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All content following this page was uploaded by Geraldo César Rocha on 07 April 2020.
ROCHA, G.C. Carta de solos da bacia do ribeirão Cambé na área urbano-rural de Londrina, PR. Semina:
Ci. Exatas/Tecnológicas, v. 16, n. 4, p. 536-549, dez. 1995.
RESUMO: Foram estudados os solos situados na bacia do ribeirão Cambé, em Londrina, Pr. Essa bacia, pela sua
localização, sofre vários tipos de agressão ambiental. Em uma área rural-urbana de aproximadamente 75 km2 foram
mapeados cinco tipos de solos: latossolo roxo distrófico (LRd), terra roxa estruturada dístrófica/eutrófica (TRd/e), terra
roxa estruturada latossólica distrôfica/eutrófica (TRLd/e), hidromórficos indiscriminados (Hi) e litólico eutrófico (Re).
Todos eles possuem elevada acidez, argilas de baixa atividade química e são na maioria solos distróficos. Esses
solos estão organizados em dois pedoambientes bem distintos, onde predominam latossolos (pedoambiente 1, a
noroeste da área) e litólicos e terras roxas estruturadas (pedoambiente 2, a sudeste da bacia). O pedoambiente 1, de
característica urbano-rural, deve ser manejado de acordo principalmente com as feições geotécnicas de seus solos,
enquanto o pedoambiente 2, mais rural, deve ser utilizado segundo critérios agronômicos de conservação e aptidão
agrícola de seus solos.
1 - UFJF - Universidade Federal de Juiz de Fora - Departamento de Geociências - Campus Universitário - Juiz de Fora - Minas Gerais -
Brasil - CEP 36036-330.
541
Unidade Latossolo Roxo Distrófico (LRd) profundidade.
QUADRO 2 -RESULTADOS DE ANÁLISES FÍSICAS E QUÍMICAS DA TERRA ROXA ESTRUTURADA DISTRÓFICA (TRd)
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Unidade Terra Roxa Estruturada Latossolizada ligeiramente duro, friável, plástico e pegajoso;
Distrófica transição gradual e irregular.
B22w 60-180cm+, vermelho escuro {2,5YR3/6, úmido);
A. DESCRIÇÃO GERAL muito argiloso; fraca média, blocos subangulares
que se desfaz em forte muito pequena granular
C L A S S I F I C A Ç Ã O : T e r r a Roxa Estruturada com aspecto de maciça porosa; ligeiramente
Latossolizada Distrófica, Tb, ácida, muito argilosa, rele- duro, muito friável, plástico e pegajoso.
vo suave ondulado. RAÍZES: Comuns e fasciculares no A, diminuindo em
LOCALIZAÇÃO: Encosta leste do vale do Rubi, 200 profundidade.
metros a norte da ligação entre os lagos Igapó I e II. OBSERVAÇÕES: Poros comuns muito pequenos nos
SITUAÇÃO, DECLIVE E COBERTURA VEGETAL horizontes A e B21 e muitos poros muito pequenos no
SOBRE O PERFIL: Trincheira situada no terço superior B22w. Forte atração magnética no perfil. Descrição e
da encosta, com declive de 7%, sob cobertura de pas- amostragem em maio/91.
to.
ALTITUDE: 610 metros. 4.4. Hidromórficos Indiscriminados (Hi)
LITOLOGIA: Rochas básicas (basalto).
FORMAÇÃO GEOLÓGICA: Formação Serra Ge- Os solos hidromórficos distribuem-se por 2 km 2 da
ral. área estudada, perfazendo 2% dos solos levantados.
PERÍODO: Triássico/Cretáceo. No mapa estão designados por Hi, quando não defini-
MATERIAL ORIGINÁRIO: Produto de alteração de dos em termos de fertilidade química; He, quando
rochas básicas. eutróficos (V>50%), e Hd, quando distróficos (V<50%).
RELEVO LOCAL: Suave ondulado. Estas unidades encontram-se nas partes mais baixas
EROSÃO: Laminar ligeira. e planas da topografia, nos fundos dos vales e ao longo
V E G E T A Ç Ã O P R I M Á R I A : Floresta Tropical da drenagem, em deciives em torno de 3% e altitudes
Subperenifólia. variando de 580 a 590 metros.
CLIMA: Cfa (Koppen). São solos de coloração cinza escura, saturados
USO ATUAL: Pastagem. de água na maior parte do ano, com drenagem deficien-
te e ambiente químico redutor. A saturação em água às
B. DESCRIÇÃO MORFOLÓGICA vezes dificulta a abertura de trincheira neste solo, sen-
do necessário o uso do trado holandês para a
A 0-20cm, bruno avermelhado escuro (2,5YR3/4, amostragem do perfil.
úmido); muito argiloso; fraca pequena a média Possuem argilas de baixa reatividade e acidez ele-
granular; macio, friável, ligeiramente plástico e vada (Quadro 4). O percentual de argila é menor que
ligeiramente pegajoso; transição clara e dos outros solos da área estudada, sendo a classe
ondulada. textural variável de muito argilosa a argilosa. O horizon-
B211 20-60cm, vermelho escuro (2,5YR3/6, te B hidromórfico apresenta estrutura maciça. Este ho-
úmido); muito argiloso; moderada, pequena rizonte foi também encontrado em profundidade associ-
prismática; cerosidade forte e comum; ado aos solos próximos da linha de drenagem da área.
Evidencia-se dessa maneira feições como espes- cos de rocha basáltica semi-alterada, interrompendo a
sura, comportamento espacial e características inter- presença do horizonte B da cobertura pedológica nessa
nas dos horizontes, assim como profundidade dos so- cota. Aqui, então, tem-se solos rasos, litólicos, que
los, pedregosidade dos solos e hidromorfismo, mostran- apresentam potencial erosivo devido à sua pouca es-
do também a interrelação entre essas feições. pessura (somente horizonte A). E a camada imediata-
Observando-se a Figura 3, a partir dos topos do mente inferior (horizonte C), rica em fragmentos
relevo em direção ao vale, nota-se a predominância do intemperizados e bastante fraturada, denota caracterís-
material latossólico muito permeável e profundo, nas ticas geotécnicas de baixa resistência para as estrutu-
partes altas e planas da topografia. Esse pedoambiente ras de edificações, assim como se mostra inadequada
se caracteriza por encostas longas e suaves, onde na ao uso agrícola intensivo.
profundidade em direção ao vale o material latossólico é Já no fundo do vale, a saturação em água durante
gradualmente substituído por uma cobertura menos per- a maior parte do ano, condicionando solos hidrornórficos,
meável e mais estruturada (horizonte B textural). Deve- está relacionada com ambiente químico redutor, além
se destacar, por exemplo, que ao longo dessa transi- de favorecer características físicas como estruturação
ção a dinâmica vertical da água em profundidade será maciça e alta plasticidade. São solos que para o uso
diferenciada, percoíando mais lentamente através do agrícola ou urbano devem ser totalmente drenados, mas
h o r i z o n t e B t e x t u r a l e m a i s r a p i d a m e n t e no B que por outro lado apresentam grande importância eco-
latossólico. Esse fato por si só tem importância lógica como refúgio e fonte de água para animais nas
geotécnica, já que vai influir na velocidade de drenagem épocas mais secas do ano. Portanto, são solos que
das águas pluviais em áreas com edificações, ou mes- apresentam complexidade química e física que preci-
mo em locais com fossas sanitárias. E mesmo em áre- sam ser observadas no manejo.
as com atividades agrícolas, é sabido que a presença
de horizontes B texturais pode acentuar processos erosivos 5.2. Pedoambiente 2
caso não se recorra à práticas de conservação do solo.
Na parte inferior das encostas desse primeiro Na Figura 4 tem-se a transeção típica da área situ-
pedoambiente o solo se enriquece de fragmentos e blo- ada a sudeste da bacia do Ribeirão Cambé.
Pode-se visualizar um relevo com pendentes cur- sua pouca espessura (somente horizonte A), abun-
tas e mais d e c l i v o s o que o p e d o a m b i e n t e 1, dância de f r a g m e n t o s de rocha e pouca
condicionando um sistema de soios formado por terras permeabilidade do perfil como um todo. É interes-
roxas estruturadas e soios litólicos. sante observar que esses materiais não ocupam o
Os topos de relevo e grande parte das encostas fundo dos vales (como o fazem no pedoambiente
estão principalmente ocupados por uma cobertura de 1), mas sim as partes médias das encostas já mui-
material pedológico bem estruturado e pouco permeá- to declivosas desse pedoambiente, acentuando o
vel (horizonte B textural), a qual se caracteriza por alto potencial erosivo de toda a cobertura pedoiógica
potencial erosivo devido à sua baixa capacidade de infil- dessa área. Assim, esse segundo pedoambiente,
tração da água das chuvas, favorecendo assim o de uso predominantemente rural, deverá receber
escorrimento superficial. Por tratar-se de uma área ru- atenção especial com relação às práticas de con-
ral, o uso desses solos para pastagem por exemplo servação e manejo de seus soios.
favoreceria a tendência ao risco erosivo, já que o pisoteio
excessivo pelo gado leva à compactação nos primeiros 6. CONSIDERAÇÕES FINAIS
centímetros do solo e conseqüentemente facilita a ero-
são. A carta de soios ou mapa pedológico não é sufici-
O segundo tipo de cobertura pedológica em im- ente para se ter uma visão tridimensional da população
portância nesse pedoambiente está representado de solos estudada. O uso de transeções mostrando o
pelos solos litólicos, os quais ocupam boa parte comportamento espacial dos horizontes ao longo das
das encostas da área. Apresentam potencial agrí- encostas complementa e enriquece o mapa, fornecen-
cola devido à sua fertilidade química, mas são tam- do uma visão dos solos de maneira integrada na paisa-
bém materiais muito passíveis de erosão, devido à gem, isto é, como uma cobertura pedológica contínua.
ROCHA, G.C. Soil map of the ribeirão Cambé hidrographic basin at the urban-rural area of Londrina, Paraná state,
Brazil. Semina: Ci. Exatas/Tecnológicas, v. 16, n. 4, p. 536-549, Dec. 1995.
ABSTRACT: The soils of the ribeirão Cambé hidrographic basin located at Londrina, PR, Brazil, were studied. An area
of 75 kmz shows five soil classes: Iatossolo roxo distrófico (LRd); terra roxa estruturada distrófica/eutrófica (TRd/e);
terra roxa estruturada latossólica eutrófica/distrófica (TRLd/e), hidromórficos (Hi) and litólico eutrófico (Re). All of them
have high acidity, small activity clays and are predominantly distrophics. Those soils are organized in two soil systems:
the first one, where latossolic soils predominate (pedoenvironment 1, at NW of the area), and the second one, where
litholic soils and ultisols occur (pedoenvironment 2, at SE of the basin). The pedoenvironment 1, located at a urban-
rural site, must be used in accordance with its geotechnical parameters, while the pedoenvironment 2, basically rural,
must be managed following the agronomic capacity of its soils.
KEY-WORDS: soil map; morphology and soil classification; soil systems; environmental pedology.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS