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Caxias do Sul
2021
FICHA TÉCNICA
Coordenação Geral:
Doutoranda Camila Carvalho de Melo
Mestranda Patrícia Carvalheiro Pereira
Comissão Científica
Doutoranda Rosalina L. Cassol
Doutorando Renan Lima da Silva
Mestranda Simone Maria Sandi
Doutoranda Franciele Berti
Mestranda Gabriela Francisca Martins De Lima
Doutoranda Vera Steiner
Comissão de Secretaria
Mestranda Simone Maria Sandi
Mestrando João Pedro Zanella Bortolotto
Comissão de Comunicação
Mestrando Rudinei Picinini
Mestrando Álan Pissaia
Mestrando Carlos Eduardo Haas Hammes
RC 1 - Hospitalidade e Acolhimento 6
O acolhimento via arte: primeiros olhares sobre a relação curador e artista 6
Hospitalidade e Luto na Pandemia da COVID-19: Uma Análise de Serviços Funerários em São Luís –
Maranhão – Brasil 8
RC 2 - Turismo, Cultura e Lazer 10
Lazer, cultura lúdica e Turismo: Diálogos entre os Estudantes do Curso de Turismo da UFMA,
campus São Bernardo e a comunidade local. 10
O Artesanato no Vale Germânico 16
Gênero e trabalho no setor de turismo: um estudo pautado no município de Niterói-RJ 18
Gastronomia e Turismo: Análise das publicações na Revista Rosa dos Ventos – Turismo e
Hospitalidade 24
Experiências das mulheres em relação à plataforma digital BlaBlaCar: medos, violências,
inseguranças e estratégias 31
A Relação entre Cultura e Alimentação Enquanto Recurso Turístico no Rio Grande do Sul: Uma
Revisão Integrativa 38
RC 3: Gestão e Sustentabilidade no Turismo 44
Reconhecer a cadeia de enoturismo na Rota Termas e Longevidade 44
Projeto “Coisa Boa” no Vale Germânico 50
Criação de indicadores para planejamento e gestão de destinos turísticos inteligentes: Análise de
conteúdo gerado pelos usuários da plataforma TripAdvisor, em Niterói – Rio de Janeiro 52
Distribuição Espacial e Características dos Produtos das Agências de Turismo Receptivo da Cidade
de São Paulo, Brasil 58
RC 4: Turismo, Meio Ambiente e Gestão Ambiental 71
Turismo das Águas em Timon no Maranhão 71
TURISMO EM ESPAÇOS RURAIS: roteiro turístico em engenhos de produção de cachaça no interior
do Maranhão 73
Impactos socioambientais do turismo de pesca esportiva sob o olhar indígena Wai Wai em Roraima,
Brasil 79
Experiências afetivas – um estudo sobre os alojamentos de floresta e o turismo de base comunitária
85
O Especismo presente nas Políticas Públicas de Turismo: Reflexões acerca do Projeto de Lei N.
135/21/RR 91
RC 5: Epistemologia e Ensino em Turismo 97
Hospitalidade/Acolhimento e Educação: Aproximações 97
Influência do Instituto Federal Catarinense na dinâmica socioeconômica do município de Sombrio
(SC) por meio dos 10 anos de atuação do Curso de Gestão de Turismo 101
ESTÁGIO EXTRACURRICULAR DOS DISCENTES DO CURSO SUPERIOR EM GESTÃO DE
TURISMO DO IFMA - CAMPUS ALCÂNTARA: uma análise sobre as contribuições e desafios para a
sua formação acadêmica e profissional 108
A CONTRIBUIÇÃO DA UNIVERSIDADE PARA O PLANEJAMENTO TURÍSTICO A PARTIR DA
ELABORAÇÃO DO PLANO MUNICIPAL DE TURISMO DE PAULINO NEVES-MA 114
O programa social Identidade Jovem como um aliado na formação discente em Turismo e Hotelaria?
Uma análise de alunos de uma universidade federal no Brasil 120
Habilidades e competências necessárias para atuar no mercado de Turismo e Tecnologia em
Curitiba/PR 122
RC 6: Processos Históricos em Turismo e Hospitalidade 129
O afroturismo como uma ferramenta de valorização de memórias e trajetórias negras: uma breve
análise da Caminhada São Paulo Negra. 129
Educação Patrimonial: uma abordagem teórica e prática, nos educandos da E.E.E Médio Cilon Rosa,
no município de Santa Maria - RS. 135
O Museu Virtual de Turismo no Brasil e a preservação da memória: registrando trajetórias e vivências
141
Migrações em Caxias do Sul: uma cidade com história de migrações 147
Migrante e família haitiana: um reencontro possível? 153
Roda de Conversa 7: Gestão e Hotelaria 158
SISTEMA DE REVIEWS: A importância dos sites de avaliações on-lines na tomada de decisão dos
consumidores da Hotelaria 158
A utilização de anúncios como meio de divulgação da hotelaria pelotense: Almanach de Pelotas e
Almanack Laemmert 164
Hotel Brasil: a trajetória de um hotel na virada do século XIX para o XX 170
A hospitalidade na saúde: Uma breve análise dos serviços da Casa de Parto David Capistrano Filho
– RJ 176
Meios de Hospedagem: A Relevância das Classificações no TripAdvisor na Visão dos Gestores
Hoteleiros 178
RC 8: Evento 184
Universo Geek Museu: Cultura Pop e Turismo de Eventos na cidade de Manaus. 184
Os impactos do evento Mobiliza SLZ para o turismo na cidade de São Luís, Maranhão 190
Instagram como meio de divulgação do Projeto de Extensão de Eventos - EVENTUR 196
O Laboratório de Turismo (Labotur) e a Semana de Turismo 2021: Retomada, TICs e Novos Desafios
202
A fé como motivação turística nas festividades religiosas dos municípios de Borba/AM e Parintins/AM
208
We will rock you? Estudo de um caso de escravidão contemporânea no Rock in Rio 201 214
Roda de Conversa 9: Comunicação e Subjetividade no Turismo 221
Oferta turística: um estudo sobre como evitar as propagandas enganosas na atividade turística. 221
A BUSCA DE UM SONHO:A Influência dos Animes e Mangás como Motivação Turística para o Japão
226
Atratividade e promoção de destinos enoturísticos por meio de websites de Regiões Enoturísticas 228
Grand Tour e Grand Tourist: corpo, sexuação e histeria. 234
Uma Análise do Fenômeno Turístico em Relação a Loucura: Um breve histórico de como a loucura
era tratada na Idade Média e na Moderna em comparação com os dias atuais e sua memória nos
museus brasileiros 239
Inovação Turística: A Comunicação Da Espanha Através Do Tiktok 245
O Design Centrado no Humano para o turismo 252
Turismo: Micropolítica ativa e reativa 257
Influência do audiovisual nos turistas brasileiros: o papel dos doramas 263
Roda de Conversa 10: Temas Emergentes 270
Turismo Virtual em Museus: A Questão de Visitas Online 270
As inovações tecnológicas em hotéis no contexto pandêmico da Covid-19: um estudo das redes
hoteleiras na cidade do Rio de Janeiro 276
SEPULTOUR: Desenvolvendo o turismo virtual no Cemitério das Irmandades de Jaguarão/RS/Brasil
282
Covid-19 e a aviação civil amazonense 288
As Multifaces do Turismo de Lazer durante a pandemia em São Luís - Maranhão 294
Digital Hackathon de turismo? O Hackatour: a 17 passos de transformar o mundo 300
RC 1 - Hospitalidade e Acolhimento
1
João Paulo Rates Rippel (PIBIC CNPQ)
2
Profa. Dra. Marcia M. Cappellano dos Santos
3
Profa. Dra. Luciane Todeschini Ferreira
REFERÊNCIAS
1
Graduando no curso de bacharelado em artes visuais e bolsista de iniciação científica (CNPQ);
Universidade de Caxias do Sul; Caxias do Sul, Rio Grande do Sul, Brasil. Lattes:
http://lattes.cnpq.br/9597827804670673; E-mail: jprrippel@ucs.br.
2
Doutora. Professora, Coordenadora e Pesquisadora no Programa de Pós-Graduação em Turismo e
Hospitalidade; Universidade de Caxias do Sul; Caxias do Sul, Rio Grande do Sul, Brasil. Lattes:
http://lattes.cnpq.br/4918303295310860; E-mail: mcsantos@ucs.br
3
Doutora. Professora e Pesquisadora no Programa de Pós-Graduação em Turismo e Hospitalidade;
Universidade de Caxias do Sul; Caxias do Sul, Rio Grande do Sul, Brasil. Lattes:
http://lattes.cnpq.br/1830986077334296; E-mail: ltferrei@ucs.br
6
BAPTISTA, Isabel. Lugares de hospitalidade. In: Dias, Celia Maria de Moraes (org.).
Hospitalidade: Reflexões e Perspectivas. Barueri: Manole, 2002.
OBRIST, Hans Ulrich. Uma breve história da curadoria. Tradução de Ana Resende.
São Paulo: BEI Comunicação, 2010.
PERAZZOLO, Olga Araújo; SANTOS, Marcia Maria Cappellano dos; PEREIRA, Siloe.
Hospitalidade numa perspectiva coletiva: o corpo coletivo acolhedor. Revista
brasileira de pesquisa em turismo, São Paulo, v. 6, n. 1, jan.-abr., 2012, p. 3-15.
Disponível em: <http://www.rbtur.org.br/ojs/index.php/rbtur/article/view/484/503>.
Acesso em: 23 ago. 2012.
PERAZZOLO, Olga Araújo; SANTOS, Marcia Maria Cappellano dos; PEREIRA, Siloe.
Dimensión relacional de laacogida. Estudios y perspectivas em turismo, Buenos
Aires, v. 22, n. 1, jan., 2013, p. 138-153. Disponível em:
<http://www.estudiosenturismo.com.ar/PDF/V22/N01/v22n1a08.doc.pdf >. Acesso em:
22 fev. 2013.
7
Hospitalidade e Luto na Pandemia da COVID-19: Uma
Análise de Serviços Funerários em São Luís – Maranhão –
Brasil
Jully Aparecida Campelo Fonseca 1
Ruan Tavares Ribeiro 2
Kláutenys Dellene Guedes Cutrim 3
Resumo: O presente estudo analisa de que forma a hospitalidade se faz presente na
prestação de serviços funerários/cemitérios. Assim, buscou-se: a)identificar os
serviços oferecidos pelo setor funerário; b) analisar o entendimento dos gestores
sobre hospitalidade; c) analisar as relações entre empresa e clientes no setor
funerário sob a perspectiva da hospitalidade; e, por fim, d) identificar possíveis
mudanças na prestação dos serviços funerários com o advento da pandemia da
COVID-19 e ações de hospitalidade diante deste cenário adverso. Para isso, delineou-
se um estudo de caso por meio de entrevista com uma empresa de serviços funerários
em São Luís, Maranhão. Os dados foram coletados a partir de uma categorização a
priori e analisados por meio da técnica análise de conteúdo. Os resultados apontam
que as ações de hospitalidade nos serviços funerários são necessárias e respeitam o
momento de luto de familiares e amigos com a adoção de novos protocolos sanitários
e de distanciamento social, em razão desse momento pandêmico. Em síntese, a
empresa busca proporcionar conforto, segurança e bem estar aos clientes conforme
as mudanças ocasionadas pela pandemia.
REFERÊNCIAS
ALENCAR, S. C. S.; LACERDA, M. R.; CENTA, M. de L. Finitude humana e
enfermagem: reflexões sobre o (des)cuidado integral e humanizado ao paciente e
seus familiares durante o processo de morrer. Família, Saúde e Desenvolvimento,
Paraná, v. 7, n. 2, 2005.
9
RC 2 - Turismo, Cultura e Lazer
INTRODUÇÃO
1
Graduando em Turismo pela Universidade Federal do Maranhão (UFMA), campus São Bernardo; São
Bernardo, Maranhão; (d) link para currículo Lattes: http://lattes.cnpq.br/6619276590165403; E-mail:
jose.messias@discente.ufma.br
2
Mestra em Cultura e Turismo (UESC) e Bacharel em Turismo (UFMA); Universidade Federal do
Maranhão (UFMA), campus São Bernardo; São Bernardo, Maranhão; Lattes:
http://lattes.cnpq.br/4022781142042263; E-mail:karolinydiniz@gmail.com
10
perspectiva, dar visibilidade aos jogos e brincadeiras como elementos do patrimônio
cultural consiste em valorizar o lugar, as pessoas e os seus saberes, fortalecendo a
sua identidade, além de avançar nas teorizações acerca do tema a partir dos diálogos
que são estabelecidos com as comunidades.
Diante do exposto, o presente trabalho possui como objetivo apresentar um
relato sobre as experiências no campo da cultura lúdica desenvolvidas por um grupo
de alunos do curso de turismo, campus São Bernardo, da Universidade Federal do
Maranhão (UFMA) junto à comunidade.Os objetivos específicos direcionaram-se para:
i) estabelecer as relações entre lazer, turismo e patrimônio cultural e ii) identificar os
benefícios da ação extensionista para os participantes e estudantes envolvidos.
Os caminhos metodológicos da pesquisa giraram em torno de dois momentos
interdependentes: o primeiro consistiu na pesquisa exploratória de cunho bibliográfico
e a pesquisa de campo. Inicialmente, buscou-se o levantamento bibliográfico acerca
dos temas lazer, turismo, patrimônio cultural.No segundo momento, realizou-se a
pesquisa de campo com o uso da técnica de observação participante e
acompanhamento das atividades desenvolvidas. As informações coletadas foram
sistematizadas e discutidas à luz do referencial teórico adotado pela pesquisa
(GHEDIN e FRANCO, 2011).
Parte-se do pressuposto de que a articulação teórico-prática deve ser
pensada a fim de se concretizar a educação pelo e para o lazer com vistas à sua
democratização, a inclusão social e a promoção do lugar como espaço de fruição de
atividades relacionadas ao ócio, recreação e turismo.
RESULTADOS E DISCUSSÕES
12
Figura 1 – Estudantes e público alvo das ações de lazer
CONSIDERAÇÕES FINAIS
A relações e tensões entre lazer e cidade apontam para a importância de
iniciativas públicas e/ou privadas que promovam a cidade como local de moradia,
trabalho e também como espaço de fruição do lazer. Entende-se que a articulação
entre cultura lúdica e a atividade turística torna-se promissora ao permitir a
mobilização dos diferentes saberes no exercício crítico da cidade pelos moradores na
perspectiva da cidadania e da inclusão social.
13
A ação extensionista desenvolvida pelos alunos do curso de turismo da
UFMA, campus São Bernardo, alcançou os seguintes resultados: a) sensibilização da
comunidade local sobre a importância dos jogos e brincadeiras como elementos
definidores do patrimônio imaterial; b) aproximação da UFMA com a comunidade; c)
reconhecimento das potencialidades entre turismo, lazer e educação; d)
desenvolvimento de habilidades práticas entre os acadêmicos do curso de turismo e
e) interesse dos estudantes em participar de projetos de ensino, pesquisa e extensão.
Assim, a articulação entre o turismo e o lazer ampliou a visão dos moradores
sobre o papel desempenhado pelo lazer no desenvolvimento comunitário, buscando a
valorização dos jogos, dos divertimentos populares e das brincadeiras tradicionais
como práticas culturais que significam a cidade de São Bernardo- MA e integram o
seu patrimônio local.
REFERÊNCIAS
CAILLOIS, R. Os jogos e os homens: a máscara e a vertigem. Lisboa: Cotovia; 1990.
HUIZINGA, J. Homo Ludens. São Paulo - SP: Editora Perspectiva S. A., 2000.
14
NEGRINE, A. A ludicidade como ciência. In: SANTOS, Santa Marli Pires dos. (Org.). A
ludicidade como ciência. São Paulo: Vozes, 2008, p. 35.
15
O Artesanato no Vale Germânico
1
Graduanda em Turismo; Bolsista de Iniciação Científica CNPq; Universidade Feevale; Novo Hamburgo; CV:
http://lattes.cnpq.br/4958943452459131; E-mail: vitoriaahm@gmail.com.
2
Graduanda em Turismo; Bolsista de Iniciação Cientifica FAPERGS; Universidade Feevale; Novo Hamburgo;
CV:http://lattes.cnpq.br/4619041327019085 ; e-mail: julianamazotti2000@gmail.com
3
Doutora e Mestre em Comunicação Social (PUC/RS). Especialista em Gestão do Turismo e Bacharel em
Turismo (PUC/RS). Professora Titular, pesquisadora e docente no Curso de Turismo, Curso de Gastronomia
e Mestrado em Indústria Criativa, na Universidade Feevale, Novo Hamburgo/RS. CV:
http://lattes.cnpq.br/7976259576722028. E-mail: marysga@feevale.br
16
REFERÊNCIAS
BARROSO, E. Design, Identidade Cultural e Artesanato. Fortaleza: SEBRAE/F IEC,
2002.
LIMA, Ricardo Gomes. Artesanato e arte popular: duas faces de uma mesma moeda.
Brasília : Ministério da Cultura - Centro Nacional de Folclore e Cultura Popular, 2009.
17
Gênero e trabalho no setor de turismo: um estudo pautado
no município de Niterói-RJ
INTRODUÇÃO
Sob a ótica da pandemia de Covid-19 e as mudanças causadas por ela,
percebem-se alterações diretas na rotina do trabalhador e no mercado de trabalho. No
turismo, surge uma realidade precária marcada por restrições ao direito de viajar para
os turistas - como tentativa de frear o avanço do vírus. Como consequência, um novo
cenário sobrevém aos trabalhadores dos setores da hospitalidade e do turismo, com o
bloqueio temporário, parcial ou total, ao emprego remunerado para profissionais
1
Graduando em Turismo; Universidade Federal Fluminense; Niterói / Rio de Janeiro; Lattes:
http://lattes.cnpq.br/2402736725492445; E-mail: victorgeovu@id.uff.br.
2
Graduando em Turismo; Universidade Federal Fluminense; Niterói/ Rio de Janeiro; Lattes:
http://lattes.cnpq.br/6146959311782170; E-mail: karinamoreira@id.uff.br.
3
Mestre e Doutor em Geografia; Faculdade de Turismo e Hotelaria da Universidade Fluminense; NIterói,
RJ; Lattes: http://lattes.cnpq.br/8489517667159662s; E-mail: acfratucci@id.uff.br.
18
dessas áreas. Ainda, tais consequências afetam diretamente diversas
empresas, em um cenário em que muitas podem não sair da crise em seu formato
pré-pandemia, isso se sobreviverem a ela (BAUM e HAI, 2020).
Inserido nesse cenário, o trabalhador do turismo vivenciou o agravamento das
suas condições de trabalho já precárias, em um ritmo de exploração munido de novas
características, como a ampliação do home-office e da flexibilização das jornadas de
trabalho e da falta de benefícios existentes anteriormente, como o vale transporte e
alimentação (SILVA; SILVA; SANTOS, 2021). Ainda, para muitos trabalhadores, a
transição para o trabalho remoto é marcada pelo uso de equipamentos próprios, como
aparelhos eletrônicos pessoais e plano de internet, sem reembolso por parte da
empresa (MOREIRA e ESPOSITO, 2021).
Diante desse contexto, verifica-se a disparidade entre gênero e trabalho,
presente no setor de serviços. Silveira e Medaglia (2020) evidenciam que na literatura
brasileira o turismo é caracterizado fortemente como uma atividade de cunho
econômico, o que possibilita a inserção da população no mercado de trabalho,
destacando as pessoas do gênero feminino. Os autores enfatizam que estudos em
diferentes países indicam para as desigualdades entre gênero no setor de trabalho,
especialmente ao que tange às remunerações.
Apesar de no Brasil a população estar amparada pela Constituição, que prega
a igualdade de direitos, nota-se resultados inferiores em relação a oportunidades para
pessoas do gênero feminino, na América do Sul (SILVEIRA; MEDAGLIA, 2020).
Ainda, observa-se que a precarização e desigualdade se estende a diferentes locais.
No setor turístico espanhol, “as trabalhadoras seguem suportando a precariedade
laboral, os empregos tradicionais de gênero e poucas possibilidades de crescimento
profissional.” (MARTÍNEZ; MARTÍNEZ, p. 649, 2020, tradução nossa). Em seus
resultados, os autores inferem que no setor de turismo as desigualdades de gênero
são destacadas ao analisar-se que as pessoas do gênero feminino continuam a
receber remunerações inferiores e estarem inseridas em um horizonte de trabalho
19
temporário maior que outros.
Diante desse contexto foi elaborado um formulário, por meio da plataforma
Google Forms, direcionado aos trabalhadores do turismo do município de Niterói. A
pesquisa foi de característica quantitativa, com objetivos exploratórios. Ao final,
obteve-se o total de 180 respostas, sendo validadas 120, registradas no período de 10
de agosto a 31 de dezembro de 2020.
DESENVOLVIMENTO
20
respondentes para classificá-la de acordo com a cognição obtida sobre seu ofício. De
acordo com as respostas obtidas, observa-se que 31,82% do gênero feminino não
consideram ser bem remunerados, enquanto 43,40% do gênero masculino não
concordam e nem discordam. Nota-se que o respondente que preferiu não responder
o gênero, afirmou também que não concorda e nem discorda. Sobretudo, percebe-se
que, o segundo maior número de respondentes do gênero masculino (16,98%)
concordam que são bem remunerados para a função que desempenham.
Nota-se que os respondentes do gênero feminino apresentam grande
desapontamento em relação a sua remuneração, expressando tais desigualdades no
âmbito das atividades laborais. Ainda, nesse contexto verifica-se que a maior parte dos
respondentes do gênero masculino e aqueles que optaram por não indicar o gênero,
se mostram imparciais ao analisarem sua situação laborativa.
A seguir, foram analisadas as alterações nas condições de trabalho causadas
pela pandemia de Covid-19, e os impactos para os diferentes gêneros. As opções
disponibilizadas para os respondentes, foram: a) minha carga horária e remuneração
foram mantidas, mas passei a exercer outras atividades/ocupações além daquelas
que exercia (Situação 1); b) minha carga horária foi reduzida com redução de
salário/remuneração (Situação 2); c) minha carga horária foi reduzida sem redução de
salário/remuneração (Situação 3); d) passei a trabalhar remotamente com redução de
salário/remuneração (Situação 4); e, e) passei a trabalhar remotamente sem redução
de salário/remuneração (Situação 5).
A partir dos resultados obtidos, observou-se que a maioria do gênero feminino
(28,89%) afirmou que a carga horária foi reduzida sem a redução do salário, seguidas
daquelas que vivenciaram a introdução do trabalho remoto com redução de
remuneração (24,44%) e da redução da carga horária com redução de remuneração
(20%).
A maioria do gênero masculino relatou a introdução do trabalho remoto com
redução da remuneração (34,09%), seguidos daqueles que vivenciaram a redução da
21
carga horária com redução de salário (31,82%) e da redução da carga horária sem
redução de remuneração (25%).
É perceptível a presença do trabalho remoto acompanhado da redução da
remuneração para ambos os gêneros, embora com maior força para o masculino. No
caso do respondente que preferiu não informar o gênero, o trabalho remoto também
esteve presente nesta nova realidade, embora sem redução de salário.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
REFERÊNCIAS
BAUM,T.; HAI,N.T.T. Hospitality, tourism, human rights and the impact of COVID-19.
22
International Journal of Contemporary Hospitality Management, v. 32, n. 7, p.
2397-2407, 2020. Disponível em: https://doi.org/10.1108/IJCHM-03-2020-0242. Acesso
em: 26 out. 2021.
23
Gastronomia e Turismo: Análise das publicações na Revista
Rosa dos Ventos – Turismo e Hospitalidade
INTRODUÇÃO
1
Bacharelando em Turismo; Universidade de Caxias do Sul; Caxias do Sul/RS; Lattes:
http://lattes.cnpq.br/3404713612313873; E-mail: josefontouradarocha@gmail.com
2
Doutora em Comunicação [PUCRS]; Professora e Pesquisadora na Universidade de Caxias do Sul; Caxias
do Sul/RS; Lattes: http://lattes.cnpq.br/0363951380330385; E-mail: susanagastal@gmail.com.
3
Doutorando em Turismo e Hospitalidade; Universidade de Caxias do Sul; Caxias do Sul/RS; Lattes:
http://lattes.cnpq.br/8360075869351902; E-mail: felipezaltrondesa@gmail.com.
24
METODOLOGIA
Foi realizada uma pesquisa bibliográfica, buscando identificar em todas as
edições do periódico, as publicações que abordassem a Gastronomia e suas
relações. Não utilizamos o filtro de palavras-chave, mas sim, acompanhamos cada
número e edição publicada. Metodologicamente, a pesquisa possui uma abordagem
qualitativa, analisando títulos, resumos e palavras-chave dos artigos. Deste
levantamento, foram encontrados 74 artigos, entre os anos de 2010 e 2021, dos quais
serão analisados os 22 textos das duas edições do Dossiê Turismo e Gastronomia,
em 2012 e 2013.
RESULTADOS
Cultura e Alimentação: análise das festas gastronômicas Katarzyna Bortnowska, Anete Alberton,
6
na Serra Gaúcha Sidnei Vieira Marinho.
25
Memória, patrimônio e atrativo turístico: A doçaria na
Rosana Eduardo da Silva Leal, Ivan
7 Festa do Nosso Senhor dos Passos em São Cristóvão-
Rêgo Aragão
Sergipe
26
artigo analisam na promoção turística, a presença de informações sobre atrativos
gastronômicos, o primeiro destacando informações sobre culinária regional tradicional
mineira e paranaense no Guia Quatro Rodas e, o segundo, analisando a promoção da
gastronomia e do turismo brasileiros em materiais promocionais coletados na Bolsa
de Turismo de Lisboa. O quinto artigo aborda a ameaça de extinção do Palmito
Juçara, propondo possibilidades sua preservação pela substituição culinária pelo
equivalente Palmito Pupunha.
O sexto e o sétimo artigo tratam de festas regionais que tenham entre seus
principais atrativos, a gastronomia; o primeiro busca compreender as relações entre
festas, turismo, gastronomia e cultura identifica em eventos realizados na Serra
Gaúcha-RS; o segundo analisa o papel sociocultural e econômico da doçaria presente
na Festa do Nosso Senhor dos Passos, em São Cristóvão-SE. O oitavo artigo tem
como objetivo descrever e caracterizar a formação da cozinha tradicional da região de
Cuenca del Alto Lerma, no México, bem como seu potencial para o desenvolvimento
local de suas comunidades.
O nono e o décimo artigo avaliam a experiência do consumidor em
estabelecimentos de alimentação, o primeiro destacando as métricas da qualidade da
experiência; e o segundo, considerando a passagem de experiências ordinárias a
extraordinárias, para melhor compreensão da possibilidade da oferta de serviços de
restaurantes.
Nesse momento, será analisado a segunda edição do Dossiê Turismo e
Gastronomia, de 2013. No Quadro 2, está a lista com os resultados encontrados,
seguindo a nuvem de palavras a partir das palavras-chave (Fig.2).
27
2 vinhos, turismo e pluriatividade na agricultura Hernanda Tonini
Gestão ambiental aplicada ao setor gastronômico: propostas Domitilla Medeiros Acre, Fábio
4 para Dourados-MS Roberto Castilho
A presença da gastronomia alemã na hotelaria de Novo Mary Sandra Guerra Ashton, Ana
10
Hamburgo, RS Cristina Muller
A presença da gastronomia alemã na hotelaria de Novo Mary Sandra Guerra Ashton, Ana
11
Hamburgo, RS Cristina Muller
A presença da gastronomia alemã na hotelaria de Novo Mary Sandra Guerra Ashton, Ana
12
Hamburgo, RS Cristina Muller
Fonte: Elaboração dos autores (2021)
28
Fonte: Elaborado pelos autores (2021)
29
hábitos e costumes alimentares derivados da imigração germânica e sua relação com
a oferta gastronômica nos hotéis do município de Novo Hamburgo-RS. O décimo
segundo artigo apresenta uma avaliação de doze estabelecimentos especializados
em comercializar cervejas artesanais e que fazem parte da oferta do turismo
cervejeiro do município de Curitiba-PR.
REFERÊNCIAS
Dossiê Turismo e Gastronomia. Revista Rosa dos Ventos – Turismo e
Hospitalidade, v. 4, n. 3, 2012.
30
Experiências das mulheres em relação à plataforma digital
BlaBlaCar: medos, violências, inseguranças e estratégias
Helena de Jesus Almeida 12
Ketrin Cristina Gabriel
Natália Araújo de Oliveira (orientadora) 3
Priscilla Teixeira da Silva (orientadora) 4
Resumo: Segundo uma pesquisa divulgada pela Agência Brasil (2019), 97% das
mulheres já foram vítimas de assédio sexual em meios de transportes no Brasil, o que
revela que a violência contra a mulher persiste em transportes coletivos. Neste
sentido, por meio do Projeto de Pesquisa Mulheres que Viajam Sozinhas: um estudo
sobre gênero, raça e sexualidade no Turismo e a partir de uma pesquisa de caráter
exploratório, o artigo objetiva perceber medos, violências, inseguranças e estratégias
das mulheres ao viajarem utilizando a plataforma BlaBlaCar. Foi disponibilizado um
questionário, via Google Forms, com 20 perguntas em grupos de mulheres viajantes
na rede social Facebook. A partir de 120 respostas, foi identificado que as mulheres
têm medos relacionados à má condução do motorista, assédio sexual e assédio moral
e utilizam, em suas viagens, estratégias de proteção individual, como comunicar a
outra pessoa que está viajando ou mentir que irá encontrar alguém no lugar de
destino.
INTRODUÇÃO
1
Graduanda em Turismo; Universidade Federal de Pelotas; Pelotas, Rio Grande do Sul; Lattes:
http://lattes.cnpq.br/0007602775218548; E-mail: helenadja348@gmail.com.
2
Graduada em Turismo; Universidade Federal de Pelotas; Pelotas, Rio Grande do Sul; Lattes:
http://lattes.cnpq.br/6905944922437330; E-mail: ketringabriel@gmail.com.
3
Doutora em Sociologia; Universidade Federal do Rio Grande do Sul; Porto Alegre, Rio Grande do Sul;
Lattes: http://lattes.cnpq.br/8304405222993892; E-mail: oliveira.natalia@outlook.com.
4
Mestra em Turismo; Universidade de Brasília; Brasília, Distrito Federal; Lattes:
http://lattes.cnpq.br/1780959516307874; E-mail: priscilla.cet@gmail.com.
31
No Brasil o Blablacar chegou no ano de 2015 e rapidamente se popularizou,
atingindo a marca de 8 milhões de usuários em apenas 5 anos (Wolf, 2020). Apesar
de seu sucesso e aspectos de segurança para com o público, como a comprovação
dos documentos, as avaliações, os depoimentos, etc., nem todas as etapas são
obrigatórias, o que pode resultar uma plataforma insegura, especialmente para o
público feminino.
De acordo com uma pesquisa realizada pelos Institutos Patrícia Galvão e
Locomotiva, divulgada pelo portal Agência Brasil em 2019, 97% das mulheres
relataram que sofreram assédio sexual em meios de locomoção e 46% não se sentem
confiantes ao utilizar transportes coletivos sem sofrer assédio sexual (Albuquerque,
2019). Neste sentido, este trabalho justifica-se pelo fato do grande número de
usuárias que utilizam aplicativos de carona, e poucos estudos científicos sobre o tema
no âmbito da segurança e de viagens.
O objetivo central deste trabalho é identificar os medos, as violências, as
inseguranças e as estratégias das mulheres ao optarem por viajar utilizando a
BlaBlaCar. A pesquisa faz parte do Projeto de Pesquisa Mulheres que Viajam
Sozinhas: um estudo de gênero, raça e sexualidade no Turismo, da Universidade
Federal de Pelotas.
METODOLOGIA
O público alvo é mulheres acima dos 18 anos de idade, que viajaram utilizando
BlaBlaCar. O questionário está separado em quatro categorias: 1. Perfil das
entrevistadas: Idade, Estado Civil, Estado em que reside, Ocupação, Gênero, Cor,
Renda; 2. Medos: Se já sentiram medo ao viajar, quais medos; 3. Violência: S já
sofreram alguma violência, Espaço livre para depor, caso optarem; 4. Estratégias: Se
sente mais seguras viajando com mulheres e/ou com homens, quais estratégias mais
usadas, se já desistiram de uma viagem 5. BlaBlaCar: Se já relataram reclamação a
plataforma e o atendimento. Todavia, para este trabalho, serão levantados apenas
32
alguns pontos para discussão.
O questionário foi disponibilizado durante o período 13/10/2021 a 24/10/2021
nos seguintes grupos na rede social Facebook: Mulheres Viajantes – Woman Trip: 92
mil membros; Mulheres que Viajam Sozinhas :127,8 mil membros; Mulheres negras
que viajam sozinhas!: 1,3 mil membros; MULHERES QUE VIAJAM
SOZINHAS...DICAS..: 28,8 mil membros; BRASILEIRAS NO EXTERIOR OFICIAL –
15,5 mil membros; Mulheres que viajam sozinhas e AMAM - 131,7 mil membros.
RESULTADOS E DISCUSSÕES
33
Gráfico 1 – Os medos mais citados pelas mulheres entrevistadas que utilizam a
BlaBlaCar
Tais dados corroboram com Reis (2016) que, em pesquisa realizada com
186 mulheres (152 brasileiras e 34 estrangeiras), averiguou que 62,2% das
mulheres viajantes já sentiram medo em viagens. Dentre os medos listados pelas
respondentes, estão: de ficar perdida, da violência, de homens, de não conseguir
se comunicar e de estar em uma situação que não consiga sair.
Na categoria Violências, 2,50% das entrevistadas relataram que sofreram
algumas violências. No primeiro depoimento, a entrevistada depôs uma situação de
assédio sexual.
34
sua indignação.” (depoimento anônimo, 2021).
83,33%das entrevistadas afirmaram não se sentirem seguras viajando
apenas com homens. Nesse contexto, foi perguntado às mulheres quais métodos
elas adotam para se sentirem mais seguras ao viajar de carona. Os dados estão
apresentados no gráfico 02, a seguir:
CONSIDERAÇÕES FINAIS
REFERÊNCIAS
ALBUQUERQUE, F. Pesquisa mostra que 97% das mulheres já sofreram assédio
em transporte. Agência Brasil, São Paulo, 18 de jun. de 2019. Disponível em:
https://agenciabrasil.ebc.com.br/direitos-humanos/noticia/2019-06/pesquisa-mostra
que-97-das-mulheres-sofreram-assedio-em-transporte/. Acesso em: 04 out. 2020.
36
brasil-com-8-milhoes-de-usuarios,70003533198. Acesso em: 7 de set. de 2021.
37
A Relação entre Cultura e Alimentação Enquanto Recurso
Turístico no Rio Grande do Sul: Uma Revisão Integrativa
INTRODUÇÃO
Entendendo o potencial da gastronomia enquanto atrativo turístico-cultural
(PAIVA; TRICÁRIO; TOMELIN, 2019), e sob a perspectiva de que a
mercantilização das tradição e da cultura-identitária (DALMORO; NIQUE, 2017)
configura uma estratégia benéfica de promoção do turismo que pode ser aplicada
regionalmente, pretendeu-se correlacionar dados obtidos através de um
levantamento bibliográfico, com o que as prefeituras dos municípios referidos
durante a coleta vêm promovendo acerca da temática.
1
Graduanda do curso de Bacharelado em Turismo; Universidade Federal do Rio Grande (FURG); Santa
Vitória do Palmar, Rio Grande do Sul; Lattes: http://lattes.cnpq.br/4833713569634125; E-mail:
abrayer@outlook.com.
2
Doutora em Meio Ambiente e Desenvolvimento; Universidade Federal do Rio Grande (FURG); Santa
Vitória do Palmar, Rio Grande do Sul; Lattes: http://lattes.cnpq.br/3532084949812042; E-mail:
corbari@furg.br.
38
METODOLOGIA
Esse estudo é de caráter exploratório e natureza básica, pois objetivou gerar
conhecimentos novos que sejam úteis para o avanço e utilidade do Turismo,
enquanto campo científico, sem aplicação prática prevista (SILVA et al., 2001). Foi
adotada uma abordagem mista, sob emprego do método de revisão integrativa
(SOUZA et al., 2010) compreendendo a aplicação em seis etapas: i) identificação do
tema e seleção da questão de pesquisa; ii) estabelecimento de critérios para inclusão
e exclusão de estudos; iii) definição das informações a serem extraídas dos estudos
selecionados; iv) avaliação dos estudos incluídos; v) interpretação dos resultados; e
vi) apresentação da revisão/síntese.
A coleta dos artigos foi realizada no Portal de Periódicos da Capes a partir da
busca avançada dos termos combinados: “culinária” e “Rio Grande do Sul”;
“Gastronomia” e “Rio Grande do Sul”; e na base Publicações de Turismo através da
busca do termo “Rio Grande do Sul”. Como critério de inclusão ou exclusão foram
considerados aptos somente os trabalhos que apresentavam relação textual entre
uma categoria antropológica (tradição, história, identidade, entre outros) e uma
categoria analítica (culinária, gastronomia, alimentação, entre outros). Ao final
compuseram a base para análise um total de 34 artigos.
RESULTADOS E DISCUSSÃO
Doze municípios listados nos artigos não possuem espaço online para o
turismo, seja uma página exclusiva, seja um espaço na página da prefeitura
municipal (Novo Hamburgo, Tiradentes, Monte Belo do Sul, Agudo, Faxinal do
Soturno, Ivorá, Aurea, Caxias do Sul, Vila Flores, Sant’ana do Livramento, Itaqui e
Bagé). Portanto, não foi possível realizar a análise empírica. Em relação aos demais
municípios estudados nas publicações científicas, apresenta-se o quadro abaixo com
a correlação das categorias antropológicas e a análise empírica.
39
Quadro 1 - Correlação das categorias antropológicas e a análise empírica
Nova Palma Identidade; Faz referências à cultura italiana, mas não relaciona à
Patrimônio Cultural. alimentação.
Rio Grande Identidade; Cultura. Faz menção à cultura portuguesa, mas não relaciona
à alimentação.
40
Encantado Identidade; Cultura. Menção à cultura colonial italiana, mas não promove
essa relação enquanto recurso turístico.
Santa Cruz do Identidade; Cultura; Menciona duas rotas com influência étnica, mas no
Sul. Tradição. momento da pesquisa as abas estavam desativadas.
São Borja Identidade; Cultura. Não promove a relação entre cultura e alimentação.
São Lourenço Tradição; Identidade; Não promove a relação entre cultura e alimentação
do Sul Patrimônio; Cultura. ou outras categorias consideradas neste trabalho.
41
Pinto Bandeira Cultura; História. Não promove a relação entre cultura e alimentação.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Os resultados deste trabalho contribuem para aprofundar as discussões e
estudos acerca das temáticas já citadas, bem como conscientizar a respeito das
benesses provenientes do ato de aliar e promover o que é intrínseco a
determinadas regiões e a atividade turística. Verificou-se uma lacuna no que diz
respeito à produção científica e a discussão da temática pela academia dentro do
recorte geográfico estabelecido, tendo prevalência em algumas regiões turísticas e
municípios.
Como sugestões para pesquisas futuras, pode-se considerar a combinação
de outros termos, e utilizar outros bancos de dados. Ademais, a correlação entre
prática e teoria aqui se fez somente sobre as abas direcionadas ao turismo dentro
42
das páginas web de prefeituras, mas poderia ser expandido a páginas do setor
privado, avaliações e resenhas de turistas em sites de viagem; ou análise in loco.
Por fim, sugere-se a possibilidade de expansão dos objetos de análise, saindo das
dinâmicas relacionais humanas e sociais, para as dinâmicas econômicas e de
mercado.
REFERÊNCIAS
DALMORO, M.; NIQUE, W. M. Tradição mercantilizada: Construção de mercados
baseados na tradição. Revista de Administração Contemporânea, v. 21, p. 327-
346, 2017.
43
RC 3: Gestão e Sustentabilidade no Turismo
INTRODUÇÃO
A Roteiro Turístico Termas e Longevidade compreende os municípios de Vila
Flores, Nova Prata, Veranópolis, Protásio Alves e Cotiporã, todos situados no Rio
Grande do Sul. Esses municípios pertencem à Serra Gaúcha (ou região Uva e Vinho,
1
Acadêmica de Turismo UCS - Universidade de Caxias do Sul; Bolsista BIC-UCS Caxias do Sul - RS;
Lattes: http://lattes.cnpq.br/8340161454112280; E-mail: bbmonteiro@ucs.br.
2
Acadêmico de Arquitetura e Urbanismo UCS - Universidade de Caxias do Sul; Lattes:
http://lattes.cnpq.br/4329358380890675; E-mail: wsdenis@ucs.br.
3
Doutor em Geografia USP; Docente UCS - Universidade de Caxias do Sul; Pesquisador produtividade
CNPq com Bolsa Universal - CNPq. Caxias do Sul - RS; Lattes: http://lattes.cnpq.br/0900226519393513;
E-mail: pabcesar@ucs.br.
44
segundo o Ministério do Turismo), que se define como importante indutor do turismo
no país. Definido como recorte territorial da pesquisa, essa área que define a
governança do Roteiro Turístico Termas e Longevidade (2020), tem como objetivo
reconhecer as experiências relacionadas com a paisagem, a gastronomia, a música e
a cultura, entre outras particularidades que a região oferece. Além disso, é possível
compreender que o nome Termas e Longevidade refere-se às águas termais
localizadas na região e a longevidade que é uma característica atribuída ao município
de Veranópolis, onde é muito comum seus moradores passar dos 90 anos de idade e
que foi classificada como a Cidade Amiga do Idoso, certificada pela Organização
Mundial da Saúde (OMS).
PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS
Este estudo é resultado de uma pesquisa de nível descritivo com
procedimentos metodológicos realizados por meio de levantamento de informações
oficiais e pesquisa bibliográfica, além de observação direta. O objetivo geral do estudo
se define em caracterizar a uma governança (MTUR, 2013) denominado de Roteiro
Turística Termas e Longevidade como destino de Enoturismo no Rio Grande do Sul.
Para isso, contempla os conceitos referentes à prática turística na Serra Gaúcha, além
45
do referencial teórico do termo Enoturismo. A partir dessas definições foi possível
realizar a identificação das vinícolas existentes na região, além de atrativos
complementares presentes na Rota.
DISCUSSÃO
Em análise aos empreendimentos turísticos na Rota Turística Termas e
Longevidade, é possível observar uma grande potencialidade para a atividade
turística. O mercado consumidor está cada vez mais exigente, e a oferta turística
precisa agregar alguns valores como a criatividade para satisfazer as suas
necessidades, desejos e expectativas geradas, ao mesmo tempo em que promove
uma imagem agradável, operando de forma sustentável. (CELESTINI; MAZZAROLLO;
OLTRAMARI, 2014). Acrescenta-se ainda, que a busca por agregar valor aos serviços
é constante.
46
Figura 1 – Vinícolas existentes na Rota
47
Figura 2 – Quantidade de uva produzida em cada um dos municípios
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Com o propósito de compreender o potencial existente na Rota Termas e
Longevidade enquanto destino de enoturismo, a pesquisa desenvolve-se tendo como
base o referencial teórico estudado, além de dados atualizados para visualizar como
este processo ocorre na prática. Com os dados já coletados, pode-se avaliar que os
municípios constituintes da Rota Termas e Longevidade configuram-se como áreas
com grande potencial vinícola além da prática de Enoturismo. Define-se o estudo
como importante reflexão do potencial existente para incorporar valores sociais e
econômicos no local.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
CÉSAR, Pedro de Alcântara Bittencourt; TEBERGA, Angela; PECCIN, Caroline;
ALTMANN, Júlia Luise. Contexto Regional da Rota Turística Termas e Longevidade :
seu papel na relação de estrutura de mobilidade rodoviária. Ambientur - III simpósio
nacional sobre gestão ambiental de empreendimentos turísticos, 2017.
48
CELESTINI, Juliana; MAZZAROLLO, Claudia Maria Ferro; OLTRAMARI, Andrea
Poleto. Roteiro Turístico Termas e Longevidade: Desafios e Criatividade em Evidência.
In: CONFERÊNCIAS UCS - UNIVERSIDADE DE CAXIAS DO SUL, XIV MOSTRA DE
INICIAÇÃO CIENTÍFICA, PÓS-GRADUAÇÃO, PESQUISA E EXTENSÃO 2014, Anais
[...] p. 57–71.
49
Projeto “Coisa Boa” no Vale Germânico
Resumo: O Vale Germânico, mais nova região turística do Rio Grande do Sul, lançada
em 2019, reúne 9 munícipios que preservam as características, principalmente
germânicas, dos colonizadores. Dentro desse contexto, este trabalho tem como
objetivo analisar o projeto "Coisa Boa" do Centro Cultural Eintracht de Campo Bom
(RS), com o intuito de identificar a gastronomia como importante instrumento de
desenvolvimento e fortalecimento do turismo, da identidade regional e resgate de
memórias afetivas. Para tanto, se utilizou de pesquisa exploratória e análise
documental com abordagem qualitativa, na qual coletamos material desde a criação do
Vale, salientando que integramos o projeto de pesquisa “Vale Germânico e as cidades
criativas” em andamento na Universidade Feevale, com vínculo ao Mestrado em
Indústria Criativa. Dentre os resultados foi possível identificar o projeto “Coisa Boa”
como uma ação positiva que mantém a identidade e a história da gastronomia colonial,
com a proposta da oferta de caixas com produtos alimentícios típicos da região, como
o pão de laranja, a cuca, a bolacha, o bolo picante de linguiça, embutidos de linguiça e
de torresmo, além de uma garrafa de cerveja artesanal produzida por uma das 22
cervejarias do Vale Germânico, e um pano de prato com bordado e crochê,
1
Graduanda em Turismo e Bolsista de Iniciação Científica FAPERGS, no projeto de pesquisa: OS
PROJETOS CULTURAIS E A GERAÇÃO DE DESENVOLVIMENTO SOCIOECONÔMICO, NO
CONTEXTO DAS CIDADES CRIATIVAS; Universidade Feevale; Novo Hamburgo; Lattes:
http://lattes.cnpq.br/4619041327019085 E-mail: julianamazotti2000@gmail.com.
2
Graduanda em Turismo e Bolsista de Iniciação Científica CNPq, no projeto de pesquisa: OS
PROJETOS CULTURAIS E A GERAÇÃO DE DESENVOLVIMENTO SOCIOECONÔMICO, NO
CONTEXTO DAS CIDADES CRIATIVAS; Universidade Feevale; Novo Hamburgo; Lattes:
http://lattes.cnpq.br/4958943452459131 E-mail: vitoriaahm@gmail.com.
3
Doutora e Mestre em Comunicação Social; Líder do Grupo de Pesquisa: OS PROJETOS CULTURAIS
E A GERAÇÃO DE DESENVOLVIMENTO SOCIOECONÔMICO, NO CONTEXTO DAS CIDADES
CRIATIVAS; Lattes: http://lattes.cnpq.br/7976259576722028 E-mail: marysga@feevale.br.
50
representando a mesa do Vale Germânico e sua riqueza em influências culturais
alemãs, com pitadas portuguesas, italianas e indígenas. Assim, trata-se de um
produto que contribui para potencializar o turismo, movimentar a economia local e
atrair potenciais turistas.
REFERÊNCIAS
ASHTON, Mary Sandra Guerra; MULER, Ana Cristina. A Presença da Gastronomia
Alemã na Hotelaria de Novo Hamburgo, RS. Rosa dos Ventos, vol. 5, núm. 2, abril
junio, 2013, pp. 319-332 Universidade de Caxias do Sul Caxias do Sul, Brasil.
PECCINI, Rosana. A Gastronomia e o Turismo. Revista Rosa dos Ventos 5(2) 206-
217, abril-jun, 2013 © O(s) Autor(es) 2013 ISSN: 2178- 9061 Associada ao: Programa
de Mestrado em Turismo Hospedada em: http://ucs.br/revistarosadosventos
51
Criação de indicadores para planejamento e gestão de
destinos turísticos inteligentes: Análise de conteúdo gerado
pelos usuários da plataforma TripAdvisor, em Niterói – Rio
de Janeiro
Resumo: Nos últimos anos houve uma atenção maior por parte dos destinos turísticos
em relação ao uso de ferramentas tecnológicas e estruturação de dados para um
aumento na cocriação de valor, prazer, nível de experiência e aumento da qualidade
de vida dos moradores. Tais destinos são considerados Destinos Turísticos
Inteligentes (DTIs), à medida que conseguem incorporar tais tecnologias objetivando
um desenvolvimento menos insustentável. Uma prática muito adotada utilizada pelos
gestores públicos e privados DTIs é a análise de conteúdos gerados pelos usuários
(CGU), esta análise propicia de maneira rápida, direta e de baixo custo o entendimento
de modo efetivo da percepção dos visitantes a atrativos e prestadores de serviços
turísticos. Compreendendo tal importância para os destinos e almejando a
consagração de Niterói (RJ) enquanto um destino mais inteligente, o presente estudo
objetiva construir um conjunto de indicadores de análise de Conteúdo Gerado pelo
Usuário dos vinte (20) principais atrativos turísticos de Niterói, elencados na plataforma
do TripAdvisor. para isso serão utilizados documentos seminais de DTI e qualidade de
serviços, a fim de se levantar um conjunto de indicadores que permitam esta evolução.
Para coleta, análise e validação do material produzido, serão utilizadas análises de
1
Graduanda em Tecnólogo em Hotelaria; Universidade Federal Fluminense; Niterói - Rio de Janeiro;
Lattes: http://lattes.cnpq.br/9473928660539027; E-mail: mareelyal@id.uff.br.
2
Doutor em Economia e Docente da Faculdade de Turismo e Hotelaria; Universidade Federal
Fluminense; Niterói - Rio de Janeiro; Lattes: http://lattes.cnpq.br/1401073089905179; E-mail:
osirismarques@id.uff.br.
3
Mestrando em Turismo; Universidade Federal Fluminense; Niterói - Rio de Janeiro; Lattes:
http://lattes.cnpq.br/4608863464672060; E-mail: valeriorsneto@gmail.com.
52
conteúdo gerado pelo usuário, temática e descritiva, além de validação por meio de
questionário junto a especialistas do assunto.
Palavras-chave: Destino Turístico Inteligente. Conteúdo Gerado pelo Usuário. TripAdvisor. Niterói
INTRODUÇÃO
Os destinos turísticos inteligentes focam, principalmente, nas necessidades do
turista por meio do uso das tecnologias da informação e comunicação (TIC) e
consequências derivadas das mesmas, e.g., Internet das coisas 1, big data 2 e
dispositivos móveis, etc., com a cultura local e a indústria de inovação turística,
permitindo assim uma melhor compreensão sobre o comportamento dos turistas nesse
ambiente, oferecendo experiência turística e garantindo atratividade em comparação
aos destinos vizinhos (BUHALIS; AMARANGGANNA, 2013; MAYER, MENDES
FILHO; CORREA, 2021).
Gretzel e colegas (2015) argumentam que os DTIs fazem parte de um
ecossistema de turismo inteligente, que pode ser definido como um sistema de turismo
que aproveita a tecnologia inteligente para criar, gerenciar e fornecer serviços ou
experiências turísticas inteligentes e é caracterizado pelo compartilhamento intensivo
de informações e cocriação de valor, onde consumidores de turismo sempre foram
reconhecidos como contribuintes ativos para a experiência, mas agora são
formalmente considerados como co-criadores de valor. Este sistema baseia-se na
confiança, escalabilidade e abertura com relação aos participantes e serviços
(GRETZEL et al., 2015).
Um grande aliado dos gestores e pesquisadores para compreender estas
necessidades atualmente é o Conteúdo Gerado por Usuário (CGU), um “boca a boca
eletrônico", também conhecido como eWOM, que engloba todas comunicações
1
Internet das coisas é como uma rede que conecta qualquer coisa a qualquer momento e qualquer
lugar a fim de identificar, monitorar, localizar e gerenciar objetos inteligentes (BUHALIS;
AMARANGGANNA, 2013).
2
Big data é um conjunto multidimensional de dados (BUHALIS; AMARANGGANNA, 2013).
53
informais dirigidas aos consumidores por meio de tecnologia baseada na Internet
relacionada ao uso ou às características de determinados bens e serviços, ou a seus
vendedores (LITVIN; GOLDSMITH; PAN, 2008). Acompanhar e estimular o eWOM não
só fornece informações aos consumidores, mas também reforça conectividade,
criando um ambiente que se traduz, em lealdade do consumidor e atividade de compra
futura (LITVIN; GOLDSMITH; PAN, 2017).
Sob este pano de fundo, surge o seguinte questionamento: De que modo Niterói
(Rio de Janeiro) pode explorar o conteúdo gerado pelo usuário, em prol do aumento de
competitividade ao transformar-se em destino turístico inteligente?
Para preencher a lacuna empírica-teórica e responder à pergunta
supramencionada, o presente estudo possui como objetivo geral construir um conjunto
de indicadores de análise de Conteúdo Gerado pelo Usuário dos 20 principais atrativos
turísticos de Niterói, na plataforma do TripAdvisor e como objetivo específico coletar e
catalogar comentários online dos atrativos turísticos em uma planilha de Excel,
identificar na literatura indicadores de destinos turísticos inteligentes e de aumento de
competitividade de produtos e serviços turísticos, validar os indicadores identificados
na literatura com especialistas de DTI e validar empiricamente o conjunto de
indicadores propostos.
METODOLOGIA
Os procedimentos metodológicos adotados para realização deste projeto de
pesquisa dividem-se em dois momentos: i. A etapa inicial de identificação de
indicadores e validação por meio de especialistas de DTI; ii. A coleta e análise dos
comentários online com base nos indicadores propostos. A abordagem do estudo é
quantitativa e qualitativa e o objeto de análise são os comentários online de turistas
sobre os 20 principais atrativos turísticos (Quadro 1) de Niterói (Rio de Janeiro),
ordenados mediante busca na plataforma do TripAdvisor em 03 de maio de 2021,
entre junho de 2019 à julho de 2021, período suficiente ideal de buscas dada o alto
número de comentários online (SANTOS et al. 2016).
54
Quadro 1 – Atrativos turísticos mais avaliados identificados na plataforma do TripAdvisor 1
Atrativo turístico
1. Praia de Itacoatiara 11. Praia de Icaraí
2. Parque da Cidade 12. Praia de Itaipú
3. Praia de Camboinhas 13. Praia de São Francisco
4. Museu de Arte Contemporânea 14. Teatro Popular Oscar Niemeyer
5. Fortaleza de Santa Cruz da Barra 15. Teatro Municipal João Caetano
6. Campo de São Bento 16. Solar do Jambeiro
7. Costão de Itacoatiara 17. Mercado São Pedro
8. Praia de Piratininga 18. Trilha Pedra do Elefante
9. Praia do Sossego 19. Ilha de Boa Viagem
10. Forte de São Luís 20. Caminho Niemeyer
Fonte: Elaboração dos autores, 2021.
RESULTADOS E DISCUSSÃO
Em nossa análise preliminar, utilizamos como base a tipologia proposta na
pesquisa de análise de conteúdo gerado pelo usuário no Instagram, desenvolvida pelo
Observatório de Turismo de Niterói (RJ), ao qual em um primeiro momento,
categorizamos os atrativos turísticos mediante uso das tipologias apresentadas pela
1
O TripAdvisor é considerado o maior site de comentários imparciais sobre viagens que fornece a
história real sobre hotéis, atrações e restaurantes em todo o mundo (LITVIN; GOLDSMITH; PAN, 2008)
55
Pesquisa Visit Niterói 1, realizada no Instagram, pelo Observatório de Turismo de
Niterói. Ao qual identificamos atrativos turísticos em dois grandes blocos, atrativos de
natureza 2 e atrativos culturais 3.
Os atrativos de natureza contam com o total de 369 comentários (64%) e
englobam 13 (65%) atrativos turísticos: Praia de Itacoatiara, Praia de Camboinhas,
Praia de Icaraí, Praia de Piratininga, Praia do Sossego, Praia de São Francisco, Praia
de Itaipu, Ilha de Boa Viagem, Campo de São Bento, Parque da Cidade, Trilha da
Pedra do Elefante e Costão de Itacoatiara. Os atrativos culturais contam com o total de
206 (36%) comentários e englobam 8 (35%) atrativos turísticos: Museu de Arte
Contemporânea, Teatro Popular Oscar Niemeyer, Teatro Municipal João Caetano,
Caminho Niemeyer, Fortaleza de Santa Cruz, Forte de São Luiz, Solar do Jambeiro e
Mercado de São Pedro.
Em relação aos atributos mais identificados a qualidade de serviços em relação
a prática de esportes (tais como surf, corrida, voos de asa delta), gastronomia e o
elemento humano de suporte à uma experiência turística de maior aprendizado, como
guiamentos em museus, etc. Além disto, a contemplação da beleza da cidade é
elogiada na maioria dos comentários entre os atrativos analisados.
CONCLUSÃO
O presente estudo apresenta resultados preliminares do projeto de pesquisa
iniciado em 01 de setembro de 2021 e já demonstra a atenção que turistas dão para
atrativos turísticos da cidade de Niterói.
A escolha dos 20 atrativos com maior número de comentários online na
plataforma do TripAdvisor, demonstra que a amostra é significativa para produção de
indicadores de análise. Entretanto, o processo de análise de conteúdo gerado pelo
1
Link para acesso da pesquisa: http://observatoriodoturismo.uff.br/?page_id=883
2
Locais cuja oferta é composta de atrativos naturais, para contemplação do meio natural. (GIARETTA,
2003, p. 46)
3
Locais cuja oferta turística é cultural histórica, podendo ser representada por prédios, bairros e até
cidades (BARRETTO, 2016)
56
usuário ainda está em seu início, podendo assim, identificarmos elementos centrais
após a conclusão da análise. Futuros estudos também são sugeridos na busca de uma
generalização entre destinos.
REFERÊNCIAS
BARRETTO, M. Cultura e turismo: discussões contemporâneas. Papirus Editora,
2016.
LITVIN, Stephen W.; GOLDSMITH, Ronald E.; PAN, Bing. Electronic word-of-mouth in
hospitality and tourism management. Tourism management, v. 29, n. 3, p. 458-468,
2008.
SANTOS, S. R. et al. Smart destination: accessibility at the heritage city of São Luís-
Maranhão, a study about online reputation based in TripAdvisor. Marketing & Tourism
Review, v. 1, n. 2, 2016.
57
Distribuição Espacial e Características dos Produtos
das Agências de Turismo Receptivo da Cidade
de São Paulo, Brasil
RESUMO: No turismo, o agenciamento é vital para dar suporte e garantir aos turistas
serviços especializados para usufruir do destino visitado. São Paulo atrai grande
quantidade de turistas e oferece atrativos dos mais diversos tipos, espalhados em
diferentes regiões. O objetivo deste estudo é entender quais são as regiões da cidade
de São Paulo mais recorrentes nos passeios ofertados por agências de turismo
receptivo. Foi desenvolvida pesquisa descritiva de caráter qualitativo, baseada em
revisão bibliográfica e pesquisa documental, na qual adotou-se dados da gestão
municipal para definir o território estudado. O levantamento dos roteiros se deu a partir
de dados dos websites das agências. Como resultado, verificou-se predominância de
city tours no eixo Centro-Paulista-Ibirapuera, enquanto passeios temáticos acontecem
em variados espaços, incluindo áreas mais distantes dos bairros centrais. O diagrama
de rede permite comprovar que os roteiros das agências de receptivo concentram-se
em duas regiões (Paulista & Jardins e Centro) e há pouco espaço para roteiros
exclusivos e diferenciados. Portanto, pode-se constatar que se trata de um setor
tradicional e com muitas possibilidades para se inovar.
INTRODUÇÃO
O turismo receptivo pode ser entendido como a estrutura operacional e
logística de uma cidade ou região para servir seus visitantes, tendo como resultados a
criação e comercialização de produtos turísticos, ofertando ao turista a mesma
acessibilidade da qual o morador local usufrui (MATOS, 2012).
1
Graduando em Bacharelado em Turismo; Universidade de São Paulo; São Paulo (SP); Lattes:
http://lattes.cnpq.br/1976265008629108; E-mail danielbgomes18@usp.br.
2
Doutora em Ciências da Comunicação pela Universidade de São Paulo; Universidade de São Paulo;
São Paulo (SP); Lattes: http://lattes.cnpq.br/3872989194397830; E-mail: bragadc@usp.br.
58
São Paulo é uma cidade de grandes proporções e de uma complexidade
cultural, gastronômica, arquitetônica e urbanística ímpar, a qual é refletida na
variedade de atrativos turísticos, de modo que torna-se um desafio organizá-los e
apresentá-los a turistas.
Portanto, o objetivo deste estudo é entender quais são as regiões da cidade de
São Paulo mais recorrentes nos passeios ofertados por agências de turismo receptivo.
METODOLOGIA
O presente trabalho consiste em uma pesquisa qualitativa descritiva e seu
universo de pesquisa consiste nas agências de turismo receptivo veiculadas no
website da São Paulo Turismo S/A (SP-Turis), órgão responsável pela atividade
turística no município de São Paulo, o qual indicava 26 empresas em junho de 2020
(CIDADE DE SÃO PAULO, [201-]). Porém, empresas que estavam com websites fora
do ar ou sem conteúdo sobre seus produtos foram descartadas, totalizando 19
agências.
Entre os meses de junho e julho de 2020, foi coletada a lista de atrativos
visitados nos passeios das agências pesquisadas. Segundo Oliveira e Marchiori
(2012), a articulação dos websites diminui o efeito propagandístico, sendo possível
colher informações. Entretanto, reconhece-se que ao se optar por tal fonte, enfrenta-se
uma limitação devido à rapidez ou atraso da atualização de dados.
Para categorizar os passeios, Astorino (2008) divide os produtos receptivos em
três grandes grupos: 1) City tours - apresentam o principal do destino e são
conduzidos a partir de veículos compartilhados ou privativos, são caracterizados como
passeios panorâmicos, com rápidas paradas para fotos, têm durações variadas; 2)
Passeios temáticos - trazem maior interação com os atrativos, pensados a partir de um
determinado tema, podendo ter duração variada em função do itinerário; 3) Excursões
- duram, no mínimo, um dia inteiro e visitam cidades vizinhas ou próximas ao
município sede da agência. A partir disso, foram considerados os city tours e os
59
passeios temáticos, pois as excursões não ocorrem em São Paulo. Para estabelecer
limites entre os pontos turísticos, foi realizada uma pesquisa documental com
publicações da SP-Turis disponíveis online. Assim, a cidade foi dividida em oito
regiões, de acordo com o Guia da Cidade (SP-TURIS, 2018). No estudo, essas
regiões foram divididas em sub-regiões, usadas para construir o diagrama de rede e
facilitar a compreensão dos resultados.
REFERENCIAL TEÓRICO
O mercado de turismo receptivo não deve preocupar-se em oferecer apenas
serviços básicos, mas deve ser criativo e buscar a atenção dos clientes, na forma de
um diferencial competitivo (MATOS, 2012). O autor aponta que o consumidor, ao
contratar serviços, não busca somente ser transportado, mas deseja um carro
confortável, limpo e seguro; complementado por uma equipe hospitaleira que revele o
melhor da localidade. Astorino (2008) complementa que os produtos e serviços das
agências de receptivo devem maximizar a experiência. A autora indica que os
passeios comercializados por estas podem ser vendidos diretamente ao turista ou
através de uma operadora. Portanto, é fundamental que as empresas mantenham
parcerias com agências emissivas e operadoras de diversas partes do mundo.
Em relação ao município de São Paulo como um destino turístico, trata-se de
uma cidade de 1,5 mil Km², onde moram, aproximadamente, 12,4 milhões de
habitantes (IBGE, 2020). Segundo o website oficial do município, em 2018, havia a
oferta de 124 museus, 119 teatros e 50 mil estabelecimentos do setor de bares e
restaurantes, 403 hotéis e 79 hostels - maior parque hoteleiro da América Latina.
Ainda, era a cidade brasileira que mais recebe eventos (SP-TURIS, 2019).
A capital paulista recebeu, em 2019, cerca de 15,7 milhões de turistas, sendo
12,8 milhões de visitantes domésticos e 2,9 milhões, internacionais. A principal
motivação, representando a parcela de 46,7% dos visitantes, é a negócios. A média de
60
permanência na cidade é de três dias para turistas nacionais e de quatro para os
vindos do exterior (SP-TURIS, 2019).
RESULTADOS
Figura 1 - Agências de turismo receptivo de São Paulo e sub-regiões onde trabalham
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Após a análise dos resultados da pesquisa, pode-se notar que os city tours,
presentes no catálogo de todas as agências analisadas, consideram o eixo Centro-
Paulista-Ibirapuera como essencial, onde, ainda, estão os cinco principais atrativos da
cidade - MASP, Parque Ibirapuera, Mercado Municipal, Avenida Paulista, Catedral da
Sé.
Também foi possível verificar que quanto mais distante do eixo citado estão as
áreas atrativas para visitação, menos roteiros são oferecidos. Isso reforça a
centralidade da oferta de roteiros turísticos em São Paulo, confirmando os achados de
Teles (2006), cujo trabalho indica que atrativos histórico-culturais e comerciais
costumam estar em áreas onde os núcleos urbanos se originaram.
Reconhece-se, portanto, esse estudo como uma iniciativa na temática do
turismo receptivo paulistano e abre caminhos para pesquisas futuras e
complementares com o intuito de corrigir limitações e compreender a influência de
variáveis na atual oferta.
62
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
ASTORINO, Claudia. Agências e serviços receptivos. In: BRAGA, Debora Cordeiro
(org.). Agências de viagens e turismo: práticas de mercado. São Paulo: Elsevier,
2008. Cap. 10. p. 3-22.
MATOS, Francisco de Castro. Turismo receptivo e terceiro setor: ações de fomento. In:
SEMINÁRIO DE PESQUISA EM TURISMO DO MERCOSUL, 7., 2012, Caxias do Sul.
Anais [...] Caxias do Sul: Universidade de Caxias do Sul, 2012.
63
Aplicação do conceito de nudge no setor do turismo,
viagens e lazer: Uma revisão narrativa da bibliografia
INTRODUÇÃO
A Economia comportamental (EC) é uma subdisciplina das ciências
econômicas, derivada da junção de desenvolvimentos teóricos e experiências na área
da psicologia, da neurociência e outras ciências sociais (ÁVILA; BIANCHI, 2015). Tem
1
Graduanda em turismo; Universidade Federal Fluminense; Niterói – Rio de Janeiro; Lattes:
http://lattes.cnpq.br/1345061881126828; E-mail: ingridbraz@id.uff.br.
2
Doutor em Economia e Docente da Faculdade de Turismo e Hotelaria; Universidade Federal
Fluminense; Niterói - Rio de Janeiro; Lattes: http://lattes.cnpq.br/1401073089905179; E-mail:
osirismarques@id.uff.br.
3
Mestrando em Turismo; Universidade Federal Fluminense; Niterói - Rio de Janeiro; Lattes:
http://lattes.cnpq.br/4608863464672060; E-mail: valeriorsneto@gmail.com.
64
como preocupação central o fato de que as escolhas nem sempre são consistentes,
mostrando como o mesmo indivíduo está sujeito a uma variedade de influências
presentes no contexto imediato da decisão e na forma de como as alternativas são
oferecidas (ÁVILA; BIANCHI, 2015).
Os novos modelos, baseados na economia comportamental, trazem
evidências de que as influências cognitivas, sociais e emocionais transformam nosso
comportamento e, consequentemente, a tomada de decisão. O novo estudo passa a
questionar a teoria econômica tradicional que postula que somos seres racionais
(ARIELY, 2008) e capazes de tomar decisões a partir das nossas preferências
pessoais - que podem ser previstas – e tomamos as melhores decisões ao nosso
favor.
Alguns estudos são utilizados para complementar o entendimento da
economia comportamental. Por exemplo, central para a EC, a teoria do sistema dual
(dois sistemas de processamento cognitivo, sendo o sistema 1 mais intuitivo, sem
esforço e o sistema 2 mais deliberativo e demandante) é usada para explicar por que
nossas avaliações e decisões frequentemente não estão de acordo com as noções
formais de racionalidade (SLOMAN, 1996), e neste sentido são introduzidas as
heurísticas 1 e os vieses cognitivos 2 (i.e., atalhos mentais e possíveis erros
sistemáticos derivados deles), assim como o entendimento que os seres humanos
possuem racionalidade limitada (SIMON, 1979) que desafia a racionalidade
neoclássica.
O conceito do nudge – também chamado de cutucão ou empurrão, foi
disseminado em 2008 por Thaler e Sunstein. Para eles, (2008, tradução nossa) o
nudge é qualquer aspecto da arquitetura de escolha que altera o comportamento das
pessoas de uma forma previsível, sem proibir quaisquer opções ou alterar
1
As heurísticas são os processos utilizados pela mente que tem o objetivo de operar atalhos de
raciocínio para facilitar a escolha em uma tomada de decisão.
2
Os vieses cognitivos são erros sistemáticos que são resultado de limitações cognitivas.
65
significativamente seus incentivos econômicos. Para contar como um nudge, a
intervenção deve ser fácil e barata. Nudges não são imposições.
No tripé para o desenvolvimento do nudge são apresentados: o aspecto
paternalista, aspecto libertário e a intervenção comportamental. O paternalismo
consiste em legitimar a influência no comportamento e escolha das pessoas, visando
seu bem-estar pessoal, o libertarismo assume a ideia da liberdade de escolha sem
proibir outras opções e a intervenção comportamental está atrelada com a
transformação do comportamento que impacta na tomada de decisão, somado com o
background da economia comportamental de influências cognitivas, sociais e
emocionais que interferem no comportamento (THALER; SUNSTEIN, 2003; 2008).
A utilização do nudge demostra como as pessoas são influenciadas na tomada
de decisão e a arquitetura de escolhas provêm da intervenção comportamental do
contexto influenciado pelo arquiteto de escolha (THALER; SUNSTEIN, 2008; VISSER;
FILIMONAU, 2022, no prelo). Uma vez que o ser humano tenha a alternativa,
compreender como essa escolha acontece resultará melhores resultados gerados pela
arquitetura de escolha (THALER; SUNSTEIN, 2008). Em grande medida, o nudge não
tem a finalidade de reduzir ou limitar uma escolha, mas sim de orientar a uma decisão
específica.
Identificando a necessidade dos estudos dos nudges, nos perguntamos como
estão sendo desenvolvidas as pesquisas de nudges no turismo? Deste modo, o
objetivo foi compreender como o conceito do nudge está sendo empregado no setor
do turismo, focando na tomada de decisão do turista. Para tal, realizamos um overview
dos nossos resultados preliminares nas seções a seguir.
METODOLOGIA
Em relação aos procedimentos metodológicos, para identificação do referencial
para o trabalho, o método a ser seguido foi desenvolvido a partir de três etapas. Na
primeira etapa foram realizadas buscas a partir do levantamento de artigos e da
bibliografia especializada em portais acadêmicos, buscando palavras-chave e
66
analisando resumos, para então selecionar a literatura base relacionada a economia
comportamental e o nudge, e em seguida a realização da revisão de literatura. Na
segunda etapa, se mantêm a busca e análise de artigos que discutam sobre os casos
práticos do nudge no turismo. E na terceira etapa a análise se dá por meio da reunião
dos artigos reunidos, explorando no quesito teoria e prática, a influência do conceito no
turismo. E relação a segunda etapa, adotamos critérios de coleta sistemáticos, porém
a análise englobou estudos selecionados pelos autores considerados relevantes para
a discussão proposta neste estudo. A plataforma escolhida foi a Web of Science, na
qual com o uso de operadores boleanos: "tourism" AND "nudge" foram recuperados ao
todo 45 artigos, todos em inglês, publicados entre 2000 e 2021. Mas com intuito de se
concentrar em artigos mais recentes, foi feito um corte temporal de 2019 a 2021, e
com este filtro foram recuperados 24 artigos, que ao final foram analisados.
RESULTADOS E DISCUSSÃO
A análise preliminar da amostra de estudos revelou que as intervenções do
nudge somada a arquitetura de escolhas são ferramentas eficazes na produção de
comportamentos turísticos pró-ambientais (DOLNICAR, 2020). Identificamos insights
bastante utilizados na literatura de nudge de modo geral, como por exemplo, as
normas sociais que foram aplicadas para a reutilização de toalhas em um hotel nos
Estados Unidos. O postulado sobre as normas sociais propõe que as pessoas tendem
a se comportar como outras pessoas (VLAEV et al., 2016). Na revisão da Sara
Dolnicar (2020) ao qual ela propõe um framework conceitual para construção de
comportamentos pró-ambientais ela traz um nudge ao qual o empreendimento
hoteleiro informava aos hóspedes a porcentagem de reutilização de toalhas para
outros hóspedes e está manipulação fez com que houvesse um aumento de
reutilização em uma taxa de 45% (DOLNICAR, 2020).
Projetar a arquitetura de escolha, ou seja, alterações no ambiente ao qual o
turista escolha de modo a facilitar o processo de tomada de decisão também resulta
na redução de limpeza de rotina nos quartos em um hotel na Eslovênia, neste caso as
67
opções padrões, os chamados defaults reduziram as limpezas em 63% (DOLNICAR,
2020). Além do hotel se beneficiar financeiramente, os benefícios ambientais também
foram significativos.
De fato, tais intervenções de opções padrões são identificados na literatura
como grandes aliados de alterações comportamentais. No livro de nudge, Thaler e
Sunstein (2008) trazem um exemplo clássico da doação de órgãos, ao qual
apresentam resultados do estudo de Johson e Goldtein ao qual demonstram que
países que exercem o default opt in (i.e., devem optar pela doação de órgãos)
possuem entre 4 a 27% de taxa de adoção, enquanto países que automaticamente
compreendem os cidadãos como doadores de órgão e caso os mesmos não queiram,
deverão ativamente informar que não são (default opt out), possuem taxas acima de
85% de doadores de órgãos.
Ainda na esteira do comportamento pró-ambiental, o nudge foi implementado
em um experimento realizado que buscou diminuir a escolha por saco plástico em uma
loja de conveniência chamada Coco Express, uma rede de varejo mais comum e
movimentada em Gili Trawangan. Neste caso, a proposta teórica de que nossos atos
são influenciados por quem envia a mensagem (VLAEV et al., 2016) foi posta em
prática. O local de estudo foi uma loja na Indonésia, o segundo país que mais contribui
para a poluição marinha de plástico, no qual o fornecimento de saco plástico neste
estabelecimento era gratuito. Nelson, Bauer e Partelow (2021) colocaram mensagens
com sinal informativo próximo ao balcão de check-out, com base em três níveis:
positivo, negativo e sem sinal. A frase questionava se a pessoa realmente precisava
de um saco plástico (Você realmente precisa de um saco plástico?) (NELSON;
BAUER; PARTELOW, 2021). A simples mensagem fazia com que os consumidores
realmente se questionassem e optassem por não adquirir o saco plástico. No geral os
resultados indicaram que a intervenção, de qualquer tipo, foi a mais eficaz que
nenhuma.
Os empurrões podem mudar o comportamento e aumentar os resultados
positivos sem coagir o comportamento (THALER; SUNSTEIN, 2008). Os resultados
68
preliminares demonstraram que as análises feitas até então ressaltam um foco na
sustentabilidade e que as intervenções (VLAEV et al., 2016) atestam que, de fato, a
indústria do turismo pode, utilizando da aplicação do nudge, reduzir os danos
ambientais, com a intenção de fazer com que os turistas tragam mais benefícios que
malefícios para os destinos turísticos.
CONCLUSÃO
Nossa análise preliminar demonstrou que os estudos de nudges no turismo
tendem a seguir um viés pró-ambiental, seguindo a tendência de Thaler e Sunstein
(2008) as intervenções são de baixos custos e, em alguns casos até reduzem os
gastos cotidianos dos empreendimentos. Neste sentido nudges se apresentam como
intervenções factíveis (LEHNER; MONT; HEISKANEN, 2016), já que nudges no
turismo sempre traz contribuições gerenciais que podem ser adotadas com pouco ou
nenhum gasto de recursos (KALLBEKKEN; SÆLEN, 2013).
Os resultados demonstram que intervenções comportamentais pautadas no
princípio do paternalismo libertário não somente produzem benefícios para os
empreendimentos, mas aumentam comportamentos pró-sociais e, consequentemente
ajudam no desenvolvimento sustentável do turismo.
Pelo fato de a pesquisa estar em estágio inicial, outros foco poderão ser
identificados entre a análise dos artigos, porém, durante o processo de busca dos
artigos, mediante leitura de títulos e resumos, nos fazem crer que o foco dos nudges
no turismo são a busca de comportamentos turísticos pró-ambientais. Ainda assim,
uma análise mais aprofundada dos estudos faz-se necessária. Além de uma busca em
mais plataformas de pesquisa para possuirmos uma amostra significativa de análise.
REFERÊNCIAS
ARIELY, D. Previsivelmente irracional. Elsevier Brasil, 2008.
LEHNER, M.; MONT, O.; HEISKANEN, E. Nudging–A promising tool for sustainable
consumption behaviour?. Journal of Cleaner Production, v. 134, p. 166-177, 2016.
70
RC 4: Turismo, Meio Ambiente e Gestão Ambiental
1
Antônio Jorlan Soares de Abreu
2
Adriana Monteiro da Silva
REFERÊNCIAS
BARBOSA, L. M. Redes de Territórios Solidários do Turismo Comunitário:
políticas para o desenvolvimento local no Ceará. Dissertação (Mestrado em Geografia)
– Programa de Pós-Graduação em Geografia, Universidade Estadual do Ceará-UECE,
2011.
1
Bacharelando em Turismo; Centro de Educação à Distância da Universidade Federal do Piauí-
CEAD/UFPI; Teresina-Piauí; Lattes: http://lattes.cnpq.br/8635822084355007; E-mail:
antonio.abreu@ifma.edu.br.
2
Mestra e Bacharela em Turismo; Centro de Educação à Distância da Universidade Federal do Piauí-
CEAD/UFPI; Teresina-Piauí; Lattes: http://lattes.cnpq.br/1068069853935397; E-mail:
drikkamonteiro@hotmail.com.
71
BARRETO, M. Planejamento responsável do Turismo. Campinas/SP: Papirus,
2005.
72
TURISMO EM ESPAÇOS RURAIS: roteiro turístico em
engenhos de produção de cachaça no interior do Maranhão
INTRODUÇÃO
O presente trabalho busca refletir sobre as possibilidades de elaboração de um
roteiro turístico para os engenhos de produção de cachaça no povoado de São
Raimundo, localizado no município de São Bernardo-MA em uma região conhecida
como Baixo Parnaíba Maranhense. Destaca-se que o estudo em foco encontra-se
ainda em fase preliminar, porém, já é possível tecer reflexões importantes sobre o
campo de análise.
1
Discente do Curso de Turismo da Universidade Federal do Maranhão campus São Bernardo. Bolsista
PIBIC/CNPq. Lattes: http://lattes.cnpq.br/0396685699959620 E-mail: lopes.isaias@discente.ufma.br
2
Docente Adjunta do Curso de Turismo da Universidade Federal do Maranhão campus São Bernardo;
Lattes: http://lattes.cnpq.br/2456335844034805; E-mail: tatiana.colasante@ufma.br.
73
Nesse sentido o trabalho privilegia a perspectiva de desenvolvimento de um
turismo que contribua para o desenvolvimento local, como propugnam Scótolo e
Panosso Netto (2015), Silva e Miranda (2013), Reis (2012), Barbosa (2005) e
Rodrigues (1997) de modo a inserir a população em processos decisórios da atividade
e que, a partir disso, possam ter uma fonte de renda alternativa, possibilitando também
uma troca de experiências com os visitantes, demonstrando a importância da
valorização do patrimônio local, ao mesmo tempo em que evidencia locais do Baixo
Parnaíba Maranhense que tem potencialidade para o turismo.
A região do Baixo Parnaíba Maranhense possui municípios onde o espaço
rural se sobrepõe ao uso urbano. Trata-se de um recorte espacial ainda pouco
estudado, mas que vem sofrendo grandes impactos socioambientais em função da
expansão da fronteira do agronegócio. Por outro lado, possui potencialidades turísticas
excepcionais como retratado em Amador (2021), Silva (2019) e Gomes (2019).
METODOLOGIA
Do ponto de vista metodológico, a pesquisa é de abordagem qualitativa,
partindo da dimensão do cotidiano de São Raimundo, extraindo subjetividades e
significações dos dados coletados. Pelo fato de a região estudada ainda ser pouco
explorada em termos científicos, a pesquisa tem caráter exploratório. Por se tratar da
análise específica de uma comunidade, os procedimentos técnicos convergem para
um estudo caso “[...] caracterizado pelo estudo profundo e exaustivo de um ou de
poucos objetos, de maneira a permitir o seu conhecimento amplo e detalhado” (GIL,
2008, p. 57).
A partir de entrevistas por pautas nas quais se abordam os pontos de
interesse, deixando o informante seguir livremente sua narrativa (GIL, 2008) serão
contemplados dois grupos distintos: comunidade local e proprietários dos engenhos de
cachaça, buscando analisar as narrativas memoriais da história do povoado e da
formação dos engenhos.
74
REFERENCIAL TEÓRICO
Para Silva e Miranda (2013), a atividade turística está atrelada ao
desenvolvimento do território e seu planejamento deve priorizar o bem-estar da
população residente. Com isso, busca-se trazer um olhar para o interior do Maranhão,
onde muitos municípios tem baixo Índice de Desenvolvimento Humano (IDH), mas que
guardam em seu território aspectos históricos, culturais e naturais que despontam para
o interesse turístico e podem ser utilizados em um movimento contra hegemônico.
São Raimundo é um povoado 1 pertencente ao município de São Bernardo-MA.
As atividades econômicas envolvem a agricultura familiar, a produção de cana de
açúcar, da cachaça artesanal e a pesca. Seu território é marcado por histórias
vinculadas à memória do tempo da escravidão e que ainda guarda elementos de
relevância histórica, como antiga Fazenda Paraiso, um dos maiores Engenhos de
cana-de-açúcar do Nordeste do Maranhão na época, como indicado por Gomes
(2019).
Nesse cenário de resistências e lutas, atualmente sobressai a produção da
cachaça, considerada uma bebida muito apreciada pelos brasileiros e com forte apelo
turístico. Pelo seu valor patrimonial, o processo de fabricação da cachaça chama a
atenção de turistas e visitantes, principalmente, a partir do turismo cultural que “[...]
trabalha com a preservação e o resgate histórico de todo o legado cultural de um
determinado destino” (BRAGA e KIYOTANI, 2015, p. 257). Com isso, privilegiam-se os
valores materiais (bens tangíveis, como maquinarias, edificações etc.) e valores
imateriais (bens intangíveis, como festas, narrativas etc.).
Ressalta-se que a região do Baixo Parnaíba Maranhense já possui locais de
potencialidade turística, indicado em estudos de Silva (2019) e Amador (2021) e locais
1
Para o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) trata-se de um tipo de aglomerado
rural caracterizado pela existência de um número mínimo de serviços ou equipamentos para atender
aos moradores do próprio aglomerado ou de áreas rurais próximas.
75
que já possuem um turismo consolidado, como Paulino Neves-MA que faz parte da
Rota das Emoções 1.
RESULTADOS E DISCUSSÃO
Dentre as características da cachaça de São Raimundo, se destaca seu maior
teor alcoólico percebido até mesmo por quem a consome. Além disso, sua produção
que ainda é toda artesanal, desde o cultivo da cana-de-açúcar até a destilação da
cachaça, sem uso de agrotóxicos ou até mesmo máquinas (Figura 1). A partir de
levantamentos preliminares, verificou-se que a presença de muitas casas de engenhos
que chamam a atenção pela produção ser partilhada, Essa tradição é passada de
geração para geração.
Em um primeiro momento, direciona-se a elaboração do roteiro para ser
ofertado à comunidade acadêmica de São Bernardo, pois, o município conta com um
campus universitário que oferta cinco cursos de graduação para alunos de diversas
localidades. Isso possibilitaria a realização de atividades interdisciplinares e o (re)
conhecimento de espaços de valorização da cultura local.
1
Roteiro no nordeste brasileiro com um percurso de 500 km de percurso, passando por três
estados: Ceará, Piauí e Maranhão.
76
No turismo, os roteiros da cachaça se constituem em um importante atrativo,
atraindo muitos turistas, pois, agregam vários tipos de serviços (gastronomia, história,
cultura e atividades ao ar livre), gerando emprego e renda para a própria população,
além de contribuir para a preservação do patrimônio cultural a partir do turismo cultural
dentro da premissa do turismo de base local.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Na região, existe o Delta das Américas que atrai muitos turistas internacionais
passando pela Rota das Emoções. Nesse sentido, esse é outro ponto que indica a
possibilidade de criação de roteiros no interior do Maranhão, visto que há circulação de
turistas em busca de belezas naturais e cultura. Em contrapartida, muitos municípios
do Baixo Parnaíba ainda não dispõem de infraestrutura para o turismo, mas a oferta de
roteiros junto à comunidade pode ser um incentivo para ações de gestão participativa
com vistas ao desenvolvimento de um turismo de base local.
REFERÊNCIAS
AMADOR, A. D. S. Turismo e meio ambiente: Um estudo de caso sobre os impactos
ambientais na comunidade do Bacuri. 2021. Monografia (Bacharelado em Turismo).
Universidade Federal do Maranhão, São Bernardo, 2021.
GIL, A. C. Métodos e técnicas de pesquisa social. 6. ed. São Paulo: Atlas, 2008.
BRAGA, M.V. F.; Kiyotani, I.B. A Cachaça como patrimônio: turismo, cultura e sabor.
Revista de Turismo Contemporâneo, v. 3, n. 2, p. 254-275, Natal, dez. 2015
77
SCÓTOLO, D. PANOSSO NETO, A. Contribuições do turismo para o desenvolvimento
local. Revista de Cultura e Turismo, Santa Cruz, ano 09, n. 1, p. 36-59, fev. 2015.
78
Impactos socioambientais do turismo de pesca esportiva
sob o olhar indígena Wai Wai em Roraima, Brasil
INTRODUÇÃO
Entende-se o turismo como um fenômeno sociocultural que emerge como
atividade comercial no continente europeu e teve expressivo crescimento em meados
1
Graduando em Gestão de Turismo na Universidade Federal do Pampa, Campus Jaguarão, Rio
Grande do Sul; Lattes: http://lattes.cnpq.br/7051107268077171; E-mail:
aldemirwai.aluno@unipampa.edu.br.
2
Graduanda em Gestão de Turismo na Universidade Federal do Pampa, Campus Jaguarão, Rio
Grande do Sul; Lattes: http://lattes.cnpq.br/2485807601466386; E-mail:
adyllasantos.aluno@unipampa.edu.br.
3
Doutora em Memória Social e Patrimônio Cultural. Professora Adjunta da Universidade Federal do
Pampa Campus Jaguarão, Rio Grande do Sul; Lattes: http://lattes.cnpq.br/1452590611710222; E-mail:
alessandrafarinha@unipampa.edu.br
79
do século XX. A atividade turística gera impactos de diferentes tipos. O impacto
econômico positivo do turismo é o mais conhecido e difundido em discursos políticos,
de gestão e empresariais, mas é fundamental identificar, discutir e minimizar os
impactos negativos do turismo específicos de cada região, de cada comunidade, a fim
de que, nem a comunidade autóctone, nem os turistas e trabalhadores do setor se
sintam prejudicados no processo.
Esse trabalho objetiva identificar, relatar e problematizar sobre a atividade
turística que ocorria na Comunidade Jatapuzinho, na Terra Indígena Trombetas
Mapuera, situado no município de Caroebe, na região Sul do estado de Roraima, no
Brasil. Nesta localidade ocorria o turismo de pesca esportiva, que se insere na
perspectiva do turismo de base comunitária. Este segmento de turismo, conforme
Grimm e Sampaio (2011) baseia-se em conhecer uma comunidade local, onde ela é a
protagonista das experiências, gerando benefícios coletivos, promovendo a vivência
intercultural, a qualidade de vida, a valorização da história e da cultura dessas
populações. Essa pesquisa justifica-se por diversos aspectos. Destaca-se o impacto
ambiental e sócio-cultural provocado pela atividade turística, o qual deve ser previsto,
identificado e evitado. As comunidades tradicionais devem ser identificadas e
protegidas de atividades predatórias, para isso deve-se ter o conhecimento de
aspectos culturais, geográficos e ambientais.
A metodologia utilizada foi um estudo de referencial teórico sobre a pesca
esportiva, turismo de base comunitária, dados sobre os indígenas Wai Wai. Foi feita
pesquisa de impactos negativos do turismo no local a partir das referências estudadas.
Foi feita uma entrevista com o Sr. Jaime Pereira da Costa, indígena da etnia Wai Wai
de 53 anos, morador da cidade de Boa Vista, Roraima, Brasil, por intermédio do autor
01. Entende-se que essa pesquisa também contribui para dar voz à esta etnia
indígena em âmbito acadêmico, para conhecê-la e assim contribuir para a sua
preservação.
80
ÍNDIOS WAI WAI EM CAROEBE-RR: ALGUMAS CONSIDERAÇÕES
Caroebe é um município de cerca de 10.000 habitantes, segundo dados do
IBGE (2017). Encontra-se a 330 quilômetros da capital do estado, Boa Vista, e sua
economia está ancorada nas atividades do setor primário, sobretudo agricultura. A
Terra Indígena Wai Wai está localizada no Estado de Roraima, nos municípios de
Caroebe, São João da Baliza e São Luiz de Anauá. Souza (1998) afirma que os limites
por onde circulam os índios Wai Wai 1 costumam ser referenciados pelos próprios,
sendo eles: a Serra do Curupira ao sul da aldeia e ao norte toda extensão que vai ao
encontro da BR 210. A leste, o território atinge o alto Jatapuzinho e regiões do baixo
Girão; A jusante da aldeia, se estende até a foz do Jatapuzinho. Essa mesma zona
também é considerada como área permanente utilizada pelo grupo para a pesca
(SOUZA, 1998, p.174).
Barbosa (2012) afirma que as terras indígenas no Brasil, sobretudo as
encontradas na floresta amazônica, são de uma riqueza inestimável sob o aspecto
econômico, social, ambiental, pois os povos indígenas têm formas específicas de
manejo da biodiversidade e conhecimentos que lhes são inerentes. Assim, o estudo
sobre etnias indígenas, seus saberes e suas experiências são de extrema relevância
para o conhecimento acadêmico.
1
Os índios Wai Wai, conforme Queirós (2008), apud Barbosa (2012, p. 47), fazem parte de um
complexo cultural denominado Tarumã-Parukoto e são falantes de uma língua da família caribe. Este
complexo cultural estende-se pelas bacias dos rios Trombeta, Jatapú, Mapuera, Anauá, Nhamundá e
Mapuera, nos estados de Roraima, Amazonas e Pará.
81
comunitária incentiva vínculos, relações sociais entre diferentes modos de vida. Da
mesma forma, pode contribuir para o respeito e a preservação ambiental e cultural das
comunidades tradicionais pelo conhecimento. O turismo de base comunitária oferece
experiências com autóctones em seu próprio meio, estabelecendo laços e fortalecendo
a organização comunitária, que se torna a principal beneficiada economicamente.
O turismo de pesca esportiva é um dos segmentos que podem ser assimilados
como turismo de base comunitária, pois pode ser realizado no território e conduzido
por autóctones. De acordo com Silva e Lima (2014), o turismo de pesca esportiva
promove o contato com o ambiente natural, com a fauna local e promove uma
experiência diferenciada e uma volta ao passado. No entanto, os autores alertam que
a prática e gestão inadequadas do turismo de pesca esportiva podem tornar mais
impactante do que outros tipos de pesca, pois na pesca esportiva as pessoas acabam
buscando ambientes e espécies exóticas.
RESULTADOS DA PESQUISA
O estudo buscou identificar, relatar e problematizar a atividade turística que
ocorria na Comunidade Jatapuzinho, revelando experiências dos índios Wai Wai com
a atividade turística. No estudo, tanto teórico quanto na entrevista, identificamos que o
turismo gerou diferentes impactos na comunidade, ressalta-se memórias do turismo de
pesca esportiva que ocorria na região há cerca de uma década. O depoente relatou
que a experiência de pesca esportiva não foi benéfica para a comunidade indígena
Wai Wai, e afirmou que a comunidade indígena sofreu com impactos negativos da
pesca dita “esportiva”, pois grande parte dos peixes não sobrevivia à prática e havia a
preocupação com a falta do pescado para o sustento da comunidade. O depoente
também relatou a falta de pagamento justo pelos serviços turísticos prestados, no caso
a condução de turistas e seu transporte fluvial. Conforme o depoente, os turistas eram,
na maior parte das vezes norte-americanos e que o turismo de pesca esportiva não
ocorre mais nas terras indígena a mais de uma década, por proibição das próprias
lideranças indígenas.
82
O turismo de pesca esportiva ocorria por meio de intermediadores, que
recebiam a autorização para o ingresso de turistas na terra indígena e negociavam a
embarcação e outros serviços. Souza (1998, p. 181) afirma que em várias
oportunidades, os índios Wai Wai são prejudicados por esses “atravessadores”, que
também fazem a intermediação da venda dos produtos artesanais produzidos pelos
indígenas, que são ora vendidos a baixo custo, ora trocados por produtos necessários
para sua subsistência. Os produtos artesanais são comercializados para turistas que
visitam a região.
Os resultados dessa pesquisa indicam que o turismo de base comunitária é
positivo para a comunidade autóctone apenas se beneficiar a localidade em diversos
aspectos (econômico, social, ambiental, cultural). Este segmento só pode se
desenvolver no Brasil se forem consideradas e respeitadas as características e
necessidades da comunidade. No caso deste estudo, não houve planejamento do
turismo na terra indígena Wai Wai na Comunidade Jatapuzinho, o que comprometeu
todo o processo, perdendo-se a oportunidade de aprendizados, de colaborar
economicamente com os indígenas, danos ambientais e outros.
REFERÊNCIAS
BARBOSA, Ariosmar Mendes. Economia indígena em áreas da Floresta
Amazônica: O caso dos índios waiwai no sul de Roraima. Dissertação de Mestrado.
Universidade Federal do Rio Grande do Sul. Programa de Pós-Graduação em
Economia. 2012. Disponível em:
https://www.lume.ufrgs.br/bitstream/handle/10183/49858/000837127.pdf?sequence=1.
Acesso em 15 out. 2021.
VILELA, Kathlen Aquino; ALVES, Kerley dos Santos. Interações online entre
utilizadores das redes sociais e o turismo de base comunitária nos municípios de
Minas Gerais. In: Anais do Encontro Semintur Jr., 11., Caxias do Sul. Anais [...].
Caxias do Sul: UCS, 2020. Disponível em: https://fd9204dd-57fc-46c8-83aa-
319392960ec6.filesusr.com/ugd/bbfecb_b7fa53656f8e4ebaae20a7c1f423ffe6.pdf.
Acesso em: 14 out. 2021.
84
Experiências afetivas – um estudo sobre os alojamentos de
floresta e o turismo de base comunitária
85
considerados artesanais e de grande importância para uma melhor experiência
sensorial foram evidenciados nas entrevistas com os gerentes dos hotéis.
INTRODUÇÃO
No Amazonas, o segmento do turismo comunitário vem crescendo, a procura
por serviços feitos de forma artesanal, personalizada, diferenciada e exclusiva cresce
cada vez mais com o passar dos anos. Foi possível notar com o recorte de
acontecimentos no ano de 2020 e início do ano de 2021, uma crescente demanda por
serviços dessa forma no mercado. Não seria diferente nos serviços turísticos, ainda
que estivessem limitados a ser utilizados durante o período pandêmico existente em
todo o mundo. O desenvolvimento de empreendimentos, atividades, ofertas de meios
de hospedagem envolvendo um turismo de natureza no Amazonas teve um grande
impacto até mesmo positivo no tocante à inovação. Com isso, foi observado alguns
locais com a oferta de pacotes personalizados para demandas românticas ou
familiares, onde busca promover a conexão com a comunidade local e o
desenvolvimento sustentável, criando memórias afetivas, assim como outros
empreendimentos que investiram na parte da afetividade, hospitalidade e experiência
que traz conforto e até mesmo o acalento em um período conturbado antes não
vivenciado.
Os assuntos que nos trazem prazer e satisfação são os que dispensamos mais
tempo em conhecê-los e compreendê-los. Assim os afetos estão na base da formação
da memória. [...] Eles são os motores que impulsionam nossas vidas. Uma memória
afetiva pode se desenvolver a partir de uma percepção sensorial como um odor, um
som, uma cor, desde que tal percepção esteja ligada a um momento afetivo
importante. O resgate da memória afetiva, quando bem orientada, trará a possibilidade
de ampliarmos nossa consciência na medida em que integramos qualidades ao nosso
mundo atual. (PORTILLO, 2006).
86
ALOJAMENTOS DE FLORESTA E EXPERIÊNCIAS IMERSIVAS
Historicamente, as viagens realizadas eram de cunho comercial ou a serviço do
governante da época, apenas com a queda do Império Romano foi que deu-se início a
outras formas de trabalho, bem como o cuidado com a hospitalidade e o preocupação
com a disponibilidade de segurança, qualidade daqueles serviços, assim como um
notório esforço em estar seguindo aos princípios do cristianismo, onde abordava a
questão do “amor ao próximo”. Foi então a partir desse marco, iniciou-se um interesse
na qualidade dos serviços prestados, onde nos dias atuais é de suma importância na
questão mercadológica da hotelaria.
Muller, Hallal, Ramos (2012) explicam que os meios de hospedagem fazem
parte dos serviços turísticos, juntamente com as agências de viagens, operadoras,
restaurantes, transportes e outros, e são de extrema importância para a promoção do
turismo. Dias (2006) explica sobre a diferenciação de percepção sobre a hospitalidade
de um turista para o outro, visto que cada um pode ter uma experiência diferente,
assim como podem seguir o mesmo roteiro à risca, mas ter percepções subjetivas
individuais e diferentes ainda que seja seguido um padrão em atendimento. Beni
(2002) considera que os serviços turísticos são: “o conjunto de edificações, de
instalações e serviços indispensáveis ao desenvolvimento da atividade turística.
Compreendem os meios de hospedagem, serviços de alimentação, de entretenimento,
de agenciamento, de informação e outros.”
O maior foco do turista que vem para o Amazonas é o turismo de natureza,
então o intuito é procurar uma hospedagem selvagem e assim vivenciar a experiência
única e tão almejada se conhecer e apreciar a natureza.
87
sociais, culturais e econômicos, assim como no comunitários que recebem esses
turistas, assim como os turistas independente da nacionalidade.
As autoras Fabrino, Do Nascimento e Costa (2017) apresentam a questão da
interculturalidade no TBC, onde acontece a troca cultural, tanto de referências como
de experiências entre os turistas e a comunidade local. É por meio desta também que
os empreendimentos podem adotar as atividades artesanais e personalizadas como
grandes atrativos para alavancar a experiência do turista quanto a sua experiência a
fim de atrelar diversas memórias afetivas com o local, a comunidade e com o aumento
de chances de atrair novos hóspedes.
O estudo de Moraes et al (2020) demonstra a fala de mulheres que trabalham
dentro de comunidades, por meio da fala da entrevistada é possível pensar sobre
como a pandemia afetou a vida pessoal e profissional dessas pessoas, “O
comportamento está assustador para quem vive na área rural, é algo novo não
poder ficar perto de cada pessoa, ter que ficar em casa, não abraçar, beijar... O
povo do campo gosta muito de afeto, carinho, então isso para nós de se afastar
um do outro (a) está difícil. (Cícera Nunes - PE).”
METODOLOGIA
O desenvolvimento do artigo ocorreu por meio da utilização do método
bibliográfico de pesquisa e de entrevistas. Com o auxílio do formulário do Google
Forms, quatro hotéis de referência de turismo de base comunitária foram escolhidos e,
por conseguinte, iniciou-se os diálogos, através de WhatsApp e email, para recolher as
informações necessárias.
RESULTADOS E DISCUSSÃO
A partir da coleta de dados, percebeu-se a procura pela inovação, inclusão de
novos serviços e até mesmo a adaptação dos já existentes. As pessoas entrevistadas,
as quais eram representantes de 3 empreendimentos localizados na região
metropolitana de Manaus, onde são da segmentação do TBC, informaram sobre a
88
procura de hóspedes que encontraram como alternativa, um certo refúgio em
alojamentos de floresta, ou popularmente chamados também de hotéis de selva. Além
disso, os empreendimentos em questão também estão inseridos no turismo de base
comunitária, que traz o viés da participação da comunidade local nos trabalhos
desenvolvidos.
CONCLUSÃO
A participação dos moradores locais como atores do turismo, também pode
demonstrar um melhor cuidado e preparo das situações em que o turista terá contato
direto, como as refeições, a preparação de mesas temáticas para jantares, o cuidado
no preparo dentro das unidades habitacionais e demais situações que possam surgir
dentro do período de hospedagem desse turista. Isso faz com que as experiências
sensoriais e afetivas dentro dos empreendimentos sejam de fato grandes momentos
vivenciados pelos hóspedes.
REFERÊNCIAS
BENI, M. C. (2002). Análise Estrutural do Turismo. (7.ed.) São Paulo: SENAC
89
MÜLLER, Dalila; HALLAL, Dalila Rosa; RAMOS, Maria da Graça Gomes. A produção
científica sobre a história dos meios de hospedagem no Brasil: um estudo
exploratório-descritivo nos periódicos brasileiros de turismo
90
O Especismo presente nas Políticas Públicas de Turismo:
Reflexões acerca do Projeto de Lei N. 135/21/RR
INTRODUÇÃO
O direito animal está presente no ordenamento jurídico brasileiro desde a
década de 30, com o Decreto N. 24.645, de 10 de julho de 1934, que estabelece
medidas de proteção aos animais não-humanos. Notoriamente, a partir dos anos 70, o
status moral dos animais não-humanos passou a receber mais atenção da
comunidade acadêmica após Peter Singer publicar “Libertação Animal”, livro em que o
1
Graduação em Tecnologia em Gestão do Turismo pelo Instituto Federal de Educação, Ciência e
Tecnologia de Roraima-IFRR; Boa Vista/Roraima; Lattes: http://lattes.cnpq.br/6663266441039169; E-
mail: nicolassaraivabv@gmail.com.
2
Mestrado em Turismo pela Universidade de Caxias do Sul-UCS; Docente do Instituto Federal de
Educação, Ciência e Tecnologia de Roraima-IFRR; Boa Vista/Roraima; Lattes:
http://lattes.cnpq.br/7942957393557504; E-mail: luciana.vitorio@ifrr.edu.br.
91
filosofo introduziu à grande massa da população a problemática do uso dos animais
não-humanos na ciência, na farmácia, na alimentação e no entretenimento.
Desde o Decreto dos anos 30 e do livro “Libertação Animal” nos anos 70, muitas
foram as conquistas obtidas em prol da proteção animal na busca de acabar com o
Especismo que, segundo Singer (2010), “é o preconceito ou a atitude tendenciosa de
alguém a favor dos interesses de membros da própria espécie, contra os de outras”;
ou seja; quando o ser humano privilegia os seus próprios interesses (como por
exemplo, interesse em obter entretenimento em de rinhas de galo) em detrimento dos
interesses de membros de outra espécie (nesse caso, o interesse inconsciente do galo
em não sofrer durante a execução da rinha).
Conforme Saraiva e Vitório (2020) atestam, o Especismo também pode ser
manifestado independentemente da presença de maus tratos, através da objetificação
dos animais não-humanos (como por exemplo na pesca esportiva, modalidade em que
o bem-estar dos peixes é garantido, porém os animais são vistos como coisas a serem
capturadas, sendo inclusive apelidados de “troféus” pelos turistas pescadores) e
também através da subjugação dos animais não-humanos (como por exemplo, quando
se defende que não há necessidade de considerar os animais não-humanos como
sujeitos de direito por serem “inferiores” aos seres humanos).
DESENVOLVIMENTO
No ordenamento jurídico brasileiro há inúmeras legislações que legalizam
atividades turísticas com contato direto com animais não-humanos. A seguir,
exemplifica-se tais atividades que são regulamentadas e suas problemáticas: Moraes
(2017) expõe que há cavalos em Minas Gerais que puxam charretes para a realização
de passeios pelos centros históricos do estado em completa condição de maus tratos,
sem água, alimentação e descanso; Gordilho e Figueiredo (2016) afirmam que
diversos métodos utilizados na vaquejada podem ser considerados como maus tratos,
tais como “confinamento prévio por longo período, a utilização de açoites e
ofendículos, a introdução de pimenta e mostarda via anal, choques e outras práticas”
92
(p. 88); e no que tange a pesca esportiva, Saraiva e Vitório (2020) explicam que tal
atividade turística, como já mencionado previamente, consiste em uma prática que
coisifica os peixes, sendo o mais comumente explorado nos estados de Roraima e
Amazonas o Tucunaré-aço, também conhecido como “troféu”; por sinal, este peixe
atrai turistas pescadores de todo o mundo à região amazônica na esperança de tentar
capturá-lo, visto que espécimes de tamanhos extraordinários já foram avistadas na
região. Esse fato é utilizado como incentivo para a pratica desse turismo: invadir o
habitat natural desses animais na esperança de captura-los para que uma fotografia
com o “troféu” seja tirada. O desenvolvimento de políticas públicas na década de 2010
que regulamentam atividades turísticas que exploram animais não-humanos foi um
dos fatores que motivaram a realização deste trabalho.
METODOLOGIA
Este estudo tem abordagem qualitativa de caráter exploratório e descritivo, cuja
metodologia adotada consiste em revisão bibliográfica dos conceitos de Especismo,
pesquisa documental-legislativa de políticas públicas de turismo para que seja feito um
levantamento de legislações que regulamentam o uso de animais não-humanos no
desenvolvimento de atividades turísticas e análise crítica das legislações selecionadas
sob a ótica do especismo, analisando mais profundamente o Projeto de Lei n.
135/21/RR. As legislações selecionadas são de âmbito municipal, estadual e/ou
federal, e abrangem Leis, Decretos, Decretos-Lei, Portarias e Resoluções. O critério
para a seleção das legislações foi que elas tenham entrado em vigor a partir do ano de
2010 até o presente, para que se tenha um panorama recente de como o animal não-
humano tem sido visto pelo ordenamento jurídico brasileiro no âmbito do turismo.
RESULTADOS E DISCUSSÃO
Até o presente momento, 3 legislações foram selecionadas, são elas: a) Lei
Municipal N. 3.155, de 23 de junho de 2014/São Lourenço-MG (Normatiza e Regula o
transporte de tração no município de São Lourenco, incluindo para uso do turismo); b)
93
Lei Federal N. 13.873, de 17 de setembro de 2019 (Eleva a vaquejada e sua prática à
condição de bem de natureza imaterial integrante do patrimônio cultural brasileiro); c)
Portaria N. 91, de 4 de fevereiro de 2020/ICMBio (Estabelece procedimento para a
realização da pesca esportiva em unidades de conservação federais). É possível
observar o especismo nas 3 legislações selecionadas, visto que elas regulamentam
práticas que: i) podem causar maus tratos aos animais; ii) invadem seu habitat natural;
iii) interferem nos seus hábitos naturais; iv) os coisifica ao transformá-los em produtos
turísticos com potencial econômico a ser explorado); e/ou v) os subjuga lhes
colocando em um patamar inferior ao da espécie humana considerando que não há
justificativa ética para isso. Enquanto nenhuma das 3 legislações selecionadas contém
todas as características da manifestação do especismo aqui listadas de uma só vez, o
Projeto de Lei N. 135/21/RR, que é o objeto de estudo deste trabalho, contém todas.
Dos 40 artigos que compõem o Projeto de Lei de autoria do Poder Executivo de
Roraima, não há nenhum que garanta que os peixes envolvidos na pesca esportiva
não sofram maus tratos. As diretrizes atuais dos procedimentos a serem seguidos e
apetrechos a serem utilizados na pesca esportiva que buscam “poupar” os peixes de
sofrimento se mostram ineficientes, pois conforme Vitório (2014) relata, os animais
podem sofrer ferimentos na boca em detrimento do uso do anzol e desequilíbrios em
seus organismos também já foram observados. No Capitulo Terceiro (Dos
instrumentos da política de pesca), lista-se o zoneamento das áreas de pesca,
educação ambiental, plano de operação, ente outros; como os instrumentos da política
de pesca. Dos 7 instrumentos listados, nenhum inclui mecanismos, como relatórios ou
boletins periódicos, que mensurem o impacto da pesca esportiva para com os peixes e
seu habitat.
A objetificação dos peixes é afirmada num dos objetivos do Projeto de Lei, visto
que ele se trata de “assegurar […] a conservação dos [...] organismos que vivem na
água, suscetíveis ou não de aproveitamento econômico”; ou seja, o peixe é
literalmente visto como uma coisa, um produto a ser explorado pela atividade turística.
Já a subjugação dos peixes é elevada a outro patamar no Art. 7, onde lê-se que “o
94
órgão ambiental do estado poderá autorizar a realização de torneios, campeonatos ou
eventos de pesca amadora esportiva”, classificando os animais como fruto para o
entretenimento dos seres humanos não apenas de forma individualizada, como
acontece atualmente, mas também em grande escala.
CONSIDERAÇÃO FINAIS
É indiscutível a emergência em investigar a regulamentação das relações entre
seres humanos e animais não-humanos no desenvolvimento de atividades turísticas e
seus impactos negativos. Almeja-se que este estudo sirva como um pontapé inicial
para o desenvolvimento de mais investigações da temática, na esperança de que os
animais não-humanos tenham algum dia, de maneira efetiva, seus direitos garantidos
pelo ordenamento jurídico brasileiro.
REFERÊNCIAS
BRASIL. Lei Federal N. 13.873, de 17 de setembro de 2019. Eleva a vaquejada à
condição de bem de natureza imaterial integrante do patrimônio cultural brasileiro.
Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2019-
2022/2019/lei/L13873.htm. Acesso em: 06 nov. 2021.
95
tração no município São Lourenço e dá outras providências. Disponível em:
http://leismunicipa.is/uxvrn. Acesso em: 06 nov. 2021.
96
RC 5: Epistemologia e Ensino em Turismo
1
Frederico Augusto Picolotto Viana
2
Luciane Todeschini Ferreira
3
Marcia Maria Cappellano dos Santos
DESENVOLVIMENTO
1
Licenciando em Letras – Português. Caxias do Sul; Rio Grande do Sul; Lattes:
http://lattes.cnpq.br/4959282302780667. E-mail: fapviana@ucs.br
2
Doutora. Professora e pesquisadora no Programa de Pós-Graduação em Turismo e Hospitalidade,
Universidade de Caxias do Sul, Caxias do Sul, Rio Grande do Sul, Brasil. Lattes:
http://lattes.cnpq.br/1830986077334296. E-mail: ltferrei@ucs.br
3
Doutora. Professora e pesquisadora no Programa de Pós-Graduação em Turismo e Hospitalidade,
Universidade de Caxias do Sul, Caxias do Sul, Rio Grande do Sul, Brasil. Lattes:
http://lattes.cnpq.br/4918303295310860. E-mail: mcsantos@ucs.br
97
Segundo a pesquisadora portuguesa Isabel Baptista (BAPTISTA, 2012, p.46), “a
hospitalidade pode ser definida como um local privilegiado de encontro interpessoal,
marcado por uma atitude de acolhimento em relação ao outro, onde não se impõe
ação direta do eu sobre o outro”; pelo contrário, o outro é início e o fim da ação
realizada nesse encontro. Dessa forma, as necessidades individuais surgem como
impulsos fundantes da ação recíproca, e que geram a intenção contínua dos sujeitos
de realizar encontros com “outros” - que por sua vez o desejam mutuamente.
Estabelece-se, assim, uma dinâmica que facilita a vivência educacional.
Baptista (2016) defende que o conceito de pedagogia da hospitalidade e o
processo que ele estabelece afasta a compreensão de hospitalidade do senso comum.
A alteridade, ou seja, a vivência subjetiva de um outro presente em nossos laços
sociais é o que passa a ser, deste modo, o cerne de qualquer ponderação acadêmica
sobre hospitalidade e sua presença na educação.
Sobre o conceito de educação social, Baptista (2016) sustenta que ela pode e
deve ser pensada de forma mais abrangente do que apenas considerando os
processos convencionais de produção de conhecimento. A valorização das distintas
abordagens pedagógicas, como é o caso da hospitalidade, propõe novas
aplicabilidades a dilemas antigos e garante aos pesquisadores da área “a experiência
da hospitalidade como reflexão sobre o saber-fazer educacional em um contexto social
que valoriza a relação social estabelecida junto ao outro do processo educativo”.
Para Baptista (2005), a hospitalidade pode ser um lugar de escuta na educação,
no sentido da construção de laços sociais centrados no outro que, a partir da reflexão
pessoal, podem ocasionar em uma “relação dinâmica e estrutural entre o ‘outro-
educativo’ e o ‘outro-formativo’” - ou seja, uma dinâmica de alteridade se estabelece
entre os agentes do processo educacional. Nesse contexto, a escuta é que tonaliza a
relação. Ou seja, a hospitalidade na educação é estabelecida quando não há surdez
relacional - um fechamento por parte dos pólos à relação. Pelo contrário: ela se dá
quando os sujeitos estão em dinâmicas relacionais de acolhimento.
98
Esse processo é parte relevante do desenvolvimento da compreensão de que a
hospitalidade é, em si, uma forma de educação, pois os laços sociais que sustentam
as práticas de cidadania são entendidos como não sendo tão naturais quanto dizem as
tradições, e sim construídos. São laços humanos, e segundo ela, “em condições
frágeis e carentes de vigilância permanente” (BAPTISTA, 2005, p. 70).
A pesquisadora portuguesa também entende que nessa compreensão da
hospitalidade como lugar de escuta, a hospitalidade apresenta-se como um meio para
o estabelecimento de uma relação positiva entre os sujeitos, caracterizada pelo
acolhimento mútuo e, para além disso, uma abertura para uma aprendizagem
recíproca necessária, que é realizada através da responsabilidade cívica dos
componentes da relação (BAPTISTA, 2008).
Simultaneamente, reconhece-se que todos os atores sociais - justamente por
suas individualidades e não apesar delas - possuem conhecimento relevante para o
desenvolvimento social, pois entende-se que nenhum sujeito social detém sozinho a
verdade absoluta e que de quanto mais visões elas serem formadas, mais relações
solidárias e positivas as pessoas poderão usufruir. “Acolher, partilhar e discutir sobre
todos os pontos de vistas possíveis é o exercício da hospitalidade como lugar de
escuta pedagógica” (BAPTISTA, 2015, p. 10).
Como considerações, há a necessidade de se introduzir nos programas de
licenciaturas disciplinas que promovam a abordagem da hospitalidade, já que não se
trata apenas de um comportamento, mas de uma dinâmica intelectual, relacional e de
grande potencialidade educacional. Além disso, há o entendimento de que a
conceituação de hospitalidade feita pelos gestores escolares ainda está atrelada ao
senso comum.
REFERÊNCIAS
BAPTISTA, Isabel. Dar rosto ao futuro: a educação como compromisso ético.
Portugal, Porto: Profedições Ltda, 2005.
99
BAPTISTA, Isabel. Ética e educação social interpelações de contemporaneidade. In:
SIPS – Pedagogía Social. Revista Interuniversitaria, n. 19, p. 37-49, 2012.
100
Influência do Instituto Federal Catarinense na dinâmica
socioeconômica do município de Sombrio (SC) por meio dos
10 anos de atuação do Curso de Gestão de Turismo
CONTEXTUALIZAÇÃO
Os Institutos Federais de Educação, Ciência e Tecnologia foram criados em
2008, por meio da Lei 11.882/08 e, substanciados pelo Plano de Desenvolvimento da
Educação (PDE), de 2007. (BRASIL, 2008). Segundo Santos e Rodrigues (2015 apud
PADOIN; AMORIM, 2016), a expansão da Rede Federal no século XXI é considerada
1
Ensino Superior Incompleto; Instituto Federal Catarinense Campus Avançado Sombrio; Sombrio/SC;
Lattes: http://lattes.cnpq.br/1504090720258735; E-mail: feh_dhias@hotmail.com.
2
Doutorado; Instituto Federal Catarinense Campus Avançado Sombrio; Sombrio/SC; Lattes:
http://lattes.cnpq.br/6360749673483284; E-mail: maria.martins@ifc.edu.br.
3
Doutorado; Instituto Federal Catarinense Campus Avançado Sombrio; Sombrio/SC; Lattes:
http://lattes.cnpq.br/5360238087007849; E-mail: rosemary.domingos@ifc.edu.br.
101
um dos marcos históricos das políticas do Estado brasileiro. Um de seus objetivos está
pautado na integração entre o saber (ciência) e o fazer (técnica), onde a
interdisciplinaridade curricular nas práticas pedagógicas atua como elemento
preponderante para a formação plena do sujeito (RAMOS, 2005). Além de consolidar a
base educacional e tecnológica no país, os IFs proporcionam ao seu entorno o
desenvolvimento local e regional para construção da cidadania, estabelecendo um
diálogo entre diferentes atores e buscando compreender os aspectos essenciais da
realidade regional e local onde atua. Isso é importante porque aglutina as
potencialidades latentes do território, gerando transferência de tecnologias e
conhecimentos, qualificação da mão de obra local e ampliação da consciência da
sociedade. “Para tanto, o monitoramento permanente do perfil socioeconômico-
político-cultural da região de abrangência é de suma importância”, ressalta Pacheco
(2010, p.19).
Diante do cenário evidente, o objetivo deste estudo buscou identificar os
impactos socioeconômicos gerados pela implantação do Campus Avançado Sombrio
(CAS) do Instituto Federal Catarinense (IFC) no município de Sombrio, por meio da
atuação do Curso Superior de Tecnologia (CST) em Gestão de Turismo nos 10 anos
de sua implantação, completados em 2021.
PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS
A pesquisa foi realizada no município de Sombrio, Santa Catarina. De caráter
exploratória e descritiva, apresenta abordagem quali-quantitativa, cuja amostragem
elegeu os atores sociais por acessibilidade e conveniência, conforme elucida Gil
(2012). Os atores foram agrupados em quatro etapas para a coleta de dados, cujo
intuito foi o de cotejar resultados oriundos de diferentes grupos de sujeitos.
• Etapa 1 - Levantamento survey dos residentes e comerciantes do bairro Januária e
membros do Conselho Municipal de Turismo (COMTUR) de Sombrio.
• Etapa 2 - Levantamento survey dos docentes efetivos e discentes ativos do CST
Gestão de Turismo.
102
• Etapa 3 - Entrevistas semiestruturadas com egressos do CST Gestão de Turismo e ex-
diretores dos Campis Santa Rosa do Sul e Campus Avançado Sombrio (CAS).
• Etapa 4 - Entrevistas semiestruturadas com membros da Instância de Governança
(IGR) Caminho dos Canyons.
103
RESULTADOS PARCIAIS
Os resultados parciais demonstram a percepção dos atores que integraram a
etapa 1, composta, na ocasião, por 12 entrevistados.
104
BLOCO C – Impactos sociais gerados pela implantação do CAS/IFC
No tocante aos impactos sociais, inquiriu-se se percebiam investimentos da
gestão pública municipal no bairro Januária, após a implantação do CAS/IFC. A
afirmação positiva se deu para todos os respondentes e, dentre as principais respostas
foram, nesta ordem: pavimentação de ruas e avenidas; obras de infraestrutura;
iluminação pública e segurança pública. Além desta, sentimentos como aumento da
autoestima, entusiasmo e vontade em se desenvolver foram os relatos dos
entrevistados e percepções sobre a população residente.
105
CONSIDERAÇÕES PRELIMINARES
Os resultados preliminares confirmaram a hipótese acerca dos impactos
positivos da implantação do CAS/IFC no município de Sombrio. As evidências
científicas norteiam ações sobre como amplificar a atuação e envolvimento do IF em
diferentes parcelas da sociedade, atendendo plenamente aos seus objetivos que visa
contribuir para o desenvolvimento regional por meio da interiorização do ensino público
de qualidade (CONIF, 2020). Apesar disso, constatou-se a necessidade iminente em
divulgar e sensibilizar a sociedade sobre as oportunidades a que o indivíduo tem em
se desenvolver por meio do ensino técnico e tecnológico nos IFs.
REFERÊNCIAS
BRASIL. Ministério da Educação. Catálogo Nacional de Cursos Superiores de
Tecnologia. 3 ed. Brasília, DF. 2016
GIL, A. C. et al. Como elaborar projetos de pesquisa. São Paulo: Atlas, 2012.
106
PADOIN, E.; AMORIM, M. O percurso da Educação Profissional no Brasil e a criação
dos Institutos Federais nesse contexto. SEMINÁRIO NACIONAL DE HISTÓRIA DA
CIÊNCIA E DA TECNOLOGIA, v. 15, 2016.
RAMOS, M. Possibilidades e desafios na organização do currículo. In: FRIGOTTO, G.;
CIAVATTA, M; RAMOS, M.; (Orgs.) Ensino médio integrado: concepções e
contradições. São Paulo: Cortez, 2005.
107
ESTÁGIO EXTRACURRICULAR DOS DISCENTES DO CURSO
SUPERIOR EM GESTÃO DE TURISMO DO IFMA - CAMPUS
ALCÂNTARA: uma análise sobre as contribuições e desafios
para a sua formação acadêmica e profissional
1
Alessandra Silva Alves
2
Ana Jéssica Corrêa Santos
RESUMO EXPANDIDO
As instituições de ensino que ofertam curso superior têm como uma de suas
funções a preparação do estudante para a vida profissional, mas não é somente isso,
é necessário que a universidade, a faculdade os prepare para uma formação cidadã,
crítica e que saibam lidar com as diversas situações que o mundo os proporcionará.
De acordo com Zabalza (2014) o estágio se constitui como um importante elemento na
formação dos estudantes, pois o estágio permite complementar os conteúdos
1
Graduanda em Tecnologia em Gestão de Turismo; Instituto Federal de Ciência e Tecnologia do
Maranhão IFMA)(; Alcântara, MA; Lattes: http://lattes.cnpq.br/2630678866945637; E-mail:
alessandra.s@acad.ifma.edu.br.
2
Mestra em Educação pela Universidade de Brasília; Professora de Turismo no Instituto Federal de
Ciência e Tecnologia do Maranhão, Campus Alcântara- MA; Lattes:
http://lattes.cnpq.br/1112343233804474; E-mail: ana.correa@ifma.edu.br.
108
vivenciados por meio das disciplinas e posteriormente ser contextualizado durante as
suas práticas profissionais. Sendo assim, como objetivo geral, temos: analisar as
contribuições e desafios do estágio curricular não obrigatório na formação acadêmica
e profissional dos alunos do Curso Superior de Tecnologia em Gestão de Turismo,
Campus Alcântara. Sendo assim, a pesquisa sobre a atuação e desenvolvimento dos
alunos no estágio extracurricular, torna-se relevante uma vez que, necessita-se
investigar como ocorre esse contato prático com inserção profissional e de que forma
contribui para a formação profissional desse futuro tecnólogo em turismo. Por fim,
pesquisar sobre essa temática servirá para compreender como acontece esse
processo na vida acadêmica do aluno do Curso em Gestão de Turismo.
No que tange a metodologia, o método que norteou este trabalho foi pela lente
do método dialético, tendo em vista, que a educação, segundo Cury (1985) é
compreendida como unidade dialética. Nesta perspectiva, a metodologia adotada foi
de cunho qualitativo, com estudo exploratório, uma vez que consistiu em analisar o
objeto de estudo qualitativamente, interpretando-os, em suas dimensões acadêmicas e
técnica profissional e nos contextos do mundo acadêmico e do trabalho. A pesquisa
qualitativa, conforme Gunther (2006, p. 204) é caracterizada pela “grande flexibilidade
e adaptabilidade, em que considera cada problema objeto de uma pesquisa específica
para qual são necessários instrumentos e procedimentos específicos”, ou seja, leva a
análise da realidade e sujeito, sendo ambos indissociáveis, em que cada um tem as
suas particularidades, nessa perspectiva, buscou-se compreender as contribuições e
desafios na realização do estágio extracurricular dos estudantes do curso superior em
gestão de turismo. Os sujeitos da pesquisa foram os seis estudantes do Curso
Superior em Gestão de Turismo do IFMA, Campus Alcântara que realizam estágio
extracurricular nos museus de Alcântara.
No que tange as categorias encontradas, foram encontradas quatro (4), sendo
que a primeira relaciona-se com o estágio como complemento na formação
acadêmica, sendo assim, o período do estágio se caracteriza como um momento de
novas aprendizagens, conhecimentos, aquisição de competências, ou seja, resulta
109
num preparo técnico em virtude do seu conteúdo especializado em que pode ser
classificado como um trabalho “pré-profissional” sendo a possibilidade de completar a
sua formação, bem como especializa-se na área de atuação de sua formação
(ZABALZA, 2014). O estágio não serve somente para adquirir experiências práticas,
sobretudo relacionar a prática e teoria, conhecer a realidade, complexificar, isto é,
desenvolver um aprendizado. Com essa realidade, percebemos que de acordo com
Zabalza (2014) a formação tem a ver não apenas com o desenvolvimento social e
econômico, mas para além desses itens, relaciona-se com o desenvolvimento pessoal
e social, de forma vinculada com o cultural.
Já a segunda categoria corresponde ao estágio e seus desafios que constitui
uma experiência importante e complementar a formação estudantil, no entanto, no
decorrer dessa experiência precisam ser discutidos as dificuldades e desafios
encontrados no decorrer dessa experiência. No decorrer das entrevistas, foram
encontradas diversas dificuldades, dentre elas, podemos citar: dificuldade em conciliar
o estágio com a vida acadêmica; saber falar uma língua estrangeira; falar com o
público, adequar o planejamento de tempo. Nesse contexto, Abdalla (2009), afirma
que os estágios podem se constituir em desafios do ponto de vista teórico e prático,
tanto para os acadêmicos em processo de formação, como para o próprio professor
orientador. Assim, tanto o acompanhamento por parte da instituição educacional
quanto o acompanhamento no local de estágio fazem-se necessário para minimizar
essas dificuldades que possam surgir no decorrer do processo.
Durante as entrevistas, alguns estagiários também mencionaram a dificuldade
de falar uma língua estrangeira, já que corriqueiramente, recebem turistas de várias
nacionalidades nos museus. Essa constatação é uma realidade no sistema
educacional brasileiro, temos falhas no desenvolvimento de ações que propiciem um
maior aprendizado dos estudantes em língua estrangeira, entretanto, o sistema
educacional dá os primeiros passos em língua estrangeira aos alunos. Constatamos
que falar uma segunda língua é essencial, principalmente, para quem estuda e
trabalha no setor do turismo, hotelaria e lazer, como é a realidade dos estudantes
110
entrevistados, além de se caracterizar com uma maior probabilidade de entrar no
mercado de trabalho.
Na terceira categoria encontrada, temos o estágio como forma de conhecer o
cotidiano de um museu, percebeu-se que todo o desenvolvimento do estágio dos
estudantes se dá no contexto das atividades realizadas em um museu, essa situação,
contribui de forma importante para a formação acadêmica do estudante de turismo e
sua prática no ambiente de um museu, pois ele representa para a sociedade um
espaço de conservação da história e patrimônio cultural. Marandino (2008), diz que o
museu desde sua criação, em torno do século 16, vêm assumindo várias funções
sociais: lugar de “coisas velhas”, lugar da pesquisa científica, mas, também, lugar de
lazer, de contemplação, de educação e de diversão. O estágio realizado nos museus
pelos estudantes do curso superior em Gestão de Turismo do IFMA-Alcântara está
ligado a possibilitar conhecer sobre o cuidado e manutenção das peças que compõe o
museu, falar sobre a história do museu e da cidade, realizar o guiamento, participar de
formações. Percebemos que a rotina diária dos estagiários é ampla no ambiente do
museu e não fica restrito ao aspecto administrativo, no entanto, constatamos que por
se tratar de estagiários que são estudante do curso superior em Gestão de Turismo,
sentimos a necessidade de ter mais relatos relacionados ao acompanhar a gestão do
museu. No entanto, podemos dizer que a experiência vivenciada por meio de um
contexto no museu é um espaço de construção do conhecimento de forma a perceber
que a memória, a identidade de um povo.
E para finalizar, temos a quarta categoria que corresponde em compreender o
estágio como como campo de experiências e assimilação de conhecimentos, uma vez
que o estágio tem como objetivo que estudante reflita sobre o futuro mercado
profissional, em seu campo de atuação, em que fará uso de diversas áreas de
informações e teorias, a fim de desenvolver um trabalho didático-pedagógico, ou seja,
em que esteja inserida a ação e reflexão, sendo orientado por seu supervisor, na
intenção de alcançar um estágio de muitas práticas e aprendizagens. O entrevistado 4
tem sua visão voltada ao estágio, "o estágio ele dá uma dimensão assim, como se eu
111
quiser seguir a profissional de guia de turismo, ele dá uma alavancada." Em algumas
falas os estagiários veem o estágio como primeiro emprego, mas não deve ser visto
como primeiro emprego, tendo em vista, que deve ser considerada uma experiência
pré-profissional como uma forma de prepará-lo para o primeiro emprego e de acordo
com o pensamento de Zabalza (2014) um estágio rico é um estágio que favorece
oportunidades não só de aprender coisas úteis para o futuro desempenho profissional
dos estudantes, mas que possibilita melhorar como pessoa.
Sendo assim, como considerações finais, apesar de terem sido encontrados
alguns desafios no decorrer dessa experiência, como: nem todos os estudantes têm
essa oportunidade de estágio, uma vez que o curso só possibilita estágio
extracurricular, os locais de estágio também são limitados, tendo em vista que os
estudantes só desenvolvem estágio nas instituições dos museus. No entanto, também
percebemos que houve mais contribuições do que dificuldades, portanto, constatou-se
que todos os estudantes devem ter essa experiência do estágio, seja de forma
curricular ou extracurricular, pois é uma oportunidade de vivenciar aspectos pré-
profissionais de forma a preparar os estudantes para futuras atuações no ambiente de
trabalho. Nesse contexto, a experiência do estágio se caracterizou como uma ocasião
em que os alunos tiveram a oportunidade de perpassar por inúmeras situações que
poderão contribuir para melhorar a sua formação, arguição, situações de
aprendizagens no que diz respeito a conhecer suas atribuições enquanto futuro
profissional de turismo, bem como possibilitou a interação entre os mais diversos
setores tanto da instituição escolar quanto no local de estágio.
REFERÊNCIAS
BORGES, Zelma Santos. Estágio Curricular: atividade teórica- prática. In: QUADROS,
Claudemir de., AZAMBUJA, Guacira. (orgs). Formação de professores em serviços:
a experiência da UNIFRA. Santa Maria: UNIFRA, 2002.
112
CURY, Carlos R Janil. Educação e Contradição: elementos metodológicos para uma
teoria crítica do fenômeno educativo. São Paulo: Cortez, 1985.
113
A CONTRIBUIÇÃO DA UNIVERSIDADE PARA O
PLANEJAMENTO TURÍSTICO A PARTIR DA ELABORAÇÃO
DO PLANO MUNICIPAL DE TURISMO DE PAULINO NEVES-
MA
INTRODUÇÃO
A partir de uma visita técnica interdisciplinar realizada em 2019 pelos alunos e
docentes do curso de Turismo da Universidade Federal do Maranhão (UFMA) campus
1
Discente do Curso de Turismo da Universidade Federal do Maranhão, Campus São Bernardo; Lattes:
http://lattes.cnpq.br/4699236930220812; E-mail:vanessa.carolina@discente.ufma.br. Bolsista Fapema.
2
Discente do Curso de Turismo da Universidade Federal do Maranhão, Campus São Bernardo; Lattes:
http://lattes.cnpq.br/0396685699959620; E-mail: lopes.isaias@discente.ufma.br. Bolsista CNPq.
³ Docente Adjunta do Curso de Turismo da Universidade Federal do Maranhão campus São
Bernardo; Lattes: http://lattes.cnpq.br/2456335844034805; E-mail: tatiana.colasante@ufma.br.
114
São Bernardo até Paulino Neves-MA, conhecido como “Pequenos Lençóis
Maranhenses”, verificamos a necessidade de estreitar parceria com este município,
uma vez que várias demandas estavam latentes, como a elaboração do Plano
Municipal de Turismo (PMT) para que a gestão pública pudesse direcionar ações
prioritárias no desenvolvimento do turismo.
Na ocasião da visita, estabelecemos contato com representantes do poder
público, privado e terceiro setor a fim de compreender as ações que estavam sendo
realizadas com relação ao planejamento turístico, já que está inserido em importantes
rotas turísticas, bem como de gestão ambiental, visto que o município permeado por
Áreas de Proteção Ambiental (APA) e, recentemente, foi construído o primeiro parque
eólico do Maranhão em seu território.
O município de Paulino Neves por ser detentor de atrativos naturais de belezas
singulares pretende ordenar a atividade turística de forma justa e equitativa e, para
isso, necessita da elaboração de um PMT com o objetivo de promover a melhoria da
qualidade de vida da população através da geração de emprego e renda atrelada a
uma maior conscientização e equilíbrio socioambiental.
Para que o turismo se desenvolva a partir dessas premissas, é necessário
compreender que existem diversos atores que têm papel fundamental nesse processo:
o Estado; a iniciativa privada; o terceiro setor e a comunidade de forma a articular os
interesses estimulando a sinergia em prol do desenvolvimento do município, em uma
gestão participativa, no qual os impactos sejam reduzidos e os benefícios sejam
ampliados para o desenvolvimento local.
Diante dessa perspectiva, o objetivo da pesquisa é apontar os resultados da
elaboração do PMT de Paulino Neves em parceria com a UFMA. Como objetivos
específicos destacam-se: evidenciar a potencialidade turística do município; ressaltar a
importância do PMT para as localidades turísticas e; demonstrar ações de articulação
entre universidade e comunidade no planejamento turístico. O trabalho teve início no
primeiro semestre de 2021 e ainda está em fase de desenvolvimento. Como
115
metodologia utiliza-se de pesquisa bibliográfica e documental; oficinas com o trade
turístico utilizando a matriz GUT e, pesquisa de campo com registro fotográfico.
DESENVOLVIMENTO
Os territórios são locais dotados de dinâmicas diferentes que precisam ser
levadas em consideração, para assim se ter o planejamento de forma correta. Assim,
Dias (2003) fala das políticas públicas de turismo como expressões das decisões do
estado no que se refere à estruturação, valorização e promoção das localidades
turísticas. Portanto, os atores envolvidos são beneficiados com a valorização dos seus
interesses.
Para conhecer a realidade local, o planejamento turístico tem início com
inventário da oferta turística que possibilita o levantamento, identificação e registro dos
atrativos turísticos, dos serviços e equipamentos turísticos e da infraestrutura de apoio
ao turismo, possibilitando a definição de prioridades para os recursos disponíveis e o
incentivo ao turismo sustentável (BRASIL, 2009).
Nas instituições de ensino superior, há a necessidade de possibilitar aos
discentes uma formação integral, aliando teoria e prática em ações de ensino,
pesquisa e extensão, sem deixar de considerar as necessidades de um conhecimento
regionalizado, que contemple as particularidades de cada estado. No caso do
Maranhão, ainda há uma carência de desenvolvimento de ações efetivas de
planejamento no que se refere ao turismo.
Segundo o IBGE (201), Paulino Neves foi criado em 10 de novembro de 1994.
Sua localização é estratégia, fazendo divisa com Barreirinhas, considerada a “porta de
entrada” para os Lençóis Maranhenses. Também está próximo à divisa com o Piauí
com influência do Delta do Rio Parnaíba, conferindo ao município paisagens naturais
singulares como a Lagoa Azul (CORREIA FILHO, 2011).
Paulino Neves também faz parte da Rota das Emoções que liga os estados do
Maranhão, Ceará e Piaui, o que indica a necessidade de estruturar as atividades
116
turísticas e elaborar estratégias de desenvolvimento sustentáveis para que os efeitos
do turismo sob o local sejam mais benéficos que negativos.
No que se refere ao desenvolvimento do turismo de local é importante ter como
premissas: o aproveitamento racional das potencialidades locais referente aos
elementos culturais e naturais; o planejamento das atividades buscando o mínimo
impacto; atrelar com outras formas de atividade econômica; o trabalho realizado deve
ser para benefício coletivo e com a participação de todas as camadas da população no
planejamento, implementação e manutenção do turismo; promover o
compartilhamento de experiências entre visitantes e visitados (BENEVIDES, 1997).
Sob essa ótica, nos cabe ultrapassar a visão reducionista do desenvolvimento
atrelado ao capital material e incidir os esforços teóricos e empíricos sobre a
comunidade, tornando-a participante ativa nesse processo, considerando suas
pluralidades e características endógenas.
RESULTADOS E DISCUSSÃO
Em um primeiro momento, estão sendo feitos estudos preliminares para
levantamento das características e situação atual da localidade estudada, além de
pesquisa de gabinete para coleta de dados sobre o município e suas dinâmicas
territoriais. Nessa etapa, verificou-se que o município tem uma grande potencialidade
para o turismo, no entanto, muitos turistas acabam optando pela estadia mais longa
em outros municípios em função da falta de divulgação e de infraestrutura. Em
conversas com o trade turístico, foi possível identificar alguns pontos críticos, como a
falta de articulação entre os diferentes agentes.
A próxima etapa será identificar as ações que estão sendo realizadas no
município em prol do desenvolvimento do turismo, bem como compreender as
necessidades de cada agente social a partir da aplicação da matriz GUT que auxilia na
identificação dos problemas do ambiente organizacional levando-se em consideração
três fatores: gravidade, urgência e tendência (SEBRAE, 2019). Com isso, serão
estruturados os eixos estratégicos, programas e projetos em função de temas
117
prioritários identificados. Com a retomada das atividades presenciais, pretendemos
realizar registros fotográficos in loco para auxiliar na elaboração do PMT.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Verificamos que Paulino Neves apesar de estar inserido em uma rota turística
de relevância nacional, ainda carece de estudos aprofundados sobre o planejamento
turístico que auxiliem em ações prioritárias e envolvimento do trade turístico, de forma
a privilegiar a gestão participativa do turismo.
Ações empreendidas pelas universidades se tornam essenciais, sobretudo, em
realidades que estão à margem do desenvolvimento social do Estado. Espera-se
contribuir com o desenvolvimento local de Paulino Neves, a partir das ações de
planejamento e ordenamento do turismo na localidade, contribuindo com a geração de
emprego e renda local, também como consequência conscientizar os atores do
turismo e a própria população do grande potencial turístico que existe no município e
mostrar vários caminhos para se chegar a um turismo que gere consequências
positivas para os envolvidos: poder público, iniciativa privada, terceiro setor e
comunidade.
A elaboração do PMT é um desafio em tempos de pandemia, quando existe
uma limitação de acesso à internet tanto pela comunidade acadêmica quanto pela
comunidade em geral. No entanto, destacamos que a importância desse documento
para a prefeitura que pode obter recursos a partir de editais do governo, faz com que a
pesquisa universitária mostre também seu papel no desenvolvimento local, auxiliando
os agentes sociais e também propiciando aos discentes a oportunidade de
conseguirem colocar os conhecimentos adquiridos na academia na prática.
REFERÊNCIAS
118
BENEVIDES, I. P. Para uma agenda de discussão do turismo como fator de
desenvolvimento local. In: RODRIGUES, Adyr. B. (Org.). Turismo e Desenvolvimento
Local. São Paulo: Hucitec, 1997. p. 23-41.
119
O programa social Identidade Jovem como um aliado na
formação discente em Turismo e Hotelaria? Uma análise de
alunos de uma universidade federal no Brasil
Resumo: O programa social federal Identidade Jovem (ID Jovem), que proporciona
acesso a benefícios em forma de desconto e gratuidades em eventos culturais e
sistemas de transporte coletivo interestadual, para jovens brasileiros de 15 a 29 anos
de idade. Neste estudo, busca-se analisar as contribuições do ID Jovem para a
formação discente em Turismo e em Hotelaria, na Universidade Federal do Maranhão
(UFMA). Assim, objetiva-se descrever tal programa enquanto política pública e
identificar relações entre o perfil socioeconômico dos discentes da graduação em
Turismo e Hotelaria e as participações nas atividades práticas desses cursos. Partiu-
se de um delineamento bibliográfico, documental e de campo, com coleta de dados
por meio de um questionário aplicado aos estudantes via plataforma Google
Formulários. Verificou-se que o programa ainda é pouco conhecido entre os
estudantes da UFMA, e aqueles que afirmam conhecê-lo não sabem como participar.
Apesar disso, nota-se que o ID Jovem pode ser um importante aliado na formação dos
estudantes de Turismo e Hotelaria, pois enriqueceria o processo de aprendizagem
com experiências práticas que se refletiriam em sua futura atuação profissional.
REFERÊNCIAS
1
Graduando em Turismo; Universidade Federal do Maranhão (UFMA); São Luís, Maranhão; Lattes:
http://lattes.cnpq.br/5987800141629383; E-mail: brunosoeiro1991@outlook.com
2
Professor do Departamento de Turismo e Hotelaria (DETUH); Universidade Federal do Maranhão
(UFMA); São Luís, Maranhão; Lattes: http://lattes.cnpq.br/8399583810662547; E-mail:
ruantavaresufma@gmail.com.
3
Professora do Departamento de Turismo e Hotelaria (DETUH); Universidade Federal do Maranhão
(UFMA); São Luís, Maranhão; Lattes: http://lattes.cnpq.br/9650733523825165; E-mail:
monicadenazare@gmail.com
120
Brasil. 1. ed. Rio de Janeiro: Fundação Konrad Adenauer, 2015. v. 1, p. 13-25.
Disponível em: https://bibliotecadigital.mdh.gov.br/jspui/handle/192/203. Acesso em:
16.abr.2021.
BARBOSA, F. B.; ARAÚJO, H. Juventude e Cultura. In: CASTRO, J. A.; AQUINO, L.;
ANDRADE, C. (Orgs.). Juventude e políticas sociais no Brasil. Brasília: Ipea, p.
221-242, 2009.
121
Habilidades e competências necessárias para atuar no
mercado de Turismo e Tecnologia em Curitiba/PR
INTRODUÇÃO
A tecnologia apresentou novas formas de comunicar, informar, comprar e
vender, graças a instantaneidade da propagação de dados e mensagens, juntamente
com a quebra de barreiras para a interação entre pessoas (MEDAGLIA, 2017;
VICENTIN; HOPPEN, 2003). Os impactos tecnológicos atingem diversas áreas da
sociedade, inclusive o mercado profissional que passou a demandar funcionários cada
vez mais qualificados (THOLEN, 2019). Por outro lado, surgiram novos mercados no
1
Graduanda em Turismo na Universidade Federal do Paraná, bolsista de Iniciação Científica da
Fundação Araucária, membro do grupo de pesquisa Turismo, Educação, Emprego e Mercado - TEEM.
E-mail: andreiasouzasilva98@gmail.com.
2
Professora e Pesquisadora do Departamento de Turismo da Universidade Federal do Paraná, membro
do grupo de pesquisa Turismo, Educação, Emprego e Mercado - TEEM. E-mail:
julianamedaglia@gmail.com.
122
campo da tecnologia, que está se expandindo para outras áreas devido ao aumento da
demanda por facilidades e praticidades que a tecnologia pode oferecer. Como
exemplo, há empresas da área de tecnologia que abrange setores do turismo, como
serviços de hospedagem e até mesmo a compra de passagens aéreas e pacotes
turísticos, entre outros (CACHO; AZEVEDO, 2010; VICENTIN; HOPPEN. 2003).
Nesse contexto, o presente trabalho, fruto de pesquisa de iniciação científica,
integra o projeto de pesquisa “Organizações de Turismo e Empresas de Tecnologia
em Curitiba/PR: um estudo introdutório”, tem como objetivo compreender as
habilidades e competências (soft skills) necessárias para o mercado de trabalho de
empresas curitibanas voltadas ao turismo e de tecnologias que prestam serviços para
o setor. Para a realização do estudo, foi feita uma revisão bibliográfica seguida de
aplicação de questionários junto às empresas selecionadas, a fim de analisar quais
dessas competências são relevantes para o mercado de Curitiba/PR.
REVISÃO BIBLIOGRÁFICA
Segundo Echeverría Samanes e Martínez Clares (2018) a sociedade está no
início da Quarta Revolução Industrial que se diferencia das anteriores devido às
transformações tecnológicas que são mais rápidas, complexas, profundas e potentes.
Por esse motivo, a sociedade se desenvolve de forma contínua, trazendo
necessidades de mudanças em sua organização, aprendizagem, comunicação e na
forma que irá lidar com as informações (ECHEVERRÍA SAMANES; MARTÍNEZ
CLARES, 2018). Dessa forma, surge um desafio na filtragem e utilização dessas
informações numa relação entre prestador de serviços e consumidor. Nesse sentido, é
necessária aplicação e interpretação das informações para contextos diversos; há uma
procura por candidatos com habilidades e competências que refletem na maneira
individual de agir dentro de uma função; denominadas soft skills, que demonstram a
capacidade de continuidade da empregabilidade de uma pessoa (SINGH DUBEY;
TIWARI, 2020; THOLEN, 2019).
As soft skills são também definidas como competências cognitivas e incluem
123
habilidades interpessoais que podem ser aplicadas em várias situações, entretanto
variam de acordo com a cultura de cada país (QUIZI, 2020). Segundo o World
Economic Forum (2016), soft skills são competências, ações e qualidades de cada um,
que tornam possível alcançar uma meta, e podem ser combinadas com as habilidades
técnicas.Segundo Lippman et al (2015) as cinco principais soft skills, são: 1)
habilidades sociais; 2) habilidade de comunicação; 3) as high-order thinking; 4)
autocontrole e 5) autoconsciência positiva.
METODOLOGIA
A primeira etapa da pesquisa foi de caráter exploratório, realizada por meio de
levantamento bibliográfico, no qual buscou-se em duas principais bases de dados
descritores específicos, caracterizando um estudo com método de revisão bibliográfica
sistemática, com base no roteiro de Conforto, Amaral e Silva (2011). As bases
consultadas foram Web of Science (WoS) e Educational Resources Information Centre
(ERIC), ambas acessadas no mês de novembro de 2020.
Aplicados filtros foram recuperados um total de 50 artigos, e ao final após a
leitura de todos apenas 8 foram utilizados na estruturação do marco teórico.
A Etapa 2 consistiu no levantamento das empresas de Curitiba que atuam no
mercado de turismo e tecnologia, realizada a partir do Ecossistema de Inovação Vale
do Pinhão, o CADASTUR e a indicação de ex-alunos e profissionais, resultando em 48
empresas.
Por fim, a Etapa 3 consistiu na aplicação de um questionário, com perguntas
acerca do perfil dos profissionais contratados e suas habilidades e competências. O
instrumento foi enviado para estas empresas por e-mail, whatsapp e telefone,
chegando a um total de 24 respondentes.
124
RESULTADOS E DISCUSSÃO
CONCLUSÃO
No presente trabalho foi possível concluir as principais soft skills encontradas
em empresas curitibanas que atuam no mercado de turismo e tecnologia, indicando
que não são contratados apenas turismólogos, indicando o campo inter e
multidisciplinar que é o turismo. Cabe ainda indicar que houveram algumas limitações
para a realização, pois não foi possível entrar em contato com todas as empresas do
CADASTUR, uma vez que algumas empresas foram fechadas entre os anos de 2020
e 2021, em função da grave crise causada pela pandemia da Covid-19, acarretando
em endereços incorretos e/ou desatualizados, além do fato de que nem todas as
empresas mapeadas terem respondido os contatos realizados Por fim, indica-se que
a pesquisa pode ser reaplicada em outras realidades para além de Curitiba/PR, de
maneira a compreender se a realidade aqui encontradas é também reconhecida em
outras cidades brasileiras.
126
REFERÊNCIAS
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Senac São Paulo, 2008
CONFORTO, Edivandro Carlos; AMARAL, Daniel Capaldo; SILVA, SL da. Roteiro para
revisão bibliográfica sistemática: aplicação no desenvolvimento de produtos e
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DUBEY, Richa Singh; TIWARI, Vijayshri. Operationalisation of soft skill attributes and
determining the existing gap in novice ICT professionals. International Journal of
Information Management, v. 50, p. 375-386, 2020.
GRUZDEV, Mikhail V. et al. University Graduates' Soft Skills: The Employers' Opinion.
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LIPPMAN, Laura H. et al. Workforce Connections: Key “soft skills” that foster youth
127
workforce success: toward a consensus across fields. Washington, DC: Child
Trends, 2015.
MAJID, Faizah A. iCGPA, IR4. 0 and Graduate Employability from the Lens of the
Academics. Asian Journal of University Education, v. 15, n. 3, p. 245-256, 2019.
THOLEN, Gerbrand. The limits of higher education institutions as sites of work skill
development, the cases of software engineers, laboratory scientists, financial analysts
and press officers. Studies in Higher Education, v. 44, n. 11, p. 2041-2052, 2019.
WORLD ECONOMIC FORUM. The future of jobs: Employment, skills and workforce
strategy for the fourth industrial revolution. Global Challenge Insight Report, 2016.
128
RC 6: Processos Históricos em Turismo e Hospitalidade
INTRODUÇÃO
O presente trabalho, sendo decorrente dos levantamentos realizados até o
momento presente, para o desenvolvimento de uma monografia de conclusão de
curso, tem como objetivo examinar como o afroturismo pode ser utilizado como uma
possível uma ferramenta antirracista, a partir das narrativas estabelecidas sobre os
patrimônios que contemplam memórias e trajetórias africanas e afro-brasileiras. Além
do mais, considerando as relações de poder pré-existentes no âmbito patrimonial, se
1
Graduanda de Tecnologia de Gestão em Turismo; Universidade Federal de Santa Maria; Santa Maria,
Rio Grande do Sul; Lattes: http://lattes.cnpq.br/7394954666432338; E-mail: naomycpires@outlook.com.
2
Doutor em História pela Universidade Católica do Rio Grande do Sul; Professor do curso de
Tecnologia de Gestão em Turismo; Santa Maria, Rio Grande do Sul; Lattes:
http://lattes.cnpq.br/9582242288468024; E-mail: gilvan.vd@gmail.com
129
faz necessário refletir sobre como as memórias e trajetórias negras estão
representadas dentro do campo do turismo.
A metodologia de estudo envolveu uma pesquisa bibliográfica relacionada a
diferentes autores do campo da memória e da identidade para compreensão sobre
como estão representadas no campo do patrimônio, as definições sobre o que é
patrimônio para um melhor entendimento sobre o que representa e sociedade e sobre
do turismo cultural e afro turismo para que seja compreensível o modo o qual atua,
apesar do afroturismo não possuir uma conceituação concreta é possível entendê-lo
como uma vertente do turismo étnico-afro, então buscou-se a partir das definições
desse tipo de turismo entender como o afroturismo age dentro do mercado. Assim,
através dessas conceituações realizadas busca-se analisar, a partir da observação
participativa realizada, como as memórias e trajetórias negras estão apresentadas em
meio aos patrimônios e monumentos apresentados durante a caminhada São Paulo
Negra, idealizada e criada pelo jornalista e guia turístico Guilherme Soares Dias, a
qual ocorre no Centro Histórico da cidade de São Paulo.
A partir deste contexto, a realização desta pesquisa busca tratar, a partir
relações estabelecidas dos diferentes conceitos de sobre memória, identidade e
patrimônio, a invisibilidade da cultura negra no Centro Histórico de São Paulo em vista
das relações de poder estabelecidas em meio a esses espaços e sobre as
reivindicações das reintegrações socioculturais que o afroturismo realiza, cooperando
para a democratização dos legados culturais dentro de uma perspectiva decolonial.
REVISÃO DE LITERATURA
A partir do século XX, o conceito de memória passou a ser definido como
fenômeno social dentro do campo de estudos das Ciências Humanas. O Sociólogo
francês Maurice Halbwachs, traz contribuições a esse campo de estudos, em seu livro
intitulado “A memória coletiva”, no qual defende sua principal teoria.
130
Diante de sua perspectiva, é possível considerar que as memórias individuais
estão interligadas às memórias coletivas, ou seja, elas são interpretações do espaço e
tempo o qual o indivíduo está inserido, onde características e fatos sociais vão sendo
compartilhados e assimilados. Assim, refletindo acerca da ideia do autor, sobre a
inserção do indivíduo em uma coletividade, consequentemente surgem as
representações coletivas, em que uma experiencia isolada do indivíduo se liga a uma
esfera de valores de um determinado grupo social e consequentemente
compartilhando uma gama de valores culturais, visto que, uma memória coletiva se dá
a partir de uma estrutura, ou seja, se dá pela forma em que os indivíduos interagem
entre si através organizações sociais como ambientes escolares, profissionais,
religiosos e entre outros.
Logo, Stuart Hall (2013) nos contextualiza sobre o multiculturalismo como
sendo um processo de fragmentação das identidades do sujeito pós-moderno, porém
afirmando que as identidades culturais são formadas a partir do compartilhamento das
representações por esses determinados grupos sociais, estando diretamente
relacionados à cultura. Diante disto, a Constituição Federal de 1988, em seu Art. 216,
define "Constituem patrimônio cultural brasileiro os bens de natureza material e
imaterial, tomados individualmente ou em conjunto, portadores de referência à
identidade, à ação, à memória dos diferentes grupos formadores da sociedade
1
brasileira”. (BRASIL, 1988)
Sendo assim, os patrimônios culturais são pertinentes no que diz respeito a
conexão entre passado e presente, justamente por colaborarem para a construção das
memórias e identidades, para possíveis compreensões sobre as relações entre
sociedade e memória e cultura.
Partindo desse pressuposto, o turismo cultural tem como potencial a
valorização a partir das interpretações do patrimônio cultural, apoiado a motivação do
turista em conhecer o passado ou manifestações culturais de determinados lugares ou
1
FEDERAL, Senado. Constituição. Brasília (DF), 1988..
131
grupos sociais, já o Turismo Étnico como uma vertente do turismo cultural, foi
caracterizado como uma atividade “voltada para as tradições e modos de um
determinado grupo e utilizado, principalmente, para destacar o turismo nas
comunidades, em processo de desenvolvimento”. (OMT, 2003, p. 168), 1
Sendo assim, o afroturismo como um nicho de mercado em desenvolvimento é
comtemplado como um tipo de visitação que busca contemplar as memórias e
histórias negras de um determinado espaço, salientando que para além de um resgate
ancestral, se baseia também na ideia de conexão da negritude atual.
A caminhada São Paulo Negra idealizada pelo Guilherme Soares Dias criador
do Guia negro desde maio de 2018, uma plataforma de afroturismo promovida pela
Diáspora Black, ocorre mensalmente no centro histórico da cidade de São Paulo,
possui o intuito de apresentar pontos turísticos da cidade que aportam histórias e
memórias negras.
O trajeto e ponto de encontro se inicia na praça da liberdade, bairro
denominado como de origem Japonesa, em que é apresentado de primeira instancia
como um bairro negro, visto que, primeiras pessoas libertas durante o período
escravocrata se instalaram naquela região, no mesmo local encontra-se a “Igreja
Nossa Senhora dos Enforcados” em que ocorreram diversos enforcamentos de
pessoas negras e indígenas, após serem intituladas como criminosas.
Logo após, é apresentado o cemitério dos aflitos e a Capela Nossa Senhora
dos Aflitos, bem tombando como monumento histórico pelo Conselho de Defesa do
Patrimônio Histórico, Arqueológico, Artístico e Turístico do Estado de São Paulo
(CONDEPHAAT), no cemitério por volta da década de 70, encontraram-se restos
mortais e o que estima-se é que seriam de pessoas negras as quais foram submetidas
à forca, porém, na região não é sinalizado de alguma forma essa questão, já
relacionado a capela, “Francisco José Chagas”, cabo negro que integrava o Exercito
1
GEE, Chuck Y.; FAYOS-SOLÁ, Eduardo. Turismo internacional: uma perspectiva
global. Organização Mundial do Turismo. Trad. de Roberto Gastal da Costa, v. 2, 2003.
132
“Batalhão dos caçadores” e um dos líderes da revolta organizada em função de
exigência de recebimento dos salário equivalentes aos dos soldados portugueses,
encontra-se enterrado em meio a esse espaço.
Ao longo do trajeto, foram apresentados espaços como o antigo pelourinho, o
antigo morro da forca, monumento mãe preta e entre outros espaços os quais o
espaço em si e as narrativas estabelecidas estão em processo de análise conforme o
desenvolvimento da monografia.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
REFERÊNCIAS
134
Educação Patrimonial: uma abordagem teórica e prática,
nos educandos da E.E.E Médio Cilon Rosa, no município de
Santa Maria - RS.
INTRODUÇÃO
No âmbito da Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a
Cultura - UNESCO, a noção de patrimônio vem se configurando em debates e
negociações iniciados desde a sua fundação, em 1948. O conceito é adotado e inclui
uma ampla característica em relação a monumentos históricos, conjuntos urbanos,
locais sagrados, obras-de-arte, parques naturais, paisagens modificadas pelo homem,
objetos pré-históricos, peças arquitetônicas, tradições orais e imateriais da cultura
1
Acadêmico de Gestão de Turismo; Universidade Federal de Santa Maria; Santa Maria - RS; Lattes:
http://lattes.cnpq.br/5473179288954101; E-mail: patricksoaresf@gmail.com.
2
Acadêmico de Gestão de Turismo; Universidade Federal de Santa Maria; Santa Maria - RS; Lattes:
http://lattes.cnpq.br/6949112866038461; E-mail: fabiozanini_sm@hotmail.com.
3
Docente no curso de Gestão de Turismo e na Pós Graduação no Programa de Mestrado Profissional
em Patrimônio Cultural da Universidade Federal de Santa Maria; Santa Maria - RS; Lattes:
http://lattes.cnpq.br/6668223529036644; E-mail: ribeiromarcelo64@gmail.com.
135
popular; na qual é agregado também uma postura de proteção, seja ele órgão público
ou iniciativa privada. (UNESCO, 2003)
O Projeto Interação na década de 1980, serviu como primeiro programa
brasileiro institucionalizado que envolveu escolas, cultura popular e patrimônio, na qual
seu objetivo era ampliar o desenvolvimento cultural como ação para a democratização
da vida brasileira, empenhada ao conhecimento, preservação e reflexão sobre valores
culturais básicos de um povo. (CUSTÓDIO, 2010).
Acredita-se que é importante que os processos educacionais cujo o foco
tenham sido no patrimônio cultural devem estar integrados às demais dimensões da
vida das pessoas. Para Soares “o processo de aprendizagem torna-se mais acessível
quando a educação patrimonial é inserida nos currículos escolares, facilitando e
possibilitando a interação das pessoas com a cultura local.” (SOARES 2003).
Partindo deste entendimento sobre educação patrimonial, destaca-se que a
proposta pedagógica que possibilita gerar diálogos entre o objeto cultural e a
comunidade escolar. A antiga Escola Artesanal Dr. Cilon Rosa foi fundada em 1946, e
possui uma história no município de Santa Maria desde sua criação, não possuía sede
própria e funcionava dentro da Escola Manoel Ribas, onde era oferecida cursos de
corte e costura. Passando por várias modificações curriculares. (ROSA, 2020).
Em 1966 a escola passou a ocupar um pavilhão do prédio da nova sede à
Avenida Presidente Vargas. Em 1971, com a conclusão do 2º pavilhão, a escola ocupa
sua sede própria. Atualmente a Escola Estadual de Ensino Médio Cilon Rosa, possui
sua própria sede localizado na Rua Appel, no município de Santa Maria -RS, com
aproximadamente cerca de 1800 educandos, 147 docentes e 31 funcionários,
distribuídos em três turnos de funcionamento. (ROSA, 2020).
METODOLOGIA
A presente atividade teve como metodologia fixa “aprender fazendo”, no
entanto foi utilizada também o processo de aprendizagem exploratória, com base nos
conteúdos abordados na disciplina Patrimônio Cultural e Turismo, o docente orientador
136
sugeriu ao discentes do Curso Superior de Tecnologia em Gestão de Turismo da
Universidade Federal de Santa Maria três encontros presenciais na qual trabalhariam
de forma criativa, interagindo com os alunos. Como resultado esperado, demostrariam
um produto final como forma de mostrar que os educandos aprenderam nos encontros
anteriores.
137
O terceiro momento foi entregue um material impresso com o resumo do que
foi abordado, também foi solicitado que descrevessem em alguma folha, o que
aprenderam depois que o assunto foi discutido.
Segundo encontro: a metodologia usada do “aprender fazendo” na qual foi
programado que os educandos desenvolvessem três representações materiais da
cidade de Santa Maria- RS. Essa dinâmica foi abordada da seguinte forma: A) Foram
divididos em três grupos, com cinco integrantes; B) Foram sorteados o objeto que
deveriam desenvolver a atividade, conforme retirado o nome de um recipiente
improvisado em sala de aula; C) Cada um dos grupos recebeu todo material reciclável
disponibilizado e preparado pelos graduandos, por fim D) Foi estipulado o tempo uma
hora e trinta minutos para produção.
O objetivo desta dinâmica era que os educandos tivessem uma percepção da
metodologia “aprender fazendo” usamos como base o conceito apresentado por Horta
(2000) no documento do IPHAN, A Multiplicação do Método:
138
Figura 2 – Representações produzidas no segundo encontro.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Com este trabalho, pôde-se constatar que a educação patrimonial aplicada nos
alunos de 2º ano do ensino médio é uma forma de aproximar a realidade desenvolver
o conhecimento e a compreensão de maneira lúdica sobre as questões relacionadas
ao patrimônio cultural levando em conta o tempo de contato, as atividades propostas e
o envolvimento dos educandos com o que lhes foi apresentado.
Tendo o conhecimento de que o Exame Nacional do Ensino Médio - ENEM,
aborda alguma questão relacionada a patrimônio, foi também uma contribuição ao
aprendizado dos educandos de EEEM Cilon Rosa e para os discentes acadêmicos
uma experiência de sala de aula, oportunidade de passar o conteúdo aprendido e
disseminar a ideia de que o patrimônio cultural é público e merece a preservação.
Outro aspecto a destacar foi a participação dos alunos que tiveram interesse e
curiosidade em participar e produzir o material para demonstrar o que aprenderam no
139
decorrer dos encontros. É pertinente comentar que a direção da escola, a diretora
pedagógica e os professores foram solícitos em abrir as portas para esta atividade,
mesmo que a greve ao final tenha prejudicado a apresentação final.
Conclui que da experiência da “intervenção” em sala de aula, que o
conhecimento sobre patrimônio cultural ainda é tímido, levando em conta que os
alunos da rede de ensino não possuem disciplinas ou conteúdo específico.
REFERÊNCIAS
CUSTÓDIO, Luiz Antônio Bolcato. “Educação Patrimonial: experiências”. In:
BARRETO, Euder Arrais et. al. Patrimônio Cultural e Educação: artigos e resultados.
Goiânia: Marques e Bueno Ltda, 2010, p.23- 36
ROSA, EEEM CILON. História da Escola Estadual de Ensino Médio Cilon Rosa.
Disponível em: http://eeemcilonrosa.blogspot.com/; Acesso em: 03 de abr. de 2020.
140
O Museu Virtual de Turismo no Brasil e a preservação da
memória: registrando trajetórias e vivências 1
1
Trabalho desenvolvido com o fomento de bolsas de iniciação científica proporcionadas pelo Programa
PIBINOVA/UFF, FAPERJ e CNPQ.
2
Graduando em Turismo; Universidade Federal Fluminense; Niterói / Rio de Janeiro; Lattes:
http://lattes.cnpq.br/6256207264608013; E-mail: davidfrancisco@id.uff.br.
3
Graduanda em Turismo; (b) Universidade Federal Fluminense; Niterói / Rio de Janeiro; Lattes:
http://lattes.cnpq.br/6019468166400797; E-mail: thayanetrindade@id.uff.br.
4
Graduando em Turismo; Universidade Federal Fluminense; Niterói / Rio de Janeiro; Lattes:
http://lattes.cnpq.br/2402736725492445; E-mail: victorgeovu@id.uff.br.
5
Historiadora e Turismóloga. Doutora em História Comparada (UFRJ); Universidade Federal
Fluminense; Niterói / Rio de Janeiro; Lattes: http://lattes.cnpq.br/5344912790840208; E-mail:
valeriaguimaraes@id.uff.br.
141
INTRODUÇÃO
Cientes das dificuldades com a preservação da memória e das fontes
históricas referentes ao turismo brasileiro, um grupo de pesquisadores, que envolve
professores universitários, alunos de graduação e de pós-graduação do curso de
Turismo de uma universidade brasileira, reuniu-se para organizar um projeto de
criação de um museu virtual que procurasse oferecer ao público um espaço interativo
de construção e preservação da memória do turismo brasileiro e que, ao mesmo
tempo, pudesse contribuir como um espaço de referência para os pesquisadores
acadêmicos interessados na escrita da história do turismo no país.
O projeto foi inspirado no Museu Virtual do Turismo, iniciativa da Escola de
Hotelaria e Turismo do Estoril, em Portugal (https://muvitur.eshte.pt/), resultando em
contatos com os idealizadores do projeto português e no apoio à realização do
congênere brasileiro.
Neste trabalho serão relatados em linhas gerais os primeiros passos que
envolvem os processos de estruturação do Museu Virtual de Turismo no Brasil e da
construção da exposição a respeito da preservação da memória dos trabalhadores do
turismo no país, ressaltando as complexidades e os desafios que cercam esse projeto
de pesquisa e extensão compreendido no universo digital.
DESENVOLVIMENTO
No processo de elaboração do Museu Virtual de Turismo no Brasil, o
registro documental e o esforço criativo exigido para a criação do site do museu,
veiculação do acervo e promoção das atividades pedagógicas e acadêmicas, estão
presentes 14 pesquisadores das áreas de Turismo, História e Cinema e Audiovisual.
Desses, três alunos de graduação, que têm papel ativo em todas as etapas de criação
do museu, são bolsistas de iniciação científica, com fomento das agências: Conselho
Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPQ); Programa Institucional
de Bolsas de Iniciação à Inovação (PIBINOVA/UFF); e da Fundação de Amparo à
Pesquisa do Estado do Rio de Janeiro (FAPERJ).
142
Iniciando suas atividades em dezembro de 2020, o grupo de pesquisa
realizou a busca por trabalhos que abordassem a história do turismo e do lazer nos
eventos da Associação Nacional de Pesquisa e Pós-Graduação em Turismo
(ANPTUR), da Associação Nacional de História (ANPUH) e da Universidade de Caxias
do Sul (UCS), compondo uma base de dados, por meio da coleta dos nomes dos
autores, e-mails para contato e trabalhos apresentados.
Em seguida, foram selecionados os autores mais presentes nas
diferentes edições desses eventos, para que fossem enviados convites individuais
para a participação no acervo do museu, por meio do envio de um curto vídeo
contando as narrativas e lembranças próprias acerca das temáticas abordadas na
exposição. Ainda, os convidados poderiam enviar documentos, fotografias, pôsteres e
outros arquivos que pudessem incitar a memória do turismo e do lazer pessoal.
Inserida nos processos de construção do Museu Virtual do Turismo no Brasil,
está a elaboração da exposição denominada “Caminhos pelas Memórias e Histórias
do Turismo e do Lazer no Brasil: Parceiros em Percurso”. Seu objetivo, compartilhado
com o museu, é o de preservar a história do turismo e do lazer no território brasileiro,
registrando as histórias e vivências de pesquisadores da área, além de alcançar
também os registros nacionais acerca de experiências e do cenário exterior.
Paralelamente, os pesquisadores vêm efetuando também o registro da
memória dos trabalhadores envolvidos nos diferentes setores da atividade turística e
elaborando atividades educativas que deem visibilidade principalmente a sujeitos
historicamente excluídos dos processos sociais, mas que tiveram e continuam a ter
importância fundamental no turismo.
O recurso à história oral como fonte e método tem sido de suma importância
para as atividades de composição do acervo e estão sendo realizadas oficinas de
capacitação da equipe envolvida na produção do museu, além da troca de
experiências com pesquisadores acadêmicos que já se lançaram na organização de
museus virtuais nas mais diversas temáticas e áreas de conhecimento.
143
Quando se pensa em museu virtual, imagina-se a possibilidade de
disponibilizar todo e qualquer acervo de forma digital, atingindo a maior quantidade de
pessoas possível, e consequentemente disseminando o conhecimento. Seguindo este
raciocínio, Malraux (2000), propôs a criação de um museu imaginário que serviria para
abrigar todas as obras de arte do mundo, por meio da fotografia, de modo que toda
pessoa poderia ter o seu museu imaginário. Porém, segundo Battro (1999) para que
se configure um museu virtual é necessário muito mais do que fotos na internet, é
preciso conceber um novo museu, sendo o espaço virtual uma oportunidade de criar
um museu completamente novo, diferente da ideia da reprodução de um museu físico.
Dessa forma, podemos considerar o museu virtual como:
CONSIDERAÇÕES FINAIS
O projeto de criação do Museu Virtual de Turismo no Brasil representa uma
iniciativa inédita no país e bastante desafiadora, mobilizando estudos teóricos e
144
técnico-práticos, saberes e fazeres diversos, que buscam ao mesmo tempo
documentar, preservar e divulgar a memória e a produção histórica acerca do turismo
brasileiro, bem como as histórias de vida de homens e mulheres trabalhadores do
setor, proporcionando a compreensão da sociedade brasileira pelas lentes do turismo.
Com isso, será possível disponibilizar para o visitante uma imersão ao
passado, transitando pelas mudanças que ocorreram ao longo do tempo e por meio
do desenvolvimento social e tecnológico presente nas últimas décadas, responsável
pela remodelação de processos, funções e até mesmo hábitos da sociedade.
Vale ressaltar também a disponibilização de bolsas de iniciação científica
como fator que torna possível a elaboração do Museu Virtual do Turismo no Brasil,
além da constante expansão de seu acervo, aprofundando a experiência do visitante a
partir das diferentes possibilidades de interação com as temáticas abordadas pelo
museu e suas exposições.
Ainda, ressalta-se a constante atualização do acervo após sua inauguração
por parte dos pesquisadores, por meio da possibilidade do próprio visitante incorporar
a função de curador, ao enviar suas experiências e relatos para compor a exposição.
Esse novo material estará sujeito à análise do grupo de pesquisa para que,
posteriormente, possa ser adicionado ao acervo do museu.
REFERÊNCIAS
BATTRO, Antonio. Museos imaginarios y museos virtuales. 13. ed. FADAM, 1999.
BEIRÃO, Paulo. A importância da iniciação científica para o aluno da graduação.
UFMG, 2020. Disponível em: https://www.ufmg.br/boletim/bol1208/pag2.html. Acesso
em: 21 out. de 2021.
HALLAL, Dalila Rosa; GUIMARÃES, Valéria Lima. Museu Virtual do Turismo: o que
podemos aprender com a experiência portuguesa? Turismo e Sociedade, v. 14, n. 2,
p. 25-40, 2021. Disponível em: https://revistas.ufpr.br/turismo/article/view/77452.
Acesso em: 20 out. 2021.
145
HENRIQUES, Rosali. Os museus virtuais: conceito e configurações. Cadernos de
Sociomuseologia, v. 55, n. 12, p. 53-70, 2018. Disponível em:
https://revistas.ulusofona.pt/index.php/cadernosociomuseologia/article/view/6337.
Acesso em: 15 out. 2021.
146
Migrações em Caxias do Sul: uma cidade com história de
migrações
1
Bacharelanda em Direito; UCS; Caxias do Sul. RS; Lattes: http://lattes.cnpq.br/6680498002418947; E-
mail; bbgomes@ucs.br.
2
Bachaleranda em Serviço Social; UCS; Caxias do Sul. RS; Lattes:
http://lattes.cnpq.br/3289688902268883; E-mail: jzaeger@ucs.br.
3
Bacharelanda em Direito; UCS; Caxias do Sul, RS; Lattes: http://lattes.cnpq.br/9366738007027022; E-
mail: vatpassarela@ucs.br.
4
Doutora em História pela Universidade de Gênova-Itália; Professora Titular na Universidade de Caxias
do Sul; Lattes: http://lattes.cnpq.br/2028194865995189; E-mail: vbmhered@ucs.br.
147
desses dados, em relação à série dos últimos dois anos, isto é, 2020 e 2021, o Núcleo
de Estudos Migratórios da UCS, a partir da pesquisa denominada “Migrações
Internacionais: desafios e perspectivas no século XXI”, tem atuado em conjunto ao
Centro de Informações ao Imigrante (CIAI) na coleta de dados dos imigrantes que se
dirigem ao centro no intento de obter orientação sobre a sua regularização migratória.
É importante lembrar, também, que a cidade tem recebido migrantes ao longo
de sua história e dependendo do período a migração apresenta características
distintas. Ainda, a partir do final da primeira década e começo da segunda do século
XXI, a cidade começa a receber de forma constante migrantes que vêm de outros
países, substituindo as migrações internas, que sempre foram frequentes, pelas
migrações internacionais.
Nesse sentido, desde o ano de 2010, a cidade tem recebido um número
considerável de migrantes que provêm do Haiti, e nos anos seguintes do Senegal, o
que evidencia que nas migrações com características laborais a definição do destino
deve-se à possibilidade de trabalho, sendo que, mais recentemente, o fluxo de
venezuelanos tem aumentado, em função da crise humanitária enfrentada pelo país.
Nos estudos migratórios que o Núcleo de Pesquisa tem realizado desde 1998,
comprova-se que o parque industrial localizado na Serra gaúcha tem absorvido um
número considerável de migrantes.
Contudo, a escolha por analisar somente o perfil dos haitianos e dos
senegaleses que se instalaram no Município de Caxias do Sul, entre os anos de 2014
e 2019, deve-se ao fato de que nos estudos realizados houve um acompanhamento
desses dois grupos no arco temporal da pesquisa, o que permite tecer comentários
acerca desses grupos. No que tange aos venezuelanos, por mais que se tenha ciência
que eles têm chegado à cidade, ainda não foi possível a contabilização dos dados do
CIAI, em função da sua recente estruturação.
Desse modo, utilizou-se do método crítico que, de acordo com Becker (2012),
defende que a migração não é um mero fenômeno individual, mas sim algo que
decorre das estruturas sociais. Além disso, trata-se de uma pesquisa com natureza
148
qualitativa, de cunho analítico e exploratório, tendo em vista que foram analisadas
concepções teóricas-metodológicas do fenômeno migratório e, também, bibliografias,
artigos, leis e reportagens, tendo como ponto de partida panoramas teóricos críticos.
Para isso, o quadro teórico baseou-se nas obras de Herédia (2015), no intuito de
embasar a análise das dinâmicas migratórias internacionais; Sayad (1998), o conceito
de migrante e suas condições de deslocamento; Becker (2012), sob a perspectiva de
duas interpretações distintas de mobilidade.
Nesse contexto, as migrações fazem parte da história de Caxias do Sul,
principalmente por ter sido conhecida como um polo industrial, desenvolvendo-se
principalmente no setor primário, deixando-a muito atrativa aos fluxos migratórios. No
entanto, devido a falta de inserção no mercado de trabalho dos imigrantes, acabou
ocasionando um elevado número de desempregados entre eles, fazendo com que
alguns fluxos, como o dos Senegaleses - que apresentam um perfil laboral -
diminuíssem consideravelmente na última década. Desse modo, percebe-se que
muitos dos imigrantes que haviam se deslocado para o município deparam-se com
grandes desafios na sua inserção social e econômica.
Em relação aos migrantes senegaleses, constatou-se que eles procuram
trabalho e melhorias em empregos, o que reflete que estão em busca de melhores
condições de ocupação, mesmo que aceitem o trabalho provisório em algumas
atividades econômicas. É possível analisar, também, que os imigrantes preferem
cidades médias como Caxias do Sul, em função da integração que lhes é permitida
realizar no município. Assim, vê-se que, entre os anos de 2014 e 2019, 22,47% dos
senegaleses estabelecidos na cidade em questão estavam empregados regularmente,
isto é, com carteira de trabalho assinada e de forma estável, o que reforça que o
motivo dessa migração seja o trabalho direcionado a um polo industrial, tendo em vista
que o município é reconhecido por historicamente ter recebido fluxos migratórios
(HERÉDIA; PANDOLFI, 2015).
Um dos principais diferenciais que a migração haitiana possui, em comparação
a senegalesa, é a existência do chamado “Visto Humanitário aos haitianos e apátridas
149
residentes” no Haiti. Este visto realiza a concessão do visto temporário e da
autorização de residência para fins de acolhida humanitária, um fator que demonstra o
perfil migratório de crise. Assim, a partir de 2010 aumenta o número de imigrantes que
provêm do Haiti no município de Caxias do Sul. Pode-se dizer que o fluxo migratório
dos haitianos é representado por uma migração de crise, diferentemente dos
senegaleses que é identificada como laboral. A situação dos haitianos deve-se não
apenas pelos desastres naturais ocorridos no Haiti, como também pelas dificuldades
socioeconômicas enfrentadas naquele país.
A situação de desemprego é uma das características compartilhadas pelos
imigrantes, em especial por aqueles que são negros e latinos. É comum verificar
discursos que refletem preconceitos aos migrantes haitianos, mesmo que muitos já
estejam instalados no município. Enfrentam problemas vinculados ao idioma,
dificuldade de realizar o processo da documentação, entre outros. Além do
desemprego, os imigrantes se encontram mais vulneráveis a situações de trabalho
precário, principalmente quando considerados estrangeiros. Essa constatação
corrobora o que é dito por Sayad quando diz que o migrante é uma força de trabalho
provisória, onde a sua presença na sociedade está baseada em sua condição de
trabalho, principalmente em setores que não são ocupados pelas condições que
representam.
O sistema econômico necessita, continuamente, de mão de obra para garantir
a expansão econômica, sendo que essa, o quanto mais numerosa for, melhor será
para o capital No entanto, mesmo que seja “reconhecível a utilidade econômica e
social dos imigrantes, ou seja, as “vantagens” que eles oferecem para a economia”
(SAYAD, 1998, p. 47) ainda existe uma dificuldade na inserção desses indivíduos,
criando um certo paradoxo, no qual o imigrante é visto como mão de obra provisória.
Cumpre ressaltar, também, que, no intento de acolher e de fornecer
informações sobre a regularização migratória aos imigrantes que chegam no Município
de Caxias do Sul, a Prefeitura instituiu o Centro de Informações ao Imigrante (CIAI),
que orienta os indivíduos, que aqui chegam, sobre os procedimentos a serem
150
adotados junto à Polícia Federal. A atuação do Centro de Informações ao Imigrante
mostra-se de suma importância, principalmente em um contexto de acolhimento e
hospitalidade do Município de Caxias do Sul frente a um fenômeno que não pode ser
ignorado: o fluxo migratório de indivíduos que buscam se inserir no mercado de
trabalho caxiense e que contribuem, portanto, ao crescimento da economia local.
Por esse motivo, a pesquisa de campo realizada pelo Núcleo de Estudos
Migratórios da Universidade de Caxias do Sul é de extrema importância, uma vez que
é por meio das coletas de dados que poderemos compreender a situação das
migrações atuais e os principais desafios que esses indivíduos estão tendo ao
chegarem no Município. Contudo, em função do fato de que a coleta dos dados mais
recentes ainda está em andamento, são breves os comentários que podem ser feitos
acerca da série de 2020-2021, mas tem-se, mesmo com a pandemia da Covid-19, o
Município continuou a receber e a ser destino de tais fluxos.
Percebe-se que apesar da mudança na legislação migratória brasileira,
realizada em 2017, que trouxe uma característica mais humanitária e receptiva para
política de migração a recepção da sociedade permanece adversa e muitas vezes
acompanhada de um sentimento xenofóbico e racista, notando uma clara falta de
inserção socioeconômica. Mesmo assim é possível observar algumas mudanças,
principalmente pelos envolvimentos comunitários nos serviços como o Centro de
Atendimento ao Migrante e o Centro de Informações ao Imigrante.
Conclui-se, em suma, que os imigrantes ao se deslocarem de seus países,
anseiam por uma melhor condição de vida, vendo no mercado de trabalho essa
oportunidade. Entretanto, diferentemente do que muitos esperam, encontram grandes
desafios, e a volta para seus países, bem como o reencontro com seus familiares,
pode se tornar cada vez mais distantes.
REFERÊNCIAS
BECKER, Olga Maria Schild. Mobilidade espacial da população: conceitos, tipologia,
contextos. In: CASTRO, Iná Elias de; GOMES, Paulo César da Costa; CORRÊA,
151
Roberto Lobato (org.). Explorações geográficas: percursos no fim do século. Rio de
Janeiro: Bertrand Brasil, 1997. p. 319 - 367
152
Migrante e família haitiana: um reencontro possível?
INTRODUÇÃO
A garantia do direito à reunião familiar é um dos princípios e diretrizes da
política migratória brasileira na Nova Lei de Migração, Lei n. 13.445/2017 (BRASIL,
2017). Ela revogou o Estatuto do Estrangeiro, Lei n. 6.815/1980, fruto da Ditatura
Militar no Brasil, e se tornou referência para outros países, levando em conta o
respeito aos direitos humanos e fundamentais e a dignidade da pessoa humana.
O presente estudo, que faz parte do projeto de pesquisa Migrações no século
XXI: desafios e perspectivas do Núcleo de Estudos Migratórios da Universidade de
1
Acadêmica do curso de Psicologia da Universidade de Caxias do Sul, Caxias do Sul – RS. Lattes:
http://lattes.cnpq.br/9594454961633291. E-mail: dkpavan1@ucs.br.
2
Doutora em História das Américas pela Università degli Studi di Genova (1992). Docente e
pesquisadora no Programa de Pós-Graduação em Turismo e Hospitalidade da Universidade de Caxias
do Sul. Coordenadora do Núcleo de Estudos Migratórios da UCS, Caxias do Sul – RS. Lattes:
http://lattes.cnpq.br/2028194865995189. E-mail: vbmhered@ucs.br.
153
Caxias do Sul, investiga a percepção da população migrante haitiana residente na
cidade quanto ao processo de reunião familiar.
METODOLOGIA
A abordagem metodológica é crítica, trata a migração como “mecanismo de
deslocamento populacional, reflete mudanças nas relações entre pessoas (relações de
produção) e entre essas e seu ambiente físico” (BECKER, 1997, p. 323).
O estudo tem caráter qualitativo, onde utilizou-se como técnica as entrevistas
semiestruturadas com migrantes haitianos residentes em Caxias do Sul. Para a
análise das entrevistas, utilizou-se o método “análise textual discursiva” (MORAES e
GALIAZZI, 2016).
RESULTADOS E DISCUSSÃO
Os resultados são apresentados por meio de três categorias analíticas: a falta
de perspectiva em continuar no Haiti, a promessa de buscar a família e a dificuldade
de reencontro no Brasil.
Na primeira categoria, “a falta de perspectiva em continuar no Haiti” fica
evidente os apontamentos de Mejía e Cazarotto (2017) de que, nas últimas décadas,
mais de um quarto da população haitiana emigra, porque a solidariedade e o auxílio
humanitário internacional que o Haiti recebe – devido à crise econômica, política e
ambiental que acomete o país –, não contribuí para melhorar suas condições de vida.
A fala a seguir evidencia esta categoria, onde a possibilidade de reconstrução
do país se vê a cada dia mais distante, seja devido a desastres naturais, pobreza
extrema, corrupção, assassinato do presidente ou pelo colapso econômico.
O futuro de um haitiano, era antes do terremoto, como dizemos de 20 anos para cá. Era
uma [situação] um pouco crítica, não é? Um pouco. Mas, depois do terremoto as
pessoas perdem aquela que era a esperança de ter um futuro seguro, então, muda
[nas] pessoas de ver que fora é melhor (Migrante F.).
154
A segunda categoria “A promessa de buscar a família”, traz à tona que, além
da falta de perspectiva em continuar no Haiti, o ato de migrar é constitutivo do
cotidiano haitiano, onde representa status social e honrar a família diante da
comunidade. Assim, as famílias se organizam em busca de um novo projeto de vida
familiar, comumente fazendo economias para orçar a viagem do membro que fará o
processo de mobilidade. Segundo Handerson (2015), ao mesmo tempo em que o
viajante ganha apoio material, emocional e espiritual da família, ele também sofre
grande pressão social, de responsabilidade perante os demais membros. O relato a
seguir expressa o sentimento que tem frente a migração:
Tem um (irmão) que está na construção, e dois é metalúrgico. Depois, tem um que eu
preciso trazer aqui, mas ele precisa ganhar visto, vai esperar visto.(Migrante M.)
Quando tem festa [na igreja] todo mundo ta comiendo e eu tava pensando em minha
família lá na República Dominicana e, aqui tem comida demais e não tem como guardar
um plato para dar ao meu filho, por isso tenho vergonha. [...] Daí começou a fazer una
campanha, [...] e me ajuda a arrumar um dinheiro. (Migrante Z.)
Eu fico bem triste porque tem que vim num país para conseguir uma vida melhor. [...] Se
vai trabalhar na limpeza, precisa de experiência na limpeza, se eu não tenho, não
consigo. (Migrante M.)
155
Eu vim primeiro, fiquei anos trabalhando, guardei dinheiro e mandei pra ele, pra ele
poder vim junto com meus filhos. [...] Na primeira casa que eu aluguei roubaram,
roubaram minhas coisas (Migrante J.).
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Perante as dificuldades enfrentadas, a criação e sustentação de redes afetivas
e de espaços destinados à população migrante na cidade é imprescindível no
enfrentamento do processo de reunião familiar. Na cidade de Caxias do Sul, existe a
entidade filantrópica Centro de Atendimento ao Migrante, fundada em 1980,
pertencente à congregação das Irmãs Scalabrinianas. A prefeitura, recentemente, no
ano de 2020, atenta à ampliação da população migrante na cidade, inaugurou o
atendimento por meio da criação de um Centro de Informações ao Imigrante. A
Associação dos Imigrantes Haitianos em Caxias do Sul também é um espaço de
encontro e discussão da comunidade haitiana aqui na cidade.
Ademais, vizinhança, colegas de trabalho, comunidade religiosa e demais
familiares também são importantes redes a serem acessadas visando potencializar o
protagonismo dos migrantes haitianos em Caxias do Sul, como é o caso do migrante
citado anteriormente que se sentia envergonhado. Foi por meio da comunidade
religiosa à qual frequenta que foi possível arrecadar fundos numa campanha para
pagar a vinda da sua família ao Brasil.
REFERÊNCIAS
BECKER, O. M. S. Mobilidade espacial da população: conceitos, tipologia, contextos.
In: CASTRO, I. E.; GOMES, P. C. C.; CORRÊA, R. L. (org.). Explorações
geográficas: percursos no fim do século. Rio de Janeiro: Bertrand Brasil, 1997.
156
HANDERSON, J. Diáspora: as dinâmicas da mobilidade haitiana no Brasil, no
Suriname e na Guiana Francesa. 2015. Rio de Janeiro: Universidade Federal do Rio
de Janeiro, 2015. Disponível em:
https://laemiceppac.files.wordpress.com/2015/06/tese-de-joseph-handerson.pdf
Acesso em: 21 mar. 2021.
MORAES, R.; GALIAZZI, M. do C. Análise textual discursiva. 3. ed. Rev. e Ampl. Ijuí:
Editora Unijuí, 2016.
157
Roda de Conversa 7: Gestão e Hotelaria
Resumo: O sistema de reviews on line tem sido cada vez mais adotado na tomada de
decisão de compras por pessoas no mundo inteiro, sendo assim, tem-se a
necessidade de compreender de que forma essas avaliações têm impacto em um do
setores que pode ser considerado a porta de entrada para a prática do turismo, o
hoteleiro. A presente pesquisa trouxe como objetivo geral analisar a relação entre os
sites de classificação e avaliações online no setor hoteleiro, a mesma se caracteriza
como exploratória do tipo descritiva. Para alcançar os objetivos propostos, este artigo
baseou-se em duas etapas; a primeira foi buscar identificar os sites de avaliações mais
usados pelos consumidores e a segunda deu-se pela busca de autores que já haviam
falado a respeito. Por fim, concluiu-se que, os sites de avaliações on-line possuem
grande relevância para o setor hoteleiro, pois é através dele que muitos clientes
decidem na hora da compra.
1
Acadêmica do curso de Turismo na Escola Superior de Artes e Turismo, da Universidade do Estado do
Amazonas- UEA. Graduada em Administração na Escola Superior de Ciências Sociais, UEA.
Especialista em Gestão Pública pela Universidade Federal do Amazonas- UFAM. E-mail:
kbdoc.tur19@uea.edu.br
2
Acadêmico do curso de turismo da Universidade do Estado do Amazonas - UEA; Manaus - AM;
Lattes: http://lattes.cnpq.br/2699549654147423; E-mail: msdn.tur19@uea.edu.br
3
Doutora em Educação pela Universidade de La Empresa - UDE e reconhecida pela Universidade do
Estado de Santa Catarina - UDESC; Mestre em Turismo pela Universidade de Caxias do Sul - UCS;
Especialista em Metodologia da Pesquisa pelo Centro Universitário do Norte e Professora do curso de
Turismo da Universidade do Estado do Amazonas - UEA; Manaus, AM;
Lattes:http://lattes.cnpq.br/7305750465493497 ; E-mail: msteixeira@uea.edu.br
4
Acadêmica do curso de turismo da Universidade do Estado do Amazonas - UEA; Manaus - AM; E-mail:
sp.tur@uea.edu.br
158
INTRODUÇÃO
Inicialmente, o presente artigo traz uma contextualização a respeito das
tecnologias de informação e seu papel no cotidiano das pessoas, também busca fazer
um levantamento do papel dos sistemas de avaliações e sua aplicação no setor
hoteleiro, no qual exerce forte influência.
Em se tratando de avaliações on-line, pode-se mensurar seu nível de
importância, uma vez que contribui de forma significativa para que novos
consumidores tomem suas decisões quanto ao uso e consumo em diversas áreas.
Freitas (2017, p. 1) afirma que, isso traz uma responsabilidade não só para os
hotéis, mas também para todos os serviços que essas plataformas de avaliações
alcançam, sendo que é crucial garantir não só a satisfação do cliente, mas também a
capacidade de criar experiências memoráveis. No entanto, sendo o setor hoteleiro um
serviço intangível, torna-se difícil agradar a todos os clientes e falhas inevitáveis
acabam por ocorrer. Diante disso, se elaborou a seguinte problemática: como os sites
de avaliações online influenciam nas decisões de compra por novos
consumidores hoteleiros?
Partindo do pressuposto que, os consumidores de certa forma são
persuadidos pela classificação de um hotel, consequentemente, isso afeta a
quantidade de reservas novas, que naturalmente, determinarão o desempenho da
unidade hoteleira. Com base neste ciclo os impactos dos comentários e avaliações
podem ser considerados um tema determinante para compreender o desempenho da
empresa. (FREITAS et al, 2017, p. 1)
Dessa forma o objetivo geral desta pesquisa é analisar a relação entre os sites
de classificação e avaliações online no setor hoteleiro. Buscando fazer um
levantamento de que forma essas avaliações impactam as demandas do setor.
Assim podemos dizer que, a presente pesquisa é de grande relevância para o
setor de turismo não somente pela questão econômica, mas também, para a
compreensão do papel das avaliações em um dos setores mais importantes para a
159
prática do turismo, além de possibilitar fazer uma análise de sua contribuição para o
seu desempenho.
INTERNET E TURISMO
Segundo O’Connor (2001) a informação tem, reconhecidamente, uma grande
importância no turismo. Na verdade, a informação já foi descrita com a força vital da
indústria turística, já que sem ela o setor não funcionaria, ou seja, os turistas precisam
de informação antes de sair para uma viagem para ajudá-los a planejar e fazer
escolhas à medida que aumenta a tendência no sentido de viagens mais
independentes.
De certa forma podemos afirmar que a internet está cada vez mais presente
em nosso cotidiano, seja para buscas de determinados assuntos, notícias ou até
mesmo para nos ajudar a escolher um destino para viajar. Com o setor hoteleiro ela
exerce ainda maior impacto pois está praticamente presente em todas as fases da
viagem: da pesquisa à reserva, do registro das imagens ao compartilhamento de
informações. Tanto para turistas brasileiros como estrangeiros, as mídias digitais têm
cada vez mais se consolidando como a principal fonte de informações a respeito do
segmento de viagens.
Ao considerar a necessidade de informação podemos dizer que a mesma é
enfatizada por certas características do produto turístico, entre elas a intangibilidade,
onde o produto turístico não pode ser inspecionado antes da compra. Assim sendo, o
turista é quase totalmente dependente de representações e descrições para ajudar na
sua tomada de decisão.
Para o turismo, a Internet possui um grande potencial servindo como um canal
de distribuição direto para todos os tipos de serviços de viagem, e como base para
apresentações ricas em recursos de multimídia sobre os destinos de viagem. Ao
mesmo tempo, os clientes exigem níveis mais altos de serviço, melhor qualidade da
informação e tendem a ter férias mais curtas e a viajar mais espontaneamente
(TSCHANZ e KLEIN, 1996).
160
Ao considerar apenas o cenário brasileiro, o país é destaque nas principais
redes sociais que envolvem turistas, seja pela beleza de seu território, seja pela
particularidade que cada região apresenta. De acordo com Leonardo Vieira e Vinicius
Landucci, da área de novos negócios do Google, 105 milhões de brasileiros estão
conectados à internet. Deste total, cerca de 82% usam a internet como fonte de
informação para fechar a viagem, além disso ainda destacou que o tempo médio
dessa pesquisa é de até 30 dias. Ou seja, o tempo tornou-se uma mercadoria escassa
principalmente na sociedade atual. Assim sendo, o acesso a informações precisas,
confiáveis e relevantes é essencial para ajudar os viajantes a fazer uma escolha
apropriada.
161
através do código de defesa do consumidor. O Código, em vigor desde março de
1991, estabelece uma nova relação entre consumidores e fornecedores, definindo
normas de proteção e defesa do consumidor que por bem ou por mal, o grito do cliente
acabou tendo mais ressonância nos dias de hoje.
Cavassa (2001, p.124) menciona que toda expectativa espera ser satisfeita: a
satisfação do turista pode ser definida como o estado de opinião sobre o prestador de
serviços hoteleiros, consequência do juízo da qualidade. Portanto, a satisfação do
turista está em função da qualidade do serviço e da sua prestação.
Segundo uma pesquisa do Local Consumer Review Survey de 2017, mostra
que 9 em cada 10 pessoas leem pelo menos, 10 avaliações online antes de formar
uma opinião sobre o estabelecimento, sendo que 93% usam os meios de reviews
digitais para formar sua opinião sobre determinado local. Isso demonstra que quanto
mais os hotéis e estabelecimentos que utilizam apps, as ferramentas online para
avaliações e outros, a sua reputação cresce de forma mais clara e dedicada ao cliente,
tendo em vista a sua satisfação e as críticas dos demais clientes.
CONCLUSÃO
É indiscutível a importância das ferramentas de pesquisas online na formação
de opiniões quando se trata na busca de serviços e que pode agregar positivamente
cada vez mais ao marketing digital e, evidentemente, ao hoteleiro.
“Muitas pessoas pensam em marketing apenas como vendas e propagandas
[...] Hoje, o marketing não deve ser entendido no velho sentido de efetuar uma venda,
mas no de satisfazer as necessidades dos clientes” (ARMSTRONG; KOTLER, 2003,
p.3). O conceito de Marketing mudou de sentido após os anos, evoluiu para uma
concepção mais ampla e direcionada para um objetivo: que é a satisfação.
O Marketing é um conjunto de significados, envolve a apresentação de uma
mercadoria para o público mediante uma propaganda, uma avaliação com finalidade
de influenciar a compra dessa mercadoria, que pode ser um produto ou um serviço.
Somado com um pensamento de satisfazer as necessidades do cliente. “Marketing é,
162
antes de tudo, uma filosofia, uma atitude, uma orientação do negócio em que a
satisfação do cliente é considerada o principal objetivo a ser cumprido” (FLEURY;
RIBEIRO, 2006, p.5)
Assim sendo, a inovação tecnológica tem papel fundamental na concepção de
uma empresa, assim como na sustentabilidade. As novas ideias/ferramentas digitais
devem acompanhar públicos cada vez mais exigentes e com aptidões constantes.
Conhecer o público, além de um poder de marketing eficaz são indispensáveis. Ter
ciência das tomadas de decisão que se deve concretizar, o planejamento estratégico
se torna uma bússola e guia para o caminho a seguir.
REFERÊNCIAS
ARMSTRONG, Gary; KOTLER, Philip. Princípios de Marketing; Tradução Arlete
Simille, Sabrina Cairo; Revisão Técnica Dilson Gabriel do Santos; Francisco J.S.M. - -
9. ed. - - São Paulo: Prentice Hall, 2003
CAVASSA, César Ramirez. Hotéis: Gerenciamento, Segurança e Manutenção. São
Paulo: Roca, 2001.
https://www2.senado.leg.br/bdsf/bitstream/handle/id/533814/cdc_e_normas_correlatas
_2ed.pdf. Acesso em: 15 de Outubro de 2021.
163
A utilização de anúncios como meio de divulgação da
hotelaria pelotense: Almanach de Pelotas e Almanack
Laemmert
INTRODUÇÃO
O estudo da história da hotelaria de Pelotas, que inicia em 1843, com o Hotel
Alliança (TEIXEIRA, 2018), vêm ocorrendo a partir da utilização de diversas fontes
históricas, como processos trabalhistas, registros de casamentos, óbitos e batizados,
1
Graduando no Curso de Bacharelado em Turismo; Bolsista de Iniciação Científica PROBIC/FAPERGS
no projeto “Hotelaria em Pelotas: histórias a partir de diferentes fontes”; Universidade Federal de Pelotas
(UFPel); Pelotas (RS); Lattes: http://lattes.cnpq.br/1880697049714309; E-mail:
eduardoscurtinaz@gmail.com
2
Graduanda no Curso de Bacharelado em Turismo; Bolsista de Iniciação Científica PROBIC/FAPERGS
no projeto “Hotelaria em Pelotas: histórias a partir de diferentes fontes”; Universidade Federal de Pelotas
(UFPel); Pelotas (RS); http://lattes.cnpq.br/0336867658876430; renata.duarte7@outlook.com.
3
Doutora em História pela UNISINOS; Mestre em Turismo pela Universidade de Caxias do Sul (UCS);
Professora associada da Universidade Federal de Pelotas (UFPel); Pelotas (RS);
http://lattes.cnpq.br/3450137421308599; dalilam2011@gmail.com.
164
inventários e testamentos, jornais e almanaques. Segundo Dutra (2005), publicações
do tipo almanaques configuraram-se enquanto formas de instrução e de propagandas
entre os séculos XVIII e XIX, “assumindo, também, vieses temáticos e agregando
conteúdos mais variados como aqueles com cunho moralizante, curiosidades, poesias,
charadas, jogos e medicina doméstica” (DUTRA, 2005, p.16). Assim, atualmente se
apresentando como importantes objetos de estudo.
De acordo com Cellard (2012, p. 295), os documentos possibilitam o
acréscimo da “dimensão do tempo à compreensão do social”, também permitindo a
observação do “processo de maturação ou de evolução de indivíduos, grupos,
conceitos, conhecimentos, comportamentos, mentalidades, práticas etc”. Dessa forma,
os almanaques também auxiliam no processo de compreensão da realidade da época
a que se referem.
Neste trabalho, foram utilizados o Almanach de Pelotas e o Almanack
Laemmert. O primeiro foi fundado em Pelotas no ano de 1913 “por Dr. Antonio Gomes
da Silva, Ignacio Alves Feira e capitão Florentino Paradeda, que se fazia assinar por
Feira & Cia” (LIMA, 2015, p. 66), já o segundo teve a sua fundação em 1843, com
aspectos que envolviam questões administrativas, mercantis e industriais da corte e da
então província do Rio de Janeiro, assim, a partir de 1899, circulando quase que
nacionalmente (DONEGÁ, 2012).
A partir de uma breve análise das edições de ambos os almanaques em
arquivo dos projetos da Universidade Federal de Pelotas (UFPel) envolvendo a história
da hotelaria em Pelotas, identificou-se três hotéis pelotenses que foram anunciados
em ambos os almanaques – o Hotel Alliança (aberto em 1843), o Hotel Grindler
(aberto em 1897) e o Grande Hotel (inaugurado em 1928).
Nesse sentido, o presente estudo tem como objetivo a realização de uma
análise comparativa entre anúncios dos três hotéis presentes nos dois almanaques,
referentes aos anos de 1911 e 1913 (Hotel Grindler), 1918 e 1919 (Hotel Alliança) e
1935 (Grande Hotel). Buscou-se a identificação de diferentes abordagens nas
165
propagandas, como o uso ou não de fotografias e imagens, tamanho e outros
aspectos dos empreendimentos hoteleiros.
166
Ambos os anúncios são de página inteira e destacam a localização, o nome do
proprietário e a forma de comunicação através do telegrama e a frase “o mais antigo
do Brasil”. Pode-se supor que todos estes itens são importantes para a valorização do
hotel e interferem na escolha dos hóspedes.
O Hotel Grindler faz uso de anúncios mais simples nos dois almanaques, não
utilizando uma propaganda de folha inteira e sim compartilhando espaço com outros
anúncios. O reclame no Almanach de Pelotas se mostra um tanto mais sofisticado do
que é visto no Laemmert, havendo na parte superior o nome do hotel seguido de uma
foto de sua fachada, juntamente com o ano de sua fundação e o dito “casa de primeira
ordem”. Também encontram-se os nomes de seus proprietários, Konrady e Raupp, e
ao final seu endereço: Rua Andrade Neves, N° 653 (sobrado), esquina Rua 7 de
setembro e por fim o número de telefone do hotel.
No Almanack Laemmert se encontra o nome do hotel na parte superior,
seguido de seu endereço: Rua Andrade Neves 151, sobrado, esquina 7 de setembro.
Há igualmente o indicativo de seu número de telefone “185” e seu ano de fundação
1897. Já no corpo da imagem está escrito: “este estabelecimento montado a capricho,
dispõe de grande salão, sala especial para visitas, magníficos quartos bem ventilados,
cujas camas possuem excelentes mosquiteiros, grande área com soberbo
caramanchão, magníficos banhos, finalmente, todas as comodidades confortáveis e
higiênicas”. E por fim o nome de seus proprietários, Konrady e Raupp, a indicação
cidade de Pelotas e do estado do Rio Grande do Sul.
Ambos os anúncios trazem a localização com destaque para o fato de ser
sobrado, o que elevava o conceito do hotel. Trazem ainda o nome dos proprietários e
número do telefone para a comunicação.
Em se tratando do Grande Hotel, os anúncios apresentam diferenças como: no
Almanach de Pelotas o anúncio é de página inteira, enquanto o do Almanack
Laemmert é menor que meia página, ocupando apenas a parte inferior da página. O
anúncio que é feito no Laemmert tem aparência simples, trazendo na parte superior o
nome do hotel e uma fotografia da fachada do mesmo juntamente com a informação
167
que se tratava de um estabelecimento de primeira ordem e seu valor de diária (15$000
réis). Também pode-se encontrar o telegrama “GRANDE HOTEL”, o nome da cidade
de Pelotas, o estado Rio Grande do Sul e, por fim, o nome de seu proprietário: Lopez e
Bianchi.
No anúncio do Almanach de Pelotas pode-se visualizar a fachada do hotel,
indicando seus 83 quartos. Na parte central da propaganda observa-se o nome do
estabelecimento e a sua localização, havendo igualmente o texto: “aceita-se
pensionistas e passageiros”, também contendo informações sobre o número de
quartos, luz, água encanada em todos eles, indicativos do tratamento familiar no hotel
e a ótima cozinha, com ‘‘o perfeito serviço de bar’’, os banhos quentes e frios. Ao fim,
há um aviso indicativo sobre o prédio possuir elevador e serviço de quarto, além do
nome de Caetano Bianchi, o arrendatário do estabelecimento.
Ambos os anúncios apresentam a foto da fachada, os arrendatários e a
localização, porém, o anúncio no Almanach de Pelotas é bem mais completo com
informações sobre os serviços oferecidos e a infraestrutura disponível no hotel.
Verifica-se que as informações no Almanach de Pelotas não foram atualizadas, uma
vez que Caetano Bianchi arrendou o hotel até 1933, sendo sucedido por Carlos Eulalio
Lopes e Vicente Bianchi, genro e filho de Caetano (ECHART; MÜLLER, 2017). Pode-
se supor que o anúncio disponibilizado em diferentes anos no Almanach de Pelotas
era sempre o mesmo.
CONCLUSÃO
Os hotéis que fazem uso dos anúncios como forma de propaganda entre os
dois almanaques constam com quase os mesmos informes, apenas apresentando
divergências em relação às tipografias e fotografias, por se tratarem de imagens que
não são dos mesmos anos, tendo entre elas uma diferença de um ou dois anos.
Outro ponto a ser mencionado é o fato de os anúncios presentes no Almanack
Laemmert serem mais simples em relação aos do Almanach de Pelotas, não trazendo
168
tantas informações, fato que possivelmente se dá em razão de este ser uma
publicação nacional e implicar em um valor mais alto dos anúncios.
A partir disso, é possível compreender a importância que tais formas de
propaganda possuem em relação à promoção hoteleira, pois possuíam circulação
regional (Almanach de Pelotas) e nacional (Almanack Laemmert), bem como se
apresentam enquanto expressivas fontes de estudo, por apresentarem informações
relevantes sobre os mesmos.
REFERÊNCIAS
CELLARD, André. A análise documental. In: POUPART, Jean et al (org.). A pesquisa
qualitativa: enfoques epistemológicos e metodológicos. 3. ed. Petrópolis, RJ: Vozes,
2012. p. 295-316.
LIMA, Garcia Paula. Memórias do feminismo através dos reclames dos almanachs
de pelotas (1913- 1935). 2015. Tese (Pós-Graduação em Memória social e Patrimônio
Cultural) – Curso de Ciências Humanas – Universidade Federal de Pelotas, Rio
Grande do Sul, 2015.
169
Hotel Brasil: a trajetória de um hotel na virada do século XIX
para o XX
Renata Duarte 1
Eduardo Silva Curtinaz 2
Dalila Müller 3
INTRODUÇÃO
1
Graduanda no Curso de Bacharelado em Turismo; Bolsista de Iniciação Científica PROBIC/FAPERGS
no projeto “Hotelaria em Pelotas: histórias a partir de diferentes fontes”; Universidade Federal de Pelotas
(UFPel); Pelotas (RS); Lattes: http://lattes.cnpq.br/0336867658876430; E-mail:
renata.duarte7@outlook.com.
2
Graduando no Curso de Bacharelado em Turismo; Bolsista de Iniciação Científica PROBIC/FAPERGS
no projeto “Hotelaria em Pelotas: histórias a partir de diferentes fontes”; Universidade Federal de Pelotas
(UFPel); Pelotas (RS); Lattes: http://lattes.cnpq.br/1880697049714309; E-mail:
eduardoscurtinaz@gmail.com.
3
Doutora em História pela UNISINOS; Mestre em Turismo pela Universidade de Caxias do Sul (UCS);
Professora associada da Universidade Federal de Pelotas (UFPel); Pelotas (RS); Lattes:
http://lattes.cnpq.br/3450137421308599; E-mail: dalilam2011@gmail.com.
170
caso do Uruguai. De acordo com Müller (2004, p. 10) Pelotas “se destacou pela sua
economia, cultura e lazer, sendo considerada uma cidade rica e próspera”, fato que
vem refletindo diretamente no desenvolvimento do turismo e da hotelaria local, com o
aumento da chegada de viajantes e o crescimento no número de hotéis.
Dentre esses estabelecimentos se encontra o Hotel Brasil, importante hotel
pelotense que teve como proprietários, em grande parte do tempo em que esteve em
funcionamento, os irmãos e imigrantes italianos José e Jerônymo Del Grande, também
donos de outros empreendimentos em Pelotas, como cafés e um rink.
Pelotas, na virada do século XIX para o XX passa por transformações
importantes, tanto na economia, com a queda e a extinção da atividade charqueadora
e a implementação de novas atividades, como plantação de arroz, frigoríficos e
indústrias alimentícias, como no seu contexto urbano, com a instalação dos sistemas
de esgoto, água encanada, iluminação, telefonia, transporte público, melhoria nas ruas
e praças da cidade, controle de doenças, da higiene e da criminalidade. Nesse
contexto, novas tecnologias chegam aos empreendimentos hoteleiros, como energia
elétrica, água encanada, esgotos, telefonia. (TEIXEIRA, 2018; MÜLLER, 2004)
Por se tratar de um dos hotéis pelotenses mais antigos, o Hotel Brasil
acompanhou, ao longo dos anos, as diversas mudanças pelas quais a cidade de
Pelotas passou, como a chegada de iluminação a gás e a construção de um sistema
de esgoto e distribuição de água encanada. Tal como no estudo de Teixeira (2018)
sobre a trajetória do Hotel Alliança, a realização de estudos sobre o Hotel Brasil é de
grande importância, auxiliando, igualmente, na compreensão da história de Pelotas,
uma vez que os empreendimentos hoteleiros.
171
digitadas em arquivo de projetos da Universidade Federal de Pelotas (UFPel)
envolvendo a história da hotelaria de Pelotas para a realização de uma análise
documental. Conforme aponta Cellard (2012), essa se caracteriza enquanto um
processo de duas diferentes etapas, em que na primeira se realiza uma análise
preliminar tendo como base cinco diferentes dimensões: o contexto no qual houve a
produção do documento; a natureza ou o suporte do texto; os interesses do autor ou
autores do documento; autenticidade do documento; a qualidade e a delimitação
adequada das palavras e conceitos. E, posteriormente, o fornecimento de
interpretação coerente para os documentos.
Assim, o estudo tem como objetivo a realização de uma análise documental
exploratória inicial em matérias de jornais entre os anos de 1878 e 1921, buscando,
especificamente, dar início a construção da trajetória do Hotel Brasil, com seus
proprietários, arrendatários e evidenciando reformas e outros acontecimentos
significativos, os quais têm uma relação significativa com a cidade de Pelotas.
Os jornais vêm sendo pesquisados sistematicamente ao longo do
desenvolvimento do projeto, desse modo, há um acervo com todas as matérias
identificadas sobre cada hotel, englobando diferentes jornais, como Diário de Pelotas,
Diário Popular, Correio Mercantil, Opinião Pública, todos de Pelotas; A Federação e o
Diário de Notícias, de Porto Alegre. Os jornais foram pesquisados in loco, na Biblioteca
Pública Pelotense, na Biblioteca Riograndense e no IHGRGS e também, de forma
remota, na Hemeroteca Digital da Biblioteca Nacional.
Hotel Brazil Grande reforma. Praça Pedro II, junto ao Theatro. Antonio Scotto,
proprietário d’este antigo e acreditado hotel, communica a seus fregueses e
aos viajantes que passarem por esta cidade, que augmentou o edifício do
referido estabelecimento com a acquisição que fez do palacete da Exma Sra.
D. Elvira S. Juan, contíguo ao edifício primitivo. Reúne todas as condições
precisas, para considerar-se o Hotel Brazil o primeiro d’esta cidade: gosto,
luxo, asseio, commodidades, tratamento, promptidão, e, sobretudo,
modicidade em preços. Não tendo poupado sacrifícios para collocar seu
estabelecimento n’este pé, o proprietário espera merecer a confiança do
publico em geral, certo de que a ella procurará corresponder na altura de suas
forças. Para famílias há aposentos especiaes e independentes. Os preços são
os mais commodos possíveis. Proprietário: Antonio Scotto. Praça Pedro II,
junto ao theatro. (CORREIO MERCANTIL, 22.10.1885, p. 4)
A partir das notícias dos jornais também é possível observar as mudanças que
a cidade de Pelotas passou, como a alteração do nome da Praça Pedro II, onde o
173
Hotel Brasil se localiza, para Praça da República, que passa a ser referida dessa
forma.
Em 1897 o hotel é vendido para José Del Grande, imigrante italiano que se
torna proprietário do estabelecimento em sociedade com seu irmão, Jerônymo Del
Grande. De acordo com os registros, os irmãos estiveram à frente do hotel por mais de
20 anos, realizando diversas reformas, como ampliação dos salões, e aprimorando os
serviços oferecidos, tal qual a possibilidade de os hóspedes se banharem a qualquer
momento e a disposição de carros a cavalo com cocheira para acondicionamentos.
Em 1912 é anunciado o arrendamento do hotel para João Ferreira de Castro
em razão da partida de José Del Grande para a Itália, onde permanece até 1915:
Hotel Brazil – Sabemos que o sr. José Del Grande, proprietario do Hotel Brazil
arrendou, ontem, este acreditado estabelecimento, por espaço de quatro
annos ao Sr. João Ferreira de Castro que foi estabelecido por muito tempo na
Estação Piratiny, com o conhecido Hotel Castro. O Sr. Del Grande pensa
seguir a passeio com sua exma. Familia, para a Italia, aonde permanecerá
aquelle periodo de tempo. (OPINIÃO PÚBLICA, 08.10.1912, p. 3)
CONCLUSÃO
A realização de pesquisas sobre as trajetórias dos hotéis pelotenses se
apresenta enquanto importante no processo de auxílio a traçar a trajetória da própria
174
cidade de Pelotas, visto que tais empreendimentos funcionavam como espaços de
socialização, encontros familiares e, muitas vezes, políticos.
Dessa forma, faz-se necessário prosseguir com estudos que busquem
compreender a história de outros hotéis pelotenses, as relações existentes entre seus
proprietários, os impactos que as mudanças sócio-histórico-econômicas e culturais da
cidade tiveram na hotelaria pelotense e a contribuição dos hotéis para as mudanças
ocorridas na cidade, contribuindo com a memória de Pelotas.
REFERÊNCIAS
AO COMMERCIO. Diário de Pelotas, Pelotas, p. 3, 01 fevereiro 1880.
CONDE D’EU. Viagem Militar ao Rio Grande do Sul. (agosto a novembro de 1865).
São Paulo: Companhia Editora Nacional, 1936.
175
A hospitalidade na saúde: Uma breve análise dos serviços
da Casa de Parto David Capistrano Filho – RJ
1
Graduanda em Hotelaria (UFRRJ); Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro; Seropédica, Rio de
Janeiro; E-mail: karine.pasqualetto@hotmail.com.
2
Técnica em Hotelaria e Turismo com ênfase em Hospitalidade (CTUR/UFRRJ); Graduada em Hotelaria
(UFRRJ); Especialização em Gastronomia e Cozinha Autoral (PUC-RS); Mestra em Ciências Sociais
(PPGCS/UFRRJ) e Doutoranda em Ciências Sociais (PPGCS/UFRRJ); (b) Universidade Federal Rural do
Rio de Janeiro; Seropédica, Rio de Janeiro; Lattes: http://lattes.cnpq.br/9778968865538700; E-mail:
juliana_borges_souza@hotmail.com.
176
REFERÊNCIAS
BOEGER, Marcelo. Hotelaria hospitalar: gestão em hospitalidade e humanização. 3.
ed. São Paulo: Senac São Paulo, 2020.
MEDEIROS, Adriana. A Casa de Parto David Capistrano Filho pelas lentes de uma
fotógrafa. História, Ciências, Saúde-Manguinhos, [S.L.], v. 25, n. 4, p. 1171-1183, 1
out. 2021.
177
Meios de Hospedagem: A Relevância das Classificações no
TripAdvisor na Visão dos Gestores Hoteleiros
Resumo: O novo modelo de marketing de serviços por meio da internet trouxe para a
hotelaria o oferecimento de serviços em sites específicos em hospedagem, como o
TripAdvisor, uma plataforma que conta com a avaliação de seus usuários por meio de
feedbacks e a interação múltipla entre gestor e hóspede. Entretanto, a visão dos
gestores hoteleiros frente às classificações do TripAdvisor são relevantes para
alavancar a imagem e atrair hóspedes. O estudo foi realizado por meio de um
questionário a um gerente hoteleiro na cidade de Manaus (MN) e analisados com os
resultados obtidos em uma pesquisa realizada por Dantas et al (2020) com três
gerentes de hotel localizados em João Pessoa (JP). Resultados obtidos pelos
questionários demonstram que os gerentes avaliados reconhecem a importância da
plataforma para a reputação de seus hotéis. Com isso, pelo ponto de vista dos
gestores hoteleiros, as avaliações realizadas no site TripAdvisor são de extrema
importância para o marketing dos hotéis, visto que os feedbacks positivos contribuem
para maior visibilidade desses e para o recrutamento de futuros usuários, enquanto
que os negativos oportunizam a gestão corrigir falhas no serviço.
1
Acadêmico de Turismo da Universidade do Estado do Amazonas - UEA; Manaus - Amazonas; Lattes:
http://lattes.cnpq.br/4236940882543077; E-mail: adsc.tur19@uea.edu.br.
2
Acadêmico de Turismo da Universidade do Estado do Amazonas - UEA; Manaus - Amazonas; Lattes:
http://lattes.cnpq.br/2394451236924187; E-mail: lsss.tur19@uea.edu.br.
3
Acadêmico de Turismo da Universidade do Estado do Amazonas - UEA; Manaus - Amazonas; Lattes:
http://lattes.cnpq.br/6692795096922899; E-mail: idmg.tur19@uea.edu.br.
4
Graduada em Turismo pelo Centro Universitário do Norte (2001), mestrado em Turismo pela
Universidade de Caxias do Sul (2006) e doutorado em Educação pela Universidade De La Empresa
(2014) reconhecido pela Universidade do Estado de Santa Catarina. Manaus - Amazonas; Lattes:
http://lattes.cnpq.br/7305750465493497; E-mail: msteixeira@uea.edu.br.
178
INTRODUÇÃO
A criação da avaliação sobre os serviços prestados e satisfação do cliente pela
internet tornou-se tema relevante do marketing de hospitalidade, visto que a
disseminação de informações exclusivamente realizadas pela internet trouxe mais
visibilidade dos hotéis, com consequência de maior alcance de clientes, além de
facilidade para futuros hóspedes em fazer suas escolhas de acordo com suas
necessidades e expectativas (DEV; BUSCHMAN; BOWEN, 2010).
Em estudos realizados por Gretzel, Yoo e Purifoy (2007), 96,4% dos hóspedes
consultam durante o planejamento da viagem via internet, a respeito das avaliações
dos hotéis em que estão interessados. Levando-se em consideração as pesquisas
realizadas, as avaliações são de extrema relevância para os hotéis, pois a avaliação
influencia diretamente na imagem do hotel, e isso, por sua vez, impactará a intenção
do consumidor de adquirir uma reserva (CHUANG et al., 2012).
Em termos básicos, os reviews nada mais são que avaliações de clientes que
já se hospedaram no hotel, ou seja, ao se hospedar o mesmo pode ir às plataformas
digitais como Google, Facebook ou TripAdvisor e avaliar o que o estabelecimento.
Essas avaliações podem ser a respeito do atendimento, estrutura ou algum imprevisto
que possa ter ocorrido durante a estadia, bem como serem tanto positivas quanto
negativas, dependendo da experiência que o hóspede teve em sua estadia. Portanto,
se tratando dos hotéis e pousadas, não prestar atenção nas avaliações é um grande
erro no ambiente digital, pois quando se tem uma boa reputação online, é possível
identificar quais pontos do seu serviço mais agradam o público.
TRIPADVISOR
Fundado em 2000, trata-se de um site de viagens que fornece informações e
opiniões de conteúdos relacionados ao turismo, por meio da plataforma, em que os
179
viajantes encontram diversos recursos para o planejamento de viagens. O TripAdvisor
foi um dos primeiros a adotar um conteúdo gerado pelo usuário com avaliações de
clientes sobre estabelecimentos e atrações. Empresas usam o site para divulgação e
os usuários para avaliar as experiências oferecidas, o que os beneficia tendo em vista
que podem fazer uma melhor escolha de compra a partir das recomendações aí
divulgadas.
Dantas et at. (2019), durante sua pesquisa de campo com usuários do site
TripAdvisor e gestores de hotéis localizados em João Pessoa, em que realizaram um
questionário avaliativo sobre o uso destes sites específicos, tendo o usuário como
avaliador, apuraram que
Quando questionados sobre as possíveis vantagens de ser um avaliador dos
hotéis no site TripAdvisor, muitos dos entrevistados afirmam o interesse
pessoal em compartilhar experiências uns com os outros consumidores/
turistas. O fornecimento de opiniões é voluntário, e muitas vezes, ocorre com o
único intuito de ajudar a melhorar o atendimento dos locais avaliados
(DANTAS, B.L.L. et al, 2020).
Com isso, as avaliações e comentários dos hotéis feitos neste site, tem sido de
grande importância em suas impressões, pois podem trazer benefícios ou malefícios à
imagem do hotel.
De acordo com pesquisa realizada por BLACK e KELLEY (2009), as
insatisfações têm propensões quatro vezes a mais de serem compartilhadas do que as
satisfações vividas. Tendo isto em vista, os gestores de hotelaria precisam se
180
preocupar com o que pode ser melhorado, a fim de obter uma boa imagem da sua
empresa e alavancar o seu potencial de fluxo de hóspedes.
RESULTADOS ENCONTRADOS
O estudo comparativo foi realizado por Dantas et al. (2020) e coletado pelo site
TripAdvisor. Ao todo três gerentes de hotéis foram entrevistados virtualmente, sendo
uma do sexo feminino e dois do sexo masculino, todos localizados na cidade de João
Pessoa (JP). Os dados coletados foram analisados e comparados juntamente com um
questionário aplicado em um gerente de hotel do sexo masculino, residente na cidade
de Manaus (MN).
Analisou-se as respostas dos gestores dos hotéis selecionados se eles
valorizam o relacionamento entre funcionários e clientes que se dá por meio dos
processos de atendimento quando são hospedados. Em depoimentos, a maioria
destacou que a empatia são diferenciais que tornam a experiência de estadia no hotel
mais satisfatório e agradável aos usuários. Estas ações geram boas avaliações que
agregam imagem positiva aos hotéis. Questionou-se ao gestor hoteleiro de Manaus se
o seu estabelecimento trabalha com métodos para a motivação e preparação dos
colaboradores para obter um melhor atendimento dos hóspedes.
Em seu depoimento, o gerente MN1 afirmou que
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Com isso, pelo ponto de vista dos gestores hoteleiros, as avaliações realizadas
no site TripAdvisor são de extrema importância para o marketing de seus
estabelecimentos hoteleiros, visto que os feedbacks dados pelos usuários contribuem
para maior visibilidade do hotel e recrutamento de futuros usuários. E, embora sejam
feedbacks negativos, estes oportunizam a gestão hoteleira corrigir falhas no serviço
oferecido. Além disso, os gestores atentos às reclamações, podem recuperar a boa
imagem do hotel frente aos seus usuários.
REFERÊNCIAS
BLACK, H. G.; KELLEY, S. W. A storytelling perspective on on-line customer reviews
reporting service failure and recovery. Journal Of Travel & Tourism Marketing, v. 26,
n. 2, p. 169-179, 2009.
182
CHUANG, S. C.; CHENG, Y. H.; CHANG, C. J.; YANG, S. W. The effect of service
failure types and service recovery on customer satisfaction: A mental accounting
perspective. Service Industries Journal, v. 32, n.2, p. 257- 271, 2012.
DEV, C.S.; BUSCHMAN, J.D.; BOWEN, J.T. Hospitality marketing: uma análise
retrospectiva (1960-2010) e previsões (2010-2020). Cornell Hospitality Quarterly, v.
51, n. 4, p. 459 - 469, 2010.
GRETZEL, U.; YOO, K. H.; PURIFOY, M. On-line travel review study: role & impact of
on-line travel reviews. Laboratory for Intelligent Systems in Tourism, 2007.
Ranjan, K.R. and Read, S. Bringing the individual into the co-creation of value, Journal
of Services Marketing, v. 33, n. 7, p. 904-920, 2019.
183
RC 8: Evento
1
Ligia Conceição Oliveira da Cruz
2
Claudia Araújo de Menezes Gonçalves Martins
Palavras-chave: Cultura Pop – Turismo de Eventos – Atrativo Turístico – Universo Geek Museu –
Manaus.
INTRODUÇÃO
O turismo é uma atividade que vem se expandindo nos últimos anos, sendo o
mesmo dividido em diversos segmentos, dentre eles o de eventos. Estes eventos
1
Acadêmica de Turismo; Universidade do Estado do Amazonas - UEA; Manaus – Amazonas; Lattes:
http://lattes.cnpq.br/0878101591093549; E-mail: lcodc.tur18@uea.edu.br.
2
Graduada em Turismo pelo Instituto Manauara de Ensino Superior, Mestre em Gestão de Negócios
Turísticos, MBA em Hotelaria e Especialização em Gestão da Segurança de Alimentos (em andamento).
Coordenadora Pedagógica do Curso de Pós-graduação Lato Sensu em Gestão e Produção de Eventos
da UEA. Doutoranda em Turismo e Hotelaria pela Universidade do Vale do Itajaí-SC. Manaus –
Amazonas; Lattes: http://lattes.cnpq.br/2882900941207240; E-mail: camenezes@uea.edu.br.
184
podem ser direcionados para uma temática ou grupo específico, como por exemplo, os
eventos de Cultura Pop. Antes excluídos, atualmente seguidos por milhões, Nerds,
Geeks, Otakus, K-pops, Gamers, fanáticos por heróis, revistas, filmes, séries, jogos e
outros, bem seja como queiram descrevê-los, o fato é que os admiradores de Cultura
Pop possuem o poder de arrastar multidões por onde passam.
O segmento geralmente consegue atrair um grande número de público, as
atrações e atividades desenvolvidas pelos organizadores fazem com que os fãs fiquem
cada vez mais fiéis ao segmento. O evento de Cultura Pop mais famoso no mundo é
realizado em San Diego – USA, a San Diego Comic Com - SDCC, porém o de maior
proporção de público acontece anualmente em São Paulo, a Comic Con Experience -
CCXP. Segundo dados da CCXP (2021), na sua última edição presencia em 2019,
cerca de 280 Mil pessoas passaram pelo evento.
Em Manaus o segmento vem se desenvolvendo há pelo uma década, através
de eventos de médio e pequeno porte. Percebendo o potencial do segmento,
administradores de sites de entretenimento e conteúdo nerd em parceria com a
Secretaria de Estado de Cultura – SEC começaram a realizar eventos de cultura pop
em um atrativo turístico do Centro Histórico de Manaus, com o intuito de promover à
temática, assim como aproximar este tipo público com os espaços culturais da cidade.
Atualmente o evento em destaque na cidade é o Universo Geek Museu – UGM, que é
realizado no Centro Cultural Palacete Provincial. Sua primeira edição foi em janeiro de
2018, seguido por mais 3 edições com recorde de público.
Perante ao exposto, surge a seguinte problemática: “Qual o potencial que o
evento de cultura de pop Universo Geek Museu – UGM, representa para o turismo de
eventos da cidade de Manaus?”
METODOLOGIA
Este estudo é definido como uma pesquisa exploratória e descritiva, tendo em
vista que o tema ainda é pouco explorado pela comunidade acadêmica. Segundo GIL
(2020, p.41), pesquisas exploratórias possui o objetivo de proporcionar maior
185
conhecimento sobre o problema, com a intenção de torná-lo mais explícito ou levantar
hipóteses, inclui levantamento bibliográfico e entrevistas. Gil ainda ressalta que a
pesquisa descritiva tem o objetivo realizar a descrição das características de
determinada população ou fenômeno. Os procedimentos técnicos utilizados foram
pesquisas bibliográficas em artigos, livros, jornais e revistas disponíveis em meio
eletrônico e físico para formar uma base sobre o tema, além do relato de experiencia
da pesquisadora que esteve presente em todas as edições do evento UGM.
RESULTADOS E DISCUSSÕES
A cultura pop é um fenômeno contemporâneo mundial ligado a indústrias
criativas e diretamente vinculada a meios de comunicação. Isto é, um entretenimento
criado para grandes audiências, como os filmes populares, os shows, as músicas, os
vídeos e os programas de televisão. Seu propósito além do entretenimento é o
consumo produzido a partir da sua demanda (GIDDENS, 2006).
A sua recente polarização ocorreu devido a extensão de suas narrativas nas
últimas décadas, que em sua maioria está vinculada ao universo nerd por meio de
obras cinematográficas recentemente adaptadas a partir das histórias em quadrinhos –
HQ’s. O setor é tão lucrativo e diversificado que podemos encontrar produtos de
cultura pop do vestuário a gastronomia, e o turismo está envolvido mesmo que
indiretamente com o segmento. O universo da Cultura pop é amplo, estando subdivido
entre outros subgrupos, dentre os mais engajados atualmente estão o de Cultura nerd
e Geek, Cultura Pop japonesa e Cultura pop coreana.
Os eventos voltados ao segmento variam entre as culturas, nerd, geek,
japonesa e coreana, com ênfase para os eventos geeks e ânimes. O diferencial destes
eventos é que eles podem se tornar multigênero, unindo todas as culturas em um só
lugar, tornando – o diversificado. Dentre os mais famosos estão o de cultura Geek, a
San Diego Comic Com – SDCC, realizada nos USA e a Comic Com Experience -
CCXP no Brasil.
186
Em Manaus o evento de referência em Cultura Pop na atualidade é o Universo
Geek Museu – UGM, que teve sua primeira edição realizada em janeiro de 2018. O
evento é recente no segmento, no entanto já possui credibilidade com o público. O
UGM é realizado em um dos atrativos turísticos da cidade, o Palacete Provincial, que
está localizado na Praça Heliodoro Balbi – Centro. De acordo com os organizadores a
escolha do lugar, é uma estratégia para aproximar essa comunidade com a história da
cidade, já que o local possui 5 Museus e exposições temporárias em seu interior,
quando o evento acontece dois a quatro espaços ficam abertos para visitação
(GRAÇA,2019).
Este público gosta de consumir cultura e a intenção é de proporcionar a
aproximação da cultura amazonense com a Cultura Pop, fazendo com que a partir
destes eventos surjam novas demandas em potencial para o atrativo turístico. Outras
atividades do evento são: palestras, workshops, bate-papo, RPG, animes, mangás,
bordgames, games, cosplay, K-pop, rock, rap, gastronomia, feirinha geek e ciência.
Em sua primeira edição o evento obteve o público de 6,5 mil pessoas ao longo
de dois dias de duração, o que superou as expectativas dos organizadores (GRAÇA,
2019). A mesma média se manteve durante as outras 3 edições, é muito expressivo o
alcance que o evento tem, pessoas de todas as partes da cidade e de diferentes faixas
etárias de idade comparecem ao Palacete Provincial.
Em virtude do período pandêmico da Covid-19 e o impacto global sobre os
eventos, novas edições não puderam ser realizadas. Porém com o avanço da
vacinação na cidade e o retorno gradual dos eventos, acredita-se que breve haverá
uma nova edição do UGM.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
O turismo de eventos movimenta o trade turístico de boa parte do país, porém
em Manaus o segmento ainda não se difundiu como deveria, tendo em vista o
potencial que a cidade possui. O poder público começou a fomentar a área nos últimos
dois anos, mas devido a pandemia de Covid-19, a ação estava parada, retornando
187
somente agora com o avanço da vacinação. O segmento de eventos de Cultura Pop
infelizmente é pouco trabalhado pelos órgãos de turismo, considerando o tamanho de
público que tem interesse sobre a temática, se for analisar os números expressivos do
UGM.
UGM é fruto de uma parceria positiva entre gestores de páginas de
entretenimento geek e a Secretaria de Cultura e Economia Criativa – SEC, no entanto,
mesmo com todo o potencial do evento, o UGM não possui ainda uma data definitiva
no calendário de eventos da cidade. O que se caracteriza como um erro, levando em
conta que a partir disto, poderia se fazer um planejamento e organização com mais
qualidade, dando a oportunidade de se preparar mais atrações, investimento e
publicidade sobre o evento. É importante ressaltar que certa parte do público de
evento são cosplays e grupos de k-pop, suas performances demandam de tempo para
serem organizadas, um planejamento prévio poderia atrair muito mais visitantes, até
de municípios vizinhos para Manaus.
Outra característica relevante do UGM é que além de promover a temática, o
evento conseguiu atingir os objetivos dos organizadores, que era de aproximar a
Cultura Pop com o do Museu. Em uma rápida análise informal a partir de conversas
com pessoas presentes no evento, muitos relataram que se sentiam honrados de
poderem conhecer a cultura amazonense mostrada através dos museus e ao mesmo
tempo o curtir seu hobby, a Cultura Pop. Muitos amazonenses não conhecem os
atrativos da cidade, seja por tempo ou falta de informação, e o evento ajuda a quebrar
essa barreira.
Espera-se que os órgãos de turismo do estado possam fazer mais
investimentos em eventos de Cultura Pop, não somente em atrativos turísticos, mas
também em espaços públicos maiores, que é o que a demanda solicita para um
evento de qualidade. E pode gerar e movimentar uma demanda em potencial na
atividade turística.
188
REFERÊNCIAS
CCXP. A CCXP. Disponível em: http://www.ccxp.com.br/a-ccxp. Acesso em 20 Out
2021.
GIL, A.C. Como elaborar projetos de pesquisa. 2002. 4ª ed. São Paulo: Atlas S/A.
GRAÇA, Bruno. Palacete Provincial volta a abrir as portas para a cultura Geek.
Mapingua Nerd. 23 Jan 2019. Disponível em:
http://www.mapinguanerd.com.br/palacete-provincial-volta-a-abrir-as-portas-para-a-
cultura-geek/. Acesso em 20 out 2021.
189
Os impactos do evento Mobiliza SLZ para o turismo na
cidade de São Luís, Maranhão
Resumo: O presente trabalho tem como objetivo analisar os impactos do Mobiliza SLZ
para o cenário turístico de São Luís, MA. Para isso, buscou-se descrever o perfil dos
turistas participantes dos eventos; identificar a percepção dos turistas quanto ao
destino São Luís; bem como verificar a percepção dos turistas quanto aos eventos. O
estudo seguiu a abordagem quantitativa e qualitativa, cujo objetivo é descritivo. Os
resultados apontaram que a maioria dos turistas tem procedência da Região Norte,
hospedaram-se em hotéis, com permanência entre 1 a 5 dias e gastaram acima de
R$251,00 por dia. Conclui-se que o MOBILIZA SLZ movimentou a cadeia produtiva do
turismo, mostrando-se relevante a importância de se promover eventos como este na
cidade no intuito de contribuir para o desenvolvimento e imagem de um destino-sede,
dada a possibilidade de uso de serviços e equipamentos turísticos locais.
INTRODUÇÃO
É possível observar a relevância dos eventos para a atividade turística, desde
de sua origem quando as primeiras viagens comerciais de trem idealizadas por
Thomas Cook, um dos precursores do turismo, foram motivadas por um evento.
Sendo um segmento de grande importância socioeconômica, os eventos
ajudam a regular o mercado turístico quanto à sazonalidade, bem como favorecem e
exigem a expansão dos serviços de infraestrutura, a dinamização dos atrativos dos
destinos e todos os setores da cadeia produtiva do turismo (MONTES; CORIOLANO,
2003).
É nesse contexto de desenvolvimento econômico do destino São Luís, que
1
Graduanda em Turismo; Universidade Federal do Maranhão; São Luís - MA; Lattes:
http://lattes.cnpq.br/7263674504387804; E-mail: enilafmoraes@gmail.com.
2
Graduanda em Ciências Econômicas; Universidade Federal do Maranhão; São Luís - MA; Lattes:
Lattes: http://lattes.cnpq.br/6204794256664630; E-mail: julialeitecristina.03@gmail.com.
3
Mestre em políticas públicas; Universidade Federal do Maranhão; São Luís - MA; Lattes:
http://lattes.cnpq.br/7849261536254798; E-mail: angelarobertalucas@gmail.com.
190
destaca-se o movimento Mobiliza SLZ. Idealizado pelo SEBRAE/MA, o movimento
ocorreu durante o mês de setembro de 2021, buscando conectar as potencialidades
da capital maranhense, promovendo um circuito de 80 ações e eventos em diversos
formatos, que aconteceram de forma independente, nos mais variados pontos da
cidade.
Diante do exposto, o presente trabalho tem como objetivo analisar os impactos
do Mobiliza SLZ para o cenário turístico de São Luís, MA. Para isso, trata de descrever
o perfil dos turistas participantes dos eventos; identificar a percepção dos turistas
quanto ao destino São Luís; bem como verificar a percepção dos turistas quanto aos
eventos.
EVENTOS E TURISMO
Entende-se que um evento pode ser considerado um mix de atividades e
serviços, capazes de promover a prática da atividade turística, além de alavancar
economicamente uma cidade, um bairro, uma rua, tornando-se uma excelente
oportunidade de desenvolvimento para o setor (COUTINHO; COUTINHO, 2007).
Nesse contexto, destaca-se o turismo de eventos, um segmento da atividade
turística praticado por pessoas que participam de acontecimentos variados, com o
objetivo de discutir temas de interesses diversos por meio de congressos, simpósios,
convenções, feiras, encontros, reuniões, seminários, entre outros (MONTES;
CORIOLANO, 2003).
Dessa forma, a modalidade pode contribuir para romper com a sazonalidade
característica da atividade turística ao explorar os períodos de baixa temporada, ou
seja, a promoção de eventos pode ser uma alternativa para manter o fluxo turístico dos
destinos e, por consequência, o fluxo econômico da região, mesmo em períodos fora
da alta temporada, especialmente porque o turismo de eventos apresenta a vantagem
de ser menos sensível ao preço, com viagens mais curtas, de maior frequência e em
meio de semana. E por ocorrer em prazo mais curto, é menos sensível a recessões e
o gasto médio diário é mais alto (MONTES; CORIOLANO, 2003).
191
Além disso, conforme afirma Ansarah (1999), a organização de eventos é uma
forma de promover a imagem e gerar lucros para a cidade ou região anfitriã. Assim, é
importante destacar que o turismo de eventos contribui para a construção e promoção
da imagem de um destino, pois todo o processo que envolve a organização de eventos
contribui para a utilização dos equipamentos e serviços turísticos das regiões
promotoras, assim como a divulgação dos atrativos locais.
Desse modo, para explorar o segmento como alternativa para o
desenvolvimento turístico de uma região, é imprescindível um planejamento conjunto
entre autoridades locais, organizadores dos eventos e comunidade (VIDAL; JUNG,
2015).
METODOLOGIA
A pesquisa foi realizada em parceria com a Secretaria Municipal de Turismo de
São Luís, o Mobiliza SLZ (SEBRAE) e o Observatório de Turismo da Cidade de São
Luís. O estudo seguiu a abordagem quantitativa e qualitativa, cujo objetivo foi
descritivo. Inicialmente, realizou-se o levantamento bibliográfico sobre a temática e,
posteriormente, a pesquisa documental com a seleção do infográfico Mobiliza SLZ.
Essa pesquisa aconteceu na cidade de São Luís entre os dias 4 a 12 de setembro de
2021 e resultou em 62 respostas de turistas. Os dados serão descritos nos resultados
conforme o perfil do turista e a satisfação deste em relação ao evento e o destino
turístico.
RESULTADOS E DISCUSSÃO
19% dos participantes que estiveram presentes no movimento Mobiliza SLZ,
foram turistas, sendo estes a maioria viajantes nortistas (32,26%), seguido dos
moradores das regiões Nordeste e Sudeste, ambos pontuando 29,03%, além dos
visitantes procedentes do Centro-Oeste (6,45%) e do Sul (3,23%). Assim como a
região Norte foi a que mais ofereceu visitantes à cidade onde ocorreu o evento, sendo
os turistas do Pará que constituíram a maior parte dos presentes de fora da localidade
192
ludovicense, seguido dos viajantes associados ao próprio interior do Maranhão e ao
estado de São Paulo.
O meio de hospedagem mais utilizado pelos turistas durante a estadia em São
Luís foi o hotel (53%), enquanto que casa de amigos/parentes, pousada, outros e
Airbnb representaram, respectivamente, 19%, 15%, 8% e 5%. Assim, o levantamento
apontou que mais da metade dos entrevistados teve preferência pela permanência em
hotel durante o decorrer do período do movimento, mostrando que embora caiba um
estudo aprofundado, tal evento movimentou a dinâmica econômica no ramo hoteleiro.
Quanto ao tempo de estadia na cidade de São Luís, os turistas permaneceram
em períodos de 1 a 5 dias (59,68%), 6 a 10 dias (22,58%) e mais de 10 dias (12,90%),
além dos que se mantiveram na cidade por menos de 24 horas (4,84%). A preferência
dos entrevistados por durações de estadia com pernoites na cidade aponta para a
decisão de aproveitar o que a cidade tem a oferecer enquanto destino turístico, assim
como as atividades desenvolvidas do movimento Mobiliza SLZ, que foram realizadas
durante 9 dias.
O gasto médio dos turistas que compareceram às atividades do movimento na
capital do Maranhão foi de mais de R$ 251 diariamente (47%), enquanto que 34%
despenderam de R$101 a R$250 e outros 19% deixaram, durante a estadia, menos de
R$100 por dia. Levando em consideração que esses gastos abrangem alimentação,
passeios e hospedagem na cidade, o impacto no fluxo monetário dessa movimentação
entre os viajantes é algo em torno de R$27.861, tendo em vista as preferências de
gasto e tempo de estadia da maioria dos entrevistados.
A forma com que foram despendidas essas quantias correspondem, nessa
ordem, à hospedagem (44%), alimentação (29%), passeios (19%) e transporte (8%).
Sabendo que mais da metade dos entrevistados afirmou que a estadia se deu em
hotel, entende-se o porquê do orçamento ter um enfoque na hospedagem dos turistas,
o que nos leva a perceber a importância de atratividades como o evento do MOBILIZA
SLZ para fomentar a dinâmica econômica municipal, a preservação do patrimônio
natural e cultural, bem como a arrecadação tributária decorrente dos gastos de turistas
193
de eventos.
A programação do MOBILIZA SLZ durou 9 dias, dentre os quais 2 dias tiveram
presença especial de turistas: 05/09 e 12/09, ambas com 9% de participação de
visitantes. As duas datas foram nos dias de domingo, indicando a preferência por uma
atratividade local que acontece somente aos domingos, a Feirinha São Luís na Praça
Benedito Leite.
Para a avaliação do destino São Luís e do Mobiliza SLZ, utilizou-se uma
escala que abrange definições de “péssimo” (nota 1 a 4), “regular” (nota 4 a 6), “bom”
(nota 6 a 8) e “excelente” (nota 8 a 10). Nesse sentido, a avaliação da cidade de São
Luís dada pelos participantes da presente pesquisa recebeu uma nota média de 8,5,
colocando a opinião comum sobre a capital do Maranhão como “excelente”. No que se
refere à percepção dos turistas quanto aos eventos realizados, a indicação média
entre os entrevistados foi de uma nota de 9,0, apontando para um julgamento
“excelente” sobre as ações do movimento na cidade.
CONCLUSÃO
Com a pandemia de covid-19, os setores de turismo e eventos precisaram se
reinventar, na tentativa de recuperar as perdas dos últimos dois anos. Assim, entende-
se a motivação por um movimento de valorização das potencialidades locais, como o
Mobiliza SLZ.
Nota-se que os eventos realizados durante o Mobiliza SLZ contribuíram para a
economia turística da cidade a partir dos gastos com hospedagem, alimentação e
passeios pela cidade. Quanto à percepção dos turistas em relação à cidade e ao
evento, infere-se que ficaram satisfeitos ao apresentar avaliação excelente. Assim,
entende-se que a promoção de eventos como este pode contribuir significativamente
para o desenvolvimento e imagem de um destino-sede, dada a possibilidade de uso de
serviços e equipamentos turísticos locais.
194
REFERÊNCIAS
ANSARAH, M. G. dos R. (Org.). Turismo: como aprender, como ensinar. São Paulo:
SENAC, 2001.
VIDAL, Roger Pierre; JUNG, Carlos Fernando. Impactos dos eventos populares para
as regiões turísticas. In: Congresso Nacional de Excelência em Gestão,11, 2015, Rio
de Janeiro. Anais [...]. [S. l.: s. n.], 2015. Disponível em:
https://www.inovarse.org/sites/default/files/T_15_615_0.pdf. Acesso em: 20 out. 2021.
195
Instagram como meio de divulgação do Projeto de Extensão
de Eventos - EVENTUR
INTRODUÇÃO
No início de 2020 o mundo ficou marcado pelo surgimento de uma doença viral
trazida pela COVID-19 (SARS-CoV-2), do qual para se conter o avanço de
contaminação em massa de pessoas, se fez necessário a prática do isolamento social.
1
Acadêmica e extensionista de Turismo; Universidade do Estado do Amazonas - UEA; Manaus -
Amazonas; Lates: http://lattes.cnpq.br/7239874484371166; E-mail: gmb.tur20@uea.edu.br.
2
Acadêmica e extensionista de Turismo; Universidade do Estado do Amazonas - UEA; Manaus -
Amazonas; Lattes: http://lattes.cnpq.br/1871399366306336; E-mail: jsl.tur18@uea.edu.br.
3
Acadêmica e extensionista de Turismo; Universidade do Estado do Amazonas - UEA; Manaus –
Amazonas; Lattes: http://lattes.cnpq.br/0878101591093549; E-mail: lcodc.tur18@uea.edu.br.
4
Graduada em Turismo pelo Instituto Manauara de Ensino Superior, Mestre em Gestão de Negócios
Turísticos, Coordenadora Pedagógica do Curso de Pós-graduação Lato Sensu em Gestão e Produção
de Eventos da UEA. Doutoranda em Turismo e Hotelaria pela Universidade do Vale do Itajaí-SC.
Manaus – Amazonas; Lattes: http://lattes.cnpq.br/2882900941207240; E-mail: camenezes@uea.edu.br.
196
Com isso um novo desafio surgiu e soluções começaram a ser implantadas, o
chamado modelo Home Office passou a ser mais utilizado pelo mundo.
A Universidade do Estado do Amazonas - UEA, se adaptou ao Ensino à
Distância - EAD em agosto de 2020, praticando aulas e atividades de extensão neste
formato. Em novembro de 2020 se iniciou a seleção para novos integrantes do projeto
de extensão de Eventos, e seis alunos do curso de Turismo foram selecionados. Com
a aceleração da pandemia de Covid-19, as atividades tiveram que ser adaptadas,
reuniões e eventos passaram a ser realizados de forma remota.
Deste modo, em julho de 2021, visando o crescimento e a divulgação das
atividades do projeto para a comunidade acadêmica e sociedade, criou-se um perfil no
Instagram. As publicações ocorrem de 2 a 4 vezes por semana, tendo como conteúdo:
curiosidades, informações e divulgação de eventos em que a EVENTUR esteja
participando. Diante o exposto, surge a seguinte problemática: “Qual o impacto do
Instagram sobre a divulgação de atividades de projetos de extensão?”
A pesquisa é de natureza descritiva, do tipo relato de experiência, do qual se
retrata a integração do projeto de extensão de eventos - EVENTUR, vinculado à
Escola Superior de Artes e Turismo (ESAT), na Universidade do Estado do Amazonas
(UEA), com a mídia social Instagram. De acordo com Gil (2002, p. 41), a pesquisa
descritiva tem o objetivo realizar a descrição das características de determinada
população ou fenômeno. Os procedimentos técnicos utilizados foram pesquisas
bibliográficas em artigos, livros, jornais e revistas, para a formação de uma base sobre
o tema. Além de análise sobre as publicações no Instagram da EVENTUR postadas
entre os meses de agosto e outubro de 2021.
RESULTADOS E DISCUSSÕES
O Brasil é o terceiro país que mais utiliza o Instagram, chegando a 69 milhões
de usuários de acordo com NUNES (2021). Durante a pandemia, com o tempo mais
ocioso, as redes sociais passaram a ser mais usadas, seja como meio de
comunicação ou plataforma de venda. Segundo MALAVÉ (2020), foi na quarentena
197
que as redes sociais se tornaram mais presentes nas vidas das pessoas, seja por uso
de home office, aulas online ou somente como parte da rotina.
De acordo com Socialbakers, o Instagram ampliou no primeiro trimestre de
2020 a sua vantagem de audiência global em 31,2% sobre o Facebook em relação ao
ano anterior. O total de interações foi 18,7 vezes maior que o Facebook (ALVES,
2020). A rede social virou uma vitrine de negócios e informações, o alcance de uma
publicação pode atingir números extraordinários quando bem elaborada. Por conta
dessa popularidade, o projeto optou por utilizá-lo também levando em consideração
adaptar o projeto à realidade da pandemia de Covid-19.
Em agosto de 2021 foi concordado em criar uma nova identidade visual para o
projeto de extensão, da equipe surge então a sigla EVENTUR, E de extensão, VEN de
eventos e TUR de Turismo, a partir disso foi criada uma logo oficial do projeto assim
também como a definição da cor a ser usada no Instagram, o verde por ser uma cor
que remete à calma e por ser um tom mais agradável para o feed e aos seguidores.
As publicações escolhidas para trazer neste trabalho, foram as que mais
tiveram alcance segundo o próprio Instagram a partir do dia 21 de agosto, data que se
iniciou a aplicação do novo layout.
Anúncio
chegada da Vídeo 99 5 26 6 0 0
Semana do
Turismo 2021
Áreas de
atuação do Foto 191 25 79 5 5 3
Turismólogo
Divulgação de
locais e eventos
com tema de Carrossel 285 4 42 4 2 7
Halloween em
Manaus
Evento:
Pedalando pela Vídeo do
198
Manaus que se Reels 3.757 X 110 11 2 4
constrói
Fonte: Criado pelas autoras, 2021.
199
chegou aos operadores de turismo, que passaram a seguir e acompanhar o perfil da
EVENTUR.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
De acordo com RAMOS (2018), as redes sociais não somente trabalham com
o entretenimento e comunicação como também com os espaços de interação social.
Diante da adaptação do projeto em meio a pandemia de COVID-19, o perfil do
EVENTUR no Instagram tem crescido cada vez mais. Inicialmente o alcance era de
perfis de pessoas na maioria discentes e docentes que fazem parte do curso de
turismo da Universidade do Estado do Amazonas - UEA.
Porém, o engajamento orgânico das diversas publicações, sejam elas de
muitos ou poucos números, passou a alcançar pessoas de fora da universidade, entre
elas profissionais do turismo. Com a movimentação, o projeto passou a crescer em
número de seguidores, aumentou o engajamento e consequentemente ganhou
visibilidade. Além de melhorar a comunicação com a academia no qual era o foco
principal por conta da pandemia, toda essa interação através do Instagram mostrou a
importância do projeto de extensão e da tecnologia.
REFERÊNCIAS
ALVES, Soraia. Pesquisa mostra que o uso do Instagram cresceu durante a
pandemia e é 31% maior que o Facebook. 15 set 2020. Disponível em:
https://www.b9.com.br/131883/pesquisa-mostra-que-uso-do-instagram-cresceu-
durante-a-pandemia-e-e-31-maior-que-o-facebook/. Acesso em 25 Out 2021.
GIL, Antônio Carlos. Como elaborar projetos de pesquisa. 2002. 4ª ed. São Paulo:
Atlas S/A.
MARQUES, MARGARETE OLEIRO et al. O uso das redes sociais como estratégia
de interação de um projeto de pesquisa, ensino e extensão. CEC - VII Congresso
de Extensão e Cultura. 2020. Disponível em:
200
https://wp.ufpel.edu.br/ecosusufpel/files/2021/01/Resumo-CEC-Margarete-
Marques.pdf. Acesso em 25 Out 2021.
MALAVÉ, Mayra. O papel das redes sociais durante a pandemia. Maio de 2020.
Disponível em: http://www.iff.fiocruz.br/index.php/8-noticias/675-papel-redes-sociais.
Acesso em 28 de Out de 2021.
201
O Laboratório de Turismo (Labotur) e a Semana de Turismo
2021: Retomada, TICs e Novos Desafios
INTRODUÇÃO
Segundo Matias (2010, p.105), evento é a “ação do profissional mediante
pesquisa, planejamento, organização, coordenação, controle e implantação de um
projeto, visando atingir seu público-alvo com medidas concretas e resultados
1
Acadêmico de Turismo da Universidade do Estado do Amazonas - UEA; Manaus - Amazonas; Lattes:
http://lattes.cnpq.br/6692795096922899; E-mail: idmg.tur19@uea.edu.br.
2
Graduada em Turismo e Administração. Doutora pelo Programa de Pós-graduação em Ciências do
Ambiente e Sustentabilidade na Amazônia-UFAM. Atualmente é coordenadora do Labotur - UEA/ESAT
Manaus - Amazonas; Lattes: http://lattes.cnpq.br/2798121634650231; E-mail: cbarroncas@uea.edu.br.
3
Graduada em Turismo pelo Instituto Manauara de Ensino Superior, Mestre em Gestão de Negócios
Turísticos. Doutoranda em Turismo e Hotelaria pela Universidade do Vale do Itajaí-SC. Manaus –
Amazonas; Lattes: http://lattes.cnpq.br/2882900941207240; E-mail: camenezes@uea.edu.br.
202
projetados”. O segmento é responsável pelo desenvolvimento econômico de várias
cidades pelo país, infelizmente com a pandemia de Covid-19 a atividade sofreu um
grande impacto, eventos foram cancelados ou adaptados ao formato online.
Enquanto a retomada de eventos presenciais relacionados ao turismo segue a
curtos passos – mas ainda assim muito importantes – se fez necessária a criatividade,
a iniciativa e a cooperação a fim de promover eventos que causem impactos e
incentivem discentes, docentes e comunidade local a voltarem a participar, ainda que
mediados por tecnologia da informação e comunicação (TICs), dos eventos
promovidos pela comunidade acadêmica de Turismo da UEA.
A partir desse contexto, o Laboratório do Curso de Turismo da Universidade do
Estado do Amazonas (Labotur/UEA) decidiu somar esforços junto à coordenação do
curso e criar parcerias com o Projeto de Extensão EVENTUR, o Centro Acadêmico do
Curso de Turismo (Catur) e o Observatório do Curso de Turismo (Observatur), a fim de
celebrar o Dia Mundial do Turismo, o dia Nacional do Bacharel em Turismo e o Dia
Municipal do Turismólogo 1, comemorado no dia 27 de setembro, realizando um evento
que desse destaque para a universidade.
Esta pesquisa é de natureza exploratória e descritiva, pois visa demonstrar o
processo de elaboração e aplicação da Semana do Turismo 2021 da ESAT/UEA. De
acordo com Gil (2002, p. 41), a pesquisa exploratória tem como objetivo “ter mais
conhecimento sobre o problema, em virtude de deixá-lo mais evidente ou criar
hipóteses”. E a pesquisa descritiva tem por finalidade a descrição das características
de uma determinada população ou fenômeno. A análise se baseia nos
dados/impressões nas redes sociais do Labotur durante a Semana do Turismo 2021.
1
Conforme Lei No 2.096, de 17 de março de 2016 do Diário Oficial do Município de Manaus.
203
fomenta a interação entre o poder público, a iniciativa privada, as organizações do
terceiro setor, a comunidade local e a universidade. Essas atividades acabam por se
complementar e promover uma formação sistêmica.
O Labotur/UEA foi inaugurado em outubro de 2015 a partir de uma demanda
do curso, no qual a formação de discentes e a integração do apoio docente seria
usufruído em um espaço de atividades dedicado aos pilares ensino, pesquisa e
extensão. Fomentando a produção do conhecimento científico destacado, seria
possível promover o curso de Turismo da UEA, proporcionando aos discentes uma
série de condições que são extremamente necessárias à aplicação prática de um
conhecimento teórico, que inclui uma relação à área de formação profissional
específica (UEA, 2015).
Nos últimos dois anos, as atividades do Labotur estão restritas devido ao
cenário pandêmico, com isso à contribuição para a implementação de ações, planos,
programas e projetos se restringem a ações pontuais. É importante destacar que o
ambiente é destinado à realização de atividades extraclasses importantes para a
formação profissional do bacharel em turismo, voltado para a aplicação
eminentemente prática dos conteúdos adquiridos no âmbito acadêmico.
Considerando que o Labotur tem um papel importante no desenvolvimento de
atividades extracurriculares no curso de Turismo da UEA, uma das estratégias
utilizadas são os eventos de diferentes naturezas. Eles acabam por possibilitar ao
processo acadêmico, experiências ideais e atribuir conhecimentos à comunidade
estudantil. Deste modo, o presente trabalho buscou descrever os resultados/alcance
das atividades desenvolvidas durante o evento Semana de Turismo 2021 e a
repercussão nas redes sociais do Labotur vinculado ao curso de Turismo da Escola
Superior de Artes e Turismo (ESAT) da UEA.
RESULTADOS E DISCUSSÕES
Em anos anteriores, o curso de Turismo - UEA realizou atividades presenciais
em parceria com outros órgãos, instituições e empresas. Devido ao cenário atual ficou
204
impossibilitado que houvesse parcerias desse nível no ano de 2020 e 2021. Por tais
motivos, a coordenação do Labotur/UEA propôs junto com outros docentes e discentes
a realização de um evento híbrido, combinando recursos digitais (canal do Youtube,
Instagram e Google Meet) bem como atividades presenciais para os calouros,
seguindo todos os protocolos de segurança contra a COVID-19. A proposta foi aceita,
e com isso foi feita uma programação de atividades que compuseram a Semana do
Turismo 2021. Dentre as atividades propostas tivemos: rodas de conversa, palestras e
curso que foram transmitidos no Canal do Labotur/UEA no YouTube, além de um
sorteio que foi realizado a partir do perfil no Instagram do Labotur @labotur.uea, a fim
de promover o laboratório, o curso e a universidade.
Antes do evento principal, o Curso de Turismo da UEA foi convidado a fazer
parte do I Festival Amazonas de Turismo, promovido pela Empresa Estadual de
Turismo do Amazonas (Amazonastur), entre os dias 24 e 26 de setembro de 2021 no
Centro de Convenções Vasco Vasquez. O Labotur e o Eventur estiveram presentes
desde a montagem do stand até a apresentação do curso e demais projetos
vinculados ao curso de Turismo, conforme pode ser visto nas fotos 1, 2 e 3.
205
Quadro 1 – Atividades da Semana de Turismo 2021 da Universidade do Estado do
Amazonas.
Segunda-Feira Terça Feira Quarta-Feira Quinta-Feira Sábado
(27/09) (28/09) (29/09) (30/09) (02/10)
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Apesar do curto tempo em que foi criado e proposto, o evento obteve a
participação de pelo menos 129 (cento e vinte e nove) pessoas acompanhando as
lives por meio do Canal do Labotur simultaneamente no YouTube, fazendo com que o
canal atingisse a meta de 174 (cento e setenta e quatro) inscritos – sendo 94 (noventa
e quatro) inscritos advindos da divulgação do evento – e 1.780 (mil setecentos e
oitenta) visualizações no total de todas as lives realizadas. A conta do Instagram do
Labotur/UEA, usada como ferramenta de divulgação das palestras e lives, também
alcançou números significativos, alcançando 2.542 (duas mil quinhentos e quarenta e
duas) contas, 1.636 (mil seiscentos e trinta e seis) interações com o conteúdo e 69
206
(sessenta e nove) novos seguidores. E a partir disso, continuamos avançando e
crescendo em números e qualidade de conteúdo.
Com uma significativa rede de apoio voluntário por parte de discentes e
docentes que contribuíram de diferentes formas para a criação, organização e
divulgação da Semana de Turismo 2021, foi possível observar uma série de fatores
que se destacam e que tornam o turismo mais acessível e dinâmico, ainda que em
tempos pandêmicos. Por fim, todo esse cenário nos possibilita afirmar que a retomada
das atividades só foi possível devido também as TICs na qual entendemos serem
ferramentas essenciais para aproximar a universidade dos diferentes públicos, sendo
fundamental a universidade aumentar os investimentos em infraestrutura tecnológica.
REFERÊNCIAS
GIL, Antônio Carlos. Como elaborar projetos de pesquisa. 2002. 4ª ed. São Paulo:
Atlas S/A.
UEA. UEA inaugura laboratório de Turismo para inovar aulas práticas. 06 Nov
2015. Disponível em: https://noticias1.uea.edu.br/noticia.php?notId=42144. Acesso em
06 Nov 2021.
207
A fé como motivação turística nas festividades religiosas
dos municípios de Borba/AM e Parintins/AM
Resumo: Os fiéis religiosos são levados a diversas regiões tidas como sagradas,
porém esse fato ocorre a muito tempo, historicamente a humanidade tem esse teor
religioso a muito tempo, se deslocando em busca do sagrado. Essa prática irá
continuar enquanto o sentimento do incompleto ainda existir, onde a religião irá
conseguir suprir tal vazio. No que refere ao objetivo geral visa relatar as características
de fé destes munícipios que são conhecidos no Amazonas como propagadores de fé
tanto para quem visita como para quem é visitado. No que tange á forma de
abordagem é qualitativa e os objetivos são exploratórios e descritivos, de forma
bibliográfica e observacional nesse primeiro caso. Borba e Parintins são conhecidos
pelos eventos religiosos e por meio de estudo mais profundos envolvendo o marketing,
se tornem mais conhecidos a nível nacional.
INTRODUÇÃO
O turismo religioso envolve os sentimentos de fé, bem como trocas entre
visitantes e visitados. Portanto, o que movimenta o turismo religioso é a crença em
deuses, sejam eles quais forem, ou seja, é a busca pelo sagrado o qual equilibra o
corpo e a mente. Perante o Ministério do Turismo - MTUR (2009), o turismo religioso
movimenta a economia do setor turístico. Isto porque 1,7 milhões de viagens são
1
Especialista em MBA Gestão e Estratégias Empresarial pelo Centro Universitário do Norte-UNINORTE;
Manaus – AM. Lattes: http://lattes.cnpq.br/0488605469008105. E-mail: jackiwata@hotmail.com
2
Acadêmica do curso de Turismo pela Universidade do Estado do Amazonas – UEA; Manaus – AM;
Lattes: http://lattes.cnpq.br/9904420994652908; E-mail: agpo.tur17@uea.edu.br;
3
Doutora em Educação pela Universidade de La Empresa – UDE e reconhecido pela Universidade do
Estado de Santa Catarina – UDESC; Manaus - AM; Lattes: http://lattes.cnpq.br/7305750465493497; E-
mail: msteixeira@uea.edu.br
4
Especialista em Metodologia do Ensino de Lingua Inglesa pela
Universidade Federal do Amazonas. Manaus – AM; Lattes: http://lattes.cnpq.br/3377313544008037. E-
mail: lcsantos@uea.edu.br
208
destinadas a visitar monumentos e ambientes que simbolizam a fé, pois afinal cerca de
90% dos brasileiros declaram-se devotos em alguma religião (LIMA, 2016). Observa-
se que os municípios de Borba e Parintins ambas no estado do Amazonas vêm se
elevando no turismo religioso. Isto porque, milhares de pessoas buscam o equilíbrio de
paz, espiritualidade, realizações e outros motivos que garantam o bem-estar.
O objetivo deste estudo é relatar as características de fé destes munícipios
que são conhecidos no estado do Amazonas como propagadores de fé tanto para
quem visita como para quem é visitado. Considera-se este estudo salutar por trabalhar
uma temática que não é muito discutida no mundo da ciência na região amazônica. A
escolha destes municípios é devido os mesmos serem mais conhecidos na região
amazônica no segmento de turismo religioso. O autor Ribeiro (2010, p.05), expressa
que todo desenvolvimento de práticas religiosas é um importante fator na
determinação de locais com potencial turístico. No que se refere a metodologia a
forma de abordagem é qualitativa e os objetivos metodológicos são exploratórios e
descritivos, no que tange aos procedimentos técnicos são bibliográficos e estudo de
caso primeiramente feito de forma observacional. Relata-se que os municípios de
Borba e de Parintins são bem reconhecidos a nível estadual pelos eventos religiosos.
209
estátua do Santo Antônio de Borba de 13 metros de altura na frente do rio Madeira.
(NO AMAZONAS É ASSIM, 2017). Silva et al. (2008,p.12), destaca:
Destaca-se o elemento da paisagem como elemento construtor da fé,
acrescido aos ribeirinhos, caboclos e barqueiros que ajudam a consolidar o
fazer religioso, sendo divulgadores do turismo na região, dando sentido a
identidade cultural daquela porção da Amazônia que outrora se constituiu
numa importante rota para a economia local, durante o Ciclo da Borracha. E,
atualmente, torna-se indispensável ao processo de integração regional através
da navegação e do próprio turismo.
Borba tornou-se ponto de orações e de busca por milagres e anualmente em
junho a peregrinação é grande. A catedral que possui relíquias do Santo Antônio é
considerada hoje Santuário da Igreja católica (NO AMAZONAS É ASSIM, 2017). Silva
et al (2008) fala que no período dos festejos de Santo Antônio de Borba, a cidade
praticamente quadruplica sua população, sendo que aproximadamente duas semanas
anteriores ao dia treze de junho o tráfego de embarcações intensifica com a chegada
de devotos. Os autores acima relatam que Borba é o maior centro romeiro da
Amazônia, ficando atrás apenas do Círio de Nazaré realizado em outubro na cidade de
Belém no estado do Pará. O festejo religioso e a importância no contexto amazônico
para o catolicismo fizeram com que o Vaticano elevasse a categoria de Diocese para
Basílica, sendo inclusive a 11ª do mundo a receber tal distinção e funciona como uma
Embaixada do Apostolado Católico no Brasil, reportando-se diretamente à Santa Sé
em Roma.
Menciona-se que uma das festas mais conhecidas após o Festival de Parintins
é o evento religioso de Nossa Senhora do Carmo, o qual acontece no início do mês de
Julho. O evento Nossa Senhora do Carmo atrai muitos visitantes em especial da
região amazônica. A maioria desses devotos ficam da festa do boi para o evento
religioso que se inicia no dia 06 de julho e finaliza no dia 16 do mesmo mês, por volta
de 150 mil pessoas.
210
A festa da Santa inicia com a imagem de Nossa Senhora do Carmo sendo
levada no início do mês de junho para Manaus, onde peregrina por algumas paróquias
(PINTO E AZEVEDO FILHO, 2020). Os autores explicam que no dia 05 de julho pela
manhã, a imagem de Nossa Senhora do Carmo retorna a Parintins, onde a mesma
estava em peregrinação pela capital, comunidades rurais, instituições da cidade, e em
paróquias dos municípios vizinhos. No dia da chegada do andor com a imagem da
santa, devotos seguem em procissão levando a imagem para a paróquia de São José,
onde permanece até o fim da tarde do dia 06 de julho, data que oficialmente começa a
sua festividade. O Círio é a primeira grande procissão da festa, quando a imagem de
Nossa Senhora do Carmo é levada com toda pompa e com o andor decorado por
artistas locais para a catedral, então acontecem as celebrações. No período das
celebrações ocorre o arraial após missa, destaca-se que é um período de muita fé e
no dia 16 ocorre a procissão e os fiéis demonstram verdadeira adoração a santa. As
autoras Ferreira e Cruz (2012, p.12), declaram que o ponto alto sem dúvida é o Círio,
que ocorre no primeiro dia de festa, ocorrendo o percurso chamado de “Avenida da 10
Fé”. No último dia acontece a Procissão Solene, em seguida ocorre a Santa Missa
marcando o encerramento da festa. Ferreira e Cruz (2012) esclarecem que o vínculo
que une a santa com o povo é profundo e está enraizado na devoção dos habitantes
do lugar que se perpetua por décadas. A fala das autoras é bem pertinente ao
assinalar que as manifestações religiosas tornam-se espetáculos não só pelo olhar
externo vindo dos visitantes que delas participam, mas pelo olhar interno, da
população local que se envolve e faz parte das transformações culturais, sendo este
um dado que também deve ser considerado. Corrêa e Torres (2018), falam que as
festas religiosas amazônicas são para manter fortalecida a devoção à Virgem do
Carmo e promover as diversas relações entre as pessoas que participam destes
festejos. (PINTO E AZEVEVEDO FILHO, 2020).
211
CONCLUSÃO
REFERÊNCIAS
FERREIRA, Talita Sibele Melo; CRUZ, Josilene. Festa de Nossa Senhora do Carmo
de Parintins/AM: Celebração da fé
e Turismo Cultural. Anais do VII Seminário de Pesquisa em Turismo do Mercosul. 16
a 17 nov.2012. Disponível em:
https://www.ucs.br/site/midia/arquivos/festa_de_nossa_senhora_do_carmo.pdf.
Acesso em: 22 de Abr de 2020.
212
MTUR. Milhares de brasileiros viajando pela fé. Disponivel em:
http://antigo.turismo.gov.br/%C3%BAltimas-not%C3%ADcias/3683-milhares-de-
brasileiros-viajando-pela-fe.html. Acesso em: 20 de Ago.2021
213
We will rock you? Estudo de um caso de escravidão
contemporânea no Rock in Rio 2015
Resumo: Durante o Rock in Rio 2015, uma lanchonete de batatas-fritas foi autuada
pelo Ministério do Trabalho por manter dezessete trabalhadores em condições
análogas à escravidão. Foram constatados aliciamento dos trabalhadores, jornadas
exaustivas de trabalho, retenção de documentos, condições degradantes de trabalho e
servidão por dívida. Após ação fiscalizatória, três Termos de Ajuste de Conduta foram
celebrados entre as partes e o Ministério Público do Trabalho, com a intenção de fixar
obrigações de fazer e não fazer. Assim, o objetivo desta pesquisa é estudar o caso de
trabalho escravo contemporâneo na lanchonete de batata-frita na edição 2015 do
evento Rock in Rio. As técnicas de pesquisa utilizadas são: bibliográfica e documental.
INTRODUÇÃO
A Organização Internacional do Trabalho (OIT) estima que 10% do total das 15
milhões de vítimas de trabalho escravo contemporâneo sejam trabalhadores do setor
de restaurantes e hotelaria (OIT, 2017). No Brasil, o Ministério Público do Trabalho
registrou o resgate de 248 trabalhadores em condições análogas à de escravo no
setor de restaurantes, entre 2003 e 2018 (MPT, 2018). Embora a alimentação seja um
setor quase irrelevante entre aqueles mais comumente envolvidos com a exploração
de mão-de-obra escrava no Brasil, um caso em uma lanchonete ganhou notoriedade
no ano de 2015, quando uma loja de batatas-fritas, dentro do evento Rock in Rio, foi
autuada por trabalho escravo pelo Ministério do Trabalho. Assim, o objetivo desta
pesquisa é estudar o caso de trabalho escravo contemporâneo na lanchonete de
1
Cursando Tecnólogo em Turismo Patrimonial e Socioambiental (UFT); Universidade Federal do
Tocantins; Arraias, TO; Lattes: http://lattes.cnpq.br/1868065484848237; E-mail:
lhorraynelima@uft.edu.br.
2
Doutora em Turismo e Hospitalidade (UCS); Universidade Federal do Tocantins; Arraias, TO; Lattes:
http://lattes.cnpq.br/3543811641636104; E-mail: angela.teberga@uft.edu.br.
214
batata-frita na edição 2015 do evento Rock in Rio. As técnicas de pesquisa utilizadas
são bibliográfica e documental (GIL, 2009), tendo sido consultados livros e artigos
científicos, bem como analisados os autos de infração e os Termos de Ajuste de
Conduta (TACs).
ROCK IN RIO
Evento é um acontecimento que reúne várias pessoas com um objetivo em
comum. Dentre a classificação do porte dos eventos, destaca-se o megaevento,
aquele em que se gera “alta demanda turística e com grande valor agregado”
(LOHMANN; PANOSSO, 2012, p. 107). Esses são acontecimentos de alcance
internacional e com alto potencial de atrair grandes públicos, sendo capazes de
movimentar a economia e desenvolver mudanças relevantes, especialmente de
infraestrutura (RIBEIRO, SOARES; DACOSTA, 2014). O megaevento Rock in Rio é
um festival de música criado pelo empresário Roberto Medina, e teve sua primeira
edição em janeiro de 1985 na cidade do Rio de Janeiro. É considerado o maior festival
de música do mundo e estima-se que mais de 8 milhões de pessoas tenham assistido
aos shows desde o primeiro evento (FORBES, 2017), muitos dos quais são turistas
nacionais e internacionais, movimentando a economia da cidade (MARSON et al.,
2021).
1
O TAC é um instrumento de acordo extrajudicial, proposto pelos Procuradores do Trabalho aos
investigados por irregularidades trabalhistas. No caso de descumprimento, o empregador deve pagar
uma multa revertida, normalmente, ao Fundo de Amparo ao Trabalhador (MONTEIRO, PEREIRA,
BUENO, 2018).
2
Já a Procuradoria da República decidiu pelo arquivamento do processo no âmbito do Ministério Público
Federal (e posteriormente a Procuradoria Regional da República votou pela homologação do
arquivamento), pois considerou que “a tramitação do presente procedimento no âmbito da Procuradoria
Federal dos Direitos do Cidadão não se justifica” (MPF, 2017, p. 4).
217
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Apesar de ser considerado o maior festival de rock do mundo e movimentar a
economia em mais de 1,5 bilhão de reais (G1, 2019), a edição 2015 do Rock in Rio
apresentou um caso de extrema exploração do trabalho humano, através da
escravização contemporânea de dezessete trabalhadores. Esses trabalhadores
laboravam em condições bastante precárias, contraíram dívidas, se hospedavam em
local insalubre, dentre outros problemas identificados. Não se tem conhecimento se as
empresas cumpriram os acordos de ajustamento de conduta celebrados com o MPT.
Entretanto, verificou-se que a Rock World atualizou sua Política de Sustentabilidade
nas edições seguintes, tendo incluído o propósito de garantir “o trabalho justo e
condições de trabalho inclusivas e humanas no Rock in Rio e em toda a cadeia de
valor do evento” (ROCK WORLD, 2018), bem como os objetivos de “gerar emprego
entre a população local; promover a empregabilidade local; e formar todos os
colaboradores da organização e parceiros” (ROCK WORLD, 2020).
REFERÊNCIAS
G1. Rock in Rio 2019 atrai 450 mil turistas e movimenta R$ 1,7 bilhão, diz
secretária de turismo do RJ. G1 Rio, 27/09/2019. Disponível em:
https://g1.globo.com/pop-arte/musica/rock-in-rio/2019/noticia/2019/09/27/rock-in-rio-
2019-atrai-450-mil-turistas-e-movimenta-r-17-bilhao-diz-secretaria-de-turismo-do-
rj.ghtml
218
GIL, A. C. Métodos e técnicas de pesquisa social. 6 ed. São Paulo: Atlas, 2008
220
Roda de Conversa 9: Comunicação e Subjetividade no Turismo
1
Klíwea Vitória Felício de Medeiros
Cláudia Araújo de Menezes Gonçalves Martins 2
Maria Adriana Sena Bezerra Teixeira 3
Resumo: O presente projeto de pesquisa tem como intuito descrever como o turista
pode se precaver para não adquirir produtos falsos que são comercializados por meio
de propagandas enganosas, visto que a oferta turística chega ao turista atualmente
por meio de perfis nas redes sociais onde podem ser encontradas fotos que muitas
vezes não condizem com a realidade ofertada pela empresa o que, segundo o art.37
do Código do Consumidor, induz o consumidor ao erro pois leva até ele uma
informação falsa. Além disso, visa-se instruir o vendedor do produto ou serviço a não
fazer o uso das propagandas enganosas como forma de chamar uma maior
quantidade de clientes, orientando-o a produzir e promover produtos fiéis à realidade.
Referente ao tipo de abordagem utilizada nesta pesquisa, ela é qualitativa e de caráter
exploratório, pois busca-se entender o problema e fornecer informações ao turista de
modo a alertá-lo a respeito das propagandas enganosas.
1
Acadêmica de Turismo; Universidade do Estado do Amazonas - UEA; Manaus - AM; Lattes:
http://lattes.cnpq.br/8394647962215640; E-mail: kvfm.tur18@uea.edu.br
2
Turismóloga, mestre em Gestão de Negócios Turísticos-UECE e Doutoranda em Turismo e Hotelaria -
UNIVALI; Docente do Curso de Turismo da Universidade do Estado do Amazonas; Manaus-Am; Lattes:
http://lattes.cnpq.br/2882900941207240; E-mail: camenezes@uea.edu.br
3
Doutora em Educação pela Universidade de La Empresa – UDE e reconhecido pela Universidade do
Estado de Santa Catarina – UDESC; Mestre em Turismo pela Universidade de Caxias do Sul – UCS;
Especialista em Metodologia da Pesquisa pelo Centro Universitário do Norte e Professora do curso de
Turismo da Universidade do Estado do Amazonas – UEA; Manaus, AM; Lattes:
http://lattes.cnpq.br/7305750465493497; E-mail: msteixeira@uea.edu.br
221
INTRODUÇÃO
No mundo em que vivemos atualmente, a sociedade tornou-se indissociável
da comunicação digital. As pessoas, de acordo com Kottler (2010) passaram a se
integrar cada vez mais e a ter, conforme o avanço tecnológico, liberdade em
decorrência do fácil acesso às informações, facilidade para expressar suas opiniões e
trocar informações constantemente. O crescimento das redes sociais, possibilitou às
pessoas além de mostrar seu cotidiano, também empreender, as redes acabaram por
desenvolver importância econômica e comercial.
Recuero (2009), entende que a conexão direta entre a empresa e o
consumidor tornou -se inevitável em uma internet onde as marcas buscam relevância
através de valores como imagem e reputação, significando mais do que meio para
que produtos cheguem ao consumidor. Fato que a comunicação remota se fortificou
exponencialmente durante o período da pandemia da COVID-19, onde as pessoas
conforme a demanda, se especializaram mais nos serviços e-commerce, como são
chamadas as transações feitas por meios virtuais, e as lojas, produtos e marcas
triplicaram.
Sendo assim, é natural que o turismo também siga esta linha. O que
aconteceu foi que muitas operadoras de turismo, meios de hospedagem e os próprios
atrativos surgiram nas redes sociais com perfis no Instagram e Facebook, por
exemplo, desta forma se aproximando mais do seu consumidor fiel e principalmente
do seu consumidor potencial. No entanto, esta forma de comércio faz com que os
consumidores estejam mais suscetíveis à problemas como extravio do produto, não
envio do produto pela loja e o que mais pode acontecer quando se fala em produto
turístico, a propaganda enganosa.
A partir do exposto, levanta-se a seguinte problemática: Como, dentro deste
âmbito, assegurar que o turista possa ter confiança no produto que ele virá a
consumir?
222
METODOLOGIA
Para a concepção deste projeto de pesquisa, os procedimentos utilizados
foram por meio de fontes secundárias, por meio de pesquisa bibliográfica - utilizando-
se materiais dispostos em livros, revistas digitais e artigos científicos-, principalmente
pelo período pandêmico em que vivemos, tornando-se complicada a realização de
pesquisas de fontes primárias. Entende-se que a pesquisa é de caráter exploratório
pois, segundo Vergara (2007) ela é realizada em áreas nas quais há pouco
conhecimento acumulado e sistematizado além de ter como natureza a sondagem.
RESULTADOS E DISCUSSÕES
Segundo Kotler (2000), o marketing dentro dos seus nichos a propaganda
enganosa, o que acaba fazendo parte dos 4p’s, compostos por Produto, Praça,
Propaganda e Promoção, podemos entender que a ética, no que se refere ao
marketing, está ligada à transparência e fidelidade das ideias, produtos e serviços
ofertados. Sendo assim o ideal é de que a empresa que pretende encantar seu
consumidor em potencial e trazê-lo a consumir de fato seu produto, divulgue seus
serviços e produtos de forma fiel, sem distorções de imagem e informações, desta
forma não ferindo os direitos do consumidor de ter acesso a um produto real.
Ao fornecedor do serviço ou produto, faz-se necessário a criação de
expectativas no cliente que de fato serão minimamente supridas, pois encher o cliente
de falsas expectativas e esperanças com relação ao que ele pretende consumir é,
como citado anteriormente, uma falta de ética que fere o direito do cliente, pois postar
fotos adulteradas de um produto utilizando-se filtros que irão distorcer drasticamente a
imagem é sim uma forma de lesar o cliente, pois cria-se na cabeça dele o
pensamento de que aquele produto é realmente daquele jeito e que suas expectativas
com relação ao produto daquele exato jeito serão imensamente supridas.
À medida que o cliente está vivenciado aquilo que foi verdadeiramente e
fielmente ofertado haverá o ganho de confiança do cliente, pois o vendedor ou
estabelecimento terá encantado este cliente com seu produto, e abrirá a possibilidade
223
de superar as expectativas do cliente de outras maneiras, como o atendimento visto
que a forma como o cliente será tratado conta muito mais a respeito da empresa do
que o próprio produto.
Com relação ao cliente, faz-se necessário a utilização de sites como
TripAdvisor, recursos como os comentários de posts das redes sociais da empresa na
qual ele pretende adquirir o produto ou serviço e a realização de pesquisas a fim de
descobrir se a empresa em questão é confiável ou não, muitas vezes perguntando de
amigos e familiares que possam ter consumido o mesmo produto. Uma boa notícia é
a de que agora a informação encontra-se cada vez mais acessível, bastando muitas
vezes apenas a esperteza do cliente de saber pesquisar de forma correta para se ter
a resposta se o produto é fiel e se vale a pena, logicamente em alguns casos o
estabelecimento consegue passar ileso dessas pesquisas e mesmo assim o cliente
acabar sendo lesado, apesar de ser um risco pelo qual todos estamos dispostos a
correr as chances de um cliente devidamente informado e, como dito anteriormente,
tendo feito uma devida pesquisa acabam sendo baixas.
CONCLUSÃO
Como observado, é extremamente necessário que o vendedor ou
estabelecimento que oferta o serviço/produto seja ético e verdadeiro ao ofertar seu
produto, assim como é imprescindível que o cliente pesquise e se informe a respeito
do que ele virá a consumir, tendo assim sua segurança de que o produto suprirá suas
expectativas e de que ele dificilmente sairá frustrado dali.
Diante do mundo em que vivemos é importante que debates a respeito da
propaganda enganosa sejam levantados, principalmente no que diz respeito à oferta
turística, pois o turismo se faz por meio da compra de uma experiência, fazendo com
que a frustração ao se deparar com um produto completamente diferente do que lhe
foi proposto seja ainda maior. Desta forma, destaca-se que o presente trabalho possui
como pontos positivos a informação aos consumidores e vendedores sobre como
evitar a propaganda enganosa, sendo assim auxiliando-os nas suas tomadas de
224
decisões, tanto para comprar um produto ou adquirir um serviço, como para vender.
REFERÊNCIAS
KOTLER, Philip. Administração de Marketing. 10. ed. São Paulo: Prentice-Hall,
2000
KOTLER, Philip. Marketing 3.0: as forças que estão definindo o novo marketing
centrado no ser humano. Rio de Janeiro: Elsevier, 2010.
225
A BUSCA DE UM SONHO:A Influência dos Animes e
Mangás como Motivação Turística para o Japão
Resumo: Desde dos anos 90, os animes e mangás vêm ganhando espaço no
mercado brasileiro, com animes na TV aberta e mangás lotando as bancas de jornal.
Com isso surgiu o termo otaku, como fã desses elementos e outros hobbies
associados à cultura japonesa. Logo, veio o questionamento: qual a influência dos
animes e mangás como incentivo para que os otakus viagem ao Japão? O objetivo
geral do estudo é identificar a influência dos animes e mangás como motivação
turística na escolha do Japão pelos brasileiros como destino turístico, sendo os
objetivos específicos de caracterizar a demanda potencial de turismo otaku ao Japão,
apresentar e caracterizar os animes e mangás e sua evolução em contexto brasileiro e
apresentar o turismo otaku no Brasil. Com base na teoria push e pull de Dann para
conceituar as motivações turísticas e a construção do imaginário turístico com autores
como Salazar (2012), foi aplicado na pesquisa um questionário online entre otakus a
partir de 15 anos e residentes no Brasil. Com 773 respostas, pudemos ver que 93,9%
teve os animes e mangás como fator motivador para realizar a viagem ao Japão e que
43,7% teve acesso a cultura otaku por meio da TV aberta.
Palavras-chave: Turismo Otaku, Animes e Mangás, Motivação Turística, Japão, Imaginário Turístico
REFERÊNCIAS
BRAZO, D. A.; FONSECA FILHO, A. da S. Turismo Otaku: imaginário e motivações
de uma nova tipologia. RTA | ECA-USP | v. 29, n. 2, p. 273-291, maio/ago., 2018
1
Graduada em Bacharelado em Turismo; Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro; Nova Iguaçu -
Rio de Janeiro; Lattes: http://lattes.cnpq.br/2114038473737983; E-mail: kathreenn@numeroreal.com.br.
2
Doutorado em Educação, Contextos Contemporâneos e Demandas Populares ; Universidade Federal
Rural do Rio de Janeiro; Nova Iguaçu - Rio de Janeiro; Lattes: http://lattes.cnpq.br/5719562203392802;
E-mail: riccostatur@gmail.com.
226
PARANAENSE DE TURISMO DA UFPR, 23.,2016, Curitiba. Anais [...]. Curitiba:
UFPR, 2016, p. 1-12.
SIMON, P.; BAHL, M. Uso das mídias Anime e Mangá para a Promoção do Turismo.
XI Seminário da Associação Nacional Pesquisa e Pós-Graduação em Turismo,
11., 2014, Ceará. Anais... Ceará, 2014. p. 1 – 15.
227
Atratividade e promoção de destinos enoturísticos por meio
de websites de Regiões Enoturísticas
Giselly OIiveira Pereira 1
Joice Lavandoski 2
Hernanda Tonini 3
INTRODUÇÃO
Atualmente a utilização da internet está presente cada vez mais na rotina das
pessoas, sendo usada para o trabalho e até na automação residencial. Redes sociais,
websites, por exemplo, são os novos meios de se comunicar e de se planejar
atividades. Dessa forma, muitos setores que são impactados pela expansão da
internet vem se remodelando ao usá-la como um meio para vender, divulgar e fazer
promoção de seus produtos para possíveis clientes, fazendo com que eles estejam
mais próximos e confiantes com o produto a ser adquirido.
1
Graduanda em Turismo pela Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro; Rio de Janeiro, RJ;
Currículo: http://lattes.cnpq.br/3505137833749910; Email: gisellyolipereira@edu.unirio.br
2
Doutora em Turismo pela Universidade do Algarve (UALG/Portugal); Professora Adjunto no
Departamento de Turismo e Patrimônio da Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro (UNIRIO);
Rio de Janeiro, RJ; Currículo: http://lattes.cnpq.br/8368984336321718; Email: joice.lavandoski@unirio.br
3
Doutora em Desenvolvimento Rural pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS);
Professora do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Rio GRande do Sul (IFRS); Bento
Gonçalves, RS; Currículo: http://lattes.cnpq.br/8311832597020470; E-mail:
hernanda.tonini@bento.ifrs.edu.br
228
O turismo se encontra dentro dos setores afetados por esse crescimento,
necessitando sempre estar inovando em suas formas de atrair visitantes e turistas. O
turismo, segundo Tomikawa (2009), se destaca como um dos fenômenos mais
significativos do mundo, exercendo grande influência no desenvolvimento local, social,
econômico, político e ambiental. É um setor que possui vários segmentos voltados
para a entrega, venda e consumo de produtos, serviços e experiências como forma de
lazer. Um dos segmentos turísticos que se encontra em ascensão na
contemporaneidade é o enoturismo, este tipo de turismo tem como motivação a
apreciação por vinhos, o interesse dos viajantes em conhecer a cultura da região
vitivinícola, participar de exposições e festivais ou qualquer outra atração que tenha
como tema principal o vinho (Hall et al., 2009). Baseado na necessidade atual de se
ter a internet como meio de promoção, o estudo em questão tem como objetivo
analisar elementos que permitam a avaliação de websites das principais regiões de
enoturismo no mundo e no Brasil.
METODOLOGIA
O presente estudo tem natureza descritiva e exploratória, envolvendo pesquisa
bibliográfica com revisão de literatura do tipo narrativa, direcionada à área do Turismo.
Foram identificados e analisados artigos científicos, dissertações e capítulos de livros
nacionais e internacionais que analisam websites de turismo e/ou enoturismo. Assim,
foram observadas variáveis/categorias, indicadores e demais elementos e critérios
utilizados pela literatura científica para avaliar um website. Importa destacar que os
avanços teórico-conceituais apresentados neste estudo compõem as primeiras fases
de uma pesquisa interdisciplinar mais ampla, que pretende desenvolver e testar um
modelo de análise específico, para a avaliação de websites de regiões de enoturismo
no Brasil e no mundo. As etapas futuras desta pesquisa envolvem: a) aplicação em
uma amostra estabelecida de regiões de enoturismo reconhecidas nacional e
internacionalmente; b) análise dos dados primários; c) redação de artigo científico e
relatórios da pesquisa.
229
RESULTADOS E DISCUSSÃO
Através da revisão bibliográfica foram identificados os principais estudos que
têm como objetivo analisar websites turísticos e de enoturismo, os quais
compreendem um total de 10 trabalhos científicos (Quadro 1 a seguir).
230
de fácil lembrança ou por disponibilidade do site. Segundo Montoro e Tomikawa (2012)
este é um critério de extrema importância, pois é por meio deste que chega-se ao
website.
Em conteúdo são considerados elementos de informação textual e visual do
website do destino, como mapas, atrativos, informações úteis (clima, tempo, horários e
dias de funcionamento). É importante notar que para alcançar o sucesso no
desenvolvimento do enoturismo algo mais do que vinhedos e vinícolas deve ser
oferecido, sendo necessária a oferta de atrações adicionais, como alta gastronomia e
vivências culturais (Marzo-Navarro et al., 2010, apud Getz et al., 2008).
A identificação e análise dessas categorias permitiu que a pesquisa avançasse
para a fase de elaboração e/ou adaptação das categorias, dos indicadores e demais
critérios testados ou não, em outros estudos . O estudo seguiu para a validação da
matriz de avaliação de website, usando a metodologia do grupo focal online, uma
técnica em que um pesquisador reúne um grupo de indivíduos para discutir um tema
específico com objetivo de extrair experiências pessoais, crenças, percepções e
atitudes dos participantes por meio de uma interação moderada (Ochieng et. al, 2018).
Para esta fase foi necessário um aprofundamento no uso desta técnica, pela equipe
envolvida no Projeto de Pesquisa (2 docentes e 4 discentes), para que pudessem
entender e compreender como efetuar e organizar a pesquisa para a validação com o
grupo de foco.
O grupo focal ocorreu no dia 05 de outubro de 2021, em reunião virtual pela
plataforma Google Meet, com duração de 2 horas, envolvendo seis especialistas, os
quais possuem formação em turismo, marketing, tecnologias e design. Após a
realização do grupo focal, foi necessário adequar a matriz de análise conforme as
sugestões dadas pelos especialistas, as quais envolveram, sobretudo, a escala de
medida e indicadores de categorias como usabilidade, acessibilidade, design e
enoturismo.
231
CONSIDERAÇÕES FINAIS
A presente pesquisa encontra-se em fase de desenvolvimento, precisamente
na adequação da matriz de análise dos websites de regiões de enoturismo seguindo
as sugestões de melhorias apontadas no grupo focal. O estudo irá oferecer
contribuições para o planejamento, a gestão e o marketing do enoturismo, ao
identificar e analisar elementos (categorias e indicadores) considerados relevantes
para o sucesso de um website de enoturismo; aspectos os quais podem contribuir para
uma melhor divulgação dos destinos enoturísticos. Por meio da análise poderão ser
identificadas falhas e deficiências nos websites de regiões enoturísticas que ainda não
se encontram consolidadas, além de ajudar em futuras pesquisas, ou até mesmo, ser
aplicado e adaptado em sites de outras regiões turísticas.
REFERÊNCIAS
FERREIRA, Juliana et al. Análise dos websites oficiais dos destinos turísticos
classificados socioculturalmente pela revista The Economist Inteligence Unit Limited.
Revista Turismo - Visão e Ação, v. 18, n. 3, SET. - DEZ. 2016.
HALL, C. Michael et al. Wine tourism: an introduction. In: Hall, C.M. Et al. Wine
tourism around the world. Butterworth-Heinemann: Routledge, 2009.
MURPHY, Jamie et al. Electronic marketing and wine tourism. In: CARLSEN, Jack.
NEILSON, Leighann; MADILL, Judith. Using winery web sites to attract wine tourists:
an international comparison. International Journal of Wine Business Research,
2014.
232
TOMIKAWA, Jun Matsuoka. Marketing turístico e internet: uma análise dos sites
oficiais de turismo dos estados brasileiros. 2009. Dissertação (Mestrado em Turismo) -
Universidade de Brasília, [S. l.], 2009.
233
Grand Tour e Grand Tourist: corpo, sexuação e histeria.
Abner Nodari 1
Luciene Jung de Campos 2
Resumo: O trabalho tem por objetivo discutir a relação entre a síndrome de Stendhal
e a histeria a partir do Grand Tour, atividade que se desdobra na forma do turismo
contemporânea. Nas interfaces da produção do conhecimento, o Turismo aproxima-se
da psicanálise e da arte na tentativa de corporificar os conceitos de sujeito e de
subjetividade. O dispositivo teórico-analítico-metodológico para essa abordagem é a
Análise do Discurso pecheutiana. A partir disso, serão analisadas rememorações da
experiência de êxtase estético estabelecendo-se vínculos entre a síndrome de
Stendhal e as manifestações clínicas da histeria – do domínio médico ao meio de
expressão do sublime. Portanto, nota-se uma fissura: nela, a diferença sexual implica
em destinos opostos dados tanto ao masculino quanto ao feminino. Nesse sentido, a
investigação em andamento aponta como resultados encontrados uma dicotomia: a
apropriação do corpo feminino, a loucura e o aprisionamento (a Salpêtrière) de um
lado e, do outro, a contemplação estética do sublime, a viagem e o masculino (o grand
tour).
1
Acadêmico de Psicologia e de Letras na Universidade de Caxias do Sul; Caxias do Sul, RS; Lattes:
http://lattes.cnpq.br/8652474241635643; E-mail: anodari@ucs.br;
2
Doutora em Letras pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul; professora da pós-graduação em
Turismo e Hospitalidade da Universidade de Caxias do Sul; Porto Alegre, RS; Lattes:
http://lattes.cnpq.br/1151177602559882; E-mail: ljungdecampos@ucs.br;
234
épico também é aquele que, por definição, esforça-se em se tornar herói; em adquirir
grandes feitos, histórias trágicas e epopeicas. O ímpeto a advir Odisseu, no entanto,
ultrapassa o reinado antigo e sustenta-se no longo fio das histórias humanas. Na
contemporaneidade, não faltam exemplos de narrativas que se desenvolvem por essa
mesma estrutura. A partir disso, poderíamos dizer com uma certa confiança que existe
uma pulsão fundamental ao redor da jornada do herói e que ela, no mínimo, nos atrai.
Todos desejam Odisseu, até mesmo quando ele traja-se com seu nome romano,
Ulysses.
Alguns séculos mais tarde à epopeia grega, o continente europeu seguiria
gestando ideias e tornando-se, nesse sentido, um dos múltiplos berçários do
pensamento ocidental: surgiria, em cerca de 1.600, um movimento de viagens à
Europa conhecido como Grand Tour. E, conexo a ele, mas em destaque, seu agente:
o grand tourist. De acordo com a historiadora social Valéria Salgueiro (2002), o turista
que faria essa grande viagem, essa pseudo-epopeia, buscava justamente isto:
aproximar-se da cultura antiga europeia, das ruínas que beiravam a obsessão, dos
templos abandonados, dos farelos greco-romanos para engrandecer-se, fazer-se, ele
mesmo, herói. Esse novo tipo de viajante, portanto, dispunha de recursos financeiros e
de tempo para fazê-la e, com isso, a grande viagem restringia-se, ao menos até o final
do século XVII, à alta aristocracia. Somente cem anos mais tarde, depois da resolução
da Guerra dos Sete Anos (1756-1763), o grand tour viria a se tornar uma atividade
burguesa e estender-se-ia aos domínios de intelectuais, filósofos e artistas que não
pertenciam à aristocracia. Esses candidatos à cultura, aqueles jovens britânicos que
desejavam o grande saber, possuíam um itinerário bastante específico para realização
dela: o roteiro deveria contar com a travessia do canal da mancha (o braço de mar que
separa o norte da França do sul da Inglaterra), passando por Paris e, finalmente e com
maior importância, atendo-se às grandes cidades italianas: Roma, Veneza, Nápoles e
Florença. No entanto, assim como para Odisseu, na última dessas metrópoles,
Penélope esperava com seu longo sudário – e, desta vez, as agulhas que usara para
tecê-lo estariam afiadas.
235
A travessia entre os países e, até mesmo, entre as pequenas cidades
europeias dava ao grand tour, contudo, um caráter de sacrifício. Pelos ventos
oceânicos, as ondas imensas e a insalubridade das embarcações que atingiam os
viajantes, esses mesmos homens, ao chegarem a Paris, transformavam todos ao seu
redor em caravanas humanas: a dura função (que cabia aos empregados) consistia
em carregar por ruelas, matagais e madrugadas uma espécie de cadeira de viagem,
uma liteira renascentista ou, até mesmo, um riquixa, onde, de dentro, o grand tourist
poderia apreciar as cenas bucólicas e as paisagens alpinas do norte da França. Todos
esses relatos são descritos por Tobias Smollett no livro Travels through France and
Italy, de 1766. Não nos causa estranheza, portanto, quando grandes escritores como
Goethe e Henri-Marie Beyle, conhecido como Stendhal, dedicaram-se justamente a
conhecer a Itália tal qual os viajantes ingleses faziam nessa inaugural modalidade de
turismo.
É justamente aí, em 1817, numa visita turística a Florença, que Stendhal, ao
entrar na Basílica de Santa Croce, sofre uma síncope subjetiva de prazer estético. É
ao se deparar com os afrescos do pintor Baldassare Franceschini, conhecido como Il
Volterrano, que o escritor francês vêm a marcar a história da psiquiatria
contemporânea com um quadro de sintomas que, em 1990, ficarão conhecidos como
Síndrome de Stendhal (Palacios-Sánchez, L. et al., 2017). Em seus diários publicados
no livro Roma, Nápoles e Florença (1817), o autor escreve:
REFERÊNCIAS
SALGUEIRO, Valéria. Grand Tour: uma contribuição à história do viajar por prazer e
por amor à cultura. Revista Brasileira de História, vol. 22, n. 44, pp 289-310, 2002.
SMOLLETT, Tobias. Travels through France and Italy. London: Tauris Parke
Paperbacks, 1766.
238
Uma Análise do Fenômeno Turístico em Relação a Loucura:
Um breve histórico de como a loucura era tratada na Idade
Média e na Moderna em comparação com os dias atuais e
sua memória nos museus brasileiros
INTRODUÇÃO
A loucura, de acordo com o Dicionário Michaelis, é uma doença mental tida
como uma “alienação total do indivíduo em relação aos fatos que lhe são pertinentes”,
algo que remete a falta de senso ou que está fora das normas estabelecidas. Esse
estudo tem como objetivo geral avaliar o fenômeno turístico em relação a loucura,
1
Acadêmica do curso de Turismo pela Universidade do Estado do Amazonas – UEA; Manaus – AM;
Lattes: http://lattes.cnpq.br/9904420994652908; E-mail: agpo.tur17@uea.edu.br;
2
Doutora em Educação pela Universidade de La Empresa – UDE e reconhecido pela Universidade do
Estado de Santa Catarina – UDESC; Manaus - AM; Lattes: http://lattes.cnpq.br/7305750465493497; E-
mail: msteixeira@uea.edu.br
3
Especialista em Metodologia do Ensino de Lingua Inglesa pela
Universidade Federal do Amazonas. Manaus – AM; Lattes: http://lattes.cnpq.br/3377313544008037. E-
mail: lcsantos@uea.edu.br
4
Especialista em MBA Gestão e Estratégias Empresarial pelo Centro Universitário do Norte-UNINORTE;
Manaus – AM. Lattes: http://lattes.cnpq.br/0488605469008105. E-mail: jackiwata@hotmail.com
239
onde busca realizar um histórico de como a loucura era tratada na Idade Média e na
Idade Moderna, contrastando a ética turística com o tratamento para com o louco,
além de mapear os museus da loucura no Brasil, analisando a influência exercida por
esses museus para o destino turístico
A metodologia exercida é qualitativa e documental, e tem como objetivos
metodológicos exploratórios e descritivos.
1
Intervenções que consistiam em desligar os lobos frontais direito e esquerdo de todo o encéfalo,
visando modificar comportamentos ou curar doenças mentais. (MASIERO, 2003)
241
Ocupacional. A doutora montou um ateliê e incentivava que os pacientes, através da
arte, mostrassem suas emoções de livre e espontânea vontade. Os pacientes
colocavam para fora seus conflitos, seus sentimentos que estavam presos no
inconsciente de cada. A partir dessas obras de arte, nasceu o Museu de Arte do
Inconsciente, local que tem um acervo de mais de 350 mil peças feitas pelos pacientes
(BEGALLI e SILVEIRA, 2020).
CONCLUSÃO
De acordo com o Conselho Internacional de Museus – ICOM (2021), museu é
uma instituição sem fins lucrativos para a sociedade e seu desenvolvimento, aberto ao
público, onde estuda, conserva, expõe testemunhos materiais do homem e meio
ambiente para educação, além de servir como atrativo, os museus geram empregos
para a população local, fomenta a renda e a economia da região receptora. Pode-se
ver que os museus trazem uma grande influência e são importantes para o turismo
local, sendo um motivo de atrativo turístico, ajudando a reconstruir a história local para
242
visitantes e viajantes que estão ali para apreciar a cultura, auxiliando a demanda
turística. Nesses museus idealizados a partir dos hospitais psiquiátricos onde a loucura
é visualizada com o propósito de arte e pela celebração da vida onde pode-se dizer
que por causa disso a loucura continua como atrativa e fascinante para o público.
Fazendo com que esse encontro com o passado remoto não seja apenas por imagens
negativas e repulsivas, e sim pela vislumbração de como era, e reconstruindo esse
passado para não ser repetido, além de serem importantes também para moradores
exercitarem o seu reconhecimento na cidade onde moram. Os museus aqui expostos
para a população servem como um chamativo turístico para aqueles que se
interessam na história local, fomentando a economia da região receptora, como por
exemplo, o caso de Barbacena, que de acordo com o G1(2017), possui papel
importante no fluxo turístico regional e precisa de apoio para a geração e formalização
de empregos e estabelecimentos de hospedagem.
REFERÊNCIAS
BEGALLI, Ana Silvia Marcatto. SILVEIRA, Carlos Roberto. O Nascimento do Museu de
Imagens do Inconsciente: Memória, Educação e Inclusão na Psiquiatria do Brasil. Rev.
Fac. Educ. (Univ. do Estado de Mato Grosso), Vol. 33, Ano 18, Nº 1, p. 15-28, jan/jun.,
2020.
243
MAPA do turismo brasileiro aponta potencial em quase 80 municípios da Zona da Mata
e Vertentes. G1, Zona da Mata, 16 de set. 2017. Disponível em: <
https://g1.globo.com/mg/zona-da-mata/noticia/mapa-do-turismo-brasileiro-aponta-
potencial-em-quase-80-municipios-da-zona-da-mata-e-vertentes.ghtml>. Acesso em:
16 de nov. 2021.
NETO, Fuad Kyrillos; DUNKER, Christian Ingo Lenz. Depois do Holocausto: Efeitos
Colaterais do Hospital Colônia em Barbacena. Psicologia em Revista, Belo
Horizonte, v. 23, n. 3, p. 952-974, dez. 2017.
244
Inovação Turística: A Comunicação Da Espanha Através Do
Tiktok
Marco Aurelio Andrade de Souza 1 1
Kamila Motta 2 2
Marcia Shizue Massukado Nakatani 3 3
INTRODUÇÃO
Em 2019, segundo dados da World Tourism Organization UNWTO (2020), o
turismo internacional movimentou cerca de 1.4 milhões de desembarques
internacionais pelo mundo, sendo a Europa o principal continente a receber esses
turistas. A Espanha teve cerca de 83 milhões de desembarques internacionais
originários de diversos países pelo mundo. A organização responsável pela
comunicação turística do país é a Turespaña, gerida pelo governo espanhol. Além de
1
Graduando em Bacharel em Turismo; Universidade Federal do Paraná; Curitiba - Paraná; Lattes:
http://lattes.cnpq.br/1204013005377719; E-mail: maandrade39@gmail.com.
2
Graduanda em Bacharel em Turismo; Universidade Federal do Paraná; Curitiba - Paraná; Lattes:
http://lattes.cnpq.br/7733169006642703; E-mail: kamilamilamotta@gmail.com.
3
Doutora em Adminstração e Bacharel em Turismo (UFPR), Pesquisadora e Professora
(PPGTUR/UFPR), Curitiba – Parana; Lattes: http://lattes.cnpq.br/6733913313106990,; E-mail:
marcia.nakatani@ufpr.br.
245
sites oficiais com informações turísticas, a Espanha também possui contas em redes
sociais com ações promocionais e, uma dessas é o TikTok.
O TikTok se popularizou em 2020, com a pandemia da COVID-19, um
aplicativo criado para celulares, onde o objetivo é compartilhar vídeos de curta
duração, tendo como missão “inspirar a criatividade e trazer alegria” (www.tiktok.com).
Criado por uma empresa Chinesa chamada ByteDance, foi lançado em 2016, pelo
criador Zhang Yiming.
A Espanha é conhecida pelas suas ações promocionais de vanguarda,
capitaneadas pela força que sua marca turística traz desde 1983, onde transmite os
principais atrativos do país (Gomes & Nakatani, 2019). Essas ações estão presentes
nas redes sociais oficiais do destino, como o Instagram, Facebook, Twitter e, mais
recentemente no TikTok. A conta do país possui mais de 25 mil seguidores (2021) com
publicações em inglês e espanhol.
REVISÃO DE LITERATURA
A plataforma do TikTok vem se popularizando cada vez mais, e
consequentemente o compartilhamento de vídeos curtos, sendo esta uma plataforma
muito utilizada para a exposição da experiência em destinos turísticos. (Du, Liechty,
Santos & Park, 2020). No turismo, o gosto do consumidor muda constantemente,
tornando-se mais exigente em relação às experiências que consome e a diferenciação
do produto (Mirabent, 2019, Buhalis, 2000).
Para acompanhar essas transformações e poderem continuar atendendo às
necessidades desses turistas, os destinos também parecem buscar inovar em sua
comunicação turística, de maneira a estenderem seu estágio de maturidade do ciclo
de vida no atual mundo competitivo (Labanauskaitė et al., 2020, Divisekera, Nguyen,
2018).
Durante a pandemia do COVID-19 o turismo sofreu grande impacto, devido
principalmente à imposição do isolamento quanto do distanciamento social. Sendo
assim, o turismo virtual se tornou cada vez mais popular e o aplicativo do TikTok
246
começou a ser utilizado com maior frequência pelos seus usuários para transmitir
vídeos ao vivo e divulgar destinos turísticos (Lu; Xiao; Xu; Wang; Zhang & Zhou,
2021).
Mídias sociais como o TikTok são formadas por usuários independentes que
navegam nas redes sociais de acordo com suas escolhas, e assim são utilizados
algoritmos para destinar propagandas para cada usuário (Räwel, 2021). Através do
TikTok as pessoas são incentivadas pelas experiências de outras pessoas (Du;
Liechty; Santos & Park 2020) e assim se tornam o público da comunicação turística do
destino.
Atualmente, as mídias sociais se tornaram uma ferramenta de marketing
poderosa, de baixo custo e com alcance global, alterando tanto o processo de decisão
do consumidor, como as práticas de marketing de empresas e organizações (Uşaklı,
Koç, Sönmez, 2017). O consumo de conteúdo digital no turismo é cada vez mais
demonstrado em vídeos do que em fotos, pois as fotos são capazes de capturar um
momento enquanto o vídeo detalha a experiência e expõe o ambiente de maneira mais
ampla (Du; Liechty; Santos & Park 2020).
METODOLOGIA
Para este estudo foi selecionado a Espanha, um dos países com maior fluxo
turístico em 2019, de acordo com a edição de 2020 da UNWTO. A Espanha possui um
perfil oficial no Tiktok,o “@visitSpain”.
As literaturas base foram selecionadas no Scimago Journal & Country Rank
(SJR), e por publicações entre os anos de 2020 a 2021 por ser o ano de popularização
do Tiktok. Utilizando a categoria (subject) Tourism, Leisure and Hospitality
Management, onde foram encontrados 123 periódicos para a pesquisa. Foram
priorizados os periódicos Q1, que filtrou os resultados para 30, e utilizados os 10
primeiros colocados a fim de afunilar a pesquisa. Foram utilizadas as palavras-chaves:
Tiktok, communication, innovation e social media para encontrar artigos dentro dos
periódicos, entretanto em alguns não foram encontrados nenhum artigo e foram
247
descartados, resultando em oito periódicos finais. Os resumos dos artigos foram
baixados, transferidos para o Mendeley e exportados para o Rayyan, onde foi feito a
leitura do resumo e selecionado quatro artigos para leitura na íntegra. Além disso,
foram utilizados outros trabalhos sobre comunicação e inovação que já eram de
conhecimento dos autores.
RESULTADOS
A conta da Espanha (@visitSpain) foi criada pela Turespaña, um órgão público
responsável pela gestão do turismo do país e sua promoção internacional. Apesar de
não possuir a data da criação da página e, ainda não ter sido verificada pelo TikTok, a
primeira postagem foi feita no dia 01/02/2021. Atualmente, o perfil conta com 24.900
mil seguidores e suas 60 postagens (até a data desse trabalho) somam cerca de
125.000 mil curtidas.
A página da Espanha divulga vídeos curtos sobre a culinária, arquitetura,
cultura e pontos turísticos do país. A postagem mais popular foi vista por 392 mil
pessoas, enquanto a menos popular atingiu apenas 296. A maior parte dos vídeos é
gravada em inglês, indicando a intenção do país em atingir o público internacional. No
entanto, a postagem mais curtida foi gravada em espanhol e ensina os seguidores
sobre como se deve comer uma Paella, prato tradicional no país, falando sobre arte e
faz parte das primeiras postagens do perfil.
A maior parte das publicações possui um tom de humor e utilizam uma
linguagem informal com gírias e piadas para se conectar com turistas mais jovens,
como é possível observar na figura 1.
248
Figura 1 – Print do vídeo
Fonte: visitspain
CONCLUSÃO
A inovação turística ajuda os destinos a se manterem competitivos no
mercado, fortalecendo sua reputação e aumentando a fidelidade dos turistas
(Labanauskaitė et al, 2020). De acordo com Machado et al (2009), as inovações
“surgem como uma necessidade de competitividade e adequação às tendências de
mercado”.
Dessa forma, é possível dizer que existe inovação na comunicação turística da
Espanha, visto que suas publicações realizadas na mídia social procuram atrair o
público alvo para o destino através da promoção dos seus atrativos físicos, culinários e
249
culturais com linguagem dinâmica que se adapta à plataforma, às redes sociais aonde
se faz presente.
Ao criar um perfil no TikTok, a Espanha desenvolveu uma estratégia atual na
comunicação turística, que visa acompanhar as transformações no comportamento do
consumidor, podendo alcançar uma maior parcela do seu público e fortalecer o seu
desenvolvimento. Assim, a Espanha dá mais valor ao seu produto e abre portas para
continuar inovando em seu marketing turístico a partir das TICs (Divisekera, Nguyen,
2018).
REFERÊNCIAS
Buhalis, Dimitrios. Marketing the competitive destination of the future. Tourism
Management, v. 21, n. 1, p. 97-116, 2000.
Gomes, Ewerton Lemos &, Nakatani, Márcia Shizue Massukado. A Semiótica como
metodologia de pesquisa para a análise da comunicação no turismo: estudo da Marca
Turística España. Marketing & Tourism Review, v. 4, n. 1, 2019.
Junyu Lu, Xiao Xiao, Zixuan Xu, Chenqi Wang, Meixuan Zhang & Yang Zhou (2021)
The potential of virtual tourism in the recovery of tourism industry during the COVID-19
pandemic, Current Issues in Tourism, DOI: 10.1080/13683500.2021.1959526
Lenggogeni, S., Ashton, A.S. and Scott, N. (2021), "Humour: coping with travel bans
during the COVID-19 pandemic", International Journal of Culture, Tourism and
Hospitality Research, Vol. ahead-of-print No. ahead-of-print.
https://doi.org/10.1108/IJCTHR-09-2020-0223
Räwel, J. (2021), "An allergy of society: on the question of how a societal “lockdown”
becomes possible", Kybernetes, Vol. ahead-of-print No. ahead-of-print.
https://doi.org/10.1108/K-11-2020-0797
Xin Du, Toni Liechty, Carla A. Santos & Jeongeun Park. ‘I want to record and share my
wonderful journey’: Chinese Millennials’ production and sharing of short-form travel
videos on TikTok or Douyin, Current Issues in Tourism, 2020. DOI:
10.1080/13683500.2020.1810212
251
O Design Centrado no Humano para o turismo
1
Aluna de graduação no curso de Relações Públicas na Universidade Federal do Pampa - São Borja,
Rio Grande do Sul; http://lattes.cnpq.br/6982855511184995; mariaefds2.aluno@unipampa.edu.br.
2
Pós-doutor e professor adjunto da Universidade Federal do Pampa - São Borja, Rio Grande do Sul;
http://lattes.cnpq.br/845369917522627; tiagomartins@unipampa.edu.br.
252
estímulo e duram a vida toda. Descreve, ainda, que as experiências podem ser o
resultado de observação ou participação nos acontecimentos.
Partindo dessas afirmativas, compreende-se que experiências são desejáveis
tanto para os indivíduos quanto para organizações que buscam relacionar-se com
eles. Organizações do setor de turismo ou locais com potencial para turismo e
visitação precisam oferecer caminhos aos indivíduos que os levem a uma experiência
personalizada e memorável, permitindo-o ser o protagonista de sua própria vivência. É
importante considerar que o turista ou visitante não deseja se adaptar aos roteiros
existentes, mas deseja que os produtos se adaptem às suas necessidades, que vão
desde sua cultura até orçamento, tempo e qualidade (MIRANDA, 2013).
Outro fator apontado por Pezzi e Viana (2015, p. 177) através de pesquisas
empíricas, é o entendimento que a “experiência turística não pode ser enquadrada em
dimensões únicas, e sim, deve ser adaptada a cada viagem e destino”. Dessa forma,
além de se considerar o destino, deve-se considerar, também, o próprio indivíduo, seu
contexto, necessidades e desejos.
A partir do exposto, delinear uma experiência turística não se trata unicamente
de uma vantagem competitiva, mas de uma exigência de indivíduos que, cada vez
mais, prezam por vivências únicas. Potencializar o relacionamento com esses
indivíduos pode se tornar possível a partir da utilização de métodos que buscam
compreender as necessidades e desejos dos públicos, bem como convidá-los para
participar da projeção de sua própria experiência.
Assim sendo, torna-se necessário agregar outras áreas do conhecimento para
que seja possível desenhar uma experiência turística centrada no indivíduo. Nesse
sentido, tornam-se aliadas áreas como as Relações Públicas, que são responsáveis
pelo gerenciamento do relacionamento entre uma organização e seus públicos e por
isso precisa buscar conhecê-los a fundo, uma vez que o relacionamento é a essência
da atividade (DREYER, 2017); e a Tecnologia da Informação, que possui métodos,
como, por exemplo, o Design Centrado no Humano, que propõe a construção de
253
artefatos a partir da compreensão das necessidades e expectativas dos indivíduos,
através do envolvimento humano (KRIPPENDORFF, 2000).
O Design Centrado no Humano surge a partir da observação de que o
indivíduo não responde às qualidades físicas das coisas, mas ao que elas significam
para ele (KRIPPENDORFF, 2000). Isso ocorreu a partir de uma mudança de
paradigma na década de 1950, na qual os produtos passaram a ser percebidos como
bens, não considerando apenas seus aspectos funcionais. Dessa forma, o design
começou a ser visto como um amplificador daquilo que o indivíduo valoriza (AGRE,
2000). Portanto, torna-se necessário compreender quais os significados que os
indivíduos estão atribuindo a determinado objeto ou serviço. E é no centro dessas
afirmações que encontra-se o DCH, uma vez que o método surge quando os objetos e
suas funcionalidades não são mais o foco, mas como os indivíduos veem, interpretam
e vivem com os artefatos (KRIPPENDORFF, 2000).
Para desenvolver produtos, serviços ou artefatos centrados no humano é
necessário o envolvimento humano em todo o processo. Projeta-se com a participação
dos indivíduos, uma vez que ele é o protagonista. Assim, o artefato é produzido
considerando as experiências e necessidades dos indivíduos, objetivando utilizar
esses aspectos como premissa para elaborar um artefato e enriquecer o projeto
(POSTMA et al, 2012).
Face ao exposto, este trabalho pretende articular o Design Centrado no
Humano (DCH) com o turismo, buscando compreender como esse método pode
auxiliar na ampliação da experiência turística. Vale dizer que trata-se de uma
compreensão inicial de uma proposta que está sendo desenvolvida no projeto de
extensão da Universidade Federal do Pampa (Unipampa) em parceria com a
Universidade Federal de Santa Maria (UFSM), chamado “Destinos Turísticos
Inteligentes e Comunicação para o Geoparque Quarta Colônia (aspirante Unesco)”,
que objetiva criar produtos comunicacionais que permitam ampliar a experiência
turística no projeto aspirante Unesco Geoparque 4ª Colônia.
254
A metodologia utilizada no projeto será, inicialmente, levantamento
bibliográfico e documental acerca do Geoparque, do Turismo e de métodos centrados
no humano, com intuito de embasar a proposta do trabalho. Além disso, buscar-se-á,
através de pesquisa e grupo focal, delinear um perfil dos visitantes do Geoparque 4ª
Colônia (aspirante Unesco) para que, posteriormente, ao utilizar etapas do método
design centrado no humano, seja possível a criação de personas, definição do mapa
da empatia e da jornada do usuário, que irão auxiliar na compreensão dos públicos
para ampliar suas experiências na visita ao Geoparque.
Em suma, e conforme já apontado, o turista deseja ser o protagonista de sua
viagem, tendo suas expectativas e necessidades supridas para que, por fim, possa
viver uma experiência memorável. Nesse sentido, para que organizações do setor de
turismo e locais destinados à visitação possam se relacionar com os públicos e, de
fato, proporcionar o que desejam, é essencial compreender o que o indivíduo precisa e
almeja. E é nesse contexto que o Design Centrado no Humano pode ser um aliado,
uma vez que seu processo busca o envolvimento e participação do humano,
reconhecendo suas necessidades e expectativas. Assim sendo, ao compreender
aquilo que o turista deseja e necessita, é possível desenhar uma experiência que o
leve a ter momentos memoráveis.
REFERÊNCIAS
AGRE, Philip E. Notes on the New Design Space. Los Angeles: Red Rock Eater
News Service, 2000. Disponível em: <https://pages.gseis.ucla.edu/faculty/agre/design-
space.html#footnote10>. Acesso em: 25 ago 2021.
255
KRIPPENDORFF, Klaus. Propositions of human-centeredness; A philosophy for
design. 2000. Disponível em:
<https://repository.upenn.edu/cgi/viewcontent.cgi?article=1216&context=asc_papers>.
Acesso em: 11 ago 2021.
256
Turismo: Micropolítica ativa e reativa
Karen Dannenhauer 1
Maria Luiza Cardinale Baptista 2
Resumo: Presente estudo tem como objetivo refletir, a partir das narrativas midiáticas
na plataforma do YouTube, sobre a relação entre o Turismo, a Comunicação e a
Micropolítica, considerando agenciamentos de LGBTQIA+ e negros. Turismo e
Micropolítica estão sendo estudados com base na Esquizoanálise, com Deleuze e
Guattari (1995), Guattari (1985), Guattari e Rolnik (2000) e Rolnik (2006 e 2018). O
Turismo fundamenta-se na abordagem complexa ecossistêmica, de Beni e Moesch
(2017) e Baptista (2020). Para Comunicação, pauta-se na produção de Peruzzo
(1986), Baptista (2004) e Sodré (2002). Como resultados parciais de uma pesquisa
ainda em curso, pode-se perceber que as narrativas midiáticas ora estão mais
vinculadas à micropolítica ativa, ora à micropolítica reativa, ou seja, oscilando.
Entretanto a micropolítica que prevalece nas narrativas midiáticas é a micropolítica
reativa.
1
Acadêmica de Comunicação Social com habilitação em Relações Públicas na Universidade de Caxias
do Sul; Caxias do Sul/RS; Lattes: http://lattes.cnpq.br/8535592066911019; E-mail:
kadannenhauer2@gmail.com.
2
Pós-doutora em Sociedade e Cultura da Amazônia (Universidade Federal do Amazonas-UFAM).
Doutora em Ciências da Comunicação (Universidade de São Paulo-USP), professora de Pós-
Graduação em Turismo e Hospitalidade (Universidade de Caxias do Sul-UCS). Coordenadora do
Amorcomtur! Grupo de Estudos e Produção em Comunicação, Turismo, Amorosidade e Autopoiese
(CNPq-UCS). Lattes: http://lattes.cnpq.br/2996705711002245; E-mail: malu@pazza.com.br.
257
caso deste texto, a proposta é apresentar reflexões a partir de observações
sistemáticas de veiculações no YouTube.
Uma das plataformas na Internet que, de certa maneira, possibilita a
divulgação/proliferação de ideias, reflexões e questionamentos é a plataforma do
YouTube. O YouTube é uma plataforma de compartilhamento de vídeos, criada por
Chad Hurley, Steve Chen e Jawed Karim, em 2005, e adquirida pelo Google em 2006.
Vem sendo ultimamente utilizada como ferramenta para difusão de informações,
exposição de ideias, modos de viver, opiniões, reflexões, etc. dos sujeitos, seja por
meio de reportagens, entrevistas, etc. produzidas por jornais, revistas, emissoras de
televisão, organizações sociais, governos estaduais, institutos, empresas, etc. que
possuem canais no YouTube ou por vídeos produzidos pelos sujeitos LGBTQIA+ e
negros em seus canais no YouTube, com transmissões ao vivo ou o vídeo, editado e
anexado na plataforma.
Vale ressaltar que as plataformas digitais atualmente priorizam o lucro,
elaborando estratégias de Marketing, divulgação massiva de anúncios, pela utilização
da lógica algorítmica, pela exploração dos criadores de conteúdo na plataforma, que,
cada vez mais, devem estar de acordo com as exigências das plataformas,
etc. Partindo desse cenário, a relação entre Turismo, Comunicação, LGBTQIA+ e
negros e a Micropolítica foi tomando corpo e é o que pretendemos, de certa maneira,
expor com este trabalho.
O desenvolvimento desta pesquisa está sendo feito pela estratégia
metodológica Cartografia de Saberes, de Baptista (2014), que é trabalhada no e pelo
Amorcomtur!. A trama de trilhas investigativas da Cartografia dos Saberes, proposta
por Baptista (2014), é composta por quatro trilhas: Trilha dos Saberes Pessoais, Trilha
dos Saberes Teóricos, Usina de Produção e Dimensão Intuitiva da Pesquisa. O
acionamento de cada trilha é simultâneo e sua operacionalização vai depender do
encaminhamento de cada pesquisa e de cada pesquisador.
Na trilha dos Saberes Pessoais, são produzidos textos de relatos e dos
saberes pessoais da pesquisadora. Na trilha dos Saberes Teóricos, é elaborado um
258
levantamento bibliográfico sobre os temas da pesquisa, contando também com
produção de textos sínteses dos livros e artigos lidos e trabalhados na produção da
pesquisa. Na terceira trilha, a Usina de Produção, como a pesquisa tem caráter
exploratório, foi feita seleção das palavras-chave, como: Turismo e LGBT; Turismo e
negros; Turismo LGBT e Afroturismo para a pesquisa na plataforma do YouTube. A
partir da procura de vídeos por meio das palavras-chave, ocorreu a seleção de vídeos.
A seleção levou em consideração o título e a duração de cada vídeo, ou seja, vídeos
que tinham nos títulos a palavra Turismo e que tivessem menos de uma hora de
duração. Os vídeos selecionados foram assistidos e analisados. Até o momento, foram
assistidos e analisados 41 vídeos. Na trilha Dimensão Intuitiva da Pesquisa, estão
sendo feitas anotações de pensamentos ‘picados’ que surgem no decorrer da
pesquisa e fora dela, de textos referentes ao referencial teórico e do conteúdo
presente nos vídeos.
Com base na Esquizoanálise e a partir de pesquisas vinculadas ao
Amorcomtur!, partimos da proposição de que o fenômeno do Turismo é produtor de
subjetividades. Para Guattari e Rolnik (2000, p. 31)
259
de informações e diferente do fenômeno da midiatização, que, para Sodré (2002, p.
21)
260
jamais dominam totalmente a orientação do desejo, nem existem em estado puro.”.
Entretanto, a micropolítica que prevalece nas narrativas estudadas é a micropolítica
reativa. Há a predominância do interesse, nas narrativas, de desenvolver o Turismo a
partir de sua rentabilidade, ou seja, que parte da perspectiva de como o Turismo LGBT
e o Turismo afro podem ser rentáveis ao mercado/setor do Turismo, mas que não se
esgota apenas nele.
Já a micropolítica ativa aparece nas narrativas estudadas quando, a partir do
Turismo, busca-se desenvolver espaços mais acolhedores e que tenham como fim
último os sujeitos envolvidos nos processos turísticos. Isso implica desde o turista ou/e
morador local a toda biosfera envolvida.
No caso do Turismo afro, a micropolítica ativa aparece, nas narrativas, quando
se fala que este Turismo pretende resgatar a memória negra, por meio da inclusão em
roteiros turísticos dos espaços negros, comunidades quilombolas, museus afro e afro-
brasileiros, do interesse em desmistificar países africanos, etc.
REFERÊNCIAS
BAPTISTA, Maria Luiza Cardinale. ‘STAMOS EM PLENO MAR’! Reflexões sobre
tempos de pandemia Covid-19, considerando a trama de ecossistemas turístico-
comunicacionais-subjetivos. Cenário: Revista Interdisciplinar em Turismo e
Território, Brasília, v. 8, n. 15, p. 7-22, out. 2020. Disponível em:
https://periodicos.unb.br/index.php/revistacenario/article/view/32698/26645. Acesso
em: 20 jul. 2021.
261
BENI, Mario Carlos; MOESCH, Marutschka Martini. A teoria da complexidade e o
ecossistema do turismo. Turismo - Visão e Ação, Balneário Camboriú, v. 19, n. 3, p.
430-457, set./dez. 2017. Disponível em:
https://siaiap32.univali.br/seer/index.php/rtva/article/view/11662/6706. Acesso em: 20
jul. 2021.
DELEUZE, Gilles; GUATTARI, Félix. Mil platôs: capitalismo e esquizofrenia: vol. 1. Rio
de Janeiro: Editora 34, 1995.
ROLNIK, Suely. Esferas da Insurreição: Notas para uma vida não cafetinada. São
Paulo: n-1 edições, 2018.
262
Influência do audiovisual nos turistas brasileiros: o papel
dos doramas
INTRODUÇÃO
O turismo, antes visto apenas como desejos de visitar locais por sua natureza
ou por pontos turísticos conhecidos ganhou um novo significado com o elevado
consumo de séries e filmes, principalmente após o surgimento das plataformas de
streaming 3, o chamado turismo cinematográfico definido por Melo e Körössy (apud
HUDSON; RITCHIE, 2006, p. 6) “como um segmento cuja principal motivação é a
visitação de destinos e atrações relacionados a determinadas produções audiovisuais,
1
Discente do curso de Bacharelado em Turismo ; Universidade Federal Fluminense - UFF; Niterói, Rio
de Janeiro. Lattes: http://lattes.cnpq.br/4187777402490932. E-mail: millenaeirim@id.uff.br.
2
Professora Associada do Departamento de Turismo. Universidade Federal Fluminense, Niterói, RJ.
Lattes: http://lattes.cnpq.br/7899304734293116. E-mail: karlagoy@id.uff.br
3
Tecnologia de transmissão de dados pela internet, principalmente aúdio e vídeo, sem a necessidade
de baixar o conteúdo.
263
principalmente filmes produzidos para o cinema e séries televisivas”. Esse novo
segmento turístico aborda roteiros baseados em filmes e séries, ganhando o nome de
Turismo Audiovisual, sendo definida por Vila como (apud CAMPOS; FRAIZ, 2010, p. 2)
“ Atividade de lazer vinculada a localizações geográficas relacionadas ao cinema”.
Nesse novo segmento vemos a chegada dos doramas - termo referente a
“drama” em japonês, assemelham-se a novelas e séries -, que abordam temas como
problemas sociais como sexismo, xenofobia e padrões de beleza, que a sociedade sul
coreana. Percebe-se então, de modo sucinto, que os doramas, ao se popularizarem
pelo mundo, funcionam como mecanismo de reafirmação de símbolos poderosos em
cada nação, tomando para si enorme poder de influenciar uma pessoa ou um grupo no
momento da sua tomada de decisão na escolha de seu próximo destino turístico
(MINISTÉRIO DO TURISMO, 2007), criando uma nova nomenclatura chamada set-
jetters - definida como pessoa que visita um lugar em particular porque este apareceu
em um filme ou livro.
Assim, para compreender melhor este estudo, a pergunta norteadora desta
pesquisa é “Até que ponto as produções de doramas podem levar potenciais turistas a
optarem pela Coreia do Sul como destino turístico?”, questionamento esse que nos
permitirá alcançar nosso objetivo de compreender como o audiovisual possui ligação e
influência direta no Turismo, sendo uma das principais ferramentas da atualidade na
divulgação e promoção de destinos turísticos e por ser capaz de abarcar diferentes
públicos. Para obter tais resultados utilizou-se uma metodologia de natureza
quantitativa, para que fosse capaz entender o panorama da análise.
ASPECTOS METODOLÓGICOS
Inicialmente realizou-se um apanhado bibliográfico acerca do assunto para
reunir base para a construção teórica e o embasamento para a realização da
pesquisa. Com o objetivo de investigar acerca do interesse de consumidores de
doramas quanto a viajar para a Coreia do Sul, realizou-se uma pesquisa de cunho
quantitativo utilizando um questionário através da ferramenta do Google Forms. O
questionário esteve disponível para preenchimento, para o público que se relacionasse
com a temática, , entre os dias 17 de agosto de 2021 e 24 de agosto de 2021,
utilizamos como método de replicação a técnica da bola de neve (NETQUEST, 2015).
Para realizar o levantamento das informações foram utilizados
questionamentos com opções de múltiplas respostas que buscaram: a) abordar se as
produções audiovisuais, com foco nos doramas, corroboraram para gerar interesse em
potenciais turistas; b) em qual faixa etária e gênero esse interesse apresenta maior
266
relevância; c) a origem do desejo de ter a Coreia do Sul como destino turístico. O
tempo estimado para o preenchimento do questionário foi de 5 minutos.
Estima-se que a população brasileira pertencente a esse estudo seja
aproximadamente 1 milhão de pessoas. Com o intuito de se obter uma amostra
passível de análise para essa pesquisa foram recolhidas 125 respostas sendo 116
consideradas válidas.
RESULTADOS
Como resultado obtido a pesquisa apresenta a concentração de mais
mulheres, onde a faixa etária dos 15 aos 25 representa mais de 80% dos interessados.
O consumo de produções audiovisuais correspondem a 94% do motivador para as
viagens até a Coreia. Quando questionados sobre os motivos pelos quais possuem
interesse em visitar para a Coreia do Sul, temos em destaque as produções
audiovisuais e, logo em seguida, cultura e música, presentes e valorizados também
nesses projetos. Dentre as produções audiovisuais, um pouco mais de 57% tem no
dorama seu principal vetor de incentivo, seguido de clipes e músicas com cerca de
15% cada.
Os dados coletados demonstram que o consumo dos doramas gera um
enorme interesse e um enorme fluxo de turistas nesse país anualmente. Algumas
questões se apresentam como empecilhos, a questão monetária, bem como a
distância do país, referente ao grandes centros emissores de turistas, impedindo-o de
ocupar uma posição superior no ranking de países mais visitados do mundo. Através
dos fatos supracitados acima concluímos que essa pesquisa une as áreas de turismo
e das produções audiovisuais corroborando para explicitar o interesse e a
movimentação econômica gerada por meio dessa relação. Portanto, principalmente
num cenário pós COVID-19, estima-se que o investimento nesta modalidade turística
possa vir a se tornar um grande meio de retomada dessa atividade.
267
REFERÊNCIAS
MELO, Priscila F. C.; KÖRÖSSY, Nathália. Estratégias para o desenvolvimento do
turismo cinematográfico: Um guia prático. Universidade Federal de Pernambuco,
2021. Disponível em:
<https://repositorio.ufpe.br/bitstream/123456789/40275/4/UFPE_Estrategias%20para%
20o%20Desenvolvimento%20do%20Turismo%20Cinematografico.pdf>. Acesso em:
24. Julho. 2021.
MARQUES. Ana Flávia. Brasil é o 3o país do mundo que mais consumiu doramas na
pandemia. O POVO Disponível em:
<https://www.opovo.com.br/vidaearte/2021/08/10/brasil-e-o-3-pais-do-mundo-que-
mais-consumiu-doramas-na-
pandemia.html#:~:text=O%20estudo%20revela%20que%20o,de%20audi%C3%AAncia
%20dos%20doramas%20coreanos.>. Acesso em: 1. agosto. 2021.
TROLAN, Joe. A look into Korean popular culture and its tourism benefits. International
Journal of Educational Policy Research and Review, Jornal Issues, v. 4, n. 9, p. 203–
209, 2017. Disponível em: <https://journalissues.org/wp-
268
content/uploads/2017/09/Trolan.pdf>. Acesso em 1. agosto. 2021
OCHOA, Carlos. Amostragem não probabilística: Amostra por bola de neve. Netquest,
2015. Disponível em: < https://www.netquest.com/blog/br/blog/br/amostra-bola-de-neve
>. Acesso em: 1 de agosto de 2021.
269
Roda de Conversa 10: Temas Emergentes
Resumo: O turismo virtual em museus em ambientes digitais é uma prática que vem
crescendo nos últimos anos causando discussões acerca do seu conceito e do seu
grau de influência sobre as pessoas em relação ao seu uso e a visitação física. Dessa
forma, este artigo tem como objetivo trazer um panorama da situação, entender a
percepção do visitante online e as mudanças no seu comportamento no que diz
respeito à visitação física. Para tal, a metodologia utilizada foi a pesquisa bibliográfica
de natureza quali-quantitativa, tendo dados coletados por meio de formulários. De
forma geral, partiu-se do pressuposto que a modalidade do chamado “museu virtual”
foi uma forma de entretenimento durante a pandemia, pois, na impossibilidade de o
turismo e as atividades de lazer ocorrerem de forma presencial, pessoas optaram por
meios digitais como uma nova forma de lazer. Assim, o turismo sob a forma virtual,
tem sido uma alternativa enquanto perduraram as restrições da pandemia.
INTRODUÇÃO
Em virtude da pandemia de coronavírus (COVID-19) causada pelo vírus
SARS-CoV – uma das situações mais críticas da história recente em termos de
doenças infecciosas – governos de vários países optaram por decretar quarentena
numa tentativa de reduzir a velocidade de transmissão do vírus. Nesse sentido,
tomando como pressuposto que o turismo é uma atividade que consiste no
1
Graduanda em Turismo; Universidade Federal Fluminense – UFF; Niterói - Rio de Janeiro; Currículo
Lattes: http://lattes.cnpq.br/8976987787718178; E-mail: gabrieladias@id.uff.br.
2
Graduanda em Turismo; Universidade Federal Fluminense – UFF; Niterói - Rio de Janeiro; E-mail:
hayanifontella@id.uff.br.
3
Mestrando em Turismo; Programa de Pós-graduação em Turismo – UFF; Niterói - Rio de Janeiro;
http://lattes.cnpq.br/8475907078111774; E-mail: alisonsapienza@id.uff.br
270
deslocamento de pessoas, foi um dos setores mais afetados em decorrência das
medidas restritivas, refletindo em outros setores da economia e fazendo com que
tivesse que se reinventar em vista do contexto de pandemia.
Desse modo, os museus no âmbito virtual, existem já há alguns anos como
uma alternativa para que as pessoas pudessem ter acesso à cultura e lazer sem a
necessidade de deslocamento. Porém, isso aponta para algumas questões que já vem
sendo discutidas desde que a modalidade começou a ser popularizada: o usuário,
após fazer visitas virtuais, perderá o interesse em visitar o museu presencialmente? e,
a modalidade do museu virtual poderá servir como uma maneira de despertar um
interesse maior em fazer a visita a esse museu além do ambiente virtual?
Museus em ambientes virtuais são um espaço de conhecimento e interação
online, onde pessoas podem ter um contato com o patrimônio de um museu físico.
Também é conhecido como Museu online, Museu eletrônico, Hypermuseu,
Cybermuseu ou Museu da Web. Serve como um complemento para o museu da forma
tradicional que conhecemos e uma forma de pessoas sem acesso ao museu físico se
familiarizar com o acervo.
Este artigo visa analisar as perspectivas dos visitantes aos museus de forma
virtual na pandemia, apresentando a situação enfrentada. Buscamos compreender,
portanto, 1) qual é a perspectiva dos visitantes em relação à essa modalidade e 2) se
modalidade despertou algum interesse para a visitação presencial do museu.
A metodologia adotada foi a da pesquisa bibliográfica e documental com
abordagem quali-quantitativa. Fora entrevistas pessoas pela internet por meio do
formulário online Google Forms, com o intuito de entender como foi a experiência dos
visitantes sobre o assunto abordado.
REFERENCIAL TEÓRICO
No intuito de nortear a pesquisa, tomou-se como base o conceito de turismo
virtual. Portanto, Godoy (2004) destaca que o turismo virtual pode ser entendido como
uma “viagem” a destinos que podem ou não existir concretamente e que é feita por
271
meio de recursos tecnológicos, tais como mídias interativas, internet e computação
gráfica. Por conseguinte, o autor relaciona o turismo virtual a “viagens”, que podem ser
feitas para qualquer local, buscando uma experiência, uma reflexão ou outros fatores
sobre determinado destino, que podem ser um museu, uma galeria cultural ou um tour
por outros países, pois o turismo equivale não só ao deslocamento de pessoas, mas
também de maneiras virtuais, sendo assim uma maneira de fazer com que os
visitantes tenham um conhecimento sobre o assunto.
A pesquisa ancorou-se no conceito museu em ambientes virtuais. Nesse
sentido, o conceito de Museu Virtualizado ainda é relativamente novo, assim como
todos os serviços possibilitados pela internet, além de pouco discutido teoricamente. O
termo surgiu no século XX, a partir da década de 90, quando o mundo virtual ainda
avançava a passos curtos. Inicialmente, o propósito de sites de museus, era de levar
informações acerca da instituição, como datas, horários, eventos e conteúdo sobre o
acervo, mas com a modernização foi possível uma interação maior entre o Museu e o
público, e agora temos galerias online.
A partir disso, suscita-se o entendimento no que diz respeito as tipologias
de museus. Há uma grande discussão acerca da definição de museu em um ambiente
virtual, sendo este um conceito recente que vai adquirindo diversas formas, com outros
nomes ao passar dos anos. Segundo Schweibenz (1998) o conceito de museu
virtualizado está sempre em construção, e pode nos confundir com as outras
denominações, tais como: museu eletrônico, museu digital, museu on-line, museu
hipermídia, meta-museu, museu cibernético, cibermuseu e museu no ciberespaço.
Os avanços tecnológicos mudam completamente a forma de interações e
construções de meios virtuais, mas nem todas as denominações de museus são as
mesmas. Dessa forma, o cibermuseus tem seguimento atrelado a digitalização de
espaços físicos, que é capaz de ser funcional com mídias rígidas, como CD ROM'S e
DVD’s, no entanto pode ser assemelhado a cibercultura (LEMOS, 1999).
A cibercultura exalta novas formas, jeitos, ideias de se demonstrar ao público,
por estar em um ambiente virtual, a cibercultura funciona como um produtor de
272
conteúdo, conhecimentos e elementos para a comunicação virtual. Além disso, as
mídias sociais são uma base para que novas maneiras de interação e memórias
estejam acessíveis para as pessoas (BARROS, 2011).
METODOLOGIA
Para o alcance dos objetivos e resposta as indagações, foi realizada uma
pesquisa por meio digital com uso do formulário online Google Forms.
Os dados coletados tiveram como objetivo entender a percepção dos visitantes
de museus virtuais, compreender qual é o perfil desses visitantes, assim como saber
até que ponto o museu de forma na modalidade virtual se torna uma alternativa ao
museu físico.
A etapa de planejamento da pesquisa buscou primeiramente identificar quais
os pontos necessários para começar a pesquisa e a forma de obter os resultados reais
de forma clara. Chegou-se à conclusão de que um formulário aplicado pela internet,
feito no Formulários Google, seria a melhor opção, considerando o momento de
pandemia.
A escolha das perguntas gerais se deu para conhecer o tipo de perfil que
estava sendo questionado, por exemplo: faixa etária, escolaridade e gênero. Para as
perguntas específicas foi, previamente, realizada uma pesquisa de documental para
saber o que é encontrado no objeto de estudo e com base nessa pesquisa, foi possível
criá-las. A coleta das informações obtidas foi feita individualmente e o formulário
aplicado pelas redes sociais: Facebook, Twitter e em grupos de Whatsapp. O
preenchimento foi realizado por pessoas que visitaram museus virtuais, no período da
pandemia, e ficou disponível para respostas entre os 10 e 12 de novembro de 2020.
RESULTADO E DISCUSSÃO
Por meio do formulário feito no Google Forms, recebemos 103 respostas, que
foram usadas para identificar a percepção dos visitantes sobre museus virtuais. Uma
273
das conclusões chegadas foi que a maioria das pessoas não visitam os museus online
na pandemia. De 103 participantes, apenas 37 responderam que já utilizaram algum
museu de forma virtual durante a pandemia. Dessa forma, apenas 37 respostas foram
levadas em consideração como objeto de estudo.
Os respondentes, em sua maioria (81,1%) eram do gênero feminino. Das 37
pessoas que responderam 30 estão cursando ou já cursaram o ensino superior. As
faixas etárias foram pouco diversificadas, sendo as com maior porcentagem de
respondentes “18 e 35 anos” e ‘’26 e 45 anos”. Foi percebido que os respondentes
eram os mais jovens.
A primeira pergunta sobre percepção foi sobre se o usuário sente, da mesma
forma a experiência, tanto na modalidade virtual do museu, quanto no museu físico. E
apenas duas pessoas, das 37 que responderam, afirmaram que a experiência é
semelhante. Também foi perguntado aos visitantes se eles concordavam que as
pessoas iriam perder o interesse em visitar o museu físico, e foi praticamente unânime
a discordância. Outra questão de igual importância foi se as pessoas se sentiram
estimuladas a visitar um museu físico, e das 37 pessoas que responderam, 34
disseram que foram encorajados a fazer uma visita pessoalmente.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
274
pandemia, a experiência consegue alcançar o objetivo de entreter e divertir, sem tirar o
propósito do museu físico, servindo como um estímulo à sua visitação.
REFERÊNCIAS
GODOY, A. M. A Opinião pública: uma construção a partir da aliança entre o turismo e
a internet. Revista Partes, Brasil, 2004.
275
As inovações tecnológicas em hotéis no contexto
pandêmico da Covid-19: um estudo das redes hoteleiras na
cidade do Rio de Janeiro
Thamata Marini Grossi da Silva 1
Mariana Pires Vidal López 2
INTRODUÇÃO
Em 11 de março de 2020, a Organização Mundial da Saúde (OMS) declarou a
pandemia da Covid-19. Como setor do turismo é considerado de ‘alto contato físico’
por ter a sua prestação de serviço dependente da interação entre pessoas em
ambientes físicos (Bitner, Brown & Meuter, 2000), este foi paralisado devido às
medidas de distanciamento social e proibições de viagens a fim de evitar a
propagação do vírus (Zeng, Chen & Lew, 2020). Isto ocasionou a suspensão e o
1
Graduanda em Hotelaria; Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro; Seropédica – Rio de Janeiro;
Lattes: http://lattes.cnpq.br/1348620825273942; E-mail: thamy.marini@gmail.com
2
Doutora em Administração e Turismo; Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro; Seropédica – Rio
de Janeiro; Lattes: http://lattes.cnpq.br/4227513007041165; E-mail: marividal@ufrrj.br
276
adiamento de viagens e eventos presenciais, desencadeando a diminuição
significativa das taxas de ocupação dos hotéis.
Para atravessar este momento pandêmico, houve uma necessidade dos hotéis
reavaliarem as práticas comerciais e desenvolverem estratégias inovadoras que
protejam a saúde e a segurança dos hóspedes e funcionários objetivando restaurar a
confiança das partes interessadas. (Sharma, Shin, Santa-María, Nicolau, 2021).
Segundo Ivanov, Webster, Stoilova e Slobodskoy (2020), para gerenciar a crise da
Covid-19 torna-se necessário o fornecimento de tecnologia de automação às
empresas relacionadas ao turismo a fim de mitigar os impactos negativos das
ameaças de biossegurança em seu desempenho econômico, sobretudo no
gerenciamento de receitas. Nesta perspectiva, a presente pesquisa teve como objetivo
identificar as inovações tecnológicas adotadas em hotéis que pertencem a redes
nacionais e internacionais na cidade do Rio de Janeiro durante a pandemia da Covid-
19. A relevância do estudo está em discutir como a inovação tecnológica pode ser uma
ferramenta a trazer benefícios para o setor hoteleiro no cenário pandêmico e pós
pandêmico.
METODOLOGIA
A presente pesquisa adotou a abordagem qualitativa, de caráter exploratório-
descritivo. Como técnicas de coleta de dados a fim de obter a compreensão da
investigação proposta, utilizou-se a revisão bibliográfica de cunho qualitativo
(investigando textualmente os sentidos atribuídos aos textos e selecionando os
estudos que abordavam temas e assuntos sobre inovação tecnológica na hotelaria e
Covid-19), a pesquisa virtual e entrevistas semiestruturadas com gestores dos hotéis
das redes nacionais e internacionais da cidade do Rio de Janeiro.
277
RESULTADO E DISCUSSÕES
A primeira etapa da pesquisa consistiu em um levantamento bibliográfico que
adotou nove recortes e critérios para nortear a revisão de literatura, proporcionando a
avaliação de 287 artigos, dentre os quais dez foram aproveitados por se adequar à
temática proposta, supondo que a escassez de artigos deve-se ao fato de se tratar de
um contexto recentemente estudado. Em relação aos resultados mais expressivos, foi
possível identificar que a pandemia acelerou a aceitação do serviço de robôs (Kim,
Kim, Badu, Giroux & Choi, 2021); e que neste contexto identifica-se a implementação
de streaming, tecnologia 5G, Wifi 6, reconhecimento facial, inteligência artificial e robôs
(Lau, 2020). Observa-se que a maior parte das pesquisas empíricas foi realizada em
países asiáticos. Ressalta-se que determinados países do continente asiático tem uma
cultura e política de alto investimento em tecnologia comparado aos outros
continentes. Podendo justificar a presença de estudos empíricos sobre avanços
tecnológicos na hotelaria tão expressivamente na Ásia.
Na segunda etapa da pesquisa, que consistiu no levantamento de dados
através de pesquisa virtual a respeito das redes hoteleiras na capital carioca,
identificou-se a presença de 39 redes hoteleiras no município. Desse total, apenas 31
redes disponibilizaram os protocolos referentes à prevenção da Covid-19 em seus
sites. Observa-se que as implementações referentes à inovação tecnológica nas redes
hoteleiras são recorrentes e se restringiram à: a) uso de sistemas de check-in e chek-
out móvel/sem contato físico; b) sistemas de robô de limpeza com tecnologias
avançadas para desinfecção aprimorada (ex: pulverizadores eletrostáticos, tecnologia
de luz ultravioleta, etc.); c) utilização de aplicativos em diferentes setores (recepção,
governança, A&B); d) uso de QR Code.
A terceira etapa da pesquisa realizou entrevistas semiestruturadas feitas com
18 gestores de 16 redes de hotéis atuantes no município do Rio de Janeiro. No
quadro 1 apresenta algumas considerações dos entrevistados a respeito das principais
ferramentas da inovação tecnológicas nas redes hoteleiras.
278
Quadro 1 – Resumo dos principais resultados das entrevistas com gestores.
OBJETIVO DAS PERGUNTAS PRINCIPAIS OBSERVAÇÕES
Uso de tecnologias limitado aos sites, com serviços de reserva
Avaliar qual o nível de
online e chats virtuais / Uso inteligente dos sistemas
tecnologia que era
operacionais, favorecendo o armazenamento de informações
disponibilizado para os
dos hóspedes para aumentar a satisfação destes / Entrada nos
clientes internos e externos
quartos por cartões magnéticos / Aplicativo dedicado à eventos /
antes da pandemia ser
Uso de whatsapp para interação de equipes e distribuição de
decretada.
tarefas / Aplicativos próprios para operações em 2 redes.
70% dos entrevistados reconhecem que o advento da
Verificar a percepção dos
pandemia impulsionou o uso de tecnologias em seus
entrevistados em relação à
estabelecimentos / Comprometimento com avanços
tecnologia que estava sendo
tecnológicos antes do início da pandemia citado por uma rede /
implementada nos hotéis e o
Aproximadamente 50% das redes aperfeiçoaram as ferramentas
impulso em seu uso após a
tecnológicas que já utilizavamo / Uso efetivo de QR Code em
pandemia.
80% das redes entrevistadas.
80% dos entrevistados comprovam que mudanças tecnológicas
Equiparar a eficiência do hotel
são eficientes, exemplificando com ações como: assinatura
à eficiência das tecnologias
digital; diminuição de impressão de papelaria devido ao uso de
usadas em operações e
QR Code / Uso contínuo de whatsapp em operações /
especificar algumas rotinas
Ressalvas negativas para uso ferramentas tecnológicas para
que envolvem uso de
sanitização dos quartos. / Foi citado o uso de aparelho
tecnologias.
ultravioleta portátil para desinfecção de cartões magnéticos
Jovens com menos de 35 anos são os mais acomodados às
Entender a interação do
mudanças / Pessoas de mais idade demonstram dificuldade de
hóspede com as tecnologias
aceitação / Apenas 20% dos entrevistados notaram em seus
disponíveis para uso.
hóspedes a preferência integral por ferramentas tecnológicas.
279
45% dos entrevistados pontuaram que houve possibilidade de
implementar inovações tecnológicas com recursos disponíveis
Entender o investimento
advindos de investimentos internacionais / Apenas 2 redes
financeiro que cada rede de
incorporaram mudanças significativas que envolvem tecnologias
hotéis foi capaz de assumir.
/ 35% dos entrevistados sinalizaram não ter nenhuma condição
de fazer investimentos financeiros.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Esta pesquisa teve como objetivo identificar as inovações tecnológicas
implementadas nos hotéis de redes nacionais e internacionais na cidade do Rio de
Janeiro e alguns dos desdobramentos da rotina destes empreendimentos
consequentes do uso, ou da ausência de uso, destas tecnologias.
Destaca-se que o advento da pandemia impulsionou o uso de tecnologias nos
empreendimentos hoteleiros, porém, que existe uma grande disparidade de
investimento no uso destas tecnologias, dependendo da rede - nacional ou
internacional – e do setor do hotel.
Foi possível verificar que uso de tecnologias voltadas para sanitização e
desinfecção são limitados, tendo maior prevalência o uso de tecnologias voltadas para
interações com os hóspedes e atendimento às suas necessidades.
Observa-se que redes hoteleiras que não possuem tradição em avanços
tecnológicos acabam perdendo espaço em competitividade. Para que os investimentos
280
tecnológicos alcancem seu desempenho efetivo são necessários treinamentos
voltados para as necessidades dos colaboradores em se adaptar.
Além disso, é importante que a tecnologia seja usada de forma inteligente para
que a essência da hospitalidade não se perca frente ao distanciamento social, sendo
uma prioridade o equilíbrio da necessidade de segurança do hóspede com o
acolhimento característico do calor humano.
REFERÊNCIAS
BITNER, Mary Brown; MEUTER, Mathew. Technology infusion in service encounters.
Journal of the Academy of Marketing Science, volume 28, n. 1, p. 138–149, 2000.
Disponível em: https://doi.org/10.1177/0092070300281013
LAU, Arthur. New technologies used in COVID19 for business survival: Insights from
the Hotel Sector in China. Springer Information Technology & Tourism, volume 22,
p. 497–504, 2020. Disponível em: https://doi.org/10.1007/s40558-020-00193-z
ZENG, Zhanjing; CHEN, Po-Ju; LEW, Alan.). From high-touch to high-tech: COVID-19
drives robotics adoption. Tourism Geographies, volume 22, n. 3, p. 724-734, 2020.
Disponível em: https://doi.org/10.1080/14616688.2020.1762118
281
SEPULTOUR: Desenvolvendo o turismo virtual no Cemitério
das Irmandades de Jaguarão/RS/Brasil
1
Gustavo Rezende Cunha
2
Rafaeli Albrich Naressi
3
Liana Nadine Gonzalez Piñeiro
4
Nycole Schmitt Andrade
1
Possui graduação no curso de Tecnologia em Gestão de Turismo, pela Unipampa; Universidade
Federal do Pampa; Jaguarão, RS; Lattes: http://lattes.cnpq.br/1191346841136026; E-mail:
gustavorezende10@gmail.com.
2
Graduanda em Tecnologia em Gestão de Turismo, pela Unipampa; Universidade Federal do Pampa;
Jaguarão, RS; Lattes: http://lattes.cnpq.br/0438177868466107; E-mail:
rafaelinaressi.aluno@unipampa.edu.br.
3
Possui graduação no curso de licenciatura em História, pela Unipampa (2019) e pós-graduada em
Educação Especial com Ênfase em Deficiência Auditiva, pela Unopar (2020) e é certificada como
Profissional Tradutora Intérprete da Língua de Sinais Brasileira, Formação e Prática pela Unopar.
Atualmente é tradutora e interprete de livras do Instituto Federal Sul-Rio-grandense; Universidade do
Norte do Paraná; Campus Jaguarão, RS; Lattes: http://lattes.cnpq.br/7983151508050998; E-mail:
lilipineiromachado@gmail.com.
4
Possui graduação no curso de licenciatura em História, pela Unipampa (2020). Atualmente, é
mestranda no Programa de Pós-graduação em História da UFPel; Universidade Federal de Pelotas;
Pelotas, RS; Lattes: http://lattes.cnpq.br/6405509830726331; E-mail: nikeschmittandrade@gmail.com.
282
INTRODUÇÃO
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Pelos comentários feitos nas plataformas virtuais em que estamos inseridos,
foi perceptível que nossos vídeos e imagens estão sendo entregues à visualizadores
de outras cidades, além de perfis que seguem as hashtags relacionadas à temática
cemiterial e ao turismo. Nessa lógica, acreditamos que o Sepultour está cumprindo
com seu objetivo principal e colaborando de forma ampla para a difusão dos aspectos
sócio-culturais do Cemitério das Irmandades, tais como a iconografia, a história local,
as práticas mortuárias, entre outros.
A possibilidade de transformar este espaço em um local de relevância cultural
para a cidade traria uma maior visibilidade para o bairro e até mesmo melhorando
suas condições. O turismo é uma forma de desenvolver economicamente o destino e
melhorar a infraestrutura do local, ressaltamos o como este projeto de tour virtual pode
incentivar as pessoas a visitarem o Cemitério das Irmandades de maneira presencial e
mostrar o potencial que este cemitério tem de ser um dos lugares onde é feito turismo
em Jaguarão.
286
REFERÊNCIAS
ALMEIDA, Marcelina das Graças. A cidade e o Cemitério: uma experiência em
educação patrimonial. Universidade do Estado de Minas Gerais, Escola de Design.
REVISTA M. vol. 1, n. 1, p. 217-234, jan-jun, 2016. Disponível em:
http://seer.unirio.br/index.php/revistam/article/view/8118. Acesso em: 31/08/2021.
SILVA, José Solon. O cemitério Revisitado – 1. Ed. – São Paulo: Baraúna, 2018.
287
Covid-19 e a aviação civil amazonense
Resumo: O modal aéreo é considerando um dos setores que mais tem crescido e
contribuído para o fomento da atividade turística em todo o mundo. Todavia, em
virtude da pandemia causada pelo Covid-19 este setor foi gravemente afetado o que
teve impactos diretos na economia do Estado do Amazonas e no turismo local, sendo
o objetivo geral deste estudo analisar o impacto causado pelo Sars-coV-2 na aviação
civil amazonense. Trata-se de uma pesquisa de caráter descritivo, explicativo e
aplicado. O método escolhido foi o dedutivo e natureza quantitativa. A partir das
análises estatísticas realizadas com os dados de voos da Agência Nacional de
Aviação Civil (ANAC) pode-se concluir o forte impacto que a pandemia trouxe no fluxo
de turistas, que somente teve melhorias a partir do avanço da vacinação no país, o
que demonstra a importância da vacina e do cumprimento dos protocolos sanitários
para a recuperação da malha aérea no aeroporto internacional de Manaus. Como
contribuição teórica este trabalho faz uma análise quantitativa sobre os impactos da
pandemia na malha aérea amazonense e como contribuição prática poderá ser
utilizado por analistas e empresários da área do turismo para encontrar soluções de
retomada da atividade turística no amazonas.
Palavras-chave: Aviação Civil, Covid-19, Impactos, Amazonas.
INTRODUÇÃO
Ao longo da história da humanidade vários eventos pandêmicos tornaram-se
marcos históricos por impor mudanças nos hábitos de vida das sociedades. Com o
surgimento do vírus Sars-coV-2 em 2019 e início da pandemia em 2020, toda a
1
Estudante de Turismo. Pesquisadora da Fundação de Apoio à pesquisa no Amazonas – FAPEAM.
Pesquisadora do Grupo de Pesquisa CNPQ Observatório de Turismo da UEA; Universidade do Estado
do Amazonas; Manaus, Amazonas; Lattes: http://lattes.cnpq.br/1160278581357938; E-mail:
amcs.tur19@uea.edu.br.
2
Doutora em Turismo e Hotelaria pela Universidade do Vale do Itajaí. Mestre em Direito das Relações
Sociais pela Universidade Federal do Paraná. Bacharel em Direito. Professora Assistente na
Universidade do Estado do Amazonas. Pesquisadora da Fundação de Apoio à pesquisa no Amazonas –
FAPEAM. Líder do Grupo de Pesquisa CNPQ Observatório de Turismo da UEA. Lattes:
http://lattes.cnpq.br/1987912722418223. E-mail: mferst@uea.edu.br.
288
população mundial necessitou se adaptar e fechar fronteiras de seus países a fim de
restringir a capacidade de transmissão do vírus.
No Brasil, de acordo com dados estatísticos do Instituto Brasileiro de Geografia
e Estatística – IBGE, o turismo corresponde a 3,17% do PIB anual, chegando a R$
270,8 bilhões somente em 2019. Com a paralisação da atividade e a geração de
receita quase nula pelo setor em 2020, os cálculos realizados pela Fundação Getúlio
Vargas no projeto EBAPE preveem que “perdas econômicas, em comparação ao PIB
do setor em 2019, totalizarão R$ 116,7 bilhões no biênio 2020-2021, o que representa
perda de 21,5% na produção total do período” (BARBOSA et al., 2020a). Ainda
segundo o IBGE, a participação relativa do transporte aéreo no turismo brasileiro
corresponde a 4,78%.
De fato, a aviação pode ser descrita como o coração da atividade turística
(BARBOSA et al., 2020) e, por isso, analisar quantitativamente o comportamento da
categoria no período pandêmico em relação aos anos que precedem a pandemia,
poderá de modo claro e objetivo revelar o impacto gerado na oferta de rotas aéreas e
quantidade de passageiros que utilizaram o serviço antes e durante a pandemia.
O estado do Amazonas, maior em território do país e que concentra grande
parte da Amazônia Legal é um destino turístico nacional que atrai milhares de pessoas
todos os anos. De acordo com dados disponibilizados pelo Anuário Estatístico de
Turismo 2020, somente em 2019 o estado recebeu 29.303 turistas estrangeiros, sendo
20.343 por via aérea, o que reforça a relevância do modal para a atividade turística no
estado, e surge a problemática deste estudo: Qual o impacto causado pela pandemia
nos voos no Estado do Amazonas?
Para responder ao problema de pesquisa o objetivo geral deste estudo é
analisar o impacto causado pelo Sars-coV-2 na aviação civil amazonense, tendo como
objetivos específicos i) quantificar o fluxo de passageiros pagos e gratuitos antes e pós
pandemia; ii) investigar o impacto da pandemia na malha aérea brasileira.
É importante destacar que as autoras realizaram um levantamento bibliográfico
na plataforma de Periódicos da Capes, com busca pelo assunto “aviação civil” e
289
publicações entre 2020 e 2021, 85 artigos completos foram encontrados e entre esses
somente 6 fazem referência ao evento pandêmico e sua influência na atividade aérea,
poucas pesquisas tendo em vista a importância do setor, motivo pelo qual se traz esta
proposta de investigação. Este trabalho traz como contribuição uma análise
quantitativa sobre os impactos da pandemia na malha aérea amazonense e poderá ser
utilizado por analistas e empresários da área do turismo para encontrar soluções de
retomada da atividade turística no amazonas.
De acordo com os dados de Anuários Estatísticos de Turismo do Ministério do
Turismo foi possível realizar um cálculo de tendência aplicado ao número de turistas
dos principais países emissores. Para a realização dessa análise, buscou-se os países
com maior número de turistas no Amazonas entre 2009 e 2019 e aplicando a função
de tendência nos números encontrados nos anuários, foi possível encontrar o
resultado abaixo.
290
De acordo com a tabela apenas a Bolívia apresentou um valor negativo
referente ao número de turistas em 2020. Em contraposição e apresentando
resultados positivos, Estados Unidos da América e Colômbia foram os países com
maiores números de tendência. Importante enfatizar que nesse estudo não se
considerou os números da Venezuela, devido ao massivo movimento migratório nos
últimos anos que tem inflacionado esses dados.
A Agencia Nacional de Aviação Civil – ANAC também disponibiliza dados
referentes à quantidade de passageiros em todos os aeroportos brasileiros. Nos dados
abertos do acesso à informação da ANAC, é possível encontrar um documento
intitulado Voos e operações aéreas - Dados Estatísticos do Transporte Aéreo, que
apresenta dados de voos internacionais e domésticos no Brasil, desde voos
comerciais a voos de cargas. A análise realizada para esse trabalho resume-se aos
voos realizados em Manaus entre 2018 e 2021, possibilitando uma visualização ampla
do impacto causado pela pandemia na atividade aérea do Amazonas, excluindo-se
voos relativos ao transporte de cargas.
291
O gráfico 1 é concernente ao número de chegadas de passageiros
internacionais em Manaus e mostra o efeito da pandemia e o fechamento das
fronteiras, indo de 7058 no mês de janeiro de 2019 para 322 passageiros no mês de
janeiro de 2021, e em 2020 apenas um passageiro entre os meses de abril e
novembro, um impacto bastante expressivo tendo em vista que, de acordo com o
gráfico, o mês de julho é o que possuía maior fluxo de passageiros dessa natureza.
Quanto ao gráfico 2 que traz dados dos passageiros de natureza de voo
doméstica, a atividade aérea foi mais afetada em abril de 2020, mês em que os
primeiros casos de Covi-19 já haviam sido declarados. Assim também se deu com o
início de 2021, números em baixa até o mês de abril, mas com grande aumento até o
mês de julho, alta estação do turismo amazonense devido à baixa dos rios que
costumam ocorrer nesse período.
De acordo com especialistas do setor turístico no encontro remoto do quarto
do ciclo de debates promovido pela Comissão de Desenvolvimento Regional e
Turismo do Senado (CDR) “a retomada do turismo ocorrerá somente após a vacinação
massiva da população” (Agência Senado, 2021). Portanto, o aumento do número de
passageiros internacionais e domésticos ainda durante a pandemia provavelmente se
dá em decorrência da vacinação intensiva que ocorre no país nesse segundo
semestre de 2021, o que transmite ao passageiro maior confiança em relação à menor
transmissão do vírus e sua letalidade.
Para completa recuperação do fluxo de passageiros e, consequentemente, de
turistas, é necessário que mais pesquisas abordando o tema sejam realizadas e que
as informações cheguem aos gestores responsáveis pelo transporte aéreo.
REFERÊNCIAS
AGÊNCIA SENADO. Retomada do turismo depende da vacinação, destacam
representantes do setor. Disponível
em:<https://www12.senado.leg.br/noticias/materias/2021/05/31/retomada-do-turismo-
depende-da-vacinacao-destacam-representantes-do-setor>. Acesso em: 31 out. 2021.
292
ANAC (Agência Nacional de Aviação Civil). 2021. Voos e operações aéreas - Dados
Estatísticos do Transporte Aéreo (2018-2021). Disponível em:
<https://www.anac.gov.br/acesso-a-informacao/dados-abertos/areas-de-atuacao/voos-
e-operacoes-aereas/dados-estatisticos-do-transporte-aereo>. Acesso: em 28 out.
2021.
293
As Multifaces do Turismo de Lazer durante a pandemia em
São Luís - Maranhão
Yago Breno Dias Costa 1
Chirlene Pessoa Sousa 2
Levy Felix Ribeiro 3
INTRODUÇÃO
Em 1974 o centro histórico de São Luís, capital do Maranhão foi tombada pelo
Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional - IPHAN, e sua importância dentro
do cenário brasileiro representou um período marcado por processos sociais. Em
decorrência deste processo a cidade tem utilizado destes aspectos como proposta
para o desenvolvimento promocional do turismo.
Segundo Souza (2012), o fato da cidade de ter sido palco de grandes fatos
históricos no período colonial do Brasil, proporcionou e marcou um legado de
1
Graduando em Turismo; Universidade Federal do Maranhão; São Luís - MA; E-mail:
yago.dias@discente.ufma.br.
2
Graduada Licenciatura em Geografia; Universidade Estadual do Maranhão; São Luís – Maranhão;
Lattes; http://lattes.cnpq.br/6235583803574290; E-mail: pchirlene@gmail.com.
3
Doutorando no Programa de Pós-graduação em Antropologia Social - DAN/UnB; Universidade de
Brasília - Brasília; Lattes: http://lattes.cnpq.br/9990768319444522; E-mail: levyfelixtur@gmail.com.
294
importantes construções de casarões, sobrados revestidos de azulejos que formam o
conjunto arquitetônico do centro histórico. Conhecida como Ilha de São Luís, a capital
do Maranhão tem sido um importante cenário para os diversos equipamentos que
permitem pensar propostas para o turismo e para o lazer, em especial nesse momento
tão atípico em nossas vidas impactadas pela pandemia da Covid-19.
Reunindo atrativos como o segmento de sol e mar, cultural e religioso, a
cidade ainda se encontra cercada por oito praias que se estendem por 30 km de orla
marítima. Estas características são fatores que tornam o território da ilha de São Luís
uma das principais cidades visitadas da Região Nordeste. Neste contexto, ao
debruçarmos sobre o trabalho de Beni (1998) Sistema de Turismo - SISTUR Estudo do
Turismo face à Moderna Teoria de Sistemas, percebe-se que a cidade de São Luís,
reúne todos os sistemas da atividade turística. Para o autor, essa atividade turística
resulta do somatório de recursos naturais do meio ambiente, culturais, sociais e
econômicos e, assim, o campo de seu estudo é abrangente, complexo e multicausal”
(BENI, 1998, p. 16).
OBJETIVO
O objetivo do trabalho é compreender quais estratégias a Secretaria de
Turismo Municipal de São Luís - SETUR/SLZ utilizou para alavancar o turismo de lazer
na cidade de São Luís durante a pandemia.
METODOLOGIA
A natureza que permeia esse trabalho é inferir uma compreensão sobre quais
estratégias a Secretaria de Turismo Municipal de São Luís – SETUR/SLZ utilizou para
alavancar o turismo de lazer na cidade de São Luís durante a pandemia da Covid-19.
A pesquisa se sustentou inicialmente em referenciais bibliográficos, na percepção
analítica do turismo nas obras de Mário Carlos Beni (1999) e ao tomar como estudo
sobre o segmento de lazer utilizamos autores como: Jost Krippendorf (1989), Luiz
Camargo (2006) e entre outros trabalhos que norteará nossa compreensão.
295
O trabalho trata-se de uma pesquisa com abordagem descritiva, conforme Gil
(2008, p. 28) “As pesquisas deste tipo têm como objetivo primordial a descrição das
características de determinada população ou fenômeno ou o estabelecimento de
relações entre variáveis”. Dessa forma, com base no levantamento de indicadores
turísticos do estado do Maranhão disponibilizados em boletins mensais entre os anos
de 2020 e 2021 pelas Secretaria de Estado de Turismo do Maranhão (SETUR/MA),
Secretaria Municipal de Turismo de São Luís (SETUR/SLZ) e pelo Grupo de Pesquisa
Turismo, Cidades e Patrimônio - (GPTCP) 1.
Segundo a proposta de Krippendorf (1989, p.36), “o lazer e, sobretudo, as
viagens pintam manchas coloridas na tela cinzenta da nossa existência. Elas devem
reconstruir, recriar o homem, curar e sustentar o corpo e a alma, [...] e trazer sentido à
vida” assim, a busca pela necessidade do prazer, é de fato algo inusitado e, de suma
importância para alimentar expectativas de estar nestes locais e territórios a serem
visitados.
O turismo não se resume apenas em viagens, para Krippendorf, o fenômeno
turístico e seus impactos dentro da indústria turística, buscou evidenciar que, com o
surgimento do turismo de “massa” a análise deste turismo deveria ser crítica e a partir
das experiências turísticas. Na obra “Sociologia do Turismo” sua análise nos permitiu
uma breve síntese para compreender através de seus postulados.
O autor, a partir de seu estudo, criticou ferrenhamente o turismo como um
fenômeno de consumo massivo, e apresentou uma ordem sobre a relação desse
turismo de massa relacionando como mercadoria que era altamente explorada e
manipulada. Contanto, podemos trazer uma reflexão sobre como as chegadas e
partidas no aeroporto da capital maranhense, permitiu que durante a volta da
engrenagem das atividades turísticas alimentadas por busca de prazer de novos
1
O Grupo de Pesquisa “Turismo, Cidades & Patrimônio” foi criado em 2016 pelo professor Doutor Saulo
Ribeiro dos Santos, e aprovado pela assembleia do Departamento de Turismo e Hotelaria da
Universidade Federal do Maranhão, sendo este certificado pelo CNPq e disponível no Diretório dos
Grupos de Pesquisa do Brasi. Disponível em: https://sites.google.com/prod/ufma.br/gptcp/gptcp.
Acesso 23 de out. 2021.
296
lugares, constroem uma certa relação entre o turismo massivo e a busca destes
segmentos como por exemplo o turismo de lazer.
RESULTADOS
De acordo com (GPTCP), no Aeroporto Internacional Marechal Cunha
Machado localizado em São Luís, o fluxo de movimentação de passageiros nos anos
de 2020 e 2021 contabilizam o total de 1.375.186 mil chegadas e partidas. Nos dados
coletados entre os anos de 2020 e 2021 dispostos no Boletim Mensal evidenciou-se
que no início da pandemia entre os meses de janeiro a dezembro de 2020, o número
total de embarque e desembarque foi de 728.271 e em 2021 um total de 646.915.
Considerando que grande parte do ano de 2020 foi envolto pela diminuição do
deslocamento e da atividade turística como proposta pelo Ministério do Turismo –
(MTUR) e pelo Ministério da Saúde – (MS) que colocava como medida protetiva para
diminuição da proliferação da pandemia da Covid-19 o isolamento social, torna-se
compreensível o comportamento dos indivíduos que buscam cada vez mais, uma fuga
de sua rotina, através do turismo e do lazer.
Dessa forma, percebe-se que a cidade permitiu uma circulação de passageiros
das diversas regiões do país, evidencia-se as multifaces que o segmento turístico se
propõe a moldar-se a partir de cada cenário durante a pandemia. Em relação, um ao
outro, houve durante o primeiro ano um crescente de turistas/passageiros no Estado
do Maranhão, porém mesmo que estivéssemos em meio ao cenário desolador da
pandemia em todo país, a cidade de São Luís conseguiu um número bastante
acentuado no fluxo de passageiros.
Ao fazer o levantamento nos boletins de 2020 e 2021 foi possível constatar
que nos meses de junho, julho e agosto existiu um percentual de quase 50% de
turistas vindo das Regiões Sul e Sudeste concatenados a São Luís. Entretanto, existiu
uma mudança no perfil deste turista, se antes havia uma grande concentração de
visitantes advindas das Regiões Norte e Nordeste, neste momento as Regiões Sul e
Sudeste marcaram um percentual bastante expressivo.
297
Como consequência dessas idas e vindas, nos questionamos através do
nosso breve passeio sobre o conceito de lazer, o que motivou esses turistas? E, quais
são suas buscas neste cenário tão desafiador das saídas de suas casas, em meio às
inseguranças dos protocolos sanitários, na corrida de uma massificação do turismo?
Fica evidente que a busca está diretamente relacionada à necessidade do lazer.
Para Dumazedier (1994, apud Camargo, 1998, p. 34) o lazer “supõe um tempo
liberado do trabalho, típico da situação de quem dispõe de emprego e de leis que
protegem seu tempo livre diário, semanal, férias e aposentadoria”. Com base nesta
assertiva, e na medida que a pandemia avançava entre os Estados, a sociedade ainda
que insegura, se arriscava no turbilhão de sentir o novo, e da expectativa de conhecer
o inusitado.
Camargo (2006) ainda nos ensina sobre o que seria esse turismo ligado ao
lazer, para o autor pode existir um forte conteúdo de prazer ligado a sociabilidade que
muitas vezes são encontradas em reuniões de amigos, visita a parentes, e até mesmo
entre colegas de trabalho.
CONSIDERAÇÕES
Tendo em vista, o que foi apontado até este momento, este trabalho responde
ainda de maneira incipiente aos questionamentos e observou as ferramentas utilizadas
através dos planos e planejamento de ações implementadas pela SETUR/SLZ para
retomar as atividades turísticas. Dessa forma, destacam-se as estratégias de
conscientização e divulgação de protocolos de prevenção à Covid-19, segurança que
perpassaram por estágios do isolamento social e por conseguinte ao afastamento
social, possibilitando a volta de algumas atividades de maneira adequada e ancorada
também nas estratégias de incentivo para os consumidores se sentirem seguros ao
viajar e frequentar locais que cumpram os protocolos específicos para a prevenção da
Covid-19 segundo o Ministério do Turismo (2021).
Logo, as estratégias elaboradas pela SETUR/SLZ juntamente com trade da
cidade, somado ao acentuado desenvolvimento do marketing com postagens feitas em
298
mídia social pela Secretaria Municipal de Turismo de São Luís, destacando os pontos
turísticos que podem ser visitados, contribuíram para que nos primeiros meses de
2021, o perfil do órgão alcançasse até 500 mil contas do Instagram
(@prefeiturasaoluis). O que podemos compreender é que o conjunto de estratégias
utilizadas pelo órgão municipal do turismo da cidade, concorreram para crescente
movimentação de turistas na cidade no período analisado neste trabalho e que vieram
em busca do turismo e do lazer.
Referências
BENI, Mário Carlos. Sistema de Turismo -SISTUR Estudo do Turismo face à Moderna
Teoria de Sistemas. Disponível em:
https://www.revistas.usp.br/rta/article/view/63854/66610. Acesso em: set. de 2021.
GIL, A. C. Como elaborar projetos de pesquisa. 4. ed., São Paulo: 2Atlas, 2008
KRIPPENDORF, Jost. Sociologia do turismo: para uma nova compreensão do lazer e das
viagens. 1 ed. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 1989.
299
Digital Hackathon de turismo? O Hackatour: a 17 passos de
transformar o mundo
1
Ítalo Carballo Garcia
2
Tamyrys de Melo Nóbrega
3
Cinthia Rolim de Albuquerque Meneguel
INTRODUÇÃO
A palavra Hackathon se trata da combinação das palavras em inglês hack
(programação exploratória e investigativa) e marathon (vários dias). Como tipologia de
evento, Hackathon, é um fenômeno relativamente novo no cenário acadêmico-
científico, tornou-se interdisciplinar e multifuncional, sendo realizado globalmente por
1
Graduando do Bacharelado em Turismo; Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia de São
Paulo - Câmpus Cubatão; Cubatão, São Paulo; Lattes: http://lattes.cnpq.br/8624698708465377; E-mail:
italo.garcia@aluno.ifsp.edu.br.
2
Graduanda do Bacharelado em Turismo; Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia de São
Paulo - Câmpus Cubatão; Cubatão, São Paulo; tamynobrega@hotmail.com.
3
Doutora em Turismo e Hotelaria; Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia de São Paulo –
Câmpus Cubatão; Cubatão, São Paulo; Lattes: http://lattes.cnpq.br/5949076259784225; E-mail:
cameneguel@gmail.com.
300
múltiplas organizações (NOLTE, CHOUNTA, HERBSLEB, 2020), tendo como força
motriz a inovação aberta - definida como a implementação de um novo produto ou um
serviço ou processo significativamente melhorado, um novo método de marketing ou
organizacional nas práticas de negócios.
Para os participantes, o hackathon oportuniza o desenvolvimento de
habilidades e competências, construir redes, ganhar prêmios, implementar suas
próprias ideias, obter visibilidade ou simplesmente se divertir (TRAINER, 2016).
Embora essa tipologia de evento seja emergente e atual, a literatura carece de
estudos sobre hackathons (TRAINER, 2016). Portanto, esse estudo tem como objetivo
compreender a percepção dos participantes envolvidos com o hackatour, com a
finalidade de identificar contribuições de melhoria para as próximas edições e
efetividade das ações propostas pelo evento.
METODOLOGIA
302
Quadro 1 – Amostra e característica dos questionários.
AMOSTRA QUESTÃO FECHADA QUESTÃO % RESPONDENTES
INTENCIONAL (DICOTÔMICAS/
ABERTA RESPONDENTES
MÚLTIPLA ESCOLHA)
Participantes 12 1 21 56,75%
Mentores 6 1 4 50%
Jurados 8 1 3 50%
Fonte: autores (2021).
Para análise dos dados utilizou-se os gráficos gerados pela própria plataforma
Google Forms, e análise qualitativa por meio de uma síntese interpretativa das
respostas das questões abertas.
DISCUSSÃO
303
Quadro 2 – Avaliação das oficinas e mentorias.
Quesito Auxiliaram totalmente Auxiliaram parcialmente Não auxiliaram
Oficina 66,7% 28,6% 4,8%
Mentoria 57,1% 38,1% 4,8%
Fonte: Autores, 2021.
304
o desempenho dos mentores, assim como algum reconhecimento. Vale ressaltar que
todos receberam certificado de participação.
CONSIDERAÇÕES
REFERÊNCIAS
CRESWELL, J. W.; CLARK, V. L. P. Pesquisa de métodos mistos. 2 ed. Porto
Alegre: Penso, 2013.