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Conexões de Saberes em Turismo e Hospitalidade


03 e 04 de Novembro

RUÍNAS, TURISMO E PATRIMÔNIO: AS RUÍNAS DO


CONVENTO SÃO BOAVENTURA EM ITABORAÍ-RJ

Gabriela Dias Duarte 1


Valéria Lima Guimarães 2
1 CONSIDERAÇÕES INICIAIS
Itaboraí é um município do estado do Rio de Janeiro que foi fundado em 1696
e emancipado em 1833, com grandes contribuições para a história do Brasil, sendo
uma delas o Convento de São Boaventura e todo o trabalho ali desenvolvido, além
de ter sido uma das regiões mais prósperas fluminenses, devido à produção e
exportação de açúcar, mandioca, café, entre outros.
O convento São Boaventura foi construído em 1660, com objetivos religiosos.
Na época do Brasil colonial, os conjuntos e complexos arquitetônicos eram
religiosos, como conventos, igrejas e hospícios, sendo as maiores construções em
todo Brasil, uma vez que a Igreja Católica tinha importante papel na organização e
desenvolvimento da colônia, com suas ordens religiosas atuando de forma direta na
fundação de cidades e vilas, na sua organização política, administrativa e religiosa,
inclusive utilizando o instrumento da catequese (BOURDETTE, 2013).
O Convento foi tombado pelo Instituto estadual do Patrimônio Cultural
(INEPAC) em 1978, e pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional
(IPHAN) em 1980 como Patrimônio Histórico Nacional (INEPAC, s.d.).

1
Graduanda em Turismo; Universidade Federal Fluminense – UFF; Niterói - Rio de Janeiro;
Currículo Lattes: http://lattes.cnpq.br/8976987787718178; E-mail: gabrieladias@id.uff.br.
2
Doutora em História Comparada pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), Rio de Janeiro, Rio de
Janeiro, Brasil. Docente do Programa de Pós-Graduação em Turismo da Universidade Federal Fluminense (UFF),
Niterói, Rio de Janeiro, Brasil. E-mail: valeriaguimaraes@id.uff.br
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As ruínas do Convento devem ser preservadas pois são um patrimônio que


representa uma forma de testemunho material da história do lugar e do país e
precisam ser protegidas para não sofrerem nenhum dano além daqueles já
existentes.
Este trabalho visa apresentar o potencial turístico e valor
histórico-cultural do Convento São Boaventura como Patrimônio de
Itaboraí. A metodologia utilizada se resume em uma pesquisa bibliográfica e também
na realização de entrevistas, no intuito de embasar propostas acerca do seu
reconhecimento, preservação e valorização da localidade.

2 REFERENCIAL TEÓRICO
Com objetivo de conduzir a pesquisa, tonou-se como base o conceito de
turismo cultural, que, para Costa (2009), é formado por recursos culturais, materiais
que seriam originários da cultura dos próprios formadores do patrimônio. Tendo o
seu local visitado turisticamente.
E logo, posteriormente, Talavera (2009), adiciona essa questão para o
turismo histórico-cultural que consiste em uma construção, que pode abranger de
formas singulares ou não, podendo trazer reflexões sobre os locais, patrimônios e os
bens materiais. Os autores falam ainda sobre a questão cultural e histórica, que se
baseia em elementos com uma memória significativa e o turismo no caso, pode
auxiliar de diversos meios, no reconhecimento e valorização desse patrimônio.
Nesta linha de pensamento, patrimônio se refere a tudo o que pode ser
considerado como uma herança que foi deixada por gerações passadas e que
necessita de preservação para transmitir para outras gerações (UZEDO,2013).
A partir disso, suscita-se o entendimento de que as Ruínas do Convento São
Boaventura são um patrimônio histórico-cultural que necessita de valorização e
reconhecimento da localidade e também do Rio de Janeiro e do país, pois suas
potencialidades vão além da história e territorialidades locais. Também do ponto de
vista turístico as ruínas possuem forte apelo, o que pode fazer com que o patrimônio
seja reconhecido e valorizado pelas suas questões históricas, artísticas e culturais.

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Em relação as ruínas, os autores Carneiro e Guimarães (2019) corroboram


que elas representam bem mais do que aparentam ao senso comum, pois podem
ser lidas como lugares de memória, de história e de simbolismo.
Considerando as falas dos autores e as ligações entre a memória, a cultura e
os acontecimentos históricos, é fundamental reforçar a importância da preservação
do patrimônio cultural ou histórico-cultural, como também é comum se nomear.
Para viabilizar o reconhecimento e a valorização do bem cultural em questão,
acha-se necessário o desenvolvimento de projetos de educação patrimonial na
localidade, que podem ser implantados em escolas, cursos e em espaços
educativos não formais ali existentes (MELO; CARDOZO, 2015).

3 METODOLOGIA
Para o desenvolvimento deste estudo, foi feita uma pesquisa bibliográfica
para construção da base teórica e realizada pesquisa empírica, amparada em
entrevistas. Os resultados da pesquisa empírica empreendida, interpretados de
acordo com a fundamentação teórica escolhida, levam à validação da proposta e
devem indicar novos caminhos de investigações pertinentes às ruínas do Convento
São Boaventura.
Quanto à abordagem da pesquisa, buscou-se analisar a potencialidade e o
reconhecimento de um patrimônio esquecido, qual seja, as Ruínas do Convento São
Boaventura.

4 RESULTADOS E DISCUSSÃO
Por meio de entrevistas, feitas por aplicativo de mensagens e por telefone, foi
constatado que as Ruínas do Convento São Boaventura sofrem de desvalorização e
esquecimento da localidade e dos órgãos públicos.
Além do mais, dificuldades de acesso e de mobilidades com os usos de
transportes, estão entre as queixas das pessoas que responderam e concordaram
que as ruínas podem ser utilizadas com objetivo turístico, junto com a educação
patrimonial, para melhorar a sua valorização e reconhecimento.

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Foi verificado por meio das entrevistas que as ruínas foram utilizadas para
passeios escolares, antes de ser da propriedade atual, a empresa Petrobrás, e
também para cenários de filmes e novelas, devido a sua arquitetura bela, herança e
valor histórico, que atrai visitantes. Nisso também foram achados projetos enviados
a prefeitura, com um roteiro histórico religioso no município de Itaboraí, com as
ruínas incluídas no roteiro.
Atualmente elas se encontram fechadas, sem nenhum desenvolvimento
turístico, valorização, reconhecimento e preservação das ruínas.
Dentre os respondentes, foi utilizado um grupo focal, composto por um guia
de turismo regional, um responsável educacional, um morador e também um
representante de uma instituição religiosa.

5 CONSIDERAÇÕES FINAIS

As Ruínas do Convento São Boaventura, não são apenas destroços de uma


construção. Naquele local está composto um patrimônio muito rico para Itaboraí,
mas também para o Brasil, uma ruína do convento que possui um valor histórico-
cultural, artístico e simbólico que merece ser preservado, reconhecido e valorizado.
Por meio da pesquisa, foi percebido que o bem encontra-se em um território
de grande extensão geográfica, e que chama a atenção por sua arquitetura
monumental e sua história que ultrapassa gerações. Pode sim ser utilizado como um
atrativo turístico, pois suas potencialidades são altas, mas para que isso ocorra, é
necessário haver um sério planejamento que envolve a revitalização das ruínas, a
educação patrimonial e a criação de uma infraestrutura de acesso.
Em suma, as ruínas são um patrimônio repleto de histórias, heranças e
memórias que podem ser utilizadas para a população e também como um atrativo
turístico, promovendo o reconhecimento e valorização do patrimônio, através do
turismo e da educação patrimonial a serem futura e responsavelmente
implementados na localidade.

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Palavras-Chave: Turismo, Ruínas, Patrimônio Cultural, Itaboraí-RJ, Convento São


Boaventura.

6 REFERÊNCIAS

BOURDETTE; E. O legado arquitetônico conventual franciscano no Brasil. Pesquisa


e educação a distância, n°1. 2013.
CARNEIRO J. A; GUIMARÃES V. L. O Turismo em Ruínas e sua Relação com as
Categorias do Método Geográfico: uma análise a partir da Igreja de Nossa
Senhora do Rosário dos Homens Pretos em Sabará, MG, Brasil. RTA | ECA-USP | v.
30, n. 1, p. 98-116, jan. /abr., 2019.
COSTA; F. R. Turismo e patrimônio cultural: interpretação e qualificação. São
Paulo: Senac/Sesc-SP, 2009.

INEPAC. Disponível em:


>http://www.inepac.rj.gov.br/index.php/bens_tombados/detalhar/93 >. Acesso em: 04
De dez. 2021.
MELO, A; CARDOZO, P. F. Patrimônio, turismo cultural e educação patrimonial.
Educ. Soc. Campinas, v. 36, nº. 133, out.-dez, 2015.
PAOLI, M. C. P. M. Memória, história e cidadania: o direito ao passado. Direito à
Memória: Patrimônio Histórico e Cidadania. Tradução . São Paulo: Departamento
do Patrimônio Histórico, 1992.
TALAVERA, A. S. Antropologia do Turismo: analogias, encontros e relações. São
Paulo: Aleph, 2009.
UZEDA; H.C. Turismo e patrimônio. v1. Rio de Janeiro: Fundação Cecierj, 2013.

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