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UNIVERSIDADE DE CAXIAS DO SUL

PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM TURISMO E HOSPITALIDADE

ANAIS DO 12º ENCONTRO SEMINTUR JR.


Semear Turismo e Hospitalidade para o Novo Mundo
ISSN: 1806-0447

Caxias do Sul
2021
FICHA TÉCNICA

Coordenação Científica Geral:


Dra. Maria Luiza Cardinale Baptista

Coordenação Geral:
Doutoranda Camila Carvalho de Melo
Mestranda Patrícia Carvalheiro Pereira

Comissão Científica
Doutoranda Rosalina L. Cassol
Doutorando Renan Lima da Silva
Mestranda Simone Maria Sandi
Doutoranda Franciele Berti
Mestranda Gabriela Francisca Martins De Lima
Doutoranda Vera Steiner

Comissão de Secretaria
Mestranda Simone Maria Sandi
Mestrando João Pedro Zanella Bortolotto

Comissão de Hospitalidade, Acolhimento


Doutorando Newton Ávila
Doutoranda Samara Camilotto
Doutoranda Letícia Indart Franzen

Comissão de Comunicação
Mestrando Rudinei Picinini
Mestrando Álan Pissaia
Mestrando Carlos Eduardo Haas Hammes

Comissão Conexão Semintur Jr.


Doutorando José Almeida dos Santos
Doutorando Gernei Goes dos Santos
Doutorando José Nilton Rodrigues Silva
Doutoranda Tatiana Marodin
Mestranda Geovana Bacim
SUMÁRIO

RC 1 - Hospitalidade e Acolhimento 6
O acolhimento via arte: primeiros olhares sobre a relação curador e artista 6
Hospitalidade e Luto na Pandemia da COVID-19: Uma Análise de Serviços Funerários em São Luís –
Maranhão – Brasil 8
RC 2 - Turismo, Cultura e Lazer 10
Lazer, cultura lúdica e Turismo: Diálogos entre os Estudantes do Curso de Turismo da UFMA,
campus São Bernardo e a comunidade local. 10
O Artesanato no Vale Germânico 16
Gênero e trabalho no setor de turismo: um estudo pautado no município de Niterói-RJ 18
Gastronomia e Turismo: Análise das publicações na Revista Rosa dos Ventos – Turismo e
Hospitalidade 24
Experiências das mulheres em relação à plataforma digital BlaBlaCar: medos, violências,
inseguranças e estratégias 31
A Relação entre Cultura e Alimentação Enquanto Recurso Turístico no Rio Grande do Sul: Uma
Revisão Integrativa 38
RC 3: Gestão e Sustentabilidade no Turismo 44
Reconhecer a cadeia de enoturismo na Rota Termas e Longevidade 44
Projeto “Coisa Boa” no Vale Germânico 50
Criação de indicadores para planejamento e gestão de destinos turísticos inteligentes: Análise de
conteúdo gerado pelos usuários da plataforma TripAdvisor, em Niterói – Rio de Janeiro 52
Distribuição Espacial e Características dos Produtos das Agências de Turismo Receptivo da Cidade
de São Paulo, Brasil 58
RC 4: Turismo, Meio Ambiente e Gestão Ambiental 71
Turismo das Águas em Timon no Maranhão 71
TURISMO EM ESPAÇOS RURAIS: roteiro turístico em engenhos de produção de cachaça no interior
do Maranhão 73
Impactos socioambientais do turismo de pesca esportiva sob o olhar indígena Wai Wai em Roraima,
Brasil 79
Experiências afetivas – um estudo sobre os alojamentos de floresta e o turismo de base comunitária
85
O Especismo presente nas Políticas Públicas de Turismo: Reflexões acerca do Projeto de Lei N.
135/21/RR 91
RC 5: Epistemologia e Ensino em Turismo 97
Hospitalidade/Acolhimento e Educação: Aproximações 97
Influência do Instituto Federal Catarinense na dinâmica socioeconômica do município de Sombrio
(SC) por meio dos 10 anos de atuação do Curso de Gestão de Turismo 101
ESTÁGIO EXTRACURRICULAR DOS DISCENTES DO CURSO SUPERIOR EM GESTÃO DE
TURISMO DO IFMA - CAMPUS ALCÂNTARA: uma análise sobre as contribuições e desafios para a
sua formação acadêmica e profissional 108
A CONTRIBUIÇÃO DA UNIVERSIDADE PARA O PLANEJAMENTO TURÍSTICO A PARTIR DA
ELABORAÇÃO DO PLANO MUNICIPAL DE TURISMO DE PAULINO NEVES-MA 114
O programa social Identidade Jovem como um aliado na formação discente em Turismo e Hotelaria?
Uma análise de alunos de uma universidade federal no Brasil 120
Habilidades e competências necessárias para atuar no mercado de Turismo e Tecnologia em
Curitiba/PR 122
RC 6: Processos Históricos em Turismo e Hospitalidade 129
O afroturismo como uma ferramenta de valorização de memórias e trajetórias negras: uma breve
análise da Caminhada São Paulo Negra. 129
Educação Patrimonial: uma abordagem teórica e prática, nos educandos da E.E.E Médio Cilon Rosa,
no município de Santa Maria - RS. 135
O Museu Virtual de Turismo no Brasil e a preservação da memória: registrando trajetórias e vivências
141
Migrações em Caxias do Sul: uma cidade com história de migrações 147
Migrante e família haitiana: um reencontro possível? 153
Roda de Conversa 7: Gestão e Hotelaria 158
SISTEMA DE REVIEWS: A importância dos sites de avaliações on-lines na tomada de decisão dos
consumidores da Hotelaria 158
A utilização de anúncios como meio de divulgação da hotelaria pelotense: Almanach de Pelotas e
Almanack Laemmert 164
Hotel Brasil: a trajetória de um hotel na virada do século XIX para o XX 170
A hospitalidade na saúde: Uma breve análise dos serviços da Casa de Parto David Capistrano Filho
– RJ 176
Meios de Hospedagem: A Relevância das Classificações no TripAdvisor na Visão dos Gestores
Hoteleiros 178
RC 8: Evento 184
Universo Geek Museu: Cultura Pop e Turismo de Eventos na cidade de Manaus. 184
Os impactos do evento Mobiliza SLZ para o turismo na cidade de São Luís, Maranhão 190
Instagram como meio de divulgação do Projeto de Extensão de Eventos - EVENTUR 196
O Laboratório de Turismo (Labotur) e a Semana de Turismo 2021: Retomada, TICs e Novos Desafios
202
A fé como motivação turística nas festividades religiosas dos municípios de Borba/AM e Parintins/AM
208
We will rock you? Estudo de um caso de escravidão contemporânea no Rock in Rio 201 214
Roda de Conversa 9: Comunicação e Subjetividade no Turismo 221
Oferta turística: um estudo sobre como evitar as propagandas enganosas na atividade turística. 221
A BUSCA DE UM SONHO:A Influência dos Animes e Mangás como Motivação Turística para o Japão
226
Atratividade e promoção de destinos enoturísticos por meio de websites de Regiões Enoturísticas 228
Grand Tour e Grand Tourist: corpo, sexuação e histeria. 234
Uma Análise do Fenômeno Turístico em Relação a Loucura: Um breve histórico de como a loucura
era tratada na Idade Média e na Moderna em comparação com os dias atuais e sua memória nos
museus brasileiros 239
Inovação Turística: A Comunicação Da Espanha Através Do Tiktok 245
O Design Centrado no Humano para o turismo 252
Turismo: Micropolítica ativa e reativa 257
Influência do audiovisual nos turistas brasileiros: o papel dos doramas 263
Roda de Conversa 10: Temas Emergentes 270
Turismo Virtual em Museus: A Questão de Visitas Online 270
As inovações tecnológicas em hotéis no contexto pandêmico da Covid-19: um estudo das redes
hoteleiras na cidade do Rio de Janeiro 276
SEPULTOUR: Desenvolvendo o turismo virtual no Cemitério das Irmandades de Jaguarão/RS/Brasil
282
Covid-19 e a aviação civil amazonense 288
As Multifaces do Turismo de Lazer durante a pandemia em São Luís - Maranhão 294
Digital Hackathon de turismo? O Hackatour: a 17 passos de transformar o mundo 300
RC 1 - Hospitalidade e Acolhimento

O acolhimento via arte: primeiros olhares sobre a relação


curador e artista

1
João Paulo Rates Rippel (PIBIC CNPQ)
2
Profa. Dra. Marcia M. Cappellano dos Santos
3
Profa. Dra. Luciane Todeschini Ferreira

Resumo: Ao frequentar um espaço de arte, percorrendo por entre obras expostas, o


visitante contempla o resultado de um processo construído previamente. Este estudo,
de caráter ensaístico, tem como objetivo promover reflexões sobre o trabalho
desenvolvido pelo curador na articulação de uma exposição a partir de construtos
teóricos da hospitalidade destacando as tipologias para o acolhimento. Tem-se por
pressuposto que a hospitalidade é um fenômeno relacional que se instaura no espaço
constituído entre os sujeitos (acolhedor e acolhido) cujos papéis se alternam nesta
relação. É no espaço “entre” que ocorre o acolhimento (PERAZZOLO, SANTOS e
PEREIRA, 2013). Dentre os atores de uma exposição, é o curador quem seleciona as
obras, bem como ajuda a construir a narrativa junto ao artista sobre o conjunto a ser
apresentado ao público, buscando preservar a poética da criação. E é durante todo o
processo que podem ser estabelecidas relações genuínas de hospitalidade em que
ambos, curador e artista, abrem-se para a escuta atenta.

Palavras-chave: Hospitalidade/Acolhimento, Curadoria, Exposição, Artista.

REFERÊNCIAS

1
Graduando no curso de bacharelado em artes visuais e bolsista de iniciação científica (CNPQ);
Universidade de Caxias do Sul; Caxias do Sul, Rio Grande do Sul, Brasil. Lattes:
http://lattes.cnpq.br/9597827804670673; E-mail: jprrippel@ucs.br.
2
Doutora. Professora, Coordenadora e Pesquisadora no Programa de Pós-Graduação em Turismo e
Hospitalidade; Universidade de Caxias do Sul; Caxias do Sul, Rio Grande do Sul, Brasil. Lattes:
http://lattes.cnpq.br/4918303295310860; E-mail: mcsantos@ucs.br
3
Doutora. Professora e Pesquisadora no Programa de Pós-Graduação em Turismo e Hospitalidade;
Universidade de Caxias do Sul; Caxias do Sul, Rio Grande do Sul, Brasil. Lattes:
http://lattes.cnpq.br/1830986077334296; E-mail: ltferrei@ucs.br

6
BAPTISTA, Isabel. Lugares de hospitalidade. In: Dias, Celia Maria de Moraes (org.).
Hospitalidade: Reflexões e Perspectivas. Barueri: Manole, 2002.

KÖCHE, José Carlos. Fundamentos de metodologia científica: teoria da ciência e


prática da pesquisa. 14. ed. Ver. Ed. Ampl. Petrópolis: Vozes, 1997.

BARDIN, L. Análise de conteúdo. 3ª reimpressão, Lisboa, Portugal: Edições 70,


2016.

Hoffmann, Jens. Curadoria de A a Z. Trad. João S. Camara. Rio de Janeiro: Cobogó,


2017.

OBRIST, Hans Ulrich. Uma breve história da curadoria. Tradução de Ana Resende.
São Paulo: BEI Comunicação, 2010.

PERAZZOLO, Olga Araújo; SANTOS, Marcia Maria Cappellano dos; PEREIRA, Siloe.
Hospitalidade numa perspectiva coletiva: o corpo coletivo acolhedor. Revista
brasileira de pesquisa em turismo, São Paulo, v. 6, n. 1, jan.-abr., 2012, p. 3-15.
Disponível em: <http://www.rbtur.org.br/ojs/index.php/rbtur/article/view/484/503>.
Acesso em: 23 ago. 2012.

PERAZZOLO, Olga Araújo; SANTOS, Marcia Maria Cappellano dos; PEREIRA, Siloe.
Dimensión relacional de laacogida. Estudios y perspectivas em turismo, Buenos
Aires, v. 22, n. 1, jan., 2013, p. 138-153. Disponível em:
<http://www.estudiosenturismo.com.ar/PDF/V22/N01/v22n1a08.doc.pdf >. Acesso em:
22 fev. 2013.

RUP,. Betina. Curadorias na Arte Contemporânea: precursores, conceitos e relações


com o campo artístico. 2010. Dissertação (Mestrado em Artes Visuais) – Universidade
Federal do Rio Grande do Sul, Porto Alegre, 2010.

7
Hospitalidade e Luto na Pandemia da COVID-19: Uma
Análise de Serviços Funerários em São Luís – Maranhão –
Brasil
Jully Aparecida Campelo Fonseca 1
Ruan Tavares Ribeiro 2
Kláutenys Dellene Guedes Cutrim 3
Resumo: O presente estudo analisa de que forma a hospitalidade se faz presente na
prestação de serviços funerários/cemitérios. Assim, buscou-se: a)identificar os
serviços oferecidos pelo setor funerário; b) analisar o entendimento dos gestores
sobre hospitalidade; c) analisar as relações entre empresa e clientes no setor
funerário sob a perspectiva da hospitalidade; e, por fim, d) identificar possíveis
mudanças na prestação dos serviços funerários com o advento da pandemia da
COVID-19 e ações de hospitalidade diante deste cenário adverso. Para isso, delineou-
se um estudo de caso por meio de entrevista com uma empresa de serviços funerários
em São Luís, Maranhão. Os dados foram coletados a partir de uma categorização a
priori e analisados por meio da técnica análise de conteúdo. Os resultados apontam
que as ações de hospitalidade nos serviços funerários são necessárias e respeitam o
momento de luto de familiares e amigos com a adoção de novos protocolos sanitários
e de distanciamento social, em razão desse momento pandêmico. Em síntese, a
empresa busca proporcionar conforto, segurança e bem estar aos clientes conforme
as mudanças ocasionadas pela pandemia.

Palavras-chave: Hospitalidade, Serviços, Pandemia, Serviços Funerários.

REFERÊNCIAS
ALENCAR, S. C. S.; LACERDA, M. R.; CENTA, M. de L. Finitude humana e
enfermagem: reflexões sobre o (des)cuidado integral e humanizado ao paciente e
seus familiares durante o processo de morrer. Família, Saúde e Desenvolvimento,
Paraná, v. 7, n. 2, 2005.

DEL PUERTO, C. B.; BAPTISTA, M. L. C. Espaço cemiterial e turismo: campo de


1
Graduanda em Hotelaria; Universidade Federal do Maranhão (UFMA); São Luís, Maranhão; Lattes:
http://lattes.cnpq.br/1122902124814632; E-mail: jullycampelo@hotmail.com
2
Professor do Departamento de Turismo e Hotelaria (DETUH); Universidade Federal do Maranhão
(UFMA); São Luís, Maranhão; Lattes: http://lattes.cnpq.br/8399583810662547;E-mail:
ruantavaresufma@gmail.com
3
Professora do Departamento de Turismo e Hotelaria (DETUH); Universidade Federal do Maranhão
(UFMA); São Luís, Maranhão; Lattes: http://lattes.cnpq.br/4310600393313804; E-mail:
kdguedes@yahoo.com.br
8
ambivalência da vida e morte. Revista Iberoamericana de Turismo, v. 5, n. 1, p. 42-
53, 2015.

DEL PUERTO, C. B. Turismo em cemitério: o cemitério como patrimônio e atrativo


turístico, considerando a trama morte e vida nas necrópoles. [S.l: s. n], 2017.

DENCKER, A. de F. M. Hospitalidade e interação no mundo globalizado. Rosa dos


Ventos-Turismo e Hospitalidade, v. 5, n. 1, 2013.

DIAS, C. M. Hospitalidade: reflexões e perspectivas. Editora Manole: São Paulo,


2002.

FITZSIMMONS, J. A; FITZSIMMONS, M. J. Administração de serviços: operações,


estratégia e tecnologia da informação. 6. ed. Porto Alegre: Bookman, 2014.

MARANHÃO. Secretaria do Estado do Maranhão. Boletins COVID-19, Maranhão.


2021. Disponível em: http://www.saude.ma.gov.br/boletins-COVID- 19/. Acesso em: 03
Agosto. 2021.

NASCIMENTO, F. L. Cemitério x novo coronavírus: impactos da COVID-19 na saúde


pública e coletiva dos mortos e dos vivos. Boletim de Conjuntura, [S. l.], v. 2, n. 4, p.
01-09, 2020.

OSMAN, S. A.; RIBEIRO, O. C. F. Arte, história, turismo e lazer nos cemitérios da


cidade de São Paulo. Licere, v. 10, n. 1, 2007.

9
RC 2 - Turismo, Cultura e Lazer

Lazer, cultura lúdica e Turismo: Diálogos entre os


Estudantes do Curso de Turismo da UFMA,
campus São Bernardo e a comunidade local.

José de Ribamar Messias Júnior 1


Karoliny Diniz Carvalho 2

Resumo: No artigo apresenta-se o relato de experiência das atividades de lazer


desenvolvidas por um grupo de estudantes do curso de Bacharelado em Turismo da
Universidade Federal do Maranhão (UFMA), campus São Bernardo, junto à
comunidade. Discute a importância da cultura lúdica como elemento integrante do
patrimônio cultural e a prática extensionista na formação profissional do Bacharel em
turismo. Para a realização do trabalho adotou-se a pesquisa bibliográfica do caráter
exploratória e a pesquisa de campo. Inicialmente, buscou-se o levantamento
bibliográfico acerca dos temas lazer, turismo, patrimônio cultural. No segundo
momento, realizou-se a pesquisa de campo com o uso da técnica de observação
participante e acompanhamento das atividades desenvolvidas. O uso de jogos e
brincadeiras populares possibilitou a valorização do patrimônio cultural pelos
moradores e o exercício prática das etapas de planejamento, organização,
operacionalização e avaliação de projetos de lazer por parte dos estudantes
envolvidos, contribuindo para uma formação compromissada com a realidade local.

Palavras-chave: Cultura lúdica, turismo, ação extensionista, São Bernardo-MA.

INTRODUÇÃO

A extensão universitária é entendida como a materialização dos eixos ensino


e pesquisa em diálogos com a comunidade que possibilite aos estudantes dos
estudantes atuar com base numa visão crítica, investigativa e articulada com as
demandas da sociedade (SOUSA, 2000; TAVARES, 2001). Seguindo essa

1
Graduando em Turismo pela Universidade Federal do Maranhão (UFMA), campus São Bernardo; São
Bernardo, Maranhão; (d) link para currículo Lattes: http://lattes.cnpq.br/6619276590165403; E-mail:
jose.messias@discente.ufma.br
2
Mestra em Cultura e Turismo (UESC) e Bacharel em Turismo (UFMA); Universidade Federal do
Maranhão (UFMA), campus São Bernardo; São Bernardo, Maranhão; Lattes:
http://lattes.cnpq.br/4022781142042263; E-mail:karolinydiniz@gmail.com
10
perspectiva, dar visibilidade aos jogos e brincadeiras como elementos do patrimônio
cultural consiste em valorizar o lugar, as pessoas e os seus saberes, fortalecendo a
sua identidade, além de avançar nas teorizações acerca do tema a partir dos diálogos
que são estabelecidos com as comunidades.
Diante do exposto, o presente trabalho possui como objetivo apresentar um
relato sobre as experiências no campo da cultura lúdica desenvolvidas por um grupo
de alunos do curso de turismo, campus São Bernardo, da Universidade Federal do
Maranhão (UFMA) junto à comunidade.Os objetivos específicos direcionaram-se para:
i) estabelecer as relações entre lazer, turismo e patrimônio cultural e ii) identificar os
benefícios da ação extensionista para os participantes e estudantes envolvidos.
Os caminhos metodológicos da pesquisa giraram em torno de dois momentos
interdependentes: o primeiro consistiu na pesquisa exploratória de cunho bibliográfico
e a pesquisa de campo. Inicialmente, buscou-se o levantamento bibliográfico acerca
dos temas lazer, turismo, patrimônio cultural.No segundo momento, realizou-se a
pesquisa de campo com o uso da técnica de observação participante e
acompanhamento das atividades desenvolvidas. As informações coletadas foram
sistematizadas e discutidas à luz do referencial teórico adotado pela pesquisa
(GHEDIN e FRANCO, 2011).
Parte-se do pressuposto de que a articulação teórico-prática deve ser
pensada a fim de se concretizar a educação pelo e para o lazer com vistas à sua
democratização, a inclusão social e a promoção do lugar como espaço de fruição de
atividades relacionadas ao ócio, recreação e turismo.

RESULTADOS E DISCUSSÕES

Os jogos e as brincadeiras populares são práticas culturais que remetem ao


lúdico, ao divertimento, mas também à aprendizagem, sociabilidade, ao
fortalecimento dos vínculos e dos afetos (CAILLOIS, 1990; CARVALHO e PONTES,
2003). Eles contribuem para a construção da identidade dos atores sociais, pois eles
11
expressam a produção cultural de uma comunidade, os saberes, as memórias e as
técnicas intergeracionais, possuem uma significância cultural. Constituem uma prática
social singular num contexto historicamente produzido (OLIVEIRA, 2007; CARVALHO,
2007).
Ainda, podem ser apreendidos como suportes de memória (LE GOFF, 1990) e
de identidade (HALL, 2001) para um determinado grupo social, tendo em vista que
“[...] como expressão da história e da cultura, pode nos mostrar estilos de vida,
maneiras de pensar, sentir e falar e, sobretudo, maneiras de brincar e interagir,
configurando-se em presença viva de um passado no presente” (FANTIN, 2000, p.
70).A partir desse entendimento, as noções de memória, pertencimento, culturas
populares, lazer e cidadania circunscreveram as atividades lúdicas desenvolvidas por
um grupo de alunos do curso de Bacharelado em turismo da UFMA, campus São
Bernardo, junto à comunidade local.
O desenrolar das ações ocorreu no campus universitário no turno matutino e
envolveu a participação de grupos de jovens da comunidade com idade entre 17 e 22
anos e grupos de idosos. os estudantes foram divididos em grupos a fim de realizar o
planejamento da proposta de intervenção junto à comunidade. Cada grupo definiu o
público alvo, selecionou os jogos e as brincadeiras de acordo com o perfil e as
características dos participantes e realizaram a divulgação das atividades de
extensão.
Os estudantes atuaram na qualidade de monitores e desenvolveram
atividades lúdicas – jogos, brincadeiras e dinâmicas de grupo, utilizando elementos da
cultura local com o objetivo de valorizar os repertórios lúdicos como elementos da
identidade coletiva e da construção das subjetividades. A escolha recaiu nas
atividades socioeducativas com o objetivo de ampliar a percepção dos participantes
sobre a importância de valorizar as manifestações culturais tradicionais (FIGURA 1).

12
Figura 1 – Estudantes e público alvo das ações de lazer

Fonte: Silva, 2019

Com base na pesquisa de campo realizada, o lazer foi entendido como


instrumento de fortalecimento da cidadania e autonomia comunitária, momento
singular para o exercício da criatividade e da criticidade dos diferentes atores sociais.
As atividades lúdicas desenvolvidas propiciaram interações significativas entre os
participantes, sobretudo entre os monitores do projeto e o grupo de idosos.
As atividades de lazer possibilitaram a valorização do patrimônio cultural pelos
moradores e o exercício prática das etapas de planejamento, organização,
operacionalização e avaliação de projetos de lazer por parte dos estudantes
envolvidos, contribuindo para uma formação compromissada com a realidade local.

CONSIDERAÇÕES FINAIS
A relações e tensões entre lazer e cidade apontam para a importância de
iniciativas públicas e/ou privadas que promovam a cidade como local de moradia,
trabalho e também como espaço de fruição do lazer. Entende-se que a articulação
entre cultura lúdica e a atividade turística torna-se promissora ao permitir a
mobilização dos diferentes saberes no exercício crítico da cidade pelos moradores na
perspectiva da cidadania e da inclusão social.

13
A ação extensionista desenvolvida pelos alunos do curso de turismo da
UFMA, campus São Bernardo, alcançou os seguintes resultados: a) sensibilização da
comunidade local sobre a importância dos jogos e brincadeiras como elementos
definidores do patrimônio imaterial; b) aproximação da UFMA com a comunidade; c)
reconhecimento das potencialidades entre turismo, lazer e educação; d)
desenvolvimento de habilidades práticas entre os acadêmicos do curso de turismo e
e) interesse dos estudantes em participar de projetos de ensino, pesquisa e extensão.
Assim, a articulação entre o turismo e o lazer ampliou a visão dos moradores
sobre o papel desempenhado pelo lazer no desenvolvimento comunitário, buscando a
valorização dos jogos, dos divertimentos populares e das brincadeiras tradicionais
como práticas culturais que significam a cidade de São Bernardo- MA e integram o
seu patrimônio local.

REFERÊNCIAS
CAILLOIS, R. Os jogos e os homens: a máscara e a vertigem. Lisboa: Cotovia; 1990.

CARVALHO, A. M. A.; PONTES, F. A. R. Brincadeira é cultura. In: CARVALHO, A. M.


A. et al. Brincadeira e cultura: viajando pelo Brasil que brinca. v. 1. São Paulo: Casa
do Psicólogo, 2003.

CARVALHO, L. D. Imagens da infância: brincadeiras, brinquedo e cultura. 2007.


Dissertação (Mestrado em Educação) – Universidade Federal de Minas Gerais, Belo
Horizonte, 2007.

FANTIN, M. No mundo da brincadeira: jogo, brinquedo e cultura na educação


infantil. Florianópolis: Cidade Futura, 2000.

GHEDIN, E.; FRANCO, M. A. S. Questões de método na construção da pesquisa


em educação. São Paulo: Cortez, 2011.

HALL, S. A identidade cultural na pós-modernidade. São Paulo: DP&A, 2001.

HUIZINGA, J. Homo Ludens. São Paulo - SP: Editora Perspectiva S. A., 2000.

LE GOFF, J, 1924 História e memória. Campinas, SP Editora da UNICAMP, 1990.

14
NEGRINE, A. A ludicidade como ciência. In: SANTOS, Santa Marli Pires dos. (Org.). A
ludicidade como ciência. São Paulo: Vozes, 2008, p. 35.

OLIVEIRA, D.T.R de. Brinquedos e Brincadeiras Populares no Programa Esporte


Lazer da Cidade. In: MARCELLINO, N. C.; FERREIRA, M. P. A. (org.), Brincar, Jogar,
Viver: programa Esporte Lazer da Cidade. Brasília. Ministério do Esporte, 2007, v. I,
p.127-138.

SARAIVA, J. L. Papel da extensão universitária na formação de estudantes e


professores. Brasília Med. v. 44, n. 3, 2007. p. 225-233.

SOUSA, A. L. L. A história da extensão universitária. 1. ed. Campinas: Ed. Alínea,


2000.

TAVARES, M das G. M. Os múltiplos conceitos de extensão. A construção


conceitual da extensão universitária na América Latina. Brasília: Universidade de
Brasília, 2001.

TAVARES, R M. M. Brinquedos e brincadeiras: patrimônio cultural da humanidade.


Campinas: Pontes: UNESCO, 2004.

15
O Artesanato no Vale Germânico

Vitória Ariane Heydrich Machado Carvalho 1


Juliana Mazotti de Freitas 2
Mary Sandra Guerra Ashton 3

Resumo: O Vale Germânico é a nova região turística composta por 9 munícipios


colonizados por alemães, localizada no Rio Grande do Sul. No Vale se destaca a
presença do artesanato que é marcada pelo saber fazer e pelas habilidades manuais
herdadas da tradição cultural alemã, as quais busca manter as técnicas passadas de
geração em geração e a utilização de insumos locais, em sua maioria material de
descarte do setor coureiro calçadista característico da economia do Vale. O objetivo
deste estudo é analisar a contribuição do artesanato para o desenvolvimento do
Turismo regional. Para este estudo utilizou-se o método exploratório, descritivo de
natureza básica e de cunho qualitativo que se deu por meio de levantamento e coleta
de dados junto aos artesãos e análise dos resultados. Entre os resultados parciais
identificou-se a presença de 139 artesãos (compreendendo tanto grupos como
artesãos sem vínculos). Identificou-se ainda o uso de técnicas tradicionais como: tricô,
crochê, bordados e pinturas, entre outras. Os insumos mais utilizados são: couro,
metais, madeira, linhas, tecidos, flores, sementes, entre outros. Nos municípios do
Vale Germânico observou-se o incentivo à produção e comercialização do artesanato
em feiras e eventos locais, pontos de comercialização e nas associações, contribuindo
para o fortalecimento e valorização da cultura e desenvolvimento do Turismo na
região.

Palavras-chave: Turismo, Artesanato, Cultura Alemã. Vale Germânico.

1
Graduanda em Turismo; Bolsista de Iniciação Científica CNPq; Universidade Feevale; Novo Hamburgo; CV:
http://lattes.cnpq.br/4958943452459131; E-mail: vitoriaahm@gmail.com.
2
Graduanda em Turismo; Bolsista de Iniciação Cientifica FAPERGS; Universidade Feevale; Novo Hamburgo;
CV:http://lattes.cnpq.br/4619041327019085 ; e-mail: julianamazotti2000@gmail.com
3
Doutora e Mestre em Comunicação Social (PUC/RS). Especialista em Gestão do Turismo e Bacharel em
Turismo (PUC/RS). Professora Titular, pesquisadora e docente no Curso de Turismo, Curso de Gastronomia
e Mestrado em Indústria Criativa, na Universidade Feevale, Novo Hamburgo/RS. CV:
http://lattes.cnpq.br/7976259576722028. E-mail: marysga@feevale.br
16
REFERÊNCIAS
BARROSO, E. Design, Identidade Cultural e Artesanato. Fortaleza: SEBRAE/F IEC,
2002.

BORGES, A. Design + artesanato: o caminho brasileiro. São Paulo: Editora Terceiro


Nome, 2011. BRASIL.

MINISTÉRIO do Desenvolvimento. Programa do Artesanato Brasileiro. A arte do


Artesanato Brasileiro. São Paulo/SP. Talento, 2002.

KELLER, Paulo, F. O artesão e a economia do artesanato na sociedade


contemporânea. Revista de Ciências Sociais, n. 41,Outubro de 2014, p. 323- 347.

LIMA, Ricardo Gomes. Artesanato e arte popular: duas faces de uma mesma moeda.
Brasília : Ministério da Cultura - Centro Nacional de Folclore e Cultura Popular, 2009.

17
Gênero e trabalho no setor de turismo: um estudo pautado
no município de Niterói-RJ

Victor Hugo Geovú Esposito 1


Karina de Oliveira Moreira 2
Aguinaldo Cesar Fratucci 3

Resumo: A pandemia da Covid-19 ocasionou grandes mudanças para a população


em todo o mundo. Essas mudanças foram mais intensas quando tratamos do setor de
serviços, sobretudo na área do turismo. O trabalhador do turismo, especificamente,
passou a enfrentar adaptações no seu mundo do trabalho, salientando ainda mais as
desigualdades entre gênero, as más condições e a precarização do trabalho. Para
aprofundar a compreensão dessa temática, foi realizada, durante o período
pandêmico, uma pesquisa on-line, caracterizada como quantitativa e exploratória, com
o objetivo de identificar as mudanças que afetaram o trabalhador do turismo no
município de Niterói-RJ. A partir dessa investigação, surgiram discussões que tangem
a assimetria entre gênero e a situação do trabalhador. Como resultados principais,
destacam-se um maior número de pessoas do gênero feminino com menores salários,
o descontentamento acentuado entre os respondentes do gênero feminino em relação
a remuneração e a abrangência do trabalho remoto com redução de salário para
ambos os gêneros.

Palavras-chave: Turismo, Gênero, Trabalhador, Pandemia de Covid-19, Niterói-RJ.

INTRODUÇÃO
Sob a ótica da pandemia de Covid-19 e as mudanças causadas por ela,
percebem-se alterações diretas na rotina do trabalhador e no mercado de trabalho. No
turismo, surge uma realidade precária marcada por restrições ao direito de viajar para
os turistas - como tentativa de frear o avanço do vírus. Como consequência, um novo
cenário sobrevém aos trabalhadores dos setores da hospitalidade e do turismo, com o
bloqueio temporário, parcial ou total, ao emprego remunerado para profissionais

1
Graduando em Turismo; Universidade Federal Fluminense; Niterói / Rio de Janeiro; Lattes:
http://lattes.cnpq.br/2402736725492445; E-mail: victorgeovu@id.uff.br.
2
Graduando em Turismo; Universidade Federal Fluminense; Niterói/ Rio de Janeiro; Lattes:
http://lattes.cnpq.br/6146959311782170; E-mail: karinamoreira@id.uff.br.
3
Mestre e Doutor em Geografia; Faculdade de Turismo e Hotelaria da Universidade Fluminense; NIterói,
RJ; Lattes: http://lattes.cnpq.br/8489517667159662s; E-mail: acfratucci@id.uff.br.
18
dessas áreas. Ainda, tais consequências afetam diretamente diversas
empresas, em um cenário em que muitas podem não sair da crise em seu formato
pré-pandemia, isso se sobreviverem a ela (BAUM e HAI, 2020).
Inserido nesse cenário, o trabalhador do turismo vivenciou o agravamento das
suas condições de trabalho já precárias, em um ritmo de exploração munido de novas
características, como a ampliação do home-office e da flexibilização das jornadas de
trabalho e da falta de benefícios existentes anteriormente, como o vale transporte e
alimentação (SILVA; SILVA; SANTOS, 2021). Ainda, para muitos trabalhadores, a
transição para o trabalho remoto é marcada pelo uso de equipamentos próprios, como
aparelhos eletrônicos pessoais e plano de internet, sem reembolso por parte da
empresa (MOREIRA e ESPOSITO, 2021).
Diante desse contexto, verifica-se a disparidade entre gênero e trabalho,
presente no setor de serviços. Silveira e Medaglia (2020) evidenciam que na literatura
brasileira o turismo é caracterizado fortemente como uma atividade de cunho
econômico, o que possibilita a inserção da população no mercado de trabalho,
destacando as pessoas do gênero feminino. Os autores enfatizam que estudos em
diferentes países indicam para as desigualdades entre gênero no setor de trabalho,
especialmente ao que tange às remunerações.
Apesar de no Brasil a população estar amparada pela Constituição, que prega
a igualdade de direitos, nota-se resultados inferiores em relação a oportunidades para
pessoas do gênero feminino, na América do Sul (SILVEIRA; MEDAGLIA, 2020).
Ainda, observa-se que a precarização e desigualdade se estende a diferentes locais.
No setor turístico espanhol, “as trabalhadoras seguem suportando a precariedade
laboral, os empregos tradicionais de gênero e poucas possibilidades de crescimento
profissional.” (MARTÍNEZ; MARTÍNEZ, p. 649, 2020, tradução nossa). Em seus
resultados, os autores inferem que no setor de turismo as desigualdades de gênero
são destacadas ao analisar-se que as pessoas do gênero feminino continuam a
receber remunerações inferiores e estarem inseridas em um horizonte de trabalho

19
temporário maior que outros.
Diante desse contexto foi elaborado um formulário, por meio da plataforma
Google Forms, direcionado aos trabalhadores do turismo do município de Niterói. A
pesquisa foi de característica quantitativa, com objetivos exploratórios. Ao final,
obteve-se o total de 180 respostas, sendo validadas 120, registradas no período de 10
de agosto a 31 de dezembro de 2020.

DESENVOLVIMENTO

A partir dos resultados obtidos, foi possível aprofundar os conhecimentos


acerca do trabalhador do turismo no município de Niterói. Ao analisar o gênero dos
respondentes e a remuneração assinalada, torna-se perceptível que a maioria do
gênero feminino (33,33%) possuía renda de até um salário mínimo, acompanhados
daquelas que relataram remuneração entre um e até dois salários mínimos (18,18%)
e das que, no momento de participação da pesquisa, não possuíam renda (18,18%).
Para os respondentes do gênero masculino, houve maior número de
respostas referentes à remuneração até 1 salário mínimo (22,64%) e acima de três e
até seis salários mínimos (22,64%), acompanhados dos que relataram possuir
remuneração entre e dois e três salários mínimos e dos que preferiram não responder
(13,21% para ambos).
A partir desses resultados, percebe-se a maior presença de respondentes do
gênero masculino à medida em que o valor da remuneração aumenta. Vale ressaltar
também, a falta de renda no momento de envio do formulário, mais presente para as
respondentes do gênero feminino. Além disso, identifica-se que o respondente que
preferiu não responder seu gênero se encontra na classificação daqueles que também
são bem remunerados, tendo o salário entre dez e até quinze salários mínimos.
Com o objetivo de identificar a percepção dos respondentes sobre sua
remuneração de acordo com a função que exercem, foi elaborada a seguinte
afirmativa: “Sou bem remunerado para a função que desempenho” e solicitado aos

20
respondentes para classificá-la de acordo com a cognição obtida sobre seu ofício. De
acordo com as respostas obtidas, observa-se que 31,82% do gênero feminino não
consideram ser bem remunerados, enquanto 43,40% do gênero masculino não
concordam e nem discordam. Nota-se que o respondente que preferiu não responder
o gênero, afirmou também que não concorda e nem discorda. Sobretudo, percebe-se
que, o segundo maior número de respondentes do gênero masculino (16,98%)
concordam que são bem remunerados para a função que desempenham.
Nota-se que os respondentes do gênero feminino apresentam grande
desapontamento em relação a sua remuneração, expressando tais desigualdades no
âmbito das atividades laborais. Ainda, nesse contexto verifica-se que a maior parte dos
respondentes do gênero masculino e aqueles que optaram por não indicar o gênero,
se mostram imparciais ao analisarem sua situação laborativa.
A seguir, foram analisadas as alterações nas condições de trabalho causadas
pela pandemia de Covid-19, e os impactos para os diferentes gêneros. As opções
disponibilizadas para os respondentes, foram: a) minha carga horária e remuneração
foram mantidas, mas passei a exercer outras atividades/ocupações além daquelas
que exercia (Situação 1); b) minha carga horária foi reduzida com redução de
salário/remuneração (Situação 2); c) minha carga horária foi reduzida sem redução de
salário/remuneração (Situação 3); d) passei a trabalhar remotamente com redução de
salário/remuneração (Situação 4); e, e) passei a trabalhar remotamente sem redução
de salário/remuneração (Situação 5).
A partir dos resultados obtidos, observou-se que a maioria do gênero feminino
(28,89%) afirmou que a carga horária foi reduzida sem a redução do salário, seguidas
daquelas que vivenciaram a introdução do trabalho remoto com redução de
remuneração (24,44%) e da redução da carga horária com redução de remuneração
(20%).
A maioria do gênero masculino relatou a introdução do trabalho remoto com
redução da remuneração (34,09%), seguidos daqueles que vivenciaram a redução da

21
carga horária com redução de salário (31,82%) e da redução da carga horária sem
redução de remuneração (25%).
É perceptível a presença do trabalho remoto acompanhado da redução da
remuneração para ambos os gêneros, embora com maior força para o masculino. No
caso do respondente que preferiu não informar o gênero, o trabalho remoto também
esteve presente nesta nova realidade, embora sem redução de salário.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

A partir da pesquisa realizada no município de Niterói, foram percebidas


alterações nas condições de trabalho geradas pela pandemia de Covid-19, com
indicação de diferenças entre os gêneros dos respondentes. No que tange a
percepção desses respondentes sobre sua remuneração observou-se que os do
gênero feminino se mostram mais descontentes que os do gênero masculino,
explicado pelo número expressivo de participantes do gênero feminino com salários
menores.

Como resultado, constatam-se as diferentes posições de cada gênero no


mercado de trabalho, evidenciando-se, portanto, as desigualdades de direitos e
condições no setor do turismo, intensificadas pela pandemia, onde o trabalho remoto
atinge ambos os gêneros, gerando assim o declínio nas remunerações.
Por fim, sugere-se a realização de pesquisas para analisar a retomada das
atividades no setor turístico , rumo a um “novo normal”, e se as condições de trabalho
serão, ou não, adaptadas. Especialmente, indica-se a necessidade de examinar se as
diferenças observadas atualmente referente ao gênero dos trabalhadores no mercado
de trabalho irão permanecer ou serem atenuadas.

REFERÊNCIAS

BAUM,T.; HAI,N.T.T. Hospitality, tourism, human rights and the impact of COVID-19.

22
International Journal of Contemporary Hospitality Management, v. 32, n. 7, p.
2397-2407, 2020. Disponível em: https://doi.org/10.1108/IJCHM-03-2020-0242. Acesso
em: 26 out. 2021.

MARTÍNEZ GAYO, G., & MARTIÍNEZ QUINTANA, . Precariedad laboral en el turismo


español bajo la perspectiva de género. PASOS Revista De Turismo Y Patrimonio
Cultural, p. 649-665, 2020. Disponível em:
https://ojsull.webs.ull.es/index.php/Revista/article/view/1881. Acesso em: 26 out. 2021.

MOREIRA, K. O.; ESPOSITO, V. H. G. A pandemia da COVID-19 em Niterói-RJ sob a


ótica dos trabalhadores do turismo no município. In: XVIII Seminário Anptur, 2021,
Ambiente Virtual. Anais [...].

SILVA, I. C. M.; SILVA, M. H.; SANTOS, M. L.. Condições de trabalho em casa


durante a pandemia: uma análise do discurso do sujeito coletivo dos trabalhadores do
setor de agências de turismo. Revista Brasileira de Pesquisa em Turismo, São
Paulo , v. 15, n. 1, 2200, abr. 2021 . Disponível em:
https://www.scielo.br/j/rbtur/a/WyRqGpPnCWd4smdjQtTtb7M/?lang=pt. Acesso em: 24
out. 2021.

SILVEIRA, C.; MEDAGLIA, J. Distância entre cargos e salários de homens e


mulheres: influência do gênero no mercado de trabalho do turismo. Turismo:
Estudos & Prácticas, v. 9, p.1-14, 2020. Disponível em:
http://www.each.usp.br/turismo/publicacoesdeturismo/ref.php?id=3728. Acesso em: 26
out. 2021.

23
Gastronomia e Turismo: Análise das publicações na Revista
Rosa dos Ventos – Turismo e Hospitalidade

José Vitor F. B. da Rocha 1


Susana Gastal 2
Felipe Zaltron de Sá 3

Resumo: A Revista Rosa dos Ventos – Turismo e Hospitalidade (RRV-TH), associada


ao Programa de Pós-Graduação em Turismo e Hospitalidade da Universidade de
Caxias do Sul (PPGTURH–UCS), marca-se pela presença de estudos sobre as
interrelações do Turismo com outros campos teóricos. Dentre eles, cabe destacar o
campo da Gastronomia, presente em parte das publicações ao longo de seus doze
anos de atividade. Metodologicamente, esta pesquisa prioriza a análise bibliográfica,
com o objetivo de resgatar as publicações relacionadas ao campo da Gastronomia na
RRV-TH, para verificar quais os focos de análise do que já foi produzido e publicado
no periódico, em especial, comemorando os 20 anos do Programa. O recorte de
análise prioriza duas edições do Dossiê Turismo e Gastronomia, que contêm artigos
especializados na temática, com diversos focos de discussão teórica.

Palavras-chave: Turismo; Gastronomia; Revista Rosa dos Ventos - Turismo e Hospitalidade.

INTRODUÇÃO

Partindo das relações entre o campo do Turismo e o da Gastronomia, a


pesquisa aqui relatada teve como objetivo geral realizar um levantamento dos
materiais que abordam a Gastronomia na Revista Rosa dos Ventos – Turismo e
Hospitalidade e, como objetivos específicos, (a) apresentar a presença da
Gastronomia no periódico; (b) analisar os artigos dos dois Dossiê Turismo e
Gastronomia.

1
Bacharelando em Turismo; Universidade de Caxias do Sul; Caxias do Sul/RS; Lattes:
http://lattes.cnpq.br/3404713612313873; E-mail: josefontouradarocha@gmail.com
2
Doutora em Comunicação [PUCRS]; Professora e Pesquisadora na Universidade de Caxias do Sul; Caxias
do Sul/RS; Lattes: http://lattes.cnpq.br/0363951380330385; E-mail: susanagastal@gmail.com.
3
Doutorando em Turismo e Hospitalidade; Universidade de Caxias do Sul; Caxias do Sul/RS; Lattes:
http://lattes.cnpq.br/8360075869351902; E-mail: felipezaltrondesa@gmail.com.
24
METODOLOGIA
Foi realizada uma pesquisa bibliográfica, buscando identificar em todas as
edições do periódico, as publicações que abordassem a Gastronomia e suas
relações. Não utilizamos o filtro de palavras-chave, mas sim, acompanhamos cada
número e edição publicada. Metodologicamente, a pesquisa possui uma abordagem
qualitativa, analisando títulos, resumos e palavras-chave dos artigos. Deste
levantamento, foram encontrados 74 artigos, entre os anos de 2010 e 2021, dos quais
serão analisados os 22 textos das duas edições do Dossiê Turismo e Gastronomia,
em 2012 e 2013.

RESULTADOS

O Quadro 1 lista os artigos e seus autores, encontrados no Dossiê Turismo e


Gastronomia editado em 2012, seguindo-se a nuvem de palavras a partir das
palavras-chave (Fig.1).

Quadro 1 – Dossiê Turismo e Gastronomia 2012


Título Autor (es)

Estudos sobre gastronomia no brasil: um estudo


1 exploratório-descritivo sobre dissertações de mestrado Maria Henriqueta S. G. Gimenes
concluídas entre 2007 E 2011

Gastronomia na tela: as representações da comida no


2 José Roberto Yasoshima
cinema

Sabores de viagem: as culinárias regionais nos guias


3 Luciana Patrícia de Morais
turísticos entre 1966 e 1983

A promoção da gastronomia brasileira em brochuras Uiara Maria Oliveira Martins, Ericka


4
turísticas. Uma análise da BTL 2012 Amorim, Regina Schluter

5 O Palmito Pupunha: A gastronomia e o meio ambiente Ricardo Frota de A. Maranhão

Cultura e Alimentação: análise das festas gastronômicas Katarzyna Bortnowska, Anete Alberton,
6
na Serra Gaúcha Sidnei Vieira Marinho.

25
Memória, patrimônio e atrativo turístico: A doçaria na
Rosana Eduardo da Silva Leal, Ivan
7 Festa do Nosso Senhor dos Passos em São Cristóvão-
Rêgo Aragão
Sergipe

Alejandro T. R. Contreras, Hugo A.


Patrimonio gastronómico e turismo como estrategia de
8 G.Vela, Eurico de O. Santos, Marivel H.
desarrollo local en El Alto Lerma, Toluca, México
Téllez

Métricas da qualidade da experiência do consumidor de Gisah M. Akel, José Manoel G. Gândara,


9
bares e restaurantes: uma revisão comparada José Antonio F. Brea

Em busca de uma experiência extraordinária em serviços Maria de Lourdes de A. Barbosa,


10
de restaurante Salomão A. de Farias

Fonte: Elaborado pelos autores, 2021

Figura 1 – Nuvem de palavras Dossiê Turismo e Gastronomia 2012

Fonte: Elaborado pelos autores (2021)

Nesta primeira edição, como é possível observar na Figura 1, as palavras


chave que mais aparecem são: Gastronomia; Turismo; e Brasil. Dessa forma, é
possível inicialmente afirmar que a edição analisada engloba uma grande diversidade
de temas, mas com uma ênfase no país e apenas um artigo estrangeiro.
Com relação às temáticas dos artigos, o primeiro a constar no Quadro1
objetiva analisar dissertações de Mestrado de importantes universidades brasileiras
(UNIVALI, UCS e UAM), que abordam a gastronomia. O segundo artigo objetiva
analisar filmes, identificando neles aspectos relacionados à gastronomia, às relações
e emoções ao cozinhar e à defesa do patrimônio gastronômico. O terceiro e o quarto

26
artigo analisam na promoção turística, a presença de informações sobre atrativos
gastronômicos, o primeiro destacando informações sobre culinária regional tradicional
mineira e paranaense no Guia Quatro Rodas e, o segundo, analisando a promoção da
gastronomia e do turismo brasileiros em materiais promocionais coletados na Bolsa
de Turismo de Lisboa. O quinto artigo aborda a ameaça de extinção do Palmito
Juçara, propondo possibilidades sua preservação pela substituição culinária pelo
equivalente Palmito Pupunha.
O sexto e o sétimo artigo tratam de festas regionais que tenham entre seus
principais atrativos, a gastronomia; o primeiro busca compreender as relações entre
festas, turismo, gastronomia e cultura identifica em eventos realizados na Serra
Gaúcha-RS; o segundo analisa o papel sociocultural e econômico da doçaria presente
na Festa do Nosso Senhor dos Passos, em São Cristóvão-SE. O oitavo artigo tem
como objetivo descrever e caracterizar a formação da cozinha tradicional da região de
Cuenca del Alto Lerma, no México, bem como seu potencial para o desenvolvimento
local de suas comunidades.
O nono e o décimo artigo avaliam a experiência do consumidor em
estabelecimentos de alimentação, o primeiro destacando as métricas da qualidade da
experiência; e o segundo, considerando a passagem de experiências ordinárias a
extraordinárias, para melhor compreensão da possibilidade da oferta de serviços de
restaurantes.
Nesse momento, será analisado a segunda edição do Dossiê Turismo e
Gastronomia, de 2013. No Quadro 2, está a lista com os resultados encontrados,
seguindo a nuvem de palavras a partir das palavras-chave (Fig.2).

Quadro 2 – Dossiê Turismo e Gastronomia 2013


Título Autor (es)

1 A Gastronomia e o Turismo Rosana Peccini

27
2 vinhos, turismo e pluriatividade na agricultura Hernanda Tonini

Serão os produtos agroalimentares de qualidade reconhecida


Xiana Rodil Fernandes, Valerià
3 uma realidade do turismo rural? Uma análise crítica de Casas
Paül Carril
Agroturísticas da Galiza

Gestão ambiental aplicada ao setor gastronômico: propostas Domitilla Medeiros Acre, Fábio
4 para Dourados-MS Roberto Castilho

Carlos H. C.Néry, Suzana M. De


Geração de resíduos sólidos em eventos gastronômicos: O
5 Festiqueijo de Carlos Barbosa, Rio Grande do Sul, Brasil
Conto, Marcelo Zaro, Josiane
Pistorello, Gisele S. Pereira

A ecogastronomia nos cursos superiores de Gastronomia do


6 Estado de São Paulo: conceitos, aplicações e cenário Rebeca Elster Rubim
observado

Gastronomia molecular: desconstruindo 20 anos de uma


7 Joana Pellerano
tendência

8 Comida de rua: relações históricas e conceituais Krisciê Pertile

Marcelo T. Fonseca, Monica B.


Comida de rua na cidade de São Paulo-SP: uma breve
9 Leme, João Pregnolato, João
descrição
Kulcsar

A presença da gastronomia alemã na hotelaria de Novo Mary Sandra Guerra Ashton, Ana
10
Hamburgo, RS Cristina Muller

A presença da gastronomia alemã na hotelaria de Novo Mary Sandra Guerra Ashton, Ana
11
Hamburgo, RS Cristina Muller

A presença da gastronomia alemã na hotelaria de Novo Mary Sandra Guerra Ashton, Ana
12
Hamburgo, RS Cristina Muller
Fonte: Elaboração dos autores (2021)

Figura 2 – Nuvem de palavras Dossiê Turismo e Gastronomia 2012

28
Fonte: Elaborado pelos autores (2021)

Nesta segunda edição, as palavras-chave que mais aparecem são:


Gastronomia; Turismo; e São Paulo-SP. Dessa forma, é possível inicialmente afirmar
que a edição analisada novamente engloba uma grande diversidade de temas, com
novas palavras-chave que não apareceram na edição anterior, e que o município de
São Paulo-SP é destaque nos estudos.
Com relação às temáticas dos artigos, o primeiro e o décimo primeiro artigo
do Quadro 2 tratam das múltiplas relações entre turismo e gastronomia; o primeiro
objetiva uma análise holística sobre o entendimento de alguns conceitos sobre
gastronomia e alimentação, nas suas relações com o turismo; o segundo visa
identificar a importância da gastronomia para a promoção do turismo em um festival
cultural. O segundo e o terceiro artigo abordam assuntos relacionados agastronomia e
a agricultura.

O segundo artigo do Quadro 2 analisa a relação entre o enoturismo (tendo o


vinho como elemento gastronômico) e a pluriatividade na agricultura familiar. O
terceiro artigo realiza reflexão teórica sobre a relação turismo rural e produções
agroalimentares que possuam qualidade reconhecida. O quarto e o quinto artigo
centram-se nas relações gastronomia e sustentabilidade, o primeiro salientando
ferramentas de gestão ambiental em estabelecimentos gastronômicos; o segundo,
traz a composição gravimétrica de resíduos sólidos gerados em uma edição do
Festiqueijo, festival gastronômico realizado em Carlos Barbosa, no Rio Grande do Sul.
O sexto e o sétimo artigo abordam conceitos alternativos em relação ao
estudo da gastronomia, o primeiro destacando a ecogastronomia e suas possíveis
aplicações educacionais; e o segundo descrevendo a gastronomia molecular e suas
contribuições ao cenário contemporâneo. O oitavo e o nono artigo tratam da comida
de rua, o primeiro descrevendo suas relações com o turismo; e o segundo
apresentando suas possibilidades econômicas e culturais. O décimo artigo destaca os

29
hábitos e costumes alimentares derivados da imigração germânica e sua relação com
a oferta gastronômica nos hotéis do município de Novo Hamburgo-RS. O décimo
segundo artigo apresenta uma avaliação de doze estabelecimentos especializados
em comercializar cervejas artesanais e que fazem parte da oferta do turismo
cervejeiro do município de Curitiba-PR.

REFERÊNCIAS
Dossiê Turismo e Gastronomia. Revista Rosa dos Ventos – Turismo e
Hospitalidade, v. 4, n. 3, 2012.

Dossiê Turismo e Hospitalidade Revista Rosa dos Ventos – Turismo e


Hospitalidade, v. 5, n. 2, 2013.

30
Experiências das mulheres em relação à plataforma digital
BlaBlaCar: medos, violências, inseguranças e estratégias
Helena de Jesus Almeida 12
Ketrin Cristina Gabriel
Natália Araújo de Oliveira (orientadora) 3
Priscilla Teixeira da Silva (orientadora) 4

Resumo: Segundo uma pesquisa divulgada pela Agência Brasil (2019), 97% das
mulheres já foram vítimas de assédio sexual em meios de transportes no Brasil, o que
revela que a violência contra a mulher persiste em transportes coletivos. Neste
sentido, por meio do Projeto de Pesquisa Mulheres que Viajam Sozinhas: um estudo
sobre gênero, raça e sexualidade no Turismo e a partir de uma pesquisa de caráter
exploratório, o artigo objetiva perceber medos, violências, inseguranças e estratégias
das mulheres ao viajarem utilizando a plataforma BlaBlaCar. Foi disponibilizado um
questionário, via Google Forms, com 20 perguntas em grupos de mulheres viajantes
na rede social Facebook. A partir de 120 respostas, foi identificado que as mulheres
têm medos relacionados à má condução do motorista, assédio sexual e assédio moral
e utilizam, em suas viagens, estratégias de proteção individual, como comunicar a
outra pessoa que está viajando ou mentir que irá encontrar alguém no lugar de
destino.

Palavras-chave: Mulheres, BlaBlaCar, Medo, Violência, Estratégias.

INTRODUÇÃO

O Blablacar é uma plataforma online de oferecimento de caronas por um preço


reduzido, por meio de seu site e aplicativo para smartphones. A plataforma foi criada
em 2003 pelo francês Frédéric Mazzella com o objetivo de interligar alguém que queira
viajar com uma pessoa disponível para oferecer esta carona para o mesmo destino e,
atualmente, está presente em 22 países.

1
Graduanda em Turismo; Universidade Federal de Pelotas; Pelotas, Rio Grande do Sul; Lattes:
http://lattes.cnpq.br/0007602775218548; E-mail: helenadja348@gmail.com.
2
Graduada em Turismo; Universidade Federal de Pelotas; Pelotas, Rio Grande do Sul; Lattes:
http://lattes.cnpq.br/6905944922437330; E-mail: ketringabriel@gmail.com.
3
Doutora em Sociologia; Universidade Federal do Rio Grande do Sul; Porto Alegre, Rio Grande do Sul;
Lattes: http://lattes.cnpq.br/8304405222993892; E-mail: oliveira.natalia@outlook.com.
4
Mestra em Turismo; Universidade de Brasília; Brasília, Distrito Federal; Lattes:
http://lattes.cnpq.br/1780959516307874; E-mail: priscilla.cet@gmail.com.
31
No Brasil o Blablacar chegou no ano de 2015 e rapidamente se popularizou,
atingindo a marca de 8 milhões de usuários em apenas 5 anos (Wolf, 2020). Apesar
de seu sucesso e aspectos de segurança para com o público, como a comprovação
dos documentos, as avaliações, os depoimentos, etc., nem todas as etapas são
obrigatórias, o que pode resultar uma plataforma insegura, especialmente para o
público feminino.
De acordo com uma pesquisa realizada pelos Institutos Patrícia Galvão e
Locomotiva, divulgada pelo portal Agência Brasil em 2019, 97% das mulheres
relataram que sofreram assédio sexual em meios de locomoção e 46% não se sentem
confiantes ao utilizar transportes coletivos sem sofrer assédio sexual (Albuquerque,
2019). Neste sentido, este trabalho justifica-se pelo fato do grande número de
usuárias que utilizam aplicativos de carona, e poucos estudos científicos sobre o tema
no âmbito da segurança e de viagens.
O objetivo central deste trabalho é identificar os medos, as violências, as
inseguranças e as estratégias das mulheres ao optarem por viajar utilizando a
BlaBlaCar. A pesquisa faz parte do Projeto de Pesquisa Mulheres que Viajam
Sozinhas: um estudo de gênero, raça e sexualidade no Turismo, da Universidade
Federal de Pelotas.

METODOLOGIA

O público alvo é mulheres acima dos 18 anos de idade, que viajaram utilizando
BlaBlaCar. O questionário está separado em quatro categorias: 1. Perfil das
entrevistadas: Idade, Estado Civil, Estado em que reside, Ocupação, Gênero, Cor,
Renda; 2. Medos: Se já sentiram medo ao viajar, quais medos; 3. Violência: S já
sofreram alguma violência, Espaço livre para depor, caso optarem; 4. Estratégias: Se
sente mais seguras viajando com mulheres e/ou com homens, quais estratégias mais
usadas, se já desistiram de uma viagem 5. BlaBlaCar: Se já relataram reclamação a
plataforma e o atendimento. Todavia, para este trabalho, serão levantados apenas

32
alguns pontos para discussão.
O questionário foi disponibilizado durante o período 13/10/2021 a 24/10/2021
nos seguintes grupos na rede social Facebook: Mulheres Viajantes – Woman Trip: 92
mil membros; Mulheres que Viajam Sozinhas :127,8 mil membros; Mulheres negras
que viajam sozinhas!: 1,3 mil membros; MULHERES QUE VIAJAM
SOZINHAS...DICAS..: 28,8 mil membros; BRASILEIRAS NO EXTERIOR OFICIAL –
15,5 mil membros; Mulheres que viajam sozinhas e AMAM - 131,7 mil membros.

RESULTADOS E DISCUSSÕES

Ao todo o questionário obteve 120 respostas. Na categoria Perfil das


Entrevistadas, em relação à faixa etária, percebe-se que as maiores participações
estão entre as mulheres entre 36 a 41 anos totalizando 20,00%, posteriormente as de
30 a 35 anos com 16,67% e as com 24 a 29 anos registrando 15,83%. No que se
refere a cor, 58,12% das entrevistadas se auto afirmam como brancas, 22,62% como
pardas, 16,78% como pretas. Quanto ao estado civil, as mulheres solteiras
representam 65,69%, divorciadas 11,67%, com união estável 10,94%. Todas se
declararam como feminina cisgênera.
Em relação ao estado que residem, 35,83% estão em São Paulo, 16,67% no
Rio Grande do Sul e 14,17% no Rio de Janeiro. No que se refere a suas ocupações,
32,50% das entrevistadas são servidoras públicas, 28,33% são autônomas e 26,67%
estão com carteiras assinadas. A respeito das suas faixas salariais, 38,33% estão
recebendo entre R$2000,00 a R$4000,00, 18,33% entre R$4001,00 e R$6000,00 e
14,17% entre R$1101,00 e R$1999,00.
Para a categoria Medos, no gráfico 01, estão identificados quais são os
maiores medos das entrevistadas ao viajar de BlaBlaCar.

33
Gráfico 1 – Os medos mais citados pelas mulheres entrevistadas que utilizam a
BlaBlaCar

Fonte: Elaborado pelas Autora, 2021.

Tais dados corroboram com Reis (2016) que, em pesquisa realizada com
186 mulheres (152 brasileiras e 34 estrangeiras), averiguou que 62,2% das
mulheres viajantes já sentiram medo em viagens. Dentre os medos listados pelas
respondentes, estão: de ficar perdida, da violência, de homens, de não conseguir
se comunicar e de estar em uma situação que não consiga sair.
Na categoria Violências, 2,50% das entrevistadas relataram que sofreram
algumas violências. No primeiro depoimento, a entrevistada depôs uma situação de
assédio sexual.

“Uma única vez, um motorista mulçumano na Itália se insinuou para mim e


tentou me beijar ao me deixar em um trem, mas ameacei chamar a polícia e
ele foi embora. Todas as outras viagens com BlaBlaCar foram
EXCELENTES [...]” (depoimento anônima, 2021)

No segundo depoimento, demonstra-se caso de agressão verbal de um


motorista para com duas passageiras. Após discordâncias políticas, o condutor
mudou seu comportamento “O motorista começou a ficar alterado falando o que
pensava, aumentando o tom da voz e batendo com as mãos no volante mostrando

34
sua indignação.” (depoimento anônimo, 2021).
83,33%das entrevistadas afirmaram não se sentirem seguras viajando
apenas com homens. Nesse contexto, foi perguntado às mulheres quais métodos
elas adotam para se sentirem mais seguras ao viajar de carona. Os dados estão
apresentados no gráfico 02, a seguir:

Gráfico 2 – Estratégias mais utilizadas durante as caronas pelas usuárias do


BlaBlaCar

Fonte: Elaborado pelas autoras, 2021

Os métodos mais utilizados estão em comunicar a alguém que está


viajando com 53,01% das respostas, mentir que irá se encontrar com alguém no
ponto de chegada com 20,40%. Estas respostas assemelham-se aos resultados
obtidos através da pesquisa de Melo e Soeiro (2020) que, a partir da análise de
postagens de “dicas para mulheres que viajam sozinhas” em blogs femininos de
viagem, revelam estratégias que as quais mulheres utilizam para poder viajar sem
ser incomodadas, entre as quais, estariam: o uso de adornos, como aliança; a
atuação cotidiana expressa em gestos que indicam estar acompanhada ou jamais
35
transparecer medo ou insegurança; conhecer alguém do local visitado, de
preferência antes da realização da viagem; e, de maneira extrema, o porte de
objetos de defesa pessoal.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Esta pesquisa evidencia que a violência contra a mulher ainda persiste e os


medos continuam em seus imaginários, principalmente ao viajar em carona. Apesar
da plataforma BlaBlaCar possuir mecanismos de segurança como comprovação de
documentos pessoais, depoimentos das viagens, entre outros, as mulheres
sentem-se inseguras ao viajar apenas com homens. A pesquisa realizada
evidenciou que os principais medos das mulheres utilizando a plataforma estão
relacionados a má condução do motorista, assédio moral e assédio sexual. Já as
principais estratégias de proteção individual adotadas pelas entrevistadas seriam
comunicar a outra pessoa que está viajando ou mentir que irá encontrar alguém no
lugar de destino.

REFERÊNCIAS
ALBUQUERQUE, F. Pesquisa mostra que 97% das mulheres já sofreram assédio
em transporte. Agência Brasil, São Paulo, 18 de jun. de 2019. Disponível em:
https://agenciabrasil.ebc.com.br/direitos-humanos/noticia/2019-06/pesquisa-mostra
que-97-das-mulheres-sofreram-assedio-em-transporte/. Acesso em: 04 out. 2020.

MELO, G. P. F. S. de; SOEIRO, I. C. de M. A mulher e o deslocamento turístico no


mundo contemporâneo: uma contribuição teórico-metodológica aos estudos do
turismo. Caderno Virtual de Turismo, v. 20, n. 2, s/n, 2020.

REIS, A. M. Mulheres e viagens: insegurança e medo? 2016. Monografia


(Bacharel em Turismo) – Curso de Graduação em Turismo, Faculdade de Turismo
e Hotelaria, Universidade Federal Fluminense, Niterói, 2016.

WOLF, G. BlaBlaCar completa cinco anos de Brasil com 8 milhões de usuários.


ESTADÃO, São Paulo, 30 de nov. de 2020. Disponível em:
https://link.estadao.com.br/noticias/inovacao,blablacar-completa-cinco-anos-de

36
brasil-com-8-milhoes-de-usuarios,70003533198. Acesso em: 7 de set. de 2021.

37
A Relação entre Cultura e Alimentação Enquanto Recurso
Turístico no Rio Grande do Sul: Uma Revisão Integrativa

Andressa Victória Brayer de Aguiar 1


Sandra Dalila Corbari 2

Resumo: Para explorar a relação entre cultura e alimentação de forma mais


pontual, buscou-se verificar a convergência entre a produção científica e a utilidade
prática dessa relação por municípios dentro de um recorte geográfico específico,
através do emprego e análise de categorias analíticas e antropológicas que fossem
aptas a interpretação através da conceituação teórica, seguindo o método de
revisão integrativa e as etapas indicadas na literatura especializada. Os resultados
obtidos neste trabalho indicam que a convergência entre a produção científica e o
que os municípios vêm promovendo acerca da relação dessas categorias é
aparentemente baixa, no entanto contribuem para o aprofundamento das
discussões e estudos acerca da temática.

Palavras-chave: Gastronomia; Turismo; Rio Grande do Sul; Mercantilização.

INTRODUÇÃO
Entendendo o potencial da gastronomia enquanto atrativo turístico-cultural
(PAIVA; TRICÁRIO; TOMELIN, 2019), e sob a perspectiva de que a
mercantilização das tradição e da cultura-identitária (DALMORO; NIQUE, 2017)
configura uma estratégia benéfica de promoção do turismo que pode ser aplicada
regionalmente, pretendeu-se correlacionar dados obtidos através de um
levantamento bibliográfico, com o que as prefeituras dos municípios referidos
durante a coleta vêm promovendo acerca da temática.

1
Graduanda do curso de Bacharelado em Turismo; Universidade Federal do Rio Grande (FURG); Santa
Vitória do Palmar, Rio Grande do Sul; Lattes: http://lattes.cnpq.br/4833713569634125; E-mail:
abrayer@outlook.com.
2
Doutora em Meio Ambiente e Desenvolvimento; Universidade Federal do Rio Grande (FURG); Santa
Vitória do Palmar, Rio Grande do Sul; Lattes: http://lattes.cnpq.br/3532084949812042; E-mail:
corbari@furg.br.

38
METODOLOGIA
Esse estudo é de caráter exploratório e natureza básica, pois objetivou gerar
conhecimentos novos que sejam úteis para o avanço e utilidade do Turismo,
enquanto campo científico, sem aplicação prática prevista (SILVA et al., 2001). Foi
adotada uma abordagem mista, sob emprego do método de revisão integrativa
(SOUZA et al., 2010) compreendendo a aplicação em seis etapas: i) identificação do
tema e seleção da questão de pesquisa; ii) estabelecimento de critérios para inclusão
e exclusão de estudos; iii) definição das informações a serem extraídas dos estudos
selecionados; iv) avaliação dos estudos incluídos; v) interpretação dos resultados; e
vi) apresentação da revisão/síntese.
A coleta dos artigos foi realizada no Portal de Periódicos da Capes a partir da
busca avançada dos termos combinados: “culinária” e “Rio Grande do Sul”;
“Gastronomia” e “Rio Grande do Sul”; e na base Publicações de Turismo através da
busca do termo “Rio Grande do Sul”. Como critério de inclusão ou exclusão foram
considerados aptos somente os trabalhos que apresentavam relação textual entre
uma categoria antropológica (tradição, história, identidade, entre outros) e uma
categoria analítica (culinária, gastronomia, alimentação, entre outros). Ao final
compuseram a base para análise um total de 34 artigos.

RESULTADOS E DISCUSSÃO
Doze municípios listados nos artigos não possuem espaço online para o
turismo, seja uma página exclusiva, seja um espaço na página da prefeitura
municipal (Novo Hamburgo, Tiradentes, Monte Belo do Sul, Agudo, Faxinal do
Soturno, Ivorá, Aurea, Caxias do Sul, Vila Flores, Sant’ana do Livramento, Itaqui e
Bagé). Portanto, não foi possível realizar a análise empírica. Em relação aos demais
municípios estudados nas publicações científicas, apresenta-se o quadro abaixo com
a correlação das categorias antropológicas e a análise empírica.

39
Quadro 1 - Correlação das categorias antropológicas e a análise empírica

Município Categoria Análise Empírica (páginas oficiais)


Antropológica

Pelotas Cultura; Tradição; Relaciona cultura e tradição, gastronomia e saber-


Identidade; fazer. Faz uso dessa relação enquanto atrativo.
Patrimônio Cultural.

Dona Francisca Identidade; Promove aspectos da colonização, mas não


Patrimônio Cultural. relacionado diretamente à alimentação.

Nova Palma Identidade; Faz referências à cultura italiana, mas não relaciona à
Patrimônio Cultural. alimentação.

Pinhal Grande Identidade; Faz menção ao movimento tradicionalista e ao


Patrimônio Cultural. período jesuíta, mas não relaciona alimentação.

Restinga Seca Identidade; Não faz menção à cultura, ou qualquer outra


Patrimônio Cultural. categoria antropológica. Faz uso da terminologia
gastronomia para divulgar restaurantes locais.

São João do Identidade; Menciona a relação entre a gastronomia local com a


Polêsine Patrimônio Cultural. história, identidade e patrimônio cultural. Faz uso
dessa relação enquanto atrativo.

Silveira Martins Identidade; Menciona a relação entre a gastronomia e história.


Patrimônio Cultural; Faz uso dessa relação enquanto atrativo.
Tradição.

Identidade; Cultura. Menciona a colonização alemã e promove roteiros


Estrela gastronômicos, mas não relaciona diretamente
cultura à alimentação.

Tradição; Identidade; Relaciona a gastronomia e culinárias locais à história,


Bento Cultura; História; memória e cultura da comunidade local. Faz uso da
Gonçalves Memória. relação enquanto atrativo.

Relaciona a gastronomia e a culinária à história, com


Carlos Barbosa Identidade; Cultura. ênfase à colonização italiana. Faz uso da relação
enquanto atrativo.

Rio Grande Identidade; Cultura. Faz menção à cultura portuguesa, mas não relaciona
à alimentação.

40
Encantado Identidade; Cultura. Menção à cultura colonial italiana, mas não promove
essa relação enquanto recurso turístico.

Relaciona a gastronomia à cultura. Promove a


Gramado Identidade; Cultura. relação sob a influência europeia enquanto atrativo
turístico.

Santa Cruz do Identidade; Cultura; Menciona duas rotas com influência étnica, mas no
Sul. Tradição. momento da pesquisa as abas estavam desativadas.

Venâncio Aires Identidade; Cultura. Relaciona a cultura local ao chimarrão, utilizado


enquanto atrativo turístico.

São Borja Identidade; Cultura. Não promove a relação entre cultura e alimentação.

Garibaldi Tradição; Identidade; Menciona a relação entre a gastronomia e a história e


Cultura; História; tradição do município. Faz menção à influência
Patrimônio. europeia e se utiliza disso enquanto atrativo turístico.

São Lourenço Tradição; Identidade; Não promove a relação entre cultura e alimentação
do Sul Patrimônio; Cultura. ou outras categorias consideradas neste trabalho.

Santa Vitória do Cultura; Identidade. Relaciona a culinária e a gastronomia à identidade do


Palmar município, fazendo referência à característica
fronteiriça. Promove enquanto atrativo.

Arvorezinha Cultura; Identidade. Promove através do chimarrão.

Antônio Prado Identidade. Promove a relação entre a gastronomia e a cultura


deixada pelos imigrantes italianos. Faz uso da
relação enquanto atrativo.

Pedras Altas Cultura. Não promove a relação entre cultura e alimentação.

Dom Pedrito Cultura; Patrimônio Menciona a relação entre a gastronomia, história,


Cultural. cultura e tradição. Faz uso da relação enquanto
atrativo.

São Francisco Cultura. Não promove a relação entre cultura e alimentação.


de Paula

Candiota Cultura. Emprega o termo gastronomia relacionado à história


e a cultura do município, mas não explora a relação
diretamente enquanto recurso turístico.

41
Pinto Bandeira Cultura; História. Não promove a relação entre cultura e alimentação.

Fonte: Elaboração das autoras, 2021.

A convergência entre a produção científica e o que os municípios vêm


promovendo acerca da relação dessas categorias é aparentemente baixa; nota-se
ainda que as publicações atribuem a existência da oferta comercial da alimentação
atrelada às categorias antropológicas a 24 dos 38 municípios citados. Mas essa
promoção comercial não pôde ser identificada nem na metade dos municípios,
com base na análise da página oficial dos órgãos municipais na internet, apenas
dez promovem essa relação enquanto atrativo turístico. Outros dois municípios
listados ainda fazem menção a um produto alimentício específico (chimarrão)
enquanto produto cultural local, mas não fazem outras relações com as categorias
analisadas neste trabalho. Com relação ao emprego dos termos, não pode ser
observada constância ou consonância entre as produções científicas e o emprego
prático deles pelos órgão municipais, dado ao fato de que muitos poucos
municípios mencionaram essa relação.

CONSIDERAÇÕES FINAIS
Os resultados deste trabalho contribuem para aprofundar as discussões e
estudos acerca das temáticas já citadas, bem como conscientizar a respeito das
benesses provenientes do ato de aliar e promover o que é intrínseco a
determinadas regiões e a atividade turística. Verificou-se uma lacuna no que diz
respeito à produção científica e a discussão da temática pela academia dentro do
recorte geográfico estabelecido, tendo prevalência em algumas regiões turísticas e
municípios.
Como sugestões para pesquisas futuras, pode-se considerar a combinação
de outros termos, e utilizar outros bancos de dados. Ademais, a correlação entre
prática e teoria aqui se fez somente sobre as abas direcionadas ao turismo dentro

42
das páginas web de prefeituras, mas poderia ser expandido a páginas do setor
privado, avaliações e resenhas de turistas em sites de viagem; ou análise in loco.
Por fim, sugere-se a possibilidade de expansão dos objetos de análise, saindo das
dinâmicas relacionais humanas e sociais, para as dinâmicas econômicas e de
mercado.

REFERÊNCIAS
DALMORO, M.; NIQUE, W. M. Tradição mercantilizada: Construção de mercados
baseados na tradição. Revista de Administração Contemporânea, v. 21, p. 327-
346, 2017.

PAIVA, L. P. F.; TRICÁRICO, L. T.; TOMELIN, C. A. A Culinária Enquanto Patrimônio


Local e Recurso Turístico. In: LAVANDOSKI, J.; BRAMBILLA, A.; VANZELLA, E.
ALIMENTAÇÃO E CULTURA: Alimentação e Turismo: criatividade, experiência e
patrimônio cultural. João Pessoa: Editora do CCTA, 2019, p. 285-300.

SILVA, E. L.; MENEZES, E. M. Metodologia da pesquisa e elaboração de


dissertação. 3. ed. rev. atual. Florianópolis: Laboratório de Ensino a Distância da
UFSC, 2001.

SOUZA, M. T.; SILVA, M. D.; CARVALHO, R. . Revisão integrativa: o que é e


como fazer. Einstein, São Paulo, v. 8, p. 102-106, 2010.

43
RC 3: Gestão e Sustentabilidade no Turismo

Reconhecer a cadeia de enoturismo na Rota Termas e


Longevidade
Bruna Borges Monteiro 1
Wiliam da Silva Denis 2
3
Pedro de Alcântara Bittencourt César

RESUMO: Por meio de levantamento de informações oficiais e pesquisa bibliográfica,


busca-se estudar a cadeia produtiva do setor enoturístico na S 4erra Gaúcha. Adota-se
como recorte territorial a região turística denominada de Rota Termas e Longevidade,
composta dos municípios de Vila Flores, Nova Prata, Veranópolis, Protásio Alves e
Cotiporã. Inicialmente, delimita-se a partir dessa temática, essa área como potencial
destino de enoturismo no Rio Grande do Sul. Partindo do pressuposto que trata-se de
um local com uma economia retraída e com um setor vitícola acentuado, objetiva-se
compreender as características presentes nessa região e avaliar alternativas que se
mostram favoráveis para fazer com que esses destinos sejam procurados por sua
diversidade e oferta enoturística.

Palavras chave: Enoturismo, Termas e Longevidade, Serra Gaúcha.

INTRODUÇÃO
A Roteiro Turístico Termas e Longevidade compreende os municípios de Vila
Flores, Nova Prata, Veranópolis, Protásio Alves e Cotiporã, todos situados no Rio
Grande do Sul. Esses municípios pertencem à Serra Gaúcha (ou região Uva e Vinho,

1
Acadêmica de Turismo UCS - Universidade de Caxias do Sul; Bolsista BIC-UCS Caxias do Sul - RS;
Lattes: http://lattes.cnpq.br/8340161454112280; E-mail: bbmonteiro@ucs.br.
2
Acadêmico de Arquitetura e Urbanismo UCS - Universidade de Caxias do Sul; Lattes:
http://lattes.cnpq.br/4329358380890675; E-mail: wsdenis@ucs.br.
3
Doutor em Geografia USP; Docente UCS - Universidade de Caxias do Sul; Pesquisador produtividade
CNPq com Bolsa Universal - CNPq. Caxias do Sul - RS; Lattes: http://lattes.cnpq.br/0900226519393513;
E-mail: pabcesar@ucs.br.

44
segundo o Ministério do Turismo), que se define como importante indutor do turismo
no país. Definido como recorte territorial da pesquisa, essa área que define a
governança do Roteiro Turístico Termas e Longevidade (2020), tem como objetivo
reconhecer as experiências relacionadas com a paisagem, a gastronomia, a música e
a cultura, entre outras particularidades que a região oferece. Além disso, é possível
compreender que o nome Termas e Longevidade refere-se às águas termais
localizadas na região e a longevidade que é uma característica atribuída ao município
de Veranópolis, onde é muito comum seus moradores passar dos 90 anos de idade e
que foi classificada como a Cidade Amiga do Idoso, certificada pela Organização
Mundial da Saúde (OMS).

Referente a essa pesquisa, o Ministério do Turismo não considera os


municípios Nova Prata, Protásio Alves, Cotiporã, Veranópolis e Vila Flores como
região turística específica, mas que em conjunto com outros municípios, compõem a
região da Uva e Vinho (MTUR, 2021). Porém, a Secretaria de Estado do Rio Grande
do Sul compreende que esses municípios compõem uma rota denominada Termas e
Longevidade, que está inserida na microrregião da Uva e Vinho, também definida
turística e historicamente como região da Serra Gaúcha. Entende-se por Serra
Gaúcha, uma área histórica associada a processos migratórios europeus embora não
haja um rigor em sua definição territorial. Muitas vezes define-se essa área com a
somatória daquelas de influência dos Coredes Serra e Hortênsias.

PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS
Este estudo é resultado de uma pesquisa de nível descritivo com
procedimentos metodológicos realizados por meio de levantamento de informações
oficiais e pesquisa bibliográfica, além de observação direta. O objetivo geral do estudo
se define em caracterizar a uma governança (MTUR, 2013) denominado de Roteiro
Turística Termas e Longevidade como destino de Enoturismo no Rio Grande do Sul.
Para isso, contempla os conceitos referentes à prática turística na Serra Gaúcha, além
45
do referencial teórico do termo Enoturismo. A partir dessas definições foi possível
realizar a identificação das vinícolas existentes na região, além de atrativos
complementares presentes na Rota.

DISCUSSÃO
Em análise aos empreendimentos turísticos na Rota Turística Termas e
Longevidade, é possível observar uma grande potencialidade para a atividade
turística. O mercado consumidor está cada vez mais exigente, e a oferta turística
precisa agregar alguns valores como a criatividade para satisfazer as suas
necessidades, desejos e expectativas geradas, ao mesmo tempo em que promove
uma imagem agradável, operando de forma sustentável. (CELESTINI; MAZZAROLLO;
OLTRAMARI, 2014). Acrescenta-se ainda, que a busca por agregar valor aos serviços
é constante.

As empresas turísticas começam a se preocupar em criar e inovar nesse


setor, pois deparam-se com várias situações, como serem obrigadas a reinventar-se
para poder crescer no ramo turístico, atingir o público desejável para seus
empreendimentos, para que consumam seus produtos com foco no cliente. A
criatividade agrega valor ao conhecimento, ou seja, inova-se e cria-se à medida que
se busca o conhecimento, e transforma-o em habilidades e atitudes.

Com o intuito de atender ao objetivo delimitado para esta pesquisa, foi


realizado um levantamento das vinícolas existentes na Rota como é apresentado
abaixo:

46
Figura 1 – Vinícolas existentes na Rota

Fonte: Elaborado pelos autores, 2021

O presente trabalho buscou, além de realizar tal levantamento, os gráficos


com a série histórica de quantidade de uva produzida em cada um dos municípios.
Desta forma, foi possível uma análise mais aprofundada e comparativa com
municípios que são considerados como referência na produção de uva no Rio Grande
do Sul. Por se tratar de uma pesquisa em andamento, esses resultados apresentam-
se de forma parcial e objetiva-se estudá-los de uma forma ainda mais detalhada.

47
Figura 2 – Quantidade de uva produzida em cada um dos municípios

Fonte: IBGE, 2021

CONSIDERAÇÕES FINAIS
Com o propósito de compreender o potencial existente na Rota Termas e
Longevidade enquanto destino de enoturismo, a pesquisa desenvolve-se tendo como
base o referencial teórico estudado, além de dados atualizados para visualizar como
este processo ocorre na prática. Com os dados já coletados, pode-se avaliar que os
municípios constituintes da Rota Termas e Longevidade configuram-se como áreas
com grande potencial vinícola além da prática de Enoturismo. Define-se o estudo
como importante reflexão do potencial existente para incorporar valores sociais e
econômicos no local.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
CÉSAR, Pedro de Alcântara Bittencourt; TEBERGA, Angela; PECCIN, Caroline;
ALTMANN, Júlia Luise. Contexto Regional da Rota Turística Termas e Longevidade :
seu papel na relação de estrutura de mobilidade rodoviária. Ambientur - III simpósio
nacional sobre gestão ambiental de empreendimentos turísticos, 2017.
48
CELESTINI, Juliana; MAZZAROLLO, Claudia Maria Ferro; OLTRAMARI, Andrea
Poleto. Roteiro Turístico Termas e Longevidade: Desafios e Criatividade em Evidência.
In: CONFERÊNCIAS UCS - UNIVERSIDADE DE CAXIAS DO SUL, XIV MOSTRA DE
INICIAÇÃO CIENTÍFICA, PÓS-GRADUAÇÃO, PESQUISA E EXTENSÃO 2014, Anais
[...] p. 57–71.

IBGE. Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística. 2020. Disponível em:


https://ibge.gov.br/. Acesso em: 20 abr. 2021.

MINISTÉRIO DO TURISMO. Serra Gaúcha é dividida em cinco regiões turísticas.


2013. Disponível em: https://www.gov.br/turismo/pt-br/assuntos/noticias/serra-gaucha-
e-dividida-em-cinco-regioes turisticas. Acesso em: 20 maio. 2021.

MINISTÉRIO DO TURISMO. Regiões turísticas do mapa do turismo brasileiro.


2021. Disponível em:
https://www.regionalizacao.turismo.gov.br/images/conteudo/LIVRO_Mapa.pdf. Acesso
em: 20 maio. 2021.

Roteiro Turístico Termas e Longevidade. 2021. Disponível em:


https://www.termaselongevidade.com.br/. Acesso em: 23 abr. 2021.

49
Projeto “Coisa Boa” no Vale Germânico

Juliana Mazotti de Freitas 1


Vitória Ariane Heydrich Machado Carvalho 23
Mary Sandra Guerra Ashton

Resumo: O Vale Germânico, mais nova região turística do Rio Grande do Sul, lançada
em 2019, reúne 9 munícipios que preservam as características, principalmente
germânicas, dos colonizadores. Dentro desse contexto, este trabalho tem como
objetivo analisar o projeto "Coisa Boa" do Centro Cultural Eintracht de Campo Bom
(RS), com o intuito de identificar a gastronomia como importante instrumento de
desenvolvimento e fortalecimento do turismo, da identidade regional e resgate de
memórias afetivas. Para tanto, se utilizou de pesquisa exploratória e análise
documental com abordagem qualitativa, na qual coletamos material desde a criação do
Vale, salientando que integramos o projeto de pesquisa “Vale Germânico e as cidades
criativas” em andamento na Universidade Feevale, com vínculo ao Mestrado em
Indústria Criativa. Dentre os resultados foi possível identificar o projeto “Coisa Boa”
como uma ação positiva que mantém a identidade e a história da gastronomia colonial,
com a proposta da oferta de caixas com produtos alimentícios típicos da região, como
o pão de laranja, a cuca, a bolacha, o bolo picante de linguiça, embutidos de linguiça e
de torresmo, além de uma garrafa de cerveja artesanal produzida por uma das 22
cervejarias do Vale Germânico, e um pano de prato com bordado e crochê,

1
Graduanda em Turismo e Bolsista de Iniciação Científica FAPERGS, no projeto de pesquisa: OS
PROJETOS CULTURAIS E A GERAÇÃO DE DESENVOLVIMENTO SOCIOECONÔMICO, NO
CONTEXTO DAS CIDADES CRIATIVAS; Universidade Feevale; Novo Hamburgo; Lattes:
http://lattes.cnpq.br/4619041327019085 E-mail: julianamazotti2000@gmail.com.
2
Graduanda em Turismo e Bolsista de Iniciação Científica CNPq, no projeto de pesquisa: OS
PROJETOS CULTURAIS E A GERAÇÃO DE DESENVOLVIMENTO SOCIOECONÔMICO, NO
CONTEXTO DAS CIDADES CRIATIVAS; Universidade Feevale; Novo Hamburgo; Lattes:
http://lattes.cnpq.br/4958943452459131 E-mail: vitoriaahm@gmail.com.
3
Doutora e Mestre em Comunicação Social; Líder do Grupo de Pesquisa: OS PROJETOS CULTURAIS
E A GERAÇÃO DE DESENVOLVIMENTO SOCIOECONÔMICO, NO CONTEXTO DAS CIDADES
CRIATIVAS; Lattes: http://lattes.cnpq.br/7976259576722028 E-mail: marysga@feevale.br.
50
representando a mesa do Vale Germânico e sua riqueza em influências culturais
alemãs, com pitadas portuguesas, italianas e indígenas. Assim, trata-se de um
produto que contribui para potencializar o turismo, movimentar a economia local e
atrair potenciais turistas.

Palavras-chave: Turismo, Gastronomia, Identidade, Projeto Coisa Boa, Vale Germânico.

REFERÊNCIAS
ASHTON, Mary Sandra Guerra; MULER, Ana Cristina. A Presença da Gastronomia
Alemã na Hotelaria de Novo Hamburgo, RS. Rosa dos Ventos, vol. 5, núm. 2, abril
junio, 2013, pp. 319-332 Universidade de Caxias do Sul Caxias do Sul, Brasil.

BELUZZO, R. A Valorização da Cozinha Regional. In: 1ª Congresso Brasileiro de


Gastronomia e Segurança Alimentar, Brasília - DF. Coletânea de palestras. Brasília,
2004.

CAMINHO DO VINHO. Cuca alemã – uma tradição germânica. Disponível em


https://www.caminhodovinho.tur.br/cuca-alema-uma-tradicao-germanica-2/ Acesso em
30 de outubro de 2020.

CRUZ, Mércia S. R; MENEZES, Juliana S.; PINTO, Odilon. FESTAS CULTURAIS:


Tradição, Comidas e Celebrações. Artigo apresentado no I Encontro Baiano de
Cultura – I EBECULT – FACOM/UFBA. Salvador – Ba, em 11 de dezembro de 2008.

HERNANDEZ, J. C.; M. G. RACIA-ARNAIZ. Alimentação e Cultura: Perpectivas


antropológicas. Barcelona. Arial 2005.

PECCINI, Rosana. A Gastronomia e o Turismo. Revista Rosa dos Ventos 5(2) 206-
217, abril-jun, 2013 © O(s) Autor(es) 2013 ISSN: 2178- 9061 Associada ao: Programa
de Mestrado em Turismo Hospedada em: http://ucs.br/revistarosadosventos

51
Criação de indicadores para planejamento e gestão de
destinos turísticos inteligentes: Análise de conteúdo gerado
pelos usuários da plataforma TripAdvisor, em Niterói – Rio
de Janeiro

Mareely Alves de Lima 1


Osiris Marques 2
Valério Rodrigues de Souza Neto 3

Resumo: Nos últimos anos houve uma atenção maior por parte dos destinos turísticos
em relação ao uso de ferramentas tecnológicas e estruturação de dados para um
aumento na cocriação de valor, prazer, nível de experiência e aumento da qualidade
de vida dos moradores. Tais destinos são considerados Destinos Turísticos
Inteligentes (DTIs), à medida que conseguem incorporar tais tecnologias objetivando
um desenvolvimento menos insustentável. Uma prática muito adotada utilizada pelos
gestores públicos e privados DTIs é a análise de conteúdos gerados pelos usuários
(CGU), esta análise propicia de maneira rápida, direta e de baixo custo o entendimento
de modo efetivo da percepção dos visitantes a atrativos e prestadores de serviços
turísticos. Compreendendo tal importância para os destinos e almejando a
consagração de Niterói (RJ) enquanto um destino mais inteligente, o presente estudo
objetiva construir um conjunto de indicadores de análise de Conteúdo Gerado pelo
Usuário dos vinte (20) principais atrativos turísticos de Niterói, elencados na plataforma
do TripAdvisor. para isso serão utilizados documentos seminais de DTI e qualidade de
serviços, a fim de se levantar um conjunto de indicadores que permitam esta evolução.
Para coleta, análise e validação do material produzido, serão utilizadas análises de

1
Graduanda em Tecnólogo em Hotelaria; Universidade Federal Fluminense; Niterói - Rio de Janeiro;
Lattes: http://lattes.cnpq.br/9473928660539027; E-mail: mareelyal@id.uff.br.
2
Doutor em Economia e Docente da Faculdade de Turismo e Hotelaria; Universidade Federal
Fluminense; Niterói - Rio de Janeiro; Lattes: http://lattes.cnpq.br/1401073089905179; E-mail:
osirismarques@id.uff.br.
3
Mestrando em Turismo; Universidade Federal Fluminense; Niterói - Rio de Janeiro; Lattes:
http://lattes.cnpq.br/4608863464672060; E-mail: valeriorsneto@gmail.com.

52
conteúdo gerado pelo usuário, temática e descritiva, além de validação por meio de
questionário junto a especialistas do assunto.

Palavras-chave: Destino Turístico Inteligente. Conteúdo Gerado pelo Usuário. TripAdvisor. Niterói

INTRODUÇÃO
Os destinos turísticos inteligentes focam, principalmente, nas necessidades do
turista por meio do uso das tecnologias da informação e comunicação (TIC) e
consequências derivadas das mesmas, e.g., Internet das coisas 1, big data 2 e
dispositivos móveis, etc., com a cultura local e a indústria de inovação turística,
permitindo assim uma melhor compreensão sobre o comportamento dos turistas nesse
ambiente, oferecendo experiência turística e garantindo atratividade em comparação
aos destinos vizinhos (BUHALIS; AMARANGGANNA, 2013; MAYER, MENDES
FILHO; CORREA, 2021).
Gretzel e colegas (2015) argumentam que os DTIs fazem parte de um
ecossistema de turismo inteligente, que pode ser definido como um sistema de turismo
que aproveita a tecnologia inteligente para criar, gerenciar e fornecer serviços ou
experiências turísticas inteligentes e é caracterizado pelo compartilhamento intensivo
de informações e cocriação de valor, onde consumidores de turismo sempre foram
reconhecidos como contribuintes ativos para a experiência, mas agora são
formalmente considerados como co-criadores de valor. Este sistema baseia-se na
confiança, escalabilidade e abertura com relação aos participantes e serviços
(GRETZEL et al., 2015).
Um grande aliado dos gestores e pesquisadores para compreender estas
necessidades atualmente é o Conteúdo Gerado por Usuário (CGU), um “boca a boca
eletrônico", também conhecido como eWOM, que engloba todas comunicações

1
Internet das coisas é como uma rede que conecta qualquer coisa a qualquer momento e qualquer
lugar a fim de identificar, monitorar, localizar e gerenciar objetos inteligentes (BUHALIS;
AMARANGGANNA, 2013).
2
Big data é um conjunto multidimensional de dados (BUHALIS; AMARANGGANNA, 2013).
53
informais dirigidas aos consumidores por meio de tecnologia baseada na Internet
relacionada ao uso ou às características de determinados bens e serviços, ou a seus
vendedores (LITVIN; GOLDSMITH; PAN, 2008). Acompanhar e estimular o eWOM não
só fornece informações aos consumidores, mas também reforça conectividade,
criando um ambiente que se traduz, em lealdade do consumidor e atividade de compra
futura (LITVIN; GOLDSMITH; PAN, 2017).
Sob este pano de fundo, surge o seguinte questionamento: De que modo Niterói
(Rio de Janeiro) pode explorar o conteúdo gerado pelo usuário, em prol do aumento de
competitividade ao transformar-se em destino turístico inteligente?
Para preencher a lacuna empírica-teórica e responder à pergunta
supramencionada, o presente estudo possui como objetivo geral construir um conjunto
de indicadores de análise de Conteúdo Gerado pelo Usuário dos 20 principais atrativos
turísticos de Niterói, na plataforma do TripAdvisor e como objetivo específico coletar e
catalogar comentários online dos atrativos turísticos em uma planilha de Excel,
identificar na literatura indicadores de destinos turísticos inteligentes e de aumento de
competitividade de produtos e serviços turísticos, validar os indicadores identificados
na literatura com especialistas de DTI e validar empiricamente o conjunto de
indicadores propostos.

METODOLOGIA
Os procedimentos metodológicos adotados para realização deste projeto de
pesquisa dividem-se em dois momentos: i. A etapa inicial de identificação de
indicadores e validação por meio de especialistas de DTI; ii. A coleta e análise dos
comentários online com base nos indicadores propostos. A abordagem do estudo é
quantitativa e qualitativa e o objeto de análise são os comentários online de turistas
sobre os 20 principais atrativos turísticos (Quadro 1) de Niterói (Rio de Janeiro),
ordenados mediante busca na plataforma do TripAdvisor em 03 de maio de 2021,
entre junho de 2019 à julho de 2021, período suficiente ideal de buscas dada o alto
número de comentários online (SANTOS et al. 2016).
54
Quadro 1 – Atrativos turísticos mais avaliados identificados na plataforma do TripAdvisor 1
Atrativo turístico
1. Praia de Itacoatiara 11. Praia de Icaraí
2. Parque da Cidade 12. Praia de Itaipú
3. Praia de Camboinhas 13. Praia de São Francisco
4. Museu de Arte Contemporânea 14. Teatro Popular Oscar Niemeyer
5. Fortaleza de Santa Cruz da Barra 15. Teatro Municipal João Caetano
6. Campo de São Bento 16. Solar do Jambeiro
7. Costão de Itacoatiara 17. Mercado São Pedro
8. Praia de Piratininga 18. Trilha Pedra do Elefante
9. Praia do Sossego 19. Ilha de Boa Viagem
10. Forte de São Luís 20. Caminho Niemeyer
Fonte: Elaboração dos autores, 2021.

Para construção inicial do protocolo de indicadores de DTI e aumento de


competitividade turística será utilizado o protocolo de gestão de qualidade em
empreendimentos turísticos Tourqual, uma ferramenta que avalia as características
dos serviços turísticos, capacita destinos e fornecedores de turismo para melhor refletir
as percepções e experiências dos serviços turísticos que permite que a elaboração de
planos de ação de melhoria e tomem decisões mais assertivas com base em dados
reais das percepções dos turistas (FOOD, 2021).
Neste estudo, porém, serão apresentados resultados preliminares da etapa 1,
ao qual discutiremos o processo de categorização propostos dentre os atrativos
turísticos e sintetização das ideias das ideias dos comentários lidos e codificados no
programa Microsoft Excel.

RESULTADOS E DISCUSSÃO
Em nossa análise preliminar, utilizamos como base a tipologia proposta na
pesquisa de análise de conteúdo gerado pelo usuário no Instagram, desenvolvida pelo
Observatório de Turismo de Niterói (RJ), ao qual em um primeiro momento,
categorizamos os atrativos turísticos mediante uso das tipologias apresentadas pela

1
O TripAdvisor é considerado o maior site de comentários imparciais sobre viagens que fornece a
história real sobre hotéis, atrações e restaurantes em todo o mundo (LITVIN; GOLDSMITH; PAN, 2008)
55
Pesquisa Visit Niterói 1, realizada no Instagram, pelo Observatório de Turismo de
Niterói. Ao qual identificamos atrativos turísticos em dois grandes blocos, atrativos de
natureza 2 e atrativos culturais 3.
Os atrativos de natureza contam com o total de 369 comentários (64%) e
englobam 13 (65%) atrativos turísticos: Praia de Itacoatiara, Praia de Camboinhas,
Praia de Icaraí, Praia de Piratininga, Praia do Sossego, Praia de São Francisco, Praia
de Itaipu, Ilha de Boa Viagem, Campo de São Bento, Parque da Cidade, Trilha da
Pedra do Elefante e Costão de Itacoatiara. Os atrativos culturais contam com o total de
206 (36%) comentários e englobam 8 (35%) atrativos turísticos: Museu de Arte
Contemporânea, Teatro Popular Oscar Niemeyer, Teatro Municipal João Caetano,
Caminho Niemeyer, Fortaleza de Santa Cruz, Forte de São Luiz, Solar do Jambeiro e
Mercado de São Pedro.
Em relação aos atributos mais identificados a qualidade de serviços em relação
a prática de esportes (tais como surf, corrida, voos de asa delta), gastronomia e o
elemento humano de suporte à uma experiência turística de maior aprendizado, como
guiamentos em museus, etc. Além disto, a contemplação da beleza da cidade é
elogiada na maioria dos comentários entre os atrativos analisados.

CONCLUSÃO
O presente estudo apresenta resultados preliminares do projeto de pesquisa
iniciado em 01 de setembro de 2021 e já demonstra a atenção que turistas dão para
atrativos turísticos da cidade de Niterói.
A escolha dos 20 atrativos com maior número de comentários online na
plataforma do TripAdvisor, demonstra que a amostra é significativa para produção de
indicadores de análise. Entretanto, o processo de análise de conteúdo gerado pelo

1
Link para acesso da pesquisa: http://observatoriodoturismo.uff.br/?page_id=883
2
Locais cuja oferta é composta de atrativos naturais, para contemplação do meio natural. (GIARETTA,
2003, p. 46)
3
Locais cuja oferta turística é cultural histórica, podendo ser representada por prédios, bairros e até
cidades (BARRETTO, 2016)
56
usuário ainda está em seu início, podendo assim, identificarmos elementos centrais
após a conclusão da análise. Futuros estudos também são sugeridos na busca de uma
generalização entre destinos.

REFERÊNCIAS
BARRETTO, M. Cultura e turismo: discussões contemporâneas. Papirus Editora,
2016.

BUHALIS, D.; AMARANGGANA, A. Smart tourism destinations. In: Information and


communication technologies in tourism 2014. Springer, Cham, 2013. p. 553-564.

FOOD, T. In Encyclopedia of Tourism Management and Marketing. Economics, n. 491,


2021.

GIARETTA, M. J. Turismo da juventude. Editora Manole, 2003.

GRETZEL, U. et al. Conceptual foundations for understanding smart tourism


ecosystems. Computers in Human Behavior, v. 50, p. 558-563, 2015.

LITVIN, Stephen W.; GOLDSMITH, Ronald E.; PAN, Bing. Electronic word-of-mouth in
hospitality and tourism management. Tourism management, v. 29, n. 3, p. 458-468,
2008.

LITVIN, S. W.; GOLDSMITH, R. E.; PAN, B. A retrospective view of electronic word-of-


mouth in hospitality and tourism management. International Journal of
Contemporary Hospitality Management, 2018.

LU, W.; STEPCHENKOVA, S. User-generated content as a research mode in tourism


and hospitality applications: Topics, methods, and software. Journal of Hospitality
Marketing & Management, v. 24, n. 2, p. 119-154, 2015.

MENDES FILHO, L. et al. Empowering the traveler: an examination of the impact of


user-generated content on travel planning. Journal of Travel & Tourism Marketing, v.
35, n. 4, p. 425-436, 2018.

SANTOS, S. R. et al. Smart destination: accessibility at the heritage city of São Luís-
Maranhão, a study about online reputation based in TripAdvisor. Marketing & Tourism
Review, v. 1, n. 2, 2016.

57
Distribuição Espacial e Características dos Produtos
das Agências de Turismo Receptivo da Cidade
de São Paulo, Brasil

Daniel de Barros Gomes 1


Debora Cordeiro Braga 2

RESUMO: No turismo, o agenciamento é vital para dar suporte e garantir aos turistas
serviços especializados para usufruir do destino visitado. São Paulo atrai grande
quantidade de turistas e oferece atrativos dos mais diversos tipos, espalhados em
diferentes regiões. O objetivo deste estudo é entender quais são as regiões da cidade
de São Paulo mais recorrentes nos passeios ofertados por agências de turismo
receptivo. Foi desenvolvida pesquisa descritiva de caráter qualitativo, baseada em
revisão bibliográfica e pesquisa documental, na qual adotou-se dados da gestão
municipal para definir o território estudado. O levantamento dos roteiros se deu a partir
de dados dos websites das agências. Como resultado, verificou-se predominância de
city tours no eixo Centro-Paulista-Ibirapuera, enquanto passeios temáticos acontecem
em variados espaços, incluindo áreas mais distantes dos bairros centrais. O diagrama
de rede permite comprovar que os roteiros das agências de receptivo concentram-se
em duas regiões (Paulista & Jardins e Centro) e há pouco espaço para roteiros
exclusivos e diferenciados. Portanto, pode-se constatar que se trata de um setor
tradicional e com muitas possibilidades para se inovar.

Palavras-Chave: Agência de turismo, Espaço turístico, Roteiro turístico, Turismo receptivo

INTRODUÇÃO
O turismo receptivo pode ser entendido como a estrutura operacional e
logística de uma cidade ou região para servir seus visitantes, tendo como resultados a
criação e comercialização de produtos turísticos, ofertando ao turista a mesma
acessibilidade da qual o morador local usufrui (MATOS, 2012).

1
Graduando em Bacharelado em Turismo; Universidade de São Paulo; São Paulo (SP); Lattes:
http://lattes.cnpq.br/1976265008629108; E-mail danielbgomes18@usp.br.
2
Doutora em Ciências da Comunicação pela Universidade de São Paulo; Universidade de São Paulo;
São Paulo (SP); Lattes: http://lattes.cnpq.br/3872989194397830; E-mail: bragadc@usp.br.

58
São Paulo é uma cidade de grandes proporções e de uma complexidade
cultural, gastronômica, arquitetônica e urbanística ímpar, a qual é refletida na
variedade de atrativos turísticos, de modo que torna-se um desafio organizá-los e
apresentá-los a turistas.
Portanto, o objetivo deste estudo é entender quais são as regiões da cidade de
São Paulo mais recorrentes nos passeios ofertados por agências de turismo receptivo.

METODOLOGIA
O presente trabalho consiste em uma pesquisa qualitativa descritiva e seu
universo de pesquisa consiste nas agências de turismo receptivo veiculadas no
website da São Paulo Turismo S/A (SP-Turis), órgão responsável pela atividade
turística no município de São Paulo, o qual indicava 26 empresas em junho de 2020
(CIDADE DE SÃO PAULO, [201-]). Porém, empresas que estavam com websites fora
do ar ou sem conteúdo sobre seus produtos foram descartadas, totalizando 19
agências.
Entre os meses de junho e julho de 2020, foi coletada a lista de atrativos
visitados nos passeios das agências pesquisadas. Segundo Oliveira e Marchiori
(2012), a articulação dos websites diminui o efeito propagandístico, sendo possível
colher informações. Entretanto, reconhece-se que ao se optar por tal fonte, enfrenta-se
uma limitação devido à rapidez ou atraso da atualização de dados.
Para categorizar os passeios, Astorino (2008) divide os produtos receptivos em
três grandes grupos: 1) City tours - apresentam o principal do destino e são
conduzidos a partir de veículos compartilhados ou privativos, são caracterizados como
passeios panorâmicos, com rápidas paradas para fotos, têm durações variadas; 2)
Passeios temáticos - trazem maior interação com os atrativos, pensados a partir de um
determinado tema, podendo ter duração variada em função do itinerário; 3) Excursões
- duram, no mínimo, um dia inteiro e visitam cidades vizinhas ou próximas ao
município sede da agência. A partir disso, foram considerados os city tours e os

59
passeios temáticos, pois as excursões não ocorrem em São Paulo. Para estabelecer
limites entre os pontos turísticos, foi realizada uma pesquisa documental com
publicações da SP-Turis disponíveis online. Assim, a cidade foi dividida em oito
regiões, de acordo com o Guia da Cidade (SP-TURIS, 2018). No estudo, essas
regiões foram divididas em sub-regiões, usadas para construir o diagrama de rede e
facilitar a compreensão dos resultados.

REFERENCIAL TEÓRICO
O mercado de turismo receptivo não deve preocupar-se em oferecer apenas
serviços básicos, mas deve ser criativo e buscar a atenção dos clientes, na forma de
um diferencial competitivo (MATOS, 2012). O autor aponta que o consumidor, ao
contratar serviços, não busca somente ser transportado, mas deseja um carro
confortável, limpo e seguro; complementado por uma equipe hospitaleira que revele o
melhor da localidade. Astorino (2008) complementa que os produtos e serviços das
agências de receptivo devem maximizar a experiência. A autora indica que os
passeios comercializados por estas podem ser vendidos diretamente ao turista ou
através de uma operadora. Portanto, é fundamental que as empresas mantenham
parcerias com agências emissivas e operadoras de diversas partes do mundo.
Em relação ao município de São Paulo como um destino turístico, trata-se de
uma cidade de 1,5 mil Km², onde moram, aproximadamente, 12,4 milhões de
habitantes (IBGE, 2020). Segundo o website oficial do município, em 2018, havia a
oferta de 124 museus, 119 teatros e 50 mil estabelecimentos do setor de bares e
restaurantes, 403 hotéis e 79 hostels - maior parque hoteleiro da América Latina.
Ainda, era a cidade brasileira que mais recebe eventos (SP-TURIS, 2019).
A capital paulista recebeu, em 2019, cerca de 15,7 milhões de turistas, sendo
12,8 milhões de visitantes domésticos e 2,9 milhões, internacionais. A principal
motivação, representando a parcela de 46,7% dos visitantes, é a negócios. A média de

60
permanência na cidade é de três dias para turistas nacionais e de quatro para os
vindos do exterior (SP-TURIS, 2019).

RESULTADOS
Figura 1 - Agências de turismo receptivo de São Paulo e sub-regiões onde trabalham

Fonte: Elaborado pelos autores, 2020.

Foram contabilizados 161 roteiros, sendo 67 city tours e 94 passeios


temáticos. A partir disso, pode-se notar que a oferta é maior em relação à segunda
modalidade, mostrando que a diversidade de atrativos é explorada pelas agências de
caráter receptivo como Astorino (2008) indica. A relação entre as agências e as
regiões com roteiros comercializados por elas são representados no diagrama da
Figura 1.
Os diagramas de rede são estruturas com grande quantidade de elementos e
analisados quanto à conectividade, densidade, centralidade e fragmentação, conforme
explicado por WWF-Brasil (2004). Na Figura 1, pode-se entender os nós isolados
como diferenciais entre os roteiros vendidos, pois essas regiões são visitadas por uma
única agência. Desse modo, Polo de Ecoturismo e Paraisópolis são os dois únicos
roteiros de exclusividade de apenas uma agência. Porém, há outros roteiros com
61
apenas duas (Vila Mariana e Bixiga) ou três ligações (Jaguaré). Os dados revelam
limitada variedade desses produtos e indicam falta de inovação e criatividade no
planejamento e oferta de roteiros turísticos.
A rede estudada configura-se como de densidade média, de 0,63, marca
obtida pela divisão entre o número de linhas existentes pelo número de linhas
possíveis. Além disso, não há centralidade, pois o diagrama não conta com um nó
hiperconector (central). Do contrário, mostra-se fragmentado devido à ação de dois ou
mais pontos hiperconectores com ligações entre si, sendo os principais os nós das
Regiões 1 - Paulista & Jardins e 2 - Centro.

CONSIDERAÇÕES FINAIS
Após a análise dos resultados da pesquisa, pode-se notar que os city tours,
presentes no catálogo de todas as agências analisadas, consideram o eixo Centro-
Paulista-Ibirapuera como essencial, onde, ainda, estão os cinco principais atrativos da
cidade - MASP, Parque Ibirapuera, Mercado Municipal, Avenida Paulista, Catedral da
Sé.
Também foi possível verificar que quanto mais distante do eixo citado estão as
áreas atrativas para visitação, menos roteiros são oferecidos. Isso reforça a
centralidade da oferta de roteiros turísticos em São Paulo, confirmando os achados de
Teles (2006), cujo trabalho indica que atrativos histórico-culturais e comerciais
costumam estar em áreas onde os núcleos urbanos se originaram.
Reconhece-se, portanto, esse estudo como uma iniciativa na temática do
turismo receptivo paulistano e abre caminhos para pesquisas futuras e
complementares com o intuito de corrigir limitações e compreender a influência de
variáveis na atual oferta.

62
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
ASTORINO, Claudia. Agências e serviços receptivos. In: BRAGA, Debora Cordeiro
(org.). Agências de viagens e turismo: práticas de mercado. São Paulo: Elsevier,
2008. Cap. 10. p. 3-22.

OLIVEIRA, Ivone de Laura; MARCHIORI, Marlene. (Orgs.), Redes sociais,


comunicação, organização. São Caetano do Sul: Difusão, 2012.

CIDADE DE SÃO PAULO. Agências de Turismo Receptivo. [201-]. Disponível em:


<http://cidadedesaopaulo.com/v2/planeje/agencias-landing-page/?lang=pt.. Acesso
em: 12 jul 2020.

IBGE. São Paulo (SP). 2020. Disponível em: <https://www.ibge.gov.br/cidades-e-


estados/ sp/sao-paulo.html>. Acesso em: 12 jul 2020.

MATOS, Francisco de Castro. Turismo receptivo e terceiro setor: ações de fomento. In:
SEMINÁRIO DE PESQUISA EM TURISMO DO MERCOSUL, 7., 2012, Caxias do Sul.
Anais [...] Caxias do Sul: Universidade de Caxias do Sul, 2012.

SP-TURIS, Observatório de Turismo e Eventos. São Paulo: Cidade do Mundo -


Dados e fatos dos negócios, eventos, viagens e turismo na capital paulista. 2019.
Disponível em:
http://www.observatoriodoturismo.com.br/pdf/DADOS_FATOS_2019.pdf. Acesso em:
12 jul 2020.

SP-TURIS. Guia da Cidade. 2018. Disponível em: http://cidadedesaopaulo.


com/v2/wp-content/uploads/2015/07/INGL%C3%8AS-bx.pdf. Acesso em: 20 jul. 2020.

MIRANDA, Reinaldo de Sá Teles. Turismo urbano na cidade de São Paulo: o


deslocamento do CBD e seus reflexos na hotelaria. 2006. 164 f. Tese (Doutorado) -
Curso de Ciências da Comunicação, Universidade de São Paulo, São Paulo, 2006.

WWF-BRASIL. Redes: uma introdução às dinâmicas da conectividade e da auto-


organização. 2a ed. Brasília: WWF-Brasil, 2004.

63
Aplicação do conceito de nudge no setor do turismo,
viagens e lazer: Uma revisão narrativa da bibliografia

Ingrid Braz do Nascimento 1


Osiris Marques 2
Valério Rodrigues de Souza Neto 3

Resumo: A economia comportamental é uma subdisciplina que aborda sobre os


conflitos do comportamento humano, no que diz respeito a tomada de decisão. O
nudge, uma das descobertas da economia comportamental, é definido como um
empurrãozinho, é uma intervenção comportamental baseada na ativação ou bloqueio
de heurísticas e vieses, utilizada como ferramenta que tem a função de alterar a
decisão das pessoas, de modo previsível, para obter mudanças em comportamentos
sem proibir, reduzir ou limitar as escolhas individuais. Propõe-se compreender como o
nudge pode ou está sendo empregado no setor do turismo, em especial, no que se
relaciona com a tomada de decisão. A pesquisa foi feita por meio de uma revisão
narrativa, com o uso da plataforma Web Of Science para a busca da literatura. Os
resultados preliminares constatam que grande parte da utilização do conceito se dá na
sustentabilidade demonstrando como a indústria do turismo pode impactar
positivamente na sustentabilidade, bem como, o conceito do nudge em alavancar as
reduções de danos ambientais, através de uma mudança de comportamento dos
turistas.

Palavras-chave: Economia Comportamental. Nudge. Comportamento do Consumidor. Turismo.

INTRODUÇÃO
A Economia comportamental (EC) é uma subdisciplina das ciências
econômicas, derivada da junção de desenvolvimentos teóricos e experiências na área
da psicologia, da neurociência e outras ciências sociais (ÁVILA; BIANCHI, 2015). Tem

1
Graduanda em turismo; Universidade Federal Fluminense; Niterói – Rio de Janeiro; Lattes:
http://lattes.cnpq.br/1345061881126828; E-mail: ingridbraz@id.uff.br.
2
Doutor em Economia e Docente da Faculdade de Turismo e Hotelaria; Universidade Federal
Fluminense; Niterói - Rio de Janeiro; Lattes: http://lattes.cnpq.br/1401073089905179; E-mail:
osirismarques@id.uff.br.
3
Mestrando em Turismo; Universidade Federal Fluminense; Niterói - Rio de Janeiro; Lattes:
http://lattes.cnpq.br/4608863464672060; E-mail: valeriorsneto@gmail.com.
64
como preocupação central o fato de que as escolhas nem sempre são consistentes,
mostrando como o mesmo indivíduo está sujeito a uma variedade de influências
presentes no contexto imediato da decisão e na forma de como as alternativas são
oferecidas (ÁVILA; BIANCHI, 2015).
Os novos modelos, baseados na economia comportamental, trazem
evidências de que as influências cognitivas, sociais e emocionais transformam nosso
comportamento e, consequentemente, a tomada de decisão. O novo estudo passa a
questionar a teoria econômica tradicional que postula que somos seres racionais
(ARIELY, 2008) e capazes de tomar decisões a partir das nossas preferências
pessoais - que podem ser previstas – e tomamos as melhores decisões ao nosso
favor.
Alguns estudos são utilizados para complementar o entendimento da
economia comportamental. Por exemplo, central para a EC, a teoria do sistema dual
(dois sistemas de processamento cognitivo, sendo o sistema 1 mais intuitivo, sem
esforço e o sistema 2 mais deliberativo e demandante) é usada para explicar por que
nossas avaliações e decisões frequentemente não estão de acordo com as noções
formais de racionalidade (SLOMAN, 1996), e neste sentido são introduzidas as
heurísticas 1 e os vieses cognitivos 2 (i.e., atalhos mentais e possíveis erros
sistemáticos derivados deles), assim como o entendimento que os seres humanos
possuem racionalidade limitada (SIMON, 1979) que desafia a racionalidade
neoclássica.
O conceito do nudge – também chamado de cutucão ou empurrão, foi
disseminado em 2008 por Thaler e Sunstein. Para eles, (2008, tradução nossa) o
nudge é qualquer aspecto da arquitetura de escolha que altera o comportamento das
pessoas de uma forma previsível, sem proibir quaisquer opções ou alterar

1
As heurísticas são os processos utilizados pela mente que tem o objetivo de operar atalhos de
raciocínio para facilitar a escolha em uma tomada de decisão.
2
Os vieses cognitivos são erros sistemáticos que são resultado de limitações cognitivas.

65
significativamente seus incentivos econômicos. Para contar como um nudge, a
intervenção deve ser fácil e barata. Nudges não são imposições.
No tripé para o desenvolvimento do nudge são apresentados: o aspecto
paternalista, aspecto libertário e a intervenção comportamental. O paternalismo
consiste em legitimar a influência no comportamento e escolha das pessoas, visando
seu bem-estar pessoal, o libertarismo assume a ideia da liberdade de escolha sem
proibir outras opções e a intervenção comportamental está atrelada com a
transformação do comportamento que impacta na tomada de decisão, somado com o
background da economia comportamental de influências cognitivas, sociais e
emocionais que interferem no comportamento (THALER; SUNSTEIN, 2003; 2008).
A utilização do nudge demostra como as pessoas são influenciadas na tomada
de decisão e a arquitetura de escolhas provêm da intervenção comportamental do
contexto influenciado pelo arquiteto de escolha (THALER; SUNSTEIN, 2008; VISSER;
FILIMONAU, 2022, no prelo). Uma vez que o ser humano tenha a alternativa,
compreender como essa escolha acontece resultará melhores resultados gerados pela
arquitetura de escolha (THALER; SUNSTEIN, 2008). Em grande medida, o nudge não
tem a finalidade de reduzir ou limitar uma escolha, mas sim de orientar a uma decisão
específica.
Identificando a necessidade dos estudos dos nudges, nos perguntamos como
estão sendo desenvolvidas as pesquisas de nudges no turismo? Deste modo, o
objetivo foi compreender como o conceito do nudge está sendo empregado no setor
do turismo, focando na tomada de decisão do turista. Para tal, realizamos um overview
dos nossos resultados preliminares nas seções a seguir.

METODOLOGIA
Em relação aos procedimentos metodológicos, para identificação do referencial
para o trabalho, o método a ser seguido foi desenvolvido a partir de três etapas. Na
primeira etapa foram realizadas buscas a partir do levantamento de artigos e da
bibliografia especializada em portais acadêmicos, buscando palavras-chave e
66
analisando resumos, para então selecionar a literatura base relacionada a economia
comportamental e o nudge, e em seguida a realização da revisão de literatura. Na
segunda etapa, se mantêm a busca e análise de artigos que discutam sobre os casos
práticos do nudge no turismo. E na terceira etapa a análise se dá por meio da reunião
dos artigos reunidos, explorando no quesito teoria e prática, a influência do conceito no
turismo. E relação a segunda etapa, adotamos critérios de coleta sistemáticos, porém
a análise englobou estudos selecionados pelos autores considerados relevantes para
a discussão proposta neste estudo. A plataforma escolhida foi a Web of Science, na
qual com o uso de operadores boleanos: "tourism" AND "nudge" foram recuperados ao
todo 45 artigos, todos em inglês, publicados entre 2000 e 2021. Mas com intuito de se
concentrar em artigos mais recentes, foi feito um corte temporal de 2019 a 2021, e
com este filtro foram recuperados 24 artigos, que ao final foram analisados.

RESULTADOS E DISCUSSÃO
A análise preliminar da amostra de estudos revelou que as intervenções do
nudge somada a arquitetura de escolhas são ferramentas eficazes na produção de
comportamentos turísticos pró-ambientais (DOLNICAR, 2020). Identificamos insights
bastante utilizados na literatura de nudge de modo geral, como por exemplo, as
normas sociais que foram aplicadas para a reutilização de toalhas em um hotel nos
Estados Unidos. O postulado sobre as normas sociais propõe que as pessoas tendem
a se comportar como outras pessoas (VLAEV et al., 2016). Na revisão da Sara
Dolnicar (2020) ao qual ela propõe um framework conceitual para construção de
comportamentos pró-ambientais ela traz um nudge ao qual o empreendimento
hoteleiro informava aos hóspedes a porcentagem de reutilização de toalhas para
outros hóspedes e está manipulação fez com que houvesse um aumento de
reutilização em uma taxa de 45% (DOLNICAR, 2020).
Projetar a arquitetura de escolha, ou seja, alterações no ambiente ao qual o
turista escolha de modo a facilitar o processo de tomada de decisão também resulta
na redução de limpeza de rotina nos quartos em um hotel na Eslovênia, neste caso as
67
opções padrões, os chamados defaults reduziram as limpezas em 63% (DOLNICAR,
2020). Além do hotel se beneficiar financeiramente, os benefícios ambientais também
foram significativos.
De fato, tais intervenções de opções padrões são identificados na literatura
como grandes aliados de alterações comportamentais. No livro de nudge, Thaler e
Sunstein (2008) trazem um exemplo clássico da doação de órgãos, ao qual
apresentam resultados do estudo de Johson e Goldtein ao qual demonstram que
países que exercem o default opt in (i.e., devem optar pela doação de órgãos)
possuem entre 4 a 27% de taxa de adoção, enquanto países que automaticamente
compreendem os cidadãos como doadores de órgão e caso os mesmos não queiram,
deverão ativamente informar que não são (default opt out), possuem taxas acima de
85% de doadores de órgãos.
Ainda na esteira do comportamento pró-ambiental, o nudge foi implementado
em um experimento realizado que buscou diminuir a escolha por saco plástico em uma
loja de conveniência chamada Coco Express, uma rede de varejo mais comum e
movimentada em Gili Trawangan. Neste caso, a proposta teórica de que nossos atos
são influenciados por quem envia a mensagem (VLAEV et al., 2016) foi posta em
prática. O local de estudo foi uma loja na Indonésia, o segundo país que mais contribui
para a poluição marinha de plástico, no qual o fornecimento de saco plástico neste
estabelecimento era gratuito. Nelson, Bauer e Partelow (2021) colocaram mensagens
com sinal informativo próximo ao balcão de check-out, com base em três níveis:
positivo, negativo e sem sinal. A frase questionava se a pessoa realmente precisava
de um saco plástico (Você realmente precisa de um saco plástico?) (NELSON;
BAUER; PARTELOW, 2021). A simples mensagem fazia com que os consumidores
realmente se questionassem e optassem por não adquirir o saco plástico. No geral os
resultados indicaram que a intervenção, de qualquer tipo, foi a mais eficaz que
nenhuma.
Os empurrões podem mudar o comportamento e aumentar os resultados
positivos sem coagir o comportamento (THALER; SUNSTEIN, 2008). Os resultados
68
preliminares demonstraram que as análises feitas até então ressaltam um foco na
sustentabilidade e que as intervenções (VLAEV et al., 2016) atestam que, de fato, a
indústria do turismo pode, utilizando da aplicação do nudge, reduzir os danos
ambientais, com a intenção de fazer com que os turistas tragam mais benefícios que
malefícios para os destinos turísticos.

CONCLUSÃO
Nossa análise preliminar demonstrou que os estudos de nudges no turismo
tendem a seguir um viés pró-ambiental, seguindo a tendência de Thaler e Sunstein
(2008) as intervenções são de baixos custos e, em alguns casos até reduzem os
gastos cotidianos dos empreendimentos. Neste sentido nudges se apresentam como
intervenções factíveis (LEHNER; MONT; HEISKANEN, 2016), já que nudges no
turismo sempre traz contribuições gerenciais que podem ser adotadas com pouco ou
nenhum gasto de recursos (KALLBEKKEN; SÆLEN, 2013).
Os resultados demonstram que intervenções comportamentais pautadas no
princípio do paternalismo libertário não somente produzem benefícios para os
empreendimentos, mas aumentam comportamentos pró-sociais e, consequentemente
ajudam no desenvolvimento sustentável do turismo.
Pelo fato de a pesquisa estar em estágio inicial, outros foco poderão ser
identificados entre a análise dos artigos, porém, durante o processo de busca dos
artigos, mediante leitura de títulos e resumos, nos fazem crer que o foco dos nudges
no turismo são a busca de comportamentos turísticos pró-ambientais. Ainda assim,
uma análise mais aprofundada dos estudos faz-se necessária. Além de uma busca em
mais plataformas de pesquisa para possuirmos uma amostra significativa de análise.

REFERÊNCIAS
ARIELY, D. Previsivelmente irracional. Elsevier Brasil, 2008.

ÁVILA, F; BIANCHI, A. M. Guia de economia comportamental e experimental. São


Paulo: EconomiaComportamental.org, 2015.
69
DOLNICAR, s. Designing for more environmentally friendly tourism. Annals of
Tourism Research, v. 84, p. 102933, 2020.

FILIMONAU, V., & de VISSER-AMUNDSON, A. Food Waste. In Encyclopedia of


Tourism Management and Marketing (pp. 1-4). Edward Elgar Publishing. (Versão
beta 2021). 2022.

KALLBEKKEN, S; SÆLEN, H. ‘Nudging’hotel guests to reduce food waste as a win–


win environmental measure. Economics Letters, v. 119, n. 3, p. 325-327, 2013.

LEHNER, M.; MONT, O.; HEISKANEN, E. Nudging–A promising tool for sustainable
consumption behaviour?. Journal of Cleaner Production, v. 134, p. 166-177, 2016.

NELSON, K. M.; BAUER, M. K.; PARTELOW, S.. Informational nudges to encourage


pro-environmental behavior: examining differences in message framing and human
interaction. Frontiers in Communication, v. 5, p. 139, 2021.

SIMON, H. A. Rational decision making in business organizations. The American


economic review, v. 69, n. 4, p. 493-513, 1979.

SLOMAN, S. A. The empirical case for two systems of reasoning. Psychological


bulletin, 119(1), 3, 1996.

THALER, R. H.; SUNSTEIN, C. R. Libertarian paternalism. American economic


review, v. 93, n. 2, p. 175-179, 2003.

THALER, R. H.; SUNSTEIN, C. R. Nudge: improving decisions about health. Wealth,


and Happiness, v. 6, 2008.

VLAEV, I. et al. The theory and practice of “nudging”: changing health


behaviors. Public Administration Review, v. 76, n. 4, p. 550-561, 2016.

70
RC 4: Turismo, Meio Ambiente e Gestão Ambiental

Turismo das Águas em Timon no Maranhão

1
Antônio Jorlan Soares de Abreu
2
Adriana Monteiro da Silva

Resumo: O turismo é uma atividade econômica de grande potencial, influencia


diretamente diversos outros setores e estimula a monetização local. Na cidade de
Timon-MA, seu grande atrativo turístico - ainda não desenvolvido dentro de toda sua
capacidade - é o de base comunitária. O objetivo principal é apresentar o potencial
turístico das águas na cidade de Timon no Maranhão. Quanto a metodologia fez-se
uso do inventário turístico promovido em 2013/2014, de trabalhos sobre planejamento
e espaço turístico com Oliveira (2001), Zapata (2004), Barreto (2005),
desenvolvimento sustentável com Buarque (2002), Pinto (2004), Rodrigues (2012), e
sobre turismo de base comunitária com Maldonado (2010), Mendonça, T.; Irving, M.
(2004) e Barbosa (2011). Percebeu-se, portanto, que o município possui grande
potencial turístico com um número substancial de balneários, espaços de lazer em sua
maioria com piscinas de água corrente e de riachos perenes. Mas observou-se uma
carência nas sinalizações de vias de acesso, poucos possuem infraestrutura, e há
necessidade de capacitação aos empreendedores, mesmo assim consegue atrair
grande público. De modo geral pontua-se que as mudanças trarão benefícios aos
empreendedores e comunidade.

Palavras-chave: Empreendedorismo, Inventário Turístico, Base Comunitária, Turismo. Potencial


Turístico

REFERÊNCIAS
BARBOSA, L. M. Redes de Territórios Solidários do Turismo Comunitário:
políticas para o desenvolvimento local no Ceará. Dissertação (Mestrado em Geografia)
– Programa de Pós-Graduação em Geografia, Universidade Estadual do Ceará-UECE,
2011.

1
Bacharelando em Turismo; Centro de Educação à Distância da Universidade Federal do Piauí-
CEAD/UFPI; Teresina-Piauí; Lattes: http://lattes.cnpq.br/8635822084355007; E-mail:
antonio.abreu@ifma.edu.br.
2
Mestra e Bacharela em Turismo; Centro de Educação à Distância da Universidade Federal do Piauí-
CEAD/UFPI; Teresina-Piauí; Lattes: http://lattes.cnpq.br/1068069853935397; E-mail:
drikkamonteiro@hotmail.com.

71
BARRETO, M. Planejamento responsável do Turismo. Campinas/SP: Papirus,
2005.

BRASIL. Ministério do Turismo. Disponível em:


http://www.turismo.gov.br/turismo/home.html. Acesso em: 08 out. 2021.

BUARQUE, S. Construindo o desenvolvimento local sustentável: Metodologia de


planejamento. Rio de Janeiro: Garamond, 2002.

MALDONADO , C. O turismo rural comunitário na América Latina: Gênesis,


características e políticas. In: Bartholo, R.; Sansolo, D.; Bursztyn, I. (Orgs). Turismo de
base comunitária: diversidade de olhares e experiências brasileiras. Rio de Janeiro:
Letra e Imagem, 2009. p. 25-44.

MENDONÇA, T.; IRVING, M. (2004). Turismo de base comunitária: a participação


como prática no desenvolvimento de projetos turístico no Brasil - Prainha do Canto
Verde, Beberibe (CE). Caderno Virtual de Turismo, 4 (4), 12-22.

OLIVEIRA, Antonio Pereira. Turismo e desenvolvimento: planejamento e


organização, 3. ed. São Paulo: Atlas, 2001.

PINTO, A. C. B. Turismo e Meio Ambiente: aspectos jurídicos. Campinas:Papirus,


2004.

RODRIGUES, M. Preservar e consumir: patrimônio histórico e o turismo. In: FUNARI,


P. P.; PINSKY, Jaime (Orgs.). Turismo e Patrimônio Cultural. 5ª ed. São Paulo:
Contexto, 2012. (Coleção Turismo Contexto).

TIMON-MA. Inventário da Oferta Turística do Município de Timon-MA. 2014.


Disponível em: https://issuu.com/nepe2015/docs/invent__rio_timon. Acesso em: 12
out. 2021.

ZAPATA, Tânia et al. Gestão participativa para o desenvolvimento local. Recife:


Instituto de Assessoria para o desenvolvimento humano, 2004. Disponível em: http:
www.iadh.org.br. Acesso em 06 de out. 2021.

72
TURISMO EM ESPAÇOS RURAIS: roteiro turístico em
engenhos de produção de cachaça no interior do Maranhão

Isaías Silva Lopes 1


Tatiana Colasante 2

Resumo: A pesquisa tem por objetivo discorrer sobre a possibilidade de criação de um


roteiro turístico nos engenhos de produção de cachaça a partir de um estudo de caso
no povoado São Raimundo que pertence ao município de São Bernardo, leste do
Maranhão. Trata-se de um estudo preliminar, mas que contribui para reflexões acerca
da inserção da atividade turística em locais ainda não-explorados em movimentos
contra hegemônicos, privilegiando os saberes e fazeres da comunidade. A
metodologia envolve abordagem qualitativa e caráter exploratório, com pesquisa
bibliográfica e documental e propõe a realização de entrevistas com os moradores e
produtores dos engenhos a fim de investigar a memória do local para a formatação do
roteiro. Verificou-se que, além da importância econômica, os engenhos do povoado
têm uma conotação simbólica, uma vez que alguns deles ainda fazem uso de técnicas
antigas de produção que são parte da constituição histórica do lugar, contribuindo para
a manutenção dos referenciais identitários.

Palavras-chave: Povoado São Raimundo. Memória. Turismo de Base Local.

INTRODUÇÃO
O presente trabalho busca refletir sobre as possibilidades de elaboração de um
roteiro turístico para os engenhos de produção de cachaça no povoado de São
Raimundo, localizado no município de São Bernardo-MA em uma região conhecida
como Baixo Parnaíba Maranhense. Destaca-se que o estudo em foco encontra-se
ainda em fase preliminar, porém, já é possível tecer reflexões importantes sobre o
campo de análise.

1
Discente do Curso de Turismo da Universidade Federal do Maranhão campus São Bernardo. Bolsista
PIBIC/CNPq. Lattes: http://lattes.cnpq.br/0396685699959620 E-mail: lopes.isaias@discente.ufma.br
2
Docente Adjunta do Curso de Turismo da Universidade Federal do Maranhão campus São Bernardo;
Lattes: http://lattes.cnpq.br/2456335844034805; E-mail: tatiana.colasante@ufma.br.

73
Nesse sentido o trabalho privilegia a perspectiva de desenvolvimento de um
turismo que contribua para o desenvolvimento local, como propugnam Scótolo e
Panosso Netto (2015), Silva e Miranda (2013), Reis (2012), Barbosa (2005) e
Rodrigues (1997) de modo a inserir a população em processos decisórios da atividade
e que, a partir disso, possam ter uma fonte de renda alternativa, possibilitando também
uma troca de experiências com os visitantes, demonstrando a importância da
valorização do patrimônio local, ao mesmo tempo em que evidencia locais do Baixo
Parnaíba Maranhense que tem potencialidade para o turismo.
A região do Baixo Parnaíba Maranhense possui municípios onde o espaço
rural se sobrepõe ao uso urbano. Trata-se de um recorte espacial ainda pouco
estudado, mas que vem sofrendo grandes impactos socioambientais em função da
expansão da fronteira do agronegócio. Por outro lado, possui potencialidades turísticas
excepcionais como retratado em Amador (2021), Silva (2019) e Gomes (2019).

METODOLOGIA
Do ponto de vista metodológico, a pesquisa é de abordagem qualitativa,
partindo da dimensão do cotidiano de São Raimundo, extraindo subjetividades e
significações dos dados coletados. Pelo fato de a região estudada ainda ser pouco
explorada em termos científicos, a pesquisa tem caráter exploratório. Por se tratar da
análise específica de uma comunidade, os procedimentos técnicos convergem para
um estudo caso “[...] caracterizado pelo estudo profundo e exaustivo de um ou de
poucos objetos, de maneira a permitir o seu conhecimento amplo e detalhado” (GIL,
2008, p. 57).
A partir de entrevistas por pautas nas quais se abordam os pontos de
interesse, deixando o informante seguir livremente sua narrativa (GIL, 2008) serão
contemplados dois grupos distintos: comunidade local e proprietários dos engenhos de
cachaça, buscando analisar as narrativas memoriais da história do povoado e da
formação dos engenhos.

74
REFERENCIAL TEÓRICO
Para Silva e Miranda (2013), a atividade turística está atrelada ao
desenvolvimento do território e seu planejamento deve priorizar o bem-estar da
população residente. Com isso, busca-se trazer um olhar para o interior do Maranhão,
onde muitos municípios tem baixo Índice de Desenvolvimento Humano (IDH), mas que
guardam em seu território aspectos históricos, culturais e naturais que despontam para
o interesse turístico e podem ser utilizados em um movimento contra hegemônico.
São Raimundo é um povoado 1 pertencente ao município de São Bernardo-MA.
As atividades econômicas envolvem a agricultura familiar, a produção de cana de
açúcar, da cachaça artesanal e a pesca. Seu território é marcado por histórias
vinculadas à memória do tempo da escravidão e que ainda guarda elementos de
relevância histórica, como antiga Fazenda Paraiso, um dos maiores Engenhos de
cana-de-açúcar do Nordeste do Maranhão na época, como indicado por Gomes
(2019).
Nesse cenário de resistências e lutas, atualmente sobressai a produção da
cachaça, considerada uma bebida muito apreciada pelos brasileiros e com forte apelo
turístico. Pelo seu valor patrimonial, o processo de fabricação da cachaça chama a
atenção de turistas e visitantes, principalmente, a partir do turismo cultural que “[...]
trabalha com a preservação e o resgate histórico de todo o legado cultural de um
determinado destino” (BRAGA e KIYOTANI, 2015, p. 257). Com isso, privilegiam-se os
valores materiais (bens tangíveis, como maquinarias, edificações etc.) e valores
imateriais (bens intangíveis, como festas, narrativas etc.).
Ressalta-se que a região do Baixo Parnaíba Maranhense já possui locais de
potencialidade turística, indicado em estudos de Silva (2019) e Amador (2021) e locais

1
Para o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) trata-se de um tipo de aglomerado
rural caracterizado pela existência de um número mínimo de serviços ou equipamentos para atender
aos moradores do próprio aglomerado ou de áreas rurais próximas.
75
que já possuem um turismo consolidado, como Paulino Neves-MA que faz parte da
Rota das Emoções 1.

RESULTADOS E DISCUSSÃO
Dentre as características da cachaça de São Raimundo, se destaca seu maior
teor alcoólico percebido até mesmo por quem a consome. Além disso, sua produção
que ainda é toda artesanal, desde o cultivo da cana-de-açúcar até a destilação da
cachaça, sem uso de agrotóxicos ou até mesmo máquinas (Figura 1). A partir de
levantamentos preliminares, verificou-se que a presença de muitas casas de engenhos
que chamam a atenção pela produção ser partilhada, Essa tradição é passada de
geração para geração.
Em um primeiro momento, direciona-se a elaboração do roteiro para ser
ofertado à comunidade acadêmica de São Bernardo, pois, o município conta com um
campus universitário que oferta cinco cursos de graduação para alunos de diversas
localidades. Isso possibilitaria a realização de atividades interdisciplinares e o (re)
conhecimento de espaços de valorização da cultura local.

Figura 1 – Mosaico de fotos da produção da cachaça em um engenho no povoado de


São Raimundo

Fonte: Acervo dos autores (2019)

1
Roteiro no nordeste brasileiro com um percurso de 500 km de percurso, passando por três
estados: Ceará, Piauí e Maranhão.
76
No turismo, os roteiros da cachaça se constituem em um importante atrativo,
atraindo muitos turistas, pois, agregam vários tipos de serviços (gastronomia, história,
cultura e atividades ao ar livre), gerando emprego e renda para a própria população,
além de contribuir para a preservação do patrimônio cultural a partir do turismo cultural
dentro da premissa do turismo de base local.

CONSIDERAÇÕES FINAIS
Na região, existe o Delta das Américas que atrai muitos turistas internacionais
passando pela Rota das Emoções. Nesse sentido, esse é outro ponto que indica a
possibilidade de criação de roteiros no interior do Maranhão, visto que há circulação de
turistas em busca de belezas naturais e cultura. Em contrapartida, muitos municípios
do Baixo Parnaíba ainda não dispõem de infraestrutura para o turismo, mas a oferta de
roteiros junto à comunidade pode ser um incentivo para ações de gestão participativa
com vistas ao desenvolvimento de um turismo de base local.

REFERÊNCIAS
AMADOR, A. D. S. Turismo e meio ambiente: Um estudo de caso sobre os impactos
ambientais na comunidade do Bacuri. 2021. Monografia (Bacharelado em Turismo).
Universidade Federal do Maranhão, São Bernardo, 2021.

BARBOSA, F. F. Turismo como um fator de desenvolvimento local e/ou regional.


Caminhos de Geografia, Uberlândia, v. 10 (14), p. 107-114, fev. 2005.

GIL, A. C. Métodos e técnicas de pesquisa social. 6. ed. São Paulo: Atlas, 2008.

BRAGA, M.V. F.; Kiyotani, I.B. A Cachaça como patrimônio: turismo, cultura e sabor.
Revista de Turismo Contemporâneo, v. 3, n. 2, p. 254-275, Natal, dez. 2015

GOMES, J. G. Educação Patrimonial e Turismo Cultural: um projeto de


conscientização, valorização e manutenção da história e memória do povoado São
Raimundo/MA. 2019. Monografia (Bacharelado em Turismo). Universidade Federal do
Maranhão, São Bernardo, 2019.

77
SCÓTOLO, D. PANOSSO NETO, A. Contribuições do turismo para o desenvolvimento
local. Revista de Cultura e Turismo, Santa Cruz, ano 09, n. 1, p. 36-59, fev. 2015.

SILVA, E. P. Análise do potencial turístico em Magalhães de Almeida-MA. 2019.


Monografia (Bacharelado em Turismo). Universidade Federal do Maranhão, São
Bernardo, 2019.

REIS, P. Desenvolvimento local: O binómio turismo/áreas rurais nas estratégias de


desenvolvimento local. Exedra, Coimbra, n. 6, p. 155-172, 2012.

RODRIGUES, A. B. Turismo: desenvolvimento local. 1. ed. São Paulo: Hucitec, 1997.

SILVA, M. D. G., MIRANDA, E. de A. Planejamento do Turismo para o


desenvolvimento local. Revista Brasileira de Planejamento e Desenvolvimento,
Curitiba, v. 2, n. 2, p. 94-103, 2013.

78
Impactos socioambientais do turismo de pesca esportiva
sob o olhar indígena Wai Wai em Roraima, Brasil

Aldemir da Costa Wai Wai 1


Adylla Rafaella Lemos Santos 2
Alessandra Buriol Farinha 3

Resumo: Os caminhos da pesquisa em turismo apontam para um olhar mais


generoso e atento com relação aos bens culturais e culturais e às comunidades
tradicionais. Esse trabalho objetiva relatar e problematizar a atividade turística que
ocorria na Comunidade Jatapuzinho, na Terra Indígena Trombetas Mapuera, situado
no município de Caroebe, na região Sul do estado de Roraima, Brasil. Nesta
localidade ocorria o turismo de pesca esportiva, que se insere na perspectiva de
turismo de base comunitária, com a participação de indígenas Wai Wai. Foi feito um
estudo sobre a etnia Wai Wai e características do território, coleta e análise do
depoimento de um indígena Wai Wai, feita pelo Autor 01, tendo em vista que é esta é
também a sua etnia. O referencial teórico foi elaborado considerando os conceitos de
turismo de base comunitária e suas possibilidades de beneficiar a comunidade,
quando planejado e tendo os moradores como protagonistas dessa gestão. Entende-
se que a reflexão e pesquisas sobre o turismo e seus impactos, sobretudo na voz das
comunidades, propicia mais possibilidades de implementar a atividade de forma
respeitosa e responsável.

Palavras-Chave: Wai Wai, Turismo de pesca esportiva, Caroebe, impactos.

INTRODUÇÃO
Entende-se o turismo como um fenômeno sociocultural que emerge como
atividade comercial no continente europeu e teve expressivo crescimento em meados

1
Graduando em Gestão de Turismo na Universidade Federal do Pampa, Campus Jaguarão, Rio
Grande do Sul; Lattes: http://lattes.cnpq.br/7051107268077171; E-mail:
aldemirwai.aluno@unipampa.edu.br.
2
Graduanda em Gestão de Turismo na Universidade Federal do Pampa, Campus Jaguarão, Rio
Grande do Sul; Lattes: http://lattes.cnpq.br/2485807601466386; E-mail:
adyllasantos.aluno@unipampa.edu.br.
3
Doutora em Memória Social e Patrimônio Cultural. Professora Adjunta da Universidade Federal do
Pampa Campus Jaguarão, Rio Grande do Sul; Lattes: http://lattes.cnpq.br/1452590611710222; E-mail:
alessandrafarinha@unipampa.edu.br
79
do século XX. A atividade turística gera impactos de diferentes tipos. O impacto
econômico positivo do turismo é o mais conhecido e difundido em discursos políticos,
de gestão e empresariais, mas é fundamental identificar, discutir e minimizar os
impactos negativos do turismo específicos de cada região, de cada comunidade, a fim
de que, nem a comunidade autóctone, nem os turistas e trabalhadores do setor se
sintam prejudicados no processo.
Esse trabalho objetiva identificar, relatar e problematizar sobre a atividade
turística que ocorria na Comunidade Jatapuzinho, na Terra Indígena Trombetas
Mapuera, situado no município de Caroebe, na região Sul do estado de Roraima, no
Brasil. Nesta localidade ocorria o turismo de pesca esportiva, que se insere na
perspectiva do turismo de base comunitária. Este segmento de turismo, conforme
Grimm e Sampaio (2011) baseia-se em conhecer uma comunidade local, onde ela é a
protagonista das experiências, gerando benefícios coletivos, promovendo a vivência
intercultural, a qualidade de vida, a valorização da história e da cultura dessas
populações. Essa pesquisa justifica-se por diversos aspectos. Destaca-se o impacto
ambiental e sócio-cultural provocado pela atividade turística, o qual deve ser previsto,
identificado e evitado. As comunidades tradicionais devem ser identificadas e
protegidas de atividades predatórias, para isso deve-se ter o conhecimento de
aspectos culturais, geográficos e ambientais.
A metodologia utilizada foi um estudo de referencial teórico sobre a pesca
esportiva, turismo de base comunitária, dados sobre os indígenas Wai Wai. Foi feita
pesquisa de impactos negativos do turismo no local a partir das referências estudadas.
Foi feita uma entrevista com o Sr. Jaime Pereira da Costa, indígena da etnia Wai Wai
de 53 anos, morador da cidade de Boa Vista, Roraima, Brasil, por intermédio do autor
01. Entende-se que essa pesquisa também contribui para dar voz à esta etnia
indígena em âmbito acadêmico, para conhecê-la e assim contribuir para a sua
preservação.

80
ÍNDIOS WAI WAI EM CAROEBE-RR: ALGUMAS CONSIDERAÇÕES
Caroebe é um município de cerca de 10.000 habitantes, segundo dados do
IBGE (2017). Encontra-se a 330 quilômetros da capital do estado, Boa Vista, e sua
economia está ancorada nas atividades do setor primário, sobretudo agricultura. A
Terra Indígena Wai Wai está localizada no Estado de Roraima, nos municípios de
Caroebe, São João da Baliza e São Luiz de Anauá. Souza (1998) afirma que os limites
por onde circulam os índios Wai Wai 1 costumam ser referenciados pelos próprios,
sendo eles: a Serra do Curupira ao sul da aldeia e ao norte toda extensão que vai ao
encontro da BR 210. A leste, o território atinge o alto Jatapuzinho e regiões do baixo
Girão; A jusante da aldeia, se estende até a foz do Jatapuzinho. Essa mesma zona
também é considerada como área permanente utilizada pelo grupo para a pesca
(SOUZA, 1998, p.174).
Barbosa (2012) afirma que as terras indígenas no Brasil, sobretudo as
encontradas na floresta amazônica, são de uma riqueza inestimável sob o aspecto
econômico, social, ambiental, pois os povos indígenas têm formas específicas de
manejo da biodiversidade e conhecimentos que lhes são inerentes. Assim, o estudo
sobre etnias indígenas, seus saberes e suas experiências são de extrema relevância
para o conhecimento acadêmico.

TURISMO COMUNITÁRIO E TURISMO DE PESCA ESPORTIVA


De acordo com Grimm e Sampaio (2011), o turismo comunitário envolve a
convivência do turista com as populações autóctones, além do envolvimento com
projetos comunitários. Os autores afirmam que o turismo comunitário não se enquadra
em uma cadeira produtiva, mas é um convite a conhecer o território, os recursos
existentes, culturas, povos, para então estabelecer relações éticas e transparentes
entre eles, agentes externos e turistas/visitantes. Desta forma, o turismo de base

1
Os índios Wai Wai, conforme Queirós (2008), apud Barbosa (2012, p. 47), fazem parte de um
complexo cultural denominado Tarumã-Parukoto e são falantes de uma língua da família caribe. Este
complexo cultural estende-se pelas bacias dos rios Trombeta, Jatapú, Mapuera, Anauá, Nhamundá e
Mapuera, nos estados de Roraima, Amazonas e Pará.
81
comunitária incentiva vínculos, relações sociais entre diferentes modos de vida. Da
mesma forma, pode contribuir para o respeito e a preservação ambiental e cultural das
comunidades tradicionais pelo conhecimento. O turismo de base comunitária oferece
experiências com autóctones em seu próprio meio, estabelecendo laços e fortalecendo
a organização comunitária, que se torna a principal beneficiada economicamente.
O turismo de pesca esportiva é um dos segmentos que podem ser assimilados
como turismo de base comunitária, pois pode ser realizado no território e conduzido
por autóctones. De acordo com Silva e Lima (2014), o turismo de pesca esportiva
promove o contato com o ambiente natural, com a fauna local e promove uma
experiência diferenciada e uma volta ao passado. No entanto, os autores alertam que
a prática e gestão inadequadas do turismo de pesca esportiva podem tornar mais
impactante do que outros tipos de pesca, pois na pesca esportiva as pessoas acabam
buscando ambientes e espécies exóticas.

RESULTADOS DA PESQUISA
O estudo buscou identificar, relatar e problematizar a atividade turística que
ocorria na Comunidade Jatapuzinho, revelando experiências dos índios Wai Wai com
a atividade turística. No estudo, tanto teórico quanto na entrevista, identificamos que o
turismo gerou diferentes impactos na comunidade, ressalta-se memórias do turismo de
pesca esportiva que ocorria na região há cerca de uma década. O depoente relatou
que a experiência de pesca esportiva não foi benéfica para a comunidade indígena
Wai Wai, e afirmou que a comunidade indígena sofreu com impactos negativos da
pesca dita “esportiva”, pois grande parte dos peixes não sobrevivia à prática e havia a
preocupação com a falta do pescado para o sustento da comunidade. O depoente
também relatou a falta de pagamento justo pelos serviços turísticos prestados, no caso
a condução de turistas e seu transporte fluvial. Conforme o depoente, os turistas eram,
na maior parte das vezes norte-americanos e que o turismo de pesca esportiva não
ocorre mais nas terras indígena a mais de uma década, por proibição das próprias
lideranças indígenas.
82
O turismo de pesca esportiva ocorria por meio de intermediadores, que
recebiam a autorização para o ingresso de turistas na terra indígena e negociavam a
embarcação e outros serviços. Souza (1998, p. 181) afirma que em várias
oportunidades, os índios Wai Wai são prejudicados por esses “atravessadores”, que
também fazem a intermediação da venda dos produtos artesanais produzidos pelos
indígenas, que são ora vendidos a baixo custo, ora trocados por produtos necessários
para sua subsistência. Os produtos artesanais são comercializados para turistas que
visitam a região.
Os resultados dessa pesquisa indicam que o turismo de base comunitária é
positivo para a comunidade autóctone apenas se beneficiar a localidade em diversos
aspectos (econômico, social, ambiental, cultural). Este segmento só pode se
desenvolver no Brasil se forem consideradas e respeitadas as características e
necessidades da comunidade. No caso deste estudo, não houve planejamento do
turismo na terra indígena Wai Wai na Comunidade Jatapuzinho, o que comprometeu
todo o processo, perdendo-se a oportunidade de aprendizados, de colaborar
economicamente com os indígenas, danos ambientais e outros.

REFERÊNCIAS
BARBOSA, Ariosmar Mendes. Economia indígena em áreas da Floresta
Amazônica: O caso dos índios waiwai no sul de Roraima. Dissertação de Mestrado.
Universidade Federal do Rio Grande do Sul. Programa de Pós-Graduação em
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https://www.lume.ufrgs.br/bitstream/handle/10183/49858/000837127.pdf?sequence=1.
Acesso em 15 out. 2021.

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Amazônia setentrional. Revista Brasileira de Ecoturismo, São Paulo, v.7, n.4, nov
2014 - jan 2015, pp.779-803. Disponível em: https://core.ac.uk/display/142108491.
Acesso em 15 out. 2021.
83
SOUZA, Jorge Manuel Costa. Os Waiwai do Jatapuzinho e o irresistível apelo à
modernidade. 1998. Dissertação (Mestrado em Ciências Sociais) – Universidade
Federal de Santa Catarina, Florianópolis, 1998. Disponível em:
http://core.ac.uk/display/30358727. Acesso em: 14 out. 2021.

VILELA, Kathlen Aquino; ALVES, Kerley dos Santos. Interações online entre
utilizadores das redes sociais e o turismo de base comunitária nos municípios de
Minas Gerais. In: Anais do Encontro Semintur Jr., 11., Caxias do Sul. Anais [...].
Caxias do Sul: UCS, 2020. Disponível em: https://fd9204dd-57fc-46c8-83aa-
319392960ec6.filesusr.com/ugd/bbfecb_b7fa53656f8e4ebaae20a7c1f423ffe6.pdf.
Acesso em: 14 out. 2021.

84
Experiências afetivas – um estudo sobre os alojamentos de
floresta e o turismo de base comunitária

Ana Vitoria Cordovil Pereira 1


Samantha Cardoso de Carvalho 2
Inara Batista Mikilis 3
Maria Adriana Sena Bezerra Teixeira 4

Resumo: Dentre tantos tipos de empreendimentos possíveis de serem implementados


no estado do Amazonas, os alojamentos de floresta trazem experiências imersivas,
desenvolvimento local e até mesmo diversas formas de promover o turismo de base
comunitária, além da promoção de novos serviços. As palafitas e os flutuantes
espalhados pelo território guardam um enorme potencial para o desenvolvimento do
setor, mas ainda é pouco estudado e explorado. No período pandêmico foi possível
notar uma grande queda no mercado turístico, incluindo nos meios de hospedagem,
onde o mesmo precisou se destacar de alguma forma em como poderia se recuperar.
Com isso, alguns empreendimentos puderam agregar valor a estada dos hóspedes
com serviços como comemorações intimistas de aniversário, jantares românticos, day-
off onde era possível ter uma conexão com a natureza e também era uma forma de
desestressar dos demais ambientes de trabalho, já que durante o isolamento social
ocasionado pela pandemia do Covid-19, casas e escritórios já dividiam o mesmo
espaço. O objetivo geral com esse artigo é buscar dados sobre como os meios de
hospedagem lidaram com a pandemia do covid-19, onde tiveram que inovar para não
fechar o negócio. A pesquisa buscará demonstrar como foi a procura por pacotes
românticos e familiares nos momentos da pandemia. A pesquisa foi realizada de forma
exploratória e bibliográfica por meio de questionários enviados aos gerentes de
empreendimentos do estado do Amazonas e entrevistas realizadas por mensagem.
Conclui-se no presente trabalho que a demanda por serviços nos empreendimentos
que realizam o Turismo de Base Comunitária (TBC) tiveram mais procura, os serviços
1
Acadêmica do curso de turismo; Universidade do Estado do Amazonas; Manaus - AM; Lattes:
http://lattes.cnpq.br/3140608238492949; E-mail: avcp.tur18@uea.edu.br.
2
Acadêmica do curso de turismo; Universidade do Estado do Amazonas; Manaus - AM; Lattes:
http://lattes.cnpq.br/9544681996656451; E-mail: scc.tur19@uea.edu.br.
3
Acadêmica do curso de turismo; Universidade do Estado do Amazonas; Manaus - AM; Lattes:
http://lattes.cnpq.br/4657372073428709; E-mail: ibm.tur19@uea.edu.br.
4
Doutora em Educação pela Universidade de La Empresa - UDE e reconhecida pela Universidade do
Estado de Santa Catarina - UDESC; Mestre em Turismo pela Universidade de Caxias do Sul - UCS;
Especialista em Metodologia da Pesquisa pelo Centro Universitário do Norte e Professora do curso de
Turismo da Universidade do Estado do Amazonas; Manaus - AM; Lattes:
http://lattes.cnpq.br/7305750465493497; E-mail: msteixeira@uea.edu.br.

85
considerados artesanais e de grande importância para uma melhor experiência
sensorial foram evidenciados nas entrevistas com os gerentes dos hotéis.

Palavras-chave: Turismo de base comunitária, hotelaria, experiências, hospitalidade e afetividade.

INTRODUÇÃO
No Amazonas, o segmento do turismo comunitário vem crescendo, a procura
por serviços feitos de forma artesanal, personalizada, diferenciada e exclusiva cresce
cada vez mais com o passar dos anos. Foi possível notar com o recorte de
acontecimentos no ano de 2020 e início do ano de 2021, uma crescente demanda por
serviços dessa forma no mercado. Não seria diferente nos serviços turísticos, ainda
que estivessem limitados a ser utilizados durante o período pandêmico existente em
todo o mundo. O desenvolvimento de empreendimentos, atividades, ofertas de meios
de hospedagem envolvendo um turismo de natureza no Amazonas teve um grande
impacto até mesmo positivo no tocante à inovação. Com isso, foi observado alguns
locais com a oferta de pacotes personalizados para demandas românticas ou
familiares, onde busca promover a conexão com a comunidade local e o
desenvolvimento sustentável, criando memórias afetivas, assim como outros
empreendimentos que investiram na parte da afetividade, hospitalidade e experiência
que traz conforto e até mesmo o acalento em um período conturbado antes não
vivenciado.
Os assuntos que nos trazem prazer e satisfação são os que dispensamos mais
tempo em conhecê-los e compreendê-los. Assim os afetos estão na base da formação
da memória. [...] Eles são os motores que impulsionam nossas vidas. Uma memória
afetiva pode se desenvolver a partir de uma percepção sensorial como um odor, um
som, uma cor, desde que tal percepção esteja ligada a um momento afetivo
importante. O resgate da memória afetiva, quando bem orientada, trará a possibilidade
de ampliarmos nossa consciência na medida em que integramos qualidades ao nosso
mundo atual. (PORTILLO, 2006).

86
ALOJAMENTOS DE FLORESTA E EXPERIÊNCIAS IMERSIVAS
Historicamente, as viagens realizadas eram de cunho comercial ou a serviço do
governante da época, apenas com a queda do Império Romano foi que deu-se início a
outras formas de trabalho, bem como o cuidado com a hospitalidade e o preocupação
com a disponibilidade de segurança, qualidade daqueles serviços, assim como um
notório esforço em estar seguindo aos princípios do cristianismo, onde abordava a
questão do “amor ao próximo”. Foi então a partir desse marco, iniciou-se um interesse
na qualidade dos serviços prestados, onde nos dias atuais é de suma importância na
questão mercadológica da hotelaria.
Muller, Hallal, Ramos (2012) explicam que os meios de hospedagem fazem
parte dos serviços turísticos, juntamente com as agências de viagens, operadoras,
restaurantes, transportes e outros, e são de extrema importância para a promoção do
turismo. Dias (2006) explica sobre a diferenciação de percepção sobre a hospitalidade
de um turista para o outro, visto que cada um pode ter uma experiência diferente,
assim como podem seguir o mesmo roteiro à risca, mas ter percepções subjetivas
individuais e diferentes ainda que seja seguido um padrão em atendimento. Beni
(2002) considera que os serviços turísticos são: “o conjunto de edificações, de
instalações e serviços indispensáveis ao desenvolvimento da atividade turística.
Compreendem os meios de hospedagem, serviços de alimentação, de entretenimento,
de agenciamento, de informação e outros.”
O maior foco do turista que vem para o Amazonas é o turismo de natureza,
então o intuito é procurar uma hospedagem selvagem e assim vivenciar a experiência
única e tão almejada se conhecer e apreciar a natureza.

PANDEMIA E A DEMANDA NA HOTELARIA


Sampaio, Vidal e Lourenço (2021) explicitam sobre como a pandemia
demonstrou a evidência do turismo é de profunda importância de forma direta ou
indireta na vida das pessoas, sejam nos lugares a serem visitados, nos processos

87
sociais, culturais e econômicos, assim como no comunitários que recebem esses
turistas, assim como os turistas independente da nacionalidade.
As autoras Fabrino, Do Nascimento e Costa (2017) apresentam a questão da
interculturalidade no TBC, onde acontece a troca cultural, tanto de referências como
de experiências entre os turistas e a comunidade local. É por meio desta também que
os empreendimentos podem adotar as atividades artesanais e personalizadas como
grandes atrativos para alavancar a experiência do turista quanto a sua experiência a
fim de atrelar diversas memórias afetivas com o local, a comunidade e com o aumento
de chances de atrair novos hóspedes.
O estudo de Moraes et al (2020) demonstra a fala de mulheres que trabalham
dentro de comunidades, por meio da fala da entrevistada é possível pensar sobre
como a pandemia afetou a vida pessoal e profissional dessas pessoas, “O
comportamento está assustador para quem vive na área rural, é algo novo não
poder ficar perto de cada pessoa, ter que ficar em casa, não abraçar, beijar... O
povo do campo gosta muito de afeto, carinho, então isso para nós de se afastar
um do outro (a) está difícil. (Cícera Nunes - PE).”

METODOLOGIA
O desenvolvimento do artigo ocorreu por meio da utilização do método
bibliográfico de pesquisa e de entrevistas. Com o auxílio do formulário do Google
Forms, quatro hotéis de referência de turismo de base comunitária foram escolhidos e,
por conseguinte, iniciou-se os diálogos, através de WhatsApp e email, para recolher as
informações necessárias.

RESULTADOS E DISCUSSÃO
A partir da coleta de dados, percebeu-se a procura pela inovação, inclusão de
novos serviços e até mesmo a adaptação dos já existentes. As pessoas entrevistadas,
as quais eram representantes de 3 empreendimentos localizados na região
metropolitana de Manaus, onde são da segmentação do TBC, informaram sobre a
88
procura de hóspedes que encontraram como alternativa, um certo refúgio em
alojamentos de floresta, ou popularmente chamados também de hotéis de selva. Além
disso, os empreendimentos em questão também estão inseridos no turismo de base
comunitária, que traz o viés da participação da comunidade local nos trabalhos
desenvolvidos.

CONCLUSÃO
A participação dos moradores locais como atores do turismo, também pode
demonstrar um melhor cuidado e preparo das situações em que o turista terá contato
direto, como as refeições, a preparação de mesas temáticas para jantares, o cuidado
no preparo dentro das unidades habitacionais e demais situações que possam surgir
dentro do período de hospedagem desse turista. Isso faz com que as experiências
sensoriais e afetivas dentro dos empreendimentos sejam de fato grandes momentos
vivenciados pelos hóspedes.

REFERÊNCIAS
BENI, M. C. (2002). Análise Estrutural do Turismo. (7.ed.) São Paulo: SENAC

DIAS, O. B. (2006). Viajantes na Bahia oitocentista: motivações e impressões


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Araújo. Turismo de Base Comunitária: uma reflexão sobre seus conceitos e
práticas. Caderno Virtual de Turismo, v. 16, n. 3, 2017.

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metodologia científica. 6. ed. São Paulo: Atlas, 2007. 315 p

MORAES, L. L. DE; SAMPAIO SIEBER, S. NASCIMENTO FUNCARI, J. Mulheres


lideranças rurais, participação política e trabalho de cuidado durante a pandemia de
covid -19. Revista Inter-Legere, v. 3, n. 28, p. c21574, 1 set. 2020.

89
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científica sobre a história dos meios de hospedagem no Brasil: um estudo
exploratório-descritivo nos periódicos brasileiros de turismo

PORTILLO, Vanilde Gerolim; O Resgate da Memória Afetiva. Disponível em:


<http://www.portaldapsique.com.br/artigos/resgate_da_memoria_afetiva.htm>. Acesso
em: 13 nov. 2021.

SAMPAIO, Sofia; VIDAL, Frédéric; LOURENÇO, Inês. Desafios do “turístico” na


atualidade: uma introdução surpreendida por uma pandemia. Etnográfica. Revista do
Centro em Rede de Investigação em Antropologia, v. 25, n. 1), p. 119-129, 2021.

90
O Especismo presente nas Políticas Públicas de Turismo:
Reflexões acerca do Projeto de Lei N. 135/21/RR

Nicolas da Silva Saraiva 1


Luciana de Souza Vitório 2

Resumo: O presente estudo refere-se a uma pesquisa em andamento cujo objeto de


estudo é o Projeto de Lei Estadual de Roraima N. 135, de 4 de junho de 2021, que tem
como proposta impulsionar a atividade turística da pesca esportiva no estado. A
pesquisa é de natureza qualitativa, com caráter exploratório e descritivo. Através de
pesquisa e revisão bibliográfica e documental-legislativa, apresenta-se conceitos para
Especismo; faz-se um levantamento de legislações que regulamentam o Turismo com
animais não-humanos; e investiga-se a manifestação do Especismo nas legislações
levantadas, dando ênfase ao Projeto de Lei n. 135/21/RR. Até o presente momento,
três legislações foram selecionadas e o especismo foi detectado em todas elas, visto
que elas legalizam atividades que podem causar maus tratos, além de coisificarem
animais e os subjugarem. Enquanto nenhuma delas contém de uma só vez todas as
características da manifestação do especismo aqui listadas, o Projeto de Lei N.
135/21/RR contém todas, demonstrando a emergência em se desenvolver mais
investigações da temática, na esperança de que os animais não-humanos tenham
algum dia seus direitos garantidos pelo ordenamento jurídico brasileiro.

Palavras-chave: Turismo, Políticas Públicas, Especismo, Direito Animal.

INTRODUÇÃO
O direito animal está presente no ordenamento jurídico brasileiro desde a
década de 30, com o Decreto N. 24.645, de 10 de julho de 1934, que estabelece
medidas de proteção aos animais não-humanos. Notoriamente, a partir dos anos 70, o
status moral dos animais não-humanos passou a receber mais atenção da
comunidade acadêmica após Peter Singer publicar “Libertação Animal”, livro em que o

1
Graduação em Tecnologia em Gestão do Turismo pelo Instituto Federal de Educação, Ciência e
Tecnologia de Roraima-IFRR; Boa Vista/Roraima; Lattes: http://lattes.cnpq.br/6663266441039169; E-
mail: nicolassaraivabv@gmail.com.
2
Mestrado em Turismo pela Universidade de Caxias do Sul-UCS; Docente do Instituto Federal de
Educação, Ciência e Tecnologia de Roraima-IFRR; Boa Vista/Roraima; Lattes:
http://lattes.cnpq.br/7942957393557504; E-mail: luciana.vitorio@ifrr.edu.br.

91
filosofo introduziu à grande massa da população a problemática do uso dos animais
não-humanos na ciência, na farmácia, na alimentação e no entretenimento.
Desde o Decreto dos anos 30 e do livro “Libertação Animal” nos anos 70, muitas
foram as conquistas obtidas em prol da proteção animal na busca de acabar com o
Especismo que, segundo Singer (2010), “é o preconceito ou a atitude tendenciosa de
alguém a favor dos interesses de membros da própria espécie, contra os de outras”;
ou seja; quando o ser humano privilegia os seus próprios interesses (como por
exemplo, interesse em obter entretenimento em de rinhas de galo) em detrimento dos
interesses de membros de outra espécie (nesse caso, o interesse inconsciente do galo
em não sofrer durante a execução da rinha).
Conforme Saraiva e Vitório (2020) atestam, o Especismo também pode ser
manifestado independentemente da presença de maus tratos, através da objetificação
dos animais não-humanos (como por exemplo na pesca esportiva, modalidade em que
o bem-estar dos peixes é garantido, porém os animais são vistos como coisas a serem
capturadas, sendo inclusive apelidados de “troféus” pelos turistas pescadores) e
também através da subjugação dos animais não-humanos (como por exemplo, quando
se defende que não há necessidade de considerar os animais não-humanos como
sujeitos de direito por serem “inferiores” aos seres humanos).

DESENVOLVIMENTO
No ordenamento jurídico brasileiro há inúmeras legislações que legalizam
atividades turísticas com contato direto com animais não-humanos. A seguir,
exemplifica-se tais atividades que são regulamentadas e suas problemáticas: Moraes
(2017) expõe que há cavalos em Minas Gerais que puxam charretes para a realização
de passeios pelos centros históricos do estado em completa condição de maus tratos,
sem água, alimentação e descanso; Gordilho e Figueiredo (2016) afirmam que
diversos métodos utilizados na vaquejada podem ser considerados como maus tratos,
tais como “confinamento prévio por longo período, a utilização de açoites e
ofendículos, a introdução de pimenta e mostarda via anal, choques e outras práticas”
92
(p. 88); e no que tange a pesca esportiva, Saraiva e Vitório (2020) explicam que tal
atividade turística, como já mencionado previamente, consiste em uma prática que
coisifica os peixes, sendo o mais comumente explorado nos estados de Roraima e
Amazonas o Tucunaré-aço, também conhecido como “troféu”; por sinal, este peixe
atrai turistas pescadores de todo o mundo à região amazônica na esperança de tentar
capturá-lo, visto que espécimes de tamanhos extraordinários já foram avistadas na
região. Esse fato é utilizado como incentivo para a pratica desse turismo: invadir o
habitat natural desses animais na esperança de captura-los para que uma fotografia
com o “troféu” seja tirada. O desenvolvimento de políticas públicas na década de 2010
que regulamentam atividades turísticas que exploram animais não-humanos foi um
dos fatores que motivaram a realização deste trabalho.

METODOLOGIA
Este estudo tem abordagem qualitativa de caráter exploratório e descritivo, cuja
metodologia adotada consiste em revisão bibliográfica dos conceitos de Especismo,
pesquisa documental-legislativa de políticas públicas de turismo para que seja feito um
levantamento de legislações que regulamentam o uso de animais não-humanos no
desenvolvimento de atividades turísticas e análise crítica das legislações selecionadas
sob a ótica do especismo, analisando mais profundamente o Projeto de Lei n.
135/21/RR. As legislações selecionadas são de âmbito municipal, estadual e/ou
federal, e abrangem Leis, Decretos, Decretos-Lei, Portarias e Resoluções. O critério
para a seleção das legislações foi que elas tenham entrado em vigor a partir do ano de
2010 até o presente, para que se tenha um panorama recente de como o animal não-
humano tem sido visto pelo ordenamento jurídico brasileiro no âmbito do turismo.

RESULTADOS E DISCUSSÃO
Até o presente momento, 3 legislações foram selecionadas, são elas: a) Lei
Municipal N. 3.155, de 23 de junho de 2014/São Lourenço-MG (Normatiza e Regula o
transporte de tração no município de São Lourenco, incluindo para uso do turismo); b)
93
Lei Federal N. 13.873, de 17 de setembro de 2019 (Eleva a vaquejada e sua prática à
condição de bem de natureza imaterial integrante do patrimônio cultural brasileiro); c)
Portaria N. 91, de 4 de fevereiro de 2020/ICMBio (Estabelece procedimento para a
realização da pesca esportiva em unidades de conservação federais). É possível
observar o especismo nas 3 legislações selecionadas, visto que elas regulamentam
práticas que: i) podem causar maus tratos aos animais; ii) invadem seu habitat natural;
iii) interferem nos seus hábitos naturais; iv) os coisifica ao transformá-los em produtos
turísticos com potencial econômico a ser explorado); e/ou v) os subjuga lhes
colocando em um patamar inferior ao da espécie humana considerando que não há
justificativa ética para isso. Enquanto nenhuma das 3 legislações selecionadas contém
todas as características da manifestação do especismo aqui listadas de uma só vez, o
Projeto de Lei N. 135/21/RR, que é o objeto de estudo deste trabalho, contém todas.
Dos 40 artigos que compõem o Projeto de Lei de autoria do Poder Executivo de
Roraima, não há nenhum que garanta que os peixes envolvidos na pesca esportiva
não sofram maus tratos. As diretrizes atuais dos procedimentos a serem seguidos e
apetrechos a serem utilizados na pesca esportiva que buscam “poupar” os peixes de
sofrimento se mostram ineficientes, pois conforme Vitório (2014) relata, os animais
podem sofrer ferimentos na boca em detrimento do uso do anzol e desequilíbrios em
seus organismos também já foram observados. No Capitulo Terceiro (Dos
instrumentos da política de pesca), lista-se o zoneamento das áreas de pesca,
educação ambiental, plano de operação, ente outros; como os instrumentos da política
de pesca. Dos 7 instrumentos listados, nenhum inclui mecanismos, como relatórios ou
boletins periódicos, que mensurem o impacto da pesca esportiva para com os peixes e
seu habitat.
A objetificação dos peixes é afirmada num dos objetivos do Projeto de Lei, visto
que ele se trata de “assegurar […] a conservação dos [...] organismos que vivem na
água, suscetíveis ou não de aproveitamento econômico”; ou seja, o peixe é
literalmente visto como uma coisa, um produto a ser explorado pela atividade turística.
Já a subjugação dos peixes é elevada a outro patamar no Art. 7, onde lê-se que “o
94
órgão ambiental do estado poderá autorizar a realização de torneios, campeonatos ou
eventos de pesca amadora esportiva”, classificando os animais como fruto para o
entretenimento dos seres humanos não apenas de forma individualizada, como
acontece atualmente, mas também em grande escala.

CONSIDERAÇÃO FINAIS
É indiscutível a emergência em investigar a regulamentação das relações entre
seres humanos e animais não-humanos no desenvolvimento de atividades turísticas e
seus impactos negativos. Almeja-se que este estudo sirva como um pontapé inicial
para o desenvolvimento de mais investigações da temática, na esperança de que os
animais não-humanos tenham algum dia, de maneira efetiva, seus direitos garantidos
pelo ordenamento jurídico brasileiro.

REFERÊNCIAS
BRASIL. Lei Federal N. 13.873, de 17 de setembro de 2019. Eleva a vaquejada à
condição de bem de natureza imaterial integrante do patrimônio cultural brasileiro.
Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2019-
2022/2019/lei/L13873.htm. Acesso em: 06 nov. 2021.

BRASIL. Portaria N. 91, de 4 de fevereiro de 2020. Dispõe sobre procedimentos para


a realização da atividade de pesca esportiva em unidades de conservação federais
administradas pelo ICMBio. Disponível em: https://www.in.gov.br/web/dou/-/portaria-n-
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GORDILHO, H. J. S.; FIGUEIREDO, F. J. G. A vaquejada à luz da Constituição


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MEDEIROS, F. L. F.; ALBUQUERQUE, L. A APA da baleia franca e o Turismo de


observação de baleias embarcado (TOBE): Sustentabilidade ou Exploração Animal?
Revista de Biodireito e Direitos dos Animais, v. 1, n. 2, p. 30-53, Minas Gerais, jul.-
dez. 2015.

MINAS GERAIS. Lei Municipal N. 3.155, de 23 de junho de 2014. Dispõe sobre a


normatização, regularização e proteção dos animais de aluguel e de transporte de

95
tração no município São Lourenço e dá outras providências. Disponível em:
http://leismunicipa.is/uxvrn. Acesso em: 06 nov. 2021.

RORAIMA. Projeto de Lei N. 135, de 04 de junho de 2021. Institui a Política Estadual


de Pesca Sustentável de Roraima, revoga a Lei n. 516, de 10 de janeiro de 2006, e dá
outras providencias. Disponível em: https://diarios.al.rr.leg.br/wp-
content/uploads/2021/06/DIARIO-ALE-RR-ED.-3470-09.06.2021.pdf. Acesso em: 06
nov. 2021.

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SINGER, P. Libertação Animal. São Paulo: WMF Martins Fontes, 2010.

VITÓRIO, L. S. Turismo de base comunitária: Análise quanto às interferências do


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96
RC 5: Epistemologia e Ensino em Turismo

Hospitalidade/Acolhimento e Educação: Aproximações

1
Frederico Augusto Picolotto Viana
2
Luciane Todeschini Ferreira
3
Marcia Maria Cappellano dos Santos

Resumo: O presente trabalho apresenta reflexões sobre hospitalidade-educação, a


partir de construtos teóricos elaborados por Isabel Baptista (2005). Em pesquisa
anterior, que visava identificar percepções de acadêmicos de curso do Licenciatura em
Letras sobre hospitalidade e sobre aproximações hospitalidade-educação, observou-
se que os licenciandos manifestaram-se de forma positiva quando questionados sobre
a importância da inserção de estudos de hospitalidade em planos curriculares de
ensino. Porém, ao mesmo tempo, reforçaram o senso comum ao conceituarem
hospitalidade no sentido de “bem receber”. A partir dessas considerações, durante
prorrogação de pesquisa (abril a junho de 2021), buscou-se aprofundar
conceitualmente hospitalidade em sua relação com a educação e identificar
entendimentos de gestores escolares de município do roteiro “Termas e Longevidade”
sobre o conceito, cujos resultados parciais apontam para um entendimento sobre
hospitalidade ainda atrelado ao senso comum. O objetivo do presente estudo é
aprofundar entendimentos e relações entre hospitalidade e educação, a partir de
Baptista (2005, 2012) e Perazzolo, Pereira e Santos (2013).

Palavras-chave: Hospitalidade/Acolhimento, Educação, Hospitalidade escolar.

DESENVOLVIMENTO

1
Licenciando em Letras – Português. Caxias do Sul; Rio Grande do Sul; Lattes:
http://lattes.cnpq.br/4959282302780667. E-mail: fapviana@ucs.br
2
Doutora. Professora e pesquisadora no Programa de Pós-Graduação em Turismo e Hospitalidade,
Universidade de Caxias do Sul, Caxias do Sul, Rio Grande do Sul, Brasil. Lattes:
http://lattes.cnpq.br/1830986077334296. E-mail: ltferrei@ucs.br
3
Doutora. Professora e pesquisadora no Programa de Pós-Graduação em Turismo e Hospitalidade,
Universidade de Caxias do Sul, Caxias do Sul, Rio Grande do Sul, Brasil. Lattes:
http://lattes.cnpq.br/4918303295310860. E-mail: mcsantos@ucs.br

97
Segundo a pesquisadora portuguesa Isabel Baptista (BAPTISTA, 2012, p.46), “a
hospitalidade pode ser definida como um local privilegiado de encontro interpessoal,
marcado por uma atitude de acolhimento em relação ao outro, onde não se impõe
ação direta do eu sobre o outro”; pelo contrário, o outro é início e o fim da ação
realizada nesse encontro. Dessa forma, as necessidades individuais surgem como
impulsos fundantes da ação recíproca, e que geram a intenção contínua dos sujeitos
de realizar encontros com “outros” - que por sua vez o desejam mutuamente.
Estabelece-se, assim, uma dinâmica que facilita a vivência educacional.
Baptista (2016) defende que o conceito de pedagogia da hospitalidade e o
processo que ele estabelece afasta a compreensão de hospitalidade do senso comum.
A alteridade, ou seja, a vivência subjetiva de um outro presente em nossos laços
sociais é o que passa a ser, deste modo, o cerne de qualquer ponderação acadêmica
sobre hospitalidade e sua presença na educação.
Sobre o conceito de educação social, Baptista (2016) sustenta que ela pode e
deve ser pensada de forma mais abrangente do que apenas considerando os
processos convencionais de produção de conhecimento. A valorização das distintas
abordagens pedagógicas, como é o caso da hospitalidade, propõe novas
aplicabilidades a dilemas antigos e garante aos pesquisadores da área “a experiência
da hospitalidade como reflexão sobre o saber-fazer educacional em um contexto social
que valoriza a relação social estabelecida junto ao outro do processo educativo”.
Para Baptista (2005), a hospitalidade pode ser um lugar de escuta na educação,
no sentido da construção de laços sociais centrados no outro que, a partir da reflexão
pessoal, podem ocasionar em uma “relação dinâmica e estrutural entre o ‘outro-
educativo’ e o ‘outro-formativo’” - ou seja, uma dinâmica de alteridade se estabelece
entre os agentes do processo educacional. Nesse contexto, a escuta é que tonaliza a
relação. Ou seja, a hospitalidade na educação é estabelecida quando não há surdez
relacional - um fechamento por parte dos pólos à relação. Pelo contrário: ela se dá
quando os sujeitos estão em dinâmicas relacionais de acolhimento.

98
Esse processo é parte relevante do desenvolvimento da compreensão de que a
hospitalidade é, em si, uma forma de educação, pois os laços sociais que sustentam
as práticas de cidadania são entendidos como não sendo tão naturais quanto dizem as
tradições, e sim construídos. São laços humanos, e segundo ela, “em condições
frágeis e carentes de vigilância permanente” (BAPTISTA, 2005, p. 70).
A pesquisadora portuguesa também entende que nessa compreensão da
hospitalidade como lugar de escuta, a hospitalidade apresenta-se como um meio para
o estabelecimento de uma relação positiva entre os sujeitos, caracterizada pelo
acolhimento mútuo e, para além disso, uma abertura para uma aprendizagem
recíproca necessária, que é realizada através da responsabilidade cívica dos
componentes da relação (BAPTISTA, 2008).
Simultaneamente, reconhece-se que todos os atores sociais - justamente por
suas individualidades e não apesar delas - possuem conhecimento relevante para o
desenvolvimento social, pois entende-se que nenhum sujeito social detém sozinho a
verdade absoluta e que de quanto mais visões elas serem formadas, mais relações
solidárias e positivas as pessoas poderão usufruir. “Acolher, partilhar e discutir sobre
todos os pontos de vistas possíveis é o exercício da hospitalidade como lugar de
escuta pedagógica” (BAPTISTA, 2015, p. 10).
Como considerações, há a necessidade de se introduzir nos programas de
licenciaturas disciplinas que promovam a abordagem da hospitalidade, já que não se
trata apenas de um comportamento, mas de uma dinâmica intelectual, relacional e de
grande potencialidade educacional. Além disso, há o entendimento de que a
conceituação de hospitalidade feita pelos gestores escolares ainda está atrelada ao
senso comum.

REFERÊNCIAS
BAPTISTA, Isabel. Dar rosto ao futuro: a educação como compromisso ético.
Portugal, Porto: Profedições Ltda, 2005.

99
BAPTISTA, Isabel. Ética e educação social interpelações de contemporaneidade. In:
SIPS – Pedagogía Social. Revista Interuniversitaria, n. 19, p. 37-49, 2012.

BAPTISTA, Isabel. Hospitalidade e eleição intersubjectiva: sobre o espírito que guarda


os lugares. Revista Hospitalidade. São Paulo, ano V, n. 2, p. 5-14, jul.- dez. 2008.

BAPTISTA, Isabel. Laços sociais – por uma epistemologia da hospitalidade.


Caxias do Sul: EDUCS, 2015.

BAPTISTA, Isabel. Para uma fundamentação antropológica e ética da educação: a


escola como lugar de hospitalidade. EDUCA – International Catholic Journal of
Education, n. 2, p. 203-214, 2016.

PERAZZOLO, O. A.; SANTOS, M.M.C.; PEREIRA, S. Dimensión relacional de la


acogida. Estudios y perspectivas en turismo, Buenos Aires, v. 22, n. 1, 2013, p.
138-153.

100
Influência do Instituto Federal Catarinense na dinâmica
socioeconômica do município de Sombrio (SC) por meio dos
10 anos de atuação do Curso de Gestão de Turismo

Fernanda Dias Silva Pinto 1


Maria Emília Martins da Silva Garbuio 2
Rosemary de Fátima Domingos 3

Resumo: A atuação do Instituto Federal de Tecnologia (IF) exerce influência direta no


desenvolvimento socioeconômico de um município, por meio da ampliação do ensino
público e gratuito de qualidade, integração entre pesquisa e extensão,
compartilhamento de conhecimento e, geração de emprego e renda, devido a
migração de estudantes e servidores. O Curso Superior de Tecnologia em Gestão de
Turismo do IFCatarinense, completou, em 2021, 10 anos de implantação, atendendo
mais de 15 munícipios do extremo sul catarinense e outros que compõem a região
turística Caminho dos Canyons. Diante do exposto, o objetivo deste projeto foi
identificar o potencial de impacto social e econômico da implantação do IF no
município de Sombrio (SC), sobretudo aos arranjos produtivos locais. Nesta primeira
etapa, adotou-se a estratégia de levantamento survey para coleta de dados com
residentes do bairro onde o Campus encontra-se instalado, com a tabulação simples
para sua apresentação. Os resultados apontaram crescimento urbano e populacional,
com incremento do comércio e imóveis para aluguel; investimento público em obras de
infraestrutura; desenvolvimento profissional e, autoestima do munícipe.

Palavras-chave: Ensino Superior, Desenvolvimento local, Turismo, Gestão do Conhecimento,


Educação Pública.

CONTEXTUALIZAÇÃO
Os Institutos Federais de Educação, Ciência e Tecnologia foram criados em
2008, por meio da Lei 11.882/08 e, substanciados pelo Plano de Desenvolvimento da
Educação (PDE), de 2007. (BRASIL, 2008). Segundo Santos e Rodrigues (2015 apud
PADOIN; AMORIM, 2016), a expansão da Rede Federal no século XXI é considerada

1
Ensino Superior Incompleto; Instituto Federal Catarinense Campus Avançado Sombrio; Sombrio/SC;
Lattes: http://lattes.cnpq.br/1504090720258735; E-mail: feh_dhias@hotmail.com.
2
Doutorado; Instituto Federal Catarinense Campus Avançado Sombrio; Sombrio/SC; Lattes:
http://lattes.cnpq.br/6360749673483284; E-mail: maria.martins@ifc.edu.br.
3
Doutorado; Instituto Federal Catarinense Campus Avançado Sombrio; Sombrio/SC; Lattes:
http://lattes.cnpq.br/5360238087007849; E-mail: rosemary.domingos@ifc.edu.br.

101
um dos marcos históricos das políticas do Estado brasileiro. Um de seus objetivos está
pautado na integração entre o saber (ciência) e o fazer (técnica), onde a
interdisciplinaridade curricular nas práticas pedagógicas atua como elemento
preponderante para a formação plena do sujeito (RAMOS, 2005). Além de consolidar a
base educacional e tecnológica no país, os IFs proporcionam ao seu entorno o
desenvolvimento local e regional para construção da cidadania, estabelecendo um
diálogo entre diferentes atores e buscando compreender os aspectos essenciais da
realidade regional e local onde atua. Isso é importante porque aglutina as
potencialidades latentes do território, gerando transferência de tecnologias e
conhecimentos, qualificação da mão de obra local e ampliação da consciência da
sociedade. “Para tanto, o monitoramento permanente do perfil socioeconômico-
político-cultural da região de abrangência é de suma importância”, ressalta Pacheco
(2010, p.19).
Diante do cenário evidente, o objetivo deste estudo buscou identificar os
impactos socioeconômicos gerados pela implantação do Campus Avançado Sombrio
(CAS) do Instituto Federal Catarinense (IFC) no município de Sombrio, por meio da
atuação do Curso Superior de Tecnologia (CST) em Gestão de Turismo nos 10 anos
de sua implantação, completados em 2021.

PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS
A pesquisa foi realizada no município de Sombrio, Santa Catarina. De caráter
exploratória e descritiva, apresenta abordagem quali-quantitativa, cuja amostragem
elegeu os atores sociais por acessibilidade e conveniência, conforme elucida Gil
(2012). Os atores foram agrupados em quatro etapas para a coleta de dados, cujo
intuito foi o de cotejar resultados oriundos de diferentes grupos de sujeitos.
• Etapa 1 - Levantamento survey dos residentes e comerciantes do bairro Januária e
membros do Conselho Municipal de Turismo (COMTUR) de Sombrio.
• Etapa 2 - Levantamento survey dos docentes efetivos e discentes ativos do CST
Gestão de Turismo.
102
• Etapa 3 - Entrevistas semiestruturadas com egressos do CST Gestão de Turismo e ex-
diretores dos Campis Santa Rosa do Sul e Campus Avançado Sombrio (CAS).
• Etapa 4 - Entrevistas semiestruturadas com membros da Instância de Governança
(IGR) Caminho dos Canyons.

Os resultados quantitativos foram extraídos de perguntas fechadas por meio da


estratégia de levantamento (survey) (CRESWELL; CLARK, 2007), apoiando-se na
ferramenta do google forms, como também na entrevista face a face a fim de
identificar a percepção dos entrevistados. Adotou-se a pesquisa bibliográfica como
base para conhecer a evolução dos cursos de tecnologia ofertados pelos IFs, que
compõem o eixo tecnológico Turismo, Hospitalidade e Lazer (BRASIL, 2016). Fora
construído uma taxonomia para apresentar o delineamento do questionário e roteiros
de entrevista (Figura 1). Ao todo foram 25 questões divididas em 5 blocos
interdependentes. A coleta de dados inerente a Etapa 1 (Figura 1) foi realizada no
período de 20 de setembro a 20 de outubro de 2021. As demais estão em andamento.

Figura 1 – Taxonomia da pesquisa.

Fonte: Elaborado pelos Autores, 2021.

103
RESULTADOS PARCIAIS
Os resultados parciais demonstram a percepção dos atores que integraram a
etapa 1, composta, na ocasião, por 12 entrevistados.

BLOCO A – Conhecimento do IFC e seus objetivos para com a sociedade


Uma das primeiras questões indagadas buscou identificar se o informante
havia presenciado a implantação do CAS/IFC no município no ano de 2010. Do total
de respondentes 58,3% relataram que sim, enquanto 33,3% desconheciam o fato à
época. O Gráfico 1 demonstra o impacto da presença do IF, por meio da percepção
social coletiva, ficando evidente a democratização do ensino público e gratuito de
qualidade e a formação de profissionais qualificados para o mundo do trabalho, como
assegura o Conselho Nacional de IFs (CONIF, 2021).

Figura 2 – Variáveis para Sombrio e região

Fonte: Autores, 2021.

BLOCO B – Impactos econômicos gerados pela implantação do CAS/IFC


Questionou-se se houve crescimento econômico no bairro Januária após a
implantação do CAS/IFC. Para 66,7% houve impacto direto, especialmente no setor de
serviços, com a abertura ou ampliação de restaurantes, padarias, papelaria e
mercados para atender a crescente demanda de estudantes e servidores.

104
BLOCO C – Impactos sociais gerados pela implantação do CAS/IFC
No tocante aos impactos sociais, inquiriu-se se percebiam investimentos da
gestão pública municipal no bairro Januária, após a implantação do CAS/IFC. A
afirmação positiva se deu para todos os respondentes e, dentre as principais respostas
foram, nesta ordem: pavimentação de ruas e avenidas; obras de infraestrutura;
iluminação pública e segurança pública. Além desta, sentimentos como aumento da
autoestima, entusiasmo e vontade em se desenvolver foram os relatos dos
entrevistados e percepções sobre a população residente.

BLOCO D – Ações integradas de Ensino, Pesquisa e Extensão


Questionou-se quais as habilidades os entrevistados percebiam nos estudantes
do CAS/IFC a que tinham convivência. As respostas foram, nesta ordem: aptidão para
novos conhecimentos; habilidades de comunicação oral; aumento da autoestima e
segurança emocional. Foi indagado também, quais os elementos considerados
diferenciais no ensino do CAS/IFC. Nesta ordem, foram: qualidade do corpo docente;
humanização; desenvolvimento humano e instalações físicas.

BLOCO E – Contribuições do CST Gestão de Turismo para o Sombrio/SC


Uma das questões mais relevantes deste bloco foi: - Você consegue mensurar a
importância do profissional formado em Gestão de Turismo para o desenvolvimento do
município? 83,3% relataram sim, enquanto 16,7% relataram desconhecer. Por fim,
foram questionados se tinham conhecimento sobre o COMTUR recém instituído.
58,3% atestaram que sim e 41,7% que não. Isso indica que o setor ainda carece de
sensibilização, conhecimento e profissionalização em um segmento que representa
em média 3,7% do PIB nacional (WTO, 2019), alcançando a marca de R$270,8
bilhões do PIB nacional em 2019 (FUNDAÇÃO GETÚLIO VARGAS, 2020).

105
CONSIDERAÇÕES PRELIMINARES
Os resultados preliminares confirmaram a hipótese acerca dos impactos
positivos da implantação do CAS/IFC no município de Sombrio. As evidências
científicas norteiam ações sobre como amplificar a atuação e envolvimento do IF em
diferentes parcelas da sociedade, atendendo plenamente aos seus objetivos que visa
contribuir para o desenvolvimento regional por meio da interiorização do ensino público
de qualidade (CONIF, 2020). Apesar disso, constatou-se a necessidade iminente em
divulgar e sensibilizar a sociedade sobre as oportunidades a que o indivíduo tem em
se desenvolver por meio do ensino técnico e tecnológico nos IFs.

REFERÊNCIAS
BRASIL. Ministério da Educação. Catálogo Nacional de Cursos Superiores de
Tecnologia. 3 ed. Brasília, DF. 2016

BRASIL. Ministério da Educação. Secretaria de Educação Profissional e Tecnológica.


Concepção e Diretrizes. Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia.
MEC/SETEC, 2008.

CONSELHO NACIONAL DAS INSTITUIÇÕES DA REDE FEDERAL DE EDUCAÇÃO


PROFISSIONAL, CIENTIFICA E TECNOLÓGICA (CONIF). Diferenciais. Disponível
em: https://portal.conif.org.br/br/rede-federal/diferenciais-do-conif. Acesso em: 13 out.
2021.

CRESWELL, J. W.; CLARK, V. L. Plano Designing and Conducting Mixed Methods


Research. Thousand Oaks, CA: Sage Publications, 2007.

FUNDAÇÃO GETÚLIO VARGAS. Impacto econômico nas atividades


características do turismo. São Paulo, 2020.p.9. Disponível em:
https://fgvprojetos.fgv.br/sites/fgvprojetos.fgv.br/files/01.covid19_impactoeconomico_v0
9_compressed_1.pdf. Acesso em 13 out. 2021.

GIL, A. C. et al. Como elaborar projetos de pesquisa. São Paulo: Atlas, 2012.

PACHECO, E. Os Institutos Federais: Uma revolução na educação profissional e


tecnológica. 1. ed. Brasília: Editora do IFRN, 2010. 28 p. v. 1.

106
PADOIN, E.; AMORIM, M. O percurso da Educação Profissional no Brasil e a criação
dos Institutos Federais nesse contexto. SEMINÁRIO NACIONAL DE HISTÓRIA DA
CIÊNCIA E DA TECNOLOGIA, v. 15, 2016.
RAMOS, M. Possibilidades e desafios na organização do currículo. In: FRIGOTTO, G.;
CIAVATTA, M; RAMOS, M.; (Orgs.) Ensino médio integrado: concepções e
contradições. São Paulo: Cortez, 2005.

107
ESTÁGIO EXTRACURRICULAR DOS DISCENTES DO CURSO
SUPERIOR EM GESTÃO DE TURISMO DO IFMA - CAMPUS
ALCÂNTARA: uma análise sobre as contribuições e desafios
para a sua formação acadêmica e profissional
1
Alessandra Silva Alves
2
Ana Jéssica Corrêa Santos

Resumo: A presente pesquisa trata sobre a análise do estágio extracurricular do


Curso Superior Gestão de Turismo do Instituto Federal do Maranhão (IFMA), Campus
Alcântara. O estágio consiste como elemento complementar a formação superior. O
objetivo geral deste trabalho é analisar as contribuições e desafios do estágio
curricular não obrigatório na formação acadêmica e profissional dos estudantes do
Curso Superior Gestão de Turismo, Campus Alcântara. Como método foi utilizado o
método dialético. O desenvolvimento do estudo é de caráter exploratório e de cunho
qualitativo com a aplicação de entrevistas semiestruturadas com seis estudantes que
realizam estágio não obrigatório. No que se refere a análise de dados, foram
encontradas quatro categorias, sendo elas: o estágio como complemento na formação
acadêmica, o estágio e seus desafios, o estágio como forma de conhecer o cotidiano
de um museu e o estágio como campo de experiências e assimilação de
conhecimentos. Sendo assim, foi possível compreender desafios e contribuições para
a vida acadêmica e profissional dos discentes do referido curso.

Palavras-chave: Estágio; Gestão de Turismo; Alcântara.

RESUMO EXPANDIDO
As instituições de ensino que ofertam curso superior têm como uma de suas
funções a preparação do estudante para a vida profissional, mas não é somente isso,
é necessário que a universidade, a faculdade os prepare para uma formação cidadã,
crítica e que saibam lidar com as diversas situações que o mundo os proporcionará.
De acordo com Zabalza (2014) o estágio se constitui como um importante elemento na
formação dos estudantes, pois o estágio permite complementar os conteúdos
1
Graduanda em Tecnologia em Gestão de Turismo; Instituto Federal de Ciência e Tecnologia do
Maranhão IFMA)(; Alcântara, MA; Lattes: http://lattes.cnpq.br/2630678866945637; E-mail:
alessandra.s@acad.ifma.edu.br.
2
Mestra em Educação pela Universidade de Brasília; Professora de Turismo no Instituto Federal de
Ciência e Tecnologia do Maranhão, Campus Alcântara- MA; Lattes:
http://lattes.cnpq.br/1112343233804474; E-mail: ana.correa@ifma.edu.br.
108
vivenciados por meio das disciplinas e posteriormente ser contextualizado durante as
suas práticas profissionais. Sendo assim, como objetivo geral, temos: analisar as
contribuições e desafios do estágio curricular não obrigatório na formação acadêmica
e profissional dos alunos do Curso Superior de Tecnologia em Gestão de Turismo,
Campus Alcântara. Sendo assim, a pesquisa sobre a atuação e desenvolvimento dos
alunos no estágio extracurricular, torna-se relevante uma vez que, necessita-se
investigar como ocorre esse contato prático com inserção profissional e de que forma
contribui para a formação profissional desse futuro tecnólogo em turismo. Por fim,
pesquisar sobre essa temática servirá para compreender como acontece esse
processo na vida acadêmica do aluno do Curso em Gestão de Turismo.
No que tange a metodologia, o método que norteou este trabalho foi pela lente
do método dialético, tendo em vista, que a educação, segundo Cury (1985) é
compreendida como unidade dialética. Nesta perspectiva, a metodologia adotada foi
de cunho qualitativo, com estudo exploratório, uma vez que consistiu em analisar o
objeto de estudo qualitativamente, interpretando-os, em suas dimensões acadêmicas e
técnica profissional e nos contextos do mundo acadêmico e do trabalho. A pesquisa
qualitativa, conforme Gunther (2006, p. 204) é caracterizada pela “grande flexibilidade
e adaptabilidade, em que considera cada problema objeto de uma pesquisa específica
para qual são necessários instrumentos e procedimentos específicos”, ou seja, leva a
análise da realidade e sujeito, sendo ambos indissociáveis, em que cada um tem as
suas particularidades, nessa perspectiva, buscou-se compreender as contribuições e
desafios na realização do estágio extracurricular dos estudantes do curso superior em
gestão de turismo. Os sujeitos da pesquisa foram os seis estudantes do Curso
Superior em Gestão de Turismo do IFMA, Campus Alcântara que realizam estágio
extracurricular nos museus de Alcântara.
No que tange as categorias encontradas, foram encontradas quatro (4), sendo
que a primeira relaciona-se com o estágio como complemento na formação
acadêmica, sendo assim, o período do estágio se caracteriza como um momento de
novas aprendizagens, conhecimentos, aquisição de competências, ou seja, resulta
109
num preparo técnico em virtude do seu conteúdo especializado em que pode ser
classificado como um trabalho “pré-profissional” sendo a possibilidade de completar a
sua formação, bem como especializa-se na área de atuação de sua formação
(ZABALZA, 2014). O estágio não serve somente para adquirir experiências práticas,
sobretudo relacionar a prática e teoria, conhecer a realidade, complexificar, isto é,
desenvolver um aprendizado. Com essa realidade, percebemos que de acordo com
Zabalza (2014) a formação tem a ver não apenas com o desenvolvimento social e
econômico, mas para além desses itens, relaciona-se com o desenvolvimento pessoal
e social, de forma vinculada com o cultural.
Já a segunda categoria corresponde ao estágio e seus desafios que constitui
uma experiência importante e complementar a formação estudantil, no entanto, no
decorrer dessa experiência precisam ser discutidos as dificuldades e desafios
encontrados no decorrer dessa experiência. No decorrer das entrevistas, foram
encontradas diversas dificuldades, dentre elas, podemos citar: dificuldade em conciliar
o estágio com a vida acadêmica; saber falar uma língua estrangeira; falar com o
público, adequar o planejamento de tempo. Nesse contexto, Abdalla (2009), afirma
que os estágios podem se constituir em desafios do ponto de vista teórico e prático,
tanto para os acadêmicos em processo de formação, como para o próprio professor
orientador. Assim, tanto o acompanhamento por parte da instituição educacional
quanto o acompanhamento no local de estágio fazem-se necessário para minimizar
essas dificuldades que possam surgir no decorrer do processo.
Durante as entrevistas, alguns estagiários também mencionaram a dificuldade
de falar uma língua estrangeira, já que corriqueiramente, recebem turistas de várias
nacionalidades nos museus. Essa constatação é uma realidade no sistema
educacional brasileiro, temos falhas no desenvolvimento de ações que propiciem um
maior aprendizado dos estudantes em língua estrangeira, entretanto, o sistema
educacional dá os primeiros passos em língua estrangeira aos alunos. Constatamos
que falar uma segunda língua é essencial, principalmente, para quem estuda e
trabalha no setor do turismo, hotelaria e lazer, como é a realidade dos estudantes
110
entrevistados, além de se caracterizar com uma maior probabilidade de entrar no
mercado de trabalho.
Na terceira categoria encontrada, temos o estágio como forma de conhecer o
cotidiano de um museu, percebeu-se que todo o desenvolvimento do estágio dos
estudantes se dá no contexto das atividades realizadas em um museu, essa situação,
contribui de forma importante para a formação acadêmica do estudante de turismo e
sua prática no ambiente de um museu, pois ele representa para a sociedade um
espaço de conservação da história e patrimônio cultural. Marandino (2008), diz que o
museu desde sua criação, em torno do século 16, vêm assumindo várias funções
sociais: lugar de “coisas velhas”, lugar da pesquisa científica, mas, também, lugar de
lazer, de contemplação, de educação e de diversão. O estágio realizado nos museus
pelos estudantes do curso superior em Gestão de Turismo do IFMA-Alcântara está
ligado a possibilitar conhecer sobre o cuidado e manutenção das peças que compõe o
museu, falar sobre a história do museu e da cidade, realizar o guiamento, participar de
formações. Percebemos que a rotina diária dos estagiários é ampla no ambiente do
museu e não fica restrito ao aspecto administrativo, no entanto, constatamos que por
se tratar de estagiários que são estudante do curso superior em Gestão de Turismo,
sentimos a necessidade de ter mais relatos relacionados ao acompanhar a gestão do
museu. No entanto, podemos dizer que a experiência vivenciada por meio de um
contexto no museu é um espaço de construção do conhecimento de forma a perceber
que a memória, a identidade de um povo.
E para finalizar, temos a quarta categoria que corresponde em compreender o
estágio como como campo de experiências e assimilação de conhecimentos, uma vez
que o estágio tem como objetivo que estudante reflita sobre o futuro mercado
profissional, em seu campo de atuação, em que fará uso de diversas áreas de
informações e teorias, a fim de desenvolver um trabalho didático-pedagógico, ou seja,
em que esteja inserida a ação e reflexão, sendo orientado por seu supervisor, na
intenção de alcançar um estágio de muitas práticas e aprendizagens. O entrevistado 4
tem sua visão voltada ao estágio, "o estágio ele dá uma dimensão assim, como se eu
111
quiser seguir a profissional de guia de turismo, ele dá uma alavancada." Em algumas
falas os estagiários veem o estágio como primeiro emprego, mas não deve ser visto
como primeiro emprego, tendo em vista, que deve ser considerada uma experiência
pré-profissional como uma forma de prepará-lo para o primeiro emprego e de acordo
com o pensamento de Zabalza (2014) um estágio rico é um estágio que favorece
oportunidades não só de aprender coisas úteis para o futuro desempenho profissional
dos estudantes, mas que possibilita melhorar como pessoa.
Sendo assim, como considerações finais, apesar de terem sido encontrados
alguns desafios no decorrer dessa experiência, como: nem todos os estudantes têm
essa oportunidade de estágio, uma vez que o curso só possibilita estágio
extracurricular, os locais de estágio também são limitados, tendo em vista que os
estudantes só desenvolvem estágio nas instituições dos museus. No entanto, também
percebemos que houve mais contribuições do que dificuldades, portanto, constatou-se
que todos os estudantes devem ter essa experiência do estágio, seja de forma
curricular ou extracurricular, pois é uma oportunidade de vivenciar aspectos pré-
profissionais de forma a preparar os estudantes para futuras atuações no ambiente de
trabalho. Nesse contexto, a experiência do estágio se caracterizou como uma ocasião
em que os alunos tiveram a oportunidade de perpassar por inúmeras situações que
poderão contribuir para melhorar a sua formação, arguição, situações de
aprendizagens no que diz respeito a conhecer suas atribuições enquanto futuro
profissional de turismo, bem como possibilitou a interação entre os mais diversos
setores tanto da instituição escolar quanto no local de estágio.

REFERÊNCIAS

ABDALLA, Maria de Fátima Barbosa. A relação teoria e prática no campo do estágio.


Revista de Educação PUC-Campinas, Campinas, n. 26, p. 53-62, jan./jun. 2009.

BORGES, Zelma Santos. Estágio Curricular: atividade teórica- prática. In: QUADROS,
Claudemir de., AZAMBUJA, Guacira. (orgs). Formação de professores em serviços:
a experiência da UNIFRA. Santa Maria: UNIFRA, 2002.

112
CURY, Carlos R Janil. Educação e Contradição: elementos metodológicos para uma
teoria crítica do fenômeno educativo. São Paulo: Cortez, 1985.

GUNTHER, Hartmut. Pesquisa Qualitativa Versus Pesquisa Quantitativa: Esta é


a Questão? Pesquisa: Teoria e Pesquisa. Brasília. V.22, n.2, Mai-Ago, 2006.

MARANDINO, Martha. Ação educativa, aprendizagem e mediação nas visitas aos


museus de ciências. In: MASSARANI, Luísa e ALMEIDA, Carla (orgs.). Workshop
Sul-Americano & Escola de Mediação em Museus e Centros Ciência. Rio de
Janeiro: Fiocruz, 2008.

ZABALZA, Miguel A. O estágio e as práticas em contextos profissionais na


formação universitária. São Paulo: Cortez Editora, 2014.

113
A CONTRIBUIÇÃO DA UNIVERSIDADE PARA O
PLANEJAMENTO TURÍSTICO A PARTIR DA ELABORAÇÃO
DO PLANO MUNICIPAL DE TURISMO DE PAULINO NEVES-
MA

Carolina Vanessa Santos da Silva 1


Isaias Silva Lopes 2
Tatiana Colasante³

Resumo: A reflexão em torno do turismo contemporâneo pressupõe abordagens


plurais uma vez que ele é atravessado por dinâmicas e transformações que ocorrem
em diferentes aspectos da realidade social. Nesse sentido, o planejamento é essencial
para ordenar a atividade turística e as instituições de ensino superior podem colaborar
com esse processo. A pesquisa tem por objetivo apontar os entrelaçamentos da
parceria da Universidade Federal do Maranhão campus São Bernardo com o
município de Paulino Neves-MA, conhecido como Pequenos Lençóis Maranhenses na
elaboração do Plano Municipal de Turismo (PMT). Para isso, evidencia-se a
potencialidade turística do município, a importância do PMT para as localidades
turísticas e pontuam-se as ações de articulação entre a universidade e a comunidade.
Como metodologia destaca-se pesquisa bibliográfica, documental e oficinas com o
trade turístico. Os resultados preliminares apontam a necessidade de maior articulação
entre gestão pública e privada. Espera-se que a elaboração desse documento
possibilite ordenar e planejar as atividades turísticas e crie redes de cooperação entre
universidade e comunidade local.

Palavras-chave: planejamento turístico, plano municipal de turismo, Paulino Neves-MA

INTRODUÇÃO
A partir de uma visita técnica interdisciplinar realizada em 2019 pelos alunos e
docentes do curso de Turismo da Universidade Federal do Maranhão (UFMA) campus

1
Discente do Curso de Turismo da Universidade Federal do Maranhão, Campus São Bernardo; Lattes:
http://lattes.cnpq.br/4699236930220812; E-mail:vanessa.carolina@discente.ufma.br. Bolsista Fapema.
2
Discente do Curso de Turismo da Universidade Federal do Maranhão, Campus São Bernardo; Lattes:
http://lattes.cnpq.br/0396685699959620; E-mail: lopes.isaias@discente.ufma.br. Bolsista CNPq.
³ Docente Adjunta do Curso de Turismo da Universidade Federal do Maranhão campus São
Bernardo; Lattes: http://lattes.cnpq.br/2456335844034805; E-mail: tatiana.colasante@ufma.br.

114
São Bernardo até Paulino Neves-MA, conhecido como “Pequenos Lençóis
Maranhenses”, verificamos a necessidade de estreitar parceria com este município,
uma vez que várias demandas estavam latentes, como a elaboração do Plano
Municipal de Turismo (PMT) para que a gestão pública pudesse direcionar ações
prioritárias no desenvolvimento do turismo.
Na ocasião da visita, estabelecemos contato com representantes do poder
público, privado e terceiro setor a fim de compreender as ações que estavam sendo
realizadas com relação ao planejamento turístico, já que está inserido em importantes
rotas turísticas, bem como de gestão ambiental, visto que o município permeado por
Áreas de Proteção Ambiental (APA) e, recentemente, foi construído o primeiro parque
eólico do Maranhão em seu território.
O município de Paulino Neves por ser detentor de atrativos naturais de belezas
singulares pretende ordenar a atividade turística de forma justa e equitativa e, para
isso, necessita da elaboração de um PMT com o objetivo de promover a melhoria da
qualidade de vida da população através da geração de emprego e renda atrelada a
uma maior conscientização e equilíbrio socioambiental.
Para que o turismo se desenvolva a partir dessas premissas, é necessário
compreender que existem diversos atores que têm papel fundamental nesse processo:
o Estado; a iniciativa privada; o terceiro setor e a comunidade de forma a articular os
interesses estimulando a sinergia em prol do desenvolvimento do município, em uma
gestão participativa, no qual os impactos sejam reduzidos e os benefícios sejam
ampliados para o desenvolvimento local.
Diante dessa perspectiva, o objetivo da pesquisa é apontar os resultados da
elaboração do PMT de Paulino Neves em parceria com a UFMA. Como objetivos
específicos destacam-se: evidenciar a potencialidade turística do município; ressaltar a
importância do PMT para as localidades turísticas e; demonstrar ações de articulação
entre universidade e comunidade no planejamento turístico. O trabalho teve início no
primeiro semestre de 2021 e ainda está em fase de desenvolvimento. Como

115
metodologia utiliza-se de pesquisa bibliográfica e documental; oficinas com o trade
turístico utilizando a matriz GUT e, pesquisa de campo com registro fotográfico.

DESENVOLVIMENTO
Os territórios são locais dotados de dinâmicas diferentes que precisam ser
levadas em consideração, para assim se ter o planejamento de forma correta. Assim,
Dias (2003) fala das políticas públicas de turismo como expressões das decisões do
estado no que se refere à estruturação, valorização e promoção das localidades
turísticas. Portanto, os atores envolvidos são beneficiados com a valorização dos seus
interesses.
Para conhecer a realidade local, o planejamento turístico tem início com
inventário da oferta turística que possibilita o levantamento, identificação e registro dos
atrativos turísticos, dos serviços e equipamentos turísticos e da infraestrutura de apoio
ao turismo, possibilitando a definição de prioridades para os recursos disponíveis e o
incentivo ao turismo sustentável (BRASIL, 2009).
Nas instituições de ensino superior, há a necessidade de possibilitar aos
discentes uma formação integral, aliando teoria e prática em ações de ensino,
pesquisa e extensão, sem deixar de considerar as necessidades de um conhecimento
regionalizado, que contemple as particularidades de cada estado. No caso do
Maranhão, ainda há uma carência de desenvolvimento de ações efetivas de
planejamento no que se refere ao turismo.
Segundo o IBGE (201), Paulino Neves foi criado em 10 de novembro de 1994.
Sua localização é estratégia, fazendo divisa com Barreirinhas, considerada a “porta de
entrada” para os Lençóis Maranhenses. Também está próximo à divisa com o Piauí
com influência do Delta do Rio Parnaíba, conferindo ao município paisagens naturais
singulares como a Lagoa Azul (CORREIA FILHO, 2011).
Paulino Neves também faz parte da Rota das Emoções que liga os estados do
Maranhão, Ceará e Piaui, o que indica a necessidade de estruturar as atividades

116
turísticas e elaborar estratégias de desenvolvimento sustentáveis para que os efeitos
do turismo sob o local sejam mais benéficos que negativos.
No que se refere ao desenvolvimento do turismo de local é importante ter como
premissas: o aproveitamento racional das potencialidades locais referente aos
elementos culturais e naturais; o planejamento das atividades buscando o mínimo
impacto; atrelar com outras formas de atividade econômica; o trabalho realizado deve
ser para benefício coletivo e com a participação de todas as camadas da população no
planejamento, implementação e manutenção do turismo; promover o
compartilhamento de experiências entre visitantes e visitados (BENEVIDES, 1997).
Sob essa ótica, nos cabe ultrapassar a visão reducionista do desenvolvimento
atrelado ao capital material e incidir os esforços teóricos e empíricos sobre a
comunidade, tornando-a participante ativa nesse processo, considerando suas
pluralidades e características endógenas.

RESULTADOS E DISCUSSÃO
Em um primeiro momento, estão sendo feitos estudos preliminares para
levantamento das características e situação atual da localidade estudada, além de
pesquisa de gabinete para coleta de dados sobre o município e suas dinâmicas
territoriais. Nessa etapa, verificou-se que o município tem uma grande potencialidade
para o turismo, no entanto, muitos turistas acabam optando pela estadia mais longa
em outros municípios em função da falta de divulgação e de infraestrutura. Em
conversas com o trade turístico, foi possível identificar alguns pontos críticos, como a
falta de articulação entre os diferentes agentes.
A próxima etapa será identificar as ações que estão sendo realizadas no
município em prol do desenvolvimento do turismo, bem como compreender as
necessidades de cada agente social a partir da aplicação da matriz GUT que auxilia na
identificação dos problemas do ambiente organizacional levando-se em consideração
três fatores: gravidade, urgência e tendência (SEBRAE, 2019). Com isso, serão
estruturados os eixos estratégicos, programas e projetos em função de temas
117
prioritários identificados. Com a retomada das atividades presenciais, pretendemos
realizar registros fotográficos in loco para auxiliar na elaboração do PMT.

CONSIDERAÇÕES FINAIS
Verificamos que Paulino Neves apesar de estar inserido em uma rota turística
de relevância nacional, ainda carece de estudos aprofundados sobre o planejamento
turístico que auxiliem em ações prioritárias e envolvimento do trade turístico, de forma
a privilegiar a gestão participativa do turismo.
Ações empreendidas pelas universidades se tornam essenciais, sobretudo, em
realidades que estão à margem do desenvolvimento social do Estado. Espera-se
contribuir com o desenvolvimento local de Paulino Neves, a partir das ações de
planejamento e ordenamento do turismo na localidade, contribuindo com a geração de
emprego e renda local, também como consequência conscientizar os atores do
turismo e a própria população do grande potencial turístico que existe no município e
mostrar vários caminhos para se chegar a um turismo que gere consequências
positivas para os envolvidos: poder público, iniciativa privada, terceiro setor e
comunidade.
A elaboração do PMT é um desafio em tempos de pandemia, quando existe
uma limitação de acesso à internet tanto pela comunidade acadêmica quanto pela
comunidade em geral. No entanto, destacamos que a importância desse documento
para a prefeitura que pode obter recursos a partir de editais do governo, faz com que a
pesquisa universitária mostre também seu papel no desenvolvimento local, auxiliando
os agentes sociais e também propiciando aos discentes a oportunidade de
conseguirem colocar os conhecimentos adquiridos na academia na prática.

REFERÊNCIAS

DIAS, R. Planejamento do Turismo: política e Desenvolvimento do Turismo no Brasil.


São Paulo, SP: Aleph, 2003.

118
BENEVIDES, I. P. Para uma agenda de discussão do turismo como fator de
desenvolvimento local. In: RODRIGUES, Adyr. B. (Org.). Turismo e Desenvolvimento
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<http://antigo.turismo.gov.br/publicacoes/item/37-inventariacao-inventario-de-oferta-
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Subterrânea, estado do Maranhão: relatório diagnóstico do município de Paulino
Neves. Teresina: CPRM – Serviço Geológico do Brasil, 2011.

IBGE. Cidades. Paulino Neves. 2017. Disponível em: <https://cidades.ibge.gov.br/>.


Acesso em 20 nov. 2019.

SEBRAE. Conheça as principais ferramentas de gestão. Sebrae: Bahia, 2019.


Disponível em:
<https://www.sebraeatende.com.br/system/files/conheca_as_principais_ferramentas_d
e_gestao.pdf>. Acesso em: 06 nov. 2021.

119
O programa social Identidade Jovem como um aliado na
formação discente em Turismo e Hotelaria? Uma análise de
alunos de uma universidade federal no Brasil

Bruno Lima Soeiro 1


Ruan Tavares Ribeiro 2
Mônica de Nazaré Ferreira de Araújo 3

Resumo: O programa social federal Identidade Jovem (ID Jovem), que proporciona
acesso a benefícios em forma de desconto e gratuidades em eventos culturais e
sistemas de transporte coletivo interestadual, para jovens brasileiros de 15 a 29 anos
de idade. Neste estudo, busca-se analisar as contribuições do ID Jovem para a
formação discente em Turismo e em Hotelaria, na Universidade Federal do Maranhão
(UFMA). Assim, objetiva-se descrever tal programa enquanto política pública e
identificar relações entre o perfil socioeconômico dos discentes da graduação em
Turismo e Hotelaria e as participações nas atividades práticas desses cursos. Partiu-
se de um delineamento bibliográfico, documental e de campo, com coleta de dados
por meio de um questionário aplicado aos estudantes via plataforma Google
Formulários. Verificou-se que o programa ainda é pouco conhecido entre os
estudantes da UFMA, e aqueles que afirmam conhecê-lo não sabem como participar.
Apesar disso, nota-se que o ID Jovem pode ser um importante aliado na formação dos
estudantes de Turismo e Hotelaria, pois enriqueceria o processo de aprendizagem
com experiências práticas que se refletiriam em sua futura atuação profissional.

Palavras-chave: Turismo, Hotelaria, Formação Discente, Políticas Públicas.

REFERÊNCIAS

ABRAMOVAY, M.; CASTRO, M. G. Ser jovem no Brasil hoje: políticas e perfis da


juven-tude brasileira. In: DANTAS, H. (Org.). Caderno Adenauer XVI - Juventude

1
Graduando em Turismo; Universidade Federal do Maranhão (UFMA); São Luís, Maranhão; Lattes:
http://lattes.cnpq.br/5987800141629383; E-mail: brunosoeiro1991@outlook.com
2
Professor do Departamento de Turismo e Hotelaria (DETUH); Universidade Federal do Maranhão
(UFMA); São Luís, Maranhão; Lattes: http://lattes.cnpq.br/8399583810662547; E-mail:
ruantavaresufma@gmail.com.
3
Professora do Departamento de Turismo e Hotelaria (DETUH); Universidade Federal do Maranhão
(UFMA); São Luís, Maranhão; Lattes: http://lattes.cnpq.br/9650733523825165; E-mail:
monicadenazare@gmail.com

120
Brasil. 1. ed. Rio de Janeiro: Fundação Konrad Adenauer, 2015. v. 1, p. 13-25.
Disponível em: https://bibliotecadigital.mdh.gov.br/jspui/handle/192/203. Acesso em:
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SPOSITO, M. P.; CARRANO, P. C. R.. Juventude e políticas públicas no Brasil.


Revista Brasileira de Educação, n. 24, p. 16-39, 2003.

121
Habilidades e competências necessárias para atuar no
mercado de Turismo e Tecnologia em Curitiba/PR

Andreia de Souza Silva 1


Juliana Medaglia 2

Resumo: Com o impacto do desenvolvimento tecnológico no mercado profissional do


turismo, surge a necessidade de profissionais com competências cada vez mais
especializadas. Sendo assim, o objetivo do presente artigo é analisar as habilidades
importantes para o mercado de trabalho dentro desse cenário tecnológico e verificar
quais são necessárias para as empresas de turismo e tecnologia na cidade de
Curitiba/PR. A primeira etapa da pesquisa foi de caráter exploratório, realizada por
meio de levantamento bibliográfico sistemático. Na segunda e terceira etapa, foi feito
um mapeamento de empresas da área de turismo da cidade e em seguida aplicou-se
um questionário, aplicado junto aos empreendimentos de turismo e tecnologia de
Curitiba. Os resultados obtidos foram as principais soft skills esperadas pelas
empresas participantes, possibilitando um entendimento da necessidade destas
instituições.

Palavras-chave: Soft Skills, Ensino Superior, Educação Universitária

INTRODUÇÃO
A tecnologia apresentou novas formas de comunicar, informar, comprar e
vender, graças a instantaneidade da propagação de dados e mensagens, juntamente
com a quebra de barreiras para a interação entre pessoas (MEDAGLIA, 2017;
VICENTIN; HOPPEN, 2003). Os impactos tecnológicos atingem diversas áreas da
sociedade, inclusive o mercado profissional que passou a demandar funcionários cada
vez mais qualificados (THOLEN, 2019). Por outro lado, surgiram novos mercados no

1
Graduanda em Turismo na Universidade Federal do Paraná, bolsista de Iniciação Científica da
Fundação Araucária, membro do grupo de pesquisa Turismo, Educação, Emprego e Mercado - TEEM.
E-mail: andreiasouzasilva98@gmail.com.
2
Professora e Pesquisadora do Departamento de Turismo da Universidade Federal do Paraná, membro
do grupo de pesquisa Turismo, Educação, Emprego e Mercado - TEEM. E-mail:
julianamedaglia@gmail.com.

122
campo da tecnologia, que está se expandindo para outras áreas devido ao aumento da
demanda por facilidades e praticidades que a tecnologia pode oferecer. Como
exemplo, há empresas da área de tecnologia que abrange setores do turismo, como
serviços de hospedagem e até mesmo a compra de passagens aéreas e pacotes
turísticos, entre outros (CACHO; AZEVEDO, 2010; VICENTIN; HOPPEN. 2003).
Nesse contexto, o presente trabalho, fruto de pesquisa de iniciação científica,
integra o projeto de pesquisa “Organizações de Turismo e Empresas de Tecnologia
em Curitiba/PR: um estudo introdutório”, tem como objetivo compreender as
habilidades e competências (soft skills) necessárias para o mercado de trabalho de
empresas curitibanas voltadas ao turismo e de tecnologias que prestam serviços para
o setor. Para a realização do estudo, foi feita uma revisão bibliográfica seguida de
aplicação de questionários junto às empresas selecionadas, a fim de analisar quais
dessas competências são relevantes para o mercado de Curitiba/PR.

REVISÃO BIBLIOGRÁFICA
Segundo Echeverría Samanes e Martínez Clares (2018) a sociedade está no
início da Quarta Revolução Industrial que se diferencia das anteriores devido às
transformações tecnológicas que são mais rápidas, complexas, profundas e potentes.
Por esse motivo, a sociedade se desenvolve de forma contínua, trazendo
necessidades de mudanças em sua organização, aprendizagem, comunicação e na
forma que irá lidar com as informações (ECHEVERRÍA SAMANES; MARTÍNEZ
CLARES, 2018). Dessa forma, surge um desafio na filtragem e utilização dessas
informações numa relação entre prestador de serviços e consumidor. Nesse sentido, é
necessária aplicação e interpretação das informações para contextos diversos; há uma
procura por candidatos com habilidades e competências que refletem na maneira
individual de agir dentro de uma função; denominadas soft skills, que demonstram a
capacidade de continuidade da empregabilidade de uma pessoa (SINGH DUBEY;
TIWARI, 2020; THOLEN, 2019).
As soft skills são também definidas como competências cognitivas e incluem
123
habilidades interpessoais que podem ser aplicadas em várias situações, entretanto
variam de acordo com a cultura de cada país (QUIZI, 2020). Segundo o World
Economic Forum (2016), soft skills são competências, ações e qualidades de cada um,
que tornam possível alcançar uma meta, e podem ser combinadas com as habilidades
técnicas.Segundo Lippman et al (2015) as cinco principais soft skills, são: 1)
habilidades sociais; 2) habilidade de comunicação; 3) as high-order thinking; 4)
autocontrole e 5) autoconsciência positiva.

METODOLOGIA
A primeira etapa da pesquisa foi de caráter exploratório, realizada por meio de
levantamento bibliográfico, no qual buscou-se em duas principais bases de dados
descritores específicos, caracterizando um estudo com método de revisão bibliográfica
sistemática, com base no roteiro de Conforto, Amaral e Silva (2011). As bases
consultadas foram Web of Science (WoS) e Educational Resources Information Centre
(ERIC), ambas acessadas no mês de novembro de 2020.
Aplicados filtros foram recuperados um total de 50 artigos, e ao final após a
leitura de todos apenas 8 foram utilizados na estruturação do marco teórico.
A Etapa 2 consistiu no levantamento das empresas de Curitiba que atuam no
mercado de turismo e tecnologia, realizada a partir do Ecossistema de Inovação Vale
do Pinhão, o CADASTUR e a indicação de ex-alunos e profissionais, resultando em 48
empresas.
Por fim, a Etapa 3 consistiu na aplicação de um questionário, com perguntas
acerca do perfil dos profissionais contratados e suas habilidades e competências. O
instrumento foi enviado para estas empresas por e-mail, whatsapp e telefone,
chegando a um total de 24 respondentes.

124
RESULTADOS E DISCUSSÃO

Como resultado mais relevante da Primeira Etapa de pesquisa, tem-se então,


as principais habilidades discutidas nos artigos dos seguintes autores: Lee, Sohod e
Rahman (2019) abordaram principalmente sobre o pensamento crítico e soluções de
problemas complexos; Majid (2019) aborda sobre a criatividade, habilidades sociais e
também o pensamento crítico; Dubey e Tiwari (2020) falam sobre habilidades sociais,
habilidades empreendedoras e trabalho em grupo; Duardt e Mengual-Andrés (2015)
abordam sobre o pensamento crítico e julgamento e tomada de decisões; enquanto
Gruzdev et al mencionam o pensamento crítico, habilidades sociais, raciocínio lógico e
soluções de problemas complexos; Arranz et al ( 2017) abordam as soft skills dentro
como as habilidades empreendedoras; e pro fim Tholen (2019) e Echeverría Samanes e
Martínez Clares (2018) mencionam as habilidades de Pensamento crítico e soluções de
problemas complexos.
Vencida a Etapa 2 de pesquisa, com as 48 empresas mapeadas, obteve-se
como resultado da Etapa 3 determinado Perfil dos Profissionais buscados por estas
empresas. Observou-se que a maioria dos respondentes contratam Turismólogos (19),
seguido por Publicitários (12) e Administradores (10). Os resultados obtidos apontaram
que 6 empresas contratam programadores, 2 contratam outros profissionais de TI.
Apenas um respondente selecionou “Não se Aplica”, devido ao fato de serem uma
empresa familiar e sem contratação de funcionários.
Em relação às soft skills, a classificação dos respondentes sobre as 11
habilidades listadas anteriormente apontaram as habilidades de “Trabalho em Equipe”
e “Pensamento Crítico”, “Soluções de Problemas Complexos”, “Inteligência
Emocional”, “Proatividade” e “Capacidade de Comunicação” como habilidades
importantes.
Com a aplicação do questionário, os resultados obtidos apontam a importância
de conhecimento em algumas plataformas, como é o caso do pacote office, e também
de aplicativos e redes sociais, nos quais acontecem as interações entre a empresa e o
125
público. Apesar de alguns participantes reforçarem que o conhecimento não é
necessariamente obrigatório para iniciantes, as plataformas de Global Distribution
System (GDS) também se destacaram como importantes para a rotina de trabalho.
Enquanto isso, os empreendimentos mais voltados à tecnologia demonstraram
necessidade de profissionais com conhecimento em programação e análise de dados.
Referente às habilidades e competências em comum entre os participantes, o
Trabalho em Equipe e Pensamento Crítico se destacaram, e as soft skills Capacidade
de Comunicação, Inteligência Emocional, Solução de Problemas Complexos e
Proatividade para estas empresas participantes. Sendo assim, percebe-se que o
mercado está buscando cada vez mais pessoas que trabalhem de maneira racional,
sempre visando apresentar o melhor resultado para solucionar eventos que possam
ocorrer durante a rotina, e que principalmente tenham a capacidade de se comunicar,
seja em atendimento ao público, ou mesmo com os colegas de trabalho, para a
colaboração em equipe.

CONCLUSÃO
No presente trabalho foi possível concluir as principais soft skills encontradas
em empresas curitibanas que atuam no mercado de turismo e tecnologia, indicando
que não são contratados apenas turismólogos, indicando o campo inter e
multidisciplinar que é o turismo. Cabe ainda indicar que houveram algumas limitações
para a realização, pois não foi possível entrar em contato com todas as empresas do
CADASTUR, uma vez que algumas empresas foram fechadas entre os anos de 2020
e 2021, em função da grave crise causada pela pandemia da Covid-19, acarretando
em endereços incorretos e/ou desatualizados, além do fato de que nem todas as
empresas mapeadas terem respondido os contatos realizados Por fim, indica-se que
a pesquisa pode ser reaplicada em outras realidades para além de Curitiba/PR, de
maneira a compreender se a realidade aqui encontradas é também reconhecida em
outras cidades brasileiras.

126
REFERÊNCIAS
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Senac São Paulo, 2008

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128
RC 6: Processos Históricos em Turismo e Hospitalidade

O afroturismo como uma ferramenta de valorização de


memórias e trajetórias negras: uma breve análise da
Caminhada São Paulo Negra.
1
Naomy Carvalho Pires
2
Gilvan Odival Veiga Dockhorn

Resumo: O presente trabalho busca, de forma inicial, apresentar as relações entre


memória, identidade e afroturismo ressaltando sua importância a partir das
interpretações dos patrimônios negros apresentados e narrados pela Caminhada São
Paulo Negra, a qual ocorre no Centro Histórico da cidade de São Paulo. Em termos
teóricos envolve uma perspectiva transdisciplinar de textos sobre memória, identidade,
definições de conceitos sobre patrimônio e o afroturismo. Assim, tem como objetivo
identificar quais aspectos históricos e figuras, os patrimônios e monumentos
relacionados as memórias e histórias negras estão representados aos olhares
turísticos, refletindo sobre como o afroturismo pode ser utilizado como uma ferramenta
antirracista decolonial a partir das representações patrimoniais negras apresentadas.

Palavras-chave: Memória, Identidade, Patrimônio, Afroturismo.

INTRODUÇÃO
O presente trabalho, sendo decorrente dos levantamentos realizados até o
momento presente, para o desenvolvimento de uma monografia de conclusão de
curso, tem como objetivo examinar como o afroturismo pode ser utilizado como uma
possível uma ferramenta antirracista, a partir das narrativas estabelecidas sobre os
patrimônios que contemplam memórias e trajetórias africanas e afro-brasileiras. Além
do mais, considerando as relações de poder pré-existentes no âmbito patrimonial, se

1
Graduanda de Tecnologia de Gestão em Turismo; Universidade Federal de Santa Maria; Santa Maria,
Rio Grande do Sul; Lattes: http://lattes.cnpq.br/7394954666432338; E-mail: naomycpires@outlook.com.
2
Doutor em História pela Universidade Católica do Rio Grande do Sul; Professor do curso de
Tecnologia de Gestão em Turismo; Santa Maria, Rio Grande do Sul; Lattes:
http://lattes.cnpq.br/9582242288468024; E-mail: gilvan.vd@gmail.com
129
faz necessário refletir sobre como as memórias e trajetórias negras estão
representadas dentro do campo do turismo.
A metodologia de estudo envolveu uma pesquisa bibliográfica relacionada a
diferentes autores do campo da memória e da identidade para compreensão sobre
como estão representadas no campo do patrimônio, as definições sobre o que é
patrimônio para um melhor entendimento sobre o que representa e sociedade e sobre
do turismo cultural e afro turismo para que seja compreensível o modo o qual atua,
apesar do afroturismo não possuir uma conceituação concreta é possível entendê-lo
como uma vertente do turismo étnico-afro, então buscou-se a partir das definições
desse tipo de turismo entender como o afroturismo age dentro do mercado. Assim,
através dessas conceituações realizadas busca-se analisar, a partir da observação
participativa realizada, como as memórias e trajetórias negras estão apresentadas em
meio aos patrimônios e monumentos apresentados durante a caminhada São Paulo
Negra, idealizada e criada pelo jornalista e guia turístico Guilherme Soares Dias, a
qual ocorre no Centro Histórico da cidade de São Paulo.
A partir deste contexto, a realização desta pesquisa busca tratar, a partir
relações estabelecidas dos diferentes conceitos de sobre memória, identidade e
patrimônio, a invisibilidade da cultura negra no Centro Histórico de São Paulo em vista
das relações de poder estabelecidas em meio a esses espaços e sobre as
reivindicações das reintegrações socioculturais que o afroturismo realiza, cooperando
para a democratização dos legados culturais dentro de uma perspectiva decolonial.

REVISÃO DE LITERATURA
A partir do século XX, o conceito de memória passou a ser definido como
fenômeno social dentro do campo de estudos das Ciências Humanas. O Sociólogo
francês Maurice Halbwachs, traz contribuições a esse campo de estudos, em seu livro
intitulado “A memória coletiva”, no qual defende sua principal teoria.

130
Diante de sua perspectiva, é possível considerar que as memórias individuais
estão interligadas às memórias coletivas, ou seja, elas são interpretações do espaço e
tempo o qual o indivíduo está inserido, onde características e fatos sociais vão sendo
compartilhados e assimilados. Assim, refletindo acerca da ideia do autor, sobre a
inserção do indivíduo em uma coletividade, consequentemente surgem as
representações coletivas, em que uma experiencia isolada do indivíduo se liga a uma
esfera de valores de um determinado grupo social e consequentemente
compartilhando uma gama de valores culturais, visto que, uma memória coletiva se dá
a partir de uma estrutura, ou seja, se dá pela forma em que os indivíduos interagem
entre si através organizações sociais como ambientes escolares, profissionais,
religiosos e entre outros.
Logo, Stuart Hall (2013) nos contextualiza sobre o multiculturalismo como
sendo um processo de fragmentação das identidades do sujeito pós-moderno, porém
afirmando que as identidades culturais são formadas a partir do compartilhamento das
representações por esses determinados grupos sociais, estando diretamente
relacionados à cultura. Diante disto, a Constituição Federal de 1988, em seu Art. 216,
define "Constituem patrimônio cultural brasileiro os bens de natureza material e
imaterial, tomados individualmente ou em conjunto, portadores de referência à
identidade, à ação, à memória dos diferentes grupos formadores da sociedade
1
brasileira”. (BRASIL, 1988)
Sendo assim, os patrimônios culturais são pertinentes no que diz respeito a
conexão entre passado e presente, justamente por colaborarem para a construção das
memórias e identidades, para possíveis compreensões sobre as relações entre
sociedade e memória e cultura.
Partindo desse pressuposto, o turismo cultural tem como potencial a
valorização a partir das interpretações do patrimônio cultural, apoiado a motivação do
turista em conhecer o passado ou manifestações culturais de determinados lugares ou

1
FEDERAL, Senado. Constituição. Brasília (DF), 1988..

131
grupos sociais, já o Turismo Étnico como uma vertente do turismo cultural, foi
caracterizado como uma atividade “voltada para as tradições e modos de um
determinado grupo e utilizado, principalmente, para destacar o turismo nas
comunidades, em processo de desenvolvimento”. (OMT, 2003, p. 168), 1
Sendo assim, o afroturismo como um nicho de mercado em desenvolvimento é
comtemplado como um tipo de visitação que busca contemplar as memórias e
histórias negras de um determinado espaço, salientando que para além de um resgate
ancestral, se baseia também na ideia de conexão da negritude atual.
A caminhada São Paulo Negra idealizada pelo Guilherme Soares Dias criador
do Guia negro desde maio de 2018, uma plataforma de afroturismo promovida pela
Diáspora Black, ocorre mensalmente no centro histórico da cidade de São Paulo,
possui o intuito de apresentar pontos turísticos da cidade que aportam histórias e
memórias negras.
O trajeto e ponto de encontro se inicia na praça da liberdade, bairro
denominado como de origem Japonesa, em que é apresentado de primeira instancia
como um bairro negro, visto que, primeiras pessoas libertas durante o período
escravocrata se instalaram naquela região, no mesmo local encontra-se a “Igreja
Nossa Senhora dos Enforcados” em que ocorreram diversos enforcamentos de
pessoas negras e indígenas, após serem intituladas como criminosas.
Logo após, é apresentado o cemitério dos aflitos e a Capela Nossa Senhora
dos Aflitos, bem tombando como monumento histórico pelo Conselho de Defesa do
Patrimônio Histórico, Arqueológico, Artístico e Turístico do Estado de São Paulo
(CONDEPHAAT), no cemitério por volta da década de 70, encontraram-se restos
mortais e o que estima-se é que seriam de pessoas negras as quais foram submetidas
à forca, porém, na região não é sinalizado de alguma forma essa questão, já
relacionado a capela, “Francisco José Chagas”, cabo negro que integrava o Exercito

1
GEE, Chuck Y.; FAYOS-SOLÁ, Eduardo. Turismo internacional: uma perspectiva
global. Organização Mundial do Turismo. Trad. de Roberto Gastal da Costa, v. 2, 2003.

132
“Batalhão dos caçadores” e um dos líderes da revolta organizada em função de
exigência de recebimento dos salário equivalentes aos dos soldados portugueses,
encontra-se enterrado em meio a esse espaço.
Ao longo do trajeto, foram apresentados espaços como o antigo pelourinho, o
antigo morro da forca, monumento mãe preta e entre outros espaços os quais o
espaço em si e as narrativas estabelecidas estão em processo de análise conforme o
desenvolvimento da monografia.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Por fim, com base na aproximação dos princípios-conceituais estabelecidos e


uma exposição breve da rota estabelecida pela Caminhada São Paulo Negra, é
possível observar que o afroturismo pode ser utilizado como uma ferramenta que
apresenta memória e histórias negras de uma forma decolonial, pois partindo da
sinalização efetuada pelo grupo, sobre as memórias que foram apartadas de regiões
como caso do “cemitério dos aflitos” na Liberdade, conseguimos refletir sobre como os
lugares de memórias estão em disputa também sobre a importância da reivindicações
sobre essas histórias e como o afroturismo possui esse aspecto de resgaste
memorial. Portanto, como a pesquisa encontra-se em estado inicial um dos pontos a
serem analisados são sobre essas memórias estarem ou não sempre apresentadas de
forma subalterna.

REFERÊNCIAS

FLORÊNCIO, Sônia Rampim et al. Educação Patrimonial: histórico, conceitos e


processos. Brasília, DF: IPHAN. DAF/COGEDIP/CEDUC, 2014. Disponível em:<
http://www. iphan. gov. br/baixaFcdAnexo. do, 2014.

HALBWACHS, Maurice. A Memória Coletiva. São Paulo. Editora Revista dos


Tribunais LTDA. 1990.

HALL, Stuart. A identidade na pós-modernidade. Rio de janeiro: DP&A, v. 4, 2006.


133
HALL, Stuart; SOVIK, Livia. Da diáspora: identidades e mediações culturais. Belo
Horizonte: UFMG. Humanitas, 2003.

134
Educação Patrimonial: uma abordagem teórica e prática,
nos educandos da E.E.E Médio Cilon Rosa, no município de
Santa Maria - RS.

Patrick Flores Soares 1


Fábio Zanini de Paula 2
Marcelo Ribeiro3

Resumo: O processo educacional tem como objetivo o conhecimento crítico do


patrimônio e o fortalecimento dos sentimentos de identidade e cidadania, e a forma
com que os educandos possuam enriquecimento através do conhecimento individual e
coletivo, dentre das diversas formas e dinâmicas educacionais estipuladas por estudos
similares a esse, a fim de criar uma mente mais questionadora. De acordo com os
autores Horta, Grunberg e Monteiro (1999) a educação patrimonial, “trata-se de um
processo permanente e sistemático de trabalho educacional centrado no patrimônio
cultural como fonte primária de conhecimento e enriquecimento individual e coletivo”.
Esse estudo teve como objetivo instigar os educandos do segundo ano da Escola
Estadual de Ensino Médio Cilon Rosa, a cunho da importância do patrimônio cultural
dentro do ambiente escolar, através da metodologia “aprender fazendo”, observando o
interesse dos educandos através do conhecimento apresentado.

Palavras-chave: educação patrimonial; patrimônio histórico cultural; aprender fazendo.

INTRODUÇÃO
No âmbito da Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a
Cultura - UNESCO, a noção de patrimônio vem se configurando em debates e
negociações iniciados desde a sua fundação, em 1948. O conceito é adotado e inclui
uma ampla característica em relação a monumentos históricos, conjuntos urbanos,
locais sagrados, obras-de-arte, parques naturais, paisagens modificadas pelo homem,
objetos pré-históricos, peças arquitetônicas, tradições orais e imateriais da cultura

1
Acadêmico de Gestão de Turismo; Universidade Federal de Santa Maria; Santa Maria - RS; Lattes:
http://lattes.cnpq.br/5473179288954101; E-mail: patricksoaresf@gmail.com.
2
Acadêmico de Gestão de Turismo; Universidade Federal de Santa Maria; Santa Maria - RS; Lattes:
http://lattes.cnpq.br/6949112866038461; E-mail: fabiozanini_sm@hotmail.com.
3
Docente no curso de Gestão de Turismo e na Pós Graduação no Programa de Mestrado Profissional
em Patrimônio Cultural da Universidade Federal de Santa Maria; Santa Maria - RS; Lattes:
http://lattes.cnpq.br/6668223529036644; E-mail: ribeiromarcelo64@gmail.com.
135
popular; na qual é agregado também uma postura de proteção, seja ele órgão público
ou iniciativa privada. (UNESCO, 2003)
O Projeto Interação na década de 1980, serviu como primeiro programa
brasileiro institucionalizado que envolveu escolas, cultura popular e patrimônio, na qual
seu objetivo era ampliar o desenvolvimento cultural como ação para a democratização
da vida brasileira, empenhada ao conhecimento, preservação e reflexão sobre valores
culturais básicos de um povo. (CUSTÓDIO, 2010).
Acredita-se que é importante que os processos educacionais cujo o foco
tenham sido no patrimônio cultural devem estar integrados às demais dimensões da
vida das pessoas. Para Soares “o processo de aprendizagem torna-se mais acessível
quando a educação patrimonial é inserida nos currículos escolares, facilitando e
possibilitando a interação das pessoas com a cultura local.” (SOARES 2003).
Partindo deste entendimento sobre educação patrimonial, destaca-se que a
proposta pedagógica que possibilita gerar diálogos entre o objeto cultural e a
comunidade escolar. A antiga Escola Artesanal Dr. Cilon Rosa foi fundada em 1946, e
possui uma história no município de Santa Maria desde sua criação, não possuía sede
própria e funcionava dentro da Escola Manoel Ribas, onde era oferecida cursos de
corte e costura. Passando por várias modificações curriculares. (ROSA, 2020).
Em 1966 a escola passou a ocupar um pavilhão do prédio da nova sede à
Avenida Presidente Vargas. Em 1971, com a conclusão do 2º pavilhão, a escola ocupa
sua sede própria. Atualmente a Escola Estadual de Ensino Médio Cilon Rosa, possui
sua própria sede localizado na Rua Appel, no município de Santa Maria -RS, com
aproximadamente cerca de 1800 educandos, 147 docentes e 31 funcionários,
distribuídos em três turnos de funcionamento. (ROSA, 2020).

METODOLOGIA
A presente atividade teve como metodologia fixa “aprender fazendo”, no
entanto foi utilizada também o processo de aprendizagem exploratória, com base nos
conteúdos abordados na disciplina Patrimônio Cultural e Turismo, o docente orientador
136
sugeriu ao discentes do Curso Superior de Tecnologia em Gestão de Turismo da
Universidade Federal de Santa Maria três encontros presenciais na qual trabalhariam
de forma criativa, interagindo com os alunos. Como resultado esperado, demostrariam
um produto final como forma de mostrar que os educandos aprenderam nos encontros
anteriores.

DESENVOLVIMENTO DAS ATIVIDADES


Primeiro encontro: A Escola definiu a turma que seria aplicada as atividades
seria a Turma 203. Os discentes do curso de Gestão de Turismo se apresentaram aos
educandos da escola, onde foi proposto a partir de apresentação de conteúdo sobre o
que os alunos entendiam sobre Patrimônio Histórico Cultural.
A seguir, os discentes apresentaram embasamento teórico e os conceitos
básicos de cultura, bens culturais, patrimônio material e imaterial, onde foi abordado
através de uma linha cronológica (Foto 01), anexada na lousa, sendo discutida com os
alunos e como exemplos foram usadas fotos da cidade de Santa Maria, do estado do
Rio Grande do Sul e do país Brasil.

Figura 1 – Linha Cronológica com conceitos e exemplos de Patrimônio Histórico


Cultural

Fonte: Arquivo Pessoal, 2021

137
O terceiro momento foi entregue um material impresso com o resumo do que
foi abordado, também foi solicitado que descrevessem em alguma folha, o que
aprenderam depois que o assunto foi discutido.
Segundo encontro: a metodologia usada do “aprender fazendo” na qual foi
programado que os educandos desenvolvessem três representações materiais da
cidade de Santa Maria- RS. Essa dinâmica foi abordada da seguinte forma: A) Foram
divididos em três grupos, com cinco integrantes; B) Foram sorteados o objeto que
deveriam desenvolver a atividade, conforme retirado o nome de um recipiente
improvisado em sala de aula; C) Cada um dos grupos recebeu todo material reciclável
disponibilizado e preparado pelos graduandos, por fim D) Foi estipulado o tempo uma
hora e trinta minutos para produção.
O objetivo desta dinâmica era que os educandos tivessem uma percepção da
metodologia “aprender fazendo” usamos como base o conceito apresentado por Horta
(2000) no documento do IPHAN, A Multiplicação do Método:

as diferentes maneiras de apresentar um objeto, um edifício ou meio ambiente


histórico ou natural podem dar margem ao domínio de técnicas e habilidades de
expressão dos mais diversos meios:... as colagens, as fragmentações dos
detalhes e texturas, a modelagem, a moldagem e a maquete, o fabrico de papel
artesanal são exemplos de criações plásticas.(p.05)

A escolha dessas representações foi através de pesquisa documental dos


graduandos, deste modo foram apresentadas as três edificações sendo elas: o Museu
Treze de Maio, que é um espaço para a divulgação, promoção e preservação da
história e cultura africana e afro-brasileira; Planetário da Universidade Federal de
Santa Maria, onde o projeto arquitetônico é do arquiteto Oscar Valdetaro, segundo
relatos, a partir de um esboço doado pelo arquiteto Niemayer em uma reunião no
Palácio Catetinho em 1959 em Brasília, e, por fim A Casa de Memória Edmundo
Cardoso na qual é constituída de um acervo arquivístico, bibliográfico e museológico,
referente a história de Santa Maria. Como mostra a foto 02.

138
Figura 2 – Representações produzidas no segundo encontro.

Fonte: Arquivo Pessoal, 2021

Terceiro encontro: nesse último encontro estava programado uma exposição


no hall de entrada da escola com todos os trabalhos desenvolvidos. Este último
encontro não ocorreu devido à greve deflagrada no mês de novembro de 2019 pelos
professores da rede pública de ensino estadual.

CONSIDERAÇÕES FINAIS
Com este trabalho, pôde-se constatar que a educação patrimonial aplicada nos
alunos de 2º ano do ensino médio é uma forma de aproximar a realidade desenvolver
o conhecimento e a compreensão de maneira lúdica sobre as questões relacionadas
ao patrimônio cultural levando em conta o tempo de contato, as atividades propostas e
o envolvimento dos educandos com o que lhes foi apresentado.
Tendo o conhecimento de que o Exame Nacional do Ensino Médio - ENEM,
aborda alguma questão relacionada a patrimônio, foi também uma contribuição ao
aprendizado dos educandos de EEEM Cilon Rosa e para os discentes acadêmicos
uma experiência de sala de aula, oportunidade de passar o conteúdo aprendido e
disseminar a ideia de que o patrimônio cultural é público e merece a preservação.
Outro aspecto a destacar foi a participação dos alunos que tiveram interesse e
curiosidade em participar e produzir o material para demonstrar o que aprenderam no
139
decorrer dos encontros. É pertinente comentar que a direção da escola, a diretora
pedagógica e os professores foram solícitos em abrir as portas para esta atividade,
mesmo que a greve ao final tenha prejudicado a apresentação final.
Conclui que da experiência da “intervenção” em sala de aula, que o
conhecimento sobre patrimônio cultural ainda é tímido, levando em conta que os
alunos da rede de ensino não possuem disciplinas ou conteúdo específico.

REFERÊNCIAS
CUSTÓDIO, Luiz Antônio Bolcato. “Educação Patrimonial: experiências”. In:
BARRETO, Euder Arrais et. al. Patrimônio Cultural e Educação: artigos e resultados.
Goiânia: Marques e Bueno Ltda, 2010, p.23- 36

HORTA, Maria de Lourdes Parreiras; GRUNBERG, Evelina; MONTEIRO, Adriane


Queiroz. Guia básico de Educação Patrimonial. Brasília: Instituto do Patrimônio
Histórico e Artístico Nacional, Museu Imperial, 1999.

HORTA, Maria de Lourdes Parreiras. Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico


Nacional – Educação Patrimonial PGM 5 A Multiplicação do Método. 2000.

ROSA, EEEM CILON. História da Escola Estadual de Ensino Médio Cilon Rosa.
Disponível em: http://eeemcilonrosa.blogspot.com/; Acesso em: 03 de abr. de 2020.

SOARES, André Luis. Ramos (Org.) et al. Educação Patrimonial: relatos e


experiências. Santa Maria: Ed. da UFSM, 2003.

UNESCO, Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a


Cultura, Proteção do patrimônio na UNESCO, ações e significados; 2003.

140
O Museu Virtual de Turismo no Brasil e a preservação da
memória: registrando trajetórias e vivências 1

David Francisco Nunes Ferreira 2


Thayane Trindade Silva 3
Victor Hugo Geovú Esposito 4
Valéria Lima Guimarães 5

Resumo: O objetivo do trabalho é relatar o processo formativo do Museu Virtual de


Turismo no Brasil, um novo projeto que está sendo desenvolvido no âmbito dos cursos
de graduação e pós-graduação de uma universidade brasileira, que conta com
diversas parcerias, com vistas a preservar a história do turismo e do lazer no país,
incluindo as transformações ocorridas no tempo presente. O referido museu, a ser
inaugurado em 2022, contará com atividades interativas, de caráter lúdico, pedagógico
e social e com um banco de dados, disponível ao público, que dará apoio aos
pesquisadores que se interessam pelas temáticas da história do turismo e do lazer,
trazendo ainda entrevistas com trabalhadores do turismo, valorizando suas memórias
e trajetórias pessoais e profissionais. Esse processo, que representa um grande
desafio para a equipe responsável, envolve o cruzamento de conhecimentos e
práticas multidisciplinares, incluindo as áreas de História, Turismo, Museologia,
Ciência da Computação, Comunicação, Cinema, entre outras. Esses desafios e a
complexidade da formulação e execução do projeto serão aqui tratados, no intuito de
não só comunicar à comunidade acadêmica e também à sociedade a sua realização,
como também buscar novas parcerias e apoio para a montagem e composição do
acervo.

Palavras-chave: Museu Virtual, Exposição Virtual, História do Turismo, História do Lazer.

1
Trabalho desenvolvido com o fomento de bolsas de iniciação científica proporcionadas pelo Programa
PIBINOVA/UFF, FAPERJ e CNPQ.
2
Graduando em Turismo; Universidade Federal Fluminense; Niterói / Rio de Janeiro; Lattes:
http://lattes.cnpq.br/6256207264608013; E-mail: davidfrancisco@id.uff.br.
3
Graduanda em Turismo; (b) Universidade Federal Fluminense; Niterói / Rio de Janeiro; Lattes:
http://lattes.cnpq.br/6019468166400797; E-mail: thayanetrindade@id.uff.br.
4
Graduando em Turismo; Universidade Federal Fluminense; Niterói / Rio de Janeiro; Lattes:
http://lattes.cnpq.br/2402736725492445; E-mail: victorgeovu@id.uff.br.
5
Historiadora e Turismóloga. Doutora em História Comparada (UFRJ); Universidade Federal
Fluminense; Niterói / Rio de Janeiro; Lattes: http://lattes.cnpq.br/5344912790840208; E-mail:
valeriaguimaraes@id.uff.br.

141
INTRODUÇÃO
Cientes das dificuldades com a preservação da memória e das fontes
históricas referentes ao turismo brasileiro, um grupo de pesquisadores, que envolve
professores universitários, alunos de graduação e de pós-graduação do curso de
Turismo de uma universidade brasileira, reuniu-se para organizar um projeto de
criação de um museu virtual que procurasse oferecer ao público um espaço interativo
de construção e preservação da memória do turismo brasileiro e que, ao mesmo
tempo, pudesse contribuir como um espaço de referência para os pesquisadores
acadêmicos interessados na escrita da história do turismo no país.
O projeto foi inspirado no Museu Virtual do Turismo, iniciativa da Escola de
Hotelaria e Turismo do Estoril, em Portugal (https://muvitur.eshte.pt/), resultando em
contatos com os idealizadores do projeto português e no apoio à realização do
congênere brasileiro.
Neste trabalho serão relatados em linhas gerais os primeiros passos que
envolvem os processos de estruturação do Museu Virtual de Turismo no Brasil e da
construção da exposição a respeito da preservação da memória dos trabalhadores do
turismo no país, ressaltando as complexidades e os desafios que cercam esse projeto
de pesquisa e extensão compreendido no universo digital.

DESENVOLVIMENTO
No processo de elaboração do Museu Virtual de Turismo no Brasil, o
registro documental e o esforço criativo exigido para a criação do site do museu,
veiculação do acervo e promoção das atividades pedagógicas e acadêmicas, estão
presentes 14 pesquisadores das áreas de Turismo, História e Cinema e Audiovisual.
Desses, três alunos de graduação, que têm papel ativo em todas as etapas de criação
do museu, são bolsistas de iniciação científica, com fomento das agências: Conselho
Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPQ); Programa Institucional
de Bolsas de Iniciação à Inovação (PIBINOVA/UFF); e da Fundação de Amparo à
Pesquisa do Estado do Rio de Janeiro (FAPERJ).
142
Iniciando suas atividades em dezembro de 2020, o grupo de pesquisa
realizou a busca por trabalhos que abordassem a história do turismo e do lazer nos
eventos da Associação Nacional de Pesquisa e Pós-Graduação em Turismo
(ANPTUR), da Associação Nacional de História (ANPUH) e da Universidade de Caxias
do Sul (UCS), compondo uma base de dados, por meio da coleta dos nomes dos
autores, e-mails para contato e trabalhos apresentados.
Em seguida, foram selecionados os autores mais presentes nas
diferentes edições desses eventos, para que fossem enviados convites individuais
para a participação no acervo do museu, por meio do envio de um curto vídeo
contando as narrativas e lembranças próprias acerca das temáticas abordadas na
exposição. Ainda, os convidados poderiam enviar documentos, fotografias, pôsteres e
outros arquivos que pudessem incitar a memória do turismo e do lazer pessoal.
Inserida nos processos de construção do Museu Virtual do Turismo no Brasil,
está a elaboração da exposição denominada “Caminhos pelas Memórias e Histórias
do Turismo e do Lazer no Brasil: Parceiros em Percurso”. Seu objetivo, compartilhado
com o museu, é o de preservar a história do turismo e do lazer no território brasileiro,
registrando as histórias e vivências de pesquisadores da área, além de alcançar
também os registros nacionais acerca de experiências e do cenário exterior.
Paralelamente, os pesquisadores vêm efetuando também o registro da
memória dos trabalhadores envolvidos nos diferentes setores da atividade turística e
elaborando atividades educativas que deem visibilidade principalmente a sujeitos
historicamente excluídos dos processos sociais, mas que tiveram e continuam a ter
importância fundamental no turismo.
O recurso à história oral como fonte e método tem sido de suma importância
para as atividades de composição do acervo e estão sendo realizadas oficinas de
capacitação da equipe envolvida na produção do museu, além da troca de
experiências com pesquisadores acadêmicos que já se lançaram na organização de
museus virtuais nas mais diversas temáticas e áreas de conhecimento.

143
Quando se pensa em museu virtual, imagina-se a possibilidade de
disponibilizar todo e qualquer acervo de forma digital, atingindo a maior quantidade de
pessoas possível, e consequentemente disseminando o conhecimento. Seguindo este
raciocínio, Malraux (2000), propôs a criação de um museu imaginário que serviria para
abrigar todas as obras de arte do mundo, por meio da fotografia, de modo que toda
pessoa poderia ter o seu museu imaginário. Porém, segundo Battro (1999) para que
se configure um museu virtual é necessário muito mais do que fotos na internet, é
preciso conceber um novo museu, sendo o espaço virtual uma oportunidade de criar
um museu completamente novo, diferente da ideia da reprodução de um museu físico.
Dessa forma, podemos considerar o museu virtual como:

[...] Um espaço virtual de mediação e de relação do patrimônio com o seu


público. É um museu paralelo e complementar que privilegia a comunicação
como forma de envolver e dar a conhecer determinado patrimônio
(HENRIQUES, 2018: 67).

Nesse sentido, a comunicação surge como um diferencial do aspecto virtual se


comparado aos museus físicos, por permitir uma interatividade maior e mais dinâmica,
engajando o público e alcançando um número maior de pessoas de diferentes classes.
Estes são, pois, alguns dos maiores desafios enfrentados pela equipe do museu em
gestação, que tem a preocupação, a partir de estudos teóricos envolvendo a nova
museologia e a museologia virtual, de construir uma proposta que não reproduza as
características de um museu físico convencional, mas que tenha a capacidade de
dialogar com o público em um novo sistema e linguagem, compreendidos pelos
códigos técnicos e sociais da virtualização da experiência da visita em um museu
desta natureza.

CONSIDERAÇÕES FINAIS
O projeto de criação do Museu Virtual de Turismo no Brasil representa uma
iniciativa inédita no país e bastante desafiadora, mobilizando estudos teóricos e

144
técnico-práticos, saberes e fazeres diversos, que buscam ao mesmo tempo
documentar, preservar e divulgar a memória e a produção histórica acerca do turismo
brasileiro, bem como as histórias de vida de homens e mulheres trabalhadores do
setor, proporcionando a compreensão da sociedade brasileira pelas lentes do turismo.
Com isso, será possível disponibilizar para o visitante uma imersão ao
passado, transitando pelas mudanças que ocorreram ao longo do tempo e por meio
do desenvolvimento social e tecnológico presente nas últimas décadas, responsável
pela remodelação de processos, funções e até mesmo hábitos da sociedade.
Vale ressaltar também a disponibilização de bolsas de iniciação científica
como fator que torna possível a elaboração do Museu Virtual do Turismo no Brasil,
além da constante expansão de seu acervo, aprofundando a experiência do visitante a
partir das diferentes possibilidades de interação com as temáticas abordadas pelo
museu e suas exposições.
Ainda, ressalta-se a constante atualização do acervo após sua inauguração
por parte dos pesquisadores, por meio da possibilidade do próprio visitante incorporar
a função de curador, ao enviar suas experiências e relatos para compor a exposição.
Esse novo material estará sujeito à análise do grupo de pesquisa para que,
posteriormente, possa ser adicionado ao acervo do museu.

REFERÊNCIAS

BATTRO, Antonio. Museos imaginarios y museos virtuales. 13. ed. FADAM, 1999.
BEIRÃO, Paulo. A importância da iniciação científica para o aluno da graduação.
UFMG, 2020. Disponível em: https://www.ufmg.br/boletim/bol1208/pag2.html. Acesso
em: 21 out. de 2021.

HALLAL, Dalila Rosa; GUIMARÃES, Valéria Lima. Museu Virtual do Turismo: o que
podemos aprender com a experiência portuguesa? Turismo e Sociedade, v. 14, n. 2,
p. 25-40, 2021. Disponível em: https://revistas.ufpr.br/turismo/article/view/77452.
Acesso em: 20 out. 2021.

145
HENRIQUES, Rosali. Os museus virtuais: conceito e configurações. Cadernos de
Sociomuseologia, v. 55, n. 12, p. 53-70, 2018. Disponível em:
https://revistas.ulusofona.pt/index.php/cadernosociomuseologia/article/view/6337.
Acesso em: 15 out. 2021.

MALRAUX, André. O museu imaginário. 1. ed. Lisboa: Edições 70, 2011.

MUSEU DA PESSOA. Disponível em: https://museudapessoa.org/. Acesso em: 19 out.


2021.

OLIVEIRA, Cássio Silva. A Importância da Iniciação Científica para a Universidade,


para o Estudante e para a Comunidade. 2017. 1 f. Artigo (Bacharelado em
Informática), Universidade Católica do Salvador, Salvador, 2017. Disponível em:
https://cassioso.wordpress.com/importancia-da-iniciacao-cientifica/. Acesso em: 18 out.
2021.

146
Migrações em Caxias do Sul: uma cidade com história de
migrações

Brenda Borges Gomes 1


Júlia Zeilmann Jaeger 2
Victória Antônia Tadiello Passarela 3
Vania Beatriz Merlotti Heredia 4

Resumo: O estudo tem como intuito apresentar dados acerca da imigração


internacional atual na cidade de Caxias do Sul. O estudo examina os dados que
retratam a migração internacional em Caxias, no período entre 2014-2019, a partir de
dados do Centro de Atendimento ao Migrante (CAM), no período de 2020 a 2021, do
Centro de Informações ao Imigrante (CIAI). Utilizou-se a metodologia crítica, e como
quadro teórico foram empregadas as obras de Heredia (2015), Becker (2010) e Sayad
(1998). Como resultados gerais, constatou-se que as migrações são marcadas por
características laborais e a definição do destino dos migrantes deve-se à possibilidade
de trabalho. Por fim, a contabilização e acesso a novos dados tem se mantido
controversa em função da pandemia da Covid-19, mas com a atuação junto ao CIAI e
com as situações caóticas que têm se intensificado ao redor do mundo e atrelado ao
fato de que o Município de Caxias do Sul se mantém como polo de atração, verificou-
se que o fluxo migratório tem tendência a aumentar, junto à circunstância de que a
mão de obra barata e disponível do migrante continua mostrando-se necessária.

Palavras-chave: Migrações internacionais. Mobilidade Espacial. Centro de Informações ao Imigrante.

O presente estudo tem como finalidade apresentar a temática migratória a


partir de uma discussão acerca do fenômeno no Município de Caxias do Sul. O cenário
da migração nesse município foi analisado, a partir de dados do Centro de
Atendimento ao Migrante, no que concerne ao período de 2014-2019, partindo do
pressuposto de que a cidade tem acolhido migrantes por muitas décadas. Além

1
Bacharelanda em Direito; UCS; Caxias do Sul. RS; Lattes: http://lattes.cnpq.br/6680498002418947; E-
mail; bbgomes@ucs.br.
2
Bachaleranda em Serviço Social; UCS; Caxias do Sul. RS; Lattes:
http://lattes.cnpq.br/3289688902268883; E-mail: jzaeger@ucs.br.
3
Bacharelanda em Direito; UCS; Caxias do Sul, RS; Lattes: http://lattes.cnpq.br/9366738007027022; E-
mail: vatpassarela@ucs.br.
4
Doutora em História pela Universidade de Gênova-Itália; Professora Titular na Universidade de Caxias
do Sul; Lattes: http://lattes.cnpq.br/2028194865995189; E-mail: vbmhered@ucs.br.
147
desses dados, em relação à série dos últimos dois anos, isto é, 2020 e 2021, o Núcleo
de Estudos Migratórios da UCS, a partir da pesquisa denominada “Migrações
Internacionais: desafios e perspectivas no século XXI”, tem atuado em conjunto ao
Centro de Informações ao Imigrante (CIAI) na coleta de dados dos imigrantes que se
dirigem ao centro no intento de obter orientação sobre a sua regularização migratória.
É importante lembrar, também, que a cidade tem recebido migrantes ao longo
de sua história e dependendo do período a migração apresenta características
distintas. Ainda, a partir do final da primeira década e começo da segunda do século
XXI, a cidade começa a receber de forma constante migrantes que vêm de outros
países, substituindo as migrações internas, que sempre foram frequentes, pelas
migrações internacionais.
Nesse sentido, desde o ano de 2010, a cidade tem recebido um número
considerável de migrantes que provêm do Haiti, e nos anos seguintes do Senegal, o
que evidencia que nas migrações com características laborais a definição do destino
deve-se à possibilidade de trabalho, sendo que, mais recentemente, o fluxo de
venezuelanos tem aumentado, em função da crise humanitária enfrentada pelo país.
Nos estudos migratórios que o Núcleo de Pesquisa tem realizado desde 1998,
comprova-se que o parque industrial localizado na Serra gaúcha tem absorvido um
número considerável de migrantes.
Contudo, a escolha por analisar somente o perfil dos haitianos e dos
senegaleses que se instalaram no Município de Caxias do Sul, entre os anos de 2014
e 2019, deve-se ao fato de que nos estudos realizados houve um acompanhamento
desses dois grupos no arco temporal da pesquisa, o que permite tecer comentários
acerca desses grupos. No que tange aos venezuelanos, por mais que se tenha ciência
que eles têm chegado à cidade, ainda não foi possível a contabilização dos dados do
CIAI, em função da sua recente estruturação.
Desse modo, utilizou-se do método crítico que, de acordo com Becker (2012),
defende que a migração não é um mero fenômeno individual, mas sim algo que
decorre das estruturas sociais. Além disso, trata-se de uma pesquisa com natureza
148
qualitativa, de cunho analítico e exploratório, tendo em vista que foram analisadas
concepções teóricas-metodológicas do fenômeno migratório e, também, bibliografias,
artigos, leis e reportagens, tendo como ponto de partida panoramas teóricos críticos.
Para isso, o quadro teórico baseou-se nas obras de Herédia (2015), no intuito de
embasar a análise das dinâmicas migratórias internacionais; Sayad (1998), o conceito
de migrante e suas condições de deslocamento; Becker (2012), sob a perspectiva de
duas interpretações distintas de mobilidade.
Nesse contexto, as migrações fazem parte da história de Caxias do Sul,
principalmente por ter sido conhecida como um polo industrial, desenvolvendo-se
principalmente no setor primário, deixando-a muito atrativa aos fluxos migratórios. No
entanto, devido a falta de inserção no mercado de trabalho dos imigrantes, acabou
ocasionando um elevado número de desempregados entre eles, fazendo com que
alguns fluxos, como o dos Senegaleses - que apresentam um perfil laboral -
diminuíssem consideravelmente na última década. Desse modo, percebe-se que
muitos dos imigrantes que haviam se deslocado para o município deparam-se com
grandes desafios na sua inserção social e econômica.
Em relação aos migrantes senegaleses, constatou-se que eles procuram
trabalho e melhorias em empregos, o que reflete que estão em busca de melhores
condições de ocupação, mesmo que aceitem o trabalho provisório em algumas
atividades econômicas. É possível analisar, também, que os imigrantes preferem
cidades médias como Caxias do Sul, em função da integração que lhes é permitida
realizar no município. Assim, vê-se que, entre os anos de 2014 e 2019, 22,47% dos
senegaleses estabelecidos na cidade em questão estavam empregados regularmente,
isto é, com carteira de trabalho assinada e de forma estável, o que reforça que o
motivo dessa migração seja o trabalho direcionado a um polo industrial, tendo em vista
que o município é reconhecido por historicamente ter recebido fluxos migratórios
(HERÉDIA; PANDOLFI, 2015).
Um dos principais diferenciais que a migração haitiana possui, em comparação
a senegalesa, é a existência do chamado “Visto Humanitário aos haitianos e apátridas
149
residentes” no Haiti. Este visto realiza a concessão do visto temporário e da
autorização de residência para fins de acolhida humanitária, um fator que demonstra o
perfil migratório de crise. Assim, a partir de 2010 aumenta o número de imigrantes que
provêm do Haiti no município de Caxias do Sul. Pode-se dizer que o fluxo migratório
dos haitianos é representado por uma migração de crise, diferentemente dos
senegaleses que é identificada como laboral. A situação dos haitianos deve-se não
apenas pelos desastres naturais ocorridos no Haiti, como também pelas dificuldades
socioeconômicas enfrentadas naquele país.
A situação de desemprego é uma das características compartilhadas pelos
imigrantes, em especial por aqueles que são negros e latinos. É comum verificar
discursos que refletem preconceitos aos migrantes haitianos, mesmo que muitos já
estejam instalados no município. Enfrentam problemas vinculados ao idioma,
dificuldade de realizar o processo da documentação, entre outros. Além do
desemprego, os imigrantes se encontram mais vulneráveis a situações de trabalho
precário, principalmente quando considerados estrangeiros. Essa constatação
corrobora o que é dito por Sayad quando diz que o migrante é uma força de trabalho
provisória, onde a sua presença na sociedade está baseada em sua condição de
trabalho, principalmente em setores que não são ocupados pelas condições que
representam.
O sistema econômico necessita, continuamente, de mão de obra para garantir
a expansão econômica, sendo que essa, o quanto mais numerosa for, melhor será
para o capital No entanto, mesmo que seja “reconhecível a utilidade econômica e
social dos imigrantes, ou seja, as “vantagens” que eles oferecem para a economia”
(SAYAD, 1998, p. 47) ainda existe uma dificuldade na inserção desses indivíduos,
criando um certo paradoxo, no qual o imigrante é visto como mão de obra provisória.
Cumpre ressaltar, também, que, no intento de acolher e de fornecer
informações sobre a regularização migratória aos imigrantes que chegam no Município
de Caxias do Sul, a Prefeitura instituiu o Centro de Informações ao Imigrante (CIAI),
que orienta os indivíduos, que aqui chegam, sobre os procedimentos a serem
150
adotados junto à Polícia Federal. A atuação do Centro de Informações ao Imigrante
mostra-se de suma importância, principalmente em um contexto de acolhimento e
hospitalidade do Município de Caxias do Sul frente a um fenômeno que não pode ser
ignorado: o fluxo migratório de indivíduos que buscam se inserir no mercado de
trabalho caxiense e que contribuem, portanto, ao crescimento da economia local.
Por esse motivo, a pesquisa de campo realizada pelo Núcleo de Estudos
Migratórios da Universidade de Caxias do Sul é de extrema importância, uma vez que
é por meio das coletas de dados que poderemos compreender a situação das
migrações atuais e os principais desafios que esses indivíduos estão tendo ao
chegarem no Município. Contudo, em função do fato de que a coleta dos dados mais
recentes ainda está em andamento, são breves os comentários que podem ser feitos
acerca da série de 2020-2021, mas tem-se, mesmo com a pandemia da Covid-19, o
Município continuou a receber e a ser destino de tais fluxos.
Percebe-se que apesar da mudança na legislação migratória brasileira,
realizada em 2017, que trouxe uma característica mais humanitária e receptiva para
política de migração a recepção da sociedade permanece adversa e muitas vezes
acompanhada de um sentimento xenofóbico e racista, notando uma clara falta de
inserção socioeconômica. Mesmo assim é possível observar algumas mudanças,
principalmente pelos envolvimentos comunitários nos serviços como o Centro de
Atendimento ao Migrante e o Centro de Informações ao Imigrante.
Conclui-se, em suma, que os imigrantes ao se deslocarem de seus países,
anseiam por uma melhor condição de vida, vendo no mercado de trabalho essa
oportunidade. Entretanto, diferentemente do que muitos esperam, encontram grandes
desafios, e a volta para seus países, bem como o reencontro com seus familiares,
pode se tornar cada vez mais distantes.

REFERÊNCIAS
BECKER, Olga Maria Schild. Mobilidade espacial da população: conceitos, tipologia,
contextos. In: CASTRO, Iná Elias de; GOMES, Paulo César da Costa; CORRÊA,
151
Roberto Lobato (org.). Explorações geográficas: percursos no fim do século. Rio de
Janeiro: Bertrand Brasil, 1997. p. 319 - 367

HERÉDIA, Vania Beatriz Merlotti; PANDOLFI, Bruna. Migrações internacionais: o caso


dos senegaleses no sul do Brasil. In: HERÉDIA, Vania Beatriz Merlotti (org.).
Migrações internacionais: o caso dos senegaleses no sul do Brasil. Caxias do Sul,
RS: Belas-Letras, 2015. p. 95-113

SAYAD, Abdelmalek. A Imigração ou os Paradoxos da Alteridade. São Paulo:


Editora da Universidade de São Paulo, 1998.

152
Migrante e família haitiana: um reencontro possível?

Débora Kieling Pavan 1


Vania Beatriz Merlotti Herédia 2

Resumo: O presente estudo nasce do projeto de pesquisa Migrações no século XXI:


desafios e perspectivas do Núcleo de Estudos Migratórios da Universidade de Caxias
do Sul e tem como objetivo investigar a percepção de haitianos, residentes na cidade,
quanto ao processo de reunião familiar. A abordagem metodológica é crítica e o
estudo utiliza a ‘análise textual discursiva’ para interpretação dos dados qualitativos.
Das entrevistas semiestruturadas realizadas com migrantes haitianos residentes em
Caxias do Sul, emergiram para três categorias analíticas: a falta de perspectiva em
continuar no Haiti, a promessa de buscar a família e a dificuldade de reencontro no
Brasil. O estudo contribui para entender a importância da criação e sustentação de
redes afetivas e de espaços destinados à população migrante na cidade para
enfrentamento do processo de reunião familiar.

Palavras-chave: Migrações internacionais, Haiti, Reunião familiar.

INTRODUÇÃO
A garantia do direito à reunião familiar é um dos princípios e diretrizes da
política migratória brasileira na Nova Lei de Migração, Lei n. 13.445/2017 (BRASIL,
2017). Ela revogou o Estatuto do Estrangeiro, Lei n. 6.815/1980, fruto da Ditatura
Militar no Brasil, e se tornou referência para outros países, levando em conta o
respeito aos direitos humanos e fundamentais e a dignidade da pessoa humana.
O presente estudo, que faz parte do projeto de pesquisa Migrações no século
XXI: desafios e perspectivas do Núcleo de Estudos Migratórios da Universidade de

1
Acadêmica do curso de Psicologia da Universidade de Caxias do Sul, Caxias do Sul – RS. Lattes:
http://lattes.cnpq.br/9594454961633291. E-mail: dkpavan1@ucs.br.
2
Doutora em História das Américas pela Università degli Studi di Genova (1992). Docente e
pesquisadora no Programa de Pós-Graduação em Turismo e Hospitalidade da Universidade de Caxias
do Sul. Coordenadora do Núcleo de Estudos Migratórios da UCS, Caxias do Sul – RS. Lattes:
http://lattes.cnpq.br/2028194865995189. E-mail: vbmhered@ucs.br.

153
Caxias do Sul, investiga a percepção da população migrante haitiana residente na
cidade quanto ao processo de reunião familiar.

METODOLOGIA
A abordagem metodológica é crítica, trata a migração como “mecanismo de
deslocamento populacional, reflete mudanças nas relações entre pessoas (relações de
produção) e entre essas e seu ambiente físico” (BECKER, 1997, p. 323).
O estudo tem caráter qualitativo, onde utilizou-se como técnica as entrevistas
semiestruturadas com migrantes haitianos residentes em Caxias do Sul. Para a
análise das entrevistas, utilizou-se o método “análise textual discursiva” (MORAES e
GALIAZZI, 2016).

RESULTADOS E DISCUSSÃO
Os resultados são apresentados por meio de três categorias analíticas: a falta
de perspectiva em continuar no Haiti, a promessa de buscar a família e a dificuldade
de reencontro no Brasil.
Na primeira categoria, “a falta de perspectiva em continuar no Haiti” fica
evidente os apontamentos de Mejía e Cazarotto (2017) de que, nas últimas décadas,
mais de um quarto da população haitiana emigra, porque a solidariedade e o auxílio
humanitário internacional que o Haiti recebe – devido à crise econômica, política e
ambiental que acomete o país –, não contribuí para melhorar suas condições de vida.
A fala a seguir evidencia esta categoria, onde a possibilidade de reconstrução
do país se vê a cada dia mais distante, seja devido a desastres naturais, pobreza
extrema, corrupção, assassinato do presidente ou pelo colapso econômico.

O futuro de um haitiano, era antes do terremoto, como dizemos de 20 anos para cá. Era
uma [situação] um pouco crítica, não é? Um pouco. Mas, depois do terremoto as
pessoas perdem aquela que era a esperança de ter um futuro seguro, então, muda
[nas] pessoas de ver que fora é melhor (Migrante F.).

154
A segunda categoria “A promessa de buscar a família”, traz à tona que, além
da falta de perspectiva em continuar no Haiti, o ato de migrar é constitutivo do
cotidiano haitiano, onde representa status social e honrar a família diante da
comunidade. Assim, as famílias se organizam em busca de um novo projeto de vida
familiar, comumente fazendo economias para orçar a viagem do membro que fará o
processo de mobilidade. Segundo Handerson (2015), ao mesmo tempo em que o
viajante ganha apoio material, emocional e espiritual da família, ele também sofre
grande pressão social, de responsabilidade perante os demais membros. O relato a
seguir expressa o sentimento que tem frente a migração:

Tem um (irmão) que está na construção, e dois é metalúrgico. Depois, tem um que eu
preciso trazer aqui, mas ele precisa ganhar visto, vai esperar visto.(Migrante M.)

As expectativas criadas pela diáspora, muito mais do que enviar remessas de


dinheiro, se ampliam no dever de mandar buscar a família, reencontro que denota o
sucesso da diáspora. No relato a seguir, um migrante comenta sobre o que lhe é
esperado socialmente e que, por estar enfrentando dificuldades no Brasil, se sente
envergonhado por não conseguir trazer a família para cá:

Quando tem festa [na igreja] todo mundo ta comiendo e eu tava pensando em minha
família lá na República Dominicana e, aqui tem comida demais e não tem como guardar
um plato para dar ao meu filho, por isso tenho vergonha. [...] Daí começou a fazer una
campanha, [...] e me ajuda a arrumar um dinheiro. (Migrante Z.)

Na categoria “A dificuldade de reencontro no Brasil” identificou-se alguns


obstáculos que migrantes enfrentam na construção desse projeto de vida familiar aqui
no Brasil. Conforme Herédia e Klipp (2017), muitos que vieram para o Sul do Brasil
não encontraram aquilo que esperavam e o trabalho desejado foi uma forte decepção:

Eu fico bem triste porque tem que vim num país para conseguir uma vida melhor. [...] Se
vai trabalhar na limpeza, precisa de experiência na limpeza, se eu não tenho, não
consigo. (Migrante M.)

Além do desemprego, o processo de reunião familiar é adiado por conta da


demora dos trâmites legais e outros entraves, como conta a migrante.

155
Eu vim primeiro, fiquei anos trabalhando, guardei dinheiro e mandei pra ele, pra ele
poder vim junto com meus filhos. [...] Na primeira casa que eu aluguei roubaram,
roubaram minhas coisas (Migrante J.).

CONSIDERAÇÕES FINAIS
Perante as dificuldades enfrentadas, a criação e sustentação de redes afetivas
e de espaços destinados à população migrante na cidade é imprescindível no
enfrentamento do processo de reunião familiar. Na cidade de Caxias do Sul, existe a
entidade filantrópica Centro de Atendimento ao Migrante, fundada em 1980,
pertencente à congregação das Irmãs Scalabrinianas. A prefeitura, recentemente, no
ano de 2020, atenta à ampliação da população migrante na cidade, inaugurou o
atendimento por meio da criação de um Centro de Informações ao Imigrante. A
Associação dos Imigrantes Haitianos em Caxias do Sul também é um espaço de
encontro e discussão da comunidade haitiana aqui na cidade.
Ademais, vizinhança, colegas de trabalho, comunidade religiosa e demais
familiares também são importantes redes a serem acessadas visando potencializar o
protagonismo dos migrantes haitianos em Caxias do Sul, como é o caso do migrante
citado anteriormente que se sentia envergonhado. Foi por meio da comunidade
religiosa à qual frequenta que foi possível arrecadar fundos numa campanha para
pagar a vinda da sua família ao Brasil.

REFERÊNCIAS
BECKER, O. M. S. Mobilidade espacial da população: conceitos, tipologia, contextos.
In: CASTRO, I. E.; GOMES, P. C. C.; CORRÊA, R. L. (org.). Explorações
geográficas: percursos no fim do século. Rio de Janeiro: Bertrand Brasil, 1997.

BRASIL. Decreto n. 9.199, de 20 de dezembro de 2017. Regulamenta a Lei n.


13.445, de 24 de maio de 2017, que institui a Lei de Migração. Brasília, DF:
Presidência da República, 2017. Disponível em:
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2015-2018/2017/Decreto/D9199.htm Acesso
em: 1º abr. 2021.

156
HANDERSON, J. Diáspora: as dinâmicas da mobilidade haitiana no Brasil, no
Suriname e na Guiana Francesa. 2015. Rio de Janeiro: Universidade Federal do Rio
de Janeiro, 2015. Disponível em:
https://laemiceppac.files.wordpress.com/2015/06/tese-de-joseph-handerson.pdf
Acesso em: 21 mar. 2021.

HERÉDIA, V. B. M.; KLIPP, I. Quem são os migrantes provenientes da conhecida


“Pérola das Antilhas” – o Haiti, na cidade média de Caxias do Sul, a “Pérola das
Colônias”, no Sul do Brasil? In: SOARES, L. M. P. C.; GULLO, M. C. R.; VIANNA, S. L.
G. V. (org.). A economia e o turismo compartilhando soluções. Caxias do Sul, RS:
EDUCS, 2017. Disponível em: https://www.ucs.br/site/midia/arquivos/ebook-a-
economia.pdf Acesso em: 21 mar. 2021.

MEJÍA, M. R. G.; CAZAROTTO, R. T. O papel das mulheres imigrantes na família


transnacional que mobiliza a migração haitiana no Brasil. Repocs, v. 14, n. 27, p. 171-
190, jan./jun. 2017. Disponível em:
http://www.periodicoseletronicos.ufma.br/index.php/rpcsoc/article/view/6452/4117#
Acesso em: 22 mar. 2021.

MORAES, R.; GALIAZZI, M. do C. Análise textual discursiva. 3. ed. Rev. e Ampl. Ijuí:
Editora Unijuí, 2016.

157
Roda de Conversa 7: Gestão e Hotelaria

SISTEMA DE REVIEWS: A importância dos sites de


avaliações on-lines na tomada de decisão dos
consumidores da Hotelaria

Kelen Bruna de Oliveira Cunha 1


Mailson Sampaio do Nascimento 2
Maria Adriana S. B. Teixeira 3
Stephanie Pinto 4

Resumo: O sistema de reviews on line tem sido cada vez mais adotado na tomada de
decisão de compras por pessoas no mundo inteiro, sendo assim, tem-se a
necessidade de compreender de que forma essas avaliações têm impacto em um do
setores que pode ser considerado a porta de entrada para a prática do turismo, o
hoteleiro. A presente pesquisa trouxe como objetivo geral analisar a relação entre os
sites de classificação e avaliações online no setor hoteleiro, a mesma se caracteriza
como exploratória do tipo descritiva. Para alcançar os objetivos propostos, este artigo
baseou-se em duas etapas; a primeira foi buscar identificar os sites de avaliações mais
usados pelos consumidores e a segunda deu-se pela busca de autores que já haviam
falado a respeito. Por fim, concluiu-se que, os sites de avaliações on-line possuem
grande relevância para o setor hoteleiro, pois é através dele que muitos clientes
decidem na hora da compra.

Palavras Chave: Reviews on-line; Hotelaria; Turismo; Internet; Novos Consumidores

1
Acadêmica do curso de Turismo na Escola Superior de Artes e Turismo, da Universidade do Estado do
Amazonas- UEA. Graduada em Administração na Escola Superior de Ciências Sociais, UEA.
Especialista em Gestão Pública pela Universidade Federal do Amazonas- UFAM. E-mail:
kbdoc.tur19@uea.edu.br
2
Acadêmico do curso de turismo da Universidade do Estado do Amazonas - UEA; Manaus - AM;
Lattes: http://lattes.cnpq.br/2699549654147423; E-mail: msdn.tur19@uea.edu.br
3
Doutora em Educação pela Universidade de La Empresa - UDE e reconhecida pela Universidade do
Estado de Santa Catarina - UDESC; Mestre em Turismo pela Universidade de Caxias do Sul - UCS;
Especialista em Metodologia da Pesquisa pelo Centro Universitário do Norte e Professora do curso de
Turismo da Universidade do Estado do Amazonas - UEA; Manaus, AM;
Lattes:http://lattes.cnpq.br/7305750465493497 ; E-mail: msteixeira@uea.edu.br
4
Acadêmica do curso de turismo da Universidade do Estado do Amazonas - UEA; Manaus - AM; E-mail:
sp.tur@uea.edu.br

158
INTRODUÇÃO
Inicialmente, o presente artigo traz uma contextualização a respeito das
tecnologias de informação e seu papel no cotidiano das pessoas, também busca fazer
um levantamento do papel dos sistemas de avaliações e sua aplicação no setor
hoteleiro, no qual exerce forte influência.
Em se tratando de avaliações on-line, pode-se mensurar seu nível de
importância, uma vez que contribui de forma significativa para que novos
consumidores tomem suas decisões quanto ao uso e consumo em diversas áreas.
Freitas (2017, p. 1) afirma que, isso traz uma responsabilidade não só para os
hotéis, mas também para todos os serviços que essas plataformas de avaliações
alcançam, sendo que é crucial garantir não só a satisfação do cliente, mas também a
capacidade de criar experiências memoráveis. No entanto, sendo o setor hoteleiro um
serviço intangível, torna-se difícil agradar a todos os clientes e falhas inevitáveis
acabam por ocorrer. Diante disso, se elaborou a seguinte problemática: como os sites
de avaliações online influenciam nas decisões de compra por novos
consumidores hoteleiros?
Partindo do pressuposto que, os consumidores de certa forma são
persuadidos pela classificação de um hotel, consequentemente, isso afeta a
quantidade de reservas novas, que naturalmente, determinarão o desempenho da
unidade hoteleira. Com base neste ciclo os impactos dos comentários e avaliações
podem ser considerados um tema determinante para compreender o desempenho da
empresa. (FREITAS et al, 2017, p. 1)
Dessa forma o objetivo geral desta pesquisa é analisar a relação entre os sites
de classificação e avaliações online no setor hoteleiro. Buscando fazer um
levantamento de que forma essas avaliações impactam as demandas do setor.
Assim podemos dizer que, a presente pesquisa é de grande relevância para o
setor de turismo não somente pela questão econômica, mas também, para a
compreensão do papel das avaliações em um dos setores mais importantes para a

159
prática do turismo, além de possibilitar fazer uma análise de sua contribuição para o
seu desempenho.

INTERNET E TURISMO
Segundo O’Connor (2001) a informação tem, reconhecidamente, uma grande
importância no turismo. Na verdade, a informação já foi descrita com a força vital da
indústria turística, já que sem ela o setor não funcionaria, ou seja, os turistas precisam
de informação antes de sair para uma viagem para ajudá-los a planejar e fazer
escolhas à medida que aumenta a tendência no sentido de viagens mais
independentes.
De certa forma podemos afirmar que a internet está cada vez mais presente
em nosso cotidiano, seja para buscas de determinados assuntos, notícias ou até
mesmo para nos ajudar a escolher um destino para viajar. Com o setor hoteleiro ela
exerce ainda maior impacto pois está praticamente presente em todas as fases da
viagem: da pesquisa à reserva, do registro das imagens ao compartilhamento de
informações. Tanto para turistas brasileiros como estrangeiros, as mídias digitais têm
cada vez mais se consolidando como a principal fonte de informações a respeito do
segmento de viagens.
Ao considerar a necessidade de informação podemos dizer que a mesma é
enfatizada por certas características do produto turístico, entre elas a intangibilidade,
onde o produto turístico não pode ser inspecionado antes da compra. Assim sendo, o
turista é quase totalmente dependente de representações e descrições para ajudar na
sua tomada de decisão.
Para o turismo, a Internet possui um grande potencial servindo como um canal
de distribuição direto para todos os tipos de serviços de viagem, e como base para
apresentações ricas em recursos de multimídia sobre os destinos de viagem. Ao
mesmo tempo, os clientes exigem níveis mais altos de serviço, melhor qualidade da
informação e tendem a ter férias mais curtas e a viajar mais espontaneamente
(TSCHANZ e KLEIN, 1996).

160
Ao considerar apenas o cenário brasileiro, o país é destaque nas principais
redes sociais que envolvem turistas, seja pela beleza de seu território, seja pela
particularidade que cada região apresenta. De acordo com Leonardo Vieira e Vinicius
Landucci, da área de novos negócios do Google, 105 milhões de brasileiros estão
conectados à internet. Deste total, cerca de 82% usam a internet como fonte de
informação para fechar a viagem, além disso ainda destacou que o tempo médio
dessa pesquisa é de até 30 dias. Ou seja, o tempo tornou-se uma mercadoria escassa
principalmente na sociedade atual. Assim sendo, o acesso a informações precisas,
confiáveis e relevantes é essencial para ajudar os viajantes a fazer uma escolha
apropriada.

REVIEWS ONLINE NO SETOR HOTELEIRO


Quando falamos em escolhas, todos nós queremos o melhor para si, nesse
caso, os reviews funcionam como uma ferramenta segura e que possibilita analisar as
opiniões de quem já passou por determinada situação, consumidores de produtos e
serviços.
Avanços recentes na internet e o desenvolvimento de mídias sociais facilitaram
a interconectividade dos consumidores por meio de sites online, que os permitem
gerar conteúdo e proporcionar oportunidades para os mesmos discutirem suas
opiniões com os outros. Essas plataformas de comentários têm assumido um papel
importante na partilha de experiências, no aconselhamento e muitas vezes servem
como fator de decisão de vários consumidores, onde o utilizador partilha
voluntariamente a sua experiência, seja ela positiva ou negativa. Reconhecer que
estes novos canais de pesquisa influenciam na percepção e na intenção de compra
dos consumidores de serviços de hotelaria é relevante, pois podem nortear os tipos de
serviços a serem ofertados a cada nicho de possíveis clientes.
Nos dias atuais, a experiência do consumidor com o seu atendimento em um
estabelecimento gera um grande fator de qualidade ou reprovação de determinado
local. A voz do cliente é muito importante, também, porque ela é protegida por lei,

161
através do código de defesa do consumidor. O Código, em vigor desde março de
1991, estabelece uma nova relação entre consumidores e fornecedores, definindo
normas de proteção e defesa do consumidor que por bem ou por mal, o grito do cliente
acabou tendo mais ressonância nos dias de hoje.
Cavassa (2001, p.124) menciona que toda expectativa espera ser satisfeita: a
satisfação do turista pode ser definida como o estado de opinião sobre o prestador de
serviços hoteleiros, consequência do juízo da qualidade. Portanto, a satisfação do
turista está em função da qualidade do serviço e da sua prestação.
Segundo uma pesquisa do Local Consumer Review Survey de 2017, mostra
que 9 em cada 10 pessoas leem pelo menos, 10 avaliações online antes de formar
uma opinião sobre o estabelecimento, sendo que 93% usam os meios de reviews
digitais para formar sua opinião sobre determinado local. Isso demonstra que quanto
mais os hotéis e estabelecimentos que utilizam apps, as ferramentas online para
avaliações e outros, a sua reputação cresce de forma mais clara e dedicada ao cliente,
tendo em vista a sua satisfação e as críticas dos demais clientes.

CONCLUSÃO
É indiscutível a importância das ferramentas de pesquisas online na formação
de opiniões quando se trata na busca de serviços e que pode agregar positivamente
cada vez mais ao marketing digital e, evidentemente, ao hoteleiro.
“Muitas pessoas pensam em marketing apenas como vendas e propagandas
[...] Hoje, o marketing não deve ser entendido no velho sentido de efetuar uma venda,
mas no de satisfazer as necessidades dos clientes” (ARMSTRONG; KOTLER, 2003,
p.3). O conceito de Marketing mudou de sentido após os anos, evoluiu para uma
concepção mais ampla e direcionada para um objetivo: que é a satisfação.
O Marketing é um conjunto de significados, envolve a apresentação de uma
mercadoria para o público mediante uma propaganda, uma avaliação com finalidade
de influenciar a compra dessa mercadoria, que pode ser um produto ou um serviço.
Somado com um pensamento de satisfazer as necessidades do cliente. “Marketing é,

162
antes de tudo, uma filosofia, uma atitude, uma orientação do negócio em que a
satisfação do cliente é considerada o principal objetivo a ser cumprido” (FLEURY;
RIBEIRO, 2006, p.5)
Assim sendo, a inovação tecnológica tem papel fundamental na concepção de
uma empresa, assim como na sustentabilidade. As novas ideias/ferramentas digitais
devem acompanhar públicos cada vez mais exigentes e com aptidões constantes.
Conhecer o público, além de um poder de marketing eficaz são indispensáveis. Ter
ciência das tomadas de decisão que se deve concretizar, o planejamento estratégico
se torna uma bússola e guia para o caminho a seguir.

REFERÊNCIAS
ARMSTRONG, Gary; KOTLER, Philip. Princípios de Marketing; Tradução Arlete
Simille, Sabrina Cairo; Revisão Técnica Dilson Gabriel do Santos; Francisco J.S.M. - -
9. ed. - - São Paulo: Prentice Hall, 2003
CAVASSA, César Ramirez. Hotéis: Gerenciamento, Segurança e Manutenção. São
Paulo: Roca, 2001.

FLEURY, Ângela; RIBEIRO, Áurea, Marketing e Serviços- que ainda fazem a


diferença. Editora Saraiva, 215 p. São Paulo, 2006.
FREITAS, João Miguel da Silva. A Importância das web reviews na escolha do
consumidor e no desempenho de um hotel: um estudo de caso. FEP Economia e
Gestão, 2017. Disponível em: 223563.pdf (up.pt) acesso em 15 de Outubro de 2021.
https://hotelariaweb.com/tudo-sobre-gestao-de-reviews-na-hotelaria/. Acesso em: 15
de Outubro de 2021.

https://www2.senado.leg.br/bdsf/bitstream/handle/id/533814/cdc_e_normas_correlatas
_2ed.pdf. Acesso em: 15 de Outubro de 2021.

MIRANDA, Cláudio de Souza. A Internet como ferramenta de comunicação no


Turismo: um estudo exploratório da utilização de e-mails pelo trading em
Ribeirão Preto e seus impactos no Turismo local. (sem data).Centro Universitario
Moura Lacerda e Faculdades Integradas Fafibe. Disponível em: Microsoft Word -
159.doc (semead.com.br) acesso em: 15 de outubro de 2021.

O’CONNOR, P. Distribuição da Informação Eletrônica em Turismo e Hotelaria.


Porto Alegre: Bookman, 2001

163
A utilização de anúncios como meio de divulgação da
hotelaria pelotense: Almanach de Pelotas e Almanack
Laemmert

Eduardo Silva Curtinaz 1


Renata Duarte 2
Dalila Müller 3

Resumo: Os estudos sobre a história da hotelaria de Pelotas têm se desenvolvido ao


longo dos anos a partir de diferentes fontes históricas. Nesse sentido, as publicações
em mídia impressa, tais como jornais e almanaques se apresentam enquanto
importantes fontes de pesquisa, tal qual aponta Dutra (2005), sobre os papéis
assumidos pelos almanaques no contexto social, com conteúdos moralizantes e de
entretenimento. Assim, o presente estudo tem como objetivo a realização de uma
análise documental comparativa entre anúncios de três hotéis presentes em
publicações dos Almanach de Pelotas e Almanack Laemmert, por meio da realização
de uma análise documental, apresentada por Cellard (2012). A partir da análise
considerando características dos anúncios como a presença ou não de imagens,
tamanho do anúncio e informações contidas, observando semelhanças e diferenças
entre hotéis e entre os anúncios de um almanaque para o outro. Dessa forma, pode-se
concluir que os anúncios presentes no Almanack Laemmert eram mais simples em
relação ao Almanach de Pelotas, mas igualmente importantes no estudo da história da
hotelaria.
Palavras-chave: História de Pelotas, História da Hotelaria, Almanaques, Anúncios, Pelotas.

INTRODUÇÃO
O estudo da história da hotelaria de Pelotas, que inicia em 1843, com o Hotel
Alliança (TEIXEIRA, 2018), vêm ocorrendo a partir da utilização de diversas fontes
históricas, como processos trabalhistas, registros de casamentos, óbitos e batizados,
1
Graduando no Curso de Bacharelado em Turismo; Bolsista de Iniciação Científica PROBIC/FAPERGS
no projeto “Hotelaria em Pelotas: histórias a partir de diferentes fontes”; Universidade Federal de Pelotas
(UFPel); Pelotas (RS); Lattes: http://lattes.cnpq.br/1880697049714309; E-mail:
eduardoscurtinaz@gmail.com
2
Graduanda no Curso de Bacharelado em Turismo; Bolsista de Iniciação Científica PROBIC/FAPERGS
no projeto “Hotelaria em Pelotas: histórias a partir de diferentes fontes”; Universidade Federal de Pelotas
(UFPel); Pelotas (RS); http://lattes.cnpq.br/0336867658876430; renata.duarte7@outlook.com.
3
Doutora em História pela UNISINOS; Mestre em Turismo pela Universidade de Caxias do Sul (UCS);
Professora associada da Universidade Federal de Pelotas (UFPel); Pelotas (RS);
http://lattes.cnpq.br/3450137421308599; dalilam2011@gmail.com.
164
inventários e testamentos, jornais e almanaques. Segundo Dutra (2005), publicações
do tipo almanaques configuraram-se enquanto formas de instrução e de propagandas
entre os séculos XVIII e XIX, “assumindo, também, vieses temáticos e agregando
conteúdos mais variados como aqueles com cunho moralizante, curiosidades, poesias,
charadas, jogos e medicina doméstica” (DUTRA, 2005, p.16). Assim, atualmente se
apresentando como importantes objetos de estudo.
De acordo com Cellard (2012, p. 295), os documentos possibilitam o
acréscimo da “dimensão do tempo à compreensão do social”, também permitindo a
observação do “processo de maturação ou de evolução de indivíduos, grupos,
conceitos, conhecimentos, comportamentos, mentalidades, práticas etc”. Dessa forma,
os almanaques também auxiliam no processo de compreensão da realidade da época
a que se referem.
Neste trabalho, foram utilizados o Almanach de Pelotas e o Almanack
Laemmert. O primeiro foi fundado em Pelotas no ano de 1913 “por Dr. Antonio Gomes
da Silva, Ignacio Alves Feira e capitão Florentino Paradeda, que se fazia assinar por
Feira & Cia” (LIMA, 2015, p. 66), já o segundo teve a sua fundação em 1843, com
aspectos que envolviam questões administrativas, mercantis e industriais da corte e da
então província do Rio de Janeiro, assim, a partir de 1899, circulando quase que
nacionalmente (DONEGÁ, 2012).
A partir de uma breve análise das edições de ambos os almanaques em
arquivo dos projetos da Universidade Federal de Pelotas (UFPel) envolvendo a história
da hotelaria em Pelotas, identificou-se três hotéis pelotenses que foram anunciados
em ambos os almanaques – o Hotel Alliança (aberto em 1843), o Hotel Grindler
(aberto em 1897) e o Grande Hotel (inaugurado em 1928).
Nesse sentido, o presente estudo tem como objetivo a realização de uma
análise comparativa entre anúncios dos três hotéis presentes nos dois almanaques,
referentes aos anos de 1911 e 1913 (Hotel Grindler), 1918 e 1919 (Hotel Alliança) e
1935 (Grande Hotel). Buscou-se a identificação de diferentes abordagens nas

165
propagandas, como o uso ou não de fotografias e imagens, tamanho e outros
aspectos dos empreendimentos hoteleiros.

ALMANACH DE PELOTAS E ALMANACK LAEMMERT: OS ANÚNCIOS DOS


HOTÉIS PELOTENSES
Conforme já destacado, os hotéis de Pelotas – Grindler, Alliança e Grande
Hotel – foram divulgados em ambos os almanaques estudados, ou seja, no Almanack
de Pelotas e no Almanack Laemmert. Os anúncios são analisados a seguir, abordando
cada hotel individualmente.
Os anúncios do Hotel Alliança presentes no Almanach de Pelotas apresentam
algumas características diferentes dos publicados no Almanaque Laemmert, ainda que
ambos sigam formas parecidas, trazendo uma fotografia do hotel bem ao centro. No
anúncio do Almanach Laemmert é possível ver a parte interior do hotel – o seu pátio –
que conta com mesas, lâmpadas elétricas, algumas plantas e pessoas fazendo uso do
espaço. Na parte superior há o nome do Hotel Alliança seguido da sua data de
fundação (1843) e a frase “o mais antigo do Brasil”. Já na parte inferior se encontra o
nome do proprietário, Caetano Gotuzzo, e o endereço do estabelecimento, Rua 15 de
Novembro, número 218, Pelotas e o telegrama do hotel “ALLIANÇA”, não havendo
outras inscrições aos lados, apenas um desenho para ornamentação.
A propaganda do Almanach Pelotas segue a mesma configuração do
Laemmert, sendo que na parte superior se encontra o nome do hotel seguido por uma
fotografia de sua fachada. Na parte inferior encontra-se o nome da cidade de Pelotas
seguido pelo nome do Estado e os dizeres “o mais antigo do Brasil” juntamente com o
endereço: Rua 15 de Novembro, 666 (sobrado). Também observa-se a presença da
identificação do telegrama “ALLIANÇA” e o nome do proprietário, Caetano Gotuzzo.
Ao lado esquerdo encontram-se informações como: Iluminado a luz elétrica e todo o
conforto moderno. Já no lado direito a seguinte frase: o único no Brasil com aparelhos
telefônicos em todos os quartos e água encanada nos mesmos.

166
Ambos os anúncios são de página inteira e destacam a localização, o nome do
proprietário e a forma de comunicação através do telegrama e a frase “o mais antigo
do Brasil”. Pode-se supor que todos estes itens são importantes para a valorização do
hotel e interferem na escolha dos hóspedes.
O Hotel Grindler faz uso de anúncios mais simples nos dois almanaques, não
utilizando uma propaganda de folha inteira e sim compartilhando espaço com outros
anúncios. O reclame no Almanach de Pelotas se mostra um tanto mais sofisticado do
que é visto no Laemmert, havendo na parte superior o nome do hotel seguido de uma
foto de sua fachada, juntamente com o ano de sua fundação e o dito “casa de primeira
ordem”. Também encontram-se os nomes de seus proprietários, Konrady e Raupp, e
ao final seu endereço: Rua Andrade Neves, N° 653 (sobrado), esquina Rua 7 de
setembro e por fim o número de telefone do hotel.
No Almanack Laemmert se encontra o nome do hotel na parte superior,
seguido de seu endereço: Rua Andrade Neves 151, sobrado, esquina 7 de setembro.
Há igualmente o indicativo de seu número de telefone “185” e seu ano de fundação
1897. Já no corpo da imagem está escrito: “este estabelecimento montado a capricho,
dispõe de grande salão, sala especial para visitas, magníficos quartos bem ventilados,
cujas camas possuem excelentes mosquiteiros, grande área com soberbo
caramanchão, magníficos banhos, finalmente, todas as comodidades confortáveis e
higiênicas”. E por fim o nome de seus proprietários, Konrady e Raupp, a indicação
cidade de Pelotas e do estado do Rio Grande do Sul.
Ambos os anúncios trazem a localização com destaque para o fato de ser
sobrado, o que elevava o conceito do hotel. Trazem ainda o nome dos proprietários e
número do telefone para a comunicação.
Em se tratando do Grande Hotel, os anúncios apresentam diferenças como: no
Almanach de Pelotas o anúncio é de página inteira, enquanto o do Almanack
Laemmert é menor que meia página, ocupando apenas a parte inferior da página. O
anúncio que é feito no Laemmert tem aparência simples, trazendo na parte superior o
nome do hotel e uma fotografia da fachada do mesmo juntamente com a informação
167
que se tratava de um estabelecimento de primeira ordem e seu valor de diária (15$000
réis). Também pode-se encontrar o telegrama “GRANDE HOTEL”, o nome da cidade
de Pelotas, o estado Rio Grande do Sul e, por fim, o nome de seu proprietário: Lopez e
Bianchi.
No anúncio do Almanach de Pelotas pode-se visualizar a fachada do hotel,
indicando seus 83 quartos. Na parte central da propaganda observa-se o nome do
estabelecimento e a sua localização, havendo igualmente o texto: “aceita-se
pensionistas e passageiros”, também contendo informações sobre o número de
quartos, luz, água encanada em todos eles, indicativos do tratamento familiar no hotel
e a ótima cozinha, com ‘‘o perfeito serviço de bar’’, os banhos quentes e frios. Ao fim,
há um aviso indicativo sobre o prédio possuir elevador e serviço de quarto, além do
nome de Caetano Bianchi, o arrendatário do estabelecimento.
Ambos os anúncios apresentam a foto da fachada, os arrendatários e a
localização, porém, o anúncio no Almanach de Pelotas é bem mais completo com
informações sobre os serviços oferecidos e a infraestrutura disponível no hotel.
Verifica-se que as informações no Almanach de Pelotas não foram atualizadas, uma
vez que Caetano Bianchi arrendou o hotel até 1933, sendo sucedido por Carlos Eulalio
Lopes e Vicente Bianchi, genro e filho de Caetano (ECHART; MÜLLER, 2017). Pode-
se supor que o anúncio disponibilizado em diferentes anos no Almanach de Pelotas
era sempre o mesmo.

CONCLUSÃO
Os hotéis que fazem uso dos anúncios como forma de propaganda entre os
dois almanaques constam com quase os mesmos informes, apenas apresentando
divergências em relação às tipografias e fotografias, por se tratarem de imagens que
não são dos mesmos anos, tendo entre elas uma diferença de um ou dois anos.
Outro ponto a ser mencionado é o fato de os anúncios presentes no Almanack
Laemmert serem mais simples em relação aos do Almanach de Pelotas, não trazendo

168
tantas informações, fato que possivelmente se dá em razão de este ser uma
publicação nacional e implicar em um valor mais alto dos anúncios.
A partir disso, é possível compreender a importância que tais formas de
propaganda possuem em relação à promoção hoteleira, pois possuíam circulação
regional (Almanach de Pelotas) e nacional (Almanack Laemmert), bem como se
apresentam enquanto expressivas fontes de estudo, por apresentarem informações
relevantes sobre os mesmos.

REFERÊNCIAS
CELLARD, André. A análise documental. In: POUPART, Jean et al (org.). A pesquisa
qualitativa: enfoques epistemológicos e metodológicos. 3. ed. Petrópolis, RJ: Vozes,
2012. p. 295-316.

DONEGÁ, Ana Laura. Folhinhas e Almanaque Laemmert: pequenos formatos e altas


tiragens nas publicações da Tipografia Universal. Revista do SETA. Campinas:
UNICAMP, 2012.

DUTRA, Eliane de Freitas. Rebeldes literários da República: história e identidade


nacional no Almanach Brasileiro Garnier (1913-1914). Belo Horizonte: Editora
UFMG, 2005.

ECHART, Liara Fagundes; MÜLLER, Dalila. Notas de pesquisa: os arrendamentos


do grande Hotel (Pelotas/RS). In: LOPES, Aristeu E. M.; SILVA, Daniele G. G.;
ARAÚJO, Vinícius C. D. de (Orgs.). História e mídias: diálogos (im)prováveis.
Porto Alegre, RS: Editora Fi, 2017 (E-book).

LIMA, Garcia Paula. Memórias do feminismo através dos reclames dos almanachs
de pelotas (1913- 1935). 2015. Tese (Pós-Graduação em Memória social e Patrimônio
Cultural) – Curso de Ciências Humanas – Universidade Federal de Pelotas, Rio
Grande do Sul, 2015.

TEIXEIRA, Larissa Plamer. A Trajetória do Hotel Aliança (1843-1968): 124 anos de


História em Pelotas/RS. 2018. 105f. Monografia (Bacharelado em Turismo) –
Universidade Federal de Pelotas, Pelotas, 2018.

169
Hotel Brasil: a trajetória de um hotel na virada do século XIX
para o XX

Renata Duarte 1
Eduardo Silva Curtinaz 2
Dalila Müller 3

Resumo: A história da hotelaria pelotense é demarcada pelas diversas mudanças


sócio-histórico e econômicas pelas quais passou a cidade de Pelotas, refletindo,
igualmente, o desenvolvimento da cidade com a chegada de novas tecnologias e a
industrialização. Nesse sentido, a realização de estudos que busquem traçar as
trajetórias dos hotéis se torna importante em razão do auxílio a também delinear a
história da hotelaria local. Assim, o presente estudo tem como objetivo a realização de
uma pesquisa inicial sobre a história do Hotel Brasil, um dos mais antigos hotéis
pelotenses, a partir de notícias de jornais entre os anos de 1878 e 1920. A partir da
análise pôde-se identificar as mudanças que o estabelecimento perpassou ao longo
dos anos, com reformas e introdução de novos serviços para seus clientes, também
contribuindo a tracejar a história da própria cidade de Pelotas, visto que, conforme
destaca Müller (2004), tais espaços funcionavam enquanto pontos de encontros
sociais. E, assim, enfatiza-se a necessidade de continuidade nas pesquisas.

Palavras-chave: História da Hotelaria, Jornais, Hotel Brasil, Pelotas.

INTRODUÇÃO

A história da hotelaria pelotense é fortemente demarcada pelas mudanças


sócio-histórico-culturais e econômicas da cidade de Pelotas, que teve grande
importância na história do Rio Grande Sul em razão do ciclo do charque e,
consequentemente, a construção de boas relações com territórios próximos, como no

1
Graduanda no Curso de Bacharelado em Turismo; Bolsista de Iniciação Científica PROBIC/FAPERGS
no projeto “Hotelaria em Pelotas: histórias a partir de diferentes fontes”; Universidade Federal de Pelotas
(UFPel); Pelotas (RS); Lattes: http://lattes.cnpq.br/0336867658876430; E-mail:
renata.duarte7@outlook.com.
2
Graduando no Curso de Bacharelado em Turismo; Bolsista de Iniciação Científica PROBIC/FAPERGS
no projeto “Hotelaria em Pelotas: histórias a partir de diferentes fontes”; Universidade Federal de Pelotas
(UFPel); Pelotas (RS); Lattes: http://lattes.cnpq.br/1880697049714309; E-mail:
eduardoscurtinaz@gmail.com.
3
Doutora em História pela UNISINOS; Mestre em Turismo pela Universidade de Caxias do Sul (UCS);
Professora associada da Universidade Federal de Pelotas (UFPel); Pelotas (RS); Lattes:
http://lattes.cnpq.br/3450137421308599; E-mail: dalilam2011@gmail.com.
170
caso do Uruguai. De acordo com Müller (2004, p. 10) Pelotas “se destacou pela sua
economia, cultura e lazer, sendo considerada uma cidade rica e próspera”, fato que
vem refletindo diretamente no desenvolvimento do turismo e da hotelaria local, com o
aumento da chegada de viajantes e o crescimento no número de hotéis.
Dentre esses estabelecimentos se encontra o Hotel Brasil, importante hotel
pelotense que teve como proprietários, em grande parte do tempo em que esteve em
funcionamento, os irmãos e imigrantes italianos José e Jerônymo Del Grande, também
donos de outros empreendimentos em Pelotas, como cafés e um rink.
Pelotas, na virada do século XIX para o XX passa por transformações
importantes, tanto na economia, com a queda e a extinção da atividade charqueadora
e a implementação de novas atividades, como plantação de arroz, frigoríficos e
indústrias alimentícias, como no seu contexto urbano, com a instalação dos sistemas
de esgoto, água encanada, iluminação, telefonia, transporte público, melhoria nas ruas
e praças da cidade, controle de doenças, da higiene e da criminalidade. Nesse
contexto, novas tecnologias chegam aos empreendimentos hoteleiros, como energia
elétrica, água encanada, esgotos, telefonia. (TEIXEIRA, 2018; MÜLLER, 2004)
Por se tratar de um dos hotéis pelotenses mais antigos, o Hotel Brasil
acompanhou, ao longo dos anos, as diversas mudanças pelas quais a cidade de
Pelotas passou, como a chegada de iluminação a gás e a construção de um sistema
de esgoto e distribuição de água encanada. Tal como no estudo de Teixeira (2018)
sobre a trajetória do Hotel Alliança, a realização de estudos sobre o Hotel Brasil é de
grande importância, auxiliando, igualmente, na compreensão da história de Pelotas,
uma vez que os empreendimentos hoteleiros.

(...) eram palco de reuniões políticas e familiares, banquetes, festas,


casamentos e outras atividades de entretenimento, desse modo, tornaram-se
importantes centros sociais da comunidade em que se inseriam, registrando a
vitalidade da cidade de então. (MÜLLER, 2004, p. 11).

Nesse sentido, o presente estudo se caracteriza enquanto uma pesquisa inicial


e exploratória sobre a trajetória do Hotel Brasil, utilizando-se de notícias de jornais

171
digitadas em arquivo de projetos da Universidade Federal de Pelotas (UFPel)
envolvendo a história da hotelaria de Pelotas para a realização de uma análise
documental. Conforme aponta Cellard (2012), essa se caracteriza enquanto um
processo de duas diferentes etapas, em que na primeira se realiza uma análise
preliminar tendo como base cinco diferentes dimensões: o contexto no qual houve a
produção do documento; a natureza ou o suporte do texto; os interesses do autor ou
autores do documento; autenticidade do documento; a qualidade e a delimitação
adequada das palavras e conceitos. E, posteriormente, o fornecimento de
interpretação coerente para os documentos.
Assim, o estudo tem como objetivo a realização de uma análise documental
exploratória inicial em matérias de jornais entre os anos de 1878 e 1921, buscando,
especificamente, dar início a construção da trajetória do Hotel Brasil, com seus
proprietários, arrendatários e evidenciando reformas e outros acontecimentos
significativos, os quais têm uma relação significativa com a cidade de Pelotas.
Os jornais vêm sendo pesquisados sistematicamente ao longo do
desenvolvimento do projeto, desse modo, há um acervo com todas as matérias
identificadas sobre cada hotel, englobando diferentes jornais, como Diário de Pelotas,
Diário Popular, Correio Mercantil, Opinião Pública, todos de Pelotas; A Federação e o
Diário de Notícias, de Porto Alegre. Os jornais foram pesquisados in loco, na Biblioteca
Pública Pelotense, na Biblioteca Riograndense e no IHGRGS e também, de forma
remota, na Hemeroteca Digital da Biblioteca Nacional.

NOTAS INICIAIS SOBRE O HOTEL BRASIL: 1878 A 1920


O Hotel Brasil, localizado ao lado do Theatro Sete de Abril na Praça Pedro II,
atual Praça Coronel Pedro Osório, principal praça da cidade, teve a sua inauguração
em 31 de março de 1878 por Francisco Gonçalves de Oliveira e C. Até o ano de 1921
o estabelecimento passou por algumas trocas de proprietários e diversas reformas,
buscando sempre se adequar de forma a proporcionar o melhor conforto aos
hóspedes durante suas estadias.
172
Cerca de um ano após a sua inauguração, o hotel foi vendido para Leonel
Gonçalves de Oliveira e João Antonio Scotto e, em 1880, com a dissolução da firma de
Oliveira e Scotto, o empreendimento passou a ser de propriedade de Scotto e Carlos
Zanotta, tal qual enunciado no jornal:

[...] Ao commercio Os abaixo firmados levam ao conhecimento do commercio


d’esta praça e fôra d’ella que no dia 16 de janeiro corrente tornaram o seu
cargo todo activo e passivo da extinta firma de Oliveira e Scotto, continuando
com o mesmo ramo de negócio do hotel denominado Brazil, situado na Praça
Pedro II, sob a razão de Antonio Scotto E C. A nova firma espera merecer
protecção das pessoas que queiram honrar seu estabelecimento, certos de
que saberão correspondel-a. Pelotas, de jan. 1880 – Antonio Scotto & C
(DIÁRIO DE PELOTAS, 01.02.1880, p. 3)

No entanto, em 1882 a sociedade entre Zanotta e Scotto também é extinta,


permanecendo apenas esse último como proprietário. A mudança constante de
proprietários demonstra a grande rotatividade e a instabilidade dos empreendimentos
hoteleiros na cidade.
Nos anos que se seguem o Hotel Brasil passou por algumas transformações,
como a sua expansão com a aquisição da propriedade ao lado do hotel para expansão
do estabelecimento, a disposição de um caramanchão, com a possibilidade dos
clientes saborear petiscos, e outras reformas, tal qual evidencia-se:

Hotel Brazil Grande reforma. Praça Pedro II, junto ao Theatro. Antonio Scotto,
proprietário d’este antigo e acreditado hotel, communica a seus fregueses e
aos viajantes que passarem por esta cidade, que augmentou o edifício do
referido estabelecimento com a acquisição que fez do palacete da Exma Sra.
D. Elvira S. Juan, contíguo ao edifício primitivo. Reúne todas as condições
precisas, para considerar-se o Hotel Brazil o primeiro d’esta cidade: gosto,
luxo, asseio, commodidades, tratamento, promptidão, e, sobretudo,
modicidade em preços. Não tendo poupado sacrifícios para collocar seu
estabelecimento n’este pé, o proprietário espera merecer a confiança do
publico em geral, certo de que a ella procurará corresponder na altura de suas
forças. Para famílias há aposentos especiaes e independentes. Os preços são
os mais commodos possíveis. Proprietário: Antonio Scotto. Praça Pedro II,
junto ao theatro. (CORREIO MERCANTIL, 22.10.1885, p. 4)

A partir das notícias dos jornais também é possível observar as mudanças que
a cidade de Pelotas passou, como a alteração do nome da Praça Pedro II, onde o
173
Hotel Brasil se localiza, para Praça da República, que passa a ser referida dessa
forma.
Em 1897 o hotel é vendido para José Del Grande, imigrante italiano que se
torna proprietário do estabelecimento em sociedade com seu irmão, Jerônymo Del
Grande. De acordo com os registros, os irmãos estiveram à frente do hotel por mais de
20 anos, realizando diversas reformas, como ampliação dos salões, e aprimorando os
serviços oferecidos, tal qual a possibilidade de os hóspedes se banharem a qualquer
momento e a disposição de carros a cavalo com cocheira para acondicionamentos.
Em 1912 é anunciado o arrendamento do hotel para João Ferreira de Castro
em razão da partida de José Del Grande para a Itália, onde permanece até 1915:

Hotel Brazil – Sabemos que o sr. José Del Grande, proprietario do Hotel Brazil
arrendou, ontem, este acreditado estabelecimento, por espaço de quatro
annos ao Sr. João Ferreira de Castro que foi estabelecido por muito tempo na
Estação Piratiny, com o conhecido Hotel Castro. O Sr. Del Grande pensa
seguir a passeio com sua exma. Familia, para a Italia, aonde permanecerá
aquelle periodo de tempo. (OPINIÃO PÚBLICA, 08.10.1912, p. 3)

No ano de 1914 o arrendamento do Hotel Brasil passa de Castro para


Francisco de Sallis Pereira, o qual também realiza reformas no estabelecimento até o
retorno de José Del Grande da Itália. Após ter retomado a direção do hotel, Del
Grande efetua uma importante mudança no local com a instalação de esgoto, assim,
proporcionando maior comodidade aos hóspedes.
Todas as reformas, com ampliação do número de quartos, salas e salões e
espaços de lazer, instalação de água, esgotos, luz, telefone, ocorridas durante seus
anos de funcionamento demonstram que o Hotel Brasil estava constantemente
buscando oferecer melhores condições de hospedagem e de lazer para seus
hóspedes e frequentadores.

CONCLUSÃO
A realização de pesquisas sobre as trajetórias dos hotéis pelotenses se
apresenta enquanto importante no processo de auxílio a traçar a trajetória da própria

174
cidade de Pelotas, visto que tais empreendimentos funcionavam como espaços de
socialização, encontros familiares e, muitas vezes, políticos.
Dessa forma, faz-se necessário prosseguir com estudos que busquem
compreender a história de outros hotéis pelotenses, as relações existentes entre seus
proprietários, os impactos que as mudanças sócio-histórico-econômicas e culturais da
cidade tiveram na hotelaria pelotense e a contribuição dos hotéis para as mudanças
ocorridas na cidade, contribuindo com a memória de Pelotas.

REFERÊNCIAS
AO COMMERCIO. Diário de Pelotas, Pelotas, p. 3, 01 fevereiro 1880.

CELLARD, André. A análise documental. In: POUPART, Jean et al (org.). A pesquisa


qualitativa: enfoques epistemológicos e metodológicos. 3. ed. Petrópolis, RJ: Vozes,
2012. p. 295-316.

CONDE D’EU. Viagem Militar ao Rio Grande do Sul. (agosto a novembro de 1865).
São Paulo: Companhia Editora Nacional, 1936.

HOTEL BRAZIL. Correio Mercantil, Pelotas, p. 4, 22 outubro 1885.

HOTEL BRAZIL. Opinião Pública, Pelotas, p. 3, 08 outubro 1912.

MÜLLER, Dalila. A Hotelaria em Pelotas e sua Relação com o Desenvolvimento da


Região: 1843 a 1928. 2004. 158 f. Dissertação (Mestrado em Turismo) – Universidade
de Caxias do Sul – UCS, Caxias do Sul, 2004.

TEIXEIRA, Larissa Plamer. A Trajetória do Hotel Aliança (1843-1968): 124 anos de


História em Pelotas/RS. 2018. 105f. Monografia (Bacharelado em Turismo) –
Universidade Federal de Pelotas, Pelotas, 2018.

175
A hospitalidade na saúde: Uma breve análise dos serviços
da Casa de Parto David Capistrano Filho – RJ

Karine de Souza Pasqualetto 1


Juliana Borges de Souza 2

Resumo: O objetivo do trabalho é abordar o conceito da Hotelaria Hospitalar (H.H) e a


importância do acolhimento no setor de saúde. Usaremos um estudo de caso (YIN,
2015) para entender como funcionamos serviços da Casa de Parto no RJ, vinculada
ao SUS, além do uso de entrevista semiestruturada com as usuárias,a fim de analisar
como os serviços e atendimento humanizado e hospitaleiro podem criar interface com
o conceito de H.H. O conceito consiste na hospitalidade(CAMARGO,2015), no
atendimento humanizado aos pacientes, oferecendo segurança, qualidade, conforto,
aconchego, respeito e valorização do outro (BOEGER, 2020). Contrapõe a ideia do
hospital comoum lugar ruim, podendo ser um lugar vinculado à saúde, acolhimento e
bem-estar.Existem diversos serviços nos quais a Hotelaria pode atuar dentro de uma
instituição de saúde, tais como: hospedagem,limpeza, A&B, áreas de lazer, eventos
etc. Conclui-se queo atendimento humanizado, a hospitalidade, a empatia e a
segurança são extremamente importantes e necessárias para a boa recuperação dos
pacientes/clientes, tanto para sua saúde física quanto para sua saúde mental.
Palavras-chave:hotelaria hospitalar, acolhimento, SUS.

1
Graduanda em Hotelaria (UFRRJ); Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro; Seropédica, Rio de
Janeiro; E-mail: karine.pasqualetto@hotmail.com.
2
Técnica em Hotelaria e Turismo com ênfase em Hospitalidade (CTUR/UFRRJ); Graduada em Hotelaria
(UFRRJ); Especialização em Gastronomia e Cozinha Autoral (PUC-RS); Mestra em Ciências Sociais
(PPGCS/UFRRJ) e Doutoranda em Ciências Sociais (PPGCS/UFRRJ); (b) Universidade Federal Rural do
Rio de Janeiro; Seropédica, Rio de Janeiro; Lattes: http://lattes.cnpq.br/9778968865538700; E-mail:
juliana_borges_souza@hotmail.com.
176
REFERÊNCIAS
BOEGER, Marcelo. Hotelaria hospitalar: gestão em hospitalidade e humanização. 3.
ed. São Paulo: Senac São Paulo, 2020.

CAMARGO, Luiz. Otavio. Hospitalidade. São Paulo: Alepf, 2004

EMPRESAS E COOPERATIVAS. Hotelaria Hospitalar: Entenda o conceito e os


benefícios (2019). Disponível em: <https://empresasecooperativas.com.br/hotelaria
hospitalar/>. Acesso em: 28 julho 2021.

MEDEIROS, Adriana. A Casa de Parto David Capistrano Filho pelas lentes de uma
fotógrafa. História, Ciências, Saúde-Manguinhos, [S.L.], v. 25, n. 4, p. 1171-1183, 1
out. 2021.

PORTAL HOSPITAIS BRASIL.Artigo – Hotelaria hospitalar: a importância do bom


atendimento para pacientes e acompanhantes (2020). Disponível em:
<https://portalhospitaisbrasil.com.br/artigo-hotelaria-hospitalar-a-importancia-do bom-
atendimento-para-pacientes-e-acompanhantes/>. Acesso em: 28 julho 2021.

YIN, Robert K. Estudo de Caso-: Planejamento e métodos. Bookman editora, 2015.

177
Meios de Hospedagem: A Relevância das Classificações no
TripAdvisor na Visão dos Gestores Hoteleiros

Amarilda de Souza Cruz 1


Italo Daniel Marialva Gonçalves 2
Laura Shiva Souza Santos 3
Maria Adriana Sena Bezerra Teixeira 4

Resumo: O novo modelo de marketing de serviços por meio da internet trouxe para a
hotelaria o oferecimento de serviços em sites específicos em hospedagem, como o
TripAdvisor, uma plataforma que conta com a avaliação de seus usuários por meio de
feedbacks e a interação múltipla entre gestor e hóspede. Entretanto, a visão dos
gestores hoteleiros frente às classificações do TripAdvisor são relevantes para
alavancar a imagem e atrair hóspedes. O estudo foi realizado por meio de um
questionário a um gerente hoteleiro na cidade de Manaus (MN) e analisados com os
resultados obtidos em uma pesquisa realizada por Dantas et al (2020) com três
gerentes de hotel localizados em João Pessoa (JP). Resultados obtidos pelos
questionários demonstram que os gerentes avaliados reconhecem a importância da
plataforma para a reputação de seus hotéis. Com isso, pelo ponto de vista dos
gestores hoteleiros, as avaliações realizadas no site TripAdvisor são de extrema
importância para o marketing dos hotéis, visto que os feedbacks positivos contribuem
para maior visibilidade desses e para o recrutamento de futuros usuários, enquanto
que os negativos oportunizam a gestão corrigir falhas no serviço.

Palavras Chaves: Gestão, Classificações, Hotelaria, Marketing, TripAdvisor.

1
Acadêmico de Turismo da Universidade do Estado do Amazonas - UEA; Manaus - Amazonas; Lattes:
http://lattes.cnpq.br/4236940882543077; E-mail: adsc.tur19@uea.edu.br.
2
Acadêmico de Turismo da Universidade do Estado do Amazonas - UEA; Manaus - Amazonas; Lattes:
http://lattes.cnpq.br/2394451236924187; E-mail: lsss.tur19@uea.edu.br.
3
Acadêmico de Turismo da Universidade do Estado do Amazonas - UEA; Manaus - Amazonas; Lattes:
http://lattes.cnpq.br/6692795096922899; E-mail: idmg.tur19@uea.edu.br.
4
Graduada em Turismo pelo Centro Universitário do Norte (2001), mestrado em Turismo pela
Universidade de Caxias do Sul (2006) e doutorado em Educação pela Universidade De La Empresa
(2014) reconhecido pela Universidade do Estado de Santa Catarina. Manaus - Amazonas; Lattes:
http://lattes.cnpq.br/7305750465493497; E-mail: msteixeira@uea.edu.br.
178
INTRODUÇÃO
A criação da avaliação sobre os serviços prestados e satisfação do cliente pela
internet tornou-se tema relevante do marketing de hospitalidade, visto que a
disseminação de informações exclusivamente realizadas pela internet trouxe mais
visibilidade dos hotéis, com consequência de maior alcance de clientes, além de
facilidade para futuros hóspedes em fazer suas escolhas de acordo com suas
necessidades e expectativas (DEV; BUSCHMAN; BOWEN, 2010).
Em estudos realizados por Gretzel, Yoo e Purifoy (2007), 96,4% dos hóspedes
consultam durante o planejamento da viagem via internet, a respeito das avaliações
dos hotéis em que estão interessados. Levando-se em consideração as pesquisas
realizadas, as avaliações são de extrema relevância para os hotéis, pois a avaliação
influencia diretamente na imagem do hotel, e isso, por sua vez, impactará a intenção
do consumidor de adquirir uma reserva (CHUANG et al., 2012).

REVIEWS ONLINES NA HOTELARIA

Em termos básicos, os reviews nada mais são que avaliações de clientes que
já se hospedaram no hotel, ou seja, ao se hospedar o mesmo pode ir às plataformas
digitais como Google, Facebook ou TripAdvisor e avaliar o que o estabelecimento.
Essas avaliações podem ser a respeito do atendimento, estrutura ou algum imprevisto
que possa ter ocorrido durante a estadia, bem como serem tanto positivas quanto
negativas, dependendo da experiência que o hóspede teve em sua estadia. Portanto,
se tratando dos hotéis e pousadas, não prestar atenção nas avaliações é um grande
erro no ambiente digital, pois quando se tem uma boa reputação online, é possível
identificar quais pontos do seu serviço mais agradam o público.

TRIPADVISOR
Fundado em 2000, trata-se de um site de viagens que fornece informações e
opiniões de conteúdos relacionados ao turismo, por meio da plataforma, em que os
179
viajantes encontram diversos recursos para o planejamento de viagens. O TripAdvisor
foi um dos primeiros a adotar um conteúdo gerado pelo usuário com avaliações de
clientes sobre estabelecimentos e atrações. Empresas usam o site para divulgação e
os usuários para avaliar as experiências oferecidas, o que os beneficia tendo em vista
que podem fazer uma melhor escolha de compra a partir das recomendações aí
divulgadas.
Dantas et at. (2019), durante sua pesquisa de campo com usuários do site
TripAdvisor e gestores de hotéis localizados em João Pessoa, em que realizaram um
questionário avaliativo sobre o uso destes sites específicos, tendo o usuário como
avaliador, apuraram que
Quando questionados sobre as possíveis vantagens de ser um avaliador dos
hotéis no site TripAdvisor, muitos dos entrevistados afirmam o interesse
pessoal em compartilhar experiências uns com os outros consumidores/
turistas. O fornecimento de opiniões é voluntário, e muitas vezes, ocorre com o
único intuito de ajudar a melhorar o atendimento dos locais avaliados
(DANTAS, B.L.L. et al, 2020).

Como também esses autores em consideração a visão dos gestores hoteleiros


como avaliados frente ao site TripAdvisor.

Quanto aos gestores, estes consideraram o site TripAdvisor um canal de


extrema importância para a captação de informações e divulgação sobre os
seus serviços, quando as avaliações enviadas pelos clientes são positivas
funcionam como marketing boca-a-boca, e quando são negativas servem de
alerta para a gestão dos hotéis, observamos na fala de uma gestora a grande
influência do site na escolha do hotel, ela consideram que as avaliações feitas
no mesmo são sinceras e que para o hotel é um privilégio receber elogios,
especialmente quando esses mencionam a excelente localização, atendimento
e refeição, pois esse comentário é um propaganda eficaz (DANTAS, B.L.L. et
al, 2020).

Com isso, as avaliações e comentários dos hotéis feitos neste site, tem sido de
grande importância em suas impressões, pois podem trazer benefícios ou malefícios à
imagem do hotel.
De acordo com pesquisa realizada por BLACK e KELLEY (2009), as
insatisfações têm propensões quatro vezes a mais de serem compartilhadas do que as
satisfações vividas. Tendo isto em vista, os gestores de hotelaria precisam se
180
preocupar com o que pode ser melhorado, a fim de obter uma boa imagem da sua
empresa e alavancar o seu potencial de fluxo de hóspedes.

RESULTADOS ENCONTRADOS
O estudo comparativo foi realizado por Dantas et al. (2020) e coletado pelo site
TripAdvisor. Ao todo três gerentes de hotéis foram entrevistados virtualmente, sendo
uma do sexo feminino e dois do sexo masculino, todos localizados na cidade de João
Pessoa (JP). Os dados coletados foram analisados e comparados juntamente com um
questionário aplicado em um gerente de hotel do sexo masculino, residente na cidade
de Manaus (MN).
Analisou-se as respostas dos gestores dos hotéis selecionados se eles
valorizam o relacionamento entre funcionários e clientes que se dá por meio dos
processos de atendimento quando são hospedados. Em depoimentos, a maioria
destacou que a empatia são diferenciais que tornam a experiência de estadia no hotel
mais satisfatório e agradável aos usuários. Estas ações geram boas avaliações que
agregam imagem positiva aos hotéis. Questionou-se ao gestor hoteleiro de Manaus se
o seu estabelecimento trabalha com métodos para a motivação e preparação dos
colaboradores para obter um melhor atendimento dos hóspedes.
Em seu depoimento, o gerente MN1 afirmou que

Nós possuímos um programa de endomarketing, focando no reconhecimento


dos colaboradores que se destacaram em suas funções, elegendo o
funcionário do trimestre. Há ainda o programa voltado para datas
comemorativas com brindes personalizados aos colaboradores, como dia dos
pais, das mães, dia da mulher e afins (Gerente MN1).

A falta de qualificação, ocasionado pela escassez de preparo e treinamento


dos colaboradores, traz más experiências vividas pelos usuários (ECHEVERRI et al.,
2011; SMITH, 2013). Os hotéis que buscam treinar, interagir e incentivar seus
colaboradores no ambiente de trabalho, por meio de estratégias, fazem com que se
destaquem frente a outros.
181
Outra avaliação questionada aos gestores foi se estes consideram as
classificações avaliativas do site TripAdvisor de extrema importância que podem afetar
diretamente a reputação do hotel. As avaliações do TripAdvisor são fundamentais para
o marketing da empresa, pois trazem propagandas eficazes para o estabelecimento,
como pode-se verificar no seguinte comentário deste gerente:

O site é bastante conhecido, o que influencia muito na escolha do hotel, as


avaliações são sinceras e temos o privilégio de termos bastante elogios,
quando um cliente informa que o hotel é excelente em localização,
atendimento e refeição, ele está nos proporcionando uma propaganda eficaz
(Gerente JP3).

Como visto, as avaliações feitas no TripAdvisor contribuem com influência


direta na construção da imagem dos hotéis, principalmente quando se trata de
avaliações negativas, no qual trazem críticas construtivas. Estas, servem de alerta aos
gestores e podem auxiliá-los na correção de possíveis falhas em seus serviços.

CONSIDERAÇÕES FINAIS
Com isso, pelo ponto de vista dos gestores hoteleiros, as avaliações realizadas
no site TripAdvisor são de extrema importância para o marketing de seus
estabelecimentos hoteleiros, visto que os feedbacks dados pelos usuários contribuem
para maior visibilidade do hotel e recrutamento de futuros usuários. E, embora sejam
feedbacks negativos, estes oportunizam a gestão hoteleira corrigir falhas no serviço
oferecido. Além disso, os gestores atentos às reclamações, podem recuperar a boa
imagem do hotel frente aos seus usuários.

REFERÊNCIAS
BLACK, H. G.; KELLEY, S. W. A storytelling perspective on on-line customer reviews
reporting service failure and recovery. Journal Of Travel & Tourism Marketing, v. 26,
n. 2, p. 169-179, 2009.

182
CHUANG, S. C.; CHENG, Y. H.; CHANG, C. J.; YANG, S. W. The effect of service
failure types and service recovery on customer satisfaction: A mental accounting
perspective. Service Industries Journal, v. 32, n.2, p. 257- 271, 2012.

DANTAS, B. L. L.; LEAL, J. S.; PEIXOTO, A. F.; MANO, R. F.; ABREU, N. R. A


cocriação de valor em estabelecimentos Hoteleiros por meio do site TripAdvisor.
Revista Brasileira de Administração Científica, v. 11, n 1, p. 162- 176, 2020.

DEV, C.S.; BUSCHMAN, J.D.; BOWEN, J.T. Hospitality marketing: uma análise
retrospectiva (1960-2010) e previsões (2010-2020). Cornell Hospitality Quarterly, v.
51, n. 4, p. 459 - 469, 2010.

GRETZEL, U.; YOO, K. H.; PURIFOY, M. On-line travel review study: role & impact of
on-line travel reviews. Laboratory for Intelligent Systems in Tourism, 2007.

O’CONNOR, P. Managing a Hotel’s Image on TripAdvisor. Journal of Hospitalityof


Travel & Tourism Marketing, v. 12, n. 3, p. 234-252, 2016.

Ranjan, K.R. and Read, S. Bringing the individual into the co-creation of value, Journal
of Services Marketing, v. 33, n. 7, p. 904-920, 2019.

SPARKS, B. A.; BROWNING, V. Complaining in cyberspace: The motives and forms of


hotel guests' complaints on-line. Journal Of Hospitality Marketing & Management, v.
19, n. 7, p. 797-818, 2010.

WOOD Jr. T.; CALDAS, M. P. Empresas brasileiras e o desafio da competitividade.


RAE Eletrônica, v. 47, n. 3, p. 66-78, 2007.

183
RC 8: Evento

Universo Geek Museu: Cultura Pop e Turismo de Eventos na


cidade de Manaus.

1
Ligia Conceição Oliveira da Cruz
2
Claudia Araújo de Menezes Gonçalves Martins

Resumo: Os eventos surgem como alternativa para reduzir a sazonalidade da


atividade turística, gerando a busca por temáticas ainda pouco exploradas, como é o
caso dos eventos de Cultura Pop. Este universo é capaz de promover
desenvolvimento econômico em várias áreas do mercado, estando o turismo
encaixando dentre elas. Atualmente a referência em evento de Cultura Pop na cidade
de Manaus é o Universo Geek Museu – UGM, que é realizado no atrativo turístico
Centro Cultural Palacete Provincial. O objetivo deste trabalho é analisar o evento
UGM, levando em conta seu potencial turístico para a cidade de Manaus. A
metodologia é de natureza descritiva e exploratória, com abordagem qualitativa e
levantamento bibliográfico acerca do turismo de eventos e Cultura Pop, além da
pesquisa em fontes secundárias que abordem sobre as edições do evento. Os
resultados indicam que a realização deste evento é relevante para o turismo na cidade
de Manaus, levando em conta o número de público presente nas edições do UGM, a
satisfação desta demanda e o impacto positivo sobre o atrativo turístico sede do
evento.

Palavras-chave: Cultura Pop – Turismo de Eventos – Atrativo Turístico – Universo Geek Museu –
Manaus.

INTRODUÇÃO
O turismo é uma atividade que vem se expandindo nos últimos anos, sendo o
mesmo dividido em diversos segmentos, dentre eles o de eventos. Estes eventos

1
Acadêmica de Turismo; Universidade do Estado do Amazonas - UEA; Manaus – Amazonas; Lattes:
http://lattes.cnpq.br/0878101591093549; E-mail: lcodc.tur18@uea.edu.br.
2
Graduada em Turismo pelo Instituto Manauara de Ensino Superior, Mestre em Gestão de Negócios
Turísticos, MBA em Hotelaria e Especialização em Gestão da Segurança de Alimentos (em andamento).
Coordenadora Pedagógica do Curso de Pós-graduação Lato Sensu em Gestão e Produção de Eventos
da UEA. Doutoranda em Turismo e Hotelaria pela Universidade do Vale do Itajaí-SC. Manaus –
Amazonas; Lattes: http://lattes.cnpq.br/2882900941207240; E-mail: camenezes@uea.edu.br.

184
podem ser direcionados para uma temática ou grupo específico, como por exemplo, os
eventos de Cultura Pop. Antes excluídos, atualmente seguidos por milhões, Nerds,
Geeks, Otakus, K-pops, Gamers, fanáticos por heróis, revistas, filmes, séries, jogos e
outros, bem seja como queiram descrevê-los, o fato é que os admiradores de Cultura
Pop possuem o poder de arrastar multidões por onde passam.
O segmento geralmente consegue atrair um grande número de público, as
atrações e atividades desenvolvidas pelos organizadores fazem com que os fãs fiquem
cada vez mais fiéis ao segmento. O evento de Cultura Pop mais famoso no mundo é
realizado em San Diego – USA, a San Diego Comic Com - SDCC, porém o de maior
proporção de público acontece anualmente em São Paulo, a Comic Con Experience -
CCXP. Segundo dados da CCXP (2021), na sua última edição presencia em 2019,
cerca de 280 Mil pessoas passaram pelo evento.
Em Manaus o segmento vem se desenvolvendo há pelo uma década, através
de eventos de médio e pequeno porte. Percebendo o potencial do segmento,
administradores de sites de entretenimento e conteúdo nerd em parceria com a
Secretaria de Estado de Cultura – SEC começaram a realizar eventos de cultura pop
em um atrativo turístico do Centro Histórico de Manaus, com o intuito de promover à
temática, assim como aproximar este tipo público com os espaços culturais da cidade.
Atualmente o evento em destaque na cidade é o Universo Geek Museu – UGM, que é
realizado no Centro Cultural Palacete Provincial. Sua primeira edição foi em janeiro de
2018, seguido por mais 3 edições com recorde de público.
Perante ao exposto, surge a seguinte problemática: “Qual o potencial que o
evento de cultura de pop Universo Geek Museu – UGM, representa para o turismo de
eventos da cidade de Manaus?”

METODOLOGIA
Este estudo é definido como uma pesquisa exploratória e descritiva, tendo em
vista que o tema ainda é pouco explorado pela comunidade acadêmica. Segundo GIL
(2020, p.41), pesquisas exploratórias possui o objetivo de proporcionar maior
185
conhecimento sobre o problema, com a intenção de torná-lo mais explícito ou levantar
hipóteses, inclui levantamento bibliográfico e entrevistas. Gil ainda ressalta que a
pesquisa descritiva tem o objetivo realizar a descrição das características de
determinada população ou fenômeno. Os procedimentos técnicos utilizados foram
pesquisas bibliográficas em artigos, livros, jornais e revistas disponíveis em meio
eletrônico e físico para formar uma base sobre o tema, além do relato de experiencia
da pesquisadora que esteve presente em todas as edições do evento UGM.

RESULTADOS E DISCUSSÕES
A cultura pop é um fenômeno contemporâneo mundial ligado a indústrias
criativas e diretamente vinculada a meios de comunicação. Isto é, um entretenimento
criado para grandes audiências, como os filmes populares, os shows, as músicas, os
vídeos e os programas de televisão. Seu propósito além do entretenimento é o
consumo produzido a partir da sua demanda (GIDDENS, 2006).
A sua recente polarização ocorreu devido a extensão de suas narrativas nas
últimas décadas, que em sua maioria está vinculada ao universo nerd por meio de
obras cinematográficas recentemente adaptadas a partir das histórias em quadrinhos –
HQ’s. O setor é tão lucrativo e diversificado que podemos encontrar produtos de
cultura pop do vestuário a gastronomia, e o turismo está envolvido mesmo que
indiretamente com o segmento. O universo da Cultura pop é amplo, estando subdivido
entre outros subgrupos, dentre os mais engajados atualmente estão o de Cultura nerd
e Geek, Cultura Pop japonesa e Cultura pop coreana.
Os eventos voltados ao segmento variam entre as culturas, nerd, geek,
japonesa e coreana, com ênfase para os eventos geeks e ânimes. O diferencial destes
eventos é que eles podem se tornar multigênero, unindo todas as culturas em um só
lugar, tornando – o diversificado. Dentre os mais famosos estão o de cultura Geek, a
San Diego Comic Com – SDCC, realizada nos USA e a Comic Com Experience -
CCXP no Brasil.

186
Em Manaus o evento de referência em Cultura Pop na atualidade é o Universo
Geek Museu – UGM, que teve sua primeira edição realizada em janeiro de 2018. O
evento é recente no segmento, no entanto já possui credibilidade com o público. O
UGM é realizado em um dos atrativos turísticos da cidade, o Palacete Provincial, que
está localizado na Praça Heliodoro Balbi – Centro. De acordo com os organizadores a
escolha do lugar, é uma estratégia para aproximar essa comunidade com a história da
cidade, já que o local possui 5 Museus e exposições temporárias em seu interior,
quando o evento acontece dois a quatro espaços ficam abertos para visitação
(GRAÇA,2019).
Este público gosta de consumir cultura e a intenção é de proporcionar a
aproximação da cultura amazonense com a Cultura Pop, fazendo com que a partir
destes eventos surjam novas demandas em potencial para o atrativo turístico. Outras
atividades do evento são: palestras, workshops, bate-papo, RPG, animes, mangás,
bordgames, games, cosplay, K-pop, rock, rap, gastronomia, feirinha geek e ciência.
Em sua primeira edição o evento obteve o público de 6,5 mil pessoas ao longo
de dois dias de duração, o que superou as expectativas dos organizadores (GRAÇA,
2019). A mesma média se manteve durante as outras 3 edições, é muito expressivo o
alcance que o evento tem, pessoas de todas as partes da cidade e de diferentes faixas
etárias de idade comparecem ao Palacete Provincial.
Em virtude do período pandêmico da Covid-19 e o impacto global sobre os
eventos, novas edições não puderam ser realizadas. Porém com o avanço da
vacinação na cidade e o retorno gradual dos eventos, acredita-se que breve haverá
uma nova edição do UGM.

CONSIDERAÇÕES FINAIS
O turismo de eventos movimenta o trade turístico de boa parte do país, porém
em Manaus o segmento ainda não se difundiu como deveria, tendo em vista o
potencial que a cidade possui. O poder público começou a fomentar a área nos últimos
dois anos, mas devido a pandemia de Covid-19, a ação estava parada, retornando
187
somente agora com o avanço da vacinação. O segmento de eventos de Cultura Pop
infelizmente é pouco trabalhado pelos órgãos de turismo, considerando o tamanho de
público que tem interesse sobre a temática, se for analisar os números expressivos do
UGM.
UGM é fruto de uma parceria positiva entre gestores de páginas de
entretenimento geek e a Secretaria de Cultura e Economia Criativa – SEC, no entanto,
mesmo com todo o potencial do evento, o UGM não possui ainda uma data definitiva
no calendário de eventos da cidade. O que se caracteriza como um erro, levando em
conta que a partir disto, poderia se fazer um planejamento e organização com mais
qualidade, dando a oportunidade de se preparar mais atrações, investimento e
publicidade sobre o evento. É importante ressaltar que certa parte do público de
evento são cosplays e grupos de k-pop, suas performances demandam de tempo para
serem organizadas, um planejamento prévio poderia atrair muito mais visitantes, até
de municípios vizinhos para Manaus.
Outra característica relevante do UGM é que além de promover a temática, o
evento conseguiu atingir os objetivos dos organizadores, que era de aproximar a
Cultura Pop com o do Museu. Em uma rápida análise informal a partir de conversas
com pessoas presentes no evento, muitos relataram que se sentiam honrados de
poderem conhecer a cultura amazonense mostrada através dos museus e ao mesmo
tempo o curtir seu hobby, a Cultura Pop. Muitos amazonenses não conhecem os
atrativos da cidade, seja por tempo ou falta de informação, e o evento ajuda a quebrar
essa barreira.
Espera-se que os órgãos de turismo do estado possam fazer mais
investimentos em eventos de Cultura Pop, não somente em atrativos turísticos, mas
também em espaços públicos maiores, que é o que a demanda solicita para um
evento de qualidade. E pode gerar e movimentar uma demanda em potencial na
atividade turística.

188
REFERÊNCIAS
CCXP. A CCXP. Disponível em: http://www.ccxp.com.br/a-ccxp. Acesso em 20 Out
2021.

GIDDENS, Anthony. Sociology. 5ª ed. London: Polity Press, 2006.

GIL, A.C. Como elaborar projetos de pesquisa. 2002. 4ª ed. São Paulo: Atlas S/A.

GRAÇA, Bruno. Palacete Provincial volta a abrir as portas para a cultura Geek.
Mapingua Nerd. 23 Jan 2019. Disponível em:
http://www.mapinguanerd.com.br/palacete-provincial-volta-a-abrir-as-portas-para-a-
cultura-geek/. Acesso em 20 out 2021.

189
Os impactos do evento Mobiliza SLZ para o turismo na
cidade de São Luís, Maranhão

Aline Ferreira Moraes 1


Júlia Cristina Lucas Leite 2
Ângela Roberta Lucas Leite 3

Resumo: O presente trabalho tem como objetivo analisar os impactos do Mobiliza SLZ
para o cenário turístico de São Luís, MA. Para isso, buscou-se descrever o perfil dos
turistas participantes dos eventos; identificar a percepção dos turistas quanto ao
destino São Luís; bem como verificar a percepção dos turistas quanto aos eventos. O
estudo seguiu a abordagem quantitativa e qualitativa, cujo objetivo é descritivo. Os
resultados apontaram que a maioria dos turistas tem procedência da Região Norte,
hospedaram-se em hotéis, com permanência entre 1 a 5 dias e gastaram acima de
R$251,00 por dia. Conclui-se que o MOBILIZA SLZ movimentou a cadeia produtiva do
turismo, mostrando-se relevante a importância de se promover eventos como este na
cidade no intuito de contribuir para o desenvolvimento e imagem de um destino-sede,
dada a possibilidade de uso de serviços e equipamentos turísticos locais.

Palavras-chave: Turismo, Eventos, Mobiliza SLZ, São Luís-MA.

INTRODUÇÃO
É possível observar a relevância dos eventos para a atividade turística, desde
de sua origem quando as primeiras viagens comerciais de trem idealizadas por
Thomas Cook, um dos precursores do turismo, foram motivadas por um evento.
Sendo um segmento de grande importância socioeconômica, os eventos
ajudam a regular o mercado turístico quanto à sazonalidade, bem como favorecem e
exigem a expansão dos serviços de infraestrutura, a dinamização dos atrativos dos
destinos e todos os setores da cadeia produtiva do turismo (MONTES; CORIOLANO,
2003).
É nesse contexto de desenvolvimento econômico do destino São Luís, que
1
Graduanda em Turismo; Universidade Federal do Maranhão; São Luís - MA; Lattes:
http://lattes.cnpq.br/7263674504387804; E-mail: enilafmoraes@gmail.com.
2
Graduanda em Ciências Econômicas; Universidade Federal do Maranhão; São Luís - MA; Lattes:
Lattes: http://lattes.cnpq.br/6204794256664630; E-mail: julialeitecristina.03@gmail.com.
3
Mestre em políticas públicas; Universidade Federal do Maranhão; São Luís - MA; Lattes:
http://lattes.cnpq.br/7849261536254798; E-mail: angelarobertalucas@gmail.com.
190
destaca-se o movimento Mobiliza SLZ. Idealizado pelo SEBRAE/MA, o movimento
ocorreu durante o mês de setembro de 2021, buscando conectar as potencialidades
da capital maranhense, promovendo um circuito de 80 ações e eventos em diversos
formatos, que aconteceram de forma independente, nos mais variados pontos da
cidade.
Diante do exposto, o presente trabalho tem como objetivo analisar os impactos
do Mobiliza SLZ para o cenário turístico de São Luís, MA. Para isso, trata de descrever
o perfil dos turistas participantes dos eventos; identificar a percepção dos turistas
quanto ao destino São Luís; bem como verificar a percepção dos turistas quanto aos
eventos.

EVENTOS E TURISMO
Entende-se que um evento pode ser considerado um mix de atividades e
serviços, capazes de promover a prática da atividade turística, além de alavancar
economicamente uma cidade, um bairro, uma rua, tornando-se uma excelente
oportunidade de desenvolvimento para o setor (COUTINHO; COUTINHO, 2007).
Nesse contexto, destaca-se o turismo de eventos, um segmento da atividade
turística praticado por pessoas que participam de acontecimentos variados, com o
objetivo de discutir temas de interesses diversos por meio de congressos, simpósios,
convenções, feiras, encontros, reuniões, seminários, entre outros (MONTES;
CORIOLANO, 2003).
Dessa forma, a modalidade pode contribuir para romper com a sazonalidade
característica da atividade turística ao explorar os períodos de baixa temporada, ou
seja, a promoção de eventos pode ser uma alternativa para manter o fluxo turístico dos
destinos e, por consequência, o fluxo econômico da região, mesmo em períodos fora
da alta temporada, especialmente porque o turismo de eventos apresenta a vantagem
de ser menos sensível ao preço, com viagens mais curtas, de maior frequência e em
meio de semana. E por ocorrer em prazo mais curto, é menos sensível a recessões e
o gasto médio diário é mais alto (MONTES; CORIOLANO, 2003).
191
Além disso, conforme afirma Ansarah (1999), a organização de eventos é uma
forma de promover a imagem e gerar lucros para a cidade ou região anfitriã. Assim, é
importante destacar que o turismo de eventos contribui para a construção e promoção
da imagem de um destino, pois todo o processo que envolve a organização de eventos
contribui para a utilização dos equipamentos e serviços turísticos das regiões
promotoras, assim como a divulgação dos atrativos locais.
Desse modo, para explorar o segmento como alternativa para o
desenvolvimento turístico de uma região, é imprescindível um planejamento conjunto
entre autoridades locais, organizadores dos eventos e comunidade (VIDAL; JUNG,
2015).

METODOLOGIA
A pesquisa foi realizada em parceria com a Secretaria Municipal de Turismo de
São Luís, o Mobiliza SLZ (SEBRAE) e o Observatório de Turismo da Cidade de São
Luís. O estudo seguiu a abordagem quantitativa e qualitativa, cujo objetivo foi
descritivo. Inicialmente, realizou-se o levantamento bibliográfico sobre a temática e,
posteriormente, a pesquisa documental com a seleção do infográfico Mobiliza SLZ.
Essa pesquisa aconteceu na cidade de São Luís entre os dias 4 a 12 de setembro de
2021 e resultou em 62 respostas de turistas. Os dados serão descritos nos resultados
conforme o perfil do turista e a satisfação deste em relação ao evento e o destino
turístico.

RESULTADOS E DISCUSSÃO
19% dos participantes que estiveram presentes no movimento Mobiliza SLZ,
foram turistas, sendo estes a maioria viajantes nortistas (32,26%), seguido dos
moradores das regiões Nordeste e Sudeste, ambos pontuando 29,03%, além dos
visitantes procedentes do Centro-Oeste (6,45%) e do Sul (3,23%). Assim como a
região Norte foi a que mais ofereceu visitantes à cidade onde ocorreu o evento, sendo
os turistas do Pará que constituíram a maior parte dos presentes de fora da localidade
192
ludovicense, seguido dos viajantes associados ao próprio interior do Maranhão e ao
estado de São Paulo.
O meio de hospedagem mais utilizado pelos turistas durante a estadia em São
Luís foi o hotel (53%), enquanto que casa de amigos/parentes, pousada, outros e
Airbnb representaram, respectivamente, 19%, 15%, 8% e 5%. Assim, o levantamento
apontou que mais da metade dos entrevistados teve preferência pela permanência em
hotel durante o decorrer do período do movimento, mostrando que embora caiba um
estudo aprofundado, tal evento movimentou a dinâmica econômica no ramo hoteleiro.
Quanto ao tempo de estadia na cidade de São Luís, os turistas permaneceram
em períodos de 1 a 5 dias (59,68%), 6 a 10 dias (22,58%) e mais de 10 dias (12,90%),
além dos que se mantiveram na cidade por menos de 24 horas (4,84%). A preferência
dos entrevistados por durações de estadia com pernoites na cidade aponta para a
decisão de aproveitar o que a cidade tem a oferecer enquanto destino turístico, assim
como as atividades desenvolvidas do movimento Mobiliza SLZ, que foram realizadas
durante 9 dias.
O gasto médio dos turistas que compareceram às atividades do movimento na
capital do Maranhão foi de mais de R$ 251 diariamente (47%), enquanto que 34%
despenderam de R$101 a R$250 e outros 19% deixaram, durante a estadia, menos de
R$100 por dia. Levando em consideração que esses gastos abrangem alimentação,
passeios e hospedagem na cidade, o impacto no fluxo monetário dessa movimentação
entre os viajantes é algo em torno de R$27.861, tendo em vista as preferências de
gasto e tempo de estadia da maioria dos entrevistados.
A forma com que foram despendidas essas quantias correspondem, nessa
ordem, à hospedagem (44%), alimentação (29%), passeios (19%) e transporte (8%).
Sabendo que mais da metade dos entrevistados afirmou que a estadia se deu em
hotel, entende-se o porquê do orçamento ter um enfoque na hospedagem dos turistas,
o que nos leva a perceber a importância de atratividades como o evento do MOBILIZA
SLZ para fomentar a dinâmica econômica municipal, a preservação do patrimônio
natural e cultural, bem como a arrecadação tributária decorrente dos gastos de turistas
193
de eventos.
A programação do MOBILIZA SLZ durou 9 dias, dentre os quais 2 dias tiveram
presença especial de turistas: 05/09 e 12/09, ambas com 9% de participação de
visitantes. As duas datas foram nos dias de domingo, indicando a preferência por uma
atratividade local que acontece somente aos domingos, a Feirinha São Luís na Praça
Benedito Leite.
Para a avaliação do destino São Luís e do Mobiliza SLZ, utilizou-se uma
escala que abrange definições de “péssimo” (nota 1 a 4), “regular” (nota 4 a 6), “bom”
(nota 6 a 8) e “excelente” (nota 8 a 10). Nesse sentido, a avaliação da cidade de São
Luís dada pelos participantes da presente pesquisa recebeu uma nota média de 8,5,
colocando a opinião comum sobre a capital do Maranhão como “excelente”. No que se
refere à percepção dos turistas quanto aos eventos realizados, a indicação média
entre os entrevistados foi de uma nota de 9,0, apontando para um julgamento
“excelente” sobre as ações do movimento na cidade.

CONCLUSÃO
Com a pandemia de covid-19, os setores de turismo e eventos precisaram se
reinventar, na tentativa de recuperar as perdas dos últimos dois anos. Assim, entende-
se a motivação por um movimento de valorização das potencialidades locais, como o
Mobiliza SLZ.
Nota-se que os eventos realizados durante o Mobiliza SLZ contribuíram para a
economia turística da cidade a partir dos gastos com hospedagem, alimentação e
passeios pela cidade. Quanto à percepção dos turistas em relação à cidade e ao
evento, infere-se que ficaram satisfeitos ao apresentar avaliação excelente. Assim,
entende-se que a promoção de eventos como este pode contribuir significativamente
para o desenvolvimento e imagem de um destino-sede, dada a possibilidade de uso de
serviços e equipamentos turísticos locais.

194
REFERÊNCIAS
ANSARAH, M. G. dos R. (Org.). Turismo: como aprender, como ensinar. São Paulo:
SENAC, 2001.

COUTINHO, Hevellyn Pérola Menezes; COUTINHO, Helen Rita Menezes. Turismo de


eventos como alternativa para o problema da sazonalidade turística. Revista
Eletrônica Aboré Manaus,v. 3, 2007. Disponível em:
http://www.unirio.br/cch/escoladeturismologia/pasta-virtuais-de-docentes/joice-lavand
oski/turismo-e-producao-de-eventos/textos-de-leitura-obrigatoria/leituras-para-aula-di
a-27-3-19/. Acesso em: 20 out. 2021.

MONTES, Valéria Alves; CORIOLANO, Luzia Neide Menezes Teixeira. Turismo de


Eventos: promoções e parcerias no Brasil. Revista Turismo em Análise, São Paulo,
v. 14, n. 1, p.40-64, maio 2003. Disponível em:
https://www.revistas.usp.br/rta/article/view/63619/66384. Acesso em: 19 out. 2021.

VIDAL, Roger Pierre; JUNG, Carlos Fernando. Impactos dos eventos populares para
as regiões turísticas. In: Congresso Nacional de Excelência em Gestão,11, 2015, Rio
de Janeiro. Anais [...]. [S. l.: s. n.], 2015. Disponível em:
https://www.inovarse.org/sites/default/files/T_15_615_0.pdf. Acesso em: 20 out. 2021.

195
Instagram como meio de divulgação do Projeto de Extensão
de Eventos - EVENTUR

Giovanna Bessa Miranda 1


Jackeline de Souza Lopes 2
Ligia Conceição Oliveira da Cruz 3
Claudia Araújo de Menezes Gonçalves Martins 4

Resumo: A pandemia da Covid-19 impactou o mundo no ano de 2020, uma realidade


caótica que fechou e alterou diversos setores, dentre eles o educacional.
Universidades tiveram que adaptar suas atividades para o modo remoto, como é o
caso da extensão universitária. O presente trabalho tem por objetivo descrever e
analisar a adaptação do projeto de extensão da Universidade do Estado do Amazonas
- UEA/ESAT, “Laboratório de Turismo – Eventos acadêmicos da concepção ao
relatório final” – EVENTUR, com a nova realidade virtual, por meio da rede social
Instagram. O projeto de extensão visa oportunizar aos alunos a experiência de
planejar e organizar os mais diversos tipos de eventos no meio acadêmico e afins. A
metodologia é de natureza descritiva, do tipo relato de experiência. A análise se baseia
em publicações do Instagram da EVENTUR, entre os meses de agosto e outubro de
2021. Os resultados indicam que o uso do Instagram contribuiu para o desempenho e
divulgação das atividades do projeto, gerando um alcance além da comunidade
acadêmica da UEA/ESAT.

Palavras-chave: Turismo - Eventos Online - Projeto de Extensão - Pandemia - Instagram.

INTRODUÇÃO
No início de 2020 o mundo ficou marcado pelo surgimento de uma doença viral
trazida pela COVID-19 (SARS-CoV-2), do qual para se conter o avanço de
contaminação em massa de pessoas, se fez necessário a prática do isolamento social.
1
Acadêmica e extensionista de Turismo; Universidade do Estado do Amazonas - UEA; Manaus -
Amazonas; Lates: http://lattes.cnpq.br/7239874484371166; E-mail: gmb.tur20@uea.edu.br.
2
Acadêmica e extensionista de Turismo; Universidade do Estado do Amazonas - UEA; Manaus -
Amazonas; Lattes: http://lattes.cnpq.br/1871399366306336; E-mail: jsl.tur18@uea.edu.br.
3
Acadêmica e extensionista de Turismo; Universidade do Estado do Amazonas - UEA; Manaus –
Amazonas; Lattes: http://lattes.cnpq.br/0878101591093549; E-mail: lcodc.tur18@uea.edu.br.
4
Graduada em Turismo pelo Instituto Manauara de Ensino Superior, Mestre em Gestão de Negócios
Turísticos, Coordenadora Pedagógica do Curso de Pós-graduação Lato Sensu em Gestão e Produção
de Eventos da UEA. Doutoranda em Turismo e Hotelaria pela Universidade do Vale do Itajaí-SC.
Manaus – Amazonas; Lattes: http://lattes.cnpq.br/2882900941207240; E-mail: camenezes@uea.edu.br.
196
Com isso um novo desafio surgiu e soluções começaram a ser implantadas, o
chamado modelo Home Office passou a ser mais utilizado pelo mundo.
A Universidade do Estado do Amazonas - UEA, se adaptou ao Ensino à
Distância - EAD em agosto de 2020, praticando aulas e atividades de extensão neste
formato. Em novembro de 2020 se iniciou a seleção para novos integrantes do projeto
de extensão de Eventos, e seis alunos do curso de Turismo foram selecionados. Com
a aceleração da pandemia de Covid-19, as atividades tiveram que ser adaptadas,
reuniões e eventos passaram a ser realizados de forma remota.
Deste modo, em julho de 2021, visando o crescimento e a divulgação das
atividades do projeto para a comunidade acadêmica e sociedade, criou-se um perfil no
Instagram. As publicações ocorrem de 2 a 4 vezes por semana, tendo como conteúdo:
curiosidades, informações e divulgação de eventos em que a EVENTUR esteja
participando. Diante o exposto, surge a seguinte problemática: “Qual o impacto do
Instagram sobre a divulgação de atividades de projetos de extensão?”
A pesquisa é de natureza descritiva, do tipo relato de experiência, do qual se
retrata a integração do projeto de extensão de eventos - EVENTUR, vinculado à
Escola Superior de Artes e Turismo (ESAT), na Universidade do Estado do Amazonas
(UEA), com a mídia social Instagram. De acordo com Gil (2002, p. 41), a pesquisa
descritiva tem o objetivo realizar a descrição das características de determinada
população ou fenômeno. Os procedimentos técnicos utilizados foram pesquisas
bibliográficas em artigos, livros, jornais e revistas, para a formação de uma base sobre
o tema. Além de análise sobre as publicações no Instagram da EVENTUR postadas
entre os meses de agosto e outubro de 2021.

RESULTADOS E DISCUSSÕES
O Brasil é o terceiro país que mais utiliza o Instagram, chegando a 69 milhões
de usuários de acordo com NUNES (2021). Durante a pandemia, com o tempo mais
ocioso, as redes sociais passaram a ser mais usadas, seja como meio de
comunicação ou plataforma de venda. Segundo MALAVÉ (2020), foi na quarentena
197
que as redes sociais se tornaram mais presentes nas vidas das pessoas, seja por uso
de home office, aulas online ou somente como parte da rotina.
De acordo com Socialbakers, o Instagram ampliou no primeiro trimestre de
2020 a sua vantagem de audiência global em 31,2% sobre o Facebook em relação ao
ano anterior. O total de interações foi 18,7 vezes maior que o Facebook (ALVES,
2020). A rede social virou uma vitrine de negócios e informações, o alcance de uma
publicação pode atingir números extraordinários quando bem elaborada. Por conta
dessa popularidade, o projeto optou por utilizá-lo também levando em consideração
adaptar o projeto à realidade da pandemia de Covid-19.
Em agosto de 2021 foi concordado em criar uma nova identidade visual para o
projeto de extensão, da equipe surge então a sigla EVENTUR, E de extensão, VEN de
eventos e TUR de Turismo, a partir disso foi criada uma logo oficial do projeto assim
também como a definição da cor a ser usada no Instagram, o verde por ser uma cor
que remete à calma e por ser um tom mais agradável para o feed e aos seguidores.
As publicações escolhidas para trazer neste trabalho, foram as que mais
tiveram alcance segundo o próprio Instagram a partir do dia 21 de agosto, data que se
iniciou a aplicação do novo layout.

Quadro 1 - Insight das publicações, realizada em 26 de outubro de 2021.


Assunto Formato Alcance Visitas Curtidas Coment Salvos Compartil
ao Perfil ários hamentos

Anúncio
chegada da Vídeo 99 5 26 6 0 0
Semana do
Turismo 2021
Áreas de
atuação do Foto 191 25 79 5 5 3
Turismólogo
Divulgação de
locais e eventos
com tema de Carrossel 285 4 42 4 2 7
Halloween em
Manaus
Evento:
Pedalando pela Vídeo do

198
Manaus que se Reels 3.757 X 110 11 2 4
constrói
Fonte: Criado pelas autoras, 2021.

A primeira publicação escolhida foi o anúncio da Semana do Turismo 2021, a


publicação foi em formato de vídeo como uma forma de chamada dos interessados
aos vários eventos que iriam ocorrer neste período, a publicação alcançou 99 contas.
A segunda publicação escolhida foi a das Áreas de atuação do Turismólogo, um post
em formato de foto que teve como objetivo criar uma interação com o público contendo
itens das áreas de atuação de um Turismólogo, postada no dia dessa mesma
profissão dia 27 de setembro, a publicação alcançou 191 contas.
O terceiro post foi uma divulgação de locais e eventos com tema de Halloween
na cidade de Manaus, seu formato foi o carrossel que é uma publicação onde se pode
selecionar várias fotos em uma única publicação, seu alcance em contas foi de 285. A
quarta publicação foi um vídeo sobre o evento “Pedalando pela Manaus que se
Constrói”, em que o EVENTUR prestou apoio, foi em formato de Reels, um tipo de
vídeo de duração pequena, o alcance foi de 3.757 mil contas.

Figura 1 – Sequência de publicações no Instagram EVENTUR, análise quadro 1.

Fonte: Instagram EVENTUR, 2021.

Nota-se que quando se passou a usar um feed padronizando e de interação


com os seguidores, houve um crescimento no engajamento. A proporção de alcance
das publicações não está somente entre a comunidade acadêmica da UEA, como

199
chegou aos operadores de turismo, que passaram a seguir e acompanhar o perfil da
EVENTUR.

CONSIDERAÇÕES FINAIS
De acordo com RAMOS (2018), as redes sociais não somente trabalham com
o entretenimento e comunicação como também com os espaços de interação social.
Diante da adaptação do projeto em meio a pandemia de COVID-19, o perfil do
EVENTUR no Instagram tem crescido cada vez mais. Inicialmente o alcance era de
perfis de pessoas na maioria discentes e docentes que fazem parte do curso de
turismo da Universidade do Estado do Amazonas - UEA.
Porém, o engajamento orgânico das diversas publicações, sejam elas de
muitos ou poucos números, passou a alcançar pessoas de fora da universidade, entre
elas profissionais do turismo. Com a movimentação, o projeto passou a crescer em
número de seguidores, aumentou o engajamento e consequentemente ganhou
visibilidade. Além de melhorar a comunicação com a academia no qual era o foco
principal por conta da pandemia, toda essa interação através do Instagram mostrou a
importância do projeto de extensão e da tecnologia.

REFERÊNCIAS
ALVES, Soraia. Pesquisa mostra que o uso do Instagram cresceu durante a
pandemia e é 31% maior que o Facebook. 15 set 2020. Disponível em:
https://www.b9.com.br/131883/pesquisa-mostra-que-uso-do-instagram-cresceu-
durante-a-pandemia-e-e-31-maior-que-o-facebook/. Acesso em 25 Out 2021.

EVENTUR. Projeto de Extensão de Eventos. Instagram: @eventur_uea. Disponível


em: https://www.instagram.com/eventur_uea/. Acesso: 25 Out. 2021.

GIL, Antônio Carlos. Como elaborar projetos de pesquisa. 2002. 4ª ed. São Paulo:
Atlas S/A.

MARQUES, MARGARETE OLEIRO et al. O uso das redes sociais como estratégia
de interação de um projeto de pesquisa, ensino e extensão. CEC - VII Congresso
de Extensão e Cultura. 2020. Disponível em:

200
https://wp.ufpel.edu.br/ecosusufpel/files/2021/01/Resumo-CEC-Margarete-
Marques.pdf. Acesso em 25 Out 2021.
MALAVÉ, Mayra. O papel das redes sociais durante a pandemia. Maio de 2020.
Disponível em: http://www.iff.fiocruz.br/index.php/8-noticias/675-papel-redes-sociais.
Acesso em 28 de Out de 2021.

NUNES, Ruan Kaio Silva et al. Desafios e adaptações da extensão universitária em


tempos de pandemia: relato de experiência. Revista Ciência Plural, v. 7, n. 1, p. 211-
223, 2021.

RAMOS, Penha Élida Ghiotto Tuão; DE OLIVEIRA MARTINS, Analice. Reflexões


sobre a rede social Instagram: do aplicativo à textualidade. Texto Digital, v. 14, n.
2, pág. 117-133, 2018.

201
O Laboratório de Turismo (Labotur) e a Semana de Turismo
2021: Retomada, TICs e Novos Desafios

Italo Daniel Marialva Gonçalves 1


Cristiane Barroncas Maciel Costa Novo 2
Claudia Araújo de Menezes Gonçalves Martins 3

Resumo: Durante o mês de setembro são realizados eventos voltados a datas


importantes para o turismo, como o Dia Mundial do Turismo e o Dia Nacional do
Bacharel em Turismo, geralmente nomeada por Semana de Turismo. Ainda em um
período cheio de turbulências e de incertezas, em setembro de 2021 ocorreu a 1ª
Semana do Turismo em formato híbrido, realizada exclusivamente pela comunidade
do Curso de Turismo da Universidade do Estado do Amazonas (UEA) sob a
coordenação do Laboratório de Turismo (Labotur)/UEA. O objetivo desta pesquisa é
descrever os resultados/alcance da Semana de Turismo 2021 nas redes sociais do
Labotur. A metodologia é de natureza exploratória e descritiva, a análise se baseia nos
dados/ impressões das atividades nas redes sociais do Labotur/UEA. Marcado por
uma série de programações com uso de tecnologias da informação e comunicação
(TICs), os resultados indicam que o evento (com palestras, rodas de conversa e curso)
foi satisfatório e rendeu números significativos de acesso nas redes sociais, o que
confirma a importância de investimentos em infraestrutura tecnológica para promover
eventos diante da ausência de atividades presenciais.

Palavras-chave: Laboratório de Turismo, Evento, Tecnologia da Informação e Comunicação, UEA.

INTRODUÇÃO
Segundo Matias (2010, p.105), evento é a “ação do profissional mediante
pesquisa, planejamento, organização, coordenação, controle e implantação de um
projeto, visando atingir seu público-alvo com medidas concretas e resultados

1
Acadêmico de Turismo da Universidade do Estado do Amazonas - UEA; Manaus - Amazonas; Lattes:
http://lattes.cnpq.br/6692795096922899; E-mail: idmg.tur19@uea.edu.br.
2
Graduada em Turismo e Administração. Doutora pelo Programa de Pós-graduação em Ciências do
Ambiente e Sustentabilidade na Amazônia-UFAM. Atualmente é coordenadora do Labotur - UEA/ESAT
Manaus - Amazonas; Lattes: http://lattes.cnpq.br/2798121634650231; E-mail: cbarroncas@uea.edu.br.
3
Graduada em Turismo pelo Instituto Manauara de Ensino Superior, Mestre em Gestão de Negócios
Turísticos. Doutoranda em Turismo e Hotelaria pela Universidade do Vale do Itajaí-SC. Manaus –
Amazonas; Lattes: http://lattes.cnpq.br/2882900941207240; E-mail: camenezes@uea.edu.br.
202
projetados”. O segmento é responsável pelo desenvolvimento econômico de várias
cidades pelo país, infelizmente com a pandemia de Covid-19 a atividade sofreu um
grande impacto, eventos foram cancelados ou adaptados ao formato online.
Enquanto a retomada de eventos presenciais relacionados ao turismo segue a
curtos passos – mas ainda assim muito importantes – se fez necessária a criatividade,
a iniciativa e a cooperação a fim de promover eventos que causem impactos e
incentivem discentes, docentes e comunidade local a voltarem a participar, ainda que
mediados por tecnologia da informação e comunicação (TICs), dos eventos
promovidos pela comunidade acadêmica de Turismo da UEA.
A partir desse contexto, o Laboratório do Curso de Turismo da Universidade do
Estado do Amazonas (Labotur/UEA) decidiu somar esforços junto à coordenação do
curso e criar parcerias com o Projeto de Extensão EVENTUR, o Centro Acadêmico do
Curso de Turismo (Catur) e o Observatório do Curso de Turismo (Observatur), a fim de
celebrar o Dia Mundial do Turismo, o dia Nacional do Bacharel em Turismo e o Dia
Municipal do Turismólogo 1, comemorado no dia 27 de setembro, realizando um evento
que desse destaque para a universidade.
Esta pesquisa é de natureza exploratória e descritiva, pois visa demonstrar o
processo de elaboração e aplicação da Semana do Turismo 2021 da ESAT/UEA. De
acordo com Gil (2002, p. 41), a pesquisa exploratória tem como objetivo “ter mais
conhecimento sobre o problema, em virtude de deixá-lo mais evidente ou criar
hipóteses”. E a pesquisa descritiva tem por finalidade a descrição das características
de uma determinada população ou fenômeno. A análise se baseia nos
dados/impressões nas redes sociais do Labotur durante a Semana do Turismo 2021.

O CURSO DE TURISMO DA UEA E O LABOTUR


O curso de Turismo da UEA contribui para formar profissionais altamente
qualificados que atuem no planejamento, gestão e promoção do desenvolvimento local
a partir do conhecimento científico (UEA, 2001). Enquanto isso, o Labotur/UEA

1
Conforme Lei No 2.096, de 17 de março de 2016 do Diário Oficial do Município de Manaus.
203
fomenta a interação entre o poder público, a iniciativa privada, as organizações do
terceiro setor, a comunidade local e a universidade. Essas atividades acabam por se
complementar e promover uma formação sistêmica.
O Labotur/UEA foi inaugurado em outubro de 2015 a partir de uma demanda
do curso, no qual a formação de discentes e a integração do apoio docente seria
usufruído em um espaço de atividades dedicado aos pilares ensino, pesquisa e
extensão. Fomentando a produção do conhecimento científico destacado, seria
possível promover o curso de Turismo da UEA, proporcionando aos discentes uma
série de condições que são extremamente necessárias à aplicação prática de um
conhecimento teórico, que inclui uma relação à área de formação profissional
específica (UEA, 2015).
Nos últimos dois anos, as atividades do Labotur estão restritas devido ao
cenário pandêmico, com isso à contribuição para a implementação de ações, planos,
programas e projetos se restringem a ações pontuais. É importante destacar que o
ambiente é destinado à realização de atividades extraclasses importantes para a
formação profissional do bacharel em turismo, voltado para a aplicação
eminentemente prática dos conteúdos adquiridos no âmbito acadêmico.
Considerando que o Labotur tem um papel importante no desenvolvimento de
atividades extracurriculares no curso de Turismo da UEA, uma das estratégias
utilizadas são os eventos de diferentes naturezas. Eles acabam por possibilitar ao
processo acadêmico, experiências ideais e atribuir conhecimentos à comunidade
estudantil. Deste modo, o presente trabalho buscou descrever os resultados/alcance
das atividades desenvolvidas durante o evento Semana de Turismo 2021 e a
repercussão nas redes sociais do Labotur vinculado ao curso de Turismo da Escola
Superior de Artes e Turismo (ESAT) da UEA.

RESULTADOS E DISCUSSÕES
Em anos anteriores, o curso de Turismo - UEA realizou atividades presenciais
em parceria com outros órgãos, instituições e empresas. Devido ao cenário atual ficou
204
impossibilitado que houvesse parcerias desse nível no ano de 2020 e 2021. Por tais
motivos, a coordenação do Labotur/UEA propôs junto com outros docentes e discentes
a realização de um evento híbrido, combinando recursos digitais (canal do Youtube,
Instagram e Google Meet) bem como atividades presenciais para os calouros,
seguindo todos os protocolos de segurança contra a COVID-19. A proposta foi aceita,
e com isso foi feita uma programação de atividades que compuseram a Semana do
Turismo 2021. Dentre as atividades propostas tivemos: rodas de conversa, palestras e
curso que foram transmitidos no Canal do Labotur/UEA no YouTube, além de um
sorteio que foi realizado a partir do perfil no Instagram do Labotur @labotur.uea, a fim
de promover o laboratório, o curso e a universidade.
Antes do evento principal, o Curso de Turismo da UEA foi convidado a fazer
parte do I Festival Amazonas de Turismo, promovido pela Empresa Estadual de
Turismo do Amazonas (Amazonastur), entre os dias 24 e 26 de setembro de 2021 no
Centro de Convenções Vasco Vasquez. O Labotur e o Eventur estiveram presentes
desde a montagem do stand até a apresentação do curso e demais projetos
vinculados ao curso de Turismo, conforme pode ser visto nas fotos 1, 2 e 3.

Figura 1, 2 e 3 – Stand da UEA (Curso de Turismo) no I Festival Amazonas de


Turismo.

Fonte: Autores, 2021.

Após isso, deu-se início ao evento coordenador pelo Labotur/UEA e parceiros,


e, conforme Quadro, essas foram as atividades realizadas.

205
Quadro 1 – Atividades da Semana de Turismo 2021 da Universidade do Estado do
Amazonas.
Segunda-Feira Terça Feira Quarta-Feira Quinta-Feira Sábado
(27/09) (28/09) (29/09) (30/09) (02/10)

Roda de Curso - O Papel


Conversa “A do Turismólogo
Roda de no Planejamento
Acolhida aos experiência da
Conversa com - Turístico
Calouros 2021 participação em
Egressos I 4ª Live do (50 inscritos).
(379 visualizações) eventos
científicos Observatur-UEA.
(363 visualizações) “Turismo pós- O curso foi
pandemia: realizado de
projeções atuais forma presencial
Palestra - Roda de para Manaus e 10 inscritos e
Inclusão Social Roda de Conversa para o Amazonas transmitido pelo
por Meio da Conversa com “Resultados de (344 visualizações) Google Meet, e
Qualificação Egressos II Pesquisa na contou com a
Profissional. (264 visualizações) Amazônia” participação de
(166 visualizações) (264 visualizações)
23 convidados.
Fonte: Elaborado pelos autores, 2021.

Além deste, também foi realizado um sorteio por meio do Instagram do


Labotur, para a experiência “Conexão Baré” feita em parceria com a empresa
Braziliando. O sorteio foi realizado no dia 22 de setembro, anteriormente ao evento, e
contemplou duas pessoas para viverem a experiência on-line (LABOTUR.UEA,2021).

CONSIDERAÇÕES FINAIS
Apesar do curto tempo em que foi criado e proposto, o evento obteve a
participação de pelo menos 129 (cento e vinte e nove) pessoas acompanhando as
lives por meio do Canal do Labotur simultaneamente no YouTube, fazendo com que o
canal atingisse a meta de 174 (cento e setenta e quatro) inscritos – sendo 94 (noventa
e quatro) inscritos advindos da divulgação do evento – e 1.780 (mil setecentos e
oitenta) visualizações no total de todas as lives realizadas. A conta do Instagram do
Labotur/UEA, usada como ferramenta de divulgação das palestras e lives, também
alcançou números significativos, alcançando 2.542 (duas mil quinhentos e quarenta e
duas) contas, 1.636 (mil seiscentos e trinta e seis) interações com o conteúdo e 69

206
(sessenta e nove) novos seguidores. E a partir disso, continuamos avançando e
crescendo em números e qualidade de conteúdo.
Com uma significativa rede de apoio voluntário por parte de discentes e
docentes que contribuíram de diferentes formas para a criação, organização e
divulgação da Semana de Turismo 2021, foi possível observar uma série de fatores
que se destacam e que tornam o turismo mais acessível e dinâmico, ainda que em
tempos pandêmicos. Por fim, todo esse cenário nos possibilita afirmar que a retomada
das atividades só foi possível devido também as TICs na qual entendemos serem
ferramentas essenciais para aproximar a universidade dos diferentes públicos, sendo
fundamental a universidade aumentar os investimentos em infraestrutura tecnológica.

REFERÊNCIAS
GIL, Antônio Carlos. Como elaborar projetos de pesquisa. 2002. 4ª ed. São Paulo:
Atlas S/A.

LABOTUR.UEA. Sorteio Conexão Baré. Reels. Manaus-Amazonas. 22 set 2021.


Instagram:@labotur.uea. Disponível em:
https://www.instagram.com/tv/CUJAfg8JxwQ/?utm_medium=copy_link. Acesso em 11
Nov 2021.

LABOTUR.UEA. "Turismo para um crescimento inclusivo", Semana do Turismo


2021. Manaus-Amazonas. 22 set 2021. Instagram: @labotur.uea. Disponível em:
https://www.instagram.com/p/CUIviztJlCy/. Acesso em 06 Nov 2021.

MATIAS, Marlene. Organização de eventos: procedimentos e técnicas. 5ª ed.


Barueri:Manole, 2010.

UEA. UEA Cursos. Curso de Bacharelado em Turismo. Disponível em:


https://cursos2.uea.edu.br/index.php?dest=info&curso=108. Acesso em 11 de Nov
2021.

UEA. UEA inaugura laboratório de Turismo para inovar aulas práticas. 06 Nov
2015. Disponível em: https://noticias1.uea.edu.br/noticia.php?notId=42144. Acesso em
06 Nov 2021.

207
A fé como motivação turística nas festividades religiosas
dos municípios de Borba/AM e Parintins/AM

Maria Jacqueline Ramos Iwata 1


Anny Gabrielly Peixoto de Oliveira 2
Maria Adriana Sena Bezerra Teixeira 3
Lúcia Cláudia Barbosa Santos 4

Resumo: Os fiéis religiosos são levados a diversas regiões tidas como sagradas,
porém esse fato ocorre a muito tempo, historicamente a humanidade tem esse teor
religioso a muito tempo, se deslocando em busca do sagrado. Essa prática irá
continuar enquanto o sentimento do incompleto ainda existir, onde a religião irá
conseguir suprir tal vazio. No que refere ao objetivo geral visa relatar as características
de fé destes munícipios que são conhecidos no Amazonas como propagadores de fé
tanto para quem visita como para quem é visitado. No que tange á forma de
abordagem é qualitativa e os objetivos são exploratórios e descritivos, de forma
bibliográfica e observacional nesse primeiro caso. Borba e Parintins são conhecidos
pelos eventos religiosos e por meio de estudo mais profundos envolvendo o marketing,
se tornem mais conhecidos a nível nacional.

Palavras-chave: Turismo, Religiosidade, Motivação Turística, Borba/Parintins/Amazonas.

INTRODUÇÃO
O turismo religioso envolve os sentimentos de fé, bem como trocas entre
visitantes e visitados. Portanto, o que movimenta o turismo religioso é a crença em
deuses, sejam eles quais forem, ou seja, é a busca pelo sagrado o qual equilibra o
corpo e a mente. Perante o Ministério do Turismo - MTUR (2009), o turismo religioso
movimenta a economia do setor turístico. Isto porque 1,7 milhões de viagens são
1
Especialista em MBA Gestão e Estratégias Empresarial pelo Centro Universitário do Norte-UNINORTE;
Manaus – AM. Lattes: http://lattes.cnpq.br/0488605469008105. E-mail: jackiwata@hotmail.com
2
Acadêmica do curso de Turismo pela Universidade do Estado do Amazonas – UEA; Manaus – AM;
Lattes: http://lattes.cnpq.br/9904420994652908; E-mail: agpo.tur17@uea.edu.br;
3
Doutora em Educação pela Universidade de La Empresa – UDE e reconhecido pela Universidade do
Estado de Santa Catarina – UDESC; Manaus - AM; Lattes: http://lattes.cnpq.br/7305750465493497; E-
mail: msteixeira@uea.edu.br
4
Especialista em Metodologia do Ensino de Lingua Inglesa pela
Universidade Federal do Amazonas. Manaus – AM; Lattes: http://lattes.cnpq.br/3377313544008037. E-
mail: lcsantos@uea.edu.br
208
destinadas a visitar monumentos e ambientes que simbolizam a fé, pois afinal cerca de
90% dos brasileiros declaram-se devotos em alguma religião (LIMA, 2016). Observa-
se que os municípios de Borba e Parintins ambas no estado do Amazonas vêm se
elevando no turismo religioso. Isto porque, milhares de pessoas buscam o equilíbrio de
paz, espiritualidade, realizações e outros motivos que garantam o bem-estar.
O objetivo deste estudo é relatar as características de fé destes munícipios
que são conhecidos no estado do Amazonas como propagadores de fé tanto para
quem visita como para quem é visitado. Considera-se este estudo salutar por trabalhar
uma temática que não é muito discutida no mundo da ciência na região amazônica. A
escolha destes municípios é devido os mesmos serem mais conhecidos na região
amazônica no segmento de turismo religioso. O autor Ribeiro (2010, p.05), expressa
que todo desenvolvimento de práticas religiosas é um importante fator na
determinação de locais com potencial turístico. No que se refere a metodologia a
forma de abordagem é qualitativa e os objetivos metodológicos são exploratórios e
descritivos, no que tange aos procedimentos técnicos são bibliográficos e estudo de
caso primeiramente feito de forma observacional. Relata-se que os municípios de
Borba e de Parintins são bem reconhecidos a nível estadual pelos eventos religiosos.

CARACTERÍSTICAS DAS FESTIVIDADES DO MUNICÍPIO DE BORBA

A história do município se dá com a chegada do padre João Sampaio em


1728. Os Muras foram os primeiros habitantes do lugar e houve muita resistência aos
invasores com os índios aliados aos brancos e os negros. Povo de muita
religiosidade, o padre Bento José de Souza construiu a igreja em homenagem ao
padroeiro, o lisboeta Santo Antônio (NO AMAZONAS É ASSIM, 2017).
Relata-se que o município de Borba é bem conhecido por conta do tradicional
evento religioso “Festa de Santo Antônio de Borba”, o qual atrai milhares de fiéis para
localidade. Em 1997 para homenagear o santo o prefeito da cidade Dr. Jones
Karrer convidou o artista amazonense, Marius Bell para construir uma exuberante

209
estátua do Santo Antônio de Borba de 13 metros de altura na frente do rio Madeira.
(NO AMAZONAS É ASSIM, 2017). Silva et al. (2008,p.12), destaca:
Destaca-se o elemento da paisagem como elemento construtor da fé,
acrescido aos ribeirinhos, caboclos e barqueiros que ajudam a consolidar o
fazer religioso, sendo divulgadores do turismo na região, dando sentido a
identidade cultural daquela porção da Amazônia que outrora se constituiu
numa importante rota para a economia local, durante o Ciclo da Borracha. E,
atualmente, torna-se indispensável ao processo de integração regional através
da navegação e do próprio turismo.
Borba tornou-se ponto de orações e de busca por milagres e anualmente em
junho a peregrinação é grande. A catedral que possui relíquias do Santo Antônio é
considerada hoje Santuário da Igreja católica (NO AMAZONAS É ASSIM, 2017). Silva
et al (2008) fala que no período dos festejos de Santo Antônio de Borba, a cidade
praticamente quadruplica sua população, sendo que aproximadamente duas semanas
anteriores ao dia treze de junho o tráfego de embarcações intensifica com a chegada
de devotos. Os autores acima relatam que Borba é o maior centro romeiro da
Amazônia, ficando atrás apenas do Círio de Nazaré realizado em outubro na cidade de
Belém no estado do Pará. O festejo religioso e a importância no contexto amazônico
para o catolicismo fizeram com que o Vaticano elevasse a categoria de Diocese para
Basílica, sendo inclusive a 11ª do mundo a receber tal distinção e funciona como uma
Embaixada do Apostolado Católico no Brasil, reportando-se diretamente à Santa Sé
em Roma.

CARACTERÍSTICAS DAS FESTIVIDADES DE PARINTINS

Menciona-se que uma das festas mais conhecidas após o Festival de Parintins
é o evento religioso de Nossa Senhora do Carmo, o qual acontece no início do mês de
Julho. O evento Nossa Senhora do Carmo atrai muitos visitantes em especial da
região amazônica. A maioria desses devotos ficam da festa do boi para o evento
religioso que se inicia no dia 06 de julho e finaliza no dia 16 do mesmo mês, por volta
de 150 mil pessoas.

210
A festa da Santa inicia com a imagem de Nossa Senhora do Carmo sendo
levada no início do mês de junho para Manaus, onde peregrina por algumas paróquias
(PINTO E AZEVEDO FILHO, 2020). Os autores explicam que no dia 05 de julho pela
manhã, a imagem de Nossa Senhora do Carmo retorna a Parintins, onde a mesma
estava em peregrinação pela capital, comunidades rurais, instituições da cidade, e em
paróquias dos municípios vizinhos. No dia da chegada do andor com a imagem da
santa, devotos seguem em procissão levando a imagem para a paróquia de São José,
onde permanece até o fim da tarde do dia 06 de julho, data que oficialmente começa a
sua festividade. O Círio é a primeira grande procissão da festa, quando a imagem de
Nossa Senhora do Carmo é levada com toda pompa e com o andor decorado por
artistas locais para a catedral, então acontecem as celebrações. No período das
celebrações ocorre o arraial após missa, destaca-se que é um período de muita fé e
no dia 16 ocorre a procissão e os fiéis demonstram verdadeira adoração a santa. As
autoras Ferreira e Cruz (2012, p.12), declaram que o ponto alto sem dúvida é o Círio,
que ocorre no primeiro dia de festa, ocorrendo o percurso chamado de “Avenida da 10
Fé”. No último dia acontece a Procissão Solene, em seguida ocorre a Santa Missa
marcando o encerramento da festa. Ferreira e Cruz (2012) esclarecem que o vínculo
que une a santa com o povo é profundo e está enraizado na devoção dos habitantes
do lugar que se perpetua por décadas. A fala das autoras é bem pertinente ao
assinalar que as manifestações religiosas tornam-se espetáculos não só pelo olhar
externo vindo dos visitantes que delas participam, mas pelo olhar interno, da
população local que se envolve e faz parte das transformações culturais, sendo este
um dado que também deve ser considerado. Corrêa e Torres (2018), falam que as
festas religiosas amazônicas são para manter fortalecida a devoção à Virgem do
Carmo e promover as diversas relações entre as pessoas que participam destes
festejos. (PINTO E AZEVEVEDO FILHO, 2020).

211
CONCLUSÃO

O foco deste trabalho é relatar as características de fé destes munícipios que


são conhecidos no estado do Amazonas como propagadores de fé tanto para quem
visita como para quem é visitado. Observou-se neste estudo que as características de
devoção dos moradores do município de Borba estão relacionadas a tradicional Festa
de Santo Antônio de Borba, o padroeiro é reconhecido pelos adeptos locais e
visitantes, como o santo milagreiro que atende todas as necessidades. Percebe-se
que os devotos de Santo Antônio de Borba possuem fé autêntica e anualmente se
programam para pagar seus votos e expressar sua gratidão ao Padroeiro do Rio
Madeira. Quanto as características de fé do município de Parintins, está relacionado a
celebração da padroeira da cidade Nossa Senhora do Carmo no mês de julho logo
após o “Festival de Parintins”. O evento religioso de Nossa Senhora do Carmo atrai
visitantes de cidades vizinhas e outros estados, estes também são envolvidos no
fenômeno religioso. De acordo com este estudo, é perceptível uma explosão de fé e
emoção que permeiam o coração dos ribeirinhos destes dois municípios
amazonenses, capaz de atrair visitantes de lugares longínquos e compartilhar de sua
respeitosa devoção arraigada na simplicidade de sua cultura.

REFERÊNCIAS

FERREIRA, Talita Sibele Melo; CRUZ, Josilene. Festa de Nossa Senhora do Carmo
de Parintins/AM: Celebração da fé
e Turismo Cultural. Anais do VII Seminário de Pesquisa em Turismo do Mercosul. 16
a 17 nov.2012. Disponível em:
https://www.ucs.br/site/midia/arquivos/festa_de_nossa_senhora_do_carmo.pdf.
Acesso em: 22 de Abr de 2020.

LIMA, Priscila Vigiano. Hospitalidade como complemento para o turismo religioso


na cidade de Curitiba. (Trabalho de Conclusão de Curso) – Universidade Federal do
Paraná, Curitiba, 2016. Disponível em: https://core.ac.uk/download/pdf/227289095.pdf.
Acesso em:12 nov.2020.

212
MTUR. Milhares de brasileiros viajando pela fé. Disponivel em:
http://antigo.turismo.gov.br/%C3%BAltimas-not%C3%ADcias/3683-milhares-de-
brasileiros-viajando-pela-fe.html. Acesso em: 20 de Ago.2021

NO AMAZONAS É ASSIM. Conheça a história do maior monumento da cidade de


Borba e as virtudes de Santo Antônio. 08 maio de 2017. Disponível em:
https://noamazonaseassim.com.br/conheca-a-historia-do-maior-monumento-da-cidade-
de-borba-e-as-virtudes-de-santo-antonio/. Acesso em: 29 Abr. 2020.

PINTO, Selma Guimarães; AZEVEDO FILHO, João D'anuzio Menezes de. O


TURISMO RELIGIOSO: A FESTA DE NOSSA SENHORA DO CARMO EM
PARINTINS-AM. Disponível em:
http://repositorioinstitucional.uea.edu.br/bitstream/riuea/819/1/O%20turismo%20religi
oso%20-20A%20festa%20de%20Nossa%20Senhora%20do%20Carmo%20em%20.
Acesso em: 22 Abr. de 2020.

Ribeiro, C. M. (2010). Turismo Religioso: fé, consumo e mercado. Revista Facitec.


ISSN 19881 – 3511. V.5. n.1. Art.06, Ago – Dez, 2010. Disponível em:
http://revistaadmmade.estacio.br/index.php/e revistafacitec/article/view/4819/2232.
Acesso em: 20 de nov. 2020.

SILVA, Adnilson de Almeida; SOUSA, Lucileyde Feitosa; TEIXEIRA, Salete Kozel. O


TURISMO EM BORBA: Entrecruzando Manifestações Turísticas e Religiosas na
Amazônia Ribeirinha. II Fórum internacional de turismo de Iguaçu. 25 a 28 de Junho
de 2008. Disponível em: http://festivaldascataratas.com/wp-
content/uploads/2014/01/31. Acesso em: 30 Abr.2020.

213
We will rock you? Estudo de um caso de escravidão
contemporânea no Rock in Rio 2015

Lhorrayne Barbosa Lima 1


Angela Teberga de Paula (orientadora) 2

Resumo: Durante o Rock in Rio 2015, uma lanchonete de batatas-fritas foi autuada
pelo Ministério do Trabalho por manter dezessete trabalhadores em condições
análogas à escravidão. Foram constatados aliciamento dos trabalhadores, jornadas
exaustivas de trabalho, retenção de documentos, condições degradantes de trabalho e
servidão por dívida. Após ação fiscalizatória, três Termos de Ajuste de Conduta foram
celebrados entre as partes e o Ministério Público do Trabalho, com a intenção de fixar
obrigações de fazer e não fazer. Assim, o objetivo desta pesquisa é estudar o caso de
trabalho escravo contemporâneo na lanchonete de batata-frita na edição 2015 do
evento Rock in Rio. As técnicas de pesquisa utilizadas são: bibliográfica e documental.

Palavras-chave: Eventos; Trabalho escravo contemporâneo; Rock in Rio.

INTRODUÇÃO
A Organização Internacional do Trabalho (OIT) estima que 10% do total das 15
milhões de vítimas de trabalho escravo contemporâneo sejam trabalhadores do setor
de restaurantes e hotelaria (OIT, 2017). No Brasil, o Ministério Público do Trabalho
registrou o resgate de 248 trabalhadores em condições análogas à de escravo no
setor de restaurantes, entre 2003 e 2018 (MPT, 2018). Embora a alimentação seja um
setor quase irrelevante entre aqueles mais comumente envolvidos com a exploração
de mão-de-obra escrava no Brasil, um caso em uma lanchonete ganhou notoriedade
no ano de 2015, quando uma loja de batatas-fritas, dentro do evento Rock in Rio, foi
autuada por trabalho escravo pelo Ministério do Trabalho. Assim, o objetivo desta
pesquisa é estudar o caso de trabalho escravo contemporâneo na lanchonete de

1
Cursando Tecnólogo em Turismo Patrimonial e Socioambiental (UFT); Universidade Federal do
Tocantins; Arraias, TO; Lattes: http://lattes.cnpq.br/1868065484848237; E-mail:
lhorraynelima@uft.edu.br.
2
Doutora em Turismo e Hospitalidade (UCS); Universidade Federal do Tocantins; Arraias, TO; Lattes:
http://lattes.cnpq.br/3543811641636104; E-mail: angela.teberga@uft.edu.br.

214
batata-frita na edição 2015 do evento Rock in Rio. As técnicas de pesquisa utilizadas
são bibliográfica e documental (GIL, 2009), tendo sido consultados livros e artigos
científicos, bem como analisados os autos de infração e os Termos de Ajuste de
Conduta (TACs).

ROCK IN RIO
Evento é um acontecimento que reúne várias pessoas com um objetivo em
comum. Dentre a classificação do porte dos eventos, destaca-se o megaevento,
aquele em que se gera “alta demanda turística e com grande valor agregado”
(LOHMANN; PANOSSO, 2012, p. 107). Esses são acontecimentos de alcance
internacional e com alto potencial de atrair grandes públicos, sendo capazes de
movimentar a economia e desenvolver mudanças relevantes, especialmente de
infraestrutura (RIBEIRO, SOARES; DACOSTA, 2014). O megaevento Rock in Rio é
um festival de música criado pelo empresário Roberto Medina, e teve sua primeira
edição em janeiro de 1985 na cidade do Rio de Janeiro. É considerado o maior festival
de música do mundo e estima-se que mais de 8 milhões de pessoas tenham assistido
aos shows desde o primeiro evento (FORBES, 2017), muitos dos quais são turistas
nacionais e internacionais, movimentando a economia da cidade (MARSON et al.,
2021).

TRABALHO ESCRAVO CONTEMPORÂNEO


O cerceamento de liberdade, a servidão por dívida, condições degradantes de
trabalho e jornadas exaustivas são características que definem o trabalho análogo à
escravidão, de acordo com o artigo 149 do Código Penal (BRASIL, 1940). Para
Sakamoto (2020, p. 7), a escravização ilegal é utilizada "como instrumento adotado por
empreendimentos para garantir lucro fácil e competitividade em uma economia cada
vez mais globalizada”. Somente no Brasil, mais de 54 mil pessoas foram encontradas
em regime de escravidão no período entre 1995 e 2019. Mesmo após a abolição da
escravatura, por meio da Lei Áurea, em 13 de maio de 1888, uma série de estratégias
215
de submissão dos trabalhadores foram mantidas, negando sua liberdade e dignidade –
esta que é definida como o “conjunto básico de garantias a que devemos ter acesso
simplesmente pelo fato de fazermos parte do gênero humano. Quando negada,
pessoas são tratadas como instrumentos descartáveis de trabalho” (SAKAMOTO,
2020, p. 8). Com o objetivo de erradicação do trabalho escravo, o Brasil é signatário
das Convenções n° 29 e n° 105 da Organização Internacional do Trabalho (OIT), além
de outros tratados internacionais da Organização das Nações Unidas (ONU). Além
disso, o Governo Federal organiza um cadastro público, desde 2003, com uma "lista
suja", no qual são inseridas e responsabilizadas pessoas físicas e jurídicas, pela
prática do trabalho escravo contemporâneo.

TRABALHO ESCRAVO CONTEMPORÂNEO NO ROCK IN RIO 2015


Durante o Rock in Rio 2015, que ocorreu entre os dias 18 e 29 de setembro, o
Ministério do Trabalho, por meio da atuação de um grupo de auditores-fiscais, autuou
a lanchonete Batata no Cone, de razão social Cone Brasil Comércio de Alimentos
Ltda, por submeter dezessete pessoas a um regime de trabalho análogo à escravidão.
Dos dezessete trabalhadores, cinco eram mulheres e doze eram homens. Foram
constatados aliciamento dos trabalhadores, jornadas exaustivas de trabalho, retenção
de documentos (CTPS e identidade), condições degradantes de trabalho e servidão
por dívida. Quinze autos de infração foram lavrados, sendo quatorze para a empresa
contratada Batata no Cone, e um para a contratante Rock World. À organizadora do
evento, com maior capacidade econômica, coube a responsabilidade pela
regularização dos empregados do estabelecimento alimentício contratado (BRASIL,
2015). De acordo com Paula e Herédia (2020), os auditores-fiscais do trabalho
também foram até a favela do Urubu, localizada em Curicica, ao lado da Cidade do
Rock, para verificar as condições de moradia dos trabalhadores. Foi constatado que
eles dormiam em alojamento sem rede de esgoto e água potável, onde havia apenas
dois quartos e um banheiro, sem camas adequadas para descanso. Entre todas as
irregularidades, a servidão por dívida é a que chamou a atenção dos auditores-fiscais.
216
Além do pagamento antecipado para garantia da vaga de trabalho, que podia variar
conforme a cidade de origem do trabalhador, Baptista e Souza (2018) explicam que os
trabalhadores recebiam R$2,00 por produto vendido, mas precisavam arcar com as
batatas fritas que não eram vendidas até o fim do dia. Após ação fiscalizatória, três
Termos de Ajuste de Conduta (TAC) 1 foram celebrados entre as partes – Cone Brasil
Comércio de Alimentos Ltda e Rock World – e o Ministério Público do Trabalho (MPT),
com a intenção de fixar obrigações de fazer e não fazer 2, listados a seguir:

Quadro 1 - Lista de TACs celebrados


N°/Ano Obrigações
TAC n° Elaborar, implementar e custear o Programa de Controle Médico e Saúde
97/2016 – Ocupacional - PCMSO; realizar exames admissionais antes que os
Cone Brasil empregados iniciem a prestação de serviço; realizar exames médicos
periódicos; elaborar Programa de Prevenção de Riscos Ambientais - PPRA;
disponibilizar alojamentos adequados para o uso, com bebedouros, abster-
se de prorrogar a jornada de trabalho dos empregados além do limite de
duas horas sem justificativa legal, das atividades insalubres; realizar o
registro dos horários de entrada e saída e período de repouso praticados
pelos empregados. / A empresa reconheceu as lesões aos interesses
individuais, difusos e coletivos decorrentes da situação verificada e por
conta disso foi condenada, a título de dano moral coletivo, ao pagamento de
R$ 24.000,00 (vinte e quatro mil reais) revertidos em favor da Arquidiocese
do Rio de Janeiro. Multa em caso de descumprimento: R$ 3.000,00, por
infração, por mês e por trabalhador encontrado em situação irregular.
TAC n° Registrar todos os trabalhadores já devidamente selecionados por força do
110/2017 – Convênio firmado entre a Rock World S/A e o município do Rio de Janeiro
Rock World para a elaboração do Rock in Rio 2017; entregar cópias dos registros de
empregados para o serviço de apoio. Multa em caso de descumprimento:
R$ 2.000,00, por trabalhador encontrado em situação irregular.
TAC nº Conceder intervalos de repouso para alimentação; entregar, durante e após
99/2019 – a participação em qualquer evento, cópias dos registros de ponto. Multa em
Cone Brasil caso de descumprimento: R$ 1.000,00, por cláusula e por trabalhador
encontrado em situação irregular.
Fonte: MPT (2016, 2017, 2019). Elaborado pelas autoras, 2021

1
O TAC é um instrumento de acordo extrajudicial, proposto pelos Procuradores do Trabalho aos
investigados por irregularidades trabalhistas. No caso de descumprimento, o empregador deve pagar
uma multa revertida, normalmente, ao Fundo de Amparo ao Trabalhador (MONTEIRO, PEREIRA,
BUENO, 2018).
2
Já a Procuradoria da República decidiu pelo arquivamento do processo no âmbito do Ministério Público
Federal (e posteriormente a Procuradoria Regional da República votou pela homologação do
arquivamento), pois considerou que “a tramitação do presente procedimento no âmbito da Procuradoria
Federal dos Direitos do Cidadão não se justifica” (MPF, 2017, p. 4).
217
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Apesar de ser considerado o maior festival de rock do mundo e movimentar a
economia em mais de 1,5 bilhão de reais (G1, 2019), a edição 2015 do Rock in Rio
apresentou um caso de extrema exploração do trabalho humano, através da
escravização contemporânea de dezessete trabalhadores. Esses trabalhadores
laboravam em condições bastante precárias, contraíram dívidas, se hospedavam em
local insalubre, dentre outros problemas identificados. Não se tem conhecimento se as
empresas cumpriram os acordos de ajustamento de conduta celebrados com o MPT.
Entretanto, verificou-se que a Rock World atualizou sua Política de Sustentabilidade
nas edições seguintes, tendo incluído o propósito de garantir “o trabalho justo e
condições de trabalho inclusivas e humanas no Rock in Rio e em toda a cadeia de
valor do evento” (ROCK WORLD, 2018), bem como os objetivos de “gerar emprego
entre a população local; promover a empregabilidade local; e formar todos os
colaboradores da organização e parceiros” (ROCK WORLD, 2020).

REFERÊNCIAS

BATISTA, R. M.; SOUZA, M. T. S. Análise Empírica das Quebras de Regras Sociais


como Condição do Trabalho Escravo Contemporâneo no Brasil. Anais do XX
ENGEMA. São Paulo: FEA/USP, 2018.

BRASIL. Código Penal. Decreto Lei nº 2.848 de 07 de dezembro de 1940.

BRASIL. MINISTÉRIO DO TRABALHO. Secretaria de Inspeção do Trabalho.


Superintendência Regional do Trabalho e Emprego do Rio de Janeiro. Relatório de
Fiscalização Cone Brasil Comércio de Alimentos Ltda. Op 140/2015.

FORBES. Os maiores públicos da história do Rock in Rio. Forbes, 26/09/2017.


Disponível em: https://forbes.com.br/listas/2017/09/os-maiores-publicos-da-historia-do-
rock-in-rio-2017/

G1. Rock in Rio 2019 atrai 450 mil turistas e movimenta R$ 1,7 bilhão, diz
secretária de turismo do RJ. G1 Rio, 27/09/2019. Disponível em:
https://g1.globo.com/pop-arte/musica/rock-in-rio/2019/noticia/2019/09/27/rock-in-rio-
2019-atrai-450-mil-turistas-e-movimenta-r-17-bilhao-diz-secretaria-de-turismo-do-
rj.ghtml
218
GIL, A. C. Métodos e técnicas de pesquisa social. 6 ed. São Paulo: Atlas, 2008

LOHMANN, G.; PANOSSO NETTO, A. Teoria do turismo: conceitos, modelos e


sistemas. 2. Ed. ampl. E atual. São Paulo: Aleph, 2012.

MARSON, L. S. C.; GOMES, J. S.; MARSON, J. P.; CUNHA, D. O. O impacto do


Megaevento Rock in Rio para o turismo da cidade do Rio de Janeiro. Revista
Eletrônica de Administração e Turismo, v. 15, n. 1, p. 82-101, jan-jun/2021.

MILITO, M. C.; MARQUES, S.; ALEXANDRE, M. L. Percepção do Residente em


Relação a Turismo e Megaevento: análise bibliométrica de periódicos internacionais e
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MINISTÉRIO PÚBLICO DO TRABALHO. Observatório da Erradicação do Trabalho


Escravo e do Tráfico de Pessoas. 2018. Recuperado de: https://smartlabbr.org/

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Conduta. N. 97/2016. Inquérito Civil N. 001605.2016.01.000/3.

MINISTÉRIO PÚBLICO DO TRABALHO. PRT 1ª Região. Termo de Compromisso de


Ajustamento de Conduta. N. 110/2017. Inquérito Civil N. 2988.2013.01.000/5.

MINISTÉRIO PÚBLICO DO TRABALHO. PRT 1ª Região. Termo de Compromisso de


Ajustamento de Conduta. N. 99/2019. Inquérito Civil N. 5548.2018.01.000/4.

MINISTÉRIO PÚBLICO FEDERAL. PRR 2ª Região. Procedimento Preparatório. N.


1.30.001.001795/2016-44.

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achados da fiscalização e as respostas judiciais. Florianópolis: Tribo da Ilha, 2018.

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PAULA, A. T; HERÉDIA, V. B. M. Atividades características do Turismo (ACTs) e


Trabalho Escravo Contemporâneo: uma aproximação inicial. Turismo: Estudos &
Práticas (UERN), v. 9, Dossiê Temático n. 2, pp. 1-18, 2020.

RIBEIRO, C. H. V.; SOARES, A. J. G.; DACOSTA, L. P. Percepção sobre o Legado


dos Megaeventos Esportivos no Brasil: O caso da Copa do Mundo FIFA 2014 e os
Jogos Olímpicos Rio 2016. Rev. Bras. Ciênc. Esporte, v. 36, n. 2, p. 447-466, abr/jun
2014.
219
ROCK WORLD. Rock in Rio - Princípios, Propósitos, Valores e Política. Versão:
5.0. Maio/2018.

ROCK WORLD. Plano de Sustentabilidade do Rock in Rio 2021: Tod+s por um


mundo melhor. Agosto/2020.

SAKAMOTO, L. (org). Escravidão Contemporânea. São Paulo: Contexto, 2020.

220
Roda de Conversa 9: Comunicação e Subjetividade no Turismo

Oferta turística: um estudo sobre como evitar as


propagandas enganosas na atividade turística.

1
Klíwea Vitória Felício de Medeiros
Cláudia Araújo de Menezes Gonçalves Martins 2
Maria Adriana Sena Bezerra Teixeira 3

Resumo: O presente projeto de pesquisa tem como intuito descrever como o turista
pode se precaver para não adquirir produtos falsos que são comercializados por meio
de propagandas enganosas, visto que a oferta turística chega ao turista atualmente
por meio de perfis nas redes sociais onde podem ser encontradas fotos que muitas
vezes não condizem com a realidade ofertada pela empresa o que, segundo o art.37
do Código do Consumidor, induz o consumidor ao erro pois leva até ele uma
informação falsa. Além disso, visa-se instruir o vendedor do produto ou serviço a não
fazer o uso das propagandas enganosas como forma de chamar uma maior
quantidade de clientes, orientando-o a produzir e promover produtos fiéis à realidade.
Referente ao tipo de abordagem utilizada nesta pesquisa, ela é qualitativa e de caráter
exploratório, pois busca-se entender o problema e fornecer informações ao turista de
modo a alertá-lo a respeito das propagandas enganosas.

Palavras chave: Oferta Turística; Propaganda Enganosa; Produto Turístico.

1
Acadêmica de Turismo; Universidade do Estado do Amazonas - UEA; Manaus - AM; Lattes:
http://lattes.cnpq.br/8394647962215640; E-mail: kvfm.tur18@uea.edu.br
2
Turismóloga, mestre em Gestão de Negócios Turísticos-UECE e Doutoranda em Turismo e Hotelaria -
UNIVALI; Docente do Curso de Turismo da Universidade do Estado do Amazonas; Manaus-Am; Lattes:
http://lattes.cnpq.br/2882900941207240; E-mail: camenezes@uea.edu.br
3
Doutora em Educação pela Universidade de La Empresa – UDE e reconhecido pela Universidade do
Estado de Santa Catarina – UDESC; Mestre em Turismo pela Universidade de Caxias do Sul – UCS;
Especialista em Metodologia da Pesquisa pelo Centro Universitário do Norte e Professora do curso de
Turismo da Universidade do Estado do Amazonas – UEA; Manaus, AM; Lattes:
http://lattes.cnpq.br/7305750465493497; E-mail: msteixeira@uea.edu.br
221
INTRODUÇÃO
No mundo em que vivemos atualmente, a sociedade tornou-se indissociável
da comunicação digital. As pessoas, de acordo com Kottler (2010) passaram a se
integrar cada vez mais e a ter, conforme o avanço tecnológico, liberdade em
decorrência do fácil acesso às informações, facilidade para expressar suas opiniões e
trocar informações constantemente. O crescimento das redes sociais, possibilitou às
pessoas além de mostrar seu cotidiano, também empreender, as redes acabaram por
desenvolver importância econômica e comercial.
Recuero (2009), entende que a conexão direta entre a empresa e o
consumidor tornou -se inevitável em uma internet onde as marcas buscam relevância
através de valores como imagem e reputação, significando mais do que meio para
que produtos cheguem ao consumidor. Fato que a comunicação remota se fortificou
exponencialmente durante o período da pandemia da COVID-19, onde as pessoas
conforme a demanda, se especializaram mais nos serviços e-commerce, como são
chamadas as transações feitas por meios virtuais, e as lojas, produtos e marcas
triplicaram.
Sendo assim, é natural que o turismo também siga esta linha. O que
aconteceu foi que muitas operadoras de turismo, meios de hospedagem e os próprios
atrativos surgiram nas redes sociais com perfis no Instagram e Facebook, por
exemplo, desta forma se aproximando mais do seu consumidor fiel e principalmente
do seu consumidor potencial. No entanto, esta forma de comércio faz com que os
consumidores estejam mais suscetíveis à problemas como extravio do produto, não
envio do produto pela loja e o que mais pode acontecer quando se fala em produto
turístico, a propaganda enganosa.
A partir do exposto, levanta-se a seguinte problemática: Como, dentro deste
âmbito, assegurar que o turista possa ter confiança no produto que ele virá a
consumir?

222
METODOLOGIA
Para a concepção deste projeto de pesquisa, os procedimentos utilizados
foram por meio de fontes secundárias, por meio de pesquisa bibliográfica - utilizando-
se materiais dispostos em livros, revistas digitais e artigos científicos-, principalmente
pelo período pandêmico em que vivemos, tornando-se complicada a realização de
pesquisas de fontes primárias. Entende-se que a pesquisa é de caráter exploratório
pois, segundo Vergara (2007) ela é realizada em áreas nas quais há pouco
conhecimento acumulado e sistematizado além de ter como natureza a sondagem.

RESULTADOS E DISCUSSÕES
Segundo Kotler (2000), o marketing dentro dos seus nichos a propaganda
enganosa, o que acaba fazendo parte dos 4p’s, compostos por Produto, Praça,
Propaganda e Promoção, podemos entender que a ética, no que se refere ao
marketing, está ligada à transparência e fidelidade das ideias, produtos e serviços
ofertados. Sendo assim o ideal é de que a empresa que pretende encantar seu
consumidor em potencial e trazê-lo a consumir de fato seu produto, divulgue seus
serviços e produtos de forma fiel, sem distorções de imagem e informações, desta
forma não ferindo os direitos do consumidor de ter acesso a um produto real.
Ao fornecedor do serviço ou produto, faz-se necessário a criação de
expectativas no cliente que de fato serão minimamente supridas, pois encher o cliente
de falsas expectativas e esperanças com relação ao que ele pretende consumir é,
como citado anteriormente, uma falta de ética que fere o direito do cliente, pois postar
fotos adulteradas de um produto utilizando-se filtros que irão distorcer drasticamente a
imagem é sim uma forma de lesar o cliente, pois cria-se na cabeça dele o
pensamento de que aquele produto é realmente daquele jeito e que suas expectativas
com relação ao produto daquele exato jeito serão imensamente supridas.
À medida que o cliente está vivenciado aquilo que foi verdadeiramente e
fielmente ofertado haverá o ganho de confiança do cliente, pois o vendedor ou
estabelecimento terá encantado este cliente com seu produto, e abrirá a possibilidade
223
de superar as expectativas do cliente de outras maneiras, como o atendimento visto
que a forma como o cliente será tratado conta muito mais a respeito da empresa do
que o próprio produto.
Com relação ao cliente, faz-se necessário a utilização de sites como
TripAdvisor, recursos como os comentários de posts das redes sociais da empresa na
qual ele pretende adquirir o produto ou serviço e a realização de pesquisas a fim de
descobrir se a empresa em questão é confiável ou não, muitas vezes perguntando de
amigos e familiares que possam ter consumido o mesmo produto. Uma boa notícia é
a de que agora a informação encontra-se cada vez mais acessível, bastando muitas
vezes apenas a esperteza do cliente de saber pesquisar de forma correta para se ter
a resposta se o produto é fiel e se vale a pena, logicamente em alguns casos o
estabelecimento consegue passar ileso dessas pesquisas e mesmo assim o cliente
acabar sendo lesado, apesar de ser um risco pelo qual todos estamos dispostos a
correr as chances de um cliente devidamente informado e, como dito anteriormente,
tendo feito uma devida pesquisa acabam sendo baixas.

CONCLUSÃO
Como observado, é extremamente necessário que o vendedor ou
estabelecimento que oferta o serviço/produto seja ético e verdadeiro ao ofertar seu
produto, assim como é imprescindível que o cliente pesquise e se informe a respeito
do que ele virá a consumir, tendo assim sua segurança de que o produto suprirá suas
expectativas e de que ele dificilmente sairá frustrado dali.
Diante do mundo em que vivemos é importante que debates a respeito da
propaganda enganosa sejam levantados, principalmente no que diz respeito à oferta
turística, pois o turismo se faz por meio da compra de uma experiência, fazendo com
que a frustração ao se deparar com um produto completamente diferente do que lhe
foi proposto seja ainda maior. Desta forma, destaca-se que o presente trabalho possui
como pontos positivos a informação aos consumidores e vendedores sobre como
evitar a propaganda enganosa, sendo assim auxiliando-os nas suas tomadas de
224
decisões, tanto para comprar um produto ou adquirir um serviço, como para vender.

REFERÊNCIAS
KOTLER, Philip. Administração de Marketing. 10. ed. São Paulo: Prentice-Hall,
2000

KOTLER, Philip. Marketing 3.0: as forças que estão definindo o novo marketing
centrado no ser humano. Rio de Janeiro: Elsevier, 2010.

RECUERO, Raquel. As redes sociais como filtros. 2009. Disponível em:


<http://www.digestivocultural.com/ensaios/ensaio.asp?codigo=300&titulo=As_redes_
sociais_como_filtros>. Acesso em: 15 de Setembro de 2021.

VERGARA, Sylvia Constant. Projetos e Relatórios de Pesquisa em Administração.


8 ed. São Paulo: Atlas, 2007.

225
A BUSCA DE UM SONHO:A Influência dos Animes e
Mangás como Motivação Turística para o Japão

Kathreenn Kunstmann Hippertt Costa 1


Ricardo Dias da Costa 2

Resumo: Desde dos anos 90, os animes e mangás vêm ganhando espaço no
mercado brasileiro, com animes na TV aberta e mangás lotando as bancas de jornal.
Com isso surgiu o termo otaku, como fã desses elementos e outros hobbies
associados à cultura japonesa. Logo, veio o questionamento: qual a influência dos
animes e mangás como incentivo para que os otakus viagem ao Japão? O objetivo
geral do estudo é identificar a influência dos animes e mangás como motivação
turística na escolha do Japão pelos brasileiros como destino turístico, sendo os
objetivos específicos de caracterizar a demanda potencial de turismo otaku ao Japão,
apresentar e caracterizar os animes e mangás e sua evolução em contexto brasileiro e
apresentar o turismo otaku no Brasil. Com base na teoria push e pull de Dann para
conceituar as motivações turísticas e a construção do imaginário turístico com autores
como Salazar (2012), foi aplicado na pesquisa um questionário online entre otakus a
partir de 15 anos e residentes no Brasil. Com 773 respostas, pudemos ver que 93,9%
teve os animes e mangás como fator motivador para realizar a viagem ao Japão e que
43,7% teve acesso a cultura otaku por meio da TV aberta.

Palavras-chave: Turismo Otaku, Animes e Mangás, Motivação Turística, Japão, Imaginário Turístico

REFERÊNCIAS
BRAZO, D. A.; FONSECA FILHO, A. da S. Turismo Otaku: imaginário e motivações
de uma nova tipologia. RTA | ECA-USP | v. 29, n. 2, p. 273-291, maio/ago., 2018

BRAZO, D. A.; FONSECA FILHO, A. da S. Turismo Otaku: Cultura Mundializada E


Motivações. In: ENCONTRO SEMINTUR JR. , 7., 2016, Caxias do Sul. Anais [...].
Caxias do Sul: UCS, 2016.

BRAZO, D. A.; FONSECA FILHO, A. da S. Turismo, Imaginário e Animê. In: SEMANA

1
Graduada em Bacharelado em Turismo; Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro; Nova Iguaçu -
Rio de Janeiro; Lattes: http://lattes.cnpq.br/2114038473737983; E-mail: kathreenn@numeroreal.com.br.
2
Doutorado em Educação, Contextos Contemporâneos e Demandas Populares ; Universidade Federal
Rural do Rio de Janeiro; Nova Iguaçu - Rio de Janeiro; Lattes: http://lattes.cnpq.br/5719562203392802;
E-mail: riccostatur@gmail.com.
226
PARANAENSE DE TURISMO DA UFPR, 23.,2016, Curitiba. Anais [...]. Curitiba:
UFPR, 2016, p. 1-12.

DANN, Graham, 1977, Enomie, Ego-Enhancement and Tourims, Annals of Tourism


Research, vol. 4, n. 4, 184-194

DANN, Graham, 1981, Tourist Motivation: An Appraisal, Annals of Tourism


Research, vol. 8, n. 2, 187-219

OLIVEIRA, L. A Influência dos Animes na Escolha do Japão Como Destino


Turístico Para Brasileiros. 2018. 71f. : il. Trabalho de Conclusão de Curso
(Graduação em Turismo)-Departamento de Turismo, Universidade Federal
Fluminense, 2018.

SALAZAR, N. B. Tourism Imaginaries: a conceptual approach. Annals of Tourism


Research, v. 39, n. 2, 2012, p. 863-882

SIMON, P. Anime Friends E Turismo: Universo Otaku E Motivação Da Demanda.


2015. 126 f. Dissertação (Mestrado) - Curso de Programa de Pós-graduação de
Mestrado em Turismo, Universidade Federal do Paraná, Curitiba, 2015.

SIMON, P.; BAHL, M. Uso das mídias Anime e Mangá para a Promoção do Turismo.
XI Seminário da Associação Nacional Pesquisa e Pós-Graduação em Turismo,
11., 2014, Ceará. Anais... Ceará, 2014. p. 1 – 15.

227
Atratividade e promoção de destinos enoturísticos por meio
de websites de Regiões Enoturísticas
Giselly OIiveira Pereira 1
Joice Lavandoski 2
Hernanda Tonini 3

Resumo: Baseado na necessidade atual de se ter a internet como meio de promoção,


o estudo em questão tem como objetivo analisar elementos que permitam a avaliação
de websites das principais regiões de enoturismo no mundo e no Brasil. O estudo é
descritivo e exploratório, envolvendo pesquisa bibliográfica do tipo narrativa;
elaboração e validação de instrumento de obtenção de dados primários, a matriz de
análise de regiões de enoturismo, por meio de grupo focal; aplicação da matriz e uma
amostra selecionada; análise dos dados e escrita e publicação de artigo científico. A
partir da leitura e revisão de artigos que contemplam análises de websites de turismo e
enoturismo, foi criada uma matriz, validada através de grupo focal, com categorias e
indicadores que permitam realizar a análise dos websites de regiões enoturísticas que
foram previamente selecionados.

Palavras-chave: Website, enoturismo, matriz de análise, marketing, internet, promoção.

INTRODUÇÃO
Atualmente a utilização da internet está presente cada vez mais na rotina das
pessoas, sendo usada para o trabalho e até na automação residencial. Redes sociais,
websites, por exemplo, são os novos meios de se comunicar e de se planejar
atividades. Dessa forma, muitos setores que são impactados pela expansão da
internet vem se remodelando ao usá-la como um meio para vender, divulgar e fazer
promoção de seus produtos para possíveis clientes, fazendo com que eles estejam
mais próximos e confiantes com o produto a ser adquirido.

1
Graduanda em Turismo pela Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro; Rio de Janeiro, RJ;
Currículo: http://lattes.cnpq.br/3505137833749910; Email: gisellyolipereira@edu.unirio.br
2
Doutora em Turismo pela Universidade do Algarve (UALG/Portugal); Professora Adjunto no
Departamento de Turismo e Patrimônio da Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro (UNIRIO);
Rio de Janeiro, RJ; Currículo: http://lattes.cnpq.br/8368984336321718; Email: joice.lavandoski@unirio.br
3
Doutora em Desenvolvimento Rural pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS);
Professora do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Rio GRande do Sul (IFRS); Bento
Gonçalves, RS; Currículo: http://lattes.cnpq.br/8311832597020470; E-mail:
hernanda.tonini@bento.ifrs.edu.br
228
O turismo se encontra dentro dos setores afetados por esse crescimento,
necessitando sempre estar inovando em suas formas de atrair visitantes e turistas. O
turismo, segundo Tomikawa (2009), se destaca como um dos fenômenos mais
significativos do mundo, exercendo grande influência no desenvolvimento local, social,
econômico, político e ambiental. É um setor que possui vários segmentos voltados
para a entrega, venda e consumo de produtos, serviços e experiências como forma de
lazer. Um dos segmentos turísticos que se encontra em ascensão na
contemporaneidade é o enoturismo, este tipo de turismo tem como motivação a
apreciação por vinhos, o interesse dos viajantes em conhecer a cultura da região
vitivinícola, participar de exposições e festivais ou qualquer outra atração que tenha
como tema principal o vinho (Hall et al., 2009). Baseado na necessidade atual de se
ter a internet como meio de promoção, o estudo em questão tem como objetivo
analisar elementos que permitam a avaliação de websites das principais regiões de
enoturismo no mundo e no Brasil.

METODOLOGIA
O presente estudo tem natureza descritiva e exploratória, envolvendo pesquisa
bibliográfica com revisão de literatura do tipo narrativa, direcionada à área do Turismo.
Foram identificados e analisados artigos científicos, dissertações e capítulos de livros
nacionais e internacionais que analisam websites de turismo e/ou enoturismo. Assim,
foram observadas variáveis/categorias, indicadores e demais elementos e critérios
utilizados pela literatura científica para avaliar um website. Importa destacar que os
avanços teórico-conceituais apresentados neste estudo compõem as primeiras fases
de uma pesquisa interdisciplinar mais ampla, que pretende desenvolver e testar um
modelo de análise específico, para a avaliação de websites de regiões de enoturismo
no Brasil e no mundo. As etapas futuras desta pesquisa envolvem: a) aplicação em
uma amostra estabelecida de regiões de enoturismo reconhecidas nacional e
internacionalmente; b) análise dos dados primários; c) redação de artigo científico e
relatórios da pesquisa.
229
RESULTADOS E DISCUSSÃO
Através da revisão bibliográfica foram identificados os principais estudos que
têm como objetivo analisar websites turísticos e de enoturismo, os quais
compreendem um total de 10 trabalhos científicos (Quadro 1 a seguir).

Quadro 1 – Categorias de análise de websites usados pela literatura científica

Fonte: Elaboração própria, 2021.

Por meio de leituras e discussões sobre a literatura científica identificada foi


elaborada uma planilha (Quadro 1) que reúne a identificação de 12 categorias
essenciais para a avaliação de um website, as quais compreendem: a)
encontrabilidade do domínio do site; b) recursos de navegação; c) confiabilidade do
site; d) marketing; e) conteúdo geral; f) interatividade; g) políticas públicas; h)
desempenho técnico de navegação; i) design; j) serviços; k) nível de acessibilidade; l)
sistema de vendas. Foram observados nesses estudos os critérios e indicadores
usados para mensurar cada categoria, conforme é descrito em algumas das categorias
selecionadas a seguir.
O grau de encontrabilidade, como exemplo, relaciona-se com a facilidade do
visitante em encontrar o site, seja através da posição nos buscadores, por um domínio

230
de fácil lembrança ou por disponibilidade do site. Segundo Montoro e Tomikawa (2012)
este é um critério de extrema importância, pois é por meio deste que chega-se ao
website.
Em conteúdo são considerados elementos de informação textual e visual do
website do destino, como mapas, atrativos, informações úteis (clima, tempo, horários e
dias de funcionamento). É importante notar que para alcançar o sucesso no
desenvolvimento do enoturismo algo mais do que vinhedos e vinícolas deve ser
oferecido, sendo necessária a oferta de atrações adicionais, como alta gastronomia e
vivências culturais (Marzo-Navarro et al., 2010, apud Getz et al., 2008).
A identificação e análise dessas categorias permitiu que a pesquisa avançasse
para a fase de elaboração e/ou adaptação das categorias, dos indicadores e demais
critérios testados ou não, em outros estudos . O estudo seguiu para a validação da
matriz de avaliação de website, usando a metodologia do grupo focal online, uma
técnica em que um pesquisador reúne um grupo de indivíduos para discutir um tema
específico com objetivo de extrair experiências pessoais, crenças, percepções e
atitudes dos participantes por meio de uma interação moderada (Ochieng et. al, 2018).
Para esta fase foi necessário um aprofundamento no uso desta técnica, pela equipe
envolvida no Projeto de Pesquisa (2 docentes e 4 discentes), para que pudessem
entender e compreender como efetuar e organizar a pesquisa para a validação com o
grupo de foco.
O grupo focal ocorreu no dia 05 de outubro de 2021, em reunião virtual pela
plataforma Google Meet, com duração de 2 horas, envolvendo seis especialistas, os
quais possuem formação em turismo, marketing, tecnologias e design. Após a
realização do grupo focal, foi necessário adequar a matriz de análise conforme as
sugestões dadas pelos especialistas, as quais envolveram, sobretudo, a escala de
medida e indicadores de categorias como usabilidade, acessibilidade, design e
enoturismo.

231
CONSIDERAÇÕES FINAIS
A presente pesquisa encontra-se em fase de desenvolvimento, precisamente
na adequação da matriz de análise dos websites de regiões de enoturismo seguindo
as sugestões de melhorias apontadas no grupo focal. O estudo irá oferecer
contribuições para o planejamento, a gestão e o marketing do enoturismo, ao
identificar e analisar elementos (categorias e indicadores) considerados relevantes
para o sucesso de um website de enoturismo; aspectos os quais podem contribuir para
uma melhor divulgação dos destinos enoturísticos. Por meio da análise poderão ser
identificadas falhas e deficiências nos websites de regiões enoturísticas que ainda não
se encontram consolidadas, além de ajudar em futuras pesquisas, ou até mesmo, ser
aplicado e adaptado em sites de outras regiões turísticas.

REFERÊNCIAS
FERREIRA, Juliana et al. Análise dos websites oficiais dos destinos turísticos
classificados socioculturalmente pela revista The Economist Inteligence Unit Limited.
Revista Turismo - Visão e Ação, v. 18, n. 3, SET. - DEZ. 2016.

HALL, C. Michael et al. Wine tourism: an introduction. In: Hall, C.M. Et al. Wine
tourism around the world. Butterworth-Heinemann: Routledge, 2009.

MARZO-NAVARRO, Mercedes et al. Orientación hacia el Desarrollo del Turismo del


Vino de las Webs de las Bodegas de La Rioja y Aragón (España). J. Technol. Manag.
Innov., p. 113-132, 18 ago. 2010.

MONTORO, Tânia Siqueira; TOMIKAWA, Jun Matsuoka. Publicidade e Imagem


dedestino:sites oficiais de turismo dos estados brasileiros. Esferas: revista do
Interprogramas de Pós-graduação em Comunicação do Centro Oeste, ano 1, n. 1,
jul./dez.,2012.

MURPHY, Jamie et al. Electronic marketing and wine tourism. In: CARLSEN, Jack.

CHARTERS, Stephen. Global wine tourism. USA: Cabi, p. 110-120, 2007.

NEILSON, Leighann; MADILL, Judith. Using winery web sites to attract wine tourists:
an international comparison. International Journal of Wine Business Research,
2014.
232
TOMIKAWA, Jun Matsuoka. Marketing turístico e internet: uma análise dos sites
oficiais de turismo dos estados brasileiros. 2009. Dissertação (Mestrado em Turismo) -
Universidade de Brasília, [S. l.], 2009.

233
Grand Tour e Grand Tourist: corpo, sexuação e histeria.

Abner Nodari 1
Luciene Jung de Campos 2

Resumo: O trabalho tem por objetivo discutir a relação entre a síndrome de Stendhal
e a histeria a partir do Grand Tour, atividade que se desdobra na forma do turismo
contemporânea. Nas interfaces da produção do conhecimento, o Turismo aproxima-se
da psicanálise e da arte na tentativa de corporificar os conceitos de sujeito e de
subjetividade. O dispositivo teórico-analítico-metodológico para essa abordagem é a
Análise do Discurso pecheutiana. A partir disso, serão analisadas rememorações da
experiência de êxtase estético estabelecendo-se vínculos entre a síndrome de
Stendhal e as manifestações clínicas da histeria – do domínio médico ao meio de
expressão do sublime. Portanto, nota-se uma fissura: nela, a diferença sexual implica
em destinos opostos dados tanto ao masculino quanto ao feminino. Nesse sentido, a
investigação em andamento aponta como resultados encontrados uma dicotomia: a
apropriação do corpo feminino, a loucura e o aprisionamento (a Salpêtrière) de um
lado e, do outro, a contemplação estética do sublime, a viagem e o masculino (o grand
tour).

Palavras-chave: Histeria; Turismo; Grand Tour; Síndrome de Stendhal.

Ao longo da história, a obsessão humana em tornar-se épico foi constante.


Não por acaso, Homero, um dos maiores poetas da antiguidade (que leva, inclusive, o
mesmo adjetivo: poeta épico), narrou com esmero a jornada de um guerreiro rumo às
suas conquistas, às batalhas e, num segundo momento, ao seu impossível retorno.
Essas são umas das mais importantes histórias da Grécia Antiga, retratadas em A
Odisseia (VIII a.C.) e em Ilíada (VIII a.C.), livros que primam justamente por isto: um
ato heroico. Não sem intensão, inclusive, começamos este ensaio com o esse adjetivo:

1
Acadêmico de Psicologia e de Letras na Universidade de Caxias do Sul; Caxias do Sul, RS; Lattes:
http://lattes.cnpq.br/8652474241635643; E-mail: anodari@ucs.br;
2
Doutora em Letras pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul; professora da pós-graduação em
Turismo e Hospitalidade da Universidade de Caxias do Sul; Porto Alegre, RS; Lattes:
http://lattes.cnpq.br/1151177602559882; E-mail: ljungdecampos@ucs.br;
234
épico também é aquele que, por definição, esforça-se em se tornar herói; em adquirir
grandes feitos, histórias trágicas e epopeicas. O ímpeto a advir Odisseu, no entanto,
ultrapassa o reinado antigo e sustenta-se no longo fio das histórias humanas. Na
contemporaneidade, não faltam exemplos de narrativas que se desenvolvem por essa
mesma estrutura. A partir disso, poderíamos dizer com uma certa confiança que existe
uma pulsão fundamental ao redor da jornada do herói e que ela, no mínimo, nos atrai.
Todos desejam Odisseu, até mesmo quando ele traja-se com seu nome romano,
Ulysses.
Alguns séculos mais tarde à epopeia grega, o continente europeu seguiria
gestando ideias e tornando-se, nesse sentido, um dos múltiplos berçários do
pensamento ocidental: surgiria, em cerca de 1.600, um movimento de viagens à
Europa conhecido como Grand Tour. E, conexo a ele, mas em destaque, seu agente:
o grand tourist. De acordo com a historiadora social Valéria Salgueiro (2002), o turista
que faria essa grande viagem, essa pseudo-epopeia, buscava justamente isto:
aproximar-se da cultura antiga europeia, das ruínas que beiravam a obsessão, dos
templos abandonados, dos farelos greco-romanos para engrandecer-se, fazer-se, ele
mesmo, herói. Esse novo tipo de viajante, portanto, dispunha de recursos financeiros e
de tempo para fazê-la e, com isso, a grande viagem restringia-se, ao menos até o final
do século XVII, à alta aristocracia. Somente cem anos mais tarde, depois da resolução
da Guerra dos Sete Anos (1756-1763), o grand tour viria a se tornar uma atividade
burguesa e estender-se-ia aos domínios de intelectuais, filósofos e artistas que não
pertenciam à aristocracia. Esses candidatos à cultura, aqueles jovens britânicos que
desejavam o grande saber, possuíam um itinerário bastante específico para realização
dela: o roteiro deveria contar com a travessia do canal da mancha (o braço de mar que
separa o norte da França do sul da Inglaterra), passando por Paris e, finalmente e com
maior importância, atendo-se às grandes cidades italianas: Roma, Veneza, Nápoles e
Florença. No entanto, assim como para Odisseu, na última dessas metrópoles,
Penélope esperava com seu longo sudário – e, desta vez, as agulhas que usara para
tecê-lo estariam afiadas.
235
A travessia entre os países e, até mesmo, entre as pequenas cidades
europeias dava ao grand tour, contudo, um caráter de sacrifício. Pelos ventos
oceânicos, as ondas imensas e a insalubridade das embarcações que atingiam os
viajantes, esses mesmos homens, ao chegarem a Paris, transformavam todos ao seu
redor em caravanas humanas: a dura função (que cabia aos empregados) consistia
em carregar por ruelas, matagais e madrugadas uma espécie de cadeira de viagem,
uma liteira renascentista ou, até mesmo, um riquixa, onde, de dentro, o grand tourist
poderia apreciar as cenas bucólicas e as paisagens alpinas do norte da França. Todos
esses relatos são descritos por Tobias Smollett no livro Travels through France and
Italy, de 1766. Não nos causa estranheza, portanto, quando grandes escritores como
Goethe e Henri-Marie Beyle, conhecido como Stendhal, dedicaram-se justamente a
conhecer a Itália tal qual os viajantes ingleses faziam nessa inaugural modalidade de
turismo.
É justamente aí, em 1817, numa visita turística a Florença, que Stendhal, ao
entrar na Basílica de Santa Croce, sofre uma síncope subjetiva de prazer estético. É
ao se deparar com os afrescos do pintor Baldassare Franceschini, conhecido como Il
Volterrano, que o escritor francês vêm a marcar a história da psiquiatria
contemporânea com um quadro de sintomas que, em 1990, ficarão conhecidos como
Síndrome de Stendhal (Palacios-Sánchez, L. et al., 2017). Em seus diários publicados
no livro Roma, Nápoles e Florença (1817), o autor escreve:

Passei, por meio das sibilas de Volterrano, a mais profunda experiência de


êxtase que, tanto quanto sei, já encontrei por meio da arte do pintor. Minha
alma, afetada pela própria ideia de estar em Florença [...] já estava em estado
de transe. Absorto na contemplação da beleza sublime, pude perceber sua
própria essência ao meu alcance. STENDHAL (1817).

As sensações descritas por Stendhal não passam ao largo do que, no país


vizinho àquele em que se encontrava o escritor, estariam sendo narradas como
histeria. A histeria, patologia comum ao século XIX, era o acometimento radical dos
nervos sem uma explicação biológica e previsto, pelo menos nos primeiros anos do
236
aparecimento do quadro clínico, apenas em mulheres. Ou, nas palavras do
neurologista francês Jean-Martin Charcot, um grupo de mulheres que “fazem muito
barulho por nada”, conforme relata nas Lições de terça na Salpêtrière. Na ponta mais
profunda de sua história, a histeria foi atrelada ao vagar do útero pelo corpo quando
esse não era fecundado, ou seja, não era posto em funcionamento. A crítica de arte
Veronica Stigger (2016), lembra-nos que o órgão infértil, na interpretação medieval,
percorria o corpo e, onde quer que ele se hospedasse, causava inúmeros sintomas
nervosos na paciente: de gritos guturais à paralisias inteiras. Esses relatos são
trazidos por Platão no Timeu. Daí, talvez, o útero ser coadunado historicamente às
intemperanças previstas às mulheres, isto é, à errância e à prática da instabilidade, do
indomável. Advertido dessa posição, Charcot, em 1878, reproduziria fotos de mulheres
histéricas em pleno ataque, com seus corpos retorcidos, cabeças reviradas, ou, se
preferirmos usar as palavras de Stendhal, na “mais profunda experiência de êxtase”. O
trabalho intitulou-se Iconographie photographique de la Salpêtrière (1878). Somente
dez anos depois da publicação da série fotográfica de mulheres histéricas seriam
registrados homens histéricos. Ainda assim, conforme Étienne Trillat relata em História
da Histeria (1986), o século XIX emerge como o período mais científico dessa
patologia, que seguia sendo considerada “um questão de mulheres”.

REFERÊNCIAS

SALGUEIRO, Valéria. Grand Tour: uma contribuição à história do viajar por prazer e
por amor à cultura. Revista Brasileira de História, vol. 22, n. 44, pp 289-310, 2002.

SMOLLETT, Tobias. Travels through France and Italy. London: Tauris Parke
Paperbacks, 1766.

STENDHAL, Rome. Naples and Florence. Pages 301-303. Translated by Richard N.


Coe. London: John Calder, 1817.

TRILLAT, Etiènne. História da histeria. Tradução de Patrícia Porchat. São Paulo:


Escuta, p. 105, 1986.
237
Regnard, Paul. Iconographie photographique de la Salpêtrière : service de M.
Charcot. Paris : Progrès Médical & V. A. Delahaye, 1878.

238
Uma Análise do Fenômeno Turístico em Relação a Loucura:
Um breve histórico de como a loucura era tratada na Idade
Média e na Moderna em comparação com os dias atuais e
sua memória nos museus brasileiros

Anny Gabrielly Peixoto de Oliveira 1


Maria Adriana Sena Bezerra Teixeira 2
Lúcia Cláudia Barbosa Santos 3
Maria Jacqueline Ramos Iwata 4

Resumo: A loucura, desde a Idade Média, é tratada como um espetáculo desumano,


sendo um atrativo, trazendo as pessoas para grandes cidades europeias a fim de
visualizar como é sua retratação. Atualmente a loucura continua como um atrativo,
mas com uma abordagem ética pelos museus e com a arte por trás. Tendo isso em
vista, a pesquisa tem como objetivo a avaliação do fenômeno turístico em relação a
loucura, trazendo seu histórico, ética e relevância para o turismo e o Brasil. O estudo
tem caráter qualitativo e descritivo, com procedimentos técnicos de coleta documental
e bibliográfico, onde analisa a historiografia da exposição da loucura com o turismo e
como os hospitais psiquiátricos, com sua história remota, contribuíram para a
formação dos museus da loucura espalhados pelo Brasil, assim como atrativos locais,
contando a importância que tiveram para a história.
Palavras-chave: Turismo, Loucura, Museus, Brasil

INTRODUÇÃO
A loucura, de acordo com o Dicionário Michaelis, é uma doença mental tida
como uma “alienação total do indivíduo em relação aos fatos que lhe são pertinentes”,
algo que remete a falta de senso ou que está fora das normas estabelecidas. Esse
estudo tem como objetivo geral avaliar o fenômeno turístico em relação a loucura,

1
Acadêmica do curso de Turismo pela Universidade do Estado do Amazonas – UEA; Manaus – AM;
Lattes: http://lattes.cnpq.br/9904420994652908; E-mail: agpo.tur17@uea.edu.br;
2
Doutora em Educação pela Universidade de La Empresa – UDE e reconhecido pela Universidade do
Estado de Santa Catarina – UDESC; Manaus - AM; Lattes: http://lattes.cnpq.br/7305750465493497; E-
mail: msteixeira@uea.edu.br
3
Especialista em Metodologia do Ensino de Lingua Inglesa pela
Universidade Federal do Amazonas. Manaus – AM; Lattes: http://lattes.cnpq.br/3377313544008037. E-
mail: lcsantos@uea.edu.br
4
Especialista em MBA Gestão e Estratégias Empresarial pelo Centro Universitário do Norte-UNINORTE;
Manaus – AM. Lattes: http://lattes.cnpq.br/0488605469008105. E-mail: jackiwata@hotmail.com

239
onde busca realizar um histórico de como a loucura era tratada na Idade Média e na
Idade Moderna, contrastando a ética turística com o tratamento para com o louco,
além de mapear os museus da loucura no Brasil, analisando a influência exercida por
esses museus para o destino turístico
A metodologia exercida é qualitativa e documental, e tem como objetivos
metodológicos exploratórios e descritivos.

A FASCINAÇÃO DA LOUCURA E O TURISMO


Durante a Idade Média, os loucos passaram a servir com o caráter de serem
expostos, como se fossem uma espécie de show de horrores, sendo retirados do
caráter feudal e familiar para a exposição em público. Em algumas Narrtürmer, na
Alemanha, haviam janelas com grades onde observavam os portadores de doenças
mentais que lá estavam instalados, sendo atrativos na entrada das cidades. Já na
Idade Moderna, mais precisamente por volta do ano de 1815, esse costume da
exibição continuou muito forte em Paris e em Londres. Um relatório apontou que ainda
exibiam os loucos todos os domingos por um penny, tendo renda anual de 400 libras.
Até a Revolução Francesa ainda eram feito passeios aos domingos e alguns
carcereiros, faziam os loucos fazerem acrobacias e passos de dança. (FOUCAULT,
1978).
O turismo em sua essência prega o respeito mútuo entre pessoas, e para se
ter um turismo responsável é necessário que se seja respeitado os direitos humanos
além dos objetivos de não haver impactos negativos ocasionados pelo turismo, para
assim beneficiar os residentes da localidade. (CÓDIGO MUNDIAL DE ÉTICA PARA O
TURISMO, 2015). Apesar dos tempos terem mudado, é visto que os resquícios dessas
pessoas portadoras de transtornos mentais ainda são tidos como algo extraordinário e
que deve ser exposto, sendo tratado como atrativo, com o desenvolvimento de seus
respectivos museus. O que está exposto nesses museus é a representação do que o
Brasil não aceita mais, porém reconhece a sua importância histórica e como algo
artístico produzido pelos portadores de doenças mentais da época.
240
3 HOSPITAIS PSIQUIÁTRICOS E SEUS MUSEUS NO BRASIL

MUSEU DE ARTE OSÓRIO CESAR, FRANCO DA ROCHA – SP


O Museu de Arte Osório César é originário a partir do hospital que hoje é
chamado de Hospital Psiquiátrico Franco da Rocha. O hospital foi construído com tudo
de mais moderno para a época, sendo inspirado em um modelo de tratamento de
hospitais franceses, utilizando a agricultura como terapia. Contudo o hospital se tornou
um depósito de seres humanos indesejados pela sociedade. Isso fez com que nos
anos de 1950 o hospital já contava com mais de 11 mil pacientes, e na década de
1970 chegou ao seu auge com 16 mil pacientes morando no complexo.
Durante a superlotação, o hospital de utilizou de práticas de lobotomia e
leucotomia 1. O acervo dessas obras resultou no Museu Osório Cesar em 1985, onde
foi criado dentro do museu um ateliê de artes para que os pacientes continuassem por
produzir suas obras. (PRIMEIRA IMPRESSÃO CAIEIRAS, 2019).

MUSEU DE ARTE CONTEMPORÂNEA BISPO DO ROSÁRIO, RIO DE JANEIRO – RJ


A instituição Colônia Juliano Moreira foi criada com os preceitos parecidos com
o de Franco da Rocha, onde a atividade terapêutica era a rural. Suas obras artísticas
produzidas naquela época encontram-se no Museu de Arte Contemporânea Bispo do
Rosário, com as obras produzidas nos ateliês da Colônia Juliano Moreira entre os
anos de 1950 e 1980. (MUSEU BISPO DO ROSÁRIO, 2021).

MUSEU DA IMAGEM DO INCONSCIENTE, RIO DE JANEIRO – RJ


Igualmente como teve nas outras instituições já citadas, o Hospício Dom Pedro
II não foi diferente em relação ao período de lotação. Porém, o hospital não resistiu a
essa superlotação, e também por causa da falta de verba, o mesmo foi fechado em
1944. Nos últimos anos da instituição, Nice Silveira assumiu a sessão de Terapia

1
Intervenções que consistiam em desligar os lobos frontais direito e esquerdo de todo o encéfalo,
visando modificar comportamentos ou curar doenças mentais. (MASIERO, 2003)
241
Ocupacional. A doutora montou um ateliê e incentivava que os pacientes, através da
arte, mostrassem suas emoções de livre e espontânea vontade. Os pacientes
colocavam para fora seus conflitos, seus sentimentos que estavam presos no
inconsciente de cada. A partir dessas obras de arte, nasceu o Museu de Arte do
Inconsciente, local que tem um acervo de mais de 350 mil peças feitas pelos pacientes
(BEGALLI e SILVEIRA, 2020).

MUSEU DA LOUCURA, BARBACENA – MG


O hospital, inaugurado em 1903, tinha a ideologia de aplicar o trabalho como
forma de terapia, porém o que ocorria era a exploração da força de trabalho dos
pacientes para a manutenção do que fosse necessário, sendo tratados de forma
precária, chegando até a falecer onde era um dos principais fornecedores de
cadáveres para faculdades de medicina para todo o país. Nessa época, o país
passava por uma ideologia eugênica e as pessoas que não se adequavam aos
padrões da sociedade eram internados na instituição, em um episódio conhecido como
o Holocausto Brasileiro. (NETO e DUNKER, 2017). Em 1996, surge o Museu da
Loucura, inspirado a partir de uma exposição que ocorreu em 1987 no Palácio das
Artes em Belo Horizonte. Diferentemente dos museus já citados, o Museu da Loucura
não possui em seu acervo obras feitas pelos pacientes, apenas é possível visualizar
como era o sofrimento e o funcionamento da instituição. (ORSI, 2013).

CONCLUSÃO
De acordo com o Conselho Internacional de Museus – ICOM (2021), museu é
uma instituição sem fins lucrativos para a sociedade e seu desenvolvimento, aberto ao
público, onde estuda, conserva, expõe testemunhos materiais do homem e meio
ambiente para educação, além de servir como atrativo, os museus geram empregos
para a população local, fomenta a renda e a economia da região receptora. Pode-se
ver que os museus trazem uma grande influência e são importantes para o turismo
local, sendo um motivo de atrativo turístico, ajudando a reconstruir a história local para
242
visitantes e viajantes que estão ali para apreciar a cultura, auxiliando a demanda
turística. Nesses museus idealizados a partir dos hospitais psiquiátricos onde a loucura
é visualizada com o propósito de arte e pela celebração da vida onde pode-se dizer
que por causa disso a loucura continua como atrativa e fascinante para o público.
Fazendo com que esse encontro com o passado remoto não seja apenas por imagens
negativas e repulsivas, e sim pela vislumbração de como era, e reconstruindo esse
passado para não ser repetido, além de serem importantes também para moradores
exercitarem o seu reconhecimento na cidade onde moram. Os museus aqui expostos
para a população servem como um chamativo turístico para aqueles que se
interessam na história local, fomentando a economia da região receptora, como por
exemplo, o caso de Barbacena, que de acordo com o G1(2017), possui papel
importante no fluxo turístico regional e precisa de apoio para a geração e formalização
de empregos e estabelecimentos de hospedagem.

REFERÊNCIAS
BEGALLI, Ana Silvia Marcatto. SILVEIRA, Carlos Roberto. O Nascimento do Museu de
Imagens do Inconsciente: Memória, Educação e Inclusão na Psiquiatria do Brasil. Rev.
Fac. Educ. (Univ. do Estado de Mato Grosso), Vol. 33, Ano 18, Nº 1, p. 15-28, jan/jun.,
2020.

COLÔNIA JULIANO MOREIRA. Museu Bispo do Rosário, 2021. Memórias.


Disponível em: <https://museubispodorosario.com/colonia-juliano-moreira/>. Acesso
em 11 de set. de 2021.

NOVA definição de museus. São Paulo: Comitê Brasileiro do Conselho Internacional


de Museus. ICOM, 2021. Disponível em: <http://www.icom.org.br/wp-
content/uploads/2021/11/Consulta3.pdf>. Acesso em 16 de nov. 2021.

FOUCAULT, Michel. História da Loucura. Coleção Estudos. Editora Perspectiva S.A.


São Paulo, Brasil 1978.

MASIERO, A. L. A lobotomia e a leucotomia nos manicômios brasileiros. História,


Ciências, Saúde Manguinhos, vol. 10(2): 549-72, maio-ago. 2003.

243
MAPA do turismo brasileiro aponta potencial em quase 80 municípios da Zona da Mata
e Vertentes. G1, Zona da Mata, 16 de set. 2017. Disponível em: <
https://g1.globo.com/mg/zona-da-mata/noticia/mapa-do-turismo-brasileiro-aponta-
potencial-em-quase-80-municipios-da-zona-da-mata-e-vertentes.ghtml>. Acesso em:
16 de nov. 2021.

NETO, Fuad Kyrillos; DUNKER, Christian Ingo Lenz. Depois do Holocausto: Efeitos
Colaterais do Hospital Colônia em Barbacena. Psicologia em Revista, Belo
Horizonte, v. 23, n. 3, p. 952-974, dez. 2017.

ORSI, Lucas Kammer. Esquecer ou Relembrar o Passado? O Museu da Loucura e


as Reflexões acerca do Hospital Colônia de Barbacena através dos Veículos de
Comunicação. I Simpósio de Patrimônio Cultural de Santa Catarina - SC, 21 e 22 de
novembro de 2013.

PRIMEIRA IMPRESSÃO CAIEIRAS. Juquery 121 anos – uma história além


da loucura. 2019. (50m11s). Disponível em:
https://www.youtube.com/watch?v=Gz22ThmfQXo&gt;. Acesso em 10/09/2021.

244
Inovação Turística: A Comunicação Da Espanha Através Do
Tiktok
Marco Aurelio Andrade de Souza 1 1
Kamila Motta 2 2
Marcia Shizue Massukado Nakatani 3 3

Resumo: O presente trabalho tem por objetivo identificar se há inovação na


comunicação/promoção turística da Espanha com o uso do TikTok. O país tem um
dos maiores fluxos turísticos internacionais em 2019 e possui uma conta oficial na rede
denominada "visitspain". O referencial teórico foi selecionado em periódicos constantes
no Scimago Journal & Country Rank resultando em quatro artigos relevantes para a
pesquisa, sendo estes publicados entre 2020 a 2021. As publicações realizadas no
perfil do TikTok do destino foram analisadas e comparadas a outras redes sociais. Foi
identificado que a criação de um perfil no TikTok pela Espanha é uma inovação na
promoção turística do país. Que visa acompanhar as transformações no
comportamento do consumidor, podendo alcançar uma maior parcela do seu público e
fortalecer o seu desenvolvimento.

Palavras-chave: Comunicação, Inovação, TikTok, Mídias Sociais, Espanha

INTRODUÇÃO
Em 2019, segundo dados da World Tourism Organization UNWTO (2020), o
turismo internacional movimentou cerca de 1.4 milhões de desembarques
internacionais pelo mundo, sendo a Europa o principal continente a receber esses
turistas. A Espanha teve cerca de 83 milhões de desembarques internacionais
originários de diversos países pelo mundo. A organização responsável pela
comunicação turística do país é a Turespaña, gerida pelo governo espanhol. Além de

1
Graduando em Bacharel em Turismo; Universidade Federal do Paraná; Curitiba - Paraná; Lattes:
http://lattes.cnpq.br/1204013005377719; E-mail: maandrade39@gmail.com.
2
Graduanda em Bacharel em Turismo; Universidade Federal do Paraná; Curitiba - Paraná; Lattes:
http://lattes.cnpq.br/7733169006642703; E-mail: kamilamilamotta@gmail.com.
3
Doutora em Adminstração e Bacharel em Turismo (UFPR), Pesquisadora e Professora
(PPGTUR/UFPR), Curitiba – Parana; Lattes: http://lattes.cnpq.br/6733913313106990,; E-mail:
marcia.nakatani@ufpr.br.
245
sites oficiais com informações turísticas, a Espanha também possui contas em redes
sociais com ações promocionais e, uma dessas é o TikTok.
O TikTok se popularizou em 2020, com a pandemia da COVID-19, um
aplicativo criado para celulares, onde o objetivo é compartilhar vídeos de curta
duração, tendo como missão “inspirar a criatividade e trazer alegria” (www.tiktok.com).
Criado por uma empresa Chinesa chamada ByteDance, foi lançado em 2016, pelo
criador Zhang Yiming.
A Espanha é conhecida pelas suas ações promocionais de vanguarda,
capitaneadas pela força que sua marca turística traz desde 1983, onde transmite os
principais atrativos do país (Gomes & Nakatani, 2019). Essas ações estão presentes
nas redes sociais oficiais do destino, como o Instagram, Facebook, Twitter e, mais
recentemente no TikTok. A conta do país possui mais de 25 mil seguidores (2021) com
publicações em inglês e espanhol.

REVISÃO DE LITERATURA
A plataforma do TikTok vem se popularizando cada vez mais, e
consequentemente o compartilhamento de vídeos curtos, sendo esta uma plataforma
muito utilizada para a exposição da experiência em destinos turísticos. (Du, Liechty,
Santos & Park, 2020). No turismo, o gosto do consumidor muda constantemente,
tornando-se mais exigente em relação às experiências que consome e a diferenciação
do produto (Mirabent, 2019, Buhalis, 2000).
Para acompanhar essas transformações e poderem continuar atendendo às
necessidades desses turistas, os destinos também parecem buscar inovar em sua
comunicação turística, de maneira a estenderem seu estágio de maturidade do ciclo
de vida no atual mundo competitivo (Labanauskaitė et al., 2020, Divisekera, Nguyen,
2018).
Durante a pandemia do COVID-19 o turismo sofreu grande impacto, devido
principalmente à imposição do isolamento quanto do distanciamento social. Sendo
assim, o turismo virtual se tornou cada vez mais popular e o aplicativo do TikTok
246
começou a ser utilizado com maior frequência pelos seus usuários para transmitir
vídeos ao vivo e divulgar destinos turísticos (Lu; Xiao; Xu; Wang; Zhang & Zhou,
2021).
Mídias sociais como o TikTok são formadas por usuários independentes que
navegam nas redes sociais de acordo com suas escolhas, e assim são utilizados
algoritmos para destinar propagandas para cada usuário (Räwel, 2021). Através do
TikTok as pessoas são incentivadas pelas experiências de outras pessoas (Du;
Liechty; Santos & Park 2020) e assim se tornam o público da comunicação turística do
destino.
Atualmente, as mídias sociais se tornaram uma ferramenta de marketing
poderosa, de baixo custo e com alcance global, alterando tanto o processo de decisão
do consumidor, como as práticas de marketing de empresas e organizações (Uşaklı,
Koç, Sönmez, 2017). O consumo de conteúdo digital no turismo é cada vez mais
demonstrado em vídeos do que em fotos, pois as fotos são capazes de capturar um
momento enquanto o vídeo detalha a experiência e expõe o ambiente de maneira mais
ampla (Du; Liechty; Santos & Park 2020).

METODOLOGIA
Para este estudo foi selecionado a Espanha, um dos países com maior fluxo
turístico em 2019, de acordo com a edição de 2020 da UNWTO. A Espanha possui um
perfil oficial no Tiktok,o “@visitSpain”.
As literaturas base foram selecionadas no Scimago Journal & Country Rank
(SJR), e por publicações entre os anos de 2020 a 2021 por ser o ano de popularização
do Tiktok. Utilizando a categoria (subject) Tourism, Leisure and Hospitality
Management, onde foram encontrados 123 periódicos para a pesquisa. Foram
priorizados os periódicos Q1, que filtrou os resultados para 30, e utilizados os 10
primeiros colocados a fim de afunilar a pesquisa. Foram utilizadas as palavras-chaves:
Tiktok, communication, innovation e social media para encontrar artigos dentro dos
periódicos, entretanto em alguns não foram encontrados nenhum artigo e foram
247
descartados, resultando em oito periódicos finais. Os resumos dos artigos foram
baixados, transferidos para o Mendeley e exportados para o Rayyan, onde foi feito a
leitura do resumo e selecionado quatro artigos para leitura na íntegra. Além disso,
foram utilizados outros trabalhos sobre comunicação e inovação que já eram de
conhecimento dos autores.  

RESULTADOS
A conta da Espanha (@visitSpain) foi criada pela Turespaña, um órgão público
responsável pela gestão do turismo do país e sua promoção internacional. Apesar de
não possuir a data da criação da página e, ainda não ter sido verificada pelo TikTok, a
primeira postagem foi feita no dia 01/02/2021. Atualmente, o perfil conta com 24.900
mil seguidores e suas 60 postagens (até a data desse trabalho) somam cerca de
125.000 mil curtidas.
A página da Espanha divulga vídeos curtos sobre a culinária, arquitetura,
cultura e pontos turísticos do país. A postagem mais popular foi vista por 392 mil
pessoas, enquanto a menos popular atingiu apenas 296. A maior parte dos vídeos é
gravada em inglês, indicando a intenção do país em atingir o público internacional.  No
entanto, a postagem mais curtida foi gravada em espanhol e ensina os seguidores
sobre como se deve comer uma Paella, prato tradicional no país, falando sobre arte e
faz parte das primeiras postagens do perfil.  
A maior parte das publicações possui um tom de humor e utilizam uma
linguagem informal com gírias e piadas para se conectar com turistas mais jovens,
como é possível observar na figura 1.

248
Figura 1 – Print do vídeo

Fonte: visitspain

Os vídeos incluem um conteúdo chamativo que busca atrair a atenção do


usuário, e para isso utilizam músicas e cenas com cenários paradisíacos ou pratos
culinários.  As postagens mais visualizadas são proporcionalmente as que mais
receberam comentários dos seguidores.  

CONCLUSÃO
A inovação turística ajuda os destinos a se manterem competitivos no
mercado, fortalecendo sua reputação e aumentando a fidelidade dos turistas
(Labanauskaitė et al, 2020). De acordo com Machado et al (2009), as inovações
“surgem como uma necessidade de competitividade e adequação às tendências de
mercado”.
Dessa forma, é possível dizer que existe inovação na comunicação turística da
Espanha, visto que suas publicações realizadas na mídia social procuram atrair o
público alvo para o destino através da promoção dos seus atrativos físicos, culinários e
249
culturais com linguagem dinâmica que se adapta à plataforma, às redes sociais aonde
se faz presente.
Ao criar um perfil no TikTok, a Espanha desenvolveu uma estratégia atual na
comunicação turística, que visa acompanhar as transformações no comportamento do
consumidor, podendo alcançar uma maior parcela do seu público e fortalecer o seu
desenvolvimento. Assim, a Espanha dá mais valor ao seu produto e abre portas para
continuar inovando em seu marketing turístico a partir das TICs (Divisekera, Nguyen,
2018).

REFERÊNCIAS
Buhalis, Dimitrios. Marketing the competitive destination of the future. Tourism
Management, v. 21, n. 1, p. 97-116, 2000.

Divisekera, Sarath; Nguyen, Van K. Determinants of innovation in tourism evidence


from Australia. Tourism Management, v. 67, p. 157-167, 2018.

Gomes, Ewerton Lemos &, Nakatani, Márcia Shizue Massukado. A Semiótica como
metodologia de pesquisa para a análise da comunicação no turismo: estudo da Marca
Turística España. Marketing & Tourism Review, v. 4, n. 1, 2019.

Junyu Lu, Xiao Xiao, Zixuan Xu, Chenqi Wang, Meixuan Zhang & Yang Zhou (2021)
The potential of virtual tourism in the recovery of tourism industry during the COVID-19
pandemic, Current Issues in Tourism, DOI: 10.1080/13683500.2021.1959526

Lenggogeni, S., Ashton, A.S. and Scott, N. (2021), "Humour: coping with travel bans
during the COVID-19 pandemic", International Journal of Culture, Tourism and
Hospitality Research, Vol. ahead-of-print No. ahead-of-print.
https://doi.org/10.1108/IJCTHR-09-2020-0223

Räwel, J. (2021), "An allergy of society: on the question of how a societal “lockdown”
becomes possible", Kybernetes, Vol. ahead-of-print No. ahead-of-print.
https://doi.org/10.1108/K-11-2020-0797

Spain. Perfil em rede social. Tik Tok: @visitspain. Disponível em:


https://www.tiktok.com/@visitspain? Acesso em: 29/10/2021

Turismo, Ministerio de Industria Comercio y. Turespaña. Disponível em:


https://www.tourspain.es/en-us. Acesso em: 29/10/2021.
250
Uşakli, Ahmet; Koç, Burcu; Sönmez, Sevil. How'social'are destinations? Examining
European DMO social media usage. Journal of destination marketing &
management, v. 6, n. 2, p. 136-149, 2017.

Xin Du, Toni Liechty, Carla A. Santos & Jeongeun Park. ‘I want to record and share my
wonderful journey’: Chinese Millennials’ production and sharing of short-form travel
videos on TikTok or Douyin, Current Issues in Tourism, 2020. DOI:
10.1080/13683500.2020.1810212

251
O Design Centrado no Humano para o turismo

Maria Eduarda Fagundes dos Santos 1


Tiago Costa Martins 2

A transformação causada pelo advento das Tecnologias de Informação e


Comunicação (TICs) vem resultando em novas configurações comportamentais,
sociais e culturais (ALVES, 2020). Nesse sentido, o turismo, sendo uma atividade
social e global, deve acompanhar essa evolução e buscar tornar o produto turístico
viável e de acordo com as necessidades sempre em transformação (MIRANDA, 2013).
Considerando essa realidade, percebe-se que o centro dessa afirmativa são os
públicos e aquilo que eles desejam.
Ao mesmo tempo, na atualidade, o turista deseja ser o protagonista de sua
viagem. Para que isso ocorra, é necessário que sejam compreendidas suas
expectativas e desejos, “que vão além da contemplação passiva dos atrativos” (PEZZI
e VIANA, 2015, p. 170). Desse modo, compreende-se que a experiência que o
indivíduo anseia perpassa a passividade, pois ele deseja fazer parte da construção de
sua própria viagem e se envolver com o meio em que se encontra.
De acordo com Pine II e Gilmore (1998), bens são tangíveis, serviços
intangíveis, mas experiências são memoráveis. Nesse sentido, mais do que possuir
produtos ou utilizar-se de um serviço, as pessoas buscam por sensações, significados
e memórias. Dentro dessa perspectiva, Pezzi e Viana (2015) resumem a experiência
como a possibilidade de um momento único e extraordinário, que ocorre durante uma
vivência particular. Para Schmitt (2002), as experiências ocorrem como resposta a um

1
Aluna de graduação no curso de Relações Públicas na Universidade Federal do Pampa - São Borja,
Rio Grande do Sul; http://lattes.cnpq.br/6982855511184995; mariaefds2.aluno@unipampa.edu.br.
2
Pós-doutor e professor adjunto da Universidade Federal do Pampa - São Borja, Rio Grande do Sul;
http://lattes.cnpq.br/845369917522627; tiagomartins@unipampa.edu.br.

252
estímulo e duram a vida toda. Descreve, ainda, que as experiências podem ser o
resultado de observação ou participação nos acontecimentos.
Partindo dessas afirmativas, compreende-se que experiências são desejáveis
tanto para os indivíduos quanto para organizações que buscam relacionar-se com
eles. Organizações do setor de turismo ou locais com potencial para turismo e
visitação precisam oferecer caminhos aos indivíduos que os levem a uma experiência
personalizada e memorável, permitindo-o ser o protagonista de sua própria vivência. É
importante considerar que o turista ou visitante não deseja se adaptar aos roteiros
existentes, mas deseja que os produtos se adaptem às suas necessidades, que vão
desde sua cultura até orçamento, tempo e qualidade (MIRANDA, 2013).
Outro fator apontado por Pezzi e Viana (2015, p. 177) através de pesquisas
empíricas, é o entendimento que a “experiência turística não pode ser enquadrada em
dimensões únicas, e sim, deve ser adaptada a cada viagem e destino”. Dessa forma,
além de se considerar o destino, deve-se considerar, também, o próprio indivíduo, seu
contexto, necessidades e desejos.
A partir do exposto, delinear uma experiência turística não se trata unicamente
de uma vantagem competitiva, mas de uma exigência de indivíduos que, cada vez
mais, prezam por vivências únicas. Potencializar o relacionamento com esses
indivíduos pode se tornar possível a partir da utilização de métodos que buscam
compreender as necessidades e desejos dos públicos, bem como convidá-los para
participar da projeção de sua própria experiência.
Assim sendo, torna-se necessário agregar outras áreas do conhecimento para
que seja possível desenhar uma experiência turística centrada no indivíduo. Nesse
sentido, tornam-se aliadas áreas como as Relações Públicas, que são responsáveis
pelo gerenciamento do relacionamento entre uma organização e seus públicos e por
isso precisa buscar conhecê-los a fundo, uma vez que o relacionamento é a essência
da atividade (DREYER, 2017); e a Tecnologia da Informação, que possui métodos,
como, por exemplo, o Design Centrado no Humano, que propõe a construção de

253
artefatos a partir da compreensão das necessidades e expectativas dos indivíduos,
através do envolvimento humano (KRIPPENDORFF, 2000).
O Design Centrado no Humano surge a partir da observação de que o
indivíduo não responde às qualidades físicas das coisas, mas ao que elas significam
para ele (KRIPPENDORFF, 2000). Isso ocorreu a partir de uma mudança de
paradigma na década de 1950, na qual os produtos passaram a ser percebidos como
bens, não considerando apenas seus aspectos funcionais. Dessa forma, o design
começou a ser visto como um amplificador daquilo que o indivíduo valoriza (AGRE,
2000). Portanto, torna-se necessário compreender quais os significados que os
indivíduos estão atribuindo a determinado objeto ou serviço. E é no centro dessas
afirmações que encontra-se o DCH, uma vez que o método surge quando os objetos e
suas funcionalidades não são mais o foco, mas como os indivíduos veem, interpretam
e vivem com os artefatos (KRIPPENDORFF, 2000).
Para desenvolver produtos, serviços ou artefatos centrados no humano é
necessário o envolvimento humano em todo o processo. Projeta-se com a participação
dos indivíduos, uma vez que ele é o protagonista. Assim, o artefato é produzido
considerando as experiências e necessidades dos indivíduos, objetivando utilizar
esses aspectos como premissa para elaborar um artefato e enriquecer o projeto
(POSTMA et al, 2012).
Face ao exposto, este trabalho pretende articular o Design Centrado no
Humano (DCH) com o turismo, buscando compreender como esse método pode
auxiliar na ampliação da experiência turística. Vale dizer que trata-se de uma
compreensão inicial de uma proposta que está sendo desenvolvida no projeto de
extensão da Universidade Federal do Pampa (Unipampa) em parceria com a
Universidade Federal de Santa Maria (UFSM), chamado “Destinos Turísticos
Inteligentes e Comunicação para o Geoparque Quarta Colônia (aspirante Unesco)”,
que objetiva criar produtos comunicacionais que permitam ampliar a experiência
turística no projeto aspirante Unesco Geoparque 4ª Colônia.

254
A metodologia utilizada no projeto será, inicialmente, levantamento
bibliográfico e documental acerca do Geoparque, do Turismo e de métodos centrados
no humano, com intuito de embasar a proposta do trabalho. Além disso, buscar-se-á,
através de pesquisa e grupo focal, delinear um perfil dos visitantes do Geoparque 4ª
Colônia (aspirante Unesco) para que, posteriormente, ao utilizar etapas do método
design centrado no humano, seja possível a criação de personas, definição do mapa
da empatia e da jornada do usuário, que irão auxiliar na compreensão dos públicos
para ampliar suas experiências na visita ao Geoparque.
Em suma, e conforme já apontado, o turista deseja ser o protagonista de sua
viagem, tendo suas expectativas e necessidades supridas para que, por fim, possa
viver uma experiência memorável. Nesse sentido, para que organizações do setor de
turismo e locais destinados à visitação possam se relacionar com os públicos e, de
fato, proporcionar o que desejam, é essencial compreender o que o indivíduo precisa e
almeja. E é nesse contexto que o Design Centrado no Humano pode ser um aliado,
uma vez que seu processo busca o envolvimento e participação do humano,
reconhecendo suas necessidades e expectativas. Assim sendo, ao compreender
aquilo que o turista deseja e necessita, é possível desenhar uma experiência que o
leve a ter momentos memoráveis.

Palavras-chave: Turismo, Experiência, Relações Públicas, Design Centrado no Humano.

REFERÊNCIAS
AGRE, Philip E. Notes on the New Design Space. Los Angeles: Red Rock Eater
News Service, 2000. Disponível em: <https://pages.gseis.ucla.edu/faculty/agre/design-
space.html#footnote10>. Acesso em: 25 ago 2021.

ALVES, Daniela Estaregue. Um modelo de design para a experiência do usuário


no contexto do turismo de eventos. Florianópolis, 2020. Disponível em:
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SCHMITT, Bernd H. Marketing experimental–Exame. NBL Editora, 2002.

256
Turismo: Micropolítica ativa e reativa

Karen Dannenhauer 1
Maria Luiza Cardinale Baptista 2

Resumo: Presente estudo tem como objetivo refletir, a partir das narrativas midiáticas
na plataforma do YouTube, sobre a relação entre o Turismo, a Comunicação e a
Micropolítica, considerando agenciamentos de LGBTQIA+ e negros. Turismo e
Micropolítica estão sendo estudados com base na Esquizoanálise, com Deleuze e
Guattari (1995), Guattari (1985), Guattari e Rolnik (2000) e Rolnik (2006 e 2018). O
Turismo fundamenta-se na abordagem complexa ecossistêmica, de Beni e Moesch
(2017) e Baptista (2020). Para Comunicação, pauta-se na produção de Peruzzo
(1986), Baptista (2004) e Sodré (2002). Como resultados parciais de uma pesquisa
ainda em curso, pode-se perceber que as narrativas midiáticas ora estão mais
vinculadas à micropolítica ativa, ora à micropolítica reativa, ou seja, oscilando.
Entretanto a micropolítica que prevalece nas narrativas midiáticas é a micropolítica
reativa.

Palavras-chave: Turismo, Comunicação, LGBTQIA+, negros.

Trata-se de um relato parcial de pesquisas que vêm sendo desenvolvidas no


projeto maior ‘Com-versar’ Amorcomtur – Lugares e Sujeitos! Narrativas transversais
sensíveis, envolvendo sujeitos em processos de desterritorialização – Brasil, Espanha,
Portugal, Itália, México, Colômbia, Egito, Arábia Saudita e Índia, no Amorcomtur!
Grupo de Estudos em Comunicação, Turismo, Amorosidade e Autopoiese (CNPq-
UCS) vinculado ao Programa de Pós-Graduação em Turismo e Hospitalidade da
Universidade de Caxias do Sul (PPGTURH-UCS) e ao curso de Relações Públicas. No

1
Acadêmica de Comunicação Social com habilitação em Relações Públicas na Universidade de Caxias
do Sul; Caxias do Sul/RS; Lattes: http://lattes.cnpq.br/8535592066911019; E-mail:
kadannenhauer2@gmail.com.
2
Pós-doutora em Sociedade e Cultura da Amazônia (Universidade Federal do Amazonas-UFAM).
Doutora em Ciências da Comunicação (Universidade de São Paulo-USP), professora de Pós-
Graduação em Turismo e Hospitalidade (Universidade de Caxias do Sul-UCS). Coordenadora do
Amorcomtur! Grupo de Estudos e Produção em Comunicação, Turismo, Amorosidade e Autopoiese
(CNPq-UCS). Lattes: http://lattes.cnpq.br/2996705711002245; E-mail: malu@pazza.com.br.

257
caso deste texto, a proposta é apresentar reflexões a partir de observações
sistemáticas de veiculações no YouTube.
Uma das plataformas na Internet que, de certa maneira, possibilita a
divulgação/proliferação de ideias, reflexões e questionamentos é a plataforma do
YouTube. O YouTube é uma plataforma de compartilhamento de vídeos, criada por
Chad Hurley, Steve Chen e Jawed Karim, em 2005, e adquirida pelo Google em 2006.
Vem sendo ultimamente utilizada como ferramenta para difusão de informações,
exposição de ideias, modos de viver, opiniões, reflexões, etc. dos sujeitos, seja por
meio de reportagens, entrevistas, etc. produzidas por jornais, revistas, emissoras de
televisão, organizações sociais, governos estaduais, institutos, empresas, etc. que
possuem canais no YouTube ou por vídeos produzidos pelos sujeitos LGBTQIA+ e
negros em seus canais no YouTube, com transmissões ao vivo ou o vídeo, editado e
anexado na plataforma.
Vale ressaltar que as plataformas digitais atualmente priorizam o lucro,
elaborando estratégias de Marketing, divulgação massiva de anúncios, pela utilização
da lógica algorítmica, pela exploração dos criadores de conteúdo na plataforma, que,
cada vez mais, devem estar de acordo com as exigências das plataformas,
etc. Partindo desse cenário, a relação entre Turismo, Comunicação, LGBTQIA+ e
negros e a Micropolítica foi tomando corpo e é o que pretendemos, de certa maneira,
expor com este trabalho.
O desenvolvimento desta pesquisa está sendo feito pela estratégia
metodológica Cartografia de Saberes, de Baptista (2014), que é trabalhada no e pelo
Amorcomtur!. A trama de trilhas investigativas da Cartografia dos Saberes, proposta
por Baptista (2014), é composta por quatro trilhas: Trilha dos Saberes Pessoais, Trilha
dos Saberes Teóricos, Usina de Produção e Dimensão Intuitiva da Pesquisa. O
acionamento de cada trilha é simultâneo e sua operacionalização vai depender do
encaminhamento de cada pesquisa e de cada pesquisador.
Na trilha dos Saberes Pessoais, são produzidos textos de relatos e dos
saberes pessoais da pesquisadora. Na trilha dos Saberes Teóricos, é elaborado um
258
levantamento bibliográfico sobre os temas da pesquisa, contando também com
produção de textos sínteses dos livros e artigos lidos e trabalhados na produção da
pesquisa. Na terceira trilha, a Usina de Produção, como a pesquisa tem caráter
exploratório, foi feita seleção das palavras-chave, como: Turismo e LGBT; Turismo e
negros; Turismo LGBT e Afroturismo para a pesquisa na plataforma do YouTube. A
partir da procura de vídeos por meio das palavras-chave, ocorreu a seleção de vídeos.
A seleção levou em consideração o título e a duração de cada vídeo, ou seja, vídeos
que tinham nos títulos a palavra Turismo e que tivessem menos de uma hora de
duração. Os vídeos selecionados foram assistidos e analisados. Até o momento, foram
assistidos e analisados 41 vídeos. Na trilha Dimensão Intuitiva da Pesquisa, estão
sendo feitas anotações de pensamentos ‘picados’ que surgem no decorrer da
pesquisa e fora dela, de textos referentes ao referencial teórico e do conteúdo
presente nos vídeos.
Com base na Esquizoanálise e a partir de pesquisas vinculadas ao
Amorcomtur!, partimos da proposição de que o fenômeno do Turismo é produtor de
subjetividades. Para Guattari e Rolnik (2000, p. 31)

A subjetividade não é passível de totalização ou de centralização no indivíduo.


Uma coisa é a individuação do corpo. Outra é a multiplicidade dos
agenciamentos da subjetivação: a subjetividade é essencialmente fabricada e
modelada no registro do social.

Há produção de subjetividade singular e produção de subjetividade


capitalística, massificada, homogeneizada, etc., produzida no e pelo Capitalismo
Mundial Integrado (CMI). Compreendemos que no Turismo as duas produções de
subjetividades podem ocorrer.
A comunicação é compreendida como a “[...] interação de sujeitos a partir de
fluxos intensos, de elementos significantes e a-significantes, mediados ou não por
tecnologias da comunicação.” (BAPTISTA, 2004, p. 1) que é diferente de transmissão

259
de informações e diferente do fenômeno da midiatização, que, para Sodré (2002, p.
21)

[...] é uma ordem de mediações socialmente realizadas no sentido da


comunicação entendida como processo informacional, a reboque de
organizações empresariais e com ênfase num tipo particular de interação - a
que poderíamos chamar de “tecnointeração” -, caracterizada por uma espécie
de prótese tecnológica e mercadológica da realidade sensível, denominada
medium.

A Micropolítica é um conceito que, para Deleuze e Guattari (1995), funciona


como platô, uma zona de intensidade contínua. Este conceito, conforme Rolnik (2006,
p. 1), se refere às “[...] forças que agitam a realidade, dissolvendo suas formas e
engendrando outras, num processo que envolve o desejo e a subjetividade” ou, como
afirma Rolnik, em Guattari e Rolnik (2000, p. 14), “[...] as estratégias da economia do
desejo no campo social”, que envolve uma questão micropolítica, “[...] questão de uma
analítica das formações do desejo no campo social” (GUATTARI; ROLNIK, 2000, p.
127).
Rolnik (2018) escreve sobre dois polos opostos de políticas do desejo. Ela
chama um polo de micropolítica reativa e outro de micropolítica ativa. A micropolítica
reativa é a política do desejo na qual a posição do desejo está “[...] mais submissa ao
regime de inconsciente colonial-capitalístico, na qual se daria uma entrega total à
expropriação da força de criação” (ROLNIK, 2018, p. 58). Já a micropolítica ativa, de
acordo com Rolnik (2018, p. 61), é aquela que “[…] as ações do desejo consistem
portanto em atos de criação que se inscrevem nos territórios existenciais estabelecidos
e suas respectivas cartografias, rompendo a cena pacata do instituído.”.
Pode-se perceber, como resultados parciais de uma pesquisa ainda em curso,
que as narrativas midiáticas ora estão mais vinculadas à micropolítica ativa, ora à
micropolítica reativa, ou seja, oscilando, nunca uma dominando totalmente a
orientação do desejo, excluindo por completo a outra, pois como afirma Rolnik (2018,
p. 59) “[...] essas posições diametralmente opostas são casos de figura ficcionais: elas

260
jamais dominam totalmente a orientação do desejo, nem existem em estado puro.”.
Entretanto, a micropolítica que prevalece nas narrativas estudadas é a micropolítica
reativa. Há a predominância do interesse, nas narrativas, de desenvolver o Turismo a
partir de sua rentabilidade, ou seja, que parte da perspectiva de como o Turismo LGBT
e o Turismo afro podem ser rentáveis ao mercado/setor do Turismo, mas que não se
esgota apenas nele.
Já a micropolítica ativa aparece nas narrativas estudadas quando, a partir do
Turismo, busca-se desenvolver espaços mais acolhedores e que tenham como fim
último os sujeitos envolvidos nos processos turísticos. Isso implica desde o turista ou/e
morador local a toda biosfera envolvida.
No caso do Turismo afro, a micropolítica ativa aparece, nas narrativas, quando
se fala que este Turismo pretende resgatar a memória negra, por meio da inclusão em
roteiros turísticos dos espaços negros, comunidades quilombolas, museus afro e afro-
brasileiros, do interesse em desmistificar países africanos, etc.

REFERÊNCIAS
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tempos de pandemia Covid-19, considerando a trama de ecossistemas turístico-
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Território, Brasília, v. 8, n. 15, p. 7-22, out. 2020. Disponível em:
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DELEUZE, Gilles; GUATTARI, Félix. Mil platôs: capitalismo e esquizofrenia: vol. 1. Rio
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GUATTARI, Félix. Revolução Molecular: pulsações políticas do desejo. São Paulo,


SP: Brasiliense, 1985.

GUATTARI, Félix; ROLNIK, Suely. Micropolítica: cartografias do desejo. 6. ed.


Petrópolis, RJ: Vozes, 2000.

PERUZZO, Cicilia Krohling. Relações públicas no modo de produção capitalista. 3.


ed. São Paulo: Summus, 1986.

ROLNIK, Suely. Esferas da Insurreição: Notas para uma vida não cafetinada. São
Paulo: n-1 edições, 2018.

ROLNIK, Suely. Geopolítica da cafetinagem. Núcleo de Estudos da Subjetividade,


2006. Disponível em:
https://www.pucsp.br/nucleodesubjetividade/Textos/SUELY/Geopolitica.pdf. Acesso
em: 20 jul. 2021.

SODRÉ, Muniz. Antropológica do espelho: uma teoria da comunicação linear e em


rede. Petrópolis, RJ: Vozes, 2002.

262
Influência do audiovisual nos turistas brasileiros: o papel
dos doramas

Millena Eirim Araújo 1


Karla Estelita Godoy 2

Resumo: O fenômeno turístico se expandiu a tal ponto que, em uma de suas


vertentes, entrou em cena o Turismo Audiovisual. Como parte integrante desta direção
temos os k-dramas ou doramas na Coreia do Sul, que se apresentam como um
potencializador para a operação do turismo nesse país. O resumo em questão tem
como objetivo investigar acerca do interesse de consumidores de doramas quanto a
ter a Coreia do Sul como destino para prática do turismo. Para a obtenção de tais
resultados foi disponibilizado um questionário por meio da plataforma Google Forms
para uma análise quantitativa feita de forma on line. Conclui-se que, de maneira geral,
os doramas são responsáveis por uma enorme quantidade, no que diz respeito a
motivação para a escolha de um local de visitação, de turistas nesse país visto que por
abordar uma multiplicidade de temas como política, religião, cultura e música bem
como a forte exposição dos principais pontos turísticos das cidades consegue englobar
diferentes públicos e atender à diferentes demandas.

Palavras-chave: Dorama, Coreia do Sul, Audiovisual, Turismo, K-culture.

INTRODUÇÃO
O turismo, antes visto apenas como desejos de visitar locais por sua natureza
ou por pontos turísticos conhecidos ganhou um novo significado com o elevado
consumo de séries e filmes, principalmente após o surgimento das plataformas de
streaming 3, o chamado turismo cinematográfico definido por Melo e Körössy (apud
HUDSON; RITCHIE, 2006, p. 6) “como um segmento cuja principal motivação é a
visitação de destinos e atrações relacionados a determinadas produções audiovisuais,
1
Discente do curso de Bacharelado em Turismo ; Universidade Federal Fluminense - UFF; Niterói, Rio
de Janeiro. Lattes: http://lattes.cnpq.br/4187777402490932. E-mail: millenaeirim@id.uff.br.
2
Professora Associada do Departamento de Turismo. Universidade Federal Fluminense, Niterói, RJ.
Lattes: http://lattes.cnpq.br/7899304734293116. E-mail: karlagoy@id.uff.br

3
Tecnologia de transmissão de dados pela internet, principalmente aúdio e vídeo, sem a necessidade
de baixar o conteúdo.
263
principalmente filmes produzidos para o cinema e séries televisivas”. Esse novo
segmento turístico aborda roteiros baseados em filmes e séries, ganhando o nome de
Turismo Audiovisual, sendo definida por Vila como (apud CAMPOS; FRAIZ, 2010, p. 2)
“ Atividade de lazer vinculada a localizações geográficas relacionadas ao cinema”.
Nesse novo segmento vemos a chegada dos doramas - termo referente a
“drama” em japonês, assemelham-se a novelas e séries -, que abordam temas como
problemas sociais como sexismo, xenofobia e padrões de beleza, que a sociedade sul
coreana. Percebe-se então, de modo sucinto, que os doramas, ao se popularizarem
pelo mundo, funcionam como mecanismo de reafirmação de símbolos poderosos em
cada nação, tomando para si enorme poder de influenciar uma pessoa ou um grupo no
momento da sua tomada de decisão na escolha de seu próximo destino turístico
(MINISTÉRIO DO TURISMO, 2007), criando uma nova nomenclatura chamada set-
jetters - definida como pessoa que visita um lugar em particular porque este apareceu
em um filme ou livro.
Assim, para compreender melhor este estudo, a pergunta norteadora desta
pesquisa é “Até que ponto as produções de doramas podem levar potenciais turistas a
optarem pela Coreia do Sul como destino turístico?”, questionamento esse que nos
permitirá alcançar nosso objetivo de compreender como o audiovisual possui ligação e
influência direta no Turismo, sendo uma das principais ferramentas da atualidade na
divulgação e promoção de destinos turísticos e por ser capaz de abarcar diferentes
públicos. Para obter tais resultados utilizou-se uma metodologia de natureza
quantitativa, para que fosse capaz entender o panorama da análise.

A REALIDADE DOS DORAMAS


Os doramas apresentam diversos pontos turísticos da Coreia do Sul,
destacando através das cenas, os espaços famosos pela prática do Turismo. A
imagem gerada por essas produções retratam o cotidiano dos bairros do país e
buscam se afastar do grande centro internacional - sua capital, Seul - para retratar a
simplicidade do interior e dos bairros ao redor, onde é possível se atentar as
264
construções presentes nos espaços e o jeito natural e respeitoso dos moradores para
com o meio. A infraestrutura da cidade é sempre representada através da
movimentação dos personagens pelo espaço e pela diferenciação de cenários, em que
é possível perceber desde as excelentes condições de sinalização à facilidade na
infraestrutura de locomoção. Os doramas se encarregam da função de apresentar e
divulgar os diferentes atrativos presentes na cidade, bem como o seu detalhamento.
Ao assistir essas produções os telespectadores podem gerar sentidos ao ter acesso a
realidade daquele espaço utilizando assim as produções cinematográficas para terem
noção do roteiro a ser escolhido nesses locais.
A Coreia do Sul se utilizou dessa popularidade facilitando a criação de roteiros
turísticos através das sinalizações posicionadas nos espaços que apresentam
informações importantes como: produções já gravadas ali, nome de diretores e atores,
e uma breve explicação da produção. Esse ato representa a preocupação com a
valorização cultural dos espaços e uma forma de globalizar e incentivar produções de
“doramas” já que, por ser descrita em 4 línguas (Coreano, Inglês, Chinês e Japonês),
representa uma maior preocupação com a divulgação de informações aos turistas.
Através destas produções o telespectador observa as diferentes modalidades
de Turismo oferecidas pelo país. Essa estratégia colabora com a criação de roteiros
cinematográficos por parte das agências e dos turistas independentes, que
conseguem visitar os pontos onde suas dramaturgias favoritas foram encenadas e
ainda possuem a função de democratizar o turismo pelo território, possibilitando que
áreas naturais, normalmente menos procuradas, por exemplo, sejam escolhas dos
visitantes. Desta forma, a renda gerada pelo fenômeno do turismo circula por todo o
território, promovendo não só o desenvolvimento da atividade, mas também o
desenvolvimento da comunidade pertencente.

O IMPACTO DOS DORAMAS EM BRASILEIROS


Uma pesquisa recente realizada pelo Ministério da Cultura, Esportes e
Turismo, em 18 países, pela Fundação Coreana para Intercâmbio Cultural
265
Internacional, entre os meses de setembro e novembro de 2020, revelou que o Brasil
se enquadra na terceira posição do mundo e a primeira nas Américas no quesito
aumento de audiência dos doramas sul coreanos. A Coreia do Sul ocupa atualmente
a vigésima sétima posição no número de receptores de Turismo mundial e, desde o
ano de 2011 - marco da nova hallyu - aumentou seu número de turistas recebidos em
7,7 milhões. (ORGANIZAÇÃO MUNDIAL DO TURISMO, 2020).
Durante a pandemia da COVID-19 a necessidade do isolamento social,
condicionou um novo lazer em casa devido, proporcionada, também, pela quantidade
de trabalho excessivo de modo remoto e pela pressão e preocupação acerca da
contaminação. O aumento do consumo das principais plataformas de streaming como
Globoplay, Amazon Prime, Disney + e Netflix, praticamente dobraram o número de
inscritos nestas plataformas. Em uma pesquisa recente realizada pelo Ministério da
Cultura, Esportes e Turismo, que abrangeu 18 países, pela Fundação Coreana para
Intercâmbio Cultural Internacional, o Brasil é o 3º país no mundo que mais consumiu
doramas durante a pandemia (O POVO,2021).

ASPECTOS METODOLÓGICOS
Inicialmente realizou-se um apanhado bibliográfico acerca do assunto para
reunir base para a construção teórica e o embasamento para a realização da
pesquisa. Com o objetivo de investigar acerca do interesse de consumidores de
doramas quanto a viajar para a Coreia do Sul, realizou-se uma pesquisa de cunho
quantitativo utilizando um questionário através da ferramenta do Google Forms. O
questionário esteve disponível para preenchimento, para o público que se relacionasse
com a temática, , entre os dias 17 de agosto de 2021 e 24 de agosto de 2021,
utilizamos como método de replicação a técnica da bola de neve (NETQUEST, 2015).
Para realizar o levantamento das informações foram utilizados
questionamentos com opções de múltiplas respostas que buscaram: a) abordar se as
produções audiovisuais, com foco nos doramas, corroboraram para gerar interesse em
potenciais turistas; b) em qual faixa etária e gênero esse interesse apresenta maior
266
relevância; c) a origem do desejo de ter a Coreia do Sul como destino turístico. O
tempo estimado para o preenchimento do questionário foi de 5 minutos.
Estima-se que a população brasileira pertencente a esse estudo seja
aproximadamente 1 milhão de pessoas. Com o intuito de se obter uma amostra
passível de análise para essa pesquisa foram recolhidas 125 respostas sendo 116
consideradas válidas.

RESULTADOS
Como resultado obtido a pesquisa apresenta a concentração de mais
mulheres, onde a faixa etária dos 15 aos 25 representa mais de 80% dos interessados.
O consumo de produções audiovisuais correspondem a 94% do motivador para as
viagens até a Coreia. Quando questionados sobre os motivos pelos quais possuem
interesse em visitar para a Coreia do Sul, temos em destaque as produções
audiovisuais e, logo em seguida, cultura e música, presentes e valorizados também
nesses projetos. Dentre as produções audiovisuais, um pouco mais de 57% tem no
dorama seu principal vetor de incentivo, seguido de clipes e músicas com cerca de
15% cada.
Os dados coletados demonstram que o consumo dos doramas gera um
enorme interesse e um enorme fluxo de turistas nesse país anualmente. Algumas
questões se apresentam como empecilhos, a questão monetária, bem como a
distância do país, referente ao grandes centros emissores de turistas, impedindo-o de
ocupar uma posição superior no ranking de países mais visitados do mundo. Através
dos fatos supracitados acima concluímos que essa pesquisa une as áreas de turismo
e das produções audiovisuais corroborando para explicitar o interesse e a
movimentação econômica gerada por meio dessa relação. Portanto, principalmente
num cenário pós COVID-19, estima-se que o investimento nesta modalidade turística
possa vir a se tornar um grande meio de retomada dessa atividade.

267
REFERÊNCIAS
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turismo cinematográfico: Um guia prático. Universidade Federal de Pernambuco,
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269
Roda de Conversa 10: Temas Emergentes

Turismo Virtual em Museus: A Questão de Visitas Online

Gabriela Dias Duarte 1


Hayani Kathlyn Fontella Athanazio 2
Alison Sapienza de Oliveira Valladão 3

Resumo: O turismo virtual em museus em ambientes digitais é uma prática que vem
crescendo nos últimos anos causando discussões acerca do seu conceito e do seu
grau de influência sobre as pessoas em relação ao seu uso e a visitação física. Dessa
forma, este artigo tem como objetivo trazer um panorama da situação, entender a
percepção do visitante online e as mudanças no seu comportamento no que diz
respeito à visitação física. Para tal, a metodologia utilizada foi a pesquisa bibliográfica
de natureza quali-quantitativa, tendo dados coletados por meio de formulários. De
forma geral, partiu-se do pressuposto que a modalidade do chamado “museu virtual”
foi uma forma de entretenimento durante a pandemia, pois, na impossibilidade de o
turismo e as atividades de lazer ocorrerem de forma presencial, pessoas optaram por
meios digitais como uma nova forma de lazer. Assim, o turismo sob a forma virtual,
tem sido uma alternativa enquanto perduraram as restrições da pandemia.

Palavras-Chave: Turismo; Museu; Virtual; Pandemia

INTRODUÇÃO
Em virtude da pandemia de coronavírus (COVID-19) causada pelo vírus
SARS-CoV – uma das situações mais críticas da história recente em termos de
doenças infecciosas – governos de vários países optaram por decretar quarentena
numa tentativa de reduzir a velocidade de transmissão do vírus. Nesse sentido,
tomando como pressuposto que o turismo é uma atividade que consiste no

1
Graduanda em Turismo; Universidade Federal Fluminense – UFF; Niterói - Rio de Janeiro; Currículo
Lattes: http://lattes.cnpq.br/8976987787718178; E-mail: gabrieladias@id.uff.br.
2
Graduanda em Turismo; Universidade Federal Fluminense – UFF; Niterói - Rio de Janeiro; E-mail:
hayanifontella@id.uff.br.
3
Mestrando em Turismo; Programa de Pós-graduação em Turismo – UFF; Niterói - Rio de Janeiro;
http://lattes.cnpq.br/8475907078111774; E-mail: alisonsapienza@id.uff.br

270
deslocamento de pessoas, foi um dos setores mais afetados em decorrência das
medidas restritivas, refletindo em outros setores da economia e fazendo com que
tivesse que se reinventar em vista do contexto de pandemia.
Desse modo, os museus no âmbito virtual, existem já há alguns anos como
uma alternativa para que as pessoas pudessem ter acesso à cultura e lazer sem a
necessidade de deslocamento. Porém, isso aponta para algumas questões que já vem
sendo discutidas desde que a modalidade começou a ser popularizada: o usuário,
após fazer visitas virtuais, perderá o interesse em visitar o museu presencialmente? e,
a modalidade do museu virtual poderá servir como uma maneira de despertar um
interesse maior em fazer a visita a esse museu além do ambiente virtual?
Museus em ambientes virtuais são um espaço de conhecimento e interação
online, onde pessoas podem ter um contato com o patrimônio de um museu físico.
Também é conhecido como Museu online, Museu eletrônico, Hypermuseu,
Cybermuseu ou Museu da Web. Serve como um complemento para o museu da forma
tradicional que conhecemos e uma forma de pessoas sem acesso ao museu físico se
familiarizar com o acervo.
Este artigo visa analisar as perspectivas dos visitantes aos museus de forma
virtual na pandemia, apresentando a situação enfrentada. Buscamos compreender,
portanto, 1) qual é a perspectiva dos visitantes em relação à essa modalidade e 2) se
modalidade despertou algum interesse para a visitação presencial do museu.
A metodologia adotada foi a da pesquisa bibliográfica e documental com
abordagem quali-quantitativa. Fora entrevistas pessoas pela internet por meio do
formulário online Google Forms, com o intuito de entender como foi a experiência dos
visitantes sobre o assunto abordado.

REFERENCIAL TEÓRICO
No intuito de nortear a pesquisa, tomou-se como base o conceito de turismo
virtual. Portanto, Godoy (2004) destaca que o turismo virtual pode ser entendido como
uma “viagem” a destinos que podem ou não existir concretamente e que é feita por
271
meio de recursos tecnológicos, tais como mídias interativas, internet e computação
gráfica. Por conseguinte, o autor relaciona o turismo virtual a “viagens”, que podem ser
feitas para qualquer local, buscando uma experiência, uma reflexão ou outros fatores
sobre determinado destino, que podem ser um museu, uma galeria cultural ou um tour
por outros países, pois o turismo equivale não só ao deslocamento de pessoas, mas
também de maneiras virtuais, sendo assim uma maneira de fazer com que os
visitantes tenham um conhecimento sobre o assunto.
A pesquisa ancorou-se no conceito museu em ambientes virtuais. Nesse
sentido, o conceito de Museu Virtualizado ainda é relativamente novo, assim como
todos os serviços possibilitados pela internet, além de pouco discutido teoricamente. O
termo surgiu no século XX, a partir da década de 90, quando o mundo virtual ainda
avançava a passos curtos. Inicialmente, o propósito de sites de museus, era de levar
informações acerca da instituição, como datas, horários, eventos e conteúdo sobre o
acervo, mas com a modernização foi possível uma interação maior entre o Museu e o
público, e agora temos galerias online.
A partir disso, suscita-se o entendimento no que diz respeito as tipologias
de museus. Há uma grande discussão acerca da definição de museu em um ambiente
virtual, sendo este um conceito recente que vai adquirindo diversas formas, com outros
nomes ao passar dos anos. Segundo Schweibenz (1998) o conceito de museu
virtualizado está sempre em construção, e pode nos confundir com as outras
denominações, tais como: museu eletrônico, museu digital, museu on-line, museu
hipermídia, meta-museu, museu cibernético, cibermuseu e museu no ciberespaço.
Os avanços tecnológicos mudam completamente a forma de interações e
construções de meios virtuais, mas nem todas as denominações de museus são as
mesmas. Dessa forma, o cibermuseus tem seguimento atrelado a digitalização de
espaços físicos, que é capaz de ser funcional com mídias rígidas, como CD ROM'S e
DVD’s, no entanto pode ser assemelhado a cibercultura (LEMOS, 1999).
A cibercultura exalta novas formas, jeitos, ideias de se demonstrar ao público,
por estar em um ambiente virtual, a cibercultura funciona como um produtor de
272
conteúdo, conhecimentos e elementos para a comunicação virtual. Além disso, as
mídias sociais são uma base para que novas maneiras de interação e memórias
estejam acessíveis para as pessoas (BARROS, 2011).

METODOLOGIA
Para o alcance dos objetivos e resposta as indagações, foi realizada uma
pesquisa por meio digital com uso do formulário online Google Forms.
Os dados coletados tiveram como objetivo entender a percepção dos visitantes
de museus virtuais, compreender qual é o perfil desses visitantes, assim como saber
até que ponto o museu de forma na modalidade virtual se torna uma alternativa ao
museu físico.
A etapa de planejamento da pesquisa buscou primeiramente identificar quais
os pontos necessários para começar a pesquisa e a forma de obter os resultados reais
de forma clara. Chegou-se à conclusão de que um formulário aplicado pela internet,
feito no Formulários Google, seria a melhor opção, considerando o momento de
pandemia.
A escolha das perguntas gerais se deu para conhecer o tipo de perfil que
estava sendo questionado, por exemplo: faixa etária, escolaridade e gênero. Para as
perguntas específicas foi, previamente, realizada uma pesquisa de documental para
saber o que é encontrado no objeto de estudo e com base nessa pesquisa, foi possível
criá-las. A coleta das informações obtidas foi feita individualmente e o formulário
aplicado pelas redes sociais: Facebook, Twitter e em grupos de Whatsapp. O
preenchimento foi realizado por pessoas que visitaram museus virtuais, no período da
pandemia, e ficou disponível para respostas entre os 10 e 12 de novembro de 2020.

RESULTADO E DISCUSSÃO

Por meio do formulário feito no Google Forms, recebemos 103 respostas, que
foram usadas para identificar a percepção dos visitantes sobre museus virtuais. Uma

273
das conclusões chegadas foi que a maioria das pessoas não visitam os museus online
na pandemia. De 103 participantes, apenas 37 responderam que já utilizaram algum
museu de forma virtual durante a pandemia. Dessa forma, apenas 37 respostas foram
levadas em consideração como objeto de estudo.
Os respondentes, em sua maioria (81,1%) eram do gênero feminino. Das 37
pessoas que responderam 30 estão cursando ou já cursaram o ensino superior. As
faixas etárias foram pouco diversificadas, sendo as com maior porcentagem de
respondentes “18 e 35 anos” e ‘’26 e 45 anos”. Foi percebido que os respondentes
eram os mais jovens.
A primeira pergunta sobre percepção foi sobre se o usuário sente, da mesma
forma a experiência, tanto na modalidade virtual do museu, quanto no museu físico. E
apenas duas pessoas, das 37 que responderam, afirmaram que a experiência é
semelhante. Também foi perguntado aos visitantes se eles concordavam que as
pessoas iriam perder o interesse em visitar o museu físico, e foi praticamente unânime
a discordância. Outra questão de igual importância foi se as pessoas se sentiram
estimuladas a visitar um museu físico, e das 37 pessoas que responderam, 34
disseram que foram encorajados a fazer uma visita pessoalmente.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

A pesquisa sobre visitas online foi feita com o objetivo de entender a


percepção dos visitantes sobre museus online e se isso afetaria sua motivação para
visitação física.
Em linhas gerais, observou-se que no campo destinado as opiniões, os
participantes não variaram muito em suas percepções. Os dados obtidos contribuíram
para entender a percepção dos visitantes virtuais e como foram suas experiências no
geral. É possível inferir, de forma geral, que o principal visitante do museu online é o
público feminino, jovem e tem ensino superior. Esse público acha a experiência online
boa, mas apesar disso não se iguala à experiência física. Assim como antes da

274
pandemia, a experiência consegue alcançar o objetivo de entreter e divertir, sem tirar o
propósito do museu físico, servindo como um estímulo à sua visitação.

REFERÊNCIAS
GODOY, A. M. A Opinião pública: uma construção a partir da aliança entre o turismo e
a internet. Revista Partes, Brasil, 2004.

SCHWEIBENZ, W. O Desenvolvimento dos Museus Virtuais. Icom News, v. 57, n. 3,


2004, p. 3.

LEMOS, A. Ciber-socialidade. Tecnologia e Vida Social na Cultura


Contemporânea. In: RUBIM, A., Bentz, I; Pinto, J.M., Práticas Discursivas na
Cultura Contemporânea. São Leopoldo: Unisinos, Compós, 1999, pp.9-22

BARROS, L. M. T. A memória no ciberespaço: uso de mídias locativas para a


valorização de memórias sobre o Museu Paraense Emílio. 2018. 85 p. Trabalho de
Conclusão de Curso – Comunicação Social, Faculdade de Comunicação, Universidade
Federal do Pará, Geoldi, Belém, 2018. Disponível
em:http://www.bocc.ubi.pt/pag/barros-luena-a-memoia-no-ciberspaco.pdf. Acesso em:
06 de out. 2021.

275
As inovações tecnológicas em hotéis no contexto
pandêmico da Covid-19: um estudo das redes hoteleiras na
cidade do Rio de Janeiro
Thamata Marini Grossi da Silva 1
Mariana Pires Vidal López 2

Resumo: Diante do enfrentamento de consequências adversas da pandemia Covid-


19, a inovação tecnológica ganhou força e espaço com o propósito de fornecer
soluções em função da imposição do distanciamento físico e na percepção de
segurança dos hóspedes em relação à prevenção da Covid-19. Assim, o objetivo desta
pesquisa é identificar as principais inovações tecnológicas adotadas nos hotéis de
redes nacionais e internacionais na cidade do Rio de Janeiro. A pesquisa adotou uma
abordagem qualitativa, sendo de caráter exploratório-descritivo. Utilizou como técnicas
de coleta de dados: a revisão bibliográfica, a pesquisa virtual e entrevistas
semiestruturadas com gestores dos hotéis. Como resultados, verificou-se que as
implementações referentes à inovação tecnológica nas redes hoteleiras são
recorrentes, restritas e com implicações que afetam a produtividade, competitividade e
a hospitalidade em seu conceito de acolhimento. Por fim, espera-se contribuir com
discussões sobre o referido tema no contexto nacional e refletir sobre as vantagens e
desvantagens que o uso da tecnologia pode acarretar na hotelaria.

Palavras-chave: Tecnologia, Hotel, Pandemia, Rio de Janeiro, Inovação.

INTRODUÇÃO
Em 11 de março de 2020, a Organização Mundial da Saúde (OMS) declarou a
pandemia da Covid-19. Como setor do turismo é considerado de ‘alto contato físico’
por ter a sua prestação de serviço dependente da interação entre pessoas em
ambientes físicos (Bitner, Brown & Meuter, 2000), este foi paralisado devido às
medidas de distanciamento social e proibições de viagens a fim de evitar a
propagação do vírus (Zeng, Chen & Lew, 2020). Isto ocasionou a suspensão e o

1
Graduanda em Hotelaria; Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro; Seropédica – Rio de Janeiro;
Lattes: http://lattes.cnpq.br/1348620825273942; E-mail: thamy.marini@gmail.com
2
Doutora em Administração e Turismo; Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro; Seropédica – Rio
de Janeiro; Lattes: http://lattes.cnpq.br/4227513007041165; E-mail: marividal@ufrrj.br

276
adiamento de viagens e eventos presenciais, desencadeando a diminuição
significativa das taxas de ocupação dos hotéis.
Para atravessar este momento pandêmico, houve uma necessidade dos hotéis
reavaliarem as práticas comerciais e desenvolverem estratégias inovadoras que
protejam a saúde e a segurança dos hóspedes e funcionários objetivando restaurar a
confiança das partes interessadas. (Sharma, Shin, Santa-María, Nicolau, 2021).
Segundo Ivanov, Webster, Stoilova e Slobodskoy (2020), para gerenciar a crise da
Covid-19 torna-se necessário o fornecimento de tecnologia de automação às
empresas relacionadas ao turismo a fim de mitigar os impactos negativos das
ameaças de biossegurança em seu desempenho econômico, sobretudo no
gerenciamento de receitas. Nesta perspectiva, a presente pesquisa teve como objetivo
identificar as inovações tecnológicas adotadas em hotéis que pertencem a redes
nacionais e internacionais na cidade do Rio de Janeiro durante a pandemia da Covid-
19. A relevância do estudo está em discutir como a inovação tecnológica pode ser uma
ferramenta a trazer benefícios para o setor hoteleiro no cenário pandêmico e pós
pandêmico.

METODOLOGIA
A presente pesquisa adotou a abordagem qualitativa, de caráter exploratório-
descritivo. Como técnicas de coleta de dados a fim de obter a compreensão da
investigação proposta, utilizou-se a revisão bibliográfica de cunho qualitativo
(investigando textualmente os sentidos atribuídos aos textos e selecionando os
estudos que abordavam temas e assuntos sobre inovação tecnológica na hotelaria e
Covid-19), a pesquisa virtual e entrevistas semiestruturadas com gestores dos hotéis
das redes nacionais e internacionais da cidade do Rio de Janeiro.

277
RESULTADO E DISCUSSÕES
A primeira etapa da pesquisa consistiu em um levantamento bibliográfico que
adotou nove recortes e critérios para nortear a revisão de literatura, proporcionando a
avaliação de 287 artigos, dentre os quais dez foram aproveitados por se adequar à
temática proposta, supondo que a escassez de artigos deve-se ao fato de se tratar de
um contexto recentemente estudado. Em relação aos resultados mais expressivos, foi
possível identificar que a pandemia acelerou a aceitação do serviço de robôs (Kim,
Kim, Badu, Giroux & Choi, 2021); e que neste contexto identifica-se a implementação
de streaming, tecnologia 5G, Wifi 6, reconhecimento facial, inteligência artificial e robôs
(Lau, 2020). Observa-se que a maior parte das pesquisas empíricas foi realizada em
países asiáticos. Ressalta-se que determinados países do continente asiático tem uma
cultura e política de alto investimento em tecnologia comparado aos outros
continentes. Podendo justificar a presença de estudos empíricos sobre avanços
tecnológicos na hotelaria tão expressivamente na Ásia.
Na segunda etapa da pesquisa, que consistiu no levantamento de dados
através de pesquisa virtual a respeito das redes hoteleiras na capital carioca,
identificou-se a presença de 39 redes hoteleiras no município. Desse total, apenas 31
redes disponibilizaram os protocolos referentes à prevenção da Covid-19 em seus
sites. Observa-se que as implementações referentes à inovação tecnológica nas redes
hoteleiras são recorrentes e se restringiram à: a) uso de sistemas de check-in e chek-
out móvel/sem contato físico; b) sistemas de robô de limpeza com tecnologias
avançadas para desinfecção aprimorada (ex: pulverizadores eletrostáticos, tecnologia
de luz ultravioleta, etc.); c) utilização de aplicativos em diferentes setores (recepção,
governança, A&B); d) uso de QR Code.
A terceira etapa da pesquisa realizou entrevistas semiestruturadas feitas com
18 gestores de 16 redes de hotéis atuantes no município do Rio de Janeiro. No
quadro 1 apresenta algumas considerações dos entrevistados a respeito das principais
ferramentas da inovação tecnológicas nas redes hoteleiras.

278
Quadro 1 – Resumo dos principais resultados das entrevistas com gestores.
OBJETIVO DAS PERGUNTAS PRINCIPAIS OBSERVAÇÕES
Uso de tecnologias limitado aos sites, com serviços de reserva
Avaliar qual o nível de
online e chats virtuais / Uso inteligente dos sistemas
tecnologia que era
operacionais, favorecendo o armazenamento de informações
disponibilizado para os
dos hóspedes para aumentar a satisfação destes / Entrada nos
clientes internos e externos
quartos por cartões magnéticos / Aplicativo dedicado à eventos /
antes da pandemia ser
Uso de whatsapp para interação de equipes e distribuição de
decretada.
tarefas / Aplicativos próprios para operações em 2 redes.
70% dos entrevistados reconhecem que o advento da
Verificar a percepção dos
pandemia impulsionou o uso de tecnologias em seus
entrevistados em relação à
estabelecimentos / Comprometimento com avanços
tecnologia que estava sendo
tecnológicos antes do início da pandemia citado por uma rede /
implementada nos hotéis e o
Aproximadamente 50% das redes aperfeiçoaram as ferramentas
impulso em seu uso após a
tecnológicas que já utilizavamo / Uso efetivo de QR Code em
pandemia.
80% das redes entrevistadas.
80% dos entrevistados comprovam que mudanças tecnológicas
Equiparar a eficiência do hotel
são eficientes, exemplificando com ações como: assinatura
à eficiência das tecnologias
digital; diminuição de impressão de papelaria devido ao uso de
usadas em operações e
QR Code / Uso contínuo de whatsapp em operações /
especificar algumas rotinas
Ressalvas negativas para uso ferramentas tecnológicas para
que envolvem uso de
sanitização dos quartos. / Foi citado o uso de aparelho
tecnologias.
ultravioleta portátil para desinfecção de cartões magnéticos
Jovens com menos de 35 anos são os mais acomodados às
Entender a interação do
mudanças / Pessoas de mais idade demonstram dificuldade de
hóspede com as tecnologias
aceitação / Apenas 20% dos entrevistados notaram em seus
disponíveis para uso.
hóspedes a preferência integral por ferramentas tecnológicas.

279
45% dos entrevistados pontuaram que houve possibilidade de
implementar inovações tecnológicas com recursos disponíveis
Entender o investimento
advindos de investimentos internacionais / Apenas 2 redes
financeiro que cada rede de
incorporaram mudanças significativas que envolvem tecnologias
hotéis foi capaz de assumir.
/ 35% dos entrevistados sinalizaram não ter nenhuma condição
de fazer investimentos financeiros.

Todos citaram algum aspecto positivo de seu uso e potencial


futuro: diminuir impacto ambiental; otimização do tempo;
Questionar o uso significativo aumento na produtividade e na competitividade; percepção de
de inovações tecnológicas no segurança ao hóspede, entre outros / São mudanças vistas
setor de hotelaria e seu futuro como permanentes / Foram citados efeitos econômicos
no país. negativos e percepção de maior investimento em redes
internacionais / Alguns entrevistados apontaram necessidade de
transmitir acolhimento sendo necessário reformular práticas.
Fonte: Elaboração dos autores, 2021

CONSIDERAÇÕES FINAIS
Esta pesquisa teve como objetivo identificar as inovações tecnológicas
implementadas nos hotéis de redes nacionais e internacionais na cidade do Rio de
Janeiro e alguns dos desdobramentos da rotina destes empreendimentos
consequentes do uso, ou da ausência de uso, destas tecnologias.
Destaca-se que o advento da pandemia impulsionou o uso de tecnologias nos
empreendimentos hoteleiros, porém, que existe uma grande disparidade de
investimento no uso destas tecnologias, dependendo da rede - nacional ou
internacional – e do setor do hotel.
Foi possível verificar que uso de tecnologias voltadas para sanitização e
desinfecção são limitados, tendo maior prevalência o uso de tecnologias voltadas para
interações com os hóspedes e atendimento às suas necessidades.
Observa-se que redes hoteleiras que não possuem tradição em avanços
tecnológicos acabam perdendo espaço em competitividade. Para que os investimentos

280
tecnológicos alcancem seu desempenho efetivo são necessários treinamentos
voltados para as necessidades dos colaboradores em se adaptar.
Além disso, é importante que a tecnologia seja usada de forma inteligente para
que a essência da hospitalidade não se perca frente ao distanciamento social, sendo
uma prioridade o equilíbrio da necessidade de segurança do hóspede com o
acolhimento característico do calor humano.

REFERÊNCIAS
BITNER, Mary Brown; MEUTER, Mathew. Technology infusion in service encounters.
Journal of the Academy of Marketing Science, volume 28, n. 1, p. 138–149, 2000.
Disponível em: https://doi.org/10.1177/0092070300281013

IVANOV, Stanislav; WEBSTER, Craig; STOILOVA, Elitza; SLOBODSKOY,Daniel.


Biosecurity, automation technologies and economic resilience of travel, tourism and
hospitality companies – a conceptual framework. Tourism Economics, 2020.
Disponível em: https://doi.org/10.1177/1354816620946541

KIM, Sam; KIM, Jungkeun; BADU-BAIDEN, Frank; GIROUX, Marilyn; CHOI,


Youngjoon. Preference for robot service or human service in hotels? Impacts of the
COVID-19 pandemic. International Journal of Hospitality Management, volume 93,
p. 0278- 4319, 2021. Disponível em: https://doi.org/10.1016/j.ijhm.2020.102795

LAU, Arthur. New technologies used in COVID19 for business survival: Insights from
the Hotel Sector in China. Springer Information Technology & Tourism, volume 22,
p. 497–504, 2020. Disponível em: https://doi.org/10.1007/s40558-020-00193-z

SHARMA Abhinav, SHIN Hakseung, SANTA-MARÍA, María Jesus, NICOLAU, Juan


Luis. Hotels' COVID-19 innovation and performance. Annals of Tourism, volume 88,
p. 103180, 2021. Disponível em: https://doi.org/10.1016/j.annals.2021.103180

ZENG, Zhanjing; CHEN, Po-Ju; LEW, Alan.). From high-touch to high-tech: COVID-19
drives robotics adoption. Tourism Geographies, volume 22, n. 3, p. 724-734, 2020.
Disponível em: https://doi.org/10.1080/14616688.2020.1762118

281
SEPULTOUR: Desenvolvendo o turismo virtual no Cemitério
das Irmandades de Jaguarão/RS/Brasil

1
Gustavo Rezende Cunha
2
Rafaeli Albrich Naressi
3
Liana Nadine Gonzalez Piñeiro
4
Nycole Schmitt Andrade

Resumo: O objeto do presente estudo é o Cemitério das Irmandades de Jaguarão, no


extremo sul do Rio Grande do Sul, Brasil, na fronteira com Rio Branco, Uruguai. É um
cemitério oitocentista, inaugurado em 1858 e abriga diversos túmulos e mausoléus,
lápides e monumentos de valor artístico e histórico inestimáveis. Entende-se que o
cemitério pode ser uma opção turística de impacto histórico e social, levando em
consideração que em um cemitério se encontra a história da cidade, da região, seus
conflitos, cultura e outros aspectos, representados por vestígios encontrados nos
túmulos. Por este motivo, podemos considerar que os cemitérios são um local propício
ao intercâmbio cultural, à pesquisa, ensino e educação. O objetivo principal deste é
apresentar como está sendo desenvolvido o Projeto Sepultour onde tem sido
produzido conteúdo audiovisual que reproduz, de maneira virtual, o tour no Cemitério
das Irmandades, sensibilizando os olhares da comunidade e visitantes virtuais para a
importância do cemitério das Irmandades como lugar de lazer, cultura e turismo.

Palavras-chave: Sepultour; Turismo; Cemitério Das Irmandades; Turismo Virtual.

1
Possui graduação no curso de Tecnologia em Gestão de Turismo, pela Unipampa; Universidade
Federal do Pampa; Jaguarão, RS; Lattes: http://lattes.cnpq.br/1191346841136026; E-mail:
gustavorezende10@gmail.com.
2
Graduanda em Tecnologia em Gestão de Turismo, pela Unipampa; Universidade Federal do Pampa;
Jaguarão, RS; Lattes: http://lattes.cnpq.br/0438177868466107; E-mail:
rafaelinaressi.aluno@unipampa.edu.br.
3
Possui graduação no curso de licenciatura em História, pela Unipampa (2019) e pós-graduada em
Educação Especial com Ênfase em Deficiência Auditiva, pela Unopar (2020) e é certificada como
Profissional Tradutora Intérprete da Língua de Sinais Brasileira, Formação e Prática pela Unopar.
Atualmente é tradutora e interprete de livras do Instituto Federal Sul-Rio-grandense; Universidade do
Norte do Paraná; Campus Jaguarão, RS; Lattes: http://lattes.cnpq.br/7983151508050998; E-mail:
lilipineiromachado@gmail.com.
4
Possui graduação no curso de licenciatura em História, pela Unipampa (2020). Atualmente, é
mestranda no Programa de Pós-graduação em História da UFPel; Universidade Federal de Pelotas;
Pelotas, RS; Lattes: http://lattes.cnpq.br/6405509830726331; E-mail: nikeschmittandrade@gmail.com.
282
INTRODUÇÃO

O objeto deste estudo é o Cemitério das Irmandades, localizado em Jaguarão,


no extremo sul do Rio Grande do Sul, Brasil, na fronteira com Rio Branco,
Departamento de Cerro Largo, Uruguai. É um cemitério oitocentista, inaugurado em
1858, que abriga túmulos e mausoléus, lápides e monumentos de valor artístico e
histórico inestimáveis. Corroborando com diversos pesquisadores da área, entende-se
que o cemitério pode ser uma opção turística de impacto histórico e social, levando em
consideração que em um cemitério se encontra a história da cidade, da região, seus
conflitos, cultura e outros aspectos, representados por vestígios encontrados nos
túmulos.
O objetivo principal deste trabalho é apresentar como está sendo desenvolvido
o projeto Sepultour, o qual visa disponibilizar conteúdo audiovisual que reproduz, de
maneira virtual, o tour no Cemitério das Irmandades, sensibilizando os olhares da
comunidade e visitantes virtuais para a importância do Cemitério das Irmandades
como lugar de lazer, cultura e turismo.
O projeto Sepultour surgiu durante a pandemia de COVID 19. Foi uma forma
de dar continuidade às atividades do Turismo no Cemitério das Irmandades, que eram
ofertadas pelo curso de Tecnologia em Gestão de Turismo da Universidade Federal do
Pampa. O projeto favorece a divulgação do conhecimento e a preservação deste lugar
enquanto um bem cultural que se encontra vulnerável a furtos e depredação.
Infelizmente, o Cemitério das Irmandades foi, e ainda é, alvo de depredação e,
principalmente, os mausoléus mais antigos, aqueles que possuem peças em bronze
e/ou que não contam com o zelo de algum familiar, são os que mais sofrem
vandalismos. Entende-se que o conhecimento gera a noção de pertencimento e que o
turismo pode colaborar com esses processos de assimilação da história e cultura local.
A metodologia utilizada para o projeto é a constituição de referencial teórico
sobre turismo cemiterial, reflexões e conceitos. Está sendo feita a seleção de túmulos
e mausoléus para a inserção no tour virtual e coleta de fotografias e vídeos do
283
Cemitério das Irmandades para a elaboração do material a ser disponibilizado ao
público. Estão sendo produzidos vídeos sobre o Cemitério das Irmandades em
diferentes redes sociais (Tiktok, Facebook, Instagram e Youtube).

CEMITÉRIO DAS IRMANDADES: LUGAR DE CULTO E DE TURISMO CEMITERIAL

A idealização e construção do Cemitério das Irmandades ocorreu devido a


medidas higienistas, pela circulação do vírus cholera morbus, mais conhecido como
vírus da cólera, que assolou a cidade de Jaguarão no ano de 1855. Após sua
inauguração, passou a ser um lugar onde a classe social abastada de Jaguarão podia
demonstrar sua condição socioeconômica. Conforme Almeida (2016) os cemitérios
oitocentistas apresentam essa característica: os terrenos do corredor central e
próximos à alameda e à capela são mais caros, pois gozam de visibilidade, podem ser
admirados pelos visitantes.
Se pode afirmar que o turismo em cemitério inclina-se para a interpretação do
patrimônio cultural, artístico e arquitetônico. Outra motivação para o turismo cemiterial
é a busca de personalidades ali inumadas. Segundo Silva (2018, p. 41), o conceito de
turismo cemiterial é centrado na motivação em conhecer a história do lugar, as
pessoas inumadas, relacionando também com a economia, cultura e outros aspectos
sociais através de túmulos e alegorias vinculadas à morte. Assim, “vislumbra-se ainda
a cultura local a partir do universal, identificando-se o particular e as relações entre a
cidade em que moramos e a necrópole, uma vez que esta é um reflexo daquela”
(SILVA, 2018, p. 41). A trajetória histórica de Jaguarão pode ser representada através
dos bens materiais e imateriais do Cemitério das Irmandades, sob diversos aspectos,
o que buscamos demonstrar através do Projeto Sepultour.

DESENVOLVIMENTO DO PROJETO SEPULTOUR: A NECRÓPOLE EM UMA


APROXIMAÇÃO VIRTUAL
Em um primeiro momento, a equipe do projeto dirigiu-se ao Cemitério das
Irmandades com a finalidade de criar imagens e vídeos daquele espaço. Como o tour
284
era anteriormente desenvolvido de forma presencial, buscamos reproduzir o roteiro do
mesmo. O material, voltado para uso nas redes sociais e feito com câmeras de alta
resolução, tornou propício que os até os menores detalhes das construções fossem
captados. Além disso, permite ao visualizador do conteúdo as funções de pausa e
reassistir, podendo visualizar com mais atenção algum aspecto de interesse. Ainda, a
criação de roteiro para a gravação dos vídeos, segunda etapa de nossa produção,
permite uma pesquisa mais atenta à revisão bibliográfica, aumentando a qualidade do
conteúdo e adicionando mais informações em relação ao Tour anteriormente
realizado.
As ferramentas virtuais também tornam-se importantes neste ponto, pois o
Tour presencial no Cemitério levava em torno de 50 minutos, podendo ser cansativo
fisicamente e sofrer interferências climáticas, como a chuva, fatores que não são
problemáticos neste meio. Concluída a pesquisa e finalizado o texto/roteiro, entramos
na fase de produção bruta, na qual buscamos encontrar sincronia entre o conteúdo
produzido e as imagens captadas. Nesta etapa, por sermos um projeto iniciante, não
dispomos de muitos recursos, utilizamos ferramentas de criação gratuitas como o
Canva, além de aplicativos de edição de vídeo como o InShot, o YouCut e o CapCut,
que nos ajudam a cortar o vídeo, além de inserir efeitos de áudio, música e
legendagem. Neste sentido, a gravação de áudio é um problema, e para que este
tenha uma qualidade moderada, utilizamos a ferramenta de gravação de áudio própria
dos celulares. Em relação à música de fundo, buscamos sempre escolher músicas
instrumentais, para que esta não interfira na inteligibilidade do áudio. Estas etapas
percorrem por dois ou três membros do grupo, ficando a postagem final sob aprovação
da coordenadora e dos demais integrantes do Projeto. Após os últimos ajustes, este é
finalmente postado em uma das plataformas, e divulgado pelas outras.
Pode-se afirmar que o projeto está tendo uma boa aceitação a partir das redes
sociais através das curtidas, compartilhamentos e dos diferentes perfis que optaram
por seguir a página Sepultour. No perfil da rede social Tik Tok, alcançamos neste
momento um total de 419 curtidas e 96 seguidores. Dos 14 vídeos publicados,
285
atualmente, 02 possuem um número maior que mil visualizações e outros 06 mais,
foram vistos por mais de 500 pessoas, angariando um total de 7.894 visualizações e
119 compartilhamentos nos últimos 60 dias em nosso perfil. No Instagram, contamos
com 58 seguidores e duas postagens, uma em formato Reels, com 3.601 reproduções
e 43 curtidas, e outra postagem com duas imagens e um texto descritivo do projeto,
com 37 curtidas. A página no Facebook está com um desenvolvimento mais recente,
assim como o canal do Youtube, e conta com 2 posts e 16 seguidores. Na plataforma
destinada a vídeos longos, contamos com apenas 01 postagem, porém já temos os
números de 25 visualizações e 4 inscritos. Em relação às entrevistas em formato de
podcast, o primeiro episódio está programado para ser postado em breve. Visto os
números apresentados acima, podemos concluir preliminarmente que a iniciativa
Sepultour está em crescimento e expansão, inclusive, alcançando um público diferente
daquele a que estávamos acostumados no tour presencial.

CONSIDERAÇÕES FINAIS
Pelos comentários feitos nas plataformas virtuais em que estamos inseridos,
foi perceptível que nossos vídeos e imagens estão sendo entregues à visualizadores
de outras cidades, além de perfis que seguem as hashtags relacionadas à temática
cemiterial e ao turismo. Nessa lógica, acreditamos que o Sepultour está cumprindo
com seu objetivo principal e colaborando de forma ampla para a difusão dos aspectos
sócio-culturais do Cemitério das Irmandades, tais como a iconografia, a história local,
as práticas mortuárias, entre outros.
A possibilidade de transformar este espaço em um local de relevância cultural
para a cidade traria uma maior visibilidade para o bairro e até mesmo melhorando
suas condições. O turismo é uma forma de desenvolver economicamente o destino e
melhorar a infraestrutura do local, ressaltamos o como este projeto de tour virtual pode
incentivar as pessoas a visitarem o Cemitério das Irmandades de maneira presencial e
mostrar o potencial que este cemitério tem de ser um dos lugares onde é feito turismo
em Jaguarão.
286
REFERÊNCIAS
ALMEIDA, Marcelina das Graças. A cidade e o Cemitério: uma experiência em
educação patrimonial. Universidade do Estado de Minas Gerais, Escola de Design.
REVISTA M. vol. 1, n. 1, p. 217-234, jan-jun, 2016. Disponível em:
http://seer.unirio.br/index.php/revistam/article/view/8118. Acesso em: 31/08/2021.

SILVA, José Solon. O cemitério Revisitado – 1. Ed. – São Paulo: Baraúna, 2018.

287
Covid-19 e a aviação civil amazonense

Ana Marta Cardoso Soares 1


Marklea da Cunha Ferst 2

Resumo: O modal aéreo é considerando um dos setores que mais tem crescido e
contribuído para o fomento da atividade turística em todo o mundo. Todavia, em
virtude da pandemia causada pelo Covid-19 este setor foi gravemente afetado o que
teve impactos diretos na economia do Estado do Amazonas e no turismo local, sendo
o objetivo geral deste estudo analisar o impacto causado pelo Sars-coV-2 na aviação
civil amazonense. Trata-se de uma pesquisa de caráter descritivo, explicativo e
aplicado. O método escolhido foi o dedutivo e natureza quantitativa. A partir das
análises estatísticas realizadas com os dados de voos da Agência Nacional de
Aviação Civil (ANAC) pode-se concluir o forte impacto que a pandemia trouxe no fluxo
de turistas, que somente teve melhorias a partir do avanço da vacinação no país, o
que demonstra a importância da vacina e do cumprimento dos protocolos sanitários
para a recuperação da malha aérea no aeroporto internacional de Manaus. Como
contribuição teórica este trabalho faz uma análise quantitativa sobre os impactos da
pandemia na malha aérea amazonense e como contribuição prática poderá ser
utilizado por analistas e empresários da área do turismo para encontrar soluções de
retomada da atividade turística no amazonas.
Palavras-chave: Aviação Civil, Covid-19, Impactos, Amazonas.

INTRODUÇÃO
Ao longo da história da humanidade vários eventos pandêmicos tornaram-se
marcos históricos por impor mudanças nos hábitos de vida das sociedades. Com o
surgimento do vírus Sars-coV-2 em 2019 e início da pandemia em 2020, toda a

1
Estudante de Turismo. Pesquisadora da Fundação de Apoio à pesquisa no Amazonas – FAPEAM.
Pesquisadora do Grupo de Pesquisa CNPQ Observatório de Turismo da UEA; Universidade do Estado
do Amazonas; Manaus, Amazonas; Lattes: http://lattes.cnpq.br/1160278581357938; E-mail:
amcs.tur19@uea.edu.br.
2
Doutora em Turismo e Hotelaria pela Universidade do Vale do Itajaí. Mestre em Direito das Relações
Sociais pela Universidade Federal do Paraná. Bacharel em Direito. Professora Assistente na
Universidade do Estado do Amazonas. Pesquisadora da Fundação de Apoio à pesquisa no Amazonas –
FAPEAM. Líder do Grupo de Pesquisa CNPQ Observatório de Turismo da UEA. Lattes:
http://lattes.cnpq.br/1987912722418223. E-mail: mferst@uea.edu.br.

288
população mundial necessitou se adaptar e fechar fronteiras de seus países a fim de
restringir a capacidade de transmissão do vírus.
No Brasil, de acordo com dados estatísticos do Instituto Brasileiro de Geografia
e Estatística – IBGE, o turismo corresponde a 3,17% do PIB anual, chegando a R$
270,8 bilhões somente em 2019. Com a paralisação da atividade e a geração de
receita quase nula pelo setor em 2020, os cálculos realizados pela Fundação Getúlio
Vargas no projeto EBAPE preveem que “perdas econômicas, em comparação ao PIB
do setor em 2019, totalizarão R$ 116,7 bilhões no biênio 2020-2021, o que representa
perda de 21,5% na produção total do período” (BARBOSA et al., 2020a). Ainda
segundo o IBGE, a participação relativa do transporte aéreo no turismo brasileiro
corresponde a 4,78%.
De fato, a aviação pode ser descrita como o coração da atividade turística
(BARBOSA et al., 2020) e, por isso, analisar quantitativamente o comportamento da
categoria no período pandêmico em relação aos anos que precedem a pandemia,
poderá de modo claro e objetivo revelar o impacto gerado na oferta de rotas aéreas e
quantidade de passageiros que utilizaram o serviço antes e durante a pandemia.
O estado do Amazonas, maior em território do país e que concentra grande
parte da Amazônia Legal é um destino turístico nacional que atrai milhares de pessoas
todos os anos. De acordo com dados disponibilizados pelo Anuário Estatístico de
Turismo 2020, somente em 2019 o estado recebeu 29.303 turistas estrangeiros, sendo
20.343 por via aérea, o que reforça a relevância do modal para a atividade turística no
estado, e surge a problemática deste estudo: Qual o impacto causado pela pandemia
nos voos no Estado do Amazonas?
Para responder ao problema de pesquisa o objetivo geral deste estudo é
analisar o impacto causado pelo Sars-coV-2 na aviação civil amazonense, tendo como
objetivos específicos i) quantificar o fluxo de passageiros pagos e gratuitos antes e pós
pandemia; ii) investigar o impacto da pandemia na malha aérea brasileira.
É importante destacar que as autoras realizaram um levantamento bibliográfico
na plataforma de Periódicos da Capes, com busca pelo assunto “aviação civil” e
289
publicações entre 2020 e 2021, 85 artigos completos foram encontrados e entre esses
somente 6 fazem referência ao evento pandêmico e sua influência na atividade aérea,
poucas pesquisas tendo em vista a importância do setor, motivo pelo qual se traz esta
proposta de investigação. Este trabalho traz como contribuição uma análise
quantitativa sobre os impactos da pandemia na malha aérea amazonense e poderá ser
utilizado por analistas e empresários da área do turismo para encontrar soluções de
retomada da atividade turística no amazonas.
De acordo com os dados de Anuários Estatísticos de Turismo do Ministério do
Turismo foi possível realizar um cálculo de tendência aplicado ao número de turistas
dos principais países emissores. Para a realização dessa análise, buscou-se os países
com maior número de turistas no Amazonas entre 2009 e 2019 e aplicando a função
de tendência nos números encontrados nos anuários, foi possível encontrar o
resultado abaixo.

Quadro 1 – Chegadas de turistas estrangeiros no Amazonas

Fonte: Anac, 2021

290
De acordo com a tabela apenas a Bolívia apresentou um valor negativo
referente ao número de turistas em 2020. Em contraposição e apresentando
resultados positivos, Estados Unidos da América e Colômbia foram os países com
maiores números de tendência. Importante enfatizar que nesse estudo não se
considerou os números da Venezuela, devido ao massivo movimento migratório nos
últimos anos que tem inflacionado esses dados.
A Agencia Nacional de Aviação Civil – ANAC também disponibiliza dados
referentes à quantidade de passageiros em todos os aeroportos brasileiros. Nos dados
abertos do acesso à informação da ANAC, é possível encontrar um documento
intitulado Voos e operações aéreas - Dados Estatísticos do Transporte Aéreo, que
apresenta dados de voos internacionais e domésticos no Brasil, desde voos
comerciais a voos de cargas. A análise realizada para esse trabalho resume-se aos
voos realizados em Manaus entre 2018 e 2021, possibilitando uma visualização ampla
do impacto causado pela pandemia na atividade aérea do Amazonas, excluindo-se
voos relativos ao transporte de cargas.

Gráfico 1 – Chegadas de passageiros internacionais em Manaus

Fonte: Anac, 2021

291
O gráfico 1 é concernente ao número de chegadas de passageiros
internacionais em Manaus e mostra o efeito da pandemia e o fechamento das
fronteiras, indo de 7058 no mês de janeiro de 2019 para 322 passageiros no mês de
janeiro de 2021, e em 2020 apenas um passageiro entre os meses de abril e
novembro, um impacto bastante expressivo tendo em vista que, de acordo com o
gráfico, o mês de julho é o que possuía maior fluxo de passageiros dessa natureza.
Quanto ao gráfico 2 que traz dados dos passageiros de natureza de voo
doméstica, a atividade aérea foi mais afetada em abril de 2020, mês em que os
primeiros casos de Covi-19 já haviam sido declarados. Assim também se deu com o
início de 2021, números em baixa até o mês de abril, mas com grande aumento até o
mês de julho, alta estação do turismo amazonense devido à baixa dos rios que
costumam ocorrer nesse período.
De acordo com especialistas do setor turístico no encontro remoto do quarto
do ciclo de debates promovido pela Comissão de Desenvolvimento Regional e
Turismo do Senado (CDR) “a retomada do turismo ocorrerá somente após a vacinação
massiva da população” (Agência Senado, 2021). Portanto, o aumento do número de
passageiros internacionais e domésticos ainda durante a pandemia provavelmente se
dá em decorrência da vacinação intensiva que ocorre no país nesse segundo
semestre de 2021, o que transmite ao passageiro maior confiança em relação à menor
transmissão do vírus e sua letalidade.
Para completa recuperação do fluxo de passageiros e, consequentemente, de
turistas, é necessário que mais pesquisas abordando o tema sejam realizadas e que
as informações cheguem aos gestores responsáveis pelo transporte aéreo.

REFERÊNCIAS
AGÊNCIA SENADO. Retomada do turismo depende da vacinação, destacam
representantes do setor. Disponível
em:<https://www12.senado.leg.br/noticias/materias/2021/05/31/retomada-do-turismo-
depende-da-vacinacao-destacam-representantes-do-setor>. Acesso em: 31 out. 2021.

292
ANAC (Agência Nacional de Aviação Civil). 2021. Voos e operações aéreas - Dados
Estatísticos do Transporte Aéreo (2018-2021). Disponível em:
<https://www.anac.gov.br/acesso-a-informacao/dados-abertos/areas-de-atuacao/voos-
e-operacoes-aereas/dados-estatisticos-do-transporte-aereo>. Acesso: em 28 out.
2021.

BARBOSA, L. G. et al. Impacto Econômico do Covid-19 Propostas para o Turismo


Brasileiro. p. 1–24, 2020a.

BARBOSA, L. G. et al. Impactos Econômicos da COVID-19 Propostas para o Turismo.


v. 2 ed, p. 1–25, 2020b.

BRASIL. Ministério do Turismo (2019). Anuário Estatístico de Turismo - 2019. 46,


ano base 2018. Brasília: Ministério do Turismo.

DA CRUZ, R. DE C. A. O evento da Covid-19 e seus impactos sobre o setor turismo:


em busca de uma análise multi e trans-escalar. Revista Acadêmica Observatório De
Inovação Do Turismo, v. 14, n. 4, p. 1–15, 2020.

293
As Multifaces do Turismo de Lazer durante a pandemia em
São Luís - Maranhão
Yago Breno Dias Costa 1
Chirlene Pessoa Sousa 2
Levy Felix Ribeiro 3

Resumo: Conhecida como Ilha de São Luís, a capital do Estado compõe o


conglomerado urbano composto por: São José de Ribamar, Paço do Lumiar e Raposa.
Este território da Ilha de São Luís é um importante cenário que serve de palco para os
diversos equipamentos que permitem pensar propostas para o turismo e para o lazer.
De tal modo, a pesquisa objetivou-se a compreender quais estratégias a Secretaria de
Turismo Municipal de São Luís utilizou para alavancar o turismo de lazer na cidade
durante a pandemia. A pesquisa fez levantamento dos dados entre 2020 e 2021
disponibilizados pelo Grupo de Pesquisa Turismo, Cidades e Patrimônio - (GPTCP).
Metodologicamente o trabalho trata-se de uma pesquisa de cunho descritivo,
exploratória, com abordagem quantitativa. Portanto, constatou-se que nos meses de
junho, julho e agosto existiu um percentual de quase 50% de turistas vindo das
Regiões Sul e Sudeste concatenados a São Luís, e suas multifaces que o turismo se
propõe a partir de cada cenário durante a pandemia.
Palavras-chave: Turismo de Lazer, Turista, Planejamento, Pandemia, São Luís – MA.

INTRODUÇÃO
Em 1974 o centro histórico de São Luís, capital do Maranhão foi tombada pelo
Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional - IPHAN, e sua importância dentro
do cenário brasileiro representou um período marcado por processos sociais. Em
decorrência deste processo a cidade tem utilizado destes aspectos como proposta
para o desenvolvimento promocional do turismo.
Segundo Souza (2012), o fato da cidade de ter sido palco de grandes fatos
históricos no período colonial do Brasil, proporcionou e marcou um legado de

1
Graduando em Turismo; Universidade Federal do Maranhão; São Luís - MA; E-mail:
yago.dias@discente.ufma.br.
2
Graduada Licenciatura em Geografia; Universidade Estadual do Maranhão; São Luís – Maranhão;
Lattes; http://lattes.cnpq.br/6235583803574290; E-mail: pchirlene@gmail.com.
3
Doutorando no Programa de Pós-graduação em Antropologia Social - DAN/UnB; Universidade de
Brasília - Brasília; Lattes: http://lattes.cnpq.br/9990768319444522; E-mail: levyfelixtur@gmail.com.

294
importantes construções de casarões, sobrados revestidos de azulejos que formam o
conjunto arquitetônico do centro histórico. Conhecida como Ilha de São Luís, a capital
do Maranhão tem sido um importante cenário para os diversos equipamentos que
permitem pensar propostas para o turismo e para o lazer, em especial nesse momento
tão atípico em nossas vidas impactadas pela pandemia da Covid-19.
Reunindo atrativos como o segmento de sol e mar, cultural e religioso, a
cidade ainda se encontra cercada por oito praias que se estendem por 30 km de orla
marítima. Estas características são fatores que tornam o território da ilha de São Luís
uma das principais cidades visitadas da Região Nordeste. Neste contexto, ao
debruçarmos sobre o trabalho de Beni (1998) Sistema de Turismo - SISTUR Estudo do
Turismo face à Moderna Teoria de Sistemas, percebe-se que a cidade de São Luís,
reúne todos os sistemas da atividade turística. Para o autor, essa atividade turística
resulta do somatório de recursos naturais do meio ambiente, culturais, sociais e
econômicos e, assim, o campo de seu estudo é abrangente, complexo e multicausal”
(BENI, 1998, p. 16).

OBJETIVO
O objetivo do trabalho é compreender quais estratégias a Secretaria de
Turismo Municipal de São Luís - SETUR/SLZ utilizou para alavancar o turismo de lazer
na cidade de São Luís durante a pandemia.

METODOLOGIA
A natureza que permeia esse trabalho é inferir uma compreensão sobre quais
estratégias a Secretaria de Turismo Municipal de São Luís – SETUR/SLZ utilizou para
alavancar o turismo de lazer na cidade de São Luís durante a pandemia da Covid-19.
A pesquisa se sustentou inicialmente em referenciais bibliográficos, na percepção
analítica do turismo nas obras de Mário Carlos Beni (1999) e ao tomar como estudo
sobre o segmento de lazer utilizamos autores como: Jost Krippendorf (1989), Luiz
Camargo (2006) e entre outros trabalhos que norteará nossa compreensão.
295
O trabalho trata-se de uma pesquisa com abordagem descritiva, conforme Gil
(2008, p. 28) “As pesquisas deste tipo têm como objetivo primordial a descrição das
características de determinada população ou fenômeno ou o estabelecimento de
relações entre variáveis”. Dessa forma, com base no levantamento de indicadores
turísticos do estado do Maranhão disponibilizados em boletins mensais entre os anos
de 2020 e 2021 pelas Secretaria de Estado de Turismo do Maranhão (SETUR/MA),
Secretaria Municipal de Turismo de São Luís (SETUR/SLZ) e pelo Grupo de Pesquisa
Turismo, Cidades e Patrimônio - (GPTCP) 1.
Segundo a proposta de Krippendorf (1989, p.36), “o lazer e, sobretudo, as
viagens pintam manchas coloridas na tela cinzenta da nossa existência. Elas devem
reconstruir, recriar o homem, curar e sustentar o corpo e a alma, [...] e trazer sentido à
vida” assim, a busca pela necessidade do prazer, é de fato algo inusitado e, de suma
importância para alimentar expectativas de estar nestes locais e territórios a serem
visitados.
O turismo não se resume apenas em viagens, para Krippendorf, o fenômeno
turístico e seus impactos dentro da indústria turística, buscou evidenciar que, com o
surgimento do turismo de “massa” a análise deste turismo deveria ser crítica e a partir
das experiências turísticas. Na obra “Sociologia do Turismo” sua análise nos permitiu
uma breve síntese para compreender através de seus postulados.
O autor, a partir de seu estudo, criticou ferrenhamente o turismo como um
fenômeno de consumo massivo, e apresentou uma ordem sobre a relação desse
turismo de massa relacionando como mercadoria que era altamente explorada e
manipulada. Contanto, podemos trazer uma reflexão sobre como as chegadas e
partidas no aeroporto da capital maranhense, permitiu que durante a volta da
engrenagem das atividades turísticas alimentadas por busca de prazer de novos
1
O Grupo de Pesquisa “Turismo, Cidades & Patrimônio” foi criado em 2016 pelo professor Doutor Saulo
Ribeiro dos Santos, e aprovado pela assembleia do Departamento de Turismo e Hotelaria da
Universidade Federal do Maranhão, sendo este certificado pelo CNPq e disponível no Diretório dos
Grupos de Pesquisa do Brasi. Disponível em: https://sites.google.com/prod/ufma.br/gptcp/gptcp.
Acesso 23 de out. 2021.

296
lugares, constroem uma certa relação entre o turismo massivo e a busca destes
segmentos como por exemplo o turismo de lazer.

RESULTADOS
De acordo com (GPTCP), no Aeroporto Internacional Marechal Cunha
Machado localizado em São Luís, o fluxo de movimentação de passageiros nos anos
de 2020 e 2021 contabilizam o total de 1.375.186 mil chegadas e partidas. Nos dados
coletados entre os anos de 2020 e 2021 dispostos no Boletim Mensal evidenciou-se
que no início da pandemia entre os meses de janeiro a dezembro de 2020, o número
total de embarque e desembarque foi de 728.271 e em 2021 um total de 646.915.
Considerando que grande parte do ano de 2020 foi envolto pela diminuição do
deslocamento e da atividade turística como proposta pelo Ministério do Turismo –
(MTUR) e pelo Ministério da Saúde – (MS) que colocava como medida protetiva para
diminuição da proliferação da pandemia da Covid-19 o isolamento social, torna-se
compreensível o comportamento dos indivíduos que buscam cada vez mais, uma fuga
de sua rotina, através do turismo e do lazer.
Dessa forma, percebe-se que a cidade permitiu uma circulação de passageiros
das diversas regiões do país, evidencia-se as multifaces que o segmento turístico se
propõe a moldar-se a partir de cada cenário durante a pandemia. Em relação, um ao
outro, houve durante o primeiro ano um crescente de turistas/passageiros no Estado
do Maranhão, porém mesmo que estivéssemos em meio ao cenário desolador da
pandemia em todo país, a cidade de São Luís conseguiu um número bastante
acentuado no fluxo de passageiros.
Ao fazer o levantamento nos boletins de 2020 e 2021 foi possível constatar
que nos meses de junho, julho e agosto existiu um percentual de quase 50% de
turistas vindo das Regiões Sul e Sudeste concatenados a São Luís. Entretanto, existiu
uma mudança no perfil deste turista, se antes havia uma grande concentração de
visitantes advindas das Regiões Norte e Nordeste, neste momento as Regiões Sul e
Sudeste marcaram um percentual bastante expressivo.
297
Como consequência dessas idas e vindas, nos questionamos através do
nosso breve passeio sobre o conceito de lazer, o que motivou esses turistas? E, quais
são suas buscas neste cenário tão desafiador das saídas de suas casas, em meio às
inseguranças dos protocolos sanitários, na corrida de uma massificação do turismo?
Fica evidente que a busca está diretamente relacionada à necessidade do lazer.
Para Dumazedier (1994, apud Camargo, 1998, p. 34) o lazer “supõe um tempo
liberado do trabalho, típico da situação de quem dispõe de emprego e de leis que
protegem seu tempo livre diário, semanal, férias e aposentadoria”. Com base nesta
assertiva, e na medida que a pandemia avançava entre os Estados, a sociedade ainda
que insegura, se arriscava no turbilhão de sentir o novo, e da expectativa de conhecer
o inusitado.
Camargo (2006) ainda nos ensina sobre o que seria esse turismo ligado ao
lazer, para o autor pode existir um forte conteúdo de prazer ligado a sociabilidade que
muitas vezes são encontradas em reuniões de amigos, visita a parentes, e até mesmo
entre colegas de trabalho.

CONSIDERAÇÕES
Tendo em vista, o que foi apontado até este momento, este trabalho responde
ainda de maneira incipiente aos questionamentos e observou as ferramentas utilizadas
através dos planos e planejamento de ações implementadas pela SETUR/SLZ para
retomar as atividades turísticas. Dessa forma, destacam-se as estratégias de
conscientização e divulgação de protocolos de prevenção à Covid-19, segurança que
perpassaram por estágios do isolamento social e por conseguinte ao afastamento
social, possibilitando a volta de algumas atividades de maneira adequada e ancorada
também nas estratégias de incentivo para os consumidores se sentirem seguros ao
viajar e frequentar locais que cumpram os protocolos específicos para a prevenção da
Covid-19 segundo o Ministério do Turismo (2021).
Logo, as estratégias elaboradas pela SETUR/SLZ juntamente com trade da
cidade, somado ao acentuado desenvolvimento do marketing com postagens feitas em
298
mídia social pela Secretaria Municipal de Turismo de São Luís, destacando os pontos
turísticos que podem ser visitados, contribuíram para que nos primeiros meses de
2021, o perfil do órgão alcançasse até 500 mil contas do Instagram
(@prefeiturasaoluis). O que podemos compreender é que o conjunto de estratégias
utilizadas pelo órgão municipal do turismo da cidade, concorreram para crescente
movimentação de turistas na cidade no período analisado neste trabalho e que vieram
em busca do turismo e do lazer.

Referências
BENI, Mário Carlos. Sistema de Turismo -SISTUR Estudo do Turismo face à Moderna
Teoria de Sistemas. Disponível em:
https://www.revistas.usp.br/rta/article/view/63854/66610. Acesso em: set. de 2021.

CAMARGO, Luiz Octávio de Lima. LAZER: Concepções e significados. Cicere, Belo


Horizonte, v. 1, n. 1p.28-36,1998. Disponível em: https://periodicos.ufmg.br › article › download.
Acesso em: out. de 2021.

CAMARGO, Luiz Octávio de Lima. O que é lazer. Brasiliense, 2006.

GIL, A. C. Como elaborar projetos de pesquisa. 4. ed., São Paulo: 2Atlas, 2008

KRIPPENDORF, Jost. Sociologia do turismo: para uma nova compreensão do lazer e das
viagens. 1 ed. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 1989.

SECRETARIA DE TURISMO DO MARANHÃO – SETUR - Polo São Luís Disponível em:


https://www.turismo.ma.gov.br/roteiro-sao-luis/. Acesso em: 23 out. de 2021.

SOUZA, Alex Oliveira. Guardiões do Patrimônio: o processo de preservação das pessoas


em um sítio tombado de São Luís Aspectos Urbanos da Cidade de São Luís: uma abordagem
multidisciplinar. Org. SALGADO NETO, José Bello; PFLUER, Grete Soares. São Luís:
EDUEMA, 2012.

INSTITUTO DO PATRIMÔNIO HISTÓRICO E ARTÍSTICO NACIONAL - IPHAN - Disponível


em <http://portal.iphan.gov.br/pagina/detalhes/346/> Acesso em: out. de 2021.

299
Digital Hackathon de turismo? O Hackatour: a 17 passos de
transformar o mundo
1
Ítalo Carballo Garcia
2
Tamyrys de Melo Nóbrega
3
Cinthia Rolim de Albuquerque Meneguel

RESUMO: Hackathons são um fenômeno relativamente novo no cenário de eventos.


O IFSP - Câmpus Cubatão realizou em 2021 a primeira edição do Hackatour
(hackathon de turismo). Assim, em busca de compreender a percepção dos
participantes do evento realizou-se uma pesquisa exploratória, descritiva e de
avaliação de resultado, com abordagem quali-quantitativa. Com procedimentos
técnicos de pesquisa bibliográfica e aplicação de questionários. Entre os resultados
observou-se com êxito a satisfação dos participantes que valorizam e reconhecem
essa experiência como enriquecedora para a formação acadêmica, profissional e
pessoal, o potencial para impulsionar a inovação por meio dos projetos apresentados e
a eficácia dessa tipologia de evento em formato digital.

Palavras-chave: Hackathon, Turismo, Inovação, Políticas Públicas, Evento.

INTRODUÇÃO
A palavra Hackathon se trata da combinação das palavras em inglês hack
(programação exploratória e investigativa) e marathon (vários dias). Como tipologia de
evento, Hackathon, é um fenômeno relativamente novo no cenário acadêmico-
científico, tornou-se interdisciplinar e multifuncional, sendo realizado globalmente por
1
Graduando do Bacharelado em Turismo; Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia de São
Paulo - Câmpus Cubatão; Cubatão, São Paulo; Lattes: http://lattes.cnpq.br/8624698708465377; E-mail:
italo.garcia@aluno.ifsp.edu.br.
2
Graduanda do Bacharelado em Turismo; Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia de São
Paulo - Câmpus Cubatão; Cubatão, São Paulo; tamynobrega@hotmail.com.
3
Doutora em Turismo e Hotelaria; Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia de São Paulo –
Câmpus Cubatão; Cubatão, São Paulo; Lattes: http://lattes.cnpq.br/5949076259784225; E-mail:
cameneguel@gmail.com.

300
múltiplas organizações (NOLTE, CHOUNTA, HERBSLEB, 2020), tendo como força
motriz a inovação aberta - definida como a implementação de um novo produto ou um
serviço ou processo significativamente melhorado, um novo método de marketing ou
organizacional nas práticas de negócios.
Para os participantes, o hackathon oportuniza o desenvolvimento de
habilidades e competências, construir redes, ganhar prêmios, implementar suas
próprias ideias, obter visibilidade ou simplesmente se divertir (TRAINER, 2016).
Embora essa tipologia de evento seja emergente e atual, a literatura carece de
estudos sobre hackathons (TRAINER, 2016). Portanto, esse estudo tem como objetivo
compreender a percepção dos participantes envolvidos com o hackatour, com a
finalidade de identificar contribuições de melhoria para as próximas edições e
efetividade das ações propostas pelo evento.

HACKATOUR: A 17 PASSOS DE TRANSFORMAR O MUNDO

O Hackatour foi um evento de popularização da ciência, tecnologia e inovação


que integrou a Semana de Turismo 2021 do Instituto Federal de Educação, Ciência e
Tecnologia de São Paulo - câmpus Cubatão. Este ano teve como tema os 17 Objetivos
do Desenvolvimento Sustentável para Agenda 2030 e o apoio da Organização Mundial
do Turismo (OMT) por meio de sua plataforma de co-criação www.tourism4sdgs.org. O
evento teve como objetivo apoiar o desenvolvimento de ideias e a criação de projetos
propondo soluções inovadoras e criativas para problemáticas/desafios reais
(HAPPONEN, MINSHAKIN, 2018), selecionados através da parceria realizada com as
secretarias de turismo da Prefeitura Municipal de São Vicente e da Prefeitura
Municipal de Santos.
O evento apresentou como pilares para as resoluções dos problemas:
Experiência: apresentar oportunidades e novos formatos para melhorar e incentivar o
turismo e melhorar a experiência; Digital: ajudar no processo de inclusão e
transformação digital de pequenas empresas, fornecedores e integralização do setor;
Comunidade: desenvolver práticas e mecanismos de cooperação e/ou co-criação,
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junto com oportunidades para fortalecer a comunidade (social, cultural, econômico e
sustentável) e o ambiente de negócios em prol do turismo.
Os Hackathons, em geral, ocorrem com 48 horas de duração (TRAINER,
2016), dessa forma o Hackatour ocorreu nos dias 1, 2 e 3 de outubro de 2021,
totalizando 26 horas, em formato online. A programação do Hackatour foi composta
pelas oficinas formativas: inovação, desenvolvimento de projetos, marketing e gestão
de custos e pitch. A entrega dos projetos ocorreu por meio de um dossiê e uma
apresentação de pitch ao vivo de até 3 minutos. Em todas as etapas do Hackatour a
equipe organizadora se comunicou com os participantes através da plataforma Discord
(o acesso pode ser feito por navegador, aplicativo para desktop ou aplicativo para
celular) e da Streamyard.

METODOLOGIA

Este estudo se caracteriza como pesquisa exploratória e descritiva, com


abordagem quali-quantitativa. Além de pesquisa de avaliação de resultado, que é uma
estratégia de investigação empírica que investiga fenômenos dentro do seu contexto
real, objetivando recomendações ou indícios para melhoramentos e aperfeiçoamentos
(MARTINS, THEÓPHILO, 2009). Para compreender as dimensões de um evento de
Hackathon ou Hackatour, quanto ao procedimento metodológico, realizou-se
pesquisas bibliográficas, estudo de eventos similares anteriores e procedimentos de
observação. Com o objetivo de identificar as percepções e avaliações dos
participantes do Hackatour, optou-se como instrumento de coleta de dados os
questionários (quadro 1) que foram aplicados via Google Forms, por meio de conjunto
ordenado e consistente de perguntas (CRESWELL; CLARK, 2013) entre o período de
04/10/2021 à 10/10/2021.

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Quadro 1 – Amostra e característica dos questionários.
AMOSTRA QUESTÃO FECHADA QUESTÃO % RESPONDENTES
INTENCIONAL (DICOTÔMICAS/
ABERTA RESPONDENTES
MÚLTIPLA ESCOLHA)
Participantes 12 1 21 56,75%
Mentores 6 1 4 50%
Jurados 8 1 3 50%
Fonte: autores (2021).

Para análise dos dados utilizou-se os gráficos gerados pela própria plataforma
Google Forms, e análise qualitativa por meio de uma síntese interpretativa das
respostas das questões abertas.

DISCUSSÃO

O Hackatour 2021 permitiu a inscrição individual e em grupo, contanto que os


grupos previamente formados tivessem entre quatro e seis integrantes. Foram 75
participantes inscritos, onde 46 destes já se inscreveram com grupos formados
(61,3%), totalizando 10 equipes; e 29 inscrições individuais (38,6%), totalizando mais 5
equipes. Ao longo da maratona, 26 participantes desistiram (34,6%); 16 deles se
inscreveram individualmente (21,3%), e 11 se inscreveram em grupo (14,6%).
Quanto ao perfil dos inscritos, 21,6% são alunos do ensino médio e 78,4% não
são alunos do ensino médio. Desse montante, 86,5% são alunos do IFSP - Câmpus
Cubatão e 13,5% de outras instituições ou com graduação concluída.
Quando perguntados sobre o cronograma do evento, 90,5% o considerou
adequado e houveram sugestões para que o evento ocorresse por três dias. Dito isso,
42,9% dos respondentes disseram ter conseguido participar da maioria das oficinas,
33,3% participaram de todas e 23,8% de poucas. Em geral, os participantes
valorizaram e reconheceram o auxílio das oficinas e mentorias para o desenvolvimento
pleno do projeto (quadro 2).

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Quadro 2 – Avaliação das oficinas e mentorias.
Quesito Auxiliaram totalmente Auxiliaram parcialmente Não auxiliaram
Oficina 66,7% 28,6% 4,8%
Mentoria 57,1% 38,1% 4,8%
Fonte: Autores, 2021.

Todos os participantes analisaram as problemáticas propostas como


adequadas, e quando questionados sobre suas expectativas, 85,7% disseram que o
evento atendeu totalmente e 14,3% parcialmente. Ademais, quanto ao interesse em
participações futuras em eventos similares, 57,1% mencionaram sim e 42,9% talvez.
Dentre os comentários, destaca-se que os participantes entenderam que
realizar a apresentação de seus projetos, em formato de pitch de três minutos,
também foi muito desafiador, especialmente por se tratar de um evento online, sujeito
à advindos externos como nível de conexão de internet e funcionamento do
compartilhamento de tela, o que se torna mais difícil quando o apresentador utiliza
como meio de acesso um aparelho celular.
Também se tem as respostas sobre a facilidade ou não de acesso e interação
com as plataformas utilizadas, 81% considerou a plataforma Discord de fácil acesso e
interação e 76,2% avaliou da mesma maneira a Streamyard. Efetivando ambas as
plataformas como excelentes recursos para hackathons digitais.
A coleta de dados da percepção dos mentores e jurados está em defasagem
(tabela 01), mas de maneira geral, sobre a comunicação durante o evento, a maioria
respondeu “excelente” e alguns “boa”. Todos afirmaram que a comissão ofereceu
suporte quando necessário, além de considerarem que o evento cumpriu com suas
expectativas, com cronograma adequado e ainda se disponibilizaram para participar
de eventos futuros. Sobre o método de registro de avaliação dos projetos através do
Google Forms, a maioria dos jurados qualificou como boa, e alguns como excelente.
Alguns comentários e sugestões foram apresentados por esses profissionais, como
dispor de maior tempo para avaliação dos projetos e feedback dos participantes sobre

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o desempenho dos mentores, assim como algum reconhecimento. Vale ressaltar que
todos receberam certificado de participação.

CONSIDERAÇÕES

O Hackatour impulsionou a reflexão sobre inovação, criando um caminho para


que projetos se transformem em resultados de impacto com um novo olhar para
perspectivas e novas iniciativas de políticas públicas turísticas. Observou-se a
possibilidade de interconexão entre os diferentes projetos. O evento propiciou o
desenvolvimento de habilidades dos participantes, além de aproximar as pessoas
nesse momento de ensino remoto emergencial no IFSP – Câmpus Cubatão.
Evidencia-se que a acessibilidade do Hackatour online, é um fenômeno que
vale a pena ser melhor compreendido, visto que, no que diz respeito à localização,
tempo, tecnologia, requisitos de qualificação, bem como sua escalabilidade e custos
relativamente baixos, permite muitos campos de aplicação.

REFERÊNCIAS
CRESWELL, J. W.; CLARK, V. L. P. Pesquisa de métodos mistos. 2 ed. Porto
Alegre: Penso, 2013.

HAPPONEN, A.; MINASHKINA, D. Ideas and experiences from university industry


collaboration: Hackathons, code camps and citizen participation. Lut Scientific and
expertise publications report, 2018, pp. 1-21. Doi:10.13140/rg.2.2.29690.44480.

MARTINS, G. de A.; THEÓPHILO, C. R. Metodologia da investigação científica


para ciências sociais aplicadas. 2 ed. São Paulo: Atlas, 2009.

NOLTE, A.; CHOUNTA, I.-A.;HERBSLEB, J. D. What Happens to All These Hackathon


Projects? Proceedings of the ACM on Human-Computer Interaction, 4(CSCW2),
2020, pp.1–26. https://doi.org/10.1145/3415216.

TRAINER, E. H., KALYANASUNDARAM, A., CHAIHIRUNKARN, C., HERBSLEB, J. D.


How to Hackathon: Socio-technical Tradeoffs in Brief, Intensive Collocation.
Proceedings of the 19th ACM Conference on Computer-Supported Cooperative
Work & Social Computing, 2016, pp. 1116–1128. ACM Press.
https://doi.org/10.1145/2818048.2819946.
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