Você está na página 1de 15

Relatório de Visita Técnica Integrada

Biologia-Geografia

Alunos:
Álvaro H. da Silva Bosa
Daniel F. Azeredo Taliateli
Renan Carlos de Lima

Professores:
Jhones Donizetti Mendes
Eliana Figueira
Introdução
A sociedade contemporânea é caracterizada por sua volatilidade, possuindo uma
liquidez nas formas de ocupação do espaço e desenvolvimento industrial (Bauman, 2001).
Em busca de atender as demandas por matéria prima para a indústria, o uso desordenado dos
recursos naturais provoca um significativo impacto na caracterização da paisagem regional,
no caso do município de Campo Mourão, isso fica evidenciado no abrupto desaparecimento
do bioma de Cerrado.
Não obstante, a busca por terras que incorporassem uma maior rentabilidade agrícola
prepondera na ocupação do espaço da região, impondo uma disruptura aos antigos moldes da
paisagem natural e propiciando um impacto negativo à biodiversidade ecológica paraense. O
fruto dessa erosão genética provinda dos sistemas intensivos, fortalece a destruição dos
biomas e põe em cheque a riqueza natural do estado.
Em vista desse reflexo negativo produzido sobre o bioma de Cerrado no Paraná, foi
proposta como iniciativa pelo professor mestre Jhones Donizetti Mendes, a realização de uma
visita a Estação Ecológica do Cerrado de Campo Mourão, uma entidade que trata sobre
educação ambiental no Paraná, tendo por objetivo fomentar o conhecimento sobre o bioma
em questão e discutir o impacto das ações humanas sobre a paisagem natural do estado.
Ademais, a paisagem natural da região do oeste do Paraná não se limita a esse
pequeno recorte de cerrado. Nesse sentido, foi realizada uma trilha Parque Estadual Lago
Azul, almejando-se com essa visita promover um conhecimento a respeito do bioma de Mata
Atlântica presente no Paraná, destacando os principais aspectos da vegetação, hidrografia e
condições climáticas do bioma em questão. Em consonância, esperava-se consolidar algumas
temáticas que dialogassem com o conhecimento científico biológico a respeito da classe
taxonômica das briófitas, uma vez que, a localidade em visitação detinha um grande destaque
devido a sua umidade.
A visita do parque também propôs ênfase na temática da consciência ambiental,
evidenciando problemáticas que tratavam a respeito da biopirataria e o impacto das atividades
comerciais da região ante a devastação da vegetação nativa. Desse modo, estabelecendo
diálogos entre as áreas de geografia e ciências biológicas entre as duas visitas citadas.
Vale também destacar, que mesmo não sendo um conteúdo atual dos discentes, foi
realizada uma visitação ao museu de rochas e minerais na Universidade Estadual do Paraná
(Unespar), Campus Campo Mourão, onde foram relembrados conteúdos a respeito sobre
geologia, salientando algumas amostras que grande parte dos alunos desconhecia. Além
disso, foram instruídos alguns dos processos de formação de alguns combustíveis fósseis,
como o caso do petróleo, destacadas algumas produções culturais indígenas e alguns aspectos
e evidências da evolução formulada por Darwin, novamente fomentando diálogos
interdisciplinares
Primeira Parada:

Estação Ecológica do Cerrado

Figura 1 - Visita a Estação Ecológica do Cerrado

Fonte: Autoria Própria, 2023

A primeira parada da visita técnica foi a Estação Ecológica do Cerrado, local


protegido onde é preservado resquícios da vegetação nativa da cidade de Campo Mourão, ou
seja, fragmentos do bioma Cerrado, ou pelo menos, parte dele. Neste local, a visita aconteceu
com o acompanhamento do estudante de geografia e funcionário da estação, Luiz Fernando
Henrique.
Figura 2 - Explicações Iniciais

Fonte: Autoria Própria, 2023

A princípio, foi explicado algumas características do bioma Cerrado, definindo-se


alguns conceitos importantes para o restante da visita neste local, como o fato do solo do
cerrado possuir um alto teor ácido, devido a uma combinação de fatores geológicos,
climáticos e biológicos. O solo do cerrado é formado por rochas sedimentares, principalmente
o arenito, que possui uma grande quantidade de minerais ácidos, como quartzo e
principalmente alumínio. E por conta do clima quente com períodos chuvosos e de seca
prolongada, a vegetação composta por plantas adaptadas a solos ácidos, essas plantas
possuem raízes profundas que exploraram camadas mais fundas do solo em busca de
nutrientes. Devido ao solo rico em alumínio e de baixo pH, para efetuar o processo de
agricultura é necessário realizar práticas de correção de solo, como a adição de calcário,
neutralizando a acidez e melhorando a fertilidade do solo, processo esse conhecido como
“calagem”. (Este fato, inclusive, gerou alguns questionamentos interessantes nos discentes,
servindo de base para a criação de um meme bem inteligente: “Precisamos empanar você no
calcário!”, desta forma, leva o pensamento de que a pessoa está sendo ácida ou desumilde).
Outro fato interessante é que o fogo diferente de outros biomas, pode desempenhar
um papel importante no cerrado e não prejudicá-lo se for uma frequência e intensidade
adequada de fogo, ele contribui com a adaptação das plantas, onde elas se adaptam às chamas
e se recuperam rapidamente, muitas também possuem cascas grossas e estruturas
subterrâneas de armazenamento de nutrientes que as protegem do fogo e lhes permitem
rebrotar após o incêndio, também contribui para o controle de pragas e doenças, para a
liberação de nutrientes e para a renovação do habitat.
Além disso, foi explicada algumas formações florestais e campestres do cerrado, entre
elas: a mata seca, a mata de galeria, o cerrado típico, campo sujo e campo limpo:

● Mata seca (Figura 3): são vegetações florestais do cerrado em que não há associações
com cursos d’água, além de manifestar vegetações em diversos estágios de
caducifólias (caducifólias, semi-caducas ou sempre-verde, dependendo do grau de
queda), ou seja, apresentam quedas das folhas em determinados períodos do ano,
neste caso, durante a estação seca. Normalmente, este tipo está presente nas bordas
entre o cerrado e a caatinga. (EMBRAPA)

Figura 3 - Mata Seca

Fonte: Google, 2023

● Mata de galeria (Figura 4): são vegetações que estendem-se nas margens dos rios e
córregos de pequeno porte, onde as copas das árvores se encontram acima dos rios,
formando “túneis” ao longo de sua extensão, ou como o próprio nome diz, galerias.
Estas são plantas perenifólias, portanto, não apresentam a queda das folhas, mesmo
nas estações mais secas. (EMBRAPA)

Figura 4 - Mata de Galeria

Fonte: Google, 2023

● Cerrado típico (Figura 5): são localidades que apresentam vegetações de pequeno
porte, principalmente arbustos e gramíneas, além de pequenas árvores espaçadas. São
plantas adaptadas ao clima e condições precárias do cerrado, possuindo raízes
profundas e cascas grossas. (EMBRAPA)

Figura 5 - Cerrado Típico

Fonte: Google, 2023

● Campo sujo (Figura 6): São formações caracterizadas por uma vegetação arbustiva e
herbácea, apresentando plantas baixas com predominância de arbustos, gramíneas e
uma baixa densidade de árvores. O campo sujo está adaptado a condições de solo
arenoso e drenagem moderada (EMBRAPA).

Figura 6 - Cerrado Campo Sujo


Fonte: Google, 2023

● Campo limpo (Figura 7): É caracterizado por uma vegetação de gramíneas, herbáceas
e pequenos arbustos, ou seja, uma vegetação de baixo porte, havendo uma ausência
completa de árvores. As vegetações adaptadas ao campo limpo, possuem
características como raízes profundas, folhas estreitas e duras, adaptadas à escassez de
água presentes no bioma do Cerrado (EMBRAPA).

Figura 7 - Cerrado Campo Sujo

Fonte: Google, 2023

A partir desses conceitos, foi explicado mais sobre o município em questão, onde este
era predominantemente coberto pelas vegetações típicas do campo sujo, abrigando uma parte
do bioma Cerrado em nossa região. Porém, com os avanços tecnológicos e a crescente
urbanização, a vegetação começou a dar espaço para a vila urbana e para as lavouras, as quais
futuramente dariam origem a cidade de Campo Mourão, deixando apenas resquícios do
bioma que antes era prevalecente na região.
Além disso, como curiosidade, o nome do município se deriva, em parte, da
vegetação nativa do local. “Campo” se origina do fato de que durante a descoberta do local,
era predominante a presença de campos (os já citados campos sujos), enquanto que “Mourão”
faz referência ao governador da capitania de São Paulo, Dom Luís António de Sousa Botelho
e Mourão, que incentivou as expedições nas terras antes desconhecidas. Nesse sentido, a
pequena vila se originou com o nome “Campos do Mourão”, e futuramente, se adequou para
a forma em que conhecemos, “Campo Mourão”.
Após isso, a visita guiou-se para uma explicação sobre o projeto de gestão de resíduos
que desenvolviam na estação, o projeto de reconstrução de nascentes, além de uma amostra
da maquete de um microecossistema da região.
O projeto de gestão de resíduos era feito através da fabricação e utilização de uma
composteira doméstica, onde é um processo projetado para decompor os resíduos orgânicos
em um composto rico em nutrientes para jardinagem. Essa prática é uma maneira sustentável
de descartar restos de comida, folhas e outros materiais orgânicos com o auxílio de minhocas.
A composteira doméstica é um ótimo método de reduzir a quantidade de lixo que vai
para o aterro e criar fertilizantes naturais para os jardins e hortas. É uma prática sustentável
que auxilia a reduzir o impacto ambiental e promove um estilo de vida mais ecologicamente
consciente.

Figura 8 - Composteira Doméstica

Fonte: Autoria Própria, 2023

Logo após foi observado o projeto de incentivo a proteção e reconstrução das


nascentes onde é desenvolvido através de um processo simples, mas bem eficiente, este, se
baseia na reformulação da nascente por uma processo de cimentação, o qual tem por objetivo
a limpeza dos sedimentos e substâncias por filtração e do controle da erosão pela base
cimentada.
Figura 9 - Maquete de Microecossistema

Fonte: Autoria Própria, 2023

Por fim, neste local, a explicação prosseguiu durante uma trilha pela área preservada
da estação, em que foi constatada a presença de várias espécies presentes no bioma Cerrado,
como: o Angico, árvore comum no bioma, apresenta a casca grossa e propriedades
medicinais; Jerivá, um tipo de palmeira encontrada na Mata Atlântica e no Cerrado;
Gabiroba, uma fruta com propriedades medicinais; Pequi, uma fruta bastante conhecida e
utilizada na culinária brasileira; Pitanga-do-cerrado, uma fruta única do cerrado, muito
parecida com a pitanga “normal”, mas mais doce e suculenta.

Figura 10 - Angico

Fonte: Autoria Própria, 2023


Figura 11 - Pequi

Fonte: Autoria Própria, 2023

Figura 12 - Gabiroba

Fonte: Autoria Própria, 2023


Figura 13 - Jerivá

Fonte: Autoria Própria, 2023

Segunda Parada:

Universidade Estadual do Paraná - Campo Mourão

A segunda parada ocorreu no Museu de Rochas e Minerais da Unespar. Uma


Instituição de Ensino Pública de destaque no fomento ao conhecimento geológico e
geográfico. Nela, o guia foi o professor da universidade, José Antônio da Rocha, o qual
apresentou aos discentes uma série de fundamentos sobre os campos de conhecimento
citados.
Figura 14 - Explicação Didática sobre Rochas

Fonte: Autoria Própria, 2023

Primeiramente, foi apresentado aos discentes um panorama geral sobre os conceitos


de mineral e rocha. Em suma, o primeiro consistia em um material sólido e inorgânico
composto por diferentes elementos químicos, ao passo que o segundo fazia referência a um
agrupamento de minerais.
Entre os exemplares encontrados, havia uma diversidade de rochas ígneas,
sedimentares e metamórficas, as quais foram bem interessantes, visto que os discentes
estudaram seus conceitos a pouco tempo atrás. Além disso, mereceram protagonismo por
parte do professor a hematita e a bauxita, que são responsáveis, respectivamente, por prover
os minérios de ferro e alumínio (entendendo minério como um mineral de alto valor
comercial).
Ademais, é interessante abordar que o laboratório de geologia da universidade se
mostrou bastante completo, já que apresentava, além das rochas e minerais convencionais,
uma grande variedade, as quais os discentes nunca haviam visto, vindas de várias partes do
mundo, com destaque para a Tailândia, Espanha e Itália.
Figura 15 - Análise das Rochas

Fonte: Autoria Própria, 2023

Figura 16 - Coleção de Rochas

Fonte: Autoria Própria, 2023

Além disso, foi produzida uma explicação pelo ministrante a respeito da temática de
combustíveis fósseis, destacando que esses detém origens em bacias sedimentares antigas
formadas nas eras proterozóica e mesozóica. No geral, a principal substância dessa natureza
observada no laboratório foi o petróleo, uma fonte de energia não renovável a base de enxofre
que é usada na fabricação de asfalto, produção de combustíveis automotivos e até na
fabricação de cosméticos.

Figura 17 - Conjunto de Combustiveis

Fonte: Autoria Própria, 2023

Por fim, ainda foi observada a presença de fósseis de diversas espécies de animais,
apontando evidências da evolução humana e da ocupação de diversas regiões no planeta.

Figura 18 - Fósseis

Fonte: Autoria Própria, 2023

Terceira Parada:

Parque Estadual do Lago Azul

A parada final ocorreu no Parque Nacional Lago Azul. De forma geral, foi realizada
uma trilha que promoveu o destaque às formações florestais e hidrográficas do parque que
estavam envolvidas com o bioma de Mata Atlântica. Verificou-se ainda que a região estava
enquadrada dentro de um clima tropical e, portanto, possuía uma alta umidade, que era
comprovada por meio de fungos identificadores de qualidade de ar

Figura 19 - Cachoeira na Trilha

Fonte: Autoria Própria, 2023

Além disso, foram observadas formações rochosas conhecidas como “panelas” que
são caracterizadas por possuírem porções de água e abrigarem pequenas plantas enquadradas
na classe taxonômica como briófitas, que possuem como aspecto fundamental a adequação a
ambientes úmidos.

Figura 20 - Observação das Panelas

Fonte: Autoria Própria, 2023


Aliado a isso, foi discutida a questão do impacto da biopirataria sobre o habitat dos
animais. O guia da atividade destacou que essa prática enquadra-se em crime, dos quais os
envolvidos sofrem duras penas ao serem apreendidos. No entanto, apesar das consequências
provocadas, a atividade ainda é muito lucrativa no Brasil devido a falta de consciência
ambiental, e portanto, continua mantendo-se constante.
Ademais, o reflexo do impacto desse crime foi materializado na situação das aves
recuperadas pelo parque, estas apresentavam-se com um aspecto dócil e mostravam-se
praticamente dóceis, o que as impossibilitam de retornarem a seu habitat natural,
configurando algo deplorável. Por fim, ainda foram mensurados os efeitos que a agricultura
intensiva provoca sobre a vegetação nativa, devastando ecossistemas e retirando animais de
seus espaços de origem.

Figura 21 - Viveiro de Aves

Fonte: Autoria Própria, 2023

Considerações Finais:
Enfim, no geral, a visita técnica foi bastante proveitosa, conseguimos ampliar os
conhecimentos sobre os assuntos estudados em sala de aula, já que durante a visita é possível
ver na prática determinados temas. A visita à Estação Ecológica do Cerrado foi grandemente
interessante, já que foi possível correlacionar com o conteúdo de “biomas”, estudado
recentemente pelos discentes, além de conhecer espécies típicas do cerrado, assim como suas
características, importância e cuidados. No laboratório de geologia, apesar de ter adiado o
almoço, foi bastante atraente, uma vez que foi possível ver outras amostras, diferentes das
presentes do laboratório do campus, além de ver de perto minerais que dão origem à grande
parte dos metais existentes no mundo. Já ao Parque Estadual Lago Azul, foi extremamente
divertido e uma ótima maneira de encerrar a viagem, a trilha e a visita à cachoeira foram
interessantes, apesar de não ter dado tempo de ver a trilha do cerrado, o qual era alvo da
visita.

Você também pode gostar