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Universidade Politécnica

A Politécnica
Curso de Engenharia Civil
Semestre II, 2022
Hidráulica II
4º Semestre do 2º Ano

Escoamento com Superfície Livre

Paulino Jequecene
Condutos livres

Os condutos livres apresentam uma superfície livre onde impera a pressão atmosférica, ao
passo que nos condutos forçados o fluido enche totalmente a secção e o escoamento apresenta
pressão diferente da atmosférica.

Os rios e canais são o melhor exemplo de condutos livres. Além deles, os canais de irrigação, os
colectores de esgotos, os aquedutos, etc. funcionam também sob regime livre.

Os canais podem ser classifcados como naturais, que são cursos de água existentes na
natureza, como pequenas correntes, rios, estuários etc., ou artificiais, de secção aberta ou
fechada, construidos pelo homem, como canais de irrigação, navegação, aquedutos etc.

Hidráulica II

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Condutos livres

Exemplo de canais naturais

Canal de Suez Rio Zambeze, nas localidades de Sena e Mutarara Hidráulica II

(Ponte Dona Ana, vista de Sena) 3


Condutos livres
Exemplo de canais artificiais com diferentes secções

Parque de infraestruturas verdes urbana Sistema de drenagem de águas pluviais


cidade da Beira cidade da Beira Hidráulica II

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Condutos livres

Apesar das semelhanças entre os dois regimes os problemas apresentados pelos canais
são de mais difícil resolução porque a superfície livre (SL) pode variar no espaço e no
tempo e portanto variam também a profundidade de escoamento, o caudal, sendo a
inclinação do fundo e a inclinação da superfície grandezas interdependentes. São de
difícil obtenção os dados experimentais sobre condutos livres.

Em condutos forçados a secção circular é a mais usual, o mesmo não sucedendo com os
condutos livres. Os condutos livres, quando de pequena secção são circulares. Os
grandes aquedutos apresentam a forma ovóide. Os canais escavados em terra
apresentam secção trapezoidal, a maioria das vezes semi-hexagonal. Os canais abertos
na rocha são de forma rectangular com a largura igual a duas vezes a altura. As calhas de
madeira, aço ou cerâmica são geralmente circulares.
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Condutos livres
Tipos de escoamento

Em condutos livres o escoamento pode ser classificado em diversos tipos e de várias


maneiras. São os seguintes:

Permanente Q = constante
Uniforme
Velocidade média constante
Profundidade constante
Variado
Gradualmente ou Bruscamente
Secção e velocidade média variáveis com o espaço
Não permanente Q = variável Hidráulica II
Secção e velocidade media variáveis no espaço e no tempo 6
Condutos livres

Movimento Uniforme

Um movimento uniforme em canais é caracterizado por:


- A profundidade, a secção molhada, a velocidade média e o caudal são constantes ao
longo do canal
- A linha de carga, a superfície livre e o fundo do canal são paralelos.

Em canais naturais (rios) raramente ocorre o movimento uniforme, mas costuma admitir-
se em cálculos para fins práticos.

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Condutos livres

Movimento Uniforme (Cont.)

O movimento uniforme verifica-se após uma zona de transição que coincide com a zona
de entrada no canal. Igualmente na parte final, onde há mudança de declividade ou
secção, verifica-se uma zona de transição onde o movimento não é uniforme.

Os comprimentos das zonas de transição dependem do caudal e da declividade ou


secção.
Se não se verificar um comprimento suficiente não haverá movimento uniforme.
Denomina-se profundidade normal y na profundidade de escoamento no movimento
uniforme.

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Condutos livres
Regime Uniforme

Número de Froude

Os escoametos com superficie livre, como os escoamentos em pressão, continuam a ser


caracterizados pelo número de Reynolds, que traduz a acção das forças de viscosidade. Porém
função do parâmetro adimensional que traduz a influência da gravidade se chama número de
Froude. A expressão do número para escoamentos com superficie livre é:

𝑈
𝐹𝑟 =
𝑔ℎ

𝑔 acerelação de gravidade (𝑚 𝑠 2 )

ℎ ou 𝑦𝑚 profundidade média (𝑚)

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Condutos livres

Regime Uniforme (Cont.)

Número de Froude

Esta expressão também conhecida por factor cinético, representa a relação entre a
velocidade do escoamento, 𝑈, e a velocidade de propagação das pequenas perturbações,

𝑔ℎ.

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Condutos livres

Tipo de movimento

Influência do numero de Froude, 𝐹𝑟

A velocidade de propagação das pequenas perturbações, num canal rectangular de


largura indefinida, é:

𝑉𝑐 = 𝑔ℎ

Esta velocidade chama-se velocidade critica. Assim, num canal de largura indefinida,
se a velocidade média da corrente.

𝐹𝑟 > 1 regime rápido ou torrencial

𝐹𝑟 < 1 regime lento ou fluvial

𝐹𝑟 = 1 regime crítico Hidráulica II

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Condutos livres

Escoamento critico

O escoamento no regime critico não é estável porque a menor mudança de energia


especifica provoca alteração na profundidade da água no canal e, com ela, uma
mudança no regime de escoamento.

Sendo a profundidade critica dada pela expressão:

3 𝑞2
𝑦𝑐 =
𝑔

𝑞 vazão máxima correspondente à profundidade crítica e relativa a 1m de largura de


canal

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Condutos livres

Escoamento critico (Cont.)

Existência do regime critico

Num canal podemos verificar mudanças de regimes de subcritico para supercritico e vice
versa, quando há aumentos ou diminuições das declividades, mudança da secção e da
rugosidade do leito.

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Condutos livres
Existência do regime critico (Cont.)

A profundidade critica

Mudança de declividade, neste caso de regime subcritico para supercritico.

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Condutos livres

Existência do regime critico (Cont.)

Entrada em canal subcritico para supercritico

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Condutos livres

Existência do regime critico (Cont.)

As secções onde se verificam mudanças de regime denominam-se secções de controlo,


porque definem a profundidade do escoamento a montante.

Ás vezes a mudança de supercritico para subcritico não se dá de forma gradual.


Háocasiões em que a mudança ocorre bruscamente e com grande turbulência formando o
ressalto hidráulico.

.
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Condutos livres

Existência do regime critico (Cont.)

Na figura acima, onde a declividade diminui bruscamente, há uma elevação brusca da


lâmina liquida sendo difícil a posição da profundidade critica.

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Condutos livres

Distribuição das velocidades nos canais

A resistência oferecida pelas paredes e pelo fundo reduz a velocidade. Na superficie


livre a resistência oferecida pela atmosfera e pelos ventos também influencia a
velocidade.

Elementos geométricos de um canal

Os condutos livres apresentam as mais variadas formas, (como por exemplo os rios) e
podem funcionar com várias profundidades. Há necessidade de se introduzirem
novosparâmetros para melhor se fazer o seu estudo.
- Secção transversal: é a seção plana do conduto, normal á direção do escoamento;
- Secção molhada: é a parte da seção transversal do canal em contato direto com o
líquido;
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Condutos livres

Elementos geométricos de um canal (Cont.)

- Perímetro molhado: corresponde a soma dos comprimentos (fundo e talude)


em contato com o líquido;

- Raio hidráulico: é a razão entre a seção molhada e o perímetro molhado;

- Borda livre: corresponde a distância vertical entre o nível máximo de água no canal e o
seu topo.

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Condutos livres
Elementos geométricos de um canal (Cont.)

Figura: Perímetro molhado e secção molhada

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Condutos livres

Elementos geométricos de um canal (Cont.)

B – largura da superfície livre de água;


b – largura do fundo do canal;
h – altura de água;
Talude do canal – 1:m (vert:horiz)

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Condutos livres

Geometria da secção transversal

Os parâmetros geométricos da secção transversal têm grande importância e são


largamente usados nos cálculos dos canais.

Quando as secções têm forma geométrica definida (caso dos canais artificiais) podem ser
matematicamente expressos pelas suas dimensões e profundidade da água. Para as
secções irregulares, como a dos canais naturais, não é fácil o cálculo e usam-se curvas
para representaras relações entre as dimensões dos canais e respectivas profundidades.

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Condutos livres

Geometria da secção transversal (Cont.)

A profundidade y ou h do escoamento é a distancia entre o ponto mais baixo da secção


do canal e a superfície livre.
A maioria dos condutos livres apresentam secção trapezoidal, triangular, retangular ou
circular.

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Condutos livres

Geometria da secção transversal (Cont.)

Secção trapezoidal

- Secção (área): A = h (b + m ∙ h)

- Perímetro: P = b + 2 ∙ h 1 + m2

A
- Raio hidráulico: R =
P

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Condutos livres

Geometria da secção transversal (Cont.)

Secção rectangular

- Secção (área): A = b ∙ h

- Perímetro: P = b + 2 ∙ h

A
- Raio hidráulico: R =
P

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Condutos livres

Geometria da secção transversal (Cont.)

Secção circular (50%)


𝜋∙𝐷2
- Secção (área): A =
8

𝜋∙𝐷
- Perímetro: P =
2

𝐴 𝐷
- Raio hidráulico: R = =
𝑃 4

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Condutos livres
Profundidade média

A forma das secções dos canais apresenta grande variedade, motivo porque tem que se
definir uma profundidade média.

Em que:
𝐴
𝑦𝑚 =
𝐵

𝑦𝑚 profundidade media (m);


𝐴 área da secção transversal (𝑚2 )
𝐵 largura da boca (m). Hidráulica II

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Condutos livres

Exercícios

1. Calcular a secção, o perímetro molhado e o raio hidráulico para o canal


esquematizado a seguir (talude = 1 : 0,58)

2. Calcular a secção, o perímetro molhado e o raio hidráulico para o canal de terra com
as seguintes características: Largura do fundo = 0,3 m; inclinação do talude - 1:2; e
profundidade de escoamento = 0,4 m.
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Condutos livres

Fórmula para dimensionamento de Canais (Fórmula de Manning)

A fórmula de Manning é de uso muito difundido, pois alia simplicidade de aplicação com
excelentes resultados práticos.

Sendo:
𝑈 velocidade (m/s)
𝐴
𝑅ℎ raio hidráulico 𝑅ℎ = (m)
𝑃

𝐴 área da secção (m2)


𝑃𝑚 perimetro molhado da secção (m)
𝑖 inclinação ou declividade do canal (m/m)
𝑛 coeficiente de rugosidade, dependente natureza do material do leito (𝑠/𝑚3 ) Hidráulica II

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Condutos livres

Fórmula para dimensionamento de Canais (Fórmula de Manning) – (Cont.)

A fórmula de Manning tem as seguintes expressões para condutos circulares funcionando


com a secção cheia:

Sendo a fórmula de Glaucker-Strickler é análoga à de Manning

diferindo apenas nos valores de k

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Condutos livres

Fórmula para dimensionamento de Canais (Fórmula de Manning) – (Cont.)

Coeficiente de rugosidade de Manning (n) para canais artificiais

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Condutos livres

Fórmula para dimensionamento de Canais (Fórmula de Manning) – (Cont.)

Coeficiente de rugosidade de Manning (n) para canais naturais

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Condutos livres
Velocidades de projecto

A velocidade média de escoamento num canal deve situar-se dentro de uns certos
limites.
A velocidade máxima é estabelecida tendo em conta a natureza do material que
constitui o canal.
Define-se como a velocidade acima da qual ocorre erosão do material.
A velocidade máxima é estabelecida tendo em conta o material transportado pela água
(sedimentos) que podem depositar assoreando o canal

O controle da velocidade é obtido através do aumento ou diminuição da declividade.


Quando as condições topográficas são adversas, no caso de grandes pendentes, adoptam-
se maneiras de reduzir a declividade, com degraus espaçados de acordo com o terreno .Hidráulica II

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Condutos livres

Velocidades de projecto (Cont.)

A velocidade média de escoamento num canal deve situar-se dentro de uns certos
limites.
A velocidade máxima é estabelecida tendo em conta a natureza do material que
constitui o canal.
Define-se como a velocidade acima da qual ocorre erosão do material.
A velocidade máxima é estabelecida tendo em conta o material transportado pela água
(sedimentos) que podem depositar assoreando o canal

O controle da velocidade é obtido através do aumento ou diminuição da declividade.


Quando as condições topográficas são adversas, no caso de grandes pendentes, adoptam-
se maneiras de reduzir a declividade, com degraus espaçados de acordo com o terreno.

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Condutos livres

Velocidades de projecto (Cont.)

Nos canais de esgoto devem evitar-se as pequenas velocidades que causam a


deposição da descarga solida. Ás vezes as grandes dimensões da secção originam
pequenas velocidade em virtude da grande largura do fundo. Neste caso costuma
recorrer-se ao uso de pequenas caleiras incorporadas no fundo dos canais.

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Condutos livres

Velocidades de projecto (Cont.)

Existem tabelas que apresentam os limites aconselháveis para a velocidade média dos
canais.

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Condutos livres

Velocidades de projecto (Cont.)

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Condutos livres

Velocidades de projecto (Cont.)

A inclinação dos taludes é, também, uma limitação a ter em conta, especialmente em canais
trapezoidais. A seguinte tabela dá-nos indicações sobre a inclinação dos taludes.

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Declividades recomendadas para canais

Quanto maior a declividade do canal maior será a velocidade de escoamento, o que pode
provocar erosão dos canais. As declividades recomendadas seguem na tabela abaixo.

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Borda livre para canais

A borda de um canal corresponde à distância vertical entre o nível máximo de água no


canal e o seu topo. Esta distância deve ser suficiente para acomodar as ondas e as
oscilações verificadas na superfície da água, evitando o seu transbordamento.

Por medida de segurança recomenda-se uma folga de 20 – 30% ou 30 cm para pequenos


canais e 60 a 120 cm para grandes canais.

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Condutos livres
Problemas sobre movimento uniforme

Na prática, duas formas geométricas são mais utilizadas para o canal: trapezoidal e
retangular, sendo esta última caso particular da primeira. Uma seção trapezoidal típica e
os elementos geométricos necessários para o cálculo de canais em regime uniforme
estão mostrados na figura abaixo.

Figura: Elementos geométricos da secção trapezoidal

Basicamente, são dois os tipos de problemas relativos ao escoamento em regime Hidráulica II


uniforme: 41
Condutos livres

Problemas sobre movimento uniforme (Cont)

a) problema em que a seção transversal do canal é conhecida

Neste caso de problema, podem ocorrer duas situações:


1) Dados profundidade (y), largura (B) e rugosidade ( n) e pede- se a vazão máxima (Q)
que pode ser transportada no canal;
2) Dados profundidade (y), largura (B) e vaz ão ( Q)e pede -se a declividade a ser dada ao
canal.
Em ambas as situações, o problema pode ser resolvido com meras aplicações da fórmula
de Manning.

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Condutos livres

Problemas sobre movimento uniforme (Cont.)

b) problema em que se procura determinar a seção transversal do canal


É o problema do dimensionamento geométrico do canal, no qual conhecem- se a vazão ( Q),
a rugosidade (n) e a declividade ( i ) e pede - se a largura (B) e profundidade ( y).

Este tipo de problema pode ser resolvido de duas formas:


1) Impor a condição de mínimo custo;
2) Fixar a largura do canal e determinar a sua profundidade.

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Condutos livres

Problemas sobre movimento uniforme (Cont.)

É a solução mais comum em casos práticos. Neste caso, mesmo fixando a largura, é muito
difícil determinar diretamente o valor ya partir da equação de Manning. Sendo assim,
resolve -se o problema por processo iterativo con forme segue:

- Rescreve-se a equação de Manning da seguinte forma:

𝑄∙𝑖 2/3
O termo é conhecido já que 𝑄, 𝑛 e 𝑖 são dados. Para determinar o termo 𝐴 ∙ 𝑅𝐻
𝑖

organiza-se uma tabela como a do tipo mostrado a seguir.

2/3 𝑄∙𝑖
Representa-se o graficamente os pares de pontos (y, 𝐴 ∙ 𝑅𝐻 ); entra-se com o valor de Hidráulica II
𝑖
em ordenada e tira-se o valor de y procurado em abcissa. 44
Condutos livres

Exercicio

1. Determinar o caudal que escoa no canal da figura, utilizando as fórmulas de Manning,


sabendo-se que o mesmo é revestido de alvenaria de pedra bruta (n = 0,018) e a
declividade do fundo é 0,1 %.

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Condutos livres

Exercicio

2. Qual é a profundidade de escoamento num canal trapezoidal (Z = 1) que aduz um


caudal de 2,4 m3/s ? Qual é a velocidade média?
Dados: 𝑛 = 0,018; 𝑖 = 0,0004 m/m

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Condutos livres
Exercicio
3. Determinar a velocidade de escoamento e o caudal de um canal trapezoidal com as
seguintes características: inclinação do talude – 1:1,5; declividade do canal 0,00067
m/m, largura do fundo = 3,5 m e profundidade de escoamento = 1,2 m. Considera um
canal com paredes de terra, recto e uniforme.

4. Determinar a declividade “i” que deve ser dada a um canal retangular para atender as
seguintes condições de projeto: Q = 2 m3/s; h = 0,8 m; b = 2 m e paredes revestidas com
betão em bom estado (n = 0,014)

5. Calcular a altura de água 𝑦 em um canal, cuja secção transversal tem a forma da


Figura abaixo. O caudal é 0,2 𝑚3 /𝑠. A declividade longitudinal é 0,004. O coeficiente de
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rugosidade n, da fórmula de Manning é 0,013.
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Condutos livres

Exercicio

6. Calcular a altura de água 𝑦 em um canal, cuja secção transversal tem a forma da


Figura abaixo. O caudal é 0,2 𝑚3 /𝑠. A declividade longitudinal é 0,004. O coeficiente de
rugosidade n, da fórmula de Manning é 0,013.

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Canal de grande largura

Um canal é considerado de grande largura quando a sua largura é muito maior em relação
à sua profundidade.
Dado um canal de grande largura conforme a figura abaixo:

Figura: Canal de grande largura

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Condutos livres

Canal de grande largura (Cont.)

Seja q igual a vazão específica ou vazão por unidade de largura do canal dada por:

Substituindo na fórmula de Maning:

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Condutos livres

Exercicio

7. Num canal de seção transversal retangular, de largura igual a 100 m, declividadei =


10.000 e g, coeficiente da fórmula de Bazin, igual a 0,30, a profundidade é 2,00 m.
Sabendo-se que o regime de escoamento é o uniforme, calcular a vazão que por ele
escoa.

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Secção de rugosidade variável

Na prática, encontra-se com freqüência seções que apresentam rugosidades diferentes ao


longo do perímetro molhado.

Figura: Canal com secção de rugosidade variável

Mesmo com as rugosidades variáveis, a velocidade ainda pode ser calculada considerando
a seção como um todo, sem efetuar a sua subdivisão. Neste caso, deve-se utilizar, na
fórmula de Manning, um único valor de rugosidade, denominado rugosidade equivalente
da seção, dada pela seguinte equação:

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Exercicio

8. Determine a capacidade de vazão de um canal para drenagem urbana, com 2,0 m de


base e 1,0 m de altura d’água, declividade de fundo igual a i = 0,001 m/m e taludes
1,5H:1V. A rugosidade do fundo corresponde a n = 0,030 e dos taludes n = 0,014

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Secções compostas ou leitos múltiplos

No caso de canal de seção composta, como o mostrado na Figura, a seção deve ser subdividida
por uma linha imaginária em leitos principal e secundário.

Figura: Canal com secção composta


Figura: Canal com secção composta

Se apresentarem rugosidades diferentes, a rugosidade equivalente deve ser calculada


separadamente para os dois leitos:

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Secções compostas ou leitos múltiplos (Cont.)

Para o cálculo da vazão, a fórmula de Manning deve ser aplicada para cada subseção. A
vazão total será a soma das vazões parciais obtidas em cada seção

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Exercício

9. Determinar a capacidade de vazão do canal cuja seção é mostrada na figura abaixo,


sabendo que a declividade do fundo vale i = 0,0005 m/m e que o coeficiente de
rugosidade n do perímetro ABCD vale 0,030 e do perímetro DEF vale 0,040.

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Movimento gradualmente variado

Um movimento é gradualmente variado quando as profundidades variam, gradual e


lentamente, ao longo do canal.

As grandezas referentes ao escoamento, em cada secção, não se modificam com o


tempo, a distribuição das pressões obedece às leis da hidrostática.

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Movimento gradualmente variado (Cont.)

O movimento gradualmente variado pode aparecer de forma acelerada nos trechos


iniciais dos condutos de secções constantes onde o movimento uniforme tem lugar em
regime supercritico.

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Movimento gradualmente variado (Cont.)

O movimento gradualmente retardado aparece a montante de obstáculos que se opõem


ao escoamento. Neste caso forma-se um regolfo.

No movimento gradualmente variado o gradiente hidráulico é variável sendo necessária


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asua determinação ao longo do escoamento.
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Movimento bruscamente variado

Este movimento ocorre em pequenos troços e dai, por ser pequeno, é desprezado o
atrito da água com as paredes de contorno.

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Movimento bruscamente variado (Cont.)

Ressalto hidráulico

Quando o escoamento passa, bruscamente, do regime supercritico para o regime subcritico


há uma acentuada elevação da superfície liquida e tem lugar o ressalto hidráulico.
De acordo com o numero de Froude existem cinco formas de ressalto hidráulico referentes
ao regime supercritico existente na corrente de chegada.

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Movimento bruscamente variado (Cont.)

Dissipação da energia

Em escoamentos em regime supercritico é necessário prevenir meios para dissipar energia


existente em tais escoamentos. A água, acima de determinadas velocidades, provoca um
desgaste rápido das estruturas através da abrasão, erosão e impacto.
Estas forças destruidoras aparecem nos descarregadores de barragens, no final de adutoras,
etc.. Nenhum escoamento, mesmo aqueles em regime subcritico pode ser "abandonado" sob
pena de provocar erosões.
Existem várias estruturas que dissipam a energia.
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Dissipação da energia

Blocos de impacto
São muito usados no final de tubagens e consistem na colocação de vigas de betão, em
frente da tubagem, fazendo com que o escoamento choque com o bloco passando a água
por baixo, já amortecida e sem pressão

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Dissipação da energia (Cont.)

Salto de sky, concha de lançamento ou flip-bucket

São usados nos descarregadores de barragens, no final dos canais rápidos.

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Condutos livres

Dissipação da energia (Cont.)

Bacias de dissipação

Quando os caudais são elevados e não existe boa fundação (inexistência de rocha) são
adoptadas as bacias para dissipar a energia.

Estas bacias são muito usadas nos descarregadores de barragens. Como o comprimento,
regra geral, é muito grande, costuma dotar-se as bacias dissipadoras de elementos
construtivos que, actuando no ressalto, diminuem o comprimento, a velocidade e a cota
da plataforma, além de uniformizarem a distribuição das velocidades.

Os elementos construtivos são os seguintes : blocos de queda, blocos amortecedores e


soleiras terminais. Os blocos de queda são construídos no inicio da bacia dissipadora a fim
de aumentarem a profundidade do escoamento e dividi-lo em múltiplos jactos.
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Condutos livres

Dissipação da energia (Cont.)

Bacias de dissipação
Os blocos amortecedores estabilizam o ressalto, aumentam o turbilhão melhorando as
condições hidráulicas.

As soleiras terminais são degraus dentados ou contínuos com paramentos de montante


inclinados, permitindo a remoção de material sólido.

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Obrigado!

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