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Empreendimento de construção de
galpão industrial na Rua Antônio
Mathias
Ribeirão Pires - SP
À serviço da empresa ACD CHAPAS LTDA
CNPJ: 55.637.920/0001-07
POR:
Maurício Nogueira Martins
CrBio 074815-01/D
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Ribeirão Pires,
Abril de 2014
SUMÁRIO
1. INTRODUÇÃO..........................................................................................................................3
2. METODOLOGIA ......................................................................................................................8
3. RESULTADOS.........................................................................................................................10
5. CONCLUSÃO..........................................................................................................................13
6. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS.....................................................................................16
7. RELATÓRIO FOTOGRÁFICO..............................................................................................17
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CARACTERIZAÇÃO DA FAUNA
1- INTRODUÇÃO
Por ser um dos grupos mais conhecidos e diversos entre os vertebrados, além da
maioria das espécies possuir hábitos diurnos e vocalizar com frequência, as aves são,
relativamente, um grupo de fácil detecção em campo. Por esse motivo, o trabalho dará
ênfase a este grupo, por serem animais de fácil visualização, audição e identificação.
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A avifauna da Floresta Atlântica é extremamente diversificada e corre grande
ameaça de extinção, devido ao desmatamento e à expansão imobiliária. Várias espécies
endêmicas, raras e sensíveis, habitam este bioma, que é considerado um dos mais
ameaçados do planeta.
Devido a essas características das aves, é possível encontrar muitos trabalhos que
relatem sua distribuição, taxonomia, grau de ameaça e biologia, trabalhos estes, que
acumulam e aprimoram estes conhecimentos ao longo dos anos.
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ocupação urbana desordenada. Assim, determinadas espécies, características de
fisionomias vegetais abertas, estão expandido suas distribuições, acompanhando a
supressão da Floresta Atlântica. Por outro lado, espécies florestais seletistas tornam-se
cada vez mais isoladas e consequentemente ameaçadas de extinção.
Dessa forma, as aves apresentam-se como o melhor grupo zoológico para análises de
bioindicação de degradação ambiental em ambientes terrestres, e consequentemente, o
presente laudo se baseia, principalmente, nas informações oriundas da avifauna.
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pela Lei da Billings 13579/09 e ao Plano Diretor Municipal – Lei 5555/2011, esta
classificado como SUC (Sub-área de ocupação urbana consolidada) sendo permitidos o
uso residencial, comercial e industrial.
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2. METODOLOGIA
Nos dias 10, 11, 12, 13 de março teve início o levantamento propriamente dito, tendo
os dias sido divididos em turnos de observação e busca ativa das 06:30 às 11:00 da
manhã e no período da tarde das 13:00 às 17:30. Passados aproximadamente 30 dias,
foram realizadas novas visitas, nos dias 07, 08, 09 e 10 de abril de 2014, respeitando-se
os mesmos turnos nos mesmos horários. Dessa forma o espaço amostral foi de
aproximadamente 72 horas.
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ou migratórias. No entanto, devido ao contexto ambiental local, a ausência de algumas
espécies extremamente sensíveis a perturbações antrópicas será considerada.
Quanto à mastofauna, o método utilizado também foi o de transectos com base nas
curvas de nível e os aspectos levados em conta para o levantamento foram a contagem
de pegadas para a estimativa da frequência relativa de espécies de mamíferos terrestres,
regurgito, fezes, tufos de pelo e depoimentos de moradores. Para herpetofauna, optou-se
principalmente pela busca ativa "ad libitum" nos mais prováveis microhabitats:
serrapilheira mais densa, próximo ou embaixo de pedras e troncos caídos, cavidades na
base de árvores, bromélias, pequenos acúmulos de água pluvial e outros ambientes
úmidos.
3. RESULTADO
AVIFAUNA
FAMÍLIA NOME CIENTÍFICO NOME MODO DE
POPULAR REGISTRO
Cathartidae Coragyps atratus Urubu-comum Entrevista com
(Bechstein, 1793) moradores
Charadriidae Vanellus chilensis (Molina, Quero-quero Visual e
1782) vocalização
Columbidae Columba livia (Gmelin, Pombo-comum Visual e
1789) vocalização
Columbidae Columbina talpacoti Rolinha Visual
(Temminck, 1811)
Cracidae Penelope obscura Jacuaçu Visual
(Temmink, 1815)
Cuculidae Crotophaga ani (Linnaeus, Anu-preto Visual
1758)
Embezeridae Zonotrichia capensis Tico-tico Visual e
vocalização
Falconidae Caracara plancus (Miller, Carcará Visual
1777)
Furnariidae Furnarius rufus João-de-barro Visual
Parulidae Basileuterus culicivorus Pula-pula Visual e
(Deppe, 1830) vocalização
Passeridae Passer domesticus Pardal Visual
(Linnaeus, 1758)
Picidae Dryocopus galeatus Pica-pau-de- Visual
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(Temminck, 1822) cara-canela
Picidae Veniliornis spilogaster Pica-pau-verde- Visual
carijó
Psittacidae Brotogeris ririca (Gmelin, Periquito-rico Visual e
1788) vocalização
Ramphastidae Ramphastos dicolorus Tucano-de-bico- Entrevista com
(Linnaeus, 1766) verde moradores
Rhynchocyclidae Mionectes rufiventris Abre-asa-de- Visual e
(Cabanis, 1846) cabeça-cinza vocalização
Tyrannidae Pitangus sulphuratus Bem-te-vi Visual e
(Linnaeus, 1766) vocalização
Turdidae Turdus rufiventris (Vieillot, Sabiá-laranjeira Entrevista com
1818) moradores
Trochilidae não identificado Beija-flor Visual
MASTOFAUNA
FAMÍLIA NOME CIENTÍFICO NOME MODO DE
POPULAR REGISTRO
Caviidae Cavia aperea Preá Entrevista com
moradores
Didelphidae Didelphis albiventris Gambá-de- Visual
orelha-branca
Sciuridae Sciurus aestuans Esquilo- Visual
(Linnaeus, 1766) Caxinguelê
HERPETOFAUNA
FAMÍLIA NOME CIENTÍFICO NOME MODO DE
POPULAR REGISTRO
Hylidae Hypsiboas faber Sapo-martelo Vocalização
Teiidae Ameiva sp. Calango Entrevista com
moradores
Teiidae Tupinambis merianae Lagarto-de- Entrevista com
papo-amarelo moradores
Tabela 1: Espécies da fauna registradas na área estudada.
Registro: auditivo/observação/entrevista com moradores
A respeito dos mamíferos, todos foram registrados por meio de visualização direta e
levou-se em conta na entrevista com os moradores somente a presença da espécie Cavia
aperea (Preá), que, embora não tenha sido avistada em campo, pôde ser considerado
também por conta de sua comum frequência na região. Nas entrevistas com moradores
locais fora relatada a presença de outras espécies no passado, mas que as mesmas não
ocorriam mais nos arredores, indício que leva a crer que algumas espécies da fauna vem
perdendo seus nichos por conta da degradação causada pela urbanização. Foram
registradas pegadas no interior da área, mas as mesmas não foram suficientes para
fornecer uma identificação segura.
A área de estudo deve suportar uma mastofauna mais rica do que foi revelada pela
metodologia utilizada, sobretudo porque em sua maioria são animais de hábito noturno,
vivem em áreas muitos extensas e em hábitats de difícil acesso (ex. tocas) e camuflam-se
na mata. Contudo, com base na experiência pessoal, outras espécies de mamíferos
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podem ocasionalmente visitar a área, sem, no entanto, alcançar a borda da mata e serem
comumente visualizáveis pela população local.
Pela vagueza das pegadas, optou-se por não serem mencionadas as espécies de
mamíferos não avistadas em campo, no entanto, serão tomados todos os cuidados
necessários durante a supressão de vegetação para auxílio e deslocamento para
mata de igual característica de qualquer espécie encontrada e dotada de menor
capacidade de locomoção, feita por equipe técnica capacitada a devidamente
acompanhar os trabalhos de supressão.
5. CONCLUSÃO
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laudo apresenta evidentes fatores de impacto ambiental negativos de natureza antrópica,
sendo os principais:
1) Presença de vias de alto tráfego de automóveis e caminhões tanto nos limites do
lote em questão, quanto na sua proximidade direta, sendo a Rodovia Índio Tibiriçá
a mais importante, gerando alta perturbação sonora e interferindo no fluxo de
animais entre fragmentos florestais.
2) Presença de pátios industriais locais, gerando perturbação sonora e possível
mudança na qualidade local do ar e microclima.
3) Ocupação urbana residencial consolidada, o que diminui a quantidade de habitats e
a conectividade entre fragmentos.
4) Criação de animais domésticos por parte dos moradores locais, a exemplo de
cachorros e gatos, que afugentam e caçam a fauna silvestre
Importante ressaltar o artigo 11º da Lei 11.428/2006 (Lei da Mata Atlântica), que
propõe a preservação da vegetação que abriga espécie de flora e fauna silvestre
ameaçadas de extinção, em território nacional ou em âmbito estadual, assim declaradas
pela União ou pelos Estados, e o cuidado quanto à intervenção ou o parcelamento de solo
que coloquem em risco a sobrevivência dessas espécies.
Por este motivo, o impacto ambiental que será causado pelo empreendimento fora
todo pensado visando não danificar as porções de mata mais preservadas. Priorizou-se,
então, impactar apenas a porção de vegetação exatamente adjacente ao trecho já
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descampado e provido apenas por árvores isoladas, onde, por consequência é
provavelmente o ponto menos rico em termos de fauna.
É diante de todos estes motivos que deverá, e o empreendedor está cônscio de tal,
ser preservada a vegetação remanescente, a fim de ser assegurada e com condições de
perpetuação a fauna, a flora e os recursos hídricos e edáficos da região. Para fins de
licenciamento, além deste laudo, será apresentado projeto de construção considerando a
preservação de ao menos 75,89% da vegetação do imóvel, a ser futuramente averbada
junto à matrícula imobiliária. Vale ressaltar que a proporção de área florestada em questão
excede a proporção exigida pela Lei Federal 11.428/2006 (Lei da Mata Atlântica) e
Resolução SMA 31/2009.
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5. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
- Decreto Estadual Nº 60.133/2014. Diário Oficial da União do Estado de São Paulo. Lista
da Fauna Silvestre Ameaçada de Extinção e Provavelmente Ameaçada de Extinção, as
Quase Ameaçadas e as deficientes em dados para avaliação no Estado de São Paulo, 07
de fevereiro de 2014
- Instituto Pau Brasil. Guia para Mamíferos da Grande São Paulo, 2006
- Junior Carvalho O. & Luz Cavalcante. N., 2008 . Guia de Pegadas. Ed. UFPA
- Jr. Cullen L. & Rudran R. & Padua C.V, 2009. Biologia da Conservação – Manejo de
Vida Silvestre . 2º Ed. Editora UFPR
- Marques, Eterovic e Sazima, 2001. Guia de serpentes da Mata Atlântica. Ed. Holos
- Reis N., Peracchi A. Rossaneis & Fregonezi, 2010. Técnicas de Estudos Aplicadas aos
mamíferos Silvestres Brasileiros – Editora Techinical Books
- Silva Flavio. 1994. Mamíferos Silvestres. Fundação Zoobotânica do Rio Grande do Sul.
- Tomas. Sigrist. 2009. Guia de Campo Avis Brasilis - Vol I e II. Ed. Avisbrasilis Sick, H.
1997. Ornitologia Brasileira. Ed. Nova Fronteira.
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7. RELATÓRIO FOTOGRÁFICO
Figura 2 –
Basileuterus culcivorus
(Pula-pula).
Figura 3 – Mionectes
rufiventris (Abre-asa-
de-cabeça-cinza).
Visto por baixo
Figura 4 – Penelope
obscura (Jacuguaçu)
visto por baixo.
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Figura 5 – Penelope
obscura) (Jacuguaçu)
em melhor ângulo.
Figura 6 – Vanellus
chilensis (Quero-
quero). Espécie
adaptada a campo
aberto
Figura 7 – Veniliornis
spilogaster
(Picapauzinho-verde-
carijó) visto por baixo.
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Figura 8 –
Representante da
mastofauna, Scirus
aestuans (esquilo
caxinguelê).
Figura 9 – Indivíduo
de Scirus aestuans
visto por outro ângulo.
Infelizmente no
momento de bater a
foto fora possível
destacar apenas a
cauda.
Figura 10 – Duas
imagens a respeito de
possíveis locais para
encontro de
herpetofauna, sem
sucesso no entanto.
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Figura 11 – Abelha-
mamangava
(Hymenoptera:
Apidae). Foram
observados outros
invertebrados, mas o
maior enfoque fora
dado à avifauna,
herpetofauna e
mastofauna.
Assinatura:
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