Você está na página 1de 4

Texto 1 - A UNESCO e o Ano Internacional do Turismo Sustentável

A Organização das Nações Unidas proclamou 2017 como o Ano Internacional do Turismo Sustentável para o
Desenvolvimento em reconhecimento ao grande potencial da indústria do turismo, que responde por cerca de 10%
da atividade econômica mundial, para contribuir para a luta contra a pobreza e promover a compreensão mútua e o
diálogo intercultural, temas centrais da missão da UNESCO. (QUESTÃO 1)
Em sua proclamação do Ano Internacional, a ONU declarou: “Promover mais entendimento entre os povos de todos
os lugares, o que leva a uma maior conscientização sobre o rico patrimônio de várias civilizações e a uma melhor
apreciação dos valores inerentes às diferentes culturas, contribuindo dessa forma para fortalecer a paz no mundo”. .
(QUESTÃO 2)
Esses objetivos têm sido reconhecidos há muito tempo pelos vários programas culturais e científicos da UNESCO,
sobretudo pelo Programa do Patrimônio Mundial (World Heritage Programme), que vem trabalhando para assegurar
que os turistas que visitam seus 1.052 sítios naturais e culturais beneficiem as comunidades locais, e que os fluxos
de visitantes sejam administrados de maneira compatível com a conservação do patrimônio.
O turismo bem estruturado e bem administrado também pode contribuir significativamente para o desenvolvimento
sustentável dos 119 Geoparques Mundiais (Global Geoparks) designados pela UNESCO em 33 países, os quais são
sítios espetaculares que nos ensinam sobre a história do nosso planeta. Da mesma forma, o Programa O Homem e a
Biosfera (Man and the Biosphere – MAB Programme), com seus 669 sítios em 120 países, tem sido uma laboratório
pioneiro para a sustentabilidade, desde que foi estabelecido para promover o desenvolvimento econômico consciente
da necessidade de preservar o meio ambiente e os recursos naturais. A Rede da UNESCO de 116 Cidades Criativas
(Creative Cities) em 54 países também promove ações e inovações, sobretudo para a implementação da Agenda
2030 para o Desenvolvimento Sustentável.
O turismo é impulsionado pelas forças da globalização que têm levado a um enorme aumento da circulação de bens
e ideias, de pessoas e tendências culturais. Essa atividade pode ser canalizada de maneira a permitir que visitantes
se divirtam e aprendam com a riqueza e a diversidade do patrimônio cultural, das expressões culturais e das práticas
culturais imateriais. O turismo ajuda as indústrias culturais locais a encontrar novos públicos, assim como novos
mercados, para seus bens e serviços.
Durante 2017, a UNESCO irá trabalhar com seus Estados-membros e muitos outros parceiros para garantir que o
turismo sirva para preservar, em vez de destruir o patrimônio multifacetado do mundo, o qual contribui para o bem-
estar e a dignidade das comunidades, além de proporcionar a reunião das pessoas.
Mensagem de Irina Bokova, diretora-geral da UNESCO, para o Ano Internacional do Turismo Sustentável para
o Desenvolvimento
Ao designar 2017 como o Ano Internacional do Turismo Sustentável para o Desenvolvimento, a Assembleia Geral das
Nações Unidas enfatizou “a importância do turismo internacional para promover mais entendimento entre os povos de
todos os lugares, o que leva a uma maior conscientização sobre o rico patrimônio de várias civilizações, e a uma melhor
apreciação dos valores inerentes às diferentes culturas, contribuindo dessa forma para fortalecer a paz no mundo”.
Viajar ajuda a abrir as portas para o intercâmbio intercultural e o diálogo. Atualmente, com mais de 1,2 bilhão de
pessoas cruzando as fronteiras internacionais a cada ano, o turismo representa uma oportunidade de ouro para
romper as barreiras da ignorância e dos preconceitos.
O turismo também tem o potencial para contribuir, direta e indiretamente, com a Agenda 2030 para o Desenvolvimento
Sustentável. Os dados da Organização Mundial do Turismo das Nações Unidas (United Nations World Tourism
Organization – UNWTO) mostram a importância do turismo como veículo para a criação de empregos, gerando receitas
para as comunidades que recebem os turistas e representando cerca de 1 em 11 postos de trabalho em todo o mundo.
É nesse espírito que a UNESCO tem defendido um reconhecimento mais forte do papel da cultura como promotora do
desenvolvimento sustentável, bem como da economia criativa como condutora do crescimento e da inovação. .
Conhecemos o potencial do turismo. Também conhecemos muito bem o impacto do turismo mal administrado.
Monumento antigos podem ser danificados pela pressão do turismo em massa, e o patrimônio imaterial corre
grandes riscos se não for devidamente salvaguardado. Os sítios da UNESCO, como os sítios do Patrimônio Mundial,
as Reservas da Biosfera e os Geoparques representam oportunidades incríveis para o turismo e, por isso, devemos
assegurar que eles sejam administrados de forma responsável e sustentável. . (QUESTÃO 2)
O Ano Internacional do Turismo Sustentável para o Desenvolvimento é uma oportunidade para fortalecer a dinâmica
positiva entre o patrimônio e o turismo. Em 2017, a UNESCO lançará várias iniciativas para apoiar o desenvolvimento
do turismo sustentável, com a União Europeia e outros parceiros. A UNESCO também irá organizar conferências
importantes sobre turismo nas Reservas da Biosfera que estão localizadas no Mediterrâneo, bem como sobre cultura
e turismo juntamente com a UNWTO. O turismo sustentável requer novas parcerias para melhor educar e informar,
de modo a estimular novos comportamentos e fortalecer o comprometimento entre todos os envolvidos com o
turismo. Esse espírito orienta a cooperação entre a UNESCO e a UNWTO, para garantir que o turismo sustentável
seja um catalisador de mudanças positivas do comportamento mundial. . (QUESTÃO 3)
REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA UNESCO. A UNESCO e o Ano Internacional do Turismo Sustentável. Disponível em:
http://www.unesco.org/new/pt/brasilia/about-this-office/prizes-and-celebrations/2017-international-year-of-sustainable-tourism/.
Acessado em 08/mar/2017.
Texto 2

TURISMO SUSTENTÁVEL E RESPONSÁVEL: ENTREVISTA COM O PROFESSOR ERNEST CAÑADA

Temos a honra de disponibilizar em português a entrevista concedida ao Jornal O Periódico a reporter Rosa Mari Sanz pelo professor Ernest
Cañada, com a sua autorização.

O Professor Ernest Cañada é um pesquisador e comunicador social. Atualmente está trabalhando como coordenador da Alba Sud, um centro
de pesquisa especializado em turismo responsável com sede em Barcelona. Entre 2004 e 2014 viveu na América Central, onde mantém a
relação profissional como um centro de pesquisa associado Análise Sociocultural da Universidade Centro-Americana (UCA), em Manágua,
Nicarágua. Ele também é membro do Grupo de Pesquisa em Sustentabilidade e Território da Universidade das Ilhas Baleares e professor da
Escola de Turismo e Hotelaria de Barcelona (CETT-UB). Ele publicou o livro "As que limpam os hotéis. Histórias ocultas de precariedade no
trabalho "(Icaria Editorial).

http://www.albasud.org/dossier/es/14/estudios-criticos-en-turismo

Ernest Cañada: "É um grande absurdo dizer que oturismo é uma indústria sem chaminés"

Nos últimos anos, surgiram a partir de agências de viagens e operadoras propostas destinadas a fazer face às consequências dos modelos
turísticos dominantes, ou de massa, ou seja, aqueles que não priorizam o respeito ao meio ambiente, a cultura local ou postos de trabalho para
as pessoas das comunidades ou grupos afetados pelo turismo. Ao contrário, eles ignoram isso. Embora ainda reste um longo caminho a
percorrer, há a cada dia mais e mais pessoas optando por viagens responsáveis aqueles que entre muitos outros, se animam a passar mais
tempo no destino para conhecer a cultura e hospedar-se em hotéis de propriedade de pessoas do local visitado.

1-Turismo sustentável, turismo ecológico, turismo responsável, é tudo a mesma coisa?

Não, eles são conceitos que servem para identificar diferentes formas de enfocar o turismo de um modo de diferente do modelo dominante.
Turismo sustentável, basicamente, tem a ver com a consciência dos impactos negativos que o turismo pode ter no ambiente, bem como no
entorno social e econômico em que ele ocorre, e a disposição para reduzir estes efeitos. É um conceito que está sendo cada vez mais utilizado
para qualquer coisa e se distorce seu sentido. E quando se fala de turismo ecológico normalmente se refere a um tipo de atividade muito
focada na natureza. QUESTÃO 1

2-Então, o que é turismo responsável, ou se você achar que é mais fácil, o que não é turismo responsável?

Algumas pessoas entendem isso como um nicho de mercado para formas alternativas de viagem que incorporam um certo sentido ético, como
formas de turismo solidário ou ecoturismo. Assim é como muitas agências de viagens utilizam esse termo. Outra concepção tem a ver com um
conjunto de boas práticas empresariais, a fim de reduzir os impactos negativos, levando especialmente em conta as populações locais. E,
finalmente, algumas organizações o compreendem como a necessidade de mobilização social e de incidência junto a todos os atores
envolvidos na cadeia de atividades turísticas, a fim de avançar para níveis mais elevados de sustentabilidade e equidade no conjunto da
atividade turística. QUESTÃO 1

3-Um mega complexo hoteleiro pode ser sustentável se servir por exemplo a culinária local e se preocupar com o meio ambiente?

Depende. Estes podem ser aspectos a considerar, mas não são os únicos e nem podem ser usados como álibi para acobertar outras coisas.

4. Por exemplo?

Em muitos lugares, temos visto como a construção desse tipo de complex acaba com os meios de vida das populações locais, expulsam a
população camponesa e pescadores da área, privatizam o acesso ao litoral, ou geram uma forte pressão sobre os recursos como a água,
essencial para uso doméstico ou para a agricultura de comunidades próximas. Então, medidas como melhorar a gastronomia local ou certas
formas de cuidado com o ambiente natural não podem evitar o efeito produzido por este tipo de complexo. QUESTÃO 2

5-O preço e falta de conhecimento por parte de muitos viajantes se contrapõem ao modelo de turismo responsável?

Sim, porque, assim como o comércio justo tem conseguido desenvolver um movimento social plural que fornece informações aos potenciais
clientes sobre o que há por trás de cada produto e cada vez mais se oferecem mais opções de escolhas, isso não tem ocorrido no mesmo nível
no campo do turismo. A favor, no entanto, está a experiência dos usuários e a crescente conscientização.

É claro que, embora tenhamos um movimento tão forte como o comércio justo, cada vez há mais turistas interessados em saber que
implicações sua viagem pode ter sobre a população local ou sobre o meio ambiente.

6-Não sendo turismo de massa não é fácil de encontrar ofertas que se encaixam em todos os orçamentos. Porque sem ser um preço
baixo, é um preço justo? Será que isso não deixa de fora os jovens?
Há muitas maneiras de viajar. E não necessariamente fazer turismo implica em deslocar-se a qualquer parte do mundo. Há muito o que se
pode fazer nas proximidades e a um custo menor. Além disso, nem todo lazer implica em turismo. E quando se viaja para longe também se
pode organizar as coisas de maneiras diferentes. É claro que os grandes hotéis podem reduzir seus custos pelos grandes volumes que geram,
mas olhando bem e priorizando outros elementos da experiência que você busca, pode-se organizar viagens de maneira que não saiam tão
caras e haja mais coerência com os princípios éticos que você tem.

7-O que tipo de viagem recomendaria para os jovens?

As viagens podem trazer experiências e vivências muito positivas, desde que eles possam realmente se conectar com as pessoas que vivem
nesses locais. Vale a pena pegar a mochila e compartilhar experiências. Há também uma vasta gama de hostels, de iniciativas familiares, de
turismo comunitário, de pequenas empresas, em lugares que são permitidos. Mas também devemos estar cientes do impacto do turismo
nesses lugares e se perguntar o que significa sua presença neste contexto. Acho que devemos incorporar elementos mais éticos na forma em
que decidimos viajar e fazendo o que. Fazer turismo contamina. De acordo com alguns relatórios, transporte, hospedagem e serviços
correspondem por 5% das emissões totais de CO2, o principal gás de efeito estufa. QUESTÃO 3

8- Fazer turismo em regiões isoladas é uma contradição em relação ao turismo sustentável ou responsável?

O que está claro é que não é viável um turismo de grande escala e sob a lógica do crescimento ilimitado. O slogan tão repetido de que o
turismo é a indústria sem chaminés não deixa de ser um grande absurdo, cada vez mais evidente. A pegada ecológica gerada pela indústria do
turismo é obviamente insustentável. QUESTÃO 2

9-O que fazer perante a massificação?

Há que se pensar então em como organizar a transição socioecológica em sociedades tão dependente do turismo. Isto significa, por um lado a
necessidade de diversificar as economias, promover fontes de energia renováveis e assumir que em determinados lugares é necessário um
decréscimo da atividade. QUESTÃO 3

10 - E buscar outros territórios?

Nem faz sentido a sobremassificação de alguns destinos, nem a lógica da conquista de novos territórios para o turismo em lugares cada vez
mais distantes. E na perspectiva do consumidor acho que aceitar esta realidade envolve pensar sobre como reorganizar o lazer num local de
maior proximidade, e quando se trata de voos internacionais de longa distância ver como aumentar o tempo de permanência no lugar em vez
de fazer várias paradas curtas em pouco tempo. Sem trabalho decente não é possível um turismo responsável.

11- Como saber se esse guia ou esse camareiro não trabalha em situação precária?

Infelizmente, em muitos lugares o turismo está gerando empregos com excesso de trabalho precário que envolve a violação dos direitos
fundamentais e a perda de qualidade dos serviços turísticos. Não é possível um turismo de qualidade sem trabalho decente. Por enquanto o
que o turista pode fazer é tentar descobrir através da Internet, se os conflitos laborais em empresas onde ele contratou um serviço ou se uma
vez lá, você perceber situações estranhas pedir explicações ou expressar a sua preocupação no livro de reclamações ou fazer comentários on-
line. QUESTÃO 3

12 Está realmente curtindo férias quem se envolve nestes conflitos?

Precisamos construir esta aliança entre os trabalhadores e os consumidores, e as coisas começam com coisas simples, o senso comum. Não
pode ser que o lazer e descanso de um seja organizado a partir da exploração e miséria dos trabalhadores que nos servem.

Postado há 20th July 2016 por Alberto Viana Filho

Disponível em: http://turismoporummundomelhor.blogspot.com.br/2016/07/turismo-sustentavel-e-


responsavel.html. Acessado em ago/2017.
Texto 3

1 2

4
3

Você acha que turismo sustentável se resume a não trocar toalha de pousada? Leonardo Sakamoto 02/09/2013 16:42 - Veja mais em
https://blogdosakamoto.blogosfera.uol.com.br/2013/09/02/voce-acha-que-turismo-sustentavel-se-resume-a-nao-trocar-toalha-de-
pousada/?cmpid=copiaecola

Você também pode gostar