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RESUMO
RESUMO EXPANDIDO
1
Mestranda do Programa de Pós-Graduação em Turismo e Hospitalidade da Universidade de Caxias do Sul,
Caxias do Sul, RS, Brasil. Currículo: http://lattes.cnpq.br/6552493247889727. E-mail:
luteixeiralacerda@gmail.com.
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Doutora. Docente do Programa de Pós-Graduação em Turismo e Hospitalidade da Universidade de Caxias
do Sul, Caxias do Sul, RS, Brasil. Currículo: http://lattes.cnpq.br/7671104429839034. E-mail:
msmecca@gmail.com.
1
bens e serviços unidos por relações de interação e interdependência. O segmento passou
ocupar espaço de destaque tanto do ponto de vista do desenvolvimento social, quanto da
perspectiva econômica. Municípios encontraram, no turismo, sua principal fonte de renda
ou a perspectiva de crescimento e melhora na qualidade de vida de seus residentes.
Movidos pela busca de tranquilidade e natureza, realidade oposta ao dia a dia nas grandes
cidades, muitos turistas deslocam-se para o interior. Enquanto isso, os residentes locais
passam, em muitos casos, a valorizar suas cidades, sua cultura e os ambientes antes
desprestigiados. Porém, muitos desses municípios apesar de potencialmente turísticos,
necessitam aprender beneficiar-se dos atrativos locais e desenvolverem-se como referências
em turismo.
Diante do exposto esta pesquisa tem como objetivo iniciar um debate acerca das
possibilidades que o turismo pode promover para o crescimento econômico sustentável do
município de Machadinho-RS. Com as mudanças ocorridas na sociedade, a visão do
turismo também se modificou. Suas singularidades distinguem-no dos bens industrializados
e do comércio, como também dos demais tipos de serviços. Uma de suas características
mais marcantes é que se trata de um produto imaterial – intangível – cujo resíduo, após o
uso, é o de promover uma experiência vivencial.
Buscando experiências marcantes, significativa parcela do mercado acabou por abrir mão
dos bens duráveis por situações de prazer imediatas, como a sensação de que não há tempo
a perder (Bauman, 2008). Angeli (1991, p.45) nos fala: “O fenômeno turístico [...] tem um
aspecto social tão importante quanto ao desenvolvimento econômico, isto é, possibilidade
de expansão do ser humano, seja pelo divertimento, seja pela possibilidade de conhecer
novas culturas e enriquecer conhecimentos por meio de viagens”.
2
benefícios que proporcionam as águas termais e o ambiente natural. Além disso, o
desenvolvimento da sustentabilidade local e a permanência nas águas termais, como
principal atrativo e fonte de desenvolvimento econômico dos locais, tem sido motivo de
incentivar o turismo em águas termais. Conforme cita Melo Neto (2000, p.14), “diversão
não é só entretenimento e lazer [...]. É muito mais do que o simples divertir-se. É descobrir-
se, conhecer-se melhor, praticar a alteridade, adquirir experiência, realizar novas
aprendizagens, viver a aventura do outro”. Não apenas para entretenimento, com a
descoberta de poderes curativos proporcionados pelas águas termais, o turismo vem
apropriar-se de mais essa vertente, oferecendo alternativas “naturais” em beneficio a saúde.
Segundo Quintela (2004) as “águas minerais foram batizadas como ‘diamante líquido’,
‘petróleo’, ‘ouro, ‘remédio universal’, quer por suas virtudes terapêuticas, quer pelo
potencial econômico que representam para um país e/ou uma região”.
Pessoas de todas as idades deslocam-se por longas distâncias em busca dos poderes
curativos das águas termais em todo o mundo. O desenvolvimento desse nicho do mercado
turístico é responsável pelo progresso de importantes cidades turísticas no Brasil devido à
construção de parques aquáticos, com águas termais. Esses municípios passaram a alinhar o
atrativo termal à suas culturas, proporcionando experiências diversificadas aos turistas.
Todo esse processo garante o crescimento econômico, cultural e social. Entende-se,
portanto, que o espaço de vivência e experiência com a natureza, situado em Machadinho,
no Rio Grande do Sul, é considerado produto turístico.
Para construção deste trabalho utilizamos uma pesquisa com metodologia qualitativa, de
natureza bibliográfica e descritiva, na modalidade de estudo de caso. Segundo Fonseca
(2002, p. 32) a pesquisa bibliográfica “é feita a partir do levantamento de referências
teóricas já analisadas, e publicadas por meios escritos e eletrônicos, como livros, artigos
científicos, páginas de web sites”. Por meio dela o pesquisador tem acesso ao que já foi
estudado sobre o caso e pode fazer inferências a partir disso. Enquanto isso, a pesquisa
descritiva constata e avalia a relação entre variáveis à medida que elas “se manifestam
espontaneamente em fatos, situações e nas condições que já existem. Na pesquisa descritiva
3
não há manipulação a priori das variáveis. É feita a constatação de sua manifestação a
posteriori” (Koche, 2015, p. 124). Por fim, realizamos um estudo caso o qual “visa
conhecer em profundidade o como e o porquê de uma determinada situação que se supõe
ser única em muitos aspectos, procurando descobrir o que há nela de mais essencial e
característico” (Fonseca, 2002, p. 33).
Situado na região nordeste do Estado do Rio Grande do Sul, distante 400 km da capital
Porto Alegre, o município de Machadinho possui uma área territorial de 335,031 km² e
população estimada de 5.510 pessoas, de acordo com o último senso (IBGE, 2017).
Formado principalmente por descendentes de imigrantes europeus e tendo, desde sua
emancipação em 1959 uma economia embasada na agropecuária, o turismo passou a fazer
parte atuante do desenvolvimento do município a partir da construção de um parque termal.
O sonho da construção de um parque de águas termais manteve-se como objetivo desde a
descoberta de águas quentes no solo do município em 1972 por meio de perfurações de
uma empresa de petróleo (Escola Estadual de Ensino Médio Castro Alves).
Mais tarde, no ano de 1997, com a construção da Usina Hidrelétrica Machadinho, muitas
famílias tiveram suas terras desapropriadas. Decorrente das reivindicações da comunidade,
a construtora ficou encarregada de indenizar o município pelas perdas ocorridas com a
construção da hidrelétrica. A partir daí o sonho do uso das águas termais começava a
ganhar forma: a principal obra definida como indenização foi a construção do parque
aquático termal. Finalmente, em 2004 foi inaugurado o Thermas Machadinho. O Parque
Aquático conta com uma área de 98.000m² aproximadamente, e as águas vertem do solo à
45°C. Possui ampla área de lazer com piscinas de variados tamanhos o que possibilita o
banho para todas as idades, brinquedos, estabelecimentos comerciais, além de
disponibilizar churrasqueiras e mesas para a realização de refeições (Escola Estadual de
Ensino Médio Castro Alves).
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forma de suporte ao turismo das águas, disponibilizando ao turista outras possibilidades de
entretenimento. Mesmo em meio a crise financeira que vem afetando todos os setores da
economia brasileira, o turismo manteve-se em crescimento segundo dados do Boletim de
desempenho econômico do Turismo. As empresas do setor do turismo pesquisadas
apontaram um crescimento com variação de 4,3% em relação ao mesmo trimestre do ano
passado. Ainda no mês de abril o Fundo Monetário Internacional (FMI) apontou que o
Brasil, mesmo que de forma tímida, começou apresentar melhoras em sua economia
(estima-se 0,2% em 2017 e 1,7 em 2018). Também no mês de abril, o Ministério do
Turismo anunciou um pacote de pedidas intitulado “Brasil + Turismo”, visando fortalecer o
turismo no país. A finalidade das ações que será desempenhadas é trazer algumas soluções
para problemas antigos do setor, além de aumentar o número de turistas, entre outros
objetivos (Ministério do Turismo, 2017).
Outro dado importante relatado no Boletim apresenta dados no que se refere ao mercado
dos parques e atrações turísticas. Com a pesquisa, contatou-se que lazer era o objetivo de
77,0% dos turistas pesquisados; 8,3% busca aventura; e 5,7% atrações culturais (Ministério
do Turismo, 2017). Vale destacar ainda que o estado do Rio Grande do Sul é apontado em
quase todos os segmentos como um dos principais destinos dos turistas no Brasil.
Tendo em vista que o turismo relaciona-se com todos os meios consideramos, portanto, a
definição de turismo sustentável utilizada por Swarbrooke (2000, p.19) na qual significa um
“turismo que é economicamente viável, mas não destrói os recursos dos quais o turismo no
futuro dependerá, principalmente o meio ambiente físico e o tecido social da comunidade
local”. Neste trabalho, porém, trataremos apenas da porção econômica. O dinheiro atraído
pelo turismo tem o “efeito multiplicador. Ou seja, a ideia de que o dinheiro gasto pelos
turistas circula pela economia local em uma série de ondas” (Idem, p.96). Apesar de conter,
também, muitos custos, o turismo possibilita que a renda arrecadada atinja, possivelmente,
todos os segmentos do mercado, desde o poder público, quanto o comércio e serviços.
5
Considerando as informações expostas acima, nossa proposta para o município de
Machadinho é incrementar o desenvolvimento por meio do turismo sustentável, visando o
fortalecimento e crescimento da economia, seguindo um modelo exposto pela Organização
das Nações Unidas nos “17 Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS)”, que devem
ser implementados durante os próximos 13 anos, até 2030, por todos os países do mundo
(ONU, 2015). Centramos nossos esforços, em especial, no objetivo 8, o qual se refere a
“promover o crescimento econômico sustentado, inclusivo e sustentável, emprego pleno e
produtivo e trabalho decente para todos” (ONU, 2015). Desfrutar do turismo de forma a
distribuir uniformemente os custos e lucros, promovendo subsídios para o crescimento do
setor produtivo.
Por se tratarem de águas quentes, o município tem a possibilidade de atrair visitante o ano
todo, tendo em vista, principalmente, a alta dos tratamentos focados na saúde física e
mental, e no aumento da procura por espaços de convívio com a natureza. Apoiando-se nos
dados do cenário nacional, no qual o turismo vem sobressaindo-se enquanto outros setores
ainda não conseguiram fugir da recessão, tem-se a perspectiva de novos empreendimentos e
o fortalecimento dos atuais, o que torna possível a criação de novos postos de trabalho,
dada a grande demanda de mão de obra para atender as necessidades dos turistas.
Diante desse cenário toda população (ou grande parte) é envolvida e a renda passa a ser
distribuída uniformemente, cooperando para que o desenvolvimento seja economicamente
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eficaz e gere rendimentos que servirão como fonte do sustento dos moradores e melhorias
locais. Para que o município permaneça em crescimento e utilize de maneira eficiente os
recursos disponíveis em seu território, atraindo um número ainda maior de visitantes e
obtendo vantagens econômicas e sociais, necessita-se de maiores estudos e a elaboração de
estratégias e ações focadas na sustentabilidade.
REFERÊNCIAS
Escola Estadual de Ensino Médio Castro Alves. (n.d). Histórico dos pontos turísticos.
Recuperado de: http://politecnicocastroalves.blogspot.com.br/p/historicos-pontos-
turisticos.html.
7
Quintela, M. M. (2004). Saberes e práticas termais: uma perspectiva comparada em
Portugal (Termas de S. Pedro do Sul) e no Brasil (Caldas da Imperatriz). História,
Ciências, Saúde. Manguinhos, vol. 11 (suplemento 1), 239-60. Recuperado de:
http://www.scielo.br/pdf/hcsm/v11s1/11.pdf.
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QUALIDADE NO SERVIÇO HOTELEIRO DA CIDADE DE GRAMADO-RS
RESUMO
PALAVRAS-CHAVE
RESUMO EXPANDIDO
1 Mestra. Coordenadora Pedagógica da Uninter, polo de Caxias do Sul, RS, Brasil. Currículo:
http://lattes.cnpq.br/6151070929029128 E-mail: leticiacvivian@gmail.com
2 Doutor. Professor no Programa de Pós Graduação em Turismo e Hospitalidade da Universidade de Caxias
do Sul, Caxias do Sul, RS, Brasil. Currículo: http://lattes.cnpq.br/2627794239193071 E-mail:
slvianna@ucs.br
1
Para a elaboração da dissertação de mestrado na área Turismo, origem deste trabalho, o
referencial teórico que norteou os estudos foi baseado nos seguintes autores com um
significativo número de publicações internacionais: Lewis e Booms (1983), Berry,
Parasuraman e Zeithaml (1985, 1988), Gumesson (1988), Cronin e Taylor (1992),
Gundersen (1996), Zeithaml (1996), Johns e Howard (1998), Lovelock e Wright (1999),
Tsang e Qu (2000), Lockyer (2002), Keating, Harrington (2003), Wilkins (2006), Briggs
(2007), Kotler (2006).
Com base no acima exposto, a presente pesquisa utiliza como ponto de partida o seguinte
problema: Como está a qualidade do serviço hoteleiro, na cidade de Gramado/RS a partir
da utilização do modelo SERVQUAL? A partir do problema apresentado busca-se
(utilizando a estrutura disponibilizada pelo modelo SERVQUAL) analisar a qualidade
dos empreendimentos hoteleiros instalados no município de Gramado/RS, de acordo com
a visão institucional (hotéis).
Nos estertores do século XVIII e nos primórdios do século XIX, segundo Rejowski
(2002), os viajantes hospedavam-se em residências ou nas fazendas, era um costume
típico da hospitalidade portuguesa. Costumavam ser recebidos como membros da família.
Rejowski (2002) afirma que a organização do setor hoteleiro na esfera privada ocorreu
em 1936 com a fundação da ABIH – Associação Brasileira da Indústria Hoteleira, no Rio
de Janeiro, durante o I Congresso Nacional Hoteleiro.
2
Para Beni (2001) a empresa hoteleira, um dos elementos essenciais da infraestrutura
turística, constitui um dos suportes básicos para o desenvolvimento do Turismo num país.
Por isso, se faz necessário a criação de redes de hotéis que satisfaçam as exigências das
demandas interna e receptiva, no que se refere à qualidade dos serviços. O conceito de
hotel, segundo Beni (2001) pode ser compreendido como:
Outra tendência do setor hoteleiro é a de que grandes propriedades serão operadas através
de contratos de administração. Os investidores compram propriedades hoteleiras e as
entregam às operadoras independentes para administrarem, um processo que tem
vantagens para ambas as partes. O dono entra com os recursos financeiros e o gerente
com a reputação e a experiência para administrar a propriedade de modo rentável. Outras
tendências são o aumento do uso de sistemas centrais de reservas, ênfase em agregar
serviços e o uso de técnicas de administração de receitas (Mcintosh; Goeldner & Ritchie,
2000).
Os serviços ofertados por parte das empresas hoteleiras são caracterizados por sua
intangibilidade, pela presença do cliente ou de um bem de sua propriedade durante a
execução, e pela produção e consumo quase que simultâneos (Gronroos, 1984, Berry;
Parasuraman & Zeithaml, 1985, 1988; Fitzsimmons, 2006).
Ao estudar esse tema, ter contato com suas informações, se faz necessário a fiel descrição
dos resultados obtidos, dessa forma o presente trabalho tem intuito de pesquisar os hotéis
e descrever o resultado das questões levantadas, conforme variáveis vindas do referencial
teórico do mesmo.
3
A pesquisa procurou identificar os empreendimentos de hospedagens que são da
categoria luxo e os que são de categoria confortável. O Guia Quatro Rodas (2015) traz na
classificação de hotéis de luxo apenas dois: Modevie Boutique Hotel e Saint Andrews. Os
hotéis classificados como confortáveis são onze estabelecimentos: Alpenhaus, Alpestre,
Bavária Sport, Casa da Montanha, Estalagem St. Hubertus, Gramado Master Palace,
Pousada La Hacienda, Rita Hoppner, Serrano Resort Convenções & SPA, Varanda das
Bromélias Boutique Hotel e Vila Bella Gramado.
O ponto de partida do presente estudo foi a pesquisa realizada nos sites dos hotéis que se
enquadraram nas categorias escolhidas pela pesquisadora com o objetivo de identificar o
que eles estão oferecendo aos seus clientes, com base nas categorias de análise propostas
pelo modelo SERVQUAL.
As informações que não estavam presentes nos sites foram solicitadas aos hotéis via e-
mail e também por telefone. Foi possível constatar que poucos empreendimentos
demonstraram interesse em responder a pesquisa. Desta maneira, adotou-se como padrão,
para os hotéis que não responderam aos questionamentos, que o item avaliado não estava
sendo oferecido pelo mesmo.
4
A partir desta análise foi elaborado o quadro que está na página seguinte onde mostra as
variáveis e os indicadores que compõe cada variável. Para cada indicador foram
considerados os valores “Sim” para aqueles empreendimentos que prestam aquele serviço
ou possuem aquela característica pesquisada. O valor “Não” foi atribuído àqueles que não
prestam o serviço ou não possuem a característica definida na escala SERVQUAL e
“SR” para os empreendimentos que se negaram a responder quando perguntados sobre os
serviços prestados ou determinadas características. Com base nesta análise será possível
compreender qual é a qualidade oferecida pelos hotéis selecionados para esta pesquisa.
Nesta análise, verificou-se que houve um maior número de indicadores que foram
desconsiderados pela maioria dos estabelecimentos pesquisados (por meio das
informações disponibilizadas em seus sites). Tal constatação mostra que a qualidade do
serviço oferecida pelos hotéis está abaixo do esperado para este padrão de
estabelecimento, e desta forma pode não atingir as expectativas de seus clientes.
Serra (2005) afirma que a qualidade pode ser conceituada como o grau em que o serviço
satisfaz as exigências, desejos e expectativas do cliente. Quanto mais o cliente for
atendido com presteza, maior será o grau de satisfação dele com o hotel. A partir das
respostas dadas pelos hotéis e das informações disponibilizadas nos sites, foi possível ter
uma visão geral de como estão os serviços oferecidos pelos hotéis instalados no
município de Gramado-RS.
5
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Indicador Val Val Val Val Val Val Val Val Val Val Val Val Val
Variáveis
O hotel conta com equipamentos modernos Sim Sim Sim Sim Sim Sim Sim Sim Sim Sim Sim Sim Sim
As instalações físicas do hotel são visualmente atrativas Sim Sim Sim Sim Sim Sim Sim Sim Sim Sim Sim Sim Sim
Tangíveis
A conservação das instalações físicas do hotel está de acordo com o
Sim Sim Sim Sim Sim Sim Sim Sim Sim Sim Sim Sim Sim
serviço oferecido
Os colaboradores do hotel são bem vestidos e asseados Não Não Sim Sim Sim Não SR SR Sim Não Sim Não Sim
Quando o hotel promete fazer algo em certo tempo, realmente o faz Não Não SR Não Sim Sim Não Não Sim Não Sim Não Não
Confiabilidade O hotel é de confiança Sim Sim Não Não Sim Sim Sim Não Sim Não Sim Não Sim
O hotel presta o serviço de acordo com o tempo previsto Sim Não SR SR Sim Sim Sim Não Sim Não Sim Não Sim
O hotel mantém meus dados de cliente sempre atualizados Não Sim Não Não Sim Não SR Não SR SR SR SR Não
O hotel informa exatamente quando os serviços serão executados Não Sim Não Não Sim Não Sim Não Sim Não Sim Não Sim
O serviço dos colaboradores do hotel é prestado de maneira ágil Não Não Não Sim Sim Não SR SR Não Sim Sim Não Não
Presteza
Os colaboradores do hotel estão sempre dispostos a ajudar os clientes Sim SR SR SR Sim Sim Sim Não Sim Sim Sim Sim Sim
As informações fornecidas pelos colaboradores do hotel são corretas SR SR SR Não Sim Não Não Não Sim Sim Sim Não Não
Você se sente seguro em negociar com os colaboradores do hotel Sim Sim Não Não Sim Não Não Não Não Sim Sim Não Não
Segurança
Os colaboradores do hotel são educados Sim Não Não Não Sim Não SR SR SR Sim Sim Não Sim
A gestão do hotel dá atenção individual a você Não Não Não Não Sim Não Não Não Não Sim Sim Não Não
Os colaboradores do hotel dão atenção individual a você Sim Sim Sim Sim Sim Sim Sim Não Sim Sim Sim Sim Sim
O hotel tem horário de funcionamento conveniente a todos os clientes SR SR Sim Não Sim SR Não SR SR Sim Sim Não Não
6
Fonte: elaborado pela pesquisadora (2016)
De maneira geral a questão central da pesquisa pode ser vista como positiva, a partir de
todas as análises realizadas. Porém, há sempre aspectos que precisam ser melhorados.
Mas, no serviço hoteleiro a melhoria continua deve ser a parte principal de todo o
processo, uma vez que por tratar-se de um ciclo, verifica-se que o mesmo não tem fim.
Além disso, destaca-se que o setor hoteleiro é constituído por pessoas preocupadas e
engajadas em atender pessoas da melhor maneira possível, de forma a satisfazer suas
necessidades.
O presente estudo permitiu concluir que o setor hoteleiro, por meio de seus gestores, deve
desenvolver sua equipe a partir da implementação de programas de treinamentos,
educação continuada, palestras motivacionais e processos, pois assim terá uma equipe
bem alinhada na condução de suas atividades. Assim, pode-se afirmar que a qualidade do
serviço hoteleiro passa diretamente pelas pessoas, pois são elas que fazem a operação
acontecer dentro de um hotel.
REFERÊNCIAS
7
Berry, L. L.; Parasuraman, A.& Zeithaml, V. A. (1988) SERVQUAL: a multiple item
scala for measuring customer perceptions of service quality. Journal of Retailing,
64(1), 12-37
Editora Abril (2015) Guia quatro rodas. Edição Especial 50 anos. São Paulo: Abril.
Briggs, S.; Drummond, S. & Sutherland, J. (2007) Are hotels serving quality? An
exploratory study of service quality in the Scottsh hotel sector. Tourism
Management, 28(4), 1006-1019.
Cronin, J. & Taylor, S. (1992) Measuring service quality: a reexamination and extension.
Journal of Marketing, 56(3).
Gundersen, M. G.; Heide, M. & Olsson, U. H. (1996) Hotel guest satisfaction among
business travelers: what are the important factors? The Cornell Hotel And
Restaurant Administration Quarterly, 2 (37).
Gronroos, C. (1984) A service quality model and its marketing implications. European
Journal of Marketing, 18(4), 36-45.
Keating, M. & Harrington, D. (2003) The challenges of implementing quality in the Irish
hotel industry. Journal of European Industrial Training, 27(9), 441-453.
8
Johns, N. & Howard, A. (1998) Customer expectations versus perceptions of service
performance in the foodservice industry. International Journal of Service
Industry Management, 9 (3), 248-265.
Lewis, R. C. & Booms, B. H. (1983) The marketing aspects quality. In: Berry, L.;
Shostack, G. & Upah, G. (org.) Emerging perspectives on services marketing. p.
99-107. Chicago: American Marketing,
Tsang, N.; Qu, H. (2000) Service quality in China´s hotel industry: a perspective from
tourists and hotel managers. International Journal of Contemporary Hospitality
Management, 12 (5), 316-326.
Ribeiro, H. (1994) 5S: a base para a qualidade total. Salvador: Casa da Qualidade.
Souza, C. A. & Laurino, A. T.; (2012) Programa bem receber em Foz do Iguaçu, Paraná:
o resgate de uma experiência nos meios de hospedagem. Revista Rosa dos Ventos
Turismo e Hospitalidade, 4(4), 625-637.
9
DEMANDA TURÍSTICA INTERNACIONAL: FATORES DETERMINANTES
QUANTITATIVOS E QUALITATIVOS
RESUMO
RESUMO EXPANDIDO
1
Mestranda em Turismo do Programa de Pós-Graduação em Turismo da Universidade Federal Fluminense,
Niteroi, RJ, Brasil. Currículo: http://lattes.cnpq.br/9940926941499388. E-mail: isabelalpc@id.uff.br
2
Doutor. Professor na Universidade Federal Fluminense, Niterói, RJ, Brasil. Currículo:
http://lattes.cnpq.br/5030565066461210. E-mail: joaoedm@turismo.uff.br
1
estudos de mestrado que tem como objeto de estudo os determinantes da demanda turística
internacional para a cidade do Rio de Janeiro, um dos principais destinos dos turistas
internacionais que visitam o Brasil.
O trabalho tem como objetivo realizar uma breve discussão teórica sobre os principais
determinantes da demanda turística internacional, base da pesquisa que será realizada no
projeto de dissertação do mestrado. Dessa forma, foi utilizada a metodologia ensaística.
Sendo assim, são avaliados alguns aspectos como: o conceito demanda turística, a
importância da pesquisa de demanda no processo de planejamento e fatores determinantes
da demanda turística internacional. Partiremos, portanto, de alguns pressupostos
econômicos. Sendo o turismo uma atividade econômica, o estudo da demanda turística é de
fundamental importância para o planejamento sustentável da atividade, no que se refere a
sua capacidade de gerar renda, emprego e desenvolvimento.
A ciência econômica segundo Santos e Kadota (2012) é o estudo sobre como a sociedade
designa seus recursos limitados para atender necessidades ilimitadas. Na área de estudos do
turismo, portanto, se aplica a mesma ideia: associada à existência de recursos limitados do
lado da oferta turística e dos destinos turísticos disponíveis para visitar e as necessidades
ilimitadas das sociedades receptoras de turistas – nestas condições, as decisões de escolha
são guiadas a partir do mercado. Os autores destacam que para entender o funcionamento
do mercado é necessária a percepção do comportamento da demanda (Santos & Kadota,
2012).
A atividade turística tem grande relevância econômica, no que se refere à sua capacidade
para gerar de renda, empregos e melhoria na qualidade de vida da comunidade receptora,
mas com um crescimento desordenado pode também causar problemas ambientais e sociais
(Feger, Nodari & Lazzarotti, 2011). Portanto, o turismo é um setor que gera impactos tanto
positivos, quanto negativos e deve ser planejado pensando em todos os aspectos que
envolvem a sustentabilidade. De acordo com o guia para políticas de turismo sustentáveis
do Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente em conjunto com a Organização
2
Mundial do Turismo (United Nations Environment Programme [UNEP] & World Tourism
Organization [WTO], 2005), hoje a sustentabilidade do turismo deve ser pensado de forma
sustentável em seus três pilares: econômico, social e ambiental. Para que seja bem
planejado e, por conseguinte, desenvolvido de forma sustentável, é necessário envolver
todos os seus stakeholders e assim minimizar os impactos negativos e potencializar os
positivos.
[...] renda, preços, custo de transporte, divulgação de marketing da cidade, níveis de migração
e fatores qualitativos como tempo disponível para a viagem, comércio e laços étnicos entre os
países, [“grau” de] atratividade do destino (por exemplo, cultura, clima, história, recursos
naturais, infraestrutura turística; eventos especiais acontecendo na destinação; desastres
3
naturais; e ameaças sociais como instabilidade policial, problemas de saúde ou terrorismo)
(Crouch, 1994a, Lim, 2006, Saymaan et al 2008, como citado em Dwyer, Forsyth &
Papatheodorou, 2011, p. 4).3
a) Econômicos: nível de renda disponível; nível de preços; política fiscal e controle dos gastos em
turismo; financiamento; tipos de câmbio.
b) Relativos às unidades demandantes: motivação; condicionantes socioculturais; formas e estilos de
vida; tempo de lazer; costumes de épocas; crenças ideológicas, religiosas ou políticas; fatores políticos;
fatores demográficos.
c) Aleatórios: variáveis externas que fazem variar o comportamento do consumidor como guerras e
catástrofes naturais.
d) Relativos aos sistemas de comercialização.
e) Relativos à produção.
A literatura sobre demanda turística internacional tem direcionado a maioria das pesquisas
para o entendimento da demanda a partir dos fatores econômicos, mas é importante
ressaltar que, para destinos como a cidade do Rio de Janeiro, existem outros fatores que
podem exercer mais efeitos sobre a demanda turística internacional, conforme identificado
nos fatores relativos às unidades demandantes (Sancho & Perez, 1995 como citado em
OMT, 2001). Por outro lado, é essencial destacar que a demanda turística é dinâmica, uma
vez que, ela acompanha as transformações sociais, que por sua vez, apresenta novos
valores, novas preferências e, por conseguinte, novos determinantes da demanda. A
relevância dos fatores determinantes da demanda depende do tipo de turista que visita o
destino, logo, o destino deve ser planejado pensando no seu público. Para Dwyer, Forsyth e
3
Tradução livre.
4
Papatheodorou (2011) entender a demanda e prever seu comportamento é fundamental para
ajudar no planejamento de longo prazo, no direcionamento de negócios e gerenciamento do
destino.
Como indicado no resumo, a demanda turística é o tema mais estudado na literatura sobre
economia do turismo. No entanto, cabe ressaltar que as pesquisas têm sido direcionadas
mais para o entendimento e mensuração da demanda a partir de variáveis quantitativas, ou
seja, negligenciando de certa forma as variáveis qualitativas, como por exemplo, a questão
de segurança que afeta de forma significativa a demanda turística para a cidade do Rio e
Janeiro, objeto do projeto de mestrado, que deu origem a esse resumo.
Nesta perspectiva, indica-se que para destinos como o Rio de Janeiro, as variáveis
qualitativas podem ser tão importantes quanto as variáveis quantitativas, portanto, um
4
Tradução livre.
5
estudo de demanda turística internacional deverá procurar uma combinação das principais
variáveis quantitativas e qualitativas que influenciam o fluxo de turistas internacionais para
a cidade. A modelagem auxilia na análise quantitativa da demanda de um destino turístico,
contudo, em certos locais constata-se pelos autores previamente citados que esta não é
suficiente, pois a demanda também é influenciada por variáveis qualitativas. Em relação a
cidade do Rio de Janeiro, a mídia nacional e internacional são grandes propagadoras de
notícias sobre o aspecto violento da cidade. Nesse sentido, pode-se pensar que este seria
uma variável capaz de alterar a demanda internacional e precisa ser considerada para uma
previsão e compreensão da demanda para a cidade. Além desse aspecto, a distância dos
destinos emissores também é considerada uma variável qualitativa, visto que o turista tente
a preferir viajar para locais em que o tempo de viagem não seja muito curto.
REFERÊNCIAS
6
publishing.php?promoCode=&partnerID=?promoCode=&partnerID=&content=story
&fixedmetadataID=&storyID=221
Li, G., Song, H. & Witt, S. F. (2005). Recent developments in econometric modeling and
forecasting. Journal of Travel Research, 44(1).
Song, H. & Li, G. (2008). Tourism demand modelling and forecasting: a review of recent
research. Tourism Management, 29(2), 203-220
United Nations Environment Programme & World Tourism Organization. (2005). Making
tourism more sustenaible: a guide for policy makers. Recuperado em 30 JUL
2017, de http://www.unep.fr/shared/publications/pdf/DTIx0592xPA-
TourismPolicyEN.pdf
7
DESTINAÇÕES COMPETITIVAS:
RESUMO EXPANDIDO
1
Mestra em Turismo e Hotelaria, Universidade Vale do Itajai, Balneário Camboriu, SC, Brasil. Currículo:
http://lattes.cnpq.br/3975356974332385. E-mail: raphaellacosta.furg@gmail.com.
2
Doutor. Professor no Programa de Pós-Graduação em Turismo e Hotelaria, Universidade Vale do Itajaí,
Balneário Camboriú, SC, Brasil. Currículo: http://lattes.cnpq.br/7475083040381574. E-mail:
flores@univali.com.
1
geração de empregos no estado. Com isso, este estudo visa compreender como se
estabelece a atividade turística em destinos competitivos, neste caso será observado o
destino Bombinhas.
Versar sobre a conceituação de destino turístico tem como objetivo primordial aprimorar e
adequar o conceito frente a constante mudança da atividade turística, cujo planejamento e a
gestão são amplamente dependentes da constante atualização e reconhecimento de
informações do local onde se desenvolve a atividade turística, elementos de fundamental
importância para a formação de índices competitivos de um destino turístico (Enright &
Newton, 2005). Saraniemi e Kylanen (2011) mencionam que discursos complexos têm sido
reproduzido acerca do entendimento dos destinos, por estarem compostos por turistas,
empresários da área, população local, e outros intervenientes no mercado, manifestando-se
diferentemente em termos de forma, conteúdo ou relações. Fundamentalmente em qualquer
2
forma de compreensão de destinos, deve-se considerar que estes são singulares, repletos
de características e dotados dinâmicas próprias, no qual interagem diferentes atores de
interesesses diversos (Đurašević, 2015).
Para Cracolicia e Nijkamp (2008), o destino turístico não é compreendido apenas por uma
região, cidade ou local dotado de elementos ambientais e naturais, mas como um produto
atraente localizado em determinada área composto por uma rede integrada de serviços
capazes de ofertar uma experiência diferente do habitual. Para Mendes (2004), o destino
assume o papel da quebra de paradigma entre o turista e o destino, pois nele que realiza a
experiência do encontro com produtos e serviços do destino, estes envoltos em uma
dinâmica de interação e reciprocidade dos envolvidos. Demonstrando uma visão integrada
do destino turístico, Flores e Mendes (2014) destacam o turista como có-criador do destino,
exige a melhor interpretação sobre o entendimento do destino como um sistema integrado,
flexível e adaptado às demandas, reconhecida como visão integrada do destino turístico.
3
Para compreender como se estabelece a atividade turística em Bombinhas, inicialmente será
caracterizado o destino turisticamente eleito como uma das melhores praias do país nos
anos de 2006 a 2009, pela Revista Brasileira de Turismo Viagem e Turismo. Caracterizando
a oferta de serviços do destino, são disponibilizados aproximadamente 9 mil leitos,
distribuídos entre diferentes tipos de imóveis para locação ofertados por 78 imobiliárias,
além de 06 campings e 145 meios de hospedagem, que em alguns casos possuem estrutura
para a realização de eventos de negócios, sociais e científicos (Prefeitura Municipal de
Bombinhas, 2014).
Atrações turísticas estão disponíveis para a consulta pública, por meio do Inventário
Turístico de Bombinhas (2014), elaborado pela Prefeitura Municipal a partir da Secretaria
de Turismo e Desenvolvimento Econômico. Como principais atrativos turísticos, Casa de
Cultura Piana do Crivo, gastronomia a base de frutos do mar, inúmeras praias, Igreja
Imaculada Conceição, e Museus e Mirantes. Como forma de entretenimento, o destino
dispõe de passeios náuticos, escolas de surf e stand-up padle, aluguel de caiaques,
operadoras de mergulho. Além de eventos desportivos meio a natureza (corridas, maratonas,
triatlo) e eventos culturais (relacionados a pesca artesanal da tainha, a culinária típica,
tradição açoriana e engenhos de farinha) fazem parte da gestão da sazonalidade do destino.
4
um roteiro cultural de Bombinhas, contando com o envolvimento do Ponto de Memória
Museu Comunitário Engenho do Sertão, representantes do Consórcio de Turismo da Costa
Verde & Mar (Citmar), da Amfri, gestores da cultura e turismo de Bombinhas e agentes
culturais locais.
Uma das mais recentes estratégias de impacto econômico na gestão do turismo local foi a
instauração de Lei Complementar que institui cobrança da taxa de preservação ambiental
(TPA)10, para veículos de turistas e visitantes durante a temporada de verão. A cobrança da
TPA auxilia no controle e monitoramento do impacto do turismo no destino, além do
6
O Decreto nº 975 de 18 de abril de 2007, homologa regimento interno do Conselho Municipal de Turismo –
COMTUR
7
Lei ordinária 329/1997, Bombinhas-SC, consolidada em 23 de dezembro de 2009, dispõe sobre o
parcelamento do solo, arruamento e construção de condomínios horizontais.
8
Lei ordinária 941/2006, Bombinhas-SC, consolidada em 14 de abril 2011, normas de edificações em
Bombinhas.
9
Decreto nº 2154 de 15 de fevereiro de 2016
10
Lei Complementar nº 185 de 19 de dezembro de 2013, institui a taxa de preservação ambiental – TPA e dá
outras providências.
5
direcionamento dos fundos arrecadados para a manutenção do ambiente. Assim, foi
possível caracterizar de forma sucinta como está organizada a atividade turística em
Bombinhas, em que se verificam inúmeras normativas que amparam o desenvolvimento da
atividade turística no destino, em que nota-se a importância da gestão voltada para a busca
da sustentabilidade do destino e nela a competitividade.
6
REFERÊNCIAS
Andergassen, R., Candela, G., & Figini, P. (2013). An economic model for tourism
destinations: Product sophistication and price coordination. Tourism
Management, 37, 86-98.
Cracolicia, M.F. & Nijkamp, P. (2008). The attractiveness and competitiveness of tourist
destinations: A study of Southern Italian regions. Tourism Management, 30, 336-
344.
Dwyer, L., & Kim, C. (2003). Destination competitiveness: determinants and indicators.
Current issues in tourism, 6(5), 369-414.
7
Fiesc - Federação das Indústrias do Estado de Santa Catarina (2016). Rotas estratégicas
setoriais para a indústria catarinense 2022. Florianópolis
Flores, L.C.S. & Mendes, J.C. Perspectivas do Destino Turístico: repensando o sentido do
conceito. Revista Brasileira de Pesquisa em Turismo, 8(2), 222-237.
Sampieri, H.R, Collado, C. & Lucio, C. (2013). Metodologia da investigação. São Paulo:
Aleph.
Silva, Y., et al. (2015). A Tainha como patrimônio cultural e experiência turístico cultural
em Bombinhas, Santa Catarina. Rosa dos Ventos-Turismo e Hospitalidade, 7(1),
34-53.
8
GESTÃO ESTRATÉGICA POR MEIO DA CRIATIVIDADE E INOVAÇÃO:
Rebecca Cisne1
Darcilene Santana2
Dione Esteves3
RESUMO
O objetivo deste artigo é verificar quão estratégica é a auto-gestão dos Guias de Turismo
da Região Metropolitana de Recife (RMR) em função de seu posicionamento quanto à
criatividade e inovação. A problemática avalia, através de uma pesquisa quali-quantitativa,
se estes profissionais são capazes de auto gerir-se de forma criativa e inovadora. Ao
analisar os dados constatou-se que 50% destes profissionais, não possuem perfil
empreendedor, e indicam dificuldades de entender as oportunidades que surgem fora da
estrutura atual do turismo. Parte do trabalho dos guias limita-se à narrativa do lugar; no que
tange ao ineditismo 58% indicam não considerar esta variável na concepção de um produto.
Ainda observou-se que 31% destes profissionais foram indiferentes com relação a seus
concorrentes e 46% dizem não os conhecer e apenas 23% acusam conhecê-los. Por fim
conclui-se que, que estes profissionais não possuem o perfil empreendedor, porém,
possuem perfil criativo do tipo inovador.
1
Mestra em Turismo pela Universidade de Caxias do Sul. Professora na Faculdade de Comunicação
Tecnologia e Turismo (Facottur), Olinda-PE e na Faculdade Joaquim Nabuco, Paulista-PE. Currículo:
http://lattes.cnpq.br/3817626566726111. E-mail: rebeccacisne@gmail.com.
2
Graduação em Tecnologia em Gestão Empresarial pela Faculdade de Tecnologia de Garça. Currículo:
http://lattes.cnpq.br/5468019829860752. E-mail: darcy.santana@hotmail.com.
3
E-mail: dioneestes@hotmail.com.
1
RESUMO EXPANDIDO
O objetivo deste estudo é verificar quão estratégica é a autogestão dos guias de turismo da
Região Metropolitana de Recife (RMR) em função de seu posicionamento quanto à
criatividade e inovação. Com base nisto, questiona-se: Quão estratégica é a gestão dos
Guias de Turismo da Região Metropolitana de Recife (RMR) frente ao seu posicionamento
quanto à criatividade e inovação? A pesquisa foi aplicada junto aos guias que compõem o
Grupo de Estudos Turísticos (GET), uma iniciativa de guias de turismo de Recife que tem
por objetivo desenvolver e executar roteiros alternativos gratuitos no Recife.
A opção por este universo de pesquisa se justifica pelos seguintes motivos: 1) a própria
natureza do GET, cuja proposta de criação de roteiros alternativos abre margens à
suposição de capacidade inventiva, criativa e inovadora; 2) a facilidade da comunicação
intragrupo, que acontece via aplicativo de mensagens instantâneas (Whatsapp), o que
facilitou a divulgação do instrumento de pesquisa; 3) o número restrito de guias que atuam
na RMR, mas que são ativos no mercado de trabalho. A coleta de dados foi realizada entre
17 de julho e 22 de agosto de 2017 por meio de questionários estruturados aplicados através
da plataforma Google Docs, com perguntas abertas e fechadas. A amostra contou com 26
Guias de Turismo, dos 37 que compõem o GET. Assim, a margem de erro é de 8%. Este
estudo configura-se dentro de uma abordagem quali-quantitativa, para o qual foi-se
utilizado o método estatístico sob uma abordagem monográfica para um estudo mais
aprofundado no que se refere ao tema abordado.
O mercado cada vez mais competitivo exige das empresas um planejamento calcado em
estratégias capazes de posicioná-las de forma eficiente no cenário de lucro e rentabilidade,
mas também de práticas que possam satisfazer as demandas imediatas e intrínsecas dos
clientes. Assim, o ponto de partida parece ser a eficiência operacional. Decourt, Neves e
Baldner (2012, p.26) definem a eficiência operacional como a “melhora das práticas e dos
procedimentos dentro da cadeia de valores, ou seja, a cadeia operacional, produtiva, de
processos internos e externos das empresas”. No seio deste contexto os autores explicam
2
que a estratégia refere-se a decisões e ações que definem o posicionamento da empresa no
mercado.
Isto permite falar sobre posicionamento estratégico, ou seja, saber para onde a empresa
quer, pode ou imagina ir, atingir ou chegar. Para a definição do posicionamento estratégico
é necessário que se conheça como a empresa é vista no mercado, de maneira que se possa
saber conduzi-la estrategicamente a um futuro planejado, dentro de uma nova posição.
Assim, o gerenciamento estratégico implica na condução da “empresa de um ponto inicial
ao posicionamento estrategicamente planejado” (Decourt, Neves & Baldner, 2012, p. 26).
Neste estudo a estratégia será entendida como a “criação de uma posição exclusiva e
valiosa, envolvendo um diferente conjunto de atividade” (Idem).
Isto posto, cabe a explicação sobre o que é a gestão estratégica, que segundo Mintzenberg
(1994) é o processo dinâmico, sistemático e cíclico de análise, escolha e implementação da
estratégia. Importante reconhecer que embora confundida com planejamento estratégico, a
gestão estratégica assume dimensões diferentes. Outra ressalva pertinente é que a literatura
referente à gestão estratégica aborda o tema sob o viés empresarial. Aqui, no entanto se
entende o Guia de Turismo, sujeitos da pesquisa, como sendo sua própria empresa, já que
este profissional atua de maneira autônoma e, geralmente, como prestador de serviço, sendo
raro casos de atuação enquanto contratado em regime de CLT por uma agência de viagem,
por exemplo, pela própria natureza de seu campo de atuação. Isto, aliado à crescente
concorrência no mercado de trabalho e também à necessidade cada vez mais latente de
inovação no setor turístico, faz com que o guia de turismo, no contexto hodierno, seja capaz
de eupreender.
3
para dois tipos: 1) Os adaptadores: aqueles que preferem resolver problemas sem mexer nas
estruturas ou paradigma já existentes, sua dificuldade é entender as oportunidades fora
dessa estrutura; 2) Os inovadores: solucionam problemas revolucionando paradigmas, sua
dificuldade é conseguir adesão para suas ideias radicais de mudança.
No que concerne a produto criativo, existem três dimensões: a) Ineditismo: considera o grau
de ineditismo dos materiais, processos, conceitos e métodos empregados na elaboração do
produto; b) Resolução: avalia em que medida o produto resolve o problema para o qual foi
projetado e se funciona a contento; c) Elaboração de síntese: considera elementos
estilísticos do produto. Aliada à criatividade está também a inovação. Segundo Drucker
(2010) a inovação tem sido tema de diferentes estudos e o principal enfoque é o
organizacional ou de negócios, que é a última unidade de efetivação da inovação, isto é,
quando a ideia se materializa em um produto ou serviço, de forma tecnológica ou não. É
necessário ainda diferenciar a
[...] invenção ou algum outro substantivo que possa relacionar-se a algo novo, uma vez que que o
termo inovar está intimamente ligado aos verbos implementar, empreender, viabilizar e
fundamentalmente ter sucesso (Mazaro & Panosso, 2012, p.374).
Vê-se com isso que para a inovação aconteça, a ideia deve vir acompanhada da
implantação. Drucker (2010), por sua vez, aponta para três condições pertinentes à
inovação, que mesmo parecendo óbvias, são comumente negligenciadas: a) A inovação é
trabalho, por isso ela requer conhecimento; b) Para obter êxito, os inovadores necessitam
valer-se de seus pontos fortes, pois os inovadores bem sucedidos observam as
oportunidades com ampliação; e, por fim, c) a inovação é um efeito na economia e
sociedade.
4
determinam o cenário futuro para os destinos turísticos podem estar na capacidade de
gestores de interpretar o macroambiente e dele extrair as diretrizes e orientações para a
tomada de decisão.
Dentre os Guias de Turismo, sujeitos da pesquisa, viu-se que 54% deles estão
sindicalizados no Sindicato de Guias de Turismo de Pernambuco; o tempo de atuação no
mercado de trabalho como guias de turismo é bastante variado: 19% está no mercado há
menos de 1 ano; 35% entre 1 e 2 anos; 8% entre 3 e 4 anos e 38% há mais de 5 anos.
Quanto a fonte de renda apenas 27% deles atuam exclusivamente como Guias de Turismo;
os outros 73% tem outra fonte de renda.
A partir dos dados coletados identificou-se que estes profissionais têm dificuldade no que
se refere ao perfil empreendedor, pois os dados apontam que 50% deles afirma não saber
responder ou avaliar se têm dificuldade de entender as oportunidades fora da estrutura
de Turismo vigente, como por exemplo, o uso de redes ou mídias sociais ou de aplicativos;
33% disseram discordar que tenham esta dificuldade e 12% mostraram concordância. A
frequência de guias que conseguem avaliar ou que se mostram indiferentes a possibilidades
de identificação de uma oportunidade chama a atenção para a necessidade da abertura de
caminhos que permitam a estes profissionais o despertar para a criatividade e, seus
princípios e importância.
5
Ainda fundamentados em Monteiro Jr (2011) foi possível identificar a presença das
dimensões do produto criativo: no que tange ao ineditismo na proposta de produtos os
dados apontam que 58% indicam não considerar o grau de ineditismo de um produto em
sua proposição, ao passo em que apenas 19% o fazem; 16% são indiferentes a propor um
produto inédito e 8% não elabora roteiros e usa um portfólio de produtos. 50% deles não
busca fazer produtos diferentes dos já existentes no mercado, sendo 27% indiferentes a isto
e apenas 20% no esforço para tal; sabendo que grande parte do trabalho do guia de turismo
está na narrativa da história do lugar, foi-lhes questionado se eles consideram mais do que
isto na concepção de um novo produto, ao que foi indicado que 53% discordam desta
proposição; 16% são indiferentes e apenas 19% confirmam que buscam agregar mais do
que história em seus produtos, para finalizar a categoria, foi-lhes arguido sobre as
possibilidades de fazer guiamentos diferentes do modelo existente no mercado, 31% dizem
que julgam ser possível; 12% indicam que isto é impossível, embora já tenham tentado e
50% são indiferentes1.
Ainda quanto à proposição de novos produtos, no que se refere à avaliação do quanto que
um produto novo resolve o problema para o qual foi projetado, 69% dos guias apontam
que não fazem tal avaliação, ao passo em que apenas 20% o fazem; 4% são indiferentes a
este procedimento e 8% afirmam não elaborar novos produtos. Por fim, quanto à síntese do
produto criativo, 58% se reconhecem como incapazes de fazer articulações e associações
entre coisas diferentes, enquanto que 38% se reconhecem capazes a isto e 4% são
indiferentes.
Estes dados revelam que os produtos propostos por estes guias não são, em maioria,
produtos criativos: há pouca preocupação com o ineditismo de produtos lançados; chama
atenção, no entanto o elevado índice (50%) de guias que se reconhecem como indiferentes à
possibilidade de fazer guiamentos diferentes do modelo vigente no mercado. Também, não
1
A diferença dos dados apresentados para a totalidade 100%, reflete no índice de guias que responderam não
elaborar novos produtos.
6
avaliam seus produtos lançados e têm baixa capacidade de considerar elementos estilísticos
nesta composição.
Quanto à inovação, avaliou-se que, 36% dos guias dizem nem sempre implantar as novas
ideias que têm em seus guiamentos, enquanto que 56% afirmam que sempre o fazem e 9%
não avaliar. Quando confrontados por algum problema, 46% afirmam que as vezes
encontram solução e as implementam, enquanto que apenas 12% dizem não implementar as
soluções encontradas; destacou-se neste cenário foi o alto índice de (39%) que se
posicionam como indiferentes a esta situação. No que tange à rapidez com a qual
implementam as soluções encontradas, 63% indicam que não são rápidos em implementá-
las; já 31% consideram que as implementam com rapidez; outros 8% consideram-se
indiferentes a encontrar soluções para um problema e implementá-las com rapidez.
Drucker (2010), por sua vez, considera três elementos como condições à inovação,
conforme já exposto. Primeiramente será analisado o conhecimento. 61% dos guias dizem
não buscar conhecer as novidades na área do Turismo, enquanto 31% afirmam que buscam
manter-se atualizado; 4% indicam não saber avaliar. Quanto à atualização teórica 65%
dizem não se manter atualizados, já 31% afirmam que buscam por novidades na área e 4%
não sabem avaliar. Referente ao conhecimento de produtos tecnológicos no setor, 54%
indicam não conhecê-los, 12% mostram-se indiferentes a isto, 31% dizem estarem
atualizados e 4% não sabem avaliar. Por fim, 54% indicam que não utilizam estas
ferramentas como oportunidade de negócio, 31% afirmam utilizá-las, 12% consideram-se
indiferentes à atenção ao surgimento dessas tecnologias e ao seu uso como oportunidade,
4% não souberam avaliar. Quanto a conhecerem seus pontos fortes, 66% dizem não
conhecê-los, enquanto que 31% dizem que os conhecem e os utilizam em seus guiamentos,
4% não souberam avaliar. Quando se trata de identificar uma oportunidade para inovar em
um processo, 16% mostram-se indiferentes, ao passo em que 54% dizem não as identificar,
27% indicam que as identificam e as utilizam e 4% não souberam avaliar.
O último campo desta pesquisa considerou questionamentos sobre estratégias: 46% indicam
que não aplica uma variedade de enfoques e estratégias quando planejam algum produto;
7
apesar do alto índice, mostra-se ainda mais preocupante o fato de 31% desses guias estarem
indiferentes a isto e apenas 23% afirmaram que utilizam variados enfoques e estratégias na
concepção de produtos. Este dado, porém mostra-se inerente ao fato de que 50% dos guias
afirmarem que sim, utilizam alguma estratégia para se manter no mercado, 8% deles
indicaram não saber o que é estratégia.
Sabendo que para a definição de uma estratégia é importante que se conheça qual o
posicionamento no mercado, saber onde competir e conhecer os concorrentes, estes
questionamentos também foram feitos aos sujeitos da pesquisa. 62% dizem não conhecer
seu posicionamento e apenas 23% responderam afirmativamente, enquanto 12% mostram-
se indiferente a este conhecimento e 4% indicaram não saber avaliar. Os dados se repetem
com pouca oscilação de diferença entre eles quando o assunto é saber onde competir no
mercado. Interessante é observar que 31% destes profissionais consideram-se indiferentes a
conhecer seus concorrentes, 46% dizem não os conhecer e 23% indicam ter conhecimento.
Os dados ainda apontam para a falta de clareza dos guias quanto ao conhecimento de seus
concorrentes, uma vez que mídias sociais, aplicativos, blogs, revistas e guias turísticos
aparecem como principal concorrente (juntos totalizam 65%) e profissionais não
qualificados / certificados como guias também surgem na lista (43% consideram guias
clandestinos, taxistas e moradores locais que recebem parentes e amigos na cidade como
concorrentes).
O presente trabalho teve como base a pesquisa efetuada com os guias de turismo da RMR,
para averiguar o seu posicionamento quanto à gestão estratégica, criatividade e inovação
em seus guiamentos. Com a pesquisa, foi observado que estes profissionais não possuem o
perfil empreendedor, pois os dados revelam que 50% deles afirmam não saber responder ou
avaliar se tem dificuldades de entender as oportunidades da estrutura atual do turismo, ou
seja, o uso de mídias sociais ou de aplicativos, 33% discordaram que tem dificuldade, e
12% concordaram. No que tange a ideia de resolver problemas sem mexer nas estruturas
vigentes 46% discordam, 27% revelaram-se indiferentes ou não souberam avaliar, e apenas
27% indicaram concordar. Os mesmos indicadores se repetiram na ideia de ter dificuldade
8
de encontrar pessoas que estejam de acordo com as soluções encontradas, pois são fora do
comum. Porém, esses dados apontam que os guias de turismo têm perfil criativo do tipo
inovador. No que toca ao ineditismo na sugestão de produtos os dados indicam que 58%
não consideram 19% exercem, 16% são indiferentes, e 8% não elaboram roteiros e utilizam
portfólio de produtos. Acerca de questionamento referente a estratégias: 46% apontam que
não aplicam uma variedade de enfoques e estratégia quando planeja um produto, 31% dos
guias estarem indiferentes, e apenas 23% declararam que utilizam.
Os guias apontam ter pouca preocupação com o ineditismo dos novos produtos que lançam
no mercado e também não buscam fazer produtos diferenciados, tampouco consideram
mais do que a história do lugar nesta proposição.
REFERÊNCIAS
Mintzberg, H. (1994). The rise and fall of strategic planning: reconceiving roles for
planning, plans, planners. New York /Toronto: Free Press /Maxwell Macmillan
Canada.
9
O CHAPÉU DE PALHA DE MILHO SOB A ÓTICA DA SUSTENTABILIDADE
Carla Fantin1
Marlei Salete Mecca2
RESUMO
RESUMO EXPANDIDO
1
Mestranda do Programa de Pós-Graduação em Turismo e Hospitalidade da Universidade de Caxias do
Sul, Caxias do Sul, RS, Brasil. Currículo: http://lattes.cnpq.br/5853897760661171. E-mail:
carlafantin.contadora@gmail.com.
2
Doutora. Docente no Programa de Pós Graduação em Turismo e Hospitalidade da Universidade de
Caxias do Sul, Caxias do Sul, RS, Brasil. Currículo: http://lattes.cnpq.br/7671104429839034. E-mail:
msmecca@gmail.com.
1
benefícios econômicos sejam mantidos com o passar do tempo, o turismo precisa ser
desenvolvido de maneira sustentável, assim deve existir a preocupação em conciliar os
recursos naturais, o patrimônio cultural e a inclusão social, com a economia da região
de sua atuação.
Desta forma, esta pesquisa tem como objetivo verificar se existe sustentabilidade da
cadeia produtiva do chapéu de palha de milho comercializado na casa do Artesão, La
Nostra Arte de Antônio Prado- RS. Com isso, pretende-se examinar se a produção do
chapéu ocorre de maneira sustentável, identificando fatores que devem ser mantidos e
outros que necessitam de melhorias, para assegurar a continuidade da confecção do
artefato.
2
receitas responsáveis e equilíbrio entre as demandas humanas e a saúde do meio
ambiente. (Pires, 2010).
3
Esta pesquisa tem natureza exploratória, que segundo Cervo, Brevian e Da Silva
(2007), descreve precisamente a situação e as relações existentes entre os elementos que
o compõe. Dentro da pesquisa realizada, de enfoque qualitativo, Demo (2012) afirma
que a pesquisa qualitativa é conceituada na ideia de intensidade. Já como entrevista,
Marconi e Lakatos (2011), pontuam que se trata de uma conversa entre duas pessoas,
em que uma delas é o entrevistador e a outra o entrevistado, com o objetivo de obter
informações importantes e compreender as perspectivas e experiências das pessoas
entrevistadas. Diante das colocações dos autores, entende-se que as metodologias
escolhidas são as mais adequadas para o tipo de estudo proposto.
A produção do chapéu de palha de milho inicia com a seleção das melhores palhas do
milho. Dentre as espigas, cultivadas pela própria artesã, são separadas as palhas que
possuem uniformidade em cor e textura para a confecção do chapéu. Logo após a
separação, as palhas passam por um processo de escaldação, para retirar qualquer
impureza existente e garantir homogeneidade entre elas. Após secas, as palhas são
cortadas em tiras e passam pelo processo de “dressa”, que consiste em trançar a palha,
interligando-a, garantindo a textura aos chapéus. Com isso, formam-se tranças com a
palha do milho, que serão unidas através da costura, até formar o chapéu. Quando o
chapéu está pronto, o mesmo é comercializado aos turistas na Casa do Artesão La
Nostra Arte. A Figura 1 retrata o chapéu de palha.
4
Cada chapéu é comercializado na Casa do Artesão a R$ 29,50 (vinte e nove reais com
cinquenta centavos), deste valor, a artesã recebe R$ 23,00 (vinte e três reais), sendo que
a diferença de R$ 6,50 (seis reais e cinquenta centavos), é destinada a cobrir os gastos
com energia elétrica, funcionários, materiais, entre outras despesas relacionadas a venda
do chapéu.
Principio Avaliação
5
de complementar a renda, sendo sua principal fonte de proventos a aposentadoria que
recebe. Com os recursos obtidos através do artesanato, a artesã adquire gêneros
alimentícios e medicamentos, auxiliando assim, nas principais necessidades dela. Desta
forma, verifica-se que, com relação ao critério do artesanato como principal fonte de
renda, foi verificada que a sustentabilidade econômica é parcial, já que não é a principal
fonte de renda, no entanto esta renda auxilia nas despesas mensais da artesã.
Através desta pesquisa foi possível perceber que a produção do chapéu de palha de
milho, ocorre de maneira sustentável nas esferas ambientais e socioculturais,
necessitando de maiores incentivos na esfera financeira, para aumentar sua contribuição
na renda do artesão. Para haver sustentabilidade econômica, sugere-se que sejam
desenvolvidas atividades de marketing sobre o produto, que enalteçam as qualidades e
características do produto local, e assim agregue-se valor sobre o mesmo, para que
desta forma, haja uma maior remuneração para o artesão. Além da realização de
planejamento estratégico, identificando novos mercados e prospecções para o oficio.
6
novas gerações a continuar com as tradições, comprometendo a continuidade do oficio
no futuro.
REFERÊNCIAS
Cervo, A. L., Bervian, P. A.& Da Silva, R. (2007). Metodologia científica. São Paulo:
Pearson Prentice Hall.
Lage, B. .H. .G & Milone, P. .C. (2009). Economia do turismo. São Paulo: Atlas.
7
Marconi, M. A. & Lakatos, E.M. (2011). Metodologia cientifica. São Paulo: Atlas.
Sachs, I. (2001). Das coisas e dos homens: Teoria do Desenvolvimento a espera de sua
revolução copernicana. Jornal da Ciência (JC E-Mail) 1836.
8
O DESENVOLVIMENTO TERRITORIAL E SEUS ATIVOS ESPECÍFICOS:
RESUMO
1
Doutora em Extensão Rural. Professora na Universidade Federal de Pelotas, Pelotas, RS, Brasil. Currículo:
http://lattes.cnpq.br/4388433550209518. E-mail: carolineceretta@hotmail.com.
2
Doutora em Desenvolvimento Regional Professora na Universidade Federal de Pelotas, Pelotas, RS, Brasil.
Currículo: http://lattes.cnpq.br/5388185410659175. E-mail: andyaraviana@yahoo.com.br.
1
RESUMO EXPANDIDO
Diante destas evidencias, este estudo tem como objetivo principal analisar os principais fatores
que inibiram o processo de desenvolvimento sustentável do turismo no território Quarta Colônia,
e especificamente, apresentar os principais elementos identitários acionados para incentivar a
prática de turismo no território; compreender como os novos produtos e serviços turísticos
surgiram diante da estagnação dos roteiros; identificar de que maneira a atividade de turismo
retomou voluntariamente o rejuvenescimento da atividade na Quarta Colônia.
Metodologicamente, o estudo caracteriza-se como sendo de corte qualitativo, reunindo aspectos
exploratórios e descritivos de investigação. Nesse sentido, apresenta-se como uma reflexão
teórica, a partir de estudos científicos junto a região conhecida como Quarta Colônia, no centro
do estado do Rio Grande do Sul. Para levantamento de dados, buscaram-se as fontes secundarias
disponíveis em referenciais bibliográficos, o que caracteriza o estudo como sendo um resumo
expandido de revisão bibliográfica.
2
O Desenvolvimento territorial surge como uma nova dinâmica pensada em torno da dinâmica
local de desenvolvimento (Pecqueur, 2005; Cazella, 2012). Tal perspectiva é oriunda das
mudanças nos processos agrários e agrícolas mundiais que marcaram o século XX, atingindo o
ápice após a crise dos anos de 1970, principalmente nos países de economia capitalista e
emergentes. O enfoque territorial identificado nos distritos industriais italianos e nas
comunidades rurais francesas provocariam novas ações em torno do desenvolvimento e sua
concepção econômica predominante (Cazella, 2012).
Na década de 1980, o rural passou a ser palco de oportunidades agrícolas e não agrícolas
decorrentes das estratégias para diversificar a economia produtiva, descentralizar políticas e
permitir que outras dinâmicas sociais, culturais e ambientais pudessem ser promovidas como
parte das iniciativas de desenvolvimento. Quando a União Europeia lançou o Programa Ligações
entre Ações do Desenvolvimento da Economia Rural (Leader) em 1991, a intenção era dinamizar
os espaços rurais a partir do financiamento de projetos inovadores para melhor aproveitamento
dos conhecimentos tradicionais, da busca pela valorização do patrimônio local e para garantir
qualidade de vida às populações rurais. Era o nascimento de uma nova perspectiva em torno do
território e suas dinâmicas, para o enfrentamento das crises que atingiam o cenário rural e,
conseqüentemente, o urbano. Surge a concepção de desenvolvimento sob o ângulo territorial, o
qual vincularia o espaço físico e conteúdo social (Cazella, 2012).
Nesse contexto, alguns aspectos foram essenciais para a nova perspectiva em torno do
desenvolvimento sustentável, tais como a valorização e o fortalecimento da agricultura familiar, a
diversidade das economias dos territórios, o estímulo ao empreendedorismo local e o apoio
governamental (Veiga, 2001). Desde então, a gastronomia, o turismo, a agricultura familiar, as
indicações geográficas e outros fatores co-relacionados passam a ter maiores oportunidades de
reconhecimento enquanto recursos estratégicos para acionar um novo processo de
desenvolvimento. Numa perspectiva territorial, só é possível tal oportunidade se os recursos
naturais e culturais encontrados no território passarem a ser reconhecidos e reivindicados por seus
atores com parte da identidade territorial e assim constituem valor de uso aos recursos (Pecqueur,
2005). Com isso, os recursos específicos identificados no território são transformados em ativos
3
quando identificados e valorizados pelos atores sociais internos e externos ao processo, o que
revelaria a concepção de desenvolvimento territorial.
O Condesus é uma entidade de personalidade jurídica de Direito Privado e sem fins lucrativos
que busca promover o interesse de municípios-membros, a partir de iniciativas de planejamento,
captação e execução, por meio de parcerias, de ações, projetos e programas de desenvolvimento
sustentável para Quarta Colônia (Silveira et al, 2012). Entre as estratégias articuladas para
fornecer identidade distintiva ao território e impulsionar os projetos de desenvolvimento
4
territorial, aparece o turismo como principal dispositivo usado para tais projeções a partir dos
anos 2000.
5
esbarrando geralmente em locais fechados para visitação ou mesmo com precária infra-estrutura
receptiva.
Para Silva (2014), esses fatos representam a falta de políticas públicas com ações efetivas dos
gestores municipais para promoção do turismo. Por outro lado, ao invés dos moradores locais
incentivarem a procura por seus roteiros turísticos locais, a escolha despretensiosa com a
atividade turística, acaba voluntariamente acontecendo em meio aos eventos e as festividades
locais, identitários da cultura local construída ao longo do tempo, entre os moradores que se
envolvem solidariamente nestes eventos para festejar seus santos e padroeiros de devoção.
Assim, espontaneamente surgem visitantes e ex-moradores para as festividades religiosas e
gastronômicas que acontecem no interior das localidades rurais. Tais atividades sequer estão
vinculadas aos roteiros turísticos construídos e divulgados pelo Condesus ou outras entidades
público-privadas, mas que existem desde as primeiras festividades religiosas do inicio da
Imigração italiana (Zanini, 2006).
Apesar dos Roteiros Turísticos da Quarta Colônia, mapearam os mais significativos atrativos para
atrair visitantes, a investigação de Silva (2014) afirma que os proprietários não conseguiram
autonomia e a maioria não obteve o êxito esperado. Os avanços pontuais em temos de estudos e
pesquisas sobre turismo no território mostrou o declínios nas ações de projetos e programas do
Condesus, em especial aquelas que demandaram um trabalho coletivo e a expressão da
cooperação entre os diversos atores envolvidos, o que pode estar atrelado ao capital social do
território apontou os estudos de Silva (2014). No entanto, o turismo segue presente na Quarta
Colônia, mas como parte dos elementos culturais constituídos pela gastronomia local, a
religiosidade e a cultura italiana em diferentes eventos gastronômicos tão somente (Vendruscolo,
2009). Assim, a atividade turística aparece de forma pontual e muitos empreendimentos, como
agroindústrias e restaurantes comercializam alimentos e pratos da cozinha típica, sejam bolachas,
pães, cucas, salames, vinhos, massas e pratos típicos como sopa de agnolini, risoto, bife a
milanesa, e outros. (Vendruscolo, 2009).
Ao invés de divulgar os roteiros e tentar reativá-los, os atores locais revelam que seguem
ofertando produtos agroalimentares locais porque é o que sabem fazer e servem em suas
6
festividades locais, sem fazer distinção entre visitantes ou pessoas da própria comunidade. Para
muitos, receber turistas, amigos e parentes nas festas locais tem o mesmo valor afetivo, pois o
bem servir é um dom, passado de geração em geração (Vendruscolo, 2009). Apesar do turismo
ter sido reivindicado politicamente para superar a baixa competitividade econômica dos
municípios, este tem servido como um fator rejuvenescimento do território, a partir da ativação
do setor de eventos, o qual utiliza a comida típica local, oriunda de uma cultura étnica de origem
italiana, como parte de sua identidade territorial, isto é, de suas especificidades
No território Quarta Colônia, apesar dos incentivos a insistências nos projetos locais de
desenvolvimento via Condesus, muitos roteiros não conseguiram êxito e acabaram prejudicando
também os empreendimentos agroalimentares e restaurantes típicos locais. As novas
oportunidades vêm acontecendo de forma auto-organizada, onde os atores locais ativaram por
iniciativas próprias, os recursos locais que reconhecem como parte de sua identidade,
demonstrando que pertence a comunidade local a escolha por ações e interesses estratégicos. A
medida que a comunidade está integrada e envolvida com a preparação, a organização e a
execução de eventos, novas ações e projetos de desenvolvimento local e regional podem ser
projetados diante de uma perspectiva territorial, o que de fato não aconteceu na Quarta Colônia
com relação aos roteiros pensados estrategicamente.
REFERENCIAS
Veiga, J. E. (2001). O Brasil Rural ainda não encontrou seu eixo de desenvolvimento. Estudos
Avançados, 15(43), 101-119.
8
O PAPEL DAS AGÊNCIAS DE VIAGENS NA PROMOÇÃO DO TURISMO
SUSTENTÁVEL: UMA REVISÃO TEÓRICA
RESUMO
O presente trabalho buscou analisar qual é o atual papel da agência de viagem diante deste
novo formato do turismo e como ele pode promover o turismo sustentável. Uma vez que a
atividade turística cada vez mais representa grande destaque diante da economia mundial,
onde neste ano de 2017 Organização das Nações Unidas (ONU) declarou oficialmente o
potencial da atividade para o desenvolvimento sustentável, citando a atividade turística em
3 objetivos dentre os 17 elencados para o Desenvolvimento Sustentável (ODS). A partir de
uma abordagem qualitativa, com caráter exploratório foi utilizado o método de pesquisa
bibliográfica, sendo possível identificar que as agências de viagens devem ser vistas como
integrante fundamental no desenvolvimento do turismo, tendo o conceito de
sustentabilidade aplicado ao exercer a prática turística.
RESUMO EXPANDIDO
O ano de 2017 está sendo um ano de destaque para o turismo uma vez que a Organização
das Nações Unidas (ONU) declarou oficialmente o potencial da atividade para o
1
Doutora. Professora no curso de Turismo na Universidade de Brasília, Brasília, DF, Brasil. Currículo:
http://lattes.cnpq.br/5375615564498291; E-mail: nataldrigue@gmail.com
2
Bacharel em Turismo pela Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul, Porto Alegre, RS, Brasil.
Currículo: http://lattes.cnpq.br/8439735295399662. E-mail: valldossantos@gmail.com.
3
Tecnóloga em Turismo pela Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul, Porto Alegre, RS,
Brasil.
1
desenvolvimento sustentável. Dentre os 17 objetivos do Desenvolvimento Sustentável
(ODS) definido neste ano o turismo é destacamos três deles:
A atividade turística, portanto, hoje possui enorme relevância na sociedade, pois mesmo em
épocas de crises e de recessão econômica, o turismo tem mantido uma dinâmica em
destaque, se comparada a outros setores da economia. Isso se deve ao envolvimento de
várias áreas dentro da atividade turística. O turismo pode produzir grandes resultados
através da circulação da moeda, aumento do consumo de bens e serviços, aumento da oferta
de empregos, elevação do nível social da população e ainda o aparecimento de empresas
envolvidas no setor como: agências de viagens, meios de hospedagem, cinemas, teatros,
parques de diversões, restaurantes, transporte, artesanato, comércio entre outros. Isso vem
ao encontro das premissas do turismo sustentável que podemos compreender como o
envolvimento de todos os atores no processo. Para Swarbrooke (2000, p. 01), há seis
conjuntos-chave de atores, sendo eles: o setor público, a indústria do turismo, organizações
do setor voluntário, a comunidade local, a mídia e o turista. Estes fazem parte desde o
planejamento ao desenvolvimento da atividade turística.
Dentro deste cenário, na presente pesquisa iremos analisar, através de uma abordagem
qualitativa com caráter exploratório, com uma pesquisa bibliográfica, qual é o atual papel
da agência de viagem diante deste novo formato do turismo e como ela pode promover o
turismo sustentável. Selecionamos as agências de viagem por serem uma das principais
empresas a promover o turismo, sendo definidas pelo Ministério do Turismo (MTur) como
“empresas que tem a função de serem intermediárias de todos os serviços turísticos,
permitindo o encontro da demanda com a oferta de serviços, além de prestar assistência
2
turística aos viajantes ou turistas” (Ministério do Turismo, 2010)4.
4
Ministério do Turismo. Dados e Fatos. Disponível em:
http://www.dadosefatos.turismo.gov.br/gloss%C3%A1rio-do-turismo/882-a.html. Acesso em 28 de maio de
2017;
3
conceito de desenvolvimento sustentável, que o Relatório de Brundtland5 trás como: “o
desenvolvimento sustentável é o desenvolvimento que encontra as necessidades atuais sem
comprometer a habilidade das futuras gerações de atender suas próprias necessidades”. O
conceito de turismo sustentável do Ministério do Turismo6 é “garantir e assegurar os
componentes dos diferenciais turísticos, o processo racional de exploração dos recursos
ambientais naturais, histórico-culturais e temático artificiais”. Porém, diante da literatura
existente em relação ao tema é possível encontrar divergências, visto que a palavra
sustentável pode ter inúmeros significados diferentes para determinada situação ou pessoa.
Dias (2008, p. 67), relata que no ano de 1991 foi realizado entre alguns governos uma força
tarefa para identificar alguns princípios do turismo sustentável e do meio ambiente, para
que pudessem entender mais sobre o conceito. Nesta força tarefa foram identificados os
seguintes:
1.meio ambiente tem um valor intrínseco que é mais importante que seu valor como ativo turístico. O
usufruto do meio ambiente por gerações futuras e sua sobrevivência a longo prazo não podem ser
prejudicados por deliberações de curto prazo;
2.o turismo deve ser reconhecido como uma atividade positiva com potencial para beneficiar a
comunidade e a própria atração e seus visitantes;
3.o relacionamento entre turismo e meio ambiente deve ser gerenciado de forma que o meio ambiente
seja sustentável a longo prazo. Não se pode permitir que o turismo desperdice recursos, impeça que
esses recursos sejam desfrutados no futuro ou gere impactos inaceitáveis;
4.as atividades e os avanços turísticos devem respeitar o tamanho, natureza e a personalidade do lugar
do qual estão fazendo parte;
5.seja qual for o lugar é necessário buscar harmonia entre as necessidades dos visitantes, do lugar e da
comunidade local;
6.em um mundo dinâmico, algumas mudanças são inevitáveis e a mudança em geral pode ser benéfica.
A adaptação à mudança, entretanto, não deve sacrificar nenhum desses princípios;
7.a indústria do turismo, os órgãos locais e as organizações ambientais, todos, têm o dever de respeitar
esses princípios e de trabalhar em conjunto para que eles se tornem efetivos. (Dias, 2008, p. 67)
Desta forma, identificamos que o conceito de turismo sustentável vem sendo estudado no
decorrer do tempo por vários países, instituições e estudiosos para que seja encontrada sua
5
Relatório de Brundtland ou Nosso Futuro Comum - documento gerado em 1983 de uma série de estudos e
reuniões com representantes de grandes países que prevê o desenvolvimento sustentável.
6
Ministério do Turismo. Dados e fatos. Disponível em:
http://www.dadosefatos.turismo.gov.br/gloss%C3%A1rio-do-turismo/901-t.html. Acesso em 28 de maio de
2017.
4
melhor definição. Seguindo nossa análise com atores da área do turismo, Beni (1999)
coloca que o conceito de turismo sustentável deve ser ampliado justificada e
necessariamente, portanto, definido como um processo estratégico de desenvolvimento
interativo e articulado, especialmente delimitado e localizado. Com isso, o autor afirma que
cada localidade, região e comunidade deverá desenvolver em conjunto o seu processo de
desenvolvimento sustentável. Swarbrooke (2000, p. 20) concorda relatando que os
conceitos de turismo sustentável envolvem uma necessidade de intervenção e
planejamento, assim como para o Ministério do Turismo7 que define fases para elaboração
de um turismo sustentável, as quais podemos resumir em: 1) processo de ocupação
espacial, a preservação máxima possível de suas características originais; 2) processo de
tombamento, restauro e a conservação de sua integridade patrimonial e cultural
considerando sua reutilização e ressignificação; 3) flexibiliza-se o tratamento dos temas e o
aproveitamento do espaço com estrita observância da legislação ambiental.
Entretanto, o Ministério do Turismo afirma que as definições são limitadas, não prevendo o
valor turístico intrínseco e sua conversibilidade em renda por meio da produção,
distribuição e consumo, nem a inserção da comunidade local no processo produtivo da
atividade. Krippendorf (apud Ruschmann, 2000. p. 70) afirma que para ele o turismo
sustentável é visto como a perfeita triangulação entre destinações (seus hábitats e
habitantes), os turistas e os prestadores de facilidades para os visitantes. Para o autor, o
processo do turismo sustentável mudou com o passar dos anos. No passado os prestadores
de serviços turísticos dominavam o triângulo, e hoje o turismo sustentável procura adequar
os interesses de cada um dos parceiros do triângulo. Ainda conforme o autor, isto
“minimiza as tensões e busca o desenvolvimento a longo prazo, pelo equilíbrio entre o
crescimento econômico e as necessidades de conservação do meio ambiente” (Idem, p.71).
7
Ministério do Turismo. Dados e fatos. Disponível em:
http://www.dadosefatos.turismo.gov.br/gloss%C3%A1rio-do-turismo/901-t.html. Acesso em 28 de maio de
2017.
5
características das comunidades receptoras; as paisagens e os habitats; a economia rural; o
crescimento de longo prazo da atividade turística que estimulará a qualidade da experiência
vivencial buscada pelos visitantes; a compreensão; a liderança e a visão de longo prazo
entre os empreendedores. Mas, para que tudo isso ocorra, como falamos acima, é
necessário um planejamento, que consiste, de acordo com Ruschmann (1997, p. 9), em
ordenar as ações do homem sobre o território e ocupa-se em direcionar a construção de
equipamentos e facilidades de forma adequada evitando, desta forma, os efeitos nos
recursos, que os destroem ou reduzem sua atratividades.
6
relata que além do processo de intermediação puro e simples, algumas agências de viagens
participam do processo de ajuste e aperfeiçoamento dos pacotes turísticos. Mielke (2009)
afirma que são as agências e operadoras as primeiras a terem contato direto com o público
final, tendo com isso as opiniões dos consumidores diante dos serviços prestados. O autor
também aborda que as agências de viagens possuem grande importância no processo de
desenvolvimento turístico de uma cidade/região, segundo ele por dois motivos: o primeiro,
por elas se tornarem no processo consultores gratuitos, pois poderão orientar as ações
coletivas para a melhoria do produto final da venda; e segundo porque na medida em que a
mesma se envolve no processo de construção dos produtos cria-se laços de amizade, tendo
mais confiança nas relações comerciais que se estabelece entre comunidade local e
intermediadores.
Mielke (2009) também relata que a medida que atividade turística se desenvolve localmente
e regionalmente percebe-se que o turismo de massa com pacotes de serviços integrados
diminui, dando espaço a um tipo de turismo mais personalizado, por um turismo mais ativo
e com consciência por uma melhor qualidade ambiental. Em contrapartida, ele aborda os
processos de internacionalização e de globalização que vem afetando a economia mundial,
em que a atividade turística não deixou de ser afetada através da internacionalização de
benefícios de grandes empresas da área, reduzindo assim a participação das economias
locais no processo. O turista neste último caso contrata os serviços diretamente, muitas
vezes reservando apenas passagem aérea e hotel, gerando renda assim aos grandes
empreendedores e emprego somente aos que trabalham nessas empresas.
7
qualidade do produto, vantagens oferecidas, etc.
Desta forma, é válido destacar que as agências de viagens possuem o seu papel no processo
de desenvolvimento local do turismo, e que as mesmas podem ser as grandes divulgadoras
dos destinos turísticos, porém é possível verificar que a valorização dos que ali atuam é
necessária, para que comunidade e turistas visualizem as agências de viagens como agentes
promocionais dos destinos. Também é possível aqui identificar a importância da inserção
dessas empresas no processo de planejamento de um destino turístico, visto que por ter
profissionais qualificados e que possuem contato direto com o cliente final as mesmas são
capazes de opinar e sugerir o que é mais atrativo e interessante para o destino, e o que terá
apelo para que o mesmo se promova. É possível identificar que as empresas intermediárias
da atividade turística possuem grande influência sobre os produtos e serviços, podendo elas
serem grandes atores do processo de desenvolvimento do turismo sustentável, atuando
diretamente com o turista que está interessado em interagir com a comunidade.
REFERÊNCIA
Corrêa, M. L.; Pimenta, S.M.; & Arndt, J.R.L. (2009). Turismo, sustentabilidade e meio
ambiente. Belo Horizonte: Autêntica.
8
Ministério do Turismo. (2010). Segmentação do turismo e mercado. Brasília: Ministério
do Turismo.
9
O TURISMO DE BEM-ESTAR COMO POSSIBILIDADE DE
DESENVOLVIMENTO DE UM CLUSTER TURÍSTICO: A PROPOSTA DO
VALE DO PARANHANA, RIO GRANDE DO SUL
RESUMO
Este artigo tem por finalidade uma revisão conceitual sobre as características do turismo
de bem-estar demonstrando sua amplitude para além do segmento de turismo de saúde,
com ênfase, na perspectiva de promoção como destino o cluster turístico na Região
Turística Vale do Paranhana, no Estado do Rio Grande do Sul, Brasil. O objetivo foi
evidenciar a aproximação entre os saberes da saúde, do bem-estar, da qualidade de vida e
do turístico no emprego das seis dimensões de bem-estar como oferta de produtos de
viagem e turismo. Para tanto a pesquisa é estudo de caso, bibliográfica e documental. Os
procedimentos consistiram inicialmente na busca em bases de dados de pesquisas
relacionadas: bem-estar, viagens, destino de bem-estar, prazer, relaxamento e
autoconhecimento fora do seu cotidiano. O estudo realizado contribui para a
compreensão das dimensões do bem-estar como propósito para o desenvolvimento do
turismo.
1
Mestre em Turismo. Professor no Curso de Turismo. Faculdades Integradas de Taquara, Taquara, RS,
Brasil. Currículo: http://lattes.cnpq.br/4089182858993804. E-mail: alvaromm@faccat.br.
2
Mestre em Desenvolvimento Regional. Professor no Curso de Turismo. Faculdades Integradas de
Taquara, Taquara, RS, Brasil. Currículo: http://lattes.cnpq.br/3598604053441158. E-mail:
maximilianuspinent@faccat.br.
1
RESUMO EXPANDIDO
É importante compreender Barry (2014) que afirma que as pessoas que adotam tal modo
de vida, cuidando da alimentação, utilizando regularmente de atividades físicas e
realizando períodos de meditação ou de relaxamento desejam conservar tais hábitos
quando em viagem, criando, assim, um novo nicho de turismo. É sob este argumento que
se baseia o presente artigo, tendo como objetivo analisar a proposta da região do Vale do
2
Paranhana, no estado do Rio Grande do Sul, de se organizar como um cluster de turismo
de bem-estar.
Para tanto foi realizada uma pesquisa bibliográfica buscando compreender o construto da
relação entre turismo e bem-estar que permitirá criar uma linha condutora para a criação
do novo conceito e a compreensão dos produtos associados ao turismo de bem-estar. Foi
feita também uma análise do documento Direcionamento Estratégico do Turismo no Vale
do Paranhana que propõe a estruturação da região como destino de bem-estar. Como
objetivos específicos destaca-se (1) a investigação dos conceitos que identificam o
segmento de turismo de bem-estar, suas semelhanças e diferenças com segmentos como
turismo de saúde e turismo médico; (2) identificar produtos e características próprias do
segmento; e, (3) caracterizar o bem-estar nas diretrizes estratégicas do turismo regional
no Vale do Paranhana.
Os novos conceitos que envolvem a percepção do estado de saúde são reforçados por
Buss (2000, p. 174) ao indicar que “a nova concepção de saúde importa uma visão
afirmativa, que a identifica com bem-estar e qualidade de vida, e não simplesmente com
ausência de doença”. Segundo o autor a saúde deixa de ser um estado estático,
biologicamente definido, para ser compreendida “como um estado dinâmico, socialmente
produzido” (2000, p. 174). Tal questão responde aos novos conceitos sociais que buscam
uma mudança no modo como cuidamos de nós mesmos, não só fisicamente, mas também
da mente, do espírito, da sociedade e do planeta. Essa visão é reforçada por Santos e
Westphal (1999) ao afirmarem que a saúde pessoal ou coletiva se relaciona com a criação
humana, integração social, políticas sociais.
Essa nova consciência induz à percepção da construção social de saúde pública, por
vários atores sociais que se tornam uma parte integrante do processo de saúde e de
indução de qualidade-de-vida e da sensação de bem-estar. A associação entre o
sentimento de bem-estar e as viagens parece ser de fácil assimilação visto que se entende
o tempo de férias como um tempo de descanso e de repor energias. Porém, é importante
analisar os resultados da pesquisa executada pela Spa Finder Wellness (2014) que indica
3
que 85% dos turistas entrevistados voltariam das férias menos descansados que antes da
partida. A pesquisa ainda demonstra um interesse por programas associados ao bem-estar
nas viagens: 87% indicam um desejo maior por alimentação sadia, 54% esperam
programas de recuperação de sono, 70% gostariam de ir a centros de exercícios e 47%
gostariam de praticar meditação.
Cabe lembrar que para muitos, o turismo de bem-estar pode representar um agregado à
viagem, porém, é possível identificar um público que encontra nas práticas de bem-estar
o principal atrativo da mesma. Dessa forma é possível identificar duas categorias de
turista de bem-estar: O turista de bem-estar primário cujo propósito motivacional para a
viagem e para escolha do destino é o bem-estar e o turista de bem-estar secundário que
procura manter ou aproveitar a viagem para participar de experiências de bem-estar
enquanto vivencia a motivação de outro tipo de viagem. O bem-estar assume atualmente
tal importância que é apresentado pelo McCann Truth Central (2013, p.3) como “um
direito fundamental do homem”. Para o Global Wellness Institute (2013) a palavra bem-
estar começou a se popularizar na década de 1970 e tem se tornado conhecida ao longo
4
dos últimos anos. A SRI (2010) indica que o termo bem-estar é recente, porém com uma
raiz antiga já que aspectos de bem-estar estão presentes em diversos movimentos
intelectuais, religiosos e médicos e seu entendimento já era percebido nas civilizações da
Grécia, Roma e Ásia. Baião da Costa (2010) contribui com a compreensão do bem-estar
ao indicar que o mesmo:
[...] é claramente um conceito complexo, e tem como objetivo criar o equilíbrio mental, físico e
espiritual necessário, ou proporcionar uma melhor saúde em geral, tendo laços fortes com a
mudança de estilo de vida, quebrando o estresse do dia-a-dia e proporcionando melhor qualidade de
vida (p.36).
Para Hettler (2010) o bem-estar é um processo ativo pelo qual as pessoas fazem escolhas
para uma existência mais próspera. O autor apresenta as seis dimensões que compõem o
bem-estar conforme a figura 1, reforçando a ideia multidimensional do mesmo:
Intelectual
Emocional Social
Dimens
ões do
Bem-
Estar
Ocupacional Físico
Espiritual
Baseados em tal conceito, podemos identificar que bem-estar está relacionado à dimensão
física ao combinar exercícios e boa alimentação. Cabe também nessa dimensão pensar o
bem-estar em uma visão ampla de cuidados como evitar fumar, beber álcool
moderadamente e dormir bem. A dimensão espiritual busca propósitos positivos para
5
nossa existência, utilizando de técnicas e ferramentas que conduzam ao
autoconhecimento e à aceitação de si e do outro, estando com a mente aberta e não
fechando seus pensamentos em si mesmo. Assim, a sensação de bem-estar completo
estaria associada à satisfação em cada dimensão.
O Vale do Paranhana está localizado na Serra Gaúcha e tem como governança local o
Fórum Regional de Turismo. No ano de 2015, foi elaborado o documento
Direcionamento Estratégico do Turismo Regional, que propôs como visão de mercado da
região:
Com uma grande diversidade de atrativos e produtos turísticos, oferecendo a oportunidade de viver a
grande experiência de encontrar o que há de mais importante em sua vida: Você mesmo! Vivencie
experiências inesquecíveis de bem-estar relacionadas à cultura, à natureza, ao ambiente rural,
aventura e religiosidade. Paranhana, Vale das Experiências: apurando sentidos, ampliando limites!
(Paranhana, 2015, p. 14).
6
Turismo de bem-estar seria então um turismo pró-ativo, que possibilita que sejam
incorporadas atitudes e atividades que impeçam doenças, melhorem a saúde, a qualidade
de vida e consequentemente a sensação de bem-estar. Os benefícios oriundos de uma
viagem de bem-estar se situam no plano da saúde física e mental e também no plano da
espiritualidade, do desenvolvimento da pessoa e de sua identidade, dos processos de
socialização e de coesão social.
De acordo com GWI (2013) a classe média deverá ser a responsável pela expansão da
indústria de bem-estar, principalmente na Ásia, África e na América Latina. Além disso, o
número de turistas de bem-estar cresceu de 12% em 2012 a 36% em 2013, mais rápido
que outros segmentos de turismo. O setor de turismo deverá, então, responder a essa nova
demanda com produtos variados e que respondam às necessidades do segmento do bem-
estar, tais como hospedagens adaptadas, centros integrados de tratamento, estratégias do
setor público e educação pública e profissional para o setor.
É interessante perceber que a ideia do bem-estar passa a ser indispensável para a busca da
qualidade de vida. Tal entendimento se torna hábito de vida e, assim, deslocado para o
momento do turismo promove o crescimento do chamado turismo de bem-estar,
incorporando em suas viagens locais e destinos que oferecem atividades capazes de
atender à demanda de produtos saudáveis. Essa realidade representa uma nova
oportunidade para empreendimentos, destinos turísticos, municípios, regiões e países para
atrair mais público. O turismo de bem-estar gera receitas, novos postos de trabalho e
integra valores de salutares às comunidades.
7
preparação de infraestrutura, qualificação de produtos, serviços e profissionais, além de
uma promoção adequada para um destino turístico.
REFERÊNCIAS
8
Global Wellness Institute (2013). The global welness tourism economy. New York,
EUA.
Global Wellness Institute. (2011). Wellness tourism and medical tourism: Where do
spas fit? Bali, Indonésia. Recuperado de
www.globalwellnesssummit.com/images/stories/pdf/spas_wellness_medical_touris
m_report_final.pdf.
Hettler, B. (1976) Six dimensions of wellness model. National Wellness Institute, Inc.
NationalWellness.org. Wisconsin. Recuperado de
http://c.ymcdn.com/sites/www.nationalwellness.org/resource/resmgr/docs/sixdimen
sionsfactsheet.pdf
9
Stanford Research Institute (2010). Spas and the global wellness market: synergies
and opportunities. Recuperado de
www.sri.com/sites/default/files/publications/gss_sri_spasandwellnessreport_rev_82
010.pdf
10
REDES INSTITUCIONAIS DE GOVERNANÇA NO TURISMO
RESUMO
1
Mestranda do Programa de Pós-Graduação em Turismo e Hospitalidade, Universidade de Caxias do Sul.
Professora Substituta no Curso de Bacharelado em Turismo na Universidade Federal do Rio Grande, Santa
Vitória do Palmer, RS, Brasil. Currículo: http://lattes.cnpq.br/6864637550102711. Email:
biancat.turismo@gmail.com
2
Doutor. Professor no Programa de Pós-Graduação em Turismo e Hospitalidade – Mestrado/Doutorado e no
Centro de Artes e Arquitetura da Universidade de Caxias do Sul, Caxias do Sul, RS, Brasil. Currículo Lattes:
http://lattes.cnpq.br/0900226519393513 Email: pabcesar@ucs.br
3
Doutor., Professor no Programa de Pós-Graduação em Turismo e Hospitalidade – Mestrado/Doutorado,
Universidade de Caxias do Sul (UCS), Caxias do Sul, RS, Brasil. Currículo:
http://lattes.cnpq.br/2627794239193071 Email: slgvianna@ucs.br
1
RESUMO EXPANDIDO
2
(2008), podem ser compreendidas como uma forma de organização espacial que expressa,
simultaneamente, a condição e o resultado de uma racionalidade técnica, econômica,
informal e normativa e, também, como forma de expressão da dinâmica social, cultural e
política historicamente datada e territorializada.
Os estudos desenvolvidos por Castells (2002, p. 498) mostram que as redes são estruturas
abertas capazes de expandir-se de forma ilimitada, integrando novos nós desde que
consigam comunicar-se dentro da rede, ou seja, desde que compartilhem os mesmos
códigos de comunicação (por exemplo, valores ou objetivos de desempenho). Ainda
segundo o autor, as redes constituem a nova morfologia social de nossas sociedades, e a
difusão da lógica de redes modifica de forma substancial a operação e os resultados dos
processos produtivos e de experiência, poder e cultura. Dias (1995, p. 50) define que as
redes “nada mais são do que um conjunto de relacionamentos sociais que se reproduzem e
apresentam padrões persistentes ao longo do tempo”. Assim, os princípios fundamentais da
aplicação dos conceitos de redes são a interação, o relacionamento, a ajuda mútua, o
compartilhamento, a integração e a complementaridade.
Uma rede turística regional como uma issue-based net fundamenta-se em uma
administração regional ou na divisão de regiões, cujo objetivo comum será tornar a região
em questão melhor conhecida como destino turístico, assim como aumentar as receitas
provindas do turismo. Percebe-se até o presente momento, o entendimento de sua
complexidade (Komppula, 2000). A aplicação da Teoria das Redes ao fenômeno turístico
vem sendo difundida no Brasil, seja pelo trabalho de Fávero (2012) que trata as redes como
aglomerações produtivas no sul do país, seja pelo desenvolvimento de teses que estudam a
dinâmica e estruturação de redes de turismo, como a de Diógenes (2016).
Em conformidade, com a ideia inicial apresentada por Fávero (2012, p. 547) para o Sul do
Brasil, ela sugere que “para uma melhor compreensão da teoria de redes, dos aglomerados
ou dos clusters, faz-se necessário estudar sua aplicabilidade prática”. Diógenes (2016)
3
analisou a aplicabilidade das referidas teorias ao seu recorte territorial, nordeste brasileiro,
concluindo que a teoria de redes era a que mais se adequava às especificidades locais.
A teoria de Miossec (1985) pode ser associada ao estudo dos níveis de intensidade da
atividade turística, que são definidos por nós de conectividades e por ligações diversas que
sobrepõem o território turístico. Este pesquisador nota na sua teoria a percepção dos
emissores e receptores. Entretanto, a atividade turística se estabelece por inúmeras
possibilidades da formação em redes. Entretanto, o termo Rede precisa sempre ser
adjetivado, não fazendo sentido de forma isolada, embora, áreas como a gestão, muitas
vezes, tratam-no sem esta construção precisa, como se fossem os detentores da sua
fundação (ou formulação). Neste sentido, resgatam-se os estudos de arranjos produtivos na
Europa e posteriormente no Japão (Carvalho & Giglio, 2013). O entendimento das redes
urbanas tem sua origem anterior, ao estudar questões como a Teoria do Lugar Central de
Walter Christaller da década de 1930 (Bessa, 2012).
Desse modo, o estudo de Redes tem sido observado no turismo embora sem uma
formulação definidora conceitual e específica para seu entendimento. Afinal, a própria
elaboração da atividade se faz por redes diversas que possibilitam a informação no primeiro
contexto para o consumo ao determinar os valores a serem praticados no destino, as formas
de deslocamento aos mesmos e a formação da sua oferta. Ao ser observada a Teoria do
Espaço Turístico, (embora Boullón não utilize o conceito de redes), nota-se que seus
esforços são para pontos nos territórios que se fundem em conectividades (Boullón, 1997a.,
1997b.).
4
Tendo isso em vista, as redes institucionais (Governança) referem-se às atividades apoiadas
em objetivos comuns e partilhadas, que abrangem tanto as instituições governamentais
quanto mecanismos informais, de caráter não governamental, mas que só funcionam se
forem aceitos pela maioria ou, mais precisamente, pelos principais atores de um
determinado processo (Camargo, 2003). Segundo Sachs (2003), a governança é a totalidade
das diversas maneiras pelas quais os indivíduos e as instituições públicas e privadas
administram seus problemas comuns. É um processo contínuo pelo qual é possível
acomodar interesses conflitantes ou diferentes e realizar ações cooperativas. Dessa forma,
as redes (networks) institucionais desenvolvem–se por meio da negociação, reciprocidade e
interdependência entre as partes evolvidas.
Desse modo, o entendimento é o de que os destinos turísticos são como espaços nos quais
se desenvolvem um conjunto de relações funcionais, cuja natureza reflete recursos,
tecnologias e processos organizacionais. Assim, observa-se que nesses destinos deverão
existir estruturas e mecanismos que sejam atores institucionais do primeiro e do terceiro
setor, que possam auxiliar as organizações a desenvolver relacionamentos com outras
organizações. Portanto, as redes institucionais podem exercer importante papel na gestão do
5
turismo, tanto no estabelecimento de redes locais, quanto nas interconexões desses destinos
com os principais agentes promotores e distribuidores do produto turístico nas regiões
emissoras de fluxos de visitantes.
REFERÊNCIAS
6
Bessa, K. (2012). Estudos sobre a rede urbana: os precursores da teoria das localidades
centrais. GeoTextos, 8(1), 147-165.
Camargo, A. (2003). Governança para o século XI. In: Trigueiro, A. (Coord.). Meio
ambiente no século XVI. Rio de Janeiro: Sextante.
Dias, L.C. (1995). Redes: emergência e organização. In: Castro, I.E. et al. (Orgs.).
Geografia: conceitos e temas. Rio de Janeiro: Berhand.
7
Sachs, I. (2003). Inclusão social pelo trabalho: desenvolvimento humano, trabalho
decente e o futuro dos empreendimentos de pequeno porte. Rio Janeiro: Garamond.
Santos, M. (2008). A natureza do espaço: técnica e tempo, razão e emoção. São Paulo:
Edusp.
8
TURISMO E GOVERNANÇA: ABORDAGEM TEÓRICA
Fábia Trentin1
RESUMO
RESUMO EXPANDIDO
1 Doutora em Turismo, Lazer e Cultura pela Universidade de Coimbra. Professora da Faculdade de Turismo
e Hotelaria da Universidade Federal Fluminense, Campus do Gragoatá, Niterói, RJ, Brasil. Currículo:
http://lattes.cnpq.br/3465070234965219. E-mail: ftrentin@id.uff.br.
1
Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (UNESCO, 1998),
o FMI e ainda os economistas e cientistas políticos anglo-saxões (Mayntz, 1998)
contribuem para a disseminação do termo ao designarem a arte ou o modo de governar de
maneira a promover um modo de gestão da governança fundamentada na participação da
sociedade civil.
Nos anos 1990, Kooiman, (1993) conceituou governança como os padrões que emergem
das atividades relativas ao processo de governo, empreendidas pelos atores sociais,
políticos e administrativos. Isto é, todas as atividades dos atores sociais, políticos e
administrativos, entendidos como esforços intencionais para orientar, dirigir, controlar ou
gerir setores ou facetas da sociedade, em que os atores públicos e privados agem em
conjunto, interagindo entre si para melhor eficácia da gestão (Eagles, 2008). Este autor,
trabalha com a governança aproximando-a da abordagem do Banco Mundial, em que
contempla a participação pública, a orientação ao consenso, a visão estratégica, a resposta
às partes interessadas, a eficácia, a eficiência, a responsabilidade com o público e as partes
interessadas, a transparência, a equidade e o normas.
Rhodes (1997), por sua vez, apresentou um conceito de governança entendida como a auto-
organização de redes interorganizacionais, caracterizadas pela interdependência, troca de
recursos em que o Estado mantém autonomia em relação às regras do jogo. Enquanto
Mayntz (1998), utiliza o termo governança, para indicar um novo estilo de governo, que é
distinto do modelo de controle hierárquico e caracterizado por um modo mais cooperativo,
bem como pela interação entre Estado e os atores não estatais que participam em redes
mistas público-privadas. E também, para referir-se às formas de coordenação, diferentes de
hierarquia e mercado, abrangendo todas as formas de coordenação social, relacionando-as a
redes.
Nesse sentido, a governança moderna significa uma forma de governar mais cooperativa,
diferente do antigo modelo hierárquico, no qual as autoridades estatais exerciam um poder
soberano sobre os grupos de cidadãos que constituíam a sociedade civil (Mayntz, 1998). As
2
instituições estatais e não estatais, os atores públicos e privados, participam e cooperam na
formulação e aplicação de políticas públicas. A governança é, ainda, o exercício da
autoridade política, econômica e administrativa para gerir assuntos da nação, abrangendo
mecanismos complexos, processos, relações e instituições, através dos quais os cidadãos e
grupos articulam seus interesses, exercem os seus direitos e obrigações e mediam suas
diferenças (PNUD, 1997). Envolve o sentido de direção da sociedade, as atividades para
realizar os objetivos as formas de se organizar, e o modo pelo qual distribuem os custos e
benefícios a partir da deliberação conjunta entre o governo e as organizações privadas e
sociais. Corresponde a sociedades estruturalmente interdependentes, em que os atores
públicos, privados e sociais atuam em conjunto, em função de assuntos de interesse
particular e coletivo, ao reconhecerem que possuem recursos limitados para atuarem
isoladamente (Aguilar, 2010).
Assim sendo, a governança é entendida como “novas formas de decisão coletiva a partir da
confluência de diferentes relações entre cidadãos e atores públicos e privados com o
objetivo de conseguir capacidades de governo frente a problemas comuns” (Borja, Sáchez,
Sisternas & Subirats, 2014, p. 6), gerindo o território por meio “das relações de poder
necessárias para dirigir, no tempo e no espaço, a coerência das múltiplas finalidades,
decisões e ações” (Becker,1991, p. 178). Representando uma realidade nova e diferente se
comparada aos sistemas tradicionais de governo. O Estado experimentou transformações
em seu papel, entretanto, não significa o seu fim, apenas sua adaptação à complexidade do
tecido social (Pierre & Peters, 2000), pois continua a exercer um papel relevante e
estratégico na governança ao deter o direito de intervir em defesa dos interesses coletivos e
quando os atores em rede não chegarem a um acordo (Cerrilo & Martínez, 2005). Contudo,
a essência da governança está nos mecanismos de governo que não repousam sobre o
recurso da autoridade e sanções do governo (Stoker, 1998).
3
consenso sobre uma definição de governança, há algumas convergências em torno de certas
características (Quadro 1) relacionadas ao conceito que envolve participação e partilha de
poder, integração multinível, diversidade e descentralização, deliberação, flexibilidade e
reversibilidade, experimentação e conhecimento, criação, autonomia e autoridade, redes e
interdependência, cooperação e interação.
Elementos Características
Participação e de Formulação de políticas não é considerada como o único domínio dos reguladores, mas as partes
partilha de poder interessadas públicas e privadas de diferentes níveis devem participar do processo político como
parte da parceria público-privada.
Integração multi-nível A coordenação entre os diferentes níveis de governo precisa ocorrer tanto na horizontal como na
vertical e deve envolver os atores privados.
Diversidade e Em vez de uma abordagem legislativa ou norma regulamentar, uma variada gama de abordagens
descentralização coordenadas é incentivada.
Deliberação Maior deliberação entre atores públicos e privados é incentivada, de modo a melhorar a legitimação
democrática do processo de formulação de políticas.
Flexibilidade e A adoção de medidas depende muitas vezes de diretrizes flexíveis e padrões abertos que são
reversibilidade implementados de forma voluntária e podem ser revistos conforme as mudanças das circunstâncias
políticas.
Experimentação e Maior incentivo à experimentação local em medidas de governação, bem como a criação de
conhecimento criação conhecimento e o compartilhamento em conexão com o acompanhamento multilateral, o
benchmarking e a troca de resultados e melhores práticas.
Autonomia e Grau significativo de autonomia em relação Estado que é percebido e atua como um ator capaz de
autoridade utilizar novas ferramentas e técnicas para orientar e guiar. A governança reconhece a capacidade
fazer coisas que independentemente do poder do governo para comandar ou usar sua autoridade.
Redes e Organização e atuação dos atores estatais e não estatais em redes de decisões mistas.
interdependência Interdependência de recursos entre organizações.
Cooperação e A cooperação entre os atores da rede é necessária para o processo de tomada de decisão. Interações
interação contínuas entre os membros da rede, causadas pela necessidade de trocar recursos e negociar
objetivos compartilhados. Interações enraizadas na confiança e reguladas pelas normas que são
negociadas e acordadas pelos participantes da rede.
4
governamentais e não governamentais (Cerrillo & Martínez, 2005), no processo de
formulação, implementação e resultados da política pública.
A governança (nova, moderna) não poderá existir se os atores sociais não forem eficientes
em sua própria área de atuação e não cooperarem na formulação das políticas pública que
visem aos anseios coletivos ao invés de lutar entre si (Mayntz, 1998), bem como se
inexistirem ou funcionarem precariamente as “instituições que reconhecem e garantem a
existência dos mercados e da sociedade civil” (Aguilar, 2010, p. 47).
5
Bramwell & Lane (2011) que se aborda a desigualdades de poder em comunidades locais
na África e Ruhanen, Scott, Ritchie e Tkaczynski (2010) que realizaram um trabalho
teórico buscando reunir os conceitos correlacionados ao termo. O único estudo que propôs
um conceito de governança do turismo ou a governança turística foi Velasco González,
(2013, p. 508) ao entender que “seria uma nova forma de liderar os processos de inovação,
fortalecimento e mudança das dinâmicas turísticas em um espaço determinado,
incorporando os atores públicos e privados com a intenção de tomar decisões coletivas”.
O estudo de Ruhanen, Scott, Ritchie & Tkaczynski (2010) analisou, por meio de um estudo
teórico, as dimensões relacionadas à definição de governança. Encontraram 72 dimensões,
porém algumas se referiam ao mesmo conceito, por isso os autores realizaram uma nova
etapa, reduzindo-as a 40. Desse total, 26 foram reconhecidas em estudos que se baseiam
nas ciências políticas e na área de gestão empresarial. As dimensões mais citadas foram
responsabilidade, transparência, envolvimento, estrutura, eficácia e poder, sendo
identificados em uma frequência de ao menos dez estudos.
6
2016). A governança é um conceito aberto que tem aglutinado ideias que compreendem a
participação e a partilha do poder, a integração multinível, a diversidade e a
descentralização, a deliberação, além de formas flexíveis que permitem a experimentação e
a criação do conhecimento com um forma diferenciada de exercer a autonomia e a
autoridade, se aproximando da articulação social em redes de cooperação e interação.
De acordo com o estudo de Ruhanen, Scott, Ritchie & Tkaczynski (2010) reverbera no
turismo os princípios da boa governança, presentes nas orientações do Banco Mundial. No
turismo, as ideias de governança perpassam a existência de um processo inerente ao
governo e à forma de governar e também aos mecanismos e procedimentos organizativos
de tomada de decisão que envolvem a coordenação, a cooperação e a participação dos
atores sociais em estudos de casos aplicados em contextos específicos do turismo sem,
contudo, apresentarem aprofundamento teórico relativamente aos modos de governança.
REFERÊNCIAS
Aguilar, L. (2010b). Gobernanza: el nuevo proceso de gobernar. Col. San Ángel Inn,
México: Fundación Friedrich Naumann para la Libertad.
Borja, J., Sáchez, J., Sisternas, X., & Subirats, J. (2014). Gobierno y organización
administrativa del territorio. XP07/B0192/02481. Universitat Oberta de Catalunya.
UOC.
Bramwell, B., & Lane, B. (2011). Critical research on the governance of tourism and
sustainability. Journal of Sustainable Tourism, 19(4-5), 411–421.
7
Cerrilo I Martínez, A (2005). La gobernanza hoy: 10 textos de referencia. Madrid.
Instituto Nacional de Administración Pública, Instituto Internacional de
Gobernabilidad de Catalunya.
Dredge, D., & Pforr, C. (2008). Policy networks and tourism governance. in Scott, N.;
Baggio, R., & Cooper, C. in Networks analysis and tourism: from theory to
practice. Clevedon: Channel View Publications. P.58-78.
Eagles, P.F.J. (2008), Governance models for parks, recreation, and tourism. In: Hanna,
K.S., Clark, D.A.; Slocombe, D.S. (Eds). Transforming parks and protected areas.
New York: Routledge, p. 39-61.
Hall, C.M. (2011). Typology of governance and its implications for tourism policy analysis.
Journal of Sustainable Tourism, 19(4-5), 437–457.
Pierre, J., & Peters, G. (1998). Governance without government? rethinking public
administration. Journal of Public Administration Research and Theory, 2, 223-
243
8
Rhodes, R. A. W. (1997). Understanding governance. Policy networks, governance,
reflexivity and accountability. Buckingham: Open University Press.
Ruhanen, L., Scott, N., Ritchie, B., & Tkaczynski, A. (2010). Governance: a review and
synthesis of the literature. Tourism Review, 65(4), 4-16.
Velasco González, M. (2013). Gestión pública del turismo. La gobernanza. in Juan Pulido
Fernández, I., & López Sánchez, Y. (Eds.). Gestión estratégica sostenible de
destinos turísticos. Sevilla: Universidad Internacional de Andalucía, Servicio de
Publicaciones. P. 469-519.
World Bank (1989). Sub-Saharan Africa: from crisis to sustainable growth. Washington,
DC: World Bank.
9
TURISMO, INFORMAÇÃO E SENTIDO: REFLEXÕES ACERCA DA
APLICAÇÃO DA TEORIA DO SENSE-MAKING NO TURISMO E DA
NECESSIDADE DE IR ALÉM
Juliana Medaglia1
RESUMO
1
Doutora em Ciência da Informação. Professora do Curso de Turismo da Universidade Federal dos Vales do
Jequitinhonha e Mucuri (UFVJM), Diamantina/MG. Currículo: http://lattes.cnpq.br/5292267261816076
E-mail: julianamedaglia@gmail.com
2
Doutor. Professor do Departamento de Turismo da Universidade Federal do Paraná, Curitiba, PR, Brasil.
Currículo: http://lattes.cnpq.br/4985906077402962. E-mail: caesilveira@gmail.com
1
RESUMO EXPANDIDO
2
A informação é o principal instrumento e ferramenta de trabalho de um profissional da área. Sem
informação não existe turismo, pois o ator principal desse processo, o turista, não reside no local a ser
visitado.
São diversas as variáveis que compõem o turismo, e, refletindo a seu respeito, é possível
afirmar que é a partir da informação que se dá o incremento da atividade, dividindo-se em
duas grandes discussões. Segundo Medaglia e Ortega (2015), a primeira é o fato de ser
impossível planejar o desenvolvimento turístico de um destino sem informação, e a
segunda a motivação e a decisão de viajar, assim como a viabilização da viagem e sua
realização, só se dão a partir da informação.
Alguns autores já fizeram a relação entre Turismo e Informação. Lohmann e Panosso Netto
(2008), apresentam situações em que se pode perceber o uso da palavra ‘Informação’ em
esquemas teóricos do turismo, bem como no estudo do turismo como ciência com apoio nas
ciências sociais, dentro da seção que versa sobre pós-modernidade e lazer, tanto é que a
palavra informação consta do índice remissivo da referida obra. De Lucca Filho (2005, p.
32) apresenta um quadro resumo da relação existente à época entre turismo e informação
com base em referências internacionais da área, conforme se apresenta a seguir:
3
1999
O ́Connor A atividade turística depende cada vez mais da informação. A informação é o nutriente básico do
turismo.
2001
Middleton O turismo é um mercado totalmente baseado no fornecimento de informações
2002
Schertler apud O turismo é o negócio da informação. A informação é o principal suporte para os negócios
acontecerem.
Stamboulis e
Skayannis 2003
Isso significa que, seja na academia, seja no mercado, a origem das informações e a
credibilidade da fonte têm papel central na opção pelo uso dessas informações. Ainda
assim, de outro lado, há a falta de vínculo com o significado dos dados disponibilizados,
como percebido por Medaglia (2017), em situações de gestão tanto pública quanto privada,
nas quais dados confiáveis disponibilizados não eram utilizados ou, até mesmo, não eram
compreendidos por gestores. Somando a isso o fato da informação em turismo ser
4
majoritariamente abordada a partir do mercado, percebe-se a necessidade de que as
informações que chegam aos receptores façam algum sentido para serem apropriadas.
Originada na área de comunicação, a teoria desenvolvida por Brenda Dervin tem sido
amplamente utilizada no Brasil pela Ciência da Informação, de acordo com Araújo et al
(2009). O termo sense making teria como equivalência em português “fazer sentido”.
Contudo, seu uso é mais acurado na versão original, já que o termo ‘fazer sentido’ em
português não é frequentemente usado com conotação acadêmica, e sim mais coloquial.
Costa (2000) ressalta que o grupo de pesquisa ligado aos estudos de Dervin, convencionou
desde 1994, que a grafia com letras maiúsculas trata da abordagem, e minúsculas o
fenômeno estudado. A importância do ‘fazer-sentido’ com o uso da informação é percebida
tanto no contexto acadêmico quanto no âmbito da gestão.
A informação não existe de forma independente do ser humano. Ao contrário, faz parte da
interpretação que este dá às observações próprias e alheias, que lhe façam sentido. Para
Dervin (1983), em tradução nossa, os estudos de Sense-Making sempre considerarão dois
ou mais dos elementos abaixo:
5
GAPS: espaços nos quais são consideradas as necessidades de criação de pontes,
traduzidas na maioria dos estudos como “necessidade de informação” ou as questões que as
pessoas apresentam como constrição de sentido e movimento espaço-tempo;
USOS: os usos aos quais o indivíduo aplica o recém-criado sentido, que é traduzido,
como o que ajudou e o que atrapalhou o uso da informação.
A representação gráfica do que ficou conhecido por uns como método, por outros como
abordagem, ou ainda como metodologia de Sense-Making, foi elaborada pela autora nos
anos 1980, e é adaptada a seguir:
6
Resultado / Uso
- ajudas, obstáculos
Ponte
- funções, disfunções
- ideias, cognição, pensamentos
- consequências, impactos, efeitos
- atitudes, crenças, valores
- sentimentos, emoções, intuição
- memórias, histórias narrativas
Ações
Situação - sense-making
- história - sense-unmaking
- experiência
- horizonte passado
- horizonte presente
Espaço - Tempo
GAP
- questões, confusões
- incertezas, quebra-cabeças
- angústia
Sense making refere-se ao objeto de estudo, ao processo empírico por meio do qual os
usuários de informação atribuem sentido às situações em que se encontram (às lacunas
cognitivas, às necessidades de informação sentidas, ao engajamento no processo de busca da
informação) e, também, às informações que encontram, que utilizam e das quais se
apropriam. Mas sense making também se refere à forma de estudar o comportamento
informacional dos usuários, isto é, ao tipo de metodologia preparada para analisar os
processos pelos quais os usuários atribuem sentido às situações em que se encontram e às
informações que utilizam. (Araújo et al, 2009, p. 60)
7
comportamento de compra do usuário-turista e não em seus métodos de busca de
informação, que antecedem a compra. O mesmo observa-se no universo da informação em
turismo: usuários-gestores apresentam diferentes Gaps, que necessitam de criação de
sentido para serem construídas as chamadas Pontes.
Percebe-se, por fim, que para além do sentido duplo da Informação no turismo (i.e.
informação em turismo e informação turística) existe o desafio da percepção, absorção e
uso da informação para a finalidade que lhe diga respeito e para qual ela faça sentido.
REFERÊNCIAS
8
Costa, C. A. de. Aplicação da abordagem sense-making no estudo do comportamento
informacional de pesquisadores de um Instituto de Pesquisa Tecnológica. (2000)
Belo Horizonte, 2000. 94p. Dissertação (Mestrado em Ciência da Informação).
Escola de Ciência da Informação da Universidade Federal de Minas Gerais. Belo
Horizonte.
Lohmann, G.; & Panosso Netto, A. (2008). Teoria do turismo: conceitos, modelos e
sistemas. São Paulo: Aleph.
9
Silveira, C.E.; & Medaglia, J. (2014). Perfil da demanda turística real de Diamantina e
região: características da viagem, motivações, percepções e expectativas.
Diamantina: UFVJM.
10
UM SOFÁ POR VEZ:
Gabriel Godoi1
RESUMO
O surgimento das tecnologias tem revolucionado as relações humanas nas mais diversas
formas, tais avanços influem diretamente em atividades sociais, como o turismo conta com
novas formas e novos segmentos. O trabalho trata do uso da rede de couchsurfing, uma
rede social mundial, onde viajantes do mundo todo oferecem um espaço em suas casas para
receberem outros usuários cadastrados na mesma rede. O presente estudo apresenta um
levantamento de dados sobre rede de couchsurfing e seus usuários na região fronteiriça de
Jaguarão-BR e Rio Branco-UY. Apoiando tal temática em breve revisão de literatura
pertinente ao assunto, que segue abaixo em versão simplificada e coleta de dados, onde se
utilizou de questionários. A pesquisa obteve resultados significativos na cidade brasileira de
Jaguarão, considerando a incidência e utilização da mesma, porém em Rio Branco a cidade
uruguaia que possuí um número ainda menor de usuários, não foi obtida resposta.
RESUMO EXPANDIDO
1
Mestrando no Pprograma de Turismo e Hospitalidade, Universidade de Caxias do Sul, Caxias do Sul, RS,
Brasil. Currículo: http://lattes.cnpq.br/6238009393121609 . E-mail: godoigabriel18@gmail.com
1
é a rede de Couchsurfing, que se apresenta como um bom exemplo de reestruturação do
turismo a partir do advento da internet. Na rede se pode exemplificar que a internet
influencia o Turismo e as relações humanas que competem a tal atividade, visto que o
Couchsurfing é uma proposta inovadora de uma rede social que oferece, atualmente, a
milhares de viajantes a oportunidade de uma hospedagem gratuita, na qual a principal
moeda de troca é a vivência aproximada com outras culturas.
O Couchsurfing é uma rede social projetada para atuar com base em um sistema de
hospedagem solidária. O surgimento da rede, segundo Stern (2009), iniciou quando o
americano Casey Fenton, ao planejar uma viagem para a Islândia, buscou hospedagem por
e-mail com aproximadamente 1.500 estudantes e obteve sucesso atingindo hospitalidade de
diversos destinos. Assim, o princípio de turismo que fora abordado na pesquisa é voltado
para o turismo social, por se acreditar nas relações pessoais originadas pela atividade e,
neste caso, pela rede de Couchsurfing. Optando por autores como Krippendorf (1989) e
Barretto (2003), que trabalham com esta ideia de turismo. O couchsurfing pode contribuir
para o estabelecimento de relações sociais, baseadas na hospitalidade, apresentada por
Camargo (2008), em que há a construção de uma ideia de trocas através da dadiva, que se
mantém como manutenção da rede em trocas sociais, bem como trocas de hospedagem,
permeando assim, a manutenção do turismo como trabalhado pelos autores antes citados.
A cidade de Jaguarão está localizada a 380 km da capital do estado do Rio Grande do Sul,
Porto Alegre e a 417 km da capital do Uruguai, Montevideo. Segundo o IBGE (2010)
habitam em Jaguarão uma população de 28.000 pessoas. Existindo como ligação entre as
cidades, a ponte internacional Barão de Mauá, está situada sobre o rio Jaguarão, a ponte foi
construída entre 1927 e 1930 e faz parte do acervo histórico reconhecido pelo Instituto do
Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (IPHAN). A cidade que representa o lado
uruguaio da fronteira é Rio Branco, possui, segundo o CENSO (2011), uma população de
14.604 habitantes, conhecida em boa parte devido aos freeshops que estão instalados em
seu território e que movimentam o comércio local com a frequente ocorrência do turismo
2
de compras, a cidade está localizada a 392 km da capital de Porto Alegre e a 414 km da
capital do Uruguai Montevideo.
[...] a função principal do projeto exploratório consiste em: descobrir novas ideias e novas
perspectivas. Por esse motivo, os estudos exploratórios são suficientemente flexíveis para permitir
considerar os mais variados aspectos do problema de pesquisa Contrariamente aos projetos de
comprovação de hipóteses que preveem relações, os projetos explicativos procuram relações. (p.71).
Essa característica de projeto foi escolhida pela proposta se configurar com moldes
interpretativos a partir de experiência vivenciada durante a pesquisa, buscando relações
entre a realidade do couchsurfing na fronteira e a possibilidade de melhoria da utilização da
rede na localidade. Sendo assim se configurando como uma pesquisa qualitativa. Com base
no número reduzido de usuários registrados na localidade, que pude constatar através de um
levantamento na rede, tornou-se viável estabelecer contato com todos eles, obtendo sucesso
com algumas das tentativas de coleta de dados, desenvolvendo assim um questionário que
busca traçar dados pessoais destes membros e suas considerações pessoais sobre a rede na
localidade.
Para a viabilização dos objetivos já traçados neste trabalho, foi feito inicialmente um
mapeamento através do próprio site, das residências de Jaguarão e Rio Branco que estão
cadastradas na rede. A partir disso a elaboração e questionários, que visavam traçar um
perfil pessoal dos usuários da rede na presente localidade. Os questionários foram
3
elaborados em português e traduzidos para o espanhol, para facilitar a comunicação com o
lado uruguaio da fronteira. Todos os questionários foram enviados através do facebook,
foram feitas no máximo três tentativas de contato com cada membro da rede registrado nas
cidades.
Analisando o lado brasileiro, foi possível identificar um maior número de usuários e maior
incidência de utilização do couchsurfing. A pesquisa se deu da mesma maneira que o lado
uruguaio, porém foram obtidos resultados mais significativos, pois doze usuários
retornaram o questionário respondido. Das respostas obtidas alguns fatores se mostraram
bastante expressivos. O primeiro é que dos doze questionários respondidos, 10
respondentes eram do sexo masculino e apenas um do sexo feminino, tal fato pode estar
relacionado ao padrão de sociedade que atualmente vivemos, onde mulheres ainda estão em
condição de vulnerabilidade e em muitas culturas o machismo ainda é imposto de várias
formas, portanto ainda possuem diversos motivos para temer práticas sociais como esta.
Outro fator bastante importante é que 10 dos respondentes são universitários e nenhum
deles é nativo de Jaguarão, os cinco são de outros estados brasileiros e moram em Jaguarão
para fazer a graduação.
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Essas diferenciações entre os nativos e os usuários da rede podem representar questões
históricas e culturais, como a forma em que a localidade originou-se e todas as questões
políticas que envolveram e envolvem até hoje as fronteiras (Internet e manufatura). Ainda
dentre os apontamentos baseados nas respostas, foi expressiva a questão dos objetivos dos
usuários com a rede, sua busca por novas experiências e por conhecerem novas pessoas e
seus hábitos culturais, como foi possível constatar através das respostas obtidas com os
questionários:
Outro apontamento importante de ser feito é que, em algumas respostas a localidade foi
apontada como alvo de procura devido aos fatores culturais de fronteira e também que a
localidade possui fluxo de viajantes devido a sua localização.
“Acredito que sim, por ser fronteira. Há muitos interessados em conhecer a cultura de fronteira, suas
linguagens e comportamento, além de ser lugar de transição entre lugares/países”. (Entrevistado 5,
10/02/2016).
Os dados obtidos foram importantes para a idealização de objetivos previstos para este
estudo, corroborando com as hipóteses iniciais da pesquisa, que visava levantar os perfis
existentes, verificar a possível utilização do couchsurfing na localidade. O presente estudo
buscava apresentar um levantamento dos perfis de usuários e da estruturação da rede em
uma localidade com possível potencial de atração turística. Para tanto, analisar a fronteira
citada como uma localidade única, mas individual em seus hábitos, planejamento e
legalidades, para assim compreender a viabilidade da utilização do couchsurfing em seu
território.
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pertinentes a cerca da não utilização da rede na localidade, haveria procura, oferta, ou perfis
realmente ativos?
As fronteiras carregam até hoje, traços históricos que podem refletir atualmente em seus
hábitos sociais e culturais e possivelmente esse seja um dos principais motivos que
justifique o fato de não haverem nativos de Jaguarão-BR inseridos na rede de couchsurfing
e conforme observado nos resultados a não obtenção de resultados na cidade uruguaia.
Para um estudo futuro é possível aproveitar dos dados aqui obtidos e dos métodos
utilizados, para obter um perfil do nativo da presente localidade e então comparar com os
perfis dos usuários do couchsurfing do local abordado neste estudo e possivelmente
também uma busca mais aprofundada em Rio Branco-UY, através de outros métodos.
Importante destacar que a pesquisa possui responsabilidade com um período de tempo e um
espaço, pois não trata de forma alguma de conceitos e dados rígidos e imutáveis,
possibilitando assim uma mudança de cenário e surgimento de novos dados.
REFERÊNCIAS
Censos. (2011). Uruguai. INE. (Org.): Contame que te cuento 2015-2016. Recuperado de:
www5.ine.gub.uy/censos2011/resultadosfinales/cerrolargo.html
Dencker, A.F. (1998). Métodos e técnicas de pesquisa em turismo. São Paulo: Futura.
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Krippendorf, J. (1989). Sociologia do turismo: para uma nova compreensão do lazer e das
viagens. Rio de Janeiro, RJ: Civilização brasileira.
Schlüter, R.G. (2003). Metodologias e práticas em turismo e hotelaria. São Paulo: Aleph.