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RESUMO
A desertificação é definida como um processo de aplicou-se questionários semi-estruturados aos
destruição do potencial produtivo, sendo resultante de moradores desses povoados. Em seguida, fez-se a
vários fatores, incluindo aqueles causados por variações interpretação e classificação de um recorte de Imagem
climáticas e atividades humanas, associadas, do Satélite CBRES. Com o Software Spring 5.1.8
principalmente, ao uso inadequado dos solos, da água e delimitou-se uma área continua de solo exposto e em
da vegetação, provocando a degradação das terras nas estágio avançado de degradação. Posteriormente, foi
zonas áridas, semiáridas e subúmidas secas. Portanto, o mensurada a dimensão de uma das inúmeras voçorocas
presente trabalho se propõe a investigar alguns encontradas na área, estimando a perda de solo (m³). O
aspectos sobre a degradação dos solos, a partir da último passo foi a sistematização dos dados e a edição
discussão sobre a existência de marcas erosivas na do mapa do núcleo de desertificação do médio curso do
superfície (sulcos, ravinas, voçorocas, e erosão laminar) rio salitre utilizando o Arcgis 9.2. A área que
visando auxiliar na compreensão do processo de compreende as comunidades de Salgado, Lagoa Branca,
desertificação numa mancha espacial localizada no Taboa, Poço da Pedra, Saquinho e Abreus, forma um
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médio curso da sub-bacia do rio Salitre, nas polígono com 61,5 Km , que apresenta área de solos
proximidades das comunidades de Lagoa Branca, Taboa desnudos e em avançado estágio de degradação,
e Poço da Pedra no município de Campo Formoso – detectada pela forte presença de marcas erosivas
BA. A área foi georreferenciada em algumas das lineares e laminares, constituindo possivelmente um
extremidades, já em processo de desertificação, onde núcleo de desertificação.
O fenômeno da desertificação tem sido bastante estudado no Brasil nos últimos anos,
embora questionado sobre sua real definição, seu conceito é capaz de trazer para discussão os
problemas associados a degradação ambiental presente nos espaços semiáridos e subúmidos
brasileiros.
Uma das definições mais adotadas baseia-se na Convenção das Nações Unidas de
Combate à Desertificação - UNCCD, ressaltada pelo Programa de Ação Nacional de Combate à
Desertificação e Mitigação dos Efeitos da Seca - PAN-Brasil, que apresenta a desertificação como
sendo a degradação das terras nas zonas áridas, semiáridas e subúmidas secas, resultante de
vários fatores, incluindo aqueles causados por variações climáticas e atividades humanas,
associadas principalmente ao uso inadequado dos solos, da água e da vegetação (BRASIL, 2004).
O conceito adotado pelo PAN-Brasil também admite que a desertificação têm causas na
ação antrópica agressiva e mal planejada, realizada em espaços vulneráveis à aceleração e
desencadeamento de processo de degradação com difícil regeneração e recomposição.
Magalhães (2009) afirma que no médio prazo os processos de desertificação são mais afetados
pela pressão das atividades humanas. O autor coloca que no caso do nordeste brasileiro tudo
começa com a derrubada da caatinga, entendendo que o desmatamento leva à - destruição da
biodiversidade com a redução da flora e da fauna; aceleração de processos erosivos, com
consequente perdas de solos e fertilidade; intensificação do escoamento superficial da água,
reduzindo a infiltração no solo e diminuindo sua umidade, impactando na disponibilidade de
recursos hídricos e até mesmo no secamento de fontes de água; redução da produtividade da
terra, afetando diretamente as comunidades rurais do semiárido.
Conforme Sá et al. (2010) a desertificação se trata de uma degradação extrema e se aplica
à terra, a cobertura vegetal e a biodiversidade e denota perda da qualidade produtiva em zonas
áridas, semiáridas e subúmidas. No semiárido brasileiro o autor enfatiza que o processo e
desertificação não só se manifesta pela sensibilidade natural do ambiente, mas, sobretudo pelo
uso imposto nesse espaço.
Tendo causas humanas ou naturais a desertificação se constitui como um processo
intenso de alteração ambiental em espaços que se caracterizam por apresentar uma baixa
precipitação anual com má distribuição, alta evapotranspiração e ecossistema relativamente
frágil. Em alguns locais no semiárido brasileiro as alterações são tão flagrantes que eles foram
reconhecidos como Núcleos de Desertificação, isto é, locais que representam o efeito máximo do
processo de degradação (MATALLO JÚNIOR, 2001) ou como apresentado por Sampaio, Araujo e
Sampaio (2005) sendo uma área com grandes manchas desnudas e/ou com cobertura vegetal
baixa e sinais claros de erosão do solo. Nestas áreas verifica-se a devastação do bioma caatinga e
a exposição dos solos às chuvas intensas, o que acarreta a intensificação de processos erosivos.
Nos estudos sobre desertificação em uma determinada área, indicadores são construídos
para determinar a existência e a intensidade do fenômeno, assim como, seu monitoramento.
Matallo Júnior (2001) em seu trabalho sobre indicadores de desertificação analisa diversos
estudos realizados no Brasil e apresenta grande número de indicadores, ao final destaca
proposta metodológica da UNCCD, que apresenta 18 indicadores divididos em dois grupos: 1 -
indicadores de situação, associados ao clima e a socioeconomia. O grupo 2 – Indicadores de
desertificação, que podem identificar o fenômeno em nível ambiental, sendo organizados nos
temas biológicos, físicos, agrícolas e densidade demográfica. Já no Anexo 7 do PAN-Brasil
(BRASIL, 2004) estabelece 35 indicadores de desertificação abordando diversos temas de caráter
natural, social e econômico, de uso e ocupação, devastação da cobertura vegetal, degradação
dos solos, qualidade e disponibilidade dos recursos.
É recorrente nas discussões sobre desertificação o destaque à degradação dos solos como
característica marcante do processo. Nesse sentido, Sá et al. (2010) ao comentar sobre
condicionantes para o processo de desertificação no nordeste brasileiro destaca a degradação
dos solos, que é definida pelos autores como um processo que reduz a capacidade atual ou
potencial do solo em produzir bens e serviços, frisando a diminuição da qualidade e quantidade
da produção de biomassa no solo.
Sampaio, Araújo e Sampaio (2005, p. 99) afirmam que a erosão é a mais grave das causas
de degradação dos solos do semiárido Nordestino, por sua irreversibilidade. Ela pesa ainda mais
pela grande extensão de solos já excessivamente rasos, pelo regime de chuvas com aguaceiros
intensos e pela agricultura praticada em áreas de declividade alta e sem qualquer medida de
prevenção. Neste sentido, verifica-se a importância dos estudos sobre degradação dos solos, em
particular da erosão, nas discussões a respeito da formação e evolução de áreas desertificadas,
ou até mesmo, como mecanismo para compreensão da dinâmica do processo de desertificação.
A erosão dos solos é um fenômeno complexo, determinado pela interação de fatores
controladores como a chuva, as propriedades do solo, as características da topografia e a
cobertura vegetal, que devem ser compreendidos de forma detalhada para o melhor
entendimento do processo erosivo e das taxas de erosão. Guerra (2003) afirma que a intervenção
do homem pode alterar esses fatores, apressando ou retardando os processos erosivos. Enfim, é
a partir da conjunção desses fatores que certas áreas tendem a erodir mais que outras.
Muitas das vezes a erosão dos solos no semiárido brasileiro reduz intensamente sua
fertilidade, capacidade de produção vegetal e a manutenção do equilíbrio ambiental,
comprometendo a capacidade de regeneração do sistema ecológico, caracterizando o estágio
inicial do processo de desertificação.
Com isso, o presente trabalho se propõe a investigar alguns aspectos sobre a degradação
dos solos, a partir da discussão sobre a existência de marcas erosivas na superfície (sulcos,
ravinas, voçorocas, e erosão laminar) visando auxiliar na compreensão do processo de
desertificação numa mancha espacial localizada no médio curso da sub-bacia do rio Salitre, nas
proximidades das comunidades de Lagoa Branca, Taboa e Poço da Pedra no município de Campo
Formoso – BA.
MATERIAIS E MÉTODOS
A área de estudo está situada entre os povoados de Lagoa Branca e Poço da Pedra, a 57 e
69 km, respectivamente, a noroeste da sede do município de Campo Formoso – BA, posicionado
no Centro-Norte da Bahia, a 414 km de Salvador. Esta se localiza no médio curso da sub-bacia
hidrográfica do Salitre, que possui uma área de 13.602 Km2, tendo suas cabeceiras na parte norte
da Chapada Diamantina e foz no rio São Francisco, no município de Juazeiro, logo a jusante da
barragem de Sobradinho (BAHIA, 2003).
Geologicamente a área é dominada pela formação caatinga, que se estende por toda a
bacia do Salitre, onde se evidencia espécies regionalmente conhecidas como umbuzeiro,
quixabeira, aroeira, marmeleiro, caroá, quebra-faca, faveleiro, pinhão brabo, carqueja, jurema e
RESULTADOS E DISCUSSÃO
Em relação às condições topográficas do local foi verificada a existência de uma área
rebaixada, seguindo o curso do rio Salitre. A intensa degradação está encaixada nessa pequena
área de depressão relativa (Figura 01), onde as encostas passam a apresentar maiores
declividades, possuindo trechos acima de 10%, com comprimento de encosta que pode chegar a
2 Km. Nessas condições topográficas há forte tendência para o desencadeamento e aceleração
de processos erosivos.
O relevo é um fator decisivo na dinâmica ambiental da área do vale do Salitre. Nos longos
trechos planos, inferior a 3% de declividade, em direção às cabeceiras oeste-leste da bacia, pouco
se verifica a existência de áreas com solos degradados, mas, nos trechos nas proximidades do
leito do rio principal (depressão) com maiores declividades topográficas, se verifica a alta
densidade de ravinas, voçorocas e cicatrizes de erosão laminar e, até mesmo, cicatrizes de
movimentos de massa (rastejamentos e escorregamentos).
Nas localidades estudadas do médio Salitre é visível uma grande área de solo exposto,
que em associação com as chuvas concentradas e torrenciais da região(apesar do baixo índice
pluviométrico) desencadeiam inevitavelmente a erosão por salpicamento, que é, segundo Guerra
(1999), o impacto da gota da chuva no solo, e representa o estágio mais inicial do processo
erosivo, pois rompe os agregados e prepara as partículas que compõem o solo para serem
transportadas pelo escoamento superficial. Para Bertoni e Lombardi Neto (2008), o impacto da
gota de chuva além de romper os torrões e provocar o movimento de pequenas partículas,
compacta o solo e reduz a infiltração da água, ampliando o volume hídrico das enxurradas e
consequentemente, a maior possibilidade de perda de solo.
O escoamento superficial difuso ou em lençol das águas pluviais nas encostas provocam a
erosão laminar, que é a eliminação muitas vezes por completo do horizonte pedológico superior
(BARCELAR, 2000; BIGARELLA, 2003). Nesse caso, a remoção de lâminas de solos ocorre de forma
progressiva, sobretudo aqueles constituídos de partículas mais finas e pouco coesas, pois as
partículas maiores (areias) possuem tamanhos relativamente grandes para serem arrastados pelo
fluxo de águas difuso (BIGARELLA, 2003).
A figura 02 apresenta marcas da erosão laminar que é recorrente em toda a área de
estudo. É comum a exposição de raízes de plantas, ocasionada pelo rebaixamento da superfície
provocada pela remoção de parte do horizonte A do solo (Figura 02 foto a), da mesma forma
ocorre com a grande presença de rochas soltas na superfície, evidenciando a remoção das
partículas menores do solo, o que aumenta a concentração de sedimentos maiores na superfície
(Figura 02 foto b).
Figura 02- Fotos apresentado marcas na paisagem da erosão laminar. a- raízes expostas a
superfície; b- alta pedregosidade na superfície do solo.
Nas encostas, sob declividade acima de 10% é evidente a presença de pedestais de solo
protegidos pela massa de raízes das plantas (Figura 03). Esses pedestais ocorrem quando uma
porção de solo (remanescentes da superfície inicial) resiste a ação erosiva em função da presença
de plantas, que além de protegerem o solo do salpicamento, também sustentam a porção de
terra da ação do escoamento superficial. Para Casseti (2005) os pedestais indicam a ocorrência
de salpicamento intercalado com remoção das partículas pelo escoamento superficial.
Esse fenômeno evidência uma erosão diferencial numa encosta, onde as áreas
circunvizinhas sofrem maior remoção de solo do que no pedestal. Como as áreas rebaixadas são
predominantes sobre os pedestais é fácil evidenciar uma grande perda de solo por erosão.
Figura 03 - Marcas da erosão nas encostas. Foto a- pedestal de solo protegidos pela massa de
raízes das plantas; foto b – representa paisagem a qual está inserida o fenômeno apresentado
na foto a.
Conforme a figura 04, o que é bastante comum na paisagem da área em estudo são as
marcas deixadas pelo processo de erosão linear. Esse tipo de erosão ocorre quando o fluxo de
água superficial começa a se concentrar linearmente ao longo de uma determinada encosta,
devido a pequenas irregularidades no terreno, gerando pequenas incisões no solo, e a medida
que o fluxo vai aumentando, o processo erosivo se intensifica, dando origem a canais
conhecidos como ravinas (GUERRA, 1999). A existência de ravinas ou sulcos numa determinada
encosta exibem um estágio erosivo mais avançado, pois a formação de canais pressupõe grande
quantidade de solo removido (BIGARELA, 2003; Bertoni e Lombardi Neto, 2008).
Figura 04 – Aspecto de ravinas. Foto a – exibe incisão mais agressiva, ravina em estágio mias
avançado; Foto b – Pequenos sulcos.
A degradação física dos solos provocadas pela erosão é tão marcante na área estudada,
que provocou a redução da capacidade de adensamento da cobertura vegetal, comprovada pela
predominância espacial de áreas com solos expostos associados a alta densidade de ravinas e
voçorocas. Essas manchas desnudas não estão atreladas ao preparo da terra para o cultivo
agrícola, pelo contrário, são áreas onde a caatinga não consegue brotar e se desenvolver. Nesse
momento, é importante destacar que a deterioração intensiva dos solos restringe a regeneração
da caatinga e interfere na dinâmica da biota local, conduzindo o ambiente para o estágio de
desertificação. Apesar de ser apenas um indicador, a degradação dos solos no médio vale do
Salitre representa um forte indício para a formação de um núcleo de desertificação.
CONCLUSÃO
Na área do médio curso do rio Salitre no município de Campo Formoso -BA,
correspondente as comunidades de Salgado, Lagoa Branca, Taboa, Poço da Pedra, Saquinho e
Abreus, tem-se a presença de manchas de solo exposto com vegetação (caatinga) em dificuldade
de regeneração e também marcas de intenso e generalizado processo de erosão linear e laminar,
características marcantes em um núcleo de desertificação, que possivelmente formou-se nesse
local.
REFERÊNCIAS