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LAUDO PERICIAL DE IMPACTOS AMBIENTAIS

REFERENTE: AVALIAÇÃO DE IMPACTOS AMBIENTAIS DO PARQUE PAULO


CESAR VINHA
REQUERENTE: EMPRESA BRASILEIRA DE ENSINO, PESQUISA E EXTENSÃO
CNPJ: 01.936.248/0001-47
END: RUA JOSÉ ALVES, 301, GOIABEIRAS
CID/EST: VITÓRIA – ES
CEP: 29.075-080

Perita Ambiental Priscila Bruno da Penha


priscilabrunopenha@gmail.com
(27) 99794-9282
1. PRELIMINARMENTE:

PRISCILA BRUNO DA PENHA, engenheira ambiental com registro no Conselho


Regional de Engenharia e Arquitetura – CREA sob o nº 0. 000-ES apresenta o seu
LAUDO PERICIAL com as devidas informações obtidas através de levantamentos
de dados e estudos do local.

Os impactos ambientais decorrentes da ação antrópica sobre o meio ambiente é


definida pela resolução Conama 01 de 23 de janeiro de 1986 como qualquer
alteração das propriedades físicas, químicas e biológicas do meio ambiente,
causada por qualquer forma de matéria ou energia resultante das atividades
humanas que, direta ou indiretamente, afetam a saúde, a segurança e o bem-estar
da população; as atividades sociais e econômicas; a biota; as condições estéticas e
sanitárias do meio ambiente e a qualidade dos recursos ambientais.

2. OBJETIVOS
Realizar a perícia ao ambiente da REQUERENTE a fim de analisar os impactos
ambientais decorrentes da exploração antrópica do Parque.

3. CRITÉRIOS

Para elaboração do presente laudo pericial adotou-se a Resolução Conama n° 306


de 05 de julho de 2002

4. METODOLOGIA

Para a adequada avaliação dos impactos foi utilizada a revisão bibliográfica das
Resoluções Conama 01 de 23 de janeiro de 1986 e Conama 306 de 05 de julho de
2002; e os Relatórios disponibilizados pelo Instituto Estadual de Meio Ambiente e
Recursos Hídricos (IEMA), visita em campo para a averiguação do local e
informações obtidas pelo monitor do Parque.

A perícia in loco foi realizada no dia 16 de março do ano de 2016, com início às 09h
15min e término às 13h, acompanhada pela turma de Engenharia Ambiental do 8º e

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9º período da Instituição de Ensino Multivix campus Goiabeiras em Vitória e pela Sr.ª
Mirella Gonçalves, Engenheira Química e Docente da Instituição Multivix. A
instituição de ensino comunicou previamente, entrando em contato com o Parque
Paulo César Vinha por telefone e por e-mail e agendou a visita para esta data. Neste
local e horário o monitor já estava aguardando a turma para dar início ao
acompanhamento e às explicações necessárias.

5. INSTRUMENTOS UTILIZADOS

5.1. MÁQUINA FOTOGRÁFICA:

Para obter registros das visuais observadas no local foi utilizado o aparelho
fotográfico da marca Samsung, modelo ES55, 10.2 mega pixels de resolução.

5.2. MP4/MP5 PLAYER:

Para melhor compreensão das informações relatadas pelo monitor do parque foi
gravado um áudio utilizando o aparelho Mp4/Mp5 da marca Mixlaser, modelo MP-
525, nº de fabricação Z112020100041297.

5.3. GOOGLE EARTH:

Utilizou-se imagens do Google Earth para apresentar as características da área


periciada.

6. LOCAL:

O Parque estadual Paulo Cesar Vinha criado pelo Decreto Estadual N° 2.993/90
situa-se na região Metropolitana do Estado do Espírito Santo na Rodovia ES-060,
Km 37,5, s/n - Praia de Setiba, Guarapari – ES entre as coordenadas geográficas
(UTM) 355852,83 W e 7728481,02 S e 351261,64 W e 7718374, com uma pequena
parcela de sua zona de amortecimento (APA de Setiba) inserida no município de
Vila Velha.

O parque funciona diariamente (segunda a sexta-feira) das 8 às 17horas, além dos


finais de semana.
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Figura 1- Foto aérea do Parque Estadual.

7. DADOS OBTIDOS:

7.1. ACOMPANHANTES

- Sr. André Falcão: biólogo e monitor da área periciada.

7.2. DESCRIÇÃO DA ÁREA

O parque nasceu em 1990 com denominação Parque de Setiba, porém no ano de


1994 em homenagem ao biólogo Paulo Cesar Vinha que foi morto dentro do parque
por defendê-lo das degradações antrópicas passou a ser chamado de Parque
Estadual Paulo Cesar Vinha.

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analisar a possível ocorrência de eutrofização. Também é possível observar
algumas Ninfeias, a Taboa, peixes e ao fundo da lagoa uma floresta periodicamente
inundada, denominada desta forma por que quando a lagoa enche consegue
inundar algumas áreas da floresta.

Figura 3- Lagoa de Caraís.

PRAIA DE SETIBÃO

Localiza-se numa planície, tem cerca de 4 quilômetros de extensão; a vegetação é


bem variada, com restingas e um pouco da mata atlântica. A praia possui areia fofa
e formações de dunas. Devido as suas fortes correntes marítimas que permitem a
formação de grandes ondas é ideal para a prática de surf. Apesar de ser um pouco
deserta, a praia é geralmente frequentada por surfistas e turistas.

Figura 4 – Praia de Setibão.

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ARQUIPÉLAGO DAS TRÊS ILHAS

Localiza- se a cerca de três quilômetros da praia, faz parte da área de proteção


ambiental (APA) de Setiba. É constituído pelas ilhas Guararema, Leste- Oeste,
Cambaião, Quitongo e Guanchumbas.

Figura 5 – Arquipélago das Três Ilhas.

7.3. FAUNA

Na região há espécies de animais ameaçadas de extinção, como o ouriço-preto, a


preguiça, cachorro do mato, tatu, gato do mato, gambás, saguis da cara branca,
télus, beija flores e diversas espécies da fauna marinha, como as tartarugas
marinhas, ouriços, estrelas do mar, lagostas, golfinhos e outros animais .

7.4. FLORA

O ecossistema predominante do Parque é a restinga que está associada à mata


atlântica, com ambientes litorâneos. Este ecossistema possui áreas com distintas
fitofisionomias em bom estado de conservação, porém a vegetação sofre muito com
o estresse hídrico, devido às épocas pouco chuvosas e épocas muito secas, que
tornou as espécies vegetativas deste local mais resistentes e com maior capacidade
de armazenar água.

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BREJO HERBÁCEO

É um ambiente muito importante, pois é onde grande parte das espécies da restinga
se alimentam e reproduzem. Possui algumas áreas alagadas permanentemente,
outras apenas no período de chuvas, quando os canais de drenagem cobrem a
trilha. Atualmente o brejo encontra-se um pouco seco, mas as águas destes locais e
canais abastecem a Lagoa de Caraís. O ambiente brejoso possui bastante vento
devido à sua vegetação do tamanho de ervas. Registra-se a ocorrência da briófita
Sphagnum sp., considerada importante na formação de turfeiras que em conjunto
com a vegetação graminóide constituem material orgânico altamente susceptível a
incêndios.

Nas proximidades do brejo há um pé de Jamelão que é exótico, porém como ele não
dá frutos e serve de sombra e habitação para os animais é considerado benéfico
para o local.

Figura 6 – Brejo herbáceo

BREJO ARBUSTIVO

Ocorre principalmente em substrato turfoso de úmido a alagado, ao longo, no interior


e nas margens da planície de inundação, com vegetação de porte arbustivo
atingindo cerca de 4 m de altura e de difícil acesso, pois a maioria encontra-se em
locais alagados. Em alguns locais há predominância de Bonnetia anceps, em outros
uma mistura de espécies sem predominância tão marcante, como por Tapirira
guianensis, Cecropia lyratiloba, Tibouchina pallida e Tibouchina sp. Além de

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herbáceas como Scleria latifolia, Sphagnum sp., Lagenocarpus rigidus, Blechnum
serrulatum, dentre outras.

FLORESTA ABERTA DE CLÚSIA

Estabelece-se sobre solo arenoso em locais onde o lençol freático encontra-se bem
mais afastado da superfície, em alguns pontos mais de cinco metros abaixo. Esta
vegetação é constituída por arbustos, lianas e herbáceas, organizadas em moitas e
entre-moitas. As moitas, apresentando formas geométricas variadas, variando de
arredondadas a elípticas e com bordas irregulares e atingindo altura de 4-6 m.

Figura 7 – Floresta aberta de Clúsia

MATA SECA

Estabelece-se sobre solo arenoso,com grande riqueza de espécies principalmente


das arbóreas, serrapilheira abundante, podendo atingir 20 cm de profundidade em
determinados locais. As Matas Secas encontram-se distribuídas ao longo de toda
área do Parque, ladeando a planície da inundação sobre os cordões arenosos.

FORMAÇÃO PÓS-PRAIA

Localiza-se paralela ao oceano, no sentido mar-continente encontra-se logo após a


Halófila-Psamófila às vezes fixando dunas. Essa formação é constituída por plantas
arbustivas, herbáceas e lianas, entrelaçadas, com porte de até quatro metros de
altura formando uma barreira intransponível, principalmente em virtude de espécies
espinhosas como Scutia arenicola, Smilax rufescens, Quesnelia quesneliana,

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Pseudoananas sagenarius, Bromelia antiacantha (gravatá), Cereus fernambucensis
(cacto) e Pilosocereus arrabidae (cacto).

Figura 8 – Vegetação pós- praia.

FORMAÇÃO ABERTA DE ERICACEAE

Estabelece-se sobre solo arenoso em locais onde o lençol freático encontra-se nas
proximidades das camadas superiores do solo, e que em certos trechos e em
determinadas épocas do ano a superfície do solo chega a ficar úmida e até mesmo
com uma fina lâmina de água aflorada. Possui vegetação constituída por arbustos,
lianas e herbáceas. Organizada em moitas e entre-moitas. As moitas, apresentando
formas geométricas variadas, variando de arredondadas a elípticas e com bordas
irregulares e atingindo altura de 3-4 m.

PALMAE (PA)

Formação estabelecida sobre solo arenoso em trechos paralelos ao oceano. Com


vegetação constituída por arbustos, lianas e herbáceas atingindo 1,5 m de altura,
densa em alguns locais a ponto de dificultar o acesso em seu interior. Esta
vegetação é dominada por plantas arbustivas e herbáceas, encontra-se composta
principalmente pela palmeira Allagoptera arenaria (guriri), além de Schinus
terebinthifolius (aroeira), Sophora tomentosa, Cereus fernambucensis (cacto),
Jacquinia armillaris (pimenteira – ameaçada de extinção), dentre outras.

FLORESTA PERIODICAMENTE INUNDADA

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Esta formação ocorre em quase toda a extensão do Parque é inundada
periodicamente pela variação do nível do lençol freático, chegando a atingir 20 m ou
mais de altura. A Floresta Periodicamente Inundada possui vegetação variada,
sendo em determinados locais composta predominantemente por Calophyllum
brasiliense (guanandi-cedro) e Symphonia globulifera (guanandi) e em outros locais
por Tapirira guianensis (cupuba), Blepharocalix salicifolius e Dendropanax selloi.
Além destas, ocorrem ainda Alchornea triplinervia, Euterpe sp. (palmito doce),
Bactris setosa, Geonoma schotiana, Myrcia acuminatissima, Protium icicariba
(amescla), Sloanea guianensis, Tabebuia cassinoides (pau-tamanco), Tibouchina
pallida (quaresmeira), dentre outras.

FLORESTA PERMANENTEMENTE INUNDADA

Esta formação ocorre em pequeno trecho na face sul do Parque é inundada


permanentemente, chegando a atingir 15 m ou mais de altura. A Floresta
Permanentemente Inundada possui vegetação composta predominantemente por
Tabebuia cassinoides (pau-tamanco) e com muito menor densidade Calophyllum
brasiliense (guanandi-cedro), Alchornea triplinervia. Nesta formação ocorre ainda
Scleria latifolia, Fuirena robusta, Vriesea procera, Tillandsia stricta, Tillandsia
gardneri, dentre outras.

MACRÓFITAS AQUÁTICAS

Esta vegetação ocorre em todas as áreas alagadas e úmidas, destacando-se


representantes de Cyperaceae, Nymphaea sp. com folha flutuante e raiz ancorada
no substrato lodoso, Scleria latifolia, Typha dominguensis (taboa), Eleocharis sp.,
Lagenocarpus rigidus, Cyperus sp. e Fimbrisylis sp., Salvinia aff. auriculata, dentre
outras.

7.5. SOLO

Apresenta características arenosas provenientes da restinga, sendo classificado


como ASSOCIAÇÃO DE AREIAS QUARTZOSAS MARINHAS DISTRÓFICAS A
moderada fase floresta subperinifólia de restinga e campos de restinga relevo plano
+ PODZOL HIDROMÓRFICO A proeminente textura arenosa fase campos de
restinga e floresta perinifólia de restinga e relevo plano; ASSOCIAÇÃO GLEY

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HÚMICO DISTRÓFICO textura argilosa + SOLOS ORGÂNICOS DISTRÓFICOS
campos de várzea relevo plano e LATOSSOLO VERMELHO AMARELO
DISTRÓFICO coeso A moderado textura argilosa fase floresta subperinifólia relevo
suave ondulado (platôs litorâneos).

8. DESCRIÇÃO DO IMPACTO AMBIENTAL

O principal impacto ocorre da extração de espécimes vegetais, caça e coleta de


fauna, além do risco de incêndio nas áreas onde ocorrem as turfas no interior do
Parque. Outras atividades que provocam grandes impactos ao local são o trânsito de
pedestres e veículos em locais não permitidos, que causa o pisoteio e a perda de
várias espécies vegetais e animais; a pesca, o risco de introdução de espécies
exóticas, o manejo inadequado do extravasamento da lagoa de Caraís; a utilização
uso público inadequado, que poderá implicar em riscos aos ambientes circundantes
pela disposição de resíduos; riscos de contaminação de áreas por vazamento
acidental de substâncias e/ou manejo inadequado de substâncias, máquinas e
equipamentos, além da possibilidade de destinação inadequada de resíduos.

Um dos impactos que o parque enfrenta é com a extração de areia para fins
comerciais. Nas áreas onde foram realizadas atividades de extração mineral de
areia, houve um rebaixamento da superfície do solo, possibilitando inundações
periódicas com lâmina de água acima da superfície do solo maior que o normal. Este
impacto é irreversível e não se recomenda a reposição do solo devido à
indisponibilidade do mesmo. A vegetação pode sofrer mudanças quanto à
composição florística e até mesmo quanto à estrutura, uma vez que as espécies que
vêm se estabelecendo possuem desvio quanto àquelas de ambientes conservados
da formação, com presença inclusive de invasoras. Nessas áreas a recuperação
poderá ser acelerada realizando o controle das invasoras, plantio de espécies
nucleadoras e outros tratos culturais que se fizerem necessários.

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Figura 9 – Impacto causado pela extração de areia.

As áreas que foram impactadas com aterro por deposição argila podem ser
recuperadas a partir do desaterro das mesmas, deixando novamente aparente o
solo arenoso da restinga. Os locais que sofreram retiradas da vegetação com parte
do solo através de máquinas pesadas e sofreram plantio ou transplante de solo com
vegetação, devem sofrer manutenção e plantio de espécies nucleadoras e outros
tratos culturais que se fizerem necessários.

Ainda, nas áreas que sofreram incêndio não se faz necessária nenhuma ação no
momento, deixando que a regeneração e a competição natural recuperem a
vegetação da área. Na figura abaixo observa-se um dos pontos que mais foram
queimados durante o incêndio acidental ocorrido no ano de 2014, ainda pode-se
verificar traços do incêndio com árvores altas secas e vegetação baixa.

Figura 10 – Parte do parque atingido pelo incêndio.

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