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Revista de Geologia, Vol. 18, nº 2, 131-142, 2005


www.revistadegeologia.ufc.br

Metais pesados em água do rio Jundiaí - Macaíba/RN

Josiel de Alencar Guedesa, Raquel Franco de Souza Limab & Laécio Cunha de Souzab

Recebido em 13 de julho de 2004 / Aceito em 31 de março de 2005

Resumo
Este trabalho trata de um levantamento geoquímico em amostras de água do rio Jundiaí, o qual, em
seu curso inferior, cruza a cidade de Macaíba, sendo o principal afluente do rio Potengi pela margem
direita. Foram medidos temperatura, pH e condutividade, e analisados os parâmetros OD, DBO, cor,
- -
turbidez, sólidos em suspensão, N, P, NO3 , NO2 , Al, Ba, Cd, Cr, Fe, Mn, Pb, V e Zn, em amostras
coletadas em 10 estações (P1 a P10) e em meados de dois períodos distintos denominados de etapa I
(estação seca) e etapa II (estação das chuvas). Os resultados evidenciam o impacto ambiental por
-
metais, principalmente no trecho urbano do rio, com valores elevados para DBO, P, NO2 , Cd, Pb, Cr, V
e Zn, denotando uma contaminação de caráter antropogênico, associada aos esgotos, despejos industriais
e lixo, descartados sem tratamento no leito de drenagem, ao corte indiscriminado do manguezal e
queimadas nas margens. Aliado ao fato de seu crescimento horizontal, a cidade de Macaíba revela-se
como o principal agente poluidor das águas do rio, no trecho investigado.

Palavras-Chaves: Rio Jundiaí, Metais pesados, Mangue

Abstract
This work aims a geochemistry survey in samples of water from the Jundiaí river, which, in its
inferior course, crosses the city of Macaíba, being part of the Potengi River Basin. The parameters
DO, BOD, colour, turbidity, suspended solids and N, P, NO3-, NO2-, besides the metals Al, Ba, Cd, Cr,
Fe, Mn, Pb, V and Zn had been analyzed. Sampling has been carried through 10 stations (P1 to P10)
and in two distinct periods denominated stage I (dry season) and stage II (rainy season). Among the
evidences of environmental impact, the results obtained for metals in water stand out, with high values
for Cd, Pb, Cr, V and Zn. The results show that the pollution is stronger in the urban stretch of the river,
denoting a contamination of antropogenic character, associated to garbage, domestic and industrial
sewers, discarded without treatment in the river, indiscriminate removal of the mangrove and forest
fires. Besides its horizontal growth, the city of Macaíba is the main polluting agent of waters of the
river, in the investigated area.

Keywords: Jundiaí river, Heavy metals, Mangrove


a
Mestre em Geociências, Rua Ciprestes, 7933, Pitimbu, Natal, RN. E-mail: josielguedes@yahoo.com.br
b
Departamento de Geologia - Programa de Pesquisa e Pós-Graduação em Geociências (UFRN). Campus
Universitário – Natal/RN, CEP: 59072-970. E-mail: raquel@geologia.ufrn.br; laecio@geologia.ufrn.br

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1. Introdução regimes hidráulicos, composição físico-química,


níveis de assoreamento, etc.
Os metais pesados são elementos químicos A água potável como principal componente
(metais e alguns semi-metais) que possuem necessário à vida, está cada dia mais escassa,
densidade superior a 5 g/cm3. São geralmente devido aos elevados níveis de poluição nos rios,
tóxicos aos organismos vivos, sendo portanto, lagos ou poços. A passividade e/ou descaso em
considerados poluentes. Do ponto de vista relação à questão da maneira como são tratados
químico, a denominação metal pesado não é muito os mananciais de água, demonstra que a
apropriada. Dada a baixa concentração em meios humanidade (as populações em geral) não se
ambientais são conhecidos freqüentemente como conscientizou da real importância dos mesmos.
metais traço ou elementos traço (Baird, 1998). Os rios urbanos são os que mais sofrem
Os metais pesados podem ser encontrados na agressões, através do lançamento de esgotos “in
água como resultado de atividades antropogê- natura” ou mesmo servindo como área de
nicas (mineração, metalurgia, esgotos, lixos, uso deposição de lixo de naturezas diversas, tais
de combustíveis) ou de processos naturais, como: doméstico, hospitalar e/ou industrial
podendo ser encontrados em teores altos em solos (Tucci, 1994).
ou sedimentos de rios, associados às anomalias O rio Jundiaí objeto do presente estudo, é
geoquímicas das rochas, determinando quais íons importante para recreação, irrigação de culturas,
serão mais abundantes nas águas dos rios, não preservação da vida aquática e manutenção da
indicando poluição antropogênica (Alloway & mesma em condições de servir como fonte de
Ayres, 1993; Cooper & Thornton, 1994; Smith alimentos no ciclo alimentar, o que se reflete em
& Huyck, 1999). última instância na qualidade do alimento retirado
Alguns metais pesados possuem efeito do rio para sustento familiar, ou mesmo para
deletério, ocasionando sérios transtornos à saúde comercialização, como é o caso da atividade de
humana quando ingeridos em doses inadequadas. carcinicultura existente a jusante da cidade de
Assim, a contaminação por metais está Macaíba (Guedes, 2003; Guedes et al., 2003)
diretamente associada à sua biodisponibilidade,
podendo ser potencializada por fontes alimen- 2. Localização da área e estações de amostra-
tadoras da poluição como, por exemplo, uma gens
indústria localizada nas imediações de recursos
hídricos (Manahan, 1994). A área do presente estudo consiste no trecho
As concentrações de muitos elementos-traço do baixo curso do rio onde foram escolhidas 10
dissolvidos nas águas dos rios são influenciadas estações de amostragem, divididas à montante e
por vários fatores, dentre os quais se incluem: à jusante da cidade de Macaíba, com
(a) a geologia da bacia de drenagem do rio; (b) aproximadamente 47 mil habitantes, distando
restrições químicas dentro do próprio sistema cerca de 22 Km de Natal (IDEMA, 1999). O
aquoso, principalmente pelo equilíbrio particula- acesso à mesma se dá a partir de Natal, pela BR-
do-dissolvido, o qual pode envolver sólidos inor- 101, até o trevo de Parnamirim, tomando-se em
gânicos e orgânicos (incluindo a biota) suspensos, seguida a BR-304, até o trevo de Macaíba. Outro
e são influenciados por fatores tais como pH e as percurso pode ser realizado pela BR-206
concentrações dos ligantes complexos; e (c) os passando por Mangabeira (Fig. 1).
acréscimos de origem antropogênica (Chester, As estações de amostragem estão distribuí-
1990). das da seguinte maneira ao longo do trecho do
Os rios, como agente fixadores do homem rio: as estações P1, P2, P3 e P4 situam-se à
desde a antigüidade, vêm sofrendo com agressões montante da cidade de Macaíba; as estações P5 e
que são conseqüências das atividades humanas P10, localizam-se dentro do perímetro urbano,
junto aos mesmos, originando mudanças em seus enquanto aquelas P6 a P9, encontram-se à jusante

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Fig. 1. Mapa de localização da área de pesquisa e estações de amostragens

da cidade, na direção da foz (Tab. 1). Todas as dos níveis de metais pesados em água, foram
estações foram amostradas em duas épocas utilizados recipientes de plástico de 2000 mL (1
distintas do ano, no que concerne às precipita- frasco por estação). Para a descontaminação,
ções, em meados das estações seca e chuvosa, foram utilizados 50 mL de ácido nítrico (HNO3),
denominadas de etapa I e etapa II, respectiva- sendo o volume restante preenchido com água
mente. destilada; o conjunto recipiente/solução foi
aquecido a 45º - 50º C, em banho-maria por um
3. Materiais e métodos período de 12 horas. Após a coleta, adicionou-se
10 mL de HNO3, para preservação das amostras
Os procedimentos de amostragem e até o momento da análise. Os elementos químicos
preservação de amostras de água seguiram as Al, Ba, Cd, Cr, Fe, Mn, Pb, V e Zn foram lidos
orientações da CETESB (1987). Para a análise por Plasma Acoplado Indutivamente (ICP -

Tab. 1. Coordenadas e localização das estações de coleta

Estação "UTM X " "UTM Y" Localização


P 03 9349316 237544 Fábrica abandonada
P 02 9350070 238244 Sítio Fomento (Escola Agrícola de Jundiaí)
P 01 9350298 238570 Escola Agrícola de Jundiaí
P 04 9350874 238946 Ponte da BR304
P 05 9351610 239209 Prefeitura
P10 9352018 239673 Centro de Macaíba
P 06 9352136 240194 Rua dos pescadores (Porto)
P 07 9352428 241104 Solar Ferreiro Torto(SFT1)
P 08 9352838 241909 Solar Ferreiro Torto(SFT2)
P 09 9353394 242442 Solar Ferreiro Torto(SFT3)

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Plasma) segundo a metodologia da Apha et al. sendo os mesmos ordenados de montante para
(1998). jusante respectivamente da esquerda para a
direita. O eixo das abscissas representa as estações
4. Resultados e discussão de coleta entre P3 e P9, enquanto os valores no
eixo das ordenadas representam as concentrações
A Tabela 2 sumariza as medidas de tempera- medidas em cada ponto. As linhas horizontais nos
tura, pH e condutividade elétrica obtidas nas gráficos referem-se aos limites de tolerabilidade
águas do rio Jundiaí, bem como os resultados estabelecidos para a classe 7 do CONAMA.
analíticos para os parâmetros OD, DBO, cor, tur- Na etapa I, as coletas foram realizadas no
- -
bidez, sólidos em suspensão, N, P, NO3 e NO2 . período da manhã entre 7h 50 min e 11h. Neste
A Tabela 3 apresenta as concentrações obtidas período a temperatura na água variou de 28º C
nas amostras de água analisadas para os elementos (P2 e P 10) a 32º C (P3). Na etapa II, também
Al, Ba, Cd, Cr, Fe, Mn, Pb, V e Zn. Nas tabelas coletadas no período da manhã entre 7h 50 min e
02 e 03, são usados como critérios de comparação 10h 40 min a temperatura variou entre 25º C
os níveis de tolerância estabelecidos para a classe (P10) e 27º C (P3, P8 e P9). Observa-se que as
7 (Água salobra), segundo o CONAMA (Re- temperaturas são relativamente constantes de
solução 20/86). As Figuras 2 e 3 mostram o montante para jusante, havendo somente um
comportamento dos diversos parâmetros analisa- ligeiro aumento da ordem de 4ºC durante o perío-
dos em água em cada ponto de amostragem, do seco.

Tab. 2. Resultados dos parâmetros físico-químicos em água, para os períodos seco (etapa I) e chuvoso (etapa II), com
seus respectivos limites de tolerabilidade para a classe 7, de acordo com o CONAMA (2002).

Parâmetros CONAMA Etapas P3 P2 P1 P4 P5 P 10 P6 P7 P8 P9 Média


- I 32 28 29 28 29 28 29 30 29 29 29
Temperatura (ºC)
II 27 26 26 26 27 25 26 26 27 27 26
I 7,83 7,21 7,33 7,4 9,05 8,35 7,99 7,51 7 , 22 7,32 7,72
pH
II 8,02 7,60 7,60 7,53 8,97 7,44 7,93 7,35 7,26 7,26 7,70
5 I 6,75 4,96 5,55 4,76 0,4 1, 0 8 0,78 0 0,89 2,18 2,74
OD (mg/L O2)
II 8,12 6,63 5,54 6,53 4,35 0,79 0,59 0,89 2,37 2,97 3,88
5 I 4,25 4,23 3,03 4,86 13,33 10,71 6,86 11,21 8,20 8,62 7,53
DBO5 (mg/L O2)
II 2,51 < 2,00 2,46 < 2,00 8,31 12,11 11,35 9,76 5,82 3,71 7,00
75 I 70 60 70 80 >100 70 80 >100 80 70 73
Cor (mg Pt- Co/L)
II 50 60 >100 60 60 >100 80 70 60 50 61
100 I 5,0 4,2 4,2 15,6 15,6 10 , 0 10 , 0 8,5 7,0 7,0 9
Turbidez (UNT)
II 3,7 5,8 37,8 4,6 5,3 30,0 13,0 4,5 4,5 8,0 12

Sólido em suspensão I 20,4 38,0 8,4 23,2 43,2 16,8 14,4 16,8 158,4 77,2 41,7
(mg/L) II 111,6 159,6 110,4 7,6 45,6 96,8 97,2 26,8 161,2 299,2 111,6

Condutividade Elétrica - I 1144,90 1526,53 1586,79 1486,36 1626,96 2008,60 2068,85 1928,25 5724,51 5925,37 2502,71
(µs/cm) II 2711,61 2711,61 1365,84 2 3 0 9 ,8 9 1647,05 1265,42 1305,59 2410,32 6628,38 16269,66 3862,54

Nitrogênio Amoniacal 0,02 I 0,16 0 , 12 0,15 0,11 0,95 0,64 0,86 1,42 0,64 0,62 0,57
(mg/L NH3) II 0 , 14 0 , 15 0,31 0,14 0,40 0,89 0,85 0,56 0,42 0,21 0,41
0,025 I 0 0 0 0,04 0,65 0,28 0,37 0,57 0,15 0,14 0,22
Fósforo (mg/L P++)
II 0 0 0 0 0,47 0,76 0,72 0,39 0,17 0,10 0,26
1 I 0,02 0,01 0,02 0,01 0,04 0,52 0,83 0,14 0,02 0,02 0,16
Nitrito (mg/L N)
II 0 0 0 0 0,17 0,11 0,09 0,02 0,01 0 0,04
10 I 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0,00
Nitrato (mg/L N )
II 0 0,18 0 0 0 , 15 0 0,26 0 0 0 0,06

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Tab. 3. Concentrações dos metais em águas medidas nas estações seca (etapa I) e chuvosa (etapa II), com seus respectivos
limites de tolerabilidade para a classe 7, de acordo com o CONAMA (2002). A leitura foi feita por ICP-AES:
Espectrometria de emissão atômica – plasma por acoplamento induzido. A média dos dez pontos de amostragem
encontra-se na última coluna.
Elemento CONAMA Etapas P3 P2 P1 P4 P5 P 10 P6 P7 P8 P9 Média
I 0,33 0,33 0,39 0,28 0,18 0,20 0,88 1,40 0,68 1,20 0,59
Al (%)
II 0,26 0,38 3,76 0,36 0,86 1,35 1,46 0,31 0,25 0,36 0,94
I 0,29 0,56 0,57 0,46 0,50 0,50 0,53 0,40 0,24 0,22 0,43
Ba (ppm)
II 0,46 0,66 0,37 0,71 0,62 0,35 0,37 0,45 0,29 0,15 0,44
0,005 I ALD 0,008 0,001 ALD 0,007 0,001 0,001 0,002 0,013 0,006 0,005
Cd (ppm)
II 0,002 0,003 0,002 0,002 0,001 ALD 0,002 0,002 0,003 0,007 0,003
0,05 I ALD 0,03 ALD ALD 0,02 ALD ALD ALD 0,04 0,02 0,03
Cr (ppm)
II 0,01 0,02 0,02 0,01 ALD ALD 0,01 0,01 0,02 0,04 0,02
I 0,56 0,51 0,53 0,53 0,38 0,31 0,94 0,86 0,39 0,63 0,56
Fe (%)
II 0,44 0,83 3,55 0,66 1,00 1,75 1,75 0,60 0,34 0,46 1,14
I 0,08 0,14 0,14 0,25 0,22 0,28 0,28 0,19 0,15 0,14 0,19
Mn (ppm)
II 0,13 0,19 0,12 0,22 0,11 0,14 0,14 0 , 17 0 , 10 0,07 0,14
0,01 I 0,04 0,08 0,07 0,08 0,04 0,11 0,12 0,05 0,16 0,19 0,09
Pb (ppm)
II 0,02 0,03 0,02 ALD ALD ALD 0,02 0,02 0,03 0,09 0,03
I ALD 0,02 ALD ALD 0,02 ALD ALD 0,01 0,04 0,02 0,02
V (ppm)
II 0,02 0,03 0,01 0,02 0,02 ALD 0,02 0,02 0,04 0,07 0,03

Zn (ppm) 0,17 I 0,01 0,04 ALD 0,03 0,03 0,02 0,03 0,02 0,05 0,03 0,03
II 0,05 0,05 0,10 0,05 0,04 0,05 0,04 0,05 0,07 0,10 0,06

Os valores de pH variaram de um mínimo Na etapa I, os valores variaram de um mínimo de


de 7,21 (P2) a um máximo de 9,05 (P5), com 0 (zero) na estação P7 a um máximo de 6,76 mg/
média de 7,72 na etapa I, enquanto na etapa II L na estação P4, com média de 2,74 mg/L. Na
foram de 7,26 (P7 e P8) a 8,97 (P5) e média de etapa II o mínimo foi de 0,59 mg/L na estação
7,70. Na Resolução do CONAMA a faixa P6, com máximo de 8,12 mg/L na estação P3 e
permitida para a classe 7 é de 6,5 a 8,5; exce- média de 3,88 mg/L. A partir da estação P3,
tuando a estação P5, a qual apresenta um ligeiro localizada mais à montante, tanto no período seco
aumento, todos os demais valores mantiveram- quanto no chuvoso, apresenta-se uma tendência
se nesse intervalo. O gráfico de pH (Fig. 2), geral de decréscimo dos níveis de OD, sendo os
mostra a variação desse parâmetro, o qual não valores da etapa I sempre inferiores aos da etapa
apresentou diferenças consideráveis entre as duas II. A DBO medida na etapa I, apresentou seis
etapas. Ressalta-se que entre as estações P4 e P5 estações (P5, P10, P6, P7, P8 e P9) com valores
encontra-se uma descarga/esgoto originada de acima do limite de tolerabilidade do CONAMA
uma indústria têxtil. (5 mg/L). A menor concentração foi de 3,03 mg/
Os níveis de Oxigênio Dissolvido apresenta- L na estação P1, a maior foi de 13,33 mg/L na
ram-se acima do limite mínimo estabelecido pelo estação P5, tendo ainda uma média de 7,53 mg/
CONAMA (5 mg/L) nas estações P1 e P3 na L. Na etapa II, as estações P5, P10, P6, P7 e P8,
etapa I, e nas estações P1 a P4 na etapa II. Nas tiveram suas concentrações acima do limite de
demais estações os valores foram baixos em tolerabilidade do CONAMA. As menores
relação ao estabelecido pela legislação vigente. concentrações ficaram abaixo do limite de

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Fig. 2. Representação dos parâmetros físico-químicos em água medidos nas estações seca (etapa I) e estação chuvosa
(etapa II). As linhas horizontais contínuas em alguns gráficos referem-se aos limites de tolerabilidade estabelecidos
para a classe 7 do CONAMA. Macaíba - região urbana.

detecção (2 mg/L) nas estações P2 e P4, sendo a utilização dos canais pluviais, de maneira clandes-
maior de 12,11 mg/L na estação P10 e média de tina, para a drenagem de dejetos de origem diversa
7,00 mg/L. Em ambas as etapas os valores de é o fator que mais contribui para a ocorrência de
DBO das estações P3 a P4 estão abaixo do limite um ambiente praticamente anóxico.
de tolerabilidade, e a partir da estação P5 em O gráfico de cor (Fig. 2) mostra a distri-
diante estão acima, excetuando a estação P9 da buição da variação deste parâmetro entre as
etapa II (Fig. 2). A partir da estação P5, no sentido etapas ao longo das estações de amostragem. A
montante para jusante, observa-se claramente cor, na etapa I variou de 60 mg Pt-Co/L (P2) à
uma forte queda nos valores de OD e importante valores maiores do que 100 mg Pt-Co/L (P5 e
aumento na DBO. Embora o decréscimo nos P7) com uma média de 73 mg Pt-Co/L. Na etapa
valores de OD a partir desta estação possa ser II a variação foi de 50 mg Pt-Co/L (P3) a maior
parcialmente atribuído a um ambiente de salini- do que 100 (P1 e P10), com média de 61 mg Pt-
dade mais elevada (chegada da maré até a estação Co/L.
P4), a relação inversa OD (valores chegando a Com relação ao parâmetro turbidez, na
zero) x DBO (elevada), bem como a existência, etapa I os valores estiveram na faixa de 4,2 UNT
à jusante desta estação, de diversos pontos de nas estações P1 e P2 (valores mínimos) a 15,6
descarga direta de esgotos, leva a crer que a UNT (valores máximos), para as estações P4 e
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Fig. 3. Representação dos resultados analíticos para metais em água medidos nas estações seca (etapa I) e estação
chuvosa (etapa II). As linhas horizontais contínuas em alguns gráficos demarcam os limites de tolerabilidade
estabelecidos para a classe 7 do CONAMA. Macaíba - região urbana.

P5, tendo ainda uma média de 9,0 UNT. Na etapa cm. O gráfico mostra que nas duas etapas de
II, houve variação de um mínimo de 3,7 UNT amostragem, este parâmetro apresentou valores
para a estação P3 à 37,8 UNT na estação P1, mais baixos das estações P3 à P7, havendo a partir
com uma média para a essa etapa de 11,71 UNT. daí uma tendência a valores mais elevados,
Os valores de sólidos em suspensão são destacando-se as estações P8 e P9, nas quais é
oscilatórios, embora os maiores valores tenham mais evidente a influência da maré.
sido registrados durante o período chuvoso e nas O nitrogênio amoniacal foi detectado em
estações P8 e P9, onde há forte influência de maré. todas as estações e em ambas as etapas. Na etapa
Para este parâmetro, na etapa I a carga mínima I, as estações P5, P6, P7, P8, P9 e P10 tiveram
encontrada foi de 8,4 mg/L na estação P1, valores excedentes ao limite de tolerabilidade do
apresentando um máximo de 158,4 mg/L na CONAMA (0,4 mg/L). O menor valor registrado
estação P8, sendo a média dessa etapa de 41,68 nessa etapa, foi 0,11mg/L na estação P4, a maior
mg/L. Na etapa II, a carga mínima foi de 7,6 mg/ foi 1,42 mg/L na estação P7 e a média correspon-
L na estação P4, a máxima 299,2 mg/l na estação de a 0,57 mg/L. Na etapa II as estações P6, P7,
P9 e a média 111,6 mg/L. Este parâmetro apre- P8 e P10 tiveram suas concentrações acima do
senta variações entre as duas etapas, mostrando recomendado; a estação P5 teve valor igual ao
que no geral a carga na etapa II, é superior a da recomendado, enquanto as demais estações foram
etapa I (Fig. 2). inferiores; a menor concentração foi 0,14 mg/L,
A condutividade na etapa I apresentou um registrada nas estações P3 e P4, a maior de 0,89
valor mínimo de 1144,9 µs/cm na estação P1 a na estação P10 e a média de 0,41 mg/L. A figura
um máximo de 5925,37µs/cm na estação P9 e 02 apresenta a distribuição do nitrogênio
uma média para as estações de 2502,71 µs/cm. amoniacal, evidenciando em ambas as etapas
Na etapa II, a estação P10 foi a que registrou o valores abaixo do limite estabelecido pelo
menor valor (1265,42 µs/cm), enquanto a estação CONAMA nas estações de montante (até a P4).
P9 apresentou o valor máximo com 16269,66 µs/ Observa-se um aumento considerável dos valores
cm, tendo esta etapa uma média de 3862,54 µs/ dosados entre as estações P5 e P7, os quais

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decrescem, apesar de se manterem elevados, nas na etapa II, com um pico de maior concentração
estações localizadas mais à jusante (P8 e P9). na estação P1, havendo uma inversão, com
Para o nitrito, os valores da etapa I, variaram valores maiores para a época de estiagem (etapa
de um mínimo de 0,01 mg/L nas estações P2 e P4 I) entre as estações P7 a P9 (Fig. 3).
a um máximo de 0,83 na estação P6 e média de Para o bário, na etapa I o menor valor de
0,16 mg/L. Para a etapa II, os valores foram de 0 concentração verificou-se na estação P9 com
(zero mg/L) nas estações P1, P2, P3, P4 e P9, a 0,224 mg/L, a maior com 0,566 mg/l na estação
um pico máximo de17 mg/L na estação P5, com P1, sendo a média de 0,428 mg/L. Na etapa II a
média de 0,04 mg/L. Os teores de nitrito em geral menor concentração foi encontrada na estação
foram baixos na etapa II, enquanto que na etapa I P9 com 0,154 mg/L, a maior concentração na
as estações P10 e P6 se destacaram das demais. estação P4 com 0,709 mg/L e média de 0,442
Com relação ao nitrato, na etapa I, este não mg/L. Na Figura 3, observa-se que os valores
foi detectado, enquanto na etapa II, apenas as mantêm uma certa correlação, com pequenas
estações P2 (0,18 mg/L), P5 (0,15 mg/L) e P6 variações entre as etapas, havendo uma tendência
(0,26 mg/L), acusaram valores acima de zero (0 geral de diminuição das concentrações a partir
mg/L) (Fig. 2). da estação P10, no sentido da jusante do rio.
Em relação ao fósforo, na etapa I os valores Os resultados analíticos para o elemento
variaram de zero (0 mg/L) nas estações P1, P2 e cádmio na etapa I, nas estações P2, P5 e P8,
P3, a um máximo de 0,65 mg/L na estação P5 e apresentaram valores superiores à recomendação
média de 0,22 mg/L. Na etapa II as estações à do CONAMA (0,005 mg/L). Excetuando as
montante de P3 a P4 apresentaram zero (0 mg/ estações P3 e P4 com valores inferiores ao limite
L) de concentração, valor máximo de 0,76 mg/L de detecção, as demais estações oscilaram entre
na estação P6 e média de 0,26 mg/L. Os níveis 0,001 mg/L (P1, P6 e P10) e 0,013 mg/L na
de fósforo nas estações P3 a P4 são baixos em estação P8. Na etapa II, a estação P10 apresentou
ambas as etapas. Na etapa II verifica-se um valor inferior ao limite de detecção, enquanto nas
acréscimo considerável nas estações P5 à P7, demais estações os resultados apresentaram-se
quando passa a ser observado decréscimo nos inferiores ao permitido pela legislação, com
valores medidos na direção das estações P8 e P9. máximo na estação P9 (0,007 mg/L), sendo esta
Para a etapa I há dois picos no nível de fósforo a única a ultrapassar o limite recomendado. As
(estações P5 e P7), com um valor intermediário médias das duas etapas de amostragem
na estação P10. O fosfato, além de estar apresentam valores muito próximos, de 0,005 no
relacionado à oxidação dos esgotos urbanos, pode período de estiagem e 0,003 no período chuvoso.
ser proveniente da decomposição química dos po- Na Figura 3 os resultados mostram que há uma
lifosfatos utilizados na fabricação de detergentes. tendência de aumento das concentrações do metal
O aumento nos valores dos parâmetros na água de montante para jusante, em ambas as
DBO, fosfato, nitrogênio total e nitrito etapas, tendência esta que está mais bem
(produto de oxidação da amônia NH4), no trecho evidenciada na etapa II, embora se destaquem
urbano do rio Jundiaí, na cidade de Macaíba, está valores elevados na etapa I, através dos picos (P2,
diretamente relacionado aos esgotos da cidade. P5 e P8).
Para o alumínio, na etapa I os resultados Os resultados analíticos de concentração do
mostram um valor mínimo de concentração de cromo na etapa I, nas estações P3, P1, P4, P10,
0,18 mg/L (estação P5), máximo de 1,40 mg/L P6 e P7, encontram-se abaixo do limite de
(estação P7) e média de 0,59 mg/L. Na etapa II o detecção. As estações com as menores
valor mínimo de concentração foi 0,25 mg/L na concentrações foram as P5 e P9 (0,02 mg/L cada),
estação P8, máximo de 3,76 mg/L na estação P1 a maior concentração destacou-se na estação P8
e média de 0,94mg/L. As concentrações de alu- (0,04 mg/L), com uma média de 0,03 mg/L. Para
mínio das estações entre P3 e P6 foram maiores a etapa II, as concentrações das estações P5 e

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P10 ficaram abaixo do limite de detecção. As para a classe 7 do CONAMA, sendo a estação P9
menores concentrações foram registradas nas (0,09 mg/L), a maior concentração encontrada. A
estações P3, P4 e P7 (00,1 mg/L), a maior média para a etapa chuvosa é de 0,03 mg/L. A
concentração na estação P9 (0,04 mg/L), e a comparação entre as duas etapas de amostragem
média foi de 0,02 mg/L. Todas as concentrações evidencia maiores concentrações deste elemento
encontradas em ambas as etapas, são inferiores em todas estações na etapa I com relação à etapa
aos valores recomendados para a classe 7 do II, verificando-se uma tendência geral de aumento
CONAMA (0,05 mg/L). Este elemento mostra das concentrações de chumbo em água, no sentido
as variações ocorridas (Fig. 3), sendo que entre de montante para jusante (Fig. 3).
as duas etapas não é possível estabelecer um O vanádio apresentou na etapa I, cinco
padrão sistemático de distribuição. estações (P3, P1, P4, P10 e P6) com resultados
Para o elemento ferro na etapa I, o valor de analíticos abaixo do limite de detecção. A menor
menor concentração foi observado na estação P10 concentração foi observada na estação P7 (0,01
(0,31 %), o de maior concentração na estação mg/L), a maior na estação P8 (0,04 mg/L), sendo
P6 (0,94 %), e uma média aritmética de 0,56 %. a média de 0,02 mg/L. Na etapa II, apenas uma
Na etapa II a menor concentração foi registrada estação (P10) apresentou medida de concentra-
na estação P8 (0,34%), a maior na estação P1 ção inferior ao limite de detecção. A menor
(3,55 %), e uma média de 1,14 %. A Figura 3 concentração foi registrada na estação P1 (0,01
mostra concentrações maiores na etapa II com mg/L), a maior na P9 (0,07 mg/L), com média é
um valor máximo na estação P1. Excetuando esta de 0,03 mg/L. Na figura 03 nota-se que as concen-
estação (etapa II), observa-se em ambas as etapas trações do elemento são maiores na etapa II em
uma tendência de crescimento das concentrações relação à etapa I em todos as estações amostradas,
de ferro naquelas estações situadas no perímetro com uma clara tendência de aumento das
urbano ou próximo dele (P5, P10 e P6). Constata- concentrações a partir da estação P7 na etapa II.
se um decréscimo sistemático da concentração Para o elemento zinco, apenas uma estação
deste elemento a jusante do rio (P7, P8 e P9). de amostragem apresentou na etapa I
Para o manganês, na etapa I os valores de concentração inferior ao limite de detecção (P1).
concentrações encontrados variaram de um As demais tiveram seus valores inferiores ao valor
mínimo de 0,08 mg/L (P3) à máximo de 0,28 mg/ máximo recomendado pelo CONAMA (0,17 mg/
L nas estações P10 e P 6. Na etapa II, a estação L). A menor concentração foi registrada na
P9 apresenta-se como valor mínimo (0,07 mg/L) estação P3 (0,01 mg/L), a maior na estação P8
e máximo na estação P4 (0,22 mg/L). Verifica-se (0,05 mg/L) e uma média de 0,03 mg/L. Na etapa
que, na maioria das vezes, as concentrações II todas as estações tiveram valores inferiores ao
obtidas na etapa I são maiores do que as da etapa recomendado para a classe 7 do CONAMA, com
II. Além do mais, evidencia-se um aumento siste- as menores concentrações nas estações P3, P2,
mático das concentrações de Mn no perímetro P4, P10 e P7 (0,05 mg/L). A maior concentração
urbano (P5, P10 e P6) nas amostragens da etapa foi medida nas estações P1 e P9 (0,10 mg/L) e a
I (Fig. 3) média de 0,06 mg/L. Na Figura 3 se constata que
Para o chumbo, na etapa I, as concentrações as concentrações registradas na etapa I foram
em todas as estações excederam o valor sempre inferiores em relação à etapa II.
recomendado pelo CONAMA (0,01 mg/L), com Nas duas etapas os metais Al, Ba, Fe, V e Zn
mínimo nas estações P3 e P5 (0,04 mg/L cada), apresentaram as suas concentrações médias na
máximo na P9 (0,19 mg/L) e média de 0,09 mg/L etapa I (estação seca) inferiores às da etapa II
para a época de estiagem. Com relação à etapa II, (estação chuvosa). O mesmo ocorre para os ele-
as estações P4, P5 e P10 apresentaram valores mentos Cd, Cr, Mn e Pb, cujas concentrações
inferiores ao limite de detecção, enquanto as médias da etapa II (estação chuvosa) são supe-
demais tiveram valores superiores ao recomendado riores às da etapa I (estação seca).

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Fig. 4. Matriz de correlação entre os parâmetros físico-químicos medidos em água do Rio Jundiaí nas imediações da
cidade de Macaíba, nas etapas I e II (estações seca e chuvosa, respectivamente).

Na época de estiagem, a concentração média pares Fe-Al, Mn-Ba, além do conjunto Cd, Pb,
de Mn e Pb, em água, nos pontos amostrados, é Cr, V e Zn.
maior do que na estação chuvosa (etapa II). Por Os metais analisados nas águas do rio Jundiaí,
outro lado, na época de estiagem (etapa I), a cujo aporte é devido, pelo menos em parte, à
concentração média de Ba, Fe e Zn em água nos atividade antropogênica na região são Pb, Al, Fe,
pontos amostrados é menor do que na estação Cu, Cr e V. Estudos realizados por Guedes
chuvosa (etapa II). (2003) e Guedes et al. (2003) em sedimentos de
A Figura 4 enfatiza as importantes correla- fundo do mesmo trecho apontam para uma
ções positivas entre turbidez e cor, sólido em acumulação destes elementos à jusante da cidade
suspensão e condutividade elétrica nas duas de Macaíba. Esta fato provavelmente está
etapas de amostragem. Além do mais são contun- relacionado ao aumento de salinidade/condutivi-
dentes as fortes correlações positivas entre nitro- dade, por efeito da maré, que na preamar chega
gênio amoniacal, fósforo e DBO, também nas ao ponto de amostragem P5 (Fig. 2).
duas etapas. A estes parâmetros pode-se
acrescentar o potássio na etapa I (período seco) 5. Conclusões
e nitrito na etapa II (período chuvoso). Este
conjunto de correlações reflete o intenso despejo O Rio Jundiaí, no seu curso superior ao
“in natura” de matéria orgânica, incluindo médio, caracteriza-se como um rio intermitente.
detergentes através dos esgotos domésticos Os problemas ambientais nesses trechos são
(Shreve & Brink Jr., 1980, p.433). tipicamente de origem natural (erosão) relaciona-
As correlações entre metais (Fig. 5) que se da ao desmatamento para fins de atividades
mostraram mais expressivas envolveram os agropecuárias. No baixo curso, no entorno da
elementos Fe-Al e V-Cd-Cr-Zn, na etapa I e Fe- cidade de Macaíba, uma cidade de médio porte,
Al, Mn-Ba, Zn-Cr e Pb-Cd-Cr-V na etapa II. os problemas ambientais oriundos da ocupação e
Estes resultados evidenciam o impacto ambiental crescimento de forma horizontal agravam-se com
por metais, principalmente no trecho urbano do o lançamento in natura de esgotos domésticos e
rio, com valores de correlação positivos para os indústria têxtil, além de lixo urbano e matadouros

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Fig. 5. Matriz de correlação entre metais dosados em água do Rio Jundiaí nas imediações da cidade de Macaíba, nas
etapas I e II (estações seca e chuvosa, respectivamente).

clandestinos. No que concerne à indústria têxtil, mostraram suas maiores concentrações durante
a produção de efluentes das várias etapas de o período chuvoso. Contrariamente os elementos
beneficiamento da matéria prima na produção de Pb e Mn tiveram suas concentrações aumentadas
tecidos pode contribuir com diversos compostos durante o período de estiagem. Então, a variação
orgânicos (sabões, detergentes e outros) e inorgâ- sazonal (estações chuvosa e seca) não deve ser
nicos (hidróxido de sódio, carbonato, sulfato e considerada como um fator único responsável
cloreto). No caso de acessórios metálicos (colche- pelo comportamento variável das concentrações
tes, alfinetes, etc.), os efluentes podem conter Zn, dos metais em água.
Ni, Cr, Fe, sais e bases. No presente trabalho, Pelo menos em uma etapa de amostragem,
essa possível contribuição é corroborada pelos constatou-se o aumento de concentração de Al,
valores de pH elevados no ponto P5, tanto na Fe, Ba e Mn no trecho urbano. Um aumento das
época de estiagem, quanto na de chuvas, além de dosagens dos elementos Cd, Cr, V, e Zn é
aumento na DBO, alcalinidade, fósforo, zinco, evidenciado a partir da zona urbana do trecho
cromo, ferro e sólidos em suspensão a jusante da investigado do rio, para jusante. Dentre estes,
zona urbana. apenas os valores para o Cd encontram-se acima
Foi observada oscilação significativa nos do valor de tolerabilidade estabelecido para a
valores das concentrações dos elementos classe 7 do CONAMA (1986) nas estações P8 e
analisados durante os períodos de estiagem (etapa P9. Grande parte dos valores das concentrações
I) e chuvoso (etapa II). Essas oscilações podem de Pb nas duas etapas de amostragem encontra-
ser decorrentes de um maior ou menor aporte, se acima do valor limite estabelecido pelo
ou diluição de poluentes de origem urbana. No CONAMA, com valores crescentes a partir do
entanto, alguns elementos tais como Zn, V e Fe trecho urbano.

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Guedes, J.A., Lima, R.F.S. & Souza, L.C., 2003, Distribui-

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