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no 44 Revista do Conselho Empresarial de Turismo e Hospitalidade da CNC

DEZEMBRO 2019 | www.cnc.org.br

Quem pensa e faz o Turismo acontecer

Ministro Marcelo Álvaro Antônio • Leandro Domingos Teixeira Pinto •


Deputada Federal Magda Mofatto • Deputado Federal Vermelho •
Mary Kemp Clarke e Maricar Donato • Carlos Henrique de Vasconcellos •
Fernanda Castelo Branco • Maura Leão • Luciana de Lamare Hashimoto
Turismo Social e Responsável

A publicação Turismo: Cenários em Debate – Turismo Social e


Responsável traz recomendações sobre como avançar rumo a um turismo
sustentável e solidário, propondo o desenvolvimento dos destinos de forma
inclusiva, favorecendo o ambiente de negócios e os empreendimentos sociais.

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Quem pensa e faz
o Turismo acontecer

Rio de Janeiro, 2019


TURISMO EM PAUTA - Quem pensa e faz o Turismo acontecer

2010, número 44, DEZEMBRO 2019

Conselho Editorial: Alexandre Sampaio de Abreu (editor-chefe), Eraldo Alves da Cruz (editor executivo), Geraldo Roque, Ana Paula
de Siqueira, Debora Dutra e Natalie Gonzalez Kneit.

Gerência Executiva de Comunicação: Elienai Câmara | Diagramação: Fábio Louzada | Ilustração: Fábio Louzada (Programação
Visual/Gerência Executiva de Comunicação da CNC) | Revisão técnica: Daniel Dutra | Impressão: Stilgraf Imagens: Marcos
Vicentti/MTur (p.16)

Turismo em Pauta / Confederação Nacional do Comércio de Bens,


Serviços e Turismo. – n. 01, out. 2010- . Rio de Janeiro: Confederação
Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo,
2020.
n. 44, dez. 2019.
Irregular
ISSN 2178-910X
1. Turismo. I. Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e
Turismo. Conselho Empresarial de Turismo e Hospitalidade.
CDD 790.1805

Bibliotecário responsável: João Gabriel Bezerra – CRB-7: 6853

As matérias podem ser integralmente reproduzidas, desde que citada a fonte.


Os artigos publicados nesta revista são de inteira responsabilidade dos autores.
Publicação disponível também em: www.cnc.org.br

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SUMÁRIO

A economia nos embalos do turismo: ações reforçam


o papel do setor como ferramenta de desenvolvimento
Ministro Marcelo Álvaro Antônio ..................... 07

Turismo no Brasil: um gigante ainda pouco explorado


Leandro Domingos Teixeira Pinto .................... 13

Turismo, a indústria que não polui


Deputada Federal Magda Mofatto .................. 19

O potencial turístico do Brasil e o exemplo de


Foz do Iguaçu
Deputado Federal Vermelho ............................ 25

Por que precisamos de guias de turismo profissionais


e de uma Federação Mundial de Guias de Turismo?
Mary Kemp Clarke e Maricar Donato ............... 31

Turismo esportivo e seu papel no desenvolvimento


econômico e social
Carlos Henrique de Vasconcellos Ribeiro ....... 37

Blogs e influenciadores digitais no


turismo: mercado em transformação
Fernanda Castelo Branco.................................. 43

Precisamos falar da inclusão das pessoas com


deficiência no Turismo de Intercâmbio
Maura Leão .....................................................49

A segmentação turística e a sua importância no


desenvolvimento dos destinos
Luciana de Lamare Hashimoto......................... 55
CONFEDERAÇÃO NACIONAL DO COMÉRCIO DE BENS, SERVIÇOS E TURISMO

Presidente: José Roberto Tadros

Vice-presidentes: 1º – Francisco Valdeci de Sousa Cavalcante, 2º – Luiz Carlos Bohn, 3º – Lázaro Luiz

Gonzaga. Abram Abe Szajman, Darci Piana, Edison Ferreira de Araújo, Eliezir Viterbino da Silva, José Arteiro da

Silva, José Lino Sepulcri, José Marconi Medeiros de Souza e Raniery Araújo Coelho

Vice-presidente Administrativo: Luiz Gastão Bittencourt da Silva

Vice-presidente Financeiro: Leandro Domingos Teixeira Pinto

Diretores: Abel Gomes da Rocha Filho, Aderson Santos da Frota, Aldo Carlos de Moura Gonçalves, Alexandre

Sampaio de Abreu, Ari Faria Bittencourt, Carlos de Souza Andrade, Nilo Ítalo Zampieri Júnior, Hermes Martins

da Cunha, Itelvino Pisoni, Ivo Dall’Acqua Júnior, Jeferson Furlan Nazario, José Wesceslau Júnior, Marcelo

Baiocchi Carneiro, Marcos Antônio Carneiro Lameira, Maurício Cavalcante Filizola, Rubens Torres Medrano e

Sebastião de Oliveira Campos

Diretores Administrativos: 1º – Marcelo Fernandes de Queiroz, 2º – Antônio Florêncio de Queiroz Junior

Diretores Financeiros: 1º – Marco Aurélio Sprovieri Rodrigues, 2º – Ademir dos Santos

Conselho Fiscal: Domingos Tavares de Sousa, Lélio Vieira Carneiro e Valdemir Alves do Nascimento

Conselho Empresarial de Turismo e Hospitalidade

Diretor da CNC: Alexandre Sampaio de Abreu

Secretário Executivo: Eraldo Alves da Cruz


EDITORIAL

O
Turismo brasileiro perdeu uma de suas figuras mais emblemáticas.
xCom o falecimento de Oswaldo Trigueiros, o setor perde uma
de suas referências, que contribuiu de forma efetiva para o
desenvolvimento do trade e emprestou seu brilho, durante muitos anos,
ao Conselho de Turismo da CNC.
A revista Turismo em Pauta deixa aqui registrada uma homenagem ao dr.
Trigueiros, na certeza de que seu legado ajudará o Turismo brasileiro a alcançar
todo o potencial que vislumbramos.
E o Brasil vem conseguindo avançar. Esta edição traz artigos que ajudam a
entender o caminho que está sendo percorrido e o que precisamos fazer para
consolidar esse segmento tão importante da nossa economia.
O ministro do Turismo, Marcelo Álvaro Antônio, chama a atenção para os
sucessivos avanços na estruturação do setor durante o novo governo.
Por seu lado, o Congresso Nacional tem um papel igualmente importante.
A deputada Magda Mofatto (PL-GO) e o deputado Vermelho (PSD-PR)
apresentam a experiência em seus estados que podem ser inspiradores para a
conjugação de esforços em ações de sucesso.
Na outra ponta, o relevante papel da iniciativa privada. O vice-presidente
Financeiro da CNC, Leandro Domingos, mostra que o potencial turístico do
Brasil ainda tem muito a ser alcançado e apresenta os atrativos de seu estado
natal, o Acre.
Especialistas no setor analisam temas como turismo esportivo, a importância
de contar com guias bem treinados, o papel dos blogs e influenciadores digitais,
o turismo inclusivo voltado para as pessoas com deficiência e a segmentação
como fator de desenvolvimento dos destinos.
Um cardápio completo para ampliar e compartilhar o conhecimento, fator
essencial para que o Turismo brasileiro siga crescendo.
Boa leitura!
Marcelo Álvaro

A ECONOMIA
NOS EMBALOS
DO TURISMO:
ações reforçam o papel do
setor como ferramenta de
desenvolvimento

MINISTRO MARCELO ÁLVARO ANTÔNIO

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Marcelo Álvaro
Ministro do Turismo, cursou Engenharia Civil
pelo Centro Universitário de Belo Horizonte
(UniBH) e é deputado federal licenciado. Foi
vereador por Belo Horizonte e conquistou
dois mandatos na Câmara dos Deputados,
onde integrou a Frente Parlamentar Mista em
Defesa do Turismo.

O Brasil contabiliza importantes e sucessivos avanços na estruturação


do Turismo durante o novo governo, a partir do atendimento de
antigas reivindicações de empresários do setor. As medidas aprimoram
as condições para o investimento privado no País e cativam a atenção
de atores mundiais do ramo, abrindo perspectivas promissoras de
melhorias na área.

Q
uatro empresas internacionais low costs autorizadas a operar
voos para o Brasil e uma queda média de 23% nos preços
das passagens. Alta de 25% na chegada de estrangeiros de
junho a agosto, após a isenção de vistos a países estratégicos.
Além de evidenciar o impacto econômico positivo de medidas adotadas
pelo governo Jair Bolsonaro, resultados como estes reforçam um
compromisso que certamente elevará o Turismo a um novo patamar: a
melhoria do ambiente de negócios.
Temos um cenário totalmente novo no setor, que pela primeira
vez é prioridade na pauta federal e se beneficia de uma economia
verdadeiramente liberal. Segundo a Confederação Nacional do
Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC), o segmento gerou 25
mil empregos diretos e indiretos a mais em julho na comparação com o
mesmo período de 2018. Enquanto a economia nacional cresceu 0,4%
de janeiro a julho, o Turismo registrou expansão de 3,2%, conforme o
Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
A atenção ao setor conta agora com um importante aliado: o
presidente da República. Grande entusiasta do Turismo, Bolsonaro, de
forma inédita, abriu espaço na agenda não apenas para receber o trade
e ouvir pleitos, mas também para abraçar bandeiras do ramo e torná-lo

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protagonista de mudanças que vão
colocar o Brasil no merecido lugar
de destaque. Prova disso é a edição
da Medida Provisória (MP) nº
907/2019, chamada de “A Hora do
Turismo”, que materializa antigas
reivindicações e elimina obstáculos
no segmento, levando à redução do custo de se viajar no Brasil. A
iniciativa vai melhorar o ambiente de negócios e o ordenamento jurídico
do Turismo, proporcionando a geração e a manutenção de empregos.
De olho na atração de turistas estrangeiros, a MP também transforma
o Instituto Brasileiro de Turismo (Embratur), responsável pela divulgação
do Brasil no exterior, em Agência de Promoção Turística Internacional.
O modelo torna a gestão mais contemporânea, calcada em parcerias
efetivas junto à iniciativa privada, tendo garantidos mecanismos
facilitadores de sua atuação no mercado externo. Isso vai ao encontro
das metas do Plano Nacional do Turismo 2018-2022, de aumentar de
6,6 milhões para 12 milhões o número de estrangeiros no Brasil; e de
elevar a receita com turismo internacional dos atuais US$ 5,9 bilhões
para US$ 19 bilhões.
Outras medidas aprimoram a capacidade turística do País. Um
exemplo vem dos parques temáticos, que, apoiados pelo Ministério do
Turismo (MTur), conquistaram a isenção permanente de imposto sobre
a importação de equipamentos. Para se ter uma ideia das perspectivas,
o segmento fatura mais de R$ 3 bilhões por ano no Brasil, recebe 30
milhões de visitantes e gera 15 mil empregos diretos e 100 mil indiretos.
Com a novidade, que supera um grande entrave ao desenvolvimento
do ramo, a expectativa é de um robusto avanço num setor que, mundo
afora, já recebe mais de 500 milhões de visitantes por ano.
Também trabalhamos pelo melhor aproveitamento dos nossos
patrimônios mundiais culturais e naturais, que ainda ostentam um enorme
potencial subaproveitado. Um deles é a Rota das Missões Jesuítas, que une
destinos sul-americanos e que, graças a um acordo junto ao Mercosul, com
apoio do Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID), recebe estrutura
para se tornar um dos maiores destinos religiosos do mundo. Na mesma
linha, o governo atua para aprimorar o receptivo turístico e promover ícones
como Angra dos Reis - RJ, Jalapão - TO, Lençóis Maranhenses - MA, Serra
da Capivara - PI e a Rota das Emoções (Maranhão, Ceará e Piauí).

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As melhorias são
reforçadas pelo Investe
Turismo, programa do
MTur que tem como foco
a estruturação, a promoção
e o incentivo a negócios em 30 rotas nacionais estratégicas. As ações,
organizadas em conjunto com a Embratur e o Sebrae, dispõem de
um aporte inicial de R$ 200 milhões, e outros R$ 300 milhões serão
destinados a uma segunda etapa. Fase esta em que avançaremos na
oferta de terminais rodoviários de passageiros integrados a aeroportos.
Um primeiro projeto deve ocorrer em Belo Horizonte - MG, com uma
unidade que permita, a bordo de ônibus, conhecer atrativos locais ao
desembarcar.
Parceria é igualmente a palavra de ordem da gestão compartilhada
de áreas da União, que permitirá o uso de espaços ociosos, como no
nosso extenso litoral. Paralelamente, o MTur trabalha junto ao governo
de Portugal pela implementação do Programa Revive, um projeto de
proteção e aproveitamento turístico de imóveis do Estado com valor
arquitetônico, histórico e cultural que não sejam adequadamente
explorados. O objetivo é, novamente em conjunto com a iniciativa
privada, valorizar o patrimônio público, de forma a diversificar a oferta
turística nacional.
A utilização de propriedades
da União abre espaço ainda à
expansão de cruzeiros marí-
timos, com a disponibilização
A atenção ao setor conta agora com de equipamentos como marinas.
um importante aliado: o presidente Tais melhorias vão permitir ao
Bolsonaro, que, de forma inédita, abriu Brasil retomar o protagonismo
espaço na agenda não apenas para nesta indústria, que já chegou a
receber o trade e ouvir pleitos, mas ter 20 navios na costa nacional
também para abraçar bandeiras do ramo durante a temporada 2010/2011,
mas que atualmente oferece
sete embarcações. O segmento
conta ainda com iniciativas como a autorização à construção de portos
com terminais de passageiros exclusivos para cruzeiristas, cuja primeira
unidade, de um total de 15 no País, vai se concretizar em Balneário
Camboriú - SC.

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O turismo vive um
novo momento.
A hora é de investir.

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O Brasil também busca ampliar o turismo em unidades ambientais,
com a participação privada na exploração de serviços ao visitante.
Apesar de o País ter uma das maiores biodiversidades do planeta, o que
forma um cenário fértil ao ecoturismo – sempre aliado à preservação –,
parques nacionais receberam 11,7 milhões de pessoas no ano passado,
número muito aquém das possibilidades. A mudança de paradigma na
exploração destas unidades, que em várias partes do mundo constituem
importantes ativos do Turismo, é um dos nortes do governo.
O Turismo se beneficia ainda do Programa de Parcerias e Investimentos,
voltado a concessões e privatizações de equipamentos como aeroportos e
portos, despertando interesse internacional e contribuindo para melhorar
a nossa conectividade. A iniciativa ajuda a explicar por que, segundo
a Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico
(OCDE), o Brasil virou o quarto principal destino de recursos do G-20.
Contrariando tendências verificadas em algumas das maiores economias
do mundo, o País recebeu US$ 28 bilhões no primeiro semestre de 2019,
atrás apenas de Estados Unidos, China e França; e à frente de Índia,
Canadá, Austrália e Alemanha.
Ciente de que o Turismo reúne todas as condições para se tornar o
próximo grande vetor de crescimento do Brasil, onde já responde por
8,1% do PIB e 7,5% do total de empregos, a atual gestão trata o setor
com atenção estratégica. Não por acaso, conquistamos vaga no Conselho
Executivo da Organização Mundial do Turismo (OMT), entidade que,
como reconhecimento, pela primeira vez em 40 anos, vai celebrar o Dia
Mundial do Turismo de 2020 no Brasil. E mais: de forma inédita na
América do Sul, implantará no País uma unidade do Wakalua, maior
incubadora de startups do planeta, a fim de incentivar inovações.
As sucessivas conquistas alcançadas pelo Brasil pavimentam uma sólida
base para enfrentarmos desafios à consolidação do Turismo como uma
das principais molas propulsoras do desenvolvimento. Sob a liderança de
Jair Bolsonaro – e em permanente parceria junto ao trade –, veremos o
setor impulsionar cada vez mais a formação de riquezas no País. E isso
não significa apenas bons resultados econômicos: representa a garantia de
oportunidades, com geração de emprego, renda e inclusão social a partir
do adequado aproveitamento de todas as nossas virtudes.

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Turismo no Brasil:

um gigante
ainda pouco explorado

LEANDRO DOMINGOS TEIXEIRA PINTO


LUIZ CARLOS BOHN

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Leandro Domingos Teixeira Pinto
Presidente da Federação do Comércio do
Estado do Acre (Fecomércio-AC) e 1º vice-
presidente Financeiro da Confederação
Nacional do Comércio de Bens, Serviços
e Turismo (CNC). Economista e advogado
formado pela Universidade Federal do Acre
(Ufac). Sócio da Comercial de Automóveis
Ltda. Foi assessor do Tribunal de Contas do
Estado do Acre. Participou da criação do
Sebrae AC, posteriormente atuando como
superintendente. Ex-presidente da Companhia
de Eletricidade do Acre (Eletroacre).

O
Brasil é um gigantesco polo turístico, de belezas que
encantam a todos, muitas delas ainda inexploradas. Se há
um consenso entre especialistas e leigos quando o assunto
é o turismo nacional, é que ainda temos um grande potencial a ser
trabalhado. Neste setor, ainda somos o país do futuro, uma promessa
não consumada.
Acredito que é preciso partir do que nos está próximo, daquilo que
mais conhecemos e admiramos, para tocar os corações do mundo. É na
identidade brasileira que está a força de atração dos visitantes de todo
o planeta, e acredito que estes visitantes ainda vão conhecer todos os
nossos recantos e encantos.
Nascido e criado no Acre, um estado ainda distante do imaginário
de tantos turistas brasileiros e estrangeiros, aproveito a honra dessa
oportunidade para apresentar algumas das riquezas da minha terra.
Não farei do tema um exercício de vaidade, mas o caminho para
possibilitar que todos superem o óbvio: ousar desbravar para além das
nossas maravilhas já mapeadas.
Posso garantir que, assim como o Brasil e suas estonteantes maravilhas,
o Acre, um dos nossos estados fronteiriços, apresenta surpresas que
farão a alegria dos viajantes. Para os estrangeiros, significamos o Brasil
profundo e, longe de negar os destinos mais populares e cobiçados,
podemos nos somar, em beleza e graça, a qualquer roteiro de viagem.

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Para os brasileiros, o convite é também uma convocação, um chamado:
venham conhecer um pouco mais da nossa terra, das nossas raízes. “O
Brazil não conhece o Brasil”, cantava a saudosa Elis Regina. Trago aqui
motivos suficientes para transcender essa realidade e lotar os perfis das
redes sociais de selfies em lugares invejáveis.
Para começar pelas palavras mágicas que acionam instantaneamente
o imaginário planetário, o Acre é porta de entrada para a Floresta
Amazônica, nosso orgulho e riqueza. Se o ecoturismo está hoje no
topo da lista de escolhas de viajantes de todo o mundo, a Amazônia
se destaca em qualquer roteiro de um ecoturista que se preze. Afinal,
estamos falando de um dos mais importantes biomas do planeta, repleto
de fauna e flora inumeráveis.
O turismo de natureza já é responsável por quase 20% dos turistas nos
destinos brasileiros. Acreditamos que este percentual tende a aumentar
muito nos próximos anos, e o Acre será beneficiado, sem dúvida, pelo
urgente crescimento da divulgação dos atrativos das nossas belezas
criadas por Deus e preservadas pelos homens.
É sempre bom lembrar e sublinhar:
a Amazônia é a maior floresta do
mundo, com a maior concentração
de água doce e a maior biodiversidade
do planeta. Nossa grande atração
ecológica ocupa área de seis países, Bastante admirado pelos viajantes, o
mas está 60% localizada no Brasil, Parque Chico Mendes é uma atração
onde abrange os Estados do Pará, que mescla cultura e ecologia, em
Amazonas, Maranhão, Goiás, Mato área ambiental bem preservada e
Grosso, Amapá, Rondônia, Roraima cheia de trilhas no meio da mata,
e, é claro, Acre. além de áreas de lazer que fazem a
Os números da Amazônia são quase festa das crianças
tão superlativos quanto a sua beleza.
Além das vastas áreas de florestas, a
região é rica em campos rupestres,
cerrados, matas secas, igapós, manguezais, ilhas, praias fluviais de areia
branca e cachoeiras. Isso sem falar na flora e na fauna, já que existem ali
cerca de 30 mil espécies de plantas e milhares de espécies animais.
Seus quase cinco milhões de metros quadrados abrigam pelo menos
1.800 espécies de pássaros, 280 de mamíferos e mais de três mil tipos
de peixes, sem falar nas inúmeras variedades de árvores e plantas,

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muitas delas ainda não catalogadas. Se tudo isso parece um exagero
ao leitor, faço um convite: simplesmente olhe pela janela do avião ao
sobrevoar os estados do Norte, onde a força da floresta se impõe aos
mais incrédulos olhos.
O que só é possível experimentar ao entrar na floresta, porém, é a
força dos sons produzidos pelos pássaros e mamíferos; e da água que,
generosamente, forma um espelho para a fauna capaz de encantar os
olhos dos turistas mais experimentados em desbravar os destinos mais
impactantes do mundo.
O rio que nasce como Marañon no Peru, a cerca de 5.800 metros
de altitude, chega como Solimões ao Brasil, onde ganha o nome de
Amazonas ao se juntar com o rio Negro nas proximidades de Manaus.
São quase sete mil quilômetros de extensão, com afluentes famosos como
Tapajós, Xingu, Madeira e Jarí, alguns com mais de mil quilômetros.
O nosso Acre, porém, vai além da Amazônia, embora a floresta já
fosse suficiente para justificar uma visita a essa terra tão rica quanto
desconhecida. Com uma população que gira em torno de apenas 900
mil habitantes, nosso estado apresenta, por exemplo, grandes atrativos
para os que apreciam a boa gastronomia, que aqui recebe influências
bolivianas, peruanas, portuguesas e até mesmo libanesas, com um
tempero todo próprio e que garante uma identidade peculiar às nossas
guloseimas. Os peixes amazônicos, saborosíssimos, são uma atração à
parte, com um paladar que se torna inesquecível para os turistas.
Outra atração bastante admirada pelos viajantes é o Parque Chico
Mendes, que mescla cultura e ecologia. É uma área ambiental bem
preservada e cheia de trilhas no meio da mata, além de áreas de lazer
que fazem a festa das crianças. Um mini zoológico com espécies locais é,
inclusive, uma oportunidade de aprendizado para toda a família.

Parque Ambiental Chico Mendes

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Do Parque Chico Mendes é possível seguir para o Palácio Rio Branco,
onde, no lugar das belezas criadas por Deus, destaca-se a riqueza das
maravilhas desenhadas pelos homens. Inspirada nas construções gregas,
a edificação vale como uma aula do passado, abrigando objetos que
contam a história do Acre e de tribos indígenas brasileiras.
Essas são apenas algumas das muitas atrações acreanas, que podem
ser combinadas com um grande número de atividades para os amantes
do turismo de aventura e com visitas não apenas a outros estados do
Norte brasileiro, mas também aos países fronteiriços, formando uma
experiência completa nessa região para os viajantes.

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Como observei no início deste artigo, parto do meu “quintal”, o
Acre, para falar sobre o Brasil e seus potenciais turísticos, ainda tão
inexplorados, mas cada vez mais reconhecidos e divulgados. Como
bem diz o presidente da Confederação Nacional do Comércio de
Bens, Serviços e Turismo (CNC), José Roberto Tadros, o turismo é
um compromisso histórico da entidade, do Sesc e do Senac, tanto que
a evolução da atividade turística no Brasil se confunde com a própria
história da Confederação.
Incentivar o turismo vai muito além de mapear e propagar nossas
atratividades e riquezas. É preciso aumentar a segurança em todo o País,
investir em infraestrutura, aumentar exponencialmente a divulgação do
Brasil no mundo. É preciso também derrubar dogmas e preconceitos,
como os que impedem a legalização dos cassinos. Nossa estimativa é que
isso geraria mais de R$ 15 bilhões em receita por ano, além de 400 mil
postos diretos e indiretos de trabalho.
O turismo é fonte de descanso e prazer, mas para nós, empresários
e líderes empresariais, é preciso levar a atividade turística muito a sério,
como uma importante atividade econômica, talvez aquela com maior
perspectiva de crescimento no País. Se para o turista o Brasil é uma
terra de maravilhas a ser desfrutadas, a atração de viajantes brasileiros e
estrangeiros é, para nós, uma forma de gerar emprego e renda, fazendo
com que nosso País exerça sua vocação de grande potência econômica da
América do Sul e, por que não, de todo o mundo.

Sesc Cruzeiro do Sul - Acre

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Turismo,
a indústria que

não polui

MAGDA MOFATTO

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Magda Mofatto
Deputada federal (PL-GO) e empresária do setor
de Turismo

O
Turismo no Brasil segue crescendo. É o que aponta a pesquisa
semestral do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística
(IBGE), sinalizando um aumento de 4,4%, superior ao
crescimento do PIB em geral e das atividades da indústria e do comércio.
Sempre digo que o Turismo é a indústria limpa do século XXI. É ela
que gera empregos, divisas e receitas e não polui o meio ambiente. Aliás,
também faz questão de realizar ações para preservá-lo.
Esse aumento foi impulsionado, principalmente, pela maior receita
de hotéis, restaurantes e locadoras de automóveis. Regionalmente, oito
dos 12 estados pesquisados acompanharam o crescimento no mesmo
período, com destaque para o Espírito Santo, que apresentou variação
positiva de 9,6%, seguido de Rio de Janeiro (8,8%), Bahia (5,8%), Minas
Gerais (5,6%), São Paulo (5,3%), Pernambuco (4,1%), Ceará (2,1%) e
do meu Estado de Goiás, que vem em crescente acumulada de 0,7%.
Entre janeiro e julho de 2019, a
taxa nacional mostrou crescimento
de 3,2%, frente ao mesmo período
do ano passado, E oito estados
registraram aumento: Ceará (8,5%),
São Paulo (7,1%), Pernambuco
Vê-se que, com técnica, (3,1%) ficaram com o pódio, e
capacitação e trabalho de campo, o Turismo de Goiás marcou um
o turismo brasileiro vem crescendo percentual de 2,3% de acréscimo,
devido à iniciativa privada, mola seguido por Bahia (2,2%), Espírito
propulsora do segmento, mas Santo (1,9%), Minas Gerais (1,7%)
também com apoio das entidades e Rio de Janeiro (0,8%). O que
públicas e administrativas do setor se vê claramente é que os índices
acompanham um aumento
crescente ao longo dos últimos

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meses, mostrando que o turismo nacional passou incólume sobre a longa
crise financeira que assola o País.
Para continuar nas estatísticas do IBGE, julho marcou aumento
2,6% em relação ao mesmo mês de 2018. No mês das férias escolares,
esse crescimento foi ainda maior, na casa dos 4,4%, se comparado com
o ano passado.
Assim como eu fiz no Plenário da Câmara dos Deputados e também
nas redes sociais, o ministro do Turismo, Marcelo Álvaro Antônio,
comemorou os números positivos divulgados pelo IBGE. Ele, que é
um player fundamental do setor, reafirmou a relevância do setor para
alavancar a economia brasileira. “Os dados mostram que o nosso
trabalho está surtindo efeito. Estamos no caminho certo, levando o País
para um desenvolvimento econômico sustentável, sempre com o objetivo
de potencializar o turismo e gerar renda e emprego para a população”,
comentou o ministro.
Assino embaixo do que disse Álvaro Antônio, mas acrescento que esse
trabalho, no caso especificamente de Goiás, começou há tempos, com
iniciativas pioneiras e revolucionárias. Uma delas é o levantamento de
dados para a elaboração do Inventário da Oferta Turística e do Censo
Hoteleiro. Não é possível elaborar nenhuma política pública eficaz sem
diagnóstico prévio e extremamente técnico.
Por isso, eles foram iniciados e aprofundados na gestão do então
secretário de Turismo do Estado de Goiás, Leandro Garcia. Ele, que
chegou a ser presidente do Fórum Nacional de Turismo, começou o
projeto que baliza e fornece dados para a execução do turismo em Goiás.
Isso permitiu a ampliação do Mapa do Turismo dos Municípios
Goianos, com os seguintes moldes: em comparação a 2018, o Estado de
Goiás inseriu 34 municípios no mapa, passando de 49 para 83 cidades
com vocação turística. Elas são distribuídas em dez regiões, classificadas
por suas características geológicas, midiáticas, culturais e gastronômicas.

Goiânia

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O modelo de Goiás foi inserido ao padrão nacional, muito bem
coordenado pelo Ministério do Turismo (MTur). Em todo o País, foram
listados 3.285 municípios em 328 regiões turísticas, um crescimento
exponencial em relação ao mapa de 2016, quando foram registradas
2.175 cidades em 291 regiões.
Vê-se que, com técnica, capacitação e trabalho de campo, o turismo
brasileiro vem crescendo devido à iniciativa privada, mola propulsora
do segmento, mas também com apoio das entidades públicas e
administrativas do setor.
Creio piamente que o grande salto registrado nas estatísticas oficiais
do governo federal é resultado de um amplo trabalho de conscientização
do MTur junto aos gestores municipais e estaduais. Elas focam sempre
na necessidade de identificação e classificação das cidades. É uma forma
de garantir que as políticas públicas e investimentos governamentais
sejam mais adequados à realidade de cada região goiana.
Analisando especificamente o mapa, vejo que ele é um instrumento
muito importante para gestão, estruturação e promoção dos destinos.
Por isso, é fundamental que esteja sempre atualizado, garantindo
eficiência nos municípios que queiram trabalhar o turismo como uma
atividade econômica.
A atualização periódica do mapa faz parte de uma estratégia do
Plano Brasil + Turismo, lançado para fortalecer o setor de viagens
no País. De acordo com o Plano, essa iniciativa começou em 2019 e
prevê a atualização do mapa a cada dois anos. Sua construção é feita
em conjunto com os interlocutores estaduais, que representam o MTur,
e órgãos oficiais de Turismo dos estados brasileiros e instâncias de
governança regional.
Em Goiás, onde participei ativamente da categorização dos municípios
goianos, 33 novos foram selecionados e remetidos às categorias A, B
e C. Os critérios têm como objetivo definir e delimitar o fluxo de
turistas domésticos e internacionais; e, principalmente, a forma como
se apresentam em infraestrutura, logística, estradas, aeroportos (quando
há) e restaurantes para receber os visitantes.
Temos destinos como Goiânia, a capital do estado, focada no turismo
de negócios, feiras e eventos corporativos. Há também Trindade,
município da zona metropolitana de Goiânia, nacionalmente famosa
pela Basílica do Divino Pai Eterno, berço goiano do turismo religioso.

22 CNC | TURISMO EM PAUTA Nº 44 | DEZEMBRO 2019


ABC

Goiânia

CNC | TURISMO EM PAUTA Nº 44 | DEZEMBRO 2019


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Em Caldas Novas, cidade onde sou radicada e da qual sou ex-vereadora,
ex-prefeita, deputada estadual e três vezes deputada federal, temos a
vocação da água termal. Ao lado de Rio Quente, Caldas Novas tem a
maior vazante mundial de águas que brotam da terra com temperatura
média de 35 a 50 graus. Essas e outras características logísticas fazem do
município o terceiro mais visitado do País, junto com Gramado - RS e
Campos do Jordão - SP, além das cidades litorâneas.
Complementa-se na classificação prioritária, A, B e C, os municípios de
Alto Paraíso de Goiás, famoso por suas supostas aparições sobrenaturais
de OVNIs; a cidade de Aruanã, com praias cristalinas às margens do Rio
Araguaia; e ainda as cidades históricas de Abadiânia, Formosa, Goiás e
Pirenópolis, com casario, ruas e praças preservadas desde a colonização
dos bandeirantes, com profunda influência da arquitetura portuguesa.
Os outros 50 municípios goianos figuram nas categorias D e E. Esses
destinos não possuem fluxo turístico nacional e internacional expressivo,
mas possuem papel importante no fluxo turístico regional e precisam de
apoio para a geração e formalização de empregos e estabelecimentos de
hospedagem.
Portanto, como se vê, Goiás tem estruturado um plano de atuação
e coordenação das atividades turísticas em médio e longo prazo. Com
suporte do Ministério do Turismo, que tem um papel de destaque
no governo do presidente Jair Bolsonaro, o turismo nacional vem
colaborando com a retomada do crescimento do País. Tudo sem destruir
e atuando para a preservação do meio ambiente.

24 CNC | TURISMO EM PAUTA Nº 44 | DEZEMBRO 2019


O potencial turístico do
Brasil e o exemplo de

Foz do Iguaçu

VERMELHO (NELSI COGUETTO MARIA)

CNC | TURISMO EM PAUTA Nº 44 | DEZEMBRO 2019


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Vermelho (Nelsi Coguetto Maria)
Advogado, político e empresário, foi eleito
deputado federal pelo PSD do Paraná. É membro
das comissões de Turismo, Agricultura e Viação
e Transportes; participa da Frente Nacional de
Turismo; é presidente da Subcomissão de Turismo
de Natureza; e faz parte do Parlamento do Mercosul.

O
Brasil tem um grande potencial turístico que precisa ser mais bem
aproveitado. Os investimentos e as ações sempre foram acanhados,
mas isso está mudando a partir do governo Jair Bolsonaro, com
as iniciativas do ministro do Turismo, Marcelo Álvaro Antônio.
Se bem aproveitado, o turismo no País poderá impulsionar a
economia, fomentar os negócios e gerar grande número de empregos.
Em 2017, o Turismo injetou US$ 163 bilhões na economia nacional e
gerou 6,9 milhões de empregos. Com as novas medidas que estão sendo
implantadas, o número de empregos poderá saltar para nove milhões.
Entre essas novas medidas, cito a isenção do visto para turistas de
Estados Unidos, Austrália, Canadá e Japão que visitam nosso País; a
abertura das empresas ao capital estrangeiro; a criação de áreas especiais
de interesse turístico; os voos de baixo custo (low cost), que já começam
a operar; a aprovação das alterações na Lei nº 11.771/08, a Lei Geral
do Turismo, modernizando a legislação; e a liberação de cassinos, o que
poderá gerar milhares de empregos e divisas ao Brasil.
Outra medida importante foi o lançamento do programa Investe
Turismo, lançado em Foz do Iguaçu por Álvaro Antônio. O objetivo
é unir o setor público e a iniciativa privada para preparar e promover a
competitividade em 30 rotas nacionais, por meio de um pacote de ações,
investimentos, incentivos a novos negócios, acesso ao crédito, ações de
marketing, inovação e melhoria de serviços.
O Brasil, com suas proporções continentais, tem muito a oferecer aos
turistas que nos visitam: praias maravilhosas nos litorais do Sul, Sudoeste
e Nordeste; as Cataratas do Iguaçu; cidades históricas; maravilhosos
parques nacionais como os do Iguaçu, da Tijuca e a Chapada Diamantina;
a deliciosa gastronomia; a cultura; o rico folclore...

26 CNC | TURISMO EM PAUTA Nº 44 | DEZEMBRO 2019


O exemplo de Foz do Iguaçu
Agora quero falar sobre a minha querida Foz do Iguaçu, onde moramos
e temos os nossos negócios. Promovemos em 2019 alguns eventos, como
o Encontro de Líderes de Turismo, o lançamento do Investe Turismo e
o Festival das Cataratas, e em todos eles o ministro do Turismo citou a
cidade como um exemplo para o País.
Foz do Iguaçu é o portal de entrada do Brasil e precisa de mais
investimentos para alavancar o turismo. Por meio de uma parceria
com Itaipu, Governo do Estado do Paraná e União, conseguimos
viabilizar uma série de obras estruturantes, como a segunda ponte com
o Paraguai; a Perimetral Leste; um grande viaduto na entrada da cidade;
e a ampliação e modernização do Aeroporto Internacional de Foz do
Iguaçu - Cataratas (IGU). Precisamos duplicar a Rodovia das Cataratas,
cujo projeto, bancado pelo Fundo Iguaçu, está no Departamento
Nacional de Infraestrutura de Transportes (DNIT), e o governo estadual
está viabilizando os recursos. Precisamos, também, de outras obras
importantes para dinamizar e agilizar o trânsito na tríplice fronteira.
Graças à Itaipu e à Empresa Brasileira de Infraestrutura Aeroportuária
(Infraero), está definida a ampliação da pista de pouso e decolagem do
nosso aeroporto, numa ação com previsão de investimento de mais R$
70 milhões. Com a ampliação, iremos melhorar a capacidade operacional
de aeronaves, o atendimento à demanda local e comportar voos diretos
para Europa e Estados Unidos. Em breve, o nosso aeroporto será um
hub do Cone Sul, dos países andinos e uma porta das companhias aéreas
de baixo custo.

CNC | TURISMO EM PAUTA Nº 44 | DEZEMBRO 2019


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Como Foz do Iguaçu chegou a
uma situação invejável, de exemplo
para o Brasil? Foi a partir da gestão
integrada do Turismo. Antes, cada
um pensava no próprio umbigo,
remando para lados opostos. Hoje,
todos navegam na mesma direção

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Gestão integrada
Como Foz do Iguaçu chegou a uma situação invejável, de exemplo
para o Brasil? Foi a partir da gestão integrada do Turismo. Antes, cada
um pensava no próprio umbigo, remando para lados opostos. Hoje,
todos navegam na mesma direção.
Idealizada em 2009 pelo ex-superintendente de Comunicação da
Itaipu e atual secretário de Turismo, Gilmar Piolla, a Gestão Integrada
do Turismo de Foz do Iguaçu visa ao desenvolvimento de ações conjuntas,
estratégicas e prioritárias, voltadas para planejamento estratégico
do turismo; divulgação e promoção do Destino Iguaçu; captação de
eventos; e atração de investimentos públicos e privados.
Os resultados foram impressionantes: em 2009, as Cataratas do
Iguaçu receberam pouco mais de um milhão de turistas (1.070.072).
Esse número foi crescendo ano após ano, e em 2018 chegamos a quase
dois milhões visitantes (1.895.508), e em 2019 deveremos ter novamente
números grandiosos.

Veja os números no gráfico abaixo:

A Itaipu Binacional sempre foi uma parceira incondicional das ações


voltadas ao turismo. Neste ano, essa locomotiva ganhou mais energia
com a posse do general Joaquim Silva e Luna como diretor-geral da
empresa. Desde que assumiu o cargo, Silva e Luna adotou uma política
de austeridade que mudou a gestão da usina e passou a ser exemplo
de boa administração no setor público. Os gastos desnecessários
foram cortados, e os recursos agora estão sendo investidos em obras
estruturantes, como a segunda ponte com o Paraguai, a Perimetral
Leste e as melhorias no aeroporto.

CNC | TURISMO EM PAUTA Nº 44 | DEZEMBRO 2019


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Hoje, com apoio dos governos estadual e federal e da Itaipu Binacional,
os investimentos públicos e privados somam mais de R$ 2 bilhões em
obras de infraestrutura, ampliação dos atrativos turísticos e da rede
hoteleira, abertura de lojas francas, novas indústrias e novos negócios.

Iniciativa privada
Com o poder público fazendo a sua parte, investindo em obras
estruturantes e no marketing, a iniciativa privada se animou e também
passou a investir. A hotelaria deve ofertar cerca de 3 mil novos
apartamentos, ampliando o número de leitos para 40 mil.
Ainda em 2019, foi prevista a conclusão do segundo empreendimento
do Recanto Park Hotel, e as obras do terceiro hotel do Grupo Viale
também estão em andamento. O Aquan Prime Resort, primeiro hotel
no modelo multipropriedade, foi lançado recentemente. Com um
investimento na escala de R$ 100 milhões no Aqua Prime Resort, a
Prime Vacation entra no grupo de empresários que estão confiantes no
potencial da cidade.
Isso sem contar a rede de hotéis Hard Rock, que anunciou a construção
de um complexo turístico localizado na Rodovia das Cataratas, com 564
suítes. A área já foi adquirida, e a inauguração está prevista para 2025.
Serão investidos R$ 180 milhões.
Outros hotéis, como Wish Resort, Mabu Thermas Grand Resort e
Cataratas Park, confirmaram reformas e ampliações até o próximo ano.
O Grupo Cataratas prepara a revitalização do Espaço das Américas,
próximo ao Marco das Três Fronteiras. A segunda fase do Blue Park,
do Grupo Mabu, estará concluída até o segundo semestre. Outros
empreendimentos que serão inaugurados: Museu da Harley Davidson,
do Grupo Dreamland, que já oferece três atrações (Museu de Cera, Vale
dos Dinossauros e Bar de Gelo); e Museu do Automóvel.
Bem-vindos a Foz do Iguaçu. A Terra das Cataratas lhe espera de
braços abertos.

30 CNC | TURISMO EM PAUTA Nº 44 | DEZEMBRO 2019


Por que precisamos de

GUIAS DE
TURISMO
profissionais e de uma
federação mundial de
guias de turismo?

MARY KEMP CLARKE E


MARICAR DONATO

CNC | TURISMO EM PAUTA Nº 44 | DEZEMBRO 2019


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Mary Kemp Clarke
é guia de turismo Blue Badge, credenciada
pela Associação de Guias de Turismo da
Escócia desde 1999, e vice-presidente
da World Federation of Tourist Guide
Associations (WFTGA).

Maricar Donato
é especialista em turismo global há mais de 35
anos. É treinadora internacional e embaixadora
e coordenadora de representantes de área
para a World Federation of Tourist Guide
Associations (WFTGA).

S
ão perguntas básicas que nós, como membros da World Federation
of Tourist Guide Associations (WFTGA), a Federação Mundial
das Associações de Guias de Turismo, explicamos e debatemos
por meio de reuniões, conferências, treinamentos e oficinas em todo
o mundo – desde maio de 2019 também no Rio de Janeiro, numa
iniciativa da Maricar Donato.
Reunir associações de guias de turismo e guias individuais de mais de
cem países – com diferentes regulamentações, dados demográficos do
turismo, produtos turísticos e tradições culturais e turísticas – pareceria
uma tarefa inviável para qualquer organização não governamental, não
política e administrada por voluntários. Mas é exatamente isso que a
WFTGA alcançou com sucesso em quase 35 anos de existência. Desde o
começo, reunindo 250 guias em 1985, a Federação se reúne a cada dois
anos para realizar uma assembleia geral de delegados de todo o mundo,
realizada simultaneamente com uma convenção aberta a todos os guias
profissionais. A assembleia elege os funcionários da WFTGA pelos
próximos dois anos e decide o local da próxima reunião, e a convenção
oferece workshops, palestras, mesas redondas e discussões sobre assuntos
relevantes para os guias.
Por meio de discussões e debates, a WFTGA percebeu que, para
serem mais fortes, nossos guias profissionais, que geralmente trabalham
de forma independente, poderiam falar com uma voz mais alta caso
se unissem. Entendemos que, apesar das diferenças óbvias, todos nós

32 CNC | TURISMO EM PAUTA Nº 44 | DEZEMBRO 2019


temos problemas semelhantes a resolver em nossa profissão, e desafios
semelhantes a enfrentar em relação ao nosso papel na indústria do Turismo
em geral. Da sustentabilidade à acessibilidade; da comunicação efetiva
à interpretação divertida; do pagamento de taxas justas à representação
responsável de nossas regiões; do rosto amigável e confortável de nossos
países à entrega de itinerários e experiências inovadoras e, também, à
oferta de programas pessoais para a realização de grandes eventos a
tempo e de acordo com os contratos acordados.
Devemos insistir que todos os membros da WFTGA busquem o
status de licenciado? O licenciamento é implementado de maneira
diferente em todo o mundo, com a qualidade e a substância dos requisitos
variando enormemente, dificultando a comparação entre iguais. Além
disso, nos últimos anos, houve um movimento em alguns países para
afastar as licenças e promover a desregulamentação de nossa profissão.
A Federação contribuiu para as discussões que resultaram na primeira
definição amplamente aceita de um guia de turismo. Trabalhando com
o Comitê Europeu de Normatização (CEN), a WFTGA adotou em
2003 essa definição como um padrão internacional, a ISO/CEN 13809.
Isso diferenciou expressamente o papel de um gerente de turismo ou
líder de turismo do que é ser um guia de turismo profissional, sendo
crucial nessa definição o requisito de uma qualificação credenciada (em
vez de licença).
A definição de um guia de turismo que a WFTGA incentiva todos
os profissionais a adotar contém o seguinte: o guia de turismo é uma
pessoa que guia os visitantes no idioma de sua escolha e interpreta
o patrimônio cultural e natural de uma área, e que normalmente
possui qualificação específica em uma área geralmente emitida e/ou
reconhecida pela autoridade apropriada. Observe que, como um nível
adicional de profissionalismo, a definição afirma que a qualificação deve
ser específica da área, o que significa que nenhum guia profissional pode
honestamente afirmar ser um especialista em qualquer lugar e em todos
os lugares.
Nos últimos anos, a WFTGA lançou os primeiros programas
internacionais de treinamento para guias, estruturados em pequenos
workshops e cursos, concentrando-se apenas nas habilidades de
orientação e no papel do guia no turismo. Essas oficinas são os
ingredientes básicos de cursos de guia de turismo maiores e totalmente
desenvolvidos que a Federação incentiva associações, ministérios, ONGs,

CNC | TURISMO EM PAUTA Nº 44 | DEZEMBRO 2019


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governos e institutos a oferecer ao máximo, permitindo assim uma
qualificação de guia que atenda à norma CEN 15565, adotada em 2008.
A WFTGA atua em consultorias e também pode credenciar os cursos
completos, mas não os ministra porque, de acordo com a definição, é
fundamental para bons padrões profissionais a especificidade da área
em temas relacionados à cultura, ao patrimônio e a assuntos comuns e
específicos.
Você já comparou a palestra de um especialista com poucas habilidades
de comunicação com a de um intérprete que apresenta um assunto difícil
de maneira visual e concisa? O que pode ser mais eficaz e satisfatório para
o público? Um bom guia profissional é mais do que um especialista em
um assunto, é mais do que um organizador, é mais do que um gerente
de tempo, é mais do que um contador de histórias e mais do que um
diplomata. A WFTGA incentiva o treinamento completo para alcançar
uma combinação que faz boa e memorável diferença na vida do visitante.
O ensino simultâneo do conhecimento básico (regional, local e geral)
com habilidades de orientação profissional é essencial em todos os cursos
de treinamento de guias. Pedimos que as habilidades profissionais sejam
ensinadas por guias ativos e qualificados. Recomendamos um mínimo
de 600 horas para um curso de treinamento completo, com uma
proporção de 60% de teoria para 40% de treinamento prático – muitos
países excedem essas horas mínimas, muitos não, e alguns fazem todo o
treinamento do guia em sala de aula em vez de no mundo real. Para uma
qualificação completa do guia, a competência em rotas flexíveis em uma
caminhada, em um local e em um veículo em movimento é essencial.
Há compreensão das habilidades linguísticas e vocais, habilidades de
orientação, planejamento de comentários, dinâmica de grupo, negócios
e conhecimento regional e nacional, portanto, um guia profissional não
precisa ser um acadêmico.
Ao longo dos anos, vimos mudanças no Turismo e no que é exigido
de um guia profissional. A WFTGA tenta resolver essas alterações. Nos
últimos anos, desenvolvemos workshops para os guias de navios de
cruzeiro, fizemos uma parceria com a Organização Mundial de Turismo
(OMT) no projeto Silk Road, realizamos workshops em convenções
para abordar novas tecnologias e como o guia pode usá-las melhor.
Trabalhamos em estreita colaboração com várias organizações parceiras,
incluindo a Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência
e a Cultura (Unesco).

34 CNC | TURISMO EM PAUTA Nº 44 | DEZEMBRO 2019


Em 1990, lançamos o Dia Internacional do Guia de Turismo
da WFTGA, adotado agora por muitas associações para mostrar as
habilidades dos guias profissionais. Em 21 de fevereiro de cada ano,
incentivamos e publicamos o trabalho de guias em suas comunidades
locais, geralmente com temas que espelham o principal tema anual da
OMT com uma inclinação específica em relação aos guias.
Estamos constantemente promovendo o aspecto da profissão, não
apenas em nossas convenções e treinamentos, mas também participando
de feiras e conferências de parceiros. Nesses encontros, aprimoramos o
papel de um guia profissional na indústria do Turismo. Ocasionalmente,
realizamos promoções ou produzimos comunicados para as partes
interessadas do setor.
Guias de turismo são a “face”
de nossa indústria. Muitas vezes,
o guia é o único local que um
visitante conhece adequadamente
e com quem desenvolve uma
amizade. Um guia pode fazer ou
Um bom guia profissional é mais
interromper uma visita a uma
do que um especialista em um
região, uma cidade, um país. No
assunto, é mais do que um contador
entanto, a indústria do Turismo
de histórias. A WFTGA incentiva o
corretamente se concentra
treinamento completo para alcançar
intensamente nas classificações de
uma combinação que faz boa e
estrelas de locais, acomodações,
memorável diferença na vida do
transportes e estabelecimentos
visitante
de comida, mas deixa como
reflexão tardia a mensagem real
que é entregue sobre um local e o seu mensageiro. Isso não é bom o
suficiente para destino algum. Não é bom para o crescimento sustentável.
Não é bom para o visitante. A WFTGA incentiva que todos os seus
membros aceitem o código de prática orientadora como garantia de
profissionalismo de alto nível. Por sua vez, pedimos às partes interessadas
que reconheçam os benefícios da adesão ao código ao usar um guia.
Pedimos aos membros da WFTGA que atuem profissionalmente
no cuidado e no comprometimento, e que sejam livres de preconceitos.
Pedimos que eles garantam que, tanto quanto possível, o que é apresentado
como fato seja verdadeiro, e que seja feita uma distinção clara entre essa
verdade e histórias, lendas, tradições ou opiniões. Pedimos que eles ajam

CNC | TURISMO EM PAUTA Nº 44 | DEZEMBRO 2019


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de maneira justa e razoável em todas as relações com todos aqueles que
contratam os serviços de guias e, também, com colegas que trabalham
em todos os aspectos do Turismo. Pedimos que todos protejam a
reputação do turismo em nosso País, envidando todos os esforços para
garantir que grupos guiados tratem com respeito o meio ambiente, a
vida selvagem, os locais e monumentos e os costumes e sensibilidades
locais. Pedimos que, como representantes do país anfitrião, recebamos
os visitantes e ajamos de maneira a trazer crédito ao Brasil e promovê-lo
como destino turístico. Principalmente, lembramos aos nossos membros
que os guias sempre têm o dever de cuidar de seus visitantes, porque são
embaixadores de seu país ou região.
Não temos estatísticas oficiais de quantas pessoas trabalham como
guias ao redor do mundo. Mesmo onde o registro existe, sempre existem
guias não autorizados. Onde os guias qualificados e credenciados são
muito bem-sucedidos, eles trabalham dentro de uma estrutura não
registrada. Em alguns lugares, recebem honorários justos por seu
profissionalismo, enquanto em outros os agentes dizem aos guias que
gorjetas são tudo o que receberão por seu conhecimento, cuidado e
orientação. A WFTGA só pode incentivar pequenos passos para levar
todos os guias profissionais a um nível de competência acordado e
esperado. Ao reunir guias sob este Fórum, é mais fácil conseguir isso.
Com esse objetivo, incentivamos os guias a formar associações em suas
localidades e em nível nacional. Por meio de associações profissionais,
podem ser abordados assuntos relacionados a treinamento, seguro,
suporte e orientação e desenvolvimento profissional contínuos.
Nosso logotipo simboliza as mãos da amizade e a orientação espalhadas
pelo mundo. Estamos ansiosos para aumentar nossas amizades e
encorajamos você a entrar em contato conosco se tiver alguma dúvida
sobre a WFTGA.

www.wftga.org
info@wftga.org
@WFTGAofficial
Facebook.com/wftga

36 CNC | TURISMO EM PAUTA Nº 44 | DEZEMBRO 2019


Turismo
esportivo
e seu papel no
desenvolvimento
econômico e social

CARLOS HENRIQUE DE VASCONCELLOS RIBEIRO

CNC | TURISMO EM PAUTA Nº 44 | DEZEMBRO 2019


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Carlos Henrique de Vasconcellos Ribeiro
Docente do mestrado profissional em Gestão
do Trabalho da Universidade Santa Úrsula
(RJ); docente do curso de Condutor de
Turismo Esportivo da Fundação de Apoio à
Escola Técnica (Faetec). É pesquisador do
esporte e tem publicações acadêmicas com
interface em empreendedorismo, inclusão
social, migração e turismo.

O
turismo esportivo é uma realidade em algumas partes do mundo,
e países como Austrália e Nova Zelândia estão entre os que têm
aproveitado as suas condições geográficas e climáticas – aliados
a uma extensa cadeia produtiva de profissionais habilitados – para oferecer
condições de receber os que estão dispostos a unir sua viagem à prática
esportiva, seja ela de aventura, lazer ou de competição, como, por exemplo,
uma prova de corrida de rua.
Assim, se a corrida de rua fosse um item agrícola, dela tudo poderia
ser aproveitado. Como um bem para saúde, é fundamental em relação
aos seus benefícios quando praticada de forma moderada, em curtas
e longas distâncias, para iniciantes e veteranos. Mas se correr é um ato
fisiologicamente positivo e socialmente aceito, dela, do ponto de vista
econômico, ainda se sabe muito pouco no Brasil. E é difícil valorizar o que
pouco se conhece.
Pesquisa publicada pelo site runrepeat.com na semana da Maratona
do Rio 2019 –que contou com mais de 40 mil inscritos nesta edição –
demonstrou que a corrida vem ganhando cada vez mais novos adeptos no
País, sobretudo com maior presença feminina, além da presença de uma
faixa etária mais madura, entre os 40 a 50 anos de idade. Faixa etária que
costuma estar identificada com a ascensão profissional e pessoal, na qual
a corrida normalmente ganha outros sentidos, tais como autorrealização,
superação e organização mental. E há um dado da pesquisa que chama
atenção e nos interessa: temos cada vez mais gente correndo em provas
de corridas de rua fora de seus países de origem. Ou seja, o ato de viajar
para correr está cada vez mais popular, tanto em competições de longas
distâncias, como as da maratona (42 km) e meia maratona (21 km), quanto
em corridas mais curtas, como as de 10 km e 5 km.

38 CNC | TURISMO EM PAUTA Nº 44 | DEZEMBRO 2019


Provas bem organizadas e que passam por locais icônicos, que tenham
belezas naturais durante a competição, somam-se às experiencias de antes
e depois do evento, e claro que há impactos econômicos que precisam ser
levados em conta. Tente visitar Nova York na primeira semana de novembro,
por exemplo, e você sentirá no bolso o aumento do preço dos quartos dos
hotéis, sobretudo daqueles localizados nas áreas por onde a maratona da
cidade acontece. E o mesmo vale para Berlim, Londres, Tóquio e a recém-
badalada Jerusalém, sem deixar de mencionar a maratona das maratonas, a
da cidade de Boston.
E até o momento estamos tratando
das corridas de rua, mas há muitos outros
eventos esportivos que atraem pessoas
não apenas para praticar um esporte, mas
também para assisti-lo. São esses os casos Provas bem organizadas e que
dos circuitos de tênis, da Fórmula 1 e das passam por locais icônicos,
finais das competições das ligas europeias de que tenham belezas naturais
futebol. E por escrever sobre futebol, ainda durante a competição, somam-
não temos um circuito de visitas às suas se às experiencias de antes e
instalações – que contam suas histórias, os depois do evento, e claro que
jogadores e as principais conquistas que há impactos econômicos que
atraem torcedores de diversos lugares –, tais precisam ser levados em conta
como encontramos nos clubes argentinos
Boca Juniors e River Plate, isso para ficarmos apenas na América do Sul.
Apesar disso, é em terras brasileiras que é disputada a maior competição de
futebol infantil do mundo, o Go Cup. Esta competição conta com mais
de 300 equipes e cinco mil crianças envolvidas, em mais de 20 campos
de futebol. Uma boa experiencia que acontece na cidade de Aparecida de
Goiânia - GO e atrai, anualmente, mais de 70 mil pessoas em apenas uma
semana durante o mês de abril. É algo que pode se espalhar por outras
regiões do Brasil.
O turismo é uma solução econômica, e em cidades como o Rio de
Janeiro, uma realidade – mesmo que, claro, exista muito a fazer, e ele
esteja mais concentrado em iniciativas pontuais do que referendado
com números de ordem econômica capazes de subsidiar os agentes
públicos. A experiência que a cidade ganhou com a realização, nesta
década, dos maiores eventos esportivos do planeta – a Copa do Mundo,
em 2014, e os Jogos Olímpicos, em 2016 – ainda precisa ser mais bem
compreendida e estudada.

CNC | TURISMO EM PAUTA Nº 44 | DEZEMBRO 2019


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Do ponto de vista arquitetônico e da mobilidade urbana, foram
inúmeras intervenções que permitem criar circuitos turísticos de visitação,
como Barcelona vem fazendo desde que recebeu as Olímpiadas em 1992.
No Rio de Janeiro, conhecer algumas áreas da cidade de bicicleta se tornou
uma realidade, mas ainda são raras as iniciativas para viabilizar circuitos
turísticos entre o Centro e a Zona Sul, por exemplo, mesmo que sejam
inúmeros os postos de compartilhamento de bicicletas espalhadas nestas
áreas.
E, não menos importante, há também uma mão de obra qualificada
que aprendeu a fazer eventos esportivos na iniciativa privada e no poder
público – a partir dos eventos-teste que se sucederam desde que o Rio foi
escolhido como sede dos Jogos Pan-Americanos de 2007 –, e isso é capaz
de ajudar na recuperação econômica, inclusive a partir de eventos e práticas
esportivas de média e pequena dimensão.
Assim, todos os dias turistas visitam as trilhas da Floresta da Tijuca
(mais de 140 mil visitas nas quatro principais entradas de trilhas em 2018);
surfam de stand up paddle em Copacabana; saltam para fazer voo livre em
São Conrado; e visitam as Ilhas Cagarras, mas ainda não temos mais dados
para saber quem são eles na questão de gênero, idade e nacionalidade, por
exemplo. Há ainda a visitação guiada às Arenas Olímpicas Cariocas, ao
Museu da CBF e, claro, ao Maracanã. Estas reforçam nossa identidade
para uma cultura esportiva que remonta aos tempos áureos do hipismo e
do remo, e que por vezes está esquecida até mesmo para os seus moradores.
Como o entorno da Lagoa Rodrigo Freitas, área que apresenta um
significativo cluster de clubes de tradição social e competitiva.
Para encerrar, entre 2013 a 2016, a cidade do Rio de Janeiro chancelou
291 corridas de rua, com uma média de pelo menos uma corrida por fim de
semana . E se é verdade que turismo e comércio andam juntos, há todo um
mercado a eles associado, tais como o das assessorias esportivas espalhadas
pelas áreas públicas da cidade, que incentivam diariamente seus alunos a
correr e criar metas pessoais para continuar a se exercitar, sem contar com
necessária compra de materiais esportivos para essa prática. A corrida de rua
pode ajudar o Rio de Janeiro a voltar a crescer na área do desenvolvimento
econômico, com reflexos na saúde coletiva, no bem-estar social e, para o
que tratamos aqui, no Turismo.
O turismo esportivo é apenas um entre os diferentes e segmentares
ramos da extensa cadeia turística, tais como o turismo social, o de saúde e
o de negócios, sem deixar de mencionar o turismo de eventos. Assim como

40 CNC | TURISMO EM PAUTA Nº 44 | DEZEMBRO 2019


Turismo e comércio
andam juntos

CNC | TURISMO EM PAUTA Nº 44 | DEZEMBRO 2019


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de dados ainda persistem. E é possível fazer mais. Sempre é. É como
se o esporte estivesse hoje passando por um momento de gentrificação,
reconhecimento e valorização, com a cultura esportiva e os seus
benefícios associando-se ao bem-estar e ao estilo de vida para uma
população mundial que vive mais, tem menos filhos e está preocupada
como o futuro do nosso planeta.
Na próxima vez que calçar o tênis para sair às ruas e dar uma corridinha,
ou quando pegar a bicicleta para uma pedalada, pense que cada vez mais
pessoas ao redor do mundo estão dispostas a fazer do esporte uma boa
desculpa para viajar.

Notas
1 Dados extraídos do site https://public.tableau.com/profile/equipe.
pnt#!/vizhome/VisitaonoParqueNacionaldaTijuca/VisitaonoPNT.
Acesso em 04 de agosto de 2019.

2 Dados retirados da pesquisa “Assessorias esportivas em áreas públicas


da cidade do Rio de Janeiro: perfil socioeconômico dos gestores e opor-
tunidades empreendedoras”. Cf. Ribeiro et al (2018).

42 CNC | TURISMO EM PAUTA Nº 44 | DEZEMBRO 2019


Blogs e
influenciadores
digitais no
turismo:
mercado em
transformação

FERNANDA CASTELO BRANCO

CNC | TURISMO EM PAUTA Nº 44 | DEZEMBRO 2019


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Fernanda Castelo Branco
Diretora de Comunicação da Associação
Brasileira de Blogs de Viagem (ABBV) e autora
do blog Vontade de Viajar. Especialista em
marketing digital e formada em Comunicação
pela Universidade Federal do Rio de Janeiro
(UFRJ), com extensão na Universidade do Porto
(U.Porto) e pós-graduação pela Escola Superior
de Propaganda e Marketing (ESPM).

M
ais do que despertar o interesse por um destino, os
inf luenciadores digitais fornecem informações que
impactam o planejamento de viagem, as decisões de
compra e o comportamento de consumo. Para melhor aproveitar
as oportunidades de marketing nesse contexto, as relações
entre marcas e inf luenciadores têm que ser orientadas pelo
profissionalismo.
Os brasileiros realizaram, no último ano, mais de um bilhão
de pesquisas relacionadas a viagens no Google. O volume de
pesquisas tem aumentado, movido principalmente pelas buscas
por informação, que crescem cinco vezes mais que as buscas por
intenção de compra, segundo dados apresentados pela Google na
World Travel Market (WTM) 2019.
Apesar do aumento no volume de pesquisas, o percentual da
população que é viajante (35%) e o percentual de viajantes aéreos
(13%) têm se mantido estável nos últimos três anos – ou seja, temos
as mesmas pessoas viajando, um público cada vez mais experiente
e exigente no processo de compra da categoria de viagem.
Diante desse tipo de demanda, grande parte das pesquisas
não é atendida por empresas ou e-commerces, mas por sites e
plataformas de conteúdo, como blogs e vídeos. Os canais on-line
são hoje a principal fonte de informação para 86% dos viajantes
brasileiros, e os inf luenciadores digitais assumem um papel
relevante nesse contexto.
Mais do que despertar o interesse por um destino, os influenciadores
digitais fornecem informações que impactam o planejamento de
viagem, as decisões de compra e o comportamento de consumo.

44 CNC | TURISMO EM PAUTA Nº 44 | DEZEMBRO 2019


O viajante brasileiro está on-line

O fenômeno do influencer marketing tem uma explicação simples: as marcas


querem estar onde o público está. E os viajantes brasileiros estão on-line.
Desde o Orkut, o Brasil se consolida entre os países que mais usam as redes
sociais, sempre no topo do ranking das maiores plataformas. Somos a segunda
maior população do mundo no Instagram e no YouTube, e a terceira maior
no Facebook e no Twitter. Nós passamos quase nove horas on-line todos os
dias, 25% mais tempo conectados que os americanos. Quando todo o nosso
comportamento social, de negócios e de entretenimento está on-line, as nossas
escolhas de viagem inevitavelmente também passarão por aí.
Nossos hábitos na internet nos fizeram também pioneiros: em 2012, já
havia sido criada a Associação Brasileira de Blogs de Viagem (ABBV), primeira
entidade de classe da categoria, estabelecida antes mesmo da Professional Travel
Blogs Association (PTBA), baseada nos Estados Unidos. Isso mostra como o
mercado de criadores de conteúdo de turismo se estrutura profissionalmente
há bastante tempo no Brasil.
Ainda que o interesse em ações de marketing com influenciadores digitais
tenha tido um “boom” na virada de 2017, o cenário já vem se desenhando há
mais de uma década e não dá sinais de ser uma febre passageira. Pelo contrário:
vem seguindo um processo de amadurecimento cada vez mais acelerado e
bastante articulado, com coletivos e associações; softwares especificamente
desenvolvidos para a gestão de campanhas; e agências e eventos que estimulam
o estabelecimento de boas práticas.

Conteúdo é o caminho para a atenção do consumidor

O que faz o marketing com influenciadores digitais tão interessante é a


possibilidade de ter um conteúdo criado de forma nativa, endossado pela
experiência compartilhada e pela conexão pessoal gerada entre quem publica e
quem interage.
Quando observamos que no YouTube ou no Spotify, por exemplo, o fim
da publicidade é o principal argumento de venda para conquistar assinantes,
percebemos que a oferta de conteúdo é o caminho para a atenção das pessoas.
Embora a publicidade tradicional ainda tenha um peso inegável, mesmo quem
não usa ad blockers na internet já se habituou a ignorar os espaços publicitários –
efeito que ficou conhecido como banner blindness, ou cegueira de faixa, quando
se ignora propagandas, anúncios ou qualquer outro elemento visual comercial.

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46 CNC | TURISMO EM PAUTA Nº 44 | DEZEMBRO 2019
Em vez de interromper o consumo de conteúdo para exibir campanhas,
as marcas que trabalham em parceria com influenciadores possibilitam a
produção de conteúdo informativo ou de entretenimento, capaz de despertar
o interesse genuíno de seu público-alvo e
motivar diálogos relevantes dentro de uma
comunidade on-line.
Mais que uma mídia de distribuição
(publicação de um post em si), o marketing
O que faz o marketing com
com influenciadores é sobre produção
influenciadores digitais tão
criativa e transferência de capital social. E este
interessante é a possibilidade de
entendimento é fundamental para deixar
ter um conteúdo criado de forma
para trás alguns conceitos equivocados
nativa, endossado pela experiência
sobre influenciadores, agora que o mercado
compartilhada e pela conexão
está encontrando formas mais interessantes,
pessoal gerada entre quem publica
eficientes e éticas de atuar.
e quem interage

Comunidade engajada

O amadurecimento, tanto dos profissionais de marketing quanto dos


próprios influenciadores digitais, tem tornado mais claro que o grande valor
das colaborações entre marcas e criadores de conteúdo está na construção da
conexão genuína com o público. Não se trata do número de seguidores, como
se fazia acreditar cinco anos atrás, mas do potencial de fazer circular uma
mensagem e pautar conversas dentro de uma comunidade.
Os influenciadores digitais fazem curadoria, geram diálogo e oferecem
conteúdo relevante em um ambiente on-line onde o consumo de informação
é totalmente não linear e há um alto nível de ruído. E isso só é possível para
aqueles que investiram tempo, esforço e recursos para construir uma relação
autêntica e de confiança com o público.
Segundo estimativas da Google, 38% dos viajantes começam seu
planejamento de viagens pesquisando no YouTube, e 53%, pesquisando no
buscador. Em 2018, as visualizações de vídeo sobre viagem no YouTube
cresceram 354%. Estar presente neste tipo de conteúdo e fazer cocriação com
influenciadores digitais pode contribuir para a marca entrar no radar dos
consumidores logo no início de suas decisões de compra.
Trabalhar com influenciadores também é interessante para que a marca
possa contar com conteúdo nativo e original em cada plataforma, entrando

CNC | TURISMO EM PAUTA Nº 44 | DEZEMBRO 2019


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de forma autêntica na conversa que acontece ali. Isso é um ponto-chave para
a otimização dos esforços de marketing, porque pode ser muito custoso para
as empresas manter presença em tantas redes sociais, quando cada uma exige
uma linguagem específica e tem um comportamento de público específico.
Contratar quem sabe navegar numa rede para cocriar conteúdo é uma saída
inteligente para a empresa ter menos custo de produção e, claro, conseguir
acessar aquela comunidade.

Profissionalismo é uma via de mão dupla

Quando o assunto é a profissionalização dos influenciadores digitais,


não se trata apenas de monetização do trabalho realizado, mas também da
crescente expectativa das marcas e do público geral sobre a postura que eles
precisam ter em termos de disponibilidade, qualidade e responsabilidade.
Espera-se hoje que o influenciador esteja sempre disponível para interações;
crie conteúdos cada vez melhores com recursos cada vez mais sofisticados;
assuma um compromisso com as mensagens transmitidas e os valores sociais;
aborde as marcas parceiras com total propriedade; e ainda traga resultados
de marketing. Esse grau de aprofundamento só será possível quando todos
os lados do mercado entenderem que essas questões são responsabilidades
compartilhadas, e que é imprescindível conduzir negociações justas e pautadas
pelo profissionalismo.
Diante do público, o que aparece é entretenimento e informação. Entre
as empresas e os influenciadores, o que está na mesa é a elaboração de uma
estratégia de conteúdo que possa ter impacto na percepção da marca, nas
decisões de compra e no comportamento do consumidor. Esse processo tem
que ser conduzido de forma correta, com contrapartidas condizentes com a
dedicação necessária para que o trabalho seja bem feito.
Nas mídias digitais, assim como no Turismo, quem está a passeio é o
público. Nós estamos a trabalho. A criação de conteúdos autênticos, com
transparência e relevância, é do interesse de todo o mercado.

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Precisamos falar
da inclusão das

PESSOAS COM
DEFICIÊNCIA NO
TURISMO DE
INTERCÂMBIO

MAURA LEÃO

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Maura Leão
Presidente da Associação Brasileira de Agências
de Intercâmbio (Belta), CEO da Yázigi Travel,
mãe de dois filhos e responsável por propagar o
intercâmbio no Brasil.

N
o dia 11 de outubro, comemora-se o Dia Nacional do
Deficiente Físico. Mundialmente, a Organização das Nações
Unidas (ONU) instituiu em 1992 o 3 de dezembro como
a data internacional das pessoas com deficiência. São apenas 27 anos
com as nações de todo o mundo debatendo ações de como incluir os
deficientes físicos, mentais, visuais e auditivos em uma sociedade mais
justa. Entretanto, um tema pouco discutido é o acesso à educação
internacional das pessoas com deficiência.
Se pensarmos que o intercâmbio se popularizou no Brasil a partir da
década de 1970, quando as grandes empresas começaram a exigir que
os seus colaboradores tivessem fluência em inglês, a inclusão das pessoas
com deficiência, por parte das nações, ainda é algo recente. A chave
dessa discussão está na legislação de cada país, isso porque cada local
tem a sua lei trabalhista. No Brasil, as empresas já têm que reservar uma
parte de seus postos de trabalho para as pessoas com deficiência. Ou
seja, a exigência quanto ao domínio de outras línguas, além da materna,
recai também sobre as pessoas nessas condições que querem realizar um
intercâmbio para suprir essa necessidade, além dos cursos de idiomas
oferecidos no Brasil.
Diante deste quadro, vale lembrar que as pessoas com deficiência
representam um grande mercado consumidor de intercâmbio. Vamos
aos números: o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE)
mostra que 6,7% da população brasileira têm algum tipo de deficiência.
Quando falamos em um número mundial, segundo a Organização
Mundial de Saúde (OMS) esse dado salta para um bilhão de pessoas
que vivem com alguma deficiência. Logo, além de erradicarmos o
preconceito quando oferecemos um intercâmbio de qualidade e acessível
a elas, estamos falando de mais um nicho de mercado potencial a ser
explorado pelas agências.

50 CNC | TURISMO EM PAUTA Nº 44 | DEZEMBRO 2019


Havendo essa possibilidade, as
agências certificadas com selo Belta
têm a preocupação recorrente de checar
acessibilidade, estrutura e diferenciais
que cada escola e/ou universidade
ligadas a elas oferecem. Como a única
associação das agências de intercâmbio
do Brasil, nós temos como premissa a
preocupação com a qualidade de vida e
a promoção dos direitos das pessoas com
deficiência. Os resultados alcançados são
bem maiores do que apenas o financeiro,
e eles vêm como reflexo do trabalho bem
feito.
Neste ano, a Associação Brasileira de
Agências de Intercâmbio (Belta) levantou,
com seus associados e parceiros, os
melhores destinos de intercâmbio para
quem tem algum tipo de deficiência.
São eles: Las Vegas (Estados Unidos),
Dublin (Irlanda), Nova York (Estados
Unidos), Montreal (Canadá) e Barcelona
(Espanha).
Engana-se quem acha que Las Vegas é
um local apenas para jogos. Além de seus
encantadores cassinos, a cidade é a mais
populosa e mais densamente povoada
do estado de Nevada. Possui museus
e um zoológico acessível ao deficiente
físico; estrutura nos seus hotéis para
receber as pessoas nessas condições; e
diversos formatos de intercâmbio para
aprendizado do inglês. Há também
diversões adaptadas para os deficientes
visuais. Alguns caça-níqueis, por
exemplo, contam com sistema de áudio
para que eles possam jogar.

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Dublin aparece como a
nossa segunda sugestão porque
tem uma excelente estrutura
para deficientes. A cidade
As pessoas com deficiência
irlandesa conta com sinalização
representam um grande mercado
diferenciada para pessoas com
consumidor. O IBGE mostra que
deficiência visual, e todos os meios
6,7% da população brasileira tem
de transportes são adaptados
algum tipo de deficiência. Em termos
para cadeirantes. Além disso, há
mundiais, segundo a OMS esse dado
diversos tipos de intercâmbio
salta para um bilhão de pessoas
que vão desde cursos rápidos de
inglês a combinações de trabalho
e estudo, porque é permitido
trabalhar na Irlanda enquanto se
faz intercâmbio. Por ser um país adaptado para os deficientes, é possível
buscar um trabalho durante a estadia. A principal dica é pesquisar
por moradias próximas aos meios de transporte e fugir das edificações
antigas, que só têm escadas como meios de acesso.
A fantástica e movimentada Nova York é mesmo feita para os
deficientes. Por mais que seja uma megametrópole, a cidade tem um
sistema de metrô totalmente adaptado para deficientes físicos e visuais.
São 110 estações com mapas táteis e em braile disponíveis, elevadores
e portões acessíveis. Além do transporte, tem atrações para todos os
gostos: os shows da Broadway são interpretados na língua de sinais, além
de muitas vezes terem legendas disponíveis para atender os deficientes
auditivos; e também é possível assistir às partidas de seu time favorito de
qualquer esporte, uma vez que todos os estádios são acessíveis e contam
com banheiros adaptados. Para o intercâmbio, Nova York faz parte do
segundo país mais procurado, porque os Estados Unidos têm excelência
nos seus centros de estudos e, claro, respiram atrações que vimos em
tantos filmes e séries ao longo da vida.
Montreal traz para as pessoas com deficiência a possibilidade de
aprender dois idiomas, francês e inglês, e conseguir chegar às escolas de
idiomas com tranquilidade. A cidade oferece essa inclusão aos deficientes
físicos. Com sete estações de metrô desenvolvidas com acessibilidade, é
possível chegar aos seus parques abertos e em outros locais culturais. O
Canadá ocupa o primeiro lugar dos destinos escolhidos pelos brasileiros
para fazer intercâmbio, de acordo com a pesquisa Selo Belta: foram 24,4%

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NOVA YORK MONTREAL
LAS VEGAS DUBLIN
BARCELONA

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dos intercambistas brasileiros em 2018, e há seis anos consecutivos o país
é o mais procurado por quem sai do Brasil para estudar fora.
Nossa quinta sugestão, Barcelona traz o espanhol para as pessoas com
deficiência. O idioma é o segundo mais procurado, segundo a pesquisa
da Belta, e a Espanha ocupa o sexto lugar dos destinos mais buscados
por intercambistas brasileiros. E não é à toa. Além de acolhedor, o
país conta com várias cidades que têm acessibilidade nos seus serviços.
Barcelona é uma delas. É adaptada para os deficientes físicos nas suas
praças, museus e restaurantes, e ainda conta com museus com obras
táteis, como o Museu de Arte Contemporânea de Barcelona, que tem
peças com audiodescrição, possibilitando escutar as descrições das obras,
e táteis, para que os deficientes visuais possam senti-las.
Se você tem alguma deficiência ou conhece alguém que tenha, acesse
o site da Belta! A Associação só concede o selo de excelência às agências
idôneas, especialistas em educação internacional e que comprovam
periodicamente a sua saúde financeira. Podemos indicar a melhor
agência para você.
http://www.belta.org.br

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A
SEGMENTAÇÃO
TURÍSTICA
e sua importância
no desenvolvimento
dos destinos

LUCIANA DE LAMARE HASHIMOTO

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Luciana de Lamare Hashimoto
Diretora de Planejamento e Projetos da
Companhia de Turismo do Estado do Rio de
Janeiro (TurisRio), é uma profissional com
mais de 17 anos de experiência no Turismo.
Formada em Hotelaria Internacional pelo
Institut Vatel de Lyon, na França, tem pós-
graduação em Marketing pela Universidade
Católica Portuguesa (UCP) e em Turismo pela
Universidade do Porto (U.Porto).

A
segmentação turística é um conceito fundamental para nortear
as estratégias dos profissionais e influenciar especialistas. A
relevância da segmentação está na capacidade de trazermos ao
plano de ação todas as informações que conseguimos repertoriar com
estudos quantitativos e qualitativos. Como tirar o máximo proveito dos
estudos de segmentação? Como criar valor para um destino?
Todo turista é diferente. Todo turista se sente atraído por diferentes
destinos turísticos, gosta de se envolver em diferentes atividades durante
as férias, faz uso de diferentes instalações de entretenimento e reclama
de diferentes aspectos de suas férias. Talvez muitos façam escolhas
baseados na sua companhia de viagem ou, pontualmente, na sua
situação financeira, acadêmica e nos seus interesses culturais. Embora
todos os turistas sejam diferentes, alguns são mais parecidos que outros:
muitas pessoas gostam de sol, muitas gostam de surfar ou de esquiar
durante as férias, e muitas outras exigem instalações com animação
para crianças. O reconhecimento de que todo turista é diferente e que
a indústria do turismo não pode atender cada indivíduo separadamente
constitui a base da segmentação do mercado. Wendell Smith (1956)
introduziu o conceito de segmentação de mercado como estratégia, e essa
segmentação, apesar de não se tratar de uma ideia recente, permanece
um conceito muitas vezes intangível e imensurável.
Ao segmentar um mercado, são desenvolvidos grupos de indivíduos
semelhantes em relação a algumas características pessoais. A característica
pessoal específica, com relação à qual a similaridade é explorada, é o critério
de segmentação ou a base de segmentação. Os critérios de segmentação

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podem ser sociodemográficos, variáveis comportamentais ou variáveis
psicográficas. A segmentação foi o que propiciou a uniformização dos
serviços e a estandardização da oferta turística, e pode ser aplicada por
qualquer unidade que opera no setor de Turismo: hotéis, agências de
viagens, atrações turísticas, restaurantes e espaços de eventos.
O benefício da segmentação de mercado reside na capacidade que um
destino turístico tem de se especializar nas necessidades de um grupo
específico e se tornar o melhor em serviços para esse grupo. Ao fazer isso,
o destino ganha em:
1. Vantagem competitiva: a concorrência pode ser reduzida do mercado
global para destinos turísticos especializados no mesmo segmento. Vender-
se como um destino de sol e mar pode ser bom, mas como ser um destino
verdadeiramente inovador e atrativo para esse segmento tão óbvio? O que
as minhas praias têm de especial para oferecer? Algum tipo de certificação?
Serviços especializados? Acessibilidade?
2. Investimento direcionado na melhoria do produto especializado.
Em vez de tentar fornecer tudo a todas as pessoas a um custo alto, um
destino ganha em escala econômica quando consegue trabalhar um
determinado segmento. Um exemplo que me vem à mente é o turismo de
saúde. Se houver mais especialistas em cirurgias plásticas de mama numa
determinada praça, os valores serão mais competitivos, e o serviço será
altamente qualificado em toda a cadeia.
3. Os esforços de marketing podem ser concentrados através do
desenvolvimento da mensagem mais eficaz para o público-alvo. Todo
investimento em comunicação pode ser unificado para extrair o máximo
da promoção do destino num determinado país ou região emissora.
4. O turismo pode ser potencializado por meio de experiências
desenvolvidas para atender ao segmento. Essa satisfação se traduz
em fidelização e em reverberação. Os turistas terão a sensação de que
poderiam voltar e continuar de onde pararam e até repetirem as melhores
experiências.
Apesar dos inúmeros benefícios da oferta padronizada baseada em
segmentação, com o acelerar da troca de informações, a complexidade da
oferta e da demanda e as influências globais nos padrões de consumo, os
profissionais de marketing estão cada vez mais preocupados com a análise
quantitativa, a interpretação de KPIs (do inglês Key Performance Indicator,
ou seja, indicador-chave de desempenho) fornecidos pela indústria da
customização em massa. Números que devem servir para nortear e orientar.

CNC | TURISMO EM PAUTA Nº 44 | DEZEMBRO 2019


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Precisamos ultrapassar os desafios que a segmentação nos impõe, não
somente como destino, mas como praça em um mercado globalizado.
O desperdício de recursos é uma preocupação verdadeira, e os recursos
são limitados: tempo, dinheiro, contatos, influência, oferta e demanda.
Estamos sujeitos, passiva ou ativamente, conscientes ou inconscientes,
aos caprichos da tomada de decisão estratégica. Ela envolve ponderação,
análise, objetivação, mensuração, estabelecimento de metas, controle e,
mais importante, planejamento. Se o vilão é o desperdício, nosso herói é o
planejamento estratégico.
O Brasil é privilegiado, pois seu território possui um aspecto que o
ajuda e o atrapalha ao mesmo tempo: a multiplicidade de vocações. Somos
tanto de muitas coisas. E ainda somos continentais! Dentre os maiores
desafios do planejamento está a necessidade de estabelecer prioridades,
de entender os gargalos e realizar ações de curto, médio e longo prazo.
Portanto, a segmentação no Brasil merece toda nossa atenção.
A segmentação de mercado ainda possui um viés exploratório no que
tange às metodologias, sendo complementares tanto as análises de senso
comum (empirismo, a priori) quanto a análise de dados (a posteriori) para
fornecimento de informações fidedignas para o setor.
Para que um segmento seja útil, vários requisitos devem ser cumpridos,
e os estudos precisam se basear, segundo Michel Wedel e Wagner Antonio
Kamakura (1998), em critérios incontornáveis:
• O segmento deve ser distinto, o que significa que os membros de um
segmento devem ser os mais semelhantes possíveis; e o mais diferente
possível de outros segmentos.
• O segmento deve corresponder aos pontos fortes do destino turístico.
• O segmento deve ser identificável. Algumas características do segmento
precisam estar tão vinculadas que possam ser, inclusive, caracterizados
como estereótipo. Embora viajantes do sexo feminino possam ser
identificados com muita facilidade, a identificação dos visitantes motivados
pelo descanso e relaxamento pode não ser tão simples. Visualizar turistas
alemães em determinadas estâncias balneárias na Espanha, pela forma
como se vestem, pode ser um verdadeiro exercício de segmentação.
• O segmento deve estar acessível para permitir que o gerenciamento
de destino se comunique de maneira eficaz. Por exemplo, é provável que
os turistas que leiam revistas de surfe possam ser usados para anunciar o
destino.
• Um segmento deve ser adequado em tamanho. Isso não implica

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necessariamente que um segmento maior seja melhor. Um destino
turístico pode optar por segmentar um pequeno nicho que representa um
mercado grande o suficiente para um destino específico, e que tenha a
vantagem de ter requisitos muito distintos.
Para a utilidade dos segmentos, os critérios acima devem ser
considerados quando um ou mais dos vários segmentos possíveis são
escolhidos para a segmentação ativa. É relativamente determinante para
o sucesso do estudo do segmento que haja uma abordagem técnica que
possa nortear a coleta e tratamento de dados, e hoje em dia quem faz
esse trabalho é um especialista em marketing e estatística. Não é possível
imaginar o estudo de segmentação
sem os algoritmos, regressões
múltiplas e qui quadrados que
interferem na compreensão dos
dados. O que precisamos é criar
projetos com base em estudos de O Brasil é privilegiado, pois seu
segmentação, que nos orientem à território possui um aspecto que o
tomada de decisão estratégica sem ajuda e o atrapalha ao mesmo tempo:
desperdícios. a multiplicidade de vocações. Somos
A escolha das características tanto de muitas coisas. E ainda somos
pessoais pode ser motivada pela continentais!
experiência com o mercado local
ou por considerações práticas. A
maioria dos destinos turísticos, por exemplo, usa o país de origem como
critério de segmentação. Eles perfilam turistas de diferentes países de
origem e desenvolvem estratégias de marketing personalizadas para cada
país. Mesmo que esse método não seja o mais sofisticado, a segmentação
por país de origem oferece vantagens práticas de adotar essa abordagem:
a maioria dos países de origem fala um idioma diferente que requer que
mensagens personalizadas sejam desenvolvidas de qualquer maneira.
Há muitos anos, a gigante IKEA orienta os caixas a finalizar o registro
de compras com uma pergunta ao cliente: qual é o seu CEP? A pergunta
é bastante simples, mas tem um peso grande para a empresa que atende
uma clientela oriunda de cidades e até mesmo países vizinhos. Na cidade
do Porto, em Portugal, a loja IKEA é invadida nos fins de semana por
clientes da Galícia. A partir do CEP, a empresa é capaz de comparar a
origem dos clientes, seu ticket médio, o tipo de produto que compra,
quando compra e quantas vezes ao ano compra. O passo seguinte é

CNC | TURISMO EM PAUTA Nº 44 | DEZEMBRO 2019


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entender esse público-alvo: onde mora, quais são as lojas disponíveis na
sua praça, o que o motiva a viajar quilômetros para comprar enxoval para
casa, qual é o salário médio daquela população, quantas pessoas em média
por família, qual é a sua ideia de casa elegante, moderna e confortável.
Depois, a marca consegue elaborar produtos que possam agradar àquele
perfil de cliente, convidando designers daquela região ou país, realizando
estudos de tendências e, por fim, determinando a melhor estratégia de
comunicação para aquele público. Dentre as inúmeras possibilidades de
pesquisa de mercado que a IKEA poderia ter se comprometido a fazer,
perguntar o CEP do cliente, com diligência, parece ter sido a forma mais
econômica, rápida e prática que encontrou. Um dia, talvez a IKEA decida
diversificar sua oferta abrindo um hotel em cada loja? Não saberia dizer.
Mas a verdade é que ela possui informações que contam para esse tipo de
tomada de decisão.
A segmentação de mercado não é uma questão estratégica independente.
É apenas um aspecto da estratégia de um destino turístico. Essa conclusão já
foi tirada por Wendell Smith (1956) quando ele introduziu a segmentação de
mercado, afirmando que “o sucesso no planejamento de atividades de marketing
exige a utilização precisa da diferenciação de produtos e da segmentação de
mercado como componentes da estratégia de marketing”. A maioria dos estudos

60 CNC | TURISMO EM PAUTA Nº 44 | DEZEMBRO 2019


de segmentação publicados sobre turismo trata a segmentação como uma
questão separada, não relacionando os resultados derivados da segmentação
ao posicionamento do destino turístico ou à sua situação competitiva, embora
seja essencial para implementação bem-sucedida. Somente se o destino puder
realmente fornecer (posicionamento) o que o segmento está buscando, e se
essa oferta for distintamente diferente (diferenciação) dos concorrentes, a
segmentação de mercado será mais do que um exercício acadêmico e levará a
uma vantagem competitiva de um destino turístico.
Voltando ao Brasil, tão grande e diverso, quando falamos em trabalho
de segmentação de um destino como o nosso, a segmentação por país de
origem pode não surtir os efeitos desejados em longo prazo, sendo necessário
trabalhar nichos de mercado. A principal razão para essa sugestão é o fato de
já conhecermos as principais vocações do Brasil para o público internacional:
somos um destino de praia, sol e carnaval para a grande maioria. Talvez
aí não estejamos criando nenhuma vantagem competitiva, além de perder
espaço para destinos de praia com uma oferta de maior valor agregado. Uma
grande quantidade de estudos de segmentação de senso comum continua
sendo publicada: 53% de todos os estudos de segmentação publicados nos
últimos 15 anos, no principal meio de pesquisa de segmentação turística
(The Journal of Travel Research), foram estudos desse gênero.

CNC | TURISMO EM PAUTA Nº 44 | DEZEMBRO 2019


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E o nosso mercado interno? Como estamos entendendo os brasileiros
que viajam dentro do País? Sabemos quantos deles se referem ao segmento
de saúde, religioso, social? O Rio de Janeiro consegue afirmar em qual
época do ano recebe mais goianos? Os soteropolitanos conseguem
mensurar quanto o paulista gasta, em média, a mais que o carioca?
Dentre os mais importantes, é o estudo da demanda interna que pode
determinar aspectos afinados para contribuir para nossa capacidade de
oferecer serviços a um público com o qual temos maior proximidade
geográfica, cultural e linguística. Sem entender a multiplicidade do Brasil,
não conseguimos desbravar todo nosso potencial.
A questão do posicionamento de mercado nos devolve o desafio.
Acredito que a sensação de erro de posicionamento já tenha feito parte da
vida de qualquer consumidor. Essa é uma questão latente, pois oferecer
algo que não esteja em concordância absoluta com os valores do público-
alvo acarreta riscos inestimáveis para o segmento. Trazer turista para um
local sem preparo de infraestrutura, capacitação e serviços de qualidade,
ou em dissonância com o que o público-alvo espera, é, de fato, um risco.
Por fim, é inevitável o questionamento sobre como posicionar um
destino relativamente jovem no cenário global. A resposta é filosófica:
seguindo a máxima do famoso aforismo grego “conhece-te a ti mesmo
e conhecerás os deuses”. Conhecer profundamente o destino, ou os
destinos, é a chave para realizar o matchmaking perfeito. E não se trata
de efetuar levantamento exaustivo de inventários de oferta turística que
já nascem desatualizados! Tem a ver com identificar e valorizar nossas
vocações, nossas gentes, nossas artes, ofícios, sabores e cores! Saber quem
somos e o que temos para oferecer e quais são nossas fragilidades, nossos
defeitos, nossas qualidades. Esse questionamento é constante e a base da
nossa evolução. Essa é uma questão prática. E que hoje depende mais de
tecnologia do que de um oráculo grego.

62 CNC | TURISMO EM PAUTA Nº 44 | DEZEMBRO 2019


Fiel ao compromisso histórico de ter na defesa da
atividade turística um dos pilares de sua atuação, a
CNC abre um espaço de reflexão para que os maiores
especialistas do setor e da área acadêmica possam
tratar dos assuntos com conhecimento e profundidade.

A revista Turismo em Pauta é feita por quem sabe,


para contribuir, de forma efetiva, com a construção
de um Turismo cada vez mais forte, vocacionado e
integrado à economia do nosso País.
Membros do Conselho Empresarial
de Turismo e Hospitalidade
Mandato 2018-2019
MEMBROS EFETIVOS

FNHRBS
Federação Nacional de Hotéis, Restaurantes, Bares e Similares

Conselhos e Câmaras Empresariais de Turismo das Federações do Co-


mércio de Bens Serviços e Turismo filiadas à CNC.

ABAV
Associação Brasileira de Agências de Viagem

ABEAR
Associação Brasileira de Empresas Aéreas

ABEOC
Associação Brasileira de Empresas de Eventos

ABETA
Associação Brasileira das Empresas de Ecoturismo e Turismo de Aventura

ABIH NACIONAL
Associação Brasileira da Indústria de Hotéis

ABLA
Associação Brasileira das Locadoras de Automóveis

ABOTTC
Associação Brasileira das Operadoras de Trens Turísticos e Culturais

ABR
Associação Brasileira de Resorts - Resorts Brasil

ABRACORP
Associação Brasileira de Agências de Viagens Corporativas

ABRASEL NACIONAL
Associação Brasileira de Bares e Restaurantes

64 CNC | TURISMO EM PAUTA Nº 44 | DEZEMBRO 2019


ABRASTUR
Associação Brasileira de Turismo Social

ABRATURR
Associação Brasileira de Turismo Rural

ALAGEV
Associação Latino Americana de Gestores de Eventos e Viagens Coorporativas
AMPRO
Associação de Marketing Promocional

ANR
Associação Nacional de Bares e Restaurantes

ANTTUR
Associação Nacional dos Transportadores de Turismo e Fretamento

BITO
Associação Brasileira de Turismo Receptivo Internacional

BRASIL C&VB
Brasil Convention & Visitors Bureau

BRAZTOA
Associação Brasileira das Operadoras de Turismo

CLIA BRASIL
Associação Brasileira de Cruzeiros Marítimos

FENACTUR
Federação Nacional de Turismo

FOHB
Fórum de Operadores Hoteleiros do Brasil

SEBRAE NACIONAL
Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas

SINDEPAT
Sistema Integrado de Parques Temáticos e Atrações Turísticas do Brasil

UBRAFE
União Brasileira dos Promotores de Feiras

UNEDESTINOS
União Nacional dos Convention & Visitors Bureux e Entidades de Destinos

CNC | TURISMO EM PAUTA Nº 44 | DEZEMBRO 2019


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MEMBROS CONSULTIVOS
ALEX CANZIANI GENARO CESÁRIO

ALFREDO LAUFER GEORGE IRMES

ALLEMANDER J. PEREIRA FILHO GÉRARD R. JEAN BOURGEAISEAU

ANITA PIRES GILBERTO F. RAMOS

ANTONIO HENRIQUE BORGES DE PAULA GILSON CAMPOS

ANTONIO PEDRO VIEGAS FIGUEIRA DE MELLO GILSON GOMES NOVO

ARMANDO ARRUDA PEREIRA DE GUILHERME PAULUS


CAMPOS MELLO
HORÁCIO NEVES
ARNALDO BALLESTÉ FILHO
ITAMAR DA SILVA FERREIRA FILHO
AROLDO ARAÚJO
JOANDRE ANTONIO FERRAZ
ASPÁSIA CAMARGO
JOÃO CLEMENTE BAENA SOARES
BAYARD DO COUTTO BOITEUX
JOMAR PEREIRA DA SILVA ROSCOE
BEATRIZ HELENA BIANCARDINI SCVIRER
JONATHAN VAN SPEIER, Ph.D
CAIO LUIZ DE CARVALHO
JORGE SALDANHA DE ARAÚJO
CARLOS ALBERTO AMORIM FERREIRA
JOSÉ ANTONIO DE OLIVEIRA
CARLOS ALBERTO LIDIZIA SOARES
JOSÉ GUILHERME DE MORAES NETO
CARMEN FRIDMAN SIROTSKY
JOSÉ GUILLERMO CONDOMÍ ALCORTA
CLEBER BRISIS DE OLIVEIRA
JOSÉ HILÁRIO DE OLIVEIRA E SILVA JÚNIOR
CONSTANÇA FERREIRA DE CARVALHO
JUAREZ AUGUSTO DE CARVALHO FILHO
DALTRO ASSUNÇÃO NOGUEIRA
LEILA SERRA MENEZES FARAH DE ARAÚJO
DIRCEU EZEQUIEL DE AZEVEDO
LEONARDO DE CASTRO FRANÇA
EDGARD FREDERICO HASSELMANN
LIBERATO PINTO
EDUARDO JENNER FARAH DE ARAUJO
LÚCIO EMILIO DE FARIA JUNIOR
EDUARDO JORGE COSTA MIELKE
LUIZ CARLOS BARBOZA
FAISAL SALEH
LUIZ GUSTAVO MEDEIROS BARBOSA

66 CNC | TURISMO EM PAUTA Nº 44 | DEZEMBRO 2019


LUIZ STRAUSS DE CAMPOS PERCY RODRIGUES

MARCIO BENSUASCHI RESPICIO A. ESPIRITO SANTO JR.

MARCO AURÉLIO GOMES MAIA RICARDO CRAVO ALBIN

MARCO NAVEGA RICARDO OLIVEIRA DA SILVA

MARCIA REGINA ALONSO PFISTERER ROBERTA GUIMARÃES WERNER

MARIA CONSTANÇA MADUREIRA HOMEM ROBERTO DE ALMEIDA DULTRA


DE CARVALHO
ROSELE BRUM FERNANDES
MARIA ELIZA DE MATTOS
SALVADOR SALADINO
MARIA ERCÍLIA BAKER BOTELHO LEITE DE
SAMUEL AUDAY BUZAGLO
CASTRO
SAVIO NEVES FILHO
MARIA LUIZA DE MENDONÇA
SERGIO LUIZ BICCA
MÁRIO BRAGA
SÉRGIO PAMPLONA PINTO
MÁRIO REYNALDO TADROS
SILVIA MADUREIRA
MAUREEN FLORES
SONIA CHAMI
MAURÍCIO DE MALDONADO WERNER FILHO
TÂNIA GUIMARÃES OMENA
MAURO PEREIRA DE LIMA CÂMARA
VENÂNCIO GROSSI
NILO SERGIO FÉLIX
VIVIANNE GEVAERD MARTINS
NORTON LUIZ LENHART

ORLANDO KREMER MACHADO

ORLANDO MACHADO SOBRINHO

OSIRIS RICARDO BEZERRA MARQUES

PAULO DE BRITO FREITAS

PAULO PIZÃO

PAULO ROBERTO WIEDMANN

PAULO SOLMUCCI JÚNIOR

PEDRO FORTES

CNC | TURISMO EM PAUTA Nº 44 | DEZEMBRO 2019


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para:
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E mais: seu artigo poderá vir a ser publicado por nós. Mande um e-mail
com o título “Kit Artigo” para conselhodeturismo@cnc.org.br e receba
todas as instruções para a formatação de seu texto. Envie o arquivo nos
moldes do kit, e ele será apreciado por nosso conselho editorial. Uma vez
aprovado, ele será publicado.
Quer saber mais sobre o Conselho Empresarial de Turismo e Hospitalidade
da Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo, a
CNC e suas ações sobre o turismo?
Visite o nosso site www.cnc.org.br/turismo
A união faz a força. Uma categoria
unida tem muito mais condições
de se proteger das oscilações
do mercado e das alterações e
introduções de novas legislações.
É por isso que a sua empresa
precisa do sindicato: para
trabalhar pelos seus interesses
junto aos órgãos competentes.

Fortaleça quem fortalece


a sua empresa. Contribua
com o seu sindicato.
Acesse
www.fortalecasuaempresa.com.br
e saiba mais.

VOCÊ PODE NÃO PERCEBER,


MAS O TRABALHO
DO SINDICATO TAMBÉM
GERA RETORNO PARA A
SUA EMPRESA.
330%
Emprego formal no Turismo cresceu

O turismo brasileiro gerou 24.902


novos empregos formais no período de
outubro de 2018 até o mesmo mês, em
2019. O dado é da Confederação Nacional
do Comércio de Bens, Serviços e Turismo
(CNC), com base no Cadastro Geral de
Empregados e Desempregados (Caged).
É o turismo em sintonia com a dinâmica
de desenvolvimento da economia brasileira.

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