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“MUSEALOGANDO” COM O TURISMO: CONCEPÇÕES ENTRE

MUSEU E TURISMO NA TRAMA EDUCACIONAL

Larissa Rachel Ribeiro de Abreu 1 - UEMA


Saulo Ribeiro dos Santos2 - UFMA/PUCPR/UFPR

Grupo de Trabalho – Cultura, Currículo e Saberes


Agência Financiadora: não contou com financiamento

Resumo

Os museus são espaços que protegem parte da cultura, e além de estarem relacionados ao
patrimônio cultural possuem caráter pedagógico, pois são lugares de memórias singulares e
também espaços de promoção do conhecimento, e de lazer erudicizado. Por isso, deve-se
analisá-los no contexto turístico e histórico, pois são instrumentos da educação formal. O
turismo, por se tratar de uma atividade predominantemente relacionada ao lazer, pouco
analisa-se sob a visão educacional, já que são áreas aparentemente com pouca correlação.
Entretanto, ao se pensar em questões do patrimônio, mais especificamente os museus,
percebe-se que os laços podem se estreitar, já que é possível educar utilizando o patrimônio
como objeto de estudo. Dessa forma, o objetivo deste estudo é compreender a relação entre
museu e turismo no âmbito educacional. Como base metodológica utilizou-se de fontes
bibliográficas e documentais, com análise qualitativa e trata-se de um estudo descritivo. Os
resultados apontam para uma educação turística e histórica como fundamentais para que o
museu seja um espaço diferenciado e percebido com um olhar no qual este serve de
contribuição para o enriquecimento das informações daquele que o visita. Além disso,
entende-se que o turismo por ser uma atividade social contribui para que tanto a comunidade
e turista possam ainda mais valorizar a identidade cultural local, mediante ações educativas
que o museu esteja desenvolvendo. Desta forma, é possível concluir que o museu tem sua
importância tanto para a comunidade, como para o turismo e a educação, e que sua inserção
no âmbito educacional favorece sua valorização, enriquecendo o conhecimento do alunado e
visitantes. E torna-se um espaço de criação e multiplicação do conhecimento para todos que o
visitam.

1
Bacharel em Turismo e Especialista em História do Maranhão pela Universidade Federal do Maranhão.
Licenciada em História e Mestranda em História, Ensino e Narrativas pela Universidade Estadual do Maranhão.
Professora de Escolas da rede particular de ensino. E-mail: larys05@yahoo.com.br
2
Bacharel em Turismo pela Faculdade Atenas Maranhense. MBA em Turismo: Planejamento, Marketing e
Gestão pela Universidade Católica de Brasília. Mestre em Administração e Desenvolvimento Empresarial pela
Universidade Estácio de Sá. Doutorando em Gestão Urbana pela Pontifícia Universidade Católica do Paraná.
Doutorando em Geografia pela Universidade Federal do Paraná. Professor Adjunto I do Departamento de
Turismo e Hotelaria da Universidade Federal do Maranhão. Bolsista CAPES. E-mail:
saulosantosma@uol.com.br.

ISSN 2176-1396
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Palavras-chave: Museu. Turismo. Educação.

Introdução
Acreditava-se que se educava apenas nos limites da escola, fato este, contestado por
estudiosos da área da educação, chegando-se à conclusão de que existem vários espaços onde
a educação pode ser promovida (MARANDINO, 2001; FLECHA; TORTAJADA, 2000).
Dessa forma, o museu passou a ser considerado também um lugar em que histórias são
criadas e recriadas, o que mostra ser mais instrumental em favor do professor, aliando,
inclusive a atividade turística, em especial o turismo cultural, que promove conhecimento
(BARRETO, 2000; PIRES, 2002).
Este estudo traça um caminho que relaciona museu, educação e turismo, no que diz
respeito à promoção de conhecimento e à valorização do patrimônio. Se o museu é um espaço
de conhecimento, não pode ser dissociado do conhecimento cognitivo, mas também não pode
ser reconhecido apenas como tal, mas também como lugar de lazer e entretenimento
(MARANDINO, 2001).
Educar a partir do patrimônio promove ligação entre o público e o acervo, servindo de
base para a ressignificação dos objetos, estimulando a memória e o conhecimento, pois nos
ambientes do museu, resguarda-se das lembranças de momentos idos (FONSECA FILHO,
2007).
Dessa forma, objetiva-se compreender a relação entre museu e turismo no âmbito
educacional. A metodologia utilizada é bibliográfica e documental, de análise qualitativa.
Caracteriza-se como descritiva (GIL, 2006).
Neste sentido, focaliza-se o papel dos museus como guardiões da memória,
encontrando-se em um contexto em que debates teórico-metodológicos apontam para uma
desterritorialização do espaço de aprendizado para além da sala de aula, sendo o museu um
aliado nesta questão.

Concepções sobre a relação entre turismo e museu

O turismo surge em decorrência do tempo livre, também denominado de tempo de não


trabalho, ou ainda ócio criativo (DE MASI, 2000), pois o fluxo de pessoas deslocando-se
aumenta em relação a este aspecto. Com isso, há necessidade de preencher este vazio,
surgindo a vontade de conhecer novos lugares e culturas. Neste sentido, Molina (2005)
esclarece que o fenômeno turístico tem como essência o ócio, além de ser um conjunto de
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manifestações que se relacionam e atuam entre si. Aparições essas de ordem ideológica,
política, econômica, social, psicológica e físico-ambiental.
Após o desenvolvimento do turismo, este foi percebido como uma atividade de
impacto negativo, devido a busca excessiva do lucro a qualquer preço, aparecendo o turismo
de massa, como um dos principais causadores (ARCHER; COOPER, 2002). Após estudos,
percebe-se que o turismo também proporciona impactos positivos (políticos, econômicos,
ambientais, sociais e culturais) para a localidade. No aspecto cultural, o impacto ocorre por
conta da aproximação entre culturas diferentes, pois "o turismo cultural pode aproximar
pessoas com orientações muito diferentes quanto a valores modernos, uma economia
monetarizada e práticas religiosas tradicionais" (OMT, 2003, p. 88).
Para mitigar os impactos negativos, é necessário a execução e implantação de um
planejamento responsável, que contemple não somente os turistas, mas a comunidade
receptora (autóctones), pois o turismo é um setor que congrega experiência a todos os
envolvidos (DIAS; AGUIAR, 2002). A relação entre cultura e turismo, geralmente, promove
a geração de conhecimento, pois, o olhar sobre o diferente (ou algo novo), e a troca de
experiências, sejam elas de viagem ou não (positivas ou negativas) (BARRETO, 2000). O
processo de interação entre turistas e locais, ocorre de forma gradual, atuando como
referencial para o confrontamento entre realidades, que são expressas por meio da atividade
turística, considerada uma forma de educação informal (PIRES, 2002; FONSECA FILHO,
2007).
O turismo precisa ser visto não apenas como atividade eminentemente econômica, mas
especialmente como fator estimulante de uma aproximação entre universos distintos. Sendo
assim, segundo Moesch, o turismo é “mais que uma indústria de serviços, é fenômeno com
base cultural, com herança histórica, meio ambiente diverso, cartografia natural, relações
sociais de hospitalidade, troca de informações interculturais” (apud FONSECA FILHO, 2007,
p. 7).
Ainda assim, no campo patrimonial houve um processo lento para se aceitar que o
turismo poderia ser um aliado das instituições de proteção e valorização do patrimônio 3, pois
é uma atividade fruto do capitalismo (DIAS; AGUIAR, 2002; ARCHER ; COOPER, 2002), o
que entraria em choque com os preceitos da área do patrimônio histórico-cultural, na verdade,
3
O Decreto-lei nº 25, de 30 de novembro de 1937 é um documento considerado o primeiro a se conter questões
patrimoniais, elaborado pelo Serviço do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (SPHAN), órgão que deu
origem ao Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (IPHAN), que zela pelo patrimônio. Neste
documento, percebe-se que as questões relacionadas ao patrimônio se referem apenas ao campo da história, em
nenhum momento falando-se em educação ou museu.
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da área da cultura de um modo geral (BARRETO, 2000). Esta visão foi deturpada, com a
criação do turismo cultural, vertente da atividade que busca inserir no contexto das práticas
turísticas o conhecimento da cultura e da realidade local. O turismo cultural, “implica não
apenas a oferta de espetáculos ou eventos, mas também a existência e preservação de um
patrimônio cultural representado por museus, monumentos e locais históricos" (FUNARI;
PINSKY, 2001, p.15). Dessa forma, a partir dos anos de 1970, percebe-se uma maior
valorização do patrimônio cultural como elemento da memória social, como um testemunho
das experiências humanas e de seus desdobramentos, bem como do sentimento de
pertencimento ao coletivo (FUNARY; PINSKY, 2001).
Essa vertente denominada de turismo cultural foi tecnicamente definida mais
recentemente, no Brasil, pela Secretaria Nacional de Políticas de Turismo (BRASIL, 2006)
que afirma que as divisas geradas pela atividade acarretavam o progresso e o desenvolvimento
econômico àqueles países com atrativos patrimoniais, já que promove conscientização acerca
da conservação dos mesmos, além de incrementar a identidade e a imagem passada pelo local
para as pessoas (VASCONCELLOS, 2006).
Segundo a Organização Mundial do Turismo (OMT, 2003), o turismo cultural é uma
forma de atividade turística que tem como um dos objetivos a visitação a monumentos e sítios
históricos, pois a relação entre turismo e patrimônio é benéfica para ambos, além da
valorização das comunidades, que são produtoras de cultura por excelência, o que
proporciona troca de experiências. Ou seja, é um segmento "baseado nas características
culturais ou sociais de uma população que dispõe de um estilo tradicional de vida ou
características próprias4”. Aliás, o turismo cultural tem contribuído na manutenção do
patrimônio material e imaterial, evitando sua substituição por outras formas arquitetônicas,
garantindo a conservação e a recuperação da memória e da identidade de um povo, memória
essa que leva ao conhecimento do patrimônio e este à sua valorização por parte da
comunidade local (BARRETO, 2000). Isto porque o turismo cultural “compreende as
atividades turísticas relacionadas à vivência do conjunto de elementos significativos do
patrimônio histórico e cultural e dos eventos culturais, valorizando e promovendo os bens
materiais e imateriais da cultura” (BRASIL, 2006, p.10).

4
Definição de turismo cultural exposta no Simpósio de Cultura Popular do SESC/MA, realizada no dia 20 de
maio de 2011, na palestra "O turismo cultural no Brasil", proferida pelo professor João Batista Neto, da
Universidade de São Paulo.
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Segundo o professor Mário Jorge Pires5, algumas das vantagens dessa modalidade de
turismo seriam a atração de um público com maior poder aquisitivo, nível escolar alto, e
locais como museus e centros culturais veem aumentar seus públicos, além da população local
valorizar a sua cultura, tornando-a um atrativo essencialmente turístico, e também muitas
culturas acabam se redescobrindo após a inserção do turismo em seu cotidiano. Entretanto, ele
cita como desvantagens ou problemas a transformação do atrativo em não-lugar ou puro
espetáculo, a marginalização da comunidade receptora, além da possível substituição da
mesma pela globalização cultural, causando uma descaracterização e uma consequente perda
do sentido de ser.
Mediante tais aspectos, vê-se que o turismo está intrinsicamente relacionado ao
aspecto cultural e patrimonial. Um exemplo disso é quando a renda gerada pela cobrança de
ingresso a turistas de um museu é empregada na infraestrutura, qualificação de funcionários e
demais atividades que possam incrementar o fluxo de visitantes no local, ou seja, as
instituições museológicas tem-se modificado e com estas, há a necessidade de mudar a forma
de atuação, já que lida-se com pessoas que buscam o novo, o inédito, o singular, sendo
importante "falar a língua" de quem está ouvindo. Portanto, é importante que os museus
passem por uma reformulação, a fim de contemplar os mais variados públicos (FONSECA,
2003).
A relação entre museus e turismo deve ser dialética, possibilitando benefícios para
ambos, tanto as instituições do patrimônio quanto a comunidade e o governo. Passou-se a
valorizar os museus e, consequentemente, a vê-los como espaços profícuos para o turismo
quando as elites perceberam que vivenciar a cultura é importante e que se pode preservá-la
também por meio desses espaços. A pioneira nessa parceria foi à Inglaterra, promovendo a
sustentabilidade econômica dos museus e um turismo histórico sustentado (BARRETO,
2000).
Apesar do momento de euforia museal6, as políticas públicas voltadas para a proteção
das instituições e incentivo à criação de outras ainda são incipientes, o que se percebe até
mesmo pela falta de levantamento de dados referentes aos mais diversos aspectos dos museus,

5
Vantagens do turismo referidas na palestra "O turismo cultural no Brasil", proferida pelo professor João Batista
Neto, da Universidade de São Paulo, no Simpósio de Cultura Popular do SESC/MA, realizado no dia 20 de maio
de 2011.
6
Segundo MacDonald (apud SANTOS, 2004), muitos denominam essa época, a partir dos anos 2000, de "era
dos museus", pois se percebe o número crescente de público e de análises sobre o espaço dinâmico e criador de
narrativas culturais.
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como número anual de visitantes por instituição até quais as práticas desenvolvidas para
melhor aproveitamento das visitas e avaliações do acervo e da monitoria (ABREU, 2011).
Para atingir um patamar satisfatório de proteção e valorização dos museus, é
necessário conhecer, para apreciar e então respeitar o patrimônio de um modo geral. Como
afirma Santos (2004), embora mais de 80% dos museus do país sejam de responsabilidade do
governo, em quaisquer uma das esferas (municipal, estadual ou federal), não há estudos para
se saber dados sobre as instituições, nem mesmo sobre suas práticas desenvolvidas (ou que
deveriam ser desenvolvidas e não o são), exceto o trabalho realizado pelo Sistema Estadual de
Museus do Rio Grande do Sul, estado que tem se esforçado para mudar esse quadro
desfavorável, sendo um dos pioneiros neste quesito.
Uma das medidas para conhecer como andam as instituições museais brasileiras é o
Cadastro Nacional de Museus que já mapeou mais de 3400 instituições no país (BRASIL,
2010). Por este aspecto, há uma preocupação com a situação dos museus se deu após a
elaboração da Política Nacional de Museus, em 2003, quando foram criados instrumentos de
valorização e consolidação do campo museal, ou seja, o Sistema Brasileiro de Museus, o
Cadastro Nacional de Museus, o Estatuto dos Museus e o Instituto Brasileiro de Museus
(BRASIL, 2007), demonstrando que a preocupação com a cultura no país se dá através de
mecanismos diversos, mas que tudo parte de uma política eficaz e que precisa ser posta em
prática (TOLENTINO, 2004). Como exemplo, tem-se documentos da gestão dos museus
entre os anos de 2003 e 2010, que demonstram o aumento de investimentos na área, havendo
um salto de R$ 25 milhões para R$ 119 milhões entre 2002 e 20097 (BRASIL, 2010)
Neste panorama, a relação do turismo com os museus ainda é delicada, pois a visão
sobre ambos é distinta no que concerne aos seus objetivos, pois, para o primeiro, o número de
visitas por bem cultural é mais importante que o significado do que foi visto, enquanto que,
para o segundo, a importância está na conservação, manutenção e exposição dos acervos, em
detrimento do número excessivo de visitas, o que poderia acarretar o desgaste de peças do
acervo (VASCONCELLOS, 2006; CASTRO, 2007).
Ou seja, o maior desafio para o museu no que diz respeito ao pleno atendimento dos
turistas é exatamente reavaliar seus objetivos, que geralmente vão de encontro ao que almeja a
experiência turística mais massiva. Em relação a este aspecto, Castro (2007), afirma que se

7
Os dados mais atualizados que foram encontrados estão no relatório de gestão, que compreende até o ano de
2009, o que demonstra que as informações nem sempre são repassadas com a frequência necessária (BRASIL,
2010).
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deve adotar a ação educativa nos museus como forma de estimular o diálogo dos turistas com
a cultura local.
Daí depreende-se que é necessária uma ação patrimonial, expressão cunhada por
Chagas (apud ASSUNÇÃO, 2007) para tratar de ações em prol da educação voltada para a
valorização do patrimônio. O autor afirma que falar em educação patrimonial seria
redundante, pois, é o mesmo que "educação educacional" ou "educação cultural", pois,
educação e cultura não podem ser dissociadas, já que estão diretamente associadas, por ambas
serem práticas socioculturais, não sendo diferente com o patrimônio cultural. Então, a ação
patrimonial parte do princípio de que é necessário haver o diálogo com o bem cultural,
transformando-o em um bem social (CASTRO, 2007).
Na verdade, não é só nos museus que a educação deve estar inserida, embora uma
instituição por si só já tenha esse caráter educacional e, portanto, cultural conforme a
designação já referida de Chagas. A educação precisa estar nos mais diversos meios, desde a
televisão e a internet, as mais procuradas fontes de conhecimentos, de boa ou má qualidade,
até no turismo, atividade que gera intercâmbio de informações. O turismo cultural na Europa,
por exemplo, representa 40% do turismo no continente e (CUE, 2014), além disso, a atividade
incentiva e proporciona essa troca de experiências entre comunidade local e visitantes,
servindo como suporte da educação e consequente formação crítica de quem os visita
(RAMOS, 2004).
Através da educação percebe-se que o olhar de quem vai a um museu fica mais
aguçado, pois ele já conhece aquilo que está vivenciando, demonstrando interesse pelas
particularidades e complexidade da cultura em questão, ou seja, a partir daí se percebe a
importância do estímulo à construção de uma educação histórica e, por conseguinte, turística
(VASCONCELLOS, 2006).

Educação turística e histórica: concepções e contribuições

Após conhecer o quadro geral dos museus, suas definições, sua relevância social e
seus benefícios, parte-se para um ponto nuclear deste estudo, a relação entre educação,
turismo e museus, centrando-se na questão da educação formal, ou seja, aquela que se dá no
âmbito do espaço físico designado para tal fim.
A escola tem estado cada vez mais presente em museus no Brasil, e os professores de
áreas diversas têm se interessado e incluído este espaço em suas atividades como
complementar a suas aulas, para que os alunos possam aproveitar mais suas disciplinas
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(BITTENCOURT, 2009 ; FLECHA; TORTAJADA, 2000). Além disso, os museus também


têm procurado alinhar-se às práticas pedagógicas para estarem aptos a responder as
necessidades de tais alunos, como por exemplo, a utilização da interatividade através de uso
de tecnologias (FONSECA FILHO, 2007; MARANDINO, 2001).
Entende-se que há uma diferença entre os métodos abordados na escola e no museu,
mas que se complementam (Tabela 1).
Tabela 1: Diferenças sintetizadas entre escola e museu
ESCOLA MUSEU
Objeto: instruir e educar Objeto: recolher, conservar, estudar e expor
Cliente cativo e estável Cliente livre e passageiro
Cliente estruturado em função da idade ou da Todos os grupos de idade sem distinção de formação
formação
Possui um programa que lhe é imposto, pode fazer Possui exposições próprias ou itinerantes e realiza suas
diferentes interpretações, mas é fiel a ele atividades pedagógicas em função de sua coleção
Concebida para atividades em grupos Concebido para atividades geralmente individuais ou de
(classe) pequenos grupos
Tempo: 1 ano Tempo: 1h ou 2h
Atividade fundada no livro e na palavra Atividade fundada no objeto
Fonte: Adaptado de Allard et al. (1996)

Vê-se que museu e escola possuem naturezas particulares, e que as relações sociais se
processam de forma difrenciada, mas cada qual com uma lógica própria. Desta forma, é
importante analisar e estabelecer relações entre o museu e a escola, para então evidenciar as
diferenças entre eles.
Os motivos que leam a escola e o professor a buscarem os museus como espaço de
educação estão:

[...] Primeiramente, com uma alternativa à prática pedagógica, já que entendem esta
instituição como um local alternativo de aprendizagem. Em segundo lugar, os
professores consideram a dimensão do conteúdo científico, chamando atenção para
o fato de que os temas apresentados no museu podem ser abordados de uma forma
interdisciplinar ou enfatizando a relação com o cotidiano dos estudantes. Alguns
professores, em menor quantidade, se preocupam com a ampliação da cultura como
objetivo da visita. (MARANDINO, 2001, p. 5)

Conforme explicitado anteriormente, há um forte potencial dos museus para o


universo escolar formal, que no Brasil é pouco explorado, por questões inerentes à cultura
escolar. Entretanto, é possível aplicar práticas educativas diferenciadas aliadas ao cotidiano do
museu, sem fugir às práticas tradicionais, modificando a realidade quanto ao número de
visitantes e estimulando o prazer pela cultura de um modo geral (ABREU, 2012). Assim, se a
educação tem como premissa básica a formação do cidadão crítico e participativo,
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A educação turística vem a somar com esse movimento, já que por meio desta
apresentamos a importância de se preservar valores referentes à cultura e ao meio
ambiente natural. Defendemos uma educação turística preocupada com a formação
dos jovens, visando fornecer conhecimentos que agreguem e, consequentemente,
complementem a formação básica dos educandos (FONSECA FILHO, 2007, p. 10).

Ou seja, se por meio da educação os museus tiverem seu potencial explorado,


conciliando as mais diversas influências, como a ação patrimonial e o turismo, trabalhando,
inclusive, com a aliança entre ambas, a sociedade será beneficiada, bem como instituições
turísticas e o governo. Complementando, Castro (2007, p. 4) afirma que a "ação educativa se
coloca como ponte para consolidar a aproximação do museu com o turismo cultural". Essa
ação educativa parte não somente da educação formal, mas também pode (e deve) se utilizar
de outros meios importantes de alcance às mais diversas camadas sociais, como destacado no
Seminário Regional da UNESCO, realizado em 1958 na cidade do Rio de Janeiro, onde
esclareceram que a função pedagógica do museu estaria comprometida com a sociedade em
que se encontra (RODRIGUES, 2005).
O papel pedagógico não deve se restringir a ações pontuais de levar alunos nas
instituições museais, pois isto reflete apenas que o museu pode ser um lugar para passear, tirar
fotos, enquanto, que este deve ser um ambiente onde a criticidade é permitida e estimulada
(RAMOS, 2004). As escolas devem ter um calendário de visitas, porém, é necessário saber
trabalhá-las no sentido de educar para o patrimônio, visando tornar os alunos, cidadãos
conscientes de que são atores na construção de políticas de preservação patrimonial
(FLECHA; TORTAJADA, 2000).
Tratando-se da contribuição do museu para a educação e para os mais diversos campos
do conhecimento, como o turismo, a linguagem da instituição deve estar adequada ao público
que visita o acervo, sem que haja a sacralização do objeto, pois o museu tem uma lógica
singular. A disposição dos objetos do acervo, a explicação que é dada sobre cada vitrine ou
ainda a luz que incide sobre uma determinada peça, tudo isso faz parte dessa lógica que
constitui uma instituição museológica (RAMOS, 2004).

É fundamental compreender, no entanto, que as linguagens inscritas nos museus têm


leituras diferenciadas e não devem ser vistas como detentoras de uma lógica própria,
nem submissas a um modelo funcional fixo. Elas são produtos de uma relação
contínua entre os homens em que a dominação caminha junto ao consentimento. A
aceitação indiscriminada da sacralização de determinados objetos indica a
incorporação, pela sociedade, de um conjunto de ideias e pensamentos. Essas
representações ligam-se a sentimentos profundos e generalizados, que são
disputados por diferentes grupos, os quais lutam para associar a eles idéias e crenças
de conteúdos diversos (SANTOS, 2003, p.130).
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Um exemplo de estímulo à ludicidade é o Museu Histórico de Santa Catarina, pois, há


teatro, quadrinhos e música para explicar sobre o acervo e a história do estado. O referido
museu funciona no Palácio Cruz e Sousa, do século XVIII, e a equipe gestora preocupa-se em
promover atividades pedagógicas como forma de melhor repassar o conhecimento para os
visitantes, especialmente com o público escolar. As atividades tiveram início com o projeto
Escolas no Museu, do ano de 2004, uma parceria da instituição com a iniciativa privada que
beneficia tanto alunos de escolas públicas quanto particulares (REVISTA NOSSA
HISTÓRIA, 2005). Segundo a coordenadora do projeto na época, Edina de Marco, o objetivo
seria proporcionar aos alunos em aprendizado a partir da experiência, o que contribui para a
formação crítica dos mesmos e assim os museus seriam vistos como lugares de encontros e
debates, enriquecendo assim a consciência cultural (REVISTA NOSSA HISTÓRIA, 2005).
São enfatizados, neste museu, aspectos não só da história, como cultura, literatura e
patrimônio e as apresentações acontecem duas vezes por semana, sendo as revistas em
quadrinhos entregues apenas para as crianças de até 12 anos, mas a peça de teatro e a música
apresentadas para todas as faixas etárias (REVISTA NOSSA HISTÓRIA, 2005). Este museu
serve como um exemplo por ser uma estratégia inovadora para aproximar todos os tipos de
público das instituições, mas não só isso, como também fazê-lo gostar e se interessar cada vez
mais pelas questões históricas e culturais, isto é, pelo patrimônio.
Mas para que ocorra o processo educativo no museu, é preciso que se compreendam
os significados da exposição, tanto os que ficam claramente expostos como os que são mais
subjetivos, ou seja, aquilo que só se compreende após uma “leitura” minuciosa e uma
posterior ressignificação. É a partir desse novo significado que se dá ao acervo que será
construído o sentimento de pertencimento ao grupo social, de se sentir inserido no que está
exposto; em outras palavras, será definida a identidade que tanto se busca e que deve estar em
tudo que se constrói:

Para assumir seu caráter educativo, o museu coloca-se, então, como o lugar onde os
objetos são expostos para compor um argumento crítico. Mas só isso não basta.
Torna-se necessário desenvolver programas com o intuito de sensibilizar os
visitantes para uma maior interação com o museu. Não se trata da simples
“formação de plateia”, a valorização do museu como forma de criar “cultura mais
refinada”. Antes de tudo, objetiva-se o incremento de uma educação mais profunda,
envolvida com a percepção mais crítica sobre o mundo do qual fazemos parte e
sobre o qual devemos atuar de modo mais reflexivo (RAMOS, 2004, p.20-1).

Complementando o pensamento acima, tem-se que:


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Outro aspecto que quero ressaltar, ainda relacionado à necessidade de interação


entre as diversas áreas do conhecimento e do reconhecimento a que este está
histórico-socialmente condicionado, é a necessidade de abertura para o mundo,
daqueles que são responsáveis por sua produção, no sentido de transformar a
extensão em ação, acreditando que é possível construir conhecimento na troca, na
relação entre o ensino formal e o não-formal, no respeito à experiência e à
criatividade dos muitos sujeitos sociais que estão fora das academias e que podem
nos indicar caminhos e soluções muitas vezes por nós despercebidos, os quais,
também, serão enriquecidos a partir das nossas reflexões e do conhecimento por nós
produzido (SANTOS, 2001, p. 03, grifo do autor).

Ou seja, a educação e o museu são fatores importantes para o aprendizado conforme


Santos destaca. A relação entre eles é fundamental para a criação da sociedade do
conhecimento, com maior entendimento e produção a cerca da história. Acrescentando, tem-
se que “a educação na sociedade da informação deve basear-se na utilização de habilidades
comunicativas, de tal modo que nos permita participar mais ativamente e de forma mais
crítica e reflexiva na sociedade” (FLECHA ; TORTAJADA, 2000, p. 34).
Outro aspecto é o papel dos museus em relação aos alunos, pois:

A experiência da visita ao museu, sob o ponto de vista do tema da aprendizagem,


pode abrir espaço para a participação de alunos que geralmente não se manifestam
na sala de aula e dar oportunidade para que outros conteúdos, além dos formais,
possam surgir e ganhar legitimidade. Percebeu-se também que, tanto nós quanto os
alunos, fomos capazes de estabelecer relações a posteriori entre os conteúdos
formais e os temas apresentados nas exposições no museu. É importante, no entanto,
ampliar o número de pesquisas nessa perspectiva para que os fatos levantados aqui
possam ser generalizados (MARANDINO, 2001, p. 12).

Desde sua criação até a atualidade, o museu teve como um dos objetivos se tornar um
centro de produção intelectual e artística, pois era o Templo das Musas. Na verdade,
atualmente, assumiu também o caráter de lugar de representação coletiva, de memória e de
identidade. Daí sua importância para o turismo, pois congrega os aspectos educacional, de
memória e de conhecimento, tornando-se um aliado para a compreensão da teia social de um
lugar, inclusive (ou principalmente) para os turistas. "O museu proporciona acesso ao
desvendamento da morte ressignificada em eternidade" (CASTRO, 2007, p.3).
O museu possui três funções básicas que estão interligadas entre si e que geram outras
de igual importância, que são elas a preservação, investigação e comunicação, que geram a
educação, o conhecimento e a memória como processos que devem ocorrer na instituição
museal (CHAGAS, 1994). Para isso, elas precisam estar em sintonia e não haver
hierarquização de uma em detrimento da outra.
Preservar não traz a promoção do conhecimento, da educação e perpetuação da
memória, pois, conforme mencionado, um bem cultural é um bem social a partir do valor que
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lhe é atribuído. Por outro lado, a investigação produz o conhecimento, mas não
necessariamente promove a valorização da memória e da educação. Já a comunicação é
importante, mas ela não pode ser colocada como a única relevante porque se um objeto não é
preservado e investigado, passa a perder seu sentido, pois está desvinculado de sua função
social de gerador de memória, tornando-se apenas um espetáculo a ser consumido de modo
descompromissado.
A educação na visão de Flecha e Tortajada (2000, p. 34) não pode apenas “repassar
conhecimentos ‘acadêmico-formais’ de maneira exclusiva. Deve-se partir da combinação
entre o prático, o acadêmico e o comunicativo, fazendo com que a comunidade e as famílias
participem juntamente com os professores”. Por isso, é fundamental realizar e incluir nas
práticas educativas atividades extras como visitas ao museu, por exemplo.
Algo que está acontecendo com frequência atualmente é que os museus priorizam a
comunicação, instalando equipamentos sofisticados, como projetores, televisões e tantos
outros adventos da tecnologia e esquecem que a preservação e a investigação têm sua
importância no contexto da exposição (RAMOS, 2004). É sempre bom utilizar a tecnologia a
favor da instituição, entretanto, deve-se frisar que, pelo menos para a área do turismo, o que a
maioria dos visitantes querem conhecer uma parte da realidade local, a identidade da
comunidade anfitriã, e ver retratada a história do povo e poder interagir após conhecê-lo.
Nesse caso, história não é colocada como o passado, mas também como representação do
presente e do futuro. Por isso, que os museus são considerados espaços de reflexão,
experimentação e aquisição de conhecimentos, produtores de imagens e de intercâmbios
culturais (RODRIGUES, 2005).
Como afirma Santos (2003), os museus têm uma singularidade no ato de narrar uma
história que é exatamente a presença dos objetos, os quais fazem parte do passado e por isso
são portadores de historicidade, sendo necessária uma reconstrução do passado com base na
narrativa e no que está exposto, o que irá, inclusive, facilitar o trabalho do professor ou do
monitor que estiver explicando o acervo, pois os vestígios encontrados na instituição facilitam
o aprendizado e estimulam a atividade cognitiva, além de estimularem os turistas a quererem
conhecer cada vez mais sobre aquela cultura que estão vivenciando. Por isso, é necessário que
o museu "primeiro encante, seduza, depois toque no intelecto" (PIRES, 2002, p.79), pois
assim a visita será muito mais proveitosa e interessante para quaisquer tipos de público.
Os grandes museus teriam sido concebidos de acordo com três missões ou finalidades,
sendo elas a educacional, que atenderia ao público em geral, a de pesquisa científica e a de
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disseminação da informação, mais uma vez demonstrando o objetivo dos museus, isto é, a
promoção da educação e do conhecimento (ALMEIDA, 2006). Entretanto, para isso, seria
preciso que houvesse uma aproximação do público com os "lugares de memória", ou seja,
museus, arquivos e bibliotecas, o que pode acontecer através de projetos e estratégias que
insiram as pessoas na vivência das instituições, como atividades pedagógicas, folhetos
explicativos, catálogos e outros tipos de ações que estimulem a criatividade e a imaginação do
visitante.
Um exemplo de ação desse tipo é o Museu Afro-Brasil, na cidade de São Paulo, que
através de jogos, exposições, palestras e outras atividades educativas conta a história da
herança deixada pelos africanos no Brasil, contribuindo para que o visitante possa "refletir
uma herança na qual, como num espelho, o negro possa se reconhecer, reforçando a
autoestima de uma população excluída e com identidade estilhaçada" (REVISTA NOSSA
HISTÓRIA, 2006, p.85). Um museu deste tipo pode ser um exemplo da identidade dos mais
variados povos, não somente do brasileiro, pois congrega uma história recheada de elementos
identitários, unindo a história de dois povos interligados historicamente, tornando-se um
atrativo instigante.
O importante é entender o discurso museográfico e valorizar a forma como cada
visitante terá suas próprias conclusões, a subjetividade em analisar tal discurso, seja esse
visitante com um nível de informações elevado ou não, pois a forma como cada um “lê” e
interpreta um determinado acervo é algo que depende das informações que ele já tem sobre o
período, o contexto ou os personagens que viveram na época. Daí a importância do aluno
compreender não só o acervo, mas o contexto em que o museu foi constituído e a época
retratada, pois, dessa forma, ele entenderá os significados da exposição e terá interesse
crescente em visitar mais museus, com temáticas diversas, buscando relacionar o que
presenciou com sua vida, ou seja, com sua memória (BITTENCOURT, 2009).
Segundo Chagas (2002), tudo seria museável, embora nem tudo seja musealizado,
facilitando o processo de propagação da memória, não apenas como capacidade cognitiva,
mas principalmente como expressão social. Na verdade, o que torna um objeto ou bem
cultural museável é exatamente o contexto em que se encontra a significação que se dá a ele,
sua preservação em detrimento de seu esquecimento. Um objeto que para alguém não tem
nenhum valor emocional, para outro pode ter um sentido sem precedentes, e é exatamente aí
que reside a riqueza da cultura, pois tudo depende do olhar lançado sobre a mesma.
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Aliás, fica mais fácil "musealizar" com a participação da comunidade local, pois ela
sabe o que é relevante para sua memória, como destaca Barreto (2000) que denominam de
Ecomuseus, ou seja, aqueles administrados conjuntamente com a comunidade, tornando-se
fórum de discussão, estimulando a preservação e valorização de um patrimônio que poderia
ficar esquecido se não houvesse essa prática de reconhecimento.
Para Pires (2002), novas posturas acabaram sendo implantadas com finalidade de
integrar a comunidade aos museus, transformando-os em espaços de educação extraclasse.
Esses ecomuseus tem se tornado a saída para se buscar apoio na valorização das instituições
museais, pois se espera superar gradual e definitivamente a visão de que os museus não são
espaços de visitação turística, apenas de contemplação e erudição. Na verdade, a aliança entre
museus, comunidade e turismo é algo importante para o desenvolvimento dos museus e de
toda a área de patrimônio, a qual depende do interesse em valorizá-lo (BARRETO, 2000).
Assim, a educação através da escola deve estar pautada em atividades pedagógicas que
levem o alunado a ficar mais motivado e presenciar de maneira ativa o patrimônio cultural de
sua região. Santos (2001, p. 3) define com clareza a educação:

[...] como um processo que deve ter como referencial o patrimônio cultural,
considerando que este é um suporte fundamental para que a ação educativa seja
aplicada, levando em consideração a herança cultural dos indivíduos, em um
determinado tempo e espaço, considerando que as diversas áreas do conhecimento
não funcionam como compartimentos estanques, mas são parte de uma grande
diversidade, que é resultado de uma teia de relações, em que cultura, ciência e
tecnologia em cada momento histórico, são construídas e reconstruídas pela ação do
homem, produtor de cultura e conhecimento. Nesse sentido, compreendemos que a
escola é uma instituição que faz parte do patrimônio cultural e, ao mesmo tempo, é
alimentada por diversos patrimônios culturais, representados pelo conhecimento
produzido e acumulado ao longo dos anos, resultado da herança cultural construída
pelos sujeitos sociais ao longo da vida, ou seja, a tradição, que deve ser
compreendida, também, como um processo de construção e reconstrução.

A educação alimenta-se da tradição, sendo esta fundamental para a construção e


reconstrução do conhecimento. Assim, Sacristán (2000, p. 49) é favorável “a necessidade de
manter e estimular, a partir das primeiras experiências de aprendizagem de materiais
herdados, a liberdade, a independência pessoal, o valor da expressão de cada um e da
autonomia como sementes das quais poderá nascer uma atitude crítica para a reconstrução da
tradição”.
Por isso, é importante relacionar áreas do conhecimento que tradicionalmente não são
analisadas conjuntamente como a educação, o turismo e os museus, surgindo a necessidade de
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ações de aproximação entre as mesmas, pois o conhecimento é o grande mote que norteia
cada uma delas.

Conclusão

A relação entre turismo e educação a partir dos museus foi considerada opostas, visto
que a educação mais importante era a formal, das escolas, enquanto o turismo seria uma
atividade com finalidade apenas de lazer. Mas, analisando, a definição do Conselho
Internacional de Museus (ICOM), o museu é uma instituição de conhecimento e lazer,
portanto, com afinidades entre as áreas.
Este estudo teve como premissa estabelecer o diálogo entre a escola e o turismo, tendo
o museu como elo. Para estabelecer tal semelhança, mostrou-se casos importantes que levam
em consideração a propagação do conhecimento. Para isso, foram utilizadas fontes diversas
da história, da educação e do turismo, além de dados e conceitos que problematizaram tal
discussão. É importante ressaltar que o visitante de um museu veja refletido na exposição
visitada uma parte de sua história ou da história do outro, sentindo a exposição, vivenciando
aquilo com o que está tendo contato. Um museu deve ser visto como uma casa de
experiências, pois, assim enriquecerá a memória e poderá atingir sua finalidade educativa,
bem como o intuito de entreter e proporcionar lazer a quem está visitando a instituição.
Os museus são lugares onde se propagam o conhecimento, a educação e o lazer, um
tripé importante para a valorização de tais lugares, pois a partir da relação com a escola, a
atividade turística tem um incremento no que concerne às questões de patrimônio,
incentivando o turismo cultural. Sugere-se que pesquisas futuras possam relacionar turismo e
escola, tendo o museu como objeto, de forma empírica, utilizando cases nacionais ou
internacionais.

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