Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
Porto
2009
II
Maria do Rosário Barros de Oliveira
Porto
2009
III
OS IMPACTOS DOS EVENTOS TURÍSTICOS
________________________________________
IV
Resumo
A realização de eventos tem vindo a ser considerada uma das mais importantes
manifestações do Turismo em Portugal e no mundo, sendo notório que os mesmos
geram uma dinâmica na economia das localidades. Assim, importa saber que tipos de
impactos resultam desses eventos.
V
O contributo dos impactos gerados pelo evento para o desenvolvimento de SMF, em
que cerca de 32% dos impactos explicam o desenvolvimento da localidade.
VI
Abstract
The production of events has been considered as one of the most important expressions
of tourism in countries and in the world being notorious that the same events creates
dynamics in the economy of towns. Therefore, it is important understanding what types
of impact result from these events.
The “Viagem Medieval em Terra de Santa Maria” is the biggest medieval recreation
event in the Country, setting up an unique touristic offer that enhances the promotion of
the municipality, being this the reason for the choice of the case study: - “The events
touristics impacts – the case of Viagem Medieval in Santa Maria da Feira”, which has
as objective the analysis of the perception of the local entities and population on the
impacts caused by the event in the town.
For that purpose, questionnaires were applied to assess the types of impacts - economic,
social, cultural and environmental and their nature – positives and negatives, in Santa
Maria da Feira. The main conclusions suggest for:
The economic impacts importance of the event for SMF; being the valorisation and
preservation of the historical and cultural heritage, the positive socio-cultural impact,
common to the entities (with approximately 83% of all concordances) and the
respondent population (about 70% of all concordances). On the other hand, the largest
negative impact resulting from the event refers to the increase urban traffic and
congestion (approximately 78%, from the perspective of the entities and around 83%,
from the respondent population’s perspective);
Social and cultural importance of the touristic event for the local population; for
entities and population respondents (approximately 72% and nearly 80%, respectively)
believes that the greatest positive economic impact is the increase in the volume of
commercial transactions;
VII
resulting from the event. This perception is confirmed by careful event’s space
occupancy and the recent plan of the rehabilitation and expansion of Cáster Park;
The contribution of the impacts event for the development of SMF, where
approximately 32% of impacts explain the development of the locality.
VIII
Índice
Introdução ........................................................................................................................1
Capítulo I – Os Impactos do Turismo ...........................................................................3
1.1.Introdução............................................................................................................... 3
1.2.A Actividade Turística............................................................................................ 3
1.3. Turismo Cultural.................................................................................................... 6
1.4.Os Eventos Turísticos........................................................................................... 10
1.5. Os Impactos do Turismo nas Localidades........................................................... 12
1.5.1. Impactos Económicos do Turismo ................................................................... 16
1.5.2. Impactos Socioculturais do Turismo ................................................................ 24
1.5.3. Impactos Ambientais do Turismo..................................................................... 27
1.6. Capacidade de Carga dos Destinos Turísticos..................................................... 30
1.7. Turismo Sustentável ............................................................................................ 31
1.8. Conclusão ............................................................................................................ 33
Capítulo II – Metodologia.............................................................................................35
2.1. Introdução............................................................................................................ 35
2.2. O Processo de Pesquisa ....................................................................................... 35
2.2.1. Objectivos......................................................................................................... 35
2.2.2. Design............................................................................................................... 35
2.2.3. Método de Recolha de Dados........................................................................... 36
2.2.4. Amostragem...................................................................................................... 39
2.2.5. Análise dos Dados ............................................................................................ 40
2.3. Conclusão ............................................................................................................ 41
Capítulo III – Caracterização do Evento ....................................................................42
3.1. Introdução............................................................................................................ 42
3.2. Caracterização de Santa Maria da Feira .............................................................. 42
3.2.1. População.......................................................................................................... 42
3.2.2. Acessibilidades ................................................................................................. 43
3.2.3. Economia .......................................................................................................... 43
3.2.4. O Turismo em Santa Maria da Feira ................................................................ 45
3.2.5. Oferta turística .................................................................................................. 45
3.2.6.Procura............................................................................................................... 45
3.3. Caracterização do Evento: “Viagem Medieval” de Santa Maria da Feira .......... 48
IX
3.3.1. Histórico do Evento .......................................................................................... 49
3.3.2. Projectos Decorrentes da VM........................................................................... 52
3.3.2.1. “Viajar no Tempo Rumo à Viagem Medieval” ............................................. 52
3.3.2.2. “Envolver” .................................................................................................... 53
3.3.2.3. Estabelecimento Medieval – Oficial.............................................................. 53
3.3.2.4. Terra dos Sonhos ........................................................................................... 55
3.3.2.5. Danças Medievais.......................................................................................... 55
3.3.2.6. Loja Oficial da VM........................................................................................ 56
3.3.2.7. “Criança Segura” ........................................................................................... 56
3.3.3. Informação Publicada ....................................................................................... 57
3.3.3.1. Perspectiva da Imprensa ................................................................................ 57
3.3.3.2. Perspectiva das Entidades Promotoras .......................................................... 60
3.4. Estudos sobre o Evento........................................................................................ 61
3.5. Conclusão ............................................................................................................ 63
Capítulo IV - Análise e Discussão dos Dados.............................................................65
4.1. Introdução............................................................................................................ 65
4.2. Caracterização das Entidades Respondentes ....................................................... 65
4.2.1. Tipo de Entidade............................................................................................... 65
4.2.2. Número de Participações. ................................................................................. 66
4.2.3. Forma de Participação na VM. ......................................................................... 68
4.3. Percepções das Entidades Respondentes............................................................. 70
4.3.1. A importância da VM para o Desenvolvimento de SMF ................................. 70
4.3.2. Os Impactos Económicos Positivos.................................................................. 72
4.3.3. Os Impactos Económicos Negativos. ............................................................... 74
4.3.4. Os Impactos Sociais Positivos.......................................................................... 75
4.3.5. Os Impactos Sociais Negativos. ....................................................................... 76
4.3.6. Os Impactos Culturais Positivos....................................................................... 77
4.3.7. Os Impactos Culturais Negativos. .................................................................... 78
4.3.8. Os Impactos Ambientais Positivos. .................................................................. 79
4.3.9. Os Impactos Ambientais Negativos. ................................................................ 81
4.3.10. Comentários dos Inquiridos............................................................................ 81
4.4. Contribuição do Evento para o Desenvolvimento de SMF. ................................ 82
4.5. Caracterização da População Respondente ......................................................... 88
4.5.1. Faixa Etária e Sexo dos Inquiridos ................................................................... 88
X
4.5.2. Número de Inquiridos que Visitaram a VM. .................................................... 89
4.5.3. Forma e Número de Participações no Evento. ................................................. 90
4.6. Percepções da População Respondente ............................................................... 92
4.6.1. Importância da VM para o Desenvolvimento de SMF..................................... 92
4.6.2. Os impactos da VM em SMF ........................................................................... 93
4.7. Contribuição do Evento para o Desenvolvimento de SMF ................................. 97
4.8. Discussão dos Resultados.................................................................................. 100
4.8.1. Discussão dos Resultados Relativos às Entidades.......................................... 101
4.8.1.1. Tipos de Entidades....................................................................................... 101
4.8.1.2. Os Impactos Positivos ................................................................................. 101
4.8.1.3. Os Impactos Negativos................................................................................ 102
4.8.2. Discussão dos Resultados Relativos à População .......................................... 104
4.8.3. Comparação com Outros Eventos .................................................................. 105
4.8.4. Implicações..................................................................................................... 106
4.8.4.1. O Sector Público e o Evento........................................................................ 106
4.8.4.2. Os Impactos ................................................................................................. 107
4.9. Recomendações ................................................................................................. 112
4.10. Conclusão ........................................................................................................ 113
Conclusão .....................................................................................................................115
Bibliografia...................................................................................................................118
Anexos...........................................................................................................................122
Capítulo I
Tabela 1.1 – Impactos Económicos................................................................................ 23
Tabela 1.2 – Impactos Sociais ........................................................................................ 26
Tabela 1.3 – Impactos Culturais ..................................................................................... 27
Tabela 1.4 – Impactos Ambientais ................................................................................. 28
Capítulo III
Tabela 3.1 – Entidades Envolvidas na Organização da VM de 1996 a 2009................. 50
Tabela 3.2 – Evolução do Evento - Nº de Dias, Participantes, Visitantes e Espaço ...... 51
Capítulo IV
Tabela 4.1 – Tipo de Entidade Civil............................................................................... 65
XI
Tabela 4.2 – Participação das Entidades no Evento ....................................................... 67
Tabela 4.3 - Número de Participações............................................................................ 67
Tabela 4.4 – Forma de Participação no Evento .............................................................. 68
Tabela 4.5 – Relação entre o Tipo de Entidades e Número de Participações com as
Formas de Participação........................................................................................... 70
Tabela 4.6 – Grau de Importância da VM ...................................................................... 71
Tabela 4.7 – Razões face ao Grau de Importância da VM. ............................................ 72
Tabela 4.8 – Impactos Económicos Positivos ................................................................ 73
Tabela 4.9 – Impactos Económicos Negativos............................................................... 74
Tabela 4.10 – Impactos Sociais Positivos ...................................................................... 75
Tabela 4.11 – Impactos Sociais Negativos..................................................................... 76
Tabela 4.12 – Impactos Culturais Positivos ................................................................... 77
Tabela 4.13 – Impactos Culturais Negativos.................................................................. 79
Tabela 4.14 – Impactos Ambientais Positivos ............................................................... 79
Tabela 4.15 – Impactos Ambientais Negativos .............................................................. 81
Tabela 4.16 – Comentários dos Inquiridos..................................................................... 82
Tabela 4.17 – Médias e Desvios-padrão......................................................................... 83
Tabela 4.18 – Total da Variança Explicada.................................................................... 84
Tabela 4.19. – Matriz de Componentes Rodada............................................................. 86
Tabela 4.20. – Factores I ................................................................................................ 87
Tabela 4.21. – Coeficiente de Correlação....................................................................... 88
Tabela 4.22. – Idade dos Inquiridos ............................................................................... 88
Tabela 4.23. – Género..................................................................................................... 89
Tabela 4.24. – Número de Inquiridos que Visitaram a VM ........................................... 89
Tabela 4.25. – Indivíduos que Participaram na VM....................................................... 91
Tabela 4.26. – Forma de Participação ............................................................................ 91
Tabela 4.27. – Número de Participações no Evento....................................................... 92
Tabela 4.28. – Importância da VM para o Desenvolvimento de SMF........................... 93
Tabela 4.29. – Impactos Positivos .................................................................................. 94
Tabela 4.30 – Impactos Negativos ................................................................................. 96
Tabela 4.31 – Médias e Desvios-padrão......................................................................... 97
Tabela 4.32 – Total da Variança Explicada.................................................................... 98
Tabela 4.33 – Matriz de Componentes Rodada.............................................................. 99
Tabela 4.34 – Factores II .............................................................................................. 100
XII
Tabela 4.35 – Coeficiente de Correlação...................................................................... 100
Tabela 4.36 – Impactos mais Identificados pelas Entidades ........................................ 108
Tabela 4.37 – Impactos mais Identificados pela População......................................... 109
Tabela 4.38 – Comparação dos Impactos Positivos ..................................................... 110
Tabela 4.39 – Comparação dos Impactos Negativos.................................................... 111
Capítulo III
Gráfico 3.1. – Evolução do Número de Empresas no Concelho de SMF. ..................... 44
Gráfico 3.2. – Número de Bancos e Caixas económicas em SMF................................. 44
Capítulo IV
Gráfico 4.1 – Importância vs Tipo de Entidades ............................................................ 66
Gráfico 4.2 – Relação entre o Tipo de Entidade, o Número de Participações e a Forma
de Participação........................................................................................................ 69
Gráfico 4.3 – Grau de Importância vs Tipo de Entidade................................................ 71
Gráfico 4.4 – Importância vs Aumento de Vendas no Comércio................................... 73
Gráfico 4.5 – Importância Vs Aumento da Sazonalidade. ............................................. 74
Gráfico 4.6 – Consciencialização e Educação da Comunidade...................................... 75
Gráfico 4.7 – Importância vs Aumento do Congestionamento e Tráfego Urbano......... 76
Gráfico 4.8 – Importância vs Envolvimento da Comunidade ........................................ 78
Gráfico 4.9 – Importância vs Utilização Racional dos Espaços..................................... 80
Gráfico 4.10. – Scree Plot............................................................................................... 85
Gráfico 4.11 – Visitou vs Idade...................................................................................... 90
Gráfico 4.12 – Importância vs Aumento dos Meios Recreativos e de Lazer ................. 95
Gráfico 4.13 – Importância vs Aumento do Congestionamento e Tráfego Urbano....... 96
Gráfico 4.14 – Scree Plot................................................................................................ 98
XIII
Os Impactos dos Eventos Turísticos: O caso da Viagem Medieval em Santa Maria da Feira.
Introdução
1
Os Impactos dos Eventos Turísticos: O caso da Viagem Medieval em Santa Maria da Feira.
Por fim, anunciam-se as conclusões deste estudo sobre os impactos do evento turístico
em Santa Maria da Feira.
2
Os Impactos dos Eventos Turísticos: O caso da Viagem Medieval em Santa Maria da Feira.
1.1. Introdução
Diz ainda o autor que a partir de 1945 uma série de indústrias baseadas em tecnologias
desenvolvida no período entre-guerras passam a ser utilizadas como uma nova opção
para muitas economias em crise, vislumbrando a necessidade do crescimento
económico, estimulando também o aumento de muitas outras actividades como bancos,
seguros, hotéis, aeroportos, entre outros.
As viagens passam a ser realizadas não só pelo lazer, e novas motivações passam a
incentivar essas deslocações como a realização de negócios e a procura de novos
conhecimentos científicos e tecnológicos. Este movimento foi fortemente auxiliado
pelas capacidades recém descobertas de reunir, avaliar e distribuir informações (Barreto,
1995).
3
Os Impactos dos Eventos Turísticos: O caso da Viagem Medieval em Santa Maria da Feira.
As viagens têm vindo a ocupar cada vez mais um importante lugar de destaque nas
relações económicas, sociais e políticas das sociedades. E o turismo conhecido
actualmente caracteriza-se como um fenómeno de massa, desenvolvido por meio de
uma produção e de um consumo massificado, onde a elaboração e a comercialização
dos produtos turísticos se dá a partir da produção quantitativa, reforçando os padrões
vigentes do crescimento económico.
Esta actividade pode ser estudada a partir do sistema turístico proposto por Boullón
(1997), sendo o produto turístico definido como os bens e serviços que servem a
actividade turística, e está composto pelos atractivos turísticos, que podem ser naturais,
históricos e culturais; pelas infra-estruturas turísticas, os equipamentos e instalações que
facilitam e permitem os serviços básicos e a prática da actividade, entre estes estão os
serviços de alimentação, transporte, alojamento, as marinas, pontes, de entre outros e os
bens e serviços que servem para sustentar as estruturas sociais produtivas e são
formadas por vários subsistemas de serviços de apoio às comunidades, como:
saneamento básico, energia, educação, acesso e transporte, comunicação e segurança.
Se viagem é deslocação, torna-se necessário então distinguir a viagem turística que não
se enquadra no mesmo tipo do deslocamento primitivo; antigamente o homem
4
Os Impactos dos Eventos Turísticos: O caso da Viagem Medieval em Santa Maria da Feira.
De acordo com McIntosh (cit. in Ignarra 1998, p.24), “Turismo pode ser definido como
a ciência, a arte e a actividade de atrair e de transportar visitantes, alojá-los e de modo
cortês satisfazer as suas necessidades e desejos”.
A identificação dos tipos de turismo resulta das motivações e das intenções dos
viajantes, podendo seleccionar-se uma enorme variedade, dada a grande diversidade dos
motivos que levam as pessoas a viajar.
5
Os Impactos dos Eventos Turísticos: O caso da Viagem Medieval em Santa Maria da Feira.
Pode-se afirmar que turismo cultural é toda a viagem que pela sua natureza satisfaz a
necessidade de diversidade, de ampliação de conhecimentos, que todo o ser humano traz
em si (WTO, 1985).
De acordo com Zeppel e Hall (1991) o turismo cultural poderia ser considerado como
um turismo experiencial que teria como base a experiência de artes visuais, artes
manuais e festividades. Segundo os mesmos autores, o turismo patrimonial também
deve ser considerado como experiencial e cultural, permitindo a visita a paisagens, sítios
históricos, edifícios ou monumentos.
6
Os Impactos dos Eventos Turísticos: O caso da Viagem Medieval em Santa Maria da Feira.
Este mercado tem vindo a crescer nas últimas décadas. Segundo um estudo
desenvolvido pela ATLAS (European Association for Tourism and Leisure Education)
em 1997, onde foi analisado o comportamento do turista europeu, cerca de 77% das
pessoas entrevistadas tinham gozado ferias no último ano, perto de metade tinha
visitado um museu, e mesmo aqueles que não consideravam as suas férias como
culturais, planeavam incluir uma visita a uma atracção cultural (Atlas, Innovations in
Cultural Tourism, 2001).
7
Os Impactos dos Eventos Turísticos: O caso da Viagem Medieval em Santa Maria da Feira.
Outro aspecto relevante é a oferta. Existindo consciência do valor que o turismo cultural
pode representar para o desenvolvimento de uma região, surgem uma série de respostas
por parte de diferentes actores, tanto a nível público como privado. Estratégias de
desenvolvimento empacotadas por um capital cultural, vendido como produto único e
autentico. Surge aqui a necessidade de oferecer respostas inovadoras e criativas, uma
vez que a procura também se tornou mais exigente. Os turistas culturais apresentam
expectativas elevadas quanto à experiência que se propõem a fazer, são mais
participativos, interessados e conhecedores.
Segundo Richards (2001), são vários os factores a considerar pertinentes que justificam
a atenção dispensada ao turismo cultural:
O turismo cultural revela-se na actualidade como uma das áreas mais dinâmicas do
ponto de vista da procura, podendo os municípios utilizar o projecto como instrumento
estratégico para o relançamento e diferenciação da sua imagem.
8
Os Impactos dos Eventos Turísticos: O caso da Viagem Medieval em Santa Maria da Feira.
Segundo Pires (2004), turismo cultural engloba todos os aspectos das viagens pelos
quais o turista conhece a vida e o pensamento da comunidade receptora ou local. Por
isso, o turismo se apresenta como uma ferramenta importante para promover as relações
culturais e a cooperação internacional. Por outro lado, estimular factores culturais
dentro de uma localidade é um meio de fomentar a atracção de visitantes. O turismo
pode ser estimulado não só como meio de conhecimento, mas também como forma de
transmitir ao visitante uma imagem favorável.
Para a autora, o turismo cultural compreende uma infinidade de aspectos, com amplas
possibilidades de exploração rentável para a atracção de visitantes:
A arte é um dos elementos que mais atraem os turistas. A pintura, a escultura, as artes
gráficas e a arquitectura são elementos procurados pelos turistas; deste modo, os museus
constituem-se nos primeiros atractivos a serem procurados pelos visitantes numa
localidade;
A música e a dança, são elementos muito valorizados pelos turistas;
A gastronomia típica através de restaurantes representativos da culinária tradicional
local;
O folclore manifestado através de danças, espectáculos teatrais, desfiles;
O artesanato expresso sob a forma de lembranças típicas dos locais e produtos
diferenciados e exóticos;
A arquitectura tradicional local aliada ao conforto necessário ao turista;
O património arquitectónico observado por meio de edifícios históricos, museus,
pousadas, centros culturais, centros de eventos, restaurantes, centros comerciais e outras
construções que mantenham as características originais;
As igrejas, os ritos religiosos, as procissões e as festas religiosas;
A agricultura tradicional da região também pode se transformar em atractivo cultural.
O desenvolvimento científico de uma região também pode se transformar em atractivo
cultural.
9
Os Impactos dos Eventos Turísticos: O caso da Viagem Medieval em Santa Maria da Feira.
Os eventos culturais são vistos como factores de renovação e revitalização dos lugares e
das regiões, não só a nível económico mas também a nível paisagístico, de preservação
do património cultural e histórico. São eventos igualmente vistos como susceptíveis de
influenciar positivamente a imagem externa e interna de um território.
Apontado, nestes casos, como objectivo secundário, de forma a tornar o evento viável
financeiramente, quer pela via do aumento do número de espectadores, quer pela
captação de ajudas financeiras das entidades oficiais e dos patrocinadores, o turismo
pode explicar todavia, nos anos mais recentes, o rápido crescimento no número de
festivais, que podem ser colocados em paralelo com os argumentos da educação,
contemplação e integração cultural. Há hoje, claramente, a tentativa de explorar estes
eventos em termos comerciais e turísticos e de criar novos deliberadamente como
atracções turísticas, enquadrando-os em estratégias de desenvolvimento turístico mais
alargadas (Getz, 1991b).
10
Os Impactos dos Eventos Turísticos: O caso da Viagem Medieval em Santa Maria da Feira.
Nesta linha, uma questão importante é a problemática da actuação dos agentes, públicos
e privados, de um município que dispõe de um importante evento de animação turística
e cultural, evento esse que, se não se integrar ou articular no conjunto da oferta turística
do município, pode provocar mais efeitos negativos (por exemplo, congestionamento,
saturação, necessidade de infra-estruturas, …) do que positivos (isto é, benefícios que
possam repercutir-se na qualidade de vida da população).
Segundo Getz, (1997), eventos são celebrações públicas temáticas. Douglas et al. (cit. in
Yeoman et alii, 2006) referem-se a festivais e eventos para que as pessoas se reúnam
para celebrar, demonstrar, venerar, relembrar, socializar. Para McDonnell et al. (1999),
os eventos são rituais ou celebrações específicas que são planeadas e criadas
conscientemente para marcar ocasiões especiais.
A maioria dos autores identifica, nos eventos, uma relação entre a cultura e a
comunidade sendo que essas manifestações são originadas pela necessidade ou desejo
de celebrar determinados aspectos do seu modo de vida ou história.
Na área do turismo, a cultura pode ser vista como um processo ou como um produto.
Yeoman et alii, (2006), cita duas abordagens: a abordagem dos sítios e monumentos,
que salienta o tipo de atractivo, e a abordagem conceptual, que tenta delinear os motivos
e os significados que estão ligados ao turismo cultural.
11
Os Impactos dos Eventos Turísticos: O caso da Viagem Medieval em Santa Maria da Feira.
Para os mesmos autores, muitas das cidades promovem os eventos culturais procurando
formas de assegurar vantagens competitivas em relação às outras, acreditando que a
cultura, nas suas várias formas, é sustentável e possui potencial de sinergia a longo
prazo com outras formas de desenvolvimento.
Para Yeomann et alii (2006), os eventos podem ajudar a promover o destino e atrair
turistas; eles podem ser vistos como uma nova forma de turismo, à qual pode-se atrelar
prosperidade económica e desenvolvimento.
“(…) uma nova industria se desenvolveu ao redor desse sector emergente; políticos e
empresários também compreenderam o valor desse interesse mundial. A imagem de um destino,
produto ou serviço pode ser exaltada ou prejudicada pelo sucesso ou fracasso de um evento.”
(Yeoman et alii, 2006, p. XXIV).
O Turismo de Eventos tem portanto, elevada importância para uma cidade ou região,
para o país como um todo. Dos eventos culturais realizados em Portugal, as Feiras
Medievais têm aumentado em número desde a década de 90 sendo a “Viagem
Medieval” de Santa Maria da Feira uma das pioneiras, pois realiza-se desde 1997.
12
Os Impactos dos Eventos Turísticos: O caso da Viagem Medieval em Santa Maria da Feira.
Segundo Murphy (1985, p. 165), turismo é “the industry which uses the community as a
resource, sells it as a product, and in the process affects the lives of everyone.”
Santana (1997) diz que a actividade turística tem uma forte repercussão sobre as
variáveis económicas quantitativas (renda, emprego) e qualitativas (nível de vida, bem-
estar) das regiões e países onde actua e portanto é importante valorizar os seus aspectos
positivos para a contribuição do desenvolvimento dos países e destinos turísticos. Por
este motivo os impactos que geram a actividade turística sobre as economias de muitos
países e regiões têm sido um dos aspectos mais estudados na investigação na área do
turismo.
13
Os Impactos dos Eventos Turísticos: O caso da Viagem Medieval em Santa Maria da Feira.
O turismo permite ao local abrir-se ao mundo e promover a sua identidade cultural num
mundo global. Contudo, as consequências positivas ou negativas que gera o turismo
incidem fundamentalmente sobre os locais, que não são sujeitos passivos de mudança
(Santana, 1997).
O estudo dos impactos do turismo deverá fornecer uma compreensão mais alargada das
capacidades das áreas de destino, bem como, as consequências que ocorrem quando os
respectivos limites são superados (Mathieson & Wall, 1982).
A autora esclarece também que os impactos têm origem num processo de mudança e
que não constituem eventos pontuais resultantes de uma causa específica. Eles são
consequência de um processo de interacção entre turistas, comunidade e meios
receptores. Às vezes, tipos de turismo parecidos causam diferentes impactos.
14
Os Impactos dos Eventos Turísticos: O caso da Viagem Medieval em Santa Maria da Feira.
iii) As complexas interacções do turismo fazem com que o impacto total da natividade
seja quase impossível de medir. Os impactos primários podem dar origem aos
secundários e aos terciários, gerando repercussões sucessivas, impossíveis de rastrear ou
monitorar;
iv) Existe descontinuidade espacial e temporal entre causa e efeito (ex.: a erosão em
certa área pode acarretar depósitos em outra, prejudicando o fluxo de águas e
provocando a extinção de algumas espécies da fauna e da flora). É necessário um
espaço de tempo considerável para que os impactos de uma actividade sejam aparentes.
Essas cinco barreiras impedem que os estudos de impacto sejam amplos e exactos.
Assim, tende-se para análises de situações ou de projectos específicos e seleccionados,
de forma isolada do fenómeno turístico. Os estudos concentram-se nos impactos
primários, na direcção dos impactos mais qualificáveis e tangíveis. Os impactos
15
Os Impactos dos Eventos Turísticos: O caso da Viagem Medieval em Santa Maria da Feira.
Durante décadas, o turismo tem sido louvado por seus benefícios económicos,
contribuindo para o desenvolvimento, mas, ainda que tradicionalmente, foi dada ênfase
a este facto, temos que reconhecer que o desenvolvimento turístico leva consigo uma
série de custos para o destino. Faz-se necessária uma análise mais profunda de ambos os
aspectos do turismo.
Expõe-se, a seguir e segundo a OMT (Trad.de Córner, 2001) a enumeração dos aspectos
positivos gerados pela actividade turística na economia de um país.
Pearce (1989) diz que, a contribuição do turismo para a balança de pagamentos dos
países que, em 1984, faziam parte da Comunidade Europeia, em termos absolutos, Itália
e França eram os países com maiores entradas de divisas procedentes do turismo
internacional. Em termos relativos, o turismo contribuiu de maneira mais significativa
para a economia da Espanha e da Grécia e foi menos importante para as economias de
países mais industrializados e diversificados como Alemanha ou Reino Unido.
No entanto, estes dados, por si só, não abarcam, em toda sua amplitude, a contribuição
real do turismo para a balança de pagamentos, tendo em conta que ela reflecte todas as
transacções económicas realizadas entre os residentes de um país com os demais
16
Os Impactos dos Eventos Turísticos: O caso da Viagem Medieval em Santa Maria da Feira.
Mathienson e Wall (1982), por outro lado, distinguem entre as categorias de efeitos:
Os efeitos secundários – São produzidos pelos gastos turísticos na medida em que estes
se filtram na economia local. Esses efeitos podem se classificar em:
Induzidos – Durante o processo de gastos directo e indirecto, parte da renda obtida irá
para as mãos da população residente, como salários, dividendos e lucros. A proporção
de trabalhadores e fornecedores estrangeiros determinará a quantidade de renda que
permanecerá na economia local e a que se escoará.
Os efeitos terciários – São os fluxos monetários que não se iniciaram directamente pelo
gasto turístico, mas que estão, de alguma maneira, relacionados com a actividade
turística, como, por exemplo, as importações de malas necessárias pelos turistas
nacionais para viajar.
Até a data de hoje, a contribuição do turismo para a balança de pagamentos tem sido
avaliada, principalmente, com respeito aos efeitos primários. É necessário, no entanto,
17
Os Impactos dos Eventos Turísticos: O caso da Viagem Medieval em Santa Maria da Feira.
uma análise mais ampla que permita valorizar os efeitos produzidos pelos fluxos
monetários turísticos em longo prazo de toda sua circulação por meio da economia
local. (OMT - Trad.de Córner, 2001)
O significado dos gastos turísticos para a economia de um país pode ser avaliado por
meio de sua contribuição ao PIB realizando o cálculo: subtraindo do gasto turístico
nacional e internacional os bens e serviços comprados pelo sector turístico, isto é, os
custos originados para servir aos visitantes. No entanto, esta medida pode ser utilizada
como mera indicação, pois também não explica os impactos económicos do turismo na
economia com total amplitude.
A actividade turística é uma indústria que depende, em grande parte, do factor humano,
pois é óbvio que favorece a criação de emprego. Mathienson e Wall (1982) distinguem
três tipos de empregos gerados pelo turismo:
Directo – Resultado dos gastos dos visitantes em instalações turísticas, como os hotéis.
Indirecto – Ainda no sector turístico, mas não como resultado directo dos gastos
turísticos.
Normalmente, as estatísticas que são elaboradas sobre o emprego que gera a actividade
turística fazem referência ao emprego directo.
18
Os Impactos dos Eventos Turísticos: O caso da Viagem Medieval em Santa Maria da Feira.
para directores, mas trata-se de emprego de tempo parcial para trabalhadores que, em
geral, necessitam conhecimentos especializados em turismo e que, inclusive, procedem
de outros sectores da economia (sector primário principalmente). Actualmente, esta
situação esta a mudar e, cada vez mais, se exige especialização e formação do pessoal
empregado e a existência de profissionais verdadeiros no sector.
19
Os Impactos dos Eventos Turísticos: O caso da Viagem Medieval em Santa Maria da Feira.
excelente para acelerar as possíveis mudanças positivas que possam operar no lugar
onde se desenvolva.
i) Custos de oportunidade.
Tendo em vista que os recursos de um destino são sempre limitados, sejam naturais,
sociais ou culturais, o facto de aplicá-los na actividade turística, no lugar de custos
alternativos, tem custo de oportunidade que deve ser avaliado (a oportunidade
desperdiçada). Noutras palavras, é necessário valorizar os benefícios económicos que
surgem do investimento desses recursos no turismo, comparando-os com os benefícios
que se obteriam se estivessem destinados a outro uso (que pode incluir inclusive a sua
não utilização). Devido às dificuldades existentes para avaliar os custos de oportunidade
correctamente, estes costumes tendem a ser ignorados no planeamento e
desenvolvimento da actividade turística. No entanto, se a designação dos recursos não é
a melhor, põe-se em jogo o bem-estar social da população residente, assim como o
máximo da eficiência dos investimentos. Portanto, se os custos de um projecto turístico
não se valorizam, não estarão a valorizar nem a prever os seus impactos negativos.
20
Os Impactos dos Eventos Turísticos: O caso da Viagem Medieval em Santa Maria da Feira.
parte da população local, de entre outros. Essa situação vê-se agravada, como ocorre em
muitos países em desenvolvimento, se a economia é excessivamente dependente da
actividade turística para o desenvolvimento do país e a sobrevivência de suas
economias.
O turismo pode trazer consigo, em muitas ocasiões, a inflação. Que se deve ao facto de
os turistas costumarem apresentar o seu poder de compra, que lhes permita enfrentar a
subida de preço dos produtos e serviços oferecidos nos negócios turísticos, preços que
aumentam por causa dos fornecedores locais para obterem mais lucro. No entanto, a
população local compartilha, na maioria das vezes, os mesmos fornecedores com os
turistas, mas com menor poder de compra. Também, o turismo baseia parte de sua
actividade no solo, transformando-o num bem escasso, provocando aumentos
significativos nos preços e criando rivalidade pela sua utilização entre os diferentes
grupos de interesse.
Este custo negativo derivado da actividade turística costuma produzir-se nos países em
desenvolvimento que, geralmente, sofrem limitações de capital, mais do que nos países
desenvolvidos, que têm maior capacidade económica e que, geralmente, não depende do
capital investidor estrangeiro. Seguramente, esse impacto negativo do turismo acontece
nos locais turísticos onde o número elevado de instalações turísticas pertence a
investidores estrangeiros e, portanto, a maior parte dos lucros obtidos com a actividade
realizada nos mesmos sai fora das fronteiras do país de acolhimento para serem
repartidos nos países de origem dos investidores.
O sentido deste custo será entendido relacionando a actividade turística com outros
sectores económicos susceptíveis de serem prejudicados pelas características próprias
do turismo. Como foi comentado, o turismo favorece muito o aumento e a distribuição
de renda na comunidade local, assim, também, gera novos postos de trabalho
21
Os Impactos dos Eventos Turísticos: O caso da Viagem Medieval em Santa Maria da Feira.
Segundo a OMT (Trad.de Córner, 2001), geralmente, a maioria dos estudos sobre os
impactos do turismo está concentrada num desenvolvimento turístico que já ocorreu e,
portanto, a posteiori, é mais fácil de analisar e determinar os impactos. No entanto, a
análise das consequências derivadas de uma actividade tão importante como a que se
desenvolve no turismo deveria considerar, também, nos processos de planeamento,
todas as circunstâncias, tanto positivas quanto negativas, que possam ser geradas com a
actividade citada.
A avaliação dos impactos económicos não se pode limitar ao simples cálculo do gasto
turístico. É necessário distinguir entre o impacto económico originado pelo gasto
turístico (os seus efeitos na medida em que escoem para a economia local) e o causado
pelo desenvolvimento da actividade turística (os impactos provocados pela construção e
pelo financiamento das oportunidades turísticas). Esta distinção é importante, uma vez
que cada tipo de impacto requer uma metodologia diferente para sua avaliação: o gasto
turístico e seus efeitos devem ser analisados pelos multiplicadores turísticos, enquanto
os impactos do desenvolvimento da actividade turística necessitam de uma análise
custo-beneficio.
22
Os Impactos dos Eventos Turísticos: O caso da Viagem Medieval em Santa Maria da Feira.
Positivos Negativos
23
Os Impactos dos Eventos Turísticos: O caso da Viagem Medieval em Santa Maria da Feira.
Os dois primeiros são contactos mais frequentes, sobretudo no turismo de massa, nas
quais os turistas não tem interesses em se introduzirem na cultura da região visitada,
mas pelo contrário, costumam formar “guetos” nos quais mantêm os costumes das suas
origens e relacionam-se com indivíduos de sua nacionalidade.
O turismo de massa está rodeado, mas não integrado na sociedade receptora, afirma
Mathieson e Wall (1982). Em muitas ocasiões, o desenvolvimento deste tipo de gueto
turístico, destinado ao consumo de massa, facilita o isolamento da população local.
De acordo com a OMT (1980), a relação entre os turistas e a população local tem tido o
grande mérito de suportar a paz e o entendimento entre as nações. As razões para viajar
para outro país estão associadas ao conhecimento de novas culturas, novos costumes e
tradições. Estão precisamente nestas diferenças, de aspecto físico e de comportamento
cultural entre o visitante e o residente, as causas do mútuo interesse e de atracção que
são substituídas por antipatia e agressividade.
24
Os Impactos dos Eventos Turísticos: O caso da Viagem Medieval em Santa Maria da Feira.
Os turistas, considerados como estranhos nos destinos, são também vítimas de roubos e
crimes perpetrados pela comunidade local, que entendem estas acções como forma de
restabelecer o equilíbrio (Archer e Cooper, 1998).
Doxey (1975), sintetiza as relações entre turistas e moradores em fases que podem
servir para medir o nível dos impactos socioculturais que podem ocorrer no local do
turismo:
Fase de euforia – Fase das primeiras aparições do turismo, quando ele desperta
entusiasmo da população residente, que o vê como uma boa opção para o
desenvolvimento.
Fase de apatia – Uma vez que a expansão já está concretizada, o turismo é visto como
um negócio lucrativo. O contacto formal é intensificado.
Fase final – Durante todo o processo anterior, o destino perdeu todos os atractivos que
originariamente atraíram os turistas.
O facto é de que o turismo pode influir directamente na estrutura social de uma região
ou um país, pois o emprego influi directamente na estrutura social de uma região ou um
país, pois o emprego no sector turístico é uma forma, para muitos moradores, de
25
Os Impactos dos Eventos Turísticos: O caso da Viagem Medieval em Santa Maria da Feira.
aumentar seu bem-estar económico e ter mais mobilidade na escala social. O turismo
tem sido responsável pelas profundas transformações em muitas comunidades.
Alguns autores como Santana (1997) distinguem entre impacto social e impacto
cultural. O impacto social do turismo está associado a mudanças mais imediatas e
define aquelas que ocorrem na estrutura social local, na qualidade de vida, nas relações
sociais e na adaptação nas comunidades de destino ao turismo.Por outro lado o impacto
cultural categoriza mudanças mais graduais e processuais que vão ocorrendo à medida
que o turismo se desenvolve, como a aculturação turística e as mudanças nas normas
culturais, na cultura material e nos padrões culturais.
Positivos Negativos
26
Os Impactos dos Eventos Turísticos: O caso da Viagem Medieval em Santa Maria da Feira.
Positivos Negativos
A natureza sofre constantes atentados, através de acções que podem degradar o meio
ambiente ou até destruí-lo. Da mesma forma, o Turismo, como qualquer outra
actividade económica, pode ocasionar danos aos recursos naturais, afectando o bem-
estar e a saúde da população.
No entanto, não podemos impedir o turista de chegar às áreas naturais, pois proteger não
significa deixar de utilizar e de admirar. É necessário despertar uma consciência
ambientalista, nos turistas, nas comunidades locais e nos governos, a todos os níveis.
27
Os Impactos dos Eventos Turísticos: O caso da Viagem Medieval em Santa Maria da Feira.
"Os impactos do turismo em ambientes naturais estão associados tanto à colocação de infra-
estrutura nos territórios para que o turismo possa acontecer com a circulação de pessoas que a
prática turística promove nos lugares. (...) meios de hospedagem edificados em áreas não
urbanizadas bem como outras infra-estruturas a eles associados podem representar riscos
importantes de desestabilização dos ecossistemas em que se inserem".
Positivos Negativos
Segundo Ruschmann (1997), existem algumas medidas que podem ser tomadas para
que os impactos ambientais do turismo diminuam, Eis algumas delas.
28
Os Impactos dos Eventos Turísticos: O caso da Viagem Medieval em Santa Maria da Feira.
No contexto turístico, essa disseminação torna-se difícil pois apresenta uma série de
circunstâncias específicas. Ela engloba uma série de diferentes empresas, organizações e
indivíduos, dos quais oferecem inúmeros produtos tangíveis e intangíveis ao mercado.
29
Os Impactos dos Eventos Turísticos: O caso da Viagem Medieval em Santa Maria da Feira.
A capacidade de carga é expressa pelo número máximo de pessoas que podem usar um
lugar sem que se verifique uma alteração inaceitável no meio físico e uma diminuição
inaceitável na qualidade da experiência vivida pelos visitantes da área de destino
(Mathieson e Wall, 1990). A capacidade de sustentação tem em conta a capacidade
ecológica, física, social e económica de um destino turístico, e tenta lutar contra os
riscos de sobrecarga, que são fundamentalmente a deterioração do meio natural e assim
como das actividades turísticas.
30
Os Impactos dos Eventos Turísticos: O caso da Viagem Medieval em Santa Maria da Feira.
O turismo sustentável visa adoptar uma visão de actividade a longo prazo, centrada na
preservação dos elementos que tem favorecido o nascimento de um destino turístico. A
protecção do meio ambiente, mediante a conservação dos recursos dos que dependem
do turismo, pode trazer grandes vantagens aos mercados turísticos: maior satisfação dos
consumidores, maiores oportunidades de investimentos futuros, um estímulo para o
desenvolvimento económico e melhoria no bem-estar da comunidade receptora. De
acordo com os mesmos autores, Ferreira et al (2005, p.6),
“A actividade turística e a economia em geral, em matéria de meio ambiente devem ser dirigidas
para o reconhecimento de que o crescimento económico, o crescimento turístico e a protecção do
meio ambiente são objectivos compatíveis e complementares. Esta ideia conduziu ao
denominado desenvolvimento sustentado definido pela Comissão Mundial do Meio Ambiente e
Desenvolvimento das Nações Unidas e que se baseia no princípio de que é possível manter um
ritmo de crescimento, sem que seja preciso hipotecar a capacidade das gerações futuras para
fazer frente às suas próprias necessidades, sempre e quando produzam uma série de mudanças na
sociedade, considerando o ambiente como um bem escasso que é preciso administrar
adequadamente.
Aplicada ao turismo, esta ideia traduz-se no “turismo sustentado”, que pretende chegar a uma a
situação de equilíbrio que permita ao sector do turismo funcionar com um critério de
rentabilidade a longo prazo, mas não à custa dos recursos naturais, culturais ou ecológicos.”
O turismo sustentável não deve portanto, ser visto apenas como um modelo adaptável
ao ambiente natural mas, também, aos factores socioculturais e económicos,
proporcionando uma vivência saudável ao indivíduo ou grupo sem danificar a
integridade, a longo prazo, dos ambientes natural e cultural.
As actuações nesta linha devem resultar da acção dos três agentes principais do sector
turístico: o consumidor (visitante); o produtor ou o vendedor directo dos serviços
turísticos que é, normalmente, uma empresa privada; o produtor indirecto de uma
grande parte dos serviços oferecidos aos turistas: a Administração Pública em qualquer
dos seus níveis territoriais (OCDE, 1980).
31
Os Impactos dos Eventos Turísticos: O caso da Viagem Medieval em Santa Maria da Feira.
32
Os Impactos dos Eventos Turísticos: O caso da Viagem Medieval em Santa Maria da Feira.
1.8. Conclusão
33
Os Impactos dos Eventos Turísticos: O caso da Viagem Medieval em Santa Maria da Feira.
realização deste estudo. Por conseguinte, é proposto uma análise sobre os impactos do
evento turístico “Viagem Medieval”, no desenvolvimento da população local,
considerando-se os benefícios resultantes do incremento do evento e os efeitos que
resultam negativamente para a totalidade ou parte do grupo comunitário. Pela
importância do turismo em Santa Maria da Feira, a análise privilegia os impactos
sociais, culturais, económicos e ambientais na comunidade local do evento responsável
pelo maior fluxo turístico da cidade.
34
Os Impactos dos Eventos Turísticos: O caso da Viagem Medieval em Santa Maria da Feira.
Capítulo II – Metodologia
2.1. Introdução
2.2.1. Objectivos
2.2.2. Design
35
Os Impactos dos Eventos Turísticos: O caso da Viagem Medieval em Santa Maria da Feira.
“O Inquérito pode ser definido como uma interrogação particular acerca de uma
situação englobando indivíduos, com o objectivo de generalizar.” (Ghiglione &
Matalon, 2001, p.7 e 8).
36
Os Impactos dos Eventos Turísticos: O caso da Viagem Medieval em Santa Maria da Feira.
No questionário para as entidades (Anexo I), com a primeira questão procurou-se saber
o tipo de entidade inquirida (organismo público, associação, empresa privada ou outro)
afim de se apurar que tipos de entidades responderam ao questionário e, por outro lado,
de se obter dados que possibilitassem uma relação entre o tipo e a forma de participação
no evento. Nesta questão procurou-se ainda obter dados sobre a dimensão da mesma,
em termos de número de funcionários.
A quarta questão teve como objectivo apurar o intervalo do número de vezes que as
entidades participaram desde a primeira edição da Viagem Medieval, sendo os
intervalos de 1 a 3, 4 a 6, 7 a 9 e 10 a 12 vezes.
Na questão número cinco procurou-se obter a opinião dos inquiridos sobre o quanto
consideram o evento importante para o desenvolvimento de SMF. Por forma a facilitar a
análise e interpretação dos resultados (Alreck & Settle, 1995), optou-se pela utilização
de uma escala linear numérica de 1 a 7 (de nada importante a extremamente
importante).
Na questão seguinte, optou-se por introduzir uma questão aberta com o intuito de
facultar ao inquirido a possibilidade de justificação da resposta dada na questão anterior
que, para o efeito, é sugerido que enumere duas razões face à opção escolhida na
questão cinco. Por outro lado, considera-se também que este tipo de questão aberta vai
37
Os Impactos dos Eventos Turísticos: O caso da Viagem Medieval em Santa Maria da Feira.
“As respostas abertas devem ser utilizadas na fase inicial da investigação, de modo a
que possa identificar categorias utilizáveis como opções de resposta nas perguntas
fechadas” (Lazarsfeld cit in Foddy, 1996, p.142), opinião partilhada pela maioria dos
investigadores.
Neste questionário e a partir deste ponto (da questão sete à questão catorze) foi utilizada
a mesma escala referida na questão cinco e apresentaram-se grupos de 6 afirmações
para cada uma das 8 questões que estão directamente relacionadas com o objectivo
deste estudo, os impactos económicos, sociais, culturais e ambientais, positivos e
negativos do evento em SMF, onde se pede ao inquirido para assinalar o número que
corresponda à sua opinião para cada afirmação apresentada nos diferentes impactos.
38
Os Impactos dos Eventos Turísticos: O caso da Viagem Medieval em Santa Maria da Feira.
Para os questionários das entidades, numa primeira fase, aquando a selecção da amostra,
procedeu-se à identificação das entidades públicas e privadas envolvidas directa e
indirectamente no evento (na organização do evento e/ou na participação no mesmo) e
das entidades independentes (comercio, indústria, associações). Na segunda fase
procedeu-se à distribuição de 30 questionários para cada grupo com o propósito da
obtenção de dados das entidades efectivamente representativas da população. No total
foram distribuídos 60 inquéritos, 36 entregues pessoalmente, dos quais colaboraram 32
entidades, e 12 por e-mail, dos quais responderam 5 entidades, totalizando 37
inquéritos. A aplicação decorreu entre 5 de Abril e 13 de Junho de 2009.
2.2.4. Amostragem
39
Os Impactos dos Eventos Turísticos: O caso da Viagem Medieval em Santa Maria da Feira.
O estudo foi realizado com amostras não probabilísticas. Para as entidades, foi utilizada
a mostragem por julgamento, incluindo entidades que fizessem parte da produção do
evento e/ou auferissem carácter representativo da comunidade. Para a população foi
utilizada a amostragem por conveniência, aplicando os questionários aos respondentes
disponíveis durante o processo.
Transferência dos dados para o programa SPSS, executando uma validação informática
das respostas para detectar incongruências ou omissões de respostas não detectada na
revisão manual.
40
Os Impactos dos Eventos Turísticos: O caso da Viagem Medieval em Santa Maria da Feira.
Processamento dos dados através da análise descritiva com médias e desvios padrão,
análise factorial de componentes principais e regressão linear múltipla.
2.3. Conclusão
41
Os Impactos dos Eventos Turísticos: O caso da Viagem Medieval em Santa Maria da Feira.
3.1. Introdução
Neste capítulo, apresentam-se dados que caracterizam Santa Maria da Feira, dados
relativos à sua localização geográfica, população, acessibilidades, economia e turismo,
bem como a caracterização do evento “Viagem Medieval” de Santa Maria da Feira e os
estudos realizados sobre o evento.
3.2.1. População
De referir que, segundo os censos de 2001, (fonte: Censos 2001, INE), a população
residente na cidade SMF era cerca de 11 mil pessoas.
42
Os Impactos dos Eventos Turísticos: O caso da Viagem Medieval em Santa Maria da Feira.
3.2.2. Acessibilidades
A cidade é servida por 2 auto-estradas (a A1 e o IC1) e ainda pela estrada nacional N1-
IC2, sendo estas as principais vias de acesso.
3.2.3. Economia
Na temática das dinâmicas da função empresarial, verifica-se que Santa Maria da Feira
é um concelho com uma posição de destaque quando colocada à escala da Nut III, onde
o concelho é o mais dinâmico de toda a região.
Para o concelho, o sector da cortiça é extremamente relevante, tanto pelo seu elevado
peso económico, como também pela dinâmica efectiva e acentuada de desenvolvimento,
ultrapassando um milhão de euros de facturação em termos de volume de vendas
(2000).
43
Os Impactos dos Eventos Turísticos: O caso da Viagem Medieval em Santa Maria da Feira.
No que se refere ao poder de compra convém referir que Santa Maria da Feira apresenta
um crescimento exponencial, no espaço de uma década (1992-2002), no de número de
44
Os Impactos dos Eventos Turísticos: O caso da Viagem Medieval em Santa Maria da Feira.
O concelho faz da cultura o embaixador dos seus costumes e das suas gentes, sendo que
a promoção das atracções turísticas rege-se pelas temáticas histórico-culturais das
actividades que as envolvem. A secular Fésta das fogaceiras, o Imaginarius e a Viagem
Medieval, realizadas no centro histórico da cidade são um exemplo vivo do exposto.
A crescente aderência por parte da população e dos visitantes a este tipo de turismo em
SMF fomentou, na devida proporção, a revitalização do património edificado (Convento
dos Loios, Castelo, museus) assim como de outros equipamentos turísticos (Europarque,
bibliotecas, jardins, zona envolvente ao rio Cáster).
3.2.6. Procura
45
Os Impactos dos Eventos Turísticos: O caso da Viagem Medieval em Santa Maria da Feira.
Segundo Lopes e Aibéo (2004), O que aproxima a população de Santa Maria da Feira
da Cultura é a sua relação "mais ou menos activa com o espaço público e as artes que o
animam". Esta é uma das conclusões do estudo destes dois autores, tendo como
objectivo caracterizar os públicos de cultura de Santa Maria da Feira.
Outra das conclusões refere-se à intensa juvenilidade dos públicos de cultura de Santa
Maria da Feira, o que não surpreende os investigadores dado "o envelhecimento
cultural" de certas práticas, bem como o facto dos públicos serem cada vez mais
femininos. Destaca-se ainda a forte presença, nos públicos da cultura de Santa Maria da
Feira, de grupos sociais normalmente ausentes deste tipo de estudos. Os autores não
deixam, contudo, de caracterizar o público de Santa Maria da Feira como contendo
estudos de caso que demonstram "um défice cultural massivo cumulativo e socialmente
selectivo".
Não havendo estudos recentes que permitam obter com o rigor científico as informações
necessárias para caracterização da procura face ao objecto deste estudo, tomar-se-á por
base o “Estudo sobre a Visitação da Viagem Medieval” encomendado pela Câmara
Municipal de Santa Maria da Feira e elaborado pela MOAI – Consultoria em Turismo,
em 2001.
Em termos quantitativos, o número total de visitantes ascendeu aos 139.521, dos quais
19% visitaram o evento em dias úteis e 81% em dias não úteis. Da mesma análise, cerca
de 14.000 visitaram o castelo e cerca de 40.000 os eventos realizados nesse ano
46
Os Impactos dos Eventos Turísticos: O caso da Viagem Medieval em Santa Maria da Feira.
As faixas etárias predominantes: dos 25-34 anos (26,2%) e dos 35-44 anos (23,8%).
Nos dias úteis predominaram os jovens (dos 14-24 anos) e idosos (maiores de 55 anos);
nos dias não úteis, predominavam os adultos (dos 25-54 anos). As profissões
predominantes: quadros superiores e médios, empregados do comércio, indústria e
serviços. Os níveis educacionais dos visitantes: bastante diversos.
Os principais motivos que levaram à visita da VM foram: 35,9% por curiosidade, 21,3%
para alargar horizontes histórico-culturais, 16% por diversão e lazer, 12,3% pela
originalidade do Evento e 5,1% pela notoriedade do Evento.
A principal fonte de informação, pelos meios formais, 22,2% pela brochura da Câmara,
12,8% pelos jornais e revistas e 7,7% pela TV, pelos meios informais, 30,9% pelas
recomendações de familiares e amigos. Em termos de organização da viagem, cerca de
80% dos visitantes não planeou a visita com antecedência.
Predominam os grupos até cinco pessoas constituídos por familiares e amigos. Cerca de
75% dos visitantes deslocaram-se ao evento com viatura própria. Apenas 4& dos
inquiridos recorreu a alojamento pago. Os visitantes preferiram visitar o Evento entre
um (29,3%) a dois dias (23,7%), mas é de destacar que 11% dos visitantes frequentou o
Evento durante os dez dias. Em relação às despesas, cerca de 62,3% dos inquiridos
efectuou gastos dentro dos recintos do evento, geralmente inferiores a 25€ e apenas
18,3% fora dos recintos.
47
Os Impactos dos Eventos Turísticos: O caso da Viagem Medieval em Santa Maria da Feira.
As Terras de Santa Maria já em tempos tinham uma grandiosa feira medieval que era
muito concorrida por vários motivos, tais como, o negócio e a troca de excedentes da
agricultura e artesanais. A importância desta devia-se ainda à localização, periodicidade,
duração e à presença de produtos raros.
Todos os anos, desde de 1996, pode-se observar uma recriação desta feira e inspirada
em momentos e personagens históricos da terra, durante cerca de dez dias. Em torno do
acontecimento histórico seleccionado é desenvolvido o programa de actividades de
acordo com o mesmo. Paralelamente, é recriado o ambiente característico da época
através das representações do campo de batalha, acampamentos, ceias, actividades
mercantis, artesãs e artificies.
48
Os Impactos dos Eventos Turísticos: O caso da Viagem Medieval em Santa Maria da Feira.
Num tempo e num espaço diferentes, os visitantes poderão reviver o passado histórico
de um território que teve como centro de poder administrativo o burgo da Feira e o
castelo como centro do poder militar na Idade Média, revivendo o seu quotidiano,
sentindo o dinamismo dos mercadores e artesãos, a azáfama do trabalho dos artífices, o
desafio dos jogos, das pelejas e dos torneios, o prazer dos momentos de convívio em
ceias e grandes festas, onde domina a música, a dança e a magia.
A Feira Viva, EM, inicia a sua actividade em Março de 2001, distribui a sua actividade
pela gestão de equipamentos desportivos, culturais e sociais, bem como a promoção de
actividades de animação desportiva, recreativa e cultural e iniciativas de carácter socio-
económico e científico. Desde de 2004 que participa na organização, tornando-se
responsável pela produção executiva, assume desde 2006, a organização e produção do
evento.
Como se poderá analisar na tabela 3.1, o evento nasceu da iniciativa de duas técnicas do
turismo e, dada a sua afluência, no ano seguinte envolve mais pessoas na sua
organização. No ano de 1998, o evento não se realizou. Em 1999, a Federação das
49
Os Impactos dos Eventos Turísticos: O caso da Viagem Medieval em Santa Maria da Feira.
50
Os Impactos dos Eventos Turísticos: O caso da Viagem Medieval em Santa Maria da Feira.
A afluência, quer dos participantes quer dos visitantes, no primeiro evento deu lugar ao
importante evento que hoje se realiza, na cidade de Santa Maria da Feira (tabela 3.2).
Edição Nº
Participantes Visitantes Espaço
Ano dias
I 11 Câmaras municipais representadas por
2 9 mil Castelo
1996 uma das suas associações.
II
2 Cerca 5 mil participantes - Castelo
1997
Associações recreativas e culturais locais,
Maior do que Castelo, Alameda do
III elementos permanentes na animação,
3 nas edições Tribunal e margens do rio
1999 cavaleiros e o grupo de animação Viv’arte.
anteriores Caster.
IV 8 mil crianças de escolas dos concelhos das Dados não Estende-se pelo Rossio e
11
2000 Terras de Santa Maria. disponíveis. zona envolvente ás piscinas
10 mil crianças provenientes das escolas e cerca de 139
V Estendeu-se mais ainda, para
10 participantes nas animações e mil (dados
2001 a parte histórica da cidade
estabelecimentos oficiais. oficias).
V 250 mil (nº A mesma área da edição
10 Aumento nas associações participantes
2002 noticiado) anterior
VII 150 mil (nº
10 Ampliou-se para a floresta
2003 noticiado)
30 grupos de animação (500 animadores),
Centro Histórico e
900 elementos das 33 associações do
VIII 500 mil (nº Comercial de Santa Maria da
10 concelho, 61 comerciantes, e 102 artesãos,
2004 noticiado) Feira e o espaço natural
artífices e mercadores, 230 voluntários
envolvente ao Castelo.
Cerca de uma centena de artesãos, 30
IX grupos de animação, 170 voluntários, 900 500 mil (nº
10 --
2005 elementos ligados a associações concelhias noticiado)
51
Os Impactos dos Eventos Turísticos: O caso da Viagem Medieval em Santa Maria da Feira.
O Castelo da Feira foi o palco escolhido para acolher uma das iniciativas inseridas no
projecto Viajar no Tempo, tendo em consideração o papel de relevo que assumiu
durante os tempos medievos, enquanto ponto estratégico e cabeça da vasta Terra de
Santa Maria.
Trata-se de um espaço temático onde é contada uma história acerca do modus vivendi
das várias personagens que coabitavam no Castelo da Feira durante este período. A
recriação do espaço passa pela caracterização do castelo nos seus recantos: a cozinha, o
quarto, o salão nobre, a Praça de Armas e a masmorra. No fundo, pretende-se dar vida
ao castelo através da instalação de estruturas amovíveis e elementos decorativos, para
que os visitantes possam assistir a “aulas vivas” acerca do período medieval.
Par além dos elementos fixos, os vários figurantes presentes em cada local dão colorido
e vida a toda esta reconstituição, adoptando comportamentos e atitudes adequadas ao
período medieval. Cenas da vida quotidiana, o treino dos cavaleiros, as artes e ofícios da
época, são apresentados diariamente ao público.
52
Os Impactos dos Eventos Turísticos: O caso da Viagem Medieval em Santa Maria da Feira.
Para além da iniciativa “Era uma vez…o Castelo da Feira”, de maior relevância, o
projecto “Viajar no Tempo Rumo á Viagem Medieval”, compreende ainda a edição de
um livro de receitas medievais, de fácil confecção, para posteriormente servir de guia
gastronómico para os restaurantes e público em geral.
3.3.2.2. “Envolver”
53
Os Impactos dos Eventos Turísticos: O caso da Viagem Medieval em Santa Maria da Feira.
Os participantes são responsáveis pela decoração dos seus estabelecimentos, que deve
obedecer às seguintes orientações:
54
Os Impactos dos Eventos Turísticos: O caso da Viagem Medieval em Santa Maria da Feira.
Por fim, é atribuído uma menção honrosa aos estabelecimentos que obtiverem a
classificação média de 4 valores e os prémios aos primeiros três classificados.
Terra dos Sonhos é o mais recente projecto da empresa municipal Feira Viva, dirigida
por Paulo Sérgio Pais. A quinta do castelo é por estes dias um mundo mágico, para
miúdos e graúdos.
A Terra dos Sonhos pretende que mais novos e menos novos partilhem situações que
não acontecem no dia-a-dia. É com encanto que se pode subir a uma gruta ou bater à
porta do Pai Natal. E, à volta, vivem todos os sonhos. Na quinta do Castelo, espaço
idílico, está a casa dos anões, do Capuchinho Vermelho, a carpintaria de sonhos. Um
universo de magia com um aspecto fundamental: permitir ao visitante entrar nos sonhos
e fazer parte deles.
A Terra dos Sonhos é uma procura de diferença, uma procura arriscada numa época
arriscada. Realiza-se no último trimestre do ano com a pretensão de posicionar Santa
Maria da Feira de forma mais regular durante o ano, em termos de notoriedade.
.
3.3.2.5. Danças Medievais
55
Os Impactos dos Eventos Turísticos: O caso da Viagem Medieval em Santa Maria da Feira.
Na edição de 2008, foi apresentada a primeira loja oficial da VM. A loja tem à
disposição dos visitantes trajes medievais e merchandising da Viagem Medieval, bem
como informação relativa ao projecto Envolver.
O projecto "Criança Segura" é uma das várias medidas implementadas pela área de
Segurança da Viagem Medieval, que investiu ainda no reforço de vigilância policial no
recinto do evento.
56
Os Impactos dos Eventos Turísticos: O caso da Viagem Medieval em Santa Maria da Feira.
Todas as áreas afectas à Viagem Medieval têm indicações para, no caso de serem
confrontadas a situação de uma criança perdida dos pais, contactarem, de imediato, o
seu responsável, através do número inscrito na pulseira.
O projecto “Criança Segura” é uma das várias medidas implementadas pela área de
segurança da Viagem Medieval, que investiu ainda no reforço de vigilância policial no
recinto do evento.
Considera-se pertinente para este trabalho referir o que foi publicado através da
imprensa local, regional e nacional. Com este processo, pretende-se obter uma
caracterização do evento a partir da opinião crítica da imprensa e das entidades
promotoras do evento.
A revista Elo, nº36 (Julho 2007), publicou a entrevista com o presidente da Federação
das Colectividades: “A Viagem Medieval em Terra de Santa Maria é reconhecida hoje
como o evento cultural com maior impacto na projecção interna e externa da imagem do
concelho e da sua sede.” O entrevistado afirmou ainda que a VM “envolve grande parte
do nosso tecido associativo, sendo a adesão por parte deste cada vez maior e
demonstrando um louvável e crescente arrojo e dinamismo na apresentação de projectos
de animação, quer ao nível da animação circulante, como ao nível da animação âncora
ou da animação de espaços.”
57
Os Impactos dos Eventos Turísticos: O caso da Viagem Medieval em Santa Maria da Feira.
O Primeiro de Janeiro referiu que para não se perder a tradição – pelo menos a nível
histórico –, a autarquia de Santa Maria da Feira, em parceria com a Federação das
Colectividades de Cultura e Recreio do Concelho, promove “a forma antiga da feira, em
estilo medieval”, e sugere que aproveite, “os momentos de lazer” e “reviva o passado de
uma terra que foi centro de comércio e revitalização da economia nacional”.
O mesmo jornal caracteriza a VM como sendo uma “mostra com carácter pedagógico”
(…) “Mas para além disto, esta é uma festa que conta com elevado carácter científico –
na realização de um estudo pelo historiador medievalista Luís Miguel Duarte e editado
em livro - e carácter pedagógico, com edição de algumas lendas locais em livro”.
Noticiou ainda que a Câmara Municipal não mede anseios quando ilustra esta festa: “É
uma referência na programação cultural, reforça a auto-estima e o sentimento de
pertença e potencia a imagem do concelho.”, e que a organização aponta ainda este
evento “como o maior organizado em Portugal, com carácter de continuidade, pelo
movimento associativo local”, sendo todos os momentos “escritos, encenados e
representados pela capacidade criativa local”, sendo um projecto “de voluntariado a
escala regional, com a participação de cerca de duas centenas de voluntários de toda a
Terra de Santa Maria”. ( in O Primeiro de Janeiro, 03/08/2007).
A Viagem Medieval em Terra de Santa Maria foi distinguida, em 2008, com uma
Menção Honrosa na terceira edição dos Prémios Turismo de Portugal, na categoria
“Animação” (in JN, 22/07/2008).
58
Os Impactos dos Eventos Turísticos: O caso da Viagem Medieval em Santa Maria da Feira.
Foi a primeira vez que a Câmara Municipal de Santa Maria da Feira apresentou uma
candidatura a este concurso, tendo escolhido o maior evento de recriação medieval do
país - a Viagem Medieval em Terra de Santa Maria - para integrar a categoria
“Animação”.
Ano após ano, o crescimento deste projecto de animação foi acompanhado por diversas
intervenções na zona histórica, ao nível da requalificação urbana e dos espaços verdes,
garantindo as condições ideais para a realização deste e de outros eventos culturais,
como é o caso do Imaginarius - Festival Internacional de Teatro de Rua e da Festa das
Fogaceiras.
Executivo embarca na Viagem Medieval, notícia o JN. “Primeiro foram os apelos aos
comerciantes locais, população e funcionários da Câmara para se trajarem como na
Idade Média. Agora, até os membros do Executivo municipal entraram no espírito da
Viagem Medieval e compareceram a uma reunião da câmara trajados a rigor. (in JN,
2008-08-05).
59
Os Impactos dos Eventos Turísticos: O caso da Viagem Medieval em Santa Maria da Feira.
que se realizam na Europa, garante que "É o maior evento do género que conheço na
Europa" e afirma que “Vou às feiras medievais de Itália, França e Espanha, mas não há
nenhuma maior e melhor do que a aqui na Feira" (in JN, 30/07/2009).
“Feira já conquistou mais 40% de público que na edição anterior” (in JN, 2008-08-07).
Segundo o jornal, o administrador da Feira Viva, entidade que, juntamente com a
Câmara Municipal e Federação das Colectividades, organiza o evento, não arrisca
estimativa mas afirma que os objectivos foram já alcançados e até ultrapassados.
Com características únicas no país, este projecto diferencia-se pelo rigor histórico,
dimensão (espacial e temporal) e envolvimento da população e associativismo local,
60
Os Impactos dos Eventos Turísticos: O caso da Viagem Medieval em Santa Maria da Feira.
61
Os Impactos dos Eventos Turísticos: O caso da Viagem Medieval em Santa Maria da Feira.
“No caso de Santa Maria da Feira torna-se importante compreender como é que dois eventos de
tão forte pendor espectacular podem contribuir para a definição e projecção da sua política
cultural. Os discursos relativos a estes dois eventos, especialmente por parte dos interlocutores
políticos reflectem o objectivo de tornar o acesso aos bens culturais um processo cada vez mais
democrático, no sentido em que a cultura deve chegar a todos. Não se pretende argumentar que
as artes de rua funcionem como pilares de construção de uma política cultural, mas sim que
assumem um papel fundamental na divulgação de uma ideia, de um princípio político e de um
território.”
A CISION Portugal, SA, solicitada pela Câmara de SMF, realizou em 2008 um estudo
sobre toda a informação veiculada entre Janeiro e Agosto de 2008, com referencia à
Viagem Medieval em Terras de Santa Maria, tendo como objectivo identificar a
notoriedade do evento através da sua exposição editorial nos media, assim como os seus
valores e os seus eixos de negatividade e positividade.
62
Os Impactos dos Eventos Turísticos: O caso da Viagem Medieval em Santa Maria da Feira.
3.5. Conclusão
63
Os Impactos dos Eventos Turísticos: O caso da Viagem Medieval em Santa Maria da Feira.
Nos estudos apresentados está subjacente impactos que o evento gera na localidade. O
primeiro apresenta alguns dos benefícios gerados pelos impactos socioculturais do
evento. O segundo refere-se ao impacto económico do mesmo, em termos de
notoriedade do evento nos meios de comunicação.
64
Os Impactos dos Eventos Turísticos: O caso da Viagem Medieval em Santa Maria da Feira.
4.1. Introdução
Conforme se poderá verificar na tabela 4.1, das 37 entidades inquiridas, 64,9% são
Entidades Privadas, seguindo-se as Associações com 13,5% e, por fim as Públicas e as
“Outras” com a mesma percentagem de 10,8%.
Tipo Nº %
Pública 4 10,8
Associação 5 13,5
Privada 24 64,9
Outra 4 10,8
Total 37 100,0
65
Os Impactos dos Eventos Turísticos: O caso da Viagem Medieval em Santa Maria da Feira.
Pelo gráfico 4.1, pode-se verificar que as entidades privadas são as que detêm maior
percentagem de concordâncias positivas acerca da importância do evento para o
desenvolvimento de SMF. Note-se que a “Importância” refere-se àquela que é
percepcionada pelos respondentes.
Por outro lado, as entidades respondentes denominadas de “Outras” são as que atribuem
menos importância ao evento no desenvolvimento da localidade.
“qualquer que seja o destino turístico (…), a prioridade consiste sempre para os responsáveis do
destino de compreender globalmente as competitividades turísticas, sociais e económicas do seu
território, a fim de melhor fazer trabalhar o conjunto dos actores públicos e privados e actuar de
forma concertada a todos os níveis necessários (…) uma iniciativa nesse domínio, para além dos
66
Os Impactos dos Eventos Turísticos: O caso da Viagem Medieval em Santa Maria da Feira.
Como se poderá observar na tabela 4.2, 54,1% das entidades inquiridas participaram no
evento e 45,9% não participaram. Em termos de frequências, das 37 entidades
respondentes, 17 não participaram e 20 participaram na Viagem Medieval.
Participou
Nº %
Não 17 45,9
Sim 20 54,1
Total 37 100,0
Desta análise depreende-se que existe uma participação positiva das entidades
inquiridas no evento.
Intervalo de
participações Nº %
1-3 6 16,2
4-6 4 10,8
7-9 6 16,2
10-12 4 10,8
Total 20 54,1
67
Os Impactos dos Eventos Turísticos: O caso da Viagem Medieval em Santa Maria da Feira.
Na tabela 4.4 se pode constatar que das entidades que participaram, o artesanato é a
forma de participação com maior ocorrência, com 16,2%, seguido da participação nas
tabernas oficiais de repasto com 13,5%, nos grupos de animação com 8,1% e, por fim,
no sistema de ordem e segurança do evento com 5,4%.
Forma Nº %
Organização 3 8,1
Animação 2 5,4
Artesanato 6 16,2
Tabernas 5 13,5
Segurança 1 2,7
Outro 3 8,1
Total 37 100,0
Nos grupos de animação, também apenas dois tipos das entidades inquiridas fazem
parte deste grupo: 12,37% de Privadas participaram 10 a 12 vezes, seguidas das
associações (9,20%), que participaram 4 a 6 vezes.
68
Os Impactos dos Eventos Turísticos: O caso da Viagem Medieval em Santa Maria da Feira.
Nas tabernas oficiais de repasto, das entidades inquiridas, 9,20% de Associações foram
as mais vezes participaram ( 7 a 9 vezes), 6,19% de Privadas participaram entre 4 e 6
vezes e 3,09% de “Outras” de 1 a 3 vezes. Na segurança, 3,09% de Entidades Públicas
participaram de 1 a 3 vezes no evento (gráfico 4.2).
Na tabela 4.5, pode-se verificar, mais uma vez, que das entidades inquiridas, as Públicas
participaram apenas na organização e Ordem e segurança do Evento
69
Os Impactos dos Eventos Turísticos: O caso da Viagem Medieval em Santa Maria da Feira.
Neste ponto, apresentam-se os dados referentes às opiniões das entidades sobre o grau
de importância da VM para o desenvolvimento de SMF, bem como os impactos gerados
pelo evento.
70
Os Impactos dos Eventos Turísticos: O caso da Viagem Medieval em Santa Maria da Feira.
Grau de importância Nº %
Nada importante 0 0
Pouquíssimo importante 2 5,4
Pouco importante 1 2,7
Importante 3 8,1
Conforme se pode verificar no gráfico 4.4, dos respondentes, as entidades privadas são
as que contribuem com maior número de concordâncias positivas acerca da importância
do evento para o desenvolvimento de SMF.
Por outro lado, verifica-se que as entidades públicas são as únicas que apresentam
exclusivamente concordâncias positivas.
71
Os Impactos dos Eventos Turísticos: O caso da Viagem Medieval em Santa Maria da Feira.
Razões Nº %
Cansativo 1 2,7
Total 37 100,0
72
Os Impactos dos Eventos Turísticos: O caso da Viagem Medieval em Santa Maria da Feira.
Outro ,0 ,0 ,0
73
Os Impactos dos Eventos Turísticos: O caso da Viagem Medieval em Santa Maria da Feira.
Conforme se poderá analisar na tabela 4.9, o impacto económico negativo mais referido
é o aumento da sazonalidade turística, com 62,2% das respostas positivas.
Outro ,0 ,0 ,0
Pelo gráfico 4.6, pode-se verificar que das entidades respondentes, cerca de 92%
consideram o evento importante para o desenvolvimento de SMF, dos quais, 62,2%
concordam que o mesmo aumenta a sazonalidade turística.
74
Os Impactos dos Eventos Turísticos: O caso da Viagem Medieval em Santa Maria da Feira.
Pela tabela 4.10, pode-se verificar que o impacto social positivo com maior
percentagem de concordâncias positivas pelas entidades inquiridas foi a
consciencialização e educação da comunidade, com 54,1% das respostas positivas.
Pelo gráfico 4.7, pode-se concluir que, cerca de 92% dos respondentes acreditam que o
evento é importante para o desenvolvimento de SMF e 54,1% concordam que o mesmo
contribui para a consciencialização e educação da comunidade.
75
Os Impactos dos Eventos Turísticos: O caso da Viagem Medieval em Santa Maria da Feira.
Da análise dos dados apresentados na tabela 4.11, pode-se verificar que os inquiridos
elegem o aumento do congestionamento e tráfego urbano como impacto social negativo
com maior percentagem de concordâncias (78,4%) das respostas positivas, seguida da
exploração do turista/visitante, com 54,1% das respostas positivas.
Dos respondentes, 78,4% para além de considerarem que o evento é importante para o
desenvolvimento de SMF, também concordam que o principal impacto social negativo
prende-se com o aumento do congestionamento e tráfego urbano (Gráfico 4.8).
76
Os Impactos dos Eventos Turísticos: O caso da Viagem Medieval em Santa Maria da Feira.
Outro ,0 ,0 ,0
77
Os Impactos dos Eventos Turísticos: O caso da Viagem Medieval em Santa Maria da Feira.
Verifica-se ainda que, 4 entidades não concordam nem discordam que o envolvimento
da comunidade seja um impacto social positivo gerado pelo evento apesar de
acreditarem que o mesmo é importante para o desenvolvimento de SMF e, apenas 1
respondente, discorda completamente, apesar de acreditar que o evento é muito
importante para o desenvolvimento da localidade.
Na tabela 4.13, pode-se verificar que o impacto cultural negativo com maior
percentagem de concordâncias positivas é a afirmação referente à encenação do
interesse cultural visando o interesse meramente comercial, com 29,7% das respostas.
78
Os Impactos dos Eventos Turísticos: O caso da Viagem Medieval em Santa Maria da Feira.
No entanto, verifica-se que 48,6% dos respondentes das discordam que o evento
provoca este tipo de impacto em SMF.
Outro ,0 ,0 ,0
Outro ,0 ,0 ,0
79
Os Impactos dos Eventos Turísticos: O caso da Viagem Medieval em Santa Maria da Feira.
A afirmação referente à promoção de aspectos naturais não valorizados, com 54,1% das
respostas positivas. Relativamente à criação de planos e programas de conservação e
preservação do meio ambiente como impacto ambiental positivo decorrente da Viagem
Medieval, apenas 48,6% dos respondentes concordam com a afirmação, bem como a
questão relativa à sensibilização e consciencialização ambiental da comunidade local,
com 45,9% e à utilização de parte das receitas para o equipamento e preservação dos
recursos, com 43,2%.
Como se pode verificar no gráfico 4.10, das entidades respondentes, 70,3% concordam
que a utilização racional dos espaços é um impacto ambiental positivo decorrente da
Viagem Medieval.
Por outro lado, dessas 26 entidades, 3, não acreditam que o evento é importante para o
desenvolvimento de SMF.
80
Os Impactos dos Eventos Turísticos: O caso da Viagem Medieval em Santa Maria da Feira.
Pela tabela 4.15, se pode verificar que, em termos de impactos ambientais negativos
resultantes da produção do evento, apenas 37,8% dos respondentes concordam com a
poluição do solo e da água, 37,8% com a poluição do ar provocada pelo ruído e emissão
de gases, 27% com a ocupação desordenada do espaço, 21,6% com a destruição da
fauna e flora e 18,9% com a descaracterização da paisagem provocada pela construção
de equipamentos turísticos.
Outro ,0 ,0 ,0
Como se poderá verificar na tabela 4.16, 73% das entidades não registaram qualquer
tipo de comentário. A maior parte dos comentários tecidos pelas entidades
respondentes,10,8% afirma que VM é uma mais-valia para SMF.
81
Os Impactos dos Eventos Turísticos: O caso da Viagem Medieval em Santa Maria da Feira.
Comentários Nº %
Total 37 100,0
Para determinar os impactos que mais contribuem para o desenvolvimento de SMF, foi
realizada uma análise factorial de componentes principais, da base de dados dos
questionários aplicados às entidades, tendo sido obtidos os resultados constantes nas
tabelas seguintes.
82
Os Impactos dos Eventos Turísticos: O caso da Viagem Medieval em Santa Maria da Feira.
Descriptive Statistics
Mean Std. Deviation Analysis N
Criação de emprego 3,95 1,794 37
Aumento do volume vendas comércio 5,27 1,866 37
Aumento da colecta de impostos 4,62 1,738 37
Aumento do consumo artesanato… 5,16 1,659 37
Atracção de novos investimentos… 3,97 1,907 37
Especulação mobiliária 3,08 1,862 37
Aumento custo de vida 3,14 2,097 37
Aumento da sazonalidade turística 4,92 2,126 37
Dependência excessiva do evento 3,89 1,997 37
Mão-de-obra desqualificada na área 3,22 1,828 37
Diminuição do índice de desemprego 3,03 1,691 37
Melhoria e desenvolv. Infra-estruturas 3,86 2,002 37
Aumento nível formação mão-de-obra 3,43 1,788 37
Aumento da qualidade de vida 3,51 1,446 37
Consciencializ. educação comunidade 4,59 1,607 37
Aumento da criminalidade 3,08 1,906 37
Aumento da tensão social 2,62 1,570 37
Aumento do congest. e tráfego urbano 5,97 1,481 37
Problemas de infra-estruturas básicas 4,19 1,927 37
Exploração do visitante 5,00 1,986 37
Valorização do artesanato 5,54 1,386 37
Valorização da herança cultural 5,78 1,250 37
Valorização e preserv. património 5,78 1,272 37
Incremento do interesse pela cultura 5,92 1,441 37
Envolvimento da comunidade no evento 5,92 1,320 37
Descaracterização do artesanato 2,24 1,300 37
Perda da identidade e cultura locais 2,00 1,269 37
Destruição do património histórico 2,38 1,754 37
Encenação interesse cultural vs comerc. 3,57 2,167 37
Arrogância cultural 2,11 1,487 37
Utilização racional dos espaços 5,41 1,641 37
Criação planos de conserv. ambiente 4,70 1,392 37
Promoção aspectos naturais não valoriz. 4,76 1,786 37
Utilização de receitas preserv. recursos 4,59 1,641 37
Sensibilização e conscienc. ambiental 4,86 1,653 37
Ocupação desordenada do espaço 3,32 2,069 37
Poluição do solo e agua 4,05 1,999 37
Poluição do ar provocado p/ ruído,gases 4,03 1,863 37
Descaracterização da paisagem 2,70 2,026 37
Destruição da fauna e flora 3,05 1,957 37
83
Os Impactos dos Eventos Turísticos: O caso da Viagem Medieval em Santa Maria da Feira.
84
Os Impactos dos Eventos Turísticos: O caso da Viagem Medieval em Santa Maria da Feira.
Verificando que acima dessa linha estão 8 factores (os mesmos que foram extraídos no
método anterior) consideram-se apenas 8 factores.
Note-se que o SPSS não apresenta a linha horizontal visível, ela está aqui representada
para auxiliar a explicação.
Da matriz de componentes e após uma rotação varimax (tabela 4.19.), foi possível aferir
a composição dos 8 factores relativamente aos impactos estudados.
85
Os Impactos dos Eventos Turísticos: O caso da Viagem Medieval em Santa Maria da Feira.
Component
1 2 3 4 5 6 7 8
Criação de emprego ,122 ,560 -,203 ,459 -,004 -,215 ,242 ,169
Aumento do volume vendas comércio ,045 ,253 -,398 ,631 ,074 -,223 ,216 ,149
Aumento da colecta de impostos ,272 ,122 -,139 -,157 ,254 ,066 ,227 ,645
Aumento do consumo artesanato… -,003 ,211 -,430 ,630 ,322 -,131 ,014 -,174
Atracção de novos investimentos… ,290 ,289 -,141 ,387 ,031 -,447 ,235 ,224
Especulação mobiliária ,361 ,316 ,398 ,041 ,141 -,082 ,575 ,117
Aumento custo de vida ,202 ,028 ,455 ,274 ,019 ,274 ,471 ,132
Aumento da sazonalidade turística -,075 ,098 -,145 ,091 ,014 ,131 ,797 ,107
Dependência excessiva do evento ,424 -,052 ,031 ,196 ,206 ,181 ,622 ,144
Mão-de-obra desqualificada na área -,029 -,169 ,227 -,193 ,096 ,621 ,264 -,037
Diminuição do índice de desemprego ,209 ,606 -,042 ,265 -,163 ,058 ,156 -,128
Melhoria e desenvolvimento Infra-estruturas -,054 ,435 -,034 ,451 -,138 -,226 ,019 ,616
Aumento nível formação mão-de-obra -,420 ,366 ,279 ,569 ,073 -,057 -,227 ,349
Aumento da qualidade de vida -,261 ,225 ,042 ,668 ,053 ,087 ,235 ,149
Consciencialização e educação comunidade -,241 ,057 -,078 ,236 ,174 ,084 ,127 ,741
Aumento da criminalidade ,280 -,019 -,043 -,482 -,227 ,470 ,096 ,161
Aumento da tensão social ,143 -,042 ,035 -,035 -,299 ,710 ,268 -,432
Aumento do congestionamento e tráfego urbano ,462 ,310 -,096 ,098 ,095 ,557 ,045 ,261
Problemas de infra-estruturas básicas ,157 ,018 ,487 ,026 ,017 ,703 -,252 ,093
Exploração do visitante ,690 ,132 ,049 -,023 -,011 ,497 ,102 ,156
Valorização do artesanato ,168 ,444 -,483 ,325 ,389 ,244 ,085 ,144
Valorização da herança cultural -,036 ,321 -,489 ,418 ,352 ,236 ,220 ,077
Valorização e preservação do património -,215 ,171 -,202 ,053 ,827 ,023 -,053 -,059
Incremento do interesse pela cultura ,022 ,178 -,342 ,121 ,762 -,140 ,109 ,188
Envolvimento da comunidade no evento -,165 ,141 -,004 ,101 ,800 -,032 ,182 ,232
Descaracterização do artesanato ,021 -,181 ,870 -,056 -,042 ,078 ,052 -,119
Perda da identidade e cultura locais ,147 -,035 ,824 -,029 -,164 ,212 ,033 -,106
Destruição do património histórico ,530 ,143 ,517 -,126 -,192 -,152 ,290 ,175
Encenação interesse cultural vs comercial ,470 ,043 ,175 -,355 -,216 ,009 ,404 ,334
Arrogância cultural ,241 -,107 ,747 -,193 -,303 ,214 -,200 -,105
Utilização racional dos espaços -,234 ,431 -,200 ,106 ,195 -,216 ,539 -,245
Criação planos de conservação do meio ambiente -,086 ,889 -,055 ,017 ,296 -,041 -,031 ,049
Promoção aspectos naturais não valorizados -,608 ,547 ,048 -,046 ,268 ,021 ,095 -,122
Utilização de receitas p/ preservação dos recursos ,042 ,756 -,079 ,186 ,227 -,040 -,052 ,166
Sensibilização e consciencialização ambiental ,086 ,820 -,138 ,123 ,079 ,003 ,180 ,266
Ocupação desordenada do espaço ,809 -,054 ,231 -,075 -,172 -,046 -,121 -,060
Poluição do solo e agua ,901 ,106 ,081 -,019 -,039 ,155 ,104 -,138
Poluição do ar provocado p/ ruído, gases ,847 ,016 ,022 -,029 ,075 ,162 -,031 -,116
Descaracterização da paisagem ,398 -,193 ,386 ,027 -,109 ,430 ,039 -,537
Destruição da fauna e flora ,741 ,102 ,158 -,235 -,354 -,107 ,259 -,081
86
Os Impactos dos Eventos Turísticos: O caso da Viagem Medieval em Santa Maria da Feira.
87
Os Impactos dos Eventos Turísticos: O caso da Viagem Medieval em Santa Maria da Feira.
como dependente, conclui-se através de uma regressão linear múltipla que esses 8
factores explicam, na perspectiva das entidades, cerca de 32% do desenvolvimento de
SMF. (tabela 4.21.)
Model Summary
Nº %
26-35 88 27,9
36-45 66 21,0
46-55 40 12,7
56-65 9 2,9
+ 65 1 0,3
88
Os Impactos dos Eventos Turísticos: O caso da Viagem Medieval em Santa Maria da Feira.
Género Nº %
Apesar da maior parte dos respondentes serem mulheres, verifica-se uma equidade
relativa entre os respondentes homens e mulheres.
Dos respondentes, 93,7% visitaram e apenas 6,3% não visitaram o evento (tabela 4.24.).
Visitou Nº %
Não 20 6,3
Tomando por base os resultados obtidos, verifica-se uma forte aderência da população
na visitação do evento.
Pelo gráfico 4.11, verifica-se que a maior parte dos respondentes que visitaram o evento
são jovens (190 indivíduos dos 315 respondentes), com idades compreendidas entre os
89
Os Impactos dos Eventos Turísticos: O caso da Viagem Medieval em Santa Maria da Feira.
No mesmo gráfico, também se pode verificar que faixa etária dos respondentes que não
visitaram a Viagem Medieval sã diversificadas ( 1 individuo com idade entre 15 e 25
anos, 8 com idades entre 26 e 35 anos, 6 com idades entre 36 e 45 e 5 com idades entre
46 e 55.
Curiosamente, os respondentes que pertencem à faixa etária mais velha, visitaram todos
o evento.
As duas questões seguintes tiveram como objectivo apurar dados sobre o número e
formas de participação dos inquiridos na VM.
Sabendo que, e segundo dados oficias, actualmente participam cerca de 1100 pessoas
diariamente no evento, fazendo a extrapolação da amostra para o Universo da população
(cerca de 147 mil habitantes no Concelho e cerca de 11 mil habitantes na Cidade –
90
Os Impactos dos Eventos Turísticos: O caso da Viagem Medieval em Santa Maria da Feira.
fonte: O país em números, edição 2006, INE), poder-se-á concluir que os participantes
na VM são, na sua grande maioria, residentes no concelho de SMF. O que resulta num
forte indicador de envolvimento da população.
Na tabela 4.25., pode-se verificar que 25,4% dos respondentes (80 indivíduos),
participaram e 74,6% dos respondentes ( 235 indivíduos) não participaram na Viagem
Medieval.
Participou Nº %
Sim 80 25,4
Dos respondentes, 3,8% participaram nas tendas oficiais de artesanato, 5,1% no sistema
de ordem e segurança do evento, 7,9% nos grupos de animação cultural e 8,6% nas
tabernas oficiais de repasto, sendo esta última a forma com maior participação (tabela
4.26.).
Participou Forma Nº %
91
Os Impactos dos Eventos Turísticos: O caso da Viagem Medieval em Santa Maria da Feira.
Como se pode verificar na tabela 4.27., dos inquiridos respondentes que participaram
(25,4%), a maior parte, 13,7% participaram entre 1 a 3 vezes, 4,4% entre 4 a 6 vezes,
3,8% entre 10 a 12 vezes e 3,5% participaram entre 7 a 9 vezes.
Intervalo de
vezes
Nº %
Não
235 74,6
participaram
1-3 43 13,7
4-6 14 4,4
7-9 11 3,5
10-12 12 3,8
Na tabela 4.28., como se pode verificar, a maioria dos inquiridos, 86,4%, considera a
VM muito importante, dos quais 23,2% considera muito importante, 27,6% considera
muitíssimo importante e 35,6% considera extremamente importante para o
desenvolvimento de SMF.
92
Os Impactos dos Eventos Turísticos: O caso da Viagem Medieval em Santa Maria da Feira.
Importância Nº %
Importante 31 9,8
Conclui-se portanto, que a grande maioria dos respondentes consideram que o evento é
muito importante para o desenvolvimento de Santa Maria da Feira.
Dos respondentes, 80,6% concorda que o evento promove o comércio e industria locais,
85,4% concorda que aumenta os meios recreativos e de lazer, 75,6% que recupera o
artesanato e 70,8% que incentiva a restauração dos edifícios históricos. Em menor
percentagem, 56,2% dos respondentes concorda que o evento cria posto de trabalho.
93
Os Impactos dos Eventos Turísticos: O caso da Viagem Medieval em Santa Maria da Feira.
Discordo Concordo
completamente Não concordo Concordo muito
Opinião Discordo muito nem discordo Concordo
Discordo completamente
Impactos % % %
94
Os Impactos dos Eventos Turísticos: O caso da Viagem Medieval em Santa Maria da Feira.
Também se pode concluir que apenas 3,8% dos respondentes não acreditam que a
Viagem Medieval seja importante para o desenvolvimento de Santa Maria da Feira.
95
Os Impactos dos Eventos Turísticos: O caso da Viagem Medieval em Santa Maria da Feira.
Impactos % % %
Aumenta o congestionamento e tráfego
6,3 9,8 83,8
urbano
Aumenta os preços 20,3 18,7 61,0
Pelo gráfico 4.13, pode-se verificar a grande maioria dos respondentes concordam que o
provoca o aumento do congestionamento e tráfego urbano.
96
Os Impactos dos Eventos Turísticos: O caso da Viagem Medieval em Santa Maria da Feira.
Para determinar os impactos que mais contribuem para o desenvolvimento de SMF, foi
realizada uma análise factorial de componentes principais, da base de dados dos
questionários aplicados à população, tendo sido obtidos os resultados constantes nas
tabelas seguintes.
97
Os Impactos dos Eventos Turísticos: O caso da Viagem Medieval em Santa Maria da Feira.
98
Os Impactos dos Eventos Turísticos: O caso da Viagem Medieval em Santa Maria da Feira.
Da matriz de componentes e após uma rotação varimax (tabela 4.33.), foi possível aferir
a composição dos 4 factores relativamente aos impactos estudados.
Component
1 2 3 4
urbano
Melhoras as infra-estruturas públicas ,704 ,173 -,029 ,105
históricos
Recupera o artesanato ,253 -,257 ,135 ,715
locais
Aumenta o custo de vida ,068 ,451 ,593 ,161
consc.ambientalconsciencialização
Destroi o património histórico -,083 ,735 ,159 -,018
99
Os Impactos dos Eventos Turísticos: O caso da Viagem Medieval em Santa Maria da Feira.
Model Summary
Change Statistics
Std. Error
R Adjusted R of the R Square F Sig. F
Model R Square Square Estimate Change Change df1 df2 Change
a
1 ,571 ,326 ,318 1,068 ,326 37,567 4 310 ,000
100
Os Impactos dos Eventos Turísticos: O caso da Viagem Medieval em Santa Maria da Feira.
De referir ainda que o fácil acesso à informação através dos programas de sensibilização
e de apoio aos participantes e as iniciativas decorrentes do “projecto envolver”, em
particular o sub-projecto “Estabelecimento Medieval - oficial”, por si só, reflectem um
impacto social positivo pela mobilização social.
101
Os Impactos dos Eventos Turísticos: O caso da Viagem Medieval em Santa Maria da Feira.
De facto, durante o período deste evento existe uma grande e excepcional deslocação de
pessoas a SMF que pode ser comparável à festa das fogaceiras, de cariz histórico-
cultural, que se realiza sempre num dia, a 20 de Janeiro e que atrai milhares de
visitantes. Ponderando as características de ambos os eventos poder-se-á induzir que a
VM atrai mais visitantes pelo facto de se realizar durante o tradicional período de férias
de verão da população em geral e durante mais dias. Por outro, reflectindo sobre a
localização geográfica e sobre o histórico turístico desta cidade que outrora se designava
sobretudo industrial, não terá o evento vindo a colmatar a desertificação da mesma?
Entretanto, as entidades responsáveis pelo evento, provavelmente prevendo, de entre
102
Os Impactos dos Eventos Turísticos: O caso da Viagem Medieval em Santa Maria da Feira.
Culturais – Apenas uma pequena parte das entidades respondentes (29,7%, pequena,
considerando que 48,6% dos respondentes acham que não se trata de um impacto
negativo), evidenciam a “Encenação do interesse cultural visando o interesse
meramente comercial” como sendo um impacto cultural negativo.
103
Os Impactos dos Eventos Turísticos: O caso da Viagem Medieval em Santa Maria da Feira.
actual, num total de 40 hectares, que se estendem até à estrada de Travanca. Na prática
fala-se de uma primeira fase de um projecto verde que se pretende dar continuidade a
montante e a jusante, sendo que já surge a ideia de o estender até ao mar.
Ainda na fase inicial mas olhando para o projecto propriamente dito poder-se-á destacar
alguns pontos que fundamentam as opiniões das entidades e da população:
104
Os Impactos dos Eventos Turísticos: O caso da Viagem Medieval em Santa Maria da Feira.
Alguns destinos estão bem definidos na mente do público porque hospedam festivais e
eventos públicos espectaculares. O Carnaval, no Rio de Janeiro; o Calgary Stampede,
no Canadá; o Mardi Grass, em Nova Orleans; os Festivais de Edimburgo, na Escócia; a
Oktoberfest, em Munique; e o Festival do Tamisa em Londres, agora definem o destino
em termos de uma marca festiva.
A Oktoberfest, por exemplo, teve início em 1810, para permitir que os residentes
celebrassem um casamento real. Posteriormente, foram acrescentadas outras
actividades, como corridas de cavalo, parques de diversões e, agora, oportunidades
promocionais corporativas. Este evento atrai sete milhões de visitantes, durante o mês
de Setembro, a Munique. O Festival de Neve de Sapporo, anual, em Hokkaido, é o
festival de Inverno mais famoso do Japão. Atrai pessoas de todo o mundo. Dura cerca
de uma semana e expões mais de 300 grandes estátuas de neve, as quais são iluminadas
de noite.
Para Yeoman et al,( 2006), “Os eventos comunitários podem utilizar um local para
demonstrar confiança sobre como mantiveram ordem e desenvolveram interpretações,
de forma a que os outros possam fazer o mesmo quando o visitarem”.
Com relação a eventos de cariz medieval, em Portugal, de norte a sul do país, realizam-
se muitas festividades deste género. Almodôvar, Arganil, Avis, Belver, Castro Marim,
Coimbra, Lamego, Marão, Monsanto, Óbidos, Penedono, Penela, Silves são algumas
105
Os Impactos dos Eventos Turísticos: O caso da Viagem Medieval em Santa Maria da Feira.
das localidades. A Feira medieval mais antiga é a de Coimbra, este ano realizou a 18ª
edição. Uma com grande impacto na imprensa é a de Óbidos. Mas o evento de Santa
Maria da Feira revela supremacia em termos área ocupada, número de espectáculos,
número de dias de festa e número de visitantes. É certo que não existem estudos
científicos que comprovem esta classificação, no entanto comparando duração, o espaço
onde se realizam e o número de visitantes noticiado, poder-se-á concluir acerca da
dimensão mediática que a VM representa no nosso País.
4.8.4. Implicações
106
Os Impactos dos Eventos Turísticos: O caso da Viagem Medieval em Santa Maria da Feira.
4.8.4.2. Os Impactos
Tal como defendem os autores citados ao longo deste trabalho, o turismo gera impactos
económicos, sociais, culturais e ambientais, positivos e negativos.
107
Os Impactos dos Eventos Turísticos: O caso da Viagem Medieval em Santa Maria da Feira.
Contrariando o autor, analisando os dados (tabela 4.36 e 4.37), poder-se-á dizer que as
entidades e população respondentes vêm o evento como instrumento de valorização
económico, social, cultural e ambiental para SMF.
Esta conclusão vem reforçar as elações da OMT (1997) relativamente aos impactos
culturais. O turismo pode ajudar a estimular o interesse dos moradores pela própria
cultura, pelas suas tradições, costumes e património histórico, uma vez que os
elementos culturais de valor para os turistas são recuperados e conservados, para que
possam ser incluídos na actividade turística.
Esse despertar cultural pode constituir uma experiência positiva para os moradores,
dando-lhes uma certa consciencialização sobre a continuidade histórica e cultural da sua
comunidade que, por sua vez, pode tornar-se num aspecto que potencialize o atractivo
turístico do lugar.
108
Os Impactos dos Eventos Turísticos: O caso da Viagem Medieval em Santa Maria da Feira.
109
Os Impactos dos Eventos Turísticos: O caso da Viagem Medieval em Santa Maria da Feira.
permanente, veja-se por exemplo, o plano de revitalização do parque do rio Cáster, que
passa pela zona onde se realiza o evento, descrito no ponto 4.8.1.
Impactos
Entidades População
Positivos
Autores
respondentes Respondente
110
Os Impactos dos Eventos Turísticos: O caso da Viagem Medieval em Santa Maria da Feira.
das entidades e população respondente (tabela 4.38), conclui-se que a Viagem Medieval
produz na localidade a maior parte dos benefícios, em termos de impactos culturais e
ambientais enunciados no capitulo I.
Com relação aos impactos económicos e sociais, ressaltam apenas alguns dos benefícios
apontados pelos autores como o aumento do comércio e a consciencialização e
educação social.
Quanto aos impactos negativos, como se pode verificar na tabela 4.39, poder-se-á
concluir que apenas ressaltam as preocupações relacionadas com o aumento e
congestionamento do tráfego e o aumento dos preços, como impactos económicos e
sociais.
Impactos
Entidades População
Negativos
Autores
Respondentes Respondente
Aumento/congestionam. tráfego.
Rivalidade na utilização dos recursos naturais;
Destruição da paisagem natural, fauna e flora.
Degradação paisagem sítios históricos,
monumentos
111
Os Impactos dos Eventos Turísticos: O caso da Viagem Medieval em Santa Maria da Feira.
Ao fazer uma análise dos resultados e relacionando-os com as fases das relações entre
turistas e moradores de Doxey (1975), que podem servir para medir os impactos
socioculturais do turismo nas localidades, poder-se-á concluir que o evento se enquadra
na Fase de euforia - fase das primeiras aparições do turismo (o evento realiza-se desde
1996 e, neste momento, conta com 13 edições), quando ele desperta entusiasmo da
população residente, que o vê como uma boa acção para o desenvolvimento da
localidade.
4.9. Recomendações
Considerando que:
112
Os Impactos dos Eventos Turísticos: O caso da Viagem Medieval em Santa Maria da Feira.
4.10. Conclusão
Pela análise dos dados apresentadas neste capítulo, conclui-se que na perspectiva da
entidades respondentes, o evento gera mais impactos positivos do que negativos. Em
termos de benefícios, os respondentes apontam sobretudo impactos culturais e
ambientais, conferindo todos os aspectos apresentados no questionário. Em termos
económicos e sociais, apontam apenas alguns benefícios, nomeadamente o aumento do
113
Os Impactos dos Eventos Turísticos: O caso da Viagem Medieval em Santa Maria da Feira.
114
Os Impactos dos Eventos Turísticos: O caso da Viagem Medieval em Santa Maria da Feira.
Conclusão
Do capítulo I, conclui-se que, assim como todo o turismo, os eventos turísticos geram
impactos positivos e negativos nas localidades ao nível económico, social, cultural e
ambiental sendo de extrema importância a sua gestão sustentável para o
desenvolvimento das localidades.
Santa Maria da Feira caracteriza-se como sendo uma localidade que expandiu a sua
economia baseada no sector terciário e com raízes histórico-culturais com atractividades
turísticas de origem predominantemente de eventos ou actividades culturais, sendo a
Viagem Medieval, um dos principais atractivos turísticos, tal como é explanado no
capítulo III.
115
Os Impactos dos Eventos Turísticos: O caso da Viagem Medieval em Santa Maria da Feira.
116
Os Impactos dos Eventos Turísticos: O caso da Viagem Medieval em Santa Maria da Feira.
117
Os Impactos dos Eventos Turísticos: O caso da Viagem Medieval em Santa Maria da Feira.
Bibliografia
Cooper, Ch., Fletcher, J., Gilbert, D. e Wanhill, S., Sherpherd, R. (eds.) (1998, ou.
1993), Tourism. Principles and Practice. New York, Longman.
Ferreira, L., Gomes, J., Castro, J., (2005). Planeamento em Turismo e Sustentabilidade.
MBA 05/06, IPDT.
Getz, D. (1997). Event Management and Event Tourism. New York, Cognizant
Communication Corporation.
118
Os Impactos dos Eventos Turísticos: O caso da Viagem Medieval em Santa Maria da Feira.
Lea, J. (1988). Tourism and development in the Third World. New York: Routledge.
Macdonnel, I., Allen, J. e O’Toole, W (1999). Festival and Special Event Management.
Brisbane, John Wiley and Sons.
Mathieson, A. e Wall, G., (1982), Tourism – economic, physical and social impacts.
London, Longman
119
Os Impactos dos Eventos Turísticos: O caso da Viagem Medieval em Santa Maria da Feira.
National Trust for Historic Preservation (1993). How to Succeed in Heritage Tourisme.
London.
OMT (1980). Tendências de evolução aos níveis mundial, europeu e nacional. Porto,
Associação Empresarial de Portugal.
Pearce, D. (1989), Tourisme Development. 2ª Edição, Longman and New York; Wiley.
Richards, G., (2001). Cultural Attractions and European Tourism. CABI Publishing,
Oxon
120
Os Impactos dos Eventos Turísticos: O caso da Viagem Medieval em Santa Maria da Feira.
Waterman, S.(1998). Carnivals for elites? The cultural politics of arts festivals.
Progress in Fuman Geography, 22(1), 55-74.
WTO, (1985), The states role in protecting and promoting culture as a factor in
tourism development and the proper use and exploitation of the national cultural
heritage of sites and monuments for tourists. WTO, Madrid.
WTO, (1993). Sustainable Tourism: Guide for local planners. Madrid, Tourism and
the Environmental Publication.
Zeppel, H. e Hall, C.M. (1991). Selling Art and History: Cultural Heritage and
Tourism. The Journal
Sites Consultados
121
Os Impactos dos Eventos Turísticos: O caso da Viagem Medieval em Santa Maria da Feira.
Anexos
O turismo envolve pessoas e destinos gerando consequências tanto benéficas quanto maléficas
no meio ambiente onde é desenvolvido. A percepção destes impactos não é fácil de ser medida,
visto que o turismo interage com diversos sectores da actividade económica e envolve também
modificações nos aspectos físicos e sociais. A necessidade de sistematizar o conhecimento
relacionado a práticas existentes da actividade turística e os impactos reais gerados na cidade
de Santa Maria da Feira percebidos pelas pessoas envolvidas com a actividade turística é o
fundamento para a realização desta pesquisa. Acreditamos que é importante a elaboração de
pesquisas para encontrarmos respostas as nossas investigações e contribuir, de alguma forma,
para o desenvolvimento sustentável do turismo em Santa Maria da Feira.
Q2. A Entidade que representa já alguma vez participou na “Viagem Sim Não
122
Os Impactos dos Eventos Turísticos: O caso da Viagem Medieval em Santa Maria da Feira.
Medieval”
Q4. Desde a primeira edição, entre 1996 e 2008, quantas vezes a Entidade participou na
“Viagem Medieval”?
1 a 3 vezes 4 a 6 vezes 7 a 9 vezes 10 a 12 vezes
Q5. Em que medida considera a “Viagem Medieval” importante para o desenvolvimento de SMF.
(Assinale com um X o número que mais se aproxima da sua opinião, sabendo que o nº 1
corresponde a “Nada Importante” e o nº 7 a “Extremamente Importante”).
Nada importante 1 2 3 4 5 6 7 Extremamente importante
Q7. Assinale com um X o quadrado relativo a cada um dos aspectos com o número que mais se
aproxima da sua opinião, sabendo que o nº 1 corresponde a “Discordo completamente” e
o nº 7 a “Concordo plenamente”, relativamente aos impactos económicos positivos da
Viagem Medieval em SMF.
11. Criação de emprego
1 2 3 4 5 6 7
12. Aumento do volume de vendas no comércio
1 2 3 4 5 6 7
13. Aumento da colecta de impostos
1 2 3 4 5 6 7
14. Aumento do consumo de artesanato e de produtos locais
1 2 3 4 5 6 7
15. Atracção de novos investimentos e desenvolvimento de empresas
1 2 3 4 5 6 7
123
Os Impactos dos Eventos Turísticos: O caso da Viagem Medieval em Santa Maria da Feira.
Q8. Assinale com um X o quadrado relativo a cada um dos aspectos com o número que mais
se aproxima da sua opinião, sabendo que o nº 1 corresponde a “Discordo completamente”
e o nº 7 a “Concordo plenamente”, relativamente aos impactos económicos negativos da
Viagem Medieval em SMF.
17. Especulação mobiliária
1 2 3 4 5 6 7
18. Aumento do custo de vida
1 2 3 4 5 6 7
19. Aumento da sazonalidade turística
1 2 3 4 5 6 7
20. Dependência excessiva do evento
1 2 3 4 5 6 7
21. Mão-de-Obra desqualificada na área
1 2 3 4 5 6 7
22. Outro (especificar):
1 2 3 4 5 6 7
Q9. Assinale com um X o quadrado relativo a cada um dos aspectos com o número que mais
se aproxima da sua opinião, sabendo que o nº 1 corresponde a “Discordo completamente”
e o nº 7 a “Concordo plenamente”, relativamente aos impactos sociais positivos da
Viagem Medieval em SMF.
23. Diminuição do índice de desemprego
1 2 3 4 5 6 7
24. Melhoria e desenvolvimento das infra-estruturas (acessos, saúde,
saneamento básico, apoio social…) 1 2 3 4 5 6 7
25. Aumento do nível de formação da mão-de-obra e incremento da
qualidade dos serviços 1 2 3 4 5 6 7
26. Aumento da qualidade de vida
1 2 3 4 5 6 7
27. Consciencialização e Educação da Comunidade
1 2 3 4 5 6 7
28. Outro (especificar):
1 2 3 4 5 6 7
Q10. Assinale com um X o quadrado relativo a cada um dos aspectos com o número que
mais se aproxima da sua opinião, sabendo que o nº 1 corresponde a “Discordo
completamente” e o nº 7 a “Concordo plenamente”, relativamente aos impactos sociais
negativos da Viagem Medieval em SMF.
29. Aumento da criminalidade
1 2 3 4 5 6 7
30. Aumento da tensão social (aparecimento/aumento de grupos
desfavorecidos) 1 2 3 4 5 6 7
31. Aumento do Congestionamento e tráfego urbano
1 2 3 4 5 6 7
32. Problemas de Infra-estruturas básicas
1 2 3 4 5 6 7
33. Exploração do visitante/turista (ex.: aumento dos preços)
1 2 3 4 5 6 7
124
Os Impactos dos Eventos Turísticos: O caso da Viagem Medieval em Santa Maria da Feira.
Q11. Assinale com um X o quadrado relativo a cada um dos aspectos com o número que
mais se aproxima da sua opinião, sabendo que o nº 1 corresponde a “Discordo
completamente” e o nº 7 a “Concordo plenamente”, relativamente aos impactos
culturais positivos da Viagem Medieval em SMF.
35. Valorização do artesanato
1 2 3 4 5 6 7
36. Valorização da herança cultural
1 2 3 4 5 6 7
37. Valorização e preservação do património histórico e cultural Feirense
1 2 3 4 5 6 7
38. Incremento do interesse pela cultura (história, musica, teatro, dança)
1 2 3 4 5 6 7
39. Envolvimento da comunidade no evento
1 2 3 4 5 6 7
40. Outro (especificar):
1 2 3 4 5 6 7
Q12. Assinale com um X o quadrado relativo a cada um dos aspectos com o número que
mais se aproxima da sua opinião, sabendo que o nº 1 corresponde a “Discordo
completamente” e o nº 7 a “Concordo plenamente”, relativamente aos impactos
culturais negativos da Viagem Medieval em SMF.
41. Descaracterização do artesanato
1 2 3 4 5 6 7
42. Perda da identidade e cultura locais
1 2 3 4 5 6 7
43. Destruição do património histórico
1 2 3 4 5 6 7
44. Encenação do interesse cultural visando o interesse meramente
comercial 1 2 3 4 5 6 7
45. Arrogância cultural (não há contacto entre visitantes e população local)
1 2 3 4 5 6 7
46. Outro (especificar):
1 2 3 4 5 6 7
Q13. Assinale com um X o quadrado relativo a cada um dos aspectos com o número que
mais se aproxima da sua opinião, sabendo que o nº 1 corresponde a “Discordo
completamente” e o nº 7 a “Concordo plenamente”, relativamente aos impactos
ambientais positivos da Viagem Medieval em SMF.
47. Utilização racional dos espaços (urbano e verdes)
1 2 3 4 5 6 7
48. Criação de planos e programas de conservação e preservação do meio
ambiente 1 2 3 4 5 6 7
49. Promoção da descoberta de aspectos naturais não valorizados
1 2 3 4 5 6 7
50. Utilização de parte das receitas do evento para o equipamento e
preservação dos recursos 1 2 3 4 5 6 7
51. Sensibilização e consciencialização ambiental da comunidade local
1 2 3 4 5 6 7
125
Os Impactos dos Eventos Turísticos: O caso da Viagem Medieval em Santa Maria da Feira.
Q14. Assinale com um X o quadrado relativo a cada um dos aspectos com o número que
mais se aproxima da sua opinião, sabendo que o nº 1 corresponde a “Discordo
completamente” e o nº 7 a “Concordo plenamente”, relativamente aos impactos
ambientais negativos da Viagem Medieval em SMF.
53. Ocupação desordenada do espaço
1 2 3 4 5 6 7
54. Poluição do solo e da agua
1 2 3 4 5 6 7
55. Poluição do ar provocada pelo ruído e emissão de gases
1 2 3 4 5 6 7
56. Descaracterização da paisagem provocada pela construção de
equipamentos turísticos 1 2 3 4 5 6 7
57. Destruição da Fauna e Flora
1 2 3 4 5 6 7
58. Outro (especificar):
1 2 3 4 5 6 7
126
Os Impactos dos Eventos Turísticos: O caso da Viagem Medieval em Santa Maria da Feira.
Este questionário tem como objectivo avaliar os impactos do evento turístico “Viagem Medieval” em Santa Maria da Feira.
A sua colaboração é indispensável, pois sem ela este estudo seria de todo impossível e garantimos-lhe, desde já, o seu total anonimato.
Agradece-se a atenção dispensada e apela-se à sua sinceridade ao responder às questões apresentadas. Seleccione as suas respostas com
uma cruz (X). Antes de entregar, verifique por favor, se todas as questões foram respondidas.
Muito Obrigada!
Aluna do Mestrado em Ciências Empresariais - UFP – Rosário Barros
Identificação (Opcional):
Idade: 15-25 26-35 36-45 46-55 56-65 + 66
Sexo Masculino: Sexo Feminino:
Residente em:
Q15. Já alguma vez visitou a “Viagem Medieval” Sim Não
Q2. Se já alguma vez participou na “Viagem Medieval”, assinale por favor, de que forma.
Nos grupos de animação cultural
Nas tendas oficiais de artesanato
Nas tabernas oficiais de repasto
No sistema de ordem e segurança do evento
Q3. Desde a primeira edição, entre 1996 e 2008, quantas vezes participou na “Viagem
Medieval”?
1 a 3 vezes 4 a 6 vezes 7 a 9 vezes 10 a 12 vezes
Q4. Em que medida considera a “Viagem Medieval” importante para o desenvolvimento de SMF.
(Assinale com um X o número que mais se aproxima da sua opinião, sabendo que o nº 1
corresponde a “Nada Importante” e o nº 7 a “Extremamente Importante”).
Nada importante 1 2 3 4 5 6 7 Extremamente importante
Q5. Assinale com um X o quadrado com o número que mais se aproxima da sua opinião,
sabendo que o nº 1 corresponde a “Discordo completamente” e o nº 7 a “Concordo
plenamente”, relativamente aos impactos da Viagem Medieval em SMF.
O evento atrai mais investimentos 1 2 3 4 5 6 7
Aumenta o congestionamento e tráfego urbano 1 2 3 4 5 6 7
Melhora as infra-estruturas públicas (saneamento básico, rodovias, etc.) 1 2 3 4 5 6 7
Cria postos de trabalho 1 2 3 4 5 6 7
Aumenta os preços 1 2 3 4 5 6 7
Aumenta a tensão social (aparecimento/aumento de grupos desfavorecidos) 1 2 3 4 5 6 7
Promove o comércio e indústria locais 1 2 3 4 5 6 7
Aumenta os meios recreativos e de lazer 1 2 3 4 5 6 7
Descaracteriza o artesanato 1 2 3 4 5 6 7
Incentiva a restauração dos edifícios históricos 1 2 3 4 5 6 7
Recupera o artesanato 1 2 3 4 5 6 7
Causa a perda de identidade e cultura locais 1 2 3 4 5 6 7
Aumenta o custo de vida 1 2 3 4 5 6 7
Aumenta a sensibilização e consciencialização ambiental da comunidade local 1 2 3 4 5 6 7
Destrói o património histórico 1 2 3 4 5 6 7
127
Os Impactos dos Eventos Turísticos: O caso da Viagem Medieval em Santa Maria da Feira.
Trata-se de uma das praças mais antigas de Santa Maria da Feira e durante muitos anos
foram-lhe dados diversos nomes até á denominação actual.
Esta praça já sofreu bastantes alterações ao longo dos anos, devido principalmente a opções
urbanísticas, ou pelo acto de compra e venda de algumas das principais casas, e remodelações
destas. O que se conserva inteiramente nesta praça é mesmo o chafariz.
Há poucos anos, esta foi reabilitada, e foi proibida a circulação automóvel.
1.2. Castelo
Alvo de duas intervenções sucessivas, torna-se nesta altura, na mais notável construção
militar portuguesa da época, ao ser dotado de estruturas de reaproveitamento de
adaptação em toda a muralha de ameias, rasgos de seteiras e armas de fogo, entre outras.
Recentemente, foi submetido a um plano de requalificação e revitalização do Castelo,
tendo como objectivo devolver a este movimento o protagonismo que já teve, agora não
ao nível militar, mas sim a nível cultural.
128
Os Impactos dos Eventos Turísticos: O caso da Viagem Medieval em Santa Maria da Feira.
Esta igreja ocupa o sítio da igreja paroquial de S. Nicolau, tendo sido construído este
actual edifício em 1960, dedicado à Nossa Senhora dos Prazeres.
Situado em Santa Maria da Feira, este edifício que pertenceu aos condes de Fijô, terá
sido reconstruído em meados do século XIX. Esta construção de largas janelas
rectangulares, apresenta no cimo da fachada a pedra de armas em calcário, decorado
com temas assimétricos ao puro gosto setecentista.
129
Os Impactos dos Eventos Turísticos: O caso da Viagem Medieval em Santa Maria da Feira.
1.7. Europarque
Caracteriza-se pela flexibilidade dos espaços que lhe permitem adaptar-se às mais
diversas dimensões e iniciativas: grandes congressos, jornadas, seminários,
conferências, reuniões, workshops, etc.. Esta estrutura permite ainda a realização de
vários eventos em simultâneo sem qualquer interferência entre si.
130
Os Impactos dos Eventos Turísticos: O caso da Viagem Medieval em Santa Maria da Feira.
A biblioteca Municipal de Santa Maria da Feira é uma recente construção que conta
com um auditório com uma capacidade para 220 lugares, onde decorrem com
regularidade conferências, colóquios e concertos.
Contém ainda três salas, uma dedicada aos audio-visuais (Dvd’s, CD’s, CD-ROM, etc.);
outra dedicada ás crianças com vários livros de leitura para elas, e ainda uma grande
sala com livros de pesquisa e leitura, computadores e mesas de estudo.
131
Os Impactos dos Eventos Turísticos: O caso da Viagem Medieval em Santa Maria da Feira.
O Cineteatro, está lotado de 644 lugares, em que 630 são efectivos. Este espaço
funciona mais para espectáculos teatrais, dança, música ou projecção de filmes, mas
casualmente pode ser utilizado para outras vertentes, como por exemplo reuniões.
1.15. Museus
2. Atracões Naturais
Estes jardins contêm um parque de merendas, com acesso directo, através de umas
escadarias, a um lago artificial com vários repuxos de água, e uma escultura em bronze,
que os da terra denominam como, as bailarinas. Ao longo dos jardins existem diversos
bancos, que para além de poderem ser usados como repouso, servem sobretudo para
usufruir da natureza proporcionada sobretudo pelo arvoredo da Alameda Roberto Vaz
Oliveira.
Sendo uma construção algo romântica, a Quinta do Castelo é um dos locais a visitar em
Santa Maria da Feira. Com grutas artificiais e um lago, construídos em 1916, e sem
132
Os Impactos dos Eventos Turísticos: O caso da Viagem Medieval em Santa Maria da Feira.
Está classificado pelo IPPAR como Imóvel de Interesse Público desde 1945
O Engenho Novo, nome pelo qual é conhecida a primeira fábrica de papel existente em
Paços de Brandão, foi fundado em 1795 pelo Padre José Pinto de Almeida, datando o
Alvará régio outorgado por D. Maria I de 8 de Maio de 1797.
133
Os Impactos dos Eventos Turísticos: O caso da Viagem Medieval em Santa Maria da Feira.
O núcleo museológico central ficou sediado na fábrica Custódio Pais, cuja recuperação
teve início em 1998, após um aturado trabalho de investigação. As restantes duas
fábricas foram constituídas como pólos complementares.
Conjugar natureza, património e prazer é o que oferece esta estância termal, associando
a actividade terapêutica ao bem-estar e ao turismo. As suas águas - do tipo cloretado
sódico sulfúrea - estão indicadas para o tratamento de doenças do aparelho respiratório,
reumáticas, músculo-esqueléticas, da pele e do foro nervoso.
4. Eventos Culturais
134
Os Impactos dos Eventos Turísticos: O caso da Viagem Medieval em Santa Maria da Feira.
Santa Maria da Feira afirma-se no panorama cultural nacional à custa de uma vasta e
diversificada programação que vai desde a programação de espaços como o Cine Teatro
António Lamoso e o Europarque, até aos eventos de rua, que levam muitos a
consideram a Feira como a capital nacional das Artes de Rua. Para reforçar esta
componente, prepara-se a instalação do Centro de Artes de Rua 7 Sóis 7 Luas nas
antigas instalações do Matadouro Municipal. Ao longo de todo o ano, vários eventos
levam mais longe o nome da cidade e da região:
5. Alojamento
Pensão São Jorge
Nova Cruz Hotel
Hotel Ibis Porto Sul Europarque
Residencial dos Lóios
Hotel Feira Pedra Bela
Inatel – Santa Maria da Feira
135
Os Impactos dos Eventos Turísticos: O caso da Viagem Medieval em Santa Maria da Feira.
136