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Anuário do Instituto de Geociências - UFRJ

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Determinação dos Parâmetros de Erodibilidade de um


Talude de Corte na Sub-Bacia Rio Sana (Macaé, RJ, Brasil)
Determination of the Erodibility Parameters of a
Cutting Slope in Sana River Sub-Basin (Macaé, RJ, Brasil)

Rafael Ferro Moreira & Helena Polivanov

Universidade Federal do Rio de Janeiro, CCMN, IGEO, Departamento de Geologia. Laboratório de Solos.
Av. Athos da Silveira Ramos, 274, bloco J0, s/J0-005. 21.941-916, Campus Ilha do Fundão, Rio de Janeiro, RJ, Brasil.
E-mails: rafaferro@oi.com.br; hpolivanov@gmail.com
Recebido em: 12/11/2018 Aprovado em: 18/02/2019
DOI: http://dx.doi.org/10.11137/2019_1_682_694

Resumo
Os problemas relacionados à erosão dos solos incluem perdas de áreas agricultáveis e instabilização de taludes.
Assim, obter índices que relitam a erodibilidade dos solos de uma região pode proporcionar um melhor planejamento
ocupacional de áreas ainda pouco degradadas. Nesse trabalho foi estudado um peril em um talude de corte que rele-
te a geologia da área, tendo sido analisados os horizontes B (pedológicos) e C (solos saprolíticos) da sub-bacia do rio
Sana (Macaé/RJ). Para tanto, foi realizado o reconhecimento de campo de feições erosivas, em que se veriicou uma
predominância de terracetes de pisoteio de gado, e a coleta de amostras deformadas e indeformadas para a realização
de análises laboratoriais de caracterização física, mineralógica e geotécnica, através de ensaios de cisalhamento direto
nas condições de umidade natural e inundada. Os resultados dos ensaios de cisalhamento direto, através da variação da
coesão obtida nos dois estados de umidade apontaram que os solos saprolíticos são mais erodíveis que os solos pedoló-
gicos, o que também foi corroborado por índices de classiicação envolvendo granulometria e consistência, coincidindo
com as observações de campo, com feições erosivas predominando nos horizontes C. Logo, a região de estudo é bem
suscesptivel à erosão se não houver uma política de manejo e ocupação adequada, pois os solos pedológicos da região
são bem rasos e sua erosão possibilita a exposição dos horizontes C, bem mais erodíveis.
Palavras-chave: Erodibilidade; Coesão; Cisalhamento direto

Abstract

The issues associated to soil erosion include losses of arable lands and slopes destabilization. Thus, obtaining
indexes which relect the soil erodibility of a region can provide a better occupational planning in poorly degraded are-
as. In this work, a soil proile exposed at a cut slope face which relects the regional geology was studied by Sana river
sub-basin (Macaé/RJ) pedological (B) and saprolitic soils (C) analysis. In order to do so, ield recognition of erosive
features was carried out, in which was found the predominance of cattle-tracks. In addition, disturbed and undisturbed
soils samples were collected for physical, mineralogical and geotechnical characterization through direct shear tests
with natural moisture content and looded samples. The results of the direct shear tests, by means of cohesion variation
acquired in these two moisture states show that the saprolitic soils are more erodible than the pedological ones, which
was also corroborated by classiication indexes related to grain size distribution and consistency and ield observations
which concluded that erosive features are predominant in C horizons. So, the study region is very susceptible to erosion
unless there is an appropriate management and occupation policy, because the local pedological soils are very shallow
and their erosion allow C horizons exposure, which are more erodible.
Keywords: Erodibility; Cohesion; Diretc shear

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Determinação dos Parâmetros de Erodibilidade de um Talude de Corte na Sub-Bacia Rio Sana (Macaé, RJ, Brasil)
Rafael Ferro Moreira & Helena Polivanov

1 Introdução erodibilidade dos solos, conforme Bender (1985),


está diretamente relacionada à resistência ao cisa-
O termo erosão têm sua origem na palavra lhamento dos mesmos, em função da alteração da
“erodere”, do Latim, signiicando “arrancar” (Za- coesão do solo devido à iniltração de água em even-
char, 1982). O processo erosivo consiste na desa- tos chuvosos. Bastos (1999), com base no princípio
gregação e o arraste das partículas do solo (Faria de Mohr-Coulomb, relata que, para tensões relativa-
et al. 2003) e, considerando climas tropicas, seu mente baixas, às quais o solo que sofre erosão está
principal agente é a água. Esse processo é natural submetido, a coesão é responsável pela resistência
e pode ser intensiicado pela atividade humana, le- ao cisalhamento, e deve ser analisada através da re-
vando a chamada erosão acelerada (Abbaszadeh dução da coesão (Dc), relacionando as coesões na
Afshar et al., 2010) que segundo Djorovic (1999), umidade de campo e na condição inundada. Pinhei-
é responsável por mais da metade da degradação ro et al. (2012), Santana et al. (2013) e Basso et al.
dos solos do mundo, promovendo perdas inancei- (2014) também observaram que a variação da coe-
ras associadas ao assoreamento de reservatórios de são era diretamente proporcional ao caráter erosivo
barragens, diminuição da fertilidade e produtivida- dos solos.
de dos solos (Morgan, 2005). Um fator considera-
do importante no processo erosivo é a erosividade, Embora o ensaio de cisalhamento apresen-
que é deinida por Hudson (1961) como a habili- te restrições teóricas, como a rotação das tensões
dade da chuva causar erosão, estando relacionada principais e a impossibilidade de medição das po-
aos seguintes parâmetros: total pluviométrico, in- ropressões, Cheung et al. (1988) ressaltaram, ao
tensidade, momento e energia cinética. Em climas realizar ensaios de cisalhamento direto em solos
tropicais, a ocorrência de elevadas temperaturas provenientes de granitos em Hong Kong, que o en-
e intensidades de chuva além de peris de solos saio de cisalhamento direto simula bem as condi-
espessos, explicados pelo intenso intemperismo ções de baixas tensões normais e inundação, repre-
químico atuante, acarreta forte atividade erosiva, sentando condições de deformação que podem ser
predominantemente hídrica. Outro fator de suma bem representativas do processo erosivo supericial
importância para o estudo do processo erosivo é e subsupericial.
a propriedade de erodibilidade dos solos, que em
O trabalho tem como objetivo a obtenção
sua deinição original, é a susceptibilidade do solo
de parâmetros de erodibilidade de talude de corte
ao processo erosivo (Wischmeier & Smith, 1965)
de um perfil típico da sub-bacia do rio Sana (Ma-
combinando efeitos de diversos sub-processos que
caé, Rio de Janeiro) buscando avaliar e quantifi-
controlam a resposta erosiva (Bryan, 2000), sen- car a erodibilidade e correlacionar com as pro-
do também deinida por Lombardi Neto & Bertoni priedades físicas, mineralógicas e geotécnicas
(1975) como uma propriedade do solo que é resul- dos materiais estudados.
tante da interação entre suas características físicas,
químicas, mineralógicas e biológicas, reletindo a
perda diferencial que os solos apresentam quando 2.1 Área de Estudo
os demais fatores que inluenciam a erosão perma- Localização da Sub-Bacia do Sana
necem constantes, podendo ser avaliada através de
correlações entre propriedades geotécnicas e mine- A sub-bacia hidrográfica do rio Sana (Fi-
ralógicas dos solos. gura 1) fica localizada entre as coordenadas
7538946 S, 7524214 S, 782477 W e 794570 W,
A resistência do solo a processos erosivos in- em UTM, Datum WGS84, a oeste do município
clui muitas de suas propriedades, entre elas: textu- de Macaé, na vertente sul da Serra do Mar, no
ra, estabilidade de agregados, conteúdo de matéria médio-alto curso da bacia do rio Macaé, fazendo
orgânica, mineralogia das argilas, teor de umidade divisa ao sul com o município de Casimiro de
prévio, capacidade de troca catiônica e resistência ao Abreu, com Trajano de Moraes a noroeste e com
cisalhamento (Wuddivira, Stone & Ekwue, 2013). A Nova Friburgo a oeste.

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Figura 1 Localização da sub-bacia hidrográica do Sana e localização dos pontos estudados.

3 Características Fisiográicas ondulado e montanhoso, onde a intensidade da


da Sub-Bacia do Sana erosão é mais elevada, conforme classiicação
EMBRAPA (1997). As porções de menor decli-
Na sub-bacia do rio Sana predominam as uni-
dades litoestratigráicas São Fidélis (pré-Cambria- ve, que são minoritárias na sub-bacia do rio Sana,
no), composta por gnaisses com bolsões e veios apresentam as classes plano, suave ondulado e on-
anatéticos de composição granítica, e a Sana (Pa- dulado. Já as porções de relevo escarpado perfa-
leozóico), formada por monzo e sienogranitos leu- zem porcentual insigniicante.
cocráticos de granulação ina a média. Os depósitos
Colúvio-Aluvionares (Cenozoico) são constituídos As classes pedológicas que predominam nos
por sedimentos quaternários. Estruturalmente há relevos forte ondulado e montanhoso nesta sub-ba-
predominância de orientação NE/SW (alto curso), cia são Cambissolo (predominante) e Neossolo Litó-
com estabelecimento de controle estrutural no traça- lico (extremo oeste da sub-bacia)., conforme Carva-
do do rio Sana (Geraldes et al., 2012). lho Filho et al. (2001).

Na compartimentação geomorfológica da A região possui clima quente e semi-úmido,


sub-bacia do rio Sana predominam as classes forte com estação seca bem deinida e amplitude térmica

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entre 6°C e 35 °C (Jeronymo & Silva, 2011), que os terracetes como formas erosivas de pequena esca-
associado ao aspecto rugoso do relevo promove a la geradas e intensiicadas pelo constante caminhar
ocorrência de chuvas orográicas. De acordo com do gado, formando trilhas anastomosadas. Na área
Nascimento (2011), a partir de dados pluviométricos de estudo observou-se que os terracetes apresentam
de 41 anos disponibilizados pela ANA, a maior pre- em sua vizinhança uma mistura de feições laminares
cipitação ocorre no alto curso da bacia hidrográica e lineares, porém quando a feição erosiva se apre-
de Macaé, com valores médios de 2500 mm anuais, senta bem pronunciada, mesmo na presença de ter-
ratiicando uma proporcionalidade direta entre a ele- racetes, essa foi classiicada como produto de erosão
vação do relevo e a precipitação laminar, em sulcos, ravina ou voçoroca.

A vegetação é composta por Gramíneas


(abundante nas áreas de pastagem), Floresta em
estágio inicial de sucessão e Floresta em estágio mé-
dio/avançado de sucessão (ACAMEP, 2011), com
degradação mais acentuada nas áreas de ocupação
urbana, ainda que de baixa densidade, nas proximi-
dades do rio Sana, devido à pastagem. Já nas regiões
mais elevadas, a vegetação é mais exuberante, com
vegetação de mata Atlântica nativa presente.

4 Reconhecimento da Área e Coleta de Materiais.


O trabalho de campo consistiu no reconhe- Figura 2 Erosão Laminar
cimeto, classiicação e quantiicação das feições
erosivas observáveis ao longo da estrada principal
do Distrito de Sana (Macaé, RJ). Adotou-se a clas-
siicação do IPT/DAEE (1990): erosão laminar, em
sulcos, ravinas e voçorocas. A erosão laminar (Figu-
ra 2) ocorre quando o escoamento da água encosta
abaixo “lava a superfície do terreno como um todo”,
com transporte das partículas sem formar canais de-
inidos. A erosão em sulcos (Figura 3) ocorre atra-
vés de pequenas incisões na forma de iletes relati-
vamente rasos, em função da concentração do luxo
supericial. Com a maior concentração de luxos, as
feições erosivas podem evoluir para canais incisos
pela ação de escoamento supericial, formando as Figura 3 Erosão em sulcos.
ravinas (Figura 4), ou pelo aloramento do lençol
freático, formando voçorocas (Figura 5). Bacellar
(2000) aponta que tal classiicação têm sido a mais
utilizada no Brasil, principalmente quando se trata
da Geologia de Engenharia, uma vez que essa divi-
são separa ravinas de voçorocas pelo fato de essas
últimas atingirem o lençol freático, embora ravinas
possam evoluir para voçorocas quando ocorre a in-
terceptação do nível freático (Almeida Filho, 2014).
Uma quinta sub-divisão, a de terracetes de pisoteio
de gado (Figura 6), foi implementada em virtude da
grande ocorrência de tais feições na região. Os ter-
racetes, segundo Thomaz & Dias (2009), são feições
de relevo ligadas à bioerosão. Giroldo (2013) deine Figura 4 Ravina.

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Figura 7 Linha mostrando divisão entre os materiais coluviona-


res e os solos saprolíticos.

Figura 5 Voçoroca. saprolíticos (Figura 7) que representaram bem a va-


riabilidade de solos da região que são areno-siltosos
e susceptíveis à erosão. Tais características expri-
mem bem as erosões mapeadas e as características
geológicas (relativamente homogêneas) e geomorfo-
lógicas da área de estudo.
O peril de estudo é composto por quatro ho-
rizontes com uma organização espacial basculada
dos mesmos. Os horizontes residuais jovens ou so-
los saprolíticos, denominados C, ocorrem abaixo
dos solos coluvionares e são separados desses úl-
timos por aspectos texturais e por linhas de seixos
fracamente desenvolvidas, embora presentes. Os
horizontes C identiicados apresentaram duas colo-
Figura 6 Terracetes rações, amarelo e vermelho, sendo que a diferen-
ciação mais signiicativa entre esses foi a oxidação
Observações de campo permitiram constatar mais acentuada dos horizontes C vermelhos. Os
que os materiais coluvionares na área de estudo são solos coluvionares (horizontes maduros), denomi-
texturalmente mais inos em relação aos solos resi- nados B, também foram identiicados através das
duais jovens e ocorrem acima de linhas de seixos colorações amarela e vermelha, também com di-
ferenciação mais signiicativa pela oxidação mais
parcialmente deinidas no espaço. Os solos saprolíti-
forte presente nos horizontes B vermelhos.
cos (solos residuais jovens), foram identiicados pela
manutenção de estruturas reliquiares da rocha-mãe, Foram coletadas quatro amostras deforma-
como veios quartzo-feldspáticos e trama dos grãos das, acondicionadas em sacos plásticos (Figura 8),
minerais, sendo pouco intemperizados e relativa- e quatro indeformadas, em blocos com dimensões
mente homogêneos, considerando que são originá- de 40 cm x 40 cm x 40 cm (Figura 9), totalizando
rios de granitos. oito amostras, seguindo a norma NBR9604 (ABNT,
1986). As amostras foram retiradas nas profundida-
A partir das observações de campo, selecio- des de 1,4 m no horizonte B amarelo, 2,8 m no ho-
nou-se como local de estudo o peril exposto em rizonte B vermelho, 3,3 m no horizonte C amarelo e
talude de corte localizado na rua não pavimentada 3,9 m no horizonte C vermelho.
José de Jesus Junior, de coordenadas 7527160 S / 5 Metodologia Laboratorial
0789380 W, em UTM, Datum WGS84 e acima do
qual predominam terracetes de pisoteio de gado. A caracterização física foi realizada através
Além disso, esse peril exibe solos coluvionares e de ensaios para determinação da granulometria (pe-

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Classiicação Autoria Critério para solos


IP<=8% e LL<=21%
Meireles (1967) (fortemente erodível)
Bastos (1999) IP<10% (potencialmente erodíveis)
LP<=32% e IP<=17% (Boa a
DNER (1979) regular resistência à erosão)
Índices de
Consistência Santos e Castro LL<=50% e IP próximo a 20%
(1967) (potencialmente erodíveis)
IP > 15 (boa resistência à erosão);
6<IP<15 (média resistência à
Santos (2001) erosão); IP<6
(baixa resistência à erosão)
% passante na peneira #200
<=20% (solos fortemente
erodíveis); 20%<=%passante na
Meireles (1967) peneira #200 (solos passíveis
de forte erosão); % passante na
peneira #200 >40%
Figura 8 Amostra deformada. (solos pouco erodíveis).
49% <= % passante na
DNER (1979) peneira #40 <= 96%
Granulometria Classiicação SUCS do mais
Gray e Sotir erodível para o menos erodível):
(1996) ML,SM,,SC,MH,OL, CL, CH, GM,
SW, GP, GW
% passante na peneira #200 <55%
Bastos (1999) (solos potencialmente erodíveis)
% silte + % areia ina
relativamente elevada em relação
Fragassi (2001) à % argila + % areia grossa
(mais erodível)
IP <5 % e 0 % < % passante
Figura 9 amostra indeformada protegida por paraina, papel alu- Índices de na peneira #200 < 30 % (alta
erodibilidade); 5%<= IP <= 15%
mínio, PVC e serragem. Consistência e Alcântara (1997) e 30%<= % passante na peneira
Granulometria #200 <= 60% (média erodibilidade)
neiramento conjunto com sedimentação), limites de e IP > 15% ( baixa erodibilidade).
consistência (Limite de Liquidez e Limite de Plasti- Valores baixos de grau de
cidade), massa especíica dos grãos, teor de umidade Fácio (1991) Saturação (S) se relacionam a
solos mais erodíveis.
e massa especíica natural, conforme as normas NBR
Índice de vazios (e) > 0,7 (solos
7181 (ABNT, 1984), NBR6459 (ABNT, 1984), NBR Índices Físicos Bastos (1999) facilmente erodíveis)
7180 (ABNT, 1984), DNER-ME 093/94, NBR6457 Menores valores do Peso
(ABNT, 1986), e NBR9813 (ABNT, 1987), respecti- especíico dos grãos (gs) estão
Mendes (2006) relacionados a solos mais
vamente. Com esses dados foram obtidos índices de erodíveis.
erodibilidade, conforme Tabela 1.
Tabela 1 Classiicações de erodibilidade com base nos índices de
Foi calculado o Índice de Atividade de Skemp- consistência, granulometria, e índices físicos.
ton (1953), o qual indica a inluência da fração argi- ção. Além disso, foi determinado calculado a razão
la no comportamento do solo, podendo ser aplicado Silte/Argila, proposta por Van Wambeke (1962) para
ao estudo da erodibilidade. Tal índice é obtido pela a distinção de solos altamente intemperizados de so-
razão entre o Índice de Plasticidade (IP) do solo e los mais jovens. Pelo Sistema Brasileiro de Classii-
seu porcentual da fração argila e quando seu valor é cação de Solos, para solos de textura média valores
menor que 0,75 a fração argila é classiicada como inferiores a 0,7 para tal relação indicam solos bas-
inativa, sendo assim susceptível à fácil desagrega- tante intemperizados (EMBRAPA, 1997).

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A caracterização mineralógica consistiu na


identiicação das fases cristalinas presentes na fração
argila (obtida por sedimentação) e para tanto foram
preparadas lâminas de forma orientada através do
método do esfregaço em placa de vidro, de forma
que a relexão basal fosse intensiicada (Jackson,
1969). As lâminas foram confeccionadas para aná-
lise das amostras nas condições natural (com e sem
ferro), conforme Mehra e Jackson (1960), além de Tabela 2 Tensões aplicadas nos ensaios de cisalhamento para os
solos coluvionares e saprolíticos. gnat(Peso especíico natural),
tratamento de aquecimento em forno mula a 550°C gsat (peso especíico saturado), Z (profundidade, onde a real está
(com o objetivo de investigação do colapso e/ou des- realçada), σ Nat (tensão aplicada na condição de umidade natu-
truição da estrutura dos argilominerais) e de satura- ral), σ inu (tensão aplicada na condição inundada).
ção em etilenoglicol (com o objetivo de identiicar
possíveis minerais expansivos).
6 Resultados e Discussões
A caracterização geotécnica foi realizada atra-
vés de ensaios de cisalhamento direto nas condições As observações de campo acerca dos pon-
de umidade natural e inundada, conforme a norma tos amostrados permitiram apontar que a sub-bacia
D3080 (ASTM, 1990), para a determinação dos estudada apresenta, predominantemente, 50% de
parâmetros de resistência do solo (coesão e atrito). terracetes (Figura 6), seguidos de 19% de sulcos
Foi adotada para o ensaio velocidade de cisalhamen- (Figura 3), 13% de ravinas (Figura 4), 12 % de vo-
to de 0,012 mm/min com o objetivo da dissipar a çorocas (Figura 5) e 6 % de erosão laminar (Figura
poro-pressão. Com esses dados, estabeleceu-se a re- 2). Os resultados da caracterização física são apre-
lação entre a variação da coesão obtida nos estados
sentados na Tabela 3.
natural e inundado e a erodibilidade, conforme cri-
tério proposto por Bastos (1999), que em suas aná- Os resultados, de acordo com o diagrama ter-
lises estatísticas de dados experimentais obteve que nário de Shepard (1954), apontam que os solos pe-
a Dc (relação de redução da coesão do solo com sua dológicos (B) são areias argilosas enquanto os solos
inundação) era o melhor parâmetro relacionado aos
saprolíticos (C) são areias siltosas. Além disso, os
resultados de seus ensaios de erodibidade através
de testes de Inderbitzen (1961). Os valores adotados horizontes pedológicos (B) apresentam maior por-
para a tensão normal aplicados nos ensaios variaram centagem de fração argila, em decorrência da maior
conforme seus pesos especíicos naturais e satura- atuação de processos pedogenéticos e conferindo
dos e suas profundidades de coleta e seus múltiplos maior coesão aos mesmos, fato que é reletido em
superiores e inferiores, conforme a Tabela 2. sua natureza menos erosiva. De acordo com a clas-

Tabela 3 Caracterização Física dos solos . Argila (A), Silte (S), Finos Totais (FT) = Argila + Silte, Areia Fina (AF), Areia Média (AM),
Areia Grossa (AG), Areia Total (AT), Pedregulho (P), Limite de Liquidez (LL), Limite de Plasticidade (LP), Índice de Plasticidade (IP),
IA (Índice de Atividade), SM (areia siltosa), AA (areia argilosa), AS (areia siltosa). Dados de obtenção direta: Massa especíica dos
grãos (rs), umidade (h), Peso especíico natural (gnat). Dados obtidos indiretamente através de correlações entre índices: porosidade
(η), índice de vazios (e) e Saturação na condição de umidade natural (S).

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siicação SUCS (Casagrande, 1948), todos os solos à plasticidade, de acordo com Jenkings (1947), os
são SM (areia siltosa). O Índice de Atividade de solos pedológicos B são medianamente plásticos
Skempton (1953) indica que todos os solos possuem (7%<IP<15%) e os solos saprolíticos são fracamente
a fração argila inativa (IA <0,75), indicando poten- plásticos (1%<IP<7%).
cial da argila para conferir coesão e plasticidade ao
solo relativamente baixo, fato que é corroborado A relação silte/argila, proposta por Van Wam-
pela presença de argilominerais do tipo 1:1 (caulini- beke (1962) para a distinção de solos altamente
ta) da análise mineralógica, ratiicando sua suscepti- intemperizados de solos mais jovens, indica que o
bilidade à erosão. solo B vermelho é o mais intemperizado, com valor
da razão silte/argila de 0,58, seguido do horizonte
De acordo com o IAEG (1979), os solos B amarelo (0,77), C amarelo (1,33) e C vermelho
B amarelo, C amarelo e C vermelho possuem alta (2,17), estes dois últimos com razões superiores a 1,
porosidade (45%<η<50%), e o solo B vermelho indicando solos mais jovens.
possui média porosidade (35%<η<45%). Os solos
pedológicos (B) são classiicados como muito úmi- A classiicação da erodibilidade dos solos
dos (50%<h<80%) e os solos saprolíticos são clas- com base em índices de consistência, granulometria
siicados como úmidos (25%<h<50%). Em relação e índices físicos é exibida na Tabela 4.

Parâmetro
Autor(es) B amarelo B vermelho C amarelo C vermelho
de Análise
Meireles Não fortemente Não fortemente Não fortemente Não fortemente
LL e IP
(1967) erodível erodível erodível erodível
Bastos Não potencialmente Potencialmente Potencialmente Potencialmente
IP
(1999) erodível erodível erodível erodível
Baixa resistência à Baixa resistência à Boa a regular re- Baixa resistência à
Índices de consistência DNER (1979) LP e IP
erosão erosão sistência à erosão erosão
Santos e Não fortemente Não fortemente Não fortemente Não fortemente
LL e IP
Castro (1967) erodíveis erodíveis erodíveis erodíveis
Santos Média resistência à Média resistência à Baixa resistência à Baixa resistência à
IP
(2001) erosão erosão erosão erosão
Gray e Sotir
Classif. SUCS Alta erodibilidade Alta erodibilidade Alta erodibilidade Alta erodibilidade
(1996)
% passante
Meireles Passível de forte Passível de forte Passível de forte Passível de forte
na peneira
(1967) erosão erosão erosão erosão
#200
% passante
Bastos Potencialmente Potencialmente Potencialmente Potencialmente
na peneira
Granulometria (1999)
#200
erodível erodível erodível erodível

% de areia
Fragassi
ina e de % Erodível Erodível Erodível Erodível
(2001)
silte
% passante
Boa a regular re- Boa a regular re- Boa a regular re- Boa a regular re-
DNER (1979) na peneira
sistência à erosão sistência à erosão sistência à erosão sistência à erosão
#40
IP e %
Índices de consistência e Alcântara
passante na Média erodibilidade Média erodibilidade Alta erodibilidade Média erodibilidade
Granulometria (1997)
peneira #200
Bastos Índice de Baixa resistência à Baixa resistência à Baixa resistência à Baixa resistência à
(1999) vazios (e) erosão erosão erosão erosão
Grau de
Índices Físicos Fácio (1991) intermediário Menos erodível Mais erodível intermediário
Saturação
Mendes Peso especíi-
Mais erodível Menos erodível intermediário intermediário
(2006) co dos sólidos

Tabela 4 Erodibilidade dos solos baseada em índices de consistência, granulometria e índices físicos.

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Determinação dos Parâmetros de Erodibilidade de um Talude de Corte na Sub-Bacia Rio Sana (Macaé, RJ, Brasil)
Rafael Ferro Moreira & Helena Polivanov

Os critérios Santos (2001) e Alcântara (1997),


que se baseiam nos Índices de Consistência e Granu-
lometria conjunta com esses índices, respectivamen-
te, foram os que melhor responderam às caracterís-
ticas da área e foram compatíveis com os resultados
da variação da coesão com a inundação dos solos
estudados, pois indicaram que os solos saprolíticos
(C) eram mais erodíveis em relação aos solos pedo-
lógicos (B). Os critérios de Meireles (1967), Bas-
tos (1999), DNER (1979), Santos e Castro (1965),
Gray e Sotir (1996), Fragassi (2001), Fácio (1991) e
Mendes (2006) se mostraram incongruentes com as
características erosivas observadas em campo, uma
vez que não conseguiram separar o comportamento Figura 12 Difratograma do solo C amarelo com a indicação dos
mais erodível dos horizontes residuais jovens (C) em picos de Caulinita (K), Ilita (I) e Gibbsita(G). Curva preta (con-
dição natural), Curva vermelha (condição glicolada) e Curva
relação aos horizontes pedológicos (B). Azul (condição aquecida).
Os resultados da análise mineralógica indicam
a presença dos argilominerais Caulinita, Ilita e Gibb-
sita (mais evidenciada no horizonte B amarelo) para
todas as amostras dos horizontes analisados, após os
tratamentos e leitura nos difratômetros, conforme as
Figuras 10, 11, 12 e 13.

Figura 13 Difratograma do solo C vermelho com a indi-


cação dos picos de Caulinita (K), Ilita (I) e Gibbsita(G).
Curva preta (condição natural), Curva vermelha (condi-
ção glicolada) e Curva Azul (condição aquecida).

Figura 10 Difratograma do solo B amarelo com a indicação A presença da Caulinita na fração argila pode
dos picos de Caulinita (K), Ilita (I) e Gibbsita(G). Curva preta ser explicada pela característica de elevada lixiviação
(condição natural), Curva vermelha (condição glicolada) e Cur-
va Azul (condição aquecida). do ambiente de formação desses solos, acarretando
em solos com baixa capacidade de troca catiônica
(CTC), conforme ressaltam Castro et al. (2014).
Ainda segundo esses autores, a presença de Gibbsita
(mais acentuada nos horizontes amarelos, em espe-
cial no B amarelo) pode ser explicada pelo intenso
intemperismo químico (hidrólise total), atuante em
clima quente e úmido, sobre rochas de composição
granítica, o que é o caso da área de estudo. Confor-
me Ferreira et al. (1999) destacam, embora esses so-
los apresentem baixa CTC, a caulinita e a gibbsita
Figura 11 - Difratograma do solo B vermelho com a indicação são responsáveis pelo desenvolvimento de estrutura
dos picos de Caulinita (K), Ilita (I) e Gibbsita(G). Curva preta
(condição natural), Curva vermelha (condição glicolada) e Cur- granular e são importantes para a manutenção das
va Azul (condição aquecida). partículas do solo loculadas.

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Rafael Ferro Moreira & Helena Polivanov

A presença da Ilita na fração argila de todos Os dados permitem constatar que os solos co-
os solos analisados indica que houve intemperização luvionares/pedológicos (horizontes B) apresentaram
de micas, as quais apresentam concentrações eleva- coesões maiores e ângulos de atrito menores que os
das em solos mais jovens, conforme aponta Erna- solos saprolíticos/residuais jovens (horizontes C), o
ni (2008), o que é corroborado pelos picos de ilita que pode ser explicado, em parte, pelo maior teor de
mais desenvolvidos nos horizontes residuais jovens argila dos horizontes de origem coluvionar. Dafalla
C amarelo e C vermelho deste estudo. (2013) ressalta que materiais arenosos com maior
conteúdo de argila submetidos a ensaios de cisalha-
Os resultados do ensaio de cisalhamento di- mento direto apresentaram consistente aumento da
reto na condição natural e inundada encontram-se coesão, resultado também observado nesse estudo.
representados nas Figuras 14 e 15, respectivamente. Soares et al. (2001), realizaram ensaios de cisalha-
E as coesões natural e inundada dos solos analisados mento direto em solos coluviais de textura silto-a-
encontram-se na Tabela 5. renosa, e de baixa plasticidade, semelhantes ao do

Figura 14 Gráicos de
tensão normal x tensão
cisalhante para a condição
de umidade natural.

Figura 15 Gráicos de tensão


normal x tensão cisalhante
para a condição inundada.

Tabela 5 Parâmetros de resistência ao cisalhamento dos


solos nas condições de umidade natural e inundada: c
(coesão na umidade natural), c’ (coesão na condição
inundada), φ (ângulo de atrito na condição de umidade
natural), φ’ (ângulo de atrito na condição inundada) e
Dc (variação da coesão nas condições natural e inunda-
da, dada pela formula Dc = (c – c’)/c).

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presente estudo e obtiveram coesões até 25,5 kPa e 6 Conclusões


ângulo de atrito entre 16,7° e 28,5°, sendo que esta
A sub-bacia do Sana apresenta como feição
variação dos parâmetros geotécnicos é típica dos so-
erosiva predominante os terracetes de pisoteio de
los coluvionares. Avelar et al. (2011), ao estudar o gado, seguido de sulcos, ravinas, voçorocas e erosão
comportamento geomecânico de solos residuais jo- laminar. Os materiais estudados apontam que os so-
vens e coluvionares associados a deslizamentos, na los coluvionares são areno argilosos e os solos sapro-
umidade natural, obteve como resultado que os solos líticos são areno siltosos, conferindo aos horizontes
coluvionares apresentaram coesão bem menor que maduros maior coesão devido ao maior percentual
os solos saprolíticos. De maneira semelhante, Bas- de argila, indicando serem materiais potencialmente
tos (1999), em seu estudo de métodos de avaliação menos erodíveis.
da erodibilidade, realizou ensaios de cisalhamento
Os índices de erosão que melhor responderam
direto na condição de umidade natural e na condi-
a potencialidade erosiva dos materiais analisados
ção inundada, considerando amostras de horizontes foram os que tiveram como base o índice de plas-
pedológicos e saprolíticos, obtendo valores relativa- ticidade (Santos) e o índice de plasticidade e granu-
mente menores de coesão para os solos pedológicos lometria em conjunto (Alcântara). Esses resultados
em relação aos saprolíticos na condição de umidade apresentaram forte relação com aspectos erosivos
natural, porém obtendo valores de coesão maiores dos solos da região e com os ensaios de cisalhamen-
para os solos pedológicos na condição inundada, o to direto.
que não reletia a erodibilidade observada em campo
e por meio de outros ensaios. Então, o autor cita- Como contribuição para o estudo este traba-
lho permitiu apontar que a determinação da variação
do propôs a variação da coesão (Dc) como um bom
de coesão entre materiais inundados e não inundados
índice para reletir a erodibilidade correlativamen- realizado através do ensaio de cisalhamento direto é
te aos ensaios diretos de Inderbitzen (1961) devido um bom método para estudar a erodibilidade de solos
à redução da sucção matricial com a elevação da além de fornecer dados de parâmetros geotécnicos
saturação dos solos, mostra que os solos visualmen- importantes para estudos de estabilidade de taludes.
te mais erodíveis (saprolíticos) em campo, através de Destaca-se também que a expansão populacional na
observações práticas e análise tátil-visual apresenta- região deve ser precedida de estudos geotécnicos
ram Dc mais elevados, da ordem de 60%, enquanto especíicos, pois constatou-se que o horizonte C é
os solos coluvionares apresentaram Dc menores ou mais susceptível à erosão que o horizonte B, portan-
iguais a 32%. Bastos (1999), considerando uma pri- to o corte de taludes nesses materiais, expondo os
meira aproximação, propôs que solos com Dc maior solos saprolíticos, pode acarretar problemas de esta-
ou igual a 85% seriam potencialmente erodíveis, o bilidade de taludes. Desse modo é de grande impor-
tância uma política de manejo e ocupação adequada
que não ocorre para nenhum dos solos. Pinheiro et
antecipando a expansão do meio físico.
al. (2012), Santana et al. (2013) e Basso et al. (2014)
também utilizaram o índice proposto por Bastos
(1999) e obtiveram resultados diretamente propor- 7 Agradecimentos
cionais para solos mais erodíveis. Embora nenhum
À CAPES pela Bolsa de estudo de pós-
dos solos apresente Dc maior ou igual a 85%, ica
graduação e ao Programa de Pós Graduação em
claro que os solos mais erodíveis, ou seja, os solos Geologia da UFRJ.
saprolíticos, apresentaram Dc aproximadamente 2 a
3 vezes maior que os solos coluvionares, conirman-
8 Referências
do sua natureza mais erodível, muito possivelmente
pela perda de cimentação mais acentuada. Também
Afshar, F.A.; Ayoubi, S.; Jalalin A. 2010. Soil redistribution rate
com base nos resultados, observa-se a importância and its relationship with soil organic carbon and total ni-
do teor de umidade no caráter erosivo do solo (Singh trogen using 137Cs technique in a cultivated complex hill-
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692 ISSN 0101-9759 e-ISSN 1982-3908 - Vol. 42 - 1 / 2019 p. 682-694
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