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1 Doutorando do programa de Pós-graduação em Educação para a Ciência, UNESP (Bauru, Brasil). Correio ele-
trônico: job_ribeiro2005@yahoo.com.br
2 Ph.D. Programa de Pós-graduação em Educação para a Ciência, UNESP (Bauru, Brasil). Correio eletrônico:
cavassan@fc.unesp.br
ABSTRACT
We present some clarifications that enable us to identify differences between
the expressions nature, the environment and environment. This is not an epis-
temological approach, but rather reflections on these expressions refer and the
implications for environmental issues and hence to Science Teaching. The na-
ture was understood as a complex of real entities, which are capable to be thin-
king through perception. This same entity when is represented by a mind, be-
come what we call the environment. This expression, in turn, is characterized
not only by adding the environments species that are known, but to be a human
abstraction. When we consider the uniqueness of each species and organism,
which in this environment is inserted, we call environment, this is, the elements
that can be seen and on which the organism can act. Thus, we seek to develop a
concept broader of environment, which is not restricted to the human species.
Introdução
Nas últimas décadas observamos uma grande não se esgotem” e para que “possamos des-
preocupação com as questões denominadas envolver uma sociedade sustentável”.
ambientais e ecológicas. A discussão dessa
No entanto, ao mesmo tempo em que a preo-
temática tem crescido consideravelmente,
cupação ambiental se torna mais frequente e
tanto nos meios de comunicação em massa
que os debates passam a integrar maior nú-
quanto em revistas e periódicos especializa-
mero de pessoas, culturas e opiniões, temos
dos. Em grande parte dos casos, percebemos
também apropriações diversas de conceitos
um discurso consensual a todas essas esferas,
e, por vezes, uma homogeneização de signi-
ou seja, o de que o ambiente, o meio ambien-
ficados.
te ou a natureza é uma entidade com a qual a
humanidade se relaciona, na qual está inseri- Se os espaços de discussões em torno das te-
da e que deve ser preservada para que as futu- máticas ambientais e ecológicas estão sendo
ras gerações mantenham condições saudáveis ampliados, o uso apropriado de terminologias
de sobrevivência. como ambiente, meio ambiente e natureza,
não tem sido discutido na mesma proporção.
Assim, temos presente nos discursos de am-
bientalistas, conservacionistas, educadores, Há na “linguagem ambiental” (Coimbra,
ecólogos e outros grupos ligados à questão, 2002) ou “campo ambiental” (Carvalho,
o seguinte slogan: “cuidar do ambiente/meio 2008), uma tendência à homogeneização de
ambiente/natureza e dos recursos para que significados conceituais que são cada vez
mais apropriados pelo senso comum, bem entanto, julgamos que estas já sejam suficien-
como uma diversidade de interpretações tes para darmos início aos nossos argumentos.
vazias de significados coerentes (Thomaz,
2001; Dulley, 2004; Fernandez, 2010). a) Ao conjunto de tudo que existe, damos o
nome de natureza, ambiente ou meio ambien-
Deste modo, defendemos a ideia de que para te? b) A natureza é uma entidade real ou ela
aqueles que se dedicam a estudar as questões existe somente porque pensamos sobre ela?
ambientais e ecológicas, assim como seus c) Se o homem não existisse, a natureza exis-
fundamentos conceituais, o rigor na utili- tiria? d) Conhecemos todos os elementos da
zação das expressões ambiente, meio am- natureza? e) O meio ambiente pode ser defini-
biente e natureza e, consequentemente, de do somente utilizando-se critérios espaciais?
seus significados é (ou ao menos deveria ser), f) Poderia a expressão ambiente ser aplicada
aspecto fundamental. com o mesmo sentido a todos os seres vivos,
os quais apresentam características fisiológi-
Portanto, buscando fomentar um debate so- cas distintas e particulares? g) O conceito de
bre as polissemias que envolvem as já citadas meio ambiente é específico para cada orga-
expressões, intentaremos neste recorte arbi- nismo? h) Um organismo interage com todos
trário discutir aspectos teóricos que possibi- os elementos do ambiente? i) A natureza pode
litem apontar diferenças significativas entre ser destruída pelo homem?
essas terminologias.
Natureza: entidade real passível
Não adotaremos nesse trabalho uma abor-
dagem epistemológica ou etimológica dos
de ser pensada/representada
conceitos, tal como fizemos em Ribeiro e A priori o vocábulo natureza nos remete a
Cavassan (2012), tampouco temos a preten- uma infinidade de significados. Dentre as
são de que nossas argumentações se cons- definições que podemos ter estão: (I) princí-
tituam em palavra final, mas que ao menos pio de vida; causa eficiente e final; princípio
possam promover reflexões e discussões no vital. (II) Substância ou essência necessária;
âmbito do Ensino de Ciências, em especial da conjunto das propriedades que definem algo.
Educação Ambiental. (III) Características particulares que distin-
guem um indivíduo; temperamento, idiossin-
Questões que nos conduziram à crasia. (IV) Universo, conjunto ou totalidade
problemática das coisas naturais; o conjunto de tudo que
existe. (V) Conjunto de seres que não o ho-
Primeiramente apresentamos alguns ques- mem. (VI) Sistema de regras, ordem ou lei
tionamentos para iniciar (e incitar) possíveis natural, cujas origens podem estar nas mãos
discussões. Estas indagações nos direciona- do Criador. (VII) Tudo o que é inato, instinti-
ram a pensar sobre os conceitos de ambiente, vo, espontâneo em um ser; opõem-se àquilo
meio ambiente e natureza, e também nas apro- que é adquirido pela experiência individual
priações que deles fazemos. É evidente que po- ou social. (VIII) Aquilo a que estamos acos-
deríamos apontar muitas outras perguntas, no tumados, os objetos e acontecimentos tais
Acreditamos que o que varia de uma conce- natureza é diferente da percepção sensível da
pção para outra é, na verdade, como a nature- natureza” (Whitehead, 1993, p. 8).
za é representada, isto é, o que se pensa sobre
a sua composição, a sua origem ou a sua fina- Nessa última abordagem, ainda existiria duas
lidade. Não está em discussão um significado formas de pensamento. A primeira delas é
exato de natureza ou uma abordagem semân- quando se pensa sobre a natureza, denomina-
da de pensamento homogêneo, que está pre-
tica, mas como as diferentes sociedades pas-
sente principalmente nas Ciências Naturais e
saram a interpretá-la e, consequentemente,
que exclui qualquer referência a valores mo-
passaram a se relacionar com ela, ou seja,
rais ou estéticos. Já a segunda forma de pen-
como os grupos sociais pensaram e maneja-
samento denomina-se heterogêneo e possui a
ram suas relações com a natureza (Carvalho,
Filosofia como representante; caracteriza-se
2008), portanto uma abordagem de aspecto
por pensar sobre o que se pensa da nature-
significativo, que diz respeito ao sentido dado
za (Whitehead, 1993); seria assim uma me-
a essa expressão.
talinguagem, um processo metacognitivo. E
No entanto, Whitehead (1993) apresenta que é nessa segunda perspectiva que julgamos
a natureza além de ser interpretação/repre- estarem inseridas as obras de Colingwood
sentação é também realidade. Este filósofo (1978), Merleau-Ponty (2000), Lenoble
britânico discorre a respeito da existência de (2002), Gonçalves (2005), Carvalho (2008) e
Thomas (2010).
dois significados para essa terminologia: no
primeiro, a natureza pode referir-se a um com-
Há, portanto, uma realidade “oferecida” ao
plexo de entidades existentes que são perce- conhecimento, ou seja, uma natureza como
bidas por meio da apreensão sensível e que entidade, como causa da percepção (natureza
são passíveis de expressão no pensamento. No causal), e há também uma realidade apreen-
segundo, pode ser entendida como algo me- dida, fruto do pensamento, isto é, uma natu-
ramente abstrato fruto do pensamento; assim, reza pensada cuja origem está na reação da
o conceito de natureza seria aplicado àquilo a mente à natureza causal. Esta natureza abs-
que estamos cônscios através da percepção. trata é mais ampla e permite acréscimos de
qualidades secundárias que estão relaciona-
Na primeira perspectiva a natureza é entendi-
das ao modo pelo qual o pensamento age so-
da como aquilo que se observa pela percepção
bre a natureza (Whitehead, 1993). E, assim,
através dos sentidos, o que implica dizer que
adquire dinamicidade e caráter temporal, sen-
ela independe do pensamento, ou seja, a na-
do sempre nova a cada percepção (Merleau-
tureza existe em si mesma e é factível de ser
Ponty, 2000).
percebida. Entretanto, a percepção nunca está
vazia (Merleau-Ponty, 2000) e, assim, ao to- Tomando Whitehead (1993) como referen-
marmos a segunda definição como referência, cial, podemos dizer que a natureza ora pode
a natureza pode ser compreendida como algo ser entendia como um relato daquilo que o
pensado e, portanto, como uma construção pensamento conhece (mente natureza), ora
humana. Desse modo, “o pensamento sobre a como um relato da ação da própria natureza
sobre a mente (natureza mente). Assim, Essas colocações corroboram com as ideias
essa expressão adquire dois significados, sen- de Uexküll (1951) e Dulley (2004), que tam-
do aplicada tanto para aquilo que tem uma bém apontaram diferenças entre as expres-
existência e é percebido (realismo) quanto sões ambiente, meio ambiente e natureza.
para aquilo que é pensado (representação).
Para nós, esse é um dos motivos pelo qual Elementos do ambiente formam o
surgem inúmeras confusões conceituais, ou meio ambiente
seja, uma mesma expressão é utilizada para
Segundo Abbagnano (2003), a expressão am-
referir-se a duas abordagens distintas.
biente refere-se a um complexo de relações
Acreditamos ser necessário utilizar diferen- entre o mundo natural e o ser vivo, que influi
tes terminologias para esses dois significados na vida e no comportamento desse mesmo
(natureza real ou causal e natureza repre- ser. Logo, o uso dessa expressão deve levar
em conta as características de cada reino,
sentada ou pensada). Desse modo, iremos
assim como, os componentes e relações que
considerar que a natureza existe independen-
constituem o espaço no qual um organismo
temente de se pensar sobre ela (imagine, por
vive, isso porque a dependência dos seres em
exemplo, a Terra sem humanos; a natureza
relação às características do ambiente varia
existiria em si mesma, continuaria seu curso
de uma espécie para outra.
normalmente). Quando, no entanto, elabora-
mos qualquer raciocínio sobre ela, ou seja, Em nível taxonômico as relações entre os
quando esta entidade passa a ser representada animais não humanos e seu ambiente são di-
por uma mente, passamos a falar de ambien- ferentes das relações existentes entre os vege-
te, não mais de natureza. Assim, argumenta- tais e seu ambiente. Os animais móveis, por
mos que o conceito de natureza se refere ao exemplo, podem procurar o seu alimento, seu
objeto mundo natural e a expressão ambiente abrigo, fugir de seus predadores ou terem mais
à interpretação/representação desse objeto. opções que os vegetais (teoricamente) para en-
contrar membros da sua própria espécie e pro-
Retomando e respondendo as primeiras ques- ceder à reprodução (Branco e Rocha, 1980).
tões temos: ao conjunto de tudo que existe,
Os organismos que se locomovem possuem
damos o nome de natureza. Esta é uma enti-
uma ampla margem de controle sobre o es-
dade real que também pode ser pensada/repre-
paço em que optam por viver, pois podem se
sentada. Quando assim o é, passamos a deno-
deslocar de um local desfavorável e buscar
miná-la de ambiente. Não conhecemos todos outro, mais favorável. No entanto, os orga-
os elementos da natureza e somente aquilo nismos sésseis não possuem tal “liberdade”,
que conhecemos e que, portanto, podemos pois necessitam viver nas condições em que
representar compõe o ambiente. Consequen- se encontram. Esses organismos são expos-
temente, se o homem não existisse, a natureza tos a forças de seleção natural de uma forma
continuaria a existir, mas o ambiente não, pois particularmente intensa e, assim, o ambiente
não mais existiria natureza representada. para um ser fixo adquire significado distin-
também temporal e direcional. Uma vez que Essa expressão marca a diferença entre
as demandas ambientais de um organismo o mundo tal como existe em si e o mundo
variam ao longo de sua ontogenia é impor- enquanto mundo deste ou daquele ser vivo.
tante trazer o conceito de tempo para definir Trata-se de um aspecto do mundo ao qual o
seu ambiente particular ou meio ambiente. organismo se dirige, que existe para o com-
Assim, o tempo de vida de um organismo é portamento de um animal; é o meio ambiente
o tempo de duração de seu ambiente opera- de comportamento, que se opõe àquele geo-
cional, ou seja, durante o tempo em que um gráfico (Merleau-Ponty, 2000).
organismo está vivendo podemos falar dos
fenômenos que incidem significativamente Umwelt corresponderia ao mundo circundan-
sobre ele, no entanto, quando o organismo te, ao entorno, ao mundo associado, ou como
morre essa relação cessa. Temos aqui a res- acreditamos à expressão meio ambiente.
posta à questão colocada no início desse tra- Como consequência das propriedades dos ór-
balho: o meio ambiente não pode ser definido gãos dos sentidos, do metabolismo, do siste-
fazendo-se uso somente de critérios espaciais. ma nervoso e da própria forma do organismo,
Como ponderam Levins e Lewontin (1985), haveria uma justaposição espacial e temporal
devido às particularidades das espécies e dos de diferentes elementos do mundo que pro-
organismos, esse conceito é altamente hete- duziriam, assim, um entorno ou mundo ex-
rogêneo em termos de tempo e espaço. terno relevante para o organismo (Lewontin,
2002; Levis y Lewontin, 1985). Esse mundo
Portanto, o ambiente operacional, ou como su-
exterior seria “destilado” pelo animal que
gerimos, o meio ambiente, é um conceito que
por meio dos dados sensoriais obtidos po-
está direcionado ao organismo, a um indiví-
deria responder-lhe com determinadas ações
duo em particular. Essa ideia, também encon-
(Merleau-Ponty, 2000).
trada na noção de umwelt de Uexküll (1951),
nos permite afirmar que a expressão ambiente
Nesse sentido, compreender a relação en-
não pode ser aplicada com o mesmo sentido a
tre organismo e ambiente é reconhecer os
todos os seres vivos, os quais apresentam ca-
signos que a espécie é capaz de perceber, é
racterísticas morfofisiológicas distintas.
relacioná-los com suas ações, é definir seu
Foi na década de 1920 que Jacob Johann círculo funcional (Heredia, 2011) e, portanto,
von Uexküll (1864-1944) popularizou a ex- seu ambiente operacional. O meio ambiente
pressão umwelt, utilizando-a no sentido de corresponde à relação específica que os se-
relevant environmental, ou seja, aquele am- res constroem e mantêm com o mundo. Um
biente percebido por determinado organismo. animal, por exemplo, só percebe o que “deve
Umwelt (um, à volta e welt, mundo) corres- perceber”, leva em conta seus signos e ignora
ponderia ao ambiente comportamental que é o resto. Isso ocorre devido a seus diferentes
próprio de uma dada espécie e que é construí- receptores e efetores, também denominados
do por um conjunto de estímulos dotados de de órgãos perceptivos e operacionais, respec-
valores e significados (Klopfer, 1969). tivamente (Heredia, 2011).
lo. Assim, construímos nosso próprio mundo mejam a preservação do meio ambiente.
externo, nosso umwelt, nosso meio ambiente Ora, o que se quer dizer por essa expressão?
subsidiados por processos sígnicos (percep- Estamos contemplando as diferentes necessi-
tivos), ou seja, pelas atividades receptoras e dades morfofisiológicas de cada organismo
efetoras que caracterizam a nossa espécie. ou buscamos somente resguardar o meio am-
biente humano? Estamos preocupados com
Portanto, o conhecimento sobre a nature- a preservação dos ambientes operacionais
za, baseia-se na apreensão dos processos e das demais espécies ou com a manutenção
elementos existentes e que podem ser ob- daqueles fenômenos com os quais a espécie
servados. Consequentemente, elaboramos humana interage e dos quais depende?
esquemas mentais que estão intimamente
relacionados com as experiências individuais Evitamos também apoiar certos discursos ra-
de cada um. Cada ser humano está cercado dicais de que a sociedade acabará com a na-
por um mundo “adequado” ou acomodado tureza. Na verdade, os sistemas sociais pro-
(Uexküll, 1951), que se refere ao mundo cir- dutivos humanos podem interferir no meio
cundante, ao meio ambiente. ambiente de outros organismos, como tam-
bém podem tornar o meio ambiente humano
impróprio para nossa sobrevivência levando
Considerações finais à exclusão do Homo sapiens da natureza.
Todavia isso não implica dizer que, concomi-
Diante do objetivo proposto, acreditamos que tantemente, a natureza deixaria de existir.
foi possível apontar diferenças significativas
entre as terminologias ambiente, meio am- Outro ponto relevante é que, ao distinguirmos
biente e natureza, assim como responder às os significados dessas expressões, podemos
questões inicialmente levantadas. No entan- ter mais clareza sobre quais são os objetos de
to, estamos cientes de que esta investigação estudo das diferentes áreas do conhecimento.
está longe de ser finalizada. Fizemos apenas As Ciências Ambientais, por exemplo, utili-
um recorte subsidiados por alguns referen- zam um pensamento homogêneo da natureza,
ciais teóricos (principalmente da Ecologia). ou seja, buscam interpretá-la e elaboram re-
presentações do ambiente, investigando todo
Cabe agora questionarmos, tal como fazem e qualquer meio ambiente, ao passo que, a
Mason e Langenheim (1957) em suas con- Educação Ambiental faz uso de uma meta-
clusões: que diferença tudo isso faz? Mais es- linguagem, de um pensamento predominan-
pecificamente, que implicações essas discus- temente heterogêneo, ou seja, pensa sobre o
sões conceituais podem ter? Seguem algumas que se pensa sobre a natureza, além de focar
respostas. seus estudos no meio ambiente humano.
Primeiramente podemos destacar que a dis- Superar a ideia de que o ambiente deve in-
tinção terminológica apresentada permite cluir obrigatoriamente as questões econômi-
questionar, por exemplo, os objetivos das cas, políticas e sociais é outra contribuição
políticas ambientais, quando as mesmas al- deste trabalho. Se estivermos nos referindo
ao meio ambiente humano, esses elementos tiva requer uma abordagem mais detalhada,
fazem sentido, assim como é pertinente defi- que não caberia nessas páginas.
ni-lo como “um campo de interações entre a
cultura, a sociedade e a base física e bioló- Buscamos também transcender a ideia de que
gica” (Carvalho, 2008, p. 37). Contudo esse todos os fenômenos são essenciais para um
mesmo significado não pode ser aplicado aos organismo. Assim, ao eliminarmos os fatores
demais seres. As particularidades de cada or- indiretos e os “corpos estranhos”, removemos
ganismo devem ser levadas em consideração. muito da frustrante complexidade do ambien-
Assim, defendemos que o meio ambiente te e passamos a nos limitar aos fatores dire-
humano deva ser considerado em suas múl- tos, os quais podem ser confirmados empiri-
tiplas dimensões (econômicas, sociais, políti- camente (Mason y Langenheim, 1957). Essa
cas etc.), mas essa singularidade não cabe aos definição é justificável uma vez que os fenô-
demais meios ambientes. menos que afetam diretamente os organismos
são os objetos primários de interesse em qual-
Ao considerarmos o meio ambiente como sen- quer análise ambiental (Spomer, 1973).
do constituído de elementos que envolvem ou
cercam uma espécie ou indivíduo em particu- E, por fim, este trabalho permite afirmar que
lar, que são relevantes para o mesmo e que en- a natureza não é apenas fruto da mente, mas
tram em interação efetiva, esse conceito passa possui um caráter dual, sendo tanto uma en-
a ser geral e abrangente, contemplando as par- tidade passível de pensamento quanto uma
ticularidades de cada organismo e não se res- entidade real. Consequentemente, pode-se
tringindo unicamente ao Homo sapiens. Tem assumir que o ambiente estudado pelos cien-
como elemento central o próprio organismo. tistas por meio da observação e experiência,
por se tratar de uma natureza pensada, é na
Entretanto, cabe ressaltar que não estamos realidade um mundo antropocêntrico, uma
desconsiderando a complexidade humana, vez que consiste em processos naturais que
ao contrário, entendemos que nossa particu- estão dentro dos limites da observação/perce-
laridade se dá por um fato fundamental: o pção humana (Collingwood, 1978).
homem, ao contrário dos demais seres, não
se comporta somente como espécie, mas sim
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