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ÁGUA NOS SOLOS

Introdução
• Os solos são permeáveis devido a existência de poros
interconectados através dos quais a agua pode fluir de
pontos de maior energia para pontos de menor
energia.
• O estudo do fluxo da água através dos solos é
importante e necessário para estimar a quantidade de
percolação no subsolo sobre variadas condições
hidráulicas, para investigação de problemas
envolvendo bombeamento de água para construções
no subsolo, para fazer análises de estabilidade de
barragens de terra e estruturas de retenção que são
sujeitas a forças de percolação.
Cont...
• Abaixo do lençol freático, a água dos poros pode
se apresentar estática, com a pressão hidrostática
dependendo da profundidade ali, ou pode estar a
percolar através do solo graças a um gradiente
hidráulico.
• Em problemas de fluxo a forma de expressar a
energia em um determinado ponto do fluido em
movimento se define a partir do teorema de
Bernoulli,
• Este pode ser aplicado a água dos poros, mas as
velocidades de percolação em solos normalmente
são muito baixas que a carga cinética pode ser
ignorada
Teorema geral de Bernoulli
• No escoamento de fluídos consideramos toda a
energia do sistema. Pelo mesmo princípio de
conservação de energia a energia total no sistema
não muda considerando o atrito desprezível.
• No escoamento em geral são consideradas três
formas de energia: energia cinética, energia
potencial e energia de pressão (também potencial).
Analisemos um elemento de fluído com peso
específico ɣ escoando de um sistema. Este terá uma
certa velocidade v , uma pressão u, sendo localizado a
uma altura z acima de um nível de referência. Estas
formas de energia são dadas como:
Os dois primeiros membros são energia potencial, e o
terceiro energia cinética.
Poderão ser chamados também: Carga de elevação
(z), que é a distancia vertical de um dado ponto acima
ou abaixo de um datum.
Carga de pressão: será u a pressão da água em um
ponto considerado dividido por ɣw o peso específico
da água.
Carga de velocidade: onde v é a velocidade do fluxo e
g a aceleração de gravidade. Respectivamente.
Carga hidráulica (h): é a soma dos três membros
acima descritos. Todas têm unidade (m)
Cont...
• Se a equação de Bernoulli for aplicada ao fluxo
de água num solo poroso, o termo que
contêm a carga de velocidade pode ser
negligenciado porque a velocidade de
percolação é baixa, assim a carga total em
qualquer ponto pode se representar
adequadamente da seguinte forma:
Cont...
• Fluídos reais como a água, não são perfeitos de
forma que qualquer obstáculo que se oponha
ao fluxo entre dois pontos produz uma perda
de carga ∆h.
• De facto para que exista fluxo é necessária
uma diferença de carga hidráulica, de maneira
que a água circule desde o ponto de maior
carga para o ponto de menor carga.
• A diferença representa o trabalho gasto para
vencer a resistência do obstáculo.
Trajectórias de fluxo (perda de carga)
Cont...
• A maior ou menor facilidade com que se produz
o fluxo será em função da granulometria do
solo.
• Assim, os solos granulares, tem os poros
enormes, a água fluirá com mais facilidade e a
perda de carga será baixa.
• Porém, em solos coesivos, a água terá
dificuldades para circular e a perda de carga
será considerável.
Gradiente hidráulico
• O fluxo de água subterrânea que possa existir
entre dois locais é provocado por perda de
carga. Contudo, em mecânica de solos
estamos interessados no fluxo de (água
subterrânea) entre diferentes locais ou secções
de uma massa de solo por onde se registe
perda de carga.
Cont...
• Quando a água circula num terreno, esta se
move portanto, desde o ponto (A) de maior
carga piezométrica (hA) ao ponto (B) de menor
carga piezométrica (hA > hB).
• Assim tendo em conta que a perda de carga Δh
se dá em uma distância horizontal L.
• Assim sendo, pode-se definir como gradiente
hidráulico a razão entre a perda de carga e a
distância horizontal que separa os pontos A e
B.
Gradiente Hidráulico (i)
Teorema de Bernoulli
Coeficiente de Permeabilidade
• A permeabilidade é a propriedade que o solo apresenta de permitir o
escoamento da água através dele.
• Se define coeficiente de permeabilidade, k, de um solo como um parâmetro
que mede “a facilidade com que a água circule através dele”.
• A permeabilidade dependerá:
• Da granulometria;
• Da densidade dos solos, tendo em conta que para a mesma granulometria,
quanto mais denso for o terreno menor será seu volume de vazios, menor
será K;
• Índice de vazios e porosidade – k sobe com a subida do índice de vazios em
Solos granulares água se movimenta livremente nos vazios;
• Grau de saturação - k sobe com a subida do S - a presença de ar, mesmo em
pequena quantidade, dificulta a passagem da água pelos vazios;
• Temperatura - k sobe com a subida da Temperatura → Viscosidade do fluido
(água) diminui e aumenta a facilidade de escoamento pelos vazios do solo.
Lei de Darcy
• Henri Darcy (1856) viu que variando o
comprimento “L” da amostra e a pressão da
água no topo e no fundo da amostra, é possível
medir o caudal “Q” que passa pela amostra.
Permeâmetro de carga constante
• Darcy concluiu que a velocidade de percolação v =
Q/A era proporcional a gradiente hidraulico i = (h1 -
h2) / L.
Q = k x Δh/L x A = k x i x A

• Já que Q denota a descarga total [m3/s] que passa por uma Área A [m2] do
recipiente da amostra.

V=kxi
Onde:
• V= velocidade de percolação
• K= Coeficiente de permeabilidade
• i= Gradiente hidráulico
Coeficiente de Permeabilidade
• A determinação do coeficiente de
permeabilidade de um solo
pode ser feita:
• Por meio de fórmulas que o relacionam com
a granulometria (Hanzen);
• Em laboratório através dos permeâmetros;
• in loco pelos “ensaios de bombeamento” ou
ensaio de percolação;
Coeficiente de Permeabilidade
Fórmula de Hanzen
• Os coeficientes de permeabilidade são tanto
menores quanto menores os vazios nos solos e
quanto menores as partículas → Correlação de
Hazen (para areias).

k = C x D210
• Onde:
• k é a permeabilidade (cm/s)
• D10 é o diâmetro efetivo da areia (cm), obtido na
curva granulométrica.
• C é o coeficiente utilizado que varia de 100 a 150,
utilizando-se geralmente 116.
PERMEÂMETRO DE CARGA
CONSTANTE
• Este ensaio é aplicável para solos com um
coeficiente de permeabilidade variando de 10-
2 a 10-5, que se aplicam a areias e misturas de

pedregulhos com menos de 10% de finos (silt


ou argila).
Assim o volume total da agua
colectada sera:

Onde:
K- Coeficiente de permeabilidade
V- Velocidade
h- carga hidráulica
A- área da amostra
t- tempo
L- comprimento da amostra
Exemplo
• Um ensaio de permeabilidade em um
permeâmetro de carga constante forneceu um
volume percolado, em 500 s, de 0,034 m3,
altura= 2m, L = 0,20 m e
A = 0,04 m2. Determinar o coeficiente de
permeabilidade.
PERMEÂMETRO DE CARGA VARIÁVEL
• Se tratando de solos finos (solos argilosos e
siltosos), o ensaio com carga constante torna-
se inviável, devido à baixa permeabilidade
destes materiais → há pouca percolação de
água pela amostra → dificultando a
determinação do coeficiente de
permeabilidade.
Para tais solos é mais vantajoso a utilização de
permeâmetros com carga variável.
a- Área de secção transversal do tubo fixo
A- Área de secção transversal da amostra
L- comprimento da amostra
h1 e h2 = leituras das alturas do tubo fixo
t1 e t2 = tempos referentes as leituras
Exemplo
• Para um ensaio de permeametro de carga
variavel, os seguintes valores foram obtidos:
• Comprimento da amostra: 200mm
• Area da amostra= 1000 mm2
• Area do tubo= 40 mm2
• Diferença de carga no t=0= 500mm
• Diferença de carga no t= 180sec = 300 mm.
Determine a conductividade hidráulica dos
solos em cm/sec.
Ensaios de Permeabilidade (in situ)
• A permeabilidade in situ dos solos é muito
importante em mecânica de solos porque:
• Permite a determinação directa da velocidade
e quantidade de fluxo da água subterrânea.
• O valor de k constitui um requisito primário no
cálculo da capacidade de bombagem nos casos
em que e preciso baixar artificialmente o nível
freático.
Teste de Bombeamento de
poço
• Durante o teste a água é retirada por
Bombeaemento e mede-se a descarga Q,
enquanto o abaixamento de nível e medido
nos poços de observação.
Teste de Bombeamento de um poço em uma camada permeável não confinada, sobre um
estrato impermeável
Teste de bombeamento a partir de um poço de penetração perfurando todo
o aquífero confinado
Conductividade Hidraulica
Equivalente em Solos Estratificados
• Frequentemente os depósitos de solos
consistem em uma sucessão de estratos
diferentes. Estas camadas podem estar
dispostas sub-horizontalmente e com
materiais de granulometria diferente e
consequentemente diferente permeabilidade.
Nestes casos pode-se definir “permeabilidade
equivalente”, que representa o fluxo através
do conjunto de estratos.
Fluxo Horizontal
• Considere camadas 1, 2, 3,..., n na figura a
seguir com comprimentos H1, H2, H3,...,Hn e
com diferentes conductividades hidráulicas
KH1, KH2, KH3,...KHn .
Cont…

• Os equipotenciais são verticais e equidistantes,


então o gradiente hidráulico, i, será o mesmo em
todas camadas:
• i= i1 =i2 =i3 =in aplicando a lei de Darcy:
• Q =Aki, assim o fluxo horizontal total será:
• QH = 1(H1+H2+H3+…+Hn)kHi por unidade de
largura.
• Onde kH é a conductividade hidráulica em todas
camadas na direcção horizontal para solos
estratificados. A taxa de fluxo QH total será igual a
soma dos fluxos de camadas individuais, isto é :
Cont…
• QH= Q1+Q2+Q3+...+Qn , onde,
• Q1= 1H1K1i1, Q2 = 1H2K2i2; Q3 = 1H3k3i3; Qn = 1HnKnin
• (H1+H2+H3+...+Hn)KHi = (H1K1+H2K2+H3k3+HnKn)i

• KH = 𝐻1𝑘1+𝐻2𝐾2+𝐻3𝑘3+⋯+𝐻𝑛𝑘𝑛
𝐻1 𝐻2 𝐻3 𝐻𝑛
+ + +⋯+
Fluxo Vertical
• A figura a seguir ilustra n camadas de solo com
direccoes de fluxo vertical. Neste caso a
velocidade de fluxo em todas camadas será
mesma. Assim sendo, a perda de carga h será
igual a soma das perdas de carga em todas
camadas. Assim,
Cont...
• Assim,
• ,e

• Aplicando a lei de Darcy, teremos:


Assim, a formula geral será:


Exemplo:
• Determinar as permeabilidades equivalentes
vertical e horizontal de um terreno
estratificado composto por capas de areia
siltosa de espessura L1, e permeabilidade K1
entre as que se intercalam num nível de
cascalho de espessura L2 e permeabilidade k2.
Solução:
Trabalho
• Descrever o teste de percolação
Exercícios
1. Na figura a seguir se representa o perfil geológico
suposto para a colocação de uma represa de
materiais soltos, que consiste em 20 m de uma
areia siltosa aluvial, por cima de um substrato
impermeável. Uma vez construída a represa se
detecta um grande caudal de infiltração através do
aluvião. Novas investigações revelam presença de
um nível fino de 0.10 m de espessura e grande
permeabilidade, que não fora detectada nas
investigações iniciais. Determinar a
permeabilidade horizontal equivalente do
depósito estratificado e comparar com a suposta
no projecto.
Tensões nos solos
Introdução
• O solo pode ser descrito como um esqueleto de partículas sólidas encerando
vazios que contém agua e/ou ar.
• O volume do esqueleto dos solos com um todo pode se alterar devido ao
rearranjo de partículas sólidas em novas posições, principlamente po
rolamento ou deslizamento, com uma modificação equivalente nas forças
actuando entre as partículas. A compressibilidade real do esqueleto vai
depender do arranjo estrutural das partículas sólidas, isto é do índice de
vazios (e). Em solos completamente saturados, uma vez que a água é
considerada incompressível, a redução de volume será possivel somente se
parte da água escapar dos poros. Num solo seco ou parcialmente saturados
a redução de volume e sempre possível devido a compressão do ar nos vãos,
contanto que haja algum escopo para a reacomodação das partículas (isto é,
o solo não esteja no seu estado mais denso possível, e>emin).
• Pode se resistir a tensão de corte somente pelo esqueleto das partículas
sólidas, através das forças desenvolvidas nos contactos entre partículas. A
tensão normal pode ser resistida pelo esqueleto dos solos através de um
aumento nas forças entre as partículas. Se o solo estiver completamente
saturado, a água que preenche os vazios também pode suportar a tensão
normal por aumento da pressão da água nos poros.
Princípio de tensão efectiva
• A importância das forças transmitidas, pelo esqueleto do solo, de
uma partícula para outra foi reconhecida por Terghazi (1923) que
apresentou o seu Principio de tensão efectiva, em relação intuitiva
baseada em dados experimentais. Este princípio só se aplica para
solos completamente saturados, e relaciona as três tensões a
seguir:
• Tensão Normal total (σ), num plano dentro de massa de um solo,
sendo a força por unidade de área transmitida na direcção normal
ao longo de um plano, imaginando que o solo seja um material
sólido (fase única)
• Pressão de água nos poros (u), também chamada de poropressão
ou pressão neutra, que é a pressão da água que preenche os
espaços vazios entre as partículas sólidas.
• Tensão Efectiva (σ’): representando apenas a tensão transmitida
através do esqueleto do solo (é devida a força entre as partículas).
• A relaçãoserá:
• σ= σ’+ 𝝁
Assimsendo,
• σ’= σ – u
• Este princípiopodeserdemonstra do peloseguintemodelo.
• Imagine um planoXX em um solo completamentesaturado,
quepassaporpontos de contacto entre partículas.
• Pode-se resistir a umaforça normal P, aplicadanumaáreaA, em
parte pelasforçasentre as partículas e, em parte, porcausa da
pressão da águanosporos. As forçasentre as
partículassãoaleatóriastantoem magnitude quantoemdirecção,
aolongo de toda a massa do solo, mas emqualquerponto do
planoondulado, elaspodemserdecompostasemumacomponente
normal e tangencial a direcção do plano real aoqualXX se
assemelha, oscomponentes normal e tangencialN e T,
respectivamente. Dessa forma, a tensãoefectiva normal é
interpretadacomo a soma de todas as componentesN dentro da
áreaA, divididapelaprópriaáreaA
∑𝐍’
• σ’=
𝑨
• A tensão normal total será:
𝑷
• σ=
𝑨
Se admitirmos que o contacto entre as partículas
ocorre em pontos, a pressão da água nos pontos
agirá no plano que contém toda área A. Dessa
forma para o equilíbrio na direção normal a XX,
p=∑𝐍’ + 𝝁A ou

𝑷 ∑𝐍’
= + 𝝁, isto é σ= σ’+ 𝝁
𝑨 𝑨
Tensões iniciais no terreno
• Imagine um perfil geotécnico (figura a seguir) no qual o
nível do terreno é horizontal, não ocorrem cargas aplicadas
ou distribuídas próximo à região considerada e o solo é
seco, sendo 𝜸 o peso específico aparente desse material,
que pode ser considerado homogêneo sob uma visão
macroscópica.
• O ponto A está na profundidade z, onde se deseja a tensão
σ σ
normal vertical inicial vo. O valor de vo pode ser obtido
considerando o peso de solo acima de A, dividido pela área.
Alternativamente, considera-se o peso da coluna de solo
sobre A como área da base unitária. Isso equivale a dizer
que:

•σ =𝛾*z
vo
• Por outro lado, se o solo acima do ponto Afor
estratificado, isto é, composto de ncamadas, o
valor de σvo é dado pelo somatório de 𝛾 1z1(i =
1, n), ou seja:

•σ =∑𝛾*z
vo
Calculo de σvo em solo seco
Pressões verticais totais
• Foi visto anteriormente como calcular o valor
σ
da pressão vertical inicial vo em um solo
seco. Se o solo apresentar água, o cálculo das
pressões também é muito simples, bastando
considerar separadamente as camadas abaixo
e acima do NA.
σvo= 𝜸1z1 + 𝜸sat*z 2
Exemplo
• Para um perfil abaixo de solo saturado, deseja-
se a tensão total no ponto A na posição
indicada e 2 metros acima do NA
Solução
•σ = 3 m x18kN/m³+ 4m x 20kN/m³=
vo 134 kN/m²

• Se o NA estiver 2 metros acima do NT


Tensão vertical efectiva devido ao
peso do próprio solo
• Considere uma massa de solo que tenha
superfície horizontal, e com o lençol freático
neste nível. A tensão vertical total, σv (isto é,
tensão normal total no plano horizontal), a
uma profundidade z é igual ao peso de todo o
material (sólidos + água) por unidade de área
acima daquela profundidade, isto é,

• σv = 𝜸sat*z
• A pressão da água nos poros a qualquer
profundidade será hidrostática, uma vez que
o espaço vazio entre as partículas sólidas é
contínuo, portanto, na profundidade z,
• 𝝁= 𝜸w*z
• Assim sendo a tensão efetiva vertical na
profundidade z, nesse caso será:
• σ’ = σ - 𝝁 ou

• σ’= (𝜸sat - 𝜸w)z


Exemplo
• Uma camada de argila saturada com 4 m de
espessura está abaixo de 5 m de areia,
enquanto o lençol freático está 3 m abaixo da
superfície, conforme ilustra a figura a seguir.
Os pesos específicos saturados da argila e da
areia são de 19 e 20 kN/m³, respetivamente,
acima do lençol freático o peso especifico
(seco) da areia é 17 kN/m³. Faça um gráfico
que mostre a variação dos valores da tensão
vertical total e da tensão vertical efetiva em
relação a profundidade.
Solução
Construção do gráfico
Capilaridade
• Na figura a seguir se retrata uma situação em que um poço
foi escavado. Pelas paredes do poço, verifica-se que a água
sobe acima do NA por efeito de capilaridade (sucção), isto
assemelha-se a introdução de uma ”palhinha em um copo
de agua, esta tende a subir pelo tubo até atingir uma
situação de equilíbrio” .
• Nesta região, a água que ocupa os poros ou interstícios do
solo está sob pressão negativa, ou seja inferior a
atmosférica.
• A tensão efectiva aumenta porque a pressão nos poros é
negativa. Por exemplo, para a zona capilar, Zc, a pressão da
água nos poros no topo será –Zc*𝛾 w e a tensão efetiva
será:
• σ’ = σ– (–Zc𝛾w)= σ + Zc𝛾w = σ+𝝁
Resposta da tensão efectiva a uma
variação da tensão total
Para ilustrar como a tensão efectiva varia com a
tensão total, imagine um solo completamente
saturado sujeito a um aumento de tensão
vertical total ∆σv no qual o esforço lateral seja
nulo, com a mudança de volume sendo
inteiramente devida a deformação do solo na
direcção vertical de uma área grande se
comparada a espessura da camada do solo em
questão.
Cont…
• Esse aumento na pressão da água nos poros
será igual ao aumento da tensão vertical total,
isto é, o aumento da tensão vertical total é
suportado inicialmente, em sua totalidade pela
água dos poros (µe=Δσ). Observe que, se a
deformação inicial não fosse nula, seria
possível o rearranjo das partículas de alguma
forma, resultando em aumento imediato da
tensão efectiva vertical, e o aumento da
pressão nos poros seria menor do que o da
tensão vertical total pelo principio de Terzaghi
• O aumento da pressão da água dos poros causa
um gradiente de pressão hidráulica, resultando
em um fluxo transciente de água dos poros
para uma superfície de drenagem livre da
camada de solo. Esse fluxo de drenagem
continuará até quando a água dos poros voltar a
ser igual ao valor determinado pela posição de
lençol freático, isto é, até retornar ao seu valor
estático.
Cont...
• No entanto é possível que a posição do lençol
freático venha a modificar-se durante o tempo
necessário para que a drenagem ocorra, de forma
que a referência para medição do excesso de água
dos poros também mudará. Em tais casos, a pressão
excedente da água seria expressa em relação ao
valor estático. No entanto determinado pela nova
posição do lençol freático. A qualquer tempo durante
a drenagem, a pressão total da água nos poros (µ),
será igual a soma do componente estático com
componente de sobrepressão, isto é:

• µ = µs + µe
• A redução da sobrepressão da água nos poros no
momento em que ocorre drenagem é descrita
como dissipação e, quando ela termina (isto é,
quando µe = 0 e µ = µs), diz-se que o solo está na
condição drenada. Antes da dissipação, com a
sobrepressão da água nos poros em seu valor
inicial, diz-se que o solo está na condição não
drenada.
• O termo “drenado” não significa que toda água
escorreu para fora dos poros do solo; significa que
não há pressão induzida por tensões (excesso) na
água dos poros. O solo permanece
completamente saturado ao longo de todo o
processo de dissipação.
• Enquanto há drenagem da água nos poros, as partículas
ficam livres para assumir novas posições, havendo um
consequente aumento das forças entre elas.
• Em outras palavras, quando a sobrepressão da água nos poros
se dissipa a tensão efectiva vertical aumenta, acompanhada de
redução de volume correspondente. Quando a dissipação da
sobrepressão da água nos poros terminar, o incremento de
da tensão vertical total será suportado completamente pelo
esqueleto do solo.
• O tempo que a drenagem leva para terminar depende da
permeabilidade do solo. Naqueles em que ela é baixa, a
drenagem será lenta; nos que for alta a drenagem será rápida,
o processo inteiro é chamado de adensamento. Ocorrendo a
deformação apenas em uma direcção (vertical), sendo
considerado unidimensional.
• Quando o solo estiver sujeito a uma redução
de tensão normal total, o escopo para o
aumento de volume será limitado, porque o
rearranjo das partículas, devido ao aumento
da tensão total, é irreversível em grande
parte. Como resultado do aumento das forças
entre as partículas, haverá pequenas
deformações elásticas (em geral, ignoradas),
nas partículas sólidas, especialmente nas
vizinhanças da áreas de contacto, e, se houver
partículas de mineral de argila no solo, elas
podem ficar sujeitas a flexão.
• Além disso, a água adsorvida em torno das partículas
do mineral de argila sofrerá compressão reversível
devido ao aumento das forças entre as partículas.
Quando ocorrer um decréscimo de tensão normal total
em um solo, haverá, então, uma tendência de
expansão no esqueleto do solo (sólidos) até um
determinado valor, em especial nos solos que contem
uma proporção significativa de partículas de mineral
de argila. Em consequência, a pressão da água nos
poros será reduzida de inicio. Ela aumentará
gradualmente ate um valor estático, com o fluxo
ocorrendo para o interior do solo, acompanhado de
uma redução correspondente da tensão efectiva normal
e de um aumento de volume. Esse processo é conhecido
como expansão.
Analogia de adensamento
• Imagine um adensamento análogo
representado pelas figuras a seguir:
• A figura a) Mostra uma mola dentro de um
cilindro cheio de água com um pistão, ao qual
foi adaptada uma válvula, no topo dessa mola.
Admite-se que não pode haver vazamento
entre o pistão e o cilindro e que não há atrito.
A mola representa o esqueleto do solo, a água
representa a água nos poros e o diâmetro do
furo na válvula representa a permeabilidade
do solo. O cilindro em si simula a condição sem
deformação lateral alguma no solo.
• Suponha que seja colocada uma carga sobre o
pistão com a válvula fechada, conforme
ilustra a figura b). Admitindo que a água seja
incompressível, o pistão não se moverá desde
que a válvula esteja fechada, resultando em
nenhuma transmissão de carga a mola; a
carga será suportada pela água, com o
aumento de pressão nesta sendo igual a carga
a carga dividida pela área do pistão. Esta
condição com a válvula fechada, corresponde
a uma condição não drenada do solo.
• c). Se agora a válvula for aberta, a água será
expulsa por ela a uma velocidade determinada
pelo diâmetro do furo. Isso permitirá que o
pistão se mova e que a mola seja comprimida
a medida que a carga é transferida a ela.
• A qualquer momento, o acréscimo de carga na
mola será directamente proporcional a
redução de pressão da água
• Finalmente, conforme ilustra a figura d). Toda
a carga será suportada pela mola, e o pistão
ficara em repouso, o que corresponde a
condição drenada do solo.
• A qualquer tempo, a carga suportada pela
mola representa a tensão normal efectiva no
solo, a pressão da água no cilindro representa
a pressão da água dos poros, e a carga sobre o
pistão corresponde a tensão normal total. O
movimento do pistão representa a
modificação no volume do solo e é
determinado pela compressibilidade da mola
Exemplo
• Uma camada de areia com 5 m de profundidade
esta acima de uma camada de 6 m de argila, e o
lençol freático esta a superfície; a permeabilidade
da argila é muito baixa. O peso especifico
saturado da areia é de 19kN/m3, e o de argila é
de 20kN/m3. Uma camada de 4 m de material de
aterro, com peso especifico de 20 kN/m3, é
colocada sobre a superfície ao longo de uma
extensa área. Determine a tensão vertical efectiva
no centro da camada de argila. Segundo a figura a
baixo
a). Imediatamente após o aterro ter sido colocado,
admitindo que isso ocorra rapidamente.
b). Muitos anos após isso ter ocorrido
Efeito da percolação nas tensões
efectivas
• O fluxo nos solos pode se dar numa dimensão.
O fluxo da água nos solos exerce um
arrastamento friccional nas partículas do solo,
resultando em perdas de carga. Este
arrastamento friccional pode ser chamado de
força de percolação. É frequentemente
conveniente definir percolação como força de
percolação por unidade de volume, esta pode
ser chamada js. Se a perda de carga se der
numa distância de fluxo L, será Δh, e a força de
percolação será:
Se a percolação ocorrer para baixo, segundo a figura a seguir, então as tensões de
percolação estarão na mesma direcção que as tensões efectivas gravitacionais. A partir
do equilíbrio estático, a tensão efectiva vertical resultante será:
Se a percolação ocorrer para cima, então as tensões de percolação serão o oposto a
direcção das tensões efectivas gravitacionais, a partir do equilíbrio estativo, a
resultante vertical efectiva será:
• As tensões de percolação jogam um papel muito importante em mecânica
de solos, no que diz respeito a estruturas de geotecnia.
• Por exemplo uma parede de retenção ilustrada na figura a seguir depende
da profundidade de fixação dessa mesma parede para a estabilidade do
terreno.
• O solo retido do lado esquerdo da parede exerce uma pressão lateral para
fora da parede, que vem a ser resistida pelo solo do lado direito da parede
. Se existir disponibilidade de uma quantidade constante de água do lado
esquerdo da parede, por exemplo um tubo quebrado de água, então a
água vai fluir do lado esquerdo do lado esquerdo para o lado direito da
parede, ocorrendo uma perda de carga. As tensões de percolação do lado
esquerdo da parede estarão em direcção das tensões gravitacionais. A
tensão efectiva vai aumentar e, consequentemente, uma forca adicional
lateral em direcção ao parte externa da parede será aplicada. Do lado
direito da parede, as tensões de percolação são em direcção a parte
superior (para cima) e a tensão efectiva decresce. A resistência lateral
fornecida pela parede instalada será reduzida. As tensões de percolação
neste problema jogam uma dupla acção (aumento da força de
perturbação lateral e redução da resistência lateral) na redução da
estabilidade de estruturas.
Exemplo
• Uma indeterminada quantidade de agua
percolando para baixo através duma camada
de solo, como ilustra a figura a seguir. Dois
piezométros (A e B) estão localizados 2 metros
distantes um do outro verticalmente, e
mostraram uma perda de carga de 0.2 m.
Calcule a tensão efectiva vertical para o
elemento do solo a profundidade de 6 metros.
MECÂNICA DOS SOLOS

1 - REVISÕES
Definição de Solo

• Conjunto natural
de partículas
minerais, podendo
os espaços entre
elas (vazios)
estarem
preenchidos por
água e ar,
separadamente ou
Caracterização Laboratorial

• Índices físicos - grandezas que relacionam os volumes e


os pesos dos diferentes constituintes de um solo e que
permitem descrever o seu estado físico.

• Composição granulométrica - distribuição em


percentagem ponderal das partículas de um solo de acordo
com as suas dimensões
Índices Físicos
• Determinação experimental de três:
- peso volúmico (g = P/V)
- teor em água (w = Pw/Ps)
- densidade das partículas (gs/gw)

• Os outros são determinados através de


expressões matemáticas:
- índice de vazios (e = Vv/Vs)
- porosidade (n = Vv/V)
- grau de saturação (S = Vw/Vv)
Composição Granulométrica
100
90
% Material Passado

80
70
60
50
40
30
20
10
0
0,001 0,01 0,1 1 10
Diâmetro das Partículas (mm)

• Peneiração
• Sedimentação
Classificação Granulométrica

• Triângulo de FERRET
Areias – Solos Grossos

Solos bem graduados:

• Nestes solos (de granulometria extensa) as partículas


são muito variadas em termos de dimensões => a gama
de índices de vazios possíveis (emáx – emin) é mais ampla,
tendo emin valores inferiores.

• Nestes solos as partículas de menores


dimensões podem ocupar os espaços entre as
maiores e produzir arranjos muito compactos.
Areias – Solos Grossos

Solos mal graduados:

• Nestes solos, ditos de granulometria pobre, a gama de


índices de vazios possíveis (emáx – emin) é mais limitada e
emin não é tão baixo como em solos bem graduados.

• Sendo as partículas de dimensões semelhantes, é


difícil obter uma arrumação muito compacta.
Areias – Solos Grossos

Um solo bem graduado, quando compactado, é mais


resistente que um solo mal graduado, mesmo se
compactado → melhor solo para a construção de um
aterro resistente
Areias – Solos Grossos

• Solos muito permeáveis • Índice de compacidade

• Comportamento emax  e
ID  100 %
controlado pelas forças de emax  emin
gravidade, logo pelo
tamanho das partículas e emax emin calculados
pela forma como elas se experimentalmente
arrumam
Areias –Solos Grossos
• Classificação de acordo com a compacidade

- muito solta (0 < ID < 15)


- solta (15 < ID < 35)
- medianamente compacta (35 < ID <
65)
- compacta (65 < ID < 85)
- muito compacta (ID > 85)
Qual a relação entre a compacidade de uma
Argilas – Solos Finos

• Solos muito pouco permeáveis


• Comportamento controlado pelas forças eléctricas que se
manifestam à superfície das partículas de argila
• Camada de água adsorvida (responsável pelo carácter
plástico destes solos)
• Grande variação do índice de vazios (emax pode ser bem
maior que 1)
• Determinação dos limites de consistência
(wL= limite de liquidez e wP= limite de plasticidade)
Argilas – Solos Finos

Por que razão é necessária a determinação


dos limites de consistência em solos finos?

Dois solos podem ter a mesma curva granulométrica e ter


caraterísticas e comportamentos distintos: isto é possível
quando nos solos existem partículas de dimensão argila e,
desde que a composição mineralógica em ambos os solos
seja diferente.

NECESSIDADE DE CARATERIZAR A
FRAÇÃO ARGILOSA PRESENTE NO SOLO
Argilas – Solos Finos
• Limites de Consistência – teores em água que limitam
zonas de diferentes comportamentos de solos finos

Limite de Limite de Limite de liquidez, wL


retração, wS plasticidade, wP
Argilas – Solos Finos
• Uma fração argilosa presente num solo será tanto mais ativa
quanto maior for o índice de plasticidade do solo e menor a
sua percentagem

I P (%)
At 
%  2m

Fração Argila Atividade, At


Pouco ativa < 0,75
Normal 0,75 – 1,25
Muito ativa > 1,25
Argilas – Solos Finos
• Índice de consistência
wL  w
IC 
wL  wP
• Classificação de acordo com a consistência
- muito mole (0 < IC < 0,25)
- mole (0 < IC < 0,25)
- média (0 < IC < 0,75)
- dura, muito dura, rija (IC > 0,75)
Qual a relação entre a consistência de uma argila e as
suas características mecânicas ?
Caracterização no Campo

ENSAIOS de PENETRAÇÃO

- Dinâmica (SPT)

- Estática (CPT/CPTu)
Caracterização no Campo
Ensaio SPT
Caracterização no Campo
Ensaio SPT

• Colheita de amostras remexidas

• O resultado do ensaio traduz-se


no número de pancadas
necessárias para que o
amostrador penetre 30 cm no
terreno (N)
Caracterização no Campo

N Compacidade
• AREIAS
0-3 Muito solta

3-8 Solta
Medianamente
8-25
compacta
25-42 Compacta

>42 Muito compacta


Caracterização no Campo

• ARGILAS N Consistência
0-2 Muito mole

2-4 Mole

4-8 Média
8-15 Dura

15-30 Muito dura

30-60 Rija
Solos Problemáticos
• Areias soltas a muito soltas
- resistência baixa
- compressíveis
- alta permeabilidade
- potencial de liquefação

• Argilas moles a muito moles


- resistência muito baixa
- muito compressíveis
- deformações diferidas no tempo
Princípio da Tensão Efetiva

Pressão neutra, Pressão


na água dos poros ou
pressão intersticial, u

N’z = Nz - U
Princípio da Tensão Efetiva

 Tendo em conta que os poros representam a quase


totalidade da área da secção, pode escrever-se que
através da água nos poros na secção S é transmitida uma
força U de valor:

U  u.dx.dy
 Assim, a parcela da força normal total transmitida através
dos contactos entre partículas será a força N’z de valor:

N 'z  N z  U
Princípio da Tensão Efetiva
 Dividindo ambos os membros da expressão anterior pela
área da secção S (dx.dy), obtém-se:
N 'z Nz U
 
dx.dy dx.dy dx.dy

N 'z
 u
dx.dy
Tensão efetiva – representa a força transmitida pelos
contactos entre partículas dividida pela área da secção

 '   u Princípio da Tensão Efetiva


Importância da Tensão Efetiva
É a tensão efetiva que controla o comportamento
mecânico de um maciço terroso.

Com o aumento da tensão efetiva, maiores são as forças de


contacto entre as partículas, logo maior será o atrito
mobilizado e a resistência localizada aos deslocamentos
relativos entre elas.

Ou seja, o aumento da tensão efetiva, aumenta a rigidez e


a resistência do maciço terroso.

O anulamento da tensão efetiva, conduz, na maioria dos


maciços terrosos à sua rotura.
Tensões nos Maciços

 Tensões virgens – existentes no maciço sem qualquer


ação humana;
 Tensões de repouso – tensões associadas apenas
ao peso próprio dos solos;

 Tensões tectónicas – tensões originadas pelas


forças tectónicas que se desenvolvem no interior da
crusta terrestre (assumem maior importância nos
maciços rochosos);

 Tensões induzidas – associadas às ações impostas pelas


obras construídas pela ação humana.
Tensões de Repouso

’v0

’h0

’h0
Tensões de Repouso

 A tensão total vertical em P atua nas facetas horizontais e


vale:
 v 0  g .z
 Estando a água em condições hidrostáticas e o nível
freático à superfície do terreno, a pressão na água dos
poros em P vale:
u 0  g w .z

 A tensão efetiva vertical de repouso em P vale:

 ' v 0   v 0  u0  g .z  g w .z  (g  g w ).z  g '.z


Tensões de Repouso

 Coeficiente de impulso em repouso, K0 – é igual á razão


da tensão efetiva horizontal de repouso pela tensão
efetiva vertical de repouso no mesmo ponto:
 ' h0
K0 
 ' v0
 Assim, as tensões horizontais efetiva e total no estado de
repouso são, respetivamente:
 ' h 0  K 0 . ' v 0  K 0 .g '.z

 h 0   ' h 0 u0  K 0 .g '.z  g w .z


Tensões de Repouso
Evolução em Profundidade
Tensões de Repouso
Representação no Plano de Mohr
Artesianismo
Por que razão neste maciço a água não está em equilíbrio
hidrostático?

Que consequências isso trará na distribuição das tensões


no maciço?

N.F.

Lago
Roc N.F.
h a Im
per Areia
meá
vel
Argila

Areia

Rocha Impermeável
Carga Hidráulica
A carga hidráulica num ponto P (energia mecânica que, por
unidade de peso, a água possuiu nesse ponto) divide-se em:

i) energia potencial de posição (zP)- altura do ponto acima do


plano horizontal de referência (arbitrário!), designada por cota
geométrica

ii) energia potencial de pressão (hwP=uP/gw)- altura de água


num tubo piezométrico colocado em P, designada por altura
piezométrica

iii) energia cinética (função da velocidade do escoamento)


Carga Hidráulica
A soma da cota geométrica (ZP) com a altura piezométrica
(hwP) é igual à cota piezométrica (hP)

 Uma vez que a energia cinética do escoamento pode ser


desprezada, já que a velocidade dos escoamentos em
maciços terrosos é, no geral, muito baixa ,a carga hidráulica
reduz-se a:

HP= hP= ZP + hwP

que representa a energia potencial da água por unidade de


peso no ponto P.
Percolação
A carga hidráulica de cada ponto (e o sentido do fluxo?)
é fácil de identificar geometricamente

h = h -h
1-2 P1 P2

hwP2

P1 P2
hw

re nte
h
P1
r P2
h
co
a de
h
Lin l
ZP2

P1
ZP1
P.H.R.
Gradiente Hidráulico
A perda de carga entre os pontos 1 e 2 no esquema anterior
corresponde a uma energia dissipada por unidade de peso
da água em consequência do atrito entre ela e as partículas
do solo.

A razão dessa perda de carga (h1-2) pela distância


percorrida entre os pontos (l) designa-se por gradiente
hidráulico entre 1 e 2 (i = h1-2/ l), sendo uma grandeza
adimensional.
Velocidade de Percolação
O escoamento de água num meio poroso rege-se pela lei de
Darcy, que estabelece que a velocidade (v) de percolação é
proporcional ao gradiente hidráulico (i):

v= k×i
sendo K o coeficiente de permeabilidade, o qual reflete a
“facilidade” com que o solo se deixa atravessar por água e cujas
dimensões correspondem às da velocidade
Forças de Percolação

 Num maciço sujeito a percolação, as forças de percolação por


unidade de volume valem:

j  i g w
 Estas forças resultam do atrito entre a água e as partículas (=>
têm direção e sentido do próprio escoamento)
Variação das Tensões Efetivas
 Quando as forças de percolação, j, se adicionam às forças
gravíticas, g’, como na percolação vertical descendente, a
tensão efetiva vertical aumenta relativa/ à situação de eq.
hidrostático. O oposto acontece na percolação ascendente.
Assim:

 'v P   v P  u P  a  g d  b  g 'i  g w 

em que (+) corresponde à percolação descendente e (-) à


percolação ascendente (note-se os efeitos negativos que tal
tem no comportamento do solo!).
Tensões Induzidas e
Assentamentos
 As construções humanas modificam, de forma mais ou
menos significativa, o estado de tensão de repouso numa
dada zona do maciço subjacente e (ou) da sua
envolvente.

 As alterações do estado de tensão causam deformações


no maciço… que induzem assentamentos à superfície!

 Estes assentamentos poderão ser maiores ou menores,


instantâneos ou diferidos no tempo, função,
naturalmente, da carga e do tipo de solo.
Tensões Induzidas e
Assentamentos

PISA CIDADE DO MÉXICO


Itália México
Tensões Induzidas e
Assentamentos
SANTOS
Brasil
Estrato Confinado

 Um estrato diz-se confinado ou carregado em condições


de confinamento lateral quando as dimensões da área
carregada forem muito superiores à sua espessura.

 Quando se carrega um estrato confinado o acréscimo das


tensões é igual em todos os pontos, sendo os acréscimos
das tensões verticais igual à carga aplicada, e ocorrem
apenas extensões verticais (as deformações na direção
horizontal são nulas).
Estrato Confinado
Analogia de Terzagui
um reservatório cilíndrico de paredes
rígidas (de modo a simular o
confinamento lateral do estrato) com um
êmbolo em forma de disco;

uma mola que liga o disco á base do


recipiente (a mola representa o esqueleto
sólido – mola apenas recebe força se se
deformar);

água, a qual representa a água existente


nos vazios do solo (solo saturado  o
recipiente está totalmente cheio com
água);

um orifício muito estreito no disco,


para simular a permeabilidade do solo.
Analogia de Terzagui

Antes do carregamento, t =0-

Situação de equilíbrio (corresponde à


situação de repouso na condição de campo)

A força na mola, Fm, equilibra o peso do


disco, Pd.
Analogia de Terzaghi
Aplicação do carregamento, t =0+

Pousa-se bruscamente um objeto de peso P0


sobre o disco (carregamento).

Nesse instante a força na mola não varia,


porque o respetivo comprimento ainda não se
alterou (ainda não ocorreu a saída de água do
recipiente): Fm = Pd.

O peso do objeto tem que ser suportado pela


água, na qual se desenvolve uma sobrepressão,
ue(0). O produto desta pela área do disco, S, será
igual ao peso do objeto:
S. ue(0) = P0
Analogia de Terzaghi
Instante t
A sobrepressão gerada na água, ue(0), vai fazer
com que se inicie o escape da água através
do orifício, permitindo a descida do disco, o
encurtamento da mola, logo o crescimento
da força nesta mobilizada.

A sobrepressão na água vai diminuindo


com a expulsão de água do recipiente
sendo no instante t igual a ue(t).

No instante t, o peso do objecto será


suportado em simultâneo pela água e
pela mola (fração U).
Analogia de Terzaghi
Equilíbrio final, t =∞
Muito tempo após a aplicação da
solicitação, a pressão da água sob o disco
retoma o valor da pressão atmosférica
(todo o excesso de tensão neutra já se
dissipou, isto é cessou o escoamento de
água).

O disco estaciona (cessam as


deformações na mola) e uma nova
situação de equilíbrio é restabelecida).

Neste instante a deformação na mola é


tal que ela absorve toda a solicitação
(peso do objecto):
Fm = Pd + P0
Analogia de Terzagui
Comportamento de um Maciço em
Condições de Confinamento
- Evolução das tensões

- Evolução do assentamento

AREIA
Evolução das Tensões
 v ,  'v , u

 v  qs v
v0
 'v
 'v  qs
 'v 0

AREIA

ue (0)  0
u0
u
t
Evolução das Tensões
 v ,  'v , u

 v  qs
v
v0
 'v
 'v  qs
 'v 0

ARGILA
ue (0)   v  qs
u
u0 t
Evolução do Assentamento

NOTA: Alguns solos podem apresentar um assentamento diferido não


associado ao incremento da tensão efetiva, mas à fluência
Importância Típica das
Componentes do Assentamento

Consolidação Consolidação
Tipo de Solo Imediato
Primária Secundária
variável num relevante com
intervalo cargas com
Areia nulo
relativamente variações
lato significativas
Normalmente praticamente alto a muito alto relevante em
consolidada nulo solos orgânicos
Argila
praticamente baixo a
Sobreconsolidada irrelevante
nulo moderado
Assentamento Imediato

 É, usualmente, estimado usando os princípios da Teoria


da Elasticidade (Lei de Hooke generalizada), assumindo
que o solo se comporta como um material elástico, linear
e isotrópico.

 Os parâmetros elásticos, nomeadamente o módulo de


deformabilidade, E’, são vulgarmente estimados com base
em correlações com resultados de ensaios de campo,
nomeadamente ensaios de penetração.
Assentamento Diferido
 O valor da componente associada à consolidação primária
e o tempo que demora a processar-se são estimados com
base nos parâmetros de compressibilidade (Cc e Cr) e de
consolidação (cv) da argila.

 Estes parâmetros são determinados com base em ensaios


edométricos, ensaios em que amostras intactas de argila
são ensaiadas em laboratório em condições de
confinamento lateral.
Ensaio Edométrico
Assentamento Diferido

Grau de
Sobreconsolidação
Assentamento Diferido

Solo Sobreconsolidado - OCR >1

h0  'P h0  'v f
hcp   Cr  log   Cc  log
1  e0  'v 0 1  e0  'P

Solo Normalmente Consolidado – OCR = 1

h0  'v f
hcp   Cc  log
1  e0  'v 0
Tempo de Consolidação
TEORIA DE TERZAGUI

cv  t
Fator de Tempo T 2
H
z
Fator de Profundidade Z
H
cv - coeficiente de consolidação;
t – tempo;
H – máxima distância que uma partícula de
água tem que percorrer para abandonar a
camada de argila.
Tempo de Consolidação

Solução da equação
da CONSOLIDAÇÃO
Tempo de Consolidação
Tempo de Consolidação
Calculando o valor médio de Uz ao longo da
espessura da camada, Uz, para diversos valores de T,
pode-se construir a seguinte figura:
Tempo de Consolidação
Grau de Consolidação médio
Tempo de Consolidação

O grau de consolidação médio representa a


percentagem média do acréscimo de tensão
total aplicado que se transformou em tensão
efetiva até um dado instante.

O assentamento por consolidação nesse


instante pode ser obtido através da equação:

hcp t   U z  hcp
Tempo de Consolidação
Quando se considera que a consolidação está
terminada, ou seja o assentamento já se
processou?

Em termos práticos, admite-se que a consolidação


acabou quando T = 1, a que corresponde um valor
real do tempo de:

H 12
t
cv
Estrato não confinado
Se a carga aplicada tiver dimensões finitas, os incrementos
de tensões no maciço deixam de ser iguais em todos os
pontos, tendendo a diminuir com a distância ao centro da
área carregada.

 Soluções analíticas para o cálculo desses incrementos de


tensão existem para vários tipos de carregamento,
admitindo sempre para o solo um comportamento elástico
linear.
Estrato não Confinado
Bolbos de Tensões

1 – Fundação contínua

2 – Fundação quadrada

1 2
Estrato não Confinado – Areia
Se o maciço for preponderantemente arenoso, o
carregamento faz-se em condições drenadas, pelo que a
pressão de água nos poros se mantém constante e o
incremento das tensões efetivas coincidirá com o
incremento das tensões totais.

O assentamento induzido é imediato e é agora variável de


ponto para ponto da superfície. No seu cálculo podem ser
usados métodos analíticos (elásticos) ou, mais vulgarmente,
métodos empíricos ou semiempíricos.
Estrato não Confinado – Argila
No caso de carregamento de um estrato não confinado para
qualquer ponto fora do eixo vertical de simetria o vetor
deslocamento tem uma componente horizontal não nula, no
próprio instante em que a carga é aplicada à superfície.
Estrato não Confinado – Argila
Como as deformações horizontais não são nulas
imediatamente após a aplicação da carga, ocorre um
assentamento imediato, que está associado a distorção e
não a deformação volumétrica
Estrato não Confinado – Argila
Devido ao facto de na altura do carregamento a variação
volumétrica da argila ser nula, ao assentamento imediato sob
a área carregada associa-se um levantamento da superfície
nas zonas vizinhas.

Levantamento
Assentamento
imediato

Deslocamentos
horizontais
Estrato não Confinado – Argila
Face à possibilidade de deformação lateral, o excesso de
pressão gerado em cada ponto logo após o carregamento
deixa de ser igual ao incremento de tensão total vertical,
passando a repartir-se, no próprio instante do carregamento,
pelas duas fases do solo:

ue   v e  'v  0
 v  ue   'v
Portanto, o excesso de tensão neutra que tem de ser
dissipado (a carga que tem que ser transferida da fase líquida
para o esqueleto sólido) durante o processo de consolidação
é menor do que no caso de se ter um estrato confinado.
Estrato não Confinado – Argila
Do exposto verifica-se que em estratos não confinados de
argila haverá assentamento imediato e o assentamento por
consolidação será menor do que o verificado na situação em
que os estratos são confinados (para o mesmo
carregamento e mesmas condições geotécnicas).

A avaliação do assentamento imediato é normalmente


efetuado com base no método elástico sendo o módulo de
deformabilidade, definido para condições não drenadas, Eu,
estimado a partir de ensaios de campo.
Estrato não Confinado – Argila
O cálculo do assentamento por consolidação é muito mais
complexo do que na situação de os estratos estarem
confinados.
A metodologia mais adequada para o efeito baseia-se no
método dos elementos finitos, entrando em consideração
com as relações tensões-deformações-tempo do solo por
meio de modelos constitutivos mais ou menos sofisticados.

Uma solução expedita para o problema consiste em calcular


o assentamento em cada ponto da superfície como se o
estrato fosse confinado e utilizar um fator corretivo, menor
que 1, para ter em conta o não confinamento.
Aceleração da Consolidação
• A instalação de drenos
verticais acelera a
consolidação por:
- passar a haver um escoamento
radial para os drenos
- o percurso que a água tem que
percorrer é encurtado
- a velocidade do escoamento radial
é maior por os solos apresentarem,
em geral, maior permeabilidade na
direcção horizontal
Aceleração da Consolidação

Tipo de dreno

Instalação dos drenos

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