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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE


CENTRO DE ENSINO SUPERIOR DO SERIDÓ
DEPARTAMENTO DE CIÊNCIAS SOCIAIS E HUMANAS
CURSO DE TURISMO

TURISMO, CULTURA E MEMÓRIA: UM ESTUDO SOBRE A APROPRIAÇÃO DA


MEMÓRIA PELA ATIVIDADE TURÍSTICA NA CIDADE DE CURRAIS NOVOS – RN

BEATRIZ APARECIDA PEREIRA FERREIRA

CURRAIS NOVOS - RN
2018
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BEATRIZ APARECIDA PEREIRA FERREIRA

TURISMO, CULTURA E PATRIMÔNIO: UM ESTUDO SOBRE A APROPRIAÇÃO


DA MEMÓRIA PELA ATIVIDADE TURÍSTICA NA CIDADE DE CURRAIS NOVOS-
RN

Trabalho de conclusão de curso


apresentado ao curso de graduação em
Turismo da Universidade Federal do Rio
Grande do Norte como parte dos requisitos
para obtenção do título de Bacharel em
Turismo.

Orientadora: Profa. Dra. Paula Rejane


Fernandes

CURRAIS NOVOS
2018
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BEATRIZ APARECIDA PEREIRA FERREIRA

TURISMO, CULTURA E PATRIMÔNIO: UM ESTUDO SOBRE A APROPRIAÇÃO


DA MEMÓRIA PELA ATIVIDADE TURÍSTICA NA CIDADE DE CURRAIS NOVOS-
RN

Trabalho de conclusão de curso


apresentado ao curso de graduação em
Turismo da Universidade Federal do Rio
Grande do Norte como parte dos requisitos
para obtenção do título de Bacharel em
Turismo.

Currais Novos/RN, de de .

BANCA EXAMINADORA

________________________________________
Prof. Dra. Paula Rejane Fernandes

________________________________________

Prof. Ms. Antonio Rafael B. de Almeida

________________________________________

Prof. Ms. Rodrigo Cardoso da Silva.


4

Aos meus pais e amigos, incentivadores e fonte de inspiração.


5

AGRADECIMENTOS

Agradeço a Deus pela vida, pelo discernimento e pela fé que me mantem


acreditando que tudo é possível, basta acreditar.

Ao curso de Turismo e corpo docente da Universidade Federal do Rio Grande


do Norte, Ceres, por todo o conhecimento e apoio repassado nesses anos.

A minha mãe, Dona Cissa, que sempre me apoiou, independente das decisões
que tomo na vida.

E por fim, aos amigos que fiz durante esses anos de academia, principalmente
a Rusimara Dayane, Sayonara Azevedo e Irismar Fernandes. Agradeço pelos
momentos compartilhados na universidade e na vida.
6

“Eu não sou o que me aconteceu, eu sou o que escolho me tornar”


Carlos Araújo
7

RESUMO
O turismo cultural tem promovido o envolvimento das comunidades com sua história,
seus atrativos e sua memória social. Deste contexto, o objetivo geral dessa pesquisa
foi analisar de que maneira a atividade turística desenvolvida no município de Currais
Novos-RN tem se apropriado do Memorial Tomaz Salustino e do Museu Antônio
Quintino Filho, com destaque ao personagem José Bezerra Gomes, na prática de
suas atividades e roteiros. Tendo em vista que Currais Novos-RN é uma comunidade
que possui grande potencial para se tornar um destino de referência, seja pelo seu
conjunto arquitetônico histórico-cultural, ou por suas tradições e costumes. Para isso,
foram realizadas uma pesquisa bibliográfica e de campo; sendo essa a aplicação de
questionários junto aos guias e/ou condutores locais; entrevista realizada com a
senhora Maria do Socorro; e informações cedidas via e-mail pela Secretaria Municipal
de Cultura do município de Currais Novos. Os resultados obtidos apontaram que a
atividade turística desenvolvida no município de Currais Novos-RN, tem se apropriado
de maneira mais constante em seus roteiros e visitas do Memorial Tomaz Salustino,
localizado na Mina Brejuí. Em contrapartida, essa constância não se mostra da
mesma maneira no Museu Antônio Quintino Filho, que presta homenagem a
personagem José Bezerra Gomes.

Palavras-Chave: Museu. Cultura. Turismo. Apropriação.


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LISTA DE ABREVIAÇÕES

IBGE Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística

IBRAM Instituto Brasileiro de Museus

ICOM Internacional Council of Museums (Conselho Internacional dos Museus)

IPHAN Instituto de Patrimônio Histórico e Artístico Nacional

SEMTUR Secretaria Municipal de Desenvolvimento Econômico e Turismo

SPHAN Serviço do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional

UNESCO Organização das Nações Unidas para ciência, educação e cultura


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SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO ....................................................................................................... 10

CAPÍTULO 1 - MUSEU: ORIGEM E NASCIMENTO ................................................. 13

1.1 – O museu na Europa ......................................................................................... 14

1.2 - Museu no Brasil ................................................................................................ 16

1.3 Museu, patrimônio e turismo ............................................................................... 19

1.4 Turismo e Museus ............................................................................................... 23

CAPÍTULO. 2 - OS "CURRAIS" E SEU PERSONAGEM TOMAZ SALUSTINO ..... 255

2.1 - Sobre Tomaz Salustino ................................................................................... 266

2.2 - Sobre o Memorial Tomaz Salustino .................................................................. 28

CAPÍTULO 3 - SOBRE O JOSÉ BEZERRA GOMES ............................................... 32

3.1 – O museu Antônio Quintino Filho: Dos seus personagens, destaque a José
Bezerra Gomes. ........................................................................................................ 35

Conclusão ................................................................................................................. 39

REFERÊNCIAS ......................................................................................................... 42

APÊNDICE A – QUESTIONÁRIO DE PESQUISA – GUIAS E CONDUTORES LOCAIS


DO MUNICÍPIO DE CURRAIS NOVOS/RN. ............................................................. 44
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1 INTRODUÇÃO

A curiosidade humana leva as pessoas a quererem conhecer novos atrativos,


histórias e culturas distintas das suas, levando-as a realizarem viagens, para viverem
novas experiências culturais. E dessa forma, o turismo cultural tem tido grande
crescimento no decorrer do tempo.

Assim, lugares depositários de patrimônio histórico e de referência cultural


constituem intrinsicamente potenciais turísticos, uma vez que são "lugares
eternizados como espaço de desejo" (DAMIANI: 1997, p. 48).

Porém, o desconhecimento ou a má utilização do potencial pode resultar na


depreciação dos bens ou no desinteresse do turista, do visitante, e até do residente,
pelo lugar. Por essa razão deve-se analisar como a apropriação desses lugares pela
atividade podem vir a beneficiar ou não a cultura local.

O município de Currais Novos dispõe de uma diversidade de atrativos que


engloba aspectos não só naturais, mas também aspectos culturais, como: dança,
música, culinária, obras literárias, monumentos históricos, e museus. Observando
essa diversidade acredita-se que os mesmos devem ser conservados, não apenas
para a "apropriação" da atividade turística, mas para a conservação dos valores e da
memória dos seus respectivos residentes.

Assim, no intuito de compreender como o turismo tem utilizado os atrativos


culturais da cidade de Currais Novos na atividade turística e na venda de seus roteiros.
a pesquisa teve como principal objetivo analisar de que maneira a atividade turística
desenvolvida na localidade vem se apropriando de bens culturais e atrativos
históricos, e de que forma a beneficia a comunidade local. Os objetos desse estudo
são o Museu Antônio Quintino Filho, que tem como seu mantenedor a Fundação José
Bezerra Gomes, porém a pesquisa destaca de forma mais abrangente a ala
pertencente a José Bezerra Gomes, e o espaço do Memorial Tomaz Salustino,
localizado na Mina Brejuí.

A metodologia adotada para a realização deste trabalho foi uma pesquisa


bibliográfica, descritiva e analítica, com base nas temáticas: turismo, cultura e
museus. Referenciada nos livros: Memória e identidade (CANDAU, 2011); Turismo e
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Legado Cultural (BARRETO, 2000; 2003); Museu e Turismo: estratégias ou


cooperação (IBRAM, 2014); Turismo, memória e patrimônio cultural (PORTUGUEZ,
2004); O espetáculo das raças: cientistas, instituições e questão racial no Brasil –
1870-1930 (SCHWARCZ, 1993); Turismo e Museus (VASCONCELLOS, 2006).

A pesquisa bibliográfica, consiste na identificação, localização e obtenção de


informações bibliográficas sobre o assunto abordado (STUMPF, 2008).

A pesquisa desenvolvida foi composta a partir de formulação e aplicação de


questionários qualitativos, “seleciona o que acredita ser a melhor amostra para o
estudo de um determinado problema” (DENCKER, 1998, p. 179). Foram aplicados 30
(trinta) questionários junto aos condutores e/ou guias de turismo atuantes, ou que já
atuaram no município de Currais Novos. No entanto foram obtidas respostas de
apenas 10 (dez) desses. O contato aos condutores e/ou guias fez-se importante para
a presente pesquisa pelo fato dos mesmos terem uma visão mais próxima dos objetos
estudados. Dessa maneira, sendo aptos a realizar uma análise da importância desses
meios culturais para o município de Currais Novos, o perfil dos visitantes, o número
de visitas a esses locais, a inserção ou não desses lugares nos roteiros da localidade,
se há uma apropriação da atividade turísticas a esses locais, e a importância da
atividade, e se a atividade pode se mostrar como meio de preservação da cultura na
cidade. Também foi utilizada na pesquisa informações passadas pela senhora Maria
do Socorro Fernandez da Cruz, cedidas por meio de entrevista pessoal cedida pela
mesma para complemento da pesquisa.

Deve-se ressaltar que mesmo não sendo turístico, muitos lugares são
merecedores de proteção legal, pois o sentido da preservação do patrimônio é muito
mais amplo que propriamente a possibilidade de seu uso econômico por meio do
turismo. A preservação, nessa perspectiva, vincula-se à manutenção da memória, a
conservação das tradições pela e para a população de certa localidade.
(PORTUGUEZ, 2004, p. 08)

Entendemos assim, que o turismo cultural, da forma que conhecemos hoje,


implica não somente na oferta de espetáculos ou eventos, mas também na existência
e preservação de um patrimônio cultural representado por museus, monumentos e
locais históricos.
12

Assim, a escolha desse tema deu-se após uma discussão de como a atividade
turística está inserida no cotidiano das pessoas e no desenvolvimento das sociedades.
Dessa forma, pensou-se na seguinte questão problema: Como os lugares de memória
(museu e memorial) são apropriados pelo turismo no município de Currais Novos?

No tocante a organização do texto, ele está dividido em 03 ((três) capítulos. No


capítulo 01 intitulado Museu: Origem e nascimento é apresentado uma breve
discussão sobre o processo de nascimento dos museus, iniciada na Europa, até a
chegada do termo no Brasil. Sua correlação com a educação, leis de proteção, e
turismo.

O capítulo 02 intitulado: Tomaz Salustino, aborda, de forma sucinta, a origem


da cidade de Currais Novos, a vida, carreira de Tomaz Salustino, o desenvolvimento
do Memorial em sua homenagem. E analisando a ligação entre a atividade turística
desenvolvida no local.

No capítulo 3 intitulado: Sobre o José Bezerra Gomes, trará uma breve biografia
sobre José Bezerra Gomes, seu nascimento e crescimento no município de Currais
Novos, sua formação em Direito e seu amor a cultura e trajetória como escritor.
Destacando a Fundação José Bezerra Gomes mantenedora do Museu Antônio
Quintino Filho onde o mesmo tem uma ala destinada à sua homenagem, sendo uma
das fontes principais nessa pesquisa. Por fim ainda é observada a ligação do museu
com a atividade turística desenvolvida no munícipio de Currais Novos.
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CAPÍTULO 1 - MUSEU: ORIGEM E NASCIMENTO


“De acordo com a mitologia e a história da Grécia antiga, da união de Zeus
(deus supremo) com Mnemósine (deusa da memória) nasceram nove musas, cuja
missão era proteger as artes.” (CASTILHO JUNIIOR, 2008, p. 2). Essas musas, que
possuíam seus próprios templos, os chamados Templos das Musas ou Muonseion,
detinham grande memória e criatividade. Esses espaços tinham como principal
objetivo promover demonstrações de modalidades culturais, como dança, poesia e
narrações.

Semelhante ao encontrado na Grécia, a cidade de Alexandria, no Egito,


também contava com um mouseion. Que tinha por principal objetivo “o saber
enciclopédico e assim como na Grécia, possuía obras de arte expostas, mas também
contemplava biblioteca, anfiteatro, jardim botânico e observatório”. (MUSEU E
TURISMO, 2014, p. 19).

Menciona Hernández (1994, p. 13) que na cultura romana a palavra mouseion


designa uma edificação particular onde eram realizadas reuniões filosóficas sem,
contudo, se referirem às coleções.

Percebe-se assim, que o conceito de museu, não como o que entendemos


hoje, tem sua origem na civilização grega, a partir da construção do primeiro
mouseion.

Partindo desse princípio, observa-se que o processo de definição do conceito


e palavra museu como conhecemos nos dias atuais, faz parte de um longo processo
pautado em cima de acontecimentos históricos que deram origem a definição atual.
Mas vale salientar que o hábito de colecionar sempre esteve presente nas passagens
históricas citadas. A prática de guardar objetos era comum, porém as motivações que
levavam esses povos a isso variavam de acordo com seus significados e do contexto
em que estavam inseridos.

Na idade Média, por exemplo, a Igreja Católica tornou-se uma das principais
colecionadoras de artefatos que foram adquiridos por meio das cruzadas. E os
mosteiros e igreja passaram a abrigar objetos e relíquias, doados em função das
pregações que recomendavam o desprendimento de bens materiais.
14

Porém, mais tarde, os movimentos de reforma e contrarreforma na igreja


católica, causaram seu enfraquecimento, fazendo com que os reinados se
fortalecessem e as coleções se tornassem privadas. Os grandes reinados compravam
objetos antigos, financiavam suas obras e permaneciam com as produções.

Surgem assim os chamados “Gabinetes de Curiosidades”:

Onde estavam reunidos objetos de diversas origens e tamanhos, aos quais o


acesso era restrito, pois sua visitação deveria ser autorizada por seus
proprietários. Essas coleções formariam os grandes museus que
conhecemos hoje, como o Ashmoelan Museum, na Inglaterra. Considerado o
primeiro museu público, ele é fruto de uma doação da coleção de Jonh
Tradeskin a Elias Ashmole, com a indicação de que essa coleção virasse um
museu na universidade de Oxford. (MUSEU E TURISMO, 2014, p.20)

Atualmente, é possível dizer que, os museus abrem suas coleções ao público


e tem como desafio firmarem-se como local de lazer, descobertas e experiências
pessoas, culturais e educativas. Refletindo as transformações do tempo junto com a
humanidade, indicando práticas e costumes vigentes em determinada época, tentando
manter a história presente a sociedade atual.

1.1 – O museu na Europa


No continente europeu, é possível observar que a visita aos museus têm sido,
desde o início do turismo moderno, uma tarefa valorosa.

Pode-se afirmar que, atualmente, na Europa, os museus e o patrimônio em


geral são o atrativo/recurso turístico por excelência. Os museus
transformaram-se durante o século XX, deixaram de ser apenas depósitos de
coisas velhas para mostrar seus objetos e fazer chegar sua mensagem ao
público de uma forma dinâmica e até lúdica, em que muitas das técnicas dos
parques temáticos são utilizadas, assim como recursos de multimídia e outros
recursos tecnológicos. Com esse novo perfil, o museu passou a ser
completamente necessário do turismo, superando preconceitos de ambas as
partes. (BARRETO, 2000, p. 53)

Durante muitos anos, o trade turístico só valorizou como atrativo possível para
incluir em suas ofertas os museus consagrados (Louvre em Paris, El Prado em Madri,
MoMA em Nova York etc.). Porém, atualmente, a oferta de museus em catálogos e
roteiros culturais é quase ilimitada.
15

Silva, (2006, p. 4), comenta que no ano de 1946, é formado o Internacinal


Council of Museums (Icom), instituição que tem como objetivo analisar e definir o
padrão dos museus entre os antigos e os atuais, mensurando seu grau de importância
para a sociedade.

Assim surge uma das primeiras definições do termo museu dentro dos
significados que conhecemos nos dias de hoje.

O museu é uma instituição permanente, sem finalidade lucrativa, a serviço da


sociedade e do seu desenvolvimento, aberta ao público, que realiza
pesquisas sobre a evidência material do homem e do seu ambiente, adquire-
a, conserva-a, investiga-a, comunica e exibe-a, com a finalidade de estudo,
educação e fruição. (SILVA, 2006, p. 4)

Compreende-se assim, que os museus como instituição proporcionam ao


público a quem atinge a possibilidade de se deparar com ambientes, situações e
momentos de outrora, já que investigam e expõem culturas, personagens, e
momentos históricos. Agindo como auxiliador da educação e memória por meio da
cultura.

A partir de 1950, os museus começam a procurar uma forma de se tornar mais


acessíveis a sociedade, “quando os franceses George Bazin, Marcel Evrard e Hugues
de Varine-Bohan começaram a questionar os museus tradicionais europeus cujo
modelo se tinha estendido pelo mundo.” (BARRETO, 2000, p. 62)

As primeiras mudanças começaram tentando redimensionar a função


pedagógica e social do museu, buscando uma quebra da visão do museu tradicional
e uma intensificação das relações com o público, buscando sua popularidade.

Outra mudança do período pós-revolução cultural de 68 foi que os museus


passaram a tratar de temas do cotidiano e das “minorias” historicamente silenciadas.
Surgiu a chamada nova museologia, que propunha um museu pluralista, onde todos
os segmentos da sociedade se sentissem representados.

Embora ainda haja no mundo muitos museus tradicionais, Barreto (2000, p. 63),
diz que é possível afirmar, de um modo geral, que, “após séculos em que as coleções
refletiam vaidade de seus donos, atualmente os museus procuram mostrar os objetos
da cultura de forma crítica e, dentro do possível, permitir o diálogo do público com o
objeto que ela compreenda.”
16

Com base nas palavras ditas por Silva (2006, p. 6) “O primeiro museu a
revolucionar o conceito de relacionamento com o público foi o Louvre, entre 1795 e
1799. Surgiu como resultado da estatização de coleções da realeza e do clero após a
Revolução Francesa.” Transformando-se em museu popular entre a população, pois
tinha como principal objetivo o ensino e educação.

O processo de renovação dos museus de história aconteceu quando estes


saíram da fase em que eram apenas depósitos de matéria-prima do historiador para
entrar em outra, na qual o pesquisador interpreta os objetos e relata, uma história
inteligível. De acordo com Barreto (2000, p. 66),

As discussões sobre qual deva ser o papel social dos museus datam do início
do século e se intensificaram muito nas décadas de 1970 e 1980, quando
aconteceu uma cobrança muito grande para que tivessem alguma utilidade
na promoção de mudanças sociais.

Observa-se assim, a representatividade do museu para com a sociedade que


o mesmo tem o papel de suprir os desejos daqueles que os buscam seja por motivos
de divertimento, educação, ou aquisição de cultura.

1.2 - Museu no Brasil


No período que vai de 1870 a 1930, os museus nacionais – o Museu Paulista,
o Museu Nacional e o museu Paraense de História Natural – desempenharam
importante papel como estabelecimento dedicados a pesquisa etnográfica e ao estado
das assim chamadas ciências naturais (SCHWARCZ, 1993, p. 67)

No Brasil, as primeiras experiências museológicas são datadas no período da


dominação holandesa em Olinda, estado de Pernambuco. “Quando Maurício de
Nassau construiu o Palácio de Vrijburg ou Palácio das Torres, onde ficavam expostas
amostras da fauna e flora da região, além de pinturas dos holandeses Frans Post e
Albert Eckhout” (MUSEU E TURISMO, 2014, p. 20).

Porém, acredita-se que o primeiro museu aberto ao público no Brasil, surgiu no


Rio de Janeiro, em 1784, quando Dom Luiz de Vasconcellos, vice-rei do Brasil, criou
a casa de História Natural, popularmente chamada “Casa Xavier dos Pássaros”. A
instituição, era responsável pela coleta e taxidermização, e exposição de animais que
iam para os museus portugueses.
17

Entretanto, “é só a partir do século XIX que são criados museus etnográficos,


instituições dedicadas a coleção, preservação, exibição, estudo e interpretação de
objetos materiais” (SCHWARCZ, 1993, p. 68)

No ano de 1818, partindo de um desejo da família real, que estimava por um


espaço destinado ao cientificismo, é criado o Museu Real, também conhecido como
Museu Nacional. Localizado no Campo de Santana - RJ. Posteriormente tornou-se
um Museu de História Natural, devido seu acervo com vastos exemplares de peças
coletadas por naturalistas e doações feitas pela coroa.

A fundação do Museu Nacional está profundamente associada a atuação de


D. João VI. Parte de um pacote de medidas culturais implementados pelo
monarca português, o Museu Nacional era criado mediante decreto de 6 de
julho de 1808. Tendo como função “estimular os estudos de botânica e
zoologia” (SCHWARCZ, 1993, p. 70)

Outras experiências de caráter museológico foram surgindo com apoio das


sociedades particulares. As coleções científicas e culturais aos poucos iam se
tornando museus, como o Museu Paraense Emílio Goeldi em Belém (1866) e o
instituto Geográfico e Histórico da Bahia (1894). (MUSEU E TURISMO, 2014, p.21).

A instituição da república dá abertura para o crescimento do número de museus


em todo território nacional. “Em 7 de setembro de 1895, foi criado o museu Paulista,
em São Paulo”. (MUSEU E TURISMO, 2014, p. 21).

O sentimento nacionalista volta a crescer durante o século XX, devido as


mudanças nos cenários, político, social e cultural que finda por fortalecer a identidade
dos brasileiros pelo país. A semana de Arte moderna de 1922, foi exemplo dessa
valorização da cultura nacional. Com base em Museu e Turismo (2014, p. 21), “ao
mesmo tempo, que aconteciam movimentos políticos intensos tais como a Revolta
dos 18 do Forte de Copacabana e a Fundação do Partido Comunista do Brasil. É
nesse contexto que nasce o Museu Histórico Nacional em 1922.”

Os museus, no Brasil, chegam ao século XXI transformados por condições


sociais, econômicas, políticas e por consequências culturais. “Hoje, no Brasil, são
3.025 museus mapeados pelo Instituto Brasileiro de Museus (Ibram)”. (MUSEU E
TURISMO, 2014, p. 22).
18

Observa-se, dessa forma, que o conceito, práticas e funções dos museu


permanece em constante transformação e construção devido sua ligação com fatores
adversos que findam por interferir em um conceito definitivo do termo. No Brasil a
principal definição utilizada, é a da Lei 11.904/2009, que institui o Estatuto dos
Museus.

Assim sendo, diferente do que pode aparentar, vários processos museológicos


acontecem fora dos museus e vão além da visão institucional. Atividades, projetos e
programas embasados nos pressupostos teóricos e práticos da museologia, tendo
como objetivo o estudo da sociedade nos seus aspectos de território, cultura, e
memória, visando o desenvolvimento cultural e socioeconômico, são considerados
processos museológicos. "Buscam o empoderamento social e o desenvolvimento
cultural, por meio de afirmação de identidade, da apropriação do patrimônio cultural e
da construção da memória social. (MUSEU E TURISMO, 2014, p. 22).

Buscando incentivar grupos sociais menos favorecidos socialmente a


reescreverem sua história e ressaltar sua cultura, o Instituto Brasileiro de Museus,
criou no ano 2009, o programa Pontos de Memória.

Conceitualmente, o programa ancora suas bases na museologia social e na


ideia do museu integral. No Brasil, a museologia social ganhou respaldo
institucional principalmente com a criação da Política Nacional de Museus
(PNM), em 2003. Acreditando que os pontos de memória são capazes de
contribuir para a melhoria da qualidade de vida da população e fortalecer as
tradições locais e os laços de pertencimento, além de colaborar com o turismo
e a economia local. (MUSEU E TURISMO, 2014, p. 25)

Os princípios fundamentais dos museus, regimentados pelo Estatuto de


Museus (2009), da lei nº 11. 906, prezam principalmente “pela valorização da
dignidade humana, a ênfase na função social, a preservação do patrimônio cultural e
ambiental, a universalidade do acesso e a valorização da diversidade.” Esses pilares
devem se refletir no desenvolvimento das ações e das atividades bases dos museus
que são a preservação, a pesquisa e as diversas formas de comunicação com a
sociedade.

O programa buscava uma inter-relação entre comunidade e memória. Para


tanto os espaços dos museus foram utilizados como uma espécie de intermediadores
19

entre público, cultura e tradição. Buscava-se dessa forma criar uma ressignificação da
cultura e desenvolver o sentimento de pertencimento aos locais. A Declaração de
Caracas (1992, apud MUSEU E TURISMO, 2013, p. 23), comenta que os museus
“são espaços de relação dos indivíduos e das comunidades com seu patrimônio e
linguagens expositivas os diferentes códigos culturais das comunidades que
produziram e usaram os bens culturais, permitindo seu reconhecimento e sua
valorização.”

Em resumo, o processo de comunicação museológica se dá sob diversas


formas, partindo da divulgação do acervo e da realização de exposições, a atividades
educacionais e eventos culturais. Ressaltando que tais iniciativas, se bem planejadas,
além de atrair turistas, também podem contribuir para a formação de públicos
frequentadores de museus.

1.3 Museu, patrimônio e turismo

O conceito de patrimônio é considerado imprescindível ao se tratar de


pesquisas que abordam e buscam compreender o legado cultural referente a um
determinado grupo social.

Para Barreto (2003, p.9), o patrimônio pode ser classificado de duas formas
bastantes amplas: a natural e a cultural. O primeiro grupo refere-se “as riquezas que
estão no solo e subsolo, tanto as florestas quanto as jazidas”, o segundo grupo vem
acompanhando as transições ocorridas com o termo cultura.

De acordo com Barreto (2003), o significado de patrimônio cultural esteve


limitado, durante o século XX, apenas a monumentos e itens materiais da alta
sociedade. Patrimônios imateriais e representações das classes menos favorecidas
eram irrelevantes a definição de cultura e por consequência ao de patrimônio.

Porém, pode ser observada que essa ideia de definição de cultura não deve
ser válida apenas para representações de bens culturais tangíveis, pois a mesma,
aplicada no cenário atual, também deve considerar como pertencentes a essa
definição as tradições culturais, os bens intangíveis.
20

O Ministério do Turismo (2010) considera o patrimônio histórico e cultural como


os bens de natureza material e imaterial que expressam ou revelam a memória e a
identidade das populações e comunidades.

O conceito de patrimônio cultural como monumento, analisado por Barreto


anteriormente, pode ser considerado um elo entre passado e presente, partindo do
princípio de que o mesmo estabelece uma ligação constante da história de uma
comunidade, podendo promover a empatia e identificação com ela. Assim, percebe-
se que a definição de patrimônio cultural também pode ser complementar a definição
de patrimônio cultural material e imaterial.

Barreto (2003) refere-se a importância da criação de políticas de preservação


e proteção dos patrimônios, entretanto, também observa que essas possíveis medidas
de proteção estão à margem das ideologias de quem as pode criar e desenvolver.

[...] determinar o que é digno de preservação é uma decisão político-


ideológica, que reflete valores e opiniões sobre quais são os símbolos que
devem permanecer para retratar determinada sociedade ou determinado
momento, donde os grandes questionamentos sobre quem tem ou deveria ter
autoridade para decidir. (BARRETO, 2003, p. 13)

É importante ressaltar que há uma diferença semântica entre as palavras


preservar e conservar, principalmente quando os termos são usados acerca de bens
culturais materiais e imateriais. Para Barreto (2003), o significado da primeira palavra
é resguardar, proteger, impedir que algo seja afetado por qualquer outra coisa que
traga algum tipo de dano. Em contrapartida, a segunda palavra significa guardar algo
para que permaneça na história, por meio de manutenção. Para melhor entendimento
a autora cita:

Desde que guardar é diferente de resguardar, preservar o patrimônio implica


mantê-lo estático e intocado, ao passo que conservar implica integra-lo no
dinamismo do processo cultural. Isso pode, às vezes, significar a
necessidade de ressemantização do bem considerado patrimônio, e é nesse
terreno que se dá a discussão. (BARRETO, 2003, p. 15)

O Serviço do Patrimônio Histórico e artístico Nacional (SPHAN) foi a primeira


denominação do órgão federal de proteção ao patrimônio cultural brasileiro, hoje
conhecido como Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (IPHAN).
21

O SPHAN teve sua criação em 13 de janeiro de 1937, por meio da Lei nº 378,
assinada pelo então presidente Getúlio Vargas. A partir dessa iniciativa foram
implantados, de maneira gradual, vários museus com temáticas diferentes, por várias
cidades do Brasil. Devido a essa mudança de visão, e a importância adquirida pelo
patrimônio histórico e artístico do nacional nessa época, logo começam a surgir várias
instituições museológicas de iniciativa privada no país.

Os objetivos da criação do Serviço foram estipulados no artigo 46 da Lei, no


qual se afirmava: “fica criado o Serviço do Patrimônio Histórico e Artístico
Nacional, com a finalidade de promover, em todo o País e de modo
permanente, o tombamento, a conservação, o enriquecimento e o
conhecimento do patrimônio histórico e artístico nacional” (BRASIL, 1937, art.
46).

No mesmo ano, o decreto de lei nº 25, de 30 de novembro de 1937,


regulamentou o ato de tombamento de bens móveis e imóveis, designando o SPHAN
como órgão competente para gerir essa política de tombamento.

Esse decreto lei foi criado com intuito de assegurar a continuidade desses
patrimônios tangíveis e intangíveis a futuras gerações. E mesmo com o órgão sendo
reestruturado posteriormente, mudando sua nomenclatura, sua finalidade permanece
a mesma.

O Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (IPHAN), denominação


utilizada a partir do ano 1946, é “uma entidade administrativa federal vinculada ao
Ministério da Cultura que responde pela preservação do Patrimônio Cultural Brasileiro.
Cabe ao mesmo proteger e promover os bens culturais do País, assegurando sua
permanência e usufruto para as gerações presentes e futuras.” (IPHAN, 2014).

Desde a criação do Instituto, os conceitos que orientam a atuação do mesmo


têm evoluído, mantendo sempre a relação com os limites legais.

A constituição Brasileira de 1988, em seu artigo 216 define o patrimônio cultural


como:

Formas de expressão, modos de criar, fazer e viver. Também são


reconhecidos as criações científicas, artísticas e tecnológicas; as obras,
objetos, documentos, edificações e demais espaços destinados as
manifestações artísticos – culturais; e, ainda, os conjuntos urbanos e sítios
22

de valor histórico, paisagístico, artístico, arqueológico, paleontólogo,


ecológico e científico.

Desde então vem sendo realizado um trabalho permanente de identificação,


documentação, proteção e promoção do patrimônio cultural brasileiro.

Os museus então inseridos no conjunto de patrimônio material, que segundo o


IPHAN, “com base em legislações específicas é composto por um conjunto de bens
culturais classificados segundo sua natureza, nos quatro Livros de tombo:
arqueológicos, paisagístico e etnográfico; histórico de belas artes; e das artes
aplicadas.” Com bases nessas palavras, observa-se que os bens arquitetônicos e
urbanísticos, documentais e etnográficos, que fazem parte do acervo nacional, vêm
sendo tombados, restaurados e revitalizados para a permanência dos mesmos.

A correlação entre a atividade turística e patrimônio vem tomando grande


proporção quando relacionados a divulgação da cultura, já que o desenvolvimento da
atividade em determinado país ou região finda por valorizar a cultura local em questão.
E o desenvolvimento adequado dessa atividade pode inclusive colaborar com a
sustentabilidade desses bens culturais.

Pensa-se que seja possível minimizar a degradação ao patrimônio histórico-


cultural, quando turismo e patrimônio conseguirem caminhar na mesma direção.
“Sabe-se que a medida mais concreta para proteger o patrimônio é o tombamento, ou
seja, o registro este bem num livro de tombos. Onde ficam registrados e sujeitos a
preservação e não podendo ser modificados.” (CASTILHO FILHO, 2008, p. 4). Porém,
o tombamento não é a única medida a ser tomada, é necessário que ações sejam
desenvolvidas pelo poder público que tornem esse patrimônio autossustentável, como
a criação de centros culturais, e instituições museológicas.

Dessa forma, se a atividade turística for bem planejada, a mesma pode torna-
se uma ferramenta para a preservação e conservação dos patrimônios histórico-
culturais.

Podemos assim, entender que o desenvolvimento da atividade turística tendo


como base os bens culturais, tangíveis ou intangíveis, não é desenvolvida apenas
visando suprir e atender as necessidades dos turistas, mas a mesma pode
proporcionar a preservação e sustentabilidade dos meios culturais a qual está
23

inserida, e dessa maneira salvaguardar a história e cultura as gerações futuras. Além


de se tornar uma via de valorização cultural, já que o mesmo proporciona o
conhecimento, e a partir desse conhecimento o respeito a memória.

1.4 Turismo e Museus

O hábito de viajar é antigo, mas atualmente o turismo se tornou uma atividade


que move milhões de pessoas em todo o mundo de acordo com seus motivos
diversos. Há algumas cidades que tem como grande potencial econômico o turismo.

Em alguns destinos turísticos há visitação a pelo menos um museu, onde se


encontra inclusa nos pacotes comercializados pelas agências de viagem e no
receptivo local. Porém no Brasil, famoso por suas praias e natureza, ainda há um
número reduzido de empresas do trade que incluem em seus pacotes turísticos a
visitação aos museus.

Alguns autores dizem que, no Brasil o turismo e a cultura seguem em


caminhos distintos, pelos museus serem um patrimônio histórico-cultural e o
turismo uma atividade inicialmente privada, porém eles estão diretamente
interligados, pois como o próprio nome já diz, é uma instituição que preserva
a cultura e então com o turismo, busca dinamização desta por meio das
comunidades receptoras, na qual recebem os turistas. Existem instituições
museológicas que de vários aspectos no país, tais como histórica, da arte,
arqueológica e da ciência com qualidade, nas quais suas coleções atraem
turistas nacionais e estrangeiros, além do paisagismo encontrado no entorno
dessas instituições, como jardins ou parques. Para uma boa apresentação
desses locais ao seu público-alvo, é necessário a parceria com o turismo que
pode se tornar uma das principais estratégias para atrair os visitantes.
(CASTILHO JUNIOR, 2008, p. 6)

Supõem-se, que a figura do museu pode representar um papel importante no


desenvolvimento turístico, visto que uma das suas principais funções têm base na
preservação e proteção do patrimônio, o que garante um olhar voltado a vida das
pessoas, que não abrangem apenas ao público escolar e turistas, mas também a
comunidade local.

“Atualmente as instituições, mesmo sendo uma prática tímida, vem perdendo o


preconceito e se abrindo ao marketing para que se tornem também um fenômeno de
massa, como é esta atividade em outros países, pois devem atender a demanda
proveniente do turismo.” (CASTILHO JUNIOR, 2008, p. 6). Assim, para que possa
existir uma integração e melhor aproveitamento das instituições pelo turismo faz-se
24

necessário investimentos em infraestrutura adequada para o recebimento dos turistas.

Fato interessante a ser mencionado é que a atividade turística proporciona a


interação entre pessoas e entre a diversidade cultural das comunidades. O que
dinamiza hábitos e costumes. E essa convivência e troca de cultura agrega as
experiências interculturais vividas por cada indivíduo.

Vasconcellos (2006, p. 32) diz que do ponto de vista antropológico, “o turismo


é considerado uma atividade transcultural vinculada a mecanismos sociais de
consumo próprio de um mundo globalizado, e que vem experimentando um
desenvolvimento extraordinário.” Baseando-se no autor conclui-se que cultura é algo
dinâmico e encontra-se sempre em restauração, e o museu pode converter-se em
instrumento para fortalecer e problematizar as identidades e integrações das
comunidades promovendo a tolerância, o respeito e a aceitação da diversidade
cultural.

Ainda na visão de Vasconcellos.

O museu se apresenta como um lugar de convivência que abre suas portas


para toda e qualquer categoria de público possa usufruir de um espaço não
só de lazer, mas fundamentalmente de reflexão a respeito da memória
histórica e de um simbolismo transcendente. (VASCONCELLOS, 2006, p. 37)

Interpretando as ideias exploradas pelo autor, é possível observar a relação do


turismo com o lazer, do lazer com os museus e dos museus com o turismo. Alguns
autores afirmam que, ao atrair a atenção para o patrimônio cultural, o turismo promove
sua conservação e valorização.

Acredita-se que o museu com perspectiva de aprendizado e busca de


conhecimento possa tornar-se uma ferramenta de apoio não só ao aprendizado, mas
também ao desenvolvimento de atividades turísticas.
25

CAPÍTULO. 2 - OS "CURRAIS" E SEU PERSONAGEM TOMAZ SALUSTINO

O município de Currais Novos está localizado no estado do Rio Grande do


Norte, especificamente na região do Seridó. Atualmente conta com uma população de
aproximadamente 42.652 habitantes, segundo o IBGE (2017).

A formação do município se dá com o povoado de mesmo nome que começa a


ser desenvolvido em meados de 1755, com a chegada do Coronel Cipriano Lopes
Galvão, vindo de Igarassu, estado do Pernambuco, para o Seridó. Aqui adquiriu as
terras do Totoró, onde desenvolveu a criação de gado e fixou moradia até sua morte
no ano de 1764.

Segundo Souza (2008, p. 82), Coronel Cipriano Lopes Galvão "É considerado
como primeiro povoador do Município de Currais Novos", também sendo grande
influenciador na nomenclatura do mesmo.

Com o desenvolvimento da agricultura e da pecuária, novos colonizadores


chegaram e fixaram moradia na região e consequentemente no povoado.

A Lei Provincial nº 893, de 20 de fevereiro de 1884, criou o distrito de Currais


Novos. E em 15 de outubro de 1890, através do decreto estadual nº 59, Currais Novos
desmembrou-se de Acari tornando-se município do Rio Grande do Norte (IBGE,
2017).

Assim, nasce Currais Novos, uma cidade cheia de paisagens, cultura, histórias
e famílias. A família Salustino, uma delas, ficou conhecida por marcar a economia do
Estado do Rio Grande do Norte, por meio da exploração e exportação da scheelita.

Tomaz Salustino Gomes, de quem falaremos a seguir, é filho do senhor Manoel


Salustino Gomes de Macêdo com a senhora Ananília Regina de Araújo. O mesmo
vem de uma oligarquia poderosa da cidade de Currais novos, que a rigor em sua
origem, junto a outros sobrenomes de grande importância, findam por formar uma
única árvore genealógica: “os Salustinos, os Bezerra de Araújo, os Vasconcelos
Galvão, os Pereira de Araújo” (BEZERRA, 2014, p. 72).
26

2.1 - Sobre Tomaz Salustino

Tomaz Salustino Gomes de Melo é até hoje uma das figuras mais
representativas da história de Currais Novos. Isso se dá pelas contribuições do
mesmo para o desenvolvimento econômico e social do município. O que fez com que
a população despertasse uma curiosidade sobre sua vida e trajetória. Assim sendo, é
comum encontrar informações sobre o mesmo em sites, páginas de internet, trabalhos
acadêmicos, e livros que falam sobre Currais Novos.
Segundo Souza (2008, p. 287), Tomaz Salustino nasceu no sítio Alívio, do
município de Currais Novos, no dia 6 de setembro de 1880. Fez o curso primário em
1896 e o secundário em 1901. No mesmo ano, reiniciou os preparativos em Natal, no
Ateneu Norte-Rio-Grandense, pelos anos de 1901 e 1903, e em 1906 matriculou-se
na Faculdade de Direito do Recife, bacharelando-se em Ciências Jurídicas e Sociais,
quando colou grau em 17 de setembro de 1910.

Depois de formado, voltou a Currais Novos, e passou a se dedicar a atividades


do campo, a criação de gado e a agricultura. Porém, manteve em paralelo a
advocacia, e o envolvimento com a política estadual.

Contribuiu com a imprensa local e do estado, por meio da publicação de vários


artigos. Além de ter sido autor do primeiro Código de Posturas Municipais de Currais
Novos, em 1919.

Colaborou com vários jornais e revistas provincianos, notadamente, no diário


de natal, no progresso, no batel, e no ninho de letras. Foi membro fundador
do Grêmio Literário "Le monde marche", de Natal, de cuja diretoria foi orador
e redator na respectiva revista Oásis, de Natal, que circulou durante 11 anos.
Autor do primeiro Código de posturas municipais de Currais Novos, de 1919.
Ajudante do procurador da república do município, advogado em Currais
Novos e em outros municípios do estado, de 1910 a 1920. Presidente da liga
da defesa nacional em Currais Novos. Membro do diretório Municipal de
Geografia, em 1938. (SOUZA, 2008, p.287)

Tornou-se juiz de direito em Currais Novos, tomando posse da comarca em 8


de janeiro de 1919, permanecendo no cargo até 10 de dezembro de 1940, mesmo
ano em que foi nomeado Desembargador do Tribunal de Apelação, em Natal,
ocupando esse até a chegada de sua aposentadoria, em 15 de abril de 1944.
27

Ao encontrar scheelita em suas terras Tomaz Salustino era desembargador


aposentado, tinha 65 anos de idade [...] era dono de 25 propriedades rurais,
onde criava gado (quatro mil cabeças) e cultivava algodão, arroz, feijão, milho
e frutas. Ocupava, portanto, o papel de convergente dos dois principais ciclos
econômicos pelos quais passava a região: o ciclo do gado, do algodão e
depois, com a descoberta da scheelita, o ciclo do minério, o terceiro suporte
da economia seridoense, que consequentemente, também seria orquestrado
por Salustino. (BEZERRA, 2014, p. 70)

Faleceu em 30 de junho de 1963, em Natal, Rio Grande do Norte, e teve seu


sepultamento realizado em Currais Novos, no cemitério de Sant'Ana

Devido à grande representatividade desse personagem para o


desenvolvimento econômico, social e político da cidade de Currais Novos, projetando-
a no cenário mundial, visto que foi através da mineração que a cidade cresceu em
todos os aspectos. Dessa forma, essas contribuições renderam-lhe homenagens por
parte dos Currais-novenses. De acordo com Souza (2008, p. 287) "Na rua que tinha
o nome de "Pres. Getúlio Vargas" foi dado o seu nome. Posteriormente, por lei
municipal n.590, de 14 de agosto de 1970, foi criada a praça inaugurada em 6 de
setembro de 1971, a belíssima praça Cívica, no mandato do prefeito Gilberto de
Barros Lins."

No centro da cidade, na praça que leva seu nome, outra estátua de bronze,
está de corpo inteiro, também presta reverência ao fundador da mina: “Ao
desembargador Tomaz Salustino Gomes de Melo, pioneiro da mineração
mecanizada do Nordeste, o município de Currais Novos, numa homenagem
de saudade e reconhecimento ao seu grande filho, pelo muito que realizou
na terra sertaneja a que tanto amou”. (BEZERRA, 2014, p, 72)

Vale lembrar que essas homenagens que vieram após sua morte, por meio
desse tipo de simbolismo, reforçam a ideia do quanto o personagem, no caso, Tomaz
Salustino, foi representativo na comunidade, tornando sua lembrança constante na
história do município por todos os seus feitos.
28

2.2 - Sobre o Memorial Tomaz Salustino

Depois que se viu com a produção da mina paralisada e de portas fechadas a


família Salustino enxergou a possibilidade de guardar e preservar a memória e os
objetos pertencentes ao seu patriarca por meio da criação de um memorial.

Assim, a direção da mina resolveu criar em 2006, o Memorial Tomaz Salustino


e o Museu Mineral Mario Moacyr Porto, ambos instalados no prédio onde
antes funcionava o escritório da empresa. Foi a maneira encontrada para
manter “lembrada” a trajetória familiar e profissional do fundador da Mina
Brejuí. (BEZERRA, 2014, p. 141)

O Memorial Tomaz Salustino é dividido em dois espaços. A primeira parte da


exposição é dedicada a Tomaz Salustino, nela encontra-se expostos, objetos pessoais
do mesmo, “como a cama em que dormia, a toga que usava como desembargador,
livros e discos preferidos, além de muitas fotos, que registram, entre outros momentos,
as diversas fases da mina, além dos encontros históricos entre ele e empresários e
políticos nacionais” (BEZERRA, 2014, p, 141). No segundo espaço, encontra-se o
Museu Mineral Mário Moacyr Porto, genro de Tomaz Salustino. Esse espaço é
destinado a exposição de inúmeras rochas e minerais da região do Seridó. Com
destaque para a scheelita de onde se extrai o tungstênio. Metal utilizado na fabricação
de vários itens, como em aeronaves, lâmpadas, canetas e outros. Ressaltando a
importância da sheelita no contexto econômico e histórico da cidade de Currais Novos.

Os seus sucessores findaram por utilizar da memória e dos objetos pessoais


deixados por Tomaz Salustino, para retomar de alguma forma as atividades na Mina
Brejuí, antes só utilizada para exploração de minério.

Entretanto, antes de se instituir o memorial Tomaz Salustino, Currais Novos,


vivendo o período de êxodo, devido ao encerramento das atividades de exploração de
minérios na Mina Brejuí, viu a necessidade de dispor símbolos que fizessem referência
a mineração em pontos da cidade. Como a estátua de um minerador na entrada da
cidade, e a colocação de vagonetes, pequenas caçambas que carregavam pedras na
mina, em cruzamentos do município.

Tais elementos surgiram em conjunto com a transformação da Mina Brejuí


em parque temático em 2002, iniciativa da família Salustino visando atrair
29

turistas interessados em conhecer sua história e o processo de retirada de


minério das profundezas do subsolo. (BEZERRA, 2014, p. 125)

Desde sua inauguração em 2002, e instalação do memorial Tomaz Salustino


em 2006, o parque temático da Mina Brejuí já recebeu mais de 53.600 turistas,
segundo consta no site da Mina Brejuí. O principal perfil dos visitantes é composto por
alunos de escolas e instituições dos estados do Rio Grande do Norte, Paraíba e
Pernambuco. Além de visitantes sem ligações institucionais que buscam a visita ao
parque e suas locações, por se tratar de um atrativo que faz parte do roteiro daqueles
que visitam Currais Novos, por fazer parte da história do desenvolvimento econômico
do município.

Com o passar dos anos, a atividade turística no Parque Temático da Mina


Brejuí, onde encontra-se o Memorial Tomaz Salustino, tem se adaptado as mudanças
acontecida com o advento da internet, que trouxe melhorias e facilidade aqueles que
venham pesquisar sobre o roteiro, itinerário, telefones para contatos e agendamentos,
e valores cobrados para dispor da visitação.

Hoje em dia o Parque temático, desenvolve a atividade turística pautada nos


seguintes atrativos: Memorial Tomaz Salustino; Museu Mineral Mario Porto; Túneis e
Galerias (65 km de subsolo), porém apenas um pequeno trecho é aberto a visitação;
Gruta de Santa Bárbara; Artesanato Mineral e Loja de Souvenir. Ainda é possível
assistir à apresentação do pastoril, realizado pelas crianças residentes da mina
(MINERAÇÃO TOMAZ SALUSTINO – MINA BREJUÍ, 2017). Todavia, para tal
acontecimento é necessário que o turista pague uma taxa acrescida do valor pago
para visitação dos demais atrativos.

A visita a Mina Brejuí resgata a história de uma das mais importantes atividades
econômicas do Seridó – exploração mineral – e realça a vida política, social e cultural
de Tomaz Salustino, proprietário da mina que colaborou para o desenvolvimento
econômico da cidade de Currais Novos, sendo visto como um grande benfeitor.

Em resumo o turismo desenvolvido na Mina Brejuí, tem por finalidade despertar


a consciência sobre a representatividade da mineração para o desenvolvimento de
uma cidade, e a importância do seu fundador.
30

Com relação a apropriação da atividade turística a esse meio cultural, foi


possível identificar por meio da aplicação de questionário aos guias e condutores locais
que o Memorial Tomaz Salustino tem um papel importante nos roteiros desenvolvidos
na cidade de Currais Novos. Já que em todos os questionários respondidos o mesmo
foi citado pelos guias e condutores em alguns de seus roteiros já executados.
Percebeu-se também que essa inserção se dá pelo fato de o mesmo fazer parte de
um roteiro já consolidado que é o roteiro desenvolvido na Mina Brejuí. Outro fator
importante citado pelos que responderam aos questionários é o fator da influência
histórica de Tomaz Salustino e de sua família no desenvolvimento econômico e
consequentemente cultural da cidade de Currais Novos.

Em contrapartida ao que é divulgado com a relação ao número de visitantes ao


roteiro da Mina Brejuí, e consequentemente as visitas ao Memorial Tomaz Salustino,
o número de guiamentos realizados pelos então guias e condutores que responderam
ao questionário, as visitas variam entre 4 (quatro), e 6 (seis) visitas agendadas ao mês.
Número que pode mudar de acordo com festividades e eventos que acontecem na
cidade. Os grupos e perfis dos visitantes também se mostram diversificados,
destacando-se alunos de escolas do município e cidades circunvizinhas, grupos
familiares e aventureiros; sem falar nas visitas específicas de historiadores, estudantes
do curso de graduação como o de Turismo, e ensino técnico.

Alguns das dificuldades apontadas na pesquisa dizem respeito a


indisponibilidade de agendamento aos fins de semana, o que acaba dificultando a
visitação dos turistas, e também dos moradores locais que poderiam enxergar na visita
uma forma de atividade de fim de semana. Outro ponto citado pelos guias e
condutores, menciona o fato da inflexibilidade dos horários a visita que inclui o
Memorial Tomaz Salustino. Isso é explicado pelo fato de que por se tratar de uma visita
roteirizada, a mesma segue uma linha lógica temporal da história do personagem
citado. E por expor os visitantes a momentos internos e externos, como visita a vila
dos mineradores e subsolo, o fator temperatura é levado em consideração no
cumprimento do horário proposto.

Observa-se assim, que o Memorial Tomaz Salustino está inserido nos roteiros
desenvolvidos pelos guias e condutores locais do município de Currais Novos.
31

Podemos, dessa forma, dizer que a atividade turística se apropria da figura e


da representatividade histórica do personagem Tomaz Salustino, do seu memorial, na
elaboração e na execução dos seus roteiros.
32

CAPÍTULO 3 - SOBRE O JOSÉ BEZERRA GOMES


O capítulo dedicado a José Bezerra Gomes, busca expor e compreender seu
lado intelectual e literário. Observando sua visão de mundo e vivências do seu
cotidiano no sertão do Seridó, sempre presentes nas suas obras. Enaltecendo
histórias e a cultura local. Um constante trabalho de fortalecimento a cultura regional,
enaltecendo a realidade do povo aqui vivida e construindo críticas a essa realidade.

Assim como Tomaz Salustino, José Bezerra Gomes também se tornou uma
das figuras mais importantes da história do município de Currais Novos, mesmo
seguindo uma vertente diferente na sua carreira. Se um foi importante no
desenvolvimento econômico da cidade, o outro, em contrapartida, foi um dos
precursores da importância das tradições e cultura para o desenvolvimento histórico
e social de uma população.

José Bezerra Gomes nasceu em 09 de março de 1911, no Sítio Brejuí, em


Currais Novos, onde passou toda infância. "Filho de Napoleão Bezerra de Araújo
Galvão e de Dona Veneranda Bezerra de Melo." (SOUZA, 2008, p. 265-266).

Seguindo o caminho dos representantes da elite de sua época, estudou no


Atheneu em Natal, e se formou em Ciências Jurídicas e Sociais, contudo foi estudar
na Faculdade de Direito de Minas Gerais, formando-se no ano de 1936. Mesmo
graduado, sua atuação no direito foi quase inexistente, sendo sua única causa
registrada uma defesa ocorrida em Portugal no ano de 1947.

Já na política, o referido personagem teve uma importante ação, conforme diz


Souza:

Na política, foi vereador atuante, assentando-se na Câmara Municipal de


Currais Novos, durante a legislatura de 1948 e 1953. Participou da
elaboração do estatuto do centro esportivo currais novense (Aeroclube de
Currais Novos) e foi seu diretor cultural de 1941 a 1951. Foi, ainda, membro
efetivo do Instituto Genealógico Brasileiro, sediado em São Paulo, e membros
fundador da Academia Potiguar de Letras, sediada em Natal, em 1957.
(SOUZA, 2008, p. 189-190).

Mesmo advogado e com envolvimento na política, ao voltar para o estado do


Rio Grande do Norte, passou a se dedicar a atividades de escritor e poeta, "firmando-
33

se como historiador e folclorista" (SOUZA, 2011, p. 125). Tornando-se escritor,


romancista ficcionista, e poeta.

Advogado, contista, poeta, romancista, novelista, político, historiador e


correspondente jornalista, comunista e intelectual que levou consigo nas suas obras,
suas experiências como seridoense. Como aponta Andrade (1995, p. 44),
“Destacando-se na ficção e poética modernista na literatura norte-rio-grandense fez
parte de um projeto estético literário (literatura de 30) que despertava para uma
consciência social, deixando impressa com a máxima realidade possível, os
diferentes “brasis” que existem no interior do país”.

Publicou os livros:

Os brutos, Porque não se casa, doutor? A porta e o vento, Retrato de Ferreira


Itajubá, Antologia Poética, Teatro de João Redondo, Sinopse do Município de
Currais Novos e Retrospectiva da Vida do Presidente Tomás de Araújo.
(SOUZA, 2011, p.125)

Em seu primeiro romance, intitulado Os Brutos, publicado em 1938, José


Bezerra Gomes descreve características do Seridó, como paisagens e pessoas.
Porém é possível enxergar a presença do autor na sua obra citada recorrendo ao
personagem Sigsmundo. “Pois, é sob a ótica de uma criança que a vida dos
personagens é observada, ficando impressa sua crítica sobre a sociedade da época
(ANDRADE, 1995, p. 44) “

Por que não se casa, Doutor? Segundo livro escrito pelo autor, segue a mesma
linha de memórias, vivencias e relatos, que tem como cenário o Seridó. Lugar de
vivência do mesmo. A obra tenta retratar as dificuldades observadas por Gomes, de
se viver, no então, mundo moderno pelos jovens da época. Assim como ele.

A porta e o vento foi um romance desenvolvido entre os anos de 1938 e 1944.


Nessa obra Gomes relatou o contraste entre o campo, no caso zona rural, e da
cidade. As conquistas e dificuldades enfrentadas pelo homem do campo em
contrapartida as “facilidades” de se morar na cidade.
34

De acordo com Souza (2008, p. 190) "O título induz o leitor a verdade da
imaginação do artista: a porta significa a segurança e o progresso do ambiente rural
e o vento, o desequilíbrio e a decadência da fazenda."

O título A Retrospectiva da vida do presidente Tomaz de Araújo Pereira surgiu


de uma pesquisa realizada José Bezerra Gomes a partir de cartas enviadas pelo
Imperador Dom Pedro I para o então presidente da província do Rio Grande do Norte.
Segundo Souza (2008, p. 190) "traça estudos da genealogia das primitivas famílias
povoadoras da região do Seridó."

"Antologia Poética, seleção de poemas de José Bezerra Gomes, publicada em


1974 pela fundação José Augusto." (SOUZA, 2008, p. 190).

Em 1951, José Bezerra Gomes inicia uma pesquisa sobre a historiografia do


município de Currais Novos. Trabalho que trouxe aspectos sobre antecedentes
históricos da região do Seridó. Essa pesquisa foi concluída em 1975 e ganhou o título
de Sinopse do Município de Currais Novos. "Traz aspectos de famílias e situações
econômicas, assim como registros de inventários." (SOUZA, 2008, p. 191)

Sempre se mostrando interessado pelas manifestações populares, passou a se


dedicar ao "João Redondo".

O livrinho, Teatro de João Redondo, editado pela fundação "José Augusto"


em 1975, é o resultado dos molengos mostrados por Bastos (Sebastião
Severino Dantas Bastos) no auditório do Ministério da Educação, por ocasião
do I Congresso Brasileiro de Folclore, no Rio de Janeiro, em agosto de 1951.
O livrinho enfeixa a tese apresentada aos congressistas com o título de
"Recolhimento do Teatro de João Redondo". Sobre as ilustrações, José
Bezerra Gomes exalta a gentileza devida ao fotografo Raimundo Nunes
Bezerra. (SOUZA, 2008, p. 191)

Um dos seus últimos trabalhos foi um ensaio sobre Manoel Virgílio Ferreira
Itajubá. Poeta norte-rio-grandense. Nele são abordadas cenas da sua vida, como a
pobreza, o abandono, e luta de vida. Retrato de Ferreira Itajubá.

A literatura regionalista, sempre presentes no seus discursos e obras, tinham a


intenção de chamar a atenção para cenários políticos, econômicos e sociais da época.
Os assuntos abordados em suas obras estavam voltados as particularidades culturais
35

da nossa região, variando entre o elogio e a crítica. Mas sempre apoiando a cultura e
tradições regionalistas.

Autor de uma relevante produção escrita, José Bezerra Gomes, é


considerado um dos principais representantes da ficção regionalista do Rio
Grande do Norte. Lugar que lhe foi assegurado pela anexação que efetiva a
realidade física e social do Seridó no plano da literatura. Gestado nas letras
desde cedo, o escritor seridoense colocou em sua produção literária o
Nordeste dos campos de algodoais (ANDRADE, 1995, p.45)

Se tratando de uma pessoa pública, José Bezerra Gomes findou por se tornar
popular no município de Currais Novos, adquirindo com o tempo um vasto leque de
apelidos lhe dados pelas pessoas mais simples com quem tinha contato. “Era
chamado, Seu Gomes, Doutor Gomes, Doutor Zé Gomes”. (SOUZA, 2008, p. 192).

Morreu na cidade de Natal, em 26 de maio de 1982. Foi sepultado no cemitério


de Nova Descoberta. Entretanto em 1994, durante os festejos de Sant'Ana, seus
restos mortais foram tragos e depositados no Cemitério de Sant’Ana.

3.1 O museu Antônio Quintino Filho: Dos seus personagens, destaque a José
Bezerra Gomes.

Pensar no estudo de identificação, reconhecimento e preservação de um


patrimônio cultural em nome da continuidade histórica de uma comunidade é pensar
na sobrevivência de uma memória local, seja de uma pessoa, um prédio ou uma obra.

Seguindo a ideia de preservação de uma memória, surge a Fundação Cultural


José Bezerra Gomes em 1948, "quando o poeta vereador apresentou um projeto de
lei criando a diretoria de documento e cultura da prefeitura municipal de Currais
Novos." (SOUZA, 2011, p.137)

A lei sancionada recebeu o número cinco, em 14 de junho, e no seu bojo


descreve as atribuições com o teatro, oferecendo incentivo as atividades
artísticas, a infância e a juventude. Sobre a biblioteca, com sessões de
consultas e empréstimos, visa, sobretudo, por desenvolver o gosto pela
leitura. Quanto ao museu, a ideia primordial é reunir, em um lugar adequado,
36

o patrimônio do município e preservar objetos que caracterizem a arte popular


corrente no Seridó. A radiofusão e o cinema educativo aparecem para
estimular o nível cultural e artístico da população. (SOUZA, 2011, p. 137)

O projeto de lei mostrou-se favorável ao desenvolvimento turístico local,


apresentando condições para o desenvolvimento da atividade, dando suporte a
hotelaria, destacando a cozinha e culinária local tradicional, e impulsionando o esporte
na cidade.

De acordo com Souza (2011, p.137) "a lei oferece apoio para a promoção do
1º Congresso Folclórico do Seridó, organizado pela Diretoria de Documento e Cultura,
sob a gerência da Prefeitura Municipal, quando prefeito o Sílvio Bezerra de Melo."

O então prefeito, à frente da diretoria de Documento e Cultura, nomeia José


Bezerra Gomes como diretor dessa diretoria, tendo José Eduardo Bezerra como
secretário; e Ausônio Araújo a frente da tesouraria. A partir daí "grupos de trabalho
foram criados para estudos. Vários contatos foram feitos com produtores culturais,
mas os resultados demoraram a sair." (SOUZA, 2008, p. 188)

A lei municipal 1.191, de 1990, criou a instituição no dia 28 de dezembro.

A fundação Cultural José Bezerra Gomes tem a finalidade principal de


resgatar, organizar e conservar o acervo bibliográfico e documentável do seu
patrono e de monumentos históricos, artísticos e paisagísticos do Município,
assim como estudar os aspectos sociais, políticos e econômicos da
municipalidade, podendo, contudo, estender-se a toda a região do Seridó.
(SOUZA, 2008, p. 188)

A Fundação Cultural José Bezerra Gomes, instalada em 17 de março de 1993,


teve como seu primeiro presidente, o Professor Jefferson Fernandes Alves.

Todavia com a Lei n. 1.274, de 15 de março de 1993, o conselho deliberativo


da fundação cultural José Bezerra Gomes passou a ser composto, ainda que em
caráter provisório, de representantes da Secretaria Municipal de Educação e Cultura,
do 8º NURE, da UFRN - Campus Currais Novos, de trabalhadores de Educação de
Currais Novos e produtores culturais. (SOUZA, 2008, p. 189)

A lei 1.285 de 8 de junho de 1993 destina uma área localizada no cruzamento


da rua Doutor João Dutra de Almeida com a avenida Cândido Dantas, no Bairro JK,
37

como espaço reservado a instalação de circos, parques de diversões e outras


atividades artístico-culturais desse gênero, ficando a administração do imóvel
subordinada a Fundação Cultural José Bezerra Gomes. (SOUZA, 2008, p. 189).

Porém, nos dias de hoje, podemos observar que mesmo com toda a
representatividade de José Bezerra Gomes na sua busca por desenvolver a cultura
na comunidade, por meio da fundação e dos livros que buscavam expressar o
contexto social do povo sertanejo, o conhecimento da população para com esse
personagem, ainda se dá de forma modesta.

Eu vejo que as pessoas, ainda hoje, não reconhecem a importância do


mesmo para o desenvolvimento cultural da cidade. A história dele, o legado
que ele deixou para a cidade. Na questão cultural e folclórica. (Maria do
Socorro Fernandez da Cruz – entrevista na fundação José Bezerra Gomes
em 11 de out. de 2017).

Contudo a atividade turística é presente na Fundação José Bezerra Gomes, e


as visitas acontecem durante todos os períodos do ano.

O museu hoje, recebe bastante visitas pelos períodos normais das atividades
do museu e também pessoas que vem pra conhecer a história da cidade,
porque o museu histórico de Currais Novos Professor Antônio Quintino. Ele
tem, ele carrega, ele guarda a memória dos que foram importantes para o
desenvolvimento histórico, social e econômico da cidade. Então as pessoas
vêm ao museu, mas ainda assim, a maioria dessas pessoas, que vem ao
museu, vem pra ver as peças, ainda com aquele pensamento que museu é
lugar que guarda coisas antigas. Não com aquele pensamento de ver o
desenvolvimento da história de um lugar, mas sim pra ver peças antigas, um
rádio, um relógio, uma televisão, enfim... (Maria do Socorro Fernandez da
Cruz – entrevista na Fundação José Bezerra Gomes em 11 de out. de 2017)

Observamos assim que o Museu Antônio Quintino Filho, está inserido no


contexto do Turismo cultural do município de Currais Novos, com a representatividade
de figuras históricas importantes no desenvolvimento econômico, social, e cultural da
cidade. O espaço encontra-se aberto ao público local e turistas vindos de outras
localidades.

Atualmente o espaço não cobra nenhuma taxa de visitação, mas os visitantes


podem contribuir com o mesmo através de algum donativo, caso queiram e se
38

disponham a fazer tal ação. A manutenção do espaço é feita pelo poder público local,
prefeitura de Currais Novos.

Hoje o Museu é divulgado por meio da sua página no Facebook, e também


pode ser encontrado na listagem dos principais atrativos do município de Currais
Novos, encontrado no site da prefeitura. Porém as informações dispostas são muito
vagas, não havendo descrição do atrativo, nem sua localização na cidade, por
exemplo.

Fato importante a ser mencionado é que o espaço da Fundação José Bezerra


Gomes, que representa hoje, o Museu Histórico Professor Antônio Quintino, no
município de Currais Novos, junto com a Secretaria Municipal de Desenvolvimento
Econômico e Turismo (SEMTUR), vem desenvolvendo um projeto de conscientização
patrimonial e Turismo junto as escolas do município.

A Secretaria Municipal de Desenvolvimento Econômico e Turismo – SEMTUR


– Currais Novos/RN vem desenvolvendo um projeto que relaciona a
Educação Patrimonial e Turismo, projeto esse que tem como parceiro o
Museu Professor Antônio Quintino, onde todas as escolas municipais
comtempladas com o projeto, mediante o city tour histórico cultural, tem em
seu roteiro uma entrada no museu, onde são abordados os assuntos como:
o ciclo econômicos de Currais Novos, e os principais atores envolvidos,
contando um pouco de suas histórias e de como tiveram influência no
desenvolvimento da cidade, tanto no campo econômico, social e cultural.
(DILSON DE SOUZA GONÇALVES - TURISMÓLOGO, 22 de setembro de
2017)

Percebe-se, dessa maneira que a atividade turística se encontra presente na


ideia de conservação do patrimônio e preservação da memória cultural, visto que a
prática da atividade, se desenvolvida de maneira pensada, pode beneficiar a todos os
envolvidos, sejam eles moradores locais, ou visitantes. Pensando na possibilidade
desse desenvolvimento, o município de Currais Novos promoveu um curso de
formação de condutores locais, capacitando trinta pessoas, que hoje encontram-se
aptas a executar tal função nos espaços culturais da cidade.
39

Conclusão
Turismo, cultura e patrimônio interagem entre si buscam produtividade na
abrangência do conhecimento, pois são responsáveis pela proposta turística. Como
menciona Azevedo (1998, p. 149):

O turismo, por natureza e essência implica a busca de diferenças. Diferenças


traçadas pela cultura e pelo patrimônio. Ao representar um dos veículos mais
importantes de divulgação cultural, o turismo emerge, ele próprio, como
instrumento de reafirmação de cultura (s) e de patrimônio singulares.

A atividade turística encontra na cultura e em seus patrimônios dois aspectos


insubstituíveis e singulares, visto que os dois possuem acervo acumulado e
cumulativo.

Seguindo a ideia exposta pelo autor, buscamos aqui demonstrar de que forma
o patrimônio cultural, no caso, o Memorial Tomaz Salustino e Museu Antônio Quintino
Filho, dando ênfase a história de José Bezerra Gomes, aos quais destacamos
anteriormente, dispostos no município de Currais Novos, têm sido utilizados na
atividade turística desenvolvida na cidade. Para isso, foram utilizados dados coletados
por meio do acesso a páginas eletrônicas, entrevista realizada com Maria do Socorro
Fernandes da Cruz (funcionária da Fundação José Bezerra Gomes), questionários
aplicados juntos aos guias e condutores locais do município Currais Novo, e
informações cedidas via e-mail, pela secretaria de Turismo.

Nos capítulos anteriores conhecemos dois dos muitos personagens que


construíram a história do município de Currais Novos, pessoas que se destacaram
não só pelos sobrenomes ilustres que os mesmos carregavam, mas pelos feitos que
influenciaram nos aspectos, social, econômico, político e cultural. Fazendo-os
lembrados até hoje pela memória local, por homenagens destinadas aos mesmos e
pelos espaços destinados a memória destes. Espaços esses que são abertos ao
público do município e também abertos à visitação de turistas.

Observando esses aspectos fez-se importante entender de que forma o


município tem desenvolvido e se apropriado desses aspectos culturais na atividade
turística local.
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Assim, este estudo se propôs a analisar a relação existente entre museus,


cultura e turismo. Observando que de forma se dá a apropriação dos museus pela
atividade turística no município de Currais Novos. Contudo para efeito de conclusão
espera-se salientar alguns aspectos relevantes observados ao longo da pesquisa.

Durante este estudo foi possível observar a inter-relação entre turismo e


museus, entendendo que estes podem se tornar atrativos de grande potencialidade
turística, caso sejam bem planejados. Pois é possível que a implementação da
atividade de forma integrada aos patrimônios material e imaterial possa servir de
agente propagador da cultura. Os museus podem promover meios para salvaguardar
e garantir a conservação, realce e apreciação dos monumentos do patrimônio local.

Foi possível observar a interação entre atividade turística e patrimônio cultural,


tais como: O Memorial Tomaz Salustino, e o Museu Antônio Quintino Filho, que
destaca o personagem José Bezerra Gomes. A integração do espaço do museu e
turismo através de atividades comerciais agregadas, como por exemplo, lojas de
souvenirs, presente no parque temático da Mina Brejuí, onde se encontra o Memorial
Tomaz Salustino. Junto à venda de ingressos, estas atividades um tanto diversificadas
têm contribuído para manutenção do patrimônio cultural. Todavia, é importante
mencionar que o Museu não cobra nenhum tipo de taxa para visitação de seu espaço.
Tendo sua manutenção assistida pelo poder público local e por seus representantes,
como por exemplo a Fundação José Bezerra Gomes.

Entretanto, foi possível observar que em si tratando de atividade turística, o


Memorial Tomaz Salustino se encontra no cenário turístico municipal de forma mais
consolidada, fazendo parte de uma visita já conhecida, tanto para moradores locais
quanto para visitantes interessados pela história desse personagem, seja pela
mineração ou pela sua influência política e social que marcaram uma época
importante para o desenvolvimento da cidade de Currais Novos-RN. Diferente deste,
o Museu Antônio Quintino Filho, representante do personagem José Bezerra Gomes,
a quem destacamos, ainda se mostra de forma mais tímida a atividade turística, não
atingindo um público e uma procura, de forma igualitária ao Memorial Tomaz
Salustino, por turista ou mesmo por moradores locais. Tendo como principal público,
alunos das escolas municipais envolvidas no projeto que envolve educação, turismo
e cultura.
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O reconhecimento da importância do papel educativo dos museus pode gerar


reflexões, ampliando assim, importância da atuação destas instituições junto ao
público escolar, muito comum no Memorial Tomaz Salustino, e Museu Antônio
Quintino Filho. Ao desenvolver dessa pesquisa foi possível observar que existe uma
preocupação, por meio do poder público municipal em proporcionar o encontro entre
a educação cultura e turismo. Para isso vem sendo desenvolvido um projeto que
relaciona esses três aspectos, buscando promover a ideia de preservação da cultura
com os alunos das escolas envolvidas, incentivando a ideia de continuidade da
história local. Esse projeto é desenvolvido junto ao Museu Antônio Quintino Filho,
representado pela Fundação José Bezerra Gomes.

No entanto, é necessário esclarecer que o patrimônio deve ser valorizado por


sua importância na história ou na identidade local e não pelo valor que ele possa vir a
ser ofertado como atrativo turístico. Para que patrimônio e turismo possam ter uma
convivência harmoniosa, é necessário que haja planejamento, o que inclui controle
permanente a fim de amenizar o máximo possível os impactos gerados pela atividade
turística. Preservar o Patrimônio é preservar a memória e a identidade de um povo.
42

REFERÊNCIAS
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Universidade Federal do Rio Grande do Norte. Natal, 1995.

AZEVEDO, Cristiane. V. Um Engenho de Memórias: Turismo, memória e


patrimônio movendo a Fazenda Engenho Novo. Monografia (Graduação em
Turismo) – Faculdade Paraíso – São Gonçalo, Rio de Janeiro, 2008.

BARRETO, Margarida. Turismo e legado cultural. 6.ed. Campinas, SP: Papirus,


2000.

BARRETO, Margarida. Planejamento e organização em Turismo. São Paulo:


Papirus, 2003.

BEZERRA, Angela. A céu aberto: Garimpando a memória e a identidade dos


mineradores de Brejuí. Programa de Pós-Graduação em Antropologia Social –
UFRN – 2014.
BRASIL. Lei nº. 378, de 13 de janeiro de 1937. Dá nova organização ao Ministério da
Educação e Saúde Pública. Rio de Janeiro/Capital Federal, 1937.

BRASIL. Decreto-lei nº 25, de 30 de novembro de 1937. Organiza a proteção do


patrimônio histórico e artístico nacional. Rio de Janeiro/Capital Federal, 1937.
CANDAU, Joel. Memória e Identidade. São Paulo: Contexto, 2011.

CASTILHO JUNIOR, José Henrique de. Museu, um patrimônio do Turismo?


Departamento de Turismo – UFOP, 2008.

IBGE. Disponível em: <https://cidades.ibge.gov.br>. Acesso em: 20 de outubro de


2017.

ICOM – CONSELHO INTERNACIONAL DE MUSEUS/COMITE BRASILEIRO.


Disponível em : <http://www.icom.org,br> Acesso em 20 de outubro de 2017.

IPHAN – INSTITUTO DO PATRIMÔNIO HISTÓRICO E ARTÍSTICO NACIONAL.


Disponível em: <http://www.iphan.gov.br.> Acesso em 20 de outubro de 2017.

Mineração Tomaz Salustino. Disponível em: <http://www.minabrejui.com.br>. Acesso


em: 20 de outubro de 2017.
MUSEU E TURISMO: Estratégias de cooperação. Brasília, DF: IBRAM, 2014.

PORTUGUEZ, Anderson Pereira. Turismo, memória e Patrimônio Cultural. São


Paulo: Roca, 2004.

Prefeitura de currais novos. Disponível em :<http://prefeituracurraisnovos.com.br>


Acesso em 20 de outubro de 2017.
RUSCHMANN, Doris Van De Meene. Turismo e Planejamento sustentável: A
proteção do meio ambiente. SP: Papirus, 1997.
43

SILVA, Gustavo Luis. Os novos museus como subterfúgios da imagem da


cidade e o turismo, 2006. Disponível em:
<//www.intercom.org.br/papers/nacionais/2006/resumos/R1120-2.pdf>. Acesso em
28 de junho de 2018.

SOUZA, Joabel Rodrigues de. Totoró, berço de Currais Novos. Natal, RN:
EDUFRN-Editora da UFRN, 2008.

SOUZA, Joabel R. de. Centenário de José Bezerra Gomes. Currais Novos, RN,
2011.

SCHWARCZ, Lilia Moritz. O espetáculo das Raças: Cientistas, instituições e


questão racial no Brasil – 1870-1930. São Paulo: Companhia das Letras, 1993.
VASCONCELLOS, Camilo de Mello. Turismo e Museus. São Paulo: Aleph, 2006.

https://biblioteca.ibge.gov.br/visualizacao/dtbs/riograndedonorte/curraisnovos.pdf
Acesso em 10 de julho de 2018.
<https://www.facebook.com/Fundação-Cultural-José-Bezerra-Gomes> Acesso em 24
de novembro de 2017.
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APÊNDICE A – QUESTIONÁRIO DE PESQUISA – GUIAS E CONDUTORES


LOCAIS DO MUNICÍPIO DE CURRAIS NOVOS/RN.

UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE


CENTRO DE ENSINO SUPERIOR DO SERIDÓ – CERES
DEPARTAMENTO DE CIÊNCIAS SOCIAIS E HUMANAS – DCSH
CURSO DE BACHARELADO EM TURISMO
DOCENTE: PAULA REJANE FERNANDES
DISCENTE: BEATRIZ APARECIDA P. FERREIRA

 Quando fez o curso de guia ou de condutor?


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 Atua na área de Turismo como guia ou condutor?


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 Qual o segmento turístico que atua e o público alvo que atinge?


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 Quais os roteiros que realiza ou já realizou?


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______________________________________________________________
______________________________________________________________
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 Esses roteiros abrangem ou abrangeram visitas ao Memorial Tomaz Salustino?
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Sim ( ) Não ( )

Caso sim, o que se destaca na visita ao Memorial, na sua opinião?

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_________________________________________________________________
_________________________________________________________________
_________________________________________________________

 Esses roteiros abrangem ou abrangeram visitas ao Museu Quintino Filho?

Sim ( ) Não ( )

Caso sim, o que se destaca na visita ao Museu, na sua opinião?

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______________________________________________________________
______________________________________________________________
______________________________________________________________
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 Em média, quantos guiamentos são realizados em cada um dos lugares acima
citados?
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 Qual o perfil dos visitantes que fazem uso do Memorial Tomaz Salustino e do
Museu Quintino Filho?
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 Caso o Memorial e o Museu não estejam inseridos nos roteiros realizados nos
seus guiamentos, a que pode ser aplicado a falta da utilização desses lugares
na realização do Turismo local?
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