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Guilherme Rodrigo Brizolari Matrícula:

2021.1.225.007

Resenha sobre os textos “ANÁLISE EMPÍRICA DA FRAGILIDADE DOS


AMBIENTES NATURAIS ANTROPIZADOS” e “ANÁLISE COMPARATIVA DA
FRAGILIDADE AMBIENTAL COMAPLICAÇÃO DE TRÊS MODELOS” de Jurandyr
Ross

Ross inicia seu trabalho traçando um paralelo entre a evolução de nossa


civilização e as severas modificações na natureza que isso acarretou, utilizando
como argumentos o aumento do número de pessoas que habitam o planeta, a
sofisticação do padrão sociocultural e a crescente tecnificação, que provocam um
aumento nos recursos naturais consumidos, alterando e degenerando de forma
irreversível diversos cenários terrestres. Logo no início também é abordado a
diferença entre os países que criaram as tecnologias, evoluindo de forma natural e
progressiva as coisas, dos países importadores de tecnologias, visto que nesse
caso, há um avanço repentino dos modos de produção, ocasionando um certo
avanço econômico, mas que não caminha junto com avanços sociais e culturais,
acarretando disparidades socioeconômicas gigantes, e diversos outros problemas,
tanto sociais quanto ambientais.
No Brasil, país voltado para a exportação de produtos agrícolas, sua natureza
foi amplamente castigada pelas plantações, que destruiu florestas e faunas, utilizou
de forma abusiva defensivos agrícolas, empobreceu solos, além da facilitação de
sua erosão e entre outros. O planejamento físico territorial serviria para atenuar
esses diversos problemas, diminuindo o desperdício dos recursos naturais e
aumentando a qualidade ambiental, visto que de forma ordenada, integrando a
importância ambiental com a social e a econômica, respeitando os limites da
natureza, seria a forma correta de intervirmos no meio.
A elaboração de um zoneamento ambiental, conforme as conceituações do
autor, muito se assemelha a uma abordagem geossistêmica, já que aponta à
necessidade de abordar o meio de forma integrada, totalizadora, holística,
considerando os diversos processos que ali atuam, indo na contramão de uma
análise estática da paisagem, contemplando todos os componentes, e as suas
interrelações, sejam naturais ou sociais. A informação é importantíssima para um
zoneamento ambiental, é necessário conhecer as potencialidades dos recursos
naturais da área, conhecer o seu solo, seu relevo, clima, recursos hídricos, clima,
flora, fauna, e qualquer outro componente relevante ao estudo, e para conhecermos
as fragilidades, é necessário olhar para esses componentes de forma integrada. O
meio pode ser estável ou instável, além das diversas subdivisões dessas categorias
feitas por Ross, sendo classificados a depender da influência exercida pela
sociedade para aquela natureza, que a princípio se encontrava em estabilidade,
quanto mais modificada pelo homem, mais instável essa natureza será, se tornando
cada vez mais frágil.
Há distintas metodologias que avaliam a fragilidade da natureza, nos textos
são abordadas as Unidades Ecodinâmicas, o Modelo de Fragilidade Potencial
Natural com Apoio nos índices de Dissecação do Relevo, o Modelo de Fragilidade
Potencial Natural com apoio nas Classes de Declividade e o Modelo de Fragilidade
Potencial Natural com apoio em UTBs - Unidades Territoriais Básicas.
As Unidades Ecodinâmicas são baseadas no conceito de Tricart, que se
baseia na teoria geral dos sistemas, seguindo uma linha geomorfológica aplicada ao
planejamento ambiental, partindo do pressuposto da utilização racional dos recursos
pelos homens, seguindo critérios técnico científicos dentro de uma política
conservacionista, traçando um paralelo entre as potencialidades dos recursos
naturais e as fragilidades potenciais deles.
O Modelo de Fragilidade Potencial Natural com Apoio nos índices de
Dissecação do Relevo propõe que cada variável seja hierarquizada de acordo com
sua vulnerabilidade. As variáveis são geomorfologia, solos, cobertura vegetal/uso da
terra e clima, e a sua vulnerabilidade é dividida em 5 classes, onde as próximas de 1
indicam estabilidade, as próximas de 3 apresentam valores intermediários e as
próximas de 5 correspondem aos locais mais vulneráveis. É estabelecido a
classificação de fragilidade por meio da composição de 4 planos relacionados às
variáveis já citadas, sendo elas os índices de Dissecação do Relevo, Solos,
Cobertura Vegetal e Pluviosidade.
O Modelo de Fragilidade Potencial Natural com apoio nas Classes de
Declividade é muito semelhante ao anterior, se diferindo por utilizar classes de
declividade ao invés dos índices de dissecação do relevo, ou seja, as variáveis
solo, cobertura vegetal/uso da terra e pluviosidade mantêm os mesmos
parâmetros aplicados para o modelo anterior, entretanto para se estabelecer os
intervalos das classes de declividade foram utilizados os intervalos já
consagrados nos estudos de Capacidade de Uso/ Aptidão Agrícola associados aos
valores já conhecidos de limites críticos de geotecnia, resultando em 5 classes de
declividade organizadas hierarquicamente, sendo a primeira compreendida como
“Muito Fraco”, correspondendo a um valor inferior a 6%, a segunda seria “Fraco”,
representando valores entre 6 a 12%, a terceira seria “Médio”, sendo equivalente
aos dados entre 12 e 20%, a quarta é considerada como “Forte”, correspondendo
de 20 a 30%, e a quinta seria “Muito Forte”, sendo equivalente a valores acima de
30% de declividade.
O Modelo de Fragilidade Potencial Natural com apoio em UTBs - Unidades
Territoriais Básicas consiste na integração do conjunto de variáveis rocha, solo,
relevo, vegetação e clima, para assim estabelecer a vulnerabilidade do meio cada,
quantificada por meio de uma pontuação de fragilidade que varia de 1 a 3,
“desta forma, as unidades mais estáveis apresentarão valores mais próximos
de 1,0, as intermediárias ao redor de 2,0 e as unidades de paisagem mais
vulneráveis estarão próximas de 3,0”. Cada unidade territorial básica,
representada pelos componentes já mencionados, recebe um valor final resultante
da média aritmética dos valores individuais segundo uma equação empírica, que
almeja representar a posição desta unidade dentro da escala de vulnerabilidade
natural à perda de solo, onde o grau de fragilidade “muito baixa” estaria
correspondido entre os valores 1 e 1,4, “baixa” seria representado pelos intervalos
1,4 e 1,8, “médio” seria equivalente aos valores entre 1,8 e 2,2, “forte” corresponde
aos intervalos de 2,2 a 2,6, enquanto “muito forte” foi representado pelos valores que
variam de 2,6 a 3.
Por mais que assumissem metodologias distintas, as variáveis contempladas
pelos modelos foram bem parecidas, uma boa diferenciação entre os modelos pode
ser apontada ao distinguir os modelos propostos por Ross (Modelo de Fragilidade
Potencial Natural com Apoio nos índices de Dissecação do Relevo e o Modelo de
Fragilidade Potencial Natural com apoio nas Classes de Declividade) que assumem
um peso maior a uma determinada variável, nesse caso a geomorfologia, enquanto
o modelo de Crepani (Modelo de Fragilidade Potencial Natural com apoio em UTBs -
Unidades Territoriais Básicas) atribui a mesma importância a todas as variáveis,
sendo as distintas ponderações das variáveis e a forma de cálculo para obtenção
dos graus de fragilidade as grandes responsáveis pelas divergências de resultados
apresentados entre os produtos gerados.

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