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VOLUME 2 – RELATÓRIO DO ESTUDO AMBIENTAL E

SOCIAL SIMPLIFICADO (EAS-S)


(DRAFT)

TETE
JULHO 2023
ADMINISTRAÇÃO DE INFRAESTRUTURAS DE ÁGUA E SANEAMENTO, INSTITUTO
PÚPLICO (AIAS, IP

OBRAS DE SANEAMENTO PRIORITÁRIAS EM QUELIMANE E TETE

TETE

VOLUME 2 – RELATÓRIO DO ESTUDO AMBIENTAL E SOCIAL SIMPLIFICADO (EAS-S)

(DRAFT)

Documento nº 40659-EA-TT02-ME-01(d) Data: 14/07/2023

Nome Função Assinatura

Chefe de Projeto
Elaborado Madalena Briz e Equipa Especialista Ambiental e Social

Verificado Inês Guerra Coordenação Geral

Aprovado António Amador Diretor do Departamento

Registo de Revisões:
Revisão Data Elaborado Verificado Aprovado Descrição
01 14/07/2023 MB e Equipa MB e IG ATA Revisão Após Comentários AIAS,IP.

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ESTUDO AMBIENTAL E SOCIAL SIMPLIFICADO – EAS-S
VOLUME 2 – RELATÓRIO DO ESTUDO AMBIENTAL E SOCIAL SIMPLIFICADO (EAS-S)
IM0211-0
ADMINISTRAÇÃO DE INFRAESTRUTURAS DE ÁGUA E SANEAMENTO, INSTITUTO
PÚPLICO (AIAS, IP

OBRAS DE SANEAMENTO PRIORITÁRIAS EM QUELIMANE E TETE

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ÍNDICE DE TEXTO

Pág.

1 INTRODUÇÃO ................................................................................................................................................. 1
1.1 CONSIDERAÇÕES GERAIS ........................................................................................................................................ 1
1.2 IDENTIFICAÇÃO E LOCALIZAÇÃO DO PROJECTO .................................................................................................. 1
1.3 OBJECTIVOS E ÂMBITO DOS ESTUDOS .................................................................................................................. 3
1.4 O PROPONENTE ......................................................................................................................................................... 5
1.5 O CONSULTOR DE AIA ............................................................................................................................................... 6

2 ENQUADRAMENTO LEGAL, INSTITUCIONAL E METODOLÓGICO ........................................................... 9


2.1 ENQUADRAMENTE LEGAL NACIONAL ..................................................................................................................... 9
2.2 POLITICAS DE SALVAGUARDA AMBIENTAL E SOCIAL DO BANCO MUNDIAL ................................................... 12
2.3 LACUNAS NO QUADRO LEGAL MOÇAMBICANO E NAS POLÍTICAS DE SALVAGUARDA DO BANCO
MUNDIAL .................................................................................................................................................................... 16
2.4 ENQUADRAMENTO INSTITUCIONAL ...................................................................................................................... 17
2.5 PROCESSO DE AIA ................................................................................................................................................... 18
2.6 PROCESSO DE PARTICIPAÇÃO PÚBLICA .............................................................................................................. 20
2.7 METODOLOGIA GERAL E ESTRUTURA DO EAS-S ................................................................................................ 24

3 PROJECTO DAS OBRAS DE SANEAMENTO PRIORITÁRIAS EM TETE.................................................. 29


3.1 CONTEXTO GERAL ................................................................................................................................................... 29
3.2 ENQUADRAMENTO DE TETE................................................................................................................................... 31
3.3 INTERVENÇÕES PREVISTAS................................................................................................................................... 32
3.3.1 Introdução................................................................................................................................................................ 32
3.3.2 Integração das Alterações Climáticas no Projecto .................................................................................................. 33

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3.3.3 Rede de Bombagem ............................................................................................................................................... 36
3.3.4 Desenho do Sistema de Esgotos ............................................................................................................................ 36
3.3.5 ETAR Margem Direita ............................................................................................................................................. 41
3.3.6 ETAR Margem Esquerda ........................................................................................................................................ 48
3.3.7 Instalações de laboratório ....................................................................................................................................... 51
3.3.8 Drenagem de águas Pluviais .................................................................................................................................. 52
3.3.9 Cronograma de Implementação do projecto ........................................................................................................... 54

4 CARACTERIZAÇÃO DA SITUAÇÃO AMBIENTAL E SOCIAL DE REFERÊNCIA ...................................... 55


4.1 CONSIDERAÇÕES PRÉVIAS .................................................................................................................................... 55
4.2 DEFINIÇÃO DE ÁREAS DE INFLUÊNCIA ................................................................................................................. 56
4.3 MEIO FISICO.............................................................................................................................................................. 58
4.3.1 CLIMA ..................................................................................................................................................................... 58
4.3.2 QUALIDADE DO AR ............................................................................................................................................... 62
4.3.3 RUÍDO ..................................................................................................................................................................... 63
4.3.4 GEOLOGIA E GEOMORFOLOGIA ......................................................................................................................... 64
4.3.5 SOLOS .................................................................................................................................................................... 70
4.3.6 RECURSOS HÍDRICOS ......................................................................................................................................... 72
4.4 MEIO BIOLÓGICO ..................................................................................................................................................... 80
4.4.1 Flora ........................................................................................................................................................................ 80
4.4.2 Fauna ...................................................................................................................................................................... 81
4.4.3 Áreas Protegidas e espécies de livros vermelhos ................................................................................................... 82
4.5 CONDIÇÕES SOCIOECONÓMICAS DE BASE NA ÁREA DO PROJECTO ............................................................. 82
4.5.1 Sistemas de Governação e de Organização Social e Comunitária ......................................................................... 82
4.5.2 População / Demografia .......................................................................................................................................... 84
4.5.3 Tipo de Habitação ................................................................................................................................................... 84
4.5.4 Actividades económicas e sistemas de subsistência da população........................................................................ 85
4.5.5 Perfil de Educação da População ........................................................................................................................... 87
4.5.6 Perfil de Saúde da População ................................................................................................................................. 88
4.5.7 Utilização e propriedade da terra ............................................................................................................................ 88
4.5.8 Padrões de cultivo e pastoreio ................................................................................................................................ 89
4.5.9 Vulnerabilidade das Partes Afetadas ...................................................................................................................... 90
4.5.10 Ambiente Sociocultural............................................................................................................................................ 91
4.5.11 Infra-estruturas ........................................................................................................................................................ 92
4.5.12 Ordenamento do Território / Planeamento Urbano ................................................................................................. 98
4.5.13 Ocupação Local e Actividades Praticadas .............................................................................................................. 98

5 IDENTIFICAÇÃO E AVALIAÇÃO DOS IMPACTOS AMBIENTAIS E SOCIAIS E MEDIDAS DE


MINIMIZAÇÃO ............................................................................................................................................. 101
5.1 CONSIDERAÇÕES PRÉVIAS ...................................................................................................................................101
5.2 METODOLOGIA E CRITÉRIOS DE AVALIAÇÃO DE IMPACTOS ...........................................................................101
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5.3 PRINCIPAIS ACTIVIDADES GERADORAS DE IMPACTOS ................................................................................... 104
5.4 LISTAGEM DOS POTENCIAIS IMPACTOS ............................................................................................................. 105
5.5 IMPACTOS NO MEIO FÍSICO .................................................................................................................................. 106
5.6 IMPACTOS NO MEIO BIÓTICO ............................................................................................................................... 134
5.7 IMPACTOS NO MEIO SOCIOECONÓMICO ............................................................................................................ 138
5.8 SÍNTESE DA AVALIAÇÃO DE IMPACTOS .............................................................................................................. 159
5.9 PLANO DE GESTÃO AMBIENTAL E SOCIAL (PGAS) ............................................................................................ 172

6 CONSIDERAÇÕES FINAIS ......................................................................................................................... 173


7 REFERENCIAS BIBLIOGRÁFICAS............................................................................................................ 175

ÍNDICE DE QUADROS

Pág.

Quadro 1.1 – Equipa Técnica ................................................................................................................................................ 6

Quadro 2.1 – Resumo do quadro jurídico nacional e relevância para o projecto .................................................................. 9

Quadro 2.2 - Resumo do Quadro de Políticas do Banco Mundial Aplicável ao Projecto ..................................................... 12

Quadro 2.3 - NAS- Normas Ambientais e Sociais ............................................................................................................... 14

Quadro 3.1 – Variação mensal do nível de água do rio Zambeze em Tete ......................................................................... 35

Quadro 3.2 – Comprimento dos Esgotos por DN (Sistema Convencional e Condominial).................................................. 41

Quadro 3.3 – Estimativa da Concentração de Águas Residuais e de Lamas Fecais por Fase de Tratamento ................... 43

Quadro 4.1 – Textura do Solo de Tete (%) .......................................................................................................................... 72

Quadro 4.2 - Unidades sanitárias, localização e número de camas .................................................................................... 93

Quadro 5.1 – Critérios de Avaliação Geral dos Impactos Ambientais e Sociais ................................................................ 102

Quadro 5.2 – Classificação de Impactos ........................................................................................................................... 103

Quadro 5.3 – Listagem dos Impactos Identificados para a Fase de Construção e Operação das Obras de
Saneamento em Tete .................................................................................................................................. 105

Quadro 5.4 - Distâncias Correspondentes a LAeq de 65 dB(A), 55 dB(A) e 45 dB(A) - Fase de Construção ................... 114

Quadro 5.5 – Padrões de CBO e SST nas Descargas de Águas Residuais no Meio Receptor ........................................ 129

Quadro 5.6 – Síntese dos Impactos Ambientais e Sociais e Medidas de Mitigação / Potenciação ................................... 160

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ÍNDICE DE FIGURAS

Pág.

Figura 1.1 – Bairros da Cidade de Tete ................................................................................................................................. 2

Figura 1.2 – Localização das Estações de Tratamento de Águas Residuais (ETARs) ......................................................... 3

Figura 2.1 – Procedimentos do Licenciamento Ambiental ................................................................................................... 18

Figura 2.2 – Processo de AIA: Projectos de Categoria B .................................................................................................... 19

Figura 2.3 – Reuniões com as Partes Interessadas e Afetadas .......................................................................................... 21

Figura 2.4 – Metodologia Geral do EAS-S e PGAS............................................................................................................. 27

Figura 3.1 - Zonas de Indundação de Tete (Fonte: HYDROPLAN) ..................................................................................... 34

Figura 3.2 – Variação do nível da água do rio Zambeze, em Tete ...................................................................................... 35

Figura 3.3 – Conceito de Esgoto previsto para Tete – Margem Direita ............................................................................... 39

Figura 3.4 – Conceito de Esgoto previsto para Tete – Margem Esquerda .......................................................................... 40

Figura 3.5 – Arranjo Geral da ETAR . Margem Direita ........................................................................................................ 45

Figura 3.6 –Diagrama de Fluxo do Processo – Margem Direita .......................................................................................... 46

Figura 3.7 –Esquema Proposto para a ETAR Margem Direita ............................................................................................ 47

Figura 3.8 – Arranjo Geral da ETAR . Margem Esquerda ................................................................................................... 49

Figura 3.9 –Diagrama de Fluxo do Processo – Margem esquerda ..................................................................................... 50

Figura 3.10 –Esquema Proposto para a ETAR Margem Esquerda ..................................................................................... 51

Figura 3.11 - Solução proposta para a Recolha de Águas Pluviais – Margem Direita ........................................................ 53

Figura 4.1 – Caracterização da Situação de Referência ..................................................................................................... 55

Figura 4.2 – Áreas de Influência do Projecto ....................................................................................................................... 57

Figura 4.3– Temperatura do Ar (Tete) (Fonte: COBA, 2011) .............................................................................................. 59

Figura 4.4 – Valores Mensais de Precipitação na Estação Metereológica de Tete (Fonte: COBA, 2011) .......................... 59

Figura 4.5 – Variação da Velocidade Média do Vento em Tete (Fonte: COBA, 2011) ........................................................ 60

Figura 4.6 – Estrada N7....................................................................................................................................................... 62

Figura 4.7 – Extracto da Carta Geomorfológica (escala 1: 2 000 000) ................................................................................ 65

Figura 4.8 – Enquadramento Geológico da Área de Estudo ............................................................................................... 67

Figura 4.9 – Extrato da Carta Hidrológica de Moçambique (escala 1:1 000 0000) ............................................................. 68

Figura 4.10 – Mapa Hidrogeológico do Vale de Nhartanda e áreas adjacentes () .............................................................. 69

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Figura 4.11 – Sismicidade da Região de Tete e envolvente ................................................................................................ 70

Figura 4.12 - Distribuição da Precipitação Anual Média de Moçambique (Fonte: FUNAE-FP)............................................ 73

Figura 4.13 – Extrato da Carta de Bacias Hidrográficas de Moçambique (Bacia Hidrográfica do rio Zambeze) ................. 74

Figura 4.14 – Caudais Médios Mensais em Tete ................................................................................................................. 76

Figura 4.15 – Caudais médios diários no Rio Zambeze em Caia ........................................................................................ 77

Figura 4.16 – Subsistemas de Abastecimento de Água da Cidade de Tete ........................................................................ 79

Figura 4.17 - Pontos Estudados para a Instalação ne Novas Captações ............................................................................ 80

Figura 4.18 - Aspecto geral da vegetação da área do projecto (MD-margem direita, ME- Margem esquerda, FA-
Floresta aberta, PPI-Pradaria Permanentemente inundada, AS- agricultura de subsistência) .................... 81

Figura 4.19 – Pirâmede etária típica da população da Cidade de Tete ............................................................................... 84

Figura 5.1 – Meio Hídrico Receptor – Rio Zambeze .......................................................................................................... 129

ÍNDICE DE FOTOGRAFIAS

Pág.

Fotografia 2.1 - Registo Fotográfico da Reunião de Consulta Pública – Cidade de Tete (27/04/2023)............................... 23

Fotografia 4.1 – Solos da Área Envolvente à proposta de localização da ETAR (Margem Direita) ..................................... 71

Fotografia 4.2 e Fotografia 4.3 – Rio Zambeze ................................................................................................................... 75

Fotografia 4.4 – Conselho Municipal da Cidade de Tete ..................................................................................................... 83

Fotografia 4.5 – Cidade de Tete e seu crescimento recente (Panorama da Urbe, Hotéis, Condomínios)........................... 85

Fotografia 4.6 – Panorama da MLT ..................................................................................................................................... 86

Fotografia 4.7 – Indústria de Extração de Carvão em Moatize ............................................................................................ 87

Fotografia 4.8 – Panorama de alguns hoteis de Tete (Park Inn; Vip Executive; Inter Tete) ................................................ 87

Fotografia 4.9 – Machambas na área de Estudo (esquerda) e comércio de produtos agrícolas (direita) ............................ 90

Fotografia 4.10 – Forte de São Tiago Maior ........................................................................................................................ 92

Fotografia 4.11 - Situação de saneamento nos bairros peri-urbanos de Tete ..................................................................... 93

Fotografia 4.12 – Paróquia do Matundo e Igreja Presbiteriana............................................................................................ 94

Fotografia 4.13 - Situação das vias no Chingodzi (rede Condominial – Margem Esquerda) ............................................... 95

Fotografia 4.14 – Infraestruturas Rodoviárias de Tete ......................................................................................................... 96

Fotografia 4.15 – Vista do edifício dos Correios de Moçambique, Delegação de Tete, com publicidade do Post Bus. ...... 97

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Fotografia 4.16 – Vista das três notáveis infrastruturas da Cidade de Tete: Aeroporto de Chingodzi e as Pontes
Samora Machel e Armando Emílio Guebuza, respectivamente. ................................................................... 97

Fotografia 4.17 – Casa localizada na área seleccionada para a ETAR da margem espquerda. ........................................ 99

Fotografia 4.18 - Imagem (parcial) da área onde será instalada a ETAR na margem esquerda (Chingodzi) ..................... 99

Fotografia 4.19 - Imagem (parcial) da área onde será instalada a ETAR na margem esquerda (Chingodzi) ..................... 99

ANEXOS

ANEXO I: CATEGORIZAÇÃO DO PROJECTO

ANEXO II: ANÁLISES LABORATORIAIS

ANEXO III: METAS QUALIDADE PARA APLICAÇÃO DE LAMAS PARA FINS AGRÍCOLAS

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LISTA DE ABREVIATURAS E ACRÓNIMOS

A&S - Ambientais e Sociais

ABR - Reactor Anaeróbico Baffled

ADM,IP - Aeroportos de Moçambique, Instituição Pública

AF - Filtro Anaeróbico

AIA - Avaliação do Impacto Ambiental

AIAS, IP - Administração de Infraestruturas de Água e Saneamento, Instituto Público (AIAS)

AID - Área de Influência Direta

AID - Associação Internacional de Desenvolvimento

AII - Área de Influência Indireta

ARA-Zambeze - Administração Regional de Águas do Zambeze

ASS - Ambiental, Saúde e Segurança

ASSS - Ambiental, Social, Saúde e Segurança

BM - Banco Mundial

BPII - Boas Práticas Industriais Internacionais

CBO - Carência Bioquímica de Oxigénio

CCAP - Projecto de Adaptação das Cidades Costeiras

CENOE - Centro Nacional Operativo de Emergência

CFI - Corporação Financeira Internacional

CMCT - Camara Municipal da Cidade de Tete

CoC - Código de Conduta

CQO - Carência Química de Oxigénio

CREC - Componente de Resposta de Emergência de Contingência

CTA - Confederação das Associações Económicas de Moçambique

DLP - Período de responsabilidade por defeitos (Defeitos Defect Liability Period)

DNAAS - Direcção Nacional de Abastecimento de Água e Saneamento

DPA - Documentos Padrão de Aquisição

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DPL - Documentos Padrão de Licitação

DST - Doenças Sexualmente Transmissiveis

DUAT - Direito de Utilização e Aquisição da Terra

EAS - Enquadramento Ambiental e Social

EDM,IP - Eletricidade de Moçambique, Instituição Pública

EIAS - Estudo de Impacto Ambiental e Social

EPDA - Estudo de Pré-Viabilidade Ambiental e Definição do Âmbito

“Environmental and Social Management Framework”


ESMF -
Quadro de Gestão Ambiental e Social

ETAR - Estação de Tratamento de Águas Residuais

ETLFs - Estação de Tratamento de Lamas Fecais

FIPAG - Fundo de Investimento e Detenção de Activos de Abastecimento de Água

FSM - “Field Service Management”

GBM - Grupo Banco Mundial

GdM - Governo de Moçambique

GF - Gestão Financeira

IBA - “Important Bird Areas” (Áreas Importantes para as Aves)

IF - Intermediários Financeiros

INE - Instituo Nacional de Estatística

INGC - Instituto Nacional de Gestão de Calamidades

IPCC - Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas

IUCN - International Union for Conservation of Nature

LC - “Least Concern” (Pouco Preocupante)

M&A - Monitorização e Avaliação

MAEFP - Ministério da Administração Estatal e Função Pública

MDM - Movimento Democrático de Moçambique

MITADER - Ministério da Terra , Ambiente E Desenvolvimento Rural

MOPHRH (MPWHWR) - Ministério das Obras Públicas, Habitação e Recursos Hídricos

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MRI - Mecanismo de Resposta Imediata

MRQ - Mecanismo de Resolução de Queixas

MTA - Ministério da Terra e Ambiente

NAS - Norma Ambiental e Social

ODS - Objectivos de Desenvolvimento Sustentável

OGP - Objectivo Global de Desenvolvimento do Projecto

OUA - Organização da Unidade Africana

PAR (RAP) - Plano de Acção de Reassentamento (Ressetlement Action Plan)

PE - População Equivalente (Population Equivalent)

PEAD - Polietileno de Alta Densidade

PEU - Plano de Estrutura Urbana

PGAS - Plano de Gestão Ambiental e Social

PIAs - Partes Interessadas e Afectadas

PO - Políticas Operacionais do IFC e do BM

PPP - Processo de Participação Pública

PQG - Plano Quinquenal do Governo

PSU-Moçambique - Projecto de Saneamento Urbano de Moçambique

RNT - Relatório Não Técnico

SPA - Serviço Provincial de Ambiente

SST - Sólidos Suspensos Totais

TdRs - Termos de Referência

TvM - Televisão de Moçambique

UTI - Unidade Técnica de Implementação (PIU – Project Implementing Unit)

VBG - Violência Baseada no Género

VU - Vunerável

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GLOSSÁRIO
Eliminação em condições de impermeabilidade e higiene (recipientes limpos e sempre com tampa
Deposição apropriada
fechada), se possível, em sacos de plástico ou papel, a fim de evitar a sua dispersão nas vias públicas.

Solo cujas características físicas, químicas ou biológicas tenham sido alteradas negativamente pela
presença de componentes de carácter perigoso de origem humana, numa concentração tal que
Solo Contaminado
represente um risco para a saúde humana ou para o ambiente, de acordo com critérios e normas
determinados pelo Governo.

Águas provenientes de instalações sanitárias, cozinhas e áreas de lavandaria que se caracterizam por
Águas residuais
conter quantidades apreciáveis de matéria orgânica, sendo facilmente biodegradáveis e mantendo uma
Domésticas
relativa constância das suas características ao longo do tempo.

Fluxo natural ou artificial de uma terra inundada que se desloca para a água de superfície receptora,
Drenagem
que se encontra em níveis mais baixos.

Águas residuais que, de qualquer tipo de actividade, são consideradas águas residuais domésticas ou
Efluente
águas residuais industriais.

Vários elementos que integram aspectos ambientais e sociais e cuja interacção permite o seu equilíbrio,
Componentes / Questões
incluindo ar, água, solo, subsolo, seres vivos e todas as condições socioeconómicas que afectam as
ambientais e sociais
comunidades; também são actualmente denominados recursos naturais.

Avaliação Ambiental e Procedimento preventivo de gestão ambiental que consiste na identificação, análise prévia, qualitativa e
Social quantitativa dos efeitos ambientais e sociais benéficos e prejudiciais de uma actividade proposta.

Estudo de Impacte Componente do processo de avaliação do impacto ambiental que analisa técnica e cientificamente as
Ambiental consequências da implementação de actividades de desenvolvimento sobre o ambiente.

Procedimento administrativo pelo qual a entidade responsável pela política ambiental verifica a
observância das condições legais e técnicas, licencia a localização, instalação, expansão e
Licenciamento Ambiental funcionamento de empresas e actividades que utilizam recursos naturais considerados eficazes ou
potencialmente poluentes, ou que, em qualquer circunstância, podem causar degradação e/ou
modificação ambiental, bem como as regras técnicas aplicáveis ao caso

Desprendimento da superfície do solo pela acção natural do vento ou da água, que é muitas vezes
Erosão
intensificada por práticas humanas de remoção da vegetação.

Mistura de sólidos e líquidos, constituída principalmente por excrementos e água em combinação com
fracções menores de areia, metais, resíduos e outros compostos químicos. O lodo fecal tem origem em
Lamas Fecais tecnologias de saneamento descentralizadas (latrinas e fossas) que não foram transportadas pela Rede
de Colectores. As lamas podem ser frescas ou parcialmente digeridas, viscosas ou semi-sólidas e
resultam da recolha e armazenamento/tratamento de excrementos ou águas residuais.

Alteração num recurso ou receptor que ocorra devido à implementação de um determinado projecto, ou
Impacto como resultado de uma actividade de projecto como, por exemplo, a limpeza da vegetação antes da
construção. Os impactos podem ser positivos ou negativos.

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Águas provenientes de actividades industriais ou similares que se caracterizam por conter diferentes
Águas residuais
compostos físicos e químicos, dependendo do tipo de processamento industrial, e que geralmente
industriais
apresentam uma grande variabilidade nas suas características ao longo do tempo.

Impacto Negativo Uma mudança indesejável no ambiente ou a introdução de um factor prejudicial.

Deposição de substâncias ou resíduos no ambiente independentemente da sua forma, bem como a


Poluição emissão de luz, som e outras formas de energia, de tal forma e em tal quantidade que a afecte
negativamente.

Impacto Positivo Uma melhoria do ambiente ou a introdução de um factor desejável.

Proponente/ Dono de Entidade individual ou colectiva, pública ou privada, que apresenta um pedido de autorização ou
Obra licenciamento de um projecto.

Curso de água ou corpo de água em que é descarregado o efluente final do sistema público de esgotos
Ambiente receptor
e drenagem. Nas condições estabelecidas nesta Postura, esta definição é alargada ao solo.

Substâncias ou objectos que o detentor dispõe ou tem a intenção ou obrigação de eliminar, que
contenham características de risco por serem inflamáveis, explosivas, corrosivas, tóxicas, infecciosas
Resíduos
ou radioactivas ou por apresentarem qualquer outra característica que constitua um perigo para a vida
ou para a saúde das pessoas e para o ambiente.

Todos os procedimentos viáveis para assegurar uma gestão de resíduos ambientalmente segura,
sustentável e racional, tendo em conta a necessidade de redução, reciclagem e reutilização de resíduos,
Gestão de resíduos incluindo a separação, recolha, transporte, armazenamento, tratamento, recuperação e eliminação de
resíduos e o cuidado posterior dos locais de eliminação de forma a proteger a saúde humana e o
ambiente contra os efeitos adversos que possam resultar de tais resíduos.

Águas resultantes da actividade humana decorrentes da necessidade de transportar resíduos


Águas residuais domésticos, comerciais, industriais e outros na utilização de água para fins higiénicos, recreativos e/ou
resultantes de eventos de precipitação.

Áreas inundadas ou inundadas com água, que podem ser permanentes ou sazonais. As zonas húmidas
Zonas húmidas incluem pântanos, pântanos, lagos, rios e pântanos. As zonas húmidas costeiras incluem estuários com
os seus pântanos e lodaçais, manguezais, sistemas lagunares e até recifes de coral.

ETA - Estação de Infra-estrutura para o tratamento da água recolhida de qualquer fonte para torná-la adequada ao
Tratamento de Água consumo, seja de abastecimento público ou outro tipo de consumo (industrial, agrícola, etc.).

ETAR - Estação de Infra-estruturas que tratam águas residuais domésticas ou industriais, para depois serem drenadas para
Tratamento de Águas o mar ou rio com um nível aceitável de poluição através de um emissário, de acordo com a legislação
Residuais em vigor para o ambiente receptor.

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ESTUDO AMBIENTAL E SOCIAL SIMPLIFICADO – EAS-S
VOLUME 2 – RELATÓRIO DO ESTUDO AMBIENTAL E SOCIAL SIMPLIFICADO (EAS-S)
1 INTRODUÇÃO

1.1 CONSIDERAÇÕES GERAIS


O presente documento constitui a versão “draft” do Relatório do Estudo Ambiental e Social Simplificado (EAS-S), relativo
às Obras Prioritárias de Saneamento em Tete, em Moçambique, onde se apresentam os estudos realizados nesta fase,
no âmbito do Processo de Avaliação de Impacto Ambiental, visando o licenciamento ambiental do projecto. Este relatório é
composto pelos seguintes volumes:

▪ Volume 1 – Resumo Não Técnico (RNT)


▪ Volume 2 – Relatório do Estudo Ambiental e Social Simplificado (EAS-S)
▪ Volume 3 – Plano de Gestão Ambiental e Social (PGAS)
▪ Volume 4 – Escopo do Plano de Acção de Reassentamento
▪ Volume 5 – Relatório do Processo de Participação Pública1
Estes estudos ambientais foram adjudicados pela Administração de Infra-Estruturas de Água e Saneamento, Instituto
Instituto Público (AIAS, IP), como proponente do projecto, à COBA, Consultores de Engenharia e Ambiente, S.A. uma
empresa registada pelo Ministério da Terra e Ambiente (MTA), como consultor ambiental, para o licenciamento ambiental
deste projecto.

De acordo com a legislação Moçambicana o licenciamento ambiental, da competência do MTA, deve ser baseado no
Processo de Avaliação de Impacto Ambiental e antecede qualquer outra licença legalmente exigida para a actividade. De
acordo com o Regulamento sobre o Processo de Avaliação de Impacto Ambiental (AIA), regido pelo Decreto n.º 54/2015,
de 31 de Dezembro), o Projeto das Obras Prioritárias de Saneamento para a Cidade de Tete foi categorizado pelo Serviço
Provincial de Ambiente (SPA) em “Categoria B” (Refª 953/SPA/DA/2022) pelo que o Processo de Avaliação de Impacto
Ambiental, envolveu, numa primeira fase, a realização de Termos de Referência (TDR’s) para o presente Estudo
Ambiental e Social Simplificado (EAS-S).

1.2 IDENTIFICAÇÃO E LOCALIZAÇÃO DO PROJECTO


As Obras de Saneamento Prioritárias em Tete localizar-se-ão na cidade de Tete, capital da província de Tete, em
Moçambique.

As ETARs e respetivas condutas associadas serão implantadas no Bairro de Francisco Manyanga (Unidade Chingale) e no
Bairro Chingodzi, na margem direita e esquerda, respetivamente, da Cidade de Tete.

1 Este documento só será apresentado na versão final, após a Consulta Pública.


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VOLUME 2 – RELATÓRIO DO ESTUDO AMBIENTAL E SOCIAL SIMPLIFICADO (EAS-S)
Figura 1.1 – Bairros da Cidade de Tete

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VOLUME 2 – RELATÓRIO DO ESTUDO AMBIENTAL E SOCIAL SIMPLIFICADO (EAS-S)
Figura 1.2 – Localização das Estações de Tratamento de Águas Residuais (ETARs)

As áreas prioritárias a serem beneficiadas na Margem direita têm uma área de 133 ha e estão a servir 13791 capita em
2030. Para a Margem Esquerda, os esgotos condominiais têm uma área de 9,09 ha, servindo 450 capita. Na Margem Direita,
serão recebidos 43 m³/d de lamas fecais correspondente a 2268 PE, e na Margem Esquerda, 39 m³/d de lamas fecais
correspondente a 2033 PE.

1.3 OBJECTIVOS E ÂMBITO DOS ESTUDOS


O Licenciamento Ambiental do Projeto das Obras Prioritárias de Saneamento para a Cidade de Tete, constitui o
principal objectivo subjacente aos estudos propostos, visando não só o seu enquadramento legal, como também contribuir
para o desenvolvimento de um projecto sustentável, de acordo com o procedimento legal moçambicano e as directrizes
Políticas de Salvaguarda estabelecidas pelo Banco Mundial a este respeito.

Assim, os estudos ambientais em desenvolvimento, visam a avaliação ambiental e social dos impactos que poderão estar
associados ao presente projecto, atendendo às actuais condições de saneamento em Tete, para que seja assegurada a sua
licença ambiental e, consequentemente que permita o arranque da fase de construção, de acordo com os seguintes
objectivos:

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a) Cumprir os procedimentos legais e da legislação em vigor, particularmente em relação ao Licenciamento Ambiental, o
que significa que tem de ser realizado um EIA, de acordo com o Decreto n.º 54/2015 de 31 de Dezembro, e de acordo
com os requisitos ambientais e sociais do BM;
b) Cumprir os requisitos legais, nomeadamente no que respeita ao Licenciamento Ambiental, dado que se trata de um
projecto classificado como Categoria B (de acordo com o Regulamento sobre o Processo de Avaliação de Impacto
Ambiental (AIA), regido pelo Decreto n.º 54/2015, de 31 de Dezembro);
c) Analisar e avaliar os componentes do projecto, nomeadamente, a Rede de Esgotos, a Estação de Bombagem, as
Estações de Tratamento de Águas Residuais (ETAR’s) e drenagem pluvial, de um ponto de vista ambiental e social, a
fim de contribuir técnica, económica e ambientalmente para a selecção das melhores soluções;
d) Descrever a situação ambiental e socioeconómica da área de influência do projecto, com base nos vários factores
ambientais, a região onde o projecto será implantado, estabelecendo um quadro de diagnóstico ambiental que
descreva a sua situação actual, recorrendo, se necessário, a medições para complementar a informação disponível
sobre águas superficiais e subterrâneas e solos;
e) Determinar e avaliar as condições ambientais e potenciais impactos significativos relacionados com as actividades de
construção e operação do projecto, relativamente às suas áreas de intervenção directa e indirecta;
f) Formular medidas de controlo de impactos que contribuam para um melhor projecto, optimizando os seus benefícios;
g) Produzir e editar os documentos que, de acordo com a lei vigente e demais padrões internacionais no contexto dos
estudos ambientais propostos, designadamente o Relatório do Estudo Ambiental e Social Simplificado, o Plano de
Gestão Ambiental e Social e o Resumo não Técnico, para apresentação à SPA e MTA, complementando com
eventuais comentários e sugestões do Processo de Participação Pública;
h) Prestar o apoio técnico, ou seja, todos os esclarecimentos entendidos como necessários à apreciação dos documentos
produzidos no âmbito deste processo (TDR’s, EAS-S e PGAS) pela SPA / MTA;
i) Desenvolver o Escopo do Plano de Acção de Reassentamento.
Sublinha-se o cumprimento das orientações da Política Operacional do Banco Mundial de Avaliação Ambiental (OP/BP 4.01),
não só na determinação prévia dos aspectos mais críticos e sensíveis (enquadrados ns TDR’s) como na orientação da
avaliação de impactos potenciais das intervenções do Projecto, incluindo-se impactos directos, indirectos e cumulativos,
com vista a subsidiar a definição de medidas mitigadoras e planos de acção específicos. Consideração ainda de outras
políticas de salvaguardas, assegurando a preparação e implantação dos instrumentos de avaliação ambiental requeridos.
Cabe ainda salientar que OP 4.01 estabelece, nesses casos, a necessidade envolvimento das Partes Interessadas, assim
como de um procedimento de consulta pública.

Por forma a cumprir estes objectivos, os estudos ambientais que integram a presente análise têm um carácter activo, tanto
na análise da componente ambiental, promovendo a salvaguarda dos valores ambientais e sociais, como no processo de
avaliação do projecto (nas suas várias componentes), visando também contribuir para a maximização dos benefícios da
operação das infraestruturas de saneamento previstas para Tete, nomeadamente promovendo a sua integração no ambiente
local em que será implantado.

Neste contexto, os estudos ambientais incidiram sobre o Projecto de Execução das Obras de Saneamento Prioritárias
em Tete, projecto este elaborado pela empresa HIDROPLAN (cuja última versão do projecto (R5) data de Junho 2023).

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O principal objectivo deste estudo enquadra-se assim na obtenção da Licença ambiental, emitida pelo MTA, de acordo com
o estipulado no Artigo 20 do Regulamento sobre o Processo de Avaliação de Impacto Ambiental, aprovado pelo Decreto
nº.54/2015 de 31 de Dezembro.

Considerando a natureza do projecto, os estudos ambientais e sociais orientam-se pelos seguintes princípios básicos:

▪ Abordagem integrada centrada no desenvolvimento humano, melhoria das condições ambientais e saneamento básico
na cidade de Tete;
▪ Valorização do capital social e redução da pobreza urbana;
▪ Participação / envolvimento comunitário com as partes interessadas: governo, organizações comunitárias,
associações, sociedade civil e cidadãos em geral;
▪ Reforço das iniciativas associativas locais, a fim de dar a conhecer e discutir os projectos e a sua importância.
Por forma a cumprir estes objectivos, os estudos ambientais que integram a presente fase têm um carácter activo, tanto na
análise da componente ambiental no processo de avaliação do projecto, como nas várias etapas de concepção, nas suas
diversas vertentes, visando também contribuir para a maximização dos benefícios do Projecto, nomeadamente promovendo
a integração do projecto na região onde será implementado.

1.4 O PROPONENTE
O proponente do empreendimento é a Administração de Infra-Estruturas de Água e Saneamento, Instituto Público
(AIAS, IP), pertencente ao Ministério das Obras Públicas, Habitação e Recursos Hídricos (MOPHRH).

A AIAS, IP tem a função de desenvolver infra-estruturas secundárias de abastecimento de água, mobilizar recursos
financeiros e assegurar a gestão delegada de sistemas de abastecimento de água para cidades secundárias e saneamento
(drenagem de águas residuais e águas pluviais) em todas as cidades do país.

A nível local, é também importante mencionar o Município de Tete, pois o mesmo faz parte da UTI o qual estará directamente
envolvido neste projecto.

Município de Tete

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1.5 O CONSULTOR DE AIA
O consultor responsável pelo licenciamento ambiental é a COBA, Consultores de Engenharia e Ambiente S.A, sedeada
na Rua dos Desportistas Nº 733, Ed. Jat-VI City Mall, 1º Andar, Escritório nº 55, Maputo. Moçambique.

A COBA possui o Certificado de Consultor de AIA, emitido pelo MTA, estando pois devidamente credenciada para exercer
funções de Consultor em Avaliação do Impacto Ambiental em Moçambique, de acordo com o Artigo 21 do Decreto nº.
45/2004, de 29 de Setembro.

Para a realização dos estudos ambientais em apreço foi reunida a seguinte equipa de coordenação e de especialistas de
apoio:

Quadro 1.1 – Equipa Técnica

NOME FUNÇÃO/RESPONSABILIDADE
Madalena Briz Chefe de Projeto
Filipa Duarte Hidrologista
Francisco Mbebe Especialista Social / Participação Pública
Sérgio Pene Especialista em Segurança e Saúde Ocupacional
Ana Braga Especialista em Qualidade da Água
Valério Mcandza Biólogo / Ecologista
Amino Ussene Naran Especialista em Ruído, Vibrações e Qualidade do Ar
Luís Zêzero Especialista em GIS
EQUIPA DE SUPORTE
Inês Guerra Coordenadora Geral
Diogo Janeiro Técnico de Ambiente – Apoio Aspectos Biofísicos
Tatiana Fonseca Engenheira Sanitária
Cristina Simões Especialista Social
António Morgado Geólogo/Engenheiro Geotécnico

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NOME FUNÇÃO/RESPONSABILIDADE
Brian Cunhaa Assistente em Ruído, Vibrações e Qualidade do Ar
Eva Catine Bióloga
Amândio Maposse Facilitador social / Apoio Local

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2 ENQUADRAMENTO LEGAL, INSTITUCIONAL E METODOLÓGICO

2.1 ENQUADRAMENTE LEGAL NACIONAL


Os Estudos Ambientais estão em conformidade com o Decreto nº. 54/2015, de 31 de Dezembro, que define "as acções a
desenvolver pelo proponente, visando gerir os impactos negativos e potenciar os positivos resultantes da implementação,
da actividade por ele proposta, elaborada no âmbito da Avaliação de Impacto Ambiental", seguindo também as directrizes
das Políticas Operacionais do Banco Mundial nesta área - PO 4.01, Avaliação Ambiental, bem como as directrizes
específicas do Sector da Água e Saneamento (Directrizes Ambientais, de Saúde e Segurança para a Água e Saneamento),
directrizes que devem ser seguidas no Projecto, principalmente nas fases de construção e operação.

Tal como já referido, no âmbito da pré-avaliação / categorização do projecto este foi categorizado como sendo de Categoria
B. Assim, e de acordo com o referido Decreto, foi necessário desenvolver os Termos de Referência (ToR’s) para o Estudo
Ambiental e Social Simpificado e para o Plano de Gestão Ambiental e Social (PGAS).

É também importante assegurar o cumprimento da legislação e regulamentos em vigor, nomeadamente o Decreto n.º.
30/2003 de 1 de Julho, que aprova o Regulamento Geral dos Sistemas Públicos de Distribuição de Água e de Drenagem de
Águas Residuais, e o Decreto n.º. 15/2004, de 15 de Julho, que aprova o Regulamento Geral dos Sistemas Públicos de
Distribuição de Água e de Saneamento de Águas Residuais.

O quadro seguinte sintetiza as disposições legais relevantes para o Projecto e a sua conformidade.

Quadro 2.1 – Resumo do quadro jurídico nacional e relevância para o projecto

Instrumento Normativo Relevância Conformidade


A Lei fornece os princípios
fundamentais sobre avaliação
ambiental, assim como define as O projecto cumpre a Lei, através da preparação
bases legais para uma correcta de uma Avaliação de Impacto Ambiental e
Lei-quadro do ambiente - Lei 20/97, de 1 de
utilização e gestão do ambiente e Social (AIAS), PGAS e Plano de Acção de
Outubro
dos seus componentes, a fim de Reassentamento (PAR) para apresentação e
materializar um sistema de aprovação pelo MTA.
desenvolvimento sustentável no
país.
Decreto nº. 54/2015, de 31 de Dezembro - Os estudos ambientais, incluindo o PAR (RAP),
Regulamento sobre o Processo de As actividades a empreender, o estão a ser preparados em conformidade com
Avaliação de Impacte Ambiental âmbito do projecto de saneamento as disposições do Regulamento AIAS, para a
Diploma Ministerial nº 129/2006, de 19 de prioritário de Tete são susceptíveis categoria B, uma vez que o projecto de Tete foi
Julho de 2006 - Directiva Geral para a de desencadear impactos sociais classificado nessa categoria..
Elaboração de Estudos de Impacto que requerem uma EAS-S, e um
Ambiental PGAS associado, a ser preparada
Diploma Ministerial nº 130/2006, de 19 de de acordo com os regulamentos da
Julho de 2006 - Directiva Geral de Avaliação de Impacto Ambiental
Participação do Público no Processo de (AIA).
Avaliação de Impacto Ambiental O projecto envolverá também
Decreto nº 31/2012, de 8 de Agosto, aprova compensações económicas na fase
o Regulamento sobre o Processo de de construção, exigindo que seja
Reassentamento Resultante das preparado um Plano de Acção de
Actividades Económicas Reassentamento (PAR) para
Decreto nº 25/2011, de 15 de Junho - O abordar os interesses das pessoas
Regulamento sobre o Processo de Auditoria afectadas pelo projecto.
Ambiental define as auditorias ambientais
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Instrumento Normativo Relevância Conformidade
como um instrumento de gestão e avaliação
sistemática, documental e objectiva da
função e organização para o controlo e
protecção do ambiente;
Decreto nº. 11/2006, de 15 de Junho -
Aprova o Regulamento de Inspecção
Ambiental, que tem como objectivo
regulamentar a actividade de supervisão,
controlo e inspecção do cumprimento das
normas de protecção ambiental a nível
nacional.
A Lei inclui disposições relativas à O projecto irá cumprir as disposições desta Lei,
segurança e protecção dos assegurando que todos os trabalhadores
trabalhadores que serão recrutados envolvidos nas actividades do projecto estejam
por prestadores de serviços devidamente equipados e formados para
Lei n.º 23/2007, 1 de Agosto - Direito do
envolvidos no projecto e por desempenhar as suas tarefas, e que os
Trabalho
funcionários do Governo. A Lei inclui prestadores de serviços, incluindo os
disposições em matéria de higiene, empreiteiros, recebam formação em saúde e
segurança e saúde dos segurança no trabalho antes da execução dos
trabalhadores. trabalhos do projecto.
Aplica-se aos trabalhadores
nacionais e estrangeiros, e o seu Nas fases de construção e operação, os
Decreto nº 62/2013, de 4 de Dezembro, Artigo 5 estipula que o empregador empregadores são obrigados a cumprir e fazer
sobre o Regime Jurídico dos Acidentes de deve adoptar as medidas prescritas cumprir as estipulações do regime legal,
Trabalho e Doenças Profissionais. nas leis e regulamentos relativos à actuando preventivamente para mitigar
prevenção de acidentes de trabalho acidentes de trabalho e doenças profissionais.
e doenças profissionais
Os programas de controlo de risco defendidos
A presença de trabalhadores no âmbito dos Estudos Ambientais devem
Lei n.º 29/2009, de 29 de Setembro de 2009 maioritariamente masculinos pode também incluir a sensibilização para evitar
- Lei sobre a Violência Doméstica desencadear casos de violência eventuais acções de violência contra mulheres
baseada no género. e crianças, bem como outros que circulam
perto do projecto.
Tanto na fase de construção como Os Estudos Ambientais incluem um
na de operação, podem surgir mecanismo de resolução de queixas (MRQ),
Lei nº 24/2007 de 20 de Agosto - Lei conflitos decorrentes da que inclui os tribunais judiciais como último
Orgânica dos Tribunais Judiciais implementação do PAR (RAP) e de recurso para a resolução de litígios que
outras questões relacionadas com a possam surgir da construção da rede de
própria operação da rede. esgotos.
Lei nº 19/97, de 1 de Outubro - Lei de Terras Os investimentos na construção de
ETAR's e rede de esgotos de Tete
O projecto respeita as disposições destes
Diploma Ministerial n.º 181/2010 de 1 de irão necessitar a adquisição de
diplomas legais, tal como virá estabelecido no
Novembro de 2010 que aprova a Directiva terrenos e mudar a propriedade da
EAS-S, no Escopo do Plano de Acção de
relativa ao processo de expropriação para terra, e irão condicionar o acesso a
Reassentamento e no PAR (RAP).
fins de ordenamento do território casas, serviços e circulação
rodoviária.
O funcionamento do sistema
Lei nº 16/91 de 3 de Agosto - Lei da Água envolve a descarga de esgotos nas
novas ETAR's. Um rigoroso programa de monitorização da
Decreto nº 30/2003, de 1 de Julho - qualidade da água será implementado na fase
Regulamento Público sobre Distribuição de de funcionamento das ETARs para assegurar
Água e Drenagem de Águas Residuais Os esgotos serão descarregados que as descargas cumprem a legislação
Decreto nº 18/2004, de 2 de Junho, alterado nas novas ETAR's para tratamento. nacional.
pelo Decreto nº 67/2010, de 31 de
Dezembro - Regulamento sobre Normas de

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Instrumento Normativo Relevância Conformidade
Qualidade Ambiental e Emissões de
Efluentes
Os estudos ambientais incluem procedimentos
As fases de construção e de
de documentação em caso de descoberta
funcionamento do projecto
arqueológica deste tipo. A Agência Nacional
Lei nº 10/88, de 22 de Dezembro - Lei do envolvem trabalhos de escavação e
responsável pelo património nacional e
Património Cultural de limpeza da vegetação, o que
conservação será notificada e fornecerá
pode resultar em descobertas
orientações sobre a forma como os achados
arqueológicas.
sensíveis devem ser tratados.
Este decreto fornece orientações
sobre o planeamento e utilização de
terrenos urbanos, e o zonamento de
Decreto nº 60/2006 de 26 de Dezembro - O projecto deve cumprir este regulamento, com
terrenos pelas autoridades
estabelece o Regulamento sobre o Uso do destaque para a eventual necessidade de
municipais, bem como os
Solo Urbano aquisição de terrenos para as ETAR’s.
procedimentos para a sua aquisição
para desenvolvimento pelo
proponente.
A Lei tem o objectivo a utilização
racional e sustentável dos recursos
naturais, a preservação do equilíbrio
ambiental; a promoção da coesão
nacional, a valorização dos
diferentes potenciais de cada
região, a promoção da qualidade de
O projecto está a ser desenvolvido de acordo
Lei n.º 19/2007, de 18 de Julho - Lei de vida dos cidadãos, o equilíbrio entre
com estes pressupostos e os estudos
Ordenamento do Território a qualidade de vida nas zonas rurais
ambientais reforçam estes objectivos.
e urbanas, a melhoria das
condições de habitação, das
infraestruturas e dos sistemas
urbanos e a segurança das
populações vulneráveis a
catástrofes naturais ou provocadas
pelo homem, sejam alcançados.
Este decreto refere-se a questões
de conservação dentro e fora das
áreas de conservação. A revisão de
2017 abrange a conservação dos
recursos naturais e da
Decreto nº.16/2014, revisto pelo Decreto biodiversidade dentro e fora do Os estudos ambientais apresentam
n.º. 89/2017 - A Lei e Regulamento sobre sistema de áreas de conservação e recomendações para mitigar os efeitos do
Conservação e Biodiversidade introduz mecanismos de pagamento projeto no meio biótico.
por reservas geridas de carbono e
perdas líquidas de biodiversidade,
bem como processos criminais
contra os infractores que danifiquem
os recursos naturais protegidos
Este diploma estabelece os
princípios básicos de
funcionamento da Comissão
Diploma Ministerial nº. 155/2014, de 19 de Técnica de Acompanhamento e
Setembro Supervisão do processo de O PAR (RAP) deverá respeitar as disposições
reassentamento resultante de destes diplomas legais
actividades económicas em
território nacional;
Diploma Ministerial n.º 156/2014, de 19 de Esta Directiva Técnica estabelece o
Setembro Processo de Preparação e
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Instrumento Normativo Relevância Conformidade
Implementação de Planos de
Reassentamento;
Os resíduos gerados durante a fase
Decreto nº 94/2014, de 31 de Dezembro -
de reabilitação da rede devem ser
aprova o Regulamento sobre Gestão de
geridos em conformidade com este No âmbito dos Estudos Ambientais são
Resíduos Sólidos Urbanos
decreto. descritas recomendações sobre
Em caso de haver produção de procedimentos para a gestão de resíduos
Decreto nº. 83/2014, de 31 de Dezembro -
resíduos perigosos, os mesmos durante a fase de construção e exploração.
Aprova o Regulamento de Gestão de
devem ser geridos em conformidade
Resíduos Perigosos
com este decreto.
O lixo bio-médico produzido no
posto médico, que estará em
Decreto 08/2003 de 01 de Outubro Aprova funcionamento durante a fase de
o Regulamento sobre a Gestao de Lixos obra, deve ser gerido segundo as
Bio-Medicos recomendações deste decreto, com
vista a minimizar os impactes destes
resíduos no ambiente.

2.2 POLITICAS DE SALVAGUARDA AMBIENTAL E SOCIAL DO BANCO MUNDIAL


O Projecto de Saneamento Urbano tem o potencial de desencadear a maioria das políticas de salvaguarda do Banco Mundial
devido à natureza e objectivos estabelecidos, particularmente no que diz respeito a investimentos em infra-estruturas e
serviços de saneamento urbano, que são susceptíveis de causar certos efeitos sociais e ambientais negativos.

A avaliação inicial do projecto indica que as actividades planeadas podem desencadear as seguintes Políticas Operacionais
do Banco Mundial (detalhadas no Quadro 2.2): (i) Avaliação Ambiental (PO 4.01), Recursos Culturais Físicos (PO 4.11),
Repovoamento Involuntário (PO 4.12), Habitats Naturais (PO 4. 04), e Projectos em Vias Navegáveis Internacionais
(PO/BP 7.50).

As Políticas Operacionais de Salvaguardas Ambientais e Sociais do Banco Mundial, bem como as Directrizes de Ambiente,
Saúde e Segurança (ASS) do Grupo Banco Mundial (GBM), são ferramentas chave para o apoio do mutuário.

Quadro 2.2 - Resumo do Quadro de Políticas do Banco Mundial Aplicável ao Projecto

Políticas de Salvaguardas Ambientais e Sociais do Banco Mundial


Politica Relevância para o Projecto
PO 4.01 - AvaliaçãoApesar de terem sobretudo impactos positivos, as ETAR's e obras de esgotos podem causar
Ambiental impactos negativos. A Avaliação Ambiental especifica a análise preliminar dos potenciais impactos
dos investimentos propostos no sistema, incluindo os impactos directos, indirectos e cumulativos;
e a comparação com as alternativas "com e sem" o Projecto. Também prevê a definição de medidas
mitigadoras para prevenir, mitigar, minimizar ou compensar os efeitos negativos, bem como os
instrumentos mais apropriados para esta actividade. Inclui também a avaliação da capacidade
institucional dos executores para a gestão do conjunto de medidas propostas. Além disso, as
salvaguardas ambientais do PO 4.01 estabelecem a necessidade de consulta pública.
PO 4.04 - Habitats Esta política reconhece que a preservação dos habitats naturais é essencial para proteger a
Naturais biodiversidade; para preservar serviços e produtos ambientais para a sociedade humana e para o
desenvolvimento sustentável a longo prazo. Tanto o ESMF, o EAS-S e o PGAS incluem disposições
detalhadas para abordar a prevenção da poluição e os requisitos da Política de Habitats Naturais.
PO 4.11 - Recursos Embora esta seja uma área onde predominam as actividades económicas, a natureza e o âmbito
Culturais Físicos das actividades propostas sugerem o desencadeamento do PO 4.11 para assegurar que quaisquer
recursos culturais sejam identificados e geridos adequadamente. Isto inclui critérios de pesquisa

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ESTUDO AMBIENTAL E SOCIAL SIMPLIFICADO – EAS-S
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Políticas de Salvaguardas Ambientais e Sociais do Banco Mundial
para assegurar que as actividades propostas não perturbem ou afectem os recursos culturais
físicos. Se a identificação ocorrer durante a fase de construção, será aplicado o procedimento de
"salvamento aleatório" estabelecido no respectivo quadro conceptual.
PO 4.12 - Repovoamento O projecto financiará actividades que exigirão a aquisição de terras e perda de (ou perda de acesso
Involuntário a) bens, meios de subsistência ou recursos. O projecto desencadeia, portanto, a política de
salvaguardas do Banco Mundial sobre reassentamento involuntário (PO/BP 4.12), uma vez que
haverá interferência com actividades e serviços comerciais.
PO 7.50 Projectos sobre Esta política é desencadeada nas obras de Tete porque os seus territórios são banhados pela bacia
Internacional do rio Zambeze, onde os efluentes serão descarregados.
Vias navegáveis
ISO 45001, OSHA1926, O objectivo é assegurar que todas as partes que empregam trabalhadores no Projecto desenvolvam
e a directiva ILO e implementem procedimentos específicos para manter um Ambiente de Trabalho Seguro,
assegurando que todo o equipamento de trabalho sob a sua responsabilidade é seguro e sem riscos
para a saúde, através da utilização de medidas de protecção adequadas no que respeita a
substâncias e agentes físicos, químicos e biológicos.
Directrizes para o As orientações sobre Ambiente, Segurança e Saúde (ASS) do Banco Mundial (BM), foram
Ambiente, Segurança e estabelecidas com o objectivo de antecipar e evitar impactos adversos na saúde ocupacional,
Saúde (ASS) do Banco segurança e ambiente, incluindo a segurança comunitária das áreas afectadas pelo projecto
Mundial (BM) durante o ciclo de implementação do projecto.
As directrizes ASS específicas do sector para Água e Saneamento são relevantes para este sub-
projecto porque incluem informação relevante para a operação e manutenção da recolha de
esgotos em sistemas centralizados (tais como redes de recolha de esgotos canalizados) ou
sistemas descentralizados (tais como fossas sépticas posteriormente servidas por camiões bomba)
e tratamento de esgotos recolhidos em instalações centralizadas. Além disso, as directrizes gerais
ASS são também aplicáveis ao sub-projecto.
Têm essencialmente como objectivo fazer o seguinte:
▪ Assegurar a qualidade e segurança na concepção e construção das infra-estruturas a serem
desenvolvidas pelo projecto, prevenindo e minimizando potenciais riscos e impactos para a
saúde e para os trabalhadores e a comunidade;
▪ Para evitar ou minimizar a exposição dos trabalhadores e da comunidade aos riscos de
catástrofes, segurança no trânsito, doenças e materiais perigosos associados às actividades
do Projecto;
▪ Assegurar que os instrumentos Ambientais e Sociais (A&S) minimizem os riscos para os
trabalhadores e comunidades, de acordo com as normas estabelecidas; e,
▪ Preparar medidas eficazes para lidar com eventos de emergência, sejam eles de origem
humana ou natural, relacionados ou não com as alterações climáticas.
Mecanismo de Para este sub-projecto, a AIAS, IP, o engenheiro supervisor e o empreiteiro assegurarão que todas
Resolução de queixa as queixas serão comunicadas e registadas pelo representante nomeado do empreiteiro no livro
(MRQ) diário do sítio imediatamente após a sua recepção, incluindo detalhes do queixoso, tentativas de
resolver a queixa, a resolução da queixa e o seu resultado.
VBG (Violência Baseada A s políticas relacionadas com "Influxo de Trabalho” e MRQ (Mecanismo de Resolução de Queixas)
no Género) e Influxo de devem ser devidamente tidos em conta na implementação do projecto (considerado por ambos,
trabalho pelo seu promotor e pelos contratantes e supervisão).
O objectivo destas políticas é pois prevenir e mitigar danos indevidos às pessoas e ao seu ambiente no processo de
desenvolvimento. Estas políticas fornecem directrizes para bancos, mutuários e respectivas equipas na identificação,
concepção e execução de programas e projectos. A eficácia do desenvolvimento e o impacto dos projectos e programas
apoiados pelo Banco aumentaram substancialmente como resultado da atenção prestada a estas políticas, nomeadamente
através de uma intervenção integrada com as populações locais.

Por outro lado, o Quadro Ambiental e Social (EAS) reforça o compromisso do Banco Mundial com o desenvolvimento
sustentável através de dez Normas Ambientais e Sociais (NAS) concebidas para apoiar a gestão dos riscos ambientais e
sociais dos Mutuários e para estabelecer as normas que o Mutuário e o projecto cumprirão ao longo do ciclo de vida do

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ESTUDO AMBIENTAL E SOCIAL SIMPLIFICADO – EAS-S
VOLUME 2 – RELATÓRIO DO ESTUDO AMBIENTAL E SOCIAL SIMPLIFICADO (EAS-S)
projecto, estabelecendo os requisitos para Mutuários relacionados com a identificação e avaliação dos riscos e impactos
ambientais e sociais associados aos projectos apoiados pelo Banco através do Financiamento de Projectos de Investimento.

Estas normas apoiam os Mutuários na consecução de boas práticas internacionais relacionadas com a sustentabilidade
ambiental e social; ajudam os Mutuários no cumprimento das suas obrigações ambientais e sociais nacionais e
internacionais; reforçam a não discriminação, transparência, participação, responsabilização e governação; e melhoram os
resultados de desenvolvimento sustentável dos projectos através do envolvimento contínuo das partes interessadas.

O EAS baseia-se em mais de duas décadas de experiência do Banco na implementação de políticas de salvaguarda. O
Quadro 2.3 apresenta as dez NAS introduzidas no EAS, a sua descrição e as anteriores políticas de salvaguarda em que
cada NAS se baseia.

Quadro 2.3 - NAS- Normas Ambientais e Sociais

Normas Ambientais e Sociais Relação com PO


PO/BP 4.01 (Avaliação
Ambiental)
PO/BP 4.01 (Avaliação
Ambiental) e Directrizes
Ambientais, de segurança e
saúde (Diretizes ASS2)
PO4.09 (Gestão de pragas)
e directrizes ASS
PO/BP 4.37 (Segurança de
Barregens)
e directrizes ASS
PO/BP 4.12 (Reassentamento
Involuntário)
PO/BP 4.04 (Habitats Naturais)
e OP/BP 4.36 (Floresta)
PO/BP 4.10 (Povos Indigenas)

PO/BP 4.11 (Recursos Físico-


Culturais)
PO/BP 4.01 (Avaliação
Ambiental)
Consolidado pelo Banco
Mundial
Disposições de compromisso
O EAS que foi lançado a 1 de Outubro de 2018 estabelece o compromisso do Banco Mundial com o desenvolvimento
sustentável, através de uma Política Bancária e de um conjunto de Normas Ambientais e Sociais NAS1 a NAS10 que se
destinam a apoiar os projectos dos Mutuários, com o objectivo de acabar com a pobreza extrema e promover a prosperidade

2 As Directrizes ASS são documentos técnicos de referência com exemplos gerais e específicos da indústria de Boas Práticas Industriais Internacionais
(BPII) e são referidas no EAS do Banco Mundial e nas Normas de Desempenho da Corporação Financeira Internacional (CFI).
As Directrizes ASS contêm os níveis de desempenho e as medidas que são normalmente aceitáveis para o Grupo do Banco Mundial, e que são
geralmente consideradas exequíveis em novas instalações a custos razoáveis pela tecnologia existente.
14 40659-EA-TT02-ME-01(d) OBRAS DE SANEAMENTO PRIORITÁRIAS EM QUELIMANE E TETE. TETE
ESTUDO AMBIENTAL E SOCIAL SIMPLIFICADO – EAS-S
VOLUME 2 – RELATÓRIO DO ESTUDO AMBIENTAL E SOCIAL SIMPLIFICADO (EAS-S)
partilhada. As dez Normas Ambientais e Sociais, que estabelecem os padrões que o Mutuário e o projecto devem cumprir
ao longo do ciclo de vida do projecto, são apresentadas seguidamente:

NAS 1: Avaliação e Gestão dos Riscos e Impactos Ambientais e Sociais

A NAS 1 estabelece as responsabilidades do Mutuário na avaliação, gestão e monitorização dos riscos e impactos
ambientais e sociais associados a cada fase de um projecto apoiado pelo Banco através do Financiamento de Projectos de
Investimento, a fim de alcançar resultados ambientais e sociais consistentes com os da NAS.

NAS 2: Trabalho e condições de trabalho

A NAS 2 estabelece as responsabilidades dos Mutuários na promoção de relações sólidas de gestão dos trabalhadores e
na melhoria dos benefícios de desenvolvimento de um projecto, tratando os trabalhadores no projecto de forma justa e
proporcionando condições de trabalho seguras e saudáveis.

NAS 3: Eficiência dos Recursos e Prevenção e Gestão da Poluição

Este NAS estabelece os requisitos do Mutuário para abordar a eficiência dos recursos e a prevenção e gestão da poluição
ao longo de todo o ciclo de vida do projecto, de acordo com as Boas Práticas Industriais Internacionais (BPII).

NAS 4: Saúde e Segurança Comunitária

A NAS 4 aborda os riscos e impactos para a saúde, segurança e protecção nas comunidades afectadas pelos projectos e a
correspondente responsabilidade dos Mutuários em evitar ou minimizar tais riscos e impactos, com particular atenção às
pessoas que, devido às suas circunstâncias particulares, podem ser vulneráveis.

NAS 5: Aquisição de terras, Restrições ao uso da terra e reassentamento involuntário

A NAS 5 estabelece as responsabilidades dos mutuários para abordar a aquisição de terrenos relacionados com o projecto
e as restrições ao uso do solo. A aquisição de terrenos relacionada com o projecto ou restrições ao uso do solo podem
causar uma deslocação física (relocalização, perda de terrenos residenciais ou perda de abrigo), deslocação económica
(perda de terrenos, activos ou acesso a activos, levando à perda de fontes de rendimento ou outros meios de subsistência),
ou ambas.

NAS 6: Conservação da Biodiversidade e Gestão Sustentável dos Recursos Naturais Vivos

Este NAS é aplicável a projectos que possam afectar a biodiversidade ou habitats, quer positiva ou negativamente, directa
ou indirectamente, ou que dependam da biodiversidade do seu sucesso. A NAS 6 reconhece que a protecção e conservação
da biodiversidade e a gestão sustentável dos recursos naturais vivos são fundamentais para o desenvolvimento sustentável.

NAS 7: Povos Indígenas/África Subsaariana Comunidades Locais Tradicionais Historicamente Mal Servidas

Este NAS aplica-se também a comunidades ou grupos de Povos Indígenas/África Subsariana Historicamente Mal Servidos
Comunidades Locais Tradicionais que, durante a vida dos membros da comunidade ou grupo, perderam a ligação colectiva
a habitats distintos ou territórios ancestrais na área do projecto, devido à separação forçada, conflitos, programas
governamentais de reassentamento, desapossamento das suas terras, catástrofes naturais, ou incorporação de tais
territórios numa área urbana.

40659-EA-TT02-ME-01(d) OBRAS DE SANEAMENTO PRIORITÁRIAS EM QUELIMANE E TETE. TETE. 15


ESTUDO AMBIENTAL E SOCIAL SIMPLIFICADO – EAS-S
VOLUME 2 – RELATÓRIO DO ESTUDO AMBIENTAL E SOCIAL SIMPLIFICADO (EAS-S)
NAS 8: Património Cultural

A NAS 8 reconhece que o património cultural proporciona continuidade em formas tangíveis e intangíveis entre o passado,
o presente e o futuro. As pessoas identificam-se com o património cultural como uma reflexão e expressão dos seus valores,
crenças, conhecimentos e tradições em constante evolução. O património cultural, nas suas muitas manifestações, é
importante como fonte de informação científica e histórica valiosa, como um bem económico e social para o
desenvolvimento, e como parte integrante da identidade cultural e prática das pessoas. A NAS 8 estabelece medidas
concebidas para proteger o património cultural ao longo de todo o ciclo de vida do projecto. Esta NAS estabelece disposições
gerais sobre riscos e impactos para o património cultural decorrentes das actividades do projecto.

NAS 9: Intermediários Financeiros

A NAS 9 reconhece que a existência de mercados financeiros e de capital nacionais fortes e o acesso ao financiamento são
importantes para o desenvolvimento económico, o crescimento e a redução da pobreza. O Banco está empenhado em
apoiar o desenvolvimento sustentável do sector financeiro e em reforçar o papel do capital e dos mercados financeiros
nacionais. Este NAS aplica-se aos Intermediários Financeiros (IF) que recebem apoio financeiro do Banco. Os intermediários
financeiros incluem prestadores de serviços financeiros públicos e privados, incluindo bancos de desenvolvimento nacionais
e regionais, que canalizam recursos financeiros para uma série de actividades económicas em todos os sectores da
indústria.

NAS 10: Envolvimento das partes interessadas e divulgação de informação

Esta NAS reconhece a importância de um envolvimento aberto e transparente entre o Mutuário e os intervenientes no
projecto como um elemento essencial de boas práticas internacionais. O envolvimento efectivo das partes interessadas pode
melhorar a sustentabilidade ambiental e social dos projectos, melhorar a aceitação do projecto e dar um contributo
significativo para o sucesso da concepção e implementação do projecto.

A NAS 1 e NAS 10 aplicam-se a todos os projectos apoiados pelo Banco através do Financiamento de Projectos de
Investimento. O Mutuário irá colaborar com as partes interessadas como parte integrante da avaliação ambiental e social do
projecto e da concepção e implementação do projecto.

2.3 LACUNAS NO QUADRO LEGAL MOÇAMBICANO E NAS POLÍTICAS DE SALVAGUARDA DO BANCO


MUNDIAL
Uma das principais lacunas na legislação moçambicana e nas Políticas de Salvaguarda do Banco Mundial está relacionada
com a falta de procedimentos e normas claras para lidar com a saúde e segurança tanto da população local numa área
específica do projecto como dos trabalhadores do projecto. A legislação moçambicana aborda a segurança no local de
trabalho, contudo, é insuficiente em termos de disposições específicas para os trabalhadores dos projectos/ou dos projectos
e está longe de tomar disposições específicas para projectos como os de saneamento.

A fim de preencher a lacuna nos procedimentos de saúde e segurança, recomenda-se a utilização das Directrizes de
Ambiente, Saúde e Segurança (ASS) do Banco Mundial e da Política de Salvaguarda do Banco Mundial PO 4.01 para
orientar o proponente do projecto em todas as fases de implementação do projecto e servir de guia para medidas de
mitigação a serem tomadas. Além disso, o Banco desenvolveu recentemente um conjunto de Directrizes ASS, incluindo
directrizes sobre VBG e influxo de trabalho temporário para o projecto.

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ESTUDO AMBIENTAL E SOCIAL SIMPLIFICADO – EAS-S
VOLUME 2 – RELATÓRIO DO ESTUDO AMBIENTAL E SOCIAL SIMPLIFICADO (EAS-S)
O reforço nos Documentos Padrão de Aquisição (DPA) e nos Documentos Padrão de Licitação (DPL) será aplicável a todos
os novos contratos de obras para os quais os DPL-DPA são utilizados.

Para além da referência às Políticas Operacionais Banco Mundial (2018), existem outras directrizes ligadas ao Influxo de
trabalho, VBG , MRQ, Condições de Trabalho (Nota de Orientação para os Mutuários), que devem ser devidamente tidas
em conta na implementação do projecto (considerado tanto pelo seu promotor, contratantes e supervisor), bem como para
as directrizes ESHS, uma versão integrada das normas de desempenho da FI, bem como as Directrizes de Desempenho
Ambiental, Saúde, Segurança e Social (Directrizes Gerais ASSS), directrizes específicas para o Sector da Água e
Saneamento (Directrizes Ambientais, Saúde e Segurança para a Água e Saneamento).

2.4 ENQUADRAMENTO INSTITUCIONAL


MTA – Ministério da Terra e Ambiente

De acordo com o Decreto Presidencial nº. 4/2020, 7 de Fevereiro, este Ministério recebe os poderes e funções que transitam
(segundo o mesmo diploma) do extinto MITADER, nomeadamente a condução do Processo de Avaliação de Impacto
Ambiental e o consequente Licenciamento Ambiental.

Este ministério tem direcções provinciais nas várias capitais provinciais que, de acordo com as disposições do Regulamento
EIA, são responsáveis pela condução dos processos de licenciamento ambiental para projectos das Categorias B e C.
Relativamente aos projectos das Categorias A e A+, o MTA conduz os respectivos processos de licenciamento ambiental,
através da Direcção Nacional de Ambiente.

Assim, a condução do processo de licenciamento ambiental do presente projeto, de categoria B, cabe à Direção Provincial
do Ambiente de Tete.

MOPHRH - Ministério das Obras Públicas, Habitação e Recursos Hídricos

Criado pelo Decreto Presidencial nº. 18/2015, de 8 de Abril, este ministério é responsável pela execução das políticas de
obras públicas, habitação, urbanismo, indústria da construção e recursos hídricos, assegura o desempenho das atribuições
do Governo nas áreas de obras públicas, materiais de construção, estradas e pontes, urbanização, habitação, recursos
hídricos, abastecimento de água e saneamento.

A Direcção Nacional de Abastecimento de Água e Saneamento (DNAAS) é a unidade orgânica deste ministério
responsável pelo abastecimento de água potável e saneamento às populações, com o objectivo de assegurar a
implementação de programas de abastecimento de água e saneamento, visando alcançar serviços sustentáveis e uma
cobertura universal.

A Administração de Infraestruturas de Água e Saneamento (AIAS), tem a função de desenvolver infra-estruturas


secundárias de abastecimento de água, mobilizar recursos financeiros e assegurar a gestão delegada de sistemas de
abastecimento de água para cidades secundárias e saneamento (drenagem de águas residuais e águas pluviais) em todas
as cidades do país.

Entidades Locais

A sua função é representar o Estado a nível local para a administração e desenvolvimento do respectivo território e contribuir
para a integração e unidades nacionais. Exercem poderes de decisão, execução e controlo aos seus respectivos níveis.
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ESTUDO AMBIENTAL E SOCIAL SIMPLIFICADO – EAS-S
VOLUME 2 – RELATÓRIO DO ESTUDO AMBIENTAL E SOCIAL SIMPLIFICADO (EAS-S)
O Decreto nº. 11/2005, de 10 de Junho, alterado pela Lei n.º 11/2012 de 8 de Fevereiro, aprova o Regulamento da lei sobre
os organismos locais do Estado, organizando-os em Província, Distrito, Posto Administrativo, Localização e População.

Os órgãos da Administração Pública na Província são o Governo Provincial supervisionado por um Governador Provincial
que é o representante do Governo a nível da Província. O Governo Provincial é a entidade responsável por garantir a
execução da política governamental, e exerce a supervisão administrativa sob as autoridades locais, nos termos da lei. É
composto pelo Governador Provincial, o Secretariado Provincial e um mínimo de sete e um máximo de doze direcções
provinciais.

Neste contexto, destacam-se também o Município de Tete, devido à sua relevância para o projecto, tanto em termos de
cobertura territorial como do serviço prestado. O Município de Tete será o futuro responsável pela manutenção e gestão das
infra-estruturas de saneamento a construir nestas cidades.

2.5 PROCESSO DE AIA


De acordo com a actual legislação moçambicana (Lei Quadro do Ambiente nº. 20/97 e Decreto n.º 54/2015, de 31 de
Dezembro - Regulamento do Processo de Avaliação de Impacto Ambiental), a atribuição da licença ambiental é um pré-
requisito para uma série de actividades (projectos), as quais se encontram definidas em anexo no mesmo diploma legal.
Uma vez atribuída a licença ambiental, o proponente pode iniciar o processo de implementação do projecto.

Segundo os procedimentos estabelecidos no Regulamento para Avaliação de Impacto Ambiental, o processo de


Licenciamento Ambiental estrutura-se segundo o faseamento que se descreve em seguida e se apresenta no esquema
geral na Figura 2.1.

Figura 2.1 – Procedimentos do Licenciamento Ambiental

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ESTUDO AMBIENTAL E SOCIAL SIMPLIFICADO – EAS-S
VOLUME 2 – RELATÓRIO DO ESTUDO AMBIENTAL E SOCIAL SIMPLIFICADO (EAS-S)
Tal como já referido, no contexto, do Projecto das Obras de Saneamento Prioritárias de Tete, este foi classificado como
Categoria B, pelo que o faseamento do processo de AIA se esquematiza como se apresenta na figura seguinte (Figura
2.2).

Figura 2.2 – Processo de AIA: Projectos de Categoria B

TERMOS DE REFERÊNCIA PARA O EAS-S

É nesta fase definido o âmbito dos estudos a realizar e os Termos de Referência (TdR) para o EAS-S, justificando as
principais áreas e aspectos críticos que deverão ser objecto de maior enfoque,

O Relatório dos Termos de Referência é submetido ao MTA que efectuará a revisão técnica dos documentos
apresentados no prazo de até 15 dias úteis, após o qual emitirá um parecer de aprovação.

EAS-S - ESTUDO AMBIENTAL E SOCIAL SIMPLIFICADO

Esta fase consiste na realização do Estudo de Impacto Ambiental e Social Simplificado, com vista a assegurar a
avaliação pormenorizada de impactos ambientais associados ao empreendimento e a sua mitigação, garantindo a
integração da componente ambiental nas decisões de projecto (opção pela alternativa ambientalmente mais
sustentada), envolvendo um processo estruturado de Participação Pública.

Neste sentido, os trabalhos e estudos ambientais a desenvolver na fase de EAS-S irão suportar-se na avaliação
preliminar realizada ns TDR’s, seguindo as metodologias e os termos de referência propostos e ainda as
recomendações estabelecidas pelo MTA, no seu relatório de apreciação dos TDR’s.

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ESTUDO AMBIENTAL E SOCIAL SIMPLIFICADO – EAS-S
VOLUME 2 – RELATÓRIO DO ESTUDO AMBIENTAL E SOCIAL SIMPLIFICADO (EAS-S)
Será promovida uma Consulta Pública para apresentação e discussão de uma versão preliminar do EAS-S, sendo
integrados os vários comentários e sugestões recebidas para a edição dos documentos finais de EAS-S.

O EAS-S é constituído pelos seguintes documentos:

- Resumo Não Técnico (RNT)

- Relatório do Estudo Ambiental e Social Simplificado

- Plano de Gestão Ambiental e Social

- Quadro da Política de Reassentamento

- Relatório do Processo de Participação Pública

O Relatório Final de EAS-S é submetido ao SPA que efectuará a revisão técnica dos documentos apresentados no
prazo de até 35 dias úteis, após o qual emitirá um parecer de aprovação, emitindo a Licença Ambiental.

2.6 PROCESSO DE PARTICIPAÇÃO PÚBLICA


O Processo de Participação Pública (PPP) constitui parte integrante do Processo de Avaliação de Impacto Ambiental (AIA),
conforme definido no respectivo regulamento (Decreto n.º 54/2015, de 31 de Dezembro). Tem como principal objectivo
assegurar que as Partes Interessadas e Afectadas (PIAs) sejam informadas sobre o projecto e os assuntos chave que
afectam ou poderão afectar o projecto em causa, em cada fase da Avaliação de Impacto Ambiental (AIA) e tenham
oportunidade de expor as suas preocupações e expectativas, em conformidade com a Directiva Geral para o Processo de
Participação Pública de AIA (Diploma Ministerial n.º130/2006, de 19 de Julho) e com as orientações da Politica
Operacional do Banco Mundial (OP/BP 4.01).

Neste processo pretende-se auscultar a sensibilidade das PIAs e garantir que as suas questões sejam registadas e
consideradas pela equipa técnica de AIA, promovendo a consulta e o comentário aos resultados dos estudos. Permite ainda
o estabelecimento de um canal de comunicação entre o público, o Consultor e o Proponente, a ser usado ao longo do
processo de AIA, de forma abrangente, aberta e transparente.

A consulta pública a desenvolver ao longo das várias fases de estudo é particularmente importante em zonas urbanas e
peri-urbanas, como Tete, uma vez que estes são projectos com directa ligação às comunidades. Por conseguinte, o
envolvimento das Partes Interessadas e Afectadas (PIAs) a nível central, municipal e comunitário (stakeholders) é essencial.

Assim, constituem objectivos do Processo de Participação Pública:

▪ Informar as Partes Interessadas e Afectadas (PIAs) sobre as actividades a desenvolver, enquanto projecto de
importante influencia local;
▪ Informar as partes sobre as medidas de mitigação e planos de gestão a serem implementados para gerir os impactos
ambientais e sociais;
▪ Dar a conhecer os estudos em curso no âmbito do Processo de Avaliação de Impacto Ambiental (AIA);
▪ Promover a continuidade do processo participativo e manter um canal de comunicação com as PIAs, incluindo
instituições potencialmente relacionadas com o projecto e o público em geral, auscultando a sua sensibilidade sobre
questões chave relacionadas com o projecto, visando a sua incorporação no Processo de AIA.
20 40659-EA-TT02-ME-01(d) OBRAS DE SANEAMENTO PRIORITÁRIAS EM QUELIMANE E TETE. TETE
ESTUDO AMBIENTAL E SOCIAL SIMPLIFICADO – EAS-S
VOLUME 2 – RELATÓRIO DO ESTUDO AMBIENTAL E SOCIAL SIMPLIFICADO (EAS-S)
▪ Envolvimento de associações cívicas, organizações não governamentais, instituições de pesquisa e outras que
mantenham com o projecto uma relação pessoal, profissional e técnica ou cientificamente mais directa, de modo a
incorporar percepções de quem conhece a área geográfica ou temática do projecto.
O contacto directo com as comunidades foi fundamentado e incentivado com a realização dos estudos de campo, para
melhor recolha das percepções das comunidades directamente afectadas pelo projecto e para garantir que todos os
interessados tenham oportunidade de exprimir directamente a sua opinião. Tiveram pois como objectivos principais os de
informar as partes sobre o projecto, as medidas de mitigação e planos de gestão a serem implementados para gerir os
impactos ambientais e sociais. O ponto-chave traduz-se na necessidade de dialogar com as partes afetadas para chegar a
um acordo sobre os planos de gestão dos possíveis impactos sociais e ambientais.

Figura 2.3 – Reuniões com as Partes Interessadas e Afetadas

As principais actividades que devem ser desenvolvidas ao longo dos estudos, quer visando fomentar a participação e de
auscultação da comunidade na tomada de decisões ao longo da concepção e realização dos estudos e projectos, quer na
preparação e realização da reunião de Audiência Pública, são as seguintes:

I. Identificação das Partes Interessadas e Afectadas (PIAs);


II. Envolvimento da comunidade local e seus representantes (PIAs);
III. Realização da Reunião de Consulta Pública (Audiência Pública).
Na identificação das principais PIAs a envolver neste processo destacam-se as seguintes:

▪ Conselho Municipal da Cidade de Tete


▪ Vereações do Conselho Municipal da Cidade de Tete
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ESTUDO AMBIENTAL E SOCIAL SIMPLIFICADO – EAS-S
VOLUME 2 – RELATÓRIO DO ESTUDO AMBIENTAL E SOCIAL SIMPLIFICADO (EAS-S)
▪ Serviços Municipais de Saneamento de Tete (SEMUSATE)
▪ Liderança Comunitária do Bairro Francisco Manyanga (Secretária do Bairro, Chefes das Unidades, Representantes de
Grupos de Mulheres, Jovens, Vulneráveis e pequenos comerciantes)
▪ Liderança Comunitária do Bairro Chingodzi (Secretário do Bairro, Chefes das Unidades, Representantes de Grupos
de Mulheres, Jovens, Vulneráveis e pequenos comerciantes)
▪ Governo do Distrito de Tete
▪ Governo da Provincia de Tete ( Direcção Provincial da Agricultura e Pescas (DPAP); Direcção Provincial de Infra-
Estruturas (DPIE); Direcção Provincial da Saúde (PDS); Direcção Provincial de Desenvolvimento Territorial e Ambiente
(DPDTA).
▪ Conselho dos Serviços de Representação do Estado (Serviços Provinciais do Ambiente, Saúde, Obras Públicas e
Habitação, Infrastruturas)
▪ Administração Nacional de Estradas, IP – Delegação da Província de Tete
▪ Electricidade de Moçambique, IP - Tete
▪ FIPAG, IP (Fundo de Investimento e Património do Abastecimento de Água) - Área Operacional de Tete
▪ Polícia da República de Moçambique – Comando Provincial de Tete
▪ CTA - Confederação das Associações Económicas de Moçambique
▪ Sociedade Civil
Das actividades desenvolvidas ao longo deste processo destacam-se as reuniões e contactos locais com comunidades e
entidades, no sentido de auscultar, desde o início dos estudos, as eventuais opiniões / preocupações dos satkeholders.
Estas reuniões ocorreram essencialmente em três momentos:

▪ No início dos estudos – Novembro de 2022;


▪ Na fase de Avaliação de Conformidade Ambiental das Infraestruturas Existentes e Previstas - – em Janeiro / Fevereiro
2023
▪ Antes do EPDA e da primeira Consulta Pública – Abril 2023.
Para além disso, e ainda que não seja obrigatório, de acordo com a Decreto n.º 53/2015, de 31 de dezembro, para projectos
de categoria B, foi realizada uma Consulta Pública, ou seja, uma reunião aberta no dia 27 de Abril de 2023, abrangendo a
AIAS, o município de Tete e o Consultor Ambiental responsável pelos estudos ambientais, a COBA.

Foi feita a apresentação do projeto e dos resultados dos estudos ambientais e TDR’s a todos os stakeholders. Esta
apresentação realizou-se no Hotel Paraíso Misterioso no dia 27 de Abril de 2023 teve seu início as 9:00 horas e seu término
as 13.15 horas e contou com a presença de cerca de 93 participantes presenciais e 6 em forma virtual. A Consulta
Pública foi organizada e facultada pela COBA.

Sumarizando os principais aspectos levantados nas várias acções promovidas, importa sublinhar o acordo geral e a
aprovação do projecto de saneamento de Tete, considerando que se trata de uma infraestrutura fundamental para o
tratamento adequado das águas residuais produzidas na cidade. As várias acções promovidas no âmbito da Consulta

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ESTUDO AMBIENTAL E SOCIAL SIMPLIFICADO – EAS-S
VOLUME 2 – RELATÓRIO DO ESTUDO AMBIENTAL E SOCIAL SIMPLIFICADO (EAS-S)
Pública encontram-se detalhadamente descritas no Volume 2 dos TdR’s para o EAS-S – Relatório do Processo de
Participação Pública.

Fotografia 2.1 - Registo Fotográfico da Reunião de Consulta Pública – Cidade de Tete (27/04/2023)

É unanimemente considerado que a actual situação de sanemaneto da cidade representa um problema ambiental e de
saúde pública.

No entanto, a principal preocupação manifestada pela comunidade local está associada com a ocupação da área agrícola e
a consequente perda de rendimentos, preocupação esta traduzida na avaliação das condições de compensação e na
possibilidade de serem atribuídas outras parcelas para este uso agrícola (questões estas muito associadas ao PAR). Foram
também manifestadas preocupações sobre o destino a dar às lamas fecais.

40659-EA-TT02-ME-01(d) OBRAS DE SANEAMENTO PRIORITÁRIAS EM QUELIMANE E TETE. TETE. 23


ESTUDO AMBIENTAL E SOCIAL SIMPLIFICADO – EAS-S
VOLUME 2 – RELATÓRIO DO ESTUDO AMBIENTAL E SOCIAL SIMPLIFICADO (EAS-S)
São sobretudo os aspectos relacionados com a necessidade de abandonar estes terrenos (futuramente afectos às ETARs)
e das condiçõess de compensação e atribuição de outros em substituição, que se centraram grande parte das questões
levantadas.

Por outro lado, em termos dos estudos ambientais em curso, durante a reunião de consulta pública procurou-se o
esclarecimento de várias destas questões, sublinhando que o processo de avaliação de impacto ambiental se encontra
numa fase inicial, sendo que durante a realização do EAS-S estes e outros aspectos têm sido esclarecidos e detalhados,
promovendo uma maior proximidade com as comunidades.

A reunião pública foi previamente divulgada através de Anúncio Publicado no Jornal “Noticias” de Quinta-feira, 13 de Abril
de 2023, por forma a garantir a devida antecipação à data da sessão (realizada a 27 de Abril).

Foram distribuídos durante a reunião de Consulta Pública impressos para recolher comentários, sugestões e opiniões dos
participantes, convidando-os ao seu preenchimento e entrega (na AIAS e/ou nas instalações da COBA – Maputo) até dia 05
de Maio de 2023. Para além das intervenções durante as sessões foram recolhidos 49 registos de comentários durante
a reunião, não tendo recebido mais comentários durante o restante período da consulta pública.

No Volume 5 – Relatório do Processo de Participação Pública (na versão final do EAS-S) serão apresentadas, de forma
mais detalhada, as várias actividades desenvolvidas, quer na fase de TDR’s como durante o EAS-S, nomeadamente as
reuniões de Audiência Pública, assim com as questões levantadas e os esclarecimentos prestados.

2.7 METODOLOGIA GERAL E ESTRUTURA DO EAS-S


A estrutura geral preconizada para elaboração dos estudos ambientais associados ao EAS-S do Projecto das Obras
Prioritárias de Saneamento em Tete, considera todos os requisitos previstos na legislação Moçambicana, assim como as
directrizes e boas práticas estabelecidas para metodologias de avaliação de impactos de empreendimentos desta natureza.

Assim, o EAS-S segue a estrutura metodológica que geralmente se associa a estudos desta natureza, e cujo conteúdo
consta do Artigo 11 do Regulamento de Avaliação de Impacto Ambiental (Decreto n.º 54/2015, de 31 de Dezembro),
salvaguardando situações de omissão ou lacuna da legislação nacional, pelo complemento da observação dos padrões
internacionais determinados pelo Banco Mundial (OP 4.01), enquanto entidade financiadora, bem como as directrizes gerais
e específicas de ESHS do Grupo Banco Mundial.

É importante sublinhar que na metodologia seguida para o desenvolvimento do EAS-S e do PGAS foram tidas em
consideração as orientações e directrizes de ESHS (IFC, BM) que constituíram a base de fundamentação para a
determinação e avaliação dos impactos associados ao projecto, assim como os padrões que constituíram a base para as
medidas de mitigação preconizadas.

Estrutura do EAS-S:

Introdução

Compreende uma breve apresentação geral do empreendimento e dos estudos ambientais e seus objectivos,
identificação do proponente e dos responsáveis e da equipa técnica afecta à realização dos estudos ambientais.

24 40659-EA-TT02-ME-01(d) OBRAS DE SANEAMENTO PRIORITÁRIAS EM QUELIMANE E TETE. TETE


ESTUDO AMBIENTAL E SOCIAL SIMPLIFICADO – EAS-S
VOLUME 2 – RELATÓRIO DO ESTUDO AMBIENTAL E SOCIAL SIMPLIFICADO (EAS-S)
Enquadramento Legal e Institucional

Enquadramento legal do projecto, não só em termos de legislação nacional, como também ao nível das directrizes
internacionais (com destaque para o Banco Mundial).
Enquadramento institucional do projecto, com destaque para as entidades directamente ligas ao projeto em todas
as suas fases.
Estrutura Geral do EAS-S

Apresentação da estrutura geral adoptada no EAS-S, descrição dos capítulos e da informação apresentada em
cada um deles.
Caracterização do Empreendimento - Descrição e Justificação do Projecto

São estudadas as acções ou actividades relacionadas com o empreendimento, potencialmente geradoras de


alterações ambientais, utilizando-se técnicas apropriadas para a sistematização da análise e avaliação de impactos.
São ainda identificadas as questões consideradas mais relevantes / sensíveis.
A utilidade do projecto será justificada em termos de necessidades históricas, presentes e previstas, sendo o
projecto descrito nas suas várias componentes, a saber:

Apresentação do Projecto
Identificação e localização do projecto, da fase em que se encontra e do Proponente;
Referência aos antecedentes do Projecto.

Objectivos e Justificação do Projecto


Descrição do Projecto
Características funcionais do projecto;
Caracterização técnica dos elementos do projecto;
Caracterização das fases de construção, operação e encerramento;
Processos construtivos;
Planeamento e gestão de obra (faseamento, mão-de-obra, equipamentos, custos);
Informação sobre projectos complementares ou subsidiários.
Caracterização da Situação de Referência – Diagnóstico Ambiental e Social

Esta actividade consiste na elaboração de um diagnóstico ambiental, nas suas componentes física, biótica e
socioeconómica, fundamentado na análise e descrição, dirigida e interpretativa, da área de afectação do projecto.
O objectivo principal desta etapa de caracterização e análise da situação de referência é estabelecer um quadro
de referência das condições actuais do ambiente da região a ser interferida pelo projecto em apreço, antes da sua
implementação.
A caracterização será dirigida, com maior acuidade, para os aspectos mais relevantes / sensíveis, para os quais
serão expectáveis impactos de maior significado.

40659-EA-TT02-ME-01(d) OBRAS DE SANEAMENTO PRIORITÁRIAS EM QUELIMANE E TETE. TETE. 25


ESTUDO AMBIENTAL E SOCIAL SIMPLIFICADO – EAS-S
VOLUME 2 – RELATÓRIO DO ESTUDO AMBIENTAL E SOCIAL SIMPLIFICADO (EAS-S)
Identificação e Avaliação de Impactos Ambientais e Sociais

O objectivo principal desta etapa é o de avaliar todos os impactos decorrentes do projecto de saneamento em
apreço, que forem identificados no decurso da análise específica de avaliação de impactos a ser
desenvolvida no decurso do EAS-S. Serão detalhados os impactos previstos, originados em todas as fases (fase
de construção, operação e encerramento), sendo que para tal serão estudadas as acções ou actividades
relacionadas com o empreendimento, potencialmente geradoras de alterações ambientais, utilizando-se técnicas
apropriadas para a sistematização da análise e avaliação de impactos.
Medidas de Mitigação e Potencializadoras

Para os impactos analisados, serão propostas e analisadas acções e mecanismos concretos e objectivos que
possam evitar, atenuar ou compensar os impactos negativos, ou que possam contribuir para potencializar,
valorizar ou reforçar os aspectos positivos do empreendimento, maximizando os seus benefícios.
Estas medidas serão depois integradas no Plano de Gestão Ambiental e Social.
Conclusões

Onde se apresentam as principais conclusões do EAS-S, de forma directa e sucinta, evidenciando as questões
mais relevantes, de forma a permitir a percepção clara das consequências do empreendimento no ambiente.
Referência ainda a lacunas técnicas ou de conhecimento verificadas na elaboração do estudo e que justifiquem
possíveis limitações de análise para alguns dos factores ambientais.
Referências Bibliográficas e Entidades Consultadas

Apresentação as referências bibliográficas utilizadas e de uma listagem das entidades consultadas.


Preconizam-se como documentos autónomos os seguintes:

▪ Volume 1 - Resumo Não Técnico, contendo o essencial das informações veiculadas no EAS-S, escrito em linguagem
corrente e apropriada para a transcrição e divulgação generalizada;
▪ Volume 2 -Relatório do Estudo Ambiental e Social Simplificado (EAS-S) – documento principal estruturado de acordo
com o que anteriormente se expôs.
▪ Volume 3 - Plano de Gestão Ambiental e Social (PGAS), onde se propõe os Programas Ambientais e eventuais Estudos
Adicionais e a desenvolver em fases subsequentes do projecto, particularmente durante a fase de construção e posterior
operação das ETAR’s, compreendendo a pormenorização de aspectos para os quais se considera justificável obter um
conhecimento mais adequado da evolução das componentes ambientais e sociais de maior sensibilidade ao
empreendimento, no qual se destacam os vários Programas de Monitorização e acompanhamento social constantes
do PGAS.
▪ Volume 4 – Relatório do Escopo do Plano de Acção de Reassentamento, onde se apresentam as principais
orientações para o Plano de Acção de Reassentamento;
▪ Volume 5 - Relatório do Processo de Participação Pública (a integrar na versão final, após a CP) constitui também
um volume autónomo descrevendo as actividades desenvolvidas de consulta e participação pública ao longo de todo o
processo de AIA.

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ESTUDO AMBIENTAL E SOCIAL SIMPLIFICADO – EAS-S
VOLUME 2 – RELATÓRIO DO ESTUDO AMBIENTAL E SOCIAL SIMPLIFICADO (EAS-S)
Figura 2.4 – Metodologia Geral do EAS-S e PGAS

40659-EA-TT02-ME-01(d) OBRAS DE SANEAMENTO PRIORITÁRIAS EM QUELIMANE E TETE. TETE. 27


ESTUDO AMBIENTAL E SOCIAL SIMPLIFICADO – EAS-S
VOLUME 2 – RELATÓRIO DO ESTUDO AMBIENTAL E SOCIAL SIMPLIFICADO (EAS-S)
3 PROJECTO DAS OBRAS DE SANEAMENTO PRIORITÁRIAS EM TETE

3.1 CONTEXTO GERAL


Considerando os desafios relacionados com os serviços de saneamento nas áreas urbanas, nomeadamente o facto de cerca
de 40% da população urbana de Moçambique (4,2 milhões de pessoas) não terem tido acesso a instalações sanitárias
básicas melhoradas em 2020 (de acordo com o Inquérito ao Orçamento Familiar publicado pelo Instituto Nacional de
Estatística, INE 2021), para além da necessidade do sector satisfazer o Plano Quinquenal do Governo (PQG) e o Objectivo
de Desenvolvimento Sustentável (ODS) número 6, estabelecido para o saneamento urbano (cobertura de 80%) e o acesso
universal aos serviços de saneamento urbano até 2030, o Governo de Moçambique (GdM), através do Ministério da
Economia e Finanças, solicitou ao Banco Mundial que considerasse investimentos para saneamento e drenagem urbana ao
abrigo do Plano Integrado de Saneamento nos municípios de Maputo, Nampula, Quelimane, Beira e Tete.

Mais especificamente, o Governo de Moçambique recebeu financiamento da Associação Internacional de Desenvolvimento


(IDA) para os custos de implementação do Projecto de Saneamento Urbano (PSU) de Moçambique, e incluindo a Preparação
da Avaliação do Impacto Ambiental e Social (EIA) das Obras Prioritárias de Saneamento em Quelimane e Tete.

O projecto global (PSU) foi classificado como Categoria A uma vez que se espera que algumas das actividades propostas
(investimento em infra-estruturas de saneamento urbano) gerem impactos adversos significativos que são sensíveis e
diversificados. No âmbito da pré-avaliação / categorização de cada sub-projecto, o projecto de Tete foi categorizado como
sendo de Categoria B.

O Objectivo Global de Desenvolvimento do Projecto (OGP) é reforçar a capacidade nacional de planear, implementar,
monitorizar e aumentar o acesso aos serviços de saneamento em cidades seleccionadas em Moçambique.

O Projecto de Saneamento Urbano de Moçambique abrange 5 (cinco) Componentes:

Componente 1: Investimentos Prioritários de Saneamento em Maputo, Quelimane e Tete:

Esta é composta por três cidades: (i) Maputo, (ii) Tete e (iii) Quelimane. Os objectivos específicos dos sub-componentes
incluem a reabilitação/expansão dos sistemas/sistemas de saneamento nas respectivas cidades:

a) Obras prioritárias de saneamento para Maputo, incluindo (i) reabilitação e ampliação da Estação de Tratamento de
Águas Residuais do Infulene (ETAR), (ii) reabilitação e melhoramento de 8,5 km de esgotos, (iii) reabilitação e
melhoramento de duas estações de bombagem, e (iv) melhoramento de 12.800 ligações de esgotos existentes;
b) Obras prioritárias de saneamento para Quelimane, incluindo (i) reabilitação e ampliação de 29 km de esgotos, (ii)
construção de uma Estação de Tratamento de Águas Residuais (ETAR), (iii) melhoramento de aproximadamente 2.000
ligações existentes, (iv) construção de três sistemas-piloto de esgotos condominiais para servir cerca de 600 novas
ligações, e (v) reabilitação de cerca de 10 km de esgotos de pequena a média escala para canalizar o excesso de
águas pluviais e áreas com água, e reduzir o risco de inundações urbanas;
c) Obras prioritárias de saneamento para Tete, incluindo (i) reabilitação e expansão de 20 km de esgotos, (ii)
construção de uma Estação de Tratamento de Águas Residuais (ETAR), (iii) melhoramento de aproximadamente 3.300
ligações existentes, (iv) construção de três sistemas-piloto de esgotos condominiais para servir cerca de 600 novas
ligações, e (v) reabilitação de cerca de 8 km de esgotos de pequena a média escala para canalizar o excesso de águas
pluviais e áreas com água, e reduzir o risco de inundações urbanas.

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ESTUDO AMBIENTAL E SOCIAL SIMPLIFICADO – EAS-S
VOLUME 2 – RELATÓRIO DO ESTUDO AMBIENTAL E SOCIAL SIMPLIFICADO (EAS-S)
Componente 2: Investimentos de saneamento no local em Quelimane e Tete:

Esta componente financiará o saneamento prioritário no local a nível doméstico, e a construção de instalações sanitárias
públicas, em Quelimane e Tete inclusive:

a) Investimentos em saneamento no local em Quelimane, incluindo a (i) comercialização do saneamento e promoção da


higiene para influenciar o comportamento do saneamento (ii) apoio à construção e modernização de 11.000 sistemas
de saneamento doméstico no local, (iii) construção de 65 sistemas de saneamento público em escolas e mercados,
incluindo instalações dedicadas à gestão da higiene menstrual; (iv) construção de duas Estações de Tratamento de
Lamas Fecais (ETLFs), e (v) apoio ao sector privado no desenvolvimento empresarial dos FSM, e
b) Investimentos em saneamento no local em Tete, incluindo (i) marketing de saneamento e promoção da higiene para
influenciar o comportamento sanitário; (ii) apoio à construção e modernização de 9.200 sistemas de saneamento
doméstico no local, (iii) construção de 13 sistemas de saneamento público em escolas e mercados, incluindo
instalações dedicadas à gestão da higiene menstrual; (iv) construção de duas Estações de Tratamento de Lamas
Fecais (ETLFs), e (v) apoio ao sector privado no desenvolvimento empresarial dos FSM.
Componente 3: Melhorias nos Serviços Municipais de Saneamento

Esta Componente fornecerá subsídios baseados no desempenho para financiar actividades de melhoria de serviços nas
cidades de Maputo, Beira, Nampula, Tete e Quelimane. As subvenções estarão ligadas à realização de um conjunto mínimo
de indicadores (institucionais, operacionais e financeiros) num quadro de pontuação de desempenho acordado entre cada
município participante e a DNAAS. A subvenção consistirá em duas partes:

I. uma parte fixa ligada à realização de certos pré-requisitos institucionais (tais como o estabelecimento de um
departamento de saneamento municipal isolado, aprovação do plano de melhoria do serviço de saneamento e
introdução de uma taxa de saneamento) durante os primeiros dois anos do projecto, e
II. uma parte variável ligada às receitas reais de saneamento recolhidas pelo município durante todo o período do
projecto.
Componente 4: Assistência Técnica e Apoio à Gestão de Projectos

As actividades chave para o reforço institucional incluem:

I. A revisão e harmonização do quadro legal e institucional, incluindo a revisão da Lei da Água e da Política da Água
para clarificar os papéis e responsabilidades entre as agências centrais e as entidades municipais para o planeamento
do investimento em saneamento, implementação, e prestação de serviços;
II. instrumentos regulamentares para a prestação de serviços de saneamento urbano;
III. Estudos preparatórios chave para a próxima geração de investimentos em saneamento; e iv) desenvolvimento de
acordos institucionais e de financiamento para o saneamento a nível municipal. O projecto financiará também a
formação de pessoal para as principais instituições envolvidas no planeamento do saneamento a nível nacional.
O apoio à gestão de projectos inclui assistência técnica e custos operacionais incrementais para assegurar o cumprimento
fiduciário, incluindo Gestão Financeira (GF), procurement (aquisições) e salvaguardas ambientais e sociais, monitorização
e avaliação (M&A).

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ESTUDO AMBIENTAL E SOCIAL SIMPLIFICADO – EAS-S
VOLUME 2 – RELATÓRIO DO ESTUDO AMBIENTAL E SOCIAL SIMPLIFICADO (EAS-S)
Componente 5: Contingência e resposta de emergência

Esta componente dará uma resposta imediata a uma Crise ou Emergência Elegíveis, conforme necessário. Isto financiará
obras de emergência no caso de outro evento de catástrofe ao incluir uma Componente de Resposta de Emergência de
Contingência (CREC) "zero dólares". Isto ajudará a recuperar os danos nas infra-estruturas, a assegurar a continuidade do
negócio e a permitir uma reabilitação precoce. Em paralelo, na sequência de um acontecimento adverso que cause uma
grande catástrofe, o GdM pode solicitar ao BM que canalize recursos desta componente para um Mecanismo de Resposta
Imediata (MRI). O MRI permitiria a utilização de até 5% dos fundos não comprometidos da carteira global do IDA para
responder a emergências. Este MRI já foi estabelecido para Moçambique e está agora operacional.

Este componente foi activado devido à pandemia de COVID-19, e foram solicitados fundos para reabilitar as infra-estruturas
sanitárias das escolas, ajudar na gestão da higiene menstrual, e fornecer produtos sanitários para as escolas

3.2 ENQUADRAMENTO DE TETE


Tete é a capital da província de Tete com uma população total de 307338 habitantes (Censo 2017), e uma área de 287 km².
A cidade está dividida em 9 bairros. Cerca de 28% da população vive no centro da cidade, que inclui os bairros de Francisco
Manyanga, Josina Machel, e Filipe Samuel Magaia.

A maioria da população vive em zonas peri-urbanas que incluem os restantes 6 bairros de Matundo, Chigondzi, Mpandue,
Samora Machel, Mateus Sansão Mutemba e Tembwe.

De acordo com o censo de 2007, a população de Tete era de 155.870 habitantes, e uma densidade média de 543
habitantes/km2. Os dados do censo de 2017 sugerem que a população da cidade quase duplicou num período de 10 anos
para 307.338 habitantes, o que equivale a uma densidade populacional média de 1.071 habitantes/Km2. Cerca de 72%
desta população vive em zonas caracterizadas por ruas irregulares, construções em terrenos marginais, geralmente com
elevada declividade. Estas áreas são também caracterizadas por serviços básicos pobres, tais como água e saneamento.

De acordo com o relatório retrospectivo do CRA 2015 - 2017, a cobertura por abastecimento de água canalizada está
estimada em 75% (nas instalações 62%, e nas condutas 14%). Apesar desta cobertura relativamente elevada, o serviço
ainda é inacessível para parte da população, especialmente para os habitantes peri-urbanos. Dados da Avaliação de
Saneamento da Cidade de Tete (DNAAS, 2017), revelaram outras soluções, incluindo poços equipados com bombas
manuais e fontes inseguras.

O sistema de esgotos existente foi construído nos anos 70, com um comprimento total de rede de 7,5 km. O sistema de
saneamento típico da cidade é composto por soluções domésticas no local, cobrindo 51% da população, que consistem em
fossas sépticas e uma variedade de latrinas. Uma pequena parte da população que vive no centro da cidade (4%) está
ligada à rede de esgotos. Os restantes 45% da população dependem de defecação a céu aberto (20%) ou outras práticas
anti-higiénicas (25%). As águas residuais recolhidas são descarregadas directamente no rio Zambeze. Além disso, 84% do
total de lodo fecal produzido em Tete é descarregado sem tratamento no ambiente. A fracção restante (16%) é enterrada
nas instalações quando os contenciosos estão cheios.

Em Fevereiro de 2016 foi contratado pela Administração Regional de Águas do Zambeze (ARA-Zambeze) um serviço de
consultoria sobre as análises de base e soluções elegíveis para saneamento da cidade de Tete, devido à necessidade de

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ESTUDO AMBIENTAL E SOCIAL SIMPLIFICADO – EAS-S
VOLUME 2 – RELATÓRIO DO ESTUDO AMBIENTAL E SOCIAL SIMPLIFICADO (EAS-S)
aprofundar as análises das opções de localização das ETAR’s da cidade de Tete. O estudo identificou seis (6) locais
diferentes para a implantação de ETAR's.

Considerações de equidade no acesso aos serviços de saneamento sugerem que 74% da população que praticam a
defecação a céu aberto pertencem aos 40% mais baixos dos quintis de riqueza e têm desafios no financiamento das suas
instalações sanitárias. Tecnologias de contenção adequadas e acordos de serviços personalizados exigirão uma atenção
especial para este grupo de pessoas.

O sistema de drenagem de águas pluviais compreende cerca de 7 km de diâmetro entre 200 e 700 mm, limitado ao centro
da cidade, servindo uma população de menos de 10%.

3.3 INTERVENÇÕES PREVISTAS

3.3.1 Introdução
O Projecto das Obras Prioritárias de Saneamento em Tete, faz parte do Projecto de Saneamento Urbano de Moçambique e
tem como objectivo fornecer os serviços de modernização e expansão da rede de esgotos e de drenagem, incluindo sistemas
de esgotos condominiais, colectores de esgotos e uma estação de tratamento de águas residuais.

Foram definidas áreas prioritárias para as medidas a curto prazo propostas para a Margem Direita até 2030 (Fase 1). Foi
decidido concentrar as medidas sanitárias para a Margem Esquerda na área de esgotos condominiais e adiar a
implementação do programa de longo prazo proposto para 2050.

Assim, para Tete, as medidas sanitárias são concebidas em ambas as margens do rio Zambeze, pelo que as instalações de
tratamento de águas residuais são propostas para ambas as margens do rio Zambeze. As lamas fecais, também serão
tratadas tanto na ETAR da margem direita como da margem esquerda, a fim de minimizar os custos de transporte.

O sistema de tratamento de águas residuais para a margem direita do rio consiste num sistema de lagoas de estabilização
com tratamento preliminar, anaeróbico, facultativo, e lagoa de maturação. Para a margem esquerda as instalações da ETAR
serão um sistema fechado e o tratamento selecionado foi do tipo ABRAF, ou seja, um Reactor Anaeróbico Baffled seguido
de um Filtro Anaeróbico e uma área húmida construída. Este sistema foi considerado como a solução mais adequada para
a ETAR da margem esquerda.

O projecto prevê ainda para ambas as margens uma estação de aceitação de lamas fecais, telas grosseiras, telas finas,
uma câmara de grão e graxa e um canal de venturi para medição do influxo. Após os componentes principais, haverá leitos
de secagem das lamas para a desidratação das lamas. Na margem direita, um canal aberto de betão transportará as águas
residuais tratadas para o rio Zambeze por gravidade.

A tecnologia proposta sob a componente é concebida para o co-tratamento das lamas fecais juntamente com as águas
residuais dentro do respectivo processo nas ETARs.

O local selecionado para a ETAR da Margem Direita localiza-se a sudoeste da cidade de cimento, no Vale Nhartanda.

Para a Margem Esquerda, foi proposta uma área a norte do cemitério de Tete. O projecto foi adaptado às limitações do local;
em particular o elevado nível da água no rio Zambeze, e, evidentemente, o processo de tratamento de águas residuais
seleccionado.

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ESTUDO AMBIENTAL E SOCIAL SIMPLIFICADO – EAS-S
VOLUME 2 – RELATÓRIO DO ESTUDO AMBIENTAL E SOCIAL SIMPLIFICADO (EAS-S)
O projecto de saneamento para Tete em apreço, diz respeito à fase prioritária até 2030. A Projecção Populacional no
contexto do desenvolvimento populacional, e a produção de águas residuais incluindo os vários caudais foram tidas em
conta. Para os critérios gerais de concepção dos esgotos, o Consultor projectista analisou aspectos tais como materiais e
tamanhos de tubos, posições verticais, e velocidades e investigou o dimensionamento, ligações de casas, estações de
bombagem, e outros.

Neste projecto é também proposto implementar/ testar os chamados sistemas de esgotos condominiais em duas áreas da
cidade nomeadas como área piloto. As águas residuais da Margem Esquerda fluirão directamente para o local acima
mencionado, enquanto que as águas residuais da Margem Direita fluirão principalmente para uma Estação de Bombagem
central no centro da cidade, de onde serão bombeadas através de uma conduta elevatória para a ETAR no sudeste da
cidade. Para a Margem Esquerda, as águas residuais são recolhidas da área condominial e depois transportadas por
gravidade para o local da ETAR.

As áreas prioritárias a serem beneficiadas na Margem direita têm uma área de 133 ha e estão a servir 13 791 capita em
2030. Para a Margem Esquerda, os esgotos condominiais têm uma área de 9,09 ha, servindo 450 capita. Na Margem Direita,
serão recebidos 43 m³/d de lamas fecais correspondente a 2 268 PE, e na Margem Esquerda, 39 m³/d de lamas fecais
correspondente a 2 033 PE.

Para além da questão do saneamento, prevê-se ainda a beneficiação da rede de drenagem. É proposta uma solução para
a rede de drenagem de águas pluviais no centro da cidade, e é proposta a drenagem pluvial na zona do canal de drenagem
das águas pluviais no Vale de Nhartanda.

3.3.2 Integração das Alterações Climáticas no Projecto


Moçambique é um dos países mais vulneráveis em África a catástrofes naturais. Consequentemente, o projecto para
saneamento e águas pluviais tem de considerar a eventual ocorrência de desastres, na sua maioria directamente ligados às
alterações climáticas, tais como cheias, secas e ciclones.

Além disso, devido a estas alterações espera-se que partes da costa estejam sujeitas à erosão e à subida do nível do mar.
As projecções revelaram que as estimativas regionais para a costa moçambicana deverão ser mais elevadas do que as
estimativas globais. Espera-se que as subidas previstas atinjam diferenças significativas nas subidas do nível do mar de
0,5 m, 0,7m ou mesmo 1,0m até 2100, em comparação com a média global. São de esperar alterações na dinâmica costeira.
Na presença de mitigação moderada, espera-se que mais de 31m da costa estejam sujeitos à erosão, e a linha costeira irá
reduzir-se em mais 22m até ao ano 2050, meta do projecto. No que diz respeito ao sistema de esgotos a ser construído,
apenas a faixa costeira poderá ser afectada. Consequentemente, o desenho actual terá de considerar as catástrofes acima
mencionadas.

Geralmente, é necessário discutir as seguintes consequências para o sistema de esgotos:

▪ Aumento do nível das águas subterrâneas;


▪ Determinação de altitudes para as Estações de Bombagem e das ETARs, devido aos altos níveis de água do rio
Zambeze;
▪ Funcionamento das instalações durante o alto nível de água do rio Zambeze, durante as estações chuvosas, no final
do horizonte do projeto, e para 2 100, considerando as condições de mudança climática;

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ESTUDO AMBIENTAL E SOCIAL SIMPLIFICADO – EAS-S
VOLUME 2 – RELATÓRIO DO ESTUDO AMBIENTAL E SOCIAL SIMPLIFICADO (EAS-S)
▪ Assegurar a operação das estações de bombagem e das ETARs durante a estação chuvosa;
▪ Descarga por gravidade das águas pluviais, mesmo durante o nível de água elevado no rio Zambeze.
Os diferentes estudos na área mostram que a erosão será um dos problemas mais importantes e que os efeitos erosivos
tenderão a aumentar com o tempo.

Outro aspecto é que, em média, 1,5 ciclones atingem a região durante a época anual de ciclones. Para a eliminação das
águas pluviais, este facto deve ser considerado e a eliminação das águas pluviais deve ser descarregada por gravidade,
mesmo durante os altos níveis de água do rio Zambeze.

A Figura 3.1 representa a área de inundação de Tete, com base em eventos anteriores. A fim de minimizar o risco de
inundação dos locais das ETARs, é importante determinar os potenciais riscos de inundação devido ao elevado nível de
água do rio Zambeze como resultado de eventos de alta precipitação.

Figura 3.1 - Zonas de Indundação de Tete (Fonte: HYDROPLAN)

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ESTUDO AMBIENTAL E SOCIAL SIMPLIFICADO – EAS-S
VOLUME 2 – RELATÓRIO DO ESTUDO AMBIENTAL E SOCIAL SIMPLIFICADO (EAS-S)
Quadro 3.1 – Variação mensal do nível de água do rio Zambeze em Tete

Figura 3.2 – Variação do nível da água do rio Zambeze, em Tete

Como pode ser observado, ambos os locais propostos para a implantação das ETARs, tanto para a margem esquerda como
direita, estão potencialmente em risco de inundação, em alturas de níveis de água excepcionalmente elevados do rio
Zambeze.

Com base na AW3D, o local na margem direita está localizado a cerca de 126 m, enquanto o local na margem esquerda
está localizado a 127,5 m. Assim, como medida de adaptação principal às alterações climáticas, o projecto prooôs o seguinte:

▪ Elevar o local da ETAR na Margem Direita e aplanar até 127 m;

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VOLUME 2 – RELATÓRIO DO ESTUDO AMBIENTAL E SOCIAL SIMPLIFICADO (EAS-S)
▪ localizar a estrada em redor das estações de tratamento como protecção contra inundações como uma barragem em
redor de ambos os locais até uma elevação de 129 m.

3.3.3 Rede de Bombagem

3.3.3.1 Alinhamento de Esgotos e Rede de Bombagem


Em Tete, não existe actualmente nenhuma rede de esgotos, excepto a do centro da cidade, que é um sistema combinado.
De acordo com a regulamentação moçambicana, é proposto um sistema separado.

O declive em Tete é moderadamente aceitável para o funcionamento de um sistema de esgotos por gravidade. As áreas a
serem beneficiadas estão localizadas em ambos os lados do rio Zambeze. Consequentemente, o local da ETAR fica na
margem direita a jusante das zonas residenciais existentes. Ambos os locais não são afectados durante os altos níveis de
água no rio, considerando as medidas de mitigação propostas contra as cheias. As águas residuais serão transportadas em
parte por gravidade e em parte através de um colector pressurizado para o local da ETAR. Na margem esquerda do rio, os
esgotos fluirão para a ETAR por gravidade.

Nas estradas de uma e duas faixas os esgotos devem ser localizados no meio da estrada. As ligações podem ser feitas
directamente para o esgoto. Em estradas largas, o esgoto principal deve situar-se ou na faixa interior direita ou esquerda.
As ligações no lado em que o esgoto se encontra podem ser feitas directamente, mas as ligações no lado oposto só devem
ser feitas intermitentemente. Isto significa que um pequeno esgoto de rua correrá paralelamente à estrada para recolher
todas as ligações domésticas antes de atravessar a estrada para ligar ao esgoto principal.

Em termos de cruzamento de drenos e canais, etc., a travessia dos drenos mais pequenos não envolve dificuldades. A
travessia pode ser feita numa vala aberta durante um período de seca. O pequeno fluxo será desviado durante a construção.
A colocação do esgoto é efectuada da mesma forma que na vala normal. É depois encastrada em betão e o fundo do curso
de água é reconstruído. Os trabalhos devem também ser construídos durante o período seco, a fim de evitar dificuldades
causadas por caudais elevados. A escolha do alinhamento dos colectores principais foi feita encontrando o traçado mais
curto e mais conveniente e económico. Os locais propostos têm todas estas vantagens. A construção deve ser relativamente
fácil se realizada durante o período seco.

3.3.4 Desenho do Sistema de Esgotos

3.3.4.1 Sistema de Recolha de Águas Residuais Existentes


O sistema de recolha de águas residuais existente foi concebido como sistema combinado e tem uma idade superior a 50
anos. Investigações independentes revelaram o mau estado do material da tubagem. Como os regulamentos moçambicanos
exigem a construção de um sistema separado puro, foi proposto separar os sistemas, reabilitar a rede existente para a
drenagem de águas pluviais (o âmbito será determinado pela inspecção CCTV durante o período de concurso) e construir
um sistema clássico de recolha de esgotos fechado como sistema separado.

3.3.4.2 Principais Objectivos e Constrangimentos do Desenho


Os seguintes objectivos básicos e requisitos mínimos devem ser considerados no desenho da nova rede de esgotos para
Tete:

▪ Alta confiabilidade operacional e alta estabilidade do sistema;


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VOLUME 2 – RELATÓRIO DO ESTUDO AMBIENTAL E SOCIAL SIMPLIFICADO (EAS-S)
▪ Facilidade de operação, para que a rede possa ser operada por pessoal suficientemente experiente, e para que as
necessidades de mão-de-obra sejam minimizadas;
▪ Alta flexibilidade no desenho da rede para que o seu funcionamento possa ser ajustado a picos ou baixas cargas
durante curtos períodos do dia;
▪ Minimização do custo de capital do sistema;
▪ Minimizar o custo de funcionamento e manutenção do sistema.
O desenho da rede de esgotos de Tete teve em conta os seguintes requisitos mínimos: A rede pública de esgotos nas ruas
deve ser facilmente acessível a partir de todos os edifícios e estruturas principais, e todo o equipamento elétrico e mecânico
da rede deve ser protegido de danos físicos devidos a inundações através de medidas adequadas.

A rede deve ser suficientemente adaptável para lidar facilmente com os aumentos da população e da actividade económica.

A fim de assegurar um controlo hidráulico adequado da nova rede de águas residuais de Tete, devem ser cumpridos os
seguintes requisitos mínimos:

▪ Todas as tubagens e condutas devem ser concebidas para o fluxo máximo esperado;
▪ Todos os cantos inferiores dos esgotos devem ser preenchidos;
▪ Todas as condutas devem ser concebidas para evitar a formação de bolsas e esquinas;
▪ As secções não utilizadas devem ser seladas com válvulas de porta adequadas de material resistente à corrosão;
▪ Devem ser fornecidos e concebidos dispositivos de controlo e medição do fluxo de forma a serem facilmente acessíveis
aos operadores e a poderem ser facilmente alterados, observados e mantidos;
▪ As estruturas de desvio devem ser concebidas de modo a permitir o funcionamento do sistema de esgotos durante a
manutenção e reparações de emergência;
▪ As condutas propensas a entupir devem ser dotadas de dispositivos de limpeza mecânica.

3.3.4.3 Traçado Principal da Rede de Esgotos / Alinhamento de Esgotos


O projecto detalhado baseia-se nos resultados do levantamento topográfico realizado em 2022. Em ligação com a expansão
até ao ano 2050, a rede de esgotos será implementada em duas grandes Fases (anos alvo 2030, e 2050), concentrando-se
nas Áreas Prioritárias para o ano 2030.

De acordo com a inclinação do terreno e a selecção para a localização das novas estações de tratamento de águas residuais,
a rede para a margem direita será orientada para o sudoeste do centro da cidade em direcção à ETAR. Para a Margem
Esquerda, será seleccionado um colector de gravidade para a descida do rio com um traçado optimizado.

Os parâmetros de desenho da rede de saneamento de Tete baseiam-se principalmente no "Regulamento dos Sistemas
Públicos de Distribuição de Água e de Drenagem de Águas Residuais" (Decreto n. 30/2003). Além disso, são consideradas
as normas internacionais, bem como a experiência de outros projetos.

3.3.4.4 Localização dos esgotos


Todos os esgotos devem ser instalados em propriedade pública (por exemplo, reservas de rua) e não em propriedade
privada, a menos que sejam utilizados esgotos de meio quarteirão. Em estradas de uma e duas faixas, os esgotos devem
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VOLUME 2 – RELATÓRIO DO ESTUDO AMBIENTAL E SOCIAL SIMPLIFICADO (EAS-S)
ser localizados no meio da estrada. As ligações podem ser feitas diretamente para o esgoto. Os esgotos devem ser
posicionados de modo a permitir o acesso para manutenção. Outras linhas existentes serão consideradas ao posicionar os
esgotos. Se um esgoto tiver de atravessar uma propriedade, será colocado ao longo da linha da propriedade (0,75 m a partir
do limite).

3.3.4.5 Materiais e tamanhos de tubos


Devido ao esperado longo tempo de retenção no sistema de esgotos a montante e às altas temperaturas, pode esperar-se
que seja gerado ácido sulfúrico a partir das águas residuais através da produção anaeróbica de sulfureto de hidrogénio e da
sua redução aeróbica a ácido numa segunda reacção. A fim de proteger as superfícies de betão nas entradas das ETARs,
será fornecido revestimento interno (por exemplo, de acordo com DIN 4033) com polietileno de alta densidade (PEAD).

Nas ETAR's, a respectiva câmara de grão e graxa aerada, onde as águas residuais serão arejadas, a geração de ácido
sulfúrico já não deverá constituir um problema. As condições do solo não são desfavoráveis em termos de agressividade.
Pode ser fornecida protecção adicional contra a corrosão no local, se forem encontradas condições de solo agressivas em
secções específicas do percurso. Todo o betão abaixo do solo ou em contacto com águas residuais será construído a partir
de cimento resistente ao sulfato.

As tubagens serão normalmente colocados com pelo menos 1,0 m de cobertura do solo em áreas verdes, a fim de
proporcionar protecção contra tráfego, actividades e movimentos de terra excepcionais devido a alterações de humidade. O
material de enchimento (material para backfill) ao redor da tubagem será compactado cuidadosamente. O enterramento de
tubo e, se necessário de acordo com as certificações estruturais dos fornecedores da tubagem, o material de enchimento
ao redor da tubagem será areia (0/2) em forma granular, que não conterá pedras ou rochas, a fim de proteger a tubagem.
Acima da zona do tubo, o material escavado adequado pode ser seleccionado para o enchimento da vala da tubagem. O
material será compactado em camadas de um máximo de 50 cm até à densidade de Proctor requerida de 100%. O
assentamento dos tubos será realizado sobre uma capa de areia.

Para este projecto, serão adoptados tubos de PVC, PEAD e Polietileno. No caso de tubos com diâmetro inferior a 400mm
são utilizados tubos de uPVC. Quando o diâmetro do tubo estiver entre 400 e 500 mm, seão utilizados tubos de PEAD ou
de Polietileno. Para grandes diâmetros, é proposto betão pré-esforçado. Um DN mínimo de 200 é utilizado no tubo principal
de acordo com os decretos 30/2003 e 150 para ramais e ligações domésticas.

3.3.4.6 Profundidade mínima e cobertura para os esgotos


Os valores mínimos admissíveis para a cobertura fornecida ao exterior do cano do tubo para esgotos - com excepção dos
esgotos terciários - são:

▪ Sob as estradas, a coroa do esgoto deve ser coberta com pelo menos 1 m de cobertura;
▪ Nos encasamentos ou reservas rodoviárias onde a cobertura é inferior a 1,0 m, a tubagem deve ser protegida.
Podem ser permitidas menores profundidades de cobertura, desde que seja permitido um desenho integrado de todos os
serviços, incluindo os esgotos primários permitidos nos planos de desenvolvimento, desde que, quando a profundidade de
cobertura em estradas e passeios for inferior a 600 mm ou quando a profundidade de cobertura em servidão for inferior a
300 mm, a tubagem deve ser protegida de danos.

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VOLUME 2 – RELATÓRIO DO ESTUDO AMBIENTAL E SOCIAL SIMPLIFICADO (EAS-S)
3.3.4.7 Layout da Rede para a Fase 1
A figura seguinte mostra o conceito de saneamento previsto.

Figura 3.3 – Conceito de Esgoto previsto para Tete – Margem Direita

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VOLUME 2 – RELATÓRIO DO ESTUDO AMBIENTAL E SOCIAL SIMPLIFICADO (EAS-S)
Figura 3.4 – Conceito de Esgoto previsto para Tete – Margem Esquerda

Os diâmetros dos esgotos primários e secundários variam de DN 200 a DN 350. Os ramos do sistema de esgotos
condominiais têm um diâmetro de 150 mm. A tabela seguinte mostra os comprimentos para os vários diâmetros propostos
para a rede da Fase 1. Mostra que os pequenos diâmetros, em particular, são suficientes para os esgotos primários e
secundários. De acordo com as especificações, a dimensão mínima do diâmetro para o desenho é fixada em DN 200.

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VOLUME 2 – RELATÓRIO DO ESTUDO AMBIENTAL E SOCIAL SIMPLIFICADO (EAS-S)
Quadro 3.2 – Comprimento dos Esgotos por DN (Sistema Convencional e Condominial)

Margem Direita

Esgoto Convencional

DN (mm) Comprimento (km)

200 10.69

250 0.35

300 1.18

350 1.24

400 0.05

Sub-total 13.51

Esgoto Condominial

150 2.59

Sub-total 2.59

Margem Esquerda

Esgoto Condominial

DN (mm) Comprimento (km)

150 4.49

250 0.77

Sub-total 5.26

Total 21.36

Para o projecto detalhado, a rede secundária foi cuidadosamente concebida. O número de ligações domésticas está
estimado em 3 082 unidades. O comprimento total com base num comprimento médio por ligação de 15 m é estimado em
cerca de 46,2 km. Propõe-se implementar as ligações de casas de esgotos condominiais como investimento privado.

3.3.5 ETAR Margem Direita

3.3.5.1 Localização
Foi proposto nesta fase de projecto detalhado um processo mais fácil de operação e manutenção, que são as Lagoas de
Estabilização. Considerou-se que esta solução deve ser preferida como solução para a implementação do projecto. A

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VOLUME 2 – RELATÓRIO DO ESTUDO AMBIENTAL E SOCIAL SIMPLIFICADO (EAS-S)
configuração da ETAR englobará então Tratamento Preliminar com Rastreio e Desgritagem, Lagoas Anaeróbia, Lagoas
Facultativas, e Lagoas de Maturação.

O site geral seleccionado (Site B) para a nova ETAR no Vale do Nhartanda a sudeste da Cidade Velha foi apresentado no
Estudo de Viabilidade e no Desenho Final Preliminar. O local foi confirmado como adequado durante as últimas visita de
campo em Junho de 2022 e Janeiro 2023.

Conforme solicitado pelo Cliente, ao orientação da ETAR foi alterada para estar em paralelo com a estrada principal, com o
longo desvio lateral e ligeiramente para leste, devido às necessidades de terra. Medidas de protecção contra inundações
durante os altos níveis de água no rio Zambeze e fluxos de águas pluviais das bacias hidrográficas de Nhartanda recolhidas
por um colector que passa pelo local da ETAR no Sul foram consideradas no Desenho.

A disposição geral da ETAR no local com a opção de tratamento seleccionada é mostrada mais abaixo.

3.3.5.2 Eficiência de tratamento


As futuras ETAR de Tete na margem direita do rio serão concebidas em total conformidade com os Padrões de Descarga
Indirecta e Qualidade dos Efluentes das ETARs da República de Moçambique. A massa de água receptora do efluente
tratado da ETAR de Tete será o rio Zambeze adjacente.

O consultor responsável pelo projecto, considerou que a qualidade e os grandes caudais do rio Zambeze não tornam
obrigatória a remoção de azoto e fósforo. Consequentemente, o processo de tratamento será muito mais simples e serão
conseguidas importantes poupanças de custos. Uma redução de N e P poderá ser feita sempre que for necessário. A
disposição da ETAR permite essa extensão adicional.

Uma vez que o processo de tratamento consistirá nas clássicas lagoas de estabilização, devem ser acrescentadas
instalações de pré-tratamento a fim de evitar um assoreamento dos tanques anaeróbicos em particular. A fim de manter este
sistema também fácil de manusear e de operar, é proposta uma unidade pré-fabricada. Esta solução deve permitir uma
expansão gradual. A fim de permitir uma expansão gradual, o ano 2030 foi estabelecido como o ano alvo para a primeira
fase de expansão. Nesse ano, cerca de metade do volume previsto de águas residuais para o ano 2050 seria gerado. Com
esta abordagem, a capacidade de tratamento da estação de tratamento de águas residuais pode simplesmente ser duplicada
para as necessidades do ano 2050.

Na tabela seguinte são apresentadas, de uma maneira sumarisada, as estimativas das concentrações das águas residuais
e das lamas fecais por fase de tratamento, calculadas com base nas concentrações de entrada e nas eficiências das etapas
individuais de tratamento.

A tabela mostra também as remoções previstas de CBO e CQO, para os sistemas de lagoas (excluindo as lagoas aeradas)
para uma temperatura das águas residuais de 22°C.

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VOLUME 2 – RELATÓRIO DO ESTUDO AMBIENTAL E SOCIAL SIMPLIFICADO (EAS-S)
Quadro 3.3 – Estimativa da Concentração de Águas Residuais e de Lamas Fecais por Fase de Tratamento

Fonte: HYDROPLAN

3.3.5.3 Estação de Aceitação de Lamas Fecais na nova ETAR


A fim de permitir curtas distâncias até à ETAR, foi previsto um tratamento de lamas fecais para a instalação, minimizando o
custo de transporte. O tratamento comum de esgotos e lamas fecais será a solução preferida. Consequentemente, uma
Estação de Recepção de Lamas Fecais está integrada no projecto da ETAR.

O projecto prevê a instalação de uma estação de recepção de lamas fecais perto das instalações de tratamento preliminar,
e os fluxos podem ser facilmente descarregados na entrada das lagoas de estabilização. Deve ser preferida uma estação
pré-fabricada.

Todo o tratamento tem lugar num sistema totalmente fechado; evita-se assim o incómodo do odor. As telas são
adicionalmente lavadas, o que as torna adequadas para aterro sanitário. O filtrado é misturado nas águas residuais para
posterior tratamento na ETAR.

3.3.5.4 Configuração da ETAR


As instalações de tratamento de águas residuais são concebidas para a Área Prioritária, de acordo com a Fase 1, respeitando
extensões até 2050. A altitude das instalações considera o nível elevado de água no rio Zambeze como receptor.

Com base na selecção do processo de tratamento de águas residuais, tal como estabelecido no Desenho Preliminar, o
processo proposto inclui uma fase mecânica que consiste em dispositivos de gradeamento, e um desarenador aerado, com
uma calha Parshall subsequente.

A fase biológica consiste em Lagoa Anaeróbica, Lagoa Facultativa e Lagoa de Maturação. Espera-se que a produção de
lamas de depuração seja baixa. De acordo com o Projecto Preliminar, a nova ETAR de Tete será constituída pelos seguintes
componentes:

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▪ Estação de Recepção de Lamas Fecais.
▪ Unidade de desidratação constituída por: telas grosseiras, (remoção de partículas ásperas). Peneiras finas, (remoção
de partículas finas).
▪ Desarenador com separador de gorduras, (remoção de grão, areia e graxa).
▪ Canal Venturi, (medição do influxo).
▪ Lagoas Anaeróbicas, Facultativas e de Maturação.
▪ Leitos de secagem de lamas (desidratação do lodo).
A concepção da ETAR foi geralmente baseada nas Normas Moçambicanas, nomeadamente o Decreto n. 30/2003
"Regulamento dos Sistemas Públicos de Distribuição de Água e de Drenagem de Águas Residuais".

3.3.5.5 Tratamento de lamas


A lama produzida é estabilizada e necessita apenas de espessamento e desidratação. A produção anual de lamas ascenderá
a 807 m³/a correspondente a cerca de 3 m³/d.

Por razões de segurança, as lamas finas serão carregadas directamente nos leitos de secagem de lamas que são utilizados
como armazenamento ao mesmo tempo. A desidratação das instalações será esperada teoricamente uma vez por ano.
Contudo, propõe-se que a desidratação seja feita duas a três vezes por ano. Como as lamas são de boa qualidade e
estabilizadas, não haverá necessidade de tratamento adicional.

As lamas líquidas serão descarregadas para os leitos de secagem das lamas, onde serão desidratadas e secas. Em 2030,
serão necessários 450 m². As lamas serão bombeadas por bombas portáteis para os SDBs. Foram fornecidas várias peças
em T, fechadas em 1 local, para permitir a descarga das condutas. Foi providenciado o acesso à água de funcionamento
nestes locais. O conteúdo esperado de DS da lama seca será superior a 30%, num período de secagem de cerca de 30
dias. O SDB será drenado através de tubos de drenagem na lateral dos SDBs. Esta água de drenagem irá fluir para o poço
húmido da estação de bombagem.

Relativamente à acumulação de lamas em lagoas anaeróbias, a remoção da lagoa é feita esvaziando com uma bomba
portátil e submersível uma ou duas vezes por ano e evacuado directamente para os leitos de secagem de lamas para
desaguamento e armazenamento. Os leitos de secagem de lamas estão, portanto, localizados na proximidade directa das
Lagoas Anaeróbicas.

3.3.5.6 Layout da ETAR


As figuras seguintes mostram a disposição da ETAR, o diagrama de fluxo do tratamento de águas residuais de todo o
sistema e o Perfil hidráulico.

44 40659-EA-TT02-ME-01(d) OBRAS DE SANEAMENTO PRIORITÁRIAS EM QUELIMANE E TETE


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Figura 3.5 – Arranjo Geral da ETAR . Margem Direita

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Figura 3.6 –Diagrama de Fluxo do Processo – Margem Direita
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A figura seguinte mostra a disposição das instalações de tratamento para o horizonte de desenho do ano 2030. As extensões
para 2050 são mostradas como linhas pontilhadas. A dimensão da parcela permite a localização de todas as instalações de
tratamento de águas residuais, incluindo as suas extensões. O Consultor propõe que as instalações sejam dispostas perto
da natureza, utilizando os níveis do solo preenchidos. Além disso, a disposição dos componentes de tratamento tem de
respeitar que a sua disposição permite um fluxo de águas residuais por gravidade.

A linha de tratamento começa com as instalações de rastreio e de desgritagem. Passando o medidor de venturi, o fluxo é
distribuído para as Lagoas Anaeróbias, as Lagoas Facultativas e depois para as Lagoas de Maturação. As outras instalações
são colocadas de acordo com os requisitos hidráulicos, permitindo o referido fluxo por gravidade.

Figura 3.7 –Esquema Proposto para a ETAR Margem Direita

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3.3.6 ETAR Margem Esquerda

3.3.6.1 Localização
A instalação da margem esquerda utilizará um conceito de tratamento diferente. Para esta instalação relativamente pequena,
o Consultor propõe tratamento de águas residuais do tipo ABRAF, que consiste em duas partes: um reactor anaeróbico
baffled (ABR) e um filtro anaeróbico (AF).

A configuração da ETAR proposta consiste então em tratamento preliminar com peneiramento e degradação, Reator
Anareóbico Baffled e Filtro Anaeróbico, seguido de Áreas Húmidas Construídas.

O local geral seleccionado para a nova ETAR no rio Zambeze foi definido durante uma Visita de Campo em Junho de 2022
e janeiro de 2023 e confirmado pelo Município de Tete. O local proposto é seleccionado para os requisitos do horizonte a
longo prazo de 2050. Para a primeira fase de construção até 2030, apenas serão tratados os caudais da área de esgotos
condominiais. Este conceito foi seleccionado durante a última visita ao local, em Janeiro de 2023. O local para a ETAR da
área condominial será muito mais pequeno do que o inicialmente previsto para as necessidades a longo prazo.

A disposição geral é mostrada mais abaixo.

3.3.6.2 Estação de Recepção de Lamas Fecais


A fim de permitir curtas distâncias até à ETAR, foi previsto um tratamento de lamas fecais para a instalação, minimizando o
custo de transporte. O tratamento comum de esgotos e lamas fecais será a solução preferida. Consequentemente, as
Estações de Aceitação de Lamas Fecais estão integradas no projecto da ETAR, sendo que se propõe instalar uma estação
de aceitação de lamas fecais perto das instalações de tratamento preliminar da ETAR.

3.3.6.3 Configuração da ETAR


Com base na seleção do processo de tratamento de esgoto conforme estabelecido no Anteprojeto, a proposta processo
inclui um estágio mecânico que consiste em dispositivos de peneiramento e uma câmara de areia aerada, com uma calha
Parshall subseqüente.

O estágio biológico consiste em reator anaeróbico defletor com Filtro seguido por Áreas Húmidas Construídas. Espera-se
que a produção de lodo seja baixa. O lodo do processo de tratamento biológico de esgoto será bombeado por bombas
portáteis para os leitos de secagem de lodo. De acordo com o projeto, a nova ETAR de Tete será composta pelos seguintes
componentes:

▪ Estação de Aceitação de Lodos Fecais;


▪ Unidade de Peneiramento e Degritting de Pefabricados composta por: Peneiras grossas, (remoção de partículas
rugosas) Peneiras finas, (remoção de partículas finas);
▪ Câmara de areia e graxa, (remoção de areia, areia e graxa);
▪ Canal Venturi, (medição da vazão);
▪ Reator Anaeróbico Baffled;
▪ Filtros anaeróbicos;
▪ Áreas Húmidas Construídas;
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VOLUME 2 – RELATÓRIO DO ESTUDO AMBIENTAL E SOCIAL SIMPLIFICADO (EAS-S)
▪ Leitos de secagem de lamas (desaguamento das lamas).

3.3.6.4 Tratamento de Lamas


Tal como na margem direita, a lama produzido é estabilizado e necessita apenas de ser espessado e desidratado. A
produção anual de lamas atingirá cerca de 727 m³/a, o que corresponde a cerca de 2 m³/d. Consequentemente, as
instalações de lamas originalmente desenhadas serão extremamente mais pequenas. Pode assumir-se que o volume de um
leito de secagem de lamas pode lidar com o volume de lamas produzido mensalmente.

Para permitir uma operação parcial, o leito de secagem de lodo deve ser separado em duas partes. Todos os outros aspectos
são os mesmos que para a facilidade na Margem Direita e, portanto, não serão repetidos aqui.

3.3.6.5 Layout da ETAR


As figuras seguintes mostram a disposição da ETAR prevista para a margem esquerda e o perfil hidráulico.

Figura 3.8 – Arranjo Geral da ETAR . Margem Esquerda

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VOLUME 2 – RELATÓRIO DO ESTUDO AMBIENTAL E SOCIAL SIMPLIFICADO (EAS-S)
Figura 3.9 –Diagrama de Fluxo do Processo – Margem esquerda
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A figura seguinte mostra a disposição das instalações de tratamento para o horizonte de concepção do ano 2030, com as
As extensões para 2050 são mostradas como linhas pontilhadas.

Todos os outros aspectos são os mesmos que os das instalações na Margem Direita e, portanto, não devem ser repetidos
aqui.

Figura 3.10 –Esquema Proposto para a ETAR Margem Esquerda

3.3.7 Instalações de laboratório


As instalações laboratoriais serão fornecidas na margem direita, devido à menor dimensão das instalações da margem
esquerda. As amostras da Margem Esquerda serão transportadas para o laboratório central. No caso da construção de uma
rede de esgotos na Margem Esquerda, conforme previsto como solução a longo prazo, será construída uma ETAR
independente no sul da área do projecto (margem esquerda). Esta ETAR terá instalações laboratoriais próprias e
independentes.

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A estação de tratamento de águas residuais deve incluir um laboratório para efectuar as determinações analíticas
necessárias e os testes de controlo de funcionamento, excepto para as estações onde são tomadas disposições laboratoriais
satisfatórias fora do local para cumprir os requisitos de monitorização da qualidade da água. O laboratório deve ter
dimensões, espaço de bancada, equipamento e fornecimentos suficientes para realizar todo o trabalho analítico de
autocontrolo necessário à realização dos testes de controlo do processo necessários para a boa gestão de cada processo
de tratamento incluído no projecto.

A disposição do laboratório deve ser suficientemente flexível para permitir uma expansão futura caso seja necessário mais
trabalho analítico.

3.3.7.1 Outros
A estrada de acesso que conduz aos locais das ETARs exige obras de reabilitação. Por conseguinte, são considerados 45
e 50 m de estrada de terra na margem direita e na margem esquerda, respectivamente. As estradas contribuirão para a
protecção das tubagens, melhoria das condições circundantes, e um trânsito seguro em redor da zona das ETAR.

A estrada de acesso à ETAR na margem esquerda ligar-se-á à estrada existente na fronteira da área residencial no sul de
Bairro Chingodzi e à estrada existente que conduz ao longo do rio Zambeze.

As árvores e áreas verdes serão plantadas e mantidas nos locais das ETAR’s. As árvores existentes que cresçam fora das
áreas de construção previstas serão mantidas e protegidas contra danos físicos durante a execução dos trabalhos. As
árvores e áreas verdes poderão ser irrigadas com efluentes tratados, tomando todas as precauções de segurança
necessárias em consideração. Alguns dos muros exteriores dos diferentes edifícios devem ser plantados com plantas locais
que necessitam apenas de pouca água e irrigados por meio de efluentes.

3.3.8 Drenagem de águas Pluviais


A actual situação relativamente à drenagem pluvial em Tete é deficiente.

Efectivamente, em termos de concepção geral de infrastruturas de escoamento das águas residuais, a cidade possui uma
pequena rede básica localizada em algumas das principais artérias do núcleo da urbe. A mesma foi concebida apenas para
escoamento de águas pluviais e residuais com lançamento para o rio Zambeze. Com o crescimento descontrolado da e falta
de manutenção dos canais de escoamento de águas residuais, as condutas existentes já não suportam a carga excessiva
das águas residuais e, acontece frequentemente na época chuvosa, que as mesmas transbordam e fluem à deriva na
superfície.

Assim, a rede de saneamento unitária (drenagem e esgoto), cria condições para que as águas pluviais sejam contaminadas,
uma vez que estas entram em contacto com os resíduos domésticos, ao serem arrastadas pelas condutas. Por sua vez, as
águas pluviais contaminadas são descarregadas directamente no Rio Zambeze, em diferentes locais, sem qualquer
tratamento prévio.

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A figura seguinte mostra a solução proposta para a rede de drenagem de águas pluviais no centro da cidade, bem como o
canal de drenagem das águas pluviais no Vale de Nhartanda.

Figura 3.11 - Solução proposta para a Recolha de Águas Pluviais – Margem Direita

Os materiais serão os seguintes:

▪ Os tubos de águas pluviais serão de betão;


▪ Os conectores para águas pluviais serão de PVC;
▪ Os bueiros de caixa serão de betão armado;
▪ Os canais abertos serão pré-fabricados ou pré-misturados em betão armado com juntas normais e paredes laterais
perfuradas;

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▪ As bacias de captura, entradas e câmaras de visita serão pré-fabricadas ou pré-misturadas em betão armado no local;
▪ As câmaras de visita e as peças fundidas de admissão serão de ferro fundido.
Os materiais serão de acordo com as normas portuguesas e europeias aplicáveis (NP, LNEC e EN):

▪ Tubos e acessórios de betão: EN 1916:2002;


▪ Câmaras de visita, bocas de entrada e câmaras de betão: EN 1917:2002;
▪ Bueiros de caixa de betão pré-fabricados: EN 14844:2006 e A1:2008;
▪ Tubos e acessórios em PVC: EN 1401-1:2000;
▪ Peças fundidas: NP PT 124 – 1989.

3.3.9 Cronograma de Implementação do projecto


O período de execução é determinado principalmente pela duração da construção da rede de esgotos que inclui, na margem
direita, também a conduta forçada até ao local da ETAR. A construção da ETAR deverá decorrer em paralelo e deverá ser
executada por empreiteiros qualificados a selecionar após o procedimento de pré-qualificação. Prevê-se que o sistema de
recolha de águas residuais e a construção das estações de bombagem estejam concluídos antes do início do funcionamento
da ETAR. Partindo do pressuposto de que não ocorrerão efeitos impeditivos, como a COVID-19, a construção da Rede de
Esgotos e da ETAR está estimada em cerca de 18 meses.

Devido ao carácter simples dos principais componentes, como as lagoas de estabilização e o sistema ABRAF, este período
de execução pode ser considerado realista. A aprovação dos documentos de concurso pode ser esperada para o final de
Junho de 2023. Em caso de atraso na publicação do pedido de propostas, todas as outras actividades seriam adiadas,
respetivamente. O lançamento do concurso está previsto para o final de Junho. O objetivo é iniciar as obras em Julho de
2023. A finalização da construção poderá ser esperada, em condições favoráveis, em Fevereiro de 2026. O DLP tem um
período de 12 meses e termina em Janeiro de 2027.

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4 CARACTERIZAÇÃO DA SITUAÇÃO AMBIENTAL E SOCIAL DE REFERÊNCIA

4.1 CONSIDERAÇÕES PRÉVIAS


Tendo em consideração o local de implantação do projeto que constitui as Obras de Saneamento Prioritárias para Tete,
foram avaliadas as condições do meio local e regional, assim como o seu enquadramento administrativo, visando a definição
das áreas de influência directa e indirecta do projecto, ou seja, as zonas do território onde se farão sentir os impactos directos
e indirectos decorrentes da sua construção e operação.

De acordo com as áreas de estudo definidas foi desenvolvida uma caracterização ambiental preliminar que visa estabelecer
um diagnóstico, baseado na análise e descrição, dirigida e interpretativa, da área de afectação do projecto, com o objectivo
de estabelecer um quadro de referência das condições actuais do ambiente sobre os seus vários aspectos:

Figura 4.1 – Caracterização da Situação de Referência

A recolha de informação e sua interpretação constitui um procedimento fundamental para a execução do estudo de avaliação
de impacto ambiental, por possibilitar a realização de um diagnóstico o tão completo quanto possível, da situação existente
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na área de influência do projecto, e atendendo aos grandes temas ambientais a analisar, devendo-se recorrer a variadas
fontes de informação, quer de levantamento e análise de informações existentes, disponíveis e sistematizadas sobre os
diversos factores ambientais, obtidas através da consulta de documentos disponíveis ou desenvolvidas no âmbito deste
projecto, como através de contactos directos com entidades locais a diversos níveis hierárquicos e trabalho de campo
(medições, registos fotográficos, avaliações, etc.), para recolha de elementos e informações.

Neste relatório, a caracterização é dirigida, com maior acuidade, para aqueles aspectos para os quais serão expectáveis
impactos de maior significado, visando apoiar a posterior avaliação das alterações induzidas pelo projecto.

Atendendo às metodologias preconizadas para a Avaliação de Impacto Ambiental (AIA), procura-se efectuar um
enquadramento para as várias componentes dos Meios Físico, Biótico e Socioeconómico de forma a permitir entender
de forma mais integrada a realidade existente nos postos administrativos e sua envolvente.

Assim, foram definidas as áreas de estudo, determinando como áreas de influência directa e indirecta do projecto em apreço,
tal como se apresenta na secção seguinte.

4.2 DEFINIÇÃO DE ÁREAS DE INFLUÊNCIA


Com o objectivo de enquadrar áreas de estudo, tendo em consideração a distribuição espacial dos efeitos no território
decorrentes do projecto, ou seja, até onde serão sentidos os impactos considerados de significado (directos e indirectos)
em termos físicos, bióticos e socioeconómicos, foram definidas genericamente três áreas de influência, nomeadamente:

▪ Área de Influência Direta (AID) – Refere-se à área directamente intervencionada pelo projecto, ou seja, a área
ocupada pelas ETARs, a área da rede de esgotos, as áreas condominiais, condutas, os canais de drenagem de águas
pluviais e pelo estaleiro de construção e outras áreas de apoio às obras;
▪ Área de Influência Indireta (AII) - Inclui a área directamente afectada pelo projecto mais um buffer de 500 m. A
definição desta área foi baseada em critérios territoriais, tendo em conta o âmbito directo da actividade. Contudo, a
avaliação de impacto deve determinar, para cada caso e para cada componente ambiental, a extensão do impacto que
cada impacto pode implicar;
A definição das áreas de influência directa e indirecta atendem pois ao enquadramento ambiental e social presente na área
de implementação do projeto, devendo pois ser ajustada com o desenvolvimento dos estudos de detalhe, designadamente
com a avaliação dos impactos no que respeita à sua distribuição espacial.

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Figura 4.2 – Áreas de Influência do Projecto
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4.3 MEIO FISICO

4.3.1 CLIMA

4.3.1.1 Caracterização Geral


A bacia do rio Zambeze em Moçambique, situa-se na zona Inter-Tropical, geograficamente limitada pelos trópicos de Câncer
e Capricórnio, sendo o clima do tipo Tropical Semi-Árido.

Um Clima Tropical Semi-Árido é caracterizado por temperaturas altas, chuvas mal distribuídas ao longo do ano,
essencialmente concentradas num único período do ano, e longos períodos de estiagem. Estas características permitem
destinguir duas estações evidentes, que se distinguem pela temperatura e precipitação.

As duas principais estações que se podem distinguir são:

▪ A Estação Seca, que se estende entre Abril/Maio e Agosto/Setembro, onde as temperaturas mais baixas são sentidas,
essencialmente entre Junho e Julho;
▪ A Estação Chuvosa, entre Outubro/Novembro e Março, sendo as chuvas inconstantes e mais intensas no período
Dezembro - Fevereiro, podendo existir também nesta altura, alguns períodos de seca.
A estação quente e chuvosa tende a começar de forma abrupta, após um longo período de seca, devido à influência da zona
de convergência Inter-Tropical. O final desta estação, ao contrário do inicio, termina gradualmente.

A temperatura do ar de uma determinada região varia, essencialmente, em função dos fatores fisiográficos, nomeadamente
o relevo, a natureza do solo e do seu revestimento, a proximidade às linhas de água e regime de ventos.

No presente caso, a Cidade de Tete está situada numa região onde as temperaturas são geralmente elevadas, com uma
temperatura média anual que ronda os 26,5ºC. Foi entre Outubro/Novembro e Março que foram atingidos os valores mais
altos de Temperatura, cerca de 33ºC. Por outro lado, as temperaturas mais baixas foram sentidas entre Maio e Setembro,
onde foram atingidos os 15/20ºC.

A amplitude térmica anual, ou seja, a diferença entre a temperatura média anual do mês mais quente e a temperatura média
do mês mais frio, é relativamente baixa.

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Valores médios de temperatura

40,0
35,0
30,0
25,0
ºC

20,0
15,0
10,0
5,0
0,0
Jan. Fev. Mar. Abr. Mai. Jun. Jul. Ago. Set. Out. Nov. Dez.
m eses

Temperatura máxima média Temperatura média Temperatura mínima média

Figura 4.3– Temperatura do Ar (Tete) (Fonte: COBA, 2011)

Quanto à precipitação, esta não se distribui de maneira uniforme, ao longo do ano, na região de Tete, apresentando uma
variação sazonal importante. Assim, existem duas estações bem delimitadas em termos de precipitação, uma seca, entre
Maio e Setembro, onde os valores de precipitação são praticamente nulos, e outra chuvosa, entre Dezembro e Fevereiro,
que contribui para mais de 65% da precipitação anual total da região.

Neste âmbito, para a Cidade de Tete, em média, são registados valores de precipitação anual total de 695 mm, o que
representa um ano com pouca ocorrência de períodos de chuva. O mês de Agosto é caracterizado por ser o mais seco, com
valores de precipitação médios muito baixos, cerca de 2 mm, por outro lado, o mês mais chuvoso é Janeiro, onde os valores
médios de precipitação atingem 224 mm.

Figura 4.4 – Valores Mensais de Precipitação na Estação Metereológica de Tete (Fonte: COBA, 2011)

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A Humidade relativa do ar varia consoante os índices de precipitação, uma vez que os valores mais baixos são sentidos no
final da época seca, onde se registam valores de, aproximadamente, 40%. Os valores mais elevados de humidade relativa,
cerca de 74%, são registados em Janeiro/Fevereiro.

Por fim, a velocidade média do vento em Tete é, em média, de 6,6km/h, sendo os meses de Dezembro a Julho os mais
calmos, com velocidades médias de 5,5km/h. Nos restantes meses, a velocidade do vento atinge níveis superiores, sendo,
em média, 8,7km/h.

Jan.
12,0
Dez. Fev.
8,0
Nov. Mar.
4,0

Out. 0,0 Abr.

Set. Mai.

Ago. Jun.
Jul.
Velocidade Média do
Vento (km/h)

Figura 4.5 – Variação da Velocidade Média do Vento em Tete (Fonte: COBA, 2011)

Em termos de direção, os ventos mais frequentes são os dos quadrantes Sul e Sudeste.

Segundo a classificação de Köppen, que atende à relação entre a temperatura e a precipitação da região, o região de Tete
classifica-se como sendo do tipo tropical, com estação seca no inverno (Aw)

4.3.1.2 Alterações Climáticas e Riscos Naturais


As Alterações Climáticas constituem as diferenças estatísticas das variáveis meteorológicas de uma determinada região,
medidas em diferentes períodos de tempo, que podem ser causadas por causas naturais, forças externas, ou pressão
antropogénica, com efeitos sobre a composição da atmosfera.

Este tipo de alterações constitui uma ameaça grave e com consequências que afetam numerosos aspetos da vida, em todas
as regiões do mundo, fomentando a ocorrência de fenómenos meteorológicos extremos, como o agravamento de vagas de
calor e secas, ou até o aumento da duração e intensidade dos períodos de precipitação.

O aumento da temperatura da superfície terrestre é um exemplo de alteração climática, uma vez que, as actividades
humanas, através da emissão de gases de efeito de estufa, estão a perturbar o equilíbrio natural do processo de aquecimento
do planeta, provocando um aumento descontrolado da temperatura do mesmo.

Neste âmbito, é expectável um aumento generalizado da temperatura em todo o Planeta. Segundo o IPCC, é muito provável
que este aumento afecte mais o continente africano, fazendo com que este sofra um aquecimento superior ao sentido à
escala global, durante todas as épocas do ano.

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De acordo com as projecções do IPCC, o INGC – Instituto Nacional de Gestão de Calamidades de Moçambique também
prevê um aumento das temperaturas mínimas e máximas para todas as épocas do ano, cujo aumento médio anual se situará
entre 1,5 e 3ºC, sendo este aumento da temperatura superior nas zonas mais interiores do país, onde não há influência do
oceano.

Relativamente à precipitação, segundo os modelos utilizados pelo IPCC, mostraram que também que o sul africano deverá
sofrer uma redução da mesma, principalmente, na época do inverno austral, ou seja, na época seca. No entanto, no estudo
apresentado pelo relatório do INGC, em 2009, mais recentes em relação aos do IPCC, concluiu-se que, no caso particular
de moçambique, irá aumentar os períodos de precipitação, na época húmida, entre Dezembro e Maio, estabilizando-se os
actuais níveis, nos restantes meses.

Estas projecções, realizadas pelo IPCC, em 2007, e pelo INGC, em 2009, analisadas sumariamente nesta fase, continuam
a ser validadas pelo relatório mais recente do IPCC, lançado em 2021.

Moçambique, para além de ser um dos países africanos mais vulneráveis às alterações climáticas, é também um dos países
mais afetados por desastres naturais. Assim, o aumento da intensidade dos períodos de precipitação, na época de chuvas,
e aumento dos períodos de seca, na época seca, poderá levar ao aumento da frequência de fenómenos extremos no
território.

Fenómenos Extremos: Ciclones e Cheias

Como referido no ponto anterior, as alterações climáticas podem desencadear uma maior frequência de fenómenos
extremos, afectando negativamente as populações que vivem nas áreas mais vulneráveis.

Moçambique, por se tratar de um dos países mais afectados por desastres naturais, é muitas vezes alvo de diversos
fenómenos como inundações, secas, ciclones e/ou sismos, sendo o período entre Outubro e Abril denominado de época
chuvosa e ciclónica de Moçambique, cujas cheias das bacias hidrográficas da África Austral e os ventos oriundos do Oceano
Indico são responsáveis por inundações das zonas marginais e ciclones, respetivamente.

O Centro Nacional Operativo de Emergência (CENOE) foi estabelecido com o intuito de responder às situações de
emergência provocadas por este tipo de fenómenos, proporcionando um instrumento orientado a todos os intervenientes na
prevenção, mitigação e resposta às calamidades.

Os fenómenos extremos provocados pela ocorrência de chuvas, ventos fortes, acompanhados de descargas atmosféricas,
incêndios e queimadas descontroladas, causam diversos danos Humanos e em infra-estruturas em todo o país.

No período chuvoso de 2018/2019, Moçambique foi alvo de dois dos maiores ciclones alguma vez registados, o Idai e o
Kenneth, tendo morrido, na sequência destes fenómenos, 648 pessoas em todo o país.

No caso específico da província de Tete, 1 535 pessoas foram afetadas por este tipo de eventos extremos, tendo 1 pessoa
ficado ferida na Época Chuvosa e Ciclónica de 2021/2022 (dados registados entre 1/10/2021 e 27/12/2021). Também na
Época Chuvosa e Ciclónica de 2020/2021 o país foi severamente afectado por fenómenos extremos, tendo sido destacados
a tempestade Chalane e os Ciclones Eloise e Guambe. Neste último período, 20/21, foram registadas 3445 pessoas
afectadas, 5 feridos e 8 óbitos

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4.3.2 QUALIDADE DO AR
A qualidade ambiental da zona em que se desenvolve o projecto, nomeadamente a qualidade do ar, da água e o ambiente
sonoro, está associada à ação humana, com destaque para as atividades económicas. Na região de Tete, destaca-se a
produção agrária (agricultura, pesca e pecuária) e, com grande expressão no impacto ambiental, a extração mineira.

Relativamente à qualidade do ar, ao nível da cidade de Tete, tal como acontece noutras cidades urbanas, principalmente no
continente africano, destacam-se, de um modo geral, como principais fontes de poluição, as poeiras, o tráfego rodoviário,
as queimas e as atividades ligadas ao sector secundário (indústria extractiva).

No caso do tráfego automóvel, este é responsável pela emissão de gases nocivos, nomeadamente monóxido de carbono
(CO), causando um aumento da poluição atmosférica, principalmente em zonas onde a concentração de veículos é mais
expressiva. Trata-se de um município já com número considerável de vias de comunicação, com destaque para a N7,
verificando-se a emissão de fumo negro de veículos motorizados. Assim, ao nível local, poderão ser revelantes as emissões
poluentes em resultado dos processos de combustão dos veículos automóveis, das quais as mais importantes são o
monóxido de carbono (CO), os óxidos de azoto (NOx), os hidrocarbonetos (HC), os compostos de chumbo (Pb) e os fumos
negros.

Com base na visita ao local, foram identificadas duas zonas de maior congestionamento automóvel, nomeadamente, na
zona adjacente à ponte e nas principais vias da cidade (Estrada N7). Este aumento da intensidade do tráfego rodoviário
traduz-se num aumento das emissões atmosféricas, havendo um aumento dos níveis de poluição nestes locais. As zonas
mais periféricas, onde o trafego é inferior, não são sentidos níveis de poluição tão acentuados.

Figura 4.6 – Estrada N7

No que respeita à degradação da qualidade do ar devido a fontes industriais, ao redor da Cidade de Tete, nomeadamente
na zona de Moatize, estão presentes diversas explorações mineiras (minas de carvão) e de unidades termoeléctricas, que
podem causar efeitos negativos na qualidade do ar em Tete devido à emissão de poluentes e de matéria particulada.

Para além das explorações mineiras, também algumas indústrias presentes em Tete podem emitir matéria particulada,
dióxido de enxofre, óxidos de azoto, e monóxido de carbono, para a atmosfera.

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Por fim, a qualidade do ar na cidade pode ser afetada devido à poluição residencial, principalmente em áreas onde a
população utiliza combustíveis sólidos, como madeira ou carvão, para cozinhar. A queima deste tipo de combustíveis, à
semelhança do que acontece na generalidade das áreas rurais de Moçambique, constitui o principal problema de poluição
do ar. Para além disso, destaque ainda para a queima de resíduos sólidos nas lixeiras e casas particulares sendo que esta
também constitui uma fonte de poluição a ter em consideração na realidade local.

Por fim, para além do anteriormente mencionado, uma importante fonte de degradação da qualidade do ar na cidade são as
poeiras, ou seja, o transporte de partículas, através do vendo, durante a estação seca, a partir de locais onde o solo se
caracteriza por ser seco e desprovido de vegetação.

Em suma, a qualidade do ar em Tete é principalmente afetada pelo tráfego, pelas indústrias de exploração mineira presentes
em Moatize, pela queima de lenha e carvão, e pelas poeiras, podendo o nível de poluição variar consoante a hora do dia,
local e época do ano.

4.3.3 RUÍDO
A Cidade de Tete, devido à sua importância para o país, uma vez que se trata da capital da provincia homónima, a densidade
populacional é superior, principalmente quando comparada à densidade média de zonas rurais. Deste modo, esta está
sujeita a diversas fontes de ruído, sendo as fontes mais comuns o tráfego, actividades de construção, actividades industriais
e as actividades quotidianas das populações.

Todavia, importa referir que os níveis de ruído não são constantes, sendo que estes podem variar consoante a hora do dia,
localização, tipo de actividade e época do ano.

A circulação automóvel nas principais vias rodoviárias constitui a principal fonte de ruído na área em estudo, principalmente
na N7. Este eixo viário de nível nacional atravessa a cidade de Tete, a partir do bairro M’Padwè até ao Bairro Chingodzi,
percorrendo o centro da cidade e atravessando o rio Zambeze, pela Ponte Samora Machel. Esta estrada faz ainda a ligação
ao Malawi, a norte, e ao Zimbabwe, a sul.

Nos últimos anos, o ambiente sonoro junto a esta estrada tem vindo a piorar, devido ao aumento do tráfego pesado
provocado pelo desenvolvimento da atividade mineira na zona, para além do aumento da frota de carros, em consequência
das facilidades de crédito concedidas pelas instituições financeiras.

Para além do tráfego rodoviário, também o trafego aéreo, devido à presença do Aeroporto Internacional de Tete, pode
provocar um aumento dos níveis de ruído, embora pontual, no ambiente envolvente.

Nos últimos anos, a cidade de Tete tem sido alvo de um grande desenvolvimento, sendo as atividades de construção
associadas passíveis de provocar emissão de ruído relevante, sendo mais perturbadoras quando acontecem perto de áreas
residenciais e/ou durante o horário noturno.

Em suma, a situação do ruído em Tete é essencialmente condicionada pelo tráfego e actividades construtivas. No entanto,
devido ao enquadramento geral da cidade, espera-se que os níveis de ruído sentidos sejam mais relevantes junto às
principais vias rodoviárias e ao locais onde existem actividades construtivas.

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4.3.4 GEOLOGIA E GEOMORFOLOGIA
Geomorfologia

A África Austral foi moldada por sucessivos ciclos de erosão que ocorreram principalmente desde o final do Jurássico até
ao Plio-Plistocénico, dando origem a grandes superfícies achatadas ou planaltos, que se erguem da costa para o interior em
degraus delimitados por escarpas em retirada. A província de Tete tem uma grande variabilidade hipsométrica, com áreas
que vão desde as planícies, onde a altitude é inferior a 200 metros, nomeadamente junto ao rio, e zonas montanhosas, nos
distritos de Macanga, Tsangano e Angóni, onde as alturas podem atingir níveis superiores a 1000 m.

Ao longo da bacia do rio Zambeze podem encontrar-se testemunhos de quatro ciclos principais de erosão, representados
pelas várias superfícies de aplanação, constituindo assim unidades morfológicas características, que se designam por:

▪ Zona de Montanha ou Ciclo do Gondwana;


▪ Região dos Grandes Planaltos ou Ciclo Africano;
▪ Planaltos Médios ou Ciclo do Zumbo;
▪ Zona de Planície Costeira ou Ciclo do Congo.
No caso específico da cidade de Tete, está localizada no vale do rio Zambeze, num troço em que o “V” é relativamente mais
aberto e largo, de vertentes regularizadas e rectilicias. Assim, a geomorfologia local é composta na sua maioria por planícies,
nas margens do rio. No entanto, em zonas mais afastadas do rio Zambeze, podem ser identificadas áreas de planície, onde
as alturas se situam entre 200 e 500 metros.

No âmbito deste projecto, foi identificada a topografia dos locais das estações de tratamento de águas residuais, implantadas
em ambas as margens do rio Zambeze, a uma altitude entre 120 e 130 m.

Através da analise da carta geomorfológica de Moçambique, na Figura 4.7, a área de influência direta do projeto, assim,
como grande parte da cidade de Tete, no que diz respeito a morfoestruturas, é abrangida por depressões de acumulação
do tipo Depressões de Acumulação e Terraços de Erosão. Este tipo de morfoestrutura possuem um especial interesse como
fontes possíveis de aluvião, podendo ser encontradas em áreas litorais de acumulação aluviar e marítima, como também
em áreas de vales de rios, como o caso do rio Zambeze.

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Fonte: Adaptado de DNG (1983). Nota: S/escala. A linha a vermelho corresponde à AID em estudo

Figura 4.7 – Extracto da Carta Geomorfológica (escala 1: 2 000 000)

Geologia

Em termos geológicos, o continente africano é constituído por um mosaico de cratões e faixas móveis arcaicos, amalgados
por cinturões dobrados alongados, de idade Proterozoico – Cambrica. Estes encontram-se cobertos por sedimentos
indeformados e rochas extrusivas associadas, de idade Neoproterózoica a Quaternária.

A Litoestratigrafia de Moçambique pode ser dividida entre o Soco Cristalino e a Cobertura Fanerozóica. No caso do Soco
Cristalino, este pode também ser por Complexo de Base, que data o Pré-Cambrico.

No caso especifico da Cidade de Tete, esta está localizada sobre unidades litoestratigráficas associadas à cobertura do
Fanerozóica, que, de modo geral compreende sedimentos pós-panafricanos (sub-)horizontais terrestres a marinhos e rochas
(sub-)vulcânicas associadas.

A cobertura fanerozóica divide-se no Supergrupo do Karoo e em sequências depositadas em contemporaneidade com o


desenvolvimento do Sistema do Rifte da África Oriental. O Supergrupo do Karoo, onde se localizam as infra-estruturas
propostas no âmbito do presente projeto, foi depositado durante o evento do Karoo, que constitui um prenúncio da

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fracturação abortada do Gondwana. Por outro lado, as sequências do Rifte Este-Africano compreendem uma associação
solta de sedimentos de rochas (sub-)vulcânicas associadas e que podem estar relacionadas com o rifte, deriva e dispersão
do Gondwana.

As rochas pertencentes ao Supergrupo do Karoo, em Moçambique, ocorrem num conjunto de estruturas de rifte do tipo
graben. Estas constituem (de N a S) o Graben de Metangula (Província do Niassa), a Bacia do Rovuma (Província de Cabo
Delgado) e o Graben do Médio Zambeze (Província de Tete). O Graben do Médio Zambeze, constituído por um espesso
sequência de arenitos e argilitos com costuras de carvão perto da base, é orientado E-W, devido à sobreposição da tectónica
extensiva do Cretácico, pode ser dividido nos grabens do Luia e de Moatize com orientação NW-SE.

Do ponto de vista específico do projeto, a área de influência directa das infraestruturas da margem esquerda, enquadra-se
no Grupo do Karoo Inferior, cuja seu histórico de deposição de sedimentos começa com um período de glaciação de idade
Dwyka (Carbonífero mais tardio), representado pela Formação do Vúzi*. Este grupo termina com a deposição de depósitos
clásticos mistos de grão grosseiro a fino, da Formação de Matinde*, durante o Pérmico Médio a Superior.

As infra-estruturas propostas para a margem esquerda no âmbito do Projeto das Obras Prioritárias para a Cidade de Tete,
estarão assentes, maioritáriamente na Formação de Matinde* (PeT). Contudo, o Local proposto para a implantação da
ETAR situa-se numa zona de transição entre uma área da Formação de Matinde* (PeT), Depósitos de Aluvioes (Qa) e
Depósitos de Terraços Fluviais (Qt).

A Formação de Matinde compreende uma sucessão espessa de grés muito finos a grosseiros, saibrosos a seixosos, com
camadas intercaladas conglomeráticas de 2-5 m de espessura. Esta, litologicamente, é também constituída por Margas
cinzentas a amareladas e arenitos fossilíferos. Estas litologias podem alternar com argilitos amarelo-esverdeados.

Assume-se que a Formação de Matinde* tenha uma idade pérmica inferior a média, equivalente ao Ecca Médio/Superior da
Bacia Principal do Karoo da África do Sul.

Por outro lado, na área proposta para a localização das infraestruturas da Margem Direita, no âmbito do presente projeto
também abrange uma pequena área correspondente à Formação de Matinde. Todavia, a maior parte da área de influência
direta destas infraestruturas localizar-se-ão em Depósitos do Quaternário, nomeadamente em Depósitos de Aluvião,
distribuídos essencialmente, em planícies de inundação e canais dos rios principais (no caso, rio Zambeze), formando muitas
vezes margens largas compostas por cascalho, areias brancas e vermelhas, areias ricas em argila e argilas.

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VOLUME 2 – RELATÓRIO DO ESTUDO AMBIENTAL E SOCIAL SIMPLIFICADO (EAS-S)
Figura 4.8 – Enquadramento Geológico da Área de Estudo

Hidrogeologia

Segundo a análise da Carta Hidrogeológica de Moçambique, nomeadamente para a Cidade de Tete, destacam-se Aquíferos
Predominantemente intergranulares (Contínuos, Geralmente Não Consolidados), na Margem Esquerda e Direita e Aquíferos
Predominantemente Fissurados (Descontínuos), na Margem Direita.

Por um lado, as áreas de aquíferos predominantemente intergranulares presentes na área de estudo são compostas por
depósitos arenosos, de origem fluvial, onde por vezes podem estar incluídos calhaus sites ou leitos argilosos. Em termos de
Permeabilidade, este tipo de Aquíferos apresenta uma permeabilidade geralmente elevada, ou seja, são muito produtivos
(Q>50 m3/h).

Por outro lado, na margem direita da Cidade de Tete, a zona mais junto ao rio Zambeze, onde se localizarão as obras
prioritárias de saneamento relativas às condutas, é abrangida por aquíferos predominantemente Fissurados (Descontínuos),
compostos por Grés grosseiros a médios, por vezes finos, compactos, xistoides, margas e Xistos carbonosos, incluindo
bancadas de carvão e intrusões dioríticas-Karroo. Ao contrário do que acontece nos aquíferos interanulares, estas formações
têm uma fraca permeabilidade, ou seja, são pouco produtivos (Q=3-10 m3/h).

A área da ETAR da Margem Direita está localizada numa faixa de aquíferos intergranulares, análogos aos que ocorrem na
margem esquerda da cidade de Tete.

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VOLUME 2 – RELATÓRIO DO ESTUDO AMBIENTAL E SOCIAL SIMPLIFICADO (EAS-S)
Figura 4.9 – Extrato da Carta Hidrológica de Moçambique (escala 1:1 000 0000)

Neste âmbito, destaca-se na Cidade de Tete o sistema aquífero do Vale de Nhartanda, que é o principal responsável pelo
abastecimento de água da cidade de Tete. Este aquídero caracteriza-se por ser um aquífero intergranular, liver e isotrópico,
com caudais superiores a 299 m3/h, que provem do escoamento natural do rio Zambeze, a montante da Cidade de Tete, até
à confluência novamente com o rio Zambeze, a jusante, tal como está demosntrado na figura seguinte.

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VOLUME 2 – RELATÓRIO DO ESTUDO AMBIENTAL E SOCIAL SIMPLIFICADO (EAS-S)
Figura 4.10 – Mapa Hidrogeológico do Vale de Nhartanda e áreas adjacentes ()

Este aquífero apresenta um nível alto de vulnerabilidade, devido a vários fatores que podem potenciar o seu risco de
comtaminação, como a constituição do solo, geologia e geomorfologia.

Em termos de profundidade, o sistema aquífero do vale do Nhartanda está entre 4,8 e 7,7m de profundidade, no caso do
nível estático e entre 9,2 e 19m, no caso do nível dinâmico.

Sismicidade

Em termos de actividade sísmica, a região norte de Moçambique, é dominada essencialmente pela actividade associada ao
Sistema do Rifte Este Africano, que se concentra principalmente na região do lago do Malawi.

Segundo estudos anteriores para a região, a zona da Cidade de Tete está localizada numa zona tectonicamente estável,
com uma baixa sismicidade observada (Zona 1). No entanto, a zona de baixa sismicidade no qual a área de estudo está
inserida, está delimitada por duas zonas de maior actividade sísmica. A jusante do rio, a cerca de 75km sudeste, existe uma
zona de sismicidade mais elevada (Zona 2), associada ao Rifte do Malawi. Por outro lado, a montante do rio, a cerca de
270km do centro da cidade, está uma outra zona de sismicidade mais elevada (Zona 3), desta vez associada ao rifte de
Luangwa

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VOLUME 2 – RELATÓRIO DO ESTUDO AMBIENTAL E SOCIAL SIMPLIFICADO (EAS-S)
Fonte: Seismo-Tectonic Assessment of Tete, Pöyry Energy AG,2011

Figura 4.11 – Sismicidade da Região de Tete e envolvente

4.3.5 SOLOS
A análise do tipo de solos na área de estudo teve como referência a carta de solos publicada pelo Soil and Terrain Database
for Southern Africa – International Soil Reference and Information Center (SOTERSAF, 2003), à escala 1:2 000 000, que
utiliza a classificação da Base de Referência para os Solos do Mundo – World Reference Base for Soil Resouces (WRB)
(FAO, 2006).

Na área da Cidade de Tete são encontrados vários tipos de solos, nomeadamente, do tipo Cambissolos, Calcisolos e
Vertissolos. No entanto, a categoria mais representada, e que engloba toda a área de estudo, são os Cambissolos.

Os Cambissolos caracterizam-se por serem solos jovens e pouco desenvolvidos, geralmente sem horizontes definidos ou
apresentando ligeiros indícios de processos geoquímicos como ligeiras variações de cor ou de acumulação de minerais
argilosos. Estes estão frequentemente associados a zonas de encosta e/ou montanhosas, ou seja, propensas à erosão,
sobretudo quando os solos estão a descoberto.

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Em termos de subagrupamentos, na área das obras prioritárias para a cidade de Tete, os Cambissolos são do tipo Eutrico-
Lépticos (Eutri-Leptic Cambisols), que são caracterizados por, para além das características dos cambissolos, apresentar
uma rocha dura contínua a menos de 1,0 m de profundidade e um grau de saturação de bases de 50% ou superior abaixo
dos 20 cm.

Para esta região africana, estes tipos de solos são os que apresentam uma maior aptidão para a agricultura, uma vez que
apresentam níveis de meteorização inferiores à maioria das restantes agrupamentos, mantendo assim uma considerável
capacidade de retenção de nutrientes. Dependendo da sua profundidade, a sua capacidade utilizável também poderá ser
elevada.

Fotografia 4.1 – Solos da Área Envolvente à proposta de localização da ETAR (Margem Direita)

Com o intuito de se analisar os solos presentes na área das ETARs com um maior grau de detalhe, foram elaboradas
análises em ambos os locais que irão receber estas infraestruturas (Anexo II). A metodologia utilizada, proposta pelo Instituto
de Investigação Agrária de Moçambique (IIAM), passou pela coleta de uma amostra de solo em 5 pontos destintos, dentro
da área proposta para a impantação da futura ETAR de Quelimane. Estas coletas foram feitas com recurso a uma pá, com
o intuito de remover a parte mais superficial do solo, em contacto com o ar, e permitir a recolha de amostras a cerca de
50cm de profundidade.

A textura de um solo é dada pela proporção existente entre o teor de areia, limo e argila presente. No caso de Tete
nomeadamente no local onde se localizará as ETARs, tanto na Margem Esquerda, como na Margem Direita, as análises ao
solo indicaram que este possui um grande teor de areia (81,71% e 40,68%), sendo esta maioritariamente fina, no caso da
margem direira e grossa, no caso da margem esquerda. Em termos de classe de textura, os Solos da Margem Esquerda
enquadram-se no grupo de solos grosseiros ou ligeiros, classificando-se assim por serem de uma textura Areno-Franca, por
outro lado, os solos analisados na Margem Esquerda enquadram-se no grupo de solos de textura Média, classificando-se
como Francos.

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Quadro 4.1 – Textura do Solo de Tete (%)

Areia Limo Argilo

Margem Esquerda 81,71 15,37 2,92

Margem Direita 40,68 33,53 25,79


Fonte: IIAM (2023)

No que respeita à matéria orgânica, esta é formada pela biomassa presente no solo, nomeadamente, fragmentos de plantas
e animais, microorganismos, raízes mortas e outros resíduos vegetais em decomposição, material orgânico em solução
(dimensão <0,45µm) e húmus.

O aumento do teor em Matéria orgânica presente no solo, proporciona um aumento da capacidade de retenção de água por
parte do mesmo, o que, por sua vez, aumenta a quantidade de água disponível para as plantas, melhora o arejamento do
solo, proteje o da erosão, favorece a disponibilidade de nutruientes, a atividade microbiana e a troca catiónica. Assim, solos
um maior teor de matéria orgânica são mais produtivos e coesos.

No caso das análises realizadas, a quantidade de matéria orgânica no solo de Tete é evidentemente distinta em ambas as
margens. No caso da Margem Esquerda, as análises revelaram uma percentagem de matéria orgânica de 0,64 e na margem
direita 1,94.

Neste âmbito, a classificação dos teores de matéria orgânica dos solos é de muito baixa, no caso da Margem Esquerda e
Média no caso da Margem Direita.

Por fim, as análises ao pH, que mediram o grau de acidez, ou alcalinidade, do solo, indicaram que este tem um pH neutro,
de 7,50, no caso da Margem Esquerda e alcalino, de 8,44, no caso da Margem Direita.

4.3.6 RECURSOS HÍDRICOS

4.3.6.1 Enquadramento Geral


A disponíbilidade de água em moçambique está frequentemente sujeita a ciclos, havendo abundância de água nos seus
recursos hídricos superficiais e subterrâneos, onde, a concentração de um elavado caudal leva, muitas vezes, à ocorrência
de cheias. Estes períodos são interrompidos por períodos de estiagem.

Para além dos ciclos associados à disponibilidade de água, também o próprio país apresenta uma distribuição díspar dos
seus recursos hídricos, havendo uma maior concentração destes a norte. Esta disponibilidade está também associada à
pluviosidade da região.

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Figura 4.12 - Distribuição da Precipitação Anual Média de Moçambique (Fonte: FUNAE-FP)

A disponibilidade hídrica do país, para além de influenciada pelos níveis e ciclos de pluviosidade, no caso de Moçambique,
este depende também dos países a montante, uma vez que a maioria dos seus cursos de água têm origem nos países
vizinhos. Isto aleado à falta de infraestruturas de retenção de água, trás alguns problemas na gestão deste recurso no país.

O rio Zambeze divide o país nestas duas áreas, anteriormente identificadas, zona norte, com maior disponibilidade de água,
e zona sul, dividindo também a Cidade de Tete. Os projetos preconizados para a cidade localizar-se-ão em ambas as
margens.

O rio Zambeze, com uma bacia hidrográfica de, aproximadamente, 1390000 km2, a quarta maior do continente africano, é
um importante rio da África Austral e tem uma extensão de 2574 km. Este nasce na região Noroeste da Zâmbia,
atravessando Angola, Namíbia, Zimbabwe até chegar a Moçambique, onde desagua no Oceano Índico, em Delta. Apesar
do próprio rio atravessar apenas 5 países, a sua bacia hidrográfica abrange 8 (Angola, Zâmbia, Namíbia, Botswana,
Zimbabwe, Tanzânia, Malawi e Moçambique).

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Figura 4.13 – Extrato da Carta de Bacias Hidrográficas de Moçambique (Bacia Hidrográfica do rio Zambeze)

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O rio Zambeze pode ser dividido em três troços:

I. Alto Zambeze – Estende-se desde a nascente até às quedas de Victoria Falls, numa área de 510 000km2,
atravessando Angola, Botswana, Namíbia, Zâmbia e Zimbabué;
II. Médio Zambeze – Entre as quedas de Victoria Falls e a secção montada da albufeira de Cahora Bassa, numa área
de 490 000 km2;
III. Baixo Zambeze – Incluí a restante bacia, desde o inicio da Albufeira de Cahora Bassa até à foz, totalizando uma área
de 380 000km2.
A cidade de Tete localiza-se a jusante da barragem de Cahora Bassa, no Baixo Zambeze, implantada no rio Zambeze, que
é uma das mais importantes do país devido ao seu potencial energético e de provisão de peixe, uma vez que a sua albufeira
(2660 km2) é palco de importantes pescarias.

Na cidade de Tete destaca-se ainda o rio Revúboé (BH= 15 550 km2), um afluente do rio Zambeze, com alguma expressão.
Para além destes rios principais, na envolvente da área de estudo, são também observadas outras linhas de água, de menor
expressão.

Fotografia 4.2 e Fotografia 4.3 – Rio Zambeze

Em termos de Recursos Hídricos Subterrâneos, na Cidade de Tete destaca-se o aquífero do Vale de Nhartanda, que se
localiza a uma profundidade média de 4,8 a 7,7m, no caso do nível estático e 9,2 e 19m, no caso do nível dinâmico.

Em termos de vulnerabilidade, o vale do Nhartanda possui algumas características, nomeadamente a constituição do solo,
geologia e geomorfologia, que podem potenciar o risco de contaminação do aquífero. Assim, com base em estudos
realizados pela Universidade do Minho (Portugal), este foi classificados com uma vulnerabilidade Alta e Muito Alta.

O aquífero do vale de Nhartanda é o principal responsável pelo abastecimento de água da cidade de Tete, deste modo, é
muito importante para a região.

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4.3.6.2 Nível de Cheias
A Cidade de Tete situa-se nas margens do rio Zambeze, cujo o nível de cheia ocorre de forma cíclica, essencialmente
durante a época de chuvas. Estas são maioritariamente de menor dimensão, ocorrendo cheias de dimensão razoável a cada
5 anos.

Na Figura 4.14 apresentam-se os caudais médios mensais registados na estação hidrométrica E-320 em Tete, para os
períodos de 1950 a 1974 e 1975 a 2008 (COBA, 2011).

Figura 4.14 – Caudais Médios Mensais em Tete

Da análise da Figura 4.14, é observada uma razoável diferença entre os dois regimes de caudais mensais, tendo estes, no
mês mais húmido, passado de cerca de 5800 m3/s para 3100 m3/s e, mês mais seco, de cerca de 500 m3/s para 1600 m3/s.

A redução observada está associada à construção da Barragem de Cahora Bassa, a montante de Tete, o que tornou a
influência das grandes barragens existentes na periodicidade e dimensão das cheias um assunto muito debatido. No entanto,
no decorrer nos diversos estudos efetuados, concluiu-se que a redução de cheias no Baixo Zambeze são maioritariamente
resultado de um período extremamente seco, que ocorreu nas décadas de 80 e 90, e não apenas resultado da regularização
de caudais pelas grandes albufeiras construídas no rio (Kariba e Cahora Bassa).

Na figura seguinte encontra-se o registo dos caudais médios diários do rio Zambeze, entre 2005 e 2013, em Caia,
apresentado no âmbito do Estudo dos Ecossistemas de Terras Húmidas na Região do Baixo Zambeze, elaborado pela
COBA.

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Figura 4.15 – Caudais médios diários no Rio Zambeze em Caia

Através da análise do registo de cheias em Caia, a jusante de Tete, observa-se que os caudais médios oscilam entre os
900 m3/s e 10000 m3/s. No entanto, cheias de maior caudal podem também ocorrer (>22000 m3/s), normalmente com período
de retorno é de 5000 anos. Até 2011, a maior cheia histórica registada ocorreu em 1958, com um caudal máximo em Tete
na ordem de 23000 m3/s.

Em termos de duração, o período médio que um rio está em leito de cheia é diretamente influenciado pelo caudal de cheia.
No caso do Zambeze, este período pode durar entre duas semanas a um mês/ mês e meio.

Importa ainda referir, que o nível de cheia pode ser influenciado pela regularização de caudais, causado pela construção de
infraestruturas na linha de água, nomeadamente, albufeiras. Para além das infraestruturas, também é de esperar que outros
fenómenos, como alterações climáticas, modifiquem os padrões de ocorrência de agravem o padrão de ocorrência de secas
e cheias.

4.3.6.3 Qualidade da Água


Na cidade de Tete, tal como identificado anteriormente, existe uma rede hidrográfica diversificada, sendo as principais cursos
de água: o rio Zambeze, que divide a própria cidade, o rio Revúboé e várias outras linhas de água afluentes mais pequenas.

O rio Zambeze, devido à sua dimensão, atravessa diversas áreas urbanas, industriais, agrícolas e mineiras, ao longo de
todo o seu percurso, podendo este tipo de atividades contribuir para a degradação da qualidade da água do rio.

No caso da Cidade de Tete, por se tratar de uma zona urbanizada, nas margens do rio Zambeze, espera-se que as principais
fontes poluidoras dos recursos hídricos sejam proveniente das actividades humanas, principalmente devido à descarga de
esgotos não tratados e de águas residuais nos cursos de água.

Para além das atividades humanas, também o escoamento de produtos da actividade agrícola pode contribuir para a
degradação das massas de água, uma vez que os pesticidas e fertilizantes, utilizados na agricultura, podem ser
transportados para as linhas de água, promovendo a sua contaminação.

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Por fim, também as actividades de extração mineira, localizadas em Moatize, podem contribuir para a degradação das linhas
de água, uma vez que este tipo de actividade pode promover a libertação de metais pesados e outros contaminantes.

Importa ainda referir que processos naturais, como o transporte eólico de sedimentos erodidos, podem contribuir para o
aumento da turbidez dos cursos de água.

No âmbito do Estudo de Impacte Ambiental de Mphanda Nkuwa, realizado pela COBA em 2011, a caracterização da
qualidade da água do rio Zambeze indica que a mesma apresenta algum grau de contaminação, essencialmente orgânica
e microbiológica. Este tipo de contaminação pode estar relacionada com as descargas de efluentes urbanos e industriais,
na linha de água.

Para além da contaminação orgânica e microbiológica, no âmbito do mesmo estudo, foi detetado um incumprimento dos
níveis de turvação permitidos, devido a uma elevada concentração de partículas em suspensão na água.

No âmbito do presente projeto, foram também realizadas análises à qualidade da água das linhas de água superficial, na
área de estudo, e à água subterrânea, através da análise da água de um poço caseiro.

No caso dos Recursos Hídricos Superficiais, foram realizadas análises no rio Zambeze, onde será descarregada a água
depois de tratada nas ETARs.

Decorrente desta análise, cujo o Boletim é apresentado no Anexo II, de um ponto vista químico, não foi indentificado nenhum
parâmetro que se destaque negativamente.

Em termos de pH, este tende a atingir níveis neutros, tanto ao nível dos recursos hídricos superficiais (rio Zambeze), como
subterrâneos, sendo, em ambos os casos, de 7,3.

Do ponto de vista físico, as análises à qualidade da linha de água indicaram que esta possui uma cor corada e que é,
visivelmente, um depósito de resíduos, o que indica algum grau de poluição do rio.

Por outro lado, os recursos hídricos subterrâneos foram analisados a partir da análise de um poço caseiro localizado na
envolvente da ETAR, utilizado para consumo / utilização familiar.

À semelhança dos recursos hídricos superficiais, também não existem elementos de destaque nos parâmetros analisados,
uma vez que estes encontram-se enquadrados no limite máximo e mínimo admissível.

Do ponto de vista físico, também a água subterrânea apresenta, visivelmente, um deposito de resíduos, no entanto, neste
caso a água é incolor.

Em relação aos parâmetros microbiológicos, ao contrário do que foi registado na linha de água superficial, onde não foi
registada a presença de microorganismos, os recursos hídricos subterrâneos apresentam valores geralmente baixos de
Coliformes fecais, inferiores ao admissível para consumo humano.

Comparando as análises realizadas no âmbito do presente projecto, com as anteriormente realizadas em 2011, foi verificada
uma melhoria da qualidade da água, nomeadamente no que diz repeito à componente orgânica e microbiológica.

Em suma, as análises à qualidade da água subterrânea demonstraram que esta não corresponde aos requisitos de
potabilidade de acordo com o Regulamento de Água para o Consumo Humano (Diploma Ministerial nº 180/2004, de 15 de
Setembro), essencialmente devido à componente física, nomeadamente à presença de resíduos. Quanto às águas
superficiais, destaca-se igualmente as características físicas, nomeadamente a presença de resíduos e a cor.
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4.3.6.4 Captações de Água Subterrânea
O fornecimento de água à Cidade de Tete é assegurado pelo Sistema de Abastecimento de Água da AO-Tete, cuja entidade
responsável é a FIPAG (Fundo de Investimento e Patromónio do Abasteciemento de Água). Este sistema, com uma extensão
total de condutas adutoras de 89km, possui:

▪ Capacidade instalada de captação de 39280 m3/d;


▪ Capacidade de Produção de 38495 m3/d;
▪ Capacidade de armazenamento de 5390 m3;
O Sistema de Abastecimento da AO-Tete, é composto por dois grandes subsistemas (Tete - Antiga e Matundo/Chingodzi) e
três mais pequenos (Canongola, Mpadué e Degué).

Fonte: FIPAG

Figura 4.16 – Subsistemas de Abastecimento de Água da Cidade de Tete

Por um lado, a área de implantação da ETAR da margem esquerda estará inserida no Subsistema de Matundo/Chingodzi
(A Azul). Este susbsitema é abastecido por captações no rio Revuboe, um afluente do rio Zambeze.

Por outro lado, a área de implantação da ETAR da margem direita estará inserida no grande subsistema de Tete Antiga (A
verde). Este subsistema é composto por captações no Vale de Nhartanda, a montante da área da futura ETAR.

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Neste âmbito, foi verificada a intenção da FIPAG em instalar novas captações de água subterrânea, também na zona do
Vale de Nhartanda, no entanto, numa área mais a jusante.

Assim, têm vindo a ser estudadas diversas localizações (Figura 4.17), dentro e fora do local proposto para a ETAR. Este
estudo, segundo o contacto com esta entidade, foi realizado para avaliar a viabilidade destas captações.

Figura 4.17 - Pontos Estudados para a Instalação ne Novas Captações

4.4 MEIO BIOLÓGICO

4.4.1 Flora
Os habitats existententes na área envolvente à implantação do projeto têm vindo, ao longo dos anos, a ser altamente
modificados pela intervenção humana, sendo, hoje em dia, essencialmente representados por áreas de floresta nativa e
áreas agrícolas, onde se pratica agricultura de subsistência.

A vegetação nativa típica desta região é a floresta aberta e a Pradaria permanentemente inundada. Por um lado, as áreas
de floresta aberta destacam-se pela presença de algumas espécies como o Embondeiro (Adansonia digitata), o Mopane
(Colophospermum mopane), a Maçaniqueira (Ziziphus zambeziaca).

Por outro lado, as Pradarias permanentemente inundadas ocorrem em solos argilosos, onde geralmente o coberto vegetal
é composto por gramíneas altas, com destaque pela presença de caniços (Phragmites australis), cynodon dactylon e Juncos
(Juncaceae).

Todavia, devido à pressão antropogénica, a maior parte da área de implantação é predominantemente ocupada por campos
agrícolas de subsistência, com destaque para o cultivo de milho (Zea mays), quiabo (Abelmoschus esculentus), batata doce
(Ipomoea batatas), feijão-nhemba (Vigna unguiculata). Em alguns pontos existem árvores de fruto dispersas, como

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Maçaniqueira (Ziziphus zambeziaca), algumas árvores de manqueiras mangueiras (Mangifera indica) recetemente plantadas
e coqueiros (Cocos nucífera).

A paisagem ao longo da rede de saneamento é marcada pela presença de habitações, sendo as espécies de flora nestes
locais mais influenciada pelo grau de humanização, tendo sido identificada a presença de árvores de sombra e fruto como
por exemplo, Embondeiro (Adansonia digitata), Maçaniqueira (Zizyphus mauritania), e Bananeiras (Musa sp).Seringueiras,
Casuarinas (Casuarina equisetifolia), Eucaliptos e Acácias (Acácia nilótica). Por outro lado, as áreas directamente afetadas
pelo projecto, nomeadamente pelas ETARs, apresentam características de flora e vegetação distintas.

Figura 4.18 - Aspecto geral da vegetação da área do projecto (MD-margem direita, ME- Margem esquerda, FA-
Floresta aberta, PPI-Pradaria Permanentemente inundada, AS- agricultura de subsistência)

4.4.2 Fauna
Os habitats naturais na área do projecto foram fortemente modificados pelas actividades humanas. Estas alterações levaram
a uma diminuição das zonas de forragem, dos locais de abrigo e nidificação das espécies, levando à extinção local de muitas
espécies de fauna selvagem, nomeadamente da avifauna.

Assim, nos habitats existentes na área de influência das ETARs, onde a componente antropogénica está muito presente, é
expectável a existência de populações de pequenos mamíferos, tais como roedores e ratazanas, e espécies mais adaptadas
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a áreas degradadas e com presença humana, incluindo pequenos répteis (Salamandras) e aves Garça-do-lago (Ardeola
idae).

Adicionalmente na área do projecto, regista-se a ocorrência de espécies de répteis tais como lagartixas (Trachylepsis sp.) e
varanos do nilo (Varanus niloticus), que ocorrem nas proximidades do rio Zambeze.

Já no caso da herpetofauna, são encontradas rãs das bananeiras e rãs do caniço, do género Hyperolius, nas áreas de
vegetação herbácea ribeirinha.

4.4.3 Áreas Protegidas e espécies de livros vermelhos


Áreas Protegidas

Não existem áreas de conservação ao longo da rota das linhas de drenagem até às ETARs. As linhas de drenagem a ser
construídas cruzam-se com algumas linhas de drenagem existentes e áreas alagáveis. Estas inserem-se nos habitats
modificados pela ação humana (extração de areia) e têm desta forma a sua relevância ecológica reduzida associado a má
gestão dos resíduos sólidos.

Espécies do Livro Vermelho

De acordo com na Lista Vermelha da IUCN (www.iucnredlist.org) a espécie de ave Garça-do-lago (Ardeola idae), foi
recentemente avaliada para a Lista Vermelha de Espécies Ameaçadas da IUCN em 2020 e considerada como uma espécie
globalmente em Perigo (EN) e as restantes espécies faunísticas registadas na Área de Influência Direta do projecto são de
Menor Preocupação (LC). Todas as espécies vegetais registadas no local também são de Menor preocupação.

4.5 CONDIÇÕES SOCIOECONÓMICAS DE BASE NA ÁREA DO PROJECTO

4.5.1 Sistemas de Governação e de Organização Social e Comunitária


Em termos administrativos, para a realização da sua função administrativa e de desenvolvimento territorial, a estrutura
governamental é assegurada ao nível local (províncias, distritos, postos administrativos, localidades, povoações e aldeias)
através dos chamados Órgãos Locais do Estado. A Lei n° 8/2003, de 5 de Maio, vulgarmente conhecida por lei dos órgãos
locais do Estado (LOLE), estabelece princípios e normas de organização e funcionamento dos órgãos locais do Estado nos
escalões de província, distrito, posto administrativo e de localidade. Tratando-se de uma Cidade, a gestão da Cidade
compete ao Conselho Municipal, fora da qual o Governo Distrital é responsável pelo restante território.

A gestão da Cidade compete ao Conselho Municipal de Tete. No Município de Tete existem diferentes mecanismos de
participação comunitária na governação municipal. O Conselho Municipal possui actualmente os seguintes mecanismos:

▪ Fóruns de Consulta Comunitária: Funcionam ao nível das Unidades de bairro (compostos por Chefes das Unidades,
Chefes de quarteirão, Chefes das 10 casas, Líderes comunitários e religiosos);
▪ Conselhos Consultivos: órgão de consulta sobre os diversos assuntos e de decisão, sobre os projectos a apresentar
ao Conselho Municipal, ao nível dos Bairros Municipais;
▪ Encontros promovidos pelo Conselho Municipal;
▪ Sessão de audiências com o Presidente do Conselho Municipal.

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O Município de Tete possui vários actores municipais que estão envolvidos na governação municipal:

(i) O Conselho Municipal de Tete é dirigido por um Presidente e composto por 8 Vereações, nomeadamente:
Administração e Finanças, Saneamento e Meio Ambiente, Infra-estruturas, Transporte e Transito, Cultura, Juventude
e Desporto, Administração Urbana e Construção, Educação, Saúde Pública, Mulher e Acção Social, Desenvolvimento
Comunitário e Jardins, Mercado e Feiras e Turismo, os quais são chefiados por Vereadores; e por 9 Bairros, chefiados
pelos respectivos chefes de Bairro;
(ii) Assembleia Municipal é o órgão que tem como mandato, efectuar a monitoria e fiscalização do trabalho levado a cabo
pelo Conselho Municipal, bem como, de aprovar as leis que dizem respeito ao Município, dentro dos limites que lhes
são impostos pela Constituição da República (possui 9 Comissões de Trabalho que corresponde a cada uma das
áreas/Vereações do Conselho Municipal);
(iii) Organizações da Sociedade Civil (OCS): das várias OSCs que actuam na província de Tete, quase todas actuam
apenas no contexto dos Órgão Locais do Estado (Província e Distritos);
(iv) Sector Privado: associações congregadas numa plataforma do sector privado da província, com representação na
Confederação das Associações Económicas (CTA);
(v) Associações nos Mercados formais: Mercado 1 de Maio (AVAMPRIMA, Associação das Mulheres, e Associação dos
Homens); Mercado OUA (Associação dos Vendedores do Mercado OUA–AVECAMO). Mercados informais (Mercado
Kwachena no vale de Nhartanda, Cabinde, Candongola) não possuem associações. Cada mercado possui uma
estrutura própria, a qual se resume na sua maioria por: Chefe do Mercado (funcionário do Conselho Municipal),
cobradores, representantes das associações (que representa os interesses dos vendedores);
(vi) Líderes de opinião/pessoas influentes.

Fotografia 4.4 – Conselho Municipal da Cidade de Tete

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4.5.2 População / Demografia
A Cidade de Tete possui 451800 habitantes (2021) de acordo com as estimativas do INE (Projecções Anuais da População
Total, Urbana e Rural 2017 – 2050), o que constitui 15,11% da população total da província.

Da população total indicada 49,5% (224052) são homens e 50,4% (227748) são mulheres. A pirâmide etária evidencia uma
população jovem (mais de metade da população tem idade inferior a 18 anos).

Fonte: INE, 2007

Figura 4.19 – Pirâmede etária típica da população da Cidade de Tete

Relativamente à densidade da população, a cidade destaca-se com 1579 hab/km2 contra os 29,7hab/km2 da média da
província. A população economicamente activa representa 55,47% (250630), sendo que pouco mais de metade são
mulheres com a variação registada em 50,63% (126900).

Segundo outros indicadores sócio-demográficos do INE/ 2007, os agregados familiares do município de Tete são católicos,
com 22,5% de representatividade e acima da média da província com 17,0%. Em segundo plano posiciona-se a religião
zione com 12,5%, mas com maior expressão relativamente à média da província com 38,8%. No entanto, refira-se que
47,2% de agregados familiares não professam nenhuma religião. As outras religiões praticadas, mas com menor expressão,
são a evangélica (9,1%) e islâmica (2,6%) (INE/DEMOVIS 2007).

A língua materna dominante é o Cinyungwè. Cerca de 70% da população com 5 ou mais anos de idade não têm
conhecimento da língua portuguesa, sendo este domínio predominante nos homens, dada a sua maior inserção na vida
escolar e no mercado de trabalho. A população do Distrito provém, maioritariamente, da etnia Nhungué. As línguas
predominantes são o Sena e Cinyungwè.

4.5.3 Tipo de Habitação


O actual perfil da Cidade de Tete caracteriza-se por uma nítida fase de transição de cidade ruralizada para urbana. De
cidade de contrastes em que co-habitavam as alvenarias da urbe com a pobreza extrema de cabanas de estacas e palha,

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hoje nota-se o resultado do planeamento urbano, com novos bairros que nasceram com alguma elegância fruto dos
dividendos do florescimento da indústria mineira.

Na margem esquerda da cidade de Tete nasceram novos bairros no lugar das antigas ocupações de palhotas, com ruas
largas, rede de água potável e electricidade, incluído serviços de apoio como supermercados, clínicas, oficinas, etc.
Paulatinamente, as palhotas estão a ser substituídas por casas de alvenaria.

Fotografia 4.5 – Cidade de Tete e seu crescimento recente (Panorama da Urbe, Hotéis, Condomínios)

A grande densidade da população e o crescente êxodo rural para o município de Tete cria grande pressão sobre o mesmo.
O actual perfil epidemiológico é reflexo desta situação. É caracterizado pela ocorrência de doenças epidémicas, malária,
cólera e doenças gastrointestinais que praticamente se tornaram endémicas. Estas doenças surgem, recorrentemente em
forma de surtos e associadas a maus hábitos de higiene, má qualidade da água potável e inexistência de adequado sistema
de escoamento e de tratamento de águas residuais.

4.5.4 Actividades económicas e sistemas de subsistência da população


De uma forma geral a agricultura e a pecuária são as principais actividades do desenvolvimento sócio-económico do
Município de Tete. Associadas à indústria extractiva de carvão, a qual baseia a sua mão-de-obra e serviços de assistência
na cidade, esta cataliza o crescimento geral da urbe em seu redor. Paralelamente, o comércio informal desempenha um
papel preponderante para garantir o fornecimento de bens de consumo manufacturados e produtos agrícolas, sendo por
isso a cidade de Tete o grande centro negócios da província.

A agricultura é predominantemente de sequeiro, praticada em pequenas explorações familiares, em regime de consociação


de culturas com base em variedades locais. As principais culturas são a mapira, a mexoeira e a amendoim, nas zonas altas;
o milho, os feijões, a batata-doce, a mandioca e alguns hortícolas, nas zonas baixas. O milho é cultivado em combinação
com o feijão nhemba, em solos com boa capacidade de retenção de humidade e em microclimas específicos.

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Os produtores do sector familiar recorrem ainda a instrumentos de trabalho rudimentares e de baixo custo, como é o caso
das enxadas, machados e catanas. É produção tipicamente de subsistência; A utilização da tracção animal e da
mecanização está em processo de implantação, sendo usado por agricultores que cultivam áreas extensas, para fins
comerciais. Estes comercializam o excedente das suas culturas nos vários mercados informais existentes (Kwachena,
Cambinde e Canongola). A cintura verde da Cidade de Tete, concretamente no vale de Nhartanda, é um dos principais
postos de abastecimento de verduras aos munícipes da urbe. A Cidade de Tete conta com uma empresa de processamento
de tabaco a MLT (“Mozambique Leaf Tobacco”) que possui uma unidade de grande dimensão instalada em Canongola e
recebe a matéria prima proveniente de vários Distritos da Província de Tete.

Fotografia 4.6 – Panorama da MLT

No concernente à pecuária, a Cidade de Tete é essencialmente um centro de comercialização e não propriamente de


produção de efectivos. Estes são produzidos e fornecidos pelos distritos limítrofes. Porém, é de mencionar que muitos
criadores são munícipes de Tete e associam a actividade pecuária com a agricultura. O sector da pecuária está bem presente
na Cidade de Tete e com uma estrutura de produção bastante mercantilizada. As principais ligações comerciais do sector
(sobretudo de carne de bovino, caprino e frangos) estão centralizadas na Cidade de Tete. De referir o investimento do
Grupo Agriterra através da Mozbife Limitada (Mozbife), com instalações nos arredores da Cidade de Tete, da
Desenvolvimento e Comercialização Agrícola Limitada (DECA) e da Compagri Limitada (Compagri).

Quanto à indústria na Cidade de Tete, esta se encontra relacionada com o desenvolvimento da exploração de carvão. O
crescimento de algumas actividades económicas é consequência dos investimentos que se realizam no carvão mineral
explorado no vizinho Distrito de Moatize e no norte da província na cultura do tabaco. O maior desenvolvimento acaba por
ser ao nível dos segmentos do sector terciário e não tanto em termos de indústria propriamente dita. A indústria mineira
galvanizou o aparecimento de serviços diversos e de fornecedores. Por outro lado, também impulsionou grandemente a
indústria imobiliária para o acolhimento de trabalhadores, o turismo local, com menção particular para a indústria hoteleira,
restaurantes, clínicas e empresas de transporte e aluguer de viaturas em grande escala.

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Fotografia 4.7 – Indústria de Extração de Carvão em Moatize

Parte da economia da Cidade de Tete provém da comercialização de produtos agrícolas e pescado ao nível local. Por um
lado, o comércio informal representa uma grande alternativa no sistema de subsistência das famílias, que tanto serve de
suporte aos citadinos sem emprego, assim como também aos que possuem emprego, como forma de reforço da renda. O
principal mercado da Cidade – mercado informal de Kwachena está localizado no bairro Sansão Muthemba, com outros
mercados satélites de Cambinde e Canongola. Por outro lado, o mercado formal representado pela cadeia dos
Supermercados Shoprite, com dois centros comerciais, SPAR, entre outros.

Por fim, referir que nos últimos anos houve um desenvolvimento das infrastruturas de turismo (hotelaria, restauração e
serviços associados) na Cidade de Tete, para dar resposta às necessidades relacionadas com o desenvolvimento da
exploração do carvão. O aumento de infra-estruturas hoteleiras verificado nos últimos anos implicou a entrada em
funcionamento de novas rotas aéreas nacionais e internacionais no Aeroporto de Chingodzi. Tete é hoje a plataforma na
região que atrai mais pessoas, sobretudo ligadas a negócios (turismo de negócios).

Fotografia 4.8 – Panorama de alguns hoteis de Tete (Park Inn; Vip Executive; Inter Tete)

4.5.5 Perfil de Educação da População


O sector da educação teve um crescimento notável nos últimos anos, mercê do “boom” da indústria do carvão que impôs a
necessidade de mão-de-obra escolarizada, sobretudo no ensino médio e superior, o mesmo sucedendo em termos de oferta
formativa ao nível do Instituto Nacional do Emprego e Formação Profissional.

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De acordo com a informação do INE, o Distrito dispunha, em 2013, de uma rede escolar composta por: 2 EPI públicas, 1
EPI privadas/comunitárias, 2 EPII públicas, 35 EPII privadas/comunitárias, 15 ESGI públicas, 3 ESGI privadas, 2 ESGII
públicas e 3 ESGII privadas. - Em termos de população estudantil, os valores revelados pelo INE, para 2013, apontavam
para um universo de 45.838 estudantes no ensino primário (1º e 2º grau) e de 19.063 alunos no nível secundário (1º e 2º
grau).

O INEFP Tete possui estágios pré-profissionais a realizar no quadro de acordos com sector empresarial local,
particularmente com as mineradoras.

A Cidade de Tete conta com o Instituto Superior Politécnico de Tete (ISPT), Instituto Superior de Gestão, Comércio e
Finanças (ISGECOF) e com 1 Centro de Recurso do Centro de Ensino à Distância (CED), a Faculdade de Ciências de
Saúde (FCS) – Tete da UniZambeze e a Universidade Católica de Moçambique – Delegação de Economia e Gestão,
Delegação de Direito e Delegação de Informática.

4.5.6 Perfil de Saúde da População


A situação actual de saneamento na Cidade de Tete, principalmente nos bairros periurbanos, é precária e tem uma influência
negativa, significativa, nas condições de saúde da população local. A rede de saneamento existente, sendo ela unitária
(drenagem e esgoto), cria condições para que as águas pluviais sejam contaminadas, uma vez que estas entram em contacto
com os resíduos domésticos, ao serem arrastadas pelas condutas. Por sua vez, as águas pluviais contaminadas são
descarregadas directamente no Rio Zambeze, em diferentes locais, sem qualquer tratamento prévio, o que constitui um risco
para a saúde pública.

Por outro lado, as águas residuais provenientes dos bairros periféricos, não cobertos pela rede de saneamento, são também
encaminhadas directamente para o vale de Nhartanda, aumentando o risco de contaminação dos aquíferos e do rio
Zambeze. Este tipo de contaminação potencia a ocorrência de doenças como diarreias, cólera e/ou malária.

O perfil epidemiológico da Cidade de Tete é caracterizado pela ocorrência de doenças epidémicas que praticamente se
tornaram endémicas (Malária e o HIV/SIDA), no entanto, é também recorrente o surgimento de surtos de doenças
gastrointestinais associadas a maus hábitos de higiene, má qualidade da água potável e inexistência de adequado sistema
de tratamento de águas residuais.

Assim, as principais doenças são o HIV/SIDA, a malária, doenças diarréicas e disenteria, sendo a malária uma das principais
causas de mortalidade em Tete, atingindo com mais severidade as zonas mais baixas e pantanosas e os locais com sérios
problemas de saneamento e drenagem das águas pluviais. Apesar deste quadro de incidência de doenças, muitas delas de
origem hídrica, o acesso da população aos serviços do Sistema Nacional de Saúde tem estado a melhorar continuamente.

4.5.7 Utilização e propriedade da terra


O acesso à terra é condicionado pelos normativos do Estado (Governo do Distrito de Tete e CMCT) e também pelo
seguimento intrínseco das formalidades tradicionais. Muitos dos dispositivos legais foram estabelecidos no período pós
independência e, entre eles a Lei de Terras que salvaguarda o reconhecimento de propriedade e o direito de uso e
aproveitamento de terra em regime de boa fé, pelas famílias que fazem ocupação de acordo com os preceitos do Direito
Consuetudinário.

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Os processos de registo de uso e aproveitamento da terra são coordenados pelos Serviços de Agricultura e a Secretaria
Distrital e pelo Conselho Municipal, existindo áreas reservadas para a construção de infra-estruturas, para serviços públicos,
habitações, comércio e outros.

No que respeita à posse da terra, a maior parte das explorações são tradicionalmente pertença das famílias da região, sendo
transmitidas por herança aos filhos, ou estão em regime de aluguer ou de concessão do estado a particulares e empresas
privadas. As maiorias dos terrenos não se encontram titulados e, quando explorados em regime familiar, têm quase sempre
como responsável o homem, chefe da família.

O uso da terra na cidade de Tete entrou numa nova dinâmica com o ´´boom`` da Indústria Extrativa do Carvão Mineral. O
Estado concedeu vastas extensões de terras para as empresas de exploração como a Vale Moçambique e a ICVL, esta
localizada na margem esquerda do Rio Zambeze. A presença destas empresas ditou uma grande transformação na
caracterização do solo urbano da cidade. Por exemplo, a área urbanizada da Cidade de Tete tem vindo a expandir-se para
norte, com vários empreendimentos comerciais e condomínios no novo bairro Matema, clínicas e empresas de prestação
de serviços diversos para as gigantes carvoeiras.

As terras localizadas nos limites do município e também nos arredores, para além do uso para a construção de edifícios
residenciais, exploração industrial e comercial, são ainda do predomínio da agricultura de subsistência, pastagem de
caprinos, coleta de lenha e cerâmica.

Ao longo da margem esquerda do Rio Zambeze e do Rio Rovubué, as comunidades locais, produzem hortícolas em
pequenas parcelas; enquanto que nas terras altas do interior praticam a agricultura de sequeiro em regime de consociação
de milho, abóboras, quiabos e feijão-nhemba. Algumas famílias cultivam com recurso à tracção animal ou tractor.

Na margem direita predominam explorações agrícolas nas baixas que constituem zonas de inundação na época chuvosa.
As principais culturas são igualmente as hortícolas, o milho, feijão-nhemba e abóbora. Na margem esquerda as machambas
concentram-se mais nas áreas rurais do Bairro Matundo e também em algumas ilhotas do Rio Zambeze.

No entanto, grandes extensões de terras são concessões da empresa mineira ICVL. Nessas áreas, as comunidades
continuam a fazer a colheita de lenha e outros produtos florestais de seu interesse, enquanto não evoluem as actividades
de exploração de carvão mineral.

A cidade de Tete e a sua periferia apresentam diferentes realidades em termos de infra-estruturas, serviços e comércio. A
zona de cimento, com estradas asfaltadas, sistema de esgotos, urbanizada, remonta às décadas 60/70, onde a maioria das
casas possuem um sistema de esgoto. Os bairros periféricos são desordenados e tiveram a sua génese nas décadas 80/90
como resultado de migrações motivadas pela guerra dos 16 anos. Os arruamentos, as infra-estruturas e serviços públicos
são irregulares. Quase que todas as áreas destinadas à habitação da cidade apresentam um padrão de ocupação
desordenado que se reproduz à medida do seu crescimento.

4.5.8 Padrões de cultivo e pastoreio


Apesar do grande papel e importância da indústria extractiva, a agricultura constitui ainda o grande suporte para a
subsistência das famílias e para o desenvolvimento económico do Distrito e Cidade de Tete. Ela é predominantemente
praticada em regime de sequeiro, com consociação de culturas de variedades locais e em pequenas explorações familiares.

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As principais culturas alimentares são: nas zonas altas, a mapira, a mexoeira e o amendoim; nas zonas baixas, o milho, os
feijões, a batata-doce, a mandioca e hortícolas. O milho é produzido em consociação com o feijão nhemba, em solos com
boa capacidade de retenção de humidade e em microclimas específicos. A cintura verde da Cidade de Tete, o vale de
Nhartanda, é um dos principais postos de abastecimento de hortaliças da urbe. A prática agrícola é ainda rudimentar, feita
com recurso a enxadas e catanas. A utilização da tracção animal e da mecanização está em franco crescimento e existem
agricultores que recorrem à fertilização dos solos para melhorar os rendimentos da produção.

Estes padrões de produção agrícola são complementados ao mesmo tempo com a criação de gado bovino e caprino em
regime extensivo, bem como também a criação de aves. Sobre a produção pecuária, a Cidade de Tete é essencialmente
um ponto de comercialização e não propriamente de produção de efectivos. O sector da pecuária está fortemente enraizado
no município e, alguns proprietários de extensas manadas de gado são munícipes evoluindo para regime de produção
empresarial.

Os produtos agrícolas e pecuários obtidos são em primeiro lugar para garantir a alimentação das famílias e constituem
também fonte de renda através da sua comercialização nos principais mercados informais da cidade, principalmente os
mercados de Kwachena, Cambinde e Canongola.

Fotografia 4.9 – Machambas na área de Estudo (esquerda) e comércio de produtos agrícolas (direita)

4.5.9 Vulnerabilidade das Partes Afetadas


A vulnerabilidade pode ser definida como uma situação em que o meio físico está vulnerável às pressões humanas.
Geralmente, estão presentes três fatores: exposição ao risco; incapacidade de reação; e dificuldade de adaptação diante da
materialização do risco.

Entre os diversos fatores que levam à vulnerabilidade, estão as condições sócio-económicas, os acessos aos serviços, a
cultura e práticas tradicionais decadentes, as relações sociais e a própria subjetividade. Além disso, a situação de
vulnerabilidade social tem relação direta com o resultado negativo entre a estrutura material e o acesso a oportunidades
sócio-económicas e culturais que provêm da sociedade, do mercado de trabalho e do Estado.

O Grupo Vulnerável pode ser classificado em seis categorias: mulheres, crianças e adolescentes, idosos, população em
situação de rua, pessoas com deficiência física ou sofrimento mental e a comunidade LGBT (lésbicas, gays, bissexuais,
travestis e transexuais).

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Pelas experiências mais recentes de implementação de projectos ficou a lição de que as mulheres são percebidas como
mais vulneráveis do que os homens. No entanto, esta constatação inclui idosos e crianças órfãs que ficam expostos aos
riscos sociais e de saúde associados a actividades de projetos de desenvolvimento.

Numa visão preliminar da situação de vulnerabilidade das partes afectadas na cidade de Tete, importa referir que a
implantação da indústria de carvão veio contribuir bastante para a abordagem deste aspecto, com transformações visíveis
nas empresas quanto à questão do género e igualdade de oportunidades. No que se refere à área de influência do projecto,
o mesmo pode incorrer alguns riscos de afectar os grupos vulneráveis acima citados, embora com fraca incidência, se se
considerar que o traçado dos canais de escoamento das águas residuais não afecta mercados e nem pequenos aglomerados
de vendedores de rua, cuja actividade é feita maioritariamente por mulheres e crianças.

O local para a construção da ETAR na margem direita contem parcelas de machambas individuais e, esta actividade é
exercida também por mulheres, para garantir a subsistência das suas famílias. Na margem esquerda, o local da ETAR
também possui parcelas cultivadas em pequena escala. Não existem mercados nas imediações, mas foram identificadas
uma moageira e uma oficina de carpintaria à beira das estradas de acesso. Em todos os casos, as medidas de mitigação
antecedidas do seguimento escrupuloso dos princípios orientadores do Banco Mundial deverão ser recomendados para
evitar o sofrimento dos grupos vulneráveis identificados.

Noutra vertente, na área cultural e tradicional do Projecto, a questão do género é considerada sensível, pelo que será um
grande desafio para o Projecto encontrar um equilíbrio entre a garantia dos direitos das mulheres, por um lado, e o respeito
pelos costumes e tradições, por outro lado.

Por exemplo, durante a fase de construção do Projecto existe o risco de aumento das práticas de prostituição decorrente da
presença de um contingente de trabalhadores no local com rendimentos superiores à média. Além disso, muitas vezes existe
a tendência de beneficiar menos as mulheres com os impactos positivos dos projetos, como o acesso aos empregos e
oportunidades de desenvolvimento de negócios afins inerentes às actividades (prestação de serviços e fornecedores).

4.5.10 Ambiente Sociocultural


A Cidade de Tete, conhecida por Nhaakolo até 1531, ano em que foi elevada a Povoação e Feitoria Portuguesa. A intensa
actividade cultural alicerçada na sua tradição oral constitui a maior riqueza patrimonial de Cidade de Tete. Para além das
comemorações históricas, convívios culturais e interpretações teatrais e musicais, há ainda a salientar as danças
tradicionais. As danças têm significado histórico-cultural pelo facto de terem serem usadas pelos seus executantes como
instrumentos de identidade cultural (p. exe., a dança e música). Noutro patamar, realce para a beleza e diversidade da
paisagem natural de toda a região. O nome Tete, na língua local Nyungwe "Mitete", significa caniço.

Em termos de património imaterial a língua constitui o principal património da população da Cidade de Tete. A manifestação
cultural da cidade é caracterizada por diversas expressões artísticas entre elas as artes cénicas, destacadas pelas músicas
e danças tradicionais típicas. A dança Nhau, é comum nas cerimónias festivas.

A Direcção Provincial de Cultura, Juventude e Desportos de Tete (2011) realizou um levantamento de monumentos e
objectos de interesse histórico-cultural, dos quais se salientam os seguintes: (i) A primeira bomba de captação e água da
cidade; (ii) Estação arqueológica Mufa-Dégué; (iii) Forte de São Tiago Maior; (iv) Fortaleza Dom Luís; (v) Monte Kanungola;
(vi) Rocha da 1ª sede da cidade.

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Em termos de património arquitectónico mais recente, destaque para a Ponte Samora Machel, projectada pelo engenheiro
Edgar Cardoso e a Ponte Kassuende, recém inaugurada em 2014.

Há registos históricos de artefactos de cerâmica produzida por uma população Bantu em Tete, tradicionalmente fabricada
por mulheres.

Fotografia 4.10 – Forte de São Tiago Maior

4.5.11 Infra-estruturas

4.5.11.1 Infraestruturas de Água e Saneamento


A cidade de Tete tem uma rede de esgotos combinada (unitária) construída nos anos 70 com um comprimento total de 7,5
a 8 km de tubos de drenagem subterrâneos com diâmetros entre 200 e 700 mm. As águas residuais entram ilegalmente no
sistema de drenagem, e não existe actualmente uma Estação de Tratamento de Águas Residuais (ETAR) nem uma Estação
de Tratamento de Lamas Fecais (FSTP). As lamas fecais são recolhidas apenas a cerca de 40% da população. Apenas uma
pequena parte - cerca de 2% da população total de Tete, a viver no centro da cidade - está ligada ao sistema de esgotos,
enquanto que a maioria depende de sistemas de saneamento no local (Hydroplan, 2022).

Os serviços de saneamento são ineficazes perante uma situação calamitosa de condições básicas de saneamento nas
residências dos munícipes. Tanto os esgotos privativos (fossas sépticas), assim como as latrinas, comumente utilizadas
pelas famílias de baixa renda, avolumam a expansão de águas negras por falta de uma estratégia técnica de abordagem
para o escoamento e tratamento das mesmas.

Na concepção geral de infrastruturas de escoamento das águas residuais, a cidade possui uma pequena rede básica
localizada em algumas das principais artérias do núcleo da urbe. A mesma foi concebida apenas para escoamento de águas
pluviais e residuais com lançamento para o rio Zambeze. Com o crescimento acelerado da população urbana e a falta de
planeamento para a edificação de infrastruturas e manutenção dos canais de escoamento de águas residuais, as condutas
existentes já não suportam a carga excessiva das águas residuais e, acontece frequentemente na época chuvosa, que as
mesmas transbordam e fluem à deriva na superfície com toda a carga de dejetos com potencial para a eclosão de doenças
já mencionadas.

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No contexto acima referido, os agregados familiares não encontram alternativa melhor para o saneamento do meio senão o
uso das latrinas sem fundo e construção de fossas sépticas dependentes dos fracos serviços de salubridade do Conselho
Municipal.

Fotografia 4.11 - Situação de saneamento nos bairros peri-urbanos de Tete

4.5.11.2 Infraestruturas de Saúde


No respeitante às infraestruturas de saúde importa referir que na Cidade de Tete existem cerca de 17 unidades sanitárias
(públicas e privadas), sendo 1 Hospital Provincial, e 16 centros de saúde, de entre as quais algumas são privadas. Estas
unidades de saúde têm um total de um pouco acima de 600 técnicos de saúde. O sector da saúde em Tete dispõe de cerca
de 500 camas, tal como detalhado no quadro abaixo.

Quadro 4.2 - Unidades sanitárias, localização e número de camas

Tipo de Unidade Sanitária Nome Localização (Bairro) Número de Camas

Hospital Provincial de Tete Filipe Samuel Magaia 293

Centro Médico Maxi Vida


Hospital Chingodzi 20
celular

Centro Médico Okapi Samora Machel 20

Centro Médico Embondeiro Chingodzi 10

Centro de Saúde Chin Chingodzi


/Armazém Médico 10
Veterinário de Tete

Centro de Saúde No. 2 Chingodzi 46


Centro de Saúde
Centro de Saúde Mufa Degue 10

Centro de Saúde Degue Degue 10

Centro de Saúde No. 1 Filipe Samuel Magaia 6

Atlas Medclinics Lda Francisco Manyang 10

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Tipo de Unidade Sanitária Nome Localização (Bairro) Número de Camas

Centro Médico Lunar Francisco Manyang 10

Centro de Saúde n°3 Francisco Manyang 11

Consultório Dentario Viva e Josina Machel


-
Sorria

Clínica Santa Vitória Josina Machel 10

Centro de Saúde n°4 Mateus S. Muthemba 10

Centro Médico Santa


Matundo 10
Victoria

Centro de Saúde Mpadue M'Padue 10

Total 496

Fonte: Hydroplan (2022:40)

4.5.11.3 Infra estruturas de Educação e Religião


De acordo com fontes do INE/2013, a Cidade de Tete dispunha de uma rede escolar composta por: 2 EPI públicas, 1 EPI
privadas/comunitárias, 2 EPII públicas, 35 EPII privadas/comunitárias, 15 ESGI públicas, 3 ESGI privadas, 2 ESGII públicas
e 3 ESGII privadas.

O Município conta ainda com o Instituto Superior Politécnico de Tete (ISPT), Instituto Superior de Gestão, Comércio e
Finanças (ISGECOF) e com 1 Centro de Recurso do Centro de Ensino à Distância (CED), a Faculdade de Ciências de
Saúde (FCS) – Tete da UniZambeze e a Universidade Católica de Moçambique – Delegação de Economia e Gestão,
Delegação de Direito e Delegação de Informática. No bairro Matundo localiza-se a cidadela de Educação onde funciona o
Instituto Superior Politécnico de Tete.

No referente a infrastruturas de religião Tete possui referências da Diocese Local, e tem paróquias localizadas em alguns
bairros como a Paróquia do Matundo, muito conhecida pela sua arquitectura. De igual modo existem também referências da
Igreja Presbeteriana de Moçambique e da Igreja Weslyana de Moçambique, ambas com paróquias na cidade deTete.

Fotografia 4.12 – Paróquia do Matundo e Igreja Presbiteriana


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4.5.11.4 Infra estruturas Rodoviárias
A Cidade de Tete e a sua periferia apresentam diferentes realidades em termos de infra-estruturas.

Por um lado, a zona de cimento é a área com estradas asfaltadas, urbanizada, coberta por um sistema de saneamento
(drenagem e esgoto). Nesta zona, as principais estradas presentes são a Av. Da Liberdade, a Rua Unidade Africana, a Av.
25 de Junho, a Av. Amílcar Cabral, a Av. 24 de Julho, a Av. Eduardo Mondlane, a Av. da Independência, entre outras.

Por outro lado, os bairros periféricos são desordenados e, por consequência, os arruamentos são irregulares. As imagens
das figuras abaixo ilustram esta realidade, que pode ser observada em ambas as áreas propostas para as implantação das
ETARs, assim como para a área da rede de saneamento piloto (condominial).

Fotografia 4.13 - Situação das vias no Chingodzi (rede Condominial – Margem Esquerda)

Importa referir a existência de três principais vias de transporte, que são bastante importantes para Cidade de Tete, e
arredores, designadamente as estradas nacionais número 7 e 9 (N7 e N9), e a estrada regional 1051 (ER1051).

Apesar das infra-estruturas rodoviárias apresentarem alguns desafios na rede de estradas da cidade, em geral a Cidade de
Tete tem uma rede de estradas de boa transitabilidade.

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Fotografia 4.14 – Infraestruturas Rodoviárias de Tete

4.5.11.5 Instalações de comunicação


Em Tete o sistema de comunicações evoluiu bastante com a montagem do sistema de telefonia móvel. As infra-estruturas
do sistema de telecomunicações têm vindo a beneficiar de melhorias na base de ligações via satélite e rádio UHF.

Na área das comunicações o Município de Tete conta com as infraestruturas de Rádio e Televisão, nomeadamente, o Centro
Emissor da Rádio Moçambique (em onda curta, média e em frequência modelada) e o Centro de Retransmissão da Televisão
de Moçambique (TVM).

Funciona, também, a Rádio SIRT e a Rádio Tete. De referir que o emissor Provincial de Tete transmite em português e
também em línguas locais, nomeadamente Nyúnguè, Sena e Nyanja, sendo esta última falada predominantemente pelo
povo Chewa que vive no Malawi e Zâmbia.

Relativamente aos Correios, a rede postal tem evoluído bastante nos últimos anos com a introdução do Express Mail Service
(EMS), o Post Bus e o Correio Azul pela Empresa Correios de Moçambique. Também jogam um papel muito importante os
serviços do Portador Diário, mercê dos voos diários da companhia área nacional LAM, com representação na cidade de
Tete.

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Fotografia 4.15 – Vista do edifício dos Correios de Moçambique, Delegação de Tete, com publicidade do Post Bus.

4.5.11.6 Outros Equipamentos / Infra estruturas locais


Outros equipamentos bastante importantes e que constituem uma âncora no processo do desenvolvimento sócio-económico
da Cidade de Tete são o Aeroporto de Chingodzi, a Ponte Samora Machel e Ponte Armando Emílio Guebuza.

O Aeroporto de Chingodzi garante as ligações aéreas de Tete com as restantes capitais provinciais do país e, principalmente
com a Cidade de Maputo, de onde partem voos diários de e para Tete. A Ponte Samora Machel liga a Estrada Nacional que
serve de corredor para a República da Zâmbia, enquanto que a Ponte Armando Emílio Guebuza liga a Estrada que serve
de corredor com a República do Malawi. As duas Pontes possuem portagens.

Fotografia 4.16 – Vista das três notáveis infrastruturas da Cidade de Tete: Aeroporto de Chingodzi e as Pontes
Samora Machel e Armando Emílio Guebuza, respectivamente.

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4.5.12 Ordenamento do Território / Planeamento Urbano
O ordenamento do território da cidade de Tete está estabelecido em diferentes instrumentos, sejam de nível local ou
provincial abrangendo a cidade de Tete.

Existe, ao nível provincial, o Plano Especial do Ordenamento do Território de parte do Vale do Zambeze, abreviadamente
designado por PEOT VALE DO ZAMBZE, que é um instrumento de planeamento com carácter normativo e que define a
estratégia de desenvolvimento da região num período de 30 anos, tendo em conta o diagnóstico realizado durante a
elaboração, o prognóstico futuro olhando para as potencialidades, tendências de expansão física, áreas para o
desenvolvimento de diferentes actividades económicas, e ainda para as áreas de protecção ambiental. O Plano foi concluído
em 2016.

Informações sobre programas e/ou planos urbanos e ordenamento territorial da cidade de Tete são escassas. Pelo que não
foi possível obter planos de ordenamento territorial do Município, como por exemplo o Plano de Estrutura Urbana, eventuais
Planos de Pormenor, Programa de Desenvolvimento Municipal, etc..

4.5.13 Ocupação Local e Actividades Praticadas


O uso da terra na cidade de Tete pode ser definido de acordo com as seguintes categorias: Áreas residenciais urbanizadas;
Áreas residenciais planeadas; Áreas residenciais não planeadas; Áreas residenciais rurais. As áreas onde serão instaladas
as ETARs fazem parte das areas residenciais não planeadas.

As duas áreas seleccionadas na margem direita e margem esquerda do Rio Zambeze para a instalação das ETARs são
propriedade do Conselho Municipal da Cidade de Tete.

O local da ETAR da margem direita localiza-se no Vale de Nhartanda, Bairro Francisco Manyanga. Devido às suas
caractísticas agro-ecológicas favoráveis para a agricultura, os munícipes de Tete, organizados em associação agrícola
fazem exploração em parcelas familiares para a produção de milho, feijão-nhemba e hortícolas na estação fresca. No local
identificado para a instalação da ETAR não foi identificada nenhum outro tipo de actividade e sequer nenhuma infrastrutura
implantada. Para o desenvolvimento do Projecto haverá necessidade de estabelecer um plano de compensações por perda
de culturas anuais e aquisição de terras de substituição por perda de parcelas agrícolas, em benefício das famílias afectadas.

A área identificada para a ETAR da margem esquerda, é um matagal localizado no Bairro Chingodzi, nas proximidades do
cemitério municipal, junto à uma pequena lagoa que se estende até próximo da Ponte Samora Machel. Nele existe apenas
uma habitação e 5 (cinco) machambas, cujos produtores estão identificados pelo CMCT. Adjacente à área existe uma
Empresa do ramo de electricidade chamada EVARITI, percente ao Sr. Everton Mutsinze. Nas machambas referidas foram
observadas cerca de 8 mangueiras e árvores diversas de maçanica. As culturas praticadas são o milho, feijão-nhemba,
quiabo, batata-doce e hortícolas.

Nas restantes infrastruturas para o Projecto, como a rede de esgoto e o ponto para a Estação de Bombagem não tem
entidade privada registada e nenhum obstáculo foi identificado. O traçado da rede antiga da cidade não possui nenhum
obstáculo e, a nova rede condominial segue o traçado das ruas do bairro Chingodzi.

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VOLUME 2 – RELATÓRIO DO ESTUDO AMBIENTAL E SOCIAL SIMPLIFICADO (EAS-S)
Fotografia 4.17 – Casa localizada na área seleccionada para a ETAR da margem espquerda.

Fotografia 4.18 - Imagem (parcial) da área onde será instalada a ETAR na margem esquerda (Chingodzi)

Fotografia 4.19 - Imagem (parcial) da área onde será instalada a ETAR na margem esquerda (Chingodzi)

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5 IDENTIFICAÇÃO E AVALIAÇÃO DOS IMPACTOS AMBIENTAIS E SOCIAIS E MEDIDAS DE
MINIMIZAÇÃO

5.1 CONSIDERAÇÕES PRÉVIAS


São considerados impactos todas as modificações relevantes, em relação ao quadro de referência actual e perspectivas de
evolução futuras, directa ou indirectamente associadas à implantação de um determinado empreendimento.

Adoptou-se para esta fase dos estudos, e de acordo com a metodologia de definição do âmbito referida, uma perspectiva
selectiva, que tem em vista a identificação dos impactos de acordo com o seu significado, e que, consequentemente, deverão
constituir a base da avaliação da viabilidade ambiental do projecto.

De acordo com a natureza dos impactos identificados, em algumas situações foram avaliadas outras características como
sejam: ocorrência (que se relacionam com a maior ou menor certeza), incidência espacial (de local a global) ou
reversibilidade, entre outros. Nesta análise, os impactos são na generalidade apresentados segundo três fases do projecto:

▪ a primeira refere-se à fase construção do projecto, ou seja, as actividades de implantação da rede de saneamento,
das estações de bombagem, das ETAR’s e condutas de drenagem pluvial, designadamente, as ações preparatórias
do terreno, construção das infraestruturas necessárias e acessos;
▪ a segunda respeita à fase de operação do projeto, ou seja, o saneamento e drenagem da cidade de Tete, assim como
a recepção, tratamento e descarga de águas residuais, por parte das ETAR’s.
Por último, entende-se como relevante a análise de impactos cumulativos, seja em função de empreendimentos existentes,
seja de empreendimentos perspectivados.

5.2 METODOLOGIA E CRITÉRIOS DE AVALIAÇÃO DE IMPACTOS


Por impacto ambiental entende-se uma alteração das componentes ambientais que decorra directa ou indirectamente da
implementação do projecto.

A essência da avaliação de impactos reside na elaboração e comparação de cenários ambientais: o quadro actual sem o
empreendimento serviu como situação de referência (considerando a evolução da situação actual sem o projecto ou de
forma mais simplista a situação actual – atendendo não ser previsível uma evolução significativa do contexto presente, ou
pelo contrário, uma degradação da situação existente caso não haja uma intervenção como a estudada), contra o qual se
confronta o cenário que considera as tendências ambientais com a intervenção em avaliação.

Esta avaliação comparativa de cenários permite:

▪ Identificação de Impactos: definição dos impactos potenciais associados às acções que geram impactos;
▪ Previsão e medição dos impactos: determinação das características e magnitude dos impactos;
▪ Interpretação dos Impactos: determinação da importância de cada impacto em relação ao factor ambiental afectado,
quando analisado separadamente;
▪ Valorização dos Impactos: determinação da importância relativa de cada impacto, quando comparado com outros
impactos associados relativos a outros aspectos ou factores ambientais.
As principais características dos impactos ambientais de uma forma sistemática são as seguintes:
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▪ Natureza: negativa ou positiva;
▪ Probabilidade: certa, alta probabilidade, provável, baixa probabilidade;
▪ Extensão: local, regional ou nacional;
▪ Duração: curto prazo, médio prazo, longo prazo;
▪ Magnitude (ou grau de afetação da componente ambiental): nula, baixa, média ou alta.
A avaliação dos impactos globais foi realizada com base nas características mencionadas e noutras informações, tais como
expectativas da população, características dos locais e de outros aspectos ambientais considerados críticos e/ou sensíveis
e a capacidade de recuperação do ambiente, entre outros. Deverá ser dada especial atenção à avaliação dos impactos
cumulativos.

A metodologia para avaliar os potenciais impactos ambientais e sociais baseia-se na sua descrição e avaliação, de acordo
com os critérios apresentados no Quadro 5.1.

O objectivo desta metodologia é minimizar a subjectividade inerente à avaliação do significado.

Deve notar-se, contudo, que a determinação do significado ainda tem em conta, para além dos critérios descritos no contexto
do impacto, ou seja, a identidade e características do receptor do impacto, e o cumprimento / não cumprimento de normas,
padrões ou limiares legais em vigor. Ou seja, a aplicação da metodologia proposta é sempre ponderada pelas condições
específicas de cada impacto, independentemente das combinações propostas de extensão, duração e magnitude.

Quadro 5.1 – Critérios de Avaliação Geral dos Impactos Ambientais e Sociais

Critério DEFINIÇÃO
Natureza:
Positivo - Uma Mudança Ambiental Benéfica;
Negativo - Uma Mudança Ambiental Adversa.
Probabilidade: da probabilidade de ocorrência de um impacto:
- Baixa Probabilidade - Não tem probabilidade de acontecer;
- Provável - Há alguma probabilidade que venha a acontecer;
- Altamente Provável - Bastante provável;
- Certo - É certo que vai acontecer.
Extensão: A área geográfica influenciada pelo impacto
- Local - Área de influência direta do Projeto
- Regional - Província de Tete
- Nacional - Moçambique
- Internacional - Moçambique e países adjacentes
Duração: O período durante o qual os impactos continuarão
- Curto prazo - Durante a fase de construção;
- Médio prazo - Num período entre a fase de construção e 5 anos
- Longo prazo - Para toda a vida do projecto
- Permanente - toda a vida do projecto e para além desse tempo
Magnitude: O nível de mudança nas funções sociais e/ou naturais
- Nula (Zero) - As funções sociais e/ou naturais e/ou os processos permanecem inalterados
- Baixa - As funções e/ou processos sociais e/ou naturais são ligeiramente alterados
- Media - As funções e/ou processos sociais e/ou naturais são moderadamente alterados
- Alta - As funções e/ou processos sociais e/ou naturais são notavelmente alterados

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VOLUME 2 – RELATÓRIO DO ESTUDO AMBIENTAL E SOCIAL SIMPLIFICADO (EAS-S)
A Avaliação da Significância do impacto resulta da combinação da avaliação dos critérios de impacto apresentados no
Quadro 5.1, em particular a Extensão, Duração e Magnitude, de acordo com a com os critérios definidos, descritos no
Quadro 5.2. Desta forma, os impactos identificados são classificados, de acordo com a sua Significância (ou importância)
relativa aos demais impactos, nas seguintes categorias:

▪ Neutro;
▪ Baixo;
▪ Moderado;
▪ Alto.
Quadro 5.2 – Classificação de Impactos

CLASSIFICAÇÃO DE RELAÇÃO COM OS DESCRITORES DE IMPACTO RELAÇÃO COM AS MEDIDAS DE


SIGNIFICÂNCIA RESTANTES MITIGAÇÃO AMBIENTAL
Não é necessária qualquer investigação
- magnitude nula com qualquer combinação de outros
Neutro adicional, nem medidas de mitigação nem
descritores
de gestão.
- Baixa Magnitude com a combinação dos outros Não são necessárias medidas de
descriores (excepto duração a longo prazo e mitigação específicas, para além das
Baixo
prorrogação nacional ou internacional) boas práticas e gestão ambiental
- Magnitude média, com extensão local e curta duração regulares
- Baixa magnitude, com extensão nacional ou Exige atenuação e gestão para reduzir os
internacional e duração a longo prazo impactos para níveis aceitáveis (se for
- Magnitude média, com qualquer combinação de outros negativo).
Moderado
descritores (excepto extensão local e curta duração; e
extensão nacional ou internacional e longa duração)
- Alta magnitude, com extensão local e curta duração
- Magnitude média, com extensão nacional ou Se não puder ser minimizado com
internacional e duração a longo prazo medidas específicas, deverá influenciar a
Alto - Magnitude elevada, com qualquer combinação de decisão do projecto
outros descritores (excepto extensão local e curta
duração)

Particular atenção à avaliação de impactos cumulativos, ou seja, os impactos cuja significância é maior face a outras
actividades previstas (efeito sinergético com outros projectos), quer para a fase de construção, quer para a fase de operação.

Para cada impacto deverão ser estudadas e avaliadas acções e/ou medidas mitigadoras capazes de evitar, atenuar ou
compensar os efeitos negativos decorrentes da implementação do projecto ou que possam contribuir para potencializar,
valorizar ou reforçar os seus aspectos positivos.

As medidas de controlo de impactos formuladas no EAS-S estarão desenvolvidas a um nível compatível com o nível de
detalhe da fase de projecto em causa, salientando-se que se torna importante identificar medidas de mitigação/valorização
ou compensação que possam vir a ser incorporadas em posteriores fases de projecto, no sentido de melhor o adequar com
a sua envolvente e promover simultaneamente a maximização dos seus benefícios.

Assim, as medidas identificadas relacionam-se com as diferentes fases de concepção, construção e operação, e assumem
a expressão identificada abaixo:

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▪ Medidas a adoptar na fase de concepção - visam minimizar os impactos que possam ocorrer na fase de operação
do projecto; compreendem essencialmente a proposta de ajustamentos aos projectos de saneamento e,
consequentemente, incluem detalhes a serem introduzidos nos projectos ou estudos adicionais, seja a articulação com
as comunidades vizinhas, sejam estudos geológico-geotécnicos, drenagem, segurança, entre outros;
▪ Medidas recomendadas para a fase de construção - compreendem aspectos relacionados, quer com o cuidado a
ser tomado com as obras, quer com a gestão dos locais de obras, ou acessos às obras, e devem ser integradas nos
Documentos do Concurso, a fim de assegurar a sua adopção pelo empreiteiro geral e por todos os intervenientes nas
acções construtivas; compreendem essencialmente a adopção de boas práticas ambientais e sociais no local;
▪ Medidas a serem adoptadas na fase operacional, que estarão relacionadas, entre outras, com a gestão de projectos
e compromissos de responsabilidade ambiental e social.

5.3 PRINCIPAIS ACTIVIDADES GERADORAS DE IMPACTOS


No presente capítulo, e de forma a enquadrar a identificação de impactos para os vários aspectos ambientais e sociais
descritos, descrevem-se as principais actividades ou acções associadas ao projecto e que são responsáveis pela geração
de impactos negativos e positivos, em ambas as fases de ocorrência, nomeadamente, Fase de Construção e Fase de
Operação.

É importante numa fase inicial avaliar os impactos da aquisição de direitos de uso e aproveitamento dos terrenos, dada a
situação administrativa em que o projecto se encontra relativamente à atribuição de DUATs (aquisição de direitos de uso e
aproveitamento dos terrenos).

Considera-se que principais actividades que geram impactos associados às actividades planeadas são as seguintes:

Construção da nova conduta elevatória principal de Saneamento

▪ Escavações de valas ao longo do alinhamento das tubagens;


▪ Colocação de Condutas;
▪ Construção de Caixas de Inspecção;
▪ Construção de Estações de Bombagem;
▪ Compactação dos solos com material proveniente da escavação;
▪ Substituição do pavimento, nas estradas e passeios;
▪ Substituição da sinalização vertical e horizontal afectada, na estrada.
Melhoramento e expansão da rede secundária e terciária

▪ Escavações para a instalação da câmara de ligação/inspecção e tubagens na estrada pavimentada e passadiço de


betão;
▪ Colocação de Condutas;
▪ Construção da Câmara de ligação/Inspecção;
▪ Compactação dos solos com material proveniente da escavação;
▪ Substituição do pavimento, nas estradas e passeios;
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▪ Substituição da sinalização vertical e horizontal afectada, na estrada.
Construção das ETARs

▪ Alterações no uso do solo - ocupação de áreas naturais / agrícolas para a construção das infra-estruturas;
▪ Decapagem/Destruição do coberto vegetal;
▪ Alterações geomorfológicas;
▪ Terraplenagens;
▪ Escavações para fundações e para a limpeza das áreas a trabalhar;
▪ Transporte e armazenamento temporário de terrenos e materiais;
▪ Manuseamento e operações com veículos pesados e maquinaria;
▪ Obras de construção civil (edifícios de escritórios, sistema de drenagem, emissários, tanques e lagoas, vedações, etc.;
▪ Produção de águas residuais tratadas e descarga no ambiente receptor;
▪ Produção de resíduos (incluindo lamas);
▪ Circulação de veículos (especialmente associada ao transporte de lamas e reagentes);
▪ Emissão difusa de poluentes gasosos, nomeadamente odores;
▪ Ruído associado ao funcionamento do equipamento;
▪ Descarga de águas residuais não tratadas;
▪ Situações de emergência e avarias;
▪ Criação, direta e indireta, de trabalhos temporários.

5.4 LISTAGEM DOS POTENCIAIS IMPACTOS


Apresenta-se no quadro seguinte uma listagem com os principais impactos identificados, negativos e positivos, considerados
significativos, tendo sido justificados e avaliados nos capítulos seguintes.

Quadro 5.3 – Listagem dos Impactos Identificados para a Fase de Construção e Operação das Obras de
Saneamento em Tete

Nº IMPACTO FASE DE OCORRÊNCIA


IMPACTOS NO MEIO FÍSICO
1 Aumento das Concentrações de Poeiras Construção e Operação
2 Aumento das Concentrações de Poluentes Atmosféricos: Emissões Gases Construção e Operação
3 Emissões de Maus Odores Operação
4 Aumento dos Níveis de Ruído Local e de Vibrações Construção e Operação
5 Alteração Geomorfológica do Terreno Construção
6 Afectação e Degradação do Solo Construção e Operação
7 Alterações na Paisagem Construção e Operação

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Nº IMPACTO FASE DE OCORRÊNCIA
8 Risco de Contaminação e Interferência com os Sistemas Hídricos Construção e Operação
9 Melhoria da Qualidade da Água no Meio Receptor Operação
10 Produção de Lamas Fecais Construção e Operação
IMPACTOS NO MEIO BIÓTICO
1 Perda de habitats - Desmatação - Construção
3 Perturbação e Afastamento da Fauna Construção
4 Propagação de Espécies de Flora Invasoras Construção e Operação
5 Favorecimento de Espécies Oportunistas Operação
IMPACTOS NO MEIO SOCIOECONÓMICO
1 Perda das Parcelas de Produção Construção e Operação
2 Conflitos Sociais Resultantes da Ocupação do Solo Construção
3 Risco de Comportamento Ilícito e Crime Construção
4 Influxo de População Adicional Construção
5 Aumento da Violência Baseada no Género Construção e Operação
6 Frustração das Comunidades Locais Construção e Operação
7 Destruição de Sítios Culturais e Patrimoniais Construção
8 Trabalho Infaltil e Abandono Escolar Construção e Operação
Tráfego / Interferência no Fluxo de Veículos e Pedestres e Modificação da Malha Viária e
9 Construção
Outros Serviços
10 Risco Associado à Remoção de Condutas em Fibrocimento Construção
Ocorrência de Doenças Transmissíveis, Incluindo HIV / Sida e Infecções de Transmissão
11 Construção
Sexual (Itss) e Covid 19, Através da Interacção entre a Força de Trabalho e os Produtores
12 Risco para a Saúde e Segurança – Acidentes de Trabalho Construção e Operação
13 Risco para a Saúde e Segurança da Comunidade Construção
14 Proliferação de Vectores de Doenças Operação
15 Riscos para a Segurança ao longo dos Canais de Drenagem Abertos Operação
16 Melhoria para as Condições de Saúde Pública Construção

5.5 IMPACTOS NO MEIO FÍSICO


Os principais impactos associados ao meio físico, nas suas variadas componentes (ar, terra e água), encontram-se
associados fundamentalmente às implicações da implementação do projecto, designadamente as intervenções a serem
realizadas na fase de obra, sendo que em parte estes efeitos perduram para além da fase de construção das infra-estruturas,
atendendo as modificações impostas no meio.

No entanto, as acções impactantes estão sobretudo relacionadas com as opções de projecto e com as boas práticas a serem
utilizadas em obra, pelo que poderão ser minimizadas, recomendando-se para tal um conjunto de medidas de mitigação.

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VOLUME 2 – RELATÓRIO DO ESTUDO AMBIENTAL E SOCIAL SIMPLIFICADO (EAS-S)
AUMENTO DAS CONCENTRAÇÕES DE POEIRAS

FASE DE OCORRÊNCIA: Fase de Construção/Operação

DESCRIÇÃO

Os impactos previstos na qualidade do ar local durante a fase de construção do projeto, nomeadamente na zona de
construção da ETARs, estarão sobretudo associados às emissões de poeiras, com consequente aumento das
concentrações de material particulado no ar nas imediações da obra, em resultado das várias actividades envolvidas
(principalmente na sua fase inicial), de onde se salienta a realização de operações de terraplenagens e transporte de
materiais e terras.

Serão principalmente nos períodos mais secos do ano e nos dias mais ventosos que se verificarão maiores emissões de
material particulado, tanto pela normal intensificação dos trabalhos nestas épocas, como pela facilidade de suspensão das
poeiras em épocas menos húmidas, sendo estas emissões mais expressivas nas zonas de actividades mais intensas de
obra, nos acessos onde se venha a verificar maior circulação de veículos e maquinaria (principalmente nos acessos não
pavimentados).

As partículas de menores dimensões, nomeadamente as inferiores a 10 µm, onde se incluem a maioria das partículas de
cimento e as de inertes, têm velocidades de deposição baixas e a sua taxa de deposição é normalmente retardada pela
turbulência atmosférica, podendo permanecer em suspensão e serem arrastadas para locais afastados da origem da
emissão. Em particular é relevante o incremento das emissões de partículas PM 10, devido aos seus potenciais efeitos na
saúde humana, e ao factor de incomodidade para as populações vizinhas, nomeadamente os que se encontram localizadas
junto às zonas de obra e às vias de circulação por onde transitarão veículos pesados afectos à obra.

As emissões de partículas resultantes da circulação de veículos e máquinas na obra e estaleiro dependem das
características do solo (elevada percentagem de finos), do volume e tipo de veículos, da distância percorrida e da velocidade
a que os veículos circulam, sendo de referenciar o facto de parte das estradas de acesso aos locais de obras serem de terra
batida, incrementando por isso os valores de partículas emitidos.

Assim, a emissão directa de partículas e a sua ressuspensão, decorrente das actividades e operações de limpeza e
movimentação de terras, circulação de veículos e maquinaria e outras actividades decorrentes da obra, deverão constituir o
principal impacto desta fase de intervenção do projecto ao nível da qualidade do ar.

No entanto, as referidas actividades serão temporárias, limitadas ao período de obra e assumem um carácter local, por se
encontrarem restritas as áreas de intervenção. Assim, relativamente aos potenciais impactos negativos decorrentes da fase
de construção, poder-se-ão sublinhar duas principais conclusões: por um lado estes impactos deverão reportar-se a
emissões (sobretudo de poeiras) geradas nos locais de obras e seus principais acessos; por outro lado, os impactos
consideram-se potencialmente pouco significativos face à sua natureza temporária e localizada, embora seja de considerar
os incómodos provocados face à presença próxima de receptores sensíveis (sobretudo os residentes nas zonas adjacentes
à obra).

Salienta-se, porém, que o aumento esperado da concentração de material particulado no ar, embora tenha um efeito algo
desconfortável e perturbador não assume riscos para a saúde dos indivíduos que contactam directamente com estas poeiras.
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VOLUME 2 – RELATÓRIO DO ESTUDO AMBIENTAL E SOCIAL SIMPLIFICADO (EAS-S)
As actividades de obra são temporárias, limitadas ao período de obra e assumem um carácter local, por se encontrarem
restritas as áreas de intervenção.

Durante a operação das ETARs, a circulação de veículos pesados que transportam lamas fecais recolhidas de fossas
sépticas na região de Tete, para descarga nas ETARs será também responsável pelo levantamento de poeiras. Isto torna o
levantamento de poeiras mais evidente, uma vez que a maioria dos acessos fora do centro, principalmente na margem
esquerda, e que acessam às ETARs, não são asfaltados. Estas características potenciam o levantamento de partículas, no
entanto, devido às características da área de estudo e à frequência de camiões, considera-se que os impactos nesta fase
de operação serão pouco expressivos.

Assim, os impactos na qualidade do ar resultantes da fase de construção estão genericamente associados às actividades
de obra, (movimentação de terras e circulação de máquinas e veículos pesados), como na fase de operação (circulação de
veículos de transporte de lamas). Estes são, genericamente impactos negativos, temporário (ou permanentes no caso
da fase de operação) de baixa a média magnitude e reduzida significância.

AVALIAÇÃO DO IMPACTO

IMPACTO Fase de Construção Fase de Operação


Natureza Negativo Negativo
Probabilidade Alta Baixa
Extensão Local Local
Duração Curto Prazo Médio Prazo
Tipo Directo Directo
Magnitude Média Baixa
SIGNIFICÂNCIA Pouco Significativo Pouco Significativo

MEDIDAS DE MITIGAÇÃO

Poderão ser minimizados os impactos na qualidade do ar associados a este projecto, se forem adoptadas as medidas
adiante recomendadas, sobretudo para a fase de construção:

▪ Além da data de início e conclusão dos trabalhos, deve ser difundida informação às pessoas sobre as possíveis
perturbações e os cuidados a tomar;
▪ Proceder ao humedecimento periódico, através de aspersão controlada de água, dos locais onde poderão ocorrer,
durante a realização dos trabalhos, maiores emissões de poeira (caminhos não asfaltados, zonas de trabalho, etc.)
sobretudo quando se verifiquem maiores incómodos para os residentes locais (épocas mais ventosas);
▪ Cobrir os montes de detritos e depósitos de terras, com o objectivo de evitar o seu arraste pelo vento, assim como
assegurar a cobertura das cargas dos veículos que transportam este tipo de materiais (terras, areias, etc.), quando em
trânsito, nos casos em que o seu percurso dentro das zonas urbanas (bairros);

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VOLUME 2 – RELATÓRIO DO ESTUDO AMBIENTAL E SOCIAL SIMPLIFICADO (EAS-S)
▪ Manter limpos os acessos às obras e implementar um controlo das condições de limpeza dos locais de obra, no sentido
de evitar acumulação de poeiras susceptíveis de serem ressuspensas, quer por acção do vento, quer por acção da
movimentação de veículos;
▪ Promover a lavagem dos rodados dos veículos do transporte afectos à obra, para evitar o espalhamento de terras e
suas poeiras;
▪ Promover a lavagem dos rodados dos veículos de transporte de lamas (a descarregar nas ETARs), para evitar o
levantamento de poeiras.
▪ Implementação de um sistema de controle e monitoria de limites de velocidade de 30 Km/h para os camiões de
transporte de materiais inertes, nas vias interiores do bairro e no atravessamento de zonas mais habitadas
(implementação de lombas para restringir a velocidade de circulação);
▪ Manutenção preventiva e correctiva dos equipamentos que compõem os sistemas de ruído e de controlo de emissão
de poeira.
▪ Cobrir as lamas secas transportadas para aterro de modo a evitar a emissão de poeiras durante o seu transporte.
Estas medidas constam do Programa de Gestão de Emissões Atmosféricas, Ruído e Vibrações que integra o Plano de
Gestão Ambiental e Social (Volume 3 do presente EAS-S).

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AUMENTO DAS CONCENTRAÇÕES DE POLUENTES ATMOSFÉRICOS: EMISSÕES DE FUMOS E GASES

FASE DE OCORRÊNCIA: Fase de Construção/ Operação

DESCRIÇÃO

São esperados impactos resultantes da emissão de gases dos motores de combustão de veículos de transporte e
equipamentos utilizados, quer durante a fase de obra (veículos e maquinaria pesada) quer decorrente do transporte de
lamas fecais a descarregar durante todo o período de operação das ETARs.

A circulação e operação de maquinaria e veículos pesados é responsável por emissões de poluentes atmosféricos
resultantes da queima de combustíveis fósseis, tais como o monóxido de carbono (CO), dióxido de enxofre (SO2), óxidos
de azoto (NOx), compostos orgânicos voláteis (COV: aldeídos, hidrocarbonetos, cetonas, etc.), partículas e fumos negros e
compostos de chumbo (Pb).

De uma forma geral, a presença destes poluentes na atmosfera poderá ser responsável por alterações localizadas na
qualidade do ar, dependendo de um modo geral, de uma série de variáveis, das quais se sublinham as condições
meteorológicas do local, a topografia da zona, a natureza e o período de duração das várias operações, assim como o tipo
e características dos equipamentos utilizados.

Durante a fase de obra a necessidade de maior e mais concentrada (espacialmente) utilização de equipamentos e veículos
pesados poderão causar localmente um aumento mais expressivo destas emissões.

Já durante a vida útil das ETARs, as emissões de poluentes estão sobretudo associados aos motores dos veículos pesados
de transporte que despejam as lamas fecais recolhidas nas fossas sépticas na região de Tete, assim como os veículos de
transporte das lamas da ETAR para o seu destino final, sendo estas emissões relativamente pouco expressivas, dado que
o número de veículos diários expectável não será relevante.

Estes potenciais impactos deverão, contudo, ser pouco expressivos por terem uma incidência muito local, dada também a
qualidade do ar actual na zona de construção do projecto e as boas condições de dispersão atmosférica.

AVALIAÇÃO DO IMPACTO

IMPACTO Fase de Construção Fase de Operação


Natureza Negativo Negativo
Probabilidade Alta Alta
Extensão Local Local
Duração Curto Prazo Médio Prazo
Tipo Directo Directo
Magnitude Baixa Baixa
SIGNIFICÂNCIA Pouco Significativo Pouco Significativo

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MEDIDAS DE MITIGAÇÃO

▪ Manutenção dos equipamentos que produzem emissões atmosféricas e utilização, sempre que possível, das melhores
práticas menos poluentes (deverão ser capacitados os técnicos que irão operar nesta fase por forma a que esta
actividade seja prática rotineira).
Esta medida consta do Programa de Gestão de Emissões Atmosféricas, Ruído e Vibrações que integra o Plano de
Gestão Ambiental e Social.

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EMISSÕES DE MAUS ODORES

FASE DE OCORRÊNCIA: Fase de Operação

DESCRIÇÃO

Uma das características das ETAR é a produção de odores e de compostos orgânicos voláteis (COV), resultantes da
degradação da matéria orgânica presente nas águas residuais, e que se verifica, essencialmente, nas fases de tratamento
preliminar e primário, bem como nas diversas operações da fase sólida.

A emissão de odores associada às estações de tratamento de águas residuais urbanas (ETAR), constitui, actualmente, um
dos impactos ambientais mais sensíveis, quer em novas instalações, quer em reabilitações/reconfigurações, nomeadamente
em meios urbanos. Por outro lado, alguns dos compostos odoríficos podem constituir, quando em concentrações elevadas,
uma ameaça para a segurança e saúde dos trabalhadores que a eles estão expostos, para além de contribuírem para uma
rápida deterioração quer dos equipamentos electromecânicos quer da construção civil. Consequentemente, o seu controlo
e, também, a sua minimização, constituem uma preocupação crescente quer das entidades que gerem e exploram este tipo
de infraestruturas.

A ocorrência de odores nas ETARs têm origem na degradação da matéria orgânica presente nas águas residuais e, ou em
descargas de afluentes industriais que contenham compostos odoríficos. Actualmente, o controlo e a limitação da ocorrência
de odores constitui uma das maiores preocupações associadas à concepção e dimensionamento das ETARs, por um lado
por questões que se relacionam com o impacto ambiental e, por outro, por questões de segurança e saúde quer dos
trabalhadores, quer dos visitantes ocasionais e população vizinha.

Os odores têm origem, fundamentalmente, em compostos sulfurados ou azotados, incluindo o ácido sulfídrico (H2S), que
se forma em consequência da redução do sulfato, que é a principal forma sob a qual o enxofre se apresenta nas águas
residuais, e, também, da decomposição anaeróbia da matéria orgânica que potencia a libertação de mercaptanos (CH3SH)
e de amoníaco (NH3). O potencial de formação e libertação de odores em ETAR depende da composição da água residual
bem como da extensão e das condições de escoamento o na rede de drenagem.

A emissão difusa de poluentes gasosos, nomeadamente compostos odoríferos decorrentes dos processos de decomposição
da matéria orgânica (essencialmente anaeróbicos) ocorre sobretudo nos sistemas lagunares de fraca eficiência.

O controlo de odores (desdodorização) é efectuado, na generalidade dos casos, através do recurso a técnicas de adsorção
gás-líquido (lavagem química), adsorção gás-sólido (carvão activado), ou biofiltração, por forma a garantir uma redução
significativa das concentrações de amoníaco, sulfureto de hidrogénio e de mercaptano de metilo.

No caso concreto das ETARs a construir na Cidade de Tete, estas apresentam diferentes características que podem
influenciar a emissão de odores por parte das mesmas.

Por um lado, a ETAR a construir na margem direita pode emitir mais odores do que a da margem esquerda, uma vez que,
neste caso, o sistema de tratamento da água será em lagoas. Este tipo de tratamento tende a produzir maiores níveis de
emissão de odores, quando comparadado com o sistema ABR+AF, utilizado na margem esquerda. No entanto, estando esta
ETAR mais afastada dos principais recetores sensíveis, a utilização deste sistema pode irá em princípio afetar a população
envolvente, minimizando este impacto.

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Por outro lado, no caso da ETAR da margem esquerda, esta será instalada numa zona muito próxima da população, podendo
a emissão de odores causar impactos mais significativos. Assim, esta ETAR será construída em sistema fechado e terá um
sistema de tratamento do tipo ABR+AF, com o intuito de mitigar a emissão de odores para o exterior.

AVALIAÇÃO DO IMPACTO

IMPACTO Fase de Construção Fase de Operação


Natureza - Positivo
Probabilidade - Alta
Extensão - Local
Duração - Médio Prazo
Tipo - Directo
Magnitude - Alta
SIGNIFICÂNCIA - Significativo

MEDIDAS DE MITIGAÇÃO

Sendo um dos principais impactos negativos associados à operação da ETAR, deverão ser cuidadosamente analisadas as
soluções de tratamento das águas residuais, assim como as medidas previstas para reduzir os odores e consequentemente
minimizar o efeito incomodativo para a vizinhança, tendo em consideração o regime de ventos local.

▪ Contruir a ETAR da Margem Esuqerda em sistema fechado, com o intuito de mitigar a emissão de odores (medida já
prevista no Projeto de Execução da ETAR da margem esquerda);
▪ No caso da ETAR a implantar na Margem Direita, a distância física à população, pode ser considerada um factor
redutor de impactos ambientais no que respeita aos efeitos da emissão de gases e odores desagradáveis. Este factor,
somado às condições físicas do local (aberto e com ventos favoráveis), poderá proporcionar uma significativa redução
de possíveis efeitos da presença de gases gerados na ETAR sobre as regiões vizinhas. No entanto, deverá ser
condicionada, sempre que possível, a ocupação marginal à ETAR promovendo uma faixa de protecção de pelo menos
100 m em torno da vedação do mesmo;
▪ Com o objectivo de reduzir ainda mais possíveis efeitos dos gases emanados sobre a qualidade ambiental dessa
região, principalmente no entorno da área, para ambos os casos, deverá ser prevista a implantação de barreira vegetal
ao longo de toda a vedação, a qual servirá como faixa de isolamento. A barreira vegetal servirá também como
importante factor de bloqueio físico;
▪ Caso se verifiquem situações de mau odor, em qualquer uma das ETAR a construir, deverão ser promovidas medidas
de mitigação, como confinamento, ventilação e tratamento do ar poluído através de desodorização.
Estas medidas constam do Programa de Gestão de Odores que integra o Plano de Gestão Ambiental e Social.

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AUMENTO DOS NÍVEIS DE RUÍDO LOCAL E DE VIBRAÇÕES

FASE DE OCORRÊNCIA: Fase de Construção/Operação

DESCRIÇÃO

Na fase de construção e implantação das infraestruturas do projecto, as alterações mais relevantes no ambiente sonoro
fazem-se sentir na área envolvente, a cerca de 200 m em torno do local onde decorrem as obras, salientando-se como
equipamentos ruidosos as retroescavadoras, motoserras, betoneiras e veículos de transporte de materiais e equipamentos.

Nesta fase, dependendo quer do número como das características dos equipamentos a utilizar – no total e de cada tipo – e
dos obstáculos à propagação sonora entre a zona de obra e os receptores sensíveis a estes impactos, são expectáveis
aumentos expressivos, tanto pontuais, como constantes, dos níveis de ruído e de vibrações.

A quantificação dos níveis sonoros de ruído durante a obra requer conhecimento do planeamento da obra, máquinas
envolvidas e suas características em termos de potência sonora, dado serem estas as actividades geradoras de ruído.

Devido às características específicas da fase de construção, nomeadamente a existência de um grande número de fontes
de ruído e de vibrações, cuja localização no espaço e no tempo é difícil determinar com rigor, é usual efectuar uma
abordagem quantitativa dos níveis sonoros associados às potenciais actividades previstas para a obra.

Neste contexto, indicam-se, em seguida alguns exemplos, com as distâncias correspondentes aos Níveis Sonoros Contínuos
Equivalentes, Ponderados A, de 65 dB(A), 55 dB(A) e 45 dB(A), considerando:

▪ fontes sonoras pontuais;


▪ um meio de propagação homogéneo e quiescente.
Quadro 5.4 - Distâncias Correspondentes a LAeq de 65 dB(A), 55 dB(A) e 45 dB(A) - Fase de Construção

P: potência instalada efectiva (kW);


Distância à Fonte [m]
Pel: potência eléctrica (kW);
Tipo de Equipamento
m: massa do aparelho (kg);
LAeq =65 LAeq =55 LAeq =45
L: espessura transversal de corte (cm)
P8 40 126 398
Compactadores (cilindros vibrantes, placas
8<P70 45 141 447
vibradoras e apiloadores vibrantes)
P>70 >46 >146 >462

Dozers, carregadoras e escavadoras-carregadoras, P55 32 100 316


com rasto contínuo P>55 >32 >102 >322

Dozers, carregadoras e escavadoras-carregadoras,


com rodas; dumpers, niveladoras, compactadores
tipo carregadora, empilhadores em consola c/ motor P55 25 79 251
de combustão, gruas móveis, compactadores P>55 >26 >81 >255
(cilindros não vibrantes), espalhadoras-acabadoras,
fontes de pressão hidráulica

Escavadoras, monta-cargas, guinchos de construção, P15 10 32 100


motoenxadas P>15 >10 >31 >99

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VOLUME 2 – RELATÓRIO DO ESTUDO AMBIENTAL E SOCIAL SIMPLIFICADO (EAS-S)
P: potência instalada efectiva (kW);
Distância à Fonte [m]
Pel: potência eléctrica (kW);
Tipo de Equipamento
m: massa do aparelho (kg);
LAeq =65 LAeq =55 LAeq =45
L: espessura transversal de corte (cm)
m15 35 112 355
Martelos manuais, demolidores e perfuradores 15<m30 52 163 516
m>30 >65 >205 >649
Pel2 12 37 116
Grupos electrogéneos de soldadura e potência 2<Pel10 13 41 130
Pel>10 >13 >40 >126
P15 14 45 141
Compressores
P>15 >15 >47 >147
L50 10 32 100
50<L70 16 50 158
Corta-relva, corta-erva, corta-bordaduras
70<L120 16 50 158
L>120 28 89 282
Fonte: Recolha de informações de fornecedores

Os valores apresentados, podem aumentar ou diminuir significativamente. De qualquer forma é expectável nas imediações
da obra (até 10-20 m) o nível sonoro contínuo associado, Ponderado A, seja superior a 65 dB(A).

Durante a fase de operação, será essencialmente ao funcionamento dos equipamentos e à circulação de veículos de
transporte de lamas fecais, que serão responsáveis pela emissão de ruído, sentido nas imediações e vias de acesso.

Tratam-se assim de impactos locais, afectando apenas as áreas directamente envolventes às frentes de obra e estradas de
acesso, e de curto prazo, sendo assim temporários na sua natureza. Embora em alguns locais a magnitude possa ser média
durante a fase mais activa da obra, em geral tratar-se-á de impactos de magnitude média, dada a presença de receptores
sensíveis nas imediações do local de obra, nomeadamente na zona onde serão instaladas as condutas da rede de
saneamento.

No que se refere à propagação de vibrações, desempenha grande importância o tipo de solo e camadas subjacentes. É
expectável que os níveis de vibração sejam mais elevados em solos argilosos rígidos do que em solos arenosos, existindo
entre estes dois tipos muitos outros, que têm dificultado a construção de modelos de previsão fiáveis.

Uma vez que a vibração e o ruído propagado através do solo são geralmente avaliados em termos de exposição dos
receptores que se encontram dentro dos edifícios, a propagação da vibração através destes deverá ser considerada. Cada
edifício possui diferentes características, relativamente à vibração estrutural mas, em termos gerais, quanto maior a massa
do edifício menores os níveis de vibração que se propagam através do solo.

Durante a fase de construção, serão as actividades desenvolvidas e o funcionamento de vários equipamentos os


responsáveis também pela emissão de vibrações. Para além da perceção como vibrações, há que considerar que a
estimulação mecânica transmitida aos edifícios, normalmente através das fundações, podendo causar, em casos de grande
incidência, estragos nas edificações, situação que não é de ocorrência expectável decorrente das actividades previstas na
obra de construção das ETARs.

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VOLUME 2 – RELATÓRIO DO ESTUDO AMBIENTAL E SOCIAL SIMPLIFICADO (EAS-S)
Também neste caso, ambas as ETARs contribuem de maneira diferente este impacto. Por um lado, na envolvente da ETAR
da margem direita, não estão presentes edificações nas imediações directas da área onde irá decorrer a obra, uma vez que
se trata de uma zona agrícola. As construções mais próximas, embora no geral precárias (construção tradicional) encontram-
se já a uma distancia relativa, não se prevendo pois a afectação por parte de vibrações emitidas durante a obra.

Todavia, no caso da margem esquerda, esta será instalada mais próxima da população, ou seja, perto de diversas
edificações. Para além da área de construção, os próprios acessos à obra serão realizados por zonas também urbanizadas.
Assim, nesta margem, os impactos provocados pelo ruído e vibrações esperam-se mais significativos.

Assim, avaliam-se os impactos da Fase de Construção sobre o ambiente sonoro como significativos (significância média a
alta), sendo que durante a operação os impactos previstos serão de reduzida magnitude e significância, não sendo
expressivos os impactos associados a emissões de vibrações.

Durante a fase de operação e acordo com a natureza localizada da maioria das intervenções a realizar, admitem-se impactos
acústicos de reduzida magnitude e significado, uma vez que nesta fase, o ruído associado ao funcionamento das ETARs
associados ao funcionamento dos equipamentos é reduzido.

No caso da margem esquerda, como está irá funcionar em sistema fechado, os impactos do ruído serão minimizados.

AVALIAÇÃO DO IMPACTO

IMPACTO Fase de Construção Fase de Operação


Natureza Negativo Negativo
Probabilidade Alta Alta
Extensão Local Local
Duração Curto Prazo Médio Prazo
Tipo Directo Directo
Magnitude Média a alta Baixa
SIGNIFICÂNCIA Significativo Pouco Significativo

MEDIDAS DE MITIGAÇÃO

No âmbito deste impacto, justifica-se a implementação de boas práticas de gestão ambiental do equipamento e na obra, de
modo a minimizar o máximo possível os impactos da geração de ruído pelas actividades construtivas, sendo de referenciar
as seguintes:

▪ As fontes fixas em pequenas áreas onde decorram actividades ruidosas que causem incómodos à população e
trabalhadores afectos à obra poderão ser encapsuladas com a precaução de permitir o arrefecimento do motor, caso
se trate de um equipamento, ou a ventilação do espaço;
▪ Promover a manutenção e periódica monitorização dos equipamentos mais ruidosos, no sentido de regular as
emissões produzidas ao mínimo possível;

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▪ As situações em que estejam previstas actividades mais ruidosas, deverão ter lugar em horário de menor sensibilidade
para os receptores expostos (durante o período diurno), tornando-se indispensável que, com a devida antecedência,
as populações sejam informadas destas ocorrências.
Estas medidas constam do Programa de Gestão de Emissões Atmosféricas, Ruído e Vibrações que integra o Plano de
Gestão Ambiental e Social.

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ALTERAÇÃO GEOMORFOLÓGICA DO TERRENO

FASE DE OCORRÊNCIA: Fase de Construção

DESCRIÇÃO

O desenvolvimento das obras de saneamentento prioritárias, irá implicar a ocupação de uma área de cerca de 7,3 hectares
na margem direita e 1,4 hectares na margem esquerda do rio, devendo o terreno ser preparado para as infraestruturas a
instalar, consoante a solução adoptada de projecto. Isto implicará, necessariamente, a execução de terraplenagens que
poderão potencialmente induzir elementos desestabilizadores da morfologia do terreno, sendo que os impactos associados
estarão directamente relacionados com a magnitude das terraplenagens previstas.

Nesta fase, os potenciais impactos geotécnicos previstos são:

▪ Modificações introduzidas na fisiografia e geomorfologia;


▪ Estabilidade de taludes de escavação e sua erosão;
▪ Locais de depósito de materiais excedentes ou inadequados, abertura de acessos;
Assim, os impactos na geomorfologia resultam de alterações da topografia pré-existente, as quais irão ocorrer de acordo
com os trabalhos de construção previstos, ou seja, as intervenções necessárias de preparação do terreno e de escavação
para instalação das demais infraestruturas associadas ao projeto.

Face à natureza do projecto em apreço, tratam-se de intervenções relativamente localizadas e pontuais, sem grande
expressão em termos de afectação das formações geológicas presentes, incidindo, sobretudo, sobre a actual modelação do
terreno.

Importa referir que as escavações a realizar serão tecnicamente desenhadas para reduzirem ao máximo os custos e as
perturbações, atingindo, no caso das escavações a realizar no âmbito das ETARs, uma profundidade máxima de cerca de
4 metros.

AVALIAÇÃO DO IMPACTO

IMPACTO Fase de Construção Fase de Operação


Natureza Negativo -
Probabilidade Alta -
Extensão Local -
Duração Médio Prazo -
Tipo Directo -
Magnitude Média -
SIGNIFICÂNCIA Pouco Significativo -

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MEDIDAS DE MITIGAÇÃO

Da avaliação efectuada depreende-se que os impactos geomorfológicos resultantes das actividades previstas de
implementação do projecto assumem uma importância sobretudo associada aos aspectos de projecto, pelo que as medidas
que deverão ser recomendadas estão associadas à valorização e à correcta implementação das soluções de projecto.

Por outro lado, deverão também ser considerados alguns aspectos geotécnicos associados a boas práticas de obra relativos
às actividades de terraplenagens, designadamente às operações de escavação (embora estas sejam bastante pontuais e
pouco expressivas):

▪ A execução de escavações deverá ser efectuada de forma adequada e controlada, visando a execução das geometrias
de escavação preconizadas e assegurar as condições de segurança da obra, e permitir a gestão dos produtos de
escavação (separação de materiais de rejeição, materiais terrosos ou rochosos);
▪ Escolha criteriosa de locais para a deposição dos materiais resultantes das escavações a efectuar.

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ESTUDO AMBIENTAL E SOCIAL SIMPLIFICADO – EAS-S
VOLUME 2 – RELATÓRIO DO ESTUDO AMBIENTAL E SOCIAL SIMPLIFICADO (EAS-S)
AFECTAÇÃO E DEGRADAÇÃO DO SOLO

FASE DE OCORRÊNCIA: Fase de Construção e Operação

DESCRIÇÃO

A destruição das camadas superficiais do solo na preparação do terreno constitui o principal impacto associado a este
projecto, inviabilizando os actuais usos do solo, na área de implantação do projeto, tanto na ETAR da margem direita, como
na ETAR da margem esquerda.

Por outro lado, também eventuais derrames poluentes ou práticas incorrectas na gestão das ETARs poderão causar
episódios de poluição do solo, com consequências que dependerão das áreas afectadas.

Além da perda de terrenos, deve ainda referir-se, como impacto directo, a compactação de solos que habitualmente resulta
da instalação e operação do estaleiro, e circulação de viaturas, designadamente por camiões e máquinas pesadas.

Acresce-se a estes impactos, a ocorrência pontual de derrames de óleos, combustíveis e lubrificantes, entre outros produtos,
que podem contribuir para a degradação qualitativa.

Assim, de um modo geral, os impactos pedológicos associados às Obras de Saneamento Prioritárias, com destaque para
os referentes a solos de uso agrícola, podem ter origem em:

▪ Alterações da morfologia dos terrenos;


▪ Modificações do tipo e natureza da sua utilização;
▪ Alterações sensíveis no regime hidrológico dos solos;
▪ Criação de condições que favorecem os fenómenos marginais de erosão;
▪ Vazamento nos solos de materiais estranhos e de substâncias tóxicas, entre outros.
Com efeito, estas acções podem provocar, directa ou indirectamente, alterações das características físicas, químicas e
biológicas dos solos, designadamente alterações na estrutura, densidade aparente, capacidade de armazenamento e
retenção da água, permeabilidade, bem como alterações na actividade da própria fauna e microfauna do solo.

Para além do supracitado, também a intensificação da erosão do solo, resultante das actividades de terraplenagem durante
as obras de construção, é susceptível onde a cobertura vegetal é reduzida. Esta é exacerbada pela precipitação, com o
transporte de águas pluviais em grande quantidade de solos expostos.

Como é sabido, o solo por si mesmo, constitui um recurso que tende a escassear. De um modo muito sucinto, ele constitui
a camada onde é possível o crescimento de vida vegetal, pelo que quando acresce à aptidão agrícola.

Entre os impactos de maior significado que poderão ocorrer nesta fase, destaca-se a ocupação directa e irreversível de
solos na área da ETAR, assim como das restantes intervenções.

As áreas laterais da obra poderão igualmente ser afectadas, principalmente pela compactação originada pela circulação de
viaturas e maquinaria afectas à obra, nomeadamente camiões e maquinaria pesada, pelo que se recomenda a adopção de
medidas de recuperação desses solos, caso sejam de facto afectados, logo após a conclusão dos trabalhos de construção.

120 40659-EA-TT02-ME-01(d) OBRAS DE SANEAMENTO PRIORITÁRIAS EM QUELIMANE E TETE. TETE.


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VOLUME 2 – RELATÓRIO DO ESTUDO AMBIENTAL E SOCIAL SIMPLIFICADO (EAS-S)
Assim, apesar de grande parte dos solos da área de intervenção sofram impactos directos pela sua remoção e consequente
impermeabilização do terreno, poderão ser em parte aproveitados, na promoção de uma estrutura verde de enquadramento.

Por outro lado, importa analisar com detalhe todas as medidas de projecto que visam evitar e controlar derrames,
vazamentos ou espalhamento de resíduos que possam poluir os solos, tendo particular atenção aos sistemas de
impermeabilização das infraestruturas.

Referência também para a possibilidade de reposição de uma camada de terra arável, que possibilite o arranjo paisagístico
a preconizar no âmbito do projecto de arranjo paisagístico para a envolvente das ETARs.

AVALIAÇÃO DO IMPACTO

IMPACTO Fase de Construção Fase de Operação


Natureza Negativo Negativo
Probabilidade Alta Alta
Extensão Local Local
Duração Longo Prazo Longo Prazo
Tipo Directo Directo
Magnitude Média Média
SIGNIFICÂNCIA Significativo Significativo

MEDIDAS DE MITIGAÇÃO

Recomendam-se as seguintes medidas, que deverão ser integradas nas principais orientações e directrizes no Plano de
Gestão Ambiental integrado no presente EAS-S:

▪ Nas áreas a intervencionar, recomenda-se a remoção, nos casos viáveis, e sobretudo com o objectivo de assegurar a
integração paisagística prevista no projecto, da camada superficial dos solos (terra vegetal) por decapagem;
▪ A terra vegetal assim obtida nas zonas de obra deverá ser alvo de conservação e armazenamento em pargas, fora
das áreas de manobra, para posterior recuperação de zonas degradadas pelo projecto melhoria das propriedades dos
solos com fraca aptidão agrícola;
▪ As áreas afectadas pelas actividades de construção, e pelas áreas de apoio à obra, deverão ser restritas ao mínimo
indispensável à boa execução da empreitada;
▪ Evitar a circulação de veículos e máquinas pesadas em zonas não estritamente necessárias à construção da obra,
especialmente nas que têm maior aptidão agrícola. Esta medida deverá ser integrada no Programa de Gestão
Ambiental de obra;
▪ Não permitir a descarga de quaisquer produtos poluentes (ex.: betumes, óleos, lubrificantes, combustíveis, produtos
químicos, e materiais residuais da obra) nos solos;
▪ De forma a evitar o derrame acidental desses produtos poluentes nos solos, estes deverão ser adequadamente
acondicionados em contentores estanques / áreas impermeabilizadas;

40659-EA-TT02-ME-01(d) OBRAS DE SANEAMENTO PRIORITÁRIAS EM QUELIMANE E TETE. TETE. 121


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VOLUME 2 – RELATÓRIO DO ESTUDO AMBIENTAL E SOCIAL SIMPLIFICADO (EAS-S)
▪ No sentido de se evitar a ocorrência de derrames acidentais de óleos ou combustíveis, associados ao funcionamento
da maquinaria a utilizar na fase de construção, todas as operações de abastecimento e manutenção dessa maquinaria
deverão ser efectuadas em local apropriado para o efeito, dentro da área a ocupar pelos estaleiros, devidamente
impermeabilizada, e os resíduos resultantes dessas operações deverão ser armazenados em recipientes estanques;
▪ Para evitar a ocorrência de processos erosivos dos solos deverão ser adoptados mecanismos de recobrimento vegetal
definitivo ou provisório de toda a área de intervenção, utilizando-se de espécies vegetais apropriadas, visando a sua
protecção contra o impacto directo das águas pluviais e a consequente desagregação das partículas.

122 40659-EA-TT02-ME-01(d) OBRAS DE SANEAMENTO PRIORITÁRIAS EM QUELIMANE E TETE. TETE.


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ALTERAÇÕES NA PAISAGEM

FASE DE OCORRÊNCIA: Fase de Construção e de Operação

DESCRIÇÃO

As infraestruturas associadas às obras em apreço, nomeadamente em relação às ETARs, induzem alterações no contexto
paisagístico da zona em que se insere. Numa área relativamente aberta, de baixa altitude e pouco ocupada em termos
urbanos, o contraste gerado pela introdução de factores exógenos no meio ambiente causa impactos na paisagem, embora
possa ser atenuado de acordo com a capacidade de integração visual e com as medidas de projecto que atenuem este
impacto, tendo em conta as características biofísicas e sociais do local, nomeadamente a visibilidade da intervenção a partir
das suas vizinhanças. Deste modo, os factores principais a serem considerados são:

▪ Morfologia;
▪ Uso do solo;
▪ Visibilidade (amplitude do impacto visual);
▪ Sensibilidade do espaço (capacidade de absorção visual e compatibilidade visual com as características do espaço).
Na fase de construção os impactos na paisagem serão na sua maioria de carácter temporário, decorrentes das obras das
ETARs e de todas as infraestruturas associadas (conduta, estações de bombagem, etc.), generalizando-se a toda a área de
intervenção, ainda que de forma diferenciada, incluindo estaleiro e acessos.

Durante esta fase prevê-se um agravamento da interferência na percepção humano-sensorial da paisagem, actualmente de
caracter antropogénico mas integrado numa matriz natural.

Assim, a desorganização espacial e funcional do espaço durante da fase de obra, em toda a área envolvida no processo
construtivo, estará associada a impactos visuais negativos em consequência da degradação visual e ambiental induzida,
pelas actividades de obra.

Os referidos impactos, embora circunscritos no tempo, terão repercussões sobretudo em termos locais, associados, em
particular, devido às terraplenagens, à instalação de equipamentos e ao levantamento dos edifícios, sendo perceptível a
degradação visual e ambiental nas imediações, de maior visibilidade.

Em balanço final, a baixa profundidade da bacia visual, combinada com a potencial incidência de observadores na
envolvente, determinam que os impactos associados às obras poderão ser classificados como negativos, de média
magnitude e localizados, assumindo-se ainda como temporários.

Os impactos na paisagem na fase de operação das ETARs prendem-se fundamentalmente com as diferentes
características paisagísticas que referenciam o espaço, atribuindo-lhe um leitura visual de acordo com a nova tipologia
implementada. A modificação, por substituição da estrutura visual existente, constitui o impacto mais representativo
decorrente da implementação do empreendimento.

Refira-se que em termos visuais e paisagísticos a degradação actual deste espaço traduz-se de forma agressiva, o que é
intensificado devido à proximidade aos observadores, dada a sua localização numa zona central da malha urbana de Tete,
em ambas as margens da cidade.

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VOLUME 2 – RELATÓRIO DO ESTUDO AMBIENTAL E SOCIAL SIMPLIFICADO (EAS-S)
A construção das ETARs irá levar à substituição do uso agrícola existente, o que se em termos funcionais constitui uma
expressiva alteração e com grande visibilidade face a potenciais observadores.
Assim, a percepção visual da paisagem, na perspectiva de potenciais observadores, constitui o principal impacto, em
consequência das modificações relativamente ao cenário actual, atendendo principalmente à percepção relativa dos
habitantes vizinhos.
Em suma, na sequência do anteriormente referido face aos contextos actuais de ocupação e uso actual do solo e às
condições locais, quer em termos geomorfológicos, como de enquadramento local, permitem considerar como medianos a
elevados os impactos negativos na paisagem resultantes da construção e operação das ETARs.
AVALIAÇÃO DO IMPACTO

IMPACTO Fase de Construção Fase de Operação


Natureza Negativo Positivo
Probabilidade Alta Alta
Extensão Local Local
Duração Curto Prazo Médio Prazo
Tipo Directo Directo
Magnitude Média Média
SIGNIFICÂNCIA Significativo Significativo

MEDIDAS DE MITIGAÇÃO

Sublinha-se a importância da integração e arranjo paisagístico da zona envolvente enquanto componente do Projecto das
ETARs, devendo ser preconizada a reabilitação da zona e promovida a integração visual dos elementos constituintes deste
empreendimento, através de modelação do terreno envolvente e do tratamento vegetal da área intervencionada.
As medidas minimizadoras dos impactos visuais na paisagem, que a seguir se preconizam, visam o enquadramento e
integração geral das ETARs no ambiente paisagístico em que se inserem, assim como a atenuação dos problemas de
perturbação da paisagem associados à fase de obra do empreendimento.

▪ Os estaleiros e outras áreas de apoio à obra, como áreas de depósito e de armazenamento de material e equipamentos
deverão ser localizadas nos locais com fraca acessibilidade visual, e, sempre que possível, dissimulados através de
barreiras visuais (vedação);
▪ As áreas envolventes à área afecta às ETARs e restantes infra-estruturas, deverão ser salvaguardadas de eventuais
danos decorrentes da obra, devendo estar previstas medidas de recuperação caso sejam afectadas;
▪ Durante a operação deverá ser garantida a manutenção das zonas de ajardinamento consideradas no projecto,
designadamente as zonas de plantação de espécies arbustivas e arbóreas que circundam as instalações (dentro da
zona vedada).
Assim, deverá ser realizado um Projecto de Recuperação e Integração Paisagística,para cada uma das ETARs, que vise
essencialmente o arranjo e enquadramento de toda a área afecta ao projecto, no conjunto dos vários elementos e
equipamentos que a compõem, atendendo ao meio em que se insere, utilizando particularmente espécies autóctones ou
espécies já presentes na zona envolvente, quando da vegetação dos espaços circundantes.
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RISCO DE CONTAMINAÇÃO E INTERFERÊNCIA COM OS SISTEMAS HÍDRICOS

FASE DE OCORRÊNCIA: Fase de Construção e de Operação

DESCRIÇÃO

De um modo geral, durante o período de construção, poderão surgir impactos temporários nos sistemas de drenagem
natural e nas zonas envolventes, associados ao rio Zambeze e relacionados com situações pontuais de obstrução e/ou
desvio de linhas de drenagem das águas, causando alterações no binómio infiltração/escoamento, situação que se admite
globalmente relevante face às condições locais e à proximidade desta linha de água.

Assim, nesta fase, as mais importantes acções geradoras de impactos estarão associadas essencialmente às actividades
de desmatação, modelação de terrenos, implantação e exploração de estaleiros e à realização das Obras de Saneamento
Prioritárias. Essas actividades poderão induzir alterações nos processos hidrológicos, sendo que os principais impactos
identificados serão negativos, relacionando-se com:

▪ Alterações nos fluxos de água superficial e subterrânea pela alteração do binómio infiltração/escoamento;
▪ Criação de efeito barreira à drenagem natural;
▪ Alteração da qualidade de água superficial e subterrânea;
▪ Impermeabilização de áreas de recarga de aquíferos.
As alterações induzidas no binómio infiltração/escoamento, em consequência das operações de preparação do terreno,
desmatação, decapagem, terraplenagens, traduzir-se-ão em acréscimos nos escoamentos superficiais, face ao aumento da
impermeabilização dos terrenos intervencionados, com consequente diminuição da recarga dos aquíferos devido à
colmatação dos solos nas zonas de trabalho. Mais ainda, poderá ocorrer o assoreamento dos cursos de água devido à
deposição de sedimentos no seu leito, oriundos, de processos erosivos de áreas agrícolas.

Na zona de obra, poderão verificar-se também situações susceptíveis de provocar a contaminação de solos e das águas,
decorrentes de derrames ou descargas acidentais de efluentes, combustíveis, óleos, solventes e outros produtos poluentes
provenientes das diversas operações de obra:

▪ Movimentação de terras, terraplenagens, construção da plataforma de implementação das ETARs – afectação de


linhas de água por obstrução ou desvio, com alterações na drenagem natural da zona;
▪ Implantação dos estaleiros, da plataforma, construção de acessos e circulação de veículos e maquinaria –
compactação dos solos, conduzindo à sua impermeabilização e ao aumento do escoamento de superfície e diminuição
da infiltração, com possibilidade de inundação a jusante;
▪ Funcionamento dos estaleiros – degradação da qualidade da água dos cursos de água próximos, caso as águas
residuais produzidas não sejam correctamente recolhidas e confinadas, ou existam rupturas acidentais;
▪ Manuseamento de substâncias poluentes (tintas, diluentes, óleos, entre outros);
▪ Derrame acidental de poluentes conduzindo à potencial contaminação das águas.
Tais situações poderão constituir igualmente um impacto negativo na qualidade das águas (superficiais e subterrâneas)
dependendo a sua importância das características do material derramado, sua quantidade e do número de ocorrências
acidentais verificado, devendo ser implementado um plano de emergência para actuar em situações de derrames acidentais,
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VOLUME 2 – RELATÓRIO DO ESTUDO AMBIENTAL E SOCIAL SIMPLIFICADO (EAS-S)
para além da implementação de um conjunto de medidas preventivas que minimizem a sua ocorrência ou extensão dos
seus efeitos.

Na Fase de Operação os impactos na qualidade da água associados à fase de operação das ETARs resultam
essencialmente de situações de poluição acidental com origem em derrames descontrolados embora o Projecto deva ter
como pressuposto de que não poderão ocorrer vazamentos, descargas ou incidentes com águas contaminadas, ou seja:

▪ Descarga de águas residuais tratadas no meio receptor – alteração da qualidade das águas de superfície e dos seus
usos definidos e das águas subterrâneas associadas; alteração do volume de escoamento no meio receptor;
▪ Situações de acidente e avaria – afectação da qualidade da água do meio receptor devido à descarga de emergência
de efluente bruto ou sem o nível de tratamento requerido.
Ainda nesta fase, os potenciais impactes que podem ocorrer devido à poluição acidental tornan-se mais significativos no
caso da margem direita, uma vez que a ETAR será implantada sobre o aquífero do Vale de Nhartanda, que representa a
principal fonte de água para consumo nesta parte da cidade.

Em redor desta área existem algumas captações de água para consumo (FIPAG), que abastecem os subsistemas de
abastecimento de Tete-Antiga e Canongola. Para além das existentes, já foram realizados estudos cujo o intuito foi a procura
de novos locais para instalar novas captações.

Note-se que a instalação da ETAR a montante de captações de água para abastecimento pode afetar, negativamente, a
qualidade da água para consumo, o que pode causar problemas de saúde pública na região.

AVALIAÇÃO DO IMPACTO

IMPACTO Fase de Construção Fase de Operação


Natureza Negativo Negativo
Probabilidade Média Baixa
Extensão Local Local
Duração Curto Prazo Médio Prazo
Tipo Directo Directo
Magnitude Baixa Baixa
SIGNIFICÂNCIA Significativo Significativo

MEDIDAS DE MITIGAÇÃO

As medidas preventivas e correctivas à alteração na dinâmica de escoamento das águas superficiais e suas consequências
estão relacionadas principalmente à eficiência do sistema de drenagem superficial estudado e previsto no projecto. Assim,
sublinha-se as seguintes medidas:

▪ Implantação de sistema de drenagem superficial que discipline o escoamento das águas (com sistemas de dissipação
de energia hidráulica);
▪ Monitorização contínua das condições de drenagem superficial e descarga ao longo do período de operação das
ETARs;
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VOLUME 2 – RELATÓRIO DO ESTUDO AMBIENTAL E SOCIAL SIMPLIFICADO (EAS-S)
▪ Capacitação dos operadores de máquinas e equipamentos sobre a manutenção correcta e sobre o processo de
avaliação das condições de operação destas máquinas para evitar a contaminação das águas;
Para proceder à descarga das águas residuais tratadas no meio receptor é necessário construir um emissário, que consiste
num colector que transporta as águas residuais tratadas até à linha de água, onde será o ponto de descarga.

Tendo em consideração a sensibilidade do local relativamente aos usos da água (nomeadamente usos agricolas e consumo)
e os potenciais riscos decorrentes da obra, recomenda-se a realização de monitorização da qualidade da água na área do
projecto e na sua envolvente, prevendo efectuar campanhas periódicas de análise da qualidade da água. Esta medida consta
do Programa de Monitorização da Qualidade da Água que integra o Plano de Gestão Ambiental e Social.

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VOLUME 2 – RELATÓRIO DO ESTUDO AMBIENTAL E SOCIAL SIMPLIFICADO (EAS-S)
MELHORIA DA QUALIDADE DA ÁGUA NO MEIO RECEPTOR

FASE DE OCORRÊNCIA: Fase de Operação

DESCRIÇÃO

Durante a fase de operação, o principal impacto reporta‐se à melhoria da qualidade da água do efluente final que passa a
ter tratamento primário assim como a melhoria da qualidade do meio receptor final, que será o rio Zambeze. No caso da
margem esquerda a descarga é directa no Zmabeze; no caso da margem esqueda, a descarga, antes de chegar ao Zambeze
é feita numa linha de água de escorrência existente no local. Durante a fase de exploração terá de ser garantida a
manutenção periódica das ETARs e assegurado o correcto funcionamento do sistema de tratamento.

Os principais componentes das águas residuais domésticas e industriais que acrescem um potencial poluente com efeitos
prejudiciais quando da sua descarga no meio hídrico sem tratamento são:

▪ Materiais sólidos de grandes dimensões, tais como: papéis, trapos, sacos de plástico, entre outros. Os seus efeitos
prejudiciais são a poluição visual provocada pela sua acumulação nos meios hídricos e o risco para a saúde pública
provocada pela proliferação de agentes infecciosos.
▪ Matéria orgânica como restos de comida, matéria fecal e alguns resíduos industriais cujos efeitos prejudiciais mais
relevantes são a diminuição dos níveis de oxigénio nos meios hídricos receptores pela acção de bactérias, essa
diminuição acarreta danos na biosfera pois o meio hídrico torna-se incapaz de suportar a maior parte dos seres vivos,
e o risco para a saúde pública provocada pela proliferação de agentes infecciosos.
▪ Óleos e gorduras cuja presença provoca a formação de espuma nas superfícies do meio hídrico com consequente
degradação da paisagem e consequências negativas para toda a biosfera do meio e a formação de uma película
impermeável na superfície líquida, reduzindo a transferência de oxigénio da atmosfera para o meio líquido, com as
inerentes consequências que essa redução acarreta.
▪ Nutrientes, tais como o azoto e o fósforo que funcionam como fertilizantes e estimulam o crescimento de algas, tóxicas
ou não, e outras plantas aquáticas que obstruem os cursos de água e poluem as margens dos meios hídricos com
material em decomposição, que eventualmente se transforma em resíduos orgânicos, com as consequências nefastas
daí decorrentes.
▪ Bactérias e vírus causadores de doenças, tais como cólera, febre tifóide e salmonelas, cuja presença em recursos
hídricos onde se faz captação de água para consumo humano ou irrigação de culturas, que serão depois ingeridas
cruas por pessoas ou animais, provoca um evidente risco para a saúde pública.
▪ Substâncias tóxicas, geralmente com origem em efluentes industriais e que, dependendo da toxicidade e
concentrações nos meios receptores, podem danificar ou destruir a vida aquática e/ou serem acumuladas ao longo da
cadeia alimentar até chegarem ao ser humano.
Os benefícios do tratamento de águas residuais são, portanto:

▪ O ambiente circundante aos meios hídricos fica mais seguro e agradável para qualquer actividade humana;
▪ Melhoria da saúde pública;
▪ Actividades económicas são beneficiadas;
▪ A transferência do oxigénio da atmosfera para a massa líquida é mais eficiente, favorecendo a sobrevivência da vida
aquática, essencialmente no caso de remoção de óleos e gorduras.
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Destaca-se que, em relação à situação actual, a implementação do projecto tem impactos positivos muito significativos, dado
que se registará uma melhoria na qualidade da água no sistema no rio Zambeze. Este facto promoverá o aumento da
sustentabilidade e do desenvolvimento da região.

Os tratamentos preconizados visam cumprir os Valores Máximos Admissíveis para descargas no meio receptor, ou seja os
valores para CQO e SST referenciados no quadro abaixo. Assim sendo, é clara a redução significativa da carga poluente e
consequentemente a melhoria esperada ao nível do meio receptor.

Quadro 5.5 – Padrões de CBO e SST nas Descargas de Águas Residuais no Meio Receptor

Parâmetro Unidade Valor Máximo Admissível


Carência química de oxigénio (CQO) mg/l 150
Sólidos suspensos totais (SST) mg/l 60

Fonte: Decreto 18/2004 – Regulamento sobre Padrões de Qualidade Ambiental e de Emissão de Efluentes

Importa ainda considerar que o Padrão do Grupo Banco Mundial, conforme mencionado nas Diretrizes Gerais de Ambiente,
Saúde e Segurança para CQO, é de 125 mg / l e para SST é de 50 mg / l. No que diz respeito aos padrões nacionais e aos
padrões do Banco Mundial , aplica-se o padrão mais estrito, a menos que uma explicação muito boa possa ser fornecida
para aplicar um padrão menos rigoroso.

Considerando os usos da água do rio Zambeze, quer na zona das ETARs, como sobretudo a jusante (embora com efeitos
indirectos também a montante decorrentes da canalização das águas residuais para tratamento nas ETARs), o tratamento
das águas residuais domésticas terá repercussões positivas de grande significado na sua utilização (nomeadamente para
fins agrícolas e de consumo) e consequentemente na saúde pública.

Figura 5.1 – Meio Hídrico Receptor – Rio Zambeze


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Importa sublinhar que os impactos previstos serão positivos, devido à melhoria das actuais condições de tratamento das
águas residuais, considerando-se que o projecto das Obras Prioritárias de Saneamento de Tete irá certamente contribuir
para a redução do risco de contaminação do meio hídrico a jusante (garantindo uma qualidade do efluente descarregado
que não comprometa nem ponha em risco a qualidade do sistema receptor). Este projecto irá pois contribuir para a resolução
dos actuais riscos de contaminação hídrica, pela promoção de um eficaz tratamento das águas residuais antes da sua
descarga no meio receptor.

Neste contexto, o tratamento das águas residuais de uma forma mais eficaz, traduz-se em impactos positivos de elevada
significância que justificam o projecto, sendo que o tratamento das águas residuais e a redução a sua carga poluente
(sobretudo orgânica) constitui o objectivo primeiro desta infraestrutura, enquanto componente fundamental do sistema de
saneamento planeado para a Cidade de Tete.

O rio Zambeze, que será o meio recetor do efluente tratado (direto ou indireto, no caso da margem esquerda e margem
direita, respectivamente), possui um caudal anual muito elevado. Assim, apesar de o tratamento das águas residuais
constituir um impacto de elevada significância, no contexto das ETARs de Tete, esta melhoria será menos expressiva.
Devido a isto, este impacto foi classificado como significativo.

No entanto, no caso da margem direita, como o meio recetor primário será uma linha de água de menor expressão, cuja
capacidade de diluição é menor, este impacte poderá ter maior significância.

Por outro lado, esta diferença de capacidade de diluição pode também influenciar a forma como estas duas linhas de água
reagem a impactes negativos, nomeadamente a casos de poluição acidental provocado por acidentes, ou mau
funcionamento da ETAR. Neste caso, a poluição acidental que poderá, potencialmente, ocorrer, afetará mais
significativamente a linha de água de drenagem do que o rio Zambeze.

AVALIAÇÃO DO IMPACTO

IMPACTO Fase de Construção Fase de Operação Fase de Operação


Natureza - Positivo Negativo
Probabilidade - Alta Baixa
Extensão - regional Local
Duração - Médio Prazo Médio Prazo
Tipo - Directo Directo
Magnitude - Alta Baixa
SIGNIFICÂNCIA - Significativo Pouco Significativo

MEDIDAS DE MITIGAÇÃO

Tendo em consideração a sensibilidade do local relativamente aos usos da água (nomeadamente para usos agrícolas e
consumo) e os potenciais riscos decorrentes da obra, recomenda-se a realização de monitorização da qualidade da água
na área do projecto e na sua envolvente, prevendo efectuar campanhas periódicas de análise da qualidade da água. Esta
medida consta do Programa de Monitoria da Qualidade da Água que integra o Plano de Gestão Ambiental e Social.

Sendo o impacto positivo e de elevada significância, o bom funcionamento (eficaz) das ETARs constitui por si só a medida
de minimização da degradação da qualidade da água que justifica o projecto.
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PRODUÇÃO DE LAMAS FECAIS

FASE DE OCORRÊNCIA: Fase de Operação

DESCRIÇÃO

Os impactos decorrentes da produção de lamas estão associados quer à fase de operação das ETARs, pela produção de
lamas decorrentes do tratamento das águas residuais e pelo tratamento das lamas fecais provenientes dos sistemas
dispersos (lamas estas maioritariamente com tratamento primário).

As lamas de depuração produzidas nas ETARs, decorrentes do tratamento de efluentes urbanos, resultam
fundamentalmente da biomassa em excesso que se forma durante o processo de remoção de matéria orgânica e outros
nutrientes (lama secundária), podendo-se formar igualmente lama primária nas ETARs que possuem decantação primária.
As lamas são espessadas, grafiticamente ou mecanicamente, e desidratadas mecanicamente ou em leitos de secagem. As
lamas são depois armazenadas temporariamente em silos ou contentores até serem recolhidas por operadores para diversos
fins (ex. para valorização directa por compostagem, antes da sua aplicação em solos agrícolas) ou para serem
adequadamente depositadas em aterro.

Devido ao seu elevado teor em matéria orgânica, as lamas têm tendência a desenvolver condições anaeróbias, fermentando,
entrando em putrefacção e, por conseguinte, gerando efeitos prejudiciais, quer para o Ambiente quer para a Saúde Pública.
Quando depositadas no solo sem qualquer tratamento, as lamas libertam gases tóxicos, resultado da decomposição
anaeróbia, o que origina poluição atmosférica e riscos para o Homem, além dos óbvios odores intensos que causam
incómodo.

Assim, os impactos que podem sobretudo resultar da incorrecta gestão de lamas fecais e podem ser muito significativos ao
nível da saúde pública, quer pelo contacto directo como indirecto através do consumo de comida com microrganismos
patogénicos.

Os riscos para a saúde pública decorrentes da gestão inadequada de lamas podem resultar da contaminação por descargas
indevidas ou pela inadequada reutilização das lamas fecais. A descarga indevida é efectuada, na maioria das cidades, perto
de áreas pobres e semiabandonadas, mas onde existem comunidades vulneráveis que ficam gravemente expostas à
contaminação (Strande, et al., 2014). A reutilização das lamas na agricultura deve ser monitorizada para garantir a segurança
das mesmas como fertilizante, o que muitas vezes se torna difícil devido à deficiente capacidade e qualidade dos laboratórios
locais (Drechsel, et al., 2010).

Por outro lado, a gestão incorrecta de lamas fecais poderá também causar impactos negativos no meio ambiente, podendo
poluir e/ou desequilibrar os ecossistemas existentes, designadamente pela poluição do solo e dos meios aquáticos.

▪ No solo, os principais problemas advêm da retenção de quantidades inadequadas de metais pesados, componentes
orgânicos persistentes, hormonas e nutrientes. Os meios aquáticos têm particular relevância pelo facto do consumo
de água resultar da captação directa da água de superfície (o que acontece sobretudo para usos agricolas).
▪ No meio aquático a poluição resulta sobretudo da carga de matéria orgânica, microrganismos patogénicos e nutrientes
presentes nas lamas fecais que, quer directamente por descarga como indirectamente pela infiltração dos efluentes
no solo, podem contaminar os aquíferos ou afectar as águas de superfície.

40659-EA-TT02-ME-01(d) OBRAS DE SANEAMENTO PRIORITÁRIAS EM QUELIMANE E TETE. TETE. 131


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VOLUME 2 – RELATÓRIO DO ESTUDO AMBIENTAL E SOCIAL SIMPLIFICADO (EAS-S)
A gestão das lamas fecais, constitui pois uma importante componente do sistema de saneamento, sendo fundamental dar
respostas adequadas ao seu tratamento, pelos riscos de salubridade e consequentemente de saúde pública que lhe estão
associados.

Trata-se pois de impactos negativos de elevada significância resultantes do quer processo de tratamento das águas
residuais como das lamas que são descarregadas nas ETARs, mas que poderão ser adequadamente mitigados através do
tratamento adequado a realizar, que poderá mesmo permitir o seu aproveitamento, por exemplo para fins agrícolas. Trata-
se de um impacto que pode e deve ser minimizado em termos da sua natureza negativa, podendo ser valorizado e assim
reduzir a sua significância em termos de afectação ambiental.

No entanto, quando bem geridas as lamas fecais produzidas podem e devem mesmo ser percepcionadas como um recurso,
pois podem ser valorizadas na agricultura (enquanto substituto para os fertilizantes químicos), contribuindo para a melhoria
da produtividade dos solos e da sua capacidade de retenção de água. De acordo com Bauerl et al. (2014), as lamas fecais
tem uma boa aceitação por parte dos agricultores. Também podem ser valorizadas na industria, podendo ser utilizadas como
combustível sólidos para os fornos e caldeiras utilizadas para a produção de clinker ou na cozedura de cerâmicos (embora,
actualmente, este tipo de processo não seja economicamente atractivo). A valorização pode providenciar receitas adicionais
para as entidades envolvidas em todo o sistema de gestão águas residuais e lamas fecais. Contudo, antes da sua aplicação
final, as lamas devem ser estabilizadas.

Posto isto, importa assegurar a adequada remoção destas lamas, de acordo com a periodicidade estabelecida, fomentando
o seu encaminhamento para o seu tratamento de moda a possibilitar o seu reaproveitamento, tal como se preconiza como
medida de mitigação, seguidamente analisada.

AVALIAÇÃO DO IMPACTO

IMPACTO Fase de Construção Fase de Operação


Natureza - Negativo
Probabilidade - Alta
Extensão - Local
Duração - Longo Prazo
Tipo - Directo
Magnitude - Alta
SIGNIFICÂNCIA - Significativo
Pós-Mitigação - Positivo

MEDIDAS DE MITIGAÇÃO

No que concerne ao destino final das lamas, apontam-se como referência as seguintes soluções: valorização agrícola;
recuperação de solos; recobrimento de aterros sanitários; selagem de lixeiras (recuperação paisagística); construção civil
(fábricas de tijolos); cerâmica (incorporação de 20 % de lamas); estradas (recuperação/sementeira de taludes); áreas verdes;
co-incineração/cimento (incorporação no cimento, valor calorífico para a queima); incineração (combustível, valor calorífico
para as incineradoras); co-compostagem com RSU.

132 40659-EA-TT02-ME-01(d) OBRAS DE SANEAMENTO PRIORITÁRIAS EM QUELIMANE E TETE. TETE.


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VOLUME 2 – RELATÓRIO DO ESTUDO AMBIENTAL E SOCIAL SIMPLIFICADO (EAS-S)
A opção mais corrente de reutilização é como condicionador de solo, por ser de baixo custo e seguro, quando realizado
sobre condições controladas. As lamas apresentam vantagens para a agricultura por conterem elevado conteúdo de
nutrientes e matéria orgânica que melhoram a capacidade de retenção de água do solo.

No entanto, a reutilização / valorização como subproduto do tratamento das lamas fecais apenas poderá ser concretizado
para as lamas produzidas durante a fase de operação, conforme justificado.

A gestão do controlo do processo de gestão das lamas produzidas nas ETARs de Tete consta do Programa de Gestão de
Lamas que integra o Plano de Gestão Ambiental e Social.

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VOLUME 2 – RELATÓRIO DO ESTUDO AMBIENTAL E SOCIAL SIMPLIFICADO (EAS-S)
5.6 IMPACTOS NO MEIO BIÓTICO

PERDA DE HABITATS - DESMATAÇÃO

FASE DE OCORRÊNCIA: Fase de Construção

DESCRIÇÃO

Para a instalação das ETARs será necessário remover vegetação, nomeadamente a cobertura de capim e cobertura
arbustiva dispersa, que se encontra no local do projecto.

Tendo em conta que os habitats da área de implantação do projecto são altamente marcados por intervenções
antropogénicas, não é esperado que a instalação das ETARs causem impactos negativos de grande significância. Além
disso, não é também expectável que esta implantação cause impactos sobre plantas ameaçadas ou sensíveis, uma vez que
não foram identificadas plantas assim classificadas no local.

Da mesma forma, este projecto não implicará a afetação de habitats particularmente importantes.

AVALIAÇÃO DO IMPACTO

IMPACTO Fase de Construção Fase de Operação


Natureza Negativo -
Probabilidade Certo -
Extensão Local -
Duração Curto prazo -
Tipo Directo -
Magnitude Baixa -
SIGNIFICÂNCIA Pouco Significativo -

MEDIDAS DE MITIGAÇÃO

Recomendam-se as seguintes medidas / boas práticas:

▪ Sempre que possível, a circulação de veículos e maquinaria deve restringir-se às vias de acesso já existentes;
▪ Todos os veículos e maquinaria devem apenas circular nas rotas e estradas de acesso designadas de modo a evitar
a destruição de áreas relativamente grande de vegetação;
▪ Desbravar a faixa mínima necessária para colocação das infraestruturas das ETARs e a tubulação de drenagem e os
caminhos de acesso deverão restringir-se às áreas estritamente necessárias;
▪ Sempre que possível, as infraestruturas devem ser instaladas em áreas que apresentem maiores níveis de perturbação
(i.e. que tenham sofrido mais intervenções humanas, como por exemplo machambas e áreas de extração de terra),
evitando os cursos de água;
Após a conclusão da construção da construicao das ETARs, as infraestruturas temporárias devem ser removidas e as
áreas devem ser sujeitas ao restabelecimento da vegetação.
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MORTALIDADE DA FAUNA- PERTURBAÇÃO E AFASTAMENTO DA FAUNA

FASE DE OCORRÊNCIA: Fase de Construção

DESCRIÇÃO

Durante a fase de construção a remoção da vegetação para a instalação das ETARs e restantes infraestruturas, como a
rede de drenagem e de saneamento, a movimentação de máquinas e veículos afectos à obra implicará o aumento de risco
de atropelamento de certas espécies de fauna suceptiveis a este impacto (anfíbios, répteis e pequenos mamíferos),
destruição de microhabitats como ninhos, tocas e outros tipos de abrigo dos animais serão destruídos.

Além disso, a movimentação de máquinas e veículos pesados e funcionamento de equipamentos que provocam ruído e
vibração pode causar pertubação e afugentamento da fauna.

Os animais bravios de baixa mobilidade podem ser mortos durante a remoção da vegetação. Porém, na área de
implementação não foram identificadas espécies de fauna de preocupação especial para conservação (por exemplo,
espécies raras, endémicas e/ou ameaçadas de extinção).

AVALIAÇÃO DO IMPACTO

IMPACTO Fase de Construção Fase de Operação


Natureza Negativo -
Probabilidade Certo -
Extensão Local -
Duração Curto prazo -
Tipo Directo -
Magnitude Baixa -
SIGNIFICÂNCIA Pouco Significativo -

MEDIDAS DE MITIGAÇÃO

▪ Os motoristas devem ser orientados para o cuidado com a fauna local (répteis, anfíbios, aves e mamíferos), prestando
sempre atenção à via e mantendo uma velocidade controlada;
▪ Proceder à desmatação da faixa mínima necessária para colocação das infraestruturas do Projeto e caminhos de
acesso, de modo a que estas estruturas se restrinjam às áreas estritamente necessárias de modo a reduzir a distruição
de certas espécies de fauna.
▪ Devem-se manter máquinas e veículos inspeccionados, evitando a emissão de ruídos acima do normal;
▪ Todos os trabalhadores e pessoal de apoio devem beneficiar de acções de consciencialização ambiental sobre a
necessidade de conservar a fauna da região;
▪ Resgatar indivíduos de espécies de flora e fauna de preocupação para conservação. Por exemplo, durante o
desbravamento, capturar animais de baixa mobilidade e protegidas por lei em Moçambique tais como jibóias e libertá-
los em habitates menos perturbados pelo desbravamento.
▪ Os trabalhadores devem beneficiar de acções de consciencialização ambiental sobre a necessidade de conservar a
fauna da região.

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INVASÃO DE ESPÉCIES - PROPAGAÇÃO DE ESPÉCIES DE FLORA INVASORAS

FASE DE OCORRÊNCIA: Fase de Construção e Operação

DESCRIÇÃO

Durante a fase de construção, a circulação de veículos e maquinaria para a área do projecto poderá contribuir para a
dispersão de sementes de plantas não nativas do local, e dependendo da capacidade de germinação e crescimento das
plantas poderá surgir espécies de flora invasoras. O mesmo impacto poderá se obervar durante a fase operação em que o
movimento de veículos provenientes de vários locais para descarda de lamas fecais poderá transportar consigo
acidentalmente um banco de sementes de plantas não nativas.

AVALIAÇÃO DO IMPACTO

IMPACTO Fase de Construção Fase de Operação


Natureza Negativo Negativo
Probabilidade Baixa Baixa
Extensão Local Local
Duração Curto prazo Longo prazo
Tipo Directo Directo
Magnitude Baixa Baixa
SIGNIFICÂNCIA Pouco Significativo Pouco Significativo

MEDIDAS DE MITIGAÇÃO

▪ Deverá assegurar-se que os veículos e maquinaria afectos à obra se mantêm livres de banco de sementes de plantas
exóticas na entrada às instalações, devendo ser efectuadas lavagens para parte externa bem como das rodas da
maquinaria e veículos na entrada às instalações sempre que se justifique. O mesmo deverá ser feito durante a fase
de exploração para os veículos provenientes de vários locais para descarda de lamas fecais.
▪ Durante o monitoramento de vegetação, caso se identifique a ocorrência de espécies invasoras deverão ser eliminadas
e distruídas as sementes destas plantas.

136 40659-EA-TT02-ME-01(d) OBRAS DE SANEAMENTO PRIORITÁRIAS EM QUELIMANE E TETE. TETE.


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INVASÃO DE ESPÉCIES - Favorecimento de Espécies Oportunistas

FASE DE OCORRÊNCIA: Fase de Operação

DESCRIÇÃO

Para a instalação das ETAsR será necessário remover alguma vegetação (cobertura de capim e cobertura arbustiva
dispersa), que se encontra no local do projecto, deixando o solo desprovido de vegetação. Estas condições criam um
ambiente ideal, com muita luz disponível, para o desenvolvimento de plantas oportunistas. Estas espécies, quando sujeitas
a um aumento da exposição solar, conseguem desenvolver-se mais rapidamente que as espécies autóctones, alterando e
dominando a estrutura e composição florística local .

AVALIAÇÃO DO IMPACTO

IMPACTO Fase de Construção Fase de Operação


Natureza - Negativo
Probabilidade - Baixa

Extensão - Local

Duração - Longo prazo


Tipo - Directo
Magnitude - Baixa
SIGNIFICÂNCIA - Pouco Significativo

MEDIDAS DE MITIGAÇÃO

▪ Após a conclusão dos trabalhos de construção, a vegetação nativa deve ser estabelecida em torno das estruturas para
que o solo descoberto não seja exposto ao surgimento e dominância de plantas oportunistas
▪ Durante a fase de operação deverá assegurar-se frequentemente a eliminação de plantas oportunistas evitando que
estas se estabeleçam e se alastram como localmente domininates e em ambientes a borda do local do projecto.

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5.7 IMPACTOS NO MEIO SOCIOECONÓMICO

PERDA DAS PARCELAS DE PRODUÇÃO / MACHAMBAS E HABITAÇÃO

FASE DE OCORRÊNCIA: Fase de Construção

DESCRIÇÃO

As duas áreas identificadas para a construção das ETARs possuem machambas com culturas anuais, algumas fruteiras e
uma habitação. As mesmas serão objecto de trabalhos de desmatação, limpeza e movimentação de solos para nivelamento
necessário para as obras prioritárias da ETAR.

Em consequência destas acções, os utentes das machambas irão perder o acesso às suas áreas de cultivo de forma
definitiva. Isto é, os utentes das machambas não mais poderão praticar as suas actividades no local da implantação da
ETAR, inclusivé no perímetro de segurança. Deste modo, conclui-se que haverá perda definitiva da produção agrícola da
época e das áreas de cultivo, bem como a perda da habitação existente na margem esquerda.

AVALIAÇÃO DO IMPACTO

IMPACTO Fase de Construção Fase de Operação


Natureza Negativo -

Probabilidade Certo -

Extensão Local -

Duração Curto Prazo -

Tipo Directo -

Magnitude Alta -

SIGNIFICÂNCIA Significativo -

MEDIDAS DE MITIGAÇÃO

O impacto identificado afecta directamente o sistema de subsistência das famílias que buscam na actividade agrícola os
meios básicos para a sua sobrevivência. A agricultura é a fonte de alimentação, de renda e ocupação.

Neste contexto, as medidas de mitigação que a seguir se perfilam, visam essencialmente o cumprimento das normas legais
e boas práticas recomendadas nestas situações:

▪ Engajamento sistemático com as pessoas directamente afectadas para sensibilização e diálogo sobre as propostas
de medidas assertivas;
▪ Definição de um pacote de compensação pela perda das culturas de acordo com o estabelecido por lei e ajustado aos
preços correntes praticados nos mercados de referência;
▪ Compensação pela perda de benfeitorias como fruteiras, entre outros;
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VOLUME 2 – RELATÓRIO DO ESTUDO AMBIENTAL E SOCIAL SIMPLIFICADO (EAS-S)
▪ Atribuição de nova residência pela perda de habitação actual;
▪ Discussão aberta e franca para identifcação conjunta de alternativas para terras de substituição;
▪ Discussão aberta e franca para a assistência sustentável no restabelecimento da actividade agrícola no novo local;
▪ Estabelecimento de um plano de acompanhamento, monitorização e avaliação das medidas de mitigação.
Para o PGAS, a recomendação incorpora o alinhamento seguinte:

▪ Programas Sociais, em especial:


− Programa de Meios de Comunicação

− Programa de gestão de relações com a comunidade;

− Mecanismo de Resolução de Queixas.

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CONFLITOS SOCIAIS RESULTANTES DA OCUPAÇÃO DO SOLO

FASE DE OCORRÊNCIA: Fase de Construção

DESCRIÇÃO

O lançamento do processo de construção das ETARs vai requerer a tomada total das áreas identificadas para o efeito, cujo
uso actual é especificamente para a actividade agrícola de subsistência. Considerando que os utentes das machambas
existentes no local vão perder de forma definitiva as terras, mesmo com a existência de compensações para reduzir o
impacto da acção, o processo de reinserção dos produtores em potenciais áreas de substituição (certamente já com
agricultores estabelecidos) será passível de conflitos sociais resultantes deste processo.

Adicionalmente, haverá ruptura das redes de ajuda mútua, bastante comuns entre os camponeses mais vulneráveis e com
poucos rendimentos para suportar a aquisição de insumos agrícolas.

Por outro lado, tendo em conta a extensão das áreas afectadas e a escassez de terras no cinturão verde da Cidade de Tete
é de se prever que os produtores serão dispersos em áreas ou zonas diferentes para a obtenção de terras de substituição.
Este contexto vai propiciar ambiente disproporcional e degenerar em conflitos que podem afectar particularmente grupos
vulneráveis, incluindo idosos, agregados familiares chefiados por mulheres e/ou crianças.

AVALIAÇÃO DO IMPACTO

IMPACTO Fase de Construção Fase de Operação

Natureza Negativo -

Probabilidade Alta -

Extensão Local -

Duração Longo Prazo -

Tipo Directo -

Magnitude Alta -

SIGNIFICÂNCIA Significativo -

MEDIDAS DE MITIGAÇÃO

O impacto identificado afecta directamente o sistema de subsistência das famílias e as estratégias locais estabelecidas para
para o processo de produção agrícola.

Na elaboração do PGAS atenção particular deve incidir sobre as seguintes recomendações:

▪ Programas Sociais, em especial:


− Programa de Meios de Comunicação

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VOLUME 2 – RELATÓRIO DO ESTUDO AMBIENTAL E SOCIAL SIMPLIFICADO (EAS-S)
− Programa de gestão de relações com a comunidade;

− Mecanismo de Resolução de Queixas

Nos esforços de mitigação do impacto deve-se considerar:

(i) Os direitos específicos, necessidades e vulnerabilidade das mulheres, órfãos e pessoas marginalizadas em relação
aos recursos naturais durante as obras, e promover o acesso equitativo às oportunidades e benefícios do Projecto;
(ii) Assegurar que os grupos vulneráveis são engajados e envolvidos durante as intervenções, onde possíveis abordagens
de facilitação podem ser empregadas para actividades que não exijam competências especiais.

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VOLUME 2 – RELATÓRIO DO ESTUDO AMBIENTAL E SOCIAL SIMPLIFICADO (EAS-S)
RISCO DE COMPORTAMENTO ILÍCITO E CRIME

FASE DE OCORRÊNCIA: Fase de Construção

DESCRIÇÃO

O lançamento da fase de construção vai constituir um grande atrativo para o afluxo de mão-de-obra não só local, mas
também para outras pessoas provenientes de zonas e regiões externas à zona do Projecto. O contigente de pessoas
concentrado na cidade à procura de oportunidades de emprego e sem meios adequados para a sua estadia por longo
período de tempo pode induzir a ocorrência de crimes tais como roubo, agressões físicas, tráfico de seres humanos,
particularmente quando a aplicação da lei local está despreparada para o aumento deste movimento migratório.

AVALIAÇÃO DO IMPACTO

IMPACTO Fase de Construção Fase de Operação


Natureza Negativo -

Probabilidade Alta -

Extensão Local -

Duração Longo Prazo -

Tipo Directo -

Magnitude Alta -

SIGNIFICÂNCIA Significativo -

MEDIDAS DE MITIGAÇÃO

Este impacto pode degenerar no aumento dos índices de crime nas comunidades, principalmente aquelas localizadas na
zona de influência directa do Projecto. Os gestores do Projecto e o empreiteiro podem minimizar este risco priorizando o
recrutamento da mão-de-obra local com envolvimento das lideranças comunitárias e enveredar por fazer um processo
transparente. Paralelamente, o Conselho Municipal pode estabelecer parcerias para a promoção de cursos intensivos de
formação profissional relevantes para o emprego, como cursos de serralharia, pedreiros, electricidade, entre outros.

Na elaboração do PGAS os conteúdos respectivos encontram enquadramento nos seguintes capítulos:

▪ Programas Sociais, em especial:


− Programa de Meios de Comunicação
− Programa de Gestão de Relações com a Comunidade
− Mecanismo de Resolução de Queixas
− Programa de Violência Baseada no Género (VBG)

142 40659-EA-TT02-ME-01(d) OBRAS DE SANEAMENTO PRIORITÁRIAS EM QUELIMANE E TETE. TETE.


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VOLUME 2 – RELATÓRIO DO ESTUDO AMBIENTAL E SOCIAL SIMPLIFICADO (EAS-S)
INFLUXO DE POPULAÇÃO ADICIONAL

FASE DE OCORRÊNCIA: Fase de Construção

DESCRIÇÃO

Haverá movimentos migratórios de um número não especificado de habitantes a acompanhar os trabalhadores contratados,
uns com a intenção de explorar oportunidades para obter rendimentos através do fornecimento de bens ou serviços aos
trabalhadores. Outros, por serem membros da família dos trabalhadores levados por motivos óbvios. Todos, no seu conjunto
contribuem para o afluxo de mão-de-obra como resultado do Projecto. Esta população, de certa forma acrescenta pressão
aos bens e serviços sociais locais, bem como aos recursos naturais, subida de preços e escassez de fornecimentos. Dentro
desse universo, algumas pessoas dedicam-se ao trabalho sexual, resultando no aumento de conflitos sociais e no aumento
de doenças.

AVALIAÇÃO DO IMPACTO

IMPACTO Fase de Construção Fase de Operação


Natureza Negativo -

Probabilidade Alta -

Extensão Local -

Duração Médio Prazo -

Tipo Directo -

Magnitude Alta -

SIGNIFICÂNCIA Significativo -

MEDIDAS DE MITIGAÇÃO

Para reduzir a incidência negativa deste impacto, o empreiteiro é recomendado a montar os estaleiros e acampamento dos
trabalhadores longe das povoações e principais pontos de concentração da população. A outra medida consiste na adopção
de um código de conduta que limita e disciplina o acesso ao local dos estaleiros apenas aos trabalhadores.

A articulação destas medidas de mitigação está prevista no PGAS nos capítulos seguintes:

▪ Programas Sociais, em especial:


− Programa de Gestão do Trabalho
− Programa de Gestão de Relações com a Comunidade
− Mecanismo de Resolução de Queixas
− Programa de Violência Baseada no Género (VBG)

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VOLUME 2 – RELATÓRIO DO ESTUDO AMBIENTAL E SOCIAL SIMPLIFICADO (EAS-S)
AUMENTO DA VIOLÊNCIA BASEADA NO GÉNERO

FASE DE OCORRÊNCIA: Fase de Construção e Fase da Operação

DESCRIÇÃO

Os jovens trabalhadores masculinos tendem a ser predominantes nos estaleiros de construção, e podem envolver-se em
comportamentos sociais inadequados, incluindo assédio a mulheres e raparigas, relações sexuais exploratórias, e relações
sexuais ilícitas com menores das comunidades locais, e em alguns casos, tráfico de seres humanos, onde mulheres e
raparigas podem ser forçadas a fazer trabalho sexual.

AVALIAÇÃO DO IMPACTO

IMPACTO Fase de Construção Fase de Operação

Natureza Negativo Negativo

Probabilidade Alta Alta

Extensão Local Local

Duração Longo Prazo Longo Prazo

Tipo Directo Directo

Magnitude Alta Alta

SIGNIFICÂNCIA Significativo Significativo

MEDIDAS DE MITIGAÇÃO

Como medida de mitigação, o empreiteiro deve adoptar um código de conduta que, entre outros, desencoraje qualquer forma
de assédio sexual, tráfico de seres humanos e que promova o respeito e o comportamento aceitável entre os trabalhadores
do projecto e as comunidades. Com obrigatoriedade, este processo inclui também previlegiar a abordagem destas matérias
na indução dos trabalhadores, com certa regularidade, para a sua sensibilização.

O PGAS inclui estes conteúdos nos capítulos seguintes:

▪ Programas Sociais, em especial:


− Programa de Violência Baseada no Género (VBG)
− Programa de Gestão do Trabalho
− Programa de Gestão de Relações com a Comunidade
− Mecanismo de Resolução de Queixas

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FRUSTRAÇÃO DAS COMUNIDADES LOCAIS

FASE DE OCORRÊNCIA: Fase de Construção e Fase da Operação

DESCRIÇÃO

A expectativa das comunidades em relação aos benefícios do Projecto é bastante alta, conforme foi possível apurar-se nas
diferentes reuniões de engajamento realizadas com as comunidades e lideranças comunitárias. O maior prioridade centra-
se nas oportunidades de emprego, principalmente por parte dos jovens, considerando os índices de desemprego são
bastante altos. Os pais gostariam de ter seus filhos a enquadrar o contigente dos trabalhadores do Projecto, não só na fase
de construção, mas também na fase da operação. Os residentes dos bairros directamente afectados pelo Projecto, muitos
dos quais vão perder as suas áreas agrícolas depositam esperança para o ingresso nas obras do Projecto.
AVALIAÇÃO DO IMPACTO

IMPACTO Fase de Construção Fase de Operação


Natureza Negativo Negativo

Probabilidade Baixa Média


Extensão Local Local

Duração Curto prazo Longo Prazo


Tipo Directo Directo
Magnitude Alta Alta

SIGNIFICÂNCIA Significativo Significativo

MEDIDAS DE MITIGAÇÃO

É altamente recomendada a contratação de trabalhadores locais sempre que houver oportunidade de vagas. Isto irá
aumentar o nível de aceitação do projecto pelas populações locais. A identificação e inclusão de pequenas empresas locais,
em respeito ao conteúdo local, deve ser prioridade do empreiteiro. As aquisições realizadas localmente abrem também
espaço para que os fornecedores locais possam também entrar na cadeia de contratação de mão-de-obra local. Contudo,
é importante salientar que os fornecedores de materiais para a obra (por ex. inertes) terão que ser licenciados. A estratégia
das actividades da empreitada na fase de construção deverá contemplar estes e outros aspectos.
O PGAS inclui estes conteúdos nos capítulos seguintes:

▪ Programas Sociais, em especial:


− Programa de Gestão do Trabalho

− Programa de Violência Baseada no Género (VBG)

− Programa de Gestão de Relações com a Comunidade

− Mecanismo de Resolução de Queixas

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VOLUME 2 – RELATÓRIO DO ESTUDO AMBIENTAL E SOCIAL SIMPLIFICADO (EAS-S)
DESTRUIÇÃO DE SÍTIOS CULTURAIS E PATRIMONIAIS

FASE DE OCORRÊNCIA: Fase de Construção

DESCRIÇÃO

O processo de construção das obras prioritárias de saneamento pode levar à destruição de património cultural e arqueológico
de forma involuntária ou acidentalmente, apesar de se ter o mapeamento dos sítios e as localizações detalhadas. Também
pode se correr o risco de afectar objectos arqueológicos até então desconhecidos durante as escavações no local da ETAR.

AVALIAÇÃO DO IMPACTO

IMPACTO Fase de Construção Fase de Operação

Natureza Negativo -

Probabilidade Baixa -

Extensão Local -

Duração Curto prazo -

Tipo Directo -

Magnitude Alta -

SIGNIFICÂNCIA Significativo -

MEDIDAS DE MITIGAÇÃO

A acção de destruição de sítios culturais e patrimoniais deve ser completamente evitada, mesmo tratando-se de edifícios
em ruína. O proponente do projecto deve determinar se os locais propostos para o projecto se situam em áreas onde se
espera encontrar o património cultural durante a construção ou a operação.

Os procedimentos de descoberta casual (Chance Find Procedures) devem ser utilizados para qualquer sítio ou material de
património cultural que seja posteriormente encontrado durante as obras de construção. Quando estes não estejam
relacionados com áreas de conservação ou património, deve ser fornecida orientação sobre a transferência destes sítios e
compensação para a população afectada.

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ESTUDO AMBIENTAL E SOCIAL SIMPLIFICADO – EAS-S
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TRABALHO INFANTIL E ABANDONO ESCOLAR

FASE DE OCORRÊNCIA: Fase de Construção e Fase de Operação

DESCRIÇÃO

Novos projectos podem aumentar a procura de bens e serviços e, muitas vezes, famílias carenciadas ou pobres acabam
por encorajar as crianças a empenharem-se na venda de produtos nas proximidades das frentes de trabalho, levando ao
aumento do número de abandonos escolares. Neste universo identificam-se crianças orfãs, mães solteiras sem recursos e
tutores idosos.

AVALIAÇÃO DO IMPACTO

IMPACTO Fase de Construção Fase de Operação

Natureza Negativo Negativo

Probabilidade Média Média

Extensão Local Local

Duração Longo prazo Longo prazo

Tipo Directo Directo

Magnitude Média Média

SIGNIFICÂNCIA Significativo Significativo

MEDIDAS DE MITIGAÇÃO

A gestão do projecto e o empreiteiro devem desencorajar qualquer forma de trabalho infantil na área do Projecto. É
obrigatória a adopção de um código de conduta que proíbe o trabalho infantil e assegure que em todas as componentes de
intervenção das obras e membros das comunidades estejam devidamente sensibilizados sobre o assunto, recorrendo às
reuniões de engajamento comunitário e sessões de indução no trabalho.

Todos os processos de contratação de mão-de-obra deverão assegurar a comunicação sobre critérios de contratação, idade
mínima e legislação aplicável.

O Empregador (AIAS) deverá assegurar (perante o Empreiteiro) que nenhuma criança abaixo de 18 anos será empregada
ou envolvida em conexão com o projecto de maneira que tal possa interferir na educação da criança, ser prejudicial à saúde
física, mental, desenvolvimento espiritual, moral ou social.

No âmbito do PGAS, este impacto se encontra coberto nos seguintes capítulos:

▪ Programas Sociais, em especial:


− Programa de Gestão do Trabalho

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VOLUME 2 – RELATÓRIO DO ESTUDO AMBIENTAL E SOCIAL SIMPLIFICADO (EAS-S)
− Programa de Violência Baseada no Género (VBG)

− Programa de Gestão de Relações com a Comunidade

− Mecanismo de Resolução de Queixas

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VOLUME 2 – RELATÓRIO DO ESTUDO AMBIENTAL E SOCIAL SIMPLIFICADO (EAS-S)
TRÁFEGO / INTERFERÊNCIA NO FLUXO DE VEÍCULOS E PEDESTRES E MODIFICAÇÃO DA MALHA VIÁRIA E
OUTROS SERVIÇOS

FASE DE OCORRÊNCIA: Fase de Construção

DESCRIÇÃO

Os trabalhos de escavação inerentes à obra, podem ocasionar danos nas infraestruturas existentes, nomeadamente o
pavimento das estradas, a rede de electricidade, rede de abastecimento de água, telefone, entre outros. As infraestruturas
de negócio que estejam nas bermas das estradas podem sofrer perturbação.

AVALIAÇÃO DO IMPACTO

IMPACTO Fase de Construção Fase de Operação


Natureza Negativo -
Probabilidade Certa -
Extensão Local -
Duração Curto Prazo -
Tipo Directo -
Magnitude Média -
SIGNIFICÂNCIA Moderada -

MEDIDAS DE MITIGAÇÃO

▪ Envolver as comunidades locais e os serviços técnicos responsáveis pelas estradas, abastecimento de água, telefonia,
etc, nos trabalhos preparativos da obra;
▪ Reallizar um levantamento de todas as condicionantes antes do início de qualquer actividade que possa danificar tais
serviços;
▪ Obter das empresas responsáveis de cada serviço (electricidade, água, esgoto, telefonia, etc), mapas que indicam a
localização das infraestruturas, e solicitar sua intervenção para remoção/transferência.

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RISCO ASSOCIADO À REMOÇÃO DE CONDUTAS EM FIBROCIMENTO

FASE DE OCORRÊNCIA: Fase de Construção

DESCRIÇÃO

A rede antiga de drenagem da cidade de Tete é de tubagem de fibro-cimento, material que contém amianto, uma fibra natural
proveniente de vários minerais. A perigosidade do amianto para a saúde reside na inalação das suas fibras, causando fibrose
pulmonar, cancro do pulmão e mesotelioma. Assim, há o risco de que durante as actividades de construção, a tubagem de
fibro-cimento seja danificada, e daí a libertação de fibras, inalação e posterior alojamento nos pulmões. É por isso
recomendado que, se atubagem de fibro-cimento estiver em boas condições, não seja mexido e nem removido para
minimizar o risco de danificação.

AVALIAÇÃO DO IMPACTO

IMPACTO Fase de Construção Fase de Operação


Natureza Negativo -
Probabilidade Baixa -
Extensão Local -
Duração Curto Prazo -
Tipo Directo -
Magnitude Alta -
SIGNIFICÂNCIA Alta -

MEDIDAS DE MITIGAÇÃO

▪ A remoção das condutas de fibrocimento deverá ser evitada. Nos casos em que a remoção é indispensável, o acto de
remoção deverá ser planeado com cuidado e deverá ser elaborado uma instrução de trabalho (method statement) com
análise de risco de saúde e segurança, medidas adequadas, equipamento de protecção individual e colectiva, bem como
o treinamento de todos os trabalhadores envolvidos, sobre os riscos de saúde a que serão expostos.
▪ A remoção/demolição de tubagem de fibrocimento (que contenham amianto) não deverá ser realizada senão por
empresa/trabalhadores de reconhecida competencia como estando qualificados para o efeito.
▪ A tubagem de fibrocimento removida deverá ser acondicionada em lugar seguro e sem alcance de pessoas não treinadas
para seu manuseamento. O transporte da tubagem deverá ser realizada por uma empresa especializada em gestão de
resíduos sólidos perigosos, e depositado num aterro industrial.

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OCORRÊNCIA DE DOENÇAS TRANSMISSÍVEIS, INCLUINDO HIV / SIDA E INFECÇÕES DE TRANSMISSÃO
SEXUAL (ITSS) E COVID 19, ATRAVÉS DA INTERACÇÃO ENTRE A FORÇA DE TRABALHO E OS PRODUTORES

FASE DE OCORRÊNCIA: Fase de Construção

DESCRIÇÃO

A contaminação por HIV/SIDA, DTSs e tuberculose constituem factores de preocupação para as autoridades de saúde e do
Projecto, devido às interacções que se estabelecem entre os trabalhadores da obra e as comunidades locais. Os
trabalhadores pela natureza de sua deslocação tendem a envolver-se sexualmente com mulheres na área do Projecto. Além
disso, a oportunidade para obtenção de rendimentos pode trazer / gerar trabalhadoras do sexo atraídas pela presença de
trabalhadores e pelo facto de estes possuírem recursos financeiros. Os elevados índices de prevalência de HIV/SIDA que
caracterizam as áreas urbanas, constitui um factor que pode incrementar este impacto.

Por outro lado, o projecto poderá significar recrutamento significativo de mão-de-obra, e ainda criar condições para o afluxo
de mão-de-obra, aumentando assim os riscos associados à exploração sexual e abuso de membros da comunidade por
parte dos trabalhadores do projecto, à violência baseada no género a nível comunitário e ao assédio sexual entre os
trabalhadores do projecto. Além disso, a afluência laboral à área do projecto pode ser fonte de conflito entre os trabalhadores
e a população local, aumento da criminalidade, prostituição, doenças sexualmente transmissíveis entre outros males.

AVALIAÇÃO DO IMPACTO

IMPACTO Fase de Construção Fase de Operação


Natureza Negativo -
Probabilidade Provável -
Extensão Regional -
Duração Curto Prazo -
Tipo Directo -
Magnitude Média -
SIGNIFICÂNCIA Moderada -

MEDIDAS DE MITIGAÇÃO

▪ Deverá ser adoptado e implementado um Código de Conduta para os trabalhadores a fim de minimizar
comportamentos de risco entre os trabalhadores e entre estes e as comunidades.
▪ Devem ser levados a cabo programas de educação para prevenção do HIV/SIDA nas comunidades, para disseminar
informação à comunidade.
▪ Realizar palestras em dias comemorativos, por exemplo, programa do Dia Mundial do Combate ao HIV/SIDA, 1 de
Maio, entre outros.
▪ Módulo médico no programa de introdução/indução durante a orientação no trabalho.

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▪ Educação médica, numa base contínua, a todos os membros da equipe do Projecto, através de material impresso
(posters) e de sessões regulares de informação sobre saúde no trabalho.
▪ Implementação do Programa de Gestão de Saúde e Segurança na Comunidade.
▪ O Empreiteiro deverá: contratar um provedor de serviços de HIV/SIDA para estar disponível no estaleiro; Implementar
um programa de educação em HIV/AIDS; Realizar sessões de educação sobre a doenças sexualmente transmissíveis;
Fornecer preservativos.
▪ Estabelecer um processo e rotina de monitorização de dados de saúde da população local, em particular para doenças
sexualmente transmissíveis.

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RISCO PARA A SAÚDE E SEGURANÇA DA COMUNIDADE

FASE DE OCORRÊNCIA: Fase de Construção

DESCRIÇÃO

Os trabalhos da obra ocorrerão em ambiente urbano/peri-urbano com movimento de pessoas e viaturas bastante intenso, e
ainda nas proximidades das habitações. Assim, as comunidades ao longo de todas as áreas a ser intervencionadas podem
estar expostas a riscos de segurança relacionados com a presença de máquinas pesadas e circulação permanente de
viaturas da obra, assim como as valas que podem permanecer abertas sem protecção, podem constituir um risco de
segurança.

Incidentes relacionados com o tráfego em resultado de movimentos de veículos e actividades de construção, podem
acontecer durante a fase de obras, e as crianças e idosos podem ser vítimas. Portanto, o trânsito de máquinas e viaturas
ligadas à execução das obras irá aumentar o risco de acidentes com pedestres. A existência de áreas não sinalizadas ou
com sinalização e/ou iluminação deficientes poderá perigar a circulação de viaturas e peões, assim como a segurança e a
saúde públicas. O facto de as obras ocorrerem em área urbana, com intensa actividade (comercial e administrativa), aumenta
o risco de acidentes.

O Empreiteiro poderá recrutar mão-de-obra local, havendo igualmente trabalhadores que serão recrutados fora de Tete e
necessitar de ser alojada em estaleiros temporários, o que pode propiciar ocorrência de relacionamentos sexuais ocasionais
com membros da comunidade local. Esta situação poderá contribuir para aumento dos níveis de infecção por doenças
sexualmente transmissíveis, incluindo HIV/SIDA.

AVALIAÇÃO DO IMPACTO

IMPACTO Fase de Construção Fase de Operação


Natureza Negativo -
Probabilidade Provável -
Extensão Local -
Duração Curto Prazo -
Tipo Directo -
Magnitude Moderada -
SIGNIFICÂNCIA Moderada -

MEDIDAS DE MITIGAÇÃO

▪ Desenvolver um procedimento de análise de riscos de saúde e segurança antes da execução das actividades.
▪ Obrigatoriedade do uso de equipamento de protecção individual (uniforme, óculos, máscara, botas, luvas, auriculares),
de acordo com o ambiente de trabalho e devida sinalização.

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▪ Todos os locais de trabalho devem ser sinalizados e isolados para prevenir o risco de entrada de pessoas não
autorizadas, especialmente crianças.
▪ Sensibilizar as comunidades sobre o risco a que estão expostos e as medidas a seguir para evitar acidentes.
▪ Treinar os motoristas de viaturas e máquinas pesadas sobre condução defensiva.
▪ Estabelecer limites de velocidades, com definição clara de velocidades máximas em determinados locais de risco.
▪ Todos os trabalhadores deverão assinar um código de conduta (CoC).
▪ Implementar o Programa de Saúde e Segurança na Comunidade.

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RISCO PARA A SAÚDE E SEGURANÇA – ACIDENTES DE TRABALHO

FASE DE OCORRÊNCIA: Fase de Construção/Operação

DESCRIÇÃO

Os trabalhos em obras civis podem propiciar a ocorrência de acidentes de trabalho. As escavações envolvem riscos de
queda dos trabalhadores, animais ou veículos que transitem nas imediações das frentes de obra, podem causar lesões ou
atá fatalidades. Este risco irá durar por todo o período de construção, sendo de abrangencia local e significância elevada. É
igualmente esperado que o aumento do tráfego durante a recolha de lamas fecais e águas residuais pode aumentar, levando
a um aumento dos acidentes, durante a fase de operação..

AVALIAÇÃO DO IMPACTO

IMPACTO Fase de Construção Fase de Operação


Natureza Negativo Negativo
Probabilidade Certa Provável
Extensão Local Local
Duração Curto Prazo Longo Prazo
Tipo Directo Directo
Magnitude Média Baixa
SIGNIFICÂNCIA Alta Moderada

MEDIDAS DE MITIGAÇÃO

▪ Desenvolver um procedimento de análise de riscos de saúde e segurança antes da execução das actividades.
▪ Implementar o Programa de Gestão de Segurança e Saúde Ocupacional.
▪ Obrigatoriedade do uso de equipamento de protecção individual (uniforme, óculos, máscara, botas, luvas, auriculares),
de acordo com o ambiente de trabalho e devida sinalização.
▪ Desenvolvimento e implementação de protocolos de saúde e segurança para actividades de maior risco.
▪ Colocação e manutenção periódica dos extintores de combate ao incêndio.
▪ Criação de saídas de emergências onde deverão ser sinalizadas e criação do ponto de encontro emergencial.
▪ Implementação de procedimentos internos, a fim de saber como lidar com os acidentes e situações de emergências
que possam surgir.
▪ Formação periódica dos trabalhadores em matérias de luta contra o fogo, e primeiros socorros.
▪ Todos os trabalhadores deverão assinar um código de conduta (CoC).

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PROLIFERAÇÃO DE VECTORES DE DOENÇAS

FASE DE OCORRÊNCIA: Fase de Operação

DESCRIÇÃO

Há o risco de que vectores de doenças como mosquitos e moscas possam multiplicar-se em todos os ambientes húmidos
criados por fugas de esgotos e fossas sépticas não mantidas, bem como canais de drenagem abertos. Em algumas áreas
os canais de águas negras podem ser abertas, o que se não forem limpas e mantidas regularmente, podem ser fonte de
multiplicação de vectores de doenças.

AVALIAÇÃO DO IMPACTO

IMPACTO Fase de Construção Fase de Operação


Natureza - Negativo
Probabilidade - Provável
Extensão - Regional
Duração - Longo Prazo
Tipo - Directo
Magnitude - Média
SIGNIFICÂNCIA - Moderada

MEDIDAS DE MITIGAÇÃO

▪ A manutenção atempada das infra-estruturas de drenagem e saneamento é essencial para minimizar a proliferação
de vectores de doenças.
▪ Distribuir redes mosquiteiras para proteger os trabalhadores que permanecem no local, bem como as comunidades
locais nas áreas circundantes dos locais do projecto.
▪ Os surtos de malária, infecções urinárias e doenças transmitidas pela água devem ser monitorizados.
▪ Prevenção da propagação de larvas e adultos através de melhoramentos sanitários e eliminação de habitats de
reprodução próximos de assentamentos humanos.
▪ Implementar o Programa de Gestão de Segurança e Saúde Ocupacional e o Programa de Saúde e Segurança na
Comunidade.

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RISCOS PARA A SEGURANÇA AO LONGO DOS CANAIS DE DRENAGEM ABERTOS

FASE DE OCORRÊNCIA: Fase de Operação

DESCRIÇÃO

Crianças e adultos podem ser expostos ao afogamento em canais abertos de águas pluviais construídos nas cidades. Isto
ocorre principalmente durante o pico da estação das chuvas em canais construídos sem protecção contra quedas nas
comunidades. Este risco é previsível para as infraestruturas do projecto, principalmente se os canais não forem protegidos
nas áreas ondes estes serão abertos.

AVALIAÇÃO DO IMPACTO

IMPACTO Fase de Construção Fase de Operação


Natureza - Negativo
Probabilidade - Provável
Extensão - Local
Duração - Longo Prazo
Tipo - Directo
Magnitude - Média
SIGNIFICÂNCIA - Baixa

MEDIDAS DE MITIGAÇÃO

▪ A sensibilização comunitária deve ser planeada para realçar o risco de potencial afogamento de crianças e adultos em
canais abertos;
▪ Instalação de equipamento de proteção coletiva nos locais com riscos de queda e/ou afogamento;
▪ Instalação de barreiras físicas nos pontos de maior risco de queda e afogamento;
▪ Implementar o Programa de Saúde e Segurança na Comunidade.

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MELHORIAS DAS CONDIÇÕES DE SAÚDE PÚBLICA

FASE DE OCORRÊNCIA: Fase de Operação

DESCRIÇÃO

A implementação do Projecto (construção da rede de esgoto e da ETARs) contribuirá para uma melhoria significativa da
qualidade geral do ambiente na cidade de Tete e arredores, em particular das linhas de água e zonas baixas existentes, que
podem estar a sofrer contaminação por efluentes domésticos, incluindo o rio Zambeze.

Isto irá se reflectir directamente numa melhoria da qualidade de vida da população residente na cidade de Tete, incluindo
repercussões positivas também ao nível económico. É esperado que estas melhorias resultem igualmente na redução da
incidência de doenças hídricas como a cólera, malária, diarreias, etc. Por coseguinte, os serviços de saúde sentirão alguma
diminuição do fluxo de pacientes procurando atendimento devido a doenças hídricas.

AVALIAÇÃO DO IMPACTO

IMPACTO Fase de Construção Fase de Operação


Natureza - Positivo
Probabilidade - Certa
Extensão - Regional
Duração - Longo Prazo
Tipo - Directo
Magnitude - Alta
SIGNIFICÂNCIA - Alta

MEDIDAS DE MITIGAÇÃO

▪ Os canais de drenagem abertos deverão ser mantidos limpos para avitar que sirvam de viveiros de transmissores de
doenças.
▪ Assegurar que as familias desfavorecidas e vulneráveis sejam fornecidos serviços básicos de seanemento, como por
exemplo latrinas melhoradas que possam estar ligados aos serviços municipais de esvaziamento.
▪ Realizar acções de sensibilização comunitária para assegurar bom uso dos sistema de saneamento, incluindo limpeza
e conservação das latrinas.

158 40659-EA-TT02-ME-01(d) OBRAS DE SANEAMENTO PRIORITÁRIAS EM QUELIMANE E TETE. TETE.


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5.8 SÍNTESE DA AVALIAÇÃO DE IMPACTOS
Na tabela seguinte apresenta-se a síntese da avaliação de impactos ambientais e sociais associados à construção e
operação das Obras de Sanemaento Prioritárias em Tete.

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Quadro 5.6 – Síntese dos Impactos Ambientais e Sociais e Medidas de Mitigação / Potenciação

Fase de
Plano de Gestão
Preparação,
N.º Problema Impacto Ambiental e Social Medidas de Mitigação/Potenciação
Construção, ou
(PGAS)
Operação
Ambiente Geral – Meio Físico
▪ As emissões de gases nas áreas do projecto podem Programa de ▪ Humedecimento periódico nos locais onde poderão
aumentar como resultado dos tubos de escape dos Emissões ocorrer emissões de poeiras.
veículos e maquinaria utilizados nas obras de Atmosféricas, Ruído e ▪ Cobrir montes de terras e detritos.
construção. Vibrações ▪ Redução dos limites de velocidade e/ou do acesso às
Aumento da
Fase de Construção ▪ Espera-se igualmente que a poluição por poeiras estradas que conduzem às áreas do projecto.
1 Concentração de
/ Operação aumente nas áreas do projecto durante os períodos ▪ Manutenção regular dos veículos e equipamentos
Poeiras e Gases
de construção e operação. utilizados nos locais.
▪ Minimização da poeira de fontes de manipulação de
materiais, tais como transportadores e silos, através da
utilização de coberturas e/ou equipamento de controlo.
▪ O odor pode ser emitido pelo funcionamento das Programa de ▪ É necessária uma gestão e manutenção adequadas das
Emissão de Maus ETARs e pela deposição temporária e permanente Emissões infraestruturas para evitar odores.
2 Fase de Operação
Odores de lodo fecal, causando incómodo às comunidades Atmosféricas, Ruído e ▪ Cortinas arbóreas.
nas proximidades. Vibrações ▪ Sistema fechado.
▪ Poluição sonora devido às obras de construção, Programa de ▪ Aplicar máquinas menos propensas ao ruído.
como resultado de maquinaria e equipamento Emissões ▪ Encapsulamento de máquinas.
operacional Atmosféricas, Ruído e ▪ Utilizar apenas equipamento moderno bem conservado e
▪ Poluição durante a operação devido à cuirculação de Vibrações deve ser implementado um programa de manutenção de
Aumento dos níveos Fase de Construção veículos rotina para todo o equipamento e maquinaria.
3 ▪ Estabelecer limites de horas de trabalho que não interfiram
de Ruído e Operação
com o bem-estar das comunidades da zona circundante.
▪ Realizar actividades de alto nível de ruído e vibração
durante as horas de vazio durante o dia (ou seja, entre as
8h00 e as 17h00).
▪ Alterações da topografia pré-existente; Formação Ambiental e ▪ A execução de escavações deverá ser efectuada de forma
▪ Escavações para instalação das demais Social adequada e controlada, visando a execução das
Alteração
infraestruturas geometrias de escavação preconizadas e assegurar as
4 Geomorfológica do Fase de Construção
condições de segurança da obra, e permitir a gestão dos
Terreno
produtos de escavação (separação de materiais de
rejeição, materiais terrosos ou rochosos);

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Fase de
Plano de Gestão
Preparação,
N.º Problema Impacto Ambiental e Social Medidas de Mitigação/Potenciação
Construção, ou
(PGAS)
Operação
▪ Escolha criteriosa de locais para a deposição dos
materiais resultantes das escavações a efectuar
▪ Erosão dos solos; Formação Ambiental e ▪ Remoção, nos casos viáveis, da camada superficial dos
▪ Alteração morfologia solos; Social solos (terra vegetal) por decapagem.;
▪ Contaminação dos solos; Programa de Gestão ▪ A terra vegetal assim obtida deverá ser alvo de
▪ Compactação dos solos da Biodiversidade conservação e armazenamento em pargas, fora das áreas
de manobra, para posterior recuperação de zonas
degradadas pelo projecto melhoria das propriedades dos
solos com fraca aptidão agrícola;
▪ As áreas afectadas pelas actividades de construção, e
pelas áreas de apoio à obra, deverão ser restritas ao
mínimo indispensável à boa execução da empreitada;
Afetação e Fase de Construção ▪ Evitar a circulação de veículos e máquinas pesadas em
5
Degradação do Solo e Operação zonas não estritamente necessárias à construção da obra,
especialmente nas que têm maior aptidão agrícola. Esta
medida deverá ser integrada no Programa de Gestão
Ambiental de obra;
▪ Não permitir a descarga de quaisquer produtos poluentes
(ex.: betumes, óleos, lubrificantes, combustíveis, produtos
químicos, e materiais residuais da obra) nos solos;
▪ De forma a evitar o derrame acidental desses produtos
poluentes nos solos, estes deverão ser adequadamente
acondicionados em contentores estanques / áreas
impermeabilizadas.
▪ Alterações do contexto paisagístico pela introdução Formação Ambiental e ▪ Os estaleiros e outras áreas de apoio à obra, como áreas
de novos elementos na paisagem, durante a obra e Social de depósito e de armazenamento de material e
durante a operação equipamentos deverão ser localizadas nos locais com
fraca acessibilidade visual, e, sempre que possível,
dissimulados através de barreiras visuais (vedação);
Alterações na Fase de Construção ▪ As áreas envolventes à área afecta à ETAR e restantes
6
Paisagem e Operação infra-estruturas, deverão ser salvaguardadas de eventuais
danos decorrentes da obra, devendo estar previstas
medidas de recuperação caso sejam afectadas;
▪ Durante a operação deverá ser garantida a manutenção
das zonas de ajardinamento consideradas no projecto,
designadamente as zonas de plantação de espécies
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Fase de
Plano de Gestão
Preparação,
N.º Problema Impacto Ambiental e Social Medidas de Mitigação/Potenciação
Construção, ou
(PGAS)
Operação
arbustivas e arbóreas que circundam as instalações
(dentro da zona vedada).
▪ Implementação de um Porjecto de Integração Paisagística.
▪ Alterações nos fluxos de água superficial e Programa de ▪ A obra deverá decorrer na época seca, para não potenciar
subterrânea pela alteração do binómio Monitorização da os impactes previstos;
infiltração/escoamento; Qualidade da Água ▪ Implantação de sistema de drenagem superficial que
▪ Criação de efeito barreira à drenagem natural; discipline o escoamento das águas (com sistemas de
▪ Alteração da qualidade de água superficial e dissipação de energia hidráulica);
subterrânea; ▪ Monitorização contínua das condições de drenagem
▪ Impermeabilização de áreas de recarga de aquíferos; superficial e descarga ao longo do período de operação da
Risco de
Fase de Construção ▪ Assoreamento da Linha de Água Receptora. ETAR;
7 Interferência com os
e de Operação ▪ Capacitação dos operadores de máquinas e equipamentos
sistemas hídricos
sobre a manutenção correcta e sobre o processo de
avaliação das condições de operação destas máquinas
para evitar a contaminação das águas.
▪ Deve ser claramente definida uma estrutura de gestão do
sistema de saneamento para assegurar a manutenção
adequada das infra-estruturas e minimizar a poluição
ambiental.
Melhoria da ▪ Melhoria da qualidade da água do rio Zambeze e Programa de ▪ Monitorização da qulidade da água.
8 Qualidade da Água Fase de Operação respetiva bacia, pelo tratamento dos efluentes e Monitorização da
no Meio Receptor lamas Qualidade da Água
▪ Produção de lamas decorrentes do tratamento das Programa de Gestão ▪ Valorização das lamas
Produção de Lamas
9 Fase de Operação águas residuais e pelo tratamento das lamas fecais de Lamas
Fecais
provenientes dos sistemas dispersos

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Fase de
Plano de Gestão
Preparação,
N.º Problema Impacto Ambiental e Social Medidas de Mitigação/Potenciação
Construção, ou
(PGAS)
Operação
▪ A criação de locais de trabalho semi-permanentes Programa de Gestão ▪ Assegurar a disponibilidade de instalações sanitárias
pode causar impactos negativos devido à de Resíduos adequadas para os trabalhadores da construção civil nos
acumulação de resíduos sólidos, e à eliminação de locais de trabalho, para evitar a contaminação da água e
resíduos humanos. dos solos pelos resíduos humanos na área de trabalho e
nas áreas circundantes.
▪ Assegurar a correcta recolha, triagem, armazenamento e
Acumulação de Fase de Construção destino final dos resíduos produzidos.
10
resíduos sólidos e de Exploração ▪ Evitar obras de construção e eliminação de resíduos de
obras junto a cursos de água para assegurar a protecção
dos recursos hídricos.

Ambiente Biológico
▪ Destruição da vegetação existente Programa de Gestão ▪ Sempre que possível, a circulação de veículos e
da Biodiversidade maquinaria deve restringir-se às vias de acesso já
existentes;
▪ Todos os veículos e maquinaria devem apenas circular
nas rotas e estradas de acesso designadas de modo a
evitar a destruição de áreas relativamente grande de
vegetação;
▪ Desbravar a faixa mínima necessária para colocação das
infraestruturas das ETARs e a tubulação de drenagem e
Fase de
Perda de Habitats - os caminhos de acesso deverão restringir-se às áreas
1 Preparação e
Desmatação estritamente necessárias;
Construção
▪ Sempre que possível, as infraestruturas devem ser
instaladas em áreas que apresentem maiores níveis de
perturbação (i.e. que tenham sofrido mais intervenções
humanas, como por exemplo machambas e áreas de
extração de terra), evitando os cursos de água;
▪ Após a conclusão da construção da construicao das
ETARs, as infraestruturas temporárias devem ser
removidas e as áreas devem ser sujeitas ao
restabelecimento da vegetação.

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Fase de
Plano de Gestão
Preparação,
N.º Problema Impacto Ambiental e Social Medidas de Mitigação/Potenciação
Construção, ou
(PGAS)
Operação
▪ Risco de atropelamento de espécies de fauna; Programa de Gestão ▪ Os motoristas devem ser orientados para o cuidado com a
da Biodiversidade fauna local (répteis, anfíbios, aves e mamíferos),
prestando sempre atenção à via e mantendo uma
velocidade controlada;
▪ Desbravar a faixa mínima necessária para colocação das
infraestruturas do ETAR e a tubulação de drenagem e os
caminhos de acesso deverão restringir-se às áreas
estritamente necessárias de modo a reduzir a distruição
de certas espécies de fauna.
▪ Devem-se manter máquinas e veículos inspeccionados,
Perturbação de evitando a emissão de ruídos acima do normal;
2 Afastamento da Fase de Construção ▪ Todos os trabalhadores e pessoal de apoio devem
fauna beneficiar de acções de consciencialização ambiental
sobre a necessidade de conservar a fauna da região;
▪ Resgatar indivíduos de espécies de flora e fauna de
preocupação para conservação. Por exemplo, durante o
desbravamento, capturar animais de baixa mobilidade e
protegidas por lei em Moçambique tais como jibóias e
libertá-los em habitats menos perturbados pelo
desbravamento.
▪ Os trabalhadores devem beneficiar de acções de
consciencialização ambiental sobre a necessidade de
conservar a fauna da região;
▪ Propagação de sementes devido à movimentação de Programa de Gestão ▪ Deverá assegurar-se que os veículos e maquinaria afectos
veículos e máquinas da Biodiversidade à obra se mantêm livres de banco de sementes de plantas
exóticas na entrada às instalações, devendo ser
efectuadas lavagens para parte externa bem como das
rodas da maquinaria e veículos na entrada às instalações
Propagação de
Fase de Construção sempre que se justifique. O mesmo deverá ser feito
3 Espécies de Flora
e Operação durante a fase de exploração para os veículos
Invasoras
provenientes de vários locais para descarda de lamas
fecais.
▪ Durante o monitoramento de vegetação, caso se
identifique a ocorrência de espécies invasoras deverão ser
eliminadas e distruidas as sementes destas plantas.

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ESTUDO AMBIENTAL E SOCIAL SIMPLIFICADO – EAS-S
VOLUME 2 – RELATÓRIO DO ESTUDO AMBIENTAL E SOCIAL SIMPLIFICADO (EAS-S)
Fase de
Plano de Gestão
Preparação,
N.º Problema Impacto Ambiental e Social Medidas de Mitigação/Potenciação
Construção, ou
(PGAS)
Operação
▪ Aparecimento de espécies oportunistas devido ao Programa de Gestão ▪ Após a conclusão dos trabalhos de construção, a
solo desprovido de vegetação da Biodiversidade vegetação nativa deve ser estabelecida em torno das
estruturas para que o solo descoberto não seja exposto ao
Favorecimento de
surgimento e dominância de plantas oportunistas
4 Espécies Fase de Operação
Durante a fase de operação deverá assegurar-se
Oportunistas
frequentemente a iliminação de plantas oportunistas evitando
que estas se estabeleçam e se alastram como localmente
domininates e em ambientes a borda do local do projecto.
Socioeconomia
▪ A ocupação de terras para obras de saneamento, irá Programas Sociais ▪ Engajamento sistemático com as pessoas directamente
levar a um reassentamento involuntário de atividades afectadas para sensibilização e diálogo sobre as
económicas propostas de medidas acertivas;
▪ Definição de um pacote de compensação pela perda das
culturas de acordo com o estabelecido por lei e ajustado
aos preços correntes praticados nos mercados de
referência;
Perda de parcelas de
Fases de ▪ Compensação pela perda de benfeitorias como fruteiras,
produção /
1 Preparação e entre outros;
machambas e
Construção ▪ Atribuição de nova residência pela perda de habitação
habitação
actual;
▪ Discussão aberta e franca para identifcação conjunta de
alternativas para terras de substituição;
▪ Discussão aberta e franca para a assistência sustentável
no restabelecimento da actividade agrícola no novo local;
▪ Estabelecimento de um plano de acompanhamento,
monitoria e avaliação das medidas de mitigação.
▪ Conflitos sociais resultantes da ocupação do solo, Programas Sociais ▪ Considerar os direitos específicos, necessidades e
que podem ser necessários para as obras de vulnerabilidade das mulheres, órfãos e pessoas
construção, afectando particularmente os marginalizadas em relação aos recursos naturais durante
vulneráveis, incluindo os agregados familiares as obras, e promover o acesso equitativo às
chefiados por mulheres e/ou crianças. oportunidades e benefícios do projeto.
2 Conflitos sociais Fase de Construção
▪ Assegurar que os grupos vulneráveis são visados e
envolvidos durante as intervenções, onde possíveis
abordagens como a alimentação para o trabalho podem
ser empregadas para actividades que não exijam
competências especiais:
40659-EA-TT02-ME-01(d) OBRAS DE SANEAMENTO PRIORITÁRIAS EM QUELIMANE E TETE. QUELIMANE 165
ESTUDO AMBIENTAL E SOCIAL SIMPLIFICADO – EAS-S
VOLUME 2 – RELATÓRIO DO ESTUDO AMBIENTAL E SOCIAL SIMPLIFICADO (EAS-S)
Fase de
Plano de Gestão
Preparação,
N.º Problema Impacto Ambiental e Social Medidas de Mitigação/Potenciação
Construção, ou
(PGAS)
Operação
▪ Como resultado do afluxo de mão-de-obra à área do Programas Sociais ▪ O empreiteiro pode minimizar este risco recrutando mão-
projecto, é provável que ocorram crimes tais como de-obra local.
roubo, agressões físicas, tráfico de seres humanos, ▪ A formação de mão-de-obra local para lhes proporcionar
Risco de
particularmente quando a aplicação da lei local está as competências necessárias para o projecto teria
3 comportamento ilícito Fase de Construção
despreparada para o aumento do afluxo de pessoas. múltiplos benefícios, que incluem a minimização do afluxo
e crime
de trabalhadores à área do projecto, bem como o
equipamento da mão-de-obra local com novas
competências que os ajudariam a empregar-se.
▪ Outras dezenas de habitantes para acompanhar os Programas Sociais ▪ Localização dos estaleiros longe dos principais pontos de
trabalhadores com a intenção de obter rendimentos povoamento da população.
através do fornecimento de bens ou serviços aos ▪ Adopção de um código de conduta que limita o acesso aos
trabalhadores. Alguns poderiam ser membros da estaleiros apenas aos trabalhadores.
família dos trabalhadores que contribuem para o
afluxo de mão-de-obra como resultado do projecto.
Influxo de população
4 Fase de Construção ▪ Esta população acrescenta pressão aos bens e
adicional
serviços sociais locais, bem como aos recursos
naturais, subida de preços e escassez de
fornecimentos.
▪ Algumas pessoas dedicam-se ao trabalho sexual,
resultando no aumento de conflitos sociais e no
aumento de doenças incomunicáveis.
▪ Os jovens trabalhadores masculinos tendem a ser Programas Sociais ▪ O empreiteiro deve adoptar um código de conduta que,
predominantes nos estaleiros de construção, e entre outros, desencoraje qualquer forma de assédio
podem envolver-se em comportamentos sociais sexual, tráfico de seres humanos e que promova o
inadequados, incluindo assédio a mulheres e respeito e o comportamento aceitável entre os
Aumento da violência
5 Fase de Construção raparigas, relações sexuais exploratórias, e relações trabalhadores do projecto e as comunidades.
baseada no género
sexuais ilícitas com menores das comunidades ▪ Privilegiar a abordagem destas matérias na indução dos
locais, e em alguns casos, tráfico de seres humanos, trabalhadores, com certa regularidade, para a sua
onde mulheres e raparigas podem ser forçadas a sensibilização.
fazer trabalho sexual.
▪ Em termos de emprego local, a não utilização de Programas Sociais ▪ É altamente recomendada a contratação de trabalhadores
mão-de-obra local residente durante a construção locais sempre que possível. Isto irá aumentar o nível de
Frustração das Fase de Construção
6 poderia conduzir a conflitos sociais. aceitação do projecto pelas populações locais.
comunidades locais e de Exploração
▪ Deve ser dada prioridade às empresas de construção
locais com conhecimento das normas sociais locais.

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ESTUDO AMBIENTAL E SOCIAL SIMPLIFICADO – EAS-S
VOLUME 2 – RELATÓRIO DO ESTUDO AMBIENTAL E SOCIAL SIMPLIFICADO (EAS-S)
Fase de
Plano de Gestão
Preparação,
N.º Problema Impacto Ambiental e Social Medidas de Mitigação/Potenciação
Construção, ou
(PGAS)
Operação
▪ Destruição de sítios culturais e patrimoniais como Programas Sociais ▪ A destruição de sítios culturais e patrimoniais deve ser
resultado das actividades dos projectos. completamente evitada.
▪ O proponente do projecto deve determinar se os locais
propostos para o projecto se situam em áreas onde se
espera encontrar o património cultural durante a
construção ou a operação.
Destruição de sítios
▪ Os procedimentos de descoberta casual (Chance Find
7 culturais e Fase de Construção
Procedures) devem ser utilizados para qualquer sítio ou
patrimoniais
material de património cultural que seja posteriormente
encontrado durante as obras de construção.
▪ Quando estes não estejam relacionados com áreas de
conservação ou património, deve ser fornecida orientação
sobre a transferência destes sítios e compensação para a
população afectada.
▪ Novos projectos podem aumentar a procura de bens Programas Sociais ▪ A gestão do projecto e o empreiteiro devem desencorajar
e serviços e, muitas vezes, levar as famílias a qualquer forma de trabalho infantil na área do projecto.
encorajar as crianças a empenharem-se na venda de Programa de Gestão ▪ O gestor do projecto e o empreiteiro deve adoptar um
produtos nas proximidades das frentes de trabalho, de Trabalho código de conduta que desencoraje o trabalho infantil e
levando ao aumento do número de abandonos assegure que todas as obras e membros das
escolares. comunidades estejam cientes.
▪ Todos os processos de contratação de mão-de-obra
Trabalho Infantil e
8 Fase de Construção deverão assegurar a comunicação sobre critérios de
Abandono Escolar
contratação, idade mínima e legislação aplicável.
▪ O Empregador (AIAS) deverá assegurar (perante o
Empreiteiro) que nenhuma criança abaixo de 18 anos será
empregada ou envolvida em conexão com o projecto de
maneira que tal possa interferir na educação da criança,
ser prejudicial à saúde física, mental, desenvolvimento
espiritual, moral ou social.
▪ Os veículos e equipamentos utilizados no projecto de Programa de Gestão ▪ A gestão do projecto deve antecipar quaisquer questões
construção irão aumentar o tráfego e podem conduzir de Tráfego relacionadas com o tráfego, envolvendo a gestão do
a acidentes, bem como sobrecarregar as tráfego local.
Fase de Construção
9 Aumento do Tráfego infraestruturas de transporte, essencialmente as ▪ Devem ser impostos limites de velocidade adequados para
e operação
estradas que já estão em condições precárias. os materiais de transporte das vias dos projectos, e a
sinalização rodoviária deve ser melhorada para assinalar a
actividade de construção em curso.
40659-EA-TT02-ME-01(d) OBRAS DE SANEAMENTO PRIORITÁRIAS EM QUELIMANE E TETE. QUELIMANE 167
ESTUDO AMBIENTAL E SOCIAL SIMPLIFICADO – EAS-S
VOLUME 2 – RELATÓRIO DO ESTUDO AMBIENTAL E SOCIAL SIMPLIFICADO (EAS-S)
Fase de
Plano de Gestão
Preparação,
N.º Problema Impacto Ambiental e Social Medidas de Mitigação/Potenciação
Construção, ou
(PGAS)
Operação
▪ Os membros das comunidades devem ser alertados para
os riscos associados ao aumento do tráfego como
resultado das obras de construção.
▪ Elaboração e implementação de um plano de gestão de
tráfego;
▪ Sempre que aplicável, abrir ou definir estradas dedicadas
para as actividades projecto e assegurar acampamento
regular de trabalhadores/motoristas para uso estrito
dessas estradas;
▪ Assegurar que o estaleiro e as frentes de obra estejam
próximas para reduzir o tráfego da obra e limitar a
interferência com tráfego geral;
▪ Organizar e ministrar formação da comunidade e dos
motoristas em segurança rodoviária e condução defensiva;
▪ Estabelecer e divulgar, no seio dos trabalhadores,
sanções por condução imprudente;
▪ Assegurar a cooperação e envolvimento do Município e do
Governo Provincial com empreiteiros e comunidades para
identificar pontos críticos de ocorrência de acidentes e
formulação de soluções específicas.
▪ A remoção de condutas de fibrocimento te, riscos Plano de Gestão de ▪ A remoção das condutas de fibrocimento deverá ser
associados pois contem aminanto Resíduos evitada. Nos casos em que a remoção é indispensável, o
acto de remoção deverá ser planeado com cuidado e
deverá ser elaborado uma instrução de trabalho (method
statement) com análise de risco de saúde e segurança,
medidas adequadas, equipamento de protecção individual
e colectiva, bem como o treinamento de todos os
Risco associado às
trabalhadores envolvidos, sobre os riscos de saúde a que
10 condutas em Fase de Construção
serão expostos.
fibrocimento
▪ A remoção/demolição de tubagem de fibrocimento (que
contenham amianto) não deverá ser realizada senão por
empresa/trabalhadores de reconhecida competencia como
estando qualificados para o efeito.
▪ A tubagem de fibrocimento removida deverá ser
acondicionada em lugar seguro e sem alcance de pessoas
não treinadas para seu manuseamento. O transporte da
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ESTUDO AMBIENTAL E SOCIAL SIMPLIFICADO – EAS-S
VOLUME 2 – RELATÓRIO DO ESTUDO AMBIENTAL E SOCIAL SIMPLIFICADO (EAS-S)
Fase de
Plano de Gestão
Preparação,
N.º Problema Impacto Ambiental e Social Medidas de Mitigação/Potenciação
Construção, ou
(PGAS)
Operação
tubagem deverá ser realizada por uma empresa
especializada em gestão de resíduos sólidos perigosos, e
depositado num aterro industrial.
▪ Aumento das taxas de VIH/SIDA como resultado de Programa de Gestão ▪ Conduzir campanhas de partilha de informação e
trabalhadores provenientes de outras áreas do país. de Saúde e sensibilização sobre as causas e medidas preventivas do
▪ Aumento do risco de propagação de outras doenças Segurança HIV/SIDA, tuberculose e outras epidemias para os
sexualmente transmissíveis como gonorréia, sífilis, Ocupacional trabalhadores da reconstrução, fornecedores, bem como
entre outras. comunidades locais.
Aumento das taxas
▪ Aumento da carga sobre os serviços de saúde locais Programa Comunitário ▪ O Empreiteiro deverá: contratar um provedor de serviços
de doenças de
11 Fase de Construção devido ao aumento de casos de doenças de Saúde e de HIV/SIDA para estar disponível no estaleiro;
transmissão sexual e
(sexualmente) transmissíveis. Segurança Implementar um programa de educação em HIV/AIDS;
HIV/SIDA
Realizar sessões de educação sobre a doenças
sexualmente transmissíveis; Fornecer preservativos.
▪ Estabelecer um processo e rotina de monitoramento de
dados de saúde da população local, em particular para
doenças sexualmente transmissíveis.
▪ Possibilidade de acidentes relacionados com o Programa de Gestão ▪ Assegurar o respeito das medidas de higiene e segurança
trabalho em que as medidas de saúde, segurança e de Saúde e nos locais de trabalho para reduzir os riscos de acidentes
higiene não são postas em prática, e monitorizadas Segurança relacionados com o trabalho.
de perto. Ocupacional ▪ O Empreiteiro deverá procurar sempre aplicar a hierarquia
▪ Riscos de acidentes com a movimentação de de mitigação, recorrendo ao uso de EPIs para aumentar a
máquinas e equipamentos, e ainda a ocorrência de Programa Comunitário eficiência das medidas de controlo de engenharia e
quedas, ferimentos, entre outros. de Saúde e administrativas.
▪ Há ainda riscos de acidentes devido ao Segurança ▪ O Empreiteiro deverá impor o cumprimento das medidas e
manuseamento incorrecto e/ou falhas de regras de segurança em todos os locais de trabalho,
Acidentes de Fase de Construção
12 funcionamento de equipamentos, riscos mecânicos, colocando indicções claras sobre a obrigatoriedade de
trabalho e de Exploração
elétricos, por ocorrência de incêndio, e ainda utilização de equipamento de segurança como capacetes,
relacionados com o manuseio de substâncias protectores auditivos, luvas, botas, colectes reflectores,
perigosas. etc, conforme o risco identificado.
▪ Treinar os trabalhadores para que sejam capazes de
identificar os riscos associados à sua actividade, as
formas de prevenção de acidentes e os procedimentos a
adoptar em casos de emergência.
▪ O Empreiteiro deverá criar uma Comissão de Saúde e
Segurança no Trabalho e de Prevenção de Acidentes.

40659-EA-TT02-ME-01(d) OBRAS DE SANEAMENTO PRIORITÁRIAS EM QUELIMANE E TETE. QUELIMANE 169


ESTUDO AMBIENTAL E SOCIAL SIMPLIFICADO – EAS-S
VOLUME 2 – RELATÓRIO DO ESTUDO AMBIENTAL E SOCIAL SIMPLIFICADO (EAS-S)
Fase de
Plano de Gestão
Preparação,
N.º Problema Impacto Ambiental e Social Medidas de Mitigação/Potenciação
Construção, ou
(PGAS)
Operação
▪ O trânsito de máquinas e viaturas ligadas à execução Programa de Gestão ▪ O Empreiteiro deverá sinalizar todos os locais das obras, e
das obras irá aumentar o risco de acidentes com de Saúde e a circulação de viaturas e máquinas deverá auxiliada por
pedestres. A existência de áreas não sinalizadas ou Segurança da equipe de sinaleiros, assim como em coordenação com a
com sinalização e/ou iluminação deficientes poderá Comunidade e dos polícia de transito.
perigar a circulação de viaturas e peões, assim como Trabalhadores ▪ Estabelecer a velocidade máxima aceitável, que seja de
a segurança e a saúde públicas. O facto de as obras risco baixo tendo em consideração os locais de risco e
ocorrerem em área urbana, com intensa actividade legislação aplicável.
(comercial e administrativa), aumenta o risco de ▪ Desencorajar o estabelecimento de vendedores informais
Risco de saúde e
acidentes. nas imediações do estaleiro.
13 segurança
▪ O Empreiteiro poderá recrutar mão-de-obra local, ▪ Os trabalhadores deverão ser devidamente informados
comunitária
havendo igualmente trabalhadores que serão sobre doenças de transmissão sexual, incluindo
recrutados fora de Tete e necessitar de ser alojada HIV/SIDA, e recomenda-se que seja contratada uma
em estaleiros temporários, o que pode propiciar entidade especializada para promover campanhas de
ocorrência de relacionamentos sexuais ocasionais sensibilização dos trabalhadores e da comunidade local.
com membros da comunidade local. Esta situação
poderá contribuir para aumento dos níveis de
infecção por doenças sexualmente transmissíveis,
incluindo HIV/SIDA.
▪ Risco de que vectores de doenças como mosquitos e Programa de Gestão ▪ A manutenção atempada das infra-estruturas de
moscas possam multiplicar-se em todos os de Saúde e drenagem e saneamento é essencial para minimizar a
ambientes húmidos criados por fugas de esgotos e Segurança proliferação de vectores de doenças.
fossas sépticas não mantidas, bem como canais de Ocupacional ▪ Distribuir redes mosquiteiras para proteger os
drenagem abertos.. trabalhadores que permanecem no local, bem como as
comunidades locais nas áreas circundantes dos locais do
Risco de Propagação
14 Fase de Operação projecto.
da Vectores
▪ Os surtos de malária, infecções urinárias e doenças
transmitidas pela água devem ser monitorizados.
▪ Prevenção da propagação de larvas e adultos através de
melhoramentos sanitários e eliminação de habitats de
reprodução próximos de assentamentos humanos

▪ Crianças e adultos podem ser expostos ao Programas Sociais ▪ A sensibilização comunitária deve ser planeada para
Questões de
afogamento em canais abertos de águas pluviais realçar o risco de potencial afogamento de crianças e
segurança ao longo
15 Fase de Operação construídos nas cidades. Isto ocorre principalmente Código de Conduta adultos em canais abertos.
dos canais de
durante o pico da estação das chuvas em canais ▪ Instalação de equipamento de proteção coletiva nos locais
drenagem abertos -
com riscos de queda e/ou afogamento.
40659-EA-TT02-ME-01(d) OBRAS DE SANEAMENTO PRIORITÁRIAS EM QUELIMANE E TETE. QUELIMANE 170
ESTUDO AMBIENTAL E SOCIAL SIMPLIFICADO – EAS-S
VOLUME 2 – RELATÓRIO DO ESTUDO AMBIENTAL E SOCIAL SIMPLIFICADO (EAS-S)
Fase de
Plano de Gestão
Preparação,
N.º Problema Impacto Ambiental e Social Medidas de Mitigação/Potenciação
Construção, ou
(PGAS)
Operação
afogamento de construídos sem protecção contra quedas nas Programa Comunitário ▪ Instalação de barreiras físicas nos pontos de maior risco
crianças e adultos comunidades. de Saúde e de queda e afogamento.
Segurança

▪ Melhoria significativa da qualidade geral do ambiente Programa de Gestão ▪ Os canais de drenagem abertos deverão ser mantidos
na cidade de Tete e arredores, em particular das de Saúde e limpos para evitar que sirvam de viveiros de transmissores
linhas de água e zonas baixas existentes, que podem Segurança de doenças.
estar a sofrer contaminação por efluentes Ocupacional ▪ Assegurar que as famílias desfavorecidas e vulneráveis
Melhoria das
domésticos, incluindo o rio Zambeze sejam fornecidos serviços básicos de saneamento, como
16 Condições de Saúde Fase de Operação
Programa Comunitário por exemplo latrinas melhoradas que possam estar ligados
Pública
de Saúde e aos serviços municipais de esvaziamento.
Segurança ▪ Realizar acções de sensibilização comunitária para
assegurar bom uso dos sistema de saneamento, incluindo
limpeza e conservação das latrinas

40659-EA-TT02-ME-01(d) OBRAS DE SANEAMENTO PRIORITÁRIAS EM QUELIMANE E TETE. QUELIMANE 171


ESTUDO AMBIENTAL E SOCIAL SIMPLIFICADO – EAS-S
VOLUME 2 – RELATÓRIO DO ESTUDO AMBIENTAL E SOCIAL SIMPLIFICADO (EAS-S)
5.9 PLANO DE GESTÃO AMBIENTAL E SOCIAL (PGAS)
Para suporte da implementação das medidas de minimização e monitorização da implementação e operação do projecto,
este foi desenvolvido, no âmbito deste estudo, o Plano de Gestão Ambiental e Social (PGAS) – Volume 3 do presente
EAS-S.

Este Plano pretende acompanhar as várias fases do projecto, desde o início das actividades construtivas, no sentido de
atender aos factores ambientais mais sensíveis, à implementação das medidas de minimização apresentadas no Estudo
Ambiental e Social, assim como a outros estudos subsequentes a desenvolver.

Foram assim definidos 16 Programas de Gestão Ambiental e Social em função dos impactos identificados e das medidas
/ monitorização consideradas necessárias para os minimizar / monitorizar.

Assim, o PGAS faz uma descrição dos vários programas de gestão ambiental e social, quer no que respeita a monitorização
ambiental, como a educação e acompanhamento social, descrevendo designadamente a sua política e estrutura legal (de
acordo com as orientações do Banco Mundial), a justificação de cada programa e os seus principais objectivos, as
actividades previstas, as responsabilidades e o cronograma estabelecido para as actividades previstas.

Foram desenvolvidos os seguintes Programas:

▪ Programa de Gestão de Resíduos


▪ Programa de Gestão de Lamas
▪ Programa de Gestão de Emissões Atmosféricas, Ruído e Vibrações
▪ Programa de Gestão de Odores
▪ Programa de Gestão da Biodiversidade
▪ Programa de Monitorização da Qualidade da Água
▪ Programa de Meios de Comunicação
▪ Programa de Gestão de Segurança e Saúde Ocupacional
▪ Programa de Saúde e Segurança na Comunidade
▪ Directrizes para o Plano de Contingência de Acidentes
▪ Programa de Gestão do Trabalho
▪ Programa de Gestão das Relações Comunitárias
▪ Programa de Violência Baseada no Género (VBG)
▪ Programa de Gestão de Queixas
▪ Programa de Gestão de Tráfego
▪ Programa de Formação Ambiental e Social

172 40659-EA-TT02-ME-01(d) OBRAS DE SANEAMENTO PRIORITÁRIAS EM QUELIMANE E TETE. QUELIMANE


ESTUDO AMBIENTAL E SOCIAL SIMPLIFICADO – EAS-S
VOLUME 2 – RELATÓRIO DO ESTUDO AMBIENTAL E SOCIAL SIMPLIFICADO (EAS-S)
6 CONSIDERAÇÕES FINAIS
Os trabalhos realizados no presente o Estudo Ambiental e Social Simplificado (EAS-S), envolveram uma equipa de
técnicos especialistas nas várias áreas ambientais que, reuniram um conjunto significativo de informações, através da busca
bibliográfica, de trabalhos e estudos realizados, de levantamentos de campo e do contacto directo com organismos regionais
e nacionais, por forma a definir a zona em estudo, analisar as condições ambientais existentes, identificar e avaliar os
potenciais impactos considerados de maior significância, propor medidas capazes de mitigar estes impactos, assim como
recomendar estudos adicionais capazes de detalhar os aspectos considerados de maior relevo.

A metodologia seguida ao longo dos trabalhos foi direccionada no sentido de tornar possível o equacionar das questões
fundamentais, que se destacam da análise integrada dos diversos descritores ambientais estudados, visando o cumprimento
dos objectivos preconizados que atendem às melhores práticas e às orientações das politicas operacionais estabelecidas
pelo Banco Mundial (OP 4.01, Avaliação de Impactos).

Assim, como principais conclusões que se poderão extrair do trabalho realizado, importa valorizar, pelo seu especial
significado, os seus aspectos mais positivos. O adequado tratamento das águas residuais domésticas e industriais
produzidas na zona da cidade de Tete e a sua descarga já tratada no meio hídrico receptor, reveste-se da maior importância,
traduzindo-se em significativas melhorias ao nível dos danos ou riscos de saúde pública e a sua segurança, assim como
minimizando os impactos ambientais de degradação da qualidade da água.

Trata-se pois de um projecto que trará claros benefícios ambientais e sociais, pois irá melhorar de forma significativa o
saneamento na cidade de Tete.

A melhoria do saneamento, seja por via de rede de drenagem como das redes de esgotos e respectivas estações de
tratamento (ETARs), é crucial para prevenir a propagação da doenças como cólera, diarreias, e até a malária. Portanto, a
redes de esgotos e respectivas ETARs em Tete irá certamente contribuir para a redução do índice de mortalidade infantil e
por conseguinte reduzir as despesas públicas com internamentos hospitalares por doentes de diarreias e cólera,
especialmente em crianças.
O Projecto das Obras de Saneamento Prioritárias de Tete afigura-se pois não só como infraestruturas necessárias a um
adequado tratamento de saneamento básico, como mesmo premente na resolução das actuais carências que se verificam
actualmente no saneamento nesta cidade.

Por outro lado, importa atender também a um conjunto de impactos negativos identificados, relativos a cada uma das
fases do projecto, designadamente:
▪ Na Fase de Construção, evidenciam-se as implicações decorrentes ocupação e preparação do terreno e construção
instalação de todas as infraestruturas projectadas, assim como das consequências decorrentes do reassentamento
das actuais actividades agrícolas, com todas as suas implicações. Nesta fase para a qual se identificam na
generalidade dos casos impactos negativos, estes são contudo circunscritos e temporários, relativos à perturbação
induzida pelas obras, circulação de veículos e maquinaria, acessos, bem como à materialização do projecto em apreço;
▪ Na Fase de Operação, os impactos estão relacionados com as actividades de funcionamento dos sistemas das
ETARs, e com o acompanhamento adequados das operações.
Importa destacar a presença na área das ETARs de machambas onde se pratica agricultura. A necessidade de ocupação
espacial dos terrenos actualmente ocupados com machambas, e a consequente afectação directa e permanente das praticas
40659-EA-TT02-ME-01(d) OBRAS DE SANEAMENTO PRIORITÁRIAS EM QUELIMANE E TETE. QUELIMANE 173
ESTUDO AMBIENTAL E SOCIAL SIMPLIFICADO – EAS-S
VOLUME 2 – RELATÓRIO DO ESTUDO AMBIENTAL E SOCIAL SIMPLIFICADO (EAS-S)
agrícolas com tradução na perda de rendimentos para os agricultores locais, constitui o principal impacto negativo associado
ao projecto, o qual será objecto de Plano de Acção de Reassentamento (PAR) que visará encontrar soluções válidas para
estes agricultores. Neste sentido no âmbito do presente EAS-S foi também elaborado um Quadro da Política de
Reassentamento, que servirá de orientação para o futuro PAR a desenvolver.

Em paralelo, o Processo de Participação Pública que acompanha os estudos a desenvolver, visa transmitir uma
informação correcta sobre o projecto e a receber contributos de opiniões, preocupações ou esclarecimentos, entendendo
um processo transparente e aberto, de acordo com as boas práticas adoptadas internacionalmente para a Participação
Pública e envolvimento de Stakeholders.

Finalmente, da análise global efectuada poder-se-á concluir que o projecto estudado não revela nenhuma questão
considerada fatal, ou seja, que o Projecto das Obras de Saneamento Prioritárias de Tete, de acordo com o que se
encontra projectado e promovendo a mitigação dos aspectos mais sensíveis, não irá gerar impactos que pelas suas
características inviabilizariam o projecto, do ponto de vista ambiental, afectações previstas entendidas como inaceitáveis,
quer incidam no meio físico, no meio biótico ou no meio socioeconómico, traduzindo-se pelo contrario em benefícios
importantes para o ambiente biofísico e humano.

Em conclusão, caso as medidas de mitigação para os impactos adversos identificados nesta AIAS sejam implementadas,
conforme apresentado no Plano de Gestão Ambiental e Social, o projecto irá satisfazer o objectivo de fornecer uma solução
de longo prazo para os actuais desafios de saneamento em Tete.

174 40659-EA-TT02-ME-01(d) OBRAS DE SANEAMENTO PRIORITÁRIAS EM QUELIMANE E TETE. QUELIMANE


ESTUDO AMBIENTAL E SOCIAL SIMPLIFICADO – EAS-S
VOLUME 2 – RELATÓRIO DO ESTUDO AMBIENTAL E SOCIAL SIMPLIFICADO (EAS-S)
7 REFERENCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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CEDH, 2006 - Moçambique, Melhoramento dos Assentamentos Informais, Análise da Situação & Proposta de Estratégias
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ESTUDO AMBIENTAL E SOCIAL SIMPLIFICADO – EAS-S
VOLUME 2 – RELATÓRIO DO ESTUDO AMBIENTAL E SOCIAL SIMPLIFICADO (EAS-S)
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ANEXOS

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ANEXO I:
CATEGORIZAÇÃO DO PROJECTO

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ANEXO II:
ANÁLISES LABORATORIAIS

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ANEXO III:
METAS QUALIDADE PARA APLICAÇÃO
DE LAMAS PARA FINS AGRÍCOLAS

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ANEXO III - METAS DE QUALIDADE PARA APLICAÇÃO DE LAMAS PARA FINS AGRICOLAS

As lamas adequadamente tratadas podem ser utilizadas na agricultura ou nos jardins urbanos (como fertilizantes), podem
ser utilizadas na indústria (como materiais de construção, combustível ou fertilizantes), na aplicação do solo (como
correctivos do solo) e como combustíveis sólidos. Visto que a utilização das lamas na agricultura é fundamental, tem de se
levar em conta que as lamas podem conter microrganismos, parasitas resistentes aos processos de tratamento a que foram
submetidas terem o pH ácido, ou aparentemente nocivos, o que pode comprometer o desenvolvimento das culturas bem
como da contaminação do solo, das águas subterrâneas e a salvaguarda da saúde humana.

Exige-se assim a necessidade de deixar as lamas armazenadas em repouso durante alguma margem do tempo para que
possa haver eliminação destes efeitos, evitando assim consequências negativas na sua utilização futura. (A. June, 2017).

De acordo com a USEPA (1993, 1994), para assegurar a protecção da saúde humana e do meio ambiente, as lamas para
aplicação no solo devem atender aos requisitos de qualidade estabelecidos no Quadro abaixo (para poluentes de metais
pesados).

Referencia à Directiva Europeia 86/278/CEE, ou a Norma Americana da USEPA – Environmental Protection Agency - 58 FR
9248 | Rules and Regulations | Environmental Protection Agency - 40 CFR Part 503, tal como preconizam as directrizes
de ESHS Guidelines for Water and Sanitation” (indicando para o uso dos padrões USEPA caso os padrões nacionais sejam
omissos nesse aspecto).

Directriz da USEPA inclui também os requisitos para a deposição de lamas no solo, incineração. A directriz apresenta os
padrões de qualidade das lamas tais como gases (cheiro), metais perigosos e microorganismos patogénicos.

Limites da concentração dos poluentes de acordo com legislação da USEPA part 503

Limite de Concentração
Limite da Concentração do Limite da taxa de aplicação
permitido para todos os
Metal Pesado Poluente para Biosólidos EQ e cumulativa do Poluente por
biosólidos aplicados no solo
PC (mg/kg ) CPLR de Biosolidos (kg por ha)
(mg/kg)
Arsénio 75 41 41
Cadmio 85 39 39
Crómio 3,000 1,200 3,000
Cobre 4,300 1,500 1,500
Chumbo 840 300 300
Mercúrio 57 17 17
Níquel 420 420 420
Selénio 100 36 100
Zinco 7,500 2,800 2,800

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Norma da USEPA – Environmental Protection Agency - 58 FR 9248
CONCENTRATION LIMITS
Ceiling Concentrations (Table 1 of 40 Pollutant Concentrations (Table 3 of 40
POLLUTANT CFR 503.13) milligrams per kilogram, CFR 503.13) Monthly average (milligrams
dry weight) per kilogram, dry weight)
Arsenic 75 41
Cadmium 85 39
Chromium 3.000 1.200
Copper 4.300 1.500
Lead 840 300
Mercury 57 17
Molybdenum* 75 -
Nickel 420 420
Selenium 100 36
Zinc 7.500 2.800
LOADING RATES
Cumulative Pollutant Loading Rates Annual Pollutant Loading Rates
(Table 2 of 40 CFR 503.13) (Table 4 of 40 CFR 503.13)
(pounds per acre
Pollutant (kilogram per (kilograms per
(pounds per acre, per 365-day
hectare, dry hectare per 365-day
dry weight) period, dry
weight) period, dry weight)
weight)
Arsenic 41 37 2.0 1.8
Cadmium 39 35 1.9 1.7
Chromium 3.000 2.677 150 134
Copper 1.500 1.339 75 67
Lead 300 268 15 13
Mercury 17 15 0.85 0.76
Molybdenum* - - - -
Nickel 420 375 21 19
Selenium 100 89 5.0 4.5
Zinc 2.800 2.500 140 125
*The pollutant concentration limit, cumulative pollutant loading rate, and annual pollutant loading rate
for molybdenum were deleted from Part 503 effective February 19, 1994. EPA will reconsider establishing these limits at a later date.

Directiva da União Europeia sobre limite de concentração de poluentes em solos

Valores limites permitidos em mg/kg de matéria seca


Elemento Directiva 86/278/EEC
5≤pH<6 6≤pH<7 pH≥7
6<pH<7
Cd 1–3 0.5 1 1.5
Cr - 50 75 100
Hg 1– 1.5 0.1 0.5 1
Ni 30 – 75 30 50 70
Pb 50 – 300 70 70 100
Zn 150 – 300 100 150 200
Cd 1–3 0.5 1 1.5

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VOLUME 2 – RELATÓRIO DO ESTUDO AMBIENTAL E SOCIAL SIMPLIFICADO (EAS-S)
A norma fornece quatro conjuntos de limites de poluentes para garantir a aplicação de lamas fecais, protegendo ainda a
saúde humana e o meio ambiente

Concentrações Limite (Ceiling Concentrations) - concentrações máximas indicadas no Quadro, estabelecem a


concentração máxima de cada poluente que as lamas podem conter para ainda serem aplicadas no solo. Cada amostra de
lamas analisadas deve atender aos limites máximos de concentração. Esses limites são aplicados como valores máximos,
nunca para serem excedidos, não como médias. As lamas que não atenderem a esses limites especificados para qualquer
um ou para todos os 10 poluentes regulamentados deve ser eliminadas de alguma outra forma; não podendo ser aplicadas
no solo.

Limites de concentração de poluentes - se a qualidade da lamas satisfaz os limites de concentração de poluentes, poder-
se-ão ser reaproveitadas para fins agrícolas (fertilizantes). Os limites de concentração de poluentes são valores médios
mensais em miligramas por quilograma com base no peso seco.

Cargas Cumulativas de Poluentes - Aplicam-se aos volumes de lamas que atendem aos limites máximos de concentração,
mas não atendem aos limites de concentração de poluentes para qualquer um ou para todos os 10 poluentes regulamentado.
Estabelece-se pois a quantidade máxima (massa) de cada poluente regulamentado que pode ser aplicado a um local
(quilograma por hectare) durante a vida útil do local.

Taxas anuais de carregamento de poluentes - Aplicam-se às lamas que atendem às concentrações máximas, mas não
aos limites de concentração de poluentes, e devem ser vendidos ou distribuídos em um saco ou outro recipiente para
aplicação no solo. Estabelecem a quantidade máxima (massa) de poluentes nas lamas que pode ser aplicado a um local
durante um período de 365 dias. Estes valores deverão ser aplicados lamas vendidas ou distribuídas a granel ou ensacado.

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VOLUME 2 – RELATÓRIO DO ESTUDO AMBIENTAL E SOCIAL SIMPLIFICADO (EAS-S)
DIRECTRIZES SUL-AFRICANAS

As Diretrizes sul-africanas compreendem um conjunto de 5 Volumes (Herselman et al., 2009; Herselman e Moodley, 2009;
Herselman e Snyman, 2009a; Snyman e Herselman, 2006a; Snyman e Herselman, 2006b) e apoio científico documentos
(Herselman, 2009a; Herselman, 2009b; Herselman e Snyman, 2009b; Snyman e Herselman 2006c) que detalha a literatura
de base que fundamenta as directrizes, bem como a metodologia e os resultados da investigação científica, a avaliação dos
riscos e a premissa utilizadas.

O Volume 1 (Snyman e Herselman, 2006b) descreve as características gerais das lamas fecais Com base nos resultados
da caracterização, a lama é classificada de acordo com a novo sistema de classificação (Tabela 1). Limites e critérios para
a classe microbiológica, estabilidade classe e classe poluente são detalhadas por Snyman e Herselman (2006bc). No
Volume 1, os limites são apresentados para 8 metais que são utilizados para fins de classificação e valores de referência
são apresentado para destacar riscos potenciais (Tabela 2).

O Volume 2 descreve os requisitos e restrições relacionados com a utilização segura de lamas para a produção de culturas
a taxas agronómicas (Snyman e Herselman, 2006ac). Este volume é utilizado quando as lamas estabilizadas são utilizadas
como fonte de nutrientes e/ou condicionador do solo a uma taxa de aplicação

concebido para suprir as necessidades de azoto de uma cultura, minimizando ao mesmo tempo o risco de lixiviação de
nutrientes. Isto aplica-se tanto às práticas agrícolas comerciais como às de pequena escala e de subsistência. Também
pode ser utilizado para gerir composto contendo lodo que não é vendido ou distribuído a o público em geral para utilização.

4 40659-EA-TT02-ME-01(d) OBRAS DE SANEAMENTO PRIORITÁRIAS EM QUELIMANE E TETE. QUELIMANE


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VOLUME 2 – RELATÓRIO DO ESTUDO AMBIENTAL E SOCIAL SIMPLIFICADO (EAS-S)
O Volume 3 descreve os requisitos e restrições relacionados com a eliminação das lamas no local e fora do local (Herselman
e Snyman, 2009ab). O Volume dá requisitos e orientações detalhadas na gestão da eliminação progressiva das instalações
de armazenamento de lamas não forradas, operando as instalações dedicadas existentes de sítios de eliminação de
terrenos; e, a reabilitação e eliminação progressiva de sítios de eliminação de terrenos dedicados. Outros opções de
eliminação, tais como eliminação de lamas fora do local num aterro geral ou perigoso, no local a eliminação de lamas num
aterro mono ou numa lagoa, e a eliminação de lamas para o mar ambiente, são abordados no contexto de outras directrizes
e políticas publicadas pela Departamento dos Assuntos da Água e Florestas.

O Volume 4 foi desenvolvido com o objectivo de maximizar a reutilização e valorização das lamas (Herselman e Moodley,
2009; Herselman, 2009). Este Volume trata especificamente de lamas aplicação à terra, para fins benéficos, a taxas
superiores às taxas agronómicas com taxas específicas aspectos de gestão, técnicos e legislativos, bem como restrições e
requisitos de controlo para proteger o ambiente receptor. Fornece limites máximos para metais e microbiológicos.

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VOLUME 2 – RELATÓRIO DO ESTUDO AMBIENTAL E SOCIAL SIMPLIFICADO (EAS-S)
constituintes das lamas destinadas a uma utilização para a agricultura e incentiva a implementação do vector opções de
redução da atracção para estabilização das lamas.

O Volume 5 estabelece os requisitos para as práticas de gestão térmica das lamas e para produtos comerciais contendo
lamas. Foi desenvolvida uma orientação sobre o tratamento térmico das lamas com vista a orientar o produtor/utilizador de
lamas para as diferentes opções de tratamento térmico disponíveis para as lamas (Herselman et al., 2009; Herselman,
2009b).

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VOLUME 2 – RELATÓRIO DO ESTUDO AMBIENTAL E SOCIAL SIMPLIFICADO (EAS-S)

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