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RECURSOS HÍDRICOS
DRENAGEM URBANA
1. Introdução
2. Enchentes urbanas
Enchentes localizadas
Enchentes localizadas ocorrem, em geral, em pontos baixos da cidade, porém podem
estar distantes dos córregos. Este tipo de enchente ocorre quase sempre pela ineficiência do
Sistema de Microdrenagem, que está associada à obstrução das bocas-de-lobo (falta de
manutenção) ou à insuficiência da capacidade de escoamento das tubulações ou galerias
(subdimensionado).
3. Microdrenagem
Um Sistema de Microdrenagem tem como objetivo a captação de água nas ruas e sua
condução até o Sistema de Macrodrenagem, constituído de fundo de vale ou córregos
naturais.
Componentes de microdrenagem
• Bocas-de-lobo - São dispositivos de captação das águas pluviais que escoam através das
sarjetas. A Figura 3.2 abaixo mostra os principais tipos de bocas de lobo existentes e a
Figura 3.3 mostra a boca de lobo usada pela Prefeitura de São Paulo.
0m
1.0
0,15m
• Tubos de ligações – são canalizações destinadas a conduzir as águas pluviais captadas nas
bocas-de-lobo para as galerias ou para os poços de vista. Os detalhes de um tubo de
ligação podem ser vistos na Figura 3.5.
• Sarjetões – são calhas localizadas nos cruzamentos de vias públicas, formada pela sua
própria pavimentação e destinadas a orientar o fluxo das águas que escoam pelas sarjetas.
De preferência, são construídas transversalmente à rua de menor fluxo de veículo. As
figuras 3.6 e 3.7 mostram, respectivamente, um sarjetão visto na transversal e em planta.
• Plantas:
- Plantas da bacia hidrográfica em escala 1:5000 ou 1:10000;
- Para projetos de microdrenagem, será necessária uma planta na escala menor, 1:1.000 ou
1:2000;
- Levantamentos plani-altimétricos – nas esquinas, mudanças de direção e mudança de
greides das vias;
• Cadastro: redes públicas de água, eletricidade, gás, esgotos e águas pluviais existentes.
• Macrodrenagem:
- Relação cota x descarga do local de descarga;
- Levantamento topográfico do local de descarga.
Esquema de Projeto
• Bocas-de-lobo
- Devem ser localizadas de maneira a conduzirem as vazões superficiais para as galerias;
- Devem ser colocadas, necessariamente, nos pontos mais baixos do sistema viário de forma
a evitar zonas mortas com alagamentos e águas paradas.
• Poços de visita
- Devem atender às mudanças de direção, de diâmetro e de declividade à ligação das bocas
de lobo e ao entroncamento de diversos trechos.
• Galerias circulares
- Diâmetro mínimo deve ser de 0,30 m;
- Funcionamento à seção plena com a vazão de projeto;
- A velocidade máxima é admitida em função do material; para concreto 0,6 ≤ V ≤ 5,0 m/s;
- Recobrimento mínimo de 1,0 m;
- Alinhamento pela geratriz superior no caso de mudança de diâmetro.
• Coletores
- A rede coletora pode se situar sob o meio fio ou sob o eixo da via pública (mais utilizada);
- O recobrimento mínimo deve ser de 1,0 m sobre a geratriz superior da tubulação;
- Os coletores devem possibilitar a ligação das canalizações de escoamento das bocas-de-
lobo (recobrimento mínimo de 0,60 m).
• Bocas-de-lobo
A instalação das bocas-de-lobo deve obedecer as seguintes recomendações:
- As bocas-de-lobo devem ser colocadas em ambos os lados da rua, quando houver
saturação da sarjeta ou quando for ultrapassada a sua capacidade de engolimento;
- Devem ser locadas nos pontos baixos de cada quadra;
- Adotar um espaçamento máximo de 60 m entre as bocas-de-lobo, caso não seja analisada a
capacidade de escoamento da sarjeta;
- Não é conveniente locar as bocas-de-lobo nas esquinas (ponto de convergência das
torrentes); a melhor solução é a sua locação em pontos um pouco montante das esquinas
(Figura 3.8).
• Poços de visita
Devem ser colocados nos pontos de mudança de direção, cruzamentos de ruas (união
de vários coletores), mudanças de declividade e de diâmetro. A Tabela 3.1 apresenta o
espaçamento máximo recomendado em função do diâmetro do conduto.
Dimensionamento Hidráulico
• Ruas e Sarjetas
Para o dimensionamento hidráulico, admitiu-se, para facilitar o cálculo, que o
escoamento na sarjeta em questão ocorre em regime uniforme. De acordo com a fórmula de
Chézy-Manning, a capacidade de escoamento de uma sarjeta pode ser determinada pela
seguinte equação:
I
Q= A ⋅ R H2 / 3 (3.1)
n
onde:
Q – vazão, em m3/s;
A – área molhada, em m2;
RH – raio hidráulico, em m, definido como arelação entre a área molhada e o perímetro
molhado;
I – declividade da rua, em m/m.
n – coeficiente de rugosidade de Manning (para pavimento de vias públicas, n =
0,017).
Fator de reduação
Quando a declividade da sarjeta estiver entre 1% e 3%, há possibilidade de sua
obstrução devido aos sedimentos. Neste caso, aplica-se um fator de redução de 0,8 à vazão
obtida pela Equação 3.1.
Exemplo 3.1
Calcular a vazão máxima que escoa em cada sarjeta para uma declividade longitudinal de
0,005 m/m, considerando:
a) a água escoando por toda a calha da rua;
b) a água escoando somente pelas sarjetas.
Solução:
a) Utiliza-se a Equação 3.2:
Q = 3,846 ⋅ I = 3,846 × 0,005 = 0, 272 m 3 / s = 272 l/s
Aplicando o fator de redução de 0,8, tem-se: Q’ = 0,8 x 272 = 218 l/s
• Bocas de lobo
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4. Macrodrenagem
1. Projeto de canais
As obras de macrodrenagem consistem em aumentar a capacidade de escoamento em
córregos ou rios, cuja seção tornou-se insuficiente para transportar as vazões de enchentes.
O aumento da capacidade pode ser obtido através de escavação do seu leito e/ou melhora da
condição de escoamento através de revestimento do leito com material de menor
rugosidade, conforme mostram as Figuras 4.1 e 4.2.
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5. Vazão de projeto
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2. Método cinemático
O tempo de concentração é dado pela equação da cinemática:
L
tc = (5.2)
v
• Período de retorno
É definido como tempo médio, em anos, que um evento hidrológico (chuva, vazão)
pode ser igualado ou superado.
Chuvas intensas são definidas como chuvas de curta duração e alta intensidade, porém
não há limite no valor destas duas grandezas.
O conhecimento das chuvas intensas é de grande interesse o dimensionamento de obras
hidráulicas em rios de pequeno porte, em geral desprovidos de medidores de vazão (postos
fluviométricos).
Para estes casos, a estimativa de vazões é feita indiretamente a partir das chuvas
intensas.
Relação entre Intensidade e Duração: Quanto maior a duração, menor será a intensidade.
Relação entre Intensidade e Freqüência: Quanto maior a freqüência, menor será a
intensidade.
Relação Intensidade-Duração-Freqüência (I-D-F): Ábaco ou equação que relaciona as três
grandezas simultaneamente. A relação I-D-F é definida para grandes cidades, onde há
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T
it ,T = t −0,821 ⋅ 16,14 − 5,65 ⋅ ln ln para 60 < t ≤ 1440 min.
T − 1
b) Cidade de Piracicaba
it ,T = (t + 20) −0, 988 ⋅ [43,20 + 11,47 ⋅ ln (T − 0,5)] para 10 < t ≤ 60 min.
c) Cidade de Bauru
T
it ,T = (t + 15) −0 ,719 ⋅ 13,57 − 4,17 ⋅ ln ln para 10 < t ≤ 60 min.
T − 1
T
it ,T = (t + 15) −0 ,821 ⋅ 24,40 − 7,49 ⋅ ln ln para 60 < t ≤ 1440 min.
T − 1
Para o Estado de São Paulo, as equações de chuvas intensas podem ser obtidas no
trabalho de Martinez e Magni (1999), que está disponível no site www.sigrh.sp.gov.br.
a) Nas sarjetas
• Período de retorno
Para este tipo de obra, adota-se período de retorno de 2 a 10 anos.
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• Vazão de projeto
Como a área de contribuição em microdrenagem não ultrapassa 2 km2, a vazão pode
ser calculada utilizando-se o Método Racional, expresso pela seguinte equação:
Q = 166,7.C.i.A (5.5)
onde: C - coeficiente de "run off", que varia entre 0 e 1 (tabelado);
i - intensidade da chuva de projeto em mm/min;
A - área de contribuição em ha.
b) Nas galerias
• Período de retorno
Em geral, adota-se o período de retorno que varia entre 5 e 50 anos.
• Tempo de concentração
O tempo de concentração (tc) para o cálculo das galerias é determinado pela soma dos
tc's dos diferentes trechos. O tc de um determinado trecho da galeria é calculado da seguinte
forma:
tc (i) = tc (i-1) + tp (i) (5.6)
• Vazão de projeto
Mesmo para galerias, a área de contribuição é ainda pequena. Desta forma, a vazão de
projeto pode ser obtida pelo Método Racional expresso pela Equação 5.5.
Tabela 5.1 – Valores de C adotado pela Prefeitura de São Paulo (Wilken, 1978).
Zonas C
Edificação muito densa:
Partes centrais, densamente construídas, de uma cidade com ruas e calçadas
pavimentadas. 0,70 – 0,95
Edificação não muito densa:
Partes adjacentes ao centro, de menor densidade e habitações, mas com ruas
e calçadas pavimentadas. 0,60 – 0,70
Edificações com poucas superfícies livres:
Partes residenciais com ruas macadamizadas ou pavimentadas. 0,50 – 0,60
Edificações com muitas superfícies livres:
Partes residenciais com ruas macadamizadas ou pavimentadas. 0,25 – 0,50
Subúrbios com alguma edificação:
Partes de arrabaldes e subúrbios com pequena densidade de construção. 0,10 – 0,25
Matas, parques e campos de esporte:
Partes rurais, áreas verdes, superfícies arborizadas, parques ajardinados,
campos de esporte sem pavimentação. 0,05 – 0,20
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Q = 166,7.i.(4,32 + CVI.AVI + CVII.AVII) = 166,7 x 1,83 x (4,32 + 0,5 x 1,8 + 0,5 x 1,8) =
305,06 x (4,32 + 0,90 + 0,90) = 305,06 x 6,12 = 1867 l/s
3/ 8
1,867 × 0,015
3/ 8
Q⋅n
Diâmetro: D = =
= 1,04m ⇒ Dcom = 1,10 m
0,312 ⋅ I 0,312 × 0,0064
Q 4 ⋅Q 4 × 1,867
Velocidade: V = = = = 1,96m / s
A π ⋅D 2
π × (1,10) 2
L 135
Tempo de percurso: t p = = = 68,88 s = 1,15 min
V 1,96
20
T (anos) KT T (anos) KT
10000 3,719 40 1,960
2000 3,291 20 1,645
1000 3,090 10 1,282
500 2,878 5 0,842
200 2,576 4 0,674
100 2,326 2,5 0,253
50 2,054 2 0,000
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a) Distribuição log-normal
A partir da Tabela 5.4, podem-se extrair os valores de KT:
Para Tr = 50 à KT = 2,054
Utilizando a fórmula geral de Ven Te Chow, tem-se:
Y50 = 2,4857 + 2,054 x 0,0376 = 2,5629
Calculando o antilogaritmo de Y50, tem-se:
Qmáx = 102,5629 ≅ 365,5 m3/s
b) Distribuição de Gumbel
Q = 307,1 m 3 / s e SQ = 28,6 m3/s
Para T = 50 anos:
6 50
K 50 = − 0 ,577 + ln ln 50 − 1 = 2 ,5924
π
Aplicando a fórmula de Ven Te Chow:
Q50 = 307,1 + 2,5924 x 28,6 = 381,2 m3/s
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23
24
P = i x t = 1,88 x 36 = 67,7 mm
A geração do hietograma foi efetuada pelo método dos blocos alternados. Para a
aplicação deste método, a chuva de projeto, com 36 minutos de duração, foi discretizada em
6 intervalos de 6 minutos. As alturas pluviométricas para durações de 6, 12, 18, 24 e 30
minutos foram calculadas, baseando-se também na curva I-D-F acima.
Tabela 5.5 - Altura pluviométrica para diferentes durações.
Finalmente, foi calculada a chuva excedente, ou seja, a chuva que causa efetivamente
o escoamento superficial.
Para o cálculo da chuva excedente, foram utilizadas as seguintes fórmulas:
26
25400 25400
S= − 254 = − 254 = 169,3 mm
CN 60
0,2.S = 0,2 x 169,3 = 33,9 mm
Tabela 5.7 – Chuva efetiva.
Tempo (min) P (mm) Pac (mm) Peac (mm) Pe (mm)
6 6,6 6,6 0 0
12 11,0 17,6 0 0
18 21,5 39,1 0,16 0,16
24 14,9 54,0 2,13 1,97
30 8,4 62,4 4,11 1,98
36 5,3 67,7 5,62 1,51
Chuva infiltrada
Altura pluviométrica (mm)
20 Chuva execdente
15
10
0
1 2 3 4 5 6
Intervalo de 6 minutos
Figura 5.4
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29
7. Bueiros
Bueiros são canalização de pouca extensão que tem como objetivo a transposição de
obstáculos colocados nos talvegues, tais como aterros de estradas e ferrovias, construções de
fundo de vale, etc.
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