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ANÁLISE DOS IMPACTOS AMBIENTAIS COM A PRÁTICA DO TURISMO NA

CAVERNA DO JABUTI EM CURVELÂNDIA – MT

A maior caverna do estado de Mato Grosso, e umas das dez maiores cavernas do país é
encontrada no Município de Curvelândia, denominada Caverna do Jabuti, sua extensão
aproxima aos 4 km de plano horizontal, com amplos salões acessíveis, espeleotemas
constituídos de estalactites, estalagmites, cortinas, represas de travertinos 1, flores de aragonita2
e outros. Uma diversidade de formações rica em calcário em seu interior, por depósitos de
origem química. Apresenta grande potencial para o turismo de contemplação, uma
extraordinária beleza cênica. Sua geologia é extremamente interessante, rodeada por
biodiversidade de flora e fauna muito rica em seu entorno. A caverna ainda não foi explorada
turistificamente até momento, apenas pesquisada e observada pelas entidades responsáveis
pela conservação ambiental.
Diante desta riqueza ecológica, aparece as necessidades de apropriação do homem
com a natureza para se beneficiar economicamente. Podemos observar que nas ultimas
décadas a urbanização tem aumentado no Brasil abrangendo todos os pontos do país, tantos
como turísticos, cultiváveis, potencial em recursos minerais, estratégicos e etc. As
perspectivas econômicas mudaram, acionadas pela nova ordem mundial com a terceira
revolução industrial, através dos avanços tecnológicos, da globalização, da informatização, do
crescente desenvolvimento da população. As cidades se modernizaram, surgiram novas
cidades, e novos biomas foram habitados pela humanidade, descobriram inúmeros ambientes
diferenciados em todo território brasileiro, e conseqüente aumento da possibilidade de
transformação da natureza pelo homem, submetendo o meio ambiente a uma agressão que
está provocando o declínio cada vez mais acelerado de sua qualidade, e de sua capacidade
para sustentar a vida, ocasionando o grande desequilíbrio ambiental. A evolução tecnológica
produziu mudanças nos hábitos humanos, criando uma nova cultura, um novo individuo com
novos desejos, a cada vez mais inserido no capitalismo, preciso de atividades extras para sair
da rotina diária e em outros casos novas fontes para a geração de renda. No entanto, turismo
faz parte das atividades praticadas que provocam impacto ambiental, com larga exploração

1
rocha calcária, dura, compacta, densa, ger. de estrutura concêntrica ou fibrosa, formada por rápida precipitação química
de carbonato de cálcio, apresentando freq. marcas de ramos e folhas; tufo calcário (Dicionário Houaiss)
2
mineral muito comum, carbonato de cálcio ortorrômbico, polimorfo da calcita, mais duro e mais denso que esta,
encontrado também. nas conchas, pérolas e corais (Dicionário Houaiss)
em ambientes de uma vida geológica prolongada para sua formação, como no caso das
cavernas.
Tendo em vista os impactos ambientais ocorridos em diversas áreas ecológicas com a
prática do turismo. E considerando a importância de preservar a Caverna do Jabuti dos
impactos negativos, e ainda o intuito de conscientizar e sensibilizar a comunidade escolar e
munícipes de Curvelândia a fim de manifestarem com cuidados especiais necessários com o
meio natural, que surgiu a necessidade do desenvolvimento desta pesquisa com resultado em
um trabalho monográfico que possa atingir o público, para sensibilizar e propor idéias
inovadoras aos projetos já desenvolvidos por parte da prefeitura e das escolas que por sua vez,
tem objetivos de turistificar este ambiente. Também relacionar as conseqüências que na
ocasião poderão acontecer com a prática do turismo sustentável e as transformações ao meio,
onde está localizada a Caverna do Jabuti.

TURISMO

O turismo é considerado um processo de interação entre os povos, possibilitando o


conhecimento de diferentes ambientes e culturas, e fomenta no sentido amplo e genérico a
educação, além de envolver inúmeros setores da economia, tanto de forma direta e
indiretamente, criando inter-relação de componentes ambientais, culturais, econômicos e
sociais, envolvendo as pessoas em suas expectativas.
A atividade do turismo surge pela existência prévia do fenômeno turístico, que é um
processo que exige a interação simultânea de várias adequações que somando levará ao efeito
final, portanto, exige estudo superabragente, complexíssimo e pluricasual pois se da através
do resultado somatório de recursos naturais do meio ambiente, culturais, sociais e
econômicos.
Uma das atividades de maior crescimento econômico no planeta é o turismo. Um dos
instrumentos mais importantes de geração de emprego e de renda em todo o mundo nos dias
atuais, envolvendo aproximadamente um terço do total global do setor de serviços, portanto,
no Brasil apesar do enorme potencial, a participação do Brasil não chega a 1% do mercado,
pois a atividade ainda é encarada como um setor econômico menos produtivo. Embora o país
ainda aproveite pouco seu potencial turístico, os números da última década mostram expansão
acelerada.
Em 2002, o turismo no Brasil participou do PIB com 2,5 %, representando 29,5
bilhões de reais do PIB, gerado uma receita de 48,4 bilhões de reais, empregou mais de 1,3
milhões de pessoas, além de trazer cerca de 3,7 milhões de estrangeiros para país. O futuro
turístico do Brasil será como a estabilidade do dólar, é um investimento seguro, e funcionara
muito bem a partir da atualidade até o final do século.
Independente de experiências ou qualquer outro conhecimento podemos imaginar, que
o turismo tanto na área estatal como empresarial o objetivo real é o lucro. O Estado, ou a
União espera da atividade turística superar a receita dos gastos, balanceando os pagamentos
das despesas. As empresas atuam da mesma forma, dimensiona a prestação de serviços em
razão à lucratividade dos investimentos necessários. No entanto, analisando em partes,
verifica-se o rendimento esta diretamente ligada à capacidade de controle dos componentes
(relações ambientais, organização estrutural, operações) e das atividades, e que nem sempre
este rendimento está vinculado ao lucro. Para o Estado compete o investimento social e não
só infra-estrutura de apoio à atividade, mas também a implantação de programas de turismo
socializado, facilitando o acesso ao turismo das classes economicamente menos favorecidas,
que será atendido sem fornecer lucros, não propiciando a recuperação de investimentos. A
empresa privada investe na qualificação da mão-de-obra e aperfeiçoamento de pessoas,
sacrificando então parte do seu lucro líquido.
Segundo Campos (2005), O surgimento do turismo, (...) não foi um fato isolado. (...)
Começa ligado ao capitalismo e ao desenvolvimento tecnológico. É o capitalismo que
determina quem viaja, e a tecnologia diz como. As classes altas consome turismo individual, e
as classe médias o turismo em massa.
O turismo em massa, refere-se às visagens programas para roteiros muito procurados e
visitados por milhares de pessoas, por ano. Já o turismo individual é quando todas as
providências (a programação, o levantamento de custos, a forma de pagamento, etc)
necessárias ao planejamento e à execução de viagens são tomadas pelos interessados, sem o
concurso de uma agencia ou de qualquer outra entidade de natureza turística, e na se refere a
quantidade de pessoas que participam da viagem.

ECOTURISMO

Uma das mais poderosas indústrias da economia contemporânea é o turismo, e o ramo


do turismo que mais cresceu nos últimos anos dentre os demais foi turismo ambiental ou
ecoturismo, fato que não aconteceu com nenhum outro ramo dessa indústria. O ecoturismo
está cada vez mais em alta e sendo o mais procurado entre os demais.
O interesse dos turistas atualmente tem sido mais ligado a lindas paisagens, ambientes
naturais preservados e animais exóticos3. As unidades de conservação das áreas naturais são
habitualmente freqüentadas por ecoturistas, e esse habito tem envolvido o mundo todo. Os
ecoturista procuram satisfazer o desejo em estar com a natureza, explorando o potencial
turístico já pensando na conservação e preservação do ambiente, evitando impactos negativos
a ecologia.
Em muitas áreas do Brasil, houve-se uma significativa explosão nas taxas de visitação,
mas o ecoturismo esta sendo mal explorado e os impactos negativos já manifestaram, embora
os parques brasileiros ainda se encontram em situações relativamente modestas, apesar de ser
a principal categoria de unidade de conservação aberta ao público. A falta de planejamento
turístico estão mascarando o suporte que o turismo sustentável oferece. A falta de infra-
estrutura e de pessoal qualificado para administrar as atividades do turismo, apontou antigos
problemas de degradação ambiental, e ainda uma série de problemas novos, desde impactos
ambientais mais ou menos localizados (erosão e perda de solo ao longo de trilhas, acúmulo de
lixo, pilhagens, perda de espécies etc.) a até dramas sociais amplos e complexos, incluindo a
degeneração da vida social das comunidades locais.

TURISMO EM CAVERNAS OU ESPELEOTURISMO

É uma prática esportiva e recreativa de visitação as cavernas, trata-se de um ramo da


prática espeleológica, que aborda o estudo do meio subterrâneo, abrangendo não apenas a
evolução das cavernas e seus ambientes, como também o conjunto de seres vivos existentes e
os restos arqueológicos encontrados nestes ambientes, sem provocar alterações que interfira
em posteriores desenvolvimento de técnicas de pesquisas avançadas, exploração e topografia,
essenciais para levantamento de inventário das cavidades naturais subterrânea e demais
técnicas de resgate e mergulho no caso de cavernas que possuem lagos. Os espeleólogos
devem se de conhecer e ater de vestimentas específicas de cada caso para praticar estas
atividades.
Os meios subterrâneos e as cavernas em particular são ambientes muito frágeis, onde
muitas das vezes são encontrados animais endêmicos (nativos de um determinado ambiente) e
extremamente especializados que não se adaptam a viver em outros ambientes, razão pelo o
qual o fluxo energético e ecológico destes ambientes é muito peculiar (próprio). Sabemos que

3
Animais que não são nativos da região
as cavernas são formadas ao longo de milhares de anos, através de ações corrosivas no
interior dos espaços rochosos.
A prática do espeleoturismo exige cuidados específicos em razão à manutenção das
inúmeras ornamentações que são os espeleotemas existentes no interior das cavernas, no qual,
nada pode ser adulterado, quebrado, pintado ou arranhado de forma alguma. Deve se ter todo
cuidado ao se deslocar nas galerias e salões ricamente ornamentados. A respeito deste caso,
temos um lema internacional da espeleologia que diz: “De uma nada se tira além de
fotografias, nada se mata além do tempo e nada se deixa além das pegadas.”, no entanto, não
se recomenda o uso excessivo de câmeras de fotográfico por causa da ação do flash que
podem danificar alguns espeleotemas muito sensíveis a luz.
A pratica do turismo em cavernas exige uma preparação no ambiente, sendo
necessário à realização de alterações e mudanças nas características dessas áreas para
satisfazer as necessidades dos turistas. É um tipo de turismo que só funciona com a soma de
serviços e relações, pois a base de funcionamento desta atividade está diretamente ligada a
infra-estrutura básica e aos equipamentos e serviços turísticos, para facilite a estadia dos
visitantes no local.

IMPACTOS AMBIENTAIS COM A PRATICA DO TURISMO

Os impactos ambientais são as alterações que acontecem no meio ambiente ou em


algum de seus componentes por determinada ação ou atividade, exclusivamente antrópica
podendo ser caracterizadas em aspectos positivas ou negativas ao patrimônio natural.
Segundo legislação brasileira considera-se impacto ambiental;
"qualquer alteração das propriedades físicas, químicas e biológicas do
meio ambiente causada por qualquer forma de matéria ou energia
resultante das atividades humanas que direta ou indiretamente, afetam: I - a
saúde, a segurança e o bem estar da população; II - as atividades sociais e
econômicas; III - a biota; IV - as condições estéticas e sanitárias do meio
ambiente; e V - a qualidade dos recursos ambientais" (Resolução
CONAMA 001, de 23.01.1986)

O objetivo de estudar os impactos ambientais é principalmente avaliar as


conseqüências das ações humanas nas áreas naturais, para que se possa haver um controle e
preservação ambiental, mantendo a qualidade de determinado ambiente que por serem
contempladas com execução de certos projetos turísticos ou ações turísticas, possam sofrer
danos irreversíveis a natureza.
O turismo foi por muito tempo, uma atividade econômica considerada limpa, não
causadora de poluição, sem degradar o espaço turístico, e geradora de amplo leque de
oportunidades. No entanto, nos nossos dias, esta se comportando de forma assustadora,
apresentando-se como um potencial agressor, causador de impactos destrutivos ao meio
ambiente natural.
O crescente esforço dos turistas por áreas naturais tem trazido mais preocupações com
relação aos danos gerados através desta atividade, com o desenvolvimento do turismo em
ambientes naturais surgiram problemas que necessitam de se estabelecer limites para controlar
o seu crescimento.
Diante das preocupações com meio ambiente, ZART, (1995) faz uma observação
importante:
Assim como o economicismo, o ecologismo se reduz a um campo muito
limitado. Enquanto os economicistas se programam para transformar tudo
em mercadoria, em objetos de valor e troca, voltados à competitividade do
mercado os ecologistas puritanos e exagerados atuam no sentido restrito da
preservação. Tudo e todos representam o perigo do fim da natureza,
significando uma visão e uma postura escatológica frente à capacidade de
avaliação e reencaminhamento da avaliação. (p. 48).

O discurso dos economistas é relativamente baseados a interesses de obter o máximo


de lucro sem se preocupar com as conseqüências, procuram aproveitar tudo que há recursos
naturais, como que a natureza fosse um produto industrializado e que pudesse produzir
quando for preciso, nem se quer pensam que esses recursos podem acabar drasticamente, e em
muitos casos nem fazem investimentos com infra-estrutura, usando apenas o marketing para
venderem seu produto turístico, que provavelmente chegará ao fim. Enquanto isso, os
ecologistas mais rígidos com a preservação, exagerando os seus trabalhos confundem
preservação, com o fato de o ser humano também fazer parte da natureza, isolando o homem
representando perigo para os fatores, deixando o homem de fazer as suas contribuições com a
natureza.
A partir da implantação da exploração turística nos patrimônios ecológicos, estes se
tornam como um produto de mercado, e falta de planejamento, conduz ao fim da natureza.
Por este motivo que há a necessidade de cuidados especiais para o bom andamento da
atividade turística, visto que resultados são irreversíveis e podem comprometer o meio
ambiente, já que o que a demanda desta modalidade turística, busca os ambientes
conservados, mais próximos do natural possível.
Contudo, para que estas áreas de visitação turísticas permaneçam conservadas, é
necessário medidas decisórias e preventivas a favor da proteção ambiental, uma vez que os
ecossistemas naturais são frágeis às intervenções humanas, e ações intensivas podem alterá-lo
de forma irreversível.
O ecoturismo é um importante gerador de renda e empregos, no entanto, representa
uma consistente atividade econômica destrutivas, possuindo diversos aspectos negativos.
O turismo gera emprego, mas é importante frisar que nem sempre os empregados são
bem remunerados, em regiões que são muito visitadas há grande existência de vendedores
oferecendo toda sorte de lembranças e objetos típicos do lugar. No caso dos países
subdesenvolvidos, a população local ainda está desprovidos da formação especifica para
exercer os empregos oferecidos, procuram então se beneficiar desses expedientes, ou ocupam
cargos remunerados com salários absolutamente baixos, apenas com a preocupação de
garantir seu emprego.
Muitos problemas surgem quando os empreendedores (comerciantes locais, agências
de turismo etc.) tentam ampliar os lucros no curto prazo, ignorando deliberada ou
inadvertidamente o fato essencial de que a manutenção da integridade de áreas naturais
abertas ao público exige um controle rigoroso do número de visitantes. Mesmo se todos os
ecoturistas fossem cuidadosos e não deixassem lixo jogando, restos de comidas para animais,
ou fazer marcas nas rochas ou em superfícies mais sensíveis, ainda seria necessário encontrar
a resposta à questão fundamental: qual o numero máximo de visitantes que um parque pode
receber sem mostrar sinais de degradação?
A capacidade de suporte recreativa, suporte adaptada ao conceito ecológico mais
geral; como o número máximo de visitantes que um determinado parque ecológico pode
receber por um determinado período de tempo, sem apresentar sinais evidentes de
degradação, como erosão e perda de solo ao longo de trilhas é um pouco difícil para ser
analisada e definida. E para se ter um rigoroso controle, diferentes estimativas precisam ser
feitas para os vários pontos de visitação dentro de um parque: o número de visitantes que
podem transitar pelas trilhas, por exemplo, deve ser menor nos trechos de topografia
acidentada; pois o interior de cavernas não suporta tantos visitantes como as trilhas que levam
até lá; e assim por diante. Por incrível que pareça, a grande maioria dos parques brasileiros
(federais e estaduais) abertos ao público não possui qualquer tipo de estimativa criteriosa para
o número de visitantes que suas trilhas podem receber.
Um dos mais importantes aspectos do ambiente para sistematizar o plano de manejo é
a “lista dos requisitos”. Em turismo, a tarefa de configurar o ambiente do sistema é
extremamente difícil, considerando a especialidade, complexidade e amplitude do seu
universo de análise e abrangência.
Ao estabelecer um paralelo com o Turismo, lembrando que o produto turístico é o
resultado da soma de recursos naturais e culturais e serviços produzidos uma pluralidade de
empresas, algumas das quais operam a transformação da matéria-prima em produto acabado,
enquanto outras oferecem seus bens e serviços há existentes [Mário Carlos, p. 26].
A caverna do Jabuti precisa ser inventariada, antes que os impactos ambientais
coloquem em risco o desaparecimento de espécies animais ainda não catalogadas pelos
cientistas, e que podem ser indícios de um passado remoto desta região, a fim de esclarecer as
origens e processos geográficos ocorridos ao longo de milhares de anos.

CURVELÂNDIA

A mais de dois séculos de história, na formação de Cáceres, quando os primeiros


desbravadores de sertões passaram por estas planícies não habitadas por homens não índio,
mas se presume que alguns caboclos 4 desceram pelo Rio Paraguai vindo dos garimpos
diamantíferos de Alto Paraguai, Diamantino, Arenápolis e Barra do Bugres e quando
encontraram a Foz do Rio Cabaçal, subiram o rio na esperança de encontrarem metais
preciosos, porém não encontraram. E por certo, foram os primeiros sertanistas a pisarem o
solo fértil destas terras, coberta com a exuberante floresta amazônica, intercalada por
cerradão, e uma diversificada fauna. Ou ainda aventureiros oriundos de Corumbá que
admirariam as águas do afluente Cabaçal, e espectavam os encantos da natureza e o esplendor
dos animais que habitavam a mais de um século, navegando por semanas e alojavam a beira
do rio Cabaçal.
Alguns anos depois os Cacerenses, perceberam a comercializável Poaia 5 que colhidas
pelos desbravadores acampados na conhecida hoje como Comunidade Cabaçal, negociavam a
matéria prima com produtos alimentícios, roupas e calçados, e transportavam em enormes
Batelões6, pois não havia estradas, e assim demoravam até oito dias para voltar, dependendo
da altura do rio e da força da natureza.
A ocupação das terras iniciou-se na década de 70, quando o Governo do Estado de Mato
Grosso concedeu alguns títulos na faixa de fronteira Brasil/Bolívia em terras da união, a alguns
fazendeiros imigrantes do Estado de São Paulo, no entanto foram abandonadas, e invadidas por outros
imigrantes. O povoado foi formado com a vida da família Castrilon, que se instalou nas terras do
4
Nativos do Mato Grosso
5
Planta Medicinal que se utiliza a raiz como matéria prima
6
Canoa feita com um só tronco de árvores, movimentados por remos e zinga (vara comprida resistente utilizadas para
empurrar a embarcação em lugares de muita corredeira).
Fazendeiro Ramiro Ali Murad, que enfrentaram muitas dificuldades em razão a falta de acesso de água
e as cidades por falta de estradas. Vieram mais tarde, imigrantes de diversas regiões do Brasil, com
incentivos dos que já moravam no povoado e que acreditavam no progresso da comunidade, que na
época era Lagoa dos Patos, e após acidente de vários bois na curva da estrada, ficou conhecido como
Curva do Boi, e denominado Curvelândia quando passou pelo processo de emancipação.
Vieram ocupar este município pessoas desbravadoras da agricultura e da pecuária,
com intenção de possuir terrenos e ter o seu próprio negócio, plantando grandes extensões de
algodão, arroz, milho que na época ainda não eram atingida pelas grandes pragas da
agricultura existente hoje, e ainda a pecuária, que iniciou desde as primeiras ocupações e foi
cada vez mais se expandindo a prática desta atividade, e sendo hoje a base econômica do
município.
Além do interesse de desenvolver a agricultura e a pecuária, as imigrantes para
Curvelândia também contaram com incentivos por alguns programas de colonização pelo
INCRA. Com isso, aumentou a população, e começaram os interesses pela emancipação do
município, na tentativa de ter mais apoio do governo estadual, pois o distrito estava
abandonado pelo município de Cáceres, do qual foi desmembrado. Lideres e comunidades em
geral resolveram pleitear a emancipação econômica e administrativa de Curvelândia, e ainda
um projeto de autoria do Deputado Estadual Amador Tut (1994-1998 e 1998-2002) que tinha
como objetivo principal objetivo a emancipação deste distrito, que apesar de pequeno, possui
uma imensa diversidade ecológica.
Foram dezenas e dezenas de viagens à Cuiabá, capital do Estado de Mato Grosso
tentando sensibilizar as autoridades e políticos a autorizarem o plebiscito para consultar os
habitantes da concordância ou não do Distrito se tornar Município. Autorizado a realizar o
plebiscito verificou-se que a grande maioria da população desejava a emancipação, e assim
foi emancipada.
No dia 28 de janeiro de 1998 a LEI nº 6.981 cria o município de Curvelândia,
desmembrado dos Municípios de Cáceres, Mirassol D’Oeste e Lambari D’Oeste, publicada no
mesmo dia pelo Diário Oficial do Estado de Mato Grosso.

A Assembléia Legislativa do Estado de Mato Grosso, tendo em vista que o artigo 42


da Constituição Estadual aprova e o governador do Estado Sanciona a LEI que cria o
município de Curvelândia, com sede na localidade de mesmo nome.
Desde o 1º de janeiro de 2001 o município de Curvelândia tem sua própria
constituição, tendo por conta a instalação dos poderes executivo e legislativo, legitimados
pelo pleito eleitoral de 2000, seu prefeito e vereadores legalmente constituídos e empossados.
Tendo como primeiro prefeito eleito pela maioria absoluta dos votos dos curvelandenses, o Sr.
ELIAS MENDES LEAL FILHO, e reeleito em 2005.
Curvelândia, um município recém criado, mas é provido de grande diversidade
cultural e considerável potencial turístico, que ainda não passaram pelo processo de
turistificação, uma das grandes potencialidades são as cavernas, além da biodiversidade de
flora e fauna existente no entorno destas cavernas.
O mesmo acontece com a mão-de-obra, o município possui grande disponibilidade de
mão-de-obra, mas por outro lado, possui um número preocupante de pessoas ociosas por falta
de emprego. A base econômica é a atividade agropecuária, no âmbito do corte e leiteira,
sendo a ultima praticada principalmente pelos pequenos produtores, que por sua vez são
pagos por preços desestimuladores, não valendo nem pelo custo de produção do produtor.
A ociosidade das pessoas ativas para o mercado de trabalho aumentou muito após
alguns anos da fundação do município. Sendo necessário à deslocação diária dos
desempregados para os municípios vizinhos, como Lambari D’ Oeste e Mirassol D’ Oeste a
busca de empregos para sustentar as suas famílias financeiramente, estando ausentes de suas
residências no período diurno, saindo de manhã e retornando no período da tarde. As opções
praticadas pela maioria dessas pessoas, é o corte de cana-de-açúcar nas Usinas instaladas
nesta região, tanto como na indústria como no campo, lidando diretamente com a matéria-
prima. As duas usinas empregam cerca de 5 mil trabalhadores, que tem sido um auxilio a este
problema que atinge todo o país, o desemprego. O desemprego tem provocado um aumento
na migração para outras localidades do norte do estado de Mato Grosso e ainda outros
estados, uma grande preocupação dos desbravadores deste município.
A região é subdesenvolvida economicamente, mas acredita que a atividade do turismo
pode oferecer meios de manter um nível de atividade econômica suficiente para evitar uma
série de motivos do grande aumento migratório das pessoas para regiões mais desenvolvidas
do país. Um importante fator nesta luta é a participação da comunidade local, que garante a
sustentabilidade do processo das descontinuidades políticas.
Para Becker (1997) “a participação social no processo de tomada de decisões constitui
pré-requisito a sustentabilidade e legitimidade de todo e qualquer projeto planejado e
implementado sob a denominação conceitual de sustentável”.
O desemprego tem sido e é atualmente uma grande preocupação da população
curvelândense, junto da organização política administrativa do município. E assim, buscando
alternativas para sanar pelo menos parte desta problemática, estão procurando fontes de renda
apostando nos indicadores turístico local, com intenção de construir parques e urbanizar um
dos pontos turísticos, que é a Caverna do Jabuti, com objetivo de abrir novas perspectivas
sociais que poderão resultar em desenvolvimento econômico e cultural do município.
Ultimas noticias revelam um crescimento no ranking comercial através do turismo, e
que o Brasil está com o privilégio de ocupar espaço no ranking dos dez mais importantes
destinos turísticos do planeta.
Podemos considerar que o turismo se iniciou nesta região desde quando os homens
vieram com os seus batelões movimentados a zinga, em busca da poaia, que já praticavam o
turismo de forma indireta, mas já era praticada. Quando o Grupo Chalana e outros grupos de
apresentações iniciaram suas primeiras apresentações, já praticavam o turismo cultural, com
as realizações dos Festivais de Artes e Cultura, a tradicional Festa do Queijo e o Festival de
Pesca ampliavam o turismo cultural. Hoje o município esta entre os melhores lugares com
mais diversidade de opções turísticas da região, tanto na modalidade de Cavernas, tanto o
Turismo Cultural, garantindo assim a economia local.

A CAVERNA DO JABUTI

Um dos potenciais ecoturísticos mais relevantes do Pólo do Guaporé 7, situada na Serra


Padre Tiago, á 15 km rumo oeste da sede do município, com as coordenadas marcando 15º
33’ 56” de Latitude Sul e Longitude Oeste 57º 59’ 17”. Segundo IBAMA, esta é a maior
caverna do Estado de Mato Grosso, e uma das 10 maiores cavernas do Brasil. Foram
mapeados até o momento 3.860,51 m de galerias mapeadas em plano, a caverna encontra-se
em fase de manejo para visitação turística (BEZERRA, 2005) pois ainda está em período de
estudos pelo IBAMA, a caverna ainda não está aberta para visitação no momento e acredita-se
que o prazo para o término dos estudos é longo (aproximadamente 3 anos).
Observa diversidade de rochas no interior da caverna com grandes tetos e paredes
rochosas de diversas cores, variando do calcário branco mais puro ao marrom ferruginoso. O
espaço interior de vários salões e ambientes da caverna existem uma multiplicidade enorme,
com pequenas fendas nas rochas que não possibilita a passagem de pessoas de pé,
necessitando de ser agachar e passar um de cada. Grande maioria das fendas da acesso a
grandes salões de pedra, com tetos com diferentes altitudes. Algumas formações rochosas já
receberam seus nomes, como podemos citar o morro Pão de Açúcar [foto], formação

7
O Pólo do Guaporé é formado por 20 municípios da região da fronteira, com limite interestadual com Rondônia e
internacional com a República da Bolívia, abrange uma superfície territorial de 95.526 km 2 ,com população de cerca de
276.000 habitantes.
estalagmite8 com 3 metros de altitude e 1,50 de diâmetro. Dentre as formações existentes,
outra destacada é um vão de grande profundidade, que não foi ainda explorado pelo IBAMA,
possui aspectos de um abismo com fundo visível. Grande quantidade de flores de aragonita
junto de pequenas estalactites9 são encontradas no seu interior, denominada de “salão de
cocada”.
Há pouca água na caverna, mas na época da cheia o fluxo aumenta, gerando pequenos
córregos nas laterais e dando mais brilho às paredes e ao teto. Do lado de fora, a trilha até a
caverna impressiona pela mata Amazônica ainda preservada. A caverna já possui um guia
nativo (amador) que participou de todo o trabalho de reconhecimento do IBAMA, ótimo
conhecedor dos labirintos internos do atrativo.
Nas imediações da caverna do Jabuti distantes 8 km, há um ninho de gavião-real. A
presença da maior águia do mundo, cuja avistagem é cobiçada por todos os ecoturistas e por
fotógrafos de todos os níveis em um local de fácil acesso é uma raridade no Brasil. Trata-se
de um animal extremamente ameaçado no Brasil e no mundo, cuja avistagem tem sido cada
vez mais rara.
Imagina-se que a milhões de anos atrás haveria um possível rio subterrâneo no local
da caverna. E após ter secado por motivo de abaixamento do nível do lençol freático, ou seja,
do nível do mar, tanto que há cientistas que acreditam e afirmam que na região do vale do
Jauru, incluindo Cáceres a Porto Esperidião no passado poderiam ser cobertos por água.
Diante desta afirmação podemos observar que o local onde se situa a Caverna do Jabuti,
existe várias montanhas em seu entorno, e ainda no local da entrada da caverna, há uma
prancha rochosa muito grande que continua sob a caverna por longa extensão. Servindo como
testemunho de grandes sedimentações e remanejamentos do subsolo nesta área. As águas que
cobriam está região poderia ter procurado por facilidade para ser desaguadas, e encontrando
um solo mais frágil, ou por ser um relevo constituído de carste, por haver algumas faturas
percorriam água em meio as fressuras, abrindo canais. E com isso, formou-se um rio
subterrâneo, que possivelmente podiam ser interligado em outro rio, e por motivo de
rebaixamento do teto pode ter demolido o que dificulta a passagem em alguns lugares dentro
da caverna. [avulso sem referência]

8
Forma colunar que se eleva do chão, proveniente de pingos-d'água que caem do teto de uma cavidade ou caverna
carregados de bicarbonato de cálcio
9
Forma colunar pendente do teto das cavernas ou subterrâneos, resultante da precipitação de bicarbonato de cálcio, trazido
em dissolução na água
PESQUISA

Seguiu-se a pesquisa no pensamento positivista, enfatizando-se a valorização cultural


deste espaço pela população residente neste município, os problemas econômicos enfrentados
e as leis de proteção do ambiente. Foram realizadas visitas in loco, e pesquisas bibliográficas
sobre impactos ambientais em cavernas, diversidade ambiental do município de Curvelândia.

CONCLUSÃO

Diante disso, se faz necessário rever a importância de conduzir as atividades turísticas


através de ações planejadas, com a realização de estudos para controle dos impactos
ambientais, monitoramentos e análises de capacidade de carga, visando alcançar patamares
sustentáveis para a atividade, com um maior equilíbrio entre a conservação ambiental e a
satisfação dos visitantes.
De qualquer forma, é preciso criar um sistema de manejo para melhor aproveitamento
das pesquisas, tanto no sentido de estudar as origens das formações geológicas, como
entretecimento das pessoas que procuram algo para se divertir, pois a tendências a degradação
do ambiente é muito propicia nesta área, por haver características que demoram milhões de
anos para se constituir.

BIBLIOGRAFIA

BENI, Mário Carlos – Análise estrutural do turismo – 10ª ed. Atual. – São Paulo : Editora
Senac São Paulo, 2004

BEZERRA, F.S. Breve Contexto Histórico da Caverna do Jabuti. Prefeitura do Município de


Curvelândia, 2005. Disponível em: http://www.curvelandia.com.br.

CAMPOS, Luiz Cláudio de A. Menescal. Introdução a Turismo e Hotelaria. 10ª Ed. - Rio de
Janeiro : Ed. Senac Nacional, 2005.

ZART, Laudemir Luiz, Educação Ambiental Critica: O Encontro dialético da realidade


vivida e da utopia imaginada. Cáceres-MT: UNEMAT Editora, 2004.
RUSCHMANN, Doris. Turismo e planejamento sustentável: A Proteção do Meio Ambiente.
São Paulo: Papirus, 1997.

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