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DOS SOLOS
Cleber
Floriano
Compressibilidade,
adensamento e recalque
Objetivos de aprendizagem
Ao final deste texto, você deve apresentar os seguintes aprendizados:
Identificar a importância da permeabilidade nos solos.
Conhecer o conceito de carga hidráulica.
Explicar sucintamente o que são solos compressíveis e sua ocor-
rência na natureza.
Introdução
Neste texto, você vai primeiramente identificar e conhecer os concei-
tos de permeabilidade do solo e também como se estabelece o fluxo
de água no interior do solo. Por último, acompanhará uma aborda-
gem introdutória sobre as futuras aulas que tratarão dos fenômenos
de adensamento em especial nos solos que apresentam compressi-
bilidade elevada.
Antes de entrarmos com maior propriedade nos assuntos sobre
compressibilidade, adensamento e recalque dos solos, precisamos
abordar dois importantes temas: a permeabilidade e o fluxo de
água no interior do solo. Devemos entender alguns conceitos que
envolvem esse tema, conceitos fundamentais para concretização do
conhecimento sobre os solos adensáveis e a teoria que ainda funda-
menta tais estudos, que é o adensamento unidimensional de Terzaghi.
Onde:
- corresponde à diferença entre os níveis d’água sobre cada um dos
lados da camada de solo ou em outras palavras a perda de carga ao
longo do percurso pelo solo.
- à espessura da camada de solo, medida na direção do escoamento.
Onde:
- é o coeficiente de permeabilidade intrínseco de cada tipo de solo
(intrínseco ao tipo de meio poroso).
- é o gradiente hidráulico como definido acima.
Onde:
- é a vazão medida. Onde:
- é a área do permeâmetro. - é a área da bureta.
- é a área do permeâmetro.
- tempo de escoamento.
Cargas hidráulicas
Conceito de carga hidráulica: carga total, altimétrica e piezométrica
Ao estudar conceitos de cargas hidráulicas, fica plausível a utilização de
“metros de coluna de água” ou simplesmente altura, assim como se procede
nas disciplinas de mecânica dos fluidos.
A carga total ao longo de qualquer linha de fluxo de um fluido incompres-
sível (como a água) permanece constante, e você pode desprezar os efeitos da
cinética, pois as velocidades são muito baixas. Na mecânica dos solos, portanto,
a percolação de água no solo é vista com a seguinte equação fundamental:
Onde:
- é a diferença de cota entre o ponto considerado
e a cota definida como referência.
- é a pressão neutra (ou pressão de água) no
ponto considerado e expressa em altura de coluna d’água.
Lembre-se: só existirá fluxo entre dois pontos se houver diferença entre as cargas totais.
A 0 HP = HT – HÁ 1,6
B 0,4 0,2 HT = HÁ + HP
Se você souber que a carga total é a soma da carga altimétrica com a pie-
zométrica, obterá:
HTB = HA B + HPB = 0,4 m + 0,2 m = 0,6 m
HPA = HTA - HA A = 1,6 m - 0 = 1,6 m.
Note que a perda de carga total de A para B representa exatamente a o
valor de h. Ou seja, HTA - HTB = h = 1,0 m.
Além do conceito de carga hidráulica, a água, quando exerce fluxo, também proporciona
força nas partículas. Essas tensões no solo são chamadas de tensões submetidas à perco-
lação da água. A força de percolação é importantíssima nos casos de fluxo ascendente, pois
acaba reduzindo as tensões efetivas no solo. Em projetos de barragem de terra, você deve
ter uma atenção imensa para que não sejam atingidos gradientes críticos que venham a
causar danos por ruptura hidráulica, tanto no corpo da barragem como nas suas fundações.
Solos compressíveis
Todos os materiais sofrem deformações quando estão sujeitos a esforços. Na
maioria dos solos, a deformação, mesmo sob pequenas cargas, é bem maior que a
dos materiais estruturais (aço, concreto), podendo ser produzida imediatamente
ou ao longo do tempo. Em geral, a grande preocupação da engenharia é sobre
os carregamentos verticais e suas proporções que causam deformações no solo.
Há centenas de anos existe uma preocupação com a deformabilidade
dos solos. No entanto, pouco conhecimento se tinha da ciência relacionada
as questões desse material natural que é o solo. Mesmo com a evolução dos
conhecimentos científicos, muitas vezes os aspectos fundamentais que rela-
cionam essa teoria aplicada com a prática executiva das obras de engenharia
são negligenciados. Nesse contexto, é sempre válido informar que a presença
de um engenheiro com especialidade em geotecnia é essencial, ao menos nas
etapas principais de projeto e de execução das obras.
Citamos aqui este exemplo clássico, mas poderíamos citar inúmeros pro-
blemas e intervenções sobre obras e construções em solos moles argilosos
de depósitos sedimentar. O conhecimento sobre essa importante parcela da
mecânica dos solos evoluiu expressivamente. Muitas contribuições nacionais
e internacionais sobre o tema foram relatadas, discutidas e apresentadas, e
novidades sempre surgem, não somente por negligência, mas também pela
falta de experíência, já que cada ambiente é diferente um do outro. Como você
pode observar, geralmente são problemas de longo prazo, que, muitas vezes,
persistem e são difícies de serem sanados. Assim, o aprendizado e a experi-
ência dos profissionais atuantes nessa área são cruciais para que os problemas
não voltem a se repetir em situações semelhantes.
drenada, ou seja, não há tempo de a água dissipar em função de sua baixa permea-
bilidade, o que proporciona resistências baixíssimas e tende a atingir as condições
críticas de estabildiade com tensões bastante baixas.
Após esta breve abordagem sobre os solos compressíveis, você pode imaginar
que serão esses os materiais que estudaremos nas próximas aulas, tratando dos
fenômenos, mais especificamente, da compressibilidade, e por que esses solos
apresentam esse comportamento; trataremos de verificar o ensaio pelo qual essa
teoria é explicada (ensaio endométrico), bem como a obtenção de parâmetros ge-
otécnicos a partir dele; trataremos da definição de recalque e o cálculo de sua
magnitude; e por último, vamos verificar como definir o tempo de recalque para
aterros ou solicitações externas em solos compressíveis.
CAPUTO, H. P. Mecânica dos solos e suas aplicações. Rio de Janeiro: LTC, 1987.
PINTO, C. S. Curso básico de mecânica dos solos em 16 aulas. 2. ed. São Paulo: Oficina de
Textos, 2012.
Leitura recomendada
PINTO, C. S. Curso básico de mecânica dos solos em 16 aulas. 2. ed. São Paulo: Oficina de
Textos, 2012.