela Congregação estiverem conservados na sua
posse. E sendo caso que V. Sa. vá a fundar a
nova povoação que S. A. lhe ordena, deixe V: Sa.
mui encarregado á pessoa que nessa praça ficar em
seu logar a pontual execução que deve dar á carta
de S. A. e ás ordens do Padre Geral. Guarde
257

Deus a V. Sa. muitos annos. Bahia e Julho 11


de 1673.
Affonso Furtado de Castro do Rio de Mendoça.

1673

Para o Governador do L{io de Ja-


neiro João da Silva de Sousa, acom-
panhando o sacco onde vão as cartas.
Por uma embarcação, que daqui parte em direi-
fura para o Espirito Santo, vos remetto o sacco de
cartas, que será com esta, e nelle vão os maços
Secreta-
que constam da lista inclusa firmada pelo
rio do Estado. Os maços do Provincial de São
Bento que vão para o Abbade desse Mosteiro do
Rio, e me pediu lhe mandasse remetter por minha
via por serem de muita importância e temer lh'as
furtem, vos encommendo muito lh'os mandeis re-
metter por pessoa que hYos entregue em mão pro-
mandar chamar
pria, quando vós o não queimes
é o que
para da vossa os receber pessoalmente que
me parece que será melhor.
O maço que vae para o Capitão-mor da Capi-
tania de São Vicente convém também muito que tan-
to que receberes esta despacheis logo um correio
leve,
com outra pessoa, por se acaso cansar que hYo
sua
e entregue em mão própria, e cobre certidão
occasião, man-
que vós me remettereis na primeira
dando-me muitas de vosso serviço, que bem sabeis
vos guarde (senhor
quanto as devo estimar. Deus
e Julho
meu) muitos annos como desejo. Bahia
11 de 1673.
Mendoça.
Affonso Furtado de Castro do Rio de
- 258 —

1673

Para o Capitão-mor da Capitania


do Espirito Santo Joseph Gonçalves de
Oliveira.

Recebi a carta de V. M. e vejo a pretenção


eu na Companhia do
que teve, de que provesse
a seu sobrinho, a quem
presidio dessa Capitania
V. M. passou patente, de que me deu conta. Muito
folgara eu, de que fora cousa que podesse ser.
Mas nem elle tem os serviços que eram necessários,
nem Capitão-mor algum jurisdição para fazer seme-
lhante provimento. E fique V: M. advertido, que
em tal caso o que V. M. deve fazer é avisar-me
logo, e deixar estar o Governo da Companhia a
cargo do Alferes que nella houver: pois só a este
Governo toca o provimento.
Com esta carta será V. M. entregue de uma via
do Rio de
que vae em um sacco para o Governador
Janeiro João da Silva de Sousa. No mesmo ponto
de con-
que Vi M. receber despache logo um correio
fiança a levar-lh'o, e que cobre recibo de como
lh'o entregou que trará a V. M., e V. M. m'o re-
metta na primeira oceasião.
Torno a lembrar a V. M. o donativo do dote
e paz, que estiver por cobrar, e fio de seu .zelo,
que nas primeiras embarcações venha tudo, pois faz
nisso um particular serviço a S. A. Guarde Deus a
V. M. Bahia e Julho 11 de 1673.

Affonso Furtado de Castro do Rio de Mendoça.


-- 259 -

1673

Carta que se escreveu a André


da Costa Moreira que acompanha a
provisão para proceder contra os cal-
pados sobre o caso da Parayba do
Sul.

Vi a conta que V. M. me dá na sua carta dos


excessos que se commetteram na destruição da Pa-
rayba do Sul. Todos são bem notáveis, e dignos
de se castigarem com grande demonstração, e muito
V. M. tido
para estimar, que sendo taes não haja
M. essa Provi-
parte delles. Com esta remetto a V.
são que V: M. guarde inviolavelmente procedendo
contra os culpados, como merece atrocidade do caso,
é dando-me conta de tudo o que obrar, para me ser
V. M. guarda
presente, que é maior a inteireza que
á justiça que as diligencias que ahi hão de fazer os
interessados por diminuir os crimes aos mais culpa-
cios nelles. Guarde Deus a V. M. Bahia e Julho 8
de 1673.

Affonso Furtado de Castro do Rio de Mendoça.

1673

Carta que se escreveu a Femão


da
Dias Paes sobre o descobrimento
prata e pedraria.
em 9 de
Recebi a carta de V. M. escripta
disposição
Abril deste anno; e segundo a grande
empresa do des-
e zelo com que V. M. obra nessa diz; e a
cobrimento da prata e pedraria que me
-260-

brevidade com que se punha a caminho, espero que


ainda nesta monção me dê conta com as amostras
da felicidade que ha tido. Muito particularmente
hei de significar a S. A. o grande merecimento de
V. M., e a grande despesa e trabalho com que tem
tomado este negocio entre mãos, sendo elle de tan-
ta importância, e ha tantos annos intentado: para
o consiga
que V. M. tenha o prêmio de ser quem
e na verdade se pode V. M. segurar, que ha de
ser grande. E no aviso que agora estou para fazer
a S. A. na frota, lhe representarei também o que
V. M. me escreve acerca das pedras, que desappa-
receiam, remettendo-m'as V. M., e das que,por ou-
trás vias se tiverem mandado á Corte, por industria
das pessoas que V. M. tinha mandado plantar ps
mantimentos, para que fique S. A. entendendo que
só a V. M. se deve o descobrimento ^deltas. Assim
como V. M. descer a essa villa com as amostras
de tudo o que descobrir, que supponho ser de mui-
ta consideração, frete V. M. logo logo uma embar-
cação e m'as remetta, entregando-as a pessoa de
confiança que as traga: deixando recibo das que
são na mão de V. M., e firmando outro que V. M.
remetta com cilas-, o qual V. M. firmará também:
que eu mandarei aqui pagar o frete pontualissima-
mente. E ao Capitão-mor ordeno tome para esse
effeito qualquer embarcação e o faça despachar
sem perder instante. E V1. M. me dê conta muito
por menor do descobrimento que fez com todas as
circumstancias necessárias, e que já lhe tenho es-
cripto ao Ouvidor dessa digo para de tudo dar mui-
to especificada conta a S. A. Ao Ouvidor dessa
Capitania mando ordem para inquirir, por não ser
caso de devassa dos que furtaram as pedras e m'os
-261-

remetta presos se as não entregarem. Guarde Deus


a V. M. Bahia e Julho 9 de 1673.
Accrescentarnento que fez o Sr. Governador:
Certifique-se V. M. que lhe hei de alcançar
Grandes mercês e honras. O que convém é ter effei-
to este negocio e porque no aviso que V. M. me
mandar não haja dilação, será conveniente por pes-
soa segura o remetta V. M. logo ao Capitão-mor
para que frete embarcação para m'o mandar com
as pedras que vieram em forma, que se não possa
entender o que se manda porque esperar a chegada
de V. M., para V. M. despachar o aviso servirá de
grande dilação. Espero dar a Vi M. o parabém
das mercês que lhe ha de este serviço de adquirir, e
que lhe hei de solicitar com todo o empenho.
Affonso Furtado de Castro do Rio de Mendoça.

1673

Carta que se escreveu ao Capitão-


mor do Cabo Frio sobre a duvida que
teve com o Ouvidor Geral daquella re-
partição Gaspar Maris d'Almeida.
Vi a carta de V. M. de 27 de maio deste anno,
e a noticia que me dá das terras da Capitania do
Cabo Frio, duvida que houve com o Ouvidor Ge-
ral dessa Repartição sobre o Regimento do Conde
tle Óbidos- Viso-Rei que foi deste Estado, carta de
diligencia que elle mandou passar sobre se fazer
despejar os ¦moradores dos Campos de Guaitacazes,
e companhia da ordenança que V. M. dividiu em
duas. Quanto ás terras tenho entendido o que
V: M. me diz, e quanto á duvida do Regimento não
-262-

Sobre a carta de dili-


pode agora (ir) a resolução.
• • ' '
geneia
• •
l-
semelhante successo. E quanto á divisão queV.M.
é muito para reparar que sendo o
.... provido por este Governo, e não tendo
V. M. poder algum para isso se resolvesse a divi-
dil-a e prover aos Capitães. V. M. restitua a seu
conveniente ao serviço
primeiro ser, que será . . .
de S. A. a divisão; o que V. M. devia fazer era re-
havia para eu man-
presentar-me com as razões que
dar o que fosse justo, e não fazel-o primeiro e
dar-me depois conta. Guarde Deus a V. M. Bahia
e Setembro 3 de 1673.
Affonso Furtado de Castro do Rio de Mendoça.

1673

Carta que se escreveu ao Capi-


tão-mor de São Vicente sobre o des-
cobrimento das minas.

Recebi a carta de V. M. de 20 de Julho des-


te anno, e já supponho terem chegado ás mãos de
V. M. todas as ordens que nas duas antecedentes
me havia pedido para o descobrimento das minas
de que . . . conta, sem declarar quaes eram, nem
donde estavam; e com ellas respondi a V. M. lar-
gamente a tudo em um sacco que por via do Espiri-
to Santo remetti ao Governador do Rio de Janeiro
para elle o mandar logo por um correio que de
V. M. cobrasse recibos para constar de como lhe
foi entregue. Nelle remetti
para o Engenheiro Francez
-263-

logo para essa Capitania


haja V. M. dado ,
mas se . . . . forti ,
V. M. me diz está
escrevo a carta
se mandar assim de partido.
Com a cobrança do donativo, faça V". M. conti-
nuar na melhor forma que for possível, e para The-
soureiro delle foi também provisão.
Sobre o sal não tem ainda . . . .as condi-
ções do contractador. Ao Provedor da Fazenda des-
sa Capitania se remette a ordem do que ha de sen
. . .
guir, e emquanto as condições não chegam
... o dinheiro na forma que se lhe dispõe.
A V: M. ordenei que vindo
minas, e as amostras
com todo o segredo e brevidade por mar ou pot]
terra, quando não houvesse embarcação, o qual
sendo considerável o . . . . fretaria V. M. e eu
pagaria aqui o frete. Assim o torno a encarregar
a V. M. que é grande importância desta matéria
se as experiências corresponderem ás esperanças
com que V. M. me escreve. Guarde Deus a V. M.
Bahia e Setembro 13 de 1673.

Affonso Furtado de Castro do Rio de Mendoça.

1673

Carta que se escreveu ao Prove-


dor da Fazenda de São Vicente sobre
o sal.

Recebi a de V. M. de 20 de Julho deste anno


sobre o sal do navio que V. M. me diz tinha che-
-264- >

condições de contracto não


gado a esse porto. As
têm chegado ainda a esta cidade. V. M. mande
dinheiro que delle se fizer,
pôr em deposito todo o
e siga a ordem que sobre este particular se lhe re-
mette por via do Provedor-mor da Fazenda.
E quanto á conta que V. M. me deu do proce-
dimento que ahi se teve com sua pessoa, ainda as
occupações não deram logar a se tomar resolução
Guarde Deus
que mandarei offerecendo-se occasião.
a V. M. Bahia e Setembro 13 de 1673.

Affonso Furtado de Castro do Rio de Mendoça.

1673

Carta que se escreveu aos offi-


ciaes da Câmara da Villa da Conceição
sobre os cem mil reis da esmola.

Vi a carta de V. Ms
deste anno acerca sobre as contas
ordem que tem ido. Villa
para que me pedem Capitão
que se mandava
. . . Matriz e Mosteiro de São Francisco dessa
Villa se entreg . . . aqui a um Religioso da mes-
ma ordem, já supponho ser chegada ás mãos de
V. Ms. a patente. A patente se remette na pessoa
que V. Ms. me pedem. Guarde Deus a V. Ms. Bahia
e Setembro 13 de 1673.

Affonso Furtado de Castro do Rio de Mendoça.


-265

1673

Carta que se escreveu ao Prove-


dor da Fazenda do Rio de Janeiro so-
bre o dinheiro que resultou do cunho.

Recebeu-se a carta de V. M. de 20 de Maio des-


te anno acerca do dinheiro que resultou do cunho da
moeda que veiu do Rio da Prata, e pleito que cor-
ria entre o Procurador da Fazenda e tutor de uns
órfãos sobre algum que se achou nos bens que lhe
tocavam. Se se julgar que toca alguma cousa dei-
les á Fazenda Real como se entende siga V. M. as-
sim em um como em outro a ordem que ha nessa
Provedoria deste Governo, para na forma da de Sua
Alteza remetter ao Reino. E de V. M. & fazer me
dará conta e etaviará certidão para o ter entendido.
Guarde Deus a V. M. Bahia e Setembro 13 de
1673.

Affonso Furtado de Castro do Rio de Mendoça.

1673

Carta que se escreveu ás Cama-


ras de São Paulo, São Vicente, e Ti-
nhaem.

A essa Câmara como uma das principaes causas


de ficarem estes povos livres da oppressão que pa-
deciam com o Gentio bárbaro, dou o ultimo para-
bem da gloria com que se acabou esta Guerra, de
nos
que neste navio vão os derradeiros despojos
Vae o
prisioneiros que levam seus Conquistadores.
Sargento-maior Antônio Soares Ferreira, a que se
-266

deve muito grande parte dos bons successos, que


houve, e todos os Capitães, que dahi vieram mere-
cem grande louvor, pelo bem que procederam. Fica
o Governador Estevão Ribeiro Bayão Parente, que
em breves dias despacho, a fundar uma povoaçao e
levantar a villa, nas terras que entre as melhores
mais
que achou (sendo todas boas) lhe pareceram
accommodadas aos beneficio dos povoadores. Tam-
bem fica o Capitão-mor Braz Roiz de Arzão, que
sem demora alguma mando descobrir novas terras
para outra. E espero que brevemente cheguem as
mercês que para os cabos, e capitães tenho pedido
a S. A. pelo melhoramento na empresa e é certo
que o não hão de ter menor ca-
bos na fundação daquellas villas . . . . . . como
foram instrumento de os bárbaros,
que em tantos annos infring . . . e offenderam
esta Capitania, assim o serão agora de se lhes per-
petuar a segurança para os futuros. Com esta carta
remetto a V. Ms. esse Edital, para todas as pes-
soas que quizerem vir a povoar as terras que se tem
separado para as ditas villas, terem entendido as
conveniências que podem lograr, e os partidos que
lhes offerecem os cabos devem escrever a seus pa-
rentes sobre este particular, V. Ms. persuadam uns e
outros, a que venham que em mim e neste Governo
hão de achar todos os favores. E é razão que já
que os paulistas restauraram as terras sejam elles
quem as logre. Guarde Deus a V. Ms. Bahia e Se-
tembro 22 de 1673.
-267

1673

Carta que se escreveu ao Capitão-


mor de Tinhaem para se levantar a
homenagem.

Provi no posto de Capitão-mor dessa Capitania


tanto que a patente de V. M. tiver expirado . .
... o Capitão-mor Vasco da Morta que esta car-
ta ha de dar a V. M. Na forma da Patente que
leva lhe entregue V. M. a Capitania. E por esta
"M.
lhe hei a V. alevantada a homenagem que delia
deu. Guarde Deus a V. M. Bahia e Setembro 23
de 1673.

Affonso Furtado de Castro do Rio de Mendoça.

1673

Carta para o Governador do Rio


de Janeiro João da Silva.

Sr. meu: parte esta embarcação a levar o Com-


missario Geral de São Francisco que vae visitar essa
me
custodia. A devoção que tenho aquelle habito
mas
obrigava a recommendar a V. Sa. sua pessoa:
nem as qualidades que o fazem amado, nem a pre-
dade.
se acabou, e e
(A' margem): Esta carta não
a que se segue.
268-

1673

Carta para o Governador do Rio


de Janeiro.

Sr. meu. Parte esta embarcação a levar o


Reverendo Padre Frei . . .da Ressurreição, Com-
missario Geral de São Francisco que vae a visitar
essa Custodia. A devoção que tenho áquelle ha-
bito e particular inclinação a este sujeito por sua
virtude e grandes partes, me obrigava a recommen-
dar a V. Sa. a sua pessoa: mas nem as qualidades
que o fazem amado, nem a piedade com que sei
que V. Sa. prefere a estimação destes Religiosos,
a tudo; me não dá mais logar que a dizer a V. Sa.
que todo o favor que experimentar em V. Sa. corre
muito por conta das minhas obrigações.
Não se me offerece cousa de novo sobre que
escreva a V. Sa. só me lembra que V. Sa. me es-
creveu que me havia de dar conta das ordens de
S. A. sobre a nova fundação de que já dei a V. S.
o parabém, e como V. Sa. m'as fez supponho que
não deviam chegar; e o desejo de vel-as era para
dar a V. Sa. maior testemunho do gosto que tinha
de seu emprego ainda que fosse a custa de se dila-
tar mais . . . que eu sempre terei de nos vermos.
Aqui estou esperando por horas navio de Por-
tugal (se bem o fazem alguns mais tarde) com a
anciã de saber quem me succede neste Governo pela
com que estou de o deixar: que não são para mais
continuadas as p . . .de sua assistência. A guerra
dos bárbaros teve felicíssimo fim. Assim o logre
V. Sa. na sua empresa para que despovoando - se
269 —

esta campanha dos seus .


estão destruídas).
(As ultimas quatro linhas da carta
e Outubro 4 . .
. de Mendoça.

Carta que se escreveu ao Capitão-


mor do Espirito Santo.

Do memorial que será com esta


esta carta •
para que lh'o remetto com
do mesmo .... que V. M. receber a mostrará

Capitania • sta sobre


e lhe ordene >
estiver devendo dos bens que ram
do Capitão-mor Rios e os remetterá
te-
a Portugal na forma da Provisão de S. A. V. M.
nha particular cuidado de a fazer executar pontua-
lissimamente e de applicar o Provedor dos defuntos
a mínima ônus-
quando nelle veja a memória digo
são que de nenhuma maneira convém haja no effei-
to da dita provisão que hei por mui recommendada
a V. M. e me dará conta do que obrou para me
ser presente a diligencia com que se procedeu. Guar-
de Deus a V. M. Bahia e Outubro 12 de 1673.

Affonso Furtado de Castro do Rio de Mendoça.

L
-270 —

1673

Carta que se escreveu ao Prove-


dor dos defuntos e ausentes da Capi-
tania do Espirito Santo.

O Capitão-mor dessa Capitania ha de mostrar


a V. M. quando lhe entregar esta carta um me-
morial sobre a cobrança e remessa dos bens que
nessa Capitania ficaram do Capitão-mor João cie
Almeida Rios para cujo effeito impetraram seus her-
deiros uma provisão de S. A. V. M. a execute vcom
todo o cuidado dando-a a seu devido cumprimento,
de maneira que veja eu o que V. M. obra no effei-
to delia, e desta carta de que me dará conta para
o ter entendido. E fio eu da diligencia de V. M.
que não será necessário que o Capitão-mor lhe faça
lembrança alguma sobre este negocio cuja brevidade
importa muito seja grande. Guarde Deus a V. M.
Bahia e Outubro 12 de 1673.

Affonso Furtado de Castro do Liio de Mendoça.

1674

Carta para o Capitão Bartholo-


meu Fragoso Cabral.
Entre as razões que contém
. . do procedimento . . . •
Capit ....,,,
mando vir obrou,
e a remetti a V. M. para ficar exercendo aquelle
posto durante a sua ausência. V. M. se haja nelle
com a prudência que espero. E para o Capitão-mor
-271 —

o ter entendido lhe dê V. M. a carta que será com


esta present que passe certidão de com-
que V. M. tomar posse (em que o
hei por mettido na provisão) faça V. M. sentenciar
logo todas as pessoas a que preso,
e formado culpa e remetter com toda a
brevidade á Relação deste Estado . . . sendo as
culpas graves pelas quaes não
na prisão, mas todos os que .... estiverem pa-
decendo a violência de os ter presos sejam soltos:
e de todos estes me envie V. M. relação para me
ser presente procurando que os culpados se seten-
ciem com summa brevidade para (pie venham as
appellacões na primeira embarcação que desse porto
sair para este na qual fará V. M. embarcar o Capi-
2
tão-mor. Guarde Deus a V. M. Bahia c Junho
de 1674.

Af fonso Furtado de Castro do Rio de Mendoça.

1674

Carta para João da Silva de Sou-


sa Governador do Rio de Janeiro.

Amigo e Senhor meu. Com attenção li o que


do anno
me escrevestes por carta de 22 de Outubro
a Câmara dessa
passado, acerca de uma junta que nao
cidade fez, em que vós assististes, sobre se
nos
continuar uma Villa, que se intentava levantar
havia
Campos dos Guaytacazes: e que diziam que
e como amigo me
provisão minha para o Ouvidor: as dih-
pedieis, mandasse logo recolhel-a, que parade outra
Frio: porque
gencias bastava o de Cabo e que
maneira ficaria perdido o Rio de Janeiro,
-272-

dita Villa, estava


quando se resolvessem a fazer a
esse povo resoluto a ir arrasal-a.
Por certo que lendo a carta, me não acabava a
persuadir que era vossa: pois ninguém melhor que
vós sabe, que nem os povos nem os postos inferjo-
res podem por si resolver cousa alguma contra o
que dispõem os superiores, nem ainda os que são
superiores, metter-se na jurisdição alheia. E quando
niitito o que devem fazer, é representar ao Governo
Superior os inconvenientes que ha para se dar cum-
primento a alguma ordem cujas razões sejam tão
graves que obriguem a suspendel-a; e não desobe-
decel-a. E deliberam-se a tomar em mãos negocio
tão considerável, e determinal-o resolutamente com
tanta independência, que me chegaes a dizer que
estava o povo resolvido a arrasar a Villa, se se
levantasse: e isto depois do Ouvidor dessa Capi-
tania me haver dado conta da . . tancia, e dissolu-
ção que com os moradores da Parahiba, se havia
usado. A sua carta e a queixa daquelles morado-
res (que foi ainda maior que a narração que o
mesmo Ouvidor fez . . Relação,
e se estranhou muito nella a atrocidade .....
feita em vassallos de S. A. E não contentes . . .
ssados em . . . aquelles Campos nas terras que
os que . ... possuir por títulos legítimos (os
quaes impossibilitaram ao Capitão-mor da Parahi-
ba me remettesse, mandando-lhe eu por ordem par-
ticular minha m'os enviasse) para terem elles sós
com o poder, e violência o que é justo seja benefi-
cio de muitos, e augmento do Estado: impedem con-
servar-se alli aquelle logar, e segurar aquelle pos-
to, contra o que S. A. manda expressamente no
Regimento do Governo deste Estado, que é povoar-
— 273

se toda a costa: e se resolveram segunda vez a


mandar buscar algemado um Ouvidor, que o era
com Provisão minha. Verdadeiramente que não sei
como vós o consentistes, nem se desse favor de
soldados para semelhante acção, devendo attenderes
só, ao respeito que se devia ás ordens que deste
Governo se tinham mandado, em tempo do Sr. Con-
de de Attouguia, e agora ao provimento que eu
havia feito de Ouvidor: cuidava eu que devieis pre-
ferir como amigo, a conta que era razão se me
desse desta matéria para eu a ter entendido, e re-
solver o que mais fosse serviço de S. A., ás razões
apparentes dos interessados.
As grandes cidades do mundo, se fizeram po-
Assim começa-
pulosissimas de humildes princípios.
ram todas as que hoje ha no Brasil, que se assim
não fora, ainda estivera o Brasil deserto: c nem por
se fundar a cidade de Seregippe, em cujos campos
mora-
está a maior parte dos gados, e fazendas dos
Ba-
dores desta praça, ficam elles prejudicados, e a
de Ja-
hia perdida; como me dizeis ficará o Rio
haver
neiro se houver Villa na Parahiba; antes com
e
alli officiaes de justiça, se evitarão os latrocínios
E
roubos, que é certo haveria, se os não houvesse.
estavam
como os que têm a cargo as fazendas, que
não querem que haja
pelos campos dos Guaitazes,
de não haver jus-
quem lh'os impida, buscam o meio
Villa que lhes
tiça na Parahiba, nem que alli se faça
donos. O
estorve o que obram contra seus próprios
mais que doze
districto do Rio de Janeiro não tem
Cabo Frio; e
léguas, até partir com a Capitania do
do Rio. e
esta é tão isenta dos officiaes da Câmara
essa: e por ta
tão immediata a este Governo, como
sobre seus
razão, só o Governo Geral tem jurisdição
-274 —

moradores: e ainda que o Ouvidor dessa Repartição


a tenha é só a ordinária sobre os pleitos, e não a
de julgar, se ha de haver villa, ou não: Regalia que
somente toca ao Príncipe Nosso Senhor que é quem
tem poder soberano de mandar arrasar cidades, ou
villas precedendo consultas mui ponderadas dos
Conselhos de Estado, e Guerra. A S. A. tenho da-
do conta desta matéria; e é este o caso a que só
devia mandar um Ministro da Relação, se a não
tivera dado. Eu não fui o primeiro que provi o
cargo dc Ouvidor, que já o Sr. Conde de Óbidos
o havia provido por estar vago em Nicolau Verissi-
mo que o serviu muito tempo, como se vê da sua
provisão passada em 7 de Novembro de 663, que
está registada nos livros da Secretaria do Estado,
donde também está outra de escrivão da Câmara da
mesma Parahiba, passada em 16 de Outubro do
mesmo anno. Nem é fora de razão, antes muito
conforme a ella, que haja alli Ouvidor: pois é ri-
gor grande que hajam os pobres moradores da Pa-
rahiba de ir oitenta léguas pleitear, e despachar pe-
tições pelo Ouvidor do Cabo Frio. De que é bom
exemplo a Capitania de Pernambuco, donde não
sendo mais que uma só, ha nas villas, e logares que
o tempo foi fazendo, mais de seis Ouvidores parti-
culares, sendo pouca a distancia que ha de umas a
outras. Se o Ouvidor, e officiaes da Câmara que
se havia formado na Parahiba, estão ainda ahi pre-
sos, os mandae logo soltar; e como amigo vos
encommendo os deixeis logo ir para suas casas, e o
Ouvidor a exercer o seu officio pela minha provisão:
e as razões que a Câmara dessa cidade, ou Ouvidor
dessa Repartição tiverem, para se destruir o povo
da Parahiba, e não haver alli villa, as representem a
— 275 —

este Governo, donde serão ouvidos; ouvindo-se tam-


bem as que aquelle povo der para ser conservado;
é só a resolução que aqui se tomar é a que alli
se ha de guardar inviolavelmente emquanto não
chegar a de S. A.; e nesta conformidade, fareis
vós também prohibir aos interessados nos Campos
dos Guaytaeazes, e Câmara dessa cidade, intromet-
ler-se na jurisdição que lhe não toca: pois de ne-
nhuma maneira convém ao serviço de S. A. e so-
cego de seus vassallos obrar-se outra cousa contra
a obediência e respeito que se deve a este logar.
26
Deus vos guarde muitos annos. Bahia e Maio
de 1674.
Affonso Furtado de Castro do Rio de Mendoça.

1673

Carta que se escreveu ao Gover-


nador do Rio de Janeiro sobre os Pro-
vinciaes de São Bento João da 5/7-
va de Sousa.
com esta
TDa copia da carta de S. A. que será
a
firmada pelo Secretario do Estado, será presente
sobre a conserva-
V Sa que se serviu ordenar-me
congregação
cão das ordens do D. Abbade Geral da
e Abbades
de São Bento, e posse do Provincial,
no Ca-
dos Mosteiros desta Provincia do Brasil, que
emquanto o Summo
pitulo próximo se elegeram De Pernambu-
Pontífice não deferisse a separação.
chamado F
co vem a este cidade um Religioso
o Poeyra o qual
João, por sobrenome introduzido, e dizendo
se recolheu no Collegio da Companhm;
um breve
me que era Provincial de São Bento por
-276 —

de Sua Santidade, lhe respondi, que vendo-se o bre-


ve, e sendo legitimo, o mesmo favor que os Provin-
ciaes de São Bento haviam achado em mim para os
favores (fazer?) obedecer de seus subditos, experi-
mentaria elle também para fazer guardar o dito
Breve. E como o Padre Provincial Frei Pedro do
Espirito Santo estava legitimamente de posse; o
Breve se não presentou em Juizo para se ver como
é estylo, e Frei João Poeyra não quiz presentar,
procedeu o Provincial a censuras contra elle; e
contra todos os mais Religiosos que estando re-
clusos nos Mosteiros desta cidade, e no mesmo Col-
legio, se foram para elle, e outros que do enge-
nho e diversas partes se uniram ao seu séquito, en-
tre os quaes foi um o Companheiro do mesmo Pro-
vincial Frei Pedro do Espirito Santo (o qual se diz
aqui que é passado a essa Capitania a reduzir os
Conventos delia á devoção do mesmo Frei João
Poeyra) e por não obedecerem os declarou e ulti-
mamente publicou o ordinário a Pastoral que contra
elles fulminou. Com o que se resolveu o dito Poey-
ra a se ausentar secretamente do Collegio com
todos os da sua parcialidade. E o Provincial Frei
Pedro está pacificamente gosando a sua posse: e
obedecido de todos os conventuaes deste Mosteiro
da Bahia, e dos que estão no engenho e fazendas
circumvizinhas. Antes de me chegar a carta de
S. A. e de vir Frei João Poeyra de Pernambuco;
me pediu o dito Provincial Frei Pedro do Espirito
Santo, que por evitar os inconvenientes que po-
diaim resultar da dissolução com que alguns Religio-
sos moços do séquito do Provincial seu antecessor,
e da separação que se pretendia, o tratavam e todas
as mais conseqüências da sua desobediência, lhe
277 —

mandasse pôr guarda no Mosteiro. E porque era


orande o escândalo com que aquelles seus subditos
armas nas suas cel-
procediam, tendo publicamente
Ias, lhe mandei pôr de guarda uma companhia, (e
elles andaram tão pouco prudentes que. com as ar-
mas na mão acreditaram todo o receio que o Provim
ciai podia ter da sua pouca consideração, e foi ne-
a
cessario que eu pessoalmente fosse ao mosteiro
a per-
evitar deseomposturas que faziam, e aplacar
chega-
turbação do arrojamento a que ultimamente
o
,-arn, se não fora a minha presença, e mandal-os
unir
Provincial para os Mosteiros de que se foram
depois com o Poeyra. Nos navios antecedentes
em
chegaram aqui os dous Religiosos que estavam
também,
Roma e se diz traziam os Breves, que
na Compa-
não quizeram mostrar e se agasalharam
de Frei
nhia, donde dizem são já idos em busca
em que se acha
João Poeyra; Estes são os termos
A. me en-
a Província de São Bento. E como S.
das ordens
carrega tão particularmente a execução
V. Sa. a co-
do seu Geral: me pareceu remetter a
toda esta noticia para
pia da dita carta, e dar-lhe
a ter entendido, e fazer guardar inviolayclmente
de S. A.
nesse Mosteiro do Rio, assim a ordem
o Provincial
como as do D. Abbade Geral emquanto
lhe succecle-
Frei Pedro do Espirito Santo, e os que
na sua
rem pela congregação estiverem conservados
V. Sa. vá a fundar a
posse: E sendo caso qu,e deixe V. Sa.
nova povoação que S. A. lhe ordena
ticai en-
mui encarregado á pessoa que nessa praça
execução
carregado digo em seu logar a pontual
A. e ás ordens do Pa-
que deve dar á earta de S.
-278 —

dre Geral. Guarde Deus a V. Sa. muitos annos.


Bahia e Julho 11 de 1673.

Affonso Furtado de Castro do Rio de Mendoça.

1674

Carta para os officiaes da Ca-


mara da Capitania do Espirito Santo
sobre se soltarem os que não tivessem
culpa no caso do Capitão-mor.

Sou informado que nessa Capitania se acham


muitos presos do Capitão-mor Joseph Gonçalves de
Oliveira, uns com autos que delles se fizeram e ou-
tros sem elles. V. Ms. tanto que tomarem posse,
ordenem logo ao Ouvidor dessa Capitania e que
provisão, que sentencie todos os culpados que
houver pelos autos que se tiverem processado, dan-
do sua appellação e aggravo para a Relação do Es-
fado, e solte todos os que havendo autos feitos
delles constar que não têm culpas. E do que obrar
sobre este particular me darão conta. Guarde Deus
a V. Ms. Bahia e Agosto 29 de 1674.

Affonso Furtado de Castro do Rio de Mendoça.

1674

Carta aos officiaes da Câmara da


Capitania do Espirito Santo sobre go-
vernarem aquella Capitania durante a
ausência do Capitão-mor delta.
Por convir ao serviço de S. A. mandar vir a
esta praça o Capitão-mor dessa Capitania Joseph
279

Ms.
Gonçalves de Oliveira, lhe ordeno entregue a Vi
logar,
o Governo delia. V. Ms. exerçam em seu
or-
durante a dilação que tiver a esta praça té nova
a
dem minha. E encarrego muito particularmente
devem
V. Ms. a prudência e bom modo com que
esse povo não ter
proceder nesta substituição, para embar-
a menor oceasião de queixa, e na primeira
se
cação que se offerecer, quando o Capitão-mor
o façam
não embarque nella (o que não creio)
breve-
V. Ms. embarcar com effeito, e remetter
V. Ms. Ba-
mente a esta cidade. Guarde Deus a
hia e Agosto 29 de 1674.
Mendoça.
Affonso Furtado de Castro do Rio de

1674

Carta para o Capitão da Capita-


nia do Espirito Santo Joseph Gonçal-
dar
ves de Oliveira vir a esta praça
conta ao Governo Geral dos seus pro-
cedimentos.
fizeram do
Pelas grandes queixas que se me
M. no Governo dessa Capi-
procedimento de V. tanto que
tania convém ao serviço de S. A. que
dar con-
V M receber esta carta, me venha logo
os excessos que
ta das causas por que obrou todos
a cargo
me foram presentes, ficando a Capitania
ordem para isso.
da Camara delia a quem remetto
29 de 1674.
Guarde Deus a V. M. Bahia e Agosto
de Mendoça.
Affonso Fartado de Castro do Rio
-280 —

1674

Carta para o Capitão-mor da Ca-


pitania do Espirito Santo Joseph Gon-
ça/ves de Oliveira para que venha a
esta praça sem embargo das razões
que allega na sua carta.

Tinha cscripto a V. M. a que será com esta


para deixar entregue o Governo dessa Capitania
á Câmara delia, e vir a esta praça como verá
quando me chegou a sua carta; e sem embargo
do que V. M. nella me representa, convém ao ser-
viço de S. A. que V. M. execute o que lhe orde-
nei, e venha em todo o caso a esta cidade donde
se verão os seus papeis e se lhe fará a justiça que
tiver. Guarde Deus a V. M. Bahia e Setembro 12
de 1674.
I
Affonso Furtado de Castro do Rio de Mendoça.

1674

Carta para o Capitão-mor Agos-


Unho de Figueiredo em resposta da
que escreveu com a nova das minas.
Recebi a carta que V. M. me escreveu em 10
de Maio deste anno com a nova do descobrimento
das minas de Pernaguá, e as duas barretas de
pra-
ta que eram amostra da sua fineza. Tudo o
que
eu podéra dizer a V. M. assim sobre o alvoroço,
e contentamento com que li a carta, e vi os
pri-
meiros effeitos do trabalho que V. M. teve é muito
menos que a estimação que fiz do successo e nova
— 281 —

delle. Assim como a vi aprestei logo um Patacho


e mandei a leval-a a S. A. meu filho João Furta-
do de Mendonça que daqui partiu em 4 de Agos-
to, e dahi a 15 dias despachei outro Patacho com
segundo aviso. Em ambos representei a S. A. (a
quem remetti os papeis e carta original que V. M.
me enviou para tudo lhe ser mais particularmente
presente e as duas barretas de prata) o muito que
V. M. merecia e as mercês que assim a V. M.,
como aos mais companheiros e ao P. . . m de
Irainica devia ser servido fazer por sua grandeza,
assim o esper tenham o pre-
mio do que obraram nesse descobrimento ....
mais tardar resposta de S. A. com
meu filho tudo
^-1
que mandei pedir a S. A. não só para o entabola-
mento das minas, mas para a segurança desses
portos, pois uma e outra cousa é tão igualmen-
fe importante. E assim como V. M. andou tão
....
pontual na execução das minhas ordens
na solicitação dos seus despachos e mostrar-me . .
..... que V. M. e mais sujeitos
aue o acompanharam se houveram nesse tão parti-
a
cular serviço que fizeram a S. A. e gosto que
e
mim me deram, a iodos escrevo em particular
lhes envio provisões dos cargos que occupam que
vem
é o que eu posso fazer por ora emquanto não
a resolução de S. A. . ... . de conservar tudo
nos termos em que está até chegar e
a que será com esta,
por esta causa envio a V. M. de
para que ilida que venha qualquer provimento
de Sao Vicenr
S. A. pertencente a essas Capitanias o
te e das mais do Sul, V. M. lhe não ponha
sem primeiro
cumpra-se, nem deixe metter de posse
-282 —

se vir nresentar a este Governo (como sempre foi


estylo e obrigação
sas mesmas Capitanias em cujas
. . . lorem presentes, e eu ter
os, e inteira certeza dos sujeitos . .
forma a realidade da sua
S. A. como cousa tão
acerto de seu real serviço.
Por via de São Sebastião
me chegou a segunda carta de V. M.,que é a segun-
da via da primeira acerescentada com a outra barre-
tinha de prata, e com esperanças de mais minas. E
depois. . .das pedras negrilho. .paço, ouças-
cas de. . como V. M. lhe chama. De uma e outra
de . . como V. M. lhe chama. De uma e outra
espécie de pedra mandei aqui fazer diante de mim
vários ensaios, de ambas se não tirou mais que
um metal que parece tambaca, de que com esta en-
vio a V. M. esse pedaço. Mais me pareceu que
ha sido erro dos ourives que fizeram os ensaios do
que descuido das pedras que se escolheram para se
me enviarem; pois sendo em bastão diversas se não
tirou diverso metal. E escrevendo-me V. M. que as
pedras que vinham eram das mesmas que lá se fun-
diraim, c da mesma sorte de que se tirou a prata,
se tirou dellas aqui a tambaca, ou cobre que V. M.
verá. E porque supponho haver sido isto falta de
sciencia nos ourives me não deu o cuidado que po-
dera esta tão notável differença; e muito menos por
me haver escripto isto também Fernão Dias Paes
que de uma libra de pedra de Pernaguá que lhe fora
á mão tirara trinta reis de prata do valor antigo.
Mas ainda que não duvido a certeza, desejo nuito
ver fazer o exame, e que se faça maior em minha
-283 —

a mesma for-
presença guardando-se pontualmente
ma que ahi se teve . . . quando sejam as barre-
tas de prata. Pelo que V. João de
'Iranica
que lhe faça um papel em que in . . . .
. sendo da dita pedra desde . . até se fundir .
. para pelo mesmo papel se ir aqui regulando
ò que ha de obrar . . . que houver de fazer o em
saio das pedras que vieram. Fazendo-se ahi outros
ensaios de ditas pedras . . .ou de outras minas
as
de que resulte prata ou ouro me enviará V. M.
amostras das mesmas pedras, e . . . outro papel
.... por menor a forma em que se fez, para
aqui também, e estimarei eu muito
que me com summa brevidade.
De presente se mais que de ajun-
assim para
tar e prevenir o que mais necessário é,
hão de fazer,
a disposição das fortificações que se
Para esse
como para o entabolamento das minas.
das Al-
effeito escrevi a todos os Administradores
os In-
deias de S. A. . . - çam logo a cilas todos
dos mora-
dios que estiverem mettidos pelas casas
e o Capi-
dores ou em outras quaesquer Aldeias;
minha par-
tão-mor Braz Roiz de Arzão leva ordem
E paia
ticular, para os fazer ajuntar com effeito.
se nao
reconhecer os Rios e portos dessa costa que
ie ...... o Engenheiro . . -tado An
nio Corrêa Pinto
mesmos logares que convém •
ostra para cal e madeiras •

por essas partes pedreiros que •
me ha de
empreitada, e de tudo
' '
mandar plantas ,
\; . . e ne-
nas: assim como V.
cessar 10 para e Engenhos,
UI6CI ' informando-
L
284

se muito especialmente do Padre Frei João de Ira-


nica o qual fará um papel seguindo o estylo que
viu nas índias de tudo o que convém re
. . . e é necessário para as taes officinas e enta-
bolamento das minas de ouro e prata. E tudo isto
convém estar assim disposto para que no mesmo
ponto que chegar a resolução de S. A. se . . . .
fortificação dos portos que m .

(Seguem-se 22 linhas destruídas pelas traças) . . .


. . . . do Padre Frei Diniz Guardião do Mostei-
ro de São Francisco desta cidade para o custo . .
eu também escrevo para lhe mandar
faculdade quê fez a S. A.) .
(tia mais 10 linhas
destruídas) ,
. . . que der conta a S. A. para lhe . . . . as
honras. Guarde Deus a V. M. Bahia e Novembro
28 de 1674.

Affonso Furtado de Castro do Rio de Mendoça.

1674

Carta para Manuel de L. . . .


Provedor das Minas de Pernaguá.

Já de muito que vinha . .'


e averiguação das minas
Capitão-mor Agostinho de Figueiredo
me acho Ca-
pitania e dar-lhe as graças; mas
que tenho pedido a S. A. me certificam
do seu zelo, de que . . . muito particular conta.
Brevemente escre .... ha três mezes que man-
-285 —

dei pessoalmente á Corte meu filho João Furtado


de Mendonça com a nova e amostras dessas minas,
. lhe encarreguei muito apertadamente .
dos despachos de seus descobridores: E não se
me . . • ntentar (Estão destruídas
completamente as ultimas 12 tinhas)
de 1674.

Affonso Furtado de Castro do Rio de Mendoça.

1674

Carta para Roque Dias Pereira


Thesoureiro das minas de Pernaguá.

(As primeiras 9 ou 10 linhas estão destruídas)


V. M. de S. A. as honras e fazer
mercês. Brevemente espero pela resolução que. .
esta matéria e que venha ....
muito. . . .para eu ter o gosto de. . . .
V. M.
prêmio que merece. Entretanto mando a
em
provisão da serventia do officio de Thesoureiro
tudo o
que irá continuando, e esteja certo que em
com
que poder prestar-lhe me ha de achar sempre
boníssima vontade. Guarde Deus a V. M. Bahia
e Novembro 8 de 1674.

Affonso Furtado de Castro do Rio de Mendoça.

1674

Carta para o Padre Frei João de


Iranica.

E' tão grande o serviço que V. P. tem feito a


S. A. e eu me vejo tão obrigado por elle a V. P.
— 286

que uma c muitas vezes lhe agradeço, e não haverá


occasião de V. P. experimentar o meu animo que
não porque tudo o que eu posso . .
. . . a V. P.
dei carta por meu. filho João Fui-
tado de Mendonça .... mezes despachei logo
com aviso do descobrimento dessa prata e amostras
delia) do muito que V. P. ha . . . . quanto se
lhe devia no bom successo que tiveram as minhas
diligencias: pedindo-lhe uma
. . . do Núncio para V. P. assistir nessa . . .
isento de Prelados e Governadores desta Província.
Brevemente espero resolu-
ção de S. e entabolamento das mi-
nas em que creio maior o seu
merecimento e a minha ....
Aqui me remetteu o Capitão-mor Agostinho de
Figueiredo um qualidade a que cha-
main negrilho De ambas mandei fa-
^^^^d^,
zer ensaio por vários modos, e . . . não saiu
P^^^ mais que um metal que parece .... tambaca.
Dizem; -.
(Ha 7 ou 8 linhas destruídas).
E deve V. P. ir fazendo ensaio em cada uma
dei Ias para também . . .. a mesma amostra da
prata V. P. se haja
nisto com particular advertência para que se não
cou fundam nem as pedras que se forem ensaindo
nem as amostras da prata que de cada estado resul-
tar. E para que estes Ourives não reinciram (sic)
no primeiro erro, me envie V. P. uma instrucção
muito formal por donde elles se governem nos en-
saios e fundições e o que hão de obrar, assim no
pisar da pedra, como no azougue e mais ingredien-
287

tes que se lhe hão de lançar e tempo que se lhe


hão de dar até se fundirem as pedras, tudo com
muita particularidade: porque além de ser assim ne-
cessario em matéria de tanta importância terei eu
ver fazer em minha presen-
particular gosto de o
ca todos os beneficios que uma e outra pedra hou-
ver de ter até se converter em prata. Muito en-
carrego a V. P. tudo o que contém . . . .pelo
A. com par . ¦ • •
que convém ao serviço de S.
da minha curiosidade. Guarde Deus a V. P. Bahia
e Novembro 8 de 1674.

Affonso Furtado de Castro do Rio de Mendoça.

1674

Carta para os Capitães das Al-


delas de S. A. da Capitania de São
Vicente Manuel Róis de Arzão, João
Baptista de Leão, Francisco Nunes de
Siqueira e Antônio Lopes de Medeiros.

Convém ao serviço de S. A. que tanto que


V. M. receber esta carta a junte essa
in-
Aldeia todos os índios e índias delia, que sou
formado estão por varias casas e fazendas de mora-
dores desses districtos: porque é muito necessário
com
estarem promptos para o que importar obrar-se
exe-
elles. E por este respeito o não terá V. M. na
cução desta ordem a pessoa alguma de qualquer
seja. E
qualidade, posto foro ou condição que
havendo quem duvide restituil-os (o que não creio)
.
o Capitão-mor da Capitania, officiaes da Câmara
. . •
e mais officiaes de guerra ou quem
. . que V. M. mostrar os
288

façam entregar com effeito, e remeta a esta cida-


de . . . . que o repugnar. E assim juntos os In-
dios e índias muito particularmente a
V. Ml
(Estão destruídas 6 linhas). Muito encommendo a
V. fio de seu zelo e diligencia
a brevidade. Guarde Deus a V. M. Bahia e No-
vembro 9 de 1674.

Affonso Furtado de Castro do Rio de Mendoça.

1674

Carta para os officiaes da Ca-


mara da Villa de São Paulo sobre a
reconducção dos índios das Aldeias
de S. A.

Aos Capitães de todas as Aldeias de S. A.


dessa Capitania escrevo em particular, e lhes or-
deno que com toda a pressa e cuidado façam de-
conduzir e restitttir ás Aldeias todos os índios e
índias que estiverem por casa dos moradores sem
excepção de pessoa qualidade, posto privilegio ou
condição por serem summamente necessários para
o serviço de S. A. que a tudo prefere. E que ha-
vendo quem o repugne (o que não creio) peçam
a V. Ms. o favor necessário. V. Ms. lh'o dêm e
façam entregar a todos os Capitães os índios e In-
dias que pertencerem ás suas Aldeias, sem admittir
razão alguma por urgente que seja a qualquer pes-
soa que em sua casa ou fazendas os tiver: e exe-
cutando o que nas mesmas cartas dos Capitães das
Aldeias ordeno a V. Ms. a quem encarrego .muito
— 289 —

por sua importância o effeito desta. Guarde Deus


a V. Ms. Bahia e Novembro 9 de 1674.
Afjonso Furtado de Castro do Rio de Mendoça.

1674

Carta para o Provedor da Fa-


zenda Real da Capitania de São Vi-
cente Cypriano Tavares sobre diversas
matérias tocantes ás minas de Perna-
guá.
Pela honrada informação que tive de V. M.
quando se me presentou a nomeação para a ser-
ventia do cargo de Provedor da Fazenda dessa Ca-
pitania lhe mandei passar a provisão que neste mes-
mo barco se lhe remette: Espero eu que correspon-
da V. M. de maneira a suas obrigações que fique
S. A. sempre bem servido, e Sua Real Fazenda com
novos augmentos.
Nesta occasião mando a essa Capitania e á de
Pernaguá o Engenheiro Antônio Corrêa Pinto a re-
conhecer toda essa costa o Rio de São Francisco
e os Rios e portos que mais importantes forem
de Per-
para se fortificarem, e segurarem as minas
naguá. E porque convém ter prevenidos logo os
officiaes que hão de trabalhar naquellas obras, elle
mostrará a V. M. os capítulos da sua instrucção,
sobre este particular, e V. M. na forma que dis-
e brevi-
ponho o ajude com o cuidado que confio,
dade que este negocio pede a executar o que nelles
se ordena: e assentado com os officiaes que hou-
ver de cabedal o preço das braças, se houver alguns
o numero
que a tomem de empreitada, ou sabido
290 —

dos que ha para os jornaes e o preço delles: me


dará V. M. e o mesmo Engenheiro conta na pri-
meira occasiao com toda a clareza necessária para
me ser presente; c feito isto se partirá o Enge-
nheiro sem demora a ir dar cumprimento ás ordens
que leva.
Elle presentará a V. M. a que leva minha para
se lhe continuar o soldo e aos dez soldados e cabo
muito pon-
que o acompanha. V. M. a execute
tualmente para que nem os soldados nem elle sintam
menos pontualidade em uma e outra paga.
Ao Capitão-mor Braz Roiz de Arzão encarrego
a superintendência da reconducção de todos os In-
dios das Aldeias de S. A. que estiverem por casa
dos moradores, e aos Capitães administradores dei-
Ias escrevo os recolham logo com effeito, tirando-os
de qualquer parte em que se acharem. E se houver
pessoa (o que não creio) que duvide entregal-os,
m'a remettam presa. Porque convém muito estarem
os índios promptos para qualquer serviço que se
offereça de S. A. cujas resoluções estou esperando
lhe
por horas sobre as minas de Pernaguá de que
mandei dar conta por meu filho João Furtado de
Mendonça.
5

E porque convém muito a seu Real Serviço que


me cheguem aqui tudo quanto antes ser possa as
noticias, e pedras das minas descobertas, e de ou-
trás que se ficavam examinando naquelles serros,
e a resposta de tudo o que escrevo ao Capitão-mor
Administrador Geral Agostinho de Figueiredo e as
que o Engenheiro me ha de mandar da Costa, Rios,
e logares, que se devem fortificar, e mais partícula-
res, que lhe encarrego, e também os avisos que ti-
verem chegado de Fernão Dias Paes, para de tudo
-291-

dar conta a S. A. e se ganhar tempo nas dispo-


sições, e se obrar tudo com o acerto que é justo
em matéria de tanta consideração, e sendo agora as
monções contrarias, e tão distantes essas Capitanias
desta para por terra, me poder chegar aviso algum,
e necessariamente m'os ha de trazer embarcação, que
navegue pela altura, e não pela costa. V. M. tra-
te logo de buscar nesses portos embarcação suffi-
ciente para esta viagem, e lhe metta toda a carga
que houver de partes, emquanto V. M. avisa a Agos-
tinho de Figueiredo que tem embarcação, e que re-
metta as cartas, e o mais que eu Mie ordeno. E
quando chegarem as taes cartas, e o mais que
remetter Agostinho de Figueiredo com as cartas do
Engenheiro tudo' aquillo que faltar de carga de par-
ticulares ao navio assente V. M. com elle pagar-
se-lhe por conta da Fazenda Real nesta praça: e
do ajustamento lhe passe V. M. os papeis necessa-
rios em virtude desta minha ordem porque aqui hYo
mandarei pagar pontualissimamente. Mas faráV.M.
todos os esforços para que ou venha a embarcação
carregada de todo, ou seja muito pouco o frete
menos:
que se lhe pagar pela carga que trouxer
se lhe ha
porque a respeito dos mais fretamentos
de satisfazer a carga que faltar.
Mas advirta V. M. que se até o tempo que
estiver para partir não tiver chegado aviso de
Fernão Dias Paes, se não detenha a embarcação
souber com certeza
por elle, salvo no caso que se
chegar a essa
que vêm cartas suas e que poderão as-
Villa até dentro em oito dias: porque sendo
tra-
sim de nenhuma maneira convém que parta sem
zer as cartas de Fernão Dias Paes como tão impor-
tantes ao serviço de S. A. ainda que a embarcação
-292 —

faça além dos oito depois qualquer demora de


outros dias.
Sobre o arrendamento dos dízimos dessa Ca-
do dote e paz. .
pitania e cobrança dos donativos
.ordinariamente chegam-me noticias a que
se tem procurado dar remédio nas varias ordens que
têm ido. V. M. tome muito a sua conta uma e ou-
tra cousa, e ma dê muito particular de tudo o
Fa-
que convier ao serviço de S. A. a cuja Real
zenda espero eu daqui por diante grandes melhoras
nessas Capitanias. Guarde Deus a V. M. Bahia e
Novembro 28 de 1674.
Affonso Furtado de Castro do Rio de Mendoça.

1674

Carta para o Sargento-Maior Se-


bastião Vvlho de Lima sobre as amos-
Iras das minas que se recebeu.

0 Padre Balthazar Duarte, me entregou a car-


ta de V. M. e com ella a carta papeis e barre-
ta de prata que por via de V. M. me remetteu de
Pernaguá o Capitão-mor, Agostinho de Figueire-
do sobre o descobrimento das minas, de que lo-
sfo dei conta a S. A. mandando a levar-lhe a
nova, meu filho João Furtado de Mendoça de
cuja chegada, e resolução espero cada instante
aviso: Depois recebi outra carta, que acompanhou
a terceira barreta, e o caixão das pedras, em que
aqui se fez exame, de que não resultou mais que
um metal como Tambaque, que eu considero de-
feito da sciencia dos ourives. Nas cartas de V. M.
vi todas as noticias, que me deu, e lhe agradeço
293-

o zelo que tem do serviço de S. A. Agora mando


neste barco um Engenheiro a reconhecer a costa
e os rios, e logares que se devem fortificar. V. M.
lhe faça ahi todo o favor possível: porque é su-
toca á execução das
jeito benemérito. E no que da
ordens que leva minhas, encarrego ao Provedor
o ha
Fazenda dessa Capitania o cuidado com que
depeii-
de assistir. E V. M. o faça em tudo o que
to-
der o serviço de S. A. de alguma diligencia
V. M. Ba-
cante a sua jurisdição. Guarde Deus a
lua e Novembro 28 de 1674.
Mendoça.
Aff onso Furtado de Castro do Rio de

1674

Carta para o Capitão-mor Ag os-


Unho de Figueiredo sobre o Engenhei-
ro Antônio Corrêa Pinto, e soldados
que leva em sua Companhia.
Antônio
Pareceu-me enviar com o Engenheiro
vão
Corrêa Pinto dez soldados e um Cabo que
dar a
a sua ordem, e leva também para delles
Provedor
V. M. os que lhe forem necessários. Ao
os papeis ne-
da Fazenda de São Vicente se mandam
e se conti-
cessarios para o sustento dos soldados,
nuar o soldo ao Engenheiro.
tam-
Elle é muito curioso, e bom será fazer-se
e seus en-
bem capaz dessa sciencia das minas/
de S. A. o
saios- e por conveniência do serviço
assim
deve V. M. admittir a ver fazer os exames,
nos ensaios,
das betas nos serros, como dos metaes
tantas as
e fundições. Que como considero serem
as pessoas
minas, sempre é importante multiplicar
-294 —

intelligentes nellas; e principalmente as de me-


lhor juizo, pela maior faculdade com que adquirem
a V. M. Bahia e No-
qualquer arte. Guarde Deus
vembro 28 de 1674.
Affonso Furtado de Castro do Rio de Mendoça.

1674

Carta para o Capitão-mor Agos-


Unho de Figueiredo Administrador das
Minas de Pernaguá acerca de se lhe
remetter 220$ e um espadim de praia.

Bem quizera eu mostrar nesta occasião a V. M.


e aos mais companheiros seus nesse descobrimento
das minas o desejo que tenho de ser officioso a to-
dos principalmente quando me consta a despesa que
hão feito de suas fazendas, e o grande zelo com
que se empregaram neste tão particular serviço que
hão feito a S. A. Mas a Fazenda Real se acha
aqui tão attenuada, e é tão estreito o poder que
os Governadores Geraes têm para despender, que
não lhes é permittido dar cousa alguma que exceda
as que dispõe em suas Reaes Ordens. Por esta
razão me não foi possível enviar a V. M. e ao Pro-
vedor e mais officiaes das minas, maior ajuda de
custo, que a que para cada um contém a memo-
ria inclusa. E ainda para isso foi necessário ven-
cer a difficuldade das duvidas, que necessariamente
me devia pôr na forma de seu Regimento o Prove-
dor-mor da Fazenda: e por esta circumstancia deve
V. M. acceitar o que lhe mando com mais estima-
ção que o gosto que eu tivera de poder ser mais,
ainda que é tão pouco isso que pode servir para

.
-295

os creados da casa de V. M. E emquanto V. M.


não encarrega em mim outra demonstração, lhe en-
vio esse espadim como o menor signal do meu af~
fecto.
As fazendas vão entregues ao Mestre desta
embarcação por via do Provedor-mor da Fazenda,
e vae ordem sua da forma em que se hão de fazer
os papeis para o Thesoureiro do donativo dessa Ca-
pitania de São Vicente entregar os 220S em dinhei-
ro e para este effeito, escrevo á Câmara delia a
carta que será com esta.
Com esta será também a memória do azougue,
e mais cousas que vão para o beneficio das minas,
e uma ordem particular para que no caso urgente
que seja necessário fazer-me V. M. por terra algum
aviso sobre ellas, ou sobre outras, que se des-
cubram de novo, de ouro, prata, ou pedrarias, en-
viando-me as amostras delia, despache V. M. logo
a toda a pressa um correio, que traga comsigo a
dita ordem, para em qualquer parte se lhe dar o
favor necessário, e por falta delle, ou da mesma
pessoa, se não poderem deter as cartas, e o que
com ellas V. M. me enviar, e venham de maneira
que se não possam abrir, nem ver o que com ellas
vier.
Também remetto a V. M. a provisão de Ad-
ministrador Geral dessas minas, e aos companhei-
ros as dos officios que servem. Com mais gosto
o fizera, se tivera vindo navio de Lisboa, e as
acompanhassem as mercês que espero que S. A.
se sirva fazer a V. M., e a elles, como lhe tenho
pedido: mas no Brasil e na Corte me ha V. M.
de ter sempre o mesmo para lhe prestar em tudo, e
-296 —

solicitar as honras que merece. Guarde Deus a V. M.


Bahia e Novembro 30 de 1674.

Afjonso Furtado de Castro do Rio de Mendoça.

FIM

^^^**
')
z^cOÜ V ^S
CÓDICE 1-5, 2i 27 4 -í D
c? t -2 í
DO CAT. DA EXP. DE HIST. E GEOG. DO BRASIL
N.° 5833

N.° 38 DO CAT. DE MANUSC. DA B1BLIOTHECA NACIONAL

Original (?) 6 ff. não num., 107 num. 28 x 13.


IND1CB
do Regimento dos Governadores Geraes do Estado
do Brasil com as observações do Illmo. e Exmo.
Sr. Vice-Rei D. Fernando José de Portugal,
Quando, e a quem foi dado prin-
cipio fs- 1
Onde deve ser a residência do
Governador Geral Cap. Io fs. 2
O que deve praticar quando to-
mar posse Cap. 2° fs. 2 v.
O que deve praticar a respeito
das Fortalezas, e Armazéns, e
Tercenas, e de tudo o que per-
tence á Real Fazenda, como Na-
vios, e Artilharia Cap. 3o fs. 2 v.
O que deve praticar com os Gen-
tios novamente convertidos . . Cap. 4o fs. 3 v.
O que deve praticar com os Mi-
nistros Eeclesiasticos occupados
na conversão, e doutrina dos
mesmos Gentios Cap. 5o fs. 4
O que deve praticar com as Ca-
sas de Misericórdia, e Hospital,
e seus Officiaes Cap. 6° fs. 6
O que deve praticar a respeito
dos Officiaes de Justiça, Guer-
ra, e Fazenda, e a que pessoas
deve encarregar a serventia dos
Officios vagos Cap. 7° fs. 7 v.
Deve estabelecer dias de Feira em
-300

que os índios venham vender o


que trouxerem, e comprar o
que lhe for necessário, e pro-
hibir que os Christãos vão ás
Aldeias dos índios sem licença Cap. 8° fs. 12
O que deve praticar a respeito
das Rendas da Real Fazenda . Caps, 9o e 10°
fs. 13 e 1-1
Deve ter a maior vigilância da
guarda, e Defensa dos portos
de todo o Estado, e o que para
este fim ha de praticar . . . Cap. 11° fs. 15
A respeito das Fortalezas . . . Caps. 12 e 13 fs,
15 v. e 16 v.
A respeito da Artilharia, Armas,
c munições Cap. 14 fs. 17
A respeito das Ordenanças de pé,
e de Cavalio em que se devem
repartir os moradores das Fre-
guezias de todas as Capitanias
do Estado Cap. 15 fs. 18
A respeito do provimento dos
Postos Milicianos Cap 16 fs. 21
A respeito das pessoas que ser-
virem nos Navios que mandar
armar, ou em terra era algum
acto Militar, as quaes pode fa-
zer Cavalleiros merecendo-o
pela qualidade de suas pes-
soas, e do Serviço Cap. 17 fs. 23 v.
Presídios do Estado Cap. 18 fs. 24
A respeito do provimentos dos
Condestaveis Artilheiros que
faltarem nas Capitanias, e Go-
verno do Estado, do modo por
-301 —
que esses devem servir, e dos
privilégios que lhes compete . Cap. 19 fs. 24 v.
A respeito do Gentio vizinho do
Estado, e dos meios para con-
seguir a conservação da paz
com elle, e domesticar-se para
o que se lembra fazer-se um vo-
cabularão da sua lingua para a
facilidade de se entender . . Cap. 20 fs. 26
A respeito da liberdade, e Gover-
no do Gentio, como também
acerca dos Capitães donatários
de Capitanias do Estado . . . Cap. 21 fs. 26 v.
A respeito das obrigações que
têm os Senhores de Engenhos
de terem armas para poderem
resistir ás invasões do Gentio Cap. 22 fs. 28 v.
A respeito de se não darem Ar-
mas algumas ao Gentio . . . Cap. 23 fs. 29 v.
A respeito da cultura das terras,
e estabelecimento de novos En-
Cap. 24 fs. 31
genhos
A respeito da conservação das
Mattas em beneficio dos Enge-
nhos . . . Cap. 25 fs. 37 v.
A respeito da distancia que deve
haver dos Engenhos ás Aldeias
dos índios, e roças de Manti-
mentos, e de outras providen-
cias para que não falte lenha
aos Engenhos Cap. 26 fs. 38
A respeito da distancia que deve
haver de uns Engenhos a ou-
tros Cap. 27 fs. 39
A respeito do Pau Brasil . . . Cap. 28 fs. 42
302-

A respeito das Minas de Salitre,


que o Governador Alexandre de
Sousa, tinha dado conta have-
rem se descoberto Cap. 29 fs. 42 v.
A respeito da Pescaria das Ba-
leias Cap. 30 fs. 44
A respeito das despesas das Fo-
lhas Ecclesiasticas, e Secular,
Gente de Guerra, e quaesquer
outras assim ordinárias, como
extraordinárias, que se hão de
fazer pelos rendimentos, e con-
signações applicadas a ellas não
se tirando dinheiro dos Cofres
dos Defuntos, ou dos Órfãos,
ainda em necessidades urgentes
nas quaes se recorrerá em em-
prestimois Cap. 31 fs. 44 v.
A respeito da formalidade por
que se ha de fazer o pagam en-
to das folhas, e de despesas
extraordinárias, e sohre as Re-
lações de despesa, e mais pa-
peis que se hão de remetter ao
Conselho Ultramarino para o
fim de se reformarem as Or-
dens, e Regimentos Cap. 32 fs. 45 v.
A respeito das despesas que fize-
rem nos Portos do Estado do
Brasil as Embarcações da In-
dia que os tomarem, ou na sai-
da ou na volta que se devem
satisfazer somente pelo donati-
vo de Inglaterra, e Paz de Hol-
— 303

landa, e do modo por que os


Officiaes das ditas Embarcações
hão de proceder na venda das
roupas de suas liberdades . . Cap. 33 fs. 48 v.
A respeito dos Dízimos, e mais
rendas Reaes, e Donativos que
não estiverem applicados ás
Câmaras do Estado, quando se
não tiverem arrendado em Por-
tugal, ou não tiver vindo ordem
sobre o modo de se adminis-
trarem Cap. 34 fs. 49 v.
A respeito da Administração da
Justiça, e do Chanceller, e mais
Desembargadores encarregados
delia Cap. 35 fs. 50 v.
A respeito da Jurisdição dos Do-
natarios Cap. 36 fs. 51 v.
A respeito dos Alvarás que o Go-
vernador Geral pôde passar, e
Provisões ao Procurador Regio
do Estado do Brasil para de-
mandar pessoas delle .... Cap. 37 fs. 52
A respeito do provimento dos Of-
ficios de Justiça, Fazenda, ou
Guerra, e dos postos Militares
que vagarem Cap. 38 fs. 53 v.
A respeito da independência que
pretendiam do Governador Ge-
ral, os Governadores de Per-
nairnibuco,, e Rio de Janeiro . . Cap. 39 fs. 54 v.
A respeito da creação dos novos
Officios, e Postos Milicianos,
praças mortas, e accrescenta-
-304-

mento de Ordenados, ou Sol-


ciados Cap. 40 fs. 57
A respeito das circumstancias que
devem concorrer nas pessoas,
que se proverem em Capitães,
e outros Postos de Guerra, e
da formalidade que se hão de
(sic) fazer taes provimentos, e
dos casos em que o Governa-
dor Geral pode acceitar deixa-
ção de certos Postos, ou refor-
mar: declarando-se a obrigação
de Provedor-Mor da Fazenda, e
Escrivão da Matricula a este
respeito Cap. 41 fs. 57 v.
A respeito das Congruas do Bis-
po, Capitulares, Vigários das
Freguezias, serem pontualmen-
te pagos pela folha Ecclesias-
tica. E de saber o Governador,
se os mesmos cumprem com
os seus deveres, e se o Culto
Divino é celebrado com a de-
cencia devida Cap. 42 fs. 62 v.
A respeito da boa correspondem
cia, que deverá ter o Governa-
dor com o Bispo, e mais Ec-
clesiasticos, recommendando-se
a conformidade dos dous es-
tados, e que se não intromet-
tam nas jurisdições,
que lhes
não competirem Cap. 43 fs. 64
A respeito da autoridade do Go-
vernador para reprehender aos
305-

Desembargadores, e mais Jul-


gadores, quando faltem ás suas
obrigações: e da forma, por
que ha de proceder contra elles,
sendo necessário Cap. 44 fs. 65 v.
A respeito de autorizar ao Go-
vernador para reprehender
aquelles Officiaes negligentes,
que não cumprirem com os seus
Regimentos: de suspendel-os,
emendando, e de prover ou-
tros em seu logar Cap. 45 fs. 69
A respeito das pessoas, que do
Reino se mandarem degrada-
das, dever ordenar o Gover-
nador, se lhes sente praça, em
aquellas partes para onde fo-
rem destinadas a cumprir o de-
gredo, e posto que vençam sol-
do, estando em presidio, não
poderão oecupar postos, ou
Officios Cap. 46 fs. 69 v.
A respeito dos Mamalucos au-
sentes por crimes de ferimen-
tos, e outros insultos, que não
tendo nem parte nem maior
gravidade de culpa, possa o
Governador perdoar-lhes, com
parecer dos Ministros da Re-
Sação Cap. 47 fs. 71
A respeito da prohibição do Com-
mercio Estrangeiro, etc. e da
hospitalidade, que contudo se
deve prestar em caso de ne-
306 —

cessidade Cap. 48 fs. 71


A respeito do modo com que o
Governador deverá haver-se
com os Navios Inglezes, e Hol-
landezes, que com licença Ré-
gia, entrarem nos Portos des-
te Estado etc Cap. 49 fs. 71 v.
A respeito, de que, não obstan-
te a paz celebrada entre Por-
tugal, e Castella não tratar do
Commercio reciproco, que ha
de haver entre as duas Nações
e, declara-se, que aos Navios,
que chegarem das índias Oc-
cidentaes com prata, e ouro (me-
nos outras espécies de fazen-
das) lhes permittirá o Gover-
nador entrar, e commerciar etc. Cap. 50 fs. 72 v.
A respeito de se ter mandado,
W00
que a bem do Governo do Es-
tado para se ter mais certas
noticias das cousas delle, or-
denassem os Governadores Ge-
raes, se fizesse um livro, em
que se assentassem os Gover-
nos, e suas Capitanias, decla-
rando-se distinctamente as For-
talezas, Artilharia, Armas, e
Munições, tanto da Coroa, como
dos Donatários, etc .... Cap. 51 fs. 86 v.
A respeito de poderem os Go-
vernadores Geraes repartir em
mercês a quantia de mil cruza-
dos por pessoas beneméritas,
307

etc. Cap. 52 fs. 88


A respeito do particular cuida-
do, que deve haver de se pro-
curar dos Mestres de Navios,
que chegarem do Reino as Or-
deus, ou Cartas Regias, des-
pachos. do Conselho Ultrama-
rino, que trouxerem etc . . . Cap. 53 fs. 89
A respeito de Sua Magestade ter
havido por bem de largar o
lavor do Ouro, e prata do Bra-
sil, aos seus Vassallos, pagando
estes o> quinto, á Real, Fazen-
da etc Cap. 54 fs. 89 v.
A respeito da obrigação, que se
impõe ao Governador, e Mi-
nistros de darem conta de to-
dos os negócios de Justiça,
Guerra, e Fazenda do Estado,
a Sua Magestade, pelo Con-
selho Ultramarino etc. . . . Cap. 55 fs. 90
A respeito de poder o Governa-
dor decidir algumas duvidas,
que não estiverem acauteladas
no seu Regimento, consultando
primeiramente o parecer dos
Ministros da Relação, e Prove-
dor-Mor da Fazenda etc. e que
em caso de discordância de vo-
tos, prevalecer o do Gover-
fs. 93
nador Cap. v 56
A respeito de Sua Magestade
confiar muito, em que o Gover-
nador terá um exacto procedi-
308

mento nas matérias relativas á


Christandade, aos interesses
Reaes, e ordena-lhe dê frequen-
temente conta do estado do seu
Governo em todos os Navios,
que forem para o Reino . . Cap. 57 fs. 93 v.
A respeito da prohibição, orde-
nada na Provisão de 27 de Ja-
neiro de 671 para os Governa-
dores das Conquistas, Minis-
tros de Fazenda, e Guerra, não
possam eommerciar de modo
algum etc Cap. 58 fs. 94 v.
A respeito da entrega das Copias
dos Capítulos das pazes ceie-
bradas entre esta Coroa, a de
França, Inglaterra, e Estados
de Hollanda, mencionadas nos
Capítulos 48, e 49 deste Regi-
mento etc Cap. 59 fs. 95 v.
A respeito de ser obrigado o Go-
vernador a advertir ao Prove-
dor a obrigação de cumprir com
exacção tudo, que expressamen-
te lhe pertencer sobre despe-
sas, sob pena de pagal-as da
sua fazenda, quando as per-
mittir incompetentemente: como
também de se oppor ao Go-
vernador, quando não confi-
ram com o Regimento; mas se
instar deve obedecer etc . . Cap. 60 fs. 96
A respeito do Governador fazer
cumprir completamente este Re-

l
— 309

gimento, e de mandar regis-


tal-o nos livros da Secretaria,
da Fazenda Real, e Câmara da
Bahia, remettendo traslados,
com ordem sua aos Governa-
dores, e Capitanias subalternas
etc Cap. 61 fs. 97

ÍNDICE DO APPENDICE sobre a exposição


de ordens, não comprehendidas neste Regimento, e
de novo se
que comtudo devem fazer parte do que
fizer.

A respeito da pratica em que es-


tavam os Vice-Reis de revoga-
rem, confirmarem, ou alterarem
as Sentenças dos Conselhos de
Guerra, excepto nas de pena
ultima que, neste caso as re-
mettiam á Real Presença . . fs. 98
A respeito da escolha, e nomea-
ção dos Professores Regios,
para as escolas menores ficar
pertencendo aos Vice-Reis, e
mais Capitães Generaes, jun-
tamente com o Bispo etc. . fs. 100
A respeito dos Navios que viajam
para o Reino, logares de Afri-
ca, e outros Portos, deverem
levar Capellães, cuja recom-
mendada disposição se faz re-
cair sobre a consciência do
Governador, e do Bispo etc. fs. 101
A respeito das justificações de
-310 —

Serviços, e da sua forma li da-


de etc. fs. 102 v.
A respeito das justificações de
serviços, tocar ao Governador •
os precisos exames da legali-
dade dos Documentos, e tomar
as informações necessárias . fs. 103
A respeito dos Governadores do
Brasil, nao concederem Passa-
portes, em alguns casos, como
o de passarem mulheres para o
Reino, sem licença Regia. De
se não consentirem nas Con-
quistas Religiosos alguns das
Províncias do Reino, excepto
os que se empregarem no Mi-
nisterio de Missionar, tendo li-
cença Real. De não passarem
Religiosos das mesmas Capi-
tanias para Portugal. E taim-
bem de se não facilitarem li-
cenças aos Officiaes das Tro-
pas pagas para o Reino, ex-
cepto em casos de urgente ne-
cessidade , .. fs. 104
A respeito de se não edificar con-
vento algum, sem licença Ré-
gia; E de mandar o Governa-
dor demolir aquelle que se te-
nha erecto, sem precedência da
referida licença fs. 105 v.
A respeito de não poderem os ,
Governadores, ou Ministros Ul-
tramarinos mandar presos para

jAi'-,i»*<—
-311

o Reino, por culpas, que lhes


hajam formado, sem que pri-
meiro dêm conta a El-Rei, para
determinar o que for servido.
Da prohibição de não porem
em liberdade os presos, que
vierem da índia, e de outras
partes fora da sua jurisdição.
De se absterem os Governado-
res de mandar, abusivamente
fazer prisões de Potência, nos
casos em que as leis têm deter-
minado etc. E de igualmente
não remetterem para Angola
degradados, ou para outras par-
tes, pessoas algumas, sem a
competente sentença . . . . fs. 105 v.
A respeito do Governador, não
consentir, que saia Embarcação
para Angola, sem levar, ao me-
nos, um Cavallo para o remon-
te da Cavallaria daquelle Rei-
no fs. 106
312

REGIMENTO que trouxe Roque da Costa Bar-


reto, Mestre de Campo General do Estado do Bra-
sil em data de 23 de Janeiro de 1677 com varias
observações feitas pelo actual Vice-Rei, e Capitão
General de Mar, e Terra do Estado do Brasil
D. Fernando José de Portugal, em cumprimento da
Provisão do Conselho Ultramarino de 30 de Julho
de 1796 cuja execução se recommenda por outra
de 10 de Abril de 1804 em as quaes se apontam ias
Ordens que tem alterado, ampliado, ou restringido
alguns Capítulos do mesmo Regimento, interpon-
do-sc o parecer sobre os Artigos presentemente pra-
ticaveis.

Eu o príncipe como Regente, e Governador


dos Reinos de Portugal, e dos Algarves. Faço
saber aos que este meu Regimento virem que tendo
consideração a não haver no Governo Geral do Es-
tado do Brasil Regimento certo por onde os Go-
vernadores delle hajam de administrar o bom Go-
verno do dito Estado, e convir que ora o que eu
nomear o leve, e fique para os mais Governadores,
que lhe succederem o observem; e mandando ver
os que havia antigos do mesmo Governo, e Ordens
dos Senhores- Reis meus Predecessores, e minhas,
assim pelo seu Conselho Ultramarino como em Jun-
ta de Ministros particulares, e ultimamente pelos do
meu Conselho de Estado, fui Servido resolver se
fizesse para o dito Governo o Regimento seguinte.

OBSERVAÇÃO

Este Regimento em data de 23 de'Janeiro de


1677 é o ultimo que se deu aos Governadores Ge-

a.....
-313

raes do Brasil: trouxe-o Roque da Costa Barreto,


para si, e seus Successores como nelle se diz, e se
declarou a D. Rodrigo da Costa Governador do
mesmo Estado por Carta Regia (1) de 7 de Feve-
reiro de 1704. Acha-se registado nos Livros da
Secretaria do Governo da Bahia, e nos desta, e ain-
da que também aqui encontro o Regimento dado a
D. Manuel Lobo .em 7 de Janeiro de 1679, como
era somente Governador do Rio de Janeiro, e de
1763 para cá se mudou a residência dos Vice-Reis
do Brasil para esta Cidade, por este motivo só pas-
so a tratar do Regimento de Roque da Costa Barre-
to, fazendo sobre elle as minhas observações, apon-
tando as Ordens que em diversas épocas se. expedi-
ram aos Governadores Geraes, ou aos Vice-Reis por
clifferentes Repartições, confirmando, derogando, ou
declarando alguns dos Capítulos como também as
que devem fazer parte do novo Regimento, especí-
ficando as que estão em vigor, e as quev nas rir-
cumstancias actuaes não são applicaveis, interpondo
em tudo o meu parecer na forma que se me ordena.

CAPITULO 1.°

O Governador, e Capitão General, que, eu for


servido nomear para o Estado do Brasil, partirá
em direitura desta Cidade para a Bahia de todos
os Santos, aonde por meu Serviço fará a sua assis-
tencia emquanto durar o seu Governo, e da dita
Bahia não sairá para nenhuma parte, como o tenho
mandado por Provisão que está registada nos Livros
da Secretaria, e Fazenda daquelle Estado.
da Bahia L. 8P
(1) Arch. da Secret. do Gover.
de Ord. Rég. fs. 111 v.
— 314 —

OBSERVAÇÃO

Os Governadores Geraes, e os Vice-Reis do Es-


tado do Brasil residiram por mais de duzentos an-
nos na Bahia de todos os Santos desde 1549 em
Governador
que veiu Thomé de Sousa por primeiro
Geral, onde deviam fazer a sua assistência, como
se ordena neste Capitulo, e antecedentemente . es-
tava acautelado pelo Alvará (2) de 21 de Fevereiro
de 1620, que veiu atalhar os inconvenientes que
resultavam ao Real Serviço de assistirem o mais do
tempo do seu Governo na Capitania de Pernambu-
co; porém com a nomeação do Vice-Rei D. Anto-
nio Alvares de Cunha Conde da Cunha se mudou
em 1763 a residência para esta Cidade de São Se-
bastião do Rio de Janeiro, emquanto El-Rei não
mandasse o contrario como se participou ao Gover-
no interino por Aviso da Secretaria de Estado com-
petente de 8 de Julho de 1763 (Documento n.° 1)
e se declara na Patente que se lhe expediu e nas
dos seus Successores.

CAPITULO 2.o

Tanto que chegar á Bahia apresentará a Pa-


tente que lhe mandei passar do Cargo de Gover-
nador, e Capitão General, e Carta de herança
para o Governador a quem for succeder, para logo
lhe entregar aquelle Governo, que o fará na forma
costumada, sendo presentes as pessoas que neste
acto se acham ordinariamente; e da entrega se
farão os termos que se me hão de enviar pelo,meu

(2) Ord. Livr. 2° ttP 47, Coll. 1.* n.° 2.


-315-

Conselho Ultramarino, para a todo o tempo cons-


tar, que se procedeu conforme a Ordem que sempre
se usou em actos semelhantes.

OBSERVAÇÃO

Este Capitulo está em observância, menos a re-


messa para o Tribunal do Conselho Ultramarino
dos termos da entrega do Governo; porque os Vice-
Reis somente costumam participar o dia em que to-,
maram posse pela Secretaria de Estado dos Nego-
cios da Marinha, e Domínios Ultramarinos.
CAPITULO 3.o
Logo que lhe for entregue o Governo irá pes-
soalmente ver as Fortalezas da Cidade, Armazéns, e
Tercenas, ordenando que se faça inventario pelo
Escrivão da minha Fazenda de todas as cousas que
a ella pertencem Navios, Artilharia que houver, o
calibre delia, para se poder enviar deste Reino a
Bateria necessária conforme ao dito Calibre, e Plan-
tas das ditas Fortalezas, e de tudo o dito Governa-
dor me enviará a copia remettida ao meu Conselho
Ultramarino para me ser presente tudo o que ha
naquella Praça; e o mesmo mandará fazer em
todas as do seu Governo, com a distineção, e cia-
reza necessária.

OBSERVAÇÃO
Um
O Governador logo que tomar posse do Go-
verno deve visitar pessoalmente as Fortalezas da
Cidade Armazéns, e Tercenas pertencentes a Sua
Alteza, por ser o objecto mais importante a defesa
da Capitania; mas não está em pratica, nem e
—316 —

necessário ordenar que o Escrivão da Fazenda faça


o inventario de que se trata; porque a Artilharia,
Munições, e mais Petrechos que nellas existem es-
tão a' cargo dos Almoxarifes das mesmas Fortale-
zas, e quando chega o Vice-Rei entrega cada um
dos Governadores que as Commandam um Mappa
circumstanciado de tudo, pratica que observam to-
dos os mezes. Os mais gêneros pertencentes a Sua
Alteza estão a Cargo do Almoxarife dos Armazéns
Reaes debaixo da inspecção do Intendente da Mari-
nlin, e ha também uma Casa ou Deposito das Ar-
mas com uma Officina em que as concertam, sobre
da Conceição
que vigia o Governador da Fortaleza
onde está estabelecida; além da Fabrica do Real
Trem de que é Inspector um Official Militar, em
e mais obras
que se fazem os reparos da Artilharia,
desta natureza, e se conservam os Parques de Arti-
lharia e mais Petrechos, que não estão na Fortaleza.
Basta pois que no novo Regimento se ordene
ao Vice-Rei, que depois de tomar posse, vá pes-
soalmente ver as Fortalezas desta Cidade, como
também a Casa das Armas, e o Real Trem, re-
mettendo um Mappa da Artilharia, e mais Petrechos
acompanha-
que existem em todas as da Capitania,
do de uma Relação dos artigos que faltam, e forem
necessários para se porem em bom estado, e para
defesa da mesma Capitania, enviando-a pela Secre-
taria de Estado dos Negócios da Marinha, e Domi-
cos-
nios Ultramarinos por onde presentemente se
fumam fazer semelhantes remessas.

CAPITULO 4.°

meus
A primeira causa por que os Senhores Reis
— 317 —

Predecessores mandaram povoar aquellas partes do


Brasil, foi porque a Gente dellas viesse ao conheci-
mento de nossa Santa Fé Catholica, que é o que
sobretudo desejo, e assim encommendo muito ao
dito Governador, e ponho em primeira obrigação
que tenha nisto particular cuidado como convém, e
é necessário em matéria de tanta importância, fa-
zendo guardar aos novamente convertidos os Pri-
vilegios, que lhe são concedidos, repartindo-lhes as
terras conforme as Leis que tenho feito sobre sua
liberdade, fazendo-lhes todo o mais favor que for
justo, de maneira que entendam, que em se faze-
rem Christãos não somente ganha o espiritual; mas
também o temporal, e seja exemplo para outros se
conservarem, e se não consinta que a nenhuns se
faça aggravos, nem vexações, e fazendo-UVas pro-
verá o Governador conforme minhas Leis, e Provi-
soes avísando-me do que se fizer.

CAPITULO 5.o

Da mesma maneira lhe encommendo muito os


A^inistros que se oecupam na conversão, e doutrina
dos Gentios, para que sejam favorecidos em tudo o
elles
que para este effeito for necessário, tendo com
a conta que é razão, fazendo-lhes fazer bom pa-
Fazenda
gamento nas Ordinárias que têm de minha
effei-
para sua sustentação; porque de todo o bom
to que nesta matéria houver, me haverei por bem
servido.

OBSERVAÇÃO

Diversas Leis se têm promulgado sobre a li-


— 318

herdade, e Captiveiro dos índios, que se acham


incorporadas em Direito, e antigamente se manda-
ram crear nas Capitanias do Brasil Juntas de Mis-
soes que foram depois extinctas. Pelo Alvará de 17
de Agosto de 1758 foi confirmado o Regimento in-
titulado Directorio que se deve observar nas Po-
voações dos índios do Pará e Maranhão emquanto
Sua Magestade não mandar o contrario publicado
em 3 de Maio de 1757, de que se remetterani
alguns Exemplares para a Bahia para observar no
que fosse applicavel, e talvez para esta Capitania,
posto que não encontro Ordem a este respeito. Ha
aqui uma Villa de índios denominada de São João
d'El Rei, e cinco Aldeias a saber de São Louren-
ço, de São Barnabé, de São Pedro, de São Fidelis,
e de Taguahi, e as dos índios Coroados, que por
Ordem Regia novamente se está formando na mar-
gem Oriental do Rio Paraíba além das de São Lou-
renço, e de Nossa Senhora dos Anjos no Conti-
nente do Rio Grande, cada uma com seu Vigário
para os instruir, e catechizar nos princípios da
Religião, que recebe annualmente da Fazenda Real.
duzentos mi reis de Congrua, ou Ordinária, para
seu sustento, Fabrica, e guisamento da Igreja. A
maior parte dellas não tem tido Direotores, como
recommenda o Directorio, e um que havia quando
tomei posse do Emprego de Vice-Rei é fallecido.
Na Bahia todos os têm; mas os índios formam ás
vezes queixas contra elles porque os vexam, e se
aproveitam dos seus Serviços; não sendo fácil achar
pessoas capazes, e de probidade, que se queiram su-
jeitar a semelhantes occupações.
A Carta Regia de 5 de Novembro de 1700
(Documento n.° 2.°) determina que o Ouvidor Ge-
-319 —

ral desta Capitania seja o Juiz privativo de todas as


causas dos índios, e Tapuias, decidindo-as breve,
e summariamente, o qual só toma conhecimento das
Cíveis, e não das Crimes, dando appellação para a
Relação.
Quanto ás terras que devem possuir os que es-
tão aldeados para a sua sustentação, e de seus Mis-
sionarios, o Alvará em forma de Lei de 23 de No-
vembro de 1700 (Documento n.° 3/») declara a por-
uma das Aldeias,
ção que se deve conceder a cada
ou Missões.
Com Aviso da Secretaria de Estado dos Nego-
cios da Marinha, e Domínios Ultramarinos de 29
de Agosto de 1798 se expediu ao meu Antecessor
ao Governador,
por copia a Carta Regia dirigida
e Capitão General do Pará em data de 12 de Maio
do mesmo anno sobre a Civilização dos índios (Do-
cumento n.° 4.°) para que a executassem no que
fosse applicavel, que também recebi estando gover-
nando a Bahia. As providencias, que nella se dão
a respeito dos índios já aldeados, não as considero
àpplicaveis a esta Capitania; porque as poucas Al-
deias que lia não têm o numero de Gente sufficien-
te para se formarem Regimentos de Milícias, nem
Pedestres, a imitação
para se levantar um Corpo de
dos de Matto Grosso e Goyaz, que até julgo des-
necessário evitando-se assim a despesa que a, Real
Fazenda faz no que só assiste aos índios emprega-
dos no Serviço do Arsenal, e dos Escaleres, e aos
Catharina para a
que vão para a Ilha de Santa
Pesca das Baleias, quando anda administrada pela
mesma Fazenda Real, como presentemente.
Pelo que toca. as outras providencias a respei-
to dos que estão ainda embrenhados nos mattos, e
-320 —

o systema de modera-
por aldear, só é adoptavel
se não faça guer-
ção que se recommenda, para que
ra offensiva ou hostilidades a Nação alguma de
Gentios; não tendo logar o que se ordena a res-
os habitantes desta
peito dos Comboeiros; porque
Capitania pouco são incommodados pelos índios
bravos; pois só apparecem nas margens do Rio
Paraíba. O que supposto sou de parecer, que no
novo Regimento se ordene ao Vice-Rei haja de
nestes
proteger aos índios como se recommenda
dois Capítulos 4.» e 5.°, não permittindo que se
lhes façam hostilidades, nem procurando conquis-
tal-os com força, e violência; mas usando de
meios brandos, e suaves, observando o Directorio
naquillo que for applicavel, não obstante achar-se
derogado por esta Carta Regia, conservando as
terras que foram concedidas aos que se acham ai-
deados na forma das Reaes Ordens.
Nesta Capitania costuma o Vice-Rei, assim como
na Bahia o Governador e Capitão General nomear
em cada uma das Villas, e Aldeias de índios um
Capitão-mor, um Sargento-Mor, alguns Capitães,
e Alferes sem regularidade, escolhidos dos mesmos
índios aos quaes expede Patentes sem a cláusula
de requererem a Regia Confirmação, sobre o que
Sua Alteza resolverá o que lhe parecer mais conve-
niente.
Concluo esta observação com a reflexão de
que a experiência tem mostrado, que os índios são
inconstantes, muito entregues ao ócio, e ao vicio
da embriaguez, e nada ambiciosos, motivos todos
estes, que dão causa a se não ter colhido o ,fructo
que se esperava das Sabias providencias dadas pelos
nossos Monarcas em seu beneficio.
— 321-

CAPITULO 6."

Das Casas de Misericórdia, e Hospital que ha


naquelle Estado encommendo também se tenha mui-
to particular cuidado pelo Serviço que se faz a
Nosso Senhor nas obras de caridade que nelle se
exercitam, e se favoreça aos seus Officiaes, fazen-
do-lhes pagar as ordinárias, que tiverem de minha
fazenda divididas em legados que lhe pertencerem,
para que por falta do necessário não deixem de
cumprir com as suas obrigações.

OBSERVAÇÃO

Na Capitania da Bahia achei o estylo de se


dar parte ao Governador, e Capitão General da-
eleição que annualmente se faz de Provedor da
Santa Casa da Misericórdia daquella Cidade, e de
se recorrer a elle para decidir alguma duvida, que
be offereça sobre a mesma eleição dispensando em
alguns requisitos, que o compromisso requer, como
por exemplo a falta de idade do Provedor eleito por
ter servido no anno antecedente, chegando a ponto
até de nomear as vezes para deste modo se corta-
rem intrigas, a qual se procede na forma do com-
promisso da Misericórdia de Lisboa mandado obser-
var até por Resolução de 8 de Fevereiro de 1740
tomada em Consulta do Conselho Ultramarino par-
ticipada em Provisão de 26 de Março do referido
anno, em que também se ordena ao mesmo Go-
vernador mande assistir a ella um Ministro de
Vara, e que o Chanceller tire annualmente uma
Devassa dos subornos que houver, pronunciando, e
prendendo aos culpados.
— 322 —

semelhantt
Para esta Capitania não se expediu
na elei-
Ordem e o Vice-Rei não se intromette
sairam eleito*
cão ' e só se lhe dá parte dos que
Militar no Colle-
Ha nesta Cidade um Hospital
aonde se curam
sio que foi dos extinctos Jesuítas,
outro chama-
os Soldados á custa da Real Fazenda:
Irmãos da Mesa
do da Caridade administrado pelos
da Misericórdia, e o dos Lasaros.
estavam muito
O Conde da Cunha vendo, que
mal de São La-
mal accommodados os doentes do
ou Choupanas no
saro em umas pequenas Casinhas,
Cidade meia
Sitio de São Christovão distante desta
Bobadela, expoz
légua, onde os puzera o Conde de
a Sua Magestade, quanto era inútil mudarem-se para
tinham os ex-
uma Casa, que pouco mais adiante
tinctos Jesuítas, por ser o Sitio o mais próprio para
o
este fim, augmentando-se a contribuição, que ja
e continuam
Povo pagava para a sua subsistência;
á Irmandade
dose a encarregar-se a administração
Freguezia
da Caridade annexa á do Santíssimo da
a
da Candelária, e merecendo todo este projecto
Aviso
Real Approvacão, como se lhe participou por
Marinha,
da Secretaria de Estado dos Negócios da
de 1765,
e Domínios Ultramarinos de 31 de Janeiro
mandou depois formar um Regimento para go-
um
verno deste estabelecimento, destinando também
objecto,
Ministro para vigiar sobre este importante
do Ouro
sendo então nomeado o Intendente Geral
Deve-se pois re-
José Maurício da Gama e Freitas. Casas de
commendar ao Vice-Rei, que proteja as
Capita-
Misericórdia, e os Hospitaes, que houver na
eo
hia, e com particularidade o Hospital Militar,
tao
dos Lasaros, por serem estes estabelecimentos
interessantes á humanidade.
— 323-

CAPITULO 7.o

Informar-se-á dos Officiaes de Justiça, Quer-


ra, e Fazenda que .ha na Bahia; por que Provisões
servem seus cargos, e havendo alguns Offieios va-
gos que as pessoas que os servirem não tenham
Cartas, ou Alvarás meus, ou posto que os tenham
não sejam passados na forma, e maneira em que o
devem ser; encarregará a serventia dos taes Of-
ficios a creados meus se os nouver, que tenham
partes para os servirem; e em falta delles a ou-
trás pessoas capazes; e havendo algumas com Al-
varas de lembrança,. Cartas, ou Provisões minhas
precederão a isto até se apresentarem pessoas que
tenham Provisões, Cartas, ou Alvarás por que lhe
faça mercê dos taes Offieios, e em virtude das di-
tas mercês os mandará o Governador servir, e aos
que assim encarregar das ditas Serventias dará o
juramento na forma costumada com os mais re-
quisitos que é estylo, e esta mesma Ordem lhe en-
carrego muito se guarde nos mais Governos, e Ca-
pitanias daquelle Estado, e segundo o disposto nos
mais Regimentos dos Governadores, e Capitães-Mo-
res seus Subordinados, e havendo eu por bem que
visite todo aquelle Estado, usará da mesma júris-
dição neste provimento, que na Bahia.

OBSERVAÇÃO

As serventias dos Offieios de Justiça, Guerra,


e Fazenda, quando não eram dadas por El-Rei, as
os Vice-Reis do
proviam os Governadores Geraes, e
-324 —

Estado do Brasil em virtude dos Regimentos (3)


da Relação da Bahia de 7 de Março de 16*09, e
de 12 de Setembro de 1652, e dos Capítulos 7/\
e 38deste Regimento por Provisões annuaes, que
costumavam passar em seu nome sem irem á Chan-
ccllaria, observando-se este estylo até os fins do
anno de 1688, em que suscitando-se questão a
este respeito entre o Arcebispo D. Fr. Manuel da
encarregado do Governo Militar, e
Ressurreição "Doutor
Politico, e o Manuel Carneiro de Sá Chan-
celler da Relação incumbido do da Justiça, conti-
nuando aquclle a expedil-a.s em seu nome na for-
ma antiga, e este no de Sua Magestade, passan-
do-as pela Chancellaria, e dando-se conta a El-Rei,
foi Servido resolver por carta Regia (4) de 5 de
Outubro de mil seiscentos oitenta e nove dirigida
ao Arcebispo, que não. passasse Provisão alguma
que não fosse á Chancellaria para nella pagar os
Direitos, que se devessem á Fazenda Real, e que
estas as passassem os Governadores em Nome de
El-Rei, e não no seu, na forma da Ordenação,
e Regimentos, não se registando nas Secretarias do
Estado do Brasil sem se verificar este requisito,
o que igualmente se recommendou por outra Carta
Regia (5) ao Governador, e Capitão Geral An-
tonio Luiz Gonçalves da Câmara Coutinho, e ao

(3) Ord. L° lP ttP 5. Coll. n. 3. Appen-


dice das Leis Extravag. n. 8.
1.
(4) Arch. da Secret. do Gover. da Bahia L.
de Ord. Regias n.° 956.
(5) liem L. 2. nP 82.
325

Secretario Bernardo Vieira Ravasco por Carta Ré-


gia (6) de 5 de Outubro de 1689.
Por Decreto de 18 de Maio de 1722 com-
municado em Provisão (7) de 23 de Setembro de
1723, dirigida ao Vice-Rei, se ordenou que os Offi-
cios do Brasil, que se têm creado, e se crearem se
provam por Donativo excepto os de recebimentos,
e que emquanto se não provessem as propriedades
dos ditos Officios se nomeassem as Serventias dei-
les, contribuindo os Serventuários no fim do anno
para a Real Fazenda com a terça parte de tudo o
que rendessem, segundo as avaliações em que fos-
sem lotados, para o que dariam fiança idônea, ar-bi-
trando-se o justo rendimento pelo Governador, e
Ouvidor da Comarca, o que igualmente se partici-
pou ao Governador do Rio de Janeiro por Provi-
são de 27 de Julho, e 23 de Dezembro do dito
anno. (Documento N.° 5 e N.° 6). Depois por
outra Provisão de 29 de Janeiro de 1726 (Documen-
to N.o 7) declarou Sua Magestade só obrigados
a referida terça parte os officios, cujas valiações ex-
cedessem de duzentos mil reis, e ultimamente or-
denou por Provisão de 29 de Janeiro de 1727 (Do-
cum-ento N.° 8) que para se tirarem as terças par-
tes para a Fazenda Real do rendimento dos Offi-
cios era necessário que nas duas partes ficassem li-
vres para os Serventuários duzentos mil reis, am-
pliando-se esta Real Determinação sobre o Donati-
vo, e terças partes por Provisão de 23 de Dezem-

L. 1.
(6) krch. da Secret. do Gover. da Bahia
de Ord. Regias nfi 939.
(7) Idem L. 20. — fs. 15.
-326 —

bro de 1740 (Documento N.° 9) a todos os Officios


que não fossem de recebimento, e não tivessem
Proprietários, e que estivessem vagos, e vagassem
creados em qualquer tempo.
Não ha regra certa que prescreva o Donativo,
bem entendido que o Governador se deve regular
pelo que tiver pago o Serventuário anterior, não
havendo pessoa que o offereça maior, segundo a
Provisão de 2 de Abril de 1756 (Documento N.° 10);
porém quando os Officios são tão tênues que não
ha pessoa capaz de os servir, offerecèndo Donativo
se ordenou por Aviso (8) da Secretaria de Estado
de 10 de Março de 1741 ao Governador confira as
Serventias sem este encargo, remettendo listas dos
que assim prover, e dando a razão por que o
fez, determinando-se também no Decreto de 23 de
Março de 1756 communicado em Provisão de 16
de Abril do dito anno (Documento N.° 11) o modo
por que se deve aqui contar o tempo aos que obti-
veram na Corte Provimentos das Serventias dos
Officios do Brasil, ou os arremataram triennal-
mente por Donativos, e o que se deve praticar
no caso de serem os providos suspensos por erros,
e depois absolvidos por sentença.
Em conseqüência da Carta Regia (9) de 20 de
Abril de 1758 dirigida ao Conselheiro do Conselho
Ultramarino Antônio de Azevedo Coutinho, que pas-
sou á Cidade da Bahia juntamente com os dois
Conselheiros José Mascarenhas Pacheco Coelho de

(8) Arch. da Secret. do Gover. da Bahia


L. 38 de Ord. Reg. Js. 272.
(9) Idem L. 61 — 7.
-327-

Mello, e Manuel Estevão de Almeida de Vascon-


cellos Barbarino se arremataram em 1761 as pro-
priedades dos Officios da Justiça daquella Capita-
nia na forma do Direito Antidoral, e Consuetudina-
rio do Reino, como também as Serventias por Dona-
tivos triennaes a quem mais offerecia, expedindo-se
Provisões aos arrematantes no Real Nome com a
faculdade de nomearem Serventuários; durou esta
pratica até o anno de 1767, em que recolhendo-se
ao Reino por Ordem Regia aquelle Ministro, e o
outro Conselheiro Manuel de Almeida Vasconcellos
Barbarino se lavrou um assento que julgou extincta
a Junta da Administração da Fazenda, e Fisco Real
estabelecida pela sobredita Carta Regia, c pela de
0 de Abril de 1761, e que nestas circumstancias
devia continuar a prover os Officios o Governador,
e Capitão General da Capitania, na forma das Reaes
Ordens, que não tinham sido alteradas por outras
em contrario, não devendo comtudo vender as pro-
priedades por carecer de especial mandato, de sor-
te que desta época em diante continuou o Governa-
dor a prover as Serventias dos Officios de Justiça,
pagando os Serventuários, além da meia annata as
terças partes do seu rendimento, segundo uma ava-
liação que ha delles, e o Donativo que está arbi-
trado; mas não por meio de arrematação, o que
sempre pratiquei emquanto Governei aquella Capi-
tania, mandando primeiramente informar os Ma-
gistrados perante quem haviam servir os providos.
Quanto aos Officios de Fazenda, sendo presen-
tes a Sua Magestade as duvidas suscitadas entre
os Governadores, e as Juntas da Fazenda das Ca-
pitanias de Ultramar, e Ilhas, foi Servida decla-
rar, e determinar por Decreto de 16 de Fevereiro
— 328

de 1799 participado em Provisão do Real Erário


de 12 de Agosto do mesmo anno (Documento N.° 12)
as nomeações
que ás Juntas ficavam pertencendo
das Serventias de todos os Officios de Fazenda das
suas respectivas repartições, sem excepção alguma.,
sendo os Provimentos assignados pelos Governado-
res, como Presidente dellas, como actualmente se
observa, e na sua falta por dois mais antigos De-
putados, ficando porém as propriedades, ou Ser-
ventias Vitalícias reservadas á mesma Senhora para
as conferir, ou por Decretos, ou em resolução de
Consultas de Tribunaes.
Tornando aos Officios de Justiça pela Secreta-
ria de Estado competente, se me expediu uma Car-
ta Regia em data de 11 de Dezembro de 1799
(Documento N.° 13) para que fizesse arrematar
trienalmente por Donativos, e terças partes da sua
lotação, a quem mais desse, todos os Officios, cujas
Serventias vitalícias estivessem vagas, como se ob-
serva constante em quasi todas as Colônias Ul.trama-
rinas, zelando a conservação dos Cartórios, e Ar-
chivos por meio de Catálogos, e attendendó a que
não fosse expulso um bom Serventuário, sem que o
novo Candidato se revestisse de iguaes requisitos.
Respondendo a esta Real Ordem expuz os inconve-
nientes que resultavam de semelhantes arrematações,
mostrando a experiência que ás vezes se arrematam
as Serventias dos Officios a indivíduos que em des-
pique, e por ódio a outros offereciam Donativo
mais vantajoso, o que afinal redundava em prejuizo
do Publico, ficando preteridos os Serventuários mais
offereceram tão avultado, além de se confundirem
beneméritos que os estavam servindo; porque o não
os Cartórios, e Archivos, e de se desencaminharem
329 —

autos, e papeis çom a mudança triennal dos mes-


mos Cartórios de umas Casas para outras, sendo
bem natural que nestas occasiões desappareçam ai-
guns, como tem acontecido, devendo também con-
siderar-se que a arrematação não faz crescer a ter-
ça parte que só é paga pelos Serventuários dos
Officios, que não têm proprietários, cujo rendimento
excede o valor de duzentos mil reis; pois esta se
deve regular pela sua avaliação, e que só pode ha-
ver algum augmento quanto ao Donativo; motivos
todos estes que me moveram a suspender a sua
execução até nova Decisão Regia que me não foi
communicada durante o resto do tempo que estive
na Bahia.
A arrematação da Serventia dos Officios de
do Rio
Justiça está em observância nesta Capitania
de Janeiro em conseqüência da Carta Regia de 24
de Outubro de 1761 (Documento N.° 14) que de-
termina sejam arrematados na Junta estabelecida
tempo de
para arrecadação da Fazenda Real por
três annos com as cláusulas da Ordem de 16 de
Abril de 1756, e que apartando-se os Ministros
da mesma Junta do Voto do General, este valerá
ainda que seja Singular, e que os providos sirvam
*por Despachos, ou Portarias do mesmo General,
emquanto dá conta dos motivos por que se apartou
dos outros Votos; sendo de advertir que estes
dois direitos de Donativo, e terça parte estão aqui
como confundidos, e comprehendidos em um só;
Dona-
porque o arrematante unicamente declara o
tivo, que offerece, como preço da arrematação.
Do que fica ponderado se manifesta, que a
Junta da Fazenda prove todos os Officios desta
natureza, e que nella também se arrematam trien-
330 —

nahnente por Donativo os de Justiça, á excepção


dos da Relação, que não pagam Semelhante direito,
como se declara no Aviso, que se expediu ao Chan-
celler em 29 de Novembro de 1753 (Documen-
to N.° 15) c que por este motivo são os únicos
como Governa-
que aetualmente prove o Vice-Rei
dor delia, quando pelo seu Regimento, e pelos
das Relações da Bahia, e do Rio de Janeiro podia
prover uns, e outros.
A' vista dos inconvenientes que ponderei acer-
ca da arrematação, sou de parecer, que no novo Re-
gimento se determine que o Vice-Rei possa prover
as Serventias dos Officios de Justiça que estiverem
vagos, ou vagarem por Provisões annuaes expe--
didas no Real Nome, que deverão passar pela Chan-
cellaria, pagando-se os Novos Direitos, e satisfazem
do os Serventuários as terças partes na forma das
Ordens já citadas, segundo a sua avaliação, mas sem
Donativo, vindo assim a receber a Real Fazenda o
mesmo que recebem os Proprietários dos seus Ser-
ventuarios na forma da Lei, ou pagando estes tam-
h» bem além da terça parte, o Donativo que estiver
arbitrado, ou lhe arbitrar o mesmo Vice-Rei, como
se está praticando na Bahia, ouvindo primeiramente
aos Magistrados perante quem hão de servir os
providos como determina a Carta Regia de 3 de
Abril de 1709 (Documento N.° 16), e as Provi-
soes (10) de 3 de Fevereiro, e 30 de Agosto de
1719 dirigidas ao Conde Vimieiro, cuja observância

(10) Arch. da Secret. do Gover. da Bahia


L. 14 de Ord. Reg. nP 22 e n.° 63.
— 331 —

se recommendou vivamente pela (11) de 24 de


Novembro de 1725 pondo toda a cautela em que se
não provam em pessoas, que não forem idôneas, e
capazes para os servirem, como recommendam as
Provisões de 14 de Março de 1743, e 10 de No-
vembro de 1749 (Documentos N.° 17, e N.° 18),
nem nos seus Creados como determina a Carta Ré-
gia de 23 de Fevereiro de 1689 (Documento N.° 19)
e o Alvará de 14 de Abril de 1785, e que a Jun-
ta da Fazenda continue a prover os que são de se-
melhante natureza na forma da mencionada Provi-
são do Real Erário de 12 de Agosto de 1799.
E'-lhe prohibido pelo Alvará de 18 de Outubro
de 1602 (Documento N.° 20) e Capitulo 40 deste
Regimento crear Officios dc novo, e constituir Or-
denados para elles sobre a Fazenda Real, ou em
outra qualquer parte, ou accrescental-os aos que já
estiverem creados; pois parecendo-lhe que ha ne-
cessidade da sua creação deve dar parte recommen-
dando a sua observância a Carta Regia (12) de 14
de Dezembro de 1683 dirigida ao Governador Anto-
nio de Souza de Menezes; e também lhe não é per-
mittidos pôr pensões nos Officios que prove por Ser-
ventias como declara a Carta Regia (13) de 21 de
Julho de 1673 escripta ao Governador Affonso Fur-
tado de Mendonça Visconde de Barbacena desap-
provando a applicação que fizera de cincoenta mil

(11) Arch. da Secret. do Gover. da Bahia


L. 22 fs. 15.
(12) Idem da Secret. do Gover. da Bahia
L. 1 de Ord. Reg. n° 833.
(13) Idem n.° 631.
-332 —

reis de pensão no Officio que provera de Escrivão


dos Órfãos para casamento dos mesmos Órfãos pos-
to que fosse pia.

CAPITULO 8.0

Também saberá se ha alguns dias ordenados


em que nas Povoações do seu Governo, e Capitanias
daquelle Estado se façam feiras em que os Gentios
comprarem o
possam ir vender o que trouxerem, ou
as taes fei-
que houverem mister, e não se fazendo
ras, ordenará que se façam um dia, ou mais na Se-
mana, segundo entender que cumprem com o pare-
cer dos Governadores, Capitães-Mores, e Câmaras
dos Districtos, com o que houverem de se fazer estas
feiras, para que assim se evitem os inconvenientes
dos
que se seguem dos Christãos irem ás Aldeias
Gentios tratar, e negociar com elles, e o assento que
tomar fará notificar nas Povoações do Governo, ou
Capitania, e Aldeias dos Gentios, seus Comarcãos,
para uns, e outros irem vender, e comprarem o que
quizerem; e porque com haver as taes feiras se po-
dera escusar irem os Christãos ás Aldeias dos Gen-
tios tratarem com elles, se apregoará nas Povoa-
ções que o não façam, e quem o contrario fizer in-
correrá em certa pena que logo declarará, salvo
indo com licença dos Governadores, ou Capitães-
Mores, a qual lhes pedirá quem a algumas das
Povoações quizer ir comprar varias cousas aos
Gentios, e os Governadores, e Capitães-Mores
cada um em seu Governo, e Capitania poderão
dar a dita licença quando e como lhes parecer, e
com a consideração que devem ter, que lhes encom-
mendará, o que tudo se entende ha de ordenar inos
i
— 333-

Governos, e Capitanias que visitar, e em que se


achar, ordenando eu que vão a ellas como fica di-
to, e em caso que não haja de fazer visita o enca-
minhará na melhor forma que convier ao bom effei-
to deste negocio, avisando-me da Ordem que houver
dado para eu o ter entendido.

OBSERVAÇÃO

Nesta Capitania nunca se fizeram feiras para


os Gentios venderem o que trazem, ou comprarem
o que lhes for necessário, e por isso não tem logar
a disposição deste Capitulo, o que será mais appli-
cavei á Capitania do Pará aonde ha sem compara-
cão muito maior numero de índios.

CAPITULO 9.o

Informar-se-á das rendas que tenho, e perten-


cem a. minha Fazenda, assim na Bahia, como em
cada um dos Governos, e Capitanias de todo o
Estado da maneira em que se arrecadam, e despem
dem, do que o Provedor-Mor, e Provedores da mi-
nha Fazenda tomarão conta, e razão, ás pessoas
seus
que as têm a seu cargo, segundo a forma dos
Regimentos, e com parecer do mesmo Provedor-
Mor ordenará o que mais for do meu Serviço em
beneficio da sua arrecadação, e dispendio.

OBSERVAÇÃO

O Vice-Rei, e os mais Governadores são os


Presidentes das Juntas da Fazenda, que se crearam
nas diversas Capitanias do Brasil sujeitas immedia-
— 334-

tamente ao Real Erário, por onde recebem as Or-


dens pertencentes aos Contractos, e á administração,
e arrecadação das Rendas Reaes, e a tudo o que
diz respeito a despesas. O emprego de Provedor-
Mor foi extincto na Bahia pelo Alvará de 3 de
Março de 1770, creando-se o logar de Intendente
da Marinha, e Armazéns Reaes, que é um dos
Membros da Junta, e aqui se aboliu com a nomea-
ção do actual Intendente da Marinha, existindo uni-
camente um Provedor da Fazenda na Ilha de San-
ta Catharina subordinado á Junta desta Capitania;
pois o que havia no Continente do Rio Grande
de São Pedro ficou também abolido proximamente
com a ereação de uma nova Junta de Fazenda. E'
justo pois que no novo Regimento se recommende
ao Vice-Rei a observância das Ordens, que pelo Real
Erário lhe forem immediatamente expedidas, ou
á mesma Junta de que é Presidente, e que depois de
tomar posse lhe entregue o Escrivão delia uma Re-
lação dos Contractos, e mais Rendas Reaes para vir
no conhecimento do estado em que se acham.

CAPITULO 10.°

E porque os arrendamentos da minha Fazen-


da foi até agora estylo fazerem-se na Bahia depois
de andarem em praça publica conforme o Regimen-
to do Provedor-mor, e os mais dos Governos, e
Capitanias daquelle Estado, depois dos últimos lan-
ços em que se põem nos mesmos Governos, e Capi-
tanias vêm' á dita praça da Bahia a arrematar, ou
por um anno, ou por três; e porque nestas arte-
matações se achavam alguns inconvenientes, e con-
vem que estes se remedeiem: Hei por bem que estes
— 335-

e o primeiro que
Contractos se façam por triennio,
corre se ha de arrendar na
se fizer acabado o que
logo que estiver arremata-
Bahia por um anno, e
na praça o rendi-
fn na forma constumada se porá
três annos, cujos
mento do mesmo Contracto por ao Remo ao
os se receberão, e se mandarão
, Conselho Ultramarino para que por elle se
i
também
wn na praça neste Reino, e se arrc-
Governador,
lha™
ponnam e
rl^OeZlSSU. » P-eiro Contrac-
'a" ,hao
n a°aba como nos mais sucessivos, que
o dito Contracto,
cWractador que arrematar
ditos três annos ra«
^m" neste rLo pelos um dos ditos três,
n fiança que tem dado em cada

r^r/^mesma Ordem sairão


da Fazenda dos
Provedor-mor, e Provedores
Estado,
nos e Capitanias do mesmo

OBSERVAÇÃO
deste Capitulo;
Não tem logar a disposição iinnos
os Co.ntra.os R^es ha -tos
— ;

se lhes expedem
Brasil conforme as Ordens, que
ficando ,a V™*™*'*1'
por aquella Repartição, fora abolido.
o Officio de Provedor da Fazenda

CAPITULO 11.°
cuidado,
Entenderá o Governador com muito
336

e vigilância na guarda, e defensa dos Portos de


todo o Estado, prevenindo as cousas das fortifica-
ções, assim das Praças, como das Fortalezas, e
Fortes, Artilharia, Pólvora, e Armas, e tudo o mais
que poder ser necessário que em nenhuma parte o
achem desapercebido, e para assim ser, logo tanto
que chegar mandará aviso aos Governadores, e
Capitães-Mores de todo o Estado encommendan-
do-lhes a mesma prevenção, e vigilância, e o avi-
saião do estado de cada uma das suas Praças,Gen-
te, Munições, e Artilharia, que nellas ha, e tendo
necessidade da ajuda do Governador, e Capitão
General do Estado, o soccorrerá segundo a impor-
tancia delia, avisando-me de tudo.

OBSERVAÇÃO

Neste Capitulo se ordena a Roque da Costa


Barreto ponha todo o cuidado, e vigilância na
guarda, e defensa dos Portos do Estado do Bra-
sil, e nas Fortalezas, Artilharia, Pólvora, e Ar-
mas, fazendo aviso aos mais Governadores, e re-
commendando-lhes a mesma prevenção.
WÊÊÈb E' certo que naquelle tempo, e ainda muitos
annos depois, exercitavam os Governadores Geraes,
e aos (sic) Vice-Reis a sua jurisdição não só na
Capitania da Bahia, onde residiam; mas em todas
as mais do Estado; cujos Governadores lhes eram
subordinados, e ainda o são, como se tem decla-
rado em diversas Ordens, e nas Patentes, que se
lhes expedem, e é expresso no Capitulo 39 deste
Regimento, de que tratarei mais largamente; porém
como os Governadores, e Capitães Generaes rece-
berão as mesmas Ordens que os Governadores Vice-
— 337

Reis sobre a defesa das Capitanias que governam,


parece que em taes circumstancias só é applicavel a
disposição deste Capitulo á defesa dos Portos, e
Fortalezas desta Capitania, devendo-se também re-
commendar ao Vice-Rei na forma delle, que preste T
aquelle soccorro que lhe for requerido pelos mais
Governadores, quanto o permittir a distancia em
que se acham, e sem prejuízo da defesa desta Ci-
dade, e Capitania, que é a Cabeça do Estado,
e a de maior importância, o que elles igualmente
deverão praticar, quando se lhes pedir, dando-se de
tudo conta a Sua Alteza.

CAPITULO 12.o

E porque tendo mandado por Cartas, e Pro-


visões se fortifique a Cidade da Bahia, do Recife de
Pernambuco, como também as fortificações das
Capitanias da parte do Norte na forma das Plan-
Ias, e traças, que se me enviaram, nomeando
para este ef feito por Superintendente João Fernan-
des Vieira, a quem consignei alguns effeitos para
as ir obrando, e lhe mandei passar as Ordens ne-
cessarias, ás quaes dará cumprimento o Governa-
dor, e Capitão General do Estado, a quem en-
commendo as faça continuar, não sendo ainda aca-
badas o que não espero, e fará dar execução ás Pro-
visões, e Ordens referidas, e á que tenho manda-
do sobre se continuar a Fortaleza do Mar, para se
não
pôr assim esta, como as mais em sua perfeição
alterando a consignação, que mandei applicar do
rendimento das Baleias, nem diminuirá, nem accres-
centará, e me dará conta do que toca á Fortale-
za, e do estado em que está, e do que se for
338

obrando nella, e de todas as mais do dito Estado,


na forma em que
para que assim me seja presente
estão.

OBSERVAÇÃO

A disposição deste Capitulo não tem presen-


temente logar; porque só trata de recommendar
a Roque da Costa Barreto faça continuar as obras
de fortificação mandadas fazer na Bahia, no Recife
de Pernambuco, e em outras Capitanias do Norte;
e porque cada um dos Governadores, e Capitães
Generaes do Brasil deve conservar em estado de
defesa as Fortalezas da sua Capitania.

CAPITULO 13.o

Verá os Fortes que se fizeram na Bahia, e


achando que alguns delles são desnecessários, e
imiteis me dará conta, e que Officiaes, e guarni-
ção tenham, e se poderão prover com a Gente da
Terra para nas occasiões acudirem á defensa delles
sendo-lhe assignados; e para que esta Gente me-
lhor se disponha lhe fará o Governador favores, e
dará os privilégios, que lhe parecer, que lhe man-
darei confirmar, e quando o Governador assim o
dispuzer hei por bem que possa extinguir as praças
dos Officiaes, e guarnição dos ditos Fortes; porém
sou servido que nos da defensa da barra da Bahia,
e fortificação da Cidade, Porto, e Morro de São
Paulo se não entenda esta reformação, nem se
altere cousa alguma, e lhe encommendo ordene
estejam com boa guarda, e vigia por ter informação
que são mais importantes, e emquanto á Fortaleza
— 339 —

do Morro mandará executar o que ordenei por Car-


ta minha de 9 de Setembro de 1670.

OBSERVAÇÃO

Em um dos paragraphos da Carta Regia de


10 de Maio de 1799, que pela Secretaria de Es-
tado dos Negócios da Marinha, e Domínios Ultra-
marinos se expediu ao meu Antecessor, e Instruc-
ções de igual data, que a acompanharam dadas
ao Tenente General José Narciso de Magalhães de
Menezes, quando veiu commandar a Tropa (Do-
cumento N.° 21) se mandou crear uma Junta para
examinar o estado actual de todas as Fortalezas
desta Capitania, e se conhecer as que se devem
conservar, ou se talvez seria conveniente suppri-
mir algumas em beneficio da Real Fazenda sem di-
minuição da força da mesma Capitania. Os desta-
camenfos que as guarnecem são de Tropa paga, e
só em tempo de Guerra em que deve haver maior
cuidado, e vigilância se compõem também de Sol-
dados, e Officiaes Milicianos, e como estes ulti-
mos gosam dos seus privilégios, creio, que não têm
logar os de que trata este Capitulo. Quanto ao
da
mais, que nelle se expõe, diz respeito á defesa
Bahia de todos os Santos, e fazendo apphcaçao a
com
este Porto deve se recommendar ao Vice-Rei
Cruz, por ser
particularidade a Fortaleza de Santa
a chave da Barra desta Cidade.

CAPITULO H.o
Ar-
Também se informará de toda a Artilharia,
como
mas, e Munições, que houver assim na Bahia,

L
-340-

em todo o Estado, a que estiver cavalgada, e apea-


da, calibres, e serviço que tem; se as Armas estão
limpas, e as Munições reparadas, e se está tudo
carregado em receita aos Officiaes a que toca, e
assim
quando não, o Governador as fará carregar,
as que forem em sua Companhia, como as que lhe.
mandar ao adiante, para que carregadas em re-
ceita se tirem conhecimentos em forma, que manda-
rá pôr, e todos os annos relação da Pólvora, que
se despender, e Armas, que faltarem, para que
se possam prover de novo, e para este effeito dará
as Ordens necessárias assim na Bahia, como nos
Governos do Estado, tomando informação da Arti-
lharia de bronze, que estiver arrebentada, e incapaz
de servir para a enviar ao Reino para se reformar, e
fundir outra, que possa servir nas Praças para o
que for necessário, e também me avisará da Arti-
lharia de ferro, que houver de sobejo, para que não
servindo naquelle Estado a mande vir para o Reino.

OBSERVAÇÃO

Tudo quanto contém este Capitulo, fica já pon-


derado em alguns dos antecedentes.

CAPITULO 15.o

Muito enconimendo ao Governador ordene que


os moradores da Bahia, e os mais dos Governos, e
Capitanias do Estado sejam repartidos em Ordenam
ças por Companhias, e mais Officiaes necessários,
e que todos tenham suas Armas, fazendo-os exerci-
tar nas suas Freguezias uma vez no mez, e alar-
dos geraes três cada anno, e para que se faça com

^'J:-'^- -¦-/i^xt-u
^A
— 341 —

assista nos
mais facilidade lhe encommendo muito
exe-
três alardos, e que com os ditos moradores
o que
cute o Regimento Geral das Ordenanças,
na de
fará cumprir, assim na Gente de pé, como
e exer-
Cavallo, e não consentirá que nos alardos,
Officiaes,
cicio haja alguma pessoa dispensada pelos
suas Fregue-
e que estes não fazendo exercido nas
reprehenderá
zias por sua omissão, e não obrigação,
ainda assim
aos taes Officiaes, e constando-lhe que
convém, os
se não emendam, e não procedem como
Postos, que tiverem, ainda que
poderá depor dos me dará con-
tenham Confirmação minha, do que
arbitrarias,
ta o Governador. Em as condemnações
aos alardos geraes as
que fizer aos que faltarem
Thesoureiro, e Al-
mandará executar, e carregar ao se
moxarife, que lhe parecer, reservando^ para cia
da Praça
comprarem Armas para a guarnição
todas
Bahia e quando os moradores não tenham
as Armas, com que hão de servir assim
de Cavallo, me dará o Governador
de pe, como
conta para se
os moradores,
«N
lhe enviarem, advertindo que nem
nem os Officiaes maiores,
que assim se exercitarem, hão de vencer
ou menores desta Gente Miliciana
da minha fa-
Soldo, nem Ordenado algum á custa
o gosarao
zenda, excepto os Sargentos-Mores, que
Real, ou Câmaras, os
por Patente minha da Fazenda
Provimentos fará na Bahia, e mais Praças, ex-
quaes e Rio de ja-
cepto os Governos de Pernambuco,
esta jurisdição
neiro, aonde fui Senado conceder
se dispõe no
aquelles Governadores, na forma que
Capitulo 20 do seu Regimento.

' ÁSiÉí
-342 —

OBSERVAÇÃO

Em todas as Capitanias do Brasil ha Terços


de Ordenanças compostos de um Capitão-Mor, com
seu Sargento-Mor, e Ajudante, e de varias Compa-
nhias, cada uma com um Capitão, um Alteres, um
Sargento do numero, e outro supra, e os Cabos de
Esquadra necessários, que são os Officiaes aponta-
dos na Provisão de 21 de Abril de 1739. Por este
Capitulo se manda observar o Regimento das Orde-
nanças, estabelecido pelo Senhor Rei Dom Sebastião
em 10 de Dezembro de 1570, e na Provisão de
30 de Abril de 1758 se recoimmenda ao Conde de
Attouguia, e aos mais Vice-Reis, e Governadores
que o cumpram, e guardem, como também as Or-
dens posteriores, que com ella se lhe remetteram
por copia, derogando-o, prorogando-o, e declaram
do-o.
O Alvará de 18 de Outubro de 1709 dá a for-
ma para se fazerem as eleições dos Capitães-Mores,
Sargentos-Mores, e Capitães, que devem ser pro-
postos em Câmara, aos quaes passam os Governa-
dores do Brasil Patentes em virtude das citadas Pro-
visões de 21 de Abril de 1739, e 30 de Abril de
1758, que se acham impressas, e incorporadas com
aquelle Regimento, (14) encontrando também no
Archivo da Secretaria deste Governo a Provisão de
19 de Abril de 1746 (Documento N.° 22) expedida
ao Governador, e Capitão General, em consequen-
cia da Real Resolução de 15 de Novembro de 1746
sobre a nomeação dos Capitães-Mores.

(14) Sist. do Regim. tom. 4, pag. 516.


343 —

Para os Postos de Alferes, e Sargentos, que


vagavam, nomeavam os Capitães, guardando a for-
ma, que praticavam os dos Terços Auxiliares, por
Nombramentos seus as pessoas mais dignas, e ca-
os occupar; po-
pazes das suas Companhias para
rém esta formalidade só é applicavel presentemente
á nomeação dos Sargentos, e Cabos de Esquadra.,
approvando o Capitão-Mor o Nombramento, e con-
firmando-o o Governador; mas não quanto aos Al-
feres, que devem ser providos por Patentes dos
Governadores, como os mais Officiaes; porque nem
os Capitães da Tropa paga, nem os de Milícias go-
sam actualmente da regalia de nomearem os Alfe-
se-
res. Nas Patentes se declara que os providos
de
rão obrigados a mandal-as confirmar no espaço
nos
uni anno nas Capitanias, que forem situadas
Portos do Mar, e de dous annos nas mais Capita-
a
nias de Minas, e Sertões, comminando-se-lhes
caso que no referido
pena de baixa no Posto, no
termo as não apresentem confirmadas, ou certidão
de as haverem entregue na Secretaria do Conselho
de
Ultramarino, como determina a Regia Resolução
94 de Abril de 1795 communicada aos Governado-
mes-
res do Brasil em Provisão de 29 de Maio do
mo annno (Documento N.° 23).
Pelo que toca aos Alardos, a mesma Provisão
façam
de 30 de Abril de 1758 determina que se
tive-
nos logares, e tempos, que os Governadores
rem por mais conveniente; mas não está em pra-
aos
tica imporem-se as condemnações pecuniárias
de que tam-
que faltam a semelhantes exercidos,
bem se trata do Regimento das Ordenanças.
ao Go-
Em virtude deste Capitulo, constando
nas
vernador, que os Officiaes não fazem exercício
344 —

suas Freguezias por omissão, e que depois de os re-


prehender se não emendam, e não procedem, como
convém, os pode depor dos Postos que exercitarem,
ainda que tenham confirmação Regia, dando conta
a Sua Alteza, e por Resolução de 20 de Março de
1719 communicada em Provisão de 23 do mesmo
mez, e anno ao Governador, e Capitão General des-
ta Capitania (Documento N.° 24) se ordena que os
Officiaes vão residir nos Districtos para onde foram
nomeados, debaixo da pena de que não executando
assim sejam logo privados dos Postos, dando-se-lhes
baixa nellcs, o que igualmente se lhe recommen-
dou por Provisão de 10 de Dezembro de 1720
(Documento N.° 25) parecendo-me também conve-
niente, que no novo Regimento se declare o que
o Governador deverá praticar, quando os Officiaes
têm empregos incompatíveis com os Postos que
exercitam.
As Cartas Regias de 6 de Abril de 1688, e
2 de Março de 1689 (Documento N.° 26, e N.° 27)
escriptas ao Governador desta Capitania, e a citada
Provisão de 21 de Abril de 1739, prohibem crear-se
de novo Posto algum de Ordenança, e ordenam que
havendo necessidade, se dê primeiro conta infor-
mando sobre a sua importância, e a mesma Carta
Regia de 2 de Março de 1689, como Também a
de 5 de Novembro de 1700, e a Provisão de 9
de Julho de 1725 (Documento N.° 28, e N.° 29)
recommendam ao Governador, que os Postos das
Ordenanças sejam providos em pessoas de toda a
satisfação, e nobreza, como está ordenado no Re-
gimento, e que tenham já servido na Republica.
Conclue este Capitulo dizendo, que os Officiaes
das Ordenanças não devem vencer Soldo, nem Orde-
345

nado algum, excepto os Sargentos-Mores, que o go-


sam por Patente Regia da Fazenda Real, ou Cama-
ras. Não me consta que Sargento-Mor algum, ou
Ajudante das Ordenanças do Brasil vença Soldo,
nem ha Ordem que assim o determine. E' verdade,
que a Carta Regia de'22 de Março de 1766 dirigida
ao Conde da Cunha (Documento N.° 30) para man-
dar alistar a todos os moradores das terras da sua
jurisdição, formando os Terços de Auxiliares, e
Ordenanças dá logar a alguma duvida sobre esta
matéria, quando estabelece que se escolha um Sar-
gento-Mor entre os Officiaes da Tropa paga para
disciplinar cada um dos referidos Terços (tendo fa-
lado antecedentemente de uns, e outros) vencendo o
meâmo Soldo que vencem os Sargentos-Mores das
Tropas regulares, pago pelo rendimento das Cama-
ras dos respectivos Districtos; mas sempre se tem
entendido a disposição desta Real Ordem, quanto ao
Soldo, unicamente a respeito dos Sargentos-Mores,
e Ajudantes dos Corpos Milicianos, e não das Or-
denanças, que não são tirados da Tropa regular, e a
mesma interpretação se tem dado a outra Carta Ré-
Vice-
gia de 2 de Novembro de 1787 dirigida ao
Rei Luiz de Vasconcellos e Sousa, e por copia aos
mais Governadores do Brasil (Documento N.° 31)
em que se lhe ordenava mandasse passar revista a
todos os Corpos de Auxiliares, e de Ordenançast,
os
para desde logo ficarem abolidos, e extinctos
que não podessem existir.

CAPITULO 16."
'Postos
Provera os Milicianos na Bahia, e mais
Capitanias daquelle Estado, excepto os de Pernam-
— 346-

buco, e Rio de Janeiro, e suas annexas, a cujos


Governadores tenho concedido estes Provimentos
na forma dos seus Regimentos; e os que o Gover-
nador Geral prover será sempre nas pessoas priu-
cipaes, capazes, e idôneas para o servirem, e lhe
mandará passar suas Patentes por elle assignadas:
Aos Coronéis, Sargentos-Mores, Capitães, e Aju-
dantes, como é estylo, e quando estes Postos sejam
sempre os que
precisamente necessários, escolherá
tiverem serviço, e prestimo, e aos que mandar passar
estas Patentes serão obrigados a mandar pedir con-
firmação minha, dentro de seis mezes, por evitar
ao
por este modo os inconvenientes, que se seguem
meu Serviço; e o Governador ordenará, que os
que estiverem providos nestes cargos, e o forem
daqui em diante, registem suas Patentes nos Livros
da minha Fazenda, para que quando tratarem de
seus requerimentos, tirem suas fés de Officio na
forma, que tenho resoluto.

OBSERVAÇÃO

Os Terços de Auxiliares se denominam Regi-


mentos de Milícias das Comarcas, e Districtos aon-
de pertencem, e os seus Mestres de Campo, Coro-
neis, depois do Decreto de 7 de Agosto de 1796,
que estabeleceu um Plano para a composição de
cada Regimento desta natureza, o qual se mandou
observar no Brasil por Resolução de 22 de Feve-
reiro de 1797, participada ao Vice-Rei, e mais Go-
vernadores em Provisão de 24 de Março do mesmo
anno (Documento N.° 32) acompanhada da Carta
Regia de 2 de Novembro de 1787, citada na ob-
servação antecedente para que também se cumprisse,
-347 —

em virtude da qual se proviam por commissão inte-


rina os Postos de Coronel, Tenente Coronel, Sar-
gento-Mor, e Ajudantes da forma do Decreto de
27 de Setembro de 1796 a respeito da Tropa paga,
enviando-se as Propostas, para merecerem a Regia
Confirmação, á Secretaria de Estado competente.
O Alvará impresso de 17 de Dezembro de
1808, regula o modo por que devem ser feitas as
promoções dos diversos Postos dos Regimentos des-
ta natureza nos Domínios da America, e autoriza ao
Vice-Rei, e mais Governadores do Brasil para con-
tinuarem a prover os Capitães, Tenentes, Alferes, e
até os Ajudantes por Patentes passadas em seu no-
me, com a cláusula de que os providos serão abri-
gados a mandar confirmar dentro do praso determi-
nado na Provisão (15) de 28 de Maio de 1795, ou
apresentarem Certidão de as haverem entregue na
Secretaria do Conselho Ultramarino para este fim,
sob pena de baixa, propondo porém para os Pos-
tos Superiores Officiaes da Tropa paga, na forma
que neste Alvará se declara, remettendo a Proposta
áquella Secretaria do Estado.
Determina também esta Real Ordem, o que
devem observar os Governadores, quando os Offi-
ciaes pretenderem demissão, ou reforma; mas pa-
rece-me conveniente que se lhes declarasse se de-

anteces-
(15) Esta Provisão expedida ao meu
sor tem a data de 29 de Maio de 1795, creio que^
dirigida á
por equivocação; porque a que me foi
Bahia ê de 28 do mesmo mez, e anno, e com
esta data vem citada em diversas Ordens do Con-
selho Ultramarino.
-348-

de mandar
vem continuar na pratica, em que estão
fora
dar baixa a aquelles Officiaes, que residem
dos Districtos dos seus Regimentos, applicando, e
ampliando a Real Resolução de 20 de Março de
1719 communicada em Provisão de 23 do mesmo
mez, e anno, que neste caso manda dar baixa aos
Officiaes das Ordenanças, o que é bem conforme ao
7 de Julho de 1764 no § 9.°,
que ordena o Alvará de
ou que se lhes determine, o que deverão praticar
em semelhante caso, ou quando os Officiaes tiverem
empregos incompatíveis com os Postos, que exer-
citam.
Os Sargentos-mores de Milícias vencem o Sol-
do de vinte, e seis mil reis por mez, e a Resolu-
em Pro-
ção de 18 de Agosto de 1798 participada
visão de 24 de Setembro do mesmo anno (Documen-
to N.° 33) declara ser este o Soldo, que lhes com-
em algu-
petc, e abusiva a pratica de receberem
mas Capitanias trinta, e seis mil reis, em logar dos
vinte e seis.
Os Ajudantes do Numero vencem dez mil reis,
como determina a Provisão de 29 de Agosto de
1760 (Documento N.° 34). Devem ser pagos pelas
Câmaras na forma da Carta Regia de 22 de Mar-
estas
ço de 1766 (Documento N.° 30), e quando
recusarem, allegando a falta de meios, se ordena ao
Vice-Rei na Carta Regia de 2 de Novembro de
1787 faça exhibir as contas elactas dos seus ren-
dimentos, e despesas, remettendo-as á Real Pre-
sença. Não se .tem assim observado nesta Capi-
tania; porque as Câmaras não podem com seme-
lhante despesa, por serem tênues os seus rendi-
mentos, e por isso a Fazenda Real é quem esta
a
pagando a estes Officiaes. Quanto ao Cavallo,

* f»--
349

Provisão do Real Erário de 7 de Maio de 1790 (Do-


cumento N.° 35) determina o caso em que se lhes
deve entregar.
Além dos diversos Regimentos de Infantaria
de Milícias, havia também um de Cavallaria nes-
ta Cidade, e expondo o Conde da Cunha, que ne-
nhuma utilidade se poderia tirar do Coronel, Tenen-
te Coronel, Sargento-Mor, e Ajudante deste Corpo,
conveniente, que
por serem Paisanos, parecendo-lhe
os dois primeiros Officiaes maiores vencessem o
meio soldo competente aos seus Postos, e os dois
últimos igual ao dos Auxiliares Infantes, não po-
dendo occupar estes quatro Postos senão os Offi-
ciaes, ou Soldados, que no mesmo Corpo mos-
trassem ter mais Sciencia, e habilidade para as evo-
luções Militares, foi approvadó este projecto pela
Real Resolução de 12 de Dezembro de 1764, como
se lhe participou em Provisão de 13 do mesmo
mez, e anno (Documento N.° 36). O meu ante-
cessor o dividiu formando dois Regimentos com os
seus Officiaes competentes, o que foi approvadó
de
por Officio da Secretaria de Estado competente
18 de Março de 1797; mas em conformidade da
Carta Regia de 12 de Outubro de 1801 (Documen-
to N.° 37) foram outra vez reduzidos pelos mo-
tivos, que nella se ponderam, a um só Corpo com a
denominação de Brigada de Cavallaria de Milícias
do Rio de Janeiro subordinado a um único Chefe,
sendo nomeado para o Commandar Joaquim José
Ribeiro da Costa Coronel de um delles, que foi
promovido ao Posto de Brigadeiro, ordenando-se-
me formasse um Plano a este respefto, o que assim
executei, e de que até agora não houve decisão;
— 350 —

CAPITULO 17.o

Hei por bem que as pessoas que servirem nos


Navios que o Governador armar, ou em terra, ou
em algum acto Militar, de maneira que lhe pareça
elle os possa fa-
que devem ser feitos Cavalleiros,
zer, e lhe encommendo os que fizer, sejam taes,
de suas pes-
que o mereçam, assim pela qualidade
soas, como pela do Serviço; porque além de as-
sim convir que seja, quanto mais o estimarão, os
que o fizerem, e os outros procurarão merecel-o;
e aos que o Governador fizer Cavalleiros, passará
disso Provisão, em que se declarará a causa, por
que o mereceram, e de como o fez por bem deste
Capitulo.
OBSERVAÇÃO

Era da regalia do Governador Geral fazer Ca-


valleiros as pessoas que servissem nos Navios, que
mandava armar, ou em terra, ou em algum acto
Militar, recoimmendando-se-lhe que os que fizessem
fossem taes, que o merecessem pela qualidade das
suas pessoas, como dos seus Serviços, passando
disso Provisão, em que declarasse que assim o pra-
ficava em virtude deste Capitulo: Não encontrei
Provimento algum desta natureza no Archivo da
Secretaria do Governo da Bahia talvez por se te-
rem queimado os livros antigos de Registo no tem-
po dos Hollandezes; acho comtudo no Provimen-
to (16) que o Governador Diogo Luiz de Oliveira

Pro-
(16) Arch. da Faz.* R. da Bahia L. 2 de
vim. fs. 70.

I
351 —

fizera uo Emprego de Alcaide-Mor daquella Cidade


em Lourenço Cavalcante de Albuquerque, a decla-
ração, que por occasião da Guerra com os Hol-
landezes o armara Cavalleiro, e que exercitava o
cargo de Coronel com satisfação devida.

CAPITULO 18.»

Hei outrosim por bem que os Officiaes de Guer-


è Artilheiros, que andarem em meu Serviço,
ra, 'servirem
e nos Presídios deste Estado, sejam pa-
Fazenda com muita pon-
gos por conta da minha
tualidade, daquellas consignações applicadas pelos
lhes
Povos para o mesmo effeito, e o Governador
Artilhei-
fará passar Mostra aos ditos Soldados, e
do ul-
ros para saber se está completo o numero
fez, cm
timo ajustamento, que com a Câmara se
falta, nem diminuição, e
que procurará que não haja limpas e
serão obrigados a trazerem suas Armas
fan-
concertadas, não consentindo que haja praças
tasticas, e procederá contra aquellas pessoas, que
se dis-
as passarem, ou consentirem na forma, que
Fronteiras.
põe no Regimento das

OBSERVAÇÃO

Praça pas-
Os Regimentos da Guarnição desta
com a mes-
sam Mostra no principio de cada mez,
e todos
ma formalidade, que se pratica no Reino,
Fazenda
os Officiaes, e Soldados são pagos pela
Real, e Thesouraria Geral das Tropas.
-352-

CAPITULO 19.°

E porque convirá a meu Serviço que para apro-


veitamento dos Condestaveis, e Artilheiros, que fal-
tarem na Praça da Bahia, e nos mais Governos, c
Capitães do Estado, se alistem cento e vinte apren-
dizes de Officiaes de compasso, e dos mais Solda-
dos da Ordenança, que se mandarem assentar pra-
ca, o que ordenará o Governador assim, para que
sirvam de Artilheiros, os quaes mandará matricular
em Livro á parte, e se hão de exercitar com os
mais, pagos os dias que houver barreira, e exa-
minando-os, estando capazes, lhes passará suas Car-
tas de exame, e dos privilégios concedidos aos
Bombardeiros, que se fazem na Cidade de Lisboa
pelo Tenente General dá Artilharia, e têm o nome
de Artilheiros da nomina, os quaes privilégios Serão
guardados aos ditos Artilheiros nas partes do Bra-
sil, somente com declaração, e obrigação de ser-
virem em meus Navios, e Armadas, quando cum-
pnr, e para isso forem mandados pelo Governa-
dor, ou pelo Provedor-Mor da minha Fazenda, e
estes Artilheiros se irão matriculando aos poucos
até o dito numero de cento e vinte, e succedendo
vagar alguns pagos dos da Bahia dos seus Fortes,
ou Governo, ou Capitanias do Estado, provera o
Governador destes os que forem mais capazes, pre-
cedendo intervenção do Tenente General da Arti-
lharia, e querendo alguns Soldados das Guarni-
ções applicar-se a este exercicio, sendo approvado
pelo Tenente General, se poderão passar a Arti-
lheiros, e entrar também nos logares vagos, não
lhe sendo de impedimento o exercicio de Artilhei-
ros para deixarem de subir aos Postos de Guerra,

/ %>,_
— 353 —

se antes tiverem occasião de accrescentamento, e se


entenderá que não poderão ser mais que três Sol-
dados de cada Companhia para o que fará o Go-
vemador avisos do que por este Capitulo lhe orde-
no, aos mais Governadores, e Capitães-Mores seus
Subordinados, para que assim o tenham entendido,
e se evite por esta forma a falta, que ha de Artilhei-
ros, e os que houverem sem paga, e só com ps
e es-
privilégios, entendam hão de ser melhorados,
tejam as Praças providas como convém; e o que
nisto se obrar, o terei por particular Serviço meu,
e cie que o Governador me dará conta.

OBSERVAÇÃO

A disposição deste Capitulo sobre os Condes-


taveis, e Artilheiros não tem logar presentemente:
nesta Praça ha um Regimento de Artilharia, que
dá os destacamentos para as Fortalezas, e no Rio
Grande ha um Batalhão, que se compõem de qua-
tro Companhias de Infantaria, e Artilharia.

CAPITULO 20.°

Procurará com particular cuidado guardar, e


conservar paz com o Gentio vizinho daquelle. Es^
tado encaminhando o que tenha com os Portuguezes
o
muita eommunicação, e castigando com rigor
mau tratamento, que se lhe fizer, como também
ao Gentio, que for rebelde, e fizer hostilidades
mandará o Governador proceder contra elle na for-
ma das Ordens que estão dadas; e porque um dos
a
meios mais convenientes, que se pode usar para
conservação da paz com o Gentio, e o domesticar

.;,; .
— 354-

com os Portuguezes, é o entender-se a sua lin-


Ordem a que Se faça dei-
gua, dará o Governador
la vocabulário, e se imprima para com maior fa-
cilidade se poder aprender, quando não esteja fei-
to, como se ordenou aos Governadores passados.

OBSERVAÇÃO

Quanto a este Capitulo remetto-me á minha


observação sobre o Capitulo 4.°, e Carta Regia de
12 de Maio de 1798 que alli citei dirigida ao Go-
vernador, e Capitão General do Pará, e remettida
do
por Copia ao Vice-Rei, e mais Governadores
Brasil.
CAPITULO 21."

E porque sobre a liberdade, e governo dos


Gentios do Estado do Brasil se mandou a elle
Lei, terá o Governador cuidado de a mandar exe-
cutar como nella é conteúdo, avisando-me de como
assim tem dado execução, e enviando-me traslado
delia.
Tenho mandado que os Capitães Donatários,
que forem de algumas Capitanias do Estado, sejam
obrigados a terem as ditas Praças com as Armas,
Pólvora, e Munições necessárias conforme suas doa-
ções: terá o Governador cuidado de as mandar
visitar, e se as tem prevenidas como são obriga-
dos, e quando o não tenham feito, me avisará com
relação do que lhes falta, e obrigação que tenha,
para da minha parte os mandar advertir, e notificai?
dêm cumprimento ás ditas doações, que mandara o
Governador tirar dos Livros em que estiverem lan-
çadas, e por ellas saberá a jurisdição que lhe toca;
355

advertindo que nem elles, nem seus Logaresi-Te-


nentes, nem Ouvidores podem usar dos casos se-
guintes, e ainda que os tenham pelas ditas doai-
ções antigas; que não possam tirar os vinte qua*-
tro escravos de Gentio, ou mais que se lhe con*
cedam, e que a alçada, que se lhes dava em
peães, e Christãos livres até a morte, natural , in-
clusive, haja appellação para maior alçada, e no
Civel alçada somente até vinte mil reis, e nos casos
de heresia, traição, sodomia, e moeda falsa, haverá
outrosim appellação para maior alçada em toda a
pessoa de qualquer qualidade que seja, e que nas
terras das ditas Capitanias poderá encontrar Cor-
regedor, ou alçada, quando parecer necessário, e
convir a meu Serviço, para o bom governo das
ditas terras; o que assim foi servido resolver El-
Rei meu Senhor, e Pae, que Santa Gloria haja, «aaaaaaaaa.
e 16
por Resolução, de 20 de Setembro de 653,
de Fevereiro de 654 para que as doações velhas se
emendassem desta forma, e as novas que se pas-
sassem, fossem nesta declaração, o que assim man-
dará executar o Governador nas Capitanias de Do-
natarios da sua jurisdição, quando nellas se souber
contra estas Resoluções.

OBSERVAÇÃO

El-Rei Dom João 3.° de Gloriosa Memória,


costa do Brasil,
para mais facilmente se povoar a
mandou repartir a nova Lusitânia em differentes
Capitanias por diversos Donatários, os quaes ^na
forma das suas doações se podiam chamar Capitães,
e Governadores dellas, usando por si, e seus Ouvi-
dores, que nomeavam, de jurisdição Civil, e Cri-
-356 —

me; pois não só decidiam as causas Civeis, sem


appeilação, nem aggravo até a quantia de cem nu!
reis; mas também nos casos crimes podiam im-
natural em escravos, Gen-
por'a pena de morte
tios, peães, Christãos, e homens livres; nos cri-
mes' porém de heresia, traição, sodomia, e moeda
falsa, tinham alçada em toda a pessoa de qual-
o culpado
quer qualidade que fosse, condemnando
á morte, e dando á Sentença execução. Com a
chegada de Thomé de Souza, que veiu em 1549 por
Geral do Estado
primeiro Governador, e Capitão
do Brasil, se principiou a diminuir a excessiva
as mes-
jurisdição dos Donatários, derogando-se
mas doações em tudo, que fosse contrario aos
Regimentos, e Provisões, que trouxe comsigo. Pon-
cos annos depois determinou o mesmo Monarca por
Alvará (17) de 5 de Março de 1557, que da con-
demnação de morte natural empeãs (sic) e fiou-
vesse sempre appeilação para maior alçada, como
também dos quatro Crimes acima apontados de
das
que trata este Capitulo, e que sem embargo
§ cláusulas das doações mandaria Corregedor, e ai-
cada ás terras do Brasil, quando fosse servido, e
necessário, e já com estas limitações obteve Je-
ronymo de Alarcão de Figueiredo Carta de Confir-
mação da doação da Capitania dos Ilhéus em data
de 14 de Maio de 1560, de que fora primeiro Do-
natario Jorge de Figueiredo Corrêa seu Pae por
outra Carta de 16 de Julho de 1534. Pelo de-

(17) Liv. 3.o da Suplicai, fs. 168. Leiam na


Compil. das L. p. 2. tt. 6 dos privil. de diversas
pessoas Lei 2. fs. 90.

__^_
— 357

curso do tempo foram se incorporando as Capita-


nias da Coroa, extinguindo-se por conseqüência os
Ouvidores (18) dos Donatários, creando-se outros
nomeados por El-Rei, de sorte, que já não ha
Capitães Donatários das Capitanias do Brasil, e o
único que ha nesta é Fernando Dias Paes Leme da
Cantara, a quem Sua Magestade por Alvará de
20 de Novembro de 1786 fez mercê do Senhorio de
uma Villa, que seu Pac devia fundar a sua custa
na passagem do Rio Paraíba do Sul, permittindo-
lhe erigil-a no logar que lhe parecesse mais con-
veniente, com declaração, que só depois da Villa
ter cem vizinhos, se poderia chamar Senhor delia,
sem que lhe compita por este titulo outra alguma
esta
jurisdição ou prerogativa; bem entendido que
restricção respeita só a data de Officios, e juris.di-
aos Do-
ções por não ser conveniente concederem-se
natarios do Brasil, sem que nellas se coinprehendam
as honras, que são devidas na forma da Lei ás pes-
soas que têm mercê de se chamarem Senhores de
algumas terras, as quaes todas lhes pertencem,
verificando-se as condições com que se lhes fez esta
a Villa com
graça, em virtude da qual foi creada
a denominação de Rezende do Districto de Campo
Alegre.
Basta pois que no novo Regimento se ordene
ao Vice^Rei, que havendo alguns Donatários, não
consinta que ceda ás prerogativas, e privilégios
nem con-
que lhe forem concedidos pelas doações,

de Julho de 1790
(18) A Carta de Lei de 19
aboliu também no Reino as Ouvidorias dos Dona-
tarios, e isenções de correição.
-358 —

sinta que os Ministros de Justiça, Fazenda, e Guerra


lh'os quebrem, como se determina no Capitulo 36;
índios,
quanto porém á Lei sobre a liberdade dos
cuja observância se recommenda no principio deste
Capitulo, me remetto á observação sobre o Capi-
tulo 4.°.

CAPITULO 22.o

E porque também se ordenou que os Senhores


de Engenho fossem obrigados a terem Armas para
defensa delles, e poderem resistir ás invasões do
Gentio: Hei por mui encarregado ao Governador
os mande visitar cada anno para ver se têm ás Ar-
mas de sua obrigação, fazendo-se lista dellas; e
quando lhes faltem, havendo-as nos meus Armazéns
lh'as mandará dar pelo preço que for estylo, não
sendo necessárias para a defensa da Cidade, ou
das mais Praças, e o custo, que importarem, se
carregará na receita ao Thesoureiro, ou Ahnoxari-
fe que lhe parecer, e conhecimento em forma, e
ordem do Governador, ficará para descargo das
Armas do Official, que as entregará, remettendo-
se o dinheiro, que nellas se fizer, a este Reino á
Ordem do meu Conselho Ultramarino, para se com-
prarem outras Armas, ou remetterem em recompen-
sa: e quando ainda assim os Senhores de Enge-
nho não cumpram com a obrigação de os ter guar-
necidos, os condemnará o Governador todas as
vezes que forem achados nesta falta, em vinte cru-
zados para compra de Armas dos meus Armazéns,
e a pessoa que for a estas visitas, será de tal consi-
deração, que seu procedimento não seja estranhado,
e havendo nella suborno, além de me haver por pai
-359-

Servido, lhe tirará o Governador o Posto, dando-me


conta.

OBSERVAÇÃO

Tudo- quanto neste Capitulo se determina a


respeito da obrigação de terem os Senhores de En-
oenho Armas para defesa delles, e poderem resistir
á invasão dos Gentios, pena que lhes deve impor
sendo achados nesta falta, e exame a que o Go-
vernador Geral devia mandar proceder por pessoa
capaz, não tem logar presentemente; porque a Ca-
pitania não está infestada de índios bravos, e só
existem alguns nas margens do Rio Paraíba em dis-
tancia das terras cultivadas, e quando os Senhores
de Engenho necessitem de algum soccorro, por
este motivo o podem requerer ao Vice-Rei para dar
as providencias com toda moderação, que recom-
menda a citada Carta Regia de 29 de Agosto de
1798 (Documento N.° .4) de forma que o Gen-
tio se venha a persuadir que mais tratamos de re-
pellir as suas hostilidades, do que os atacar, e con-
quistar.

CAPITULO 23.o

Porquanto por Direito, Leis, e Ordenações de


Reinos é defeso darem-se por qualquer via que seja
Armas a infieisi, ordenaram, e mandaram os Senho-
res Reis meus Predecessores que pessoa alguma de
qualquer qualidade, e condição que fosse, não des-
sem ao Gentio daquellas partes do Brasil Artilharia,
Arcabuzes, Espingardas, Pólvora, e Munições para
elles, Bestas e Lanças, Punhaes, e Facas de cabo
-360 —

de pau, ou outras algumas de qualquer qualidade


como
ou condição que fossem, assim offensivas,
fi-
defensivas, e qualquer pessoa que o contrario
zesse, e as ditas Armas desse ao Gentio, morres-
se morte natural, e perdimento de seus bens, a
metade para os captivos, e a outra ametade para
assim o cumprir o mandou
quem o accusasse, e para
o Senhor Rei Dom João, que Deus tem, a Thomé
de Souza, que foi o primeiro Governador Geral
das ditas partes, que fizesse apregoar esta defesa
em todas as Capitanias delia, e registar nas Ca-
maras o Capitulo deste Regimento, que disto tra-
tava, em declaração de como se apregoara assim
aos Juizes dos
pelo' qual Capitulo foi mandado
logares das Capitanias, que quando tirassem de-
vassa Geral, que cada anno são obrigados a ti-
'Officiaes,
rar, sobre os perguntassem também por
este, e achando alguns culpados procedesseifi con-
tra elles, segundo a forma do Capitulo, e minhas
Ordenações declarando que a defesa se não atten-
desse em machados, machadinhas, foices de cabo
redondo, de mão, cunhas, facas pequenas, nem em
tesouras pequenas de dúzias; porque estas cousas
fé poderão dar ao Gentio, e tratar com elle, e cor-
rcrem por moeda pelos preços, e taxas que lhe se-
rão postas como até o tal tempo correram; pelo que
encommendo ao Governador, que saiba nas Capi-
tanias, e logares de seu governo se na Devassa
que cada anno se tirar nellas, se pergunta por
este caso como mando que se faça, e cumprirá, /e
fará cumprir inteiramente todo o conteúdo neste
Capitulo.
— 361 —

OBSERVAÇÃO

Sendo prohibido pelas Leis do Reino levar Ar-


mas offensivas, e defensivas ao Gentio pena de
morte natural, e perdimento de bens, se recom-
menda ao Governador que saiba se na Devassa, que
os Juizes são obrigados a tirar cada anno, se per-
gunta por este caso, parecendo-me desnecessário
actualmente semelhante recommendação para esta
Capitania, onde só existe algum Gentio nas mar-
gens do Rio Paraíba, sem que me conste que pes-
soa alguma tenha encorrido nas penas impostas nes-
te Capitulo.
CAPITULO 24.o

E porque' aquelle Estado é de terras novas


a maior parte muito fértil, e convém para se
augmentar, e povoar tratar-se da povoaçâo dellas
com particular cuidado encommendo ao Governador
que assim o faça, e que procure por todos os
meios que lhe parecer necessário que as terras se
vão cultivando, e edificando novos Engenhos de
assucar, fazendo guardar aos que de novo reedi-
ficarem, ou renovarem os desbaratados seus pri-
vilegios, e isenções, obrigando aos que de novo
tirarem terras as vão cultivando de Sesmarias, e as
ti-
povoem, e aos que o não cumprirem, se lhes
rarão, e darão a quem as cultive, e povoem na
forma do Regimento das Sesmarias, e Ordenação,
e na Repartição das Sesmarias se fará guardar o
Regimento para que se não dê a alguma pessoa tan-
ta quantidade de terras que não podendo cultival-a
redunde em damno do bem publico, e augmento do
Estado.
-362-

OBSERVAÇÃO

Aos Capitães Donatários das Capitanias do


Brasil, era permittido pelas doações, e Foraes, da-
rem, e repartirem as terras de Sesmarias conforme
a Ordenação a qualquer pessoa de qualquer quali-
dade, ou condição que fosse, livremente sem fo-
ro, nem direito algum, somente o Dizimo a Deus,
á Ordem de Christo.
que era obrigado a pagar
Igualmente faculdade se concedeu a Thomé de Sou-
za, primeiro Governador Geral, e aos seus Sue-
cessores por três Capítulos do Regimento que trou-
\e comsigo, e que se incorporavam nas Cartas das
Sesmarias antigas lavradas por um Escrivão que
havia para esse fim, não dando a cada pessoa
maior porção que aqueila, que segundo a sua pos-
sibilidade lhe parecesse que poderia aproveitar; o
Capitulo a Ro-
que também se recommenda neste
Regias
que da Costa Barretto. Diversas Ordens
se expediram depois, principalmente durante o Go-
verno de Dom João de Alencastre a respeito do
cumprimento, largura, foro que deviam pagar, con-
firmação, e outros artigos tocantes a esta matéria.
A Carta Regia (19) de 27 de Dezembro de 1695 re-
commendava se não concedesse a cada morador
mais de quatro léguas de comprido, e uma de lar-
se
go, sendo da inspecção dos Ouvidores examinar,
as concedidas de maior comprimento estavam culti-
vadas em parte, ou em todo pelos Donatários, seus

(19) Arch. da Secret. do Gov. da Bahia L.Ex.


travag. fs. 30. Arch. da Fazenda Real da mesma
L. 2 de Cart. fs. 158.
-363 —

Colonos, ou foreiros, para se julgarem por vagas, e


se repartirem por outros moradores, não vestando
(sic); mas a Carta Regia de 7 de Dezembro de 1697
(Documento N.° 38) escripta ao Governador Geral
do Brasil, e ao Governador, e Capitão General do
Rio de Janeiro lhes determina concedam somente
três léguas em comprido, e uma de largo, que é o
que se entende pode qualquer pessoa cultivar no
termo da Lei, e com ella concorda a Provisão (20)
de 20 de Janeiro de 1699 assignada por El-Rei, e
dirigida aquelle Governador Dom João de Alencas-
tre, emquanto estabelece que as Sesmarias não ex-
cedam de três léguas de comprido, e uma de largo,
ou légua e meia em quadro, como se achava já or-
denado por esta Carta Regia, o que se torna a re-
commendar na Provisão de 19 de Maio de 1729. No
Archivo desta Secretaria encontro a Carta Regia de
15 de Junho de 1711 (Documento N.° 39) em que
rZl-Rei attendendo á representação do Governador
Francisco da Costa de Moraes, sobre as terras de
Sesmarias que seus Antecessores haviam dado com
largueza aos moradores do Caminho novo, que vae
desta Cidade para Minas, foi Servido resolver se
dessem de Sesmarias as taes terras, com declaração,
que cada uma fosse de légua em quadra, e que se
não desse a cada pessoa, mais que uma data, e que
este possuidor não podesse adquirir outra por qual-
quer titulo que fosse por compra, ou herança, o que
também se participou a Antônio de Albuquerque
Coelho de Carvalho por outra de igual data (Do-
cumento N.° 40)..

L.6
(20) Arch. da Secret. do Gov. da Bahia
de Ord. Reg. n.° 113.
362

OBSERVAÇÃO

Aos Capitães Donatários das Capitanias d<o


Brasil, 'e era permittido pelas doações, e Foraes, da-
rem, repartirem as terras de Sesmarias conforme
a Ordenação a qualquer pessoa de qualquer quali-
dade, ou condição que fosse, livremente sem fo-
ro, nem direito algum, somente o Dizimo a Deus,
á Ordem de Christo.
que era obrigado a pagar
Igualmente faculdade se concedeu a Thomé de Sou-
Sue-
za, primeiro Governador Geral, e aos seus
cessores por três Capítulos do Regimento que trou-
xe comsigo, e que se incorporavam nas Cartas das
Sesmarias antigas lavradas por um Escrivão que
havia para esse fim, não dando a cada pessoa
maior porção que aquella, que segundo a sua pos-
o
sibilidade lhe parecesse que poderia aproveitar;
Capitulo a Ro-
que também se recommenda neste
Ordens Regias
que da Costa Barretto. Diversas
se expediram depois, principalmente durante o Go-
vemo de Dom João de Alencastre a respeito do
cumprimento, largura, foro que deviam pagar, con-
firmação, e outros artigos tocantes a esta matéria.
A Carta Regia (19) de 27 de Dezembro de 1695 re-
commendava se não concedesse a cada morador
mais de quatro léguas de comprido, e uma de lar-
se
go, sendo da inspecção dos Ouvidores examinar,
as concedidas de maior comprimento estavam culti-
vaclas em parte, ou em todo pelos Donatários, seus

(19) Arch. da Secret. do Gov. da Bahia L.Es.


travag. fs. 30. Arch. da Fazenda Real da mesma
L. 2 de Cart. fs. 158.
-363 —

Colonos, ou foreiros, para se julgarem por vagas, c


se repartirem por outros moradores, não vestando
(sic); mas a Carta Regia de 7 de Dezembro de 1697
(Documento N.° 38) escripta ao Governador Geral
do Brasil, e ao Governador, e Capitão General do
Rio de Janeiro lhes determina concedam somente
três léguas em comprido, e tuna de largo, que é o
que se entende pode qualquer pessoa cultivar no
termo da Lei, e com ella concorda a Provisão (20)
de 20 de Janeiro de 1699 assignada por El-Rei, e
dirigida áquelle Governador Dom João de Alencas-
tre, emquanto estabelece que as Sesmarias não ex-
cedam de três léguas de comprido, e uma de largo,
ou légua e meia em quadro, como se achava já or-
denado por esta Carta Regia, o que se torna a ,re-
commendar na Provisão de 19 de Maio de 1729. No
Archivo desta Secretaria encontro a Carta Regia de
15 de Junho de 1711 (Documento N.° 39) em que
rZl-Rei attendendo á representação do Governador
Francisco da Costa de Moraes, sobre as terras de
Sesmarias que seus Antecessores haviam dado com
largueza aos moradores cio Caminho novo, que vae
desta Cidade para Minas, foi Servido resolver se
dessem de Sesmarias as taes terras, com declaração,
que cada uma fosse de légua em quadra, e que se
não desse a cada pessoa, mais que uma data, e que
este possuidor não podesse adquirir outra por qual-
quer titulo que fosse por compra, ou herança, o que
também se participou a Antônio de Albuquerque
Coelho de Carvalho por outra de igual data (Do-
cumento N.° 40)..

L.6
(20) Arch. da Secret. do Gov. da Bahia
de Ord. Reg. n.° 113.
364 —

•' A esta Ordem serve como de interpretação a


Provisão de 15 de Março de 1731 (Documento
N." 41) em que por Resolução da mesma data se
faz saber ao Governador Luiz Vahia Monteiro, que
as Sesmarias que se houverem de dar nas terras .de
Minas, e nos caminhos para ellas fossem somente
de meia légua em quadra, e que no mais Sertão
de três léguas, corno estava determinado ouvidas
as Câmaras dos Districtos, e que aonde houver rios
caudalosos que se forem descobrindo pelos Ser-
toes, e necessitassem de Barca para se atravessa-
rem, só se concedessem Sesmarias de uma das
margens do Porto, e da outra se conservasse para
o publico ao menos a distancia de meia légua. Do
que fica ponderado se conclue que o Vice-Rei pode
conceder Sesmarias no Sertão até três léguas de
comprido, c uma de largo, como sempre pratiquei
na Capitania da Bahia, e meia légua somente em
quadra no caminho para as Minas, ou em terras mi-
neraes; mas o meu Antecessor nos últimos annos
do seu Governo só as dava de meia légua em qua-
dra ainda no Sertão, por lhe parecer terreno suffi-
ciente para qualquer pessoa cultivar, o que continuei
a observar, parecendo-me comtudo diminuta esta
porção de terreno para as Sesmarias do Rio Grau-
de de São Pedro, que se pedem para creação de ga-
do. Pelo que toca ás datas de Sesmarias dentro
desta Cidade pertencem estas á Câmara, precedendo
Provisão na forma da Carta Regia de 23 de Feve-
reiro de 1713 (Documento N.° 42) e da Ordem de
11 de Janeiro de 1714 (Documento N.° 43) que lhe
serve de intelligencia.
Devem os Sesmeiros obter confirmação Regia
das Sesmarias, assim se determinou por Carta Ré-
— 365 —

gia de 23 de Novembro de 1698 (Documento N.° 44)


ordenando-se a Dom João de Alencastré, e ao Go-
vernador, e Capitão General do Rio de Janeiro Ar-
thur de Sá e Menezes, que nas datas, que dahCem
diante desse, declarasse que seriam obrigados a
pedil-a nos annos que passasse, segundo a distan-
cia em que estivessem do Reino, e de então para cá
se costuma declarar nas Cartas, que se passam na
Capitania na Bahia, as confirmem os Sesmeiros den-
tro em um anno, e nesta dentro em dois, contados
da sua data.
Em algumas Cartas de Sesmarias vinha inserta
a cláusula de nellas não succederem Religiões por
nenhum titulo; porém por Resolução de 26 de
Julho de 1711 tomada em Consulta do Conselho
Ultramarino, e participada ao Vice-Rei Vasco Fer-
nandes César de Menezes (21) de 7 de Agosto de
1727, e ao Governador do Rio de Janeiro em Car-
ta Regia de 27 de Junho de 1711 (Documento nu-
mero 45) se ordenou, que se tirasse semelhante
condição, e que acontecendo possuil-as as Reli-
Dízimos,
giões fosse com o encargo de pagarem
como se as possuíssem Seculares, havendo-se por
devolutas, e dando-se a quem as denunciar, não
o praticando assim. •
Nas Sesmarias antigas, e modernas se acau-
telou sempre que os Sesmeiros sejam obrigados a
ciar caminhos públicos, e particulares para pontes,
fontes, portos, e pedreiras, e pela Provisão de 11

23
(21) Arch. da Secret. do Gov. da Bahia L.
de Ord, Reg. fs. 230. Arch. da Fazenda R. da
mesma L. 4 de Cart. fs. 119 v.
.

T
366 —

de Março de 1754 expedida ao Governador do Rio


de Janeiro (Documento N.() 46) se estabelece, que
havendo nas ditas terras, que .se concedem, entrada
publica, que atravesse rio caudaloso, que necessite
de barca, fique de ambas as bandas do rio a terra,
que baste para o uso publico dos passageiros, e de
uma das bandas meia légua de terra em quadra
para commodidade publica, e de quem arrendar a
passagem.
A Provisão de 28 de Fevereiro de 1716 (Do-
cumento N.° 47) ordena se dêm aos índios ter-
ras em logares commodos: que no caso que estes
as deixem, fiquem devolutas para a Coroa, e
que se
examine se algumas destas terras por elles deixadas
estão indevidamente possuídas, e se dê conta; c
por
constar que alguns sesmeiros se faziam Senhores
das terras das Aldeias dos mesmos índios,
que se
achavam no Districto das Sesmarias,
passando ao
excesso de lh'as tomarem, se tinha ordenado ante-
cedentemente ao Governador Geral Antônio Luiz
Gonçalves da Câmara por Carta Regia
(22) de 17
de Janeiro de 1691 puzesse todo o cuidado em re-
mediar este damno, fazendo restituir ás Aldeias usur-
padas, e castigando com todo o rigor os que per-
turbassem, e inquietassem os índios nas terras
que
lhes fossem assignaladas, e demarcadas, sendo este
o motivo por que nas Cartas
que passam os Gover-
nadores da Bahia, se declara
que se não tomarão as
Aldeias dos índios, e as terras
que lhes tocam.
As Sesmarias sempre se concederam no Brasil

(22) Arch. da Secr. do Gov. da Bahia L. 3


de Ord. Reg. /z.o Qo
367

livremente sem foro, nem direito algum, excepto o


Dizimo a Deus: assim foram dadas pelos antigos
Donatários, pelo primeiro Governador Geral Tho-
mé de Souza, e seus Successores, e assim se conce-
ciem actualmente nesta Capitania do Rio de Janeiro,
na de Minas Geraes, e em quasi todas; porém no
Archivo da Secretaria do Governo da Bahia achei a
Carta Regia de que já fiz menção cie 27 de Dezem-
bro de 1695, que tratava do cumprimento que de-
viam ter, escripta a Dom João de Alencastre, em
que também se lhe ordena que ás pessoas, a quem
se derem de futuro, se imponha, além da obrigação
de pagarem Dizimo á Ordem de Christo, e as mais
costumadas, a de um foro, (23) segundo a grande-
za, ou bondade da terra, o que igualmente se re-

(23) A Ordenação do Reino Liv. 4 ti. 43


$13 determina que os Sesmeiros elevem dar as ter-
ras, que forem tributarias com o mesmo tributo de
Sesmaria, e se forem isentas, se dêm isentas: a ma-
teria desta Ordenação na palavra — Sesmeiros de-
vem dar as terras — refere o Re por tor io das Orde-
nações a nota seguinte do Desembargador João Al-
vares da Costa. «-Foi grande duvida se podia im-
por-se pensão nas Sesmarias do Brasil, que são
concedidos in perpetuo, Cabid. p. 2 dec. 112 diz
que não, e nesta matéria consultou o Conselho Ul-
tramarino com differença de votos; e o Desembar-
go do Paço consultou que não podia esta Ordena-
ção applicar-se ás Sesmarias do Brasil, e que Sua
Magestade podia revogal-a».
-368-

commenda, entre outras cousas na Carta Regia (24)


de 22 de Março de 1698. Não a vejo então obser-
vada nesta parte, antes pelos Livros de Registo se
manifesta que Dom João de Alencastre, e seus Sue-
cessores continuaram a concedel-as livremente sem
pensão, ou tributo algum até o anno de 1777 em
que Manuel da Cunha e Menezes, Governando
aquella Capitania entrou a pôl-a em observância, de-
clarando nas Cartas que passava, que o Sesmeiro
pagasse certo foro arbitrado, segundo a avaliação,
a que a Câmara do Districto manda proceder por
dois Louvados, como actualmente se pratica, sendo
de conjecturar, que assim o fizesse; porque acabava
de governar a Capitania de Pernambuco-, para onde
se dirigiu outra semelhante Ordem de igual data, de
que resultou fazer immediatamente o Governador
que então era, D. Fernando Martins Mascarenhas de
Alencastre uma Junta com alguns Ministros em
que
assentaram, que cada légua de terra, até trinta de
distancia do Recife de Olinda, pagasse seis mil reis
de foro, e ficando em maior quatro mil reis, o
que
mereceu a Real Approvação por Carta Regia
(25)
que se expediu em data de 28 de Setembro ;de 1700,
sendo de notar, que o foro imposto, nas Sesmarias
da Capitania da Bahia costuma ser regularmente de
mil reis, até dois mil réis
por cada uma, o qual /se
não tem cobrado.
Constando haver muitas terras de Sesmarias

(24) Arch. da Secr. do Gov. da Bahia L.6 de


Ord. Reg. /z.o 5/.
(25) Arch. da Secr. do Gov. da Bahia L. Ex-
travag. de Ord. Reg.
fs. 431 v.
-369-

nas Capitanias de Paraíba, e Rio Grande do Norte


concedidas a muitas pessoas com notável despropor-
cão nas datas, dando-se a uns quinze léguas, e a
outros vinte, e trinta, de que resultava ficarem in-
cultas, e sem se povoarem, se ordenou ao Go-
vernador Dom João de Alencastre por Carta Ré-
gia (26) de 13 de Dezembro de 1697, mandasse
pôr, Editaes declarando que todas as pessoas que as
tivessem, tratassem de demarcal-as, medil-as, e po-
voal-as dentro em um anno, e não o fazendo, assim
se houvessem por devolutas; repartindo-se pelos mo-
radores ma forma do Regimento sem o exceder.
A Carta Regia (27) de 3 de Março de 1702
lhe ordenou igualmente mandasse pôr Editaes para
que todos os Sesmeíros dentro em seis mezes apre-
sentassem Confirmações, e Cartas de Sesmarias,
que tivessem, sendo estes, e os Donatários notifica-
dos, para os demarcar dentro em dois annos judi-
eialmente pelo Ministro, que para isso se lhes con-
cedesse, pena de as perderem, sendo nomeado o Des-
embargador José da Costa Corrêa, e por seu falh>
cimento o Desembargador Christovão Tavares de
Moraes por Provisão (28) de 7 de Fevereiro de
1711 com a mesma jurisdição, que teve o seu An,-
tecessor, não dando appellação, nem aggravo para a
Relação do Estado; mas unicamente para o Conse-
lho Ultramarino, encarregando-se outra semelhante
diligencia ao Desembargador Manuel Sarmento por

(26) Arch. da Secret. do Gov. da Bahia L. 5


n.o 130.
(27) Idem L. 8 de Ord. Reg. fs. 32.
(28) Idem L. 5 de Pai. e Prov. Reaes fs. 95.
— 370 —

Resoluções de 11 de Abril, e 2 de Agosto de 1752.


Continuando a grassar os abusos, irregularida-
des, e desordens em todo o Brasil sobre o, impor-
tante objecto das Sesmarias não tendo estas atégora
Regimento próprio, que as regule, quanto ás suas
datas como foi constante a Sua Magestade pelo
Conselho Ultramarino conformando-se com o seu
parecer, foi Servida publicar o Alvará de 5 de
Outubro de 1795, dando providencia sobre este as-
sumpto; e porque se representaram alguns emba-
raços, e inconvenientes, que poderiam resultar da
immediata execução desta Lei, determinou por De-
creto de 10 de Dezembro de 1796, que aquelle Tri-
bunal suspendesse por ora os seus effertos, remet-
tendo-o ao Vice-Rei, e mais Governadores das Ca-
pitanias do Brasil, encarregando-os de informarem
com a maior promptidão do modo com que mais fa-
cil, e coimmodamente, evitando-se novas questões, e
processos, se poderia pôr em pratica o que alli se
achava estabelecido sem que se experimente incon-
venientc algum, ou concussão que se faça sensível,
^f^^^*
para o que expediu a Provisão em data de 7 de Ja-
neiro de 1797 (Documento N.° 48).
Antes do Alvará de Lei de 3 de Março de
1770 para se darem as terras de Sesmarias manda-
vam os Governadores informar ao Provedor-Mor da
Fazenda Real, e ouvida a Câmara do Continente
das mesmas terras com resposta do Procurador da
Coroa, passavam-se as Cartas de Sesmarias: depois
da sua publicação manda o Vice-Rei do Estado, e o
Governador, e Capitão General da Bahia, como se
estabelece no paragrapho 7.° informar o Chanceller
como Ministro da Junta da Administração da Fazen-
da, para que procedendo ás mesmas diligencias
— 371-

praticadas pelo dito Provedor-Mor para mandar pas-


sar as Cartas, e nas mais Capitanias aonde não iha
Relações, se costuma ouvir os Ouvidores, e as Ca-
rnaras.
E' esta a formalidade com que se concedem [as
Sesmarias nesta Capitania, declarando-se as clausu-
Ias, e condições seguintes; que os Sesmeiros as
cultivarão, e mandarão confirmar dentro de dois
annos; que antes de tornarem posse dellas as fa-
çam medir, e demarcar judicialmente; que serão
obrigados a conservar os Tapinhoaens, e Paróbas,
que se acharem, deixando de os cortar para outro
algum caso, que não seja de construcção das Naus
da Coroa, cuidando na plantação destas arvores que
farão os caminhos da sua testada com pontos, |e
estivas, onde necessário for, e descobrindo-se rio
caudaloso, que necessite de barca para se atravessar,
ficará reservada em uma das margens delle meia le-
gua de terra em quadra para commodidade publica;
que nellas não possam succeder em tempo alguirm
pessoa Ecclesiastica, ou Religião, e succedendo será
com o ônus de pagar Dizimos, e outro qualquer, que
se lhe imponha de novo, e não o fazendo se pode1-
rão dar a quem denunciar; que sendo Sua Alteza
Servido mandar fundar no Districto da Sesmaria ai-
guma Villa, o poderá fazer, ficando livre sem en-
cargo algum, ou pensão para o Sesmeiro; que não
comprehenderá a data Vieiros, ou Minas, de qual-
quer gênero de metal, que nellas se descobrirem,
que se reservarão os paus Reaes, e que faltando-se a
qualquer destas cláusulas, ficará privado o Sesmei-
ro da data.
Em virtude da Resolução de 27 de Novembro
de 1761 participada ao Conde de Bobadella em
-372 —

Provisão de 7 de Maio de 1763 (Documento N.° 49)


propõem as Câmaras do Brasil aos respectivos Go-
vernadores, e Capitães Generaes três Letrados Ba-
chareis Formados moradores na mesma Comarca
para Juizes das demarcações das Sesmarias, dos
quaes o Governador nomeia um todos os annos,,
que dão appellação, e aggravo para o Ouvidor da
Comarca, e delia para a Relação, a que toca.
São estas as Ordens que ha a respeito das
Sesmarias; e emquanto Sua Alteza não toma a
ultima Resolução sobre o mencionado Alvará de
5 de Outubro de 1795 depois de precederem as in-
formações que devem dar os Governadores a este
respeito, cuja execução está por ora suspensa, e
cuja disposição está quasi toda fundada nas Ordens
que ficam apontadas, se deve determinar no novo
Regimento ao Vice-Rei que conceda as Sesmarias,
praticadas as formalidades determinadas no- § 7.°
do Alvará de Lei de 3 de Março de 1770, e segun-
do as Ordens que estão em vigor, e que se expedi-
ram para esta Capitania do Rio de Janeiro recomi-
meiidando vivamente ás Câmaras que examinem
com a maior circumspecção se as terras que se pe-
dem foram; ou não já dadas de Sesmaria para se
evitar as questões, que freqüentemente se suscitam
por falta de semelhante averiguação.

CAPITULO 25.o

Por ser informado, que as Mattas, que serviam


ao beneficio dos Engenhos de assucar, iam em mui-
ta diminuição, sem embargo de algumas serem de
pessoas particulares, e por convir ao bem publico
conservarem-se, tudo o que poder ser, encarreguei
-373-

ao Governador Dom Diogo de Menezes tomasse


desta matéria a informação necessária sobre os re-
médios que se deviam dar para que se conservasse,
emquanto podesse ser, assim para o beneficio dos
assucares, como das madeiras para os Navios, e
outras fabricas.

CAPITULO 26."

E porque pelo Regimento que mandei dar á


Relação titulo do Governador Capitulo 22, ordenei
também se expuzesse esta matéria, e depois disto1
fui informado que naquelle Estado são perdidos
alguns Engenhos, e outros estão occasionados a
se perderem por seu numero, sobre que mandei to-
mar informação em Portugal de algumas pessoas
praticas nas cousas daquellas partes do que se en-
tendeu ser a causa deste danino de se fazerem ps
Engenhos muito perto uns dos outros, sem conside-
ração da grande compra da lenha, que cada um ha
mister para a moenda de cada anno, e algumas pes-
soas, que não têm Engenhos, tendo terras de lenha
perto dos que as têm, as mandam roçar, e semear
nellas mantimentos, que é ainda de miais damno
continuar-se cada anno em se fazer a roça, e corta-
rem sempre os donos dos Engenhos, e de mais per-
to. sem lhe dar logar a tornar a crescer, e. assim
accrescentarem-se perto dellas Aldeias de índios,
que por haverem de roçar para sua sustentação, Ifo-
ram gastando muita lenha, e para isto se remediar
apontam que será conveniente ordenar-se que vem
nenhuma maneira se assente Aldeias de índios em
menos distancia dos Engenhos que uma légua, e
quando se faça roças para mantimentos por outro

'C- ..e^.-'......^.^^^;"^
j
T

— 374 —

tanto espaço, e os donos das terras dos mattos


vendam a lenha aos Engenhos por preço convenien-
te que se taxará pela Câmara, e Provedor da Ca-
pitania, em que estiverem os Engenhos, e não vin-
do os homens da lenha nisto de boa vontade, que-
rendo vender com ella as mesmas terras, serão obri-
gados os Senhores de Engenho a compral-as fazen-
do-se da mesma maneira avaliação1 dellas, e que
elles não possam cortar senão afolhando os mattos
em três folhas que se farão de maneira, que em ca-
da uma dellas haja perto, e longe, e para que assim
os vão cortando e tenham logar de crescerem umas
emquanto as outras se cortarem.

CAPITULO 27.o

E que se não façam Engenhos de novo tão


perto de outros, que não fique de uns a outros Io-
gar bastante, de que tirar lenhas, fazendo-se para
isso diligencia do Provedor da Capitania em que se
houverem de fazer; porque muito mais importaria
menos Engenhos com lenhas bastantes, que haver
mais com falta de lenha, e consumir-se de maneira
que venha a faltar a todos, e perder-se tudo. E|
por esta matéria ser de tanta consideração.a que
convém acudir-se com o remédio prompto, em cuja
execução não possa haver difficuldade, e duvida,
me pareceu não resolver nella sem mais informação,
o mandei escrever ao dito Dom Diogo de Menezes
encarregando-lhe tomasse a necessária, communi-
cando-o á Relação para que tomando delia a sua
me avisasse de tudo o que se achasse, com o seu
parecer, e o mesmo se encarregou aos. Governa-
dores, que lhe succederam; e
porque até agora se
— 375 —

não tem satisfeito, eiicommendo ao Governador sai-


ba o estado disto, feitas as diligencias, que tiver por
convenientes, me avisará do que achar, e se lhe offe-
reccr, com toda a clareza, e distincção, e com tal
brevidade, que se ganhe tempo no que convir orde-
uar.
OBSERVAÇÃO

Nestes três Capítulos se recommenda a Roque


da Costa Barreto dê a informação pedida ao Gover-
nador Dom Diogo de Menezes, e a seus Successores
sobre a conservação das Mattas em beneficio dos
Engenhos de assucar, e necessárias também para
dellas se extraírem Madeiras para os Navios, e ou-
trás Fabricas, e se apontam os meios, que algumas
pessoas lembravam para se evitarem estes inconve-
nientes, sendo- um não se permittir que se construish
sem tão perto, uns dos outros, sem logar bastante
para se fazer tirar lenhas. O Alvará de 13 de Maio
de 1802 excitou a providencia já dada a este res-
peito na Provisão de 3 de Novembro de' 1681 or-
denando. que se não' possa fabricar Engenho algum
de assucar sem ficar meia légua de distancia entre
outro já construído, precedendo licença do Go-
vernador da Capitania. No Regimento desta Rela-
ção de 13 de Outubro de 1751 tt. 2." § 29 se lhe
recommenda igualmente tenha especial cuidado so-
bre as lenhas, e madeiras, que se não corfem,
nem queimem para fazer roças, ou outras cousas
em partes, que se possam escusar.
Uma das qualidades de madeira de mais esti-
mação, e abundância, que ha nesta Capitania é o>
Tapinhoan, que tem sido objecto de diversas Or-
dens prohibindo o uso aos particulares.
— 376 —

A Provisão de 3 de Agosto de 1738 determi-


nava que se não podesse extrahir esta qualidade
de madeira para fora deste Porto, que não fosse
para as Fabricas das Naus de Sua Magestadíe, e que
os Vassallos Portuguezes podessem delia forrar os
seus Navios somente dentro do Porto, punindo-se a
transgressão com a pena de oitocentos mil reis, me-
"Fazenda
tade para o denunciante, e metade para a
Real, e perguntando-se nas devassas gera es por
este caso que se manda seja da residência dos
Governadores; porém pela Carta Regia de 8 de
Março de 1773, eseripta ao Marquez do Lavradio
(Documento N.° 50) se ordena que os partícula-
res não 'possam fazer uso algum delia sem licença
Regia expedida pela Secretaria de Estado^ coinpe-
tente debaixo da pena do anoviado; o que pires en-
temente se pratica permittindo-se-lhes somente com-
prar á Fazenda Real a de refugoi em conseqüência
da providencia dada por aquelle Vice-Rei em Carta
de 9 de Novembro do mesmo anno eseripta ao
Provedor da mesma Real Fazenda emquanto não
chegasse Resolução Regia.
Nesta Capitania já não ha aquella abundância
de macieiras que havia em outro tempo; porque as
infinitas derrubadas, que no espaço de tantos an-
nos se têm feito por causa das plantações, e para. as
embarcações da Coroa, e dos particulares, são, cau-
sa de estarem destruídas as matfas, de sorte que já
senão encontram paus de construcção em todo o Re-
não encontram paus de construcção em todo o Re-
concavo em menos distancia de quatro léguas dos
rios navegáveis, por onde se possam conduzir para
esta cidade, e somente na Ilha de Santa Catharina
é que se poderão extrahir com mais commodidade.
— 377-

Ao meu antecessor, e aos mais Governadores das


Capitanias marítimas do Brasil se dirigiu pela Se-
cretaria de Estado competente a Carta Regia em
data de 13 de Março de ,1797 (Documento N.° 51)
em que se declara ser da propriedade exclusiva da
Real Coroa todas as mattas, e arvoredos á borda
da costa, ou dos rios, que desemboquem imme-
chatamente no mar, e por onde em jangadas se
possam conduzir as madeiras cortadas até as praias,
'futuro
proihibindo-se que para o se possam conce-
der Sesmarias em taes Sitios, e dando-se as mais
providencias sobre esta matéria, que nella se apon-
tam; mas não é possível executar-se aqui a sua
disposição' inteiramente; porque já se não acham
madeiras de construcção em mattas próximas aos
lios, e ainda as que se cortam na distancia apon-
tada para oi Real Serviço, são todas tiradas dos En^
gen;hois, e Fazendas dos particulares, que com os
seus bois as fazem conduzir gratuitamente até a bor-
da da água com vexame, e prejuízo da Lavoura, de
sorte que o Governo se vê muitas vezes obrigado
a interpor a sua autoridade para que os Lavradores,
e Seinhoresi de Engenho- prestem semelhante auxilio
sendo da Intenção de Sua Alteza que dos partícula-
res se exija para este serviço o menor sacrifício pos-
sivel, como se manifesta dos paragraphos dos Offi-
cios da Secretaria de Estado dirigidos ao meu, Am-
tecessor nas datas do primeiro de Outubro de 1798,
de 16 de Março, e 22 de Setembro de 1800 (Dõcu-
mem/to N.° 52, N.° 53, e N.° 54). A mencionada Car-
ta, Regia declara também que haja um Juiz Conser-
vador das mattas, ou mais, segundo a necessidade
exigir, e para esta Capitania foi nomeado o Des-
embargador Intendente Geral do Ouro Diogo de

!:
-378-

Toledo Lara Ordonhos por Aviso da mesma Secreta-


ria de Estado de 6 de Agosto de 1798 (Documen-
to N.° 55) emprego que sendo necessário nas Ca-
pitauias da Bahia, e Pernambuco, onde ha maior
abundância de madeiras de construcção, e de mais
fácil transporte, apesar de estarem muito estragadas
as mattas pelo ferro, e fogo, o coilisidero desneces-
sario /nesta, e até incompatível com o exercício de
Intendente Geral do Ouro, que deve residir nesta
Cidade, otnde também é Presidente da Mesa da
luspecção; parecendo-me sufficiente a cláusula im-
posta nas Cartas de Sesmarias que obriga a todos
os Sesmeiros a não cortarem os paus Reaes, e de
lei, reeomuiendando-se a vigilância sobre esta mate-
ria aos Ouvidores das Comarcas, aos Coronéis de
Milícias de cada um dos Districtos, como até agora
se tem praticado.
E' pais o meu parecer que no novo Regimento
se recoinimende a execução: do Alvará de 13 de Maio
de 1802 sobre a construcção dos Engenhos, como
P^^^ também as Ordens que ha a respeito do taboado de
tapinhoan, evitando-se o extravio, e casfigando-se
os que o commetterem com as penas estabelecidas,
e que nas Cartas de Sesmarias se continue a pôr a
cláusula de que os Sesmeiros serão obrigados a coin-
servar os paus Reaes para Embarcações, particular-
mente o Tapinhoan, e Paróba observando-se igual-
mente o que se acha disposto nos paragraphos 9 e
10 do Alvará de 5 de Outubro de 1795, apesar,de
estar por ora suspensa a sua execução, e a imencio-
nada Carta Regia de 13 de Março de 1797 naquillo
que for applicavel a esta Capitania.
— 379 —

CAPITULO 28.o

E porque o pau Brasil é uma das rendas de


maior importância que a minha Fazenda tem naquel-
le Estado, e corre a administração delle pela Junta
do Commercio na forma das Provisões, e que para
esse effeito lhe mandei passar, terá o Governador
particular cuidado, que íiãoihaja nelle descaminho, e
que as partes, donde se tirar seja de modo, que se
não prejudique as plantas novas, pelo damno que
disso resulta á minha Fazenda, e que os Administra-
dores da Junta guardem no corte deste pau o Regi-
mento que mandei passar, avisando-me do que nesta
matéria se faz e parecer.

OBSERVAÇÃO

Nesta Capitania, e em outras ha o pau Brasil;


mas creio que o de melhor qualidade é o de Per-
nambuco-, donde se fornecia o Contractador, quan-
do este ramo das Rendas Reaes andava contractado.
Governando a Bahia reimetti varias porções delle, di-
rígidas á Secretaria de Estado competente; mas por
aquella Repartição me expediu depois Ordem para
suspender o corte.
O Alvará de 3 de Junho de 1609 (Documen-
to N.o 56) determina o que se deve praticar na
Devassa do pau Brasil, e o do primeiro de Agosto
de 1697 (29) estabelece as penas contra os extra-
viadores.
Deve-se pois ordenar, que não haja delle desça-

(29) Ord. L. 5 tt. 112 Coll. 1 Nfi 2.


— 380 —

ininho, como se recommenda neste Capitulo, e no


Aviso expedido pela Secretaria de Estado dos Nego-
cios da Marinha, e Domínios Ultramarinnos em data
de 1.° de Dezembro de 1797. (Documento N.° 57).

CAPITULO 29.o

O Governador Alexandre de Souza, governam


do esse Estado me deu conta terem-se descoberto as
Minas de Salitre, e para se saber a utilidade dellas,
e bonda des destes, posto que se mandaram fazer to-
das as diligencias até o presente não resolveu effei-
to algum, e assim encommendo muito, e mando
ao Governador mande fazer esta experiência pelo
Polvorista da Praça da Bahia, e depois delia fei-
ta me informe com o seu parecer do custo quejpode-
rá fazer á minha Fazenda o quintal deste Salitre,
posto na Bahia, ou na Praça, que mais perto houver
das Minas, e se .haverá pessoas que as tomem por
sua conta, e o preço por que se ajusta o quintal
do dito Salitre na sobredita forma, para que dando-
me de tudo conta, resolva este negocio de tanta uti-
lida de para o provimento da Pólvora deste Reino, e
suas Conquistas, pondo logo o cuidado, e diligencia
para o bom effeito desta fabrica.

OBSERVAÇÃO

A matéria deste Capitulo foi logo objecto de re-


petidas Ordens dirigidas da Corte aos Governadores
Geraes do Estado. E' certo que se tem descoberto
salitre em algumas partes do Brasil, como no Sitio
chamado dos montes altos Comarca de Jacobinaper-
tencente á Capitania da Bahia, distante da Cidade
— 381-

para cima de cento e cincoenta léguas por terra,


onde em outro tempo se chegaram a estabelecer fa-
bricas por conta da Fazenda Real, cujo serviço
mandou o Governo interino suspender pelos annos
de 1762, por estar informado da falta, que havia
de lenha, e pastos para gados, e por ser pouca a
quantidade deste mineral que então se extrahia das
betas. Governando a Capitania da Bahia se or-
denou por Carta Regia de 18 de Março de 1797,
mandasse a José de Sá Bitencourt visitar as Nitrei-
ras, e indo a Montes Altos examinou o logar, e
fez uma memória sobre este assumpto, em que con-
cluia haver alli grande abundância, lembrando algu-
mas providencias, que se deveriam dar, sendo uma
clellas abrir-se uma nova estrada para encurtar o ca-
minho, ficando reduzido a oitenta léguas, e se faci-
litar o transporte em conseqüência do que se ome;
expediu a Carta Regia de 12 de Junho de 1799, par-
ticipando-se-me que o dito José de Sá ficava encar-
regado debaixo .da minha insipecção da direcção das
Nitreiras inaturaes, e artificiaes, que se iam estabele-
cer, e da abertura do !novo caminho, a que se deu
principio, deixando quando dalli parti doze léguas
de estrada aberta, que me coinsta estar concluída, |e,
povoada de alguins Casaes de Ilhéus, que se remette-
ram.
Em Officio da Secretaria de Estado de 31 de
Março de 1797 se ordenou ao meu successor pu-
zesse todo o desvelo mo descobrimento de terra ipro-
pria, para se extrahir o salitre, o que também se lhe
••ecoímmendiou por Officios de 28 de Agosto, e 24
de Setembro de 1798, apesar de terem sido mallo-
gradas as. diligencias que se fizeram, e com o de 17
de Março de 1800 se lhe remetteu um Exemplar de
— 382 —

uma Carta, que João Manco Pereira escrevera da


Capitania de São Paulo para onde partira em conse-
quencia de outro Officio expedido pela mesma Se-
cretaria em data de 10 de Novembro de 1796 sobre
a Nitreira artificial estabelecida em Santos, para que
nesta Capitania adoptassem as idéias e instrucções
que se encontram nesta obra.
Não foi possível descobrir-se atégora nesta Ca-
pitania, como se participou para a Corte em Car-
tas die 30 de Junho, e 3 de Dezembro de 1797.

CAPITULO 30.°

A pescaria das BaLeias íno Estado do Brasil hei


por mui recòmmendado ao Governador, para que
procure se faça, e cresça o lanço diella, a maior nu-
mero que ser possa, e que a fabrica que toca, á mi-
nha Fazenda a ,entregiiem os Contractadores uns
aos outros sem diminuição, ,e na arrecadação deste
Contracto, e do da fabrica, como nos mais rçndi-
mentos da minha Fazenda mandará ter todo o cui-
dado fazendo as advertências necessárias ao Prove-
dor-Mor, e Provedores para que as ditas rendas e
Contrários cresçam para se poder acudir á despesa
desse Estado.

OBSERVAÇÃO

O Alvará com força de L^i de 24 de Abril de


1801 aboliu o Contracto das Baleias do Brasil.
Nesta Capitania se faz actualmente a pesca por con-
ta da Real Fazenda, e se observam as Ordens so-
bre ^ste ramo das rendas Reaes que pelo Erário se
expedem á Junta da Fazenda.
-383-

CAPITULO 31.o

E as despesas das Folhas Ecclesiasticas, e Se-


cular;, Gente de Guerra, e quaesquer outras, que se
costumam fazer, e as extraordinárias, que se offe-
recerem para o bom Governo e defensão de todo o
listado mandará o Governador fazer do rendimen-.
to dos Dízimos, e mais consignações applicadas
a estas despesas, nas quaes terá toda a vigilância
para que se façam como convém, assim pelo que
toca ao Provedor-Mor, e Provedores, como ás Ca-
maras, lemquanto administrarem os Donativos, e
impostos, como de presente o fazem.
E não tomará o dito Governador dinheiro dos.
def tintos, ou do Cofre dos Órfãos, ainda que fal-
tem os rendimentos, e sendo as necessidades urgen-
tes, que não> tem logar para me avisar, em tal 'casq
se valerá de empréstimos de pessoas, que o possam
fazer sem oippressão, dando-lhe suas consignações,
em que sejam pagas com a pontualidade devida. ;

OBSERVAÇÃO

As Folhas Civil, Militar, e Ecclesiastica são


formalizadas e ipagas pelas Juntas da Fazenda das
Capitanias do Brasil, que administram, e arreca-
dam todas as rendas Reaes na forma das Ordens,
que se lhe expedem pelo' Erario>, sem que as Cama-
ras administrem presentemente, como faziam em ou-
tro tempo, alguns donativos, ou impostos.
Quanto a prohibir-se ao Governador servir-se
do Cofre dos defuntos, e ausentes, ou dos Órfãos,
ainda que faltem os rendimentos para as despesas,
é esta prohibição conforme ao que dispõe o Capi-
-384 —

tulo 24 do Regimento do Provedor, e Offi-


cia es dos defuntos, e ausentes de 10 de Dezembro
de 1613, e a Provisão de 8 de Fevereiro de 1710
(Documento N.° 58).

CAPITULO 32.«

E para saber o Governador como se ha de


haver na matéria das despesas mandará continuar
o pagamento das Folhas, sendo primeiro por elle
assignadas com seu Alvará de correr, emquanto eu
não mandar o contrario, e nellas porá sua vista o
Provedor-Mor da Fazenda, e havendo oceasião de
guerra, ou outra extraordinária, se façam as des-
pesas por Alvarás do dito Governador passados pelo
Escrivão da Fazenda, e com vista do Provedor-Mor
delia, a quem ordenará lhe entregue logo os trás-
lados authenticos assim das ditas Folhas, como das
mais despesas, que se fazem, tudo por menor, que
me enviará na primeira Embarcação que convir as-
sim a meu Serviço, o que obrará, tanto que tomar
posse do Governo Geral, e os papeis, que ha de re-
metter, são um pé de lista de Infantaria, que achar
na Praça da Bahia, entrando as primeiras planas,
com o que cada um vence, e por que Patentes, Al-
varas, e Provisões dos Officiaes da Artilharia, Con-
ctestaveis, e Artilheiros com as Folhas Ecclesiasti-
ca, e Secular, como já fica dito com distineção
das pessoas, seus vencimentos, Ordens, e decla-
ração dos que tiverem excessos de vantagem; outra
Relação dos gastos extraordinários, que não entram
nas duas Folhas, livraiiças, reparos das Fortalezas,
despesas da Artilharia, concerto de Armas, e Arma-
zens, e quanto se paga á Misericórdia da cura
— 385 —

dos Soldados, e o que poderá importar um anno


por outro, e se nos soccorros que se lhe fazem se
desconta alguma cousa para o mesmo Hospital, e o
que importará por anno, e outra semelhante Relação
me enviará por menor de todas as despesas, que faz
a Câmara, assim como os Officiaes, e Soldados,
como ordenados, que paga, gastos das festas, e as
mais despesas que tiver, e a Ordem que para isso.
tem: e o. mesmo mandará obrar o Governador nas
Praças de todo o Estado, assim pelos Officiaes ide
minha Fazenda, como pelos das Câmaras dellas, com
Relação dos Rendimentos, que houver, subsídios, im-
postos, e Dízimos. E porquanto em todo o Estado
ha vários Officiaes de Justiça, Fazenda, e Guerra
que têm seus Regimentos, e outros sem estes, todos
muito confusos, e encurtados com varias Provisões,
Alvarás, e Cartas, por cuja causa se não observam,
e ser conveniente, assim pelo que toca a meu Servi-
ço, como por bem de Justiça, e bom Governo desse
Estado emendarem-se, e reformarem-se, tendo-se
consideração ao tempo presente, encommendo, e
mando ao Governador que também faça trasladar
todos os Regimentos, Ordens, Cartas, Alvarás, Pro-
visões, e Decretos, que tenho passado assim minhas,
como dos Senhores Reis meus Predecessores, e dos
Governadores Geraes do Estado, e de outras pes-
soas que tiverem Ordens minhas para as passar, e
os mais papeis, que a isto pertencerem, e esta dili-
gencia mandará fazer do tempo que se achar estas
noticias até o presente. E todos estes papeis, rela-
ções, pés de lista, e folhas, que por este Capitulo or-
deno, mando ao Governador que será obrigado a
os mandar tirar e remetter ao meu Conselho Ultra-
marino dentro de um anno, desde o dia que tomar
— 386 —

posse, com o seu parecer, e informação, e dos Mi-


nistros na Relação, e Officiaes da Fazenda, Justiça,
e Guerra, que entender a podem dar, para melhor
se reformar as ditas Ordens, e Regimentos, e para
esse effeito a Ibem desta diligencia tanto do meu Ser-
viço, ordeno aos Officiaes de Justiça, Fazenda, e
Guerra de todo o Estado cumpram as Ordens, e
mandados do Governador como devem, e são obri-
gados, e particularmente estas sobre esta matéria
no tempo, que o dito Governador lhe limitar.

OBSERVAÇÃO

Depois que se erearam as Juntas de Fazenda


nas Capitanias do Brasil, se aboliu o emprego de
Provedor-Mor, não tem logar a formalidade pres-
cripta neste Capitulo para as despesas da Real Fa-
zenda, que todas em geral se mandam fazer, e
pagar pelas mesmas Juntas, que de seis em seis me-
zes remettem Balanços da Receita, e Despesa ao
Real Erário, a que immediatamente estão sujeitas.
Ha comtudo certas despesas, que o Vice-Rei, e mais
Governadores, por uma pratica constante, e neces-
sarra para se evitarem demoras, mandam fazer expe-i
dindo Portarias ao Intendente da Marinha, por
exemplo concertos de quartéis, Fortalezas, e Embar-
cações de Guerra, entrega dos gêneros dos Arma-
zens para as mesmas Fortalezas, e para a Tropa,
como pólvora, bala, fardamentos, etc, as quaes o
mesmo Intendente apresenta depois em Junta para
se saber a despesa que se manda fazer, e outras
iguaes ordens dirige também ao Inspector da Casa
das Armas, e do Trem para tudo que diz respeito
a armamentos, e petrechos bélicos.
— 387 —

O Decreto de 12 de Junho de 1779 partici-


pando ás Juntas da Fazenda em Provisão do Real
Erário de 12 de Julho do mesmo anno (Documen-
to N.° 59) faz declarar que este Tribunal é único,
e privativo para todos os Despachos, e mais Ordens,
que por qualquer motivo respeitem a despesas, e
que não compete ao Conselho Ultramarino, nem a
outro qualquer Tribunal, ou Magistrado mandar fa-
zel-as, assim nas Juntas da Fazenda, conto nas Pro-
vedorias dos Dominios Ultramarinos, Ilhas dos Aço-
res, e Madeira, excepto o único caso, em que por
Carta Regia assignada pela Real Mão se determi-
nem, que indispensavelmente serão participados ao
Presidente do Erário pelas Repartições, por onde se
expedirem, para ficar certo do que nellas se ordena;
porém o Vice-Rei, e mais Governadores do Brasil
recebem ás vezes pela Secretaria de Estado dos Ne-
gocios da Marinha e Dominios Ultramarinos Ordens
para algumas despesas da Real Fazenda, que nem
sempre vêm determinadas por Carta Regia; mas por
Officios do Secretario de Estado, as quaes faço con-
sultar na Junta para que se fique entendendo o que
ellas contêm; que ategora têm sido cumpridas, e
quando o não fossem por duvida que occorresse
fundada no mencionado Decreto, a exporia por
'aquella Repartição.
Neste Capitulo também se recommenda ao Go-
vernador fizesse trasladar todos os Regimentos, Or-
dens, Cartas, Provisões, e Decretos, que houvessem,
e remetter ao Conselho Ultramarino com o seu pa-
recer, e informação dos Ministros da Kelação, e
Officiaes da Fazenda, Justiça e Guerra, que enten-
desse o poderiam dar melhor, para serem reforma-
dos, providencia semelhante á que Sua Alteza foi
— 388 —

Servido dar em Provisão de 30 de Julho de 1796,


ordenando aos Governadores do Brasil enviassem o
Regimento ou Regimentos por que governavam, com
as Ordens, que o tivessem derogado, ampliado, ou
restringido, para se lhes dar outro de novo.

CAPITULO 33.»

E na matéria da despesa, que fizerem as Em-


barcações da Índia, que tomarem esse Porto, ou
outro qualquer desse Estado porque tenho resoluto
que os tomem; por evitar os damnos, e "fazerem,
descornmo-
dos que experimentam de assim o não <e
para melhor segurança de sua viagem, e terem noti-
cia das cousas da Europa, e poderem seguir ao Rei-
no, como convém; ordenará o Governador que as
despesas que em seu apparelho, e fornecimentos se
fizerem assim as que arribarem indo para a índia,
como as que vierem daquelle Estado, se tiverem do
Donativo de Inglaterra, e paz de Hollanda, fazen-
do-se com toda a comta, e razão n,a forma da Car-
ta, que malndei escrever a esse Governo em 8 de*
Março de 672, em que ordeíhei se registasse nessa
Secretaria, e nos Livros de minha Fazenda, o que
mandará obrar, como pela dita Carta se lhe ordena,
e Provisão, que com ella se remetteu na data de 2
de Março do mesmo anno, ordenando que assim se
execute o que se dispõe na dita minhai Carta, em-
quanto ás despesas das ditas Embarcações, como á
forma, em que os Officiaes deíias hão de proceder
na venda dais, roupas, e fazendas de suas liberdades
que dispõem a dita Provisão, de que, e da Carta se
dão as copias, e em nenhum caso se consentirá que
com os ditos fornecimentos, e apparelhos se despem.
— 389 —

dam outros rendimentos mais que os declarados do


Donativo de Inglaterra, e paz de Hollanda, porquan-
to os desse Estado estão applicados somente para
os pagamentos dos Presídios, e Folhas Ecclesiasti-\
ca, e Secular, e (quando não se tenha feito aviso.aos
Governos, e CapitaniaiS da jurisdição desse Gover-i
no sobre este particular, hYo mandará o Governa-
dor fazer, assim aos Governadores, e Capitães-
Mores, como aos Provedores de minha Fazenda
com a copia deste Capitulo, e da Carta, e Provisão
que nelle se aponta.

OBSERVAÇÃO

Todas as Embarcações de Guerra, que tocam


nos Portos do Brasil seja qual for o seu destino
são soccorridas de tudo, o que necessitam, pela
Fazenda Rea!l, e assim não tem logar a disposição»
destes Capítulos, emquanto^ nelles sé determina que
'a
as Naus da Coroa destinadas para índia fossem
assistidas pelo rendimento do Donativo de Inglater-
ra, e paz de Hollanda, quando estas contribui-
ções já cessaram.

CAPITULO 34.0

E sendo caso que neste Reino se não arrendem


os Dizimos, e mais Rendas Reaes, e Donativos,
que não estiverem appldcados ás Câmaras de todo o
Estado, ou se não mande Ordem do modo com
que se deve correr com a administração de uma, e
outra eousa pelos Ministros de minha1 Fazenda, a
que toca, em todo o caso, para que se não perca,
ou se venha a difficultair a arrecadação, o Governa-
-390-

dor mandará arrecadar pelos Officiaes da Fazenda


do mesmo Estado a que assistirá, fazendo que Be
Ijj arrende os ramos de cada Governo, e Capitania, por
ter entendido que arrendados nesta forma crescerão
mais, e se poderão meljhor arrecadar, é no arren-
damento se guardará o Regimento de minha, Fazen-
da'; porque tenho resoluto que tudo o que sobejar
das rendas de todo o Estado, depois de satisfeitas
as despesas ordinárias delle, se remetia a este Rei-
no para se empregar nas cousas necessárias ao
aproveitamento do Governo, e augmento do mesmo
Estado. Assim .hei por mui encarregado ao Go-
vernador remettendo tudo á Ordem do meu Conse-
ljho Ultramarino, guardando, e executando o dispôs-
to neste Capitulo com toda a pontualidade.

OBSERVAÇÃO

Não tem Ipgar a disposição deste Capitulo;


porque as Juntas da Fazenda das Capitanias do
Brasili são as que administram, e arrecadam as ren-»
das, e Contrários Reaes, segundo as Ordens qute re-
cebem do Erário.

CAPITULO 35.°

A Justiça é de tão grande particuliar obriga-


ção minha, e tão necessária' para conservação, e
accrescentamento dos Estados, que tudo o que na
administração delia encommendar, e encarregar,
será muito meinos do que desejo; porém confio
do Governador que com tal cuidado procure se fa-
ça inteiramente, que não só me lhaja dél(le por bem
servido; mas satisfeito em tudo o que toca a, esta
-391-

obrigação, e seja o meio com que aquelle Estado vá


em augmesnto, e nas matérias de Justiça guardará o
dito Governador o Regimento da Relação delle, pelo
que toca ao seu titulo, e fará que o ChancelleY, e
mais Desembargadores cumpram com a obrigação
de seus Cargos, e Regimentos na forma que por
elle é disposto, dando-me particular conta do pro-
cedimento de cada um, e fazendo a todos bom trar
tamento, como a Ministros de Justiça, e havendo da
sua parte omissão no exercício de seus Cargos, e
despachos das partes, ih'o advertirá o Governador,
e continuando nella me dará conta, para eu ordenar
o que houver por meu Serviço, e para que eu tenha
noticia do que se obra na dita Relação, mandará o
Governador executar o que dispõe o Capitulo 16 do
Regimento delia, a que atégora se não deu cumpri-
mento, e de como assim o executa me dará conta
fielmente.

. OBSERVAÇÃO

Deve se recommendar ao Vice-Rei, que nas ma-


terias de Justiça guarde o Regimento da Relação do
Rio de Janeiro, fazendo que o Chanceller, e mais
Desembargadores cumpram com as obrigações dos
seus Cargos na forma que por elle é disposto;
pois. o de que trata este Capitulo é o da Relação
da Bahia, que naquelle tempo era a cabeça do
Estado. Offieio expedido pela Secretaria de Estado
competente do 1.° de Dezembro de 1803 (Documen-
to N.° 60) ordena igualmente que os Governado-
res, e Capitães Generaes do Brasil, depois de
tomarem posse do Governo, e de terem adquiri-
do um completo conhecimento das pessoas que lhe
-392-

são subordinadas, remetia annualmente por aquel-


Ia Secretaria, e pelas dos Negócios do Reino uma
exacta informação dos Bacharéis, e mais Ministros
empregados na Capitania.
Recommenda-se também aqui a observância do
Capitulo 16 do Regimento da Relação da Bahia
que ordena ao Governador mande fazer cada anno
um rol de todos os Feitos-crimes, e Civeis, que se
despacharam na Relação, e ficaram por despachar,
remettendo-o á Real Presença pelo Conselho Ul-
tramarino, o que se não acha acatttelado no Re-
gimento da Relação do Rio de Janeiro. As Cartas
Regias de 3 de Dezembro de 1692, 19 de No-
vembro de 1695, 10 de Novembro de 1698, 7 de
Novembro de 1699, e 20 de Dezembro de 1700 avi-
vam esta mesma matéria, declarando que nas Certi-
does, que os Escrivães houverem de passar, especi-
cassem nellas as causas, que se sentenciaram afinal
pelos Ministros da Relação de férias a férias, e as
que ficaram correndo.

CAPITULO 36.o

• Assim como convém a meu Serviço não deixar


tomar aos Donatários mais jurisdição que a que
lhes pertence por suppor suas doações, e ter-se nella
muita vigilância, e advertência, assim mesmo (hei
por bem que o Governador lhes não tome a sua,
nem consinta que os Ministros da Justiça, Fazenda,
e Guerra hYa tomem, nem quebrem seus privilégios,
nem doações, antes em tudo, o que lhe pertencer, fa-
rá o dito Governador cumprir, e guardar; porém
terá entendido que mandará observar inviolavelmen-
te o que se dispõe no Capitulo 25.° deste Regi-
393

mento sobre a jurisdição dos Donatários, e forma


em que devem ser providas suas Capitanias.

OBSERVAÇÃO

Sobre a matéria deste Capitulo remetto-me á


observação que fiz sobre o Capitulo 21.°.

CAPITULO 37.0

Hei por bem que com parecer da Relação possa


o Governador em meu nome passar Alvarás para
os culpados em alguns crimes se poderem livrar por
Procurador, em casos, que aliás se livrem soltos, e
que assim possa passar Alvarás de busca a Carce-
reiros, para se fazerem fintas para obras publicas
dos Conselhos até quantia de cem mil reis, e para
se poder seguir appellações, e aggravos, sem embar-
go de se não appellar, e aggravar em tempo de se-
rem havidos por desertos, e não seguidos, e para se
entregar fazenda de ausentes até quantia de duzen-
tos mil reis, e para se poderem provar pela prova de
direito commum contractos até a quantia de cem mil
reis, os quaes Alvarás despachará em Relação na
forma em que lhe concedo, e poderá passar Al-
varas de fiança, que se passarão em meu nome
com todas as cláusulas que se costumam passar
pelos meus Desembargadores do Paço, como é de-
clarado em Alvará feito em 13 de Setembro de
610: e outrosim hei por bem que o Governador
possa na forma que se costuma neste Reino, passar
Provisão ao meu Procurador daquelle Estado para
demandar pessoas delle por as causas, que per-
tencerem a minha Coroa, e Fazenda, porque as

^^
-394 —

quizer demandar, na forma de outra Provisão de


20 de Março de 611; e no que toca a passar per-
does, e Alvarás de fiança o que é disposto pelo
Regimento, e Relação.

OBSERVAÇÃO

Tudo quanto neste Capitulo se determina, está


mais expressamente declarado no Regimento da Re-
lação do Rio de Janeiro Tit. 4.° da Mesa em que
se devem despachar alguns negócios pertencentes
ao Desembargo do Paço. Pelo que toca ás dividas
da Fazenda Real, logo que pela Thesouraria Geral
se expedem as contas correntes ao Procurador da
Coroa, e Fazenda, requer o que convém em be-
neficio delia, para serem executados os devedores
no Juízo da Coroa, applicando-se a disposição do
Tit. 3.° § 6.» da Lei de 22 de Dezembro de 1761,
e quando este quizer demandar a qualquer pessoa, e
por as causas, que pertencem á mesma Coroa, se
lhe deve passar Provisão, na forma de outra Pro-
visão de 20 de Março de 1611 mencionada nes-
te Capitulo 37.
Quanto aos Alvarás para se poderem provar
pela prova do Direito eommum contractos até a
quantia de cem mil reis, na forma deste Capitulo,
e do Regimento da Relação no referido Tit. 4.°, a
Lei de 30 de Outubro de 1793 deu providencias
mais amplas a este respeito para o Brasil.

CAPITULO 38.°

Vagando alguns Officios de Justiça, Fazenda,


ou Guerra, maiores, e menores, assim por mor-
— 395-

tes, como por qualquer outra via," que seja, hei


por bem que possa o Governador prover a serventia
delles de todo o Estado, emquanto eu não man-
dar outra cousa em contrario, as quaes serventias
provera na forma que dispõe o Capitulo 7.° deste
Regimento, de que me dará logo conta pelas primei-
ras Embarcações, particularmente dizendo o Cargo,
que vagou, porque, e se deixou filhos, seu rendi-
mento, e a pessoa em quem o proveu; e porque
pelo Capitulo 19 dos Regimentos dos Governadores
de Pernambuco, e Rio de Janeiro, fui Servido ha-
ver por bem que elles provessem estas Serventias
cada uma em seu Districto, o de Pernambuco por
três mezes somente, e o> do Rio de Janeiro por
seis, pelos inconvenientes de não terem exercicio
os taes Offidos, emquanto não dava parte ao di-
to Governador Geral, assim que seja passado este
tempo, serão obrigados a darem posse aos que
elie prover, o que se não entenderá nos Cargos
de Guerra; pois estes provera na forma que está
disposto no Capitulo 20 dos mesmos Regimentos;
e posto que se diz ao Governador ha de prover os
cargos de Guerra, terã entendido que em nenhuma
maneira provera Mestre de Campo de Terço algum
que vague; porque este governará o Sargento-Mor
do mesmo Terço, emquanto eu não nomear Mestre
de Caimpo, e vagando o Sargento-Mor do Terço,
servirá o> Capitão mais antigo com o mesmo Posto
de Capitão-, e vagando Capitães de Infantaria go-
vernarão os seus Aíferes as Companhias, emquan-
to eu não prover estes Postos, e só se entenderá
este Capitulo, e o 7.° deste Regimento, e o 20
dos Governadores de Pernambuco, e Rio de Janei-
— 396 —

ro; nos mais'Postos de Guerra que vagarem, me


dará conta o Governador como fica dito.

OBSERVAÇÃO

Quanto ao provimento dos Officiaes de Justiça,


e Fazenda remetto-me inteiramente á minha obser-
vaçao sobre o Capitulo 7.°, que trata também des-
ta matéria, sem que tenha logar presentemente, o
que aqui se determina a respeito do tempo; porque
podiam prover as Serventias dos Officios os Go-
remadores do Rio de Janeiro, e de Pernambuco;,
porque o Vice-Rei ha muitos annos que não pro-
vê os que vagam nas outras Capitanias do Brasil',
Pelo que toca aos Postos de Guerra, farei as
reflexões, que me oceorrerem, qua.ndo tratar dos
Capítulos 40, e 41 deste Regimento'.

CAPITULO 39.°

Hei por bem que por evitar as duvidas que até


agora houve entre o Governador Geral do Estado,
e o de Pernambuco, e Rio de Janeiro sobre a
independência, que pretendiam ter do Governador
Geral, declarar que os ditos Governadores são
subordinados ao Governador Geral, e que hão de
obedecer a todas as ordens que elle lhes mandar,
pondo-lhe o cumpra-se, e executando-as assim as
que lhe forem dirigidas a elles, como aos mais Mi-
nistros de Justiça, Guerra, ou Fazenda, e para que
o tenham entendido lhe mandei passar Cartas que o
dito Governador leva em sua companhia para lhe
remetter com sua ordem, e lhes mandará registar

.>¦¦¦-;:., ^„-i a..-'


— 397 -

nos Livros de minha Fazenda, e Câmaras, de que


lhes enviarão Certidões para me dar conta de como
assim se executou.

OBSERVAÇÃO

Depois que Thomé de Souza veiu em 1549 por


Governador Geral, não só da Capitania da Bahia,
mas de todas as outras Capitanias, e terras da Cos-
ta do Brasil houve sempre uma cabeça, a quem os
mais Governadores eram subordinados, ou com a
denominação de Governador Geral, ou de Vice-Rei
do Estado, sendo o primeiro que trouxe este Titulo
mais honorífico pelos annos de 1640 o Marque/, de
Montalvão.
Para evitar as duvidas sobre a independência
que os Governadores de Pernambuco, e do Rio de
Janeiro pretendiam ter do Governador Geral, se de-
clara neste Capitulo, que os ditos Governadores,
como os mais Ministros de Justiça, Guerra, ou Fa-
zenda lhe são subordinados, e que devem obedecer a
todas as ordens, que lhes mandar, a Resolução «de
16 de Maio de 1716 participada em Provisão de 26
do referido mez, e anno com a qual concorda a Pro-
visão de 26 de Outubro de 1722, ou Carta Regia de
14 de Novembro de 1724 (Documento N.° 61, N.° 62,
e N.° 63) escripta ao Governador, e Capitão Gene-
ral do Rio de Janeiro, e remettida ao da Capitania
de São Paulo (30) determinam também expressa-
mente que os Governadores do Brasil devem cum-

(30) Arca. da Secr. do Gov. da Bahia L. 18


de Ord. Reg. f. 80.
- 398 —

prir as ordens do Governador Geral, ou do Vice-Rei


excepto se forem contrarias ás da Secretaria de Es-
tado ou do Conselho Ultramarino, ou ao notório in-
teresse do Real serviço, e que são obrigados a dar-
lhe conta dos seus governos. Confirma isto mes-
mo a Provisão (31) de 12 de Dezembro de 1717
expedida a Dom Pedro de Almeida, Governador de
S. Paulo, e Minas sobre a pretenção que tinha de
governar igualmente o Rio de Janeiro; pois- nella
se declara que a sua pretendida prerogativa só é
concedida aos Governadores Geraes do Estado- do
Brasil, os quaes se sairem da cabeça principal a
qualquer das Capitanias do mesmo Estado, as hão
de governar, ainda que estejam nellas os seus Go-
vernadores por serem seus subalternos e não pode-
rem mover com elle competência sobre este parti-
cular.
E' certo que no aviso do Secretario de Estado
Francisco Xavier de Mendonça Furtado de 4 de
Fevereiro de '1765 dirigido ao Vice-Rei o Conde
da Cunha (Documento N.° 64) -e aos Governado-
r-es interinos da Capitania da Bahia (32) sobre a
duvida que entre ambos occorrera á cerca do provi-
mento do Director da Costa da Mina, que elle pro-
vera, se diz que os Vice Reis da Bahia, posto quie
tenham a denominação de Vice Rei de todo o Esta-
do, não provia-m os postos, nem Governavam nas
outras Capitanias, em que havia Governadores im-

(31) Arch. da Secr. do Gov. de Minas Geraes


Maço, N.° f. 129.
(32) Arch. da Secr. do Gov. da Bahia L. 65
sw Ord. Reg. f. 7 e 8.
399

mediatos a Sua Magestade, por ser esta a pratica


que sempre houve, e em que se fundou a Provir-
são (33) de 19 de Janeiro de 1729 remettida por
copia pelos Governadores, que expressamente decla-
ra a Vasco Fernandes César de Menezes não po-
der prover os postos, que vagassem nos differenr
tes Governos do Brasil, e que por isso militava o
mesmo na Capitania do Rio de Janeiro para onde
se mudara a residência do Vice Rei, a respeito de
Pernambuco, Bahia, e outras.
Podem-se combinar esfas ordens, dizendo-se
que antigamente o Governador Geral, ou o Vice Rei
do Estado do Brasil, governava todas as Capitanias
sendo-lhe os mais Governadores Subordinados pro-
vendo todos os officios de Justiça, Fazenda, e Guer-
ra e os Postos Militares, e de Ordenanças expediu-
do aquellas ordens que julgava convenientes para o
bom regimem, e governo dellas, e que depois
Gover-
que entraram estas a serem governadas por
nadores, e Capitães Generaes com igual jurisdi-
ção, e poder em certas matérias e a reputarem-
se como separadas, e distinctas deixaram de lhe
ficar sujeitas, quanto á sua economia, e governo
interior; porém não naquellas cousas que respei-
tarem principalmente á defesa geral do Estado, ou
ás or-
que elle lhes ordenar, não forem contrarias
dens que tiveram recebido, ou pela Secretaria de Es-
tado,ou pelo Conselho Ultramarino na forma decla-
rada na citada Carta Regia de 14 de Novembro de
1724, e em outras Regias Determinações já aponta-
das, que se não acham derogadas; e é este o

(33) Iden L. 25 f. 117.


-400-

motivo, por que ainda hoje se declara expressa-


mente nas Patentes, que se passam aos Capitães
Generaes do Brasil, que gosern da jurisdição, e
alçada concedida pelas Reaes Ordens, e Instrucçõcs,
com subordinação somente ao Vice Rei, e Capitão
General de Mar e Terra do Estado do Brasil clau-
sula, que bem manifesta a sua superioridade e
autoridade sobre os mais Governadores de
qual-
quer ordem, e graduação que sejam.
CAPITULO 40
E assim hei por bem que o dito Governador
não crie officio algum de novo, nem aos
que esli-
verem creados accrescente ordenado, nem soldo a
pessoa alguma, nem praças mortas, entretenimentos,
escudos de vantagem, e reformações, nem crie de
novo Officios de Milícia, salvo fôr em acto de P*uer-
ra, por que succedendo, criará os
que forem neces-
sarios, c acabada a occasião os deporá e reformará,
de modo que não vençam paga, nem hajam soldo
sem minha especial licença, e fazendo o contrario o
que delle não espero; se lhe dará em culpa, e será
obrigado a pagar por sua fazenda os ordenados
soldos e entretenimentos, e escudos de vantagem,
que der contra a forma deste Capitulo, e quando, lhe
parecer que ha necessidade de crear algum officio,
ou augmentar salário, me avisará
para eu o ordenar
o que houver por meu serviço.
CAPÍTULO 41
E porque sou informado
que contra a forma do
Regimento das Fronteiras se criam muitos officios
de Guerra melhorando-os aos Postos, sem
terem os
annos que o mesmo Regimento dispõe.
Hei por
bem que nos officios,
que forem providos daqui em
diante se observe a forma seguinte.
Não se apre-
-401-

sentará praça de Capitão de Infanteria, a quem não


tiver servido seis annos effectivos de soldado, e três
de Alferes, ou dez annos effectivos de soldado,
ainda que com licença os haja interrompido, con-
tanto que o tempo da licença, e ausência se não
inclua nelles, que constará por fés de officios, e
se fôr pessoa de muita qualidade, em que concorra
virtude, animo, e prudência, se poderá admittir em
ser consultado em Capitão havendo servido na
Guerra seis annos effectivos, ou ao menos cinco o
que se permitte ás taes pessoas, porque com ra-
zão se pôde presuppôr nelles maior capacidade, mais
antecipadas noticias, e indubitavel valor, e por es-
tes respeitos é bem não dilatar nelles tanto os pro-
vimentos, como nos mais. Os que houverem de
ser eleitos para Alferes sejam pessoas, que tenham
partes para o serem, e tenham servido quatro an-
nos effectivos, e ha de constar por certidão de
fés de Officios, e os mais annos de serviço terão
os que forem nomeados para Sargentos, e as no-
meações destes postos serão cios Capitães aprova-
dos pelos Mestres de Campo, e confirmados pelo
Governador. As pessoas, que houverem de ser no-
meados em Tenente de Mestre de Campo General,
hão de ter primeiro oecupado o Posto de Sargento
Mór de Infanteria paga, e os seus Ajudantes de
Capitães de Infanteria pagos, e os Ajudantes dos
terços passarão de Alferes de Infanteria pagos por,
patentes dos Governadores. Não se assentará pra-
ça, nem se poderá vencer soldo de Posto de Capi-
tão de Infanteria para cima inclusive, sem Patente
assignada por mim, nem se poderá acceitar deixa-
ção de nenhum destes Postos providos por mim, sem
Alvará meu, nem o Governador poderá reformar,
— 402 —

nem acceitar deixação de Ajudante, Alferes, ou Sar-


gentos, sem terem servido os três annos effeotivos
os faes Postos, porque em outra forma ficarão ex-
cluidos das reformações, nem de as poder pretender,
nem de vencer sol dos de reformados.
Mando ao Provedor Mór de Minha Fazenda, e
escrivão da Matricula, que não assente praça dos
Postos acima referidos a pessoas, em que não con-
corram os requisitos, e pelos Capítulos antecedeu-
tes ordeno devem ter os providos nelles, e nenhum
Conselho, nem pessoa poderá ter jurisdição para
supprir, e dispensar nelles, que as taes dispensa-
ções reservo para mim, e assentando algumas das
ditas praças contra o disposto nos ditos Capítulos
serão privados dos seus officios, e ficarão inha-
heis para tornarem a entrar em meu Serviço, e pa-
garão de suas Casais os Soldos que as taes pesw
soas receberem, e sendo caso que o Governador
lh'as mande assentar, lh'o replicarão por escripto, e
quando sem embargo disso lh/o mandarem, me da-
rão conta pelo meu Conselho Ultramarino, e as taes
pessoas, que forem prohibidas pelos ditos requisitos
se lhes não fará bom o tempo, e os Soldos, ,que
receberem se haverão pela Fazenda do Governador,
que para a cobrança delles remetterá Certidão do
que importarem ao meu Conselho, a quem encarre-
go que os faça executar pelas Certidões que os Pro-
vedores Mores remetterem.
OBSERVAÇÃO
Diversas ordens se expediram em differentes
épocas sobre a jurisdicção ora mais ampla, ora mais
restricta, que compete aos Governadores acerca do
provimento dos Postos Militares.
Pelos Regimentos antigos dados a D. Diogo de
-403 —

Menezes Furtado em 1621, ao Conde de Torre em


11 de Agosto de 1638, e a Antônio Teles da Silva
em 16 de Junho de 1642, que vi na Bahia, se deter-
minava que os Governadores Geraes podessem pro-
ver todos os Postos de Guerra, que vagassem em
todo o Estado, assim por morte como por outra
qualquer via, por patentes que expediram em seu
nome. Igual faculdade teve Roque da Costa Bar-
reto pelo Capitulo 7.° deste Regimento que autori-
zava a prover os postos que vagassem, á excepção
do de Mestre de Campo, que correspondia a Coro-
nel, que não podia prover, como é expresso no
Capitulo 38, accrescentando-se no 41, que se não
poderia assentar praça, nem vencer soldo do Posto
de Capitão para cima inclusive sem Patente assigna-
da pelo Real Punho.
Suscitando-se algumas duvidas entre o Marquez
de Angeja, sendo Vice Rei do Estado, e o Prove-
dor Mór da Fazenda sobre o provimento de um
Capitão vago, e outro criado de novo, se lhe ex-
Feve-
pediu uma Provisão (34) em data de 10 de
reiro de 1717 em que se lhe declarou podia prover
os Postos que vagassem segundo a resolução de 29
de Janeiro do dito anno tomada em Consulta do
Conselho Ultramarino, e ordenando:se depois a
Vasco Fernandes Cezar de Menezes, que quanto ao
e
provimento dos Postos Militares a observasse,
provendo este o Posto de Mestre de Campo, que
vagara no terço novo, se lhe participou em Provi-

L. de Ord.
(34) Arch. Secr. do Gov. da. Bahia
Extravag. f. 100.
— 404 —

são (35) de 16 de Fevereiro de 1746, que naquella


Regia Resolução communicada ao Marquez de An-
geja, se não revogava o Capitulo 38 do Regimen-
to, que exceptuava o provimento de Mestre de
Campo de tanta regalia, que aos Vice Reis da In-
dia lhes não era permittido provel-o de serventia.
Os Vice Reis Conde da Cunha, Conde de Azam-
buja, e Luiz de Vasconcellos e Souza, tiveram tam-
bem poder, e jurisdição pelas Provisões de 3 de
Setembro de 1767, e 18 de Janeiro de 1779 (Do»
cumentos N.° 65, e N.° 66) para proverem nesta
Capitania, e nas mais Subordinadas os Postos que
vagassem por morte, ou delicto, como praticavam
os seus Antecessores na Capitania da Bahia, indo os
providos somente a confirmar por Sua Magestade as
suas Patentes.
O decreto de 27 de Setembro, de 1787 remettido
ao mesmo Luiz de Vasconcellos e Souza com Aviso
da Secretaria de Estado dos Negócios da Marinha,
e Domínios Ultramarinos de 2 de Fevereiro do anno
seguinte (Documento N.° 67) autorizou aos Gover-
nadores, e Capitães Generaes do Brasil
para prove-
rem por commissão interina os Postos vagos, e
que
vagassem na Tropa paga, vencendo os
providos sol-
dos que lhe correspondessem, sem adquirirem direi-
to algum a elles, eniquanto não obtivessem a Ré-
gia confirmação, devendo remetter as propostas
feitas pelos Coronéis áquella Secretaria de, Estado:
mas resultando, desta providencia
graves inconve-
mentes foi Sua Magestade Servida ordenar
por ou-

(35) Arca. da Secr. do Gov. da Bahia L. 43


de Ord. Reg. f. 76.
-405-

tro Decreto de 20 de Outubfro de 1790, participado


ao Vice Rei em Provisão de 26 de Maio de 1791
(Documento N.° 68) que nenhum official de qual-
quer graduação^ que seja passe nem ainda interina-
mente a occupar o logar em que for proposto, an-
tes de ser effeetivamente provido por Patente.as-
signada pelo Real Tunho na forma determinada
no Regulamento de 1763, abolindo nesta parte o que
se achava disposto no mencionado Decreto de 27 de
Setembro de 1787, ficando em tudo o mais no
seu vigor, e observância.
Em conseqüência pois deste Decreto de 20 de
Outubro de 1790 fazem actualmente os Chefes,
dos Regimentos as Propostas dos Postos que va-
gam, que entregam ao Tenente General Com-
dante das Tropas desta Capitania, e este cio Vice
Rei na forma da Carta Regia de 10 de Maio de
1799, e Instrucções que a acompanharam (Doctt-
mento N.° 21) o qual as remette á Secretaria de
Estado competente com as suas observações. Na ge-
ral disposição desta Real Ordem que prohibe os
provimentos interinos, persuado-me se não deve
comprehender os Capellães, nem os Cirurgiões Mo-
res; e porque os Regimentos não podem estar um
só instante sem estes empregos julgo necessário que
se declare que vagando proponham os Chefes aos
Governadores pessoas para os exercitarem, ás quaes
sendo capazes mandarão assentar praça, e pagar-
lhes o competente Soldo, emquanto não obtêm a
Regia Confirmação. '
As Fortalezas também não podem estar sem os
seus respectivos Commandantes, cuja nomeação, e
escolha é, e sempre foi da regalia do Vice Rei, e
por isso quando ha vaga, nomeia um official que

^—__
-406 —

lhe parece capaz de accommodar, fazendo-se pre-


ciso que sua Alteza se digne declarar se' lhe deve,
passar Patente; pois parece que o citado Decreto
de 20 de Outubro de 1790 somente falia dos offi-
ciaes dos Corpos de Linha, ou propoí-o meramen-
te pela Secretaria de Estado competente, como pra-
ticou o meu Antecessor, e eu igualmente pela du-
vida em que entrei a este respeito, que expuz go-
vernando a Capitania da Bahia por aquella Reparti-
ção, de que não tive decisão. Em algumas das
principaes Fortalezas desta Capitania ha também
Ajudantes; que vencem o diminuto soldo de seis
mi! reis por mez, e para estes Postos são nomea-
dos quasi sempre alguns inferiores dos Regimentos
pagos, parecendoni-ne que quando o forem, devem
vencer o seu competente soldo, reputando-se por
vagos os logares que dantes oecupavam, como aqui
se tem observado; porque nem as Companhias po-
dem estar sem áquelles Inferiores, nem elles fazerem
o serviço de Ajudantes sem se reputarem como taes,
logo que são nomeados, o que supposfo me
parece
próprio que os continue a prover por Patentes, como
pratica com os Ajudantes dos Corpos Milicianos em
virtude do Alvará de 17 de'Dezembro de 1802.
Quanto ao provimento dos Ajudantes das Or-
dens estão os Governadores do Brasil autorisados .
pela Real Resolução de 27 de Janeiro de 1751 com-
muni cada em Provisão de 25 de Fevereiro do mes-
mo anno (Documento N.° 69)
para escolherem
nos Regimentos dois officiaes, como actuaknente
observa, que lhes parecerem mais. hábeis
para as-
sistirem ás ordens até Capitão de Infanteria, dando-
se-lhes o mesmo Soldo dos Postos,
que oecupam, e
- 407 —

mais dez mil reis por mez, além do sustento para


um cavallo, ficando vagos os de que saem.
Tudo quanto nestes Capítulos se determina ácer-
ca dos Numbramentos de Alferes, não tem presen-
temente logar; porque já não são nomeados pelos
Capitães e o mesmo digo a respeito dos annos de
Serviço, que devem contar os que forem propostos;
pois nas Propostas só se attende ao merecimento, e
antigüidade, sem que seja absolutamente preciso
contar certo numero de annos de serviço para este
fim.
Ao Governador também lhe é prohibido refor-
mar (36) accrescentar soldos, e crear Postos de
novo, e fazendo o contrario se lhe dá em culpa;
e fica obrigado a satisfazer pela sua fazenda os sol-
dos que indevidamente contra esta disposição man-
dar pagar, e parecendo-lhe que ha necessidade de
se crear algum de novo, ou augmentar soldos, deve
dar conta para se lhes ordenar o que fôr justa. Por
estes mesmos Capítulos está autorizado para crear
os que fossem necessários, em acto de Guerra, de-
mittindo-os (37) acabada ella, e reformando-os de

(36) O Vice Rei está autorizado pela Carta


Regia de 10 de Maio de 1799, e Instrucções que a
acompanharam (Documento Np 21) para reformar
soldados, o que também se tem entendido a respeito
de officiaes inferiores, ouvindo primeiro ao Tenen-
te General Commandante das Tropas desta Capita-
nia.
re-
(37) O Alvará de 12 de Agosto de 1793
gula o modo das Demissões dos Empregos Milita-
res, e Civis.
-408-

forma que não vençam soldo sem especial licença


Regia, sobre que Sua Alteza resolverá o que for ser-
vido.

CAPITULO 42

E porque me haverei por bem servido que o


Bispo desse Estado, e mais pessoas Ecclesiasticas
sejam pagos dos seus ordenados, e Ordinárias, que
lhe vão na folha Ecclesiastica, e vencem por Provi-
soes para as Fabricas da Igreja, e sobre isto lhe.
mandei passar varias Provisões, por que ordeno se
lhes pague com muita pontualidade, e tendo a isso
obrigação por razão dos Dizimos que dos indtü/tos,
e Bulas da Sé Apostólica estão applicadas á Coroa
de Portugal, sendo minha vontade se lhe cumpram
as ditas Provisões, e a de 10 de Novembro de
611, por que se ordena que nos arrendamentos, que
se fizerem nos dizimos do Estado, se separem logo,
e fiquem separados' os Ordenados, e Ordinárias e
que de tudo se lhes faça pagamento com dinheiro
por Folha feita por meus Officiaes, a qual se entre-
gará ao Prioste da Sé, para por ella cobrar do ren-
deiro e fazer pagamentos aos Ecclesiasticos, e Igre-
ja a seus tempos ordenados com toda a satisfac-
ção, e que a quantia assim limitada, para paga-
mento dos ditos Ordenados, e Ordinárias, se não
possa por nenhum modo dispensar pelos Governa-
dores, nem Provedores Mores da minha Fazenda
em cousa alguma, por precisa, e necessalria
que seja,
e fazendo o contrario possam os Ecclesiasticos ha-
ver por suas fazendas a quantia
que cada um despem
der ou mandar depender além de se lhe dar em cul-
pa em suas residências, nas quaes se perguntará por
-409 —

este particular: pelo que mando ao Governador que


assim o cumpra, e faça inteiramente cumprir, eguar-
dar, porque fazendo o contrario não receberei escusa
alguma, e lh'o extranharei muito, advertindo a forma
deste pagamento sobre os ordenados, que vencem os
Capitulares presentes pelos ausentes por resolução
que se tomou em virtude da Portaria desse Governo
de 20 de Setembro de 658, de que até agora se me
não deu conta, e sou servido que ao Prioste se entre-
guem somente os Ordenados, e Ordinárias dos Ec-
cliesiasticos actuaes, e presentes que nesta forma
se façam as folhas pelos Officiaes da minha Fa-
zenda, a que toca e cumprindo-o o Governador da
sua parte com a obrigação disposta neste Capitulo,
procurará saber se a fazem os Ecclesiasticos na de
seus Officios e se as Igrejas são servidas, e o
culto Divino tratado com a decência devida; porn
que posto que esta obrigação seja particular do Bis-
po, a deve ter o Governador em geral em lhes (fa-i
zer as lembranças necessárias, fazendo honra, e bom
tratamento aos que se avantajarem, e me avisará de
como elles procedem, e se ha alguns revoltosos.
OBSERVAÇÃO
O Bispo, Capitulares, e Vigários das Freguezias
desta Capitania, são pagos de suas Congruas, e
Ordinárias na Folha Ecclesiastica pela Junta da
Fazenda, e é justo que o Vice Rei como Presidenn
te da mesma ponha todo o cuidado em que o sejam
pontualmente. Neste Capitulo também se lhe re-
commenda procure saber se os Ecclesiasticos cum-
prem com o seu dever, e o culto Divino se faz
com a decência de vida; é posto que esta obriga-
ção seja mais própria do Bispo, lhe toca também:
admoestar, honrando aos que se destinguirem, dan-
410-

do parte dos seus procedimentos, e dos que forem


revoltosos.

CAPITULO 43

Muito lhe encominendo a boa correspondência,


conformidade que deve sempre ter com o Bispo, e
mais Ecclesiasticos de todo o Estado; e assim lhe
encommendo, e mando se não intrometia na júris-
dição Ecclesiastica, procurando sempre procurar a
minha pelo modo que deve ter, que praticará com
os Ministros da Relação; e em caso que o Bispo
se queira intrometa nella, o que delle não'espe-
ro, acudirá o Governador com bom modo, e pru-
dencia não lh'o consentindo, e me avisará de tudo.

OBSERVAÇÃO

O modo por que o Governador se deve dar


com o Bispo, e mais Ecclesiasticos, está acaute-
lado neste Capitulo, e em outras ordcns.\
No primeiro Regimento da Relação da Bahia se
lhe recoimmendava tivesse particular cuidado* em
guardar, e fazer que se guarde a jurisdição Eccle-
siastica, e que intromettendo-se o Bispo na Se-
cular, intentando proceder com censuras, se tomasse
conhecimento dos recursos nos casos que o Direito
permitte no Juizo da Coroa, como é também expres-
so no titulo 8." do Regimento desta Relação.
Nas instrucções que Martinho de Mello e Cas-
tro deu ao Marquez de Valeiíça quando veiu go-
vernar a Capitania da Bahia, tratando do Governo
Ecclesiastico, lhe recommcndava o protegesse em
todas as funeções do seu Ministério, prestando-lhe
— 411

o auxilio do braço secular, mostrando obediência,


resignação, <c respeito pelo seu Prelado, e exacta ob-
servanoia das suas Pastoraes determinações em tudo,
o que se conformassem com as regras, disciplina ipi
Cânones da Igreja, e não fossem contrarias á so-
bcrania, e Regia autoridade, e não excedessem,
ou transgredissem as leis, á sombra das quaes vivem
os Vassallos em sooego, e segurança, não se esq-ue-
cernido aquelle Secretario de Estado, quando as for-
malizou, de ponderar as disputas, e controvérsias
em que são freqüentes entre os Bispos, e Tribunaes*
nem deixando de apontar o systema, que o Gover-
nadar deveria abraçar nestes casos, qual era de não
tomar iparte nelles, reduzindo-se tão somente a insi-
nuar, e (persuadir aos Ministros a exacta observam
cia das Leis, de que são executores, e a informar
com toda a exactidão a El Rei no caso que as
contestações, ou processos envolvam accidentes, em
á Real
que seja preciso remcttcl-os rnediatamente
Presença: bem entendido, que quando os procedi-
mentos dos Prelados fossem prejudiciaes ao Estado,
incompativeis com as Leis, ou diametralmente oppos-
tas a ellas, os não devia tratar com indiferença; mas
antes fazer conhecer ao Arcebispo com suavidade, e
brandura os inconvenientes que delles resultavam,
não (procurando rebater a repugnância, ou animosi-
dade, que encontrasse da iparte do Prelado, com
autoridade;
procedimentos desabridos, e de própria
amas usando de um temiperamento prudente evitando
e conflicto ide
quanto fosse ipossivel toda a disputa,
do acerta-
jurisdições servindo-se nestes encontros i
do, e seguro arhitrio de dar conta a El Rei, e esipe-
rar as suas Reaes Ordens, para então as executar
com effieacia, firmeza, e resolução.
— 412 —

Em um dos iparagraphos (Documento N.° 70)


da Carta Regia, que pela Secretaria de Estado
competente se me expediu, quando fui nomeado
Vice Rei do Estado, que serve de Instrucção, se
trata também desta matéria.

CAPITULO 44

E acontecendo que os Desembargadores da Re-


lação do Estado, ou outros Julgadores, e pessoas
tenham
que têm obrigação de administrar justiça,
algum descuido, por que mereçam reprehensão do
Governador, hei por bem os admoeste, e não se
emendado, e faltando á sua obrigação, e despa-
cho das partes lhe mandará pôr ponto em seus or-
deiiados, e quando sejam comprehendidos em ai-
'mandará proceder contra os
guns delictos graves,
faes, até se porem os autos a final, e assim con-
clusos sem nelles se dar sentença m/os enviará; para
eu o mandar sentenciar neste Reino, e em tudo o
mais que tocar aos Desembargadores da Relação, e
Julgadores de todo o Estado, guardará, e fará cum-
prir o que pelo Regimento de seus Cargos são
obrigados a guardar, e ao dito Governador os hei
a todos por mui eneommendados para os favorecer,
como é devido a Ministros de Justiça; e sendo ne-
cessario aconselhar-se, ou saber alguma cousa dos
Ministros da Relação<, ou outros Julgadores, ou Mi-
nistros da Minha Fazenda de qualquer qualidade,
que sejam os poderá mandar chamar á sua Casa em
todo o tempo, e .horas, sem lhes admittir escusas,
para tratar com elles o que convir.

'..'<:¦¦ ¦'-. ---i


.-.,'
"

— 413-
•il
OBSERVAÇÃO

Autoriza este Capitulo ao Governador para re-


prehender aos Desembargadores da Relação, ou a
outros Julgadores, e pessoas, que têm obrigação de
administrar justiça; o que é conforme ao que de-
termina a este respeito a Ord. L. 1, tt. 1 § ^45, e
para lhe mandar pôr ponto nos seus ordenados (38)
não se emendando, e faltando ás suas obrigações,
e despacho ás partes. Neste Capitulo também se
expõe a forma, por que se ha de proceder contra
elles, sendo coimprehendidos em alguns delidos
graves, e ao mesmo tempo os ha a todos por mui
reoommendados ao Governador para os favorecer,
como é devido a Ministros de Justiça, e so declara
finalmente que sendo necessário aconselhar-se, ott
saber alguma cousa delles, ou de outros Julgado-
res, ou Ministros de Fazenda de qualquer qualida-
de que sejam, os possa mandar chamar (39) a sua

(38) O Decreto de 29 de Janeiro de 1641 pos-


to que anterior a este Regimento, que vem a Ord.
do L. tt. 1, Coll. 2. N.o 29. declara que o Re-
gedor não possa tirar a nenhum Desembargador da
Fotha, para que se lhe não pague o seu ordenado
sem primeiro dar conta a El Rei, e o mesmo de-
termina o Regimento da Relação do Rio de Janeiro
no TU. 2. § 18.
(39) Convocou o Conde dos Arcos a sua casava- !I o,

rios Ministros da Relação para os consultar a respeU ! !


to do abuso com que se contavam os salários ao Es-
crivão dos Contos: negaram-se alguns a darem os
seus parèceres, recorrendo entre outros pretextos ao
— 414 —

Casa, em todo o tempo, e hora, sem lhe admirtir


escusa, para tratar com elles o que convir; e por-
desobedeceu ao chama-
que a Câmara desta Cidade no
do do Governador, foi por este reprehendida
Real Nome ua presença das pessoas mais principaes,
em conseqüência da Carta Regia de 8 de Novembro
de 1694 (Documento N.° 71) e em outra occasião
foi suspenso o Juiz de Fora por igual motivo por
tempo de quinze dias, por Regia Resolução de 9 de
Novembro de 1715 participada ao mesmo Gover-

do
de que sendo aquella Junta feita com assistência
Secretario do Estado, red acção de parece res a escri p-
do
to,e mais soleiiiúdades declaradas no Capitulo 56
Regimento do Governo, não devia votar-se naqueíla
matéria, por não ser aquelle caso dos comprehendi-
dos no referido cap., e só particularmente se de-
via fazer na forma do Cap., 44 do mesmo Regimen-
to; ,o que sendo presente a El Rei foi servido re-
solver por resolução de L° de Dezembro de 1758
em
participada ao Chanceller, e Desembargadores
Provisão de 9 de Fevereiro de 1759. Arch. da Re-
lação da Bahia L. 2. de Prov. Cart. Reg. e Alv.
f. 184, que os Ministros podem ser chamados para
serem consultados nos negócios do Real Serviço, e
sem
que devem votar sobre o que se lhes propuzer
escusa, ainda que se não tivesse concedido expressa
faculdade ao Governador para este fim nos Capita-
los 44, e 56, do Regim., por pedir a razão que se
não negassem a exercido algum do Serviço, e me-
nos a um tão importante, como o de aconselhar
a quem governa, quando entende que necessita des-
te meio para acertar.
-415 —

nador em Provisão de 23 de Dezembro do dito


anno (Documento N.° 72) estranhando-se-fhe com
tudo mandar-lhe metter em Casa Officiaes de Guer-
ra para assim o obrigar.
Sendo permittido ao Governador pelos Regi-
mentos antigos, suspender por alguns dias sem
vencimento de Ordenado aos Letrados, Julgadores,
e pessoas que têm obrigação de administrar Justiça,
havendo descuido por que o mereçam, precedendo
primeiramente admoestaçãO', e no caso de se não
emmendarem, eram expressamente exceptuados desse
procedimento os Desembargadores da Relação, de-
clarando também a Carta Regia (40) de 28 de Mar-
ço de 1705 dirigida ao Chanceller que o Gover-
nador Dom Rodrigo da Costa, não tinha autoridade
para suspender ao Desembargador Luiz da Costa de
Faria, que servia de Procurador da Coroa, rnan-
dando-lhe levantar a suspensãoi, e restituir os Orde-
nados, e propinas que deixara de cobrar. Quando
governei a Capitania da Bahia fui obrigado a sus-
pender a um dos Desembargadores da Relação por
impugnar passar ás Ilhas de S. Thomé, e Príncipe a
certa diligencia importante do Real Serviço, que me
era summamente recommendada; e dando conta
pela Secretaria de Estado competente do procedi-
mento, que pratiquei, depois de ter usado primeira-
mente dos meios mais brandos, para que a diligen-
cia não ficasse frustrada; se me expediu uma Car-
ta Regia em data de 21 de Junho de 1797 em que
se approvava tudo quanto pratiquei a este respeito, e

1. de Prov.
(40) Arch. da Relação da Bahia L.
Cart. Reg. e Alv. f. 126.
-416 —

se declara que só por causa publica, e em caso de


tal gravidade, como o de que se tratava, é que os:
Governadores podem usar de um acto de semelhan-
te autoridade, e que se algum o praticasse com o
fim de violentar, ou perverter o natural curso da
Justiça, ou por vinganças particulares, seria res-
ponsavel na Real Presença de um tal abuso de
autoridade.
Os motivos por que o Governador da Capitania
de Maranhão D. Fernando Antônio de Noronha,
mandou prezo para a Corte ao Juiz de Fora da^
quella Cidade José de Araújo e Noronha, deu cau-
sa á Real Resolução de 10 de Fevereiro de 1798
participada ao Vice Rei, c a todos os Governado-
res da America em Provisão de 14 de Março do
mesmo anno (Documento N.° 73), em que se de-
clara que se não possam suspender, e remetter pre-
so para o Reino aos Magistrados sem Ordem Ré-
gia, pena de responsabilidade, salvo nos casos ur-
gentes, em que o Real Serviço, e a causa publica
exigirem taes resoluções, de que se tomará conheci-
mento no Conselho Ultramarino.
E' prohibido aos Desembargadores da Relação
pelo Alvará de 22 de Novembro de 1610 (Doucmen-
to N.° 74) que faz menção da disposição da Ord.
L. 1, tt. 94, casarem-se no Brasil sem licença Ré-
gia, pena de suspensão, recommendando-se sejam
logo embarcados para o Reino obrando o contra-
rio: o Decreto (41) de 26 de Março de. 1734 de-
termina o mesmo a todos os Ministros de Letras,:
que passam a servir nas Conquistas, e no Estado

(41) Ord. L. 1. tt. 94 Coll. 2 NP 1.


— 417 —

da índia, ficando os que não observarem não só sus-


pensos pelo mesmo facto; mas riscados do serviço
sem poderem usar da insígnia da Toga tendo-a, cuja
observância se recommendou ao Vice Rei do Brasil
por Carta Regia de 27 do referido mez, e anno, e
ao Governador do Rio de Janeiro por outra de igual
data (Documento N.° 75).

CAPITULO 45

E sendo informado de que alguns officiaes fa-


zem o que mão devem a seus Regimentos, ou são
negligentes, e não cumprem o meu Serviço, ou
despacho das partes, os admoestará, e repreheinde-
rá segundo merecem, e se depois de serem admoes-
tacíos se não emendarem; hei por bem que os
possa suspender, e tirar dos offieios pelo tempo
que lhe parecer, dando-lhes o mais castigo que
merecerem, e emquanto assim forem suspensos
provera a serventia dos Offieios, em quem os sir-
va pela maneira atrás declarada, e os Officiaes,
que mando que admoeste, e repre.henda será em
caso que lhe pareça que não mereçam castigo: por
que merecendo-o, os castigará, segundo a qualidade
de suas culpas, vendo o caso em Relação com os
Ministros delia, com os quaes sempre resolverá
em todas as cousas, que propriamente forem de
justiça, para que nella se proceda'judicialmente.

OBSERVAÇÃO

Autoriza este Capitulo ao Governador para re-


prehender àquelles Officiaes, que não cumprem
com os seus Regimentos, ou forem negligentes, e
-418 —

não emen-
até para os suspenderem no caso de se
darem, provendo outros em seu logar, sobre cujos
á observância que fiz ao
provimentos me.remetto
Capitulo 7." O Chaiiceller na forma do Tit. 3."
do Regimento desta Relação, conhece, como Juiz da
Chancellaria, por acção nova dos erros de todos os
Officiaes de Justiça desta Cidade, e quinze léguas
os
ao redor, e por appellação dos erros de todos
outros officiaes de justiça do Districto da mesma
os A d-
Relação, que são nella sentenciados com
juntos, que nomeia o Governador.

CAPITULO 46

As pessoas, que deste Reino forem degradadas


tan-
para esse Estado, ordenará o Governador, que
to que a elie chegarem, se lhes assente praça na-
cumprir seus
quellas partes, aonde lhes ordenar vão
degredos, não levando partes certas em suas sen-
tenças, e que sejam confrontadas com paiz, terras,
signaes e annos de degredo; e posto que hão de
vencer soldo estando em Presidio, não poderão ser
occupados em postos, ou Officios na forma da
Ordenação; e pretendendo as taes pessoas Fés
de Officios se lhes passarão com todas estas decla-
rações para que lhes não sirva de prêmio a pena do
delido, como mais em particular o mandei decla-
rar por Carta de 31 de Março de 670, que orde-
nei se registasse nas partes necessárias, de que me
dará o Governador conta se assim se tem executado.
E acontecendo que alguns dos degradados mereçam
taes serviços na terra, ou no mar, que pareça que
não somente devem ser perdoados do tempo que
lhes faltar dos seus degredos, mas habilitados para
419

poderem servir os Officios que nelles couberem, as-


sim de Justiça, como de minha Fazenda, hei'por
bem os possa o Governador prover nas serventias
delles, quando vagarem, dando-me conta; porém,
isto se não entenderá nos que forem degradados por
furtos, ou falsidades, ou outros delictos de ruim
exemplo.
OBSERVAÇÃO

A disposição deste Capitulo uão tem presente-


mente logar; porque nas Relações do Reino ha
muitos annos se não costuma impor a pena de de-
gredo para certas partes do Brasil, como Peruam-
buco, Bahia, e Rio de Janeiro; além de que to-
dos os degradados remettidos de Lisboa, e do Por-
to nos navios mercantis vêm com guias dirigidas ao
Ouvidor do Crime, em as quaes se declara o tem-
po, e o logar do degredo, e quando são transpor-
tados nas embarcações da Coroa, se escreve aos
Governadores, os quaes reeommendam ao Magistra-
do coimpetemte os faça remetter para onde se des-
tinam nas occasiões que se offerecerein.

CAPITULO 47

Por ser informado que ha naquellas partes mui-


tos Maimalucos ausentes, e fugidos por ferimen-
tos, ou outros insultos; hei por bem que indo
os ditos Maimalucos, que andarem ausentes, e que
não tiverem culpas graves, nem parte offendida,
que o Governador a alguma guerra mandando-lh'0,
ou promettendo-lh^o, lhes possa perdoar em meu no-
me as culpas que tiverem com parecer dos Ministros
da Relação.
- 420 -

OBSERVAÇÃO

Não tem logar a disposição deste Capitulo:


manifesta do
nelle faltam algumas palavras como se
seu contexto.
'CAPITULO
48

Por ser de grande inconveniente a meu Serviço,


e Fazenda o Commercio dos Extrangeiros nessa Ca-
o prohibir conforme as
pitania, houve por bem de
Leis, e prohibições que mandei passar: e porque
convém muito que os que sem licença minha, e con-
tia a forma do Capitulado nos Tratados, que se cc-
lebraram entre esta Corte, e a de Castella, e os Es-
lados de Hollanda, de que também gozam os vas-
sallos de El Rei de França, pelo tratado que com
elle se fez, forem tratar, e commerciar ás ditas
Capitanias, sejam castigados segundo as Leis, e
contra os
prohibições, procedendo na forma dellas
sueceden-
que assim forem comprehendidos. Mas
do que algum navio de qualquer destas Nações se
derrote nesses mares e lhe seja necessário tomar
algum porto daquella jurisdição, e valer-se de
alguns foinecimentosv ou ajuda, ordenará o Gover-
nador que se lhe não falte com a boa correspondeu-
cia que pede a amizade que conservo, com estas
Nações; porem por nenhum modo se lhes permitia
vender, nem comprar fazendas algumas pelo dam-
no, que disso poderá resultar ao Commercio dos
meus Vassallos, c com a mesma hospitalidade se ,ha-
verá o dito Governador com os navios de outras Na-
ções amigas, que forem por alguns casos derrota-
dos aos portos dessa jurisdição.
— 421 —

CAPITULO 49

E para que tenha o Governador entendido-,


como deve haver-se com os navios de Inglezes, e
Hollandezes, que em virtude dos tratados forem
com licença minha aquelle Estado; ultimamente fui
servido resolver por ajustamento que se fez com o
Embaixador de França, que no despacho ordina-
rio, que pelo Provedor dos Armazéns se costuma
dar ás Naus Extrangeiras, que saem deste Porto
para as Conquistas, se expressasse o nome, e Na-
ção do Navio do Capitão, e Mestre delle, o logar
donde é vizinho., o numero de gente e Artilharia,
e toneladas, o nome do fretador, se o houver, ou
pessoa, por cuja conta vae, a parte para onde, e a
escala que leva, e as fazendas constarão dos bilhetes,
que se deram ás partes no Consulado, por onde
consta haverem pago os direitos na forma do Tra-
taclo, e este despacho levarão os Mestres ao Bra-
sil, ou á parte, aonde, forem, para o apresenta-
rem aos meus Ministros, ficando registado nos Ar-
mazens, para a todo o tempo se saber a forma
delle, e constar de tudo o referido nás conquis-
tas desta minha resolução para que os ditos Capi-
tães, e Mestres dos Navios Extrangeiros não pos-
sam allegar ignorância, procedendo-se na forma
das minhas Ordens contra aquelíes que não leva-
rem estes despachos, nesta, ou uaquella forma com
que antes desta minha resolução, costumavam levar,
e ser com ella admittidos nas Conquistas, e deste
Capitulo, e do atrás declarado, e copias dos trás-
lados, que se entregam sobre o Cõmmercio dos
Extrangeiros nas Conquistas mandará o Governador
passar os traslados com ordens suas, para que os
— 422 —

Governadores e Capitães Mores da sua jurisdição


assim o executem, e lhe enviem certidões para
constar desta minha resolução, de que me dará
conta.

CAPITULO 50

E porque a paz celebrada entre esta Corte, e a


de Castella não declara o reciproco Commercio que
ha de haver entre ambas as Nações e somente no
'terceiro artigo do Tratado .que os Vassallos de uma,
e outra Coroa poderão usar, e exercitar Commercio
com toda a segurança por terra, e por mar, e assim
e da maneira que se usava em tempo do Senhor Rei
Dom Sebastião, quando os Vassallos de Hespanha
vão sem licença minha aos Portos desse Estado,
mandará o Governador proceder contra elles na
forma das Leis, e prohibições, que são passadas;
mas aos Navios que vierem das índias occidentaes.
Rio da Prata, e Buenos Aires e com prata, e ouro,
e não outras fazendas de Hespanha, lhes mandará
dar entrada, e poderão commerciar nos Portos
desse Estado, levando outros gêneros delle, e pa-
gando os direitos costumados, e por assim convir
a meu serviço, e ao bem dos meus Vassalos, e
quando se não abra este commercio por parte ide
Hespanha, porá o Governador cuidado, e diligen-
cia para ver se por via dos meus Vassallos se
pôde abrir pelos meios mais convenientes que possa
ser, o que lhe terei a particular serviço.

OBSERVAÇÃO

Nestes Capítulos 48, 49, e 50 se faz saber


-42 oo

ao Governador, como se deve haver com os Na-


vios Extrangeiros que buscam os Portos do Brasil;
e como esta matéria é de summa importância, e
tem sido objeeto de diversas ordens, as irei expondo
cronologicamente quanto fôr possível, fazendo a
este respeito as reflexões que me aecorrerem.
A mais antiga que encontro-, é o Alvará de 9
de Fevereiro de 1591 (Documento N.° 76>, que de-
terminava que nenhum Navio Extrangeiro podesse
ir ás Conquistas do Brasil, e da Costa da África
sem licença assignada por El Rei, sob pena de
perdim-ento do mesmo Navio, e de todas as Fazen-
das, que nelle se achassem, e de serem presos os
transgressores, e haverem as contendas na Ord.
L. 5 tt. 102 defendendo igualmente, que nenhum
dos Vassallos do Reino, e Conquistas, podessem
fretar Naus Extrangeiras, nem levar nos Navios Na-
cionaes qualquer pessoa de outra Nação sem ter
para isso a dita licença debaixo das penas que nelle
se impõe: e porque se começou a abusar das li-
cenças que El Rei concedia em virtude deste Al-
vara, para se -evitar tão grandes damnos, se orde-
nou pela Lei de 18 de Março de 1605 (Doeumen-
to Sf.o 77)} que nenhum Navio de quaesquer Na-
ções Extrangeiras podesse ir á índia, Brasil, Guiné,
e Ilhas, excepto ás dos Açores, e Madeira: que
nos Nacionaes não podessem embarcar Extrangei--
ros, e que os que se achassem nas Conquistas,
seriam obrigados a voltar para o Reino em tempo
certo, e determinado, ficando perdido o Navio Ex-
trangeiro, e a sua carga, obrando o contrario,
e incorrendo nos mesmos Extrangeiros, que em Na-
vios seus, e alheios, ou nossos fossem a estas par-
tes, além da perda das suas fazendas na pena de
— 424 —

morte, que se executaria sem appellação, nem ag-


Governador, Capi-
gravo'por mandado de qualquer
tão, ou Julgador, ante quem fossem accusados,
como também contra os Vassallos Portuguezes, que
freqüentassem aquelles Navios, ou por si, ou por
outrem mandassem ás conquistas.
Os tratados, que celebramos com algumas Po-
tendas, também declaram a formalidade, e modo
no Brasil os Navios Ex-
por que se podiam admittir
trangeiros: o que é inteiramente conforme ao que
se achava disposto nas Leis antecedentes.
Nos artigos 3.° e 4.° do Tratado das pazes ce-
lebradas entre Portugal e Hollanda em 6 de Agosto
de 1661, se permittiu aos Povos das Províncias
unidas negociar assim do Reino de Portugal para
ò Brasil pagando os direitos, como reciprocamente
do Brasil para Portugal em quaesquer mercadorias,
excepto páu Brasil, declarando-se no artigo 21 da
ratificação feita em 31 de Julho- de 1669, que os
no Brasil, o
que quizessem negociar, ou mercadear
não poderiam fazer em direitura; mas seriam obri-
Portos de Por-
gados á ida, e voltar a entrar nos
tugal: remetteram-se por copia com o artigo 4.°
do Tratado de Inglaterra, e os dois da paz de
França tocantes ao Commercio; ao Governador do
Brasil Affonso Furtado de Mendonça com Carta
Regia (42) de 4 de Março de 1671 para ficar ,na
intelligencia do seu conteúdo, advertindo-o que
admitisse aos Navios Hollandezes, e Inglezes nesta
forma, ou na em que até agora costumavam vir.

1-
(42) Arca. da Secret. do Gov. da Bahia L.
de Ord. Reg. N.° 545.
-425-

Ao mesmo Governador se enviaram com Cartas


Regias (43) de 2, e 21 de Maio de 1672 os ar,
tigos (44) 19, e 20 daquelle Tratado com os HoL
landezes, e os 18, e 19 do Tratado de
paz, e
a alliança celebrado entre Portugal, e Inglaterra
datado em Westminster em 10 de Julho de 1654
para que fosse sabedor do numero de vasos de guer-
ra de ambas estas Nações, que podem entrar nos
Portos, e Domínios de Portugal, e o que havia
de praticar com as presas (45) que estas duas Po-
tendas fizessem, entre as quaes estava então rota
a guerra.
Os Extxangeiros não podiam residir no Brasil
sem licença de El Rei, e ao Governador desta Ca-
pitania se ordenou por Carta Regia de 24 de De-
zembro de 1689 (Documento N.° 78) fizesse em-
barcar para o Reino os que a ella passassem ;sem
justos motivos, accrescentando-vse nos de 4 de

(43) Arch. da Secret. do Gov. da Bahia L. 1,


de Ord. Reg. Np 574, e 604.
(44) Ao Governador do Rio de Janeiro João
da Silva e Sousa se remetterão lambem por copia
estes mesmos artigos com Carta Regia de 2 de
Maio de 1672 registada no L. 10 de Registo Ge-
ral da Provedoria da Fazenda f. 298 para que os
observasse nos Portos de sua furisdicção, praticando
o mesmo com, os Navios de França.
(45) Vejam-se os Decretos impressos de 1.°
de Agosto de 1780, de 17 de Setembro de 1796, e
de 3 de Junho de 1803 remettidos ao Vice Rei com
o Officio da Secretaria de Estado de 18 do mesmo
mez, e anno para o fazer observar.
-426 —

Fevereiro (46) e 20 de Março de 1694 (Documen-


com os
tos N.° 79, e 80) praticasse o mesmo
especial
Bispos, Religiosos, e Clérigos, que sem
ordens
ordem se achassem nas Conquistas. Algumas
era
comtudo declaravam que pelos Tratados antigos
somente quatro famílias
permittido estabelecerem-se
de Inglezas, e Hollandezas; e porque constou ha-
ver maior numero se recommendou ao Governador
Geral por Carta Regia (47) de 28 de Fevereiro
de 1707, que deixando só as quatro famílias de
Inglezes, e Hollandezes, fizesse .embarcar para o
Reino todos os mais sem remissão o que também
se ordenou ao Governador desta Capitania por avi-
so da Secretaria de Estado de 5 de Abril de 1709
(Documento N.° 81).
Outra igual recommendação teve o Marquez de
Angeja por Carta Regia (48) de 11 de Março de 1716,,
e rcparando-se no Conselho Ultramarino que elle
tratava por Cônsul ao Francez Luiz Pantigui, quan-
do Pretendendo El Rei Christianissimo que fosse
com patente de Sua Magestade, lh'a não concedera,
informou que achara o estylo de haver sempre na
Bahia Visconsules das Nações Franceza, Hollande-
za, e Ingleza, e que quando acontecia vir algum
, Navio Extrangeiro em tempo que não existia, aqui
semelhante emprego se nomeava um homem da sua

(46) Esta mesma ordem se expediu ao Govér-


nador Geral do Estado. Arch. da Secr. do Gov. da
Bahia L. 4 da Ord. Reg. N.° 11.
(47) Arch. da Secret. do Gov. da Bahia L. 8
de Ord. Reg. f. 74.
(48) Idem L. Extravag. f. 89 v.
-427-

Nação para lhe assistir, e fazer as vezes de Vis-


cônsul: que tinha havido três Cônsules Francezes
com commissâo para o ser, um Visconsul por com-
missão do Cônsul, que assistia na Corte, em que se
declarava ser concedida por Provisão que para isso
tinha de Sua Magestáde, em cumprimento das capi-
tulações das pazes. Sobre esta circunstanciada in-
formação do dito Marquez houve uma decisão, que
lhe foi participada por Aviso (49) do Secretario de
Estado de 21 de Abril de 1717, em que se lhe comir
munica, que além das quatro casas estipuladas, só
se deviam tolerar Extrangeiros que fossem casados
com Portuguezas, e que tivessem filhos, não sendo
homens de negocio, remettendo-se todos os mais
para o Reino; quanto aos Visconsules se não do
viam permittir nas Conquistas, por não terem os
Cônsules do> Reino faculdade para os nomear, o que
igualmente se fez saber ao Governador do Rio dq
Janeiro por Provisão de 9 de Abril de 1717 (Do-
cumento N.° 82).
Urna das ordens mais essenciaes promulgadas
a este respeito é a Provisão (50) em forma de Lei,,
de 8 de Fevereiro de 1711.
Nella se recommenda aos Governadores das
Conquistas não admittam nos Portos dellas Navios
alguns Inglezes, ou de outra qualquer Nação Ex-

(49) Arch. da Secr. do Gov. da Bahia L. 12


de Ord. Reg. Np 27.
(50) Ord. L. 5 tt. 107 Coll. 1. Np 9. Arch.
da Secr. do Gov. da Bahia L. Extravag. N.° 6
/ 62 e no L.° 10 de Ord. Reg. N.° 32 se acha um
Exemplar impresso.
— 428 —

frotas do Rei-
trano-eira senão incorporados com ás
Tratados, ou
no e voltando assim na forma dos
de man-
obrigados de alguma tempestade, ou falta
necessário,
timentos, para então se lhe asistir com o
mandando-os sair sem lhes permittir commercio
algum debaixo das graves penas impostas ás pes-
soas, que com elles commerciarem ou consentirem,
o não impedirem.
que comnierceiem, ou sabendo-o
Apontou o Marquez de Angeja para a Corte as
razões' cie conveniência, que poderiam resultar do
commercio em geral, ou em particular com os Ex-
trangeiros, que viessem ao Estado do Brasil com
fazendas, lembrando também os meios que pare-
ciam adequados para o estabelecimento desta per-
missão, segurança, e defensa das Conquistas: res-
Agosto de
pondeu-se-lhe por resolução de 22 de
1715 participada em Provisão (51) de 9 de Se-
tembro do mesmo anuo, fizesse observar, e obser-
vasse a Lei, de que aCabo de fallar de 8 de Feve-
reiro de 1711, não permittindo aos Extrangeiros ne-
gocio, nem outra cousa mais, do que ella determina,
tirando-se devassas, dando-se buscas, lançando-se
rondas com cabos de zelo, verdade, e limpeza,
pondo todo o cuidado na sua observância, por ser
tão útil ao Commercio do Reino, e não encontrar
os Tratados estipulados com outras Potências; e
para que melhor se executasse, como dos Governa-
dores Geracs, e Vice Reis do Estado se não cos-
tuma tirar residência ordinariamente, se ordenou

(51) Arch. da Secr. do Gov. da Bahia L. 10


de Ord. Reg. N.° 75. Arch. — Fazenda da mesma
L. 3, de Cart. f. 104.
429 —

que além do procedimento, que se manda ter na Cor-


te -e no Porto, de que trata aquella Lei, sempre ¦no
fim do Governo de cada um dos Governadores
Geraes, e Vice Reis, depois de embarcados para
o Reino tirassenm os Chancelleres da Bahia especial
devassa de como se houveram na sua execução, re-
mettendo as copias dellas á Secretaria de Estado,
não sendo admitfcidos os Governadores Geraes, e
Vice Reis a despacho algum sem mostrarem em
como se tirou, e constar do resultado. Estimulou-se
não pouco o Marquez, como era de esperar do
seu caracter honrado, com esta providencia, ex-
pondo cheio do maior respeito, e submissão, que Lhe
parecia justíssima pelo que tocava á.sua pessoa, po>-
rém quanto ao geral, e a se continuar com os
seus Successores, era muito contrario ao Real Ser-
viço, pela total dependência em que ficavam os
que governavam, dos Ministros da Relação com a
certeza de que um delles havia de ser seu syndican-
te, não1 se atrevendo a advertil-o, dissimulando, ou
coinvindO' com o seu procedimento, e que nem sem-
pre se acharia um Dom Pedro Antônio de Noro-
nha, que sem reparar na própria conveniência só
cuidasse no que entendesse era mais do Serviço de
El Rei, .fazendo executar a justiça sem reparar na
futura vingança, lembrando que o Vice Rei, na In-
dia João Nunes da Cunha propuzera ser convenien-
te tirar-se residência, dos Vice Reis, quando acabas-
sem, e verificando-se logo este exemplo com elle
para, se evitar queixas, e que se lhe respondera da
Corte, agradecendo-se-lhe a offerta, e sacrifício, re-
provando-se comtudo esta, lembrança, por não ser
admissível se diminuísse uma. tão grande prerogati-
va em aquelle Posto, ainda que se estava então de-
<- 430 —

vassando de Antônio de Mello e Castro antecessor


havia
do dito João Nunes da Cunha, de quem
castigar a innocencia do
queixas, não se devendo
Posto, e do Officio; mas só os que fossem culpar
dos, concluindo finalmente, que se devia mandar de-
rogar a pena imposta ao Posto de Governador da
e só praticar-se a devassa com a sua pes-
Bahia, 'castigando-a
soa, da culpa, em que tivesse incorri-
do: foram desattendidas estas reflexões Partici-
do l.o de Feve-
pando-se-lhe em Provisão (52)
redro de 1717, que não havia, de alterar a dita Lei
visto ter estabelecida com toda a ponderação, e em
matéria gravíssima, que não admittia dispensação; e
Conselho Ultra-
proximamente se recommendou ao
marino por immediata Resolução de Sua Alteza de
17 de Agosto de 1799 communicada aos Governado-
res em Provisão de 10 de Janeiro de 1800 (Do-
cumento N.° 83) mande informar, e perguntar nas
residências, que delles se hão de tirar, se conime-
teram prevaricação, ou houve descuido, e omissão
na execução dos Alvarás, e mais Ordens tocantes
ao Commercio dos Extrangeiros para serem casti-
gados com todo o rigor das Leis.
Para que os Governadores do Brasil mais bem
instruídos pudessem executar a mencionada Lei de
8 de Fevereiro de 1711, se prescreve no Alvará de
5 de Outubro de 1715 (Documento N.° 84) as re-

(52) Arch. da Secr. do Gov. da Bahia Coll.


das Leis, e ordens sobre Navios Extrangeiros Nu-
mero 13, que com. Provisão de 10 de Janeiro de
1800 veiu também remettida ao Vice Rei Conde de
Rezende.

|v^
-431-

gras que devem observar com os Navios Extrangeir


ros, em conseqüência do que se pratica actualmen-
te a formalidade seguinte: iogo que entra qualquer
delles uo Porto desta Capital nomeia o Vice Rei um
Ministro da Relação (53) para que passando a bor-
do, e fazendo pelos Officiaes da Ribeira, e Pilotos
os exames necessários, pergunte a todas as pessoas
separadamente, averiguando os despachos, ponto
dos Pilotos, qualidade das fazendas, c Livro da Car-
ga, e conciuida a diligencia dá conta ao mesmo
Vice Rei, que á vista de tudo decide se arribou com
causa verdadeira, e então o admitte, e no caso de
ser supposta, e affectada manda prender ao Capitão,
e seqüestrar o Navio, e carga, por ser o Juiz su-
premo sem appellação, nem aggravo, pelo que toca

(53) Na Bahia além de uni Desembargador


da Relação se nomeia também um Official de maior
Patente para esta diligencia em conseqüência do
Cap.° 25 da Instrucção de 4 de Outubro de 1759
dada ao Marquez do Lavradio, que posto não exis-
ta nos livros de registo, se acha em sustância no
auto de diligencia, a que mandou proceder o Gover-
no interino a bordo de uma Náu Ingleza destinada
a Bombaim, que é do teor seguinte {'.Ordena Sua
Magestade que com os Navios Extrangeir os, que
contra as suas Reaes Leis vierem, aos Portos deste
Estado mandaria eu ter a mais exacta vigilância, e
as mais bem praticadas cautelas: Primo. Que man-
daria visitar os ditos Navios por Officiaes Militares
da maior Patente, e por Ministros da Relação, que
sejam de honra e dignos da minha confiança, para
examinarem se os mesmos Navios estão em algum
-432 —

a decidir-se arribou com causa verdadeira, ou não;


e ainda que o seja também da execução da pena,
com tudo á Relação pertence declarar que nella se
incorreu, procedendo-se nesta matéria breve, e sum-
mariamente, e á Secretaria de Estado dos Negócios
da Merinha, e Domínios Ultramarinos se remettem
os autos originaes destes exames, ficando na Secre-
faria do Governo o traslado.
A pena do Alvará se tem imposto arribando ai-
guns Navois sem causa justa, como aconteceu no
tempo do Marquez de Angeja com um Navio Fran-
cez por invocação suecesso vindo de Bengttela; mas
em attenção a ter entrado na Bahia poucos dias an-

daquelles casos da necessidade, que somente os pode


autorizar para entrarem nos referidos Portos. Se-
cundo. Para que não estando nos referidos casos
P* os faça logo sair immediatamente dos mesmos Por-
tos. Terão. Para que nos casos de necessidade
de pedirem soccorro se lhes fechem todas as escoti-
lhas, emquanto estiverem no Porto, e se tenham
sempre bloqueados por um escaler de ronda guar-
necido não de feitores da Fazenda, mas sim de Sol-
dados com Officiaes Commandantes da mais pro-
vada honra, \e confiança, castigando eu summaria
e severamente os contrabandistas, que forem acha-
dos neste crime, de sorte que sirvam de exemplo;
pois que só assim se poderá obviar o grande perigo,
que se seguiria de acharem as Nações Extrangeiras
modo de introduzirem as suas fazendas nos Portos
do Brasil para arruinarem o dito Estado, como por
falta dê semelhantes cautelas conseguiram arruinar
a America, ti espanhola».
-433-

tes da sua publicação, mandou El Rei por resolução


de 2 de Junho de 1717 participada em Provisão (54)
de 12 do referido mez, e anno (Documento N.° 85)
que se restituisse com a sua carga, declarando ique se-
melhantes causas se sentenciassem na relação clan-
do-se aggravo ordinário para a Casa da Supplica-
ção. O Marquez do Lavradio sendo Vice Rei do
Estado julgou por affectada arribada de um Navio
Inglez: o mesmo fez Luiz de Vasconcellos e Souza,
e eu também assim o pratiquei por duas vezes, em
conseqüência do que se impoz na Relação a pena,
sem que em nenhum desses casos se concedesse ag-
gravo ordinário por ignorarem talvez as partes que
lhes competia este recurso, que me parece impróprio
em causa crime, muito mais tendo-se determinado
no referido Alvará que se remettam os Autos á Se-
cretaria de Estado.
Justificada a arribada, se aprompta tudo quanto
necessitam os Capitães, pagando em conformidade
deste Alvará, ou com o seu dinheiro, ou em letras
seguras, e declarando que lhes faltam estes meios,
se lhes permitte descarregarem as fazendas que tra-
zem, asisignando-lhes sitio, ou armazéns, em que se
guardem, para serem embarcados para o Reino em
Navios das Frotas, afim de descarregarem nos Por-
tos delle, e pagarem os direitos da Alfândega, e as
despesas que se fizerem nesta arrecadação, não se
consentindo para a satisfação do referido que se

L. 12
(54) Arch. da Secr. do Gov. da Bahia.
de Ord. Reg. NP 42, e NP 45 L. Extravag. f. 107v.,
Arch. da Relaç. da mesma L. 1 de Prov. Cart. Reg.,
e Alv. f. 186 v.
434

venda no Brasil cousa alguma, excepto se a carga


fôr de escravos, pagando-se os direitos dobrados que
costuma receber a Real Fazenda dos que se impor-
tam para o Brasil. Servem de intelligencia a este
Alvará as duas resoluções de 28 de Abril, e 19 de
Maio de 1722, communicadas ao Governador desta
Capitania em Provisões (55) de 30 de Abril, e
21 de Maio do referido anno (Documento N.° 86
e 87).
Em a primeira se manda praticar com os gene-
ros sujeitos a corrupção o mesmo que se pratica a
respeito dos Negros, não tendo os Capitães dinhei-
ro, ou credito; c na segunda se permitte que no
caso de confisco se possam vender nesta Praça as
Fazendas confiscadas nos Navios Extrangeiros para
evitar os prejuízos que do contrario se seguiriam á
Real Fazenda, sendo primeiro sedadas, para que
se não confundam com as dos particulares, ficando
assim declarado o artigo 4,° deste Alvará.
O Aviso de 4 de Junho de 1798 dirigido,pela Se-
cretaria de Estado Competente, estando governando
a Capitania da Bahia; em que se recommendava não
permittisse que os Extrangeiros carregassem gêneros
daquella Capitania, nem vendessem mais do que
aquillo que fosse necessário para pagamento dos
concertos, e reparos precisos, me deu occasião oppor-
tuna de expor as difficuldades que muitas vezes en-
contrava com assistência de semelhantes Navios,
por
prõhibir o paragrapho 3.° do referido Alvará de 5 de

(55) A Provisão de 21 de Maio de 1722 se


expediu também para a Bahia ao Vice Rei Vasco
Fernandes César de Menezes.

¦
435

Outubro de 1715 expressamente a venda dos gene-


ros, de que se compõe a sua carga, e de repre-
sentar que com esta nova Providencia, posto quene-
cessaria, se oppunha diametralmente aquelle Alvará,
me parecia conveniente que se me dirigisse ordem
mais positiva, que o derogas.se nesta parte; o que
consegui expedindo-se-me a Carta Regia em data de
8 de Março de 1799, determinando que no caso
dos Capitães dos Navios Extrangeiros, que arribas-
sem por motivos justificados, não tivessem dinheiro,
ou credito para satisfação das despesas que fizes-
sem lhes fosse permittido venderem os gêneros, e
fazendas unicamente precisas para pagamento das
mesmas, com a condição de pagarem os direitos
cie entrada, e saida de Lisboa, e os de entrada
na Alfândega da Bahia. Outra semelhante ordem
teve o Conde de Rezende Vice Rei do Estado em
data de 20 de Março de 1800, (Documento Nu-
mero 88); porém pouco tempo depois foi annullada
Se-
por outra Carta Regia que se me expediu pela
cretaria de Estado em data de 2 de Setembro de
1801 (Documento N.° 89); derogando as dispo-
sições nella conteudas como se nunca tivessem «xis-
tido pelos motivos que ahi se apontam, mandando
pôr em todo o seu vigor o Alvará de 5 de Outu-
bro de 1715; e provisão em forma de Lei de 8 de
Fevereiro de 1711.
Com a derogação da Carta Regia de 20 de
Março de 1800, continuam os embaraços a respei-
to da assistência dos Navios Extrangeiros; pois ia
Outubro
providencia apontada no Alvará de 5 de
de 1715 (para a satisfação das despesas, de as pa-
com le-
garem os Capitães com o seu dinheiro, ou
trás de cambio, com o prêmio estabelecido mo
-436 —

Commercio, ou finalmente permittindo-se-lhes des-


carregarem as fazendas proporcionadas ao valor
das ditas despesas para serem remettidas para Lis-
boa, e ahi pagarem os direitos devidos, e do seu
produeto serem estas pagas, nem sempre é suffi-
ciente, nem ás vezes se pode verificar, ou seja
por regularmente não trazerem dinheiro a seu bor-
do, ou porque os Commerciantes repugnam assis-
tir-lhes por não conhecerem as casas de negocio,
sobre quem se passam as letras, e recearem fica-
rem no desembolso, como já tem acontecido, além
de julgarem mais vantajosos aos seus interesses em-
pregarem o dinheiro em gêneros, e effeitos do Paiz
do que emprestaí-o, ou finalmente, porque remetten-
do-se as fazendas extrangeiras para a Corte, sof-
frem os donos notável prejuízo com o risco, direitos
da Alfândega, fretes, e empates, o que parece de
L^B^B» alguma sorte 'incompatível com a hospitalidade.
Reconheço que todas estas ordens apertadas
são dirigidas afim de se evitar o contrabando íque
os Extrangeiros, procuram fazer nos Portos do Bra-
sil com arribadas affectadas, e buscadas de proposi-
to, o que nem sempre se pode conhecer apesar das
diligencias, que a este respeito se praticam logo
que entram; mas também estou bem persuadido
nao ser da mente, e 'intenção de Sua Alteza que os
Governadores se vejam em embaraços, e difficulda-
des, que nao poucas vezes encontram na execução
destas Reaes Ordens, quando os Capitães nem tra-
zem dinheiro, como regularmente acontece, nem
acham Negociantes, que lhes assistam, visto se não
quererem sujeitar ao terceiro recurso que o Alvará
aponta no paragrapho 3.° de deixarem as fazendas,
proporcionadas ao valor das despesas, para serem
- 437 —

remettidas para Lisboa, pelos graves prejuízos que


ficam apontados. Demais o Alvará não declara,
como se ha de fazer esta remessa, nem também se
os credores, que concorreram com os seus braços,
e com os seus gêneros para se concertar, e aprom-
ptar o Navio, hão de esperar que em Lisboa se
vendam as fazendas remettidas para pelo seu pro-
dueto se embolsarem, o que não parece justo, ou
se ha de procurar a que algum Negociante, que
queira assistir com o dinheiro necessário para de-
pois ser pago, o que é sumiriam ente difficultoso;
porque o Capitão do Navio repugna deixal-as por
uma avaliação tão baixa, como de necessidade ha
de acontecer, considerado o risco, frete, direitos na
Alfândega de Lisboa, e outras despesas, além do
embaraço que pode oceorrer quando se offerecerão
em pagamento algumas fazendas, que não sejam
admissíveis no Reino.
O que supposto, sou de parecer, que quan-
do os Capitães dos Navios Extrangeiros não trou-
xerem dinheiro; nem acharem letras, ou credito
para satisfazerem as despesas feitas no Porto, se
lhes permitta venderem os gêneros, e fazendas
unicamente precisas para este fim, para pagando os
devidos direitos na forma determinada na menciona-
da Carta Regia de 20 de Março de"Setembro 1800, não
obstante o determinado na de 2 de de
1801; que a derogou, recommendando-se ao Vice
Rei, e mais Governadores procedam nesta mate-
ria com a maior circumspecção, para evitar toda a
fraude, e com este pretexto se não vender maior
porção do que a que absolutamente for necessária
para pagamento das mesmas despesas, providencia
conforme a pratica geral das mais Nações, que em
-438-

semelhantes casos permittem a venda dos gêneros,


que fazem parte da Carga dos Navios Extrangei-
ros, que por causa justa arribam aos Portos dos
seus Domínios.
Algumas vezes tem acontecido pedirem os Ca-
pitães, principalmente Hespanhoes licença para
vender o Navio, ou por não admittir concerto por
estar summamente arruinado, protestando que
sendo-lhe denegada o abandonarem, ou por não te-
rem outro meio de satisfazerem as despesas que
fizeram no Porto. Nestas circumstancias, depois de
precederem as informações, e exames necessários,
hYa tenho concedido, na consideração de que nis-
to não ha prejuízo, como resultaria da venda das
fazendas, ou gêneros; mas como as Leis prohibem
em geral o Commercio com os Exírangeiros nas
Conquistas, por isso tenho sempre dado esta per-
missão com bastante repugnância, desejando que
Sua Alteza se digne declarar o que deverei prati-
car em semelhante caso.
Para mais facilmente se poder evitar o contra-
bando se ordenou por Carta Regia (56) de 28
de Setembro de 1703, que nos Navios Extrangeiros
que entrassem nos Portos do Brasil, e que não fos-
sem de guerra, se mettessem guardas a bordo, e
aos que o fossem lhes mandasse dar tudo, o de
que necessitassem, sem hYas pôr, havendo comtu-
do rondas convenientes em terra, no mar, e ao re-
dor delles.

(56) Arch. da Secr. do Gov. da Bahia L. 8


de Ord. Reg. f 101 Arch. da Fazenda da mes-
ma L. 2 de Cart. f 231.

_____
— 439 —

Os Governadores devem também determinar na


Sentença, que proferem tempo certo para dentro
delle se concluir o concerto de que necessita o Na-
vio, e porque se não achava acautelada esta cir-
cumstancia nas ordens antecedentes, se ordenou as-
sim por Resolução de 11 de Janeiro de 1719, parti-
ripada ao Conde Vimeiro e ao Governador do Rio
de Janeiro em Provisão (57) de 14 cio referi-
do mez, e anno (Documento N.° 90), em que
se lhe recommenda limite só o tempo preciso,
e que acabado elle o faça sair dentro de 24
horas com toda a gente com que entrou, e
necessitando descarregar para o concerto se fa-
ça a baldeação da carga de sorte que se não
desencaminhe nada delia, nem se troque, ou con-
funda.
Ainda que seja prohibido todo, e qualquer com-
mercio com os Extrangeiros em geral, comtudo ai-
modernas se
gumas ordens particulares antigas, e
expediram .a respeito do que se faz com os
Hespanhoes. O Alvará (58) de 2 de Fevereiro
de 1641 nos concedia a liberdade de tratar, e com-
merciar com os Vassallos de El Rei de Castella nas
índias Oceidentaes, levando a ellas negros de Ca-
bo Verde, e Guiné para augmento do Commercio,

da Bahia L. 14
(57) Arch. da Secret. do Gov.
de Ord. Reg. NP 5.
no Arch. da
(58) Acha-se este Alvará reg.
Secr. do Gov. da Bahia L. 1 de Ord. Reg. Np 19
com a data de \3 de Março de 1646, no que ha
engano, como se infere da Apostila por ser esta
datada anteriormente em 28 de Março de 1641.
— 440 —

e rendimento das Alfândegas, e para lucrarmos os


interesses, que os Extrangeiros tiravam de os
transportarem para alli.
Extendeu-se esta permissão pela Apostila junta
ao mesmo Alvará aos escravos do Reino de Angola.
O mesmo determinou a Carla Regia (59) de 19
de Agosto de 1651 dirigida ao Governador daquel-
le Reino Rodrigo de Miranda Henriques, em quan-
to permitte que os Navios dos naturaes do Reino,
e Senhorios possam livremente levar escravos ás
índias com licença, e permissão Regia, e o dona-
tivo de dois mil cruzados os Navios de duzentas
toneladas, os de menos porte seiscentos mil réis e
os de maior quatro mil cruzados pagando os es-
cravos os direitos do costume. Iguaes, Ordens (60)
receberam depois em datas de 28 de Janeiro, e 9
de Março de 1654 os Governadores de Angola
Bartholomeu de Vasconcellos da Cunha, e Luiz
Martins de Souza Ghichorro em que se lhes declara-
va admitissem os Navios Castelhanos, que das In-
dias fossem em direitura áquelles portos,, á compra
de escravos, sendo visitados com grande exame, ie
achando que não levavam outras mercadorias, mais
que ouro, prata, pérolas, e esmeraldas no valor de
sessenta mil cruzados.
Ampliou-se finalmente esta permissão aos Por-
tos do Brasil; pois no Capitulo 50 deste Regimen-
to dado a Roque da Costa Barreto, depois de se
recommendar a observância das Ordens acerca dos

(59) Arch. da Secr. do Gov. da Bahia. L. 1


de Ord. Reg. Np 666.
(60) Idem números 668, 669, 670.
— 441 —

Navios Extrangeiros, que entrassem na Bahia sem


licença Regia, se accrescenta que aos Navios vin-
dos das índias Occidentaes, Rio da Prata, e Bue-
ros Aires, com prata, ouro, e outras fazendas, não
sendo da Europa, e índia Oriental, Mies desse entra-
da para commerciarem, levando outros gêneros dei-
le, pagando os direitos costumados, e quando se
não abrisse este commereio por parte dos Casteliha-
nos puzesse todo o cuidado, e vigilância para ver se
por via dos Portuguezes se podia abrir o do Rio da
Prata, e Buenos Aires pelos meios mais convenien,-
tes, que fosse possível, o que lhe teria a particular
serviço; e chegando a Pernambuco algumas Naus
Castelhanas do Rio da Prata, e outras Hollandezas,
que vinham de índias, ás quaes se não deu licença
para coimmerciarem, por não haver alli ordem para
isso, e constando na Corte se expediu ao mesmo
Roque da Costa Barretto a Carta Regia (61) de
22 de Junho de 1679, com a qual se lhe remetteu o
Capitulo 23 do Regimento dado a Dom Manuel
Lobo, Governador do Rio de Janeiro, e mais Or-
dens, que trouxe para que ficasse entendendo a
forma, com que se podia admittir os Navios Caste-
lhanos de índias Occidentaes, que também se envia-
ram ao Governador de Pernambuco.
Pela Secretaria de Estado dos Negócios da Ma-
rinha, e Domínios Ultramarinos se espediram ao
meu antecessor três officios em datas de 24 de Se-
tembro de 1798, e de 14, e 23 de Outubro de

1
(61) Arch. da Secr. do Gov. da Bahia L.
da Ord. Re<*. N.° 664. Arch. da Fazenda da mes-
ma L.2 de Cart. f. 18 v. 21 v. e 22.
442

1799 (Documentos Ns. 91, 92 e 93) sobre este


delicado assumpto, recommendando-se-lhes que por
meios indirectos, e tácitos, procurassem promover, e
fazer mais activo o nosso Commercio com as Colo-
mias Hespanholas do Rio da Prata, indo os nossos
Navios levar-lhes os gêneros, de que necessitavam
por causa da Guerra, que tinham com os Inglezes,
e não o consentindo, ou ao menos fazendo-lhes mais
difficultosa a arribada das suas Embarcações aos
portos desta Capitania, pelos motivos políticos con-
templados nestas Reaes Ordens, fomentando, quan-
to lhe fosse possível o Commercio das patacas; mas
de nenhum modo o dos gêneros, que conduzissem,
excepto os da primeira necessidade, pondo todo o
cuidado em evitar o extravio dos escravos.
O Commercio que as outras Nações, procuram
fazer nos Portos do Brasil, principalmente;os Ame-
ricanos, e Inglezes, é sem duvida muito prejudi-
ciai; porque introduzem fazendas, que todas são
prohibidas, c com grande prejuízo das nossas fa-
bricas: pelo contrario a negociação clandestina, e
disfarçada, que fazem os Hespanhoes de Monte
Vidio, e Buenos Aires com as nossas Colônias,
nos é summamente vantajosa, e mais interessante a
Portugal, do que á Hespanha. Elles exportam do
Brasil bastantes fazendas da Europa, e até as de
contrabando que uma vez introduzidas, é conveniente
dar-lhe semelhante saida, aguardente, algum assucar,
e escravos, e importam principalmente prata, e cou-
ros, e também algumas carne secca, e sebo, de sorte
que para saldarem, e equilibrarem a sua importação,
com a exportação, se vêm obrigados a deixarem an-
nualmente uma grande quantidade de patacas. E' cer-
to que os couros é um dos artigos principaes da ex-
/l/l
-r-r 3 —

portação do Rio'Grande, mas nem por isso causam


prejuízo os que aqui introduzem os Hespainhoes,
antes utilidade; porque como têm maior pezo, ser-
vem para lotarem os nossos, e lhes dar maior sai-
da nos mercados geraes da Europa. A carne secca,
é sim outro artigo de exportação daquelle Conti-
nente; mas como quasi toda a que se consome no
Brasil vem dalli, não resulta prejuízo considerável
de se introduzir também alguma de Monte Vidio;
suppostas as grandes vantagens, que recebemos
deste commercio clandestino cm geral, e o mesmo
digo a respeito do sebo, não sendo natural que
de outro modo as embarcações Bespanholas hajam
de freqüentar tanto os portos das nossas Colo-
nias, trazendo-nos a prata, cuja sahida se embata-
ça alli com a maior vigilância.
Quanto á exportação dos escravos, não duvido
que esta matéria seja mais sujeita a diversidades
de opiniões, segundo o modo, com que for consi-
derada, persuadindo-me comtudo que visto os
Hespanhoes não terem tentado até agora o com-
mercio da escravatura na Costa da África, por lhes!
faltarem os gêneros essenciaes para esta exporta-
ção, principalmente o tabaco, nos seria vantajoso
se lhes fosse permittido compral-os nesta Cidade, ie
na Bahia, pagando os direitos por saída, que se
estabelecessem, o que comtudo não é praticavel,
supposto o Alvará de 14 de Outubro de 1751, que
expressamente prohibe, passarem negros para Do-
minios, que não pertençam a Portugal, e as re-
pétidas Leis, e Ordens, que defendem todo, e
qualquer commercio aos Extrangeiros no Brasil.
São estas as Leis e Ordens, que proltibem o
Commercio dos Extrangeiros nos Portos do Brasil,
— 444 —

de que se remetteu uma Collecção ao Vice Rei, e


mais Governadores Ultramarinos com a provisão de
10 de Janeiro de 1800, que compreendendo as
mais esseneiaes, não contém todas as de que faço
menção nesta observação, como se pode ver da Re-
lação por ordem chronologica, que acompanhou a
mesma Provisão (Documento N.° 83).

CAPITULO 51

Por se ter mandado que para o bom Gover-


no desse Estado, e para se ter mais certa noticia
das cousas delle, ordenassem os Governadores
Geraes se fizesse um livro, ern que se assentassem
os Governos, e Capitanias delle, declarando-se as
que tocavam á Coroa, e as que eram de donatários,
que Fortalezas, e Fortes havia em cada uma dei-
Ias, Artilharia, Armas, Munições, e Officiaes, que
lhe assistem, e mais gente de sua guarnição,. & re-
lação da Miliciana, Officiaes e Ministros, com de-
claração dos Ordenados, e despesas ordinárias, que
se faziam em cada um dos ditos Governos, e Ca-
pitanias, e assim de seu rendimento, pondo-se no
Livro o titulo do Estado, o qual tivesse em seu
poder o Governador delle, e fosse reformado no
dito Livro cada anno o que se mudasse, ou aceres-
centasse, ou diminuísse nos ditos Governos, e Ca-
pitanias, assim tocante á sua fortificação, como
Artilharia, Armas, e Munições, Capitães e Gente
de Guerra, para o entregar áquelle, que lhe suece-
desse no Cargo; e porque até o presente não deu
razão de como se executou, tomará o Governador
noticia deste Livro se está feito, tomando delle en-
trega para me enviar a copia, e indo continuando
445

com o reformar na maneira que fica dito, enviando-


me cada anno uma folha por elle assignada do que
se accrescentar, ou diminuir, para me ser presente,
e não se tendo ainda formado o tal Livro, o man-
dará executar como se declara, e de o não exe-
cutar me haverei por mal servido delle, dando-se-
lhe em culpa em sua residência.

OBSERVAÇÃO

O livro que se recommenda ao Governador


Geral mandasse fazer, por onde constasse as Ca-
pitanias, que tocavam á Coroa, as que eram dos
Donatários, as Fortalezas, e Fortes, que havia
em cada uma dellas, Artilharia, Armas, e Muni-
ções, e tudo o mais que aqui se declara, é desne-
cessario; porque hoje não ha Capitanias que per-
tenção a Donatários, e porque tudo o mais ser se
supre muito bem com os Mappas dos Regimentos,
que os Governadores enviam duas vezes no anno
á Secretaria de Estado, para onde tem remettido
outros, quando é preciso, ou se pedem das For-
talezas, Artilharia, e mais Petrechos, que existem
nas Capitanias. Quanto aos Ordenados que ven-
cem os Officiaes, Ministros, e outras pessoas em-
pregadas no Real Serviço, nas Juntas da Fazen-
cia, ha todas as clarezas necessárias a este respei-
to, as quaes aiinualmente remettem ao Real Erano
os balanços da receita, e despesa.

CAPITULO 52

Hei por bem que emquanto o dito Governa-


dor me servir nesse Estado, possa repartir em

¦
-446 —

mercês de pessoas, que me servirem nelle até a


quantia de mil cruzados, e das que fizer me envia-
rá cada anno uma relação assignada por elle, com
declaração do respeito; por que a fez, tendo con-
sideração a que sejam beneméritos, e que proce-
dam da sua parte serviços, e a relação que me vier
do despendido dos mil cruzados, entenderá o Go-
vernador a ha de mandar cada ànno assignada por
elle, para que constandomie a remetteu, se lhe levem
em conta ao Thesoüreiro Geral do Estado; porque
em outra forma se haverão por sua fazenda, e se
lhe não farão despesas e também me enviará to-
dos os annos relação das pessoas, que me ser-
vem em seus serviços com sua informação, e pa-
recer para ter dellas lembrança em requerimento Ide
outras mercês que procurarem.

OBSERVAÇÃO

Permitte este Capitulo ao Governador Geral,


despender quatrocentos mil reis por algumas pes-
soas empregadas no Real Serviço, que sejam bene-
meritas, o que actualmeirte está ainda em obser-
vancia; mas não achei o estylo de se enviar á
Real Presença a relação das pessoas, que foram
contempladas; porém na Thesouraria das addições
pelo miúdo consta quaes são as que tenho soe-
corrido, como se manifesta dos despachos profe-
ridos nas petições que a este respeito me fazem
alguns Officiaes pobres, ou as viuvas que dei-
les ficaram, constando-me por informações veri-
dicas da sua necessidade.
Como a Bahia foi primeiramente a Cabeça do
Estado até o anno de 1763, em que as residen-
_447 —

cias dos Vice Reis se mudou para o Rio de Janei-


ro, e de então para cá se não deu novo Regimen-
to aos Governadores, e Capitães Generaes da-
quella Capitania, continuaram a governar-se por
este mesmo Regimento dado a Roque da Costa
Barreto, e por conseqüência a distribuírem tam-
bem annualmente, quatrocentos mil reis de mercê
ordinária, como sempre pratiquei, quando a go-
vernei, e os meus antecessores, o que tudo expo-
nho papa que Sua Alteza se digne resolver jpara
o futuro a este respeito, o que for servido.

CAPITULO 53

Terá particular cuidado de procurar de todos


os Mestres dos Navios que forem deste Reino a
esse Estado, se levtam ordens, ou Cartas minhas,
ou despacho do meu Conselho Ultramarino, por que
conste que as não havia, e não lhe entregando
uma, ou outra cousa, fará alguma demonstração
pana exemplo ao diante em matéria de tanta im-
portancia, em que elles não recebem damno, ou
dilação.
OBSERVAÇÃO

Os mestres das embarcações que chegam de


Lisboa, logo que dão fundo vêm á sala do Palácio
¦ do Vice Rei, e ahi entregavam as Cartas, que se
lhe dirigiam por qualquer das Repartições compe-
tentes; porém actualmente apresentam no Correio,
as malas,
que nesta Cidade se mandou estabelecer
ao
que trazem ia seu bordo, donde se remertem
mesmo Vice Rei as Cartas, ou vias, que se lhe en-
viam por este, ou laquelle Navio.
— 448 —

CAPITULO 54

Houve por bem de mandar largar a meus vas-


sallos e beneficio do lavor do ouro, e prata do
Brasil, com declaração que elles pagassem os
quintos a minha Fazenda, assim por ella não estar
em estado de poder lacudir a todas as despesas
desta matéria, como por lhes fazer mercê, e sobre
o modo em que nella se ha de proceder, se 'enviou
já a esse Estado o Regimento assignado por mim;
pelo que mando >ao Governador o faça cumprir
inteiramente, ajudando, e favorecendo es'te nego-
cio de maneira que haja sempre pessoas, que se
animem a continuar o beneficio das minas.

OBSERVAÇÃO

Os quintos do ouro são remettidos pela Junta


da Fazenda da Capitania de Minas Geraes á desta,
e daqui se enviam em Embarcações de Guerra
para o Real Erário.
Sobre esta matéria se publicou o Alvará de [13
de Maio de 1803, que por ora ainda se não exe-
cutou.

CAPITULO 55

Será advertido que de todos os negócios da


Justiça, Guerra, e Fazenda desse Estado mej ha
de dar conta pelo Conselho Ultramarino, aonde
hão de vir as ordens dirigidas, a quem privativa-
mente tocam todas as matérias das Conquistas; e
o mesmo advertirá aos Ministros da sua jurisdição,
e assim o Governador, como elles não cumprirão
— 449--

as ordens, que forem passadas por outros Tr.ibu-


naes, excepto as que se expedirem pela Secreta-
ria de Estado, e expediente, e pela Mesa da Cons--
ciência, e Ordens, as que tocarem a Ecclesiasti-
cos, e Defuntos, e Ausentes, e ás pessoas que fo-
rem providas em dignidades, conesias, benefícios, e
Vigararias que lhe houverem de vencer ordinárias
por conta de minha Fazenda, serão obrigados a
levarem Alvarás de mantimentos pelo meu Conse-
lho Ultramarino para lhe serem assentados, e sem
elles se lhes não assentarão as taes ordinárias, e
assim guardará o Governador as Cartas passadas
pelo Desembargo do Paço das nomeações que fi-
zer de Chanceiler, Desembargadores, e Ouvidores
Geraes desse Estado, que também hão de levar
Alvarás de mantimentos expedidos pelo meu Con-
selho Ultramarino para vencerem seus ordenados, e
sem elles se lhes não assentarão, e assim tam-
bem cumprirá as Provisões, e Alvarás passadas
pelo Conselho da Fazenda sobre as licenças dos
Navios emquanto eu não mandar o contrario.

OBSERVAÇÃO

O Governador só devia observar as ordens, que


lhe fossem expedidas pelo Consel.ho Ultramari-
no tocantes ás matérias de Justiça, Fazenda, ou
Guerra, como se estabeleceu na creação daquelle
Tribunal no anno de 1643; e porque se não guar-
davam com pontualidade, se determinou por Car-
ta Regia de 25 de Maio de 1662, e Provisão de
18 de Setembro de 1668 (Documentos Ns. 94 e
95) não consentisse se cumprissem senão as que
fossem passadas pelo mesmo Conselho, e remet-

¦¦ • B
-450 —

tendo-se algumas por outro qualquer Tribunal per-


tencentes ás matérias, se não executassem, salvo
expedindo-se pelas Secretarias de Estado (62), ex-
este Capitulo 55, que
pediente com o que concorda
manda também cumprir as da Mesa da Consciência,
e Ordens, tocarem ao Ecclesiastico, defuntos e
'Ausentes, que
o que se torna a recommendar na Provi-
são de 23 de Janeiro de 1732, e Carta Regia de 22
de Março de 1751 (Documentos N.°s 96, e 97),guar-
dando igualmente o Governador as Cartas passadas
de Chan-
pelo Dcsernbargo do Paço das nomeações
celler, Desembargadores e Ouvidores.
São pois diversos os Tribunaes, e Repartições
por onde se expedem as ordens aos Governadores
das Conquistas, a saber: a Secretaria de Estado
dos Negócios da Marinha, e Domínios Ultramari-
nos, dirigindo-se lambem algumas pela dos Ne-
Me-
gocios do Reino, o Conselho Ultramarino, a
sa da Consciência, e Ordens nas matérias da sua
competência, o Desembargo do Paço, pelo que
toca simplesmente ás Cartas dos Desembargadores,
ê mais Ministros, a Junta do Tabaco na forma da
Carta Regia de 25 de Dezembro de 1698 (Do-
cumento N.° 98), o Conselho do Almirantado, e o
Erário Régio, privativamente em tudo, o que diz
respeito a administração da Fazenda Real, em con-
formidade do Decreto de 12 de Junho de 1779,
participado em Provisão de 10 de Julho do mes-

(62) Alvará de 28 de Julho de 1736, Ord.


L. 5 f. 303 que estabeleceu três Secretarias de
Estado, declara os negócios, que a cada uma deltas
competem.
451

mo anno (Documento N.° 59), sendo de advertir


que os Governadores remettem as propostas dos
Postos vagos de tropa paga, e Miliciana á Secre-
taria de Estado dos Negócios da Marinha, e Domi-
uios Ultramarinos em conformidade do Decreto de
27 de Setembro de 1787, e do Alvará de 17 de De-
zembro de 1802, não devendo participar
por mo-
do algum certas noticias ao Conselho Ultramarino,
e menos as resultas das ordens, que são expedidas
por aquella Repartição, como se ordenou ao Conde
da Cunha Vice Rei do Estado por aviso de 22 de
Novembro de 1765 (Documento N.° 99).
Todos os papeis, que os Governadores, e Minis-
tios remetterem ao Conselho Ultramarino devem ir
numerados, e acompanhados de uma relação, na
qual pelos mesmos números respectivos se declare
summariamente o conteúdo em cada um delles,
como se lhes ordenou no Decreto de 12 de Julho de
1765, participado em Provisão (63) de 13 de Setem-
bro do mesmo anno, que se acha impresso, e com
outra Provisão de 6 de Novembro de 1714 (Do-
cumento N,0 100), se remetteu uma resposta do
Vice Rei da índia, pára que se observasse aquella
formalidade quando respondessem ao mesmo Con-
selho.
Por aviso da Secretaria de Estado de 14 de
Setembro de 1796 (Documento N.° 101) se orde-
nou se puzesse no alto da primeira pagina de ca-
da uma das cartas, ou officios que a ella se diri-
gissem o numero que corresponder, principiando

(63) Arch. da Secr. do Gov. do Rio de Ja-


neiro Maço do anno de 1765.
- 452 —

do numero primeiro, até o ultimo em que o Gover-


nador annuneiar a entrega do seu Governo ao seu
Successor, lembrando também a fiel execução do
de 7 de'Janeiro de'1780 (Documento N.° 102)
o Aviso de 26 de
pelo que toca á Lista; porém
Agosto de 1799 (Documento N.° 103), determinou
ultimamente, que em logar de irem numerados sue-
cessivamente sem distineção de annos, como se ti-
nha ordenado fossem dalli em diante separadamente
cada anno sobre si, principiando de novo a con-
tar-se do numero primeiro, no principio de cada
anno, e remettendo-se as segundas vias com os
mesmos números, que as primeiras, pratica que
também observa a mesma Secretaria de Estado,
não remetia
pelo que toca á numeração, posto que
a lista, e providencia útil por se conhecer por este
meio se se tem recebido mutuamente todas as
Cartas, ou Officios que se escreveram.
Quanto aos Alvarás chamados de mantimento
de que trata este Capitulo, que devem apresentar
os Ministros despachados para servirem no Brasil,
e os Ecclesiasticos providos em benefícios, ,e Viga-
rarias, se expedem actualmente pelo Real Erário,
e não pelo Conselho Ultramarino.

CAPITULO 56

E se emquanto me servir de Governador Ge-


ral desse Estado sueceder algumas cousas, que
por este Regimento não vão providas, e cumprir
fazer-se nellas algumas obras, praticará com os Mi-
njstros da Relação, Provedor Mór da Minha Fazen-
da, e mais pessoas que lhe parecer o poderão bem
aconselhar, e com seu conselho, e parecer provera
¦V-.. l.ii

-453-

nellas, como o houver rnais por meu serviço, e


sendo as taes cousas de qualidade, que convenha
ter-se segredo praticadas com as ditas pessoas, que
melhor lhe parecer, sendo differentes nos parece-
res, se fará, e cumprirá, o que o Governador re-
solver, e as cousas que assim communicar fará pôr
por escripto com declaração dos pareceres das pes-
soas, com quem as praticou, e o assento que so-
bre ellas tomar, escreverá o Secretario do Estado,
e assignará o Governador com as pessoas, que fo-
rem na Junta, e de tudo me enviará os traslados,
dando-me conta com toda a miudeza pelos Navios
que vierem.
OBSERVAÇÃO

Determina este Capitulo, que sendo necessário


dicidir algumas cousas que se não achem acautela-
das por este Regimento, se aconselhe o Governa-
dor com os Ministros da Relação, e Provedor Mór
da Fazenda, e que sendo differentes os pareceres,
se cumpra o que o mesmo Governador determinar,
lavrando-se assento, e dando-se de tudo conta a El
Rei. O emprego de Provedor Mór foi extincto,
como jã fica ponderado. Quando os negócios são
de Fazenda, é bem próprio que os confira com os
Deputados da Junta da Fazenda, de que é Presi-
dente, e se são de differente natureza, pôde ou,-
vir o parecer de alguns Ministros, se assim o julgar
conveniente, e mandal-os chamar á sua casa, na
forma do Capitulo 44 deste Regimento.
m
CAPITULO 57 I
!
E porque sobre tudo, o que por este Regi-
— 454 —

mento ordeno, confio do Governador terá em to-


das as matérias, assim de Christandade, como de
minha Fazenda, e as mais tocantes ao bom Go-
verno daquelle Estado tal procedimento, como é a
confiança que delle faço para o encarregar delle,
e hei por escusado deferir-lhe, e encommendar-lhe
que seja mui continuo em me escrever, e avisar de
todas as cousas que succederem, e do que enten-
der ser necessário para o bom Governo delle,
como do procedimento das pessoas que nelle me
servirem; o que fará em todos os navios que parti-
rem de todas as partes, e lugares, de onde se acha-
rem, sem vir algum sem carta sua, ainda que seja
repetindo o já escripto, porque assim convém pela
incerteza do mar, e não o impedirá o escreverem-
me as Câmaras, e mais Ministros, e Officiaes de
Justiça, Fazenda, e Guerra, ainda que sejam, quei-
xas por que a meu serviço convém haver a liberda-
de necessária, e as informações, que ao dito Go-
vernador se pedirem virão com a clareza, que po-
dér ser.

OBSERVAÇÃO

Determina-se neste Capitulo ao Governador


que seja continuo em escrever, e avisar todas as
cousas que sueceder, e do que entender ser neces-
sario para o bom governo do Estado, como do pro-
cedimento das pessoas, que nelle se acham empre-
gadas, escrevendo por todos os Navios, ainda que
seja repetindo o já escripto.
Isto mesmo recommenda a Carta Regia de 30
de Janeiro de 1794 (Documento N.° 104) com o
fundamento de que a multidão dos negócios dá
-455-

occasiao muitas vezes a que se não responda a to-


dos aquelles, de que os Governadores das Con-
quistas dão conta pelas Secretarias, ou pelo Conse-
lho Ultramarino.
Neste Capitulo se lhe ordena também não em-
barace que as Câmaras, e mais Ministros, e Offi-
ciaes de Justiça, Fazenda, e Guerra escrevam a El
Rei, ainda que sejam queixas.

CAPITULO 58

Porquanto por Provisão minha de 27 de Janei-


ro de 671, ordenei que os Governadores das Con-
quistas, e Ministros da minha Fazenda, e Guerra,
nellas não possam, commerciar com lojas abertas
em suas casas, nem atravessar fazendas algumas,
nem pôr nellas, nem nos fructos da terra estanque,
e menos intrometter-se nos lanços dos Contractos
de minhas Rendas Reaes, e donativo das Câmaras,
nem desencaminharem os direitos, nem lançarem
nos bens, que vão á praça, e que também não
ponham preço aos gêneros, e fretes dos navios,
ficando livres ao arbítrio, e consciência das partes,
e -as mais cousas, que a Provisão declara: hei por
bem que o Governador o execute durante o seu ,Go-
verno, não somente pelo que lhe toca; mas aos
mais Ministros de Fazenda, e Guerra de sua ju-
risdicção; porque a todos se ha de dar em culpa
em suas residências, quando faltem ao que dispo-
nho pela dita Provisão.

OBSERVAÇÃO

Concorda com a disposição deste Capitulo a


-456 —

Lei (64) de 29 de Agosto de 1720, que determina


que nenhum Vice Rei, Capitão General, Governa-
dor, Ministros, Official de Justiça, ou Fazenda, nem
também os de Guerra que tiverem Patente do Pos-
to de Capitão para cima inclusive, possam com-
mereiar por si ou por outros, em lojas abertas em
suas casas, ou fora dellas, atravessar fazendas, pôr
estanques nellas, ou nos fructos da terra, debaixo
de graves penas; e para que se não podesse en-
tender que ainda por esta £ei lhes ficava permitti-
do algum gênero de commereio se declarou no Al-
vara (65) de Março de 1721, que não comerciem,
ou negociem de modo algum, não só nos casos ©x-
pressados na mesma Lei; mas nem por outro qual-
quer que possa haver debaixo das mesmas penas,
e se remetteram estas duas Reaes Ordens ao Gover-
nador do Rio de Janeiro com Provisões de 17 de
Dezembro de 1720, e 29 de Março de 1721 (Do-
cumentos N.os 105, e 106) para as observar. Isto
mesmo prohibe igualmente o Alvará em forma de
Lei de 14 de Abril de 1785.

CAPITULO 59

Com este Regimento se hão de entregar as co-


pias dos Capítulos das pazes celebradas entre esta
Coroa, e a de França, Inglaterra, e Estados da
Hollanda, de que fazem menção os Capítulos 48,
e 49 deste Regimento, para que conforme a um,
e a outros tenha o Governador entendido o que

(64) Ord. L. 4 tt. 15. Coll. I NP 1.


(65) Ord. L. 4 tt. 15 Coll. 1 Np 2.
— 457 —

ha de obrar, quando a esse Estado forem Navios


destas Nações a commerciarem.

OBSERVAÇÃO

Declara-se aqui, que com este Regimento se


entregarão as copias dos Capítulos das pazes ce-
lebradas entre Portugal, França, Inglaterra, e Esta-
dos de Hollanda, de que se faz Menção nos Capi-
tulos 48, e 49 deste mesmo Regimento.

CAPITULO 60

Sem embargo de que este Regimento o ha de


mandar registar o Governador, assim nos Livros
da Secretaria, como nos de minha Fazenda, e mais
partes, como se declara no Capitulo 61, será obri-
gado a advertir ao Provedor Mor delia tenha en-
tendido que em tudo o que lhe tocar deste Regir
mento o cumpra, e guarde sob pena de pagar da
sua fazenda o que mandar despender contra o clis-
posto nelle, nem se levará em conta ao Thesourei-
ro Geral, ou Almoxarife, o que assim mandar
despender, ou seja dinheiro, ou gêneros, e quan-
do o Governador lhe mandar obrar alguma cousa
contra este Regimento, lhe replicará com a copia
do Capitulo, que o encontra, e obrigando o Go-
vernador, a elle Provedor fazer a dita despesa sem
embargo da sua duvida, guardará a Ordem o dito
Governador, e me dará conta com a copia de todas
as ordens, réplicas, e Capitulo do Regimento, que
o prohibe, na forma do das Fronteiras, para eu
mandar executar o que se dispõe sobre este par-
ticular.
— 458 —

OBSERVAÇÃO

A disposição deste Capitulo não tem logar a


respeito do Provedor Mor, porque este emprego
foi abolido pela lei de 3 de Março de 1770. Mas
como pode acontecer que o Vice Rei, e mais Gover-
nadores expeçam algumas ordens a qualquer das
pessoas empregadas nas suas Capitanias, que têm
obrigação de lhes obedecer, e que estas repliquem
apontando este, ou aquelle inconveniente na sua
execução, julgo necessário acautelar-se no novo
Regimento o que se deverá praticar, quando o
mesmo Vice Rei, não obstante a duvida, que se
lhe ponderou, as mandar cumprir, parecendo-me
conveniente que se executem na forma que neste
Capitulo se recommendava ao Provedor Mór.

CAPITULO 61

Este Regimento cumprirá o Governador como


nelle se contem em tudo o que por elle é declara-
do sem duvida alguma; e sem embargo de quaes-
quer outros Regimentos, Provisões, ou Alvarás em
contrario, e de não ser passado pela Chancellaria,
o qual mandará registar na Bahia nos Livros da
Secretaria, de minha Fazenda, e Câmaras, e dei-
les remetterá os traslados com sua ordem aos Go-
vernadores, e Capitães Mores de sua jurisdição,
para que ordenem o mesmo, mandando-o registar
nos Livros de minha Fazenda, e Câmaras dos ditos
Governos, e Capitanias. Antônio Serrão de Car-
valho o fez em Lisboa a 23 de Janeiro de 677
— O Secretario Manuel Barreto de S. Paio o fez
escrever — Príncipe — Conde de Vai de Reis — Re-
gimento de que ha de usar o Governador, e Capi-
-459-

tão General do Estado do Brasil, e seus Successo-


res no Governo do mesmo Estado, como nesta se
declara, que não passará na Chancellaria — Para
Vossa Alteza ver — Por Resolução de Sua Alteza
de 29 de Outubro de 676 — Em consulta do Conse-
lho Ultramarino de 28 de Setembro de 674 —Re-
gistado nos Livros dos Regimentos da Secretaria do
Conselho Ultramarino a folhas 118 em Lisboa 3
de Agosto de 677 Manuel Barreto de São Paio —
Cumpra-se como Sua Alteza manda, e registe-se
nos Livros da Secretaria do Estado, e Fazenda
Real delle. Bahia de Março 20 de 1678 — Roque
da Costa Barreto — Ângelo dos Santos Cardoso.

OBSERVAÇÃO

São estas as reflexões, e observações, que me


occorrem a respeito deste Regimento; mas como ha
alguns artigos, de que nelle se não faz menção, e
que devem ser comprehendidos, e fazer parte do no-
vo, que se houver de formar, me pareceu por estas
razões conveniente expor as ordens que sobre elles
se tem dirigido.

APPENDICE

Em que se expõem as ordens sobre algumas


matérias de que não trata o Regimento dado a
Roque da Costa Barreto, que devem fazer parte
do que se houver de formar de novo para governo
do Vice Rei do Estado.
-460

CONSELHOS DE GUERRA

Quando tomei posse do Governo deste Estado


achei a pratica constá/de, e antiga dos Vice Reis con-
firmarem, revogarem ou alterarem, as Sentenças pro-
feridas nos Conselhos de Guerra dos Regimentos des-
ta Capitania, não só no crime de deserção; mas em
todos os mais, em que tem logar o Foro Militar, tx-
cepto quando se impunha pena de morte; porque
então sem de!Ias conhecerem costumavam remettel-
as á Real Presença pela Secretaria de Estado dos
Negócios da Marinha, e Domínios Ultramarinos;
estylo que também seguiu Luiz de Vascòncellos e
Sousa, pedindo providencias a este respeito. Isto
mesmo expuz por aquella Secretaria de Estado,
por onde se me respondeu por Officio de 30 de
Junho de 1802 (Documento N.° 107) que emquanto
se não estabeleciam regras geraes para a confirma-
ção, ou reforma dos Conselhos de Guerra conti-
nuasse a praticar a respeito delles o mesmo que
obraram os meus antecessores.
Pela mesma Secretaria de Estado, me foi de-
pois expedida a Carta Regia de 9 de Novembro de
1802 (Documento N.° 108) autorizando-me para
tomar conhecimento das sentenças proferidas nos
Conselhos de Guerra dos Regimentos no crime de
primeira deserção, não sendo acompanhado de
circumstancias aggravantes, devendo acerca dos mais
delidos Militares continuar a observar a pratica
que está estabelecida de se remetterem ao Conse-
lho de Justiça os Processos, que se formarem con-
tra os Soldados delinqüentes.
Os diversos modos, por que eram concebidas
estas duas ordens me fez entrar em duvida sobre
—/161

o que devia obrar em semelhante matéria: pois


naquelle officio se me recofnmendava seguisse o
estylo praticado pelos meus antecessores, e na Car-
ta Regia, que á excepção do crime de primeira [de-
serção se continuasse nos mais delidos militares a
observar a pratica estabelecida de se rcmetterem ao
Conselho de Justiça os Processos formados aos Sol-
dados delinqüentes, quando a desta Capitania tinha
sido inteiramente diversa; porque jamais se remet-
teram aquelle Tribunal, segundo fica exposto, e só
se enviaram á Secretaria de Estado, quando nellas
se impunha a pena Capital; o que me obrigou a
dar nova conta por aquella mesma Repartição em
2 de Setembro de 1803, em que participava, que
Governando a Capitania da Bahia, se me dirigiu
-por
a Provisão em data de 9 de Março de 1797,
immediata Resolução de 7 de Dezembro de 1796,
rémettida também ao Conde de Rezende, sendo
Vice Rei do Estado (Documento N.° 109), em que
se ordena que em todas as Capitanias, aonde se
não acharem estabelecidos Conselhos de Justiça,
nos de
para as revistas das Sentenças proferidas
Guerra, fossem as mesmas remettidas para o Con-
selho de Justiça da Corte, fazendo a reflexão de
era applicavel a
que semelhante providencia não
Bahia, á vista do Aviso da Secretaria de Estado
expedido ao Marquez de Lavradio, sendo Governa-
dor, e Capitão -General delia autorizando-o para
confirmar, ou emmendar as Sentenças proferidas
Pre-
nos Conselhos de Guerra, que subissem á sua
to-
sença, dando-as depois á sua devida execução,
e
mando por accessor ao Chanceller da Relação,
conhecendo o
que me não parecia coherente, que Sen-
Governador, e Capitão General da Bahia das
— 462 —

tenças proferidas nos Conselhos de Guerra,, tivesse


o Vice. Rei nesta matéria menos jurisdição, fa-
zendo-as enviar ao Conselho de Justiça. Não me es-
queci de ponderar nesta occasião, que se podia esta-
belecer nesta cidade uma espécie de Conselho de Jus-
tiça, a imitação do que se creou para essa Corte
pelo Decreto de 20 de Agosto de 1777, com o nu-
mero de Juizes determinados pelos Decretos de
13 de Agosto, e 13 de Novembro de 1790, com-
posto do Vice Rei, de alguns Officiaes Militares,
e Ministros da Relação, o que lambem é applica-
vel á Bahia, resultando desta providencia o bene-
ficio de se decidirem assim com muito maior brevi-
dade os Conselhos de Guerra dos Regimentos,
do que se fossem remettidos para aquelle Tribunal,
e cessando o inconveniente, que se haja de consi-
derar do que até agora se pratica a este respeito
em ambas as Capitanias, pois do contrario expe-
rimentarão grave prejuízo os Réus com a indispen-
savel demora de esperarem pela decisão do Conse-
lho de Justiça dessa Corte, que será muito maior
nos crimes capitães se embargarem as sentenças,
como lhes é permittido pelo Decreto de 5 de Agos-
to de 1778, não sendo praticavél formarem-se os
embargos sem que esta lhes seja
primeiramente in-
timacla. Dignou-se o Príncipe Regente Nosso Se-
nhor tomar na sua Real Consideração as reflexões,,
que fiz a respeito da Carta Regia de 9 de Novem-
bro de 1802 sobre as sentenças do Conselho de
Guerra, ordenando-me em um dos
paragraphos
do Aviso da Secretaria de Estado de 23 de! Feve-
reiro de 1804 (Documento N.° 110),
que emquanto
não dava a sua final resolução sobre este objeic-
to determinando o que julgasse mais conveniente
463

á administração da Justiça, continuasse a seguir a


pratica, que anteriormente se achava estabelecida a
respeito das ditas Sentenças.

PROFESSORES REGIOS

A escolha, e nomeação dos Professores Ré-


gios, para as escolas menores que vagam nas Ca-
pitanias do Brasil, depois que pela Carta de Lei
de 17 de Dezembro de 1794, se aboliu o Tribunal
da Real Mesa da Commissão Geral, sobre o Exame,
e Censura dos livros, ficou pertencendo ao Vice
Rei, e mais Governadores, e Capitães Generaes,
juntamente com o Bispo, na forma da Carta Regia
de 19 de Agosto de 1799, (Documento N.° 111),
com a declaração porem que não concordando este
sobre a escolha, deverão ambas fazer subir á Real
Presença a proposta com as razões, em que fundam
as suas differentes opiniões. Ao mesmo Vice Rei
compete igualmente a suprema inspecção sobre as
Escolas, excepto no caso, que por particulares mo-
tivos seja encarregada a algum Bispo, podendo
também reprehender, e castigar os Professores, e
vigiar sobre a sua conducía, e procedimento, até o
ponto de os suspender do seu exercício, emquan-
to dá parte.
Por Aviso expedido pela Secretaria de Estado
dos Negócios da Marinha, e Domínios Ultramari-
nos em data de 3 de Setembro do mesmo annjo
(Documento N.° 112), estão também os Governa-
dores autorizados para nomearem em cada anno
lectivo um Lente, ou Professor, que pela sua Lite-
raiura, zelo .do Real Serviço, e exemplar compor-
— 464 —

tamento, se faça credor de uma maior confiança,


para ir fazer uma rigorosa visita das Escolas, exa-
minando a assiduidade, e diligencia, dos Professo-
res, e Mestres no cumprimento das suas obriga^-
ções, inethodo, que seguem nas licções, esco-
lha de livros, e, tudo na forma determinada nesta
Real Ordem, remettendo cada um dos Governadores
anntialmente, ou de seis em seis mezes aquella Ser
cretaria uma conta exacta, acompanhada, além das
visitas dos discípulos, das observações, que jul-
gar opportunas a este fim.
Achando-se nesta Cidade D. Miguel Antônio
de Mello, Governador, que foi do Reino de An-
gola, me deu por copia um dos paragraphos |do
Aviso dc 22 de Setembro de 1799, que por aquella
Repartição se lhe expediu (Documento N.° 113), em
que se lhe decidem varias duvidas, que lhe oceorre-
ram acerca do provimento dos Professores Régios,
que nas Conquistas compete aos Governadores, e
Bispos.

CAPELLÃES QUE DEVEM LEVAR OS NAVIOS

E' bem conforme aos princípios da Religião,


que em um Paiz Catholico, como o nosso se deter-
minasse por differentes ordens, que os Governado-
res do Brasil não consentissem que dos Portos das
suas Capitanias partisse Navio algum
para o Reino,
ou para outra qualquer parte sem levar Capellão: as-
sim está determinado pelas Cartas Regias de 17 de
Dezembro de 1680, e 24 de Janeiro de 1681
(Do-
cumentos N.°s 114 e 115), o
que também se deve
praticar com as embarcações destinadas para os
Portos da África na forma do Capitulo 11 do Re-
1

465

cimento das ArqueaçÕes de 18 de Março de 1684;


deixando a Carta Regia de 27 de Março de 1688
(Documento N.° 116), na consciência do mesmo
Governador, e na do Bispo, dar a melhor for-
ma, e providencia possível para os Navios, e Suma-
cas, que navegam de umas Capitanias para as ou-
trás, e a respeito dos salários, que os Mestres
devem pagar os Capellães.
A Provisão de 21 de Julho de 1727 dirigida á
Capitania da Bahia, isentou desta obrigação aqttel-
Ias embarcações, que navegassem para os Portos
da África, quando por pequenas não tivessem com-
modo para isso, em virtude da representação do
Provedor Mór, que então era da Real Fazenda,
Bernardo de Sousa Estrella, o mesmo se diciditt;
1752 commu-
por resolução de 12 de Agosto de
nicada em Provisão de 30 de Outubro desse anno,
aprovando a communicação que o Conde de Athou-
suia impuzera nos Alvarás de navegar de serem os
Capitães presos um mez na cadeia daquella Oi-
dade, e pagarem quatrocentos mil reis para as for-
tificações, no caso de não apresentarem Certidão
do Vigário Geral, por onde certifiquem levarem
Capellão; porém em attenção ao que expoz o Con-
o
de dos Arcos, sendo Vice Rei do Estado, e
Arcebispo da Bahia, foi esta Provisão derogada
Nu-
pela de 29 de Dezembro de 1760 (Documento o
mero 117), mandando-sc novamente observar
de 27 de Mar-
que determina a citada Carta Regia e fdu-
co de 1688, e o Regimento das ArqueaçÕes,
ordem
vidando o Bispo do Rio de Janeiro se esta
com-
comprehendia, ou não as embarcações, que
do
mummente navegavam para os Portos pnncipaes
levar
Brasil, como a Bahia, e Pernambuco, sem
-466-

Capellão, se expediu ao Conde da Cunha a Provisão


de 19 de Dezembro de 1764 (Documento N.° 118),
fazendo-se-lhe saber que a referida ordem de 29 de
Março de 1688, que a respeito da navegação de
umas Capitanias para outras, deixava na conscien-
cia dos Bispos, e Governadores do Estado do Bra-
sil, a providencia necessária para que os Navios,
e Sumacas não navegassem sem Capellães, o que
também se participou ao mesmo Bispo.
Ao Intendente da Marinha, e Armazéns Reaes,
pertence, segundo o § 10, do Alvará de 3 de
Março de 1770, mandar lavrar termo aos Capitães
das embarcações, que vão para África, de levarem
Capellão, o qual se deve apresentar nos mesmos
Armazéns, para o assignar com o Capitão, o que
igualmente se pratica com os mais Capitães, que na-
vegam para o Reino, e Ilhas.

(A publicação deste Códice continua no vol. VII).


ÍNDICE
?
CÓDICE 1-4, 1, 41

/V.o 5825 do Cat. da Exp. de filsi. e Geog.


do Brasil.
N.° 36 do Cat. de Maiutsc. da Bibliotheca
Nacional.
Carta para Diogo Carneiro Fontoya . . . 3
Carta para os Officiaes da Câmara da Villa
de São Vicente 4
Carta para os Officiaes da Câmara da Villa
de São Paulo 4
Carta para os Officiaes da Câmara da Villa
• 5
de São Paulo •
Carta para o Capitão-mor da Capitania de
São Vicente • • 6
de
Carta para o Capitão-mor da Capitania
* * * 7
São Vicente • ;
Carta para os Officiaes da Câmara da Capi-
tania do Espirito Santo, acerca do Capi-
tão-mor Brás do Couto
en-
Carta para o Capitão-mor Joseph Lopes
ao
tregar a Capitania do Espirito Santo
• •
Capitão-mor Brás do Couto . -
Carta que se escreveu aos Capitães-mores
Nossa
da Capitania de São Vicente e de
acer-
Senhora da Conceição de Tinhaem
ca do tributo '
Figueira Provedor
Carta para Manuel Nunes
de ^ao
da Fazenda Real da Capitania 11
,! ' '
Vicente . - •
da Ca-
Carta que se escreveu aos Officiaes
São Pau-
mara da Villa de São Vicente
— 470 —

lo, e Nossa Senhora da Conceição de


Tinhaem acerca do tributo da Serenissi-
ma Rainha da Gram Bretanha e paz de
HoIIanda .,{ \\
Carta que se escreveu a todas as Villas das
Capitanias de São Vicente e de Nossa
Senhora de Tinhaem, para pagarem o
que a cada uma toca para o donativo
que continha um Rol que se enviou aos
Capitães-mores dellas 13
Carta para o Governador da Capitania do
Rio de Janeiro Pedro de Mello para se
levantarem, os impostos, dos 15
gêneros
Carta para o Governador Pedro de Mello 16
Carta para o Governador Pedro de Mello,
acerca da perda de Coehim, e soecorro
de Angola 17
Carta para o Syndicante Miguel Achioli de
Affonseca jg
Carta para o Governador da Capitania do I
Rio de Janeiro Pedro de Mello, comas
copias das de Sua Magestade sobre o
dinheiro do cunho, e tributo . ... 19
Carta para o Governador Pedro de Mello,
com a copia de outra de Sua Magestade
acerca de uma nau Franceza .... 20
Carta para o Governador Pedro de Mello
acerca do Ouvidor daquella Capitania 20
Carta para o Governador Pedro de Mello,
acerca da nau Hollandeza
que alli
aportou 21
Carta para o Governador Pedro
de Mello,
acerca do papel sellado com a copia da
de Sua Magestade 22
-471 —

Carta para o Governador Pedro de Mello


acerca de Navios do Rio da Prata, e Re-
gimento 23
Carta para o Governador Pedro de Mello,
em resposta do favor que fez ao Capi-
tão João Vieira e mais encomrnendados 24
Carta para o Governador Pedro de Mello
acerca do donativo, que se ha de re-
metter a Portugal, e a forma de se co-
brar 24
Carta para o Governador Pedro de Mello
acerca da Capitania de Cabo Frio, e do
Capitão-mor delia joseph Varella . 27
Carta para o Governador da Capitania do
Rio de Janeiro Pedro de Mello; em res-
30
posta de outra sua; e novas de Portugal
Carta para o Governador Pedro de Mello
acerca dos provimentos que vêm de
Portugal 31
Carta que se escreveu aos Capitães-mores,
de São Vicente, Espirito Santo e Ti-
nhaem, com a copia da de Sua Mages-
32
tade acerca do papel sellado . . ¦ •
Carta que se escreveu ao Capitão-mor da
Capitania do Espirito Santo, acerca do
32
donativo, que ha de ir na Armada. .
Carta para os Officiaes da Câmara da cida-
de do Rio de Janeiro acerca do dinheiro
33
do cunho
Carta que se escreveu aos Capitães-mores
da Capitania de São Vicente e Tintam
acerca do donativo que hão de remetter
na
ao Rio de Janeiro para se embarcar 34
frota

o
472

Carta para Miguel Aohioly de Affonseca


acerca da nau Hollandeza, e Capitão
do Galeão novo 34
Carta para o Padre Provincial, Frei Diogo
Rangel, sobre uma colcha de pennas 35
Carta para o Governador Pedro de Mello 36
Carta para o Governador Pedro de Mello 37
Carta para Diogo Carneiro Fontoya ... 37
Carta para o Governador Pedro de Mello 38
Carta para o Governador Pedro de Mello 39
Carta para o Governador Pedro de Mello,
acerca do papel sellado ...... 40
Carta que se escreveu aos Officiaes das Ca-
maras da Villa de São Sebastião, e aos
da Ilha Grande acerca do donativo . 41
Carta que se escreveu a Diogo Carneiro da
Fontoya 49
Carta para o Administrador da Capitania do
Rio de Janeiro 43
Carta que escreveu o Governador da Capi-
tania do Rio de Janeiro Pedro de Mello
ao Sr. Conde de Óbidos Viso-Rei deste
Estado 40
Carta para Manuel Nunes Figueira ... 44
Carta para o Capitão-mor da Capitania
do
Espirito Santo Brás do Couto de Aguiar 45
Carta para o Capitão-mor da Capitania de
São Vicente acerca dos 100$ da Cama-
ra da Villa de Nossa Senhora da Con-
ceição, ou o Provedor da Fazenda Real
delia, em ausência do Capitão-mor . 46
Carta para os Officiaes da Câmara da Villa
de Nossa Senhora da Conceição ... 47
Carta para o Governador do Rio de
Janeiro
-473 —

Pedro de Mello a favor de Agostinho


Barbalho Bezerra 48
Carta para o Capitão-mor da Capitania do
Espirito Santo a favor de Agostinho
Barbalho Bezerra 49
Carta para o Capitão-mor da Capitania do
Espirito Santo, sobre o donativo ... 50
Carta para o Provedor da Fazenda Real da
Capitania do Espirito Santo 51
Carta para Diogo Carneiro Fontoura Pro-
vedor da Fazenda Real da Capitania do
Rio de Janeiro 51
Carta para o Governador da Capitania do
Rio de Janeiro Pedro de Mello, com no-
vas da índia, e Galeão Populo ... 3Z

Carta para o Governador do Rio de Janeiro


Pedro de Mello, acerca de varias ma-
terias 53
Carta para o Administrador do Rio de Ja-
neiro Manuel de Sousa de Almada . 54
Carta para o Administrador do Rio de Ja-
neiro Manuel de Sousa de Almada . 55
Carta do Governador da Capitania do Rio
de Janeiro Pedro de Mello . . . - 5o
Carta para o Governador da Capitania do
• • 57
Rio de Janeiro Pedro de Mello. .
Carta para o Provedor da Fazenda Real da
Capitania do Rio de Janeiro Diogo Car-
59
neiro da Fontoura •
Carta para os Officiaes da Câmara do Rio
so-
de Janeiro com a copia da Provisão
¦. 60
bre os Engenhos •
Ilha
Carta para os Officiaes da Câmara da

\ í
— 474 —

de São Sebastião acerca da Villa que


fundou Manuel de. Faria Doria ... 61
Carta para Diogo Carneiro da Fontoura
Provedor da Fazenda do Rio de Janeiro 62
Carta para o Provedor da Fazenda do Rio
de Janeiro digo para o Ouvidor delia 63
Carta para Agostinho Barbalho Bezerra . 64
Carta para o Governador da Capitania do
Rio de Janeiro Pedro de Mello acerca
do que pede Agostinho Barbalho
para
as Minas de São Paulo 65
Carta para o Governador do Rio de
Janei-
ro Pedro de Mello acerca de mandar
vir farinhas 66
Carta para o Capitão-mor Cypriano Tavares
acerca de se lhe levantar a homenagem 67
Carta para o Prelado Administrador do
Rio
de Janeiro ' 6S
Carta para o Capitão-mor da Capitania de
São Vicente Agostinho de Figueiredo 68 f*
Carta para o Provedor da Capitania de São
Vicente André de Gois de Sequeira . 70
Carta para o Governador do Rio de
Janeiro
Pedro de Mello 70
Carta para Diogo Carneiro de Fontoura
71
Carta para o Prelado Administrador
do Rio
de Janeiro 72
Carta para Dom Pedro Mascarenhas
Go-
vernador do Rio de
Janeiro .... 73
Carta para Dom Pedro Mascarenhas
Prove-
dor-Mor e Governador' do Rio de
Janeiro 74
Carta para os Officiaes da Câmara
da cida-
de de São Sebastião do Rio de
Janeiro
— 475 —

sobre as ordens dos Religiosos de São


Francisco 75
Carta que se escreveu ao Capitão-mor da
Capitania de (sic) 76
Carta que se escreveu ao Capitão-mor da
Capitania de (sic) 77
Carta que se escreveu ás Câmaras de São
Vicente, Santos, e São Paulo .... 78
Carta que se escreveu ao Governador do
Rio de Janeiro D. Pedro Mascarenhas 79
Carta para Dom Pedro Mascarenhas ... 80
Carta que se escreveu ao Capitão-mor do
Espirito Santo Antônio Mendes de Fi-
gueiredo 81
Carta que se escreveu ao Capitão-mor do
Espirito Santo. Antônio Mendes de Fi-
gueiredo : . 83
Carta que se escreveu aos officiaes da Ca-
mara da Villa da Victoria da Capitania
do Espirito Santo 84
Carta que se escreveu ao Provedor da Fa-
zenda Real da Capitania do Espirito
Santo Manuel de Moraes 85
Carta que se escreveu a Diogo de . . .
. . Barras 86
Carta que se escreveu a Manuel Barretto
da Silva 87
Carta que se escreveu ao Governador do
^Rio
de Janeiro Dom Pedro Mascare-
ninas 87
Carta que se escreveu ao Governador do
TRio de Janeiro Dom Pedro Mascare-
nhas 89
-476 —

Carta que se escreveu ao Governador do


Rio de Janeiro Dom Pedro Mascarenhas 92
Carta que se escreveu ao Governador do
Rio de Janeiro D. Pedro Mascarenhas 93
Carta que se escreveu ao Governador do Rio
de Janeiro D. Pedro Mascarenhas . 93
Carta que se escreveu aos Officiaes da Ca-
mara do Rio de Janeiro 94
Carta que se escreveu ao Provedor do Rio
de Janeiro Diogo Carneiro da Fontoura 95
Carta que se escreveu a Pedro de Sousa
Pereira 97
Carta que se escreveu a João Corrêa die
Faria 98
Carta que se escreveu ao Prelado do Rio
de Janeiro 98
Carta que se escreveu ao Capitão Matheus
Vieira Botado 100
Carta que se escreveu ao Provedor da Fa-
zenda Real da Capitania de São Vicen-
te André de Gois de Araújo .... 100
Carta que se escreveu ao Governador do
Rio de Janeiro Dom Pedro Masca-
renhas. 101
Carta que se escreveu a Diogo Carneiro
da Fontoura 102
Carta que se escreveu aos officiaes da Ca-
mara da.Villa da Victoria sobre a meia
pataca que se mandou impor .... 102
Carta que se escreveu ao Capitão-mor da
Capitania do Espirito Santo Antônio
Mendes de Figueiredo 103
Carta que se escreveu ao Capitão-mor da
— 477 —

Capitania do Espirito Santo Antônio


Mendes de Figueiredo 104
Carta que se escreveu ao Provedor da Fa-
zenda da Capitania de São Vicente . . 105
Carta que se escreveu ao Capitão-mor da
Capitania de São Vicente Agostinho de
Figueiredo 105
Carta que se escreveu ao Capitão-mor de
São Vicente Agostinho de Figueiredo,
e ao Ouvidor 106
Carta que se escreveu aos officiaes da Ca-
mara da Villa da Conceição .... 107
Carta que se escreveu a Ignacio de Men-
donça 107
Carta que se escreveu aos officiaes da Ca-
mara da Villa de São Paulo ... 108
Carta que se escreveu aos officiaes da Ca-
1°9
mara da Villa de Santos
Carta que se escreveu aos officiaes da Ca-
HO
mara da Villa de São Vicente ...
do
Carta que se escreveu ao Governador
Rio de Janeiro Dom Pedro Mascare-
nuas sobre o nascimento da Serenissi-
ma Infante *
Governador do
Carta que se escreveu ao
Mascare-
Rio de Janeiro Dom Pedro
nhas
Carta que se escreveu aos Capitães-mores
e Sao
das Capitanias do Espirito Santo
Figueire-
Vicente Antônio Mendes de ^
do, e (sic)
Carta que se escreveu para o Capitao-mor
Anto-
da Capitania do Espirito Santo ^
nio Mendes
478

Carta que se escreveu aos officiaes da Ca-


mara do Espirito Santo 114
Carta que se escreveu para o Provedor da
Fazenda Real da Capitania do Espiri-
to Santo Manuel de Moraes .... 115
Carta que se escreveu ao Capitão Manuel
de Almeida do Canto 115
Carta que se escreveu ao Governador do
Rio de Janeiro Dom Pedro Mascare-
nhas 115
Carta que se escreveu a Dom Pedro Mas-
carenhas Governador do Rio de Janeiro 117
Carta que se escreveu a João Baptista Roiz
Capitão-mor da Capitania do Cabo
Frio . . . 118
Carta que se escreveu a João Baptista Roiz
Capitão-mor da Capitania do Cabo Frio 119
Carta que se escreveu aos officiaes da Ca-
mara da cidade de Assumpção do Ca-
bo Frio 120
Carta que se escreveu a D. Pedro Mascare-
nhas Governador do Rio de Janeiro . 120
Carta que se escreveu a Diogo Carneiro
da Fontoura 121
Carta para o Sargento-mor de São Vicente
Francisco Garces Barretto 122
Para o Almoxarife da Capitania de São Vi-
cente Bartholomeu Monteiro .... 123
Para Paulo Gonçalves de Lara Provedor
dos defuntos e ausentes de São Vicente 123
Carta que se escreveu ao Capitão Francisco
João Leme 124
Para a Câmara da Villa e Capitania de Con-
ceiÇao 125
_479 —

Para a Câmara da Villa de Santos ... 126


Para a Câmara da Villa e Capitania de São
Vicente 127
Para o Provedor da Fazenda de São Vi-
cente André de Góes de Cerqueira . . 128
Para Diogo Árias de Araújo 130
Para Sebastião Velho de Lima 130
Para o Capitão-mor da Capitania de São
Vicente sobre o gentio, digo para a Ca-
mara da dita Capitania . . . . . . 131
Para o Capitão-mor da Capitania de São
Vicente 134
Para o Provedor da Capitania de São Vi-
cente 135
Carta para o Capitão Pedro Vás de Barros 135
Carta que se escreveu ao Provedor da Fa-
zenda da Capitania de São Vicente An-
dré de Góes de Araújo 137
Carta que se escreveu ao Capitão-mor da
Capitania de São Vicente 138
Carta que se escreveu a Manuel de Sousa
de Almada 139
Carta que se escreveu a Dom Pedro Mas-
carenhas Governador do Rio de Janeiro 139
Carta que se escreveu ao Capitão-mor da
Capitania do Espirito Santo Antônio
!4°
Mendes de Figueiredo
141
Carta para a Câmara da Villa de São Paulo
Carta que se escreveu ao Governador João
da Silva de Souza
144
Carta que se escreveu a Sebastião Lamberto
Carta que se escreveu ao Exm.° Doutor
Antônio Nabo Peçanha ...¦¦¦• 3
— 480 —
1
Carta que se escreveu ao Administrador do
Rio de Janeiro 146
Carta que se escreveu ao Capitão-mor da
Capitania do Cabo Frio Gaspar de Ma-
ris de Almeida 146
Carta que se escreveu a João da Silva e
Sousa Governador do'Rio de Janeiro 147
Carta que se escreveu ao Capitão-mor de
São Vicente Agostinho de Figueiredo
sobre a jornada do Gentio ..... 148
Carta que se escreveu aos officiaes da Ca-
mara da Villa de São Paulo sobre a
mesma jornada 150
Carta que se escreveu a Estevão Ribeiro
Bayão Parente Capitão-mor da Entrada 151
Carta que se escreveu ao Capitão-mor da
Capitania do Espirito Santo Antônio
Mendes de Figueiredo 152
Carta que se escreveu ao Provedor da Fa-
zenda da Capitania do Espirito Santo
sobre a propina do Secretario ... 153
Carta que se escreveu aos officiaes da Ca-
mara da Capitania de Porto Seguro so-
bre o que se deve ao donativo do dote
e paz 80$ para farinhas 154
Carta que se escreveu ao Capitão-mor da
Capitania do Porto Seguro sobre as fa-
rinhas que se hão de comprar no Rio
das Caravellas 155
Carta que se escreveu ao Provedor da Fa-
zenda Real da Capitania de São Vicen-
te Pedro Taques de Almeida sobre (sic) 156
Carta que se escreveu á Capitania da Con-
-481-

. ceição ao Capitão-mor Sebastião de


Macedo 157
Carta que se escreveu ao Capitão-mor de
São Vicente Agostinho de Figueiredo 158
Carta que se escreveu ao Procurador da
Coroa e Fazenda Real da Capitania de
São Vicente Sebastião Velho de Lima . 160
Carta que se escreveu ao Capitão-mor do
Rio das Caravellas 161
Carta que se escreveu aos officiaes da Ca-
mara da Villa de São Paulo .... 162
Carta que se escreveu ao Governador do
Rio de Janeiro João da Silva de Sousa 162
Carta que se escreveu ao Doutor Antônio
Nabo Peçanha 164
Carta que se escreveu ao Ouvidor Gerai da
Repartição do Sul João de Abreu e Silva 164
Carta que se escreveu ao Provedor da Fa-
zenda Real do Rio de /aneiro Pedro de
Sousa Pereira 165
Carta que se escreveu ao Governador do
Rio de Janeiro João da Silva de Sousa 166

Cartas que se escreveram no Governo do


Sr. Affonso Furtado de Castro do Rio
de Mendonça.
Carta que se escreveu ao Capitão-mor da
Capitania do Espirito Santo Antônio
Mendes de Figueiredo 168
Carta que se- escreveu ao Capitão-mor da
Capitania do Espirito Santo Antônio
Mendes de Figueiredoi 169
Carta que se escreveu aos officiaes da Ca-
mara da Villa da Victoria 17°
482

Carta que se escreveu ao Capitão Sebastião


Duarte que está na Villa dos Ilhéus . 170
Carta que se escreveu aos officiaes da Ca-
mara da Villa de Porto Seguro . . . 171
Carta que se escreveu ao Governador do
Rio de Janeiro João da Silva de Sousa 172
Carta que se escreveu ao Governador do
Rio de Janeiro João da Silva de Sousa 173
Carta que se escreveu ao Capitão-mor da
Capitania de São Vicente 174
Carta que se escreveu ao Capitão-rtfor da
Capitania da Parahiba ...... 176
Carta que se escreveu ao Provedor do Rio
de Janeiro Pedro de Sousa Pereira (e
aos Provedores das Capitanias do Es-
pirito Santo, e São Vicente que se se-
gue) 177
Carta que se escreveu aos Provedores das
Capitanias do Espirito Santo, e São
Vicente 178
Carta que se escreveu ao Governador do
Rio de Janeiro João da Silva de Sousa 179
Carta que se escreveu ao Governador do
Rio de Janeiro João da Silva de Sousa 180
Capitulo de uma carta que se escreveu ao
Governador do Rio de Janeiro João
da Silva de Sousa 181
Carta que se escreveu ao Ouvidor ao Rio
de Janeiro 182
Carta que se escreveu ao Capitão Antônio
Luis Espinha no Espirito Santo ... 182
Carta que se escreveu ao Capitão-mor da
Capitania do Espirito Santo .... 183 m
Carta que se escreveu ao Capitão-mor da

1
^a

483 —

Capitania do Espirito Santo .... 184


Carta que se escreveu aos officiaes da Ca-
mara da Capitania do Espirito Santo 185
Carta que se escreveu ao Governador do
Rio de Janeiro João da Silva de Sousa 186
Carta que se escreveu aos Capitães-mores
das Capitanias do Espirito Santo, e São
Vicente 186
Carta que se escreveu aos officiaes da Ca-
mara da Villa de São Paulo .... 187
Carta què se escreveu aos officiaes da Ca-
mara da Villa de São Paulo .... 188
Carta que se escreveu a Fernão Dias Paes
morador na Villa de São Paulo . . . 189
Carta que se escreveu ao Licenciado Ma-
theus Nunes de Siqueira morador na
190
(sic)
Carta que se escreveu ao Capitão-mor da
Capitania de São Vicente Agostinho de
Figueiredo 191
Carta que se escreveu ao Governador do
193
Rio de Janeiro João da Silva de Sousa
Carta que se escreveu ao Governador do
Rio de Janeiro João da Silva de Sousa 194
Carta que se escreveu ao Capitão-mor da
Capitania de São Vicente Agostinho de
Figueiredo 196
Carta que se escreveu. ao Capitão-mor da
Capitania de São Vicente Agostinho de
Figueiredo 200
Carta que se escreveu ao Capitão Fernão
Dias Paes morador na Villa de São
Paulo 201
Carta se escreveu ao Provedor da Co-
que
484

rôa e Fazenda Real da Capitania de


São Vicente Sebastião Velho de Lima 204
Carta que se escreveu aos officiaes da Ca-
mara da Villa de Santos 205
Carta que se escreveu ao Provedor cia Fa-
zenda Real da Capitania de São Vioen-
te Pedro Taques de Almeida .... 206
Carta que se escreveu ao Ouvidor da Capa-
tania de São Vicente Diogo Árias de
Araújo 209
Carta que se escreveu ao Capitão-mor da
Capitania de São Vicente Agostinho de
Figueiredo 210
Carta que se escreveu ao Capitão-mor da
Capitania do Espirito Santo Ignacio de
Lescaro - . . 211
Carta que se escreveu ao Provedor da Fa-
zenda Real da Capitania de São Vicen-
te Pedro Taques de Almeida e ao Capi-
tão-mor da dita Capitania Agostinho de
Figueiredo 212
Carta que se escreveu aos officiaes da Ca-
mara da Villa de São Paulo .... 213
Carta que se escreveu aos officiaes da Ca-
mara da Villa de São Vicente .... 215
Carta que se escreveu ao Governador do Rio
de Janeiro João'da Silva de Sousa . . 216
Carta que se escreveu ao Governador do
Rio de Janeiro João da Silva de Sousa 218
Carta que se escreveu a João de Abreu e
Silva 219
Carta que se escreveu ao Capitão-mor Gas-
par . . .is Lourenço 220
Carta para o Capitão-mor da Capitania de

1
— 485 —

São Vicente sobre a gente que se man-


da para São Paulo, e Minas .... 220
Carta que se escreveu a Fernão Dias Paes
sobre as minas 221
Carta que se escreveu ao Governador do
Rio de Janeiro João da Silva de Sousa
sobre as jurisdições 223
Carta para o Provedor da Fazenda do Rio
de Janeiro Pedro de Sousa Pereira em
resposta da sua carta 225
Carta para o Ouvidor do Rio cie Janeiro
acompanhando uma carta avocatoria . 226
Carta para João da Silva de Sousa Gover-
nador do Rio de Janeiro 227
Carta que se escreveu ao Desembargador
João de Abreu e Silva Ouvidor Geral
da Repartição do Sul sobre (sic) . . . 228
Carta que se escreveu ao Governador do
Rio de Janeiro João da Silva e Sousa
sobre mandar vir a esta praça o minei-
ro que alli ha • 229
Carta que se escreveu a Agostinho de Fi-
o piei-
gueiredo por que se lhe levanta
to menagem que deu pela Capitania de
23°
São Vicente •
Carta que se escreveu a Antônio Ribeiro
de Moraes que acompanha a patente
da Capitania de
para ser Capitão-mor
São Vicente
Carta que se escreveu ao Capitão Fernão
Dias Paes '
ao Capitão-mor da
Carta que se escreveu
de
Capitania de São Vicente Agostinho
^
Figueiredo

-Ll
- 486 —

Carta que se escreveu ao Sargento-Maior


Sebastião Velho de Lima ..... 236
Carta que se escreveu aos officiaes da Ca-
mara da Ilha Grande 236
Carta que se escreveu ao Governador do
Rio de Janeiro João da Silva de Sou-
sa sobre as novas do Sertão, e partida
do Galeão para a índia 237
Carta para o Governador do Rio de Janei-
ro João da Silva de Sousa com as no-
vas da Nau da índia, -e Tapuyas . . 238
Carta que se escreveu aos officiaes da Ca-
mara da Villa de São Paulo sobre man-
darem legumes para os Paulistas . . 239
Carta que se escreveu ao Capitão-mor da
Capitania de São Vicente acerca dos
mantimentos para os Paulistas . . . 241
Carta para o Capitão-mor da Capitania do
Espirito Santo sobre o donativo . . 243
Carta para o Ouvidor Geral do Sul acom-
panhando as cartas de diligencia que
vão para as despesas 243
Para o Capitão-mor do Espirito Santo so-
bre o mesmo 244
Para o Capitão-mor da Capitania de São
Vicente Agostinho de Figueiredo . . . 244
Carta para o mesmo Capitão-mor de São
Vicente 247
Para Sebastião Velho de Lima 250
Para a Câmara de São Vicente -252
Para os officiaes da Câmara de São Paulo 252
Para o Provedor da Fazenda da Capitania
de São Vicente Lourenço de Mello . . 253
Para o Ouvidor da mesma Capitania de
- 487 —

São Vicente acompanhando a Provisão


que se lhe envia sobre as pedras . . 253
Para o Governador do Rio de Janeiro so-
bre os Religiosos de São Bento . . 254
Para o Governador do Rio de janeiro João
da Silva de Sousa, acompanhando o sac-
co onde vão as cartas 257
Para o Capitão-mor da Capitania do Espi-
rito Santo Joseph Gonçalves de Oliveira 25S
Carta que se escreveu a André da Costa
Moreira que acompanha a. provisão para
proceder contra os culpados sobre o
caso da Parahyba do Sul 259
Carta que se escreveu a Fernão Dias Paes
sobre o descobrimento da prata e pe-
draria 259
Carta que se escreveu ao Capitão-mor do
Cabo Frio sobre a duvida que teve com
o Ouvidor Geral daquella repartição
Gaspar Maris d'Almeida 261
Carta que se escreveu ao Capitão-mor de
São Vicente sobre o descobrimento das
minas • • 262
Carta que se escreveu ao Provedor da Fa-
zenda de São Vicente sobre o sal . . 263
Carta que se escreveu aos officiaes da Ca-
mara da Villa da Conceição sobre os
cem mil réis da esmola 264
Carta que se escreveu ao Provedor da Fa-
zenda do Rio de Janeiro sobre o dinhei-
265
ro que resultou do cunho . . • • •
Carta que se escreveu ás Câmaras de São
265
Paulo, São Vicente, e Tinhaem . . .
488

Carta que se escreveu ao Capitão-mor de


Tinhaem para se levantar a homenagem 267
Carta para o Governador do Rio de Janei-
ro João da Silva 267
Carta para o Governador do Rio de Janeiro 268
Carta que se escreveu ao Capitão-mor do
Espirito Santo 269
Carta que se escreveu ao Provedor dos de-
funtos e ausentes da Capitania do Es-
pirito Santo 270
Carta para o Capitão Bartholomeu Fragoso
Cabral 270
Carta para João da Silva de Sousa Gover-
nador do Rio de Janeiro 271
Carta que se escreveu ao Governador do
Rio de Janeiro sobre os Provinciaes de
São Bento João da Silva de Sousa . . 275
Carta para os officiaes da Câmara da Capi-
tania do Espirito Santo sobre se solta-
rem os que não tivessem culpa no caso
do Capitão-mor 278
Carta aos officiaes da Câmara da Capitania
do Espirito Santo sobre governarem
aquella Capitania durante a ausência
do Capitão-mor delia 278
Carta para o Capitão da Capitania do Espi-
rito Santo Joseph Gonçalves de Olivei-
ra vir a esta praça dar conta ao Gover-
no Geral dos seus procedimentos . . 279
Carta para o Capitão-mor da Capitania do
Espirito Santo Joseph Gonçalves de Oli-
veira para que venha a esta praça sem
embargo das razões que allega na sua
carta 280
— 489 —

Carta para o Capitão-mor Agostinho de


Figueiredo em resposta da que escreveu
com a nova das minas 280
Carta para Manuel de L.. . . Provedor
das Minas de Pernaguá 284
Carta para Roque Dias Pereira Thesourei-
ro das minas de Pernaguá 285
Carta para o Padre Frei João de Iranica . 285
Carta para os Capitães das Aldeias de S. A.
da Capitania de São Vicente Manuel
Róis de Arzão, João Baptista de Leão,
Francisco Nunes de Siqueira e Antônio
Lopes de Medeiros 287
Carta para os officiaes da Câmara da Villa
de São Paulo sobre a reconducção dos
índios das Aldeias de S. 288
Carta para o Provedor da Fazenda Real
da Capitania de São Vicente Cypriano
Tavares sobre diversas matérias tocan-
tes ás minas de Pernaguá 289
Carta para o Sargento-Maior Sebastião Ve-
Iho de Lima sobre as amostras das mi-
292
nas que se recebeu •
Carta para o Capitão-mor Agostinho de Fi-
Antônio
gueiredo sobre o Engenheiro
Corrêa Pinto, e soldados que leva em
293
sua Companhia •
Carta para o Capitão-mor Agostinho de Fi-
das Minas de
gueiredo Administrador
Pernaguá acerca de se lhe remetter
• 294
220$ e um espadim de prata . . .
490

CÓDICE 1 — 5, 2, 27
Np 5833 do Cat. da Exp. de Hist. e Geog.
do Brasil.
Np 38 do Cat. de Manusc. da Bibliotheca
Nacional.
índice do Regimento dos Governadores Ge-
raes do Estado do Brasil com as obser-
vações do Illmo. e Exmo. Sr. Vice-Rei
D. Fernando José de Portugal . . . 299
índice do Appendice sobre a exposição de
ordens, não comprchendidas neste Re-
gímento, e que comtudo devem fazer
parte do que de novo se fizer . . . 309
Regimento que trouxe Roque da Costa Bar-
reto, Mestre de Campo General do Es-
tado do Brasil em data de 23 de Janei-
ro de 1677 com varias observações fei-
tas pelo actual Vice-Rei, e Capitão Ge-
neral de Mar, e Terra do Estado do
Brasil D. Fernando José de Portugal,
em cumprimento da Provisão do Conse-
lho Ultramarino de 30 de Julho de 1796
cuja execução se recommenda por ou-
tra de 10 de Abril de 1804 em as quaes
se apontam as Ordens que tem alterado,
ampliado, ou restringido alguns Capitu-
los do mesmo Regimento, interpondo-
se o parecer sobre os Artigos presente-
mente praticaveis 312

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