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UNIVERSIDADE FEDERAL DO PIAUÍ

CENTRO DE CIÊNCIAS HUMANAS E LETRAS- CCHL


COORDENAÇÃO DO CURSO DE GEOGRAFIA

RELATÓRIO DE CAMPO: VISITA AO PARQUE NACIONAL DE SETE CIDADES

TERESINA
2018
VERLANDO MARQUES DA SILVA

RELATÓRIO DE CAMPO: VISITA AO PARQUE NACIONAL DE SETE CIDADES

Relatório de campo sobre a visita ao Parque


Nacional de Sete Cidades apresentado à
disciplina de Biogeografia, do Curso de
Geografia – Licenciatura, da Universidade
Federal do Piauí, como requisito parcial para
obtenção de nota.

ORIENTADORA: Profª. Dra. Bartira Araújo


da Silva Viana e Profª. Dra. Anna Kelly
Moreira da Silva

TERESINA
2018
INTRODUÇÃO

Havendo uma necessidade de associar a teoria com a prática, no dia 17 de


agosto do ano em curso, foi realizado pela disciplina de Biogeografia uma aula de
campo no Parque Nacional de Sete Cidades. O Parque oferece uma melhor fixação
da teoria aplicada em sala, na prática oferecida pelo ambiente das sete “cidades de
pedra”, pode-se fazer uma análise do ponto de vista geológico, geomorfológico,
biogeográfico, entre outras áreas do conhecimento. Por estar numa área de transição
entre o cerrado e a caatinga o PARNA (Parque Nacional) de Sete Cidades conta com
uma variedade de fauna e flora, onde encontra-se cerrado típico, cerradão, cerrado
rupestre, campo rupestre, mata ciliar, mata de galeria, mata dos cocais e intercalações
de caatinga, entre outros, assim pode-se identificar na região com maior concentração
vegetação típica do cerrado que predomina em todos os geossítios,

[...] como a lixeira (curatella americana), o murici (Byrsonima


crassifólia, Byrsonima blanchetiana), o bacuri (Platonia insignis), o
cascudo (Terminalia fagiflora), a faveiro (Parkia platycephala), e o pau-
terra (Qualea grandiflora) (BRASIL, 1979, p. 25).

A presença de várias espécies de animais típicos da caatinga, do cerrado e da


Amazônia, revela uma riqueza existente no Parque, porém segundo Brasil (1979), a
comunidade faunística poderia ser bem mais diversificada, tendo em vista a
quantidade de biomas existente no local que poderia abrigar uma maior diversidade
de animais de outras comunidades e atualmente encontram-se desaparecidos na
região. Nessa visita ao PARNA teve como maior objetivo analisar os geossítios
identificando os biomas presente em cada um além de catalogar as principais
espécies de plantas existentes neles para fins de conhecimento sobre suas
potencialidades e os impactos que degradam o ambiente que abriga um grande
acervo de estruturas geológicas com registros rupestres.
Tendo em vista que a natureza está integrada quanto a seus processos, o
estudo sobre o Parque foi executado associando-se os fatores bióticos e abióticos
num conjunto de relações que envolve as diversas áreas da Geografia, para uma
melhor compreensão sobre a área que o Parque abrange. E ainda vale ressaltar que
a formação do professor deve ir muito além da teoria a fim de analisar criticamente o
espaço e agregar conhecimento na vida profissional, daí a importância de relacionar
a teoria com a prática.

METODOLOGIA

Para realizar tal pesquisa acerca dos objetos direcionados a análise no campo,
foi direcionado pela Prof. Dra. Bartira Viana e Prof. Dra. Ana Kelly alguns materiais
para estudo e embasamento teórico sobre os biomas que poderiam ser encontrados
no Parque, sobre as principais espécies de plantas e de animais comuns na região,
discutindo sobre o estado de conservação do parque e a importância de manter o
mesmo assegurado de qualquer ameaça que possa extinguir suas espécies.
Tendo em vista a coleta do maior número de informações possíveis, foi
orientado nas aulas pré-campo, o uso de instrumentos para registro fotográfico e
materiais para anotações como agenda e caneta.
Levando em consideração que o profissional da Geografia deve fazer uma
observação da natureza de forma integrada, foi necessário observar os aspectos do
clima, relevo, solo, ações antrópicas, tendo em vista relacionar o conhecimento teórico
e tirar suas próprias conclusões a respeito da dinâmica existente no ambiente
observado, neste caso, o Parque.

CARACTERIZAÇÃO DO PARQUE

O Parque é uma Unidade de Conservação localizado no norte do Piauí, “[...]


com 63,3 Km² [...] a área proposta envolve terrenos dos municípios de Piracuruca,
Brasileira, Piripiri, Pedro II, Lagoa de São Francisco, Esperantina e Batalha”
(BARROS; FERREIRA; PEDREIRA, 2011, p. 9). Situando-se a uma distância de 190
Km da Capital Teresina (mapa 01).
Para sua proteção foi “[...] criado pelo decreto nº 50.744, de 08 de junho de
1961, sendo um dos mais antigos do Brasil, é administrado pelo Instituto Chico
Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio) [...]” (BARROS; FERREIRA;
PEDREIRA, 2011, P. 09). Sua área abrange uma grande biodiversidade e proporciona
ao visitante uma vasta possibilidade de estudos sobre a área que abriga diversas
espécies animais e vegetais sobre a formação geológica cabeças (da era Paleozoica)
predominantemente, “[...] a existência de sítios arqueológicos, uma fauna e flora de
uma área de transição do bioma caatinga para cerrado bem preservados, agregam
ainda mais valor à proposta.” (BARROS; FERREIRA; PEDREIRA, 2011, P. 09).

Mapa 1 - Mapa proposta no manejo do Parque Nacional


de Sete Cidades

Fonte: (BARROS; FERREIRA; PEDREIRA, 2011, p. 10)

RESULTADOS E DISCURSÕES

Se tratando do ponto de vista geológico o Parque é composto principalmente


por arenitos médios a grosseiros com estratificação cruzada da formação cabeças, o
que permite uma grande infiltração de água no período chuvoso, que abastece o lençol
freático e permite a ocorrência de riachos temporários, além de condicionar também
a predominância do cerrado na região.

A trilha iniciou-se pelo geossítio da 5ª cidade, nesse trajeto pôde-se identificar


a predominância do cerrado típico e as vezes a presença de campo sujo, esses tipos
de biomas podem ser encontrados em ambientes de solo bem poroso (arenito), que
facilita a infiltração da água que por sua vez suas raízes fazem a coleta, as herbáceas
e arbustos são característicos também desse ambiente, veja nas imagens 2 e 3.
Imagem 2 - Cerrado típico Imagem 3 - Campo sujo

Fonte: SILVA fotografia (2018)

No geossítio denominado por Gruta do Catirina, na 4ª “cidade de pedra”, já se


pode notar uma variação no solo e na vegetação, onde o solo rupestre predomina e
consequentemente a vegetação também sofre alterações para se adaptar ao
ambiente que, diferente do exemplo anterior, nesse ambiente a água das chuvas
escoa com maior facilidade. Na imagem a seguir é de fácil identificação o campo
rupestre (imagem 4) com surgimento de cactos nas áreas adjacentes.
Por se tratar de uma área de transição, distinguir os biomas e catalogar plantas
que são típicas do cerrado e quais são da caatinga se torna uma tarefa desafiadora,
pois a caatinga surge em meio a vegetação do cerrado que mantem boa parte de sua
folhagem mesmo no período de seca, sendo que a espécie mais comum da caatinga
presente no Parque é o xique-xique (Pilocereus gounellei) e o mandacaru (Cereus
jamacaru), que mantem-se verde mesmo em época de estiagem. Na imagem 5 pode-
se verificar tal intercalação dos dois biomas citados com a presença do araticum do
cerrado (Annona crassiflora) característico do cerrado, e do mandacaru característico
da caatinga.
Imagem 4 – Campo rupestre Imagem 5 – Araticum do serrado e
mandacaru.

Fonte: SILVA fotografia (2018)

Em algumas do Parque se faz bastante forte a presença do cerrado rupestre,


que pode ser caracterizado como um ambiente rochoso com surgimento de herbáceas
e arbustos, na imagem 6 pode-se notar que essa área ocorre bastante sedimentação
decorrente do intemperismo e erosão das áreas adjacentes.
No geossítio do Arco do Triunfo é um dos únicos lugares que pode se encontrar
vestígios de cerradão, sendo possível sentir a temperatura amena, em decorrência de
uma vegetação densa com árvores de grande porte, chegando a se confundir com
floresta. O que também condiciona tal alteração na sensação térmica local além da
vegetação é a presença de um riacho (imagem 7) que perpassa a área, nesse ponto
é notório o surgimento de alguns cocais que se proliferam nesse tipo de ambiente,
contribuindo na composição da mata de galeria.

[...] embora localizada dentro da província biogeográfica chamada


“Babaçu”, a área atual do Parque não apresenta exemplares de
babaçu (Orbignya oleífera), enquanto o buriti (Mauritia flexuosa), a
carnaúba (Corpenicia cerifera) e o tucum (Bactris sp) são
razoavelmente apresentados; pode-se considerar que o babaçu
ocorreu naturalmente na área do Parque e desapareceu
provavelmente por causa do extrativismo pois é uma das espécies
mais cobiçadas pela população local (BRASIL, 1979, p. 25).
Imagem 6 – Cerrado Imagem 7 – Mata de Imagem 8 – Tucum
rupestre galeria no geossítio Arco (Bactris sp)
do triunfo

Fonte: SILVA fotografia (2018) Fonte: OLIVEIRA fotografia Fonte: SILVA fotografia (2018)
(2018)

CONCLUSÃO

Portanto, diante dos registros pode-se afirmar que a área do Geossítio “Sete
Cidades” está em meio a um ecótono cerrado-caatinga com intercalações da mata
dos cocais, e por esse motivo foi possível observar a biodiversidade da fauna e da
flora existente no Parque, sentir uma significante variação de temperaturas quando se
alternava de biomas como por exemplo do serrado típico para o cerradão, onde foi
possível encontrar uma presença maior dos cocais e obviamente de fontes de água,
o que proporciona sensações térmicas mais confortáveis.
O PARNA de Sete Cidades detém diversos objetos de estudo para a
comunidade científica, porém, há uma necessidade de estudos mais aprofundados
sobre a região a fim de valorizar a área e chamar atenção dos órgãos responsáveis
para a questão ambiental, uma vez que, o Parque sofre com a falta de recursos para
sua manutenção.
REFERÊCIAS BIBLIOGRÁFICAS

BARROS, José Sidney; FERREIRA, José Valença; PEDREIRA, Augusto José.


Geoparque Sete Cidades, PI – proposta. [S.l.]: CPRM, 2011.

BRASIL. Ministério da Agricultura. Instituto Brasileiro de Desenvolvimento Florestal


(IBDF). Fundação Brasileira para a Conservação da Natureza. Plano de Manejo do
Parque Nacional de Sete Cidades. Brasília, 1979.

OLIVEIRA. Rafael Leal dos Santos. Uma fotografia colorida. Piracuruca, 2018.

SILVA. Verlando Marques da. Seis fotografias coloridas. Piracuruca, 2018.

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