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Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro

Fundação Centro de Ciências e Educação Superior à Distância do RJ


Centro de Educação Superior à Distância do Estado do RJ
Curso de Graduação em Licenciatura em TURISMO EaD
AD1 - 2023-2º
Disciplina: História e Turismo - EAD 10004
Coordenadora: Valeria Lima Guimarães

Aluno: Jean Jackson Oliveira Cabral Matrícula: 23215100022

O “overturism” como ameaça ao patrimônio histórico da Antiguidade.

Overtourism, é um neologismo em inglês empregado recentemente e é


utilizado para nomear um conceito igualmente recente. Dentre outras designações, o
sufixo ‘over’ significa, neste caso, um excesso, algo fora do normal, uma coisa ou
situação que é ou está a mais do que o desejável, que ultrapassa o padrão ou o
necessário. Ou seja, é basicamente o turismo em seu excesso, que evidencia os
desafios que surgem na gestão dos crescentes fluxos turísticos aos principais
destinos e os consequentes impactos nos locais e em seus moradores (UNWTO,
2018).
O surgimento deste conceito se dá diante da superlotação de pessoas
(turistas) em lugares muito conhecidos ao redor do mundo. Neste contexto, o termo
surge inicialmente no meio midiático e toma espaço nos debates público e político
por volta do final da última década. Dada esta realidade, os destinos turísticos
tendem a sofrer com as consequências desse fato. Efeitos negativos do turismo
excessivo podem ser observados nos âmbitos social e cultural.
A preocupação com os impactos gerados pelo turismo excessivo podem ser
percebidas pela população local na lotação dos transportes públicos, no aumento
dos preços de bens de consumo, na poluição sonora e do meio ambiente e até
mesmo no desrespeito para com os moradores locais, que muitas vezes
manifesta-se através dos processos de gentrificação, que tende a expulsar de forma
sutil os residentes nativos de áreas onde a prática turística passa a se desenvolver
com maior intensidade.
Do mesmo modo, voltando-se para o tema principal do presente texto, os
excessos na prática turística podem ser encarados como ameaça os patrimônios
históricos e culturais da nossa antiguidade como humanidade. Do ponto de vista da
preservação, é fisicamente sabido que toda matéria sofre o desgaste natural pelas
forças da natureza. Muitos destes patrimônios são acessados de forma direta por
pessoas, sendo assim, além das forças naturais, como erosão, pelo vento ou pela
chuva, a presença de visitantes em excesso apresenta-se mais um fator para a
degradação de um determinado bem material histórico.
A prática do turismo não se deve ser sempre encarada como uma ameça à
preservação dos bens culturais da humanidade, pois, por exemplo, existe a ideia
anunciada por ambientalistas e diversos pesquisadores no campo da educação
patrimonial, que consideram o ato de conhecer determinado bem cultural como um
fator importante para sua consequente preservação. Através da possibilidade de
contato com o lugar/coisa, a experiência e a vivência é que resultarão na criação de
vínculos (RODRIGUES, 2019).
Inegavelmente, o turismo é um dos principais setores da economia mundial
com enorme potencial para o pleno desenvolvimento social e econômico, estratégico
para a preservação ambiental, geração de emprego e renda, melhoria das
infraestruturas locais (UNWTO, 2018). Todavia, é fundamental entender os rumos
que se tem tomado na gestão das atividades turísticas, a fim de corrigir o que está
dando errado.
Neste sentido, soluções possíveis como desincentivar a visitação em destinos
já sobrecarregados e passar a incentivar visitas fora da alta temporada, sugerir
destinos alternativos (MAIA, 2023), comunicar-se e engajar-se com os visitantes
para conscientização das questões locais, estender os horários de funcionamento
dos locais de atração turística, desenvolver aplicativos de realidade virtual para
locais e atrações famosas para complementar as visitas aos locais, ofertar
descontos para novos itinerários e atrações, estimular o desenvolvimento de
passeios guiados por lugares menos visitados outras localidades, estimular eventos
fora dos meses de alta temporada, realizar mais eventos em áreas menos visitadas
das cidades e nos arredores (UNWTO, 2018). Além disso, é necessária uma gestão
turística orientada por valores éticos que visem a educação para a preservação.
Em conclusão, a escolha do tema para o presente trabalho de avaliação, tem
como justificativa a atualidade do assunto, que traz visibilidade para assuntos
importantes que devem ser debatidos levando-se em consideração não somente o
viés da geração de receitas, mas principalmente, considerando e respeitando as
comunidades locais, o meio ambiente, seus indivíduos, suas culturas, em suma o
patrimônio histórico. É necessário pensar em soluções viáveis, tanto de um lado
como do outro, reunindo esforços conjuntos para a manutenção do turismo como
uma atividade que deve ser fundamentada na ética, visando a sustentabilidade e a
preservação dos bens materiais e imateriais das nossas sociedades.

REFERÊNCIAS:

World Tourism Organization (UNWTO); Centre of Expertise Leisure, Tourism &


Hospitality; NHTV Breda University of Applied Sciences; and NHL Stenden University
of Applied Sciences (2018), ‘Overtourism’? – Understanding and Managing Urban
Tourism Growth beyond Perceptions, Executive Summary, UNWTO, Madrid, DOI:
https://doi.org/10.18111/9789284420070.

TASSO, João Paulo Faria; PERINOTTO, André Riani Costa; FILHO, Mozart Fazito
Rezende. Welcome to Brazilian Overtourism: a retomada da saturação e da
irresponsabilidade em destinos turísticos brasileiros. Novos Cadernos NAEA, [S.l.],
v. 26, n. 1, abr. 2023. ISSN 2179-7536. Disponível em:
<https://periodicos.ufpa.br/index.php/ncn/article/view/12160>. Acesso em: 24 ago.
2023. doi:http://dx.doi.org/10.18542/ncn.v26i1.12160.

Rodrigues, A. R. (2019). As Antichità Romane de Piranesi: um projeto para


catalogação e conservação das ruínas da Antiguidade no século XVIII. Revista
CPC, 14(27), 8-33. Acesso em: 24 ago. 2023.
https://doi.org/10.11606/issn.1980-4466.v14i27p8-33

MAIA, Eduardo. Turismo em excesso: países como França e Grécia discutem


formas de controlar número de visitantes na temporada de verão. In: O Globo. Boa
Viagem. 29 Jun 2023. Disponível em: <https://oglobo.globo.com/boa-
viagem/noticia/2023/06/turismo-em-excesso-paises-como-franca-e-grecia-discutem-
formas-de-controlar-numero-de-visitantes-na-temporada-de-verao.ghtml > Acesso
em: 24 ago. 2023.

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