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Plano de Salvamento, Resgate e Fuga da Fauna Silvestre

Fazenda Parceiro

PLANO DE SALVAMENTO, RESGATE E FUGA


DA FAUNA SILVESTRE

Fazenda Parceiro

SLC Agrícola S.A

Formosa do Rio Preto - BA


Novembro/2018

Rafaela Santos da Rocha


Bióloga - CRBio 59.565/08-D
(77) 9 9981-2480
Plano de Salvamento, Resgate e Fuga da Fauna Silvestre
Fazenda Parceiro

INDÍCE

1 Justificativa.....................................................................................................................3
2 Introdução.......................................................................................................................3
3 Objetivo..........................................................................................................................4
3.1 Objetivos específicos...................................................................................................5
4 Caracterização da área diretamente afetada...................................................................5
5 Fauna do cerrado............................................................................................................7
6 Metodologia....................................................................................................................8
7 Impactos sobre a fauna.................................................................................................23
8 Procedimentos metodológicos durante a captura, resgate e afugentamento da
fauna................................................................................................................................24

9 Captura, resgate e destinação da fauna.........................................................................26


9.1 Métodos utilizados.....................................................................................................26
9.2 Contenção física........................................................................................................27
9.3 Sistemas de captura...................................................................................................30
9.4 Transporte de animais silvestres................................................................................32
9.5 Local destinado a soltura dos animais.......................................................................33
10 Orientação técnica às equipes de supressão...............................................................33
11 Cronograma físico......................................................................................................28

12 Equipamentos e materiais...........................................................................................28

13 Referências bibliográficas..........................................................................................35
14 Responsabilidade técnica............................................................................................36

Rafaela Santos da Rocha


Bióloga - CRBio 59.565/08-D
(77) 9 9981-2480
2
1 JUSTIFICATIVA

O presente estudo foi elaborado para compor o processo que será formado junto
ao Instituto de Meio Ambiente e Recursos Hídricos - INEMA Barreiras, para pleito de
obtenção de autorização de supressão em uma área de 6.662,00 hectares na Fazenda
Parceiro localizada no município de Formosa do Rio Preto-BA, de propriedade da
empresa SLC Agrícola S.A.

O acompanhamento de profissionais habilitados para o Resgate, Fuga, e


Salvamento da Fauna Silvestre durante a supressão de vegetação se justificam em
função das alterações que ocorrerão na fauna e flora local. Atividades de resgate de
fauna são normatizadas pela Instrução Normativa IBAMA nº 146, de 11 de janeiro de
2007, que disciplina as atividades de salvamento e resgate da fauna de
empreendimentos sujeitos ao licenciamento ambiental.

Considerando que a diversidade biológica do Cerrado é expressiva e está


diretamente associada à composição vegetal e variação dos ecossistemas, faz-se
necessário o resgate e salvamento de espécies da fauna nativa, durante o processo de
supressão da vegetação e consequente monitoramento ambiental, visando os impactos
ambientais negativos gerados decorrentes da implantação do empreendimento,
corrigindo, mitigando e compensando com práticas adequadas, na perspectiva da
contribuição específica do empreendimento à qualidade ambiental e à sua
sustentabilidade.

2 INTRODUÇÃO

A fauna do bioma do Cerrado ainda é pouco conhecida, particularmente a dos


invertebrados. Seguramente ela é muito rica, destacando-se naturalmente o grupo dos
insetos. Quanto aos vertebrados, o que se conhece são, em geral, listas das espécies
mais frequentemente encontradas em áreas de Cerrado, pouco se sabe da história natural
desses animais, do tamanho populacional e de sua dinâmica.

A expansão acelerada das fronteiras agrícolas do Cerrado Brasileiro e no Oeste


da Bahia, fez com que significativas porções do ecossistema desaparecesse para dar
lugar as culturas de soja, arroz, milho, pastagens, eliminando numerosos “habitats” e
nichos ecológicos.

A fragmentação de habitats naturais promove profundas alterações nas


condições microclimáticas, em riqueza de espécies vegetais e animais, bem como nas
características da dinâmica de populações (taxas de nascimento, crescimento,
mortalidade, colonização e extinção). A fragmentação florestal influencia os padrões
locais e regionais de biodiversidade devido à perda de micro-habitats únicos,
isolamento, mudanças nos padrões de dispersão, migração e erosão do solo.

A perda de hábitat é o principal fator para o declínio de muitos vertebrados, além


de outras causas, como a introdução de espécies predadoras ou competidoras,
endogamia e outros processos relacionados ao tamanho populacional reduzido,
perseguição humana para comércio, caça e coleta de ovos e filhotes e destruição das
espécies de árvores utilizadas para ninho (JUNIPER & PARR, 1998, SNYDER et al.
2000).

A fim de minimizar os danos provocados pela supressão da vegetação na área


em questão, foi desenvolvido este plano com metodologia aplicável. Os procedimentos
apresentados a seguir garantirão a integridade da fauna bem como permitirão um
manuseio mais seguro da mesma.

3 OBJETIVO

O plano tem como objetivo minimizar a perda da biodiversidade em função da


supressão de vegetação a ser realizado na Fazenda Parceiro, localizada no município de
Formosa do Rio Preto-BA, promovendo o salvamento, afugentamento ou resgate de
anfíbios, répteis, aves e mamíferos para área de soltura definitiva, minimizando, assim,
os impactos negativos sobre a integridade biótica.

3.1 Objetivos Específicos

 Identificar e relacionar por família, espécie e nome vulgar todos os animais


avistados durante o levantamento e no processo de supressão;

 Observar o deslocamento natural dos animais das áreas desmatadas para as áreas
preservadas e, quando necessário, capturar e relocar esses animais;

 Realizar a imediata liberação dos animais resgatados com condições de soltura,


observada a distribuição geográfica da espécie e a possibilidade de superpovoamento;

 Minimizar o impacto direto sobre a fauna durante a supressão;

 Destinar as espécies que sofrerem óbito as instituições de ensino Superior,


acompanhada da manifestação oficial da instituição interessada em receber esses
animais.

4 CARACTERIZAÇÃO DA ÁREA DIRETAMENTE AFETADA

A vegetação é uma das características do meio mais importante para a


manutenção dos animais. Intervenções na vegetação produzem efeitos diretos na fauna,
pela redução, aumento ou alteração de dois atributos chaves: alimento e abrigo. A
estrutura da vegetação tem grande influência no habitat das diferentes espécies e,
consequentemente, na composição faunística do ecossistema, sendo que habitats
diferentes abrigam espécies diferentes.
A área onde ocorrerão os impactos diretos assim como seus entornos (onde
ocorrerão os impactos indiretos) é pertencente ao bioma Cerrado e apresenta como
fitofisionomia predominante o Cerrado Strictu Sensu (foto 01).

A área total da vegetação a ser suprimida corresponde a 6.662,00 hectares para


uso alternativo do solo.

Foto 01: (A e B) Vegetação a ser suprimida.

Devido à expansão agrícola, a grande maioria das propriedades nessa região já


se encontra altamente antropizada com presença de grandes projetos agrosilvopastoris
que contribuem de várias formas para o afugentamento da fauna, entre as quais
destacamos a retirada da vegetação nativa, a movimentação dos maquinários agrícolas e
principalmente a caça, que apesar das proibições impostas pelos proprietários, continua
a ocorrer.
5 FAUNA DO CERRADO

Para a região em estudo, não existe bibliografia específica sobre a fauna de um


modo geral. Foi realizado um levantamento de quirópteros no município de Barreiras
(PIMENTEL, 2010), entretanto, é uma amostragem representativa deste grupo para a
região. De acordo com VALDUJO et al., (2009), catalogaram 32 espécies de anuros
pertencentes a 12 famílias e cinco gêneros, para o município de São Desidério. O gênero
mais rico em espécies foi o Hylidae. Neste levantamento pode-se constatar que 25% das
espécies são endêmicas do Cerrado e 56% são cosmopolitas. As demais possuem
relações com os biomas brasileiros. Outra novidade nesta pesquisa foi o registro da
espécie Leptodactylus sertanejo, anteriormente descrita apenas para a região de
Uberlândia (MG), e a adição das espécies Physalaemus albifrons e Pleurodema
diplolistris na lista de espécies do Cerrado, as quais até então eram restritas ao bioma
Caatinga. A partir deste estudo local percebe-se o quanto a região oeste da Bahia
preserva em riqueza de espécies, aqui descrito apenas para o grupo Amphibia.

Entre os mamíferos, a riqueza desse bioma pode chegar a 199 espécies (MYERS
et al., 2000; MARINHO FILHO et.al., 2002), e o grupo mais diversificado é o dos
morcegos, com 81 espécies registradas até o momento. O nível de endemismo dos
mamíferos do Cerrado é considerado baixo se comparado aos outros grupos, pois
somente 8% das espécies são exclusivas.

No caso das aves, a riqueza estimada para o bioma é de 837 espécies (SILVA,
1995), embora descrições de novas formas ainda estejam acontecendo. SILVA (1995)
também indica que o nível de endemismo das aves no Cerrado é baixo, chegando a
aproximadamente 4% das espécies registradas.

Apesar do baixo endemismo, o número de espécies de aves que pode ser


encontrada em diferentes localidades varia grandemente. CAVALCANTI (1999)
analisou a composição das comunidades de aves em seis localidades do bioma e
verificou que 50% das espécies ocorrem em somente um ou dois locais abordados. Para
o grupo, 23 espécies são consideradas com ameaçadas de extinção. O número representa
um aumento de 11 espécies em relação à lista anterior. (BERNARDES et al., 1990).

A diversidade dos répteis é igualmente expressiva para o Cerrado e o número de


espécies endêmicas é bastante elevado, mas varia de um grupo a outro. Para as
anfísbenas, o número de espécies endêmicas é de 53% e para os lagartos é de 25%. De
acordo com MYERS et al. (2000), SABINO & PRADO (2000) ARAÚJO & COLLI
(1998), a diversidade de répteis pode chegar a 177 espécies, sendo o grupo das
serpentes o mais diversificado.

Apesar das escassas pesquisas e o conhecimento básico da diversidade biológica


sobre o Cerrado serem ainda incipientes, é possível ter-se uma ideia da riqueza potencial
existente no bioma. Em relação ao Brasil, no Cerrado ocorre a metade das espécies de
aves, 45% dos peixes, 48% dos mamíferos e 38% dos répteis. Mesmo considerando as
espécies como unidade representativa da biodiversidade (outra forma de representá-la
seria por intermédio de formas geográficas), a riqueza do Cerrado é muito expressiva.
Dias (1996) estima que 320 mil espécies ocorram no Cerrado. Esse valor representa
cerca de 30% de tudo o que existe no Brasil, pelo menos, segundo as estimativas
realizadas. Os principais grupos taxonômicos encontram-se bem representados no
Cerrado.

6 METODOLOGIA

De acordo com a Lei de Proteção à Fauna, no Brasil é proibida a utilização,


perseguição, destruição, caça ou apanha de animais da fauna silvestre, salvo em
situações especiais, como a coleta de material destinado a fins científicos (Lei nº
5.197/1967, Art. 14). Atualmente, a coleta de material biológico no país é controlada e
regulamentada pelo Instituto Brasileiro de Meio Ambiente (IBAMA), através da
Instrução Normativa nº 154, de 1 de março de 2007, que, entre outros objetivos, institui
ainda o Sisbio – Sistema de Autorização e Informação em Biodiversidade. Para este
estudo os animais capturados foram soltos no seu local de origem.

6.1 Amostragem e Coleta de Dados

Foram realizadas observações de campo, nos pontos pré-definidos, com o intuito


de registrar os rastros deixados pelos vertebrados, tais como, vocalizações, presença de
tocas, ninhos, pegadas, fezes e carcaças, a depender do grupo taxonômico.

Os vestígios encontrados foram registrados por meio de fotos digitais e


identificados com base em Carvalho Jr & Luz (2008) e Pitman et al (2002), buscando-se
associá-los às espécies correspondentes.

6.2 Vertebrados Terrestres

6.2.1 Mamíferos

Para o levantamento dos mamíferos não voadores o método amostral utilizado


constituiu na procura ativa, coleta manual de espécimes e através das armadilhas
tomahawk. Os mamíferos de médio e grande porte foram alvo de levantamento não
sistemático, através de evidências diretas, visualizações ou fotografias, e indiretas,
tocas, rastros e fezes.
A

Foto 02: (A) Armadilha Tomahawk

6.2.2 Aves

O levantamento da Avifauna foi realizado através de coletas ativa iniciando pela


manhã, logo após a aurora e findando-se por volta das 11 (onze) horas. Durante as
amostragens foram feitas caminhadas lentas por toda área procurando registrar as
espécies das aves mediante observação direta, visual e através de vocalizações, ninhos,
pegadas, penas, restos ou quaisquer outros rastros seguros para a determinação
específica da ave.

6.2.3 Reptéis

A herpetofauna foi monitorada através de coletas ativas e diurnas, pela manhã a


partir das 08:00 horas até as 11:00 horas. Para contenção de serpentes foram utilizados
ganchos, enquanto que os lagartos foram pegos manualmente.
As espécies catalogadas da mastofauna, avifauna, herpetofauna de maior
ocorrência no bioma Cerrado e que também ocorrem na área do empreendimento estão
listadas nas tabelas a seguir (Tabelas 1 a 4).

Tabela 1: Lista das espécies da Avifauna.


FAMÍLIA/ESPÉCIE NOME COMUM REGISTR
O
Accipitridae
Buteo brachyurus gavião-do-rabo- visualizaç
Rupornis branco gavião-carijó ão
magnirostris gavião-peneira literatura
Elanus leucurus gavião-caboclo literatura
Tyrannus savana literatura
Apodidae
Tachornis squamata tesoura literatura
Ardeidae
Ardea alba garça-branca- literat
Egretta grande garça- ura
thula branca-pequena literat
Bubulcus garça-vaqueira ura
íbis socó- literat
Trigrisoma boi ura
lineatum socozin literat
Butorides striata ho ura
Syrigma sibilatrix maria faceira literat
ura
literatura
Bucconidae
Nystalus chacuru joão-bobo visualização
Caprimulgidae
Nyctidromus bacurau/ literat
albicollis curiango ura
Hydropsalis bacurau- literat
torquata tesoura ura
Cariamidae
Cariama serie visualizaç
cristata Rhea ma ão
americana ema literatura
Cardinalidae
Cyanoloxia brissonii azulão literatura
Cathartidae
Coragyps urubu-de-cabeça-preta literat
atratus urubu-da-cabeça- ura
Cathartes vermelha literat
aura ura
Charadriidae
Vanellus chilensis quero-quero literatura
Columbidae
Columbina rola caldo de feijão literat
talpacoti pomba-asa-branca ura
Columbina rolinha branca literat
picaruzo rolinha-de-asa- ura
Columbina picui canela pombo- literat
Columbina doméstico pomba- ura
minuta Columba de-bando literat
livia Zenaida pomba-fogo-apagou ura
auriculata literat
Columbina squammata ura
literat
ura
literatura
Cuculidae
Chotophaga anu-preto literat
ani Guira anu- ura
guira branco literat
Piaya cayana alma-de- ura
gato literat
ura
Embezeridae
Sicales flaveola canário da literat
Volatinia terra tiziu ura
jacarina bigodin literat
Sporophila ho ura
lineola curió literat
Sporophila tico- ura
angolensis tico literat
Zonotrichia fim- ura
capensis Euphoria fim literat
chlorotica chorã ura
Sporophila o literat
leucoptera baiano/ papa- ura
Sporophila capim golinho/ literat
nigricollis coleira ura
Sporophila abre-fecha/ maria fita literat
alboularis ura
Lanio pileatus literat
ura
literatura
Falconidae
Caracara plancus carcará literatura
Falco sparverius quiriquiri literat
Milvago gavião- ura
chimachima pinhé literat
Cyanocorax cyanopogon gralha-cancan ura
literatura
Fringillidae
Schistochlamys ruficapillus bico-de-veludo visualização
Furnariidae
Furnarius rufus joão-de-barro literat
Synallaxis frontalis tifli / petrim ura
Pseudoseisura casaca-de- literat
cristata couro ura
Asthenes moreirae garrincha literat
ura
literatura
Hirundinidae
Tachycineta andorinha literat
albiventer andorinha-de-sobre- ura
Tachycineta branco andorinha-do- literat
leucorrhoa campo ura
Phaeoprogne tapera literat
ura
Icteridae
Gnorimopsar chopi pássaro literat
Molothrus preto vira- ura
bonariensis Icterus bosta sofrê literat
jamacaii policia-inglesa-do-sul ura
Sturnella superciliaris literat
ura
literatura
Mimidae
Mimus saturninus sabiá do campo literatura
Picidae
Colaptes campestres pica-pau-do-campo visualizaç
Campephilus pica-pau-do-topete- ão
vermelho
melanoleucos literatura
Parulidae
Basileuterus canário do literat
flaveolus mato pula- ura
Basileuterus pula literat
culicivorus ura
Psittacidae
Forpusxantho tuim literat
pterygius Amazona papagaio-verdadeiro ura
aestiva literat
ura
Anodorhynchus arara-azul- literat
hyacinthinus Arara grande arara ura
ararauna canindé literat
Ara Chloropterus arara-vermelha- ura
Eupsittula cactorum grande periquito-da- literat
Orthopsittaca caatinga maracanã- ura
manilata do-buriti literat
Eupsittula aurea periquito-rei ura
literat
ura
literatura
Rhynchocyclidae
Hemitriccus sebinho-de-olho-de- literat
margaritaceiventer ouro sebinho-rajado- ura
Hemitriccus striaticollis amarelo literat
ura
Strigidae
Athene cunicularia coruja literat
Glacidium buraqueira ura
brasilianum caburé literat
ura
Threskiornithidae
Theristicus caudatus curicaca literatura
Tinamidae
Rhynchotus perdiz literat
rufescens Nothura codorna-amarela ura
maculosa inhabú-chororó literat
Crypturellus parvirostris codorna-do- ura
Nothura boraquira nordeste literat
ura
literatura
Tyrannidae
Pitangus bem-ti- literatura
sulphuratus vi literatura
Tyrannus savana tesourin literatura
Fluvicola nengeta ha literatura
Machetornis lavandeira literatura
rixosa mascarada suiriri- visualizaç
Tyrannus melancholicus cavaleiro suiriri ão
Myiarchus ferox maria-cavaleira literatura
Xolmis cinereus maria-branca
Thraupidae
Neothraupis cigarra-do-campo literat
fasciata Coereba caga-sebo/ ura
flaveola cambacica literat
ura
Sporophila patativa literat
plúmbea bico-de-pimenta ura
Saltatricula mineirinho literat
atricollis sanhaçu- ura
Charitospiza cinzento literat
eucosma ura
Tangara sayaca literatura
Thamnophilidae
Thamnophilus doliatus choca- literat
Myrmodeus loricatus barrada ura
formigueiro literat
ura
Trochilidae
Amaziliz fimbriata beija-flor-da-garganta- literat
Eupetomena verde beija-flor-tesoura ura
macroura beija-flor-do-rabo-grande literat
Phaethornis pretrei ura
literat
ura
Trogonidae
Trogon curucui surucuá-de-barriga- literatura
A vermelha
B
Turnidae
Turdus rufiventris sabiá laranjeira visualização
Turdus sabiá literatura
subalaris ferreiro visualizaç
Turdus sabiá ão
leucomelas barranco
C D

E F

G H
Foto 03: Ave na supressão da vegetação. Avistamento de (A) Seriema (Cariama cristata); (B) Sabiá laranjeira
(Turdus rufiventris); (C) Bico de Veludo (Schistochlamys ruficapillus); (D) Maria-cavaleira (Myiarchus ferox);
(E) Sabiá Barranco (Turdus leucomelas); (F) Pica-pau-do-campo (Colaptes campestres); (G) João Bobo
(Nystalus chacuru); (H) Gavião-da- rabo- branco (Buteo brachyurus).

Tabela 2: Lista das espécies da Mastofauna.


FAMÍLIA/ ESPÉCIE NOME COMUM REGISTRO
Callitrichidae
Callithrix sp. sauim, saguim literatura
Canidae
Cerdocyon thous cachorro-do-mato literatura
Chrysocyon brachyurus* lobo-guará literatu
Pseudalopex vetulus raposa-do- ra
campo literatu
ra
Cavidae
Cavia aperea preá literatu
Hydrochoerus capiva ra
hydrochaeris ra literatu
ra
Cervidae
Ozotoceros veado- literatu
bezoarticus Mazama campeiro ra
gouazoubira veado- literatu
catingueiro ra
Cricetidae
Necromys lasiurus rato-do-mato literatura
Cuniculidae
Cuniculus paca paca literatura
Dasypodidae
Euphractus tatu-peba toca
sexcinctus tatu-de-rabo- literatu
Cabassous ra
couro tatu-
unicinctus Dasypus literatu
galinha
novencinctus ra
tatu-bola
Tolypeutes literatu
tatu-china
tricinctus ra
Dasypus septemcinctus literatura
Dasyproctidae
Dasyprocta prymnolopha cutia literatura
Didelphidae
Didelphis albiventris saruê / sariguê literatura
Felidae
Leopardus gato-do- literatu
tigrinus Puma mato ra
concolor suçuarana literatu
ra
Myrmecophagidae
Tamandua tetradactyla tamanduá-mirim literatu
Myrmecophaga tamanduá ra
tridactyla bandeira literatu
ra
Mustelidae
Mustela sp furão literatura
Phyllostomidae
Artibeus lituratus morcego literatura
Desmodus vampiro- literatu
rotundus comum ra
Glossophaga soricina morcego-pequeno literatu
ra
Procyonidae
Procyon mão- literatu
cancrivorus pelada ra
Nasua nasua quati literatu
ra
Tayassuidae
Pecari tajacu caititu literatura
Tapiridae
Tapirus terrestres anta literatura
A B

Foto 04: (A e B) Toca de tatu peba (Euphractus sexcinctus).

Tabela 03: Lista das espécies da herpetofauna - Anfíbios

FAMÍLIA/ ESPÉCIE NOME COMUM REGISTRO


Bufonidade
Rhinella jimi sapo-cururu literatura
Rhinella sapo-do- literatu
mirandaribeiroi cerrado sapo- ra
Rhinella granulosa de-verruga literatu
ra
Caeciliidae
Siphonops annulatus cobra-cega literatura
Cycloramphidae
Proceratophrys cristiceps sapo literatura
Hylidae
Hypsiboas punctatus perereca literat
Trachycephalus venulosus perereca-do- ura
Dendropsophus minutus cerrado perereca- literat
Dendropsophus minuta perereca- ura
rubicundulus do-brejo literat
Hypsiboas geographicus perereca-geográfica ura
literat
ura
literatura
Hypsiboas perereca-cabrinha literat
albopunctatus perereca-verde- ura
Phyllomedusa azurea pequena pererequinha- literat
Scinax x-signatus de-banheiro ura
Scinax fuscovarius pererequinha-raspa-cuia literat
ura
literatura
Leiuperidae
Physalaemus cuvieri rã literat
Physalaemus cachorro ura
albifrons rã- literat
Physalaemus chorona ura
kroyeri rã- literat
Pleurodema diplolister piadeira ura
sapo-de-quatro-olhos literatura
Leptodactylidae
Leptodactylus fuscus rã- literat
Leptodactylus assobiadora ura
mystacinus rã-estriada literat
Leptodactylus syphax caçote ura
Leptodactylus rã pintada literat
troglodytes caç ura
Leptodactylus ote literat
natalensis caç ura
Leptodactylus vastus ote literat
ura
literatura
Microhylidae
Dermatonotus muelleri rãzinha-come-cupim literatura
Tabela 04: Lista das espécies da herpetofauna - Répteis

FAMÍLIA/ ESPÉCIE NOME COMUM REGISTRO


Amphisbaena
Leptotyphlopidae cf cobra-da-terra literatu
koppesi Amphisbaena cobra-de-duas- ra
cabeça
polystegum literatu
ra
Boiidae
Boa constrictor jibóia literatura
Colubridae
Chironius exoletus cobra- literat
Spilotes pullatus cipó ura
Oxybelis aeneus caninana literat
Drymarchon cipó- ura
corais bicuda literat
Boiruna sertaneja cobra-papa-pinto ura
cobra-preta literat
ura
literatura
Crecetidae
Necromys lasiurus rato-do-mato visualização
Dipsadidae
Liophis jararaquin literat
poecilogyrus ha cobra- ura
Liophis viridis verde literat
Philodryas corre- ura
nattereri campo literat
Oxyrhopus coral-falsa ura
trigeminus cobra-preta literat
Boiruna sertaneja ura
literatura
Elapidae
Micrurus brasiliensis coral-verdadeira literatura
Gymnophthalmidae
Nothobachia ablephara briba literatura
Hemidactylus briba-do-rabo- visualizaç
grosso
Brasilianus ão
Iguanidae
Iguana iguana iguana verde literatura
Polychrotidae
Polychrus acutirostris papa-vento literatura
Sphaerodactylidae
Coleodactylus meridionalis lagartinho-do- literatura
folhiço
Teiidae
Salvato teiú literatu
rmerianae bico-doce ra
Ameiva ameiva literatu
ra
Cnemidophorus ocellifer calanguinho literatura
Tropiduridae
Tropidurus lagartixa preta literatura
torquatus lagartixa visualizaç
Tropidurus comum ão
hispidus lagartixa espinhuda visualização
Stenocercus Squarrosus
Viperidae
Caudisona cascavel literat
durissa jararaca ura
Bothrops caiçaca literat
moojeni jararaca-do- ura
Bothropoides cerrado literat
lutzi Lachesis surucucu-de- ura
muta fogo jararaca literat
Bothropoides jararaca jararaca pintada ura
Bothropoides neuwiedi literat
ura
literatura
Foto 05: (A) Lagartixa (Tropidurus sp.); (B) Lagartixa Espinhuda (Stenocercus Squarrosus); (C) Rato
do Mato (Necromys lasiurus); (D) Briba-do-rabo-grosso (Hemidactylus Brasilianus).

7 IMPACTOS SOBRE A FAUNA DURANTE O PROCESSO DE SUPRESSÃO

Os impactos sobre a fauna silvestre na área de influência do empreendimento,


durante e após a sua implantação, serão avaliados mediante a execução do Plano de
Afugentamento, Resgate e Fuga da Fauna. Através desse plano, será possível promover
meios de conciliar de forma harmônica, desenvolvimento econômico e
conservação/preservação dos recursos naturais disponíveis na Fazenda, além de
preservar o meio natural, garantirá o cumprimento da função ecológica do imóvel.

A retirada da vegetação provoca a quebra da continuidade física de áreas


florestais e reduz a disponibilidade de habitats, o que leva a fragmentação e, muitas
vezes, o isolamento de populações, podendo comprometer a variabilidade genética das
espécies.

Apesar de serem claros tais impactos, ainda é bastante obscuro o conhecimento.


Através do afugentamento natural e resgate da fauna na área de supressão, é possível
estabelecer uma metodologia apropriada a cada situação e aplicar a metodologia da
adaptação das espécies ao novo cenário formado.
Uma primeira análise permite constatar que os impactos da supressão vegetal e a
substituição do Cerrado por área de agropecuária acabarão afugentando a avifauna e
alguns grupos mais generalistas e resistentes a essas perturbações antrópicas.

Os distúrbios devido à presença humana, máquinas que farão a limpeza da área


com geração de ruídos, que alteram o comportamento da fauna, ocasionando o seu
deslocamento para outras áreas. Há ainda, a possibilidade de mudança na composição e
estrutura da comunidade faunística local, além de dispersões e mortes acidentais de
espécies locais.

Todos esses impactos podem ocasionar o deslocamento da fauna terrestre para


outras áreas, acarretando na diminuição da biodiversidade local e também o aumento da
caça de pequenos mamíferos para consumo pelos moradores da vizinhança. Após o
desmate ocorrerá perda de habitats, diminuição de fontes de alimento, aumento da
temperatura do solo e do ar, diminuição dos animais sensíveis a mudança de ambiente e
aumento dos animais mais resistentes.

A preservação da biodiversidade da fauna requer vital conhecimento no que diz


respeito ao habitat e as pressões ocorrentes nestes habitats. Como a fauna de uma região
é dependente totalmente da flora, toda a degradação sobre a vegetação terá reflexos
bastante negativos na fauna.

Uma das medidas mitigadoras diante da necessidade de implantação do


empreendimento e garantia da função social da propriedade é a preservação das apps,
veredas e áreas de Reserva Legal.

8 PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS DURANTE A CAPTURA,


RESGATE E AFUGENTAMENTO DA FAUNA

A metodologia a ser adotada na execução deste plano seguirá as atividades


descritas a seguir:
Fase 1 - Atividades preliminares

As ações a serem desenvolvidas nessa fase serão realizadas com antecedência


em relação ao inicio das atividades de supressão, e contarão de:

 Contratação da equipe técnica para execução do treinamento para o resgate e


afugentamento;

 Estabelecimentos de parcerias com instituições para a realização do programa de


afugentamento, resgate e determinação das espécies. Instituições locais e unidades de
criação de animais oficialmente reconhecidas devem ser priorizadas.

 Adaptação de infraestrutura adequada ao desenvolvimento dos trabalhos:


preparação de base de apoio e aquisição de equipamentos e materiais;

 Treinamento do pessoal envolvido, através de realização de palestras de


afugentamento, captura, manejo e identificação de animais silvestres;

 Identificação de locais de soltura para animais resgatados na Área de Influência


Direta – AID durante o processo de supressão e operação do empreendimento.

Fase 2 – Afugentamento e resgate da fauna nas áreas de supressão

O afugentamento tem início na área diretamente afetada, seguindo em direção


aos remanescentes mais próximos, visando conduzir a fauna residente nessas áreas a se
deslocarem para as áreas não atingidas pelo empreendimento. Desta forma, minimiza-se
o esforço de resgate durante as operações, aumentando a possibilidade de sucesso do
encontro de habitats adequados pelos espécimes deslocados.

Apesar da identificação prévia das atividades que promovem o deslocamento da


fauna, algumas espécies podem ter comportamento antagônico ao esperado, indo de
encontro às atividades. Deste modo, torna-se necessário o acompanhamento das
atividades para evitarem-se acidentes atropelamentos por máquinas e equipamentos.
Posteriormente, uma equipe irá acompanhar continuamente a atividade de
desmate, se encarregará de avaliar o processo de migração da fauna residente e realizará
o afugentamento ou captura ou a coleta dos espécimes de comportamento antagônico e
de filhotes. Durante o processo de supressão da vegetação, a equipe previamente
treinada em técnicas de afugentamento estará presente, as quais lhe serão atribuídos a
captura e manejo da fauna silvestre.

9 CAPTURA, RESGATE E DESTINAÇÃO DA FAUNA

Antes do início da supressão, deverá ser feita a relocação de animais silvestres e


ninhos identificados pela equipe responsável. No caso de ninhos, deverá ser feita sua
transferência para as áreas imediatamente adjacentes (Reserva Legal e APP) ao local do
desmatamento (reservada propriedade e/ou propriedades vizinhas) e que apresentam as
mesmas características do local de origem.

No caso de tocas e abrigos, deverá ser verificado se os mesmos estão ativos.


Caso positivo, os animais deveram ser removidos do local e transferidos também para
áreas contíguas, com as mesmas características do local de origem.

9.1 Métodos utilizados

9.1.1 Armadilha de intercepção e queda

Este método consiste em colocar baldes plásticos de 20 litros em pontos


estratégicos, principalmente nas bordas da área de supressão, enterrados a 10 cm do
solo, distribuídos de forma aleatória. Assim, o objetivo é que os animais ao se deparar
com os baldes caiam em algum dos recipientes. É importante colocar pedaços de isopor
dentro dos baldes, para evitar a morte dos mesmos em períodos de chuva, para que
possam sustentar os animais, caso o balde encha em função da precipitação.

Os animais de médio e grande porte só serão capturados se forem diagnosticados


lesões e ferimentos, caso espécimes sejam encontrados mortos, os mesmos serão
coletados. Quando não for possível a translocação dos ninhos de aves e inevitável a
derrubada da árvore em que os mesmos estiveram alojados, estes também serão
capturados.

A equipe responsável em executar esse serviço será previamente treinada e


orientada para que saiba capturar e manipular os animais com eficiência e segurança nas
diferentes situações que poderão vir ocorrer. São principalmente três casos:

 Animais mortos

Os animais que vierem a óbito durante a implementação deste plano, serão


removidos e encaminhados para a Universidade Federal do Oeste da Bahia – UFOB,
campus Barreiras, para estudos didáticos e científicos.

 Animais feridos e Filhotes

Os animais feridos e filhotes serão transportados para a sede da fazenda, onde


terá uma estrutura adaptada para receber as espécies até sua recuperação.

 Animais vivos

A captura de animais vivos será necessária nos casos de animais feridos, de


locomoção lenta ou de filhotes. Aqueles que não estiverem feridos serão soltos o mais
rápido possível nas áreas adjacentes indicadas. Para captura de animais vivos, requer
que os animais sofram contenção física. Para que esta contenção obtenha sucesso, se faz
necessários equipamentos adequados e uma equipe de campo treinada, que tenha
conhecimento suficiente para manusear adequadamente os equipamentos necessários.

9.2 Contenção Física

A contenção física baseia-se no confinamento do animal que se pretende conter,


na restrição de seus movimentos defensivos e, finalmente, na sua subjugação,
permitindo o acesso seguro ao seu corpo. A contenção física pode ser realizada
diretamente, sem o auxílio de equipamentos de segurança, com as mãos nuas, ou
utilizando-se alguns equipamentos especiais (PACHALY, 1992).

A metodologia de contenção física deve impossibilitar a ocorrência de acidentes


que possam causar lesões, tanto ao animal quanto ao indivíduo que o manipula. Para
tanto, o indivíduo que realiza a contenção física deve ter o conhecimento da biologia da
espécie, atentando ao seu comportamento, anatomia e a maneira como este suporta ou
responde as situações de estresse. Isto implica saber se a reação decorrente da contenção
resulta numa postura de ataque, defesa ou fuga e quais estratégias o animal pode
responder, seja usando unhas, dentes, chifres, bico, dentre outras. Importante também é
estimar o possível ponto de fuga da espécie de reconhecer como essa distância pode
influenciar de forma positiva ou negativa a contenção (MANGINI & NICOLA, apud
CULLEN JR. et al., 2003).

Os equipamentos utilizados para a contensão física dos animais silvestres variam


de acordo com os grupos taxonômicos, peso e idade do animal a ser manejado. A
seguir, alguns dos equipamentos mais utilizados e sua aplicação.

9.2.1 Caixa de Contenção

Caixas ou até mesmo jaulas utilizadas para imobilizar animais de médio porte,
com o intuito de permitir a contenção química ou pequenos procedimentos. Apenas os
mamíferos são manipulados a partir do uso deste equipamento (DINIZ, 1997;
MANGINI, 1998; JÚNIOR, 2006).

As caixas de contenção podem ser fabricadas com madeira ou metal, que


possuem mecanismos de engrenagens com abertura de uma das laterais da caixa. Para
pequenos animais pode ser confeccionada em material menos resistente, como madeira
ou tela, diferentemente no tratamento de animais maiores que exige sua confecção em
ferro. Este equipamento contém o animal contra a parede e através dos espaços livres,
possibilita a manipulação do mesmo, administração de medicamentos, ou outros
procedimentos.

9.2.2 Gancho

Utilizado para o manejo de serpentes. Este equipamento é composto de um cabo


de madeira ou ferro, e em uma de suas extremidades possui uma haste de ferro em
formato que possibilite a sustentação ao corpo do animal ou a contenção da cabeça para
posterior captura com as mãos ou com tubo de pvc (PACHALLY, 1994; PACHALLY,
2002; GOULART, 2004; JÚNIOR, 2006; MITCHELL, 2009).

9.2.3 Luvas de Couro

Utilizadas para a proteção das mãos ou braços. Seu uso, combinado com outros
equipamentos de contenção física é indicado para prevenir acidentes ao manipular um
animal silvestre. Pode se empregada para a manipulação de aves, répteis, mamíferos,
animais potencialmente pouco agressivos e que não possuem grande capacidade de
produzir ferimentos, seja por mordedura, arranhadura ou outros meios de defesa, e cujo
comportamento possibilite uma maior aproximação do indivíduo que realiza a captura.

O uso das luvas diminui a sensibilidade do manipulador, portanto, deve-se


buscar cautela no manuseio do animal para evitar sufocá-lo e também para evitar fugas
(PACHALLY, 1994; PACHALLY, 2002; WERTHER, 2004; JÚNIOR, 2006; TULLY,
2009).

9.2.4 Puçá

Permite captura o animal rapidamente com segurança. Pode ser confeccionada


com diferentes materiais: o puçá de malha é normalmente utilizado na contenção de
mamíferos, já o puçá de fio ou seda é utilizado principalmente para aves, evitando que
fiquem emaranhadas nas malhas. Estes animais, frágeis e que exige uma contenção de
forma delicada, devem ser manipulados com auxilio de puçás, a fim de evitar machuca-
los.

9.2.5 Cambão e Corda

Equipamentos utilizados na contenção de várias espécies, principalmente


mamíferos e grandes répteis. As cordas são geralmente empregadas para atar os
membros locomotores ou cabeça do animal, uma ferramenta no auxílio da imobilização
por via química.

9.3 Sistemas de Captura

O sistema de captura mais utilizado são as armadilhas montadas em locais


frequentados pelos animais que se pretende realizar a contenção. Com o uso de cevas e
diferentes iscas eles são atraídos até as armadilhas e acabam sendo capturados em
gaiolas e caixas.

9.3.1 Caixas e Gaiolas

As caixas, gaiolas e arapucas são amplamente empregadas na captura de grande


variedade de espécies de aves, répteis e mamíferos. Podem ser confeccionadas em
diversos tamanhos, madeira ou metal. Também podem ser armadas duas ou mais
armadilhas em um mesmo ponto, ou posicionadas isoladamente em transectos. Essas
armadilhas podem possuir apenas uma entrada ou portas na frente ou no fundo, sendo
então denominadas armadilhas de carreiro. Através de um sistema de gatilho, o animal
desarma as portas que se fecham simultaneamente. O gatilho pode ser um pedal
posicionado no piso da armadilha ou um gancho que fixa uma isca. Os pisos das caixas
e gaiolas, quando posicionadas no solo, devem ser recobertos com palha, ou mesmo um
substrato semelhante ao ambiente local.

As armadilhas devem conter espaços suficientes para conter a espécie que se


deseja capturar, sem que o desarme das portas possa ferir o animal capturado. Por outro
lado, deve se evitar o excesso de espaço, pois, nessas condições, o animal capturado
pode-se ferir gravemente, chocando-se contra as grades ou paredes da armadilha.

É interessante que as paredes da armadilha sejam sólidas, com áreas abertas por
onde se possam aplicar as drogas necessárias ou realizar o manejo desejado. Quando são
utilizadas gaiolas confeccionadas em barras ou tela metálica, recomenda-se cobrir a
armadilha depois de realizar a captura, evitando que o animal observe o meio externo e
fique estressado.

A captura em armadilha do tipo caixa ou gaiola apresenta vantagens e também


facilita a translocação de animais. Quando essas armadilhas possuem sistemas de travas
nas portas e estão dimensionadas com a força e tamanho da espécie que se pretende
capturar, demonstram extremamente eficientes, como baixa ocorrência de fugas.

9.3.2 Cambão

Equipamento utilizado para a captura e a contensão de várias espécies,


principalmente os mamíferos e alguns répteis, como lagartos mais agressivos e jacarés
de pequeno a médio porte. Existem vários modelos e todos utilizam o princípio do laço
ao redor do pescoço e de um dos membros torácico para captura, onde um cabo de
madeira ou outro material serve de guia para um laço feito com tira de couro ou corda
de material sintético, que pode ser manejado pela outra extremidade do equipamento
para apertar ou afrouxar o laço.

9.3.3 Trincheiras

As trincheiras, armadilhas de queda ou pitfalls constituem-se de buracos feitos


no solo. Devem ser dimensionados de acordo com a espécie ou grupo taxonômico. Para
captura de animais de pequeno porte, essas são geralmente revestidas internamente com
baldes plásticos e dispostas umas próximas às outras. Adicionalmente, são utilizadas em
conjunto com as trincheiras, corredores de lona plástica que direcionam os animais para
o interior dos buracos.

Na captura de ungulados, as trincheiras devem ser camufladas e podem ser


abertas sob um ponto de ceva ou caminhos comuns da espécie. Quando se trata da
captura de grandes animais, é preciso conciliar a profundidade e outras dimensões da
trincheira com a capacidade de fuga da espécie em questão, a fim de evitar ferimentos
ao animal capturado.

9.3.4 Espreita ou Perseguição

Em algumas ocasiões, a captura de médios e grandes mamíferos pode ser feita


por meio de espera ou perseguição. Em algumas espécies é possível capturar o
indivíduo diretamente no ponto de ceva.

O método de perseguição é também empregado na captura de ungulados e


grandes carnívoros. Quando o animal perseguido se posiciona em determinados locais
defendendo-se dos cães, possibilita a utilização dos dardos anestésicos.

9.4 Transporte de Animais Silvestres

A equipe deve estar devidamente equipada e preparada para captura,


acondicionar e transportar os espécimes coletados. Todos os animais capturados em
qualquer fase do empreendimento serão encaminhados para registros individuais com
data e o local preciso da captura.

O deslocamento será feito em um veículo utilitário, em que o transporte deve ser


adequado a espécie capturada, bem como os recipientes de transporte. Sob esta situação
é importante observar a estrutura corporal e a postura normal da espécie. A caixa deve
impossibilitar que o animal aviste o meio externo, conferindo condições de penumbra,
além de oferecer resistência ao peso normal do animal e as possíveis investidas contra a
parede do recipiente.
Em geral, os animais devem ser transportados individualmente, evitando
conflitos agonísticos, comum em decorrência da situação estressante gerada pelo
transporte.

Espécies que apresentam forte vínculo social podem ser transportadas por curtas
distâncias, em caixas com mais de um indivíduo. Animais de pequeno porte podem ser
transportados por curtos períodos de tempo, em sacos de pano, de preferência em tecido
negro, impossibilitando que o animal observe o meio externo. Quando animais são
transportados em gaiolas, elas também devem ser recobertas por algum tecido opaco.

Durante a triagem será definido o destino de cada animal coletado, a saber:

- Translocação para as áreas de soltura. Nesse caso, além dos procedimentos


padrão de coleta e registro de dados.

- Aproveitamento científico, preparação de material biológico, caso o animal


vier a óbito, conforme projetos previamente encaminhados pelas mesmas instituições de
destino.

9.5 Local destinado a soltura dos animais

Sobre a possibilidade de soltura de animais, este poderá ocorrer na área de


Reserva Legal e APP da propriedade, e propriedades adjacentes, pois o local tem
capacidade de receber a espécie e fornecer alimentos, além de outros recursos.

10 ORIENTAÇÃO TÉCNICA ÀS EQUIPES DE SUPRESSÃO

Antes de iniciar o desmatamento, as equipes que farão a supressão deverão ser


orientadas quanto aos procedimentos de resgate brando e afugentamento durante o
processo de supressão, devendo receber informações de como proceder ao encontrar um
animal silvestre nas áreas atingidas. Essa orientação deverá ser feita através de reunião
informativa entre o técnico e a equipe de desmatamento, devendo ocorrer
periodicamente antes do início da jornada de trabalho.

11 CRONOGRAMA FÍSICO

A determinação de um cronograma dependerá da operacionalização da atividade


de supressão da vegetação. As atividades de supressão deverão ser realizadas de acordo
com as condições de fuga e resgate.

O cronograma executivo previsto para implementação do Plano de Salvamento,


Resgate e Fuga da encontra-se representado a seguir.

Tabela 05. Cronograma executivo do Plano de salvamento, resgate e fuga da fauna.


MES
ES
ATIVIDADE 1 2 3° 4 5 6 7 8 9 1 1 12
S ° ° º ° ° ° ° ° 0 1 °
° °
Supressão X X
da
Vegetaçã
o
Enleiramento X X X

Execução X X
deste
plano
Elaboração X
do relatório
de espécies

As atividades aqui previstas apresentam estreita relação com as atividades de


planejamento do empreendimento, a supressão da vegetação, avanço de obras civis
(caso houver), a implantação da infraestrutura e operação do empreendimento.

A aquisição de materiais e equipamentos, a contratação e treinamento de pessoal


serão implementados antes do início das atividades de supressão.
12 EQUIPAMENTOS E MATERIAIS

Veículo GPS
Máquina fotográfica digital Equipamentos de proteção individual
Trena 50 m Material de escritório
Lanternas Gancho para serpentes
Redes, puçás Gaiolas
Perneiras Balança
Luvas de raspa de couro Luvas cirúrgicas
Medicamentos Roupa de apicultor

13 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

ALMEIDA, S. P.; RIBEIRO, J. F.; SANO, S. M. Cerrado: espécies vegetais úteis.


Planaltina: EMBRAPA – CPAC, 1998.

BRASIL, Lei n.º 5.197, 03 de Janeiro de 1967. Dispõe Sobre a Proteção da Fauna.

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Fundação Cargil. Campinas, 1997.

SANO, S. M.; ALMEIDA, S. P.; RIBEIRO, J. F. Cerrado: ambiente e flora. Embrapa


Cerrados. Brasília, 2008.

FERRI, M.G. Plantas do Brasil: espécies do cerrado. São Paulo. Edgar Blucher, Ed.
Da USP. 1969. 239p. (Plantas do Brasil, 1).

GOODLAND, R. & FERRI, M. G. Ecologia do Cerrado. Editora Itatiaia. Belo


Horizonte, 1979.
JUNIOR, J.L.R. Técnicas de Captura e Contenção Físico-química. In: CUBAS, Z.
S.; SILVA, J. C. R.; CATÃO DIAS, J. L. Tratado de Animais Selvagens. Editora Roca,
São Paulo, 2006, p.992-1039.

MACHADO, R.B.; AGUIAR, L.M.S.; CASTRO, A.A.J.S.; NOGUEIRA, C.C.;


RAMOS NETO, M.B. Caracterização da Fauna e Flora do Cerrado. II Simpósio
Internacional de Savanas Tropicais; IX Simpósio Nacional de Cerrados, Brasília-DF,
2008.

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prioritárias para a conservação da biodiversidade. 2007. Disponível em
http://mma.gov.br.

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2a Edição, Atheneu Editora São Paulo, São Paulo. 798p.

RIBEIRO, J.R.; WALTER, B.M.T. Fitofisionomias do bioma Cerrado. In: SANO,


S.M.; ALMEIDA, S.P. (eds.). Cerrado: ambiente e flora. Planaltina: Embrapa Cerrados,
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SANTOS, I. A. Comunidade, conservação e manejo: o caso dos polinizadores.


Revista Tecnologia e Ambiente. Criciúma, 2003.

SICK, H. Ornitologia Brasileira. Nova Fronteira. Rio de Janeiro, 1997.

14 RESPONSABILIDADE TÉCNICA

Rafaela Santos da Rocha


Bióloga - CRBio nº 59.565/08-D

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