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OCUPAÇÃO DO JUÁ
RESUMO
Este trabalho aborda a importância da infraestrutura e saneamento básico para a qualidade de vida
da população. A falta de tais serviços pode prejudicar a saúde pública e a competitividade
econômica de uma região. A pesquisa foca na situação da invasão conhecida como "Vista Alegre
do Juá" na cidade de Santarém-PA, onde residem cerca de 5.000 famílias sem acesso a serviços
básicos e sem possibilidade de investimentos públicos devido residirem em uma área não
legalizada. O objetivo é analisar os desafios existentes na infraestrutura e saneamento básico dessa
comunidade. O método utilizado foi a pesquisa bibliográfica, a pesquisa de campo exploratória e
entrevista com profissionais e moradores.
ABSTRACT
This paper addresses the importance of infrastructure and basic sanitation for the quality of life of
the population. The lack of such services can undermine public health and the economic
competitiveness of a region. The research focuses on the situation of the invasion known as "Vista
Alegre do Juá" in the city of Santarém, state of Pará, where approximately 5,000 families reside
without access to basic services and without the possibility of public investments due to their
residency in an unauthorized area. The objective is to analyze the challenges existing in the
infrastructure and basic sanitation of this community. The methodology used was bibliographic
research, exploratory field research, and interviews with professionals and residents.
1
1 INTRODUÇÃO
A infraestrutura e o saneamento básico são fundamentais para garantir uma boa qualidade
de vida para a população. De acordo com Oliveira et al. (2016, p. 2),
"a falta de infraestrutura e saneamento básico pode acarretar diversos problemas de saúde
pública. A ausência ou precariedade desses serviços pode favorecer a propagação de
doenças transmitidas por água e por vetores, como a dengue, febre amarela, leptospirose,
cólera, entre outras. Além disso, a falta de saneamento básico e infraestrutura adequada
pode afetar a qualidade de vida das pessoas, comprometer o meio ambiente e agravar a
situação de vulnerabilidade social e econômica de uma comunidade."
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Os questionamentos que este trabalho busca solucionar são: quais são os problemas de
infraestrutura existentes na área do Juá? Qual é a possibilidade de regularização desta área para
que o poder público possa intervir e resolver as questões de infraestrutura e saneamento?
Dessa forma, para se obter as informações sobre a área estudada, foi feita uma pesquisa de
análise descritiva, utilizando como método a pesquisa bibliográfica e a pesquisa de campo de
caráter exploratório e entrevistas.
2 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA
A Constituição Federal de 1988, no artigo 225, estabelece que "todos têm direito ao meio
ambiente ecologicamente equilibrado, bem de uso comum do povo e essencial à sadia qualidade
de vida, impondo-se ao poder público e à coletividade o dever de defendê-lo e preservá-lo para as
presentes e futuras gerações". A partir deste dispositivo, outras leis foram criadas para garantir a
preservação e a qualidade do meio ambiente.
A Lei nº 11.445/2007, conhecida como Lei do Saneamento Básico, estabelece as diretrizes
nacionais para o saneamento básico e define as responsabilidades dos prestadores de serviços
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públicos de saneamento básico, além de estabelecer as condições para a prestação desses serviços.
Já a Lei nº 9.433/1997, conhecida como Lei das Águas, institui a Política Nacional de Recursos
Hídricos e estabelece que a gestão dos recursos hídricos deve ser realizada de forma descentralizada
e participativa, envolvendo todos os usuários e a sociedade civil.
Além dessas leis, há outras normas e regulamentos relacionados ao tema, como:
• Lei nº 11.107/2005: dispõe sobre normas gerais de contratação de consórcios públicos e
estabelece regras para a gestão associada de serviços públicos, incluindo o saneamento
básico.
• Lei nº 13.529/2017: institui o Programa de Parcerias de Investimentos (PPI) e cria o Fundo
de Apoio à Estruturação e ao Desenvolvimento de Projetos de Concessão e Parcerias
Público-Privadas (FEP), com o objetivo de fomentar a participação da iniciativa privada na
infraestrutura do país.
• Lei nº 14.026/2020: estabelece o novo marco regulatório do saneamento básico, com o
objetivo de universalizar o acesso aos serviços de água e esgoto até 2033, por meio da
abertura do mercado para a concorrência entre empresas públicas e privadas.
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De acordo com Lefevre e Lefevre (2017), as ocupações desordenadas também geram
impactos ambientais significativos, como a degradação de áreas verdes, o desmatamento, a
poluição dos corpos d’água e o acúmulo de resíduos sólidos. Esses impactos ambientais podem
afetar a qualidade de vida dos moradores da região e podem comprometer a biodiversidade local.
Além disso, as ocupações desordenadas geram conflitos fundiários, já que muitas vezes
essas áreas são objeto de disputas entre proprietários privados e órgãos públicos. Segundo Silva
(2016), os conflitos fundiários relacionados a ocupações desordenadas são um problema recorrente
no país e podem levar a situações de violência e exclusão social.
Diante desses problemas, é fundamental que haja uma política habitacional adequada por
parte do Estado, que leve em consideração as necessidades das populações mais vulneráveis e que
promova a regularização fundiária das áreas ocupadas. Além disso, é necessário que haja um
planejamento adequado para a ocupação dessas áreas, levando em consideração a instalação de
serviços básicos de infraestrutura e a preservação ambiental.
Diversos estudos e pesquisas têm sido realizados para analisar a situação da infraestrutura e
do saneamento básico em áreas urbanas, incluindo aquelas de ocupação irregular. Uma pesquisa
realizada por Carvalho e Santos (2018) em uma área de ocupação irregular em Belo Horizonte
identificou a falta de infraestrutura básica como uma das principais dificuldades enfrentadas pela
comunidade.
Outro estudo realizado por Fonseca (2016) em um bairro de ocupação irregular em
Campinas mostrou que a falta de saneamento básico, em especial a ausência de rede de esgoto, tem
impactos negativos na saúde dos moradores e no meio ambiente local. Já um estudo de Souza e
Fernandes (2017) em uma área de ocupação irregular em Fortaleza evidenciou a necessidade de
políticas públicas efetivas para garantir o acesso à infraestrutura básica e ao saneamento.
A área do Juá, conhecida também como Vista Alegre do Juá, localizada em Santarém, no
oeste do Pará, é uma região próxima ao lago e à praia do Juá, que foi ocupada através de invasões
de terras. Segundo Rego e Cavalcante (2021), trata-se de uma das maiores ocupações urbanas de
Santarém, com uma área média de 235 hectares e aproximadamente 5.000 famílias residindo na
região até 2021.
A Ocupação Vista Alegre do Juá localiza-se na área urbana de Santarém, entre as
coordenadas geográficas de -2º 26’ 19,01" Latitude sul e -54º 45’ 44,6" de Longitude Oeste (Figura
1).
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Fonte: (Melo, 2022)
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Outro problema causado pela forma irregular de ocupação foi a grande incidência de "gatos"
na área, o que causou prejuízos para a empresa de energia elétrica e para os moradores vizinhos,
que relataram aumento exagerado em suas contas de energia (Globo, 2018). Em 2018, a CELPA
entrou na justiça e ganhou o direito de cobrar energia elétrica da área, instalando postes.
De acordo com Rego e Conceição (2020), a divisão da ocupação em ruas com seus
respectivos nomes é realizada pelos próprios moradores, que são predominantemente de baixa
renda e vivem em condições precárias, sem serviços sanitários básicos. Esse processo de ocupação
teve início em 2013, com algumas poucas residências, além dos moradores ribeirinhos que já
viviam nas margens do lago (Figura 2). Até 2016, a área já apresentava uma ocupação intensa nos
setores leste e central. Em 2018, a ocupação já estava consolidada de forma irreversível (Melo,
2022).
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4 METODOLOGIA
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Quadro 1: Nome fictícios dos entrevistados em ordem de entrevista.
SIGLA CÓDIGO DESCRIÇÃO DO ENTREVISTADO
P P1.ADVOGADO Advogado
M M1.MORADORA Morador da rua 22 do bairro do Juá
M M2.MORADORA Morador da rua São Lazareno do bairro
P P2.CORRETOR Corretor de imóveis
P P3ENGENHEIRO Engenheiro civil
P P4.ENGENHEIRO Engenheiro civil representante da SEMMA
P P5.REPRESENTANTE Representante dos moradores da ocupação
Fonte. Acervo próprio do autor
5 RESULTADOS
A ocupação Vista Alegre do Juá teve início em 2014 com a construção de edificações às
margens do rio Tapajós, em uma área que atualmente abrange 2,46 km². Segundo (P5.
Representante), durante a luta por moradia, a ferramenta utilizada foi o Movimento dos
Trabalhadores em Luta por Moradia (MTLM), desempenhando um papel fundamental na defesa
dos direitos e interesses dos participantes. Foi desenvolvida uma estratégia eficaz para buscar uma
causa justa, embasada nos princípios constitucionais. Essa estratégia baseou-se na formação de
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associações, que concederam aos envolvidos o poder de posse. Por meio do engajamento dos
moradores, as associações fortaleceram a voz coletiva e geraram benefícios para toda a
comunidade.
Ao perguntar sobre como foi feita a organização da invasão, (P5. Representante) relata que,
“Nós tínhamos deixado uma boa área para todos esses órgãos, ou seja, os equipamentos
públicos. Porém, alguns invasores entraram de forma desordena e ficamos sem os espaços,
porém na reunião que tivemos com o governo do município, ele nos garantiu está
verificando uma área, para que nós possamos realmente ter o nossos equipamos públicos,
para destino do Juá como colégio, creche, quadro esportiva, posto médico”.
Sobre a rede de esgoto, a (M1. Moradora) relata que que não utiliza nenhum tipo de esgoto,
as águas de torneiras e chuveiro é jogado direto na rua. Informou também que utiliza latrina e não
tem fossa.
(M2. Moradora) afirma que, utiliza fossa para o banheiro, mas para os demais joga a água
para caixa de passagem e desagua no buraco no fundo da residência. Para (P3. Engenheiro): “Não
tem nenhum tipo de saneamento, a água que os moradores utilizam é proveniente de poços rasos.
Eu fiz uma investigação recentemente em três poços rasos deles tem os relatórios, eles reclamam
muito de dores intestinais, em determinadas épocas do ano é mais forte”, relata ainda que,
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“Hoje nós temos em média 25 mil habitantes na área de ocupação, consumindo lá na faixa
de 150L de água por dia, o que deveria ir parar na estação de tratamento de esgoto vai
diretamente para o solo. Então se você pensar aí são vinte e cinco mil pessoas consumindo
cento e cinquenta litros com uma taxa de retorno por solo de 0,8%, são três milhões de
litros por dia, equivalente a um milhão e oitenta milhões de litros de esgoto por ano que
vão para a terra. Essa quantidade de água de esgoto no solo afeta o lençol freático, afetando
também a própria água que eles utilizam.” (P3. Engenheiro)
Diante desse cenário, para Oliveira et al. (2019), a falta de saneamento básico adequado
pode gerar diversos problemas de saúde pública, além de comprometer a qualidade de vida da
população. Segundo a Lei nº 11.445/2007, que estabelece as diretrizes nacionais para o saneamento
básico, é dever dos municípios garantir o acesso da população aos serviços de saneamento básico.
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Figura 4. Lixo despejado em local inapropriado.
“[...] a coleta de lixo ela não entra nas ruas, ela simplesmente entra apenas nas principais.
Assim mesmo com o ônibus. Nós não estamos ainda com uma linha de ônibus, e sim com
uma extensão. Nós não estamos ainda com a coleta de lixo também é fazendo todo coletivo
ainda estamos com uma extensão. Pelo problema da luta judicial como expliquei, para
você tem uma ação judicial e tudo isso só destrava depois do acordo com a empresa, com
município, com o governo para que seja resolvido”.
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Bizzo et al. (2018) destacam a importância da adoção de práticas sustentáveis para o
descarte adequado do lixo, visando reduzir os impactos ambientais e promover a saúde pública.
“A CELPA decidiu no ano de 2014, uma vez que já não havia nenhuma solução a não ser
fazer a instalação elétrica no bairro, pois existiam muitos roubos de energia, e para a
empresa não continuar no prejuízo ou ter que desligar a energia dos moradores, eles assim
fizeram a instalação dos portes por esse motivo quase que todos os moradores já possuem
energia elétrica”.
Em relação a segurança pública, observou-se que não há nenhum posto policial na área,
porém algumas viaturas fazem a rota pela ocupação, nas entrevistas nenhum dos moradores ou
profissionais relataram sobre a possível instalação de um ponto policial na área.
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5.7 Regularização fundiária
Um dos profissionais indicam que uma possível solução seria a regularização fundiária da
área, o que permitiria a obtenção do IPTU e, consequentemente, o investimento do Estado na
região.
“o primeiro passo para documentar uma área legalizada, é a obtenção do IPTU do terreno,
se caso for vendido deve-se apresentar contrato de compra e venda para fazer a
transferência. Se for uma área legal, mas ainda sem documento, deve contratar um
profissional de topografia e fazer o levantamento topográfico da área e levar no setor de
cadastro prefeitura, para cadastrar a área e assim gerar o IPTU. O imóvel ter o IPTU é de
grande importância, pois, é através dessa contribuição que o estado pode estar investindo
nos bairros da cidade. Atualmente, com a criação da taxa de lixo, esse valor cobrado
também é relevante pois é através dele que conseguimos a coleta de lixo de qualidade. No
caso da área invadida do Juá, essa contribuição ainda não existe, por esse motivo não tem
como o estado investir na área com dinheiro público.” (P2. Corretor)
Para (P5. Representante), embora a lei REURB tenha sido adotada como um passo
importante para a regularização fundiária na área do juá, a sua efetivação enfrenta desafios no
âmbito judicial. No entanto, a recente reunião entre os representantes municipais e os atores
envolvidos demonstra um esforço em retomar o processo de regularização e buscar soluções para
superar as questões jurídicas pendentes. Segundo (P5. Representante),
“Nós temos já um documento protocolado desde 2017 então o que estava travando esse
processo era a falta de comunicação de negociação com a empresa buriti, município,
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estado e hoje nós já estamos juntos. O passo a passo que eu falo é que depois de termos é
feito. A colocação do povo, a posse do povo. Aí nós viemos fazendo alguns processos
dentro da comunidade para que pudesse chegar o passo de regularização. E esse é o passo
que eu falei antes e voltou a colocar. Esse é um passo que já está em negociação estado
município, a empresa e a ocupação do juá”.
“A falta de moradia é uma coisa crítica, nós temos um déficit habitacional aqui, eu acho
que de pelo menos umas cinquenta mil pessoas sem habitação, porém, uma ocupação
totalmente desordenada não é a solução. Esse crescimento desordenado, vivendo em local
com falta de saneamento, trazem muitas pessoas ao hospital com problemas causados pela
ausência de saneamento. A criminalidade também é crescente nessas áreas. “
Segundo Corrêa (1989), os sujeitos que se valem desse tipo de ocupação para adquirir um
espaço para efetivação de moradia digna, são grupos sociais excluídos de uma parcela da
população.
No entanto, ao analisar esse processo, são gerados grandes passivos ambientais devido à
falta de atenção do poder público nos processos de ocupação. Isso é semelhante ao que aconteceu
na APA do Urumarí, onde a população ocupou áreas próximas ao igarapé do Urumarí, resultando
em alterações na qualidade da água e do solo. Além disso, essa ocupação teve um impacto social
significativo na população local, como mencionado por Sousa et al. (2021). Para (P3. Engenheiro),
A área de ocupação ao longo do local conhecido por “Talvegue”, oriundo da formação bacia
de águas pluviais, e que é uma linha de fronteira entre o empreendimento “Cidade Jardim” e a
Ocupação Bela Vista do Juá, historicamente, era o caminho o natural nas águas da grande área do
Salvação e Espírito Santo, bem como tinha contribuição dos bairros do Santarenzinho e Alvorada.
Com a edificação do conjunto MCMV – Residencial Salvação, a contribuição de drenagem
aumentou drasticamente, com isso, as águas direcionadas àquele ponto de drenagem, tem grande
energia hidráulica, causando erosão, carreamento de material e com potencial para causar danos
aos imóveis em zona de risco, considerando a formação do solo (arenoso), onde o mesmo encontra-
se sem cobertura vegetal, estando suscetível a criar grandes problemas de patologia nos imóveis.
Sobre os moradores que moram nessas áreas de perigo, foi perguntado se ouve alguma notificação
para que eles se retirassem de lá, em resposta, (P4. Engenheiro) relata que,
“Foi realizado um trabalho social, visando identificar os moradores, para que os mesmos
fossem redirecionados a moradias populares, bem como fora realizado um trabalho de
educação ambiental, salientando os riscos de estarem naquele local, bem como o impacto
ambiental gerado em decorrência da geral de lixo e efluentes dos imóveis. Mas até então,
a questão não foi pacificada, e tampouco resolvida”.
Nas proximidades das residências localizadas na rua São Lazareno, foi constatada a presença
de uma vala, cuja extensão coincide com a área de proteção pertencente à empresa Burite (Figura
6). Essa vala apresenta considerável profundidade e, durante os períodos de chuva, é afetada por
um fluxo intenso de enxurradas. Ao longo dos anos, observou-se um aumento gradual no tamanho
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dessa vala, que, em dias normais, recebe o escoamento das águas provenientes das residências
vizinhas. Durante a visita, constatou-se a existência de um odor forte proveniente da vala, o qual
afeta negativamente os moradores da região. Além disso, foi observado que os próprios residentes
descartam lixo nessa vala.
No que diz respeito ao transporte público, constatou-se que os ônibus circulam somente pela
rua principal do Juá, o que obriga os moradores das redondezas a percorrer longas distâncias até o
ponto de ônibus mais próximo. Esse problema afeta especialmente os moradores mais distantes,
que precisam caminhar vários quilômetros para ter acesso ao transporte público. Sem falar ainda
dos moradores atípicos, que são aqueles que possuem alguma deficiência intelectual ou física.
Além dos impactos na saúde e na economia, a ausência de saneamento básico também afeta
o setor turístico. O Juá é reconhecido por suas belas paisagens, porém, a falta de tratamento
adequado da água e do esgoto, bem como o problema do lixo, tornam vários destinos menos
atrativos. Um exemplo disso é o lago do Juá, que anteriormente proporcionava sustento aos
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pescadores locais, mas hoje não apresenta mais a mesma viabilidade devido à poluição causada
pela invasão do bairro. O mesmo ocorre com a praia do Juá, situada na fronteira da invasão, que
não é mais recomendada para banho devido à poluição e à falta de segurança pública. Relatos de
mortes na praia já foram registrados, além do alto índice de criminalidade na área do Juá.
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6 CONCLUSÃO
Com base nos resultados da pesquisa, podemos concluir que a região do Juá apresenta uma
situação precária em termos de infraestrutura e serviços públicos. Os moradores enfrentam
problemas relacionados ao abastecimento de água, coleta de lixo, saneamento básico e
regularização fundiária. Essas questões têm impactos significativos na saúde pública, no meio
ambiente e na qualidade de vida da população local.
A falta de acesso à água potável de qualidade e a ausência de rede de esgoto adequada
expõem os moradores a riscos à saúde, como doenças intestinais. Além disso, a grande quantidade
de esgoto despejada diretamente no solo afeta o lençol freático e compromete a qualidade da água
utilizada pelos moradores. A coleta de lixo também é um desafio, pois os pontos de coleta estão
distantes das residências, levando os moradores a ter que percorrer longas distâncias ou contratar
serviços particulares para o descarte adequado.
A falta de regularização fundiária impede que os moradores recolham impostos e tenham
acesso a serviços básicos e investimentos em infraestrutura por parte do Estado. A falta de
iluminação pública adequada contribui para a sensação de insegurança e aumenta o risco de
ocorrência de crimes na região. Além disso, a ocupação desordenada e irregular traz impactos
ambientais significativos, como desmatamento e alterações na qualidade da água e do solo.
Diante dessas constatações, é essencial que sejam adotadas medidas urgentes para melhorar
a infraestrutura e os serviços públicos na região do Juá. Isso inclui a implementação de sistemas
adequados de abastecimento de água, rede de esgoto, coleta de lixo e iluminação pública, bem
como a regularização fundiária. Além disso, é fundamental promover a conscientização ambiental
e adotar práticas sustentáveis de descarte de lixo para minimizar os impactos no meio ambiente.
Essas ações devem ser respaldadas por políticas públicas efetivas e em conformidade com
as diretrizes nacionais de saneamento básico. O envolvimento do governo, das autoridades locais,
da comunidade e de profissionais especializados é fundamental para superar os desafios e melhorar
a qualidade de vida dos moradores do Juá. Somente por meio de um esforço conjunto será possível
promover mudanças significativas e proporcionar um ambiente mais saudável e digno para a
população dessa região periférica e de baixa renda.
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