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71- 1713, Julho, 29, Natal

CARTA dos oficiais da Câmara de Natal ao rei [D. João V], sobre as dificuldades que os moradores
enfrentam por causa de um bando que o governador de Pernambuco, Felix José Machado, mandou lançar
para que todos os tapuias cativos de sete anos para cima fossem remetidos para Pernambuco, para serem
vendidos no Rio de Janeiro.
Anexo: carta dos oficiais da Câmara de Natal ao governador de Pernambuco (treslado) e resposta.
AHU-RIO GRANDE DO NORTE, Cx. 1, D. 71

[fl. 1]
[À margem esquerda] Escreveo ao G.dor informe com a ordem qe teve pa passar o [xxx] q se refere e
entre baixo suspenda a execução dela oh nova ordenz da S. Mg de e a Camara he escrever q o do
manda dos parecer a execução da da [xxx]se o informado da bocalo e queija. Lxa 7 de Maio de 1714.
[Assinado com cinco rubricas]

Senhor
Pareçe que esta Capitania do Rio grande por mais Remota se opõem a ella todas as presegiçois, e a
em que oz governadores de Pernambuquo põem mais depreca oz olhoz para dagno dos moradores,
que com tanto trabalho, e emquietaçoiz a estao Povoando e oferesedor a tantas desgraças, quantas
tem ezprementado, cauzadas do gentio Barbaro, que atendendo V.Mag.de os latrossinioz deste, fiz
servido mandar hua ordem que todoz focem Cativos assim aquelles que se apanhasem em guerra
viva, como oz que se sugeitão com o temor daz armas, em esta Comfideração foram avendo asy oz
pobrez moradores algûs Cativos pera mais comodamente puderem passar com o seu trabalho, hus
adequeridos por Venda que em nome de V.Mag.de se lhe fes, Rematados em praça pello Provedor da
Fazenda Real outros apanhados Por elles mesmo nas Bandeiras, e guerras que se lhe fez, e
paresendolhe que daqui em diante viverião com mais sucego, mandou o G or Fellix Joseph Machado
lançar hum Bando pera que todos os Cativos de sete annos para sima se lhe Remetesse pera se hirem
vender ao Rio de Janeiro querendo por alguas Comunicacias deichar esta Capitania de toda acabada,
pois estaõ Resulutos oz moradores

[fl. 1v.]
Aoz não emtreguarem dizendo que hus comprarão a V.Mag.de dês quintes e outroz que lhe centarão
apanhar em guerra padesendo emsuportaveis nesecidadez, e por remediarem algua alteração no povo
ezcrevemos ao dito Governador a Carta Cuja Copia Remetemoz a V.Mag. de existindo na execução do
dito Bando, não servindo estes cativos di minimo prejuizo pera ezta Capitania pois estão ja com a
doutrina de seus senhores, e os mais delles se apanharão Pequenos e Coase todos sam femias, e se
V.Mag.de não poem oz olhos nesta Pobre Capp. nia livrandoa de alguz flagellos semelhantes, sem
duvida exazperadoz oz moradores, a despião; e asim proztadoz apz Pes de V.Mag. de Pedimos prova
V.Mag.e de Remedio para que logren estes moradores algu sucego, a Pessoa de V.Mag. de g.de Deos
mto Annos Escripta em Camara pello ezcrivão della Domingos dias de Barros aoz 29 de julho de
1713.
Alberto Pimentel
Mel Mello de Albuquerq
Joseph Cordeyro Lxa

[fl. 2]
João Carvalho lima
Cosme da Silveira

[fl. 2v, em branco]

[fl. 3]
[À margem esquerda] Nº 18
Rio Gr.de ------------------------------------- 29 de julho ------------------------------------de 1713
Dos officiaes da Camra
Em que se queixao do Bando que o Gov.r de Pernco mandou fundar, pa que todo o gentio barbaro
captivo de sette annos pa sima se lhe Remetessem pa se hirem vender, ao Rio de Jan.ro em Gr.de dano
daquella Capnia.

[fl. 4]
Os oficiais da Camara que este Presente Anno servimos nesta Cidade do Natal e seu termo Capitania
do Rio grande por ser a V.Mag.de que Deos gde &ta [etc.] Mandamos ao Escrivão da Camara que ante
nos ser ve tire ao Pê desta o Treslado da carta que Escrevemos ao g or de Pernco Fellix Joseph
Machado sobre axtraminação doz tapuyas Cativos, e junto a esta a propria Carta do dito g. or em
resposta da nossa, que assim enportão a sertos Requerimentos que mandamos fazer deante de Sua
Mag.de que Deos guarde cumprao assim e az não faça &ta [etc.] Dado, e paçado neste Senado da
Camara sob nossos sinais a vinte e nove de julho de mil e setecentos e treze annos Eu Domingos
Dias de Barros escrivão da Camara o escrevi.
Alberto Pimentel Mel Mello de Albuquerque
Josephf Cordeiro Lxa João Carvalho Lima
Cosme da Silveira

Treslado do que se pede


Senhor, em catorze do mes de mayo escrevemos a V. Ex a pidindolhe por servisso de Deos, e de Sua
Magde que Deos g.de que quizeçe mandar Retirar algus dos Tapuyas que se achão no tersso Paullysta
e aldea
[À margem esquerda] Carta

[fl. 4v.]
E Aldea do guajurû por Se acharem estes tão Bem ocultos em hua ilha detras da dita aldea por serem
hus e outros prejudesiais a esta Capitania, para que cem a sua auzenssia podesse ficar com algum
susego, ao que V. Ex.a noz deferio mandando tirar devaça e ficando inda por este meio idessizo a
hida, porem com ezperança de se conseguir este efeito, mas proximamente mandou V. Ex. a lançar
hum Bando, para que se Remeteçe todos os Cativos de sete Annos para sima, que mais fez para
dagno, e perqua dos pobres moradores do que utilidade a Capitania, porque so servio, de avizo para
os mais delles se aColherem, a sua antiga vivenda, donde os tinha tirado o puder daz armas, como
com efeito fizeram com a notessia do Bando que se asentou em junta demessois, a vista disto se
queicharão os moradores, e paressenos que com justessima Rezão, e todos a hua Voz nos Requerem
que na comssentem na ida, he venda daz peças e Escravos, por que estes pella hordem de Sua Mag. de
Sam cativos, e o mesmo senhor pello seu Provedor da Fazenda Real lhes vendeo, alem do que Coase
todos Sam femias, e ainda que fugão não nos Cauzão Guerra, antes servem de Correntes aos que
ainda andão no mato, e para mais depressa se colherem, e juntamente alguas dellas estarem Cazadas
com negros da gine, e os machos com boa Doutrina, por serem ainda pequenos demais que nunqua
comvem emtender com estes Tapuias cativos, porque he perto por espiriencia que avendo corenta ou
sencoenta forros que estão no aRayal dos Paulystas, e algus dos amotonadores, e os que estão de tras
da aldea do guajurû. que os Cativos se mandão fora da terra he sobrão da cauza a vizta da
descomfiança com que estão pera que logo se acolhão, e se vão ajuntar com oz outroz, e ja ha
comssequenssias de que muitos do Terço que andão fora delle senão tornaram a Recolher, e
comesaremos de novo em outras guerras, que destes he que os moradores se Resseião, e não dos
Cativoz, por Cujas

[fl. 5]
Cujas Rezões nos parece Pidir a V.Ex.a que não Comum a que se Execute o Bando, porque
antevemos hua total Ruina, e pella Obrigação que temoz devemoz fazella presente a V.Ex. a pera se
atalhar esta, pois so nesta que precurar e Bancar todo o sussego desta Capitania; Tambem
Remetemos a V.Ex.a as duas devaças, e Portaria da outra que se não tirou por se aver tirado ja sobre a
mesma materia, sem embargo disso paresendolhe a V.Ex. a se torne a tirar com aviso de V.Ex. a se
fara; premita nosso senhor emcaminhar a V.Ex. a de sorte que esta pobre terra lhe fique devendo o
susego, e a e a quietação; a Pessoa de V.Ex. a gde Deos ms Anns. Escripta em Camara pello escrivão
della aos vinte de junho de Mil e seteCentos e treze annos Alberto Pimentel // Manoel de Mello de
Albuquerque // Manoel Correa Pestana // Jozeph Cordeiro Lisboa // Cosme da Silveira // e não se
comtenha mais na dita carta que aqui Tresladey bem e fielmente da que esta Rezei toda no L o do
Resisto deste Senado da Camara a qual me Reporto em tudo e por tudo escrevy e asiney aos Vinte e
nove de julho de mil e setiCentos e treze annos de meu sinal custumado seguinte. [Sinal]
O escrivão da Camara
Doz Dias Barros

[fl. 6]
Receboa de V.M.s deRo do passado, sobre o q se lhe offerece a Respeyto do exterminio dos Indios
Tapuyas, como se tem assentado.
V.M.s não admittao nem se intrometão a acharra sam contra as ordens de Sua Mag. de, e contra
as resoluções do Governo com a facilidade de q costumão; e se os povos não acharão nas pessoas da
governança quem lhe admittisse a confiança com q hoje se metem todos a interpretar o q se lhes
manda, pode ser que não houvessem tantas desgraças como se experimentarão em Pernambuco; e
tenhao de VMs entendido, q todos os requerimentos, q se me fizerem em q haja a minima demora
delles hão de ser deferidos muyto ao contr o do qe se pretender. Ainda a que forão muyto justos,
parece q assim he que devião ser despachados, pela grande bem q sem duvida poderia seguirse ao
serviço de Sua Mag.de de que se desse causa ao seu Governador, e aos seus Ministros para
procederem com hum castigo muy exemplar pa que não do se fizessem temidos no tempo presente,
mas também para o futuro.
As dias devassas forão ao Dor Ouv.or geral. A q v.ms. apontao q se tirou, não se acha q tenha
vdo, mandem vms tirar a copia della, ou outra de novo, em virtude da mesma portaria, q torna a
Remetella Gde Deos a V.M. muytos annoz. Pernco 18 de julho de 1713.
Felix Jose Machdo

[À margem esquerda] S.res Off.es do Senndo da Camara da Cide do Rio Gr.de

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