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UNIVERSIDADE FEDERAL DO MARANHÃO

CENTRO DE CIÊNCIAS HUMANAS


CURSO DE TURISMO

CRHIS ANDERSON MARTINS SOUZA

IMPACTOS DO TURISMO: Análise sobre os efeitos

Socioeconômicos do desenvolvimento da atividade Turística em

Barreirinhas/ MA

SÃO LUÍS

2006
2

CRHIS ANDERSON MARTINS SOUZA

IMPACTOS DO TURISMO: Análise sobre os efeitos

Socioeconômicos do desenvolvimento da atividade Turística em

Barreirinhas/ MA

Monografia apresentada ao Curso de Turismo da


Universidade Federal do Maranhão, para obtenção
do grau de bacharel em Turismo.

Orientadora: Profª. Conceição de Maria Belfort


Carvalho.

SÃO LUÍS
2006
3

CRHIS ANDERSON MARTINS SOUZA

IMPACTOS DO TURISMO: Análise sobre os efeitos

Socioeconômicos do desenvolvimento da atividade Turística em

Barreirinhas/ MA

Monografia apresentada ao Curso de Turismo da


Universidade Federal do Maranhão, para obtenção
do grau de bacharel em Turismo.

Aprovada em / /

BANCA EXAMINADORA

______________________________________

Profª. Conceição de Maria Belfort Carvalho (Orientadora)


Mestre em Literatura - UNESP

_____________________________________

1° Examinador

_______________________________________

2° Examinador
4

AGRADECIMENTOS

A Deus, por ter me orientado a traçar os meus objetivos e por ter sido
generoso comigo nesses anos de vida.
Aos meus queridos pais Crispim e Do Carmo, por estarem sempre perto de
mim incentivando no meu crescimento quanto ser humano e profissional.
A minha irmã Deyse, por acreditar no meu potencial estando sempre do meu
lado nas conquistas e nas derrotas e por ter compartilhado momentos tão especiais em
minha infância.
A meus irmãos, Rodrigo e Ribamar.
À Professora Mestre Conceição Belfort, pelos mimos e aconselhamentos
durante o Curso de Turismo e por ter acreditado no meu potencial.
Aos meus grandes amigos do curso de turismo, 1°semestre de 2002,
principalmente Klayson, Alvina, Aída, Daniel, Márcia , Andrelle, Ana Maria, George e
Rosândrea por terem proporcionados momentos felizes durante o curso.
A todos os meus Professores, principalmente Linda Maria e Rozuíla por me
aconselharem.
A toda minha família Souza e Martins, pelos os momentos felizes que
compartilhamos juntos.
Aos moradores de Barreirinhas, pela receptividade e sinceridade nos
depoimentos.
A todos que contribuíram de forma direta e indireta na concretização desse
trabalho.
5

“Quem sonha não encontra estradas sem obstáculos,

lucidez sem perturbações, alegrias sem aflição. Mas

quem sonha voa mais alto, caminha mais longe. Toda

pessoa, da infância ao último estágio da vida, precisa

sonhar”.

Augusto Cury
6

RESUMO

O estudo teve como objetivo analisar os impactos socioeconômicos do turismo no


município de Barreirinhas. Para tanto foi realizada uma pesquisa quantitativo-
descritiva, com aplicações de questionários abertos e fechados, direcionados a
comunidade local, aos visitantes, ao empresariado e ao Secretário Municipal de
Turismo. Foram obtidas consideráveis informações que transmitiram a real
percepção dos visitantes, dos autóctones para com os impactos que atividade
turística proporciona para o município em estudo. Referindo-se a geração de
emprego, renda e divisas, levantando também a real participação da comunidade
na renovação do território (local) e de como ela interpreta o novo fôlego adquirido
pela economia mediante o desenvolvimento turístico. Verificou-se que a
comunidade, o visitante e o próprio Secretário de Turismo são unânimes em
acreditar que o turismo pode ser favorável para o desenvolvimento local, atuando
na melhoria da qualidade de vida e atraindo novos investimentos, sendo tudo isso
incentivado principalmente pela própria população autóctone. Conclui-se
apresentando possíveis contribuições que visem melhorar a participação da
comunidade local e integrando-a dentre desse contexto de modificações.

Palavras-chave: Impactos, Comunidade, Turismo.


7

ABSTRACT

The study it had as objective to analyze the e economic and social impacts of the
tourism in the city of Barreirinhas. For in such a way a quantitative-descriptive
research was carried through, with applications of open and closed questionnaires,
directed the local community, to the visitors, to entrepreneur and the Municipal
Secretary of Tourism. Considerable information that had transmitted the real
perception of the visitors, of community had been gotten stop with the impacts that
tourist activity provides for the city in study. Mentioning to it generation of job,
income and verge, also raising the real participation of the community in the
renewal of the territory (place) and of as it interprets the new breath acquired for
the economy by means of the tourist development. She verified herself that the
community, the visitor and the proper Secretary of Tourism are unanimous in
believing that the tourism can be favorable for the local development, acting in the
improvement of the quality of life and attracting new investments, being everything
this mainly stimulated for the proper population . She concludes yourself presenting
possible contributions that they aim at to improve the participation of the place
community and integrating it amongst of this context of modifications.

Key words: Impacts, Community, Tourism.


8

LISTA DE ILUSTRAÇÕES

Figura 1 - Imagem do Rio Preguiças 39


Figura 2 - Formação de Pequenas Dunas 41
Gráfico 1- Origem dos empresários do setor turístico de 48
Barreirinhas
Gráfico 2- Nível de instrução dos empresários 49
Gráfico 3- Faixa etária dos empresários do setor turístico 49
de Barreirinhas
Gráfico 4- Tempo de funcionamento das Empresas 50
Gráfico 5- Motivos que levaram o empresariado em abrir 50
seus negócios
Gráfico 6- Margem de lucro das Empresas 51
Gráfico 7- Benefícios que as empresas oferecem à 52
comunidade
Gráfico 8- Preocupação do Empresariado com a 52
preservação
Gráfico 9- Nível de instrução da comunidade Autóctone 53
Gráfico 10- Tempo de moradia da comunidade Autóctone 54
Gráfico 11- Percentual de Empregados 54
Gráfico 12- Grau de importância do turismo de acordo 55
com a população
Gráfico 13- Opinião da comunidade sobre a ação 56
benéfica do turismo
Gráfico 14- Efeitos positivos do turismo na vida do autóctone 56
Gráfico 15- Efeitos positivos do turismo na sua cidade 57
Gráfico 16- Efeitos negativos do turismo na cidade 60
Gráfico 17- A opinião da Comunidade quanto ao 61
planejamento

Gráfico 18- Procedência dos Turistas 63

Gráfico 19- Ocupação dos visitantes 64

Gráfico 20- Renda dos Visitantes 64


9

Gráfico 21- Tempo de permanência dos Visitantes 65

Gráfico 22- Grau de satisfação dos visitantes em 66

relação aos preços cobrados

Gráfico 23- Opinião do visitante sobre os aspectos 66

Positivos da cidade

Gráfico 24- Pretensão de retorno do visitante à 67

cidade

Gráfico 25- Opinião do visitante em relação à 67

hospitalidade

Gráfico 26- Opinião do visitante sobre os aspectos 68

Negativos da cidade

Gráfico 27- Opinião do visitante sobre a atuação 69

dos órgãos Públicos


10

LISTA DE APÊNDICES

Apêndice A - Questionário Secretaria de Turismo 77


Apêndice B - Questionário Empresário 80
Apêndice C - Questionário Comunidade de Barreirinhas 83
Apêndice D - Questionário Visitante 86
11

LISTA DE ANEXOS

Anexo 1 - Mapa do Centro Comercial de Barreirinhas 90


12

LISTA DE SIGLAS

IBGE - Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística


IDH - Índice de Desenvolvimento Humano
OMT - Organização Mundial do Turismo
PIB - Produto interno Bruto
PNLM - Parque Nacional dos Lençóis Maranhenses
SEBRAE - Serviço Brasileiro de Apoio a Empresas
SENAC - Serviço Nacional de Apoio ao Comércio
13

SUMÁRIO

LISTA DE ILUSTRAÇÕES 08
LISTA DE APÊNDICES 10
LISTA DE ANEXOS 11
LISTA DE SIGLAS 12
1 INTRODUÇÃO 14
2 DESENVOLVIMENTO LOCAL: conceitos e peculiaridades 17
2.1 GESTÃO DO TURISMO PARA O DESENVOLVIMENTO LOCAL 22
3 IMPACTOS SOCIOECONÔICOS DO TURISMO 26
3.1 IMPACTOS SOCIAIS 26
3.2 IMPACTOS ECONÔMICOS 33
4 A Cidade de Barreirinhas e sua relação com o Turismo 38
5 RESULTADOS E DISCUSSÔES 42
5.1 CENÁRIO DO TURISMO EM BARREIRINHAS 42
5.1.1 Secretaria Municipal de Turismo de Barreirinhas 43
5.1.2 A percepção dos Empresários do setor turístico de Barreirinhas 48
5.1.3 Considerações da comunidade de Barreirinhas sobre o 53
crescimento turístico
5.1.4 A percepção dos visitantes de Barreirinhas 63
6 CONCLUSÃO 69
REFERÊNCIAS 73
APÊNDICES 76
ANEXOS 89
14

1 INTRODUÇÃO

Historicamente, o turismo, tem sua organização e seu


desenvolvimento atrelados a importantes fenômenos sócios culturais. Até mesmo
à própria evolução do capitalismo.
No século XIX, começaram a surgir às primeiras viagens
organizadas, tendo como percussor o inglês Thomas Cook, com ele surgiu
também a primeira agência de turismo. Mudanças foram surgindo, pessoas
passaram viajar mais a procura de lugares relaxantes até mesmo pelas facilidades
proporcionadas pelo desenvolvimento da tecnologia, produzidas pela passagem
do capitalismo comercial ou mercantil ao capitalismo industrial.
Com o capitalismo industrial, separam-se os espaços de moradia e
trabalho, diminuição da jornada de trabalho, aumentando assim o tempo livre. As
conquistas sociais dos trabalhadores, bem como férias remuneradas e o 13°
salário criaram um quadro favorável às viagens contribuindo, portanto, para o
crescimento dos fluxos turísticos.
Todos esses fatores que foram citados contribuíram
significavelmente para o desenvolvimento do turismo. Logo esse desenvolvimento
trouxe vários efeitos para o crescimento socioeconômico do país.
É notório, que a indústria turística é uma grande geradora de
emprego e renda, porém poucos sabem, que ela também é uma grande geradora
de impactos negativos, caso a prática do turismo não seja feita de forma
planejada.
O que vem acontecendo atualmente é que os empresários do setor
turístico estão mais interessados em obter lucro em curto prazo do que preservar o
ambiente, alterando assim a paisagem natural e ajudando também para a
descaracterização da vida social.
Sabendo desses impactos é que vem se discutindo novas ações
para tentar frear as atividades depredadoras do meio ambiente, ocasionadas pela
ação do homem. Essa preocupação com o meio ambiente começou a se
intensificar a partir da década de 80, quando o homem constatou que os recursos
15

naturais são esgotáveis e um dia podem acabar caso não sejam utilizados de
forma racional.
O turismo surge nesse novo cenário como fator preservarcionista, já
que se utiliza dos recursos naturais, como atrativos, ou seja, ele valoriza uma
determinada paisagem. As atividades do turismo feitas de forma planejada,
proporciona desenvolvimento sem agressão ecológica, desencadeando assim uma
alavanca para o desenvolvimento sustentável.
Mas quando não acontece o planejamento, os impactos são
irreversíveis, ocorrendo transformação (econômica, social e cultural). O exemplo
prático dessas transformações é o que vem ocorrendo no município de
Barreirinhas, onde o aumento do número de visitantes e a mudança na esfera
política desta cidade nestes últimos dois anos, tem ajudado para um crescimento
significativo dos impactos socioeconômicos. A causa de tudo isso é o mau
planejamento da atividade turística naquele município, sendo esta feita de forma
desordenada sem respeitar as suas capacidades de cargas.
Por ser a principal porta de entrada para o Parque Nacional dos
Lençóis Maranhenses, é a que mais sofre com os impactos, exemplificados pelo
aumento da criminalidade, prostituição, da sujeira entre outros. Pensando nestes
descasos que vem acontecendo com o município de Barreirinhas é que propomos
este estudo.
Aborda-se primeiramente neste estudo, o termo desenvolvimento
local como proposta de melhoria da qualidade de vida da comunidade autóctone
em oposição ao modelo econômico vigente que exclui para dar lugar a um modelo
de desenvolvimento harmônico, na qual a própria comunidade fica responsável em
realizar ações que proporcionem o bem estar da população na geração de renda e
emprego. Demonstrando também, que essas ações podem ser incentivadas pela
pratica da atividade turística em localidades que tem potencial para tal.
Detalhando, posteriormente os impactos socioeconômicos que a
pratica da atividade turística proporcionar para os pólos receptores,
exclusivamente o de Barreirinhas. Para tanto, foi necessário traçar comentários
que demonstrasse o atual cenário do município em foco, utilizando as percepções
da comunidade, do visitante, do empresariado e dos órgãos que direcionam a
atividade turística em Barreirinhas.
16

No processo de formatação desse estudo, surgiram indagações que


serviram para delinear os rumos da discussão a se seguir; tais como: Será que
barreirinhas,que possui 45% da parte dos Lençóis, conta com algum controle de
visitação e fiscalização? Quais os motivos que levam os turistas a querer visitar
aquela cidade?; Como a prática do turismo pode afetar a mentalidade da
comunidade local?; Existem políticas de preservação para aquele local?; Como a
comunidade está inserida nesta atividade?
Por intermédio destas questões norteadoras, definimos como objeto
desta pesquisa: a análise dos efeitos socioeconômicos do desenvolvimento
da atividade Turística em Barreirinhas /MA.
A presente pesquisa se valerá de dados subjetivos que foram
coletados através da pesquisa de campo, juntamente com aplicações de
questionários abertos e fechados e entrevistas direcionadas à comunidade local,
aos visitantes e a integrantes de órgãos municipais. Trabalha com dados
primários, a serem obtidos através de observação direta e também com dados
secundários, que foram coletados através de pesquisa bibliográfica.
Essa pesquisa trabalhou com amostragem não probabilística, do tipo
por conveniência, pois foi direcionada aos visitantes, à comunidade, ao
empresariado e a integrantes de órgãos municipais de Barreirinhas. Possuindo
ainda um caráter descritivo, já que se propõe a analisar os impactos
socioeconômicos em Barreirinhas.
As variáveis estudadas levaram em conta o perfil socioeconômico
dos visitantes, o tempo de moradia dos residentes, bem como saber se a
comunidade está sendo beneficiada ou não.
Posteriormente, a analise compreende a interpretações dos dados,
bem como sua tabulação e cruzamento de variáveis; sendo confeccionados
gráficos com o intuito de obter uma melhor compreensão do resultado da pesquisa
de campo.
Embora o setor turístico traga muitos benefícios para a comunidade,
é importante que ações de planejamento estejam voltadas diretamente para a
preservação do meio ambiente. E isso se dá a partir da participação da
comunidade nas decisões norteadoras da prática do turismo naquela cidade. Em
vista disso, que seguiremos os rumos da nossa investigação.
17

2 DESENVOLVIMENTO LOCAL : conceitos e peculiaridades

Durante muitas décadas, nosso modelo de desenvolvimento baseou-


se em intervenções macroeconômicas. Inicialmente, ele era visto como sinônimo
de crescimento, porém, hoje se sabe que o crescimento, isoladamente, seja
econômico, demográfico ou outro, não se constitui em desenvolvimento, pois este
é uma soma complexa de fatores interdependentes. Por essa complexidade,
conceitos a respeito do significado de desenvolvimento evoluíram, continuam a
evoluir e a receber mais significações. O primeiro deles refere-se à corrente dos
pós-modernos, radicais em acreditar que o desenvolvimento não passava de uma
ideologia que perpetuava as relações assimétricas entre os mais e os menos
favorecidos. Já os fundamentalistas confiavam na redundância do termo, visto
como conseqüência natural do crescimento econômico.
Para SOUZA,“o desenvolvimento exige a consideração simultânea
das diversas dimensões constituintes das relações sociais (cultura, economia,
política) e, também, do espaço natural e social” ( 1996, p 19). ÁVILA complementa
dizendo:
“O crescimento econômico se caracteriza por conotações tipicamente
quantitativas, enquanto que o desenvolvimento implica também
dimensões concernentes tanto à qualidade do processo de evolução
econômico-social quanto à amplitude participativo-beneficiária de toda
população por ele abrangida” (2000, p. 23).

Falar sobre desenvolvimento não significa somente se reter aos


termos econômicos, político, modernização tecnológica ou apenas social.
Entretanto, este deve ser visto como a soma desses fatores que estejam
embutidos, é um processo de transformação global.
IGNACY SACHS ( 2004, p.71), acredita que:

“O desenvolvimento é multidimensional, [...] seus objetivos são sempre


sociais e éticos (solidariedade sincrônica), contendo uma
condicionalidade ambiental explicita (solidariedade diacrônica com as
gerações); o crescimento econômico, embora necessário, tem um valor
apenas instrumental; o desenvolvimento não pode ocorrer sem
crescimento, no entanto, o crescimento não garante por si só o
desenvolvimento; o crescimento pode, da mesma forma, estimular o
mau desenvolvimento , processo no qual o crescimento do PIB é
acompanhado de desigualdades sociais, desempregos e pobreza
estrutural”.
18

Percebe-se que através desse conceito uma alta no crescimento


econômico não significa dizer que o desenvolvimento cresceu na mesma
proporção, pois pode existir uma elevação do Produto Interno Bruto sem que haja
uma elevação do índice de Desenvolvimento Humano– IDH. Temos como exemplo
no nosso cenário histórico os paises Subdesenvolvidos ou em via de
desenvolvimento que possuem um considerável PIB (Produto Interno Bruto) e um
baixo IDH, tendo em vista que o aumento da riqueza econômica não proporcionou
a melhoria da qualidade de vida da população menos favorecida desses países.
Como exemplo cita-se o Brasil, país em que a camada pobre fica cada vez mais
carente tendo que “arcar com o ônus de sua própria existência [...] e alta camada
em processo de elitização sempre maior” (ÁVILA b, 2000, p. 24).
Para reverter esse quadro, a partir de uma nova proposta para o
desenvolvimento, surge então a idéia de desenvolvimento local, como foco
decisório de um outro direcionamento que leva em consideração principalmente a
participação da comunidade no processo de “[...] concepção, implantação, gestão
e monitoramento dos projetos” (RODRIGUES, 2002).
Segundo CAVACO (2001, p.95), o desenvolvimento:

“[...] intensificou-se desde os finais dos anos 80, perante as


alterações do contexto, em termos econômicos e de libertação de
recursos, inovação tecnológica e outras: diminuição da importância
dos ramos industriais tradicionais; mudanças na procura;
concorrência alargada e global, na produção e distribuição de bens
e serviços [...]; tensão entre o universal e o particular/local [...],
exclusão do território e acentuação das disparidades e oposições
regionais entre ricos e pobres” ( 2001, p.95).

O fator de desenvolvimento local, concebido como um estilo


contraposto às tendências e aos padrões dominantes (BENEVIDES, 1997, p.25);
ganha apogeu na Europa e depois se expande para várias partes do mundo. Tais
visões foram se formando através de várias concepções. As precursoras foram as
comunidades alternativas, que surgiram nos anos 60 em ambos os lados do
atlântico. Essas comunidades buscavam um outro tipo de desenvolvimento oposto
ao atual, visando principalmente conviver em um ambiente seguro e equilibrado
capaz de criar condições para um sistema sustentável à própria sociedade
humana.
19

Vinte anos depois foram, surgindo novas correntes, que se


preocupavam com um desenvolvimento mais ameno, e que estavam atentos não
mais somente à produção, mas principalmente à qualidade de vida, visando um
crescimento que fosse realizado em consonância com as premissas norteadoras
da sustentabilidade, sendo esta perspectiva trabalhada principalmente por
“ecologistas” ou ambientalistas.
Outras vertentes que também questionavam o sistema padrão atual
de desenvolvimento surgem com as organizações das sociedades civis, que
passaram a trabalhar com a idéia de cidadania, pois apontavam “[...] a
necessidade de desenvolver experiências cidadãs que [...] captassem os
carecimentos humano-sociais básicos como um todo e atuassem desde várias
frentes, de modo integrado e convergente” (FRANCO, 2000, p. 11-12). Portanto,
buscavam promover essencialmente ações coletivas junto à sociedade, atuando
na melhoria da qualidade de vida das pessoas.
Nesse contexto, novos governos, novas agências nacionais e
organizações não-governamentais - ONGS foram se mostrando mais preocupadas
com as questões sociais, procurando, através de programas em parceria com a
comunidade, o desenvolvimento de projetos locais que visavam o desenvolvimento
socioeconômico de uma determinada localidade em consonância com as
premissas norteadoras da sustentabilidade.
Desse modo, o desenvolvimento local se apresenta hoje, como uma
proposta de progresso em nível local, capaz de proporcionar à própria comunidade
uma melhoria no desenvolvimento sócio-cultural, econômico e ambiental com a
participação ativa da mesma. Um tipo de desenvolvimento que é visto como
estratégia para sair da crise. Tal proposta age numa pequena escala territorial,
buscando a integração da comunidade local nas decisões, estratégias e
alternativas para uma melhor qualidade de vida, visando principalmente um
objetivo comum, ou seja, algo que beneficie a todos.
De acordo com o Comitê Econômico Social das Comunidades
Européias o desenvolvimento local é visto:
“Como o processo reativador da economia e dinamizador da sociedade
local, mediante o aproveitamento eficiente dos recursos endógenos
existentes em uma determinada zona, capaz de estimular e diversificar
seu crescimento econômico, criar empregos e melhorar a qualidade de
vida da comunidade local, sendo o resultado de um compromisso que
compreende o espaço como lugar de solidariedade ativa, o que implica
20

mudanças de atitudes e comportamentos de grupos e de indivíduos”


(1995, apud CORIOLANO, 1998, p.136).

Segundo PEREZ e CARRILLO (2000 apud IRVING, 2002, p.69), o


desenvolvimento local pode ser definido como:

“[...] aquele processo reativador da economia e dinamizador da sociedade


local que mediante o aproveitamento dos recursos endógenos existentes
em uma determinada zona ou espaço físico é capaz de estimular e
fomentar o seu crescimento, criar emprego, renda, riqueza e, sobretudo
melhorar a qualidade de vida e o bem-estar social da comunidade local”.

No geral, os autores que abordam a temática do desenvolvimento


local são unânimes em considerar que o mesmo está baseado e fundamentado
principalmente nos recursos endógenos (humanos, naturais e de infra-estrutura);
na qual as ações devem ser fruto de atividades conjuntas que visam uma
integração entre seus membros; “[...] ao fato de a comunidade local se tornar
sujeito, e não mero objeto, de seu próprio desenvolvimento” (ÁVILA,2000, p. 77).
De acordo com NÓVOA (1992 apud idem, 2000, p. 81):

“O desenvolvimento endógeno não significa, todavia, que as


comunidades locais se isolem em relação aos processos exteriores ou de
âmbito nacional; pelo contrário, as interações com o meio envolvente
tenderão a reforçar-se, no quadro de uma internalização( ou de uma
localização) desses processos. O desenvolvimento endógeno tende a
apropriar-se dos contributos dos atores e a configura-los no contexto
local, dando-lhes uma forma específica e adaptada às características e às
necessidades das populações”.

Portanto, o desenvolvimento endógeno se configura nas ações que


emergem de dentro para fora, com possíveis participações de agentes externos no
apoio em capacitações, que ocasionem o desenvolvimento de suas próprias
habilidades e potencialidades. Então, o desenvolvimento local deve ser visto
como um diálogo contínuo de busca para resolução de problemas a partir de
política de participação e envolvimento social.
Analisando o desenvolvimento local como uma representação de
contraposição à globalização que homogeneíza para ser a favor do local, se
percebe a necessidade de incluir nesse contexto a referência ao local. De acordo
com BENEVIDES:
21

“O local passa assim a ser referenciado não somente no sentido


valorativo da escala espacial, mas como alternativa ao padrão dominante
de desenvolvimento, um espaço que, por estar à margem desse padrão,
preserva relações comunitárias pouco hierarquizadas, e enseja a
continuidade de formas mais ambientalmente sustentáveis de produzir,
submetidas às culturas de intercâmbio material tradicional entre
sociedade e natureza” (1997, p. 27).

Para MARTINS (2002, p. 51-59), falar de desenvolvimento local


implica pensar na questão da escala. Assim, o local é essencialmente um sentido
de lugar, pensado como a base territorial das representações e das práticas
humanas que lhe dão um caráter de singularidade. No lugar estão presentes as
práticas individuais e as coletivas que em seu conjunto formam a identidade do
local.
Percebe-se através desses comentários que a força do lugar vem se
afirmando como oposição às tendências de homogeneização cultural, e de
marginalização socioeconômica, decorrentes do processo de globalização para se
perpetuar como válvula de escape para um desenvolvimento mais humano.
Todavia, “a globalização, ao mesmo tempo em que tende a
homogeneizar, diversifica. O globalismo faz renascer o localismo, reforçando
aspectos da sua cultura e da sua identidade” (FONTELES, 2004, p.71).
No bojo desta relação dialética que combina global x local, inserido
nesse contexto de modificações, em que o lugar vem ganhando força em oposição
ao modelo vigente, que centralizar e excluir, para dar lugar a um tipo de
desenvolvimento que aproveite com mais eficiência os recursos endógenos
existentes e que proporcione através da utilização dos seus próprios recursos
(humanos e naturais), a criação de novos postos de emprego, uma melhoria da
qualidade de vida da população e uma distribuição mais equilibrada dos
benefícios, enfatizando o bem está da comunidade local.
Um modelo de desenvolvimento que amplia a independência do
local, criando uma sociedade que ressurge nesse discurso dialético como
alternativa de implantação de políticas de ação local na busca da construção
econômica e social, proporcionando, autonomia financeira, mudanças no contexto
da organização institucional voltado para políticas locais de promoção do
desenvolvimento. De acordo com SWYNGEDOUW (1989) o local é visto como “
[...]espaço de regulação e prática institucional, como organização sócio-espacial
22

ou político econômica”. Portanto, a cooperação local passa a funcionar como uma


determinante chave na capacidade local de competição, capaz de potencializar a
sociedade para modificar o seu próprio cenário.
Dentro dessa relação dialética, o local é visto como idéia de lugar ou
de região, ou seja, uma porção do espaço, onde as pessoas realizam suas
práticas diárias, suas relações sociais e se inter-relacionam na construção físico-
moral e cultural.
Englobando assim, uma sociedade coesa na busca do crescimento
sócio-econômico do local ou da região. No entanto, esse desenvolvimento não
pode está desmembrado da participação exógena, ou seja, da participação
externa. Mas para que isso aconteça, devemos pensar o desenvolvimento local
como a busca constante da combinação harmoniosa de fatores sociais,
ambientais, culturais e político presentes em dado território e, a partir das
potencialidades locais estabelecer estratégias sustentáveis de desenvolvimento,
considerando as ameaças e oportunidades exógenas. Desse modo, essa
combinação pode ser influenciada através da gestão da atividade turística para o
desenvolvimento local ou vice-versa.

2.1 GESTÃO DO TURISMO PARA O DESENVOLVIMENTO LOCAL

A reconstrução do lugar, voltado para o desenvolvimento de suas


especialidades vem ganhando força nesse contexto de competitividade em que as
diferenciações regionais se tornam oportunidades para se estabelecer vantagens
perante as relações comerciais. Isto significa que a capacidade de atração de cada
região ou localidade depende cada vez mais das suas características locais,
naturais, econômicas, sociais, culturais e políticas. Esses elementos fortalecem a
reconstrução da identidade local, proporcionando à determinadas regiões um
engrandecimento da sua moral.
Portanto, partindo desse pressuposto em que as diferenciações
físico-culturais entre as regiões se tornaram instrumento fundamental para as
23

relações comerciais, sabendo também que tais diferenciações se tornam


essenciais para o setor de serviços, principalmente para o setor de turismo, uma
vez que o mesmo depende dessas peculiaridades existentes em determinadas
regiões para se desenvolver, se torna viável o estudo do papel do turismo como
fator de desenvolvimento local.
Por conseguinte, inserindo-os nesse bojo de discussão, o turismo e o
desenvolvimento local estão intimamente inter-relacionados, o processo de
reativação da economia local, mediante o aproveitamento dos recursos naturais,
que são capazes de estimular a vinda dos turistas para uma determinada
localidade, fazem com que a economia se dinamize, pois o turismo age como
catalisador para o desenvolvimento de alguns lugares, melhorando assim a
qualidade de vida, através de rendimentos de impostos que são favoráveis para
estimular a melhoria das instalações, serviços e infra-estrutura da comunidade,
bem como favorece a criação de estradas, escolas, parques, clinicas médicas,
instalações recreacionais, entre outros.
A própria Organização Mundial do Turismo - OMT (1995) evidencia a
importância sócio-cultural e econômica da atividade turística, comprovando que
esta, se bem planejada, é capaz de gerar benefícios para todos os envolvidos, ou
seja, podendo ser uma das ferramentas para o desenvolvimento de localidades
com potencial para tal.
O turismo tem proporcionado às cidades uma rápida mudança em
suas características urbanas. Ele realmente pode contribuir para a conservação
dos ecossistemas das comunidades receptoras, bem como pode proporcionar o
desenvolvimento do orgulho étnico. As comunidades passam a ter orgulho da
originalidade dos recursos naturais e culturais de sua localidade, atuando como
agentes protetores desses recursos. O turismo pode proporcionar também
campanhas e programas de educação ambiental, bem como pode ajudar na
conscientização para preservação do patrimônio histórico-cultural.
No entanto, é necessária uma base para se entender todo este
quadro que envolve o turismo e o desenvolvimento local voltado para a melhoria
da qualidade de vida, e para isso, é necessário um entendimento do que seria
comunidade. MELVER diz que:
24

“Comunidade consiste em um circuito de pessoas que vivem juntas, que


permanecem juntas de sorte que buscam não este ou aquele interesse
particular, mas um conjunto inteiro de interesses, suficientemente amplo e
completo de modo a abranger suas vidas” (1968, p.7 apud ÁVILA,
2000, p.31)

Portanto, quando se fala em desenvolvimento local, a comunidade


deve se apresentar como agente principal, modificador e atuante nesse processo
de desenvolvimento, que buscam agir em prol da coletividade. Para isso ÁVILA
complementa:

“[...] a comunidade mesma desabrocha suas capacidades, competências


e habilidades de agenciamento e gestão das próprias condições e
qualidade de vida, metabolizando comunitariamente as participações
efetivamente contributivas de quaisquer agentes externos” (2000, p.69).

O turismo pode e deve contribuir para e com o desenvolvimento local


no sentido de criar renda e empregos em locais debilitados socioeconomicamente.
Além desses fatores, se apresenta outros efeitos da atividade na vida das
comunidades receptoras: (PALOMO, 1979 apud RUSHMANN, 1997 p.44)

 Incremento de renda dos habitantes;


 Elevação dos níveis cultural e profissional da população;
 Expansão do setor de construção;
 Industrialização básica na economia regional;
 Modificação positiva da estrutura econômica e social ;
 Atração da mão-de-obra de outras localidades.

Este desenvolvimento deveria seguir em uma escala de prioridades,


de acordo com KRIPDENDORF:

“[...] caberia desenvolver formas de turismo que tragam a maior


satisfação possível a todos os interessados, população local, turistas e
empresas de turismo, mas que não estejam ligados a inconveniências
inaceitáveis, sobretudo nos níveis ecológico e social” (2000, p. 137).

Para que isso aconteça, os gestores do turismo devem atuar no


sentido de proporcionar em que esta atividade seja gerida de forma integrada ao
conjunto macroeconômico, proporcionando “tanto uma evolução dos aspectos
favoráveis do turismo como a proteção ambiental” (RUSCHMANN, 1997, p. 35).
25

No entanto, o turismo pode trazer tanto benefícios como malefícios,


principalmente se este for realizado de forma deliberada em que não haja respeito
dos limites, ou seja, a capacidade de carga de cada região. Devido essa
preocupação de proteção, ou minimização dos impactos, foram surgindo novas
vertentes, que buscavam um tipo de turismo mais “brando”. Várias nomenclaturas
foram formadas durante estes últimos vinte anos, como turismo ecológico,
ecoturismo, turismo alternativo, turismo sustentável entre outros. Estes tipos de
nomenclaturas não serão abordados nesta revisão de literatura, pois do ponto de
vista ideológico todos buscam o aproveitamento do turismo de maneira
sustentável. Segundo RUSCHMANN (1994), ”o desenvolvimento do turismo
sustentável deve ser norteado pela gestão de todos os ambientes, recursos e
comunidade receptora, objetivando o atendimento às necessidades econômicas,
sociais, vicinais e estéticas”. Cita-se também SWARBROOKE (2002), o qual
afirma que o turismo sustentável constitui-se em “formas de turismo que
satisfaçam as necessidades dos turistas, da indústria do turismo e das
comunidades locais sem comprometer a capacidade das futuras gerações de
satisfazerem suas próprias necessidades”.
Nota-se que a comunidade local consubstancia-se num dos
principais fatores para o alcance da sustentabilidade em uma determinada região,
não podendo estar descontextualizada desse processo, sendo uma das molas
propulsoras para que o turismo não seja um agente causador de impactos
negativos, e sim, um meio de gerar aumento de qualidade de vida. Por isso, a
importância de se desenvolver um turismo que envolva a população local,
sensibilizando-a de como a atuação da mesma pode ser determinante para o
progresso sustentável da sua região.
Entretanto, esses efeitos só poderão ser vistos caso a atividade seja
feita de forma planejada, ordenada e gerenciada, onde se maximizam os efeitos
positivos e minimizam os efeitos negativos; levando-se em consideração,
principalmente, a atuação da comunidade nas decisões. Um planejamento no qual
a comunidade passa a ser o agente de seu próprio planejamento, ou seja, está
descobrindo seus potenciais e colocando-as a favor de seu próprio destino.
Desse modo, os investidores e a administração púbica devem levar
em conta a participação das comunidades locais no planejamento e na exploração
26

das atividades desenvolvidas, lutar para a preservação dos recursos naturais e


artificiais; bem como investir na formação dos profissionais. Buscando sempre
estudar a lógica do comportamento econômico dos viajantes (a decisão de viajar,
o deslocamento, a hospedagem, a realização dos motivos da viagem, a
permanência e os gastos), e, por outro lado, o comportamento das empresas e
agentes públicos que operam nas localidades emissoras e receptoras. Garantindo
assim o equilíbrio entre a oferta e a demanda, condição imprescindível ao
desenvolvimento de qualquer um dos setores da economia.
Todavia, o turismo não pode ser a única atividade econômica de uma
região, mas agindo como fortalecedor das outras atividades, que podem ser
desenvolvidas na comunidade, tais como a pesca, agricultura e artesanato, logo o
turismo será mais uma opção econômica.
Dessa forma, as lideranças locais e os habitantes devem
compartilhar das decisões, parcerias, pactos e projetos que trarão benefícios para
o desenvolvimento da comunidade, mantendo assim o equilíbrio entre os impactos
negativos e positivos.

3 IMPACTOS SOCIOECONÔMICOS DO TURISMO

3.1 IMPACTOS SOCIAIS

É notável que com a evolução dos transportes, da comunicação, dos


avanços tecnológicos e científicos, da oferta, e da segurança as pessoas
começaram a se deslocar com maior freqüência à procura da descoberta do novo;
visando principalmente a satisfação de suas necessidades, elas precisavam de um
espaço para extravasarem suas energias. TRIGO reforça dizendo:
[...] além do suporte tecnológico e das mudanças econômicas, o que
contribuiu para o aumento das viagens e do turismo foi a valorização que
as pessoas começaram a fazer das atividades ligadas a ao lazer, às
artes, às culturas e aos contatos internacionais. Nesse contexto, viajar
tornou-se mais fácil até mesmo um hábito, uma pratica social ou
profissional comum ou mesmo uma necessidade para vários segmentos
sociais (1998).
27

Esse deslocamento começou a se consolidar como fenômeno de


massa só a partir de 1950, desde então, vem crescendo consideravelmente,
trazendo consigo os benefícios e os custos que a atividade proporciona.
Na esfera econômica, o turismo, tanto o internacional quanto o
interno – gera uma considerável produção de renda fora do lugar onde eles são
gerados, com um impacto significativo no desenvolvimento socioeconômico da
área de destino.
Seguindo essa linha, ARCHER E COOPER( 2002, p.85) concordam
que “ os primeiros trabalhos que trataram do impacto do turismo sobre os destinos
se concentravam principalmente, nos aspectos econômicos”, talvez pela facilidade
de se mensurar e quantificar esses impactos. Segundo RUSCHMANN:

“[...] os impactos tem origem em um processo de mudança e não


constituem eventos pontuais resultantes de uma causa específica, como,
por exemplo, um equipamento turístico ou um serviço. Eles são a
conseqüência de um processo complexo de interação entre os turistas, as
comunidades e os meios receptores. Muitas vezes, tipos similares de
turismo provocam impactos diferentes, de acordo com a natureza das
sociedades nos quais ocorrem” (1997, p. 34).

Percebe-se que os impactos são visualizados através do contato


entre visitante e a população residente, sendo este último termo visto por BENI
(2001) como comunidade autóctone. Para ele, “a comunidade autóctone, portanto,
pode ser definida como aquele coletivo humano que recebe uma dupla corrente
migratória: a turística e laboral; influi sobre ambas e se afetado por elas”.
Por ser o turismo um elemento modificador da estrutura
socioeconômica da comunidade receptora alguns estudiosos se preocuparam em
verificar os efeitos do mesmo sobre o ambiente no qual ele é desenvolvido ou
implantado. Apesar da grande maioria dos estudos levantados sobre os impactos
do turismo ser voltada para a esfera econômica, os impactos sociais não deixaram
de ser mensurados, “[...] tem sido objeto de muitas e recentes pesquisas feitas por
estudiosos e cientistas, dentre eles, sociólogos, psicólogos, antropólogo e também
economistas” (LAGE E MILONE, 2001, p. 153).
28

De acordo com LICKORISH e JENKINS (2000, p. 109):

“Tem-se notado que os impactos econômicos do turismo são


frequentemente observados em curto prazo, ou até mesmo
imediatamente. Pode-se ver turistas chegando em aeroportos e gastando
dinheiro. Os impactos sociais e culturais levam mais tempo para aparecer
e, como mudanças qualitativas, podem ser sutis e difíceis de mensurar”.

Na verdade, os impactos econômicos são mais perceptíveis,


diferentemente dos impactos sociais, que são mais demorados, pois ocorrem de
maneira vagarosa e discreta com o passar dos tempos. Isso se dá também por
poucos estudos serem levantados e ou poucos que existem serem de análise
específica à uma região ou uma localidade.
Segundo COOPER (et al, 2003, p. 209), “[...] esses impactos tendem
a conter uma mistura de características positivas e negativas e afetam tanto os
anfitriões quanto os visitantes”. No caso dos impactos sociais foram desenvolvidos
cinco níveis para medir a desilusão dos anfitriões com a atividade turística
( DOXEY ,1976 apud COOPER et al, 2003, p. 209) :

1. Nível da euforia - a excitação e o entusiasmo iniciais , que vêm


com o desenvolvimento do turismo, resultam no fato de que o turista é bem
recebido.
2. Nível da apatia – uma vez que o desenvolvimento do turismo
está em curso e a conseqüente expansão aconteceu, o turista passar a ser
considerado como algo natural e visto apenas como uma fonte de lucros.
Qualquer que seja o contato estabelecido entre anfitrião e hóspede,
acontece em uma base comercial e formal.
3. Nível da irritação – à medida que a indústria se aproxima do
ponto de saturação, os anfitriões não podem mais atender ao número de
turistas sem instalações adicionais.
4. Nível do antagonismo – o turista é visto agora como o
anunciador de todos os males, os anfitriões estão abertamente contrários
aos turistas, que são vistos como estando lá para serem explorados.
5. Nível final – durante o processo de “desenvolvimento” acima, a
população anfitriã se esqueceu de que tudo o que ela uma vez considerou
como sendo especial, era exatamente aquilo que atraiu o turista, ma na
29

corrida para desenvolver o turismo, as circunstâncias mudaram. O impacto


social foi abrangente e completo, e os turistas se mudarão para destinações
diferentes.
Esses níveis podem ser detectados “[...] em inúmeras destinações
turísticas em maior ou menor escala, dependendo do estágio de desenvolvimento
e do tipo de turismo da localidade [...]” (RUSCHMANN, 1997, p. 48). Além desses
níveis, existem outros impactos sociais do turismo que serão expostos
posteriormente.
O crescimento acelerado do turismo vem se desenvolvendo de forma
deliberada, sem respeitar as premissas norteadoras da sustentabilidade e tem
afetado significativamente o modo de vida das comunidades receptoras.
Esses impactos podem ser visualizados principalmente, nas áreas
primitivas e isoladas até menos desenvolvidas, localidades ditas tradicionais que
vivem basicamente da agricultura de subsistência e da pesca, bem como
municípios interioranos que possuem peculiaridades naturais e culturais
representativas. KRIPPENDORF( 1989, p. 99), por sua vez, afirma que quanto
menor for o “ desenvolvimento” da região receptora, maior será a intensidade dos
efeitos negativos socioculturais do fluxo turístico sobre a população local.
Esse fato pode ser visualizado quando a comunidade receptora troca
sua cultura de subsistência, que lhe dá alicerce para continuar a viver, para
ingressar na atividade turística, que na maioria das vezes não a absorve. Neste
sentido, nota-se que na grande parte das localidades onde o turismo, é
desenvolvido a população que era para ser a maior beneficiada acaba ficando a
margem desse processo de evolução. Sendo assim, KRIPPENDORF (2001, p.74),
afirma que:[...] “para obter vantagens da fortuna que proporciona o turismo, os
autóctones vendem o trabalho e o solo a preços baixos[...]”.
Por outro lado, o turismo, caso seja realizado de forma efetiva e
planejada, pode proporcionar benefícios socioeconômicos para uma localidade,
agindo como catalisador de investimentos que podem beneficiar tanto os visitantes
quanto os anfitriões. Isso pode ser visualizado quando há uma melhoria na infra-
estrutura para receber o turista que acaba proporcionando de forma indireta a
própria comunidade autóctone, na construção de novos estabelecimentos, tais
30

como: hospitais, agências bancárias, padarias, farmácias, restaurantes e também


com as instalações de novas estradas e aeroporto.
No que diz respeito à criação de empregos, o turismo pode gerar
novos postos de mercado de trabalho, gerados tanto direta quanto indiretamente.
Entretanto, nem sempre esses novos postos de trabalho que são abertos pela
atividade turística são absorvidos pela população anfitriã. Isso é notável,
principalmente em regiões interioranas, onde a população não possui uma
qualificação adequada, tendo que se contentar com postos de trabalho de níveis
menores, com baixa remuneração. Cita-se como exemplo, o de camareira,
zelador, jardineiro entre outros; por outro lado, existem os que acabam ficando à
margem desses novos empregos que vão surgindo. Isso é devido a não
preocupação dos órgãos competentes em qualificar os mesmos para ingressarem
na atividade.
É notório que os poderes públicos das regiões turísticas, estão mais
preocupados em obter lucro em curto prazo e de atrair novos capitais, em vez de
se preocuparem com o bem estar da população. Sendo assim, foi desenvolvido
por LAGE E MILONE( 2001, p. 170), o possível papel que o Estado pode tomar no
desenvolvimento da atividade nas regiões turísticas:

“Para o governo nacional, o turismo existe para servir os interesses


socioeconômicos do país e, neste caso, torna-se sua a responsabilidade
de obter um benefício ótimo derivado da atividade turística[...]. O
propósito, com certeza, é orquestrar uma política de turismo de forma que
maximize os benefícios naturais derivados da industria turística. Isso
inclui decisões concernentes à quantidade de especialistas estrangeiros
ou de capital necessário, comparado com quanto e que tipo de receita
pode ser derivada do turismo sem espantar o viajante e nem mesmo o
investidor[...] o governo, como grupo de interesse, pode perseguir esse
objetivo por meio de políticas detalhadas em âmbito nacional, estadual ou
regional. Ele pode negociar acordos de transporte aéreo com países
estrangeiros, enquanto, ao mesmo tempo deve monitorar práticas de
comércio, dos operadores de táxi, dos hotéis locais, dos operadores e
dos donos de agências e lojas locais”.

Inserido nesse contexto citado acima, o Estado exerce um papel


determinante no desenvolvimento sustentável do turismo nas regiões nas quais ele
é desenvolvido; intervindo para o bem estar socioeconômico, tanto dos autóctones
quanto dos visitantes, contribuindo assim, para um envolvimento harmônico entre
ambos.
31

Mas são ainda muitas as percepções que envolvem os impactos


sobre as comunidades autóctones. Segundo RUSCHMANN (1997, p.48), “[...]
alterações na moralidade estão presentes em grande parte dos estudos sobre os
impactos do turismo nas comunidades receptoras e indicam o aumento da
prostituição, da criminalidade e do jogo organizado”. Isso acontece, conforme
ARCHER e COOPER (2002,p.94), por: “muitas convenções e repressões impostas
aos turistas na região em que eles vivem deixam de existir quando visitam outra
região, e em conseqüência disso seu comportamento pode se deteriorar sem que
haja censura” . Nota-se que estes impactos podem causar até certa rejeição por
parte dos autóctones em relação aos turistas. Vale ressaltar, ainda, que as
diferenças nos níveis sócio-econômicos entre turistas e residentes também
contribuem para existência de conflitos.
Conforme ARCHER E COOPER (2001, p.91):
Infelizmente o contato entre povos de origens diversas nem sempre é
benéfico, e em alguns casos pode gerar mais tensões culturais, sociais e
morais. Mesclar pessoas de diferentes regiões de um país pode por um
lado resultar numa compreensão melhor do modo de vida dos vários
grupos distintos e numa avaliação mais correta dos problemas
particulares de regiões específicas, mas por outro lado pode gerar mal-
entendidos e até mesmo desconfiança.

É interessante perceber que na consideração acima, são expostos


alguns custos e benefícios, que a atividade turística impõe para uma determinada
localidade ou região. Para que haja um desenvolvimento harmônico, os mesmos
devem ser colocados numa balança se mantendo em equilíbrio, onde os efeitos
sobre o anfitrião e o visitante sejam monitorados, a fim de que seja evitado o
ressentimento de ambos.
ARCHER e COOPER citam ainda o chamado:
“[...] efeito demonstração da prosperidade em meio à pobreza
pode suscitar um desejo entre a população local de trabalhar
arduamente para atingir níveis superiores de educação a fim
de imitar o modo de vida dos turistas. Por outro lado, em
muitos casos a impossibilidade de os nativos atingirem o
mesmo nível de prosperidade pode gerar um sentimento de
privação e frustração capaz de encontrar uma saída na
hostilidade e até na agressão” (2002, p.94).

O “efeito demonstração” citado acima apresenta um sério problema


para as modificações socioculturais e são visíveis em diversas localidades. A
32

cultura local aos poucos vai assimilando novos hábitos, costumes proporcionados
também pelo acesso às novas tecnologias e pelo contato intenso com o“
novo”.Cria novos padrões de comportamento, de consumo, em que o nativo aspira
o padrão cultural do visitante. Nesse caso, há uma perda da identidade do anfitrião
com seu universo cultural, ou seja, perda da identidade local. A identidade local é
vista aqui, “pelo seu conteúdo material e imaterial, de natureza cultural, e pelos
princípios normativos (estéticos, morais, políticos, julgamento, sendo a cultura é
afetada pela economia, e vice–versa” (SAYER,1997).
Essa constatação é notória “quando as diferenças culturais entre os
residentes e os turistas de países e regiões mais prósperos são muito acentuadas”
(ARCHER e COOPER, 2001,p. 93). Sem falar das “[...] expectativas não realísticas
aplicadas ao turismo frequentemente levam à frustração, à criminalidade e à
violência ocasional, como foi o caso da Jamaica, na metade dos anos 70” ( LAGE
e MILONE, 2001, p. 158).
Outro exemplo da marginalização da população com o
desenvolvimento turístico está em Bahias de Huatulco, costa sul do México.
Conforme SCHLUTER (2002), a construção de clubes de férias e complexos
hoteleiros, provocou o reassentamento da população que ali residia, tendo como
conseqüência a privatização dos espaços públicos por parte dos
empreendimentos, que resultaram no impedimento da população autóctone de
desfrutar áreas da sua proporia região. Além disso, SCHLUTER (2002), retrata
ainda como conseqüência do desenvolvimento do turismo nas Bahias de Huatulco,
a crise que a população passou a enfrentar com o aumento dos preços de
mercadorias básicas. Isso é notável principalmente quando há um certo
despreparo dos órgãos competentes em elaborar estratégias viáveis, isso, se dar
talvez até pela exaltação equivocada que os mesmos fazem dos benefícios
econômicos que atividade implica.
Além desses impactos podemos citar ainda a propagação de
doenças sexualmente transmissíveis. O turismo, ao mesmo tempo que
proporciona a implantação de novos postos de saúde, é responsável por atuar
como veículo de disseminação dessas doenças, tantos os visitantes quanto os
anfitriões ficam suscetíveis a esses tipos de doenças; às vezes os turistas chegam
a determinadas localidades e não são informados sobre as peculiaridades das
33

regiões visitadas, passando por complicações que poderiam ser evitadas caso
tivesse tomado medidas preventivas, citando como exemplo o uso de certas
vacinas. (RUSCHMANN, 1997, p. 48).
Esses e outros problemas podem ser evitados caso as operadoras,
as agências de viagens e turismo passem a dar informações precisas a respeito
do local que o turista deseja visitar, a fim de que seu cliente realize uma viagem
satisfatória evitando, assim, possíveis constrangimentos. Um meio também de
evitar tais constrangimentos é educando a população local sobre a importância do
turismo e como elas podem tirar proveito dessa atividade caso ajam com
cordialidade e com respeito a sua cidade.

3.2 IMPACTOS ECONÔMICOS

O turismo se apresenta hoje, “como segmento econômico que mais


cresce em nível mundial, chegando a contribuir com 5% a 10% do PIB nacional”
(OMT, 2003,p.19). Na sociedade capitalista moderna, ele é considerado uma força
socioeconômica de grandes proporções. As próprias organizações internacionais
são as primeiras a considerar que o turismo favorece a expansão econômica, a
compreensão internacional, a paz, a prosperidade, bem como o fortalecimento dos
direitos e das liberdades humanas que são fundamentais para o conhecimento de
uma outra cultura.
No contexto da Economia Global, ele é um grande gerador de capital,
contribuindo para geração de renda fora do lugar onde eles são gerados. Por ser
um mercado que está em expansão, alguns países, principalmente aqueles que se
encontra em processo de desenvolvimento, se utilizam da atividade como
alavanca para o desenvolvimento socioeconômico. É uma atividade que estimula a
abertura de novos postos de trabalho, a geração de renda, de impostos e
incremento de novos investimentos, contribuindo assim, para uma melhor
distribuição de renda, favorável para o desenvolvimento local.
34

No entanto, é necessária uma base para se entender todo este


quadro que envolve o turismo e o desenvolvimento da economia local voltado para
melhoria do bem estar social, e para isso necessitamos de um entendimento do
que seria economia. LAGE e MILONE (2001, p. 44) definem a economia como:
“[...] o estudo da forma pela qual a sociedade realiza a tarefa de organizar suas
atividades de consumo, de produção e de distribuição”.
Desse modo, os efeitos econômicos do turismo são mais conhecidos
e mais fáceis de serem percebidos. Para determinar a intensidade desses
impactos foram estabelecidos três níveis diferentes por Gun (apud LAGE e
MILONE, 2001, p. 128):
 Impactos diretos: representados pelo total de renda criada nos
setores turísticos como resultante direta da variação dos gastos com
esses produtos;
 Impactos indiretos: representados pelo total de renda criada pelos
gastos dos setores de turismo em bens e serviços produzidos e
ofertados na economia;
 Impactos induzidos: representados na medida em que os níveis de
renda aumentam em toda economia como resultado dos impactos
diretos e indiretos das variações dos gastos turísticos, e,ainda, parte
da renda adicional é gasta em bens e serviços produzidos
internamente.

Entretanto, há uma dificuldade em mensurar estatisticamente esses


impactos econômicos. Isso se dá pelo fato de o turismo apresentar uma
diversidade de serviços, pois, o mesmo se utiliza de vários setores da economia
para compor seus produtos, e muitos desses setores não se dedicam somente ao
turismo. Por essas razões, é impossível fornecer dados precisos, mas, nem por
isso este segmento deixa de ser computado no setor de serviços de cada país.
O turismo se transformou num vetor de desenvolvimento, capaz de
proporcionar às economias debilitadas a entradas de divisas e de novos
investimentos. “Assim, por exemplo, um turista norte-americano que viaja para o
Brasil, tendo obtido sua renda nos Estados Unidos, quando gasta seu dinheiro em
produtos brasileiros, injeta dinheiro novo na economia. Logo, os gastos que os
35

estrangeiros realizam com os produtos turísticos existentes representam


exportações de turismo para o país” (Idem, 2001, p. 128-129).
Além disso, podemos citar outros benefícios que o turismo
proporciona para uma localidade turística, por exemplo, o aumento do número de
investimentos, ou seja, de atividades empresarias, “[...] nas destinações não
apenas para atender os turistas, mas também outros setores” (RUSCHMANN,
1997, p.43).
O crescimento dos investimentos em infra-estrutura é um meio
eficiente de gerar novos empregos. Com a implementação de novos serviços tais
como: bares, restaurantes, lavanderias, farmácias, lojas de artesanato entre outros
a oferta de empregos cresce significativamente. “As ilhas do Caribe, como, por
exemplo, Jamaica e Porto Rico, têm provido, pelo turismo, cerca de 10% do
emprego local, ou seja, basicamente um de cada 10 empregados trabalham nesse
setor” (LAGE e MILONE, 2001, p. 130).
Todavia esses empregos que vão surgindo, uma grande parcela são
temporários e de qualidade baixa, por exemplo, os que são ofertados pela
construção imobiliária acabam atraindo novos moradores fascinados por essa
corrida da oferta de novos postos de trabalhos, ocasionando assim, o impacto de
inchaço no número de habitantes nas regiões turísticas. Pelo fato de serem de
natureza temporária, quando terminam as suas prestações de serviços são
desempregados e na maioria das vezes não são absorvidos pela indústria
turística.
Cooper et al, reforça quando diz que:

[...] a migração de mão-de-obra de áreas rurais para áreas urbanas, o


que traz consigo implicações econômicas, tanto para as áreas rurais
quanto para as urbanas, sendo que a primeira perde uma unidade de
trabalho produtiva, enquanto a segunda necessitará de infra-estrutura
adicional para saúde educação e outros serviços públicos[...] (2001, p.
164)

Pode-se citar ainda como impacto “particulamente em economias


muitos pequenas, o setor da agricultura, em vez de ser estimulado para o turismo,
pode ser substituído por ele" (idem, 2001, p. 131). Esse impacto é preocupante
uma vez que a região apenas se dedica ao turismo deixando de lado as outras
atividades, tornando–se dependente da cadeia turística. Logo, em muitas
36

destinações essa dependência gera graves problemas de desemprego, porque os


trabalhadores acabam abdicando seus trabalhos em troca de serviços turísticos
que pagam mais.
Ainda assim, “por vezes, os governos dos países em
desenvolvimento adotam uma visão muito otimista com relação ao papel que o
turismo pode desempenhar nos mesmos(LAGE e MILONE, 2001, p. 136). Levam a
cabo programas dinâmicos de investimentos para fomentar o turismo e dão a este
setor prioridade máxima em seus esquemas de desenvolvimento.
Nesse contexto algumas regiões turísticas, inclusive no Brasil,
passam a dar prioridades apenas a investimentos turísticos deixando para
segundo plano os investimentos em saúde, educação, transporte e moradia, que
são direitos essenciais de cada cidadão. Esse cenário é desfavorável uma vez que
o turismo depende desses investimentos para se manter em uma determinada
localidade.
Por outro lado, o turismo ao incitar o investimento em infra-estrutura,
pode trazer benefícios às comunidades autóctones, quando na construção de
novas estradas, aeroportos ou até mesmo atuando na melhoria das instalações
sanitárias. Isso se torna favorável não apenas ao visitante, mas também, à própria
comunidade local. No entanto ARCHER e COOPER ressaltam que, em muitos
casos, a população anfitriã “ainda recebe poucos benefícios diretos dessas
melhorias” (2002, p.88). Grande parte desses investimentos se direciona a áreas
para o turista, e não exatamente para atendimento do asseio da população.
Todos impactos acima citados geram e são acompanhados por
outros visíveis em diversas regiões turísticas brasileiras. Um desses impactos
visíveis seria conforme RUSCHMANN “a inflação e a especulação imobiliária se
caracterizam pelo aumento dos preços dos produtos comercializados nas
destinações, bem como pela valorização excessiva de terrenos, do preço de
residências ou de alugueis” (1997, p.45). LAGE e MILONE complementam
quando dizem que: “essa pressão inflacionária é prejudicial às populações das
regiões turísticas, porque a alta dos preços, no geral, atinge também os bens e
serviços de primeira necessidade,como, alimentação, habitação, transportes,
vestuário etc.”(2001,p.134). Isso acontece porque “os turistas tem uma capacidade
de gastar mais que os residentes, seja porque dispõem de um poder aquisitivo
37

maior, seja porque poupam para as viagens e sentem maior inclinação para o
consumo[...]” ( idem,2001, p.134).
Por conseguinte a exclusão da população local se torna evidente
quando acontecem essas situações supracitadas. Essa situação se agrava ainda
mais por falta de informações ou até mesmo pela ingenuidade de boa parte da
população. Um outro exemplo que pode ser ressaltado é quando o cidadão vende
suas terras por preços baixos iludidos em fazer bons negócios. Entretanto muitos
desses que se desfaz de suas terras, acabam tornando-se quando não muito, a
mão-de-obra de baixa remuneração, sendo assim, um trabalho barato que faz a
engrenagem se movimentar.
Apesar desses desgastes com a comunidade autóctone, por outro
lado o turismo também traz benefícios para regiões turísticas. O turismo é
apontado atualmente como multiplicador de divisas, imprimindo um novo fôlego à
economias dessas localidades. Esse efeito “[...]é avaliado pela intensidade por
meio do qual o dinheiro gastos pelos visitantes permanece na região de
destinação para ser reciclado por meio da economia local”(LAGE e MILONE, 2001,
p. 132). Esse termo é conhecido como efeito multiplicador. De acordo com os
autores citados acima o efeito multiplicador é visto como: “o fenômeno pelo qual
algum acréscimo ou decrescimento inicial dos gastos totais irá ocasionar uma
elevação ou uma diminuição mais do proporcional do nível de equilíbrio da renda
ou produto nacional” (2001,p.125-126). Isso é notável, quando os empresários do
trade turístico, por exemplo, os dos hotéis, restaurantes, agências de viagens,
companhias de transporte entre outros, consomem produtos dos ofertantes locais.
Como exemplo disso, pode ser mencionado o café da manhã do hospede de um
hotel é preparado com alguns subsídios da região local como o pão, frutas, leite,
doces de espécie entre outros. Quando se dá efetivação da compra desses
produtos o comprador deixa o dinheiro que foi gasto pelo visitante na sua
hospedagens na “mão do produtor local, proporcionando através disso a
circulação do capital que favorece tanto à agricultura local quanto os comerciantes.
Como já foi supracitado antes, o desenvolvimento do turismo numa
localidade deve sempre leva em conta a participação da população local agindo
em conjunto com os órgãos competentes, sendo estes responsáveis em orientar e
38

fomentar a própria população para a relevância do turismo preparando-as para


serem beneficiadas por essa atividade.

4 A CIDADE DE BARREIRINHAS E SUA RELAÇÃO COM O


TURISMO

É notório o crescimento do turismo na região de Barreirinhas, onde é


possível destacar os vários empreendimentos nas áreas de transportes,
alimentação, hospedagem e entretenimento, que surgiram e surgem na cidade,
fazendo com que a economia do município sofra um processo de dinamização. No
entanto, há contradições porque esse crescimento deveria favorecer de maneira
mais satisfatória a melhoria da qualidade de vida do município, para um maior
quantitativo populacional.
Somando a isso, poucos são os investimentos em melhoria da infra-
estrutura, e os poucos que existem são obras mal feitas que se desgastam com o
tempo. Por outro lado, a demora na construção das obras que ficam paradas se
constitui outro entrave para o desenvolvimento, sem falar da sujeira que está
presente nas ruas da cidade.
Para tanto, torna-se oportuna uma sucinta apresentação de
momentos da formação de Barreirinhas, nos seus aspectos físicos, sócio-culturais
e naturais.
Nos primórdios de sua existência, Barreirinhas era habitada pelos
índios Caetés, que construíram suas aldeias às margens do rio Preguiças,
impulsionados principalmente pela localização privilegiada, referente ao “[...] rio
Preguiças, em virtude da fertilidade de suas áreas circunvizinhas bem como
devido à abundância de peixes”( TSUJI,2004,p.18).
O distrito de Barreirinhas “foi criado em 14 de junho de 1871, pela Lei
Provincial n° 951, e somente em 29 de março de 1938, através da lei n°45,
Barreirinhas foi elevada à categoria de cidade, quando sua população constava de
aproximadamente mil habitantes” (Calisto, 2003 apud Davi, 2004, p, 42).
39

A sua denominação teve origem devido a existência de barreiras ou


ladeiras, isto é, elevações de areia misturadas com material argiloso que ladeia o
rio”. Já o rio Preguiças(Ver figura 1 abaixo), é assim denominado pelo fato de
terem existido “ muitos bichos- preguiça nas margens do rio, no inicio da
colonização da cidade. Outros, porém, dizem que esse nome surgiu porque suas
águas correm preguiçosamente em direção ao mar” ( TSUJI, 2004, p. 18).

Figura 1 - Imagem do Rio Preguiças

Fonte: Arquivo de Crhis Souza

A economia do município “[...]é predominantemente de subsistência,


havendo o cultivo da mandioca, do arroz do alagado, a confecção da farinha, a
pesca, tanto no rio quanto no mar, e a criação de animais domésticos, como a
cabra e a galinha”(TSUJI,2004, p.19).
Barreirinhas está localizada na região oriental do Maranhão, a 240
km da capital; possui um dos mais baixos IDH do Brasil situando-se na 5.287 °
posição no ranking entre os municípios brasileiros. Tem uma extensão territorial de
3.111 km ² e uma população estimada de 40.000 habitantes, sendo que 33%
residem no distrito urbano e 67% na zona rural , de acordo com os dados do
IBGE,2001. Nos cerca de 7.700 domicílios permanentes, 40% não possuem
instalações sanitárias, 82% não possuem coleta de lixo e 75% não possuem água
encanada. O índice de analfabetismo da população acima de 10 anos de acordo
com o MEC é de 61%. Existem 178 unidades escolares de ensino fundamental; 8
de pré-escolar e 2 de ensino médio que educam entorno de 15.000 alunos com a
participação de 535 docentes. Existem 12 estabelecimentos de saúde distribuídos
40

pela comunidade. A renda média per capita na população acima de 10 anos


conforme os dados do IBGE é de R$ 213,69/ano. Possui apenas uma agência
Bancária.
Pelo perfil descrito, Barreirinhas apresenta uma realidade
semelhante à de boa parte das comunidades interioranas brasileiras.
No aspecto cultural Barreirinhas possui um rico calendário de festas
populares, e manifestações como a Dança de São Gonçalo, o Bumba-meu-boi,
além dos festejos religiosos de Nossa Senhora da Conceição e de Santa Rita. A
cidade tem ainda um rico e variado artesanato feito à base de fibras de buriti,
barro, linha, dentre outros. Outro ponto de destaque é a culinária local, com pratos
à base de peixes e mariscos. No que concerne ao Patrimônio Histórico, a fazenda
Santa Cruz, construída no século XIX, a Igreja Matriz, localizada no bairro do
Cruzeiro, foi erguida no século XVIII, constituindo uma das mais antigas
edificações cristas do Maranhão e o Farol de Mandacaru são destaques locais.
(Araújo apud Calisto, 2003, p. 32).
No que concerne aos aspectos naturais da área urbana de
Barreirinhas – destaca-se o rio Preguiças, pertencente à Área de Proteção
Ambiental (APA), que se estende a partir da margem direita da foz do rio até o
delta do Parnaíba, e é conhecida como Pequenos Lençóis; sendo este rio o
principal meio de subsistência de inúmeras famílias, que vivem da pesca, o
mesmo é responsável por boa parte do abastecimento de água potável da
população barreirinhense e sem falar da importância para a comercialização de
produtos e para o transporte. Além do rio, podemos destacar os balneários dos
povoados circunvizinhos, que complementam os atrativos naturais da cidade.
Referente ao lazer, o rio preguiças propicia ao visitante a
contemplação de uma vegetação predominante em buritizais e de outras espécies
vegetais existentes a margem do rio. Ao longo do percurso do rio, existem também
pequenos vilarejos, constituídos por família de pescadores, que vivem em um
habitat simples, mas ao mesmo tempo aconchegante. Na suas margens pode ser
visualizado também a formação de pequenas dunas e “praias”(Ver figura 2
abaixo), uma pequena amostra do que pode ser visualizado nos Lençóis
Maranhense.
41

Figura 2 – Formação de pequenas dunas

Fonte: Arquivo de Crhis Souza

O principal atrativo de Barreirinhas é o Parque Nacional dos Lençóis


Maranhense, considerado como área especial de proteção ambiental, criado pelo
Decreto - Lei n° 86.060, em dois de junho de 1981. O PNLM possui uma extensão
de 155 mil hectares, ocupando três municípios: o de Barreirinhas, que compreende
dois terços da área, de Santo Amaro, com quase um terço, e Primeira Cruz, com o
restante (TSUJI,2004).
O acesso aos Lençóis ocorre através de veículos de tração nas
quatro rodas, devido aos caminhos serem longos e precários. Os passeios mais
conhecidos são os para as Lagoas “ Bonita, Azul, do Clone e Azul, em média os
passeios duram 4 horas.
O município de Barreirinhas é a principal porta de entrada para o
Parque Nacional dos Lençóis Maranhenses, até mesmo por possuir uma melhor
infra-estrutura em relação aos outros municípios que fazem parte também do
PNLM e pelas suas belezas singulares, tantos nos aspectos naturais quanto
culturais.
Por ser a principal porta de entrada para o PNLM, é o que mais sofre
com os impactos socioeconômicos. Principalmente após a abertura da Rodovia
MA- 402, que diminuiu de oito para três horas, o tempo de deslocamento entre
São Luís e Barreirinhas. Antigamente o acesso a esse município era bastante
difícil, pois as estradas que existiam eram de piçarras ou até mesmo constituídas
por um areal. Atrelado a isso a “descoberta” do PNLM pelo resto do pais e até
42

mesmo pelo mundo tem causado um rápido acréscimo no numero de visitantes na


região.
Diante das principais considerações a respeito de desenvolvimento
local, bem como aos impactos socioeconômicos da atividade turística e uma
sucinta apresentação das características sócio-culturais e econômicas de
Barreirinhas, faz-se necessário, agora, levantar os principais impactos
socioeconômicos do turismo praticado no município de Barreirinhas, a fim de
apresentar futuras contribuições para que sejam minimizados os impactos
negativos e maximizados os impactos positivos, colocando a realidade das causas
e conseqüências da pratica do turismo desordenado em Barreirinhas.

5 RESULTADOS E DISCUSSÕES

5.1 CENÁRIO DO TURISMO EM BARREIRINHAS

Realizou-se um estudo de campo, através de aplicação de


questionários, durante os meses de fevereiro e março de 2006, a fim de que
tivéssemos uma visão mais aprofundada acerca dos impactos socioeconômicos do
turismo em Barreirinhas. Dessa maneira, desenvolveram-se três modelos de
questionários, com perguntas abertas e fechadas, sendo colhidas opiniões e
percepções dos indivíduos ligados direta ou indiretamente à atividade turística
dessa região.
Dos 91 questionários, um foi destinado à Secretaria de Turismo de
Barreirinhas, abordando perguntas relacionadas às ações de gestão e
planejamento do turismo desenvolvido no município (APÊNDICE A); 10 foram
aplicados com os empresários, proprietários de pousadas e restaurantes da
cidade, levantando dados a respeito do perfil desses profissionais, quadro
funcional da empresa, além de informações sobre a atividade turística local
(APÊNDICE B); 50 foram distribuídos entre a comunidade de Barreirinhas, com
perguntas que elucidaram a respeito do envolvimento, benefícios e malefícios que
atividade proporciona (APÊNDICE C); e os outros 30 aplicados junto aos turistas,
43

elucidaram pontos como procedência, renda, ocupação, tempo de permanência,


bem como avaliação dos equipamentos e serviços turísticos de Barreirinhas
(APÊNDICE D).

5.1.1 Secretaria Municipal de Turismo em Barreirinhas

A Secretaria Municipal de Turismo exerce um papel importantíssimo,


no desenvolvimento do turismo, na verdade, ela funciona como órgão regulador da
prática do turismo no local em que ele é desenvolvido. Segundo MONTEJANO, o
município através do seu órgão regulador deveria seguir a seguinte linha: “[...] do
planejamento dos recursos e da oferta no que diz respeito a desenvolver política
econômica, social e culturalmente, o turismo conforme a demanda turística,
mediante projetos, programas e planos” (2001, p. 15).
O gestor conhecendo essas peculiaridades, passa a tratar o turismo
integrando-o ao conjunto macroeconômico, para que ela seja mais uma fonte de
renda para aquele município.
Para MONTEJANO (2001, p.15), o gestor deveria seguir os seguintes
eixos:
 Disposição de recursos e oferta e infra-estrutura
 Planejamento
 Gestão
 Fiscalização
 Controle
 Auxilio, prêmios, créditos e subvenções

Outra questão atinente a isso, é que o administrador público deve ter


consciência de sua responsabilidade, tanto com a comunidade, quanto com os
turistas, primando pela qualidade do trabalho de planejamento em prol do
desenvolvimento local.
44

Colocados os principais eixos da administração do gestor público


voltados para o turismo, fica viável agora um esclarecimento do atual papel da
Secretaria Municipal de Barreirinhas no desenvolvimento turístico da cidade.
Em entrevista realizada na Secretaria de Turismo de Barreirinhas,
averiguo-se que ela está passando por um processo de mudanças, segundo relato
do atual Secretário Turismo, o senhor Gilson Oliveira.
Questionando agora acerca das principais ações desenvolvidas pela
mesma para fomentar a atividade turística no município de Barreirinhas,
declararam ser responsáveis pela organização e realização dos principais eventos
da cidade, a exemplo do carnaval, e da vaquejada de Barreirinhas e também a
promoção e divulgação do destino em parceria com o governo do Estado do
Maranhão.
Consoante alegação do Secretário, “o governo do Estado tem
contribuído para o turismo de Barreirinhas principalmente através da promoção e
divulgação de suas belezas naturais nos principais veículos de comunicação do
país( jornais, revistas, televisão e internet) e também com participações em feiras
nacionais e internacionais”. Ademais segundo o Secretario de turismo “o governo
tem contribuído na realização de obras de pavimentação, a exemplo que vem
sendo realizado na Avenida Beira Rio, nas principais vias da cidade e também na
pavimentação de duas praças, a do Teleposto e a do Trabalho”; obras essas
incluídas no projeto Viva Barreirinhas, do governo do Estado, projeto este orçado
em R$ 2. 264,492,24 mil reais previsto para ser entregue no 2° semestre de 2006.
Outras melhorias vêm sendo desenvolvidas como a implantação da
Casa do turista, que funciona de acordo com o atual Secretário de Turismo: “como
um posto de informações turísticas, servindo também de espaço para reuniões das
associações de classe”, pois a mesma possuem um pequeno auditório
climatizado. Lá funcionará também a Secretaria de Turismo de Barreirinhas, que
atualmente está na Sede da Prefeitura Municipal.
É de conhecimento de todos que Barreirinhas vem recebendo um
grande fluxo de turistas vindo de todas as partes, principalmente após ser
lançando pela mídia, em novelas (Clone e da Cor do pecado), seriados, filmes,
revistas e jornais que propagaram o destino Barreirinhas a nível nacional. Desde
45

então ela não mais convive com a tranqüilidade dos pequenos interiores do
Maranhão.
Para tanto foi necessário à criação de um posto de fiscalização, que
controlasse a entrada e saída de visitantes. Esse posto é monitorado pela polícia
Ambiental e fica localizado na entrada da cidade. O posto foi inaugurado pelo
Prefeito da cidade, em 29 de março de 2006, data do aniversário de Barreirinhas.
Ele foi construído para atender a necessidade da comunidade autóctone, pois 14%
dos barreirinhenses se sentem inseguros com a entrada e saída de pessoas
estranhas.
Na verdade, Barreirinhas ainda não está preparada para receber
esse fluxo de turistas cada vez mais exigente, pois falta o mínimo que se pode
esperar de algo tão bem divulgado. A cidade convive ainda com sérios problemas
de esgoto, coleta de lixo, abastecimento de água, falha no recebimento de energia
elétrica, sujeira e acima de tudo a população que era ser a mais beneficiada,
acaba ficando a margem desse processo. Diante disso visualizamos o descaso por
parte dos poderes públicos em desenvolver o turismo naquele município.
Para KRIPPENDORF:

“O turismo só deve ser encorajado na medida em que


proporcionar à população local uma vantagem de ordem
econômica, antes de tudo, sob a forma de lucros e empregos.
Que a mesma tenha desejado que essa vontade seja de
natureza duradoura e não traga prejuízos aos outros
aspectos da qualidade de vida. As implicações de um projeto
( custo e benefícios econômicos, compatibilidades sociais e
ecológicas) devem ser bem esclarecidas antes da execução”
( 2001, p. 146).

É notório que o município de Barreirinhas não passou por nenhum


dessas etapas, mas não é diferente do que acontece com grande parte dos
destinos turísticos, principalmente em paises que se encontra em fase de
desenvolvimento. Desse modo destinos são lançados por aventureiros, que não
tomam medidas preventivas, mas sim reativas, ou seja, espera primeiro o
problema acontecer para depois tomarem decisões, a exemplo do que aconteceu
em Barreirinhas que depois que uma pousada foi assaltada por turistas, a
comunidade não estava mais se sentido mais segura com a entrada de visitantes,
46

portanto foi necessária a construção de um posto que fiscalizasse a entrada e


saída de visitantes para tentar coibir esses crimes.
Outro ponto falho está na carência de profissionais qualificados na
área, o que impulsiona a contratação de mão-de-obra leiga e despreparada. Em
virtude dessa falta de qualificação a população acaba sujeitando-se a empregos
inferiores, muitas das vezes atuando como trabalhadores sem carteira assinada,
conforme comprovação da pesquisa realizada, quando 60% dos entrevistados são
trabalhadores que não possuem carteira assinada.
Nesse âmbito, segundo o atual Secretário, Gilson Oliveira, a
Secretaria de turismo, vem desenvolvendo cursos de capacitação em parceria com
o Serviço Nacional de Aprendizagem Comercial – SENAC, promovendo
treinamentos e também na oferta de cursos de inglês. Além do mais a Secretaria
recebe incentivo do Ministério de Turismo, na promoção de cursos educativos e de
sensibilização tanto para o trade Turístico quanto para a população. Citando como
exemplo o “Brasil, meu negócio é Turismo” com carga horária de 40 horas,
cubstanciado no ano de 2006.
Segundo o atual Secretário de Turismo, Gilson Oliveira, comentou:
“que o Ministério de Turismo irá desenvolver um curso de formação de Guia de
Turismo com duração de 6 meses” , pois Barreirinhas não possui ainda guias de
turismo, mas condutores turísticos devido, sobretudo, tanto pelas dificuldades
impostas pela lei quanto pela sua própria falta de qualificação. Essa iniciativa de
formação de Guias de turismo é essencial para fomentar a oferta turística de
Barreirinhas, uma vez que vem regularizar a pratica desses serviços, evitando
também a presença de condutores despreparados que se encontram atuando sem
nem mesmo terem sido condicionados para passarem informações. Na verdade,
muitos desses condutores são menores, que deixam de freqüentar as aulas para
se aventurarem num mercado competitivo, sujeitando-se a ganhar pequenas
remunerações pelos serviços prestados à terceiros( hotéis, pousadas e agências).
De fato, a falta de fiscalização por parte dos órgãos competentes em coibir as
ações dos mesmos é preocupante, visto que isso pode vim a sim tornar um
aspecto negativo para aquela cidade.
No que diz respeita à fiscalização ambiental, a Secretaria do Meio
Ambiente em parceria com o IBAMA, realizam a vigilância ambiental da cidade e
47

dos Lençóis Maranhenses. Todavia, essa vigilância só fica na teoria, porque na


pratica reside a nítida falta de controle ambiental nos meios visitados, pois a
cidade e os Lençóis convivem com lixos espalhados como latas, sacos, restos de
comida, entre outros que poluem diretamente o rio Preguiças, as dunas e a
vegetação. Na verdade falta uma conscientização por parte dos visitantes,
condutores e a própria população em se sensibilizarem para preservação do
ambiente. A falta de sinalização turística, identificando a conduta certa, também
facilita esse desrespeito para com o meio.
O descaso é tanto, que existem construções de equipamentos
hoteleiros e residência às margens do rio Preguiças, um local que deveria ser
preservado, pois é responsável pelo abastecimento da população barreirinhense e
povoados circunvizinhos. Inexplicavelmente são feitas concessões por parte do
IBAMA e demais órgãos competentes para tais construções que comprometem “a
qualidade da água e danificam as matas ciliares, prejudicando a dinâmica desse
rio com lançamento de esgoto em grandes proporções, destruindo, provavelmente,
locais de preservação permanente no entorno e no próprio PNLM” (SILVA, 2004,
p. 53).
Diante dessas alegações levantadas, confirma o despreparo da
Secretaria em desenvolver o turismo naquela cidade, comprovando assim a
resposta dada por 72% da comunidade e 74% dos visitantes afirmando estarem
descontentes com a forma que o turismo vem sendo desenvolvido, ou seja, sem o
devido planejamento. A partir dessas alegações supracitadas , é que se pretende
contribuir para o desenvolvimento do turismo sustentável em Barreirinhas, em que
os limites possam ser respeitados havendo a contribuição tanto da comunidade
anfitriã, quanto dos poderes públicos.
48

5.1.2 A percepção dos Empresários do setor turístico de Barreirinhas

O empresariado exerce um papel fundamental no processo


dinamizador da economia local, pois impulsiona a geração de renda e emprego.
Portanto, percebe-se a necessidade de levantar alguns pontos que serão
essenciais para esse estudo.
O primeiro ponto tratado concerne sobre a origem dos empresários.
Constatou-se, de acordo com o gráfico 1 exposto abaixo, que a maioria dos
empreendimentos turísticos da cidade de Barreirinhas são de pessoas da
comunidade, sendo representado por 50%. Esse percentual retrata a participação
da comunidade no setor empresarial, ainda que, sejam formadas por estruturas de
pequeno e médio porte, geralmente organizados pelos próprios familiares. E 30%
formados pelos empresários originários de outros estados, principalmente dos
estados de São Paulo e Ceará. E o restante, 20% são de outros municípios como,
São Luís, Paulino Neves e outros.

Gráfico 1: Origem dos Empresários do setor turístico de Barreirinhas

0%
30%
Barreirinhas

Outo Município

Outro Estado
50%
Outro Pais

20%

Quanto ao nível de instrução dos empreendedores de Barreirinhas


verificou-se: que 60% dos entrevistados possuem o Ensino médio, 30% tem o
ensino superior e somente 10% possuem o Ensino fundamental, conforme
comprovação no gráfico 2. Diante disso, examinou-se que boa parte dos
empresários de Barreirinhas são pessoas instruídas, que é um aspecto positivo.
49

Gráfico 2: Nível de instrução dos Empresários

30% 10%
Ensino
Fundam ental

Ensino Médio

Ensino Superior
60%

Com relação à idade dos empreendedores do setor turístico de


Barreirinhas, detectou-se que 40% dos entrevistados estão na faixa etária de 41 a
50 anos, 30% entre 31 a 40 anos, 20% acima de 50 anos e o restante 10% de 20
a 30 anos. Comprovando aqui, que a maioria dos empresários de Barreirinhas são
composta por pessoas maiores de 40 anos, conforme evidencia o gráfico 3.

Gráfico 3: Faixa Etária dos empresários do setor turístico de Barreirinhas

10%
20% De 20 a 30 anos
Outo Município
31 a 40 anos

30% 41 a 50 anos

Acim a de 50
anos
40%

Uma outra questão é quanto ao tempo de funcionamento das


empresas do setor turístico de Barreirinhas (VER GRÁFICO ABAIXO). Constatou-
se que do universo dos entrevistados, 60% das empresas tem o tempo de
funcionamento de 1 a 4 anos, 20% mais de 5 anos e 20% menos de 1 ano,
comprovando aqui, que o setor ainda continua em crescimento e expansão. Essas
empresas existentes a menos de 4 anos foram motivadas principalmente após a
50

construção da MA 402, que nesses últimos anos tem proporcionado o crescimento


socioeconômico deste local.
Gráfico 4: Tempo de funcionamento das Empresas

20%
20%
Menos de 1 ano

1 a 5 anos

Mais de 5 anos

60%

Ao analisar o que despertou o interesse dos empresários em abrir


sua empresa nesta cidade, de acordo com o gráfico 5, verificou-se que 40% foram
motivados pela pouca concorrência, pois como constatou a pesquisa a maioria
abriram seus negócios após a construção da MA 402. Identificou-se também, que
30% dos entrevistados foram motivados pelos lucros promissores, principalmente
pelo marketing excessivo que vem sendo desenvolvido durante esses quatro anos.
Um outro fator motivador diz respeita a facilidade na instalação, sendo este fator
apontado por 20% dos interrogados. Esse ultimo percentual é justificável, pois
segundo a pesquisa realizada pela bacharel de turismo, Polyana Rocha, detectou-
se que dessas empresas existentes em Barreirinhas 51% são constituídas por
empresas informais, incentivadas sobretudo pela falta de fiscalização. Segundo
ROCHA esse “[...] é um dado alarmante, principalmente ao se refletir quanto à
sociedade perde, pois o dinheiro que não é arrecadado através dos impostos
deixa de ser investido na educação, saúde e na infra-estrutura da cidade” (2005, p.
69).
Gráfico 5: Motivos que levaram o empresariado em abrir seus negócios

10%
Pouca
20% 40% concorrência
Os lucros
promissores
A facilidade na
instalação
Outro
30%
51

Um outro fator relevante diz respeita à margem de lucro,


constatando-se que 60% do empresariado Barreirinhense obtêm retorno abaixo do
esperado, demonstrando aqui a insatisfação dos mesmos. Por o turismo sofrer
com a sazonalidade, muitos desses empresários destacaram que na baixa
temporada o lucro é praticamente inexistente, e muitos desses chegam até fechar;
principalmente pela falta de incentivo e de ações que revertam esse quadro. E
30% dos empresários obtêm pouca margem de lucro mantendo a empresa com
muitas dificuldades, isso é justificável segundo SEBRAE, pelo fato de elas não
possuírem grandes estruturas tecnologias, falta de capital de giro, de dinheiro para
investimentos e os créditos que estão disponíveis serem atrelados a altas taxas de
juros, carga tributária, falta de conhecimentos gerenciais, ponto inadequado,
problemas com a fiscalização e outros. Todavia, apesar das dificuldades 10%
ainda conseguem obter bons lucros acima do esperado, é o se verifica no gráfico
6.
Gráfico 6: Margem de Lucro das empresas

Obtém bons
lucros, acim a do
10% esperado

Obtém pouca
m argem de
lucro
30%
Obtém retorno
60% abaixo do
esperado

Agora perguntando sobre os benefícios que as empresas do setor


turístico de Barreirinhas proporcionam a comunidade autóctone, verificou-se que
60% dos interrogados apontaram como principal beneficio a geração de emprego
e 20% disseram que beneficiam a comunidade na compra de produtos no
comercial local, e o restante 10 % responderam que favorecem negociando com
pescadores e agricultores locais. Essa preocupação com o retorno desses
benefícios à comunidade local torna-se essencial, pois demonstra que eles estão
começando despertar-se para as questões sociais, entendo que os mesmos
52

(população) são peças fundamentais para permanência do fluxo de turistas.


(Gráfico 7).

Gráfico 7: Benefícios que as empresas oferecem à comunidade local

10% Oportunidade de
emprego

Comprando
produtos no
comércio local

Negociando com
pescadores e
30% 60% agricultores

Outro aspecto ressaltante da pesquisa é em relação à preservação,


onde 70% dos empresários estão preocupados com a preservação do meio
ambiente apesar de ainda não terem recebidos uma forte sensibilização por parte
dos órgãos competentes (VER GRÁFICO 8).

Gráfico 8: Preocupação do empresariado com a preservação

30%

Sim Não

70%

De fato, falta uma maior fiscalização por parte do poder púbico em


verificar tais impactos ao meio ambiente. E também, em dar um maior incentivo a
essas empresas, auxiliando na educação para o meio ambiente e capacitando-as
para prestarem serviços de boa qualidade que tragam retorno para as próprias.
53

5.1.3 Considerações da comunidade sobre o crescimento turístico

Barreirinhas, antes da atividade turística, vivia principalmente da


agricultura de subsistência, caça, pesca, e da exploração de produtos naturais.
Hoje, com o crescimento do turismo, muitos familiares abandonaram suas lavouras
para adentrarem na atividade turística. Entretanto, a vontade dos autóctones, por
melhores condições de vida, não são atendidas.
Na verdade os autóctones “[...] nunca puderam participar na
qualidade de parceiros de fato; com exceção de uma pequena minoria: os mais
espertos, os mais hábeis, a nata” (KRIPPENDORF, 2001, p 69). Todavia essa
inserção encontra dificuldades, por exemplo, o turismo na sua maioria “[...] penetra
em regiões rurais nas quais as condições de vida são piores e o grau de educação
da maioria dos habitantes é mais baixo do que nas cidades” (idem, 2001, p 68). E
em Barreirinhas, a questão educacional não é diferente conforme demonstra o
gráfico 9.
Gráfico 9: Nível de instrução da Comunidade Autóctone

0%
2% 4%
16% 16% Nunca estudei
Ensino Fundamental completo
Ensino Fundamental incompleto
Ensino Médio completo
Ensino Médio incompleto
Superior completo
Superior incompleto
20%
34%

No intuito de avaliar a percepção da comunidade autóctone de


barreirinhas sobre os impactos socioeconômicos do turismo ocorridos nos últimos
anos foi necessário, primeiramente, conhecer o tempo de moradia dos
entrevistados, pois esta informação mostraria sua percepção, já que vivenciaram o
período “pré-turismo” e, consequentemente, perceberiam as modificações que os
investimentos neste setor têm trazido à cidade. É o que demonstra o gráfico 10.
54

Gráfico 10: Tempo de moradia Comunidade Autóctone

10%
18%
1 ano

2 a 5 anos

6 a 10

64% Mais de 10 anos


8%

Um fator relevante, referente à pesquisa realizada, demonstra que do


universo dos entrevistados, 70% exercem alguma atividade profissional, conforme
comprovação no gráfico 11 (VER GRÁFICO ABAIXO). Todavia, dentre esses,
somente 40% possuem carteira assinada; os demais são trabalhadores que não
possuem esse benefício. Identificamos também que desses 70%, só 18% são
personagens diretos da área do turismo, os demais só participam indiretamente,
pois considerando os múltiplos serviços ligados ao turismo, este seria um fator
inevitável. Ademais, esses personagens exercem na sua grande maioria,
atividades “[...] não qualificadas e [...] socialmente desfavorecidas, como trabalhos
efetuados nos bastidores dos hotéis, sejam nas cozinhas ou nos quartos”
(KRIPPENDORF, 2001, p.72).
Gráfico 11: Percentual de empregados

30%

Sim

Não

70%

Do universo pesquisado, 96% respondem de forma positiva quando


questionados sobre a importância do turismo, conforme comprova o gráfico 12
(VER GRÁFICO ABAIXO); isso é justificável por DOXEY (apud Cooper et al, 2003,
p. 209), pelo primeiro nível que os mesmos se encontram, que é o de “euforia”.
55

Outro fator relevante a cerca da importância do turismo é quando 54% dos


entrevistados concordam que o mesmo é um gerador de emprego. “Eles admitem
as vantagens que decorrem do turismo [...] mas também ressaltam
frequentemente os inconvenientes como as perturbações múltiplas e os atentados
ao meio ambiente” (KRIPPENDORF, 2001, p 70-71). É o que alega M. R., 41 anos
nativa da região “os turistas chegam, mas não se preocupam com a limpeza da
cidade, acabam jogando lixo nas ruas e no rio”. Isso constitui uma resultante da
prática do turismo massivo, justificado por:

“Muitas das convenções e repressões impostas aos turistas na


região em que eles vivem deixam de existir quando eles visitam
outra região, e em conseqüência disso seu comportamento moral
pode se deteriorar sem que haja censura” (Cooper e Brian, 2002,
p.94).

Gráfico 12: Grau de importância do turismo de acordo com a população

2%
2% 2%
38% Extremamente importante
22%
Muito importante

Importante

Um pouco importante

Não muito importante

Sem importância

34%

Perguntando se a comunidade local está sendo beneficiada com o


turismo, 48% concordam totalmente com essa vertente, podendo-se afirmar que
a grande parte dos interrogados já tomaram consciência da importância do
turismo como fator de desenvolvimento local. É o que se observa no gráfico 13
(VER GRÁFICO ABAIXO).
56

Gráfico 13: Opinião da Comunidade sobre a ação benéfica do turismo

4%
6% Concordo totalmente
16% Concordo
Nem concordo, nem discordo
Discordo

48% Discordo totalmente

26%

Em relação aos pontos positivos da atividade turística na vida dos


barreirinhenses, 34% apresentaram que a cultura está sendo mais valorizada. Isso
é justificável, pois “[...]o crescimento do turismo em tais áreas pode fornecer
também um incentivo monetário para a continuidade de muitos artesanatos
artísticos locais” ( Archer e Cooper, 2002, p. 88). E também para resgate de
culturas que estavam esquecidas, que passam a ser mais valorizadas tanto pela
comunidade local quanto pelos turistas. É o que demonstra o gráfico 14 (VER
GRÁFICO ABAIXO).
Gráfico 14: Efeitos positivos do turismo na vida do autóctone

34% Nenhum
35%
30% 26% Está mais fácil conseguir
emprego
25%
20% Conheci novos costumes
20%
16%
15% Está mais barato viver
em Barreirinhas
10% 8%
Ganho mais dinheiro
5% 2%
A cultura está mais
0%
valorizada

Outro ponto atinente a esta questão, diz respeito à geração de


emprego e renda, dos entrevistados: 26% apresentaram que está mais fácil
conseguir emprego e 16% alegam que com o turismo ganham mais dinheiro Isso é
57

notável, pois “[...] o dinheiro ganho em outras regiões é gasto dentro da região
anfitriã, gerando um aumento da receita das empresas, dos empregos, da renda e
da receita do governo local”( idem, 2002, p.87). É bem verdade que um dos
benefícios do turismo está no fato de imprimir novo fôlego à economia dessas
localidades, pois ele movimenta amplos setores da economia, tanto diretamente
quanto indiretamente, o que ocasiona um aquecimento no comércio local,
Conforme comprovação no gráfico 15 (VER GRÁFICO ABAIXO).

Gráfico 15: Efeitos positivos do turismo na sua cidade

A cidade está mais limpa


40%
38%
Melhoria das instalações sanitárias
35%
Melhoria da estrutura da cidade
30%
24% Comércio possui mais lojas
25%
Melhoria no sistema de transportes
20%
16%
Melhoria no setor de saúde
15% 12% 12%
10%10% O ambiente natural passou a ser
8% preservado
5% 4% Nenhuma

0% 0% Outros

Segundo os moradores, a principal mudança apontada foi o


crescimento do número de lojas: 38% dos entrevistados alegaram que o comércio
de Barreirinhas possui mais lojas. Isso é algo esperado, pois para atender às
necessidades dos turistas, o mercado precisou se diversificar. Nesta condição,
atualmente, foi preciso abrir novos investimentos, logo a localidade em questão
dispõe de artigos e serviços que antes do período “pré-turismo” não possuía. É a
mesma circunstância da melhoria da infra-estrutura da cidade, escolhida por 12%
dos entrevistados.
Uma outra importante contribuição foi a melhoria do sistema de
transporte, devido ao incremento das vias de acesso, caso da construção da MA-
402 que reduziu de oito para três horas o tempo de viagem até São Luís, capital
do Estado do Maranhão. Essa é a opinião de 24% da população, entendendo-se
58

aqui como melhoria, a disponibilização de novos meios de transporte como táxi,


moto-táxi e vans, contribuindo assim para o desenvolvimento do direito “de ir e
vim” do cidadão. Pois antes da construção da MA-402, poucos eram os veículos
que se aventuravam a transitar nessa estrada.
Considerados os impactos positivos, o turismo também é
compreendido por impactos negativos, principalmente onde ele se desenvolve
deliberadamente sem respeitar os “princípios do turismo sustentável”. Se, por um
lado, o turismo traz investimentos e imprime o desenvolvimento local, por outro,
promove conseqüências adversas. Isso se deve em grande grau à exaltação
equivocada dos benefícios econômicos que atividade implica aos destinos em que
ocorre à crise no próprio conceito de desenvolvimento e à adoção de modelos
inadequados de desenvolvimento turístico.
O despreparo do trade e dos órgãos competentes para o
desenvolvimento do turismo tem sido considerado pelos estudiosos como o
principal entrave para o desenvolvimento harmônico do turismo. Portanto, precisa
ser revisto os custos e benefícios da atividade e, principalmente onde a
comunidade está sendo inserida nesse processo. Todavia, muito pouco é debatido
e exposto à comunidade a respeito ”[...] das eventuais repercussões negativas,
falando-se apenas do lucro, de trabalho e de melhor qualidade de vida [...]”
(KRIPPENDORF, 2000, p.69).
A ânsia de garantir resultados econômicos em curto prazo, até
mesmo iludidos pelas facilidades de crescimento; os governos e também a
iniciativa privada lançam mão de todos os incentivos e publicidade para induzirem
e incrementar a atividade turística na região. Mesmo que isso represente custos
sociais altos de longo prazo, em decorrência da falta de planejamento adequado,
bem como de seus resultados sobre a comunidade. Para isso, é que se precisa
discutir os males ocasionados pelo turismo, como forma de identificar os pontos
que precisam ser trabalhados e combatidos e evitados na destinação.
O destino turístico Barreirinhas não foge à regra. Após a construção
da MA-402, Barreirinhas tem sido alvo de um marketing demasiado, tanto por
parte da esfera nacional, quanto estadual sem ter sido preparada para receber o
atual fluxo de turistas, que tem se tornado freqüente nesse município. Isso
acontece justamente pelas ações serem tomadas de fora para dentro, ao contrário
59

de surgir de dentro para fora. Por falta desse alicerce, a cidade vem sofrendo as
conseqüências.
O primeiro ponto a ser levantado como insatisfação vista por seus
habitantes, ainda é o aumento dos preços dos produtos, apontado quase de forma
esmagadora, por 64% dos entrevistados, correspondendo conforme comprovação
no gráfico 16 (VER GRÁFICO ABAIXO). Isso porque, em geral, existe uma grande
demanda por produtos, somado ao nível econômico dos turistas. Eles “[...] têm
sempre uma capacidade de gastar mais que os residentes, seja porque dispõem
de um poder aquisitivo maior, seja porque poupam para as viagens e sentem
maior inclinação para isso, por estarem gozando situação de férias”. (LAGE e
MILONE, 2000, p. 127). Os habitantes com menor poder aquisitivo, na sua maioria
pais de família que subsistem principalmente de atividades baseadas no setor
primário, pagam preços superfaturados por mercadorias e serviços básicos, como
alimentação, habitação, transporte e outros, devido ao turismo.
O aumento não ocorre somente nos produtos e serviços, mas
também nos preços dos terrenos, essencialmente os que ficam próximo ao rio
Preguiças. A especulação imobiliária se torna um fator preocupante, uma vez que
os proprietários das terras não têm a consciência da importância do valor dos
terrenos. ARCHER e COOPER retratam como o aumento dos preços dos terrenos
afeta de forma significativa a população local:

“Os donos de terra locais são incentivados a vender a sua


propriedade, e o resultado é que, embora possam obter ganhos a
curto prazo, no final a única coisa de que eles dispõem é de seu
trabalho de baixa remuneração. Na verdade a maior parte do
beneficio decorrente da elevação dos preços da terra é recebida
pelos especuladores, que compram a terra dos proprietários
anteriores antes de ela ter sido designada para um
empreendimento turístico”( 2002, p.88).

Isso é retratado quando 30% dos entrevistados, apontam este fator


como uns dos efeitos negativos que a atividade turística impõem, exposto no
gráfico a seguir.
60

Gráfico 16: Efeitos negativos do turismo na cidade

70% A cidade está mais suja


64%
Aumento na crimilidade
60%
Aumento dos preços dos produtos
50%
Aumento nos preços dos terrenos
40% 30
% Aumento da prostituição
30% 26%
22% 26% Aumento do número de habitantes
20%
14% Perda de espaços de lazer
10% 8%
4% Nenhuma
0%
0%
Outros

A venda de propriedades é uns dos fatores mais preocupantes do


processo de marginalização. Os moradores liquidam seus recursos ao se desfazer
de suas posses, sem se dar conta de que estão perdendo, cada vez mais, a
própria independência. Vedem os terrenos a preços baixíssimos a terceiros,
deixando escapar das mãos o trunfo mais importante na luta pelo controle do
desenvolvimento econômico.
Em Barreirinhas é comum acontecer isso, assim como em outras
localidades que estão sendo descobertas pelo turismo. Essa conseqüência é
sofrida em menor ou em maior proporção, dependendo da força que a comunidade
local tem no poder das decisões. Os barreirinhenses, por ainda não terem o
controle no poder de decisão, acabam sendo prejudicados por não ter sido ainda
conscientizados de tal importância. Essa conscientização deveria partir das
lideranças públicas, que deveriam sensibilizar a população local da importância do
controle da terra. Muitas vezes, a situação chega ao ponto em que o preço dos
terrenos e alugueis pelos estrangeiros são tão elevados que um autóctone não
pode mais se dar o luxo de morar na própria comunidade. ( KRIPPENDORF,2001,
p. 2001).
Ao lado dessa marginalização, alguns moradores, 26% dos
entrevistados, constataram o aumento da prostituição de mulheres e adolescentes
ocasionadas pela massificação do turismo. Algumas mulheres, desprovidas de
61

recursos financeiros e pela falta de empregos, procuram na prostituição o seu


único sustento.
As demais implicações negativas levantadas demonstram também a
ausência de planejamento turístico, sendo este fator levantado por 72% do
universo dos entrevistados, colocando que o turismo está sendo realizado de
forma mal planejada, principalmente no que tange ao controle dos impactos
ambientais. É o que se verifica no gráfico 17 (VER GRÁFICO ABAIXO).

Gráfico 17: A opinião da Comunidade quanto ao planejamento do turismo

28%
Sim

Não
72%

Apesar do despreparo, tanto das lideranças políticas quanto da


comunidade, Barreirinhas vem mostrando modificações benéficas. O retrato disso
foi a inauguração do posto de fiscalização, localizado na entrada da cidade,
monitorado pelo policiamento ambiental com intuito de fiscalizar a entrada e saída
de visitantes e também para cuidar da segurança da cidade. O relato de M. F., 50
anos, comprova o medo da população com a “entrada de pessoas desconhecidas
que não sabemos de fato o que vieram fazer na nossa cidade”. Então para
diminuir essa insegurança e a desordem que muitos moradores apontaram como
ponto negativo em relação à entrada de visitantes, foi construído esse posto.
Apesar dos impactos negativos gerados pela atividade turística, os
moradores acreditam na possibilidade de o setor proporcionar melhores condições
de vida. Apontam na pesquisa que com o turismo ganham mais dinheiro, está mais
fácil conseguir emprego e conhecer novos costumes. Entretanto 20% dos
entrevistados não observaram nenhuma melhoria na sua vida com a expansão do
turismo, prova de que o turismo injustamente, relega algumas camadas da
sociedade.
62

A percepção do autóctone é importantíssima nesse cenário de


desenvolvimento do turismo, por isso foi realizada uma enquete, perguntando
sobre o que gostariam que melhorasse em sua cidade. Foram levantados vários
termos relevantes, tais como, melhoria na infra-estrutura da cidade, com a
pavimentação das ruas e avenidas e a criação de novos espaços de lazer. O relato
de R.M, 39 anos, retrata muito bem essa constatação quando coloca como
melhoria “ a limpeza, a estrutura em geral (saúde, lazer e moradia) e também a
criação de ambientes dançantes, mais agradáveis para o turista freqüentar”. Além
disso, os demais interrogados gostariam que existissem mais oportunidades de
emprego e que também fossem realizados mais cursos profissionalizantes com a
comunidade. Isso não é percebido somente em Barreirinhas, mas em grande parte
dos municípios interioranos do Brasil, onde os jovens estão à procura de
empregos cada vez mais cedo.
Por conseguinte, apresentaram ainda a necessidade de que eles têm
de morar num ambiente mais limpo, mais organizado, ou seja, “ mais digno”. Para
isso, vêm sendo tomadas medidas para reverter esse quadro. Umas das
modificações mais recentes é o que está sendo realizado pelo governo do Estado
do Maranhão, que é a urbanização da avenida Beira Rio, das principais vias e das
duas praças, a do Teleposto e a do Trabalho.
Harmonizar o desenvolvimento turístico não depende só das
lideranças políticas, mas principalmente da própria comunidade que deve estar
ciente de seus direitos e deveres como cidadãos barreirinhense, que é de
participar de todos os estágios do processo de implementação da atividade.
Havendo então um diálogo constante entre ambos, através das associações,
lideres comunitários, ouvidores, entre outros. Destaca-se aqui o planejamento
participativo, defendido por muitos estudiosos, tornando, assim, a própria
comunidade ciente do seu papel mediador, tendo a mesma consciência dos
impactos positivos e negativos do turismo. Sendo essa uma ação “pro – ativa” para
maximizar os efeitos positivos e minimizar os efeitos negativos, já debatidos em
capítulos anteriores.
63

5.1.4 A percepção dos visitantes de Barreirinhas

A percepção do turista sobre a qualidade das prestações de serviços,


bem como sua opinião a respeito do desenvolvimento do turismo numa
determinada localidade é de suma importância para se avaliar á atividade turística
que vem sendo desenvolvida nesse destino turístico.
Para tanto, foi necessário à aplicação de questionários que
avaliassem a percepção dos turistas sobre o tipo de turismo que vem sendo
desenvolvido no município de Barreirinhas.
No primeiro ponto desse questionário, verificou-se a procedência dos
visitantes, constatando que 60% dos visitantes entrevistados provêm da Região
Nordeste, sendo que 37% deste quantitativo são visitantes provenientes de São
Luís e de outros municípios Maranhenses; confirmando, assim, que a maior
demanda para Barreirinhas é interna. A outra parte, 23% dos nordestinos provêm
principalmente dos estados do Ceará e Bahia. Constatou-se também que o público
de 27% dos entrevistados provêm da região Sudeste, advinda principalmente do
estado de São Paulo. E o restante, 13% dos entrevistados, são da região Norte e
Centro-Oeste, que são ainda um grupo muito pequeno de freqüentadores de
Barreirinhas. É o que demonstra o gráfico 18 (VER GRÁFICO ABAIXO).

Gráfico 18: Procedência dos turistas

13%

27%
Sudeste

Nordeste

Outros
60%

Uma outra questão diz respeito à ocupação profissional dos


entrevistados, de acordo com a exposição vista no gráfico 19 (VER GRÁFICO
ABAIXO). Do universo dos entrevistados, 60% são profissionais liberais, 30% são
64

funcionários públicos e 10% são empresariais, confirmando que Mário Beni( 2000,
p.420) considera como típicos personagens do turismo massivo “[...] os estratos
que formam a classe média, incluindo-se aí os profissionais liberais, funcionários
categorizados, empresariais e públicos que desfrutam de relativa disponibilidade
de meios econômicos financeiros”. Findando mais uma vez, a modalidade de
turismo que vem sendo desenvolvida nesta cidade.

Gráfico 19: Ocupação dos visitantes

10%

Profissionais liberais

Funcionários Públicos
Empresariais

60%
30%

No que concerne à renda dos visitantes, conforme o gráfico 20 (VER


GRÁFICO ABAIXO), constatou-se que 33% dos interrogados possuem renda
variando de um a quatro salários mínimos e o restante 67% possuem mais de
cinco salários mínimos, comprovando que o público que freqüenta a cidade de
Barreirinhas é formado na sua grande maioria por uma classe média alta, portanto
possuidora de um grande poder aquisitivo.

Gráfico 20: Renda dos visitantes

23%
33% 1 a 4 salários mínimos
5 a 8 salários mínimos
9 a 12 salários mínimos
Mais de 12

17% 27%

Todavia, esse quadro se torna preocupante, uma vez que a


população residente de Barreirinhas possui uma renda média per capita de
65

R$ 213,69/ano, segundo os dados do IBGE, 2001. Essa discrepância entre os


visitantes e a comunidade traz várias conseqüências, uma delas é a especulação
no aumento dos preços dos produtos, terrenos e serviços já citados anteriormente.
Na verdade, os autóctones na sua maioria são os mais prejudicados com essa
prática de turismo, entrando aí como reserva de mão de obra, e não mais dona da
própria casa, devendo arcar com os custos sociais gerados pelo desenvolvimento
do turismo (KRIPPENDORF,2001, p. 80).
Outra questão levantada foi quanto ao tempo de permanência no
núcleo receptor. Verificou-se que mais da metade da demanda fica por, no
máximo, dois dias em Barreirinhas. Isso é justificável, pois na atividade turística
massiva ocorre a “[...] permanência menos prolongada nos núcleos receptores
visitados” (BENI, 2000, p.421). É o que se verifica no gráfico 21.

Gráfico 21: Tempo de permanência dos visitantes

17% 3%
Até 2 dias

De 3 a 5 dias

Mais de 5 dias

80%

Ao analisar a percepção dos mesmos sobre os roteiros que são


praticados no núcleo receptor, visualizou-se que 83% dos entrevistados aprovaram
os roteiros que são vendidos pelo trade turístico na região dos Lençóis
Maranhenses. Na opinião de J.M, cearense , 26 anos, “ o roteiro turístico utilizado
foi satisfatório pelo critério custo benefício”. Essa resposta nos remete ao gráfico
22, no qual se constata o grau de satisfação dos turistas no que concerne aos
preços cobrados pelas prestadoras de serviços voltados para o turista. Entretanto,
existe ainda uma parcela desses visitantes, 43%, que não aprova os preços que
são cobrados nas prestações de serviços voltados para os visitantes (restaurantes,
hotéis, pousadas, entre outros). Esse percentual se torna preocupante, uma vez
que o visitante se sente lesado pelos abusos que são cometidos conta ele,
66

tornando assim um fator negativo na sua viagem. Para isso é que os órgãos
competentes têm que agir junto ao trade turístico para sensibilizá-los enquanto aos
preços que devem ser cobrados, devendo ter uma ação conjunta entre ambos com
reuniões periódicas e com pesquisas de mercado, a fim de que sejam prestados
serviços de boa qualidade e por preços “justos”.

Gráfico 22: Grau de satisfação dos visitantes em relação aos preços cobrados

43% Sim

Não
57%

Perguntando agora a respeito dos aspectos positivos visto pelos os


turistas na cidade, 73% dos visitantes apontam como principal aspecto positivo as
belezas naturais de Barreirinhas, conforme comprovação no gráfico 23 (VER
GRÁFICO ABAIXO). Na verdade as belezas naturais continuam sendo principal
aspecto motivador da demanda de turistas que freqüentam o município de
Barreirinhas, chegando às vezes até recompensar a falta de infra-estrutura do
município para receber os turistas.
Gráfico 23: Opinião do visitante sobre os aspectos positivos da cidade

80% 73% Bom atendimento nos


70% estabelecimentos
Boa estrutura turística
60%
50% Preços acessíveis
40%
As belezas naturais
30%
20%
20% Nenhum
10%
10% 7%
Outro
0% 1%
0%
67

Em decorrência da exuberante beleza natural que os turistas


encontram nessa destinação, acaba-se atingindo um considerável numero de
satisfeito, pois 73% dos visitantes pretendem vim mais vezes a cidade de
Barreirinhas, conforme comprovação no gráfico 24 (VER GRÁFICO ABAIXO).

Gráfico 24: Pretensão de retorno do Visitante à cidade

27%

Sim

Não

73%

Essa pretensão de retorno é motivada também pela boa


receptividade da população barreirinhense, consoante comprovação no gráfico 25,
em que se constatou que 70% dos visitantes estão satisfeitos com a hospitalidade
da população de Barreirinhas. Isso é justificável, pois a comunidade autóctone de
Barreirinhas convive ainda num estágio de euforia, defendido por DOXEY em
capítulos anteriores como o primeiro nível de desilusão dos anfitriões com os
turistas. E uma das conseqüências desse nível, é boa receptividade da
comunidade para com os visitantes, pois entendem que os mesmos trazem
desenvolvimento para sua cidade.
Gráfico 25: Opinião do visitante em relação à hospitalidade

Concordo totalmente
3% 0%
27% Concordo
27%
Nem concordo, nem
discordo
Discordo

Discordo totalmente
43%

Perguntando sobre os aspectos negativos da cidade de Barreirinhas,


de acordo com o gráfico 26 (VER GRÁFICO ABAIXO), 60% dos entrevistados
68

apontaram como principal aspecto negativo a estrutura turística, que ainda deixa
muito a desejar. Um outro fator preocupante levantado por 30% dos visitantes é a
sujeira. Visualmente o município não agrada, pois o mesmo convive ainda com
obras tardias de saneamento básico e calçamento que vêm ocorrendo nos últimos
meses, poeira e lama dominam nas principais ruas e avenidas da cidade. Esses
aspectos negativos não são somente levantados pelos visitantes, mas também
pela própria comunidade autóctone, já citado anteriormente.

Gráfico 26: Opinião do visitante sobre os aspectos negativos da cidade

60% Sujeira
60%

50% Mau Atendimento

40%
Falta de informaçoes
30% Turísticas
30% 27%
20%
A estrutura turística deixa
20% a desejar
10% 10% Nenhum
10%

0% Outro

Na opinião de M.R, 30 anos, maranhense, sugere como melhoria “ o


calçamento da ruas, limpeza, educação à população para prestar informações aos
turistas, melhora do atendimento e maior atuação da Prefeitura Municipal de
Barreirinhas”. Essa idéia resume uma grande parte das objeções levantadas pelos
visitantes como sugestões de melhoria.
Perguntando sobre a opinião dos visitantes a respeito do papel dos
órgãos competentes nas três esferas, se estavam cumprindo com sua parte, mais
da metade, 54%, responderam que os mesmos não estão fazendo sua parte, no
que concerne à melhoria da cidade para melhor receber os visitantes, consoante
comprovação dos dados do gráfico 27 (VER GRÁFICO ABAIXO). É o que alega a
M.J, 50 anos, de que deveria ter “ um maior financiamento municipal e estadual
para melhorar a infra-estrutura da cidade, assim como melhorar o nível de vida da
população”. Essa resposta retrata o aguçamento do senso crítico dos visitantes.
Conforme KRIPPENDORF (2001, p.137), “nessas condições, teremos o turista
69

cada vez mais emancipado; quanto menos manipulado ele for, mais informado
será, mais crítico e independente, desejoso de participar da reflexão, da discussão
e da ação de mostra-se receptivo em relação ao próximo”.

Gráfico 27: Opinião do visitante sobre a atuação dos órgãos Públicos

Concordo totalmente

3% Concordo
23% 13%
Nem concordo, nem
discordo
Discordo
30% 31%
Discordo totalmente

Através dessas constatações, é que se pretende contribuir para que


seja desenvolvido um turismo mais brando, que respeite os seus limites de
capacidade de carga, e que traga benefícios socioeconômicos tanto para os
visitantes quanto para a comunidade local.

6 CONCLUSÃO

O Turismo assume hoje uma postura dinamizadora, que proporciona


o desenvolvimento socioeconômico, sendo este incentivado pelas lideranças
políticas que acreditam nos benefícios econômicos que atividade proporciona para
o local. Essas lideranças laçam no mercado turístico, localidades com potencial
para tal, confiando-se no papel difusor do turismo, no intuito de criar renda e
emprego para comunidade local. Todavia, muitas dessas lideranças na ânsia de
garantir resultados a curto prazo, laçam no mercado um produto antes mesmo de
ele ter sido “embalado”, ou seja, planejado, sem antes mesmo ter sido realizado o
estudo dos “custos e benefícios”, defendido anteriormente por KRIPPENDORF.
70

Percebe-se que esses fatos, acontecem com grande parte dos


destinos turísticos, principalmente em localidades interioranas, localidades que
vivem basicamente da agricultura de subsistência e da pesca, que possuem
peculiaridades culturais e naturais. O município de Barreirinhas/MA não foge à
regra, o desenvolvimento desordenado que o município vem passando após ter
sido lançado na mídia, trouxe várias conseqüências socioeconômicas; nota-se que
a cidade não foi preparada para receber um fluxo cada vez maior e mais exigente
de turistas. Barreirinhas, ainda convive com sérios problemas de saneamento
urbano, de infra-estrutura básica e turística; falta o mínimo que se pode esperar de
uma cidade tão bem divulgada. Por ser o principal portão de entrada, deveria ser
mais bem estruturada com serviços de qualidade, e também deveria contar com
um maior comprometimento dos órgãos competentes em gerencia aquela cidade.
Essa falta de compromisso já são percebido por 72% da comunidade autóctone e
por 74% dos visitantes, que afirmaram o descontentamento com a forma com que
o turismo vem sendo desenvolvido.
No que diz respeita ao tempo de permanência, 80% dos turistas
permanecem por no máximo dois dias. Isso é justificável, pois os visitantes são
típicos do turismo massivo, e também a falta de outros tipos de atrativos histórico-
culturais e de entretenimento( bares, danceterias e clubes ) dificultam o tempo de
permanência no núcleo receptor. Isso necessitaria ser levado mais em conta pela
iniciativa privada e pelos órgãos dirigentes, afim de que fossem incentivadas a
criação de novas opções de lazer e entretenimento, aproveitando os potenciais já
existentes, valorizar mais a cultura local criando um espaço que servisse tanto
para apresentações de manifestações folclóricas( dança de São Gonçalo e
Bumba-meu-boi) quanto para divulgação do artesanato local. Idéia essas
precisam sair do papel, para que assim seja dinamizada o oferta turística de
Barreirinhas.
Outro ponto falho visualizado está na carência de mão-de-obra
qualificada, e os poucos existentes serem profissionais de outras localidades, que
são contratados para suprir essa carência. Nesse caso, falta na verdade, força
política para qualificar a mão-de-obra local. Os poucos cursos que são oferecidos,
são de natureza capacitadora, falta na verdade cursos técnicos de guia de turismo,
hotelaria e de turismo.
71

Apesar de proporcionar o crescimento do comércio (farmácias,


restaurantes, lavanderias, padarias), o turismo ainda não atingiu de forma
satisfatória a comunidade, pois a mesma apontam desvantagens tais como:
aumento nos preços dos produtos, serviços e terrenos. Isso é incentivado pelo fato
de o poder aquisitivo dos visitantes serem mais elevados que dos habitantes. Para
tanto, deveria ter um maior incentivo do poder publico em sensibilizar o comercio
local para prestarem serviços de boa qualidade e por preços justos. Esse
problema repercute não somente a população local, mas também ao próprio
visitante, que sente enganado com os preços abusivos que são cobrados pelo
trade de Barreirinhas.
Identificou-se também que os trabalhos que são oferecidos no trade
turístico de Barreirinhas para população local, são empregos de baixa
remuneração e, muitas dessas atividades exercidas de forma irregular, pois 60%
dos entrevistados trabalham sem carteira assinada.
Paralelo a isso, a população convive ainda com a perda de espaços
para praticar do lazer, que são usurpado pelos visitantes e pelo empresariado que
se apropria indevidamente desses espaços. Na verdade, a população não usufruir
mais como antigamente, ou pelo fato dos preços que são cobrados ou então, por
se sentirem intimidados pela presença do visitante.
A segurança é outro fator que incomoda a comunidade autóctone,
que se sente insegura com a entrada e saída de pessoas “estranhas”. Somado a
isso a falta de comprometimento do turista em preservar o ambiente, se torna
evidente, uma vez que, falta uma fiscalização mais consistente do IBAMA e da
Secretaria de Meio Ambiente de Barreirinhas em conservar o bem natural.
Por conseguinte, esse bem natural é visto por 73% visitantes como
principal aspecto motivador da sua viagem. Por ser o maior motivador da viagem,
deveria se dar uma maior atenção para essa questão, educando os próprios
visitantes e o morador com auxilio de placas informativas que identifiquem o
melhor uso do ambiente.
De fato, o turismo é um fenômeno de apropriação, e que o ambiente
onde ele se instala deve ser preparado. Portanto, não somente a estrutura física,
paisagística e edificada de barreirinhas, mas também da sua estrutura cultural,
social. Então, o primeiro passo seria saber se a população está preparada
72

ideologicamente para receber o fluxo de turistas. E, mais ainda, prepará-la e muni-


la para que a comunidade autóctone, direcione e operacionalize esse processo,
determinando assim as bases para o desenvolvimento do turismo naquela
localidade. Tornando assim, o individuo não objeto, mas sim ator desse processo.
Portanto, a participação da comunidade autóctone no direcionamento
da atividade é decisiva para que ação depredadora do turismo seja minimizada.
Logo, buscar a opinião do público local torna-se uma tarefa essencial para que
sejam garantidos os custos sociais favoráveis do turismo, defendido em capítulos
anteriores. Desse modo, a população terá sua crença, rituais, valores preservados
e não, mas manipulada para e pelo turismo.
73

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SILVA, David Leonardo Bouças da. Turismo nos Lençóis Maranhenses: a

identificação da modalidade turística praticada no município de Barreirinhas.

Monografia (Graduação em Turismo) – Universidade Federal do Maranhão, São

Luís, 2004.

SOUZA, Marcelo José Lopes de. A teoria sobre o desenvolvimento em uma

época de fadiga teórica, ou: sobre a necessidade de uma “ Teoria Aberta”do

desenvolvimento sócio-espacial. Território, Rio de Janeiro: 1996.

SWARBROOKE, John. Turismo sustentável: conceitos e impactos ambientais.

São Paulo: ALEPH, 2002.

SWYGEDOWN, Érika A. The heart of the place: the resurrection of locality in an

age of hyperspace. Geografiska Annales, 1989, p. 31-42.

TSUJI, Tetsuo. Guia das Pousadas e Restaurantes de Barreirinhas.

Barreirinhas- MA: Centro de Capacitação Cultivar/ Florescer, 2004.

TRIGO, L.G.G. A Sociedade Pós-industrial e o Profissional de Turismo. São

Paulo: Papirus, 1998.


76

APÊNDICES
77

APÊNDICE A – Questionário Secretaria Municipal de Turismo

Prezado senhor Secretário de Turismo do município de Barreirinhas, a sua


colaboração no preenchimento das perguntas abaixo contribuirá com a pesquisa
do aluno Crhis Anderson Martins Souza, concludente do Curso de Turismo da
Universidade Federal do Maranhão. Pretende-se através deste questionário
analisar e avaliar os impactos socioeconômicos da atividade turística em
Barreirinhas, a propósito de apresentar futuramente, possíveis contribuições a
este município.

1) Há quanto tempo a Secretaria Municipal de Turismo de Barreirinhas existe?


________________________________________________________________
________________________________________________________________
2) Quais foram as principais ações desenvolvidas pela mesma para fomentar
atividade turística em Barreirinhas durante esses anos de existência?
________________________________________________________________
________________________________________________________________
________________________________________________________________
________________________________________________
3) Em que o governo do Estado do Maranhão contribui com o município de
Barreirinhas para o fomento do Turismo?
________________________________________________________________
________________________________________________________________
4) Existe algum plano especifico criado para minimizar os impactos
socioeconômicos do turismo em Barreirinhas?
( ) Sim ( ) Não
4.1) Em caso afirmativo, justifique?
________________________________________________________________
________________________________________________________________
5) Esta Secretaria realiza campanhas educativas (importância do turismo,
educação ambiental ou outros)?
________________________________________________________________
________________________________________________________________
________________________________
6) Existe alguma ligação, ou seja, um elo entre Secretaria e a comunidade? Em
caso positivo como é feita essa ligação?
78

________________________________________________________________
________________________________________________________________
7) São realizados debates com as associações de classe e também com a
comunidade para discutirem sobre a política do turismo no município?
________________________________________________________________
________________________________________________________________
8) De que forma esta Secretaria contribui para a melhoria da qualidade de vida
da comunidade?
________________________________________________________________
________________________________________________________________
________________________________________________________________
9) Na sua opinião a grande maioria da população de Barreirinhas sabem da
importância do Turismo? Em caso negativo o que falta para desperta-los?
________________________________________________________________
________________________________________________________________
10) Existe algum tipo de cadastramento das agências de turismo, pousada,
hotéis ou demais estabelecimentos?
________________________________________________________________
________________________________________________________________
11) Em que sentido a Secretaria Municipal de Turismo de Barreirinhas tem
ajudado para geração de emprego e renda para os moradores de Barreirinhas?
________________________________________________________________
________________________________________________________________
________________________________
12) O que esta Secretaria tem contribuído para o desenvolvimento local da
cidade de Barreirinhas?
________________________________________________________________
________________________________________________________________
13) Na sua opinião o que o Turismo tem contribuído para as mudanças das
características urbanas da cidade?
________________________________________________________________
________________________________________________________________
14) Quantos guias e/ou condutores de turismo existem em atividade?
79

________________________________________________________________
________________________________________________________________
15) Que tipo de ações a Secretaria tomam para tentar coibir os guias sem
cadastro?
________________________________________________________________
________________________________________________________________
16) Existe algum tipo de Fiscalização Ambiental?
________________________________________________________________
________________________________________________________________
17) Quais as medidas que esta Secretaria toma para melhorar o fluxo turístico?
________________________________________________________________
________________________________________________________________
18) Observações que julgar necessária:
________________________________________________________________
_______________________________________________________________
80

APÊNDICE B – Questionário Empresário

Senhor(a) Empresário (a), a sua colaboração no preenchimento das perguntas


abaixo contribuirá com a pesquisa do aluno Crhis Anderson Martins Souza,
concludente do Curso de Turismo da Universidade Federal do Maranhão.
Pretende-se através deste questionário analisar e avaliar os impactos
socioeconômicos da atividade turística em Barreirinhas, a propósito de apresentar
futuramente, possíveis contribuições a este município.

I – IDENTIFICAÇÃO

1) Qual sua origem?


( ) Barreirinhas
( ) Outro município. Qual?_________________________
( ) Outro estado. Qual? ___________________________
( ) Outro país. Qual? _____________________________

2 ) Qual sua Faixa Etária:


( ) Até 20 anos
( ) De 20 a 30 anos
( ) 31 a 40 anos
( ) 41 a 50 anos
( ) acima de 50 anos.
3) Sexo:
( ) Masculino ( ) Feminino
4) Qual é seu nível de instrução?
( ) Nunca Estudei
( ) Ensino Fundamental completo
( ) Ensino Médio Completo
( ) Ensino Superior
5) Há quanto tempo sua empresa está em funcionamento?
( ) Menos de 1 ano
( ) 1 a 5 anos
( ) Mais de 5 anos
6) O que despertou seu interesse em abrir sua empresa nesta cidade?
( ) Pouca concorrência
( ) Os lucros promissores
( ) A facilidade na instalação
( ) Outro _______________________
81

7) Sua empresa é preocupada com a preservação do meio ambiente?


( ) Sim ( ) Não

8) De que forma sua empresa ajuda na preservação da natureza?


__________________________________________________________________
__________________________________________________________________

II – MÃO DE OBRA
1) Os funcionários de sua empresa são:
( ) Familiares
( ) Moradores de Barreirinhas
( ) Estudantes de turismo, hotelaria ou outra área
( ) Formados em turismo, hotelaria ou outra área
( ) Outros
2) Quais os benefícios que sua empresa oferece à comunidade de barreirinhas?
( ) Oportunidade de emprego
( ) Treinamentos
( ) Comprando produtos no comércio local
( ) Negociando com pescadores e agricultores
( ) Trabalhos solidários com a comunidade
( ) Nenhum
3) Quantos Empregados tem sua empresa?
Fixo:_________________ Temporário:________________

III – CIDADE DE BARREIRINHAS

1) Você participou de alguma reunião ou encontro que discutisse o


desenvolvimento do turismo em Barreirinhas?
( ) Sim ( ) Não

2) Você percebe ações tanto do Governo Estadual quanto do Municipal para o


desenvolvimento do turismo em Barreirinhas?
( ) Sim ( ) Não
82

3) Qual seria, em sua opinião, o papel da sua empresa no desenvolvimento


turístico de Barreirinhas?
__________________________________________________________________
__________________________________________________________________
4) A sua empresa se preocupa com a prestação de bons serviços?
( ) Sim ( ) Não

5) Em relação ao retorno financeiro, você?


( ) Obtém bons lucros, acima do esperado
( ) Obtém pouca margem de lucro, mantendo a empresa com muitas dificuldades
( ) 0btém retorno abaixo do esperado
( ) Ainda é cedo para afirmar

6) Na sua opinião o que dificulta a aquisição de mais lucros pela sua empresa?
( ) A grande concorrência
( ) O Baixo números de visitantes
( ) O alto custo dos investimentos na própria empresa
( ) O baixo preço dos seus serviços

7) Dê sugestões de melhoria que podem ser feitas na cidade, para melhor receber
o turista?
__________________________________________________________________
_________________________________________________________________
83

APÊNDICE C – Questionário Comunidade de Barreirinhas

Senhor(a) morador(a), a sua colaboração no preenchimento das perguntas abaixo


contribuirá com a pesquisa do aluno Crhis Anderson Martins Souza, concludente
do curso de Turismo da Universidade Federal do Maranhão. Pretende-se através
deste questionário analisar e avaliar os impactos socioeconômicos da atividade
turística em Barreirinhas nos anos de 2004 e 2005, a propósito de apresentar
futuramente, possíveis contribuições a este município.

I – IDENTIFICAÇÃO

1) Qual é seu nível de instrução?


( ) Nunca estudei ( ) Ensino médio completo
( ) Ensino fundamental completo ( ) Ensino médio incompleto
( ) Ensino fundamental incompleto ( ) Superior completo
( )Superior incompleto Outros________________

2 ) Qual sua Faixa Etária:


( ) Até 20 anos
( ) De 20 a 30 anos
( ) 31 a 40 anos
( ) 41 a 50 anos
( ) acima de 50 anos.

3) Sexo:
( ) Masculino ( ) Feminino

4) Você nasceu em Barreirinhas?


( ) Sim ( ) Não
5) Há quanto tempo mora nesta cidade?

( ) 1 ano
( ) 2 a 5 anos
( ) 6 a 10 anos
( ) Mais de 10 anos
6) Atualmente você está empregado(a) ?
( ) Sim ( ) Não
6.1 Em caso de resposta afirmativa responde o questionamento seguinte: possui
carteira assinada ?
( ) Sim ( ) Não

7) Você está empregado em:


( ) Agência de Turismo
( ) Na rede hoteleira
( ) Construção Civil ( pedreiro, pintor, marceneiro)
( ) Restaurante
( ) Prefeitura de Barreirinhas
( ) Por conta própria ( pescador, lavrador)
( ) Comércio ( vendedor, balconista)
( ) Outra profissão. Qual ? __________________
84

II – VISÃO DO TURISMO

1) Na sua opinião o Turismo é :


( ) Extremamente importante ( ) Muito importante
( ) Importante ( ) Um pouco importante
( ) Não muito importante ( ) Sem importância

2) Você acha que a comunidade de Barreirinhas está sendo beneficiada com o


Turismo ?

( ) Concordo totalmente
( ) Concordo
( ) Nem concordo e nem discordo
( ) Discordo
( ) Discordo totalmente

3) Você acha que atividade turística em Barreirinhas gera emprego?


( ) Concordo plenamente
( ) Concordo em parte
( ) Discordo plenamente
( ) Discordo em parte
( ) Não sei

4) Depois que Barreirinhas começou a receber os visitantes, quais foram os


principais efeitos positivos vistos na sua cidade?
( ) A cidade está mais limpa
( ) Melhoria das instalações sanitárias
( ) Melhoria da estrutura da cidade
( ) O comércio possui mais lojas
( ) Melhoria no sistema de transportes
( ) Melhoria no setor de saúde
( ) O ambiente natural passou a ser preservado
( ) Nenhuma
( ) Outro ____________________________.
5) Depois que Barreirinhas começou a receber os visitantes, quais foram os
principais efeitos negativos na sua cidade?
( ) A cidade está mais suja
( ) Aumento na criminalidade
( ) Aumento dos preços dos produtos
( ) Aumento nos preços dos terrenos
( ) Aumento da prostituição
( ) Aumento do numero de Habitantes
( ) Perda de espaços de lazer pelos turistas
( ) Nenhuma
( ) Outro ______________________________.

6) Depois que Barreirinhas começou a receber os visitantes, quais foram as


principais efeitos positivos na sua vida?
( ) Nenhum
85

( ) Está mais fácil conseguir emprego


( ) Conhece novos costumes
( ) Está mais Barato viver em Barreirinhas
( ) Ganho mais dinheiro
( ) Sinto que minha cultura está sendo mais valorizada.
Outro _________________________________________

7) Você citaria algum ponto negativo em relação a entrada de visitantes na sua


cidade?
( ) Sim ( ) Não
Justifique?
________________________________________________________________
________________________________________________________________
8) Você já foi aos Lençóis Maranhenses?
( ) Sim
( ) Não
( ) Nuca ouvi fala

8.1) Caso tenha respondido não, qual o motivo de não ter conhecido?
( ) Falta de dinheiro
( ) por causa do acesso ser difícil
( ) Não tem interesse de conhecer
Outro ______________________________________________

9) Você está descontente com o aumento do fluxo de turistas na sua cidade?


( ) Sim ( ) Não

10) O turismo praticado em Barreirinhas esta sendo realizado de forma planejada


(organizada)?
( ) Sim ( ) Não
11) Na sua opinião o que você gostaria que melhorasse em sua cidade?
_____________________________________________________________
86

APÊNDICE D – Questionário Visitante

Senhor(a) visitante, a sua colaboração no preenchimento das perguntas abaixo


contribuirá com a pesquisa do aluno Crhis Anderson Martins Souza, concludente
do Curso de Turismo da Universidade Federal do Maranhão. Pretende-se através
deste questionário analisar e avaliar os impactos socioeconômicos da atividade
turística em Barreirinhas nos anos de 2004 e 2005, a propósito de apresentar
futuramente, possíveis contribuições a este município.

I – IDENTIFICAÇÃO

1) Qual é a sua procedência?


( ) Maranhão
( ) Região Sudeste
( ) Região Nordeste
( ) Outro______________
2 ) Qual sua Faixa Etária:
( ) Até 20 anos
( ) De 20 a 30 anos
( ) 31 a 40 anos
( ) 41 a 50 anos
( ) acima de 50 anos.
3) Sexo:
( ) Masculino ( ) Feminino
4) Qual é sua Profissão?
____________________________________________________________
5) A sua renda varia entre?
( ) de 1 a 4 salários mínimo ( ) de 5 a 8 salários mínimo
( ) 9 a 12 salários mínimo ( ) mais de 12 salários mínimo
6) Quanto tempo vai passar em Barreirinhas?
( ) até 2 dias
( ) de 3 a 5 dias
( ) mais de 5 dias
7) O roteiro turístico utilizado ( é) foi satisfatório?
( ) Sim ( ) Não
Justifique
________________________________________________________________
87

II – Visão do Turismo

8) Você acha que a comunidade de Barreirinhas está sendo beneficiada com o


Turismo ?
( ) Sim ( ) Não

9) Você acha que a comunidade de Barreirinhas está sendo hospitaleira com o


visitante ?
( ) Concordo totalmente
( ) Concordo
( ) Nem concordo e nem discordo
( ) Discordo
( ) Discordo totalmente

10) Com relação aos preços das prestações serviços voltados para os visitantes
em Barreirinhas, condiz com o que o (a) senhor( a) pagou ?
( ) Sim ( ) Não
11) Como o (a) senhor(a) organizou sua vinda à cidade de Barreirinhas?
( ) Por conta própria
( ) através de uma agência de turismo
( ) outro _______________________________
12) Como ficou sabendo da existência de Barreirinhas?
( ) Indicação
( ) Pela Televisão
( ) Pelos os anúncios de Jornais e Revistas
( ) Outro ______________________________
13) Na sua opinião, qual é o principal aspecto positivo da cidade de Barreirinhas?
( ) Bom atendimento nos estabelecimentos
( ) A boa estrutura turística( hotéis, restaurantes, pousadas)
( ) Os preços acessíveis
( ) As belezas naturais
( ) Nenhum
( ) Outro________________________________________
88

14) Na sua opinião, qual é o principal aspecto negativo da cidade de Barreirinhas?


( ) Sujeira
( ) Mau atendimento
( ) Falta de informações turísticas
( ) A estrutura turística deixa a desejar ( hotéis, pousadas, restaurantes)
( ) Nenhum
( ) Outro __________________________________________

15) Você acha que os órgão competentes (nacional, estadual e municipal) estão
fazendo sua parte?
( ) Concordo totalmente
( ) Concordo
( ) Nem concordo e nem discordo
( ) Discordo
( ) Discordo totalmente

16) Pretende vim mais vezes a cidade de Barreirinhas?


_____________________________________________________
17) Dê sugestões de melhoria que podem ser feitas, para melhor receber o turista?
________________________________________________________________
_______________________________________________________________
89

ANEXOS
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