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IX Congresso Brasileiro de Geotecnia Ambiental (REGEO 2019)

VIII Congresso Brasileiro de Geossintéticos (Geossintéticos 2019)


São Carlos, São Paulo, Brasil © IGS-Brasil/ABMS, 2019

Análise de Estabilidade de Talude Arenoso do Córrego Marinho na


Floresta Nacional de Silvânia - GO
Danielle Lucina Duarte1
Universidade Federal de Goiás, Goiânia, Brasil, daniellelucina@gmail.com1

Fernanda Maria dos Reis Porto2


Universidade Federal de Goiás, Goiânia, Brasil, reis.fernandam@gmail.com2

Dr. Carlos Albelto Lauro Vargas3


Universidade Federal de Goiás, Goiânia, Brasil, carloslauro2010@gmail.com3

Dra. Andrelisa Santos de Jesus4


Universidade Federal de Goiás, Goiânia, Brasil, andrelisajesus@gmail.com4

Jaila Raiane Barbosa de Souza5


Universidade Federal de Goiás, Goiânia, Brasil, jaila.raiane@hotmail.com5

RESUMO: Na Floresta Nacional de Silvânia (FLONA) a expansão de áreas agrícolas com instalação
de barramentos a montante da área de conservação, nos córregos Marinho e Estive, provocaram uma
alteração nos processos hidrológicos do córrego Marinho implicando em acentuado processo erosivo
nos taludes do canal fluvial. Na análise tradicional de estabilidade de taludes há um grande número
de variáveis que podem influenciar em resultados mais precisos. Entre os principais aspectos estão a
dificuldade de determinar as pressões neutras e definir os parâmetros efetivos de resistência do solo.
Para tentar estimar esses parâmetros foram realizados diversos ensaios baseados em normas técnicas
nacionais (ABNT) e internacionais (ASTM). Para o estudo da estabilidade do talude foi empregado
o método de equilíbrio limite em fatias verticais para superficie de ruptura circular de Bishop
Simplificado e Morgenstern Price, implementados no SLOPE/W (GeoStudio, 2012). Obtendo assim
o fator de segurança mínimo (FS) e o círculo de ruptura crítica para o talude estudado. Também foram
analisadas diferentes épocas do ano variando o NA. Com os parâmetros efetivos do solo, as análises
de estabilidade forneceram FS menores de 1,0. Assim foi estimado um acréscimo de coesão constante
no perfil de solo acima no NA para obter um FS igual a 1, o que representaria uma estimativa do
efeito coesão devida a sucção no solo. Conclui-se que a sucção tem influência pequena em solos
arenosos, para a condição avaliada no trabalho, e consequentemente na estabilidade do talude arenoso
na margem do afluente do Ribeirão Vermelho na FLONA em Silvânia GO.

PALAVRAS-CHAVE: Erosão fluvial, Estabilidade de taludes, Resistência ao cisalhamento, Coesão


devida à sucção.

ABSTRACT: In the National Forest of Silvânia (FLONA) the expansion of agricultural areas with
the installation of buses upstream of the conservation area, in the Marinho and Estive streams, caused
a change in the hydrological processes of the Marinho stream implying a marked erosion process in
the slopes of the river channel. In the traditional analysis of slope stability there are a large number
of variables that can influence more precise results. Among the main aspects are the difficulty of
determining the neutral pressures and defining the effective resistance parameters of the soil. In order
to try to estimate these parameters, several tests were carried out based on national technical standards
(ABNT) and international standards (ASTM). For the study of slope stability, the vertical slice
equilibrium method for circular rupture surface of Bishop Simplified and Morgenstern Price,
implemented in SLOPE / W (GeoStudio, 2012), was used. Thus obtaining the minimum safety factor

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(FS) and the critical rupture circle for the studied slope. Different times of the year were also analyzed,
varying NA. With the effective parameters of the soil, the stability analyzes provided FS less than
1.0. Thus, an increase of constant cohesion in the above soil profile in the NA was estimated to obtain
an FS equal to 1, which would represent an estimate of the cohesion effect due to soil suction. It is
concluded that the suction has a small influence on sandy soils, for the condition evaluated in the
work, and consequently on the stability of the sandy slope in the margin of the tributary of Ribeirão
Vermelho at FLONA in Silvânia GO.

KEY WORDS: Fluid Erosion, Slope Stability, Shear Strength, Suction Cohesion.

1 INTRODUÇÃO transporte de sedimentos ocorre na base do


talude o que provoca o solapamento de base do
O processo erosivo de taludes de cursos d’água é mesmo, gerando o deslizamento quase vertical
algo natural, que ocorre em canal fluvial por ação da massa de solo, para taludes de pequena altura
dos processos de geomorfologia fluvial, podendo (2 a 4 m) e fluxo lento (relevo pouco acidentado
ser classificado como erosão fluvial resultando do terreno). Com isso ocorre o alargamento do
em uma progressiva adaptação a questões de canal, sobretudo quando este atinge o seu nível
geologia e clima de modo a buscar o estado de de base e taludes no limite de equilíbrio.
equilíbrio (MAGALHÃES; MAIA, 2010). Como resultado das erosões em córregos, há
Nos casos em que esses processos são o surgimento de alguns problemas, o mais
acelerados pela ação humana, sobretudo em relevante é a presença de sedimentos que afeta
drenagens, de primeira alguns autores barragens, canais e reservatórios a jusante da
classificam como processo de voçorocamento, erosão, podendo afetar a geração de energia
mas não é inteção desse artigo entrar em elétrica, regularização dos cursos d’água, o
questões de nomeclatura e classficação de amortecimento de cheias, diminuição da
tipologias de erosão. capacidade de armazenamento de reservatórios e
Os fatores que geram as erosões estão açudes (BRITO, 2012).
relacionadas principalmente ao clima Este trabalho consiste na determinação dos
(precipitação pluviométrica), ao relevo fatores que permintem a estabilidade dos taludes
(inclinação e forma), a cobertura vegetal, ao da erosão na margem do Córrego Marinho
solos e à ações antrópicas. Esse último pode localizado dentro da Floresta Nacional de
contribuir para intensificação do processo, Silvânia – Goiás, estudando as características de
modificando os aspectos naturais do ambiente já resistência do solo, inclusive influenciadas pela
citados. Entre as ações humanas mais relevantes sucção acima do NA e como essas características
estão a retirada da vegetação nativa das áreas alteram a estabilidade dos taludes quase
destinadas para protenção permanente (APP) e o verticais.
uso e ocupação do solo incompatível com as
susceptibilidades naturais de cada ambiente
(BRITO, 2012). 2 MATERIAIS E MÉTODOS
Segundo Brito (2012) os principais agentes de
erosão nas regiões tropicais são a hídrica e a 2.1 Local de Estudo
eólica. De acordo com Jesus et all. (2009) a
erosão hídrica pode ter como agentes a ação da A pesquisa foi realizada na Floresta Nacional de
água de canais fluviais, da chuva, de lagos, de Silvânia (FLONA – Silvânia), a qual se localiza
mares, sendo classificadas respectivamente em na Antiga Estrada Silvânia – Leopoldo de
erosão pluvial, erosão fluvial, erosão lacustre e Bulhões, KM 7,5, Zona Rural, Silvânia – GO,
erosão marinha. As formas preponderantes da CEP: 75180-000. Sua localização está
erosão hídrica pluvial são a laminar, em sulcos, representada na Figura 1 e Figura 2.
ravinas e voçorocas.
No caso de erosões em magens de córregos o

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pontos foram coletadas, ao longo de cada perfil,
amostras deformadas e indeformadas, para os
ensaio de caracterização e resistência do solo
arenoso.
O perfil do solo arenoso do primeiro ponto de
coleta pode ser observado no croqui da Figura 3,
onde mostra os pontos de coleta de amostras e a
geometria do talude. Na Figura 4 o perfil de
coleta da margem esquerda é apresentada na
Figura 4a, e o perfil de coleta da margem direita
está na Figura 4b, onde se observa o talude
vertical arenoso de pequena altura, também se
observa a presença das raízes da vegetação no
topo do talude assim como o nível de água no pé
do talude arenoso. A Figura 4c apresenta o
detalhe da coleta de amostra indeformada.

Figura 1: Esquema cartográfico indicativo da localização


da FLONA. Fonte: Lima (2017).

Figura 3. Croqui do ponto de coleta das amostras

Figura 2. Mapa indicativo da localização do córrego


Marinho no trecho mais afetado por erosão.

A criação dessa Unidade de Conservação teve


como objetivo “promover o manejo adequado
dos recursos naturais; garantir a proteção dos
recursos hídricos e das belezas cênicas; fomentar
(a) (b)
o desenvolvimento da pesquisa científica básica
e aplicada, da educação ambiental e das
atividades de recreação, lazer e turismo.”
(BRASIL, 2018).
As amostras foram coletadas em pontos no
talude do córrego Marinho. Um dos pontos
localizado na margem esquerda do córrego,
outros dois pontos na margem direita. Nesses

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Figura 4. Pontos de Student Edition (GeoStudio, 2012). Ele é uma
coleta de solo: a) versão limitada da versão profissional, porém
Margem esquerda; b)
Margem direita ; c)
possuem recursos suficientes para se conhecer e
Detalhe de coleta de determinar fundamentos da análise geotécnica
amostra indeformada. pretendida.
Na simulação computacional, utilizou-se os
parâmetros de resistência obtidos através do
ensaio de cisalhamento direto. Para a análise
(c) empregou-se o modelo Mohr – Coulomb,
adicionando –se os parâmetros de peso
específico natural (kN/m³), coesão efetiva (kPa)
O que se propõe inicialmente é que o solo do e ângulo de atrito efetivo (°). No programa foi
talude mostra uma característica arenosa feito um croqui da geometria do talute (Figura
predominante, por tal motivo foi caracterizado 5), sendo considerado um perfil homogêneo com
apenas como um único material geotécnico (uma somente um material de solo arenoso (1),
característica de resistência e deformação) e também foi considerada uma sobrecarga da
foram retiradas 3 amostras; duas da margem vegetação (2) de 5 kPa, finalmente foi alternando
esquerda (P1.1 e P1.2) e uma amostra da margem – se o nível d’água para verificação dos efeitos
direita (P2.3). Destaca-se que tal característica da época chuvosa e seca do solo.
pode estar associadas ao perfil de alteração Ápos entrada desses dados se aplicou vários
intempérica de litologias quartzíticas e acréscimos de coesão devida a sucção até se
gnaissicas (sílico-aluminosos) associadas a obter fator de segurança maior o igual a 1,0 e por
Granulitos Para derivados que foram meio de regressão linear, encontrar o acréscimo
cartografados na área em escala 1:100.00 por necessário para fator de segurança igual a 1,0.
Oliveira (1994).

2.2 Ensaios em Laboratório

Foram realizados ensaios de caracterização e


resistência ao cisalhamento. Todos os ensaios
realizados foram realizados com base em normas Figura 5 - Croqui da geometria do talute considerando
técinas, nacionais da ABNT e algumas perfil de solo homogêneo (1 solo arenoso) e a sobrecarga
internacionais da ASTM. da vegetação (2 sobrecarga) e NA profundo, na cota 1,5 m.
As preparações das amostras foram feitas
conforme NBR 6457 (ABNT, 2016).
Nos ensaios de caracterização foram
realizados o ensaio de análise granulométrica 3 RESULTADOS
conforme NBR 7181 (ABNT, 2016); o ensaio de
massa específica segundo NBR 6458 (ABNT, 3.1 Ponto de coleta P1.1
2016). Ensaios de limites de consistência foram
realizados segundo NBR 6459 (ABNT,2016). Através da aplicação da metodologia descrita
Para determinar os parâmetros de resistência anteriormennte obteve-se a curva granulométrica
ao cisalhamento efetivos foi realizado o ensaio do ponto P1.1, conforme a Figuras 6, onde tem-
de cisalhamento direto baseado na norma D3080 se que a porcentagem que passa a peneira 200 é
(ASTM, 2004). de 48%, menor que 50%, caracterizando um solo
granular e com: 1% de pedregulho, 61% de areia,
2.3 Método de Análise de Estabilidade 15% de silte e 23% de argila, com essas
características podemos classificar o solo como
Para simulação do perfil de ruptura do solo foi arenoso, uma vez que não apresentou índice de
utilizado um software gratuito de modelagem plasticidade.
númerica geotécnica denominado SLOPE/W Pelo ensaio de massa específica dos grãos

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obteve-se para o ponto P1.1 um valor de 2,659
g/cm³ para a densidade real dos grãos, que é um
valor comum encontrado para este tipo de solo
arenoso na região. Para uso no programa
computacional utilizou-se o peso específico
natural de 18,4 kN/m³, obtido na preparação dos
corpos de prova para cisalhamento direto.
O ensaio de cisalhamento direto forneceu
ângulo de atrito de 35° e coesão nula, esperado Figura 8. Deslocamento vertical com deslocamento
para solos arenosos. As Figuras 7, 8 e 9 mostram horizontal P1.1
os resultados dos ensaios.
Na Figura 7 se observa um aumento da
resistência ao cisalhamento com o deslocamento
horizontal até estabilizar em um valor máximo.
Na Figura 8 apresenta-se uma dilatância
(aumento de volume) para as duas tensões
confinantes iniciais e apenas redução de volume
para a última tensão confinante, característico de
solos arenosos. Na Figura 9, a envoltória de
ruptura foi ajustada para interceptar a origem,
Figura 9. Tensão cisalhante com tensão normal
uma vez que o material não apresentou faixa
plástica, pelo ensaio de palsticidade, e Com estes resultados foi possível utilizar o
porcentagem de argila inferior a 20% e portanto, SLOPE/W com a geometria do talude e
não tendo comportamento plástico. parâmetros do solo apresentados na Figura 10.
Os resultados de FS mínimo com suas
respectivas superficies de ruptura crítica foram
obtidos e apresentados nas Figuras 11, 12, 13 e
14, onde pode se observar que todas são rupturas
de pé, próximas a cunha passiva. A Figura 11
mostra o talude com NA na cota de 6,5 m e FS
de 0,865 (abaixo de 1,0). Se, para o mesmo
talude, acrescenta-se uma coesão devida a
sucção de 1,5 kPa constante e NA na cota de 6,5
m o talude fica estável com FS de 1,056 (Figura
12). O mesmo procedimento foi usado para NA
Figura 6. Distribuição Granulométrica da amostra P1.1
na cota de 1,5 m e obtido um acréscimo de
com e sem defloculante
coesão necessário de 1,042 kPa para atingir FS
igual a 1,0 (Figura 13 e 14). As tabelas 1 e 2
trazem os resultados aplicando a metodologia
descrita anteriormente, com vários acréscimos
de coesão devida a sucção constantes e
interpolando o valor de coesão para FS = 1,0,
para as duas cotas de NA 6,5 m e 1,5 m
respectivamente (duas épocas chuvosa e seca do
talude), onde se encontrou um acréscimo de 1
KPa no primeiro caso e um acréscimo de 1,07
Figura 7. Tensão cisalhante com deslocamento horizontal KPa no segundo caso, para atingir fator de
P1.1
segurança igual a 1,0.

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Figura 10. Dados do SLOPE/W para nível d’água na
superfície (cota 6,5 m) P1.1

Figura 14. FS mínimo para NA na cota de 1,5 m com


acréscimo de coesão de 1,5 kPa

Tabela 1. Fator de segurança para nível d'água à 6,5 m e


vários acréscimos de coesão devida a sucção P1.1

Nível d'água 6,5 m


Fs Δc' (kPa)
0,865 0,0
Figura 11. FS mínimo para NA na cota de 6,5 m sem 0,917 0,5
acréscimo de coesão 1,000 1,0
1,056 1,5

Tabela 2. Fator de segurança para nível d'água à 1,5 m e


vários acréscimos de coesão devida a sucção P1.1

Nível d'água 1,5 m


Fs Δc' (kPa)
0,893 0,0
0,944 0,5
0,993 1,0
Figura 12. FS mínimo para NA na cota de 6,5 m com 1,042 1,5
acréscimo de coesão de 1,5 kPa
1,000 1,07

3.2 Ponto de coleta P2.3

A amostra P2.3 foi coletada no talude direito do


córrego, analisada na Figura 3. O resultado da
granulometria para este ponto está representado
na Figura 15, onde tem-se que a porcentagem
que passa a peneira 200 é de 30%, menor que
50%, o que caracteriza, portanto, um solo
Figura 13. FS mínimo para NA na cota de 1,5 m sem
granular. Apresenta, além disso, 0% de
acréscimo de coesão pedregulho, 74% de areia, 10% de silte e 16% de
argila, classificando o solo, por meio dessas
características, como arenoso, sendo que não
apresentou índice de plasticidade.
Pelo ensaio de massa específica alcançou-se
um valor de 2,693 g/cm³ para densidade real dos
grãos, o que é um valor esperado para solo
arenoso. Para aplicação no programa
computacional utilizou-se o peso específico

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natural de 20,0 kN/m³, alcançado na preparação horizontal e a estabilização em um valor
dos corpos de prova para cisalhamento direto. máximo. Já na Figura 17 há a representação da
Já pelo ensaio de cisalhamento direto atingiu- dilatância para a primeira tensão confinante e
se ângulo de atrito de 37° e coesão de 0 kPa, redução de volume para as três últimas.
como mostra as Figuras 16, 17 e 18. Aplicando- se o SLOPE/W para esse lado do
talude com geometria e parâmetros apresentados
na Figura 19 e considerando o mesmo
procedimento para encontrar um acréscimo de
coesão devida a sucção, para os NA de 6,5 m e
1,5 m (Figuras 20, 21, 22 e 23), atingiu-se os
valores de acréscimo de coesão de 0,68 kPa e de
0,45 kPa para NA nas cotas de 6,5 m e 1,5 m,
respectivamente (Tabelas 3 e 4).

Figura 15. Distribuição Granulométrica da amostra P2.3


com e sem defloculante

Figura 19. Dados do SLOPE/W para nível d'água na


superfície (cota 6,5 m) P2.3

Figura 16. Tensão cisalhante com deslocamento


horizontal P2.3

Figura 20. FS mínimo para NA na cota de 6,5 m sem


acréscimo de coesão.

Figura 17. Deslocamento vertical com deslocamento


horizontal P2.3

Figura 21. FS mínimo para NA na cota de 6,5 m com


acréscimo de coesão de 1,5 kPa

Figura 18. Tensão cisalhante com tensão normal

Na Figura 16 observa-se um aumento da


resistência ao cisalhamento com o deslocamento

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que possiu maior porcentagem de areia fina
(39%), depois de argila (23%), seguido por areia
média (19%), silte (15%), areia grossa (3%) e
por último pedregulho fino (1%). Comparando-
se as curvas granulométricas com e sem
defloculante, pode-se notar que não houve
diferença significativa entre as mesmas, o que
indica uma baixa agregação, sendo característico
de solo predominantemente arenoso.
Figura 22. FS mínimo para NA na cota de 1,5 m sem
acréscimo de coesão Já pelo ensaio de cisalhamento direto,
observa-se que o solo comporta-se como
esperado para solo arenoso, apresentando coesão
nula.
O mesmo acontece com o ponto P2.3, onde se
apresenta como solo arenoso (38% de areia fina,
31 % de areia média e 5% areia grossa), com
percentual de argila de 16% e silte de 10%.
Assim como para o ponto anterior, o
cisalhamento direto mostrou que o solo possui
coesão zero, como previsto para esse tipo de
Figura 23. FS mínimo para NA na cota de 1,5 m com
acréscimo de coesão de 1,5 kPa solo.
Os resultados das análises de estabilidade dos
Tabela 3. Fator de segurança para nível d'água à 6,5 m e taludes arenosos verticais mostram que são
vários acréscimos de coesão devida sucção P2.3 necessários acréscimos de coesão devida a
sucção pequenos (de 1,0 a 1,5 kPa) para garantir
Nível d'água 6,5 m
a estabilidade de taludes dos mesmos. Apesar
Fs Δc' (kPa)
disso, esses valores baixos de coesão podem ser
0,942 0,0 encontrados no próprio solo saturado e assim, a
0,985 0,5 estabilidade do talude pode não estar
1,028 1,0 condicionada à ocorrência de sucção.
1,07 1,5
1,00 0,68
5 CONCLUSÕES
Tabela 4. Fator de segurança para nível d'água à 1,5 m e
Além da resistência ao cisalhamento dos solos,
vários acréscimos de coesão devida a sucção P2.3
existem outros efeitos na estabilidade dos taludes
Nível d'água 1,5 m verticais arenosos nas margens de córregos, tais
Fs Δc' (kPa) com as raízes de plantas, a coesão devida a
0,962 0
sucção, entre outros.
Neste estudo inicial foi considerado o efeito
1,004 0,5
da sucção e assim estimado um acréscimo de
1,046 1
sucção necessário para atinguir a estabilidade
1,088 1,5 dos taludes.
1 0,45 Foi observado que para estes taludes o efeito
de sucção não é muito relevante, precisando-se
de valores pequenos de acréscimo de sucção,
4 DISCUSSÕES entre 1,0 e 1,5 kPa, para atingir a estabilidade do
talude para FS = 1,0. Este fato é coerente com o
Ao se analisar a Figura 6 referente a tipo de solo já que solos arenosos não
granulometria do ponto P1.1 pode-se observar apresentam valores altos de sucção
que o solo se caracteriza como arenoso, uma vez (considerando grau de saturação semelhantes)

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devido aos poros serem maiores que em solos PPG EFL. Departamento de Engenharia Florestal,
argilosos. Universidade de Brasília, Brasília, DF, 77.
GEOSTUDIO: Student Edition. (2012). Disponível
Como estudos futuros pode-se investigar a em: <
influência da vegetação do topo do talude que http://secure.geoslope.com/tips/studentedition.aspx
provocou taludes verticais e até taludes >. Acesso em: 21 dez. 2018.
negativos. Jesus, Andrelisa de et al. (2009). Livro comemorativo
dos vinte anos do Programa de Pós-Graduação em
Geotecnia da Universidade de Brasília. Brasília:
Editora FT, cap. 4, v 1.
AGRADECIMENTOS Lima, Flávia Pereira et. al. (2017). Floresta Nacional
de Silvânia: Encanto, beleza e proteção.
Os autores agradecem ao financiamento Ministério do Meio Ambiente – MMA. Goiânia:
recebido do projeto PELD-COFA coordenado Gráfica UFG, 2017. 59p. Disponível em:
<http://mma.gov.br/images/arquivos/biodiversidad
pela Professora Rosane Garcia Collevatti. Esse e/biodiversidade_aquatica/Livro_Flona_de_Silvani
financiamento custeou as coletas e forneceu a a_dezembro.pdf> . Acesso em: 09 jan. 2019.
bolsa de iniciação recebida pela autora do Magalhães, Hélder; Maia, Rodrigo. (2010).
trabalho. A disponibilidade e receptividade do Problemática e análise da erosão das margens de
gestor da FLONA Renato Cézar Miranda um curso de água. Exemplo de aplicação ao rio
Neiva. 5. as jornadas de hidráulica, recursos hídricos
Também agradecemos ao Instituto de Estudos e ambiente. Portugal. Disponível em:
Sócioambientais da UFG, a Escola de <https://paginas.fe.up.pt/~shrha/publicacoes/pdf/jh
Engenharia Civil e Ambiental da UFG e o rha_5as/10_hmagalh%c3%a3es_problem%c3%a1ti
Laboratório de Geotecnia pelo apoio na caan%c3%a1lisedaeros%c3%a3o.pdf>. Acesso em:
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REFERÊNCIAS

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Brito, Annanery de Oliveira. (2012). Estudo da erosão
no ambiente urbano, visando planejamento e
controle ambiental no Distrito Federal. Dissertação
de Mestrado em Engenharia Florestal. Publicação

REGEO/Geossintéticos 2019, São Carlos/SP, Brasil.

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