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CURSO SUPERIOR EM ENGENHARIA DE AGRIMENSURA E CARTOGRÁFICA

CURSO SUPERIOR EM ENGENHARIA AGRONÔMICA


CURSO SUPERIOR EM ENGENHARIA AMBIENTAL

 Bacias Hidrográficas 

Professora: Fabiane Maciel


Inconfidentes
2023
1.1 INTRODUÇÃO
O ciclo hidrológico é normalmente
estudado com maior interesse na fase
terrestre, onde o elemento fundamental de
análise é a Bacia Hidrográfica.

A Bacia Hidrográfica é utilizada como


unidade de planejamento para os estudos
hidrológicos.
(cont.)
1.1 INTRODUÇÃO
A bacia hidrográfica é uma área de captação
natural da água da precipitação que faz
convergir os escoamentos para um único
ponto de saída, seu exutório.

Compõe-se basicamente de um conjunto de


superfícies vertentes e de uma rede de
drenagem formada por cursos de água que
confluem até resultar um leito único no
exutório.
(cont.)
1.1 INTRODUÇÃO
Exemplo de Bacia
Hidrográfica

VISTA ÁREA DE UMA BACIA


HIDROGRÁFICA
(cont.)
1.1 INTRODUÇÃO
A discussão das características físicas e
funcionais das bacias hidrográficas tem a
finalidade o conhecimento dos diversos fatores
que determinam a natureza da descarga de um
rio.

Como exemplo, o estudo de vazão, que permite


fazer extrapolações em função de fenômenos
passados e aproveitamento dos recurso hídricos
de forma mais racional.
(cont.)
1.1 INTRODUÇÃO
De modo geral, subdividimos grandes
bacias em unidades menores para fins
práticos de trabalho.

As subáreas ou bacias tributárias são


definidas por divisores internos, o
mesmo para a bacia principal.
(cont.)
1.1 INTRODUÇÃO
A utilização de características físicas das
bacias pode ser resumida em três
utilidades básicas:

Observações passadas ou criação de


cenários futuros.
Transposição de dados entre bacias vizinhas.
Criação de fórmulas empíricas para
generalizações regionais.
1.2 DIVISORES
A bacia hidrográfica é necessariamente
contornada por um divisor, em que divide
as precipitações que caem em bacias
vizinhas e que encaminha o escoamento
superficial resultante para um ou outro
sistema fluvial.
(cont.)
1.2 DIVISORES
São divididos em dois tipos:
Divisor topográfico: condicionado pela
topografia
Divisor de águas freático: determinado pela
estrutura geológica (relevo) dos terrenos,
sendo muitas vezes influenciado pela
topografia. O divisor freático estabelece os
limites dos reservatórios de água subterrânea
de onde é derivado o deflúvio básico da
bacia.
(cont.)
1.2 DIVISORES

DIVISOR TOPOGRÁFICO
LENÇOL FREÁTICO NA CHUVA
DIVISOR FREÁTICO

LENÇOL FREÁTICO NA ESTIAGEM (SECAS)

RIO X CURSO D'ÁGUA INTERMINTENTE

RIO Y

ROCHA IMPERMEÁVEL

RIO Z

ROCHA IMPERMEÁVEL

CORTE TRANSVERSAL DE UMA BACIA


1.3 CARACTERÍSTICAS FÍSICAS
Área de drenagem:
Área plana definida pela projeção horizontal do
divisor de águas.

A área multiplicado pela lâmina da chuva


define o volume de água recebido pela bacia.
(cont.)
1.3 CARACTERÍSTICAS FÍSICAS
Área de drenagem:
Determinada pela planta topográfica e de
altimetria, traçando-se a linha divisória que
passa pelos pontos de maior cota.

Pode ser utilizado planímetro, métodos


geométricos de determinação de área ou
utilizando recursos computacionais como o SIG
ou AutoCAD, quando se tem a planta
digitalizada.
(cont.)
1.3 CARACTERÍSTICAS FÍSICAS
Forma da bacia:
As grandes bacias hidrográficas, em geral, apresentam forma de
leque ou de pêra, ao passo que as pequenas bacias apresentam
formas das mais variadas, em função da sua estrutura geológica.
A forma da bacia influencia no escoamento superficial e,
consequentemente, o hidrograma resultante de uma determinada
chuva.
Índices para caracterizar a forma da bacia: coeficiente de
compacidade, fator de forma , índice de conformação e índice
de circularidade
(cont.)
1.3 CARACTERÍSTICAS FÍSICAS
Forma da bacia:
Coeficiente de Compacidade – kc: relação entre o perímetro da
bacia e o perímetro de um círculo de área igual à da bacia, sendo
que quanto mais irregular for a bacia, maior será o coeficiente de
compacidade.

Em que: P é o perímetro da bacia hidrográfica (km);


A área da bacia hidrográfica (km2).
(cont.)
1.3 CARACTERÍSTICAS FÍSICAS
Forma da bacia:
Coeficiente de Compacidade – kc: quanto mais próximo de um
círculo uma bacia se assemelhar,MAIOR será a sua capacidade
de proporcionar grandes cheias. Isto ocorre porque há conversão
do escoamento superficial, ao mesmo tempo, para um trecho
pequeno do rio principal, havendo acúmulo do fluxo.

 >Área de
capitação

 > Volume
(cont.)
1.3 CARACTERÍSTICAS FÍSICAS
Forma da bacia:
Coeficiente de Compacidade – kc: Quanto mais próximo da
unidade for este coeficiente, mais a bacia se assemelha a um círculo. Assim,
pode-se resumi-lo da seguinte forma:

 1,00 – 1,25 = alta propensão à grandes enchentes

 1,25 – 1,50 = tendência mediana a grandes enchentes

 > 1,50 = bacia não sujeita a grandes enchentes


(cont.)
1.3 CARACTERÍSTICAS FÍSICAS
Forma da bacia:
Fator de forma – kf (índice de Gravelius): razão entre a largura
média da bacia e o seu comprimento axial. O comprimento axial é
medido da saída da bacia até seu ponto mais remoto, seguindo-
se as grandes curvas do rio principal.

_
Em que: L é largura média (km);
LaxBH é o comprimento axial da bacia (km).
(cont.)
1.3 CARACTERÍSTICAS FÍSICAS
Forma da bacia:
Fator de forma – kf (índice de Gravelius):
1o) Para medir o comprimento
axial, traça-se uma linha a
partir da saída da bacia
(exutório) até seu ponto mais
remoto, seguindo-se as
grandes curvas do rio principal;

Lax
(cont.)
1.3 CARACTERÍSTICAS FÍSICAS
Forma da bacia:
Fator de forma – kf (índice de Gravelius):
2o) Contorna-se a bacia hidrográfica
por linhas formando um
polígono;
3o) A largura média é obtida
dividindo-se a área da bacia
em faixas perpendiculares, em
que o polígono formado pela
união dos pontos extremos
dessas perpendiculares se
aproxime da forma da bacia.
(cont.)
1.3 CARACTERÍSTICAS FÍSICAS
Forma da bacia:
Fator de forma – kf (índice de Gravelius):
Ln  O fator de forma pode
assumir os seguintes
valores:
1,00 – 0,75 = sujeito a
enchentes
0,75 – 0,50 =
tendência mediana
L3 < 0,50 = não sujeito a
L2 enchentes
L1
(cont.)
1.3 CARACTERÍSTICAS FÍSICAS
Forma da bacia:
Índice de conformação – Ic: compara a área da bacia com a
área do quadrado de lado igual ao comprimento axial. Quanto
mais próximo de 1 (um) o valor de Ic, ou seja, quanto mais a
forma da bacia se aproximar da forma do quadrado do seu
comprimento axial, maior a potencialidade de produção de picos
de cheia.
A BH
Ic  2
L ax
Em que: ABH é a área da bacia (km2).
(cont.)
1.3 CARACTERÍSTICAS FÍSICAS
Forma da bacia:
Índice de conformação – Ic:
(cont.)
1.3 CARACTERÍSTICAS FÍSICAS
Forma da bacia:
Índice de circularidade – IC: Proposto por Miller em 1953.
Quanto mais próximo de 1 (um) o valor de IC, mais próxima da
forma circular será a bacia hidrográfica.

Em que: A é a área da bacia (km2)


P é o perímetro da bacia (km)
EXEMPLO

Exemplo 1. Calcular os coeficientes ligados a


forma de uma bacia cujo perímetro é 11,3 km,
área de 800 ha e comprimento axial de 4,5 km.
Foram determinados 7 valores de largura ao
longo da bacia, iguais a 1,5 km, 2,6 km, 3,5 km,
4,5 km, 4,3 km, 2,8 km e 1,1 km.
(cont.)
1.3 CARACTERÍSTICAS FÍSICAS
Sistema de Drenagem:
Constituída por um curso d’água principal e seus tributários; está
associada à eficiência de drenagem da área da bacia e à
potencialidade para formar picos elevados de enchente.
Podem ser classificados em:
 Perenes: contém água no cursos d’água durante todo o

tempo, mesmo nas secas mais severas.


 Intermitentes: os cursos d’água escoam durante as

estações de chuvas e secam nas de estiagem.


 Efêmeros: os cursos d’água existem apenas durante ou

imediatamente após os períodos de precipitação e só


transportam escoamento superficial.
1.3 CARACTERÍSTICAS FÍSICAS
Sistemas de Drenagem:

Uma bacia bem drenada tem menor tempo de concentração,


ou seja, o escoamento superficial concentra-se mais
rapidamente e os picos de enchente são altos.

As características de uma rede de drenagem podem ser


descritas por : ordem dos cursos d’ água; densidade de
drenagem; sinuosidade do curso d’ água e declividade do
curso d’água principal .
(cont.)
1.3 CARACTERÍSTICAS FÍSICAS
Ordem dos cursos d’água :
Método de Strahler (1964)
 Cursos d’água de 1a Ordem: são todos os canais sem
tributários, mesmo que corresponda à nascente dos
cursos d’água principais;
 Cursos d’água de 2a Ordem: são formados pela união
de 2 ou mais cursos de 1a ordem, podendo ter afluentes
de 1a;
 Cursos d’água de 3a Ordem: são formados pela união
de 2 ou mais cursos de 2a ordem, podendo receber
cursos d’água de 2a e 1a Ordens.
(cont.)
1.3 CARACTERÍSTICAS FÍSICAS
Ordem dos cursos d’água :
RESUMO: são consideradas de primeira ordem os
pequenos canais que não tenham tributários; quando
dois canais de primeira ordem se unem é formado um
segmento de segunda ordem; a junção de dois rios de
segunda ordem dá lugar à formação de um rio de terceira
ordem e, assim, sucessivamente: dois rios de ordem “n”
dão lugar a um rio de ordem “n + 1”.
(cont.)
1.3 CARACTERÍSTICAS FÍSICAS
Ordem dos cursos d’água :
1 1 1
Classificação – Strahler
1 1 1
1 2  Ordem 1
2 2 1
1 2  Ordem 2
1 3 1
1 3  Ordem 3
2 1
 Ordem 4
4
1
(cont.)
1.3 CARACTERÍSTICAS FÍSICAS
Densidade de Drenagem:

Reflete as condições topográficas, pedológicas,


hidrológicas e de vegetação da bacia.
É a relação entre o comprimento total dos canais
(tributários e curso d’água principal) e a área da
Bacia Hidrográfica (ABH).

Dd 
 Lcanais  Curso Pr incipal
A BH
(cont.)
1.3 CARACTERÍSTICAS FÍSICAS

Densidade de Drenagem:

Classificação:
Baixa densidade: 5 km
Média densidade: 5 a 13 km
Alta densidade: > 13 km
(cont.)
1.3 CARACTERÍSTICAS FÍSICAS
Sinuosidade do curso d’água - Sin:

É a relação entre o comprimento do rio principal


(LCP) e o comprimento de um talvegue (LT).
(LT) medido em linha reta
É um fator controlador da velocidade do escoamento
(fator adimensional).
(cont.)
1.3 CARACTERÍSTICAS FÍSICAS
Declividade do curso d’água principal – S (%)
Importante para o manejo de bacias porque influencia
diretamente na velocidade de escoamento da água na
calha da bacia e consequentemente, no tempo de
concentração.

Existem 3 métodos de determinação: cálculo direto em


função da diferença de nível entre 2 pontos extremos;
cálculo aproximado em função da área de um triângulo
de área igual ao perfil e método da média harmônica
ponderada.
(cont.)
1.3 CARACTERÍSTICAS FÍSICAS
Declividade do curso d’água principal – S (%)
1o) Cálculo direto com base na diferença entre cotas da
nascente e o da secção de controle (h1):

h1
S1 %   100
L
(cont.)
1.3 CARACTERÍSTICAS FÍSICAS
Declividade do curso d’água principal – S (%)
2o) Cálculo com base na altura de um triângulo de área
igual à área sob o perfil do curso d’água principal.

h2
S 2 %   100
L
(cont.)
1.3 CARACTERÍSTICAS FÍSICAS
Declividade do curso d’água principal – S (%)
3o) Baseado na média harmônica ponderada da raiz
quadrada das declividades dos diversos trechos
retilíneos, tomando–se como peso a extensão de cada
trecho.
 
2
dn i - dni :diferença de cotas
Di 
  Li entre um trecho e outro
S3  
 i 
L
- Li :comprimento do
  L  trecho
   i   S i  Di
- Di :declividade do trecho
  S i  
(cont.)
1.3 CARACTERÍSTICAS FÍSICAS
Declividade do curso d’água principal – S (%)
(cont.)
1.3 CARACTERÍSTICAS FÍSICAS
Declividade média da Bacia Hidrográfica – I:
Parâmetro importante uma vez que está
diretamente associada ao tempo de concentração e
de duração do escoamento superficial e da
precipitação nos leitos dos cursos d’água

D: equidistância entre as curvas de nível [m]


CNi: somatório dos comprimentos das curvas de nível [m]
ABH: área da bacia hidrográfica [m²]
(cont.)
1.3 CARACTERÍSTICAS FÍSICAS
Elevação média da bacia hidrográfica – E:
Representa a cota média da bacia hidrográfica

ei: elevação média entre as curvas de nível [m]


ai: área entre as curvas de nível [km² ou ha ou m²]
ABH: área da bacia hidrográfica [km² ou ha ou m²]

TRABALHO PRÁTICO
EXERCÍCIO:
Fazer um estudo da forma e da rede de drenagem de uma
bacia hidrográfica cujas características fisiografias (rede
de drenagem e curvas de nível) estão esquematizadas
abaixo.
Dados:
. ABH = 8,5 km²
. _PBH = 15 km
. L = 3,9 km
. Lax BH = 5,5 km
. ∑Lcanais = 8,70 km
. Lt = 5,2 km
. L = 6,28 km

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