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HIDROLOGIA BÁSICA PARA

ENGENHEIROS E ASPIRANTES

Módulo 1

Delimitação da Bacia Hidrográfica

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Bacia Hidrográfica – Delimitação


Para delimitar uma bacia hidrográfica é necessário,
primeiramente, realizar a análise da topografia da área de estudo.

A imagem acima corresponde a uma planta topográfica e por


meio dela identificamos as curvas de nível e os respectivos cursos
d’água. As cotas são registradas e através delas é possível diferenciar
os divisores de água, delimitando a bacia hidrográfica que é
representada pelo polígono tracejado. Além disso, os pontos mais
baixos caracterizam os talvegues (curso d´água).
Avaliando o corte AA da figura, fica mais clara a representação
topográfica do terreno. No exemplo, os divisores de água estão nas
cotas 113 e 111, o córrego B está situado na cota baixa (100), assim, o
que chove entre essas elevações escoa na
direção do talvegue (córrego B).

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Caso haja precipitação além dos limites dos divisores do exemplo,
a água irá escorrer para outro córrego de outra bacia hidrográfica.,
Há situações em que é possível dividir uma bacia hidrográfica
grande em sub-bacias interligadas, depende da área de estudo e o
objetivo dele. É um processo vantajoso, pois a avaliação fica mais
detalhada, a modelagem fica mais simples e rápido porque a
quantidade de cursos d’água é distribuída para cada sub-bacia e elas
são avaliadas individualmente.
Outra vantagem de obter sub-bacias é representar melhor
mudanças na permeabilidade do solo. Por exemplo, em uma bacia
hidrográfica podem haver áreas de urbanização e áreas naturais, o
escoamento superficial não se comportará da mesma forma nas duas
situações, logo é preciso ajustar esse parâmetro para que a
modelagem não forneça dados longe da realidade.
Caso as sub-bacias possuam características parecidas, não é
recomendada a subdivisão.

Delimitação de Bacia – AUTOCAD


Neste tutorial, foi utilizado o Autocad 2021.
Abra um arquivo .dwg com as curvas de nível do terreno, neste
exemplo elas estão espaçadas a cada 10 metros.

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Figura 2. Planta Topográfica – Curvas de Nível

O círculo laranja da Figura 2 representa o exutório da bacia que


será delimitada, ou seja, toda a água irá convergir para esse ponto. A
partir dele é preciso fazer a análise dos picos e vales do terreno.
Observando a topografia a montante do exutório iremos
perceber vários anéis concêntricos, nota-se as cotas, se, analisando no
sentido de “dentro para fora” esses círculos tiverem cotas
decrescentes é porque naquele local há um morro, caso contrário é
um vale. No Autocad, use o ATALHO “CH (Properties)” para ver nas
propriedades de cada curva a cota de elevação.
Na figura abaixo, foram destacados em cores os divisores de
água – morros e/ou serras – a montante do exutório.

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Figura 3. Identificação dos morros no terreno

Agora é preciso identificar o sentido do escoamento. A direção


do fluxo é traçada no sentido da cota mais alta para a mais baixa,
conforme aponta a seta azul.
Note que, em alguns pontos da topografia que aparentemente
contribuiriam para o escoamento, na realidade eles ou apresentam
sentido oposto ao que estamos estudando ou contribuem à jusante do
exutório.

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Figura 4. Traçando as linhas de escoamento

Em seguida, usando o comando POLYLINE (atalho “PL”) vamos


traçar um polígono abrangendo todos os pontos de distribuição e
assim delimitando a bacia hidrográfica.

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Figura 5. Delimitação da bacia hidrográfica

Bacia Hidrográfica – Fisiografia


Definida a área da bacia, analisar a bacia quanto a sua forma
e compacidade.
Fator de forma (𝐾𝑓 )

Figura 6. Tipos de formato das bacias

É a relação entre a área da bacia (A) e o comprimento axial do


talvegue principal (Lc), o coeficiente é calculado conforme a
equação 1.

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𝐴
𝐾𝑓 = 1
𝐿𝑐 ²
Quanto maior o coeficiente (𝐾𝑓 ), a bacia estará mais propensa
a cheias, porque a área de contribuição é grande e o comprimento
de drenagem é pequeno, logo a resposta da bacia será mais rápida.
Quanto menor o coeficiente (𝐾𝑓 ), o comprimento do talvegue é
maior em relação à área de drenagem, logo, o tempo de resposta
da bacia será mais devagar apresentando vazões e intensidades de
chuva menores.

Fator de Compacidade (𝐾𝑐 )


É uma analogia da forma da bacia com um círculo. Quanto
mais próximo de 1 for esse coeficiente, mais circular é a bacia. Esse
fator é calculado conforme a equação 2.
𝑃
𝐾𝑐 = 0,28 2
√𝐴
𝐾𝑐 = 1 (Círculo)
P: Perímetro da Bacia
A: Área da Bacia

Considerando duas bacias distintas com uma mesma área. Em


uma bacia mais alongada, a água demora mais para chegar ao
exutório, enquanto que em uma bacia mais distribuída lateralmente
(“achatada”), a água chega ao exutório mais rápido. Logo, o formato
da bacia hidrográfica também influencia no comportamento do
escoamento ao longo de seu curso d’água principal.

Bacia Hidrográfica – Índices de


drenagem
Segundo STRAHLER (1957), os índices de drenagem classificam os
trechos de rios conforme a quantidade de afluentes que eles recebem.

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Figura 7. Índices de drenagem

Por exemplo, na Erro! Fonte de referência não encontrada., o


trecho que recebe o índice 3 possui três linhas de drenagem a
montante, consequentemente, o trecho que recebe o índice 2 possui
dois afluentes e o trecho com índice 1 não possui afluentes no sentindo
montante a eles.

Densidade de drenagem (𝐷𝑑 )


É a relação entre o comprimento total de todos os cursos d’água
sobre a área de contribuição (Equação 3).
∑ 𝑙𝑐
𝐷𝑑 = 3
𝐴
𝑙𝑐 : Comprimento total dos cursos d’água (km)
𝐴: Área de contribuição (km²)
● Valores mais usuais: 0,5 𝑘𝑚
𝑘𝑚
2 < 𝐷𝑑 < 3,5 𝑘𝑚/𝑘𝑚²

Quando o valor de 𝐷𝑑 for muito grande, significa que a bacia


apresenta muitos trechos de drenagem. Quando o valor de 𝐷𝑑 for
pequeno, significa que há uma área de drenagem muito grande com
poucos trechos de drenagem.

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Sinuosidade do curso d’água principal (𝑆𝑐 )


É a relação entre o comprimento do talvegue principal pela
distância entre a cabeceira e a foz em linha reta (Equação).
𝐿𝑐
𝑆𝑐 = 4
𝑑𝑐
𝐿𝑐 : Comprimento do curso d’água principal
𝑑𝑐 : Distância entre cabeceira e foz em linha reta
Quanto maior o 𝑆𝑐 mais meandros – curvas - o curso d’água
terá.
É importante avaliar o coeficiente de sinuosidade por está
diretamente ligado à velocidade de escoamento ao longo do rio. Em
trechos urbanizados, por exemplo, é comum é trecho d’água que
corta a cidade sofrer retificação, diminuindo o comprimento do trecho
e com isso a resposta da bacia será mais rápida.

Bacia Hidrográfica – Relevo


O relevo influencia na evaporação e no escoamento dentro da
bacia hidrográfica.
Quanto maior a declividade do trecho de drenagem, o
escoamento tende a ser mais veloz. Em consequência disso, há maior
erosão no curso d´água natura devido à velocidade ser maior e a
tensão de arraste também.
Quanto menor a declividade, menos veloz é o escoamento e
consequentemente haverá menos erosão ao longo dos trechos de
drenagem.
A declividade equivalente (Equação 5) é uma representação da
inclinação do curso d’água principal da bacia, considerando também
todos os seus subtrechos.

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2
𝐿
𝐼𝑒𝑞 = [ 1] 5
∑ 𝐿𝑗 𝑥 𝐼𝑗2

∆𝐻
𝐼𝑗 = 6
𝐿𝑗

𝐼𝑒𝑞 : Declividade Equivalente


𝐿: Comprimento do talvegue principal
𝐿𝑗 : Comprimento do subtrecho
𝐼𝑗 : Declividade do subtrecho
∆𝐻: Desnível do terreno (cota maior – cota menor)

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Referências Bibliográficas
COLLISCHONN, Walter; DORNELLES, Fernando. Hidrologia para
Engenharia e Ciencias Ambientais. Porto Alegre: Associação Brasileira
de Recursos Hídricos (ABRHidro), 2013. 336 p. ISBN 978-85-8868-634-2.

ROLIM A. Apostila Hidrologia Aplicada, Universidade estadual do Rio


Grande do Sul, Set/2004.

SECRETARIA DE ENERGIA, RECURSOS HÍDRICOS E SANEAMENTO (São


Paulo - SP). Departamento de Águas e Energia Elétrica do Estado de
São Paulo (DAEE). Guia Prático Para Projetos de Pequenas Obras
Hidráulicas. São Paulo: [s.n.], 2005. Disponível em:
http://www.daee.sp.gov.br/site/guiapraticooutorgas/. Acesso em: 1
jul. 2022.

Tucci, C. (org.) Hidrologia – ciência e aplicação. Editora da


Universidade, ABRH, Porto Alegre,2000.

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