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UNIVERSIDADE DO ESTADO DO RIO GRANDE DO NORTE

CAMPUS AVANÇADO WALTER DE SÁ LEITÃO


DEPARTAMENTO DE HISTÓRIA – DHI
CURSO DE HISTÓRIA

A ESTAÇÃO FERROVIÁRIA DE LAJES/RN: HISTÓRIA, MEMÓRIA E


PATRIMÔNIO 2018 - 2020

JOÃO IGOR DA CRUZ LUIZ

ASSU – RN
Setembro/ 2022
JOÃO IGOR DA CRUZ LUIZ

A ESTAÇÃO FERROVIÁRIA DE LAJES/RN: HISTÓRIA, MEMÓRIA E


PATRIMÔNIO 

Monografia apresentado ao curso de história da


Universidade do Estado do Rio Grande do Norte
– UERN, como requisito de avaliação parcial da
disciplina de Técnica de Pesquisa Aplicada à
História I sobre orientação da professora Jovelina
Santos.

Orientadora: Prof.ª: Jovelina Santos

ASSU – RN
Setembro/ 2022
A ESTAÇÃO FERROVIÁRIA DE LAJES/RN: HISTÓRIA, MEMÓRIA E
PATRIMÔNIO 

Elaborada por:

JOÃO IGOR DA CRUZ LUIZ

Aprovada em: 27/ 09 / 2022

BANCA EXAMINADORA

_________________________________________________________

Profª. Jovelina Silva Santos


Orientadora
Universidade do Estado do Rio Grande do Norte-UERN

_________________________________________________________

Prof. Livia Brenda


Examinador
Universidade do Estado do Rio Grande do Norte-UERN

_________________________________________________________

Prof. João Fernando


Examinador
Universidade do Estado do Rio Grande do Norte-UERN

ASSÚ - RN
Setembro/ 2022
AGRADECIMENTOS

Agradeço primeiramente a Deus, por me guiar na vida em busca dos meus


objetivos, agradeço aos meus pais Antônio Luiz Filho e Dalvanete Alves da Cruz Luiz
que com muita força de vontade, como muita luta me fizeram chegar até aqui, não me
deixaram desistir, desistência essa que eu já pensava e que depois dessa minha cirurgia
foi que eu pensei mesmo em desistir, mas por causa deles eu segui em frente e cheguei
até aqui, eles desbravaram em busca de me oferecer o melhor, que é os estudos e lutar
pelos meus sonhos. Agradeço ao meu irmão José Ítalo da Cruz Luiz, a minha avó Cícera
Maria da Silva, aos meus tios e aos meus primos, aos meus amigos, bem como a toda a
minha família que sempre apoiaram e incentivaram nesta caminhada com grandes
dificuldades, sem eles não estaria concretizando este sonho. À Universidade do Estado
do Rio Grande do Norte (UERN), que com sua grandeza em levar conhecimento aos
seus alunos, que sem dúvida o estudo é um dos maiores bens que o homem pode
possuir. Aos professores e técnicos do Departamento de História do CAA, em especial a
minha orientadora professora Jovelina Santos que me ajudou muito nessa etapa da
minha vida, ela me orientou muito nessa Monografia e principalmente no momento que
mais precisei, que foi quando estava me recuperando da cirurgia, obrigado, agradeço de
coração Professora. E em especial a todos os professores que passaram por minha
jornada acadêmica, que ajudaram na minha formação transmitindo seus conhecimentos.
Ao pessoal da UERN que são pessoas extraordinárias e que tornam o ambiente de
aprendizagem alegre e prazeroso. Obrigado por transmitirem os seus conhecimentos de
forma descontraída e agradável.
RESUMO

As linhas férreas, as locomotivas trouxeram consigo o avanço econômico e tecnológico.


A novidade estava na rapidez deste novo meio de transporte rápido, o qual
proporcionava eficiência no escoamento da produção e no transporte de passageiros. No
Brasil, as ferrovias começaram a ser construídas em 1854 por iniciativa de Irineu
Evangelista de Souza, o Barão de Mauá, incentivado pelo governo imperial. No Rio
Grande do Norte, a primeira ferrovia construída foi a Estrada de Ferro Natal-Nova Cruz
inaugurada em 1883, a esta se seguiu a Estrada de Ferro Central do Rio Grande do
Norte, inaugurada em 1906 e a Estrada de Ferro, Mossoró-Souza-PB, inaugurada em
1915. Em Lajes a linha férrea chegou em 1918. A estação ferroviária de Lajes é um bem
material e imaterial para a sua população por ter dinamizado a economia, a tecnologia,
melhorias para o Município, por isso os moradores de Lajes têm um apreço, uma
relação patrimonial, afetiva e sócio histórica para com a estação. Nesse sentido a
presente monografia verifica a importância da estação ferroviária para os moradores de
Lajes enquanto centro de memória, investiga sobre a história/aspectos históricos da
Estação Ferroviária de Lajes-RN, analisa a importância da estação ferroviária enquanto
centro material procura compreender a importância da estação ferroviária enquanto
centro afetivo para o lajense. Portanto, destaca-se que a Monografia se reveste de
importância por contribuir com os estudos referentes a história da estação ferroviária de
Lajes.

Palavras chaves: Estação ferroviária; Lajes; Patrimônio; História.


ABSTRACT

The railways, the locomotives brought with them the economic and technological
advance. The novelty was in the speed of this new means of rapid transport, which
provided efficiency in the flow of production and in the transport of passengers. In
Brazil, railroads began to be built in 1854 on the initiative of Irineu Evangelista de
Souza, the Baron of Mauá, encouraged by the imperial government. In Rio Grande do
Norte, the first railroad built was the Estrada de Ferro Natal-Nova Cruz, inaugurated in
1883, followed by the Estrada de Ferro Central do Rio Grande do Norte, inaugurated in
1906, and the Estrada de Ferro, Mossoró-Souza. -PB, opened in 1915. In Lajes the
railway line arrived in 1918. The Lajes railway station is a material and immaterial asset
for its population for having boosted the economy, technology, improvements for the
Municipality, so the residents of Lajes has an appreciation, a patrimonial, affective and
historical relationship with the station. In this sense, this monograph verifies the
importance of the railway station for the residents of Lajes as a memory center,
investigates the history/historical aspects of the Lajes-RN Railway Station, analyzes the
importance of the railway station as a material center and seeks to understand the
importance from the railway station as an affective center for Lajense. Therefore, it is
emphasized that the Monograph is of importance for contributing to the studies related
to the history of the Lajes railway station

Keywords: Train station; slabs; Patrimony; History.


SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO..........................................................................................................08

2 A FERROVIA NO BRASIL: um breve balanço histórico....................................11

2.1 A estação ferroviária no Brasil.....................................................................11

2.2 A estação ferroviária no Rio Grande do Norte.............................................17

2.3 A estação ferroviária em Lajes......................................................................23

3 A estação ferroviária de Lajes e sua relação com a população..............................25

3.1 - A estação como bem material e imaterial...................................................27

3.2 - A relação econômica...................................................................................29

3.3 - A relação afetiva sócio-


histórica..................................................................31

4 PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS.............................................................35

5 DIÁLOGO COM REPRESENTANTES DA COMUNIDADE..............................36

6 CONSIDERAÇÕES FINAIS.....................................................................................43

7 REFERÊNCIAS..........................................................................................................45

8 APÊNDICES...............................................................................................................48

9 ANEXOS......................................................................................................................50
8

1 INTRODUÇÃO 
Esta monografia verifica a importância da estação ferroviária para os moradores
de Lajes/RN enquanto centro de memória. Desde a sua origem no Brasil e no Rio
Grande do Norte, a ferrovia assumiu grande importância para importação e exportação
enriquecendo a economia no auge das atividades açucareira, carvoeira, cafeeira,
algodoeira e curtidor e revolucionou positivamente para o cenário que beneficiou a
população.
Nosso objetivo de pesquisa é verificar a importância da estação ferroviária para
os moradores de Lajes enquanto patrimônio material e imaterial. Como objetivos
específicos se tem: buscamos investigar a história/aspectos históricos da Estação
Ferroviária de Lajes-RN, analisar a importância da estação ferroviária enquanto centro
material, compreender a importância da estação ferroviária enquanto centro imaterial,
apresentar a importância da estação ferroviária enquanto centro afetivo para o lajense.
Apresentamos um breve balanço da história da ferrovia no Brasil e o processo de
ampliação da rede por todo o país, alcançando o Rio Grande do Norte no início do
século XX. Objetivamos por fim analisar quais as percepções que os lajenses têm da
Estação Ferroviária, seja dos seus significados para a história social, econômica e
cultural do município, bem como sua importância da estação ferroviária enquanto
patrimônio material e imaterial, para a população lajense. O limite temporal é o ano de
2018 até 2020. Sendo assim a problemática que dá início ao estudo do texto, ao
levantamento dos dados é qual a importância da estação ferroviária para os moradores
de Lajes enquanto ponto histórico, história e patrimônio.
O recorte temporal da pesquisa se situa entre o ano de 2018 e 2020 e para
realização da pesquisa adotamos a seguinte metodologia: levantamento da bibliografia
geral sobre a ferrovia no Brasil e no Rio Grande do Norte, análise de fontes diversas que
se encontram nos arquivos virtuais e se constituem como centros de memória da
ferrovia no Brasil. Ainda nesse percurso, realizamos busca por fontes históricas sobre a
Estação Ferroviária de Lajes em acervos disponíveis na web e ainda, para atender o
objetivo de compreender a percepção dos lajenses sobre a Estação Ferroviário,
produzimos um questionário no google forms e encaminhamos a diversas pessoas,
sendo respondido por 23 destas, cujo perfil apresentaremos no capítulo final desta
monografia.
A estação ferroviária de Lajes foi inaugurada em 1918 e se situa no km 149 da
linha tronco da EFCRN - Estrada de Ferro Central do Rio Grande do Norte. Chamou-se
9

por algum tempo Itaretama. É nela que se encontra o entroncamento do ramal que segue
para Afonso Bezerra até chegar a Macau.
Os tramites das buscas para a preservação da estação ferroviária de Lajes,
iniciasse no ano de 2013, com a autorização oficializado o uso e intervenção na estação
ferroviária pelo DENIT.
Senhor Prefeito ,
1. Versa o presente sobre o Ofício nº 186/2013 – GP, pelo qual a
Prefeitura Municipal de Lajes – RN solicita a cessão uso da estação
Ferroviaria de Lajes, número patrimonial – NBP 1240113, com o
objetivo de implementação do Museu Alzira Soriano e de biblioteca
pública, obras de grande abrangência social. (DNIT, 2013, p. 1).
No ano de 2016 a prefeitura de Lajes em nome do atual prefeito Luiz Benes
Leocádio de Araújo, mobiliza um compromisso perante o DNIT – Diretoria de
Infraestrutura Ferroviária com o Objetivo de: “Proteção e preservação do patrimônio
cultural ferroviário do estado do rio grande do norte – município de Lajes.”(DNIT,
2016, p. 1). Dando assim uma real relevância a história da estação ferroviária e sua
relevância perante a comunidade Lajense.
Como é fundamental a abordagem qualitativa, optou-se pela metodologia do
estudo de caso haja vista ter como campo de pesquisa a estação ferroviária de Lajes /RN
que passa a ser definida através de grupo focal a ser entrevistado. Como afirma Coelho
(2017 Estudo de caso: como utilizar no TCC, na pesquisa científica e nos
negócios.1) o estudo de caso é um método de pesquisa para observar um tema na
realidade buscando explicar a totalidade dos fenômenos presentes, discorrer diálogos
entre pensadores e teóricos que elucida sobre as interações e vivências do indivíduo
com o seu meio no âmbito do território e espaço social de convivência coletiva para
formação de sujeito subjetivo, sendo utilizadas como fontes de pesquisas as teorias de,
Wagner Rodrigues, (2006); Pedro Vasquez, (2010); Antônio Quintela, (2011); Aline
Rodrigues, (2015), dentre outros para uma elaboração de caráter qualitativo sobre o
tema abordado que é a estação ferroviária de Lajes/RN como história, memória e
patrimônio.
Como ferramenta de pesquisa utilizamos uma variada bibliografia específica
sobre a história da ferrovia no Brasil e no Rio Grande do Norte e nos valemos também
da produção de fontes orais. Para estas últimas realizamos entrevistas estruturadas com

1
COELHO, Beatriz. 2017 Estudo de caso: como utilizar no TCC, na pesquisa científica e nos
negócios. Disponível em <https://blog.mettzer.com/estudo-de-caso/> Acesso em 25/11/2020.
10

agentes políticos que estão diretamente vinculados a Estação das Artes Poeta Antônio
Cruz e dois antigos maquinistas da Rede Ferroviária Federal.
Nesse intuito, a monografia é composta por três capítulos que buscam atender a
objetivos específicos, O primeiro capitulo apresenta-se como uma breve história da
ferrovia: dos primórdios no Brasil a sua chegada no Rio Grande do Norte e no
município de Lajes, situado na região imediata do Açu. O segundo capítulo trata da
estação ferroviária de Lajes e sua relação com a população enquanto bem material e
imaterial, a relação econômica da estação ferroviária com a população de Lajes e a
relação afetiva e sócio histórica que os lajenses tem com esta.
E, por último, mas não menos importante, o terceiro capítulo traz um dialogo
obtido por meio de entrevista sendo tomados como grupos focais nesta pesquisa o
secretaria de cultura, e a agente da casa de cultura Alzira Soriano, assim como 2 ex-
funcionários da ferrovia no período de atividade ferroviária sendo estes moradores e
representantes municipais. Totalizando um grupo de pesquisado de 4 pessoas.
O estudo sobre esta temática será de grande utilidade, tanto para futuras
pesquisas sobre o assunto quanto para a contribuição histórica nas memórias dos
cidadãos lajenses sobre este fato que traz o impulso àqueles que lembram da estação
ferroviária na cidade, a todos que vivenciaram e presenciaram a implantação da linha
férrea e os que desfrutaram dos privilégios da mesma. O estudo sobre esta temática tem
relevância acadêmica pois contribuirá para fortalecer a produção historiográfica acerca
da temática especialmente por trazer a relação história, memória e patrimônio.
A monografia é composta por três capítulos que buscam atender aos objetivos
específicos propostos. Desse modo, o primeiro capítulo apresenta uma breve história da
ferrovia no Brasil, o segundo capítulo trata da chegada da ferrovia no Rio Grande do
Norte e a expansão da malha que chega ao município de Lajes e o terceiro e último
capítulo abordará a relação Patrimônio e Memória na perspectiva de pensar os
significados da Estação para os lajenses.
11

2 A FERROVIA NO BRASIL: um breve balanço histórico

2.1. A estação ferroviária no Brasil.

As ferrovias no século XX foram o grande símbolo da modernidade e do avanço


capitalista que alcançava o interior do Brasil. Além disso, geravam um novo fluxo de
comunicações e esperanças, rasgavam espaços e conquistam sonhos e promessas de
liberdade. Ao lado de um país que se pretendia moderno, convivia em um sólido
patriarcalismo que fincou marcas profundas na hierarquia social. Na direção desses
trens e trilhos seguiam as vidas de muitas mulheres comuns, esposas de fazendeiros,
ferroviárias e prostitutas. No trabalho de Pedro Vasquez2 as estações ferroviárias são
vistas como precursoras de uma memória feminina ligada a um crescente mercado de
trabalho e a uma pulsante vida pública que se delineava, aos poucos, nas estradas.
Buscamos recuperar essa história partindo do estado de São Paulo, sendo esta uma
grande locomotiva da industrialização, para abranger aspectos mais amplos da história
nacional.
O trem chegou até Lajes em 1914 com a inauguração da Estação Ferroviária, e
permanecerá por muito tempo deslocando mercadorias e pessoas, e depois a
consonância entre interesses políticos e fenômenos naturais desvirtuaram o mesmo, para
outros interesses no uso do transporte ferroviário em Lajes e cidades vizinhas. Antes de
nos debruçarmos sobre a história dos trilhos em Lajes/RN, vamos analisar o que nos
diz Antón Corbacho Quintela3 sobre a história das ferrovias no Brasil:

A primeira ferrovia data do ano 1854, construída por iniciativa do


Visconde de Mauá, com um percurso de 14 km, e, a partir de então, a
expansão ferroviária aconteceu com uma grande lentidão; o maior
impulso correspondeu aos anos anteriores à primeira guerra mundial,
registrando-se, em 1914, 26.000 km de rede. Só 8.130 km foram
construídos entre 1920 e 1950, cifra que evidencia o lento progresso
da rede, em cujo marasmo confluíram, no juízo de muitos
especialistas, as perdas sofridas pelo capital estrangeiro e os escassos

2
VASQUEZ, Pedro Karp. Nos Trilhos do Progresso: a ferrovia no Brasil imperial vista pela fotografia
& Ferrovia e Fotografia no Brasil da Primeira República. Metalivros, São Paulo. 283 p. : doente.
(algumas col) 22x31cm.
Disponívelem:<http://bri.garderobnaya.su/nos_trilhos_do_progresso_a_ferroviano_bras
il_imperial_vista_pela_fotografia_162672-fb2-download.html>Acessado em. 12/ 03/ 2021.
3
QUINTELA, A. C. AS FERROVIAS NO ENSAIO BRASIL, LA GRAN POTENCIA DEL SIGLO
XXI. Revista UFG, Goiânia, v. 13, n. 11, 2017. Disponível em:
https://www.revistas.ufg.br/revistaufg/article/view/48409. Acesso em: 14 jun. 2022.
12

ingressos recebidos pelas companhias exploradoras – apesar de as


ferrovias atravessarem as regiões mais densamente povoadas do país.

Analisando a pesquisa realizada por Wagner Rodrigues 4 sobre as estradas de


ferro no Rio Grande do Norte, temos uma importante discussão, em que o autor aborda
os caminhos dos trilhos no território norte-rio-grandense. O primeiro trecho da
EFCRGN, de Natal a Ceará-Mirim, foi inaugurado em 13 de junho de 1906. A linha
partia do antigo Aterro do Salgado, onde foi construída uma pequena estação
(conhecida por Pedra Preta ou Estação do Padre) de onde se atravessava por meio de
barcos para o cais do escritório da EFCRGN, situado atrás do pátio Great Western.
Essas instalações, bastante provisórias, não seriam suficientes para suportar o tráfego da
linha por muito tempo. Em 1909, a EFCRGN já tinha avançado bastante, e seu tráfego
já exigia um equipamento específico para guarda e manutenção do material rondante.

De acordo com o desenvolvimento das atividades industriais no país, estado e


cidades, implantar as ferrovias significava dinamizar a economia, sendo de suma
importância ao desenvolvimento econômico e social da população, sobretudo por
oportunizar as trocas comerciais e a locomoção das pessoas.
Até o princípio das linhas férreas, o transporte de produtos era
insatisfatoriamente efetuado, confrontando caminhos de chão, da área da fabricação até
os portos. Segundo Dilma Rodrigues Paula 5 a ampliação da ferrovia respondeu,
economicamente, à necessidade de exportação do café, conjuntamente a um programa
de melhoria dos portos como o de Manaus, Belém do Pará e o do Rio de Janeiro. Dilma
Rodrigues de Paula, traz uma boa análise da história das ferrovias no Brasil, nos
mostrando que:
A história das ferrovias brasileiras começou verdadeiramente em
1852, no momento em que o financista e industrial Irineu Evangelista
de Souza, Barão e Visconde de Mauá, consolidou um contrato com o
Governo provincial do Rio de Janeiro para a edificação de uma
ferrovia, que partindo da Praia de Estrela, no fundo da Baía da
Guanabara, iria até a raiz da Serra de Estrela, contraforte da Serra do
4
RODRIGUES, Wagner do Nascimento. 2006, p.142 DOS CAMINHOS DE ÁGUA AOS CAMINHOS
DE FERRO: A construção da hegemonia de Natal através das vias de comunicação (1820-1920).
Universidade Federal do Rio Grande do Norte Centro de Tecnologia. Programa de Pós-graduação em
Arquitetura e Urbanismo. Natal/RN. Dissertação (Mestrado em Conforto no Ambiente Construído; Forma
Urbana e Habitação). Disponível em: https://repositorio.ufrn.br/handle/123456789/12408. Acesso em
19/06/2022
5
PAULA, Dilma Andrade de. 2000 AS FERROVIAS NO BRASIL: ANÁLISE DO PROCESSO DE
ERRADICAÇÃO DE RAMAIS. Universidade Estadual do Oeste do Paraná – Brasil. 2000. Disponível
em: http://www.docutren.com/historiaferroviaria/Aranjuez2001/pdf/22.pdf. Acesso em 20/06/2022
13

Mar, de onde prosseguiria ao vale do Rio Paraíba e à Província de


Minas Gerais. Nesse mesmo ano foi estruturada a “Imperial
Companhia de Navegação a Vapor Estrada de Ferro Petrópolis” e
implantada a construção da ferrovia. Em abril de 1854 concluía-se o
primeiro trecho ferroviário do Brasil, com bitola de 1,676 e extensão
de 14,5 km, entre a praia, depois Porto Mauá e a loalidade de Fragoso,
a 1,733 km da raiz da Serra. A empresa possuía três locomotivas, uma
das quais a “Baroneza”, fabricadas pela Fairbann Sons, de
Manchester. O trem inaugural, composto de locomotiva, três carros de
passageiros e um de bagagem, fez o percurso até o ponto terminal do
trecho de 25 minutos, numa média de 35 km/h. Fazendo um trecho de
difícil acesso e pouca lucratividade econômica, a E. F. Mauá não se
equilibraria financeiramente, sendo superada pela E. F. D. Pedro II
(depois E. F. Central do Brasil), de 18556.

Em meados do ano de 1820 segundo a mesma autora, os produtos exportados


eram o açúcar que valia 30% das exportações, depois o algodão com 21%, depois o café
com 18% e por último tinham os couros e as peles com 14% do total das exportações.
No ano de 1850 o Brasil tinha como objetivo o interesse na coordenação e na
estimulação em propiciar o crescimento das linhas férreas por causa do aumento da agro
- exportação e sobre os interesses no capital internacional da Inglaterra.
Nas ferrovias se dão as fases de construção delas pela disponibilidade do capital
internacional britânico, por causa dos recursos internos e também por causa dos
interesses dos políticos do próprio país. Segundo Ana Célia Castro7 a ferrovia do Brasil
tem dois momentos: O primeiro acontece em meados das décadas de 1860 a 1880, já o
segundo ponto detém a antes da Primeira Grande Guerra no ano de 1890. O Brasil
assegurava na legislação de 1857 juros de 7% sobre o custo calculado das ferrovias,
vigorando pelo prazo de concessão das mesmas entre 50 e 90 anos. Ainda tinha os
financiamentos de importação para trilhos e equipamentos, o transporte de carvão era de
graça, na zona de 30 quilômetros davam direito ao uso de madeiras, desapropriações das
minas de carvão, da areia, das pedreiras e etc; as pessoas tinham permissão de explorar
as minas, mas as mesmas tinham que estar no processo de exploração das estradas.
Alguns desses direitos/privilégios eram comuns em qualquer nação. Desta forma a
diferença de subvenções no Brasil era a permissão de uma zona privilegiada com 30
quilômetros, por onde não teria estrada alternativa alguma na margem da ferrovia.

6
Idem, pág. 2 e 3
7
CASTRO, Ana Célia. 1979 AS EMPRESAS ESTRANGEIRAS NO BRASIL: 1860-1913, RIO DE
JANEIRO. Dissertação (mestrado)-Universidade Estadual de Campinas, Instituto de Filosofia e
Ciencias Humanas. Campinas, SP. Disponível em:
http://repositorio.unicamp.br/jspui/handle/REPOSIP/285789>Acessado em. 12/ 03/ 2021.
14

Compreendemos que as ferrovias tiveram seu surgimento há uns 200 anos atrás,
primeiro com leis para construí-las e depois para a realização das mesmas. Segundo
Góes (1993 A EVOLUÇÃO FERROVIÁRIA DO RIO GRANDE DO NORTE
“ASPECTOS ECONÔMICOS E SOCIAIS” (1880-1920).)8, “Pouco mais de cinco
anos desde o surgimento da estrada de ferro no mundo, o Brasil tratou de introduzir no
país tão importante invenção, através da primeira lei ferroviária "Lei Feijó" sancionada
pelo Regente, aos 31 de outubro de 1835”. As ferrovias tiveram como meio de
necessidade a exportação do café, do açúcar, do algodão, de água, de carvão, de couro e
peles que iriam trazer muito lucro, muitas melhorias, um alto índice econômico por
parte desses produtos, a primeira linha férrea tinha pouco mais de 14 quilômetros no
trajeto.
Ana Célia Castro (1979 AS EMPRESAS ESTRANGEIRAS NO BRASIL: 1860-1913, RIO
DE JANEIRO)9 separa as ferrovias em três partes importantes, as da cana de açúcar, as
de integração que até 1900 eram pouco expressivas e as do café. Nos dois primeiros
grupos seria bem maior a importância do recurso estrangeiro, concentrado nas regiões
do extremo Sul, ou seja, em alta quantidade no extremo Sul.

O capital internacional foi bastante significativo nas linhas férreas dos Estados
do Rio de Janeiro e do Espírito Santo. Dos 490 km construídos até o ano de 1886 na
área capixaba, somente 218 provinham do capital inglês. Eram de capital nacional todas
as 18 ferrovias da área fluminense dessa mesma época. Eram 1.471,541 km construídos
pelos empresários brasileiros totalizados. A importância do recurso estrangeiro, o
britânico principalmente, era relativa nas linhas férreas do Sudeste é relatado pelo
estudo de Andréa Rabello. (1996, p, 124 Os Caminhos de Ferro da Província do Rio
de Janeiro: ferrovias e café na 2ª metade do século XIX. Nitéroi-RJ. Dissertação
(Mestrado em História) – Universidade Federal Fluminense)10. A autora diz que não
8
GOES, Carlos Alberto Varela de. 1993 A EVOLUÇÃO FERROVIÁRIA DO RIO GRANDE DO
NORTE “ASPECTOS ECONÔMICOS E SOCIAIS” (1880-1920). "Monografia apresentada a Di sei
piina Prática de Pesquisa Históricat exigida para obtenção do grau de Bacharel em História".
Disponível em:<http://www.repositoriolabim.cchla.ufrn.br/bitstream/123456789/196/1/A%20EVOLU
%C3%87%C3%83O%20FERROVI%C3%81RIA%20DO%20RIO%20GRANDE%20DO%20NORTE
%20ASPECTOS%20ECON%C3%94MICOS%20E%20SOCIAL%20%201880-1920.pdf. Acesso em:
20/06/2022
9
CASTRO, Ana Célia. 1979 AS EMPRESAS ESTRANGEIRAS NO BRASIL: 1860-1913, RIO DE
JANEIRO. Dissertação (mestrado)-Universidade Estadual de Campinas, Instituto de Filosofia e
Ciencias Humanas. Campinas, SP. Disponível em:
http://repositorio.unicamp.br/jspui/handle/REPOSIP/285789>Acessado em. 12/ 03/ 2021.
10
RABELLO, Andréa. 1996, p. 124 Os Caminhos de Ferro da Província do Rio de Janeiro: ferrovias
e café na 2ª metade do século XIX. Nitéroi-RJ. Dissertação (Mestrado em História) – Universidade
Federal Fluminense. Disponível em: https://www.historia.uff.br/academico/pt-br/dissertacoes-e-
15

houve recursos da Inglaterra nas linhas férreas fluminenses até o final do império. A sua
fixação contou apenas com a cooperação do investimento nacional, público ou privado.
Entretanto, a tecnologia, a matéria-prima, o maquinário e o combustível utilizados,
vinham de países diferentes, como a França e os Estados Unidos, e não especificamente
da Inglaterra como presumia-se. Tinha, ainda, as próprias oficinas nacionais para a
conservação e até a criação de vagões para várias empresas.
Segundo Paula:
Com o desenvolvimento da industrialização mais acelerado, após
1945, firmou-se o caminho de uma economia voltada para a produção
e exportação de produtos primários para outra mais voltada para o
mercado interno, tendo na indústria seu carro-chefe. A partir de 1950,
incrementava-se a entrada de maciços investimentos estrangeiros,
principalmente de capital norte-americano. 11

Entende-se que depois de 1945 a indústria teve seu desenvolvimento mais


acelerado, e que a partir da década de 1950 teria grandes investimentos estrangeiros,
sendo eles, os Países da América do Norte, da França, da Inglaterra, da Europa para
construir as linhas férreas.

A partir da década de 1830 surgiram as primeiras leis de incentivo à


construção ferroviária, mas apenas vinte anos depois as ferrovias
começaram a ser construídas. A expansão da rede ferroviária ligou-se,
sobretudo, à necessidade de exportação do café, que exigiu também
um programa de melhoria dos portos como os de Manaus, Belém e
Rio de Janeiro. Somente no dia 30 de abril de 1854 é que se concluiu a
primeira parte desse trajeto ferroviário, com bitola de I .676 metros e
extensão de 14,5 quilómetros, entre a praia, depois chamada Porto
Mauá, e a localidade de Fragoso, a I .733 quilómetros da raiz da Serra
de Petrópolis. 12.
A estrutura atual da linha férrea Nacional teve um impulso para começar, que no
caso foram os Mercados Europeus e o Britânico excepcionalmente pela demanda
oferecida por eles, que desde essa situação eram consumidos produtos primários do
Brasil numa proporção cada vez maior, e para isso, precisavam que o país que
exportasse esses produtos possuísse uma excelente estrutura adequada que suprisse seus

teses/dissertacoes/?page=69. Acesso em 20/06/2022.


11
PAULA, Dilma Andrade de. 2000, p. 6 AS FERROVIAS NO BRASIL: ANÁLISE DO PROCESSO
DE ERRADICAÇÃO DE RAMAIS. Universidade Estadual do Oeste do Paraná – Brasil. 2000.
Disponível em: http://www.docutren.com/historiaferroviaria/Aranjuez2001/pdf/22.pdf. Acesso em
20/06/2022
12
PAULA, Dilma Andrade de. 2008 154 ANOS DE FERROVIAS NO BRASIL: PARA ONDE
CAMINHA ESSE TREM? 2008. História Revista, Goiânia, 13, n. p. 45-69, jan./jun. 2008. V – I.
Universidade Federal de Uberlândia. Disponível em: https://dialnet.unirioja.es/servlet/articulo?
codigo=4852235. Acesso em: 20/06/2022.
16

mercados. Segundo a autora Paula, os produtos que tiveram o interesse do mercado


internacional, no Brasil foi o café que era produzido na região sudeste do País13.
Já em meados de 1840 desfrutou de uma notável mudança, pois nesse período de
20 anos o café alcançou 42% das exportações que dispôs o aumento de 24%, já o açúcar
contou com 27% das exportações que baixou 3%, já os couros e as peles tiveram 9%
das exportações e baixaram 6%, e por último o algodão que ficou com 8% do total das
exportações e que baixou 13%. Diferentemente do couro, do algodão e do fumo que,
por causa da intensa expansão demográfica, começaram cada vez mais no território
nacional a serem consumidos, e a exportação do café cresceu tanto que ele assumiu uma
posição de destaque muito importante na economia brasileira14.
Em meados de 1854 foi inaugurada a primeira linha férrea por D. Pedro II de
nome de Baronesa, essa linha férrea possui exatos 14.5 km de extensão e tinha uma
velocidade média de 38 km por hora, e partia do porto de Mauá a Fragoso em Magé. A
linha férrea de D. Pedro II foi especificamente inaugurada em 29 de março de 1858 com
investimentos de várias autoridades daquela época, e 48 km iniciais de extensão ligando
Queimados na Baixada Fluminense ao Rio de Janeiro. Depois da linha férrea de D.
Pedro II que passou a ser, pela sua importância e representatividade, considerada a
espinha dorsal do Brasil, e no ano de 1889 passou a ser chamada de Estrada de Ferro
Central do Brasil. O investimento internacional, principalmente da Inglaterra, e de
ênfase em políticas nacionais agroexportadoras marcou profundamente essa fase da
estrutura e do desenvolvimento ferroviário no Brasil (JUNIOR, ABREU, JUNIOR,
JUNIOR, SHITSUKA, 2018 Malha Ferroviária de 1890 a 2016: uma estrutura
desfragmentada na história brasileira.15).
Em meados dos anos de 1850 segundo Goes (1993 A EVOLUÇÃO
FERROVIÁRIA DO RIO GRANDE DO NORTE “ASPECTOS ECONÔMICOS

13
PAULA, Dilma Andrade de. 2008 154 ANOS DE FERROVIAS NO BRASIL: PARA ONDE
CAMINHA ESSE TREM? 2008. História Revista, Goiânia, 13, n. p. 45-69, jan./jun. 2008. V – I.
Universidade Federal de Uberlândia. Disponível em: https://dialnet.unirioja.es/servlet/articulo?
codigo=4852235. Acesso em: 20/06/2022.
14
PAULA, Dilma Andrade de. 2008 154 ANOS DE FERROVIAS NO BRASIL: PARA ONDE
CAMINHA ESSE TREM? 2008. História Revista, Goiânia, 13, n. p. 45-69, jan./jun. 2008. V – I.
Universidade Federal de Uberlândia. Disponível em: https://dialnet.unirioja.es/servlet/articulo?
codigo=4852235. Acesso em: 20/06/2022.
15
JUNIOR, Agnaldo Oliveira Moura. ABREU, Guilherme Rodrigues de. JUNIOR, Zilmar Alcântara.
JUNIOR, Dario Moreira Pinto. SHITSUKA, Dorlivete Moreira. 2018 Malha Ferroviária de 1890 a
2016: uma estrutura desfragmentada na história brasileira. Research, Society and Development, v.
7, n. 9, p. 01-18, e1379442, 2018 ISSN 2525-3409 (CC BY 4.0). Disponível em:
https://www.redalyc.org/journal/5606/560659016019/560659016019.pdf Acesso em: 20/06/2022.
17

E SOCIAIS” (1880-1920).)16, o país ficou a favor de investimentos para as ferrovias. O


país ficou com uma política mais estável, mais branda por causa do fortalecimento
interno da ordem pública, e com isso possibilitou a instituição do projeto. A
estabilidade política e econômica do segundo Império foi caracterizada e identificada
com o avanço do Reinado de D. Pedro II. Na década de 1860 no Brasil foram fundadas
várias empresas de bancos, indústrias, companhias de ouro, companhias de mineração,
companhias de navegação a vapor, transportes de gás, transportes urbanos e as linhas
férreas. A segunda linha férrea no país foi à ferrovia que ia de Recife até São Francisco
na qual teve a primeira participação do capital britânico ferroviário no Brasil.

2.2 A Estação Ferroviária no Rio Grande do Norte.

Figura 01 – Espacialização das ferrovias potiguares.


Fonte: http://www.rn.gov.br, com informações adicionadas pelo autor.
16
GOES, Carlos Alberto Varela de. 1993 A EVOLUÇÃO FERROVIÁRIA DO RIO GRANDE DO
NORTE “ASPECTOS ECONÔMICOS E SOCIAIS” (1880-1920). "Monografia apresentada a Di
sei piina Prática de Pesquisa Históricat exigida para obtenção do grau de Bacharel em História".
Disponívelem:<http://www.repositoriolabim.cchla.ufrn.br/bitstream/123456789/196/1/A
%20EVOLU%C3%87%C3%83O%20FERROVI%C3%81RIA%20DO%20RIO%20GRANDE
%20DO%20NORTE%20ASPECTOS%20ECON%C3%94MICOS%20E%20SOCIAL
%20%201880-1920.pdf. Acesso em: 20/06/2022
18

Fonte:chromeextension://efaidnbmnnnibpcajpcglclefindmkaj/https://hcurb.ct.ufrn.br/
_assets/modules/projetosvinculados/projetovinculado_48.pdf

No Estado do Rio Grande do Norte as primeiras linhas férreas foram


inauguradas no caminho da cidade de Natal até a cidade de Nova Cruz. Nos dias atuais
a estação da cidade de Natal sofreu alterações nos seus traços originais, esses gostos
eram neoclassicistas, mencionando nos dias atuais uma aparência moderna, com o rosto
da população, entende-se que embora tivesse uma referente mudança na criação de
novas salas e do compartimento, o fachada principal da estação ainda conserva
aparências similares com as do prédio original, uma escada com três entradas e o espaço
plano da estação o riginal, localizam-se no parque dessa ferrovia as plataformas de
embarque e desembarque dos passageiros e também edifícios administrativos.
(MEDEIROS; FERREIRA, 2007 AS ESTAÇÕES DE TREM DO RIO GRANDE
DO NORTE: Um estudo sobre a sua implantação no ambiente urbano e inventário de
suas condições atuais 2007 17).

As Ferrovias do Estado do Rio Grande do Norte foram implementadas


entre fins do século XIX e a primeira metade do XX. Ao todo foram
construídas três linhas: a Estrada de Ferro de Natal a Nova Cruz, a
Estrada de Ferro Central do Rio Grande do Norte – que possuía um
ramal até a cidade de Macau – e a Estrada de Ferro de Mossoró a
Souza. A ordem obedece a cronologia de suas construções, sendo a
data de inauguração do primeiro trecho delas, respectivamente, 1881,
1906 e 1912. No total, essas linhas férreas passavam por 28 cidades do
estado, cada uma contando com sua estação. (MEDEIROS;
FERREIRA, 2007, p. 3 AS ESTAÇÕES DE TREM DO RIO
GRANDE DO NORTE: Um estudo sobre a sua implantação no
ambiente urbano e inventário de suas condições atuais 2007 18).

Na Região do Nordeste desfrutaram de alguns projetos que não poderiam ter


sido excluídos de melhoramentos, especificamente os projetos que se referiam às linhas
férreas, esses projetos eram os de infraestrutura, principalmente para ferrovias, portos e
o Rio Grande do Norte, os investimentos necessários para isso só vieram na época da

17
MEDEIROS, Gabriel Leopoldino Paulo de; FERREIRA, Ângela Lúcia de Araújo. 2007 AS
ESTAÇÕES DE TREM DO RIO GRANDE DO NORTE: Um estudo sobre a sua implantação no
ambiente urbano e inventário de suas condições atuais 2007. Disponível em:
http://hcurb.ct.ufrn.br/_assets/modules/projetosvinculados/projetovincul ado_48.pdf. Acessado em.
12/03/2021
18
MEDEIROS, Gabriel Leopoldino Paulo de; FERREIRA, Ângela Lúcia de Araújo. 2007, p. 3 AS
ESTAÇÕES DE TREM DO RIO GRANDE DO NORTE: Um estudo sobre a sua implantação no
ambiente urbano e inventário de suas condições atuais 2007. Disponível em:
http://hcurb.ct.ufrn.br/_assets/modules/projetosvinculados/projetovincul ado_48.pdf. Acessado em.
12/03/2021.
19

República. O Estado do Rio Grande do Norte possui três ramais ferroviários, são eles
Natal a Nova Cruz, a Sampaio Correia e a de Mossoró a São Francisco. No dia 8 de
agosto de 1873 dispôs a Lei Provincial de número 682 que permitiu a Cícero de Pontes
e outros que construíssem uma linha férrea que fizesse a ligação de Natal a Nova Cruz.
(GOES, 1993 A EVOLUÇÃO FERROVIÁRIA DO RIO GRANDE DO NORTE
“ASPECTOS ECONÔMICOS E SOCIAIS” (1880-1920). 19).

Em 16 de novembro de 1878, foi dada a permissão para transferir o


privilégio a "Imperial Brazilian Natal and Nova Cruz Railway
Company Limited." Sua construção começou oficialmente no dia 27
de fevereiro de 1880, tendo sido inaugurado o primeiro trecho (Natal
a São José de Mipibu) e entregue ao trafego no dia 28 de novembro de
1881, presidente Sátero de OIiveira Dias. O engenheiro representante
da companhia era Josom Rigby, o fiscal do governo era o Dr. José de
Cupertino Coelho Cintra e a firma contratada para a construção foi a
Reed Bowen e com o edifício aberto ao público no dia da inauguração
é o mesmo da Praça Augusto Severo. O segundo trecho (São José de
Mipibu a Montanhas) foi entregue em 1882 e o terceiro (Montanhas a
Nova Cruz) foi inaugurado e entregue ao tráfego em 10 de abril de
1883, sua extensão total media 120 Km, 600 metros e seu custo subiu
para 7 . 1 10.049$000. (GOES, 1993, p. 14 A EVOLUÇÃO
FERROVIÁRIA DO RIO GRANDE DO NORTE “ASPECTOS
ECONÔMICOS E SOCIAIS” (1880-1920). 20).

No ano de 1911 a barca a vapor da Progresso fez a travessia do Rio Potengi. No


ano de 1914 a linha férrea chegava a Lajes. Em 20 de abril de 1916 foi inaugurada a
ponte de Igapó, que era a maior do Nordeste sobre os rios, ela tinha 520 metros e com
nove vãos. Em 26 de setembro de 1932 chega o ramal em Angicos, em 29 de novembro
de 1960 o ramal chega a Pedro Avelino, também foi construído um sub ramal que ligou
Lajes a São Rafael, além disso, separava as cidades de Baixa Verde, Extremos, até
chegar na cidade de Macau. (GOES, 1993 A EVOLUÇÃO FERROVIÁRIA DO RIO
GRANDE DO NORTE “ASPECTOS ECONÔMICOS E SOCIAIS” (1880-1920)21.

19
GOES, Carlos Alberto Varela de. 1993 A EVOLUÇÃO FERROVIÁRIA DO RIO GRANDE DO
NORTE “ASPECTOS ECONÔMICOS E SOCIAIS” (1880-1920). "Monografia apresentada a Di
sei piina Prática de Pesquisa Históricat exigida para obtenção do grau de Bacharel em História".
Disponívelem:<http://www.repositoriolabim.cchla.ufrn.br/bitstream/123456789/196/1/A
%20EVOLU%C3%87%C3%83O%20FERROVI%C3%81RIA%20DO%20RIO%20GRANDE
%20DO%20NORTE%20ASPECTOS%20ECON%C3%94MICOS%20E%20SOCIAL
%20%201880-1920.pdf. Acesso em: 20/06/2022
20
GOES, Carlos Alberto Varela de. 1993, p. 14 A EVOLUÇÃO FERROVIÁRIA DO RIO GRANDE
DO NORTE “ASPECTOS ECONÔMICOS E SOCIAIS” (1880-1920). "Monografia apresentada a
Di sei piina Prática de Pesquisa Históricat exigida para obtenção do grau de Bacharel em História".
Disponívelem:<http://www.repositoriolabim.cchla.ufrn.br/bitstream/123456789/196/1/A
%20EVOLU%C3%87%C3%83O%20FERROVI%C3%81RIA%20DO%20RIO%20GRANDE
%20DO%20NORTE%20ASPECTOS%20ECON%C3%94MICOS%20E%20SOCIAL
%20%201880-1920.pdf. Acesso em: 20/06/2022
20

O Rio Grande do Norte possuiu três ferrovias, a saber: a Estrada de


Ferro Natal-Nova Cruz, construída a partir de 1881 e inaugurada em
1883, que ligava a capital potiguar aos grandes centros do Nordeste
(João Pessoa, Recife, Campina Grande)2; a estrada de Ferro Central
do Rio Grande do Norte (posteriormente Estrada de Ferro Sampaio
Correia) que foi concebida para ligar a capital à região do Seridó
(Natal-Caicó), construída a partir de 1904 e inaugurada em 1906. A
estrada de Ferro Mossoró-RN - Souza-PB, que pretendia ligar o porto
de Areia Branca e região de Mossoró ao rio São Francisco (Petrolina-
PE), tendo sua construção iniciada em 1915. (SANTOS, 2016, p. 10
Estrada de ferro central do rio grande do norte em taipu-rn:
transformações espaciais e memória. Natal/RN. 2016.22).

No ano de 2014 Santos (2016 Estrada de ferro central do rio grande do norte
em taipu-rn: transformações espaciais e memória. Natal/RN. 2016.)23, nos retrata que o
trem no Estado do Rio Grande do Norte foi administrado pela CBTU - Companhia
Brasileira de Trens Urbanos, que ficava na região Central de Natal. Por um sistema que
era duas linhas divididas, Natal - Ceará-Mirim, na Zona Norte, com extensão de 38, 5
km e a de Natal - Parnamirim, na Zona Sul, com extensão de 17, 7 km. Segundo Santos
os dados estatísticos da CBTU, eram realizadas diariamente 24 viagens pela empresa a
22 estações, nas duas linhas Sul e Norte era transportada em media de 8.482
passageiros, segundo afirma a CBTU.
As linhas férreas e os trens são uns grandes símbolos imponentes, e por onde
passa cativando às pessoas, trazendo e levando mercadorias e pessoas em geral
proporcionando ema relação econômica e afetiva, sendo estes símbolos arquitetônicos e
da identidade cultural das cidades onde as linhas férreas passavam. No Estado do Rio
Grande do Norte podem ser citadas como símbolos arquitetônicos históricos e culturais
as estações da Ribeira inaugurada no ano de 1881 que faz parte da linha férrea de Natal
- Nova Cruz, e a estação da Esplanada Silva Jardim que fica nas Rocas e foi construída
no ano de 1917, e que faz parte da Estrada de Ferro Central do Estado do Rio Grande do
Norte, essas estações ficam em Natal, na capital potiguar. (SANTOS, 2016 Estrada de

21
GOES, Carlos Alberto Varela de. 1993 A EVOLUÇÃO FERROVIÁRIA DO RIO GRANDE DO
NORTE “ASPECTOS ECONÔMICOS E SOCIAIS” (1880-1920). "Monografia apresentada a Di
sei piina Prática de Pesquisa Históricat exigida para obtenção do grau de Bacharel em História".
Disponívelem:<http://www.repositoriolabim.cchla.ufrn.br/bitstream/123456789/196/1/A
%20EVOLU%C3%87%C3%83O%20FERROVI%C3%81RIA%20DO%20RIO%20GRANDE
%20DO%20NORTE%20ASPECTOS%20ECON%C3%94MICOS%20E%20SOCIAL
%20%201880-1920.pdf. Acesso em: 20/06/2022
22
SANTOS, João Batista dos. 2016, p. 10 Estrada de ferro central do rio grande do norte em taipu-
rn: transformações espaciais e memória. Natal/RN. 2016. Disponível em:<
https://memoria.ifrn.edu.br/handle/1044/951> Acessado em 15/01/2022.
23
SANTOS, João Batista dos. 2016 Estrada de ferro central do rio grande do norte em taipu-rn:
transformações espaciais e memória. Natal/RN. 2016. Disponível em:<
https://memoria.ifrn.edu.br/handle/1044/951> Acessado em 15/01/2022.
21

ferro central do rio grande do norte em taipu-rn: transformações espaciais e


memória. Natal/RN. 2016.24).
A estação ferroviária da Ribeira é a estação mais antiga, tendo mudanças
arquitetônicas na década de 1950. Entretanto a estação das Rocas tem uma arquitetura
neoclássica. Inusitadamente, a EFCRN nunca usou essa estação como terminal, as
cargas eram realizadas na estação da Ribeira. Já a estação provisória da Ribeira era
utilizada somente para passageiros. A estação de Nísia Floresta - RN tem uma
neoclássica arquitetura do final do século XIX e foi inaugurada em 1881. Já a estação de
Nova Cruz - RN foi inaugurada em 1883, e tinha dois pavimentos, assim sendo, era a
única estação a ter esses dois pavimentos. Era pela estação de Nova Cruz que era feita a
ligação do Estado do Rio Grande do Norte com a Paraíba, seu Estado vizinho. O trecho
de Natal a Ceará-Mirim foi inaugurado no dia 11/06/1906, juntamente com as estações
de Ceará-Mirim e Extremoz, teve ainda a presença do Ilustre Presidente da República
daquele ano, Afonso Pena, que veio ao Estado para prestigiar as inaugurações.
(SANTOS, 2016 Estrada de ferro central do rio grande do norte em taipu-rn:
transformações espaciais e memória. Natal/RN. 2016.25).
Nos anos seguintes continuaram abrindo novos trechos entre Itapassaroca e
Taipu no dia 15/11/1907, entre Taipu e Baixa Verde (atual João Câmara-RN) no dia
12/10/1910. Depois disso, com o traçado proposto no projeto, no ano de 1913 a linha
alcançou Pedra Preta e no ano de 1914 a linha chegou a Lajes (antiga Itaretama). Em
meados de 1920 as obras do trecho foram suspensas. A linha férrea chegou ao ano de
1933 em São Romão, a atual Fernando Pedroza, e em Angicos, de onde seguia para São
Rafael no ano de 1949. As estações que formam o eixo central da EFCRN são
respectivamente Extremoz RN, Ceará RN, Taipu RN, João Câmara RN, Pedra Preta
RN, Lajes RN, Fernando Pedroza RN, Angicos RN e São Rafael RN. No ano de 1918
começou a ser construído o Ramal de Macau, porém, demorou inacreditavelmente
exatos 43 anos para ser concluído em 1962. A estação de Pedro Avelino-RN foi
inaugurada no ano de 1922, e no ano de 1950 chegou a Afonso Bezerra-RN, e foi até
chegar a Macau, assim concluindo a construção do ramal seguido da inauguração da

24
SANTOS, João Batista dos. 2016 Estrada de ferro central do rio grande do norte em taipu-rn:
transformações espaciais e memória. Natal/RN. 2016. Disponível em:<
https://memoria.ifrn.edu.br/handle/1044/951> Acessado em 15/01/2022.
25
SANTOS, João Batista dos. 2016 Estrada de ferro central do rio grande do norte em taipu-rn:
transformações espaciais e memória. Natal/RN. 2016. Disponível em:<
https://memoria.ifrn.edu.br/handle/1044/951> Acessado em 15/01/2022.
22

estação na cidade. (SANTOS, 2016 Estrada de ferro central do rio grande do norte
em taipu-rn: transformações espaciais e memória. Natal/RN. 2016.26).
Tem somente três estações no ramal de Macau que respectivamente são as
estações de Pedro Avelino-RN, Afonso Bezerra-RN e Macau. Destas três estações a de
Pedro Avelino é a mais antiga, que foi inaugurada no ano de 1922, a estação de Afonso
Bezerra foi inaugurada na década de 1950 e possui uma configuração arquitetônica
dessa época, e no ano de 1962 foi inaugurada a estação de Macau, ela foi construída
com marquise e concreto armado, se diferenciando assim das demais estações da linha
férrea. Entretanto todas têm suas próprias características, e por essas características que
as dão a importância histórica para a memória das cidades a que fazem parte e da
EFCRN. Entretanto no ano de 2014 às estações de Pedro Avelino e Afonso Bezerra
estavam em estado de abandono, por falta de cuidados estava ameaçando desabar. Até o
ano de 1982, especificamente em outubro daquele ano, acabava o transporte de
passageiros de Natal a Macau, porque os trens de passageiros tinham sido suprimidos.
Em meados de 1980 o transporte de passageiros foi realizado somente por empresa de
ônibus, mais precisamente pela empresa Expressa Cabral. Ela realiza, desde então, a
mesma rota do ramal ferroviário Natal-Macau pela BR 406. (SANTOS, 2016 Estrada
de ferro central do rio grande do norte em taipu-rn: transformações espaciais e
memória. Natal/RN. 2016.27).
Em meados de 1990 foram os trens de carga que deixaram de circular na linha
férrea. No ano de 1996 a RFFSA teve as suas linhas divididas e foi privatizada por
empresas como a Ferrovia do Centro Atlântica - FCA, a Estrada de Ferro Vitória -
Minas, e a MRS Logística. Com o fim da RFFSA, desde que a linha férrea Natal-Macau
foi desativada que não circula mais trens nesse ramal. Os trechos das linhas férreas
Natal-Angicos e Natal-Macau da antiga EFCRN estão desativados. No ano de 1996
ocorreu o processo de desativação da Ferrovia com o leilão da malha ferroviária do
Nordeste que aconteceu no mesmo ano. A RFFSA foi extinta no ano de 1998, era ela
quem administrava as linhas férreas no Estado do Rio Grande do Norte. Situação
parecida foi a da antiga EFCRN, onde os trilhos permanecem, mas por causa da ação do
tempo, ou até mesmo, sendo ocupados de maneira incorreta com construções às
26
SANTOS, João Batista dos. 2016 Estrada de ferro central do rio grande do norte em taipu-rn:
transformações espaciais e memória. Natal/RN. 2016. Disponível em:<
https://memoria.ifrn.edu.br/handle/1044/951> Acessado em 15/01/2022.
27
SANTOS, João Batista dos. 2016 Estrada de ferro central do rio grande do norte em taipu-rn:
transformações espaciais e memória. Natal/RN. 2016. Disponível em:<
https://memoria.ifrn.edu.br/handle/1044/951> Acessado em 15/01/2022.
23

margens dos trilhos, eles se deterioram cada vez mais. Já nas demais estações entre
Nova Cruz e Macau permanecem em diversas situações, exceto as estações de
Montanhas, Pedro Velho e São José de Mipibu que já estão demolidas. (SANTOS, 2016
Estrada de ferro central do rio grande do norte em taipu-rn: transformações
espaciais e memória. Natal/RN. 2016.28).
Algumas estações foram tombadas e servem como centros de culturas
(Ceará-Mirim e Angicos), outras passam por situações ameaçadoras
correndo o risco de ruir, tamanha falta de preservação, como é o caso
de Pedro Avelino e Afonso Bezerra, que se encontram em estado de
abandono. Já as estações de Pedra Preta, João Câmara e Taipu
serviram ou servem como residência de ex-funcionários da extinta
RFFSA. Como já dito anteriormente, a estação de São Rafael foi
demolida, sendo a única da EFCRN que não existe mais. (SANTOS,
2016, p.119 Estrada de ferro central do rio grande do norte em
taipu-rn: transformações espaciais e memória. Natal/RN. 2016.29).

Conforme o passar do tempo às estações foram sendo tombadas, demolidas, e


até mesmo deterioradas ou em ruínas, para essas faltou preservação, faltou cuidado, já
as outras estão bem conservadas, mostrando até a fachada original. Os trens se tornaram
símbolos arquitetônicos, culturais e históricos das cidades por onde passavam, os trilhos
revelavam uma grande história por trás de cada cidade que passava.

2.3 A estação ferroviária em Lajes.

Para compreendermos como se deu a chegada do transporte ferroviário em Lajes


a História Oral, que vem se tornando uma importante metodologia nas pesquisas
históricas, especialmente quando ocorre ausência dos documentos escritos, como
metodologia de pesquisa, se fez muito relevante. A importância da estação na
delimitação de novas centralidades pode ser mais bem entendida pelo impacto que a
ferrovia causou nas sensibilidades dos indivíduos.
Neste tópico apresento considerações sobre a estação de Lajes RN, de sua
fundação aos dias atuais, observando alguns pontos principais, como o período que a
estação foi utilizada, e saber um pouco mais sobre a história da estação.

28
SANTOS, João Batista dos. 2016 Estrada de ferro central do rio grande do norte em taipu-rn:
transformações espaciais e memória. Natal/RN. 2016. Disponível em:<
https://memoria.ifrn.edu.br/handle/1044/951> Acessado em 15/01/2022.
29
SANTOS, João Batista dos. 2016, p. 119 Estrada de ferro central do rio grande do norte em taipu-
rn: transformações espaciais e memória. Natal/RN. 2016. Disponível em:<
https://memoria.ifrn.edu.br/handle/1044/951> Acessado em 15/01/2022.
24

A linha férrea do Estado do Rio Grande do Norte possui um número grande de


estações, em Lajes tem uma das maiores estações da linha férrea, ainda, até hoje
exibindo traços originais, por muito tempo esta estação permaneceu como ponto
terminal.
A estação ferroviária de Lajes chegou aqui na cidade no ano de 1914, foi
inaugurada em 1918, algum tempo depois a cidade de Lajes foi chamada por algum
tempo de Itaretama, era o entroncamento do ramal de Afonso Bezerra, essa estação
ficava na linha férrea que fazia ligação da cidade de Natal até Macau, essa linha saia de
Natal, passava por Lajes, Pedra Preta, Fernando Pedroza, Angicos, São Rafael e por
último Macau, todas essas cidade tinham suas estações naquela época. O trem trazia
mercadorias, pessoas e água para a cidade nos tempos de seca. (MEDEIROS;
FERREIRA, 2007 AS ESTAÇÕES DE TREM DO RIO GRANDE DO NORTE:
Um estudo sobre a sua implantação no ambiente urbano e inventário de suas condições
atuais 2007 30).
Nas extremidades de Natal, a extensão da linha chegava até a cidade de Lajes,
nova estação terminal, um trecho de aproximadamente cento e vinte quilômetros. Em
Lajes, a ferrovia resultou em avanços político-administrativos, em decorrência do
desenvolvimento econômico atingido, o que ocasionou a conquista da categoria de vila
e de sede do município.
Mais recentemente a Prefeitura do Município de Lajes realizou, após um período
de reforma, a reinauguração da Estação Ferroviária de Lajes, o antigo prédio da RFFSA
teve reparos e melhorias na sua estrutura, mantendo sua singularidade e detalhes que
fazem do prédio um dos mais grandiosos, admiráveis e belos do RN. (Lajes.rn.gov
prefeitura realiza a entrega da estação ferroviária de Lajes. Lajes/RN. Lajes/RN.31)
Através de proposta da Vereadora Rosa Costa, o Legislativo Municipal aprovou
a Lei N° 842/2019, que designa a nova estrutura da RFFSA como Estação das Artes
Poeta Antônio Cruz, atualmente a estação está servindo como restaurante e como

30
MEDEIROS, Gabriel Leopoldino Paulo de; FERREIRA, Ângela Lúcia de Araújo. 2007 AS
ESTAÇÕES DE TREM DO RIO GRANDE DO NORTE: Um estudo sobre a sua implantação no
ambiente urbano e inventário de suas condições atuais 2007. Disponível em:
http://hcurb.ct.ufrn.br/_assets/modules/projetosvinculados/projetovincul ado_48.pdf. Acessado em.
12/03/2021.
31
Lajes.rn.gov prefeitura realiza a entrega da estação ferroviária de Lajes. Lajes/RN.
Disponívelem:<https://lajes.rn.gov.br/prefeitura-realiza-a-entrega-a-estacao-f erroviaria-de-lajes/>
acessado em. 12/ 03/ 2021.
25

Museu. (Lajes.rn.gov prefeitura realiza a entrega da estação ferroviária de Lajes.


Lajes/RN.32)
O Prefeito José Marques Fernandes, (2017 - 2020), destacou a importância, o
renome da nova estrutura para a herança, para o legado, para o patrimônio histórico dos
trabalhadores da rede ferroviária e as raízes culturais da cidade de Lajes, haja vista que,
a Estação Ferroviária de Lajes teve um papel importante no desenvolvimento
econômico não só de Lajes, mais também de toda a região central do Estado do Rio
Grande do Norte, e durante muitos anos, sendo também, um mecanismo, um
instrumento que representa vida e esperança para os cidadãos lajenses, sendo ela,
receptora dos trens da água, que por muitos e muitos anos socorreu os lajenses nos
tempos de seca. (Lajes.rn.gov prefeitura realiza a entrega da estação ferroviária de
Lajes. Lajes/RN.33).
O Prefeito José Marques Fernandes, mais conhecido como Marcão (2017 -
2020) e o vice-prefeito Márcio Nunes estiveram acompanhados de autoridades,
vereadores, secretários municipais, servidores, antigos funcionários da RFFSA, entre
eles seu Paulo Varela, maquinista de 93 anos, que foi homenageado ao lado de inúmeros
outros ex-funcionários da instituição, sendo eles, os primeiros convidados a entrarem na
nova estrutura da Estação das Artes Poeta Antônio Cruz. (Lajes.rn.gov prefeitura
realiza a entrega da estação ferroviária de Lajes. Lajes/RN. 34).
Na cidade de Lajes/RN, o trem tinha sido instalado por causa da relação com as
políticas públicas ferroviárias nacionais para transportar passageiros e mercadorias no
ano de 1918.

3 A estação ferroviária de Lajes e sua relação com a população  

A supressão metafórica das distâncias geográficas, representada principalmente


nos nomes das linhas, assumia um caráter especial nas estações ferroviárias, que ao
estamparem na fachada principal o destino da linha, assumiram ares de pórticos

32
Lajes.rn.gov prefeitura realiza a entrega da estação ferroviária de Lajes. Lajes/RN.
Disponívelem:<https://lajes.rn.gov.br/prefeitura-realiza-a-entrega-a-estacao-f erroviaria-de-lajes/>
acessado em. 12/ 03/ 2021.
33
Lajes.rn.gov prefeitura realiza a entrega da estação ferroviária de Lajes. Lajes/RN.
Disponívelem:<https://lajes.rn.gov.br/prefeitura-realiza-a-entrega-a-estacao-f erroviaria-de-lajes/>
acessado em. 12/ 03/ 2021.
34
Lajes.rn.gov prefeitura realiza a entrega da estação ferroviária de Lajes. Lajes/RN.
Disponívelem:<https://lajes.rn.gov.br/prefeitura-realiza-a-entrega-a-estacao-f erroviaria-de-lajes/>
acessado em. 12/ 03/ 2021.
26

mágicos, que colocavam os viajantes em contato imediato com regiões distantes.


(RODRIGUES, 2006 DOS CAMINHOS DE ÁGUA AOS CAMINHOS DE FERRO: A
construção da hegemonia de Natal através das vias de comunicação (1820-1920).
Universidade Federal do Rio Grande do Norte Centro de Tecnologia. Programa de Pós-
graduação em Arquitetura e Urbanismo. Natal/RN. 2006.35).

A aproximação da estação com um pórtico não era circunstancial. 

Gregório e Bugnone (2005), ao analisarem a evolução tipológica da


estação de trem apontam que o novo edifício exigiu inúmeros estudos
por parte de arquitetos e engenheiros no século XIX, mas não deixou
de manter certas aproximações com construções anteriores. A
primeira semelhança refere-se aos postos de pedágio em estradas e
pontes, que assim como as estações tinham o papel de exercer um
rígido controle do fluxo de tráfego. A principal diferença estava no
fato de a estação combinar a circulação e os passageiros numa única
resultante espacial, antes tidas como unidades independentes. Outra
aproximação refere-se à tradição clássica do Arco do Triunfo,
simbolicamente apropriado pelo edifício de acesso às plataformas.
(RODRIGUES, 2006, p. 208 DOS CAMINHOS DE ÁGUA AOS
CAMINHOS DE FERRO: A construção da hegemonia de Natal
através das vias de comunicação (1820-1920). Universidade Federal
do Rio Grande do Norte Centro de Tecnologia. Programa de Pós-
graduação em Arquitetura e Urbanismo. Natal/RN. 2006. 36).

Nos relatos coletados pela autora Paula (2000 AS FERROVIAS NO BRASIL:


ANÁLISE DO PROCESSO DE ERRADICAÇÃO DE RAMAIS. Universidade
Estadual do Oeste do Paraná – Brasil. 2000.37), a entrada da locomotiva a vapor indicava
as horas, trazia as notícias da metrópole, trazia também os moços casados. Em torno das
estações era a festança dos “encontros e despedidas”. O assobio da locomotiva a vapor
estabelecia os costumes, conforme relata um cronista anônimo.

35
RODRIGUES, Wagner do Nascimento. 2006 DOS CAMINHOS DE ÁGUA AOS CAMINHOS DE FERRO: A
construção da hegemonia de Natal através das vias de comunicação (1820-1920). Universidade
Federal do Rio Grande do Norte Centro de Tecnologia. Programa de Pós-graduação em Arquitetura e
Urbanismo. Natal/RN. 2006. Dissertação (Mestrado em Conforto no Ambiente Construído; Forma
Urbana e Habitação). Disponível em: https://repositorio.ufrn.br/handle/123456789/12408. Acesso
em 19/06/2022
36
RODRIGUES, Wagner do Nascimento. 2006, p. 208 DOS CAMINHOS DE ÁGUA AOS CAMINHOS DE
FERRO: A construção da hegemonia de Natal através das vias de comunicação (1820-1920).
Universidade Federal do Rio Grande do Norte Centro de Tecnologia. Programa de Pós-graduação em
Arquitetura e Urbanismo. Natal/RN. 2006. Dissertação (Mestrado em Conforto no Ambiente
Construído; Forma Urbana e Habitação). Disponível em:
https://repositorio.ufrn.br/handle/123456789/12408. Acesso em 19/06/2022
37
PAULA, Dilma Andrade de. 2000 AS FERROVIAS NO BRASIL: ANÁLISE DO PROCESSO DE
ERRADICAÇÃO DE RAMAIS. Universidade Estadual do Oeste do Paraná – Brasil. 2000. Disponível
em: http://www.docutren.com/historiaferroviaria/Aranjuez2001/pdf/22.pdf. Acesso em 20/06/2022
27

Nesta época o trem era muito importante para os moradores das cidades, pelo
fato dos diversos benefícios proporcionados pela mesma, já que, muito antes dos trens
serem implantados o percurso das mercadorias se tornava mais demorado devido ao
tempo de trajeto do ponto de partida ao de chegada, por isso tinha essas festanças, esses
movimentos na chegada do trem na estação.

3.1 - A estação como bem material e imaterial 

Aqui neste tópico vamos apresentar sobre a estação ferroviária como um bem
material e imaterial mostrando essa dualidade como um questionamento sobre a
necessidade de preservar e para isto precisamos compreender o seu significado, que
segundo o dicionário Aurélio, a definição do termo preservação é “ação que visa
garantir a integridade e a perenidade de algo, por exemplo, um bem cultural”.
(DICIONÁRIO AURÉLIO, 1999 São Paulo: Nova Fronteira, 1999. CD. ROM 38). 
No entanto, a preservação depende do ato de registrar que
significa guardar informações para as gerações futuras
relacionadas à perpetuação de elementos culturais que não
possuem garantia de permanecer. Cabe salientar que o patrimônio
é composto por uma parcela material e outra imaterial.
(MEDEIROS, 2007, p. 27 AS CIDADES E OS TRILHOS:
RESGATE HISTÓRICO DA IMPLANTAÇÃO DAS
FERROVIAS NO RIO GRANDE DO NORTE E
INVENTÁRIO DE SUAS ESTAÇÕES. Trabalho Final de
Graduação apresentado como requisito para obtenção de grau do
curso de Arquitetura e Urbanismo, da Universidade Federal do
Rio Grande do Norte. Natal. 2007.39). 

Por meio deste comentário compreendemos que a preservação ou


preocupação preservacionista está relacionada ao fato de obter informações, fatos
para as próximas gerações para se ter a cultura dos materiais para lembranças, para
recordações e para manter relações com o passado. 
No início da preocupação preservacionista, o enfoque das ações se
dava primordialmente sobre os meios materiais, sendo relegada a
conservação das práticas, técnicas, costumes e hábitos,
especialmente populares, ao esquecimento, o “saber fazer”, cuja
importância de se proteger o pioneirismo de Mário de Andrade
38
DICIONÁRIO AURÉLIO. 1999 São Paulo: Nova Fronteira, 1999. CD. ROM
39
MEDEIROS, Gabriel Leopoldino Paulo de. 2007, p. 27 AS CIDADES E OS TRILHOS: RESGATE
HISTÓRICO DA IMPLANTAÇÃO DAS FERROVIAS NO RIO GRANDE DO NORTE E
INVENTÁRIO DE SUAS ESTAÇÕES. Trabalho Final de Graduação apresentado como requisito para
obtenção de grau do curso de Arquitetura e Urbanismo, da Universidade Federal do Rio Grande do Norte.
Natal: Monografia (Graduação em Arquitetura e Urbanismo). 2007. Disponível em:
https://hcurb.ct.ufrn.br/_assets/modules/projetosvinculados/projetovinculado_64.pdf. Acessado em:
20/06/2022
28

resgatou. Essa parcela do patrimônio é classificada como


imaterial, enquanto que os objetos, utensílios, indumentária,
mobiliário, estatuária, documentos, arquitetura, e afins, constituem
a parcela material. (MEDEIROS, 2007, p. 27 AS CIDADES E
OS TRILHOS: RESGATE HISTÓRICO DA
IMPLANTAÇÃO DAS FERROVIAS NO RIO GRANDE DO
NORTE E INVENTÁRIO DE SUAS ESTAÇÕES. Trabalho
Final de Graduação apresentado como requisito para obtenção de
grau do curso de Arquitetura e Urbanismo, da Universidade
Federal do Rio Grande do Norte. Natal. 2007.40). 

 Preservar é, principalmente no acontecimento da localidade da civilização,


assegurar as relações a uma conjuntura, que retrata toda a sistemática
socioeconômica de um obstinado tempo. Essas relações então seriam preferência na
descrição daquilo a ser conservado em grupo, pois aí já pode estar configurada uma
identidade cultural de um grupo. 
É perceptível que quando tratamos de patrimônio estamos lidando
com um fator inerente ao conceito: o tempo. O patrimônio está
conectado à noção de tempo em suas três facetas. Ao passado,
pois é resultado das condicionantes do mesmo que dimanam a sua
concepção e construção. Ao presente, pois dele surge a
preocupação e o ato de se preservar aquilo que exprime os
caminhos percorridos e que originaram o existente de hoje. E ao
futuro, pois se se preserva algo é com intuito de perpetuá-lo e,
assim, torná-lo acessível às gerações venturas. (MEDEIROS,
2007, p. 28 AS CIDADES E OS TRILHOS: RESGATE
HISTÓRICO DA IMPLANTAÇÃO DAS FERROVIAS NO
RIO GRANDE DO NORTE E INVENTÁRIO DE SUAS
ESTAÇÕES. Trabalho Final de Graduação apresentado como
requisito para obtenção de grau do curso de Arquitetura e
Urbanismo, da Universidade Federal do Rio Grande do Norte.
Natal. 2007.41). 

Compreendemos que se preservar algo culturalmente é preservar a


personalidade, seja coletiva ou individual. É vivenciar e conhecer melhor
proporcionando esse conhecimento às futuras gerações. Portanto, a cultura, como se

40
MEDEIROS, Gabriel Leopoldino Paulo de. 2007, p. 27 AS CIDADES E OS TRILHOS: RESGATE
HISTÓRICO DA IMPLANTAÇÃO DAS FERROVIAS NO RIO GRANDE DO NORTE E
INVENTÁRIO DE SUAS ESTAÇÕES. Trabalho Final de Graduação apresentado como requisito para
obtenção de grau do curso de Arquitetura e Urbanismo, da Universidade Federal do Rio Grande do Norte.
Natal. Monografia (Graduação em Arquitetura e Urbanismo). 2007. Disponível em:
https://hcurb.ct.ufrn.br/_assets/modules/projetosvinculados/projetovinculado_64.pdf. Acessado em:
20/06/2022
41
MEDEIROS, Gabriel Leopoldino Paulo de. 2007, p. 28 AS CIDADES E OS TRILHOS: RESGATE
HISTÓRICO DA IMPLANTAÇÃO DAS FERROVIAS NO RIO GRANDE DO NORTE E
INVENTÁRIO DE SUAS ESTAÇÕES. Trabalho Final de Graduação apresentado como requisito para
obtenção de grau do curso de Arquitetura e Urbanismo, da Universidade Federal do Rio Grande do Norte.
Natal. Monografia (Graduação em Arquitetura e Urbanismo). 2007. Disponível em:
https://hcurb.ct.ufrn.br/_assets/modules/projetosvinculados/projetovinculado_64.pdf. Acessado em:
20/06/2022
29

pode ver, ela compreende o discernimento de patrimônio e assim como esse se


reflete e manifesta-se nas três aparências do tempo.

3.2 - A relação econômica

Neste tópico apresentaremos considerações sobre a relação econômica da


estação ferroviária com a cidade de Lajes para os moradores. Falaremos sobre como a
chegada das ferrovias trouxe desenvolvimento econômico e social para as cidades,
principalmente a cidade de Lajes.

A ferrovia surge a partir da necessidade de articulação no âmbito


territorial. As estradas de ferro, portanto, ao longo do século XIX
e, em especial, durante as primeiras décadas do XX, exerceram
papel fundamental na organização do território, assim como, na
estruturação de redes de cidades (CAPEL, 2007). Naquele
momento, a lógica territorial imposta pela linha férrea fez com que
os núcleos atendidos por ela se desenvolvessem, enquanto que
aqueles não atendidos ou então que se situavam nas imediações
das antigas estradas carroçáveis permaneceram paralisados em
termos de crescimento, quando muitas vezes não
definharam. (MEDEIROS, 2011, p. 33 CAMINHOS QUE
ESTRUTURAM CIDADES: REDES TÉCNICAS DE
TRANSPORTE SOBRE TRILHOS E A CONFORMAÇÃO
INTRA-URBANA DE NATAL (1881-1937). Universidade
Federal do Rio Grande do Norte Centro de Tecnologia Pós-
Graduação em Arquitetura e Urbanismo. Natal, 201142).

As linhas férreas tinham bastante influência no crescimento e na localização


das cidades, a criatividade exigida pelas linhas férreas acabava, terminava com as
técnicas convencionais, antigas de transporte, feitas desde no início com
deslocamento animal.

No Brasil, havia por um lado um interesse econômico que, de fato,


impulsionou o estabelecimento das estradas de ferro, também
42
MEDEIROS, Gabriel Leopoldino Paulo de. 2011, p. 33 CAMINHOS QUE ESTRUTURAM
CIDADES: REDES TÉCNICAS DE TRANSPORTE SOBRE TRILHOS E A CONFORMAÇÃO
INTRA-URBANA DE NATAL (1881-1937). Universidade Federal do Rio Grande do Norte Centro
de Tecnologia Pós-Graduação em Arquitetura e Urbanismo. Natal, 2011. MEDEIROS, Gabriel
Leopoldino Paulo de. Pathways and the construction of the city: rail transport techinical netwoks
and the urban conformation of Natal. 2011. 193 f. Dissertação (Mestrado em Conforto no Ambiente
Construído; Forma Urbana e Habitação) - Universidade Federal do Rio Grande do Norte, Natal,
2011. Disponível em: https://repositorio.ufrn.br/handle/123456789/12370 . Acesso em: 20/06/2022
30

havia um fator não tão objetivo, um entusiasmo irrefletido e


exagerado pelos negócios ferroviários.
Os atores locais responsáveis pela implantação das primeiras
ferrovias no Rio Grande do Norte neste momento, ligados
intimamente à região açucareira, inegavelmente foram encantados
pela aura de modernidade do novo sistema de transporte.
(RODRIGUES, 2015, p. 116 FRONTEIRA E TERRITÓRIO:
CONSIDERAÇÕES CONCEITUAIS PARA A
COMPREENSÃO DA DINÂMICA DO ESPAÇO
GEOGRÁFICO.2015.43).

Compreendemos que naquele tempo no Brasil tinham a economia como o


principal interesse que movimentou a estrada de ferro, juntamente com esse fator
tinha um lado que não era muito direto, ou seja, eles tinham um impulso, um desejo
irrefletido e excessivo quanto aos negócios das linhas férreas. Também naquele
tempo as pessoas na localidade do Brasil tinham a plantação açucareira, e assim, eles
ficaram deslumbrados pela modernidade dos trens. 
Os administradores das linhas férreas no Estado do Rio Grande do Norte
tinham uma fé, uma crença muito grande, até mesmo que não se abalava, as linhas
férreas eram atribuídas a aptidão de fazer o aperfeiçoamento do escoamento na
produção, também por elas viriam indústrias, surgiria o empreendedorismo para os
moradores, para a população que teria a cidade rodeada, e até mesmo cortada pelos
trilhos, iriam fazer a produção agrícola se desenvolver, iriam fazer com que as
cidades também se evoluíssem. As linhas férreas foram pensadas, articuladas com o
intuito de serem como as artérias que alimentariam o organismo das cidades e dos
Estados levando o fluxo sanguíneo.  (RODRIGUES, 2015 FRONTEIRA E
TERRITÓRIO: CONSIDERAÇÕES CONCEITUAIS PARA A
COMPREENSÃO DA DINÂMICA DO ESPAÇO GEOGRÁFICO.2015.44). 
Entendemos que por causa das linhas férreas muitas cidades, muitos
interiores do Estado do Rio Grande do Norte, principalmente na cidade de Lajes,
tiveram o aumento da população, também na cidade de Lajes teve avanços político e
administrativos na saúde, ampliando os atendimentos devidos o aumento da

43
RODRIGUES, Aline Lima. 2015, p. 116 FRONTEIRA E TERRITÓRIO: CONSIDERAÇÕES
CONCEITUAIS PARA A COMPREENSÃO DA DINÂMICA DO ESPAÇO GEOGRÁFICO.2015.
Revista Produção Acadêmica com temáticas que envolvam: o Urbano, o Regional, o Agrário e o
Ensino de Geografia. disponívelem:<sistemas.uft.edu.br>index.php>article>Acessado em. 12/ 03/
2021.
44
RODRIGUES, Aline Lima. 2015 FRONTEIRA E TERRITÓRIO: CONSIDERAÇÕES
CONCEITUAIS PARA A COMPREENSÃO DA DINÂMICA DO ESPAÇO GEOGRÁFICO.2015.
Revista Produção Acadêmica com temáticas que envolvam: o Urbano, o Regional, o Agrário e o
Ensino de Geografia. disponívelem:<sistemas.uft.edu.br>index.php>article>Acessado em. 12/ 03/
2021.
31

população, gerando a construção de escolas, e melhorias na segurança, atingido


também o desenvolvimento na economia por meio do comercio, proporcionados
pelas linhas férreas.
O aumento demográfico ocorreu também em outras cidades, como
Lajes, onde a população do seu município cresceu de 8.711
habitantes na década de 1920 para 12.521 em 1930, ressaltando
que a E.F. Central chegou a esse núcleo em 1914 (LIMA, 1990c,
p. 186). Em Lajes, além disso, a ferrovia resultou em avanços
político-administrativos, decorrência do desenvolvimento
econômico atingido, o que ocasionou a conquista da categoria de
vila e de sede do município. (MEDEIROS, 2007, p. 103 AS
CIDADES E OS TRILHOS: RESGATE HISTÓRICO DA
IMPLANTAÇÃO DAS FERROVIAS NO RIO GRANDE DO
NORTE E INVENTÁRIO DE SUAS ESTAÇÕES. Trabalho
Final de Graduação apresentado como requisito para obtenção de
grau do curso de Arquitetura e Urbanismo, da Universidade
Federal do Rio Grande do Norte. Natal. 2007.45).  

          Levando em conta o que foi apresentado compreendemos que por causa das
ferrovias, os municípios tiveram um grande aumento econômico e social e também
houve um grande aumento da população conforme as linhas férreas chegavam às
cidades do Estado do Rio Grande do Norte.

3.3 - A relação afetiva, sócia e histórica.


A relação afetiva e sócia histórica que a população lajense tem com a estação
ferroviária da cidade, mostrando toda sua relação com sua comunidade e como a mesma
é reverenciada por todos. 

As ferrovias foram responsáveis pela estruturação do território do


estado do Rio Grande do Norte, impondo novos fluxos comerciais e
travando novas relações entre as cidades. Os edifícios das estações de
trem, por sua vez, representaram, sobretudo, elementos de impacto nas
dinâmicas urbanas dos núcleos por onde passavam as estradas de
ferro. Os caminhos percorridos pelos trilhos constituíam os elementos
“fluxos”, por onde se escoava as mercadorias e os passageiros, os
armazéns, as oficinas e, principalmente, as estações consistiam os

45
MEDEIROS, Gabriel Leopoldino Paulo de. 2007, p. 103 AS CIDADES E OS TRILHOS: RESGATE
HISTÓRICO DA IMPLANTAÇÃO DAS FERROVIAS NO RIO GRANDE DO NORTE E
INVENTÁRIO DE SUAS ESTAÇÕES. Trabalho Final de Graduação apresentado como requisito para
obtenção de grau do curso de Arquitetura e Urbanismo, da Universidade Federal do Rio Grande do Norte.
Natal. Monografia (Graduação em Arquitetura e Urbanismo). 2007. Disponível em:
https://hcurb.ct.ufrn.br/_assets/modules/projetosvinculados/projetovinculado_64.pdf. Acessado em:
20/06/2022
32

elementos “fixos”, que faziam o intercâmbio entre as cidades e os


caminhos, sendo, dessa maneira, os pontos nodais entre a acumulação
produtiva, que convergiam para os centros urbanos, e o escoamento
dessa produção, que se deslocava para as chamadas “cabeças de
linha”, onde se situavam os portos exportadores. (MEDEIROS, 2007,
p. 125 AS CIDADES E OS TRILHOS: RESGATE HISTÓRICO
DA IMPLANTAÇÃO DAS FERROVIAS NO RIO GRANDE DO
NORTE E INVENTÁRIO DE SUAS ESTAÇÕES. Trabalho Final
de Graduação apresentado como requisito para obtenção de grau do
curso de Arquitetura e Urbanismo, da Universidade Federal do Rio
Grande do Norte. Natal. 2007.46). 

Compreendemos que as ferrovias do Rio Grande do são responsáveis pela


estruturação de território com novos fluxos comerciais e novas relações para com as
cidades, seus prédios representam elementos de impacto, fluxos com passageiros e
mercadorias elementos fixos para fazerem intercâmbio sobre as cidades, se tornando,
assim pontos estratégicos para a produtividade e para o escoamento da mesma, e
também, se tratando da cidade de Lajes, era muito usado para o ecoturismo na cidade.

A condição de marco arquitetônico foi também um caráter apropriado


pelas estações de trem no RN. Esses edifícios tornaram-se pontos de
referência tanto nas maiores como nas menores cidades, sendo
constantemente destacados entre os principais prédios dos núcleos
urbanos. Geralmente as estações eram referidas como construções de
estética “moderna”, pois seguiam os estilos arquitetônicos
predominantes na época, semelhantemente ao que ocorria em outras
partes do Brasil e do mundo. (MEDEIROS, 2007, p. 132 AS
CIDADES E OS TRILHOS: RESGATE HISTÓRICO DA
IMPLANTAÇÃO DAS FERROVIAS NO RIO GRANDE DO
NORTE E INVENTÁRIO DE SUAS ESTAÇÕES. Trabalho Final
de Graduação apresentado como requisito para obtenção de grau do
curso de Arquitetura e Urbanismo, da Universidade Federal do Rio
Grande do Norte. Natal. 2007.47). 

Portanto, outra característica importante sobre as linhas férreas era o marco


arquitetônico, pois para a população da cidade de Lajes, eles têm sua estação como

46
MEDEIROS, Gabriel Leopoldino Paulo de. 2007, p. 125 AS CIDADES E OS TRILHOS: RESGATE
HISTÓRICO DA IMPLANTAÇÃO DAS FERROVIAS NO RIO GRANDE DO NORTE E
INVENTÁRIO DE SUAS ESTAÇÕES. Trabalho Final de Graduação apresentado como requisito para
obtenção de grau do curso de Arquitetura e Urbanismo, da Universidade Federal do Rio Grande do Norte.
Natal. Monografia (Graduação em Arquitetura e Urbanismo). 2007. Disponível em:
https://hcurb.ct.ufrn.br/_assets/modules/projetosvinculados/projetovinculado_64.pdf. Acessado em:
20/06/2022
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MEDEIROS, Gabriel Leopoldino Paulo de. 2007, p. 132 AS CIDADES E OS TRILHOS: RESGATE
HISTÓRICO DA IMPLANTAÇÃO DAS FERROVIAS NO RIO GRANDE DO NORTE E
INVENTÁRIO DE SUAS ESTAÇÕES. Trabalho Final de Graduação apresentado como requisito para
obtenção de grau do curso de Arquitetura e Urbanismo, da Universidade Federal do Rio Grande do Norte.
Natal. Monografia (Graduação em Arquitetura e Urbanismo). 2007. Disponível em:
https://hcurb.ct.ufrn.br/_assets/modules/projetosvinculados/projetovinculado_64.pdf. Acessado em:
20/06/2022
33

ponto histórico de referência, e também têm um apreço muito grande pela estação e isso
não é de hoje, vem desde a chegada da ferrovia.

A estação da EFCRGN em Natal, durante a sua construção em 1908,


já era alarmada como “uma das belas construções da capital”, feita sob
“as mais rigorosas regras da arquitetura moderna” (A REPÚBLICA,
17 mar. 1908, p. 02). Em cidades como Baixa Verde e Lajes elas eram
citadas entre a descrição dos principais edifícios. (MEDEIROS, 2007,
p. 132 AS CIDADES E OS TRILHOS: RESGATE HISTÓRICO
DA IMPLANTAÇÃO DAS FERROVIAS NO RIO GRANDE DO
NORTE E INVENTÁRIO DE SUAS ESTAÇÕES. Trabalho Final
de Graduação apresentado como requisito para obtenção de grau do
curso de Arquitetura e Urbanismo, da Universidade Federal do Rio
Grande do Norte. Natal. 2007.48). 

Por meio deste tópico compreendi que a estação da cidade de Lajes é uma linda
construção, especialmente, quando foi reformada e transformada em ponto histórica e,
assim recebendo o nome de Estação das Artes Poeta Antônio Cruz, isso vem novamente
mostrar o apreço, a afetividade que os lajenses têm com a estação ferroviária da cidade.
No ano de 1914 iniciou o progresso na cidade de Lajes por meio dos trilhos com
a nova Estrada de Ferro Central “Eng. Sampaio Correia”, e com ela vinham às pequenas
indústrias de “café, açúcar, algodão, peles”, as casas de comércio e várias famílias
trabalhadoras vindas de vários cantos que se instalaram pela cidade e colaboraram para
o crescimento e desenvolvimento de vila para cidade. No dia 30 de dezembro de 1943,
por causa do Decreto Nº 268 o município de Lajes teve seu nome alterado para
Itaretama, que é um nome indígena que tem o significado de região de pedras. Porém,
esse nome de Itaretama não foi ao gosto da população Lajense, e assim, dez anos
depois, no dia 11 de dezembro de 1953, voltou a se chamar Lajes pela Lei de Nº 1.032.
No ano de 2000, na cidade de Lajes vinha água pelas linhas férreas da estrada de ferro
“Eng. Sampaio Correia”, pelo trem que vinha de Natal com os tanques abarrotados,
cheios por cima de água mineral para abastecer a população da cidade de Lajes e ia até a
cidade de Macau, que era de onde fazia o retorno para o porto de Natal com sal marinho
para exportação. Em novembro de 2000 foi inaugurado o sistema adutor Sertão Central-
Cabugi que trouxe para as cidades localizadas na região do Sertão Central água potável
para dessedentação humana, nesse momento, a cidade de Lajes entrava em uma fase
48
MEDEIROS, Gabriel Leopoldino Paulo de. 2007, p. 132 AS CIDADES E OS TRILHOS: RESGATE
HISTÓRICO DA IMPLANTAÇÃO DAS FERROVIAS NO RIO GRANDE DO NORTE E
INVENTÁRIO DE SUAS ESTAÇÕES. Trabalho Final de Graduação apresentado como requisito para
obtenção de grau do curso de Arquitetura e Urbanismo, da Universidade Federal do Rio Grande do Norte.
Natal. Monografia (Graduação em Arquitetura e Urbanismo). 2007. Disponível em:
https://hcurb.ct.ufrn.br/_assets/modules/projetosvinculados/projetovinculado_64.pdf. Acessado em:
20/06/2022
34

nova de prosperidade e abundância. (SZILAGYI, 2007 Diagnostico ambiental do


processo de desertificação no município de LAjes/RN. Orientador: Fernando
Morreria da Silva. 2007.110 f. (Mestrado) – Centro de ciências humanas e letras e artes,
Universidade Federal do Rio Grande do Norte, Natal/RN. 2007. Programa de pós-
graduação em geografia. 49).
Segundo Freire; Cavalcanti; Bessoni e Freitas, (2010, p 18 – 19).
 O valor histórico remete ao processo de desenvolvimento
econômico, social, urbano e tecnológico vivido pela cidade
em seus períodos históricos. Este valor também permite a
vinculação com o contexto ferroviário e produtivo em escala
regional e nacional.
 O valor arquitetônico pelo conjunto tipológico de “Pátio
Ferroviário” característico do sistema ferroviário implantado
no Brasil, especificamente de edifícios construídos para o
trabalho e para a moradia, diretamente relacionados ao espaço
de produção.
 O valor arqueológico pelos vestígios e objetos reveladores da
cultural material pós-industrial que podem ser encontrados,
bem como espalhados nos acervos, nos museus, nos arquivos,
como potenciais reveladores de uma história menos linear e
mais complexa de atores sociais diretamente vinculados ao
seu processo.
 O valor paisagístico, na qualidade de serem espaços
eminentemente construídos como “vazios”, preenchido por
uma lógica funcional que dá sentido e condições de
funcionamento ao sistema ferroviário, podendo-se falar numa
paisagem urbana industrial que expressa a memória da
ferrovia.
 O valor de uso, quando se verifica a continuidade de seu
funcionamento como pátio de operações ferroviárias, da
malha ou do sistema, que pode subsistir até hoje com funções
relacionadas à manutenção da ferrovia.
 O valor de raridade, pelas especificidades tipológicas que
podem ser identificadas nos edifícios e maquinário, nas obras
d’arte característico da engenharia ferroviária e especialmente
nas relações específicas, como no tipo pátio-porto, vinculado
historicamente às estruturas urbanas das principais cidades
brasileiras.
 O valor de memória, que perpassa e dá sentido aos demais
valores, pois ordena e permite a releitura dos diversos
vestígios (materiais e imateriais) presentes, estabelecendo
nexos entre o passado, o presente e o futuro, possibilitando o
reconhecimento dos espaços perdidos e reconectando seus
elementos fragmentados.

49
SZILAGYI, Gustavo. 2007 Diagnostico ambiental do processo de desertificação no município de
LAjes/RN. Orientador: Fernando Morreria da Silva. 2007.110 f. (Mestrado) – Centro de ciências
humanas e letras e artes, Universidade Federal do Rio Grande do Norte, Natal/RN. 2007. Programa de
pós-graduação em geografia. Dissertação de Mestrado. Disponível em:
https://repositorio.ufrn.br/handle/123456789/18845. Acesso em: 20/06/2022
35

Conforme compreendido desses valores do patrimônio, eu entendi melhor o


significado de Patrimônio. Esses valores eles têm uma grande importância para o
sistema ferroviário brasileiro. Esses valores andam juntos, não separadamente, eles tem
um elo, e com esse elo a lógica do Patrimônio tem um sentido maior.

4 PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS

Como é fundamental a abordagem qualitativa, optou-se pela metodologia do


estudo de caso haja vista ter como campo de pesquisa a estação ferroviária de Lajes /RN
que passa a ser definida através de grupo focal a ser entrevistado. Como afirma Coelho
(2017) o estudo de caso é um método de pesquisa para observar um tema na realidade
buscando explicar a totalidade dos fenômenos presentes, discorrer diálogos entre
pensadores e teóricos que elucida sobre as interações e vivências do indivíduo com o
seu meio no âmbito do território e espaço social de convivência coletiva para formação
de sujeito subjetivo, sendo utilizado como fontes de pesquisas as teorias de
(RODRIGUES, 2006); (VASQUEZ, 2010 ); (QUINTELA, 2011); (RODRIGUES,
2015), dentre outros para uma elaboração de caráter qualitativo sobre o tema abordado
que é a estação ferroviária de Lajes/RN como história, memória e patrimônio.
A abordagem qualitativa busca nas informações coletadas sobre um dado tema
não só mensurar, mas, sobretudo descrevê-las observando impressões, opiniões e pontos
de vistas. Pesquisas que utilizam este método buscam explicar o porquê das coisas.   
Conforme  Minayo: 
A pesquisa qualitativa trabalha com o universo de significados,
motivos, aspirações, crenças, valores e atitudes, o que corresponde a
um espaço mais profundo das relações, dos processos e dos
fenômenos que não podem ser reduzidos à operacionalização de
variáveis. (2001. p, 1450).

        Serão tomados como grupos focais nesta pesquisa o agente cultural da estação
ferroviária de Lajes, bem como a secretaria de cultura e/ou a agente da casa de cultura
Alzira Soriano, assim como 2 ex-funcionários da ferrovia no período de atividade
ferroviária. Totalizando um universo pesquisado de 4 a 5 pessoas.
Como ferramenta de pesquisa será utilizada a técnica de questionário que
favoreceram maior profundidade reflexiva já que as informações são obtidas a partir de
uma lista fixa sem alterações das perguntas destes questionários. (GIL, 2008, p. 132 51).
A qual o investigador obtém informações através dos dados contatos, no intuito de se
inteirar com os conceitos do assunto abordado e assim obter resultados para fins do
50
MINAYO, Maria Cecilia de Souza. 2001, p. 14
51
GIL, Antônio Carlos. 2008, p. 132
36

trabalho. A variedade de documentos usados enriquece muito o texto, composto por


fontes de vários tipos, como as literárias, iconográficas e até entrevistas com
testemunhas da época.

5 DIÁLOGO COM REPRESENTANTES DA COMUNIDADE

Neste capítulo iremos abordar os significados da Estação Ferroviária para os


lajenses. Por meio de entrevistas e da realização de um questionário google forms como
tratei na introdução, nos foi permitido compreender algumas percepções que as pessoas
têm e algumas atribuições de significados que são conferidos a Estação das Artes. Para
a entrevista buscamos entender o que pensam os agentes públicos que ocupam cargos na
administração municipal como o Secretário municipal de cultura, o senhor Adeilson
Fernandes da Rocha e a Agente de Cultura, senhora Rosilda Barbosa de Lima.

Conforme o passar do tempo às estações foram sendo tombadas, demolidas, e até


mesmo deterioradas ou em ruínas, para essas faltou preservação, faltou cuidado, já as
outras estão bem conservadas, mostrando até a fachada original. Os trens se tornaram
símbolos arquitetônicos, culturais e históricos das cidades por onde passavam, os trilhos
revelavam uma grande história por trás de cada cidade que passava.

A respeito da relação da comunidade lajense e a Estação Ferroviária, os


entrevistados enfatizam a ideia da promoção de progresso econômico advinda com a
Estação, capilarizando seus impactos na vida social e cultural do município, razão pela
qual os lajenses guardam-na em suas memórias como vetor de transformação. Para
Adeilson Fernandes da Rocha, “a estação ferroviária é considerada um espaço de
memórias afetivas, recordações principalmente com aqueles que conviveram com ela
quando era usada para embarque e desembarque e pessoas e mercadorias”.

No entanto, a implantação de um Estação Ferroviária traz com ela muitos


elementos de transformação do espaço e da vida social. Seu edifício passa a ser
referência para os munícipes e viajantes. Como sua ampla estrutura é ponto de chegada
e de partida, desse modo também ponto de encontro, de despedidas, de abraços e de
adeuses. Para Medeiros:

A condição de marco arquitetônico foi também um caráter apropriado pelas


estações de trem no RN. Esses edifícios tornaram-se pontos de referência tanto nas
37

maiores como nas menores cidades, sendo constantemente destacados entre os


principais prédios dos núcleos urbanos. Geralmente as estações eram referidas como
construções de estética “moderna”, pois seguiam os estilos arquitetônicos
predominantes na época, semelhantemente ao que ocorria em outras partes do Brasil e
do mundo52.

Continuando a discutir as transformações no espaço promovidas pelos trilhos, o


autor traz duas dimensões dessas construções, os “fluxos” e “fixos”, que embora
estejam relacionadas, cada uma tem atribuições específicas, vejamos:

Os caminhos percorridos pelos trilhos constituíam os elementos “fluxos”, por


onde se escoava as mercadorias e os passageiros, os armazéns, as oficinas e,
principalmente, as estações consistiam os elementos “fixos”, que faziam o intercâmbio
entre as cidades e os caminhos, sendo, dessa maneira, os pontos nodais entre a
acumulação produtiva, que convergiam para os centros urbanos, e o escoamento dessa
produção, que se deslocava para as chamadas “cabeças de linha”, onde se situavam os
portos exportadores.53. 

Percebemos que há um vivo interesse entre os agentes públicos e mesmo a


população que o conjunto arquitetônico que forma a Estação Ferroviária alcance a
dimensão de um museu de História, visto que ele se apresenta como “Um ícone
histórico-cultural que perpetua a história de Lajes através da arquitetura” como
argumenta a senhora Rosilda Barbosa de Lima e corroborando, o senhor Adeilson
Fernandes da Rocha a apresenta como “o prédio mais bonito. Deveria ser um museu
com a história da ferrovia. Espaço de visitas e património histórico da cidade”

Ressaltando o significado da ferrovia para o crescimento do território onde se


instala, Adeilson Fernandes da Rocha apresenta que o desenvolvimento de Lajes rumo a
emancipação política tem vínculos estreitos com a ferrovia pois “ só alcançou o status

52
MEDEIROS, Gabriel Leopoldino Paulo. AS CIDADES E OS TRILHOS: RESGATE HISTÓRICO
DA IMPLANTAÇÃO DAS FERROVIAS NO RIO GRANDE DO NORTE E INVENTÁRIO DE
SUAS ESTAÇÕES. Monografia de Graduação. Curso de Arquitetura e Urbanismo, da Universidade
Federal do Rio Grande do Norte. Natal. Disponível em:
https://hcurb.ct.ufrn.br/_assets/modules/projetosvinculados/projetovinculado_64.pdf. Acesso em:
20/06/2022, p.132

53
Idem, pág. 125
38

de vila em 1914, com o advento da ferrovia passando os anos em 1923, alcançou a


municipalidade, pois a mesma passou a ser vista como um município em crescimento
devido a chegada da ferrovia para aquele momento o progresso chegou”. Rosilda
Barbosa de Lima acrescenta que “Com o fim do transporte de passageiros, a linha trazia
a água tão escassa em nosso chão e o sal que ainda tinha o cunho econômico”.

O crescimento do município de Lajes foi verificado também em termos


populacionais. Os estudos de Medeiros trazem uma população de 8.711 habitantes na
década de 1920 e um salto para 12.521 habitantes na década de 1930 54. Compreendo
que tanto a Agente de Cultura quanto o Secretário de Cultura falam, o posicionamento
deles quanto à estrada de ferro com relação à parte econômica na cidade é de que a
economia da cidade de Lajes cresceu, avançou muito com a chegada da estrada de ferro
com o turismo, com o transporte de cargas e de pessoas.

O aumento demográfico ocorreu também em outras cidades, como Lajes, onde a


população do seu município cresceu de 8.711 habitantes na década de 1920 para 12.521
em 1930, ressaltando que a E.F. Central chegou a esse núcleo em 1914 (LIMA, 1990c,
p. 186). Em Lajes, além disso, a ferrovia resultou em avanços político-administrativos,
decorrência do desenvolvimento econômico atingido, o que ocasionou a conquista da
categoria de vila e de sede do município.55

Se a literatura sobre as estradas de ferro trata dos avanços que esse equipamento
trouxe para o território donde se instalavam, as memórias dos trabalhadores ferroviárias
tratam de fadigas e cansaços. José Nazareno dos Santos, antigo maquinista, nos diz o
seguinte: “Eu lembro, na época que eu entrei o trabalho da ferrovia era todo manual, era
muito cansativo, a gente sofria muito” e acrescenta ainda afirmando que “Eu passei 23
anos lá na ferrovia, trabalhei muito, era trabalho manual sabe, era trabalho manual
mesmo, não tinha maquinário né, aí pra o final foi chegando umas maquinazinhas, mas
encerrou logo, aí acabou”. O final de que nos fala o senhor José Nazareno é a década de
1980, quando começam a ser desativadas as linhas férreas. É neste final que
equipamentos são introduzidos para reduzir o esforço humano neste setor de trabalho.

O senhor José Nazareno dos Santos ao tratar do trem de passageiros e do trem


de carga, enfatiza os significados para a população que viu a vantagem de trafegar entre

54
Idem, pág. 31
55
Idem, pág. 103
39

vários municípios com custos menores e traz informações sobre a variedade de


mercadorias que chegavam via trem:

É porque na época tinha o trem passageiro aí era bom pra população de Lajes,
daqui pra Natal, Pedra Preta, João Câmara, Pedro Avelino até Macau, passagem mais
barata do que nos ônibus, era uma boa né. Na época que eu trabalhei tinha o trem
passageiro e o trem cargueiro, a maioria das cargas eram sal, cimento, era só isso as
cargas que o trem cargueiro transportava.

O trem de passageiros está bem presente na memória dos antigos trabalhadores


ferroviários, por seu significado festivo. Para o maquinista Paulo Augusto Varela “Era
muito importante, que tinha bastante passageiros, quase que não cabia, a estação era a
maior festa do mundo, o povo tinha o prazer de esperar os trens, de barco e de caiba”. O
mesmo maquinista nos informa a diversidade de funções que poderiam ser assumidas no
mundo do trabalho ferroviário, sendo que ele mesmo trabalhou trinta anos,
compreendidos entre 1942 e 1972, assim distribuídos:“[...] trabalhei 10 anos na bancada
como serralheiro ajeitando as locomotivas, trabalhei 10 anos de cambista e trabalhei dez
anos de maquineiro”. Fazendo memória de sua trajetória como maquinista, Paulo
Augusto lembra que que trabalhou “primeiramente de Nova Cruz a Natal, depois
trabalhei de Lajes a Macau e a São Rafael, como maquinista trabalhei de Nova Cruz a
Natal e trabalhei de Natal até Macau”.

Conforme os relatos dos dois trabalhadores ferroviários na Estação de Lajes


chegava gente, animais, mercadorias comuns e água em tempos de seca. José Nazareno
dos Santos explica que a água era oriunda de “Extremoz, chegava aqui distribuindo nas
carroças, nos caminhões pras fazendas, era assim”. Ainda esclarecendo sobre a chegada
da água por meio da ferrovia os velhos ferroviários informaram ainda que em períodos
que a estiagem castigava mais a rede ferroviária contratou trens somente para o
carregamento de água para a estação ferroviária de Lajes e como a cidade tinha 12
vagões e 12 tanques disponíveis exclusivamente para essa situação, vinham seis (6)
cheios para Lajes, e os outros seis (6) ficavam em Extremoz para encher novamente.

O fim dos trens correndo em seus trilhos para chegar aos mais diversos pontos, foi
analisado como prejudicial aos munícipes, uma vez que dificultou a movimentação de
pessoas pobres que não dispunham de recursos para pagar outro tipo de transporte. Na
análise do velho trabalhador ferroviário Paulo Augusto Varela:
40

Mudou, mudou muita coisa, por que as passagens eram mais baratas nos pontos
levando passageiro que quando vinha com os passageiros era uma festa muito grande e
em várias estações de Natal a São Rafael e a Macau, nos trens de passageiros era uma
festa para esperar o trem, o governo achou de fechar as estradas de ferro, acabou com as
estradas de ferros, quer dizer que foi um prejuízo para os pais de família que
trabalhavam na ferrovia e para o pessoal pobre que só tinha o transporte de trem, que
não podia pagar carro, hoje em dia tá tudo mudado, acabou o trem aqui no Nordeste, os
pobres não podiam mais viajar por que tudo era caro, os trens eram barato, era 1, 25, a
onde de carro é de ônibus era 3 e pouco, era uma diferença bem grande. Me lembro de
muita coisa, tinha bastante alegria, era muita gente, hoje em dia parece um cemitério,
acabou- se a alegria de Lajes e de várias estações, a alegria do povo era esperar o trem
para fazer embarque e desembarque, tinham vários trens de carga, eram divididos, hoje
em dia tá tudo parado, por causa das pessoas que davam prejuízo56

A reforma na Estação Ferroviária e sua transformação em Estação das Artes


Poeta Antônio Cruz, assumindo a função de ponto turístico e centro de memória,
revitalizou o espaço e propiciou sua utilização em atividades artísticas, educativas e
culturais. Medeiros apresenta o espaço onde se situa a antiga Estação Ferroviária de
Lajes, hoje Estação das Artes:

O edifício está localizado no bairro do Centro em frente à Praça Manuel


Januário Cabral, mais precisamente na Rua Coronel Joaquim Ferreira. Na praça situam-
se vários quiosques e trailers de alimentação, enquanto à sua volta estão secretarias da
Prefeitura, como a de Assistência Social, e vários estabelecimentos prestadores de
serviços. Bem próximo também se encontra o centro de origem da cidade57.

Enviamos o questionário a 25 pessoas e obtivemos respostas de 23 destas. As


pessoas que responderam se encontram na faixa etária entre 23 e 58 anos, sendo 17
educadores(as). Há unanimidade em afirmar a importância da Estação Ferroviária como
Centro de Memória e espaço para a formação escolar de crianças e adolescentes quanto
à dimensão do conceito de patrimônio histórico. Para a maioria a Estação das Artes
contribuirá para a valorização da história local e a memória dos trabalhadores da
56

57
MEDEIROS, Gabriel Leopoldino Paulo de; FERREIRA, Ângela Lúcia de Araújo. 2007, p. 11 AS
ESTAÇÕES DE TREM DO RIO GRANDE DO NORTE: Um estudo sobre a sua implantação no
ambiente urbano e inventário de suas condições atuais 2007.
disponívelem:<http://hcurb.ct.ufrn.br/_assets/modules/projetosvinculados/projetovinculado_48.pdf
Acessado em:. 12/ 03/ 2021.
41

Estação Ferroviária e das pessoas que vivenciaram os tempos em que o trem corria nos
trilhos no município de Lajes.

Na pesquisa fica evidente o quanto é relevante para o desenvolvimento em toda a


sua conjuntura sendo este visto como um marco histórico do município e do mundo;
pois mesmo depois de sua desativação contínua contribui para o desenvolvimento da
cultura, com exposição de artes, que se almeja uma maior valorização pela comunidade,
devido sua relação histórico-cultural da cidade.

Nas falas dos entrevistados se nota uma relevância afetiva “A passagem do trem
de passageiros onde a cada vez que chega um trem de passageiro a estação ficava lotada
de pessoas para observar, ou seja, era visto como uma forma de diversão, muitas das
vezes”. Esta relação se liga diretamente com a memória sócio - afetiva dos moradores e
suas historicidades. Alguns respondem com relatos de viagens a outras cidades para
visitar parentes no período que o trem fazia viagem refletindo sua importância através
da chegada da Estação Ferroviária de Lajes trazendo desenvolvimento e hoje recebe este
nome que é de um artista lajense, sendo este homenageado, por ter sido um grande
homem que contribuiu para a história do município.

O trem e sua relação direta com economia transportem de mercadorias e


passageiros sendo a estação ferroviária o monumento central para o desenvolvimento do
município de Lajes; que nas palavras de um dos colaboradores da pesquisa, “pelo marco
da história que ela apresenta, o espaço necessita ser bem aproveitado, com projetos e
eventos culturais”; Por ser um patrimônio histórico e ser um espaço que deve ser
propício para atividades de pesquisa, artes e cultura, o cuidado com este patrimônio é
proporcionar que a história continue vida para as futuras gerações.

As memórias afetivas em relação à chegada da estrada de ferro, se liga


diretamente a o “trem dá água”, como muitos na cidade falam, que essa espera era uma
relação de melhoria de vida e a sobrevivência no período da seca. Conhecer a história da
mesma, e sua importância para o desenvolvimento do município, é interpretar o
desenvolvimento local e suas relações com a comunidade.

Relembrar a estação e sua relação com a comunidade é refazer trajetos dos


transportes de passageiros de Macau até Natal, dentre outros como o caminho sal, água,
os desdobramentos políticos por meio do Trem da Esperança na Época de Aluízio
42

Alves. Dentre outras mudanças, como afirma a colaboradora “Alavancou o comércio,


mudou a paisagem, possibilitou o transporte de produtos e pessoas. Deu empregos e no
período de estiagem, foi utilizado para transportar água para Lajes”.

Nos dias atuais a ferrovia tornou-se um lugar de novas construções de memórias


e vivencias sendo este um lugar de pertencimento dos lajenses que nas palavras dos
entrevistados a estação é “um lugar agradável, tem um papel específica para difundir a
cultura regional e oportuniza o surgimento de novos talentos” por ser um espaço de
memoria de resgate e de cultura viva dos cidadãos.

Sendo que esse uso cultura ainda é muito tímido e não é voltado ao
conhecimento da cultura da ferrovia e suas histórias, desta forma os colaboradores nos
traz que "Poderia ter mais utilidade, principalmente com as nossas crianças, mostrar o
quanto de benefícios trouxe para o nosso município”. Contando assim “as histórias
contadas pelos ex-funcionários, como o ex-maquinista Paulo Varela e suas viagens nas
locomotivas, sendo este um ponto de referência social”. E desta forma deixa acultura
viva e hoje serve para eventos culturais e artísticos do nosso município, tais como:
Exposição de Alzira Soriano, Flilajes e outros.

Acredito que toda cidade tem que guardar sua história e, acima de tudo, valoriza
- lá. A Estação das Artes, antiga estação ferroviária, além de trazer fatos importantes do
passado, acolha também as apresentações e artistas da atualidade, tornando- se assim,
muito importante para a cultura da cidade, e ponto turístico para os visitantes.

6 CONSIDERAÇÕES FINAIS
43

A pesquisa foi desenvolvida sobre a história, a memória e o patrimônio da


estação ferroviária do Município de Lajes no Rio Grande do Norte (RN) e se tratando
desde a sua chegada, e como historicamente se transformou em patrimônio e em
memória, A importância da estação na delimitação de novas centralidades pode ser mais
bem entendida pelo impacto que a ferrovia causou nas sensibilidades dos indivíduos
tornando a estação ferroviária como um bem material e imaterial mostrando essa
dualidade como um questionamento sobre a necessidade de preservar. Com a chegada
das ferrovias veio o desenvolvimento econômico e social para as cidades,
principalmente a cidade de Lajes. As linhas férreas tinham bastante influência no
crescimento e na localização das cidades, a criatividade exigida pelas linhas férreas
acabava, terminava com as técnicas convencionais, antigas de transporte, feitas desde no
início com deslocamento animal.
A questão com a relação afetiva e sócia histórica que a população lajense tem
com a estação ferroviária da cidade, mostrando toda sua relação com sua comunidade e
como a mesma é reverenciada por todos, gerava o conceito de progresso. O progresso
representado aqui pela ferrovia é o marco do desenvolvimento patrimonial e socio
histórico. Portanto, outra característica importante sobre as linhas férreas era o marco
arquitetônico, pois para a população da cidade de Lajes, eles têm sua estação como
ponto histórico de referência, e também têm um apreço muito grande pela estação e isso
não é de hoje, vem desde a chegada da ferrovia.
Portanto referencial teórico foi importante para chegar aos objetivos deste
trabalho onde foram definidos alguns conceitos relativos a história da estação
ferroviária de Lajes, e também a importância da preservação e da memória para as
novas gerações continuarem o legado de sua preservação e da memória dentro do
contexto histórico e sua importância para a Cidade de Lajes, Rio Grande do Norte e
Brasil.
A importância da Estação Ferroviária de Lajes já foi abordada em várias
pesquisas, como dito anteriormente. A ideia de progresso atribuída ao transporte
ferroviário é lugar comum e as mudanças operadas nos espaços onde eram instaladas
também é recorrente. Quanto a Estação de Lajes, cuja especificidade era transportar
água em tempos de grande estiagem, acreditamos que seja relevante a realização de
estudos específicos para entender a dinâmica desse processo, pois, da captação à
distribuição da água certamente podemos construir uma cartografia social e histórica
44

que muito possa dizer sobre os sujeitos envolvidos e a dinâmica política e social que
costurava o processo.
Quanto aos novos usos desse patrimônio da rede ferroviária, vimos que a
comunidade aguarda investimentos do poder público para que a Estação das Artes não
figure como um monumento ao passado, mas que nesta se opere ações educativas que
possam fortalecer a consciência histórica dos munícipes, valorizar a memória dos
trabalhadores ferroviários e sua contribuição para a história norte-rio-grandense.
45

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https://repositorio.ufrn.br/handle/123456789/12408. Acesso em 19/06/2022
47

RODRIGUES, Aline Lima. FRONTEIRA E TERRITÓRIO: CONSIDERAÇÕES


CONCEITUAIS PARA A COMPREENSÃO DA DINÂMICA DO ESPAÇO
GEOGRÁFICO.2015. Revista Produção Acadêmica com temáticas que envolvam:
o Urbano, o Regional, o Agrário e o Ensino de Geografia.
disponívelem:<sistemas.uft.edu.br>index.php>article>Acessado em. 12/ 03/ 2021.
SANTOS, Joã o Batista dos. Estrada de ferro central do rio grande do norte em
taipu-rn: transformações espaciais e memória. Natal/RN. 2016. Disponível em:<
https://memoria.ifrn.edu.br/handle/1044/951> Acessado em 15/01/2022.

SZILAGYI, Gustavo. Diagnostico ambiental do processo de desertificação no


município de LAjes/RN. Orientador: Fernando Morreria da Silva. 2007.110 f.
(Mestrado) – Centro de ciências humanas e letras e artes, Universidade Federal do Rio
Grande do Norte, Natal/RN. 2007. Programa de pós-graduação em geografia.
Dissertação de Mestrado. Disponível em:
https://repositorio.ufrn.br/handle/123456789/18845. Acesso em: 20/06/2022
VASQUEZ, Pedro Karp; Nos Trilhos do Progresso: a ferrovia no Brasil imperial
vista pela fotografia & Ferrovia e Fotografia no Brasil da Primeira República.
2007.disponívelem:<http://bri.garderobnaya.su/nos_trilhos_do_progresso_a_ferroviano
_bras il_imperial_vista_pela_fotografia_162672-fb2-download.html>Acessado em. 12/
03/ 2021.
48

APÊNDICES

QUESTIONÁRIO

A Estação Ferroviária de Lajes

Na pesquisa monográfica que se encontra em curso, busco compreender os significados


da Estação Ferroviária de Lajes para as pessoas desta cidade. Ao responder esse
questionário você estará contribuindo para a realização da pesquisa.

E-mail

Nome Completo e Idade

Profissão/Ocupação

Nasceu no município de Lajes?

( ) Sim

( ) Não

Se não nasceu no município de Lajes, reside há quanto tempo neste município?

Você já ouviu histórias a respeito da chegada da Estação Ferroviária ? De mudanças na


vida da cidade com a instalação da Estação?

( ) Sim

( ) Não

Se você ouviu falar, poderia informar quais assuntos ou temas ficaram na sua memória?

Quais pessoas mais falam sobre a Estação Ferroviária? Você pode marcar até 5 grupos
de pessoas. 

( ) Ex-funcionários da Rede Ferroviária

( ) Professores em geral

( ) Professores de História/Historiadores

( ) Pessoas Idosas
49

( ) Comerciantes

( ) Estudantes

( ) Políticos

( ) Religiosos

( ) Artistas.

Dos Grupos de Pessoas apresentados acima qual deles você destaca como o que mais
discute a Estação Ferroviária de Lajes?

A Estação Ferroviária é tema de estudo para os estudantes da escola básica?

( ) Sim

( ) Não

( ) Não sei informar

Há exposições constantes na Estação das Artes de Lajes?

( ) Sim

( ) Não

( ) Não sei informar

Os estudantes da rede básica (ensino fundamental e médio) costumam participar de


atividades promovidas pela Estação das Artes ou realizadas pelas escolas?

( ) Sim

( ) Não

( ) Não sei informar

Na sua compreensão a  Estação das Artes Poeta Antônio Cruz tem grande importância
para o município de Lajes?

( ) Sim

( ) Não

( ) Talvez

( ) Não sei

Se você respondeu SIM, justifique apresentando razões para a importância da Estação


das Artes Poeta Antônio Cruz.
50

ANEXO:

Figura 1

A ESTAÇÃO EM SUA INAUGURAÇÃO EM 1918.


(AUTOR DESCONHECIDO)
FONTE: http://www.tribunadonorte.com.br/noticia/ferrovias-do-rn-foram-desmontadas/416582

Figura 2
51

FONTE - A FOTOGRAFIA PERTENCE AO ARQUIVO PESSOAL DE ALINETE LOPES AVELINO


EM VIAGEM A LAJES NO DIA 30.09.1959. NOTA-SE NA FAIXADA DA ESTAÇÃO A
DESCRIÇÃO “ITARETAMA”.

Figura 3

ESTAÇÃO FERROVIÁRIA DE LAJES DEPOIS DE SUA RESTAURAÇÃO PASSA A SER UM DOS


PONTOS MAIS IMPORTANTES DA CIDADE SENDO ESTE UM CENTRO DE CULTURA
MUNICIPAL. ESTAÇÃO DAS ARTES: POETA ANTÔNIO CRUZ

Figura 4
52

RÉ INAUGURAÇÃO DA ESTAÇÃO FERROVIÁRIA COMO UM CENTRO DE MEMÓRIA E


CULTURA PARA A POPULAÇÃO NO ANO DE 2019.

A ESQUERDA DA FOTO ENCONTRASSE A VEREADORA ROSA CONTA E O PREFEITO JOSÉ


MARQUE FERNANDES, A DIRETO o SENHOR “PAULO AUGUSTO VARELA” UM DOS
ENTREVISTADOS NESTA PESQUISA AO SEU LADO O VICE-PREFEITO MARCIO NUNES E
OUTRAS AUTORIDADES E COMUNIDADE EM GERAL.

Disponível em <https://lajes.rn.gov.br/prefeitura-realiza-a-entrega-a-estacao-ferroviaria-de-lajes/>
acessado em 15/04/2022

Figura 5

Fonte: https://www.flickr.com/photos/sonia_furtado/18552192189/in/photostream/
De Sonia Furtado

Figura 6
53

A estação em 2012. Foto Eduardo Viana


Fonte: http://www.estacoesferroviarias.com.br/rgn/lajes.htm
Figura 7

A estação em 2005. Foto Eduardo Viana


Fonte: http://www.estacoesferroviarias.com.br/rgn/lajes.htm

Figura 8
54

A estação em 2005. Foto Eduardo Viana


Fonte: http://www.estacoesferroviarias.com.br/rgn/lajes.htm
Figura 9

ACIMA: A estação de Lajes, sem data (provavelmente entre 2010 e 2020). Rerparar na
construção do novo anexo em substituição ao anerior) Cessão Alexsander Cardoso).

(Fontes: Eduardo Viana; O Jornal, PB, 1924; http://brotherwashingtom.blogspot.com;


Guia Geral das Estradas de Ferro do Brasil, 1960; Mapa - acervo Ralph M. Giesbrecht)
Disponível em: http://www.estacoesferroviarias.com.br/rgn/lajes.htm

Figura 10:
55

ACIMA: A estação de Lajes, sem data (provavelmente entre 2010 e 2020). Cessão
Alexsander Cardoso).
Fonte: http://www.estacoesferroviarias.com.br/rgn/lajes.htm

Figura 11

ACIMA: Trem de transporte de água na estação de Lajes, provavelmente anos 1980


(http://brotherwashingtom.blogspot.com).
Fonte: http://www.estacoesferroviarias.com.br/rgn/lajes.htm

Figura 12
56

ACIMA: Uma reportagem de 1924 sobre a cidade de Lajes mostra o seu crescimento
em poucos anos depois da chegada da ferrovia e a viagem até ela.
Fonte: http://www.estacoesferroviarias.com.br/rgn/lajes.htm

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