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ENGENHARIA CIVIL

Mecânica dos solos

Mecânica dos solos

AULA 7

Permeabilidade dos solos

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Mecânica dos Solos

PERMEABILIDADE DOS SOLOS

A permeabilidade é a propriedade que o solo apresenta de


permitir o escoamento da água através dele.

O movimento de água através de um solo é influenciado por uma


série de fatores, devido a sua natural heterogeneidade.

 Nos solos granulares, a água se movimenta livremente nos


vazios, ao contrário dos solos finos, argilosos, onde a presença
de cargas elétricas na superfície dos minerais e a presença de
moléculas de água adsorvidas nessa superfície dificultam essa
movimentação.
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PERMEABILIDADE DOS SOLOS


O conhecimento da permeabilidade de um solo (fluxo de água
no solo) é de fundamental importância em diversos problemas
de engenharia, tais como:

 Estimativa da vazão de água (perda de água do reservatório da


barragem), através da zona de fluxo.
 Instalação de poços de bombeamento e rebaixamento de lençol
freático.
 Dimensionamento de sistemas de drenagem
 Previsão de recalques deferidos no tempo.
 Estabilidade de taludes
 Análise da possibilidade da água de infiltração produzir erosão,
arraste de material sólido no interior do maciço, piping, etc.
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Estudos dos fenômenos de fluxo de água

O estudo dos fenômenos de fluxo de água em solos é realizado


apoiando-se em três conceitos básicos:

 CONSERVAÇÃO DA ENERGIA (Equação de Bernoulli)


 PERMEABILIDADE DOS SOLOS (Lei de Darcy)
 CONSERVAÇÃO DA MASSA

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Estudos dos fenômenos de fluxo de água

CONSERVAÇÃO DA ENERGIA (Bernouille)

• Energia livre é a capacidade de realizar trabalho.

• Fluxo ocorre somente quando existe uma diferença de


energia entre dois pontos, do ponto de maior energia para o
de menor energia.

• A energia que um fluxo em escoamento permanente possui


consiste em 3 parcelas: pressão piezométrica, pela
velocidade cinética e pela posição.

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Estudos dos fenômenos de fluxo de água

EQUAÇÃO DE BERNOULLI

u v2 u v2
h  z Fluxo de água no
h  z
w 2g meio poroso w 2g

Carga Carga Carga Velocidade do fluxo


Piezométrica cinética altimétrica
é pequena
h = carga total
Z = distância vertical a um plano de referência
u = pressão da água
v= velocidade da água
g = aceleração da gravidade
w= peso específico da água 6
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Estudos dos fenômenos de fluxo de água

Piezômetro
Carga em um ponto qualquer:

u
h z
w

Cargas piezométrica,
Referência altimétricas e total para
fluxo de água através
Níveis piezométricos do solo

A carga piezométrica em um ponto é a altura da coluna d’água vertical no


piezômetro instalado naquele ponto. 7
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Estudos dos fenômenos de fluxo de água

Perda de carga entre dois pontos:

 uA   uB 
h  h A  hB    z A     z B 
w  w  8
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Estudos dos fenômenos de fluxo de água

Esta perda de carga pode ser expressa de forma adimensional:


Gradiente hidráulico i (perda de carga
por unidade de distância de fluxo entre A
e B):
Flu

h xo

i
L
Referên
cia
L = distância entre os pontos A e B –
comprimento do fluxo no qual a perda de
carga ocorreu.
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Estudos dos fenômenos de fluxo de água

Reynolds (1883) comprovou que o regime de escoamento é:

• Laminar (sob certas condições)


• Turbulento: interferência entre as partículas

Reynolds variou o diâmetro “D” e o


comprimento “L” do conduto e a diferença de
nível “h” entre os reservatórios, medindo a
velocidade de escoamento “v”.

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Estudos dos fenômenos de fluxo de água

Na maioria dos solos , o fluxo


de água pelos vazios pode ser
considerado laminar.

• Escoamento laminar (sob certas condições): trajetórias retas e


paralelas.
• Escoamento turbulento: interferência entre as partículas
• Velocidade crítica: abaixo desta toda a tendência a turbulência é
absorvida pela viscosidade da água → nº Reynolds = 200. Havendo
assim, proporcionalidade entre o gradiente e a velocidade.
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Estudos dos fenômenos de fluxo de água

O valor de “vc” é relacionado teoricamente


com as demais grandezas intervenientes
através da equação:

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Estudos dos fenômenos de fluxo de água

𝑣∝𝑖

Reynolds concluiu que:

• Existe proporcionalidade entre velocidade de escoamento e


gradiente hidráulico.
• Denominado o coeficiente de proporcionalidade entre “v” e “i” de
coeficiente de permeabilidade ou condutividade hidráulica “k”,
tem-se:

LEI DE DARCY --- PQ?? 13


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Estudos dos fenômenos de fluxo de água


LEI DE DARCY (30 anos antes de Reynolds)
EXPERIMENTO - Darcy (1856): estudou as propriedades de fluxo de água
através de uma camada de filtro de areia.

• Níveis de água h1 e h2 : constantes


• Fluxo de água : sentido descendente através do solo
• Darcy medindo-se a vazão de água (q) que passa no solo, para vários
valores de comprimento de amostra (L) e a diferença de potencial (∆H),
obteve:
K = coeficiente de
permeabilidade dos solo
> ou < facilidade que as
partículas de água
encontram para fluir entre
os vazios do solo
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Estudos dos fenômenos de fluxo de água


LEI DE DARCY

EXPERIMENTO - Darcy (1856): estudou as propriedades de fluxo de água


através de uma camada de filtro de areia.

• Darcy determinou experimentalmente que a descarga (Q) que atravessa


um meio poroso é diretamente proporcional à diferença de carga
hidráulica (h2 – h1) e à área da seção (A) atravessada pelo fluxo, e é
inversamente proporcional à distância percorrida (L)

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Estudos dos fenômenos de fluxo de água

LEI DE DARCY

A lei de Darcy pode ser expressa ainda como:

V = Q/A ou
?
 A velocidade (v) da lei de Darcy representa a velocidade de descarga e não
a velocidade real de percolação (vp) da água através dos poros. A água
percola através da área transversal de vazios (porosidade - n).

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Estudos dos fenômenos de fluxo de água


LEI DE DARCY

 A velocidade (v) da lei de Darcy representa a velocidade de descarga e não


a velocidade real de percolação (vp) da água através dos poros. A água
percola através da área transversal de vazios (porosidade - n).

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Estudos dos fenômenos de fluxo de água


LEI DE DARCY

𝑣 𝐴𝑣 + 𝐴 𝑠
𝑣𝑝 =
𝐴𝑣

𝑣 𝐴𝑣 + 𝐴𝑠 . 𝐿 𝑣 𝑉𝑣 + 𝑉𝑠
𝑣𝑝 = 𝑣𝑝 =
𝐴𝑣 . 𝐿 𝑉𝑣
𝑉𝑣
1+ 1+𝑒 𝑣
𝑉𝑠
𝑣𝑝 = 𝑣. =𝑣 =
𝑉𝑣 𝑒 𝑛
𝑉𝑠
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COEFICIENTE DE PERMEABILIDADE

Fatores que influem no coeficiente de permeabilidade (cm/s ou m/s):

 Características do fluido que percola e tipo de solo


(granulometria, composição mineral e estrutura)

 Índice de vazios

 Grau de saturação (solos não-saturados < k)

 Temperatura (> T , < viscosidade, > k): k a 20°C

𝛾𝑤 T C
k C (
o
𝑘= ഥ
.𝐾 )kT C
 20 C
o o
𝑛 20 o

ഥ - permeabilidade intrínseca
𝑛 – viscosidade da água ; 𝐾 19
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COEFICIENTE DE PERMEABILIDADE

T C
(
o
k )kT
 20 C
o o
C
20 C
o

𝑛𝑡°𝑐
𝑉𝑎𝑟𝑖𝑎çã𝑜 𝑑𝑒 ൗ𝑛20°𝑐

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COEFICIENTE DE PERMEABILIDADE

Valores típicos:

Tem-se:
• Solos permeáveis (ou que apresentam drenagem livre)
permeabilidade superior a 10-7 cm/s.

• Os demais são solos impermeáveis ou com drenagem impedida.


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COEFICIENTE DE PERMEABILIDADE

Valores típicos:

• SOLOS PEDREGULHOSOS E AREIAS GROSSAS: FLUXO TURBULENTO E NÃO


VALIDADE DA LEI DE DARCY;

• O QUE DETERMINA A PERMEABILIDADE DOS SOLOS ÉA QUANTIDADE DE


FINOS, O QUE LEVA A:

k(AREIA GROSSA COM FINOS) < k(AREIA FINA UNIFORME)

• SOLOS RESIDUAIS E EVOLUÍDOS PEDOLOGICAMENTE: ESTRUTURA COM


MACROPOROS E PORTANTO COM GRANDE PERMEABILIDADE.

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COEFICIENTE DE PERMEABILIDADE

Determinação do coeficiente de permeabilidade:

 Ensaios de laboratório

 Ensaios de campo

 Fórmulas empíricas

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COEFICIENTE DE PERMEABILIDADE
CARGA CONSTANTE - NBR 13292

Permeâmetro do tipo 1 Permeâmetro do tipo 2


Esquema de montagem do ensaio Esquema de montagem do ensaio

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COEFICIENTE DE PERMEABILIDADE
CARGA CONSTANTE - NBR 13292

Neste ensaio a amostra é submetida a


uma carga hidráulica constante durante o
ensaio (permeâmetro de nível constante).

O coeficiente de permeabilidade é
determinado pela quantidade de água
que percola a amostra para um dado
intervalo de tempo.

A quantidade de água é medida por uma


proveta graduada, determinando-se a
vazão (Q).

Este permeâmetro é muito utilizado para


solos de granulação grossa (solos
arenosos). 25
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COEFICIENTE DE PERMEABILIDADE

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COEFICIENTE DE PERMEABILIDADE
CARGA VARIÁVEL - NBR 14545
Em se tratando de solos finos (solos argilosos e
siltosos), o ensaio com carga constante torna-
se inviável, devido à baixa permeabilidade
destes materiais há pouca percolação de água
pela amostra, dificultando a determinação do
coeficiente de permeabilidade.

Para tais solos é mais vantajoso a utilização de


permeâmetros com carga variável.

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COEFICIENTE DE PERMEABILIDADE

O sinal negativo é
devido ao fato de h
diminuir com o tempo

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COEFICIENTE DE PERMEABILIDADE

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COEFICIENTE DE PERMEABILIDADE – Procedimentos de ensaios

Preparação do Corpo de Prova para os ensaios

• Realiza-se o ensaio de compactação para a obtenção da curva de compactação do


solo ensaiado.

• Compacta-se o corpo de prova na umidade desejada (em geral a umidade ótima).

Procedimento do Ensaio

• Transfere-se o CP para o cilindro do ensaio de permeabilidade, colocando-se sobre


a pedra porosa do cilindro uma camada de areia grossa e a tela metálica. Instala-se
um anel plástico sobre a porção do material que ficará em contato com a argila
impermeável;

• Sobre a tela assenta-se o CP, preenche-se o espaço ao seu redor com a argila
plástica compactando-se as juntas para não deixar caminhos para a passagem da
água entre as paredes do permeâmetro e o CP;
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COEFICIENTE DE PERMEABILIDADE – Procedimentos de ensaios

Procedimento do Ensaio

• Coloca-se um anel plástico sobre a argila e preenche-se o restante do cilindro com


areia grossa;

• Concluída a montagem do permeâmetro, procede-se à saturação no sentido base-


topo para facilitar a saída do ar dos vazios do solo até que saia água no topo do
aparelho;

• Faz-se fluxo no sentido topo-base e efetuam-se algumas leituras de cargas e seus


tempos correspondentes, bem como anotações da temperatura da água (Carga
Variável);

• Mantém-se o nível d’água do reservatório constante (água saindo pelo extravasor)


e nota-se o intervalo de tempo para que 50 cm³ escoem através do solo para
dentro da proveta. Repete-se o processo para diferentes alturas do nível da água,
anotando-se sempre a temperatura (Carga Constante).
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COEFICIENTE DE PERMEABILIDADE – Procedimentos de ensaios

Cálculos

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COEFICIENTE DE PERMEABILIDADE

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COEFICIENTE DE PERMEABILIDADE – Correlações empíricas

Existem varias propostas de correlações empíricas para estimar a


permeabilidade.

Hazen (1930) realizou estudos estatísticos e propôs a relação entre diâmetro


efetivo (D10 ) e o coeficiente de permeabilidade:

𝑘 = 100. 𝐷10 ²
PARA AREIAS COM CU < 5
onde: D10 é em cm e k em cm/s

• Essa expressão é válida para areias fofas, limpas e filtrantes.

• Uma pequena quantidade de silte e argila, quando presente em um solo


arenoso, pode mudar a condutividade hidráulica de forma significativa. 34
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COEFICIENTE DE PERMEABILIDADE – Correlações empíricas

Taylor (1948) idealizou o fluxo de solos como se fosse um conjunto de tubos


capilares e usando a lei de Darcy chegou a expressão:

𝛾 𝑒 3
𝑘= 𝐷2 . .
𝑤
.c
𝜇 1+𝑒

Sendo:

w – peso específico da água


 - viscosidade do líquido
c – coeficiente de forma
D – diâmetro da esfera equivalente ao tamanho da partícula do solo
e – índice de vazios

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COEFICIENTE DE PERMEABILIDADE – Correlações empíricas

Influência do estado do solo

• Quanto mais poroso mais permeável o solo.

Nos solos em que não há muita influencia da estrutura (como areias) há uma
proporção entre os coeficientes de permeabilidade e os índices de vazios:

𝑒1³
𝑘1 1 + 𝑒1
=
𝑘2 𝑒2 ³
1 + 𝑒2
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COEFICIENTE DE PERMEABILIDADE – Correlações empíricas

Influência do estado do solo

Para solos argilosos a melhor correlação é entre o índice de vazios e o


logaritmo do coeficiente de permeabilidade.

Taylor (1948)
𝑒0 − 𝑒
log 𝑘 = log 𝑘0 −
𝐶𝑘 𝐶𝑘 = 0,5𝑒0

Para e < 2,5  ver gráfico 𝐶𝑘

k0 – condutividade hidráulica in situ para índice de vazios e0

k - condutividade hidráulica para índice de vazios e

Ck – índice de variação da condutividade hidráulica


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𝑒0
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COEFICIENTE DE PERMEABILIDADE
CONCLUSÃO:

• O coeficiente de permeabilidade é a grandeza que mede a facilidade com


que um fluído escoa através de um meio poroso.

• Seu valor depende da viscosidade do fluído, do índice de vazios, do grau de


saturação, do tamanho e da forma das partículas, etc.

• Sua determinação baseia-se na lei de Darcy para escoamento laminar,


segundo a qual a velocidade de percolação é diretamente proporcional ao
gradiente hidráulico, e pode ser feita em laboratório por permeâmetros
(carga constante ou carga variável).

• O conhecimento do coeficiente de permeabilidade é importante em


problemas de drenagem, percolação, rebaixamento de nível d’água,
recalques, etc.
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VARIAÇÃO DIRECIONAL DA PERMEABILIDADE

Os depósitos de solos naturais podem exibir estratificação ou serem


constituídos por camadas com diferentes coeficientes de permeabilidade na
direção vertical e horizontal.

A permeabilidade média do maciço dependerá da direção do fluxo em


relação à orientação das camadas.

Dois casos podem ser facilmente considerados:

 Fluxo na direção paralela à estratificação e

 Fluxo perpendicular à estratificação.

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CONDUTIVIDADE HIDRÁULICA EQUIVALENTE

Solos anisotrópicos (propriedades distintas em direções distintas)


apresentam diferentes condutividades hidráulicas conforme seja a
direção considerada.

kr = 𝒌𝒗. 𝒌𝒉

kh - condutividade hidráulica horizontal (α = 90°)


kv - condutividade hidráulica vertical (α = 0°)
kr - condutividade hidráulica resultante ou equivalente
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PERMEABILIDADE EM TERRENOS ESTRATIFICADOS

Camadas de solos com fluxo na direção horizontal


Considerando:
q1
Seção transversal com comprimento
q2 unitário passando pela camada n e
perpendicular a direção do fluxo.
q3
𝑞 = 𝑣. 1. 𝐻

q - fluxo total pela seção transversal por


qn unidade de tempo

v - velocidade média de percolação

H – espessura total da camada


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PERMEABILIDADE EM TERRENOS ESTRATIFICADOS

Camadas de solos com fluxo na direção horizontal

𝑞 = 𝑞1 + 𝑞2 + 𝑞3 + ⋯ + 𝑞𝑛
q1

q2 𝑞 = 𝑣. 1. 𝐻 𝑣 = 𝑘𝐻𝑒𝑞 . 𝑖𝑒𝑞
𝑞1 = 𝑣1 . 1. 𝐻1 𝑣1 = 𝑘𝐻1 . 𝑖1
q3
𝑞2 = 𝑣2 . 1. 𝐻2 𝑣2 = 𝑘𝐻2 . 𝑖2
𝑞3 = 𝑣3 . 1. 𝐻3 𝑣3 = 𝑘𝐻3 . 𝑖3
qn
𝑞𝑛 = 𝑣𝑛 . 1. 𝐻𝑛 𝑣𝑛 = 𝑘𝐻𝑛 . 𝑖𝑛

H – espessura total da camada


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PERMEABILIDADE EM TERRENOS ESTRATIFICADOS

Camadas de solos com fluxo na direção horizontal

Como:
q1
𝑖𝑒𝑞 = 𝑖1 = 𝑖2 = 𝑖3 = ⋯ = 𝑖𝑛
q2

Condutividade hidráulica equivalente


q3
1
𝑘𝑒𝑞 = 𝑘 𝐻 + 𝑘𝐻2 𝐻2 + 𝑘𝐻3 𝐻3 + ⋯ + 𝑘𝐻𝑛 𝐻𝑛
𝐻 𝐻1 1
qn

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PERMEABILIDADE EM TERRENOS ESTRATIFICADOS

Camadas de solos com fluxo na direção vertical


A velocidade de fluxo é a mesma por
todas as camadas. Assim:
h
𝑣 = 𝑣1 = 𝑣2 = 𝑣3 = ⋯ = 𝑣𝑛

Porém, a perda de carga total h:

ℎ = ℎ1 + ℎ2 + ℎ3 + ⋯ + ℎ𝑛
Usando a lei de Darcy:

Direção do Fluxo ℎ
H=Espessura total do solo 𝑘𝑣𝑒𝑞 = 𝑘𝑣1 . 𝑖1 = 𝑘𝑣2 . 𝑖2 = ⋯ = 𝑘𝑣𝑛 . 𝑖𝑛
H1=Espessura do solo 1 𝐻
44
h1=altura piezométrica
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PERMEABILIDADE EM TERRENOS ESTRATIFICADOS

Camadas de solos com fluxo na direção vertical


A perda de carga total  ℎ = 𝐻. 𝑖
h
ℎ = ℎ1 + ℎ2 + ℎ3 + ⋯ + ℎ𝑛

Logo:

ℎ = 𝐻1 𝑖1 + 𝐻2 𝑖2 + 𝐻3 𝑖3 + ⋯ + 𝐻𝑛 𝑖3

Direção do Fluxo
H=Espessura total do solo
H1=Espessura do solo 1
45
h1=altura piezométrica
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PERMEABILIDADE EM TERRENOS ESTRATIFICADOS

Camadas de solos com fluxo na direção vertical


Logo, resolvendo as equações:
h

𝑘𝑣𝑒𝑞 = 𝑘𝑣1 . 𝑖1 = 𝑘𝑣2 . 𝑖2 = ⋯ = 𝑘𝑣𝑛 . 𝑖𝑛
𝐻
E

ℎ = 𝐻1 𝑖1 + 𝐻2 𝑖2 + 𝐻3 𝑖3 + ⋯ + 𝐻𝑛 𝑖3
TEMOS:

Direção do Fluxo 𝐻
H=Espessura total do solo 𝑘𝑣𝑒𝑞 =
𝐻1 𝐻2 𝐻3 𝐻𝑛
H1=Espessura do solo 1 + + + ⋯+
𝑘𝑣1 𝑘𝑣2 𝑘𝑣3 𝑘𝑣𝑛46
h1=altura piezométrica
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AULA 8.1

Percolação

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PERCOLAÇÃO – FLUXO DE ÁGUA NO SOLO

Em muitos casos, a percolação de água no solo não se faz em


uma direção somente e nem é uniforme na área normal à
direção fluxo.

Em tais casos, a percolação de água no solo é determinada com


o auxílio de um esquema gráfico, denominado rede de fluxo.

• O conceito de rede de fluxo está baseado na equação da


continuidade de Laplace, a qual governa a condição de fluxo
estacionário num determinado ponto da massa de solo.

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EQUAÇÃO DA CONTINUIDADE DE LAPLACE

Seja considerada uma cortina de estacas


prancha cravadas numa camada de solo
permeável.

• As estacas prancha são metálicas, de


concreto ou de madeira, sendo, em geral,
impermeáveis.
• O fluxo de água permanente, de montante
para jusante, através da camada de solo
permeável é um fluxo bidirecional, pois o
fluxo na direção normal à figura é nulo.

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EQUAÇÃO DA CONTINUIDADE DE LAPLACE

vx e vz as componentes de velocidade de
percolação nas direções horizontal e vertical,
respectivamente.

Vazão da água de entrada no


bloco elementar igual 1

 Horizontal
 Vertical

Vazão da água de saída

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EQUAÇÃO DA CONTINUIDADE DE LAPLACE

• Água é incompressível
• Não ocorre alteração de volume na
massa de solo

Então:

Vazão total de saída = vazão total de


entrada

+ - + =0

𝜕𝑣𝑥 𝜕𝑣𝑧
+ =0
𝜕𝑥 𝜕𝑧 51
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EQUAÇÃO DA CONTINUIDADE DE LAPLACE

Com base na Lei de Darcy 𝜕ℎ


𝑣𝑥 = 𝑘𝑥 𝑖𝑥 = 𝑘𝑥
• As velocidades de percolação são: 𝜕𝑥
𝜕ℎ
𝑣𝑧 = 𝑘𝑧 𝑖𝑧 = 𝑘𝑥
𝜕𝑧

 h 2
 h 2
𝜕𝑣𝑥 𝜕𝑣𝑧
+ =0 kx 2  kz 2  0
𝜕𝑥 𝜕𝑧
x z
EQUAÇÃO DA CONTINUIDADE DE LAPLACE

SE O SOLO É ISOTRÓPICO EM RELAÇÃO A CONDUTIVIDADE HIDRÁULICA?


 2h  2h
𝑘𝑥 = 𝑘𝑧  2 0 Escoamento simples
x 2
z 52
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EQUAÇÃO DA CONTINUIDADE PARA SOLUÇÃO DE PROBLEMAS

CONSIDEREMOS O PROBLEMA UNIDIMENSIONAL

• Carga constante é mantida através


de duas camadas de solo
• O fluído escoa apenas no sentido
vertical z.

 2h
0
z 2

ou
h  A1 z  A2
onde A1 e A2 são constantes

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EQUAÇÃO DA CONTINUIDADE PARA SOLUÇÃO DE PROBLEMAS

CONSIDEREMOS O PROBLEMA UNIDIMENSIONAL

• Para calcular A1 e A2 referentes


ao escoamento através do solo 1
devemos conhecer as condições
de contorno:

Condição 1 : Para z  0  h  h1
Condição 2 : Para z  H1  h  h 2

h  A1 z  A2
Condição 1  A 2  h1
 h -h   h -h 
Condição 2  A1   1 2  h   1 2  z  h1 (para 0  z  H1 )
 H1   H1  54
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EQUAÇÃO DA CONTINUIDADE PARA SOLUÇÃO DE PROBLEMAS

CONSIDEREMOS O PROBLEMA UNIDIMENSIONAL

• Para calcular A1 e A2 referentes


ao escoamento através do solo 2
devemos conhecer as condições
de contorno:
Condição 1 : Para z  H1  h  h 2
Condição 2 : Para z  H1  H 2  h  0

h  A1 z  A2
Condição 1  A 2  h2  A1 H1
h   H 
h h   2  z  h2 1  1  (para H1  z  H1  H 2 )
Condição 2  A1   2  H2   H2 
H2
55
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EQUAÇÃO DA CONTINUIDADE PARA SOLUÇÃO DE PROBLEMAS

CONSIDEREMOS O PROBLEMA UNIDIMENSIONAL

• Em qualquer instante o fluxo


através do solo 1 é igual ao fluxo
através do solo 2.

 h1  h2   h2  0 

q  k1  
 A  k 2   A
 H1   H2 
A - área da seção transversal do solo
k1 - condutividade hidráulica solo 1
k 2 - condutividade hidráulica solo 2

h1k1
h2 
k k 
H1  1  2 
 H1 H 2  56
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EQUAÇÃO DA CONTINUIDADE PARA SOLUÇÃO DE PROBLEMAS

CONSIDEREMOS O PROBLEMA UNIDIMENSIONAL

h1k1  h1 - h 2 
h2 
k k  h    z  h1 (para 0  z  H1 )
H1  1  2   H1 
 H1 H 2 

 k 2z 
h  h1 1   (para 0  z  H1 )
 k1 H 2  k 2 H1 

h1k1
h2   h2   H1 
k k  h    z  h2 1   (para H1  z  H1  H 2 )
H1  1  2 
 H1 H 2   H2   H2 

  
H1  H 2  z  (para H1  z  H1  H 2 )
k1
h  h1 
 k1 H 2  k 2 H1   57
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EQUAÇÃO DA CONTINUIDADE PARA SOLUÇÃO DE PROBLEMAS


CONSIDEREMOS O PROBLEMA UNIDIMENSIONAL
• Considerando:
Para z = 200 mm  h = 500mm

Determine:
Para z = 600 mm  h = ?
= 600mm
z  200 mm localizado no solo 1
(para 0  z  H1 ) = 300mm

 k 2z 
h  h1 1  
 k1 H 2  k 2 H1  = 500mm
 k 2 200 
500  6001  
 k1 500  k 2 300 
k1
 1,8
k2 58
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Mecânica dos solos

EQUAÇÃO DA CONTINUIDADE PARA SOLUÇÃO DE PROBLEMAS


CONSIDEREMOS O PROBLEMA UNIDIMENSIONAL
• Considerando:
Para z = 200 mm  h = 500mm

Determine:
Para z = 600 mm  h = ?
= 600mm
z  600 mm localizado no solo 2
(para H1  z  H1  H 2 ) = 300mm
  
H1  H 2  z 
k1
h  h1 
 k1 H 2  k 2 H1   = 500mm
  
   
 
h  h1   
1
 H  H  z
  k 
1 2


 H 2    H1 
2  
  k1    mm 
Para z = 600 h  179,9mm 59
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AULA 8.2

REDE DE FLUXO

60
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REDE DE FLUXO

Num meio isotrópico, a equação da continuidade representa duas famílias


de curvas ortogonais entre si:

 Linhas de fluxo - linha ao longo da qual uma partícula de água


caminha de montante para jusante.

 Linhas equipotenciais - linha ao longo da qual, a carga hidráulica total


(h) é constante.

 Caso piezômetros sejam posicionados em diversos pontos ao


longo de uma linha equipotencial, o nível d’água subirá até o
mesmo nível em todos os pontos.

61
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Mecânica dos solos

REDE DE FLUXO

62
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Mecânica dos solos

REDE DE FLUXO
 Um conjunto de linhas de fluxo e linhas equipotenciais denomina-se rede
de fluxo.
 Uma rede de fluxo deve ser desenhada de modo que:
 As linhas equipotenciais interceptam as linhas de fluxo em ângulos
retos
 Os “elementos de fluxo” devem ser aproximadamente quadrados.

63
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REDE DE FLUXO
Como contabilizar as Nf e Ne Nf : número de canais de fluxo
Ne : número de quedas de potencial

64
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REDE DE FLUXO
Traçar uma rede de fluxo requer várias tentativas e as condições de contorno
devem ser consideradas. No caso da rede de fluxo (no ex. anterior), as
condições de contorno básicas são as seguintes:
1. As superfícies a montante e a jusante da
camada permeável (linhas ab e de) são
equipotenciais

2. Todas as linhas de fluxo devem cortar ab


e de em ângulos retos

3. Os contornos da estaca-prancha (linha


acd) e da camada impermeável (linha fg)
são linhas de fluxo

4. As equipotenciais devem cruzar acd e fg


em ângulos retos 65
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CÁLCULO DA PERCOLAÇÃO COM BASE EM UMA REDE DE FLUXO


 A faixa limitada por duas linhas de fluxo adjacentes denomina-se canal de
fluxo.
 Considere-se um canal de fluxo, com linhas equipotenciais formando
elementos “quadrados”.

Níveis piezométricos - Linhas equipotenciais

q  q1  q2  q3


Lei de Darcy Q  kia
h h  h h  h h 
q  k  1 2 l1  k  2 3 l2  k  3 4 l3  ...
 l1   l2   l3 

66
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CÁLCULO DA PERCOLAÇÃO COM BASE EM UMA REDE DE FLUXO


 Se os elementos de fluxo forem traçados com uma forma
aproximadamente quadrada a queda de nível piezométrico entre duas
linhas equipotenciais adjacentes quaisquer será a mesma.

Queda de potencial
H
h1  h2  h2  h3  h3  h4 
Ne
H
q  k
Ne
H – variação de carga entre os lados a montante e a jusante
Ne – número de quedas de potencial

67
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CÁLCULO DA PERCOLAÇÃO COM BASE EM UMA REDE DE FLUXO


 Se número de canais de fluxo em uma rede for igual a Nf, a vazão total
através de todos os canais por unidade de comprimento:

HN f
qk
Ne

H – variação de carga entre os lados a montante e a jusante


Ne – número de quedas de potencial

68
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CÁLCULO DA PERCOLAÇÃO COM BASE EM UMA REDE DE FLUXO


 CASO OS ELEMENTOS NÃO SEJAM QUADRADOS

b1
HN f
b2 qk n
b3 Ne

H – variação de carga entre os lados a montante e a jusante


Ne – número de quedas de potencial
n = b1/ l1 = b2/ l2 = b3/ l3

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Próxima aula

Continuação...
REDE DE FLUXO

70

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