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Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro

Fundação Centro de Ciências e Educação Superior à Distância do RJ


Centro de Educação Superior à Distância do Estado do RJ
Curso de Graduação em Licenciatura em TURISMO EaD
AD1 - 2023-2º
Disciplina: Fundamentos Geográficos do Turismo - EAD 10008
Coordenadores: Sarah Lawall e Rodrigo Coutinho de Andrade

Aluno: Jean Jackson Oliveira Cabral Matrícula: 23215100022

A NATUREZA DO TURISMO E O
TURISMO NA PRODUÇÃO DO ESPAÇO GEOGRÁFICO

O turismo é um fenômeno e prática social complexo que, por assim dizer,


estabelece relações diretas com outras instituições da sociedade como a política, a
economia, a cultura e a educação. É uma atividade humana praticada em todo o
mundo, que consiste basicamente no deslocamento de pessoas de um destino a
outro, com objetivos diversos que podem ser para conhecer, aprender, experimentar,
experienciar e/ou descansar. Na história recente da humanidade a prática turística
está fortemente associada ao lazer, ao prazer, ao aproveitamento de períodos de
férias de trabalho ou de estudos.
Quando se pensa em turismo, mesmo que no senso comum, é inevitável não
se pensar em viagens, lugares, paisagens, ou seja, além do deslocamento, a ideia
de espaço geográfico em si. Seria, então, conveniente designar o espaço geográfico
como o principal “produto” da prática turística. Existem fortes indícios de que essa
prática continue em constante expansão e crescimento no mundo inteiro ao longo
dos próximos anos.
Para se fazer possível e viável, a atividade turística necessita de meios pelos
quais a concepção humana pode conceber, como vias de acesso aos lugares, meios
de transporte diversos, tipos de estadias, além de toda uma gama de mão de obra
necessária para o desenvolvimento pleno deste fenômeno. Para se transformar ou
melhorar um destino turístico é necessário bastante investimento em infraestruturas
fundamentais para comportar fluxos aumentados de visitantes, como em períodos
de alta temporada, por exemplo.
Apresenta-se, assim, a discussão sobre o papel do turismo na produção do
espaço geográfico, que reúne perspectivas divergentes quanto aos impactos
causados por eventuais mudanças no meio ambiente, nas localidades, e nos níveis
sociais e econômicos vigentes em cada região onde se desenvolvem atividades
turísticas.
Se por um lado, observa-se que o desenvolvimento econômico pode trazer
benefícios para uma determinada região, através da geração de empregos e
receitas que podem ser revertidas para a melhoria das condições e qualidade de
vida dos residentes. De outro modo, em determinadas realidades, percebe-se a má
gestão da atividade turística, que resulta em impactos negativos, notados
majoritariamente pela superlotação dos destinos, a gentrificação, a alteração dos
modos de vida tradicionais das comunidades locais, a poluição sonora e atmosférica
e a degradação de patrimônios culturais e naturais da humanidade.
No Brasil, a produção do espaço geográfico por meio da atividade turística e
seus impactos apresentam-se principalmente por meio de pesquisas científicas,
como exemplos, as realizadas no Extremo Sul da Bahia e na Vila de Jericoacoara no
litoral norte do estado do Ceará. No caso baiano, a crescente atividade turística
ocasionou impactos como a devastação de florestas primárias, a extinção de
espécies nativas, a marginalização das culturas indígenas, o crescimento
populacional, a favelização, a precariedade da infraestrutura urbana, a especulação
imobiliária e a perda da identidade cultural local (CERQUEIRA NETO e DA SILVA,
2015).
No caso cearense, da Vila de Jericoacoara, não se destacam somente os
impactos negativos na prática do turismo na produção do espaço. A criação da Área
de Proteção Ambiental, o Projeto de Requalificação Urbana da Vila e a criação do
Parque Nacional ao redor da vila, como meio de contenção do avanço da área
urbana, são exemplos de benefícios consequentes à atividade turística na região.
Não obstante, a Vila de Jericoacoara não se mantém imune a impactos
socioambientais negativos devido ao incessante interesse de grupos interessados
em intervir no espaço visando desenvolver o turismo em maior grau (MOLINA,
2007).
Em conclusão, é fundamental considerar, respeitar e preservar as
comunidades locais, seu meio ambiente, seus indivíduos e suas culturas para assim
manter a verdadeira natureza do turismo. É importante pensar de forma conjunta e
participativa, governos e sociedade, em soluções viáveis para a manutenção do
turismo como uma atividade fundamentada na ética, visando a sustentabilidade e a
preservação dos bens materiais e imateriais do nosso planeta.

REFERÊNCIAS:

CRUZ, Rita de Cássia Ariza da. Planejamento governamental do turismo:


convergências e contradições na produção do espaço. 2006, Anais. Buenos Aires:
CLACSO/Universidade de São Paulo, 2006. Acesso em: 25 ago. 2023.

COSTA DA SILVA, C. H. O Turismo e a Produção do Espaço: Perfil Geográfico de


uma Prática Socioespacial. Geografia Ensino & Pesquisa, [S. l.], v. 16, n. 2, p.
47–62, 2012. DOI: 10.5902/223649947334. Disponível em:
https://periodicos.ufsm.br/geografia/article/view/7334 . Acesso em: 25 ago. 2023.

CERQUEIRA NETO, S. P. G. de; DA SILVA, L. T. TURISMO E


DESENVOLVIMENTO: TRANSFORMAÇÕES NO TERRITÓRIO DA REGIÃO DO
EXTREMO SUL DA BAHIA. Caminhos de Geografia, Uberlândia, v. 16, n. 55, p.
74–88, 2015. DOI: 10.14393/RCG165527126. Disponível em:
https://seer.ufu.br/index.php/caminhosdegeografia/article/view/27126 . Acesso em:
25 ago. 2023.

MOLINA, Fábio Silveira. Turismo e produção do espaço - o caso de Jericoacoara,


CE. 2007. Dissertação (Mestrado em Geografia Humana) - Faculdade de Filosofia,
Letras e Ciências Humanas, Universidade de São Paulo, São Paulo, 2007.
doi:10.11606/D.8.2007.tde-12022008-103629. Acesso em: 25 ago. 2023.

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