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COBRAE 2013 VI Conferência Brasileira de Encostas

Angra dos Reis, 04 a 06 de Outubro de 2013

A Corrida de Detritos (Debris Flow) no Ribeirão Cágado, Serra do


Mar, Município de Cubatão, SP
Marcelo Fischer Gramani
Instituto de Pesquisas Tecnológicas - IPT, São Paulo, Brasil, mgramani@ipt.br

RESUMO: O objetivo principal do artigo é apresentar o registro da ocorrência de uma corrida de


detritos (debris flow) no ribeirão Cágado, bacia do rio Pilões, município de Cubatão, em fevereiro
de 2013. O artigo busca apresentar as feições geradas por esse processo (tipo de material
transportado, granulometria etc), raio de alcance, trajetória do fluxo, impacto, aspectos fisiográficos
das bacias de drenagem e a previsibilidade e recorrência desse tipo de processo no ambiente Serra
do Mar.

PALAVRAS-CHAVE: Corrida de Detritos, Serra do Mar, Risco Geológico, Cubatão.

1 INTRODUÇÃO fluxo, os impactos e a previsibilidade e


recorrência desse tipo de processo no ambiente
A região da Serra do Mar, especificamente o Serra do Mar.
segmento paulista, apresenta subbacias com
características fisiográficas favoráveis à
ocorrência de fenômenos de movimentos de 2 ÁREA DE ESTUDO
massa do tipo corridas. Em geral, os processos
de corridas de massa originam-se a partir de um A área afetada pela corrida de detritos e lama
ou mais eventos de deslizamento, em vertentes está inserida na Serra de Cubatão, relevo
serranas e vales encaixados de alta declividade. marcado por escarpas, espigões e pequenos
A análise da potencialidade de geração de anfiteatros de drenagem.
corridas de massa, em diferentes trechos A subbacia do ribeirão Cágado possui cerca
serranos, deve responder, basicamente, as de 0,55 km2 e amplitudes da ordem de 704 m de
seguintes questões: (a) quais as bacias mais altura. A diferença de cota atinge 610 m na área
críticas à deflagração das corridas de massa? de interesse, sendo o maior desnível quando
(Onde?); (b) com que frequência ou comparado com as subbacias adjacentes, do rio
probabilidade esses eventos podem ocorrer Pilões e Marcolino (cerca de 565 m de
nessas bacias? (Quando?) e (c) quais os desnível). Possui uma rede de drenagem com
volumes de material mobilizado e seus somatório de todos os canais atingindo cerca de
respectivos raios de alcance? (Magnitude?). 4300 m de comprimento. O perímetro dessa
Nesse contexto, a subbacia do ribeirão subbacia, ribeirão Cágado, é da ordem de 5226
Cágado foi objeto de estudos no ano de 2002, m. Possi cerca de 0,26 km2 de áreas com
dentre 14 selecionadas, e, naquela época, foi inclinações acima de 30º, isto é, cerca de 47%
considerada com potencial para geração desses da área total. A inclinação média do canal
processos, com possibilidade de impactos, nas principal é da ordem de 18 º – 20º, situação
estruturas localizadas a jusante. favorável para o desenvolvimento dessa corrida
Nesse sentido, o objetivo principal deste de massa.
artigo é apresentar e confirmar o registro da A Figura 1 apresenta a delimitação da área
ocorrência de uma corrida de detritos no de interesse, no contexto da Serra do Mar, com
ribeirão Cágado, bacia do rio Pilões, município destaque para os aspectos do relevo e estruturas
de Cubatão, em fevereiro de 2013. O artigo geológicas predominantes na região.
busca discutir as feições geradas por esse A Figura 2 mostra a localização da área
processo, o raio de alcance, a trajetória do afetada, porção de sopé da Serra do Mar,

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subbacias dos rios Pilões, Marcolino e Cágado. rocha, vegetados, com inclinações da ordem de
A subbacia em destaque pertence ao ribeirão 70º e alturas da ordem de 10-15 m. As litologias
Cágado, drenagem por onde se desenvolveu a compreendem desde gnaisses bandados, com
corrida de detritos (debris flow) gerando granulações fina a muito grossa, com lentes de
impactos e destruição na porção de baixada. quartzitos e biotita gnaisses. Observam-se,
adicionalmente, corpos com estruturas
estromatíticas, com leucossomas rosados a
cinzentos. Os maciços rochosos podem ser
Rio classificados nas classes A1 e A2, pouco a
Pilões medianamente fraturados, se destacando as
foliações e juntas. Os maciços seguem
orientações regionais, distribuídas em faixas
Ribeirão
alongadas na direção ENE, definidas pela
Cágado
foliação e paraledos à direção da escarpa da
Serra do Mar. Há muitos depósitos
inconsolidados, colúvios e tálus. O perfil de
alteração é típico da região, prevalecendo solos
superficiais, solos saprolíticos e saprolito, sendo
predominantes solos de alteração com 2 m de
profundidade. É marcante a influência do
condicionante declividade na deflagração de
deslizamentos. Nessa porção da escarpa serrana,
estudos do IPT indicaram que a classe de 45º
apresenta índices relativos de suscetibilidade
Figura 1. Delimitação da área de interesse, com destaque
para os aspectos do relevo e estruturas geológicas
cerca de 30 vezes superiores aos da classe de
predominantes na região. declividades inferiores a 10º. A concentração de
escorregamentos, planares rasos, também é
muito superior na faixa acima dos 35º.
A Figura 3 mostra a delimitação da área de
interesse apresentada no presente artigo.

Figura 2. Localização da área afetada, porção de sopé da


Serra do Mar, bacia dos rios Pilões, Marcolino e Cágado.
A subbacia em destaque é a do ribeirão Cágado, Figura 3. Delimitação da área afetada, com destaque para
drenagem por onde se desenvolveu a corrida de detritos a subbacia do ribeirão Cágado. Notar densidade de
(debris flow) gerando impactos e destruição na porção de drenagem, forma e dimensões das subbacias.
baixada (Fonte: Google-Pro).
No entorno da área são comuns taludes em Por meio da Figura 3, se podem notar a

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densidade de drenagem, a forma e as dimensões


das subbacias. Observa-se, adicionalmente, que
a drenagem apresenta longos trechos retilíneos,
refletindo na evolução e dinâmica dos processos
de transporte de massa nesse canal de
drenagem.
A Figura 4 apresenta, de maneira geral, as
condições do relevo na área de interesse, com
destaque para as encostas que possuem
inclinações acima de 30º. No presente estudo, a
área de interesse é a subbacia 3, ribeirão
Cágado, o qual apresenta cerca de 47% de suas
encostas acima de 30º. Trata-se de áreas com
grande potencialidade para geração de
deslizamentos, configurando-se a possibilidade
de aporte de materiais com granulometrias mais
Figura 5. Carta hipsométrica mostrando a variação
finas para as drenagens. topográfica na área de interesse.
A Figura 5 apresenta a carta hipsométrica
das subbacias, mostrando a variação topográfica
na área de interesse. A variação da cota, ou 3 HISTÓRICO DE OCORRÊNCIAS E
amplitude da subbacia, representa um MODELO DE GERAÇÃO ADOTADO
parâmetro de grande importância na avaliação
da suscetibilidade às corridas, pois reflete As corridas são processos que apresentam baixa
condições da energia potencial para o frequência, conforme demonstra a Tabela 1,
desenvolvimento dos fluxos interferindo mas recorrentes nessa região do litoral paulista.
diretamente no raio de alcance das massas.
Tabela 1. Registro de corridas de massa na região da
Serra do Mar – Cubatão (modificada de Massad et al.
1998). (*área total da bacia).
Rio ou A.T.* Pmáx (mm)
Local
Córrego (km2) 1h 24h
Rio Mogi
Rio Mogi 30,60 - -
24-27 fev 1971
Rio
4,00
COPEBRAS Cachoeira
39 276
28 jan 1976 Braço
1,60
Norte
Rio
RPBC e rio 11,40
Pereque
Pereque 84 265
Córrego
22-24/jan/1985 2,64
das Pedras
Rio das Pedras
Rio das
– Eletropaulo 3,40 25 135
Pedras
20-22/jan/1988
Córrego
RPBC 2,64 60 214
das Pedras
06/fev/1994
Figura 4. Condições do relevo na área de interesse, com Afluente
09/mar/1996 0,80 18 -
destaque para as encostas que possuem inclinações acima Principal
de 30º. No presente estudo, a área de interesse é a Rio Pilões Bacia do
2,54 118 312
subbacia 3, ribeirão Cágado, o qual apresenta cerca de jan/2000 rio Pilões
47% de suas encostas acima de 30º. Rio Marcolino Bacia do
1,37 118 312
fev/2013 rio Pilões
Rib. Cágado Bacia do
0,55 118 312
fev/2013 rio Pilões

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O modelo de geração adotado, no presente Cota 400 merecem destaque, pois registraram
artigo, considera duas etapas e componentes os maiores índices pluviométricos e
fisiográficos na deflagração e desenvolvimento demonstraram que as chuvas se concentraram
das corridas de massa: encosta e drenagem. Os nessas localidades (Tab. 2).
registros de ocorrências desses processos, no Destaca-se que, no dia 22/02/13, por volta
ambiente Serra do Mar, indicam que os fluxos das 16:50 horas, a chuva em Cubatão
começam nas encostas, com a ocorrência de um acumulava cerca de 107,0 mm, sendo que foi
deslizamento de grande porte ou vários registrado, somente em 10 min, 23,0 mm de
deslizamentos menores. Esse material é chuva (Fig. 7). Ainda no dia 22/02/13, por volta
mobilizado para as linhas de drenagem, onde se das 17:50 horas, registraram-se chuvas fortes de
mistura a um dado volume de água, gerando Santos até São Sebastião, com acumulados em
uma massa que, por sua vez, agrega mais Cubatão de 180,2 mm.
material por meio do retrabalhamento dos
depósitos existentes no leito e nos taludes Tabela 2. Registro das chuvas que ocorreram na região da
laterais. Serra do Mar – Cubatão, com destaque para os postos
Cubatão, Ultrafértil e Cota 400 (modificado de
A Figura 6 exemplifica esse modelo adotado, DAEE/FCTH, 2013).
com destaque para o Trecho 1, região na qual
há grande aporte de fluxos de água, incremento Posto Acumulado de chuva (mm)
das vazões, erosões e declividades moderadas; o inferior a 24 horas
Trecho 2 no qual ocorrem os deslizamentos, Cubatão 273.6
Ultrafértil 156.8
corridas de blocos e lama e alta descarga de Cota 400 247.8
sedimentos; e o Trecho 3 onde há Casa 8 4.2
desaceleração, deposição e sedimentação dos Paranapiacaba 44.8
materiais, fortes impactos e inundações. Cosipa 3.6
Portão 40 4.8

Figura 6. Modelo de geração de corridas de massa


adotado: principais etapas na deflagração e
desenvolvimento de um debris flow.

4 DADOS E RESULTADOS

Os valores de chuva, que deflagraram os


movimentos de massa na área de estudo,
atingiram valores que podem ser classificados Figura 7. Gráfico de chuva acumulada no posto Cubatão.
Destaca-se na figura: (a) ausência de índices de chuva
como “evento extremo de chuva”. Segundo antes das 16 horas, (b) grande intensidade de chuva
relatório do DAEE/FCTH (2013) o registro da ocorrendo num período muito curto de tempo (~16:00 h
chuva teve início às 15:01 (GMT) do dia 22/02, até as 16:50 h) e (c) alto valor acumulado de chuva, cerca
passou por um horário de pico às 19:51 (GMT) de 272 mm, em menos de 16 horas (modificado de
do dia 22/02 e terminou às 11:51 (GMT) do dia DAEE/FCTH, 2013).
23/02. A chuva acumulada nos postos da Rede
A Figura 8 mostra a correlação entre chuva
Telemétrica do Alto Tietê variou entre 0.00 e
acumulada (mm) e o tempo (horas) para
68.40mm (Posto Córrego Jaguaré). Na rede
diversas ocorrências de deslizamentos e
Telemétrica de Cubatão o acumulado variou de
corridas de massa no Brasil e em alguns casos
0.0 a 273.60 mm (posto Cubatão). Os
internacionais (modificada de Gramani, 2001 e
acumulados dos postos Cubatão, Ultrafértil e
Kanji et al., 2008). A linha TL indica as

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condições para deflagração de deslizamentos; a materiais transportados (granulometrias,


linha GL representa condições limites nas quais formato dos materiais e arranjo sedimentar pós-
ocorrem deslizamentos generalizados e há deposição), raio de alcance e impacto gerado.
grande possibilidade de geração de corridas de Por meio das imagens, é possível visualizar o
massa, e a linha CE indica a ocorrência de poder de impacto dessas massas e o caráter de
processos extremos, com geração de corridas de ocorrência em bacia restrita.
massa. Notar que as chuvas, registradas na
Serra nas proximidades de Cubatão, foram
extremamente intensas, se inserindo acima da
linha CE.

Figura 9. Indicação, aproximada, da trajetória do debris


flow, porção final. A área mais afetada corresponde ao
reservatório de água e escritório, ambos localizados na
margem direita da drenagem (Fonte: Google-Pro).

rio Pilões

Figura 8. Gráfico da chuva acumulada (mm) x tempo


(horas) para diversos casos de deslizamentos e corridas
de massa. Notar que os pontos relativos ao ribeirão
Cágado ficaram acima da linha CE, isto é, área que
representa casos de maiores dimensões (modificado de
Kanji et al., 2008). Figura 10. Imagem geral da trajetória do debris flow,
porção final do fluxo de detritos. Notar que não há sinais
A Figura 9 indica, de forma aproximada, a de movimentação no rio Pilões e que os materiais se
espraiaram principalmente pela margem direita (Fonte:
trajetória do debris flow, trecho principal da cortesia de Dra. Regina Elsa Araujo, Regional de Defesa
deposição do material grosseiro, com Civil da Baixada Santista).
predominância de matacões da ordem de 0,8 –
1,0 m de comprimento, que ocorreu na subbacia
do ribeirão Cágado. A área mais afetada
corresponde ao reservatório de água e
escritório, ambos localizados na margem direita
do ribeirão.
As Figuras 10 a 21 ilustram a ocorrência do
debris flow, destacando-se: área fonte, linha de
drenagem na qual se desenvolveu o fluxo,

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Figura 13. Vista de área atingida por corrida de detritos.


Notar dimensão e forma dos matacões e evidências da
passagem de lama (Ponto 1 mostrado na Figura 12).

Figura 14. Vista geral de reservatório de água, localizado


Figura 11. Deslizamentos, em cotas superiores da na base de encosta da Serra do Mar, registrado em maio
subbacia do ribeirão Cágado, contribuindo para a geração de 2002; ver Figura 15 (Ponto 2 mostrado na Figura 12).
da corrida de massa. Notar que há a possibilidade de
novas instabilizações nesse trecho da encosta (Fonte:
cortesia de Dra. Regina Elsa Araujo, Regional de Defesa
Civil da Baixada Santista).

Figura 12. Visão geral do trecho intensamente afetado


pela passagem do debris flow. Destaque para (1) ponte Figura 15. Vista geral do reservatório de água, mostrado
sobre o rio Pilões, por onde passou grande quantidade de na Figura 14, em foto tirada em fevereiro de 2013, após a
lama; (2) reservatório de água e cilindros impactados por passagem de uma corrida de detritos (Ponto 2 mostrado
lama e galharada; (3) reservatório coberto por blocos de na Figura 12).
rocha; (4) deposição intensa de matacões; (5) intensa
erosão de margem e deposição de grandes blocos de
rocha; (6) formação de novos depósitos de cascalheiras;
(7) escritório destruído e (8) rio Pilões. (Fonte: imagem
capturada de vídeo feito pela TV Globo).

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Figura 16. Vista geral da intensa deposição de material


grosseiro nas proximidades do reservatório de água. Figura 19. Vista geral dos tanques de tratamento de água
(Ponto 3 mostrado na Figura 12). (ao fundo, margem esquerda), não afetados nesse
acidente. Nesse ponto, se verificou a passagem de lama e
formação de cascalheiras (Ponto 6 mostrado na Figura
12).

Figura 17. Notar imbricamento dos matacões, orientação


preferencial das lascas rochosas e porção frontal do
depósito, com predomínio de materiais de maior
Figura 20. Vista da porção de fundo de escritório,
granulometria. Nesse trecho, a matriz é areno-argilosa
intensamente afetado por materiais transportados durante
(Ponto 4 mostrado na Figura 12).
o fluxo de detritos. Notar granulometria dos materiais e
altura do depósito (Ponto 7 mostrado na Figura 12).

Figura 18. Vista de trecho, do ribeirão Cágado,


intensamente afetado por erosões de taludes marginais e
Figura 21. Detalhe dos materiais depositados na área do
mobilização de matacões no leito da drenagem (Ponto 5
escritório. Notar dimensões dos seixos e pedregulhos e o
mostrado na Figura 12).
arranjo desses materiais (Ponto 7 mostrado na Figura 12).

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5 CONCLUSÕES AGRADECIMENTOS
O cenário de risco previsto para a subbacia do
ribeirão Cágado, no ano de 2002, foi O autor agradece à Defesa Civil do estado de
confirmado após a ocorrência do debris flow São Paulo – CEDEC-SP; ao Instituto de
em fevereiro de 2013. O raio de alcance e os Pesquisas Tecnológicas – IPT, Centro de
volumes de materiais sólidos ficaram próximos Tecnologias Geoambientais - CTGeo e a Dra.
aos valores estimados. Regina Elsa Araujo, regional de Defesa Civil -
A dinâmica e o comportamento da corrida de REDEC da Baixada Santista, pela possibilidade
detritos do ribeirão Cágado mostrou que esse de publicar os dados referentes ao acidente na
processo é recorrente e típico nesse trecho da Serra do Mar.
Serra do Mar, pois os depósitos são correlatos
aos observados em outras drenagens próximas e
também em eventos anteriores. REFERÊNCIAS
As chuvas registradas durante o evento são
compatíveis com os processos observados nas DAEE/FCTH (2013) Relatório de Evento de Chuva de
drenagens, isto é, a bibliografia indica que 22/02/2013 15:00 (GMT) até 23/02/2013 14:50
(GMT). Dados apresentados pelo Departamento de
valores de 10-20 mm em 10 min e/ou Águas e Energia Elétrica - DAEE e pela Fundação
intensidades de 80-100 mm em 1 hora são Centro Tecnológico de Hidráulica - FCTH.
responsáveis pela deflagração e Gramani, M.F. (2001). Caracterização geológico-
desenvolvimento do escoamento dos materiais geotécnica das corridas de detritos (“debris flows”)
pelos canais de drenagem. No presente caso, as no Brasil e comparação com alguns casos
internacionais. Dissertação (Mestrado) Escola
chuvas de 23mm/10min e 118mm/1h Politécnica da Universidade de São Paulo, 372p.
deflagraram as corridas de massa observadas no Kanji. M.A. et al. (2008) Debris flow affecting the
ribeirão Cágado. Ressalta-se que esse cenário Cubatão Oil Refinery, Brazil. Landslides (2008)
pluviométrico, isto é, ausência de chuva 5:71–82.
precedente (condição que comumente favorece Massad, F. et al. (1998) "Debris Flows" em Cubatão, São
Paulo: Obras de Controle e Impactos Ambientais. In:
a geração das corridas de massa), dificulta XI Congr.Brasil. de Mecânica dos Solos e Engenharia
acionamentos e estabelecimento dos Geotécnica. XI COBRAMSEG. Brasília/98, v2.
procedimentos relacionados às ações de defesa p.1265-1272.
civil.
Os aspectos fisiográficos, no ambiente Serra
do Mar, são extremamente favoráveis à geração
e desenvolvimento desses tipos de movimentos
de massa, com destaque para amplitude das
subbacias, declividade dos canais, inclinação
das encostas no entorno das linhas de drenagem
e materiais presentes no leito e nos taludes
marginais.

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