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COBRAE 2013 VI Conferência Brasileira de Encostas
Angra dos Reis, 04 a 06 de Outubro de 2013
subbacias dos rios Pilões, Marcolino e Cágado. rocha, vegetados, com inclinações da ordem de
A subbacia em destaque pertence ao ribeirão 70º e alturas da ordem de 10-15 m. As litologias
Cágado, drenagem por onde se desenvolveu a compreendem desde gnaisses bandados, com
corrida de detritos (debris flow) gerando granulações fina a muito grossa, com lentes de
impactos e destruição na porção de baixada. quartzitos e biotita gnaisses. Observam-se,
adicionalmente, corpos com estruturas
estromatíticas, com leucossomas rosados a
cinzentos. Os maciços rochosos podem ser
Rio classificados nas classes A1 e A2, pouco a
Pilões medianamente fraturados, se destacando as
foliações e juntas. Os maciços seguem
orientações regionais, distribuídas em faixas
Ribeirão
alongadas na direção ENE, definidas pela
Cágado
foliação e paraledos à direção da escarpa da
Serra do Mar. Há muitos depósitos
inconsolidados, colúvios e tálus. O perfil de
alteração é típico da região, prevalecendo solos
superficiais, solos saprolíticos e saprolito, sendo
predominantes solos de alteração com 2 m de
profundidade. É marcante a influência do
condicionante declividade na deflagração de
deslizamentos. Nessa porção da escarpa serrana,
estudos do IPT indicaram que a classe de 45º
apresenta índices relativos de suscetibilidade
Figura 1. Delimitação da área de interesse, com destaque
para os aspectos do relevo e estruturas geológicas
cerca de 30 vezes superiores aos da classe de
predominantes na região. declividades inferiores a 10º. A concentração de
escorregamentos, planares rasos, também é
muito superior na faixa acima dos 35º.
A Figura 3 mostra a delimitação da área de
interesse apresentada no presente artigo.
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O modelo de geração adotado, no presente Cota 400 merecem destaque, pois registraram
artigo, considera duas etapas e componentes os maiores índices pluviométricos e
fisiográficos na deflagração e desenvolvimento demonstraram que as chuvas se concentraram
das corridas de massa: encosta e drenagem. Os nessas localidades (Tab. 2).
registros de ocorrências desses processos, no Destaca-se que, no dia 22/02/13, por volta
ambiente Serra do Mar, indicam que os fluxos das 16:50 horas, a chuva em Cubatão
começam nas encostas, com a ocorrência de um acumulava cerca de 107,0 mm, sendo que foi
deslizamento de grande porte ou vários registrado, somente em 10 min, 23,0 mm de
deslizamentos menores. Esse material é chuva (Fig. 7). Ainda no dia 22/02/13, por volta
mobilizado para as linhas de drenagem, onde se das 17:50 horas, registraram-se chuvas fortes de
mistura a um dado volume de água, gerando Santos até São Sebastião, com acumulados em
uma massa que, por sua vez, agrega mais Cubatão de 180,2 mm.
material por meio do retrabalhamento dos
depósitos existentes no leito e nos taludes Tabela 2. Registro das chuvas que ocorreram na região da
laterais. Serra do Mar – Cubatão, com destaque para os postos
Cubatão, Ultrafértil e Cota 400 (modificado de
A Figura 6 exemplifica esse modelo adotado, DAEE/FCTH, 2013).
com destaque para o Trecho 1, região na qual
há grande aporte de fluxos de água, incremento Posto Acumulado de chuva (mm)
das vazões, erosões e declividades moderadas; o inferior a 24 horas
Trecho 2 no qual ocorrem os deslizamentos, Cubatão 273.6
Ultrafértil 156.8
corridas de blocos e lama e alta descarga de Cota 400 247.8
sedimentos; e o Trecho 3 onde há Casa 8 4.2
desaceleração, deposição e sedimentação dos Paranapiacaba 44.8
materiais, fortes impactos e inundações. Cosipa 3.6
Portão 40 4.8
4 DADOS E RESULTADOS
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rio Pilões
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5 CONCLUSÕES AGRADECIMENTOS
O cenário de risco previsto para a subbacia do
ribeirão Cágado, no ano de 2002, foi O autor agradece à Defesa Civil do estado de
confirmado após a ocorrência do debris flow São Paulo – CEDEC-SP; ao Instituto de
em fevereiro de 2013. O raio de alcance e os Pesquisas Tecnológicas – IPT, Centro de
volumes de materiais sólidos ficaram próximos Tecnologias Geoambientais - CTGeo e a Dra.
aos valores estimados. Regina Elsa Araujo, regional de Defesa Civil -
A dinâmica e o comportamento da corrida de REDEC da Baixada Santista, pela possibilidade
detritos do ribeirão Cágado mostrou que esse de publicar os dados referentes ao acidente na
processo é recorrente e típico nesse trecho da Serra do Mar.
Serra do Mar, pois os depósitos são correlatos
aos observados em outras drenagens próximas e
também em eventos anteriores. REFERÊNCIAS
As chuvas registradas durante o evento são
compatíveis com os processos observados nas DAEE/FCTH (2013) Relatório de Evento de Chuva de
drenagens, isto é, a bibliografia indica que 22/02/2013 15:00 (GMT) até 23/02/2013 14:50
(GMT). Dados apresentados pelo Departamento de
valores de 10-20 mm em 10 min e/ou Águas e Energia Elétrica - DAEE e pela Fundação
intensidades de 80-100 mm em 1 hora são Centro Tecnológico de Hidráulica - FCTH.
responsáveis pela deflagração e Gramani, M.F. (2001). Caracterização geológico-
desenvolvimento do escoamento dos materiais geotécnica das corridas de detritos (“debris flows”)
pelos canais de drenagem. No presente caso, as no Brasil e comparação com alguns casos
internacionais. Dissertação (Mestrado) Escola
chuvas de 23mm/10min e 118mm/1h Politécnica da Universidade de São Paulo, 372p.
deflagraram as corridas de massa observadas no Kanji. M.A. et al. (2008) Debris flow affecting the
ribeirão Cágado. Ressalta-se que esse cenário Cubatão Oil Refinery, Brazil. Landslides (2008)
pluviométrico, isto é, ausência de chuva 5:71–82.
precedente (condição que comumente favorece Massad, F. et al. (1998) "Debris Flows" em Cubatão, São
Paulo: Obras de Controle e Impactos Ambientais. In:
a geração das corridas de massa), dificulta XI Congr.Brasil. de Mecânica dos Solos e Engenharia
acionamentos e estabelecimento dos Geotécnica. XI COBRAMSEG. Brasília/98, v2.
procedimentos relacionados às ações de defesa p.1265-1272.
civil.
Os aspectos fisiográficos, no ambiente Serra
do Mar, são extremamente favoráveis à geração
e desenvolvimento desses tipos de movimentos
de massa, com destaque para amplitude das
subbacias, declividade dos canais, inclinação
das encostas no entorno das linhas de drenagem
e materiais presentes no leito e nos taludes
marginais.
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