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Victor Moreira
Belo Horizonte
2013
Metodologia aplicada em campo
A vegetação nos destaca como fator relacionado pois nos apontará a capacidade
do solo em suportar os mais diferenciados portes vegetacionais e sua disponibilidade de
nutrientes. Outro elemento a considerar na análise é a fauna, a exemplo de formigas que
areiam o solo fazendo seus dutos subterrâneos, organismos decompositores que auxiliam na
transformação da matéria orgânica e no revolvimento do solo, assim facilitando a absorção de
água e sais minerais, e por último, a atividade antrópica que irá alterar a paisagem,
independente da multiplicidade das práticas que serão aplicadas, seja agrícola, pastoril,
habitacional, industrial, etc.
Atividade de campo para estudo de caso
Ao ter contato com uma amostra de terra, retirada na média vertente, observamos
que possui alta porosidade, sendo, portanto outro fator favorecedor para o desenvolvimento
pedológico, tendo alta taxa de intemperismo do material de origem e alongamento do
horizonte B, caracterizando-o visualmente como latossolo. A vegetação da região já está
alterada, principalmente pela conurbação metropolitana, mantendo pouco das características
da flora nativa. Foi possível observar algumas espécies típicas do cerrado e também
resquícios de mata atlântica.
Os latossolos se caracterizam por ter baixa fertilidade, devido alta lixiviação dos
elementos mais solúveis presentes no solo, porém, são considerados os melhores para a
atividade agrícola, pois sua estrutura física permite produtividade de culturas de todos os
portes, sendo necessário apenas corrigir sua infertilidade, adubando-o. Consideramos possível
a utilização dos morros aplainados para uso agrícola de culturas anuais, tais práticas devem
ser realizadas de modo adequado devido ao risco de erosão laminar. A quantidade de
microporos encontrado nesse tipo de solo permite que a vertente estudada seja uma área de
recarga hídrica, abastecendo o aquífero. A paisagem se encontra degradada, mostrando a
tendência de urbanização da área, o que irá gerar grande impacto no abastecimento fluvial,
pois irá impermeabilizar o solo, gerando déficit para a dinâmica fluvial do Ribeirão da Mata,
logo a jusante.
Na parte côncava da vertente nota-se a passagem do Ribeirão da Mata,
observando a topografia do local foi possível delimitarmos a área de inundação do rio. O
comportamento da cheia do rio, carregando o material inconsolidado, antes depositado,
inviabiliza com que os sedimentos transportados desde o interflúvio sejam mantidos na
planície de inundação. Por apresentar infiltração imperfeita devido à granulometria arenosa e
proximidade com o nível de base a tendência será haver menor lixiviação e subsequente
pouco desenvolvimento do solo, caracterizando como um Neossolo Flúvico. Referente às
práticas antrópicas, não é aconselhável a atividade habitacional devido à oscilação do nível do
rio, já a atividade agrícola de cultivo de curto prazo, antes do período da ocupação das águas
na planície de inundação, é aconselhável, pois o Neossolo possui alta fertilidade com a
presença de minerais mais solúveis e com maior valor nutricional principalmente após a
cheia. Segue abaixo uma fotografia do local sendo possível visualizar a vertente analisada.
Foto 1. Vertente ao lado da MG-010, Vespasiano/MG
Fotografia: Ricardo Souza
Foi possível retirar um agregado, este oriundo das interações estáveis entre íons de
matéria orgânica e minerais de argila com o solo (floculação), como amostra para demonstrar
a infiltração da água no solo, e observou-se que a água facilmente se infiltra devido aos
macroporos, e concomitantemente é retida nos microporos, que gera um aspecto de
plasticidade ao solo e pode ocasionar o Ponto de Murcha Permanente (PMP), saturação de
absorção de água pela planta.
A coloração avermelhada nos permite concluir que há concentração relativa de
hematita oxidada no solo, e essa oxidação é significado de solo muito arejado. Com o pH do
solo onde ocorre a máxima floculação, balanço de cargas positivas e negativas igual a zero
(Ponto de Carga Zero – PCZ) formou-se o horizonte Bt muito coeso, propiciando diferentes
atividades antrópicas que se potencializam neste solo, como a implantação de aterros que não
iram afetar o lençol freático devido a capacidade de retenção da água nos microporos, talude
nas estradas pois é mais resistente perante a erosão, e a agricultura se torna extremamente
viável devido à estrutura física do solo, bastando ter uma prática efetiva do controle de erosão.
Na última parada do trabalho de campo, subimos até uma altitude a cerca de 1000
metros, em Cardeal Mota, já na Serra do Espinhaço. Foi observado campo rupestre
quartizítico e sua restrição do porte vegetacional, limitando-se a pequenos arbustos e
gramíneas devido ao pequeno desenvolvimento do solo, o tornando raso. O principal fator que
impede o processo de pedogênese é a declividade acentuada do relevo. Essa região de
transição entre Cerrado e Mata Atlântica pode ser considerado como um bioma singular, por
apresentar alto grau de endemismo com espécies singulares a exemplo das “canelas de ema” e
das “sempre vivas”. O tipo de solo predominante no local é o neossolo, sendo possível
perceber sua granulometria arenosa e seca, indicando baixa manutenção hídrica.
Imagem 6. Imagem alterada do Google Earth
Considerações finais
Referências Bibliográficas