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Universidade de Taubaté

Departamento de Engenharia Civil


SISTEMAS DE DRENAGEM E IRRIGAÇÃO
Prof. Dr. Claudinei Fonseca Souza

Densidade dos Sólidos (ρs)


A palavra densidade refere-se à massa que o volume de um determinado corpo possui, isto é,
densidade de um corpo é, por definição, o quociente da massa pelo volume desse corpo. Não
confundir com o termo massa específica, que se refere à densidade de uma substância pura.
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Exemplificando, uma esfera de ferro oca, com volume de 4.10 m e massa de 0,01 kg, possui uma
-3
densidade igual a 250 kg.m , ao passo que a massa específica do ferro (da substância pura ferro) é
-3
7800 kg.m .
Portanto, a densidade dos sólidos de uma amostra de solo é, por definição, a razão entre a
massa total e o volume total dos sólidos da amostra, isto é:
m
ρ s = s (kg.m −3 ) (4)
Vs
O cálculo de ρs de uma amostra de solo, através da equação 4, envolve, portanto, a medida
de ms e Vs. Detalhes do procedimento e instrumental para a determinação de ρs podem ser
encontrados, por exemplo, EMBRAPA (1986) e Kiehl (1979).
Um aspecto importante a notar é que para os solos minerais comuns, a densidade dos sólidos
de uma amostra de solo é dada por:
-3
Feldspato = 2500 – 2600 kg m
-3
Mica = 2700 – 3000 kg m
-3
Quartzo = 2500 – 2800 kg m
Minerais de argila = 2200 – 2600 kg m-3
-3
Média = 2650 kg m
-3
Portanto, para um solo mineral médio, assume-se ρs como sendo igual a 2650 kg.m . Este
valor aumenta quando o solo contém alta porcentagem de minerais, como dióxido de manganês e
dióxido de titânio, e diminui quando aumenta o seu teor de matéria orgânica. Para matéria orgânica,
-3
ρs varia de 1300 a 1500 kg.m .
A densidade dos sólidos é também conhecida pelos nomes densidade das partículas do solo
e densidade real do solo.

Densidade do Solo (ρ)


Na definição anterior da densidade dos sólidos, o espaço poroso entre os sólidos foi
excluído. Quando este espaço é considerado, isto é, ao invés de se utilizar Vs, utilizar-se V, o
volume do solo, a densidade passa a chamar-se densidade do solo, uma vez que a massa do nosso
corpo poroso, o solo, é igual a ms e seu volume igual a V. Assim,
ms
ρ = (kg.m −3 ) (5)
V
Em solos expansivos, isto é, aqueles em que V varia com o teor de água, o valor da
densidade do solo obtida deve ser acompanhada do valor da umidade do solo no momento da
medida.
Basicamente, existem, em uso mais corrente, quatro métodos de determinação de ρ : método
do anel volumétrico, método do torrão, método da escavação e método da radiação gama. Os três
primeiros (tradicionais) encontram-se descritos, com detalhe, em Blake e Hartge (1986) e o quarto
(nuclear), em Vose (1980). Uma boa visão sobre o assunto pode também ser encontrada em Erbach
(1987).
Em termos gerais, a densidade do solo de amostras de solo mineral natural varia de 700 a
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2000 kg.m . Sob condições de estrutura comparáveis, pode-se dizer que quanto mais argiloso o
solo, menor sua densidade. Alguns valores representativos são apresentados a seguir, para amostras
de solo da camada superficial.
-3
Solos arenosos: 1300 – 1800 kg.m
-3
Solos argilosos: 1000 – 1400 kg.m
-3
Solos orgânicos: 200 – 600 kg.m
A densidade do solo é também conhecida pelo nome de densidade global (tradução do termo
inglês “Bulk density”).

Porosidade de Aeração (αa)


Este é um índice que revela quanto do volume da amostra é ocupado por ar, ou seja:

Var
αa = → ( m 3m − 3 ) (6)
V
Em porcentagem:
Var
α a (%) = .100 (7)
V
A porosidade de aeração, também chamada porosidade livre de água, é muito utilizada em
estudos de drenagem de solos. Nestes estudos, é denominada de porosidade drenável e definida
como o volume de água que é drenado livremente por unidade de volume do solo, através do
rebaixamento do lençol freático (Cruciani, 1980), isto é, a porosidade drenável é a porosidade de
aeração da camada de solo recém drenada.
Também, verifica-se que:
α =αa +θ
Isto é, a porosidade do solo α é a soma da porosidade de aeração e a umidade volumétrica
do solo. Por esta expressão vê-se claramente que, quando α=αa (ou θ=0), o solo está completamente
seco; quando α=θ (ou αa =0), o solo está saturado de água.

Umidade do solo
A umidade do solo é o índice mais básico quantificador da água numa dada amostra de solo
e, tradicionalmente, tem sido expressa de duas maneiras:

a) à base de massa (U)


Razão entre a massa de água e a massa de sólidos de uma mostra de solo, isto é,

ma m − ms
U= = → (kg.kg −1) (8)
ms ms
ou, em porcentagem:
⎛ m − ms ⎞
U (%) = ⎜⎜ ⎟⎟100 (9)
⎝ ms ⎠

b) à base de volume (θ)


Razão entre o volume de água presente numa amostra de solo e o volume da amostra, ou
seja,

Va
θ= → (m3.m −3 ) (10)
V

Se dividirmos a equação (10) pela equação (8), verificamos que:

ρ
θ= U = ρ rU (11)
ρa

ρr = Densidade relativa do solo

Armazenagem de água
Para bem entendermos o conceito de armazenagem de água, imaginemos que possamos
retirar toda a água existente no volume de solo V = xyz (Figura 1) e colocá-la sobre sua face
coincidente como a superfície do solo, conforme a Figura 2.

Figura 1 – Volume de solo no campo

O volume de água retirado, Va, será:


Figura 2. Separação da fração líquida de um volume de solo de dimensões x, y, z.

Onde h é a altura de água, e x.y é a área da superfície de solo, que é idêntica à área da
superfície de água (Figura 2). Portanto:
Va
h= → (m de água )
x. y (área de água )
ou
Va ⎛ m 3 de água ⎞
h= →⎜ , m⎟
⎜ 2
x. y (área de solo) ⎝ m de solo ⎟

Lembrando da definição de θ:
V xyh h
θ= a = =
V xyz z
e, portanto:
⎛ m 3 de água ⎞
h = θ .z → ⎜ , m⎟
⎜ m 2 de solo ⎟
⎝ ⎠
Referências:
BLAKE, G.R. & HARTGE, K.H., 1986. Bulk density. In: Methods of soil analysis, Part 1: Physical
and mineralogical methods. A. Klute (ed.), American Society of Agronomy, Inc. & Soil Science
Society of America, Inc., Madison, Wisconsin (USA), Agronomy Series Number 9, cap. 13: 363-
376.
EMBRAPA, 1986. Manual de métodos de análise do solo. Rio de Janeiro, S.N.L.C.S., vol. 1.
ERBACH, D.C., 1987. Measurement of soil bulk density and moisture. Transactions of the ASAE
30 (4): 922-931.
KIEHL, E.J. 1979. Elementos de Edafologia. Ed. Agronômica Ceres, S.P., 262 p.
VOSE, P., 1980. Introduction to nuclear techniques in agronomy and plant biology. Pergamon
Press, Oxford, 391 p.

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