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Resumo
Este trabalho teve como objetivo diagnosticar as incidências de processos erosivos na bacia
hidrográfica do Ribeirão Formoso e no Parque Estadual de Paraúna a partir da aplicação da
Equação Universal de Perda de Solo (EUPS) e realização de validação com imagens de satélite
de alta resolução espacial. Avaliou-se que a perda de solo ocorre em taxas superiores a 50%.
Foram identificadas 65 ocorrências de processos erosivos, categorizadas de acordo com a
vulnerabilidade associada ao uso e prática conservacionista, como: solo exposto, APP e
terraceamento em nível, sendo essas duas últimas as de maior gravidade. As ocorrências de
áreas mais vulneráveis podem estar relacionadas à expansão agrícola, que causaram a supressão
da vegetação natural, sobretudo, em áreas próximas aos cursos d’água, as quais deveriam estar
sendo preservadas conforme a legislação.
Abstract
The objective of this work was to diagnose the incidence of erosion processes in the Ribeirão
Formoso Watershed and in the State Park of Paraúna from the application of the Universal Soil
Loss Equation (USLE) and carrying out validation with high spatial resolution satellite images.
It can be assumed that soil loss occurs at rates greater than 50%. 65 occurrences of erosion
processes were identified, categorized according to the vulnerability associated with the use
and conservation practice, such as: exposed soil, permanent preservation área and level
terracing, the latter two being the most serious. The occurrences of more independent areas may
be related to agricultural expansion, which caused the influence of natural vegetation, especially
in areas close to watercourses, which should be preserved according to legislation.
1
Mestranda pelo Programa de Pós-graduação em Geografia do Instituto de Estudos Socioambientais -
Universidade Federal de Goiás (PPGeo/IESA/UFG). Email: lorranevf4@gmail.com.
2
Professor Adjunto das áreas de recursos naturais, análise ambiental e geomática no Instituto de Estudos
Sócio-Ambientais (IESA) da Universidade Federal de Goiás (UFG). Email: rherison_almeida@ufg.br.
Sociedade e Território – Natal. Vol. 34, N. 3, p. 7–32
Set./Dez. de 2022 / ISSN:2177-8396 7
Avaliação de perda de solo na bacia hidrográfica do Ribeirão SOCIEDADE E
Formoso, Paraúna-GO TERRITÓRIO
Resumen
Este trabajo tuvo como objetivo diagnosticar la incidencia de los procesos de erosión en la
cuenca del arroyo Formoso y en el Parque Estadual de Paraúna a partir de la aplicación de la
Ecuación Universal de Pérdida de Suelo (EUPS) y validación con imágenes satelitales de alta
resolución espacial. Se estimó que la pérdida de suelo ocurre a tasas superiores al 50%. Se
identificaron 65 ocurrencias de procesos erosivos, categorizados según la vulnerabilidad
asociada al uso y práctica de conservación, tales como: suelo expuesto, APP y aterrazamiento
a nivel, siendo estos dos últimos los más graves. Las ocurrencias en áreas más vulnerables
pueden estar relacionadas con la expansión agrícola, lo que provocó la supresión de la
vegetación natural, especialmente en las áreas cercanas a los cursos de agua, que deben ser
preservadas de acuerdo con la legislación.
INTRODUÇÃO
antrópicas são refletidos diretamente nos corpos hídricos da bacia hidrográfica (BOTELHO e
SILVA, 2004).
Diante disso, diversos estudos relacionados a erosão têm empregado a bacia
hidrográfica como célula natural de análise (BOTELHO e SILVA, 2004). Segundo Pereira
(2015, p. 77) “a constante modificação da superfície nas bacias hidrográficas tem degradado o
solo, pelo seu uso e ocupação, que associados ao regime hidrológico e sedimentológico destas,
têm ocasionado no aceleramento do processo de erosão hídrica”. Ademais, Oliveira et. al.
(2018) salientam que a degradação do solo causada por processos erosivos é um dos principais
problemas ambientais enfrentados atualmente.
A erosão é definida como um conjunto de processos físicos que provocam
desprendimento e transporte de partículas do solo (BERTONI e LOMBARDI, 2010). Essa ação
pode ocorrer de duas formas distintas. A primeira é classificada como erosão geológica,
acontece de forma natural, onde a remoção do solo ocorre de maneira muito lenta em relação à
taxa de formação de solo. O segundo tipo é classificado como erosão acelerada (também
denominada antrópica) e ocorre em razão da interferência das ações humanas na natureza, nesse
caso, o processo erosivo ocorre de maneira rápida e destrutiva, pois a taxa de remoção do solo
é superior à de formação do solo (SILVA, 1995).
Dentre as diferentes formas de ocorrência de erosão, no Brasil, há o predomínio da
erosão de origem hídrica, em razão de ser regido por um clima tropical, caracterizado por
elevados índices de chuvas, além disso, muitas áreas apresentam concentração de chuva em
dado período do ano, que influência diretamente no agravamento da erosão (GUERRA, 1999).
Segundo Pruski (2006), “a chuva constitui o agente responsável pela energia necessária para a
ocorrência da erosão hídrica, tanto pelo impacto direto das gotas sobre a superfície do solo
quanto pela sua capacidade de produzir o escoamento superficial”.
As formas mais comuns de degradação do solo causadas pela erosão hídrica, são: a
laminar, em que as partículas são desgastadas uniformemente da superfície de forma quase
imperceptível, seu avanço é notado somente após algum tempo; os sulcos, que provocam
desgastes irregulares concentrados em alguns pontos específicos da superfície, apresentando
média profundidade; e as voçorocas, que provocam deslocamento de grandes massas de solo
formando imensos sulcos com cavidades extensas e com grande profundidade, também
caracterizado pela fase mais avançada do processo erosivo (SILVA, 1995; PRUSKI, 2006;
BERTONI e LOMBARDI NETO, 2010).
Guerra e Mendonça (2004) evidenciam que a ocorrência dos processos erosivos sofre
influência de diversos fatores, como: intensidade, duração e frequência das chuvas
(erosividade); características da composição, estrutura, porosidade e permeabilidade dos solos;
desnível, forma e declive das vertentes; presença ou não de cobertura vegetal; e do tipo de uso
e manejo do solo realizados na área. Dado que, as consequências resultantes da erosão dos
solos, podem ser resumidas pela ocorrência da: remoção dos nutrientes do solo; redução das
infiltrações e armazenamento da água; redução das áreas passíveis de serem utilizadas para
agricultura e pecuária; ampliação do assoreamento dos corpos hídricos; poluição dos cursos
d’água, por conta do transporte de defensivos agrícolas, em conjunto com os sedimentos
erodidos (GUERRA e JORGE, 2013).
O desencadeamento dos processos erosivos e suas consequências generalizadas,
demandam, cada vez mais, o desenvolvimento de técnicas e ferramentas que visem prevenir,
minimizar e avaliar os impactos decorrentes desse fenômeno. Segundo Amorim et al., (2006,
p. 80) “diversos modelos matemáticos vêm sendo desenvolvidos e aperfeiçoados desde a
década de 1950, com o intuito de prever a magnitude das perdas de solo por erosão”. A vista
disso, Silva et al. (2010) destacam que a Equação Universal de Perda de Solo (EUPS) é o
modelo matemático mais utilizado no Brasil para realizar estudos acerca da perda de solo pela
erosão laminar.
Outrossim, a tecnologia de geoprocessamento surge como um instrumento fundamental
para realização de investigações ligadas a análise ambiental (DIAS et al., 2001), uma vez
que, utiliza “um conjunto de técnicas, que possibilita a manipulação, a análise, a simulação de
modelagens e visualização de dados georreferenciados” (FITZ, 2008, p. 24). De acordo com
Demarchi (2012), as operações de geoprocessamento podem ser executadas em ferramentas
como Sistema de Informações Geográficas (SIG), auxiliando na avaliação e investigações
acerca da estimativa de perdas de solo ocasionadas por erosão, através de análises espaciais e
simulações de possíveis cenários de degradação, de modo ágil e preciso.
Estudos na bacia hidrográfica do ribeirão Formoso, localizada no município de
Paraúna-GO, são importantes visando a promoção da geodiversidade, geoconservação e
geoturismo existentes nessa área, haja vista a existência do Parque Estadual de Paraúna, sendo
de grande relevância ambiental, cultural e econômica para o município, bem como para o estado
de Goiás (JORGE e GUERRA, 2016; FERREIRA, 2016). As características da vegetação
natural do município de Paraúna são representadas pelo Cerrado, que suscita a promoção de sua
preservação e conservação. Dado que esse domínio vem sendo ameaçado pelas interferências
antrópicas, principalmente ligadas a expansão das atividades agropecuárias, que sem adequado
plano de manejo, acarretam diversos impactos ambientais, tal como a degradação do solo
causado por processos erosivos (Bacarro, 1999; GUERRA e MENDONÇA, 2004).
Diante do exposto, este trabalho pretende realizar uma avaliação de perda de solos
utilizando técnicas de geoprocessamento visando identificar áreas de vulnerabilidade, na bacia
hidrográfica do ribeirão Formoso, localizada em Paraúna-GO.
MATERIAIS E MÉTODOS
À montante dessa bacia está localizado o Parque Estadual de Paraúna (GO), criado a
partir do decreto n° 5.568, de 18 de março de 2002, com a finalidade de preservar dois
monumentos geológicos encontrados na região: A serra das Galés, localizada na parte leste do
parque, e a Serra da Portaria, localizada na área oeste do parque. Estes dois monumentos são
considerados relevantes por apresentarem características de beleza cênica e de possuírem
amostras do ecossistema do Cerrado (SEMAD, 2021).
O município de Paraúna-GO, segundo a classificação de Köppen-Geiger, apresenta
tipologia de um clima Aw, representada por uma região dominada pelo clima tropical, que
apresenta como principal característica duas estações climáticas muito bem definidas, sendo
compostas por um verão chuvoso e um inverno seco (NASCIMENTO e NOVAIS, 2020). Em
Paraúna as temperaturas ao longo do ano oscilam entre 16.5°c a 32.8°c, e apresenta temperatura
média anual de 24.2°C. O índice de precipitação possui média anual de 1.440 mm. O período
de chuvas está concentrado entre os meses de outubro a abril, sendo janeiro o mês mais chuvoso
(Climate-Data.org, s. d.).
A formação geológica do município de Paraúna está associada à presença de rochas
sedimentares e vulcânicas datadas das Eras Paleozoica à Cenozoica (GOIÁS, 2008). A área da
bacia hidrográfica do ribeirão Formoso apresenta cobertura sedimentar do Grupo Itararé
(formação Aquidauana); São Bento (formação Serra Geral); Bauru (formação Vale do Rio do
Peixe); e Depósitos Aluvionares (GOIÁS, 2008). É relevante salientar que tais características
geológicas possuem grande importância para recarga de aquíferos e sobretudo para a
conservação de solos que se destacam por sua vulnerabilidade erosiva.
O domínio do relevo do município de Paraúna está associado a bacia sedimentar do
Paraná, onde se formaram as faixas intracratônicas, que favoreceram os processos de sequências
de camadas sedimentares (horizontais ou sub-horizontais) caracterizando as transformações
Morfológicos estruturais, responsáveis pela origem e pela evolução do relevo tabuliforme na
região, formada por chapadões, chapadas e mesas (CASSETI, 2005).
As unidades pedológicas que compreendem a área de estudo são representadas por
quatro categorias de solo, sendo elas: Argissolo, Gleissolo, Latossolo e Neossolo. Quanto às
características de cada uma das classes, de acordo com Embrapa (2018), temos: o Argissolo,
composto por materiais minerais, de textura argilosa, suscetível a erosão quando o gradiente de
textura é acentuado; o Gleissolo, recorrente em áreas alagadas ou sujeitas a alagamentos e
quando saturado facilita o escoamento superficial provocando a remoção e transporte do solo;
o Neossolo constituído por materiais de baixa evolução, pouca profundidade e com alto risco
erosivo; e por fim, o Latossolo, formado por materiais com alto grau de intemperismo, muito
profundos e com boa drenagem.
A área de estudo está localizada em uma região caracterizada pela intensidade da
atividade agrícola, que atua fortemente no mercado produtor de monoculturas de cana-de-
açúcar, soja e outras lavouras temporárias. O uso e ocupação do solo é composto
predominantemente pelas atividades agropecuárias, que está em processo de expansão.
Para determinar os valores das médias de erosividade da região onde está inserida o
estado de Goiás, utilizou-se a equação sugerida por Morais et al. (1991), apresentada por Silva
(2003 apud PRUSKI, 2006), sendo expressa por:
EI30 = 36.849 * (Mx2 / P) 1.0852
Em que: EI30 = média mensal do índice de erosão, em MJ mm ha-1 h-1 ano-1; Mx =
precipitação média mensal, em mm; P = precipitação média anual, em mm.
O fator R foi gerado com base nos registros de onze estações pluviométricas do entorno
da área de estudo (Tabela 1), disponibilizado pela Superintendência de Geologia e Mineração
Fator CP
Os valores obtidos do fator A foram divididos em 4 classes de perda de solo, que variam
entre nula a moderada até forte a muito forte, de acordo com a classificação adaptada de
Carvalho (2008 apud SALES, 2018) (Tabela 4).
RESULTADOS E DISCUSSÃO
Israelândia 11.881,66
Jandaia 9.270,43
Maurilândia 11.355,3
Montividiu 9.327,93
Paraúna 9.369,37
Rio Verde 11.620,04
Turvânia 9.294,71
-1 -1 -1
*em MJ mm ha h ano .
A maior porção da bacia tem sido ocupada pelas atividades agrícolas, que correspondem
a cerca de 45,34% da área (Figura 2C). Logo depois, a pastagem, compreendendo 19,69%. Em
seguida, temos a formação florestal abrangendo 17,76%. No que diz respeito a espacialização
das outras classes identificadas, encontramos: mosaico de agricultura e pastagem, formação
natural não florestal, silvicultura, corpo d’água e outras áreas não vegetadas (Tabela 6). Desse
modo, identificado que, considerável parcela da área de estudo é composta por áreas que
sofreram modificações antrópicas, tais alterações influenciam diretamente na proteção natural
do solo, uma vez que a retirada de sua proteção natural interfere diretamente na sua perda de
solo (BERTONI e LOMBARDI NETO, 2010).
Os resultados do fator LS (Figura 2D) indicam que maior parte da área de estudo
expressa valores baixos, variando entre 0 a 2, correspondente às porções de relevo plano e
suavemente ondulado. Os valores mais acentuados, que variam de 5 a 15 e superiores a 15,
estão localizados em relevos mais movimentados, coincidindo com as bordas das chapadas.
Figura 2. A) Fator erosividade (R); B) Fator erodibilidade (K). C) Fator uso e manejo do solo
e práticas conservacionistas (CP); D) Fator topográfico (LS).
Observou-se que o conjunto dos fatores (R, K e CP) da equação EUPS exercem
considerável influência na ocorrência de perda de solo, expressa em taxas relevantes de mais
de 50% da área de estudo. Visto que, a área apresenta alto grau de erosividade causado pelas
chuvas; condições pedológicas com características naturais de vulnerabilidade à erosão;
somadas as expressivas práticas agropecuárias. As ocorrências de perdas de solo, estão
distribuídas espacialmente em diferentes locais da área de estudo, dado que as classes que
apresentaram maior ocorrência são a nula a moderada com 47,45%, e a média, correspondendo
a 41,70% (Tabela 7).
Tabela 7. Quantificação das áreas das classes de perda de solo da área de estudo.
Classes de perda de solo Área (em km²) Área (em %)
Nula a Moderada 374,11 47,45
Média 328,8 41,70
Média a forte 75,98 9,65
Forte a Muito Forte 9,40 1,20
Quanto à predominância de cada uma das classes na área da bacia, temos: a classe nula
a moderada nas partes noroeste, sul e sudeste, correspondendo as áreas com maior presença de
cobertura vegetal e baixo fator LS; a classe média, nas porções oeste, sudoeste, leste, norte e
nordeste, relacionadas as áreas ocupadas por atividades agrícolas e solos de alta suscetibilidade
erosiva; relativo à classe média a forte, indica espacialização semelhante à classe média;
enquanto, a classe forte a muito forte, está localizada em dois pontos a noroeste da bacia,
compostos por mosaicos de agricultura e pastagem, em áreas com solos de alta vulnerabilidade
erosiva e locais com alto fator LS.
No Parque Estadual de Paraúna, a leste, onde está localizada a Serra das Galés,
observou-se que apresenta baixa perda de solo e ainda presença de vegetação natural em seu
entorno, principalmente na sua porção mais a sudeste, enquanto, na sua porção mais a noroeste
foi possível indicar médio potencial de perda de solo, estando essa parte ocupada pela pastagem.
A área central do parque é composta predominante pela classe de perda média de solo e também
está inserida em uma área ocupada pela pastagem. Em relação à localização oeste do parque,
destacam-se as faixas do extremo oeste, onde está localizada a Serra da Portaria, verificou-se
que as bordas das chapadas expressam os maiores valores relativo à perda de solo, estando
relacionadas as áreas com elevados valores dos fatores R, K e LS.
Ferreira (2012) descreve que a classe relativa à nula a moderada não representa
significativas perdas de solo ou, ao menos, são áreas que não demonstram ameaça à ocorrência
de processos erosivos. Considerando a mesma linha de raciocínio, entende-se que a classe
média até forte a muito forte, são as áreas mais suscetíveis de gerar perda de solo, bem como
passiveis de ocorrência de processos erosivos (Figura 3).
Figura 4. Identificação dos pontos erosivos quanto ao seu local de ocorrência na bacia
hidrográfica do ribeirão Formoso.
Todavia, quando mal planejadas, podem trazer malefícios ao solo e favorecer a ocorrência de
processos erosivos, sendo tais consequências, ainda piores do que a escolha de não adotar
nenhum tipo de práticas conservacionistas no solo (OLIVEIRA, 2009).
Além disso, Oliveira (2009) enfatiza que o rompimento do terraceamento ocorre em
função de elevadas chuvas ou pelo terreno apresentar algum ponto de fragilidade, estando
relacionado a priori a um mau dimensionamento e falta de manutenção dessas áreas. Na área
que compreende a bacia hidrográfica do ribeirão Formoso, observou-se que os terraceamento
em nível apresentaram algum problema quanto ao seu dimensionamento, que resultaram na
erosão do solo dessa área.
Na figura 5, correspondente ao ponto 2, foi possível observar que, de forma geral, as
informações geradas pela EUPS estabelecem conexão com os pontos de riscos erosivos
encontrados por interpretação visual. Averiguou-se que esse ponto mapeado é pertencente às
classes “média a forte” e “forte a muito forte”. Analisando os fatores de perda de solo e
associando às imagens, foi inferido que as atividades agrícolas (soja, café, outras lavouras
temporárias) realizadas nessa área da bacia de solos predominantemente arenosos (Neossolo) e
de alto índice de erosividade, podem ter provocado os processos erosivos. Em relação ao fator
topográfico, verificou-se que a área expressa baixos valores.
Conforme Brito et al. (1998, apud SEGEDI, 2019), o modo de uso e ocupação da terra
é um dos principais fatores que favorecem o agravamento da degradação do solo. Além disso,
como já exposto, a perda de solo também é influenciada pela ausência da proteção natural da
cobertura do solo (BERTONI e LOMBARDI NETO, 2010). Com isso, ausente de cobertura
vegetal, essa área com solo exposto, está suscetível à erosão hídrica, a qual em um evento de
chuva, poderá carrear os sedimentos para áreas mais rebaixadas do relevo, provocando
assoreamento de corpos hídricos, perda da qualidade d’água e biodiversidade.
Na figura 6, relativo aos pontos 4, 5, 6 e 7, verificou-se que a área apresenta classe de
perda de solo majoritariamente entre “média” e “média a forte”. À vista disso, foram
identificadas 3 ocorrências de processos erosivos, em diferentes estágios, também relacionados
aos terraceamentos em nível.
Figura 6. Área com solo severamente degradado, causado pelo mau planejamento do
terraceamento em nível.
Nos pontos 4 e 5 foi possível verificar haver anteriormente um curso d’água que foi
ocupado por área agrícola. As modificações relacionadas as atividades agrícolas culminaram
no desmatamento da APP presente nesse local. Entretanto, constatou-se que o motivo
primordial do processo erosivo foi originado pelos terraceamentos mal dimensionados.
No ponto 6, o rompimento do terraceamento em nível suprimiu a vegetação, expondo o
solo. Enquanto, no ponto 7 observou-se que houve uma tentativa à montante de conter o avanço
Sociedade e Território – Natal. Vol. 34, N. 3, p. 7–32
Set./Dez. de 2022 / ISSN:2177-8396 24
SOCIEDADE E FABRÍCIO, Lorrane Vicente
TERRITÓRIO ALMEIDA, Rherison Tyrone Silva
significativo com o estado atual da área, dado que configuração dessa erosão já está em uma
condição avançada de perda de solo.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
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