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Pränsipios
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PRINCÍPIOS GERAIS DE
TURISMO
Licenciatura em Turismo

3. Capítulo III – A Procura Turística


Márcio Ribeiro Martins (Phd)
marcio.martins@ipb.pt

3.1. Noção e formação da procura turística

• Do ponto de vista económico, a procura total do turismo de um


país, num determinado momento, é a soma da procura
correspondente ao turismo de nacionais e de estrangeiros nesse
país.
• A expressão procura turística traduz as diversas quantidades de
bens e serviços que os visitantes, residentes e não residentes
adquirem quando realizam as suas viagens.
• Segundo Cunha e Abrantes (2019), a procura turística pode
assumir as seguintes formas:

Procura Física Deslocações dos indivíduos (n.º)

Procura Monetária Valor da quantidade de serviços e bens


adquiridos devido às deslocações
Procura Origem, zona de trânsito e destino dos fluxos
Geográfica turísticos
Procura Global Taxa de partida (relação da pop. que passa
férias e a pop. Total)

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3.1. Noção e formação da procura turística

• A procura turística não é formada apenas pelo consumo de bens e


serviços produzidos pelas empresas turísticas.
• Nas suas viagens, os visitantes adquirem bens e serviços
produzidos especialmente para a satisfação das suas necessidades
(refeições, alojamento…) mas também adquirem outros que são
destinados aos residentes (medicamentos, vestuário…).
• Por isso não é fácil determinar com rigor o valor da procura
turística.
• Podemos assim distinguir:
– Procura externa ativa - todos os gastos efetuados por todos os estrangeiros
num país (registo na balança de pagamentos)
– Procura interna - consumo HORECA (hotéism restaurantes, cafés e
similares), bebidas e tabaco e consumo de diversos (mais difícil de obter)
(consumo turístico das famílias, público e das empresas)

• Procura turística global PT = Ci +Cx


Ci= consumo turístico interno
Cx= consumo dos residentes no estrangeiro (procura externa)

3.1. Noção e formação da procura turística

• Procura turística efetiva


Pte = Ci+CX-Ce +I
Ci= consumo turístico interno
Cx= consumo dos residentes no estrangeiro (procura externa)
Ce - consumo turístico dos residentes fora do território nacional;
I - Investimentos turísticos públicos e privados;

• Segundo Cunha (2013, p.125), a procura turística, ou seja, a


decisão de incluir ou não as viagens no conjunto de bens e serviços
a adquirir, depende:
– Do rendimento disponível (per capita);
– Dos preços dos serviços turísticos;
– Dos preços de outros bens substitutivos;
– Dos gostos da família;
– Da relação cambial (quando o consumo é feito no estrangeiro).

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3.1. Noção e formação da procura turística

3.1. Noção e formação da procura turística


• Estabelecendo a relação entre o valor dos bens e serviços turísticos
procurados e os fatores que influenciam as famílias a decidir-se por
um consumo turístico, temos:
• Procura de um destino
DT= f (Pt, Pi, Y, Tc, G)
Pt - preços dos serviços turísticos
Pi - preços de outros bens
Y - rendimento disponível (per capita)
Tc - Taxa de câmbio
G - Gosto dos consumidores

• Procura turística normal - aumenta quando o rendimento


aumenta e aumenta quando aumenta o preço dos bens e serviços
substitutivos;
• Procura turística anormal - aumento de preços para selecionar a
procura; disponibilização de rendimentos para compra de outros
bens que não os turísticos.

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3.1. Noção e formação da procura turística

• Curva da procura turística

Preço

P*

Procura

Q*
Quantidade
• A evolução da curva é descendente sempre que os preços
diminuem – a procura turística aumenta com a redução dos
preços.

3.1. Noção e formação da procura turística

• Caso da procura anormal

Preço
P2

P1

Y1 Y2 Procura

• Com preços baixos, a curva é decrescente (procura normal), mas a


partir de certo ponto, a curva passa a ascendente com o aumento
dos preços – os clientes estão dispostos a pagar mais para adquirir
o serviço.

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3.1. Noção e formação da procura turística

• A curva da procura turística em função do rendimento


depende dos gostos e preferências das famílias e de fatores de
ordem psicológica, social, cultural ou política.
• Análise do efeito da introdução de restrições às viagens na curva
da procura faz com que o nível de rendimento a partir do qual se
inicia o consumo turístico seja mais elevado;

Procura
P2

P1

Y1 Y2 Rendimento

3.1. Noção e formação da procura turística

• Para McIntosh, Goeldner Ritchie (1995, cit. Cunha, 2013, p.129),


em condições específicas a procura de um determinado destino
turístico (Dt) será função da propensão para viajar (P) e da
resistência provocada pela relação entre a origem e as áreas de
destino (R) em que
Dt = F(P,R)
• R é função de:
– distância económica (binómio relação custo/tempo de
chegada ao destino);
– distância cultural;
– custo e qualidade dos serviços turísticos no local de destino;
– Sazonalidade.

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3.1. Noção e formação da procura turística

• Nesta função, a propensão de uma pessoa é a sua predisposição


para a viagem, isto é, a disposição que tem para viajar e o tipo de
viagens e destinos que prefere, sendo determinada pelo seu perfil
psicológico e pelas suas motivações.
• A resistência refere-se á relativa atratividade dos vários destinos,
sendo função da distância económica, distância cultural, do custo e
da qualidade dos serviços turísticos e da sazonalidade.
• A propensão influencia positivamente a procura. A
resistência influencia-a em sentido inverso.

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3.2. Necessidades turísticas

• Para a satisfação das suas necessidades o Homem encontra-se


limitado pela falta das coisas sobre as quais recaem os seus
desejos.
• Por isso luta contra a escassez e é desta luta que nasce a
atividade económica (conjunto de atos que combinam os fatores
naturais ou a tecnologia com o trabalho para a obtenção de bens e
serviços destinados ao consumo).

Pirâmide de Maslow

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3.2. Necessidades turísticas


• Maslow define cinco categorias de necessidades humanas:
fisiológicas, segurança, afeto, estima e as de auto realização.
• Esta teoria é representada por uma pirâmide onde na base se
encontram as necessidades mais básicas - diretamente relacionadas
com a sobrevivência.
• Segundo Maslow, um indivíduo só sente o desejo de satisfazer a
necessidade de um próximo estágio se a do nível anterior
estiver satisfeita, portanto, a motivação para realizar estes desejos
vem de forma gradual.
• De acordo com Maslow o Homem é um ser insatisfeito e ainda mal
satisfez uma necessidade já uma outra a substitui.
• O processo é contínuo e apresenta-se em degraus sucessivos, isto é,
segundo uma hierarquia de necessidades.
• O turismo é um bem económico; resta saber se é um bem de primeira
necessidade ou um bem que satisfaz necessidades superiores - só
quando estão cobertas as primeiras necessidades, se podem
fazer viagens, mas o turismo é hoje e cada vez mais um bem que as
pessoas desejam para lá de muitas coisas;

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3.3. Consumo Turístico

• O consumo turístico é um agregado, expresso em termos


monetários, resultante das despesas derivadas da procura de
bens e serviços turísticos.
• Pode ser definido como o valor do conjunto dos bens e serviços
consumidos pelos turistas durante a sua deslocação e
permanência, ou com vista à sua deslocação, bem como os
serviços prestados pelos organismos que concorrem
diretamente para o desenvolvimento turístico (Le Compte du
Tourisme, Ministère du Tourisme de France, cit. Cunha, 2013,
p.144).
• Não é fácil identificar os consumos turísticos;
• Em Portugal é necessário diversificar a oferta turística;
• O rendimento que deve ser considerado como variável do consumo
turístico é o rendimento disponível (após terem sido satisfeitas as
necessidades vitais).

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3.3. Consumo Turístico

• Na realização de viagens os visitantes adquirem bens e serviços


antes da partida, podendo essa aquisição ocorrer nos locais de
residência. Mas também podem fazê-lo durante a viagem e no
próprio destino.
• Não é fácil determinar o local onde são realizados os consumos
necessários à viagem.
• No caso do consumo ser feito no interior das fronteiras do país de
residência – CONSUMO TURÍSTICO INTERNO OU DOMÉSTICO.
• No caso do consumo ser feito em países diferentes daqueles em
que os visitantes residem – CONSUMO TURÍSTICO EMISSOR.
• O consumo que resulta diretamente das viagens de visitantes não
residentes – CONSUMO TURÍSTICO RECETOR.
• A soma do CONSUMO TURÍSTICO DOMÉSTICO com o CONSUMO
TURÍSTICO RECETOR, resulta no CONSUMO TURÍSTICO INTERIOR.
• A soma do CONSUMO TURíSTICO INTERNO com o CONSUMO
TURÍSTICO EMISSOR.

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3.3. Consumo Turístico

FUNÇÃO DO CONSUMO TURÍSTICO


• O turismo é um bem competitivo do aforro e do consumo livre –
não é uma alternativa aos consumos destinados a satisfazer
as necessidades vitais.
• O consumo turístico depende do rendimento a partir do momento
em que as necessidades fundamentais forem satisfeitas.
• A função consumo turístico é dada por:
CT(y) = (Y-V)-S
• A propensão média ao consumo (proporção entre os gastos em
turismo e o rendimento), é dada por:
CT
Y-v

• Poderá ser superior, inferior ou igual à unidade.

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3.3. Consumo Turístico

Rendimento Individual Y

Rendimento consagrado às Rendimento Disponível


necessidades vitais
Y-V
V

Poupança
Consumo Livre
S

Consumo Turístico Outros Consumos


CT

Processo do Consumo Turístico 56

Fonte: Cunha (2013, p.148).

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3.3. Consumo Turístico

FUNÇÃO DO CONSUMO TURÍSTICO


• O consumo turístico é constituído pelas seguintes componentes:
– Consumos básicos
– Consumos complementares
– Consumos acessórios

• Para cada um deles é possível considerar uma função que permita


determinar a elasticidade da sua procura em função do preço e do
rendimento
CTi = f(Pi, Y, U) em que
CTi – representa o consumo turístico do bem i
Pi – o preço do bem
Y – rendimento per capita
U – valor residual

• Desta função resulta a elasticidade em função dos preços.

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3.3. Consumo Turístico


FUNÇÃO DO CONSUMO TURÍSTICO

Consumo particular Consumo


real total turístico
1% Estagnação turística
Taxa de
crescimento 2,5% 4%
5% 10%
<1% Diminuição da
atividade turística
Fonte: Cunha (2013, p.149)

• À medida que os consumidores aumentam os seus níveis de


consumo estão dispostos a aumentar os seus gastos em turismo
mais do que proporcionalmente aos restantes consumos;
• Surgem duas correntes quanto à consideração do turismo como um
“bem superior” (concorre com os outros bens) ou como um “bem
de grande consumo” (faz parte do mínimo vital).

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3.3. Consumo Turístico


ELASTICIDADE DA PROCURA TURÍSTICA
• A procura turística responde às variações dos preços dos bens e
serviços turísticos e às variações dos rendimentos dos
consumidores;
• Para avaliar a intensidade dessa resposta utiliza-se o conceito de
elasticidade: relação entre a variação percentual da procura e a
variação percentual dos preços
EP= variação da procura : variação do preço
Volume da procura preço

• Numa procura turística normal, a elasticidade da procura é


determinada a partir da função da procura turística:
DT= f (p,y)
DT= procura turística
Y= rendimento
P= preço dos bens e serviços

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3.3. Consumo Turístico


ELASTICIDADE DA PROCURA TURÍSTICA
• A Elasticidade Procura Preço (também designada apenas por
Elasticidade da Procura) é definida como a variação percentual na
quantidade procurada provocada por uma variação percentual
unitária no preço.

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3.3. Consumo Turístico


ELASTICIDADE DA PROCURA TURÍSTICA
• A elasticidade-rendimento corresponde à variação da
quantidade procurada em resposta a uma dada variação do
rendimento.

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3.3. Consumo Turístico


ELASTICIDADE DA PROCURA TURÍSTICA
• No caso de EP>1 a procura é elástica e será muito sensível à variação dos
preços. O volume da procura varia em proporção superior aos preços.
• Quando EP<1 a procura é rígida ou inelástica. As quantidades procuradas
variam muito pouco perante variações muito fortes de preços. O volume da
procura varia menos do que o preço.
• EP=1 o volume da procura varia na mesma proporção da variação dos
preços.
• Para além do racionalismo económico há inúmeros elementos subjetivos
que desempenham um papel muito importante na decisão turística:
– quando as viagens estão planeadas desde longa data dificilmente as pessoas
renunciarão à viagem;
– a influência do aumento dos preços dos bens turísticos é mais pronunciada
junto das camadas sociais de baixos rendimentos
– cada vez mais as pessoas sentem necessidade de viajar e a procura turística
tende a ser mais rígida, quer em relação ao rendimento quer em relação aos
preços.

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3.3. Consumo Turístico

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Determinantes da procura
• A procura turística global é influenciada por um conjunto de
determinantes (que atuam no sentido positivo ou negativo) definidos
por um certo número de fatores económicos, socioeconómicos,
psicossociológicos, demográficos e geográficos.
• De acordo com o modo temporal da sua influência podem ser
classificados:
– fatores estruturais - Definem a tendência a médio e longo prazo
ligados ao processo de crescimento económico e ao modo de vida.
Exemplo: demografia, desenvolvimento económico, Duração
do tempo de trabalho, Densidade populacional e taxa de
urbanização, Progresso científico e técnico e os transportes.
– fatores conjunturais - Definem de um período curto para outro, o
volume e o tipo de procura, a duração da permanência, os preços
dos serviços turísticos. Exemplo: variações cambiais, inflação.
– fatores psicossociológicos - Atuam permanentemente, têm um
caracter dinâmico e pertencem ao domínio do irracional e do
inconsciente. Exemplo: Modo de vida dominante.

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3.4. Motivações da procura


• O sucesso dos negócios da atividade turística reside na compreensão
dos consumidores – compreender os visitantes e o seu
comportamento.
• A determinação do perfil motivacional dos visitantes é uma questão
essencial para compreender se as características de um destino
satisfazem ou não as necessidades dos visitantes.
• Principais teorias e modelos de análise das motivações:
– Modelo sociopsicológico das motivações turísticas (Iso-Ahola, 1982);
– Modelo das necessidades de viagem/Escala da carreira de viagens
(Pearce, 1995);
– Modelo dos fatores Push and Pull (Crompton, 1979);
– Perfil Psicográfico (Plog, 1971).

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3.4. Motivações da procura


Modelo de Pearce (1998)

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3.4. Motivações da procura


Perfil psicográfico de Plog (1979).

Quase- Quase-
Cêntricos
-alocêntricos -pricocêntricos

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3.4. Motivações da procura

EXERCÍCIO:
1. Pesquisa o Perfil psicográfico de Plog e realiza uma descrição do perfil
psicográfico dos turistas cêntricos, alocêntricos e psicocêntricos.

1.1. Associa estes perfis a algumas nacionalidades.

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4. Capítulo IV – A Oferta Turística


Márcio Ribeiro Martins (Phd)
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4.1. Noção e classificação
• Em qualquer outro mercado é fácil determinar os bens que são objeto
de procura, mesmo que se trate de bens imateriais. O mesmo não
acontece com o mercado turístico:
– Existem consumos que satisfazem necessidades turísticas e não
turísticas;
– Incidem sobre bens e serviços produzidos, exclusivamente em função
das necessidades dos residentes.

• A atividade turística baseia-se no conjunto de elementos naturais


ou atividades humanas que provocam a deslocação de pessoas
ou satisfaçam necessidades decorrentes dessa deslocação.
• A OMT distingue dois conceitos:
– Património turístico - “conjunto potencial dos bens materiais ou
imateriais que estão à disposição do homem e que podem utilizar-se,
mediante um processo de transformação, para satisfazer necessidades
turísticas”;
– recursos turísticos - “todos os bens e serviços que, por intermédio da
atividade humana, tornam possível a atividade turística e satisfazem as
necessidades da procura.
4.1. Noção e classificação
• O património turístico constitui o elemento fundamental que o homem
transforma em recursos turísticos utilizando meios técnicos,
económicos e financeiros:
– É necessário que existam equipamentos que possibilitem a deslocação e
que assegurem a permanência.
• Em função dos objetivos de atividade das empresas podemos distinguir:
– empresas e atividades turísticas primárias ou imediatas (produtores
turísticos);
– empresas e atividades turísticas acessórias ou mediatas;
– empresas complementares não turísticas.
• Incluem-se ainda no conjunto de fatores intangíveis que contribuem para a
melhor satisfação das necessidades dos clientes - acolhimento.
• O acolhimento para além do conceito de hospitalidade representa o conjunto
de todas as disposições tomadas que, adicionadas aos bens e serviços
prestados, visam aumentar o grau de satisfação do consumidor/turista
valorizando o conjunto da oferta.
4.1. Noção e classificação
• A oferta turística poderá definir-se como o conjunto dos recursos
naturais e artificiais, equipamentos, bens e serviços que
provoquem a deslocação de visitantes, satisfaçam as suas
necessidades resultantes da deslocação e de permanência e
sejam exigidos por estas necessidades (Cunha, 2013, p.177).
• Em termos monetários a oferta turística é dada pela:
St=Pt+Pn-Ptr
Em que:
St= Oferta (produção turística)
Pn= Produção realizada pelos produtores não turísticos mas adquirida pelos turistas;
Pt= Produção realizada pelos produtores turísticos;
Ptr= Produção realizada pelos produtores turísticos adquirida pelos residentes.

• A oferta turística é constituída por uma série de bens que satisfazem


as necessidades turísticas:
– Bens livremente disponíveis;
4.1. Noção e classificação
• A oferta turística é constituída por uma série de bens que satisfazem
as necessidades turísticas (cont.):
– Bens imateriais;
– Bens turísticos básicos criados (bens que provocam a viagem);
– Bens e serviços turísticos complementares (bens que possibilitam a
deslocação e permanência).

• A oferta turística tem ainda várias características:


– Endogeneidade (os fatores locais são ao mesmo tempo fatores de
atração e justificam a construção de equipamentos e estruturas de
acolhimento);
– Imobilidade (temporal e espacial);
– Rigidez relativamente às exigências e alterações da procura turística;
– Perecibilidade (a produção esgota-se no ato de consumo, não pode
ser armazenada);
– Inseparabilidade (o ato de produção e consumo são simultâneos);
– Intangibilidade (os produtos turísticos só podem ser observados e
experimentados no ato de consumo);
4.1. Noção e classificação
• A oferta turística tem ainda várias características (cont.):
– Presencialidade (o consumo turístico é condicionado pela presença do
cliente);
– Integralidade espacial (relação profunda com os territórios, a
qualidade dos produtos turísticos depende da qualidade das
características territoriais)

• Em função da sua finalidade, a oferta turística pode ser


classificada em:
– Oferta turística de atração;
– Oferta turística de receção;
– Oferta turística de fixação ou retenção
– Oferta turística de animação;
– Oferta turística de deslocação.
4.2. Produtos turísticos
• Produto (Kotler et al., 1998 in Cunha, 2013, p.188) – “qualquer coisa
que pode ser oferecida num mercado para apreciação, aquisição ou
consumo e inclui objetos físicos, serviços, personalidades, lugares,
organizações ou ideias”.
• Produto turístico - conjunto de elementos que, podendo ser
comercializado, direta ou indiretamente, motiva as deslocações,
gerando procura (Comunidade Europeia).
• Produto turístico (Medlik et al., 1973 in Cunha, 2013, p.188) –
“amálgama de elementos tangíveis e intangíveis centrados numa
atividade específica num destino específico. Compreende e combina
as atrações atuais e potenciais de um destino, dos quais o turista
compra uma combinação de atividades e arranjos”.
– Sendo assim, o produto “sol e mar” é constituído pelo sol, praia, mar,
alojamento, animação, restaurantes, informação e organização da
viagem, comércio…
4.2. Produtos turísticos
• O desenvolvimento do marketing proporcionou o reconhecimento da existência
de segmentos de mercado diferenciados e levou à formação de produtos
turísticos pela combinação das diversas componentes da oferta.
• A conjugação das alterações das preferências e das necessidades dos
consumidores com as forças da concorrência conduz a que os produtos se
desenvolvam segundo um ciclo de vida.
• O ciclo de vida de um produto tem várias fases:
– Fase embrionária - desenvolvimento no plano técnico, conceptual e comercial.
Despesas elevadas risco de aparecimento de concorrentes e lucros negativos;
– Fase de introdução - fase de penetração no mercado. Elevados custos, volume de
vendas relativamente baixo, sem lucro;
– Fase de crescimento - aceitação do produto pelos consumidores. Despesas de
promoção elevadas. Dá-se maior ênfase às motivações de compra seletivas.
– Fase de maturidade - as vendas ainda aumentam mas as taxas de crescimento
são cada vez mais reduzidas entrando num plano de estagnação. A concorrência
torna-se maior e as margens de lucro diminuem. Grande competitividade.
– Fase de saturação - as vendas atingem o máximo e o produto alcançou o maior
grau possível de penetração no mercado.
– Fase de declínio - a procura reduz-se rapidamente, as despesas de publicidade são
baixas e inicia-se a fase de prejuízos e os produtos tendem a desaparecer.
4.2. Produtos turísticos

Ciclo de vida do produto

• O modelo do ciclo de vida dos produtos pode também ser aplicado na análise
da evolução dos destinos turísticos mediante o estudo dos estádios de
desenvolvimento definidos pelo número de visitantes e pelas infraestruturas.
4.2. Produtos turísticos
• Butler identificou os seguintes estádios:

Ciclo de vida dos destinos (Butler)


4.2. Produtos turísticos
• Butler identificou os seguintes estádios:
– Exploração - atração de poucos turistas aventureiros, atraídos pelos aspetos naturais do local
que não possui, ainda, facilidades públicas para os receber.
– Comprometimento - existe uma interação limitada entre os residentes locais e o
desenvolvimento de atividades turísticas mas em que se inicia um processo publicitário e
começa a surgir um mercado definido.
– Desenvolvimento - de facilidades turísticas adicionais, intensificação das campanhas
promocionais e há um número de turistas na alta estação superior à população residente.
– Consolidação - o turismo transforma-se numa atividade de grande importância para a economia
local mas as taxas de crescimento começam a estacionar. Desenvolvem-se desforços para
aumentar a época turística e renovam-se alguns equipamentos e substituem-se outros.
– Estagnação - Com a entrada na fase de estagnação alcançam-se os níveis máximos de
capacidade e de turistas, o destino tem uma imagem bem estabelecida mas deixa de estar na
moda;
– Pós-estagnação - À estagnação segue-se o declínio ou o rejuvenescimento: o primeiro se o
mercado continua a regredir e o destino não puder competir através da criação de novos
atrativos; o segundo se forem adotadas medidas tais como a reorientação dos atrativos
turísticos, recuperação ambiental ou reposicionamento do destino.

• Este modelo permite analisar a evolução dos destinos turísticos e adotar


medidas atempadas, não é, no entanto, um modelo de previsão universal do
comportamento dos destinos turísticos.
4.2. Produtos turísticos
• Licínio Cunha (2013, p.193-229) apresenta um conjunto alargado de produtos
turísticos:
– Sol e mar;
– Golfe;
– Turismo de saúde (termalismo, talassoterapia, climatismo, recuperação
da forma);
– Turismo cinegético;
– Turismo desportivo;
– Turismo no espaço rural;
– Turismo de negócios;
– Turismo religioso;
– Turismo cultural.
• Consultar PENT
file:///C:/Users/Utlizador/Downloads/PENT-2013-vfinal.pdf
4.2. Produtos turísticos
Estratégia 2027
• Enquanto o PENT faz referência aos produtos turísticos a desenvolver, a
Estratégia 2027 faz referência aos Ativos estratégicos:
4.3. O alojamento, os transportes e a animação
ALOJAMENTO
• Os meios de alojamento turístico são muito numerosos e variados, de
acordo com os diferentes tipos de clientela, as localizações e os
modos de turismo.
• A OCDE para efeitos estatísticos distingue:
– Hotéis e estabelecimentos similares: hotéis, motéis, pensões,
estalagens e outros;
– Meios complementares de alojamento: albergues de juventude,
campismo e caravanismo, aldeias de férias, cabanas e abrigos
de montanha, apartamentos e casas alugadas, sanatórios e
termas, lares de recreio para crianças e outros.

• Em Portugal, consideram-se Empreendimentos Turísticos, ao abrigo do


novo Regime Jurídico, os estabelecimentos que se destinam a
prestar serviços de alojamento, mediante remuneração,
dispondo, para o seu funcionamento, de um adequado conjunto
de estruturas, equipamentos e serviços complementares.
4.3. O alojamento, os transportes e a animação
ALOJAMENTO
• Os Empreendimentos Turísticos podem ser (Classificação dos
Empreendimentos Turísticos (turismodeportugal.pt):
– Estabelecimentos Hoteleiros
– Aldeamentos Turísticos
– Apartamentos Turísticos
– Conjuntos Turísticos (Resorts)
– Parques de Campismo e de Caravanismo
– Empreendimentos de Turismo no Espaço Rural
– Empreendimentos de Turismo de Habitação

• Consideram-se estabelecimentos de alojamento local as moradias,


apartamentos e estabelecimentos de hospedagem que, dispondo de
autorização de utilização, prestem serviços de alojamento temporário,
mediante remuneração, mas não reúnam os requisitos para serem
considerados empreendimentos turísticos. (Estabelecimentos de
Alojamento Local (turismodeportugal.pt)
4.3. O alojamento, os transportes e a animação
FORMAS DE EXPLORAÇÃO DO ALOJAMENTO
• Gestão independente – os alojamentos são concebidos, construídos e explorados pela
empresa proprietária (em nome individual ou sociedade), podendo deter um ou mais
estabelecimentos.

• Multipropriedade ou propriedade plural:


– Condomínios hoteleiros
– Condomínios de residências secundárias
– Timesharing ou propriedade espaciotemporal
– Títulos de férias
– Sistema fracional

• Cadeias hoteleiras:
– Cadeias voluntárias (consórcios)- são constituídas sob a forma de associação de fins não
lucrativos ou de sociedades comerciais e agrupam os hoteleiros que pretendam apresentar um
produto homogéneo;
– Integradas – pretendem criar e comercializar um produto hoteleiro coerente e homogéneo. Cada
empresa cria marcas diferentes com características próprias.

• Franchising - método de colaboração entre empresas aderentes;

• Economia partilhada ou colaborativa


4.3. O alojamento, os transportes e a animação
TRANSPORTES
• São uma das características essenciais do turismo. Sem transportes não
existem viagens. Constitui parte integrante do sistema turístico, sob o ponto de
vista técnico e psicológico (mudança de meio).
• A componente de custo de transporte no produto turístico depende:
– tipo de produto (sedentário ou itinerante, individual ou coletivo);
– do destino.

• A procura relativa dos meios de transporte depende do custo do transporte, da


distância quilométrica, da duração da viagem, do conforto, da segurança, da
frequência e pontualidade.
• Os transportes podem classificar-se em :
– Transportes terrestres
• Ferroviário (caminhos de ferro);
• Rodoviário (autocarros e outros transportes públicos)
– Serviços regulares e não regulares.

• Veículos provados (até 8 lugares)


• Veículos de aluguer
4.3. O alojamento, os transportes e a animação
TRANSPORTES
• Os transportes podem classificar-se em (cont.):
– Transportes aéreos
• Voos regulares e não regulares
• Voos de baixo custo

– Transportes marítimos e fluviais


• Barcos de linhas regulares (ferries)
• Cruzeiros
• Diversos
4.3. O alojamento, os transportes e a animação
ANIMAÇÃO
• A animação turística corresponde a todas as atividades que visam contribuir para
melhorar ou aumentar as condições de atração, constituir um meio de ocupação dos
tempos livres dos visitantes ou de satisfação das necessidades e experiências
decorrentes da sua permanência no local visitado (Cunha & Abrantes, 2019, p.217).
• Alojar e alimentar o turista não chega.
• É preciso fornecer ao visitante a possibilidade de praticar várias atividades no destino
visitado.
• A animação permite “animar” as estâncias ou centros de alojamento.
• Há quatro grupos essenciais de equipamentos de animação:
– Equipamentos ligados à natureza;
– Equipamentos desportivos para a prática ou para o espetáculo:
• Desportos náuticos;
• Desportos e jogos terrestres;
• Desportos de inverno e de montanha;
• Desportos equestres.
– Equipamentos culturais
– Equipamentos de diversão.
4.3. O alojamento, os transportes e a animação
ANIMAÇÃO
• Podem ser identificados vários tipos de animação:
– Animação de sociabilidade (facilita a comunicação entre os turistas);
– Animação em movimento (atividades físicas, desportos e jogos);
– Animação de criatividade (oferece ao turista a possibilidade de criar
algo);
– Animação de cultura (permite satisfazer necessidades de mudança,
de curiosidade, de manifestações e atividades diversas);
– Animação de aventura (dirigida aos turistas que gostem de
imprevistos);
– Animação de tranquilidade (reencontro de si mesmo, permite
compensar o stress da vida quotidiana).
• O regime de acesso e exercício da atividade das Empresas de Animação
Turística, incluindo os operadores Marítimo-Turísticos, encontra-se
regulamentado pelo Decreto-Lei n.º 108/2009, de 15 de maio, alterado pelo
Decreto-Lei n.º 95/2013, de 19 de julho e pelo Decreto-Lei n.º 186/2015, de 3
de setembro.
4.3. O alojamento, os transportes e a animação
OPERADORES TURÍSTICOS
• Um operador turístico “é um especialista vocacionado para o
planeamento e a realização de viagens de férias pré-preparadas e pré-
pagas, a vender através da agência de viagens” (PATA - Pacif Area Travel
Association);
• A noção de operador turístico reside na noção económica de produtor de
viagens à “forfait” onde os produtos são preparados mesmo antes que a
procura se manifeste.
• Os operadores turísticos podem ser classificados segundo as seguintes
especializações: o mercado; os destinos; o transporte; fabricantes
grossistas; fabricantes grossistas revendedores.
• Devido à sua “agressividade” comercial são um importante fator
dinamizador da procura levando à massificação da procura turística.
• As soluções de integração vertical e horizontal ajudam a combater o risco.
4.3. O alojamento, os transportes e a animação
AGÊNCIAS DE VIAGEM
• Uma Agência de viagens é um intermediário independente na distribuição
de serviços. Segundo o sítio eletrónico business.turismodeportugal.pt as
agências de viagem desenvolvem alguma das seguintes atividades:
a) A organização e venda de viagens organizadas e a facilitação de serviços de
viagem conexos, quando o facilitador receba pagamentos do viajante,
respeitantes aos serviços prestados por terceiros;
b) A representação de outras agências de viagens e turismo, nacionais ou
estrangeiras, bem como a intermediação na venda dos respetivos produtos;
c) A reserva de serviços em empreendimentos turísticos e em estabelecimentos
de alojamento local;
d) A venda de bilhetes e reserva de lugares em qualquer meio de transporte;
e) A receção, transferência e assistência a turistas.

• Legislação aplicável:
– O regime de acesso e exercício da atividade das Agências de Viagens e Turismo
consta do Decreto-Lei n.º 17/2018, de 8 de março, que transpõe a Diretiva
(EU) 2015/2302 do Parlamento Europeu e do Conselho, de 25.11.2015, relativa
às viagens organizadas e aos serviços de viagens conexos. Revoga o Decreto-Lei
n.º 61/2011, de 6 de maio.
4.4. Componente privada na oferta de serviços turísticos

COMPONENTES DA OFERTA TURÍSTICA

Recursos Acessibilidades e
turísticos transportes

Infraestru
turas

Equipam Hospitalidade e
entos acolhimento
4.4. Componente privada na oferta de serviços turísticos

• Como vimos ao longo desta UC, a iniciativa privada é essencial na oferta de


produtos turísticos.
• A iniciativa privada é responsável pelos investimentos necessários à
concretização do produto turístico e pela sua exploração (em termos de
viabilidade económica e financeira).
– Os produtos viáveis economicamente poderão interessar à iniciativa
privada e os produtos que não têm interesse pelos privados irão
fracassar.
• A complexidade económica e social do turismo faz com que esta atividade
económica não possa ser um fenómeno circunscrito às iniciativas e às
responsabilidades do sector privado.
• É por isso necessário a intervenção governamental na articulação, na
organização e na compatibilização das diferentes áreas de atuação que
condicionam, limitam ou estimulam a produção de produtos turísticos.
4.5. Componente institucional na oferta de serviços turísticos

• A atividade turística é um fenómeno complexo, pelo que as


interdependências e interligações estabelecidas com muitas outras atividade
humanas tornam impossível o seu desenvolvimento ordenado e equilibrado.
• Para isso não acontecer, é necessário a integração do turismo na política
económica e global previamente definida.
• Cabe ao Sector Público (Administração local, regional ou ao Estado) definir
as opções políticas e criar condições para que se possam concretizar:
– construção de infraestruturas de transporte;
– proteção e valorização do património cultural;
– definição de sistemas de financiamento;
– formação profissional;
– construção de equipamentos coletivos, etc..
• Cabe ainda, ao Estado co-gerir a política turística com os responsáveis
(cidadãos e empresários) fazendo-os participar ativamente na definição e
na promoção dos produtos a desenvolver com base nos recursos locais.
4.6. Função da produção turística

• A produção turística corresponde ao valor, em termos monetários, dos bens


e serviços finais criados pelo conjunto da atividade durante um determinado
período.
• É dado pelo soma do valor da produção realizada pelos produtores
turísticos com o valor da produção dos produtores não turísticos consumida
pelos turistas, diminuída do valor da produção dos produtos turísticos
consumida pelos residentes.

• Pode representar-se a função produção turística do seguinte modo:


Pt = F (V1, V2, V3 … Ui)

Pt = produção turística num determinado lugar ou realizada por uma determinada empresa
V = diferentes fatores económicos que intervêm na produção
Ui = variáveis que representam fatores de caráter aleatório ou imprevisíveis

• Do ponto de vista económico, a oferta turística pode ser definida como a


quantidade de bens e serviços que os produtores desejam vender a um
dado preço.
4.6. Função da produção turística

ELASTICIDADE DA OFERTA TURÍSTICA

• A oferta depende do preço do produto turístico.


• A oferta depende também dos preços dos fatores de produção (inputs ou
insumos).
• O nível da oferta também é influenciado pela tecnologia, cuja introdução na
empresa, poderá reduzir os custos de produção.
• O governo também pode influenciar a oferta estimulando os produtores a
produzir mais (ou o inverso).
• A oferta de um bem no serviço turístico responde às variações dos preços e
para avaliar a intensidade dessas variações utiliza-se a elasticidade.
• Esta é forte ou fraca se a quantidade oferecida aumentar fortemente ou
fracamente para uma dada elevação dos preços e diminui muito ou pouco
para uma dada baixa de preços.
Variação da quantidade oferecida : variação do preço
Quantidade oferecida preço
4.6. Função da produção turística

ELASTICIDADE DA OFERTA TURÍSTICA

• Considerando que o valor da oferta turística depende das quantidades


vendidas (Q) a um determinado preço (P), a função da oferta (St) é
representada por:
St = f (Q,P)

• A elasticidade-preço da oferta é dado por:


ep = dQ : dP
Q P
ep > 1 oferta elástica
ep = 1 oferta unitária
ep < 1 oferta inelástica ou rígida
4.6. Função da produção turística

ELASTICIDADE DA OFERTA TURÍSTICA

• Exemplo:
Se ao preço de 15€ se vendem 1000 refeições e baixando o preço para 13€ as
vendas aumentam para 1100; as receitas do restaurante, que eram de
15000€ baixam para 14300€. Mas se as vendas subirem para 1250 refeições
as receitas aumentam para 16250€. Ou seja:
Preço inicial 15€ N.º refeições 1000
Novo preço 13€ N.º refeições 1100
-2€ +100
Valor médio 14€ Valor médio 1050

Elasticidade procura-preço no 1ºcaso Ep= 100 x 14 = -0,67 rígida


-2 1050
Elasticidade procura-preço no 2ºcaso Ep= 300 x 14 = 1,87 Elástica
- procura aumenta para 1300 refeições -2 1150
4.6. Função da produção turística

ELASTICIDADE DA OFERTA TURÍSTICA

• Se a procura do restaurante for rígida, o aumento da procura de refeições


resultante da baixa dos preços não lhe trará qualquer vantagem.
• Se a procura for elástica as receitas do restaurante aumentarão em
consequência de uma redução de preços.
PRINCÍPIOS GERAIS DE
TURISMO
Licenciatura em Turismo

Capítulo V – O Mercado Turístico


Márcio Ribeiro Martins (Phd)
marcio.martins@ipb.pt
5.1. Conceito e caracterização do mercado turístico
• Podíamos definir o mercado turístico como o mecanismo pelo
qual os compradores e os vendedores de bens e serviços turísticos
se confrontariam para determinar o preço e as quantidades desses
bens e serviços.
• No entanto, o mercado turístico é um produto compósito formado
por elementos muito diversificados que concorrem para a
satisfação da necessidade de viagem, mas que não integram um
produto identificável que possa ser objeto de uma venda.
• No sentido clássico, o turismo só é um mercado no caso das
viagens organizadas (pacotes turísticos).
• O mercado turístico é fragmentado e atípico:
– Fragmentado - é composto por vários ramos de negócios e
atividades e o consumidor tem de se deslocar para a localidade de
consumo;
– Atípico - na distribuição turística não há a entrega do produto mas
sim a entrega do direito ao usufruto de um bem ou serviço
disponível em local diferente daquele onde reside;
5.1. Conceito e caracterização do mercado turístico
Cadeia de distribuição turística

Fonte: Cunha (2013, p.243)


5.1. Conceito e caracterização do mercado turístico
• Os turistas têm acesso ao produto em diferentes fases da própria cadeia de
distribuição, estabelecendo-se uma cadeia entre os turistas e os vários
agentes da atividade turística:
– Transportadores;
– Hoteleiros;
– Agentes de viagens;
– Operadores de viagens;
– Fornecedores de serviços que respondem às necessidades de
entretenimento e diversão.
• Há mercados livres (as unidades económicas atuam livremente sem
subordinação a forças estranhas ao mercado) e mercados regulamentados;
• O mercado turístico também é:
– Imperfeito - não há dois produtos iguais mesmo que respondam,
cada um deles, a necessidades e motivações iguais;
– Aberto - há reais possibilidades de nele participarem sempre novas
realidades económicas; há no entanto situações caracterizadas por
mercados fechados, por motivos legais ou não.
5.1. Conceito e caracterização do mercado turístico
• Na atividade turística a diferenciação é um fator fundamental de
concorrência.
• No turismo internacional os mecanismos de mercado são determinados
pelos operadores turísticos internacionais que intervêm no mercado de
várias formas:
– Sobre os preços;
– Sobre os destinos;
– Sobre as formas e modalidades turísticas (aconselhando aos seus
clientes os programas que pretendem comercializar);
– ação direta sobre a própria oferta (transformando-se eles próprios
em produtores).
• Surge o oligopólio da procura - há uma procura concentrada; só se
distingue do oligopólio puro porque os bens e serviços transacionados não
são idênticos.
5.2. Elementos básicos do mercado turístico
• No mercado turístico, o ajustamento entre a oferta e a procura verifica-se
através dos preços, que são um dos elementos essenciais para o seu
equilíbrio,
– O preço constitui-se como fator de distribuição da procura pelos
diferentes equipamentos turísticos;
• Existe uma estreita correlação entre os índices relativos dos preços e os
comportamentos dos turistas que procuram um determinado bem; este
mecanismo é influenciado pela intervenção dos operadores turísticos;
• O turismo não é um bem de procura rígida em função dos preços. No
entanto este modelo da elasticidade aplica-se cada vez menos aos
mercados turísticos;
• A plenitude do mercado turístico só se alcança com a total liberdade:
– de movimentação de pessoas por vezes limitada por razões políticas,
económicas e sanitárias;
– de exercício das atividades e profissões turísticas (mais complexa);
• A heterogeneidade dos componentes do produto turístico é outro dos
elementos básicos do mercado turístico intimamente relacionado com a
necessidade de diferenciação do turista. Não há um destino igual ao outro.
5.3. Desequilíbrios de mercado
• Os desequilíbrios estruturais são provocados por fatores que se
mantêm por períodos longos e que só muito lentamente se podem
alterar.
• O equilíbrio de mercado ocorre através do ajustamento entre a oferta
e a procura.
• A diferença de elasticidades da oferta e da procura, faz com que o
mercado turístico seja caracterizado pela instabilidade;
• Logo que se alcança um ajustamento entre a oferta e a procura surge
um novo desequilíbrio;
• Por isso, há a necessidade de um constante acompanhamento da
atividade através da programação de sucessivos objetivos que
permitam determinar as necessidades futuras e as ações a
desenvolver para as colmatar;
• O dinamismo do turismo provoca desajustamentos permanentes, uma
vezes devido a situações estruturais e outras, a situações
conjunturais.
5.3. Desequilíbrios de mercado
• Fatores de desequilíbrio do Mercado Turístico:
1. Fatores estruturais jr

I
szaber
I

A
– Sazonalidade (associada às condições climáticas, sociais, hábitos…);
– concentração dos recursos turístico (distribuição heterogénea dos recursos);
(resultam das características da atividade turística e das motivações da
procura).
– imobilidade da oferta (não permite que a oferta se desloque com a procura);
– saturação e sobrecarga turística (surge o conceito de capacidade de carga);
(resultam da dificuldade em enquadrar as variações da oferta ou da deficiente
gestão dos recursos naturais).

2. Fatores conjunturais
– económicos;
– sociais e institucionais;
– políticos e militares.
5.3. Desequilíbrios de mercado
• Fatores de desequilíbrio do Mercado Turístico:
1. Fatores estruturais
1.1. Sazonalidade
– Causas: Climatéricas; Sociais; Hábitos; Escolares; Económicas -
funcionamento das empresas;
• A sazonalidade provoca desequilíbrios de mercado que se refletem:
– nas empresas turísticas - problemas de sobre e subutilização;
– a nível do emprego - não garante a estabilidade no trabalho e dificulta a
preparação e a qualificação profissional
– graves desequilíbrios a nível da utilização das infraestruturas, do ambiente e
do património cultural;
– nas famílias - desconforto, fadiga e insegurança;
• Medidas para atenuar a sazonalidade:
• No lado da procura
– criação de incentivos à viagem em épocas fora de estação;
– escalonamento de férias escolares;
5.3. Desequilíbrios de mercado
• Medidas para atenuar a sazonalidade:
• No lado da procura (cont.)
– promoção das férias repartidas;
– alongamento dos fins-de-semana;
• No lado da oferta
– criação de atrativos e produtos orientados para as épocas baixas;
– prática de preços mais favoráveis;
– organização de eventos nas épocas baixas;
– campanhas de consciencialização e informação.

• Como não é fácil contornar o fator clima devem ser criadas condições para
atrair visitantes que se desloquem por motivos de negócios.
5.3. Desequilíbrios de mercado
1.2. Imobilidade da oferta
– os fatores naturais e culturais e estabelecimentos hoteleiros são
inamovíveis;
– não é fácil proceder à reconversão das instalações quando há variações na
procura;
– a oferta turística não se pode deslocar com a procura.
1.3. Concentração dos recursos turísticos
– Os recursos e atrativos turísticos concentram-se em espaços limitados.
– A desigual repartição geográfica dos recursos turísticos conduz à
concentração dos equipamentos e das correntes turísticas;
– Assim, a procura turística apenas dispõe de alternativas limitadas de escolha
em função das motivações de cada grupo.
1.4. Saturação e sobrecarga turística
• Krippendorf - círculo vicioso do crescimento quantitativo ilimitado
– o crescimento desordenado e não programado da oferta pode acabar por se
traduzir em crises económicas e sociais que inviabilizem os investimentos
realizado;
5.3. Desequilíbrios de mercado
1.4. Saturação e sobrecarga turística (cont.)
• Todo o espaço tem uma densidade ótima de utilização;
• A massificação do turismo veio agravar estes riscos; é por isso necessário
criar um turismo durável, sustentável;
• Surgem os conceitos de saturação turística e capacidade de carga turística
- ponto a partir do qual os movimentos das pessoas ou as instalações num
determinado espaço ultrapassam o nível aceitável para o ambiente humano e
físico da zona de acolhimento ou das vias a que a ela conduzem.
• A saturação turística identifica-se com o movimento das pessoas e a
sobrecarga turística identifica- se com a ocupação dos espaços;
• Tratam-se de «microconceitos» - existem numa dada localidade ou região e
têm um significado e dimensão diferente ao longo do ano (sazonalidade).
• Os problemas de saturação e sobrecarga surgem em três espaços turísticos:
– Zonas de origem
– Zonas de trânsito
– Zonas de receção
5.4. A questão dos preços em turismo
• Os preços resultam dos mecanismos da oferta e da procura no
entanto a sua fixação é complexa por se tratar de um produto
compósito;
– É o resultado de uma combinação de componentes tangíveis (físicas) e
intangíveis (sensações, emoções, experiências), que ultrapassa a
especificidade e os contornos da oferta do sector.

• Logo, as variações nos preços também dependem do


comportamento dos bens complementares;
• Outra dificuldade reside no facto de cada um dos vendedores, dos
bens e serviços que integram o produto turístico, não terem relações
entre eles, não se sentindo implicados no preço do produto final;
• Como a distribuição é muito diferente dos outros produtos em geral,
só quando se efetua o consumo é que se sabe se o preço satisfaz, ou
não, as suas expectativas;
• Por vezes os preços dos pacotes turísticos são fixados de forma pouco
transparente porque os operadores turísticos exercem pressão sobre
os prestadores de serviços consoante os preços finais e a procura;
5.4. A questão dos preços em turismo
• Ao consumidor o que interessa é o preço do pacote turístico e
não o preço de cada um dos seus componentes;
• A comparação dos preços oferecidos para os vários destinos, em cada
mercado emissor, em diferentes períodos permite avaliar o grau de
competitividade dos destinos;
• Por vezes os operadores turísticos para serem competitivos mantêm
os preços, diminuindo as suas margens ou excluindo do seus pacotes
os produtos mais caros, conduzindo à diminuição das receitas
turísticas per capita;
• A relação qualidade/preço também deve ser analisada: as variações
nos preços podem não afetar a procura se a relação for mantida ou
aumentada, no entanto se diminuir certamente fará diminuir a
procura;
• Um destino que tem custos de produção muito baixos pode competir
através da qualidade;
5.4. A questão dos preços em turismo
• Há outros fatores, para além dos preços, que provocam alterações na
procura:
– a aquisição de bens de consumo duradouro e a variação
dos seus preços;
– as preferências dos consumidores;
• À exceção destes fatores, o aumento dos preços faz diminuir o
número de turistas, reduz a sua permanência média ou a compra de
recordações e pode, ainda, reorientar a procura para bens e serviços
de menor categoria.
5.4. A questão dos preços em turismo
• A determinação dos preços turísticos é bastante complexa em virtude
da variedade de bens e serviços que integram a oferta turística e da
especificidade das suas formas de comercialização.
• São geralmente utilizados índices e a dificuldade da sua construção
reside no conjunto de variáveis incluídas no consumo que, para além
disso, é diferente de país para país;
– 1. Índice de Livi - Calculou para Itália um índice de custo de
vida turística a partir de um conjunto de bens e serviços
adquiridos por um turista médio.
– 2. Índice dos preços do consumo turístico estrangeiro -
agregando as diferentes despesas em grupo de bens e serviços
similares que constituem os índices dos preços de consumo, J.
Largo (Espanha) reagrupou os elementos ponderados que
entram nas estrutura das despesas dos turistas estrangeiros a
fim de obter um índice de preços turísticos;
5.4. A questão dos preços em turismo
• (cont.)
– 3. Índices de preços do INSEE (Instituto Nacional de
Estatística de França) - índice mensal dos preços dos
serviços turísticos (hotéis, consumo em bares e restauração,
serviços de férias e desportos);
– 4. Índices dos preços dos pacotes turísticos - constituídos
a partir das informações recolhidas dos folhetos publicados
pelos operadores turísticos que constituem a fonte documental
básica de análise.

Consultar: Cunha, L. (2013). Economia e Política do


Turismo. LIDEL, pp.273-275.
PRINCÍPIOS GERAIS DE
TURISMO
Licenciatura em Turismo

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Capítulo VI – Planeamento e Gestão em Turismo


Márcio Ribeiro Martins (Phd)
marcio.martins@ipb.pt
6.1. Objetivos turísticos
• A ET2027 do Turismo de Portugal é uma estratégia partilhada de
longo prazo, para o Turismo nacional, que visa os seguintes
objetivos:
– Proporcionar um quadro referencial estratégico a 10 anos
para o turismo nacional;
– Assegurar estabilidade e a assunção de compromissos
quanto às opções estratégicas para o turismo nacional;
– Promover uma integração das políticas setoriais;
– Gerar uma contínua articulação entre os vários agentes do
Turismo;
– Agir com sentido estratégico no presente e no curto/médio
prazo.
6.1. Objetivos turísticos
• Liderar o turismo do futuro é o mote desta estratégia, focada
nas Pessoas, que define uma visão: afirmar o turismo como hub
para o desenvolvimento económico, social e ambiental em todo o
território, posicionando Portugal como um dos destinos
turísticos mais competitivos e sustentáveis do mundo.

• Estabelece prioridades, definindo cinco eixos estratégicos,


com as respetivas linhas de atuação:
– valorizar o território;
– impulsionar a economia;
– potenciar o conhecimento;
– gerar redes e conectividade;
– projetar Portugal;

• se compromete com metas de sustentabilidade económica,


social e ambiental.
6.1. Objetivos turísticos

Márcio Martins
Márcio Martins 5
6
7
8
• Segundo Sorkin (cit. in Vieira, 2007), o planeamento estratégico é um
processo sistemático para gerir a mudança e criar o melhor futuro
possível, tratando-se de um processo criativo de identificação e
acompanhamento das ações mais importantes, tendo em atenção as forças e
fraquezas, bem como as ameaças e oportunidades.
• Para Hall (2001, p. 110) o planeamento estratégico é considerado uma
componente essencial para o planeamento do turismo sustentável.
Uma estratégia é um meio para atingir um fim desejado (...) processo pelo
qual as organizações se adaptam eficientemente ao seu ambiente ao longo do
tempo, integrando planeamento e gestão num único processo.
• O plano estratégico é o documento resultante de um processo de planeamento
estratégico que serve para orientar futuros rumos, atividades, programas e
ações. (...) [cujo resultado] é o impacto que o processo exerce nas
organizações, suas atividades e seu ambiente, inclusive nas várias partes
interessadas.
• De acordo com Hall (2001) e Ignarra (2013), o planeamento estratégico deve-
se orientar, e procura lidar ou relacionar as seguintes questões:
– i. Onde estamos agora?: diagnosticar/verificar (monitorizar e
avaliar);
– ii. Para onde queremos ir?: planear, coordenr;
– iii. Como chegaremos lá?: fazer (estratégia e ação).
6.2. Política Turística
• De acordo com a Secretária de Estado do Turismo – Rita Marques -,
a estratégia portuguesa, que vigora até 2027, tem-se “revelado
oportuna”, mas não será suficiente para responder aos novos
desafios que o setor enfrenta:
– além da pandemia
– e das restrições às viagens,
– o Brexit,
– A pela falta de confiança dos consumidores
– e a difícil situação económica das empresas.

• “Temos felizmente uma estratégia de turismo, até 2027, que é


uma estratégia que se tem revelado oportuna, mas ainda assim
precisamos de comunicar melhor e dar conta que estamos
completamente empenhados em fazer renascer o turismo, o bom
turismo, o tal turismo sagaz e audaz, e não o tal voraz, que nos
ameaçava há uns meses a esta parte…”
Fonte: publituris.pt/2021/01/05/set-quer-recentrar-politica-de-turismo-e-diz-que-portugal-precisa-comunicar-melhor
6.3. Estratégia e planeamento turísticos
6.3. Estratégia e planeamento turísticos
• A Estratégia Turismo 2027 (ET27), é o referencial estratégico para o Turismo em Portugal
na próxima década. Uma Estratégia focada em ativos que visam a sustentabilidade e a
competitividade do destino Portugal.
• Ativos Estratégicos da ET27:
– Ativos Diferenciadores
• Atributos-âncora que constituem a base e a substância da oferta turística
nacional, reunindo uma ou mais das seguintes características:
– Endógenos – que refletem características intrínsecas e distintivas do
destino/território, com reconhecimento turístico internacional e/ou
elevado potencial de desenvolvimento no futuro;
– Não transacionáveis – que são parte de um destino/território concreto,
não transferíveis para outro local e não imitáveis;
– Geradores de fluxos – que estimulam a procura.
– Ativos Qualificadores
• Ativos que enriquecem a experiência turística e/ou acrescentam valor à oferta
dos territórios, alavancados pelos ativos diferenciadores do destino.
– Ativos Emergentes
• Ativos que começam a ser reconhecidos internacionalmente e que
apresentam elevado potencial de crescimento, podendo no futuro gerar
movimentos de elevado valor acrescentado e potenciar o efeito multiplicador
do turismo na economia
6.3. Estratégia e planeamento turísticos
• Ativo Único - Transversal
1. Pessoas
Receber bem em Portugal não é mero marketing: é cultura, é atitude, é identidade.
Consubstancia-se numa vocação universalista que traduz um genuíno interesse por conhecer
outras culturas, valorizar a diferença e o entendimento com outros povos. A nossa vontade e
capacidade de valorizar as relações humanas, expressa na forma de nos relacionarmos com
os outros é consistentemente reconhecida por quem nos visita. As pessoas são, assim, um
ativo único e transversal, com particular importância no Turismo – uma atividade de pessoas
para pessoas.

• Ativos Diferenciadores
2. Clima e Luz
Clima temperado mediterrânico, ameno, com sol e luminosidade intensa durante a maior
parte do ano (em média, 259 dias/ano).
3. História, Cultura e Identidade
Portugal conta com mais de 900 anos de História, com Património Cultural, Militar e Religioso
e, também, Património Mundial material e imaterial ao longo de todo o território reconhecido
pela UNESCO, um legado de tradições, lendas, usos e costumes, arquitetura e cultura
contemporânea (protagonizada por personalidades que se destacam da música ao desporto)
e a identidade própria dos territórios e comunidades locais.
6.3. Estratégia e planeamento turísticos
• Ativos Diferenciadores

4. Mar
Orla costeira de excelência, com potencial para a prática de surf – reconhecido mundialmente
– e outros desportos e atividades náuticas, biodiversidade marinha vasta e condições
naturais e infraestruturais para cruzeiros turísticos são alguns dos atributos de Portugal. A
combinação sol e mar permite oferecer praias (579) e marinas, portos e docas de recreio em
Portugal (52) de reconhecida qualidade.
5. Natureza
Portugal tem um vasto e rico património natural, fauna e flora ímpar, constituída por espécies
autóctones únicas. Cerca de 23% do território nacional está incluído na Rede Natura 2000, o
que faz de Portugal um dos países mais ambiciosos na proteção da biodiversidade e da
paisagem.
6. Água
Rios, lagos, albufeiras e águas termais de reconhecida de qualidade ambiental. Existência de
várias praias fluviais ao longo de todo o país (115). A água constitui o suporte de ativos
únicos localizados na sua grande maioria no interior do país e com potencial turístico (por
exemplo, Alqueva – maior lago artificial da europa, rio Douro, Albufeira do Azibo, Lagoas da
Serra da Estrela, Portas de Rodão).
6.3. Estratégia e planeamento turísticos
• Ativos Qualificadores
7. Gastronomia e Vinhos
A gastronomia tradicional está presente em todo o país. Portugal está entre os países
com o melhor peixe do mundo, dispõe de chefs internacionalmente reconhecidos e de
vários restaurantes agraciados com estrelas Michelin. Os prémios alcançados pelo
vinhos portugueses colocam o país entre os melhores do mundo, sendo um cartão de
visita para potenciar o Enoturismo.
– O Plano de Ação para o Enoturismo em Portugal, apresentado no dia 13 de
março, é um programa desenvolvido no âmbito deste ativo estratégico, com
o objetivo de promover o destino e diversificar os mercados emissores,
reduzir a sazonalidade e alargar o turismo a todo o território.
8. Eventos Artistico-Culturais, Desportivos e de Negócios
• Rede de eventos de expressão artístico–cultural, musicais, desportivos e de
negócios, que alcançam diferentes públicos, com cobertura ao longo de todo o país,
nomeadamente em territórios onde a procura é menos expressiva. Portugal dispõe
de eventos que demonstram um inequívoco contributo para a sua projeção
internacional e que, em alguns casos, contribuem, simultaneamente, para dinamizar
economias locais em territórios de baixa densidade, concorrendo para alargar o
turismo todo o ano e em todo o território.
6.3. Estratégia e planeamento turísticos
• Ativos Emergentes

9. Bem-Estar
Combina vida saudável, saúde, bem-estar e atividades desportivas e de natureza.
Abrange ainda realização de tratamentos de saúde e bem-estar efetuados em termas e
em centros especializados e cujo crescimento se alicerça na qualidade relativa das
infraestruturas hospitalares. Na relação qualidade/preço, no reconhecimento
internacional do Serviço Nacional de Saúde e boa posição do País em importantes
indicadores de saúde.

10. LIVING – Viver em Portugal


Portugal é cada vez mais procurado para viver pela qualidade de vida que proporciona
materializada no clima, na gastronomia, na segurança, na proximidade, na relação
qualidade/preço. É notória a crescente procura de investidores, cidadãos de outros
países, estudantes estrangeiros e investigadores que escolhem Portugal para residir,
contribuindo para um ambiente multicultural e um ecossistema empreendedor, capaz
de gerar movimentos de elevado valor acrescentado.
6.4. Sustentabilidade

Os objetivos do desenvolvimento sustentável


6.4. Sustentabilidade
Os objetivos do desenvolvimento sustentável
• A Assembleia Geral das Nações Unidas definiu, em 2015, a agenda 2030
para o desenvolvimento sustentável e com ela os Objetivos de
Desenvolvimento Sustentáveis (ODS).
• São 17 os objetivos e 169 as metas mediante as quais os Estados, a
sociedade civil e o setor privado se podem guiar e medir as suas
contribuições para o desenvolvimento sustentável até 2030.
• O Turismo pode contribuir direta e indiretamente para todos os objetivos,
mas mais concretamente para os objetivos 8, 12 e 14 que estão
relacionados com o desenvolvimento económico inclusivo e
sustentável, o consumo e a produção sustentável e o uso
sustentável dos oceanos e dos recursos marinhos.
• Segundo o sítio eletrónico do Turismo de Portugal, a sustentabilidade no
turismo é um caminho incontornável e assumido com crescente consciência
pelos agentes do setor, à escala mundial.
• Significa que tem em conta as necessidades dos visitantes, do setor e das
comunidades e os seus impactes ambientais, económicos e sociais no presente
e no futuro.
6.4. Sustentabilidade
• Um turismo sustentável deve fazer um uso adequado dos recursos
ambientais, respeitar a autenticidade sociocultural das comunidades e
assegurar que as atividades económicas sejam viáveis no longo prazo.
– Requer ainda a participação informada dos stakeholders, a
monitorização constante dos seus impactes, mantendo um elevado
nível de satisfação dos turistas (adaptado do conceito de Turismo
Sustentável da Organização Mundial do Turismo - OMT, 2005).
• A nível europeu, foi recentemente apresentado o Pacto Ecológico
Europeu que visa transformar a União Europeia numa economia
moderna, mais eficiente e competitiva quanto ao aproveitamento de
recursos. O plano de ação do Pacto salienta a importância do
comprometimento e envolvimento de todos os setores de atividade,
incluindo o Turismo.
• No plano nacional, a visão da Estratégia Turismo 2027 assenta na
afirmação do “Turismo como hub para o desenvolvimento económico,
social e ambiental em todo o território, posicionando Portugal como um
dos destinos turísticos mais competitivos e sustentáveis do mundo”.
6.4. Sustentabilidade
• Portugal, enquanto destino turístico de qualidade, alicerça a sua
vantagem competitiva nos princípios de sustentabilidade, na oferta
diversificada e na valorização das suas características distintivas e
inovadoras, colocando as pessoas no centro da sua estratégia.
•A Estratégia 2027 define metas concretas em cada um dos três pilares de
sustentabilidade.
•É neste contexto que o Plano Turismo + Sustentável 2020-2030 e a mais
recente adesão do Turismo de Portugal ao Global Sustainable Tourism
Council (GSTC) e ao Pacto Português para os Plásticos, constituem fortes
parcerias que refletem o compromisso de reforçar o papel do Turismo em
Portugal, na construção de um mundo melhor para todos.
•O Turismo de Portugal identificou, assim, áreas de atuação relevantes
que visam contribuir para uma resposta do turismo aos urgentes
desafios da sustentabilidade, em alinhamento com a Estratégia
Nacional de Turismo 2027 e com os objetivos do Fundo Ambiental, em
matéria de economia circular e sustentabilidade.
6.4. Sustentabilidade
METAS DA ESTRATÉGIA TURISMO 2027
https://youtu.be/oTKp9mmD0TM
PRINCÍPIOS GERAIS DE
TURISMO
Licenciatura em Turismo

7. Capítulo VII – Impactos económicos, sociais e


ambientais do turismo

Márcio Ribeiro Martins (Phd)


marcio.martins@ipb.pt
• Os impactos do turismo correspondem às mudanças que
ocorrem como consequência da atividade turística.
• Apesar dos turistas e as pessoas com quem entram em contacto nos
seus lugares de origem serem modificados pelo turismo, a discussão
dos impactos tem-se focado sobretudo nas mudanças que
ocorrem nas áreas de destino.
• Habitualmente devem-se os impactos em três categorias:
económico, social e ambiental.
• A natureza particular dos impactos é influenciada por fatores
como:
– Tipo e escala de desenvolvimento;
– Especificidade das atividades desenvolvidas;
– As características do destino;
– O estádio/fase de desenvolvimento;
– O envolvimento de agentes de cultura e outros intermediários;
– Contexto político;
– Implementação e grau de sucesso de estratégias de mitigação dos
impactos negativos.
• Há três abordagens que podem ser adotadas na análise dos impactos
do turismo:
– Depois de ocorrido (abordagem mais utilizada)
– Monitorização
– Simulação

• Como os impactos do turismo acontecem simultaneamente com


outras mudanças que afetam pessoas e lugares, é muito difícil
separar as mudanças que vão ocorrendo com aquelas atribuídas
especificamente ao turismo.
• O reconhecimento que o turismo tem impactos negativos levou ao
surgimento de conceitos como a capacidade de carga e limites de
mudança aceitáveis, que ajudam os planeadores a manter os
impactos em níveis aceitáveis.
• É também relevante referir que os impactos do turismo são
sentidos de forma diferente pelos membros de uma sociedade
(sexo, linguagem, competências, classe social, acesso ao poder…).
• Os impactos interrelacionam-se:

Impactos
económicos

Impactos Impactos
ambientais socioculturais
Segundo a Enciclopédia de Turismo (Jafari, 2000):
• Impacto económico – corresponde a uma mudança no nível ou
natureza de uma atividade produtiva de um sistema económico.
Mudanças no nível ou padrões das despesas turísticas criarão um
impacto na economia onde essa despesa é realizada. O impacto
pode ser expresso em rendimento, emprego, receitas
governamentais, fluxos de moeda estrangeira e é habitualmente
medido através do uso do efeito multiplicador.
• Impacto ambiental – refere-se a aspetos positivos e negativos da
performance ambiental das organizações turísticas. Engloba
habitualmente os aspetos físicos, biológicos, económicos, sociais ou
culturais. Os impactos ambientais são também cumulativos. O
reconhecimento dos impactos ajuda a corrigir os aspetos negativos.

• Impacto sociocultural – corresponde aos efeitos que o turismo


pode produzir na sociedade e na cultura dos locais visitados.
• O processo de desenvolvimento turístico pode parar,
mudar de direção, modificar o seu caráter e produzir
resultados que podem ser inesperados e difíceis de
prever.
• As mudanças podem ocorrer dentro do sistema turístico
ou resultarem de forças externas.
• A diversidade dos impactos turísticos deve ser
identificada e os tipos de mudança que estimulam o
turismo e os contextos em que essas mudanças ocorrem
devem ser avaliados, se se deseja uma maior compreensão
dos impactos do desenvolvimento do turismo.
• O modelo que se segue permite compreender melhor as
dinâmicas e complexidades da atividade turística e
permite realizar comparações longitudinais e melhorar
a qualidade das análises sobre os impactos bem como a
sua utilidade na prossecução das políticas relativas ao
turismo.
7.1. Impactos Socioculturais
• Os impactos culturais são aqueles que levam a uma mudança
gradual e a longo prazo, nos valores, crenças e práticas culturais de
uma sociedade (Brunt & Courtney, 1999).
• O turismo aumentou o contato entre diferentes sociedades e
culturas. Para alguns, essa interação ameaça destruir as culturas e
sociedades tradicionais e para outros representa uma oportunidade
de paz, compreensão e maior conhecimento entre as diferentes
sociedades e nações (Brunt & Courtney, 1999).
• Muitos investigadores sugerem que o turismo contribui
frequentemente para a mudança social e cultural, em vez de
ser a causa de tal mudança.
• No entanto, dada a visibilidade da indústria turística, tornou-se o
bode expiatório para a mudança sociocultural.
• Mathieson and Wall (1982) referem que os estudos sobre os
impactos socioculturais do turismo têm incidido sobre:
• Os turistas;
• Os anfitriões (comunidade recetora);
• Inter-relações entre turistas e anfitriões.
• Os impactos socioculturais correspondem à forma como o
turismo contribui para a mudança no sistema de valores, no
comportamento individual, nas relações familiares, nos
estilos de vida coletivos, nos níveis de segurança, na conduta
moral, nas expressões culturais e cerimónias tradicionais e
nas organizações comunitárias (Fox, 1977 cit. Mathieson and
Wall, 1982, p.133).
• Os impactos socioculturais são os impactos nas pessoas. As
consequências nas comunidades anfitriãs resultantes do
contacto direto e indireto com os visitantes.
• Todas as possibilidades apresentadas na matriz anterior podem ser
encontradas em simultâneo na mesma comunidade anfitriã, mas o número de
pessoas numa qualquer categoria tem de permanecer constante.
• Os impactos socioculturais têm maior ou menor relevância, tendo em conta:
• A distância económica e cultural entre turistas e comunidade anfitriã;
• A capacidade do destino e da sua população absorver física e
psicologicamente a chegada dos turistas sem colocar em causa as
atividades locais;
• A rapidez e intensidade do desenvolvimento turístico;
IMPACTOS NEGATIVOS

• Surgimento de atitudes negativas da parte das comunidades anfitriãs.


• Situações de xenofobia;
• aumento de ruído, lixo, tráfego, crime, superlotação e aumentos
de preços induzidos pelo turismo.
• Contribui para o aumento de impostos municipais (Haley; Snaith; Miller,
2005).
• O turismo aumenta injustamente os preços dos imóveis (Haley; Snaith;
Miller, 2005).
• O emprego no turismo exige padrões de trabalho flexíveis, conduzindo a uma
maior desigualdade de género (Crompton and Sanderson, 1990).
• Congestionamento/superlotação dos destinos (Burns e Holden, 1995).
• Processos de aculturação das sociedades anfitriãs.
• Neocolonialismo.
IMPACTOS NEGATIVOS

• Conflitos religiosos.
• Em alguns centros urbanos, como Lisboa ou Barcelona, verificaram-se
processos de gentrificação.
• O aumento dos preços das habitações tem levado à saída de população
residente de alguns bairros típicos e os turistas (população flutuante) têm
ocupado esses mesmos espaços.
• Aumenta a procura de serviços públicos;
• Maior manutenção das infraestruturas (custo para a comunidade).
• Os turistas costumam socializar até tarde na noite e consomem mais álcool,
o que aumenta o barulho para os moradores locais.
• Congestionamento do tráfego e transportes públicos;
• Aumento da criminalidade (Haley; Snaith; Miller, 2005);
• Aumento do número das instalações de jogos de azar;
• Aumentam as instalações de entretenimento e do consumo de álcool;
• Aumento da prostituição.
IMPACTOS POSITIVOS

• Mais oportunidades para as mulheres no turismo, o que proporciona a muitas


delas um maior grau de independência económica.
• Melhoria da qualidade de vida da população residente (Sharpley,
1994).
• Novas oportunidades e mudanças sociais (Harrison, 1992).
• Permite ainda a exposição a novas informações e estilos de vida.
• Desenvolvimento dos transportes públicos.
• O leque de lojas disponíveis e os horários de funcionamento aumentam.
• O aumento da disponibilidade de instalações de entretenimento e
recreação - mais locais e oportunidades para os moradores locais
socializarem.
• Promoção da interação intercultural.
7.2. Impactos Económicos
• Segundo a UNWTO, 2019 foi mais um ano de forte crescimento, embora as
chegadas internacionais não tenham atingido os valores excecionais de 2017 (+
7%) e 2018 (+ 6%).
• A procura foi um pouco mais fraca para destinos de economias mais
desenvolvidas;
• A incerteza em torno do Brexit, tensões geopolíticas e comerciais e a
desaceleração económica global pesaram sobre o crescimento;
• Verificaram-se grandes mudanças no setor, com o colapso do grupo de
viagens Thomas Cook e de várias companhias aéreas de baixo custo na
Europa;
• Todas as regiões tiveram um aumento nas chegadas em 2019, com
destaque para o Oriente Médio (+ 8%). Ásia e Pacífico e Europa tiveram um
crescimento de 4%.
• Apesar da desaceleração económica global, os gastos com turismo
continuaram a crescer, principalmente entre os dez maiores gastadores do
mundo.
IMPACTOS POSITIVOS
• O turismo é uma atividade económica exportadora e invisível (não se
transacionam produtos tangíveis);
• Maior procura de bens e serviços auxiliares, como infraestruturas de
transporte, fornecimento de água potável, sistemas de esgotos, etc, que
necessitam de ser construídos, expandidos ou importados.
• O turismo é um produto fragmentado integrado noutros setores da economia
e que afeta diretamente muitos outros setores.
• As despesas turísticas são injetadas diretamente em hotéis,
restaurantes, lojas, entre outros.
• Os benefícios indiretos das despesas turísticas podem ser obtidos
através da arrecadação tributária local (taxas turísticas), das melhorias
nas infraestrutura dos destinos…
• A procura turística por itens específicos, como souvenirs ou artesanato,
estimula o empreendedorismo local, cria empregos e aumenta os
rendimentos na comunidade.
IMPACTOS POSITIVOS
• Contribui para a diversificação económica dos países, sobretudo, dos
países em desenvolvimento e para a melhoria das estruturas económicas.
• Contribui positivamente para melhorar a balança de pagamentos dos
países.
• O turismo é responsável pela criação de empregos.
• Nos países menos desenvolvidos, numa primeira fase e comparando com
outros setores de atividade, o turismo necessita de empregos pouco
qualificados, o que permite absorver muita mão de obra desempregada.
• Com a expansão da atividade, serão necessários mais trabalhadores
altamente qualificados.
• Estimula a atividade empreendedora.
• Contribui ainda para o desenvolvimento regional, mitigando as assimetrias
regionais.
IMPACTOS NEGATIVOS
• Normalmente o consumo turístico é feito em massa e
frequentemente concentrado no espaço e no tempo.
• Os turistas podem não pagar diretamente a grande qualidade
ambiental usufruída em muitos destinos.
• O turismo é uma atividade exportadora instável, sujeita a uma
forte variação sazonal e a forças externas imprevisíveis,
dependente de um conjunto heterogéneo de motivações e
expectativas dos turistas.
• Atividades terroristas, mudanças cambiais ou fenómenos naturais
extremos podem levar os turistas a procurar outros destinos.
• É uma atividade económica muito elástica no que diz respeito aos
preços e aos rendimentos (sobretudo quando há uma diminuição dos
rendimentos dos visitantes).
• As decisões dos turistas podem ser muito influenciadas por pequenas
variações no preço e nos rendimentos.
IMPACTOS NEGATIVOS
• O produto turístico é altamente perecível e não pode ser
armazenado. E como a procura turística é altamente sazonal, conduz
a grandes flutuações da atividade com consequências no
emprego e no investimento.
• O processo de globalização facilitou também a saída de grandes
empresas turísticas multinacionais quando as condições
económico-sociais e políticas dos destinos se alteram.
• Ficaram menos comprometidas com os destinos e se a sua viabilidade
económica estiver em causa, procuram mesmo outros destinos,
abandonando o primeiro.
• As fugas de capitais relativos aos lucros são um obstáculo à
contribuição positiva do turismo para o desenvolvimento.
• Os lucros das empresas regressam aos países mais desenvolvidos.
IMPACTOS NEGATIVOS
• Nos países menos desenvolvidos, o desenvolvimento da atividade
turística também pode fomentar o crescimento de importações
de bens que não sejam produzidos nos destinos.
• Existem situações onde os moradores demonstram preocupação com
o baixo nível de retorno económico (Murphy, 1981), havendo
necessidade de melhorar as relações com a comunidade.
• Há ainda o perigo de grande dependência económica do turismo.
• O desenvolvimento turístico pode levar ao aumento da inflação e
ao aumento dos preços dos terrenos;
• Aumento da propensão para importar;
7.3. Impactos Físicos/Ambientais

• Os impactos ambientais dizem respeito aos efeitos do turismo na natureza e


nos ambientes construídos pelo Homem.
• O ambiente (recursos naturais) é um dos mais básicos recursos do turismo.
• Os recursos naturais/físicos de um destino exercem um poder de
atração em relação ao turista.
• O turismo tem contribuído para a conservação dos destinos turísticos:
• Estimulando a reabilitação de lugares históricos, edifícios e monumentos;
• Estimulando a transformação de velhos edifícios e lugares em novas
infraestruturas de apoio aos turistas;
• Tem dado um ímpeto à conservação dos recursos naturais;
• Tem sido responsável pela introdução de planos de controlo que têm sido
adotados com o objetivo de manter a qualidade ambiental e assegurar o
fornecimento de experiências satisfatórias aos visitantes.
• O impacto ambiental vai depender da interação entre a taxa de uso
(intensidade e frequência), o tipo de vegetação existente, clima e
fatores edáficos (tipos de solos).
Turismo e vegetação

• A vegetação é uma das principais atrações de muitos destinos turísticos.


• Exemplo: sequoias gigantes na Califórnia; florestas kauri no norte da Nova
Zelândia…
• A recolha/corte de flores, plantas e cogumelos pode resultar em mudanças
na composição das espécies.
• O uso descuidado do fogo em parques já deu origem a incêndios florestais em
várias regiões do mundo.
• O corte deliberado de árvores para lenha ou madeira de construção.
• O despejo excessivo de lixo, o que não só é feio, mas também altera o estado
nutricional dos solos e pode ser ecologicamente prejudicial ao bloquear o ar e a
luz.
• O tráfego de pessoas e veículos impacta diretamente a vegetação. A
compactação do solo tem consequências graves ao nível da erosão e
desertificação.
• Acampar tem o mesmo efeito do pisoteio dos solos – remoção/destruição de
vegetação.
Turismo e qualidade da água

• Patógenos são introduzidos no ambiente aquático através de esgotos sem


tratamento ou tratados de forma inadequada. Poluem praias, rios e lagos.
• A adição de nutrientes na água, que induzem o crescimento excessivo de plantas,
provocam a eutrofização que pode levar ao desaparecimento de muitas espécies de
peixes e plantas aquáticas.
• A libertação de óleos por parte de veículos motorizados utilizados em atividades
de recreação tem consequências graves no fornecimento de oxigene-o. Os turistas
também ficam mais insatisfeitos com a diminuição da qualidade das águas.

Fonte: Cunha, L (2017)


Turismo e qualidade do ar

• Apesar do turismo não envolver o transporte de mercadorias como acontece com outras
atividades económicas, é responsável pelo transporte dos visitantes!
• Com a expansão da atividade turística o número de passageiros transportados por
companhias aéreas aumentou de forma significativa - os aviões são responsáveis por um
grande consumo de combustíveis fósseis, logo, libertam grandes quantidades de gases
com efeito de estufa.
• O aumento do volume de tráfego rodoviário também está associado ao aumento da libertação
de gases com efeito de estufa e à redução da qualidade do ar, sobretudo em áreas urbanas.

Fonte: Cunha, L (2017)


Turismo e vida selvagem

• A caça de animais selvagens e a observação e fotografia de vida selvagem


são atividades turísticas importantes.
• Os efeitos diretos na vida selvagem vão depender da intensidade do
desenvolvimento turístico, da resiliência das espécies perante os turistas e
subsequente adaptação.
• Alguns dos impactos mais diretos são:
• a interrupção da alimentação e reprodução;
• A matança de animais selvagens (caça e pesca) – caça furtiva;
• Interrupções no relacionamento entre presa e predador;
• Impactos indiretos dos mecanismos naturais de controlo de algumas
espécies que aumentaram a sua população com a criação de parque
nacionais:
• Aumento da competição por comida;
• Migrações em massa para ambientes alternativos
Turismo e vida selvagem

• O lixo abandonado em acampamentos de turistas atraem algumas espécies,


perturbando habitats e alterando o normal processo de alimentação dos
animais.
• A morte de animais para serem vendidos como souvenirs também é uma
realidade (marfim…).
• Em muitos parques naturais, assiste-se à perda de habitats o que implica
mais restrições e obstáculos na circulação de animais selvagens,
provocando mais pressão nas relações entre presa e predador.

Turismo e geologia

• A recolha de minerais, rochas e fósseis em algumas áreas provocam um


dano irreversível. Tratam-se de recursos que devem ser apreciados in loco e
devidamente contextualizados quer no tempo quer no espaço.
Impactos do Turismo nos ecossistemas

• Um pouco por todo o mundo, o litoral tem sido sujeito a grande pressão
devido ao grande aumento do número de turistas que procuram o produto
“sol e praia”.
• Como consequência, têm-se registado os seguintes impactos:
• Eliminação de habitats de plantas e animais;
• Poluição da água (esgotos, óleo de motores de barcos e navios…)
• Diminuição da qualidade da paisagem,
• Destruição de dunas (erosão costeira),
• Nas ilhas, a pressão tem sido idêntica ao registado no litoral. Os
problemas, idênticos aos do litoral, agravam-se quando se tratam de ilhas
de pequena dimensão.
• Montanhas – são procuradas há muito tempo por turistas. Aqui
encontram-se muitos dos principais parques (áreas protegidas). Com o
desenvolvimento de algumas atividades, como o sky, escalada, caça, estes
ambientes têm sido mais procurados.
Impactos do Turismo nos ecossistemas

• As consequências ambientais do turismo nas montanhas são diversas:


• A construção de estradas altera os sistemas de drenagem naturais e
contribuem para o aumento do risco de deslizamentos de terra;
• As estradas também podem bloquear a circulação natural dos animais;
• Destruição de vegetação natural (pisoteio).
• A formação de trilhos, a perda/compactação de solos, aumento da
frequência de incêndios florestais.
• Abandono de lixo e poluição da água.
• Possibilidade de introdução de espécies não autóctones que podem
desequilibrar os ecossistemas.
Impactos do Turismo em ambientes antrópicos
(construídos)

• A construção de infraestruturas de apoio à atividade turística estão entre os


elementos que mais consequências negativas trazem aos destinos.
Destacam-se:
• Criação de resorts
• Construção de hotéis nas cidades
• Construção de casas de segunda habitação nas áreas rurais.
• Os principais impactos são:
• Poluição arquitetónica – quando os edifícios não se integram na
paisagem;
• Desenvolvimento e expansão em faixa – a falta de planeamento
conduz à construção de edifícios numa faixa costeira para que os
visitantes tenham um acesso mais fácil às praias;
• Infraestruturas sobrecarregadas;
Impactos do Turismo em ambientes antrópicos
(construídos)

• Segregação da população residente;


• Congestionamentos no tráfego;
• A construção de hotéis nas cidades faz aumentar o preço dos
espaços de construção – há mais procura pelos lugares mais
centrais e mais perto das atrações mais populares.
• Como consequência verifica-se o aumento dos preços das
habitações.
GRANDES DESAFIOS AMBIENTAIS

• O turismo global está intimamente ligado às mudanças climáticas.


• O turismo envolve o movimento de pessoas de suas casas para outros
destinos e é responsável por cerca de 50% do movimento do tráfego,
contribuindo com cerca de 2,5% da produção de CO2.

Fonte: IPCC, 2021 (https://www.ipcc.ch/sr15/chapter/chapter-1/)


GRANDES DESAFIOS AMBIENTAIS

• O turismo contribui de forma significativa para o aumento das


concentrações de gases de efeito estufa na atmosfera, nomeadamente, as
viagens aéreas.
• Espera-se que o número de viajantes internacionais aumente de 594 milhões
em 1996 para 1,6 biliões em 2020, aumentando muito o problema, a menos
que sejam tomadas medidas para reduzir as emissões.
• As alterações climáticas têm grandes impactos potenciais no turismo
costeiro, que depende fortemente de ‘sol, mar e areia’.
• As mudanças climáticas podem influenciar o turismo diretamente por meio do
processo de tomada de decisão, influenciando os turistas a escolher
destinos diferentes; e indiretamente como resultado do aumento do nível do
mar e da erosão costeira resultante.
• O aumento da consciência das interações entre a destruição da camada de
ozono e as mudanças climáticas e o subsequente impacto na exposição da pele
humana à luz ultravioleta é outro fator que influencia a escolha de viagens dos
turistas.

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