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UNIVERSIDADE FEDERAL DO MARANHÃO

CENTRO DE CIÊNCIAS SOCIAIS


DEPARTAMENTO DE TURISMO
CURSO DE TURISMO

EMMYLY FREITAS DO ESPÍRITO SANTO


RAYANNE DA CONCEIÇÃO PEIXOTO PEREIRA

ANÁLISE MOTIVACIONAL ACERCA DO PERFIL DA MELHOR IDADE EM SÃO LUÍS:


Um olhar sobre o SESC Turismo Maranhão

São Luís
2016
EMMYLY FREITAS DO ESPÍRITO SANTO
RAYANNE DA CONCEIÇÃO PEIXOTO PEREIRA

ANÁLISE MOTIVACIONAL ACERCA DO PERFIL DA MELHOR IDADE EM SÃO LUÍS:


Um olhar sobre o SESC Turismo Maranhão

Monografia apresentada ao Curso de


Turismo da Universidade Federal do
Maranhão para obtenção do grau de
bacharel em Turismo

Orientador(a): Prof. Dr. Rozuíla Neves


Lima

São Luís
2016
EMMYLY FREITAS DO ESPÍRITO SANTO
RAYANNE DA CONCEIÇÃO PEIXOTO PEREIRA

Monografia apresentada ao Curso de


Turismo da Universidade Federal do
Maranhão para obtenção do grau de
bacharel em Turismo

Orientadora: Prof. Dr. Rozuíla Neves Lima

Aprovada em ____/____/_______

BANCA EXAMINADORA

_____________________________________________
Profª. Drª. Rozuíla Neves Lima (orientadora)

_______________________________________________
Examinador

________________________________________________
Examinador
RESUMO

O turismo de terceira idade vem se tornando um segmento cada vez mais


rentável. Com inúmeras atividades de lazer, proporciona melhoria da qualidade de
vida para esse público como também se torna um mercado bastante promissor. Os
idosos compõem um público diferenciado que carecem de mais atenção e cuidados
devido as suas condições e limitações físicas que a idade já os impõe, mas isso não
os impedem de viajar ou realizar as atividades propostas durante as viagens. Eles
gostam de manter a autonomia e de receber mais atenção.
Haja vista que a procura por novos roteiros tem sido constante, é preciso
repensar em novas formas de atender a esta demanda tão significativa. Desta
forma, este trabalho objetiva analisar a importância do turismo da melhor idade para
o desenvolvimento turístico de São Luís, identificar suas principais motivações e
apontar os desafios para adequar os produtos à demanda, buscando satisfazer esse
público tão exigente.
Utilizou-se como metodologia pesquisas bibliográficas integrada com
pesquisas de campo com observações in loco, para relacionar a pesquisa com a
realidade local do produto ofertado para este segmento. Foi realizado levantamento
de dados através de uma entrevista estruturada para analisar diversas questões do
perfil dessa demanda principalmente no que diz respeito as suas motivações
turísticas, como também verificar a visão que esse público possui sobre a qualidade
dos serviços oferecidos.
Nesse trabalho serão apresentadas propostas para melhoria das condições
do turismo da melhor idade em São Luís, tendo em vista as condições que o idoso
não é um consumidor comum, já que apresenta características próprias que devem
ser levadas em consideração em quaisquer condições, sobretudo, em atividades
turísticas. SOUZA (2006, Pag: 8)

Palavras Chaves: Melhor Idade; Turismo; Mercado, Motivação; Qualidade


ABSTRACT
The elderly tourism is becoming an increasingly profitable segment. With numerous
recreational activities, it provides improved quality of life for this audience but also
becomes a very promising market. The elderly make up a different audience that
need more attention and care due to their condition and physical limitations that age
already imposes, but that does not prevent them from traveling or carrying out the
proposed activities during the trips. They like to keep the autonomy and get more
attention.
Considering that the search for new routes has been steady, we need to think in new
ways to meet this significant demand. Thus, this work aims to analyze the importance
of tourism in the best age for tourism development of St. Louis, identify their main
motivations and point out the challenges to adapt products to demand, seeking to
fulfill this public so demanding.
It was used as an integrated library research methodology with field research with
observations on the spot, to link research with the local reality of the product offered
for this segment. data collection was done through a structured interview to analyze
different profile issues that demand especially regarding its tourist motivations, as
well as verify the view that the public has on the quality of services offered.
This work will be presented proposals for improvement of senior citizens tourism
conditions in São Luís, in view of the conditions that the elder is not an ordinary
consumer, since it has its own characteristics that must be taken into account in any
conditions, especially in tourist activities. SOUZA (2006, Pag: 8)

Key Words: Golden Key Words: Golden Age; Tourism; Market, Motivation; Quality
SUMÁRIO

INTRODUÇÃO .....................................................................................................
1. CONCEITUANDO A MELHOR IDADE.............................................................
1.1 Mudanças no perfil da terceira idade no mundo e no Brasil............................
2. LAZER NA MELHOR IDADE............................................................................
2.1 Relações de turismo e lazer na melhor idade ................................................
3. ASPECTOS MOTIVACIONAIS SOBRE O PERFIL DA MELHOR IDADE.......
3.1 Motivação turística ..........................................................................................
3.2 Segmentação Turística....................................................................................
3.3 Perfil da demanda ..........................................................................................
3.4 Destinos mais visitados...................................................................................
3.5 Qualidade de vida na terceira idade................................................................
4. SERVIÇO SOCIAL DO COMÉRCIO- SESC.....................................................
4.1 SESC Maranhão.............................................................................................
4.2 SESC Turismo................................................................................................
5. ANÁLISE E DISCUSSÃO DOS RESULTADOS...............................................
5.1 Perfil dos entrevistados................................................................................
5.2 Resultados da pesquisa...............................................................................
6 CONCLUSÃO....................................................................................................
REFERÊNCIAS.....................................................................................................
APÊNDICE............................................................................................................
INTRODUÇÃO

Atualmente a realidade tem mudado quando se refere à melhor idade, pois


hoje vive- se em um mundo onde as pessoas estão envelhecendo e buscando cada
vez mais a qualidade de vida. Quando se fala em melhor idade, geralmente remete-
se a idosos aposentados que já deixaram de ser ativos profissionalmente e,
portanto, possuem estabilidade financeira, dispõem de um tempo livre e desejam
aproveitá-lo da melhor forma possível. Para GUIDI e MOREIRA (1996) “O lugar que
a pessoa ocupa no sistema de produção reflete sua posição no sistema social,
repercutindo em sua identidade [...] É difícil a preparação para a aposentadoria. A
reconstrução do cotidiano é demorada e não se processa de uma hora pra outra. A
aposentadoria causa uma fratura na interação social.” (p.25)
Dessa forma, a aposentadoria significa para muitos idosos o momento de
reorganizar o seu dia a dia, realizar seus desejos, a oportunidade de colocar em
prática a sua cidadania participando das atividades de lazer e turismo como forma
de obter novas interações sociais, enriquecimento cultural e melhorias nas suas
condições físicas e mentais.
Esse novo quadro é fruto das ferramentas tecnológicas inseridas na
sociedade e da crescente expectativa de vida, que tem como os seguintes fatores: o
convívio social com outras pessoas, a busca por conhecer novas culturas, os
avanços da medicina preventiva no combate e no tratamento de enfermidades, entre
outros aspectos.
Ainda há dúvidas sobre qual a melhor forma de nomear essa demanda,
chama-se de Terceira Idade, Maior Idade, Maioridade, Melhor Idade, Idade de Ouro.
São todas nomenclaturas que podem ser usadas para designar tal demanda desde
que não sejam usadas de forma pejorativa.
Segundo SOUZA (2006),
O termo "velhice" tende a ser abandonado, pois
tal denominação sugere perdas e provoca desconforto.
Já o termo "melhor idade" representa uma fase da vida
em que o indivíduo pode aumentar suas possibilidades
de realizar concessões para si e fazer, sem culpas,
coisas que não teve oportunidade de realizar
anteriormente, devido às obrigações impostas pela idade
adulta. (SOUZA 2006, p.2)
Desta forma, o envelhecer significa muito além de alterações biológicas, há
mudanças comportamentais que devem ser consideradas. É necessário evidenciar
que o envelhecimento não é sinônimo de incapacidade, mas sim de resgatar o
potencial e a capacidade de aprendizagem e adaptações
Tomando por base essa demanda, é importante se analisar esse nicho de
mercado é bastante promissor. Segundo SILVA (2002, p. 5) Os dados estatísticos
mostram a urgente necessidade de investimentos nessa área, em um país que tem
mostrado um alto índice do aumento dessa população, mas sem crescimento de
ações e de conhecimentos científicos sobre o idoso.
Ainda sobre essa demanda GOMES (2010, p. 71) afirma que essa parcela
da sociedade vem crescendo a cada ano, o que modifica a estrutura etária do país,
aumentando as preocupações com as necessidades que a pessoa idosa possui,
tanto em seus aspectos biológicos, como nos de cunho social e humano. Essas
inquietações partem do poder público, na busca de alternativas para melhorar a
qualidade de vida na velhice, dos estudiosos que vêem na população idosa um
campo de pesquisas crescente, e das empresas privadas, que visam esse público
como um "segmento de mercado" cada vez maior.
Diante dessas constatações é importante o direcionamento dos estudos para
essa crescente parcela da população brasileira que necessita de serviços de
qualidade, como por exemplo, os serviços turísticos, afinal essa demanda quando
ativa costuma viajar, pois já não precisam mais se preocupar com questões como
trabalhar, cuidar da casa, dos filhos, o que possibilita uma disponibilidade maior do
que antes.
Tendo por base essas informações e levando em consideração que esses
idosos estão ativos, ou seja, executando suas tarefas rotineiras de forma saudável, é
importante analisar se os mesmos possuem realmente o hábito de viajar, quais suas
motivações, como e com quem viajam, quanto tempo permanecem nos destinos
visitados, etc. Segundo SILVA (2002, pag 11) as pessoas de 60 anos já não têm
despesas com os filhos na escola, já acabaram de pagar a casa própria e são
excelentes consumidores.
Sendo assim, esta pesquisa tem o objetivo de analisar o perfil do público da
terceira idade e suas principais motivações turísticas, com o intuito de apontar as
potencialidades dessa demanda, verificando se as políticas públicas locais voltadas
para este segmento estão de acordo com as necessidades exigidas pelos idosos. E
por fim, apresentar propostas para o desenvolvimento desse segmento em São Luís,
tendo como principal objeto de estudo os idosos que participam das atividades do
SESC- MA (Serviço Social do Comércio do Maranhão), que realiza excursões para
diversos pontos turísticos do maranhão através da prática do turismo social. Tendo
em vista que a principal missão do turismo social é a inclusão das pessoas de baixa
renda ao movimento turístico, promover o bem estar social, proporcionando a
qualidade de vida, inclusão social e assistência as necessidades em particular os
trabalhadores do comércio e bens de serviços e seus dependentes.
É importante ressaltar que através dessas atividades promovidas pelo
SESC, o publico da melhor idade tem ganhado maior visibilidade no que se refere a
políticas públicas e programas voltados a esse segmento. Segundo Freire Jr. (2005,
p.48) as políticas públicas são os meios necessários para a efetivação dos direitos
fundamentais, uma vez que pouco vale o mero reconhecimento formal de direitos se
ele não vem acompanhado de instrumentos para efetivá-los.
O estudo foi baseado em estudos bibliográficos para fundamentar os
primeiros capítulos. Após os conceitos sobre a melhor idade e turismo serem
alicerçados, uma entrevista estruturada com os idosos participante das atividades do
SESC Turismo- MA será o meio de conhecer um pouco mais sobre as principais
motivações desse turista, bem como suas preferências de viagens, seus destinos,
locais de visita, com quem eles viajam, as principais atividades que eles fazem
durante a estadia no local, o que eles esperam dos serviços prestados, dentre outros
aspetos.
Portanto, trata-se de uma pesquisa descritiva através da abordagem qualit-
quant, pois serão apresentados tanto dados obtidos através da experiência obtida na
pesquisa em campo quanto à análise de dados por meio da aplicação do
questionário. Com os resultados obtidos através dessa pesquisa e as propostas
apresentadas, acreditamos contribuir para a melhoria das condições dos produtos e
serviços oferecidos voltados para a melhor idade como também para o
desenvolvimento de outros trabalhos voltados para essa temática.
HIPÓTESES

Para se obter algumas respostas pertinentes a temática central da pesquisa


foram elaboradas as seguintes hipóteses:
 Quais são os principais fatores que motivam os idosos a viajar?
 Qual o grau de satisfação dos turistas desse segmento quanto à qualidade
dos produtos e serviços?
 Qual a importância do turismo para a terceira idade?
 Qual o papel das instituições em relação à promoção da qualidade de vida
através das atividades turísticas?

DELIMITAÇÃO DO PROBLEMA

Para que os objetivos da pesquisa sejam atingidos necessitamos entender


questões relacionadas ao envelhecimento, e como buscar formas de atingir a melhor
idade com qualidade. O Turismo sendo uma atividade que está relacionada ao lazer
é uma opção de aproveitar o tempo livre para sair da rotina e manter a mente
renovada através das experiências turísticas.

A ideia que se difunde atualmente é que o tempo livre deve ser


aproveitado em benefício próprio e que o lazer está relacionado à
qualidade de vida do indivíduo, que por sua vez, bombardeado por
campanhas publicitárias que tornam a decisão de eleger um lugar
para férias anual um exercício de planejamento, no qual se
ponderam custos e benefícios realização de um desejo individuais
e/ou familiares. Rita GARCIA (2007,p.8).

As atividades turísticas proporcionam aos idosos um envelhecimento de


forma ativa através do turismo, pois proporciona a integração social, levantam a
autoestima, abre a mente para novos conhecimentos, dentre outros benefícios.
Dessa forma é preciso conhecer os reais interesses dessa demanda e assim,
oferecer produtos e serviços de qualidade

1.1 OBJETIVOS

1.2 Objetivo Geral


Analisar o perfil motivacional da terceira idade e apresentar os desafios e
perspectivas para o setor turístico de São Luís.

1.3 Objetivos Específicos


 Apontar as características do público turístico da terceira idade e seus
principais aspectos motivacionais atual;
 Avaliar os serviços voltados para o segmento e verificar se a qualidade dos
produtos ofertados satisfaz a demanda;
 Descrever a importância da qualificação do setor para atender este público e
apresentar propostas de melhoria para o desenvolvimento satisfatório desse
segmento.

2. JUSTIFICATIVA

O envelhecimento é um processo biológico natural a que todos os seres vivos


estão sujeitos. Envelhecer em uma sociedade onde o preconceito, a super
valorização da juventude é imposto pela mídia, as tecnologias avançam junto com a
necessidade de acompanhá-las, onde as políticas públicas específicas para esse
segmento são precárias e a ausência de assistência aos idosos é infelizmente a
realidade do país. Alcançar a melhor idade é um desafio.
Percebe-se que no Brasil, a população está passando por uma transição
demográfica significativa quando nos referimos à terceira idade, e isso tem sido um
fator de grande influência no contexto socioeconômico do país. Segundo dados do
Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) já em 2030, o Brasil será um
país de idosos, onde o grupo de 60 anos ou mais será maior que o grupo de
crianças com até 14 anos já em 2030 e, em 2055, a participação de idosos na
população total será maior que a de crianças e jovens com até 29 anos.
Ainda sobre dados dessa demanda a Organização Mundial da Saúde (Portal
da Saúde, 2012) estima que eles sejam um número de aproximadamente 32 milhões
de indivíduos no ano de 2025, e a expectativa é que esse número triplique nos
próximos 50 anos. Portanto, não há como ignorar a importância desse público para
novas tendências de mercado, consequentemente configurando novos perfis de
consumo.
O turismo sendo uma atividade econômica está inclusa nesse contexto.
Portanto, é preciso buscar formas satisfatórias para atender a melhor idade, ou seja,
conhecer seus reais interesses, haja vista que eles possuem exigências
diferenciadas dentre os outros grupos. Por isso, é indispensável que a cadeia
turística esteja preparada para os desafios que esse público impõe buscando a
inovação nos serviços e o preparo profissional para atendê-los. Deve-se
desconstruir os estigmas negativos atribuídos a terceira idade, tendo o turismo como
propulsor do resgate da cidadania, da humanidade, e da autoestima.
O interesse pelo estudo sobre essa temática se deu pelo motivo de ao
observar através de pesquisas que embora as estatísticas mostrem o crescimento
desse grupo, ainda há poucas medidas efetivas para sanar a problemática que
envolve os idosos dentro das atividades turísticas. Por mais que os trabalhos
voltados para esse segmento tenham crescido, é fundamental discutir como esse
consumidor é compreendido através da ótica do turismo, pois o que se testemunha é
a falta de planejamento turístico, políticas públicas e ações efetivas que promovam a
melhoria na qualidade nos serviços ofertados.
É importante ressaltar também que, apesar das atividades turísticas serem
vistas na maioria das vezes em seu caráter lucrativo, a função sociocultural também
deve ser colocada em prática, pois o turismo além da sua relevância econômica tem
papel de promover o lazer, a inclusão social, o enriquecimento cultural e novas
experiências e tem como o dever, se preocupar em como os produtos do setor
turístico são concedidas a esse cliente.
Nesse sentido espera-se que essa pesquisa seja um ponto norteador para
apontar soluções que diminua os problemas enfrentados pela melhor idade,
utilizando o turismo como instrumento que possa levá-los a ter um envelhecimento
mais saudável. A relevância social deste estudo tem como objetivo contribuir para
que os programas sociais voltado aos idosos tenham mais qualidade, sejam mais
criativos e dinâmicos, ao mesmo tempo respeitando as limitações desse público.
Para que isso aconteça é preciso entender o que esse cliente realmente busca em
suas viagens, suas principais motivações, saber se o produto ofertado está
satisfazendo suas expectativas, o que precisa ser melhorado, que tipo de inovações
podem ser inseridas nesse segmento, dentre outras coisas. Para isso cabe a nós
profissionais buscar conhecimento, para que esse cliente possa desfrutar da melhor
experiência possível durante todo o processo de viagem.
3. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

A estrutura do referencial teórico elucidará alguns conceitos considerados


importantes a priori para a pesquisa de uma forma geral, que retratam sobre
Envelhecer, Turismo, Segmentação de Mercado, Produtos e Serviços Turísticos,
Motivação, Qualidade e Planejamento que serão dispostos ao longo do texto para
que as idéias fiquem de uma maneira lógica e a temática abordada seja melhor
compreendida.
A terceira idade ainda é um assunto que dispõe de poucos estudos,
principalmente no que se refere à área de turismo. Isso explica o motivo de muitos
dilemas relacionados à velhice ficarem sem respostas, sobretudo por falta de
planejamento e investimentos. Embora nos últimos anos as pesquisas relacionadas
a esta demanda tenha ganhado mais visibilidade é necessário entender os diversos
aspectos relacionados ao envelhecer.
No Brasil ainda há muitos estigmas quando se trata de velhice, muitos deles
relacionados à incapacidade, doença e perdas. Por esse fato a questão da
expressão já estabelece um bloqueio, pois o termo velhice parece ser mais
adequado para aspectos do desgaste e do fim da vida, portanto, da perda. O termo
envelhecer designa um estágio do desenvolvimento humano. (SILVA, 2002 p. 16)
Para que sejam quebrados paradigmas que envolvem os idosos é necessário
primeiro entender quem são considerados idosos. De acordo com a Lei n. 8.842, de
4 de janeiro de 1994 (regulamentada pelo Decreto n. 1948, de 3 de julho de 1996, e
que dispõe sobre a política do idoso), estabelece, em seu art. 2º, que “considera-se
idoso, para os efeitos dessa lei, a pessoa maior de sessenta anos de idade”.
Complementando sobre a terceira idade (SOUZA; FILHO; SOUZA 2006, p. 2)
afirma que:

Segundo com a Organização Mundial da Saúde (OMS) classifica


cronologicamente como idosos, pessoas com mais de 65 anos de
idade em países desenvolvidos e com mais de 60 anos em países
em desenvolvimento. Entretanto, a partir do ano de 2000, a ONU
resolveu unificar seus critérios, adotando a idade de sessenta anos
para designar o indivíduo idoso. O objetivo dessa conduta foi
padronizar os percentuais estatísticos.
Ainda sobre o idoso, SOUZA; FILHO; SOUZA (2006) afirma que o termo
melhor idade tem sido utilizado frequentemente no setor turístico, porém como uma
necessidade de mercado principalmente para atrair indivíduos dessa faixa etária.
Os dados estatísticos revelam que o crescimento do número de idosos não
está restrito somente ao Brasil. Para SOUZA; FILHO; SOUZA (2006) (apud IBGE
2000) em relação à América Latina, nas últimas décadas, o aumento do número de
pessoas com sessenta anos ou mais tem ocorrido especialmente em países como
Cuba, Argentina, Uruguai, Chile e Brasil, evidenciando que o envelhecimento da
população, nessa região, está seguindo a tendência mundial. Segundo a OMS
(2007) (Organização Mundial da Saúde) afirma que até 2025, o Brasil será o sexto
país do mundo com o maior número de pessoas idosas.
Entender essa demanda tão significativa para a sociedade sugere ir muito
além, devemos buscar conhecimento de suas reais necessidades e motivações.
Dessa forma podemos oferecer produtos e serviços turísticos que possam satisfazê-
los devolvendo a qualidade de vida e a auto estima desse público. O Turismo é um
fenômeno social que abrange diversas áreas do conhecimento, dessa forma pode
ser compreendido por inúmeras perspectivas. Para inferir suas principais motivações
temos uma série de fatores englobam a motivação do turista. Para distinguir melhor
a relação do turismo com as questões relacionadas à terceira idade, primeiramente
precisamos entender o que é o turismo.
Segundo a OMT- Organização Mundial do Turismo (2001) explica que: “O
Turismo abrange as atividades de pessoas que viajam e permanecem em locais fora
de seu ambiente habitual por’ menos de um ano consecutivo, ou por mais de 24
horas, por razões de lazer negócios e outros”.

Complementando, Oscar de La Torre Padilha conceitua o turismo como:

Um fenômeno social que consiste no deslocamento voluntário e


temporário de indivíduos ou grupos de pessoas que, por motivo de
recreação, descanso ou saúde, se deslocam de seu lugar de
residência habitual a outro, no qual não exercem nenhuma atividade
lucrativa nem remunerada, gerando múltiplas inter-relações de
importância social, econômica e cultural. Neste, além das atividades
fora da rotina, engloba-se na definição as inter- relações pessoais ,
quando em uma viagem acaba em contato com as outras, trocando
experiências e outras culturas. Oscar de La Torre Padilha (apud
DIAS, 2006, p. 10)
Nesse sentido, o turismo como fenômeno social engloba uma série de fatores
sociais, econômicos, culturais, ambientais e políticos, que requer a participação
efetiva de toda cadeia turística. É necessário o planejamento integrado de todas as
atividades, considerando as particularidades de cada segmento, visando produtos
de qualidade, rentáveis e que garanta também a sustentabilidade dos recursos
utilizados.
Os produtos turísticos são o conjunto de bens e serviços que compõe os
elementos que possibilitam as experiências do turista com o local visitado. Dessa
forma BENI (2002) afirma que, o produto turístico é o resultado da soma de serviços,
recursos naturais e culturais produzidos por uma variedade de empresas,
caracterizados por produção e consumo efetuados no mesmo local, sendo que o
consumidor se desloca para a área do consumo. O conceito apresentado pela MTur
classifica os produtos turísticos como “conjunto de atrativos, equipamentos e
serviços turísticos acrescidos de facilidades, localizados em um ou mais municípios
ofertados de forma organizada por um determinado preço” (BRASIL, MTUR, 2007c,
p.17).
Quanto aos serviços destinados ao turismo pode-se dizer que são os recursos
que o turista utiliza para usufruir dos produtos turísticos e que dependem
especificamente dessa atividade. Os serviços turísticos podem ser classificados
como: serviços receptivos (atividades hoteleiras e extra-hoteleiras), serviços de
alimentação (restaurantes bares e lanchonetes) serviços de transporte (táxis, ônibus,
barcos, navios, trens e aviões) serviços públicos (administação turística, posto de
informação, entre outros), e serviços de recreação e entretenimento (parques
temático, exposições, casas de jogos, entre outros). Esses serviços são destinados
à satisfação das motivações, necessidades e preferências do turista (BENI, 2002)

No que diz respeito ao mercado turístico, a segmentação de mercado tem


fundamental importância no sentido de direcionar suas estratégias mercadológicas
para um determinado público, estudando o seu perfil e compreendendo suas
motivações e hábitos de consumo para atendê-los de uma forma mais assertiva.
Para Churchil & Peter (2000) a segmentação é dividir um mercado em grupos de
compradores potenciais que tenham semelhantes necessidades e desejos,
percepções de valores ou comportamentos de compra.
Dessa forma segmentar o mercado significa promover o turismo com
qualidade, para isso é necessário constantes pesquisas, haja vista que as
necessidades mercadológicas mudam continuamente. Quanto mais se conhece o
público alvo melhor será o planejamento para o desenvolvimento turístico e
diversificação dos produtos e dos serviços. Com a segmentação é possível adequar
e criar novos produtos e serviços com valores agregados ajustados aos desejos da
demanda real, com o objetivo de satisfazer o cliente. (ANSARAH, 1999). Balanza e
Nadal (2003) explicam a importância da segmentação quando afirmam que, quando
uma empresa segmenta o mercado, ela é capaz de conhecer melhor o que é
demandado e quais os motivos que levam os consumidores a comprar.
Segundo SOUZA; FILHO; SOUZA (2006) apud Sarah Bacal, (1994, p.45) os
motivos podem ser de duas espécies: de deficiência ou de excesso que ela assim
define:
Motivos de deficiência (sair de): fugir de problemas/ sair da
rotina/descansar/ sair da poluição, e motivos de excesso (ir para):
diversão/ interesses culturais/ fazer ou completar cursos/ visitar feiras
ou exposições/ conhecer novos lugares/ conhecer pessoas/ buscar
aventuras/ conviver com a natureza. (SOUZA; FILHO; SOUZA (2006)
apud BACAL (1994, p. 45)

Dessa forma as viagens seriam uma forma de fugir das obrigações


enfadonhas do cotidiano, além de acrescentar trocas de experiências e
enriquecimento, cujas motivações vão se tornando cada vez mais essenciais e
voltadas para as vontades do indivíduo. SOUZA; FILHO; SOUZA (2006) explicam
através da psicologia que o processo de motivação se dá a partir de uma
necessidade e de um objeto (finalidade/satisfação), sendo que para que a
necessidade seja satisfeita, precisamos criar uma privação ou tensão do objeto.
KOTLER (2000) explica que uma necessidade torna-se um motivo quando surge em
nível suficiente de intensidade. Um motivo é uma necessidade que está
pressionando suficientemente para levar a pessoa a agir. A satisfação da
necessidade reduz o sentimento de tensão.
Outros fatores além desses mencionados, motiva o homem a se deslocar do
seu entorno habitual segundo Trigo acrescenta:

Existem muitos motivos para viajar. Atualmente, nas sociedades


contemporâneas, a utilização do tempo livre não obedece a modelos
preestabelecidos para todos nem está necessariamente separada da
atividade profissional ou cultural. O tempo livre pode ser utilizado
para fazer “nada” ou para ócio; para lazer individual ou coletivo, seja
ele espontâneo ou programado; para atividades culturais, esportivas
ou turismo. Muitas vezes, as atividades realizadas no “tempo livre”,
servem, também, para reforçar habilidades ou conhecimento
necessários a atividade profissional (TRIGO, 2001, p 34).

Dessa forma compreende-se que a motivação é responsável pelo


comportamento humano e determina características do comportamento do
consumidor. O processo de motivação da compra começa com o reconhecimento
dos benefícios e da qualidade dos produtos e serviços oferecidos, dessa forma a
qualidade é um fator de extrema importância na decisão de compra.
É importante que se discuta a qualidade, pois é um fator de extrema
importância para a sobrevivência das empresas, e que mantêm a competitividade
com seus concorrentes. Hoje os consumidores estão cada vez mais exigentes e com
acesso a recursos tecnológicos que permitem a pesquisa comparativa entre os
produtos e serviços, a busca considera requisitos antes poucos considerados, como
produtos que atendam o Código de Proteção ao Consumidor, preservem o meio
ambiente, a conservação de energia e respeitem nesse caso, o Estatuto do Idoso.
A qualidade pode ser definida como “a capacidade de satisfazer as
necessidades, tanto na hora de comprar, quanto durante a utilização, ao melhor
custo possível, minimizando as perdas, e melhor que os nossos concorrentes”
TEBOUL (1991). É um processo que começa desde a fabricação do produto até que
chegue ao consumidor. O que mais importa durante esse processo é a percepção
que o cliente sente sobre o produto quando ele vai de encontro com suas
necessidades e supera suas expectativas.
Complementando essa afirmativa, DENTON (1990) afirma que existem dois
tipos de qualidade, ou seja, a qualidade de fato e a qualidade de percepção. A
qualidade de fato é aquela idealizada pela empresa ou prestador de serviços, a
partir de seu padrão de referências. Já a qualidade de percepção trabalha com a
visão do cliente ou do usuário para desenvolver o padrão de especificações e
requisitos do produto ou serviço.
O conceito de qualidade no turismo defendido pela OMT (2004) define a
qualidade como:
“O resultado de um processo que implica a satisfação com todos os
produtos autênticos e serviços necessários, exigências e
expectativas dos clientes, a um preço aceitável, que esteja em
conformidade com os determinantes subjacentes à qualidade, como
à protecção e segurança, higiene, acesibilidade, transparência,
autenticidade e harmonia com as actividades de turismo relacionadas
com as pessoas e a paisagem natural.”

Dessa forma, o turismo sendo uma atividade que depende de uma série de
produtos e serviços, necessita que toda cadeia funcione de forma integrada, pois se
não, comprometerá todo o processo de qualidade. Os consumidores possuem uma
expectativa elevada quando se trata do setor turístico, uma vez que ao buscar uma
viagem deseja que nenhum problema o atrapalhe de desfrutar o máximo possível.
Portanto é necessário que haja planejamento para que o mercado disponha de
produtos diferenciados e com qualidade especialmente nos serviços oferecidos a
terceira idade.
Planejamento significa ter um plano para que os problemas ou imprevistos
possam ser minimizados reduzindo os impactos turísticos negativos . Segundo DIAS
(2003) o que há de realmente concreto é que planejar significa basicamente
organizar o futuro. É a orientação da atividade presente para determinado futuro,
partindo sempre do pressuposto que existem várias alternativas possíveis. Já
PETROCCHI (2001), complementa dizendo que o planejamento turístico identifica
os segmentos específicos que poderão ser trabalhados com a oferta de produtos
particulares que atendam as necessidades e desejos da demanda localizada.
Sendo assim o planejamento é uma ferramenta significativa para o turismo,
pois pode oferecer uma série atividades ao turista. No caso dos idosos, produtos
específicos e que sejam apropriados de acordo com as necessidades desse
segmento. Deve-se pensar na melhoria do acesso democrático aos espaços
turísticos, atendimento ao turista, informação, comodidade, transporte, sinalização,
dentre outros. Para isso, é necessário o envolvimento dos órgãos desde os níveis
governamentais aos institucionais para que os interesses estejam ajustados e
atendam essa demanda da melhor maneira possível.

METODOLOGIA

O presente estudo é de natureza descritiva. A pesquisa descritiva objetiva a


descrição de determinada população ou fenômeno ou o estabelecimento de relações
entre variáveis, esse tipo de estudo tem como característica mais significativa a
utilização de técnicas padronizadas de coleta de dados, tais como o questionário e a
observação sistemática. Segundo Silva & Menezes (2000, p.21), “a pesquisa
descritiva visa descrever as características de determinada população ou fenômeno
ou o estabelecimento de relações entre variáveis. Envolve o uso de técnicas
padronizadas de coleta de dados: entrevista e observação sistemática. Assume, em
geral, a forma de levantamento”. Foi desenvolvido com abordagem quali-quant, pois
alguns dados são quantificados, como idade dos entrevistados, aspectos
financeiros, quantidade de viagens durante o ano, renda mensal, etc. Ao mesmo
tempo em que houve apresentação dos resultados através de algumas observações
feitas em campo contextualizado com a realidade turística local.
Para atingir os objetivos propostos, utilizou-se como metodologia os estudos
bibliográficos por meio de artigos, livros, revistas, sites eletrônicos, monografias e
dissertações para levantar uma base conceitual que fortaleça a pesquisa e utilizá-los
como instrumento de fundamentação das hipóteses. Segundo Gil (2009) este tipo de
pesquisa pode ser considerado importante, à medida que nela poderá obter dados
que tragam informações históricas e únicas Após analisar as questões teóricas
existentes sobre o envelhecimento, qualidade de vida e motivações turísticas, foram
entrevistadas 50 pessoas entre 60 e 75 anos na Unidade do SESC- MA (Serviço
Social e do Comercio do Maranhão) que trabalha com este grupo específico e
realiza diversas atividades voltadas ao segmento do turismo social.
O questionário (apêndice) possui 29 perguntas fechadas (apêndice) divididas
entre duas partes: a primeira com o objetivo detectar o perfil sócio econômico,
apontando dados como idade, sexo, renda, etc, e a segunda sendo mais específica
da temática, com o intuito de identificar os critérios dos destinos turísticos escolhidos
por este público, suas motivações de viagem, qualidade dos serviços prestados,
dinâmicas dos grupos, e atividades realizadas por esse segmento dentre outros
aspectos. As perguntas fechadas foram a opção definida para esta pesquisa, pois
como confirma Labes (1998): facilitam o preenchimento do questionário, são fáceis
de codificar e tabular e auxiliam na compreensão da pergunta.
Além disso, foi realizada também, uma entrevista com a gestora
responsável em coordenar as excursões para saber quais as estratégias e ações
para satisfazer as necessidades desse público e motivá-lo a viajar cada vez mais. .A
análise dos dados será exposta de forma descritiva , onde será traçado o perfil dos
entrevistados e posteriormente a análise contextualizada desses dados com a
temática abordada.
Outro fator importante a ser analisado durante a entrevista é a visão que o
público da melhor idade tem em relação aos destinos turísticos visitados, tendo em
vista que é um setor que cresce potencialmente e que requer investimentos voltados
ao segmento. Desta maneira, é importante analisar as seguintes questões: Como
anda o mercado nesta área? Os produtos atendem as expectativas desse público?
As atividades incluídas estão adequadas às limitações desses clientes? O setor tem
inovado para atrair e atender essa demanda? Há políticas de incentivo para as
atividades turísticas voltadas à terceira idade? Que diferenciais as instituições tem
empregado para fidelizar este grupo? Todos esses questionamentos serão feitos
para comparar os resultados obtidos com a situação do mercado, fazendo uma
análise do desenvolvimento desse setor em São Luís e apontar possíveis medidas
para melhoria do segmento.

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