Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
HIDROLOGIA
Capítulo 3 – Caracterização de uma
bacia hidrográfica
1
Definição de bacia hidrográfica
Bacia hidrográfica de um rio em determinada secção
transversal desse rio (secção de referência) – lugar
geométrico dos pontos a partir dos quais o percurso
superficial de uma gota de água passa na referida secção
transversal.
Limite desse lugar geométrico = limite da bacia hidrográfica,
linha de separação de águas ou divisor de águas.
Bacia hidrográfica de um lago não drenado por nenhum
curso de água – lugar geométrico dos pontos a partir dos
quais o percurso superficial de uma gota de água se dirige à
linha de margem do lago, inclui a superfície do lago.
2
Limites da bacia
3
Bacia hidrográfica exorreica e
endorreica
B
Ponto alto, cume
Linha de nível
Curso de água
Secção de referência
B Lago
A
4
Balanço hídrico numa bacia hidrográfica
Bacia exorreica
única entrada de água – precipitação;
únicas saídas de água – evaporação e evapotranspiração
+ escoamento através da secção de referência da bacia
hidrográfica.
Bacia endorreica
única entrada de água – precipitação;
única saída de água – evaporação e evapotranspiração.
Escoamento subterrâneo a entrar ou a sair da bacia
5
é desprezável.
Bacia exorreica e endorreica
A grande maioria das bacias hidrográficas são
exorreicas.
Normalmente os lagos drenam para um rio.
Exemplo: Lago Niassa drena através do rio Chire,
afluente do rio Zambeze.
Na África Austral, a mais conhecida bacia
endorreica é a do rio Okavango que termina num
grande delta interior.
6
Delimitação duma bacia hidrográfica
7
Gestão dos recursos hídricos
Bacia hidrográfica – unidade mais conveniente para
a gestão dos recursos hídricos, é onde se verificam
as relações mais estreitas entre:
recursos hídricos numa secção de um curso de água e
recursos hídricos noutra secção a jusante da primeira;
recursos de água superficiais e de águas subterrâneas;
consumos de água e rejeição de efluentes a montante e
disponibilidades de água a jusante, em termos de
quantidade e qualidade;
8
Gestão dos recursos hídricos
modificações na ocupação do solo ou obras hidráulicas
no rio e nas margens e consequentes modificações
morfológicas ou das características do escoamento a
montante e a jusante.
Difícil de materializar se os limites da bacia
hidrográfica não coincidem com os limites
administrativos do país ou quando bacias são
partilhadas por dois ou mais países.
Institucionalização da gestão de recursos hídricos
com base em regiões constituídas por uma bacia ou
um conjunto de bacias hidrográficas contíguas;
cinco ARAs em Moçambique (Lei de Águas, 1991).
9
Principais bacias
hidrográficas
Áreas (km²)
Bacias em Moçam. Total
1 Maputo 1.570 29.800
2 Umbelúzi 2.400 5.600
3 Incomáti 14.400 46.200
4 Limpopo 79.600 412.000
5 Save 4.600 88.400
6 Búzi 25.800 28.800
7 Pungoé 28.000 29.500
8 Zambeze 140.000 1.200.000
9 Licungo 27.700 27.700
10 Ligonha 16.300 16.300
11 Lúrio 60.800 60.800
12 Messalo 24.000 24.000
10
13 Rovuma 101.200 155.400
Linha de separação freática
12
Características geométricas
Área
Perímetro
Índice de Gravelius
Factor de forma
Rectângulo equivalente
Índice de alongamento
13
Área, perímetro, índice de Gravelius
• Área de drenagem – área da projecção sobre um
plano horizontal da superfície da bacia de
drenagem.
• Perímetro – perímetro da projecção sobre um
plano horizontal da superfície da bacia de
drenagem.
• Índice de compacidade ou de Gravelius
P 0,282 P
Kc= =
A A
2
14
Índice de Gravelius
17
Índice de alongamento
Índice de alongamento: valores de KL próximos de 1
dão uma indicação preliminar de maior propensão
para cheias, valores superiores a 2 indicam uma
menor tendência para cheias.
KL= Le/le
Verifica-se com boa aproximação para o índice de
Gravelius
Le
Kc 1 0,1
le
18
Características do sistema de
drenagem
Constância do escoamento
Ordem dos cursos de água
Densidade de drenagem
Percurso sobre o terreno
19
Constância do escoamento
Classificação dos rios quanto à constância do
escoamento:
perenes – em condições naturais, têm sempre água;
intermitentes – em condições naturais, têm água durante
a época húmida e secam na estiagem;
efémeros – apenas têm água durante e imediatamente a
seguir aos períodos de precipitação.
Condições naturais:
consumos podem reduzir muito os caudais de estiagem;
barragens originam caudais de estiagem superiores aos
naturais. 20
Ordem dos cursos de água
Ordem dos cursos de água – classificação para
caracterizar o grau de ramificação da rede
hidrográfica da bacia, determinada a partir dum
mapa.
Critério de Horton
confluência de duas linhas de água de ordem 1 origina a
jusante uma linha de água de ordem 2;
genericamente, confluência de duas linhas de água de
ordem n gera a jusante uma linha de água de ordem n+1;
processo inicia-se com as linhas de água mais pequenas,
que não recebem afluentes, e progride de montante para
jusante, até à secção de referência da bacia. 21
Ordem dos cursos de água
Critério de Horton (cont.)
Após definição do rio principal, a mesma ordem é
atribuída a toda a extensão do rio até à nascente.
Para determinar, em cada secção de confluência, qual o
curso do rio principal para montante:
Escolhe-se a linha de água, a montante da confluência, que faz o
menor ângulo com o rio principal.
Se ambas as linhas de água a montante da confluência fazem
aproximadamente o mesmo ângulo com o rio principal, escolhe-
se a de maior comprimento.
Se ambas as linhas de água têm o mesmo comprimento, escolhe-
se a linha de água com maior área de drenagem.
22
Actualmente, usam-se os critérios por ordem inversa.
Ordem dos cursos de água
Critério de Strahler – simplificação do critério de
Horton, eliminando a definição do rio principal até à
nascente
23
Indicadores de Horton
Razão de bifurcação, Rbn − razão entre o número de
linhas de água de ordem n, Nn, e o número de
linhas de água de ordem n + 1, Nn + 1 .
Razão de bifurcação média, Rb – média geométrica
dos valores de Rbn. Se k é a ordem do curso de
água mais a jusante, R k 1 N
b 1
Razão dos comprimentos, RL − razão entre o
comprimento médio das linhas de água de ordem i e
o comprimento médio das linhas de água de ordem
i−1.
24
Indicadores de Horton
Razão das áreas, RA − razão entre a área média
das sub-bacias das linhas de água de ordem i e a
área média das sub-bacias das linhas de água de
ordem i−1.
Razão dos declives, RS − razão entre o declive
médio das linhas de água de ordem i e o declive
médio das linhas de água de ordem i+1.
25
Relações de Horton
Mantêm-se relativamente constantes na bacia.
Relação do número de linhas de água − relaciona o
número de linhas de água de ordem i, Ni, com a
razão de bifurcação média e com a ordem do rio, k:
Ni = Rbk-i .
Relação dos comprimentos − relaciona o
comprimento médio das linhas de água de ordem i,
Li, com a razão dos comprimentos, RL, e com o
comprimento médio das linhas de água de ordem 1,
L1: Li = L1 RLi-1 .
26
Relações de Horton
Relação das áreas − relaciona a área média das
sub-bacias das linhas de água de ordem i, Ai, com a
razão das áreas, RA, e a área média das sub-bacias
das linhas de água de ordem 1, A1: Ai = A1 RAi-1 .
Relação dos declives dos rios − relação do declive
médio das linhas de água de ordem i, Si, com a
razão dos declives, RS, e com o declive médio das
linhas de água de ordem 1, S1: Si = S1 RS1-i .
27
Densidade de drenagem e percurso
médio sobre o terreno
• Densidade de drenagem l i
= i
A
• Percurso médio sobre o terreno
1
Lp
2
• λ alto, Lp baixo – propensão para cheias
28
Características do relevo
Curva hipsométrica
Altitude média, altura média
Perfil e declives do leito
Declive médio da bacia
Índices de declive
Curva hidrodinâmica
Coeficientes de massividade e orográfico
29
Características do relevo
Curva hipsométrica – curva A (z), A – área da bacia
acima da altitude z, em km2 ou % da área total da
bacia, obtida a partir da carta hipsométrica.
30
Carta hipsométrica
31
Altitude e altura médias
A total
• Altitude média Z=
0
z da
A total
A total
• Altura média H=
0
h da
A total
H Z z100
32
Perfil do rio e declives do leito
Perfil do rio – representação gráfica da função z (L),
z – cota duma dada secção do rio, L – respectiva
distância à secção de referência (foz do rio ou
secção de confluência).
Declives do leito
Declive médio
Declive 10;85
Declive equivalente
33
Declives do leito
34
Declive médio da bacia
• Método de Alvord – carta com curvas de nível
espaçadas de D.
D L n L n
in = =D
d n Ln An
An i n Ln D L
I= =D =
An An A
35
Índices de declive
• Obtidos a partir do rectângulo equivalente.
37
Curva hidrodinâmica
38
Coeficientes de massividade e
orográfico
Coeficiente de massividade – quociente entre a
altura média da bacia, em metros, e a sua área, em
km2 .
Coeficiente orográfico – produto da altura média
pelo coeficiente de massividade.
Coeficiente orográfico > 6 – relevo acentuado.
39
Outras características relevantes
Geologia
Solos
Cobertura vegetal
Uso do solo
40
Geologia
Existência de formações permeáveis; aquíferos –
como são alimentados, interacção com rios e lagos.
41
Solos
Influenciam a infiltração e a recarga de aquíferos.
Geologia e solos estão estreitamente relacionados com
erosão superficial.
42
Cobertura vegetal
Aumenta a intercepção, reduz e retarda o
escoamento superficial; reduz a erosão devido à
chuva.
43
Uso do solo
Florestas e matas garantem maior infiltração, menor
velocidade de escoamento superficial e menor
erosão que terrenos cultivados.
O tipo de vegetação influencia a evapotranspiração.
A substituição do coberto vegetal original por
floresta plantada (pinheiro, eucalipto) aumenta a
evapotranspiração, reduz o escoamento
subterrâneo e o escoamento superficial.
44
Uso do solo
Urbanização tem um enorme impacto na hidrologia
da área:
Substitui áreas permeáveis por áreas impermeáveis.
Reduz a infiltração e a retenção superficial.
Aumenta o volume do escoamento superficial.
Reduz a resistência ao escoamento, faz com que a ponta
de cheia ocorre mais rapidamente.
Piora a qualidade da água que escorre superficialmente.
45
Impacto da urbanização
46
Efeito da urbanização na
hidrologia
47
Efeito da urbanização
48