Você está na página 1de 149

Maria do Rosário Barros de Oliveira

OS IMPACTOS DOS EVENTOS TURÍSTICOS

O CASO DA VIAGEM MEDIEVAL EM SANTA MARIA DA FEIRA

Universidade Fernando Pessoa

Faculdade de Ciências Humanas e Sociais

Porto
2009
II
Maria do Rosário Barros de Oliveira

OS IMPACTOS DOS EVENTOS TURÍSTICOS

O CASO DA VIAGEM MEDIEVAL EM SANTA MARIA DA FEIRA

Universidade Fernando Pessoa

Faculdade de Ciências Humanas e Sociais

Porto
2009

Maria do Rosário Barros de Oliveira

III
OS IMPACTOS DOS EVENTOS TURÍSTICOS

O CASO DA VIAGEM MEDIEVAL EM SANTA MARIA DA FEIRA

________________________________________

Dissertação apresentada à Universidade Fernando


Pessoa como parte dos requisitos para obtenção do
grau de Mestre em Ciências Empresariais.

IV
Resumo

A realização de eventos tem vindo a ser considerada uma das mais importantes
manifestações do Turismo em Portugal e no mundo, sendo notório que os mesmos
geram uma dinâmica na economia das localidades. Assim, importa saber que tipos de
impactos resultam desses eventos.

A Viagem Medieval em Terra de Santa Maria é o maior evento de recriação medieval


do País, constituindo uma oferta turística única que potencia a promoção do município,
razão pela qual foi escolhido o estudo de caso - “Os impactos dos Eventos turísticos – O
Caso da Viagem Medieval em Santa Maria da Feira”, que tem por objectivo analisar a
percepção da população e das instituições locais sobre os impactos causados pelo
evento, na localidade.

Para o efeito, foram aplicados questionários para aferir os tipos de impactos –


económicos, sociais, culturais e ambientais, e a sua natureza – positivos e negativos, em
SMF. As principais conclusões apontam para:

 A importância dos impactos económicos do evento para SMF: para as entidades e


população respondentes (cerca de 72% e cerca de 80%, respectivamente) acreditam que
o maior impacto económico positivo é o aumento do volume de transacções comerciais;

 A importância social e cultural do evento turístico para SMF: sendo a valorização e


preservação do património histórico e cultural o impacto sócio-cultural positivo, comum
às entidades (com cerca de 83% das concordâncias) e à população respondente (com
cerca de 70% das concordâncias). Por outro lado, o maior impacto negativo decorrente
do evento refere-se ao aumento do congestionamento e tráfego urbano (cerca de 78%,
na perspectiva nas entidades e cerca de 83%, na perspectiva da população respondente);

 As preocupações ambientais relacionadas com o evento: as entidades (cerca de 70%)


apontam para a utilização racional dos espaços como sendo o maior impacto ambiental
positivo decorrente do evento. Esta percepção é confirmada pela cuidada ocupação do
espaço do evento e pelo recente projecto de requalificação e expansão do parque do
Cáster;

V
 O contributo dos impactos gerados pelo evento para o desenvolvimento de SMF, em
que cerca de 32% dos impactos explicam o desenvolvimento da localidade.

Palavras-chave: Turismo; Eventos; Impactos.

VI
Abstract

The production of events has been considered as one of the most important expressions
of tourism in countries and in the world being notorious that the same events creates
dynamics in the economy of towns. Therefore, it is important understanding what types
of impact result from these events.

The “Viagem Medieval em Terra de Santa Maria” is the biggest medieval recreation
event in the Country, setting up an unique touristic offer that enhances the promotion of
the municipality, being this the reason for the choice of the case study: - “The events
touristics impacts – the case of Viagem Medieval in Santa Maria da Feira”, which has
as objective the analysis of the perception of the local entities and population on the
impacts caused by the event in the town.

For that purpose, questionnaires were applied to assess the types of impacts - economic,
social, cultural and environmental and their nature – positives and negatives, in Santa
Maria da Feira. The main conclusions suggest for:

 The economic impacts importance of the event for SMF; being the valorisation and
preservation of the historical and cultural heritage, the positive socio-cultural impact,
common to the entities (with approximately 83% of all concordances) and the
respondent population (about 70% of all concordances). On the other hand, the largest
negative impact resulting from the event refers to the increase urban traffic and
congestion (approximately 78%, from the perspective of the entities and around 83%,
from the respondent population’s perspective);

 Social and cultural importance of the touristic event for the local population; for
entities and population respondents (approximately 72% and nearly 80%, respectively)
believes that the greatest positive economic impact is the increase in the volume of
commercial transactions;

 Environmental concerns related to the event: the entities (approximately 70%),


Identify the rational use of spaces as being the largest positive environmental impact

VII
resulting from the event. This perception is confirmed by careful event’s space
occupancy and the recent plan of the rehabilitation and expansion of Cáster Park;

 The contribution of the impacts event for the development of SMF, where
approximately 32% of impacts explain the development of the locality.

Keywords: tourism; events; impacts.

VIII
Índice

Introdução ........................................................................................................................1
Capítulo I – Os Impactos do Turismo ...........................................................................3
1.1.Introdução............................................................................................................... 3
1.2.A Actividade Turística............................................................................................ 3
1.3. Turismo Cultural.................................................................................................... 6
1.4.Os Eventos Turísticos........................................................................................... 10
1.5. Os Impactos do Turismo nas Localidades........................................................... 12
1.5.1. Impactos Económicos do Turismo ................................................................... 16
1.5.2. Impactos Socioculturais do Turismo ................................................................ 24
1.5.3. Impactos Ambientais do Turismo..................................................................... 27
1.6. Capacidade de Carga dos Destinos Turísticos..................................................... 30
1.7. Turismo Sustentável ............................................................................................ 31
1.8. Conclusão ............................................................................................................ 33
Capítulo II – Metodologia.............................................................................................35
2.1. Introdução............................................................................................................ 35
2.2. O Processo de Pesquisa ....................................................................................... 35
2.2.1. Objectivos......................................................................................................... 35
2.2.2. Design............................................................................................................... 35
2.2.3. Método de Recolha de Dados........................................................................... 36
2.2.4. Amostragem...................................................................................................... 39
2.2.5. Análise dos Dados ............................................................................................ 40
2.3. Conclusão ............................................................................................................ 41
Capítulo III – Caracterização do Evento ....................................................................42
3.1. Introdução............................................................................................................ 42
3.2. Caracterização de Santa Maria da Feira .............................................................. 42
3.2.1. População.......................................................................................................... 42
3.2.2. Acessibilidades ................................................................................................. 43
3.2.3. Economia .......................................................................................................... 43
3.2.4. O Turismo em Santa Maria da Feira ................................................................ 45
3.2.5. Oferta turística .................................................................................................. 45
3.2.6.Procura............................................................................................................... 45
3.3. Caracterização do Evento: “Viagem Medieval” de Santa Maria da Feira .......... 48

IX
3.3.1. Histórico do Evento .......................................................................................... 49
3.3.2. Projectos Decorrentes da VM........................................................................... 52
3.3.2.1. “Viajar no Tempo Rumo à Viagem Medieval” ............................................. 52
3.3.2.2. “Envolver” .................................................................................................... 53
3.3.2.3. Estabelecimento Medieval – Oficial.............................................................. 53
3.3.2.4. Terra dos Sonhos ........................................................................................... 55
3.3.2.5. Danças Medievais.......................................................................................... 55
3.3.2.6. Loja Oficial da VM........................................................................................ 56
3.3.2.7. “Criança Segura” ........................................................................................... 56
3.3.3. Informação Publicada ....................................................................................... 57
3.3.3.1. Perspectiva da Imprensa ................................................................................ 57
3.3.3.2. Perspectiva das Entidades Promotoras .......................................................... 60
3.4. Estudos sobre o Evento........................................................................................ 61
3.5. Conclusão ............................................................................................................ 63
Capítulo IV - Análise e Discussão dos Dados.............................................................65
4.1. Introdução............................................................................................................ 65
4.2. Caracterização das Entidades Respondentes ....................................................... 65
4.2.1. Tipo de Entidade............................................................................................... 65
4.2.2. Número de Participações. ................................................................................. 66
4.2.3. Forma de Participação na VM. ......................................................................... 68
4.3. Percepções das Entidades Respondentes............................................................. 70
4.3.1. A importância da VM para o Desenvolvimento de SMF ................................. 70
4.3.2. Os Impactos Económicos Positivos.................................................................. 72
4.3.3. Os Impactos Económicos Negativos. ............................................................... 74
4.3.4. Os Impactos Sociais Positivos.......................................................................... 75
4.3.5. Os Impactos Sociais Negativos. ....................................................................... 76
4.3.6. Os Impactos Culturais Positivos....................................................................... 77
4.3.7. Os Impactos Culturais Negativos. .................................................................... 78
4.3.8. Os Impactos Ambientais Positivos. .................................................................. 79
4.3.9. Os Impactos Ambientais Negativos. ................................................................ 81
4.3.10. Comentários dos Inquiridos............................................................................ 81
4.4. Contribuição do Evento para o Desenvolvimento de SMF. ................................ 82
4.5. Caracterização da População Respondente ......................................................... 88
4.5.1. Faixa Etária e Sexo dos Inquiridos ................................................................... 88

X
4.5.2. Número de Inquiridos que Visitaram a VM. .................................................... 89
4.5.3. Forma e Número de Participações no Evento. ................................................. 90
4.6. Percepções da População Respondente ............................................................... 92
4.6.1. Importância da VM para o Desenvolvimento de SMF..................................... 92
4.6.2. Os impactos da VM em SMF ........................................................................... 93
4.7. Contribuição do Evento para o Desenvolvimento de SMF ................................. 97
4.8. Discussão dos Resultados.................................................................................. 100
4.8.1. Discussão dos Resultados Relativos às Entidades.......................................... 101
4.8.1.1. Tipos de Entidades....................................................................................... 101
4.8.1.2. Os Impactos Positivos ................................................................................. 101
4.8.1.3. Os Impactos Negativos................................................................................ 102
4.8.2. Discussão dos Resultados Relativos à População .......................................... 104
4.8.3. Comparação com Outros Eventos .................................................................. 105
4.8.4. Implicações..................................................................................................... 106
4.8.4.1. O Sector Público e o Evento........................................................................ 106
4.8.4.2. Os Impactos ................................................................................................. 107
4.9. Recomendações ................................................................................................. 112
4.10. Conclusão ........................................................................................................ 113
Conclusão .....................................................................................................................115
Bibliografia...................................................................................................................118
Anexos...........................................................................................................................122

Índice das Tabelas

Capítulo I
Tabela 1.1 – Impactos Económicos................................................................................ 23
Tabela 1.2 – Impactos Sociais ........................................................................................ 26
Tabela 1.3 – Impactos Culturais ..................................................................................... 27
Tabela 1.4 – Impactos Ambientais ................................................................................. 28
Capítulo III
Tabela 3.1 – Entidades Envolvidas na Organização da VM de 1996 a 2009................. 50
Tabela 3.2 – Evolução do Evento - Nº de Dias, Participantes, Visitantes e Espaço ...... 51
Capítulo IV
Tabela 4.1 – Tipo de Entidade Civil............................................................................... 65

XI
Tabela 4.2 – Participação das Entidades no Evento ....................................................... 67
Tabela 4.3 - Número de Participações............................................................................ 67
Tabela 4.4 – Forma de Participação no Evento .............................................................. 68
Tabela 4.5 – Relação entre o Tipo de Entidades e Número de Participações com as
Formas de Participação........................................................................................... 70
Tabela 4.6 – Grau de Importância da VM ...................................................................... 71
Tabela 4.7 – Razões face ao Grau de Importância da VM. ............................................ 72
Tabela 4.8 – Impactos Económicos Positivos ................................................................ 73
Tabela 4.9 – Impactos Económicos Negativos............................................................... 74
Tabela 4.10 – Impactos Sociais Positivos ...................................................................... 75
Tabela 4.11 – Impactos Sociais Negativos..................................................................... 76
Tabela 4.12 – Impactos Culturais Positivos ................................................................... 77
Tabela 4.13 – Impactos Culturais Negativos.................................................................. 79
Tabela 4.14 – Impactos Ambientais Positivos ............................................................... 79
Tabela 4.15 – Impactos Ambientais Negativos .............................................................. 81
Tabela 4.16 – Comentários dos Inquiridos..................................................................... 82
Tabela 4.17 – Médias e Desvios-padrão......................................................................... 83
Tabela 4.18 – Total da Variança Explicada.................................................................... 84
Tabela 4.19. – Matriz de Componentes Rodada............................................................. 86
Tabela 4.20. – Factores I ................................................................................................ 87
Tabela 4.21. – Coeficiente de Correlação....................................................................... 88
Tabela 4.22. – Idade dos Inquiridos ............................................................................... 88
Tabela 4.23. – Género..................................................................................................... 89
Tabela 4.24. – Número de Inquiridos que Visitaram a VM ........................................... 89
Tabela 4.25. – Indivíduos que Participaram na VM....................................................... 91
Tabela 4.26. – Forma de Participação ............................................................................ 91
Tabela 4.27. – Número de Participações no Evento....................................................... 92
Tabela 4.28. – Importância da VM para o Desenvolvimento de SMF........................... 93
Tabela 4.29. – Impactos Positivos .................................................................................. 94
Tabela 4.30 – Impactos Negativos ................................................................................. 96
Tabela 4.31 – Médias e Desvios-padrão......................................................................... 97
Tabela 4.32 – Total da Variança Explicada.................................................................... 98
Tabela 4.33 – Matriz de Componentes Rodada.............................................................. 99
Tabela 4.34 – Factores II .............................................................................................. 100

XII
Tabela 4.35 – Coeficiente de Correlação...................................................................... 100
Tabela 4.36 – Impactos mais Identificados pelas Entidades ........................................ 108
Tabela 4.37 – Impactos mais Identificados pela População......................................... 109
Tabela 4.38 – Comparação dos Impactos Positivos ..................................................... 110
Tabela 4.39 – Comparação dos Impactos Negativos.................................................... 111

Índice dos Gráficos

Capítulo III
Gráfico 3.1. – Evolução do Número de Empresas no Concelho de SMF. ..................... 44
Gráfico 3.2. – Número de Bancos e Caixas económicas em SMF................................. 44
Capítulo IV
Gráfico 4.1 – Importância vs Tipo de Entidades ............................................................ 66
Gráfico 4.2 – Relação entre o Tipo de Entidade, o Número de Participações e a Forma
de Participação........................................................................................................ 69
Gráfico 4.3 – Grau de Importância vs Tipo de Entidade................................................ 71
Gráfico 4.4 – Importância vs Aumento de Vendas no Comércio................................... 73
Gráfico 4.5 – Importância Vs Aumento da Sazonalidade. ............................................. 74
Gráfico 4.6 – Consciencialização e Educação da Comunidade...................................... 75
Gráfico 4.7 – Importância vs Aumento do Congestionamento e Tráfego Urbano......... 76
Gráfico 4.8 – Importância vs Envolvimento da Comunidade ........................................ 78
Gráfico 4.9 – Importância vs Utilização Racional dos Espaços..................................... 80
Gráfico 4.10. – Scree Plot............................................................................................... 85
Gráfico 4.11 – Visitou vs Idade...................................................................................... 90
Gráfico 4.12 – Importância vs Aumento dos Meios Recreativos e de Lazer ................. 95
Gráfico 4.13 – Importância vs Aumento do Congestionamento e Tráfego Urbano....... 96
Gráfico 4.14 – Scree Plot................................................................................................ 98

Índice dos Anexos

Anexo I – Questionário Aplicado às Entidades........................................................ 122


Anexo II – Questionário Aplicado à População ....................................................... 127
Anexo III – Oferta Turística de SMF ....................................................................... 128

XIII
Os Impactos dos Eventos Turísticos: O caso da Viagem Medieval em Santa Maria da Feira.

Introdução

O turismo envolve pessoas e destinos gerando consequências tanto benéficas quanto


maléficas no meio ambiente onde é desenvolvido. A percepção destes impactos não é
fácil de ser medida, visto que o turismo interage com diversos sectores da actividade
económica e envolve também modificações nos aspectos físicos e sociais. A
necessidade de sistematizar o conhecimento relacionado com as práticas existentes na
actividade turística e dos respectivos impactos, aliado ao facto da “Viagem Medieval”
ser o maior evento de recriação medieval de Portugal, constituindo uma oferta turística
única que potencia a promoção do município, justificam a escolha do tema apresentado
neste estudo.

Assim sendo, aferir sobre a importância do evento para o desenvolvimento de Santa


Maria da Feira e identificar os impactos na localidade percepcionados pela comunidade
local constitui o objectivo central desta pesquisa.

No processo, desenvolve-se a metodologia de forma dedutiva, através da organização e


interpretação analítica e avaliação de dados, partindo dos conceitos científicos que
fundamentam o objectivo geral deste estudo. Utiliza-se um design descritivo, através da
aplicação de questionários a uma amostra da população e ao grupo das entidades que
representam a comunidade local, sendo a análise e tratamento dos dados através do
programa informático SPSS.

 Os principais resultados apontam para uma contribuição de cerca de 32% do evento


no desenvolvimento da localidade e para uma importância significativa dos impactos
económicos, sociais e culturais do evento para SMF, nas perspectivas das entidades e da
população.

O presente trabalho é composto por quatro capítulos:

No primeiro capítulo são apresentados os conceitos basilares do turismo, a actividade


turística, turismo cultural, eventos turísticos, impactos do turismo nas localidades,
capacidade de carga dos destinos turísticos e turismo sustentável, extraídos de fontes
teórico-científicas com o intuito da fundamentação deste estudo.

1
Os Impactos dos Eventos Turísticos: O caso da Viagem Medieval em Santa Maria da Feira.

O segundo capítulo é dedicado à explicação da metodologia utilizada. São descritas as


fases desde a pesquisa e recolha da informação ao tratamento dos dados no programa
informático SPSS.

A caracterização do local onde se realiza o evento, desde a sua localização geográfica,


população, acessibilidades, economia, ao turismo em termos de oferta e procura, são
apresentados no quarto capítulo. Juntamente, é exposta alguma informação publicada na
imprensa e estudos realizados sobre o evento, bem como o histórico e a caracterização
da Viagem Medieval.

No quarto capítulo é apresentada a análise e discussão dos dados resultantes dos


inquéritos por questionário aplicados às entidades e população locais e as implicações
dos mesmos para a teoria de referência. Neste capítulo são ainda apresentadas
recomendações.

Por fim, anunciam-se as conclusões deste estudo sobre os impactos do evento turístico
em Santa Maria da Feira.

2
Os Impactos dos Eventos Turísticos: O caso da Viagem Medieval em Santa Maria da Feira.

Capítulo I – Os Impactos do Turismo

1.1. Introdução

Neste capítulo são apresentados os conceitos basilares do turismo, turismo cultural,


eventos turísticos, impactos do turismo nas localidades, capacidade de carga dos
destinos turísticos e turismo sustentável, extraídos de fontes teórico-científicas com o
intuito da fundamentação deste estudo.

1.2.A Actividade Turística

Desde a antiguidade, muito antes da consolidação do termo turismo, a realização das


viagens já fazia parte da vida dos cidadãos. As principais motivações que propiciaram a
deslocação de pessoas, foram o comércio, as expedições militares e a conquista de
novos territórios. A partir do século XVIII as viagens passam a fazer parte da vida de
um maior número de pessoas, motivado principalmente pela procura de tratamentos de
saúde e o simples prazer da contemplação da paisagem (Barreto, 1995).

Só a partir do século XX é que se verifica um significativo incremento do turismo,


motivado principalmente pelo desenvolvimento dos meios de comunicação, de
transporte e das novas tecnologias criadas.

Diz ainda o autor que a partir de 1945 uma série de indústrias baseadas em tecnologias
desenvolvida no período entre-guerras passam a ser utilizadas como uma nova opção
para muitas economias em crise, vislumbrando a necessidade do crescimento
económico, estimulando também o aumento de muitas outras actividades como bancos,
seguros, hotéis, aeroportos, entre outros.

As viagens passam a ser realizadas não só pelo lazer, e novas motivações passam a
incentivar essas deslocações como a realização de negócios e a procura de novos
conhecimentos científicos e tecnológicos. Este movimento foi fortemente auxiliado
pelas capacidades recém descobertas de reunir, avaliar e distribuir informações (Barreto,
1995).

3
Os Impactos dos Eventos Turísticos: O caso da Viagem Medieval em Santa Maria da Feira.

As viagens têm vindo a ocupar cada vez mais um importante lugar de destaque nas
relações económicas, sociais e políticas das sociedades. E o turismo conhecido
actualmente caracteriza-se como um fenómeno de massa, desenvolvido por meio de
uma produção e de um consumo massificado, onde a elaboração e a comercialização
dos produtos turísticos se dá a partir da produção quantitativa, reforçando os padrões
vigentes do crescimento económico.

Esta actividade pode ser estudada a partir do sistema turístico proposto por Boullón
(1997), sendo o produto turístico definido como os bens e serviços que servem a
actividade turística, e está composto pelos atractivos turísticos, que podem ser naturais,
históricos e culturais; pelas infra-estruturas turísticas, os equipamentos e instalações que
facilitam e permitem os serviços básicos e a prática da actividade, entre estes estão os
serviços de alimentação, transporte, alojamento, as marinas, pontes, de entre outros e os
bens e serviços que servem para sustentar as estruturas sociais produtivas e são
formadas por vários subsistemas de serviços de apoio às comunidades, como:
saneamento básico, energia, educação, acesso e transporte, comunicação e segurança.

O sistema turístico também é composto pela super-estrutura, que compreende na


organização tanto pública quanto privada que regulamenta a produção e venda dos
diferentes serviços. Compreende a política oficial de turismo e sua organização jurídico-
administrativa, que se manifesta no conjunto de medidas de organização e de promoção
dos órgãos e instituições oficiais e estratégias governamentais que interferem na
actividade (Beni, 1998).

O fenómeno turístico é uma importante actividade que permeia os mais diversos


sectores, sendo traduzido na maioria das vezes como actividade que possibilita
significativo incremento nas economias locais onde é desenvolvido.

No entanto, o conceito de turismo é uma matéria bastante controversa segundo os vários


autores que tratam deste assunto. O turismo está relacionado com viagens, porém não
são todas as viagens que são consideradas como turismo.

Se viagem é deslocação, torna-se necessário então distinguir a viagem turística que não
se enquadra no mesmo tipo do deslocamento primitivo; antigamente o homem

4
Os Impactos dos Eventos Turísticos: O caso da Viagem Medieval em Santa Maria da Feira.

deslocava-se à procura de um melhor local para viver e dos meios básicos de


subsistência, fixando-se para morar. Viagem turística abrange o sentido de ida e volta,
sem ligação com a forma de nomadismo primitivo.

A Organização Mundial do Turismo (OMT), define turismo como sendo “(…) o


deslocamento para fora do local de residência por período superior a 24 horas e inferior
a 60 dias motivado por razões não económicas ( cit. In Ignarra, 2003, p.11).

De acordo com McIntosh (cit. in Ignarra 1998, p.24), “Turismo pode ser definido como
a ciência, a arte e a actividade de atrair e de transportar visitantes, alojá-los e de modo
cortês satisfazer as suas necessidades e desejos”.

Segundo Barreto (1995, p. 9),


“turismo é o conceito que compreende todos os processos, especialmente os económicos, que se
manifestam na chegada, permanência e na saída dos turistas de um determinado municipio, país
ou estado”.

Para Beni (1998, p.153) o turismo corresponde a


“um conjunto de recursos naturais e culturais que, em sua essência, constituem a matéria-prima
da actividade turística porque, na realidade, são esses recursos que provocam a afluência de
turistas. A esse conjunto agrega-se os serviços produzidos para dar consistência ao seu consumo,
os quais compõem os elementos que integram a oferta no seu sentido amplo, num estrutura de
mercado”.

De acordo com Mathieson e Wall (1986),


“O turismo é um movimento de gente a destinos fora do seu lugar habitual de trabalho e
residência, as actividades realizadas durante a sua estadia nestes destinos e os serviços criados
para atender as suas necessidades. O estudo do turismo será portanto o estudo da gente fora do
seu habitat usual, dos estabelecimentos que respondem às necessidades dos viajantes, e dos
impactos que eles têm sobre o bem-estar económico, físico e social dos seus anfitriões”.

Como se vê pela diversidade das definições, o turismo é um fenómeno complexo.

A identificação dos tipos de turismo resulta das motivações e das intenções dos
viajantes, podendo seleccionar-se uma enorme variedade, dada a grande diversidade dos
motivos que levam as pessoas a viajar.

5
Os Impactos dos Eventos Turísticos: O caso da Viagem Medieval em Santa Maria da Feira.

A diversidade de motivações turísticas traduz-se por uma diversidade de tipos de


turismo. Como as regiões ou os países de destino apresentam também uma grande
diversidade de atractivos, a identificação dos vários tipos de turismo permite avaliar a
adequação da oferta existente ou a desenvolver em função das motivações da procura.

1.3. Turismo Cultural

Pode-se afirmar que turismo cultural é toda a viagem que pela sua natureza satisfaz a
necessidade de diversidade, de ampliação de conhecimentos, que todo o ser humano traz
em si (WTO, 1985).

Segundo a Organização Mundial do Turismo (1985), a expressão "Turismo Cultural",


aponta no sentido de englobar os movimentos de pessoas que obedecem a motivações
essencialmente culturais, onde podemos incluir modalidades diversas como viagens de
estudo, digressões artísticas, viagens culturais, visitas a sítios e monumentos históricos
que têm por objecto a descoberta da natureza, o estudo do folclore ou da arte, entre
outras, devendo assim, distinguir o turismo cultural dos efeitos culturais do turismo.

De acordo com Zeppel e Hall (1991) o turismo cultural poderia ser considerado como
um turismo experiencial que teria como base a experiência de artes visuais, artes
manuais e festividades. Segundo os mesmos autores, o turismo patrimonial também
deve ser considerado como experiencial e cultural, permitindo a visita a paisagens, sítios
históricos, edifícios ou monumentos.

A experiência turística integra vivências sensuais (sons, odores, cores, ambiente),


sociais (relações com os outros, hospitalidade, bem-estar, segurança, diversão), culturais
(eventos, festivais, actividades, alojamento, restauração, enriquecimento) e económicas
(relação qualidade do serviço-preço, relação custo-beneficio da vivência, acessibilidades
e transportes).

O que se oferece em turismo cultural é um produto, que contém sensações e


experiências emocionais. Este princípio orienta a corrente do marketing experiencial
que converte os produtos em experiências com um valor acrescentado. O consumidor
compra, não bens e serviços, mas a vivência de experiências e sensações.

6
Os Impactos dos Eventos Turísticos: O caso da Viagem Medieval em Santa Maria da Feira.

A organização norte-americana de defesa do Património Cultural, “National Trust for


Historic Preservation” (1993), define o turismo cultural, do ponto de vista da procura,
isto é: a prática de viajar para experimentar atracções históricas e culturais com o fim de
aprender sobre o passado de uma região ou de um país, de uma maneira divertida e
pedagógica. Nesta definição, o que se sublinha é uma visão historicista do turismo
cultural, entendido como um olhar experimental sobre o passado. Porém, sabe-se que o
turismo cultural produz, vende e consome também o “presente” (Richards, 2001), mas
também que é a partir do presente que se atribui valores aos legados culturais.

Na mesma linha, a Carta de Turismo Cultural do ICOMOS (1976) define o turismo


cultural como um facto social, humano, económico e cultural irreversível. O turismo
cultural é uma forma de turismo que tem por objecto central o conhecimento de
monumentos, sítios históricos e artísticos ou qualquer elemento do património cultural.
Exerce um efeito positivo sobre estes porque contribui para a sua conservação, mas
também corre-se riscos de provocar efeitos negativos que devem ser evitados por meio
da educação e de medidas políticas concretas.

Por outro lado, o turismo incentiva o desenvolvimento socio-económico local, gera


emprego, rendimento e contribui para a criação de infra-estruturas que beneficia não só
o turista, como a população da cidade (OMT, 1999).

O turismo cultural é visto actualmente como uma área atractiva de desenvolvimento.


Hoje, devido às transformações económico-sociais que ocorreram no último século, o
exercício cultural deixou de estar associado apenas a elites para estar disponível a um
público mais alargado, mas continua a apresentar a combinação de níveis de educação
elevados com altos rendimentos (OMT, 1999).

Este mercado tem vindo a crescer nas últimas décadas. Segundo um estudo
desenvolvido pela ATLAS (European Association for Tourism and Leisure Education)
em 1997, onde foi analisado o comportamento do turista europeu, cerca de 77% das
pessoas entrevistadas tinham gozado ferias no último ano, perto de metade tinha
visitado um museu, e mesmo aqueles que não consideravam as suas férias como
culturais, planeavam incluir uma visita a uma atracção cultural (Atlas, Innovations in
Cultural Tourism, 2001).

7
Os Impactos dos Eventos Turísticos: O caso da Viagem Medieval em Santa Maria da Feira.

Outro aspecto relevante é a oferta. Existindo consciência do valor que o turismo cultural
pode representar para o desenvolvimento de uma região, surgem uma série de respostas
por parte de diferentes actores, tanto a nível público como privado. Estratégias de
desenvolvimento empacotadas por um capital cultural, vendido como produto único e
autentico. Surge aqui a necessidade de oferecer respostas inovadoras e criativas, uma
vez que a procura também se tornou mais exigente. Os turistas culturais apresentam
expectativas elevadas quanto à experiência que se propõem a fazer, são mais
participativos, interessados e conhecedores.

Neste contexto, a criatividade é imposta como marca de diferenciação num mercado


cada vez mais vasto em ofertas. Aos responsáveis pelo planeamento é apresentado um
novo desafio, olhar para os diferentes recursos existentes ou a criar, e preparar respostas
capazes de atrair diferentes segmentos de mercado.

Segundo Richards (2001), são vários os factores a considerar pertinentes que justificam
a atenção dispensada ao turismo cultural:

 Reconhecimento do papel do turismo cultural no desenvolvimento através de


projectos e programas europeus de desenvolvimento do turismo cultural;
 Crescimento nos últimos 20 anos de ofertas de atracções de produtos culturais na
Europa, assim como da procura;
 Contributo para a demarcação da imagem de destino;
 Fortalecimento das manifestações culturais locais, assim como o sentimento de
orgulho e identidade;
 Capacidade de atrair um segmento de mercado com capacidade económica;
 Diminuição da sazonalidade;
 O papel económico do turismo como fonte de financiamento;
 Fluxos de turistas a áreas menos desenvolvidas.

O turismo cultural revela-se na actualidade como uma das áreas mais dinâmicas do
ponto de vista da procura, podendo os municípios utilizar o projecto como instrumento
estratégico para o relançamento e diferenciação da sua imagem.

8
Os Impactos dos Eventos Turísticos: O caso da Viagem Medieval em Santa Maria da Feira.

Segundo Pires (2004), turismo cultural engloba todos os aspectos das viagens pelos
quais o turista conhece a vida e o pensamento da comunidade receptora ou local. Por
isso, o turismo se apresenta como uma ferramenta importante para promover as relações
culturais e a cooperação internacional. Por outro lado, estimular factores culturais
dentro de uma localidade é um meio de fomentar a atracção de visitantes. O turismo
pode ser estimulado não só como meio de conhecimento, mas também como forma de
transmitir ao visitante uma imagem favorável.

Para a autora, o turismo cultural compreende uma infinidade de aspectos, com amplas
possibilidades de exploração rentável para a atracção de visitantes:

 A arte é um dos elementos que mais atraem os turistas. A pintura, a escultura, as artes
gráficas e a arquitectura são elementos procurados pelos turistas; deste modo, os museus
constituem-se nos primeiros atractivos a serem procurados pelos visitantes numa
localidade;
 A música e a dança, são elementos muito valorizados pelos turistas;
 A gastronomia típica através de restaurantes representativos da culinária tradicional
local;
 O folclore manifestado através de danças, espectáculos teatrais, desfiles;
 O artesanato expresso sob a forma de lembranças típicas dos locais e produtos
diferenciados e exóticos;
 A arquitectura tradicional local aliada ao conforto necessário ao turista;
 O património arquitectónico observado por meio de edifícios históricos, museus,
pousadas, centros culturais, centros de eventos, restaurantes, centros comerciais e outras
construções que mantenham as características originais;
 As igrejas, os ritos religiosos, as procissões e as festas religiosas;
 A agricultura tradicional da região também pode se transformar em atractivo cultural.
 O desenvolvimento científico de uma região também pode se transformar em atractivo
cultural.

Os aspectos culturais são, portanto, um forte impulso para o desenvolvimento e


manutenção da actividade turística. Contudo, a forma, os motivos e o destino turístico
que se deseja conhecer podem eventualmente produzir impactos nem sempre desejáveis.

9
Os Impactos dos Eventos Turísticos: O caso da Viagem Medieval em Santa Maria da Feira.

Não obstante a importância de todos os atractivos, a animação é um elemento


fundamental de qualquer destino turístico. A organização de actividades que ofereçam
um conjunto de especificidades distintas, são uma garantia quando avaliados em termos
de potencialidade da oferta.

1.4.Os Eventos Turísticos

Os eventos culturais são vistos como factores de renovação e revitalização dos lugares e
das regiões, não só a nível económico mas também a nível paisagístico, de preservação
do património cultural e histórico. São eventos igualmente vistos como susceptíveis de
influenciar positivamente a imagem externa e interna de um território.

A celebração de eventos culturais constitui, portanto, uma estratégia efectiva de


diversificação da oferta turística, de modo a captar novos segmentos da procura e/ou
renovar o interesse de visitantes já habituais, justificando investimentos públicos e
privados, quer na vertente turística quer na vertente cultural. Contudo, na sua génese
nem sempre esteve a importância destes festivais como elemento de dinamização
turística e respectivos impactes económicos. Para muitos festivais, o interesse maior
residia em permitir à comunidade local assistir a actuações artísticas de elevada
qualidade durante um curto período de tempo, uma vez que para muitas regiões seria
impossível manter este tipo de espectáculos ao longo de todo o ano (Gratton e Taylor,
1995).

Apontado, nestes casos, como objectivo secundário, de forma a tornar o evento viável
financeiramente, quer pela via do aumento do número de espectadores, quer pela
captação de ajudas financeiras das entidades oficiais e dos patrocinadores, o turismo
pode explicar todavia, nos anos mais recentes, o rápido crescimento no número de
festivais, que podem ser colocados em paralelo com os argumentos da educação,
contemplação e integração cultural. Há hoje, claramente, a tentativa de explorar estes
eventos em termos comerciais e turísticos e de criar novos deliberadamente como
atracções turísticas, enquadrando-os em estratégias de desenvolvimento turístico mais
alargadas (Getz, 1991b).

10
Os Impactos dos Eventos Turísticos: O caso da Viagem Medieval em Santa Maria da Feira.

O sucesso destas iniciativas revela-se fundamental a coordenação e colaboração entre os


agentes envolvidos, quer públicos quer privados, sem esquecer o papel dos residentes
do território em causa. A conciliação dos interesses de todos, bem como a sua
participação activa em todo o processo é, sem dúvida, fundamental para a tradução da
actividade turística em desenvolvimento local.

Nesta linha, uma questão importante é a problemática da actuação dos agentes, públicos
e privados, de um município que dispõe de um importante evento de animação turística
e cultural, evento esse que, se não se integrar ou articular no conjunto da oferta turística
do município, pode provocar mais efeitos negativos (por exemplo, congestionamento,
saturação, necessidade de infra-estruturas, …) do que positivos (isto é, benefícios que
possam repercutir-se na qualidade de vida da população).

Segundo Getz, (1997), eventos são celebrações públicas temáticas. Douglas et al. (cit. in
Yeoman et alii, 2006) referem-se a festivais e eventos para que as pessoas se reúnam
para celebrar, demonstrar, venerar, relembrar, socializar. Para McDonnell et al. (1999),
os eventos são rituais ou celebrações específicas que são planeadas e criadas
conscientemente para marcar ocasiões especiais.

A maioria dos autores identifica, nos eventos, uma relação entre a cultura e a
comunidade sendo que essas manifestações são originadas pela necessidade ou desejo
de celebrar determinados aspectos do seu modo de vida ou história.

Na área do turismo, a cultura pode ser vista como um processo ou como um produto.
Yeoman et alii, (2006), cita duas abordagens: a abordagem dos sítios e monumentos,
que salienta o tipo de atractivo, e a abordagem conceptual, que tenta delinear os motivos
e os significados que estão ligados ao turismo cultural.

Segundo Yeoman et alii, (2006), ampliando a definição e incluindo os festivais e


eventos culturais, pode-se observar que estes trazem benefícios tanto para o mundo da
arte como para o destino turístico. Actualmente, muitos eventos culturais estão a
concorrer com grandes eventos no que diz respeito aos impactos económicos e
socioculturais que geram. Estão a crescer no âmbito internacional e constituem factores

11
Os Impactos dos Eventos Turísticos: O caso da Viagem Medieval em Santa Maria da Feira.

impulsionadores económicos e culturais importantes para comunidades e destinos


anfitriões.

Para os mesmos autores, muitas das cidades promovem os eventos culturais procurando
formas de assegurar vantagens competitivas em relação às outras, acreditando que a
cultura, nas suas várias formas, é sustentável e possui potencial de sinergia a longo
prazo com outras formas de desenvolvimento.

No âmbito mundial, há um interesse inédito em festivais e eventos, ao nível nacional e


internacional, cidades, vilas e aldeias e também em áreas rurais e litorais. Todos querem
celebrar a sua forma particular de cultura, tradição, diferenças ou similaridades com
outros.

Para Yeomann et alii (2006), os eventos podem ajudar a promover o destino e atrair
turistas; eles podem ser vistos como uma nova forma de turismo, à qual pode-se atrelar
prosperidade económica e desenvolvimento.

“(…) uma nova industria se desenvolveu ao redor desse sector emergente; políticos e
empresários também compreenderam o valor desse interesse mundial. A imagem de um destino,
produto ou serviço pode ser exaltada ou prejudicada pelo sucesso ou fracasso de um evento.”
(Yeoman et alii, 2006, p. XXIV).

O Turismo de Eventos tem portanto, elevada importância para uma cidade ou região,
para o país como um todo. Dos eventos culturais realizados em Portugal, as Feiras
Medievais têm aumentado em número desde a década de 90 sendo a “Viagem
Medieval” de Santa Maria da Feira uma das pioneiras, pois realiza-se desde 1997.

1.5. Os Impactos do Turismo nas Localidades

O turismo envolve pessoas e destinos e gera consequências tanto benéficas quanto


maléficas no meio ambiente onde é desenvolvido. A percepção destes impactos não é
fácil de ser medida, visto que o turismo interage com diversos sectores da actividade
económica e envolve também modificações nos aspectos físicos e sociais.

12
Os Impactos dos Eventos Turísticos: O caso da Viagem Medieval em Santa Maria da Feira.

Segundo Murphy (1985, p. 165), turismo é “the industry which uses the community as a
resource, sells it as a product, and in the process affects the lives of everyone.”

Santana (1997) diz que a actividade turística tem uma forte repercussão sobre as
variáveis económicas quantitativas (renda, emprego) e qualitativas (nível de vida, bem-
estar) das regiões e países onde actua e portanto é importante valorizar os seus aspectos
positivos para a contribuição do desenvolvimento dos países e destinos turísticos. Por
este motivo os impactos que geram a actividade turística sobre as economias de muitos
países e regiões têm sido um dos aspectos mais estudados na investigação na área do
turismo.

Mings e Chulikpongse (1994) referem que o turismo actua como um agente de


mudança, trazendo inúmeros impactos às condições económicas regionais, às
instituições sociais e à qualidade ambiental. Segundo Rushmann (1999), os impactos do
turismo referem-se às modificações provocadas pelo processo de desenvolvimento
turístico nos destinos.

Os impactos do turismo são a consequência de um processo complexo de interacção


entre os turistas e as comunidades receptoras. Por vezes, tipos similares de turismo
podem originar impactos diferentes, dependendo da natureza das sociedades em que
ocorrem (Rushmann, 1999). A este propósito, Holloway (1994) e Mathieson e Wall
(1996) argumentam que a extensão do impacto depende não só da quantidade, mas
também do tipo de turistas que se deslocam a esse destino.

Para a WTO (1993), os impactos do turismo resultam das diferenças sociais,


económicas e culturais entre a população residente e os turistas e da exposição aos
meios de comunicação social. O turismo é, muitas vezes, criticado pelos impactos
sócio-culturais negativos que causa nas comunidades locais, principalmente nas de
menor dimensão e nas mais tradicionais.

Segundo Pratley (1995), a actividade cultural sempre desempenhou um papel central e


dinâmico no desenvolvimento das economias locais. O planeamento cultural raramente
se encontra separado da vida económica, social e politica das cidades, ainda que com
fases distintas de interacção entre a cultura e a actividade económica.

13
Os Impactos dos Eventos Turísticos: O caso da Viagem Medieval em Santa Maria da Feira.

Daqui resulta um novo entendimento dos impactos económicos do desenvolvimento


cultural local, nomeadamente reposicionamento e redefinição dirigidos a um
investimento interno pelas elites industriais; acção catalítica no desenvolvimento físico
de instalações urbanas; criação de emprego; impactes secundários na educação e
formação; melhoramento ambiental; e turismo cultural (Pratley, 1995).

O turismo permite ao local abrir-se ao mundo e promover a sua identidade cultural num
mundo global. Contudo, as consequências positivas ou negativas que gera o turismo
incidem fundamentalmente sobre os locais, que não são sujeitos passivos de mudança
(Santana, 1997).

Os impactos do turismo resultam das diferenças sociais, económicas e culturais entre a


população residente e os turistas e da exposição aos meios de comunicação social
(OMT, 1993).

O estudo dos impactos do turismo deverá fornecer uma compreensão mais alargada das
capacidades das áreas de destino, bem como, as consequências que ocorrem quando os
respectivos limites são superados (Mathieson & Wall, 1982).

Impacto, em turismo, é o resultado da interacção entre os turistas, as comunidades locais


e os meios receptores.

"Os impactos do turismo referem-se à gama de modificações ou à sequência de eventos


provocados pelo processo de desenvolvimento turístico nas localidades receptoras. As variáveis
que provocam os impactos têm natureza, intensidade, direcções e magnitude diversas; porém, os
resultados interagem e são geralmente irreversíveis quando ocorrem no meio ambiente natural."
(Ruschmann, 1997, p.34).

A autora esclarece também que os impactos têm origem num processo de mudança e
que não constituem eventos pontuais resultantes de uma causa específica. Eles são
consequência de um processo de interacção entre turistas, comunidade e meios
receptores. Às vezes, tipos de turismo parecidos causam diferentes impactos.

14
Os Impactos dos Eventos Turísticos: O caso da Viagem Medieval em Santa Maria da Feira.

O meio ambiente é um elemento fundamental do turismo; logo, é essencial a sua


manutenção para que a actividade evolua. Porém, é difícil avaliar os impactos sobre o
meio ambiente, por cinco razões (Mathieson e Wall, cit in Ruschmann, 1997):

i) O homem vem modificando a Terra há milhares de anos; logo, torna-se difícil o


estabelecimento de uma base para medir as modificações. O uso público de diversas
destinações turísticas acontece há tanto tempo que é quase impossível compreender o
meio ambiente sem os efeitos do turismo.

ii) É impossível dissociar o papel do homem ao da natureza. Mesmo sem a intervenção


humana, o meio ambiente altera-se, dificultando a definição das bases para os estudos
de impactos. Muitos dos efeitos do turismo sobre o meio ambiente são resultados de
processos ambientais normais, que ocorrem independentemente da acção do homem.

iii) As complexas interacções do turismo fazem com que o impacto total da natividade
seja quase impossível de medir. Os impactos primários podem dar origem aos
secundários e aos terciários, gerando repercussões sucessivas, impossíveis de rastrear ou
monitorar;

iv) Existe descontinuidade espacial e temporal entre causa e efeito (ex.: a erosão em
certa área pode acarretar depósitos em outra, prejudicando o fluxo de águas e
provocando a extinção de algumas espécies da fauna e da flora). É necessário um
espaço de tempo considerável para que os impactos de uma actividade sejam aparentes.

v) O problema reside na identificação das variáveis a considerar na indicação das


mudanças provocadas pelo turismo e, consequentemente, na determinação do que
medir. Assim outro problema complementar se apresenta na atribuição de valores aos
indicadores seleccionados, uma vez que a importância dos impactos varia nos diversos
sistemas estudados.

Essas cinco barreiras impedem que os estudos de impacto sejam amplos e exactos.
Assim, tende-se para análises de situações ou de projectos específicos e seleccionados,
de forma isolada do fenómeno turístico. Os estudos concentram-se nos impactos
primários, na direcção dos impactos mais qualificáveis e tangíveis. Os impactos

15
Os Impactos dos Eventos Turísticos: O caso da Viagem Medieval em Santa Maria da Feira.

positivos da actividade são valorizados excessivamente, e deixados de lado as


consequências indesejáveis ou os custos.

Como o turismo é uma actividade dinâmica e como seus impactos e consequências


mudam constantemente, é necessário monitorar com frequência a actividade.

1.5.1. Impactos Económicos do Turismo

Durante décadas, o turismo tem sido louvado por seus benefícios económicos,
contribuindo para o desenvolvimento, mas, ainda que tradicionalmente, foi dada ênfase
a este facto, temos que reconhecer que o desenvolvimento turístico leva consigo uma
série de custos para o destino. Faz-se necessária uma análise mais profunda de ambos os
aspectos do turismo.

Expõe-se, a seguir e segundo a OMT (Trad.de Córner, 2001) a enumeração dos aspectos
positivos gerados pela actividade turística na economia de um país.

i) A contribuição do turismo para o equilíbrio da balança de pagamentos.

O turismo representa a oportunidade de obter, de forma rápida, as divisas necessárias


que equilibram a balança nacional de pagamentos. O papel do turismo na balança de
pagamentos de um país costuma ser expresso em termos de entradas, geradas pelos
visitantes internacionais e gastos realizados pelos nacionais no exterior.

Pearce (1989) diz que, a contribuição do turismo para a balança de pagamentos dos
países que, em 1984, faziam parte da Comunidade Europeia, em termos absolutos, Itália
e França eram os países com maiores entradas de divisas procedentes do turismo
internacional. Em termos relativos, o turismo contribuiu de maneira mais significativa
para a economia da Espanha e da Grécia e foi menos importante para as economias de
países mais industrializados e diversificados como Alemanha ou Reino Unido.
No entanto, estes dados, por si só, não abarcam, em toda sua amplitude, a contribuição
real do turismo para a balança de pagamentos, tendo em conta que ela reflecte todas as
transacções económicas realizadas entre os residentes de um país com os demais

16
Os Impactos dos Eventos Turísticos: O caso da Viagem Medieval em Santa Maria da Feira.

durante um período determinado (geralmente um ano). Portanto, é necessária, para


maior compreensão desse assunto, uma análise mais complexa.

Mathienson e Wall (1982), por outro lado, distinguem entre as categorias de efeitos:

Os efeitos primários – São directos, facilmente mensuráveis. Referem-se aos gastos


realizados pelos visitantes internacionais num país e aos gastos realizados pelos
nacionais desse país no exterior. Assim, incluem-se nessa categoria, os fluxos de
dinheiro recebidos pelos estabelecimentos turísticos de primeira linha (hotéis,
restaurantes, táxis, transportes públicos, …) directamente dos visitantes.

Os efeitos secundários – São produzidos pelos gastos turísticos na medida em que estes
se filtram na economia local. Esses efeitos podem se classificar em:

 Directos – Gastos com o marketing da actividade turística nacional no exterior, as


importações visíveis necessárias para prover os estabelecimentos turísticos de primeira
linha, as comissões pagas aos agentes de viagens, juros e dividendos que são entregues
aos investidores estrangeiros, de entre outros.

 Indirectos – Entradas obtidas pelos investimentos de primeira linha serão gastas


noutros fornecedores e serviços locais e assim o processo continua.

 Induzidos – Durante o processo de gastos directo e indirecto, parte da renda obtida irá
para as mãos da população residente, como salários, dividendos e lucros. A proporção
de trabalhadores e fornecedores estrangeiros determinará a quantidade de renda que
permanecerá na economia local e a que se escoará.

Os efeitos terciários – São os fluxos monetários que não se iniciaram directamente pelo
gasto turístico, mas que estão, de alguma maneira, relacionados com a actividade
turística, como, por exemplo, as importações de malas necessárias pelos turistas
nacionais para viajar.

Até a data de hoje, a contribuição do turismo para a balança de pagamentos tem sido
avaliada, principalmente, com respeito aos efeitos primários. É necessário, no entanto,

17
Os Impactos dos Eventos Turísticos: O caso da Viagem Medieval em Santa Maria da Feira.

uma análise mais ampla que permita valorizar os efeitos produzidos pelos fluxos
monetários turísticos em longo prazo de toda sua circulação por meio da economia
local. (OMT - Trad.de Córner, 2001)

ii) Contribuição do turismo ao Produto Interno Bruto (PIB).

O significado dos gastos turísticos para a economia de um país pode ser avaliado por
meio de sua contribuição ao PIB realizando o cálculo: subtraindo do gasto turístico
nacional e internacional os bens e serviços comprados pelo sector turístico, isto é, os
custos originados para servir aos visitantes. No entanto, esta medida pode ser utilizada
como mera indicação, pois também não explica os impactos económicos do turismo na
economia com total amplitude.

iii) Contribuição do turismo para a criação de empregos.

A actividade turística é uma indústria que depende, em grande parte, do factor humano,
pois é óbvio que favorece a criação de emprego. Mathienson e Wall (1982) distinguem
três tipos de empregos gerados pelo turismo:

Directo – Resultado dos gastos dos visitantes em instalações turísticas, como os hotéis.

Indirecto – Ainda no sector turístico, mas não como resultado directo dos gastos
turísticos.

Induzido – Resultado dos gastos dos moradores devido às entradas procedentes do


turismo.

Normalmente, as estatísticas que são elaboradas sobre o emprego que gera a actividade
turística fazem referência ao emprego directo.

Tradicionalmente, o turismo caracterizou-se por requerer um grande número de


trabalhadores, sem se importar muito com a qualificação profissional devido,
principalmente, à acentuada imobilização que caracteriza esta actividade. A grande
maioria dos postos de trabalho solicitada para a indústria turística não é precisamente

18
Os Impactos dos Eventos Turísticos: O caso da Viagem Medieval em Santa Maria da Feira.

para directores, mas trata-se de emprego de tempo parcial para trabalhadores que, em
geral, necessitam conhecimentos especializados em turismo e que, inclusive, procedem
de outros sectores da economia (sector primário principalmente). Actualmente, esta
situação esta a mudar e, cada vez mais, se exige especialização e formação do pessoal
empregado e a existência de profissionais verdadeiros no sector.

iv) O turismo como motor da actividade empresarial.

O turismo é considerado, também, como um motor da actividade empresarial, devido a


suas múltiplas conexões com os demais sectores da economia. A actividade turística
está composta por um grupo heterogéneo de empresas, dependendo umas das outras
para sobreviverem, pois o crescimento da actividade turística estimulará o crescimento
da procura de bens locais e de níveis económicos do destino em geral (por exemplo, um
aumento da procura turística, trará consigo um aumento da procura do sector de
construção, devido à necessidade de um maior número de alojamentos ou unidades
hoteleiras).

Por outro lado, o turismo necessita do estabelecimento de infra-estruturas das quais se


beneficiam os demais sectores da economia e a população de moradores. Assim, por
exemplo, a construção de um aeroporto melhora o acesso a regiões turísticas e, também,
facilita o intercâmbio industrial e comercial da própria comunidade residente. Devido ao
custo dessas infra-estruturas, o turismo costuma atrair investimentos estrangeiros,
sobretudo nos países em desenvolvimento, animados pelo constante crescimento da
procura turística e a relativa rapidez em conseguir dividendos, se comparado com outras
indústrias.

v) Contribuição da actividade turística para o aumento e a distribuição da renda.

Outro benefício económico do turismo amplamente reconhecido é, não só o aumento da


renda na área em que se desenvolve, mas, também, a melhoria de sua distribuição, tanto
em termos de população como em termos da contribuição ao equilíbrio regional de um
país. Em geral, pode-se afirmar que o turismo representa uma possibilidade de melhoria
económica no nível de vida da população residente, assim como um instrumento

19
Os Impactos dos Eventos Turísticos: O caso da Viagem Medieval em Santa Maria da Feira.

excelente para acelerar as possíveis mudanças positivas que possam operar no lugar
onde se desenvolva.

O desenvolvimento da actividade turística leva também, como qualquer outra via de


desenvolvimento, alguns custos que devem ser considerados ao mesmo tempo em que
os benefícios para poder avaliar correctamente os impactos económicos do turismo
sobre um destino (OMT - Trad.de Córner, 2001):

i) Custos de oportunidade.

Tendo em vista que os recursos de um destino são sempre limitados, sejam naturais,
sociais ou culturais, o facto de aplicá-los na actividade turística, no lugar de custos
alternativos, tem custo de oportunidade que deve ser avaliado (a oportunidade
desperdiçada). Noutras palavras, é necessário valorizar os benefícios económicos que
surgem do investimento desses recursos no turismo, comparando-os com os benefícios
que se obteriam se estivessem destinados a outro uso (que pode incluir inclusive a sua
não utilização). Devido às dificuldades existentes para avaliar os custos de oportunidade
correctamente, estes costumes tendem a ser ignorados no planeamento e
desenvolvimento da actividade turística. No entanto, se a designação dos recursos não é
a melhor, põe-se em jogo o bem-estar social da população residente, assim como o
máximo da eficiência dos investimentos. Portanto, se os custos de um projecto turístico
não se valorizam, não estarão a valorizar nem a prever os seus impactos negativos.

ii) Custos derivados das flutuações da procura turística.

O sector do turismo implica directa e indirectamente com os demais sectores da


economia. Cria postos de trabalho, fomenta o investimento local através da criação de
infra-estruturas e indústrias ou comércio de produtos subsidiários do turismo, como o
artesanato e a gastronomia. Dada a interdependência existente entre o turismo e os
sectores da economia, as flutuações da procura turística podem trazer consigo outros
problemas adicionais à indústria do turismo. A procura turística é extremamente
temporária e muito sensível às variações de preços, às mudanças políticas e à moda.
Sem dúvida, a queda da procura turística provoca a diminuição da procura de bens
locais, menos entradas em forma de benefícios e salários, menor poder de compra por

20
Os Impactos dos Eventos Turísticos: O caso da Viagem Medieval em Santa Maria da Feira.

parte da população local, de entre outros. Essa situação vê-se agravada, como ocorre em
muitos países em desenvolvimento, se a economia é excessivamente dependente da
actividade turística para o desenvolvimento do país e a sobrevivência de suas
economias.

iii) Possível inflação derivada da actividade turística.

O turismo pode trazer consigo, em muitas ocasiões, a inflação. Que se deve ao facto de
os turistas costumarem apresentar o seu poder de compra, que lhes permita enfrentar a
subida de preço dos produtos e serviços oferecidos nos negócios turísticos, preços que
aumentam por causa dos fornecedores locais para obterem mais lucro. No entanto, a
população local compartilha, na maioria das vezes, os mesmos fornecedores com os
turistas, mas com menor poder de compra. Também, o turismo baseia parte de sua
actividade no solo, transformando-o num bem escasso, provocando aumentos
significativos nos preços e criando rivalidade pela sua utilização entre os diferentes
grupos de interesse.

iv) Perda de potenciais benefícios económicos.

Este custo negativo derivado da actividade turística costuma produzir-se nos países em
desenvolvimento que, geralmente, sofrem limitações de capital, mais do que nos países
desenvolvidos, que têm maior capacidade económica e que, geralmente, não depende do
capital investidor estrangeiro. Seguramente, esse impacto negativo do turismo acontece
nos locais turísticos onde o número elevado de instalações turísticas pertence a
investidores estrangeiros e, portanto, a maior parte dos lucros obtidos com a actividade
realizada nos mesmos sai fora das fronteiras do país de acolhimento para serem
repartidos nos países de origem dos investidores.

v) Distorções na economia local.

O sentido deste custo será entendido relacionando a actividade turística com outros
sectores económicos susceptíveis de serem prejudicados pelas características próprias
do turismo. Como foi comentado, o turismo favorece muito o aumento e a distribuição
de renda na comunidade local, assim, também, gera novos postos de trabalho

21
Os Impactos dos Eventos Turísticos: O caso da Viagem Medieval em Santa Maria da Feira.

contribuindo para diminuir o desemprego no meio em que se desenvolve. No entanto,


em contraposição a estes aspectos positivos advindos do desenvolvimento turístico
numa determinada região, pode prejudicar o desenvolvimento de outro sector
económica ou de alguma outra região do mesmo país, que, por suas condições, não se
encontre nas mesmas circunstâncias para competir. Isso acontece, por exemplo, quando
o desenvolvimento turístico se concentra numa única região, deixando outras regiões
isoladas sem possibilidade de se desenvolverem economicamente em qualquer outro
sentido.

Todos estes custos que podem derivar do desenvolvimento turístico em determinada


região podem ser evitados a priori ou ao menos minimizados do ponto de vista de um
planeamento adequado e gestão dos recursos turísticos do negócio e, igualmente, a
posteriori, mediante o exercício de uma adequada política turística que adopte medidas
eficientes.

Segundo a OMT (Trad.de Córner, 2001), geralmente, a maioria dos estudos sobre os
impactos do turismo está concentrada num desenvolvimento turístico que já ocorreu e,
portanto, a posteiori, é mais fácil de analisar e determinar os impactos. No entanto, a
análise das consequências derivadas de uma actividade tão importante como a que se
desenvolve no turismo deveria considerar, também, nos processos de planeamento,
todas as circunstâncias, tanto positivas quanto negativas, que possam ser geradas com a
actividade citada.

A avaliação dos impactos económicos não se pode limitar ao simples cálculo do gasto
turístico. É necessário distinguir entre o impacto económico originado pelo gasto
turístico (os seus efeitos na medida em que escoem para a economia local) e o causado
pelo desenvolvimento da actividade turística (os impactos provocados pela construção e
pelo financiamento das oportunidades turísticas). Esta distinção é importante, uma vez
que cada tipo de impacto requer uma metodologia diferente para sua avaliação: o gasto
turístico e seus efeitos devem ser analisados pelos multiplicadores turísticos, enquanto
os impactos do desenvolvimento da actividade turística necessitam de uma análise
custo-beneficio.

22
Os Impactos dos Eventos Turísticos: O caso da Viagem Medieval em Santa Maria da Feira.

A metodologia para a análise do gasto turístico pelo conceito multiplicador parte do


facto de que todos os sectores de uma economia são interdependentes, de forma que o
conceito de multiplicador assume que a procura para a produção de um determinado
sector afectará a procura de outros sectores que fornecem os bens ou serviços ao
primeiro sector. Esta situação pressupõe que qualquer variação no gasto turístico trará
consigo uma mudança no nível de produção da economia em seu todo. Portanto, o
conceito de “multiplicador económico” refere-se à relação da mudança de uma
determinada variável económica (produção, renda, emprego, …) com respeito ao
aumento na procura do sector turístico.

Para Ruschmann (1997), o turismo é uma importante fonte para o crescimento e


desenvolvimento da economia de um país, em especial para os países com potencial
turístico. Contudo, em termos económicos, o movimento gerado pelos fluxos turísticos
proporciona impactos.

A autora complementa os impactos identificados pelos seus pares, donde resulta o


ilustrado na tabela 1.1, referente aos impactos económicos positivos e negativos.

Tabela 1.1 – Impactos económicos

Positivos Negativos

 Criação de emprego;  Sazonalidade turística;


 Construção de equipamentos;  Inflação e especulação imobiliária;
 Aumento dos níveis culturais e profissionais;  Dependência excessiva de capital investidor
 Modificação positiva da estrutura económica e estrangeiro;
social;  Grande parte das divisas sai do país (lucro das
 Atracção de mão-de-obra de outras multinacionais);
localidades;  Dependência excessiva do turismo;
 Incrementa a produção de bens e serviços;  Mão-de-obra desqualificada na área;
 Aumenta o consumo pelos produtos locais  Aumento do sub-emprego (ex.: vendedores
(dos agrícolas ao artesanato); ambulantes)
 Investimentos estrangeiros;
 Aumento da colecta de impostos.

Em qualquer lugar, onde o turismo for desenvolvido, ocorrerá uma variedade de


impactos económicos, que se classificam como impactos directos; impactos indirectos e
impactos induzidos.

23
Os Impactos dos Eventos Turísticos: O caso da Viagem Medieval em Santa Maria da Feira.

1.5.2. Impactos Socioculturais do Turismo

A actividade turística ocorre num âmbito em que entram em contacto pessoas de


culturas e socioeconómicas muito diferentes, pois envolve o deslocamento das pessoas a
uma região diferente da sua residência.

Os impactos socioculturais, numa actividade turística, são os resultados das relações


sociais mantidas durante a estada dos visitantes, cuja intensidade e duração são
afectadas por factores espaciais e temporais restritos.

O encontro de turistas e moradores ocorrem em três contextos principais:


 Quando o turista compra um bem ou serviço do residente;
 Quando ambos compartilham o mesmo espaço físico;
 Quando ambos trocam informações e/ou ideias.

Os dois primeiros são contactos mais frequentes, sobretudo no turismo de massa, nas
quais os turistas não tem interesses em se introduzirem na cultura da região visitada,
mas pelo contrário, costumam formar “guetos” nos quais mantêm os costumes das suas
origens e relacionam-se com indivíduos de sua nacionalidade.

O turismo de massa está rodeado, mas não integrado na sociedade receptora, afirma
Mathieson e Wall (1982). Em muitas ocasiões, o desenvolvimento deste tipo de gueto
turístico, destinado ao consumo de massa, facilita o isolamento da população local.

De acordo com a OMT (1980), a relação entre os turistas e a população local tem tido o
grande mérito de suportar a paz e o entendimento entre as nações. As razões para viajar
para outro país estão associadas ao conhecimento de novas culturas, novos costumes e
tradições. Estão precisamente nestas diferenças, de aspecto físico e de comportamento
cultural entre o visitante e o residente, as causas do mútuo interesse e de atracção que
são substituídas por antipatia e agressividade.

Esta realidade tornou-se evidente com a massificação do turismo, habilitando a viajar


quase todos os estratos sócio-económicos, conduzindo a consequências, como o efeito

24
Os Impactos dos Eventos Turísticos: O caso da Viagem Medieval em Santa Maria da Feira.

de demonstração – a imitação de comportamentos, a mudança de linguagem usada no


destino, a prostituição, a droga, o jogo e muitas vezes o vandalismo (Rátz, 2002).

Os turistas, considerados como estranhos nos destinos, são também vítimas de roubos e
crimes perpetrados pela comunidade local, que entendem estas acções como forma de
restabelecer o equilíbrio (Archer e Cooper, 1998).

A dificuldade de entendimento e relação pode surgir por muitos factores: diferentes


idiomas, costumes de consumo e comportamento social, valores religiosos ou éticos, de
entre outros.

Doxey (1975), sintetiza as relações entre turistas e moradores em fases que podem
servir para medir o nível dos impactos socioculturais que podem ocorrer no local do
turismo:

 Fase de euforia – Fase das primeiras aparições do turismo, quando ele desperta
entusiasmo da população residente, que o vê como uma boa opção para o
desenvolvimento.

 Fase de apatia – Uma vez que a expansão já está concretizada, o turismo é visto como
um negócio lucrativo. O contacto formal é intensificado.

 Fase da irritação – Á medida que alcançam níveis de saturação no local, os moradores


necessitam de algumas compensações para poderem aceitar a actividade turística.

 Fase do antagonismo – O turismo é considerado como causa de todos os males do


lugar.

 Fase final – Durante todo o processo anterior, o destino perdeu todos os atractivos que
originariamente atraíram os turistas.

O facto é de que o turismo pode influir directamente na estrutura social de uma região
ou um país, pois o emprego influi directamente na estrutura social de uma região ou um
país, pois o emprego no sector turístico é uma forma, para muitos moradores, de

25
Os Impactos dos Eventos Turísticos: O caso da Viagem Medieval em Santa Maria da Feira.

aumentar seu bem-estar económico e ter mais mobilidade na escala social. O turismo
tem sido responsável pelas profundas transformações em muitas comunidades.

O turismo permite viajar e participar em culturas alheias à do turista, criando assim


impactos socioculturais (Santana, 1997). O turismo reestrutura a sociedade de
acolhimento, homogeneizando-a e urbanizando-a.

Entende-se por impactos socioculturais os impactos sobre a população local (residentes


habituais e fixos na comunidade), mas também sobre os turistas e a sua sociedade de
origem. É o caso dos ingleses que visitaram Espanha nos anos 1960 e 1970, e que
levaram consigo de regresso a “paella” e o vinho “rioja”, obtendo como resultado uma
mudança na gastronomia inglesa (Cooper et al, 1998, p.169).

Alguns autores como Santana (1997) distinguem entre impacto social e impacto
cultural. O impacto social do turismo está associado a mudanças mais imediatas e
define aquelas que ocorrem na estrutura social local, na qualidade de vida, nas relações
sociais e na adaptação nas comunidades de destino ao turismo.Por outro lado o impacto
cultural categoriza mudanças mais graduais e processuais que vão ocorrendo à medida
que o turismo se desenvolve, como a aculturação turística e as mudanças nas normas
culturais, na cultura material e nos padrões culturais.

Na tabela 1.2, apresentam-se de forma resumida impactos sociais positivos e negativos


identificados pelos autores apresentados.

Tabela 1.2 – Impactos sociais

Positivos Negativos

 Melhoria da qualidade de vida da comunidade  Alienação da comunidade local;


local (criação de infra-estruturas, saúde,...);  Nativos adoptam características de vida dos
 Experiências com os visitantes (culturas e modos turistas em detrimento dos seus;
de vida diferentes);  Aparecimento de fenómenos de disfunção social
 Utilização da população local como mão-de- na família (desinteg. da comunidade);
obra directa ou indirecta.  Marginalidade e prostituição;
 Aumento dos níveis culturais e prof. da pop.  Economia local sensível às conseq do turismo.
 Orgulho étnico.

26
Os Impactos dos Eventos Turísticos: O caso da Viagem Medieval em Santa Maria da Feira.

Na tabela 1.3, apresentam-se os impactos culturais identificados pelos mesmos autores.

Tabela 1.3 – Impactos Culturais

Positivos Negativos

 Preservação e a reabilitação de monumentos,  Diferenças sociais entre visitantes e moradores


edifícios e locais históricos. (aparecimentos de “guetos” luxuosos; aumento de
 Valorização da herança cultural - revitalização crime, prostituição, jogo, drogas).
dos costumes locais como o artesanato, gastron.  Descaracterização da cultura do lugar.

Os impactos socioculturais resultam portanto das relações sociais que se estabelecem


entre os residentes e os visitantes. A intensidade e forma desses impactos variam
dependendo do tipo do visitante, das diferenças culturais entre os grupos, do grau de
adaptação dos visitantes e dos costumes locais.

1.5.3. Impactos Ambientais do Turismo

A natureza sofre constantes atentados, através de acções que podem degradar o meio
ambiente ou até destruí-lo. Da mesma forma, o Turismo, como qualquer outra
actividade económica, pode ocasionar danos aos recursos naturais, afectando o bem-
estar e a saúde da população.

No entanto, não podemos impedir o turista de chegar às áreas naturais, pois proteger não
significa deixar de utilizar e de admirar. É necessário despertar uma consciência
ambientalista, nos turistas, nas comunidades locais e nos governos, a todos os níveis.

As actividades turísticas devem integrar-se a um plano de desenvolvimento sustentável:


sem impactos negativos para o meio ambiente; com benefícios para o bem-estar da
população actual; como garantia de melhores dias para as gerações futuras.

A actividade turística tem impactos consideráveis sobre o meio ambiente. Stankovic


(cit. in OMT, 2001) afirma que “o turismo é um consumidor específico de recursos
naturais, pois estes constituem a base para o desenvolvimento da actividade turística”.
Também, a preocupação pela situação de algumas áreas turísticas, tradicionais, leva a
Krippendorf (cit. in OMT, 2001) a afirmar que “o turismo destrói tudo que toca”.

27
Os Impactos dos Eventos Turísticos: O caso da Viagem Medieval em Santa Maria da Feira.

Efectivamente, existem limites para a capacidade de adaptação dos ecossistemas.


Alguns destinos mostram sinais de crise e stress que exigem uma mudança de atitude
dos agentes envolvidos na indústria turísticas: as empresas, as autoridades, a população
moradora e os visitantes.

Com o grande aumento da indústria turística, houve a necessidade de aumentar e


instalar as infra-estruturas; como os meios de hospedagem, restaurantes, saneamento
básico, mas, de forma inadequada sem saber os seus efeitos sobre o ambiente local.
Cruz (2003, p.31) relata-nos que:

"Os impactos do turismo em ambientes naturais estão associados tanto à colocação de infra-
estrutura nos territórios para que o turismo possa acontecer com a circulação de pessoas que a
prática turística promove nos lugares. (...) meios de hospedagem edificados em áreas não
urbanizadas bem como outras infra-estruturas a eles associados podem representar riscos
importantes de desestabilização dos ecossistemas em que se inserem".

Na tabela 1.4, apresentam-se, de acordo com Ruschmann (1999) e Cruz (2004), os


impactos ambientais.

Tabela 1.4 – Impactos Ambientais

Positivos Negativos

 Revalorização do meio natural (conservação e  Arquitectura e urbanismo desmesurado e/ou não


melhoria qual. ambiental. integrados na paisagem.
 Adopção de medidas para preservar o meio  Aumento poluição (ruído, ar, água, solo)
ambiente (parques nacionais).  Aumento/congestionamento do tráfego.
 Restauração/preservação edif./lug. hist.  Rivalidade na utilização dos recursos naturais (a
 Maior envolvimento da administração (introd. competição entre turismo e outras actividades
iniciativas planeam/ ambiental). económicos.
 Maior envolvimento da população  Destruição da paisagem natural, fauna e flora.
(consciencialização ecológica/ambiental).  Degradação da paisagem, de sítios históricos e
 Promove a descoberta e acessibilidade a regiões de monumentos.
não exploradas.

Segundo Ruschmann (1997), existem algumas medidas que podem ser tomadas para
que os impactos ambientais do turismo diminuam, Eis algumas delas.

i) Na implantação/operação de equipamentos turísticos:

28
Os Impactos dos Eventos Turísticos: O caso da Viagem Medieval em Santa Maria da Feira.

 Identificar e minimizar os problemas ambientais originários da operação dos


equipamentos, concentrando as atenções nos novos projectos;
 Cuidar dos impactos ambientais resultantes da arquitectura, planeamento, construção e
operação dos equipamentos turísticos;
 Zelar pela preservação ambiental de áreas protegidas ou ameaçadas, de espécies de
fauna e flora, de paisagens;
 Praticar a economia no consumo de energia;
 Reduzir e reciclar o lixo;
 Controlar o consumo de água fresca e tratar as águas servidas;
 Controlar e diminuir a emissão de gases e outros poluentes;
 Controlar, reduzir e eliminar os produtos nocivos ao meio ambiente natural, como
insecticidas, pesticidas, corrosivos tóxicos ou materiais inflamáveis;
 Respeitar e proteger objectos e sítios históricos e religiosos;
 Respeitar os interesses da população local, incluindo suas tradições, sua cultura e seu
desenvolvimento futuro;
 Considerar os aspectos ambientais como factores fundamentais na capacidade de
desenvolvimento dos destinos turísticos.

ii) Soluções comportamentais para a protecção do meio ambiente:

Essas soluções buscam identificar as condições sob as quais os agentes individuais do


desenvolvimento restringem voluntariamente o uso dos bens públicos, sem coações ou
obrigações externas, controlando seus ímpetos desenvolvimentistas. Essas soluções
envolvem valores sociais, tais como o altruísmo, a confiança, a consciência, as normas
colectivistas, a responsabilidade social, a informação e a comunicação.

A chave para a mudança comportamental reside na disseminação de novos


conhecimentos e ideias através da educação.

No contexto turístico, essa disseminação torna-se difícil pois apresenta uma série de
circunstâncias específicas. Ela engloba uma série de diferentes empresas, organizações e
indivíduos, dos quais oferecem inúmeros produtos tangíveis e intangíveis ao mercado.

29
Os Impactos dos Eventos Turísticos: O caso da Viagem Medieval em Santa Maria da Feira.

Face às implicações do desenvolvimento do turismo nas comunidades dos destinos,


importa examinar os respectivos impactos.

1.6. Capacidade de Carga dos Destinos Turísticos

A avaliação da qualidade de uma destinação turística baseia-se na originalidade de suas


atracções ambientais e no bem-estar que proporcionam. Assim, é de suma importância o
controle do crescimento quantitativo dos fluxos turísticos, devido à sensibilidade dos
ecossistemas, que ficam comprometidos quando se ultrapassam os limites de sua
capacidade de carga.

A capacidade de carga é expressa pelo número máximo de pessoas que podem usar um
lugar sem que se verifique uma alteração inaceitável no meio físico e uma diminuição
inaceitável na qualidade da experiência vivida pelos visitantes da área de destino
(Mathieson e Wall, 1990). A capacidade de sustentação tem em conta a capacidade
ecológica, física, social e económica de um destino turístico, e tenta lutar contra os
riscos de sobrecarga, que são fundamentalmente a deterioração do meio natural e assim
como das actividades turísticas.

Do ponto de vista da planificação turística, a capacidade de sustentação deve ser vista


como um instrumento para um fim (Santana, 1997). A alternativa a um uso turístico
mono funcional, é o “uso múltiplo” (Lea, 1988) do espaço, que representa a planificação
do espaço para múltiplos propósitos: produção, conservação, recreação. A tendência
ideal é o não domínio de um uso sobre os outros, mas sim um equilíbrio utópico que
permita a conservação, a produção e o aproveitamento turístico do espaço, que só traz
benefícios para todos. A conversão em mercadoria do espaço não deve levar a um
domínio do uso turístico dele, mas sim a uma “gestão múltipla” do espaço (ex.:
comissões consultivas não necessariamente vinculantes; comissões de seguimento nas
quais estejam representadas todas as partes implicadas: população local, instituições
públicas, agentes imobiliários, empresários, operadores turísticos) na qual se pratiquem
formas de administração democráticas com o contributo das diferentes disciplinas
técnico-científicas.

30
Os Impactos dos Eventos Turísticos: O caso da Viagem Medieval em Santa Maria da Feira.

1.7. Turismo Sustentável

O turismo sustentável visa adoptar uma visão de actividade a longo prazo, centrada na
preservação dos elementos que tem favorecido o nascimento de um destino turístico. A
protecção do meio ambiente, mediante a conservação dos recursos dos que dependem
do turismo, pode trazer grandes vantagens aos mercados turísticos: maior satisfação dos
consumidores, maiores oportunidades de investimentos futuros, um estímulo para o
desenvolvimento económico e melhoria no bem-estar da comunidade receptora. De
acordo com os mesmos autores, Ferreira et al (2005, p.6),

“A actividade turística e a economia em geral, em matéria de meio ambiente devem ser dirigidas
para o reconhecimento de que o crescimento económico, o crescimento turístico e a protecção do
meio ambiente são objectivos compatíveis e complementares. Esta ideia conduziu ao
denominado desenvolvimento sustentado definido pela Comissão Mundial do Meio Ambiente e
Desenvolvimento das Nações Unidas e que se baseia no princípio de que é possível manter um
ritmo de crescimento, sem que seja preciso hipotecar a capacidade das gerações futuras para
fazer frente às suas próprias necessidades, sempre e quando produzam uma série de mudanças na
sociedade, considerando o ambiente como um bem escasso que é preciso administrar
adequadamente.

Aplicada ao turismo, esta ideia traduz-se no “turismo sustentado”, que pretende chegar a uma a
situação de equilíbrio que permita ao sector do turismo funcionar com um critério de
rentabilidade a longo prazo, mas não à custa dos recursos naturais, culturais ou ecológicos.”

O turismo sustentável não deve portanto, ser visto apenas como um modelo adaptável
ao ambiente natural mas, também, aos factores socioculturais e económicos,
proporcionando uma vivência saudável ao indivíduo ou grupo sem danificar a
integridade, a longo prazo, dos ambientes natural e cultural.

As actuações nesta linha devem resultar da acção dos três agentes principais do sector
turístico: o consumidor (visitante); o produtor ou o vendedor directo dos serviços
turísticos que é, normalmente, uma empresa privada; o produtor indirecto de uma
grande parte dos serviços oferecidos aos turistas: a Administração Pública em qualquer
dos seus níveis territoriais (OCDE, 1980).

31
Os Impactos dos Eventos Turísticos: O caso da Viagem Medieval em Santa Maria da Feira.

O turismo sustentado apresenta-se em três dimensões (Perret e Teyssansier, cit in


Ferreira et al, 2005): (1) preservação dos recursos, (2) desenvolvimento local e (3) ética
– retorno/partilha.

A necessidade de estas três dimensões estarem presentes no desenvolvimento local do


turismo coloca em destaque a importância do planeamento em turismo.

Ruschmann (1997) afirma que somente as acções planeadas, visando o desenvolvimento


sustentável do turismo, podem conduzir a uma evolução favorável, tanto para os
empresários, quanto para a população local, para os turistas e para todos os destinos.

De acordo com a concepção de sustentabilidade do turismo preconizada pela OMT


(1998) – que engloba as dimensões económica, ecológica e sócio-cultural da
sustentabilidade - , a politica turística mais sustentável, do ponto de vista das empresas,
é também aquela que melhor se ajusta aos seus objectivos: conseguir a rentabilidade a
longo prazo, ou seja, a competitividade.

Desta forma se demonstra que a competitividade de um destino ou produto turístico,


tem a ver com a continuidade da actividade, ao longo do tempo e com a capacidade de
obter maiores benefícios do que os concorrentes e de manter esses benefícios em
circunstancias que estão constantemente a alterarem-se.

O desenvolvimento sustentado tem como primeiro objectivo o fornecimento de um


meio de vida durável e seguro capaz de minimizar o esgotamento de recursos, a
degradação ambiental, a ruptura cultural e a instabilidade social (Hall, 2000). O
relatório da WCED - Comissão Bruntland (WCED,1987), alarga este objectivo base
para incluir os conceitos de equidade, as necessidades económicas da população
marginalizada e a ideia da tecnologia e das limitações sociais, como forma de dotar o
ambiente para responder às necessidades actuais e futuras.

Neste contexto, se a criação de locais (destinos) sustentáveis é um objectivo do


planeamento em turismo, então este deve ser um processo que abrange não só o
governo, a indústria e o turista, mas deve alargar-se à noção de stakeholders, incluindo a
comunidade local e o interesse público (Hall, 2000).

32
Os Impactos dos Eventos Turísticos: O caso da Viagem Medieval em Santa Maria da Feira.

1.8. Conclusão

A actividade turística caracteriza-se essencialmente pelo deslocamento de pessoas de


sua residência fixa para localidades diferentes. Em função desse deslocamento, são
gerados impactos positivos e negativos nos destinos que recebem os visitantes.

Inicialmente, os estudos sobre os impactos gerados pela actividade turística


concentraram-se nos aspectos económicos. Isso ocorreu devido à necessidade de medir,
por parte dos destinos que desenvolveram o turismo, os benefícios líquidos da
actividade para justificar os investimentos públicos e privados no sector. Porém, o
desenvolvimento turístico tem também impacto directo no meio ambiente e nas relações
sociais e culturais e, com a evolução dos estudos sobre o sector turístico, ficou claro que
alguns impactos negativos gerados nessas outras dimensões podem superar os impactos
económicos positivos. Portanto, a análise dos impactos da na actividade turística como
um todo passou a ser considerada uma ferramenta importante para o planeamento
sustentável das acções e projectos no sector.

As novas tendências da procura turística contemporânea demonstram que os turistas


desejam ter à sua disposição experiências turísticas com base na cultura e no ambiente.
No campo do turismo, a cultura é geralmente vista como um produto e um processo. A
abordagem dos sítios e monumentos, que focaliza o tipo de atractivo e a abordagem
conceitual, que tenta delinear os motivos e os significados do turismo cultural. O uso da
cultura e eventos culturais como estratégias de desenvolvimnto turístico tornou-se um
factor de fomentos económico e social importantes para os destinos/locais. (Yeomann et
al, 2006) Contudo, no caso das experiências com base em produtos relacionados com o
património e com a cultura, tal como todo o tipo de turismo, geram impactos
económicos, sociais, culturais e ambientais nas localidades destino. Para o
desenvolvimento sustentável de uma localidade, importa medir e desenvolver os
aspectos positivos mas, também medir e corrigir os aspectos negativos dos impactos do
turismo.

A necessidade de sistematizar o conhecimento relacionado com os impactos reais


gerados pelo evento “Viagem Medieval” no município de Santa Maria da Feira
percebidos pelas pessoas envolvidas com a actividade turística é o fundamento para a

33
Os Impactos dos Eventos Turísticos: O caso da Viagem Medieval em Santa Maria da Feira.

realização deste estudo. Por conseguinte, é proposto uma análise sobre os impactos do
evento turístico “Viagem Medieval”, no desenvolvimento da população local,
considerando-se os benefícios resultantes do incremento do evento e os efeitos que
resultam negativamente para a totalidade ou parte do grupo comunitário. Pela
importância do turismo em Santa Maria da Feira, a análise privilegia os impactos
sociais, culturais, económicos e ambientais na comunidade local do evento responsável
pelo maior fluxo turístico da cidade.

O objectivo deste estudo é recolher e analisar informação sobre as modificações


causadas pelo evento no local, de forma a apresentar linhas orientadoras para o
planeamento de eventos similares que confira a minimização dos seus impactos
negativos e a maximização dos seus impactos positivos.

De forma a viabilizar a investigação, a opção metodológica indica a realização do


estudo de caso, fundamentado em bibliografia existente sobre as iniciativas turísticas
com influência nos modos de vida das populações locais, bem como a recolha de dados
primários através de questionários junto da população e entidades de Santa Maria da
Feira. O estudo é enquadrado por princípios conceptuais e linhas de orientação teórica e
metodológica de qualificação e quantificação dos impactos sociais, económicos,
culturais e ambientais no local do evento, no sentido de analisar a relação custo –
benefício. Neste sentido, no próximo capítulo apresentam-se as etapas da metodologia
adoptada para este estudo.

34
Os Impactos dos Eventos Turísticos: O caso da Viagem Medieval em Santa Maria da Feira.

Capítulo II – Metodologia

2.1. Introdução

Para Lakatos e Marconi (1994, p.83), metodologia é o “…conjunto de actividades


sistemáticas e racionais que, com maior segurança e economia, permite alcançar o
objectivo (…) traçando o caminho a ser seguido, detectando erros e auxiliando as
decisões do cientista”.

Neste capítulo, apresentam-se então as opções metodológicas seguidas neste estudo.

2.2. O Processo de Pesquisa

Pesquisar é uma actividade que requer disciplina, rigor e fidedignidade no levantamento


e tratamento dos dados obtidos para tal. Segundo Luna (1999, p.8), desenvolver uma
pesquisa “visa a produção de conhecimento novo, relevante teórica e socialmente, além
de fidedigno”.

2.2.1. Objectivos

A metodologia foi desenvolvida de forma dedutiva, através da organização e


interpretação analítica e avaliação de dados, partindo dos conceitos científicos
apresentados no capítulo anterior que fundamentam os objectivos gerais deste estudo:

 A identificação dos impactos da “ Viagem Medieval” em Santa Maria da Feira


percepcionados pela comunidade local;
 Em que medida contribuem para o desenvolvimento para a localidade, na opinião
comunidade local..

2.2.2. Design

Neste estudo foi utilizado um design descritivo, através da aplicação de questionários a


uma amostra da população e ao grupo das entidades que representam a comunidade
local.

35
Os Impactos dos Eventos Turísticos: O caso da Viagem Medieval em Santa Maria da Feira.

2.2.3. Método de Recolha de Dados

Nesta fase procedeu-se à elaboração dos questionários atendendo às normas de


elaboração de inquéritos por questionário e aplicação dos mesmos a entidades
directamente e indirectamente influenciadas pela iniciativa turística, a entidades
responsáveis pela organização e/ou operacionalização do evento e a uma amostra da
população.

“O Inquérito pode ser definido como uma interrogação particular acerca de uma
situação englobando indivíduos, com o objectivo de generalizar.” (Ghiglione &
Matalon, 2001, p.7 e 8).

Questionário “ … é um instrumento para recolha de dados constituído por um conjunto


mais ou menos amplo de perguntas e questões que se consideram relevantes de acordo
com as características e dimensão do que se deseja observar.” (Hoz, 1985, p.58).

O questionário “… tornou-se num dos mais usados e abusados instrumentos de recolha


de informação. Se bem construído, permite a recolha de dados fiáveis e razoavelmente
válidos de forma simples, barata e atempadamente. (Anderson, 1998, p.170).

De referir ainda que em ambos os questionários e tendo por base as orientações de


Tuckman (2000), os inquiridos foram informados do objectivo da investigação, da
protecção a conceder ao sujeito, do endosso e aprovação do estudo, da legitimidade do
investigador, da oportunidade para o esclarecimento, do pedido de cooperação e das
orientações especiais.

Nos questionários, procurou-se aplicar todas as afirmações relativas aos impactos


identificadas pela maioria dos investigadores referidos no ponto 1.3., do Capítulo I e
pertinentes para este estudo. As mesmas foram agrupadas por secções, de modo a criar
em primeiro lugar uma ordem no instrumento de recolha de dados e, ainda, facilitar a
etapa da apresentação e discussão dos resultados.

36
Os Impactos dos Eventos Turísticos: O caso da Viagem Medieval em Santa Maria da Feira.

Na elaboração dos questionários optou-se pela apresentação de perguntas fechadas para


melhor mensurabilidade dos dados e facilidade/rapidez no seu preenchimento.

No questionário para as entidades (Anexo I), com a primeira questão procurou-se saber
o tipo de entidade inquirida (organismo público, associação, empresa privada ou outro)
afim de se apurar que tipos de entidades responderam ao questionário e, por outro lado,
de se obter dados que possibilitassem uma relação entre o tipo e a forma de participação
no evento. Nesta questão procurou-se ainda obter dados sobre a dimensão da mesma,
em termos de número de funcionários.

O objectivo da segunda questão foi saber quantas entidades inquiridas participaram no


evento.

Na terceira questão, apresentaram-se seis opções, afim de identificar a forma de


participação das entidades inquiridas que participaram no evento, a saber, na
organização/planeamento do evento; nos grupos de animação cultural; nas tendas
oficiais de artesanato; nas tendas oficiais de repasto; no sistema de ordem e segurança
do evento; e outro a especificar.

A quarta questão teve como objectivo apurar o intervalo do número de vezes que as
entidades participaram desde a primeira edição da Viagem Medieval, sendo os
intervalos de 1 a 3, 4 a 6, 7 a 9 e 10 a 12 vezes.

Na questão número cinco procurou-se obter a opinião dos inquiridos sobre o quanto
consideram o evento importante para o desenvolvimento de SMF. Por forma a facilitar a
análise e interpretação dos resultados (Alreck & Settle, 1995), optou-se pela utilização
de uma escala linear numérica de 1 a 7 (de nada importante a extremamente
importante).

Na questão seguinte, optou-se por introduzir uma questão aberta com o intuito de
facultar ao inquirido a possibilidade de justificação da resposta dada na questão anterior
que, para o efeito, é sugerido que enumere duas razões face à opção escolhida na
questão cinco. Por outro lado, considera-se também que este tipo de questão aberta vai

37
Os Impactos dos Eventos Turísticos: O caso da Viagem Medieval em Santa Maria da Feira.

permitir a referência a temáticas existentes e não previstas no questionário e/ou reforçar


as existentes.

“As respostas abertas devem ser utilizadas na fase inicial da investigação, de modo a
que possa identificar categorias utilizáveis como opções de resposta nas perguntas
fechadas” (Lazarsfeld cit in Foddy, 1996, p.142), opinião partilhada pela maioria dos
investigadores.

Neste questionário e a partir deste ponto (da questão sete à questão catorze) foi utilizada
a mesma escala referida na questão cinco e apresentaram-se grupos de 6 afirmações
para cada uma das 8 questões que estão directamente relacionadas com o objectivo
deste estudo, os impactos económicos, sociais, culturais e ambientais, positivos e
negativos do evento em SMF, onde se pede ao inquirido para assinalar o número que
corresponda à sua opinião para cada afirmação apresentada nos diferentes impactos.

No final do questionário foi deixado um espaço reservado para que os inquiridos


expressassem livremente os seus comentários com o objectivo de se obter opiniões
sobre as ideias ou factos previstos ou não previstos no presente questionário afim de se
poder complementar o estudo.

No questionário para a população (anexo II) e atendendo ao facto de que as pessoas


estão menos receptivas ao seu preenchimento e eventualmente menos familiarizado com
os conceitos teóricos que fundamentam este estudo, procurou-se obter os mesmos dados
pretendidos no questionário dirigido às entidades mas de uma forma mais simplificada:
foi estruturado de forma a preencher apenas uma pagina de dimensões A4, de forma a
que as questões tivessem a mesma interpretação por todos os respondentes da amostra
da população e de forma a que todos os aspectos pertinentes para a investigação fossem
bem abordados (Ghiglione e Matalon, 1992).
.
O objectivo da primeira parte do questionário foi a caracterização da população
inquirida através da obtenção de dados relativos ao grupo etário, sexo e local de
residência.

38
Os Impactos dos Eventos Turísticos: O caso da Viagem Medieval em Santa Maria da Feira.

Com primeira questão pretendeu-se obter conhecimento da percentagem dos inquiridos


que visitou o evento; na segunda questão, a forma de participação; na terceira, o número
de vezes (em forma de intervalo) que participou; na quarta questão a opinião do
inquirido sobre o grau de importância sobre o evento no desenvolvimento de SMF; na
quinta e última questão são apresentadas de forma intercalada, 16 afirmações (duas de
cada grupo) referentes aos impactos económicos, sociais, culturais e ambientais,
positivos e negativos do evento em SMF.

Para os questionários das entidades, numa primeira fase, aquando a selecção da amostra,
procedeu-se à identificação das entidades públicas e privadas envolvidas directa e
indirectamente no evento (na organização do evento e/ou na participação no mesmo) e
das entidades independentes (comercio, indústria, associações). Na segunda fase
procedeu-se à distribuição de 30 questionários para cada grupo com o propósito da
obtenção de dados das entidades efectivamente representativas da população. No total
foram distribuídos 60 inquéritos, 36 entregues pessoalmente, dos quais colaboraram 32
entidades, e 12 por e-mail, dos quais responderam 5 entidades, totalizando 37
inquéritos. A aplicação decorreu entre 5 de Abril e 13 de Junho de 2009.

Para a amostra da população, optou-se por distribuir os questionários pelos aglomerados


de pessoas nos estabelecimentos comercias, intercalando a sua aplicação nos mesmos.
Foram distribuídos 400 questionários, cerca de 250 inquéritos na Zona histórica da
cidade (Cafés, bares, restaurantes, esplanadas, transeuntes das ruas) e 150 nas
imediações até à Av. Sá Carneiro (espaços comerciais e transeuntes), num horário
diversificado, entre 5 de Abril e 13 de Junho de 2009. Obteve-se o total de 315
questionários válidos.

2.2.4. Amostragem

A amostragem descreve-se como sendo a selecção de um determinado número de


sujeitos representativos de uma dada população (Vieira, 1998).

“Amostragem consiste em seleccionar parte de uma população para observar, de modo a


que seja possível estimar alguma coisa sobre toda a população” (Steven e
Thompson cit. in Vieira e Lima, 1998, p. 61).

39
Os Impactos dos Eventos Turísticos: O caso da Viagem Medieval em Santa Maria da Feira.

A população-alvo ou o Universo é constituída por todos os membros de um conjunto


real ou hipotético de pessoas, acontecimentos ou objectos, aos quais se pretendem
generalizar os resultados de um determinado estudo (Vieira, 1998).

Sendo a população de Santa Maria da Feira a população-alvo directamente implicada no


objectivo deste estudo optou-se pela elaboração de dois questionários, um destinado a
uma amostra de entidades/organismos de diversas áreas, com actividade em SMF e
outro a uma amostra da população (pessoas singulares residentes e/ou com actividade
ocupacional diária na cidade), a fim de se obter os dados representativos da população-
alvo.

O estudo foi realizado com amostras não probabilísticas. Para as entidades, foi utilizada
a mostragem por julgamento, incluindo entidades que fizessem parte da produção do
evento e/ou auferissem carácter representativo da comunidade. Para a população foi
utilizada a amostragem por conveniência, aplicando os questionários aos respondentes
disponíveis durante o processo.

2.2.5. Análise dos Dados

Relativamente ao método de análise dos dados procedeu-se da seguinte forma:

Distribuição e recolha dos questionários aplicados à população no momento do seu


preenchimento;

Numeração de todos os questionários, por ordem crescente, de acordo com o tipo de


questionário e a data em que foram preenchidos;

Revisão manual para detectar incongruências e omissões de resposta ou falhas de


preenchimento;

Transferência dos dados para o programa SPSS, executando uma validação informática
das respostas para detectar incongruências ou omissões de respostas não detectada na
revisão manual.

40
Os Impactos dos Eventos Turísticos: O caso da Viagem Medieval em Santa Maria da Feira.

Processamento dos dados através da análise descritiva com médias e desvios padrão,
análise factorial de componentes principais e regressão linear múltipla.

2.3. Conclusão

No processo, desenvolveu-se a metodologia de forma dedutiva, através da organização e


interpretação analítica e avaliação de dados, partindo dos conceitos científicos que
fundamentam o objectivo geral deste estudo. Utilizou-se um design descritivo, através
da aplicação de questionários a uma amostra da população e ao grupo das entidades que
representam a comunidade local, O estudo foi realizado com amostras não
probabilísticas e os dados lançados e no programa informático SPSS.

De seguida, no próximo capítulo, apresentam-se os dados relativamente à caracterização


de SMF e do evento, assim como a informação publicada e os estudos sobre o mesmo.

41
Os Impactos dos Eventos Turísticos: O caso da Viagem Medieval em Santa Maria da Feira.

Capítulo III – Caracterização do Evento

3.1. Introdução

Neste capítulo, apresentam-se dados que caracterizam Santa Maria da Feira, dados
relativos à sua localização geográfica, população, acessibilidades, economia e turismo,
bem como a caracterização do evento “Viagem Medieval” de Santa Maria da Feira e os
estudos realizados sobre o evento.

3.2. Caracterização de Santa Maria da Feira

A cidade de Santa Maria da Feira encontra-se situada no Centro/Norte litoral do país e


sub-região de Entre Douro e Vouga, no cruzamento dos eixos Norte/Sul e
Litoral/Interior, dispondo assim de um posicionamento geográfico estratégico que faz
com que a região, desde as primeiras civilizações residentes no território, seja um local
de encontro e passagem de muitos e variados povos.

O Município é delimitado a Norte pelos Municípios de Vila Nova de Gaia e de


Gondomar, a Leste por Arouca, a Sueste por Oliveira de Azeméis e São João da
Madeira, a Sul e a Oeste por Ovar e Espinho. Dista cerca de 30Km do Porto e 45 Km de
Aveiro.

3.2.1. População

Santa Maria da Feira pertence ao Distrito de Aveiro e é sede de um município com 21


345 km ² de área e 135 964 habitantes (dados segundo o censo de 2001), subdividido em
31 freguesias, sendo elas, Argoncilhe, Arrifana, Caldas de São Jorge, Canedo, Escapães,
Espargo, Feira, Fiães, Fornos, Gião, Guisande, Lobão, Louredo, Lourosa, Milheirós de
Poiares, Mozelos, Mosteiró, Nogueira da Regedoura, Paços de Brandão, Pigeiros, Rio
Meão, Romariz, Sanfins, Sanguedo, Santa Maria de Lamas, São João de Ver, São Paio
de Oleiros, Souto Travanca, Vale e Vila Maior.

De referir que, segundo os censos de 2001, (fonte: Censos 2001, INE), a população
residente na cidade SMF era cerca de 11 mil pessoas.

42
Os Impactos dos Eventos Turísticos: O caso da Viagem Medieval em Santa Maria da Feira.

3.2.2. Acessibilidades

A cidade é servida por 2 auto-estradas (a A1 e o IC1) e ainda pela estrada nacional N1-
IC2, sendo estas as principais vias de acesso.

3.2.3. Economia

Na temática das dinâmicas da função empresarial, verifica-se que Santa Maria da Feira
é um concelho com uma posição de destaque quando colocada à escala da Nut III, onde
o concelho é o mais dinâmico de toda a região.

Este concelho apresenta valores significativos em termos de chegadas, no que se refere


ao comércio intracomunitário, mas também em termos de exportações ao nível do
comércio extra comunitário.

Também em termos de expedições e importações é Santa Maria da Feira que se destaca


em toda a região de Entre Douro e Vouga.

Quanto à actividade económica, verifica-se que a indústria transformadora, o comércio


por grosso e a retalho (incluindo reparação de automóveis e bens de uso doméstico) e o
sector da construção civil, são os sectores com maior representatividade económica no
Concelho de Santa Maria da Feira, sendo a indústria o domínio de especialização por
excelência.

É bem clara a forte concentração de pessoas ao serviço da indústria transformadora,


nomeadamente no subsector dos couros, da madeira e cortiça, destacando-se o sector da
madeira e cortiças, sendo essa a especialização do concelho, seguindo-se os couros
(calçado), sendo estes os sectores com o principal volume de vendas.

Para o concelho, o sector da cortiça é extremamente relevante, tanto pelo seu elevado
peso económico, como também pela dinâmica efectiva e acentuada de desenvolvimento,
ultrapassando um milhão de euros de facturação em termos de volume de vendas
(2000).

43
Os Impactos dos Eventos Turísticos: O caso da Viagem Medieval em Santa Maria da Feira.

A dinâmica do sector corticeiro do Concelho é confirmada pelo número de sociedades


constituídas no âmbito da indústria transformadora (Gráfico 3.1.).

Gráfico 3.1. – Evolução do Número de Empresas no Concelho de SMF.

Em termos de sociedades constituídas segundo a classificação para as actividades


económicas, o número de sociedades no Concelho era de 5.081 (Fonte: O país em
números, edição 2006, INE.)

Gráfico 3.2. – Número de Bancos e Caixas Económicas em SMF.

No que se refere ao poder de compra convém referir que Santa Maria da Feira apresenta
um crescimento exponencial, no espaço de uma década (1992-2002), no de número de

44
Os Impactos dos Eventos Turísticos: O caso da Viagem Medieval em Santa Maria da Feira.

dependências bancárias, caixas automáticas e de balcões/agentes de seguradoras, em


relação aos restantes concelhos da região de Entre Douro e Vouga (gráfico 3.2.).

3.2.4. O Turismo em Santa Maria da Feira

Em termos turísticos, Santa Maria da Feira proporciona a quantos a visitam uma


multiplicidade de oportunidades, percursos e escolhas que vão das paisagens naturais ao
património edificado, passando pelas modernas infraestruturas de acolhimento que
proliferam e se expandem tanto na cidade como por todo o concelho.

3.2.5. Oferta Turística

A atractividade turística não se encerra pela existência de equipamentos naturais


(jardins municipais, do Europarque, da quinta do castelo) e edificados (Castelo,
Europarque, Zoo, Museus, Igrejas, de entre outros – ver Anexo III – Oferta turística).
Mais de 150 associações e clubes vocacionados para a música, o teatro, o folclore e as
artes plásticas, se consubstanciam nas diversas actividades culturais que se realizam ao
longo do ano (féstas tradicionais e religiosas, festivais de música e de teatro, concertos,
congressos e eventos).

O concelho faz da cultura o embaixador dos seus costumes e das suas gentes, sendo que
a promoção das atracções turísticas rege-se pelas temáticas histórico-culturais das
actividades que as envolvem. A secular Fésta das fogaceiras, o Imaginarius e a Viagem
Medieval, realizadas no centro histórico da cidade são um exemplo vivo do exposto.

A crescente aderência por parte da população e dos visitantes a este tipo de turismo em
SMF fomentou, na devida proporção, a revitalização do património edificado (Convento
dos Loios, Castelo, museus) assim como de outros equipamentos turísticos (Europarque,
bibliotecas, jardins, zona envolvente ao rio Cáster).

3.2.6. Procura

Para esta caracterização recorreu-se a fontes secundárias, nomeadamente o estudo dos


Públicos da Cultura de Santa Maria da Feira (Lopes e Aibéo, 2004) e o Estudo sobre a

45
Os Impactos dos Eventos Turísticos: O caso da Viagem Medieval em Santa Maria da Feira.

Visitação da Viagem Medieval (2001). O primeiro estudo caracteriza os públicos da


cultura de SMF pelos seus habitantes, o segundo estudo caracteriza os visitantes da
Viagem Medieval.

Segundo Lopes e Aibéo (2004), O que aproxima a população de Santa Maria da Feira
da Cultura é a sua relação "mais ou menos activa com o espaço público e as artes que o
animam". Esta é uma das conclusões do estudo destes dois autores, tendo como
objectivo caracterizar os públicos de cultura de Santa Maria da Feira.

Outra das conclusões refere-se à intensa juvenilidade dos públicos de cultura de Santa
Maria da Feira, o que não surpreende os investigadores dado "o envelhecimento
cultural" de certas práticas, bem como o facto dos públicos serem cada vez mais
femininos. Destaca-se ainda a forte presença, nos públicos da cultura de Santa Maria da
Feira, de grupos sociais normalmente ausentes deste tipo de estudos. Os autores não
deixam, contudo, de caracterizar o público de Santa Maria da Feira como contendo
estudos de caso que demonstram "um défice cultural massivo cumulativo e socialmente
selectivo".

A especificidade dos públicos de Santa Maria da Feira reside então na tendência de se


relacionarem de forma próxima e activa em espaços de acesso potencialmente livre "e
onde os constrangimentos da co-presença social e da fixidez institucional se podem
esbater", lê-se no documento. Ou seja, o que os naturais daquela cidade apreciam são
eventos "espontâneos".

Não havendo estudos recentes que permitam obter com o rigor científico as informações
necessárias para caracterização da procura face ao objecto deste estudo, tomar-se-á por
base o “Estudo sobre a Visitação da Viagem Medieval” encomendado pela Câmara
Municipal de Santa Maria da Feira e elaborado pela MOAI – Consultoria em Turismo,
em 2001.

Em termos quantitativos, o número total de visitantes ascendeu aos 139.521, dos quais
19% visitaram o evento em dias úteis e 81% em dias não úteis. Da mesma análise, cerca
de 14.000 visitaram o castelo e cerca de 40.000 os eventos realizados nesse ano

46
Os Impactos dos Eventos Turísticos: O caso da Viagem Medieval em Santa Maria da Feira.

(“Adufe”, “Concerto do Rui Veloso”, “Jogos Medievais”, “Gaiteiros de Lisboa”,


“Céltica”, “Toca a Rufar”, “Hevia” e “Torneio Medieval”).

As faixas etárias predominantes: dos 25-34 anos (26,2%) e dos 35-44 anos (23,8%).
Nos dias úteis predominaram os jovens (dos 14-24 anos) e idosos (maiores de 55 anos);
nos dias não úteis, predominavam os adultos (dos 25-54 anos). As profissões
predominantes: quadros superiores e médios, empregados do comércio, indústria e
serviços. Os níveis educacionais dos visitantes: bastante diversos.

Predomina a nacionalidade portuguesa (94,5%). A maioria dos visitantes provém de


Santa Maria da Feira e de concelhos limítrofes (São João da Madeira, Ovar, Oliveira de
azeméis e Espinho).

Cerca de 87% dos inquiridos já visitou a cidade anteriormente em que os principais


motivos dessa visita foram a residência (25,5%), trabalho/estudo (23,8%) e turismo
(24,1% em lazer e 5,9% a visitar familiares e amigos).

Os principais motivos que levaram à visita da VM foram: 35,9% por curiosidade, 21,3%
para alargar horizontes histórico-culturais, 16% por diversão e lazer, 12,3% pela
originalidade do Evento e 5,1% pela notoriedade do Evento.

A principal fonte de informação, pelos meios formais, 22,2% pela brochura da Câmara,
12,8% pelos jornais e revistas e 7,7% pela TV, pelos meios informais, 30,9% pelas
recomendações de familiares e amigos. Em termos de organização da viagem, cerca de
80% dos visitantes não planeou a visita com antecedência.

Predominam os grupos até cinco pessoas constituídos por familiares e amigos. Cerca de
75% dos visitantes deslocaram-se ao evento com viatura própria. Apenas 4& dos
inquiridos recorreu a alojamento pago. Os visitantes preferiram visitar o Evento entre
um (29,3%) a dois dias (23,7%), mas é de destacar que 11% dos visitantes frequentou o
Evento durante os dez dias. Em relação às despesas, cerca de 62,3% dos inquiridos
efectuou gastos dentro dos recintos do evento, geralmente inferiores a 25€ e apenas
18,3% fora dos recintos.

47
Os Impactos dos Eventos Turísticos: O caso da Viagem Medieval em Santa Maria da Feira.

Os visitantes apresentaram, na generalidade, um bom nível de satisfação, com maior


grau a nível da recriação do ambiente medieval e na facilidade de entrada e circulação
nos recintos e menor grau de satisfação a nível de transportes públicos, infra-estruturas
sanitárias e estacionamento.

Dos inquiridos, 77% demonstraram uma grande vontade de voltar em edições


posteriores. Dos inquiridos, 84% demonstraram uma forte intenção de recomendar a
VM a familiares e amigos.

3.3. Caracterização do Evento: “Viagem Medieval” de Santa Maria da Feira

Apresentam-se, neste ponto, os aspectos que caracterizam o evento “Viagem Medieval”,


objecto deste estudo, através do recurso à imprensa local, regional e nacional, a estudos
existentes relacionados com o evento e aos sites da Viagem Medieval, da Feira Viva
(responsável pela produção executiva do evento) e da Câmara Municipal de SMF.

As Terras de Santa Maria já em tempos tinham uma grandiosa feira medieval que era
muito concorrida por vários motivos, tais como, o negócio e a troca de excedentes da
agricultura e artesanais. A importância desta devia-se ainda à localização, periodicidade,
duração e à presença de produtos raros.

Todos os anos, desde de 1996, pode-se observar uma recriação desta feira e inspirada
em momentos e personagens históricos da terra, durante cerca de dez dias. Em torno do
acontecimento histórico seleccionado é desenvolvido o programa de actividades de
acordo com o mesmo. Paralelamente, é recriado o ambiente característico da época
através das representações do campo de batalha, acampamentos, ceias, actividades
mercantis, artesãs e artificies.

A Viagem Medieval é um evento temático, preenchido pelo burburinho dos mercadores,


dos artesãos e das regateiras da feira, pela arrogância dos cavaleiros que mostram a sua
audácia em intensos combates, pela alegoria de personagens que vagueiam, pelo espírito
da alegria que invade todo o burgo com sons de coreografias e fantasias musicais
característicos uma época que foi de outras conquistas, de outras mentalidades, de
outras culturas, entrando no encanto próprio da época medieval.

48
Os Impactos dos Eventos Turísticos: O caso da Viagem Medieval em Santa Maria da Feira.

Num tempo e num espaço diferentes, os visitantes poderão reviver o passado histórico
de um território que teve como centro de poder administrativo o burgo da Feira e o
castelo como centro do poder militar na Idade Média, revivendo o seu quotidiano,
sentindo o dinamismo dos mercadores e artesãos, a azáfama do trabalho dos artífices, o
desafio dos jogos, das pelejas e dos torneios, o prazer dos momentos de convívio em
ceias e grandes festas, onde domina a música, a dança e a magia.

A Viagem Medieval é o maior evento de recriação histórica medieval do país. Realiza-


se, anualmente, durante onze dias consecutivos, no centro histórico da cidade de Santa
Maria da Feira, atraindo diariamente 50 mil visitantes.

3.3.1. Histórico do Evento

O estudo, “Viagem Medieval de Santa Maria da Feira. Uma iniciativa de


desenvolvimento Local?” (Especialização em Animação Sócio-cultural, Faculdade de
Psicologia e ciências da Educação da Universidade do Porto – Não publicado),
realizado pela Dr.ª Irene Coelho, tornou possível a apresentação de alguns dados desde
a primeira edição (1996) à sétima edição (2003) deste evento.

O projecto “Viagem Medieval em Terra de Santa Maria”, nasce em 1996 com a


recriação histórica na região então denominada Terra de Santa Maria, que contou com a
participação de onze das catorze câmaras municipais a ela pertencentes, durante um
fim-de-semana no Castelo de Santa Maria da Feira.

A Feira Viva, EM, inicia a sua actividade em Março de 2001, distribui a sua actividade
pela gestão de equipamentos desportivos, culturais e sociais, bem como a promoção de
actividades de animação desportiva, recreativa e cultural e iniciativas de carácter socio-
económico e científico. Desde de 2004 que participa na organização, tornando-se
responsável pela produção executiva, assume desde 2006, a organização e produção do
evento.

Como se poderá analisar na tabela 3.1, o evento nasceu da iniciativa de duas técnicas do
turismo e, dada a sua afluência, no ano seguinte envolve mais pessoas na sua
organização. No ano de 1998, o evento não se realizou. Em 1999, a Federação das

49
Os Impactos dos Eventos Turísticos: O caso da Viagem Medieval em Santa Maria da Feira.

colectividades assume a organização. Desde o ano 2000, IV edição, que a Câmara


Municipal promove e organiza o evento com o apoio da Federação das Colectividades.

Tabela 3.1 – Entidades Envolvidas na Organização da VM de 1996 a 2009

Edição Organização/ Produção Apoio

Câmara Municipal de Santa Maria da Feira e


I
2 Técnicas de turismo. Federação das Colectividades de Cultura e Recreio
1996
de Santa Maria da Feira.
Uma das organizadoras de 1996 com
II Federação das Colectividades de Cultura e Recreio
oito colaboradores ligados à área do
1997 de Santa Maria da Feira e Câmara Municipal.
turismo
III Câmara Municipal, Ministério da Cultura, Instituto
Federação da Colectividades
1999 Português da Juventude e Inatel.
IV Câmara Municipal e Federação das
Dados não disponíveis
2000 Colectividades
V Câmara Municipal e Federação das Associação Empresarial, Sociedade de Turismo e
2001 Colectividades Associação dos Artesãos de Santa Maria.
V Câmara Municipal e Federação das Associação Empresarial, Sociedade de Turismo e
2002 Colectividades Associação dos Artesãos de Santa Maria
VII Câmara Municipal e Federação das Associação Empresarial, Sociedade de Turismo e
2003 Colectividades Associação dos Artesãos de Terras de Santa Maria
Sociedade de Turismo, Associação empresarial de
VIII Câmara Municipal, Feira Viva e
Santa Maria da e Associação de Artesãos das
2004 Federação das Colectividades
Terras de Santa Maria Feira
IX Câmara Municipal de Santa Maria da Federação das Colectividades de Cultura e Recreio,
2005 Feira, Feira Viva Sociedade de Turismo de Santa Maria da Feira
X Câmara Municipal de Santa Maria da Feira,
Feira Viva
2006 Federação das Colectividades de Cultura e Recreio.
XI Câmara Municipal de Santa Maria da Feira,
Feira Viva
2007 Federação das Colectividades de Cultura e Recreio.
XII Câmara Municipal, Federação das Colectividades
Feira Viva
2008 de Santa Maria da Feira.
XIII Câmara Municipal, Federação das Colectividades
Feira Viva
2009 de Santa Maria da Feira.

Na mesma tabela., a Câmara Municipal é a constante como entidade organizadora ou de


apoio à organização do evento. Também se constacta que a partir do ano 2000, a
Câmara assume o controlo da organização, sendo que, desde 2004, através da empresa
municipal Feira Viva. De referir ainda a participação assídua da Federação das
colectividades como entidade de apoio à organização do evento.

50
Os Impactos dos Eventos Turísticos: O caso da Viagem Medieval em Santa Maria da Feira.

A afluência, quer dos participantes quer dos visitantes, no primeiro evento deu lugar ao
importante evento que hoje se realiza, na cidade de Santa Maria da Feira (tabela 3.2).

Tabela 3.2 – Evolução do Evento - Nº de Dias, Participantes, Visitantes e Espaço

Edição Nº
Participantes Visitantes Espaço
Ano dias
I 11 Câmaras municipais representadas por
2 9 mil Castelo
1996 uma das suas associações.
II
2 Cerca 5 mil participantes - Castelo
1997
Associações recreativas e culturais locais,
Maior do que Castelo, Alameda do
III elementos permanentes na animação,
3 nas edições Tribunal e margens do rio
1999 cavaleiros e o grupo de animação Viv’arte.
anteriores Caster.

IV 8 mil crianças de escolas dos concelhos das Dados não Estende-se pelo Rossio e
11
2000 Terras de Santa Maria. disponíveis. zona envolvente ás piscinas
10 mil crianças provenientes das escolas e cerca de 139
V Estendeu-se mais ainda, para
10 participantes nas animações e mil (dados
2001 a parte histórica da cidade
estabelecimentos oficiais. oficias).
V 250 mil (nº A mesma área da edição
10 Aumento nas associações participantes
2002 noticiado) anterior
VII 150 mil (nº
10 Ampliou-se para a floresta
2003 noticiado)
30 grupos de animação (500 animadores),
Centro Histórico e
900 elementos das 33 associações do
VIII 500 mil (nº Comercial de Santa Maria da
10 concelho, 61 comerciantes, e 102 artesãos,
2004 noticiado) Feira e o espaço natural
artífices e mercadores, 230 voluntários
envolvente ao Castelo.
Cerca de uma centena de artesãos, 30
IX grupos de animação, 170 voluntários, 900 500 mil (nº
10 --
2005 elementos ligados a associações concelhias noticiado)

225 voluntários, 37 grupos de animação, 21


X associações envolvidas, 167 artesãos e 500 mil (nº
10 --
2006 cerca de 1000 a trabalhar diariamente. noticiado)

200 artesãos, 30 grupos de animação, 1100


XI 500 mil (nº
10 elementos ligados às associações --
2007 noticiado)
100 artesãos, 36 grupos de animação e 31
XII associações. O número de voluntários é de 500 mil (nº aumentou a superfície
10
2008 288 e trabalham diariamente no evento noticiado) ocupada para 33 hectares.
1.100 pessoas.
XIII Mais 500 mil
11 1100 participantes diários 40 hectares
2009 (nº noticiado)

Em termos de espaço ocupado, o que inicialmente se confinava à área do castelo, hoje


ocupa proporções substancialmente maiores, estendendo-se pela zona histórica da
cidade e pelos espaços verdes da zona envolvente ao castelo.

51
Os Impactos dos Eventos Turísticos: O caso da Viagem Medieval em Santa Maria da Feira.

3.3.2. Projectos Decorrentes da VM

Apresentando um conjunto diversificado e abrangente de iniciativas de índole histórica,


cultural e recreativa, o órgão responsável pela produção executiva do evento, pretende ir
ao encontro de todos os públicos, do infantil ao sénior e do nacional ao estrangeiro,
durante todo o ano. Apresentam-se, de seguida, os projectos decorrentes da VM.

3.3.2.1. “Viajar no Tempo Rumo à Viagem Medieval”

O projecto Viajar no Tempo rumo á Viagem Medieval, consubstancia-se em várias


vertentes (lúdica, pedagógica, gastronómica, social) traduzidas em sub-projectos
específicos: “Era uma vez … o Castelo da Feira”.

O Castelo da Feira foi o palco escolhido para acolher uma das iniciativas inseridas no
projecto Viajar no Tempo, tendo em consideração o papel de relevo que assumiu
durante os tempos medievos, enquanto ponto estratégico e cabeça da vasta Terra de
Santa Maria.

Trata-se de um espaço temático onde é contada uma história acerca do modus vivendi
das várias personagens que coabitavam no Castelo da Feira durante este período. A
recriação do espaço passa pela caracterização do castelo nos seus recantos: a cozinha, o
quarto, o salão nobre, a Praça de Armas e a masmorra. No fundo, pretende-se dar vida
ao castelo através da instalação de estruturas amovíveis e elementos decorativos, para
que os visitantes possam assistir a “aulas vivas” acerca do período medieval.

Par além dos elementos fixos, os vários figurantes presentes em cada local dão colorido
e vida a toda esta reconstituição, adoptando comportamentos e atitudes adequadas ao
período medieval. Cenas da vida quotidiana, o treino dos cavaleiros, as artes e ofícios da
época, são apresentados diariamente ao público.

Esta “Viagem” pela História resulta, assim, da combinação de duas abordagens:

 Reconstituição de espaços temáticos


 Recriação de passagens da vida quotidiana

52
Os Impactos dos Eventos Turísticos: O caso da Viagem Medieval em Santa Maria da Feira.

Resumindo, este sub-projecto foi idealizado com objectivos como:

 Reforço da componente pedagógica da Viagem Medieval;


 Complemento da aprendizagem escolar;
 Promoção e valorização de equipamentos/espaços de interesse patrimonial e turístico;
 Dinamização turística do Concelho;
 Promoção do evento Viagem Medieval em Terra de Santa Maria.

Para além da iniciativa “Era uma vez…o Castelo da Feira”, de maior relevância, o
projecto “Viajar no Tempo Rumo á Viagem Medieval”, compreende ainda a edição de
um livro de receitas medievais, de fácil confecção, para posteriormente servir de guia
gastronómico para os restaurantes e público em geral.

Outra iniciativa é a realização de um baile medieval, sendo a consequência de um


conjunto de sessões de aprendizagem de danças medievais. Neste baile, os participantes
mostram os seus dotes de dançarinos, devidamente trajados e ao som de instrumentos
típicos da época.

Também os estabelecimentos comerciais da cidade são convidados a participar no


projecto “Viajar no tempo rumo á viagem medieval”, através da iniciativa “Envolver”,
sob a forma da decoração de montras e fachadas, bem como a confecção de pratos
gastronómicos medievais e ainda a utilização da indumentária da época.

3.3.2.2. “Envolver”

No âmbito do “Projecto envolver” da Viagem Medieval, o órgão executivo, Feira Viva,


é o autor de iniciativas de repercussões positivas na promoção e crescimento do evento.
De seguida, apresentam-se algumas dessas iniciativas.

3.3.2.3. Estabelecimento Medieval – Oficial

Desde a 8ª edição, em 2004, que os estabelecimentos comerciais locais são convidados


a participarem num concurso através da decoração medieval.

53
Os Impactos dos Eventos Turísticos: O caso da Viagem Medieval em Santa Maria da Feira.

O concurso tem como objectivo envolver o comércio local no espírito do evento,


incentivando os participantes a momentos de criatividade e dinamizadores dos seus
espaços: adaptação da actividade comercial à época medieval através da decoração do
interior do estabelecimento, da montra e fachada bem como a utilização de trajes
medievais.

No concurso podem participar todos os estabelecimentos comerciais da cidade de Santa


Maria da Feira, que estejam licenciados para actividade comercial pelas competentes
entidades. Para o efeito, são convidados a inscreverem-se nas datas previamente
anunciadas.

Os participantes são responsáveis pela decoração dos seus estabelecimentos, que deve
obedecer às seguintes orientações:

 Os motivos e materiais utilizados na decoração ambiente deverão recriar a época


medieval;
 Os participantes devem sujeitar-se a acções de avaliação e supervisionamento
(conteúdos, rigor histórico, decoração), a realizar pela comissão organizadora, no
momento da visita oficial.
 As montras aderentes devem estar iluminadas, pelo menos, até às 24h nos dias em que
decorre o evento e nas datas em que se realiza a Viagem Medieval, de 01 a 10 de
Agosto.
 A decoração deverá estar concretizada até à data limite estipulada.

A organização é incumbida de prestar as devidas informações e seleccionar os


vencedores do concurso, baseados nos seguintes critérios de análise: criatividade,
adequação ao espírito medieval e rigor histórico.

Todos os participantes recebem (desde que cumpram os requisitos mínimos de


ambientação):

 Bilhetes para assistir a espectáculos;


 Diploma para ser afixado à entrada do estabelecimento;

54
Os Impactos dos Eventos Turísticos: O caso da Viagem Medieval em Santa Maria da Feira.

 Referência, no site oficial da Viagem Medieval (www.viagemmedieval.com) e da


Feira Viva (www.feiraviva.com), como estabelecimento medieval oficial;

Por fim, é atribuído uma menção honrosa aos estabelecimentos que obtiverem a
classificação média de 4 valores e os prémios aos primeiros três classificados.

3.3.2.4. Terra dos Sonhos

Terra dos Sonhos é o mais recente projecto da empresa municipal Feira Viva, dirigida
por Paulo Sérgio Pais. A quinta do castelo é por estes dias um mundo mágico, para
miúdos e graúdos.

A Terra dos Sonhos pretende que mais novos e menos novos partilhem situações que
não acontecem no dia-a-dia. É com encanto que se pode subir a uma gruta ou bater à
porta do Pai Natal. E, à volta, vivem todos os sonhos. Na quinta do Castelo, espaço
idílico, está a casa dos anões, do Capuchinho Vermelho, a carpintaria de sonhos. Um
universo de magia com um aspecto fundamental: permitir ao visitante entrar nos sonhos
e fazer parte deles.

A Terra dos Sonhos é uma procura de diferença, uma procura arriscada numa época
arriscada. Realiza-se no último trimestre do ano com a pretensão de posicionar Santa
Maria da Feira de forma mais regular durante o ano, em termos de notoriedade.
.
3.3.2.5. Danças Medievais

Trata-se de promover a aprendizagem de danças medievais do povo e da corte, junto de


todas as idades, dentro e fora da cidade de Santa Maria da Feira. No âmbito do Projecto
Envolver, foram criados vários núcleos de danças, em diferentes freguesias, sendo a
participação livre e gratuita.

O projecto culmina com várias apresentações durante o evento. A população é


convidada a assistir às demonstrações do grupo Cortes da Villa da Feira, podendo
participar de forma espontânea ou integrar posteriormente um dos grupos já existentes.

55
Os Impactos dos Eventos Turísticos: O caso da Viagem Medieval em Santa Maria da Feira.

Os ensaios de danças da corte realizam-se nas Piscinas Municipais da Feira, à sexta-


feira, na sede do rancho folclórico “As Florinhas das Caldas de S. Jorge”.
As danças do povo são ensaiadas no Cine-Teatro António Lamoso, num núcleo
específico de jovens. Os seniores podem participar nos ensaios de danças do povo, no
Castiis de Sanguedo.

Ainda no âmbito do Projecto Envolver, os interessados em participar nos cortejos


medievais – um dos pontos altos do evento e de atracção de público – podem inscrever-
se antecipadamente.

3.3.2.6. Loja Oficial da VM

Na edição de 2008, foi apresentada a primeira loja oficial da VM. A loja tem à
disposição dos visitantes trajes medievais e merchandising da Viagem Medieval, bem
como informação relativa ao projecto Envolver.

O objectivo é reforçar o envolvimento de residentes e visitantes nesta recriação


histórica, motivando-os a trajarem à época durante o evento e a decorarem as fachadas
das casas e estabelecimentos comerciais.

3.3.2.7. “Criança Segura”

O projecto "Criança Segura" é uma das várias medidas implementadas pela área de
Segurança da Viagem Medieval, que investiu ainda no reforço de vigilância policial no
recinto do evento.

Trata-se de uma iniciativa da organização da Feira Medieval em Santa Maria da Feira.


A organização implementou na 12ª edição, pela primeira vez, o projecto que consiste na
aplicação de uma pulseira no pulso das crianças. Em média, são entregues duas mil
pulseiras por dia. Nos pórticos de entrada do recinto e nos postos de informação,
voluntários da Viagem Medieval procedem à colocação da pulseira nos mais pequenos,
depois de devidamente preenchida, com o nome da criança e do responsável, bem como
o respectivo contacto telefónico.

56
Os Impactos dos Eventos Turísticos: O caso da Viagem Medieval em Santa Maria da Feira.

Todas as áreas afectas à Viagem Medieval têm indicações para, no caso de serem
confrontadas a situação de uma criança perdida dos pais, contactarem, de imediato, o
seu responsável, através do número inscrito na pulseira.

O projecto “Criança Segura” é uma das várias medidas implementadas pela área de
segurança da Viagem Medieval, que investiu ainda no reforço de vigilância policial no
recinto do evento.

3.3.3. Informação Publicada

Considera-se pertinente para este trabalho referir o que foi publicado através da
imprensa local, regional e nacional. Com este processo, pretende-se obter uma
caracterização do evento a partir da opinião crítica da imprensa e das entidades
promotoras do evento.

3.3.3.1. Perspectiva da Imprensa

O director da Viagem Medieval em Terra de Santa Maria, José Pina, em entrevista ao


boletim informativo “Alerta”, publicado a 10 de Julho de 2007 (geral@alertapress.net)
afirmou o seguinte: «Fomos os primeiros no país a apostar neste projecto como um
produto cultural, queremos agora solidificá-lo, tornando-o numa referência
internacional».

A revista Elo, nº36 (Julho 2007), publicou a entrevista com o presidente da Federação
das Colectividades: “A Viagem Medieval em Terra de Santa Maria é reconhecida hoje
como o evento cultural com maior impacto na projecção interna e externa da imagem do
concelho e da sua sede.” O entrevistado afirmou ainda que a VM “envolve grande parte
do nosso tecido associativo, sendo a adesão por parte deste cada vez maior e
demonstrando um louvável e crescente arrojo e dinamismo na apresentação de projectos
de animação, quer ao nível da animação circulante, como ao nível da animação âncora
ou da animação de espaços.”

A edição de 2006 da Viagem Medieval proporcionou o surgimento de novos projectos


vindos de colectividades associadas em torno da Federação das Colectividades, cuja

57
Os Impactos dos Eventos Turísticos: O caso da Viagem Medieval em Santa Maria da Feira.

atitude perante o evento é de profundo e entusiástico envolvimento neste projecto


colectivo e “fazendo-o cada vez mais seu.”

O Primeiro de Janeiro referiu que para não se perder a tradição – pelo menos a nível
histórico –, a autarquia de Santa Maria da Feira, em parceria com a Federação das
Colectividades de Cultura e Recreio do Concelho, promove “a forma antiga da feira, em
estilo medieval”, e sugere que aproveite, “os momentos de lazer” e “reviva o passado de
uma terra que foi centro de comércio e revitalização da economia nacional”.

O mesmo jornal caracteriza a VM como sendo uma “mostra com carácter pedagógico”
(…) “Mas para além disto, esta é uma festa que conta com elevado carácter científico –
na realização de um estudo pelo historiador medievalista Luís Miguel Duarte e editado
em livro - e carácter pedagógico, com edição de algumas lendas locais em livro”.
Noticiou ainda que a Câmara Municipal não mede anseios quando ilustra esta festa: “É
uma referência na programação cultural, reforça a auto-estima e o sentimento de
pertença e potencia a imagem do concelho.”, e que a organização aponta ainda este
evento “como o maior organizado em Portugal, com carácter de continuidade, pelo
movimento associativo local”, sendo todos os momentos “escritos, encenados e
representados pela capacidade criativa local”, sendo um projecto “de voluntariado a
escala regional, com a participação de cerca de duas centenas de voluntários de toda a
Terra de Santa Maria”. ( in O Primeiro de Janeiro, 03/08/2007).

“A Viagem Medieval em Terra de Santa Maria decorre entre 01 e 10 de Agosto com as


recriações históricas são escritas, encenadas e representadas pela capacidade criativa de
associações locais. È considerada uma das maiores do género na Europa” (in Noticias
de Aveiro, 16/07/2008).

A Viagem Medieval em Terra de Santa Maria foi distinguida, em 2008, com uma
Menção Honrosa na terceira edição dos Prémios Turismo de Portugal, na categoria
“Animação” (in JN, 22/07/2008).

A cerimónia de entrega dos prémios realizou-se na Bolsa de Turismo de Lisboa (BTL),


na presença do secretário de Estado do Turismo, Bernardo Trindade, e do vereador
responsável pela pasta do Turismo na autarquia feirense, Dr. Sá Correia.

58
Os Impactos dos Eventos Turísticos: O caso da Viagem Medieval em Santa Maria da Feira.

Foi a primeira vez que a Câmara Municipal de Santa Maria da Feira apresentou uma
candidatura a este concurso, tendo escolhido o maior evento de recriação medieval do
país - a Viagem Medieval em Terra de Santa Maria - para integrar a categoria
“Animação”.

Os Prémios Turismo de Portugal visam estimular a implementação de iniciativas que


qualifiquem a oferta turística, promover a inovação no sector do turismo, divulgar as
acções mais meritórias e posicionar Portugal como destino de excelência.

Ano após ano, o crescimento deste projecto de animação foi acompanhado por diversas
intervenções na zona histórica, ao nível da requalificação urbana e dos espaços verdes,
garantindo as condições ideais para a realização deste e de outros eventos culturais,
como é o caso do Imaginarius - Festival Internacional de Teatro de Rua e da Festa das
Fogaceiras.

Executivo embarca na Viagem Medieval, notícia o JN. “Primeiro foram os apelos aos
comerciantes locais, população e funcionários da Câmara para se trajarem como na
Idade Média. Agora, até os membros do Executivo municipal entraram no espírito da
Viagem Medieval e compareceram a uma reunião da câmara trajados a rigor. (in JN,
2008-08-05).

A recriação da Idade Média, invadiu o Executivo municipal. Depois de solicitarem a


todos os funcionários públicos, que se encontram no atendimento aos munícipes, para
trajassem a rigor, o Executivo decidiu dar o exemplo. O presidente da Câmara
Municipal, Alfredo Henriques, e restante vereação, apresentaram-se na reunião
envergando vestes medievais. Depois de agradecer à vereação o facto de ter aceite o
desafio, Alfredo Henriques explicou que aquele acto tem dois objectivos distintos.
Primeiro, "contribuir para uma maior sensibilização de todos para se trajarem a rigor
durante a recriação de mais uma Viagem Medieval" e como forma de reconhecer a
disponibilidade dos funcionários da autarquia e da população, "com especial relevo para
o comércio local, em terem aderido à iniciativa".

Um ano depois, numa entrevista também ao Jornal de Noticias, Hocine Beddar, um


muçulmano argelino de 47 anos, habituado a percorrer os diferentes eventos medievais

59
Os Impactos dos Eventos Turísticos: O caso da Viagem Medieval em Santa Maria da Feira.

que se realizam na Europa, garante que "É o maior evento do género que conheço na
Europa" e afirma que “Vou às feiras medievais de Itália, França e Espanha, mas não há
nenhuma maior e melhor do que a aqui na Feira" (in JN, 30/07/2009).

“Feira já conquistou mais 40% de público que na edição anterior” (in JN, 2008-08-07).
Segundo o jornal, o administrador da Feira Viva, entidade que, juntamente com a
Câmara Municipal e Federação das Colectividades, organiza o evento, não arrisca
estimativa mas afirma que os objectivos foram já alcançados e até ultrapassados.

Paulo Sérgio dá como exemplo o facto de os parques de estacionamento terem


registado, um acréscimo de 40% de utilizadores. "A percepção é de que temos muito
mais visitantes", refere o administrador. Apesar do número elevado de forasteiros, "tem
sido possível visitar todo o recinto com maior facilidade e sem grandes
congestionamentos de pessoas", acrescenta Paulo Sérgio, lembrando que isso se deve ao
facto de o perímetro do evento ter sido ampliado. As áreas temáticas têm registado um
"impressionante" número de visitantes.” (in JN, 2008-08-07).

3.3.3.2. Perspectiva das Entidades Promotoras

Segundo a Câmara Municipal de SMF, a “Viagem Medieval”é o maior evento de


recriação medieval do país e da Europa. Realiza-se anualmente, durante 10/11 dias
consecutivos, no centro histórico da cidade de Santa Maria da Feira, atraindo
actualmente, diariamente cerca de 50 mil visitantes.

Durante 11 dias o centro histórico de Santa Maria da Feira transfigura-se e regressa à


Idade Média. Através duma aposta clara na recriação de espaços e episódios históricos,
a Viagem Medieval dá a conhecer como se estruturava a sociedade medieval, as
peripécias da vida quotidiana nas aldeias medievais e no interior do castelo, os hábitos
alimentares dos senhores e do povo, como treinavam e combatiam os cavaleiros, como
trajava a população, quais as suas crenças religiosas e divertimentos, assim como as
artes e ofícios a que se dedicavam.

Com características únicas no país, este projecto diferencia-se pelo rigor histórico,
dimensão (espacial e temporal) e envolvimento da população e associativismo local,

60
Os Impactos dos Eventos Turísticos: O caso da Viagem Medieval em Santa Maria da Feira.

reforçando a sua identidade e sentimento de pertença, e imobilizando uma vasta equipa


de mais de mil pessoas de áreas diversas, das quais 250 em regime de voluntariado.
Centrada na recriação de episódios e acontecimentos que marcaram a história local e
nacional na Idade Média, a VM começou por realizar-se junto ao Castelo, mas
rapidamente se expandiu para todo o centro histórico e zona envolvente, ocupando
actualmente uma área de 40 hectares (https://www.cm-feira.pt/portal/site/cm-
feira/turismo/ )

Pelos momentos de recriação histórica, diversidade de áreas temáticas e qualidade da


animação permanente, a VM é um evento de grande envergadura que contribui para o
estabelecimento de uma oferta turística única, potenciando a promoção do município e
de toda a Grande Área Metropolitana do Porto (http://www.feiraviva.com/, consultada
em 7/07/2009).

“O administrador da Feira Viva referiu que a comparticipação municipal no orçamento


dos eventos culturais não ultrapassa os 40 por cento, sendo já de apenas 25 por cento no
evento com maior expressão, a Viagem Medieval, que atrai cerca de 500 mil pessoas
por ano.” (in LUSA - Agência de Notícias de Portugal, S.A. em 12/02/2009).

3.4. Estudos sobre o Evento

Segundo Melo (2004), “A Viagem Medieval configura-se como um evento identitário


de Santa Maria da Feira, uma espécie de imagem de marca conseguida através da
qualidade da recriação histórica de espaços e episódios medievais, e que vem
conseguindo, ao longo dos últimos anos, adquirir uma dimensão inigualável.” (…)
Segundo a autora, este evento reveste-se de grande importância pelo impacto que já tem
junto das populações locais e pela capacidade de transportar a cidade e o concelho para
fora das muralhas, uma vez que atrai uma enorme quantidade de turistas a Santa Maria
da Feira. O tecido comercial envolve-se efectivamente no espaço da realização e
aumenta a sua participação e intervenção, na medida em que se verificam taxas de
adesão muito fortes, contribuindo por isso para a dinamização da economia local. A
Viagem Medieval tem sido também fulcral para o desenvolvimento do turismo local.
Para além de atrair muitos turistas a Santa Maria da Feira, e em função disso, começar a
ter força de cartaz turístico usado pela Câmara Municipal, este evento constitui-se como

61
Os Impactos dos Eventos Turísticos: O caso da Viagem Medieval em Santa Maria da Feira.

imagem de marca do potencial turístico do próprio território, na medida em que se


encontra representado nos principais certames do turismo nacional. Por outro lado, pelo
facto de se utilizar o espaço público feirense, em especial a zona do centro histórico, fez
com que se recuperassem espaços que se encontravam abandonados e degradados,
revitalizando dessa forma uma área esquecida. Existe ainda um outro factor ao qual se
deve atender quando se pensa nas possibilidades que um evento desta natureza e com
esta dimensão tem que é o facto de conseguir agregar e conjugar um leque de parceiros
num projecto comum para o concelho, o que é revelador da dimensão do próprio
projecto. Para Melo (2004, p.6),

“No caso de Santa Maria da Feira torna-se importante compreender como é que dois eventos de
tão forte pendor espectacular podem contribuir para a definição e projecção da sua política
cultural. Os discursos relativos a estes dois eventos, especialmente por parte dos interlocutores
políticos reflectem o objectivo de tornar o acesso aos bens culturais um processo cada vez mais
democrático, no sentido em que a cultura deve chegar a todos. Não se pretende argumentar que
as artes de rua funcionem como pilares de construção de uma política cultural, mas sim que
assumem um papel fundamental na divulgação de uma ideia, de um princípio político e de um
território.”

A CISION Portugal, SA, solicitada pela Câmara de SMF, realizou em 2008 um estudo
sobre toda a informação veiculada entre Janeiro e Agosto de 2008, com referencia à
Viagem Medieval em Terras de Santa Maria, tendo como objectivo identificar a
notoriedade do evento através da sua exposição editorial nos media, assim como os seus
valores e os seus eixos de negatividade e positividade.

Do resumo executivo, facultado pela entidade organizadora do evento, obtiveram-se os


seguintes dados: “foram consideradas para esta análise 284 notícias, representaram um
espaço editorial ocupado equivalente a 335.976€.” Relativamente à favoralidade, “a
Viagem Medieval registou uma favoralidade positiva de +0,44 valores. A maioria da
informação analisada revelou-se favorável para a organização.” Caracterizada por 61%
das noticias positivas, 38% de noticias equilibradas e apenas 2% e noticias negativas,
sendo que “ a informação equilibrada decorre de pequenas referencias em espaços de
agenda. A informação negativa diz respeito a uma carta de um leitor sobre a não
inclusão do Fiães Sport Club da participação na Viagem Medieval, tecendo criticas à

62
Os Impactos dos Eventos Turísticos: O caso da Viagem Medieval em Santa Maria da Feira.

argumentação utilizada (…) e a um artigo de opinião sobre a exploração de mão-de-


obra durante o evento.”

3.5. Conclusão

O património edificado e as tradições culturais são a evidencia das raízes histórico-


culturais de Santa Maria da Feira e que devido ao seu posicionamento estratégico entre
os dois pólos políticos e comerciais – Porto e Coimbra, expandiu a sua economia
baseada no sector terciário.

Não obstante a modernidade e o progresso, a população sempre demonstrou interesse


activo nas questões relacionadas com o espaço público e pelas actividades sociais.

As atracções turísticas, caracterizam-se pela predominância de eventos ou actividades


culturais em torno dos equipamentos históricos e naturais do Concelho, sendo os seus
públicos predominantemente de nacionalidade portuguesa.

O evento decorre, normalmente, na primeira quinzena de Agosto, dando a conhecer


alguns factores relevantes do contexto histórico nacional e local, reavivando um
passado. Sendo também recriados momentos de lazer e de festa vividas num burgo da
feira e em redor do seu Castelo, monumento que foi, e ainda é, um símbolo da unidade
territorial.

Progressivamente, os grandes espaços temáticos foram evoluindo no sentido de melhor


se adaptarem às necessidades e interesses de um público que cada vez mais se identifica
com este evento, e que aflui também cada vez mais em maior quantidade. A animação é
feita por elementos das associações da região, grupos de teatro portugueses, e de outras
nacionalidades, grupos formais e informais de actividades circenses, grupos de música
tradicional mirandesa, celta e portuguesa.

Actualmente, a produção executiva cabe à Feira Viva – Empresa Municipal, em parceria


com a Sociedade de Turismo de Santa Maria da Feira, paralelamente, tem desenvolvido
iniciativas de promoção do envolvimento da população, realização de actividades e
eventos ao longo do ano, por forma a colmatar os períodos de inactividade turística. Por

63
Os Impactos dos Eventos Turísticos: O caso da Viagem Medieval em Santa Maria da Feira.

outro lado, atenta às preocupações sociais e no intento de oferecer garantias de


segurança a todas as idades promove e implementa o projecto “Criança segura”.

Nos estudos apresentados está subjacente impactos que o evento gera na localidade. O
primeiro apresenta alguns dos benefícios gerados pelos impactos socioculturais do
evento. O segundo refere-se ao impacto económico do mesmo, em termos de
notoriedade do evento nos meios de comunicação.

Tendo em conta a importância dos efeitos da actividade turística nas localidades, o


próximo capítulo é dedicado à identificação desses impactos da Viagem Medieval face à
sua sustentabilidade económica, social, cultural e ambiental de SMF.

Ao constituir uma forma singular de valorização patrimonial e histórica do concelho, a


Viagem Medieval em Terra de Santa Maria tem vindo a afirmar-se como produto
turístico de excepção, atraindo milhares de visitantes a Santa Maria da Feira.

Apesar da curta duração do evento, o processo de organização e produção da Viagem


induz impactes a vários níveis e potências dinâmicas, parcerias e relações entre diversos
grupos de interesse.

A avaliação desses impactes resultou da aplicação de dois tipos de inquéritos, um para a


população em geral e outro para as entidades locais, elaborados a partir dos princípios
conceptuais e linhas de orientação teórica apresentadas no ponto 1.3., com escalas de 1
a 7 para a respectiva quantificação, cujos resultados são apresentados e discutidos no
próximo capitulo.

64
Os Impactos dos Eventos Turísticos: O caso da Viagem Medieval em Santa Maria da Feira.

Capítulo IV - Análise e Discussão dos Dados

4.1. Introdução

A análise e discussão dos dados apresentados neste capítulo incluem a caracterização


dos respondentes, as suas percepções acerca da importância do evento para o
desenvolvimento de SMF e dos impactos gerados pelo mesmo, os resultados da análise
sobre o contributo da VM para o desenvolvimento local, as implicações dos resultados
para a teoria e as recomendações para o desenvolvimento sustentável do evento.

4.2. Caracterização das Entidades Respondentes

O questionário aplicado às entidades permitiu obter informações sobre o tipo de


entidade civil (Público, Associação, Privada, ou outro), o número de funcionários, o
intervalo do número de participações no evento e a forma de participação.

Os resultados que se apresentam em seguida referem-se a uma amostra das entidades


envolvidas directa ou indirectamente no evento, desde as entidades organizadoras do
mesmo, às associações, ao comércio e outros.

4.2.1. Tipo de Entidade.

Conforme se poderá verificar na tabela 4.1, das 37 entidades inquiridas, 64,9% são
Entidades Privadas, seguindo-se as Associações com 13,5% e, por fim as Públicas e as
“Outras” com a mesma percentagem de 10,8%.

Tabela 4.1 – Tipo de Entidade Civil

Tipo Nº %

Pública 4 10,8

Associação 5 13,5

Privada 24 64,9

Outra 4 10,8

Total 37 100,0

65
Os Impactos dos Eventos Turísticos: O caso da Viagem Medieval em Santa Maria da Feira.

Pelo gráfico 4.1, pode-se verificar que as entidades privadas são as que detêm maior
percentagem de concordâncias positivas acerca da importância do evento para o
desenvolvimento de SMF. Note-se que a “Importância” refere-se àquela que é
percepcionada pelos respondentes.

Gráfico 4.1 – Importância vs Tipo de Entidades

Por outro lado, as entidades respondentes denominadas de “Outras” são as que atribuem
menos importância ao evento no desenvolvimento da localidade.

4.2.2. Número de Participações.

A participação das entidades nas actividades turísticas é um importante indicador para a


análise dos impactos do turismo.

Segundo Cornu (1999), (cit in Batista, 2003, p. 182)

“qualquer que seja o destino turístico (…), a prioridade consiste sempre para os responsáveis do
destino de compreender globalmente as competitividades turísticas, sociais e económicas do seu
território, a fim de melhor fazer trabalhar o conjunto dos actores públicos e privados e actuar de
forma concertada a todos os níveis necessários (…) uma iniciativa nesse domínio, para além dos

66
Os Impactos dos Eventos Turísticos: O caso da Viagem Medieval em Santa Maria da Feira.

seus efeitos directos, proporciona um formidável processo de aprendizagem colectiva,


favorecendo o trabalho em comum, a partilha dos processos de julgamento, a tomada de
consciência de se participar num trabalho colectivo, as comparações dentro do tempo e do
espaço.”

Como se poderá observar na tabela 4.2, 54,1% das entidades inquiridas participaram no
evento e 45,9% não participaram. Em termos de frequências, das 37 entidades
respondentes, 17 não participaram e 20 participaram na Viagem Medieval.

Tabela 4.2 – Participação das Entidades no Evento

Participou
Nº %

Não 17 45,9

Sim 20 54,1

Total 37 100,0

Desta análise depreende-se que existe uma participação positiva das entidades
inquiridas no evento.

Das que se envolveram activamente no evento (tabela 4.3), 16,2% participaram de 1 a 3


vezes, 10,8% de 4 a 6 vezes, 16,2% de 7 a 9 vezes e 10,8% de 10 a 12 vezes.

Tabela 4.3 - Número de Participações.

Intervalo de
participações Nº %

1-3 6 16,2

4-6 4 10,8

7-9 6 16,2

10-12 4 10,8

Total 20 54,1

Não participaram 17 45,9

67
Os Impactos dos Eventos Turísticos: O caso da Viagem Medieval em Santa Maria da Feira.

4.2.3. Forma de Participação na VM.

Na tabela 4.4 se pode constatar que das entidades que participaram, o artesanato é a
forma de participação com maior ocorrência, com 16,2%, seguido da participação nas
tabernas oficiais de repasto com 13,5%, nos grupos de animação com 8,1% e, por fim,
no sistema de ordem e segurança do evento com 5,4%.

Tabela 4.4 – Forma de Participação no Evento

Forma Nº %

Não participaram 17 45,9

Organização 3 8,1

Animação 2 5,4

Artesanato 6 16,2

Tabernas 5 13,5

Segurança 1 2,7

Outro 3 8,1

Total 37 100,0

Quanto à relação entre o tipo de entidade e as formas de participação com o número de


participações, como se poderá verificar no gráfico 4.2., 12,37% de entidades Públicas e
12,37% de “Outras”são as que participaram em maior número de vezes (10 a 12) na
organização do evento e apenas 3,09% de Associações participaram de 1 a 3 vezes.

Nos grupos de animação, também apenas dois tipos das entidades inquiridas fazem
parte deste grupo: 12,37% de Privadas participaram 10 a 12 vezes, seguidas das
associações (9,20%), que participaram 4 a 6 vezes.

Nas tendas oficiais de artesanato, as 9,20% de entidades denominadas de “Outras”


foram as que participaram mais vezes, seguidas de 6,19% de associações (4 a 6 vezes) e
4,12% de Privadas (1 a 3 vezes).

68
Os Impactos dos Eventos Turísticos: O caso da Viagem Medieval em Santa Maria da Feira.

Nas tabernas oficiais de repasto, das entidades inquiridas, 9,20% de Associações foram
as mais vezes participaram ( 7 a 9 vezes), 6,19% de Privadas participaram entre 4 e 6
vezes e 3,09% de “Outras” de 1 a 3 vezes. Na segurança, 3,09% de Entidades Públicas
participaram de 1 a 3 vezes no evento (gráfico 4.2).

Gráfico 4.2 – Relação entre o Tipo de Entidade, o Número de Participações e a


Forma de Participação.

Na tabela 4.5, pode-se verificar, mais uma vez, que das entidades inquiridas, as Públicas
participaram apenas na organização e Ordem e segurança do Evento

As Associações participaram em maior número de actividades (desde a organização às


Tabernas oficiais de repasto) não participaram apenas na Ordem e Segurança do Evento.

69
Os Impactos dos Eventos Turísticos: O caso da Viagem Medieval em Santa Maria da Feira.

As entidades privadas participaram nas Tabernas oficiais de repasto e Tendas de


artesanato e nos Grupos de Animação.

Tabela 4.5 – Relação entre o Tipo de Entidades e Número de Participações com as


Formas de Participação.

Tipo Nº Vezes Forma


Organização Animação Artesanato Tabernas Segurança outro
1-3 2,1
Pública
10-12 2,7
1-3 2,7
Associação 4-6 2,7
7-9 2,7 2,7
1-3 5,4 2,7
4-6 2,7 2,7 2,7
Privada
7-9 2,7 2,7
10-12 2,7 2,7
1-3 2,7
Outra 7-9 5,4
10-12 2,7
Total 8,1% 4,2% 16,2% 13,5% 8,1%

As denominadas de “Outras”, participaram na Organização do Evento, nas Tendas


oficiais de Artesanato e nas Tabernas Oficiais de repasto.

4.3. Percepções das Entidades Respondentes

Neste ponto, apresentam-se os dados referentes às opiniões das entidades sobre o grau
de importância da VM para o desenvolvimento de SMF, bem como os impactos gerados
pelo evento.

4.3.1. A importância da VM para o Desenvolvimento de SMF

A maior parte dos inquiridos consideram a VM extremamente importante para o


desenvolvimento de SMF (48,6%). Apenas 8,1% dos inquiridos consideram que o
Evento é pouquíssimo ou pouco importante.

70
Os Impactos dos Eventos Turísticos: O caso da Viagem Medieval em Santa Maria da Feira.

Conclui-se que 91,9% considera que para o desenvolvimento de SMF, o evento é


importante (8,1%), muito importante (16,2%) ou extremamente importante (48,6%),
como se poderá verificar na Tabela 4.6.

Tabela 4.6 – Grau de Importância da VM

Grau de importância Nº %

Nada importante 0 0
Pouquíssimo importante 2 5,4
Pouco importante 1 2,7

Importante 3 8,1

Muito importante 6 16,2

Muitíssimo importante 7 18,9

Extremamente importante 18 48,6

Conforme se pode verificar no gráfico 4.4, dos respondentes, as entidades privadas são
as que contribuem com maior número de concordâncias positivas acerca da importância
do evento para o desenvolvimento de SMF.

Gráfico 4.3 – Grau de Importância vs Tipo de Entidade

Por outro lado, verifica-se que as entidades públicas são as únicas que apresentam
exclusivamente concordâncias positivas.

71
Os Impactos dos Eventos Turísticos: O caso da Viagem Medieval em Santa Maria da Feira.

Relativamente às razões que apresentam face à importância que atribuem ao evento


(tabela 4.7), 24,3% das entidades inquiridas não apresentaram razões face à sua escolha
sobre a importância da VM.

Tabela 4.7 – Razões face ao Grau de Importância da VM.

Razões Nº %

Não apresentaram razões 9 24,3

Desenvolvimento económico e turístico 3 8,1

Desenvolvimento económico e divulgação cultural 15 40,5

Divulgação cultural e atracção turística 6 16,2

Cansativo 1 2,7

Promove o comércio gastronómico e o turismo 1 2,7

Desenvolvimento cultural, turístico e social 1 2,7

Dinamização da cidade, comércio, desenv. empresas 1 2,7

Total 37 100,0

Das 75,7% que responderam, 40,5% apontaram para o Desenvolvimento económico e


turístico da região, 16,2% para a Divulgação cultural e atracção turística, 2,7% para a
Promoção do comércio gastronómico e turístico, 2,7% para o Desenvolvimento cultural,
turístico e social, 2,7% para a Dinamização da cidade, comércio e empresas e apenas
2,7% referiram que o evento se tornava bastante cansativo.

Destes resultados poder-se-á concluir que a principal razão apontada é o


desenvolvimento económico e turístico da região, conclusão latente em todos os autores
apresentados no ponto 1.2. do capítulo I.

4.3.2. Os Impactos Económicos Positivos.

A afirmação “ Outro (Especificar)” foi incluída em todos os grupos de afirmações para a


eventualidade de as entidades quererem referir impactos não previstos no questionário,
ocorrência que não se verificou em todos os grupos.

72
Os Impactos dos Eventos Turísticos: O caso da Viagem Medieval em Santa Maria da Feira.

Em relação aos impactos económicos positivos, as entidades inquiridas (tabela 4.8), o


impacto económico positivo com maior percentagem de concordâncias relaciona-se
com aumento do volume de vendas no comércio, com 72,9%, seguida do aumento do
consumo do artesanato e de produtos locais, com 70,3% das afirmações positivas.

Tabela 4.8 – Impactos Económicos Positivos


Discordo totalmente Concordo
Nem concordo nem
Grau Discordo muito
discordo
Concordo muito
Discordo Concordo completamente

Criação de emprego 32,4 29,7 37,8

Aumento vol. transações comerc. 13,5 13,5 72,9

Aumento arrecadação impostos 29,7 24,3 45,9

Aumento consumo artesanato 16,2 13,5 70,3

Atracção novos investimentos 43,2 16,2 40,5

Outro ,0 ,0 ,0

Dos respondentes, 4 não consideram o evento importante para o desenvolvimento de


SMF nem concordam que o mesmo contribui para o aumento do comércio (gráfico 4.5).

Gráfico 4.4 – Importância vs Aumento de Vendas no Comércio

73
Os Impactos dos Eventos Turísticos: O caso da Viagem Medieval em Santa Maria da Feira.

4.3.3. Os Impactos Económicos Negativos.

Conforme se poderá analisar na tabela 4.9, o impacto económico negativo mais referido
é o aumento da sazonalidade turística, com 62,2% das respostas positivas.

Tabela 4.9 – Impactos Económicos Negativos


Discordo totalmente Concordo
Nem concordo nem
Grau Discordo muito
discordo
Concordo muito
Discordo Concordo completamente

Especulação mobiliária 59,5 21,6 18,9

Aumento do custo de vida 59,5 10,8 29,7

Aumento da sazonalidade 27,0 10,8 62,2

Dependência excessiva do evento 43,2 24,3 32,4

Mão-de-obra desqualificada 56,8 16,2 27,0

Outro ,0 ,0 ,0

Pelo gráfico 4.6, pode-se verificar que das entidades respondentes, cerca de 92%
consideram o evento importante para o desenvolvimento de SMF, dos quais, 62,2%
concordam que o mesmo aumenta a sazonalidade turística.

Gráfico 4.5 – Importância Vs Aumento da Sazonalidade.

74
Os Impactos dos Eventos Turísticos: O caso da Viagem Medieval em Santa Maria da Feira.

4.3.4. Os Impactos Sociais Positivos.

Pela tabela 4.10, pode-se verificar que o impacto social positivo com maior
percentagem de concordâncias positivas pelas entidades inquiridas foi a
consciencialização e educação da comunidade, com 54,1% das respostas positivas.

Tabela 4.10 – Impactos Sociais Positivos


Discordo totalmente Concordo
Nem concordo nem
Grau Discordo muito
discordo
Concordo muito
Discordo Concordo completam.

Diminuição do desemprego 64,9 18,9 16,2

Melhoria infraestruturas 51,4 13,5 35,1

Aumento nível form. Mão obra 51,4 24,3 24,3

Aumento qual.vida 43,2 37,8 18,9

Conscienc. Educ. comunidade 21,6 24,3 54,1

Pelo gráfico 4.7, pode-se concluir que, cerca de 92% dos respondentes acreditam que o
evento é importante para o desenvolvimento de SMF e 54,1% concordam que o mesmo
contribui para a consciencialização e educação da comunidade.

Gráfico 4.6 – Consciencialização e Educação da Comunidade

75
Os Impactos dos Eventos Turísticos: O caso da Viagem Medieval em Santa Maria da Feira.

4.3.5. Os Impactos Sociais Negativos.

Da análise dos dados apresentados na tabela 4.11, pode-se verificar que os inquiridos
elegem o aumento do congestionamento e tráfego urbano como impacto social negativo
com maior percentagem de concordâncias (78,4%) das respostas positivas, seguida da
exploração do turista/visitante, com 54,1% das respostas positivas.

Tabela 4.11 – Impactos Sociais Negativos


Discordo totalmente Concordo
Nem concordo nem
Grau Discordo muito
discordo
Concordo muito
Discordo Concordo completam.

Aumento da criminalidade 64,9 10,8 24,3

Aumento da tensão social 67,6 18,9 13,5

Aumento cong. e trafego urbano 10,8 10,8 78,4

Problemas de infra-estrururas 40,5 18,9 40,6

Exploração do visitante/turista 18,9 27,0 54,1

Dos respondentes, 78,4% para além de considerarem que o evento é importante para o
desenvolvimento de SMF, também concordam que o principal impacto social negativo
prende-se com o aumento do congestionamento e tráfego urbano (Gráfico 4.8).

Gráfico 4.7 – Importância vs Aumento do Congestionamento e Tráfego Urbano

76
Os Impactos dos Eventos Turísticos: O caso da Viagem Medieval em Santa Maria da Feira.

4.3.6. Os Impactos Culturais Positivos.

Como se pode verificar na tabela 4.12, as opiniões foram praticamente unânimes


relativamente às afirmações referentes aos impactos culturais positivos do evento em
Santa Maria da Feira.

Tabela 4.12 – Impactos Culturais Positivos


Concordo
Discordo totalmente
Nem concordo nem Concordo muito
Grau Discordo muito
discordo Concordo
Discordo
completamente

Valorização do artesanato 10,8 13,5 75,7

Valorização herança cultural 5,4 13,5 81,1

Valoriz. Preserv. Património 8,1 8,1 83,8

Incremento do interes. p/cultura 8,1 8,1 83,8

Envolvimento da comunidade 2,7 13,5 83,8

Outro ,0 ,0 ,0

A valorização e preservação do património histórico e cultural Feirense, o incremento


do interesse pela cultura e o envolvimento da comunidade no evento, foram os impactos
culturais positivos com maior percentagem de concordâncias positivas (83,8% cada) das
entidades respondentes, seguidos da valorização da herança cultural com 81,1% e da
valorização do artesanato com 75,7%.

Quanto à opinião das entidades respondentes relativamente à importância do evento


para o desenvolvimento de Santa Maria da Feira, como já foi referido anteriormente,
cerca 92% das entidades acreditam que a Viagem Medieval é importante, muito
importante ou muitíssimo importante (gráfico 4.9).

Das entidades, 83,8% concordam que o envolvimento da comunidade é um impacto


social positivo decorrente do evento. Concretamente, 9 dos respondentes concordam
completamente que o envolvimento da comunidade é um impacto positivo e acreditam
que o evento é muitíssimo importante para o desenvolvimento de Santa Maria da Feira;
6, concordam muito que o mesmo impacto é positivo e, também acreditam que o evento
é muitíssimo importante para o desenvolvimento de SMF; 2 entidades concordam que o

77
Os Impactos dos Eventos Turísticos: O caso da Viagem Medieval em Santa Maria da Feira.

referido impacto é positivo e acreditam que o evento é muitíssimo importante para o


desenvolvimento da SMF.

Gráfico 4.8 – Importância vs Envolvimento da Comunidade

Verifica-se ainda que, 4 entidades não concordam nem discordam que o envolvimento
da comunidade seja um impacto social positivo gerado pelo evento apesar de
acreditarem que o mesmo é importante para o desenvolvimento de SMF e, apenas 1
respondente, discorda completamente, apesar de acreditar que o evento é muito
importante para o desenvolvimento da localidade.

4.3.7. Os Impactos Culturais Negativos.

Neste ponto apresentam-se os resultados do inquérito aplicado às entidades


relativamente aos impactos culturais negativos.

Na tabela 4.13, pode-se verificar que o impacto cultural negativo com maior
percentagem de concordâncias positivas é a afirmação referente à encenação do
interesse cultural visando o interesse meramente comercial, com 29,7% das respostas.

78
Os Impactos dos Eventos Turísticos: O caso da Viagem Medieval em Santa Maria da Feira.

No entanto, verifica-se que 48,6% dos respondentes das discordam que o evento
provoca este tipo de impacto em SMF.

Tabela 4.13 – Impactos Culturais Negativos


Concordo
Discordo totalmente
Nem concordo nem Concordo muito
Grau Discordo muito
discordo Concordo
Discordo
completamente

Descaracterização do artesanato 75,7 21,6 2,7

Perda identidade e cultura locais 78,4 18,9 2,7

Destruição património histórico 67,6 18,9 13,5

Encenação cultural vs comercial 48,6 21,6 29,7

Arrogancia cultural 73,0 21,6 5,4

Outro ,0 ,0 ,0

As opiniões referentes às restantes afirmações apresentam percentagens muito baixas,


em termos de concordância, por parte dos respondentes.

4.3.8. Os Impactos Ambientais Positivos.

A utilização racional dos espaços é o impacto ambiental positivo com maior


concordância, com 70,3% das respostas positivas (tabela 4.14).

Tabela 4.14 – Impactos Ambientais Positivos


Concordo
Discordo totalmente
Nem concordo nem Concordo muito
Grau Discordo muito
discordo Concordo
Discordo
completamente

Utilização racional dos espaços 10,8 18,9 70,3

Criação planos cons. preserv. a. 18,9 32,4 48,6

Promoçao/descoberta rec.naturais 29,7 16,2 54,1

Utiliza. receitas p/preserv.recur. 21,6 35,1 43,2

Sensibliza.conscienc.ambiental 21,6 32,4 45,9

Outro ,0 ,0 ,0

79
Os Impactos dos Eventos Turísticos: O caso da Viagem Medieval em Santa Maria da Feira.

A afirmação referente à promoção de aspectos naturais não valorizados, com 54,1% das
respostas positivas. Relativamente à criação de planos e programas de conservação e
preservação do meio ambiente como impacto ambiental positivo decorrente da Viagem
Medieval, apenas 48,6% dos respondentes concordam com a afirmação, bem como a
questão relativa à sensibilização e consciencialização ambiental da comunidade local,
com 45,9% e à utilização de parte das receitas para o equipamento e preservação dos
recursos, com 43,2%.

Como se pode verificar no gráfico 4.10, das entidades respondentes, 70,3% concordam
que a utilização racional dos espaços é um impacto ambiental positivo decorrente da
Viagem Medieval.

Gráfico 4.9 – Importância vs Utilização Racional dos Espaços

Por outro lado, dessas 26 entidades, 3, não acreditam que o evento é importante para o
desenvolvimento de SMF.

80
Os Impactos dos Eventos Turísticos: O caso da Viagem Medieval em Santa Maria da Feira.

4.3.9. Os Impactos Ambientais Negativos.

Pela tabela 4.15, se pode verificar que, em termos de impactos ambientais negativos
resultantes da produção do evento, apenas 37,8% dos respondentes concordam com a
poluição do solo e da água, 37,8% com a poluição do ar provocada pelo ruído e emissão
de gases, 27% com a ocupação desordenada do espaço, 21,6% com a destruição da
fauna e flora e 18,9% com a descaracterização da paisagem provocada pela construção
de equipamentos turísticos.

Tabela 4.15 – Impactos Ambientais Negativos


Concordo
Discordo totalmente
Nem concordo nem Concordo muito
Grau Discordo muito
discordo Concordo
Discordo
completamente

Ocupação desordenada espaço 54,1 18,9 27,0

Poluição solo e água 40,5 21,6 37,8

Poluição ar e ruído 40,5 21,6 37,8

Descaracterização paisagem 70,3 10,8 18,9

Destruição fauna e flora 64,9 13,5 21,6

Outro ,0 ,0 ,0

Desta análise e, considerando percentagens de concordâncias acima de 50%, pode-se


concluir que a maior parte dos respondentes não concordam que o evento produza
impactos ambientais negativos significativos.

4.3.10. Comentários dos Inquiridos

Com esta última questão do questionário aplicado às entidades procurou-se apurar


temáticas não abordadas e/ou permitir o reforço das opiniões de cada entidade.

Como se poderá verificar na tabela 4.16, 73% das entidades não registaram qualquer
tipo de comentário. A maior parte dos comentários tecidos pelas entidades
respondentes,10,8% afirma que VM é uma mais-valia para SMF.

81
Os Impactos dos Eventos Turísticos: O caso da Viagem Medieval em Santa Maria da Feira.

As restantes entidades respondentes, 5,4% sugerem mais aproveitamento dos recursos


naturais e inovação do evento, 2,7% referem que devia haver mais acessibilidade na
participação das tabernas oficiais, 2,7% salientam que existe pouca preocupação com os
moradores e comerciantes de SMF, 2,7% reivindica mais organização no tráfego
rodoviário e 2,7% acha que o evento se tem tornado mais comercial em detrimento do
sentido cultural.

Tabela 4.16 – Comentários dos Inquiridos

Comentários Nº %

Sem comentários 27 73,0

Mais aproveitamento dos recursos naturais; inovar a VM 2 5,4

Mais acessibilidade na participação nas tabernas oficiais 1 2,7

Existe pouca preocupação com moradores e comerciantes 1 2,7

Mais organização do tráfego rodoviário 1 2,7

VM é uma mais valia para SMF 4 10,8

Tem-se tornado mais comercial e suprimido o sentido cultural 1 2,7

Total 37 100,0

Contudo, a maior parte dos comentários apontam recomendações para a gestão do


evento a nível da operacional reivindicando:
 mais organização do tráfego urbano;
 mais preocupação com moradores e comerciantes:
 mais acessibilidade à participação nas tabernas oficiais;
 mais aproveitamento dos recursos naturais;
 a inovação da Viagem Medieval.

4.4. Contribuição do Evento para o Desenvolvimento de SMF.

Para determinar os impactos que mais contribuem para o desenvolvimento de SMF, foi
realizada uma análise factorial de componentes principais, da base de dados dos
questionários aplicados às entidades, tendo sido obtidos os resultados constantes nas
tabelas seguintes.

82
Os Impactos dos Eventos Turísticos: O caso da Viagem Medieval em Santa Maria da Feira.

Na tabela 4.17, são apresentadas as médias e desvios-padrão de cada impacto


considerado.

Tabela 4.17 – Médias e Desvios-padrão

Descriptive Statistics
Mean Std. Deviation Analysis N
Criação de emprego 3,95 1,794 37
Aumento do volume vendas comércio 5,27 1,866 37
Aumento da colecta de impostos 4,62 1,738 37
Aumento do consumo artesanato… 5,16 1,659 37
Atracção de novos investimentos… 3,97 1,907 37
Especulação mobiliária 3,08 1,862 37
Aumento custo de vida 3,14 2,097 37
Aumento da sazonalidade turística 4,92 2,126 37
Dependência excessiva do evento 3,89 1,997 37
Mão-de-obra desqualificada na área 3,22 1,828 37
Diminuição do índice de desemprego 3,03 1,691 37
Melhoria e desenvolv. Infra-estruturas 3,86 2,002 37
Aumento nível formação mão-de-obra 3,43 1,788 37
Aumento da qualidade de vida 3,51 1,446 37
Consciencializ. educação comunidade 4,59 1,607 37
Aumento da criminalidade 3,08 1,906 37
Aumento da tensão social 2,62 1,570 37
Aumento do congest. e tráfego urbano 5,97 1,481 37
Problemas de infra-estruturas básicas 4,19 1,927 37
Exploração do visitante 5,00 1,986 37
Valorização do artesanato 5,54 1,386 37
Valorização da herança cultural 5,78 1,250 37
Valorização e preserv. património 5,78 1,272 37
Incremento do interesse pela cultura 5,92 1,441 37
Envolvimento da comunidade no evento 5,92 1,320 37
Descaracterização do artesanato 2,24 1,300 37
Perda da identidade e cultura locais 2,00 1,269 37
Destruição do património histórico 2,38 1,754 37
Encenação interesse cultural vs comerc. 3,57 2,167 37
Arrogância cultural 2,11 1,487 37
Utilização racional dos espaços 5,41 1,641 37
Criação planos de conserv. ambiente 4,70 1,392 37
Promoção aspectos naturais não valoriz. 4,76 1,786 37
Utilização de receitas preserv. recursos 4,59 1,641 37
Sensibilização e conscienc. ambiental 4,86 1,653 37
Ocupação desordenada do espaço 3,32 2,069 37
Poluição do solo e agua 4,05 1,999 37
Poluição do ar provocado p/ ruído,gases 4,03 1,863 37
Descaracterização da paisagem 2,70 2,026 37
Destruição da fauna e flora 3,05 1,957 37

83
Os Impactos dos Eventos Turísticos: O caso da Viagem Medieval em Santa Maria da Feira.

Conclui-se da tabela 4.18. que os 40 impactos podem ser agrupados em 8, considerando


os valores principais inferiores a 1. Estes impactos explicam cerca de 75,8% da variação
dos mesmos.

Tabela 4.18 – Total da Variança Explicada

Initial Eigenvalues Extraction Sums of Squared Rotation Sums of Squared


Component
Total % of Cumulative Total % of Cumulative Total % of Cumulative
1 9,936 24,841 24,841 9,936 24,841 24,841 5,713 14,281 14,281
2 6,852 17,130 41,970 6,852 17,130 41,970 4,553 11,382 25,663
3 3,104 7,761 49,731 3,104 7,761 49,731 4,430 11,076 36,739
4 2,894 7,236 56,967 2,894 7,236 56,967 3,303 8,258 44,997
5 2,208 5,519 62,486 2,208 5,519 62,486 3,296 8,241 53,238
6 2,039 5,098 67,584 2,039 5,098 67,584 3,239 8,097 61,335
7 1,716 4,290 71,874 1,716 4,290 71,874 2,988 7,470 68,805
8 1,592 3,979 75,853 1,592 3,979 75,853 2,819 7,048 75,853
9 1,291 3,228 79,080
10 1,165 2,911 81,992
11 1,097 2,743 84,735
12 ,893 2,233 86,968
13 ,828 2,069 89,037
14 ,630 1,575 90,612
15 ,597 1,493 92,105
16 ,513 1,281 93,386
17 ,416 1,040 94,426
18 ,381 ,952 95,378
19 ,331 ,827 96,205
20 ,268 ,670 96,875
21 ,239 ,597 97,471
22 ,188 ,470 97,941
23 ,159 ,398 98,339
24 ,133 ,332 98,671
25 ,108 ,270 98,940
26 ,102 ,256 99,197
27 ,080 ,200 99,396
28 ,066 ,165 99,561
29 ,052 ,130 99,691
30 ,047 ,119 99,810
31 ,024 ,059 99,869
32 ,021 ,053 99,922
33 ,017 ,043 99,965
34 ,008 ,020 99,985
35 ,006 ,015 100,000
36 1,351E- 3,377E-16 100,000
37 -5,850E- -1,462E-16 100,000
38 -1,134E- -2,835E-16 100,000
39 -1,853E- -4,631E-16 100,000
40 -2,064E- -5,161E-16 100,000

84
Os Impactos dos Eventos Turísticos: O caso da Viagem Medieval em Santa Maria da Feira.

O gráfico 4.1, permite confirmar os 8 impactos principais, determinados anteriormente,


uma vez que o declive da curva, a partir daí é muito pequeno.

Gráfico 4.10. – Scree Plot

O método do Scree Plot complementa a análise anterior. Como se pode observar, a


curva do gráfico começa a perder verticalidade sensivelmente a partir da linha que se
encontra a tracejado.

Verificando que acima dessa linha estão 8 factores (os mesmos que foram extraídos no
método anterior) consideram-se apenas 8 factores.

Note-se que o SPSS não apresenta a linha horizontal visível, ela está aqui representada
para auxiliar a explicação.

Da matriz de componentes e após uma rotação varimax (tabela 4.19.), foi possível aferir
a composição dos 8 factores relativamente aos impactos estudados.

85
Os Impactos dos Eventos Turísticos: O caso da Viagem Medieval em Santa Maria da Feira.

Tabela 4.19. – Matriz de Componentes Rodada

Component

1 2 3 4 5 6 7 8

Criação de emprego ,122 ,560 -,203 ,459 -,004 -,215 ,242 ,169
Aumento do volume vendas comércio ,045 ,253 -,398 ,631 ,074 -,223 ,216 ,149
Aumento da colecta de impostos ,272 ,122 -,139 -,157 ,254 ,066 ,227 ,645
Aumento do consumo artesanato… -,003 ,211 -,430 ,630 ,322 -,131 ,014 -,174
Atracção de novos investimentos… ,290 ,289 -,141 ,387 ,031 -,447 ,235 ,224
Especulação mobiliária ,361 ,316 ,398 ,041 ,141 -,082 ,575 ,117
Aumento custo de vida ,202 ,028 ,455 ,274 ,019 ,274 ,471 ,132
Aumento da sazonalidade turística -,075 ,098 -,145 ,091 ,014 ,131 ,797 ,107
Dependência excessiva do evento ,424 -,052 ,031 ,196 ,206 ,181 ,622 ,144
Mão-de-obra desqualificada na área -,029 -,169 ,227 -,193 ,096 ,621 ,264 -,037
Diminuição do índice de desemprego ,209 ,606 -,042 ,265 -,163 ,058 ,156 -,128
Melhoria e desenvolvimento Infra-estruturas -,054 ,435 -,034 ,451 -,138 -,226 ,019 ,616
Aumento nível formação mão-de-obra -,420 ,366 ,279 ,569 ,073 -,057 -,227 ,349
Aumento da qualidade de vida -,261 ,225 ,042 ,668 ,053 ,087 ,235 ,149
Consciencialização e educação comunidade -,241 ,057 -,078 ,236 ,174 ,084 ,127 ,741
Aumento da criminalidade ,280 -,019 -,043 -,482 -,227 ,470 ,096 ,161
Aumento da tensão social ,143 -,042 ,035 -,035 -,299 ,710 ,268 -,432
Aumento do congestionamento e tráfego urbano ,462 ,310 -,096 ,098 ,095 ,557 ,045 ,261
Problemas de infra-estruturas básicas ,157 ,018 ,487 ,026 ,017 ,703 -,252 ,093
Exploração do visitante ,690 ,132 ,049 -,023 -,011 ,497 ,102 ,156
Valorização do artesanato ,168 ,444 -,483 ,325 ,389 ,244 ,085 ,144
Valorização da herança cultural -,036 ,321 -,489 ,418 ,352 ,236 ,220 ,077
Valorização e preservação do património -,215 ,171 -,202 ,053 ,827 ,023 -,053 -,059
Incremento do interesse pela cultura ,022 ,178 -,342 ,121 ,762 -,140 ,109 ,188
Envolvimento da comunidade no evento -,165 ,141 -,004 ,101 ,800 -,032 ,182 ,232
Descaracterização do artesanato ,021 -,181 ,870 -,056 -,042 ,078 ,052 -,119
Perda da identidade e cultura locais ,147 -,035 ,824 -,029 -,164 ,212 ,033 -,106
Destruição do património histórico ,530 ,143 ,517 -,126 -,192 -,152 ,290 ,175
Encenação interesse cultural vs comercial ,470 ,043 ,175 -,355 -,216 ,009 ,404 ,334
Arrogância cultural ,241 -,107 ,747 -,193 -,303 ,214 -,200 -,105
Utilização racional dos espaços -,234 ,431 -,200 ,106 ,195 -,216 ,539 -,245
Criação planos de conservação do meio ambiente -,086 ,889 -,055 ,017 ,296 -,041 -,031 ,049
Promoção aspectos naturais não valorizados -,608 ,547 ,048 -,046 ,268 ,021 ,095 -,122
Utilização de receitas p/ preservação dos recursos ,042 ,756 -,079 ,186 ,227 -,040 -,052 ,166
Sensibilização e consciencialização ambiental ,086 ,820 -,138 ,123 ,079 ,003 ,180 ,266
Ocupação desordenada do espaço ,809 -,054 ,231 -,075 -,172 -,046 -,121 -,060
Poluição do solo e agua ,901 ,106 ,081 -,019 -,039 ,155 ,104 -,138
Poluição do ar provocado p/ ruído, gases ,847 ,016 ,022 -,029 ,075 ,162 -,031 -,116
Descaracterização da paisagem ,398 -,193 ,386 ,027 -,109 ,430 ,039 -,537
Destruição da fauna e flora ,741 ,102 ,158 -,235 -,354 -,107 ,259 -,081

86
Os Impactos dos Eventos Turísticos: O caso da Viagem Medieval em Santa Maria da Feira.

Na tabela 4.20., são apresentados os nomes atribuidos aos 8 factores.

Tabela 4.20. – Factores I

Factor Designação Itens Loadings


Aumento colecta de impostos 0,645
Aumento do volume vendas comércio 0,631
Impactos
Aumento do consumo artesanato… 0,630
1 Ecnonómicos
Criação de emprego 0,560
Positivos
Atracção de novos investimentos 0,387

Aumento da sazonalidade turística 0,797


Mão-de-obra desqualificada na área 0,621
Impactos
Dependência excessiva do Evento 0,622
2 Ecnonómicos
Especulação mobiliária 0,575
Negativos
Aumento do custo de vida 0,471

Consciencialização e Educação da Comunidade 0,741


Aumento da qualidade de vida 0,668
Impactos
Diminuição do índice de desemprego 0,606
3 Sociais
Melhoria e desenvolvimento das infra-estruturas 0,616
Positivos
Aumento do nível de formação da mão-de-obra e qualidade 0,569

Aumento da tensão social 0,710


Problemas de Infra-estruturas básicas 0.703
Impactos
Exploração do visitante/turista (ex.: aumento dos preços) 0,690
4 Sociais
Aumento do congestionamento e tráfego urbano 0,557
Negativos
Aumento da criminalidade 0,470

Valorização e preservação do património histórico cultural 0,827


Envolvimento da comunidade no evento 0,800
Impactos
Incremento do interesse pela cultura comunidade no evento 0,762
5 Culturais
Valorização do artesanato 0,444
Positivos
Valorização da herança cultural 0,418

Descaracterização do artesanato 0,870


Perda da identidade e cultura locais 0,824
Impactos
Arrogância cultural 0.747
6 Culturais
Destruição do património histórico 0,530
Negativos
Encenação do interesse cultural vs interesse comercial 0,470

Criação de planos conservação/preservação do ambiente 0,889


Sensibilização e consciencialização ambiental 0,820
Impacto
Utilização de parte das receitas p/ eq. preservação recursos 0,756
7 Ambientais
Promoção da descoberta aspectos naturais não valorizados 0,547
Positivos
Utilização racional dos espaços (urbano e verdes) 0,539

Poluição do solo e da agua 0,901


Poluição do ar provocada pelo ruído e emissão de gases 0,847
Impactos
Ocupação desordenada do espaço 0,809
8 Ambientais
Destruição da Fauna e Flora 0,741
Negativos
Descaracterização da paisagem 0,430

Considerando os 8 factores resultantes da análise factorial como variáveis


independentes e tomando a variável “importância para o desenvolvimento de SMF”

87
Os Impactos dos Eventos Turísticos: O caso da Viagem Medieval em Santa Maria da Feira.

como dependente, conclui-se através de uma regressão linear múltipla que esses 8
factores explicam, na perspectiva das entidades, cerca de 32% do desenvolvimento de
SMF. (tabela 4.21.)

Tabela 4.21. – Coeficiente de Correlação

Model Summary

Std. Error of the


Model R R Square Adjusted R Square Estimate
a
1 ,567 ,321 ,127 1,360

4.5. Caracterização da População Respondente

Os resultados que se apresentam em seguida referem-se a uma amostra da população


(315 indivíduos), seguindo a metodologia apresentada no capítulo II.

4.5.1. Faixa Etária e Sexo dos Inquiridos

Da análise dos resultados apresentados na da tabela 4.22., como se pode verificar, a


maioria dos inquiridos (35,2%) tem idades compreendidas entre 15 e 25 anos, 27,9%
entre 26 e 35 anos, 21% entre 36 e 45 anos, 12,7% entre 46 e 55 anos, 2,9% entre 56 e
65 anos e 0,3% mais de 65 anos de idade.

Tabela 4.22. – Idade dos Inquiridos

Nº %

15-25 111 35,2

26-35 88 27,9

36-45 66 21,0

46-55 40 12,7

56-65 9 2,9

+ 65 1 0,3

Total 315 100,0

88
Os Impactos dos Eventos Turísticos: O caso da Viagem Medieval em Santa Maria da Feira.

Conclui-se que a população respondente é jovem com idades compreendidas entre os 15


e os 45 anos de idade.

Relativamente ao sexo, 51,4% dos inquiridos pertencem ao género feminino e os


restantes 48,6% ao género masculino, como se pode verificar na tabela 4.23.

Tabela 4.23. – Género

Género Nº %

Masculino 153 48,6

Feminino 162 51,4

Total 315 100,0

Apesar da maior parte dos respondentes serem mulheres, verifica-se uma equidade
relativa entre os respondentes homens e mulheres.

4.5.2. Número de Inquiridos que Visitaram a VM.

Dos respondentes, 93,7% visitaram e apenas 6,3% não visitaram o evento (tabela 4.24.).

Tabela 4.24. – Número de Inquiridos que Visitaram a VM

Visitou Nº %

Sim 295 93,7

Não 20 6,3

Tomando por base os resultados obtidos, verifica-se uma forte aderência da população
na visitação do evento.

Pelo gráfico 4.11, verifica-se que a maior parte dos respondentes que visitaram o evento
são jovens (190 indivíduos dos 315 respondentes), com idades compreendidas entre os

89
Os Impactos dos Eventos Turísticos: O caso da Viagem Medieval em Santa Maria da Feira.

15 e os 35 anos (110 com idades compreendidas entre 15 e 25 anos e 90 com idades


entre 26 e 35 anos).

No mesmo gráfico, também se pode verificar que faixa etária dos respondentes que não
visitaram a Viagem Medieval sã diversificadas ( 1 individuo com idade entre 15 e 25
anos, 8 com idades entre 26 e 35 anos, 6 com idades entre 36 e 45 e 5 com idades entre
46 e 55.

Gráfico 4.11 – Visitou vs Idade

Curiosamente, os respondentes que pertencem à faixa etária mais velha, visitaram todos
o evento.

4.5.3. Forma e Número de Participações no Evento.

As duas questões seguintes tiveram como objectivo apurar dados sobre o número e
formas de participação dos inquiridos na VM.

Sabendo que, e segundo dados oficias, actualmente participam cerca de 1100 pessoas
diariamente no evento, fazendo a extrapolação da amostra para o Universo da população
(cerca de 147 mil habitantes no Concelho e cerca de 11 mil habitantes na Cidade –

90
Os Impactos dos Eventos Turísticos: O caso da Viagem Medieval em Santa Maria da Feira.

fonte: O país em números, edição 2006, INE), poder-se-á concluir que os participantes
na VM são, na sua grande maioria, residentes no concelho de SMF. O que resulta num
forte indicador de envolvimento da população.

Na tabela 4.25., pode-se verificar que 25,4% dos respondentes (80 indivíduos),
participaram e 74,6% dos respondentes ( 235 indivíduos) não participaram na Viagem
Medieval.

Tabela 4.25. – Indivíduos que Participaram na VM.

Participou Nº %

Sim 80 25,4

Não 235 74,6

Total 315 100,0

Dos respondentes, 3,8% participaram nas tendas oficiais de artesanato, 5,1% no sistema
de ordem e segurança do evento, 7,9% nos grupos de animação cultural e 8,6% nas
tabernas oficiais de repasto, sendo esta última a forma com maior participação (tabela
4.26.).

Tabela 4.26. – Forma de Participação

Participou Forma Nº %

Não 235 74,6

Grupos de animação cultural 25 7,9

Tendas oficiais de artesanato 12 3,8


Sim Tabernas oficiais de repasto 27 8,6

Sistema de ordem e segurança 16 5,1

Total 315 100,0

A animação e as actividades relacionadas com o comércio (gastronomia e artesanato)


são, de facto, as formas em que a população respondente mais participa.

91
Os Impactos dos Eventos Turísticos: O caso da Viagem Medieval em Santa Maria da Feira.

Como se pode verificar na tabela 4.27., dos inquiridos respondentes que participaram
(25,4%), a maior parte, 13,7% participaram entre 1 a 3 vezes, 4,4% entre 4 a 6 vezes,
3,8% entre 10 a 12 vezes e 3,5% participaram entre 7 a 9 vezes.

Tabela 4.27. – Número de Participações no Evento

Intervalo de
vezes
Nº %

Não
235 74,6
participaram

1-3 43 13,7

4-6 14 4,4

7-9 11 3,5

10-12 12 3,8

Total 315 100,0

Note-se que o número de vezes equivale ao número de edições.

4.6. Percepções da População Respondente

Neste ponto, apresentam-se os dados referentes às opiniões da população sobre o grau


de importância da VM para o desenvolvimento de SMF, bem como os impactos gerados
pelo evento.

4.6.1. Importância da VM para o Desenvolvimento de SMF.

Na tabela 4.28., como se pode verificar, a maioria dos inquiridos, 86,4%, considera a
VM muito importante, dos quais 23,2% considera muito importante, 27,6% considera
muitíssimo importante e 35,6% considera extremamente importante para o
desenvolvimento de SMF.

9,8% dos respondentes, consideram apenas importante.

92
Os Impactos dos Eventos Turísticos: O caso da Viagem Medieval em Santa Maria da Feira.

Relativamente aos restantes respondentes, 3,8% consideram nada importante,


pouquíssimo importante ou pouco importante, respectivamente, 2,2%, 0,6% e1%..

Tabela 4.28. – Importância da VM para o Desenvolvimento de SMF.

Importância Nº %

Nada importante 7 2,2

Pouquíssimo importante 2 0,6

Pouco importante 3 1,0

Importante 31 9,8

Muito importante 73 23,2

Muitíssimo importante 87 27,6

Extremamente importante 112 35,6

Total 315 100,0

Conclui-se portanto, que a grande maioria dos respondentes consideram que o evento é
muito importante para o desenvolvimento de Santa Maria da Feira.

4.6.2. Os Impactos da VM em SMF

Os dados recolhidos referentes à opinião dos inquiridos sobre os impactos económicos,


sociais, culturais e ambientais do evento em SMF, apresentam-se na tabela 4.29.-
Impactos positivos e na tabela 4.30. - Impactos negativos.

Em relação aos impactos positivos e, considerando o somatório das opiniões positivas


verifica-se que a maioria dos respondentes concorda que o evento atrai mais
investimento (77,5%).

Dos respondentes, 80,6% concorda que o evento promove o comércio e industria locais,
85,4% concorda que aumenta os meios recreativos e de lazer, 75,6% que recupera o
artesanato e 70,8% que incentiva a restauração dos edifícios históricos. Em menor
percentagem, 56,2% dos respondentes concorda que o evento cria posto de trabalho.

93
Os Impactos dos Eventos Turísticos: O caso da Viagem Medieval em Santa Maria da Feira.

Apenas 47% concordam que o evento aumenta a sensibilização e consciencialização


ambiental da comunidade local e 34% dos inquiridos concordam que melhora as infra-
estruturas públicas.

Tabela 4.29. – Impactos Positivos

Discordo Concordo
completamente Não concordo Concordo muito
Opinião Discordo muito nem discordo Concordo
Discordo completamente

Impactos % % %

O evento atrai mais investimentos 9,2 13,3 77,5

Melhora as infra-estruturas públicas 38,4 27,6 34,0

Cria postos de trabalho 21,0 22,9 56,2

Promove o comércio e indústria locais 5,7 13,7 80,6

Aumenta os meios recreativos de lazer 7,6 7,0 85,4

Incentiva a restauração dos edifícios


11,4 17,8 70,8
históricos

Recupera o artesanato 11,1 13,3 75,6

Aumenta a sensibilização e consciencialização


30,5 22,5 47,0
ambiental da comunidade local

Desta análise conclui-se que os respondentes da amostra da população acreditam que o


evento influi, em primeiro lugar impactos positivos relacionados com a cultura e
património.

Em segundo lugar impactos positivos relacionados com o com o comércio e benefícios


económicos.

Em terceiro impactos positivos relacionados com questões sociais e em último lugar os


impactos positivos relacionados com o meio ambiente.

De referir ainda a semelhança entre as respostas de concordância e não concordância


sobre o impacto do evento nas infra-estruturas públicas.

94
Os Impactos dos Eventos Turísticos: O caso da Viagem Medieval em Santa Maria da Feira.

A maior parte dos respondentes acreditam que o evento é importante para o


desenvolvimento da localidade e concordam que, o mesmo, aumenta os meios
recreativos de lazer (gráfico 4.12).

Gráfico 4.12 – Importância vs Aumento dos Meios Recreativos e de Lazer

Também se pode concluir que apenas 3,8% dos respondentes não acreditam que a
Viagem Medieval seja importante para o desenvolvimento de Santa Maria da Feira.

Contudo, 1,2% desses indivíduos, concordam que o evento aumenta os meios


recreativos e de lazer.

Quanto aos impactos negativos, de destacar o aumento do congestionamento e do


tráfego com a maior parte das concordâncias positivas, com 83,8% , o aumento dos
preços com 61% das concordâncias positivas e o aumento da poluição ambiental com
47% das concordâncias positivas.

Sumáriamente, o aumento do congestionamento e do tráfego urbano e o aumento dos


preços são reflectidos nas concordâncias dos respondentes como impactos negativos
provocados pelo evento.

95
Os Impactos dos Eventos Turísticos: O caso da Viagem Medieval em Santa Maria da Feira.

Considera-se também o aumento da poluição ambiental como impacto negativo gerado


pelo evento, mais identificado pelas entidades respondentes, uma vez que o somatório
das percentagens das concordâncias positivas é superior ao somatório das negativas.

Tabela 4.30 – Impactos Negativos

Discordo completam. Concordo


Não concordo
Opinião Discordo muito
nem discordo
Concordo muito
Discordo Concordo completam.

Impactos % % %
Aumenta o congestionamento e tráfego
6,3 9,8 83,8
urbano
Aumenta os preços 20,3 18,7 61,0

Aumenta a tensão social 42,9 22,9 34,3

Descaracteriza o artesanato 74,0 8,6 17,5

Causa a perda de identidade e cultura locais 70,8 14,0 15,2

Aumenta o custo de vida 44,8 22,5 32,7

Destrói o património histórico 81,9 8,3 9,8

Aumenta a poluição ambiental 35,6 17,5 47,0

Pelo gráfico 4.13, pode-se verificar a grande maioria dos respondentes concordam que o
provoca o aumento do congestionamento e tráfego urbano.

Gráfico 4.13 – Importância vs Aumento do Congestionamento e Tráfego Urbano.

96
Os Impactos dos Eventos Turísticos: O caso da Viagem Medieval em Santa Maria da Feira.

4.7. Contribuição do Evento para o Desenvolvimento de SMF

Para determinar os impactos que mais contribuem para o desenvolvimento de SMF, foi
realizada uma análise factorial de componentes principais, da base de dados dos
questionários aplicados à população, tendo sido obtidos os resultados constantes nas
tabelas seguintes.

Na tabela 4.31, são apresentadas as médias e desvios-padrão de cada impacto


considerado.

Tabela 4.31 – Médias e Desvios-padrão

Mean Std. Deviation Variance

Importância p/ desenvolvimento 5,76 1,293 1,672

O evento atrai mais investimentos 5,50 1,509 2,276

Aumenta o congestionamento e tráfego urbano 5,96 1,375 1,890

Melhoras as infra-estruturas públicas 3,92 1,757 3,086

Cria postos de trabalho 4,81 1,775 3,150

Aumenta os preços 4,83 1,773 3,145

Aumenta a tensão social 3,83 1,852 3,431

Promove o comércio e indústria locais 5,57 1,402 1,966

Aumenta os meios recreativos de lazer 5,73 1,461 2,134

Descaracteriza o artesanato 2,67 1,868 3,489

Incentiva a restauração dos edifícios históricos 5,34 1,593 2,538

Recupera o artesanato 5,41 1,602 2,567

Causa a perda de identidade e cultura locais 2,57 1,802 3,247

Aumenta o custo de vida 3,76 1,825 3,332

Aumenta a sensib. e consciêncializ. ambiental da comunidade 4,28 1,730 2,993

Destrói o património histórico 2,12 1,598 2,555

Aumenta a poluição ambiental 4,27 1,892 3,578

Conclui-se da tabela 4.32, que os 16 impactos podem ser agrupados em 4, considerando


os valores principais inferiores a 1.

97
Os Impactos dos Eventos Turísticos: O caso da Viagem Medieval em Santa Maria da Feira.

Estes impactos explicam cerca de 54,1% da variação dos mesmos.

Tabela 4.32 – Total da Variança Explicada

Extraction Sums of Squared


Component

Initial Eigenvalues Rotation Sums of Squared Loadings

Total % of Cumulative Total % of Cumulative Total % of Cumulative

1 3,547 22,168 22,168 3,547 22,168 22,168 2,520 15,748 15,748

2 2,579 16,117 38,285 2,579 16,117 38,285 2,293 14,331 30,080

3 1,426 8,910 47,195 1,426 8,910 47,195 1,989 12,432 42,512

4 1,115 6,969 54,164 1,115 6,969 54,164 1,864 11,652 54,164

5 ,950 5,939 60,103

6 ,922 5,764 65,867

7 ,789 4,934 70,801

8 ,699 4,370 75,172

9 ,631 3,945 79,117

10 ,592 3,699 82,815

11 ,574 3,590 86,405

12 ,505 3,158 89,563

13 ,470 2,939 92,502

14 ,450 2,811 95,312

15 ,419 2,618 97,931

16 ,331 2,069 100,000

O gráfico 4.2 permite confirmar os 4 impactos principais, detrminados anteriormente,


uma vez que o declive da curva, a partir daí é muito pequeno.

Gráfico 4.14 – Scree Plot

98
Os Impactos dos Eventos Turísticos: O caso da Viagem Medieval em Santa Maria da Feira.

Da matriz de componentes e após uma rotação varimax (tabela 4.33.), foi possível aferir
a composição dos 4 factores relativamente aos impactos estudados.

Tabela 4.33 – Matriz de Componentes Rodada

Component

1 2 3 4

O evento atrai mais investimentos ,710 -,030 -,003 ,108

Aumenta o congestionamento trafego -,020 -,086 ,664 -,002

urbano
Melhoras as infra-estruturas públicas ,704 ,173 -,029 ,105

Cria postos de trabalho ,736 ,048 ,091 ,137

Aumenta os preços ,232 -,052 ,734 ,050

Aumenta a tensão social ,391 ,265 ,436 ,058

Promove o comércio e indústria locais ,521 -,438 ,224 ,204

Aumenta os meios recreativos lazer ,521 -,234 ,071 ,413

Descaracteriza o artesanato ,094 ,637 ,038 -,085

Incentiva a restauraçao dos edificos ,029 ,072 ,072 ,798

históricos
Recupera o artesanato ,253 -,257 ,135 ,715

Causa a perd de identidade e cultura ,066 ,756 ,045 ,105

locais
Aumenta o custo de vida ,068 ,451 ,593 ,161

Aumenta a sensibilização ,330 ,196 -,014 ,637

consc.ambientalconsciencialização
Destroi o património histórico -,083 ,735 ,159 -,018

Aumenta a poluíção ambiental -,166 ,320 ,594 ,081

99
Os Impactos dos Eventos Turísticos: O caso da Viagem Medieval em Santa Maria da Feira.

Na tabela 4.34, são apresentados os nomes atribuidos aos 4 factores.

Tabela 4.34 – Factores II

Factor Designação Itens Loadings

Cria postos de trabalho 0,736


Impactos
O evento atrai mais investimentos 0,710
Económicos e
1 Melhora as infra-estruturas públicas 0,704
Sociais
Promove o comércio e indústria locais 0,521
Positivos
Aumenta os meios recreativos lazer 0,521

Impactos Aumenta o congestionamento tráfego 0,664


Económicos e Aumenta os preços 0,734
2
Sociais e Aumenta o custo de vida 0,593
Negativos Aumenta a tensão social 0,436
Impacto
Incentiva a restauração dos edifícios históricos 0,798
Culturais e
3 Recupera o artesanato 0,715
Ambientais
Aumenta a sensibilização e consciencialização ambiental 0,637
Positivos
Impactos e Causa a perda de identidade e cultura 0,756
Ambientais Destrói o património histórico 0,735
4
Culturais Descaracteriza o artesanato 0,637
Negativos Aumenta a poluição ambiental 0,594

Considerando os 4 factores resultantes da análise factorial como variáveis


independentes e tomando a variável “importancia para o desenvolvimento de SMF”
como dependente, conclui-se através de uma regressão linear múltipla, que esses 4
factores explicam, na perspectiva da população, cerca de 32,6% do desenvolvimento de
SMF, (tabela 4.35).

Tabela 4.35 – Coeficiente de Correlação

Model Summary

Change Statistics
Std. Error
R Adjusted R of the R Square F Sig. F
Model R Square Square Estimate Change Change df1 df2 Change
a
1 ,571 ,326 ,318 1,068 ,326 37,567 4 310 ,000

4.8. Discussão dos Resultados

Neste ponto, discutem-se os resultados da análise desenvolvida no estudo segundo a


base teórica apresentada no capítulo I.

100
Os Impactos dos Eventos Turísticos: O caso da Viagem Medieval em Santa Maria da Feira.

4.8.1. Discussão dos Resultados Relativos às Entidades

4.8.1.1. Tipos de Entidades

Dos questionários aplicados às entidades verifica-se que há um envolvimento de


organizações de vários tipos, sejam elas públicas, privadas, de carácter comercial, ou
sem fins lucrativos, sendo que as empresas privadas e associações estão em vantagem
face às restantes, em termos de participação.

4.8.1.2. Os Impactos Positivos

Económicos - Da análise dos dados obtidos dos questionários aplicados às entidades,


salientam-se os impactos relacionados com o aumento do volume de vendas (comércio e
artesanato e produtos locais), sendo portanto o impacto económico mais importante na
opinião dos respondentes.

Com efeito, a concentração de visitantes durante o evento traduz-se no consumo e


consequente aumento das vendas, dado que parte das atracções são os consumíveis
medievais (alimentação, bebidas e artesanato) e os espectáculos de bilheteira.

Sociais – As entidades respondentes identificaram a Consciencialização e educação da


comunidade como impacto social positivo. As características do próprio evento
implicam a divulgação e consciencialização para a educação da comunidade não só para
os aspectos histórico-culturais como também outros aspectos. Durante todo o processo,
desde organização, passando pelo enquadramento histórico, encenação e rituais, à
produção de cada evento, toda a comunidade (participantes e visitantes) é envolvida na
assimilação dos conhecimentos que lhe são inerentes.

De referir ainda que o fácil acesso à informação através dos programas de sensibilização
e de apoio aos participantes e as iniciativas decorrentes do “projecto envolver”, em
particular o sub-projecto “Estabelecimento Medieval - oficial”, por si só, reflectem um
impacto social positivo pela mobilização social.

101
Os Impactos dos Eventos Turísticos: O caso da Viagem Medieval em Santa Maria da Feira.

Culturais – Todas as afirmações apresentadas no questionário sobre os impactos


culturais positivos obtiveram a concordância acima de 75%, por parte das entidades
respondentes. Sob o ponto de vista cultural poder-se-á concluir que as entidades
identificam clara e seguramente todos os benefícios do evento que são apresentadas.

Com efeito as acções de revitalização do património edificado e de sensibilização para


as raízes histórico-culturais têm vindo a aumentar desde a primeira edição da VM.

Ambientais – As afirmações apresentadas no questionário sobre os impactos


ambientais positivos foram todas identificadas, pelos respondentes, como impactos
positivos. De referir apenas que o impacto com maior percentagem de respostas
positivas é a Utilização racional dos espaços (urbano e verdes).

Note-se que com a expansão da VM em termos de espaço implicou planos de


revitalização e conservação das zonas verdes e urbanas envolventes ao local da
realização do evento, nomeadamente as margens do rio Cáster, os jardins da Quinta do
Castelo e o rossio. Em paralelo foram criados sistemas de colecta do lixo para
escoamento do mesmo, imputando responsabilidades contratuais aos
participantes/exploradores das tabernas e tendas artesanais.

4.8.1.3. Os Impactos Negativos

Económicos – O aumento da sazonalidade turística é o impacto económico mais


referido pelos respondentes.

De facto, durante o período deste evento existe uma grande e excepcional deslocação de
pessoas a SMF que pode ser comparável à festa das fogaceiras, de cariz histórico-
cultural, que se realiza sempre num dia, a 20 de Janeiro e que atrai milhares de
visitantes. Ponderando as características de ambos os eventos poder-se-á induzir que a
VM atrai mais visitantes pelo facto de se realizar durante o tradicional período de férias
de verão da população em geral e durante mais dias. Por outro, reflectindo sobre a
localização geográfica e sobre o histórico turístico desta cidade que outrora se designava
sobretudo industrial, não terá o evento vindo a colmatar a desertificação da mesma?
Entretanto, as entidades responsáveis pelo evento, provavelmente prevendo, de entre

102
Os Impactos dos Eventos Turísticos: O caso da Viagem Medieval em Santa Maria da Feira.

outras, a questão relacionada com a sazonalidade, têm vindo a promover e a


desenvolver eventos com temáticas e em períodos diferentes (por exemplo a “Terra dos
sonhos”- Dezembro; “Semana Santa” – Páscoa; “Imaginarius”- Maio).

Sociais – O aumento do congestionamento e tráfego urbano e a exploração do


turista/visitante são os impactos sociais negativos identificados pelas entidades
respondentes.

Apesar de gradualmente se terem criado parques de estacionamento nas imediações do


local da festividade constata-se ainda, em proporção ao número de visitantes, limitações
nas acessibilidades. Por outro lado, é sabido que as deslocações em massa provocam,
naturalmente, o congestionamento de tráfego de pessoas e veículos.

Relativamente à exploração do visitante, é sabido que é pratica comum o aumento dos


preços nos festivais e eventos, em qualquer parte. Isto pode provocar indignação,
sobretudo por parte dos residentes, face aos preços praticados fora do período de
realização do evento.

Culturais – Apenas uma pequena parte das entidades respondentes (29,7%, pequena,
considerando que 48,6% dos respondentes acham que não se trata de um impacto
negativo), evidenciam a “Encenação do interesse cultural visando o interesse
meramente comercial” como sendo um impacto cultural negativo.

Ao observar a aderência da população às iniciativas do projecto Envolver, poder-se-á


concluir também que não existem impactos culturais negativos.

Ambientais – As entidades respondentes não evidenciam qualquer impacto ambiental


negativo, provavelmente porque decorre um processo de requalificação e expansão do
parque do rio Cáster, que passa precisamente pela zona onde se realiza o evento e com
ele a preocupação ambiental.

A 27 de Fevereiro de 2009 teve lugar em Santa Maria da Feira a apresentação pública


do projecto de requalificação e expansão do Parque do Cáster, em pleno Centro
Histórico. Em resumo, o novo parque irá contar com uma área 4 vezes maior que o

103
Os Impactos dos Eventos Turísticos: O caso da Viagem Medieval em Santa Maria da Feira.

actual, num total de 40 hectares, que se estendem até à estrada de Travanca. Na prática
fala-se de uma primeira fase de um projecto verde que se pretende dar continuidade a
montante e a jusante, sendo que já surge a ideia de o estender até ao mar.

O conceito de parque para o futuro apresenta-se como um espaço contínuo ao longo do


espaço urbano, que permita a "respiração plena da cidade", num conceito dinâmico e
multifuncional. Pretende-se então um espaço polivalente mas sem entraves físicos às
actividades que lá podem ser praticadas. A criação de lagos e canais apresenta-se como
a solução de maior impacto para este projecto.

Ainda na fase inicial mas olhando para o projecto propriamente dito poder-se-á destacar
alguns pontos que fundamentam as opiniões das entidades e da população:

 Olhar para o Parque como o equipamento em si;


 Criação de um segundo canal de circulação de água e dois lagos;
 Humanização do espaço;
 Criação do estacionamento necessário e não do possível;
 Instalação de serviços de apoio nas áreas periféricas, deixando o centro
completamente livre para uso da população;
 Desvio do traçado da rodovia de acesso ao Castelo, evitando mais uma passagem
sobre o rio.
 Edifício de apoio de Serviço Ambiental

4.8.2. Discussão dos Resultados Relativos à População

A população respondente considera a VM muito importante para o desenvolvimento de


SMF. É interessante observar que elegeram todas as afirmações apresentadas referentes
aos impactos positivos excepto a afirmação referente à melhora das infra-estruturas
públicas.

Com relação aos impactos negativos, os respondentes identificaram o aumento e


congestionamento de tráfego e o aumento dos preços, tal como as entidades
respondentes o fizeram.

104
Os Impactos dos Eventos Turísticos: O caso da Viagem Medieval em Santa Maria da Feira.

4.8.3. Comparação com Outros Eventos

Alguns destinos estão bem definidos na mente do público porque hospedam festivais e
eventos públicos espectaculares. O Carnaval, no Rio de Janeiro; o Calgary Stampede,
no Canadá; o Mardi Grass, em Nova Orleans; os Festivais de Edimburgo, na Escócia; a
Oktoberfest, em Munique; e o Festival do Tamisa em Londres, agora definem o destino
em termos de uma marca festiva.

A Oktoberfest, por exemplo, teve início em 1810, para permitir que os residentes
celebrassem um casamento real. Posteriormente, foram acrescentadas outras
actividades, como corridas de cavalo, parques de diversões e, agora, oportunidades
promocionais corporativas. Este evento atrai sete milhões de visitantes, durante o mês
de Setembro, a Munique. O Festival de Neve de Sapporo, anual, em Hokkaido, é o
festival de Inverno mais famoso do Japão. Atrai pessoas de todo o mundo. Dura cerca
de uma semana e expões mais de 300 grandes estátuas de neve, as quais são iluminadas
de noite.

A especificidade do evento ou festival e a forma como é feita a gestão do evento e da


relação entre os diferentes stakeholders são os factores de competitividade, na
actualidade, da actividade turística (Yeoman et al, 2006).

A VM oferece uma oportunidade para o desenvolvimento da comunidade, o que, como


sentimento de local, é praticamente um fenómeno invisível; as pessoas sabem quando
ela não está lá. Os relacionamentos complexos que a VM proporciona à população de
SMF, assim como cada troca de informação e energia, oferecem a estabilidade e
protecção que a comunidade pode prover e que o isolamento não pode.

Para Yeoman et al,( 2006), “Os eventos comunitários podem utilizar um local para
demonstrar confiança sobre como mantiveram ordem e desenvolveram interpretações,
de forma a que os outros possam fazer o mesmo quando o visitarem”.

Com relação a eventos de cariz medieval, em Portugal, de norte a sul do país, realizam-
se muitas festividades deste género. Almodôvar, Arganil, Avis, Belver, Castro Marim,
Coimbra, Lamego, Marão, Monsanto, Óbidos, Penedono, Penela, Silves são algumas

105
Os Impactos dos Eventos Turísticos: O caso da Viagem Medieval em Santa Maria da Feira.

das localidades. A Feira medieval mais antiga é a de Coimbra, este ano realizou a 18ª
edição. Uma com grande impacto na imprensa é a de Óbidos. Mas o evento de Santa
Maria da Feira revela supremacia em termos área ocupada, número de espectáculos,
número de dias de festa e número de visitantes. É certo que não existem estudos
científicos que comprovem esta classificação, no entanto comparando duração, o espaço
onde se realizam e o número de visitantes noticiado, poder-se-á concluir acerca da
dimensão mediática que a VM representa no nosso País.

Ao nível internacional, de referir recriações similares como a Besalú Medieval em


Itália, que se realiza na primeira semana Setembro, a Feira Franca, em Pontevedra,
Galiza, também em Setembro e a Setmana Medieval de la Llegenda de St. Jordi, em
Montblanc, que se realiza entre Abril e Maio, sendo a Besalú Medieval e a Setmana
Medieval, os eventos que mais se aproximam da Viagem Medieval, quanto ao número
de visitantes, (http://www.besalu.cat/medieval/, http://www.setmanamedieval.org/).

Na verdade, não se dispõe de estudos científicos que permitam uma comparação, ao


mesmo nível, dos eventos desta natureza. As elações apresentadas resultam das
deduções empíricas da pesquisa efectuada sobre os eventos medievais noticiados ou
referidos e nos respectivos sites na Internet existentes.

4.8.4. Implicações

Apresentam-se de seguida a relação entre os impactos identificados e a teoria


apresentada neste estudo.

4.8.4.1. O Sector Público e o Evento

O fenómeno económico das estratégias de festivais e eventos culturais, ou fomentados


pelo aspecto cultural, é um fenómeno mundial. O uso da cultura e dos eventos culturais
tornou-se um factor de fomentos económicos e sociais muito importantes para cidades e
vilas. De acordo com Yeoman et al (2006), “… o turismo com base em eventos e
festivais adquiriu crescente importância para o sector público, com a ideia de promoção
do local, regeneração da imagem e efeito multiplicador económico e social…”. SMF

106
Os Impactos dos Eventos Turísticos: O caso da Viagem Medieval em Santa Maria da Feira.

não é a excepção, sabendo que a promoção e dinamização é tutelada por entidades


públicas.

De acordo com Ruschmann (1997), o desconhecimento dos papéis a serem cumpridos e


dos impactos referentes à actividade turística acarretam dificuldades para que o turismo
seja desenvolvido de forma sustentável nas localidades.

(...) uma das principais dificuldades para a implantação de um projecto global de


desenvolvimento turístico em localidades receptoras é a total ausência do
encadeamento e da gestão local da actividade que permita a acção de agentes de
turismo, públicos ou privados, que façam prevalecer a noção de empresas, extensiva a
toda a localidade.

Por isto, poder-se-á afirmar que a sensibilização turística é parte fundamental no


processo de desenvolvimento da actividade turística e cabe aos órgãos públicos
competentes desempenhar um trabalho de sensibilização na comunidade receptora, afim
de que esta possa participar activamente e possibilitar a sustentabilidade da actividade
turística.

Neste sentido, poder-se-á concluir que o crescente desenvolvimento e sucesso do evento


deve-se, em parte, à gestão e promoção do mesmo pertencerem a entidades públicas.

4.8.4.2. Os Impactos

Tal como defendem os autores citados ao longo deste trabalho, o turismo gera impactos
económicos, sociais, culturais e ambientais, positivos e negativos.

Reflectindo a crescente complexidade atribuída às teorias emergentes sobre eventos


culturais, Waterman (1998) vê o estudo de festivais artísticos e culturais como reflexo
de uma tensão real “entre festival como arte ou bem económico” e “ entre cultura e
politica cultural”.

107
Os Impactos dos Eventos Turísticos: O caso da Viagem Medieval em Santa Maria da Feira.

Contrariando o autor, analisando os dados (tabela 4.36 e 4.37), poder-se-á dizer que as
entidades e população respondentes vêm o evento como instrumento de valorização
económico, social, cultural e ambiental para SMF.

Tabela 4.36 – Impactos mais Identificados pelas Entidades

Impactos Positivos % Negativos %

Económicos  Aumento vol. vendas no comércio. 72,9


 Aumento sazonalidade. 62,2
 Aumento cons. art. prod. locais. 70,3

Sociais  Aumento cong. tráfego 78.4


 Consciencialização e educação da 54,1
 Expl. turista/visitante 54,1
comunidade

 Val. preserv. patrim. Hist. cultural 83,8


 Incremento do interesse p/ cultura 83,8
Culturais  Envolv. da comunidade no evento 83,8
 Valorização do artesanato 81,1
 Valorização da herança cultural 75,7

 Utilização racional dos espaços 70,3


 Promoção aspectos nat.s não val. 54,1
Ambientais  Criação p. prog. cons. pres. amb. 48,6
 Sensib. consc. ambiental comunid. 45,9
 Ut. parte receitas p/ eq. pres. rec. 43,2

Esta conclusão vem reforçar as elações da OMT (1997) relativamente aos impactos
culturais. O turismo pode ajudar a estimular o interesse dos moradores pela própria
cultura, pelas suas tradições, costumes e património histórico, uma vez que os
elementos culturais de valor para os turistas são recuperados e conservados, para que
possam ser incluídos na actividade turística.

Esse despertar cultural pode constituir uma experiência positiva para os moradores,
dando-lhes uma certa consciencialização sobre a continuidade histórica e cultural da sua
comunidade que, por sua vez, pode tornar-se num aspecto que potencialize o atractivo
turístico do lugar.

108
Os Impactos dos Eventos Turísticos: O caso da Viagem Medieval em Santa Maria da Feira.

Na tabela 4.37, pode-se verificar que a população respondente, comunga da mesma


percepção das entidades respondentes.

Tabela 4.37 – Impactos Identificados pela População

Impactos Positivos % Negativos %

 Promove comércio e indústria locais 80,6


Económicos  Aumento dos preços
 O Evento atrai mais investimentos 77,6 61,0
 Cria postos de trabalho 56,2

Sociais  Aumento congestionamento e


 Aumenta meios recreativos e de lazer 85,4 83,8
tráfego urbano

 Incentiva restauração edifícios 70,8


Culturais históricos
 Recupera o artesanato 75,6

Ambientais  Aumenta sensibilização e.


47,0  Aumenta a poluição ambiental 47,0
consciencialização ambiental

Relativamente à cultura poder-se-á concluir também que o evento opera o envolvimento


da comunidade local e, por essa via, reforça os laços de identidade, como acontece com
a Festa do Vinho (Madeira), exemplo da reconstituição de velhos hábitos e de memória
da importância socioeconómica da actividade vitivinícola, registando-se uma certa
integração entre turistas e anfitriões.

Em termos ambientais, segundo Santana (1997), o turismo utiliza o contorno natural,


ocupa um espaço e utiliza recursos do meio ambiente, portanto, estudar os seus efeitos
sobre a natureza é básico para perceber os impactos do sistema turístico. Uma paisagem
não atrai turismo, sem que precise de uma rede de promoção.

Da análise dos resultados, verifica-se que a preocupação focaliza-se nos aspectos


relacionados com o aumento do tráfego e da poluição decorrentes do evento. As
questões relacionadas com o espaço natural, paisagem, não obtiveram concordâncias
com expressividade significativa, provavelmente porque o meio natural, sendo uma
parte importante para a realização deste evento, é objecto de conservação e preservação

109
Os Impactos dos Eventos Turísticos: O caso da Viagem Medieval em Santa Maria da Feira.

permanente, veja-se por exemplo, o plano de revitalização do parque do rio Cáster, que
passa pela zona onde se realiza o evento, descrito no ponto 4.8.1.

Em termos económicos, é evidente que, dos resultados recolhidos das entidades e


população, o evento reflecte impactos positivos, sobretudo para o comércio e artesanato
locais.

Analisando a tabela 4.38, poder-se-á comparar os impactos identificados pelos autores e


os impactos mais identificados pelas entidades e população respondente.

Tabela 4.38 – Comparação dos Impactos Positivos

Impactos
Entidades População
Positivos
Autores
respondentes Respondente

 Criação de emprego;  Aumento volume de  O Evento atrai


 Construção de equipamentos; vendas no comércio. mais investimentos
 Aumento dos níveis culturais e profissionais;  Aumento consumo do  Promove o
Económicos

 Modificação positiva da estrutura económica artesanato e produtos comércio e indústria


e social; locais. locais
 Atracção de mão-de-obra de outras  Cria postos de
localidades; trabalho
 Incrementa a produção bens serviços;
 Aumenta o consumo produtos locais;
 Investimentos estrangeiros;
 Aumento da colecta de impostos.

 Melhoria da qualidade de vida da população  Consciencialização e  Aumenta meios


Sociais

 Experiências com os visitantes; educação da comunidade recreativos e de lazer


 Utilização da mão-de-obra local;
 Aumento níveis culturais profissionais
 Orgulho étnico.

 Preservação e a reabilitação de monumentos,  Valorização preserv.  Incentiva restaur.


Culturais

edifícios e locais históricos. património HC edifícios históricos


 Valorização da herança cultural  Increm/interesse p/ cult.  Recupera
 Envolvim. comunidade artesanato
 Valorização artesanato
 Val. da herança cultural

 Revalorização do meio natural;  Utilização rac. espaços  Aumenta a


 Adopção de medidas para preservar o meio  Promoção aspectos sensibilização e
Ambientais

ambiente (parques nacionais). naturais não valorizados; consciencialização


 Restauração/preserv. património. histórico  Criação pl. ambientais ambientais
 Maior envolv. da administração no ambiente;  Sensibilização
 Conscienc. ecológica/ambiental da população ambiental comunidade
 Promove a descoberta e acessibilidade a  Utiliz. parte receitas p/
regiões não exploradas. eq. preservação recursos

Comparando os impactos positivos identificados pelos vários autores anteriormente


referidos e os impactos com maior percentagem de concordâncias positivas por parte

110
Os Impactos dos Eventos Turísticos: O caso da Viagem Medieval em Santa Maria da Feira.

das entidades e população respondente (tabela 4.38), conclui-se que a Viagem Medieval
produz na localidade a maior parte dos benefícios, em termos de impactos culturais e
ambientais enunciados no capitulo I.

Com relação aos impactos económicos e sociais, ressaltam apenas alguns dos benefícios
apontados pelos autores como o aumento do comércio e a consciencialização e
educação social.

Quanto aos impactos negativos, como se pode verificar na tabela 4.39, poder-se-á
concluir que apenas ressaltam as preocupações relacionadas com o aumento e
congestionamento do tráfego e o aumento dos preços, como impactos económicos e
sociais.

Tabela 4.39 – Comparação dos Impactos Negativos

Impactos
Entidades População
Negativos
Autores
Respondentes Respondente

 Sazonalidade turística;  Aumento da  Aumento dos


 Inflação especulação imobiliária; sazonalidade. preços
Económicos

 Dependência excessiva capital investidor estrang;


 Grande parte das divisas sai do país;
 Dependência excessiva turismo;
 Mão-de-obra desqualificada;
 Aumento do sub-emprego.

 Alienação da comunidade local;  Aumento  Aumento


 Nativos adoptam características de vida dos turistas congestionam.. congestionamento e
em detrimento dos seus alicerces culturais próprios; tráfego tráfego urbano
Sociais

 Aparecimento de fenómenos de disfunção social na  Exploração do


família turista/visitante
 Marginalidade e prostituição;
 Economia local sensível às consequências do
turismo.
Culturais

 Diferenças sociais entre visitantes e moradores;


 Descaracterização da cultura do lugar.

 Arquitectura urbanismo desmesurada na paisagem  Aumenta a


 Aumento poluição; poluição ambiental
Ambientais

 Aumento/congestionam. tráfego.
 Rivalidade na utilização dos recursos naturais;
 Destruição da paisagem natural, fauna e flora.
 Degradação paisagem sítios históricos,
monumentos

O aumento da poluição ambiental é unicamente referido pela população respondente.

111
Os Impactos dos Eventos Turísticos: O caso da Viagem Medieval em Santa Maria da Feira.

Conclui-se portanto que os efeitos negativos do evento, na perspectiva das entidades e


população respondente, têm menor expressividade do que os impactos positivos.

Ao fazer uma análise dos resultados e relacionando-os com as fases das relações entre
turistas e moradores de Doxey (1975), que podem servir para medir os impactos
socioculturais do turismo nas localidades, poder-se-á concluir que o evento se enquadra
na Fase de euforia - fase das primeiras aparições do turismo (o evento realiza-se desde
1996 e, neste momento, conta com 13 edições), quando ele desperta entusiasmo da
população residente, que o vê como uma boa acção para o desenvolvimento da
localidade.

Perante os resultados relativos à percepção das entidades e da população (expostos no


ponto 4.4. e 4.5.), em que os factores aferidos em cada amostra explicam,
respectivamente, cerca de 32% do desenvolvimento de SMF e de acordo com Yeomann
et al (1006), conclui-se que, dada a curta duração do evento (11 dias/ano), a Viagem
Medieval tem um papel importante para o desenvolvimento da localidade.

4.9. Recomendações

Seguidamente, apresentam-se algumas recomendações visando a sustentabilidade do


evento.

Considerando que:

 As manifestações da cultura tradicional com intuitos turísticos acarretam, quase


sempre, uma certa folclorização, como aconteceu com a cultura piscatória da Nazaré,
cujas tradições foram apropriadas como meio de promoção do turismo, sendo
actualmente mais importante esta dimensão e apresentando-se como residual o peso que
a pesca efectivamente detém na vida económica local (Trindade e Penteado, 2001). No
caso de SMF, o sector da cortiça e do calçado têm sido a imagem de marca da
localidade nas últimas décadas. Por outro lado, as tradições culturais das festividades
religiosas podem sofrer alterações nas suas características e frequência (Fésta das
fogaceiras, por exemplo). Importa saber até que ponto este evento não menosprezará, a
longo prazo, algumas das características culturais de SMF.

112
Os Impactos dos Eventos Turísticos: O caso da Viagem Medieval em Santa Maria da Feira.

 A durabilidade e os efeitos positivos deste investimento cultural ao nível da renovação


urbana e da imagem do município dependem da articulação entre a lógica económico-
sociais da cidade e a iniciativa dos novos agentes produtores e intermediários da cultura
que eventualmente podem não ser coincidentes. Uma eventual mudança do corpo
administrativo de uma empresa ou instituição governamental provoca o aparecimento de
obstáculos económico-politicos que podem impedir o desenvolvimento deste evento
(VM) e por inerência o turismo cultural.

 A perspectiva de desenvolvimento do turismo de eventos pela comunidade reconhece


os elementos de espírito e orgulho comunitário, cooperação, liderança, exaltação de
tradições culturais, capacidade de controlar o desenvolvimento, e, ainda, melhorias nas
facilidades e conveniências sociais e de saúde.

 Todos os impactos ambientais, económicos e sócio-culturais devem ser tidos em


consideração.

Neste sentido, e com base no exposto na revisão bibliográfica, propõe-se:

- A reunião de sinergias na orientação das acções das entidades promotoras do evento e


das entidades públicas e privadas representantes da população;

- Parcerias com entidades vocacionadas para o turismo, desde o planeamento e


promoção do turismo aos serviços e produtos que compõem a actividade turística.

Para, com base num plano estratégico e cumprindo padrões de sustentabilidade,


promover e perpetuar o turismo em Santa Maria da Feira.

4.10. Conclusão

Pela análise dos dados apresentadas neste capítulo, conclui-se que na perspectiva da
entidades respondentes, o evento gera mais impactos positivos do que negativos. Em
termos de benefícios, os respondentes apontam sobretudo impactos culturais e
ambientais, conferindo todos os aspectos apresentados no questionário. Em termos
económicos e sociais, apontam apenas alguns benefícios, nomeadamente o aumento do

113
Os Impactos dos Eventos Turísticos: O caso da Viagem Medieval em Santa Maria da Feira.

volume de vendas no comércio e artesanato e a consciencialização e educação ambiental


da comunidade. Em termos de impactos negativos, apenas se evidenciam o aumento da
sazonalidade, o aumento do congestionamento do tráfego urbano e a exploração do
visitante. Conclui-se ainda que os impactos explicam cerca de 32% do
desenvolvimento de SMF.

Relativamente à percepção da população respondente, os impactos culturais são os mais


referidos como benefícios resultantes do evento, seguidos dos impactos económicos.
Em termos sociais e ambientais, os respondentes apenas salientam a criação de postos
de trabalho e a sensibilização e consciencialização ambiental da comunidade. No que
concerne aos impactos negativos, os respondentes apontam apenas algumas questões
económicas, sociais e ambientais referentes ao aumento dos preços, do
congestionamento e tráfego urbano e da poluição. Curiosamente, da mesma análise
efectuada através da regressão linear e, tal como se verificou com as entidades
respondentes, cerca de 32% dos impactos explicam o desenvolvimento de SMF.

114
Os Impactos dos Eventos Turísticos: O caso da Viagem Medieval em Santa Maria da Feira.

Conclusão

Seguidamente, apresentam-se as principais conclusões decorrentes do presente estudo,


tendo por base os dados obtidos desde a pesquisa ao tratamento e discussão de dados.

Do capítulo I, conclui-se que, assim como todo o turismo, os eventos turísticos geram
impactos positivos e negativos nas localidades ao nível económico, social, cultural e
ambiental sendo de extrema importância a sua gestão sustentável para o
desenvolvimento das localidades.

A metodologia seguida, descrita no capítulo II, permitiu a obtenção de dados essenciais


para este estudo.

Santa Maria da Feira caracteriza-se como sendo uma localidade que expandiu a sua
economia baseada no sector terciário e com raízes histórico-culturais com atractividades
turísticas de origem predominantemente de eventos ou actividades culturais, sendo a
Viagem Medieval, um dos principais atractivos turísticos, tal como é explanado no
capítulo III.

No capítulo IV, conclui-se que segundo a percepção das entidades e população


respondente, o evento gera mais impactos positivos do que negativos. Ambas as
amostras focalizam mais os benefícios culturais e económicos. Em termos de impactos
negativos, quer as entidades quer a população respondente salientam o aumento dos
preços e do congestionamento do tráfego urbano. Ainda, os impactos aferidos e na
perspectiva de cada amostra, contribuem cerca 32% para o desenvolvimento de SMF.

Tendo por base a caracterização do evento apresentada no capítulo III e os resultados


apresentados no capítulo IV, conclui-se que a mudança ao nível da concepção da
importância económica da cultura para a cidade de Santa Maria da Feira resultou, em
grande parte, da respectiva capacidade de estimulação de um movimento centrípeto,
para dentro do centro da cidade, invertendo o sentido da migração de sectores-chave
entre o centro da cidade e os subúrbios. Desta forma, potenciaram impactos positivos,
como por exemplo a emergência de jovens classes médias urbanas e a valorização da

115
Os Impactos dos Eventos Turísticos: O caso da Viagem Medieval em Santa Maria da Feira.

monumentalidade e do património histórico, ilustrada no restauro e conservação de


edifícios históricos e numa arquitectura urbana mais humana.

Encontra-se aqui implícita a orientação das políticas culturais. Visa-se o enobrecimento


cultural. Num processo de revitalização cultural e de centralidade de grupos
anteriormente considerados “passivos” face à cultura ou “migratórios” em actividades
culturais/lazer, construindo uma nova identidade para o município de Santa Maria da
Feira.

As mudanças socioespaciais mediadas pela cultura recuperam a imagem promocional da


cidade enquanto paisagem cultural, cuja centralidade reclama a transformação de
actividades, de grupos e de espaços anteriormente “marginais” ou esquecidos em
símbolos de criatividade e de autenticidade.

Por último, importa referir algumas limitações encontradas ao longo do processo de


realização deste estudo, a saber:

 A inexistência de estudos de caso similares;

 A dificuldade em aceder a informações documentadas ou plano do desenvolvimento


do turismo em SMF;

 As limitações da amostra face à generalização dos dados, devido às limitações da


própria metodologia;

 A dificuldade encontrada na adesão das amostras no preenchimento dos questionários,


sendo necessário uma constante persistência junto das mesmas;

Considerando os resultados obtidos e as limitações apontadas, sugerem-se as seguintes


linhas de orientação para pesquisas futuras:

 Analise do plano cultural e do turismo de SMF:

 Pesquisa sobre o potencial turístico de SMF;

116
Os Impactos dos Eventos Turísticos: O caso da Viagem Medieval em Santa Maria da Feira.

 Estudo sobre as formas de participação social no evento;

 Pesquisa sobre as mudanças económicas, sociais, culturais e ambientais decorrentes


do turismo em SMF, com abordagem às respectivas implicações, projecções e
interdisciplinaridade;

 Elaboração de propostas de planeamento e gestão do turismo para a localidade;

 Expansão deste estudo a eventos similares.

Além do exposto aqui, nenhuma investigação se encontra concluída em termos


definitivos. É necessário dar continuidade a esta linha de pesquisa e actualizar
constantemente os conhecimentos neste campo, afim de se obter linhas orientadoras
para o desenvolvimento sustentável do turismo em SMF.

117
Os Impactos dos Eventos Turísticos: O caso da Viagem Medieval em Santa Maria da Feira.

Bibliografia

Anderson G.; Arsenault, N. (1999). Fundamentals of Educational Research. London:


Falmer Press Teachers Library.

Archer, B. e Cooper, C. (1998). The positive and negative impacts of tourism. In W.


Theobald, Global Tourism, pp. 63. Oxford: Butterworth-Heinemann.

Atlas, (2001), Innovations in cultural tourism. Proceedings of the 5th ATLAS


International Conference Innovatory approaches to culture and tourism, Netherlands
Ed. Jim Butcher.

Baptista, M., (2003), Turismo – Gestão Estratégica.Lisboa, Verbo

Barreto. M. (1995). Manual de Iniciação ao Estudo do Turismo. Campinas, São Paulo,


Papirus Editora.

Beni, M. (1998). Análise estrutural do turismo. São Paulo

Boullón, R. (1997). Planificación del espacio turístico. 3ª ed. México, Trillas.

Cooper, Ch., Fletcher, J., Gilbert, D. e Wanhill, S., Sherpherd, R. (eds.) (1998, ou.
1993), Tourism. Principles and Practice. New York, Longman.

Cruz, R.(2001), Introdução a geografia do turismo. São Paulo: Roca.

Dimmock, K. e Tiyce, M. (2001). Festival and events: celebrating Special Interest


Tourism. Chaper 15 in Special Interest Tourism (N.Douglas and R. Derrett). Brisbane,
John Wiley and Sons.

Doxey, G. (1975). A causation theory of visitor-resident irritants: Methodology and


research influence, in Proceedings of the Travel Research Associates 6 th Annual
conference. San Diego, pp. 195-198.

Foddy, (1996) Como Perguntar: Teoria e Prática da Construção de Perguntas em


Entrevistas e Inquéritos. Oeiras: Celta Editora.

Ferreira, L., Gomes, J., Castro, J., (2005). Planeamento em Turismo e Sustentabilidade.
MBA 05/06, IPDT.

Getz, D. (1997). Event Management and Event Tourism. New York, Cognizant
Communication Corporation.

Getz, D. (1991b), “Special events”, in Managing tourism, MEDLIK (ed.), Butterworth


Heinemann, Oxford.

118
Os Impactos dos Eventos Turísticos: O caso da Viagem Medieval em Santa Maria da Feira.

Gratton, C. e Taylor, P.D. (1995). Impacts of festival events: a case-study of


Edinburgh. in Tourism and spatial transformations – implications for policy and
planning, Ashworth e Diervorst (ed.), CAB International, United Kingdom, London.

Hall, C. (2000). The integrated tourism planning process: dealing with


interdependence. In: Hall, C. M. (Ed.). Tourism Planning Polices Processes and
Relationships. England, Pearson Education Limited.

Hplloway, J. (1994), The Business of Tourism. London, Pitman Publishing, 4ª Edição.

Hoz, A. (1985) Investigacion Educativa: Dicionário Ciências da Educação. Madrid:


Ediciones Anaya, S.A.

ICOMOS (1976): Carta Internacional sobre Turismo Cultural. Paris: ICOMOS.

Ignarra, L. (1988). Fundamentos do Turismo. São Paulo, Pioneira.

Ignarra, L. (2003). Fundamentos do turismo. 2. ed. São Paulo, Pioneira Thomson


Learning.

INE (2006). O país em números: informação estatística 1991-2006 Lisboa, Instituto


Nacional de Estatística.

Trindade, J. e Penteado, P. (2001). A Nazaré e os seus Pescadores: entre as


representações sociais e novas leituras histórico-antropológica. in Revista Oceanos,
Lisboa.

Lakatos e Marconi (1994). Fundamentos da metodologia científica. São Paulo, Ed.


Atlas

Lea, J. (1988). Tourism and development in the Third World. New York: Routledge.

Lopes, J. e Aibéo, B., (2004), Os Públicos da Cultura em Santa Maria da Feira.


Afrontamento

Luna, S.(1999), Planejamento de pesquisa: uma introdução. São Paulo, EDUC.

Macdonnel, I., Allen, J. e O’Toole, W (1999). Festival and Special Event Management.
Brisbane, John Wiley and Sons.

McIntosh; R. E Gupta S.(1993). Turismo Planeación, Administración y Perspectivas.


Cidade do México, Limusa Grupo Noriega Editores.

Mathieson, A. e Wall, G., (1982), Tourism – economic, physical and social impacts.
London, Longman

Mathieson, A. e Wall, G., (1990, or. 1996). Turismo. Repercusiones económicas,


físicas y sociales. México: Trillas.

119
Os Impactos dos Eventos Turísticos: O caso da Viagem Medieval em Santa Maria da Feira.

Melo, S. (2004). Actas dos ateliers do Vº Congresso Português de Sociologia –


Sociedades Contemporâneas: Reflexividade e Acção. Atelier: Artes e Cultura – “Santa
Maria da Feira: A função das artes de rua para a definição e projecção de uma
política cultural local”.

MIings, R. e Chuulikpongse, S. (1994). Tourism in far southern Thailand: a


geographical perspective, Tourism Recreation Research, Vol. 19 No. 1.

MOAI, Consultoria em turismo – Estudo sobre a visitação da Viagem Medieval.


Relatório da visitação da Viagem Medieval de 2001 da Câmara Municipal de Santa
Maria da Feira.

Murphy, P. (1985): Tourism. A community approach. London: Routledge.

National Trust for Historic Preservation (1993). How to Succeed in Heritage Tourisme.
London.

OMT (1980). Tendências de evolução aos níveis mundial, europeu e nacional. Porto,
Associação Empresarial de Portugal.

OMT (1996). Desarrolo turístico sostentenible: guia para planificadores locales.


Madrid, OMT.

OMT (2001). Introdução ao turismo. Trad. CÓRNER, D. São Paulo: Roca.

Pearce, D. (1989), Tourisme Development. 2ª Edição, Longman and New York; Wiley.

Pires, E. (2004), As Inter-relações Turismo, Meio Ambiente e Cultura. Edição: Instituto


Politécnico de Bragança.

Pratley, D. (1995), The role of culture in local economic development. in SANTOS, M.


L. L. (coord.), Cultura & Economia, Lisboa, Instituto de Ciencias Sociais da
Universidade de Lisboa.

Ratz, T. (2002). The Social-Cultural Impacts of Tourism. Disponível em


http://www.geocities.com/. (Consultado em 28-03-2009).

Richards, G., (2001). Cultural Attractions and European Tourism. CABI Publishing,
Oxon

Ruschmann, D. (1997). Turismo no Brasil: análises e tendências. São Paulo, Manole.

Ruschmann, D. (1997 ou 1999). Turismo e planejamento sustentável – a protecção do


meio ambiente. 5ª Edição. Papirus Editora.

120
Os Impactos dos Eventos Turísticos: O caso da Viagem Medieval em Santa Maria da Feira.

Santana, A. (1997). Antropología y Turismo. Barcelona. Editorial Ariel.

Tuckman, B. (2000).Manual de Investigação em Educação. (Trad. Portuguesa).


Lisboa: Fundação Calouste Gulbenkian.

Vieira, C., Lima, E. (1998) Metodologia da Investigação Científica – Caderno de texto


de apoio (pp. 61- 71). 6º edição, Coimbra.

Waterman, S.(1998). Carnivals for elites? The cultural politics of arts festivals.
Progress in Fuman Geography, 22(1), 55-74.

World Commission on Environment and Development (1987). Our Common Future.


(The Brundtland Report). Oxford University Press, London.

WTO, (1985), The states role in protecting and promoting culture as a factor in
tourism development and the proper use and exploitation of the national cultural
heritage of sites and monuments for tourists. WTO, Madrid.

WTO, (1993). Sustainable Tourism: Guide for local planners. Madrid, Tourism and
the Environmental Publication.

Yeomann, I., Robertson, M., Ali-Knight, J., Drummond, S. e MacMahon-Beattie, U.


(2006). Gestão de Festivais e eventos: uma perspective internacional de artes e
cultura. Editora Roca, São Paulo.

Zeppel, H. e Hall, C.M. (1991). Selling Art and History: Cultural Heritage and
Tourism. The Journal

Sites Consultados

https://www.cm-feira.pt/portal/site/cm-feira/turismo (consultado em 24/03/2009).


http://www.feiraviva.com/ (consultada em 07/07/2009)
http://www.besalu.cat/medieval/ (consultado em 04/10/2009)
http://www.setmanamedieval.org/ (consultado em 04/10/2009)

121
Os Impactos dos Eventos Turísticos: O caso da Viagem Medieval em Santa Maria da Feira.

Anexos

Anexo I – Questionário Aplicado às Entidades

Por favor, leia a seguinte definição de Impactos do Turismo:

Impacto, em turismo, é o resultado da interacção entre os turistas, as comunidades locais e os


meios receptores.

Doris Ruschmann (1993) afirma:


“Os impactos do turismo referem-se à gama de modificações ou sequência de eventos,
provocados pelo processo de desenvolvimento turístico nas localidades receptoras.”

O turismo envolve pessoas e destinos gerando consequências tanto benéficas quanto maléficas
no meio ambiente onde é desenvolvido. A percepção destes impactos não é fácil de ser medida,
visto que o turismo interage com diversos sectores da actividade económica e envolve também
modificações nos aspectos físicos e sociais. A necessidade de sistematizar o conhecimento
relacionado a práticas existentes da actividade turística e os impactos reais gerados na cidade
de Santa Maria da Feira percebidos pelas pessoas envolvidas com a actividade turística é o
fundamento para a realização desta pesquisa. Acreditamos que é importante a elaboração de
pesquisas para encontrarmos respostas as nossas investigações e contribuir, de alguma forma,
para o desenvolvimento sustentável do turismo em Santa Maria da Feira.

Universidade Fernando Pessoa


Mestrado em Ciências Empresariais
Este questionário tem como objectivo avaliar os impactos do evento turístico “Viagem Medieval” em Santa Maria da
Feira.
A sua colaboração é indispensável, pois sem ela este estudo seria de todo impossível e garantimos-lhe, desde já, o
seu total anonimato. Agradece-se a atenção dispensada e apela-se à sua sinceridade ao responder às questões
apresentadas. Seleccione as suas respostas com uma cruz (X). Antes de entregar, verifique por favor, se todas as
questões foram respondidas.
Muito Obrigada!
Aluna do Mestrado em Ciências Empresariais - UFP – Rosário Barros

Data: 2009 Nº Questionário:

Q1. A Entidade que representa é:


1. Um organismo Público
2. Uma Associação
3. Uma Empresa Privada
4. Outro (escrever qual):
Nome da Entidade:
Opcional Morada:
Contacto: E-mail:

Numero de colaboradores / funcionários

Q2. A Entidade que representa já alguma vez participou na “Viagem Sim Não

122
Os Impactos dos Eventos Turísticos: O caso da Viagem Medieval em Santa Maria da Feira.

Medieval”

Q3. Se nunca participou, passe por favor para Q5.


Se já participou, escolha a(s) opção(ões) referente(s) à forma de participação.
5. Organização/Planeamento
6. Nos grupos de animação cultural
7. Nas tendas oficiais de artesanato
8. Nas tabernas oficiais de repasto
9. No sistema de ordem e segurança do evento
10. Outro (por favor, especifique qual):

Q4. Desde a primeira edição, entre 1996 e 2008, quantas vezes a Entidade participou na
“Viagem Medieval”?
1 a 3 vezes 4 a 6 vezes 7 a 9 vezes 10 a 12 vezes

Q5. Em que medida considera a “Viagem Medieval” importante para o desenvolvimento de SMF.

(Assinale com um X o número que mais se aproxima da sua opinião, sabendo que o nº 1
corresponde a “Nada Importante” e o nº 7 a “Extremamente Importante”).
Nada importante 1 2 3 4 5 6 7 Extremamente importante

Q6. Porquê? (Enumere duas razões face à opção em Q5)

Q7. Assinale com um X o quadrado relativo a cada um dos aspectos com o número que mais se
aproxima da sua opinião, sabendo que o nº 1 corresponde a “Discordo completamente” e
o nº 7 a “Concordo plenamente”, relativamente aos impactos económicos positivos da
Viagem Medieval em SMF.
11. Criação de emprego
1 2 3 4 5 6 7
12. Aumento do volume de vendas no comércio
1 2 3 4 5 6 7
13. Aumento da colecta de impostos
1 2 3 4 5 6 7
14. Aumento do consumo de artesanato e de produtos locais
1 2 3 4 5 6 7
15. Atracção de novos investimentos e desenvolvimento de empresas
1 2 3 4 5 6 7

123
Os Impactos dos Eventos Turísticos: O caso da Viagem Medieval em Santa Maria da Feira.

16. Outro (especificar):


1 2 3 4 5 6 7

Q8. Assinale com um X o quadrado relativo a cada um dos aspectos com o número que mais
se aproxima da sua opinião, sabendo que o nº 1 corresponde a “Discordo completamente”
e o nº 7 a “Concordo plenamente”, relativamente aos impactos económicos negativos da
Viagem Medieval em SMF.
17. Especulação mobiliária
1 2 3 4 5 6 7
18. Aumento do custo de vida
1 2 3 4 5 6 7
19. Aumento da sazonalidade turística
1 2 3 4 5 6 7
20. Dependência excessiva do evento
1 2 3 4 5 6 7
21. Mão-de-Obra desqualificada na área
1 2 3 4 5 6 7
22. Outro (especificar):
1 2 3 4 5 6 7

Q9. Assinale com um X o quadrado relativo a cada um dos aspectos com o número que mais
se aproxima da sua opinião, sabendo que o nº 1 corresponde a “Discordo completamente”
e o nº 7 a “Concordo plenamente”, relativamente aos impactos sociais positivos da
Viagem Medieval em SMF.
23. Diminuição do índice de desemprego
1 2 3 4 5 6 7
24. Melhoria e desenvolvimento das infra-estruturas (acessos, saúde,
saneamento básico, apoio social…) 1 2 3 4 5 6 7
25. Aumento do nível de formação da mão-de-obra e incremento da
qualidade dos serviços 1 2 3 4 5 6 7
26. Aumento da qualidade de vida
1 2 3 4 5 6 7
27. Consciencialização e Educação da Comunidade
1 2 3 4 5 6 7
28. Outro (especificar):
1 2 3 4 5 6 7

Q10. Assinale com um X o quadrado relativo a cada um dos aspectos com o número que
mais se aproxima da sua opinião, sabendo que o nº 1 corresponde a “Discordo
completamente” e o nº 7 a “Concordo plenamente”, relativamente aos impactos sociais
negativos da Viagem Medieval em SMF.
29. Aumento da criminalidade
1 2 3 4 5 6 7
30. Aumento da tensão social (aparecimento/aumento de grupos
desfavorecidos) 1 2 3 4 5 6 7
31. Aumento do Congestionamento e tráfego urbano
1 2 3 4 5 6 7
32. Problemas de Infra-estruturas básicas
1 2 3 4 5 6 7
33. Exploração do visitante/turista (ex.: aumento dos preços)
1 2 3 4 5 6 7

124
Os Impactos dos Eventos Turísticos: O caso da Viagem Medieval em Santa Maria da Feira.

34. Outro (especificar):


1 2 3 4 5 6 7

Q11. Assinale com um X o quadrado relativo a cada um dos aspectos com o número que
mais se aproxima da sua opinião, sabendo que o nº 1 corresponde a “Discordo
completamente” e o nº 7 a “Concordo plenamente”, relativamente aos impactos
culturais positivos da Viagem Medieval em SMF.
35. Valorização do artesanato
1 2 3 4 5 6 7
36. Valorização da herança cultural
1 2 3 4 5 6 7
37. Valorização e preservação do património histórico e cultural Feirense
1 2 3 4 5 6 7
38. Incremento do interesse pela cultura (história, musica, teatro, dança)
1 2 3 4 5 6 7
39. Envolvimento da comunidade no evento
1 2 3 4 5 6 7
40. Outro (especificar):
1 2 3 4 5 6 7

Q12. Assinale com um X o quadrado relativo a cada um dos aspectos com o número que
mais se aproxima da sua opinião, sabendo que o nº 1 corresponde a “Discordo
completamente” e o nº 7 a “Concordo plenamente”, relativamente aos impactos
culturais negativos da Viagem Medieval em SMF.
41. Descaracterização do artesanato
1 2 3 4 5 6 7
42. Perda da identidade e cultura locais
1 2 3 4 5 6 7
43. Destruição do património histórico
1 2 3 4 5 6 7
44. Encenação do interesse cultural visando o interesse meramente
comercial 1 2 3 4 5 6 7
45. Arrogância cultural (não há contacto entre visitantes e população local)
1 2 3 4 5 6 7
46. Outro (especificar):
1 2 3 4 5 6 7

Q13. Assinale com um X o quadrado relativo a cada um dos aspectos com o número que
mais se aproxima da sua opinião, sabendo que o nº 1 corresponde a “Discordo
completamente” e o nº 7 a “Concordo plenamente”, relativamente aos impactos
ambientais positivos da Viagem Medieval em SMF.
47. Utilização racional dos espaços (urbano e verdes)
1 2 3 4 5 6 7
48. Criação de planos e programas de conservação e preservação do meio
ambiente 1 2 3 4 5 6 7
49. Promoção da descoberta de aspectos naturais não valorizados
1 2 3 4 5 6 7
50. Utilização de parte das receitas do evento para o equipamento e
preservação dos recursos 1 2 3 4 5 6 7
51. Sensibilização e consciencialização ambiental da comunidade local
1 2 3 4 5 6 7

125
Os Impactos dos Eventos Turísticos: O caso da Viagem Medieval em Santa Maria da Feira.

52. Outro (especificar):


1 2 3 4 5 6 7

Q14. Assinale com um X o quadrado relativo a cada um dos aspectos com o número que
mais se aproxima da sua opinião, sabendo que o nº 1 corresponde a “Discordo
completamente” e o nº 7 a “Concordo plenamente”, relativamente aos impactos
ambientais negativos da Viagem Medieval em SMF.
53. Ocupação desordenada do espaço
1 2 3 4 5 6 7
54. Poluição do solo e da agua
1 2 3 4 5 6 7
55. Poluição do ar provocada pelo ruído e emissão de gases
1 2 3 4 5 6 7
56. Descaracterização da paisagem provocada pela construção de
equipamentos turísticos 1 2 3 4 5 6 7
57. Destruição da Fauna e Flora
1 2 3 4 5 6 7
58. Outro (especificar):
1 2 3 4 5 6 7

Caso queira fazer alguns comentários, deixe aqui a sua opinião:

Muito obrigada pela sua preciosa colaboração!

126
Os Impactos dos Eventos Turísticos: O caso da Viagem Medieval em Santa Maria da Feira.

Anexo II – Questionário Aplicado à População

Este questionário tem como objectivo avaliar os impactos do evento turístico “Viagem Medieval” em Santa Maria da Feira.
A sua colaboração é indispensável, pois sem ela este estudo seria de todo impossível e garantimos-lhe, desde já, o seu total anonimato.
Agradece-se a atenção dispensada e apela-se à sua sinceridade ao responder às questões apresentadas. Seleccione as suas respostas com
uma cruz (X). Antes de entregar, verifique por favor, se todas as questões foram respondidas.
Muito Obrigada!
Aluna do Mestrado em Ciências Empresariais - UFP – Rosário Barros

Data: 2009 Nº Questionário:

Identificação (Opcional):
Idade: 15-25 26-35 36-45 46-55 56-65 + 66
Sexo Masculino: Sexo Feminino:
Residente em:
Q15. Já alguma vez visitou a “Viagem Medieval” Sim Não

Q2. Se já alguma vez participou na “Viagem Medieval”, assinale por favor, de que forma.
Nos grupos de animação cultural
Nas tendas oficiais de artesanato
Nas tabernas oficiais de repasto
No sistema de ordem e segurança do evento
Q3. Desde a primeira edição, entre 1996 e 2008, quantas vezes participou na “Viagem
Medieval”?
1 a 3 vezes 4 a 6 vezes 7 a 9 vezes 10 a 12 vezes

Q4. Em que medida considera a “Viagem Medieval” importante para o desenvolvimento de SMF.
(Assinale com um X o número que mais se aproxima da sua opinião, sabendo que o nº 1
corresponde a “Nada Importante” e o nº 7 a “Extremamente Importante”).
Nada importante 1 2 3 4 5 6 7 Extremamente importante

Q5. Assinale com um X o quadrado com o número que mais se aproxima da sua opinião,
sabendo que o nº 1 corresponde a “Discordo completamente” e o nº 7 a “Concordo
plenamente”, relativamente aos impactos da Viagem Medieval em SMF.
O evento atrai mais investimentos 1 2 3 4 5 6 7
Aumenta o congestionamento e tráfego urbano 1 2 3 4 5 6 7
Melhora as infra-estruturas públicas (saneamento básico, rodovias, etc.) 1 2 3 4 5 6 7
Cria postos de trabalho 1 2 3 4 5 6 7
Aumenta os preços 1 2 3 4 5 6 7
Aumenta a tensão social (aparecimento/aumento de grupos desfavorecidos) 1 2 3 4 5 6 7
Promove o comércio e indústria locais 1 2 3 4 5 6 7
Aumenta os meios recreativos e de lazer 1 2 3 4 5 6 7
Descaracteriza o artesanato 1 2 3 4 5 6 7
Incentiva a restauração dos edifícios históricos 1 2 3 4 5 6 7
Recupera o artesanato 1 2 3 4 5 6 7
Causa a perda de identidade e cultura locais 1 2 3 4 5 6 7
Aumenta o custo de vida 1 2 3 4 5 6 7
Aumenta a sensibilização e consciencialização ambiental da comunidade local 1 2 3 4 5 6 7
Destrói o património histórico 1 2 3 4 5 6 7

127
Os Impactos dos Eventos Turísticos: O caso da Viagem Medieval em Santa Maria da Feira.

Aumenta a poluição ambiental (ruído, solos, água) 1 2 3 4 5 6 7


Anexo III – Oferta Turística de SMF

1. Atracões Turísticas e Culturais

1.1. Praça da República

Trata-se de uma das praças mais antigas de Santa Maria da Feira e durante muitos anos
foram-lhe dados diversos nomes até á denominação actual.

Esta praça já sofreu bastantes alterações ao longo dos anos, devido principalmente a opções
urbanísticas, ou pelo acto de compra e venda de algumas das principais casas, e remodelações
destas. O que se conserva inteiramente nesta praça é mesmo o chafariz.
Há poucos anos, esta foi reabilitada, e foi proibida a circulação automóvel.

1.2. Castelo

O Castelo da Feira, ex-libris da cidade, é um exemplar de arquitectura militar medieval,


que remonta ao século XI, e representa um grande ponto de importância estratégica e
militar devido à sua localização, tendo constituído na época da reconquista uma
importância vital para o Condado Portucalense. Este contém uma história cheia de
acontecimentos épicos e já terá sido residência e paço de grandes Senhores, tendo
reforçado assim o seu prestígio.

Alvo de duas intervenções sucessivas, torna-se nesta altura, na mais notável construção
militar portuguesa da época, ao ser dotado de estruturas de reaproveitamento de
adaptação em toda a muralha de ameias, rasgos de seteiras e armas de fogo, entre outras.
Recentemente, foi submetido a um plano de requalificação e revitalização do Castelo,
tendo como objectivo devolver a este movimento o protagonismo que já teve, agora não
ao nível militar, mas sim a nível cultural.

1.3. Igreja Matriz e Convento dos Lóios

128
Os Impactos dos Eventos Turísticos: O caso da Viagem Medieval em Santa Maria da Feira.

O edifício é de arquitectura seiscentista, do estilo maneirista e encontra-se agregado ao


Museu Convento dos Lóios.
A igreja foi construída em duas fases, começando por ter a capela-mor e o cruzeiro, só
depois construída a nave. Destaque-se neste edifício a monumental escadaria de acesso
ao portal principal, bem como, no interior, ao predomínio de mármores brancos e rosa,
dos retábulos, do belíssimo órgão e da luminosidade dada pelo uso de talha dourada.

Quanto ao convento dos Lóios brevemente passará a funcionar como núcleo


coordenador da rede municipal de museus, tendo como objectivo, gerir, divulgar e
enriquecer bens culturais (móveis ou imóveis). Para além disso funcionam ao longo do
ano exposições e por vezes durante as férias cursos de Artes plásticas.

1.4. Igreja da Misericórdia

Esta igreja ocupa o sítio da igreja paroquial de S. Nicolau, tendo sido construído este
actual edifício em 1960, dedicado à Nossa Senhora dos Prazeres.

Trata-se de uma construção de uma só nave, e a capela-mor encontra-se coberta por


uma abóbada com nervuras, existência de um coro alto e o retábulo principal é de estilo
barroco. No exterior, depara-se com uma escadaria setecentista, com um chafariz de alto
espaldar, integrado, no patamar central.

1.5. Solar dos Condes de Fijô

Situado em Santa Maria da Feira, este edifício que pertenceu aos condes de Fijô, terá
sido reconstruído em meados do século XIX. Esta construção de largas janelas
rectangulares, apresenta no cimo da fachada a pedra de armas em calcário, decorado
com temas assimétricos ao puro gosto setecentista.

A 29 de Janeiro de 1975 este edifício começou a funcionar como Centro de Cultura e


Recreio do Orfeão de Vila da Feira e, a 1 de Novembro deste mesmo ano, os Condes de
Fijô, os Corte-Real, deslocaram-se à Vila da Feira, para entregar o Solar de Fijô, à
Comissão Instaladora do Orfeão, para nele ser instalada a sede. Recentemente este
edifício foi restaurado.

129
Os Impactos dos Eventos Turísticos: O caso da Viagem Medieval em Santa Maria da Feira.

1.6. Quinta das Ribas

Este espaço de Turismo de Habitação encontra-se situado em Santa Maria da Feira.


Logo à entrada, as árvores seculares e o portal de granito trabalhado do século XVIII,
dão as boas vindas aos visitantes, dando acesso a um pátio exterior e à capela, decorada
com um altar barroco. Com 6 quartos de grande requinte é, de igual modo, o local
apropriado para a realização de festas e eventos.

1.7. Europarque

O Europarque é um centro de Congressos, mas não só. É também responsável pelo


desenvolvimento do turismo na cidade, pois atrai bastantes visitantes, devido à grande
variedade de actividades que nele existe.

Encontra-se dotado de vários pólos, como, o Centro de Congressos, o Centro Cultural, o


IDIT e o Centro de Ciências, o Visionarium. Para além destes pólos podemos ainda
contar com uma considerável área natural envolvente, e com o Hotel Íbis. O Europarque
está implantado num terreno com uma área total de 150 hectares, integrando no seu
espaço:

1.8. Centro de Congressos

Caracteriza-se pela flexibilidade dos espaços que lhe permitem adaptar-se às mais
diversas dimensões e iniciativas: grandes congressos, jornadas, seminários,
conferências, reuniões, workshops, etc.. Esta estrutura permite ainda a realização de
vários eventos em simultâneo sem qualquer interferência entre si.

1.9. Centro Cultural

Esta actividade constitui um importante valor acrescentado ao permitir conciliar eventos


de carácter empresarial com acontecimentos de índole cultural.

130
Os Impactos dos Eventos Turísticos: O caso da Viagem Medieval em Santa Maria da Feira.

1.10. Centro de Ciência Visionarium

Dedicado à divulgação científica e considerado o segundo melhor Museu da Europa em


2000, o Visionarium possui 160 experiências que podem ser manipuladas pelo visitante
e uma exposição permanente que se organiza em cinco Odisseias temáticas: Terra,
Matéria, Universo, Vida e Informação.

1.11. IDIT – Instituto de Desenvolvimento e Inovação Tecnológica

Trata-se de uma estrutura que presta serviços de investigação e desenvolvimento, tendo


como principal objectivo apoiar as empresas do sector industrial, nas áreas tecnológicas
de processamento de materiais por laser, produção mecânica em plataforma CIM,
Vibrações e Acústica Industrial, Ambiente e Poluição, Planeamento e Controlo da
Produção Industrial e Automação e Robótica.

1.12. PortusPark – Parque de Ciência e Tecnologia

O PortusPark está vocacionado e orientado para o acolhimento de empresas de base


tecnológica, preferencialmente orientadas para o sector automóvel, com grande
capacidade inovadora, instituições de investigação e desenvolvimento (I & D) e
instituições de ensino, visando facilitar e potenciar sinergias e processos de
transferência de tecnologia entre elas.

1.13. Biblioteca Municipal

A biblioteca Municipal de Santa Maria da Feira é uma recente construção que conta
com um auditório com uma capacidade para 220 lugares, onde decorrem com
regularidade conferências, colóquios e concertos.

Contém ainda três salas, uma dedicada aos audio-visuais (Dvd’s, CD’s, CD-ROM, etc.);
outra dedicada ás crianças com vários livros de leitura para elas, e ainda uma grande
sala com livros de pesquisa e leitura, computadores e mesas de estudo.

131
Os Impactos dos Eventos Turísticos: O caso da Viagem Medieval em Santa Maria da Feira.

1.14. Cineteatro António Lamoso

O Cineteatro, está lotado de 644 lugares, em que 630 são efectivos. Este espaço
funciona mais para espectáculos teatrais, dança, música ou projecção de filmes, mas
casualmente pode ser utilizado para outras vertentes, como por exemplo reuniões.
1.15. Museus

Como o objectivo de salvaguardar a segurança e conservação da herança cultural do


concelho foi criada a rede municipal de museus de Santa Maria da Feira.

Foram então criados espaços museológicos adequados a cada especificidade, estando


então integrados nesta rede municipal de museus, o Museu Convento dos Lóios, o
Museu do Papel Terras de Santa Maria, os Castros de Romariz e Fiães, a Mamoa de
Laje e Vinhó, a Ponte e Estrada Romana de S. Jorge e a Fábrica do Engenho e ainda
futuramente os Museus Etnográficos, da Indústria da Cortiça e da Arte.

2. Atracões Naturais

2.1. Jardins municipais

Estes jardins contêm um parque de merendas, com acesso directo, através de umas
escadarias, a um lago artificial com vários repuxos de água, e uma escultura em bronze,
que os da terra denominam como, as bailarinas. Ao longo dos jardins existem diversos
bancos, que para além de poderem ser usados como repouso, servem sobretudo para
usufruir da natureza proporcionada sobretudo pelo arvoredo da Alameda Roberto Vaz
Oliveira.

2.2. Quinta do Castelo

Sendo uma construção algo romântica, a Quinta do Castelo é um dos locais a visitar em
Santa Maria da Feira. Com grutas artificiais e um lago, construídos em 1916, e sem

132
Os Impactos dos Eventos Turísticos: O caso da Viagem Medieval em Santa Maria da Feira.

deixar de referir a vegetação, e os múltiplos trilhos existentes, que proporcionaram os


passeios pedestres na a natureza.

2.3. Jardins do Europarque

Os jardins do Europarque dizem respeito à área natural envolvente do Europarque. É


uma área dotada de bosques, jardins e de um lado artificial. Existem ainda os Jardins
Temáticos que oferecem diversão com a prática de jogos de água e científicos.
3. Outros locais de interesse turístico

3.1. Castro de Romariz

O Monte do Castro de Romariz é uma pequena elevação situada a NE da Igreja


Paroquial, que termina superiormente num planalto quase horizontal coma a área de
16.300 m². As vertentes a Norte, Nascente e a Sul são abruptas com um declive que
varia entre os 40 e 50% numa extensão de cerca de 400m. Do lado do Poente o declive é
muito mais suave. Para defesa da fortificação foi cavado, deste lado e em forma de de
arco, um fosso que mede 470m de comprimento e 10m de largura, em média. É a "Rua
dos Mouros".

Está classificado pelo IPPAR como Imóvel de Interesse Público desde 1945

3.3. Casa da Quinta do Engenho Novo

Outras designações: Museu do Papel de Terras de Santa Maria ou Parque Municipal.

O Engenho Novo, nome pelo qual é conhecida a primeira fábrica de papel existente em
Paços de Brandão, foi fundado em 1795 pelo Padre José Pinto de Almeida, datando o
Alvará régio outorgado por D. Maria I de 8 de Maio de 1797.

A propriedade, com a sua vegetação, foi convertida em Parque Municipal depois da


Câmara ter adquirido os terrenos e a fábrica para aqui instalar um dos núcleos do Museu
do Papel. Na verdade, o Município da Feira comprou, em 1992, três unidades fabris - a
fábrica Custódio Pais, o Engenho Novo e a fábrica dos Azevedos - com o objectivo de

133
Os Impactos dos Eventos Turísticos: O caso da Viagem Medieval em Santa Maria da Feira.

salvaguardar o património industrial da região, que se encontrava em risco de


desagregação.

O núcleo museológico central ficou sediado na fábrica Custódio Pais, cuja recuperação
teve início em 1998, após um aturado trabalho de investigação. As restantes duas
fábricas foram constituídas como pólos complementares.

3.4. Zoo de Lourosa - Parque Ornitológico Municipal

Em funcionamento desde 1990, é um dos melhores parques ornitológicos da Europa.


Contando com mais de 500 espécies e cerca de 3000 aves, o parque reúne exemplares
oriundos de todos os cantos do globo, integrados no seu habitat natural, incluindo
muitas espécies raras ou em vias de extinção.

3.5. Quinta da Torre - São João de Ver

A Casa da Torre é um dos exemplos de edifícios brasonados do concelho,


correspondendo a um vínculo antigo, mas cujos proprietários apenas foram nobilitados
em 1904, através do título de Condes de S. João de Ver, instituído por D. Carlos a favor
de Augusto da Cunha Sampaio Maia. Classificado - IIP Imóvel de Interesse Público

3.6. Termas das Caldas de São Jorge

Termas de S. Jorge apresentam-se como um refúgio para cuidar e revigorar o corpo,


descansar e proporcionar um bem-estar duradouro, num ambiente de beleza natural.

Conjugar natureza, património e prazer é o que oferece esta estância termal, associando
a actividade terapêutica ao bem-estar e ao turismo. As suas águas - do tipo cloretado
sódico sulfúrea - estão indicadas para o tratamento de doenças do aparelho respiratório,
reumáticas, músculo-esqueléticas, da pele e do foro nervoso.

4. Eventos Culturais

134
Os Impactos dos Eventos Turísticos: O caso da Viagem Medieval em Santa Maria da Feira.

Santa Maria da Feira afirma-se no panorama cultural nacional à custa de uma vasta e
diversificada programação que vai desde a programação de espaços como o Cine Teatro
António Lamoso e o Europarque, até aos eventos de rua, que levam muitos a
consideram a Feira como a capital nacional das Artes de Rua. Para reforçar esta
componente, prepara-se a instalação do Centro de Artes de Rua 7 Sóis 7 Luas nas
antigas instalações do Matadouro Municipal. Ao longo de todo o ano, vários eventos
levam mais longe o nome da cidade e da região:

 Festa das Fogaceiras - 20 Janeiro


 Rock.VFR - Março
 Rocktarackt - Concurso de Música Moderna - Março
 Semana Santa
 Volta às Terras de Santa Maria
 Imaginarius - Festival Internacional de Teatro de Rua - Maio
 Feira Negócios - Encontro Económico e Institucional
 Eurozone e Worldzone - Fun Parks temáticos dos campeonatos da Europa e do Mundo
de Futebol
 Viajar no Tempo Rumo à Viagem Medieval
 Festa Europeia da Música - 21 Junho
 Viagem Medieval em Terra de Santa Maria - Agosto
 Festival da Juventude - Setembro
 Festival Internacional de Cinema Jovem
 Festival para Gente Sentada
 Festival de Cinema Luso-Brasileiro
 Terra dos Sonhos - Dezembro

5. Alojamento
Pensão São Jorge
Nova Cruz Hotel
Hotel Ibis Porto Sul Europarque
Residencial dos Lóios
Hotel Feira Pedra Bela
Inatel – Santa Maria da Feira

135
Os Impactos dos Eventos Turísticos: O caso da Viagem Medieval em Santa Maria da Feira.

136

Você também pode gostar