Você está na página 1de 16

ESCALA DE VULNERABILIDADE DAS UNIDADES

TERRITORIAIS BÁSICAS
A escala de vulnerabilidade das unidades territoriais básicas, a partir de sua caracterização
morfodinâmica, é feita segundo critérios desenvolvidos a partir dos princípios da
Ecodinâmica de TRICART (1977) que estabelece as seguintes categorias morfodinâmicas:

Vulnerabilidade das unidades territoriais

Meios fortemente instáveis:


- Condições bioclimáticas agressivas, com ocorrências de variações
Meios estáveis: Meios intergrades:
fortes e irregulares de ventos e chuvas;
- Cobertura vegetal densa; - Balanço entre as
- Relevo com vigorosa dissecação;
- Dissecação moderada; e interferências
- Presença de solos rasos;
- Ausência de morfogenéticas e
- Inexistência de cobertura vegetal densa;
manifestações vulcânicas pedogenéticas
- Planícies e fundos de vales sujeitos a inundações; e
- Geodinâmica interna intensa.
Os critérios desenvolvidos a partir desses princípios permitiram a criação de um
modelo onde se buscou a avaliação, de forma relativa e empírica, do estágio de
evolução morfodinâmica das unidades territoriais básicas, atribuindo valores de
estabilidade às categorias morfodinâmicas conforme pode ser visto na Tabela 1.

TABELA 1 - Avaliação da estabilidade das categorias morfodinâmicas


O modelo é aplicado individualmente aos temas (Geologia, Geomorfologia, Solos, Vegetação
e Clima) que compõem cada unidade territorial básica, que recebe posteriormente um valor
final, resultante da média aritmética dos valores individuais segundo uma equação empírica
(Equação 1), que busca representar a posição desta unidade dentro da escala de
vulnerabilidade natural à perda de solo:

Onde:
V = Vulnerabilidade S = vulnerabilidade para o tema Solos
G = vulnerabilidade para o tema Geologia Vg = vulnerabilidade para o tema Vegetação
R = vulnerabilidade para o tema Geomorfologia C = vulnerabilidade para o tema Clima

Dentro desta escala de vulnerabilidade as unidades que apresentam maior estabilidade são representadas por valores mais próximos de
1,0, as unidades de estabilidade intermediária são representadas por valores ao redor de 2,0 enquanto que as unidades territoriais básicas
mais vulneráveis apresentam valores mais próximos de 3,0.
1. Vulnerabilidade para o tema Geologia
Uma das características das rochas que deve ser analisada é a resistência das rochas
à denudação. Este fenómeno natural inclui a erosão e o intemperismo que as rochas
sofrem ao longo do tempo, devido a agentes erosivos físicos e químicos,
principalmente.
Outro aspecto relevante quanto à vulnerabilidade à erosão das rochas é a sua
coesão.
A existência de uma maior porosidade e de uma maior quantidade de fraturas nas
rochas acaba por potencializar o intemperismo, pois com isso, maior será o acesso
de agentes intemperizadores, como a água por exemplo.
Rochas mais coesas, como as ígneas, apresentam menor capacidade de erosão do
que rochas com menos coesão, como as sedimentares.
TABELA 2 - valores
de vulnerabilidade
para Geologia
2. Vulnerabilidade relacionada com a Geomorfologia
Para estabelecer os valores da escala de vulnerabilidade para as unidades de
paisagem natural com relação à geomorfologia, são analisados os seguintes índices
morfométricos do terreno: dissecação do relevo pela drenagem, amplitude
altimétrica e declividade.
No caso especifico da nossa disciplina apenas vamos trabalhar com a declividade.
O termo declividade refere-se à inclinação do relevo em relação ao horizonte. A
declividade guarda relação direta com a velocidade de transformação da energia
potencial em energia cinética e, portanto, com a velocidade das massas de água em
movimento responsáveis pelo “runoff”. Quanto maior a declividade mais
rapidamente a energia potencial das águas pluviais transforma-se em energia
cinética e maior é, também, a velocidade das massas de água e sua capacidade de
transporte, responsáveis pela erosão que esculpe as formas de relevo e, portanto,
prevalece a morfogênese.
TABELA 3 -
classes de
declividade com
os respectivos
valores da escala
de vulnerabilidade
3. Vulnerabilidade para o tema Solos / Pedologia
A principal causa da erosão hídrica é a acção da chuva sobre o solo.
A capacidade de um determinado solo em resistir à erosão, ou erodibilidade,
depende de condições intrínsecas (granulometria, composição mineralógica,
características físicas e químicas) e de características externas, como o maneio do
solo, que pode ser dividido em maneio de terra e maneio de cultura.
TABELA 4: Graus de
Fragilidade à
Erodibilidade dos
tipos de solos face
escoamento
superficial das águas
pluviais.
4. Vulnerabilidade para o tema Cobertura vegetal
A cobertura vegetal do terreno é um factor que influencia contra os processos
morfogenéticos, isto é, erosão. Altas densidades de cobertura vegetal são traduzidas
com valores que se aproximam da estabilidade, enquanto que baixas densidades de
cobertura vegetal traduzem valores próximos da vulnerabilidade.
Os dados de cobertura vegetal geralmente são obtidos a partir do uso de imagens
de satélite que possibilitam a classificação do uso e cobertura da terra ou calculo
dos índices de vegetação (NDVI por exemplo)
O cálculo do NDVI é
realizado a partir da razão
entre a diferença das
reflectâncias das bandas do
infravermelho próximo
(NIR) e vermelho (R), pela
soma das reflectâncias dessas
bandas (Jensen, 2009):

TABELA 5 – Classes de NDVI


5.Vulnerabilidade para o tema Clima
O clima controla o intemperismo diretamente, através da precipitação pluviométrica
e da temperatura de uma região, e também indiretamente através dos tipos de
vegetação que poderão cobrir a paisagem.
As principais características da chuva envolvida nos processos erosivos são:
pluviosidade, intensidade pluviométrica e distribuição sazonal da precipitação,
sendo que a intensidade pluviométrica representa uma relação entre as outras duas
características (quanto chove/quando chove).
O valor da intensidade pluviométrica para uma determinada área pode ser obtido
dividindo-se o valor da pluviosidade média anual (em mm) pela duração do período
chuvoso (em meses).
TABELA 6 - Escala
de erosividade da
chuva e valores de
vulnerabilidade à
perda de solo
Com base na classificação de vulnerabilidades proposta por Crepani et al. (2001),
atribuem-se valores a cada uma das classes, conforme a Tabela 7. Na última etapa,
com a utilização da Álgebra de Mapas do ArcGis, gera o mapa de vulnerabilidade à
perda de solos.

Variável Peso
TABELA 7: Pesos
Geologia 0.10
atribuídos às variáveis
Clima (Precipitação) 0.15
para geração da carta de
Solos 0.20
vulnerabilidade. Fonte:
Vegetação 0.25
CREPANI et al (2001);
Geomorfologia (Declividade) 0.30
SANTOS, M.T.P (2019).
Obrigado pela
atenção!

Você também pode gostar