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Alizete dos Santos1 Wesley Alves dos Santos2 Hélio Mário de Araújo3
INTRODUÇÃO
O processo de urbanização brasileira se caracterizou pela forma acelerada e desordenada
de ocupação da população. Essa dinâmica de transformação do ambiente físico em um
ambiente antropizado, acarretou-se na utilização de áreas de alto grau de fragilidade à
ocupação. Esse fato mostra a necessidade de realizar estudos que atentem para as perdas
humanas e/ou econômicas presentes no espaço urbano a partir da dinâmica ambiental.
Segundo Cunha & Guerra (1996) a atuação desordenada das construtoras no espaço
urbano (Estado, imobiliárias e populações menos favorecidas) resulta na proliferação de áreas
de riscos, e conseqüentemente em danos socioambientais.
Nessa perspectiva, entende-se por áreas de risco, a possibilidade de perigo, perda ou
dano do ponto de vista social e econômico a que a população esteja submetida caso ocorram
escorregamentos e processos correlatos, geológicos e/ou hidrológicos induzidos ou não
(CUNHA, 1991).
1
Mestranda em Desenvolvimento e Meio Ambiente – PRODEMA/UFS/CAPES, Geografia Licenciatura – UFS,
Membro do Grupo de Pesquisa em Dinâmica Ambiental e Geomorfologia – DAGEO/DGE/UFS/CNPq;
2
Mestrando em Desenvolvimento e Meio Ambiente – PRODEMA/UFS/CAPES, Especialização em Didática e
Metodologia do Ensino Superior – FSLF, Geografia Licenciatura – UNIT;
3
Professor Doutor do Departamento de Geografia – DGE/UFS, líder do Grupo de Pesquisa em Dinâmica
Ambiental e Geomorfologia – DAGEO/DGE/UFS/CNPq.
IV Encontro de Recursos Hídricos em Sergipe - 23 a 25 de março de 2011, Aracaju-SE
MATERIAL E MÉTODOS
O presente trabalho realizou-se em dois momentos, sendo eles, gabinete e campo. Na
fase inicial, fez-se necessário as leituras bibliográficas e uso de documento cartográfico para
subsidiar as observações em campo.
No trabalho de campo fizeram-se várias observações in loco e utilizou-se o GPS como
instrumento de apoio, bem como a câmera fotográfica digital para registrar a dinâmica
superficial e cicatrizes (ravinas e voçorocas). Esta fase, auxiliada através da caderneta de
campo, possibilitou descrever sobre a interferência dos processos morfogenéticos na produção
das áreas de risco e localizar as moradias em situação de risco geomorfológico e hidrológico
do espaço que compete aos bairros Porto Dantas e Coqueiral.
Para a definição das moradias em risco foram observados os seguintes parâmetros:
proximidade das moradias do corte da vertente, cicatrizes de movimentos de massa, presença
de raízes de árvores expostas, incidência de erosão nas raízes da vegetação de médio e grande
portes muito próxima das casas, inclinação da vertente.
RESULTADOS E DISCUSSÃO
IV Encontro de Recursos Hídricos em Sergipe - 23 a 25 de março de 2011, Aracaju-SE
A área que abrange o bairro Porto Dantas encontra-se na parte Norte do município de
Aracaju. A presença da Área de Preservação Ambiental do Morro do Urubu criada em 1993
não barrou a crescente ocupação irregular da população carente em seu entorno.
O espaço que compete a APA caracteriza-se pelo seu grau elevado de altitude e a
presença do remanescente de Mata Atlântica. Há ocorrência de terraços marinhos planos e
baixos pertencentes à margem direita do rio Sergipe em que apresenta uma ocupação mais
antiga, já a Invasão do Coqueiral em terrenos das encostas do Morro e da planície flúvio -
marinha, com ou sem mangue, apresentando no prolongamento desta Invasão a ponte sobre o
Rio do Sal (SILVA, 2004).
Segundo Chagas (2009) a construção da Avenida Euclides da Cunha, em 1975,
favoreceu a expansão urbana para essa área do município. Ocorreu de forma lenta e gradual,
mas foi com a construção da ponte interligando o município de Aracaju a Nossa Senhora do
Socorro em 1990 que se intensificou a ocupação desordenada nas áreas do Porto Dantas.
O aterro de áreas alagadiças e a falta do ordenamento urbano condicionam a
convivência precária da população com picos de enchentes, principalmente no período de
chuva, que no município ocorre entre o outono/inverno (ARAÚJO, 2010).
Nas encostas do Morro do Urubu, devido à acentuada declividade da encosta, as
moradias foram implantadas em patamares, através do seccionamento da vertente sem
acompanhamento de técnicos, ocasionando a alteração da geometria da encosta e a remoção
da cobertura vegetal e da camada superficial do solo. Com isso, há o aumento da possibilidade
de ocorrência de voçorocamento e/ou movimentos de massa localizados. Em algumas
moradias o risco de escorregamento é duplo, podendo ocorrer tanto no talude localizado atrás
dela, como no patamar em que está assentada. Essa situação ocorre com as mordias
assentadas no terço médio do talude.
A ocupação mais antiga se deu nas áreas de terraços próximas da Av. Euclides da
Cunha, depois adentrando para a base do Morro do Urubu, atualmente algumas casas chega a
menos de um metro de distância. A existência de cicatrizes erosivas comprova a ocorrência de
movimentos de massa local e evidenciam a situação de risco a qual a população está exposta.
A ausência de serviços eficazes de coleta de lixo e carência de educação ambiental
favorece a deposição dos resíduos em encostas e nas ruas do relevo plano que comprometem
o fluxo das águas e a dinâmica superficial, em conseqüência, desencadeiam e estimulam a
acelerada provocando a retirada de nutrientes e estabilidade do solo.
IV Encontro de Recursos Hídricos em Sergipe - 23 a 25 de março de 2011, Aracaju-SE
Conclusões
A análise e descrição das situações de risco existentes nas vertentes e regiões fluvio -
lagunares do bairro Porto Dantas constitui-se numa importante ferramenta para o
planejamento do uso e ocupação do solo, assim como para definição de estratégias de
intervenção do poder público junto à população instalada nesta área.
A população do Bairro Porto Dantas, predominantemente de poder aquisitivo baixo,
vê-se obrigada a habitar as áreas ambientalmente impróprias para ocupação, ficando assim,
sujeita aos processos causadores de risco.
Assim, enquanto a situações de riscos geomorfológicos estão associadas à dinâmica de
encostas, com ocorrência de moradias sujeitas a processos de escorregamentos localizados,
tombamento de árvores, erosão por voçorocamento. Os de risco hidrológicos, referem-se às
enchentes e alagamentos que podem trazer além de perdas financeiras, danos à saúde.
Referências Bibliográficas
ARAÚJO, H. M. de; SOUZA, A. C.; COSTA, J. de J.; SANTOS, G. J. dos. O Clima de
Aracaju na Interface com a Geomorfologia de Encostas. Revista Scientia Plena, Vol. 6,
nº8, 2010.